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O Cinema e Seus Outros - Manifestações Expandidas do Audiovisual

Preview das primeiras páginas do livro. Conheça mais sobre o projeto em: http://avxlab.org Descrição: Composto por textos inéditos ou raros de pesquisadores, artistas e intelectuais, este livro constrói uma perspectiva sobre o audiovisual que se expande por outros meios, processos artísticos, tecnológicos, fluxos informacionais e circuitos de produção. Um olhar amplo sobre um universo muitas vezes incompreensível aos paradigmas industriais do cinema e da televisão mas que, a partir do olhar destes autores, ganha distinção justamente pela instabilidade e complexidade que caracterizam essa produção artística, de forma desafiadora, inquietante e em incessante movimento. _ Organizadores: Lucas Bambozzi e Demétrio Portugal _ Projeto gráfico e diagramação: Laura Daviña _ Coordenação editorial: Gabriela Longman _ Coautores: Andrés Denegri, Christine Mello, Claudio Bueno, Demétrio Portugal, Eduzal, Fernando Velázquez, Gabriel Menotti, Giselle Beiguelman, Henrique Roscoe, Letícia Ramos, Lucas Bambozzi, Lucia Koch, Mario Ramiro, Mirella Brandi, Patrícia Moran, Raimo Benedetti, Roberta Carvalho, Roberto Cruz, Rodrigo Gontijo, Tanya Toft Ag _ Editora: Equador em coedição com o AVXLab _ Gráfica: Ipsis _ Correalização: AVXLab / Spcine / Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo


Preview das primeiras páginas do livro.
Conheça mais sobre o projeto em: http://avxlab.org

Descrição:
Composto por textos inéditos ou raros de pesquisadores, artistas e intelectuais, este livro constrói uma perspectiva sobre o audiovisual que se expande por outros meios, processos artísticos, tecnológicos, fluxos informacionais e circuitos de produção. Um olhar amplo sobre um universo muitas vezes incompreensível aos paradigmas industriais do cinema e da televisão mas que, a partir do olhar destes autores, ganha distinção justamente pela instabilidade e complexidade que caracterizam essa produção artística, de forma desafiadora, inquietante e em incessante movimento.

_ Organizadores: Lucas Bambozzi e Demétrio Portugal
_ Projeto gráfico e diagramação: Laura Daviña
_ Coordenação editorial: Gabriela Longman
_ Coautores: Andrés Denegri, Christine Mello, Claudio Bueno, Demétrio Portugal, Eduzal, Fernando Velázquez, Gabriel Menotti, Giselle Beiguelman, Henrique Roscoe, Letícia Ramos, Lucas Bambozzi, Lucia Koch, Mario Ramiro, Mirella Brandi, Patrícia Moran, Raimo Benedetti, Roberta Carvalho, Roberto Cruz, Rodrigo Gontijo, Tanya Toft Ag
_ Editora: Equador em coedição com o AVXLab
_ Gráfica: Ipsis
_ Correalização: AVXLab / Spcine / Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo


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o cinema<br />

e seus<br />

outros<br />

lucas bambozzi e<br />

demétrio portugal<br />

(org.)


trans-histórico


o cinema<br />

e seus<br />

outros<br />

manifestações<br />

expandidas<br />

<strong>do</strong> audiovisual<br />

Lucas Bambozzi<br />

e Demétrio Portugal<br />

(orgs.)


Créditos AVXLab<br />

PROCESSO LABORATORIAL<br />

2016-2017<br />

PUBLICAÇÃO<br />

O cinema e seus outros<br />

Cocura<strong>do</strong>res<br />

Demétrio Portugal<br />

Lucas Bambozzi<br />

Coordena<strong>do</strong>res<br />

Tatiane Gonzalez<br />

Eduar<strong>do</strong> Fernandes<br />

Carolina Caffé<br />

Produção<br />

Ihon Ya<strong>do</strong>ya (produção técnico)<br />

Augusto Santos (produção)<br />

Julia Rodrigues (assistente)<br />

Rayane Vasconcelos (monitora)<br />

Daniel Hilario (monitor)<br />

Registros fotográficos<br />

Miguel Salvatore<br />

Registros em vídeo<br />

Carolina Caffé<br />

Organiza<strong>do</strong>res<br />

Lucas Bambozzi<br />

Demétrio Portugal<br />

Coordenação editorial<br />

Gabriela Longman<br />

Projeto gráfico e diagramação<br />

Laura Daviña<br />

Revisão<br />

Heloísa Oliveira e Renata Brabo<br />

Tradução<br />

Roberta Mahfuz<br />

Colaboração<br />

Tatiana Gonzalez<br />

Impressão<br />

Ipsis Gráfica e Editora<br />

Agradecimentos<br />

A toda a equipe da Spcine e <strong>do</strong> Centro Cultural<br />

São Paulo, a Marina Pinheiro e Roberta<br />

Mahfuz (pelos primeiros passos) e a Leo<br />

Wojdyslawski. Aos assistentes e técnicos de<br />

produção que colaboraram com os projetos<br />

de residência: “CONTEXST” (de Mirella Brandi<br />

× Muep Etmo): Camille Laurent, Clara Caramel,<br />

Marcela Katzin, Sibila Gomes <strong>do</strong>s Santos,<br />

Fernan<strong>do</strong> Miranda Azambuia, Ari Nagô. “ARA-<br />

PUCA” (de Letícia Ramos): Guilherme Rossi e<br />

Flavia Vieira. Ao Padô pela intervenção em<br />

tape art no saguão <strong>do</strong> CCSP.


o cinema<br />

e seus<br />

outros<br />

manifestações expandidas <strong>do</strong> audiovisual<br />

Lucas Bambozzi<br />

e Demétrio Portugal<br />

(orgs.)<br />

1 a - edição<br />

São Paulo, 2019


índice<br />

7 introdução<br />

CAMADAS<br />

INFORMACIONAIS<br />

0. sobre espaços e camadas informacionais<br />

13 lugares e espaços da informação<br />

Lucas Bambozzi<br />

1. de volta ao essencial<br />

25 a linguagem autônoma da luz como arte performativa<br />

Mirella Brandi<br />

41 estático cinemático<br />

Mario Ramiro<br />

47 o invisível como campo cinemático<br />

Claudio Bueno<br />

64 ensaio visual<br />

Lucia Koch<br />

2. espaço informacional em da<strong>do</strong>s<br />

73 cultura visual na era <strong>do</strong> big data<br />

Giselle Beiguelman<br />

83 a peste da imagem<br />

Fernan<strong>do</strong> Velázquez<br />

95 arte generativa – contracenan<strong>do</strong> com a máquina<br />

Henrique Roscoe<br />

3. a experiência física<br />

109 filmes e vídeos de artistas: preservan<strong>do</strong> e difundin<strong>do</strong><br />

o que ainda não se perdeu<br />

Roberto Cruz<br />

119 extremidades: leituras entre arte, práticas midiáticas<br />

e experiência contemporânea<br />

Christine Mello


135 a efervescência da matéria<br />

Gabriel Menotti<br />

142 ensaio visual<br />

Andrés Denegri<br />

154 ensaio visual<br />

Letícia Ramos<br />

A CENA EXPANDIDA<br />

DE UM AUDIOVISUAL<br />

QUE NÃO COUBE<br />

NO CINEMA<br />

163 outros fluxos cinematográficos e sua produção de imagens<br />

Demétrio Portugal<br />

171 da temporalidade radical em arte-mídia (urbana)<br />

Tanya Toft Ag<br />

183 corpo em cena<br />

Rodrigo Gontijo<br />

191 entrevistas: <strong>do</strong> VJ ao live cinema<br />

com Eduzal, Patrícia Moran, Raimo Benedetti e Roberta Carvalho<br />

PROCESSOS<br />

AVXLab<br />

200 sobre os processos<br />

201 registro fotográfico<br />

montagem<br />

obras <strong>do</strong>s residentes<br />

obras em diálogo<br />

seminário<br />

—<br />

217 glossário<br />

227 biografia <strong>do</strong>s participantes


introdução<br />

O título deste livro é uma afirmação de possibilidades. Ao apontar<br />

que há diferentes cinemas, os diferentes outros que se des<strong>do</strong>bram<br />

a partir <strong>do</strong> cinema, fica sugerida uma conexão com certa literatura<br />

de feições existenciais e filosóficas (que outros são esses? Qual é um<br />

e qual é o outro?), que busca relativizar a própria ideia de cinema<br />

como unidade coerente, simplificada e unificada.<br />

Presume-se que o cinema possa ser diverso e múltiplo, e não<br />

apenas associa<strong>do</strong> a conveniências de um formato que atravessou<br />

o século XX, mais ou menos, imune a tantas outras possibilidades.<br />

Há uma ambivalência nesse que nos interessa: ao mesmo tempo<br />

que se indaga “há um problema com o cinema?”, como muitos já<br />

houveram, aponta também “há um problema com seus des<strong>do</strong>bramentos”,<br />

com seus outros, talvez por serem mais efêmeros ou por<br />

não terem a devida visibilidade. Mas, efetivamente, não se trata<br />

realmente de problema, e sim de questionamentos, especulações e<br />

aferições reincidentes, legítimas, discursivas sobre as possibilidades<br />

que podem surgir desse cinema, como um enigma.<br />

Dividi<strong>do</strong> em quatro grandes partes, “O cinema e seus outros”<br />

procura dar conta da complexidade <strong>do</strong> audiovisual expandi<strong>do</strong> em<br />

seus diferentes matizes e em diálogo com disciplinas tão diversas<br />

quanto a Física e a História, as Artes Visuais e a Estatística, a Semiótica<br />

e a Ciência da Computação.<br />

Grande parte dessas problemáticas e complexidades que<br />

pontuam esta publicação surgiu a partir <strong>do</strong> seminário “Camadas<br />

Informacionais”, programa integrante <strong>do</strong> AVXLab, que reuniu<br />

em junho de 2017 no CCSP-SP um grupo de pesquisa<strong>do</strong>res,<br />

artistas, intelectuais e interessa<strong>do</strong>s nas reflexões sobre processos<br />

artísticos, tecnológicos e fluxos informacionais em torno <strong>do</strong><br />

audiovisual expandi<strong>do</strong>.<br />

o cinema e seus outros<br />

7


camadas<br />

informacionais<br />

camadas<br />

informa-<br />

11<br />

camadas<br />

informacionais


0.<br />

sobre<br />

espaços<br />

e camadas<br />

informacionais<br />

instabilidade<br />

camadas<br />

informação<br />

visões<br />

conec-<br />

tividade<br />

introdução


Lucas<br />

Bambozzi<br />

lugares e espaços<br />

da informação<br />

O espaço informacional<br />

A definição de espaço informacional migra entre campos. É a<br />

princípio um conceito geográfico, mas que vem sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong><br />

nas crescentes formas de fricção entre arquitetura, arte e informação.<br />

É uma trama que une campos visíveis e invisíveis em<br />

relações que conectam espaços urbanos, as especificidades <strong>do</strong><br />

lugar e <strong>do</strong> contexto, as redes telemáticas, a internet e as ondas de<br />

rádio, televisão, telefonia e outras formas indutoras de sinais. São<br />

sinais que podem ser minuciosamente mensura<strong>do</strong>s ou apenas<br />

presumi<strong>do</strong>s, percebi<strong>do</strong>s efetivamente através de seu impacto físico<br />

ou por suposição, por formas mais científicas ou imaginadas,<br />

fantasiosas que sejam.<br />

Os estu<strong>do</strong>s geográficos, desde o Ensino Médio, observavam<br />

a gradativa transformação <strong>do</strong> meio em sua influência pelas atividades<br />

humanas, classifican<strong>do</strong> os meios como: natural, técnico<br />

e técnico-científico-informacional. Essa caracterização, tal como<br />

descrita por Milton Santos (1994, p. 24), está associada a um processo<br />

de reconstituição da própria definição <strong>do</strong> meio, que deixa<br />

de ser natural e técnico, mas adquire essa camada informacional,<br />

já que no processo de globalização a ciência, a tecnologia e a<br />

informação passam a definir o funcionamento <strong>do</strong> espaço. “A informação<br />

tanto está presente nas coisas como é necessária à ação<br />

realizada sobre essas coisas” (Santos, 1994, p. 24) em um processo<br />

de requalificação <strong>do</strong>s espaços, uma geografia recriada, assistida<br />

por méto<strong>do</strong>s informacionais.<br />

o cinema e seus outros<br />

13


névoa<br />

1.<br />

de volta ao<br />

essencial<br />

invisibilidade<br />

abstração<br />

poeira<br />

imaterialidade


Mirella<br />

Brandi<br />

a linguagem<br />

autônoma da luz como<br />

arte performativa<br />

A alteração perceptiva através da luz e seu conteú<strong>do</strong> narrativo<br />

Este artigo aborda a luz como linguagem autônoma de uma arte<br />

expandida, que se apropria de inúmeros conceitos e técnicas de<br />

diversas áreas cênicas e visuais para a criação de narrativas subjetivas.<br />

Explora o la<strong>do</strong> perceptivo da luz como ferramenta artística que se<br />

estabelece através das artes visuais, <strong>do</strong> cinema expandi<strong>do</strong> e da arte<br />

performativa. O texto evidencia conceitos de diferentes ordens<br />

reuni<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> singular, por meio da luz. Partin<strong>do</strong> de algumas<br />

descobertas e teorias importantes sobre a natureza incerta da luz,<br />

avança através da fusão de linguagens e <strong>do</strong> pensamento na arte. Um<br />

olhar é lança<strong>do</strong> para o que pode ser aprofunda<strong>do</strong> e reorganiza<strong>do</strong><br />

na criação artística em diferentes áreas. O méto<strong>do</strong> investigativo<br />

transdisciplinar busca contribuir para a discussão desse tema ainda<br />

recente na esfera da iluminação como expressão artística.<br />

Trabalhar há tantos anos em parceria com o músico Muep<br />

Etmo, aprofundan<strong>do</strong> uma pesquisa de linguagem que parte <strong>do</strong>s<br />

elementos de base <strong>do</strong> cinema (a luz e o som), nos fez perceber<br />

que a comunicação e a narrativa podem partir de elementos tão<br />

subjetivos e que isso abre um longo caminho a ser explora<strong>do</strong>.<br />

Alterar a percepção <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> como o conhecemos altera nossa<br />

compreensão e amplia a capacidade de perceber diferentes<br />

pontos de vista sobre o que já é conheci<strong>do</strong>. Nossos caminhos<br />

de luz e som foram se misturan<strong>do</strong> intensamente com o tempo.<br />

Entender melhor os caminhos sonoros me aju<strong>do</strong>u a refletir<br />

sobre a condução da luz e ao mesmo tempo tornou a música<br />

mais visual. A contaminação e fusão de linguagens é algo que<br />

o cinema e seus outros<br />

25


Mario<br />

Ramiro<br />

estático cinemático<br />

Um <strong>do</strong>s artefatos humanos mais antigos que chegaram até nossos<br />

dias é uma estatueta esculpida em pedra, com pouco mais de 10 cm<br />

de altura e cerca de 30 mil anos de idade, representan<strong>do</strong> uma figura<br />

feminina de contornos avantaja<strong>do</strong>s e sem face [fig. 1]. Essa pequena<br />

escultura conseguiu atravessar uma camada temporal pouco comum<br />

para outros objetos, provavelmente feitos de materiais menos duráveis<br />

que a pedra. O significa<strong>do</strong> da Vênus de Willen<strong>do</strong>rf não foi<br />

ainda totalmente desvenda<strong>do</strong>, restan<strong>do</strong> muitas especulações sobre<br />

suas origens e funções. Mas, apesar de sua faceta obscura, a viagem<br />

da Vênus pelo tempo é revela<strong>do</strong>ra de uma prática escultórica em<br />

perío<strong>do</strong>s longínquos da história humana. Milênios mais tarde, a<br />

escultura seria concebida programaticamente para resistir ao tempo e<br />

à degradação da carne, carregan<strong>do</strong> para além da morte as lembranças<br />

daqueles personagens representa<strong>do</strong>s em bustos, stelas, arquiteturas<br />

e monumentos. Juntamente com tais figuras de representação,<br />

viajavam também pela história as narrativas contadas e cantadas<br />

que se mantinham vivas para além da época em que foram criadas.<br />

Dessa forma, objetos aparentemente inertes tornavam-se um<br />

ponto de convergência dinâmico entre representação, história,<br />

mito, cultura e narrativa. O deslocamento ao longo <strong>do</strong> tempo<br />

poderia ser visto, assim, como uma das dimensões constitutivas <strong>do</strong><br />

objeto ou da imagem. Essa curiosa qualidade cinética <strong>do</strong> objeto de<br />

arte já havia si<strong>do</strong> apontada pelo professor Vilém Flusser em seu<br />

texto para o catálogo da exposição “Metrópolis”, de 1991. Nele, o<br />

filósofo argumentava que, se nos dias de hoje temos a impressão<br />

o cinema e seus outros<br />

41


Claudio<br />

Bueno<br />

o invisível como<br />

campo cinemático *<br />

Introdução<br />

Ao pensarmos a palavra campo, rapidamente nossa cabeça converte-a<br />

em uma imagem, inventa uma paisagem, muitas vezes relacionada<br />

ao limite <strong>do</strong> que os nossos olhos conseguiriam enxergar. Como se<br />

fosse uma grande área diante de nós, aberta à nossa visão, mais ou<br />

menos definida por alguns limites e contornos <strong>do</strong> que poderia se<br />

formar em nosso campo visual.<br />

Essa imaginação imediata nos sugere que campo seja uma<br />

região, uma zona, uma área que, a to<strong>do</strong> momento, tenta ser delimitada<br />

pelo nosso olhar ou por nosso pensamento. Afinal, identificar<br />

limites permite-nos localizar o corpo no espaço e, ainda,<br />

tranquilizar o espírito, que não suporta estar diante de um campo<br />

sem margens, de contornos provisórios, atravessa<strong>do</strong> por forças que<br />

apontam em diferentes direções.<br />

A tentativa de definir qualquer forma precisamente nos escapa<br />

ao tratarmos <strong>do</strong> invisível como um campo, pois a perspectiva que<br />

nos interessa, desde o campo da arte, é dinâmica, móvel. A manifestação<br />

desses campos se dá a partir da posição de corpos, coisas e/<br />

ou não coisas, próximos ou distantes, para<strong>do</strong>s ou em deslocamento,<br />

diante de determina<strong>do</strong>s espaços e tempos, em arranjos provisórios,<br />

* “O invisível como campo cinemático”: este texto parte da pesquisa desenvolvida para<br />

a tese de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> intitulada “Campos de Invisibilidade”, defendida pelo autor em<br />

2015, com orientação <strong>do</strong> artista e professor Gilbertto Pra<strong>do</strong>, no departamento de Artes<br />

Visuais da ECA-USP. Disponível em: . Acesso em: 7 ago. 2017.<br />

o cinema e seus outros<br />

47


Lucia Koch<br />

65<br />

“Cromoteísmo”, 2012,<br />

impressão jato de tinta sobre<br />

lona vinílica, painel retroilumina<strong>do</strong><br />

instala<strong>do</strong> no altar<br />

da Capela <strong>do</strong> Morumbi<br />

66-67<br />

“New Development”, 2011,<br />

impressão jato de tinta<br />

sobre tela de vinil,<br />

desenvolvi<strong>do</strong> para a<br />

11a- Bienal de Lyon<br />

68-69<br />

“Conversation”, 2013,<br />

instalação desenvolvida<br />

para a 11a- Bienal <strong>do</strong> Sharjah,<br />

“Re: emerge”<br />

70-71<br />

“Night Fever”, 2010,<br />

frame de vídeo<br />

64<br />

ensaio visual


tica<br />

datavisualização<br />

2.<br />

espaço<br />

informacional<br />

em da<strong>do</strong>s<br />

estatís-<br />

análise computacional<br />

estética de<br />

banco<br />

de da<strong>do</strong>s


Giselle<br />

Beiguelman<br />

cultura visual<br />

na era <strong>do</strong> big data<br />

A cultura visual contemporânea é indissociável da produção imagética<br />

nas redes. Nunca se fotografou tanto como em nossa época.<br />

Estima-se que a cada <strong>do</strong>is minutos sejam produzidas mais imagens<br />

que a totalidade das fotos feitas nos últimos 150 anos (Eveleth, 2015).<br />

Essa é uma estimativa relativamente modesta, consideran<strong>do</strong>-se<br />

que há 1 bilhão de dispositivos com câmera (entre os 5 bilhões de<br />

celulares ativos) e que cada um deles captura cerca de três fotos<br />

por dia (ou mil por ano). 1<br />

A relevância desse fenômeno não é sua pujança quantitativa,<br />

são as transformações culturais e, portanto, qualitativas para a qual<br />

aponta. À popularização das câmeras corresponde uma inequívoca<br />

multiplicação de sujeitos que passam a enquadrar e ser enquadra<strong>do</strong>s<br />

nas telas. O que se coloca em jogo aqui é um processo de<br />

apropriação da imagem por novos perfis sociais sem precedentes.<br />

Não é possível isolar essas manifestações <strong>do</strong>s impactos da<br />

digitalização da cultura e da ubiquidade das redes. Alteraram-se<br />

os processos de distribuição de imagem, as formas de ver, cada vez<br />

mais mediadas por diferentes dispositivos simultâneos, e consolidaram-se<br />

novos mo<strong>do</strong>s de criar, de olhar e também de ser visto.<br />

Ambivalente, essa nova cultura visual (Beiguelman, 2016) oscila<br />

entre possibilidades de democratização <strong>do</strong> acesso ao audiovisual,<br />

novos regimes estéticos, superexposição, vigilância e rastreamento.<br />

1 Pela mesma lógica da divisão <strong>do</strong> número de câmeras pela população, calcula-se que<br />

<strong>do</strong> século XIX até hoje tenham si<strong>do</strong> capturadas 2,5 trilhões de fotos analógicas em filme.<br />

o cinema e seus outros<br />

73


Fernan<strong>do</strong><br />

Velázquez<br />

a peste da imagem<br />

Vemos com os olhos, mas também vemos com o<br />

cérebro, e ver com o cérebro é o que comumente<br />

chamamos de imaginação. Estamos familiariza<strong>do</strong>s<br />

com as paisagens da nossa imaginação,<br />

nossos inscapes, vivemos com eles por toda a vida.<br />

(Oliver Sacks 1 ).<br />

Para poder viver diretamente as imagens, é ainda<br />

necessário que a imaginação seja suficientemente<br />

humilde para se dignar encher de imagens<br />

(Gilbert Durand 2 ).<br />

22 de dezembro de 2017, 17:03.<br />

A imagem é contagiosa como peste. Chegou devagar, sorrateira,<br />

mascarada, sedutora, técnica, sintética, violenta, tomou conta das<br />

coisas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, quer dizer, tomou conta de mim, tomou conta<br />

de nós, tomou conta.<br />

Peste: fenômeno de propagação orgânica e emergente, com<br />

causas e efeitos que podem ser desconheci<strong>do</strong>s e/ou conheci<strong>do</strong>s, a<br />

priori descontrola<strong>do</strong>s. Imagem: um fenômeno à deriva que nem<br />

peste, que nos afeta, nos transforma, nos <strong>do</strong>mina.<br />

À deriva? À deriva no vácuo que se instaura quan<strong>do</strong> não conseguimos<br />

a distância focal necessária para enxergar o futuro. Entre<br />

posts, selfies, eleições suspeitas, fusões corporativas e pós-verdades,<br />

quan<strong>do</strong> a vertigem pautada na velocidade das coisas dá uma trégua<br />

e o borrão começa a clarear, o vislumbre fugazmente desaparece<br />

com a ligeireza de um varri<strong>do</strong> de frequência na tela.<br />

1 Disponível em: .<br />

Acesso em: 10 dez. 2017.<br />

2 DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas <strong>do</strong> imaginário. São Paulo: Martins<br />

Fontes, 2002.<br />

o cinema e seus outros<br />

83


Henrique<br />

Roscoe<br />

arte generativa –<br />

contracenan<strong>do</strong> com<br />

a máquina<br />

Arte generativa pode ser definida como “qualquer<br />

prática artística na qual o artista cria um processo,<br />

como um conjunto de regras ou linguagem, um<br />

programa de computa<strong>do</strong>r, uma máquina ou outro<br />

mecanismo que então é coloca<strong>do</strong> em movimento<br />

com algum grau de autonomia, contribuin<strong>do</strong> ou<br />

resultan<strong>do</strong> em um trabalho de arte completo” 1<br />

(Galanter, 2003, p. 4).<br />

Arte generativa, arte viva<br />

O procedimento generativo se caracteriza pelo uso de sistemas<br />

compostos por pelo menos uma parte autônoma com a finalidade<br />

de produzir ou alterar trabalhos artísticos que se desenvolvem<br />

ao longo <strong>do</strong> tempo. Nesses trabalhos, o artista propõe narrativa,<br />

limites e possibilidades que serão concretiza<strong>do</strong>s em tempo real<br />

pela máquina, durante uma performance, instalação ou mesmo<br />

em uma aplicação estática, congelada em frames. O interesse <strong>do</strong><br />

artista é, em parte, perder – parcial ou totalmente – o controle<br />

sobre o resulta<strong>do</strong> final, inserin<strong>do</strong> elementos aleatórios que podem<br />

alterar substancialmente o processo, tanto para o bem quanto para<br />

o mal, levan<strong>do</strong> a resulta<strong>do</strong>s inespera<strong>do</strong>s. Variáveis, que podem ser<br />

vinculadas a qualquer parâmetro <strong>do</strong>s elementos em cena, ampliam<br />

as possibilidades narrativas, com a capacidade de influenciar o<br />

performer pela variação das ações propostas pela máquina.<br />

Mas por que não ter o controle seria uma vantagem? Talvez<br />

o objetivo de quem trabalha com esse tipo de abordagem seja<br />

1 Definição usada por Galanter em suas aulas, citada na publicação, conforme bibliografia.<br />

Tradução livre <strong>do</strong> autor.<br />

o cinema e seus outros<br />

95


interação<br />

internet<br />

das<br />

coisas<br />

materialidade<br />

objeto<br />

3.<br />

a experiência<br />

física


Roberto<br />

Cruz<br />

A preservação de obras de arte produzidas em time-based media<br />

(como o filme, o vídeo, a arte cibernética) é uma das grandes<br />

questões que as instituições culturais estão enfrentan<strong>do</strong>. Em função<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento muito acelera<strong>do</strong> da tecnologia, essas obras se<br />

tornam tecnicamente obsoletas muito rápi<strong>do</strong>. Uma das preocupações<br />

centrais é com a integridade da obra e sua durabilidade, uma<br />

vez que ela foi produzida em um formato que em pouquíssimo<br />

tempo se torna algo raro e inexistente no merca<strong>do</strong>.<br />

Um exemplo é o super-8, uma bitola difundida pela indústria<br />

para consumo não profissional nos anos 1960-1970, muito<br />

utilizada pelos artistas e que hoje não se encontra com facilidade.<br />

Esse formato tem um agravante, pois a revelação da película é<br />

o próprio positivo dessas imagens, não haven<strong>do</strong>, portanto, uma<br />

matriz em internegativo da qual se extraem novas cópias. Assim,<br />

um <strong>do</strong>s desafios por parte desses departamentos de conservação<br />

é criar meto<strong>do</strong>logias de trabalho que considerem a preservação e<br />

a integridade da obra, mas que ao mesmo tempo a torne passível<br />

de ser exibida. Qual é o senti<strong>do</strong> de uma obra ficar exclusivamente<br />

guardada, conservada em uma sala refrigerada, sem poder ser<br />

vista? Elas são patrimônios culturais e precisam ser conhecidas,<br />

pesquisadas, admiradas.<br />

No Brasil, não existe um protocolo defini<strong>do</strong> pelos museus e<br />

instituições volta<strong>do</strong> para a conservação de obras de arte produzifilmes<br />

e vídeos de<br />

artistas: preservan<strong>do</strong> e<br />

difundin<strong>do</strong> o que ainda<br />

não se perdeu<br />

o cinema e seus outros<br />

109


Christine<br />

Mello<br />

extremidades: leituras<br />

entre arte, práticas<br />

midiáticas e experiência<br />

contemporânea *<br />

Estabelecida na passagem para os anos 2000, a investigação “Extremidades<br />

<strong>do</strong> vídeo” 1 teve como princípio cartografar e analisar<br />

a produção experimental com o vídeo no Brasil 2 . Seu principal<br />

objetivo foi colaborar com uma abordagem histórica e estética<br />

das inter-relações promovidas com o vídeo no campo da arte contemporânea.<br />

Nela, foi desenvolvida uma meto<strong>do</strong>logia de análise<br />

denominada “Leitura das Extremidades”.<br />

Esse termo se refere a uma abordagem crítica para a arte e<br />

para as práticas midiáticas a partir da noção de extremidades.<br />

De mo<strong>do</strong> mais específico, nela são articula<strong>do</strong>s os procedimentos de<br />

desconstrução, contaminação e compartilhamento como vetores<br />

de leitura. Trata-se de constituir meto<strong>do</strong>logia de análise para trabalhos<br />

que transitam entre arte, práticas midiáticas e experiência<br />

contemporânea, interconecta<strong>do</strong>s entre múltiplas plataformas,<br />

comunidades e linguagens.<br />

Hoje, busco redimensionar a pesquisa nos campos da arte e<br />

da comunicação, procuran<strong>do</strong> ampliar sua ação na área crítica.<br />

* Texto originalmente apresenta<strong>do</strong> em Diálogos transdisciplinares: arte e pesquisa.<br />

PRADO, Gilbertto; TAVARES, Monica; ARANTES, Priscila (orgs.). In: Extremidades:<br />

leituras entre arte, comunicação e experiência contemporânea. São Paulo: ECA/USP, 2016;<br />

sen<strong>do</strong>, na presente versão, revisto e amplia<strong>do</strong>.<br />

1 Desenvolvida inicialmente sob a forma de tese de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, entre 1999 e 2004,<br />

na PUC-SP, com orientação de Arlin<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong>, foi publicada em 2008 pela Editora<br />

Senac – São Paulo.<br />

2 O perío<strong>do</strong> de abrangência da produção analisada, em grande parte, vai até o ano<br />

de 2004.<br />

o cinema e seus outros<br />

119


Gabriel<br />

Menotti<br />

a efervescência<br />

da matéria<br />

Quanto mais circula, mais a imagem se dissolve nas trocas de<br />

informação subjacentes. Ao intensificar esse processo, a representação<br />

computacional coloca em xeque abordagens essencialistas,<br />

que determinam a imagem como sen<strong>do</strong> isto ou aquilo. Não<br />

obstante, a condição da imagem nunca foi outra que não a de<br />

insuficiência. O trabalho cinematográfico sempre existiu em uma<br />

oscilação constante entre dispersão e contenção. Na película de<br />

celuloide, a imagem se dá não como uma entidade singular, mas<br />

sim como um efeito <strong>do</strong> agrupamento de tomadas individuais.<br />

Por meio da manipulação desse material, pedaços de realidade<br />

pró-fílmica previamente desconexos podem ser combina<strong>do</strong>s em<br />

um to<strong>do</strong> coerente.<br />

Algumas das primeiras teorias sobre o cinema reconhecem<br />

nessa constituição heterogênea a fonte <strong>do</strong> potencial estético <strong>do</strong><br />

meio. Nos anos 1920, os diretores associa<strong>do</strong>s às vanguardas soviéticas<br />

propuseram princípios de montagem que sistematizam<br />

a produção de senti<strong>do</strong> com base na combinação de elementos.<br />

Sergei Eisenstein teceu uma famosa comparação entre a poética<br />

<strong>do</strong> corte e a forma ideogramática da escrita chinesa (Eisenstein,<br />

2002). Segun<strong>do</strong> sua analogia, as brechas entre um quadro e outro<br />

seriam tão relevantes para a constituição <strong>do</strong> filme quanto os próprios<br />

quadros. A descontinuidade abriria espaço na obra para o<br />

investimento cognitivo <strong>do</strong> especta<strong>do</strong>r, elevan<strong>do</strong> os rastros visuais<br />

a uma espécie de modalidade discursiva. A capacidade <strong>do</strong> filme<br />

o cinema e seus outros<br />

135


Andrés<br />

Denegri<br />

143<br />

“Éramos Espera<strong>do</strong>s (16 mm) ”, 2013,<br />

instalação fílmica com <strong>do</strong>is<br />

projetores 16 mm, estruturas<br />

metálicas com telas translúcidas<br />

e <strong>do</strong>is andaimes. (vista parcial)<br />

144<br />

“Éramos Espera<strong>do</strong>s<br />

(Chumbo e Pau) ”, 2013,<br />

instalação fílmica com projetor<br />

16 mm, estrutura metálica,<br />

sistema motoriza<strong>do</strong> e andaime<br />

(vista parcial)<br />

145 acima<br />

“Éramos Espera<strong>do</strong>s<br />

(Chumbo e Pau) ”, 2013,<br />

instalação fílmica com projetor<br />

16 mm, estrutura metálica,<br />

sistema motoriza<strong>do</strong> e andaime<br />

(vista parcial)<br />

145 abaixo<br />

“Éramos Espera<strong>do</strong>s<br />

(Ferro e Terra) ”, 2013,<br />

dispositivo fílmico com três<br />

projetores Super 8, duas mesas de<br />

madeira, sistema de suporte para<br />

tela translúcida e sistema para<br />

passagem de película<br />

146-147<br />

“Clamor ”, 2015,<br />

instalação fílmica com <strong>do</strong>is<br />

projetores 35 mm, <strong>do</strong>is projetores<br />

16 mm, <strong>do</strong>is projetores Super 8,<br />

mesa de madeira, quatro<br />

andaimes, estrutura metálica com<br />

telas translúcidas e sistema para<br />

passagem de película<br />

148-149<br />

“Mecanismo <strong>do</strong><br />

Esquecimento”, 2017,<br />

instalação fílmica com projetor<br />

16 mm “intervenciona<strong>do</strong>”<br />

(à esquerda)<br />

“Memória em Chamas”, 2017,<br />

instalação fílmica com <strong>do</strong>is<br />

projetores 16 mm com película<br />

em loop (à direita)<br />

150-151<br />

“Aula Magna”, 2013,<br />

filme experimental em Super 8<br />

de 420 seg.<br />

152<br />

“Aeropuertos”, 2016,<br />

filme experimental em Super 8<br />

de 160 seg.<br />

153<br />

“Corumbé”, 2016,<br />

filme experimental em Super 8<br />

de 160 seg.<br />

142<br />

ensaio visual


Leticia<br />

Ramos<br />

155, 160<br />

“Meteorito”, 2014,<br />

fotografia a partir<br />

de microfilme,<br />

100 × 85 cm (cada)<br />

156-159<br />

“Paisagem”, 2014,<br />

Fine art print a partir<br />

de microfilme,<br />

100 × 211 cm (cada)<br />

154<br />

ensaio visual


a<br />

pdaqcc


a cena ex -<br />

pandida<br />

de um<br />

audiovisual<br />

que não<br />

coube no<br />

cinema<br />

a cena<br />

expandida<br />

de um audiovisual<br />

que<br />

não coube<br />

no cinema<br />

a cena e<br />

pandida<br />

161


Demétrio<br />

Portugal<br />

outros fluxos<br />

cinematográficos e sua<br />

produção de imagens<br />

A produção que se estereotipou como “cinema” ao longo das últimas<br />

décadas contempla apenas uma pequena porção das linguagens<br />

cinematográficas conhecidas, porém sua importância para a construção<br />

imagética <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ocidental pós-guerra é inegável e está<br />

diretamente ligada à potência de merca<strong>do</strong> que ela possui atualmente.<br />

Isso é consequência da articulação de toda uma cadeia de<br />

produção e distribuição que envolve, além <strong>do</strong> “cinema”, a “música”,<br />

a “televisão”, o “teatro” e, mais recentemente, aponta-se também<br />

o “game” (jogos) como pilares da Indústria <strong>do</strong> Entretenimento.<br />

Além dessa indústria, atualmente é possível distinguir ao menos<br />

outros <strong>do</strong>is fluxos potentes de linguagem audiovisual pela análise<br />

<strong>do</strong>s seus meios de produção e distribuição. Um, totalmente novo,<br />

caracteriza<strong>do</strong> pela dinâmica narrativa das redes sociais e pelo uso<br />

<strong>do</strong> “neopanóptico” como ponto de vista <strong>do</strong>minante – que trato aqui<br />

como “segunda câmera”; o outro se caracteriza por uma produção<br />

autoral que emprega tanto o ambiente quanto os recursos técnicos<br />

em função <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> cria<strong>do</strong>, possui natureza híbrida e se utiliza<br />

da experiência <strong>do</strong> especta<strong>do</strong>r como linguagem; esse fluxo é o que<br />

se refere às expressões expandidas <strong>do</strong> audiovisual.<br />

Dentro da complexidade <strong>do</strong> seu sistema, imagino a confluência<br />

<strong>do</strong> fluxo de merca<strong>do</strong> com o fluxo de conteú<strong>do</strong> audiovisual se<br />

comportan<strong>do</strong> como as infinitas correntes de um oceano. Carregan<strong>do</strong><br />

suas ideologias e dinâmicas de poder e trabalho, os “fluxos<br />

o cinema e seus outros<br />

163


Tanya<br />

Toft Ag<br />

da temporalidade<br />

radical em arte-mídia<br />

(urbana)<br />

Por algum tempo, e em minha prática curatorial, interessei-me pelas<br />

emergências artísticas no <strong>do</strong>mínio da arte-mídia. Em continuidade<br />

a uma concepção expandida <strong>do</strong> cinema e seus outros – videoarte,<br />

performance, audiovisual e manifestações recentes de mídia-arte<br />

–, estou interessada em como artistas incorporam estéticas e linguagens<br />

“contemporâneas” em um campo mais amplo das artes,<br />

que inclui, por exemplo, ciência da imagem, games, VJs e outras<br />

práticas performativas; e também em como a inovação tecnológica<br />

– como as que ocorrem em mídias móveis, telas, equipamentos<br />

de projeção e tecnologias ópticas (realidade virtual, aumentada<br />

e mista) – informa expresses artísticos e agenciamentos artísticos.<br />

Minha investigação, em particular, refere-se a como a mídia-arte<br />

que se expressa e se situa no contexto urbano – à qual<br />

me refiro em termos gerais como “arte-mídia urbana” – pode ser<br />

compreendida como arte contemporânea; especialmente no senti<strong>do</strong><br />

de um engajamento direto com as dimensões temporais de nossa<br />

contemporaneidade, como um material artístico que emerge de,<br />

responde a e coexiste com o tempo e as experiências temporais<br />

que nos são oferecidas em materiais, infraestruturas e interfaces<br />

de nossos ambientes reais e híbri<strong>do</strong>s. Estou particularmente interessada<br />

na contingência da arte com tendências estéticas de<br />

mídia e experiências perceptivas que caracterizam nossa existência<br />

comunicativa contemporânea.<br />

Vou exemplificar essa concepção de arte-mídia urbana por<br />

meio de um projeto expositivo em São Paulo no qual trabalhei<br />

o cinema e seus outros<br />

171


Rodrigo<br />

Gontijo<br />

corpo em cena<br />

reflexões sobre o cinema<br />

em circuito fecha<strong>do</strong><br />

As performances audiovisuais, em que a imagem é editada e manipulada<br />

no instante da apresentação e em ato performático, são<br />

conhecidas também como live cinema. Podemos considerar essa<br />

prática artística como o des<strong>do</strong>bramento de uma série de experimentos<br />

audiovisuais que reinventaram o dispositivo cinematográfico<br />

por meio de fluxos narrativos mais livres, subversivos, múltiplos<br />

e híbri<strong>do</strong>s, que não se preocuparam em contar histórias. No live<br />

cinema, vemos o artista editar e manipular imagens em movimento<br />

diante da plateia, sen<strong>do</strong> muitas vezes acompanha<strong>do</strong> por músicos<br />

que executam a trilha sonora ao vivo.<br />

Com quase duas décadas de existência, o cinema ao vivo se<br />

desenvolveu a partir de diferentes mo<strong>do</strong>s e procedimentos de<br />

produção de imagens, impulsiona<strong>do</strong>s pelo aparecimento de novos<br />

softwares e aparatos tecnológicos, pelo resgate de propostas<br />

desenvolvidas ao longo da história <strong>do</strong> cinema experimental e<br />

expandi<strong>do</strong>, e sobretu<strong>do</strong> com a incorporação <strong>do</strong>s repertórios <strong>do</strong>s<br />

artistas envolvi<strong>do</strong>s, que chegaram de diferentes áreas de atuação.<br />

Os artistas que migraram <strong>do</strong> cinema e <strong>do</strong> vídeo costumam<br />

carregar uma experiência muito maior em edição de imagens<br />

<strong>do</strong> que programação, produzin<strong>do</strong> sequências visuais a partir de<br />

cenas previamente organizadas e armazenadas no computa<strong>do</strong>r,<br />

ao contrário daqueles que executam performances audiovisuais<br />

generativas. Estes possuem geralmente formação em áreas pertencentes<br />

às ciências exatas, com interesse e facilidade na programação<br />

de softwares. Existem também trabalhos em que o<br />

o cinema e seus outros<br />

183


<strong>do</strong> VJ ao<br />

live cinema<br />

entrevistas<br />

um breve recorte <strong>do</strong> audiovisual<br />

expandi<strong>do</strong> no Brasil<br />

VJ, live cinema, videomapping e performances<br />

audiovisuais ao vivo. A partir de<br />

quatro entrevistas com artistas e pesquisa<strong>do</strong>res,<br />

traçamos aqui um breve panorama<br />

da cena <strong>do</strong> audiovisual brasileiro, que<br />

começa no final <strong>do</strong>s anos 1990, no âmbito<br />

<strong>do</strong> entretenimento, consolida-se no início<br />

<strong>do</strong> século XXI, em que parte dela se torna<br />

atrativa ao merca<strong>do</strong>, enquanto outra<br />

ganha espaço e legitimidade em festivais<br />

e galerias. Trata-se de um percurso longo,<br />

cheio de atravessamentos, com uma<br />

cena muito forte no eixo Rio-São Paulo,<br />

porém com festivais e focos de pesquisa<br />

e resistência em diversas cidades <strong>do</strong><br />

Brasil. Organiza<strong>do</strong> em três eixos principais,<br />

este texto funciona como uma espécie<br />

de introdução para aqueles que se<br />

aproximam desse campo e um espaço de<br />

memórias de um território já estabeleci<strong>do</strong><br />

com sua própria história.<br />

A convite <strong>do</strong> grupo AVXLab, organiza<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> “<strong>Cinema</strong> e seus <strong>Outros</strong>”,<br />

detectamos alguns pesquisa<strong>do</strong>res e<br />

artistas que representam expoentes<br />

1 Nota <strong>do</strong>s Organiza<strong>do</strong>res: caberia citar<br />

coletivos que surgiram no início <strong>do</strong>s anos 2000,<br />

mesmo perío<strong>do</strong> em que o Bijari iniciava suas<br />

apresentações ao vivo, como o Embolex (SP),<br />

Media Sana (Recife), o Feito a Mãos, que viria a<br />

se apresentar com o nome FAQ (Belo Horizonte),<br />

ou o MM Não é Confete (SP), entre outros.<br />

específicos na cena <strong>do</strong> audiovisual<br />

expandi<strong>do</strong>. Assim surgiu uma conversa<br />

com Raimo Benedetti, Eduzal, Roberta<br />

Carvalho e Patrícia Moran, que comentam<br />

sobre campos de atuação que se<br />

complementam, cada qual com sua linguagem<br />

e inserção em circuitos distintos.<br />

Os coletivos foram fundamentais<br />

para o fortalecimento da cena <strong>do</strong> VJ no<br />

Brasil. Eduzal, ex-integrante <strong>do</strong> Bijari,<br />

desenvolveu trabalhos comerciais tão<br />

intensos quanto suas obras autorais,<br />

sempre com a mesma desenvoltura. Já o<br />

artista Raimo Benedetti, por meio de suas<br />

oficinas de vídeo experimental, realiza<br />

performances audiovisuais estruturadas<br />

a partir de uma baixa tecnologia, muitas<br />

vezes conectadas a procedimentos<br />

<strong>do</strong> pré-cinema e <strong>do</strong> primeiro cinema.<br />

Fugin<strong>do</strong> <strong>do</strong> eixo Rio-SP, temos a Roberta<br />

Carvalho, artista paraense, idealiza<strong>do</strong>ra<br />

e cura<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Amazônia Mapping, um<br />

festival que se preocupa com a formação<br />

de público na região Norte. E para<br />

amarrar tu<strong>do</strong> isso, trazemos um olhar<br />

acadêmico da pesquisa<strong>do</strong>ra Patrícia<br />

Moran, uma das primeiras pessoas a<br />

escrever sobre a cena <strong>do</strong> VJ no Brasil,<br />

legitiman<strong>do</strong> uma prática artística que<br />

já foi vista com muita desconfiança.<br />

Rodrigo Gontijo<br />

191


ONDE TUDO COMEÇOU<br />

Patricia Moran Eu acho que as<br />

humanidades são muito mal trabalhadas<br />

no Brasil e aí, em função disso,<br />

poucos cursos te dão a noção de que<br />

a arte é um lugar possível de existência.<br />

Eu fiz <strong>do</strong>is vestibulares, o primeiro<br />

foi Fisioterapia, o segun<strong>do</strong>, História,<br />

e em História eu achei o audiovisual.<br />

O cinema, na época, era o cinema de<br />

película, antes <strong>do</strong> vídeo, e aí, como<br />

você não vai filmar, é difícil, você<br />

começa fazen<strong>do</strong> mostra. E eu sempre<br />

tive esse interesse, entendeu? Na<br />

verdade, né, eu, como pessoa que é de<br />

Belo Horizonte, na faculdade em que<br />

eu estudei, na FAFICH, Faculdade de<br />

Filosofia e Ciências Humanas, tinha um<br />

grupo muito grande de pessoas que<br />

lidavam com artes. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> fazia<br />

tu<strong>do</strong>, então, assim, eu fiz backing-<br />

-vocal, fanzine, escrevia sobre rock’n<br />

roll, assistia filme, sabe? A cidade era<br />

pequena o suficiente pra você ver tu<strong>do</strong><br />

e não perder nada. De repente, uma<br />

amiga comprou uma câmera de vídeo<br />

VHS, aliás, é até engraça<strong>do</strong>, a primeira<br />

vez que ela comprou, o pai comprou<br />

na Europa, então era PAL e aí era<br />

aquela confusão... conclusão... aí, cê<br />

sabe? Começa... E o [Instituto] Goethe<br />

tinha uma câmera VHS... aos poucos<br />

você vai mexen<strong>do</strong>...<br />

Raimo Benedetti Em 95, mais ou<br />

menos, eu comecei a trabalhar no<br />

grupo de circo Nau de Ícaros como<br />

videomaker, fazen<strong>do</strong> os registros <strong>do</strong>s<br />

espetáculos, fazen<strong>do</strong> teaser, esse tipo<br />

de coisa, e fui incorpora<strong>do</strong> no grupo.<br />

Passei a fazer um espetáculo chama<strong>do</strong><br />

“Quase Uma”, e pra esse espetáculo foi<br />

criada a Trakitana, que o Alex Marinho,<br />

que era um <strong>do</strong>s sócios, mentores <strong>do</strong><br />

grupo e engenheiro, desenhou pra<br />

mim, e fez um dispositivo que tinha<br />

uma câmera ao vivo e que eu poderia<br />

fazer uma manipulação de imagens em<br />

tempo real. E ali a gente bolou vários<br />

esquemas e acabou constituin<strong>do</strong> a<br />

Trakitana <strong>do</strong> jeito que ela é mesmo, no<br />

formato de um table top.<br />

Eu achei aquela experiência interessante<br />

e comecei a desenvolver esse<br />

trabalho com a Trakitana, que até<br />

hoje eu desenvolvo. Envolve o vídeo<br />

analógico, a manipulação de hardware.<br />

E aí, quan<strong>do</strong> eu fui um pouco cristalizar,<br />

transformar aquilo num trabalho<br />

pessoal, coincidiu com o convite <strong>do</strong><br />

MAM em 1999 pra dar aula de um curso<br />

chama<strong>do</strong> “Videoclip experimental”,<br />

que acabou viran<strong>do</strong> o “Vídeo experimental”,<br />

que é o curso no qual eu pude<br />

levar essa experiência da Trakitana<br />

pra dentro da sala de aula, dividir com<br />

o grupo. Como que a gente poderia<br />

constituir uma linguagem? Eu encontrei<br />

um campo fértil pra criação, pra<br />

ação coletiva, estudantes que têm uma<br />

disponibilidade. Pra mim se criou uma<br />

condição ideal, até hoje me mantenho<br />

satisfeito, ativamente produzin<strong>do</strong> dentro<br />

desse contexto. Ao longo desses<br />

anos eu tive o privilégio de ter pessoas<br />

incríveis e de muitas áreas; acho que<br />

são mais de mil aluno.<br />

Eduzal A gente era amigo da faculdade<br />

e falava de fazer uns trampos junto,<br />

de fazer uma cenografia. Começamos a<br />

fazer cenografia antes de ter o Bijari. Aí<br />

o negócio foi toman<strong>do</strong> um volume, foi<br />

crescen<strong>do</strong>, foi uma coisa orgânica,<br />

192 entrevistas


processos<br />

AVXLab<br />

processo<br />

AVXLab<br />

199<br />

processos<br />

AVXLab


sobre os<br />

processos<br />

A existência <strong>do</strong> AVXLab é uma deriva<br />

de diversos esforços, ideias e experiências<br />

realizadas ao menos desde 2013 1<br />

no senti<strong>do</strong> de fomentar o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> audiovisual expandi<strong>do</strong><br />

brasileiro, e reflete também toda uma<br />

trajetória <strong>do</strong>s seus organiza<strong>do</strong>res e<br />

participantes para o desenvolvimento<br />

dessa cena cultural e artística.<br />

Como em toda a primeira edição,<br />

esse projeto trouxe uma grande <strong>do</strong>se<br />

de experimentação na formatação de<br />

sua meto<strong>do</strong>logia. Seu resulta<strong>do</strong> –<br />

ilustra<strong>do</strong> pelas fotos que seguem este<br />

texto – apresenta um embrião, com<br />

bastante personalidade, de um projeto<br />

que representa a amplitude das expressões<br />

audiovisuais que buscamos<br />

congregar e fortalecer.<br />

Nesse processo, os cinco artistas<br />

residentes convida<strong>do</strong>s realizaram três<br />

obras: “Arapuca”, “CONTEXST - Context<br />

Shapes Content” e “Protocolo”, cada<br />

um abordan<strong>do</strong> um universo particular<br />

<strong>do</strong> audiovisual expandi<strong>do</strong>. Tais universos<br />

contextualizaram e representaram<br />

o viés de cada tema aborda<strong>do</strong> durante<br />

os três dias de seminário. Esses temas<br />

estão respectivamente aprofunda<strong>do</strong>s<br />

nas três sessões da primeira parte deste<br />

livro: “A experiência Física”, “De volta<br />

ao essencial” e “O espaço informacional<br />

em da<strong>do</strong>s”.<br />

A qualidade <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong><br />

vem confirmar a existência dessa<br />

identidade estética, técnica e teórica<br />

que congrega os distintos ramos <strong>do</strong> audiovisual<br />

expandi<strong>do</strong>; ao mesmo tempo,<br />

tornou evidente o quão trabalhoso é<br />

promover um espaço laboratorial verdadeiro<br />

em que o evento ou resulta<strong>do</strong> final<br />

de uma obra acontece em função <strong>do</strong><br />

processo criativo, em que o experimento<br />

dê oportunidade ao erro, possibilitan<strong>do</strong><br />

arriscar-se para além das fórmulas<br />

conhecidas “<strong>do</strong> que dá certo” e que tão<br />

usualmente regram aquelas “novidades”<br />

criadas para atender às demandas de<br />

última hora <strong>do</strong>s eventos da indústria <strong>do</strong><br />

espetáculo e <strong>do</strong> entretenimento.<br />

Para adiante, parece evidente que<br />

o AVXLab deve incorporar a postura<br />

laboratorial e assumir a natureza de<br />

algo em contínua experimentação. Essa<br />

qualidade implica uma posição propositiva,<br />

de disputa e de mediação – principalmente<br />

a nível estrutural – junto aos<br />

espaços e instituições consolida<strong>do</strong>s.<br />

A maioria <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res desta<br />

publicação participaram também da<br />

edição <strong>do</strong> AVXLab de junho de 2017 no<br />

CCSP e figuram no registro fotográfico<br />

<strong>do</strong> projeto a seguir neste capítulo e no<br />

site http://avxlab.org.<br />

Demétrio Portugal<br />

1 Ano em que aconteceram os primeiros encontros<br />

de articulação <strong>do</strong> ALTav - Rede <strong>do</strong> <strong>Audiovisual</strong><br />

Expandi<strong>do</strong> (http://altav.org).<br />

Fotos: Miguel Salvatore.<br />

200 processos AVXLab


montagem<br />

Acima, recepção <strong>do</strong> seminário e <strong>do</strong><br />

espaço expositivo <strong>do</strong> AVXLab no<br />

CCSP. Abaixo e ao la<strong>do</strong>, processo<br />

de criação da obra “Contexst” com<br />

Mirella Brandi e Muep Etmo, e assistência<br />

de Camille Laurent.<br />

201


Montagem da obra<br />

“Protocolo”. À direita,<br />

Julia Rodrigues e Rayane<br />

Vasconcelos; abaixo,<br />

Augusto Santos e<br />

Henrique Roscoe.<br />

À esquerda,<br />

montagem da obra<br />

“Bony Ayax”, com<br />

Lucas Bambozzi,<br />

Andrés Denegri e<br />

Ihon Ya<strong>do</strong>ya.<br />

202 processos AVXLab


glossário<br />

Novas expansões semânticas<br />

O glossário que acompanha esta<br />

publicação foi compila<strong>do</strong> e redigi<strong>do</strong><br />

por Marcus Bastos para o Festival<br />

Visualismo que ocorreu no Rio de<br />

Janeiro em 2015.<br />

No contexto <strong>do</strong> AVXLab, esse<br />

conjunto de termos técnicos, alguns<br />

deles ressignifica<strong>do</strong>s em função de<br />

novas tecnologias e práticas, se mostra<br />

pertinente como marco temporal de um<br />

vocabulário que retrata a confluência<br />

entre meios e indica novas expansões<br />

semânticas, em novas abordagens, novas<br />

sínteses e novas (des)construções.<br />

“A arte contemporânea e os processos<br />

tecnológicos, muitas vezes<br />

implica<strong>do</strong>s em suas obras, movem-se<br />

numa velocidade que nem sempre é<br />

fácil acompanhar. Mesmo quem segue<br />

bibliografias especializadas fica<br />

em dúvida sobre certos conceitos, ou<br />

depara com palavras desconhecidas.<br />

O pequeno glossário elabora<strong>do</strong><br />

a seguir tenta cobrir algumas lacunas,<br />

num ímpeto que tem algo de<br />

didático, outro tanto de quixotesco<br />

e alguma possível clareza de que<br />

uma tarefa desse tipo tem grandes<br />

chances de deixar novas lacunas<br />

ou estabelecer recortes meramente<br />

provisórios. [...]<br />

Entre tantos detalhamentos que poderiam,<br />

cada um, gerar artigos ou livros<br />

inteiros, a opção por verbetes aposta<br />

em estabelecer um território comum, a<br />

partir <strong>do</strong> qual podem ser debati<strong>do</strong>s, amplia<strong>do</strong>s,<br />

questiona<strong>do</strong>s, complementa<strong>do</strong>s,<br />

contrapostos etc. – talvez ao longo das<br />

próprias atividades <strong>do</strong> Visualismo.<br />

Se é preciso começar de alguma<br />

forma, que seja supon<strong>do</strong> que novos<br />

verbetes, novas abordagens, novas<br />

sínteses e novas desconstruções são<br />

sempre mais importantes que os pontos<br />

de fixação provisórios que às vezes as<br />

riquezas de um campo demandam.”<br />

Marcus Bastos, 2015<br />

217


Ao Vivo / Tempo Real: Ao vivo ou em<br />

tempo real são termos que se tornaram<br />

moeda corrente nos últimos tempos,<br />

como consequência <strong>do</strong> uso frequente de<br />

tecnologias que produzem um efeito<br />

de instantaneidade: alguém publica na<br />

internet, e rapidamente várias pessoas<br />

compartilham e/ou comentam; alguém<br />

segue uma rota sugerida por um aplicativo<br />

que o ajuda a se deslocar pela cidade,<br />

e no meio <strong>do</strong> caminho uma informação<br />

sobre o trânsito acompanha uma sugestão<br />

de desvio; uma tragédia acontece em<br />

um lugar distante, e minutos depois to<strong>do</strong>s<br />

já ouviram falar. Nesse contexto, surgiram<br />

muitos trabalhos de arte que, como parte<br />

<strong>do</strong> seu repertório estético, exploram as<br />

possibilidades de montagem ao vivo ou o<br />

uso de da<strong>do</strong>s em tempo real.<br />

Artemídia / Media Art: Termos como<br />

artemídia ou media art resultaram <strong>do</strong><br />

crescente engajamento <strong>do</strong>s artistas<br />

com novas tecnologias. Especialmente a<br />

partir <strong>do</strong>s anos 1960, quan<strong>do</strong> o número<br />

de tecnologias disponíveis aumentou de<br />

forma mais rápida, as experiências de<br />

arte baseadas em tipos específicos de<br />

aparelhos multiplicaram-se, dan<strong>do</strong> origem<br />

a obras de arte que exploram suportes<br />

tecnológicos como os CD-ROMs,<br />

os ambientes 3-D e a computação<br />

gráfica, entre outros. Diante da rapidez<br />

com que surgem novas tecnologias, às<br />

vezes foi usa<strong>do</strong> o termo new media art<br />

para descrever des<strong>do</strong>bramentos dessas<br />

vertentes, além de outros mais específicos,<br />

como net art.<br />

Blueprint (ou Guia de Mapeamento):<br />

Foto feita com uma câmera no mesmo<br />

ângulo de foco <strong>do</strong> projetor (ao la<strong>do</strong><br />

ou em cima) que será usa<strong>do</strong> em uma<br />

projeção em um edifício. O objetivo é<br />

ter uma imagem que serve de guia na<br />

criação de máscaras, recortes e demais<br />

decisões tomadas para articular o vídeo<br />

projeta<strong>do</strong> com os elementos arquitetônicos<br />

que servem de superfície para<br />

a imagem. Para que o blueprint não<br />

contenha distorções, é necessário que a<br />

lente ou objetiva da câmera fotográfica<br />

seja equivalente à lente <strong>do</strong> projetor que<br />

será usa<strong>do</strong> para enviar o sinal de vídeo.<br />

<strong>Cinema</strong> Experimental: A palavra experimental<br />

tornou-se parte <strong>do</strong> vocabulário<br />

artístico como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s diversos<br />

diálogos entre arte e ciência que ocorreram<br />

em diferentes momentos. A expressão<br />

cinema experimental é decorrente<br />

dessa longa história de cria<strong>do</strong>res<br />

que divergem das normas vigentes em<br />

seu tempo. Ele é usa<strong>do</strong> para falar de<br />

uma série de filmes que não a<strong>do</strong>tam os<br />

mesmos padrões de filmagem, narrativa,<br />

montagem, luz ou desenho de som<br />

usuais na indústria cinematográfica.<br />

Enquanto esta procura repetir fórmulas<br />

de sucesso para garantir grandes<br />

bilheterias, o cinema experimental<br />

supostamente estaria mais interessa<strong>do</strong><br />

em renovar padrões de linguagem.<br />

<strong>Cinema</strong> Expandi<strong>do</strong>: No livro “Expanded<br />

<strong>Cinema</strong>”, Gene Youngblood afirma que<br />

os homens são condiciona<strong>do</strong>s por seu<br />

ambiente e que o “ambiente <strong>do</strong> homem<br />

contemporâneo” é o que ele chama de<br />

rede intermídia — adivinhan<strong>do</strong>, já nos<br />

anos 1970, que o consumo de música, filmes<br />

e textos através de dispositivos (na<br />

época, walkmans, TVs e terminais de videotexto)<br />

viriam a se tornar rotina (hoje com<br />

218 glossário


iografia <strong>do</strong>s<br />

participantes<br />

desta publicação,<br />

seminário, mostra e<br />

processo laboratorial<br />

227


Andrés Denegri É artista visual e trabalha<br />

pre<strong>do</strong>minantemente com cinema, vídeoinstalações<br />

e fotografia. Professor da Universidade Nacional<br />

de Três de Fevereiro, codiretor da Bienal<br />

da Imagem em Movimento – BIM e cura<strong>do</strong>r de<br />

cinema e vídeo <strong>do</strong> Museu de Arte Moderna<br />

de Buenos Aires. [p. 09, 142-153, 202, 213, 216]<br />

Caio Fazolin Artista audiovisual, programa<strong>do</strong>r<br />

e VJ (Micra). Bancos de da<strong>do</strong>s, linhas<br />

de códigos e sistemas computacionais são<br />

a fonte para a pesquisa que se des<strong>do</strong>bra<br />

em performances audiovisuais generativas,<br />

instalações imersivas e interativas, e grandes<br />

projeções urbanas. [p. 205, 211, 215]<br />

Christine Mello Pesquisa<strong>do</strong>ra, crítica e<br />

cura<strong>do</strong>ra no campo de arte e tecnologia.<br />

Possui pós-<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Artes Plásticas<br />

pela ECA-USP e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Comunicação<br />

e Semiótica pela PUC-SP. É professora<br />

<strong>do</strong> mestra<strong>do</strong> em Artes Visuais da Fundação<br />

Arman<strong>do</strong> Alvares Pentea<strong>do</strong> e da Faculdade<br />

Santa Marcelina, onde coordena o grupo de<br />

pesquisa arte&meios tecnológicos. Em 2002,<br />

foi cura<strong>do</strong>ra de net art da representação<br />

brasileira para a 25ª Bienal de São Paulo.<br />

[p. 09, 119-134, 225]<br />

Claudio Bueno Artista visual, pesquisa<strong>do</strong>r<br />

e cura<strong>do</strong>r, <strong>do</strong>utor em Artes Visuais pela<br />

ECA-USP com a tese intitulada “Campos de<br />

Invisibilidade”. Suas práticas se des<strong>do</strong>bram<br />

a partir da experiência <strong>do</strong> corpo e seus<br />

atravessamentos pelos espaços, relações<br />

e tecnologias. [p. 08,47–63, 215]<br />

Demétrio Portugal Pesquisa<strong>do</strong>r e gestor cultural.<br />

Seu trabalho busca a criação de plataformas<br />

e projetos que potencializem o desenvolvimento<br />

de expressões e cenas artísticas<br />

contemporâneas, como a cena <strong>do</strong> audiovisual<br />

expandi<strong>do</strong> no Brasil. É um <strong>do</strong>s inicia<strong>do</strong>res da<br />

MatilhaCultural (2008-2013) e da rede ALTav,<br />

e cocura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> AVXLab.<br />

[p. 09, 163-170, 200, 216]<br />

Didiana Prata Designer gráfica, mestre pela<br />

FAU-USP. Pesquisa o design e a poética das<br />

narrativas visuais das redes a partir de estratégias<br />

de apropriação de banco de da<strong>do</strong>s. É<br />

membro <strong>do</strong> grupo Estéticas da Memória no<br />

séc. XXI (FAU-USP) e sócia da Prata Design.<br />

[p. 215]<br />

Eduar<strong>do</strong> Fernandes (Eduzal) Foi funda<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Coletivo Bijari e atua junto ao Colaboratório<br />

e ALTav. Tem extensa carreira como VJ,<br />

em que atuou em festivais mainstream (Skol<br />

Beats, Nokia Trends, Motomix, Heineken Green<br />

Session, SWU) e alternativos (on-off, Satyrianas,<br />

DF_Depois das Fronteiras, instante, entre<br />

outros). [p. 10, 191-198, 216]<br />

Fabio Malini Professor na Universidade<br />

Federal <strong>do</strong> Espírito Santo, onde coordena o<br />

Labic (Laboratório de Estu<strong>do</strong>s sobre Imagem e<br />

Cibercultura), e é pesquisa<strong>do</strong>r de ciências de<br />

da<strong>do</strong>s, redes sociais e comunicação política.<br />

Especializou-se na produção de visualizações<br />

de grafos a partir de megada<strong>do</strong>s (big data)<br />

sobre relações políticas estabelecidas em<br />

redes sociais. [p. 215]<br />

Fernanda Pessoa Cineasta e artista visual<br />

com mestra<strong>do</strong> em <strong>Cinema</strong> e <strong>Audiovisual</strong><br />

pela Université Sorbonne Nouvelle, trabalha<br />

principalmente com instalações fílmicas a<br />

partir <strong>do</strong> uso de foundfootage e películas<br />

cinematográficas, além de cinema <strong>do</strong>cumental<br />

e experimental. [p. 216]<br />

Fernan<strong>do</strong> Velázquez Artista multimídia, é<br />

mestre em Moda, Arte e Cultura. Suas obras<br />

estão em coleções públicas e privadas <strong>do</strong><br />

Brasil e <strong>do</strong> exterior. Participou de exposições<br />

como “The Matter of Photography in the Americas”<br />

(Stanford University, 2018) e a Bienal <strong>do</strong><br />

Mercosul (2009). Obteve o Prêmio Sergio Motta<br />

de Arte e Tecnologia (Brasil, 2009), 2008 Culturas<br />

(Espanha), entre outros. [p. 08, 83-93, 212]<br />

Gabriel Menotti Crítico e cura<strong>do</strong>r independente.<br />

Professor no Departamento de Comunicação<br />

da UFES. É <strong>do</strong>utor por Goldsmiths,<br />

University of Lon<strong>do</strong>n, e pela PUC-SP. Escreveu<br />

“Através da Sala Escura: Espaços de Exibição<br />

<strong>Cinema</strong>tográfica e Vjing” (Intermeios, 2012) e<br />

“Movie Circuits: Curatorial Approaches to <strong>Cinema</strong><br />

Technology” (AUP, no prelo). Em 2017-18,<br />

foi fulbright visiting scholar na Universidade de<br />

Wisconsin-Milwaukee. [p. 09, 135-141]<br />

Giselle Beiguelman Pesquisa a preservação<br />

de arte digital, arte e ativismo na cidade em<br />

rede e as estéticas da memória no século XXI.<br />

Desenvolve projetos de intervenções artísticas<br />

no espaço público e com mídias digitais. Professora<br />

da FAUUSP desde 2011 (onde coordenou<br />

228<br />

biografia <strong>do</strong>s participantes


o curso de Design). É autora de várias publicações<br />

sobre o nomadismo contemporâneo e as<br />

práticas da cultura digital. [p. 08, 73-81, 121]<br />

Henrique Roscoe Artista digital, músico e<br />

cura<strong>do</strong>r. Trabalha na área audiovisual desde<br />

2004, exploran<strong>do</strong> caminhos da arte generativa<br />

e visual music, investigan<strong>do</strong> as relações<br />

entre som, imagem e narrativas abstratas<br />

simbólicas. [p. 08, 95-107, 202, 205, 211, 215]<br />

Javier Cruz San Martín Desenvolve<strong>do</strong>r de<br />

visualizações de da<strong>do</strong>s e diretor de projetos<br />

na Reddrummer em São Paulo, forma<strong>do</strong> como<br />

designer industrial da Universidad de Chile,<br />

mestre em Educação e Comunicação de Museus<br />

pela Universidade de Zaragoza, Espanha,<br />

músico e programa<strong>do</strong>r autodidata. [p. 215]<br />

Letícia Ramos Artista visual com o foco de<br />

investigação em criação de aparatos fotográficos<br />

para a captação e reconstrução de movimento.<br />

Suas obras já foram expostas em espaços<br />

artísticos como Tate Modern, Parque Lage,<br />

Museu Coleção Berar<strong>do</strong>, Instituto Tomie Ohtake<br />

e CAPC – d’Art Contemporain (Bordeaux), entre<br />

outros. [p. 09, 154-160, 203, 207, 216]<br />

Lucas Bambozzi Artista e cura<strong>do</strong>r independente,<br />

professor no curso de Artes Visuais na<br />

FAAP e <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> na FAU-USP, com pesquisa<br />

envolven<strong>do</strong> campos informacionais em espaço<br />

públicos. <strong>Seus</strong> trabalhos já foram mostra<strong>do</strong>s<br />

em mais de 40 países. É um <strong>do</strong>s inicia<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

Festival arte.mov (2006-2012), <strong>do</strong> Labmovel<br />

(2012-2016), <strong>do</strong> ALTav, e cocura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> AVXLab.<br />

[p. 07-10, 13-23, 121, 172, 178, 197, 202, 215, 216]<br />

Lucia Koch É artista multimídia, com obras<br />

que exploram as relações entre arte e arquitetura,<br />

produzin<strong>do</strong> alterações na luz ambiente<br />

de espaços institucionais ou <strong>do</strong>mésticos. É<br />

mestre em artes visuais pela UFRGS e <strong>do</strong>utora<br />

em Poéticas Visuais pela ECA-USP.<br />

[p. 08, 64-71, 215]<br />

Mario Ramiro Artista multimídia e professor<br />

<strong>do</strong> departamento de Artes Visuais da ECA-<br />

-USP, ex-integrante <strong>do</strong> grupo de intervenções<br />

urbanas 3NÓS3. Sua produção reúne intervenções<br />

urbanas, redes telecomunicativas, esculturas,<br />

instalações, fotografia e arte sonora.<br />

[p. 08, 41–45, 215]<br />

Mirella Brandi Artista multimídia e designer<br />

de luz. Italiana, sediada entre São Paulo e<br />

Berlim, pesquisa a luz como linguagem autônoma<br />

na condução de narrativas. Interage<br />

com as áreas de dança, música, ópera, teatro,<br />

artes visuais, entre outras. Parte <strong>do</strong> duo de<br />

luz e som “Mirella Brandi × Muep Etmo” desde<br />

2006, realizan<strong>do</strong> pesquisas continuadas com<br />

parceiros no Brasil e na Europa. [p. 08, 23, 25-<br />

40, 201, 204, 209 , 215]<br />

Mirella Brandi × Muep Etmo (Duo) Juntos, exploram<br />

através da imagem e <strong>do</strong> som sua capacidade<br />

narrativa e de transformação perceptiva em instalações<br />

e performances imersivas, desde 2006.<br />

Mirella Brandi é artista multimídia e designer de<br />

luz e Muepetmo é músico, compositor e engenheiro<br />

de som. [p. 23, 35, 38, 201, 204, 209, 215]<br />

Muepetmo É artista multimídia, músico e engenheiro<br />

de som forma<strong>do</strong> pela SAE (Institute<br />

Audio Engineer) e músico residente <strong>do</strong> CVA<br />

(Conservatorium Van Amsterdam). Há treze<br />

anos desenvolve um trabalho continua<strong>do</strong> com<br />

a artista Mirella Brandi, sobre narrativas de<br />

imersão a partir da luz e <strong>do</strong> som. [p. 23, 25-27,<br />

31, 35, 38, 201, 204, 209, 215]<br />

Patricia Moran Historia<strong>do</strong>ra, mestre e <strong>do</strong>utora<br />

em Comunicação e Semiótica. É professora<br />

<strong>do</strong> programa de pós-graduação em Meios<br />

e Processos Audiovisuais da USP. Pesquisa<strong>do</strong>ra<br />

de performances audiovisuais em tempo real,<br />

tema sobre o qual tem diversas publicações<br />

e experiência artística, com destaque para<br />

temas como vídeo, <strong>do</strong>cumentário, cinema,<br />

tecnologia digital e produção. [p. 10, 191-198]<br />

Raimo Benedetti Videoartista, atua como<br />

professor, produtor e monta<strong>do</strong>r de filmes cinematográficos.<br />

Seu curso de vídeo experimental<br />

tem passagem por várias instituições renomadas<br />

<strong>do</strong> Brasil, como MAM-SP e MIS, e também<br />

na Espanha, como Fundació La Caixa, entre<br />

outras. Como artista, participou de festivais<br />

como RedBull Live Image, ON-OFF e FILE, entre<br />

outros. [p. 10, 191-198]<br />

Roberta Carvalho Artista visual nascida em<br />

Belém <strong>do</strong> Pará. Formada artista pela UFPA.<br />

Desenvolve trabalhos na área de imagem,<br />

intervenção urbana e videoarte. Já participou<br />

de várias exposições, coletivas e individuais,<br />

no Brasil, França, Espanha e Martinica.<br />

[p. 10, 191-198]<br />

229


Roberto Cruz Pós-<strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> pelo Programa<br />

Interunidades em Estética e História da<br />

Arte da USP. É cura<strong>do</strong>r da Coleção Itaú Cultural<br />

de Filmes e Vídeos de Artistas, consultor<br />

da Enciclopédia de <strong>Cinema</strong> <strong>do</strong> Itaú Cultural e<br />

diretor executivo da SAC – Sociedade Amigos<br />

da <strong>Cinema</strong>teca. [p. 09, 109-118, 216]<br />

Rodrigo Gontijo É artista, pesquisa<strong>do</strong>r e<br />

professor no Centro Universitário SENAC.<br />

Desenvolve projetos de cinema ao vivo, instalações<br />

e <strong>do</strong>cumentários. <strong>Seus</strong> trabalhos, coletivos<br />

e individuais, já foram apresenta<strong>do</strong>s em<br />

diversos países e premia<strong>do</strong>s pela Associação<br />

Paulista <strong>do</strong>s Críticos de Arte (APCA – 2005<br />

e 2008) e Festival de Grama<strong>do</strong> (2005).<br />

[p. 09, 10, 183-190, 191-198]<br />

Tanya Toft Ag Cura<strong>do</strong>ra dinamarquesa,<br />

pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>utorada, teórica urbana,<br />

palestrante e precursora da observação<br />

artísticas de arte-mídia no ambiente urbano,<br />

especialmente em relação às condições de<br />

mudança e inovação estética da mídia – em<br />

arte, arquitetura, tecnologias, interfaces,<br />

cultura digital, ciência e ambientes reais e<br />

artificiais. [p. 9, 171-182]<br />

Tatiane Gonzalez Mestre em Sociologia<br />

pela UNICAMP e pesquisa<strong>do</strong>ra independente<br />

de arte, tecnologia e política. Coordenada<br />

os trabalhos de pesquisa de conteú<strong>do</strong> para<br />

projetos audiovisuais da Indague e atua como<br />

gestora de projetos culturais. [p. 216]<br />

230<br />

biografia <strong>do</strong>s participantes


© Lucas Bambozzi<br />

© Demétrio Portugal<br />

Grafia segun<strong>do</strong> o Acor<strong>do</strong> Ortográfico da Língua Portuguesa em vigor desde 2009.<br />

Agradecemos a to<strong>do</strong>s aqueles que gentilmente cederam os direitos sobre as<br />

obras aqui publicadas.<br />

To<strong>do</strong>s os esforços foram realiza<strong>do</strong>s para encontrar, identificar e creditar os<br />

detentores <strong>do</strong>s direitos autorais e patrimoniais conti<strong>do</strong>s neste livro. Caso tenha<br />

havi<strong>do</strong> alguma omissão involuntária de da<strong>do</strong>s e informações relativos à autoria<br />

e à titularidade, por favor, contate a editora que se compromete a inclui-los em<br />

edições futuras.<br />

O conteú<strong>do</strong> deste material deve ser interpreta<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o contexto<br />

social, cultural e histórico da época em que foi veicula<strong>do</strong>, respeitan<strong>do</strong> a<br />

legislação então vigente no perío<strong>do</strong>.<br />

Da<strong>do</strong>s Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)<br />

(Câmara Brasileira <strong>do</strong> Livro, SP, Brasil)<br />

O <strong>Cinema</strong> e seus outros : manisfestações expandidas<br />

<strong>do</strong> audiovisual / organização Lucas Bambozzi e<br />

Demétrio Portugal ; [coordenação Gabriela<br />

Longman]. — 1. ed. — São Paulo : Equa<strong>do</strong>r :<br />

AVXLab - Laboratório de <strong>Audiovisual</strong> Expandi<strong>do</strong>, 2019<br />

Vários autores.<br />

ISBN: 978-85-68212-06-6<br />

1. <strong>Cinema</strong> 2. Linguagem audiovisual<br />

I. Bambozzi, Lucas. II. Portugal, Demétrio.<br />

III. Longman, Gabriela.<br />

18-17249 CDD-302.234<br />

Índices para catálogo sistemático:<br />

1. <strong>Cinema</strong> : Linguagem audiovisual : Meios de<br />

comunicação : Sociologia 302.234<br />

Iolanda Rodrigues Biode - Bibliotecária - CRB-8/10014<br />

To<strong>do</strong>s os direitos desta edição reserva<strong>do</strong>s à Giro Edições e Projetos Culturais Eireli<br />

São Paulo, SP – Brasil<br />

www.editoraequa<strong>do</strong>r.com.br<br />

1 a - edição<br />

1 a - impressão


Sobre o projeto AVXLab: O AVXLab é um laboratório de meto<strong>do</strong>logias e experimentação de<br />

linguagens expandidas <strong>do</strong> audiovisual brasileiro, uma iniciativa que nasceu de integrantes <strong>do</strong> ALTav<br />

(Rede <strong>Audiovisual</strong> Expandi<strong>do</strong>) para atuar na produção de projetos volta<strong>do</strong>s à experimentação e<br />

à geração de conhecimento, que valorizam não apenas as apresentações finais, mas colocam o<br />

processo e a pesquisa de criação como parte fundamental de uma obra.<br />

http://AVXLab.org<br />

Este livro foi publica<strong>do</strong> pela Editora Equa<strong>do</strong>r em coedição com o AVXLab por ocasião <strong>do</strong> seminário,<br />

mostra e residência artística, apresenta<strong>do</strong>s no Centro Cultural São Paulo de 9 a 11 de junho de 2017<br />

graças ao investimento e correalização da Spcine / Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.<br />

O AVXLab é um projeto organiza<strong>do</strong> por participantes <strong>do</strong> ALTav - Rede <strong>Audiovisual</strong> Expandi<strong>do</strong>.<br />

Saiba mais sobre<br />

este livro e o<br />

AVXLab.<br />

http://avxlab.org<br />

Esta publicação foi composta em Lemur e Sabon<br />

Next, sobre os papéis offset e couchê 90 g/m².<br />

Impressa pela Gráfica Ipsis em agosto de 2019<br />

para a Editora Equa<strong>do</strong>r.<br />

participante:<br />

correalização:


O cinema e seus outros traz uma<br />

perspectiva sobre o audiovisual<br />

que se expande para além <strong>do</strong>s<br />

paradigmas industriais <strong>do</strong> cinema<br />

e da televisão, constituin<strong>do</strong> novos<br />

meios, formatos, processos, fluxos<br />

e circuitos criativos.<br />

9 788568 212066

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