Chicos 58 - 22.09.2019
Chicos é uma publicação de literatura e ideias de Cataguases - MG - Brasil. Fale conosco em cataletras.chicos@gmail.com
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<strong>Chicos</strong><br />
Ronaldo Cagiano<br />
Nasceu em Cataguases, autor, dentre outros,<br />
de Dezembro indigesto (Contos, Prêmio Brasília<br />
de Produção Literária 2001), O sol nas feridas<br />
(Poesia, Finalista do Prêmio Portugal Telecom<br />
2012) e Eles não moram mais aqui<br />
(Contos, Prêmio Jabuti 2016), mora atualmente<br />
em Portugal.<br />
Uma escritura demiúrgica<br />
Desde seu primeiro romance “Mentiras” (Ed.<br />
Nós, SP, 2016), lançado aos vinte e seis anos,<br />
Felipe Franco Munhoz, paranaense radicado em<br />
São Paulo, chamou a atenção por apresentar<br />
uma narrativa em que originalidade e ousadia<br />
pontuaram seu début literário. Com a segurança,<br />
maturidade e domínio raros num estreante,<br />
o autor realizou um sofisticado diálogo com a<br />
obra de Philip Roth, na expressão de um personagem<br />
que flertava com as histórias do escritor<br />
americano em interlocução primorosa em que a<br />
experiência do duplo em literatura foi levada,<br />
com habilidade, ao extremo<br />
Essa via intertextual e metalinguística encontra<br />
novas ressonâncias e atualização em seu<br />
segundo livro, “Identidades” (Ed. Nós, SP,<br />
2018), obra recepcionada com entusiasmo pela<br />
crítica. Se naquela primeira tentativa de exploração<br />
de universos temáticos e semânticos de um<br />
autor que é sua referência e inspiração, Munhoz<br />
conseguiu projetar sua própria voz e autenticidade,<br />
sem derrapar para o pastiche ou no paralelismo,<br />
construindo uma esmerada dicção, em<br />
“Identidades” esse processo se aperfeiçoa e<br />
agudiza, realçando a peculiaridade e sofisticação<br />
de um estilo narrativo que não encontra<br />
similar na literatura contemporânea brasileira.<br />
Nessa nova incursão ficcional sua prosa<br />
incorpora a inegável herança de suas leituras,<br />
influências e gurus literários , pois que bebe em<br />
muitas fontes e percorre outros territórios linguísticos.<br />
Felipe recorre a muitas vertentes literárias<br />
e processos de construção, sofisticadas<br />
associações e alusões, da palavra à imagem, do<br />
verso lírico aos domínios do drama teatral, da<br />
inflexão filosófica e do acento crítico às experimentações,<br />
da pauta musical às rupturas formais.<br />
Um sólido pout pourri ficcional de confecção<br />
híbrida, explorando com desenvoltura todas<br />
as possibilidades de comunicação e metamorfoses<br />
da palavra, fugindo à costumeira e tradicional<br />
estilística. A luz dessa linguagem deriva-se<br />
de uma percepção clara das suas tênues fronteiras,<br />
espectro da sociedade multissensorial, num<br />
mundo em permanente disfunção, com suas dicotomias<br />
e ausência de linearidade, tão bem<br />
representados nessa assinatura artística.<br />
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