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Chicos 58 - 22.09.2019

Chicos é uma publicação de literatura e ideias de Cataguases - MG - Brasil. Fale conosco em cataletras.chicos@gmail.com

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<strong>Chicos</strong><br />

Também em “Ontem, hoje, amanhã e sempre”:<br />

“Ontem, hoje, amanhã e sempre / Verei<br />

com o olhar jamais obtuso / Um louco<br />

amando um pensador confuso”.<br />

Ou noutro belo soneto; “Renúncia à Ninfa”:<br />

“O ímpeto ardente que em mim velas / Tanto<br />

quanto vos sois bonita / em trêmulo estampo<br />

na face. / A indubitável perene e certa<br />

denúncia / Sereis a gênese de nosso enlace /<br />

Não fosse minha breve renúncia”.<br />

Uma leitura apressada desse volume sintomaticamente<br />

intitulado Gaiola de vidro poderia<br />

levar a uma impressão errada, precipitada<br />

de que seu autor faz uso de linguagem<br />

derramada e nos levaria a crer que se trata<br />

de estilo de exagerado descabelamento lírico,<br />

enfim de uma excessiva retórica romântica,<br />

o que definitivamente não acontece. É o<br />

tipo de trabalho que exige de nós leitores<br />

uma observação mais cuidada, uma atenção<br />

mais demorada.<br />

No poema que abre o livro: Gaiola de vidro,<br />

pela boca do peixe, o poeta aborda a<br />

questão da liberdade humana – confinado<br />

em seu aquário (a gaiola de vidro) que o limita,<br />

o eu lírico conclui filosoficamente que<br />

a nossa vontade é ilusão. Mais do que nunca<br />

o poeta em Gleison Dornellas se afirma do<br />

que no poema o morceguinho que voa de<br />

mansinho, bicho mais feinho pretinho como<br />

carvão; ave mamífera que voa e ama (é claro)<br />

e que “dorme não na cama”. Novamente<br />

para usar uma palavra da moda: Show!<br />

Nem faltará neste singelo volume o olhar<br />

do autor para sua Princesinha da Mata, noutro<br />

belo e expressivo soneto “O Soneto à<br />

Cataguases”, sua ternura é expressa pela terrinha<br />

que evoca como na sextina: “Uma fábrica<br />

velha, fábricas belas / poesias que desaguam<br />

tudo / próxima à ponte nova do verso<br />

/ Tudo isso, céus, é Cataguases / De Santa<br />

Rita, à Santa Maria, ó noite! / Como explicam<br />

numa só vida. ”<br />

Não seria despropositado afirmar que Gleison<br />

seja por precipitação, seja por indiferença<br />

a essas convenções – quem já publicou<br />

sabe o que é sentir a dor do parto – desincumbiu-se<br />

de um prefaciador à guisa de explicação<br />

para o seu voo no Pégaso – talvez<br />

reclamando para si, o criador, a responsabilidade<br />

que enfim, em princípio é dele.<br />

A única restrição que faria a este curioso<br />

livro que nos dá Gleison Dornellas é quanto<br />

à quantidade de poemas contidos nele que<br />

pela profusão poderiam estar numa outra<br />

edição e ocasião e com outro título.<br />

Mas isso é lá com ele, que acredito sabe<br />

bem o que está fazendo. Eu por minha vez<br />

sou-lhe imensamente grato por nos prover<br />

de novo com o sabor peculiar de sua forte e<br />

essencial arte poética.<br />

O poeta cataguasense Francisco Marcelo<br />

Cabral ao autografar lhe um livro seu disse:<br />

“Espero que você vá mais longe na arte que<br />

me apresso”.<br />

A mim só compete dizer que com este<br />

livro confirma-se a intenção do autor de dar<br />

continuidade a seu projeto literário que começou<br />

em 2016 com Um minuto na eternidade,<br />

e que segundo ele, eu mesmo confirmo,<br />

mostra sua evolução.<br />

Para o alto, poeta, que o tempo passa<br />

quer o queiramos, quer não.<br />

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