Revista SF - Edição 07
Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.
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<strong>Revista</strong> | Nº 7 | Maio | 2019 |<br />
Uma revista diferente porque faz diferença na sua vida.<br />
ENCARREIRAMENTO:<br />
CONHEÇA O<br />
LÍDER DO FUTURO<br />
<strong>SF</strong> EM PAUTA:<br />
SÃO FRANCISO MAIS SAÚDE:<br />
UM PRESENTE PARA RIBEIRÃO<br />
TECH:<br />
IZAGRO - CONSULTORIA<br />
NA PALMA DA MÃO<br />
ESPECIAL:<br />
Família:<br />
uma palavra,<br />
múltiplos<br />
conceitos
Mais estrutura:<br />
10 mil m² com capacidade para mais de 40 mil atendimentos por mês.<br />
Mais eficiência:<br />
Pronto atendimento 24h, consultas agendadas, exames de imagens<br />
e laboratoriais em um único lugar.<br />
Mais acolhimento:<br />
Profissionais disponíveis para orientação e apoio aos beneficiários.<br />
Mais acesso:<br />
Localização privilegiada e estacionamento próprio e gratuito.<br />
Mais qualidade:<br />
As melhores práticas internacionais de assistência à saúde.<br />
Vem aí o<br />
São Francisco<br />
Mais Saúde.<br />
Mais tecnologia, com reconhecimento facial<br />
que permite acesso ao histórico do paciente<br />
e agiliza o atendimento.<br />
Rua Pedro Pegoraro, esquina com a Av. Leão XIII<br />
Ribeirânia - Ribeirão Preto/SP<br />
Inauguração: Junho de 2019
INOVAÇÃO<br />
Perspectiva artística da nova unidade São Francisco Mais Saúde.<br />
0800 777 90 70<br />
www.saofrancisco.com.br<br />
são francisco<br />
Planos de vida com saúde
<strong>Revista</strong> | EDITORIAL |<br />
Caro leitor,<br />
A <strong>Revista</strong> <strong>SF</strong> é uma publicação quadrimestral<br />
que traz informações úteis e de qualidade sobre<br />
diversos temas relacionados ao bem-estar,<br />
sempre pensando em oferecer mais saúde para<br />
seus leitores.<br />
Presidente<br />
Grupo São Francisco<br />
Lício Cintra<br />
Comitê Editorial<br />
Aline Bigi<br />
Alisson Padua<br />
Cinara Vasconcelos<br />
Gabriela Castilho<br />
Marcela Moreira<br />
Talita Carabolante<br />
Jornalista Responsável<br />
Gabriela Castilho (MTB 75.683)<br />
Projeto Gráfico e Design<br />
Alisson Padua<br />
Foto de capa<br />
Roberto Galhardo<br />
Tiragem<br />
10.000 exemplares<br />
Fale com a redação<br />
gabrielacarvalho@saofrancisco.com.br<br />
Na sétima edição da <strong>Revista</strong> São Francisco, trazemos<br />
importantes discussões sobre o futuro. Nossa matéria<br />
de capa conta a história de diferentes grupos familiares,<br />
mostrando em cada relato as diferentes batalhas enfrentadas<br />
dia após dia, seja pela mãe que cuida de seu filho sozinha, seja<br />
pelo casal homoafetivo que sonha em constituir família, mas<br />
precisa lutar contra o preconceito de uma sociedade inteira,<br />
ou seja pelos pais que movem montanhas para oferecer as<br />
melhores alternativas ao filho especial.<br />
Estreamos também uma nova seção, a Sustentabilidade.<br />
Uma entrevista exclusiva com o biólogo do projeto Tamar,<br />
Henrique Becker, mostra que os canudos plásticos são apenas<br />
a ponta do iceberg quando o assunto é a poluição dos<br />
oceanos em todo o mundo. Anualmente, cerca de 13 milhões<br />
de toneladas de plásticos vão parar no fundo do mar – estão<br />
inclusos objetos de uso diário, como TV e liquidificador. A<br />
situação é tão crítica que, até 2050, estima-se que os mares<br />
tenham mais plástico do que peixe.<br />
Ou repensamos a nossa forma de consumo ou, em breve,<br />
presenciaremos cenas catastróficas no meio ambiente. Para<br />
embasar este assunto, na seção Entrevista temos um bate<br />
papo com a gaúcha Adriana Tubino, cofundadora da Revoada,<br />
que fabrica peças de roupas, acessórios e mochilas a partir<br />
de materiais 100% reciclados, como lona de pneu e náilon de<br />
guarda-chuva. Cada etapa do processo de produção é baseada<br />
em uma ação sustentável aliada a projetos sociais, envolvendo<br />
catadores de lixo, borracheiros e cooperativas de costureiras.<br />
Você também vai ver que o mercado de trabalho está no<br />
caminho para se reciclar. Já não há mais espaço para o chefe<br />
que apenas demanda, cobra e não se importa com o funcionário.<br />
A tendência é uma liderança cada vez mais empática,<br />
participativa e que oferece autonomia à equipe.<br />
Desejo a você uma boa leitura.<br />
0800 777 90 70<br />
saofrancisco.com.br<br />
/gruposaofrancisco<br />
@gruposaofrancisco<br />
Patrícia Musa<br />
Presidente da São Francisco Resgate<br />
4 |
06 10 30 34 38 64<br />
| CURIOSAMENTE |<br />
Desafio da Baleia Azul, Boneca Momo e Carrossel<br />
da Morte são só algumas das “brincadeiras”<br />
on-line que têm tirado o sono de muitas famílias.<br />
O psiquiatra do Grupo debate o assunto. Pág. 6<br />
| ENCARREIRAMENTO |<br />
O líder do futuro se preocupa em montar um<br />
time e trabalhar em conjunto, dando um fim à<br />
antiga imagem de patrão. A diretora de RH do<br />
Magazine Luiza comenta o novo perfil. Pág. 10<br />
| SUSTENTABILIDADE |<br />
Um ano depois da proibição dos canudos plásticos<br />
no RJ, a luta pela preservação do meio<br />
ambiente continua. Biólogo do TAMAR fala sobre<br />
o impacto nos oceanos. Pág. 30<br />
| TECH |<br />
Conheça o app IZagro, uma plataforma digital<br />
que oferece consultoria gratuita a pequenos e<br />
médios produtores rurais. Pág. 34<br />
| ESPECIAL |<br />
Com diferentes formações e culturas, sete famílias<br />
guardam um valor em comum: o amor incondicional<br />
e sem preconceitos. Conheça suas<br />
histórias. Pág. 38<br />
| <strong>SF</strong> EM PAUTA |<br />
O Grupo São Francisco não poupa esforços<br />
para oferecer os melhores serviços de saúde.<br />
No <strong>SF</strong> em Pauta, você fica por dentro de todos<br />
os novos investimentos. Pág. 64<br />
14 ENTREVISTA<br />
20 CABIDE<br />
48 VIVER BEM<br />
52 MÃO NA MASSA<br />
56 ORÁCULO DA SAÚDE<br />
60 SAÚDE DAS ESTRELAS<br />
| 5
| CURIOSAMENTE |<br />
Brincadeira de<br />
mau gosto<br />
Desafios virtuais estimulam<br />
automutilação e exigem<br />
atenção de familiares<br />
6 |
Nos últimos anos, uma série<br />
de jogos e desafios virtuais<br />
tomaram conta da internet,<br />
fazendo vítimas fatais<br />
e tornando-se motivos de<br />
sérias preocupações em todo o mundo.<br />
Crianças, adolescentes e jovens são estimulados<br />
a cumprir diversas tarefas<br />
nocivas com uma regra: filmar o processo<br />
e compartilhar nas redes sociais.<br />
O primeiro a se tornar viral – e a<br />
chocar a sociedade – foi o Desafio da<br />
Baleia Azul, iniciado na Rússia, em<br />
2016. Segundo relatos, a “brincadeira”<br />
consiste em 50 desafios distribuídos<br />
diariamente por um suposto curador,<br />
podendo ocorrer tanto pelas mídias,<br />
como Facebook e Instagram, quanto<br />
pelo WhatsApp.<br />
As primeiras tarefas parecem simples,<br />
mas tornam-se mais graves com<br />
o passar do tempo, evoluindo para automutilação<br />
- como usar uma faca para<br />
tatuar uma baleia no braço. A última<br />
e mais perigosa incentiva o suicídio.<br />
Ao menos 100 casos entre jovens de<br />
todo o mundo foram relacionados com<br />
a Baleia Azul.<br />
Pouco menos de um ano depois, a<br />
Boneca Momo se tornou o terror da vez.<br />
Mirando em crianças mais novas por<br />
meio de mensagens de texto, um número<br />
desconhecido enviava instruções<br />
para que etapas cada vez mais perigosas<br />
fossem completadas - começavam com<br />
um “inofensivo” assistir filme de terror<br />
tarde da noite, e evoluíam para ações<br />
que encorajavam a automutilação, até<br />
serem desafiadas a tirarem a própria<br />
vida. Falhar em algum dos desafios<br />
resultaria no vazamento de informações<br />
pessoais ou ameaças de violência<br />
à família.<br />
Segundo um levantamento feito pelo<br />
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.<br />
br), mais de 24 milhões de crianças e<br />
adolescentes brasileiros têm acesso à internet,<br />
sendo que 77% deles assistem a<br />
vídeos online e 79% enviam mensagens<br />
instantâneas. Os números mostram a<br />
quantidade de pessoas que estão expostas<br />
a conteúdos nocivos, como os<br />
jogos citados.<br />
Lista de jogos<br />
é extensa<br />
Com uma interminável lista, outras<br />
brincadeiras têm se proliferado e causado<br />
acidentes entre os internautas: jogo<br />
da asfixia, também conhecida como a<br />
brincadeira do desmaio; comer pimenta<br />
pura; tocha humana (borrifar uma<br />
parte do copo com líquido inflamável<br />
e atear fogo), desaparecer por 72 horas<br />
sem deixar rastros, e ingerir cápsulas<br />
de detergente.<br />
Sem contar os desafios da moda,<br />
como Birdbox (baseado no filme homônimo,<br />
a ideia é se filmar realizando<br />
tarefas de olhos vendados), e sair do carro<br />
em movimento. Em setembro do ano<br />
passado, um menino inglês de 11 anos<br />
ficou gravemente ferido após aceitar o<br />
desafio do Carrossel da Morte - vídeos<br />
na internet ensinam a usar uma moto<br />
para acelerar o gira-gira no parque.<br />
Para o psiquiatra do Grupo São Francisco,<br />
Gabriel Elias Corrêa de Oliveira, as<br />
tais “brincadeiras” tendem a fazer mais<br />
sucesso entre aqueles que buscam ser<br />
aceitos pela roda de amigos. A maior<br />
incidência, no entanto, é entre jovens<br />
que sofrem bullying e que já apresentam<br />
outros quadros de sofrimento mental.<br />
• Como você avalia essa<br />
onda de desafios online?<br />
Acho importante destacar que esse<br />
tipo de evento e modismos virtuais são<br />
diversos e representam um grupo heterogêneo<br />
de comportamentos. Me parece<br />
que existem diferentes formatos destes<br />
“jogos”, como situações em que alguma<br />
celebridade, influenciador digital,<br />
| 7
| CURIOSAMENTE |<br />
ou um viral, cria alguma determinada<br />
moda que passa a ser copiada ou imitada<br />
pelos seguidores e fãs (por exemplo, o<br />
carrossel da morte ou o desafio de mascar<br />
cápsulas de sabão). Geralmente se<br />
constitui de algum comportamento de<br />
risco, perigoso, “que chama a atenção”<br />
tanto no mundo virtual quanto no real,<br />
e, justamente por isso, é imitado.<br />
Por outro lado, existem aqueles que<br />
se assemelham mais diretamente a jogos,<br />
como o Baleia Azul, a boneca Momo<br />
e o desaparacimento por 72h. Geralmente<br />
surgem justamente como brincadeiras<br />
entre grupos de adolescentes<br />
e acabam se espalhando rapidamente<br />
pela internet e sem controle. Este tipo de<br />
evento acaba circulando entre as redes<br />
sociais de crianças e adolescentes de<br />
forma orgânica e se transforma em uma<br />
grande mistura de brincadeira e lenda<br />
urbana de grandes proporções. Se torna,<br />
então, um terreno fértil onde indivíduos<br />
criminosos ou mal-intencionados podem<br />
atuar quer com intuito de roubo<br />
de dados, quer com intuitos obscuros<br />
e de má-fé - como induzir os usuários a<br />
fazer coisas perigosas e se expor a riscos<br />
e, segundo relatos, até mesmo de induzir<br />
o suicídio. Aqui, apesar do número<br />
de casos efetivos ser bastante baixo, o<br />
impacto social é grande e mobilizador.<br />
• Qual o perfil de quem aceita participar<br />
desses “jogos”?<br />
Pelo que vemos acontecer, esse tipo<br />
de comportamento se espalha muito rapidamente<br />
pelas diversas mídias sociais<br />
e, portanto, podemos concluir que tenha<br />
impacto em pessoas das mais diversas<br />
personalidades. Os adolescentes e as<br />
crianças, claro, estão mais expostos a<br />
este material. Toda criança e adolescente<br />
com acesso a mídias digitais deve ser,<br />
de certa forma, considerada exposta a<br />
este tipo de material. Precisamos estar<br />
atentos. E devemos também estar mais<br />
atentos aos indivíduos que são mais vulneráveis<br />
a esse discurso manipulador:<br />
crianças mais novas, mais imaturas e<br />
com pouca crítica, ou crianças e adolescentes<br />
que estejam em sofrimento<br />
mental (que tenham sintomas ansiosos,<br />
depressivos ou que tenham sofrido<br />
bullying, por exemplo) e em quem este<br />
tipo de discurso irá reverberar.<br />
• Quais são os riscos de<br />
participar desses desafios?<br />
Muitos. No caso dos desafios de imitação,<br />
os riscos são inerentes ao comportamento:<br />
o detergente certamente<br />
envenena quando ingerido, a força da<br />
gravidade efetivamente nos joga pra<br />
fora do gira-gira. O caso da criança na<br />
Inglaterra é o mais emblemático neste<br />
sentido, além das crianças intoxicadas<br />
por Paracetamol nos Estados Unidos.<br />
Já no caso dos jogos, quando acabam<br />
sendo usados neste contexto criminoso<br />
e que extrapola a simples brincadeira<br />
de adolescentes, existem relatos de que<br />
alguns adolescentes teriam se automutilado<br />
ou tentado suicídio em decorrência<br />
dos desafios. São fatos de difícil<br />
comprovação, mas com certeza de um<br />
risco social muito grande.<br />
• Em sua análise, por que<br />
jovens, até mesmo adultos,<br />
estão aceitando se autoflagelar<br />
e ainda compartilham isso nas<br />
redes sociais?<br />
Acho que o ser-humano é feito de<br />
hábitos, e tende à imitação. É assim<br />
que construímos nossa cultura e nos<br />
socializamos. Os adolescentes e pré-<br />
-adolescentes - e mesmo os adultos<br />
- estão ávidos por poder participar<br />
e integrar um grupo, de preferência<br />
se destacando entre seus pares. Em<br />
paralelo, a cultura atual está galgada<br />
fortemente na internet e nas relações<br />
via mídia social, e acho que, neste<br />
contexto, as pessoas estão usando a<br />
internet para expor suas “ousadias” e<br />
responder uns aos outros com coisas<br />
cada vez mais desafiantes. Se isso vem<br />
de alguma celebridade, então, a coisa<br />
toma proporções ainda maiores.<br />
• Como você explica a influência<br />
sofrida pelos jovens nas rodas de<br />
amigos?<br />
Este é um comportamento adolescente<br />
normal e esperado: que eles<br />
estejam muito intimamente ligados<br />
a um grupo de amigos e que tenham<br />
uma grande sensação de pertencimento<br />
a este grupo ou a alguma forma de<br />
cultura específica (roqueiros, nerds,<br />
geeks, românticos, etc.). O adolescente<br />
costuma estar sob bastante influência<br />
do grupo em que está inserido, e daí a<br />
importância de acompanharmos quais<br />
os hábitos e amigos das nossas crianças<br />
e adolescentes - e lembrar que eles<br />
passam grande parte do tempo em suas<br />
relações e grupos virtuais.<br />
É diferente a situação de quem se<br />
encontra em sofrimento mental e em<br />
quem ressoam os discursos negativos.<br />
O adolescente, por estar passando por<br />
períodos de sobrecarga, bullying, ansiedade,<br />
depressão ou stress pode estar<br />
vulnerável à influência de algum destes<br />
8 |
10:10<br />
jogos e desafios que eventualmente cheguem<br />
a ele. O cuidado aqui, portanto, é estarmos<br />
atentos para os adolescentes como<br />
um todo, e identificar situações reais de<br />
sofrimento ou adoecimento mental - e os<br />
pais e as escolas têm um papel importante<br />
nisso - para cuidarmos destas pessoas<br />
precocemente, além de ajudá-las a ficar<br />
seguras neste tipo de situação.<br />
• Como evitar que adolescentes<br />
e crianças se exponham a esses<br />
riscos?<br />
É fundamental acompanharmos os<br />
hábitos e costumes de nossas crianças<br />
e adolescentes, tanto no mundo real<br />
quanto no mundo virtual. Hoje é bastante<br />
comum vermos crianças hábeis<br />
no uso de mídias digitais e que às vezes<br />
passam horas na internet, mas que ainda<br />
não têm maturidade suficiente para<br />
lidar com todo o conteúdo ali exposto.<br />
É importante que os pais se atentem<br />
ao uso que seus filhos fazem das redes<br />
sociais e, por exemplo, de quais grupos<br />
fazem parte no Facebook ou que tipo de<br />
conversa têm no grupo da escola<br />
no WhatsApp.<br />
Outro ponto, como disse, é<br />
nos atentarmos aqueles que dão<br />
mostras e sinais de que estão em<br />
sofrimento mental e que podem<br />
estar precisando de ajuda real.<br />
• O que a família pode fazer<br />
ao identificar que o filho está<br />
participando de um desafio<br />
do tipo?<br />
A primeira coisa é não ter medo<br />
de perguntar o que está acontecendo.<br />
Nós conhecemos nossos filhos e<br />
tendemos a perceber quando algo<br />
está errado. Devemos expor com<br />
franqueza nossa percepção e preocupação,<br />
e perguntar se algo não está<br />
bem, certificar que ele pode contar<br />
com os pais se estiver enfrentando<br />
alguma situação difícil, num bom<br />
vínculo de confiança. Oferecer suporte<br />
e acompanhamento psicológico<br />
é bastante importante nestas<br />
situações.<br />
Foto: Érico Andrade<br />
Dr. Gabriel Elias Corrêa de Oliveira, psiquiatra do Grupo São Francisco.<br />
Desafios positivos<br />
ganham força<br />
Indo na contramão dos jogos perigosos,<br />
em fevereiro do ano passado<br />
a Unicef criou a Fabi, garota robô do<br />
Facebook que simula uma adolescente<br />
de 13 anos vítima de um vazamento de<br />
vídeo íntimo na plataforma. A interação<br />
ocorre por mensagens privadas e<br />
a ferramenta hiper-realista responde<br />
simultaneamente, contando detalhes<br />
do que aconteceu e pedindo conselhos<br />
ao usuário.<br />
O objetivo é conscientizar os jovens,<br />
fazendo-os se sentirem no lugar<br />
do (a) melhor amigo (a) do personagem,<br />
oferecendo conselhos e aprendendo<br />
a lidar com essas situações de<br />
exposição. “O uso desta ferramenta<br />
de inteligência artificial - que permite<br />
uma interatividade impressionante e<br />
muito próxima mesmo da experiência<br />
real com uma pessoa nesta situação -<br />
tem bastante penetração no público<br />
jovem e com certeza ajuda muito na divulgação<br />
destes temas e no cuidado em<br />
saúde mental”, pondera o psiquiatra.<br />
Contrapondo a Baleia Azul, surgiu a<br />
página Baleia Rosa, que sugere tarefas<br />
simples, como retomar contato com<br />
um amigo querido, passar um dia sem<br />
usar palavras negativas, entre outros.<br />
Já a hashtag Trashtag Challenge, o<br />
desafio do lixo, estimula internautas a<br />
recolherem lixo de lugares públicos,<br />
postando fotos do antes e depois nas<br />
redes sociais.<br />
| 9
| ENCARREIRAMENTO |<br />
Líder<br />
do futuro<br />
Novo modelo de gestão<br />
estimula autonomia e<br />
colaboração entre as equipes<br />
Quem nunca ouviu a expressão<br />
“manda quem pode,<br />
obedece quem tem juízo”?<br />
Atrelada à imagem de patrão,<br />
aquela pessoa autoritária,<br />
que demanda e cobra resultados,<br />
criando um clima de constante tensão,<br />
a frase já foi dita e repetida por trabalhadores<br />
e todos os níveis.<br />
A boa notícia é que este perfil está<br />
prestes a ser extinto do mercado de trabalho.<br />
Pelo menos, é o que apontam<br />
inúmeros levantamentos sobre um novo<br />
tipo de gestão que vem tomando cada<br />
vez mais espaço nas grandes empresas.<br />
Com uma postura completamente<br />
oposta, o líder do futuro sabe equilibrar<br />
autoridade com autonomia, olhando<br />
para seus funcionários como uma<br />
equipe ou um time, e não como seus<br />
subordinados.<br />
Para Patrícia Pugas, diretora executiva<br />
de Gestão de Pessoas do Magazine<br />
Luiza - rede varejista de eletrônicos e<br />
móveis -, existe uma clara diferença entre<br />
líder e patrão, que consiste em inspirar,<br />
motivar e ser exemplo. Ela afirma que<br />
a tendência é que deixe de existir um<br />
modelo pautado no comando e controle<br />
para dar lugar a um em que a autonomia<br />
e a colaboração falam mais alto.<br />
“Neste cenário, um bom líder deverá<br />
atuar cada vez mais como um facilitador<br />
para que a equipe produza e tome decisões<br />
de uma maneira coletiva e orgânica.<br />
Em um mundo cada vez mais incerto,<br />
complexo e volátil, gostar de pessoas é<br />
geri-las bem e isso, no fim do dia, faz a<br />
diferença”, afirma.<br />
A diretora diz que algumas mudanças<br />
fundamentais têm ditado um novo<br />
comportamento, como a busca por um<br />
modelo de liderança pautado em colaboração.<br />
Responsável pela gestão de<br />
pessoas em uma empresa que possui<br />
mais de 20 mil colaboradores, ela afirma<br />
que uma forte liderança precisa saber<br />
ouvir, ser empática, transparente, inspiradora,<br />
disponível, coerente e capaz de<br />
estimular seu time a dar o seu melhor.<br />
“Além disso, um líder precisa ser<br />
habilidoso ao lidar com pessoas, para<br />
abordar desde temas simples aos mais<br />
complexos, sem nunca faltar com o respeito<br />
e nem perder sua autoridade. Um<br />
bom líder precisa ter um bom relacionamento<br />
e, como dizemos no Magazine<br />
Luiza, precisa gostar de gente”, ressalta.<br />
10 |
Foto: Anderson Lima<br />
Patrícia Pugas, diretora executiva de Gestão de Pessoas do Magazine Luiza<br />
Em um mundo cada vez mais incerto, complexo<br />
e volátil, gostar de pessoas é geri-las bem e isso,<br />
no fim do dia, faz a diferença”<br />
Patrícia Pugas, diretora executiva de Gestão de Pessoas do Magazine Luiza<br />
| 11
| ENCARREIRAMENTO |<br />
William Miguel dos Santos (ao centro) e sua equipe<br />
Funções do líder:<br />
• Desdobrar para o time a estratégia da companhia e mostrar<br />
como o trabalho de cada um impacta o todo;<br />
• Garantir as entregas previstas, fazendo a gestão dos<br />
recursos disponíveis;<br />
• Estimular o protagonismo para que as pessoas tenham<br />
autonomia;<br />
• Inspirar e provocar os membros da equipe para que sejam<br />
melhores a cada dia;<br />
• Reconhecer e intensificar os pontos fortes de cada<br />
colaborador, além de desenvolvê-lo nos pontos que precisam de<br />
mais atenção.<br />
Fonte: Patrícia Pugas, diretora executiva de Gestão de Pessoas do Magazine Luiza<br />
12 |
Foto: Anderson Lima<br />
Perfil:<br />
• Tem empatia;<br />
• Sabe ouvir;<br />
• É transparente;<br />
• Inspira sua equipe;<br />
• É disponível para tirar dúvidas e orientar;<br />
• É coerente e capaz de estimular os membros<br />
da equipe a darem seu melhor;<br />
• É habilidoso para lidar com pessoas,<br />
sabendo abordar desde temas simples aos mais<br />
complexos;<br />
• Nunca desrespeita seu time.<br />
Fonte: Patrícia Pugas, diretora executiva de Gestão de Pessoas do Magazine Luiza<br />
Os novos líderes<br />
do Magazine Luiza<br />
A base de todos os processos seletivos do Magazine<br />
Luiza é que os candidatos compartilhem dos mesmos<br />
valores e comportamentos corporativos da empresa.<br />
Entre eles, estão gostar de gente, ter atitude de dono,<br />
ter a mão na massa, simplicidade e inovação, e ter o<br />
cliente em primeiro lugar.<br />
“Nossa visão é a de que, tendo aderência a eles,<br />
qualquer colaborador poderá exercer um papel de<br />
liderança, mesmo que não tenha um cargo para isso.<br />
Aliás, acreditamos muito neste conceito: todos podem<br />
ser líderes, independentemente do cargo”, acrescenta<br />
Patrícia.<br />
William Miguel dos Santos, coordenador do setor<br />
de Gestão de Pessoas no departamento de logística do<br />
Magazine Luiza, é responsável por um time de 17 colaboradores<br />
que cuidam de, aproximadamente, outras 3.4<br />
mil pessoas espalhadas em 12 centros de distribuição.<br />
Há dois anos no cargo, Santos relata que busca<br />
oferecer autonomia para que todos possam realizar o<br />
trabalho, envolvendo e acionando cada um em diferentes<br />
demandas para mantê-los motivados e sentindo-se<br />
desafiados com novas tarefas.<br />
Seus maiores desafios, ele diz, consistem em garantir<br />
que a informação chegue de forma clara e fluida<br />
para todos, além de ajudar sua equipe a entender as<br />
mudanças constantes que ocorrem na companhia para<br />
que consigam se reposicionar na mesma velocidade.<br />
“Porém, é preciso conhecer bem o seu time, saber<br />
que cada um tem um tempo diferente e oferecer condições<br />
para esse ajuste. Num mundo onde temos cada<br />
vez menos tempo, temos que nos policiar e não perder<br />
esse olhar para as individualidades”, diz.<br />
O coordenador também afirma que costuma identificar<br />
em seu grupo pessoas que já possuam um perfil<br />
de liderança, como a capacidade de identificar um<br />
problema e resolvê-lo na origem, priorizando a melhor<br />
solução para o cliente. Outro ponto positivo que<br />
ele analisa é a capacidade de se adaptar às mudanças,<br />
além de tratar os pares com respeito.<br />
No entanto, Santos faz questão de que todos que<br />
compõem o seu time tenham espaço para se desenvolver<br />
dentro da empresa.<br />
“Acredito em um formato de trabalho em que todos<br />
do time tenham espaço para se posicionar. Também<br />
gosto de provocar lideranças emergentes, quando alguém<br />
do grupo será responsável por aquele tema – se<br />
for necessário compartilhar ou padronizar a solução<br />
em outras unidades, essa pessoa também será a responsável<br />
por fazer”, conclui.<br />
| 13
| ENTREVISTA |<br />
Empreitada<br />
sustentável em<br />
pleno<br />
voo<br />
Estilista e publicitária<br />
inventam moda a partir<br />
de câmaras de pneus<br />
e náilon de guardachuvas<br />
descartados<br />
Após anos trabalhando em<br />
grandes indústrias de<br />
moda, as amigas Adriana<br />
Tubino, publicitária de 41<br />
anos, e Itiana Pasatti, estilista<br />
de 31, começaram a se incomodar<br />
com a forma de produção daquelas peças<br />
e a questionar o propósito dos lugares<br />
onde trabalhavam. Seguindo a regra<br />
do “os incomodados que se mudem”, as<br />
gaúchas deixaram os antigos empregos<br />
e se juntaram em uma iniciativa inovadora<br />
em Novo Hamburgo (RS).<br />
A partir da reciclagem de câmaras<br />
de pneus e de náilons de guarda-chuvas<br />
descartados, passaram a criar jaquetas,<br />
bolsas, mochilas, carteiras e brindes<br />
corporativos. O processo de produção<br />
também leva o tom de projetos sociais,<br />
envolvendo catadores de lixo e cooperativas<br />
de costureiras da cidade.<br />
“Percebemos que ajudávamos a vender<br />
produtos que não sabíamos como<br />
eram feitos. Sabíamos que tinha muito<br />
desperdício de materiais, que não era<br />
feito de uma forma sustentável e nem<br />
reutilizável. A nossa ideia era criar produtos,<br />
mas tínhamos a dúvida: porque<br />
colocar mais produtos no mundo se já<br />
havia tantos excessos? Foi a partir desta<br />
pergunta que tivemos esse start de<br />
trabalhar usando justamente esses excessos,<br />
esses resíduos”, explica Adriana.<br />
14 |
Foto: Divulgação / Revoada<br />
As sócias Adriana Tubino (de rosa) e Itiana Pasetti (sentada) apostam em moda sustentável e em economia circular para salvar o meio ambiente.<br />
“Ao final, fazemos o convite<br />
para que aquele cliente ajude<br />
na logística reversa. Ele entra<br />
em contato com a gente, a gente<br />
recolhe e faz a destinação correta,<br />
ou o reutiliza para novas peças”<br />
Adriana Tubino, co-fundadora da Revoada<br />
A publicitária relata que o projeto<br />
começou com o sonho de alçar um voo<br />
de liberdade e se desprender de padrões<br />
pré-estabelecidos, com espaço para<br />
criar algo novo e com real impacto no<br />
meio ambiente. A empreitada, que nasceu<br />
como Vuelo – voo, em espanhol -,<br />
precisou renascer como Revoada após<br />
problemas com a marca. “O nome faz<br />
referência a bando de pássaros, que é<br />
como nos consideramos hoje, num<br />
| 15
| ENTREVISTA |<br />
Modelos exibem jaquetas e pochetes feitas de materiais reciclados.<br />
processo cada vez mais coletivo”, ressalta.<br />
Em um bate-papo com a <strong>Revista</strong><br />
São Francisco, Adriana falou sobre a<br />
constante preocupação em reutilizar<br />
os resíduos em suas criações e evitar<br />
os excessos, que acabam descartados<br />
de maneira irregular no meio ambiente.<br />
Por que escolheram esses materiais?<br />
Além do problema de muitos resíduos,<br />
alguns materiais não se degradam ao<br />
fim da vida útil. Mesmo com o aumento<br />
do consumo, a população não dá conta<br />
de consumir tudo o que é produzido.<br />
Pensando nisso, pegamos dois mate-<br />
riais que estavam no fim desta cadeia de<br />
produção, que não tinham reciclabilidade<br />
no momento. Focamos em produtos<br />
que iam direto para o aterro sanitário<br />
e que levam mais de 500 anos para se<br />
decompor.<br />
Quando lançamos, já tínhamos decidido<br />
criar peças a partir de resíduos de<br />
câmaras de pneus e náilon de guarda-chuva.<br />
Fomos buscando mão de obra social,<br />
sempre nos perguntando como aquilo não<br />
voltaria a ser resíduo. Depois de um ano,<br />
conseguimos ver que tínhamos alcançado<br />
um método de produção baseado na<br />
economia circular sem nem perceber.<br />
Reutilizamos a câmara de pneu e o<br />
náilon de guarda-chuva dentro de uma<br />
cadeia, esse é um princípio da economia<br />
circular, e fazemos aquele resíduo ser<br />
matéria-prima de novo através de logística<br />
reversa. Com isso, conquistamos<br />
o maior impacto positivo possível. A<br />
economia circular encara que tudo isso<br />
é responsabilidade de quem produziu,<br />
e é assim que tentamos trabalhar há<br />
cinco anos.<br />
A ideia é expandir cada vez mais.<br />
Hoje a gente também usa um tecido automotivo<br />
que vem do excedente – é um<br />
resíduo utilizado uma vez só e depois<br />
sobram metros dele. Temos parceria<br />
com uma indústria e já estamos em teste<br />
16 |
Foto: Divulgação / Revoada<br />
Como é o processo de<br />
produção da Revoada?<br />
e pesquisa com outros materiais.<br />
A nossa produção começa quando a<br />
gente compra essa câmara de pneus direto<br />
dos borracheiros, geramos renda para eles<br />
e evitamos que elas tenham uma destinação<br />
inadequada em meio à natureza.<br />
Quando precisamos comprar em maior<br />
volume, fazemos parceria com produtoras<br />
de pneus. O borracheiro quer nos dar<br />
essa câmara, ele quer se livrar daquele<br />
resíduo, mas a gente estabelece um valor<br />
para formar uma cadeia com pessoas que<br />
não estão acostumadas a ser fornecedores,<br />
e com um acordo justo.<br />
O guarda-chuva compramos direto dos<br />
catadores de lixo - essa renda fica com eles.<br />
Deixamos o metal para que eles possam<br />
vender. A gente combina um preço justo<br />
para ambas as partes.<br />
Depois que a gente compra as câmaras<br />
e os guarda-chuvas, a gente higieniza com<br />
um parceiro que faz uma lavagem industrial<br />
utilizando captação de água da chuva<br />
e tratamento correto da água. E só então<br />
esses materiais vão para produção – é só<br />
captação de matéria-prima.<br />
É um processo que dá bastante trabalho,<br />
mas é onde a gente gera inovação,<br />
impacto positivo para a vida das pessoas<br />
e do planeta.<br />
Depois de tudo isso, a geração desse<br />
produto é feita em cooperativas de costureiras<br />
mulheres, pois percebemos que<br />
tinha um polo calçadista muito forte em<br />
| 17
| ENTREVISTA |<br />
Novo Hamburgo, mas que sofreu com<br />
a entrada da China no mercado. Então,<br />
vemos muito ateliê montado, mas com<br />
muitas pessoas sem trabalho. Ao invés<br />
de entregar para um grande ateliê produzir,<br />
aproveitamos esses pequenos<br />
grupos.<br />
Dali, o produto sai pronto: as mochilas,<br />
bolsas, carteiras, sempre com<br />
uma tag que conta a história dele para<br />
a pessoa saber o que tem em mãos,<br />
saber todas as etapas. Ao final, fazemos<br />
o convite para que aquele cliente<br />
ajude na logística reversa. Ele entra em<br />
contato com a gente, a gente recolhe e<br />
faz a destinação correta, ou o reutiliza<br />
para novas peças.<br />
Foto: Divulgação / Revoada<br />
Como foi unir sustentabilidade<br />
com um bom design?<br />
Esse era um grande desafio: fazer<br />
com muito design e poder ser competitivo<br />
com outros produtos, para estar<br />
em qualquer loja e ser atrativo para<br />
qualquer pessoa. Queríamos mostrar<br />
que tudo isso pode ser feito de outra<br />
forma, queríamos ser uma marca legal<br />
com que as pessoas se identificassem<br />
e, dentro dela, tivesse toda essa ética e<br />
propósito para sermos notados.<br />
Quais as outras frentes da Revoada?<br />
As empresas começaram a nos procurar<br />
para comprar nossos produtos<br />
para funcionários e clientes. Então,<br />
abrimos uma linha corporativa para<br />
os brindes e mudamos um pouco esse<br />
conceito para ação sustentável.<br />
A linha corporativa de produtos é<br />
muito forte. Temos um catálogo especial<br />
e produtos sob demanda. Nossa maior<br />
venda até hoje foi para a Sedex, foram<br />
16.6 mil brindes confeccionados. E foi<br />
uma experiência muito bacana, porque<br />
produzimos esses produtos em 28 dias,<br />
multiplicamos a quantidade de cooperativas,<br />
de borracheiros e de catadores de<br />
lixos impactados.<br />
Onde esses produtos são vendidos?<br />
Vendemos nossos produtos direto<br />
para os nossos clientes via e-commerce.<br />
Hoje, temos lotes especiais de<br />
venda, que é como se fosse uma pop<br />
As sócias Itiana Pasetti (de blusa listrada) e Adriana Tubino (de rosa), ao lado de sua equipe.<br />
store com edições limitadas. A gente<br />
lança, as pessoas compram, a gente<br />
entende melhor a demanda e o feedback<br />
para aprimorar nossas próximas<br />
produções.<br />
Quais são os próximos planos?<br />
Hoje a gente opera de três formas:<br />
venda para o consumidor final, linha<br />
corporativa e a terceira, que nasceu decorrente<br />
deste contato com empresas:<br />
produzir novos materiais com resíduos<br />
das próprias companhias.<br />
O nosso projeto mais recente, e em<br />
que estamos investindo muito, é uma<br />
consultoria que abrimos buscando<br />
trocar expertise com essas indústrias,<br />
para que elas possam entrar com o que<br />
sabem fazer há muitos anos e muito<br />
bem. A gente mostra que é possível<br />
trabalhar com o próprio resíduo, que<br />
é possível fazê-lo voltar para a pro-<br />
18 |
Fotos: Divulgação / Revoada<br />
Náilons de guarda-chuva fazem parte da matéria-prima principal da Revoada.<br />
Câmaras de pneus se transformam em jaquetas, mochilas e em muitos outros assessórios.<br />
dução. Essa é uma possibilidade de<br />
trabalhar lá na fonte e, assim, a gente<br />
evita que aquele resíduo saia de dentro<br />
da indústria.<br />
Desde que a Revoada foi criada,<br />
quantas pessoas foram impactadas?<br />
Nos últimos cinco anos, foram mais<br />
de 13 toneladas de câmaras de pneus<br />
reinventadas, mais de 12 mil guarda-<br />
-chuvas reinventados, mais de 300 famílias<br />
beneficiadas e mais de 50 mil<br />
pessoas impactadas com os nossos<br />
projetos.<br />
E este resultado nos deixa muito<br />
feliz, de verdade. Quando a gente começou,<br />
a ideia era trazer sentido para a<br />
nossa vida e dar sentido para o que quer<br />
que a gente fosse colocar no mundo.<br />
Quando a gente vê que cada vez mais<br />
isso tudo ganha vida, é muito bom. A<br />
gente fica satisfeita que seja uma felicidade<br />
compartilhada.<br />
Queremos fazer outras pessoas felizes,<br />
pensarem, refletirem, mudar a forma<br />
de consumo. O que a gente mais escuta<br />
é muita gente que mudou a partir de<br />
conhecer a Revoada, forma de consumir,<br />
resolver aprender, estudar sobre sustentabilidade.<br />
É esse o nosso objetivo.<br />
| 19
| CABIDE |<br />
Você sabe o que é<br />
Dress Code?<br />
Regras de vestimenta auxiliam na imagem que<br />
é transmitida pelo profissional no ambiente corporativo<br />
e no encontro com clientes<br />
20 |
A<br />
maioria das grandes empresas<br />
conta com um dress<br />
code (código de vestimenta,<br />
em português) para orientar<br />
seus colaboradores sobre qual<br />
conceito a companhia quer transmitir.<br />
Caso seu local de trabalho não<br />
tenha uma linha definida, aposte nas<br />
dicas dessa matéria para não cometer<br />
gafes e ainda passar uma boa impressão<br />
naquela reunião de negócios.<br />
De acordo com Lange Velludo,<br />
gerente do setor de Gente & Gestão<br />
do São Francisco, a forma de se vestir<br />
é um meio de comunicação que pode<br />
revelar traços comportamentais e<br />
de personalidade que se reflete no<br />
ambiente profissional.<br />
“O modo correto de se vestir está<br />
atrelado ao profissional que você é<br />
dentro da empresa e ao papel que<br />
desenvolve. Então, cuide para ter<br />
uma boa imagem e manter, nos anos<br />
consecutivos, a boa impressão transmitida<br />
no momento da contratação.<br />
Uma dica é observar como os colegas<br />
se vestem, pois estão há mais tempo<br />
na organização”, orienta.<br />
No caso do São Francisco, o Grupo<br />
utiliza uma forma casual de se vestir nas<br />
unidades administrativas, sem exigir<br />
trajes formais, mas com algumas diretrizes<br />
para garantir o respeito ao local<br />
de trabalho e à imagem transmitida pela<br />
companhia.<br />
“Nos setores administrativos, optamos<br />
pelo business casual por serem<br />
ambientes sem presença de clientes ou<br />
beneficiários. No entanto, orientamos<br />
que os colaboradores não usem shorts,<br />
bermudas, chinelos, e que prestem atenção<br />
no comprimento das peças, bem<br />
como nos decotes exagerados e transparências.<br />
Lange ainda ressalta que, por se<br />
tratar de um grupo de saúde, as áreas<br />
que têm contato direto com pacientes e<br />
clientes utilizam uniformes para manter<br />
uma padronização e fortalecer a imagem<br />
de excelência. A regra é comum para<br />
empresas do mesmo segmento, assim<br />
como hospitais e unidades de atendimento<br />
ao paciente, que exigem o uso<br />
de roupas brancas e jalecos.<br />
CRÉDITOS<br />
Fotografia: Sté Frateschi<br />
Produção:<br />
Beatriz Borges<br />
Maria Eduarda Javorski<br />
Débora Sbardelotto<br />
Rafael Finotello<br />
Thiago Alves<br />
Julia Mikita<br />
Modelos:<br />
Luís Otávio do Nascimento<br />
Angela Jussania<br />
Docente da área de Moda do Senac<br />
Ribeirão Preto: Bruna Araújo<br />
Tipos de<br />
DRESS CODE:<br />
• BLACK-TIE:<br />
O traje black-tie em ambientes corporativos remete a roupas<br />
superformais. Obrigatoriamente, as mulheres precisam trabalhar<br />
de tailleur e salto, e, os homens, de terno, gravata e sapato social.<br />
• BUSINESS CASUAL:<br />
Estilo casual, mas sem perder a formalidade. O terno, gravata e<br />
tailleur são dispensados.<br />
• ESPORTE:<br />
Combinação que envolve blazer, camisa, jeans ou calça sarja e<br />
sapato.<br />
| 21
| CABIDE |<br />
Casual Friday<br />
A estampa floral<br />
da camisa, junto<br />
com o jeans, deixa<br />
a composição mais<br />
alegre e jovial. O<br />
tecido mais fino<br />
da camisa deixa o<br />
look mais elegante,<br />
composto com o<br />
mule de bico fino,<br />
sem deixar de<br />
ser confortável e<br />
refinado.<br />
De acordo com a coordenadora<br />
de business partner<br />
do Grupo São Francisco, Ana<br />
Cecília Nogueira, conforme<br />
as empresas passaram a ser<br />
formadas por um público<br />
mais jovem, o dress code<br />
black-tie se tornou mais<br />
maleável, adotando o casual<br />
Friday (sexta-feira casual, em<br />
tradução livre).<br />
“A sexta-feira passou a ser<br />
usada como uma válvula de<br />
escape, já que entra naquele<br />
ar pré-final de semana. É um<br />
dia para deixar o terno e a<br />
gravata em casa, em que se<br />
pode usar jeans, um tênis<br />
social (desde que não seja tão<br />
esportivo), camisa polo, uma<br />
camiseta que não seja muito<br />
decotada e nem muito estampada”,<br />
diz.<br />
Ana Cecília ressalta que,<br />
embora seja o dia oficial de ir<br />
mais à vontade ao trabalho, é<br />
importante ficar atento para<br />
não se vestir da mesma forma<br />
que sairia em um sábado à<br />
tarde, por exemplo.<br />
22 |
Nesta composição, o tecido em<br />
linho, jeans e tênis deixam o look<br />
extrovertido. Por ser camisa<br />
de manga longa, a composição<br />
permanece refinada.<br />
| 23
| CABIDE |<br />
O corte em<br />
Alfaiataria do colete<br />
em conjunto com<br />
a calça, também<br />
em alfaiataria,<br />
e a sandália de<br />
salto fino trazem<br />
a formalidade à<br />
composição. O<br />
tecido em malha<br />
do colete e do body<br />
deixam o look mais<br />
despojado.<br />
24 |
Para acertar<br />
no business<br />
casual<br />
As regras do casual Friday<br />
e do business casual são exatamente<br />
as mesmas. Ana Cecília<br />
explica que o segredo para<br />
equilibrar estilo com traje social<br />
é usar uma peça de cada.<br />
“Para não ter erro, o ideal<br />
é apostar em cores sóbrias e<br />
em peças de alfaiataria. Por<br />
exemplo, vale mesclar uma<br />
calça de alfaiataria com uma<br />
camiseta, que vai transitar entre<br />
o formal e o informal. Para<br />
homens, uma camisa com calça<br />
de sarja, sem necessariamente<br />
ser uma calça de terno,<br />
podendo também utilizar o<br />
jeans com uma camisa – o que<br />
vale para homens e mulheres”,<br />
sugere.<br />
Outra dica é aproveitar<br />
aquelas peças que são usadas<br />
para passeio e adequar ao<br />
ambiente corporativo, como<br />
um tênis social, os já citados<br />
jeans e as camisetas. “Para<br />
homens, as opções são menores.<br />
Então, o ideal é apostar<br />
em camisa polo, que traz um<br />
aspecto mais social pela gola<br />
do que a camiseta normal.<br />
Essa combinação deixa o traje<br />
mais confortável e descontraído”,<br />
conclui.<br />
A calça de sarja<br />
e a camisa jeans<br />
compõem um look<br />
casual e despojado<br />
sem perder a elegância<br />
pelo corte e caimento<br />
das peças. O sapato<br />
social complementa<br />
a formalidade da<br />
combinação.<br />
| 25
| CABIDE |<br />
Para deixar o look<br />
mais despojado, o<br />
ideal é acrescentar<br />
peças em malha,<br />
como a regata e<br />
a saia lápis, neste<br />
caso. O blazer e<br />
a modelagem da<br />
saia não deixam<br />
o visual perder<br />
a elegância.<br />
Acrescente um<br />
salto e está pronta<br />
para o trabalho!<br />
26 |
Nesta proposta,<br />
o blazer e a calça<br />
de alfaiataria<br />
trazem seriedade<br />
e elegância ao<br />
look. Já a camiseta<br />
e o tênis deixam a<br />
composição mais<br />
despojada.<br />
| 27
| CABIDE |<br />
O look é composto<br />
pelo macacão e<br />
pela blusa em<br />
tecidos mais<br />
nobres. A risca de<br />
giz do macacão<br />
traz um ar<br />
formal ao estilo,<br />
que é quebrado<br />
pelo tênis e<br />
os acessórios<br />
esportivos.<br />
28 |
A estampa floral da<br />
camisa e a calça em<br />
sarja quebram o ar<br />
clássico do visual. O<br />
blazer e o cinto de<br />
couro não deixam a<br />
composição do look<br />
perder o requinte.<br />
| 29
| SUSTENTABILIDADE |<br />
Proibição dos<br />
canudos plásticos:<br />
a ponta do<br />
Iceberg<br />
Todos os anos, mais de<br />
13 milhões de toneladas<br />
de plásticos chegam aos<br />
oceanos<br />
30 |
Em julho, completará um ano<br />
desde que a primeira cidade<br />
brasileira proibiu o uso dos<br />
canudos plásticos em estabelecimentos<br />
comerciais. O<br />
estabelecimento que for flagrado oferecendo<br />
o canudo errado na capital do Rio<br />
de Janeiro, será intimado a substituir por<br />
versões de papel ou de metal no prazo<br />
de 60 dias. Para quem descumprir a<br />
lei, as multas podem chegar a R$ 6 mil.<br />
A capital carioca levantou a questão<br />
e, desde então, outros 22 municípios do<br />
Brasil proibiram o uso do produto em<br />
bares, restaurantes, hotéis e pensões.<br />
Até o momento, apenas os estados do<br />
Rio Grande do Norte e do Espírito Santo<br />
o baniram completamente.<br />
De acordo com a ONG Meu Rio,<br />
responsável pela petição virtual que<br />
pressionava os vereadores a votarem a<br />
favor do projeto, os primeiros resultados<br />
têm sido positivos, já que o assunto<br />
reverberou em tantos outros lugares.<br />
Agora, os próximos passos consistem<br />
em trabalhar a questão dos descartáveis,<br />
como copos, talheres e pratos.<br />
“A ideia é que todos eles sejam substituídos<br />
por materiais recicláveis ou<br />
reutilizáveis. Os canudos foram só a primeira<br />
etapa. Vamos continuar lutando<br />
por uma cidade mais limpa e sustentável”,<br />
afirma Débora Pio, coordenadora<br />
de mobilizações da ONG.<br />
Estamos ingerindo resíduos<br />
que nós mesmos jogamos<br />
nos oceanos”<br />
José Henrique Becker,<br />
biólogo do Projeto TAMAR de Ubatuba (SP)<br />
Muito além dos canudos<br />
Segundo especialistas, os canudos<br />
representam apenas uma parcela do<br />
problema ambiental. O que os tornaram<br />
o assunto da vez, no entanto, foi o<br />
compartilhamento massivo de um vídeo<br />
que mostra uma tartaruga marinha sendo<br />
resgatada. Em pleno mar, biólogos<br />
estrangeiros levam oito minutos agonizantes<br />
para conseguir tirar um canudo<br />
plástico de dentro da narina do animal.<br />
“Até então, as pessoas não tinham ficado<br />
tão incomodadas com o problema.<br />
Existem alguns jargões que são muito<br />
aplicados a essa realidade, como ‘o que<br />
os olhos não veem, o coração não sente’.<br />
Enquanto a pessoa não vê, parece que<br />
não é com ela. Na hora em que ela vê, ela<br />
se identifica e percebe que pode estar<br />
causando aquele problema e se sente<br />
incomodada, passando a tomar atitudes<br />
diferentes”, afirma José Henrique<br />
Becker, biólogo do Projeto TAMAR de<br />
Ubatuba (SP).<br />
Desde 1980, o Projeto TAMAR visa<br />
a proteção das tartarugas marinhas no<br />
Brasil. O instituto trabalha na pesquisa,<br />
proteção e manejo das cinco espécies<br />
existentes no país, todas ameaçadas de<br />
extinção, atuando nos estados de BA,<br />
SE, PE, RN, CE, ES, RJ, SP e SC.<br />
Dados da Organização das Nações<br />
Unidas (ONU) apontam que, a cada ano,<br />
cerca de 13 milhões de toneladas de<br />
plástico de todo o tipo são descartadas<br />
nos oceanos, incluindo micropartículas<br />
que entram na cadeia alimentar, e<br />
prejudicam cerca de 600 espécies marinhas<br />
- destas, 15% estão ameaçadas<br />
de extinção.<br />
Becker afirma que, das 200 tartarugas<br />
marinhas resgatadas todos os<br />
anos só pelo TAMAR de Ubatuba, pelo<br />
menos 45% acabam morrendo, e o mais<br />
preocupante é que todas apresentam<br />
resíduos plásticos em seu trato digestivo<br />
durante a necrópsia. O caso se tornou<br />
rotineiro na última década.<br />
“O mais comum é a tartaruga comer<br />
a sacolinha de supermercado. A ingestão<br />
daquele resíduo pode obstruir o trato<br />
digestivo do animal. Se isso ocorrer, ela<br />
para de comer, vai emagrecendo e enfraquecendo,<br />
até morrer. Quando ela come<br />
pequenos pedaços continuamente, ela<br />
tem a sensação de saciedade, mas não<br />
consegue se nutrir”, aponta.<br />
Gradativamente, esta tartaruga irá<br />
enfraquecer e desencadear outras infecções<br />
e doenças – todas geradas pelo<br />
mesmo problema.<br />
Além dos canudos e das sacolas<br />
plásticas, é muito comum encontrar<br />
fragmentos de eletrodomésticos, como<br />
televisão e liquidificador. No final, esses<br />
materiais acabam sendo ingeridos pelos<br />
próprios seres humanos.<br />
“Isso acontece por que o material<br />
não se decompõe apropriadamente e<br />
| 31
| SUSTENTABILIDADE |<br />
“O mais comum é a tartaruga comer a<br />
sacolinha de supermercado. A ingestão<br />
daquele resíduo pode obstruir o trato<br />
digestivo do animal. Se isso ocorrer,<br />
ela para de comer, vai emagrecendo e<br />
enfraquecendo, até morrer.”<br />
Foto: Banco de Imagens Projeto Tamar<br />
José Henrique Becker,<br />
biólogo do Projeto TAMAR de Ubatuba (SP)<br />
Empresas aderem à causa<br />
Becker afirma que o TAMAR tem<br />
substituído os canudinhos em seus centros<br />
de visitação e evitado os descartáveis<br />
nas áreas de atuação. Além disso, o<br />
instituto realiza diversos trabalhos de<br />
conscientização do público. Em Ubatuba,<br />
por exemplo, foi criado um lixômetro<br />
no centro de visitas – um gráfico mostra<br />
todo o lixo que é retirado das tartarugas<br />
marinhas após elas morrerem.<br />
“Mostrar o plástico que saiu de dentro<br />
de uma tartaruga que morreu é uma<br />
forma de incomodar e fazer com que<br />
as pessoas repensem o uso dos plásticos”,<br />
diz.<br />
Em fevereiro deste ano, a Nescau<br />
– uma das marcas mantidas pela<br />
Nestlé – firmou parceria com o Projeto<br />
TAMAR para criar novas ações<br />
e campanhas de conscientização e<br />
preservação do meio ambiente. Em<br />
paralelo, a marca iniciou uma força<br />
tarefa para retirar os canudos plásticos<br />
de seus produtos, substituindo-os<br />
por canudos de papel biodegradável.<br />
As embalagens do Nescau Prontinho,<br />
a versão pronta da bebida, já são covai<br />
se fragmentando em pedaços cada<br />
vez menores. Quando eles estão realmente<br />
pequenos, entram na dieta dos<br />
animais filtradores – aqueles que filtram<br />
a água para retirar o plâncton e outros<br />
organismos. Esses filtradores acabam<br />
ingerindo o plástico, mas eles servirão<br />
de alimentos para peixes maiores que,<br />
mais tarde, vão parar na nossa mesa. Ou<br />
seja, estamos ingerindo resíduos que<br />
nós mesmos jogamos nos oceanos”, diz.<br />
O biólogo também explica que a presença<br />
desse material no trato digestivo<br />
interfere no metabolismo de gordura do<br />
animal, gerando gases e fazendo com<br />
que eles flutuem, com dificuldades<br />
de submergir para se alimentar. Além<br />
das tartarugas, albatrozes e cetáceos<br />
(como baleias e golfinhos) ficam mais<br />
suscetíveis a serem atropelados por<br />
embarcações.<br />
Em 2030, serão 619<br />
milhões de toneladas<br />
E o problema não para por aí. Segundo<br />
um estudo feito pela organização<br />
Orb Media, das 159 amostras de água<br />
potável coletadas em cinco continentes,<br />
83% continham plásticos.<br />
Além disso, ao longo das últimas<br />
quatro décadas, a quantidade desse tipo<br />
de resíduo aumentou em 100 vezes no<br />
Oceano Pacífico, a ponto de formar o que<br />
se chama agora de ‘sétimo continente’<br />
de plástico, uma vasta massa de lixo<br />
à deriva no Pacífico Norte, com uma<br />
área que corresponde a um terço 8dos<br />
Estados Unidos.<br />
Projeções atuais da ONU mostram<br />
que a produção global de plástico irá<br />
aumentar fortemente nas próximas décadas,<br />
podendo atingir 619 milhões de<br />
toneladas até 2030.<br />
O fato acarreta em outros problemas<br />
à vida marinha, além da ingestão<br />
desses produtos. “Acontece de encontrarmos<br />
tartarugas enroscadas em<br />
pedaço de lixo, já vimos animais com<br />
argolas no pescoço e têm o crescimento<br />
prejudicado por esses objetos”, relata<br />
Becker.<br />
mercializadas com o novo material.<br />
“Essa iniciativa vai retirar mais de 4<br />
milhões de canudos plásticos do mercado<br />
só no primeiro ano do projeto.<br />
Essa quantidade, se colocada em fila,<br />
equivale a uma viagem de ida e volta<br />
de Salvador (BA) à Aracaju (SE)”, afirma<br />
Fabiana Fairbanks, diretora de bebidas<br />
da Nestlé Brasil.<br />
De acordo com Fabiana, a meta da<br />
Nescau é que 100% de sua produção<br />
tenha substitutos ao canudo plástico<br />
até 2020.<br />
Além da Nestlé, gigantes como Starbucks,<br />
McDonald’s e Burguer King aderiram<br />
às mudanças e deixaram de oferecer<br />
canudos aos clientes ainda em 2018.<br />
32 |
Henrique Becker, biólogo do projeto Tamar de Ubatuba (SP).<br />
Alternativas para substituir<br />
o canudo plástico:<br />
• Beber diretamente do copo;<br />
• Canudo de papel - encontrado em lojas de festa e na internet;<br />
• Canudo de silicone - flexível e reutilizável;<br />
• Canudo de vidro;<br />
• Canudo de metal;<br />
• Canudo de bambu;<br />
• Canudo de palha.<br />
Materiais mais encontrados<br />
nos oceanos:<br />
• Sacolas plásticas;<br />
• Eletrodomésticos, como liquidificador e TV;<br />
• Canudos plásticos.<br />
| 33
| TECH |<br />
34 |<br />
Foto: Roberto Galhardo
Informações na<br />
palma<br />
da mão<br />
e no meio do campo<br />
Startup presta consultoria<br />
gratuita para pequeno e médio<br />
produtor através de aplicativo<br />
Com o objetivo<br />
de ajudar<br />
agricultores a<br />
terem acesso<br />
a pesquisas<br />
e dados fundamentais<br />
para um melhor resultado<br />
nas plantações, o engenheiro<br />
agrônomo Murilo Bettarello, de 33<br />
anos, criou a startup IZagro – um<br />
aplicativo gratuito que fornece informações<br />
sobre pragas, doenças e<br />
daninhas comuns em 13 culturas<br />
diferentes.<br />
Entre os dados fornecidos estão<br />
os sintomas gerados pelas doenças e<br />
pragas, imagens que ajudam a identificá-las<br />
na plantação e indicações<br />
de defensivos agrícolas. O aplicativo<br />
também permite cotar o valor<br />
desses produtos entre os fornecedores<br />
próximos ao usuário e disponibiliza<br />
contato direto com um especialista, que<br />
responde às perguntas em até 24 horas.<br />
De acordo com Bettarello, todas essas<br />
informações podem ser acessadas<br />
diretamente do campo, mesmo onde<br />
não há sinal de internet. Para isso, o<br />
agricultor precisa apenas selecionar as<br />
culturas desejadas e fazer o download<br />
daquele arquivo. O aplicativo é gratuito<br />
e disponível para Android e iOS.<br />
Desde seu lançamento, em janeiro<br />
de 2016, cerca de 52 mil usuários foram<br />
cadastrados, representando uma base<br />
de 7,6 milhões de hectares e cerca de 8<br />
mil fazendas em todo o país, principalmente<br />
nos estados de MG, SP, PR e GO.<br />
Quer saber mais? Confira o bate-bola<br />
com o fundador do IZagro.<br />
| 35
| TECH |<br />
Foto: Roberto Galhardo<br />
De onde surgiu a ideia do IZagro?<br />
Durante muitos anos, fui sócio de<br />
uma empresa de consultoria agrícola<br />
onde sempre levávamos informações<br />
ao produtor. Eu trabalhava muito com<br />
projetos do Banco Mundial, ONU, SE-<br />
BRAE, e atendi muitos pequenos e médios<br />
produtores em projetos. Às vezes,<br />
os projetos acabavam e os produtores<br />
não tinham uma continuidade.<br />
Apesar de a gente produzir muita<br />
tecnologia na área de agricultura - o<br />
Brasil hoje é líder mundial em vários<br />
segmentos agrícolas, é uma potência -,<br />
muitas dessas pesquisas, tanto na indústria<br />
quanto na faculdade, não chegam na<br />
ponta. Então, a gente tenta levar de uma<br />
forma mais didática o resultado dessa<br />
pesquisa e dessas novas tecnologias<br />
aos pequenos e médios agricultores.<br />
Existem novas tecnologias e muita coisa<br />
boa, mas que, às vezes, não chegam ao<br />
produtor.<br />
Sinto que não existem profissionais<br />
suficientes no Brasil para atender a<br />
essa demanda de agricultores. Com o<br />
IZagro, a gente coloca informação no<br />
celular para ganhar escala e levar uma<br />
informação de forma mais fácil e mais<br />
segmentada para o usuário.<br />
Quais foram os maiores desafios?<br />
A pergunta era: como levar essa informação<br />
aos produtores de uma maneira<br />
mais barata? Comecei a estudar um<br />
pouco de tecnologia, pois não entendia<br />
nada – mal configurava um e-mail -, e<br />
pensei em criar um aplicativo. Isso foi<br />
em 2015 e, nessa época, isso de startup<br />
do agro não estava em evidência.<br />
O primeiro desafio foi montar um<br />
time. Peguei uma rede de contatos, que<br />
era o pessoal da faculdade, e chamei<br />
para entrar nessa empreitada comigo.<br />
Na época, eu também não sabia muito<br />
de startup e peguei como sócios só agrônomos,<br />
ninguém de tecnologia.<br />
Depois, descobri que é importante<br />
ter pessoas de outras áreas e, hoje, conseguimos<br />
construir um time composto<br />
Murilo Bettarello, engenheiro agrônomo e fundador do IZagro.<br />
por pessoas da área de marketing e de<br />
desenvolvimento de TI.<br />
Como o aplicativo funciona?<br />
O agricultor vai identificar no aplicativo<br />
qual é a cultura que ele cultiva.<br />
Lá, estão disponíveis informações sobre<br />
algodão, amendoim, batata, café, cana de<br />
açúcar, citrus, feijão, milho, pastagens,<br />
soja, tomate, trigo e uva. Em seguida,<br />
ele vai baixar as informações sobre as<br />
que ele escolher.<br />
Dessa forma, ele terá acesso aquele<br />
conteúdo mesmo se não tiver internet.<br />
No campo, é fundamental acessar informações<br />
e dados sem precisar contar com<br />
sinal. É muito fácil não pegar internet<br />
em determinadas áreas das fazendas.<br />
36 |
Como ele está no campo, tem a foto da<br />
praga ou da doença comum aquele tipo<br />
de produção, e o aplicativo já mostra a<br />
ele todos os produtos que controlam<br />
essa praga ou doença.<br />
Ele poderá ver dosagem, princípio<br />
ativo, e o mais legal é que agora ele pode<br />
também cotar esse produto. Neste processo,<br />
o distribuidor local que, às vezes,<br />
não chegaria a esse produtor, já tem<br />
oportunidade de venda ou de enviar<br />
um agrônomo para uma visita.<br />
O agricultor também tem a possiblidade<br />
de fazer perguntas a um especialista<br />
pelo aplicativo, que são respondidas<br />
pelos técnicos locais cadastrados na<br />
nossa base. Isso também ajuda a promover<br />
a conexão que desejamos.<br />
Qual é o maior objetivo do IZAgro?<br />
A ideia sempre foi ajudar o pequeno<br />
e médio produtor, buscar uma forma<br />
de levar tecnologia de um jeito eficiente<br />
e mais barato, sem precisar fazer<br />
uma visita personalizada. A consultoria<br />
agrícola nunca vai acabar, mas a gente<br />
consegue criar ferramentas para melhorar<br />
a eficiência, fazer uma triagem<br />
antes de chegar na decisão humana.<br />
O principal objetivo é ajudar os<br />
produtores agrícolas do Brasil e ajudar<br />
levando uma informação boa, de qualidade.<br />
Conectando-o com o mercado,<br />
você o ajuda a ter informação e acesso<br />
aos melhores produtos da região dele.<br />
Foto: Roberto Galhardo<br />
Murilo Battarello (à direita) ao lado da equipe IZagro<br />
| 37
| ESPECIAL |<br />
Histórias revelam a<br />
pluralidade do conceito de<br />
FAMÍLIA<br />
Como esta edição da <strong>Revista</strong> São<br />
Francisco abrange os meses de<br />
maio e agosto, quando é comemorado<br />
o dia das mães e<br />
dos pais, tínhamos a intenção<br />
de fazer algo que pudesse representar as<br />
figuras de pai e mãe. Aos poucos, o conteúdo<br />
tomou forma e se transformou numa<br />
singela, porém delicada, homenagem às<br />
diversas composições de família.<br />
Para nós, este conceito representa<br />
uma pluralidade imensurável incapaz<br />
de ser definida por uma única formação.<br />
O termo remete à doçura do carinho dos<br />
avós, aquele cheirinho de bolo e de história<br />
de pescador todos os domingos.<br />
Remete à bagunça de pipa, bola e bicicleta<br />
com os irmãos e primos no final de<br />
tarde. Família lembra filme e pipoca fora<br />
de hora, confidências sussurradas para<br />
não deixar os pais escutarem. Lembra<br />
até mesmo aquele sermão que deixou<br />
a orelha quente durante uma semana,<br />
mas que foi fundamental para fortalecer<br />
os seus princípios.<br />
Entendemos família como duas ou<br />
mais pessoas sem importar o gênero, religião,<br />
classe social ou cor - mesmo uma ou<br />
mais pessoas e seus animais de estimação<br />
-, dispostas a compartilhar as dificuldades<br />
do dia a dia, os momentos de diversão e,<br />
principalmente, dispostas a construir uma<br />
fortaleza à base de cumplicidade, união,<br />
respeito ao próximo e muito amor.<br />
Nas páginas a seguir, você verá relatos<br />
de diferentes composições de família. Esperamos,<br />
sinceramente, que se identifique<br />
com cada uma e que essas histórias possam<br />
fortalecer ainda mais a sua.<br />
Com carinho,<br />
Redação da <strong>Revista</strong> do São Francisco.<br />
38 |
Foto: Érico Andrade<br />
Gabriela Dias Buzolla vive com o marido o sonho do primeiro filho.<br />
Realização de um sonho:<br />
a chegada do primeiro filho<br />
Desde que se entende por gente, a<br />
perita Gabriela Dias Buzolla, de 30 anos,<br />
sempre quis ser mãe. Inclusive, afirmava<br />
para qualquer um que perguntasse que<br />
teria filho até os 25, pois queria engravidar<br />
ainda nova. Mais tarde conheceu<br />
o marido Raphael Cardoso Vieira, de 31,<br />
que compartilhava do mesmo sonho.<br />
Com calma, foram traçando os planos<br />
para realizá-lo.<br />
“Nós morávamos de aluguel quando<br />
nos casamos. E por ser uma vontade<br />
muito grande, decidimos estabelecer<br />
algumas metas para poder oferecer o<br />
máximo de conforto possível ao bebê”,<br />
relata. Em alguns anos, juntaram dinheiro<br />
para conseguir comprar um<br />
apartamento e, em três, conseguiram<br />
comprar um carro novo.<br />
Com as metas atingidas, os próximos<br />
passos eram engravidar, mas Gabriela<br />
estava preparada para um processo demorado,<br />
já que muitas de suas amigas<br />
estavam tentando ter filho há tempos.<br />
Para a surpresa e alegria do casal, dali<br />
dois meses veio o resultado positivo.<br />
“Fiz o teste na certeza de que daria<br />
negativo e não pude acreditar. Pensei<br />
que levaria uns seis meses, pelo menos.<br />
Então, foi uma alegria indescritível e um<br />
susto ao mesmo tempo”, diz.<br />
Após uma gestação tranquila e de<br />
parto natural, Guilherme nasceu em<br />
julho do ano passado para tornar a vida<br />
dos pais um mar de descobertas e realizações.<br />
Desde a gravidez, Raphael<br />
acompanha a mulher em cada etapa,<br />
participando dos cursos de parto normal,<br />
aprendendo a fazer massagens relaxantes<br />
para diminuir os desconfortos<br />
e, hoje, dividindo as tarefas com o bebê.<br />
Por ser autônoma, Gabriela não conseguiu<br />
parar de trabalhar e precisou<br />
conciliar a profissão com sua estreia na<br />
maternidade. Mesmo assim, relata que<br />
os primeiros meses têm sido intensos<br />
e apaixonantes.<br />
“A gente vira mãe, vira clichê. Não<br />
tenho palavras para descrever a sensação<br />
de segurá-lo no meu colo. Ter filho foi a<br />
realização de um sonho, é um amor muito<br />
intenso, misturado com medo do que está<br />
por vir. É um vínculo que começa a ser<br />
criado, é o medo de perder, de não saber<br />
cuidar e, ao mesmo tempo, todo aquele<br />
amor por uma pessoa que você ainda<br />
nem conhece”, afirma, emocionada.<br />
| 39
| ESPECIAL |<br />
Mãe em dobro na luta<br />
contra o preconceito<br />
A auxiliar-administrativo Erika do<br />
Lago Affonso, de 37 anos, sempre desejou<br />
ter um filho, sonhando com o dia<br />
em que sua barriga começaria a crescer<br />
até o momento em que teria o bebê em<br />
seus braços. Casada há 12 anos com a<br />
supervisora de vendas Mirian Volpe, de<br />
33, Érika e a esposa passaram os últimos<br />
sete tentando engravidar através de<br />
inseminação in vitro.<br />
Com nove sofridas tentativas ao longo<br />
desse período, Mirian conta que elas já<br />
estavam desiludidas e emocionalmente<br />
abaladas com a frustração de não conseguirem<br />
engravidar. Já tinham partido<br />
para a tentativa de adoção, tendo até concluído<br />
o curso solicitado no Ministério<br />
Público, quando uma amiga contou de<br />
uma nova clínica de reprodução.<br />
“A Érika não acreditava que fosse dar<br />
certo, foi só por desencargo de consciência<br />
mesmo. Eu acompanhei o retorno<br />
e o médico sugeriu uma alternativa que<br />
nenhum outro tinha sugerido ainda, que<br />
era fecundar o meu óvulo e inseminá-lo<br />
na Érika”, conta, emocionada de alegria<br />
só de relembrar.<br />
Trinta dias depois, veio o resultado<br />
mais esperado e mais comemorado.<br />
Além de estarem grávidas, gerariam<br />
uma criança com vínculo biológico com<br />
as duas mães. “Depois de 60 dias, veio<br />
outra surpresa: eram gêmeas. Foi tanta<br />
alegria, porque já temos dificuldade de<br />
ter filho por sermos um casal homossexual,<br />
e o fato de poder unir nós duas<br />
tornou tudo muito mais importante. É<br />
uma sensação inexplicável até hoje”,<br />
afirma.<br />
Complicações na gravidez<br />
A gestação de Érika foi tranquila até<br />
a 32ª semana, com as gêmeas Lorena<br />
Mirian Volpe e Erika Affonso seguram as filhas Lorena e Theresa<br />
e Thereza crescendo igualmente em<br />
tamanho e em peso. No entanto, uma<br />
complicação ocorreu e Thereza parou<br />
de receber nutrientes e vitaminas, o<br />
que levou à necessidade de fazer um<br />
parto prematuro.<br />
As meninas nasceram de sete para<br />
oito meses e precisaram passar um<br />
período internadas na UTI neonatal<br />
da maternidade - Lorena por 19 dias e<br />
Thereza por mais de um mês por não<br />
conseguir ganhar peso. Só mais tarde<br />
foram constatar que a bebê tinha alergia<br />
à proteína do leite e a doença do refluxo,<br />
que não permitia que seu organismo<br />
absorvesse os nutrientes do alimento.<br />
“A gente se revezava nos quartos<br />
e, quando a Lorena teve alta, a gente<br />
passou a se revezar no hospital. Minha<br />
sogra nos ajudou muito nesse período,<br />
40 |
Foto: Érico Andrade<br />
“A gente chorava todo santo<br />
dia desesperada para que elas<br />
melhorassem logo, para que a<br />
Thereza pudesse vir pra casa”,<br />
Mirian Volpe, supervisora de vendas<br />
que foi muito sofrido. A gente chorava<br />
todo santo dia desesperadas para que<br />
elas melhorassem logo, para que a Thereza<br />
pudesse vir pra casa”, relata.<br />
Preconceito é<br />
problema de quem tem<br />
Com quase seis meses, hoje as gêmeas<br />
têm uma saúde perfeita, embora<br />
Thereza ainda passe por acompanhamento<br />
e tome um leite especial<br />
por conta da alergia. Com<br />
a família toda em casa, Érika e<br />
Mirian lidam agora com um desafio<br />
constante: o preconceito da<br />
sociedade.<br />
Lidar com as famílias quando<br />
decidiram engravidar foi delicado<br />
nas primeiras tentativas,<br />
o que resultou em um afastamento<br />
temporário de algumas<br />
pessoas. Porém, quando as meninas<br />
nasceram, quem torcia o<br />
nariz não conseguiu resistir e<br />
hoje participa da nova família<br />
de Mirian e Érika.<br />
Durante o tempo que passaram<br />
na maternidade, Mirian<br />
conta que houve dois episódios<br />
de constrangimento justamente<br />
por serem um casal homoafetivo.<br />
O primeiro ocorreu quando ela estava<br />
em um dos quartos da UTI para amamentar<br />
Lorena e uma enfermeira a interrompeu<br />
dizendo que só familiares<br />
poderiam estar ali. Foi necessário que<br />
um segurança, que já conhecia a história<br />
delas, intervisse a favor da supervisora<br />
de vendas e explicasse que ela também<br />
era mãe.<br />
O segundo ocorreu quando tentaram<br />
retirar a certidão de nascimento<br />
das meninas na própria maternidade.<br />
Um momento de constrangimento e<br />
frustração.<br />
“Estávamos numa fila com vários<br />
casais na nossa frente e alguns atrás.<br />
Quando chegou a nossa vez, a atendente<br />
disse que não poderia retirar a certidão,<br />
porque o sistema do cartório era falho e<br />
não aceitava registrar criança com duas<br />
mães. Apesar da situação, o cartório<br />
registrou as meninas em 5 minutos.<br />
E os casos de preconceito não param<br />
por aí. Com frequência, a família precisa<br />
lidar com desconhecidos inconvenientes,<br />
que perguntam olhando sempre só<br />
para a Érika, quem amamenta: “é sua?”<br />
– “E ela responde: ‘é nossa’”.<br />
“Sei que ainda vamos passar muito<br />
por situações desse tipo e não adianta<br />
levar tudo a ferro e fogo. Desde que não<br />
sejam agressivos com a minha família,<br />
no máximo, vou deixar a pessoa sem<br />
graça. Entendo que o preconceito é um<br />
problema de quem tem, não meu”, diz.<br />
Para Érika, a sociedade ainda não está<br />
preparada para lidar com os diferentes<br />
tipos de família e peca muito, principalmente,<br />
na prestação de serviços.<br />
“Família, pra mim, é quando dois<br />
seres decidem ficar juntos e construir<br />
algo juntos. Sejam dois homens, sejam<br />
duas mulheres, seja um casal heterossexual.<br />
Família é família. Desde que exista<br />
amor, é denominado família”, ressalta,<br />
firme em suas palavras.<br />
| 41
| ESPECIAL |<br />
Foto: Roberto Galhardo<br />
A chegada das netas levou mais vida à rotina do casal Luiza Bianchini e Pedro Luiz Consolini<br />
Amor de avós é pura festa<br />
A dona de casa Luiza Bianchini, de<br />
68 anos, levava uma vida calma e um<br />
tanto solitária em sua casa. O marido<br />
Pedro Luiz Consolini, de 70, ainda não<br />
tinha se aposentado e trabalhava fora<br />
o dia todo, assim como os dois filhos.<br />
Portanto, Luiza passava a maior parte<br />
do tempo sozinha.<br />
A rotina, porém, começou a se agitar<br />
há cinco anos, quando nasceu Ana Júlia,<br />
primeira neta do casal. Para poder ir ao<br />
trabalho, o filho e a nora passaram a<br />
deixar a menina com os avós durante o<br />
dia e, há três anos, a sossegada vida de<br />
Luiza virou ainda mais de cabeça para<br />
baixo com a chegada da caçula, Bianca.<br />
“Antes das minhas netas nascerem,<br />
eu ficava sozinha praticamente o dia<br />
todo. Era uma vida monótona, mas<br />
mudou completamente com elas. O dia<br />
passa, o ano passa voando, que a gente<br />
nem vê. É tudo muito divertido quando<br />
elas estão com a gente”, diz.<br />
De segunda a sexta-feira, as crianças<br />
chegam por volta das 10h30 da manhã,<br />
mas Luiza acorda cedo todos os dias<br />
para preparar as refeições e ter tempo<br />
de aproveitar as companhias. Ela e o<br />
marido se revezam para alimentá-las,<br />
dar banho e levar à escola, sem qualquer<br />
intervalo para a bagunça das meninas.<br />
“Elas querem brincar desde a hora<br />
que chegam até a hora em que vão embora.<br />
Até o almoço é o tempo todo na<br />
brincadeira. Pode ser de boneca, de mamãe<br />
e filhinha, mas tem que ser o tempo<br />
todo”, conta, transbordando de carinho.<br />
Ao final do dia, os avós saem para<br />
buscá-las na aula, tornam a dar banho<br />
e jantar. Só vão para casa perto da hora<br />
de dormir – Bianca, na verdade, já vai<br />
dormindo no carro. Neste intervalo, as<br />
meninas usam e abusam do casal. O tom<br />
da voz deixa claro a alegria de ver a família<br />
aumentando e, novamente, ter a<br />
casa cheia todos os dias.<br />
“A gente cuida delas como se fossem<br />
nossas filhas, é um amor muito especial,<br />
mas é claro que tem diferença. Com filho,<br />
a gente precisa ser mais rígido e não<br />
pode falar sim pra tudo. Mas, com neto,<br />
não. A gente faz as vontades, compra os<br />
brinquedos que pedem e mima o quanto<br />
puder”, brinca.<br />
42 |
Foto: Roberto Galhardo<br />
Lucas Arcêncio e sua “filha de pelo”, Cacau<br />
Animal de estimação também<br />
faz parte da família<br />
O editor de imagens Lucas Arcêncio,<br />
de 35 anos, cresceu com sua família no<br />
meio de cachorros. A paixão da mãe e<br />
da irmã pelos animais é tamanha, que a<br />
irmã abriu um petshop há nove anos e<br />
não larga o negócio por nada. Já a mãe<br />
tem em casa pelo menos dez cães.<br />
Há quatro anos, veio a vez de Lucas se<br />
tornar um pai de pet pela primeira vez.<br />
Após o cruzamento de um casal de Shih<br />
Tzu e Yorkshire, a irmã decidiu dar a ele<br />
de presente a única fêmea que nasceu, a<br />
Cacau. Desde então, é ela quem o recebe<br />
quando chega do trabalho todos os dias.<br />
“Como eu morava sozinho, precisava<br />
mesmo de uma companhia, e foi a melhor<br />
coisa que eu fiz. Por eu morar num<br />
apartamento e por ela ser pequena, ela<br />
fica bem enquanto estou fora à trabalho.<br />
Mas, quando chego, ela já pega a bolinha<br />
e pede para ir passear”, conta.<br />
Todos os dias, Cacau o acorda às<br />
7h30 da manhã, empurrando o brinquedo<br />
em cima da cama para que ele<br />
jogue. Se ele a ignora, a cachorra late<br />
e pula em cima até Lucas se levantar.<br />
Tratada com todas as mordomias, a filha<br />
de pelo, como a chama, só come ração<br />
de primeira e tem sua própria cama em<br />
três cômodos da casa.<br />
“Fica uma na sala ao lado do pote de<br />
comida, um colchonete no escritório e<br />
um travesseiro dela em cima da minha<br />
cama. Se for pensar bem, ela é mais dona<br />
da casa do que eu mesmo”, brinca.<br />
Cacau tem rotina que nem criança.<br />
Todos os finais de semana, o editor de<br />
imagens a leva para passar o dia com os<br />
outros cachorros na casa da mãe, a leva<br />
para passear no parque e, sempre que<br />
possível, na casa dos amigos. Filhos mesmo<br />
não estão nos planos por enquanto.<br />
“Ela já é igual a criança quando quer<br />
atenção”, brinca, e continua “Hoje, ela<br />
se tornou parte da minha família, ela<br />
é minha família. Eu me apego demais<br />
a ela, ao lance da fidelidade do amor<br />
dela. É cada lição de vida que ela me<br />
dá. É só ver o amor do cachorro com<br />
o dono. É incondicional, ela não quer<br />
nada em troca”.<br />
| 43
| ESPECIAL |<br />
Foto: Weber Sian<br />
César Henrique Prado da Silva ao lado dos filhos César, João e Mariana<br />
“Não sei o que passa na cabeça dos<br />
outros pais, mas não me imagino<br />
morando sem eles ou longe deles.”<br />
César Henrique<br />
Saindo do convencional<br />
quando os filhos moram com o pai<br />
O professor de educação física e capoeira,<br />
César Henrique Prado da Silva<br />
tem 39 anos, três filhos e foge completamente<br />
do padrão. Três anos depois<br />
de ter se separado, é com ele que as<br />
crianças moram e, ao invés de visitá-lo<br />
a cada 15 dias, é a mãe quem as busca<br />
sempre que possível.<br />
César, de 18, e João, de 5, são filhos<br />
da mesma mulher e moram com o pai a<br />
vida inteira. Apenas Mariana, também<br />
de 5, que escolheu ir para a casa da mãe<br />
após a separação. E mesmo assim, não<br />
tem jeito, quer ver o pai toda semana. “Se<br />
eu não for buscá-la, ela fica doente”, diz.<br />
O mais velho estuda de manhã e trabalha<br />
à noite, e tem revezado o tempo<br />
que fica na casa do pai com as vezes<br />
em que dorme com a mãe para fazer<br />
companhia. Já o mais novo fica meio<br />
período na escola e, o restante, na casa<br />
do avô materno enquanto Silva trabalha.<br />
Quando chegam em casa, é ele quem dá<br />
banho, ajuda a fazer a tarefa, brinca e<br />
dá bronca quando necessário.<br />
Conciliando a rotina de trabalho com<br />
a função de pai, Silva conta que aproveita<br />
cada momento com o filho mais<br />
novo como uma forma de compensar<br />
a ausência durante a primeira infância<br />
do mais velho. Na época, conciliava dois<br />
trabalhos em turnos diferentes para<br />
arcar com as despesas.<br />
Questionado por quebrar a regra<br />
dos filhos que moram com as mães, ele<br />
responde sem pestanejar: “Os maiores<br />
tesouros da minha vida são os meus<br />
filhos. Não sei o que passa na cabeça<br />
dos outros pais, mas não me imagino<br />
morando sem eles ou longe deles. Não<br />
abro mão deles por nada, já até recusei<br />
proposta de trabalho em outros países<br />
para não me afastar”.<br />
Aos finais de semana, quando Mariana<br />
chega, a casa do professor vira de<br />
cabeça para baixo ocupada por jogos,<br />
desenhos na TV e pulos no sofá. Os mais<br />
novos não se largam, seja para dividir o<br />
brinquedo ou para dividir o pai.<br />
“Os três se dão muito bem, temos um<br />
relacionamento de muita cumplicidade. E<br />
os mais novos são engraçados. Sentem falta<br />
um do outro durante a semana, pedem<br />
pra ligar e, quando ficam juntos, começam<br />
a brigar em cinco minutos. Se um vem pro<br />
meu colo, o outro quer vir também”, diz,<br />
sem esconder o jeito de pai coruja.<br />
44 |
“Solteira é um status. Solo é a pessoa<br />
que cria sozinha. Mãe ou pai solo significa<br />
fazer a maior parte na educação, bancar<br />
a maior parte das contas”<br />
Juliana Duarte, técnica de audiovisual<br />
Foto: Weber Sian<br />
na escola, sou eu. Se precisar fazer lição<br />
ou trabalho, sou eu. Se precisar comprar<br />
roupa, também sou eu. Todo o resto que<br />
vem é ajuda”, afirma.<br />
A técnica de audiovisual relata que o<br />
pai assumiu a paternidade desde o início<br />
e participa da vida do Ian da melhor<br />
forma que lhe é possível. Mesmo responsável<br />
pela maior parte da educação do<br />
menino, Juliana conta que não se sente<br />
frustrada por não ter mantido uma relação.<br />
Na realidade, vê como algo positivo.<br />
“Sei o quanto seria importante se fôssemos<br />
uma família inteira, mas quem<br />
falou que iria dar certo? Meu filho poderia<br />
presenciar brigas que fariam mal a ele. Às<br />
vezes, me cobro sim. Mas essa é a realidade<br />
dele, é a minha, e eu faço o melhor<br />
que posso, assim como o pai dele”, diz.<br />
No entanto, a maior pressão vem<br />
de fora, quando um desconhecido os<br />
vê passeando e pergunta onde está o<br />
pai, ou mesmo quando um amigo, sem<br />
querer, associa um mau comportamento<br />
à suposta falta da figura paterna.<br />
“Mesmo em relações, a sensação que<br />
tenho é que, toda vez que me relaciono<br />
com alguém, a pessoa e quem está de<br />
fora acham que estou tentando colocar<br />
alguém no lugar do pai dele, e isso não<br />
é verdade. O Ian tem o pai dele, não<br />
preciso colocar ninguém para ocupar<br />
este lugar”, relata, transparecendo a decepção<br />
por ainda precisar passar por<br />
situações como essa.<br />
Juliana Duarte ao lado do filho Ian<br />
Mãe solteira não,<br />
o certo é mãe solo!<br />
Juliana Duarte tem 30 anos, é técnica<br />
de audiovisual e mãe do Ian, um menino<br />
de 8. Ela engravidou aos 21 no início<br />
da sua segunda faculdade, e descobriu<br />
só alguns meses depois, quando já não<br />
estava mais num relacionamento com<br />
o pai da criança. Independente e segura<br />
com o apoio da família e dos amigos,<br />
arca com as despesas sozinha e com<br />
todas as obrigações de pai e mãe, e bate<br />
no peito para explicar que não é mãe<br />
solteira, é mãe solo.<br />
“Solteira é um status. Solo é a pessoa<br />
que cria sozinha. Mãe ou pai solo significa<br />
fazer a maior parte na educação,<br />
bancar a maior parte das contas. Se meu<br />
filho está doente, sou eu. Se ele foi mal<br />
Cumplicidade entre mãe e filho<br />
Apesar das dificuldades de lidar com<br />
o preconceito alheio, Juliana conta que<br />
sua relação com o filho é de pura cumplicidade<br />
e carinho. Com o apoio da mãe,<br />
dos irmãos e dos amigos mais próximos,<br />
a gestação foi tranquila, assim como<br />
todos os anos que se passaram.<br />
Ela conseguiu fazer até o penúltimo<br />
ano da segunda faculdade e trancou o<br />
curso de jornalismo para passar mais<br />
tempo com o filho, após deixar o emprego<br />
na padaria da mãe para buscar<br />
mais independência.<br />
Durante a semana, são só os dois<br />
conciliando escola, trabalho, tarefas<br />
de casa, filmes e algumas broncas. Aos<br />
sábados e domingos, Ian a acompanha<br />
nos encontros com amigos, que também<br />
participam das tardes nas praças e de<br />
muitas brincadeiras.<br />
“A gente é muito grudado, muito parceiro.<br />
Ele é meu companheiro de dar risada,<br />
de limpar a casa, assistir filme, ver<br />
desenho, de ficar fazendo nada um do<br />
lado do outro. Claro que tem o estresse,<br />
as brigas, mas é normal. Ele está numa<br />
fase em que demanda menos e, então,<br />
estou me preparando psicologicamente<br />
para a adolescência”, brinca.<br />
| 45
| ESPECIAL |<br />
Quando o<br />
filho escolhe<br />
seus pais<br />
Na vida do casal Tatiana Fagionato,<br />
de 35 anos, e Roberto Cézar Garcia, de<br />
38, tudo sempre aconteceu muito rápido<br />
e com muita intensidade. Noivaram logo<br />
nos três primeiros meses de namoro e,<br />
em 60 dias, já estavam morando juntos.<br />
Reservaram os três primeiros anos<br />
para aproveitar um ao outro, até decidirem<br />
que era hora de aumentar a família.<br />
Apaixonados por crianças, Tatiana e<br />
Roberto sonhavam com uma casa cheia,<br />
queriam pelo menos três. No primeiro<br />
ano, associaram a dificuldade de engravidar<br />
à ansiedade de ter filhos.<br />
Mais um ano se passou, e nada. Então,<br />
partiram para a inseminação in vitro<br />
– foram três tentativas frustradas e<br />
sofridas. Mais tarde, veio o diagnóstico:<br />
infertilidade sem causa específica. “Hoje<br />
eu entendo que tinha uma causa específica<br />
sim. Nós tínhamos que ser pais<br />
do Lucas”, Tatiana afirma.<br />
Tatiana é psicóloga em uma instituição<br />
de Ribeirão Preto (SP) e foi lá que<br />
conheceu Lucas, o menino que ela diz<br />
que os escolheu para serem seus pais. O<br />
encontro ocorreu na mesma época em<br />
que ela e o marido haviam iniciado os<br />
processos no Ministério Público para<br />
partirem para a adoção.<br />
“Eu ainda não o conhecia, até que<br />
uma outra psicóloga me pediu para analisá-lo,<br />
pois não conseguia fazer com que<br />
ele respondesse aos estímulos. Quando<br />
fui encontrá-lo na sala, aquele menino,<br />
que diziam que não fazia contato com<br />
ninguém, abriu um sorrisão pra mim e<br />
veio correndo me abraçar”, relata, emocionada,<br />
“ali, eu já sabia que era ele”.<br />
Poucos dias depois teria um evento<br />
da instituição em um parque da cidade<br />
O casal Roberto Cézar Garcia e Tatiana Fagionato afirma que Lucas os escolheu para serem seus pais<br />
e Tatiana logo se ofereceu para acompanhar<br />
Lucas, que nunca tinha ido a<br />
nenhum lugar além do abrigo onde morava,<br />
da instituição e dos consultórios<br />
médicos. Pediu ao marido que a acompanhasse<br />
com a desculpa de precisar<br />
de ajuda para lidar com uma criança<br />
muito agitada, mas escondia a intenção<br />
de apresentá-lo ao menino.<br />
“Quando ele desceu da perua do abrigo,<br />
ele pegou a minha mão e deu três beijos.<br />
Foi inexplicável”, diz Roberto. A partir<br />
46 |
Foto: Roberto Galhardo<br />
“Quando fui encontrá-lo na sala,<br />
aquele menino, que diziam que<br />
não fazia contato com ninguém,<br />
abriu um sorrisão pra mim e veio<br />
correndo me abraçar”<br />
Tatiana, psicóloga<br />
daquele dia, o casal passou a<br />
ajudar o menino, comprando<br />
fraldas novas e roupas de frio<br />
para o inverno.<br />
A história de Lucas<br />
Quando seus pais adotivos<br />
o conheceram, Lucas<br />
tinha seis anos e era um<br />
garoto extremamente agitado,<br />
não se comunicava com<br />
ninguém, não respondia aos<br />
chamados, usava uma traqueostomia<br />
e guardava uma<br />
história de partir o coração.<br />
O Conselho Tutelar contou<br />
para Tatiana que ele foi<br />
encontrado com um ano de<br />
vida depois de passar uma<br />
semana inteira sem ser alimentado<br />
ou cuidado, já com<br />
a traqueostomia. A irmã<br />
mais velha também estava<br />
com ele e foi levada para<br />
a casa da avó, que alegou<br />
não ter condições de arcar<br />
com os gastos e cuidados<br />
que uma criança especial<br />
demandava.<br />
Diagnosticado com<br />
síndrome alcoólica fetal,<br />
Lucas apresentava danos<br />
físicos e mentais causados<br />
pela exposição ao álcool<br />
enquanto ainda estava no<br />
útero da mãe biológica. Filho de usuários<br />
de drogas, o menino foi levado<br />
ainda bebê para um abrigo da cidade.<br />
Por coincidência ou por destino, foi colocado<br />
para adoção na mesma semana<br />
em que Tatiana e Roberto receberam a<br />
habilitação no Ministério Público.<br />
“Nós falamos que queríamos adotá-<br />
-lo e uma assistente social passou a nos<br />
acompanhar, sempre nos mostrando<br />
que se tratava de um caso delicado. Ele<br />
tinha um histórico médico super extenso<br />
e os médicos tentavam nos desencorajar.<br />
Eu só dizia: me fala o que ele tem e<br />
o resto deixa com a gente, a decisão é<br />
nossa”, relata Tatiana.<br />
Levou pouco mais de um mês todo<br />
o processo, desde conhecer o menino a<br />
passar pelas avaliações com a assistente<br />
social, aproximação e, enfim, levá-lo para<br />
casa. No dia 1 de agosto de 2016 ele estava,<br />
enfim, com sua família e, em novembro<br />
do mesmo ano, foi registrado com o nome<br />
Lucas Gabriel Fagionato Garcia.<br />
Período de adaptação e<br />
de obstáculos vencidos<br />
“A adaptação em casa foi muito difícil.<br />
Ele não atendia a nenhum comando,<br />
ele não estava acostumado com as pessoas<br />
conversando com ele. Um médico<br />
chegou a nos dizer que ninguém nunca<br />
tinha olhado para ele antes. Inclusive,<br />
chegaram a pensar que ele era surdo<br />
e quase colocaram uma prótese nele”,<br />
conta Roberto.<br />
A família logo buscou o atendimento<br />
de profissionais particulares que pudessem<br />
ajudar o desenvolvimento do menino.<br />
Aos poucos, aprendeu a responder<br />
a comandos e diminuiu a agitação. No<br />
entanto, os pais contam que se incomodavam<br />
muito com a traqueostomia.<br />
Como ele se alimentava normalmente,<br />
corria para cima e para baixo,<br />
passaram a se questionar se o uso era<br />
realmente necessário. No atendimento<br />
público, os médicos diziam que ele poderia<br />
retirar só após os 12 anos.<br />
“Descobrimos um especialista em<br />
São Paulo. Não tínhamos dinheiro para<br />
pagar um tratamento particular, mas<br />
precisávamos confirmar. Se fosse aquilo<br />
mesmo, tudo bem, a gente esperava. O<br />
que a gente nunca imaginou era que o<br />
médico fosse se comover tanto com a<br />
história dele, que bancou todo o tratamento,<br />
desde as trocas constantes<br />
da traqueo até a cirurgia para fechar o<br />
buraquinho”, relata a mãe, com os olhos<br />
brilhando de satisfação.<br />
Visitaram o profissional no final de<br />
2017. Em novembro de 2018, Lucas<br />
retirou o tubo e, em janeiro deste ano,<br />
passou pela cirurgia. O procedimento<br />
exigia que a família ficasse pelo menos<br />
20 dias na capital, o que significaria gastos<br />
acima do orçamento e um período<br />
longe do trabalho. Com a ajuda de amigos,<br />
fizeram uma campanha de venda<br />
de pizzas e logo levantaram a quantia<br />
necessária para a viagem.<br />
Lucas recebeu alta em fevereiro e<br />
comemorou com os pais que, finalmente,<br />
poderia dar um mergulho na piscina.<br />
Ainda sem saber falar, ele passa as mãozinhas<br />
da garganta ao queixo, indicando<br />
a novidade.<br />
Com quase 9 anos, já aprendeu a<br />
falar papai e mamãe, desenvolveu o próprio<br />
jeito de se comunicar. É um menino<br />
doce, que pega as pessoas pela mão e as<br />
chama para brincar com seus brinquedos<br />
favoritos: um trenzinho, o Cascão,<br />
e as máscaras do Fofão e do Chaves.<br />
“As pessoas nos falavam que perderíamos<br />
as primeiras experiências de um<br />
bebê adotando uma criança de 6 anos.<br />
Mas a gente vivenciou tanto as primeiras<br />
vezes dele, como a primeira vez em que<br />
ele comeu brigadeiro em uma festa de<br />
criança – ele achava que era pedrinha,<br />
não conhecia chocolate, trocávamos a<br />
fralda dele. Ele era um recém-nascido<br />
de 6 anos”, diz Tatiana.<br />
E o pai, coruja, acrescenta: “Tenho a<br />
impressão de que estamos juntos desde<br />
que ele nasceu, que ele sempre esteve<br />
aqui. Tenho certeza de que ele nasceu<br />
pra gente, porque ele nasceu quando<br />
começamos a tentar engravidar”.<br />
| 47
| VIVER BEM |<br />
Foto: Weber Sian<br />
A sacada com vista para a cidade dá a sensação de amplitude no apartamento de Vanda.<br />
Apartamento<br />
Studio<br />
Tendência de moradias<br />
cada vez menores trazem<br />
praticidade no dia a dia<br />
48 |
Foto: Weber Sian<br />
“A gente tem descoberto que precisa<br />
de pouco para viver bem. Se amanhã<br />
eu precisar me mudar para cá, me<br />
mudo tranquilamente”<br />
Vanda Marques Burjaili no cômodo sala e cozinha<br />
Vanda Marques Burjaili<br />
Professora aposentada<br />
A<br />
professora aposentada Vanda<br />
Marques Burjaili vive com o<br />
marido João Romeiro, engenheiro<br />
civil, em uma agradável<br />
e confortável casa em Bebedouro<br />
(SP). Embora aproveite as vantagens<br />
de morar em um lugar espaçoso, Vanda se<br />
afirma pragmática e com planos de, a médio<br />
prazo, mudar-se para um lugar menor,<br />
já que decidiram não ter filhos. A futura<br />
moradia tem até endereço e decoração.<br />
Recentemente, ela e o marido compraram<br />
um apartamento de 50 m² em Ribeirão<br />
Preto (SP). De início, os planos eram<br />
torná-lo apenas um investimento para,<br />
só mais tarde, pensarem na possibilidade<br />
de morar. “Eu venho muito para Ribeirão,<br />
quase toda semana, e foi excelente ter um<br />
lugar para ficar. Apesar de ser um studio,<br />
serve perfeitamente aos nossos propósitos<br />
e me sinto muito bem aqui”, diz.<br />
Vanda e o marido apostaram em separar o quarto para preservar a privacidade.<br />
Foto: Weber Sian<br />
| 49
| VIVER BEM |<br />
Originalmente, o espaço era formado<br />
por uma sala, quarto e cozinha no mesmo<br />
ambiente. No entanto, o casal optou por<br />
tornar o quarto privativo e construiu uma<br />
parede falsa, separando dos demais cômodos.<br />
A sacada, com vista para um dos<br />
principais shoppings da cidade, acomoda<br />
uma confortável sala de estar.<br />
“Vir pra cá nos obrigou a sermos<br />
mais práticos, não podemos ser acumuladores,<br />
e trazemos apenas o necessário.<br />
Assim, a gente tem descoberto<br />
que precisa de pouco para viver bem.<br />
Se amanhã eu precisar me mudar para<br />
cá, me mudo tranquilamente”, afirma.<br />
Com um relato similar, a servidora<br />
pública Marina Abrahão M. de Faria<br />
Guimarães comprou um studio há exatamente<br />
um ano, também em Ribeirão<br />
Preto. Diretora do Fórum de Altinópolis<br />
(SP), Marina passa praticamente todos<br />
os finais de semana em Ribeirão, onde<br />
traz o filho João Paulo, de 5 anos, para<br />
fazer acompanhamento terapêutico.<br />
Na cidade natal, ela, o marido e filho<br />
vivem em uma casa de cerca de 600 m 2<br />
e, acostumados com espaço de sobra,<br />
estranhavam o aperto dos quartos de<br />
hotel. Ao descobrirem um apartamento<br />
compacto com uma boa localização, o<br />
lugar caiu feito uma luva paras as necessidades<br />
da família.<br />
“Como a gente sempre passa pelo<br />
menos duas noites, se tornou o ambiente<br />
perfeito pra nós três. Por ser um lugar<br />
pequeno, a gente fica muito mais<br />
próximo um do outro do que na casa.<br />
Enquanto o João Paulo brinca com alguma<br />
coisa ou assiste TV, eu estou lendo<br />
um livro ou conversando com o meu<br />
marido logo ao lado. Nunca estivemos<br />
tão próximos um do outro”, conta.<br />
Com um espaço de 60 m 2 , o apartamento<br />
une quarto, sala, cozinha, e a<br />
sacada, que foi adaptada para uma sala<br />
de jantar com sofá-cama e blackout nas<br />
janelas, que serve para as visitas. Marina<br />
afirma que seis pessoas dormem<br />
confortavelmente no local. “Vir para cá<br />
foi uma redescoberta”, ressalta.<br />
Marina Abrahão apostou em um studio de 60 m² para passar os finais de semana com a família.<br />
No studio de Marina, quarto, sala e cozinha ocupam o mesmo espaço.<br />
50 |
Foto: Érico Andrade<br />
Foto: Érico Andrade<br />
Foto: Érico Andrade<br />
“Por ser<br />
um lugar<br />
pequeno, a<br />
gente fica<br />
muito mais<br />
próximo um<br />
do outro do<br />
que na casa”<br />
Marina Abrahão M.<br />
de Faria Guimarães<br />
Servidora Pública<br />
Tendência reflete<br />
novo estilo de vida<br />
De acordo com o arquiteto Jadiel Tiago, o estilo de vida<br />
nos centros urbanos tem mudado rapidamente, aumentando<br />
o número de pessoas que moram sozinhas, ou mesmo<br />
com famílias cada vez menores. A nova demanda trouxe<br />
ao mercado espaço para investir em opções modernas e<br />
acolhedoras, embora compactas - perfeitas para quem<br />
passa mais tempo na rua do que em casa.<br />
“Chamamos de população flutuante as pessoas que<br />
moram em determinada cidade, mas estudam ou trabalham<br />
em outra. Geralmente, são pessoas que passam o dia<br />
todo fora e voltam para casa só para descansar. Esse tipo<br />
de moradia está muito atrelado à essa realidade”, explica.<br />
Na visão de Jadiel, uma das principais vantagens de<br />
se morar em um studio é a pouca manutenção gerada,<br />
justamente por ser um lugar pequeno. Porém, é preciso<br />
caprichar na organização e não exagerar na quantidade<br />
de móveis e itens de decoração, ou poderá tornar o ambiente<br />
sufocante.<br />
A dica do arquiteto é usar o design como aliado para<br />
maximizar e otimizar os espaços, além de repensar a utilização<br />
dos utensílios. Vale, por exemplo, apostar em uma<br />
bancada com dois ou mais usos, móveis que se convertam,<br />
como sofá-cama, mesa lateral escondida e cama articulável.<br />
“Com relação às organizações internas, uma boa dica<br />
é a identificação de setores nos armários, bem como dos<br />
itens a serem guardados. Etiquetas, pastas, caixas organizadoras<br />
podem ser grandes aliadas”, sugere.<br />
| 51
52 |
Foto: Érico Andrade<br />
Mamma mia!<br />
Dia Mundial da<br />
Pizza<br />
é comemorado<br />
em 10 de julho<br />
Seja numa sexta-feira à noite ou<br />
num domingo à tarde, acompanhado<br />
de refrigerante ou vinho,<br />
todo bom encontro em família<br />
sempre acaba em pizza. Em homenagem<br />
ao prato mais queridinho do<br />
mundo, duas cantinas tipicamente italianas<br />
relatam o carinho e a preocupação<br />
em manter a tradição das receitas geração<br />
após geração.<br />
A história da Bella Sicília começou há<br />
60 anos com os testes de pizza brotinho,<br />
ainda inexistente em Ribeirão Preto (SP).<br />
Localizada, na época, em uma esquina no<br />
centro da cidade, em frente ao antigo Cine<br />
Centenário, o lugar começou como uma<br />
pequena sorveteria fundada por Francesco<br />
Cammilleri, vindo há poucos anos da<br />
Sicília, onde deixou toda a família após<br />
lutar na 2ª Guerra Mundial.<br />
“Ele fazia a brotinho em poucas quantidades,<br />
mas logo fez muito sucesso e precisou<br />
aumentar consideravelmente a produção.<br />
Primeiro, foram os sorvetes, depois,<br />
as pizzas brotinho. Logo meu pai passou<br />
para os assados e antepastos, até criar um<br />
pastifício”. Quem conta é Francisco Carlos<br />
Cammilleri, um dos filhos do fundador.<br />
Foto: Érico Andrade<br />
Os imãos Salvattore Bruno e Francisco Carlos Cammilleri (ao centro), ao lado do tio Carlos Alberto Papa<br />
| 53
MÃO NA<br />
MASSA<br />
Ao lado do irmão Salvattore Bruno<br />
e do tio materno Carlos Alberto Papa,<br />
Francisco dedica todo o seu tempo ao<br />
estabelecimento. Com retratos e condecorações<br />
espalhados por toda a cantina,<br />
cada detalhe representa o orgulho da origem<br />
italiana. No rádio, apenas músicas<br />
típicas e, por todo o lugar, caem do teto<br />
fitas verdes, brancas e vermelhas. Sem<br />
pressa, Francisco monta mesa a mesa<br />
para o almoço, esparramando por todos<br />
os cantos o cheiro de manjericão fresco<br />
com os vidros que deixa de enfeite.<br />
De todos os pratos preparados na casa,<br />
Francisco diz ter mais carinho pelas pizzas.<br />
“Como toda família, ela faz parte de<br />
um prato único da casa. Domingo é dia,<br />
semana também é dia. A pizza significa<br />
união, família, é mais do que um prato<br />
comum, é um prato que agrega. Pra mim, é<br />
um prato muito valioso, pois foi por onde<br />
nossa história começou”, afirma.<br />
3ª geração à frente<br />
de pizzaria em SP<br />
Localizada no bairro do Bixiga, na capital<br />
paulista, a Cantina e Pizzaria Speranza<br />
mantém em suas receitas o legado<br />
napolitano há mais de 60 anos. Fundada<br />
em 1958 pelo casal Francesco e Seranza<br />
Tarallo, vindo de Nápoles, a casa já está<br />
sob os cuidados da terceira geração da<br />
família Tarallo.<br />
O nome da cantina foi escolhido em<br />
homenagem à matriarca, remetendo<br />
também ao sentimento de esperança<br />
em relação à vinda ao Brasil. Embora<br />
tudo tenha começado em um endereço<br />
na Avenida Morumbi, região conhecida<br />
pela presença de alemães, logo as receitas<br />
fizeram sucesso e a família inaugurou seu<br />
novo endereço, onde permanece até hoje.<br />
Atualmente, a responsável pelos pratos<br />
da casa é Mônica Tarallo, neta mais<br />
velha de Speranza e Francesco. Nascida<br />
e criada com os irmãos pelos corredores<br />
do restaurante e sendo sempre a primeira<br />
a provar as invenções de sua avó, ela diz<br />
que assumir parte dos negócios da família<br />
foi algo que aconteceu de forma natural.<br />
Até hoje, leva ao pé da letra o conselho<br />
recebido na infância: escolher com cuidado<br />
cada ingrediente, prezando sempre<br />
pela qualidade de cada item.<br />
“Lembro de sentir o cheirinho do molho<br />
da nonna sendo preparado durante<br />
o dia e de prová-lo com uma bela fatia<br />
de pão italiano. Ela e meu pai foram me<br />
ensinando a cozinhar sem compromisso<br />
e, com o tempo, passei a me aperfeiçoar.<br />
Embora seja um desafio, é um compromisso<br />
que mantém a mim e a meu irmão<br />
próximos de pessoas que amamos tanto,<br />
meu pai Antônio e minha avó Speranza,<br />
que não estão mais aqui”, conta, saudosa.<br />
Mônica assumiu parte dos negócios<br />
junto com seus irmãos Paola, Marcela<br />
e Francesco,<br />
com quem<br />
divide a cozinha.<br />
Formado<br />
em administração<br />
e em gastronomia, o caçula<br />
chegou a viajar a Nápoles para<br />
ampliar seus conhecimentos em<br />
pizza.<br />
“Crescemos aqui dentro, a maioria<br />
das minhas lembranças estão relacionadas<br />
à cantina. Então, o maior desafio é<br />
manter a tradição, o legado e as receitas<br />
originais que fazem o sucesso da Speranza<br />
há 60 anos”, afirma Francesco.<br />
Francesco<br />
Tarallo assumiu<br />
a cozinha da<br />
cantina.<br />
Fotos: Divulgação/arquivo pessoal<br />
Os irmãos<br />
Mônica, Paola,<br />
Marcela e<br />
Francesco Tarallo<br />
abraçam o pai<br />
Antônio Tarallo.<br />
Direção da<br />
cantina já está<br />
na 3ª geração<br />
54 |
RECEITAS<br />
DE<br />
PIZZA<br />
Famiglia Tarallo (extraídas do livro Speranza<br />
60 Anos Ieri, Oggi, Domani – Editora DBA)<br />
Massa básica de pizza<br />
(método direto)<br />
• Ingredientes:<br />
• 1,7 a 1,8kg de farinha 00 italiana<br />
• 1 litro de água<br />
• 1 a 3g de fermento biológico fresco, esfarelado<br />
• 45 a 50g de sal marinho<br />
Modo de preparar<br />
1. Despeje a farinha junte 80% da água e misture<br />
por 5 minutos, preferencialmente em uma<br />
masseira.<br />
2. Desligue a masseira e deixe a massa descansar<br />
por 20 minutos.<br />
3. Acrescente o fermento, volte a bater e vá<br />
juntando o restante da água aos poucos.<br />
4. Por último, adicione o sal e bata até atingir o<br />
ponto de véu, ou seja, com elasticidade para ficar<br />
transparente sem rasgar facilmente.<br />
Molho de tomates para<br />
Rende de 8 a 10 pizzas<br />
Ingredientes<br />
• 1 kg de tomate tipo Italiano<br />
• 50 ml de azeite de oliva extravirgem<br />
• 20g de sal<br />
Com uma faca afiada, faça uma cruz na ponta de um dos<br />
lados do tomate. Ferva água em uma panela e coloque<br />
os tomate ali por um minuto apenas. Retire e mergulheos<br />
em água fria para cortar o cozimento. Retire a pele<br />
dos tomates e bata-os no liquidificador rapidamente.<br />
Acrescente o sal e o azeite e já está pronto para ser usado.<br />
Pizzas clássicas<br />
NAPOLETANA<br />
Massa Base<br />
• 150g de molho de tomate<br />
• 3 dentes de alho fatiados em Julienne<br />
• 60g de queijo Parmesão ralado<br />
• Orégano<br />
• Folhas de manjericão<br />
• 20 ml de azeite extra virgem<br />
MARGHERITA<br />
Massa Base<br />
• 120g de molho de tomate<br />
• 120g mozzarella fresca cortado em quadradinhos<br />
• 60g de Parmesão Italiano<br />
• 20ml de azeite extra virgem<br />
• Folhas de manjericão<br />
MARINARA<br />
Massa Base<br />
• 140g de molho de tomate<br />
• 3 lâminas de alho<br />
• 5g de orégano<br />
• 20 ml de azeite extra virgem<br />
| 55
| ORÁCULO DA SAÚDE |<br />
Text neck<br />
e outras síndromes<br />
Uso excessivo de aparelho celular causa<br />
danos à postura e Pesquisa revela que<br />
inclinação da cabeça gera carga de até 27 kg<br />
sobre pescoço; Brasil é o 2º país que passa<br />
mais tempo na internet<br />
56 |
É<br />
quase impossível sair de casa sem<br />
o celular nos dias de hoje. Com<br />
aparelhos mais inteligentes e modernos<br />
a cada ano, nos tornamos<br />
dependentes de tantas facilidades<br />
disponíveis na palma da nossa mão.<br />
No entanto, seu uso excessivo tem causado<br />
uma patologia cada vez mais frequente entre<br />
os consultórios médicos, a chamada síndrome<br />
de text neck - pescoço de texto, em tradução<br />
livre. O termo está associado às complicações<br />
geradas na coluna cervical devido ao uso prolongado<br />
do aparelho, que força uma postura<br />
incorreta e sobrecarrega a região.<br />
“Conforme uma pessoa fica com a cabeça<br />
abaixada para digitar uma mensagem ou checar<br />
as notificações, essa inclinação fará com<br />
que a musculatura cervical trabalhe de forma<br />
exagerada, forçando demais a musculatura e<br />
aumentando a tensão daquela região”, explica<br />
o fisioterapeuta Matheus Tomaselli.<br />
O profissional ainda ressalta que a síndrome<br />
é caracterizada pela produção de nódulos<br />
na região do pescoço, causando dores que<br />
poderão ser irradiadas para os braços, mãos<br />
e cotovelos.<br />
“Em muitos casos, essa dor no pescoço<br />
acaba causando a cefaleia tensional, que é<br />
quando a tensão nessa musculatura irradia<br />
por toda a cabeça. Muitas vezes, as pessoas<br />
não sabem, mas estão com dor de cabeça por<br />
conta desse posicionamento errado da coluna”,<br />
acrescenta.<br />
| 57
| ORÁCULO DA SAÚDE |<br />
Foto: Érico Andrade<br />
Inclinada, cabeça<br />
chega a pesar 27 kg<br />
Um estudo realizado por Kenneth K.<br />
Hansraj, cirurgião americano especialista<br />
em reabilitação da coluna cervical,<br />
mostrou que a cabeça de um adulto, que<br />
pesa entre 5 e 6 kg, pode gerar uma carga<br />
de até 27 kg sobre o pescoço, quando<br />
inclinada a 60°.<br />
Tomaselli explica que o desenho<br />
do corpo vertebral é feito para que o<br />
impacto e a carga exercida nessa área<br />
sejam distribuídos de forma uniforme e,<br />
conforme a coluna inclina para a frente,<br />
ela faz a inversão da sua curvatura ou a<br />
retificação, pressionando o núcleo pulposo<br />
da vértebra para a parte posterior<br />
– podendo causar, na maioria das vezes,<br />
uma hérnia de disco.<br />
Inclinação da<br />
cabeça em período<br />
prolongado pode<br />
causar hérnia de disco<br />
“Quando mantida essa postura por<br />
longo período, a pessoa passa a ter essa<br />
postura inclinada, desgastando as vértebras<br />
precocemente e gerando todos<br />
os prejuízos já citados”, reforça. Ainda<br />
segundo a pesquisa, essa carga varia<br />
conforme a inclinação, atingindo 12 kg<br />
a 15°, 18 kg a 30° e 22 kg a 45°, como<br />
mostra a imagem na página ao lado.<br />
Brasileiro passa<br />
9h30 na internet<br />
todos os dias<br />
O Brasil é o segundo país que passa<br />
mais tempo na internet, chegando a ficar<br />
nove horas e meia por dia, segundo a<br />
Matheus Tomaselli, fisioterapeuta da São Francisco Saúde.<br />
We Are Social, maior agência especializada<br />
em social media do mundo, e a<br />
mais recente coleção de relatórios da<br />
Global Digital 2019 da Hootsuite. Em<br />
1º lugar estão as Filipinas, com 10h e 7<br />
minutos diários.<br />
O levantamento ainda destaca que<br />
49% deste tempo na internet ocorre<br />
através dos aparelhos celulares. Ou seja,<br />
brasileiros gastam, em média, quatro<br />
horas e meia com smartphones diariamente.<br />
De acordo com o fisioterapeuta, o uso<br />
prolongado e a repetição de movimentos<br />
são responsáveis por desencadear outras<br />
complicações, além da síndrome de<br />
text neck. Um exemplo é a síndrome do<br />
túnel cubital, que comprime o nervo na<br />
altura do cotovelo e faz a mão formigar.<br />
“Isso ocorre com muita frequência<br />
quando a mão é mantida na mesma posição<br />
por muito tempo. Inclusive, quando<br />
deitado no sofá ou na cama, você deixa seu<br />
cotovelo exposto para essas síndromes<br />
compressivas”, reforça.<br />
Para passar o desconforto, Tomaselli<br />
orienta deixar o aparelho de lado por alguns<br />
instantes. Entre as lesões causadas<br />
por esses esforços repetitivos, estão a<br />
lesão de mão, epicondilite - irritação do<br />
tecido que liga o músculo do antebraço<br />
ao cotovelo -, e as conhecidas tendinites.<br />
58 |
Tratamento<br />
Para minimizar as consequências<br />
negativas, Tomaselli estimula a prática<br />
diária de alongamentos e atividades<br />
físicas, que são essenciais para corrigir<br />
a postura. Além disso, é importante<br />
estar atento com a forma de uso dos<br />
aparelhos eletrônicos, tornando mais<br />
ergonômico possível.<br />
“O ideal seria que as pessoas repensassem<br />
o tempo de uso do celular no<br />
dia a dia e o utilizassem apenas para<br />
o essencial, mas sabemos que é muito<br />
difícil. Então, vale manter os cotovelos<br />
apoiados de forma que o aparelho fique<br />
na altura dos olhos, sem forçar a cervical.<br />
É fundamental também alternar<br />
as posições para não sobrecarregar a<br />
musculatura”, ensina.<br />
O ideal seria que as pessoas<br />
repensassem o tempo de<br />
uso do celular no dia a dia e<br />
o utilizassem apenas para o<br />
essencial”<br />
Matheus Tomaselli,<br />
fisioterapeuta<br />
15°<br />
=<br />
12kg 30° =<br />
22kg 45°<br />
=<br />
27kg<br />
| 59
| SAÚDE DAS ESTRELAS |<br />
Foto: Divulgação / Globo<br />
60 |
Dependência<br />
química:<br />
uma luta coletiva<br />
No carnaval deste ano, as<br />
redes sociais ferveram<br />
com brincadeiras de mau<br />
gosto fazendo referência<br />
à dependência química do<br />
ator Fábio Assunção. Diversas fotos foram<br />
publicadas com máscaras com o<br />
rosto do artista – a “piada” dos foliões<br />
consistia em beber sem moderação até<br />
ativar o “modo Assunção”.<br />
Na sequência, foi feita uma música<br />
com o nome do famoso em que a letra<br />
se resume em dizer que beberá o dia<br />
todo, até “virar o Fábio Assunção”.<br />
O ator luta contra o alcoolismo desde<br />
2008, e inúmeras vezes deu entrevistas<br />
a revistas e programas de TV sobre o<br />
assunto. O caso chamou a atenção de<br />
diversos amigos que saíram em sua<br />
defesa na internet. Artistas como Mariana<br />
Rios, Paulo Vilhena, Tata Werneck,<br />
Carolina Dieckmann, entre outros,<br />
compartilharam uma foto de Assunção<br />
com a seguinte mensagem:<br />
“Além de figura pública, apresento a<br />
vocês um ser humano portador de uma<br />
doença chamada dependência química.<br />
Alguém faz piada com atores que têm<br />
câncer?”.<br />
Ridicularização compromete<br />
melhora do paciente<br />
A psiquiatra da São Francisco Saúde,<br />
Veridiana Moura explica que o alcoolismo<br />
é considerado doença pela<br />
Organização Mundial da Saúde (OMS)<br />
e que o processo de tratamento é tão<br />
delicado, que episódios de chacota e<br />
ridicularização podem agravar ainda<br />
mais a condição do paciente.<br />
“Infelizmente, o alcoolismo não tem<br />
cura. Existe apenas a remissão dos sintomas,<br />
mas o paciente nunca mais poderá<br />
tomar um gole sequer de álcool”,<br />
adverte a profissional.<br />
Por isso, durante o tratamento, o<br />
apoio de amigos e familiares é essencial.<br />
Porém, é preciso aprender a lidar com situações<br />
estressantes, evitando circunstâncias<br />
como comentários críticos ou<br />
mesmo tornando-se superprotetores.<br />
“São dois fatores que, reconhecidamente,<br />
provocam recaídas. Conhecendo<br />
melhor a doença e tendo um diagnóstico<br />
claro, a família passa a ser uma aliada<br />
eficiente, em conjunto com a medicação<br />
e profissionais especializados”, afirma.<br />
Veridiana ainda afirma que um dos<br />
maiores desafios enfrentados pelo paciente<br />
é o preconceito, tanto por amigos<br />
quanto por familiares. Devido à falta de<br />
compreensão, os alcoolistas tornam-se<br />
pessoas estigmatizadas, passando a ter<br />
oportunidades sociais reduzidas, autoestima<br />
diminuída, além de se tornarem<br />
um grupo de maior risco para sofrer<br />
agressões, comparadas a pessoas sem<br />
diagnóstico de transtornos mentais, nas<br />
palavras da psiquiatra.<br />
“O uso e a dependência de álcool<br />
e outras drogas é visto por parte da<br />
população como um sinal de fraqueza<br />
de caráter ou falta de força de vontade,<br />
como se o indivíduo fosse capaz de<br />
mudar o seu comportamento e não o<br />
fizesse. Esse preconceito e marginalização<br />
comprometem consideravelmente<br />
o tratamento e o desempenho do paciente”,<br />
complementa.<br />
3 milhões morrem todos os<br />
anos por alcoolismo, diz OMS<br />
Segundo a Organização Mundial da<br />
Saúde, o uso prejudicial do álcool mata<br />
mais de 3 milhões de pessoas por ano -<br />
maioria é do sexo masculino. Em estudo<br />
publicado em setembro do ano passado,<br />
o instituto observou que, no geral, o<br />
| 61
| SAÚDE DAS ESTRELAS |<br />
alcoolismo é responsável por 5,3% da<br />
carga global de doenças.<br />
De todas as mortes atribuíveis ao<br />
álcool no mundo, 28% ocorreram devido<br />
a lesões, como as causadas por<br />
acidentes de trânsito, automutilação<br />
e violência interpessoal; 21% por distúrbios<br />
digestivos; 19% por doenças<br />
cardiovasculares e, o restante, devido<br />
a doenças infecciosas,<br />
cânceres, transtornos<br />
mentais e outras condições<br />
de saúde.<br />
No Brasil, o consumo<br />
do álcool por pessoa foi<br />
de 8,9 litros em 2016,<br />
maior do que a média<br />
internacional, que chegou<br />
a 6,4 litros. O levantamento<br />
também mostra<br />
que os acidentes de trânsito<br />
lideram as causas de<br />
morte entre jovens rapazes<br />
brasileiros – cerca de<br />
80% dos acidentes fatais<br />
envolvem motoristas alcoolizados.<br />
Além disso,<br />
na faixa etária de 20 a 39<br />
anos, aproximadamente<br />
13,5% do total de mortes<br />
são atribuíveis ao álcool.<br />
Verdiana esclarece que<br />
a doença apresenta fatores<br />
de risco significativamente<br />
mais elevados para adolescentes<br />
e homens adultos,<br />
assim como para sujeitos<br />
com histórico familiar de<br />
alcoolismo.<br />
“Homens apresentam<br />
maior tendência a beber mais precocemente<br />
e em maiores quantidades do<br />
que as mulheres. Outros fatores, como<br />
abuso infantil, problemas conjugais,<br />
desemprego, baixo nível educacional,<br />
determinadas etnias e aculturação têm<br />
sido considerados fatores psicológicos<br />
de risco para o alcoolismo”, reforça.<br />
Danos podem<br />
ser irreversíveis<br />
De acordo com a psiquiatra, o alcoolismo<br />
é uma doença que compromete<br />
por completo a vida do dependente<br />
químico, acarretando em problemas<br />
pessoais, como a perda de emprego e ou<br />
do ano letivo, distanciamento da família<br />
e dos amigos, além de diversos danos<br />
“Segundo especialistas, as<br />
pessoas saudáveis podem<br />
consumir, no máximo,<br />
30g de álcool por dia. Por<br />
exemplo, uma taça de<br />
chope ou vinho contém<br />
10g, enquanto uma dose de<br />
destilado contém 25g e uma<br />
lata de cerveja de 330ml<br />
contém 17g”<br />
ao organismo.<br />
“O uso constante, descontrolado e<br />
progressivo de bebidas alcoólicas pode<br />
comprometer seriamente o bom funcionamento<br />
do organismo, levando a consequências<br />
irreversíveis”, diz Veridiana.<br />
A OMS divulga que mais de 200<br />
doenças e lesões são geradas pelo uso<br />
nocivo do álcool, como cirrose hepática,<br />
alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares.<br />
Estudos recentes apontam<br />
uma relação entre o consumo nocivo<br />
do álcool e a incidência de doenças infecciosas,<br />
como tuberculose e HIV/aids.<br />
Em mulheres grávidas, o consumo de<br />
bebidas alcoólicas pode causar síndrome<br />
fetal do álcool e complicações no<br />
parto prematuro.<br />
O Centro de Informações<br />
sobre Saúde e Álcool (CISA)<br />
complementa que o consumo<br />
exagerado também é responsável<br />
pelo desenvolvimento<br />
de doenças do fígado,<br />
problemas gastrointestinais,<br />
pancreatite, prejuízos cerebrais<br />
e imunológicos, anemias<br />
e osteoporose.<br />
Para Veridiana, os danos<br />
causados tornam necessárias<br />
estratégias de prevenção<br />
ainda na adolescência.<br />
Ela orienta que as famílias<br />
incentivem, desde cedo, seus<br />
filhos a praticarem atividades<br />
recreativas e esportivas<br />
para ocuparem o tempo livre.<br />
“Outra forma de prevenção<br />
é estimulá-los a ter<br />
um estilo de vida saudável.<br />
Apenas a proibição não é<br />
suficiente enquanto existirem<br />
bebidas alcoólicas de<br />
fácil acesso. A realização de<br />
seminários didáticos e interativos,<br />
expondo os perigos<br />
e danos do uso e abuso do<br />
álcool, pode ser uma forma eficaz de<br />
prevenção”, afirma.<br />
Quando o consumo<br />
é considerado doença<br />
Para quem tem o hábito de beber socialmente,<br />
a psiquiatra alerta que ainda<br />
não existe um consenso internacional<br />
62 |
sobre a dimensão exata de uma dose<br />
que defina um caso de alcoolismo.<br />
No entanto, ela faz um alerta a quem<br />
costuma beber diariamente mais de<br />
duas latas de cerveja ou duas doses de<br />
destilado, como uísque ou pinga: “o nível<br />
de álcool presente nessas quantidades<br />
de bebida está acima do recomendado<br />
pela OMS, podendo causar danos ao<br />
organismo”.<br />
Segundo especialistas, as pessoas saudáveis<br />
podem consumir, no máximo, 30g<br />
de álcool por dia. Por exemplo, uma taça<br />
de chope ou vinho contém 10g, enquanto<br />
uma dose de destilado contém 25g e uma<br />
lata de cerveja de 330ml contém 17g.<br />
“Assim como qualquer doença, o alcoolismo<br />
também traz consigo vários<br />
sintomas. Muitas vezes, a alteração do<br />
comportamento só é notada pelas pessoas<br />
que convivem com o dependente”,<br />
diz Veridiana.<br />
Ela explica que as pessoas mais próximas<br />
podem identificar alguém com<br />
dificuldades quando forem apresentados<br />
sinais como se tornar agressivo<br />
ao beber, consumir bebidas alcoólicas<br />
todos os dias, dificuldades para parar<br />
de beber depois que começa, ou mesmo<br />
evitar locais onde não é permitido beber.<br />
“Além disso, também é comum o<br />
dependente perder o emprego ou o ano<br />
letivo por conta da doença e, mesmo<br />
assim, continuar bebendo. Chegam a se<br />
afastar da família e dos amigos, deixam<br />
de comer, apresentam tremores e sintomas<br />
de abstinência quando passam<br />
muito tempo longe do álcool, além da<br />
perda de memória e apresentação de<br />
paranoia e alucinações”, complementa.<br />
Tratamento<br />
O alcoolismo, como dito anteriormente<br />
pela psiquiatra, não tem cura.<br />
“Seu processo de tratamento é complexo<br />
e demorado, mas pode ser feito<br />
com segurança quando acompanhado<br />
por profissionais capacitados”, ela diz.<br />
Dentre os diversos tipos, estão:<br />
“Apenas a proibição não é<br />
suficiente enquanto existirem<br />
bebidas alcoólicas de fácil acesso”<br />
Veridiana Moura,<br />
psiquiatra da São Francisco Saúde<br />
DESINTOXICAÇÃO: Esta é a primeira<br />
etapa e consiste em um período de<br />
abstinência. Deve ser feito com acompanhamento<br />
de um psiquiatra, podendo<br />
ser necessária a internação do paciente.<br />
Neste período, avalia-se os danos físicos<br />
e mentais causados pelo consumo<br />
nocivo do álcool.<br />
PSICOTERAPIA: A abordagem<br />
mais utilizada é a Terapia Cognitivo-<br />
-Comportamental (TCC), que envolve<br />
a aprendizagem de técnicas para evitar<br />
recaídas, além de auxiliar na mudança<br />
de hábitos e pensamentos que podem<br />
servir de gatilho.<br />
Veridiana Moura, psiquiatra do Grupo São Francisco.<br />
TERAPIA DE GRUPO: Embora a<br />
psicoterapia individual auxilie, alguns<br />
estudos mostram que a terapia<br />
de grupo é mais eficaz na prevenção<br />
de recaídas, mudança de hábitos e<br />
situações sociais.<br />
MEDICAMENTOS: Os medicamentos<br />
são um complemento no tratamento<br />
de alcoolismo. O objetivo da sua utilização<br />
é o de auxiliar o paciente a abster-se<br />
em relação à bebida. Existem vários que<br />
auxiliam promovendo sensação desagradável<br />
ao beber, ajudando a reduzir<br />
a compulsão e melhorando a desintoxicação.<br />
Foto: Divulgação / Speranza<br />
| 63
| <strong>SF</strong> EM PAUTA |<br />
CRESCIMENTO<br />
São Francisco Odonto tem<br />
novas aquisições e se aproxima<br />
de 1 milhão de sorrisos<br />
RPMA Comunicação<br />
Só no primeiro trimestre deste ano,<br />
a São Francisco Odonto passou a<br />
atender 110 mil novos beneficiários.<br />
A conquista foi comemorada com<br />
a aquisição das carteiras de clientes da<br />
A.P.O. Odonto, com matriz em Santos,<br />
e da Dental Norte, com sede em Porto<br />
Velho. Com as aquisições, a operadora<br />
alcançou a marca de 965 mil sorrisos<br />
– a expectativa é chegar a 1 milhão até<br />
o mês de junho.<br />
Desde 1º de março, os 73 mil beneficiários<br />
da A.P.O. Odonto e os 37 mil da<br />
Dental Norte contam com a estrutura de<br />
atendimento da São Francisco Odonto. O<br />
diretor-superintendente Milton Arruda<br />
afirma que todas as coberturas, valores<br />
de mensalidades e demais condições<br />
contratuais permanecem inalteradas.<br />
A diferença é que os novos beneficiários<br />
podem contar com atendimento<br />
nacional em uma ampla rede de mais<br />
de 7 mil dentistas credenciados em<br />
todos os estados e no Distrito Federal.<br />
“Como somos uma das operadoras que<br />
mais crescem no País, temos fôlego para<br />
investir em atendimento de qualidade<br />
e, ao mesmo tempo, em tecnologias de<br />
última geração na gestão dos prestadores<br />
e clientes. Todos ganham com mais<br />
organização e qualidade”, explica Arruda.<br />
A São Francisco Odonto possui mais<br />
de 20 anos de experiência no setor,<br />
atuando nos 26 estados brasileiros e<br />
Distrito Federal. Segundo o diretor-superintendente,<br />
a Baixada Santista e o<br />
Estado de Rondônia são regiões que chamaram<br />
a atenção devido ao seu grande<br />
potencial de crescimento. “Nos últimos<br />
18 meses, tivemos cinco importantes<br />
aquisições de carteiras de outras operadoras<br />
e, ainda nesse semestre, prevemos<br />
finalizar outras duas”, salienta Arruda.<br />
A incorporação de carteiras, vale lembrar,<br />
é profundamente estudada para<br />
manter o nível de serviços e qualidade<br />
que a São Francisco Odonto oferece aos<br />
beneficiários. “Nessas operações não<br />
foi diferente, a A.P.O. Odonto e a Dental<br />
Norte têm uma reputação muito boa<br />
em seus mercados, com beneficiários<br />
satisfeitos. Queremos oferecer a melhor<br />
solução a nossos clientes, unindo qualidade,<br />
agilidade e transparência”, finaliza.<br />
64 |
INVESTIMENTO<br />
São Francisco Saúde investe<br />
em estrutura e novos clientes<br />
Júlio Braga, superintendente comercial<br />
A São Francisco Saúde começou<br />
2019 ampliando seus investimentos<br />
em estrutura e fechando parcerias com<br />
novos clientes. Só nos primeiros quatro<br />
meses, foram em torno de 30 unidades<br />
novas, contando com as que passaram<br />
por reformas.<br />
Em abril, a operadora foi escolhida<br />
para atender aos colaboradores das<br />
empresas Santista Têxtil, na região de<br />
Piracicaba, e a JBS, no Centro Oeste e<br />
no interior de São Paulo. No total, são<br />
cerca de 6 mil novos beneficiários que<br />
podem contar com toda a estrutura e<br />
rede credenciada da São Francisco.<br />
Pitangueiras (SP), por exemplo, recebeu<br />
uma estrutura completamente<br />
nova para atender os beneficiários da<br />
cidade e região. O prédio, de 1.5 mil m²,<br />
contempla uma Clínica de Especialidades,<br />
Pronto Atendimento, Laboratório<br />
HEMAC, Emissão de Guias e Documenta<br />
- Centro Avançado de Diagnóstico por<br />
Imagem. Com investimento em torno de<br />
R$ 4 milhões, o prédio tem capacidade<br />
para atender 6 mil pacientes por mês.<br />
“Só para o segundo semestre deste<br />
ano, temos um orçamento aproximado<br />
em R$ 10 milhões para atender clientes<br />
atuais em novas plantas e entradas em<br />
novas praças. Neste investimento, contemplamos<br />
a adequação de rede credenciada<br />
(parceiros) e rede própria”, afirma<br />
o superintendente comercial Júlio Braga.<br />
Em fevereiro, a São Francisco Saúde<br />
inaugurou sua primeira Clínica de Especialidades<br />
em Dourados (MS). Com um<br />
investimento de R$ 300 mil, a unidade<br />
possui capacidade para realizar 1.5 mil<br />
atendimentos por mês. O local também<br />
comporta o serviço de Emissão de Guias,<br />
o que gera mais conforto e comodidade<br />
ao beneficiário.<br />
Além disso, mais de R$ 1 milhão<br />
foram investidos na implantação de<br />
três unidades HEMAC – Laboratório<br />
de Análises Clínicas em Piracicaba (SP).<br />
Em Quirinópolis (GO), o Hospital São<br />
Francisco, adquirido em dezembro do<br />
ano passado, passou por reformas de fachada,<br />
ampliação da recepção, estabilização<br />
completa no Pronto Atendimento<br />
e salas de biometria. As obras ficaram<br />
em torno de R$ 400 mil.<br />
“A cada investimento que fazemos,<br />
nos preocupamos em oferecer a melhor<br />
estrutura e qualidade aos nossos<br />
beneficiários. E não apostamos apenas<br />
em novas unidades, trabalhamos muito<br />
com o modelo híbrido, que é a parceria<br />
com redes credenciadas, que tem se<br />
mostrado um grande aliado para o nosso<br />
crescimento”, ressalta Braga.<br />
Nas próximas páginas, você poderá<br />
conferir detalhes das principais inaugurações.<br />
| 65
| <strong>SF</strong> EM PAUTA |<br />
NOVAS UNIDADES<br />
São Francisco Saúde investe em<br />
unidade completa em Ribeirão Preto<br />
RPMA Comunicação<br />
A<br />
São Francisco Saúde anuncia a<br />
inauguração de uma nova estrutura<br />
em Ribeirão Preto (SP), a<br />
São Francisco Mais Saúde. Com uma<br />
construção ampla e moderna, a unidade<br />
terá capacidade de realizar 40 mil<br />
atendimentos por mês, oferecendo estacionamento<br />
privativo com 70 vagas<br />
para atender os beneficiários da cidade<br />
e da região.<br />
Com mais de 30 especialidades disponíveis<br />
para consultas, os pacientes<br />
poderão realizar exames de imagem e<br />
laboratoriais, análises clínicas e contar<br />
com pronto atendimento 24h no mesmo<br />
local. A entrega da estrutura está<br />
prevista para junho de 2019.<br />
“Tudo foi pensado para oferecer os<br />
mais modernos padrões de qualidade<br />
e sustentabilidade na construção da<br />
unidade. E, tão importante quanto isso,<br />
estamos alinhados com as melhores<br />
práticas internacionais de assistência à<br />
saúde - tudo em um único lugar com o<br />
66 |
Inovação<br />
Na nova unidade, o fluxo foi desenhado<br />
a partir do modelo Match Track, uma<br />
espécie de circuito que padroniza a sequência<br />
das ações assistenciais. O formato é<br />
utilizado em algumas das maiores redes<br />
de hospitais do mundo. Os pacientes que<br />
estão passando pelo atendimento inicial,<br />
por exemplo, não encontrarão com<br />
aqueles que já estão fazendo exames,<br />
melhorando o acolhimento e evitando<br />
ambientes muito cheios.<br />
Para o segundo semestre de 2019, a<br />
São Francisco Mais Saúde contará com<br />
tecnologia de autoatendimento via toten,<br />
no qual será possível fazer o check-in<br />
(confirmação de chegada). Além<br />
disso, um concierge estará disponível<br />
para acolhimento, apoio no atendimento,<br />
orientação e direcionamento dos<br />
beneficiários.<br />
A unidade também será uma das primeiras<br />
a implementar reconhecimento<br />
facial, tecnologia de última geração que<br />
permitirá rápido acesso ao histórico<br />
do paciente agilizando todo o processo<br />
de atendimento. “Isso representa um<br />
grande avanço no segmento de saúde e é<br />
uma amostra do nosso investimento em<br />
inovações para melhorar a experiência<br />
dos pacientes”, finaliza o superintendente<br />
do Grupo.<br />
objetivo de oferecer mais acolhimento,<br />
facilidade e o melhor serviço de saúde<br />
a nossos beneficiários e suas famílias”,<br />
comenta José Miranda da Cruz Neto,<br />
Diretor Superintendente de Operações<br />
do Grupo.<br />
O pronto atendimento está equipado<br />
para atuar nas indicações de baixa<br />
complexidade - sem risco de vida -, mas<br />
também terá estrutura para realizar<br />
a estabilização de pacientes em casos<br />
mais graves. “Todos terão atendimento.<br />
As urgências serão triadas e estabilizadas<br />
e, depois, transferidas para uma<br />
unidade referência pelas ambulâncias<br />
da São Francisco Resgate, disponíveis<br />
24 horas por dia”, acrescenta Miranda.<br />
“O investimento em uma área completa<br />
como a São Francisco Mais Saúde<br />
faz parte da nossa reestruturação em<br />
Ribeirão Preto, com o intuito de oferecer<br />
a melhor experiência possível aos<br />
pacientes. Estamos muito felizes com<br />
o novo espaço e temos certeza de que<br />
nossos beneficiários vão se sentir acolhidos”,<br />
reforça Miranda. O local também<br />
contará com um ponto de coleta<br />
do HEMAC Laboratório e da Documenta,<br />
responsável pelos exames de Raio-X e<br />
Ultrassonografia.<br />
Serviço:<br />
Endereço: Rua Pedro Pegoraro com<br />
Avenida Leão XIII - Bairro Ribeirania<br />
- Ribeirão Preto (SP)<br />
Horário de funcionamento:<br />
- Consultas e exames de imagem:<br />
Segunda a Sexta-feira das 7h às 21h<br />
e aos sábados das 8h às 14h;<br />
- Exames laboratoriais: Segunda a<br />
Sexta-feira das 6h às 18h e sábados<br />
e domingos das 6h às 12h;<br />
- Pronto Atendimento 24h.<br />
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| <strong>SF</strong> EM PAUTA |<br />
Hospital São<br />
Francisco oferece<br />
estrutura completa<br />
e maternidade em<br />
Araraquara<br />
Desde de março, os moradores de Araraquara<br />
(SP) e região podem contar com a nova estrutura<br />
do Hospital São Francisco. Com investimento de<br />
R$ 60 milhões, o local oferece atendimento em 22<br />
especialidades médicas, 47 leitos e equipamentos<br />
de última geração para a realização de exames<br />
de imagem.<br />
Agora, a cidade passa a atender os municípios<br />
vizinhos, que antes eram direcionados a Ribeirão<br />
Preto, e se torna referência de atendimento em<br />
saúde para toda a região.<br />
Maternidade:<br />
Com uma maternidade focada em parto humanizado, as gestantes atendidas<br />
podem contar com cinco leitos e duas salas de pré-parto, além de uma sala para<br />
cuidados com o recém-nascido em um ambiente acolhedor e seguro. Desde<br />
a preparação para o parto até a estabilização do bebê, a gestante é atendida<br />
com todo o cuidado pela equipe do hospital.<br />
Centro Cirúrgico:<br />
O novo Centro Cirúrgico conta com 5 salas e capacidade para realizar até 533<br />
procedimentos ao mês. Um dos diferenciais do hospital é a realização dos<br />
exames de endoscopia e colonoscopia no Centro Cirúrgico, com todo apoio,<br />
inclusive, recuperação pós-anestésica especializada.<br />
Novos leitos:<br />
A UTI passa a ter 10 novos leitos, assim como a Unidade de Cuidados Especiais,<br />
dedicada à internação de pacientes com doenças crônicas e idosos,<br />
além de mais 22 leitos de internação para casos de baixa complexidade. Há<br />
ainda um leito de isolamento para casos com potencial de contaminação.<br />
Estrutura ultramoderna:<br />
Com investimento acima de R$ 60 milhões, a nova estrutura do hospital oferece<br />
atendimento ambulatorial completo, com capacidade para mais de 12 mil consultas<br />
ao mês, serviços de urgência e emergência, uma Clínica de Especialidades,<br />
um Centro Avançado de Oncologia (CAON), Centro Avançado de Diagnóstico por<br />
Imagem - Documenta e uma unidade de Emissão de Guias.<br />
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Aos sábados, das 7h às 13h.<br />
Endereço: Av. José Bonifácio, 569 – Centro<br />
68 |
EXPANSÃO<br />
REFERÊNCIA<br />
São Francisco Saúde chega<br />
a Uberaba para atender<br />
colaboradores da Usina Delta<br />
RPMA Comunicação<br />
Desde março, a São Francisco Saúde<br />
oferece seu padrão de qualidade<br />
em atendimento e estrutura à<br />
cidade de Uberaba (MG). A operadora,<br />
que já atuava no estado, prevê um crescimento<br />
para toda a região do Triângulo<br />
Mineiro até o final de 2019.<br />
A chegada ao município ocorreu para<br />
atender, inicialmente, os colaboradores<br />
da Usina Delta, em torno de 7 mil pessoas.<br />
Além de uma ampla rede credenciada,<br />
os beneficiários de Uberaba contam<br />
com uma Clínica de Especialidades com<br />
capacidade para 10 mil consultas ao<br />
mês em 15 especialidades, como clínica<br />
geral, cardiologia, ortopedia, ginecologia,<br />
obstetrícia, pediatria, neurologia,<br />
urologia, cirurgia geral, entre outras.<br />
Em abril, a operadoratambém inaugurou<br />
uma Clínica de Especialidades<br />
em Conceição das Alagoas (cidade que<br />
pertence à microrregião de Uberaba)<br />
com sete especialidades, entre ginecologia,<br />
obstetrícia, pediatria, ortopedia,<br />
cardiologia e clínica geral. A unidade<br />
possui capacidade para 3 mil consultas<br />
ao mês.<br />
Emergências<br />
Além da estrutura atual, a São Francisco<br />
saúde inaugurou uma unidade de<br />
pronto atendimento. O local permanece<br />
aberto 24 horas por dia e tem capacidade<br />
para realização de 8 mil atendimentos<br />
mensais.<br />
Para construir os espaços e oferecer<br />
o que há de melhor em assistência, a São<br />
Francisco Saúde prevê investir mais de<br />
R$ 5 milhões em Uberaba e região. “A<br />
qualidade da nossa unidade própria, alinhada<br />
à gestão da rede credenciada, nos<br />
traz um custo-benefício muito competitivo<br />
justamente por apostarmos num<br />
modelo híbrido de assistência. Com isso,<br />
levamos o mais alto padrão de qualidade<br />
em atendimento aos beneficiários”,<br />
afirma Júlio Braga, superintendente<br />
Comercial da operadora.<br />
Centro de<br />
Deformidades da<br />
Coluna Vertebral<br />
O Centro de Deformidades da<br />
Coluna Vertebral é mais um serviço<br />
oferecido pelo Grupo São Francisco.<br />
O objetivo é acolher pacientes com<br />
deformidades da coluna vertebral<br />
para diagnosticar, orientar, acompanhar<br />
e tratar.<br />
Com um espaço diferenciado e<br />
estrutura especializada para tratamentos<br />
conservadores e cirurgias<br />
complexas, o Centro é referência em<br />
toda a região de Ribeirão Preto. O<br />
atendimento adulto é realizado no<br />
Hospital São Francisco e, o atendimento<br />
de crianças, no Sinhá – Hospital<br />
Materno Infantil.<br />
O serviço também é composto<br />
por atendimento com enfermeiros e<br />
especialistas em ortopedia, pediatria<br />
geral, fisioterapia, clínica geral, UTI<br />
pediátrica, além de exames como<br />
radiografia, tomografia computadorizada<br />
e ressonância magnética.<br />
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| <strong>SF</strong> EM PAUTA |<br />
RECONHECIMENTO<br />
São Francisco Saúde é eleita a<br />
melhor empresa para trabalhar<br />
em Ribeirão Preto e região<br />
Colaboradores homenageados no evento Reconhecer 20+<br />
A<br />
São Francisco Saúde iniciou<br />
2019 com um importante reconhecimento:<br />
foi premiada com<br />
o primeiro lugar no ranking regional<br />
da GPTW, organização que premia as<br />
melhores empresas para se trabalhar no<br />
Brasil. Durante o processo, são avaliados<br />
tópicos como ambiente e condição para<br />
o colaborador exercer suas atividades.<br />
“Acreditamos que pessoas motivadas,<br />
felizes e comprometidas fazem toda a<br />
diferença. E somos felizes por termos<br />
milhares delas conosco. Sou grato a cada<br />
colaborador que veste a nossa camisa e<br />
abraça nossos desafios. É graças a eles<br />
que nossa empresa cresce mais a cada<br />
ano. Também agradeço à área de Gente &<br />
Gestão pelo empenho e dedicação nesse<br />
projeto”, afirma o presidente Lício Cintra.<br />
Atuando há mais de 70 anos, a São<br />
Francisco é a quarta maior operadora<br />
de medicina de grupo do país, de acordo<br />
com a Agência Nacional de Saúde Suplementar<br />
(ANS), e conta com cerca de 4<br />
“Acreditamos que pessoas<br />
motivadas, felizes e comprometidas<br />
fazem toda a diferença.”<br />
Lício Cintra<br />
Presidente<br />
mil colaboradores. Segundo a gerente<br />
de Gente & Gestão, Lange Velludo, só nos<br />
últimos dois anos mais de 550 pessoas<br />
foram promovidas, outras 600 foram homenageadas<br />
em relação à meritocracia<br />
praticada no espaço de trabalho e 600<br />
passaram por recrutamento interno.<br />
“O engajamento é um pilar da área<br />
de gestão. Outro pilar é a liderança. Por<br />
isso, mais de um milhão de reais foram<br />
investidos em capacitação e liderança<br />
no último ano, além de todos os outros<br />
programas criados para os nossos colaboradores”,<br />
ressalta, lembrando que<br />
as ações de valorização são realizadas<br />
durante todo o ano pela empresa.<br />
Além disso, mais de 1.3 mil funcionários<br />
receberam treinamento de<br />
excelência em atendimento ao cliente<br />
e durante o programa “Rota da Liderança”<br />
- capacitação destinada à toda<br />
a liderança, desde supervisores até a<br />
presidência.<br />
Só em 2018, foram investidos cerca<br />
de R$ 100 mil em bolsas de estudos,<br />
além dos programas “Seleção”, “Reconhecer<br />
20+”, “Cuidar de Quem Cuida”,<br />
que promovem reconhecimento, homenagem<br />
e conhecimento. Sem deixar<br />
de lado as ações do endomarketing,<br />
proporcionando um ambiente mais<br />
descontraído e acolhedor.<br />
70 |
Principais ações de engajamento:<br />
Durante todo o ano, o setor de Endomarketing realiza uma série de<br />
atividades com o objetivo de descontrair os colaboradores, estimulando<br />
o engajamento, o espírito de equipe e garantindo um excelente<br />
ambiente de trabalho. Veja abaixo algumas ações:<br />
• Semana da Enfermagem:<br />
Todos os anos, mais de 2.6 mil profissionais de enfermagem são<br />
presenteados. Neste ano, todos receberam guarda-chuvas, simbolizando<br />
a proteção que oferecem aos pacientes. Também é realizada uma<br />
programação especial para celebrar e reconhecer os profissionais com<br />
atividades voltadas para saúde e bem-estar;<br />
• Festival de Esportes:<br />
Criado com o objetivo de integrar os colaboradores e familiares, reforçar<br />
os valores da empresa e incentivar a prática esportiva, o trabalho em<br />
equipe e momentos de diversão. Anualmente, são realizadas provas nas<br />
modalidades de futsal, vôlei, queimada, tênis de mesa, basquete, jogos<br />
eletrônicos como Just Dance e Fifa, além de corrida e natação;<br />
• Anima São Francisco:<br />
Em datas comemorativas, proporciona momentos de descontração entre<br />
os colaboradores, estimulando a decoração dos setores e a caracterização;<br />
• Dia do Obrigado:<br />
Momento criado para disseminar a importância do espírito de equipe,<br />
colaboração e disponibilidade, agradecendo e reconhecendo o colega que<br />
está sempre presente.<br />
Investimento de R$ 1 milhão<br />
em cursos de capacitação e<br />
desenvolvimento dos colaboradores:<br />
• Avaliação Período de Experiência<br />
• Educação Continuada na<br />
enfermagem<br />
• Treinamentos Técnicos<br />
• Treinamentos para Liderança<br />
• Bolsas de Estudos<br />
• Avaliação de Competências e<br />
Performance<br />
• Política de Cargos e Salários<br />
• Pesquisa de Clima<br />
Principais programas<br />
internos:<br />
• Bolsa de Estudo - incentivo<br />
aberto para todos os colaboradores;<br />
• Seleção - reconhecimento<br />
de colaboradores que fazem a<br />
diferença;<br />
• Reconhecer 20+ - cerimônia<br />
realizada para aqueles que<br />
completam 20 anos ou mais de<br />
dedicação;<br />
• Cuidar de Quem Cuida -<br />
palestras de saúde, aulas funcionais<br />
em parques, grupo de bike, etc.;<br />
• Saúde Já - ajuda a melhorar<br />
hábitos alimentares, estimula<br />
prática de exercícios e melhor<br />
qualidade de vida;<br />
• Carinho Materno - novos papais<br />
e mamães são presentados com<br />
bolsa maternidade personalizada;<br />
• Programa Padrinho - criado<br />
para acolher novos colaboradores<br />
em suas funções e facilitar o<br />
processo de integração;<br />
• 50 Mais - Recrutamento e seleção<br />
de pessoas acima de 50 anos.<br />
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| <strong>SF</strong> EM PAUTA |<br />
Empresas do Grupo São Francisco são<br />
as primeiras em seus segmentos com<br />
certificado de combate a corrupção no Brasil<br />
RPMA Comunicação<br />
Visando a transparência com parcerias<br />
e negociações completamente regulares,<br />
as empresas São Francisco Saúde,<br />
São Francisco Odonto e São Francisco<br />
Resgate conquistaram o certificado da<br />
DCS 10.000 - Diretrizes para o Sistema<br />
de Compliance.<br />
As empresas são as primeiras em<br />
seus segmentos de atuação, no Brasil, a<br />
conquistar a DSC 10.000. O certificado<br />
direciona as companhias que buscam<br />
um mecanismo legítimo de prevenção<br />
e detecção de atos ilícitos, ou contrários<br />
aos princípios da ética e das leis vigen-<br />
tes, como fraudes, atos de corrupção ou<br />
que vão contra a Administração Pública.<br />
Os princípios da certificação cobrem<br />
todos os requisitos da Lei Anticorrupção<br />
Brasileira (nº. 12.846/13) e também<br />
das leis internacionais, como a FCPA e<br />
UK Bribery Act, que têm o mesmo foco.<br />
Para estar no padrão que a certificação<br />
exige e passar os princípios aos seus<br />
7 mil colaboradores, o Grupo São Francisco<br />
desenvolveu um sistema interno<br />
para treiná-los, apresentar seu código<br />
de conduta e orientar como proteger<br />
a empresa contra atos de corrupção.<br />
“Ao presenciar um desvio de con-<br />
duta, qualquer colaborador deve abrir<br />
uma denúncia anônima em um canal<br />
próprio, que é administrado por uma<br />
empresa externa e especializada. Esta<br />
medida garante o anonimato do funcionário<br />
e impede que alguém do Grupo<br />
tenha acesso ao contato da denúncia”,<br />
explica Paulo Santini Gabriel, diretor de<br />
Compliance e de Relações Institucionais<br />
do São Francisco.<br />
Criada em outubro de 2016, a área<br />
de Compliance da companhia teve como<br />
objetivo, desde o início, conquistar a<br />
DCS 10.000.<br />
“Por mais de dois anos, nos prepara-<br />
72 |
Hospital São Francisco e Netto<br />
Campello recebem certificado<br />
por critérios e processos de<br />
segurança ao paciente<br />
mos muito para estar 100% dentro<br />
das normas exigidas e transmitir<br />
essa mensagem aos nossos colaboradores.<br />
Receber esta certificação<br />
comprova que temos um setor de<br />
Compliance efetivo e que a empresa<br />
segue o caminho da ética, propiciando<br />
um ambiente de trabalho saudável”,<br />
afirma Paulo Gabriel.<br />
Também faz parte do processo<br />
analisar a fundo os prestadores de<br />
serviços de todo o Grupo, que devem<br />
seguir cada tópico de um rigoroso<br />
Código de Conduta. “Só trabalhamos<br />
com empresas idôneas, que conduzem<br />
seus negócios de maneira transparente<br />
e em plena conformidade com a<br />
legislação vigente como nós. Estamos<br />
muito orgulhosos da nossa área de<br />
Compliance, dedicada a proteger todas<br />
as empresas do Grupo contra práticas<br />
ilícitas e a proporcionar um ambiente<br />
saudável de negócios”, completa.<br />
Os hospitais São Francisco, de Ribeirão<br />
Preto, e unidade Netto Campello, de<br />
Sertãozinho, receberam a renovação do<br />
certificado de Acreditação pela ONA -<br />
Organização Nacional de Acreditação. O<br />
selo reconhece os critérios e processos<br />
de segurança ao paciente em todas as<br />
etapas e demonstra o comprometimento<br />
de todas as áreas das duas instituições<br />
com a qualidade e a segurança no aten-<br />
dimento ao paciente.<br />
Em Ribeirão, o hospital obteve sua<br />
recertificação em 2018, através do IQG<br />
ONA Nível 03, e o Hospital São Francisco<br />
Unidade Netto Campello recebeu sua<br />
Certificação através do IQG ONA Nível<br />
01. Ainda em 2018, o Netto Campello foi<br />
reconhecido e qualificado pelo Compromisso<br />
com a Qualidade Hospitalar (CQH),<br />
pela Escola Paulista de Medicina.<br />
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