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CIGPHU 2019 - Caderno de resumos

I Congresso Internacional Gestão dos Patrimônios da Humanidade Urbanos: desafios e riscos da preservação/ I Simpósio Internacional: Patrimônios da Humanidade Mineiros no Contexto Internacional _ ICH - UFJF Juiz de Fora - MG _ https://www.cigphu2019.com

I Congresso Internacional Gestão dos Patrimônios da Humanidade Urbanos: desafios e riscos da preservação/ I Simpósio Internacional: Patrimônios da Humanidade Mineiros no Contexto Internacional _ ICH - UFJF Juiz de Fora - MG _ https://www.cigphu2019.com

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CADERNO DE<br />

RESUMOS<br />

17a20<br />

set.<strong>2019</strong><br />

ICH-UFJF


CADERNO DE<br />

RESUMOS<br />

17 a 20 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> <strong>2019</strong><br />

UFJF - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora Juiz <strong>de</strong> Fora- MG


Coor<strong>de</strong>nação Geral<br />

Prof. Dr. Leonardo Barci Castriota(ICOMOS BR)<br />

Prof. Dr. Marcos Olen<strong>de</strong>r (UFJF/ICOMOS Brasil)<br />

Prof. Dr. Rodrigo Christofoletti (UFJF)<br />

Comissão Científica<br />

Amélia Polónia (FLUP-CITCEM)<br />

André Daibert (UFJF)<br />

Fernando Fernan<strong>de</strong>s da Silva (FADI/PUC-SP)<br />

Flávio Carsala<strong>de</strong> (UFMG)<br />

Graciela Mota Botello (UNAM - México)<br />

Ítalo Itamar Caixeiro Stephan (UFV)<br />

Jorge Onrubia Pintado (UCLM - Espanha)<br />

Leonardo B. Castriota (ICOMOS/UFMG)<br />

Marcos Olen<strong>de</strong>r (UFJF)<br />

Maria Leonor Botelho (FLUP-CITCEM)<br />

Mônica Cristina H. L. Olen<strong>de</strong>r (UFJF)<br />

Rafael Winter (UFRJ)<br />

Rodrigo Baeta (UFBA)<br />

Rodrigo Christofoletti (UFJF)<br />

Silvio Zanchetti (UFPE)<br />

Simone Scifoni (USP)<br />

Yussef Daibert Salomão <strong>de</strong> Campos (UFG)<br />

Monitores<br />

Anna Beatrice Rocha<br />

Giovana Martins Brito<br />

Ívina Ferreira Bernardino<br />

Júlia Melo Ribeiro<br />

Lucas Netto da Costa<br />

Luís Roberto da Silva Cruz<br />

Marina Coelho<br />

Michaela Cristina Santiago Mario<br />

Ramon Gonçalves<br />

Ramon Soares Gonçalves<br />

Vanessa Ferreira Lopes<br />

Secretaria Andreia Karla Grisendi<br />

Logo Nathalia Duque<br />

Diagramação Marina Coelho e Nadia Ribeiro<br />

Comissão Organizadora<br />

Alexandre Augusto da Costa<br />

Amanda Ferreira<br />

Carolina Martins Saporetti<br />

Edna Maria das Graças Cannobietti<br />

Jessica Mazzini Men<strong>de</strong>s<br />

Julia <strong>de</strong> Souza Bermond<br />

Kathia Espinoza Maurtua<br />

Leonardo B. Castriota<br />

Marcos Olen<strong>de</strong>r<br />

Mariana Cunha <strong>de</strong> Faria<br />

Marina Coelho<br />

Max A. Men<strong>de</strong>s Lira<br />

Nadia <strong>de</strong> Paula Ribeiro<br />

Natália Rocha Moreira <strong>de</strong> S. Costa<br />

Rafael <strong>de</strong> Souza Bertante<br />

Rodrigo Christofoletti<br />

Thiago Tavares Rodrigues<br />

Ficha Técnica


I Congresso Internacional Gestão dos<br />

Patrimônios da Humanida<strong>de</strong> Urbanos:<br />

<strong>de</strong>safios e riscos da preservação<br />

I Simpósio Internacional: Patrimônios da<br />

Humanida<strong>de</strong> Mineiros no Contexto<br />

Internacional<br />

Realização:


APRESENTAÇÃO<br />

O Laboratório <strong>de</strong> Patrimônios Culturais – LAPA da UFJF, o ICOMOS<br />

Brasil e o Grupo <strong>de</strong> Pesquisa Patrimônio e Relações Internacionais - CNPq<br />

apresentam o <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos do I Congresso Internacional Gestão<br />

dos Patrimônios da Humanida<strong>de</strong> Urbanos: <strong>de</strong>saos e riscos da preservação<br />

e I Simpósio Internacional: Patrimônios da Humanida<strong>de</strong> Mineiros no<br />

Contexto Internacional encontro que objetiva lançar luz sobre o estado da<br />

arte da preservação dos patrimônios da humanida<strong>de</strong> urbanos chancelados<br />

até o presente momento. A escolha dos temas presentes respon<strong>de</strong> às<br />

<strong>de</strong>mandas que vem se avolumando nos últimos anos, fruto <strong>de</strong> uma<br />

conscientização mais responsável por parte dos diversos atores<br />

preservacionistas, bem como da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r melhor as<br />

dinâmicas, discursos e práticas <strong>de</strong> salvaguarda <strong>de</strong>sses patrimônios da<br />

humanida<strong>de</strong> urbanos, sobretudo diante das ameaças cada vez mais<br />

presentes que rondam sua manutenção, conservação e preservação. Este<br />

ca<strong>de</strong>rno busca potencializar a troca <strong>de</strong> experiências sobre a gestão do<br />

patrimônio mundial alocado em território brasileiro, com especial atenção<br />

àqueles localizados no estado <strong>de</strong> Minas Gerais e experiências similares em<br />

âmbito internacional, enfatizando a compreensão dos processos <strong>de</strong> sua<br />

salvaguarda e difusão. Nesse sentido, compila o que <strong>de</strong> mais<br />

contemporâneo tem sido discutido e revela parte signicativa do estado da<br />

arte da preservação e gestão dos patrimônios da humanida<strong>de</strong> brasileiros e<br />

estrangeiros discutidos nos seis eixos temáticos do congresso/simpósio.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos |<br />

4


Organismos nacionais e internacionais <strong>de</strong> preservação –<br />

UNESCO/ICOMOS/IPHAN: ações e reflexões<br />

19/09/<strong>2019</strong><br />

O excepcional universal do Patrimônio brasileiro: o caso da candidatura da<br />

re<strong>de</strong> seriada <strong>de</strong> forticações a partir <strong>de</strong> dois bens paulistas.<br />

Conjunto <strong>de</strong> forticações coloniais do Brasil indicado para o patrimônio<br />

cultural da humanida<strong>de</strong>: aspectos históricos e construtivos<br />

A Paisagem Urbana Histórica (HUL) como método <strong>de</strong> abordagem da<br />

gestão das cida<strong>de</strong>s Patrimônio da Humanida<strong>de</strong> em Minas Gerais<br />

Panorama do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das cida<strong>de</strong>s históricas e<br />

patrimônio cultural da humanida<strong>de</strong> em Minas Gerais<br />

Carta Manifesto do Fórum Permanente <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> das Cida<strong>de</strong>s<br />

Históricas <strong>de</strong> Minas Gerais - Edição 2018-2 – Januária/Peruaçu<br />

A construção do observatório do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das<br />

cida<strong>de</strong>s históricas <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

simpósio temático 1<br />

pág17<br />

| <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


SUMÁRIO<br />

Organismos nacionais e internacionais <strong>de</strong> preservação –<br />

UNESCO/ICOMOS/IPHAN: ações e reflexões<br />

19/09/<strong>2019</strong><br />

O excepcional universal do Patrimônio brasileiro: o caso da candidatura da re<strong>de</strong><br />

seriada <strong>de</strong> forticações a partir <strong>de</strong> dois bens paulistas.<br />

Conjunto <strong>de</strong> forticações coloniais do Brasil indicado para o patrimônio cultural<br />

da humanida<strong>de</strong>: aspectos históricos e construtivos<br />

A Paisagem Urbana Histórica (HUL) como método <strong>de</strong> abordagem da gestão das<br />

cida<strong>de</strong>s Patrimônio da Humanida<strong>de</strong> em Minas Gerais<br />

Panorama do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das cida<strong>de</strong>s históricas e patrimônio<br />

cultural da humanida<strong>de</strong> em Minas Gerais<br />

Carta Manifesto do Fórum Permanente <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> das Cida<strong>de</strong>s<br />

Históricas <strong>de</strong> Minas Gerais - Edição 2018-2 – Januária/Peruaçu<br />

A construção do observatório do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das cida<strong>de</strong>s<br />

históricas <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

simpósio temático 1<br />

pág17<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos |


Organismos nacionais e internacionais <strong>de</strong> preservação<br />

– UNESCO/ICOMOS/IPHAN: ações e reflexões<br />

20/09/<strong>2019</strong><br />

O Iphan olhando para fora: relações internacionais na<br />

preservação do patrimônio nacional<br />

A (<strong>de</strong>s)construção da paisagem cultural do conjunto<br />

mo<strong>de</strong>rno da Pampulha<br />

Diplomacia cultural brasileira e o simbolismo do reconhecimento do<br />

Cais do Valongo como patrimônio mundial pela UNESCO<br />

Um sonho brasileiro embalado pelo mundo: Análise histórica do processo<br />

<strong>de</strong> consagração do Conjunto Urbano <strong>de</strong> Brasília como Patrimônio<br />

Mundial pela UNESCO (1986-1987)<br />

Israel na UNESCO: Patrimônio da Humanida<strong>de</strong> e política (1999-<strong>2019</strong>)<br />

Varsóvia: reconstrução e resistência no pós-guerra (1950-1980)<br />

simpósio temático 1<br />

pág17<br />

| <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


SUMÁRIO<br />

Turismo em patrimônios da humanida<strong>de</strong><br />

19/09/<strong>2019</strong><br />

Diamantina: o turismo na cida<strong>de</strong> Patrimônio Cultural da<br />

Humanida<strong>de</strong><br />

O Turismo como premissa <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> econômica do<br />

patrimônio cultural: um estudo <strong>de</strong> caso em Ouro Preto - MG<br />

Turismo em Ouro Preto (MG): para além da pedra e cal<br />

Los medios digitales en <strong>de</strong>fensa <strong>de</strong>l patrimonio cultural<br />

Panorama da gestão do patrimônio nas Missões Jesuítico-Guaraní<br />

simpósio temático 2<br />

pág31<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos |


Turismo em patrimônios da humanida<strong>de</strong><br />

20/09/<strong>2019</strong><br />

Turismo em Brasília: a cida<strong>de</strong> patrimônio do século XX (re)<strong>de</strong>scobre seu<br />

patrimônio imaterial escondido<br />

A positivação <strong>de</strong> intervenções físicas no Centro Histórico <strong>de</strong> Salvador- BA<br />

através do discurso sobre o turismo<br />

O projeto Passados Presentes: memória da escravidão no Brasil<br />

(www.passadospresentes.com.br) e o turismo <strong>de</strong> memória sensível no<br />

Valongo /Pequena África.<br />

Descobrindo a paisagem do Degredo: metodologia do trabalho interativo<br />

com recursos viáveis para a gestão <strong>de</strong> pequenos municipios.<br />

simpósio temático 2<br />

pág31<br />

| <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


SUMÁRIO<br />

Legislação e fiscalização <strong>de</strong> preservação dos<br />

patrimônios em âmbito nacional e internacional<br />

19/09/<strong>2019</strong><br />

Título: Legislação e scalização <strong>de</strong> preservação dos patrimônios<br />

em âmbito nacional e internacional.<br />

O controle da circulação <strong>de</strong> patrimônio móvel nacional<br />

Título: Legislação sobre Proteção <strong>de</strong> Bens Culturais: um estudo<br />

comparado entre Brasil e Itália<br />

Planos Municipais <strong>de</strong> Cultura no Fortalecimento <strong>de</strong> Políticas Públicas para a<br />

Preservação do Patrimônio Cultural: um estudo <strong>de</strong> caso <strong>de</strong> Itabirito – MG.<br />

O Clube <strong>de</strong> Vizinhança e a gestão sustentável do patrimônio cultural:<br />

aspectos da legislação e implicações <strong>de</strong>sta aplicação<br />

A preservação do patrimônio ferroviário em Barra do Piraí/RJ<br />

Experiências nacionais da utilização da transferência do direto <strong>de</strong> construir<br />

como importante instrumento <strong>de</strong> salvaguarda do patrimônio cultural<br />

simpósio temático 3<br />

pág41<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos |


Experiências brasileiras <strong>de</strong> preservação do<br />

patrimônio mundial<br />

19/09/<strong>2019</strong><br />

A gestão do patrimônio arqueológico dos patrimônios da humanida<strong>de</strong><br />

urbanos: o caso da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás – Go. Experiências e<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> preservação.<br />

Arqueo-Educação Sergipe d'El Rey: Experiência <strong>de</strong><br />

Interpretação do Patrimônio<br />

Conjunto mo<strong>de</strong>rno da Pampulha: reexões sobre as complexida<strong>de</strong>s e<br />

contradições para a gestão <strong>de</strong> uma paisagem cultural da humanida<strong>de</strong><br />

As religiões <strong>de</strong> matriz afro-brasileira São Cristóvão, Sergipe: das políticas<br />

patrimoniais às <strong>de</strong>mandas por direitos sociais<br />

O tombamento e a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação da natureza como<br />

instrumentos <strong>de</strong> gestão do patrimônio mundial: o caso da Serra<br />

dos Cristais – Diamantina/MG<br />

O Comitê Gestor das Paisagens Cariocas: entre a experiência,<br />

os <strong>de</strong>saos e as perspectivas.<br />

simpósio temático 4<br />

pág49<br />

| <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


SUMÁRIO<br />

Legislação e fiscalização <strong>de</strong> preservação dos<br />

patrimônios em âmbito nacional e internacional<br />

20/09/<strong>2019</strong><br />

Patrimônio Cultural, Megaeventos e a cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

A (<strong>de</strong>s)continuida<strong>de</strong> das políticas públicas <strong>de</strong> patrimônio cultural:<br />

um olhar sobre o Horto Botânico <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

O patrimônio imaterial indígena brasileiro: reexões<br />

necessárias acerca dos direitos e da cura<br />

Do <strong>de</strong>clínio a patrimônio da humanida<strong>de</strong>: a trajetória <strong>de</strong><br />

dois fortes da Baixada Santista<br />

simpósio temático 4<br />

pág49<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos |


Patrimônio da humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais – disputas<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e memórias<br />

19/09/<strong>2019</strong><br />

Disputa do imaginário social na Cida<strong>de</strong> dos Profetas: conitos, meio<br />

ambiente e patrimônio em Congonhas (1985- <strong>2019</strong>)<br />

Nos veios da pedra: Limites e potencialida<strong>de</strong>s do Museu <strong>de</strong><br />

Congonhas na preservação da memória<br />

Formas mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> sacralizar a “arte” do Patrimônio:<br />

olhares sobre Ouro Preto<br />

Cartograas sonoras <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s atingidas por barragens<br />

<strong>de</strong> minérios em Minas Gerais<br />

Desastre, memória e sociabilida<strong>de</strong> em Mariana – MG<br />

A mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no próximo trem: Usos da memória e construções<br />

narrativas sobre a paisagem cultural e o patrimônio cultural na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cataguases (MG)<br />

simpósio temático 5<br />

pág59<br />

| <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


SUMÁRIO<br />

Patrimônio da humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais – disputas<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e memórias<br />

20/09/<strong>2019</strong><br />

Disputas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na apropriação e legitimação social no patrimônio<br />

cultural em Mariana-MG<br />

A estrada Degradada: a relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que exclui parte da memória <strong>de</strong><br />

Minas Gerais<br />

“Passadas as festivida<strong>de</strong>s, as responsabilida<strong>de</strong>s”: conitos urbanísticos em<br />

Ouro Preto após a chancela <strong>de</strong> Patrimônio da Humanida<strong>de</strong><br />

Os dois rosários: o processo <strong>de</strong> embranquecimento da Igreja <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora do Rosário da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás (1734-1950)<br />

As potencialida<strong>de</strong>s dos jogos para o aprendizado da História e do<br />

Patrimônio Cultural<br />

O acervo virtual do Memorial da Anistia política do Brasil como<br />

patrimônio documental<br />

simpósio temático 5<br />

pág59<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos |


Riscos e ameaçadas do patrimônio da humanida<strong>de</strong><br />

19/09/<strong>2019</strong><br />

Saqueadores do patrimônio <strong>de</strong>vocional<br />

Entre diálogos e disputas: repatriação e restituição <strong>de</strong> bens<br />

culturais no Brasil<br />

Mo<strong>de</strong>rnidad, Huacas y excavaciones en la Costa peruana<br />

durante el siglo XVIII<br />

Às sombras do patrimônio da humanida<strong>de</strong><br />

O corredor da vitória no jornal A TARDE Uma análise da inuência da<br />

comunicação na preservação do patrimônio<br />

Construção da signicância cultural do Edifício se<strong>de</strong> do TRF da 1ª região<br />

“Retratos da gestão dos sítios culturais do patrimônio mundial no<br />

Brasil: riscos e <strong>de</strong>saos”<br />

Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás (GO): política urbana e patrimônio histórico<br />

Patrimônio imaterial e o risco do esquecimento: Os cristãos<br />

escondidos <strong>de</strong> Nagasaki<br />

simpósio temático 6<br />

pág73<br />

| <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


SUMÁRIO<br />

18/09/<strong>2019</strong><br />

Restauração do Santuário da Santíssima Trinda<strong>de</strong> e a preservação da fé,<br />

da cultura e do patrimônio edicado.<br />

Resgate <strong>de</strong> ofícios tradicionais: das fazendas cafeeiras da Zona da Mata<br />

mineira à formação para o patrimônio sustentável.<br />

O risco <strong>de</strong> incêndio iminente nas edicações geminadas <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

A preservação da memória em São José das Três Ilhas pelo olhar da<br />

Igreja Matriz <strong>de</strong> São José: patrimônio local com problemas universais<br />

O Bioclimatismo e a sustentabilida<strong>de</strong> aplicados à bens patrimoniais<br />

Paisagens do Degredo: potencial turístico do colar<br />

metropolitano do Vale do Aço<br />

pág83<br />

apresentação<br />

dos banners<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos |


SIMPÓSIO TEMÁTICO 1<br />

Organismos nacionais e<br />

internacionais <strong>de</strong> preservação<br />

– UNESCO/ICOMOS/IPHAN:<br />

ações e reflexões


O excepcional universal do Patrimônio brasileiro:<br />

o caso da candidatura da re<strong>de</strong> seriada <strong>de</strong><br />

fortificações a partir <strong>de</strong> dois bens paulistas.<br />

Haroldo Gallo,<br />

Doutor – UNICAMP<br />

haroldogallo@uol.com.br<br />

Olívia M. Buscariolli<br />

Mestre – IPHAN-SP<br />

oliviabuscariolli@gmail.com<br />

Fernanda Biondo<br />

ferbiondo@gmail.com<br />

Este artigo relatará o atual estágio da construção da narrativa para submissão à UNESCO da candidatura<br />

para reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> composta <strong>de</strong> 19 forticações, já<br />

<strong>de</strong>claradas como patrimônio histórico nacional distribuídas por 10 estados do país, agora entendidas como bem<br />

seriado que conforma um patrimônio comum partilhado entre todos os países. Dentre elas será aqui estudado<br />

o caso das duas forticações paulistas, a Fortaleza <strong>de</strong> Santo Amaro da Barra Gran<strong>de</strong> no Guarujá e o Forte <strong>de</strong> São<br />

João <strong>de</strong> Bertioga, ambas originárias no século XVI. Essa ação, <strong>de</strong> iniciativa e gestão do IPHAN, se enquadra na<br />

Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, <strong>de</strong>nida pela ONU em 1972 e respaldase<br />

na evidência <strong>de</strong> que, apesar das quase cinco décadas <strong>de</strong> existência da Convenção, a maioria dos sítios hoje<br />

reconhecidos se concentra nos países mais <strong>de</strong>senvolvidos, implicando em uma lacuna <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> do<br />

patrimônio das diversas regiões do mundo. Também se justica especialmente pela constatação <strong>de</strong> um atual<br />

“animus” da Unesco <strong>de</strong> que as cida<strong>de</strong>s históricas já estejam sucientemente representadas, sendo necessário<br />

esten<strong>de</strong>r agora a atenção daquele organismo internacional para bens culturais outros, <strong>de</strong>ntre os quais, enten<strong>de</strong>se<br />

aqui, esteja incluída como bem seriado a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> forticações brasileiras, duas <strong>de</strong>las em território paulista.<br />

Torna-se, então, essencial que esses bens reitam a riqueza e diversida<strong>de</strong> cultural e natural existente no<br />

território, <strong>de</strong> forma a contribuir para a compreensão do processo civilizatório da Humanida<strong>de</strong>, o que será o eixo<br />

central <strong>de</strong>ssa narrativa. Para a comunida<strong>de</strong> paulista trata-se <strong>de</strong> importantes elementos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

pertencimento, uma vez que não existem outros artefatos construídos <strong>de</strong> “valor universal excepcional” em seu<br />

território que tenham sido tombados pela UNESCO. Para tanto, o IPHAN instituiu em 2018 um Comitê<br />

Técnico composto por representações institucionais, das municipalida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s, para o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> diretrizes, conceitos e <strong>de</strong>mais ações para a elaboração do dossiê técnico referente às<br />

forticações brasileiras citadas. Cabe, portanto ao Comitê, <strong>de</strong>ntre outras atribuições, produzir as consultas<br />

necessárias aos setores correspon<strong>de</strong>ntes, com vistas à obtenção das informações pertinentes para a<br />

caracterização, <strong>de</strong>limitação, explicitação e <strong>de</strong>fesa dos valores universais excepcionais dos componentes do bem<br />

seriado. Além do relato do estágio atual dos trabalhos <strong>de</strong>sse Comitê, os dois bens patrimoniais serão aqui<br />

cotejados com os critérios xados pela Unesco para o reconhecimento e <strong>de</strong>claração pretendidos, objetivando<br />

<strong>de</strong>stacar e rever criticamente seus valores locais/regionais e nacionais esten<strong>de</strong>ndo-os à uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> signicados<br />

culturais mundial compartilhada com todos os países, bem como avaliar as ações <strong>de</strong> proteção e conservação.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 18


Conjunto <strong>de</strong> fortificações coloniais do Brasil indicado<br />

para o patrimônio cultural da humanida<strong>de</strong>: aspectos<br />

históricos e construtivos<br />

Elcio Rogério Secomandi<br />

Coronel <strong>de</strong> Artilharia RF– Doutorado em Ciências Militares pela Escola <strong>de</strong><br />

Comando e Estado-Maior do Exército Economista,<br />

Pós-Graduação em Administração pela Fundação Getúlio Vargas.<br />

Professor Emérito da Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Santos.<br />

Instituição que representa: Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> História Militar Terrestre do Brasil,<br />

Delegacia Virtual Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Leopoldo.<br />

ersecomandi@gmail.com<br />

Nosso interesse em participar <strong>de</strong> seminários e congressos, nacionais e internacionais, representando a<br />

Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> História Militar Terrestre do Brasil com o tema Conjunto <strong>de</strong> Forticações Coloniais do Brasil<br />

indicado para o Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong>, está relacionado com a divulgação do valor simbólico da<br />

Arquitetura & Engenharia Militar do período colonial. A justicativa para a apresentação <strong>de</strong> alguns aspectos<br />

históricos relevantes – <strong>de</strong>stacando a importância das forticações para a formação da nossa nacionalida<strong>de</strong> – e<br />

<strong>de</strong> suas diferentes técnicas construtivas está na falta <strong>de</strong> esclarecimento/divulgação junto à socieda<strong>de</strong> civil sobre a<br />

importância do “pertencimento” – ou seja, no valor simbólico das forticações coloniais erguidas para “repelir<br />

inimigos” e que hoje, obsoletas para ns militares, se abrem para “receber amigos”. E, o momento é oportuno<br />

pois o Governo do Brasil indicou um conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenove (19) forticações coloniais para concorrer, como<br />

bem seriado, ao título <strong>de</strong> Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong> pela UNESCO – Organização das Nações<br />

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. O tema será <strong>de</strong>senvolvido em quatro tópicos sequenciais: A -<br />

Relatos históricos e construtivos: A1) as forticações a Leste da linha imaginária <strong>de</strong> Tor<strong>de</strong>silhas (séculos XVI e<br />

XVII), A2) as forticações construídas no século XVIII, a Oeste da referida linha imaginária e A3) as forticações<br />

no limite Sul da linha imaginária <strong>de</strong> Tor<strong>de</strong>silhas (Século XVIII); B - Um “mo<strong>de</strong>lo” singular <strong>de</strong> processo <strong>de</strong><br />

restauração; C - Novos usos do Patrimônio Cultural <strong>de</strong> origem militar; e, D - Resultados e Discussão. Encerrase<br />

esta proposição com algumas conclusões pessoais e referências bibliográcas.<br />

19 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


A Paisagem Urbana Histórica (HUL) como método <strong>de</strong><br />

abordagem da gestão das cida<strong>de</strong>s Patrimônio da<br />

Humanida<strong>de</strong> em Minas Gerais<br />

Guilherme Maciel Araújo<br />

Especialista em Revitalização Urbana e Arquitetura / UFMG Especialista em<br />

Planejamento Ambiental Urbano / PUC Minas Mestre em Ambiente Construído e<br />

Patrimônio Sustentável / UFMG Membro do ICOMOS Brasil<br />

guilhermemacara@gmail.com<br />

A partir <strong>de</strong> evidências atuais, preten<strong>de</strong>-se discutir a preservação das cida<strong>de</strong>s Patrimônio Mundial em<br />

Minas Gerais <strong>de</strong> uma integrada aos instrumentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social e econômico, bem como aliada aos<br />

pressupostos do uso sustentável dos recursos territoriais pelas gerações atuais e futuras. Como se sabe, a<br />

metodologia <strong>de</strong> abordagem da Paisagem Urbana Histórica (Historic Urban Landscape Approach - HUL) tem<br />

sua origem no aprofundamento da prática e da reexão <strong>de</strong> preservação urbana. Percebe-se que a temática do<br />

patrimônio urbano vem se tornando uma discussão especíca no campo do patrimônio, exigindo novos<br />

conceitos e metodologias <strong>de</strong> abordagem em função <strong>de</strong> sua natureza dinâmica e mutável. Nesse contexto, a<br />

HUL po<strong>de</strong> ser vista como mais noção <strong>de</strong>senvolvida ao longo dos anos para oferecer algumas respostas aos<br />

<strong>de</strong>saos colocados para as cida<strong>de</strong>s. O ano <strong>de</strong> 2005 foi marcado pela divulgação do Memorando <strong>de</strong> Viena, como<br />

resultado <strong>de</strong> um encontro <strong>de</strong> especialistas que visava as alternativas para as pressões pelo <strong>de</strong>senvolvimento que<br />

vinham atingindo os centros históricos e áreas urbanas no mundo contemporâneo. As conclusões do encontro<br />

indicavam a emergência da HUL como uma leitura da ecologia humana, oferecendo uma metodologia para<br />

superar a prática ancorada na preservação <strong>de</strong> edicações e objetos xos, apontando rumo ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável e para um conceito mais abrangente <strong>de</strong> espaço urbano. Após discussões, em especial, a ocorrida em<br />

2008 na se<strong>de</strong> da UNESCO em Paris, foi elaborado um relatório que daria a base para a nova Recomendação do<br />

ICOMOS. Enten<strong>de</strong>-se que a HUL seria uma i<strong>de</strong>ia, uma maneira <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a cida<strong>de</strong> como um resultado <strong>de</strong><br />

processos naturais, culturais e socioeconômicos, que a constroem no espaço, no tempo e na experiência<br />

humana. Em 2010, no documento preliminar da Recomendação, reforçam-se os <strong>de</strong>saos trazidos à<br />

preservação do patrimônio urbano: a rápida urbanização ameaçando o sentido <strong>de</strong> lugar e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das<br />

comunida<strong>de</strong>s; o <strong>de</strong>senvolvimento urbano <strong>de</strong>scontrolado e sem qualida<strong>de</strong>s; a intensida<strong>de</strong> e velocida<strong>de</strong> das<br />

mudanças, incluindo o aquecimento global; e, por m, o consumo insustentável <strong>de</strong> recursos. O patrimônio<br />

urbano, com sua base territorial, <strong>de</strong>ve ser interpretado à luz da noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, que compreen<strong>de</strong> a<br />

formação <strong>de</strong> consensos ou <strong>de</strong> negociações sobre o uso dos recursos naturais e culturais que afetam a existência<br />

da socieda<strong>de</strong> contemporânea, bem como as futuras gerações. Como aponta a Recomendação <strong>de</strong> 2011, a<br />

metodologia <strong>de</strong> abordagem HUL tem como objetivo a preservação da qualida<strong>de</strong> do ambiente humano,<br />

melhorando o uso produtivo e sustentável do espaço urbano, reconhecendo seu caráter dinâmico, bem como<br />

promovendo sua diversida<strong>de</strong> social e funcional. Além disso, essa metodologia <strong>de</strong> abordagem pressupõe a ampla<br />

participação da socieda<strong>de</strong> civil nas <strong>de</strong>cisões sobre a preservação do patrimônio das cida<strong>de</strong>s, incluindo suas<br />

percepções e valores. Nesse sentido, conclui-se que a metodologia <strong>de</strong> abordagem HUL oferece um caminho<br />

para se pensar a preservação das cida<strong>de</strong>s Patrimônio Mundial em Minas Gerais.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 20


Panorama do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das cida<strong>de</strong>s<br />

históricas e patrimônio cultural da humanida<strong>de</strong> em<br />

Minas Gerais<br />

Paulo <strong>de</strong> Castro Vieira<br />

Doutor em Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela<br />

UFMG, Professor do Departamento <strong>de</strong> Engenharia<br />

Urbana da UFOP<br />

paulovieira@ufop.edu.br<br />

Bárbara Cristina Mendanha Reis<br />

Doutoranda em Engenharia <strong>de</strong> Produção pela UFMG,<br />

Professora do Departamento <strong>de</strong> Engenharia<br />

Urbana da UFOP<br />

barbara.reis@ufop.edu.br<br />

Daniela Nascimento<br />

Graduanda em Engenharia Ambiental pela UFOP<br />

Iago Guimarães Ribeiro, Graduando em Engenharia<br />

Ambiental pela UFOP<br />

Aline Bernar<strong>de</strong>s, Jornalista pela UFRS e Graduanda em<br />

Turismo pela UFOP<br />

Este estudo avaliou o panorama do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das Cida<strong>de</strong>s Históricas <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais (CHMG), <strong>de</strong>stacando aquelas com título <strong>de</strong> Patrimônios Culturais da Humanida<strong>de</strong>: Congonhas,<br />

Diamantina e Ouro Preto. Trata-se dos estudos apresentados no âmbito do Fórum Permanente <strong>de</strong><br />

Sustentabilida<strong>de</strong> das CHMG. O conjunto <strong>de</strong> dados <strong>de</strong>ste trabalho - indicadores <strong>de</strong> políticas sociais, ambientais,<br />

econômicas e institucionais - foi levantado a partir <strong>de</strong> dados secundários (IBGE, Ministério do Meio Ambiente e<br />

Ministério da Fazenda) e analisados a partir <strong>de</strong> estratos populacionais <strong>de</strong> 20 mil habitantes a partir da estatística<br />

<strong>de</strong>scritiva. 50% das CHMG possuíam população <strong>de</strong> até 40 mil habitantes sendo que 90% <strong>de</strong>las apresentavam<br />

população inferior à 100 mil habitantes em 2018. A população média urbana foi superior a 83%, semelhante à<br />

média nacional, com exceção, as cida<strong>de</strong>s que possuíam população <strong>de</strong> até 20 mil habitantes (média <strong>de</strong> 67,5%).<br />

O valor médio <strong>de</strong> 90,33% caracterizou Congonhas, Diamantina e Ouro Preto como predominantemente<br />

urbanas. Quanto o quadro econômico, o PIB per capita médio em 2016 não apresentou correlação para as<br />

faixas <strong>de</strong> população estudadas. Obteve-se os valores mínimo <strong>de</strong> R$17.048 (60 a 80 mil habitantes) e máximo <strong>de</strong><br />

R$28.629 (40 a 60 mil habitantes), sendo que os valores médios estiveram inferiores ao valor médio do país<br />

(R$30.407).Todavia, as três cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stacadas obtiveram valor médio superior (R$34.845).Dentre os<br />

indicadores ambientais, vericou-se que a distribuição <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação Existentes em <strong>2019</strong> não<br />

apresentava um padrão em relação ao tamanho populacional dos municípios uma vez que estas foram<br />

i<strong>de</strong>nticadas em todos as cida<strong>de</strong>s. De maneira semelhante, o esgotamento sanitário a<strong>de</strong>quado urbano não<br />

apresentou uma correlação signicativa com a faixa populacional, sendo que os menores e maiores valores<br />

médios foram <strong>de</strong> 50% (60 a 80 mil habitantes) e 88% (>100 mil habitantes). Das cida<strong>de</strong>s patrimônios da<br />

humanida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>staque, apenas Diamantina possuía tratamento <strong>de</strong> esgotos em áreas urbanas. Para o<br />

indicador população ocupada- dimensão social- em 2017 os valores médios variaram <strong>de</strong> 14,6% (60 a 80 mil<br />

habitantes) a 24,8% (80 a 100 mil habitantes), sendo que Congonhas, Diamantina e Ouro Preto apresentaram<br />

os percentuais <strong>de</strong> 33,9%, 20,9% e 25,8%, respectivamente. O salário médio mensal dos trabalhadores formais<br />

em 2017 variou <strong>de</strong> 1,7 (60 a 80 mil habitantes) a 2,55 (80 a 100 mil habitantes) sendo que Congonhas,<br />

Diamantina e Ouro Preto apresentaram os valores <strong>de</strong> 2,9, 3,0 e 3,1, respectivamente. A<strong>de</strong>mais, do conjunto <strong>de</strong><br />

municípios amostrado 81% possuía Política Municipal e 75% o Fundo Municipal <strong>de</strong> Cultura em 2014, sendo<br />

menos ocorrentes nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> até 20 mil habitantes. Congonhas, Diamantina e Ouro Preto possuíam na<br />

ocasião ambos instrumentos, no entanto, o plano municipal <strong>de</strong> cultura encontrava-se em elaboração em 2014.<br />

Destaca-se o indicador <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas per capita com cultura <strong>de</strong> Congonhas em 2015 - R$138/habitante- um dos<br />

cinco maiores obtidos <strong>de</strong>ntre as cida<strong>de</strong>s históricas e em média 58% superior a Diamantina e Ouro Preto. Por<br />

m, observou-se que as condições <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> das CHMG necessitam melhorar a eciência da gestão<br />

<strong>de</strong>stas políticas públicas que relacionam fortemente com o patrimônio histórico.<br />

21 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Carta Manifesto do Fórum Permanente <strong>de</strong><br />

Sustentabilida<strong>de</strong> das Cida<strong>de</strong>s Históricas <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais - Edição 2018-2 – Januária/Peruaçu<br />

Petrônio Souza<br />

Jornalista e assessor <strong>de</strong> Imprensa da Associação das Cida<strong>de</strong>s Históricas <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

petroniosouzagoncalves@gmail.com<br />

A Edição 2018-2 do Fórum Permanente <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> das Cida<strong>de</strong>s Históricas <strong>de</strong> Minas Gerais foi<br />

realizada no município <strong>de</strong> Januária e no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu nos dias 30 <strong>de</strong> novembro e 1 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2018, por meio da parceria entre a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, a Associação das<br />

Cida<strong>de</strong>s Históricas <strong>de</strong> Minas Gerais, a Cátedra da UNESCO-UFOP (Água, Mulheres e Desenvolvimento) e os<br />

<strong>de</strong>mais apoiadores e participantes, contando ainda com a participação no Circuito Urbano 2018 da ONU-<br />

HABITAT. Esta edição do fórum teve como objetivo manifestar-se a respeito dos marcos referenciais para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável das Cida<strong>de</strong>s Históricas <strong>de</strong> Minas Gerais e <strong>de</strong>bater a importância do<br />

reconhecimento e da sustentabilida<strong>de</strong> dos Sítios Arqueológicos e Recursos Naturais do Parque Nacional<br />

Cavernas do Peruaçu, que abrange os municípios <strong>de</strong> Januária, Itacarambi e São João das Missões. A proposição<br />

comum a respeito do primeiro tema <strong>de</strong>sta edição, foi a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporação dos Objetivos do<br />

Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Para que isso ocorra, esses objetivos e suas metas<br />

precisam estar presentes nas agendas das políticas públicas municipais das Cida<strong>de</strong>s Históricas. Assim, as<br />

recomendações especícas alinhados as metas dos ODS foram: (1) estruturar e implementar planos <strong>de</strong> governo<br />

municipais como os planos <strong>de</strong> metas, alinhados com as metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável;<br />

(2) apresentar periodicamente nas edições do fórum o panorama do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das cida<strong>de</strong>s<br />

históricas; (3) institucionalizar e executar programas municipais <strong>de</strong> habitações <strong>de</strong> interesse social – atendimento<br />

à meta 11.1 dos ODS; (4) revisar, ampliar e sustentar os instrumentos urbanísticos contemplando a inclusão e a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> nos planos diretores – atendimento à meta 11.3 dos ODS; (5) fortalecer e oferecer novos<br />

programas <strong>de</strong> apoio aos municípios para a recuperação, restauro e qualicação <strong>de</strong> conjuntos urbanos e<br />

monumentos históricos protegidos pelo IPHAN, IEPHA e UNESCO – atendimento à meta 11.4 dos ODS; (6)<br />

implementar ações efetivas para o fortalecimento da governança da gestão <strong>de</strong> riscos em áreas urbanas –<br />

atendimento à meta 11.5 e 11.b dos ODS e; (7) priorizar nas agendas públicas dos municípios o apoio ao<br />

turismo sustentável como ferramenta para alavancar a economia, a inclusão social e a proteção do meio<br />

ambiente - atendimento à meta 8.9 e 12.b dos ODS. O tema regional <strong>de</strong>sta edição do Fórum tratou sobre o<br />

Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e sua potencialida<strong>de</strong> como agente indutor do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável do norte <strong>de</strong> Minas Gerais. O painel e o minicurso, assim como as ativida<strong>de</strong>s práticas nas cavernas do<br />

Peruaçu, contribuíram para <strong>de</strong>bater sobre a importância natural e arqueológica do local, em toda a sua<br />

complexida<strong>de</strong> natural e histórica, a qual contribui com registros para a história da humanida<strong>de</strong> e para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável regional. Dentre as proposições, listadas a partir das ativida<strong>de</strong>s realizadas no<br />

Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 22


A construção do observatório do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável das cida<strong>de</strong>s históricas <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Paulo <strong>de</strong> Castro Vieira<br />

Doutor em Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela<br />

UFMG, Professor do Departamento <strong>de</strong> Engenharia<br />

Urbana da UFOP<br />

paulovieira@ufop.edu.br<br />

Aline Dias Bernar<strong>de</strong>s<br />

Jornalista pela UFRGS e Graduanda em Turismo pela<br />

UFOP<br />

Daniella Nascimento<br />

Graduanda em Engenharia Ambiental pela UFOP<br />

Bárbara Cristina Mendanha Reis, Doutoranda em<br />

Engenharia <strong>de</strong> Produção pela UFMG, Professora do<br />

Departamento <strong>de</strong> Engenharia Urbana da UFOP<br />

barbara.reis@ufop.edu.br<br />

Petrônio Souza Gonçalves<br />

Jornalista pela UFMG, Assessor <strong>de</strong> Comunicação da<br />

ACHMG<br />

petroniosouzagoncalves@gmail.com<br />

Mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o patrimônio histórico tombado no país pelo Instituto do Patrimônio Histórico<br />

e Artístico Nacional (IPHAN) encontra-se em 32 cida<strong>de</strong>s do estado <strong>de</strong> Minas Gerais, sendo que três <strong>de</strong>stas<br />

cida<strong>de</strong>s (Ouro Preto, Congonhas e Diamantina) possuem bens com o título <strong>de</strong> Patrimônio Cultural da<br />

Humanida<strong>de</strong> pela UNESCO. Diante dos <strong>de</strong>saos inerentes ao processo <strong>de</strong> urbanização foi criado o Fórum<br />

Permanente <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> das Cida<strong>de</strong>s Históricas <strong>de</strong> Minas Gerais. O fórum, cujo propósito é colaborar<br />

com políticas públicas voltadas ao <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e à resiliência <strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s históricas mineiras,<br />

é resultado da parceria entre a UFOP, por meio da sua Cátedra da UNESCO (Águas, Mulheres e<br />

Desenvolvimento) e a Associação <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s Históricas <strong>de</strong> Minas Gerais (ACHMG); a cada edição outros<br />

parceiros são aglutinados em função da temática <strong>de</strong>batida. Dentre as ações <strong>de</strong>ste instrumento social, <strong>de</strong>staca-se<br />

o Observatório do Desenvolvimento Sustentável nas Cida<strong>de</strong>s Históricas, cujo propósito é subsidiar o <strong>de</strong>bate a<br />

partir <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> indicadores alinhados com as metas dos planos municipais e dos Objetivos do<br />

Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Nesse sentido, este trabalho tem como<br />

objetivo estruturar para esse Observatório os aspectos metodológicos para a seleção <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />

indicadores <strong>de</strong> políticas públicas das áreas sociais, econômicas e ambientais. A <strong>de</strong>nição do conjunto <strong>de</strong><br />

indicadores será estabelecida a partir do método <strong>de</strong> consulta Delphi, conforme as etapas: (1ª) <strong>de</strong>nição dos<br />

marcos orientadores da temática <strong>de</strong>senvolvimento sustentável nas cida<strong>de</strong>s históricas, indicando as metas e<br />

priorida<strong>de</strong>s das agendas global <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável (em especial o ODS 11) e das políticas <strong>de</strong><br />

cultura e preservação do patrimônio histórico <strong>de</strong> conjuntos urbanos e monumentos históricos tombados; (2ª)<br />

pré-seleção das dimensões (4), temas (23) e indicadores (32) a partir <strong>de</strong> uma análise <strong>de</strong> relação com as políticas<br />

públicas dos marcos orientadores e <strong>de</strong> frequência dos indicadores constados na literatura; (3ª) consulta a<br />

gestores, socieda<strong>de</strong> civil organizada e acadêmicos para a seleção dos indicadores a partir dos critérios <strong>de</strong><br />

escolha, priorização e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atualização anual dos dados; (4ª) retorno aos especialistas e atores<br />

consultados após a sistematização das informações obtidas na etapa anterior (análise estatística <strong>de</strong> frequência)<br />

para a seleção nal e a <strong>de</strong>nição dos pesos <strong>de</strong> cada indicador e; (5ª) <strong>de</strong>nição do índice <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> a<br />

partir do conjunto <strong>de</strong> indicadores selecionados na etapa anterior. Na sequência o mo<strong>de</strong>lo será aplicado com as<br />

informações <strong>de</strong> cada município para <strong>de</strong>nição <strong>de</strong> seu índice inicial. No futuro, anualmente será avaliado o<br />

<strong>de</strong>sempenho e a evolução a partir do atendimento das metas pré-estabelecidas. Por m, espera-se que o índice<br />

<strong>de</strong> cada município seja apresentado anualmente em uma edição do fórum na forma <strong>de</strong> boletim informativo<br />

digital, atuando como uma ferramenta <strong>de</strong> gestão para a avaliação, melhoria e controle do <strong>de</strong>sempenho para as<br />

cida<strong>de</strong>s constituintes da ACHMG em relação às ODS.<br />

23 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


O Iphan olhando para fora: relações internacionais na<br />

preservação do patrimônio nacional<br />

Carolina Martins SaporettiMestre em História –<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora<br />

carolinamartinssaporetti@gmail.com<br />

O presente trabalho busca apresentar uma pesquisa em caráter preliminar sobre as relações<br />

internacionais construídas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no período da<br />

direção <strong>de</strong> Renato Soeiro (1967-1979), período em que se enten<strong>de</strong> ter havido o maior processo <strong>de</strong><br />

internacionalização da instituição.<br />

Soeiro enquanto diretor do IPHAN foi responsável pela a<strong>de</strong>quação do órgão fe<strong>de</strong>ral às mudanças no<br />

contexto internacional e nacional e conseguiu conciliar o crescimento econômico do Brasil com a preservação<br />

do patrimônio, isto a partir da expansão das relações internacionais, como a aproximação <strong>de</strong>ste com órgãos<br />

como ICOMOS, UNESCO e OEA.<br />

Dessa forma, este artigo é uma breve análise sobre a inuência <strong>de</strong> outros países no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das políticas públicas e projetos <strong>de</strong> preservação do patrimônio no período indicado. Preten<strong>de</strong>-se também<br />

explorar o conceito <strong>de</strong> soft power neste contexto, tendo em vista sua aplicabilida<strong>de</strong> frente às pautas<br />

internacionalistas encampadas por Soeiro.<br />

Palavras chaves: Iphan, Renato Soeiro, relações internacionais, soft power.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 24


A (<strong>de</strong>s)construção da paisagem cultural do conjunto<br />

mo<strong>de</strong>rno da Pampulha<br />

Mariana Silva Rossin<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Desenvolvimento<br />

Urbano (MDU).<br />

marianarossin.arq@hotmail.com<br />

O entendimento do que é um Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong>, título dado pela UNESCO<br />

começou a ganhar forma a partir <strong>de</strong> 1972, na Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e<br />

Natural. Apesar da discussão acerca do tema ter se iniciado algumas décadas antes, foi nesse momento que os<br />

países pu<strong>de</strong>ram ter seus bens culturais reconhecidos como Patrimônios Mundiais. Inicialmente estes bens<br />

culturais eram somente bens materiais e, com o passar dos anos e a ampliação das discussões, as manifestações<br />

imateriais da cultura, também passou a ser inserida como Patrimônio Mundial da UNESCO. Nos últimos anos, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da compreensão <strong>de</strong> patrimônio cultural levou a UNESCO, em 1992 a inserir as Paisagens<br />

Culturais na lista <strong>de</strong> possíveis bens à receberem os títulos <strong>de</strong> Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong>. A partir da<br />

criação <strong>de</strong>sta nova categoria do patrimônio mundial, uma nova forma <strong>de</strong> abordagem surgiu, partindo <strong>de</strong><br />

paisagens naturais ou rurais até que, em 2012 a UNESCO conce<strong>de</strong>u o título, até então, inédito <strong>de</strong> Patrimônio<br />

Cultural da Humanida<strong>de</strong>, na categoria <strong>de</strong> Paisagem Cultural à primeira <strong>de</strong> caráter urbano, ao Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Após o reconhecimento da Paisagem do Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 2016, outro títutlo inédito foi concedido pela<br />

UNESCO, à um bem brasileiro. Desta vez em Belo Horizonte, com a Paisagem Cultural da Pampulha, a<br />

primeira do Patrimônio Mo<strong>de</strong>rno a receber tal título. O reconhecimento da Paisagem Cultural da Pampulha é o<br />

que direciona este artigo. A Pampulha foi inscrita na lista <strong>de</strong> Patrimônio da Humanida<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>ndo à dois dos<br />

critérios estabelecidos pela UNESCO para comprar sua excepcionalida<strong>de</strong> e valor cultural. Contudo, o<br />

Conjunto Mo<strong>de</strong>rno da Pampulha, como é conhecido, em seu dossiê <strong>de</strong> candidatura se apresenta em todo o seu<br />

percurso como um Conjunto Arquitetônico e Paisagístico, este último, no sentido <strong>de</strong> jardins. A abordagem <strong>de</strong><br />

Paisagem Cultural foi inserida após análise técnica do ICOMOS que na visita ao sítio, surgeriu a inscrição do<br />

mesmo na categoria <strong>de</strong> Paisagem Cultural, como exemplo <strong>de</strong> uma Paisagem Urbana Histórica, on<strong>de</strong> os técnicos<br />

envolvidos acataram tal <strong>de</strong>cisão. Desta forma, este artigo, que também se faz como um estudo inicial à pesquisa<br />

da autora para <strong>de</strong>senvolvimento da tese <strong>de</strong> doutorado no Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Desenvolvimento<br />

Urbano da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco, que busca uma análise crítica sobre a autenticida<strong>de</strong> do título<br />

dado pela UNESCO ao Conjunto Mo<strong>de</strong>rno da Pampulha, como Paisagem Cultural do Patrimônio Mo<strong>de</strong>rno,<br />

sendo que tal Conjunto sempre abordado pela sua importância arquitetônica e paisagística. Assim, busca-se<br />

compreen<strong>de</strong>r as divergências e convergências entre interesses políticos e patrimoniais para a garantia da<br />

autenticida<strong>de</strong> do Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong>. Assim, o texto estrutura-se da seguinte maneira: inicia-se<br />

discorrendo sobre a trajetória do Patrimônio da Humanida<strong>de</strong> da UNESCO, <strong>de</strong>pois segue para a inserção do<br />

Brasil no contexto dos títulos <strong>de</strong> Patrimônios Mundiais, com foco no Conjunto da Pampulha, o qual se insere<br />

nesta parte. E, por m, procura-se um entendimento sobre o recebimento do título <strong>de</strong> Patrimônio da<br />

Humanida<strong>de</strong> como Paisagem Cultural, <strong>de</strong>batendo sobre o momento político em que se encontrava e a<br />

importância cultural do Conjunto para a Humanida<strong>de</strong>.<br />

25 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Diplomacia cultural brasileira e o simbolismo do<br />

reconhecimento do Cais do Valongo como patrimônio<br />

mundial pela UNESCO<br />

Isabel Thaís Eirado Martins<br />

Mestranda na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília –<br />

Instituto <strong>de</strong> Ciência Política<br />

isa.eirado@gmail.com<br />

O Cais do Valongo é um sítio arqueológico e localiza-se na zona portuária do Rio <strong>de</strong> Janeiro na Praça do<br />

Jornal do Comércio, região da Pequena África, e possui cerca <strong>de</strong> 350 metros, abrangendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Rua Coelho e<br />

Castro até a Sacadura (CAIS DO VALONGO…, [ca. 2017]). É um local conhecido por referir-se à memória da<br />

escravidão nas Américas e em especial no Brasil, uma vez que foi o principal porto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque e tráco <strong>de</strong><br />

africanos na América entre 1811 e 1831, sendo esse último o ano <strong>de</strong> abolição da escravatura no País (IPHAN,<br />

2016). Tendo em vista que 60% dos africanos retidos como escravos com <strong>de</strong>stino às Américas passaram pelo<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, é possível mensurar a importância do porto. De acordo com estimativa do Slave Tra<strong>de</strong> Data<br />

Base, entre 500 mil e 900 mil africanos passaram por ali (IPHAN, 2016), fato que inuenciou a organização da<br />

socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna e a formação da cultura do Brasil. Em 1843, com a vinda da Família Real para o Brasil, foi<br />

construído no lugar do Cais do Valongo um Cais para a Imperatriz, a princesa Tereza Cristina das duas Sicílias,<br />

recém casada com o Imperador Dom Pedro II (VASSALO; CICALO, 2015; IPHAN, 2016). No século XX, a<br />

construção foi aterrada e transformada na praça Jornal do Comércio, ainda hoje existente (VASSALO; CICALO,<br />

2015). No contexto da Copa do Mundo <strong>de</strong> 2014 e das Olimpíadas, as ações <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da região<br />

portuária do Rio <strong>de</strong> Janeiro resultaram, em 2011, na re<strong>de</strong>scoberta do Cais do Valongo. A partir <strong>de</strong> então,<br />

iniciaram-se as escavações no local. Vários objetos cotidianos da época foram encontrados e coletados para<br />

análise e assim iniciou-se processo fundamental para a patrimonialização da memória da diáspora africana, ou<br />

seja, traduzir a história em forma <strong>de</strong> patrimônio cultural como forma <strong>de</strong> lembrança do passado (VASSALO;<br />

CICALO, 2015). Desta forma, o trabalho tem por objetivo analisar a relação entre a diplomacia cultural brasileira<br />

e o reconhecimento do Cais do Valongo como patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a<br />

Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a partir dos elementos <strong>de</strong> memória sensível do local. O estudo trata da<br />

relação entre as diretrizes <strong>de</strong> políticas culturais e <strong>de</strong> política externa brasileira no período do governo Lula ao<br />

governo Temer, <strong>de</strong>stacando o papel do Estado, representado principalmente pelo Instituto do Patrimônio<br />

Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e da socieda<strong>de</strong> civil para a construção da argumentação e das<br />

negociações que levaram ao referido reconhecimento. Objetiva-se analisar o papel da Unesco e do IPHAN no<br />

processo <strong>de</strong> reconhecimento do Cais e abordar suas consequências no que tange às responsabilida<strong>de</strong>s<br />

assumidas pelo Estado brasileiro no cenário internacional e suas implicações na preservação do patrimônio e <strong>de</strong><br />

sua memória.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 26


Um sonho brasileiro embalado pelo mundo: Análise histórica do<br />

processo <strong>de</strong> consagração do Conjunto Urbano <strong>de</strong> Brasília como<br />

Patrimônio Mundial pela UNESCO (1986-1987)<br />

Walkiria Maria <strong>de</strong> Freitas Martins<br />

Departamento <strong>de</strong> Ciências Humanas do C. A. João XXIII/UFJF<br />

Doutoranda em História pela UNIRIO/RJ<br />

walkiriafreitas@yahoo.com.br<br />

Reconhecida como a “capital da esperança”, Brasília se notabilizou como uma das gran<strong>de</strong>s aventuras<br />

humanas do século XX. Primeira cida<strong>de</strong> inteiramente planejada e construída em estilo arquitetônico<br />

mo<strong>de</strong>rnista, ela ainda agrega a especicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter sido pensada para ser a nova capital do Brasil. Somam-se a<br />

isso, os fatos <strong>de</strong> ter sido o gran<strong>de</strong> empreendimento <strong>de</strong> um país que buscava vorazmente a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong><br />

estar atrelado ao governo <strong>de</strong> Juscelino Kubitscheck (JK) e o <strong>de</strong> ter contado com a atuação <strong>de</strong> prossionais<br />

brasileiros mundialmente reconhecidos, como Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Por todo esse contexto Brasília<br />

atrairia atenções em diferentes partes do mundo, tendo se tornado alvo <strong>de</strong> duras críticas e, também, <strong>de</strong> análises<br />

apaixonadas. Signicativa experiência arquitetônica, urbanística, social e política, Brasília se <strong>de</strong>stacou pela ousadia<br />

e esperança que passou a representar. E, por essa razão, tornou-se objeto <strong>de</strong> análise antes, durante e após sua<br />

construção. O Plano Piloto foi indicado em 1986 pelo IPAHN, ao título <strong>de</strong> Patrimônio Mundial da UNESCO e<br />

reconhecido como tal em 1987. A proposta que aqui trazemos, vinculada a pesquisa <strong>de</strong> Doutorado que vem<br />

sendo <strong>de</strong>senvolvida no Programa <strong>de</strong> Pós- Graduação em História da UNIRIO/RJ, é a análise da narrativa <strong>de</strong><br />

consagração <strong>de</strong> Brasília como um Patrimônio Mundial. Enten<strong>de</strong>mos que essa narrativa, materializada no Dossiê<br />

<strong>de</strong> Candidatura <strong>de</strong> Brasília, enviado à UNESCO é o resultado do trabalho <strong>de</strong> intelectuais do campo do<br />

patrimônio cultural brasileiro, mas não apenas <strong>de</strong>le. Há, também, as contribuições da própria UNESCO nesse<br />

processo, com suas Convenções, Cartas, além <strong>de</strong> outras publicações que trazem orientações aos paísesmembros,<br />

para a elaboração dos Dossiês. O processo <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> um bem cultural <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r<br />

aos pré-requisitos da UNESCO e também aos critérios estabelecidos pelo ICOMOS, que é a instituição que dá<br />

suporte ao Comitê nos processos relativos ao patrimônio cultural. Nesse âmbito, conceitos como<br />

“autenticida<strong>de</strong>”, “integrida<strong>de</strong>” e “valor universal excepcional” têm papeis centrais nas narrativas <strong>de</strong> valoração dos<br />

bens culturais. Sem a <strong>de</strong>vida problematização, no entanto, o que se tem são conceitos compartilhados por um<br />

grupo <strong>de</strong> especialistas e aceitos pelo senso comum, além <strong>de</strong> narrativas que se retroalimentam endossando<br />

concepções cristalizadas e gerando um perl <strong>de</strong> bem cultural que se repete ano após ano a cada nova inclusão na<br />

Lista do Patrimônio Mundial. Nessa perspectiva, a confecção dos Dossiês ganha uma dimensão puramente<br />

técnica, na qual a retórica passa a ser o elemento prepon<strong>de</strong>rante. Em outras palavras, cabe à equipe técnica que<br />

elabora o Dossiê a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprovar, por meio <strong>de</strong> uma narrativa, que seu bem cultural “possui valor<br />

excepcional”, aten<strong>de</strong> a pelo menos um dos critérios propostos pela Convenção <strong>de</strong> 1972 e possui autenticida<strong>de</strong><br />

e integrida<strong>de</strong>. Por essas razões, se se preten<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> consagração <strong>de</strong> um bem ao título<br />

<strong>de</strong> Patrimônio Mundial, todas essas questões precisam ser consi<strong>de</strong>radas e o processo como um todo precisa ser<br />

<strong>de</strong>snaturalizado. Ao nal, esperamos oferecer contribuições para uma melhor compreensão do processo <strong>de</strong><br />

valoração <strong>de</strong> Brasília como um bem cultural, bem como das consequências <strong>de</strong>sse processo para o Brasil. Esse<br />

trabalho faz parte da pesquisa <strong>de</strong> Doutoramento que vem sendo realizada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2017 no Programa <strong>de</strong> Pós-<br />

Graduação em História da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (UNIRIO), sob a orientação da<br />

professora Dra. Márcia Regina Romeiro Chuva. A pesquisa conta com o apoio do Programa <strong>de</strong> Bolsas da Capes,<br />

à qual agra<strong>de</strong>cemos.<br />

27 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Israel na UNESCO: Patrimônio da<br />

Humanida<strong>de</strong> e política (1999-<strong>2019</strong>)<br />

Paulo Henrique Martinez<br />

Livre-Docente Departamento <strong>de</strong> História<br />

UNESP/Assis<br />

ph.martinez@unesp.br<br />

A pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida a partir <strong>de</strong> métodos da história ambiental e o estudo da paisagem cultural,<br />

em Israel, e realizada com o apoio institucional da FAPESP (Processo 2017/17176-5). A comunicação examina<br />

as interações entre a política cosmopolita e a política nacional na gestão cultural e do Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>,<br />

em particular. Os direitos da cultura e os direitos da política compõem antíteses que dão sentido às <strong>de</strong>savenças<br />

intelectuais e políticas em momentos <strong>de</strong> agravamento da crise mundial da cultura e <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> apelos<br />

i<strong>de</strong>ntitários sob orientação diversicada, libertários, nacionalistos, religiosos, totalitários, entre outras. Foram<br />

estudadas duas situações <strong>de</strong> Patrimônios Mundiais da Humanida<strong>de</strong> no século XXI: a do conjunto arquitetônico<br />

da White City, <strong>de</strong> Tel Aviv, e a da Rota do Incenso que séculos atrás articulava cida<strong>de</strong>s no <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Negev e <strong>de</strong><br />

outros pontos da Ásia. As perspectivas <strong>de</strong> gestão, preservação, cooperação técnica, turismo e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável são confrontadas com as disputas e os rumos da política nacional e da geopolítica israelense. A<br />

documentação consultada é composta pelos processos <strong>de</strong> nomeação dos respectivos Patrimônios da<br />

Humanida<strong>de</strong> propostos à UNESCO, matérias da imprensa e visitas técnicas aos locais. A saída <strong>de</strong> Israel da<br />

UNESCO, em <strong>2019</strong>, conduzirá a mudanças nas políticas nacionais <strong>de</strong> Patrimônio Mundial da Humanida<strong>de</strong>?<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 28


Varsóvia: reconstrução e resistência no pósguerra<br />

(1950-1980)<br />

Vanda Arantes do Vale<br />

Professora Aposentada <strong>de</strong> História da Arte – UFJF<br />

vandaval@acessa.com<br />

Após o nal da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o cenário urbano, em muitos países europeus,<br />

era <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição. Buscou-se nas reconstruções a adoção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los que, estiveram no centro das discussões<br />

envolvendo os conceitos <strong>de</strong> patrimônio, nação, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e cultura. A Europa emergiu do conito dividida,<br />

após 1947, em Oci<strong>de</strong>ntal – orbitando nos princípios dos Estados Unidos e a Oriental tornada área <strong>de</strong> inuência<br />

soviética. A reconstrução <strong>de</strong> Varsóvia é exemplar das questões que estiveram presentes, durante o período, nos<br />

países socialistas. A Polônia está situada na Europa Central, atualmente fazendo divisas com a Alemanha,<br />

República Checa, Eslováquia, Ucrânia, Bielorussia, Lituânia e Rússia. Data do século X a criação <strong>de</strong> um estado<br />

polonês. Contudo, nos séculos seguintes, em vários momentos, o país foi dominado por outros estados. Des<strong>de</strong><br />

ns do século XVIII o território foi ocupado por russos, prussianos e austríacos. Com o término do Primeira<br />

Guerra Mundial (1914-1918) a Polônia voltou a existir, como estado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, até a invasão nazista. Na<br />

capital polonesa a presença alemã buscou a construção <strong>de</strong> um centro urbano com propostas nazistas e a<br />

<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> linguagens urbanísticas e arquitetônicas <strong>de</strong> tradições locais. A reorganização do espaço pós –<br />

guerra e a organização da República Popular da Polônia, em 1952, mostram as propostas <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma<br />

nova socieda<strong>de</strong>. Discutiram-se as questões <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> uma nova cida<strong>de</strong> ou a reconstrução da urbe<br />

como era em 1939. A cida<strong>de</strong>. durante a guerra, teve 90% <strong>de</strong> suas construções <strong>de</strong>struídas, <strong>de</strong>stacando-se o<br />

Palácio Real <strong>de</strong> Varsóvia, Praça do Mercado, Catedral <strong>de</strong> São João, <strong>de</strong>ntre outras. O escritório da UNESCO no<br />

período <strong>de</strong> 1945 a 1951 trabalhou na elaboração do projeto <strong>de</strong> reconstrução. No período <strong>de</strong> 1949 a 1963<br />

foram postos em prática as propostas do período anterior. A reconstrução resultou na elaboração do Casco<br />

Histórico – Stare Miastro- e a cida<strong>de</strong> foi consi<strong>de</strong>rada Patrimônio Mundial – UNESCO – 1980. A adoção do<br />

Socialismo e a reconstrução foram perpassadas pela inuência do “Realismo Socialista”, presente na área <strong>de</strong><br />

inuência soviética. O Realismo Socialista, elaborado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios da Revolução Russa (1917), torna-se<br />

política estatal no período <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> Stalin (1924-1953). A proposta estética encontrou ecos em diversos<br />

países, inclusive, na América Latina. Nos países da órbita <strong>de</strong> Moscou, as propostas soviéticas foram mescladas<br />

com as tradições locais. Tendo como centro irradiador Moscou, a Comunicação <strong>de</strong>staca a adoção, em<br />

Varsóvia, <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los exemplares <strong>de</strong> propostas urbanísticas e arquitetônicas. São visíveis e i<strong>de</strong>nticáveis, em<br />

Varsóvia, as buscas <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> um novo espaço. A comunicação busca correlacionar e contextualizar o<br />

urbanismo e a arquitetura com as questões sociais, políticas e culturais que, estiveram em pauta, na socieda<strong>de</strong><br />

polonesa, ao longo do século XX. Preten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar, ainda, a criação <strong>de</strong> um imaginário que visa a criação <strong>de</strong><br />

um passado a ser preservado. Busca i<strong>de</strong>nticar os “usos do passado”, nos dias atuais e os aspectos da cida<strong>de</strong> em<br />

tempos <strong>de</strong> globalização.<br />

29 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


SIMPÓSIO TEMÁTICO 2<br />

Turismo em patrimônios<br />

da humanida<strong>de</strong><br />

Coor<strong>de</strong>nador: André Barcelos<br />

Damasceno Daibert


Diamantina: o turismo na cida<strong>de</strong> Patrimônio<br />

Cultural da Humanida<strong>de</strong><br />

Nicole Aparecida Santos Abbondanza Toth<br />

Mestre em História e Patrimônio, ramo Mediação Patrimonial, pela<br />

Universida<strong>de</strong> do Porto - Portugal, diploma reconhecido como Mestre<br />

em História pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

nicoleasg@gmail.com<br />

Diamantina, localizada no estado brasileiro <strong>de</strong> Minas Gerais, a uma distância <strong>de</strong> 292 quilômetros<br />

da capital Belo Horizonte, surgiu no contexto do período colonial e da exploração do ouro e do<br />

diamante. Denominada <strong>de</strong> Arraial do Tijuco, no início do século XVIII, foi elevada à Vila Diamantina, em<br />

1831, e em município, com o mesmo nome, em 1838. É uma cida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vido à sua história e<br />

arquitetura colonial, com <strong>de</strong>staque à inuência barroca no casario, suas igrejas centenárias, as festas<br />

tradicionais e a paisagem natural <strong>de</strong>slumbrante, recebe todos os anos milhares <strong>de</strong> turistas. Possui um<br />

riquíssimo patrimônio natural, arquitetônico e cultural, fator este que motivou o tombamento da cida<strong>de</strong>,<br />

em 1938, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, e posteriormente, em<br />

1999, recebeu o título <strong>de</strong> Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong> pela Organização das Nações Unidas para<br />

a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO. Devido à importância histórica e cultural <strong>de</strong> Diamantina,<br />

como acima mencionado, em 2009 foi apresentado o trabalho <strong>de</strong> conclusão do curso <strong>de</strong> graduação em<br />

turismo ao Centro Universitário Barão <strong>de</strong> Mauá – Ribeirão Preto - SP, intitulado “O turismo cultural na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Diamantina – MG”, cujos objetivos foram analisar a localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Diamantina, <strong>de</strong>stacando seus<br />

atrativos turísticos, como a história, arquitetura, cultura, festivida<strong>de</strong>s, entre outros, relacionando-os com<br />

o turismo cultural, assim como i<strong>de</strong>nticar as prováveis diculda<strong>de</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong> e as<br />

condições <strong>de</strong> preservação do patrimônio cultural. Pretendia com esta pesquisa contribuir para o<br />

entendimento das bases <strong>de</strong> um turismo cultural sustentável no município. Dez anos após esta pesquisa,<br />

faz-se oportuno, durante o “I Congresso Internacional Gestão dos Patrimônios da Humanida<strong>de</strong> Urbanos:<br />

<strong>de</strong>saos e riscos da preservação/ I Simpósio Internacional Patrimônios da Humanida<strong>de</strong> Mineiros no<br />

Contexto Internacional”, a discussão sobre a atual potencialida<strong>de</strong> turística da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Diamantina e<br />

como ela po<strong>de</strong> ser inserida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma concepção mais ampla, a <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong> Criativa, que através da<br />

economia criativa e do turismo criativo utiliza as singularida<strong>de</strong>s do local para promover experiências<br />

integradoras e inovadoras.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 32


O Turismo como premissa <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> econômica do<br />

patrimônio cultural: um estudo <strong>de</strong> caso em Ouro Preto - MG<br />

Raphaela Maciel Corrêa<br />

Doutoranda em História<br />

(PPGHIS – UFJF)<br />

raphajf@gmail.com<br />

São muitos os riscos e os <strong>de</strong>saos enfrentados para a preservação do patrimônio cultural em<br />

todas as partes do mundo e esferas governamentais <strong>de</strong> gestão. Como evitar as intempéries do tempo, os<br />

<strong>de</strong>sastres naturais, os ataques terroristas, as especulações nanceiras, o abandono, o esquecimento<br />

frente aos uxos da contemporaneida<strong>de</strong>, à efemerida<strong>de</strong> e as novas tecnologias da produção industrial?<br />

Pesquisas, planos, políticas, projetos <strong>de</strong> diversos níveis institucionais e organizacionais são elaborados há<br />

mais <strong>de</strong> um século em busca <strong>de</strong> respostas e soluções para tal questão. Neste percurso, tem sido<br />

imprescindível a realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates e estudos sobre a viabilida<strong>de</strong> e a sustentabilida<strong>de</strong> econômica do<br />

tratamento preservacionista <strong>de</strong> tamanho legado histórico, artístico, arqueológico, arquitetônico,<br />

simbólico. Depara-se, aqui, com a dura realida<strong>de</strong> da escassez <strong>de</strong> recursos alocados e investidos em<br />

cultura, além <strong>de</strong> restrições legais para a<strong>de</strong>quações aos novos usos e apropriações dos bens materiais que<br />

conturbam o entendimento sobre a preservação por <strong>de</strong>terminada parcela da socieda<strong>de</strong> que passa a<br />

consi<strong>de</strong>rá-la, então, como um fardo e um entrave ao <strong>de</strong>senvolvimento. É nesse momento que o turismo<br />

começa a ser vislumbrado como alternativa sustentável e até mesmo a salvação do patrimônio <strong>de</strong> muitas<br />

cida<strong>de</strong>s, vilas, centros e comunida<strong>de</strong>s que o reconhecem e o legitimam como expressão privilegiada do<br />

modo como constroem sua relação com a temporalida<strong>de</strong>, com a sua memória e sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

“Formatar” tão importante patrimônio para o usufruto <strong>de</strong> turistas não é, contudo, uma tarefa simples.<br />

Tampouco é possível garantir, através <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>, a almejada sustentabilida<strong>de</strong> do mesmo. Lidamos,<br />

todavia, com especulações e/ou inspirações em situações emblemáticas pautadas em dados econômicos<br />

do turismo que supercialmente fundamentam essa premissa. Análises com respaldo técnico- cientíco<br />

ainda são incipientes e se fazem necessárias para comprovar a real potencialida<strong>de</strong> e os possíveis impactos<br />

<strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> para a preservação do patrimônio, <strong>de</strong> modo a direcionar a elaboração e a efetivação <strong>de</strong><br />

políticas públicas, bem como <strong>de</strong> iniciativas privadas, que promovam seu uso turístico e o retorno<br />

nanceiro <strong>de</strong>ste diretamente ao seu objeto para ns preservacionistas. O presente trabalho busca<br />

contribuir para esta <strong>de</strong>manda, trazendo reexões teóricas e práticas, além <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> caso<br />

<strong>de</strong>senvolvido em Ouro Preto – MG, primeira cida<strong>de</strong> do Brasil a receber o título <strong>de</strong> Patrimônio Cultural da<br />

Humanida<strong>de</strong> pela Unesco, em 1980.<br />

33 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Turismo em Ouro Preto (MG): para além da pedra e cal<br />

Valéria da Conceição Chaves<br />

Mestre em Educação (UFJF)<br />

Colégio Técnico da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural do Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRRJ)<br />

vacomchaves@gmail.com<br />

O presente trabalho é parte da pesquisa que teve como objetivo mapear os patrimônios naturais<br />

do município <strong>de</strong> Ouro Preto (MG), passíveis <strong>de</strong> visitação turística. A partir, da realização do inventário do<br />

patrimônio natural <strong>de</strong> Ouro Preto, a pesquisa analisou sua oferta turística. Além disso, a pesquisa analisou<br />

os atrativos naturais como elementos integrados ao conceito <strong>de</strong> patrimônio propiciando a realização <strong>de</strong><br />

uma pesquisa exploratória, que se caracteriza pelo planejamento exível, utilizando-se <strong>de</strong> uma pesquisa<br />

bibliográca, aplicação <strong>de</strong> questionários e observação in loco. Trata-se, pois <strong>de</strong> uma pesquisa quantitativa<br />

na medida em que fez uso dos dados recolhidos durante a aplicação <strong>de</strong> questionários e qualitativa por<br />

priorizar uma abordagem histórica, tendo em vista as inúmeras inuências que permearam o processo <strong>de</strong><br />

reconhecimento dos atrativos naturais como elementos do patrimônio do município. Neste sentido,<br />

merece <strong>de</strong>staque as ações <strong>de</strong> observação in loco e a análise dos questionários que permitiu perceber<br />

como moradores, turistas e representantes dos órgãos <strong>de</strong> informação ao turista reconhecem e exploram<br />

as atrativida<strong>de</strong>s naturais do município. Inicialmente, esta análise baseou-se na documentação relativa à<br />

divulgação das atrativida<strong>de</strong>s turísticas da região e na pesquisa bibliográca. Através <strong>de</strong> parceria com a<br />

Diretoria <strong>de</strong> Projetos da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (SEMMA) foi realizada uma pesquisa<br />

bibliográca prévia, a criação <strong>de</strong> um acervo fotográco das principais atrativida<strong>de</strong>s naturais, bem como a<br />

aplicação <strong>de</strong> questionários estruturados aos diferentes segmentos envolvidos. Preten<strong>de</strong>-se com a<br />

divulgação <strong>de</strong>sta pesquisa ampliar a percepção dos atrativos turísticos, da colonial cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

(MG) - patrimônio histórico da humanida<strong>de</strong>, para além da pedra e cal, ampliando percepções e<br />

propiciando melhorias nas políticas públicas voltadas a este segmento do turismo.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 34


Los medios digitales en <strong>de</strong>fensa <strong>de</strong>l patrimonio cultural<br />

Kathia Espinoza Maurtua<br />

Mestranda em História - PPGHIS UFJF<br />

kathia.e.maurtua@gmail.com<br />

En el presente trabajo, a través <strong>de</strong> publicaciones en medios digitales, analizaremos el espacio<br />

virtual como campo <strong>de</strong> disputa en <strong>de</strong>fensa <strong>de</strong>l patrimonio cultural a partir <strong>de</strong>l sentimiento <strong>de</strong> pérdida, <strong>de</strong><br />

las personas i<strong>de</strong>nticadas con dichos bienes, que generan los actos vandálicos perpetrados por turistas en<br />

dos ciuda<strong>de</strong>s intermedias <strong>de</strong> América Latina, los centros históricos <strong>de</strong> Cusco en Perú y Ouro Preto en<br />

Brasil. Geográcamente situadas en región montañosa, importantes centros <strong>de</strong> comercio, servicios y<br />

turismo, ambas ciuda<strong>de</strong>s son reconocidas, también, como Patrimonios Nacionales y como Patrimonios<br />

Culturales <strong>de</strong> la Humanidad. Nos interesa enten<strong>de</strong>r: cual es la naturaleza <strong>de</strong> los actos vandálicos; cuáles<br />

son las responsabilida<strong>de</strong>s que se le atribuyen a los implicados en la ejecución <strong>de</strong> los actos vandálicos;<br />

cuales son las reacciones <strong>de</strong> los sujetos i<strong>de</strong>nticados con el patrimonio atacado; si es factible pensar en los<br />

medios digitales como plataformas capaces <strong>de</strong> contribuir con el reforzamiento <strong>de</strong> las i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s histórica<br />

urbanas y como los medios digitales pue<strong>de</strong>n contribuir en la preservación <strong>de</strong>l acervo cultural <strong>de</strong> los<br />

pueblos.<br />

35 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Panorama da gestão do patrimônio nas Missões<br />

Jesuítico-Guaraní<br />

Ana Lucia Goelzer Meira<br />

Universida<strong>de</strong> do Rio dos Sinos (Unisinos)<br />

algmeira@gmail.com<br />

Luisa Durán Rocca<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (UFRGS)<br />

l.duranrocca@gmail.com<br />

A experiência das Missões Jesuitico-Guarani <strong>de</strong>ixou um signicativo legado cultural para a América<br />

do Sul, presente em um território comum a quatro países, que é um dos suportes i<strong>de</strong>ntitários das<br />

socieda<strong>de</strong>s que ali habitam. Sob a base <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> assentamentos, foi estruturado o projeto que em<br />

sua conguração <strong>de</strong>nitiva cou conhecido como os Trinta Povos das Missões, cujos remanescentes se<br />

localizam na Argentina (15), Brasil (7) e Paraguai (8). Esta re<strong>de</strong> estava integrada a estruturas <strong>de</strong> apoio e <strong>de</strong><br />

produção dispersas em todo o território, incluíndo o Uruguai. Por seu signicado universal, os seis sitios<br />

que apresentam maior grau <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong>, ou seja uma quinta parte do conjunto, foram inscritos na Lista<br />

<strong>de</strong> Patrimônio Mundial da UNESCO, sendo três da Argentina, um do Brasil e dois do Paraguai. Em 2015,<br />

todo o sistema do território das Missões Jesuitico-Guarani junto com o sistema das Missões <strong>de</strong> Moxos e<br />

Chiquitos, na Bolívia, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Mercosul. O <strong>de</strong>clinio do sistema<br />

reducional pelos subsequentes eventos históricos após a Guerra Guaranítica (1754-1756) e a expulsão<br />

da Companhia <strong>de</strong> Jesus, comprometeu o conjunto e dispersou boa parte da população indígena. Os<br />

<strong>de</strong>stinos especícos <strong>de</strong> cada uma das reduções foram bem diferentes e na atualida<strong>de</strong>, apresentam<br />

situações diversas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong> vista da acessibilida<strong>de</strong>, da <strong>de</strong>mograa, da organização políticoadministrativa,<br />

da gestão patrimonial e da relação com o turismo. Um tema importante se relaciona à<br />

inserção das populações indígenas, que são tratadas <strong>de</strong> maneira diferente nos países em questão. No<br />

Brasil, a relação institucional com os M'Byá Guarani se intensicou a partir do Inventário das Referências<br />

Culturais realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a partir <strong>de</strong> 2003, em<br />

<strong>de</strong>corrência da proposta <strong>de</strong> apresentar novas narrativas sobre as Missões e, particularmente, <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

a relação dos guaranis com os remanescentes missioneiros. Des<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong> vista do patrimônio<br />

edicado, há lugares que foram totalmente <strong>de</strong>struídos e sob os quais se formaram novos assentamentos,<br />

há ruinas reconhecidas e protegidas como patrimônio mundial, nacional ou local, consolidadas e<br />

apresentadas como sítios arqueológicos, e também há aglomerados aon<strong>de</strong> não houve ruptura no<br />

povoamento, como se verica em alguns casos <strong>de</strong> Paraguai. Em alguns casos – como Encarnación e Santo<br />

Ângelo - se originaram cida<strong>de</strong>s com perto <strong>de</strong> 130.000 e 70.000 habitantes, respectivamente. Porém, a<br />

maioria dos sitios – vinte e sete, que equivalem ao 90% do conjunto, localizam-se em municípios com<br />

menos <strong>de</strong> 30.000 habitantes, o que <strong>de</strong>manda planos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento territorial e urbano articulados<br />

com programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e políticas culturais <strong>de</strong> acordo com essa característica. O<br />

turismo cultural apresenta-se como uma alternativa viável para ampliar a valoração e fruição do<br />

patrimônio cultural das Missões em todas suas dimensões (natural, material e imaterial) e também como<br />

um instrumento com para a reconstrução do sistema, com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturar circuitos e<br />

resignicar valores em uma perspectiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação<br />

é colaborar com a leitura comparativa dos sitios, com a discusão sobre o sistema missioneiro na atualida<strong>de</strong><br />

e também sugerir linhas para a gestão integrada e compartilhada do patrimônio e do turismo cultural.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 36


Turismo em Brasília: a cida<strong>de</strong> patrimônio do século XX<br />

(re)<strong>de</strong>scobre seu patrimônio imaterial escondido<br />

Fernanda Bocorny Messias<br />

Arquiteta, Mestre em Desenvolvimento Sustentável (CDS)<br />

e doutoranda em Arquitetura e Urbanismo, Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Brasília (UnB).<br />

fernandamessias.df@gmail.com<br />

Caio Fre<strong>de</strong>rico Silva<br />

Prof. Dr. Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Arquitetura e<br />

Urbanismo Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília (UnB)<br />

caiosilva@unb.br<br />

O projeto do Plano Piloto <strong>de</strong> Brasília (1957) foi o primeiro complexo arquitetônico- urbanístico<br />

do século XX tombado como patrimônio-histórico da humanida<strong>de</strong> pela Unesco (1987). Nota-se que a<br />

atrativida<strong>de</strong> do patrimônio material tombado domina os mapeamentos turísticos da Capital. Serviu,<br />

também, <strong>de</strong> inspiração para seu ingresso na Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s Criativas da Unesco, em 2017, uma ação<br />

estratégia prevista no Plano <strong>de</strong> Turismo Criativo 2016-<strong>2019</strong>. O objetivo <strong>de</strong>ste artigo é apresentar uma<br />

reexão teórica sobre o potencial para o turismo patrimonial do Distrito Fe<strong>de</strong>ral (DF), que ainda se<br />

restringe ao sítio tombado por <strong>de</strong>sconhecimento sistêmico e informações precárias sobre seu patrimônio<br />

imaterial, <strong>de</strong>monstrado em mapeamentos recentes e parciais. O faz a partir da análise <strong>de</strong> mapeamentos<br />

turísticos disponíveis aos visitantes nos meios ociais e <strong>de</strong> outras rotas alternativas, todas no Plano Piloto, e<br />

dos poucos mapeamentos parciais que estão disponíveis sobre o patrimônio imaterial da cultura brasileira<br />

em outras regiões do DF. Conclui-se que a prepon<strong>de</strong>rância do patrimônio material <strong>de</strong> Brasília sobre o<br />

imaterial do DF para o turismo patrimonial na Capital também <strong>de</strong>corre do pouco conhecimento sobre a<br />

riqueza multicultural brasileira do DF. Vê-se um potencial turístico inexplorado e que po<strong>de</strong> ser ativado<br />

pelo ingresso <strong>de</strong> Brasília na Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s Criativas. Aponta-se como trabalho futuro o mapeamento<br />

das múltiplas expressões culturais do patrimônio imaterial brasileiro que se manifestam no DF,<br />

notadamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a construção <strong>de</strong> Brasília e as anteriores a ela.<br />

37 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


A positivação <strong>de</strong> intervenções físicas no Centro Histórico<br />

<strong>de</strong> Salvador- BA através do discurso sobre o turismo<br />

Yara Coelho Neves<br />

Arquiteta e Urbanista, Mestranda Programa <strong>de</strong> Pós-graduação<br />

em Arquitetura e urbanismo da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia<br />

yara.neves@arquitetura.ufjf.br<br />

Des<strong>de</strong> os tempos do Brasil Colônia o centro <strong>de</strong> Salvador (mundialmente conhecido como,<br />

Pelourinho) sempre abrigou as classes mais abastadas da primeira capital do país. Todavia, na primeira<br />

meta<strong>de</strong> do século XX, ocorreu uma modicação no perl dos moradores da área. A expansão da cida<strong>de</strong><br />

para sua ponta sul e a mudança das necessida<strong>de</strong>s habitacionais da população mais rica fez com que o<br />

centro fosse sendo, gradativamente, esvaziado por seus moradores. Ao mesmo tempo, outro perl<br />

populacional, composto por famílias mais empobrecidas, passou a ocupar a área. Por muitas décadas, o<br />

centro <strong>de</strong> salvador cou sem investimentos e manutenção a<strong>de</strong>quada e <strong>de</strong>senvolveu-se um estereótipo<br />

da área como perigosa e marginal. Na segunda meta<strong>de</strong> do século XX, a situação do centro começou a<br />

incomodar autorida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mais habitantes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador e alguns planos começaram a ser<br />

traçados para o <strong>de</strong>senvolvimento social e recuperação física da área. Tendo sido <strong>de</strong>clarado patrimônio da<br />

humanida<strong>de</strong> pela UNESCO, em 1986, o Centro Histórico passou a ser ainda mais visado e, portanto,<br />

submetido a intervenções e programas <strong>de</strong> recuperação. O ponto principal <strong>de</strong>, praticamente, todos esses<br />

programas implementados ao longo das últimas décadas, estava na intenção <strong>de</strong> substituir os usos<br />

habitacionais <strong>de</strong>ssa camada empobrecida da população por usos ligados ao turismo cultural a m <strong>de</strong><br />

garantir o <strong>de</strong>senvolvimento econômico da área e a sua transformação em um cartão postal. A construção<br />

dos enunciados sobre o Centro histórico, a partir da mídia jornalística, corroborou para a positivação do<br />

discurso da necessida<strong>de</strong> da implementação <strong>de</strong> projetos na área e da mudança do caráter <strong>de</strong> uso. Sendo<br />

assim, o presente artigo preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar, através <strong>de</strong> uma análise Foucaultiana Arqueológica do<br />

discurso, realizada sobre recortes <strong>de</strong> jornais do acervo do Arquivo Municipal da Fundação Gregório <strong>de</strong><br />

Matos, que contemplam notícias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1970 até a década <strong>de</strong> 2000, a relação entre os<br />

projetos <strong>de</strong> intervenção, implementados neste espaço temporal, e os enunciados relacionados ao<br />

turismo. Preten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>monstrar como, o enunciado do turismo, através da or<strong>de</strong>m discursiva<br />

conformada pelos jornais O Correio, Tribuna da Bahia, A Tar<strong>de</strong> e Jornal da Bahia, vem sendo apresentado<br />

como argumento <strong>de</strong> respaldo às intervenções realizadas no Centro Histórico <strong>de</strong> Salvador/Pelourinho<br />

principalmente no que diz respeito à sustentabilida<strong>de</strong> econômica do lugar. As análises, que se propõe aqui<br />

a apresentar, foram <strong>de</strong>senvolvidas no âmbito da dissertação <strong>de</strong> mestrado da autora que tem seu término<br />

previsto para setembro do corrente ano.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 38


O projeto Passados Presentes: memória da escravidão<br />

no Brasil (www.passadospresentes.com.br) e o turismo<br />

<strong>de</strong> memória sensível no Valongo /Pequena África.<br />

Hebe Mattos<br />

UFJF<br />

hebe.mattos@gmail.com<br />

A comunicação discutirá a experiência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e implementação do aplicativo <strong>de</strong><br />

turismo <strong>de</strong> memória Pequena África, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, área complementar ao sítio arqueológico do Cais<br />

do Valongo, reconhecido pela UNESCO em 2016 como Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>. A partir da<br />

participação das pesquisadoras responsáveis (Hebe Mattos, Martha Abreu, Keila Grinberg) no Comitê<br />

Cientíco do comitê propositor da candidatura do sítio à UNESCO, a pesquisa <strong>de</strong>senvolvida para o<br />

aplicativo serviu <strong>de</strong> apoio para a confecção do dossiê <strong>de</strong> candidatura em 2015, que teve sua parte<br />

histórica coor<strong>de</strong>nada por Mônica Lima , e continuou a ter o seu conteúdo acessado para a interpretação<br />

do sítio e para visitas guiadas após o reconhecimento. A comunicação apresentará o conteúdo<br />

<strong>de</strong>senvolvido e uma reexão sobre as especicida<strong>de</strong>s do turismo em patrimônios da humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

memória sensível.<br />

39 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Descobrindo a paisagem do Degredo: metodologia do<br />

trabalho interativo com recursos viáveis para a gestão<br />

<strong>de</strong> pequenos municipios.<br />

Ricardo Augusto Crochet<br />

Arquiteto urbanista, Mestrando em Sustentabilida<strong>de</strong><br />

Socioeconômica Ambiental pela UFOP.<br />

turismo<strong>de</strong>gredo@gmail.com<br />

Danton Heleno Gameiro (orientador)<br />

Doutorado em Engenharia Metalurgia e <strong>de</strong> Materiais,<br />

UFOP.<br />

dantongameiro@yahoo.com.br<br />

Alberto Guerra Valadares<br />

Arquiteto urbanista, Mestre em Gestão Integrada do<br />

Território (Univale).<br />

alberto.valadares@p.unileste.edu.br<br />

Introdução: A região metropolitana do Vale do Aço (RMVA) em MG, possui entre as cida<strong>de</strong>s que<br />

a compõe e o colar metropolitano (CMVA), diferenças estruturais e econômicas acentuadas. Estas,<br />

dicultam as relações <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> e inviabilizam o <strong>de</strong>senvolvimento sob a dinâmica <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s<br />

em re<strong>de</strong>. Parte-se do entendimento que as antigas centralida<strong>de</strong>s da região, po<strong>de</strong>m, a partir <strong>de</strong> sua<br />

história, que remontam a <strong>de</strong>scoberta do ouro em Minas Gerais, auxiliar o <strong>de</strong>senvolvimento sociocultural<br />

e o senso comum <strong>de</strong> territorialida<strong>de</strong> na RMVA.<br />

Objetivo: Consolidar uma metodologia para coleta, compilação <strong>de</strong> dados, avaliação e<br />

divulgação dos resultados do potencial turístico <strong>de</strong>stas paisagens culturais.<br />

Metodologia: Dividida em revisão bibliográca, coleta <strong>de</strong> dados em campo e uma construção<br />

<strong>de</strong> uma ferramenta <strong>de</strong> gestão e fomento do turismo. A partir da premissa <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso e<br />

utilização continuada pelos municípios, foram utilizadas aplicações gratuitas do Google, plataforma<br />

conhecida com muitos recursos integrados, que permitem o cruzamento <strong>de</strong> dados, além <strong>de</strong> fácil<br />

compilação e disponibilização das informações.<br />

Resultado: A vericação da relação das vias atuais com o trajeto da Estrada do Degredo, elo <strong>de</strong><br />

ligação histórica da região do ciclo do ouro, com a região do presídio <strong>de</strong> Cuité, forticação que controlava<br />

o tráco do ouro pelo Rio Doce até o litoral do Espírito Santo. I<strong>de</strong>nticação da estrada pelo cruzamento<br />

<strong>de</strong> mapas <strong>de</strong> épocas com imagens <strong>de</strong> satélite do Google Earth. Compilação dos resultados assim como<br />

armazenamento, organização e disponibilização para os gestores municipais, pelo Google drive. Geração<br />

dos mapas e disponibilização com Google MyMaps. I<strong>de</strong>nticação dos bens por intermédio dos gestores<br />

culturais dos municípios, com informações como: documentos, inventários, pareceres técnicos, atas <strong>de</strong><br />

tombamento dos bens, além <strong>de</strong> fotos e história ocial das cida<strong>de</strong>s. Análise e elaboração <strong>de</strong> metodologia<br />

baseada no método da entida<strong>de</strong> internacional Herity, reconhecida pela UNESCO, para a avaliação e<br />

certicação da qualida<strong>de</strong> na gestão do património cultural em todo o mundo. Avaliação da gestão dos<br />

bens culturais e naturais, como a metodologia da Herity, por quatro parâmetros, com questionário com<br />

<strong>de</strong>z itens avaliativos por parâmetro. Nesta dinâmica foi utilizado o Google Formulário. A nota <strong>de</strong> cada bem<br />

é a média das notas <strong>de</strong> cada avaliação classicado em uma escala <strong>de</strong> cinco conceitos. O resultado da<br />

avaliação é apresentado com ícones coloridos em uma escala consonante à classicação dos conceitos<br />

que foram estabelecidos. Divulgação, disponibilização <strong>de</strong> informações e interface com os usuários, com a<br />

utilização do Google Site, com dados a respeito do potencial turístico, bem como potencialida<strong>de</strong> dos<br />

pontos <strong>de</strong> interesse e infraestrutura que a cida<strong>de</strong> oferece para aten<strong>de</strong>r os visitantes. No site, outro Google<br />

Formulário é utilizado como ferramenta <strong>de</strong> coleta e feedback, aos municípios, pois permite ao usuário<br />

inserir contribuições como foto e comentários dos locais visitados.<br />

Conclusão: A construção <strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong> levantamento e registro <strong>de</strong> dados permite<br />

avaliar o potencial turístico da região, relacionar os pontos <strong>de</strong> interesse e à infraestrutura oferecida, <strong>de</strong><br />

forma a prover informações importantes para a valorização e proteção da história, gestão do fomento do<br />

turismo, com potencial <strong>de</strong> replicação.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 40


SIMPÓSIO TEMÁTICO 3<br />

Legislação e fiscalização <strong>de</strong><br />

preservação dos patrimônios<br />

em âmbito nacional e<br />

internacional<br />

Coor<strong>de</strong>nador: Rodrigo Christofoletti


Legislação e fiscalização <strong>de</strong> preservação dos<br />

patrimônios em âmbito nacional e internacional.<br />

Claudia Baima Mesquita<br />

Profa. Dra. Adjunta do Curso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo<br />

da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro – UERJ.<br />

claudia.baima31@gmail.com<br />

Lídia Thomaz Marcelino<br />

Graduanda do Curso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo da<br />

Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro – UERJ.<br />

lidiathomaz.edicacoes@gmail.com<br />

Liliane Feito Diniz<br />

Graduanda do Curso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo da<br />

Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro – UERJ.<br />

lilianeediniz2@gmail.com<br />

.<br />

Mariana Coelho dos Santos,<br />

Graduanda do Curso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo da<br />

Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro – UERJ.<br />

csantos.mariana31@gmail.com<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Petrópolis possui rico e importante patrimônio arquitetônico, urbanístico e natural,<br />

compreendido em seu centro histórico e entorno, proporcionando aos alunos do curso <strong>de</strong> graduação<br />

em Arquitetura e Urbanismo da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, um diverso e enorme acervo<br />

a céu aberto para pesquisas e estudos. Seu conjunto urbano-paisagístico foi tombado pelo Instituto do<br />

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1964, tendo este tombamento sido estendido em<br />

1980 e 1982. Portanto, parte consi<strong>de</strong>rável da cida<strong>de</strong> está sob a jurisdição do Escritório Técnico do<br />

IPHAN na região serrana e, legalmente, para qualquer intervenção nessas áreas, se faz necessário o aval<br />

dos técnicos responsáveis. A Portaria no 213/96 do IPHAN dispõem sobre o entorno dos bens<br />

tombados, principalmente com relação ao uso e gabaritos dos imóveis localizados nestas áreas<br />

protegidas. Entretanto, a legislação vigente do IPHAN é muito restritiva para as mudanças e <strong>de</strong>mandas<br />

sociais da cida<strong>de</strong> nos dias atuais. Po<strong>de</strong>mos observar em alguns pontos, o crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado,<br />

construções e intervenções irregulares nas áreas <strong>de</strong> entorno, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando interferência na ambiência<br />

<strong>de</strong>sejada do conjunto, principalmente na relação entre as edicações e o aspecto urbano-paisagístico<br />

tombado. A proposta <strong>de</strong>ste estudo é a colaboração <strong>de</strong> nossos discentes <strong>de</strong> arquitetura e urbanismo com<br />

o Escritório Técnico no trabalho <strong>de</strong> levantamentos <strong>de</strong> dados, através <strong>de</strong> chas <strong>de</strong> “Diagnóstico sobre<br />

Incidência <strong>de</strong> Parâmetros Construtivos” do conjunto tombado e área <strong>de</strong> entorno, que é constituído <strong>de</strong>:<br />

i<strong>de</strong>nticação do trecho urbanístico a ser analisado; elaboração dos mapas <strong>de</strong> visadas, gabaritos, ocupação<br />

e uso do solo; fotograas; análise das características morfológica da paisagem natural e urbana; dados dos<br />

índices construtivos da edicação principal e anexos. O objetivo é fornecer os dados das chas <strong>de</strong><br />

diagnóstico levantadas <strong>de</strong>stas áreas, que estão sob a tutela do IPHAN para o seu Escritório Técnico<br />

serrano, que servirão <strong>de</strong> material <strong>de</strong> análise do uso do solo à luz da legislação vigente, nas áreas tombadas<br />

do conjunto urbano- paisagístico e entornos preservados, para o estudo da pertinência <strong>de</strong> uma<br />

rerraticação da Portaria no 213/96 do IPHAN, tornando a atual normativa mais condizente com a<br />

dinâmica <strong>de</strong> crescimento da cida<strong>de</strong>, porém, ao mesmo tempo, respeitando e preservando os valores<br />

atribuídos ao conjunto quando <strong>de</strong> seu tombamento, assim como conservando seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />

coerente e a sua adaptação harmoniosa às necessida<strong>de</strong>s contemporâneas.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 42


Legislação sobre Proteção <strong>de</strong> Bens Culturais: um estudo<br />

comparado entre Brasil e Itália<br />

Caroline Lodi<br />

Bacharel em Museologia (UNIRIO) e Mestre em Relações Internacionais (UERJ).<br />

Técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)<br />

caroline.lodi@iphan.gov.br<br />

O presente trabalho tem como objetivo a exposição, em linhas gerais, da história das legislações<br />

brasileira e italiana no que concerne a proteção <strong>de</strong> bens culturais, comparando o modo como cada norma<br />

<strong>de</strong>ne e abrange o tema da tutela, seus <strong>de</strong>sdobramentos no campo das instituições e seus possíveis<br />

avanços e retrocessos. A escolha da Itália como elemento comparativo se justica pelo fato <strong>de</strong> ser hoje o<br />

país com maior número <strong>de</strong> sítios inscritos na Lista do Patrimônio Mundial, contando com 55 inscrições (o<br />

Brasil tem 22 sítios1), e por ser notória a procura da península pelos turistas como <strong>de</strong>stino, ocupando o 5º<br />

lugar no ranking mundial da World Tourism Organization (o Brasil está em 45º). Além disso, a expertise<br />

italiana no campo do restauro, com nomes como o <strong>de</strong> Cesare Brandi e <strong>de</strong> seu Instituto Central <strong>de</strong><br />

Restauro (ICR), é reconhecida internacionalmente. Esses são apenas alguns exemplos <strong>de</strong> como a Itália<br />

instrumentaliza seu soft power <strong>de</strong> forma a conquistar benefícios econômicos e inserção internacional. Em<br />

termos <strong>de</strong> legislação, consi<strong>de</strong>rando o período pós-Unicação Italiana, a primeira lei <strong>de</strong> tutela <strong>de</strong><br />

patrimônio monumental naquele país data <strong>de</strong> 1902. Passando por Mussolini e pela formação da<br />

República, temos numerosos complementos e atualizações na legislação, culminando no Código dos<br />

Bens Culturais e da Paisagem, <strong>de</strong> 2004. No caso do Brasil, a lei que regulamenta a proteção do<br />

patrimônio histórico e artístico nacional foi <strong>de</strong>cretada em 30 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1937 durante o governo <strong>de</strong><br />

Getúlio Vargas. Também aqui a normativa se aperfeiçoou ao longo <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> oito décadas e é<br />

digna <strong>de</strong> nota a pronta inclusão das Convenções e Recomendações internacionais pelo Brasil. Porém, não<br />

possuímos ainda um código especíco que reúna todos os preceitos em matéria <strong>de</strong> bens culturais.<br />

Partindo do pressuposto <strong>de</strong> que a norma é agente organizador e impulsionador da proteção e da<br />

valorização dos bens e ativida<strong>de</strong>s culturais e consi<strong>de</strong>rando a relevância do país europeu, como já<br />

explicitado anteriormente, para o tema em questão, enten<strong>de</strong>-se que um estudo comparado com a<br />

normativa brasileira para o setor <strong>de</strong> patrimônio cultural po<strong>de</strong> contribuir para o entendimento <strong>de</strong><br />

diferentes mecanismos <strong>de</strong> proteção, valorização e, também, para a avaliação das vantagens e<br />

<strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> cada mo<strong>de</strong>lo.<br />

43 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


O controle da circulação <strong>de</strong> patrimônio móvel nacional<br />

Virgynia Corradi Lopes da Silva<br />

Mestranda IPHAN<br />

vy.corradi@gmail.com<br />

Adriana Sanajotti Nakamuta<br />

Doutora ligada à Escola <strong>de</strong> Patrimônio/Centro Lúcio Costa/Instituto do<br />

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)<br />

nakamuta@iphan.gov.br<br />

A proposta apresenta o controle da circulação <strong>de</strong> patrimônio móvel fe<strong>de</strong>ral a partir dos<br />

procedimentos executados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para tal,<br />

dimensionaremos as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste instituto para o contexto mineiro levando em consi<strong>de</strong>ração: (1) as<br />

competências <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> circulação previstas na legislação fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> patrimônio; (2) os<br />

procedimentos executados pela área <strong>de</strong> scalização do Iphan; (3) as expectativas; (4) e os <strong>de</strong>saos. No<br />

Brasil, o Iphan atua como órgão fe<strong>de</strong>ral responsável pela preservação e difusão do patrimônio cultural do<br />

País, e atua institucionalmente enquanto responsável pela criação e articulação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> gestão<br />

compartilhada <strong>de</strong> preservação. O Iphan possui ainda a prerrogativa do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> polícia administrativa<br />

para exercer as competências scalizatórias que lhe são atribuídas por lei, e as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa natureza<br />

contemplam tanto o patrimônio edicado quanto o patrimônio móvel, que, por sua vez, traz sua própria<br />

particularida<strong>de</strong> para a scalização: a atribuição <strong>de</strong> controle da circulação. O controle da circulação do<br />

patrimônio móvel po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nido como o conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> scalização e autorização que<br />

regulam e monitoram os <strong>de</strong>slocamentos dos bens pelo território nacional e fora <strong>de</strong>le. Atua<br />

principalmente <strong>de</strong> maneira preventiva, impedindo a saída <strong>de</strong>nitiva dos bens do país, e contribuindo para<br />

a mitigação do tráco ilícito. Buscando aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas correspon<strong>de</strong>ntes às atribuições <strong>de</strong> controle<br />

da circulação, a área estratégica <strong>de</strong> scalização do Iphan busca cumprir com as competências que lhe são<br />

direcionadas a partir não somente do Decreto-lei nº 25/1937 (que institui o tombamento), mas também<br />

da Lei nº 3.924/1961, ou “Lei da Arqueologia”, e da Lei nº 4.845/1965, também conhecida como “Lei<br />

do Período Monárquico”, além <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r ao Decreto nº 72.312/1973, que promulga a<br />

Convenção <strong>de</strong> 1970 da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO),<br />

sobre o controle e mitigação do tráco ilícito. O controle da circulação traz diculda<strong>de</strong>s transversais ao<br />

Iphan, ao ter em seu campo <strong>de</strong> ação um universo inumerável e imprevisível <strong>de</strong> bens móveis. Somente em<br />

Minas Gerais existem 335 bens tombados, dos quais 144 estão registrados como “Edicação e Acervo”;<br />

12 como “Bem Móvel ou Integrado”; e 6 como “Coleção ou Acervo”, totalizando 162 bens, o que<br />

representa aproximadamente 22% do total <strong>de</strong> bens tombados em nível fe<strong>de</strong>ral que são ou incluem bens<br />

culturais móveis ou integrados. Sem mencionar os bens móveis que possam se enquadrar na Lei da<br />

Arqueologia ou na Lei do Período Monárquico. Tanto pela complexida<strong>de</strong> da tarefa quanto pela<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens, as atribuições <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>monstram o quanto a gestão <strong>de</strong> preservação<br />

compartilhada vem <strong>de</strong> encontro às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> scalização do patrimônio móvel, ao estabelecer um<br />

compromisso <strong>de</strong> proteção dos bens tanto para os segmentos internos <strong>de</strong> cultura e patrimônio, aduanas, e<br />

polícias especializadas, como também para os órgãos internacionais multilaterais afetos à preservação<br />

cultural e combate ao tráco ilícito <strong>de</strong> bens culturais.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 44


Planos Municipais <strong>de</strong> Cultura no Fortalecimento <strong>de</strong><br />

Políticas Públicas para a Preservação do Patrimônio<br />

Cultural: um estudo <strong>de</strong> caso <strong>de</strong> Itabirito – MG.<br />

Fábio Cabral Durso<br />

Mestrando do Programa <strong>de</strong> Pós-graduação Prossional<br />

Strictu-Senso Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa (UFV)<br />

fabiodurso@outlook.com<br />

Segundo o Ministério da Cultura (2012), um Plano Municipal <strong>de</strong> Cultura (PMC) é um<br />

componente para o <strong>de</strong>senvolvimento, pois trata-se <strong>de</strong> um documento <strong>de</strong> base legal que representa as<br />

ações, metas e planejamentos <strong>de</strong> políticas públicas culturais <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> no período <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos. Este<br />

plano <strong>de</strong>ve almejar ainda a promoção <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, a i<strong>de</strong>nticação, valorização e<br />

promoção do patrimônio cultural em suas diversas expressões e manifestações. A nalida<strong>de</strong> dos planos<br />

municipais <strong>de</strong> cultura é a <strong>de</strong> proporcionar o planejamento <strong>de</strong> programas, metas, ações, projetos culturais<br />

que i<strong>de</strong>ntiquem, valorizem e preservem o patrimônio, a memória, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a diversida<strong>de</strong> cultural<br />

no Brasil. Além disso, os Planos Municipais <strong>de</strong> Cultura são essenciais para a formulação e consistência <strong>de</strong><br />

Políticas Públicas na área da cultura pois integram o processo <strong>de</strong> execução do Sistema Nacional <strong>de</strong> Cultura<br />

(SNC), sobretudo porque são documentos que almejam efetivar e regulamentar tais políticas pública no<br />

território urbano. O presente trabalho a ser apresentado, buscará analisar <strong>de</strong> maneira crítica o Plano<br />

Municipal <strong>de</strong> Cultura (PMC) do município <strong>de</strong> Itabirito (MG) enquanto mecanismo coadjuvante para<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas no setor cultural nos últimos 3 anos (2016-<strong>2019</strong>). E, como<br />

apresentação do tema <strong>de</strong> pesquisa, queremos enten<strong>de</strong>r como os Planos Municipais <strong>de</strong> Cultura atuam no<br />

fortalecimento das políticas públicas para o <strong>de</strong>senvolvimento da cultura, assim como na preservação do<br />

Patrimônio Cultural. Como dito anteriormente, tomando como base <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>limitação do tema<br />

trabalhado, usaremos o Plano Municipal <strong>de</strong> Cultura <strong>de</strong> Itabirito (PMCI), em Minas Gerais para fazer nossa<br />

análise. Enten<strong>de</strong>mos que os planos <strong>de</strong> cultura são as “engrenagens” que fazem funcionar o motor do<br />

sistema cultural, e sem os planos esse motor não funciona, não gira e o sistema não anda. Trata-se ainda<br />

<strong>de</strong> um documento elaborado a muitas mãos, totalmente participativo e ao mesmo tempo técnico e<br />

planejado para mostrar os anseios da socieda<strong>de</strong> aos interesses e possibilida<strong>de</strong>s do po<strong>de</strong>r público para<br />

atuar na cida<strong>de</strong>. Portanto, o Plano Municipal <strong>de</strong> Cultura é um instrumento integrante do planejamento<br />

estratégico da cida<strong>de</strong> e, <strong>de</strong>sta forma, a proposta <strong>de</strong>ste trabalho tem o intuito <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> maneira<br />

crítica as relações sociais, os conitos, os interesses, os <strong>de</strong>saos e as possibilida<strong>de</strong>s entre a socieda<strong>de</strong> civil e<br />

o po<strong>de</strong>r público para a manutenção do Plano Municipal <strong>de</strong> Cultura <strong>de</strong> Itabirito, entrelaçando as políticas<br />

públicas para o <strong>de</strong>senvolvimento da cultura, bem como a preservação do patrimônio cultural (material e<br />

imaterial), a memória e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> neste município. O trabalho aborda também as negociações das<br />

políticas culturais, a produção e o consumo cultural, os <strong>de</strong>saos e as possibilida<strong>de</strong>s da atuação do Cientista<br />

Social frente as políticas públicas <strong>de</strong> cultura, sobretudo na gestão e conservação do Patrimônio Cultural.<br />

45 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


O Clube <strong>de</strong> Vizinhança e a gestão sustentável do patrimônio<br />

cultural: aspectos da legislação e implicações <strong>de</strong>sta aplicação<br />

Renate Melanie Oertel D'Amico<br />

Arquiteta ligada ao REABILITA: Curso <strong>de</strong><br />

Especialização em Reabilitação Ambiental<br />

Sustentável Arquitetônica e Urbanística – UNB<br />

renatemelanie@hotmail.com<br />

Este artigo apresenta aspectos das análises e reexões realizadas no âmbito <strong>de</strong> um estudo<br />

exploratório sobre uma intervenção no Clube <strong>de</strong> Vizinhança nº 1, integrante da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vizinhança<br />

tombada pelo Governo do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, no Plano Piloto <strong>de</strong> Brasília. Neste trabalho optou-se por<br />

reunir algumas discussões atuais acerca das intervenções contemporâneas em bens patrimoniais e suas<br />

relações com a gestão sustentável por meio, sobretudo, da análise em torno do conceito <strong>de</strong> “resposta<br />

a<strong>de</strong>quada”, apresentado por Lucio Costa em Brasília Revisitada. Tendo em vista que o objeto do estudo<br />

exploratório foi uma recente intervenção no Clube <strong>de</strong> Vizinhança, nesta oportunida<strong>de</strong>, comenta-se a<br />

análise e consequente reexão, a partir <strong>de</strong> três etapas: primeiro, avaliar e reetir sobre os modos <strong>de</strong><br />

intervir no patrimônio do ponto <strong>de</strong> vista da gestão sustentável; segundo, comentar o Clube <strong>de</strong><br />

Vizinhança, sua história, suas dimensões <strong>de</strong> preservação, seu aparato legal, sua signicância cultural, como<br />

o foco da atenção e, por último, <strong>de</strong>stacar a recente intervenção e questionar se trata-se, ou não, <strong>de</strong><br />

resposta a<strong>de</strong>quada que valoriza e preserva a signicância do Clube <strong>de</strong> Vizinhança como um exemplo <strong>de</strong><br />

arquitetura mo<strong>de</strong>rna. Por m, ao artigo cabe mostrar uma Brasília fora da lei, aspectos e implicações <strong>de</strong>ssa<br />

legislação. Este estudo exploratório foi realizado no curso REABILITA sob orientação da Profa. Dra. Ana<br />

Elisabete <strong>de</strong> Almeida Me<strong>de</strong>iros.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 46


A preservação do patrimônio ferroviário<br />

em Barra do Piraí/RJ<br />

Jéssica <strong>de</strong> Fátima Rossone Alves<br />

Arquiteta e Urbanista e Mestra em Ambiente Construído. Pós-Graduanda<br />

em Desenvolvimento Regional e Sustentabilida<strong>de</strong> Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio <strong>de</strong> Janeiro – IFRJ<br />

jessica_rossone@outlook.com<br />

Este artigo aborda a preservação do patrimônio ferroviário em Barra do Piraí, município<br />

uminense cujo território estruturou-se e consolidou-se tendo como uma <strong>de</strong> suas condições a<br />

presença das ferrovias. No auge do transporte ferroviário no Brasil, que <strong>de</strong>u-se no início do século XX,<br />

Barra do Piraí chegou a comportar cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z por cento do total da malha ferroviária do país, ligando<br />

os principais centros do su<strong>de</strong>ste brasileiro com aquele que cou conhecido por muito tempo como “o<br />

maior entrocamento ferroviário da América Latina”. Para que o complexo ferroviário funcionasse,<br />

foram construídos uma sorte <strong>de</strong> estruturas como pontes e pontilhões, túneis, estações, galpões e<br />

ocinas, entre outros. Porém, com a <strong>de</strong>cadência das ferroviás e ascensão do rodoviarismo já na meta<strong>de</strong><br />

do século XX, muitas <strong>de</strong>stas construções foram caindo em <strong>de</strong>suso e abandono, foram<br />

<strong>de</strong>scaracterizadas ou então não obtiveram uma manutenção a<strong>de</strong>quada, apesar <strong>de</strong> ainda terem alguma<br />

função. Des<strong>de</strong> o início do presente século, trafegam na malha ferroviária existente apenas trens <strong>de</strong><br />

carga, o que <strong>de</strong>terminou o afastamento da maior parte das construções ferroviárias por parte da<br />

população barrense. Contudo, na atualida<strong>de</strong>, surge uma consciência relacionada ao valor que tais<br />

construções <strong>de</strong>têm. Destaca-se que a importância do estudo e da preservação do complexo ferroviário<br />

barrense não interessa apenas à esfera local, uma vez que o testemunho <strong>de</strong>stes Bens faz parte da<br />

história das ferrovias no Brasil e compreen<strong>de</strong> igualmente a interação <strong>de</strong>ste país com o contexto<br />

internacional, com a importação <strong>de</strong> materiais, instrumentos e técnicas, e consi<strong>de</strong>ra-se igualmente a<br />

participação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra imigrante, com o saber-fazer vindo do exterior, nas construções<br />

ferroviárias. O patrimônio estudado neste artigo correspon<strong>de</strong> às estruturas construídas para o<br />

transporte ferroviário ao longo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um século, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras estações, pontes e túneis<br />

construídos em meados do século XIX, até as adaptações <strong>de</strong> traçado e eletricação da malha<br />

ferroviária, e as reutilizações <strong>de</strong> galpões que aconteceram em meados do século XX. São apresentados<br />

dados e discussões relacionados à preservação <strong>de</strong>ste patrimônio, com foco nos aspectos normativos<br />

nas instâncias nacional, estadual e municipal, mas <strong>de</strong>monstrando também as iniciativas da socieda<strong>de</strong> civil<br />

barrense em respeito e apreço à sua memória ferroviária. Observou-se que os aspectos normativos<br />

existentes em quaisquer das instâncias não são sucientes para garantir a preservação <strong>de</strong>stes Bens, e a<br />

inecácia dos mesmos se dá principalmente por aspectos relacionados à <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> política e ao<br />

enfraquecimento institucional da instância municipal, bem como à falta <strong>de</strong> colaboração por parte das<br />

<strong>de</strong>mais instâncias, apesar <strong>de</strong> haver um maior esforço por parte da instituição estadual. Dentre os<br />

municípios da região na qual está inserido, Barra do Piraí é um dos menos atentos em relação à<br />

preservação <strong>de</strong> seu patrimônio ferroviário, apesar <strong>de</strong> ser aquele que <strong>de</strong>tém a maior parte dos Bens em<br />

seu território.<br />

47 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Experiências nacionais da utilização da transferência do<br />

direto <strong>de</strong> construir como importante instrumento <strong>de</strong><br />

salvaguarda do patrimônio cultural<br />

Ana Carolina Lewer<br />

Graduada em Arquitetura e Urbanismo, UFJF<br />

ana.lewer@gmail.com<br />

O patrimônio cultural tem assumido um <strong>de</strong>staque cada vez maior nas dinâmicas urbanas<br />

contemporâneas nacionais. Por um lado, esta área vem sofrendo ampliação <strong>de</strong> sua abrangência, a partir<br />

do qual, o ato do tombamento, muitas vezes não consegue alcançar uma efetiva e coerente preservação,<br />

evi<strong>de</strong>nciando a importância <strong>de</strong> se forjar novos meios mais condizentes com este campo em evolução. Por<br />

outro lado, a lógica contemporânea pautada no consumo cultural urbano, traz um enfoque preocupante,<br />

pois, tem ocasionado uma homogeneização cultural em muitos casos, acarretando no fenômeno <strong>de</strong><br />

museicação urbana em escala global. Paralelamente à esta questão, a crise urbana torna evi<strong>de</strong>nte a<br />

obsolescência do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> planejamento urbano tradicional, imbuídos <strong>de</strong> visões tecnocráticas e<br />

autoritárias, porém, ainda amplamente praticado no Brasil. As contun<strong>de</strong>ntes críticas à esses mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

planejamento, iniciadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980, buscam um padrão alternativo com uma perspectiva mais social,<br />

<strong>de</strong>mocrática e <strong>de</strong>scentralizadora, o que propiciou a emersão <strong>de</strong> duas importantes ferramentas<br />

propulsoras <strong>de</strong> um planejamento e gestão urbanos <strong>de</strong>mocráticos: a Constituição Fe<strong>de</strong>ral (CF) <strong>de</strong> 1988 e,<br />

posteriormente, o Estatuto das cida<strong>de</strong>s favoreceram a criação <strong>de</strong> um instrumento urbanístico<br />

<strong>de</strong>nominado Transferência do Direito <strong>de</strong> Construir – TDC, como possível mecanismo ecaz na<br />

viabilização da preservação do Patrimônio Cultural, tratado no art. 35º. Além <strong>de</strong> que atuar como meio <strong>de</strong><br />

operacionalização <strong>de</strong>sse modo <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> política urbana, a TDC é capaz <strong>de</strong> estabelecer uma<br />

importante articulação entre políticas urbanas, em geral, e políticas <strong>de</strong> patrimônio, enriquecendo as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> soluções para se tratar o Patrimônio Cultural, tornando-as mais assertivas e coerentes<br />

com a evolução <strong>de</strong>ssa temática. Sendo assim, o presente trabalho visa explorar algumas experiências<br />

municipais na utilização <strong>de</strong>sta, importante e versátil ferramenta. Dentre elas <strong>de</strong>staca-se a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong><br />

Fora que, recentemente, promulgou a reformulação da lei que dispõe sobre a TDC (Lei Complementar<br />

nº065/20175). Dessa forma, enten<strong>de</strong>-se que a abordagem a partir <strong>de</strong> recortes territoriais, tem a intenção<br />

<strong>de</strong> oferecer um pano <strong>de</strong> fundo sobre essa práxis em munícipios no Brasil, capazes <strong>de</strong> fomentar reexões<br />

teóricas e práticas em busca <strong>de</strong> melhores meios <strong>de</strong> sua regulamentação, aplicação e gestão.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 48


SIMPÓSIO TEMÁTICO 4<br />

Experiências brasileiras<br />

<strong>de</strong> preservação<br />

do patrimônio mundial<br />

Coor<strong>de</strong>nadora: Luciana Rocha Feres


A gestão do patrimônio arqueológico dos patrimônios da<br />

humanida<strong>de</strong> urbanos: o caso da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás – Go.<br />

Experiências e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> preservação<br />

Gislaine Valério e Lima Te<strong>de</strong>sco<br />

Profa. Dra. Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás/UEG.<br />

Coor<strong>de</strong>nadora do Núcleo <strong>de</strong> Arqueologia da UEG.<br />

Coor<strong>de</strong>nadora do Mestrado Prossional Estudos Culturais,<br />

Memória e Patrimônio – PROMEP/UEG<br />

gislainevl@hotmail.com<br />

Hellen Batista Carvalho<br />

Mestre em História. Arqueóloga do Instituto do Patrimônio<br />

Histórico e Artístico Nacional – IPHAN<br />

hellenbcar@gmail.com<br />

.<br />

Daniel dos Santos Correa<br />

Mestrando do Mestrado Prossional Estudos Culturais,<br />

Memória e Patrimônio – PROMEP/UEG<br />

archeoclio@gmail.com<br />

.O presente trabalho visa apresentar algumas reexões e indicar possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gestão do<br />

patrimônio arqueológico existente no subsolo dos Patrimônios da Humanida<strong>de</strong> Urbanos Brasileiros. A<br />

discussão parte das experiências, elaboração <strong>de</strong> estratégias e resultados obtidos no âmbito do projeto <strong>de</strong><br />

acompanhamento arqueológico das obras <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás, ao título <strong>de</strong> Patrimônio da<br />

Humanida<strong>de</strong>, concedido pela UNESCO em 2001. O resgate e o monitoramento arqueológico nas<br />

obras <strong>de</strong> implantação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto e do embutimento das ações elétrica e <strong>de</strong> telefonia revelaram<br />

áreas com alto potencial arqueológico, apesar das inúmeras intervenções ocorridas na cida<strong>de</strong> ao longo do<br />

tempo, bem como, áreas com ausência <strong>de</strong> cultura material, dando visibilida<strong>de</strong> a diferentes usos do espaço<br />

urbano da antiga Vila Boa <strong>de</strong> Goiás nos séculos XVIII e XIX. Os dados obtidos na pesquisa <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong><br />

laboratório têm alimentado um banco <strong>de</strong> dados georreferenciado possibilitando a confecção <strong>de</strong> mapas<br />

que auxiliam na gestão dos bens culturais em cota negativa (subterrâneo) através da implantação <strong>de</strong><br />

políticas públicas <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong>sse patrimônio nas obras que <strong>de</strong>mandam impacto ao subsolo da cida<strong>de</strong>.<br />

A intenção é municiar o po<strong>de</strong>r público municipal e o IPHAN com informações sobre: áreas com potencial<br />

risco ao patrimônio arqueológico; áreas que ainda <strong>de</strong>mandam pesquisa; áreas on<strong>de</strong> intervenções não<br />

representam danos ao patrimônio arqueológico, resultando em um melhor uso dos recursos públicos<br />

em obras <strong>de</strong> infraestrutura e preservação do conhecimento sobre a história dos habitantes da cida<strong>de</strong>.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 50


Arqueo-Educação Sergipe d'El Rey: Experiência<br />

<strong>de</strong> Interpretação do Patrimônio<br />

Miriam Cazzetta<br />

Mestre em Arqueologia Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe<br />

cazzettam@hotmail.com<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Cristóvão (originalmente <strong>de</strong>nominada Sergipe d' El Rey) <strong>de</strong>staca-se no cenário<br />

sergipano, no âmbito político e simbólico, por ser a antiga capital do Estado. Des<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1940 o<br />

seu núcleo urbano tem sido objeto <strong>de</strong> ações do Iphan, quando alguns edifícios receberam tombamentos<br />

isolados. Em 1967 seu conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico recebeu tombamento fe<strong>de</strong>ral.<br />

Ao longo <strong>de</strong>sse tempo a cida<strong>de</strong> sofreu muitas transformações, entre elas as ocasionadas por pressões <strong>de</strong><br />

crescimento no núcleo histórico e o <strong>de</strong>slocamento da expansão urbana em direção a capital Aracaju (a<br />

partir da implantação do campus da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe em seu território, na divisa com a<br />

capital, no ano <strong>de</strong> 1980). Em 2007/2008 a Praça São Francisco foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial<br />

nos termos da Convenção do Patrimônio Mundial da Unesco, e foi consi<strong>de</strong>rada exemplar único <strong>de</strong><br />

intervenção urbana em um momento excepcional, o da União das Coroas portuguesa e espanhola,<br />

representando um intercâmbio <strong>de</strong> visões sobre mo<strong>de</strong>los do urbanismo e da arquitetura. Além disso, a<br />

Praça São Francisco permanece como local <strong>de</strong> expressão das manifestações da cultura tradicional e<br />

popular, conservando no seu espaço <strong>de</strong> representação os po<strong>de</strong>res religioso e civil. Em 2010, a Praça São<br />

Francisco também foi cadastrado como sítio arqueológico no Cadastro Nacional <strong>de</strong> Sítios Arqueológicos -<br />

CNSA. Contudo, as intervenções no subsolo do perímetro chancelado e no seu entorno, os dados<br />

arrolados e o acervo constituído, ainda são <strong>de</strong>sconhecidos da socieda<strong>de</strong> em geral. É nesse contexto que<br />

a proposta Arqueo-Educação Sergipe d'El Rey: Experiência <strong>de</strong> Interpretação do Patrimônio foi concebida<br />

para promover ações <strong>de</strong> educação pelo e para o patrimônio junto com a Secretaria Municipal <strong>de</strong><br />

Educação - SEMED/SC -, visando fortalecer a comunida<strong>de</strong> escolar como parceira nas ações <strong>de</strong><br />

socialização e proteção dos valores culturais associados à Praça São Francisco e seu entorno, em especial<br />

o seu Valor Universal Excepcional (VUE). O intuito é instrumentalizar pessoas para atuarem como<br />

multiplicadores em projetos que fomentem a geração <strong>de</strong> renda à socieda<strong>de</strong> são cristovense, e a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> social a partir dos bens patrimoniais. A primeira fase da proposta ocorreu em abril <strong>de</strong><br />

2018, no âmbito da II Jornada Pedagógica da SEMED/SC tendo em vista que a disciplina educação<br />

patrimonial foi inserida na Matriz Curricular oferecida do 3º ao 9º ano do Ensino Fundamental, atingindo<br />

alunos <strong>de</strong> 8 a 15 anos. Distribuídos em 40 unida<strong>de</strong>s municipais <strong>de</strong> ensino, cento e <strong>de</strong>zoito (118)<br />

professores da comunida<strong>de</strong> escolar municipal participaram das ocinas. Naquela oportunida<strong>de</strong>, foi<br />

manifestada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material informativo e didáticos sobre o território são cristovense, da préhistória<br />

aos dias atuais, <strong>de</strong> forma a estabelecer relações com as <strong>de</strong>mais referências culturais reconhecidas<br />

em ambientes urbanos, aquáticos e rurais. Comprometida com a pedagogia da apropriação, no segundo<br />

semestre <strong>de</strong> <strong>2019</strong> está em <strong>de</strong>senvolvimento a Trilha ArqueoUrb, que visa fortalecer a comunida<strong>de</strong><br />

escolar como parceira nas ações <strong>de</strong> incremento turístico qualicado.<br />

51 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Conjunto mo<strong>de</strong>rno da Pampulha: reflexões sobre as<br />

complexida<strong>de</strong>s e contradições para a gestão <strong>de</strong> uma<br />

paisagem cultural da humanida<strong>de</strong><br />

Luciana Rocha Féres<br />

Membro do ICOMOS, Professora e Doutoranda pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Programa <strong>de</strong> Doutorado em Ambiente Construído e<br />

Patrimônio Sustentável, Escola <strong>de</strong> Arquitetura da UFMG<br />

lurferes@gmail.com.<br />

A presente proposta <strong>de</strong> comunicação apresenta um recorte da pesquisa <strong>de</strong> doutorado em<br />

andamento intitulada: “Trajetórias da preservação do Conjunto Mo<strong>de</strong>rno da Pampulha - Patrimônio e<br />

Paisagem Cultural <strong>de</strong> um Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>: a Gestão das Paisagens Culturais em questão”. A<br />

comunicação preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar e reetir sobre as complexida<strong>de</strong>s e contradições dos processos <strong>de</strong><br />

gestão do patrimônio cultural da humanida<strong>de</strong>, especicamente no caso brasileiro do Conjunto Mo<strong>de</strong>rno<br />

da Pampulha, que foi inscrito na tipologia “paisagem cultural” em julho <strong>de</strong> 2016, na Lista do Patrimônio<br />

Mundial da UNESCO. O estudo <strong>de</strong> caso visa <strong>de</strong>monstrar que a inclusão das paisagens culturais situadas<br />

em áreas urbanas ainda é fenômeno recente e como tal, requer uma revisão dos conceitos e<br />

metodologias até então vigentes no campo da gestão e preservação do patrimônio. Este processo <strong>de</strong><br />

análise crítica e reexão sobre os conceitos, metodologias e práticas <strong>de</strong> gestão é fundamental neste<br />

momento para que encontremos caminhos para lidar com esta nova tipologia e para que ela não se torne<br />

uma nova “embalagem” para as velhas práticas <strong>de</strong> preservação. Uma das questões fundamentais que não<br />

po<strong>de</strong>mos nos esquivar é a questão da abordagem dos valores e da signicância cultural, e ao tratarmos <strong>de</strong><br />

uma paisagem cultural, o que se <strong>de</strong>seja preservar? Uma questão contemporânea que já vem sendo<br />

abordada no campo da preservação e gestão das paisagens é “administrar a mudança”, qual seria o limite<br />

<strong>de</strong> transformações aceitáveis em uma paisagem cultural da humanida<strong>de</strong> sem que ela perca o seu V.U.E. –<br />

Valor Universal Excepcional? Quais seriam as metodologias a<strong>de</strong>quadas para a gestão <strong>de</strong>ste patrimônio da<br />

humanida<strong>de</strong> em áreas urbanas? A comunicação proposta preten<strong>de</strong> problematizar e promover a reexão<br />

sobre tais questões, visando elucidar as transformações ocorridas tanto nas dimensões simbólicas e<br />

conceituais, quanto nas políticas e instrumentos <strong>de</strong> preservação do patrimônio cultural ao longo do<br />

tempo, bem como avançar o conhecimento sobre os conceitos, teorias e práticas <strong>de</strong> conservação e<br />

gestão do patrimônio cultural, especialmente das paisagens culturais.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 52


As religiões <strong>de</strong> matriz afro-brasileira São Cristóvão,<br />

Sergipe: das políticas patrimoniais às <strong>de</strong>mandas por<br />

direitos sociais<br />

Raul Amaro <strong>de</strong> Oliveira Lanari<br />

Doutor em História – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais (UFMG).<br />

Professor Adjunto – Depto. <strong>de</strong> História – Centro<br />

Universitário <strong>de</strong> Belo Horizonte (UNI-BH).<br />

Professor Substituto – Depto. <strong>de</strong> História –<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG)<br />

ralanari@gmail.com<br />

Hugo Mateus Gonçalves Rocha<br />

Doutorando em História – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Ouro Preto (UFOP).<br />

Mestre em História – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais (UFMG)<br />

hugomateusgoncalvesrocha@gmail.com<br />

Esta comunicação tem como objetivo apresentar resultados <strong>de</strong> pesquisa no âmbito do projeto<br />

“Mapeamento das Casas e Terreiros <strong>de</strong> Religiões <strong>de</strong> Matriz Afro-Brasileira <strong>de</strong> São Cristóvão, Sergipe”,<br />

realizado sob supervisão da Superintendência Regional do IPHAN em Sergipe. Preten<strong>de</strong>-se analisar a<br />

dinâmica das religiosida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> matriz afro-brasileira em São Cristóvão, cida<strong>de</strong> sergipana que abriga o<br />

conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça São Francisco, associado ao período da União Ibérica<br />

(1580-1640) e reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2010. Em mapeamento<br />

realizado entre os meses <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2018 e julho <strong>de</strong> <strong>2019</strong>, foram i<strong>de</strong>nticados sessenta terreiros,<br />

casas e quartos <strong>de</strong> santo em todo o município <strong>de</strong> São Cristóvão, alguns <strong>de</strong>les surgidos em meados do<br />

século XX a partir da expansão do culto nagô e dos chamados “candomblés <strong>de</strong> feitorio” em São<br />

Cristóvão. Outros, mais recentes, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> “famílias <strong>de</strong> santo” existentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século<br />

XX em Aracajú e na Bahia, tendo se instalado em São Cristóvão no nal do século XX. Assim, as religiões<br />

<strong>de</strong> matriz afro-brasileira possuem uma historicida<strong>de</strong> em São Cristóvão (e em todo o Sergipe) que<br />

ultrapassa as representações armadas pelo patrimônio local reconhecido em nível nacional e mundial.<br />

Em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo que consistiram em realização <strong>de</strong> entrevistas semi-estruturadas com<br />

Babalorixás, Ialorixás, Pais/Mães/Filhos <strong>de</strong> santo e Zeladores, buscou-se uma compreensão das<br />

percepções <strong>de</strong>stes sobre a historicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas próprias práticas e sobre o local ocupado por elas nas<br />

narrativas patrimoniais sobre São Cristóvão. Partindo da constatação <strong>de</strong> um silencio a respeito das<br />

religiões <strong>de</strong> matriz afro- brasileira no discurso patrimonial a respeito <strong>de</strong> São Cristóvão, o trabalho analisará<br />

a historicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais práticas religiosas no contexto local, seus elos com a consolidação das religiões afrobrasileiras<br />

no estado <strong>de</strong> Sergipe e, por m, discorrerá sobre a efetivida<strong>de</strong> dos instrumentos <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>nticação e salvaguarda do patrimônio cultural para as <strong>de</strong>mandas das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terreiros locais<br />

com relação a direitos sociais.<br />

53 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


O tombamento e a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação da natureza<br />

como instrumentos <strong>de</strong> gestão do patrimônio mundial: o<br />

caso da Serra dos Cristais – Diamantina/MG<br />

Clarice Murta Dias<br />

Geógrafa, especialista em Banco <strong>de</strong> Dados e em<br />

Geoprocessamento,<br />

Mestre em Análise e Mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> Sistemas Ambientais<br />

clarice.dias@iepha.mg.gov.br<br />

Fernanda Ghirotto Garcia<br />

Arquiteta e Urbanista,<br />

Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural<br />

fernanda.garcia@iepha.mg.gov.br<br />

Karina Lúcio Roquete.<br />

Arquiteta e Urbanista.<br />

Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico <strong>de</strong><br />

Minas Gerais – IEPHA-MG<br />

Karina.roquete@iepha.mg.gov.br<br />

O tombamento estadual do Conjunto Paisagístico da Serra dos Cristais ocorreu no contexto do<br />

processo <strong>de</strong> reconhecimento do centro histórico <strong>de</strong> Diamantina como patrimônio mundial. Sua<br />

proteção estadual foi motivada pela preservação da paisagem natural, que evi<strong>de</strong>ncia a relação <strong>de</strong><br />

contraste entre a implantação da cida<strong>de</strong> colonial e a característica inóspita da área. Por outro lado, a<br />

existência da ocupação irregular na escarpa motivadora da proteção <strong>de</strong>stoou da paisagem natural. Como<br />

forma <strong>de</strong> inibir a sua expansão, o Conselho Curador do IEPHA-MG, então órgão competente para<br />

<strong>de</strong>liberar sobre a proteção, tombou o conjunto paisagístico em caráter <strong>de</strong> urgência, no ano 2000. O<br />

tombamento <strong>de</strong>nitivo ocorreu <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois, sem que se tivesse conseguido, porém, paralisar a<br />

expansão <strong>de</strong>ssa ocupação, momento a partir do qual se impulsionou uma série <strong>de</strong> conitos pela<br />

apropriação da serra. Nesta perspectiva, foi proposta também a criação <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação.<br />

Posteriormente, enten<strong>de</strong>u-se que essa ocupação <strong>de</strong>veria ser tratada como uma questão <strong>de</strong> política<br />

pública <strong>de</strong> habitação, assim um novo perímetro <strong>de</strong> tombamento foi elaborado em 2018, excluindo a<br />

porção urbanizada. Essa ação traria mais autonomia administrativa ao município para proce<strong>de</strong>r à<br />

urbanização e regularização fundiária da área. Neste momento, por meio <strong>de</strong> recursos do PAC Cida<strong>de</strong>s<br />

Históricas 2 foi contratado estudos para criação da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação municipal, no qual se <strong>de</strong>niu a<br />

categoria <strong>de</strong> Área <strong>de</strong> Preservação Ambiental. A partir <strong>de</strong> então, <strong>de</strong> forma inédita no IEPHA-MG, iniciou-se<br />

uma ampla discussão envolvendo a equipe técnica contratada, a Prefeitura Municipal, o IEPHA-MG, o<br />

Instituto Estadual <strong>de</strong> Florestas, o IPHAN/MG e o Instituto Chico Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da<br />

Biodiversida<strong>de</strong>, resultando na proposta <strong>de</strong> um zoneamento da área que inclui, além da conservação e do<br />

turismo ecológico, a regulamentação do uso para ns <strong>de</strong> moradia, comércio e serviço. Por se tratar <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso sustentável encravada entre a cida<strong>de</strong> e o campus da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral dos Vales do<br />

Jequitinhonha e Mucuri, com um gran<strong>de</strong> uxo da população utuante na área, os proprietários anseiam<br />

pelo parcelamento da serra. Nesse sentido, avançamos nas reexões sobre o <strong>de</strong>smembramento <strong>de</strong><br />

imóveis rurais e na construção <strong>de</strong> edicações que levem em consi<strong>de</strong>ração sua visibilida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong><br />

percursos pré-<strong>de</strong>terminados. As ações propostas só po<strong>de</strong>rão ser avaliadas daqui a alguns anos. Contudo,<br />

a experiência tem resultado numa nova forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a gestão do patrimônio cultural <strong>de</strong> bens<br />

naturais que associa os instrumentos instituídos pelo Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação às<br />

clássicas metodologias do tombamento.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 54


O Comitê Gestor das Paisagens Cariocas: entre a<br />

experiência, os <strong>de</strong>safios e as perspectivas.<br />

Isabelle Cury Arquiteta<br />

D.Sc. Assessoria <strong>de</strong> Paisagem IPHAN – Instituto<br />

do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional<br />

Superintendência do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

isabelle.cury@iphan.gov.br<br />

Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011, o IPHAN criou o Comitê Gestor do Sítio Rio Patrimônio Mundial por<br />

meio da Portaria nº 464/2011, dispondo sobre o sítio proposto como Patrimônio Mundial: Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

– Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar e consi<strong>de</strong>rando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> um<br />

sistema <strong>de</strong> gestão, com base na legislação vigente e na regulação do território urbano. O<br />

reconhecimento, pela Unesco, ocorreu na 36ª sessão do Conselho do Patrimônio Mundial em 01 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2012, em São Petersburgo, Rússia, tendo sido incluído na Lista <strong>de</strong> Patrimônio Mundial na<br />

categoria <strong>de</strong> Paisagem Cultural. A elaboração do Plano <strong>de</strong> Gestão partiu <strong>de</strong> um longo processo <strong>de</strong><br />

discussão e pactuação com técnicos e gestores dos elementos que integram o sítio, sendo esses<br />

representantes das três esferas <strong>de</strong> governo, municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral, nos âmbitos cultural, ambiental,<br />

urbanístico e paisagístico, além <strong>de</strong> gestores <strong>de</strong> áreas especícas do sítio. Entregue à UNESCO em janeiro<br />

<strong>de</strong> 2013, obteve a aprovação na 39ª Seção do Comitê do Patrimônio Mundial/ Unesco, realizada na<br />

cida<strong>de</strong> Bonn, Alemanha em Julho <strong>de</strong> 2015. A Portaria IPHAN Nº 454, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2016,<br />

instituiu uma nova composição para o Comitê Gestor do Sítio <strong>de</strong>clarado Patrimônio Mundial, que<br />

garantiu a continuida<strong>de</strong> dos trabalhos e <strong>de</strong> seus participantes. Após seis anos <strong>de</strong> funcionamento do<br />

Comitê Gestor é possível vericar que muitas das ações propostas encontram-se concluídas, tais como: o<br />

Plano <strong>de</strong> Manejo do Pão <strong>de</strong> Açúcar e morros da Urca e Cara <strong>de</strong> Cão; as normas para o or<strong>de</strong>namento da<br />

orla <strong>de</strong> Copacabana INEPAC- 2018; a racionalização do uso <strong>de</strong> antenas no Sumaré - Parque Nacional da<br />

Tijuca, <strong>de</strong>ntre outras. O Comitê reúne-se regularmente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2011, e tem <strong>de</strong>senvolvido projetos<br />

importantes para o fortalecimento do sítio <strong>de</strong>clarado patrimônio mundial. O trabalho em questão<br />

preten<strong>de</strong> relatar as ações empreendidas, até então, avaliar e propor novas metas.<br />

55 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Patrimônio Cultural, Megaeventos e a<br />

cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Gabriel da Silva Vidal Cid<br />

Doutor em Sociologia. Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Sociais<br />

– Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (PPCIS/UERJ)<br />

cida<strong>de</strong>shistoricas<strong>de</strong>minas@gmail.com<br />

Nesta comunicação pretendo apresentar algumas reexões a que venho me <strong>de</strong>dicando em<br />

minha pesquisa <strong>de</strong> pós-doutorado, iniciada em março <strong>de</strong> <strong>2019</strong>, no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

Ciências Sociais, da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Com o título Projetos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> e políticas<br />

<strong>de</strong> memória recentes na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, busco compreen<strong>de</strong>r o campo do patrimônio cultural<br />

em relação à preparação da cida<strong>de</strong> para o que cou conhecido como Megaeventos. A pesquisa investiga<br />

sentidos entre as políticas <strong>de</strong> “empreen<strong>de</strong>dorismo urbano” (Harvey, 2005), o projeto <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong><br />

Olímpica e ações <strong>de</strong> impacto na memória coletiva. Em especial os processos <strong>de</strong> consagração e<br />

ressignicações <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados bens culturais po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>monstrar que projeto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> disputava as<br />

opções quanto às políticas para o patrimônio. Nesta investigação venho estudando as seguintes ações: as<br />

candidaturas Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar e do Cais do Valongo,<br />

reconhecidas pela UNESCO como patrimônio da humanida<strong>de</strong>; o tombamento pelo IPHAN e<br />

intervenções no Estádio do Maracanã; e o <strong>de</strong>stombamento e reconhecimento <strong>de</strong> bens na Região da<br />

Gran<strong>de</strong> Madureira pela Prefeitura do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Entendo que as políticas são implementadas no<br />

âmbito <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado projeto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, evi<strong>de</strong>ntemente em constante disputa <strong>de</strong> atores variados por<br />

recursos limitados. Neste sentido o patrimônio cultural po<strong>de</strong> nos dizer sobre processos que articulam a<br />

produção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, signicados e usos da cida<strong>de</strong>. Usando a cidadania como chave <strong>de</strong> análise,<br />

escolhi compreen<strong>de</strong>r estas políticas e vericar se seus resultados são <strong>de</strong> ampliação ou redução do direito<br />

à cida<strong>de</strong> (Lefevre, 2001). Consi<strong>de</strong>rando que o peso das políticas <strong>de</strong> preparação da cida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ter<br />

<strong>de</strong>nido certo sentido no campo das políticas para a memória coletiva, há que se consi<strong>de</strong>rar as tensões<br />

produzidas pelos diversos atores em jogo. Lembro que as memórias coletivas são produzidas em<br />

situações <strong>de</strong> disputas que envolvem o favorecimento <strong>de</strong> alguns setores da socieda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong><br />

outros, em guerras culturais que envolvem a disputa <strong>de</strong> capital simbólico, e, que autores como Norbert<br />

Elias (2000) e Pierre Bourdieu (2007) vêm <strong>de</strong>monstrando que as diferenças em torno <strong>de</strong>ste não se<br />

resumem a ele. Estas leituras nos permitem relacionar as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso à participação no<br />

campo simbólico com <strong>de</strong> outros tipos, como exemplo na <strong>de</strong>nição <strong>de</strong> um projeto mais ou menos<br />

integrador da cida<strong>de</strong> no que concerne à produção da memória coletiva. As disputas pela memória no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro nos últimos anos <strong>de</strong>monstram a tensão existente. Por exemplo quando pensamos na<br />

implementação do Valongo como um importante marco i<strong>de</strong>ntitário da memória afro-brasileira ao<br />

mesmo tempo em que o Estádio do Maracanã é <strong>de</strong>scaracterizado, com o conseguinte afastamento <strong>de</strong><br />

seu caráter popular. Da mesma forma a consagração <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada paisagem como patrimônio da<br />

humanida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> nos indicar <strong>de</strong>terminados sentidos na escolha da organização <strong>de</strong> um projeto político e<br />

econômico.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 56


A (<strong>de</strong>s)continuida<strong>de</strong> das políticas públicas <strong>de</strong> patrimônio<br />

cultural: um olhar sobre o Horto Botânico <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

Nízea Andra<strong>de</strong> Coelho<br />

Graduada em Comunicação Social pela UFV<br />

Mestranda em Preservação do Patrimônio<br />

Cultural pelo IPHAN<br />

nizeacoelho@gmail.com<br />

Waléria Niquini<br />

Graduada em Turismo pela UFOP<br />

Mestra em Administração Pública pela UFV<br />

niquiniwaleria@gmail.com<br />

O presente estudo almeja apresentar a experiência brasileira <strong>de</strong> preservação do<br />

patrimônio cultural por meio da análise do projeto <strong>de</strong> recuperação e tratamento<br />

paisagístico realizado no Horto Botânico e Vale dos Contos, sendo esta a principal<br />

intervenção do Programa Monumenta, do Governo Fe<strong>de</strong>ral, em Ouro Preto, e que criou<br />

um gran<strong>de</strong> parque urbano a partir <strong>de</strong> áreas ver<strong>de</strong>s e livres no interior do centro histórico<br />

da primeira cida<strong>de</strong> brasileira inscrita na lista <strong>de</strong> Patrimônio Cultural Mundial da UNESCO.<br />

Para tanto, serão apresentados o histórico do bem, o projeto <strong>de</strong> requalicação realizado,<br />

as ações <strong>de</strong>senvolvidas logo após a entrega da intervenção - com <strong>de</strong>staque para os<br />

incentivos via Lei Rouanet - e os fatos que levaram à sua interdição, fechamento, abandono<br />

e <strong>de</strong>predação. O artigo <strong>de</strong>senvolve-se em cunho teórico, no qual, para sua construção,<br />

realizou-se levantamento bibliográco e documental nos campos <strong>de</strong> políticas públicas e<br />

preservação do patrimônio cultural, buscando dados existentes em fontes digitais. Este<br />

estudo justica-se pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise da atuação do po<strong>de</strong>r público após encerrada<br />

a fase <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> uma política pública voltada ao patrimônio cultural. Há<br />

continuida<strong>de</strong>, pelo po<strong>de</strong>r público municipal, das ações intentadas pelo programa <strong>de</strong><br />

preservação do Governo Fe<strong>de</strong>ral? Quais as diculda<strong>de</strong>s encontradas? Divergências<br />

políticas locais inuenciam diretamente na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão dos prefeitos e/ou<br />

responsáveis pelo bem? Esses e outros questionamentos ganham espaço e possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> respostas no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste artigo. Verica-se, assim, um extenso campo <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estudos voltados à criação, implementação e continuida<strong>de</strong> das políticas<br />

públicas <strong>de</strong> proteção do patrimônio cultural.<br />

57 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Do <strong>de</strong>clínio a patrimônio da humanida<strong>de</strong>: a trajetória<br />

<strong>de</strong> dois fortes da Baixada Santista<br />

Gustavo Carrera Chagas<br />

Graduado em História pela Universida<strong>de</strong><br />

Católica <strong>de</strong> Santos e Especialista em História e<br />

Cultura no Brasil Contemporâneo pela UFJF.<br />

gustavocchagas@hotmail.com<br />

Karime Moussalli Antigo<br />

Graduada em História pela Universida<strong>de</strong><br />

Católica <strong>de</strong> Santos<br />

Mestranda em História da Educação na<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo (FEUSP), sob a orientação <strong>de</strong> Diana Vidal.<br />

Membro do Núcleo Interdisciplinar <strong>de</strong> Estudos e<br />

Pesquisa em História da Educação (NIEPHE).<br />

moussalli.karime@gmail.com<br />

Buscando atentar para a preocupação com a preservação do patrimônio histórico do Brasil, mais<br />

especicamente da Baixada Santista, esse artigo visa levantar alguns aspectos do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio,<br />

restauração e ressignicação <strong>de</strong> duas forticações militares do litoral paulista: os fortes <strong>de</strong> São João, em<br />

Bertioga, e o <strong>de</strong> Santo Amaro da Barra Gran<strong>de</strong>, em Guarujá. Conferir visibilida<strong>de</strong> à trajetória das duas<br />

forticações se faz necessário já que ambas estão incluídas no conjunto das <strong>de</strong>zenove edicações<br />

remanescentes do período colonial, cuja candidatura à chancela <strong>de</strong> patrimônio da humanida<strong>de</strong> pela<br />

UNESCO foi ocializada em 2018. Tal título tornaria os dois fortes como os primeiros patrimônios da<br />

humanida<strong>de</strong> situados em São Paulo, o qual, não obstante ser o marco inicial da colonização, berço da<br />

primeira vila do Brasil, não tem ainda essa titulação (IPHAN, 2017). Remanescentes quinhentistas, essas<br />

construções faziam parte do plano <strong>de</strong>fensivo português contra as incursões <strong>de</strong> piratas e corsários<br />

europeus, bem como abrigavam sentinelas <strong>de</strong>stinadas a frustrar ataques indígenas as Vilas <strong>de</strong> Santos e São<br />

Vicente (MORI, 2003, p.51). O forte <strong>de</strong> São João, junto à entrada do canal <strong>de</strong> Bertioga, foi edicado em<br />

1532, reconstruído diversas vezes a partir <strong>de</strong> 1550. Já a Fortaleza da Barra Gran<strong>de</strong> foi construída entre<br />

1583 e 1584, durante o período da União Ibérica e está localizada <strong>de</strong>fronte a entrada do porto <strong>de</strong> Santos<br />

(TEIXEIRA, 2009, 2011). Por meio das pesquisas <strong>de</strong> autores como, Mori (2003), Muniz Júnior (1982),<br />

Teixeira (2009), Andra<strong>de</strong> (2001) e Secomandi (2004, 2013) é possível vericar que as duas construções<br />

passaram por uma trajetória <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio após serem <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e substituídas por<br />

edicações mo<strong>de</strong>rnas. Em consonância às inovações tecnológicas no mundo militar, as duas fortalezas<br />

passaram décadas abandonadas. Esse artigo, por sua vez, analisa iniciativas realizadas a partir da<br />

organização <strong>de</strong> setores da socieda<strong>de</strong> civil, <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> ensino e dos órgãos <strong>de</strong> preservação<br />

patrimonial, sobretudo o IPHAN, que permitiram uma combinação <strong>de</strong> forças e verbas direcionadas ao<br />

restauro e ao uso das edicações como “lugares <strong>de</strong> memória”. Segundo o historiador francês Pierre Nora<br />

(1993, p.21-22), tal conceito abarcaria construções históricas cujo interesse é proveniente <strong>de</strong> seu valor<br />

como testemunho dos processos e conitos sociais. Nessa ótica, consi<strong>de</strong>ramos necessário o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações educativas junto à comunida<strong>de</strong>, visando à conscientização da importância da<br />

preservação <strong>de</strong>sse patrimônio na reconstituição das origens do litoral paulista, resultando na inclusão <strong>de</strong><br />

ambas na candidatura a patrimônio da humanida<strong>de</strong>.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 58


SIMPÓSIO TEMÁTICO 5<br />

Patrimônio da humanida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Minas Gerais – disputas<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e memórias<br />

Debatedor: Alexandre Augusto Costa


Disputa do imaginário social na Cida<strong>de</strong> dos Profetas:<br />

conflitos, meio ambiente e patrimônio em Congonhas<br />

(1985- <strong>2019</strong>)<br />

Alexandre Augusto da Costa<br />

Doutorando em História pela Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora (UFJF), mestre em<br />

Comunicação pela UFJF<br />

llexxan<strong>de</strong>r@gmail.com<br />

Este ensaio correspon<strong>de</strong> à introdução da tese em andamento no programa <strong>de</strong> Pós- Graduação<br />

em História da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora (UFJF) que investiga os imaginários sociais prementes<br />

a partir da disputa em torno da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural em Congonhas, localizada na região central do Estado<br />

<strong>de</strong> Minas Gerais – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o reconhecimento da Unesco em 1985 como Patrimônio Mundial até os dias<br />

atuais. A cida<strong>de</strong> é pólo econômico do Quadrilátero Ferrífero e abriga as maiores empresas <strong>de</strong> mineração<br />

do país como a Vale e a Companhia Si<strong>de</strong>rúrgica Nacional (CSN). Na Basílica do Senhor Bom Jesus <strong>de</strong><br />

Matosinhos, se encontra a obra-prima do maior artista barroco brasileiro, Antônio Francisco Lisboa<br />

(Aleijadinho) com os 12 profetas em pedra sabão e as 66 esculturas em cedro da Via Crucis, sítio<br />

Patrimônio Mundial. A hipótese central da tese é que Congonhas, a partir da chancela da Unesco, passou<br />

a repensar as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s locais, reetindo assim um imaginário que inspirou uma visão <strong>de</strong> longo prazo<br />

que compreendia alternativas à vocação econômica da mineração, além do resgate dos laços i<strong>de</strong>ntitários<br />

com Portugal (país que inspirou a <strong>de</strong>voção ao Senhor Bom Jesus <strong>de</strong> Matosinhos) e a busca da expertise na<br />

gestão e promoção do patrimônio. Neste sentido serão mapeadas as ações dos principais atores:<br />

Prefeitura Municipal, Ministério Público <strong>de</strong> Minas Gerais, Igreja Católica, socieda<strong>de</strong> civil e mineradoras.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 60


Nos veios da pedra: Limites e potencialida<strong>de</strong>s do<br />

Museu <strong>de</strong> Congonhas na preservação da memória<br />

Isabella Men<strong>de</strong>s Freitas<br />

(PPGCSO-UFJF)<br />

isamenfrei@yahoo.com.br<br />

O artigo preten<strong>de</strong> confrontar a proposta do Museu <strong>de</strong> Congonhas (MG) com o diagnóstico <strong>de</strong><br />

falência das capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> narrar e lembrar, característica das socieda<strong>de</strong>s contemporâneas (BENJAMIN,<br />

HALBWACHS, NORA), e da crítica aos processos <strong>de</strong> intensa “musealização” da vida (HUYSSEN). Para<br />

isso, serão observadas a arquitetura, o acervo e a programação do Museu, com base: na publicação da<br />

Unesco que narra seu processo <strong>de</strong> implementação (“Museu <strong>de</strong> Congonhas: relato <strong>de</strong> uma experiência”);<br />

nas visitas <strong>de</strong> campo realizadas ao Museu; e em informações disponibilizadas em seu site e na imprensa. A<br />

proposta é reetir sobre os limites e potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste Museu na preservação da memória, em sua<br />

relação com a obra <strong>de</strong> referência que o torna um “museu <strong>de</strong> sítio” - o Santuário do Bom Jesus <strong>de</strong><br />

Matosinhos. Com uma exposição <strong>de</strong> longa duração que conta com recursos hipermidiáticos e interativos,<br />

o Museu <strong>de</strong> Congonhas preten<strong>de</strong> ampliar a experiência <strong>de</strong> visita ao Santuário. Os recursos, <strong>de</strong> acordo<br />

com o site da instituição, seriam “facilitadores <strong>de</strong> apropriações cognitivas, intelectuais, estéticas, sensoriais<br />

e emocionais” da obra <strong>de</strong> arte e das experiências religiosas que fazem parte da memória e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da<br />

cida<strong>de</strong>. Além <strong>de</strong>sta exposição principal, o presente artigo também leva em conta a exposição situada no<br />

subsolo do Museu, que conta duas réplicas dos profetas esculpidos em pedra sabão por Aleijadinho, e<br />

cujas peças originais encontram-se a poucos metros da edicação. Com a exposição das réplicas, o<br />

Museu retoma, com textos e imagens, narrativas sobre o valor estético do Santuário, bem como o <strong>de</strong>bate<br />

sobre a possível transferência dos profetas originais do adro para o Museu - proposta até o momento<br />

rejeitada pela comunida<strong>de</strong>. Além disso, com esta exposição, o Museu coloca em evidência o mo<strong>de</strong>rno<br />

processo <strong>de</strong> escaneamento das esculturas. Tais questões são aqui enfrentadas a partir das reexões <strong>de</strong><br />

Tim Ingold sobre as coisas enquanto uxos e processos vivos e relacionais, consi<strong>de</strong>rando, neste caso, a<br />

relação da pedra sabão com o ambiente e seus atores. Além disso, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cópia e<br />

<strong>de</strong>slocamento das obras parece retroalimentar uma “retórica da perda” (GONÇALVES), que encontra<br />

eco na relação dinâmica e conituosa entre <strong>de</strong>senvolvimento econômico (pela ativida<strong>de</strong> mineratória na<br />

região) e preservação. Abrindo mão do protagonismo do objeto “original” na instituição museu, e<br />

colocando, em seu lugar, a cópia e a simulação, o Museu <strong>de</strong> Congonhas possibilita reetir sobre processos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento e inversão sobre o papel dos museus nas socieda<strong>de</strong>s contemporâneas, sobre as<br />

experiências <strong>de</strong> visitação e sobre a natureza <strong>de</strong> seu acervo. O artigo é parte da tese <strong>de</strong> doutorado em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento no Programa <strong>de</strong> Pós- Graduação em Ciências Sociais da UFJF, cujo objetivo é realizar<br />

uma etnograa da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Congonhas a partir do estudo <strong>de</strong> suas edicações. A tese tomará três planos<br />

<strong>de</strong> análise: igrejas, casas resi<strong>de</strong>nciais e cida<strong>de</strong>, levando em conta sua arquitetura, materiais <strong>de</strong> construção,<br />

distribuição no espaço e transformações no tempo. Neste sentido, a análise do Museu <strong>de</strong> Congonhas<br />

contribui para a compreensão das narrativas em disputa na cida<strong>de</strong>, sobre as diferentes formas possíveis <strong>de</strong><br />

conjugação entre passado, presente e futuro.<br />

61 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Formas mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> sacralizar a “arte” do Patrimônio:<br />

olhares sobre Ouro Preto<br />

Edilson Pereira<br />

Doutor em Antropologia Social. Professor na<br />

Escola <strong>de</strong> Comunicação da UFRJ<br />

edilperei@yahoo.com.br<br />

Busco realizar uma leitura alternativa das políticas <strong>de</strong> institucionalização do Patrimônio no Brasil<br />

enfocando alguns episódios da história do IPHAN para mostrar como eles nos permitem acessar um tipo<br />

<strong>de</strong> compreensão estética especíca em relação às edicações e sítios tombados pelo órgão. Ao<br />

acompanhar a ação pioneira da instituição em cida<strong>de</strong>s como Ouro Preto, nota-se como o caráter<br />

“monumental” <strong>de</strong> um “patrimônio” adquiria tais qualida<strong>de</strong>s através <strong>de</strong> um espelhamento feito com<br />

metáforas do campo da “arte”, sobretudo a visual. Consi<strong>de</strong>rando tal cenário, recupero dados presentes<br />

em documentos textuais e visuais – <strong>de</strong> arquitetos e das publicações do IPHAN – para tomar como eixo<br />

analítico a visualida<strong>de</strong> e as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sacralização artística (como uma aura) que fundamentariam o<br />

“valor extraordinário” atribuído tanto a “cida<strong>de</strong>s históricas” quanto a obras “mo<strong>de</strong>rnistas” durante<br />

primeiras décadas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da instituição. Acompanho, complementarmente, a posterior revisão<br />

crítica feita pelo próprio IPHAN <strong>de</strong> tal primazia estética e os efeitos políticos que a substituição dos<br />

critérios “artísticos” pelos “histórico-cientícos” produziu para o Patrimônio.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 62


Cartografias sonoras <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s atingidas por<br />

barragens <strong>de</strong> minérios em Minas Gerais<br />

Prof. Dr. Cesar Maia Buscacio<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

cesarbuscacio@hotmail.com<br />

Profa. Dra. Virgínia Buarque<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

virginiacastrobuarque@gmail.com<br />

A comunicação propõe-se a apresentar o projeto <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> cartograas históricosonoras,<br />

em formato digital, das localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Bento Rodrigues, Paracatu <strong>de</strong> Baixo e Gesteira<br />

(praticamente soterradas pelo <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> rejeitos <strong>de</strong> minérios provenientes do rompimento da<br />

Barragem <strong>de</strong> Fundão). Essas cartograas irão disponibilizar as sonorida<strong>de</strong>s do ecossistema, os sons do<br />

cotidiano social e as produções musicais, que em sua evocação das memórias e sensibilida<strong>de</strong>s mostramse<br />

indissociáveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>mais expressões sensoriais (visuais, táteis etc.). Tais sonorida<strong>de</strong>s e sensorialida<strong>de</strong>s<br />

serão previamente i<strong>de</strong>nticadas através <strong>de</strong> entrevistas com os antigos moradores, tendo como critério<br />

prioritário sua relevância nas memórias locais. Em seguida, serão captadas mediante gravações<br />

disponibilizadas pelos habitantes e obtidas através da reprodução <strong>de</strong> registros audiovisuais cedidos por<br />

arquivos, museus, secretarias <strong>de</strong> cultura e instituições similares. Em <strong>de</strong>sdobramento, as sonorida<strong>de</strong>s e<br />

sensorialida<strong>de</strong>s serão interpretadas através <strong>de</strong> textos produzidos pelos pesquisadores, <strong>de</strong> forma<br />

interligada aos testemunhos daqueles que ali viveram e às fontes documentais disponíveis. Por m, as<br />

cartograas, elaboradas mediante geoprocessamento, serão dispostas em plataforma on-line, mantida<br />

pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, em uma imbricação <strong>de</strong> saberes históricos, musicológicos,<br />

geológicos, museológicos, biológicos e <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> alimentar, cuja produção é assegurada pela<br />

formação plural da equipe engajada no projeto.<br />

63 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Desastre, memória e sociabilida<strong>de</strong> em Mariana – MG<br />

Jessica Mazzini Men<strong>de</strong>s<br />

Mestre em Ciências Sociais (PPGCSO/UFJF)<br />

jessica.mazzini@hotmail.com<br />

A presente pesquisa se insere no <strong>de</strong>bate acerca do crime ambiental ocorrido na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Mariana/MG em <strong>de</strong>corrência do rompimento da barragem <strong>de</strong> Fundão, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da<br />

Vale/Samarco/BHP, no ano <strong>de</strong> 2015. Tal rompimento <strong>de</strong>terminou uma série <strong>de</strong> rupturas nos processos<br />

produtivos, culturais, econômicos e sociais <strong>de</strong> inúmeras comunida<strong>de</strong>s impactadas, <strong>de</strong>agrando uma<br />

situação <strong>de</strong> crise para os atingidos. Possuindo como objeto <strong>de</strong> estudo a questão do reassentamento<br />

coletivo da comunida<strong>de</strong> Bento Rodrigues, uma comunida<strong>de</strong> rural tradicional, buscaremos neste artigo<br />

reetir sobre o anseio constantemente expresso pelos moradores por se recuperar, ao máximo, as<br />

características existentes no antigo subdistrito em um novo entorno material. Com povoamento antigo e<br />

<strong>de</strong>vido ao seu histórico <strong>de</strong> ocupação, assim como a sua cida<strong>de</strong> se<strong>de</strong> Mariana, Bento Rodrigues possuía<br />

uma série <strong>de</strong> bens culturais não reconhecidos ocialmente que remetiam ao período do ciclo do ouro e<br />

que serão “reconstruídas” no reassentamento, como é o caso das Capelas <strong>de</strong> São Bento e <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora das Mercês. Com uso <strong>de</strong> metodologia qualitativa, este artigo é fruto <strong>de</strong> levantamento<br />

bibliográco, pesquisa documental, trabalho <strong>de</strong> campo e realização <strong>de</strong> entrevistas semiestruturadas. A<br />

investigação constatou que a recomposição espacial dos elementos referenciais do antigo subdistrito no<br />

projeto <strong>de</strong> reassentamento é emblemática não apenas do “passado”, mas das relações sociais que através<br />

do espaço são estabelecidas e que lhes confere forma e vida <strong>de</strong>ntro da estrutura urbana, <strong>de</strong>monstrando o<br />

peso e o valor das relações sociais para a comunida<strong>de</strong> para além <strong>de</strong> uma imagem meramente especular<br />

<strong>de</strong> um passado romantizado e i<strong>de</strong>alizado a ser encarnado no reassentamento.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 64


A mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no próximo trem: Usos da memória e<br />

construções narrativas sobre a paisagem cultural e o<br />

patrimônio cultural na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cataguases (MG)<br />

Isadora Lomeu Nunes Hermann Garcia<br />

Graduada em Geograa – Licenciatura pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Viçosa (UFV), Mestranda no Programa <strong>de</strong> Mestrado Prossional<br />

Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania na mesma universida<strong>de</strong>.<br />

isadoralomeu@gmail.com<br />

Berço <strong>de</strong> diversos movimentos culturais, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cataguases, localizada na Mesorregião da<br />

Zona da Mata (MG), possui em seu espaço urbano materialida<strong>de</strong>s distintas, marcadas por uma riqueza <strong>de</strong><br />

tipologias arquitetônicas, urbanísticas e paisagísticas. De construções neocoloniais, ecléticas e industriais,<br />

ao reconhecido patrimônio cultural mo<strong>de</strong>rnista, a cida<strong>de</strong> mostra-se multifacetária, uma expressão<br />

concreta <strong>de</strong> processos sociais diversos, na forma <strong>de</strong> um ambiente físico construído sobre o espaço<br />

geográco, como <strong>de</strong>stacado por Harvey (1989). A ocupação <strong>de</strong> Cataguases data meados do século XIX,<br />

tendo como um <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>sbravadores o francês Guido T. Marlière, coronel comandante das Divisões<br />

Militares do Rio Doce e diretor dos índios. Nos trabalhos <strong>de</strong> Alonso (2010), o autor ressalta a importância<br />

da cafeicultura e a agropecuária para o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong>. Apesar <strong>de</strong> não assumir<br />

papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na produção, Cataguases tornou-se polo <strong>de</strong> escoamento e distribuição da produção<br />

<strong>de</strong> café. Passado este período, cujas características estão associadas ao ciclo do café, a instalação <strong>de</strong><br />

indústrias <strong>de</strong> tecidos - principalmente por inuência <strong>de</strong> Francisco Inácio Peixoto - passa a redirecionar os<br />

investimentos, reorganizando a economia cataguasense e proporcionando uma reestruturação<br />

urbanística e arquitetônica na cida<strong>de</strong>. Neste sentido, o movimento mo<strong>de</strong>rnista inaugurado na década <strong>de</strong><br />

1920 assume importante papel, caracterizado por intervenções <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s arquitetos e artistas como:<br />

Oscar Niemeyer, Cândido Portinari, Burle Marx e Jan Zach. Estas obras mo<strong>de</strong>rnistas projetaram<br />

Cataguases para o Brasil, transformando-a em polo cultural a nível nacional. Além da inuência<br />

mo<strong>de</strong>rnista, a cida<strong>de</strong> presenciou o eclodir do movimento literário “Revista Ver<strong>de</strong>” e tem seu <strong>de</strong>staque no<br />

cinema nacional, <strong>de</strong>marcado por Humberto Mauro. Dito isto, o presente trabalho tem por objetivo<br />

investigar e enten<strong>de</strong>r os usos da memória e as construções discursivas sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local, no<br />

município <strong>de</strong> Cataguases (MG) através <strong>de</strong> suas partes visíveis que são as paisagens culturais e o patrimônio<br />

material. Além disso, a pesquisa incorpora a construção discursiva sobre o patrimônio, trazendo à tona as<br />

disputas simbólicas travadas entre classes dominantes e os diferentes grupos i<strong>de</strong>ntitários locais. A<br />

metodologia utilizada abarca uma pesquisa documental realizada a partir da leitura <strong>de</strong> Atas <strong>de</strong> reunião,<br />

Dossiês <strong>de</strong> Tombamento, Livros <strong>de</strong> Tombo e Jornais locais, que interroga tais documentos, trazendo à luz<br />

o conito escondido sobre o qual o documento foi produzido. Analisar o contexto histórico é uma<br />

maneira <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o período com mais complexida<strong>de</strong> e usos dados à memória. A principal<br />

questão metodológica que orienta o trabalho é analisar os discursos contidos nos documentos e nas<br />

paisagens construídas, posto que, estas últimas são impressões sociais gravadas no espaço urbano.<br />

65 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Disputas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na apropriação e legitimação social<br />

no patrimônio cultural em Mariana-MG<br />

Annelizi Fermino<br />

Doutoranda no Programa <strong>de</strong> Pós-graduação <strong>de</strong><br />

História, Política e Bens Culturais (CPDOC/FGV)<br />

annelizif@gmail.com<br />

Ao observar as práticas cotidianas que os moradores <strong>de</strong> Mariana estabelecem com seu<br />

patrimônio cultural, percebe-se a existência <strong>de</strong> diferentes formas <strong>de</strong> relações e i<strong>de</strong>nticações com o<br />

mesmo. Estas diferenciações nos modos <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong>sses bens reetem a pluralida<strong>de</strong> dos grupos<br />

sociais que, posicionados diferentemente no espaço social, estão envolvidos em dinâmicas <strong>de</strong> circulação<br />

e <strong>de</strong> integração diferenciadas. Consi<strong>de</strong>rando esses aspectos, o patrimônio cultural po<strong>de</strong> ser<br />

compreendido como espaço social, e por isso comporta valores e relações especícas que estão<br />

expressos em representações. Sobre a cida<strong>de</strong> é interessante mencionar sua importância para a história<br />

<strong>de</strong> formação do estado <strong>de</strong> Minas Gerais, sendo a primeira vila, primeira capital e abrigando o primeiro<br />

bispado mineiro. Mariana possui um rico conjunto arquitetônico e urbanístico tombado e ocupa boas<br />

posições no ranking anual <strong>de</strong> preservação do ICMS Patrimônio Cultural. Além disso, foi uma região em<br />

que até 2015 (Rompimento da barragem da Samarco) houve constantes migrações <strong>de</strong>vido ao trabalho<br />

ofertado pelas mineradoras, o que contribuiu para pluralizar a população. Observa-se que gran<strong>de</strong> parte<br />

da população convive cotidianamente com os bens culturais preservados, já que geogracamente parte<br />

<strong>de</strong>sses bens se concentra no centro urbano. Este convívio é permeado pelas ações preservacionistas para<br />

proteção e conservação <strong>de</strong>ste patrimônio em três instâncias <strong>de</strong> governo – a municipal, a estadual (IEPHA)<br />

e a fe<strong>de</strong>ral (IPHAN) – e pela ativida<strong>de</strong> turística, cuja atrativida<strong>de</strong> é o patrimônio cultural. Devido à<br />

diversida<strong>de</strong> social existente, esses dois aspectos da convivência com o patrimônio são percebidos e<br />

compreendidos <strong>de</strong> diferentes formas. A abordagem teórica para compreen<strong>de</strong>r esse fenômeno foi<br />

construída a partir da Teoria das Representações Sociais <strong>de</strong> Serge Moscovici e do conceito <strong>de</strong> campo <strong>de</strong><br />

Pierre Bourdieu. Por meio <strong>de</strong>ssa abordagem foi possível i<strong>de</strong>nticar como as opiniões, as relações e as<br />

práticas (elementos das representações) estão estruturados socialmente, assim como, foi possível<br />

dimensionar como que as distintas especicida<strong>de</strong>s (capitais – recursos físicos e simbólicos) implicam na<br />

legitimação <strong>de</strong> algumas práticas e representações advindas da posição e da <strong>de</strong>corrente autorida<strong>de</strong> que um<br />

agente possui em um campo. A metodologia utilizada foi <strong>de</strong> tipo quali-quantitativa. A coleta <strong>de</strong> dados foi<br />

realizada através <strong>de</strong> observação simples, da aplicação <strong>de</strong> questionário semiaberto com moradores e <strong>de</strong><br />

entrevistas semiestruturadas com participantes da Administração municipal e do Conselho Municipal <strong>de</strong><br />

Patrimônio Cultural, moradores e agentes do turismo. Assim, i<strong>de</strong>nticamos que mesmo sendo o<br />

patrimônio cultural revestido <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> social, ou seja, <strong>de</strong> reconhecimento e valorização como<br />

importante e que merece ser preservado pela população (visão dominante) existe a <strong>de</strong>svalorização <strong>de</strong><br />

certos tipos <strong>de</strong> representação. Também, constatamos que a disputa na política <strong>de</strong> preservação ocorre<br />

entre aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a permanência dos tipos <strong>de</strong> ações que têm sido empregadas<br />

municipalmente, apoiando-se no sucesso <strong>de</strong>ssas ações medidas pelo ranking do ICMS, e aqueles que<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m uma perspectiva <strong>de</strong> patrimônio mais ampla e integradora e a formação <strong>de</strong> uma equipe técnica<br />

para trabalhar no setor do patrimônio.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 66


A estrada Degradada: a relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que exclui<br />

parte da memória <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Ricardo Augusto Crochet<br />

Arquiteto urbanista,<br />

Mestrando em Sustentabilida<strong>de</strong> Socioeconômica<br />

Ambiental pela UFOP.<br />

turismo<strong>de</strong>gredo@gmail.com<br />

Danton Heleno Gameiro (orientador)<br />

Doutorado em Engenharia Metalurgia e <strong>de</strong> Materiais,<br />

UFOP<br />

dantongameiro@yahoo.com.br<br />

Amanda Beraldo Machado<br />

Arquiteta urbanista, Mestre em Gestão Integrada do<br />

Território (Univale).<br />

Para o entendimento histórico <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada época é preciso absorver todo o contexto social,<br />

econômico, cultural, estrutural e físico que a envolve. Historicamente, isso se per<strong>de</strong>, em prol <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

fatos que são enaltecidos, em <strong>de</strong>trimento das micro histórias, das territorialida<strong>de</strong>s, manifestações<br />

culturais, técnicas que assim, acabam por se per<strong>de</strong>r. Essa compreensão limitada é resultante, por muitas<br />

vezes, <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, para valorizar <strong>de</strong>terminadas perceptivas, em prejuízo da real<br />

contextualização e história, on<strong>de</strong> o homem comum, as pequenas construção, as manifestações sociais,<br />

populares, são essenciais. Este processo não auxilia na construção social a partir da história. Este processo<br />

é observado na articulação dos circuitos turísticos brasileiros, on<strong>de</strong> as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>terminam qual<br />

a abrangência das cida<strong>de</strong>s inseridas nos circuitos. Além disso, interferem na construção das memorias<br />

históricas e i<strong>de</strong>ntitarias da população.<br />

Objetivo: Apontar como os circuitos <strong>de</strong> turismo reforçam o entendimento da história a partir <strong>de</strong><br />

recortes e como este mo<strong>de</strong>lo exclui, por questões estruturais, testemunhos importantes <strong>de</strong> nossa<br />

trajetória.<br />

Metodologia: Revisão bibliográca <strong>de</strong> literatura da história dos circuitos e das histórias pouco<br />

exploradas da Estrada do Degredo.<br />

Resultado: A i<strong>de</strong>nticação <strong>de</strong> uma paisagem cultural formada por edicações, urbanizações,<br />

fazendas, cemitérios, manifestações religiosas e culturais que remontam o Ciclo do Ouro no trecho da<br />

Estrada do Degredo <strong>de</strong> Ouro Preto até o Presídio <strong>de</strong> Cuité, complementam a história da exploração do<br />

Ouro em Minas, ao relatar as vivências cotidianas das centralida<strong>de</strong>s, por fornecerem apoio essencial às<br />

ativida<strong>de</strong>s mineradoras (produção <strong>de</strong> alimentos, utensílios, materiais manufaturados, <strong>de</strong>ntre outros).<br />

Assim, com a contemplação da estrada e suas funções no circuito da Estrada Real, auxiliaria na<br />

complementação da memória da formação do estado.<br />

Conclusão: Com o entendimento que no Brasil o turismo é a principal, quando não a única, forma<br />

<strong>de</strong> contato das pessoas com a história, é preciso uma reexão da organização e gestão <strong>de</strong> nosso turismo.<br />

Para Minas Gerais, o entendimento das rotas não contempladas em gran<strong>de</strong>s circuitos, como a Estrada do<br />

Degredo, propicia uma aproximação histórica, além <strong>de</strong> incentivar o potencial turístico e econômico local.<br />

67 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


“Passadas as festivida<strong>de</strong>s, as responsabilida<strong>de</strong>s”:<br />

conflitos urbanísticos em Ouro Preto após a<br />

chancela <strong>de</strong> Patrimônio da Humanida<strong>de</strong><br />

Dalila Varela Singulane<br />

Mestranda em História (UFJF)<br />

dalilavarela.s@gmail.com<br />

O crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado, ocupações irregulares, <strong>de</strong>svalorização da memória e história, com<br />

consequente <strong>de</strong>scaracterização <strong>de</strong> espaços, e saneamento são problemas comuns das cida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras, se fazendo também presente nas cida<strong>de</strong>s com gran<strong>de</strong>s núcleos urbanos protegidos. O<br />

prestígio gerado pela chancela <strong>de</strong> Patrimônio da Humanida<strong>de</strong> dada pela UNESCO à Ouro Preto<br />

acentuou, além da cultura, os conitos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m urbanística que po<strong>de</strong>m ser observados e analisados<br />

através do periódico Jornal do Brasil (RJ). Meses antes <strong>de</strong> receber a chancela do órgão internacional, é<br />

possível observar através das reportagens do jornal as discussões sobre os bônus e ônus tal título geraria,<br />

que <strong>de</strong> forma geral questionam a política <strong>de</strong> proteção da SPHAN e evi<strong>de</strong>nciam os problemas urbanos que<br />

a cida<strong>de</strong> já enfrentava. Após a efetiva <strong>de</strong>claração da antiga Vila Rica como Patrimônio Mundial uma<br />

reportagem sobre o movimento “Ouro Preto S.O.S” nos remete aos já <strong>de</strong>nunciados problemas,<br />

enfatizando ainda a crescente e rápida <strong>de</strong>scaracterização que a cida<strong>de</strong> estava passando. Tais <strong>de</strong>mandas e<br />

problemáticas reaparecem no <strong>de</strong>bate novamente com o anúncio <strong>de</strong> que Olinda também po<strong>de</strong>ria<br />

receber a cancela da UNESCO, reacen<strong>de</strong>ndo o <strong>de</strong>bate sobre a preservação e proteção <strong>de</strong>sses lugares,<br />

acabando por gerar um conito entre o Jornal do Brasil e o secretário <strong>de</strong> turismo <strong>de</strong> Ouro Preto à época,<br />

quando é acusado pelo periódico <strong>de</strong> “bairrismo prejudicial”. Sendo assim, o presente trabalho busca<br />

analisar as disputas e conitos urbanos gerados em Ouro Preto entre 1980 e 1982 a partir do retratado<br />

nas páginas do Jornal do Brasil (RJ), buscando reetir sobre a conciliação entre a preservação <strong>de</strong> núcleos<br />

históricos em convergência com problemas urbanísticos comuns às cida<strong>de</strong>s, intencionando<br />

compreen<strong>de</strong>r como essa problemática se dá atualmente na primeira cida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rada Patrimônio<br />

Mundial da Humanida<strong>de</strong> no Brasil.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 68


Os dois rosários: o processo <strong>de</strong> embranquecimento<br />

da Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora do Rosário da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Goiás (1734-1950)<br />

Ja<strong>de</strong> Damásio Melo<br />

Mestranda pelo programa Mestrado Prossional -<br />

Estudos Culturais, Memória e Patrimônio - UEG<br />

Campus Cora Coralina.<br />

ja<strong>de</strong>damasiom@gmail.com<br />

Em 1934 datou-se um marco histórico na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás, on<strong>de</strong> antes existia uma igreja<br />

localizada no largo do rosário da cida<strong>de</strong>, criou-se uma proposta para outra igreja no mesmo en<strong>de</strong>reço:<br />

suntuosa, em estilo neogótico, sendo símbolo daquilo que é mo<strong>de</strong>rno e estrangeiro daquele lugar<br />

(europeu). Tratando-se do marco <strong>de</strong> uma segunda igreja, completamente alheia à primeira (em estilo<br />

colonial), que se estabeleceu sobre os <strong>de</strong>stroços <strong>de</strong> uma igreja erguida por mãos negras escravizadas<br />

(nalizada em 1734), <strong>de</strong> duzentos anos completos na sua data <strong>de</strong> <strong>de</strong>molição, em 1934. Esta pesquisa tem<br />

como objetivo realizar discussões a respeito daquilo que está oculto entre as lacunas preenchidas por<br />

silêncios historiográcos, que neste caso seria a respeito do apagamento através do silenciamento da<br />

cultura negra na cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ste modo realizam-se diversas indagações a respeito <strong>de</strong>sta Igreja, tais como:<br />

por quais razões esta teve seu edifício completamente modicado, apresentando características<br />

estruturais completamente diferente <strong>de</strong> toda a arquitetura marcante da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás (em estilo<br />

colonial) e o que representa essa mudança arquitetônica relacionado não somente com a chegada do<br />

movimento mo<strong>de</strong>rnista no estado <strong>de</strong> Goiás na década <strong>de</strong> 1930, mas também sobre o processo <strong>de</strong><br />

romanização teve inuência nesse processo, igualmente a respeito da chegada <strong>de</strong> dominicanos franceses<br />

em 1883 que acabaram por se encarregar da administração <strong>de</strong>sta igreja <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, mudando a<br />

representação <strong>de</strong>ssa igreja que passou por um longo processo <strong>de</strong> embranquecimento que levou a<br />

<strong>de</strong>cadência da Irmanda<strong>de</strong> dos Pretos da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e o recalque e<br />

silenciamento da cultura negra até então representada no centro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás.<br />

69 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


As potencialida<strong>de</strong>s dos jogos para o aprendizado<br />

da História e do Patrimônio Cultural<br />

Ana Carolina Pereira<br />

Mestre em Patrimônio Cultural, Paisagem<br />

e Cidadania – UFV<br />

carollinapereira@gmail.com<br />

O presente trabalho apresenta um panorama geral das práticas educativas realizadas pelo IEPHA-<br />

MG, entre os anos <strong>de</strong> 2005 e <strong>de</strong> 2010. Procura-se traçar uma reexão acerca das ações <strong>de</strong>senvolvidas<br />

pelo referido órgão público junto a alguns municípios, pois patrimônio cultural e cida<strong>de</strong> são temas<br />

interdisciplinares, em constante transformação e que norteiam a criação, a qualicação, a modicação, a<br />

(re)signicação, o <strong>de</strong>scarte, a seleção <strong>de</strong> discursos, <strong>de</strong> visões, como também <strong>de</strong> interpretações que<br />

apresentam ambos para um ou vários agrupamentos sociais. Eles, do mesmo modo, têm a capacida<strong>de</strong><br />

engendrar reconhecimento, como também se mostram oportunos em produzir vínculos entre as<br />

pessoas e os elementos culturais - que são gerados a partir da sociabilida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>senvolve em um<br />

<strong>de</strong>terminado grupo ou que tem origem a partir inter-relação com os <strong>de</strong>mais. A partir do(s)<br />

entrecruzamento(s) entre estes dois objetos historiográcos tenta-se discutir no presente artigo quais<br />

foram as estratégias que IEPHA-MG utilizou para abordar a cida<strong>de</strong> e o patrimônio, bem como se tal<br />

entida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rou a urbe como um bem cultural. E se houve trabalho relativo às questões<br />

concernentes à disputa memorial, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>(s) e <strong>de</strong> formação da cidadania. Por que a partir do estudo<br />

atento do espaço citadino e dos bens que o compõem po<strong>de</strong>-se compreen<strong>de</strong>r a dinâmica, as vicissitu<strong>de</strong>s,<br />

as contradições, as interpretações acerca da localida<strong>de</strong> (muitas vezes expressas por meio <strong>de</strong> alegorias, <strong>de</strong><br />

monumentos, <strong>de</strong> lendas urbanas, entre outros) e a complexida<strong>de</strong> humana ao longo do tempo. Preten<strong>de</strong>se,<br />

portanto, fazer um estudo crítico acerca da realização das ações patrimoniais empreendidas pela<br />

Administração Pública estadual juntamente com as municipais para o reconhecimento da diversida<strong>de</strong> local<br />

e da compreensão da importância dos bens culturais para o fortalecimento das relações societárias diante<br />

da complexida<strong>de</strong> contemporânea.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 70


O acervo virtual do Memorial da Anistia política do<br />

Brasil como patrimônio documental<br />

Luise Gonçalves Villares<br />

Mestra em Patrimônio, Cultura e Socieda<strong>de</strong> (UFRRJ)<br />

patrimoniosdahumanida<strong>de</strong>br@gmail.com<br />

Após a implementação completa da política <strong>de</strong> acesso às informações, a Comissão <strong>de</strong> Anistia, em parceria com o<br />

Instituto <strong>de</strong> Políticas Relacionais e com o Armazém Memória, lançou em agosto <strong>de</strong> 2015 o Projeto Acervo Virtual da<br />

Anistia, i<strong>de</strong>alizado como uma ferramenta pedagógica <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong> memorialização para o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

cidadania e o fortalecimento da <strong>de</strong>mocracia no Brasil, bem como para que as novas gerações aprendam com seu passado<br />

histórico. Parte do acervo da Comissão está organizado, in<strong>de</strong>xado e disponível para consultas ao público por meio do<br />

Memorial Virtual da Anistia, a execução do fundo virtual só foi possível, graças a cooperação internacional através do<br />

Projeto BRA/08/021, <strong>de</strong>senvolvido em parceria com o Ministério da Justiça e o PNUD. Assim, O Acervo Virtual da Anistia<br />

conta com a colaboração <strong>de</strong> outras instituições, a m <strong>de</strong> reunir para consulta pública uma vasta documentação dispersa<br />

sobre o assunto, agrupando tanto documentos da Comissão <strong>de</strong> Anistia, como coleções importantes reunidas por<br />

instituições parceiras, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca os arquivos do Movimento Feminino pela Anistia, Comitê Brasileiro pela Anistia,<br />

Arquivo Lelio Bassio, fundos do projeto Memórias Reveladas do Arquivo Nacional, além <strong>de</strong> dissertações, tese e estudos<br />

<strong>de</strong>senvolvidos sobre a anistia, cumprindo assim, uma etapa importante para a efetivação dos direitos à memória e à<br />

verda<strong>de</strong>. Ainda em 2015, foram feitos o registro e o reconhecimento do acervo documental da Comissão <strong>de</strong> Anistia pelo<br />

Committee for Latin America and the Caribbean (MoWLAC) do Programa Memory of the World (MoW). Criado pela<br />

UNESCO em 1992, o Programa Memória do Mundo (MoW) reconhece documentos, arquivos e bibliotecas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

valor internacional, regional e nacional, que são inseridos no Registro Internacional <strong>de</strong> Patrimônio Documental, a partir da<br />

candidatura encaminhada pela instituição <strong>de</strong>tentora do acervo e seguida aprovação pelo comitê internacional <strong>de</strong><br />

especialistas. O objetivo do Programa é estimular a preservação e a ampla difusão <strong>de</strong>sses acervos, contribuindo para<br />

<strong>de</strong>spertar a consciência coletiva para o patrimônio documental da humanida<strong>de</strong>. Em reunião realizada em Quito, no<br />

Equador, entre os dias 21 e 23 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2015, o Comitê Regional para a América Latina e o Caribe proce<strong>de</strong>u sua<br />

décima sexta (16º) reunião sob o patrocínio e colaboração do Escritório da UNESCO em Quito e representação para a<br />

Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela, e ocorreu no Centro Internacional <strong>de</strong> Estudos Superiores <strong>de</strong> Comunicação<br />

para a América Latina (CIESPAL/UNESCO), am <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar e avaliar as coleções <strong>de</strong> documentos que <strong>de</strong>veriam ser<br />

inscritas no registro que <strong>de</strong>signa como “patrimônio documental da América Latina e do Caribe”. Dentre os critérios<br />

analisados pela comissão <strong>de</strong> peritos, foram averiguados quesitos como a preservação, signicado social do acervo para a<br />

socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> catalogação e registro, entre outros pontos. A inclusão no Registro Regional do Programa<br />

Memória do Mundo vai proporcionar maior divulgação e conhecimento acerca do patrimônio documental da Comissão<br />

<strong>de</strong> Anistia, pois seu acervo é um patrimônio <strong>de</strong> interesse público, único no Brasil sobre a ditadura. Os 75 mil<br />

requerimentos – aproximadamente – reunidos pela Comissão <strong>de</strong> Anistia ao longo <strong>de</strong> expedientes concluídos da série <strong>de</strong><br />

pedidos <strong>de</strong> anistia (2001-2015) foram gerados a partir da constituição <strong>de</strong> testemunhos pessoais. As histórias trazem à tona<br />

as perseguições sofridas, a narrativa histórica sob o ponto <strong>de</strong> vista dos atingidos. De acordo com o site ocial do Ministério<br />

da Justiça, a documentação também é uma mostra da dimensão da reparação <strong>de</strong>ssas vítimas, traduzidas em<br />

reconhecimento social e público da militância exercida contra a ditadura, além dos efeitos que o regime ditatorial produziu<br />

em suas vidas. Disponibilizar um conjunto inédito e pouco trabalhado sobre a história da luta pelos direitos humanos no<br />

Brasil e promover o conhecimento do conteúdo, e assim contribuir para o processo <strong>de</strong> análise e elaboração<br />

histórica/política sobre a ditadura militar no Brasil é também monumentalizar os documentos. Portanto, o acervo da<br />

Comissão da Anistia registrado como patrimônio documental da América Latina e Caribe produz a narrativa do<br />

“documento/monumento” na conceituação <strong>de</strong> Jacques Le Goff. Com isso, a construção narrativa trabalhada no capítulo<br />

em torno da biograa do acervo, seu registro e seleção pelo MoWLAC e disponibilida<strong>de</strong> em uma plataforma digital, é<br />

parte integrante <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> monumentalização dos documentos, ou como o quer Le Goff, a fabricação <strong>de</strong> uma<br />

imagem ou representação daquilo que queremos enten<strong>de</strong>r como a construção do Memorial da Anistia Política do Brasil.<br />

71 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


SIMPÓSIO TEMÁTICO 6<br />

Riscos e ameaças ao<br />

patrimônio da<br />

humanida<strong>de</strong><br />

Coor<strong>de</strong>nador: Ítalo Itamar<br />

Caixeiro Stephan


Saqueadores do patrimônio <strong>de</strong>vocional<br />

Denismara E. <strong>de</strong> Oliveira Nascimento<br />

Mestranda pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora (UFJF)<br />

<strong>de</strong>nismara.nascimento@gmail.com<br />

A proposta do trabalho é analisar as agressões e atentados contra o patrimônio cultural,<br />

especialmente o patrimônio <strong>de</strong>vocional, através do furto <strong>de</strong> obras sacras em edicações religiosas, que já<br />

acontecem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX, em Minas Gerais. Estes furtos evi<strong>de</strong>nciam um <strong>de</strong>sfalque no acervo<br />

cultural/sacro brasileiro e principalmente nos grupos que as vivenciavam. O interesse em pesquisar<br />

cida<strong>de</strong>s históricas mineiras, surgiu pelo assustador número <strong>de</strong> bens subtraídos no estado. Sabe-se que<br />

cerca <strong>de</strong> 60% do patrimônio cultural sacro mineiro não está mais em seu local <strong>de</strong> origem. Tendo em vista<br />

o alto valor atribuído a esses bens no mercado negro, bem como a falta <strong>de</strong> segurança e a vulnerabilida<strong>de</strong><br />

dos templos e museus mineiros. Com isso, esse patrimônio passou a ser alvo <strong>de</strong> quadrilhas altamente<br />

especializadas. O fetiche pelas obras <strong>de</strong> arte sacras resultou na retirada dos objetos <strong>de</strong> seu lugar <strong>de</strong><br />

origem, e passou a incorporar residências particulares. O tráco <strong>de</strong> arte e patrimônio coloca-se no topo<br />

da lista dos maiores trácos do mundo. Estes furtos são recorrentes até os nossos dias em sua maioria não<br />

resultam na recuperação dos acervos furtados. A uma mistura <strong>de</strong> interesses pecuniários, culturais e sociais<br />

que redundam na valorização <strong>de</strong>sses objetos, e que atraí o interesse <strong>de</strong> muitos colecionadores na qual<br />

sempre existiram, não sendo eles frutos dos dias <strong>de</strong> hoje. Compreen<strong>de</strong>r esse tipo <strong>de</strong> crime não é apenas<br />

um atentado ao patrimônio histórico e artístico, mas, principalmente uma agressão à religiosida<strong>de</strong> e ao<br />

sentimento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> éis. É importante mencionar que, para o trabalho, são recorrentes notícias e<br />

publicações em jornais impressos e eletrônicos sobre furtos <strong>de</strong> obras sacras, tratando do<br />

<strong>de</strong>saparecimento, e, por vezes, da recuperação <strong>de</strong>stes objetos. Além do <strong>de</strong>staque dado por estas fontes<br />

ao <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> obras sacras, elas abordam também os sujeitos envolvidos, como os<br />

comerciantes, colecionadores e antiquários que adquiriram essas peças <strong>de</strong> maneira ilícita. Em vista disto,<br />

preten<strong>de</strong>-se perceber o impacto <strong>de</strong>stes furtos nos meios <strong>de</strong> comunicação.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 74


Entre diálogos e disputas: repatriação e<br />

restituição <strong>de</strong> bens culturais no Brasil<br />

Vitória dos Santos Acerbi<br />

Graduada em História pela UFJF<br />

vitoriaacerbi@gmail.com<br />

O presente estudo objetiva o arrolamento bibliográco e exame comparado dos casos<br />

conhecidos <strong>de</strong> restituição e repatriação <strong>de</strong> bens culturais <strong>de</strong> contexto colonial no Brasil, mapeando a<br />

posição do país no <strong>de</strong>bate mundial a respeito. Percebendo a escassa produção acadêmica sobre tal objeto<br />

e sua relevância, <strong>de</strong> crescente ressonância na imprensa, nas organizações internacionais, em museus e<br />

universida<strong>de</strong>s pelo mundo, esta proposta analisa como o Brasil se insere na questão, i<strong>de</strong>nticando: a) as<br />

partes envolvidas nos processos e seu perl social e institucional; b) os objetos em disputa, seu lugar e<br />

signicado para ambas as partes ao longo do tempo; c) como se <strong>de</strong>u a tomada inicial dos objetos culturais;<br />

d) como se <strong>de</strong>u o pedido <strong>de</strong> repatriação ou a iniciativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução e quais argumentos foram<br />

mobilizados por cada lado; e) em seu caso, qual o <strong>de</strong>sfecho e os efeitos enca<strong>de</strong>ados pelo processo para<br />

ambas as partes. Enten<strong>de</strong>ndo o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> instituições culturais <strong>de</strong> países do centro <strong>de</strong> possuir, abrigar e<br />

<strong>de</strong>cidir como dispor <strong>de</strong> fatia da herança cultural do outro (nós!), tomada <strong>de</strong> forma indébita no jugo<br />

colonial, sem problematizar <strong>de</strong> on<strong>de</strong> veio, como chegou até ali e por que permanece como 1) um<br />

disparador <strong>de</strong> prolongada ausência <strong>de</strong> objetos signicativos, <strong>de</strong> tradição artística, histórica, religiosa,<br />

secular <strong>de</strong> um povo, e 2) uma afronta ao direito que cada povo tem sobre seu próprio passado e os<br />

vestígios e testemunhos materiais <strong>de</strong>le, ca clara a inserção <strong>de</strong>ssa questão em temas <strong>de</strong>licados <strong>de</strong> riscos e<br />

ameaças ao patrimônio mundial, atravessados por tópicos como posse, proprieda<strong>de</strong>, inalienabilida<strong>de</strong>,<br />

soberania, patrimônio compartilhado, direitos <strong>de</strong> uso, apropriações múltiplas. Em suma, a partir <strong>de</strong><br />

análise bibliográca dos casos, sob luz da legislação internacional e <strong>de</strong> questões correntes <strong>de</strong> cunho ético e<br />

cultural, interessa-nos compreen<strong>de</strong>r a situação do Brasil e aprofundar nosso entendimento sobre a<br />

restituição e repatriação <strong>de</strong> bens culturais tomados em contexto colonial.<br />

75 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Mo<strong>de</strong>rnidad, Huacas y excavaciones en la Costa<br />

peruana durante el siglo XVIII<br />

Jeremy Gibran Dioses Campaña<br />

Mestrando em História pela UFJF<br />

jdiosescampana@gmail.com<br />

El presente trabajo tiene como objetivo explorar el imaginario <strong>de</strong> los pobladores costeños que se<br />

<strong>de</strong>dicaban a excavar las tumbas y espacios religiosos <strong>de</strong> las civilizaciones originarias en el Perú colonial<br />

durante el siglo XVIII para compren<strong>de</strong>r como ellos entendían al otro indígena através <strong>de</strong> su cultura<br />

material, y así ver como estas conductas establecieron un perl <strong>de</strong>l <strong>de</strong>predador <strong>de</strong> cultura material que se<br />

proyecta hasta la actualidad. Esta inquietud presentada, inicialmente, se inserta en un <strong>de</strong>bate mo<strong>de</strong>rno<br />

que se polarizaba según el clima político que se viviera con las élites hispanas que se hallaban en un<br />

proceso <strong>de</strong> <strong>de</strong>splazamiento para ganar terreno y po<strong>de</strong>r político en <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> las élites americanas.<br />

Por un lado, la valoración superlativa recibida por el indígena histórico, petricado en el pasado, era<br />

otorgada por los criollos para probar la magnicencia <strong>de</strong> América, pero sin reservarle lugar alguno a los<br />

indígenas en su proyecto político; por otro lado, el racismo y la segregación social <strong>de</strong> la cual esta población<br />

era víctima, eran i<strong>de</strong>as políticas uctuantes que actuaban según lo <strong>de</strong>mandaba el contexto. En<br />

consecuencia, estas i<strong>de</strong>as que se encontraban en los grupos privilegiados, según las fuentes, ltraron a los<br />

otros grupos <strong>de</strong> menor jerarquía, acarreando que estas i<strong>de</strong>as se reproduzcan inuyendo en una conducta<br />

similar a la <strong>de</strong> los gran<strong>de</strong>s expedicionarios europeos que tomaban artefactos pertenecientes a las<br />

civilizaciones americanas.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 76


“Retratos da gestão dos sítios culturais do patrimônio<br />

mundial no Brasil: riscos e <strong>de</strong>safios”<br />

Karina Vieira dos Santos<br />

Mestranda em Planejamento e Gestão do Território, UFABC<br />

skarinavieira@gmail.com<br />

Instituída em 1972 pela UNESCO, a Convenção do Patrimônio Mundial tem a<br />

competência <strong>de</strong> incentivar a preservação <strong>de</strong> bens que apresentam relevância para a humanida<strong>de</strong>. Para<br />

tanto, os países signatários <strong>de</strong>vem aten<strong>de</strong>r a uma série <strong>de</strong> critérios necessários para conferir aos bens<br />

materiais, imateriais, naturais e à paisagem a chancela da UNESCO, os quais <strong>de</strong>verão contar no dossiê do<br />

bem a ser indicado. Ao receber a chancela, o po<strong>de</strong>r público e a socieda<strong>de</strong> passam a ser responsáveis pela<br />

preservação do bem. O <strong>de</strong>scumprimento dos compromissos assumidos po<strong>de</strong> levar à per<strong>de</strong>r a<br />

<strong>de</strong>signação. Em <strong>2019</strong> o Brasil passou a contar com <strong>de</strong>zenove sítios históricos consi<strong>de</strong>rados Patrimônio<br />

Histórico e Cultural da Humanida<strong>de</strong>. Embora nos últimos 15 anos, o Governo Fe<strong>de</strong>ral, em uma ação<br />

transversal, tenha lançado uma série <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> reabilitação e restauração dos centros históricos<br />

brasileiros, inclusive chancelados pela UNESCO, em 2017 um relatório <strong>de</strong> auditoria do Tribunal <strong>de</strong><br />

Contas da União, resultou numa série <strong>de</strong> apontamentos sobre a existência <strong>de</strong> vícios na gestão do<br />

patrimônio. A Casa Civil da Presidência da República, foi noticada e recebeu o prazo <strong>de</strong> 180 dias para<br />

elaborar uma política nacional que contemplasse a gestão do Patrimônio Mundial da Humanida<strong>de</strong> em<br />

conjunto com os Ministérios do Meio Ambiente e da Cultura, além <strong>de</strong> outros órgãos cujas atribuições se<br />

vinculem ao tema. No mesmo ano, prefeitos <strong>de</strong> 13 cida<strong>de</strong>s brasileiras patrimônio da humanida<strong>de</strong>, os<br />

ministérios da cultura; do meio ambiente; do turismo e a organização das cida<strong>de</strong>s brasileiras patrimônio<br />

mundial e a confe<strong>de</strong>ração nacional dos munícipios, assinaram a Carta <strong>de</strong> Goiás, que consiste em um<br />

compromisso para necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “maximizar o potencial das cida<strong>de</strong>s brasileiras com sítios <strong>de</strong>clarados<br />

pela Unesco como Patrimônio Mundial como <strong>de</strong>stinos turísticos patrimoniais”. Neste sentido, se enten<strong>de</strong><br />

que há uma lacuna, que coloca em risco os bens classicados como patrimônio da humanida<strong>de</strong>,<br />

relacionada à gestão. O plano <strong>de</strong> salvaguarda requer uma atuação intersetorial e articulação entre as<br />

legislações dos órgãos <strong>de</strong> preservação do patrimônio, <strong>de</strong> uso e ocupação do solo e ambiental. Sendo<br />

assim, objetivo central <strong>de</strong>ste artigo é, através <strong>de</strong> análise da legislação, dos planos <strong>de</strong> salvaguarda e dos<br />

programas <strong>de</strong> intervenção, i<strong>de</strong>nticar os riscos e compreen<strong>de</strong>r quais são os <strong>de</strong>saos para a efetiva gestão<br />

dos sítios históricos <strong>de</strong>clarados patrimônio cultural da humanida<strong>de</strong>.<br />

77 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás (GO): política urbana<br />

e patrimônio histórico<br />

Robson <strong>de</strong> Sousa Moraes<br />

Doutorando em Arquitetura e Urbanismo<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia<br />

robson<strong>de</strong>sousamoraes@hotmail.com<br />

A Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás (GO) emerge como aglomeração urbana no contexto do ciclo do ouro,<br />

durante o período colonial brasileiro. O sítio histórico da antiga Vila Boa foi reconhecido como Patrimônio<br />

Histórico da Humanida<strong>de</strong> pela UNESCO em 14 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2001, impulsionado pelo Programa<br />

Monumenta do Governo Fe<strong>de</strong>ral. Apesar <strong>de</strong> ter elaborado e aprovado seu Plano Diretor <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>namento territorial <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, o tratamento dado à preservação do Patrimônio Cultural ocorreu<br />

<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>svinculada dos <strong>de</strong>bates sobre Planejamento Urbano e do <strong>de</strong>senvolvimento social e<br />

econômico do município. A valorização do aspecto estético, cenográco e paisagístico, integrou-se às<br />

preocupações históricas, etnográcas e arqueológicas em <strong>de</strong>trimento das Políticas Urbanas executadas.<br />

Às praticas <strong>de</strong> Preservação do Patrimônio Histórico na Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás, foram permeadas, ao longo das<br />

últimas décadas, pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong> Atração <strong>de</strong>vido à ascensão expressiva das perspectivas<br />

mercadológicas, como base para a organização da socieda<strong>de</strong>. Neste cenário, as cida<strong>de</strong>s surgem como<br />

fator <strong>de</strong> produção na disputa pelo mercado globalizado na mundialização da economia e da socieda<strong>de</strong>.<br />

Diante da liqui<strong>de</strong>z da estrutura social hegemônica, aliado aos processos <strong>de</strong> acumulação integrada e das<br />

novas hierarquias urbanas <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pela atual Divisão Regional do Trabalho, os princípios<br />

norteadores do Plano Diretor Municipal aprovado em 1996 não foram plenamente estabelecidos,<br />

comprometendo a qualida<strong>de</strong> do sítio histórico tombado. O processo <strong>de</strong> revisão da Lei <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>namento<br />

Territorial, segundo a legislação vigente, teria que acontecer em 2006. Após treze anos esta atualização<br />

não foi estabelecida. O perímetro urbano é constantemente alterado, ampliando os anecúmenos e<br />

favorecendo a especulação imobiliária. Os critérios <strong>de</strong> preenchimento da área <strong>de</strong> expansão urbana não<br />

são observados. O Plano Diretor incluiu as nascentes e algumas feições hídricas como Zonas <strong>de</strong> Interesse<br />

Recreacional e Turístico estabelecendo limites <strong>de</strong> 100 metros <strong>de</strong> proteção que não se materializaram. As<br />

exigências indicadas no processo <strong>de</strong> Zoneamento não foram observadas em sua integralida<strong>de</strong>. A não<br />

atualização do principal instrumento <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento territorial em âmbito municipal, bem como a não<br />

observação das diretrizes indicadas, vem contribuindo para o esvaziamento do sítio histórico e<br />

colaborando para segregação espacial, constituindo-se como uma ameaça a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Patrimônio Histórico<br />

da Humanida<strong>de</strong>.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 78


O corredor da vitória no jornal A TARDE Uma análise da<br />

influência da comunicação na preservação do<br />

Meiriluce Santos Perpetuo<br />

Mestre em Museologia Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia<br />

meiriluce_santos@hotmail.com<br />

A informação é uma po<strong>de</strong>rosa ferramenta a serviço da mídia e seu uso po<strong>de</strong> interferir em todas as<br />

esferas sociais, econômicas e políticas. A disposição <strong>de</strong> pautar ou não um assunto é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />

interesses que inuenciam no agendamento e no posicionamento do jornal diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

temas, não havendo ingenuida<strong>de</strong> na forma que organiza o discurso, nem dúvidas quanto à sua capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> persuasão. Pautar um assunto está relacionado ao interesse <strong>de</strong> chamar a atenção, interferir, inuenciar,<br />

pressionar para atingir <strong>de</strong>terminado objetivo. Nesse sentido, quando o veículo assume a<br />

responsabilida<strong>de</strong> pelo zelo da coisa pública, tem, <strong>de</strong> fato, a intenção <strong>de</strong> exercer algum tipo <strong>de</strong> inuência<br />

nas <strong>de</strong>cisões, prestando um serviço à socieda<strong>de</strong>. Por outro lado, mesmo a imprensa assumindo seu lugar<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, nem sempre esse objetivo é atingido, po<strong>de</strong>ndo ser utilizada em proveito contrário ou até<br />

ignorada, principalmente quando o assunto envolve interesses maiores, a exemplo dos econômicos e<br />

políticos. Diante disso, este trabalho tem como objetivo analisar a inuência do jornal baiano A Tar<strong>de</strong> na<br />

cobertura do tombamento do Corredor da Vitória, em Salvador, e como suas matérias, publicadas<br />

sucessivamente entre 2003 e 2004 e num intervalo maior nos anos posteriores, conseguiram chamar a<br />

atenção para a importância daquela área e para os riscos que perpetravam como uma ameaça silenciosa.<br />

O estudo busca <strong>de</strong>monstrar em que medida a cobertura jornalística conseguiu exercer inuência e<br />

acionar as instâncias governamentais em favor da preservação daquela área, contrariando interesses<br />

privados, como a especulação imobiliária, já que a região possui o metro quadrado mais caro da cida<strong>de</strong>,<br />

com uma vista privilegiada para a Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Por outro lado, os resultados <strong>de</strong>monstram que<br />

nem a pressão da mídia, nem a valida<strong>de</strong> da legislação patrimonial e nem o po<strong>de</strong>r do Estado foram<br />

sucientes para barrar a <strong>de</strong>molição <strong>de</strong> casarões no Corredor da Vitória, nem tampouco a construção <strong>de</strong><br />

um edifício <strong>de</strong>sproporcional - a Mansão Wildberger, vizinha à igreja Nossa Senhora da Vitória, tombada e<br />

com seu entorno inserido nas fronteiras protegidas pelo tombamento. Como base teórica, são<br />

apresentados: conceitos relativos ao patrimônio e à legislação patrimonial <strong>de</strong> preservação dos<br />

monumentos e sítios históricos; contextualização da área <strong>de</strong>ntro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador; matérias<br />

selecionadas e comentadas do jornal A Tar<strong>de</strong> sobre o Corredor da Vitória; teorias comunicacionais e<br />

relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na mídia.<br />

79 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


Construção da significância cultural do<br />

Edifício se<strong>de</strong> do TRF da 1ª região<br />

Thiago Augusto Tavares<br />

Arquiteto e Urbanista<br />

yobel.tg@gmail.com<br />

Oscar Luis Ferreira<br />

Departamento <strong>de</strong> Tecnologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Arquitetura e Urbanismo da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

oscar@unb.br<br />

Ana Elisabete <strong>de</strong> Almeida Me<strong>de</strong>iros<br />

Departamento <strong>de</strong> Teoria e História da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Arquitetura e Urbanismo da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

ana@unb.br<br />

Vanda Alice Garcia Zanoni<br />

Departamento <strong>de</strong> Tecnologia e do Programa <strong>de</strong> Pós-<br />

Graduação da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Arquitetura e Urbanismo da UNB<br />

vandaz@terra.com.br<br />

O edifício se<strong>de</strong> I do Tribunal Regional Fe<strong>de</strong>ral da 1ª Região, localizado na Praça dos Tribunais<br />

Superiores no Setor <strong>de</strong> Autarquias Sul em Brasília DF, é um edifício mo<strong>de</strong>rnista em concreto armado<br />

aparente com um arrojado balanço estrutural e foi calculado pelo engenheiro Ernesto Walter na década<br />

<strong>de</strong> 60. Este edifício, pouco conhecido, não é tombado, mas está inserido em um perímetro <strong>de</strong><br />

tombamento e com características que dialogam com os edifícios da cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnista. O objetivo do<br />

presente artigo é investigar a signicância cultural <strong>de</strong>sse edifício, inserido no contexto da Escala Gregária<br />

da capital. A signicância cultural dada pelo conjunto <strong>de</strong> todos os valores reconhecidos no edifício e<br />

compartilhados pelos grupos sociais é um conceito atual que contribui na avaliação do edifício, com vistas<br />

à sua conservação. Por meio <strong>de</strong> levantamentos documentais e pesquisas bibliográcas, buscou-se<br />

i<strong>de</strong>nticar o conjunto <strong>de</strong> valores do bem patrimonial, principalmente a importância do concreto armado<br />

aparente em sua envoltória e seu sistema estrutural em balanço, como partes da sua signicância cultural.<br />

Mesmo não sendo uma edicação protegida pelos instrumentos ociais <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> interesse<br />

cultural, reconhecer seus valores como marcos importantes da época <strong>de</strong> sua construção contribuem para<br />

a sua conservação e ambiência da cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnista.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 80


Patrimônio imaterial e o risco do esquecimento: Os<br />

cristãos escondidos <strong>de</strong> Nagasaki<br />

Joanes da Silva Rocha<br />

Mestre em Teoria e História da Arquitetura<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília (UnB)<br />

joanesrocha@gmail.com<br />

Proposta <strong>de</strong> comunicação: Em 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2018, o ICOMOS por meio <strong>de</strong> seu quadro<br />

<strong>de</strong>liberativo aprovou a inscrição dos Sítios dos Cristãos Escondidos da Nagasaki ( 長 崎 と 天 草 地 方 の 潜<br />

伏 キリシタン 関 連 遺 産 ) como patrimônio da humanida<strong>de</strong>. A aprovação foi recebida com gran<strong>de</strong><br />

alegria na região não apenas pelas autorida<strong>de</strong>s e especialistas, mas, em especial, pela comunida<strong>de</strong> católica<br />

japonesa local que <strong>de</strong>u início aos primeiros estudos e levantamentos em 2001 como voluntários.<br />

Segundo os documentos ociais, os doze sítios que compõem a nominação sintetizam a primeira fase <strong>de</strong><br />

introdução do cristianismo no Japão em meados do século XVI pelos lusitanos, assim como a proibição e<br />

perseguição dos cristãos pelo bakufu Tokugawa entre 1614 e 1873 quando o recém estabelecido<br />

governo Meiji instaurou a liberda<strong>de</strong> religiosa e reabertura política e econômicas. De tal modo que, ao<br />

longo <strong>de</strong> dois séculos e meio, os cristãos japoneses da região <strong>de</strong> Nagasaki e Kumamoto enfrentaram<br />

perseguições, agelos e execuções, cabendo-lhes apenas manter sua fé camuada. Motivo pelo qual são<br />

chamados <strong>de</strong> Kakure kirishitan ( 隠 れキリシタン), ou “cristão escondidos”. No entanto, como<br />

mencionado nos relatórios do ICOMOS, prefeitura <strong>de</strong> Nagasaki e da Agência <strong>de</strong> Assuntos Culturais ( 文<br />

化 庁 ) do Japão, o patrimônio imaterial outrora transmitido initerruptamente por séculos está em risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>saparecimento em virtu<strong>de</strong> da migração dos jovens para centros urbanos <strong>de</strong> maior dinamismo e pela<br />

mortalida<strong>de</strong> dos anciões. Enfrentando assim, o maior vilão do patrimônio imaterial: o esquecimento.<br />

Nagasaki foi inscrito unicamente pelo Critério III que versa sobre o 'testemunho excepcional <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>terminada tradição viva ou que tenha <strong>de</strong>saparecido'. Portanto, com base em visitas à Nagasaki e leituras<br />

sobre o tema, a presente comunicação se <strong>de</strong>bruçará sobre os mecanismos e experiências propostas<br />

pelas autorida<strong>de</strong>s nipônicas para amenizar e/ou prevenir que as tradições acabem e, consequentemente,<br />

que a memória até então viva por séculos não passe a ser mais uma cultura <strong>de</strong>saparecida.<br />

81 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


APRESENTAÇÃO<br />

DOS BANNERS


Restauração do Santuário da Santíssima Trinda<strong>de</strong> e a<br />

preservação da fé, da cultura e do patrimônio edificado<br />

Cynara Fiedler Bremer<br />

Pós Doutora pela Universidad <strong>de</strong> Granada, Espanha (<strong>2019</strong>). Pós<br />

Doutora pela Universität <strong>de</strong>s Saarlan<strong>de</strong>s, Alemanha (2015).<br />

Doutora em Engenharia <strong>de</strong> Estruturas pela UFMG (2007).<br />

Mestre em Engenharia <strong>de</strong> Estruturas pela UFMG (1999).<br />

Engenheira Civil pela UFMG (1996).<br />

Professora da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2010,<br />

Escola <strong>de</strong> Arquitetura, Departamento <strong>de</strong> Tecnologia do Design, da<br />

Arquitetura e do Urbanismo.<br />

cynaraedlerbremer@ufmg.br<br />

Eliseu Cruz<br />

Graduando em Engenharia Civil pela PUC Minas (2015-<strong>2019</strong>).<br />

eliseu.henrique@hotmail.com<br />

Gláucia Nolasco <strong>de</strong> Almeida Mello<br />

Engenheira Civil. Mestre e Doutora em Engenharia <strong>de</strong> Estruturas<br />

pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais Professora adjunta do<br />

Departamento <strong>de</strong> Engenharia Civil da PUC MINAS no curso <strong>de</strong><br />

Engenharia Civil<br />

gnamello@pucminas.br.<br />

O santuário da Santíssima Trinda<strong>de</strong>, recentemente restaurado, ca localizado na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Tira<strong>de</strong>ntes, Minas Gerais, é um edifício religioso que faz parte do conjunto <strong>de</strong> patrimônio edicado da<br />

cida<strong>de</strong>, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional e datado do início do século XIX. As<br />

obras <strong>de</strong> restauração, avaliadas no artigo, contemplaram toda a edicação, incluindo o conjunto artístico e<br />

estrutural que estavam bastante comprometidos. O santuário foi construído gradualmente e ao longo dos<br />

anos sofreu intervenções mal planejadas que o <strong>de</strong>scaracterizaram e, principalmente, afetaram a<br />

estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua estrutura. O artigo visa analisar o processo <strong>de</strong> restauração dos elementos estruturais,<br />

que ocorreu entre os anos <strong>de</strong> 2016 e 2018, apresentando um comparativo dos elementos antes e <strong>de</strong>pois<br />

dos processos <strong>de</strong> reforma e restauração, também são apresentadas todas as intervenções realizadas no<br />

santuário <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua construção, com foco principal naquelas que comprometeram a estrutura da<br />

edicação. O artigo aborda o impacto das intervenções realizadas em edifícios históricos, os <strong>de</strong>saos para<br />

a preservação e também a do controle <strong>de</strong> intervenções no patrimônio edicado, para a manutenção da<br />

história e cultura da cida<strong>de</strong> e do país. O trabalho foi iniciado em agosto <strong>de</strong> 2018, com a busca <strong>de</strong> material<br />

base para a pesquisa, fornecido pelo IPHAN <strong>de</strong> Belo Horizonte e o escritório técnico localizado em<br />

Tira<strong>de</strong>ntes, o embasamento contou com mais <strong>de</strong> 100 arquivos, entre eles fotograas, laudos, vistorias,<br />

relatórios técnicos e os projetos <strong>de</strong> restauro que relatam as condições anteriores e apresentam as atuais.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 84


Resgate <strong>de</strong> ofícios tradicionais: das fazendas<br />

cafeeiras da Zona da Mata mineira à formação para<br />

o patrimônio sustentável.<br />

Flávia Gaio Gonzaga<br />

Professora adjunta do curso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo<br />

da Faculda<strong>de</strong> Doctum <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora<br />

Marina Costa Cor<strong>de</strong>iro Santos<br />

Graduanda no curso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo da<br />

Faculda<strong>de</strong> Doctum <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora<br />

marina.coelho@arquitetura.ufjf.br<br />

Des<strong>de</strong> os primórdios a humanida<strong>de</strong> empregou materiais naturais para edicar cida<strong>de</strong>s, em<br />

diferentes culturas e épocas. Inúmeras técnicas construtivas foram exploradas e a gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>las<br />

permanece materializada até os dias atuais, valorizadas como patrimônios culturais da socieda<strong>de</strong>, muitas<br />

<strong>de</strong>las fazendo parte <strong>de</strong> importantes núcleos urbanos, reconhecidas mundialmente pela UNESCO. No<br />

entanto, com o passar do tempo e a chegada <strong>de</strong> inovações tecnológicas articializadas, gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sse<br />

conhecimento tradicional está caindo no esquecimento. Com as mudanças da dinâmica capitalista<br />

ocorrida nas últimas décadas, assistimos a comunida<strong>de</strong>s que vêm cada vez mais per<strong>de</strong>ndo seus vínculos<br />

com a cultura ancestral local, diminuindo o sentido <strong>de</strong> pertencimento com seu lugar e,<br />

consequentemente, enfraquecendo-se como referência cultural regional. Diante <strong>de</strong>sta nova dinâmica<br />

globalizada do ambiente construído, os materiais articiais industrializados surgem como recursos<br />

facilitadores dos processos construtivos e, sem levar em conta o seu alto grau <strong>de</strong> impacto ambiental,<br />

sobrepõe-se às técnicas tradicionais, <strong>de</strong>sconstruindo séculos <strong>de</strong> aclimatação arquitetônica e <strong>de</strong>ixando um<br />

rastro <strong>de</strong> aculturação. O atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento prioriza a dimensão econômica, baseando-se<br />

no lucro e promovendo a escassez dos recursos naturais e o aumento das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais.<br />

Somando-se a este contexto o constante crescimento da população, a cada dia se torna mais importante<br />

o cuidado e o controle consciente <strong>de</strong> tais recursos. Perante as atuais políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbano,<br />

atentamos para que se façam presentes questões acerca das preocupações com sustentabilida<strong>de</strong>,<br />

discutindo e aplicando ações que mantenham o planeta habitável. O presente artigo constitui parte da<br />

pesquisa em <strong>de</strong>senvolvimento através do Programa <strong>de</strong> Iniciação Cientíca do Curso <strong>de</strong> Arquitetura e<br />

Urbanismo da Re<strong>de</strong> Doctum <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, MG, a qual se baseia nos pilares do Ensino<br />

Superior integrando Ensino, Pesquisa e Extensão e intitulada provisoriamente <strong>de</strong> “Materiais e técnicas<br />

construtivas tradicionais: subsídios ao resgate <strong>de</strong> tecnologias sustentáveis para o ambiente construído em<br />

Juiz <strong>de</strong> Fora/ MG”. Na porção su<strong>de</strong>ste do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, temos que as centenárias edicações<br />

estão sendo substituídas por constantes <strong>de</strong>molições, comumente vistas nas áreas urbanas, periurbanas e<br />

rurais, para aproveitamento especulativo das terras e <strong>de</strong> elementos construtivos. Com características<br />

peculiares em seu conjunto arquitetônico <strong>de</strong> importância histórica, assim como heranças ancestrais<br />

notáveis <strong>de</strong> um saber-fazer construtivo, poucas fazendas cafeeiras do período do Brasil Império<br />

sobrevivem na região da Zona da Mata mineira, on<strong>de</strong> boa parcela já se encontra em caráter <strong>de</strong> abandono<br />

e apenas algumas se mantém à custa <strong>de</strong> uma exploração através do turismo <strong>de</strong> eventos, atraído<br />

fortemente pela qualida<strong>de</strong> arquitetônica, associada às belezas naturais <strong>de</strong> seu entorno. Diante <strong>de</strong>sse<br />

contexto contemporâneo, a presente investigação procurou respon<strong>de</strong>r ao seguinte problema <strong>de</strong><br />

pesquisa: quais são os elementos arquitetônicos históricos e simbólicos constituintes nas edicações rurais<br />

da Zona da Mata mineira construídas no período do Brasil Império que as tornam dignas <strong>de</strong><br />

reconhecimento como bem patrimonial sustentável e com potencial bioclimático? E ainda: como esses<br />

elementos e ofícios tradicionais evoluíram e se comportam atualmente no ambiente construído.<br />

85 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


O risco <strong>de</strong> incêndio iminente nas edificações<br />

geminadas <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

Giovana Martins Brito<br />

Graduanda em História na UFJF<br />

giovana_mb@outlook.com<br />

Ana Elisa <strong>de</strong> Oliveira<br />

Graduanda em Arquitetura e<br />

Urbanismo na UFJF<br />

anaelisa.oliveira@hotmail.com<br />

Rodrigo Christofoletti<br />

Professor Doutor em Patrimônio<br />

Histórico na UFJF<br />

rodrigochristofoletti@gmail.com<br />

Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto, recentemente, muitas casas geminadas vêm sendo adaptadas para se<br />

transformarem em estabelecimentos comerciais, como restaurantes, lojas <strong>de</strong> artesanato e hotéis. Tais<br />

espaços edicados, alvo da pesquisa, são típicos do período colonial brasileiro e apresentam<br />

características que os tornam mais vulneráveis a uma possível propagação <strong>de</strong> incêndios. Ainda, o traçado<br />

irregular - caracterizado pelas ruas estreitas e em <strong>de</strong>clive - po<strong>de</strong> gerar obstáculos às ações <strong>de</strong> combate ao<br />

fogo, dicultando qualquer resposta a um possível sinistro. Nesse sentido, o presente trabalho tem como<br />

objetivo analisar o risco <strong>de</strong> incêndio nas edicações geminadas, localizadas no Centro Histórico da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ouro Preto. Como metodologia, inicialmente será levantado um diagnóstico da situação local, bem<br />

como um estudo preliminar - fundamentados nas diretrizes do Instituto do Patrimônio Histórico e<br />

Artístico Nacional (IPHAN), nas orientações do Corpo <strong>de</strong> Bombeiros Militar <strong>de</strong> Minas Gerais (CBMMG)<br />

e na legislação urbana <strong>de</strong> Ouro Preto. Por último, serão consultadas as teses e dissertações já<br />

apresentadas sobre o tema. Os recentes danos causados por fogo em edicações históricas <strong>de</strong>monstram<br />

a importância e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundamento no assunto, a m <strong>de</strong> evitar maiores perdas. Nesse<br />

sentido, a intenção é também apontar medidas <strong>de</strong> intervenção e segurança contra incêndio que sejam<br />

ecazes e a<strong>de</strong>quadas à situação. Portanto, a proposta do estudo buscará trazer contribuições à população<br />

e às entida<strong>de</strong>s responsáveis pela salvaguarda <strong>de</strong> edicações com valor histórico, cultural, afetivo e<br />

arquitetônico.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 86


A preservação da memória em São José das Três<br />

Ilhas pelo olhar da Igreja Matriz <strong>de</strong> São José:<br />

patrimônio local com problemas universais<br />

Mariana Aparecida Reis dos Santos<br />

Graduanda em História pela UFJF sob a orientação<br />

do Prof. Dr. Rodrigo Christofoletti<br />

maryanabsantos.ms@gmail.com<br />

O Brasil possui atualmente o total <strong>de</strong> vinte e dois lugares com o título <strong>de</strong> patrimônio da<br />

humanida<strong>de</strong>. Exemplo <strong>de</strong> chancela mais recente é o centro histórico da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paraty no estado do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. A cida<strong>de</strong> é o primeiro patrimônio caracterizado como misto no Brasil, ou seja, além <strong>de</strong> cultural<br />

é também um sítio natural sendo preservado então não somente os bens materiais, mas também todo o<br />

complexo natural que envolve a cida<strong>de</strong>, permitindo assim uma completa preservação do local e do meio<br />

ambiente. Po<strong>de</strong>mos caracterizar Paraty como um lugar <strong>de</strong> memória, ou seja, os habitantes da cida<strong>de</strong> se<br />

veem <strong>de</strong>ntro da história do local <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma concepção histórica e concretizando<br />

uma visão que perpassa apenas pelo i<strong>de</strong>al da memória e isso segundo o autor Pierre Nora acaba por gerar<br />

um sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e pertencimento ao local. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São José das Três Ilhas em Minas<br />

Gerais juntamente com a vila a qual pertence são tombadas como patrimônio histórico estadual pelo<br />

IEPHA apesar <strong>de</strong> não ser reconhecida como patrimônio da humanida<strong>de</strong>, tal como Paraty também po<strong>de</strong><br />

ser entendida como um lugar <strong>de</strong> memória, visto que seus habitantes também estão inseridos <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>sse ambiente histórico amplamente preservado. O centro histórico <strong>de</strong> São José ao contrário <strong>de</strong> Paraty,<br />

não é reconhecido pela população e por isso não é uma cida<strong>de</strong> com alto teor turístico o que <strong>de</strong> certo<br />

modo acaba por <strong>de</strong>ixar o município à margem em relação a questões <strong>de</strong> restauração e preservação, que<br />

no caso é realizada pelos próprios habitantes com a intensão <strong>de</strong> preservar a memória local. O trabalho<br />

apresentado neste banner tem como objetivo ressaltar a importância da preservação e dos estudos<br />

referentes a área do patrimônio histórico, visto que isso implica em manter a história da cida<strong>de</strong> viva e<br />

preservada e isso perpassa pela importância da memória, motor que inuencia no sentimento <strong>de</strong><br />

pertencimento <strong>de</strong> sua população. Do patrimônio mundial ao patrimônio local, o sentimento em relação a<br />

um patrimônio, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> basicamente do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mantê-lo preservado. Por este motivo, a proposta<br />

visa assinalar que a importância está no quanto a memória se mostra signicativa para a preservação <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado lugar e como po<strong>de</strong> proporcionar a criação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> aos habitantes da localida<strong>de</strong>,<br />

sendo este um patrimônio da humanida<strong>de</strong> ou local.<br />

87 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


O Bioclimatismo e a sustentabilida<strong>de</strong><br />

aplicados à bens patrimoniais<br />

Naiara Vilela Costa<br />

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora<br />

nanara.v.c@hotmail.com<br />

Natália Cabido Ferreira<br />

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora<br />

natalia.cabido@arquitetura.ufjf.br<br />

Como a edicação patrimonial emprega o bioclimatismo, e seu tratamento no projeto e ao longo<br />

do tempo <strong>de</strong> forma sustentável. O referido artigo expressa um estudo comparativo histórico sobre<br />

sustentabilida<strong>de</strong> e bioclimatismo nas edicações arquitetônicas e sua relação com preservação e restauro<br />

levando em consi<strong>de</strong>ração o seu entorno. O mesmo <strong>de</strong>senvolve-se pela categorização <strong>de</strong> técnicas,<br />

materiais, escolhas projetuais e mudanças econômicas sociais e ambientais na socieda<strong>de</strong> em que um bem<br />

se encontra, com base em comparações <strong>de</strong> termos e princípios dos temas abordados. Tudo isso tendo<br />

como objetivo o aperfeiçoamento da visão crítica voltada para Bens <strong>de</strong> Patrimônio Cultural, e promover a<br />

interdisciplinarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma coesa para a maior apreensão das temáticas abordadas e atestar a<br />

permanência ou não <strong>de</strong> valores projetuais dos mesmos bens em diferentes situações.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos | 88


Paisagens do Degredo: potencial turístico do<br />

colar metropolitano do Vale do Aço<br />

Ricardo Augusto Crochet<br />

Arquiteto Urbanista, Mestrando em<br />

Sustentabilida<strong>de</strong> Socioeconômica Ambiental<br />

turismo<strong>de</strong>gredo@gmail.com<br />

Vanessa Senra, Ana Elisa Neto<br />

Graduandos em Arquitetura e Urbanismo,<br />

Unileste.<br />

Helio Loss (colaboradores)<br />

Doutorado em Engenharia Metalurgia e <strong>de</strong><br />

Materiais, UFOP.<br />

Danton Heleno Gameiro (orientador)<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto (UFOP)<br />

dantongameiro@yahoo.com.br<br />

A Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) é composta pelas cida<strong>de</strong>s Santana do Paraíso,<br />

Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo e abrange um Colar Metropolitano <strong>de</strong> 24 municípios. As<br />

diferenças estruturais e econômicas, entre os municípios, dicultam as relações e impossibilitam o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sob a dinâmica <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s em re<strong>de</strong>. Objetivo: Vericar o potencial Turismo Ambiental<br />

e Histórico Cultural das antigas centralida<strong>de</strong>s do Colar da Região Metropolitana do Vale do Aço. Método:<br />

Pesquisa histórica e exploratória <strong>de</strong> revisão bibliográca e <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados em campo. Resultados: As<br />

antigas centralida<strong>de</strong>s da região, que compõe o colar metropolitano, po<strong>de</strong>m auxiliar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sociocultural local através <strong>de</strong> sua história, que remonta a <strong>de</strong>scoberta do ouro em Minas Gerais e da<br />

construção <strong>de</strong> suas paisagens culturais. Esse processo culmina na promoção do senso comum <strong>de</strong><br />

territorialida<strong>de</strong> e, por intermédio da potencialização do turismo, no <strong>de</strong>senvolvimento econômico da<br />

RMVA. Anteriormente ao <strong>de</strong>senvolvimento das cida<strong>de</strong>s do núcleo metropolitano do Vale do Aço,<br />

passava pela região, a Estrada do Degredo, locada no século XIX. Esse caminho foi utilizado para o<br />

<strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> prisioneiros (os <strong>de</strong>gredados) <strong>de</strong> Ouro Preto até o presídio <strong>de</strong> Cuité (atual município <strong>de</strong><br />

Conselheiro Pena) durante o auge do período do ouro no estado <strong>de</strong> Minas Gerais e, também, como<br />

meio <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> tráfego do ouro, por sua localização estratégica. A partir <strong>de</strong>ssa estrada foi registrado o<br />

surgimento <strong>de</strong> pequenas aglomerações urbanas, algumas das quais <strong>de</strong>ram origem às cida<strong>de</strong>s do colar<br />

metropolitano do Vale do Aço. Concomitantemente incorporaram-se paisagens culturais, sejam elas<br />

naturais e culturais. Dessa forma, esses elementos são unidos por suas origens em comum, bem como<br />

pela existência física da antiga estrada. Além disso, a maior parte da extensão do caminho é aproveitada<br />

por estradas atuais, o que contribui com a interligação <strong>de</strong>ssas paisagens. Assim, a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

perspectivas históricas integradas por um contexto em comum, favorece a formação <strong>de</strong> um circuito,<br />

envolvendo marcas, elementos e memórias que compõem uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural própria do conjunto<br />

<strong>de</strong> municípios. Salienta-se que o relativo isolamento <strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s em relação ao núcleo metropolitano,<br />

on<strong>de</strong> estão localizadas cida<strong>de</strong>s-se<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s indústrias si<strong>de</strong>rúrgicas, propiciou a preservação <strong>de</strong>sses<br />

testemunhos autênticos <strong>de</strong> passado comum. Conclusões: A proteção das paisagens culturais do colar<br />

metropolitano do Vale do Aço contribui com o po<strong>de</strong>r transformador que emana <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, aliado<br />

à sua exposição por meio do turismo. Sob essa ótica o turismo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvido não apenas a título<br />

<strong>de</strong> retorno econômico, mas também como forma <strong>de</strong> reconhecimento da importância histórica regional.<br />

Conclui-se este potencial propicia a uma contribuição do colar metropolitano para <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico, cultural e i<strong>de</strong>ntitário, no que se refere a seu encaixe no cenário regional e no<br />

reconhecimento <strong>de</strong> sua importância histórica, em relação à notabilida<strong>de</strong> concebida aos municípios do<br />

núcleo.<br />

89 | <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> Resumos


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