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Processos de vazamento em moldações permanentes

Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Tecnologias de Fundição do curso de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. 2003.

Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Tecnologias de Fundição do curso de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. 2003.

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<strong>Processos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>vazamento</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>moldações</strong><br />

<strong>permanentes</strong><br />

Alberto Rui Marques Correia Sampaio <strong>de</strong> Lima *<br />

Alexandre Wragg Freitas **<br />

Paulo Jorge da Mota Magalhães ***<br />

Docente:<br />

Rui Jorge <strong>de</strong> L<strong>em</strong>os Neto<br />

Relatório elaborado no âmbito da disciplina <strong>de</strong> Tecnologia da Fundição do 2º<br />

s<strong>em</strong>estre do 1º ano do curso <strong>de</strong> licenciatura <strong>em</strong> Engenharia Mecânica da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da Universida<strong>de</strong> do Porto<br />

Porto, Maio <strong>de</strong> 2003


2<br />

<strong>Processos</strong> <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong><br />

Relatório elaborado no âmbito da disciplina <strong>de</strong> Tecnologia da Fundição do 2º<br />

s<strong>em</strong>estre do 1º ano do curso <strong>de</strong> licenciatura <strong>em</strong> Engenharia Mecânica da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da Universida<strong>de</strong> do Porto<br />

Docente:<br />

Rui Jorge <strong>de</strong> L<strong>em</strong>os Neto<br />

Alberto Rui Marques Correia Sampaio <strong>de</strong> Lima<br />

Alexandre Wragg Freitas<br />

Paulo Jorge da Mota Magalhães<br />

Porto, Maio <strong>de</strong> 2003


3<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Ao Professor Rui Neto, pela disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrada durante toda a<br />

elaboração do relatório.<br />

Ao Professor Carlos Ribeiro, pela disponibilização <strong>de</strong> material<br />

bibliográfico.<br />

Ao INEGI, pela disponibilização <strong>de</strong> instalações e material, permitindo a<br />

recolha <strong>de</strong> informação fotográfica.


4<br />

<br />

SUMÁRIO................................................................................................................... 6<br />

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 7<br />

1.1. ENQUADRAMENTO DO TEMA......................................................................... 7<br />

1.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCESSOS DE VAZAMENTO EM MOLDAÇÕES<br />

PERMANENTES ........................................................................................................ 13<br />

2. CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE VAZAMENTO EM<br />

MOLDAÇÕES PERMANENTES............................................................................ 18<br />

2.1. ASPECTOS COMUNS DOS PROCESSOS DE VAZAMENTO EM MOLDAÇÕES<br />

PERMANENTES ........................................................................................................ 18<br />

2.1.1. Características gerais das <strong>moldações</strong>.................................................. 19<br />

a) Requisitos <strong>de</strong> índole técnica..................................................................... 19<br />

b) Requisitos <strong>de</strong> resistência da moldação...................................................... 19<br />

c) Características físico-químicas................................................................. 20<br />

2.1.2. Revestimentos...................................................................................... 20<br />

2.1.3. Machos................................................................................................ 21<br />

2.1.4. Defeitos das peças ............................................................................... 22<br />

a) Falta <strong>de</strong> metal/Enchimento incompleto da moldação................................ 23<br />

b) Inclusões.................................................................................................. 24<br />

c) Defeitos <strong>de</strong> contracção............................................................................. 26<br />

2.1.5. Questões técnicas críticas.................................................................... 30<br />

a) Fusão do metal......................................................................................... 30<br />

b) Vazamento do metal ................................................................................ 30<br />

c) Solidificação da peça ............................................................................... 31<br />

d) Extracção da peça .................................................................................... 31<br />

2.2. FUNDIÇÃO POR GRAVIDADE ........................................................................ 32<br />

2.2.1. Definição e <strong>de</strong>scrição do processo....................................................... 32<br />

a) Vantagens................................................................................................ 33<br />

b) Desvantagens........................................................................................... 33<br />

2.2.2. Equipamentos ..................................................................................... 34<br />

a) Moldações ............................................................................................... 34<br />

b) Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong>................................................................................ 38<br />

2.2.3. Fundição <strong>de</strong> baixa pressão.................................................................. 41<br />

a) Descrição do processo ............................................................................. 41<br />

b) Variantes do processo (vácuo e método Griffin)....................................... 42<br />

c) Vantagens................................................................................................ 42<br />

d) Desvantagens........................................................................................... 43<br />

2.2.4. Parâmetros para fundição por gravida<strong>de</strong>............................................ 43<br />

a) T<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> ............................................................................. 43<br />

b) Pré-aquecimento do mol<strong>de</strong>....................................................................... 44<br />

c) T<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> ...................................................................... 44<br />

2.2.5. Ligas utilizadas na fundição por gravida<strong>de</strong> ........................................ 44<br />

2.2.6. Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> aplicações....................................................................... 45<br />

2.3. FUNDIÇÃO SOB PRESSÃO OU INJECTADA...................................................... 48<br />

2.3.1. Definição e <strong>de</strong>scrição do processo....................................................... 48


5<br />

a) Vantagens do processo............................................................................. 48<br />

b) Desvantagens do processo ....................................................................... 49<br />

2.3.2. Máquinas ............................................................................................ 49<br />

a) Máquinas <strong>de</strong> Câmara Quente ................................................................... 50<br />

b) Máquinas <strong>de</strong> Câmara Fria ........................................................................ 52<br />

2.3.3. Ligas utilizadas <strong>em</strong> fundição injectada ............................................... 53<br />

a) Ligas <strong>de</strong> Alumínio ................................................................................... 54<br />

2.3.4. Parâmetros <strong>de</strong> Fundição Injectada..................................................... 54<br />

a) T<strong>em</strong>peratura do banho ............................................................................. 55<br />

b) Pressão <strong>de</strong> injecção .................................................................................. 55<br />

c) Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> injecção ............................................................................ 55<br />

d) T<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> ............................................................................. 56<br />

e) Lubrificante ............................................................................................. 56<br />

2.3.5. Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> aplicações....................................................................... 57<br />

2.4. FUNDIÇÃO POR CENTRIFUGAÇÃO................................................................ 60<br />

2.4.1. Definição e <strong>de</strong>scrição do processo....................................................... 60<br />

2.4.2. Parâmetros da fundição por centrifugação......................................... 60<br />

2.4.3. Fundição por centrifugação horizontal .............................................. 61<br />

a) Equipamentos <strong>de</strong> centrifugação................................................................ 63<br />

b) Moldações utilizadas <strong>em</strong> fundição por centrifugação ............................... 63<br />

2.4.4. Fundição por centrifugação vertical................................................... 63<br />

a) Fundição centrifugada propriamente dita ................................................. 64<br />

b) Fundição s<strong>em</strong>i-centrifugada ..................................................................... 64<br />

c) Fundição sob pressão <strong>de</strong>vida à centrifugação ........................................... 65<br />

2.4.5. Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> aplicações....................................................................... 66<br />

2.5. VAZAMENTO NO ESTADO SEMI-LÍQUIDO OU SQUEEZE CASTING ................. 67<br />

2.5.1. Parâmetros <strong>de</strong> Squeeze casting ........................................................... 68<br />

2.6. OUTROS PROCESSOS DE FUNDIÇÃO EM MOLDAÇÕES PERMANENTES........... 70<br />

2.6.1. Vazamento contínuo e s<strong>em</strong>i-contínuo ................................................. 70<br />

2.6.2. “Slush casting” ................................................................................... 71<br />

3. COMPARAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE VAZAMENTO EM<br />

MOLDAÇÕES PERMANENTES E OUTROS MÉTODOS DE FUNDIÇÃO ...... 73<br />

4. FONTES DE INFORMAÇÃO.......................................................................... 80<br />

4.1. BIBLIOGRAFIA............................................................................................. 80<br />

4.2. INTERNET.................................................................................................... 81


6<br />

<br />

Este trabalho t<strong>em</strong> como objectivo o estudo dos processos <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong><br />

<strong>permanentes</strong>. Estes distingu<strong>em</strong>-se dos restantes pelo facto <strong>de</strong> utilizar<strong>em</strong> <strong>moldações</strong><br />

metálicas ou <strong>de</strong> grafite capazes <strong>de</strong> produzir gran<strong>de</strong>s séries <strong>de</strong> peças. Divi<strong>de</strong>m-se<br />

essencialmente <strong>em</strong> quatro vertentes e respectivas variantes: <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> coquilha ou<br />

por gravida<strong>de</strong>; sob pressão; por centrifugação; e no estado s<strong>em</strong>i-líquido. As <strong>moldações</strong><br />

necessárias aos processos <strong>de</strong>verão possuir um conjunto <strong>de</strong> requisitos, <strong>de</strong> acordo com a<br />

peça que se pretenda obter. Para a obtenção <strong>de</strong> fundidos são possíveis diversos<br />

processos <strong>de</strong> alimentação e gitag<strong>em</strong> que previn<strong>em</strong> o aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos tais como<br />

inclusões, rechupes, ou ainda contracções do metal no estado sólido. Com este estudo<br />

preten<strong>de</strong>-se expor diversos processos <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong>, assim<br />

como vários factores que po<strong>de</strong>rão influenciar a escolha do processo mais a<strong>de</strong>quado às<br />

exigências da peça e respectiva série <strong>de</strong> produção.


7<br />

<br />

1.1. Enquadramento do t<strong>em</strong>a<br />

“O objectivo fundamental da fundição é o <strong>de</strong> dar forma geométrica a<strong>de</strong>quada ao metal,<br />

vertendo-o no estado fundido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma cavida<strong>de</strong> feita no interior <strong>de</strong> uma moldação<br />

(conjunto <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>em</strong> materiais apropriados que <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> o mol<strong>de</strong>), para após<br />

solidificação se obter a peça moldada” 1 .<br />

A fundição é uma tecnologia milenária que t<strong>em</strong> conhecido, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século XX,<br />

um rápido <strong>de</strong>senvolvimento, sendo hoje um dos processos mais utilizados na produção<br />

<strong>de</strong> componentes metálicos para as mais diversas aplicações – estima-se que 90% <strong>de</strong><br />

todos os equipamentos, ferramentas e utensílios existentes incorporam peças fundidas 2 .<br />

Segundo Ferreira (1999) é possível apontar uma série <strong>de</strong> factores responsáveis pela<br />

utilização generalizada dos diferentes processos <strong>de</strong> fundição:<br />

Utilização <strong>de</strong> matérias-primas e subsidiárias relativamente abundantes na<br />

superfície terrestre – esta é uma das razões pelas quais a fundição é<br />

praticada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antiguida<strong>de</strong>;<br />

Baixos custos <strong>de</strong> fabrico quando comparados com outros processos<br />

industriais;<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> volumes e pesos muito diferentes,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> poucos gramas a mais <strong>de</strong> c<strong>em</strong> toneladas;<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> peças com gran<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong><br />

geométrica;<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundição <strong>de</strong> praticamente qualquer tipo <strong>de</strong> liga metálica;<br />

Viabilida<strong>de</strong> económica, na maioria dos casos, para qualquer quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> peças a fabricar.<br />

A fundição foi tida, durante muito t<strong>em</strong>po, como uma tecnologia incapaz <strong>de</strong> proporcionar<br />

a obtenção <strong>de</strong> produtos com boa precisão dimensional e/ou bom acabamento superficial,<br />

obrigando normalmente ao recurso a operações <strong>de</strong> acabamento compl<strong>em</strong>entares, como<br />

por ex<strong>em</strong>plo a maquinag<strong>em</strong>. No entanto, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos processos <strong>de</strong><br />

fundição e o melhoramento/aperfeiçoamento <strong>de</strong> processos já existentes têm permitido a<br />

alteração <strong>de</strong>sta imag<strong>em</strong>.<br />

De facto, a existência actual <strong>de</strong> diversos processos distintos <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> um fundido,<br />

possuindo cada um <strong>de</strong>les características e potencialida<strong>de</strong>s b<strong>em</strong> diferentes, confere à<br />

tecnologia da fundição uma combinação <strong>de</strong> características <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, versatilida<strong>de</strong> e<br />

flexibilida<strong>de</strong> dificilmente igualáveis por outros processos industriais <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />

peças.<br />

No entanto, a satisfação dos tradicionais requisitos impostos à indústria da fundição<br />

(nomeadamente boas características mecânicas das peças, a ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos<br />

1 Bibliografia nº5.<br />

2 Bibliografia nº5.


8<br />

internos e garantia <strong>de</strong> microestruturas compatíveis com o futuro <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho dos<br />

fundidos) já não é suficiente. Actualmente, as exigências que se colocam às peças<br />

fundidas são diferentes <strong>em</strong> qualida<strong>de</strong> e <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>, particularmente no que concerne<br />

às peças <strong>de</strong>stinadas às indústrias automóvel, aeronáutica e electrónica. O<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico que estas indústrias têm vindo a conhecer nos últimos<br />

anos, levou à procura <strong>de</strong> produtos, nomeadamente fundidos, cada vez mais leves, mais<br />

perfeitos, passíveis <strong>de</strong> utilização imediata, s<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recurso às s<strong>em</strong>pre<br />

morosas e dispendiosas operações <strong>de</strong> acabamento posteriores.<br />

A fundição é, portanto, uma tecnologia <strong>em</strong> constante <strong>de</strong>senvolvimento, s<strong>em</strong>pre na<br />

procura das melhores respostas aos novos (e velhos!) <strong>de</strong>safios que lhe são colocados.<br />

Nesta secção ir<strong>em</strong>os tentar fazer um resumo da produção global <strong>em</strong> fundição no que<br />

respeita aos anos <strong>de</strong> 1999 até 2001, <strong>de</strong> forma a conseguirmos ter uma noção do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da indústria nos últimos anos 3 .<br />

Quadro 1 - Produção Global do Sector <strong>de</strong> Fundição – Ferrosos e não Ferrosos<br />

(Milhares <strong>de</strong> tons)<br />

Produção Global do Sector <strong>de</strong> Fundição – Ferrosos e não Ferrosos<br />

Milhares <strong>de</strong> tons<br />

TIPOS DE LIGA 1999 2000 2001<br />

Ferro Cinzento - FC 46,00 43,90 34,10<br />

Ferroso Nodular - FN 35,90 44,50 51,40<br />

Aço 15,80 13,90 14,40<br />

Total <strong>de</strong> Ferrosos 97,70 102,30 99,90<br />

Alumínio – Al 15,50 16,30 17,80<br />

Cobre – Cu 4,00 4,70 5,95<br />

Magnésio – Mg 0,25 0,25 0,25<br />

Zinco – Zn 1,60 1,50 1,55<br />

Total <strong>de</strong> N Ferrosos 21,35 22,75 25,55<br />

Total F + NF 119,05 125,05 125,45<br />

Gráfico 1 - Produção <strong>de</strong> Ferrosos (milhares <strong>de</strong> toneladas)<br />

Produção <strong>de</strong> Ferrosos<br />

Mil Tons.<br />

120,00<br />

100,00<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

20,00<br />

0,00<br />

FC FN Aço Total<br />

Tipos <strong>de</strong> Liga<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

3 Todos os valores foram retirados da Bibliografia nº18.


9<br />

Gráfico 2 - Produção <strong>de</strong> Não Ferrosos (milhares <strong>de</strong> toneladas)<br />

Produção <strong>de</strong> Não Ferrosos<br />

30,00<br />

25,00<br />

Mil Tons.<br />

20,00<br />

15,00<br />

10,00<br />

5,00<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

0,00<br />

Al Cu Mg Zn Total<br />

Tipos <strong>de</strong> Liga<br />

No que respeita à produção <strong>de</strong> ligas ferrosas, po<strong>de</strong>mos observar uma diminuição da<br />

produção <strong>de</strong> ferro fundido cinzento e um aumento do ferro fundido nodular. Em termos<br />

totais houve uma pequena quebra <strong>em</strong> relação ao ano <strong>de</strong> 2000.<br />

Já no que respeita às ligas não ferrosas, existe um domínio absoluto da liga <strong>de</strong> alumínio,<br />

muito <strong>em</strong>bora se esteja a verificar um aumento na utilização das ligas <strong>de</strong> cobre. No que<br />

concerne ao zinco, este ainda é utilizado mas a sua produção estagnou. Em termos<br />

gerais t<strong>em</strong>-se vindo a assistir a um crescimento na produção <strong>de</strong> ligas não ferrosas.<br />

Na globalida<strong>de</strong>, a produção <strong>de</strong> ligas ferrosas é muito superior às não ferrosas e houve<br />

um aumento na produção do ano <strong>de</strong> 2000 e uma manutenção na produção do ano <strong>de</strong><br />

2001.<br />

Quadro 2 - Produção Nacional/U.E (Toneladas) - 2001<br />

Produção Nacional/U.E. – 2001<br />

Toneladas<br />

TIPOS DE LIGA Portugal U.E. %Nacional<br />

Ferrosos 99.900 11.598.200 0,86<br />

Não Ferrosos 25.550 2.421.300 1,06<br />

Total 125.150 14.019.500 0.89


10<br />

Gráfico 3 - Produção Nacional/U.E (Toneladas) - 2001<br />

Produção Nacional/U.E (Toneladas) -<br />

2001<br />

Portugal<br />

U.E.<br />

No Gráfico 3 po<strong>de</strong>mos verificar o facto <strong>de</strong> Portugal apenas possuir uma pequeníssima<br />

parte da produção <strong>de</strong> ligas, quer ferrosas quer não ferrosas, <strong>de</strong>ntro da União Europeia.<br />

Quadro 3 - Produção <strong>em</strong> valor (milhões <strong>de</strong> Euros)<br />

Produção <strong>em</strong> Valor<br />

Milhões <strong>de</strong> Euros<br />

TIPOS DE LIGA 1999 2000 2001<br />

Total <strong>de</strong> Ferrosos 151,40 160,00 163,20<br />

Total <strong>de</strong> N Ferrosos 86,80 102,30 114,60<br />

Total F+NF 238,20 262,30 277,80<br />

Gráfico 4 - Produção <strong>em</strong> valor (milhões <strong>de</strong> Euros)<br />

150<br />

Produção <strong>em</strong> valor<br />

Millhõs <br />

100<br />

50<br />

0<br />

F<br />

NF<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

Tipos <strong>de</strong> Liga<br />

No que respeita a valores, po<strong>de</strong>mos ver no ano <strong>de</strong> 2001 que a produção <strong>em</strong> valor<br />

aumentou nos dois tipos <strong>de</strong> ligas. Contudo o aumento foi mais acentuado nas ligas não<br />

ferrosas.


11<br />

Quadro 4 - Exportação (milhões <strong>de</strong> Euros)<br />

Exportação<br />

Milhões <strong>de</strong> Euros<br />

TIPOS DE LIGA 1999 2000 2001<br />

Ferro Cinzento 28,90 26,80 19,60<br />

Ferro Nodular 50,10 63,60 59,10<br />

Aço 25,20 26,80 33,20<br />

Total <strong>de</strong> Ferrosos 104,20 117,20 111,90<br />

Total <strong>de</strong> N Ferrosos 65,10 76,70 86,00<br />

Total F+NF 169,30 193,90 197,90<br />

Gráfico 5 - Exportação <strong>de</strong> ferrosos e não ferrosos (milhões <strong>de</strong> Euros)<br />

Exportação Ferrosos e Não Ferrosos<br />

Milhões<br />

100,00<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

20,00<br />

0,00<br />

FC FN Aço NF<br />

Tipos <strong>de</strong> Liga<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

Neste ponto po<strong>de</strong>mos afirmar que se t<strong>em</strong> verificado uma forte <strong>de</strong>scida na exportação <strong>de</strong><br />

ferro fundido cinzento e uma pequena quebra do ferro fundido nodular o que t<strong>em</strong> como<br />

consequência uma <strong>de</strong>scida da exportação <strong>de</strong> ligas ferrosas, <strong>de</strong> uma forma geral. Porém,<br />

a exportação do aço t<strong>em</strong> vindo a crescer.<br />

Quanto às ligas não ferrosas, a exportação t<strong>em</strong> sido crescente, aumentando na or<strong>de</strong>m<br />

dos 10 milhões <strong>de</strong> Euros por ano.<br />

De acordo com Ferreira (1999), os processos <strong>de</strong> fundição po<strong>de</strong>m ser classificados <strong>de</strong><br />

acordo com o carácter <strong>de</strong> permanência ou <strong>de</strong> perecibilida<strong>de</strong> dos respectivos<br />

mol<strong>de</strong>s/mo<strong>de</strong>los 4 e <strong>moldações</strong>. Surg<strong>em</strong> assim três tipos <strong>de</strong> fundição distintos:<br />

<strong>Processos</strong> com moldação perdida e mo<strong>de</strong>lo permanente;<br />

<strong>Processos</strong> com moldação e mo<strong>de</strong>lo perdidos;<br />

<strong>Processos</strong> com moldação permanente.<br />

No primeiro <strong>de</strong>stes três tipos são utilizadas <strong>moldações</strong> <strong>de</strong> areia ou <strong>de</strong> outros materiais<br />

refractários (cerâmica ou gesso) que se abr<strong>em</strong> (normalmente <strong>em</strong> duas partes, divididas<br />

por um plano <strong>de</strong> apartação) permitindo que o mol<strong>de</strong> seja retirado do seu interior<br />

(cavida<strong>de</strong>) antes <strong>de</strong> nele ser vazado o metal líquido 5 . Assim, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das<br />

4 Ver capítulo “Glossário” no final do relatório.<br />

5 Na realida<strong>de</strong>, estas <strong>moldações</strong> são normalmente elaboradas por partes (normalmente <strong>em</strong> meta<strong>de</strong>s ou,<br />

mais especificamente, na meia-moldação superior e na meia-moldação inferior), as quais são


12<br />

características mecânicas do material <strong>em</strong> que o mol<strong>de</strong> for feito (ma<strong>de</strong>ira, metal, etc.),<br />

este po<strong>de</strong> ser utilizado na obtenção <strong>de</strong> um número muito elevado <strong>de</strong> peças. Quanto à<br />

moldação, ela só serve para a obtenção <strong>de</strong> uma única peça, uma vez que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nela<br />

ter sido vazado o metal líquido, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>struída para <strong>de</strong>la se po<strong>de</strong>r retirar a peça<br />

fundida.<br />

O segundo tipo <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> fundição distingue-se <strong>de</strong>ste último pelo facto <strong>de</strong> a<br />

moldação ser construída envolvendo o mol<strong>de</strong> e não po<strong>de</strong>ndo ser aberta para <strong>de</strong> lá o<br />

retirar. Desta forma, o mol<strong>de</strong> t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>struído por forma a libertar a cavida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

será posteriormente vertido o metal líquido. A forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do mol<strong>de</strong><br />

(normalmente construído <strong>em</strong> cera ou <strong>em</strong> poliestireno expandido) po<strong>de</strong> ser por<br />

liquefação ou por sublimação, <strong>em</strong> ambos os casos como resultado <strong>de</strong> um aquecimento.<br />

Para extrair a peça fundida (<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> solidificada) da moldação, torna-se necessário<br />

<strong>de</strong>struí-la – consequência da forma como ela é construída.<br />

Os processos <strong>de</strong> fundição com moldação permanente distingu<strong>em</strong>-se portanto dos <strong>de</strong>mais<br />

pelo facto <strong>de</strong> cada moldação permitir a obtenção <strong>de</strong> um número elevado <strong>de</strong> peças 6 .<br />

Claro está que o material <strong>em</strong> que a moldação é feito <strong>de</strong>ve ter características mecânicas<br />

apropriadas, e principalmente uma elevada resistência ao <strong>de</strong>sgaste. Normalmente as<br />

<strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> são construídas <strong>em</strong> metal, po<strong>de</strong>ndo <strong>em</strong> alguns casos ser<br />

construídas <strong>em</strong> materiais cerâmicos, mormente <strong>em</strong> grafite 7 . O facto <strong>de</strong> a moldação ser<br />

permanente implica que estes processos se diferenciam <strong>em</strong> muito dos <strong>de</strong>mais, conforme<br />

se verá nos capítulos subsequentes. O aspecto diferenciador mais óbvio é o facto <strong>de</strong> ter<br />

<strong>de</strong> ser possível, <strong>em</strong> qualquer caso, e pela própria <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>stes processos, retirar a<br />

peça fundida do interior da moldação s<strong>em</strong> a danificar.<br />

Nos processos <strong>de</strong> fundição com moldação permanente as <strong>moldações</strong> são construídas<br />

s<strong>em</strong> o recurso a qualquer mol<strong>de</strong> 8 , pelo que não se coloca a questão <strong>de</strong> saber se este é ou<br />

não permanente.<br />

Moldações <strong>permanentes</strong> são, assim, todas aquelas que permit<strong>em</strong> a obtenção <strong>de</strong> várias<br />

peças s<strong>em</strong> que as suas características ou forma sejam significativamente alteradas.<br />

Embora esta <strong>de</strong>finição compreenda todas as <strong>moldações</strong> metálicas, ela esten<strong>de</strong>-se<br />

igualmente às <strong>moldações</strong> <strong>de</strong> grafite e <strong>de</strong> outros materiais que se abr<strong>em</strong> para permitir a<br />

retirada da peça fundida s<strong>em</strong> se danificar<strong>em</strong>.<br />

Dada a abrangência <strong>de</strong>ste conceito, é apenas natural a existência <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> fundição que nele se enquadram 9 , as quais analisar<strong>em</strong>os<br />

sucintamente no capítulo 2.<br />

posteriormente unidas para dar forma à moldação propriamente dita. Desta forma, o mol<strong>de</strong> nunca chega a<br />

estar <strong>de</strong>ntro da moldação.<br />

6 Segundo Ferreira (1999), uma moldação metálica po<strong>de</strong> ser utilizada para a obtenção <strong>de</strong> até um milhão<br />

<strong>de</strong> peças.<br />

7 Bibliografia nº8, página 83.<br />

8 Bibliografia nº10.<br />

9 Essa diversida<strong>de</strong> é, aliás, s<strong>em</strong>pre crescente, à medida que novas técnicas vão sendo <strong>de</strong>senvolvidas.


13<br />

1.2. Evolução histórica dos processos <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong><br />

<strong>permanentes</strong><br />

Conforme foi referido no capítulo anterior, a tecnologia da fundição sofreu (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu<br />

surgimento vários milénios antes do nascimento <strong>de</strong> Cristo) e continua a sofrer gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvimentos, quer ao nível dos processos, quer no respeitante às características das<br />

ligas utilizadas, quer relativamente aos processos <strong>de</strong> moldação propriamente ditos (ver<br />

Quadro 5).<br />

Quadro 5 - Evolução cronológica das ligas e dos processos utilizados na fundição<br />

Metais / Ligas Ano Processo<br />

Cobre, Estanho, Bronze,<br />

Ouro, Prata 3000 A.C.<br />

Ferro fundido (Ásia)<br />

2000 A.C.<br />

1000 A.C.<br />

500 A.C.<br />

Moldação por cera<br />

perdida<br />

Ferro fundido (Europa) 1200 A.D.<br />

1500<br />

Aço 1740<br />

Zinco 1826<br />

Alumínio 1886<br />

Aço inoxidável 1913<br />

1920<br />

1930<br />

1940<br />

1950<br />

1960<br />

1970<br />

1980<br />

Compósitos Al-SiC<br />

1990<br />

Fonte: Bibliografia nº3.<br />

Moldação <strong>em</strong> areia<br />

Fundição injectada<br />

Shell moulding e<br />

Moldação cerâmica<br />

Mo<strong>de</strong>lo perdido <strong>de</strong><br />

poliestireno (“lost foam”)<br />

Processo V (moldação <strong>em</strong><br />

vácuo)<br />

Replicast 10<br />

10 Ver capítulo “Glossário” no final do relatório.


14<br />

No que diz respeito aos processos <strong>de</strong> fundição <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong>, mais<br />

especificamente, as primeiras <strong>moldações</strong> utilizadas, tanto quanto sab<strong>em</strong>os, foram<br />

<strong>moldações</strong> <strong>em</strong> pedra, nas quais se produziam ferramentas e armas <strong>de</strong> bronze, por volta<br />

do ano 3000 a.C 11 (ver Imag<strong>em</strong> 1). Inicialmente as <strong>moldações</strong> eram monolíticas e<br />

abertas no topo, <strong>de</strong> tal forma que as peças obtidas eram planas numa das faces e tinham<br />

<strong>de</strong> ser forjadas até à sua configuração final. Só mais tar<strong>de</strong> começaram a ser utilizadas<br />

<strong>moldações</strong> constituídas por duas partes que permitiam obter peças com configurações<br />

próximas das <strong>de</strong>sejadas. As <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> metálicas começaram a ser<br />

utilizadas antes do ano 1000 a.C. 12<br />

Imag<strong>em</strong> 1 - Machados <strong>de</strong> talão pré-históricos e actuais<br />

Fontes: Bibliografia nº7, página 1 e Sítio <strong>de</strong> Internet nº1, respectivamente.<br />

Em 1439 Johann Gutenberg inventou um processo para fundir os caracteres necessários<br />

à impressão <strong>de</strong> documentos <strong>em</strong> série utilizando, para cada letra, matrizes <strong>de</strong> cobre que<br />

eram inseridas nas <strong>moldações</strong>, as quais eram então cheias com uma liga <strong>de</strong> chumbo. Em<br />

1822 William Church introduziu uma máquina capaz <strong>de</strong> produzir 20.000 caracteres por<br />

dia. Até ao início do século XX a imprensa era a indústria que mais utilizava as<br />

<strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong>, tendo sido então substituída pela indústria automóvel.<br />

Em 1905 Herman H. Doehler patenteou uma das primeiras máquinas <strong>de</strong> injecção <strong>em</strong><br />

<strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> (ver Imag<strong>em</strong> 2).<br />

11 Bibliografia nº8, página 83.<br />

12 Bibliografia nº7, página 1.


15<br />

Imag<strong>em</strong> 2 - Máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> Doehler<br />

Fonte: Bibliografia nº7, página 3.<br />

Segundo Kaye (1982), a máquina funcionava do seguinte modo:<br />

“Um cilindro montado no cadinho era submergido no metal liquefeito; um êmbolo era<br />

movido lateralmente neste cilindro, accionado por uma alavanca. O metal fundido<br />

preenchia o cilindro através <strong>de</strong> uma abertura. Quando a alavanca era accionada, o<br />

êmbolo movia-se para diante, fechando a abertura <strong>de</strong> enchimento e forçando o metal<br />

para cima. As duas meias-<strong>moldações</strong> eram montadas <strong>em</strong> placas e <strong>de</strong>pois abertas e<br />

fechadas usando uma alvanca <strong>de</strong> fechamento da moldação, frequent<strong>em</strong>ente exigindo o<br />

esforço <strong>de</strong> dois homens. Após o fechamento da moldação, esta e a estrutura <strong>de</strong> suporte<br />

eram viradas manualmente para uma posição por cima do metal, ficando <strong>em</strong> contacto<br />

com o bocal <strong>de</strong> enchimento. O accionamento da alavanca que força a entrada do metal<br />

liquefeito na cavida<strong>de</strong> da moldação podia frequent<strong>em</strong>ente ser feito por um hom<strong>em</strong><br />

forte, mas peças gran<strong>de</strong>s e complicadas exigiam o esforço <strong>de</strong> dois operadores. A<br />

retracção da alavanca <strong>de</strong>stapava um orifício <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> metal no cilindro <strong>de</strong><br />

injecção para permitir, por acção da gravida<strong>de</strong>, o enchimento da próxima peça. Após a<br />

injecção e solidificação do metal, toda a moldação e respectiva estrutura eram<br />

colocadas numa posição horizontal antes <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r à abertura das meias<strong>moldações</strong>.<br />

Depois a peça era retirada através <strong>de</strong> hastes cilíndricas – precursoras dos<br />

pinos <strong>de</strong> ejecção.”<br />

Conforme fica claro da <strong>de</strong>scrição anterior, a operação <strong>de</strong>stas primeiras máquinas <strong>de</strong><br />

fundição injectada requeria um gran<strong>de</strong> esforço manual. Os melhoramentos subsequentes<br />

vizariam, naturalmente, a automatização do processo com a substituição do trabalho<br />

manual por outras fontes <strong>de</strong> energia:<br />

Em 1907, van Wagner introduziu uma máquina na qual a injecção do<br />

metal era conseguida com o auxílio <strong>de</strong> ar comprimido;<br />

Em 1914, Doehler aperfeiçoou a sua máquina adicionando-lhe o auxílio<br />

do ar comprimido e dispensando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rodar a moldação 90º,<br />

para a posição vertical, por forma a ficar <strong>em</strong> contacto com o bocal <strong>de</strong><br />

enchimento 13 ;<br />

13 Esta máquina aperfeiçoada <strong>de</strong> Doehler permitia a fundição <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong> alumínio. Segundo o próprio<br />

Doehler, o processo estava suficient<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>senvolvido para que durante a Primeira Guerra Mundial<br />

foss<strong>em</strong> produzidos componentes <strong>de</strong> metralhadoras, <strong>de</strong> máscaras <strong>de</strong> gás e <strong>de</strong> binóculos.


16<br />

Entre 1926 e 1928, a Madison Kipp Corporation dos EUA <strong>de</strong>senvolveu<br />

uma máquina completamente automatizada, accionada por um motor, o<br />

qual, por meio <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> biela-manivela, engrenagens e ar<br />

comprimido permitia o fechamento do moldação, a injecção da liga<br />

metálica, a abertura da moldação e a ejecção do fundido.<br />

Imag<strong>em</strong> 3 - Uma das primeiras máquinas <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> câmara quente<br />

automatizadas<br />

Fonte: Bibliografia nº7, página 4.<br />

Por essa altura as ligas <strong>de</strong> alumínio tinham começado a ser utilizadas <strong>em</strong> maior escala.<br />

O probl<strong>em</strong>a posto por estas ligas eram o seu ponto <strong>de</strong> fusão mais elevado. Com o<br />

ojectivo <strong>de</strong> aumentar a flui<strong>de</strong>z das ligas metálicas e baixar o seu ponto <strong>de</strong> fusão (e logo<br />

a t<strong>em</strong>peratura operacional das <strong>moldações</strong>), o zinco utilizado nas ligas <strong>de</strong> zincoalumínio-cobre<br />

continha ainda quantida<strong>de</strong>s apreciáveis <strong>de</strong> chumbo e estanho. No<br />

entanto, conforme já tinha sido notado, a adição <strong>de</strong>stes metais comprometia <strong>em</strong> muito as<br />

características mecânicas das peças fundidas obtidas. “A prática <strong>de</strong> adicionar estanho ou<br />

chumbo para aumentar a flui<strong>de</strong>z era uma maneira fácil mas perigosa <strong>de</strong> facilitar a<br />

produção e não cessou até se saber com toda a certeza que as ligas <strong>de</strong> zinco-alumínio,<br />

com ou s<strong>em</strong> cobre, têm <strong>de</strong> ser baseadas <strong>em</strong> zinco super-puro, livre <strong>de</strong> impurezas<br />

prejudiciais” 14 .<br />

Outro probl<strong>em</strong>a colocado à fundição injectada pela utilização <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> fusão<br />

mais elevado, como o alumínio, era o facto <strong>de</strong> estas ligas atacar<strong>em</strong> o aço e o ferro<br />

fundido <strong>de</strong> que eram constituídos os componentes da câmara quente (os quais estavam<br />

<strong>em</strong> contacto permanente com o metal liquefeito). Com o objectivo <strong>de</strong> obviar a este<br />

probl<strong>em</strong>a, Carl Roehri inventou <strong>em</strong> 1920 a câmara fria. Segundo este processo <strong>de</strong><br />

alimentação, a liga metálica era fundida separadamente e fornecida apenas na<br />

quantida<strong>de</strong> e no momento necessários a cada injecção individual.<br />

Entretanto, pelo início do século XX, uma patente tinha sido atribuída ao método <strong>de</strong><br />

fundição <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> por <strong>vazamento</strong> sob baixa pressão, <strong>de</strong>senvolvido<br />

por E. H. Lake <strong>em</strong> Inglaterra. O processo foi pouco utilizado até à Segunda Guerra<br />

Mundial, quando serviu para a produção <strong>de</strong> componentes <strong>de</strong> motores <strong>de</strong> aviões. Em<br />

14 Bibliografia nº7, página 5.


17<br />

1945 ele foi utilizado para a produção <strong>de</strong> utensílios <strong>de</strong> cozinha <strong>em</strong> alumínio.<br />

Melhoramentos do processo (com o consequente registo <strong>de</strong> patente) foram introduzidos<br />

<strong>em</strong> 1946, tornando-o similar ao que hoje é utilizado. Embora a partir <strong>de</strong>ssa data o seu<br />

uso tenha crescido significativamente, este processo não estava ainda universalmente<br />

difundido, como se po<strong>de</strong> atestar através do seguinte relato:<br />

“Em 1956, uma divisão da General Electric Company, procurando melhorar os seus<br />

rotores, <strong>de</strong>senvolveu in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente o seu próprio processo <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> sob<br />

baixa pressão. Foi só quando o pedido <strong>de</strong> patente foi efectuado que <strong>de</strong>scobriram a<br />

existência prévia <strong>de</strong> tal processo” 15 .<br />

De então para cá, muitos melhoramentos têm sido introduzidos nos processos <strong>de</strong><br />

fundição <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> por <strong>vazamento</strong> sob pressão: automatização do<br />

processo <strong>de</strong> alimentação, introdução <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as hiráulicos a óleo, injecção faseada,<br />

melhoramento das ligas metálicas utilizadas, etc. Tais melhoramentos permitiram<br />

aumentar a qualida<strong>de</strong> das peças fundidas e a capacida<strong>de</strong> e a eficiência <strong>de</strong>ste processo<br />

produtivo. No entanto, os seus princípios básicos continuam ainda hoje a ser os<br />

mesmos.<br />

Imag<strong>em</strong> 4 - Máquina actual <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> alumínio e latão <strong>de</strong> câmara fria<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº4.<br />

15 Bibliografia nº8, página 103.


18<br />

<br />

<br />

<br />

2.1. Aspectos comuns dos processos <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong><br />

<strong>permanentes</strong><br />

Quando se preten<strong>de</strong> obter gran<strong>de</strong>s séries <strong>de</strong> peças, com bom acabamento superficial e<br />

gran<strong>de</strong> rigor dimensional, o <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> areia não é satisfatório 16 .<br />

Adoptam-se então processos <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> mais a<strong>de</strong>quados, vazando o metal fundido<br />

<strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> (normalmente metálicas) 17 .<br />

Conforme foi visto no ponto 1.2, as <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> distingu<strong>em</strong>-se das <strong>de</strong>mais<br />

pelo facto <strong>de</strong> permitir<strong>em</strong> a obtenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas ou centenas <strong>de</strong> milhar <strong>de</strong> peças s<strong>em</strong><br />

necessitar<strong>em</strong> <strong>de</strong> substituição. Esta particularida<strong>de</strong>, que não se verifica nos restantes<br />

processos <strong>de</strong> fundição, po<strong>de</strong> eventualmente transformar-se num probl<strong>em</strong>a. Este surge na<br />

fase <strong>de</strong> projecto da moldação e reflecte-se na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retirar a peça, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

solidificada, do interior da moldação, s<strong>em</strong> provocar danos quer nesta, quer nos próprios<br />

fundidos.<br />

Esta necessida<strong>de</strong> conduz, frequent<strong>em</strong>ente, à concepção <strong>de</strong> <strong>moldações</strong> constituídas por<br />

várias peças, com mais do que uma superfície <strong>de</strong> apartação, e com sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> extracção<br />

das peças, mais ou menos complexos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> automatização dos<br />

equipamentos <strong>de</strong> manuseamento das <strong>moldações</strong> que for<strong>em</strong> utilizados 18 .<br />

Também a t<strong>em</strong>peratura da coquilha 19 é importante para as características dos<br />

respectivos fundidos: t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> coquilha <strong>de</strong>masiado elevadas conduz<strong>em</strong>, entre<br />

outros, a fracas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas das peças, como consequência <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>ficiente estrutura metalográfica, que por sua vez é consequência <strong>de</strong> uma velocida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> arrefecimento muito baixa; por outro lado, t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> coquilha <strong>de</strong>masiado<br />

baixas conduz<strong>em</strong> a má formação geométrica dos fundidos, po<strong>de</strong>ndo ainda provocar<br />

<strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> solidificação - rechupes - por ineficiência do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> alimentação<br />

utilizado 20 .<br />

Na maioria dos casos, a rectificação da t<strong>em</strong>peratura "i<strong>de</strong>al" da coquilha apenas é<br />

necessária no início do período <strong>de</strong> trabalho. Neste caso, o aquecimento é efectuado<br />

através <strong>de</strong> um simples queimador <strong>de</strong> chama directa ou, preferencialmente, por<br />

introdução da coquilha num forno eléctrico, antes <strong>de</strong> se iniciar o ciclo <strong>de</strong> produção.<br />

16 Ver a este respeito o capítulo 3.<br />

17 Bibliografia nº11.<br />

18 Bibliografia nº14.<br />

19 Ver capítulo “Glossário” no final do relatório.<br />

20 Bibliografia nº17.


19<br />

Em ritmo <strong>de</strong> trabalho normal a t<strong>em</strong>peratura das <strong>moldações</strong> atinge rapidamente os 300<br />

ou 400 graus Celsius. No sentido <strong>de</strong> evitar que a t<strong>em</strong>peratura ultrapasse este limiar,<br />

torna-se necessário prever, na fase <strong>de</strong> projecto e construção da moldação, um conjunto<br />

<strong>de</strong> canais interiores, interligados ou in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>stinados à circulação forçada <strong>de</strong><br />

água ou qualquer outro fluído <strong>de</strong> refrigeração. Para além disso, aquando do seu<br />

funcionamento, a coquilha <strong>de</strong>ve ser periodicamente pintada com tinta refractária.<br />

Os processos que utilizam moldação metálica são basicamente quatro, existindo<br />

algumas variantes <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada processo, diferindo entre si na forma como é<br />

efectuado o <strong>vazamento</strong> do metal 21 :<br />

Moldação permanente com <strong>vazamento</strong> por gravida<strong>de</strong> ("Coquilha por<br />

gravida<strong>de</strong>");<br />

Moldação permanente com <strong>vazamento</strong> sob pressão ("Fundição<br />

injectada");<br />

Moldação permanente com <strong>vazamento</strong> por forças <strong>de</strong> centrifugação;<br />

Moldação permanente com <strong>vazamento</strong> no estado s<strong>em</strong>i-líquido ("Squeeze<br />

Casting").<br />

2.1.1. Características gerais das <strong>moldações</strong><br />

As <strong>moldações</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> obe<strong>de</strong>cer a uma única proprieda<strong>de</strong> fundamental, que é a seguinte:<br />

"A moldação (meias <strong>moldações</strong> e machos) <strong>de</strong>ve assegurar a forma, o volume, o<br />

acabamento superficial e qualida<strong>de</strong> geral <strong>de</strong>sejados para a peça a obter” 22<br />

Para que tal seja possível, a moldação <strong>de</strong>ve possuir um conjunto <strong>de</strong> requisitos, que<br />

po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os dividir <strong>em</strong> três grupos 23 :<br />

a) Requisitos <strong>de</strong> índole técnica<br />

a moldação <strong>de</strong>verá garantir o total enchimento da cavida<strong>de</strong>, pelo que<br />

<strong>de</strong>verá estar provida <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> enchimento <strong>em</strong> número, localização<br />

e forma a<strong>de</strong>quada para esse fim;<br />

a moldação <strong>de</strong>ve garantir a compensação da contracção do metal<br />

durante o processo <strong>de</strong> arrefecimento / solidificação, pelo que <strong>de</strong>verá<br />

estar provida <strong>de</strong> alimentadores e respectivos canais <strong>de</strong> ligação à peça<br />

<strong>em</strong> número, forma e localização a<strong>de</strong>quados.<br />

b) Requisitos <strong>de</strong> resistência da moldação<br />

21 Bibliografia nº14.<br />

22 Bibliografia nº14.<br />

23 Cfr. Bibliografia nº14.<br />

a moldação <strong>de</strong>ve possuir a resistência mecânica necessária para<br />

suportar o manuseamento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua execução até ao <strong>vazamento</strong> do<br />

metal; para isso, <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong> suportar quer o seu próprio peso<br />

quer eventuais choques;<br />

a moldação <strong>de</strong>ve ter a resistência necessária para para suportar o<br />

<strong>vazamento</strong> e a contenção do metal até uma fase adiantada <strong>de</strong>


20<br />

solidificação, s<strong>em</strong> rotura e s<strong>em</strong> <strong>de</strong>formação; para isso <strong>de</strong>verá<br />

suportar: as pressões estática e dinâmica <strong>de</strong>vidas ao fluído, durante e<br />

após o <strong>vazamento</strong>; as tensões resultantes do rápido aquecimento das<br />

superfícies <strong>em</strong> contacto com o metal; a erosão durante o enchimento.<br />

c) Características físico-químicas<br />

2.1.2. Revestimentos 24<br />

Refractarieda<strong>de</strong>: o material da moldação não <strong>de</strong>ve fundir n<strong>em</strong> sofrer<br />

<strong>de</strong>formações durante o <strong>vazamento</strong> e gran<strong>de</strong> parte da solidificação;<br />

Incompatibilida<strong>de</strong> química: o material da moldação não <strong>de</strong>ve reagir<br />

quimicamente com o metal vazado;<br />

Permeabilida<strong>de</strong>: a moldação <strong>de</strong>ve permitir a rápida saída do ar e dos<br />

gases que se form<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong>;<br />

Proprieda<strong>de</strong>s térmicas: a moldação <strong>de</strong>ve apresentar uma<br />

condutibilida<strong>de</strong> térmica a<strong>de</strong>quada ao correcto arrefecimento da peça.<br />

O revestimento é aplicado às superfícies da moldação e dos eventuais machos <strong>de</strong> modo<br />

a criar uma barreira entre elas e o metal fundido. Os revestimentos são usados por cinco<br />

razões:<br />

para prevenir o arrefecimento pr<strong>em</strong>aturo do metal fundido;<br />

para controlar a velocida<strong>de</strong> e a direcção da solidificação do fundido e,<br />

portanto, as suas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas;<br />

para minimizar o choque térmico gerado na moldação pelo metal<br />

fundido;<br />

para prevenir a soldadura do metal fundido à moldação;<br />

para extrair o ar preso na cavida<strong>de</strong> da moldação.<br />

Exist<strong>em</strong> dois tipos essenciais <strong>de</strong> revestimento: isolador e lubrificador. Alguns<br />

revestimentos combinam estas duas funções. Um bom isolador po<strong>de</strong> ser feito com uma<br />

parte <strong>de</strong> silicato <strong>de</strong> sódio e duas partes caulino coloidal (<strong>em</strong> peso) dissolvidos numa<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água suficiente para permitir a vaporização. Se for preciso um bom<br />

isolamento para garantir o correcto enchimento e prevenir solidificações pr<strong>em</strong>aturas <strong>em</strong><br />

secções finas, gitos ou alimentadores, então po<strong>de</strong>m acrescentar-se ao revestimento pó <strong>de</strong><br />

carvão, óxidos metálicos, giz, pedra <strong>de</strong> sabão, mica, vermiculite ou talco. A grafite é<br />

acrescentada se for necessário acelerar o arrefecimento. Lubrificantes que facilitam a<br />

r<strong>em</strong>oção dos fundidos inclu<strong>em</strong> pedra <strong>de</strong> sabão, talco, mica e grafite.<br />

Um bom revestimento <strong>de</strong>ve satisfazer os seguintes requisitos:<br />

ser não corrosivo, <strong>de</strong> modo a prolongar a vida da moldação;<br />

t<strong>em</strong> que a<strong>de</strong>rir b<strong>em</strong> à moldação e no entanto ser fácil <strong>de</strong> r<strong>em</strong>over;<br />

t<strong>em</strong> que criar uma barreira que impeça o contacto directo entre o<br />

metal líquido e a pare<strong>de</strong> da moldação;<br />

t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser inerte ao metal fundido e não reagir produzindo gases.<br />

24 Bibliografia nº17.


21<br />

Os vários requisitos do revestimento referidos <strong>em</strong> cima n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre são obteníveis com<br />

uma só fórmula. Nesse caso, aplicam-se diferentes revestimentos <strong>em</strong> diferentes locais<br />

da cavida<strong>de</strong> da moldação.<br />

A duração do revestimento varia consi<strong>de</strong>ravelmente com a t<strong>em</strong>peratura do metal que<br />

está a ser fundido, o tamanho e a complexida<strong>de</strong> da cavida<strong>de</strong> da moldação, e a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong>. Alguns mol<strong>de</strong>s requer<strong>em</strong> um novo revestimento no início <strong>de</strong><br />

cada turno; outros aguentam vários turnos com apenas reparações pontuais antes do<br />

novo revestimento ser necessário.<br />

Uma projecção abrasiva menos severa é usada para preparar o revestimento para<br />

r<strong>em</strong>over velhos revestimentos.<br />

2.1.3. Machos<br />

Os machos usados nos processos <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong> po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> ferro cinzento,<br />

aço, areia, ou gesso.<br />

No caso dos machos ser<strong>em</strong> <strong>de</strong> metal, estes po<strong>de</strong>rão ser movíveis ou estacionários. Se<br />

for<strong>em</strong> estacionários, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser perpendiculares à linha <strong>de</strong> apartação para permitir a<br />

r<strong>em</strong>oção do fundido do mol<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>v<strong>em</strong>, também, ter uma forma tal que permita uma<br />

libertação rápida do fundido 25 . Se não for<strong>em</strong> perpendiculares à linha <strong>de</strong> apartação<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser movíveis <strong>de</strong> modo que possam ser retirados do fundido antes <strong>de</strong>le ser<br />

r<strong>em</strong>ovido do mol<strong>de</strong>.<br />

Quando machos <strong>de</strong> areia ou gesso são usados <strong>em</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong>, o processo é<br />

referido como mol<strong>de</strong>s s<strong>em</strong>i-<strong>permanentes</strong>, po<strong>de</strong>ndo ser produzidas peças com formas<br />

mais complexas do que com machos <strong>de</strong> metal. Contudo, machos nestes materiais são<br />

mais dispendiosos.<br />

Os dois caminhos <strong>de</strong> passag<strong>em</strong> dos machos como se mostra na Imag<strong>em</strong> 5 ilustram as<br />

limitações dos machos <strong>em</strong> fundições <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong>. A configuração<br />

apresentada do lado esquerdo permite a utilização <strong>de</strong> machos <strong>de</strong> metal. Já na<br />

configuração apresentada do lado direito seriam necessários, para prover o raio do<br />

caminho <strong>de</strong> passag<strong>em</strong>, machos <strong>em</strong> areia ou gesso 26 .<br />

Imag<strong>em</strong> 5 - Machos <strong>permanentes</strong> versus machos perecíveis<br />

Fonte: Bibliografia nº13.<br />

25 Isto é, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar providos com saídas a<strong>de</strong>quadas.<br />

26 Bibliografia nº13.


22<br />

Os machos movíveis e estacionários po<strong>de</strong>m ser ambos maquinados a dimensões<br />

apertadas e po<strong>de</strong>m ser localizados com exactidão.<br />

Os machos <strong>em</strong> areia permit<strong>em</strong> ao fundido passagens sinuosas ou câmaras ou passagens<br />

que são mais largas na secção do que a abertura através da pare<strong>de</strong> do fundido. Devido<br />

ao facto dos machos <strong>em</strong> areia não ser<strong>em</strong> recuperáveis, a sua r<strong>em</strong>oção não apresenta<br />

quaisquer probl<strong>em</strong>as.<br />

Os machos <strong>em</strong> gesso são usados <strong>em</strong> mol<strong>de</strong>s s<strong>em</strong>i-<strong>permanentes</strong> para promover uma<br />

superfície final melhor do que a obtida com machos <strong>em</strong> areia ou <strong>de</strong> metal revestido. O<br />

uso <strong>de</strong> machos <strong>em</strong> gesso permeáveis promove uma superfície final melhor do que a que<br />

po<strong>de</strong>ria ser obtida com machos <strong>de</strong> metal revestido. O gesso t<strong>em</strong> também excelentes<br />

qualida<strong>de</strong>s isoladoras, não arrefecendo pr<strong>em</strong>aturamente o metal nas secções<br />

envolventes. Quanto às tolerâncias dimensionais, os machos <strong>em</strong> gesso não são<br />

superiores aos machos <strong>em</strong> areia 27 .<br />

“É preferível evitar projectos que necessit<strong>em</strong> do uso <strong>de</strong> machos <strong>de</strong> metal amovíveis<br />

(machos multi-peças) <strong>em</strong> moldação permanente. Este género <strong>de</strong> machos aumenta o<br />

custo das peças <strong>de</strong> fundição, porque a sua montag<strong>em</strong> e a r<strong>em</strong>oção das multi-peças,<br />

constituintes do macho, aumenta o t<strong>em</strong>po necessário à produção. Mais ainda, a variação<br />

dimensional po<strong>de</strong> ser consequência do uso <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> machos, porque estes não<br />

po<strong>de</strong>m ser posicionados no mol<strong>de</strong> como uma peça única ou porque há movimento<br />

relativo dos vários segmentos que o constitu<strong>em</strong> aquando do <strong>vazamento</strong> do metal.<br />

Quando é necessário utilizar este tipo <strong>de</strong> machos, para obter as formas internas das<br />

peças <strong>de</strong> fundição, o projectista <strong>de</strong>ve prever a utilização <strong>de</strong> tolerâncias menos apertadas,<br />

s<strong>em</strong>pre que possível. Apesar das <strong>de</strong>svantagens dos machos fraccionáveis amovíveis,<br />

estes são largamente usados na execução <strong>de</strong> peças complexas. Por ex<strong>em</strong>plo, a maior<br />

parte dos pistões <strong>em</strong> ligas <strong>de</strong> Alumínio, feitos para a indústria automóvel são fundidos<br />

<strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> usando machos metálicos fraccionáveis amovíveis<br />

formados por cinco ou mais peças” 28 .<br />

2.1.4. Defeitos das peças<br />

“Em condições normais as peças fundidas contêm, como todos os produtos<br />

metalúrgicos, ocos, inclusões, e outras imperfeições que lhes confer<strong>em</strong> uma variação<br />

qualitativa normal. Estas imperfeições são consi<strong>de</strong>radas como verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>feitos<br />

apenas quando a satisfação dos requisitos funcionais ou estéticos da peça são postos <strong>em</strong><br />

causa.” 29<br />

Os processos <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> estão predominant<strong>em</strong>ente<br />

sujeitos a <strong>de</strong>feitos que po<strong>de</strong>m ser agrupados <strong>em</strong> três diferentes categorias, a seguir<br />

indicadas.<br />

27 Bibliografia nº13.<br />

28 Bibliografia nº5, página 156.<br />

29 Bibligrafia nº3, página 239.


23<br />

a) Falta <strong>de</strong> metal/Enchimento incompleto da moldação<br />

A elevada condutivida<strong>de</strong> térmica das <strong>moldações</strong> metálicas torna os fundidos por elas<br />

obtidos mais suceptíveis ao aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> enchimento da moldação. A<br />

primeira pista para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>ste probl<strong>em</strong>a é a existência no fundido <strong>de</strong> cantos e<br />

arestas arredondados (ver Imag<strong>em</strong> 6) ou o preenchimento incompleto <strong>de</strong> secções mais<br />

finas e/ou mais complexas (ver Imag<strong>em</strong> 7). Segundo Beeley (2001), as causas para este<br />

tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos, e que estão relacionadas entre si, po<strong>de</strong>m ser:<br />

t<strong>em</strong>peratura da moldação muito baixa;<br />

insuficiente sobre-aquecimento da liga metálica vazada;<br />

liga metálica com baixa colabilida<strong>de</strong>;<br />

<strong>vazamento</strong> <strong>de</strong>masiado lento;<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> ina<strong>de</strong>quado;<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ventilação ina<strong>de</strong>quado.<br />

Imag<strong>em</strong> 6 - Deficiente alimentação do fundido 30<br />

Fonte: Bibliografia nº16, página 78.<br />

A melhor forma <strong>de</strong> evitar o aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> enchimento da moldação é<br />

através <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ventilação a<strong>de</strong>quado – o aumento da t<strong>em</strong>peratura da liga<br />

vazada ou da moldação po<strong>de</strong> dar orig<strong>em</strong> a outros <strong>de</strong>feitos como, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

porosida<strong>de</strong>s 31 . Além disso, a máxima cadência produtiva consegue-se com a menor<br />

t<strong>em</strong>peratura possível para a liga vazada que ainda permita a obtenção <strong>de</strong> fundidos<br />

aceitáveis 32 .<br />

30 É possível notar, na imag<strong>em</strong> do lado esquerdo o arredondamento das arestas resultante <strong>de</strong> uma falta <strong>de</strong><br />

metal para preenchimento da cavida<strong>de</strong> da moldação. Na imag<strong>em</strong> do lado direito po<strong>de</strong> ver-se a peça <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> rectificado o erro.<br />

31 Bibliografia nº5, página 196.<br />

32 Bibliografia nº1.


24<br />

Imag<strong>em</strong> 7 – Deficiente alimentação do fundido 33<br />

Fonte: Bibliografia nº16, página 74.<br />

Uma forma alternativa <strong>de</strong> impedir faltas <strong>de</strong> enchimento da moldação é a aplicação <strong>de</strong><br />

calor ou <strong>de</strong> isolamentos térmicos nas secções do mol<strong>de</strong> por elas responsáveis,<br />

impedindo que estas arrefeçam tão rapidamente, bloqueando o fluxo <strong>de</strong> metal.<br />

b) Inclusões<br />

As inclusões po<strong>de</strong>m subdividir-se <strong>em</strong> dois grupos: endógenas e exógenas.<br />

i) inclusões endógenas<br />

As inclusões endógenas são constituídas por impurezas, normalmente pequenas<br />

partículas gasosas <strong>em</strong> suspensão, resultantes <strong>de</strong> reacções que ocorr<strong>em</strong> no metal fundido,<br />

e que resultam <strong>em</strong> porosida<strong>de</strong>s do fundido 34 .<br />

“A porosida<strong>de</strong> causada por gases dissolvidos no metal líquido não é normalmente um<br />

probl<strong>em</strong>a, pois a solidificação é tão rápida que eles se mantêm dissolvidos na peça<br />

solidificada” 35 .<br />

Apesar disso, os gases dissolvidos na peça contribu<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre para um enfraquecimento<br />

das suas características mecânicas. Além disso, se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gás dissolvido no<br />

metal líquido for superior à quantida<strong>de</strong> que o metal sólido consegue dissolver, o gás irá<br />

precipitar-se dando orig<strong>em</strong> ao aparecimento <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s no fundido. A distribuição<br />

<strong>de</strong>stas cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da forma como se dá a nucleação do gás. Se a nucleação<br />

ocorrer no contacto entre o metal e a moldação, o resultado é o aparecimento <strong>de</strong><br />

cavida<strong>de</strong>s na superfície do fundido. Um resultado muito comum da precipitação do gás<br />

é o aparecimento <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s no interior das peças fundidas – a solidificação<br />

progressiva da peça <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o exterior até ao interior arrasta consigo o gás que não se<br />

consegue dissolver no metal sólido.<br />

“Muitos factores afectam a forma e a distribuição das porosida<strong>de</strong>s gasosas. Em alguns<br />

casos o gás po<strong>de</strong> concentrar-se por difusão na região central, sendo o <strong>de</strong>feito final uma<br />

33 Falta um dos <strong>de</strong>ntes da roda <strong>de</strong>ntada por <strong>de</strong>feituosa alimentação da cavida<strong>de</strong> da moldação.<br />

34 Bliografia nº3, página 242.<br />

35 Bibliografia nº1, página 6.


25<br />

cavida<strong>de</strong> no interior da peça fundida, enquanto noutros casos po<strong>de</strong> ser encontrada<br />

porosida<strong>de</strong> dispersa por toda a peça.” 36<br />

As inclusões <strong>de</strong>ste tipo não são especificamente características do processo <strong>de</strong> fundição<br />

com <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong>, estando mais relacionadas com o processo <strong>de</strong> fusão dos<br />

metais que prece<strong>de</strong> o seu <strong>vazamento</strong>.<br />

A turbulência causada pela entrada do metal líquido na cavida<strong>de</strong> da moldação é não<br />

apenas responsável pela precipitação do gás nele dissolvido, através da criação <strong>de</strong><br />

baixas pressões localizadas, como também origina o aparecimento <strong>de</strong> inclusões<br />

exógenas no fundido.<br />

ii) inclusões exógenas<br />

As inclusões exógenas são constituídas por materiais não originários no próprio metal<br />

vazado. Estes materiais po<strong>de</strong>m ter orig<strong>em</strong> na <strong>de</strong>sagregação das <strong>moldações</strong>, cadinhos ou<br />

quaisquer outras ferramentas <strong>em</strong> contacto com o metal líquido, po<strong>de</strong>ndo contribuir para<br />

o aparecimento <strong>de</strong> escórias.<br />

As escórias po<strong>de</strong>m ser evitadas através da <strong>de</strong>cantação do metal antes do seu <strong>vazamento</strong><br />

na moldação. Outro método possível é a filtração do metal aquando do seu <strong>vazamento</strong>,<br />

para o que se recorre a filtros <strong>de</strong> materiais cerâmicos como os ilustrados na Imag<strong>em</strong> 8.<br />

Imag<strong>em</strong> 8 - Filtros utilizados no <strong>vazamento</strong> do metal fundido<br />

Fonte: Bibliografia nº3, página 41.<br />

A utilização <strong>de</strong> filtros t<strong>em</strong> outro efeito benéfico: diminui a turbulência causada pela<br />

entrada do metal líquido na cavida<strong>de</strong> da moldação. A turbulência contribui para o<br />

aparecimento <strong>de</strong> inclusões, não só porque facilita a erosão da moldação, mas também<br />

porque conduz facilmente ao aprisionamento <strong>de</strong> ar <strong>de</strong>ntro da sua cavida<strong>de</strong> (ver Imag<strong>em</strong><br />

9) – um outro tipo <strong>de</strong> inclusões exógenas comuns nos processos <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> com<br />

<strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong>.<br />

36 Bibliografia nº3, página 259.


26<br />

Imag<strong>em</strong> 9 - Porosida<strong>de</strong>s superficiais causadas por turbulência durante o<br />

<strong>vazamento</strong><br />

Fonte: Bibliografia nº16, página 44.<br />

O aprisionamento do ar pelo metal na cavida<strong>de</strong> da moldação po<strong>de</strong> ter orig<strong>em</strong> numa série<br />

<strong>de</strong> factores (isolados ou <strong>em</strong> combinação), <strong>de</strong> entre os quais:<br />

turbulência excessiva no <strong>vazamento</strong> do metal fundido;<br />

insuficiente sobre-aquecimento do metal fundido;<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ventilação ina<strong>de</strong>quado.<br />

O enchimento mais lento da moldação facilita normalmente a libertação do ar, evitando<br />

o aparecimento <strong>de</strong> inclusões 37 .<br />

O enchimento lento (recorrendo, se necessário for, ao <strong>vazamento</strong> por baixa pressão 38 ),<br />

direccional e s<strong>em</strong> confluências evita igualmente a criação <strong>de</strong> outro tipo <strong>de</strong> inclusões<br />

endógenas: películas <strong>de</strong> óxidos. Estas películas, quando existentes, são transportadas na<br />

superfície frontal do fluxo metálico, po<strong>de</strong>ndo dar orig<strong>em</strong>, nos casos mais graves, a<br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s na peça fundida 39 .<br />

c) Defeitos <strong>de</strong> contracção<br />

A diminuição do volume do metal vazado na cavida<strong>de</strong> da moldação ocorre numa<br />

primeira fase quando este solidifica, e numa fase posterior quando a peça fundida<br />

contrai, consequência do seu arrefecimento.<br />

37 Bibliografia nº1.<br />

38 Ver ponto 2.2.3.<br />

39 Bibliografia nº3, página 244.


27<br />

Imag<strong>em</strong> 10 – Rechupe nas zonas <strong>de</strong> alimentação 40<br />

Fonte: Bibliografia nº16, página 112.<br />

Durante a primeira fase, o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> é fundamental na<br />

prevenção do aparecimento <strong>de</strong> rechupes. Um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> ina<strong>de</strong>quado ou um<br />

<strong>vazamento</strong> insuficiente po<strong>de</strong>m implicar o aparecimento <strong>de</strong> rechupes expostos nas zonas<br />

<strong>de</strong> alimentação (ver Imag<strong>em</strong> 10). No entanto, os rechupes mais frequentes aparec<strong>em</strong> nas<br />

secções mais espessas das peças fundidas, quer na forma <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s interiores, quer<br />

na forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressões exteriores. De facto, as secções mais grossas estão mais sujeitas<br />

ao aparecimento <strong>de</strong> rechupes não só porque contra<strong>em</strong> mais mas também porque ten<strong>de</strong>m<br />

a alimentar as secções mais finas 41 . Estes tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos po<strong>de</strong>m ser evitados através<br />

<strong>de</strong> uma melhor concepção da peça fundida. No entanto, a solidificação do metal origina<br />

s<strong>em</strong>pre, <strong>em</strong> maior ou menor escala, microporosida<strong>de</strong>s invisíveis a olho nú, mas que<br />

afectam as características mecânicas do fundido.<br />

Imag<strong>em</strong> 11 - Rechupe no interior <strong>de</strong> um fundido causado por variações abruptas<br />

<strong>de</strong> espessura<br />

Fonte: Bibliografia nº3, página 272.<br />

40 Nesta imag<strong>em</strong> po<strong>de</strong> ver-se como a altura insuficiente dos alimentadores permitiu que o rechupe se<br />

esten<strong>de</strong>sse até ao fundido.<br />

41 Bibliografia nº1.


28<br />

Imag<strong>em</strong> 12 - Rechupe e <strong>de</strong>pressão causados por secções muito espessas s<strong>em</strong><br />

alimentador<br />

Fonte: Bibliografia nº3, página 272.<br />

Depois <strong>de</strong> o metal ter solidificado no interior da moldação, posteriores contracções não<br />

po<strong>de</strong>m ser compensadas pela alimentação <strong>de</strong> mais metal fundido. Estas contracções,<br />

resultantes do arrefecimento do fundido, ten<strong>de</strong>m a afectar todas as suas dimensões,<br />

obrigando à inclusão <strong>de</strong> mingas na elaboração do respectivo mol<strong>de</strong>.<br />

Imag<strong>em</strong> 13 - Deformação plástica causada no fundido por contracção<br />

Fonte: Bibliografia nº16, página 129.<br />

O arrefecimento da peça no interior da moldação origina forças <strong>de</strong> tensão e/ou <strong>de</strong><br />

compressão entre o fundido e a moldação, entre o fundido e eventuais machos, e <strong>de</strong>ntro<br />

do próprio fundido 42 . Estas forças, além <strong>de</strong> dificultar<strong>em</strong> a extracção da peça e dos<br />

eventuais machos, po<strong>de</strong>m originar <strong>de</strong>formações plásticas no fundido ou, nos casos mais<br />

graves, fissuras 43 .<br />

42 As partes do fundido que arrefec<strong>em</strong> primeiro contra<strong>em</strong> e sujeitam as partes restantes a forças <strong>de</strong><br />

compressão, que po<strong>de</strong>m resultar na sua <strong>de</strong>formação. Quando estas partes também solidificam contra<strong>em</strong><br />

ainda mais e sujeitam as partes iniciais a forças <strong>de</strong> compressão, ficando elas sujeitas a forças <strong>de</strong> tensão.<br />

43 O caso mais comum é o aparecimento <strong>de</strong> fissuras a quente, isto é, fissuras originadas quando a peça<br />

ainda não está completamente solidificada. Neste caso, as forças <strong>de</strong> tensão originadas pela contracção das<br />

zonas sólidas da peça originam fissuras nas zonas s<strong>em</strong>i-líquidas mais frágeis.


29<br />

Imag<strong>em</strong> 14 - Fissura a frio<br />

Fonte: Bibliografia nº3, página 289.<br />

Imag<strong>em</strong> 15 - Fissura a quente<br />

Fonte: Bilbiografia nº3, página 280.<br />

A terminar este ponto, interessa rel<strong>em</strong>brar que os <strong>de</strong>feitos po<strong>de</strong>m resultar <strong>de</strong><br />

combinações <strong>de</strong> diversos factores, o que torna a i<strong>de</strong>ntificação das suas causas mais<br />

difícil. “Todos os operadores metalúrgicos estão familiarizados com <strong>de</strong>feitos<br />

persistentes que <strong>de</strong>safiam qualquer explicação e que finalmente <strong>de</strong>saparec<strong>em</strong> s<strong>em</strong><br />

revelar a sua causa original” 44 . Um controlo apertado e uma normalização <strong>de</strong> todos os<br />

aspectos do processo produtivo são a melhor <strong>de</strong>fesa contra tais probl<strong>em</strong>as.<br />

44 Bibliografia nº3, página 239.


30<br />

2.1.5. Questões técnicas críticas<br />

Em jeito <strong>de</strong> resumo daquilo que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser as preocupações fundamentais do operador<br />

metalúrgico, com vista à obtenção <strong>de</strong> fundidos sãos, apresentam-se <strong>de</strong> seguida uma lista<br />

<strong>de</strong> aspectos consi<strong>de</strong>rados mais críticos nos processos <strong>de</strong> fundição por <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong>, agrupados <strong>em</strong> questões relacionadas com 45 :<br />

a fusão do metal;<br />

o <strong>vazamento</strong> do metal líquido;<br />

a solidifcação da peça <strong>de</strong>ntro da moldação;<br />

a extracção da peça solidificada da moldação.<br />

a) Fusão do metal<br />

i) A fusão do metal implica um fornecimento <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> calor<br />

muito significiativas, permitindo atingir a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> fusão,<br />

fundir o metal e atingir a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> (sobreaquecimento).<br />

Devido à natureza dos fornos <strong>de</strong> fusão, nomeadamente<br />

à sua inércia térmica, esta última etapa é abordada muito<br />

rapidamente, pelo que se torna necessário, mormente <strong>em</strong> relação às<br />

ligas mais leves, controlar a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> forma a impedir que<br />

esta atinga níveis perigosos.<br />

ii) Enquanto o metal está fundido fica sujeito aos fenómenos <strong>de</strong><br />

oxidação, dissolução <strong>de</strong> gases e dissolução <strong>de</strong> outros materiais<br />

exógenos. A intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes fenómenos é tanto maior quanto<br />

maior for a t<strong>em</strong>peratura ou o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> espera até ao <strong>vazamento</strong>. Para<br />

minorar os seus efeitos o operador <strong>de</strong>ve: controlar a t<strong>em</strong>peratura do<br />

metal, controlar as proprieda<strong>de</strong>s das cargas metálicas colocadas<br />

no forno, controlar o estado do cadinho após cada fusão e<br />

controlar o estado <strong>de</strong> conservação das ferramentas <strong>de</strong><br />

manutenção do metal.<br />

iii) Algumas ligas metálicas requer<strong>em</strong>, para além dos cuidados supracitados,<br />

tratamentos especiais para extracção do gás dissolvido ou<br />

para alteração da nucleação e consequente solidificação dos fundidos.<br />

b) Vazamento do metal<br />

O <strong>vazamento</strong> do metal fundido <strong>de</strong>ve ser feito por forma a evitar ao máximo as<br />

turbulências e a manter um débito e um preenchimento da cavida<strong>de</strong> constantes.<br />

Relativamente a estes aspectos, cada peça é um caso particular, colocando probl<strong>em</strong>as<br />

específicos ao operador metalúrgico.<br />

Outro aspecto crítico duranto o processo <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> é a manutenção do metal<br />

fundido <strong>em</strong> boas condições, nomeadamente <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura (impedindo que<br />

arrefeça) e <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s químicas (impedindo reacções <strong>de</strong> oxidação).<br />

45 Cfr. Bibliografia nº4, capítulo V.


31<br />

c) Solidificação da peça<br />

Este é um aspecto complexo e extr<strong>em</strong>amente importante para a sanida<strong>de</strong> dos fundidos<br />

obtidos. Interessa aqui apenas rel<strong>em</strong>brar que a forma como a peça solidifica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

das características da liga metálica vazada e da moldação. A forma como a moldação<br />

dissipa o calor é provavelmente aqui o aspecto mais importante.<br />

d) Extracção da peça<br />

Uma extracção da peça <strong>de</strong>masiado rápida po<strong>de</strong> dar orig<strong>em</strong> à <strong>de</strong>formação ou ruptura da<br />

peça ou ainda ao escoamento <strong>de</strong> metal ainda no estado líquido. Por outro lado, uma<br />

extracção <strong>de</strong>masiado lenta po<strong>de</strong> originar o aparecimento <strong>de</strong> fissuras na peça 46 e um<br />

<strong>de</strong>sgaste acentuado da moldação nas zonas que ficam envolvidas pelo metal da peça 47 .<br />

Assim, a correcta t<strong>em</strong>porização da extracção da peça é fundamental.<br />

“Toda a arte do operador consiste <strong>em</strong> adoptar o ritmo <strong>de</strong> fabricação correspon<strong>de</strong>nte ao<br />

ciclo térmico da moldação. Note-se que é por vezes possível aumentar a cadência <strong>de</strong><br />

trabalho arrefecendo a moldação artificialmente. Enfim, po<strong>de</strong> acontecer que o operador<br />

não consiga acompanhar o ciclo térmico da moldação. Nesse caso, torna-se necessário<br />

aquecer a moldação para adaptar o seu ciclo ao do operador” 48 .<br />

46 A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>feito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> medida da liga metálica utilizada.<br />

47 Aliás, a contracção da peça <strong>em</strong> torno <strong>de</strong>stas zonas da moldação po<strong>de</strong> inclusivamente dificultar a sua<br />

extracção.<br />

48 Bibliografia nº4, página 38.


32<br />

2.2. Fundição por gravida<strong>de</strong><br />

2.2.1. Definição e <strong>de</strong>scrição do processo<br />

O processo <strong>de</strong> fundição <strong>em</strong> moldação metálica com <strong>vazamento</strong> por gravida<strong>de</strong> consiste<br />

<strong>em</strong> obter um fundido a partir do <strong>vazamento</strong> <strong>de</strong> metal líquido no interior <strong>de</strong> uma<br />

moldação metálica, também <strong>de</strong>signada por coquilha, sendo o enchimento conseguido<br />

através da (simples) acção da força <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> 49 .<br />

Imag<strong>em</strong> 16 - Vazamento por gravida<strong>de</strong><br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº6.<br />

“Em fundição por gravida<strong>de</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> o metal líquido é vazado por<br />

pressão gravítica num mol<strong>de</strong> metálico, constituído por duas ou mais partes, o qual é<br />

usado repetidamente para a produção <strong>de</strong> peças com a mesma forma. Para <strong>de</strong>finir as<br />

cavida<strong>de</strong>s das peças vazadas são usualmente feitos machos simples r<strong>em</strong>ovíveis <strong>em</strong><br />

metal, mas alguns mais complexos são feitos <strong>em</strong> areia ou cerâmica. Quando se usam<br />

machos <strong>de</strong> areia ou cerâmica, o processo é chamado <strong>de</strong> fundição <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> s<strong>em</strong>i<strong>permanentes</strong>”<br />

50 .<br />

Exist<strong>em</strong> duas técnicas <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> sob a acção da gravida<strong>de</strong>: o <strong>vazamento</strong> estático,<br />

on<strong>de</strong> o metal é introduzido no topo do mol<strong>de</strong> através <strong>de</strong> gitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida; e o <strong>vazamento</strong><br />

inclinável, on<strong>de</strong> o metal é vazado numa bacia, enquanto o mol<strong>de</strong> está numa posição<br />

horizontal e flui para a cavida<strong>de</strong> à medida que o mol<strong>de</strong> é gradualmente inclinado para a<br />

posição vertical 51 . Esta operação <strong>de</strong>verá ser efectuada simultaneamente com um<br />

movimento <strong>de</strong> basculamento da moldação, <strong>de</strong> forma a diminuir a turbulência gerada<br />

durante a operação. Por outro lado, iniciando-se o <strong>vazamento</strong> com a moldação numa<br />

posição próxima da horizontal, consegue-se que, durante toda a fase <strong>de</strong> enchimento,<br />

todo o ar presente no interior da coquilha esteja s<strong>em</strong>pre numa posição superior<br />

relativamente ao metal líquido, o que facilita o seu escoamento através dos canais<br />

previstos para esse fim, ou através dos próprios alimentadores 52 .<br />

49 Bibliografia nº14.<br />

50 Bibliografia nº5, página 186<br />

51 Ver ponto 2.2.2, alínea b).<br />

52 Bibliografia nº13.


33<br />

A obtenção <strong>de</strong> peças por este processo compreen<strong>de</strong> as quatro etapas seguintes:<br />

i) Ajuste da t<strong>em</strong>partura da coquilha. Este ajuste é efectuado a intervalos <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>po regulares, po<strong>de</strong>ndo consistir numa operação <strong>de</strong> aquecimento ou<br />

arrefecimento, cuja periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversos factores a seguir<br />

enunciados 53 :<br />

T<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> do metal;<br />

Volume da peça a vazar;<br />

Geometria da peça a vazar;<br />

Espessura da moldação;<br />

Cadência <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong>;<br />

Pintura refractária utilizada.<br />

ii) Pintura do interior da moldação com uma tinta refratária (ver ponto 2.1.2) 54 .<br />

iii) Fechamento da moldação e <strong>vazamento</strong> do metal fundido.<br />

iv) Finalmente, e após um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> espera suficiente para que o fundido possa<br />

solidificar completamente proce<strong>de</strong>-se à abertura da moldação e extracção da<br />

peça do seu interior.<br />

a) Vantagens<br />

O processo <strong>de</strong> fundição por <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> sob gravida<strong>de</strong><br />

apresenta as seguintes vantagens 55 :<br />

Elevada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e consequentes boas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas dos<br />

fundidos (consequência da elevada condutivida<strong>de</strong> térmica das<br />

<strong>moldações</strong>);<br />

Elevada uniformida<strong>de</strong> e exactidão dimensional dos fundidos<br />

(consequência da estabilida<strong>de</strong> das <strong>moldações</strong>);<br />

Eventual eliminação <strong>de</strong> algumas operações <strong>de</strong> maquinag<strong>em</strong>;<br />

Bom acabamento superficial;<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> machos perecíveis e <strong>de</strong> peças múltiplas,<br />

permitindo a produção <strong>de</strong> fundidos impossíveis <strong>de</strong> obter por fundição<br />

injectada;<br />

Melhoramento da atmosfera da fundição <strong>de</strong>vido à eliminação dos fumos<br />

e poeiras normalmente associados às fundições <strong>em</strong> areia;<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>de</strong> uma vasta gama <strong>de</strong> ligas ferrosas e não<br />

ferrosas.<br />

b) Desvantagens<br />

Por outro lado, este processo apresenta igualmente os seguintes inconvenientes 56 :<br />

Elevado custo das ferramentas, o que torna o processo a<strong>de</strong>quado apenas<br />

para gran<strong>de</strong>s séries, sendo proibitivo para pequenas produções;<br />

53 Bibliografia nº13.<br />

54 Tanto esta operação como a anterior não são, normalmente, efectuadas <strong>em</strong> todos os ciclos.<br />

55 Bibliografia nº8, páginas 83 e 84.<br />

56 Bibliografia nº5, página 186 e nº8, página 84.


34<br />

Limitações às formas dos fundidos (mormente as exteriores), <strong>de</strong>vido à<br />

localização da linha <strong>de</strong> apartação, aos recortes s<strong>em</strong> ângulo <strong>de</strong> saída e a<br />

dificulda<strong>de</strong>s na r<strong>em</strong>oção das peças dos mol<strong>de</strong>s;<br />

Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revestimentos para proteger o mol<strong>de</strong> do ataque do metal<br />

fundido (ver ponto 2.1.2);<br />

Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alteração posterior da moldação;<br />

Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> secções muito finas (que po<strong>de</strong>m ser<br />

conseguidas através da fundição injectada).<br />

2.2.2. Equipamentos<br />

a) Moldações<br />

Usualmente as <strong>moldações</strong> metálicas para <strong>vazamento</strong> por gravida<strong>de</strong> são <strong>de</strong> construção<br />

relativamente simples, com a cavida<strong>de</strong>, os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> alimentação, <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> e <strong>de</strong><br />

ventilação todos atravessados pelo plano <strong>de</strong> apartação, o qual divi<strong>de</strong> a moldação <strong>em</strong><br />

duas meta<strong>de</strong>s. As meias-<strong>moldações</strong> po<strong>de</strong>m ser articuladas, o que permite um correcto<br />

posicionamento relativo e facilita o seu fechamento manual. “Para fundições com<br />

gran<strong>de</strong>s nervuras e que requer<strong>em</strong> a retracção do mol<strong>de</strong> s<strong>em</strong> rotação, po<strong>de</strong>-se utilizar um<br />

dispositivo <strong>de</strong> translacção operado manualmente <strong>em</strong> que as meias partes do mol<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>m ser separadas manualmente por <strong>de</strong>slocamento linear” 57 (ver Imag<strong>em</strong> 17 e<br />

Imag<strong>em</strong> 18).<br />

Imag<strong>em</strong> 17 - Moldações metálicas para <strong>vazamento</strong> por gravida<strong>de</strong>: (a) rotação, (b)<br />

translacção<br />

Fonte: Bibliografia nº5, página 188.<br />

57 Bibliografia nº5, página 188.


35<br />

Imag<strong>em</strong> 18 - Moldação articulada para <strong>vazamento</strong> por gravida<strong>de</strong><br />

Fonte: Bibliografia nº3, página 592.<br />

Actualmente a utilização <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> ar comprimido ou hidráulicos permite a<br />

automatização das operações <strong>de</strong> abertura, fechamento, colocação e retirada dos machos<br />

e ejecção das peças, tornando possíveis ciclos <strong>de</strong> produção inferiores a um minuto 58 . No<br />

entanto, estes dispositivos são normalmente s<strong>em</strong>i-automáticos, uma vez que o<br />

<strong>vazamento</strong> do metal líquido e por vezes também a r<strong>em</strong>oção das peças são ainda<br />

operações manuais. 59<br />

As <strong>moldações</strong> metálicas para <strong>vazamento</strong> por gravida<strong>de</strong> permit<strong>em</strong> a obtenção <strong>de</strong> furos<br />

perpendiculares ao plano <strong>de</strong> apartação através <strong>de</strong> machos metálicos acoplados às meias<br />

<strong>moldações</strong> e que, portanto, são automaticamente retirados aquando da abertura da<br />

moldação. Para a elaboração <strong>de</strong> furos mais complexos e/ou com outras disposições são<br />

utilizados machos <strong>de</strong> materiais perecíveis como a areia, o gesso ou, <strong>em</strong> casos mais<br />

raros, sais solúveis (os quais são retirados mergulhando a peça fundida num<br />

solvente) 60,61 .<br />

As <strong>moldações</strong> são construídas <strong>em</strong> ferro fundido <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> ou <strong>em</strong> aço, o qual é<br />

pré-aquecido e mantido a t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> funcionamento entre 300 e 400 graus Celsius.<br />

Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> arrefecimento compreen<strong>de</strong>ndo alhetas, circulação <strong>de</strong> ar ou circulação <strong>de</strong><br />

água permit<strong>em</strong> que a peça solidifique mais rapidamente, encurtando assim o ciclo <strong>de</strong><br />

produção 62 .<br />

58 Bibliografia nº3.<br />

59 Bibliografia nº5, página 188.<br />

60 Bibliografia nº3.<br />

61 Ver ponto 2.1.3.<br />

62 Bibliografia nº3.


36<br />

Imag<strong>em</strong> 19 - Máquina para <strong>vazamento</strong> inclinado <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong><br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº6.<br />

Exist<strong>em</strong> ainda <strong>moldações</strong> colocadas <strong>em</strong> dispositivos que permit<strong>em</strong> o <strong>vazamento</strong><br />

inclinado (ver Imag<strong>em</strong> 19), conforme <strong>de</strong>scrito no seguinte excerto 63 (ver igualmente<br />

Imag<strong>em</strong> 20):<br />

“As superfícies <strong>de</strong> apartação dos mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong> com dispositivos mecânicos<br />

estão, <strong>em</strong> geral, num plano vertical, que é a posição preferida para a abertura das<br />

<strong>moldações</strong> e extracção das peças. Muitas peças, no entanto, são melhor vazadas com a<br />

linha <strong>de</strong> apartação num plano horizontal. Algumas peças com a linha <strong>de</strong> apartação<br />

horizontal são vazadas usando dispositivos com um mecanismo <strong>de</strong> inclinar. O<br />

<strong>vazamento</strong> é feito com um plano <strong>de</strong> apartação na horizontal, sendo a posição do mol<strong>de</strong><br />

posteriormente rodada para permitir a saída do ar durante o <strong>vazamento</strong> e para r<strong>em</strong>oção<br />

da peça com a linha <strong>de</strong> apartação num plano vertical. Algumas peças são alimentadas<br />

parcialmente com o plano <strong>de</strong> apartação na horizontal e <strong>de</strong>pois são rodadas lentamente<br />

até que a alimentação esteja completa. Por ex<strong>em</strong>plo, no <strong>vazamento</strong> <strong>de</strong> uma figura para<br />

uma máquina <strong>de</strong> duplicação, numa moldação com um plano <strong>de</strong> apartação na vertical<br />

requer um longo caminho do metal fundido, que resulta num chapinhar e numa severa<br />

turbulência produzindo peças inaceitáveis. Para eliminar a elevada queda do metal, o<br />

mol<strong>de</strong> é posicionado num aparelho <strong>de</strong> inclinação que permite que o metal seja<br />

introduzido no mol<strong>de</strong> com a linha <strong>de</strong> apartação orientada inicialmente na horizontal. O<br />

corpo principal <strong>de</strong>sta peça foi vazado com o mol<strong>de</strong> nesta posição. O volume final da<br />

peça vazada foi então suav<strong>em</strong>ente cheio ao mesmo t<strong>em</strong>po que o mol<strong>de</strong> era rodado <strong>de</strong><br />

90º para posicionar a linha <strong>de</strong> apartação num plano vertical. Nesta posição a peça<br />

vazada foi <strong>de</strong>ixada solidificar, sendo então retirada da moldação”.<br />

63 Bibliografia nº5, páginas 188 e 189.


37<br />

Imag<strong>em</strong> 20 - Dois ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> inclinado<br />

Fonte: Bibliografia nº4, páginas 90 e 84, respectivamente.<br />

Um dos dispositivos <strong>de</strong> automatização mais avançados no que respeita às <strong>moldações</strong><br />

<strong>permanentes</strong> para <strong>vazamento</strong> por gravida<strong>de</strong> é a mesa giratória ou processo “Eaton” (ver<br />

Imag<strong>em</strong> 21 e Imag<strong>em</strong> 22). “Uma mesa giratória comum po<strong>de</strong> acomodar 12 dispositivos<br />

<strong>de</strong> fundição, completando uma revolução entre 2 a 7 minutos” 64 . À medida que mesa<br />

giratória (ou carrossel) vai girando, a velocida<strong>de</strong> constante, as <strong>moldações</strong> são<br />

automaticamente fechadas, o metal é vazado, passam por um ciclo <strong>de</strong> arrefecimento, são<br />

abertas e finalmente as peças são ejectadas das suas cavida<strong>de</strong>s. As cavida<strong>de</strong>s são então<br />

limpas com jactos <strong>de</strong> ar comprimido e são revestidas com uma película <strong>de</strong> carbono 65 . Os<br />

machos, se os houver, são colocados na cavida<strong>de</strong> da moldação nesta fase. As <strong>moldações</strong><br />

são então fechadas e um novo ciclo recomeça. As <strong>moldações</strong> colocadas no carrossel não<br />

têm <strong>de</strong> originar todas a mesma peça, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a sua concepção e a regulação da<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação do carrossel permitam um arrefecimento necessário e suficiente<br />

para a obtenção <strong>de</strong> peças sãs 66 .<br />

64 Bibliografia nº5, página 189.<br />

65 Esta película é aplicada através da chama <strong>de</strong> acetileno. O carbono assim <strong>de</strong>positado reduz o impacto<br />

térmico causado na moldação com a entrada do metal líquido, ajudando igualmente a criar uma atmosfera<br />

que dificulta eventuais reacções químicas.<br />

66 Bibliografia nº8, página 102.


38<br />

Imag<strong>em</strong> 21 - Mesa giratória com 12 <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong><br />

Fonte: Bibliografia nº8, página 101.<br />

Imag<strong>em</strong> 22 - Mesa giratória actual com 6 <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong><br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº6.<br />

b) Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> 67<br />

As <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> po<strong>de</strong>m ser alimentadas <strong>de</strong> várias formas:<br />

pelo topo;<br />

lateralmente;<br />

inferiormente.<br />

67 Bibliografia nº5, páginas 194 e seguintes.


39<br />

i) Canais <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> topo<br />

Nesta disposição o gito e o reservatório são normalmente o mesmo. Secções finas são<br />

colocadas o mais longe possível do canal <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> modo que a solidificação<br />

direccional seja feita <strong>em</strong> direcção ao canal <strong>de</strong> alimentação. Após <strong>vazamento</strong>, o canal <strong>de</strong><br />

alimentação funciona como um reservatório. O metal no reservatório é o último a<br />

solidificar, assegurando assim a sanida<strong>de</strong> do metal ao longo do fundido.<br />

Imag<strong>em</strong> 23 - Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> <strong>de</strong> topo<br />

Fonte: Bibliografia nº4, página 90.<br />

ii) Canal <strong>de</strong> alimentação lateral<br />

É frequent<strong>em</strong>ente usado, particularmente para fundidos <strong>de</strong> alumínio. Neste sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

alimentação o reservatório está no topo do fundido. O canal <strong>de</strong> alimentação esten<strong>de</strong>-se<br />

além da parte lateral do fundido aproximadamente 90 % da sua altura, o que assegura<br />

que o metal no topo do fundido e no reservatório está mais quente que o primeiro metal<br />

a entrar no mol<strong>de</strong>. Secções finas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar afastadas do canal <strong>de</strong> alimentação e do<br />

reservatório. A direcção da solidificação é <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a cavida<strong>de</strong> do mol<strong>de</strong> <strong>em</strong> direcção ao<br />

canal <strong>de</strong> alimentação, e ao reservatório, para que a porosida<strong>de</strong> e contracção seja<br />

minimizada.<br />

Os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> alimentação dos mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong> são menos flexíveis do que o dos<br />

mol<strong>de</strong>s <strong>em</strong> areia e estão s<strong>em</strong>pre localizados próximo dos planos <strong>de</strong> apartação. Os canais<br />

<strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong>v<strong>em</strong> abastecer <strong>de</strong> metal todas as secções do fundido com velocida<strong>de</strong><br />

suficient<strong>em</strong>ente alta mas com mínima turbulência. Os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> alimentação que<br />

permit<strong>em</strong> mínima turbulência são especialmente importantes na fundição <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong><br />

alumínio e magnésio porque esta cria quantida<strong>de</strong>s excessivas <strong>de</strong> óxidos, que po<strong>de</strong>m<br />

causar fundidos <strong>de</strong>feituosos. Os mol<strong>de</strong>s para as ligas <strong>de</strong> magnésio e alumínio são<br />

vazados na posição vertical ou inclinados sobre a vertical. Com este método, o ar é<br />

prontamente <strong>de</strong>slocado e ventilado para fora da apartação do mol<strong>de</strong>.


40<br />

Imag<strong>em</strong> 24 - Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> lateral<br />

Fonte: Bibliografia nº4, página 90.<br />

iii) Canal <strong>de</strong> alimentação inferior<br />

Se os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> alimentação inferior não for<strong>em</strong> <strong>de</strong>vidamente projectados, o último<br />

metal que entra no fundido (o metal mais quente) vai estar na parte inferior do fundido.<br />

Isto vai interferir com a alimentação por gravida<strong>de</strong> e com a solidificação progressiva e<br />

vai produzir fundidos com porosida<strong>de</strong> e com contracção. O mesmo é verda<strong>de</strong>iro, mesmo<br />

com um canal <strong>de</strong> alimentação apropriado, se o fundido for muito espesso. Os mol<strong>de</strong>s<br />

<strong>permanentes</strong> convencionais com canal <strong>de</strong> alimentação inferior são normalmente usado<br />

<strong>em</strong> fundidos com secções finas.<br />

Em adição ao fornecimento <strong>de</strong> metal líquido para compensar a contracção no fundido,<br />

os reservatórios reduz<strong>em</strong> a velocida<strong>de</strong> do metal antes <strong>de</strong> ele entrar na cavida<strong>de</strong> e ajudam<br />

a manter a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong>. O número <strong>de</strong> pontos aos quais o metal chega na<br />

cavida<strong>de</strong> do mol<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da espessura das secções e da distância que o metal <strong>de</strong>ve<br />

fluir. Uma fluência excessiva através <strong>de</strong> muito poucas entradas po<strong>de</strong> resultar <strong>em</strong> pontos<br />

quentes e consequent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> contracção. Os gitos são usualmente restritos <strong>em</strong> área<br />

para obstruir e prevenir a entrada <strong>de</strong> impurezas e ar na cavida<strong>de</strong>. Devido aos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

alimentação ser<strong>em</strong> muitas vezes mais fáceis <strong>de</strong> alargar do que reduzir e porque um<br />

tamanho excessivo do canal <strong>de</strong> alimentação po<strong>de</strong> atrasar o ciclo, é prática comum<br />

começar com pequenos canais <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>pois alargá-los se necessário 68 .<br />

Imag<strong>em</strong> 25 - Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> <strong>de</strong> base<br />

Fonte: Bibliografia nº4, página 89.<br />

68 Bibliografia nº13.


41<br />

2.2.3. Fundição <strong>de</strong> baixa pressão<br />

a) Descrição do processo<br />

A já referida necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vazar o metal líquido para o interior da moldação com a<br />

menor turbulência possível levou ao <strong>de</strong>senvolvimento do processo <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> sob<br />

baixa pressão. Este processo diferencia-se da fundição por gravida<strong>de</strong> fundamentalmente<br />

pelo facto <strong>de</strong> o <strong>vazamento</strong> ser efectuado através <strong>de</strong> uma câmara <strong>de</strong> baixa pressão 69 .<br />

Neste processo, a moldação permanente é colocada num dispositivo <strong>de</strong> fundição por<br />

cima <strong>de</strong> uma câmara selada que contém um cadinho com metal fundido, conforme se<br />

<strong>de</strong>monstra na Imag<strong>em</strong> 26.<br />

Imag<strong>em</strong> 26 - Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong>monstrativo do processo <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> sob baixa pressão<br />

Fonte: Bibliografia nº13.<br />

Um gito tubular 70 <strong>de</strong> enchimento esten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a parte inferior do mol<strong>de</strong> até ao<br />

banho <strong>de</strong> metal no estado <strong>de</strong> fusão 71 . A peça fundida é produzida através do incr<strong>em</strong>ento<br />

da pressão no interior da câmara, a qual força o material a subir e a preencher o mol<strong>de</strong>.<br />

O metal no tubo <strong>de</strong> enchimento actua como alimentador durante a fase <strong>de</strong> solidificação.<br />

Para esse efeito, torna-se necessário manter a pressão até que a solidificação da peça<br />

69 O significado <strong>de</strong> “baixa-pressão” po<strong>de</strong> ser confundido com pressão inferior à pressão atmosférica, o<br />

que não é o caso. Atribui-se esta <strong>de</strong>signação porque, apesar <strong>de</strong> o metal ser vazado sob pressão, esta<br />

pressão é muito inferior à pressão utilizada nos processos <strong>de</strong> fundição injectada.<br />

70 Po<strong>de</strong> usar-se mais do que um gito, se tal for necessário.<br />

71 Cerâmicas resistentes a altas t<strong>em</strong>peraturas foram <strong>de</strong>senvolvidas especificamente para a constituição<br />

<strong>de</strong>stes gitos (cfr. Bibliografia nº3, página 594).


42<br />

esteja completa, o que po<strong>de</strong> resultar <strong>em</strong> cadências <strong>de</strong> produção mais lentas do que as<br />

verificadas no <strong>vazamento</strong> por gravida<strong>de</strong>.<br />

Depois <strong>de</strong> a peça ter solidificado a pressão é reduzida <strong>de</strong>ntro da câmara e o metal<br />

exce<strong>de</strong>ntário que estava retido no gito retorna ao cadinho – <strong>de</strong>ste modo é possível obter<br />

rendimentos da liga metálica utilizada próximos dos 95% 72 .<br />

Pelo facto <strong>de</strong> a pressão <strong>de</strong>ntro da moldação ser inferior à pressão verificada noutros<br />

processos, a solidificação das peças é mais rápida, o que origina não só a obtenção <strong>de</strong><br />

peças com melhores características mecânicas, como também um aumento da cadência<br />

<strong>de</strong> produção (compensando a diminuição resultante da manutenção da pressão durante a<br />

solidificação, conforme já foi visto).<br />

b) Variantes do processo (vácuo e método Griffin)<br />

Este processo conhece duas variantes. Numa <strong>de</strong>las o metal é vazado no interior da<br />

cavida<strong>de</strong> não através da aplicação <strong>de</strong> uma maior pressão na câmara que contém o<br />

cadinho, mas através da diminuição da pressão na cavida<strong>de</strong> da moldação pela criação <strong>de</strong><br />

vácuo 73 . Este processo, <strong>de</strong>nominado <strong>vazamento</strong> sob vácuo, é <strong>em</strong> tudo o resto<br />

s<strong>em</strong>elhante ao processe <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> sob baixa pressão.<br />

A segunda variante <strong>de</strong>nomina-se método Griffin <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong><br />

<strong>permanentes</strong> <strong>de</strong> grafite, por ter sido <strong>de</strong>senvolvido pela “Griffin Wheel Company of<br />

Chicago”. Esta <strong>em</strong>presa produzia rodas para combóios, um produto cujos requisitos <strong>em</strong><br />

termos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s mecânicas eram muito elevados. A elevada t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong><br />

fusão do aço, material <strong>de</strong> que elas eram constituídas, tornava as <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong><br />

metálicas pouco apropriadas. Os técnicos daquela <strong>em</strong>presa experimentaram então a<br />

utilização <strong>de</strong> <strong>moldações</strong> <strong>em</strong> grafite, dadas as características <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica,<br />

rigi<strong>de</strong>z e dilatação/contracção <strong>de</strong>ste material. Após verificar<strong>em</strong> que as <strong>moldações</strong> eram<br />

erodidas muito rapidamente pelo <strong>vazamento</strong> do aço líquido, o <strong>vazamento</strong> sob baixa<br />

pressão foi utilizado, chegando-se àquilo que é hoje o método Griffin: essencialmente<br />

um método <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> <strong>de</strong> grafite por baixa pressão.<br />

c) Vantagens 74<br />

Boa precisão dimensional e qualida<strong>de</strong> superficial das peças;<br />

Menor turbulência no <strong>vazamento</strong> do metal para o interior da cavida<strong>de</strong> da<br />

moldação;<br />

Elevado rendimento na utilização do metal fundido;<br />

Redução do custo <strong>de</strong> maquinag<strong>em</strong> com a r<strong>em</strong>oção dos canais <strong>de</strong><br />

alimentação e gitag<strong>em</strong>;<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> secções mais finas do que no <strong>vazamento</strong><br />

por gravida<strong>de</strong>;<br />

Fácil automatização do processo <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong>.<br />

72 Bibliografia nº8, página 108.<br />

73 Aqui sim, a pressão é inferior à pressão atmosférica.<br />

74 Bibliografia nº8, página 108.


43<br />

d) Desvantagens 75<br />

Elevado custo do equipamento – processo não apropriado para pequenas<br />

séries;<br />

Custos <strong>de</strong> manutenção do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> alimentação da moldação (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

cadinho até à moldação propriamente dita);<br />

Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao metal armazenado no cadinho (para inspecção<br />

ou tratamentos, por ex<strong>em</strong>plo) e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interrupção do processo<br />

para o seu reabastecimento;<br />

Apesar <strong>de</strong> outros metais po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ser fundidos usando a fundição <strong>de</strong><br />

baixa pressão, este processo praticamente está limitado à utilização <strong>de</strong><br />

ligas leves.<br />

2.2.4. Parâmetros para fundição por gravida<strong>de</strong><br />

a) T<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong><br />

Uma t<strong>em</strong>peratura óptima do mol<strong>de</strong> é uma t<strong>em</strong>peratura que vai produzir um fundido <strong>em</strong><br />

boas condições, no menor t<strong>em</strong>po.<br />

Se a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> é muito alta, os fundidos tornam-se muito fracos para ser<strong>em</strong><br />

extraídos s<strong>em</strong> ser<strong>em</strong> danificados, e as proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e o acabamento dos<br />

fundidos é irreparável. Quando a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> é muito baixa a alimentação é<br />

inibida, o que geralmente resulta <strong>em</strong> contracção, fissuras a quente e colag<strong>em</strong> do fundido<br />

às <strong>moldações</strong> e aos machos 76 . Em casos mais graves po<strong>de</strong>m mesmo ocorrer<br />

entupimentos e consequentes paragens do ciclo <strong>de</strong> produção 77 .<br />

As variáveis que influenciam a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> inclu<strong>em</strong>:<br />

i) T<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong>: quanto mais alta a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong><br />

<strong>vazamento</strong> mais alta a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong>;<br />

ii) Frequência do ciclo: quanto mais rápido o ciclo da operação mais<br />

quente fica o mol<strong>de</strong>;<br />

iii) Peso do fundido: a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> aumenta à medida que o<br />

peso <strong>de</strong> metal fundido aumenta;<br />

iv) Forma do fundido: secções gran<strong>de</strong>s isoladas, cavida<strong>de</strong>s dos machos e<br />

cantos aguçados não só aumentam a t<strong>em</strong>peratura total do mol<strong>de</strong>, mas<br />

também produz<strong>em</strong> gradientes térmicos in<strong>de</strong>sejáveis 78 ;<br />

v) Espessura das pare<strong>de</strong>s do fundido: a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> aumenta à<br />

medida que a espessura das pare<strong>de</strong>s do fundido aumenta;<br />

vi) Espessura das pare<strong>de</strong>s do mol<strong>de</strong>: a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> diminui à<br />

medida que a espessura da pare<strong>de</strong> do mol<strong>de</strong> aumenta;<br />

vii) Espessura do revestimento do mol<strong>de</strong>: a t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong><br />

diminui à medida que a espessura do revestimento do mol<strong>de</strong><br />

aumenta.<br />

75 I<strong>de</strong>m.<br />

76 Ver ponto 2.1.4.<br />

77 I<strong>de</strong>m.<br />

78 Os quais po<strong>de</strong>m originar <strong>de</strong>formações na peça, conforme visto no ponto 2.1.4.


44<br />

b) Pré-aquecimento do mol<strong>de</strong><br />

Em muitas operações <strong>de</strong> fundição, os mol<strong>de</strong>s são pré-aquecidos aproximadamente até à<br />

sua t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> operação. Esta prática minimiza o número <strong>de</strong> fundidos inaceitáveis<br />

produzidos durante a fase inicial do processo produtivo. Os mol<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser préaquecidos<br />

através da exposição directa a uma chama ou através <strong>de</strong> um forno, situação<br />

essa que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é possível na prática <strong>de</strong>vido às dimensões do mol<strong>de</strong>.<br />

c) T<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong><br />

Os fundidos <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong> são geralmente vazados com um metal que é<br />

mantido com uma gama <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura relativamente apertada. Esta gama é<br />

estabelecida pela composição do metal a ser vazado, espessura das pare<strong>de</strong>s do fundido,<br />

tamanho e peso do fundido, prática <strong>de</strong> arrefecimento do mol<strong>de</strong>, revestimento do mol<strong>de</strong> e<br />

sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> alimentação usados.<br />

Se a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> é mais baixa que a i<strong>de</strong>al, a cavida<strong>de</strong> do mol<strong>de</strong> não irá<br />

encher, materiais <strong>de</strong> adição (se usados) não serão ligados, o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> alimentação ou<br />

reservatório irá solidificar antes da última parte do fundido e as secções finas irão<br />

solidificar <strong>de</strong>masiado rapidamente e interromperão a solidificação direccional. Uma<br />

baixa t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> resulta consequent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> paragens no ciclo <strong>de</strong><br />

produção, porosida<strong>de</strong>, pobre <strong>de</strong>talhe do fundido, e fissuras a quente 79 . Por vezes, só um<br />

pequeno aumento na t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> é necessário para prevenir essas<br />

fissuras.<br />

Uma alta t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> causa contracções no fundido e <strong>em</strong>peno do mol<strong>de</strong>,<br />

o que leva à perda <strong>de</strong> tolerância dimensional. Em adição, variações na composição do<br />

metal po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver-se, se o metal fundido t<strong>em</strong> componentes que se torn<strong>em</strong><br />

voláteis a altas t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong>. Altas t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> também<br />

aumentam o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> solidificação (diminuindo assim a cadência <strong>de</strong> produção) e quase<br />

s<strong>em</strong>pre diminu<strong>em</strong> a vida do mol<strong>de</strong>.<br />

2.2.5. Ligas utilizadas na fundição por gravida<strong>de</strong><br />

Nos metais que po<strong>de</strong>m ser vazados <strong>em</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong> inclu<strong>em</strong>-se as ligas <strong>de</strong><br />

alumínio, magnésio, zinco, cobre e ferro fundido cinzento hipereutéctico. As ligas <strong>de</strong><br />

alumínio são as ligas metálicas mais cumummente utilizadas neste processo <strong>de</strong> fundição<br />

e as <strong>de</strong> magnésio as menos utilizadas 80 .<br />

Os tamanhos práticos para mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong> variam <strong>de</strong> acordo com o material a ser<br />

vazado, o número <strong>de</strong> partes necessárias e a configuração <strong>de</strong>stas. As peças produzidas<br />

por este processo, <strong>em</strong>bora possam atingir pesos elevados, situam-se normalmente na<br />

gama compreendida entre 0,5kg e 50kg 81 .<br />

79 Ver ponto 2.1.4.<br />

80 Bibliografia nº3.<br />

81 Bibliografia nº3.<br />

i) Ligas <strong>de</strong> alumínio: Já foram vazadas <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong>, e<br />

para gran<strong>de</strong>s séries, peças <strong>em</strong> ligas <strong>de</strong> alumínio pesando mais <strong>de</strong> 70


45<br />

quilogramas. Para tal recorreu-se ao uso <strong>de</strong> dispositivos mecânicos<br />

<strong>de</strong> movimentação dos mol<strong>de</strong>s. No entanto po<strong>de</strong>m ser produzidas<br />

peças <strong>de</strong> maiores dimensões.<br />

ii) Ligas <strong>de</strong> magnésio: Apesar da sua fraca flui<strong>de</strong>z ou vazabilida<strong>de</strong>, têm<br />

sido usadas <strong>em</strong> fundições com mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong> ou s<strong>em</strong>i<strong>permanentes</strong><br />

para produzir peças relativamente gran<strong>de</strong>s e complexas.<br />

iii) Ligas <strong>de</strong> cobre: Raramente se justifica vazar peças <strong>em</strong> ligas <strong>de</strong> cobre<br />

num mol<strong>de</strong> permanente pesando mais <strong>de</strong> 10 quilogramas.<br />

iv) Ligas <strong>de</strong> ferro fundido cinzento: A produção <strong>de</strong> peças <strong>em</strong> ferro<br />

fundido cinzento <strong>em</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>permanentes</strong> é raramente praticada<br />

quando estas pesam mais <strong>de</strong> 15 quilogramas.<br />

2.2.6. Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> aplicações<br />

Imag<strong>em</strong> 27 - Corpo <strong>de</strong> bomba submersível <strong>em</strong> alumínio (coquilha)<br />

Fonte: Peça do INEGI fotografada pelos autores.


46<br />

Imag<strong>em</strong> 28 - Cubo <strong>de</strong> roda <strong>em</strong> alumínio (coquilha)<br />

Fonte: Peça do INEGI fotografada pelos autores.<br />

Imag<strong>em</strong> 29 - Bloco <strong>de</strong> motor <strong>de</strong> dois cilindros <strong>em</strong> alumínio (coquilha)<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº9.


47<br />

Imag<strong>em</strong> 30 – Da esquerda para a direita: cárter, tampa <strong>de</strong> cárter, cárter, peça <strong>de</strong><br />

travão (peças <strong>de</strong> alumínio <strong>em</strong> coquilha)<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº9.<br />

Imag<strong>em</strong> 31 - Da esquerda para a direita: jante, cilindro refrigerado a ar, suporte<br />

para scanner (peças <strong>em</strong> alumínio - baixa pressão)<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº9.<br />

Imag<strong>em</strong> 32 - Culassas <strong>de</strong> motor refrigeradas a água (1ª e 3ª) e a ar (2ª e 4ª) (peças<br />

<strong>em</strong> alumínio - baixa pressão)<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº9.


48<br />

2.3. Fundição sob pressão ou injectada<br />

2.3.1. Definição e <strong>de</strong>scrição do processo<br />

Fundição injectada é um processo <strong>de</strong> fundição no qual o metal é introduzido sob elevada<br />

pressão, no interior <strong>de</strong> uma moldação metálica. É consi<strong>de</strong>rado um processo <strong>de</strong> precisão.<br />

Este processo <strong>de</strong> fundição consiste na injecção <strong>de</strong> um metal no estado líquido, através<br />

<strong>de</strong> elevada pressão (po<strong>de</strong>ndo atingir os 200 MPa) e velocida<strong>de</strong>, num mol<strong>de</strong> metálico<br />

(permanente), tendo como consequência o enchimento rápido do mesmo. A velocida<strong>de</strong><br />

e aceleração é controlada, <strong>de</strong> modo a optimizar a fluência e força do metal <strong>em</strong> relação<br />

ao mol<strong>de</strong>, à medida que aquele vai sendo vazado 82 .<br />

Segue-se uma solidificação controlada (sob a acção <strong>de</strong>ssa mesma pressão), para obter<br />

tolerâncias apertadas, espessuras finas e formas relativamente complexas. Isto leva-nos<br />

a classificar este processo como um processo <strong>de</strong> precisão. O mol<strong>de</strong> absorve as forças <strong>de</strong><br />

injecção e dissipa o calor do metal, facilitando assim a solidificação da peça e<br />

acelerando consequent<strong>em</strong>ente a sua r<strong>em</strong>oção.<br />

Esta técnica permite atingir uma elevada cadência <strong>de</strong> produção, através da obtenção <strong>de</strong><br />

peças num curto espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po e com pouca maquinag<strong>em</strong> associada. Depen<strong>de</strong>ndo do<br />

tamanho, forma e número <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s do fundido é possível produzir centenas ou<br />

milhares <strong>de</strong> peças por hora.<br />

São ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> peças vazadas por injecção: corpos <strong>de</strong> carburador, corpos <strong>de</strong><br />

distribuidores, caixas <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> engrenag<strong>em</strong>, polias, caixas para componentes<br />

elétricos 83 .<br />

a) Vantagens do processo<br />

O <strong>vazamento</strong> por injecção apresenta algumas vantagens, entre as quais 84 :<br />

Excelente precisão dimensional, <strong>de</strong>vido às condições <strong>de</strong> enchimento;<br />

Excelente qualida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong>vido ao elevado grau <strong>de</strong> acabamento<br />

do mol<strong>de</strong>, sendo melhor <strong>em</strong> ligas vazadas a baixas t<strong>em</strong>peraturas. Po<strong>de</strong>-se<br />

obter valores <strong>de</strong> rugosida<strong>de</strong> na or<strong>de</strong>m dos 0,4 a 3,2 µm;<br />

Cadência <strong>de</strong> produção elevada (até 2000 ciclos por hora 85 );<br />

Tolerâncias dimensionais mais apertadas do que geralmente é permitido<br />

noutros processos (na or<strong>de</strong>m dos 0,02 mm);<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s finas na or<strong>de</strong>m dos 0,5 mm <strong>em</strong><br />

ligas <strong>de</strong> zinco, 0,8 mm <strong>em</strong> ligas <strong>de</strong> alumínio e 1,5 mm <strong>em</strong> ligas <strong>de</strong> cobre;<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reprodução <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes com elevada qualida<strong>de</strong>;<br />

Diminuição das operações <strong>de</strong> maquinag<strong>em</strong>;<br />

Operação <strong>de</strong> rebarbag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> muitos casos, <strong>de</strong>snecessária;<br />

82 Bibliografia nº6.<br />

83 Bibliografia nº12.<br />

84 Bibliografia nº6.<br />

85 Bibliografia nº15, página 7.


49<br />

Boas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas <strong>de</strong>vido ao rápido arrefecimento das peças<br />

vazadas, tornando <strong>de</strong>snecessários tratamentos térmicos posteriores e<br />

apresentanto os fundidos maior resistência à fadiga do que fundidos<br />

obtidos por outros processos.<br />

b) Desvantagens do processo<br />

Por outro lado, apresenta também alguns inconvenientes 86 :<br />

Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concepção <strong>de</strong> <strong>moldações</strong> que permitam a retirada das<br />

peças do seu interior;<br />

Limitações nas dimensões e nas formas das peças, uma vez que estas têm<br />

<strong>de</strong> ser retiradas da moldação s<strong>em</strong> que esta seja danificada;<br />

Exigência <strong>de</strong> investimentos iniciais muito elevados, o que torna o<br />

processo viável apenas para gran<strong>de</strong>s séries.<br />

2.3.2. Máquinas<br />

Para que a fundição por injecção possa ser um processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> peças<br />

automatizado, são necessários os seguintes requisitos 87 :<br />

Uma moldação metálica (permanente);<br />

Um forno para manter a liga metálica <strong>em</strong> fusão;<br />

Uma prensa <strong>de</strong> moldação por injecção;<br />

Uma prensa <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> gitos e rebarbas;<br />

Eventualmente robots que assegur<strong>em</strong> a transferência <strong>de</strong> peças da prensa<br />

<strong>de</strong> moldação para o posto <strong>de</strong> corte dos gitos e rebarbas.<br />

Todas as máquinas que permit<strong>em</strong> automatizar o processo <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> peças <strong>de</strong><br />

fundição por injecção <strong>de</strong>v<strong>em</strong> obe<strong>de</strong>cer aos seguintes pré-requisitos 88 :<br />

Permitir e proporcionar os movimentos <strong>de</strong> abertura e <strong>de</strong> fecho da<br />

moldação móvel ou <strong>de</strong> ambas, se ambas for<strong>em</strong> móveis;<br />

Garantir o rigor da montag<strong>em</strong> das <strong>moldações</strong> e a segurança do processo.<br />

No caso <strong>de</strong> existir<strong>em</strong> machos móveis e enxertos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> conter os<br />

dispositivos para a sua movimentação e fixação;<br />

Conter dispositivos <strong>de</strong> injecção e <strong>de</strong> regulação da quantida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada<br />

<strong>de</strong> metal líquido a injectar;<br />

Não po<strong>de</strong> ser atacada pela liga que está a ser vazada, não só porque se<br />

danificaria, como também iria contaminar essa mesma liga com<br />

el<strong>em</strong>entos eventualmente in<strong>de</strong>sejáveis.<br />

Exist<strong>em</strong> diversos tipos <strong>de</strong> máquinas que permit<strong>em</strong> automatizar, <strong>de</strong> uma forma integrada,<br />

um leque mais ou menos abrangente <strong>de</strong> operações do processo <strong>de</strong> fundição injectada. As<br />

suas características mais importantes, e que naturalmente faz<strong>em</strong> variar o preço <strong>de</strong> cada<br />

mo<strong>de</strong>lo, são as seguintes 89 :<br />

curso <strong>de</strong> abertura e fecho da moldação e consequentes dimensões<br />

máximas das <strong>moldações</strong>;<br />

86 Bibliografia nº9.<br />

87 Bibliografia nº5, página 180.<br />

88 Bibliografia nº5, página 181.<br />

89 Bibliografia nº5, página 182.


50<br />

dimensões úteis do prato e fixação das <strong>moldações</strong>;<br />

existência ou não <strong>de</strong> machos móveis;<br />

capacida<strong>de</strong> máxima e mínima <strong>de</strong> injecção (volume <strong>de</strong> material);<br />

número <strong>de</strong> ciclos por hora (máquinas automáticas);<br />

pressão <strong>de</strong> injecção;<br />

força <strong>de</strong> fecho das <strong>moldações</strong> 90 ;<br />

regulação da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> injecção 91 ;<br />

orientação do movimento da moldação e direcção <strong>de</strong> injecção<br />

(horizontal, vertical ou oblíquo);<br />

tipo <strong>de</strong> comando <strong>de</strong> injecção;<br />

capacida<strong>de</strong> do cadinho <strong>de</strong> manutenção (nas máquinas <strong>de</strong> câmara quente).<br />

Exist<strong>em</strong> basicamente dois tipos <strong>de</strong> máquinas utilizadas neste processo <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong>: as<br />

máquinas <strong>de</strong> câmara quente e as máquinas <strong>de</strong> câmara fria.<br />

a) Máquinas <strong>de</strong> Câmara Quente<br />

Este processo, originalmente inventado por H.H. Doehler 92 , distingue-se essencialmente<br />

do processo <strong>de</strong> câmara fria por possuir nas máquinas, acoplados à sua base, os fornos<br />

que aquec<strong>em</strong> e mantêm <strong>em</strong> fusão o metal a injectar. O cadinho do forno é, <strong>em</strong> geral, <strong>de</strong><br />

ferro fundido e é normal ter uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 Kg 93 .<br />

Imag<strong>em</strong> 33 – Máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> câmara quente<br />

Fonte: Bibliografia nº14.<br />

90 Normalmente entre 100 e 1000 toneladas, <strong>em</strong>bora alguns aparelhos possam chegar às 3500 toneladas –<br />

Bibliografia nº9.<br />

91 “A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> injecção é importante, pois se for excessiva o metal injectado pulveriza-se, oxidandose;<br />

se for muito pequena o material po<strong>de</strong> solidificar pr<strong>em</strong>aturamente, impedindo o enchimento completo<br />

da moldação, principalmente no caso <strong>de</strong> peças com secções finas” – Bibliografia nº5, página 182.<br />

92 Ver ponto 1.2.<br />

93 Bibliografia nº17.


51<br />

As máquinas <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> câmara quente (ver Imag<strong>em</strong> 33) <strong>de</strong>stinam-se à obtenção <strong>de</strong><br />

peças vazadas por injecção <strong>de</strong> ligas metálicas com baixo ponto <strong>de</strong> fusão, como por<br />

ex<strong>em</strong>plo:<br />

ligas metálicas “brancas” <strong>de</strong> Chumbo e estanho;<br />

ligas à base <strong>de</strong> zinco;<br />

ligas à base <strong>de</strong> magnésio – introduzidas recent<strong>em</strong>ente.<br />

As máquinas <strong>de</strong> câmara quente possu<strong>em</strong> uma manga <strong>de</strong> enchimento mergulhada no<br />

banho metálico. O forno <strong>de</strong> manutenção do metal fundido é, portanto, uma parte<br />

integrante da máquina.<br />

No que diz respeito ao comando <strong>de</strong> injecção, este po<strong>de</strong> ser manual, através <strong>de</strong> alavancas<br />

ou mecânico por sist<strong>em</strong>as electro-hidráulicas ou pneumo-hidráulicos, po<strong>de</strong>ndo ainda<br />

passar por vários níveis <strong>de</strong> mecanização até ao accionamento inteiramente automático.<br />

O dispositivo <strong>de</strong> injecção (pistão) que se encontra no interior da camisa está<br />

parcialmente imerso no metal fundido. O prolongamento da camisa estabelece uma<br />

ligação física entre o forno e a moldação. Quando o pistão se situa na posição mais<br />

recuada a camisa está cheia <strong>de</strong> metal líquido. O pistão, ao ser accionado sob a acção <strong>de</strong><br />

uma pressão proporcionada por um acumulador, introduz o metal líquido na cavida<strong>de</strong> da<br />

moldação. A pressão é mantida até à completa solidificação da peça. No final o pistão<br />

recua permitindo novo enchimento. Simultaneamente dá-se a extracção do peça 94 .<br />

Imag<strong>em</strong> 34 – Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> máquina <strong>de</strong> câmara quente<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº4.<br />

O pistão apresenta, naturalmente, um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> vida limitado, uma vez que se encontra<br />

<strong>em</strong> permanent<strong>em</strong>ente contacto directo com o metal líquido. Apesar disso, este processo<br />

apresenta algumas vantagens 95 :<br />

94 Bibliografia nº9.<br />

95 Bibliografia nº5.


52<br />

minimiza o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> exposição ao ar, causador <strong>de</strong> oxidação;<br />

minimiza a perda <strong>de</strong> calor durante a transferência do metal fundido até ao<br />

interior da moldação;<br />

permite dispositivos <strong>de</strong> injecção mais simples e mais facilmente<br />

automatizáveis do que as <strong>de</strong> câmara fria;<br />

permite uma cadência horária <strong>de</strong> produção maior.<br />

b) Máquinas <strong>de</strong> Câmara Fria<br />

Este processo foi introduzido com o intuito <strong>de</strong> resolver a probl<strong>em</strong>ática do contacto<br />

prolongado do metal fundido com o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> injecção.<br />

Para este efeito, estas máquinas (ver Imag<strong>em</strong> 35) requer<strong>em</strong> um forno in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

todo o sist<strong>em</strong>a, o qual vai manter o metal <strong>em</strong> fusão, muito <strong>em</strong>bora <strong>de</strong>va estar o mais<br />

próximo possível <strong>de</strong>stas. O dispositivo <strong>de</strong> injecção consiste num contentor ou cilindro<br />

com uma abertura superior, através do qual o <strong>vazamento</strong> é feito com colher<br />

(manualmente ou mecânicamente), e <strong>de</strong>ntro do qual circula um êmbolo injector. Este<br />

êmbolo, ao <strong>de</strong>slocar-se, obtura o orifício <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> e injecta o metal <strong>de</strong>ntro da<br />

cavida<strong>de</strong> da moldação através do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> 96 . Este dispositivo <strong>de</strong> injecção<br />

<strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong> injectar o metal fundido na moldação o mais rapidamente possível, <strong>de</strong><br />

modo a que o contacto entre o metal e o contentor/pistão, normalmente <strong>em</strong> ferro<br />

fundido, aço, ou bronze ligado com Berílio, seja o mais curto possível (apenas <strong>de</strong> alguns<br />

segundos) 97 .<br />

A principal característica <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> máquinas é, portanto, o facto <strong>de</strong> o cilindro<br />

injector e o pistão não estar<strong>em</strong> <strong>em</strong> contacto directo e permanente com o metal fundido.<br />

Imag<strong>em</strong> 35 – Máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> câmara fria<br />

Fonte: Bibliografia nº14.<br />

Este facto torna possível o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> ligas com pontos <strong>de</strong> fusão mais elevados:<br />

ligas <strong>de</strong> alumínio;<br />

96 Bibliografia nº5, página 184.<br />

97 Bibliografia nº9.


53<br />

ligas <strong>de</strong> cobre;<br />

algumas ligas ferrosas.<br />

Como <strong>de</strong>svantagens surge o facto <strong>de</strong> existir uma maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparecimento<br />

<strong>de</strong> porosida<strong>de</strong>s internas nos fundidos, <strong>de</strong>vido ao aprisionamento <strong>de</strong> ar durante o<br />

enchimento e solidificação (ver ponto 2.1.4), dado que, é difícil evitar a turbulência<br />

neste tipo <strong>de</strong> máquinas durante o <strong>vazamento</strong>.<br />

Imag<strong>em</strong> 36 – Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> máquina <strong>de</strong> câmara fria<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº4.<br />

2.3.3. Ligas utilizadas <strong>em</strong> fundição injectada 98<br />

Os metais mais utilizados <strong>em</strong> fundição injectada são as ligas <strong>de</strong> Alumínio, Zinco,<br />

Magnésio e, <strong>em</strong>bora menos comuns, algumas ligas <strong>de</strong> Cobre. Ferro fundido e aço não<br />

po<strong>de</strong>m, <strong>em</strong> geral, ser vazados segundo este processo, <strong>de</strong>vido às suas elevadas<br />

t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> fusão.<br />

A nível nacional, o tipo <strong>de</strong> ligas metálicas mais produzidas e utilizadas <strong>em</strong> fundição<br />

injectada são as <strong>de</strong> alumínio, justificando que neste estudo lhes seja consagrada uma<br />

especial atenção.<br />

98 Bibliografia nº9.


54<br />

a) Ligas <strong>de</strong> Alumínio<br />

As ligas <strong>de</strong> Al–Si (hipoeutécticas) possu<strong>em</strong> boas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas,<br />

nomeadamente elevada flui<strong>de</strong>z e boa resistência mecânica associada a uma diminuição<br />

da contracção do material.<br />

O ponto eutéctico das ligas Al–Si está situado para 11,7% <strong>de</strong> Si. Para ligas<br />

hipereutécticas aumenta-se claramente a resistência ao <strong>de</strong>sgaste.<br />

As ligas <strong>de</strong> Al–Si–Cu permit<strong>em</strong> obter peças resistentes <strong>de</strong> mais fácil maquinação.<br />

Os el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> liga mais comuns <strong>em</strong> fundição injectada <strong>de</strong> Alumínio são: Si, Cu, Mg,<br />

Mn, Fe, e Zn.<br />

Quando o teor <strong>em</strong> Si é baixo existe uma elevada aptidão à maquinag<strong>em</strong>.<br />

Para ligas hipereutéticas (elevados teores <strong>de</strong> Si), altas taxas <strong>de</strong> impurezas<br />

e peças com pare<strong>de</strong>s grossas, existe o perigo da formação <strong>de</strong> cristais <strong>de</strong><br />

Si que diminu<strong>em</strong> o limite elástico, a resistência à tracção e a facilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> maquinag<strong>em</strong>;<br />

O Mg aumenta a resistência mecânica, a resistência à corrosão e a<br />

dureza, associada a uma excelente maquinação. No entanto diminui a<br />

flui<strong>de</strong>z do banho. Quando associado ao Si estamos perante ligas<br />

susceptíveis <strong>de</strong> sofrer<strong>em</strong> tratamento térmico;<br />

O Fe aumenta a dureza e a resistência mecânica. Baixos teores <strong>de</strong> ferro<br />

po<strong>de</strong>m conduzir à “colag<strong>em</strong>” ao mol<strong>de</strong> (soldadura). No entanto a partir<br />

<strong>de</strong> 0,6% <strong>de</strong> Fe este perigo é baixo. O limite máximo <strong>de</strong> ferro está<br />

associado à diminuição da elasticida<strong>de</strong>;<br />

A adição <strong>de</strong> Mn vai equilibrar o efeito causado pela adição do Fe. O Mn<br />

evita a formação <strong>de</strong> escória no interior do forno. As ligas <strong>de</strong> Al-Mn-Fe<br />

apresentam elevado ponto <strong>de</strong> fusão, sendo usadas para esmaltag<strong>em</strong>. A<br />

maquinag<strong>em</strong> é dificultada na presença do Mn associado ao Fe;<br />

O Cu aumenta a capacida<strong>de</strong> calorífica do banho, aumentando um pouco a<br />

dureza e a resistência. A <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> é que teores superiores a 3,8% e<br />

associados ao P aumenta-se a probabilida<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> poros e<br />

rechupes. A partir <strong>de</strong> 0,1% <strong>de</strong> Cu diminui-se a resistência à corrosão;<br />

O Zn aumenta a maleabilida<strong>de</strong>. Para pare<strong>de</strong>s finas (menores <strong>de</strong> 1,5mm) é<br />

possível adicionar até 2,5% <strong>de</strong> Zn. Para teores mais elevados aumenta<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente a dureza e a resistência. No entanto a resistência à<br />

corrosão diminui a partir <strong>de</strong> 0,12%.<br />

2.3.4. Parâmetros <strong>de</strong> Fundição Injectada<br />

Para optimizar o processo <strong>de</strong> fundição injectada <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os estudar a influência dos<br />

diferentes factores: qualida<strong>de</strong> e t<strong>em</strong>peratura do banho metálico, os parâmetros <strong>de</strong><br />

injecção da máquina (pressão e velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> injecção) e a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong><br />

funcionamento dos mol<strong>de</strong>s e lubrificação.<br />

Vejamos então estes factores <strong>em</strong> promenor.


55<br />

a) T<strong>em</strong>peratura do banho<br />

A t<strong>em</strong>peratura do banho normalmente entre 630 e 680ºC é fundamental para a<br />

diminuição do teor <strong>em</strong> hidrogénio responsável pela presença <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong> e pela<br />

formação <strong>de</strong> carbonetos e óxidos. No caso da t<strong>em</strong>peratura ser <strong>de</strong>masiado baixa o banho<br />

po<strong>de</strong>rá solidificar antes <strong>de</strong> se finalizar o enchimento. Pelo contrário se a t<strong>em</strong>peratura for<br />

muito alta, o metal líquido po<strong>de</strong>rá ser agressivo com o material da camisa <strong>de</strong> disparo e<br />

originar ciclos <strong>de</strong> fundição longos e choques térmicos <strong>de</strong> maior intensida<strong>de</strong> originando<br />

uma maior <strong>de</strong>gradação do mol<strong>de</strong> 99 .<br />

b) Pressão <strong>de</strong> injecção<br />

Exist<strong>em</strong> três estágios durante o enchimento da cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moldação, durante os quais o<br />

pistão se <strong>de</strong>sloca a velocida<strong>de</strong>s distintas 100 :<br />

No 1º estágio o pistão <strong>em</strong>purra o metal líquido no interior da camisa, até<br />

preencher totalmente todo o espaço cilíndrico no seu interior. Nesta fase<br />

a pressão envolvida é baixa.<br />

Após esta fase o metal é injectado muito rapidamente no interior da<br />

cavida<strong>de</strong> por forma a preenchê-la na totalida<strong>de</strong> – este é o 2º estágio.<br />

Verifica-se, então, um aumento da pressão.<br />

Na 3º fase a pressão continua a aumentar, com o objectivo <strong>de</strong> evitar<br />

<strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> solidificação (rechupes). Ating<strong>em</strong>-se os valores máximos <strong>de</strong><br />

pressão que variam consoante o tipo <strong>de</strong> máquina utilizada. Nas máquinas<br />

<strong>de</strong> câmara quente ating<strong>em</strong>-se valores entre os 5 e os 20 MPa. Nas<br />

máquinas <strong>de</strong> câmara fria este valor é ainda mais alto situando-se<br />

normalmente entre os 70 e os 150 MPa, no entanto exist<strong>em</strong> alguns<br />

equipamentos que ating<strong>em</strong> valores próximos dos 200 MPa.<br />

c) Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> injecção<br />

Na primeira fase a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> injecção é relativamente lenta, mas a suficiente para<br />

que o metal fundido atinja a secção do ataque e não exista ar envolvido na massa<br />

líquida.<br />

A velocida<strong>de</strong> do metal na segunda fase, correspon<strong>de</strong>nte ao enchimento da moldação,<br />

varia entre os 30 e os 100 m/s, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da espessura da peça a vazar. Os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong><br />

enchimento variam entre 0,01 e 0,3 segundos. A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser a mais elevada,<br />

contudo t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar o <strong>de</strong>sgaste das ferramentas.<br />

Na última fase, uma vez que a cavida<strong>de</strong> da moldação se encontra já preenchida, a<br />

velocida<strong>de</strong> do pistão é muito reduzida, sendo o objectivo apenas a consolidação da peça,<br />

conforme referido no ponto anterior (ver igualmente o Gráfico 6).<br />

99 Bibliografia nº12.<br />

100 Bibliografia nº12.


56<br />

Gráfico 6 - Velocida<strong>de</strong> e pressão <strong>em</strong> função do avanço do pistão durante as três<br />

etapas da injecção<br />

Fonte: Bibliografia nº9.<br />

d) T<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong><br />

A t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> t<strong>em</strong> repercussões ao nível do acabamento superficial da peça<br />

vazada, da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> choques térmicos (responsáveis pela <strong>de</strong>gradação dos mol<strong>de</strong>s)<br />

e do t<strong>em</strong>po do ciclo produtivo, sendo normalmente <strong>de</strong> 300ºC 101 .<br />

e) Lubrificante<br />

O ciclo <strong>de</strong> injecção não é só função da t<strong>em</strong>peratura do mol<strong>de</strong> mas também do<br />

lubrificante associado, porque este além <strong>de</strong> favorecer a r<strong>em</strong>oção do fundido <strong>de</strong>ve ter a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>svanecer <strong>em</strong> poucos segundos produzindo assim peças polidas e<br />

prevenindo a formação <strong>de</strong> crostas na cavida<strong>de</strong> do mol<strong>de</strong> (ver ponto 2.1.2).<br />

101 Bibliografia nº12.


57<br />

Imag<strong>em</strong> 37- Lubrificação <strong>de</strong> moldação permanente numa máquina <strong>de</strong> fundição<br />

injectada<br />

Fonte: Disco compacto <strong>de</strong> apresentação da <strong>em</strong>presa Sonafi, 2003.<br />

Quando a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoldante não é suficiente existe o perigo <strong>de</strong> colag<strong>em</strong> do<br />

fundido ao mol<strong>de</strong>; quando a quantida<strong>de</strong> é excessiva o lubrificante evapora-se po<strong>de</strong>ndo<br />

originar porosida<strong>de</strong>s no fundido.<br />

Além <strong>de</strong>stas consi<strong>de</strong>rações o <strong>de</strong>smoldante <strong>de</strong>ve ter características <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência ao<br />

mol<strong>de</strong> e uma t<strong>em</strong>peratura próxima do funcionamento do mol<strong>de</strong> porque assim reduz-se<br />

os t<strong>em</strong>pos do ciclo e poupa-se uma quantida<strong>de</strong> significativa <strong>de</strong> lubrificante 102 .<br />

2.3.5. Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> aplicações<br />

Imag<strong>em</strong> 38 – Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> travag<strong>em</strong> “parking” <strong>em</strong> alumínio (Merce<strong>de</strong>s-Benz)<br />

Fonte: Peça do INEGI fotografada pelos autores.<br />

102 Bibliografia nº12.


58<br />

Imag<strong>em</strong> 39 - Corpo <strong>de</strong> sensor <strong>de</strong> gases <strong>em</strong> alumínio para a indústria automóvel<br />

Fonte: Peça do INEGI fotografada pelos autores.<br />

Imag<strong>em</strong> 40 - Corpo <strong>de</strong> filtro <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> automóvel <strong>em</strong> alumínio<br />

Fonte: Peça do INEGI fotografada pelos autores.


59<br />

Imag<strong>em</strong> 41 - Corpo <strong>de</strong> filtro <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> automóvel <strong>em</strong> alumínio<br />

Fonte: Peça do INEGI fotografada pelos autores.<br />

Imag<strong>em</strong> 42 - Suporte metálico <strong>em</strong> alumínio<br />

Fonte: Peça do INEGI fotografada pelos autores.<br />

Imag<strong>em</strong> 43 - El<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> suspensão <strong>de</strong> bicicleta <strong>em</strong> magnésio<br />

Fonte: Peça do INEGI fotografada pelos autores.


60<br />

2.4. Fundição por centrifugação<br />

2.4.1. Definição e <strong>de</strong>scrição do processo 103<br />

Na fundição centrifugada as formas cilíndricas ou simétricas po<strong>de</strong>m ser vazadas usando<br />

a força centrífuga num mol<strong>de</strong> giratório, <strong>de</strong> modo a forçar o metal a entrar sob pressão<br />

para o interior <strong>de</strong>ste.<br />

Neste processo <strong>de</strong> fundição o canal <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> está normalmente localizado junto ao<br />

centro <strong>de</strong> rotação da peça. A força centrífuga gerada pela rotação ajuda a que o metal<br />

vazado sob pressão preencha pequenas secções e mantenha um bom contacto entre a<br />

moldação e o metal. Neste processo os elevados fluxos <strong>de</strong> calor que se escoam<br />

proporcionam uma redução do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> solidificação, resultando <strong>em</strong> melhores<br />

proprieda<strong>de</strong>s mecânicas dos fundidos. Po<strong>de</strong>m usar-se <strong>moldações</strong> simples ou múltiplas,<br />

<strong>de</strong>vendo ter-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> gitos, <strong>de</strong> maneira a que estes produzam<br />

pequena ou nenhuma turbulência. Dentro do processo <strong>de</strong> centrifugação po<strong>de</strong>m-se<br />

distinguir dois processos:<br />

fundição por centrifugação horizontal;<br />

fundição por centrifugação vertical.<br />

2.4.2. Parâmetros da fundição por centrifugação 104<br />

i) T<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> processamento<br />

Na realização <strong>de</strong> uma peça, a t<strong>em</strong>peratura é mantida o mais baixo possível, mas<br />

permitindo ainda a obtenção <strong>de</strong> peças s<strong>em</strong> <strong>de</strong>feitos.<br />

ii) Derramamento do metal<br />

A introdução <strong>de</strong> metal no mol<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser efectuada por um ou pelos dois topos ou ainda<br />

por um canal <strong>de</strong> espessura variável. A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramamento do metal varia <strong>de</strong><br />

acordo com o metal utilizado e o tamanho do fundido a produzir.<br />

iii) Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação da moldação<br />

A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação da moldação t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> influência na qualida<strong>de</strong> da peça<br />

fundida: se for utilizada uma velocida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada, haverá uma rápida solidificação com<br />

um mínimo <strong>de</strong> vibrações. Usando uma velocida<strong>de</strong> inferior à i<strong>de</strong>al, ocorrerá<br />

escorregamento e consequent<strong>em</strong>ente uma má qualida<strong>de</strong> da superfície do fundido. Da<br />

mesma forma, se for usada velocida<strong>de</strong> superior aparecerão <strong>de</strong>feitos na peça final.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se que a força centrífuga i<strong>de</strong>ial situa-se entre 75 e 120G. Uma vez que esta<br />

força é função do diâmetro da moldação, também a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong>ve ser<br />

calculada <strong>em</strong> função <strong>de</strong>ste parâmetro.<br />

103 Bibliografia nº17.<br />

104 Bibliografia nº17.


61<br />

iv) Solidificação<br />

Na centrifugação horizontal a solidificação ocorre através do arrefecimento originado<br />

pelo contacto entre a pare<strong>de</strong> da moldação e água. Desta forma a solidificação parte do<br />

exterior da peça <strong>em</strong> direcção ao seu interior. A solidificação é condicionada por<br />

inúmeros factores, tais como a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação da moldação, a espessura da<br />

pare<strong>de</strong> do próprio mol<strong>de</strong>, a t<strong>em</strong>peratura inicial do mol<strong>de</strong> e até as próprias condições ao<br />

nível dos equipamentos <strong>em</strong> que se executa o fundido. Estes factores influenciam<br />

significativamente a qualida<strong>de</strong> pois po<strong>de</strong>m originar <strong>de</strong>feitos superficiais e estruturais<br />

nas peças.<br />

v) Materiais utilizados<br />

Praticamente qualquer liga metálica que possa ser fundida <strong>em</strong> processos estáticos po<strong>de</strong><br />

ser também ser processada por centrifugação. As excepções compreen<strong>de</strong>m as ligas cujos<br />

el<strong>em</strong>entos constituintes apresent<strong>em</strong> diferenças significativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> entre si, pois<br />

neste caso ocorre uma separação <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos sendo os mais <strong>de</strong>nsos <strong>de</strong>positados<br />

nas zonas do fundido <strong>de</strong> maior diâmetro. É este o caso, por ex<strong>em</strong>plo, das ligas <strong>de</strong> ferro<br />

<strong>de</strong> alto teor <strong>em</strong> carbono (entre 0.4 a 0.85% <strong>de</strong> carbono).<br />

vi) Vantagens específicas<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligas metálicas;<br />

Solidificação direccional das peças conferindo-lhes óptimas proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas;<br />

Minimização ou eliminação dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> gitag<strong>em</strong> e alimentação com<br />

o consequente aumento no rendimento <strong>de</strong> utilização do metal fundido;<br />

Bom acabamento superficial das peças.<br />

vii) Aplicações<br />

A flexibilida<strong>de</strong> do processo permite um vasto leque <strong>de</strong> aplicações a nível industrial, <strong>em</strong><br />

que se <strong>de</strong>stacam tubos, cilindros hidráulicos, condutas para transporte <strong>de</strong> materiais<br />

abrasivos, colunas <strong>de</strong> edifícios, rodas, êmbolos, corpos <strong>de</strong> válvulas e impulsores.<br />

2.4.3. Fundição por centrifugação horizontal<br />

O processo <strong>de</strong> fundição por centrifugação horizontal é usado para produzir peças que<br />

possu<strong>em</strong> um eixo <strong>de</strong> revolução horizontal. A produção <strong>de</strong> fundidos baseia-se na força<br />

centrífuga gerada pela rotação <strong>de</strong> uma moldação cilíndrica que impele o metal <strong>em</strong> fusão<br />

contra a pare<strong>de</strong> do mol<strong>de</strong> para <strong>de</strong>sta forma gerar a geometria pretendida. Inicialmente<br />

este processo era usado para a produção <strong>de</strong> ferro fundido cinzento <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s finas,<br />

ferro fundido maleável e tubos <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong> cobre. Mais recent<strong>em</strong>ente este processo é<br />

aplicado <strong>em</strong> todo o tipo <strong>de</strong> peças cilíndricas usadas <strong>em</strong> inúmeras indústrias.


62<br />

Imag<strong>em</strong> 44 - Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> por centrifugação horizontal<br />

Fonte: Bibliografia nº2.<br />

Allonso (1972) faz a seguinte <strong>de</strong>scrição do processo <strong>de</strong> fundição por centrifugação<br />

horizontal 105 (ver Imag<strong>em</strong> 44):<br />

«A fundição centrifugada é aquela <strong>em</strong> que a liga metálica se <strong>de</strong>posita no centro <strong>de</strong> uma<br />

máquina rotativa especial e, ao pôr-se esta <strong>em</strong> movimento, o caldo precipita-se, pela<br />

força centrífuga, nos mol<strong>de</strong>s, que giram concêntricos ao <strong>de</strong>pósito. Devido à gran<strong>de</strong><br />

pressão, eliminam-se poros e rechupes e faz-se facilmente o enchimento.<br />

Os mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser metálicos.<br />

Este sist<strong>em</strong>a t<strong>em</strong> aplicação na fabricação <strong>de</strong> tubos, camisas para motores <strong>de</strong> combustão,<br />

etc.<br />

Na figura 81 dá-se uma ligeira i<strong>de</strong>ia da forma <strong>de</strong> fundir tubos por centrifugação.<br />

O mol<strong>de</strong> é uma coquilha A, <strong>de</strong> ferro fundido, perfeitamente torneada e alisada, que gira<br />

sobre uma dupla transmissão <strong>de</strong> quatro rodas B, submetida a um movimento <strong>de</strong> rotação<br />

<strong>de</strong> umas 400 r.p.m., aproximadamente.<br />

Para formar o diâmetro C do tubo coloca-se uma placa D na boca do mol<strong>de</strong> rotativo.<br />

Esta placa D sustém um macho para obter a parte interior do diâmetro.<br />

A colher E fixada no cavalete contém o caldo necessário para encher o tubo e vai<br />

vertendo-o num canal F, o qual, por meio <strong>de</strong> uma cr<strong>em</strong>alheira, vai <strong>de</strong>slizando sobre<br />

umas guias para fora à medida que se vai enchendo o mol<strong>de</strong>.<br />

Ao iniciar o <strong>vazamento</strong>, o canal F encontra-se muito próximo do macho do diâmetro<br />

alargado C, sendo este o primeiro a ser cheio, e o canal vai retroce<strong>de</strong>ndo<br />

uniform<strong>em</strong>ente.<br />

O movimento <strong>de</strong> rotação da coquilha faz com que o caldo vertido pelo canal vá<br />

a<strong>de</strong>rindo às pare<strong>de</strong>s , pela força centrífuga.<br />

Para <strong>de</strong>smoldar <strong>de</strong>ixa-se esfriar o tubo no interior da coquilha e, por meio <strong>de</strong> um<br />

mecanismo a<strong>de</strong>quado, saca-se o tubo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter soltado os parafusos que sujeitam a<br />

placa D ao mol<strong>de</strong>.<br />

O recipiente H serve para recolher o caldo que possa cair do canal <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> ao sair<br />

fora da coquilha.<br />

Este procedimento <strong>de</strong> centrifugação permite obter espessuras muito uniformes, e as<br />

peças ficam muito limpas e sãs.<br />

Para um bom resultado <strong>de</strong>ste sist<strong>em</strong>a é necessário dispor <strong>de</strong> uma instalação perfeita e<br />

fazer ensaios suficientes até conseguir um rendimento e uma produção aceitáveis.»<br />

105 Bibliogria nº2, páginas 131 a 133.


63<br />

Imag<strong>em</strong> 45 - Máquina <strong>de</strong> centrifugação horizontal<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº5.<br />

a) Equipamentos <strong>de</strong> centrifugação<br />

Uma máquina <strong>de</strong> fundição por centrifugação horizontal baseia a produção <strong>de</strong> um<br />

fundido <strong>em</strong> quatro características que <strong>de</strong>ve executar com precisão e <strong>de</strong> uma forma<br />

sist<strong>em</strong>ática:<br />

A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação da moldação t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser regulável;<br />

A máquina t<strong>em</strong> <strong>de</strong> possuir uma forma <strong>de</strong> espalhar o metal <strong>em</strong> fusão na<br />

moldação rotativa;<br />

A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramamento do metal <strong>de</strong>ve ser constante, por forma a<br />

evitar variações na espessura do fundido;<br />

A máquina <strong>de</strong>ve permitir a extracção do fundido.<br />

b) Moldações utilizadas <strong>em</strong> fundição por centrifugação<br />

As <strong>moldações</strong> são essencialmente constituídas pela carapaça exterior (a moldação<br />

propriamente dita), canal <strong>de</strong> fundição (o equivalente ao gito), cilindros <strong>de</strong> rotação (nos<br />

quais a moldação é colocada e que lhe transmit<strong>em</strong> o movimento <strong>de</strong> rotação) e cabeças<br />

<strong>de</strong> topo (que impe<strong>de</strong>m o escoamento do metal líquido para fora da moldação). Os<br />

mol<strong>de</strong>s têm arrefecimento por vaporização <strong>de</strong> água, cujos fluxos po<strong>de</strong>m ser orientados<br />

<strong>de</strong> forma a obter-se uma refrigeração selectiva. Po<strong>de</strong>m ser utilizados diversos tipos <strong>de</strong><br />

mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acordo com as características geométricas dos fundidos a obter, <strong>de</strong> acordo<br />

com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peças a produzir e consoante os metais que serão utilizados. Os<br />

mol<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m classificar-se <strong>em</strong> <strong>permanentes</strong>, que englobam mol<strong>de</strong>s <strong>em</strong> grafite, cobre e<br />

ferro fundido, e <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> metálicas com partículas <strong>de</strong> areia.<br />

2.4.4. Fundição por centrifugação vertical<br />

O processo <strong>de</strong> fundição por centrifugação vertical é usado para produzir peças que não<br />

são simétricas e/ou cilíndricas. Os processos <strong>de</strong> fundição vertical divi<strong>de</strong>m-se <strong>em</strong> três<br />

variantes:<br />

Fundição centrifugada propriamente dita<br />

Fundição s<strong>em</strong>i-centrifugada<br />

Fundição sob pressão <strong>de</strong>vida à centrifugação


64<br />

Imag<strong>em</strong> 46 - Máquina <strong>de</strong> centrifugação vertical<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº5.<br />

a) Fundição centrifugada propriamente dita<br />

Neste processo <strong>de</strong> fundição, a forma da superfície da peça <strong>de</strong>riva da própria<br />

centrifugação, sendo portanto cilíndrica e <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong>terminada pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

material vazado. É o caso dos tubos vazados por centrifugação, e que assim não<br />

necessitam <strong>de</strong> macho 106 .<br />

Quando se faz o enchimento, o material ten<strong>de</strong> a ficar imóvel por inércia e, só por atrito é<br />

que a moldação lhe vai comunicando um momento cinético. Por isso, quando se faz o<br />

<strong>vazamento</strong>, a velocida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser b<strong>em</strong> controlada para assim garantir que o metal<br />

agarre imediatamente às pare<strong>de</strong>s. De facto, se a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação for excessiva, o<br />

metal líquido <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> rodar com o mol<strong>de</strong>, escorre s<strong>em</strong> o acompanhar na rotação 107 .<br />

b) Fundição s<strong>em</strong>i-centrifugada<br />

Neste caso, a forma do fundido é dada essencialmente pela moldação e a centrifugação<br />

<strong>de</strong>stina-se apenas a assegurar uma pressão superior do que a pressão <strong>de</strong>vida à altura da<br />

coluna líquida estática (originada pelo peso próprio do metal). É o caso das rodas<br />

vazadas <strong>em</strong> fundição s<strong>em</strong>i-centrifugada 108 .<br />

106 Bibliografia nº5, página 174.<br />

107107 Bibliografia nº5, página 175.<br />

108 Bibliografia nº5, página 175.


65<br />

Imag<strong>em</strong> 47 - Esqu<strong>em</strong>a representativo da fundição s<strong>em</strong>i-centrifugada<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet.<br />

c) Fundição sob pressão <strong>de</strong>vida à centrifugação<br />

Este processo <strong>de</strong> fundição distingue-se dos outros dois tipos pelo facto <strong>de</strong> o eixo <strong>de</strong><br />

rotação ser exterior à peça.<br />

Tal como nos outros processos, é necessário garantir o equilíbrio <strong>em</strong> rotação, pois se tal<br />

não suce<strong>de</strong>r, surg<strong>em</strong> vibrações que retiram qualida<strong>de</strong> aos fundidos.<br />

A condição i<strong>de</strong>al é a <strong>de</strong> haver equilíbrio antes do <strong>vazamento</strong>; isto exige que os mol<strong>de</strong>s<br />

sejam simétricos ou que sejam vazados simultaneamente <strong>em</strong> peças iguais e dispostas<br />

simetricamente. Se tal não for possível, utiliza-se um dispositivo com contrapeso que<br />

equilibre a moldação. Como neste último caso não se po<strong>de</strong> equilibrar a simultaneamente<br />

a moldação vazia e a moldação cheia, <strong>de</strong>ve procurar-se então o equilíbrio quando está<br />

cheia, com o metal a solidificar, pois é nessa altura que se <strong>de</strong>v<strong>em</strong> evitar vibrações.<br />

Outro ponto a consi<strong>de</strong>rar é a escolha das ligas, pois n<strong>em</strong> todas são a<strong>de</strong>quadas ao<br />

<strong>vazamento</strong> por centrifugação. Não o são, por ex<strong>em</strong>plo, quando algum dos seus<br />

el<strong>em</strong>entos t<strong>em</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> muito diferente, caso <strong>em</strong> que aqueles ten<strong>de</strong>m a separar-se,<br />

ficando os mais <strong>de</strong>nsos nas zonas <strong>de</strong> maiores diâmetros. É o caso da maior parte dos<br />

metais brancos. No caso dos metais não a<strong>de</strong>quados para centrifugação, o resultado<br />

obtido caracteriza-se pelo facto <strong>de</strong> o interior das peças ficar mais macio. As segregações<br />

por diferenças <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser um probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> ligas que contenham el<strong>em</strong>entos<br />

<strong>de</strong> ligas imiscíveis ou pesados 109 .<br />

109 Bibliografia nº5, página 176.


66<br />

2.4.5. Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> aplicações<br />

Imag<strong>em</strong> 48 - Tubos <strong>em</strong> alumínio<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº8.


67<br />

2.5. Vazamento no estado s<strong>em</strong>i-líquido ou Squeeze Casting<br />

O processo "Squeeze Casting" consiste na obtenção <strong>de</strong> um fundido a partir da<br />

solidificação, sob pressão, <strong>de</strong> um metal fundido, no interior <strong>de</strong> uma moldação metálica,<br />

a qual está aplicada nos pratos <strong>de</strong> uma prensa <strong>de</strong> abertura/fecho <strong>de</strong> eixo vertical. A<br />

diferença entre este processo e o <strong>de</strong> fundição injectada consiste fundamentalmente no<br />

facto <strong>de</strong> a injecção não ser efectuada sob pressão (ver Imag<strong>em</strong> 49).<br />

A pressão aplicada e o contacto do metal líquido com as pare<strong>de</strong>s metálicas da moldação,<br />

produz<strong>em</strong> um rápido arrefecimento e solidificação, conseguindo-se um fundido com<br />

características mecânicas s<strong>em</strong>elhantes às dos produtos obtidos por forjamento.<br />

Por outro lado, uma vez que o <strong>de</strong>slocamento sofrido pelo metal no interior da moldação<br />

(por efeito <strong>de</strong> aplicação da pressão) é muito pequeno, não se colocam probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

flui<strong>de</strong>z. Deste modo, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligas que é possível utilizar neste processo é muito<br />

superior à das utilizadas nos <strong>de</strong>mais processos <strong>de</strong> fundição. Com efeito, esta<br />

característica permite, por ex<strong>em</strong>plo, a utilização <strong>de</strong> ligas habitualmente <strong>de</strong>stinadas a<br />

extrusão, as quais apresentam normalmente proprieda<strong>de</strong>s mecânicas bastantes<br />

superiores às ligas <strong>de</strong>stinadas exclusivamente a fundição 110 .<br />

Imag<strong>em</strong> 49 - Processo <strong>de</strong> "squeeze casting"<br />

Fonte: Bibliografia nº14.<br />

No processo "Squeeze Casting", mais que <strong>em</strong> qualquer outro processo <strong>de</strong> fundição, é<br />

possível a obtenção <strong>de</strong> fundidos totalmente isentos <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gás ou <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong><br />

solidificação.<br />

A sequência <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> uma peça pelo processo "Squeeze Casting" é a seguinte 111 :<br />

i) Execução <strong>de</strong> duas meias <strong>moldações</strong> e montag<strong>em</strong> nos pratos da prensa<br />

<strong>de</strong> fecho;<br />

ii) Pré-aquecimento das <strong>moldações</strong>;<br />

iii) Pintura das <strong>moldações</strong>;<br />

110 Bibliografia nº14.<br />

111 Bibliografia nº14.


68<br />

iv) Vazamento do metal líquido na cavida<strong>de</strong> da moldação inferior;<br />

v) Fecho da moldação, causando a pressurização do metal líquido no<br />

seu interior;<br />

vi) Solidificação do fundido;<br />

vii) Abertura da moldação e extracção do fundido.<br />

O ciclo produtivo é, naturalmente, constituído apenas pelas operações iii) a vii). No<br />

entanto, a operação iii) não é normalmente efectuada <strong>em</strong> todos os ciclos, pelo que <strong>em</strong><br />

produção contínua, após extracção do fundido (passo vii), retoma-se o ciclo no passo<br />

iv), correspon<strong>de</strong>nte ao <strong>vazamento</strong> do metal na cavida<strong>de</strong> da moldação.<br />

Imag<strong>em</strong> 50 - Máquina <strong>de</strong> "squeeze casting"<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº5.<br />

2.5.1. Parâmetros <strong>de</strong> Squeeze casting<br />

São várias os factores que comandam o processo "Squeeze Casting" e são responsáveis<br />

pela qualida<strong>de</strong> do produto final. Esses factores são enumerados e analisados <strong>de</strong><br />

seguida 112 :<br />

i) Volume <strong>de</strong> metal<br />

É essencial o controlo do volume <strong>de</strong> metal líquido vazado na moldação, uma vez que ele<br />

t<strong>em</strong> influência directa na precisão dimensional dos fundidos obtidos. O <strong>vazamento</strong> é<br />

efectuado automaticamente por um dispositivo munido <strong>de</strong> um doseador.<br />

ii) T<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> do metal<br />

A t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> a utilizar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo <strong>de</strong> liga e da geometria do<br />

fundido a obter. No entanto, como regra geral, ela é <strong>de</strong> apenas 6 a 50 graus Celsius<br />

acima da t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> fusão da liga metálica.<br />

112 Bibliografia nº14.


69<br />

iii) T<strong>em</strong>peratura da moldação<br />

A t<strong>em</strong>peratura da moldação é controlada por processos idênticos aos <strong>de</strong>scritos noutros<br />

capítulos referentes à moldação metálica. Neste processo, a t<strong>em</strong>peratura i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />

trabalho da coquilha situa-se entre 200 e 400ºC, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> peça e liga<br />

utilizada.<br />

iv) Pressão aplicada<br />

A pressão aplicada pela prensa <strong>de</strong> fecho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da liga utilizada, geometria do fundido<br />

e proprieda<strong>de</strong>s mecânicas <strong>de</strong>sejadas para o mesmo. Na generalida<strong>de</strong> dos casos utilizamse<br />

pressões (<strong>de</strong> compactação) compreendidas entre 50 e 150 MPa.<br />

v) T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> aplicação da pressão<br />

O t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> aplicação da pressão varia entre 30 e 120 segundos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />

geometria do fundido.<br />

À s<strong>em</strong>elhança do que se verifica para as máquinas utilizadas na Fundição Injectada, os<br />

equipamentos utilizados neste processo são totalmente automáticos, com possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> actuação/regulação directa dos vários parâmetros que comandam o processo.<br />

Imag<strong>em</strong> 51 - Cárter (à esquerda) e bielas (à direita) <strong>em</strong> alumínio<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº9.<br />

Imag<strong>em</strong> 52 - Cubos <strong>de</strong> rodas <strong>de</strong> motos e apoio para o pé <strong>em</strong> alumínio<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº9.


70<br />

2.6. Outros processos <strong>de</strong> fundição <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong><br />

Existe uma série <strong>de</strong> outros processos <strong>de</strong> fundição <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> para além<br />

dos quatro anteriormente referidos (e respectivas variantes). No entanto, conforme já foi<br />

referido no final do ponto 0, a natureza <strong>de</strong>ste relatório obriga à contenção. Assim,<br />

apenas dois outros processos serão aqui abordados <strong>de</strong> forma muito breve: o <strong>vazamento</strong><br />

contínuo e o “slush casting”.<br />

2.6.1. Vazamento contínuo e s<strong>em</strong>i-contínuo 113<br />

Já <strong>em</strong> 1846 uma patente tinha sido registada para um método <strong>de</strong> produção contínua <strong>de</strong><br />

folhas metálicas directamente a partir do metal líquido. No entanto, só <strong>em</strong> 1943 é que a<br />

primeira máquina <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> lingotes por <strong>vazamento</strong> contínuo foi instalada.<br />

Segundo este processo, o metal líquido é vertido continuamente a partir <strong>de</strong> um cadinho<br />

especial para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma moldação metálica vertical (geralmente com cerca <strong>de</strong> um<br />

metro <strong>de</strong> altura) com a secção pretendida para o produto final. A moldação,<br />

normalmente contruída <strong>em</strong> cobre e/ou aço espessos, é arrefecida por um fluxo contínuo<br />

<strong>de</strong> água, a qual escorre pelas suas pare<strong>de</strong>s exteriores até uma espécie <strong>de</strong> caleira on<strong>de</strong> é<br />

recolhida para reciclag<strong>em</strong>.<br />

Imag<strong>em</strong> 53 - Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fundição contínua vertical<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº7.<br />

No início do <strong>vazamento</strong> uma base postiça é colocada <strong>de</strong>ntro da moldação. À medida que<br />

o metal vai solidificando <strong>de</strong>ntro da moldação, vai sendo retirado pela sua parte inferior,<br />

e vai servindo <strong>de</strong> base para o novo metal que é vazado. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> metal vazada é<br />

regulada automaticamente <strong>de</strong> forma a que o seu nível seja constante <strong>de</strong>ntro da<br />

moldação, isto é, <strong>de</strong> forma a adaptar-se à rapi<strong>de</strong>z da solidificação e extracção da peça.<br />

A extracção da peça (barra, lingote ou outra qualquer <strong>de</strong> secção constante) da moldação<br />

é conseguida por gravida<strong>de</strong> (pela acção do seu próprio peso) e também através <strong>de</strong> rolos<br />

colocados <strong>de</strong> ambos os lados por baixo da moldação. No processo <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong><br />

contínuo, a peça é então vergada pela acção <strong>de</strong> rolos até à posição horizontal, sendo<br />

posteriormente cortada <strong>em</strong> segmentos <strong>de</strong> comprimentos regulares. Por outro lado, no<br />

113 Bibliografia nº8, páginas 180 e seguintes.


71<br />

processo <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> s<strong>em</strong>i-contínuo, o metal é vertido até a peça atingir uma<br />

<strong>de</strong>terminada dimensão vertical. Nessa altura interrompe-se o <strong>vazamento</strong> do metal, a<br />

peça é extraída, a base postiça é içada até à sua posição original <strong>de</strong>ntro da moldação e<br />

todo o processo recomeça.<br />

Imag<strong>em</strong> 54 - Fundição contínua<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº7.<br />

Este processo t<strong>em</strong> o inconveniente <strong>de</strong> expor excessivamente o metal ao ar,<br />

inclusivamente no momento <strong>em</strong> que ele é vazado e posteriormente quando começa a<br />

solidificar, originando <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> oxidação nas peças. Melhoramentos subsequentes<br />

foram introduzidos no sentido <strong>de</strong> evitar este efeito. Um <strong>de</strong>sses melhoramentos foi a<br />

criação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a fechado que permitia a condução do metal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o cadinho até ao<br />

interior da moldação através <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> alimentação.<br />

Através do método <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> contínuo é possível obter peças com boas<br />

proprieda<strong>de</strong>s mecânicas, muito homogéneas, numa gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligas metálicas,<br />

incluindo ferro fundido e mesmo alguns tipos <strong>de</strong> aço.<br />

2.6.2. “Slush casting” 114<br />

O “slush casting” é um método muito simples <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> peças ocas s<strong>em</strong> a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> machos. Este método adapta-se especialmente b<strong>em</strong> à<br />

produção <strong>de</strong> pequenos objectos ornamentais como estátuas, troféus, bases <strong>de</strong><br />

can<strong>de</strong>eiros, brinquedos e outros.<br />

Imag<strong>em</strong> 55 - Esqu<strong>em</strong>a representativo <strong>de</strong> "slush casting"<br />

Fonte: Sítio <strong>de</strong> Internet nº8.<br />

114 Bibliografia nº8, páginas 184 e seguintes.


72<br />

As <strong>moldações</strong> po<strong>de</strong>m ser construídas <strong>em</strong> bronze, ferro fundido ou gesso, conforme a<br />

liga a vazar. São divididas <strong>em</strong> duas ou mais partes e montadas <strong>em</strong> dispositivos que<br />

permitam a sua rotação, por forma a ficar<strong>em</strong> invertidas verticalmente. São préaquecidas<br />

por forma a evitar a solidificação <strong>de</strong>masiado rápida do metal, impedindo o<br />

correcto preenchimento <strong>de</strong> toda a sua cavida<strong>de</strong> (ver ponto 2.1.4).<br />

A liga metálica vazada po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> alumínio, mas normalmente é <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong><br />

fusão mais baixo, como o zinco, o estanho e o chumbo.<br />

Dado que normalmente não exist<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> ventilação, o <strong>vazamento</strong> é inclinado,<br />

por forma a permitir que o ar saia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> da moldação (ver ponto 2.2.2).<br />

Depois <strong>de</strong> vazado, o metal solidifica progressivamente a partir das pare<strong>de</strong>s da cavida<strong>de</strong>.<br />

Ele permanece no interior da moldação até que esta película solidificada atinja a<br />

espessura <strong>de</strong>sejada. Nessa altura a moldação é virada ao contrário e o metal que ainda se<br />

encontra no estado líquido escorre para uma bacia, para posterior reaquecimento e<br />

reutilização.


73<br />

Os materiais <strong>em</strong> que são contruídas as <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> são muito menos<br />

refractários que os materiais utilizados noutro tipo <strong>de</strong> <strong>moldações</strong> (como, por ex<strong>em</strong>plo, a<br />

areia). Assim, as ligas metálicas neles vazadas arrefec<strong>em</strong> muito mais rapidamente,<br />

dando orig<strong>em</strong> a peças com melhores características mecânicas – “valores específicos<br />

para a tensão <strong>de</strong> ruptura e para a ductilida<strong>de</strong> são assim consi<strong>de</strong>ravelmente mais elevados<br />

que os das peças com a mesma composição obtidas por fundição <strong>em</strong> areia” 115 . Além<br />

disso, uma vez que as <strong>moldações</strong> são normalmente metálicas e são bastante estáveis, as<br />

peças fundidas com elas obtidas possu<strong>em</strong> graus <strong>de</strong> precisão e <strong>de</strong> exactidão dimensionais<br />

mais elevados que as peças obtidas através <strong>de</strong> outros processos <strong>de</strong> fundição. Outra<br />

vantag<strong>em</strong> do <strong>vazamento</strong> <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> é a potencial melhoria da<br />

atmosfera da fundição, dado que muitas das poeiras e dos fumos normalmente<br />

associados ao <strong>vazamento</strong> e à <strong>de</strong>struição das <strong>moldações</strong> <strong>de</strong> areia são eliminados 116 .<br />

O custo do fabrico das <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> por fundição e/ou maquinag<strong>em</strong> é<br />

normalmente muito elevado e a sua amortização <strong>de</strong>ve ser imputada às peças com elas<br />

produzidas. Assim, um requisito essencial para a fundição com <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong><br />

é a produção <strong>de</strong> um número <strong>de</strong> peças relativamente elevado. Outra limitação <strong>de</strong>ste<br />

processo é a relativa dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> posteriores alterações à moldação 117 .<br />

A fundição com <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong>, ao contrário <strong>de</strong> outras técnicas <strong>de</strong> fundição,<br />

t<strong>em</strong> um leque <strong>de</strong> ligas que po<strong>de</strong>m ser vazadas relativamente restrito. Esta condicionante<br />

resulta da limitada capacida<strong>de</strong> das <strong>moldações</strong> para suportar<strong>em</strong> o contacto intermitente<br />

com ligas metálicas <strong>de</strong> elevadas t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> fusão. Além disso, a liga vazada <strong>de</strong>ve<br />

solidificar s<strong>em</strong> partir, apesar das forças que resultam da contração da peça <strong>de</strong>ntro do<br />

mol<strong>de</strong> metálico 118 .<br />

115 Bibliografia nº3, página 593.<br />

116 Bibliografia nº8, páginas 83 e 84.<br />

117 Bibliografia nº8, página 84.<br />

118 Bibliografia nº3..


74<br />

Quadro 6 - Comparação <strong>de</strong> diversos métodos <strong>de</strong> fundição (aproximada e<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do metal vazado)<br />

Custo relativo <strong>em</strong><br />

quantida<strong>de</strong><br />

Custo relativo <strong>em</strong><br />

pequenas séries<br />

Peso das peças<br />

fundidas<br />

Thinnest section<br />

castable, inches<br />

Tolerância<br />

dimensional típica,<br />

inches<br />

Acabamento<br />

superficial<br />

Proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas<br />

Facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fundição <strong>de</strong> peças<br />

complexas<br />

Facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

alteração do <strong>de</strong>sign<br />

na produção<br />

Gama <strong>de</strong> ligas que<br />

po<strong>de</strong>m ser vazadas<br />

Areia ver<strong>de</strong><br />

Moldações<br />

<strong>permanentes</strong><br />

Die casting<br />

Sand-Shell<br />

CO2-core<br />

casting<br />

Cerâmica e<br />

investment<br />

casting<br />

Baixo Baixo O mais baixo Média a alto O mais alto<br />

O mais baixo Alto O mais alto Médio a alto Médio<br />

até 1 tonelada 100 libras 30 libras<br />

shell- 250lb,<br />

co2- ½lb a<br />

toneladas<br />

100 lb<br />

1/10 1/8 1/32 1/10 1/16<br />

0.012 0.03 0.01 0.01 0.01<br />

Médio a bom Bom O melhor<br />

shell – bom<br />

co2 - médio<br />

Muito bom<br />

Boas Boas Muito boas Boas As melhores<br />

Média a boa Média Boa Boa A melhor<br />

A melhor Fraca A pipor Média Média<br />

Qualquer<br />

Fonte: Bibliografia nº8, página vi.<br />

Ligas <strong>de</strong> cobre<br />

e outras,<br />

preferencialme<br />

nte <strong>de</strong> baixo<br />

ponto <strong>de</strong> fusão<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

alumínio e<br />

outras pref. <strong>de</strong><br />

baixo ponto <strong>de</strong><br />

fusão<br />

Qualquer<br />

Qualquer<br />

São vários os factores importantes que afectam a selecção do processo <strong>de</strong> fundição,<br />

entre eles [8] :<br />

Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundidos requerida<br />

Projecto do fundido<br />

Tolerâncias requeridas<br />

Complexida<strong>de</strong><br />

Especificação do metal<br />

Superfície final requerida<br />

Custo das ferramentas<br />

Economia da maquinação versus custo dos fundidos<br />

Limites financeiros no capital <strong>de</strong> custos<br />

Requerimentos <strong>de</strong> entrega<br />

De seguida, apresentam-se algumas tabelas que <strong>de</strong>monstram o potencial dos processos<br />

<strong>de</strong> fundição, com base na natureza da liga, no tamanho da série, no peso máximo do<br />

cacho e complexida<strong>de</strong> do fundido.


75<br />

Quadro 7 - Tabela <strong>de</strong> selecção do processo <strong>de</strong> fundição com base na natureza da<br />

liga<br />

Processo <strong>de</strong><br />

Moldação<br />

Ferros<br />

Fundidos<br />

Aços Ligas <strong>de</strong><br />

Cobre<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Alumínio<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Magnésio<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Zinco<br />

Areia ver<strong>de</strong> muito usado muito usado muito usado muito usado muito usado muito usado<br />

à mão<br />

Areia ver<strong>de</strong> muito usado muito usado muito usado muito usado muito usado muito usado<br />

à máquina<br />

Moldação<br />

rígida <strong>em</strong><br />

muito usado muito usado muito usado Possível Possível Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

areia<br />

machos<br />

Shell muito usado muito usado muito usado muito usado Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Cera perdida possível muito usado Possível pouco usado Possível Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Lost Foam muito usado muito usado Raro muito usado Possível possível<br />

Coquilha por pouco Não muito usado muito usado muito usado muito usado<br />

gravida<strong>de</strong> usado <strong>em</strong>pregue<br />

Baixa não Não pouco usado muito usado muito usado possível<br />

pressão <strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Depressão não Não muito usado muito usado muito usado muito usado<br />

<strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Fundição não Não Raro muito usado muito usado muito usado<br />

injectada <strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Centrifugada muito usado muito usado muito usado Raro Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Fonte: Bibliografia nº14.<br />

Quadro 8 - Selecção do processo com base no tamanho mínimo da série<br />

Processo <strong>de</strong><br />

Moldação<br />

Ferros<br />

Fundidos<br />

Aços Ligas <strong>de</strong><br />

Cobre<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Alumínio<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Magnésio<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Zinco<br />

Areia ver<strong>de</strong> unida<strong>de</strong> unida<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> unida<strong>de</strong><br />

à mão<br />

Areia ver<strong>de</strong> 50 50 50 50 50 50<br />

à máquina<br />

Moldação<br />

rígida <strong>em</strong><br />

unida<strong>de</strong> unida<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Raro 10 a 50 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

areia machos<br />

Shell 500 a 1000 500 a 1000 500 500 Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Cera perdida 500 a 1000 50, aço<br />

ligado<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

50 100 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Lost Foam 1 1 1 1 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Coquilha por 250 a 1000 Não 200 a 300 500 500 500<br />

gravida<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Baixa não Não 200 a 1000 500 500 500<br />

pressão <strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Depressão não Não 2000 2000 5000 2000<br />

<strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Fundição não Não Raro 5000 5000 5000<br />

injectada <strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Centrifugada 200 a 1000 200 a 1000 200 a 1000 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Fonte: Bibliografia nº14.


76<br />

Quadro 9 - Selecção do processo com base no peso máximo do fundido (Kg)<br />

Processo <strong>de</strong><br />

Moldação<br />

Ferros<br />

Fundidos<br />

Aços Ligas <strong>de</strong><br />

Cobre<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Alumínio<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Magnésio<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Zinco<br />

Areia ver<strong>de</strong> 800 a 1000 40 a 50 1000 2000 700 30<br />

à mão<br />

Areia ver<strong>de</strong> 500 40 a 100 200 200 100 100<br />

à máquina<br />

Moldação<br />

rígida <strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong> limite s<strong>em</strong> limite s<strong>em</strong> limite pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

s<strong>em</strong> limite pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

areia machos<br />

Shell<br />

100 100 5 a 30 20 pouco pouco<br />

<strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Cera perdida 20 25 pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

10 1,5 pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Lost Foam s<strong>em</strong> limite s<strong>em</strong> limite pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

s<strong>em</strong> limite pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Coquilha por 50 a 100 Não 5 60 10 a 100 10<br />

gravida<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>pregue<br />

(ânodos)<br />

Baixa<br />

pressão<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

2 30 a 50 10 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Depressão não Não 5 30 a 50 15 30 a 50<br />

<strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Fundição não Não Raro 20 20 20<br />

injectada <strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Centrifugada tubos até<br />

8000<br />

tubos até<br />

8000<br />

600 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Fonte: Bibliografia nº14.<br />

Quadro 10 - Selecção do processo <strong>de</strong> fundição com base na espessura (mm) mínima<br />

da pare<strong>de</strong> do fundido<br />

Processo <strong>de</strong><br />

Moldação<br />

Ferros<br />

Fundidos<br />

Aços Ligas <strong>de</strong><br />

Cobre<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Alumínio<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Magnésio<br />

Ligas <strong>de</strong><br />

Zinco<br />

Areia ver<strong>de</strong> 3,5 5 2,5 a 3 3 a 4 4 2<br />

à mão<br />

Areia ver<strong>de</strong> 3,5 5 2,5 a 3 3 a 4 4 2<br />

à máquina<br />

Moldação<br />

rígida <strong>em</strong><br />

3,5 5 2,5 a 3 pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

3,5 pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

areia machos<br />

Shell 2,5 3 4 3 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Cera perdida 1,5 a 2 0,1 a 1 pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

0,8 a 1,5 1,5 a 5 pouco<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Lost Foam 5 8 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

3 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Coquilha por 3 Não 3 2,5 a 3 3 a 3,5 1,5 a 2<br />

gravida<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Baixa<br />

pressão<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

3 3 a 4 3,5 a 4 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Depressão não Não 2 a 4 1,5 a 3 1 a 3 0,8 a 2<br />

<strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Fundição não Não Raro 0,5 1 1<br />

injectada <strong>em</strong>pregue <strong>em</strong>pregue<br />

Centrifugada 2 0,5 5 não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

não<br />

<strong>em</strong>pregue<br />

Fonte: Bibliografia nº14.


77<br />

<br />

Câmara fria – Diz-se dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> <strong>em</strong><br />

máquinas <strong>de</strong> fundição injectada, nos quais o metal é vazado apenas no<br />

momento e na quantida<strong>de</strong> necessária a cada ciclo produtivo.<br />

Câmara quente – Diz-se dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> <strong>em</strong><br />

máquinas <strong>de</strong> fundição injectada que estão permanent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> contacto<br />

com o metal fundido através <strong>de</strong> um forno <strong>de</strong> manutenção acoplado à<br />

máquina.<br />

Cavida<strong>de</strong> da moldação – Volume no interior da moldação correspon<strong>de</strong>nte à forma<br />

fêmea da do mol<strong>de</strong>.<br />

Colabilida<strong>de</strong> – Capacida<strong>de</strong> que um metal ou uma liga metálica têm <strong>de</strong> preencher uma<br />

moldação quando nela são vertidos no estado líquido (do francês couler,<br />

<strong>de</strong>slizar, fluir; através <strong>de</strong> coulabilité).<br />

Coquilha – O mesmo que moldação metálica (do francês coquille, concha, casca).<br />

Enxertos – Peças colocadas na cavida<strong>de</strong> da moldação com o objectivo obter localmente<br />

proprieda<strong>de</strong>s diferentes das do material injectado 119 .<br />

Fundição – (1) Processo que permite a obtenção <strong>de</strong> peças a partir <strong>de</strong> metal líquido,<br />

vazado numa cavida<strong>de</strong> no interior <strong>de</strong> uma moldação. (2) Acto ou efeito <strong>de</strong><br />

fundir os metais e as suas ligas. (3) O mesmo que fundido. (4) Oficina<br />

on<strong>de</strong> se realiza a fundição.<br />

Fundição injectada – Processo <strong>de</strong> fundição <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> metálicas, no<br />

qual a liga metálica é forçada a entrar na cavida<strong>de</strong> da moldação sob o<br />

efeito <strong>de</strong> alta pressão.<br />

Fundição por evaporação do mo<strong>de</strong>lo – Processo <strong>de</strong> fundição <strong>em</strong> <strong>moldações</strong> <strong>de</strong> areia,<br />

no qual o mo<strong>de</strong>lo é constituído por espuma <strong>de</strong> poliestireno expandido, o<br />

qual não é retirado da moldação, libertando a cavida<strong>de</strong> através <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>composição pelo metal fundido.<br />

Fundido – Peça obtida por fundição.<br />

Imprensos – (1) Na moldação, apoios para o suporte dos machos. (2) No mol<strong>de</strong>,<br />

saliências para criar os imprensos na moldação.<br />

Macho – Acessório amovível da moldação, perecível ou não, utilizado normalmente<br />

para a obtenção <strong>de</strong> formas interiores, <strong>em</strong>bora possa também ser utilizado<br />

para obter formas exteriores (quando tornam difícil a <strong>de</strong>smoldação da<br />

peça).<br />

119 Os enxertos ficam incrustados no fundido.


78<br />

Maquinag<strong>em</strong> – Processo <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> uma peça por subtracção <strong>de</strong> material.<br />

Meia-moldação – Cada uma das meta<strong>de</strong>s da moldação separadas entre si pelo plano <strong>de</strong><br />

apartação.<br />

Meio-mol<strong>de</strong> – Cada uma das meta<strong>de</strong>s do mol<strong>de</strong>, s<strong>em</strong>pre que este é dividido pelo plano<br />

<strong>de</strong> apartação, por forma a gerar as meias-<strong>moldações</strong>.<br />

Minga – Sobredimensionamento do mol<strong>de</strong> e respectiva cavida<strong>de</strong> na moldação para<br />

compensar a contracção do fundido no estado sólido.<br />

Mo<strong>de</strong>lo – O mesmo que mol<strong>de</strong> 120 .<br />

Moldação – (1) Conjunto <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos que limitam a cavida<strong>de</strong> que dará orig<strong>em</strong> à peça<br />

fundida. (2) Operação <strong>de</strong> moldar.<br />

Mol<strong>de</strong> – (1) Ferramenta com forma próxima da peça fundida que permite a obtenção da<br />

moldação. (2) No contexto das <strong>moldações</strong> <strong>permanentes</strong> metálicas, o<br />

mesmo que moldação.<br />

Plano <strong>de</strong> apartação – Plano segundo o qual a moldação é dividida <strong>em</strong> duas meta<strong>de</strong>s<br />

(meias-<strong>moldações</strong>).<br />

Rechupe – Macroporosida<strong>de</strong> que se traduz por um oco numa <strong>de</strong>terminada zona da peça.<br />

Saída – Inclinação na pare<strong>de</strong> da moldação ou do mol<strong>de</strong> perpendicular ao plano <strong>de</strong><br />

apartação que permite a r<strong>em</strong>oção mais fácil da peça fundida.<br />

Sobre-espessura – Sobredimensionamento do mol<strong>de</strong> e da respectiva cavida<strong>de</strong> da<br />

moldação que origina um excesso <strong>de</strong> material na peça fundida, para que<br />

esta possa ser posteriormente maquinada. Utilizada para obtenção <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s precisões dimensionais nas superfícies <strong>em</strong> questão.<br />

Vazamento sob pressão – O mesmo que fundição injectada.<br />

Termos <strong>em</strong> inglês:<br />

- “die casting” – o mesmo que fundição injectada;<br />

- “EPC” – “Evaporative Pattern Casting”, o mesmo que “lost foam”;<br />

- “gravity die casting” ou “permanent mould casting” – moldação <strong>em</strong> coquilha por<br />

gravida<strong>de</strong>;<br />

- “lost foam” – o mesmo que fundição por evaporação do mo<strong>de</strong>lo;<br />

- “low pressure die casting” – fundição por <strong>vazamento</strong> sob baixa pressão;<br />

- “pressure die casting” – fundição injectada ou por <strong>vazamento</strong> sob pressão;<br />

- “Replicast” – processo <strong>de</strong> fundição que combina características dos processos<br />

“EPC” e “investment casting”. O mo<strong>de</strong>lo utilizado é <strong>de</strong> poliestireno espandido, o<br />

qual é envolvido por uma camada cerâmica. O conjunto é aquecido para<br />

120 Não confundir com “moldação”.


79<br />

volatilizar o mo<strong>de</strong>lo e endurecer a carapaça cerâmica. Por fim, por forma a<br />

garantir uma maior estabilida<strong>de</strong> da carapaça, esta é inserida numa moldação <strong>de</strong><br />

areia compactada por vibração e posteriormente por vácuo durante o<br />

<strong>vazamento</strong> 121 ;<br />

- “slush casting” – fundição <strong>de</strong> peças ocas s<strong>em</strong> o uso <strong>de</strong> machos através da<br />

inversão da moldação antes da solidificação completa do fundido e consequente<br />

extracção do metal líquido exce<strong>de</strong>ntário.<br />

- “squeeze casting” – fundição <strong>de</strong> ligas metálicas no estado s<strong>em</strong>i-líquido, com<br />

<strong>vazamento</strong> à pressão atmosférica e solidificação sob pressão;<br />

121 Bibliografia nº3, página 661.


80<br />

! "<br />

4.1. Bibliografia<br />

1. ALLSOP, D. F. e KENNEDY, D., “Pressure Diecasting – Part 2,<br />

The Technology of the Casting and the Die”, Pergamon Press,<br />

Oxford, 1983.<br />

2. ALONSO, Oscar Schutze, “Tratado Prático <strong>de</strong> Mol<strong>de</strong>o y<br />

Fundición”, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, 1972.<br />

3. BEELEY, Peter, “Foundry Technology”, Butterworth-Hein<strong>em</strong>ann,<br />

Oxford, 2001.<br />

4. Commission Nationale <strong>de</strong> la Formation Professionnelle du<br />

Syndicat Général <strong>de</strong>s Fon<strong>de</strong>urs <strong>de</strong> France, “Technologie <strong>de</strong> la<br />

Fon<strong>de</strong>rie en Moules Métalliques”, Éditions Techniques <strong>de</strong>s<br />

Industries <strong>de</strong> la Fon<strong>de</strong>rie, Paris, 1984.<br />

5. FERREIRA, José M. G. De Carvalho, “Tecnologia da Fundição”,<br />

Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1999.<br />

6. HEINE, R. W., LOPER, C. R., ROSENTHAL P. C., “Principles of<br />

metal casting”, McGraw-Hill, Nova Iorque, 1967.<br />

7. KAYE, Alan e STREET, Arthur, “Die Casting Metallurgy”,<br />

Butterworths, Londres, 1982.<br />

8. KOTZIN, Ezra L., “Metalcasting & Molding Processes”, American<br />

Foundrymen’s Society, Illinois, 1981.<br />

9. LOURENÇO, Nuno, MOURA, Rui, “Fundição injectada”,<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da Universida<strong>de</strong> do Porto, Porto, 2001.<br />

10. MAGALHÃES, Barbedo, “Sebenta <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Fundição”,<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da Universida<strong>de</strong> do Porto, Porto, 1998.<br />

11. MESQUITA, Adolfo, “Tecnologia da fundição <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong><br />

alumínio”, Ministério da Economia/Instituto Nacional..., Lisboa,<br />

1971.<br />

12. MOUTINHO, Jorge, “Parâmetros <strong>de</strong> controlo do processo <strong>de</strong><br />

fundição injectada. S<strong>em</strong>inário”, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da<br />

Universida<strong>de</strong> do Porto, Porto, 2001.<br />

13. PINTO, Carla, FERNANDES, Ricardo, “Fundição <strong>em</strong> coquilha”,<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da Universida<strong>de</strong> do Porto, Porto, 2001<br />

14. RIBEIRO, Carlos, “Sebenta <strong>de</strong> Fundição II”, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Engenharia da Universida<strong>de</strong> do Porto, Porto, 2003.<br />

15. UPTON, B., “Pressure Diecasting – Part 1, Metals, Machines,<br />

Furnaces”, Pergamon Press, Oxford, 1982.<br />

16. S<strong>em</strong> autor, “Analysis of Casting Defects”, American<br />

Foundrymen’s Society”, Illinois, 1994.<br />

17. S<strong>em</strong> autor, “Metals handbook: Casting”, volume 15, ASM<br />

International, nona edição, 1998.<br />

18. Associação Portuguesa <strong>de</strong> Fundição, “Fundição”, nº225,<br />

Publindústria, Porto, 2002.


81<br />

4.2. Internet<br />

1. “The Bronze Age Foundry” – Dave Chapman -<br />

http://www.bronzeagefoundry.freeserve.co.uk/palstaveaxe.htm<br />

2. “Waste, the Law and You” – Central & West Lancashire Chamber of<br />

Commerce and Industry –<br />

http://www.environet21.org.uk/wly/case_links.html<br />

3. “Steel Foun<strong>de</strong>rs’ Society of America” –<br />

http://www.sfsa.org/sfsa/glossary/cstgloss.html<br />

4. “Coniex Portugal” –<br />

http://www.coniex.pt/equipamentos/fundicao/urpe.html<br />

5. “Hayes L<strong>em</strong>merz International - Equipment & Engineering, Inc.” –<br />

http://equipment.hayes-l<strong>em</strong>merz.com/in<strong>de</strong>x.html<br />

6. http://www.ashworth-diecasting.co.uk/gravity.html<br />

7. http://www.bec-group.com/vvel_contcasting.htm<br />

8. http://bgtsunsparc.me.uiuc.edu<br />

9. http://www.euro.net/concepts/industry.html<br />

Imagens da capa retiradas <strong>de</strong>:<br />

– “Waste, the Law and You” – Central & West Lancashire Chamber of Commerce and Industry –<br />

http://www.environet21.org.uk/wly/case_links.html (<strong>vazamento</strong> <strong>de</strong> metal fundido);<br />

– Coniex Portugal – http://www.coniex.pt/equipamentos/fundicao/urpe.html (máquina <strong>de</strong> injecção<br />

<strong>de</strong> câmara quente).<br />

*<br />

**<br />

***<br />

Aluno nº020504017, <strong>em</strong>ail <strong>em</strong>02017@fe.up.pt.<br />

Aluno nº010504017, <strong>em</strong>ail alexandre.wragg@fe.up.pt.<br />

Aluno nº020504116, <strong>em</strong>ail <strong>em</strong>02116@fe.up.pt.

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