L+D 74

GASHOLDERS LONDON (LONDRES)
FOUR SEASONS HOTEL (SÃO PAULO) | MUSEU NACIONAL DO CATAR (DOHA)
GIUSEPPE GRILL (RIO DE JANEIRO) | EVOLUTION TOWER (MOSCOU) | FOTO LUZ FOTO: JAMES NEWTON 1

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SUMÁRIO
3º Trimestre 2019
edição 74
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74
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¿QUÉ PASA?
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74
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98
GASHOLDERS LONDON
Luz coesa e integrada em múltiplas escalas
FOUR SEASONS HOTEL
Exuberância brasileira
MUSEU NACIONAL DO CATAR
O brilho da rosa do deserto
GIUSEPPE GRILL
Sob a luz
EVOLUTION TOWER
(R)evolução
FOTO LUZ FOTO
James Newton
6 7

8 9

Romulo Fialdini
Thiago Gaya
publisher
GASHOLDERS LONDON
Iluminação: Speirs + Major
Foto: James Newton e Speirs+Major
Orlando Marques
editor-chefe
#LEDFORUM10
A L+D desta edição vem celebrar o décimo aniversario do LEDforum, com a
puplicação de cinco projetos desenvolvidos por alguns de seus palestrantes.
Trazemos com exclusividade os edifícios de apartamentos do Gasholders London,
projeto de arquitetura de Wilkinson Eyre Architects e de iluminação de Speirs+Major.
Segundo Mark Major, “um dos melhores projetos desenvolvidos pelo escritório”.
A tão esperada abertura do Museu Nacional do Catar, projeto do Ateliers Jean
Nouvel, teve projeto de iluminação das áreas internas do escritório alemão Licht Kunst
Licht, coordenado pela lighting designer Martina Weiss.
Dean Skira apresenta o projeto Evolution Tower, localizado em Moscou, com
projeto de arquitetura de RMJM, cuja fachada foi transformada em uma tela multimídia.
A rede de hotéis de luxo Four Seasons chega ao Brasil, com projeto de iluminação
da Foco Luz & Desenho e de arquitetura local de Aflalo e Gasperini.
Giuseppe Grill é uma casa de carnes no Rio de Janeiro, com projeto de 2007
do escritório carioca LD Studio. No final do ano passado, o projeto foi revisto pelo
estúdio, transcendendo seu escopo inicial de projeto de iluminação, para também
definir acabamentos e detalhes construtivos.
Na seção ¿Qué Pasa? destacamos a instalação Light Path, do artista multimídia
Vigas; os premiados do 36º International Lighting Design Awards, promovido pela
IALD; o laboratório Summlab, divisão de desenvolvimento de produto e projetos
especiais do escritório catalão artec3; a instalação Live Colour, da artista Liz West
para a Clerkenwell Design Week; a instalação do coletivo japonês teamLab no Changi
Airport, em Cingapura, entre outras novidades!
A seção Foto Luz Foto especial desta edição, apresenta o fotógrafo londrino
James Newton. Trabalhos realizados no passado como lighting designer, deram a
James a experiência e o conhecimento técnico necessários para entender os projetos
tanto do ponto de vista do fotógrafo, quanto do de designer.
PUBLISHER
Thiago Gaya
EDITOR-CHEFE
Orlando Marques
DIRETORA DE ARTE
Thais Moro
REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO
Débora Torii, Diana Joels, Gilberto Franco,
Mariana Novaes, Orlando Marques
REVISÃO
Débora Tamayose
CIRCULAÇÃO E MARKETING
Márcio Silva
PUBLICIDADE
Lucimara Ricardi | diretora
PARA ANUNCIAR
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PARA ASSINAR
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ADMINISTRAÇÃO
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Boa leitura!
Impressão e Acabamento: Ipsis
Orlando Marques
Editor-chefe
Camilla Joels
PUBLICADA POR
Diana Joels, cujo escritório
concepDUAL é parte do programa
Escritório Parceiro da L+D, é nossa
convidada para a coedição do
¿Qué Pasa? duplo deste número.
Editora Lumière Ltda.
Rua João Moura, 661 – cj. 72, 05412-001
São Paulo SP, T 11 3062.2622
www.editoralumiere.com.br
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Imagens: Bia Ferrer
¿QUÉ PASA?
CONSCIENTIZAÇÃO
INTERATIVA
Em apoio à iniciativa Maio Amarelo, criada pelo Observatório
Nacional de Segurança Viária para incentivar a segurança no
trânsito, o festival de arte digital SP_Urban realizou uma edição
“cápsula” durante o mês de maio, com curadoria artística de
Marilia Pasculli. Uma das obras apresentadas foi Light Path, uma
instalação imersiva que jogou com a ideia de fluxo e o conceito
de sinalização viária, por meio de um túnel luminoso construído
sobre um trecho da ciclovia da movimentada avenida Brigadeiro
Faria Lima, em São Paulo.
Assinada pelo artista multimídia brasileiro Leandro Mendes
– mais conhecido como Vigas –, a instalação contou com uma
programação de luzes e sons inspirada nos fluxos cotidianos da
cidade, com variações em suas cores, suas intensidades e seus
movimentos, assim como ocorre diariamente com veículos,
pedestres e ciclistas numa das mais movimentadas cidades do
país. “Sua forma de túnel transporta o público a outro contexto
espacial, transformando a passagem em uma experiência
imersiva. Para os pedestres à espera para atravessar a ciclovia,
há um portal luminoso com programação acompanhada por
texturas sonoras, criando um ambiente acolhedor e diminuindo
o ritmo do entorno caótico. A instalação propõe experiências
sensoriais em nosso cotidiano, transformando nossas rotinas
com rupturas visuais e sonoras”, declara o artista. A ambientação
cinética da instalação também chamou a atenção, de maneira
lúdica, para os novos meios de mobilidade urbana que vêm
povoando as metrópoles brasileiras. (D.T.)
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Nigel Young/Foster + Partners
James Newton, JN Photographs
James Brittain
Sam Fentress
Gavriil Papadiotis
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¿QUÉ PASA?
36º IALD INTERNATIONAL
LIGHTING DESIGN AWARDS
A 36ª edição do prêmio anual oferecido pela International
Association of Lighting Designers (IALD) teve seus vencedores
anunciados durante o tradicional jantar de gala, realizado no
mês de maio na Filadélfia, Estados Unidos. O júri deste ano,
formado por Kerri Calahan, Amardeep M. Dugar, Norwood
“Woody” Faust, Patricia Glasow, Samantha Hollomon,
Christopher Knowlton e Yah Li Toh, selecionou um total de
23 projetos de iluminação, reconhecidos pelo alto nível de
criatividade e sofisticação na aplicação da luz na arquitetura.
Entre os agraciados com o Award of Merit, destacamse
o projeto de iluminação da Arup Alemanha para a nova
sede da Amorepacific – capa da edição 73 da L+D – e a
iluminação da ponte CF Toronto Eaton Centre Bridge 1
, assinada pelos lighting designers do Speirs + Major.
Os britânicos também foram premiados com o Award of
Excellence por seu projeto para o complexo Gasholders
London, que pode ser conferido em mais detalhes na
matéria desta edição da L+D. Outros dez projetos também
foram reconhecidos com prêmios de excelência, sendo três
deles concedidos ao escritório norte-americano Tillotson
Design Associates, pelos pro jetos para o Gateway Arch
Museum 2 , em St. Louis, Estados Unidos; para o edifício de
escritórios Bloomberg European Headquarters 3 , em Londres,
Reino Unido; e para a exposição London Mithraeum 4 , instalada
nesse mesmo edifício, cujo projeto assinam em conjunto com
o Schreiber Studio. A equipe do Lighting Planners Associates,
liderada por Kaoru Mende, também foi agraciada com o Award
of Excellence pela iluminação do Mt. Fuji Heritage Centre, capa
da edição 70 da L+D.
O grande destaque da noite foi o projeto de iluminação
do escritório britânico Lighting Design International para a
fachada do Kimpton Fitzroy London Hotel 5 , na capital da
Inglaterra, que alcançou a maior pontuação nas avaliações
dos jurados, sendo consagrado com o Radiance Award for
Excellence in Lighting Design, além de reconhecido com um
Award of Excellence. Os jurados destacaram a elegância
do projeto ao combinar e balancear equipamentos com
diferentes intensidades luminosas, todos criteriosamente
ocultos em meio aos próprios detalhes arquitetônicos da
fachada. Felicitações aos premiados! (D.T.)
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Fernando Guerra
Pedro Pegenaute
Mr. Shih-Hung Yang
Matej Slávik
Shannon McGrath
Transurban
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¿QUÉ PASA?
LIGHTING DESIGN AWARDS 2019
No Dia Internacional da Luz, 16 de maio, ocorreu em
Londres, Reino Unido, a entrega do Lighting Design Awards,
promovido pela revista inglesa Lighting.
Depois de dez anos no centro de convenções do Hilton, este
ano a festa aconteceu no icônico teatro Troxy, imprimindo uma
pegada mais moderna na glamorosa festa black-tie.
O primeiro prêmio da noite, o Publishers’ Lifetime
Achievement Award, foi entregue à arquiteta tcheca radicada
em Londres Eva Jiřičná 1 , pelo conjunto de sua obra e sua
carreira, em que se destacam globalmente projetos de
interiores com o uso pioneiro da interação entre a luz e
as características dos materiais, sobretudo em espaços
comerciais. Segundo Zaha Hadid, Eva teria reinventado a
ideia de retail. Única premiada com direito a um discurso de
agradecimento, a arquiteta proferiu uma fala emocionada,
destacando o potencial de arquitetos e lighting designers
criarem num futuro próximo um novo mundo a partir de
tecnologias emergentes.
Na sequência, foram entregues os troféus aos selecionados
na premiação 40under40, após a projeção de um
vídeo recompilando as reflexões de alguns dos premiados
sobre as características dessa geração em relação às das
anteriores.
A noite seguiu com a entrega dos prêmios para projetos
e produtos, em diversas categorias.
O escritório australiano Electrolight obteve grande
destaque com três prêmios: os projetos do edifício do
Terminal 2 do Aeroporto de Melbourne Luxury Mall 2 e do
CityLink Sound Tube 3 , ambos em Melbourne, Austrália,
respectivamente nas categorias Projeto Comercial do Ano e
Projeto de Espaço e Público e de Paisagem do Ano, além do
prêmio Escritório do Ano.
Outros prêmios incluem o Projeto de Restaurante do Ano
para o Four Seasons Restaurant, em Nova York, Estados Unidos,
de Tillotson Design Associates 4 ; o Projeto de Lazer do Ano para
o New Shanghai Theatre, em Xangai, China, de Unolai Lighting
Design + Associates 5 ; o Projeto de Baixo Orçamento do Ano
para o edifício Bamboo Pavilion, Exposição Mundial de Flora
Taichung, em Taiwan, de OuDelight 6 ; o Projeto de Espaços
de Trabalho do Ano para o Nousaku office and factory, em
Toyama, Japão, de Sirius Lighting Office; o Projeto de Patrimônio
Histórico do Ano para a Igreja Presbiteriana Internacional, em
Ealing, Reino Unido, de 18 Degrees; o Projeto de Luz Natural
para o Louvre, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, de
BuroHappold Engineering; o Projeto de Integração do Ano para
o Shanghai Sunac Sales Center, em Xangai, China, de Brandston
Partnership; e, por fim, o prêmio Light Art do Ano, para a
instalação Halo, em Londres, Reino Unido, de Kimchi and Chips.
Confira todos os vencedores no site da premiação. Parabéns
a todos! (D.J.)
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summalab
Daniel Ríos
iGuzzini
LAMP summalab
summalab
iGuzzini
¿QUÉ PASA?
SUMMALAB
Quem acompanha o trabalho do lighting designer Maurici
Ginés e seu premiado escritório artec3 studio, em Barcelona,
Espanha, terá percebido que nos últimos anos, além dos projetos
de iluminação, o designer começou a dar cada vez mais ênfase a
projetos de produtos e também instalações de light-art.
Em 2008, o escritório – anteriormente denominado
artecluminotecnia – passou a se chamar artec3, sendo o 3 uma
referência a seus três departamentos: lighting, design e vision,
responsáveis, respectivamente, pelos projetos de iluminação
arquitetônica, produtos especiais e instalações especiais,
sempre vinculados aos projetos de iluminação.
Desde 2011, entre outros fatores, em virtude da grave crise
econômica na Espanha, artec3 buscou se reinventar e investir
cada vez mais em ampliar seu escopo de serviços. Baseado na
experiência do desenvolvimento de produtos customizados e
projetos de fachadas interativas para seus próprios projetos, a
evolução para o desenvolvimento desse tipo de serviço de forma
autônoma foi um caminho natural. Os antigos departamentos
de design e vision passaram a chamar-se divisões de Product
Design e Light Art, complementando a sempre clara e bemsucedida
divisão de Lighting.
A colaboração com empresas como iGuzzini e LAMP fez
o departamento de Product Design ganhar força rapidamente.
E o mercado já testemunhou o resultado desse trabalho em
diversos produtos premiados, como a luminária Stormbell,
vencedora do Architectural SSL Product Innovation Awards;
e a linha Palco, recentemente vencedora do Prêmio Nazionale
per l’Innovazione, na categoria máxima Premio dei Premi, e
do Codega International Lighting Design Award, ambos na
Itália, além do Delta de Oro nos Prêmios Delta ADI-FAD, mais
importante premiação de desenho industrial da Espanha.
O interesse em potencializar os projetos de light-art,
respondendo a uma demanda crescente por experiências
sensoriais com significado, e ao mesmo tempo tornar ainda
mais claro seu escopo de trabalho, evitando confusões
recorrentes, levou à decisão de a artec3 criar uma empresaparceira:
a summalab.
Na summalab, Ginés desenvolve com mais liberdade suas
facetas de light-artist e designer de produtos. Junto a uma
equipe multidisciplinar, desenvolve projetos de instalações
interativas, conteúdos midiáticos, design de produtos e obras
de arte.
A summalab também surge como espaço colaborativo, com
o objetivo de explorar a sinergia entre design e arte em parceria
com outras equipes, engajando artistas, programadores e
músicos, em razão do projeto. (D.J.)
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Imagens: Haberdashery
¿QUÉ PASA?
HERE COMES THE SUN
Durante a feira de design Clerkenwell Design Week 2019,
realizada de 21 a 23 de maio, em Londres, na Inglaterra, o escritório
londrino Haberdashery apresentou The Dawn to Dusk, linha de
luminárias com cúpula plana, em forma de disco, que desliza para
cima e para baixo por uma haste central, provocando variações na
intensidade e nas cores da luz, que remetem à luz do sol.
À medida que o disco sobe pela haste, a tonalidade da
fonte de luz varia do vermelho até o laranja, atingindo uma
luz branca brilhante que emula o sol do meio-dia. Em virtude
disso, a luminária, segundo seus criadores, pode auxiliar no
ritmo circadiano, de forma a sincronizar as funções fisiológicas
do corpo humano.
Segundo Ben Rigby, diretor criativo da Haberdashery,
um dos principais desafios para a criação da luminária
foi recriar a tonalidade de luz quente do pôr do sol
com a tecnologia existente. “Tivemos de incorporar
um vermelho específico usado na horticultura para
desenvolver uma matriz de LED personalizada que fosse
satisfatória”, explica.
A luminária, que é acionada pelo toque, fica apagada
quando a cúpula está na base da haste. O disco também
pode girar 360 graus para que a luminária possa ser
utilizada em diferentes ambientes, incluindo áreas de
trabalho. (V.F.)
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Imagens: Peer Lindgreen
¿QUÉ PASA?
MULTIESPAÇO DISCIPLINAR
Tom Dixon, o superstar multidesigner britânico, está de
casa nova. The Coal Office é o novo centro de operações de
sua marca em Londres, Reino Unido, onde, além da base para o
desenvolvimento de experimentos, inovações e colaborações,
situa-se sua mais ambiciosa flagship store.
Localizado no Coal Drops Yard, na antiga zona industrial
de King’s Cross, recentemente renovada e atualmente
aclamada como principal hub de criatividade e tecnologia da
capital, o Coal Office se apresenta como um novo epicentro
do design e plataforma multidisciplinar para inovação.
Para um designer que cria de luminárias a perfumes,
passando por peças de mobiliário e acessórios, figurando
tanto em museus como nas prateleiras do Ikea e contabilizando
mais de 600 produtos, nada mais natural do
que um multiespaço que combine escritórios, ateliê, loja e
restaurante – colaboração de Tom Dixon com Assaf Granit –,
em seus mais de 1.600 metros quadrados.
Entre os objetivos desse novo espaço, figura a
criação de experiências que venham a testar os limites
contemporâneos dos espaços comerciais no universo
do design de interiores. Os resultados dessas inovações
certamente repercutirão em seus produtos e também nos
demais hubs da marca, localizados em Hong Kong, Tóquio,
Los Angeles e Nova York, recentemente expandida de loja
local a supershowroom com três pavimentos em Greene
Street, no Soho. (D.J.)
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¿QUÉ PASA?
ESTÚDIO TUPI + ESTÚDIO CARLOS FORTES
O Estúdio Tupi, de Aldo Urbinati, Andrea Bazarian e
Rafael Ayres, e o Estúdio Carlos Fortes, cujo titular é um dos
colaboradores da L+D, estão lançando um livro que retrata a
parceria dos dois escritórios em cinco projetos.
Os projetos da Joalheria Ara Vartanian, em Londres, e
das lojas NK Store, Joalheria Sauer, Uniflex Cidade Jardim e
Perfumaria Neeche, em São Paulo, estão publicados em 144
páginas, com texto de apresentação de Evelise Grunow.
Os projetos foram fotografados por Andrés Otero, Leonardo
Finotti, Leka Mendes e Tadeu Melegatti. A publicação, editada
pela Ipsis Editora, teve a colaboração de Cris Correa, da Editora
C4, e será lançada com cinco sobrecapas diferentes, uma
dedicada a cada projeto. A primeira apresentação do livro é
nos dias 15 e 16 de agosto, durante o LEDForum. Na semana
seguinte, durante a DW, acontece seu lançamento oficial na
Uniflex Cidade Jardim, no dia 21 de agosto. Estará também
nas lojas Dpot e Dpot Objeto, na Alameda Gabriel Monteiro
da Silva – ocasião em que será lançada com exclusividade a
linha de luminárias de cerâmica desenhadas por Carlos Fortes e
executadas pela ceramista Alice Felzenszwalb.
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Foto: Eduardo Knapp

Imagens: Craig Wall
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¿QUÉ PASA?
JARDINS DO PRAZER
Em março de 2019, o designer britânico Lee Broom
apresentou Park Life, mostra que transformou o estacionamento
da Space Furniture, loja de móveis e luminárias em Sydney,
Austrália, na sua interpretação contemporânea dos jardins do
prazer do século XVIII.
Com a forma de um labirinto, Park Life conduziu os
hóspedes a uma viagem poética de descobrimento da coleção
de luminárias de Le Broom por meio de corredores ocultos.
Um dos destaques da exposição foi o lançamento da nova
versão do premiado pendente Eclipse 1 , com acabamento
dourado polido. A peça, com silhueta escultórica que lembra
um móbile, é formada por discos de acrílico dourados
polidos, que escurecem e revelam simultaneamente sua
iluminação ao espectador.
Outras luminárias de Lee Broom lançadas na versão dourada
e polida foram a Fulcrum 2 , a Orion Tube 3 e a Globe Lights 4
. Ocupando uma área de 4 mil metros quadrados, Park Life é
considerada a maior mostra realizada pelo designer britânico,
que é vencedor de prêmios como o British Designer of the Year
e The Queen’s Award for Enterprise. (V.F.)
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Cortesia de The Beam
¿QUÉ PASA?
ARTE, ENERGIAS RENOVÁVEIS E AÇÃO SOCIAL
Iniciativa da revista The Beam, The Solar Panel Art Series
reúne diversas instituições parceiras e promove a criação
de obras de arte obras de arte cujo meio artístico são
painéis solares, estabelecendo um diálogo entre energias
renováveis e criatividade artística.
A cada edição, os curadores do projeto – que já teve
seus resultados expostos em Berlim, Leipzig, Colônia,
Madri e Nova York – convidam um grupo de artistas
internacionais a participar dessa iniciativa de geração de
impacto positivo.
As obras de arte únicas são todas vendidas em leilões
beneficentes, organizados pela parceira Paddle8, e parte
da arrecadação é destinada ao projeto Solar Kids School
Program, da Little Sun Foundation, instituição fundada pelo
artista Olafur Eliasson. O compromisso do programa é levar
luz segura e sustentável às crianças e a seus professores em
zonas de Ruanda desprovidas de redes de eletricidade, onde
dependem de velas e/ou querosene, que são fontes de luz
poluentes, caras e de alto risco.
Nas palavras de Olafur Eliasson: “Uma obra de arte nunca
é apenas o objeto; é também a experiência e seu impacto
contextual, como é usada e desfrutada e como provoca
questões e transforma maneiras de se pensar e viver. The Solar
Panel Art Series faz exatamente isso e é um excelente exemplo
de como ampliar a discussão sobre energias renováveis e a
desigualdade no acesso à energia hoje. Adicionalmente, além
de fazer pensar, há a ação”.
Por meio de sua materialidade e sua cadeia de ações, esse
projeto tem o duplo objetivo de prover luz limpa a populações
marginalizadas e trazer à tona a questão da coexistência
entre arte, tecnologia e natureza.
Em última instância, é um projeto que promove uma
tomada de consciência do nosso futuro e a possibilidade de
ele ser mais verde, mais limpo e mais igualitário.
Em 2019, o projeto já teve quatro exposições e um leilão
online. Para o segundo semestre, estão previstos mais três
leilões e três exposições, dentre as quais uma no edifício das
Nações Unidas, em Nova York. (D.J.)
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Imagens: IFSC-USP/ Nature Communications
ESPECTRO VISÍVEL DA LUZ
¿QUÉ PASA?
O PODER DA BIOFOTÔNICA
Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/
USP) e da Universidade de Toronto, Canadá, anunciaram o
desenvolvimento de um novo método que pode aumentar
significativamente as chances de sucesso dos transplantes
de órgãos por meio de uma técnica de biofotônica, que é a
combinação da biologia com a luz.
Pelo método utilizado atualmente, o órgão retirado do
doador passa pelo processo de perfusão (substituição
do sangue pelo líquido de preservação). Apesar de o
procedimento contribuir para a eliminação da carga viral
e da bacteriana presentes, ele não é capaz de eliminá-las
totalmente, o que leva à necessidade do uso de antibióticos
e de antivirais pelo paciente durante os meses seguintes ao
transplante, para evitar infecções. Com o intuito de reduzir a
presença desses vírus e bactérias, os cientistas desenvolveram
uma máquina para viabilizar a descontaminação por meio da
radiação ultravioleta, com base em um método já utilizado
para purificar doações de sangue.
A máquina funciona como uma espécie de carrossel,
expondo o líquido utilizado na perfusão a um sistema
que emite radiação ultravioleta, com comprimento de
onda de 254 nanômetros, ao mesmo tempo que faz
esse líquido circular pelo interior do órgão. À medida
que os microrganismos são expostos a essa radiação,
são eliminados. O gráfico acima compara duas amostras
infectadas e comprova a eliminação gradativa das infecções
em uma delas, 180 minutos após sua exposição à radiação
UV. Um processo de descontaminação indireta ocorre
em paralelo, por meio da exposição direta do órgão à luz
vermelha, com comprimento de onda de 660 nanômetros,
que elimina os microrganismos presentes em seus tecidos.
O novo método possibilita que uma quantidade reduzida
do líquido da perfusão possa ser reutilizada, em um mesmo
órgão, centenas de vezes, reduzindo os custos do processo.
Além disso, a técnica possibilitará que órgãos antes rejeitados
para o procedimento, por estarem infectados por algum tipo
de vírus ou bactéria, sejam totalmente descontaminados e
reutilizados, podendo haver, assim, uma redução no tempo
de espera na fila de transplantes. A equipe, formada pelas
pesquisadoras Cristina Kurachi e Natália Inada e chefiada
pelo professor Vanderlei Bagnato, realizou os primeiros
testes, com sucesso, em pulmões infectados com o vírus da
hepatite C e agora trabalha para adaptar a técnica a fígados
e rins. (D.T.)
34 35

Imagens: Anna Stathaki
¿QUÉ PASA?
CORES PURAS,
EXPERIÊNCIAS SENSORIAIS INTENSAS
Durante a Clerkenwell Design Week, que aconteceu em
Londres entre os dias 21 e 23 de maio, o porão do showroom
da marca de acabamentos Domus transformou-se em uma
experiência de imersão em cores, obra da artista britânica Liz West.
Intitulado Live Colour, o mais recente trabalho da artista
criou um ambiente intenso, mesclando luminâncias e luzes de
emissão colorida contra um ambiente branco com fundo de
placas brancas de porcelana de grande formato.
O espaço se transformava de acordo com um ciclo de seis
diferentes cores: vermelha, amarela, azul, verde, rosa e branca,
cada uma com duração de 22 segundos, o tempo de adaptação
do olho a cada cor, antes da chegada do próximo tom.
O objetivo era proporcionar uma experiência sensorial
intensa, de cores puras, e o questionamento a respeito das
sensações provocadas por cada cor; nas palavras da artista, “cor
é uma linguagem universal, compreendida por todos, apesar
de cada um de nós trazer para este trabalho nossas próprias
memórias e vivências individuais de cores”.
Os visitantes eram encorajados a vestir roupas brancas,
de forma a intensificar a experiência sensorial. Algumas das
questões propostas eram: Qual é a sua cor preferida? Você se
sentiu como esperava quando imerso em determinada cor?
Como você sentiu o branco, após a experiência de outras
cores intensas?
A instalação utilizou a tecnologia SL1 Mix LED, patenteada
pela Rosco, para criar equivalência cromática precisa com
gelatinas da marca e cores saturadas e intensas.
Além da instalação, parte da Semana de Design, Liz West
palestrou no mesmo local no dia 21 de maio, dedicando parte
de sua apresentação a esse novo projeto, que inclui também
temáticas da psicologia das cores e como a experiência de ver e
sentir cores pode influenciar o bem-estar. (D.J.)
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Imagens: Takumi Ota
¿QUÉ PASA?
ESCHER × NENDO
A National Gallery of Victoria (NGV) em Melbourne,
Austrália, exibiu a exposição Escher × nendo | Between Two
Worlds, na qual foram apresentados 157 trabalhos do artista
holandês M. C. Escher (1898-1972), em um espaço idealizado
pelo estúdio de design japonês nendo. As obras do artista,
mundialmente conhecido por seus trabalhos de ilusões de
ópticas em xilogravuras, litogravuras e mezzotinta, foram
dispostas de maneira narrativa, e não cronológica.
A exposição foi dividida em nove temas dedicados a
expressar as diferentes ideias e pontos de vista do artista
holandês. O aspecto labiríntico do percurso da exposição
levou o nendo a adotar um motivo central para guiar o
público pelos espaços. Presente em todas as dez salas, a
forma arquetípica de uma casa foi a escolhida para criar “um
lar para Escher”. Esse símbolo pôde ser visto logo na entrada
da exposição, por meio de uma projeção que iluminava o
piso. Remetendo à areia de uma ampulheta, a projeção
apresentou pequenas partículas que fluíam pela superfície
e gradualmente se convertiam na forma da casa, de modo a
guiar os visitantes até a primeira sala.
A maior de todas as salas apresentou o trabalho de
pesquisa de Escher a respeito de seu conceito da divisão
regular do plano por meio de uma aparente ilusão do
movimento sucessivo de planos brancos e pretos que
parecem formar e desformar o arquétipo da casa de Escher,
usada também como suporte para a exibição das obras do
artista. Para acentuar a dramaticidade cromática e espacial,
cada casa foi destacada individualmente por projetores com
facho de alta precisão.
Em outra sala, dedicada às perspectivas, às reflexões e às
formas geométricas, muito marcantes na obra de Escher, um
cilindro permeável suspenso, medindo 5 metros de diâmetro,
ocupou o centro do espaço. Construído com mais de 55
mil pequenas peças planas em forma de casas, o elemento
revelava, desde determinada perspectiva, a ilusão da sombra
de uma grande casa flutuante em seu interior, formada pela
diferença entre as cores das peças. Quando observada do lado
oposto, a instalação apresentava a mesma casa flutuante,
porém na cor branca, aparentando ser uma projeção de luz.
Somente as cores preta, branca e cinza foram utilizadas
em todos os elementos e acabamentos da exposição, de
maneira a acentuar detalhes importantes por meio das luzes,
das sombras, das reflexões e dos contrastes, como na última
galeria do percurso, dedicada à gravura “Snakes”, composta
de um caminho luminoso serpenteado – cuja seção derivou
do formato extrudado da casa – que cortava a imensidão da
sala escura, culminando na exibição da famosa obra, a última
feita por Escher antes de sua morte. (D.T.)
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Imagens: Alex Grazioli, Cortesia de Carpenters Workshop Gallery
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¿QUÉ PASA?
ARTE CONTEMPORÂNEA,
CONTEXTO HISTÓRICO
Inaugurada em 8 de maio, coincidindo com o período
da Bienal de Arte, a mostra DYSFUNCTIONAL reúne
50 trabalhos de 22 artistas internacionais na Galleria
Giorgio Franchetti alla Ca’ d’Oro, em Veneza, em torno da
temática dos limites entre arte e design.
Todas as obras instaladas são versões site-specific
pensadas para dialogar tanto com a arquitetura do
palácio do século XV quanto com a coleção de obras de
arte renascentistas e barrocas em permanente exposição
na galeria.
Distribuídas por todo o palácio, as esculturas estão
expostas de forma a aguçar descobertas e gerar um
senso de encantamento, celebrando a história rica do
local, e ao mesmo tempo questionar o que define uma
obra de arte e sua relação com o design. A ideia de
disfuncional, vinculada à disrupção de relações sociais
convencionais, tem o objetivo de convidar à reflexão,
a partir da contraposição entre arte contemporânea e
patrimônio histórico.
Dentre as obras que compõem o conjunto e sua
narrativa, está Fragile Future 3 1 , dos holandeses do Studio
Drift, que se configura como moldura de luz para a pintura
San Sebastian, de Andrea Mantegna, de 1506, estimulando
o visitante a repensar nossa relação com a natureza, por
meio da fusão de um dente-de-leão com um LED.
O autorretrato Real Time 2 , de Maarten Bass, foi criado
em homenagem ao homem vitruviano de Leonardo da Vinci,
cidadão de Veneza, para essa mostra que ocorre no ano do
aniversário de 500 anos de sua morte.
Já a obra Moments of Happiness 3 , dos Verhoeven Twins,
transforma o pavilhão térreo com sua instalação que reflete
e refrata luz. E Stuart Haygart traz à tona a questão da
poluição do plástico com Tide Colour 4 , obra produzida com
objetos recolhidos na costa britânica.
A exposição é uma parceria entre a galeria inglesa de
expressão internacional Carpenters Workshop Gallery e a
empresa de gestão de recursos suíça Lombard Odier e pode
ser visitada até 24 de novembro. (D.J.)
42 43

Imagens: Mark Reeves
¿QUÉ PASA?
ARQUITETURA QUE RESPIRA
Trabalhando com bordados desde muito cedo, quando
começou a ajudar a mãe na produção de mantas, a artista
sul-coreana Kimsooja rodou o mundo para investigar a
importância cultural de vestuários e tecidos e das técnicas
de produção por trás desses itens. Nessa busca, ela adotou
como lema a ideia do bottari, que é o nome coreano para
um pacote embrulhado em tecido, tradicionalmente usado
para o transporte de objetos pessoais. Para Kimsooja, bottari
é um mundo autocontido, como um “recipiente capaz de
carregar tudo, material e conceptualmente falando”. A
artista passou a incorporar o conceito em seus trabalhos,
aplicando-o a espaços cada vez maiores, ao entender que
edifícios também poderiam ser “embrulhados” e assim ter
seus conteúdos alterados e reformulados.
Sua mais recente instalação, To Breathe, é um exemplo
dessa abordagem. Concebida para a primeira edição do
festival Yorkshire Sculpture International, a obra transformou
os interiores da histórica capela do Yorkshire Sculpture Park
(YSP), em Yorkshire, Reino Unido. O edifício, datado do
século XVII, teve seu piso totalmente revestido de espelhos,
que tornaram fluido e amplo o que antes parecia sólido
e limitante. Adicionalmente, a artista aplicou películas
de difração aos vidros das janelas, que decompõem a luz
natural, formando uma infinidade de arco-íris em todo o
espaço interno. O efeito muda de acordo com as condições
da luz natural e é potencializado pelos reflexos gerados pelo
piso espelhado.
A instalação pode ser visitada até o final do mês de
setembro e é complementada por sons da respiração da
própria artista, tornando a experiência ainda mais íntima
e meditativa. Kimsooja costuma chamar os interiores da
arquitetura de “vazios”, que considera dotados de certa
forma e fluidez e sobre os quais tem particular interesse na
relação de “Yin e Yang”, ou seja, na dualidade representada
por aquele espaço – “como uma forma de inspiração e
expiração, que é o processo natural da respiração, uma lei
da vida”, complementa. O “vazio”, nesse caso, torna-se a
matéria para a obra de arte. (D.T.)
44 45

Fotos: Nicolas Gaudelet
¿QUÉ PASA?
PINTURAS DE LUZ, PINCÉIS HUMANOS
Recentemente realizada no Museu Soulages, em Rodez,
na França, a exposição Pixels Noir Lumière proporcionou ao
público experiências sensoriais fortes. Os visitantes podiam
intervir nas “pinturas de luz” com um simples movimento,
“como se fossem pincéis”, segundo o artista Miguel
Chevalier, o idealizador da instalação. Feita em homenagem
ao 100º aniversário do pintor e escultor francês Pierre
Soulages, a mostra apresenta duas instalações digitais
interativas que exploram a luz como material artístico: Pixels
Liquides e L’Origine du Monde.
Nascido no México e radicado na França, Miguel Chevalier
foi um dos pioneiros em investigar a natureza do pixel como
uma forma poética, dinâmica e artística. Na instalação
Pixels Liquides, pixels pretos e azuis reagiam ao movimento
do espectador. A parede (13,40 metros × 7,80 metros)
transformava-se em uma tela que registrava as “pinceladas”
dos visitantes, definindo um desenho fluido, abstrato e efêmero
que se esvaía com a chegada de outra pessoa.
Inspirada na biologia, nos microrganismos e nos autômatos
celulares, a instalação L’Origine du Monde foi feita no
piso (12 metros × 7,50 metros), com pinturas virtuais em
preto e branco compostas de “aglomerados de células” que se
moviam num padrão orgânico de proliferação, divisão e fusão,
à medida que os espectadores caminhavam pelo espaço. (V.F.)
46 47

Imagens: Noah Kalina
¿QUÉ PASA?
ESPELHO,
ESPELHO MEU
Localizada às margens do rio Potomac, a cidade
de Alexandria, nos Estados Unidos, tem realizado uma
série de ações para atrair visitantes para a região da orla,
especialmente nas proximidades de seu centro histórico.
Como parte das iniciativas, o estúdio de design novaiorquino
SOFTlab concebeu Mirror Mirror, uma instalação
interativa que será exibida até o mês de novembro, no novo
parque King Street.
Inspirados pelo funcionamento dos faróis, os designers
construíram uma estrutura semicircular, com aproximadamente
8 metros de diâmetro e 2,5 metros de altura, cujos materiais
e mecanismos fazem referência às lentes do tipo Fresnel
utilizadas no próprio farol histórico de Alexandria, o Jones Point
Lighthouse. A instalação é formada por uma série de elementos
verticais de forma prismática, cuja face exterior é revestida
de espelhos monocromáticos, que refletem o entorno e os
visitantes, enquanto a face interna é constituída de espelhos
coloridos com as cores do espectro. Jogando com os conceitos
de reflexão e refração da luz, esses elementos contam com
LEDs em seus interiores, cuja operação responde a estímulos
sonoros, encorajando os visitantes a interagir por meio da voz
e do corpo. Ao serem acionadas, as luzes tornam transparentes
os espelhos frontais, enquanto os espelhos internos mantêm
suas propriedades refletivas, criando infinitos reflexos de cores,
descritos pelos designers como “uma floresta de luz”. O efeito
é totalmente distinto do que é produzido durante o dia, quando
os reflexos são gerados pela interação da obra com a luz do sol.
O artista e arquiteto Michael Szivos, titular do SOFTlab,
conta que a intenção da instalação é fundir, visualmente,
a orla, a paisagem do centro histórico e a presença dos
pedestres no novo parque. “Como um farol, Mirror Mirror vai
agir como um ponto de referência, acenando aos visitantes
para que se aproximem, interajam com a obra e explorem
essa área da cidade”, ele completa. (D.T.)
48 49

Porcelanosa UK & Jestico + Whiles
¿QUÉ PASA?
LUZ, MOVIMENTO E TEXTURA
Proporcionar uma experiência envolvente e hipnotizante
por meio da luz, do movimento e da textura, esse foi o objetivo
de Pareidolia, instalação luminosa criada pelos escritórios de
arquitetura Studio Fractal e Jestico + Whiles, em parceria com
o Architainment Lighting e o Grupo Porcelanosa, empresa
espanhola de revestimentos cerâmicos, na Clerkenwell
Design Week 2019, festival independente de design realizado
de 21 a 23 de maio em Londres, Reino Unido.
Material produzido pela Porcelanosa a partir de minerais
e resina, o krion, por ser moldável e permitir a confecção
de grandes superfícies sem juntas aparentes, favoreceu
a criação das formas orgânicas curvas de Pareidolia. À
noite, a escultura de 2,3 metros de altura, erguida em uma
plataforma de pedra, encantava com seu dinamismo e seu
efeito luminoso.
O detalhamento, a construção e a montagem da
instalação foram feitos com esmero. Inseridas nas
extremidades dos painéis de krion, em uma fenda discreta,
fitas de LED RGB acendem em ordem sequencial para criar
movimento. Pareidolia, com suas luzes coloridas e seu
ritmo, foi uma das instalações que mais se destacaram na
Clerkenwell Design Week 2019. (V.F.)
50 51

Imagens: Courtesy of Blue Lagoon Iceland
¿QUÉ PASA?
LUA CHEIA NA LAGOA AZUL
O gigantesco spa termal Blue Lagoon, cuja água, rica uma sensação de hierarquia por meio do contraste gerado
em minerais, é aquecida por vulcões, é uma das atrações pela iluminação pontual, cujos fachos foram precisamente
mais visitadas da Islândia. Como parte do complexo, foi calculados para destacar pontualmente alguns elementos,
inaugurado recentemente o hotel e spa The Retreat. O sem nunca iluminar diretamente os hóspedes – promovendo
projeto arquitetônico do escritório Basalt Architects buscou uma espécie de “privacidade” por meio da ausência da luz.
se integrar à paisagem local por meio de sua forma e dos A iluminação dos quartos teve como principal premissa
materiais utilizados na construção.
a abordagem centrada no ser humano, em decorrência da
Da mesma maneira, a equipe do escritório islandês Liska, peculiaridade das condições de luz natural nessa latitude –
sob comando do lighting designer Guðjón L. Sigurðsson, marcadas pelas claras noites de verão e pelos dias de inverno
procurou promover a conexão dos hóspedes com a natureza escuros. Dessa forma, os hóspedes podem escolher dentre
por meio da iluminação. Seu conceito buscou balancear diferentes cenas de iluminação (“relaxante”, “energética”,
cuidadosamente os níveis de iluminância, de modo a prover “dia” e “noite”), com temperaturas de cor e intensidades
o máximo de conforto, por meio do mínimo de luminosidade variáveis de acordo com cada opção.
necessária para cada ambiente. Todas as luminárias estão Um aspecto intrigante da solução é a origem dessa luz:
conectadas a sistemas de controle que permitem regular uma luminária circular embutida por trás do forro de tela
suas intensidades luminosas de acordo com a presença da luz tensionada acústica, dando a impressão de que sua borda está
natural, além de serem dotadas da tecnologia “warm dimming”, se dissolvendo. Chamada SoleLuna, a luminária foi desenvolvida
que torna a temperatura de cor mais quente à medida que a especialmente para esse projeto com o objetivo de simular
intensidade da luz diminui – da mesma forma que as lâmpadas as condições naturais da luz do sol e da lua (reproduzindo
incandescentes e halógenas.
até mesmo as manchas escuras observadas na superfície
A maioria dos ambientes foi iluminada por meio de lunar). “Buscamos estabelecer uma conexão perfeita entre
detalhes de iluminação indireta, rasante ou difusa, de os elementos de design, a natureza, a biologia humana e a
maneira a revelar a essência dos materiais e suas texturas, arquitetura, de forma a criar espaços sublimes e experienciais,
de acordo com o projeto de interiores do Design Group nos quais a iluminação e a arquitetura foram concebidas de
Italia. Os lighting designers procuraram também introduzir maneira unificada”, declara a equipe do Liska. (D.T.)
52 53

Imagens: Satoshi Shigeta
¿QUÉ PASA?
COMPRAS DO FUTURO
A nova loja flagship da marca de moda de rua Hipanda
em Tóquio, Japão, uniu os mundos analógico e digital para
proporcionar, com a ajuda da luz e da iluminação, uma
experiência de compras totalmente inovadora. O projeto
desenvolvido pelo estúdio multidisciplinar Curiosity criou uma
ambientação futurística para o espaço, com inspiração nos
universos das artes, da moda, da tecnologia e da arquitetura,
que também são as bases de criação dos produtos vendidos
pela marca.
Após serem recebidos, logo na entrada, por um telão
com animações do panda “anfitrião”, os clientes chegam
ao primeiro ambiente da loja, que é marcado pelos altos
contrastes gerados pelos acabamentos na cor preta e pelas
mesas expositoras espelhadas. Além da iluminação de
destaque para os produtos, o espaço também é iluminado
por meio de um sistema linear com desenho aparentemente
“caótico”, cujas luzes, em tom branco frio, se movimentam
de maneira independente, sem a necessidade do toque do
consumidor. Em contraponto, o segundo maior espaço da
loja apresenta acabamentos predominantemente brancos e
iluminação totalmente indireta e uniforme. O ambiente sem
sombras remete a um mundo virtual, quase que ausente
de gravidade, sensação que é potencializada pelas paredes
espelhadas, que confundem os limites do espaço.
Em seu percurso pela loja, os clientes podem experimentar
experiências interativas de realidade aumentada
(AR) por meio de celulares e tablets. Como parte de seu
projeto, os designers desenvolveram a “Ghost House”,
composta de uma série de experiências virtuais em
que os visitantes poderão interagir com o “anfitrião”
enquanto conferem os produtos à venda. “Nosso desafio
foi levar a moda de rua a novos territórios, rompendo
barreiras de cultura, idade e gênero por meio de um
espaço experimental, acessível e inspirador para todos,
como se estivessem viajando pelo espaço. O mesmo sistema que redefine nossas expectativas quanto à experiência de
funciona 54 como suporte para os cabides de roupas, que giram compra”, declaram os designers. (D.T.)
55

Danica O Kus
Mohamed Somji
Roland Halbe
Creative Family Shutterstockcom
Chris Coulter
¿QUÉ PASA?
LOUVRE DE ABU DHABI
Vencedor do Lighting Design Awards na categoria
Luz Natural, o projeto de BuroHappold Engineering para
o Louvre de Abu Dhabi tem inspiração nos efeitos de luz
natural característicos dos mercados típicos do Oriente
Médio, com suas variações constantes e o fenômeno dos
raios de sol se materializando ao incidir na poeira ou na
umidade excessiva no ar.
Com base nessa referência, a “chuva de luz” proporciona uma
experiência característica de espaços externos nos ambientes
internos do museu, que se inspira na arquitetura árabe e culmina
em um telhado abobadado em que oito camadas de padrões
geométricos abstratos permitem a passagem limitada da luz
solar, cujos movimentos naturais transformam os espaços.
O resultado só foi possível graças ao desenvolvimento do
projeto com base em um modelo em escala 1 : 1, que permitiu
a definição precisa da porosidade da cobertura, de forma a criar
um elevado contraste com a incidência solar, maximizando
a visualização dos raios. Posteriormente, a porosidade foi
modulada para garantir o máximo aproveitamento da luz
natural nas galerias e minimizar sua influência nas passagens
externas em razão do conforto térmico. Também foram
levadas em consideração as demandas e as normas referentes
à conservação, com base em uma matriz que equacionou a
contribuição de cada abertura para as superfícies destinadas a
obras de arte.
Nesse sentido, foi também intensa a colaboração com
os designers de luz artificial – do escritório 8’18” – e os
curadores do museu.
As aberturas voltadas para o céu estabelecem uma
conexão visual com o domo de cobertura. Por sua vez, as
aberturas verticais, além de oferecer vistas para o mar –
proporcionando momentos de pausa ao longo do percurso
–, iluminam os espaços intersticiais, criando um efeito
atrativo e, portanto, contribuindo para uma navegação
intuitiva do projeto de arquitetura assinado pelo Atelier
Jean Nouvel. (D.J.)
56 57

Imagens: cepezed, Lucas van der Wee
¿QUÉ PASA?
LUMINÁRIA URBANA
Em março deste ano, foi inaugurada uma estação de
ônibus autossuficiente na geração de energia elétrica, em
Tilburg, Holanda. Criada pelo escritório de arquitetura
cepezed com projeto luminotécnico do Atelier LEK, a
construção tem como destaque a cobertura translúcida
de ETFE (etileno tetrafluoretileno), que filtra a luz do sol
durante o dia. À noite, o elemento se transforma em uma
luminária que emite uma luz difusa e agradável.
Toda a energia consumida pelo edifício é gerada por
250 metros quadrados de painéis fotovoltaicos instalados
sobre sua cobertura. Em balanço, sustentada por uma
estrutura metálica esbelta, a cobertura parece flutuar
O projeto luminotécnico com tecnologia LED privilegia
a economia de energia elétrica e o conforto dos usuários
da estação. A membrana de ETFE atua como um grande
difusor, espalhando a luz.
Sensores de movimento, instalados nas vigas metálicas
a cada 14 metros, evitam o gasto desnecessário de energia,
já que, na presença de pessoas ou dos ônibus, os níveis
de luz são ajustados para alcançar a intensidade luminosa
desejável à tarefa visual.
A linguagem minimalista, livre de excessos, foi viabilizada
por soluções como as colunas metálicas delgadas, que
incorporam as instalações elétricas e pluviais, assim como
sobre o espaço das plataformas de ônibus.
as vigas. (V.F.)
58 59

Imagens: Fernando Alda
¿QUÉ PASA?
CALABOUÇO REPAGINADO
Parte do conjunto de palácios do Alcácer de Sevilha, na
Espanha, o Palácio do Rei Pedro I – mais conhecido como
Palácio Mudéjar – foi construído em 1364 sobre as ruínas
das fortificações utilizadas como residências pela dinastia
muçulmana abássida, destruídas durante a conquista de
Sevilha pelos cristãos. Os resquícios da antiga fortaleza
serviram de contenção para a construção das bases do
palácio, em cujos porões abobadados de tijolos podem ser
observados alguns traços daquela época.
O setor subterrâneo foi objeto de uma reforma no
século XVI, quando as aberturas existentes foram
ampliadas, melhorando as condições de ventilação no
espaço e permitindo uma conexão visual maior com
os históricos jardins renascentistas que fazem parte
do Alcácer. Após séculos sendo utilizado como área
de serviço, o porão encontrava-se fechado há algumas
décadas, até passar pela recente reforma conduzida pelo
escritório espanhol Reina & Asociados, que o transformou
em um espaço expositivo onde serão exibidas peças
arqueológicas pertencentes à coleção do Alcácer.
Considerado essencial para o entendimento da história da
construção do palácio, o porão passou por uma restauração
completa que manteve visíveis as camadas de tijolos do estilo
mudéjar, de influência ibero-muçulmana. O espaço recebeu
um novo piso de pedras naturais, que oculta as instalações e
condiciona o local para a visitação do público. Os arquitetos
optaram por criar uma lacuna em todo o perímetro do novo
piso, mantendo visíveis resquícios do pavimento original e
das pedras nas bases das paredes. Nesse vão foi instalado
um sistema linear de iluminação indireta que ressalta,
de maneira poética, as texturas originais e históricas da
construção. A iluminação artificial é complementada pela
luz natural abundante que entra através das aberturas, agora
envidraçadas, feitas na reforma do século XVI. (D.T.)
60 61

Hideaki Takahashi, Shiseido, teamLab (represented by Pace Gallery)
Hideaki Takahashi, teamLab (represented by Pace Gallery)
Hideaki Takahashi, Shiseido, teamLab (represented by Pace Gallery)
Hideaki Takahashi, Shiseido, teamLab (represented by Pace Gallery)
¿QUÉ PASA?
ECO
A mais nova instalação do coletivo de design japonês
teamLab, no Jewel Changi Airport, em Cingapura, dividese
em duas partes: Resonating Trees, no jardim Topiary Walk;
e Resonating Forest, exibida no Shiseido Forest Valley – o
icônico átrio do aeroporto, que conta também com a mais alta
cascata em áreas internas do mundo. Ambas as instalações
iluminam individualmente as árvores dos jardins com luzes
coloridas, influenciadas pela circulação dos visitantes. A
presença de uma pessoa faz a iluminação da árvore mais
próxima adquirir determinada cor, que ressoa pelas árvores
vizinhas em diferentes tons, de acordo com a altura em que
estão assentadas. De maneira muito sutil, a troca de cores
é acompanhada de uma suave atenuação da luz, antes que
volte a brilhar com intensidade total novamente, em sua nova
tonalidade. É como se as árvores estivessem respirando.
Uma mudança de cor originada do centro da floresta
significa que há alguém passando por aquele local. Dessa
forma, os artistas esperam que as pessoas se tornem mais
conscientes da presença de outros indivíduos no mesmo
espaço em que estão. (D.T.)
62 63

Imagens: Speirs + Major
4
1
5
6
¿QUÉ PASA?
TERCEIRA ERA DA LUZ
2
Third Age of Light é uma experiência única de realidade virtual,
criada pelo escritório britânico Speirs + Major, que explora e
discute a vivência dos espaços públicos noturnos de Londres em
um futuro próximo 1 .
Por meio de equipamento de realidade virtual, o visitante
acessa três diferentes áreas icônicas de Londres: South Bank 2 ,
com seu agito cultural; o hub de transportes de King’s Cross 3 e a
zona de parques de Primrose Hill 4 .
Em cada uma dessas zonas, em sua visualização do
futuro, diferentes temas são abordados por meio de reflexões
e especulações, buscando respostas a diversas questões
acerca de atitudes e comportamentos sociais e da influência
de novas tecnologias nas paisagens noturnas. Dentre os
15 temas, destacam-se: meio ambiente, comunidades,
redes 5 , mobilidade, energia 6 , trabalho, moda, bem-estar,
comunicação e cultura.
De forma sintética, a experiência noturna explorada no
trabalho pode ser descrita como uma experiência focada e
autônoma, ainda que variável e compartilhada; um mundo imerso
em mídias e luz, mas onde a escuridão retoma um papel tangível.
Essa Terceira Era da Luz sucede as eras anteriores, imaginada
a partir de uma evolução da compreensão de nossas
necessidades físicas, psicológicas, biológicas, sociais e
econômicas. Na Primeira Era da Luz, eram utilizadas lanternas
portáteis para criar iluminação; com tecnologia limitada,
o brilho de luzes funcionais discretamente pontuavam a
noite. Na Segunda Era da Luz, vimos o desenvolvimento
de sistemas industriais de iluminação pública a gás e
posteriormente a eletricidade, que resultaram em um uso da
luz geralmente pouco cuidadoso e despreocupado, levando
ao extenso desperdício de energia, à poluição luminosa, à
superiluminação e ao desrespeito às qualidades da noite.
Na Terceira Era da Luz, elevando novamente a luz artificial à
categoria de preciosa commodity, não mais como recurso inequívoco
e abundante, uma nova geração de técnicas e tecnologias surge
como resposta a novas formas de extensão do dia.
Após uma estreia bem-sucedida em Paris, França, em
novembro de 2017, uma versão atualizada da experiência esteve
instalada este ano na Royal Society of the Arts, em Londres,
Reino Unido. (Diana Joels, concepDUAL)
64 65
3

Ao lado, croquis conceitual que expressa a
intenção de que o pátio interno - ponto de
encontro dos 3 edifícios e gasômetros - fosse o
coração da composição luminosa. A partir do
ponto mais luminoso do projeto, a luz se revela
também na estrutura histórica.
LUZ COESA E
INTEGRADA
EM MÚLTIPLAS
ESCALAS
Texto: Diana Joels
Fotos: Peter Landers, James Newton e Speirs + Major
Ilustrações: Spiers+Major
Gasholders London é um projeto de edifícios de
apartamentos circunscritos em um conjunto triplo
das estruturas tombadas de antigos gasômetros na
zona de King’s Cross, em Londres, Reino Unido. É, portanto,
um projeto de arquitetura com características patrimoniais,
inserido em contexto urbano marcado por uma recente
renovação e um programa residencial privado. O projeto dos
edifícios, do escritório Wilkinson Eyre Architects, finalizado em
2018, expressa sensibilidade a todas essas esferas, por meio de
uma arquitetura contemporânea em harmonia com sua moldura
industrial histórica e seu entorno pulsante.
O projeto de iluminação, desenvolvido pelo escritório britânico
Speirs + Major – e premiado no FX Awards 2018 como Lighting
Design of the Year; no LIT Awards 2019 na categoria Heritage
Lighting; no Civic Trust Award 2019 e pelo IALD com o prêmio
Award of Excellence –, dialoga com essa complexidade de forma
potente, por meio de uma narrativa baseada em composições de luz
e sombra que se integra harmonicamente à arquitetura, tanto em
suas dimensões histórico-industriais quanto nas privado-residenciais.
66 67

As colunas foram iluminadas
por luminárias customizadas,
com mínimo impacto físico
e visual. Em cada uma delas,
foram especificadas nove
fontes de luz com diferentes
ópticas, de forma a conseguir
um controle preciso da luz,
tanto para a iluminação
desejada nas colunas quanto
para evitar emissão de luz
residual. As colunas do pátio
interno (imagem abaixo)
são iluminadas em toda a
circunferência. As das fachadas
não recebem luz na porção
interna, evitando contaminação
nos apartamentos.
Impossível falar desse projeto sem mencionar seu contexto.
A zona de King’s Cross, ao norte da estação de mesmo nome,
destaca-se por uma renovação recente, com a construção e a
restauração de edifícios para usos diversos, em uma antiga zona
industrial. Seu plano diretor de iluminação foi desenvolvido também
por Speirs + Major, em 2007, assim como diversos outros projetos
de destaque na região.
De acordo com Mark Major, essa situação é muito especial,
pois, ao desenvolver um plano diretor, um arquiteto ou um lighting
designer não pode ter expectativas concretas em relação aos
projetos específicos que serão desenvolvidos posteriormente por
diferentes profissionais dentro daquela zona. No entanto, nesse
caso, seu escritório teve a oportunidade de desenvolver projetos
dentro do marco de um plano diretor também desenvolvido por eles.
No caso dos edifícios dos Gasholders, Mark menciona que
a composição da luz foi uma oportunidade muito interessante
dentro do sítio de King’s Cross de unificar diversos fatores
cruciais naquela área: o aspecto da memória e o do registro
histórico-industrial, em relação ao qual, desde o plano diretor,
já estava definida a diretriz de não iluminar os edifícios novos,
mas enfatizar as características patrimoniais das estruturas
preexistentes. Também o aspecto simbólico, a partir da forma
emblemática da estrutura, configura-se como um marco de
referência na imagem urbana. Dessa forma, já estava definida
uma intenção muito enraizada de ênfase às estruturas dos
antigos gasômetros.
Particularmente, a estrutura que circunscreve os edifícios
residenciais acabou por receber um tratamento de cor clara na
composição arquitetônica em contraposição à estrutura de um
quarto gasômetro justo ao lado, o qual envolve o Gasholder
Park – também projeto de S+M, finalizado em 2015. No caso do
parque, a estrutura é preta e conduziu a um conceito de iluminação
que a trata como um remanescente, um fantasma, expresso em
uma composição muito mais poética e romântica do que a do
vizinho residencial. Na visão de Mark, a postura do projeto
de iluminação, em ambos os casos, é de enfatizar e reforçar a
mensagem existente, intrínseca à arquitetura, com sua força
própria. No caso do parque, a paisagem e o vazio são envoltos na
escuridão, vistos em silhueta; no caso dos edifícios, na moldura
histórica, para o uso residencial contemporâneo.
Nesse sentido, é bastante intrigante como a imagem
exterior do projeto consegue um resultado harmônico
entre a iluminação da estrutura e a iluminação interna dos
apartamentos, visível através das cortinas e das janelas.
Mark destaca que a multiplicidade de soluções, inerente
ao fato de serem unidades residenciais, é positivo, criando
uma colagem – uma imagem abstrata – estabilizada pela luz
da moldura, íntegra e legível. Por se tratar de um edifício
residencial, não foram propostas diretrizes para iluminação
dos espaços privados. No sentido inverso, a iluminação da
estrutura foi cuidadosamente projetada para não ocasionar
contaminação nos espaços interiores.
Nas colunas das fachadas, a luz ocorre apenas na porção
voltada para o exterior, evitando sua penetração nos apartamentos;
já no pátio interno do edifício, uma área comum, as colunas
recebem iluminação em toda a circunferência.
68 69

Nos pátios internos dos edifícios, a luz integrada nas sancas, ilumina as paredes com um sistema de branco dinâmico, equalizando
a luz artificial e à influência da luz natural, variando de 4.000 K durante o dia, a 2.700 K durante a noite. Tanto nas ilustrações
(na página ao lado, embaixo), quanto nas fotos, fica evidente como o espaço se transforma em relação à incidência da luz nas
superfícies verticais.
O pátio apresenta importância peculiar para o projeto como
um todo, pois é o ponto de contato entre os três edifícios. É visível
desde o exterior, através de vazios, e possui um espelho-d’água
e um paisagismo que criam um ambiente único, tratado pelo
projeto de iluminação como o coração da composição, tornandose
o ponto mais iluminado, por meio da iluminação da estrutura
metálica. Todas as superfícies verticais circundantes não são
iluminadas para criar contraste, dando ênfase à estrutura no
centro da composição.
Em se tratando da iluminação da estrutura, o escritório
enfrentou o clássico desafio de instalar equipamentos em
estruturas históricas e sua demanda por mínima intervenção
e discrição estética. A solução, muito engenhosa, resultou em
peças sob medida, com um sistema de fixação imantado, em
que nove fontes luminosas com diferentes ópticas produzem o
efeito de luz desejado.
Se a iluminação exterior se baseia na ênfase na estrutura
metálica, nos espaços internos das áreas comuns, a luz – também
majoritariamente oriunda de fontes integradas – se aplica
basicamente às superfícies verticais, de forma a criar ambientes
envolventes e conduzir o olhar para as enormes claraboias, que
permitem a entrada da enorme quantidade de luz natural. Para
sua harmonização com a iluminação artificial de cor quente – em
coerência com a natureza residencial do projeto e seus materiais
–, optou-se pela utilização de um sistema de branco dinâmico. A
intensidade de luz artificial mantém-se praticamente a mesma
ao longo do tempo, mas sua cor se adapta à luz natural.
Nas horas em que não há influência da luz do dia, a luz atinge
sua calidez máxima, proporcionada tanto pela luz indireta das
sancas quanto pela luz difusa de luminárias posicionadas ao lado
das portas de acesso aos apartamentos e também nos jardins
dos pátios internos.
70 71

As mesmas luminárias customizadas que aparecem nos pátios internos, e utilizam o vidro e o cobre para produzir uma luz muito
quente e difusa, podem ser vistas no terraço, que, propositalmente, tem baixo nível de luz, coerente com a atmosfera residencial,
e que permite desfrutar as vistas.
Na imagem do meio, uma visão externa do projeto tendo ao lado o Gasholder Park, com sua estrutura preta iluminada em silhueta
com temperatura de cor neutra, que se contrapõe à iluminação frontal de destaque com temperatura de cor morna da estrutura de
cor clara do projeto residencial. À direita, imagem do pátio interno, com a estrutura intensamente revelada pela iluminação. Abaixo,
detalhe da luminária customizada no terraço.
Mark Major menciona que nesse ambiente lhe parece
importante que o morador, ao sair de casa e ao voltar para casa,
experimente sensações diferentes. Obviamente, a luz do dia
criaria essa variação naturalmente. O que impressiona nesse
projeto é como a luz artificial equaliza e trabalha, criando um
senso de espacialidade diferente nessas duas oportunidades:
com a luz natural e sem a luz natural. No primeiro caso, o
vazio é percebido pela incidência da luz natural nos planos
verticais dos guarda-corpos; no segundo, pela dominância da
luz artificial, transferindo a verticalidade para os planos das
paredes e ampliando a sensação espacial.
As luminárias cilíndricas são os elementos de luz visíveis na
composição do projeto e imprimem uma qualidade para o espaço
que se relaciona com sua característica doméstica, ao mesmo
tempo que proporcionam uma luz cujas propriedades remetem
ao gás, dois aspectos simbólicos relevantes para a criação desse
ambiente residencial.
Esses elementos se repetem no terraço, onde a atmosfera
residencial coexiste com a estrutura histórica iluminada. Não
por acaso, Benz Roos – um dos lighting designers responsáveis
pelo projeto – menciona a questão da escala como central no
processo e para o resultado. É realmente impressionante como
o projeto produz um resultado coeso, orquestrando muito bem a
grandiosidade das fachadas e o intimismo dos espaços comuns
interiores. E é também na cobertura que essas duas escalas
coexistem, em um ambiente em que a pouca luz permite que se
admire a vista de King’s Cross e de Londres.
Essas duas escalas também falam das múltiplas experiências
do observador-usuário dos espaços: da urbana à residencial. Para
Roos, essa qualidade nesse projeto retrata uma das principais
características do trabalho realizado por S+M: a consideração
pela escala humana.
Mark Major entende que esse é um dos melhores projetos
realizados por seu escritório recentemente e menciona a
colaboração com os arquitetos como elemento-chave para o
sucesso do projeto, resultando em uma integração da luz que
potencializa a arquitetura.
Particularmente, diz que é um daqueles projetos cujo
resultado superou suas expectativas também em relação à
dificuldade de pré-visualizar toda a composição em um espaço
tão complexo. Vale destacar que toda essa complexidade foi
tratada por um projeto que prima pela orquestração de poucos
elementos, em uma narrativa cujo conjunto proporciona resultado
extremamente potente.
GASHOLDERS LONDON
Londres, Inglaterra
Projeto de iluminação:
Speirs + Major
Mark Major (titular)
Andrew Howis (in memoriam)
e Benz Roos Neville de Sa
Projeto de arquitetura e interiores:
Wilkinson Eyre Architects
Projeto de paisagismo:
Dan Pearson
Cliente:
King's Cross Central Limited Partnership
Fornecedores:
ACDC lighting, Architainment,
Mike Stoane Lighting e Optelma
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O projeto de interiores previu para o
teto da recepção do Hotel Four Seasons
um desenho concêntrico de pequenas
esferas transparentes luminosas sobre
um teto escuro e brilhante. Isso foi obtido
com muita engenhosidade, por meio da
utilização de uma tela tensionada de
acabamento preto brilhante como fundo,
perfurada por fibras ópticas que iluminam
individualmente as esferas de vidro. O
resultado, instigante, atende muito bem à
desejada ideia de “boas-vindas”.
EXUBERÂNCIA
BRASILEIRA
Texto: Gilberto Franco | Fotos: Filippo Bamberghi, Daniel Ducci
Em setembro de 2018, foi inaugurado, em São Paulo, o
primeiro hotel Four Seasons do Brasil. A torre, em dois
volumes, abriga embaixo o hotel e acima uma área de
residências privadas, operadas pela mesma rede.
Foi premissa do projeto que todos os acabamentos, materiais,
tecnologia e objetos deveriam ser nacionais, “resultando numa
grande oportunidade de pesquisa”, explica Ana Karina Camasmie,
titular do escritório Foco Luz & Desenho, encarregado do projeto
de iluminação do Four Seasons Residence e do hotel. O projeto
foi norteado pelos conceitos iniciais do escritório estadunidense
Lang Lighting. Fornecedores e fabricantes brasileiros tiveram de
oferecer e desenvolver o melhor de sua tecnologia e seu design
para atender aos rigorosos padrões da operadora, durante quatro
anos de projeto e desenvolvimento de mock-ups.
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Acima e à direita, painéis de tecido dourado com iluminação indireta, complementados pela luz das cortinas, emprestam iluminação
difusa ao ambiente do lobby e bar Caju. A iluminação nas garrafas cria o ponto focal da cena, complementada por abajures sobre o
tampo do bar e downlights no teto escuro, tudo ajustado e automatizado.
Abaixo, à direita, o restaurante, cuja iluminação foi cuidadosamente programada com diferentes cenas e intensidades, para atender
aos diversos horários de funcionamento, desde o café da manhã até jantares tardios.
LOBBY, BAR E RESTAURANTE
Ao entrar, encontramos um ambiente alto e longilíneo, tendo
à direita a recepção (falaremos dela posteriormente), um estar à
esquerda e o bar Caju SP à frente. Ao final, uma escada helicoidal
atua como ponto focal. Os acabamentos são escuros e brilhantes,
exceto por uma lateral de painéis de tecido dourado, com delicada
luz indireta, contraposta a cortinas do lado oposto, também
iluminadas, conjunto que proporciona conforto visual ao espaço.
Downlights de facho controlado complementam a iluminação.
Obras de arte, sujeitas a constante renovação pela curadoria,
receberam luminárias de fachos intercambiáveis.
O restaurante Neto, aberto de dia, à noite, e na madrugada,
exigiu diferentes cenários luminosos, alterando a luz em intensidade
e difusão, conforme o “mood” desejado. Até mesmo a cozinha,
aberta ao ambiente, participou da programação.
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ESCADA ESCULTÓRICA, CONVENÇÕES
Ao final do lobby, chega-se à escada helicoidal, cujo destaque
se dá por projetores embutidos no piso, complementados
por iluminação na lateral dos degraus, convidando os
hóspedes a entrar. No teto, três pendentes, compostos de
diversos cilindros de cobre, conferem forte referência simbólica
ao local, além de contribuir com a iluminação.
No foyer do ballroom (piso superior), um painel de azulejos,
iluminado por fachos assimétricos, traz caráter ao local. No
ballroom, cúpulas retangulares, distribuídas aleatoriamente,
dão vida ao espaço e escondem luminárias embutidas no forro
para iluminação direta. Uma malha regular de sancas esconde
grelhas de ar-condicionado e o sistema de iluminação indireta.
Acima, a escada escultórica, que liga o térreo
ao mezanino, iluminada por três conjunto
de pendentes cilíndricos, complementados
por um nicho luminoso com fitas de LED que
acompanha os degraus, convidando o hóspede
a percorrê-la.
À direita, acima, no foyer do ballroom, situado
no piso superior, um painel de azulejos é
iluminado por luminárias de facho assimétrico,
desenvolvidas especialmente para a aplicação.
Abaixo, a iluminação direta do ballroom,
feita por meio de downlights, é suavizada
por “cortinas” de pingentes translúcidos que
ocultam a visualização direta dos equipamentos
e emprestam difusão ao ambiente.
Originalmente os pingentes deveriam ser de
vidro, mas as lighting designers optaram por
executá-los em resina tingida e fosqueada, com
excelente resultado.
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Originalmente a decoração dos quartos previa abajures pretos nas camas e cor crua nos pedestais, mas o projeto de iluminação
optou pela inversão desses acabamentos , de modo a equilibrar os brilhos de forma mais convidativa.
À direita acima, volumes cilíndricos que avançam sobre a área da piscina receberam sutil iluminação em degradé através de sancas.
Abaixo, na recepção do spa, uma “chuva” de luz rasante ilumina o painel temático de madeira.
Dois abajures retangulares fazem a iluminação de trabalho e emolduram o ambiente.
QUARTOS
Para dinamizar a luminosidade do ambiente sem prejudicar
as funções, foram escolhidos abajures de cúpula crua para
junto das camas e preta para o pedestal de leitura.
Os banheiros, transparentes, receberam iluminação direta
e antiofuscante, de modo a minimizar interferências. Um
pendente difuso garante boa iluminação defronte ao espelho.
SPA / FITNESS CENTER
Logo na recepção do spa, fachos concentrados iluminam
um painel com uma composição de “bananas” feitas de
madeira escura, provocando brilhos em seus contornos.
Dois abajures emolduram o balcão defronte.
Na piscina, volumes cilíndricos recebem sutil
iluminação em seus capitéis, complementada por luz
geral indireta.
A DANÇA DAS COMPETÊNCIAS
O interesse do cliente no uso de materiais e tecnologia
locais, aliado a rigorosos parâmetros de conforto e qualidade
da luz, alavancou um grande esforço de pesquisa, devolvendo
um resultado em que técnica e criatividade se permeiam
mutuamente, alegrando os olhos do visitante.
FOUR SEASONS HOTEL
São Paulo, Brasil
Projeto de iluminação:
Concepção inicial:
Lang Lighting (Estados Unidos)
Projeto de iluminação:
Foco Luz & Desenho (Brasil)
Junia Azenha e Ana Karina Camasmie (arquitetas titulares)
Adriana Leite (arquiteta colaboradora)
Esther Stiller (arquiteta consultora)
Projeto de arquitetura:
Concepção inicial:
HKS Architects (Estados Unidos)
Desenvolvimento do projeto:
Aflalo e Gasperini (Brasil)
Projeto de interiores:
BAMO (Estados Unidos)
EDG (Estados Unidos)
Projeto de paisagismo:
Sérgio Santana Planejamento e Desenho da Paisagem (Brasil)
Cliente:
Iron House/Four Seasons
Fornecedores:
FASA Fibra Ótica, La Luminarias, Lumini, Lutron (Steluti) e
Tensoflex
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O BRILHO DA ROSA DO DESERTO
Vista diurna do Museu Nacional do Catar, inspirado na forma e na estrutura de uma rosa do deserto, ao mesmo tempo que reflete
a história do país. Segundo Jean Nouvel, “conta a história da península e de seus habitantes; apresenta os estilos de vida costeiros
e desérticos, bem como da indústria de pérolas; abrange a aceleração espetacular que deu ao reino, em apenas algumas décadas,
o poder e a prosperidade com que associamos o Catar hoje.”
Texto: Mariana Novaes | Fotos: Danica O. Kus
Inaugurado em março deste ano, o Museu Nacional do Catar,
projeto do Ateliers Jean Nouvel, teve sua arquitetura inspirada
nas formas de uma rosa do deserto – estrutura cristalina
formada por areia, água salgada e vento que ocorre naturalmente
na região. Sua principal característica é a justaposição de grandes
discos convexos, interseções e lajes em balanço.
Seus interiores apresentam aos visitantes, em quase 3 qui lômetros
de percurso, mais de 700 milhões de anos de história
natural e cultural da região do Golfo Pérsico. Volumes de grande
expressão emergem, com sequências de ambientes com pésdireitos
variados, algumas vezes evocando a intimidade de
tendas nômades, e outras, a vastidão do firmamento. A luz
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do dia penetra através de vãos em locais cuidadosamente
selecionados para filtrar a intensa insolação, a fim de cumprir
as diretrizes de conservação dos objetos expostos.
A qualidade, a sequência e a apresentação das exposições
criam temas em constante mudança e envolvem todos os
sentidos dos visitantes, que são praticamente absorvidos
pela abundância de impressões. A exposição é caracterizada
por uma sequência de artefatos, modelos e reproduções em
uma variedade de vitrines, complementada por projeções
de vídeo e exibição de obras. A iluminação desempenha um
papel sutil, mas significativo no espaço. Assim, o visitante se
move entre campos visuais que mal se sobrepõem.
O conceito do projeto de iluminação teve de levar em
conta essa progressão espacial de campos visuais expositivos,
exigindo uma forte orquestração entre as exposições e os
espaços. Por essa razão, foram consideradas duas camadas de luz
como solução: a primeira com uma iluminação geral, fornecida
por luminárias ajustáveis e com controle de antiofuscamento
posicionadas no forro; e a segunda com uma iluminação de
destaque, enfatizando os expositores por meio de pequenas
luminárias neles integradas, praticamente invisíveis.
As amplas geometrias espaciais e as proporções diversas da
exposição exigiam diferentes características fotométricas para as
luminárias embutidas ajustáveis. Foram utilizados três ângulos
diferentes de abertura de facho – fechado, médio e aberto –,
combinados com acessórios ópticos onde e quando necessários.
Estes incluem lentes esculturais para distribuição de luz elíptica
perto de paredes e grelhas honeycomb para grandes inclinações do
forro. Com cuidadoso controle antiofuscamento, o brilho das fontes
luminosas das luminárias dificilmente é visível em perspectiva.
Uma particularidade do projeto é a capacidade de ajuste das
luminárias por controle remoto. O equipamento é comandado
por sinal infravermelho, podendo ser orientado em mais ou
menos 35° e rotacionado em aproximadamente 175°. Isso não
só permite uma correção da cenografia de luz se as exposições
forem trocadas, mas, principalmente, fornece uma enorme
A temperatura de cor 3.000K foi usada em
todo o museu. Na página à esquerda, as
fontes de luz foram instaladas respeitando
uma distância específica das telas de projeção
para não diminuir o efeito das imagens. Os
expositores recebem iluminação de destaque
proveniente das luminárias embutidas no forro.
Acima à direita, objetos do cotidiano utilizados
para o transporte em camelos também são
destacados por luminárias embutidas no
forro. Abaixo à direita, artefatos cerâmicos
são dispostos verticalmente na vitrine e
destacados por mini projetores integrados ao
forro. Projeções e objetos são apresentados
harmonicamente, em igual importância visual.
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Ao lado, à esquerda, a vitrine de
vidro é destacada por luminárias
integradas no forro. Na imagem
do meio, uma das vitrines do reino
subaquático do habitat marinho,
também com iluminação integrada
e na cor azul como referência
ao fundo do mar. Abaixo, uma
projeção desenvolvida pelo
consultor multimídia Ducks em que
as criaturas marinhas em tamanho
original “mergulham na água do
mar”, que é suavemente ondulada
e infundida pela luz do sol, como
se estivessem sendo vistas por
mergulhadores. Os projetores
ficam invisíveis ao observador.
A iluminação destaca a expografia
com precisão, sem perturbar o
efeito da projeção.
Em alguns espaços, as vitrines se tornam grandes estantes em que a representação de animais de vários tamanhos coexistem
em compartimentos modulares. A iluminação é sempre integrada e modular: um perfil acomoda a passagem de cabos e
também miniprojetores e perfis lineares, os quais foram distribuídos de acordo com os objetos expostos.
simplificação do processo de focalização. Como resultado, essa
solução por controle remoto oferece um ajuste sofisticado,
sem complicações, abrangendo todos os tipos de exposição.
As vitrines expositoras do Museu Nacional do Catar são
tão diversas quanto os próprios espaços expositivos. Algumas
salas se transformam em instalações, outras configurações
as integram com paredes e pisos ou se transformam em
grandes mostruários que abrigam uma infinidade de objetos
e artefatos de tamanhos diferentes.
Para cada tipologia de vitrine, foi desenvolvida uma solução
de iluminação cuidadosamente adaptada a sua localização
e seu conteúdo. Os equipamentos de iluminação dentro
delas são modulares: um perfil acomoda o cabeamento, os
projetores em miniatura e as luminárias lineares. Outras
configurações envolvem luminárias que se conectam mecânica
e eletricamente a um trilho por meio de ímãs. Enquanto as
caixas de vidro, posicionadas livremente, são iluminadas
apenas por luminárias ajustáveis embutidas no forro, todos
os displays que formam uma interface com a arquitetura,
como tetos, pisos ou paredes, contêm fontes de luz ocultas.
Cada solução de iluminação é, portanto, cuidadosamente
adaptada a sua localização e seu conteúdo.
A relação finamente sintonizada de todos os componentes
lumínicos, como a esparsa – mas modeladora – luz natural,
a iluminação de destaque em conjunto com a iluminação
diferenciada das vitrines e as projeções multimídia criam
uma sequência sensorial que tocam o visitante durante todo
o seu percurso.
MUSEU NACIONAL DO CATAR
Doha, Catar
Projeto de iluminação:
Licht Kunst Licht
Martina Weiss e Stephanie Grosse-Brockhoff
(designers titulares)
Laura Sudbrock e Daniela Torres Toledo
(designers colaboradores)
Projeto de arquitetura e interiores:
Ateliers Jean Nouvel (França)
Philippe Charpiot e Nikola Radovanovic
(arquitetos coordenadores)
Projeto de arquitetura local:
QDC – Qatar Design Consortium (Catar)
Projeto de museografia:
Renaud Pierard Studio (França)
Exposições especiais:
Art+Com (Alemanha)
Opera (Holanda)
Cenografia de mídia:
Ducks Scéno (França)
Cliente:
Qatar Museums Authority
Fornecedores:
Corporate friends, iGuzzini,
RCL Remote Controlled Lighting e XAL
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O restaurante Giuseppe Grill teve
seus interiores revistos por meio
de um novo conceito de de iluminação,
com o desenvolvimento de detalhes
construtivos e cores novas no forro.
Todos com projeto do escritório
carioca LD Studio.
SOB A LUZ
Texto: Orlando Marques | Fotos: André Nazareth
"A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes
reunidos sob a luz. Nossos olhos são feitos para ver formas sob a
luz; as sombras e os claros revelam as formas...”
Le Corbusier. Por uma Arquitetura, 1923.
Nos últimos dez anos, a profissão de arquitetura de
iluminação tem passado por mudanças significativas.
A começar pela revolução da tecnologia das fontes
luminosas e de controle da luz, ferramentas indispensáveis para
o exercício da profissão, passando pelos avanços nas pesquisas
sobre luz, bem-estar e saúde e, consequentemente, na rotina
projetual e de negócios do profissional de projetos de iluminação.
Escritórios pioneiros na profissão, no Brasil e no exterior, vêm
discutindo incansavelmente os rumos da profissão em conferências,
encontros e associações profissionais de iluminação.
Não alheios a esse movimento, os arquitetos do escritório
carioca LD Studio vêm desenvolvendo estratégias para responder
a esse novo cenário de maneira criativa e profissional. Em 2017,
iniciaram um abrangente e detalhado processo interno, batizado
de “O Pulo”. Esse trabalho tem o propósito de transcender a prática
profissional e aumentar os níveis de felicidade de todos os envolvidos
nos projetos – desde os próprios profissionais do escritório, até
clientes e fornecedores, e, com isso, evidenciar a relevância da luz
e da iluminação no ambiente construído.
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OBRA DE ARTE
PASSE-PARTOUT
PAINEL DE MDF
FONTE LUMINOSA
REVESTIMENTO PINTADO
NA COR FENDI
FOLHEADO
DE MADEIRA
PRATELEIRA
EXISTENTE
FUNDO CÔNCAVO
REVESTIDO E
PINTADO NA
COR FENDI
PAREDE DE TIJOLO
CORTE
Acima, à esquerda, detalhe construtivo das molduras dos quadros, com iluminação integrada desenvolvido pelo LD Studio.
Ao lado, as obras de arte, ponto focal importante no conceito do projeto, foram iluminadas de duas maneiras: por meio de sistema linear
escondido na moldura de madeira e frontalmente, por meio de luminárias embutidas no forro, para lâmpada AR 111 LED, 12 W, 12°.
As imagens mostram o
restaurante antes e depois
da intervenção do novo
projeto do LD Studio.
É possível notar a diferença
entre o ambiente com ponto
focal definido e o ambiente
antes do novo projeto, com
iluminação mais uniforme.
Ao longo desses dois anos, Marcelo Torres, restarateur carioca,
vem experimentando os novos processos do LD Studio, por meio
de uma série bem-sucedida de projetos realizados juntos. No ano
passado, o empresário confiou nesse novo olhar do escritório e o
contratou para rever os interiores da casa de carnes Giuseppe Grill
Leblon, no Rio de Janeiro, unicamente por meio de um novo projeto
de iluminação, o qual deveria se sobrepor ou se ajustar ao projeto
original, também realizado pelo LD Studio em 2007.
O projeto teve como briefing “criar uma atmosfera sofisticada
e madura, que refletisse, não só esse novo olhar, mas também
acabamentos e materiais dos espaços”. O briefing transcendeu o
escopo inicial e, além do projeto de iluminação, coube ao estúdio
definir acabamentos e detalhes construtivos.
Durante o processo de análise para a criação do novo conceito,
foi identificada uma série de atributos próprios do Giuseppe Grill.
Dois deles se destacaram pelo caráter formal: a arte gastronômica
do restaurante e seu vasto acervo de obras de arte dedicado à
temática da tauromaquia, com trabalho de artistas contemporâneos
brasileiros como Anna Bella Geiger, Daniel Senise, Flavio-Shiró,
Luiz Áquila, Nelson Felix, Piti Tomé, Rubem Grilo, entre outros.
Assim, acentuar esses atributos tornou-se a principal abordagem
conceitual do projeto.
Com a intenção de formar um ambiente contrastado entre
“sombras e claros”, elaboraram-se dois conjuntos de pontos focais:
o de destaque da coleção de obras arte e o da gastronomia,
representado pelo destaque das mesas e das áreas de preparo de
comidas e de bebidas. O conceito foi reforçado pela pintura do forro
dos pés-direitos mais altos e da coluna em tom de cinza-escuro, com
o intuito de acentuar a percepção de contrastes entre os ambientes.
As obras de arte foram iluminadas individualmente por meio
de um engenhoso sistema de iluminação indireta e suave. Foram
criadas molduras de madeira, projetadas para esconder uma fonte
luminosa linear difusa, iluminando o que representa o passe-partout
do quadro. Dessa forma, as obras são rodeadas por um halo luminoso
que parece fazê-las flutuar no espaço, ampliando seu universo
pictórico. Além disso, cada trabalho é iluminado frontalmente por
fachos definidos de luz, provenientes de luminárias embutidas no
forro. Essa solução motivou o cliente a renovar as obras expostas
e, desde a reabertura do restaurante, apresenta uma nova coleção
de trabalhos de cartunistas brasileiros.
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À esquerda, durante
o dia, a iluminação
do restaurante é
difusa, intensa e mais
homogênea.
À noite, ao dimerizar
a claraboia, nascem
pontos luminosos
em seu firmamento.
O contraste entre
sombras e claros
é acentuado pela
criação de pontos
focais nas obras de
arte, nas mesas e nas
áreas de preparo de
comidas e bebidas.
À direita, o ambiente
mais reservado do
salão é uma síntese
do projeto: obra de
arte emoldurada e
acentuada pela luz,
mesas destacadas
por fachos precisos,
forro pintado de
cinza-escuro para
reforçar o contraste
das luminosidades e
claraboia com efeito
de luz de acordo com
o período do dia ou
da noite.
A gastronomia do restaurante, outro importante atributo do
lugar, é destacada por meio da iluminação individual das mesas. Já
as áreas para preparo de comidas e bebidas, como o bar, a cozinha e
a padaria, receberam iluminação por meio de luminárias decorativas,
algumas mantidas do projeto original, outras atualizadas.
Também reaproveitados do projeto original, grandes planos
luminosos horizontais junto ao forro – grandes claraboias – definem
dois ambientes do restaurante: a adega e a área de mesas mais
reservadas do salão. Durante o dia, os planos luminosos são uniformes
e intensos. À noite, a imagem criada nesses planos adquire vocação
artística: a luz uniforme é dimerizada, e pontos luminosos difusos,
distribuídos aleatoriamente, despontam em seus firmamentos,
formando um universo particular com forte apelo autoral.
No processo projetual do ambiente construído, o projeto de
iluminação é frequentemente designado como complementar ao
projeto de arquitetura. No caso do Giuseppe Grill Leblon, reformado
pela construção da luz, o projeto de iluminação passa a ser uma
espécie de céu, reunindo sob ele o mundo todo.
GIUSEPPE GRILL
Rio de Janeiro, Brasil
Projeto de iluminação:
LD Studio
Ana Paula de C. Laronga, Danielle Vale,
Gabriel Aracri e Mônica Luz Lobo
Cliente:
Marcelo Torres
Giuseppe Grill
Fornecedores:
A+Larong Iluminação, Ecklart, LEDPlus,
Lumicenter, Stella e O/M
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Nesta página, a área
do café foi iluminada
por meio de luminárias
lineares com dimensões
reduzidas, equipadas
com LEDs 29 W,
2.600 lm, 4.000 K,
com facho de 42°,
para iluminação geral
uniforme. O painel atrás
do balcão e os pilares
revestidos de madeira
foram valorizados por
meio de perfis flexíveis
de LEDs 8,5 W/m,
310 lm/m, 3.800 K.
A parede curva,
continuação do balcão,
foi destacada por meio
de luminárias com
óptica wallwasher,
com LED 21 W,
3.000 lm, 4.000 K.
No hall de entrada do
edifício foram adotadas
as mesmas soluções
para iluminação geral e
para destaque dos
pilares. Adicionalmente,
as superfícies verticais
que delimitam o espaço
foram iluminadas de
maneira rasante por
meio de luminárias
lineares com
LED 22 W/m,
2.000 lm/m, 4.000 K.
A fachada da Evolution Tower foi transformada em uma grande tela multimídia por meio da instalação de 3.600 módulos de LED RGBW
15 W, que podem ser controlados individualmente. As luminárias foram integradas à caixilharia no interior do edifício, tendo em vista que
o formato da construção inviabilizaria a fixação de andaimes para sua instalação do lado externo. Os módulos de LED foram dispostos de
maneira mais adensada entre o 40º e o 47º pisos, para permitir a exibição da logo da Transneft no topo do edifício.
(R)EVOLUÇÃO
Texto: Débora Torii | Fotos: Multivideo
A
ousada arquitetura da Evolution Tower, projetada pelo ser sua nova sede, o que resultou em uma série de grandes
estúdio internacional RMJM, é um marco na paisagem desafios, enfrentada – com maestria – pelo lighting designer
do Centro Internacional de Negócios de Moscou, croata Dean Skira, titular do Skira Architectural Lighting, durante
Rússia, desde 2014, quando foi concluída sua construção. Foi o processo de elaboração do projeto de iluminação.
somente em 2016, porém, que o edifício foi comprado pela Skira e sua equipe tinham como missão a realização de um
Transneft, a maior companhia de oleodutos do mundo, para projeto que comunicasse a grandiosidade da empresa e que,
ao mesmo tempo, fosse um símbolo nacional de eficiência
energética. Tal tarefa foi dificultada pelo fato de o edifício
já estar pronto e pela resistência à tecnologia LED naquele
momento, quando sua aplicação ainda não era tão comum
em espaços comerciais.
OS INTERIORES
O programa do edifício apresenta dezenas de tipologias
de sala, com distintos tamanhos e funções, cujos formatos
variam significativamente em decorrência da forma torcida
da estrutura. Isso levou a equipe de lighting designers à
realização de cálculos luminotécnicos para cada um dos
ambientes, em cada um dos 55 pavimentos do edifício,
para garantir que os níveis desejados de iluminância e de
uniformidade fossem atendidos em todos os espaços.
O projeto de iluminação propôs a utilização de uma
única tipologia de luminária em praticamente todo o edifício,
escolhida por oferecer diversas possibilidades ópticas e de
fluxos luminosos e pela baixa luminância em sua superfície,
garantindo alto nível de conforto visual.
Para minimizar contrastes e sombras nos ambientes de trabalho,
onde recursos de vídeo são muito utilizados em virtude da natureza
internacional da empresa, a iluminação geral foi complementada
pela iluminação vertical, realizada por equipamentos com óptica
tipo wallwasher. Solução similar foi adotada nas áreas comuns,
como no hall de entrada, onde as paredes são iluminadas de
maneira rasante por luminárias lineares com LEDs de alta potência.
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A sala de conferências foi iluminada por luminárias lineares de dimensões reduzidas, com LEDs 31 W, 2.760 lm, 4.000 K e facho
de 48°, complementadas por downlights circulares com LEDs 7,8 W, 700 lm, 4.000 K e facho de 36°, para destaque da divisória
revestida de madeira.
A sala de reuniões foi iluminada com equipamentos lineares da mesma família, com refletores de alto contraste, com LEDs 10 W,
920 lm, 4.000 K, e facho de 48°, evitando ofuscamentos e reflexos na tela ao fundo da sala.
A fachada envidraçada permite a ampla entrada de luz
natural no interior do edifício – até mesmo nas circulações, em
decorrência das divisórias de vidro dos espaços compartimentados.
Dessa forma, Skira propôs para as circulações um sistema duplo
com iluminação direta e iluminação tipo wallwasher, criando
um resultado uniforme e balanceado. Todas as luminárias
do edifício têm sua intensidade luminosa ajustada por meio
de sistema de automação de acordo com a iluminância da
luz natural no espaço. O sistema de controle utilizado – que
comanda também o sistema de persianas – possibilitou alcançar
a meta de consumo energético menor do que 5 W por metro
quadrado, solicitada pelo cliente.
A FACHADA
Um dos objetivos do projeto de iluminação era valorizar a
forma única do edifício durante a noite, transformando-o em uma
espécie de símbolo que se destaca das demais edificações do
entorno. Com a construção já concluída, os lighting designers
optaram por instalar a iluminação de fachada no interior do edifício.
Essa decisão contribuiu para o barateamento significativo da
solução – que não precisa ser robusta para resistir às condições
climáticas extremas do local – e para a redução dos custos
futuros com manutenção.
Skira desenvolveu um módulo de LED RGBW potente o
suficiente para que sua luz pudesse ser vista a distância e pequeno
o bastante para que pudesse ser instalado junto aos elementos
verticais que estruturam as persianas e a própria fachada. O
material e o acabamento escolhidos permitiram que as luminárias se
integrassem perfeitamente à estrutura existente. Os 3.600 módulos
podem ter suas intensidades luminosas e suas cores controladas
individualmente, permitindo a exibição de distintas imagens –
incluindo a logomarca da Transneft. Apesar de instalados do
lado interno da fachada, esses equipamentos não influenciam a
iluminação interna do edifício.
EVOLUTION TOWER
Moscou, Rússia
Projeto de iluminação:
Skira Architectural Lighting
Dean Skira (arquiteto titular)
Projeto de arquitetura:
RMJM, Kettle Collective
Projeto de interiores:
Elforma
IQ Architects
Cliente:
Transneft
Fornecedores:
iGuzzini e Lutron
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FOTO LUZ FOTO
JAMES NEWTON
O ponto de vista desta foto foi escolhido
para mostrar os vários níveis do átrio, bem como
sua forma circular. Ao posicionar a câmera a
um quarto da altura do átrio, consegui também
mostrar o piso, enfatizando a altura e a escala do
espaço. Isso permitiu uma visão clara de alguns
dos terraços da circulação, revelando, dessa
forma, a iluminação das sancas dos pavimentos,
e o paisagismo do pavimento térreo.
A foto foi tirada em vários momentos antes
do anoitecer, sob diferentes condições de luz
natural. Isso garantiu um bom equilíbrio entre
a luz quente da iluminação dos terraços e a
luz natural mais azulada – em contraste com
a iluminação dos interiores, de 2.800 K – e
também uma boa quantidade de luz natural
entrando pela claraboia.
Além de ajudar a definir a escala arquitetônica,
as pessoas na foto conferem presença
mais humana ao espaço, que, sem elas, pareceria
um ambiente bastante espartano.
A imagem final é uma composição de quatro
imagens em formato paisagem, montadas uma
sobre a outra para criar uma visualização ampla
única em formato retrato.
Essa técnica foi necessária para mostrar uma
grande área do átrio e, com isso, revelar a sua
escala, apesar do recuo restrito.
Utilizei uma câmera Nikon D850 com lentes
19 mm PC-E e f11/ISO 64/3 segundos.
James Newton é fotografo londrino especializado em
fotografia de arquitetura e de luz. Trabalhos realizados
no passado como lighting designer, deram a Newton
experiência e conhecimento.
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