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Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2019

Em sua edição número 71, que corresponde a 2019, o Estudo Econômico da América Latina e do Caribe consta de três partes. A primeira resume o desempenho da economia regional em 2018 e analisa sua evolução durante os primeiros meses de 2019, bem como as perspectivas para o ano em seu conjunto. Examina os fatores externos e internos que incidiram no desempenho econômico da região e analisa as características do crescimento econômico, bem como a evolução dos preços e do mercado de trabalho. Por último, destaca as características e alguns dos desafíos para as políticas macroeconômicas, num contexto caracterizado pela persistência de baixo crescimento econômico, alto grau de incerteza e crescentes complexidades no campo externo e menores espaços para a aplicação de políticas macroeconômicas.

Em sua edição número 71, que corresponde a 2019, o Estudo Econômico da América Latina e do Caribe consta de três partes. A primeira resume o desempenho da economia regional em 2018 e analisa sua evolução durante os primeiros meses de 2019, bem como as perspectivas para o ano em seu conjunto. Examina os fatores externos e internos que incidiram no desempenho econômico da região e analisa as características do crescimento econômico, bem como a evolução dos preços e do mercado de trabalho. Por último, destaca as características e alguns dos desafíos para as políticas macroeconômicas, num contexto caracterizado pela persistência de baixo crescimento econômico, alto grau de incerteza e crescentes complexidades no campo externo e menores espaços para a aplicação de políticas macroeconômicas.

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8 Resumo executivo<br />

Comissão Econômica para a <strong>América</strong> <strong>Latina</strong> e o <strong>Caribe</strong> (CEPAL)<br />

Quanto aos merca<strong>do</strong>s financeiros internacionais e às condições de financiamento,<br />

o perío<strong>do</strong> prolonga<strong>do</strong> de baixa volatili<strong>da</strong>de e condições financeiras frouxas observa<strong>do</strong><br />

até o fim de 2017 provocou um aumento considerável <strong>do</strong> endivi<strong>da</strong>mento, acompanha<strong>do</strong><br />

às vezes por uma maior assunção de riscos. No caso <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s emergentes, o<br />

aumento <strong>do</strong>s níveis de dívi<strong>da</strong> —que no primeiro trimestre de <strong>2019</strong> alcançou um recorde<br />

histórico equivalente a 216% <strong>do</strong> PIB dessas economias 1 — os deixou mais expostos<br />

a uma piora <strong>da</strong>s condições financeiras internacionais.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, apesar de no curto prazo se esperar — segun<strong>do</strong> os últimos<br />

anúncios — que a Reserva Federal e o Banco Central Europeu mantenham políticas<br />

monetárias expansivas, não podemos descartar novos episódios de deterioração <strong>da</strong>s<br />

condições de financiamento para os merca<strong>do</strong>s emergentes no resto <strong>do</strong> ano. Num<br />

cenário de aumento <strong>da</strong> aversão ao risco e redução <strong>do</strong>s fluxos de capitais para os<br />

merca<strong>do</strong>s emergentes, é possível que alguns países <strong>da</strong> região enfrentem maiores<br />

níveis de risco soberano e certa pressão em sua posição de reservas internacionais<br />

ou suas moe<strong>da</strong>s. As consequências para ca<strong>da</strong> um deles dependerão <strong>da</strong> exposição em<br />

termos de necessi<strong>da</strong>des de financiamento externo, <strong>da</strong> proporção <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> em dólares<br />

e <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> de curto prazo, cuja renovação teria que ser feita a um custo maior.<br />

A taxa de crescimento <strong>da</strong> liquidez global diminuiu de 8,8% em 2017 para 5,3%<br />

em 2018. Este comportamento é explica<strong>do</strong> pela diminuição <strong>da</strong> taxa de variação <strong>da</strong><br />

emissão de títulos (de 10% para 4,8% entre 2017 e 2018) e, em menor medi<strong>da</strong>, pela<br />

desaceleração <strong>do</strong> crédito bancário transfronteiriço (de 8,0% para 6,0%). Não obstante,<br />

o merca<strong>do</strong> de títulos mantém sua pre<strong>do</strong>minância no merca<strong>do</strong> creditício mundial: em<br />

2018 correspondia a 53% <strong>do</strong> total. No âmbito regional, as economias emergentes<br />

experimentaram uma que<strong>da</strong> mais pronuncia<strong>da</strong> <strong>da</strong> taxa de crescimento <strong>do</strong> crédito entre<br />

2017 e 2018 (de 10,5% para 6,1%) <strong>do</strong> que as economias avança<strong>da</strong>s (de 8,7% para 5,8%).<br />

O menor aumento <strong>da</strong> liquidez ocorreu num contexto de desalavancagem <strong>da</strong>s famílias<br />

e <strong>da</strong>s empresas não financeiras na grande maioria <strong>da</strong>s economias desenvolvi<strong>da</strong>s. O<br />

caso <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s representa uma exceção entre essas economias: a dívi<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s empresas não financeiras, de cerca de 122% <strong>do</strong> PIB em 2018, é a mais eleva<strong>da</strong><br />

registra<strong>da</strong> nesse país em quase sete déca<strong>da</strong>s e foi acompanha<strong>da</strong> de deterioração <strong>da</strong><br />

carteira de crédito.<br />

Nas economias emergentes também ocorreu um aumento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s empresas<br />

não financeiras a partir <strong>da</strong> crise financeira mundial, coincidin<strong>do</strong> com a implementação<br />

de políticas monetárias de expansão quantitativa nos países desenvolvi<strong>do</strong>s. No caso<br />

<strong>da</strong> <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>, a dívi<strong>da</strong> <strong>do</strong> setor corporativo não financeiro aumentou de 76 bilhões<br />

de dólares em 2009 para 229 bilhões em 2014, chegan<strong>do</strong> a 317 bilhões de dólares no<br />

primeiro trimestre de <strong>2019</strong>.<br />

As perspectivas de liquidez mundial para <strong>2019</strong> serão determina<strong>da</strong>s, além <strong>do</strong> grau<br />

de agravamento ou enfraquecimento <strong>da</strong>s tensões geopolíticas (inclusive as tensões<br />

comerciais entre a China e os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s), por três fatores: o crescimento mundial,<br />

a postura monetária <strong>do</strong>s grandes bancos centrais e o endivi<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s empresas<br />

não financeiras.<br />

Frente a este contexto mundial, prevê-se que o déficit em conta corrente médio se<br />

manterá em torno de 2% <strong>do</strong> PIB regional (após registrar 1,9% em 2018 e 1,4% em 2017).<br />

Isto é resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> forte diminuição <strong>do</strong> superávit <strong>da</strong> balança de bens projeta<strong>do</strong> para <strong>2019</strong>:<br />

espera-se que este seja nulo. A diminuição <strong>do</strong> superávit de bens reflete a estagnação<br />

<strong>da</strong>s exportações e um leve aumento <strong>da</strong>s importações. Por sua vez, os outros três itens<br />

<strong>da</strong> conta corrente (rendimentos, serviços e transferências) melhorarão levemente.<br />

1<br />

Segun<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Instituto de Finanças Internacionais (IIF), Global Debt Monitor [base de <strong>da</strong><strong>do</strong>s on-line] https://www.iif.com/<br />

Research/Capital-Flows-and-Debt/Global-Debt-Monitor [<strong>da</strong>ta de consulta: 15 de julho de <strong>2019</strong>].

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