GAZETA DIARIO 944
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Foz do Iguaçu, segunda-feira, 12 de agosto de 2019<br />
IMPRENSA LIVRE<br />
Cidade<br />
03<br />
Revista Crusoé revela como era gasto o<br />
dinheiro da Itaipu nas antigas diretorias<br />
Ao assumir a gestão, o general Joaquim Silva e Luna implantou a austeridade no uso dos recursos da binacional<br />
Da redação<br />
Reportagem<br />
A edição do final de semana<br />
da Crusoé revela<br />
como era gasta uma parte<br />
dos recursos da Itaipu até o<br />
início da nova gestão em<br />
2019. As informações chamaram<br />
a atenção da imprensa<br />
após o presidente Jair<br />
Bolsonaro assinar uma portaria<br />
substituindo o diretor<br />
jurídico da binacional, Cezar<br />
Ziliotto, pela servidora<br />
de carreira Mariana Favoreto<br />
Thiele. Ninguém explicou<br />
os motivos até então.<br />
Em reportagem assinada<br />
pelos jornalistas Caio<br />
Junqueira e Mateus Coutinho,<br />
intitulada "Usina de<br />
Mordomias", a Crusoé informa<br />
que os ministros das<br />
mais altas cortes da Justiça<br />
do país viajaram pelo<br />
Brasil e exterior com passagens<br />
e hotéis pagos pela<br />
Itaipu. A "farra" acabou<br />
com a posse do novo diretor-geral,<br />
general Joaquim<br />
Silva e Luna.<br />
Ao assumir a direçãogeral<br />
brasileira da hidrelétrica,<br />
Silva e Luna adotou uma<br />
linha de austeridade no cumprimento<br />
de sua missão:<br />
gerir bem Itaipu, melhorando<br />
o emprego do uso de recursos<br />
como uma<br />
ação de responsabilidade<br />
e de respeito<br />
ao consumidor<br />
que paga a conta<br />
da energia elétrica.<br />
O ritmo de trabalho<br />
calcado na moralidade<br />
incluiu<br />
corte de gastos e<br />
aplicação dos re-<br />
Foto: reprodução<br />
cursos em obras<br />
estruturantes,<br />
como a segunda<br />
ponte com o Paraguai<br />
e a Avenida<br />
Perimetral Leste.<br />
Até então, de<br />
acordo com a revista,<br />
a mordomia<br />
"corria solta" na<br />
binacional. Segundo<br />
a Crusoé, a Itaipu<br />
tinha virado uma "generosa<br />
fonte de recursos para<br />
bancar a doce vida de altas<br />
autoridades do Judiciário<br />
em eventos pelo mundo".<br />
Entre os "beneficiados"<br />
estão "ministros do STF,<br />
STJ e TST, além de tribunais<br />
regionais federais e de<br />
tribunais estaduais".<br />
Capa da Crusoé traz denúncia<br />
envolvendo ministros das mais altas<br />
cortes da Justiça<br />
Contexto<br />
Os jornalistas lembram<br />
que, desde 2013, a empresa<br />
desembolsou pelo menos<br />
R$ 16 milhões para eventos<br />
jurídicos diversos. "O<br />
dinheiro que saía dos cofres<br />
de Itaipu custeou dezenas<br />
e dezenas de passagens em<br />
classe executiva para os<br />
Estados Unidos e a Europa<br />
e hospedagem em hotéis<br />
estrelados. Também foi usado<br />
para pagar palestras proferidas<br />
por magistrados."<br />
A lista obtida pela Crusoé<br />
inclui magistrados que<br />
de alguma forma tiveram<br />
despesas custeadas pelos<br />
cofres de Itaipu. São "seis<br />
dos onze ministros do Supremo<br />
Tribunal Federal: o<br />
atual presidente da corte,<br />
Dias Toffoli, Alexandre<br />
de Moraes,<br />
Luiz Fux, Gilmar Mendes,<br />
Marco Aurélio<br />
Mello e Ricardo<br />
Lewandowski".<br />
Envolvimento<br />
A reportagem mostra<br />
ainda como beneficiado<br />
o presidente do<br />
Superior Tribunal de<br />
Justiça, "João Otávio<br />
de Noronha, e outros<br />
18 ministros da corte".<br />
O ministro Ricardo<br />
Lewandowski também<br />
é citado na matéria,<br />
pois viajou no ano passado<br />
com a mulher,<br />
Yara de Abreu Lewandowski,<br />
para Lisboa.<br />
"Em Portugal, o casal<br />
visitou outras cidades até<br />
que, em 4 de julho, seguiu<br />
para Madri. Três dias depois,<br />
eles seguiram para<br />
Londres, em 7 de julho", informam<br />
os jornalistas. De<br />
acordo com o texto, foi de<br />
lá que partiu o voo do casal<br />
de volta para o Brasil,<br />
em 21 de julho, com tudo<br />
bancado com recursos de<br />
Itaipu, "sob o argumento<br />
de patrocinar o Seminário<br />
de Verão realizado na Universidade<br />
de Coimbra".<br />
"Aliado"<br />
A Crusoé destaca que as mordomias eram<br />
facilitadas porque as "excelências<br />
convidadas", além das entidades que as<br />
convidavam, tinham na Itaipu um aliado.<br />
"Trata-se de Cezar Ziliotto, nomeado em 2013<br />
para o cargo de diretor-jurídico da binacional.<br />
A nomeação foi assinada pela então<br />
presidente Dilma Rousseff."<br />
De acordo com a reportagem, a boa vontade<br />
do diretor nos convênios com entidades<br />
jurídicas o aproximou, primeiro, de Gilmar<br />
Mendes, dono do IDP. "Depois, ele ficou<br />
próximo também de Dias Toffoli." Os dois<br />
ministros, ainda segundo a revista, acabaram<br />
transformando-no numa espécie de afilhado<br />
político em Brasília.<br />
"Quando Michel Temer chegou ao poder, em<br />
2016, houve uma corrida pelo cargo, mas<br />
Ziliotto foi mantido." Ao ser questionado pela<br />
reportagem, Ziliotto disse que "inexistem<br />
mordomias. Itaipu sempre teve uma política<br />
de incentivo à promoção de iniciativas<br />
culturais, sociais e jurídicas".<br />
Em reposta à revista, a Superintendência de<br />
Comunicação da Itaipu informa que "todos os<br />
contratos e convênios sem aderência à<br />
missão de Itaipu foram cancelados ou não<br />
renovados na gestão do general Silva e Luna".<br />
Nova diretoria de Itaipu vem reduzindo gastos<br />
desnecessários e mantendo somente os que<br />
integrem a missão institucional da usina<br />
Foto: Rubens Fraulini/Itaipu