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GAZETA DIARIO 944

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14 Foz do Iguaçu, segunda-feira, 12 de agosto de 2019<br />

Nacional<br />

ECONOMIA<br />

Bolsa Família reduziu 25% da taxa<br />

de extrema pobreza, aponta IPEA<br />

Especialista aponta eficiência do programa para chegar aos mais pobres<br />

Gilberto Costa<br />

Repórter da Agência Brasil<br />

O Programa Bolsa Família<br />

reduziu as taxas de extrema<br />

pobreza em um quarto (25%) e<br />

de pobreza em 15%. A conta é<br />

do Instituto de Pesquisa Econômica<br />

Aplicada (IPEA) que<br />

analisou a evolução das condições<br />

de vida dos mais pobres<br />

entre os anos de 2001 e 2017.<br />

"Em 2017, as transferências<br />

do programa retiraram 3,4 milhões<br />

de pessoas da pobreza extrema<br />

e 3,2 milhões da pobreza",<br />

descreve estudo publicado<br />

esta semana e disponível na internet.<br />

Os dados sobre a renda<br />

dos mais pobres foram obtidos<br />

nas Pesquisas Nacionais por<br />

Amostra de Domicílios<br />

(PNAD/IBGE), que eram bianuais<br />

e a partir de 2016 passaram<br />

a ser contínuas.<br />

Somados, os contingentes<br />

de pessoas que se beneficiaram<br />

com essa mobilidade de classe<br />

(6,5 milhões) equivalem à população<br />

do Maranhão (Censo de<br />

2010). No total, o Bolsa Família<br />

transfere recursos a 14 milhões<br />

de famílias ou 45 milhões de pessoas,<br />

número semelhante a de<br />

toda população da Argentina.<br />

Para Luiz Henrique Paiva,<br />

especialista em políticas públicas<br />

e um dos autores do estudo,<br />

o Bolsa Família "é um instrumento<br />

muito bom para reduzir<br />

a pobreza. Ele não é só não é<br />

mais efetivo porque ainda é modesto",<br />

opina fazendo referência<br />

à média de R$ 188 que cada<br />

família recebe.<br />

O Programa Bolsa Família reduziu as taxas de<br />

Liberalismo econômico<br />

Paiva reconhece que o Bolsa<br />

Família é um programa inspirado<br />

nas correntes do liberalismo<br />

econômico. "O programa é<br />

na sua natureza um programa<br />

liberal. É focalizado nos mais pobres,<br />

transfere quantias modestas,<br />

custa pouco para o país<br />

(0,4% do Produto Interno Bru-<br />

extrema pobreza no país<br />

to, PIB, que é a soma de todas as<br />

riquezas produzidas no país).<br />

Não é de espantar que economistas<br />

liberais, como o ministro<br />

[da Economia] Paulo Guedes,<br />

gostem e conheçam as avaliações<br />

do programa".<br />

Segundo o especialista, o<br />

foco na população mais pobre<br />

aumenta a eficiência do programa.<br />

Outra vantagem é o custo.<br />

Ele estima que o programa este<br />

ano chegue a R$ 33 bilhões, com<br />

o pagamento anunciado da 13ª<br />

prestação aos segurados — assim<br />

como o 13º salário dos trabalhadores<br />

formais. O valor<br />

equivale a menos de 1% do Orçamento<br />

Geral da União em<br />

2019 (R$ 3,38 trilhões), aprovado<br />

pelo Congresso Nacional<br />

em dezembro do ano passado.<br />

Além da redução da pobreza,<br />

o Bolsa Família teria contribuído<br />

para a diminuição de<br />

10% da desigualdade, calculada<br />

pelo coeficiente de Gini, indicador<br />

que mede a distância<br />

entre a distribuição real e ideal<br />

da riqueza.<br />

Recessão<br />

Luiz Henrique Paiva admite, no<br />

entanto, que nos últimos anos, após<br />

a recessão econômica. houve piora<br />

no quadro social, por causa do<br />

desemprego e o programa não foi<br />

suficiente para evitar essa<br />

situação. "Quando tem muito<br />

desemprego, há muitas pessoas<br />

sem renda. O Bolsa Família é um<br />

programa de complementação e<br />

não de substituição de renda",<br />

aponta.<br />

Ele acredita que o Bolsa Família<br />

tenha vida longa. "Há literatura<br />

sobre isso: programas sociais que<br />

são efetivos e alcançam muita<br />

gente tendem a ter robustez<br />

tendem à resiliência, a resistir ao<br />

longo do tempo."<br />

Paiva acrescenta que "todos os<br />

países ricos têm um programa de<br />

transferência para a população<br />

mais pobre. Não importa quanto o<br />

país vai crescer. Sempre vai ter um<br />

programa, de orçamento<br />

relativamente modesto, tentando<br />

encontra aquelas famílias mais<br />

pobres — especialmente as com<br />

crianças — para fazer alguma<br />

transferência a elas".<br />

"É um mecanismo que veio para<br />

ficar. Infelizmente há sempre uma<br />

categoria de excluídos e você fazer<br />

transferência para que as crianças<br />

possam comer, estudar, gozar de<br />

saúde e ter a chance de se tornar<br />

trabalhadores atividades", projeta.

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