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A corrida da paixão<br />
Granfino corre no carro<br />
Você no seu alazão<br />
Eu vou pra minha fazenda<br />
Esperar lá no portão<br />
Quem dos dois chegar primeiro<br />
Vai ganhar meu coração<br />
Ele calibrou os pneus<br />
Apertou bem as arruelas<br />
Eu ferrei o meu cavalo<br />
Que tem asas nas canelas<br />
O granfino entrou no carro<br />
Pulei em cima da sela<br />
Ele funcionou o motor<br />
E fechou bem as janelas<br />
Chamei o macho na espora<br />
Bem por baixo das costelas<br />
Eu entrei pelos atalhos<br />
Pulando cerca e pinguela<br />
Quando terminou o asfalto<br />
Ele entrou numa esparrela<br />
Numa estrada boia<strong>de</strong>ira<br />
Toda cheia <strong>de</strong> cancela<br />
Cheguei no portão primeiro<br />
Dei um beijo na donzela<br />
Quando o granfino chegou<br />
Eu já estava nos braços <strong>de</strong>la<br />
O progresso é coisa boa<br />
Reconheço e não discuto<br />
Mas aqui no meu sertão<br />
Meu cavalo é absoluto<br />
Foi Deus e a natureza<br />
Que criou esse produto<br />
Essa vitória foi minha<br />
E do meu cavalo enxuto<br />
A menina hoje vive<br />
Nos braços <strong>de</strong>ste matuto<br />
‣ 27. PEÃO*<br />
Diga você me conhece<br />
Já fui Boia<strong>de</strong>iro<br />
Conheço essas trilhas<br />
Quilometros e milhas que vem e que vão<br />
Pelo alto sertão que agora<br />
Se chama não mais <strong>de</strong> sertão<br />
Mais <strong>de</strong> terra vendida civilização<br />
Ventos que arrombam janelas e Arrancam<br />
porteiras<br />
Espora <strong>de</strong> prata riscando as fronteiras<br />
Que nem teu cavalo maculando farto<br />
Andando ligeiro um abraço apertado e<br />
Um suspiro dobrado não tem mais sertão<br />
Os caminhos mudam com o tempo<br />
Só o tempo muda um coração<br />
Segue seu <strong>de</strong>stino boia<strong>de</strong>iro<br />
Que a boiada foi no caminhão<br />
A fogueira a noite, re<strong>de</strong>s no galpão<br />
O paiero a moda o mate a prosa<br />
Saga a sina o causo e<br />
Onça tem mais não oh! Peão<br />
Tempos e vidas compridas<br />
Pó, poeira e estrada<br />
Histórias contidas nas encruzilhadas<br />
E noites perdidas no meio do mundo<br />
Mundão cabeludo on<strong>de</strong> tudo e floresta<br />
E campinas silvestres mundão caba não<br />
Sabido um bom viajante nada e distante<br />
Pro bom companheiro<br />
Não conta dinheiro<br />
Existe uma vida uma vida vivida<br />
Sentida e sofrida <strong>de</strong> vez por inteiro<br />
Que esse é o preço por eu ser brasileiro<br />
Os caminhos mudam com o tempo<br />
Só o tempo muda um coração<br />
Segue seu <strong>de</strong>stino boia<strong>de</strong>iro<br />
Que a boiada foi no caminhão<br />
A fogueira a noite, re<strong>de</strong>s no galpão<br />
O paiero a moda o mate a prosa<br />
Saga a sina o causo e<br />
A onça tem mais não oh! Peão<br />
‣ 28. HOMENS DE PRETO*<br />
Os homens <strong>de</strong> preto trazendo a boiada Vem<br />
rindo, cantando, dando gargalhada<br />
BOIADEIROS<br />
Tenda Caboclo Sete Cachoeiras 141