GAZETA DIARIO 937
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Foz do Iguaçu, sábado e domingo, 3 e 4 de agosto de 2019<br />
ANIMAL ATROPELADO<br />
Cidade<br />
11<br />
Após cirurgia de quatro horas, onça-parda passa<br />
bem e volta ao Refúgio Biológico de Itaipu<br />
Procedimento aconteceu no campus de Palotina da Universidade Federal do Paraná; animal foi recebido pela Itaipu em 25 de julho<br />
DI Itaipu<br />
Reportagem<br />
Mais um capítulo foi<br />
escrito na recuperação da<br />
onça-parda (Puma concolor)<br />
macho que chegou<br />
ao Refúgio Biológico Bela<br />
Vista em estado grave de<br />
saúde no dia 25 de julho.<br />
Na última quarta-feira<br />
(31), o animal passou<br />
por um procedimento cirúrgico<br />
de 4,5 horas no<br />
hospital veterinário da<br />
Universidade Federal do<br />
Paraná (UFPR), campus<br />
de Palotina, por uma<br />
equipe da UFPR e da Divisão<br />
de Áreas Protegidas<br />
da Itaipu — o médico-veterinário<br />
Pedro Henrique<br />
Teles e o biólogo Marcos<br />
de Oliveira.<br />
De acordo com Pedro<br />
Teles, a cirurgia foi concluída<br />
com sucesso, com<br />
prognóstico favorável.<br />
"Houve pouca perda sanguínea,<br />
não ampliando<br />
ainda mais a anemia em<br />
que o animal se encontrava",<br />
informou. Segundo<br />
ele, o foco da fratura foi<br />
estabilizado com auxílio<br />
de duas placas bloqueadas<br />
e um pino intramedular.<br />
"Para auxílio na<br />
formação de calo ósseo foi<br />
realizado, ainda, o implante<br />
de tecido ósseo retirado<br />
do próprio animal."<br />
Após o procedimento<br />
cirúrgico, foram feitas<br />
novas radiografias que<br />
confirmaram o bom posicionamento<br />
ósseo. Pedro<br />
conta que nestas radiografias<br />
foram encontrados<br />
cinco pequenos projéteis<br />
de chumbo na face,<br />
no pescoço e no tórax da<br />
onça, indicando que ela<br />
possa ter sido alvejada<br />
por algum caçador no<br />
passado. Como os projéteis<br />
foram encapsulados<br />
e cicatrizados, optou-se<br />
por não retirá-los.<br />
A onça-parda foi, então,<br />
reencaminhada ao<br />
hospital veterinário do<br />
RBV, em Foz do Iguaçu,<br />
aonde chegou acordado<br />
e em alerta. Ela permanecerá<br />
por um período<br />
pós-cirúrgico de 60 dias<br />
em espaço pequeno, com<br />
restrição dos movimentos,<br />
para evitar a desestabilização<br />
da fratura e<br />
favorecer a remodelação<br />
óssea. "Os analgésicos<br />
serão dados via oral, já<br />
que a onça passou a se<br />
alimentar de forma voluntária",<br />
afirmou Pedro<br />
Teles.<br />
Sobrevivente<br />
A onça-parda chegou<br />
ao RBV inconsciente e<br />
em estado grave de saúde,<br />
no último dia 25 de<br />
julho, encaminhada pela<br />
Polícia Ambiental de Foz<br />
do Iguaçu. A informação<br />
é que ela tinha sido atropelada<br />
na rodovia BR-<br />
163, km 322, entre as cidades<br />
de Mercedes e Guaíra,<br />
no Oeste do Paraná.<br />
A região fica próximo à<br />
Faixa de Proteção Ambiental<br />
da Itaipu, de onde,<br />
provavelmente, o animal<br />
saiu.<br />
Os primeiros procedimentos<br />
foram fazer radiografias,<br />
que constataram<br />
a fratura na pata traseira<br />
direita (membro pélvico<br />
direito) e uma lesão<br />
no pulmão. A onça teve<br />
ainda traumatismo craniano,<br />
um corte na lateral<br />
direita da face, um canino<br />
quebrado e sofria de<br />
anemia. O felino passou<br />
por ultrassom e análise de<br />
sangue e foi levado à ala<br />
de internação do hospital<br />
veterinário.<br />
Segundo Pedro Teles,<br />
a prioridade do tratamento<br />
foi estabilizar o animal<br />
e reduzir uma hemorragia<br />
cerebral. Foram aplicados<br />
analgésicos para diminuir<br />
a dor gerada pelas<br />
várias lesões, e houve o<br />
cuidado com a hidratação<br />
da onça, devido à perda<br />
de sangue e ao fato de o<br />
animal não ingerir líquidos<br />
espontaneamente.<br />
Procedimento cirúrgico na onça-parda foi um sucesso<br />
Fotos: equipe RBV<br />
Animal permanecerá por um período pós-cirúrgico<br />
de 60 dias em espaço pequeno, com restrição dos<br />
movimentos, para evitar a desestabilização da<br />
fratura e favorecer a remodelação óssea<br />
Contra o relógio<br />
Embora fosse necessário<br />
esperar a evolução do<br />
quadro clínico do animal<br />
para realizar a cirurgia,<br />
o procedimento não poderia<br />
demorar muito porque,<br />
com o tempo, iniciase<br />
um processo de fibrose<br />
na região fraturada, o<br />
que poderia dificultar a<br />
futura operação.<br />
De acordo com o médico-veterinário<br />
do RBV, a<br />
cirurgia foi a única forma<br />
de fazer que o animal se<br />
recupere plenamente. "Por<br />
ser uma espécie bastante<br />
musculosa e forte, qualquer<br />
forma mais conservadora<br />
como talas e bandagens<br />
não surtiriam efeitos<br />
positivos", concluiu.