PLANO ESTRATÉGICO PARA AS CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO NO TOCANTINS (2)

26.07.2019 Views

SOJA E MILHO PLANO ESTRATÉGICO PARA AS CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO NO ESTADO DO TOCANTINS 2018 - 2027

SOJA E MILHO<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027


soja e milho<br />

Volumes 1 e 2<br />

carne Bovina<br />

Volume 3<br />

arroz<br />

Volume 4<br />

silvicultura<br />

Volume 5<br />

piscicultura<br />

Volume 6


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

soja e milho<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027<br />

1“ edição<br />

Palmas, 2018


ficha catalográfica<br />

F293s<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Soja e milho: plano estratégico para as cadeias produtivas do agronegócio<br />

no Estado do Tocantins: 2018 - 2027 / José Roberto Fernandes, Marcos Fava<br />

Neves (Coordenadores). – Palmas, TO : Sistema FIETO, 2018.<br />

202 p. : il.<br />

ISBN : 978-85-60759-40-8<br />

1. Economia agrícola - Tocantins. 2. Produtos agrícolas – Tocantins. 3. Soja. 4.<br />

Milho. I. Fernandes, José Roberto. II. Neves, Marcos Fava. III. Título.<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Rosana Maria Santos de Oliveira Corrêa<br />

Bibliotecária CRB2-810<br />

CDD: 338.1098117<br />

O presente plano foi elaborado com recursos financeiros do Fundo de<br />

Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Tocantins, através do<br />

Termo de Colaboração Nº 508/2016 celebrado entre o Governo do Estado do<br />

Tocantins, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura e a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong><br />

PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO - CDE<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

Roberto Magno Martins Pires Presidente<br />

FIETO - EQUIPE TÉCNICA<br />

José Roberto Fernandes Coordenador<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Lisia Daniella Lustosa Ferro<br />

Wandemberg Pereira Rodrigues<br />

Karolina Gonçalves de Sousa<br />

CONSULTORIA – MARKESTRAT<br />

Marcos Fava Neves Coordenador<br />

Tássia Gerbasi<br />

Flávio Ruhnke Valério<br />

Patrícia Milan Rodrigues Alves<br />

Carla Cristina Martoni Pereira Gomes<br />

Letícia Franco Martinez<br />

Giulia Machado Agostini<br />

Eduardo Garcia Filho<br />

Pedro Galvão Caserta<br />

Vinícius Verdu de Oliveira<br />

REVISÃO<br />

Zenilda Drumond<br />

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO<br />

Bonina Comunicação<br />

FIETO / Governo do Estado do Tocantins © 2018


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – FIETO<br />

DIRETORIA: QUADRIÊNIO 2016 - 2020<br />

Presidente<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

1º Vice-Presidente<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

Vice-Presidentes<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Charles Alberto Elias<br />

Luciano de Carvalho Rocha<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Oswaldo Stival Júnior<br />

Primeiro Secretário<br />

Claudizete Carneiro Santos<br />

Segundo Secretário<br />

Mário de Castro Pillar<br />

Primeiro Tesoureiro<br />

Walter Atta Rodrigues Bittencourt Júnior<br />

Segunda Tesoureira<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo<br />

Suplentes da Diretoria<br />

Cabral Santos Gonçalves<br />

Diego Teodoro Carvalho Alba Garcia<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomem<br />

Gliner de Souza Borges<br />

Marco Antônio de Faria Cunha<br />

Wilmar Oliveira de Bastos<br />

Luiz Carlos Alves de Oliveira<br />

Jacques José de Barros<br />

Francisco Monteiro de Souza Filho<br />

Ailton dos Santos Queiroz<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Membros Efetivos<br />

José de Souza Vasque<br />

José Febrônio da Silva<br />

Francisco Antélius Sérvulo Vaz<br />

Membros Suplentes<br />

Reinaldo Pereira Cardoso<br />

Fábio de Oliveira Soares<br />

Rômulo José dos Santos<br />

REPRESENTANTES JUNTO À CNI<br />

Membros Efetivos<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

Célio Batista Alves<br />

Membros Suplentes<br />

Charles Alberto Elias<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul, Palmas - TO CEP: 77.020-016<br />

Tel.: +55 63 3229-5700 www.fieto.com.br


índice<br />

Lista de siglas......................................................................................................................10<br />

Agradecimentos.................................................................................................................14<br />

Apresentação.......................................................................................................................18<br />

1. Introdução............................................................................................................................20<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho................................................................................................................22<br />

1. 1. 1. Introdução e entendimento........................................................................................................................25<br />

1. 1. 2. Análise do mercado e enfoque de sistemas......................................................................................25<br />

1. 1. 3. Análise da situação interna: o Estado do Tocantins.....................................................................25<br />

1. 1. 4. Consolidação do diagnóstico......................................................................................................................26<br />

1. 1. 5. Objetivos para a cadeia e estratégias centrais..................................................................................26<br />

2. Análise de mercado e enfoque de sistemas..................................................................28<br />

2. 1. Análise do mercado internacional..........................................................................................................29<br />

2. 1. 1. Soja ...........................................................................................................................................................................29<br />

2. 1. 2. Milho........................................................................................................................................................................39<br />

2. 2. Análise do mercado nacional....................................................................................................................49<br />

2. 2. 1. Soja............................................................................................................................................................................49<br />

2. 2. 2. Milho........................................................................................................................................................................59<br />

2. 3. A Região MATOPIBA.......................................................................................................................................65<br />

3. Análise da situação interna: o estado do Tocantins....................................................70<br />

3. 1. Produção agrícola.............................................................................................................................................73<br />

3. 1. 1. Características gerais da cadeia no Estado........................................................................................73<br />

3. 1. 2. Custo de produção...........................................................................................................................................83<br />

3. 1. 3. Viabilidade das culturas no Estado........................................................................................................96<br />

3. 1. 4. Associativismo e cooperativismo........................................................................................................106<br />

3. 2. Destinos da produção..................................................................................................................................111


3. 2. 1. Exportações......................................................................................................................................................111<br />

3. 2. 2. Indústria de processamento...................................................................................................................116<br />

3. 2. 3. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio ao desenvolvimento ...................121<br />

3. 3. Logística..............................................................................................................................................................138<br />

3. 4. Resumo das forças e fraquezas do Estado do Tocantins........................................................149<br />

4. Consolidação do diagnóstico........................................................................................ 152<br />

4. 1. Análise Pest.......................................................................................................................................................153<br />

4. 2. Análise das Cnco Forças de Porter......................................................................................................157<br />

5. Objetivos estratégicos para a cadeia........................................................................... 164<br />

6. Estratégias centrais e projeto estratégicos............................................................... 174<br />

6. 1. Produção agrícola e novas tecnologias no campo......................................................................177<br />

6. 1. 1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento..........................................................................................177<br />

6. 1. 2. Diversificação das estratégias de financiamento da produção agrícola........................178<br />

6. 2. Fortalecimento do cooperativismo e associativismo................................................................178<br />

6. 3. Desenvolvimento da agroindústria.....................................................................................................179<br />

6. 3. 1. Agregação de valor aos produtos das cadeias de soja e milho............................................179<br />

6. 3. 2. Integração com processamento de proteína animal.................................................................180<br />

6. 4. Infraestrutura..................................................................................................................................................181<br />

6. 4. 1. Logística..............................................................................................................................................................181<br />

6. 4. 2. Armazenagem.................................................................................................................................................182<br />

6. 5. Exportações do complexo soja e da cadeia do milho...............................................................182<br />

6. 6. Sustentabilidade.............................................................................................................................................183<br />

6. 7. Comunicação....................................................................................................................................................183<br />

7. Considerações finais....................................................................................................... 186<br />

8. Referências....................................................................................................................... 192


Lista de Siglas<br />

Abimilho<br />

Abiove<br />

AFDC<br />

Ageto<br />

AM<br />

APL<br />

APROSOJA<br />

BA<br />

Bird<br />

CDA<br />

CDE<br />

CE<br />

CE<br />

Cepea<br />

CF<br />

CNA<br />

CO<br />

Coapa<br />

Cofins<br />

Conab<br />

Cooperfarms<br />

Cooproeste<br />

COP<br />

CPH<br />

CRA<br />

CT<br />

CV<br />

DEP<br />

Dipai<br />

Emac<br />

Emater<br />

Embrapa<br />

ES<br />

Associação Brasileira das Indústrias do Milho<br />

Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais<br />

Alternative Fuels Data Center<br />

Agência Tocantinense de Transporte e Obras<br />

Amazonas<br />

Arranjo Produtivo Local<br />

Associação dos Produtores de Soja<br />

Bahia<br />

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

Certificado de Depósito Agropecuário<br />

Conselho de Desenvolvimento Econômico<br />

Custo Econômico<br />

Ceará<br />

Centros de Estudos Avançados em Economia Aplicada<br />

Custo Fixo<br />

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil<br />

Custo de Oportunidade<br />

Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso<br />

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social<br />

Companhia Nacional de Abastecimento<br />

Cooperativa dos Produtores Rurais da Bahia<br />

Cooperativa Agropecuária do Oeste da Bahia<br />

Custo Operacional<br />

Custo por hora<br />

Conselho Regional de Administração<br />

Custo Total<br />

Custo Variável<br />

Depreciação<br />

Diretoria de Política Agrícola e Informações<br />

European Marketing Academy<br />

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

Espírito Santo


EUA<br />

Facs<br />

FAO<br />

FCO<br />

FDCO<br />

FDE<br />

Fethab<br />

Fico<br />

FIESP<br />

FIETO<br />

Finam<br />

FOB<br />

Funrural<br />

Gecup<br />

GESis<br />

GO<br />

IBGE<br />

ICMS<br />

Ifama<br />

ILPF<br />

Imea<br />

IN<br />

Input<br />

LCA<br />

LE<br />

LF<br />

LO<br />

LUC<br />

MA<br />

MAPA<br />

MATOPIBA<br />

MC<br />

MG<br />

Estados Unidos da América<br />

Fundo de Apoio à Cultura da Soja<br />

Food and Agriculture Organization of the United Nations<br />

Fundo de Financiamento do Centro-Oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

Fundo Estadual de Transportes e Habitação<br />

Ferrovia de Integração Centro-Oeste<br />

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Fundo de Investimento na Amazônia<br />

Free on Board<br />

Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural<br />

Gerência de Custos de Produção<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais<br />

Goiás<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços<br />

International Food and Agribusiness Management Association<br />

Integração Lavoura-pecuária-floresta<br />

Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária<br />

Instrução Normativa<br />

Iniciativa para o Uso da Terra<br />

Letra de Crédito do Agronegócio<br />

Lucro Econômico<br />

Lucro Financeiro<br />

Lucro Operacional<br />

Lucratividade<br />

Maranhão<br />

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia<br />

Margem de Contribuição<br />

Minas Gerais


Lista de Siglas<br />

MME<br />

MS<br />

MT<br />

NCMs<br />

OCB<br />

OCDE<br />

Ocepar<br />

OGM<br />

PA<br />

PAA<br />

PAC<br />

PDRIS<br />

PDRS<br />

PE<br />

PELF<br />

Pelt<br />

PEST<br />

PEV<br />

PIB<br />

PIS<br />

Pnae<br />

PNCF<br />

PNDR<br />

PPI<br />

PR<br />

FAEP<br />

Prodecer<br />

Prodoeste<br />

Rausp<br />

RB<br />

RFA<br />

RJ<br />

RO<br />

Ministério de Minas e Energia<br />

Mato Grosso do Sul<br />

Mato Grosso<br />

Nomenclatura Comum do Mercosul<br />

Organização das Cooperativas Brasileiras<br />

Organisation for Economic Co-operation and Development<br />

Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná<br />

Organismos Geneticamente Modificados<br />

Pará<br />

Programa de Aquisição de Alimentos<br />

Programa de Aceleração do Crescimento<br />

Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável<br />

Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

Pernambuco<br />

Ponto de Equilíbrio do Lucro Financeiro<br />

Plano Estadual de Logística e Transporte de Cargas<br />

Político-legal, econômico-natural, sociocultural e tecnológico<br />

Ponto de Equilíbrio de Viabilidade<br />

Produto Interno Bruto<br />

Programa de Integração Social<br />

Programa Nacional de Alimentação Escolar<br />

Programa Nacional de Crédito Fundiário<br />

Política Nacional de Desenvolvimento Regional<br />

Programa de Parcerias de Investimento<br />

Paraná<br />

Federação da Agricultura do Estado do Paraná<br />

Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados<br />

Programa de Desenvolvimento da Região Sudoeste do Estado do Tocantins<br />

Revista de Administração da Universidade de São Paulo<br />

Receita Bruta<br />

Renewable Fuels Association<br />

Rio de Janeiro<br />

Rondônia


RS<br />

SAGs<br />

SC<br />

Seab-PR<br />

Seaf-MT<br />

Seagri-BA<br />

Seagro-TO<br />

Sebrae<br />

SED-GO<br />

Seden-TO<br />

Seinfra-TO<br />

Seplan-BA<br />

Seplan-TO<br />

Sescoop<br />

SP<br />

Suinf<br />

SVO<br />

TO<br />

UE<br />

USDA<br />

VLI<br />

Rio Grande do Sul<br />

Sistemas Agroindustriais<br />

Santa Catarina<br />

Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná<br />

Secretaria de Estado Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários do Mato Grosso<br />

Secretária da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia<br />

Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

Secretaria do Desenvolvimento de Goiás<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado<br />

do Tocantins<br />

Secretaria de Infraestrutura do Tocantins<br />

Secretaria do Planejamento da Bahia<br />

Secretaria do Planejamento e Orçamento do Tocantins<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo<br />

São Paulo<br />

Superintendência de Informações do Agronegócio<br />

Sistema Viário Oeste<br />

Tocantins<br />

União Europeia<br />

United States Department of Agriculture<br />

Valor da Logística Integrada


agradecimentos<br />

As seguintes instituições e seus representantes, abaixo nominados por ordem alfabética,<br />

subsidiaram a elaboração do conteúdo do presente volume, com entrevistas, presenciais<br />

ou remotas, com material de consulta e/ou análises, contribuições e sugestões,<br />

escritas ou orais, durante as diversas fases do estudo.<br />

instituição<br />

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Adapec<br />

<strong>AS</strong>SEMBLEIA LEGISLATIVA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO <strong>DO</strong>S PRODUTORES RURAIS <strong>DO</strong> SU<strong>DO</strong>ESTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Aproest<br />

CÂMARA SETORIAL <strong>DO</strong> LEITE - <strong>TOCANTINS</strong><br />

CEREALISTA SANTA FÉ<br />

COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO ARAGUAIA - CDA<br />

DAPLAN – SERVIÇOS FLORESTAIS<br />

EMPRESA BR<strong>AS</strong>ILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - Embrapa<br />

FAZENDA VALE <strong>DO</strong> BOI<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

FRIGORÍFICO PIRACEMA<br />

representante<br />

Humberto Viana Camelo (Presidente)<br />

Jefferson Pessoa<br />

Márcia Helena da Fonseca<br />

Helton W. Gonzaga<br />

Victor Rodrigues da Costa (Presidente)<br />

Marco Antônio Pitondo<br />

Sônia Mara Rodrigues Magalhães<br />

Wiliam Borges Reis<br />

Daniel Avino Barboza Leite<br />

Alexandre A. de Freitas (Chefe Geral Interino)<br />

Alexandre Uhlmann<br />

Epaminondas de Andrade<br />

Roberto Magno Martins Pires (Presidente)<br />

Amanda Barbosa<br />

José Roberto Fernandes<br />

Juarez Frota Martins<br />

Klébia Pontes<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Valteir Barbosa Rosa


instituição<br />

FRIGORÍFICO TAMBORÁ<br />

GRA<strong>NO</strong>L INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A<br />

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Ruraltins<br />

INSTITUTO EUVAL<strong>DO</strong> LODI <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – IEL/TO<br />

INSTITUTO NATUREZA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Naturatins<br />

LATICÍNIO CREMOLAT<br />

NGBR<br />

SERVIÇO BR<strong>AS</strong>ILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUEN<strong>AS</strong> EMPRES<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – Sebrae/TO<br />

SECRETARIA DA FAZENDA - Sefaz<br />

SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA, HABITAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS - Seinf<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – Seagro<br />

representante<br />

André Lee<br />

Jair Bataline<br />

Jordel Souto Brito Machado<br />

Andrey Chama da Costa<br />

Roseli F. Neves Sarmento (Superintendente)<br />

Herbert Brito (Presidente)<br />

Marco Antonio Pitondo<br />

Neilton Machado de Araújo<br />

José Carlos A. de Bessa<br />

Paulo Antenor de Oliveira (Secretário)<br />

Alexandre Pereira de Carvalho<br />

Bárbara B. Oliveira<br />

Elisabete Soares de Araujo<br />

Fernando Batista Oliveira<br />

Saulo Barreira Silva<br />

Willane Queiroz Carvalho<br />

Sérgio Leão (Secretário)<br />

Maxuell N. Acácio<br />

Clemente Barros Neto (Secretário)<br />

Alexandre Godinho Cruz<br />

Antônio Cassio Oliveira Filho<br />

Arlette Amarylles R. Mascarenhas<br />

Arlete Leite Lima<br />

Arthur Emílio França<br />

Fernando Dorta<br />

José Américo Vasconcelos


agradecimentos<br />

instituição<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – Seagro<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA,<br />

TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA - Seden<br />

SECRETARIA <strong>DO</strong> PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - Seplan<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM <strong>DO</strong> COOPERATIVISMO<br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – Sescoop/TO<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL -<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SENAI/DR TO<br />

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> –<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESI DR TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA ALIMENTAÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA MADEIRA E <strong>DO</strong> MOBILIÁRIO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

Simam/TO<br />

representante<br />

Marcos Fernandes<br />

Ricardo Britto Taques<br />

Thadeu Teixeira Júnior<br />

Thiago Chekudemiask S. Tulio<br />

Alexandro de Castro Silva (Secretário)<br />

Álan Rickson Andrade de Araujo<br />

Eremilson Leite<br />

Geanny Carlos de A. Pinheiro<br />

Marcondes Martins Gomes de Oliveira<br />

Paulo Marcelo Mendonça<br />

Tarcísio de Oliveira N. Cruz<br />

Vilmar Carneiro Wanderley<br />

David Torres (Secretário)<br />

Belizário Franco Neto<br />

Maurício Fregonesi<br />

Magnun Vinicius B. da Cruz<br />

Márcia Rodrigues de Paula (Diretora Regional)<br />

Dini Ribeiro Bezerra<br />

Gisleângela R. F. S. T. Lemos<br />

Leanne Carvalho Barbosa<br />

Vânia Divina Rodrigues Moreira<br />

Charles Alberto Elias (Superintendente)<br />

Claudizete Carneiro Santos (Presidente)<br />

Geová Pereira de Mendonça (Presidente)


instituição<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CERÂMICA <strong>PARA</strong> CONSTRUÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

Sindicer/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONFECÇÕES <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Sicon/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONSTRUÇÃO CIVIL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Sinduscon/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE RE<strong>PARA</strong>ÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUIN<strong>AS</strong>, AERONAVES E<br />

ACESSÓRIOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Sindirepa/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S BENEFICIA<strong>DO</strong>RES DE ARROZ <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

Sindiato<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - SIPMME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> FRIGORÍFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Sindicarnes/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> GRÁFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIG/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> METALÚRGIC<strong>AS</strong>, MECÂNIC<strong>AS</strong> E <strong>DO</strong> MATERIAL ELÉTRICO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Sime/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> QUÍMIC<strong>AS</strong> E FARMACÊUTIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIQFAR/TO<br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - Unitins<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UFT<br />

VALOR DA LOGÍSTICA INTEGRADA - VLI<br />

representante<br />

Esequiel de Sousa Milhomem (Presidente)<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo (Presidente)<br />

Bartolomé Alba Garcia (Presidente)<br />

José Febrônio da Silva (Presidente)<br />

Carlos Augusto Suzana (Presidente)<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomen (Presidente)<br />

Oswaldo Stival Júnior (Presidente)<br />

George Henrique Aires Borges<br />

Gilson Ney Bueno Cabral<br />

Gliner de Souza Borges (Presidente)<br />

Mário de Castro Pillar (Presidente)<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Walter Atta R. Bittencourt Júnior (Presidente)<br />

Suely Cabral Quixabeira Araújo (Reitora)<br />

Luís Eduardo Bovolato (Reitor)<br />

Gil Rodrigues dos Santos<br />

Jorge Luís Ferreira<br />

Kênia Ferreira Rodrigues<br />

Rodrigo A. Gomes de Oliveira<br />

Valdecy Rodrigues<br />

Orestes Souza


apresentação<br />

Metade do território do Estado do Tocantins tem potencial para a produção<br />

agrícola. A disponibilidade de recursos naturais, como água, biodiversidade,<br />

insolação e clima tropical, confere ao Tocantins um meio físico,<br />

extremamente favorável à agropecuária. Prova disso é o fato do Estado ocupar<br />

o 9º lugar no país na produção de soja, o 3º na de arroz e possuir o 11º rebanho<br />

bovino nacional.<br />

Além disso, o Tocantins integra a região norte do país que, juntamente com<br />

as regiões centro-oeste e nordeste, apresentaram na última década um crescimento<br />

econômico superior ao das regiões sul e sudeste, tradicionais líderes<br />

nacionais nesse quesito. Essa interiorização do desenvolvimento é um fenômeno<br />

ainda recente, mas reconfigura a atividade econômica do país e reforça<br />

o quadro de oportunidades do Estado.<br />

Mas o Estado precisa avançar, realizar esse potencial e aproveitar essas<br />

oportunidades. Explorar sua característica vocacional do ponto de vista logístico,<br />

criar programas oficiais de aproveitamento sustentável de seus recursos<br />

naturais, associar o macrossistema viário à industrialização das “commodities”<br />

agrícolas. A indústria de transformação da matéria-prima agrícola<br />

ampliará a participação do Tocantins no mercado global de alimentos, criará<br />

mais empregos de qualidade e divisas. Esta é uma construção coletiva, onde<br />

o estado e a iniciativa privada têm missões definidas. Ao primeiro compete<br />

conceber e executar políticas públicas de estímulo e, ao segundo, aumentar<br />

sua produtividade e a qualidade de seus produtos.<br />

Foi com esta filosofia que a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

- FIETO, com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

do Estado do Tocantins – FDE, encarou o desafio de elaborar o presente estu-


do. Nele estão delineados os diagnósticos das principais cadeias produtivas<br />

do agronegócio tocantinense e seus mercados mundiais, nacionais e local;<br />

analisados os custos, as forças e as fraquezas de cada uma delas e, acima de<br />

tudo, aponta os projetos estratégicos e as diretrizes que deverão nortear o seu<br />

desenvolvimento.<br />

Agora sabemos o que precisamos fazer, o Estado e o segmento produtivo<br />

têm diante de si as “rotas” do desenvolvimento do mais importante segmento<br />

de sua economia. A indústria acredita que, idealmente, a “governança” desse<br />

desenvolvimento deverá ficar a cargo de um comitê de gestão formado pelos<br />

diversos agentes, públicos e privados, das cadeias produtivas aqui focalizadas.<br />

Pô-lo em marcha será, doravante, nosso dever de casa.<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Presidente


20<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

introdUção


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 21<br />

Este primeiro capítulo trata do método utilizado para o desenvolvimento<br />

do projeto, cujo principal objetivo foi estudar as<br />

principais cadeias produtivas do Estado do Tocantins, visando<br />

à identificação e desenvolvimento das suas potencialidades.<br />

O projeto “Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do<br />

Agronegócio no Estado do Tocantins” foi uma iniciativa da Federação<br />

das Indústrias do Estado do Tocantins - FIETO, em parceria<br />

com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado do Tocantins – Seden.<br />

Para tanto, foram destacados alguns pilares ou temas fundamentais<br />

que pautam todo o estudo na busca da identificação<br />

de estratégias concisas e aderentes à realidade do Estado.<br />

São eles: Marco Tecnológico, Associativismo e Cooperativismo,<br />

Uso da Terra, Desenvolvimento da Indústria Local e Instrumentos<br />

de Apoio Estaduais.<br />

Para a primeira fase do projeto, foram selecionadas algumas<br />

cadeias produtivas a serem estudadas. A seleção considerou<br />

cadeias que já possuem papel de destaque no Estado<br />

do Tocantins, mas que ainda têm muitas potencialidades<br />

a serem exploradas, sempre visando impulsionar o cenário<br />

econômico e social do Estado. As cadeias selecionadas foram:<br />

• Soja e Milho<br />

• Pecuária (carne bovina)<br />

• Arroz<br />

• Piscicultura<br />

• Silvicultura<br />

Para cumprir com o objetivo proposto, foi utilizada a metodologia<br />

de pesquisa já consolidada no setor do agronegócio<br />

para o desenvolvimento de planos estratégicos, conhecida<br />

como Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis).


22<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho<br />

Desenvolver planos para a melhoria contínua de um setor<br />

não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se tratam de cadeias<br />

do agronegócio que possuem características e complexidades<br />

específicas.<br />

Para organizar e analisar os dados coletados durante o desenvolvimento<br />

do presente trabalho, e propor ações condizentes<br />

com a realidade do Estado e do seu posicionamento no<br />

cenário nacional e internacional, lançou-se mão da utilização<br />

do método GESis.<br />

O método GESis, desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcos Fava<br />

Neves, em 2004, vem sendo aplicado em diversas cadeias produtivas<br />

e aperfeiçoado a cada aplicação. No Brasil, o método já<br />

foi aplicado para as cadeias do trigo (2004), da laranja (2005,<br />

2007 e 2010), do leite (2006), da cana-de-açúcar (2009 e 2015),<br />

da carne bovina (2011), do algodão (2011, 2013 e 2017), de flores<br />

(2014), da carne suína (2016) e das hortaliças (2017). No<br />

contexto internacional, o método também já foi utilizado para<br />

a cadeia do leite na Argentina (2007) e no Uruguai (2010) e da<br />

soja na Argentina (2012), além de outros usos na Africa do Sul<br />

e outros países.<br />

Contando com escopo semelhante ao do presente trabalho,<br />

o método GESis também foi adaptado e aplicado em oito cadeias<br />

produtivas do Estado de Goiás sendo elas milho, soja,<br />

carne suína, carne de frango, carne bovina, couro, lácteos e<br />

cana-de-açúcar (2012).<br />

Além da grande repercussão dos estudos citados nas principais<br />

mídias, no meio acadêmico com diversas publicações<br />

nacionais e internacionais e mais de 15 livros, o método foi<br />

publicado pela Revista de Administração da Universidade de<br />

São Paulo (Rausp), International Food and Agribusiness Management<br />

Association (Ifama), European Marketing Academy<br />

(Emac) e no Journal of Chain and Network Science (Wageningen<br />

University, Holanda)<br />

Indo além das visões de cadeias produtivas e redes de empresas,<br />

os sistemas agroindustriais (SAGs) consideram também<br />

o ambiente institucional e as condições estruturais nas<br />

quais essas relações acontecem. A grande contribuição dos<br />

estudos de sistemas agroindustriais é a sua utilização para o<br />

desenho de políticas públicas, organização de empresas e estruturação<br />

de estratégias corporativas que ainda enfrentam<br />

o problema da falta de uma abordagem sistêmica, resultando<br />

em falhas no desenho de estratégias corporativas e organizacionais<br />

(ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).<br />

Cinco etapas fundamentais estruturam o método GESis<br />

original. Cada etapa contém fases específicas que devem ser<br />

realizadas para chegar ao objetivo proposto. A Figura 1 ilustra<br />

as macroetapas do método GESis.<br />

A primeira etapa conta com a inciativa de líderes, governo,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 23<br />

<br />

figUra 1.1<br />

Macroetapas do método GESis<br />

ETAPA 1<br />

Iniciativas de líderes,<br />

governo, institutos de<br />

pesquisa, universidades<br />

em planejar o futuro<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 2<br />

Descrição,<br />

mapeamento e<br />

quantificação<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 3<br />

Criação de uma<br />

organização<br />

vertical no sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 4<br />

Montagem de<br />

plano estratégico<br />

para o sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 5<br />

Administração<br />

dos projetos<br />

priorizados e<br />

elaboração de<br />

contratos.<br />

Fonte: Neves (2008)<br />

institutos de pesquisas, universidades ou outros agentes relacionados<br />

à cadeia produtiva na busca de planejar o futuro<br />

da cadeia em que se insere. A importância da primeira etapa<br />

se dá, já que a aplicação do método de maneira coerente<br />

e efetiva deve contar com muitos agentes envolvidos, uma<br />

vez que os esforços e a mobilização de pessoas devem ser<br />

coletivos.<br />

Além da etapa 1, o método ainda conta com mais quatro<br />

etapas, porém, tendo em vista os objetivos do presente estudo,<br />

a aplicação do método nas cadeias produtivas do Estado<br />

do Tocantins limitou-se à aplicação das etapas 1 e 4 sendo a<br />

etapa 4 o principal foco do trabalho.<br />

A etapa 4 do método consiste no diagnóstico e montagem de<br />

um plano estratégico para os sistemas agroindustriais. Neves<br />

(2008) propõe que, para a realização do plano estratégico, são<br />

necessários 12 passos que foram adaptados para a aplicação no<br />

Estado do Tocantins. A Figura 2 ilustra os passos sugeridos.<br />

Tendo como base o método GESis, na sequência, serão detalhadas<br />

as etapas que compuseram o desenvolvimento do<br />

presente projeto.


24<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 1.2<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis<br />

F<strong>AS</strong>E 1 INTRODUTÓRIA<br />

F<strong>AS</strong>E 2 <strong>PLA<strong>NO</strong></strong>S <strong>DO</strong>S VETORES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

1<br />

2<br />

4 5 6<br />

Projetos de<br />

produção, pesquisa e<br />

desenvolvimento e inovações<br />

11 12<br />

introdução e entendimento<br />

Análise do<br />

mercado e do<br />

consumidor<br />

no enfoque de<br />

sistemas<br />

3<br />

Análise da situação<br />

interna e de<br />

concorrentes<br />

globais<br />

(benchmark)<br />

Objetivos para o sistema<br />

Estratégias para atingir os objetivos propostos<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Projetos de comunicação<br />

Projetos de distribuição e<br />

logística (incluindo exportações)<br />

Projetos de capacitação e<br />

recursos humanos<br />

Projetos de coordenação<br />

e adequação ao ambiente<br />

institucional<br />

Consolidação de planos estratégicos<br />

Orçamento do Plano Estratégico<br />

Fonte: Neves (2008)


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 25<br />

1. 1. 1. Introdução e entendimento<br />

Para iniciar o trabalho, esta etapa envolveu o levantamento<br />

de materiais já existentes a respeito das cadeias estudadas,<br />

fossem esses específicos do Tocantins, ou materiais de contextualização<br />

de cadeias no cenário nacional e internacional.<br />

Um amplo conjunto de materiais foi levantado pelas secretarias<br />

estaduais do Estado do Tocantins e pelos pesquisadores<br />

desta obra, com destaque para relevantes produções das<br />

universidades do Tocantins. Além dos materiais, foi conduzida<br />

reunião inicial de sensibilização dos agentes relacionados<br />

com as cadeias, onde todo o escopo e método do trabalho<br />

foram apresentados e os potenciais membros que participariam<br />

da construção do trabalho puderam tirar suas dúvidas<br />

e entender realmente o impacto do projeto para o Estado e o<br />

papel de cada interlocutor na sua construção.<br />

1. 1. 2. Análise do mercado e enfoque de sistemas<br />

Essa é a etapa inicial de diagnóstico, onde foram mapeados<br />

o mercado internacional e nacional, na qual a cadeia<br />

alvo do estudo está inserida. A análise contou com dados de<br />

produção, consumo, exportações e importações dos principais<br />

agentes do mercado internacional, além de mapear<br />

como o sistema agroindustrial está posicionado no mercado<br />

brasileiro, suas principais características regionais, as<br />

tendências de consumo e as projeções e expectativas para<br />

os próximos anos.<br />

Figurando como uma análise externa, esta etapa de contextualização<br />

é fundamental para que as estratégias sugeridas<br />

ao término do projeto sejam aderentes à atual realidade da<br />

cadeia nos mercados em que se insere.<br />

1. 1. 3. Análise da situação interna: o Estado do Tocantins<br />

Utilizando como unidade de análise o Tocantins, foi desenvolvido<br />

amplo diagnóstico das cadeias no Estado por<br />

meio de diversas pesquisas, entrevistas presenciais e remotas<br />

Com relação às entrevistas presenciais, foram conduzidas<br />

com a Secretaria do Desenvolvimento (Seden), a Secretaria da<br />

Agricultura (Seagro), a Secretaria do Planejamento (Seplan), a<br />

Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), a empresa VLI, de logística,<br />

e a Granol, que possui uma unidade de processamento<br />

de soja no Estado do Tocantins.<br />

No total, participaram das primeiras entrevistas 22 pessoas,<br />

sendo sete na Seden, sete na Seagro, cinco na Seplan,<br />

uma na VLI, uma na Granol (Porto Nacional) e uma na Seinfra.<br />

Dentre os entrevistados estavam os Secretários de Desenvolvimento,<br />

da Agricultura e o de Planejamento. As en-


26<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

trevistas foram conduzidas na cidade de Palmas e em Porto<br />

Nacional (Granol). Além das entrevistas, a equipe visitou a<br />

ponte do rio Tocantins em Porto Nacional e o terminal de<br />

Integração da VLI, na mesma cidade.<br />

Além das presenciais, foram realizadas cerca de 20 entrevistas<br />

por telefone com especialistas de associações, cooperativas,<br />

produtores e fundações. Foram contatadas também<br />

cooperativas de grande representatividade para o Estado do<br />

Tocantins como Copa e Frisia. As entrevistas não se limitaram<br />

a agentes do Estado, sendo também realizadas com organizações<br />

do Paraná, Mato Grosso, Bahia e Goiás. Foram conduzidas<br />

entrevistas com importantes organizações tais como:<br />

universidades, Embrapa, Imea e Seab.<br />

Os principais pontos levantados foram características gerais<br />

da cadeia no Estado, custo de produção, análise de viabilidade<br />

da cultura, associativismo e cooperativismo, exportações,<br />

indústria de processamento local, políticas estaduais<br />

de apoio ao desenvolvimento tecnológico, incentivos fiscais,<br />

preços de mercado e logística.<br />

Todos os pontos levantados foram analisados comparativamente<br />

com outros estados de grande destaque no cenário<br />

nacional para as cadeias selecionadas. A análise comparativa<br />

e o benchmarking são importantes direcionadores estratégicos,<br />

uma vez que mostram casos e estratégias de sucesso que<br />

podem ser adaptadas para posterior implementação.<br />

1. 1. 4. Consolidação do diagnóstico<br />

Para resumir e apresentar o diagnóstico feito nas duas etapas<br />

anteriores de forma mais didática, algumas ferramentas<br />

de grande utilização no meio acadêmico e empresarial foram<br />

a de análise macroambiental (PEST) e o modelo das Cinco<br />

Forças de Porter.<br />

Essas duas ferramentas, além de guiar o levantamento das<br />

informações, permitem uma melhor visualização dos dados<br />

para a tomada de decisões quanto ao presente e ao futuro da<br />

cadeia alvo do plano.<br />

A ferramenta PEST é amplamente utilizada no planejamento<br />

estratégico de organizações para a identificação das ameaças<br />

e oportunidades derivadas do ambiente político-legal,<br />

econômico-natural, sociocultural e tecnológico.<br />

Já o modelo das Cinco Forças de Porter consiste na análise<br />

das informações considerando a rivalidade entre os concorrentes,<br />

a ameaça de novos entrantes, a ameaça de produtos<br />

substitutos, o poder de barganha dos fornecedores e o poder<br />

de barganha dos compradores (PORTER, 1980; PORTER, 1998).<br />

1. 1. 5. Objetivos para a cadeia e estratégias centrais<br />

Após estudar as cadeias produtivas e entender seu posicionamento<br />

e competitividade no Estado do Tocantins, é fun-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 27<br />

damental determinar os objetivos que devem ser buscados<br />

por meio do delineamento de ações estratégicas. Essa etapa<br />

envolveu a definição do posicionamento estratégico para as<br />

cadeias e a definição de missão e visão.<br />

Tendo como base o posicionamento almejado, foram determinados<br />

pilares e ações estratégicas que devem guiar os<br />

próximos passos das cadeias produtivas no Tocantins.


28<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

anÁLise de<br />

mercado e enFoQUe<br />

de sistemas


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 29<br />

2. 1. Análise do mercado internacional<br />

2. 1. 1. Soja<br />

A soja configura-se como um dos principais produtos comercializados<br />

no mercado internacional. A área plantada no<br />

mundo ocupa uma extensão de 120 milhões de hectares e cerca<br />

de 81% das plantações do grão se encontram distribuídas<br />

entre Brasil, Estados Unidos, Argentina e Índia. Na safra 15/16,<br />

Brasil e Estados Unidos detinham, cada um, mais de 27% das<br />

áreas plantadas com soja. Nos últimos 10 anos, a área colhida<br />

no mundo aumentou cerca de 27% (USDA, 2017a).<br />

A estimativa da produção mundial para a safra 2016/2017<br />

é de 350 milhões de toneladas, resultado de um crescimento<br />

de 60% nos últimos 10 anos. A participação dos cinco principais<br />

países em termos de produção foi de 313 milhões de<br />

toneladas, ou 90% do total da soja produzida mundialmente.<br />

Os Estados Unidos, Brasil e Argentina responderam por 82%<br />

de toda a produção mundial na mesma safra. Por conta dessa<br />

elevada concentração, quaisquer problemas na safra desses<br />

três países podem acarretar grandes impactos no preço da<br />

commodity (USDA, 2017a).<br />

Quando analisado o crescimento da produção nos últimos<br />

10 anos, também se destacam Brasil e Estados Unidos, com<br />

crescimento de respectivamente, 87% e 61%. Esse crescimento<br />

fez com que o Brasil se aproximasse ainda mais da produção<br />

norte-americana, que ocupa a primeira colocação no ranking<br />

de produção mundial. É possível observar que o crescimento<br />

da produção mundial de soja tem ocorrido, principalmente,


30<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 2.1<br />

Produção mundial de soja e principais países produtores<br />

PRODUÇÃO MUNDIAL<br />

EM 2016/17 (MILHÕES<br />

DE TONELAD<strong>AS</strong>): 351,7<br />

CRESCIMENTO<br />

2007/08-2016/17: 61%<br />

PRODUÇÃO TOTAL DE CADA PAÍS EM<br />

MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong> EM 2016/2017<br />

1° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Produção 117,2<br />

Participação 33,4%<br />

2° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Produção 114,0<br />

Participação 32,4%<br />

4° CHINA<br />

Produção 12,9<br />

Participação 3,7%<br />

5° ÍNDIA<br />

Produção 11,5<br />

Participação 3,3%<br />

3° ARGENTINA<br />

Produção 57,8<br />

Participação 16,5%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

devido a incrementos de produtividade quando comparado ao<br />

aumento de áreas colhidas. Isso se deve a maiores investimentos<br />

em tecnologia como sementes geneticamente modificadas,<br />

uso de fertilizantes, entre outros (USDA, 2017a).<br />

A produção da China e Índia, atualmente quarto e quinto<br />

maiores produtores de soja, não cresceu significativamente<br />

ao longo dos mesmos 10 anos. Nesse cenário, se intensificou<br />

a concentração de produção nas Américas e países como<br />

Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai conseguiram ampliar suas<br />

participações na competição global. A Figura 2.1 mostra os<br />

cinco maiores produtores mundiais de soja e suas participações<br />

na produção total.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 31<br />

O Brasil possui, segundo o USDA (2017a), a terceira maior<br />

média de produtividade de soja no mundo, com 3.360 kg/ha<br />

(atrás de EUA e Sérvia). Essa taxa de produtividade está diretamente<br />

ligada aos níveis de adoção de tecnologia que impacta<br />

os custos de produção.<br />

Na safra de 2016/17, o consumo mundial de soja alcançou,<br />

aproximadamente, 330 milhões de toneladas, sendo que a<br />

participação dos cinco principais países foi de 266 milhões de<br />

toneladas ou 80% do total.<br />

A demanda global deve favorecer o crescimento constante<br />

que vem ocorrendo nas transações entre países. Nas últimas<br />

dez safras, o consumo do grão no mundo teve incremento de<br />

43,3%, impulsionado pelo aumento da população mundial e<br />

pela melhora na sua renda, principalmente em países em desenvolvimento<br />

que, além de consumirem maior quantidade de<br />

alimentos, passaram a optar por alimentos mais elaborados,<br />

como as proteínas animais, criando uma demanda indireta<br />

pela soja (um dos principais insumos na produção animal).<br />

A China, maior consumidora mundial, produz apenas<br />

12,7% da soja consumida internamente. Esse cenário não tem<br />

perspectivas de alteração no curto prazo, pois sua produção<br />

de soja aumentou apenas 1,4% entre as safras de 2007/08 –<br />

2016/17.<br />

A Figura 2.2 mostra os cinco maiores consumidores de soja<br />

no mercado internacional e sua participação no total. Um dos<br />

principais vetores do consumo de soja é a demanda tanto pelo<br />

farelo (principal componente proteico usado na alimentação<br />

animal), quanto pelo óleo de soja (principal fonte de gordura<br />

utilizada na alimentação humana, além da destinação de óleo<br />

de soja para a produção de biodiesel).<br />

Por conta disso, estima-se que, na safra 2016/17, foram processadas<br />

290 milhões de toneladas, cerca de 83% do total que<br />

será produzido (350 milhões ton.) como mostra a Tabela 2.1.<br />

<br />

taBEla 2.1<br />

Esmagamentos mundiais de soja<br />

esMaGaMento MunDiaL De<br />

soJa eM MiLHÕes De toneLaDas<br />

paÍs 2015/2016 2016/2017 * Variação<br />

China 81,30 86,50 6,40%<br />

Estados Unidos 51,34 52,53 2,32%<br />

Argentina 43,23 44,70 3,40%<br />

Brasil 39,90 40,50 1,50%<br />

Outros 60,99 66,12 8,40%<br />

totaL 276,76 290,34 4,91%<br />

*Previsão.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

A expectativa é de que o aumento do volume esmagado seja<br />

de quase 5% em apenas uma safra. Esse incremento faz sen-


32<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 2.2<br />

Consumo mundial de soja e principais países consumidores<br />

CONSUMO MUNDIAL<br />

EM 2016/17 (MILHÕES<br />

DE TONELAD<strong>AS</strong>): 329,2<br />

CRESCIMENTO<br />

2007/08-2016/17: 43%<br />

PRODUÇÃO TOTAL DE CADA PAÍS EM<br />

MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong> EM 2016/2017<br />

2° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Consumo 54,6<br />

Participação 16,6%<br />

1° CHINA<br />

Consumo 101,5<br />

Participação 30,8%<br />

4° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Consumo 44,9<br />

Participação 13,6%<br />

3° ARGENTINA<br />

Consumo 48,5<br />

Participação 14,7%<br />

5° UE<br />

Consumo 16,2<br />

Participação 4,9%<br />

Fonte: elaborado pela Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

tido quando se analisa o cenário de aquecimento no consumo<br />

de produtos de origem animal, ou seja, existe uma relação<br />

positiva entre os principais produtores de proteína animal e<br />

os principais consumidores de farelo de soja. Além disso, o<br />

aumento populacional e a maior pressão por combustíveis<br />

renováveis fazem com que a procura por óleo de soja para a<br />

alimentação humana ou para produção de biodiesel seja impulsionada.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 33<br />

Por conta disso, os esmagamentos mundiais têm crescido<br />

ano após ano, acumulando 43,4% entre as safras de 2007/08<br />

e 2016/17, ampliando de 202 milhões de toneladas de grãos<br />

para mais de 290 milhões de toneladas ao final desses dez<br />

anos.<br />

O Brasil, apesar de segundo maior produtor de soja do<br />

mundo, processa baixos volumes do grão. Ou seja, o produto<br />

é exportado em grãos, enquanto outros países investem mais<br />

no seu processamento.<br />

Para a safra 2017/18, estima-se que a China teve um incremento<br />

de 5,8% nos esmagamentos. Mesmo com a queda na<br />

média de crescimento dos últimos anos, o valor ainda será<br />

muito expressivo por conta de o País ser o maior esmagador<br />

mundial do grão. O USDA prevê ainda que EUA, Brasil e<br />

Argentina terão pequenos incrementos nos esmagamentos,<br />

respectivamente 1,3%, 1,2%, e 1,6%.<br />

Juntos, Brasil e EUA representam cerca de 80% das exportações<br />

mundiais, tornando o comércio externo da soja dependente<br />

do desempenho desses dois países. Dos cinco maiores<br />

produtores da oleaginosa, a Argentina também se destaca na<br />

exportação, porém com valor significantemente inferior ao<br />

dessas duas nações, pois o consumo interno argentino também<br />

é elevado e se exporta muito produto já processado. A<br />

Tabela 2.2 mostra os principais exportadores mundiais de<br />

soja e seus respectivos volumes exportados.<br />

<br />

taBEla 2.2<br />

Exportações mundiais de soja em grãos<br />

eXportaçÕes MunDiais eM MiLHÕes De toneLaDas<br />

paÍs 2016/17 2017/18* Variação<br />

Brasil 61,90 63,50 2,58%<br />

Estados Unidos 55,80 58,50 4,88%<br />

Argentina 9,00 9,00 0,00%<br />

Canadá 4,40 5,80 31,82%<br />

Outros 13,50 12,75 -5,59%<br />

totaL 144,60 149,56 3,43%<br />

*Previsão.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

Segundo o USDA (2017a), na previsão para a safra 2017/18,<br />

o Brasil continuará na frente como o maior exportador de<br />

soja em grãos do mundo, representando cerca de 42,5% do<br />

total. Estima-se quase 64 milhões de toneladas em exportações<br />

nessa próxima safra. Para os Estados Unidos, a previsão<br />

também é de um aumento na exportação, passando para 58,5<br />

milhões de toneladas. Esse aumento é considerado dentro da<br />

média dos últimos anos do país.<br />

No que tange às importações mundiais, a China é responsável<br />

por cerca de 63%, sendo importante salientar que há grande<br />

probabilidade de que o país continue aumentando sua<br />

dependência do mercado externo no longo prazo, porque a


34<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

produção nacional chinesa caiu ao longo dos últimos 10 anos<br />

e a China tem abandonado o foco em políticas de autoabastecimento.<br />

A Tabela 2.3 mostra os principais países importadores<br />

de soja e sua previsão para a safra 2017/18.<br />

<br />

taBEla 2.3<br />

Importações mundiais de soja<br />

iMportaçÕes MunDiais eM MiLHÕes De toneLaDas<br />

paÍs 2016/2017 2017/2018* Variação<br />

China 89,00 93,00 4,49%<br />

União Europeia 14,60 15,00 2,74%<br />

México 4,20 4,30 2,38%<br />

Japão 3,20 3,30 3,12%<br />

Outros 29,90 32,16 7,56%<br />

totaL 140,90 147,76 4,87%<br />

*Previsão.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

O USDA estima um aumento de 4,5% nas importações de<br />

soja da China, passando para 93 milhões de toneladas na safra<br />

2017/2018. A União Europeia é o segundo principal destino<br />

do grão disponível no mercado internacional.<br />

Uma importante análise a ser feita quando se observa o<br />

mercado internacional de grãos é a análise de estoques. Deve-se<br />

entender que um aumento nos estoques mundiais indica<br />

que a oferta foi maior que a demanda, ou seja, os preços<br />

tendem a cair. O contrário também é verdadeiro.<br />

A oferta e a demanda podem ser influenciadas por diversos<br />

fatores tais como safras mais ou menos produtivas, quebras<br />

de safras, aumento na população mundial, aumento no consumo<br />

de outros produtos que dependem do grão, tais como<br />

as proteínas animais. O Gráfico 2.1 mostra o balanço de estoques<br />

mundiais nos últimos anos.<br />

Nota-se que, nos últimos anos, os estoques mundiais têm<br />

crescido. A relação estoque/consumo, que mede a disponibilidade<br />

do produto, chegou a 29% no final da safra 2016/2017, o<br />

maior valor dos últimos 10 anos. Grande parte do crescimento<br />

se deu nos Estados Unidos que de 2015/16 para 2016/17 tiveram<br />

seus estoques finais aumentados em 143,8%, fechando<br />

o ano safra com 13,1 milhões de toneladas em estoque.<br />

Após analisar os estoques, é importante entender a dinâmica<br />

de preços dos grãos. O Gráfico 2.2 mostra os preços da soja no<br />

mercado internacional.<br />

Os preços internacionais continuam estáveis, sustentados<br />

pelo alto volume de exportação e tem se mantido por volta de<br />

US$ 350,00 por tonelada. O preço do farelo acompanha o da<br />

soja em grão, com poucas variações; já o óleo se destaca, com<br />

preços superiores, o que mostra a agregação de valor. Caso a<br />

tendência de aumento dos estoques se mantenha, os preços<br />

no mercado internacional devem cair.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 35<br />

<br />

2016 / 2017<br />

gráfico 2.1<br />

Estoques mundiais de soja<br />

2015 / 2016<br />

2014 / 2015<br />

2013 / 2014<br />

2012 / 2013<br />

2011 / 2012<br />

2010 / 2011<br />

2009 / 2010<br />

2008 / 2009<br />

2007 / 2008<br />

42.895<br />

42.895<br />

55.448<br />

77.056<br />

55.448<br />

52.761<br />

61.123<br />

60.526<br />

55.448<br />

52.761<br />

77.056<br />

77.056<br />

61.123<br />

60.526<br />

63.113<br />

70.656<br />

70.656<br />

77.363<br />

77.363<br />

96.978<br />

ESTOQUES FINAIS<br />

ESTOQUES INICIAIS<br />

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 80.000 90.000 100.000<br />

MIL TONELAD<strong>AS</strong><br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

Tratando-se de projeções, segundo o relatório da FAO/<br />

OCDE (2017), espera-se que a produção mundial de soja continue<br />

a crescer a uma taxa de 2% ao ano, valor inferior à taxa<br />

de crescimento vivenciada na última década, de 5% anual. A<br />

expectativa para os próximos 10 anos é que o Brasil ultrapasse<br />

os EUA em produção.<br />

A expansão da área cultivada com soja é mais rápida em países<br />

que possuem terras disponíveis e políticas que incentivam<br />

investimentos em cenários de preços favoráveis. Os maiores<br />

aumentos previstos são nas regiões da América do Sul, da África<br />

subsaariana, da antiga União Soviética e do sudeste asiático.<br />

Para o Brasil e a Argentina, espera-se uma grande expansão, o<br />

que inclui a conversão de pastagens para a produção de soja,<br />

em resposta ao aumento da demanda mundial por farelo de<br />

proteínas e óleos vegetais. Outros países da América do Sul,<br />

principalmente o Uruguai, Paraguai e Bolívia, também deverão<br />

expandir sua área plantada para soja. No sudeste asiático, a Indonésia<br />

representa o maior potencial para o aumento de área.<br />

Em outros países, a expansão será mais lenta.<br />

Ainda segundo previsões, as exportações de soja terão um<br />

incremento de 25% até 2026/27, atingindo cerca de 180 milhões<br />

de toneladas. A China é o principal destino das exportações,<br />

contribuindo com 85% desse incremento projetado.<br />

Os principais exportadores de soja são Estados Unidos,<br />

Brasil e Argentina e representarão cerca de 89% do comércio<br />

mundial na próxima década. A participação dos EUA nas<br />

exportações globais de soja é de, aproximadamente, 40% em<br />

2017/18 e deverá diminuir para 33% até 2026/27.<br />

Outros países da América do Sul, principalmente o Uruguai,


36<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.2<br />

Preços da soja no mercado internacional (Bolsa de Chigado – CBOT, US$/t)<br />

800<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

Óleo<br />

Grãos<br />

Farelo<br />

MARÇO 2016<br />

ABRIL 2016]<br />

MAIO 2016<br />

JUNHO 2016<br />

JULHO 2016<br />

AGOSTO 2016<br />

SETEMBRO 2016<br />

OUTUBRO 2016<br />

<strong>NO</strong>VEMBRO 2016<br />

DEZEMBRO 2016<br />

JANEIRO 2017<br />

FEVEREIRO 2017<br />

MARÇO 2017<br />

ABRIL 2017<br />

MAIO 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Abiove (2017).<br />

Paraguai e Bolívia, terão suas exportações acrescidas em 27%,<br />

chegando a 11 milhões de toneladas em 2026/27, somando 2,5<br />

milhões de toneladas para as exportações mundiais de soja. Isso<br />

ocorre pela provável expansão da área plantada. Mas o Brasil é<br />

o grande ganhador, como pode ser observado no Gráfico 2.3.<br />

O comércio mundial de farelo de soja deverá se expandir<br />

em 14 milhões de toneladas (20%), chegando a, aproximadamente,<br />

85 milhões de toneladas até 2026/27. Em vários países,<br />

as importações de farelo de soja são impulsionadas pelo<br />

crescimento contínuo da produção pecuária e pelo movimento<br />

em direção às rações alimentares modernas. A UE continuará<br />

a ser o maior importador mundial de farelo de soja ao longo<br />

do período de projeção e permanecerá estável, perto de 21<br />

milhões de toneladas por ano. As regiões do sudeste asiático,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 37<br />

América Latina, África do Norte e Oriente Médio se tornarão<br />

maiores importadores de farelo de soja devido à crescente demanda<br />

por alimentos para gado.<br />

A Argentina com 51% de participação, o Brasil com 25%,<br />

e os Estados Unidos com 13% devem continuar a ser os três<br />

maiores exportadores de farelo de soja em 2026/27. No total,<br />

a participação desses nas exportações mundiais aumentará<br />

de 85% para 88% nos próximos 10 anos. A participação dos<br />

EUA está caindo ligeiramente.<br />

Prevê-se que as importações mundiais de óleo de soja subam<br />

3,2 milhões de toneladas (27%), para 15 milhões de toneladas,<br />

ao final do período de projeção, impulsionadas pelo<br />

aumento no uso para alimentação e industrial. Espera-se<br />

que o crescimento no comércio mundial de óleo de soja continue<br />

a ser limitado pela concorrência com o óleo de palma,<br />

o principal óleo vegetal comercializado internacionalmente.<br />

<br />

gráfico 2.3<br />

Projeções do mercado mundial de soja<br />

180<br />

160<br />

140<br />

Importação<br />

mundial de soja<br />

180<br />

160<br />

140<br />

Exportação<br />

mundial de soja<br />

milhões de toneladas<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

milhões de toneladas<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

40<br />

20<br />

20<br />

0<br />

0<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

CHINA<br />

OUTROS<br />

<strong>NO</strong>RTE DA ÁFRICA E ORIENTE MÉDIO<br />

AMÉRICA LATINA<br />

LESTE DA ÁSIA<br />

UF<br />

OUTROS<br />

BR<strong>AS</strong>IL<br />

ARGENTINA<br />

OUTROS AMÉRICA <strong>DO</strong> SUL<br />

EUA<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017b).


38<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.4<br />

Projeções do mercado mundial de farelo de soja<br />

90<br />

90<br />

80<br />

Importação<br />

80<br />

Exportação<br />

70<br />

70<br />

milhões de toneladas<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

milhões de toneladas<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

20<br />

10<br />

10<br />

0<br />

0<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

OUTROS<br />

UNIÃO EUROPÉIA<br />

SUDESTE <strong>AS</strong>IÁTICO<br />

AMÉRICA LATINA<br />

<strong>NO</strong>RTE DA ÁFRICA E<br />

ORIENTE MÉDIO<br />

ANTIGA UE E OUTROS<br />

EUROPA<br />

LESTE DA ÁSIA<br />

OUTROS ARGENTINA BR<strong>AS</strong>IL<br />

EUA<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017b).<br />

A Índia deve continuar como maior importadora de óleo de<br />

soja, aumentando, no período projetado, 30%, chegando a<br />

cerca de cinco milhões de toneladas até 2026/27.<br />

A Argentina, o Brasil, os Estados Unidos e a UE são os quatro<br />

maiores exportadores de óleo de soja e deverão representar<br />

80% das exportações mundiais durante a próxima década.<br />

A Argentina deverá representar 49% de participação das exportações<br />

mundiais de óleo de soja até 2026/27, o Brasil, 17%<br />

e os Estados Unidos, 8%.<br />

O crescimento contínuo da demanda global por proteínas<br />

vegetais e produtos derivados de soja como farinhas e óleos,<br />

principalmente em países asiáticos como a China, deverá<br />

manter o comércio de soja ainda acima do comércio de trigo<br />

ou outros grãos durante a próxima década.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 39<br />

<br />

gráfico 2.5<br />

Projeções do mercado mundial de óleo de soja.<br />

16<br />

16<br />

14<br />

Importação<br />

14<br />

Exportação<br />

12<br />

12<br />

milhões de toneladas<br />

10<br />

8<br />

6<br />

milhões de toneladas<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

4<br />

2<br />

2<br />

0<br />

0<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

OUTROS<br />

<strong>NO</strong>RTE DA ÁFRICA E<br />

ORIENTE MÉDIO<br />

CHINA<br />

ANTIGA EU, UE E<br />

OUTROS EUROPA<br />

ÍNDIA<br />

AMÉRICA LATINA<br />

OUTROS ÁSIA<br />

OUTROS<br />

ARGENTINA<br />

BR<strong>AS</strong>IL<br />

UNIÃO EUROPÉIA<br />

EUA<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017b).<br />

Feitas essas observações sobre o promissor mercado da<br />

soja, agora passa-se a comentar as perspectivas para o milho.<br />

2. 1. 2. Milho<br />

Na safra 2016/17, a produção mundial de milho alcançou<br />

1,07 bilhão de toneladas, contando com crescimento de 35%<br />

em um histórico de 10 safras. Os cinco maiores produtores<br />

mundiais, Estados Unidos, China, Brasil, União Europeia e Argentina,<br />

responderam por 805 milhões de toneladas ou 75,2%<br />

do milho produzido mundialmente. A concentração fica ainda<br />

mais evidente quando considerados apenas os três principais<br />

países, responsáveis por cerca de 65% da produção mundial.


40<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 2.3<br />

Produção mundial de milho e principais países produtores<br />

PRODUÇÃO MUNDIAL<br />

EM 2016/17 (MILHÕES<br />

DE TONELAD<strong>AS</strong>): 1070,5<br />

CRESCIMENTO<br />

2007/08-2016/17: 35%<br />

RANKING PRODUÇÃO MUNDIAL DE<br />

MILHO EM MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong><br />

2° CHINA<br />

Produção: 219,5<br />

Participação: 20,5%<br />

1° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Produção: 384,7<br />

Participação: 35,9%<br />

3° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Produção: 98,5<br />

Participação: 9,2%<br />

5° ARGENTINA<br />

Produção: 41,0<br />

Participação: 3,8%<br />

4° UE<br />

Produção: 61,1<br />

Participação: 5,7%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

O milho atingiu 183,5 milhões de hectares de área colhida<br />

na safra 2016/2017. A China, os Estados Unidos e o Brasil são<br />

os que possuem as maiores áreas respectivamente, e são responsáveis<br />

por 39,1% do total. O aumento da área total colhida<br />

mundialmente não foi tão significativo se comparado ao aumento<br />

da produção. Isso se deve ao fato do crescimento do<br />

volume produzido ser consequência da alta produtividade e<br />

dos investimentos em tecnologia que têm sido feitos nos últimos<br />

anos.<br />

A demanda do grão tem crescido proporcionalmente<br />

à oferta nos últimos 10 anos e o aumento do consumo<br />

mundial de milho foi de aproximadamente 42%. O consu-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 41<br />

⋆<br />

figUra 2.4<br />

Consumo mundial de milho e principais países consumidores<br />

CONSUMO MUNDIAL<br />

EM 2016/17 (MILHÕES<br />

DE TONELAD<strong>AS</strong>): 1030,5<br />

CRESCIMENTO<br />

2007/08-2016/17: 33%<br />

RANKING CONSUMO MUNDIAL DE<br />

MILHO EM MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong><br />

2° CHINA<br />

Consumo: 232,0<br />

Participação: 22,4%<br />

1° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Consumo: 313,6<br />

Participação: 30,4%<br />

5° MÉXICO<br />

Consumo: 39,9<br />

Participação: 3,9%<br />

4° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Consumo: 60,5<br />

Participação: 5,8%<br />

3° UE<br />

Consumo: 72,9<br />

Participação: 7,1%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

mo mundial de milho na safra 2016/2017 chegou a 1.030,5<br />

milhões de toneladas. Desde 2007/2008, foram 33% de aumento<br />

do valor. Desse total 58,4% é destinado à alimentação<br />

animal (602 milhões de toneladas), o restante é utilizado<br />

para outros fins como consumo humano, processamento<br />

industrial e sementes.<br />

Em 2016/2017 o consumo mundial cresceu significativamente<br />

segundo o USDA (2017a). Nos 16 maiores consumidores<br />

mundiais, apenas a Coréia do Sul diminuiu sua demanda<br />

por milho. Como a oferta também cresceu, a relação estoque/<br />

consumo deve permanecer equilibrada.<br />

O crescimento do consumo de milho no mundo foi im-


42<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

gráfico 2.6<br />

Percentual do Consumo de milho no mundo<br />

0<br />

40% 39% 39% 39% 39%<br />

60%<br />

2012 / 2013<br />

61% 61% 61% 61%<br />

2013 / 2014<br />

2014 / 2015<br />

2015 / 2016<br />

2016 / 2017<br />

CONSUMO <strong>PARA</strong> ALIMENTAÇÃO ANIMAL<br />

CONSUMO <strong>PARA</strong> OUTROS USOS<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

pulsionado principalmente pelo incremento do consumo<br />

para alimentação animal, que cresceu 18% (de 869 milhões<br />

de toneladas em 2012/13 para 1,03 bilhão de toneladas em<br />

2016/17) e foi responsável por 72% (12 milhões de toneladas)<br />

do aumento entre 2012/13 até 2016/17. A indústria de proteína<br />

animal (bovina, suína e de frango) também cresceu 18% no<br />

mundo nos últimos 10 anos (de 223 milhões de toneladas em<br />

2007 para 263 milhões de toneladas em 2017), puxada pela<br />

maior demanda mundial por carnes.<br />

Por conta de pressões ambientais e de busca por fontes<br />

energéticas limpas, os biocombustíveis têm sido uma forte<br />

tendência mundial. De toda a produção de etanol combustível<br />

no mundo, EUA e Brasil responderam por cerca de 85%<br />

em 2015. Contudo, o etanol brasileiro é produzido quase que<br />

totalmente a partir da cana-de-açúcar, portanto o consumo<br />

de milho para esse fim é altamente concentrado nos Estados<br />

Unidos. Vale destacar investimentos recentes em etanol de<br />

milho no Brasil que tem mostrado bons resultados no Centro-Oeste<br />

(ver box 1).<br />

De acordo com a lei de independência e segurança energética<br />

americana (Summary of the Energy Independence<br />

and Security Act), de 2007 até o ano de 2022, a produção<br />

necessária para cumprir a meta de uso de biocombustíveis<br />

é de 36 bilhões de galões (1 galão equivale a, aproximadamente,<br />

3,7854 litros). Desses, 21 bilhões devem ser de


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 43<br />

BoX 1 - EM Mato groSSo, EtaNol Vira altErNatiVa Para o Milho<br />

Biocombustível ganha espaço nos<br />

projetos para melhorar aproveitamento<br />

da produção do Estado<br />

Gustavo Porto, enviado especial, O Estado de S.Paulo<br />

04 novembro 2017 | 05h00<br />

LUC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> RIO VERDE (MT) - Maior celeiro agropecuário<br />

do País, Mato Grosso busca no etanol a saída para<br />

reduzir gargalos econômicos e logísticos gerados por um<br />

excedente anual de 25 milhões de toneladas de milho<br />

– 27% da oferta brasileira. Essa é a produção que não é<br />

consumida localmente, mas que enfrenta desafios para<br />

ser levada para outras regiões. Nessa nova rota do biocombustível,<br />

o cenário é animador, mas também aponta<br />

desafios. Ao mesmo tempo em que o processamento do<br />

milho para se obter álcool gera subprodutos que proporcionam<br />

remuneração extra ao produtor, como o farelo,<br />

alimento de qualidade e de menor custo para o rebanho<br />

de 30 milhões de bovinos do Estado, a expansão do combustível<br />

precisa ser acompanhada de avanços nas questões<br />

estruturais. Entraves observados em anos de ampla<br />

produção de milho, entre eles dificuldade de escoamento<br />

e preço baixo, podem ser um limitador no futuro.<br />

Com 11 usinas, Mato Grosso é autossuficiente em álcool.<br />

Consome um terço do 1,4 bilhão de litros que oferta.<br />

Três das unidades existentes no Estado são flex e já produzem<br />

o biocombustível com o uso de cana-de-açúcar e<br />

milho. As outras oito usam apenas cana. Em agosto, foi<br />

inaugurada em Lucas do Rio Verde (MT) a primeira unidade<br />

produtora de álcool exclusivamente do cereal, a FS<br />

Bioenergia.<br />

Produtores dessa região, principal polo produtor de<br />

milho naquele Estado, sofrem para escoar os grãos. Até<br />

o terminal ferroviário mais próximo, em Rondonópolis<br />

(MT), são 600 quilômetros ao sul por rodovia. Uma alternativa,<br />

ao norte, é enfrentar 1.100 quilômetros pela BR-<br />

163, com trechos precários, para exportar pelo porto de<br />

Miritituba (PA). O resultado do gargalo logístico é que o<br />

preço do frete dobra e a competitividade do milho diminui.<br />

Em Lucas do Rio Verde, distante 330 quilômetros ao<br />

norte da capital Cuiabá, há uma mistura de euforia com a<br />

FS Bioenergia e desconfiança de produtores sobre o potencial<br />

de reação dos preços do cereal. Empresário rural<br />

e prefeito luverdense no primeiro mandato, Luiz Binotti<br />

(PSD), diz que o primeiro ponto positivo da chegada da<br />

FS é a geração de empregos, “com remuneração melhor e<br />

profissionais de alto conhecimento”.<br />

Menos otimista, o presidente do Sindicato Rural local,<br />

Carlos Alberto Simon, diz que os preços do milho já mostram<br />

reação, mas é cauteloso sobre a possibilidade de


44<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

isso ser uma tendência. Segundo ele, a saca de 60 quilos<br />

a ser entregue à FS Bioenergia no segundo semestre de<br />

2018 já foi comercializada entre R$ 16,00 e R$ 16,50, alta<br />

de até 22% em relação ao valor de mercado atual, de R$<br />

13,50. “Ainda é baixo, mas é uma melhora”, pondera.<br />

Flex. A 150 quilômetros de Lucas do Rio Verde, em São<br />

José do Rio Claro (MT), está a Destilaria de Álcool Libra,<br />

uma das três usinas flex mato-grossenses. Lá, já virou realidade<br />

aquilo que em Lucas do Rio Verde é uma expectativa.<br />

De acordo com o diretor comercial da Libra, Celso<br />

Eduardo Ticianeli, o etanol de milho responde por 35% da<br />

receita da companhia, o farelo, por 25% e o álcool de cana,<br />

pelos 40% restantes.<br />

Os pecuaristas agradecem. “O farelo de milho tem<br />

quantidade de proteína comparada ao de soja, é mais<br />

barato e, pelo alto teor de umidade, é mais palatável aos<br />

animais”, diz Jefferson Albino, gestor da unidade da empresa<br />

de pecuária LFPEC em Diamantino (MT), a 50 quilômetros<br />

da Libra.<br />

Mas a cana é considerada indispensável para as usinas<br />

flex por gerar o bagaço. A biomassa é queimada em caldeiras<br />

e transformada em energia elétrica, insumo fundamental<br />

na unidade fabril. Quem não dispõe de cana<br />

utiliza eucalipto picado como biomassa para a produção<br />

de energia. Estudo feito pelo Instituto Mato-grossense de<br />

Economia Agropecuária (Imea) aponta que a construção<br />

de novas usinas do biocombustível a partir do milho terá<br />

como fator limitador justamente a oferta restrita de biomassa<br />

para a geração de energia.<br />

O governo federal trata o advento das usinas de etanol<br />

de milho como “uma revolução”, pelos impactos econômicos,<br />

sociais e até fundiários gerados onde as unidades<br />

são instaladas. Para o diretor de biocombustíveis do Ministério<br />

de Minas e Energia, Miguel Ivan Lacerda, a rota<br />

alternativa de produção do bicombustível “cria uma nova<br />

fronteira de desenvolvimento”. O ex-governador e senador<br />

licenciado de Mato Grosso, o ministro da Agricultura<br />

Blairo Maggi, diz que, “diferentemente de uma usina de<br />

cana, que precisa mudar todo sistema fundiário e social<br />

para ser instalada, a implantação de uma usina de milho<br />

vem como incremento para a região produtora do grão”.<br />

Apesar do protagonismo estadual, o uso do milho na<br />

produção de etanol e de farelo para a pecuária não deverá<br />

ser restrito às lavouras mato-grossenses, para o ex-presidente<br />

e conselheiro consultivo da Associação dos Produtores<br />

de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja)<br />

Glauber Silveira. “Se o etanol de milho é viável a até R$<br />

36 a saca, como mostra estudo do Imea, e como unidades<br />

flex precisam de menos investimentos, o maior potencial<br />

de crescimento da nova rota está em usinas de cana de<br />

São Paulo”, diz, referindo-se à principal região canavieira<br />

do mundo.<br />

Matéria extraída de O Estado de S. Paulo.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 45<br />

<br />

gráfico 2.7<br />

Produção de etanol dos EUA<br />

<br />

taBEla 2.4<br />

Exportações mundiais de milho<br />

16.000<br />

eXportaçÕes MunDiais De MiLHo eM MiLHÕes De toneLaDas<br />

milhões de toneladas<br />

14.000<br />

12.000<br />

10.000<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

0<br />

2005<br />

2006<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de AFDC (2016).<br />

fontes não relacionadas ao milho, portanto a produção de<br />

etanol de milho necessária para atingir a meta em 2022 é<br />

próxima a 15 bilhões de galões. Entretanto, como pode ser<br />

visto no Gráfico 2.7, esse limite de 15 bilhões de galões já<br />

está muito próximo de ser alcançado, impedindo um crescimento<br />

muito maior.<br />

As exportações mundiais de milho em 2016 chegaram a<br />

160 milhões de toneladas. Porém, para a safra 2017/2018,<br />

as expectativas são de que os Estados Unidos reduzam um<br />

saFras<br />

Variação<br />

paÍses<br />

16/17 17/18* aBsoLuta %<br />

EUA 56,5 47,6 -8,9 -15,7%<br />

Brasil 34,0 34,0 0,0 0,0%<br />

Argentina 27,5 28,5 1,0 3,6%<br />

Ucrânia 20,5 20,5 0,0 0,0%<br />

Outros 21,2 21,8 0,6 2,9%<br />

*Projeção / Fonte: FIESP (2017b).<br />

pouco suas vendas externas, puxadas por diminuição na área<br />

colhida e na produtividade do país. Mesmo assim, o país continuará<br />

líder de produção do grão. O Brasil também exportará<br />

boas quantidades.<br />

Os riscos relacionados à exportação de milho incluem a influência<br />

das cotações internacionais e a alta volatilidade dos<br />

preços nos mercados futuros, podendo acarretar perdas com<br />

ajuste de margem. Além disso, há o fato de os custos de produção<br />

serem cotados em dólar e dependentes da matéria-prima<br />

petroquímica (fertilizantes e defensivos agrícolas).<br />

As importações de milho no mundo têm crescido e no período<br />

entre 2007/08 e 2016/17 esse volume aumentou 40%,


46<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.8<br />

Importações mundiais de milho<br />

mil toneladas<br />

160.000<br />

140.000<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

2006/2007 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 2015/2016 2016/2017<br />

OUTROS<br />

MÉXICO<br />

JAPÃO<br />

UE<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

o que demonstra maior fluxo da commodity dos centros de<br />

produção em direção aos mercados consumidores, representando<br />

outra boa oportunidade.<br />

Os principais importadores de milho na safra 2016/17 foram<br />

Japão (15,1 milhões de toneladas); México (14,5 milhões de toneladas);<br />

e União Europeia (14,8 milhões de toneladas). Como<br />

pode ser visto no Gráfico 2.8, os três países juntos representam<br />

32,5% de todas as importações do grão, ou seja, os destinos do<br />

comércio internacional de milho se encontram mais fragmentados<br />

e dispersos do que são hoje os exportadores.<br />

Da mesma forma que vem ocorrendo com a soja, o milho<br />

no mundo tem vivenciado anos de crescimento nos estoques<br />

devido à ampliação na produção por bons climas e uma expansão<br />

mais moderada nas taxas de consumo. A relação estoque/uso<br />

terminou a safra 2016/17 em 22,2%, indicador bem<br />

superior às dez safras anteriores onde esse número chegou a<br />

atingir uma mínima de 14%.<br />

A China, que detém o maior estoque mundial, após muito<br />

tempo de crescimento, reduziu os níveis dos estoques do grão.<br />

Segundo analistas de mercado, o desequilíbrio entre produção<br />

e demanda chinesa, aliado às alterações na política de preços<br />

mínimos, pode fazer com que continue reduzindo seus esto-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 47<br />

<br />

gráfico 2.9<br />

Estoques mundiais de milho<br />

250.000<br />

200.000<br />

OUTROS<br />

MÉXICO<br />

mil toneladas<br />

150.000<br />

100.000<br />

50.000<br />

0<br />

2016 / 2017<br />

2015 / 2016<br />

2014 / 2015<br />

2013 / 2014<br />

2012 / 2013<br />

2011 / 2012<br />

2010 / 2011<br />

2009 / 2010<br />

2008 / 2009<br />

2007 / 2008<br />

2006 / 2008<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

ques, podendo importar um volume maior futuramente.<br />

Os efeitos da relação entre oferta e demanda provocaram<br />

quedas expressivas nos preços da commodity que após um<br />

período de patamares bem elevados (principalmente entre<br />

2011 e 2013), já se encontram em níveis mais modestos de<br />

US$ 400,00 por bushel desde meados de 2014 (1 bushel equivale<br />

a 25,4 kg).<br />

Caso persistam as tendências de estoque, a perspectiva é<br />

de que esses preços mantenham-se nesse patamar por mais<br />

algum tempo. O Gráfico 2.10 mostra o histórico de preços nos<br />

últimos anos.<br />

A produção mundial de grãos deve ter um aumento próximo<br />

de 1% ao ano. Mais especificamente do milho, é esperado<br />

um aumento de 14% até 2026/27, chegando a um total de<br />

1,164 bilhão de toneladas.<br />

A expectativa é de que 10% do aumento total da produção<br />

do milho virá de uma expansão de área, sendo o restante referente<br />

a um aumento na produtividade. Essa expansão de


48<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.10<br />

Preços internacionais de milho<br />

860<br />

760<br />

660<br />

711<br />

753<br />

763<br />

662<br />

560<br />

460<br />

360<br />

260<br />

160<br />

217<br />

235<br />

267<br />

215<br />

316<br />

237<br />

413<br />

418<br />

326 322<br />

546<br />

347<br />

603<br />

502<br />

410<br />

439<br />

335 323<br />

404<br />

JAN 2000<br />

JAN 2001<br />

JAN 2002<br />

JAN 2003<br />

JAN 2004<br />

JAN 2005<br />

JAN 2006<br />

JAN 2007<br />

JAN 2008<br />

JAN 2009<br />

JAN 2010<br />

JAN 2011<br />

JAN 2012<br />

JAN 2013<br />

JAN 2014<br />

JAN 2015<br />

JAN 2016<br />

JAN 2017<br />

DEZ 2017<br />

Fonte: Bradesco (2017)<br />

área virá, principalmente, da América Latina que passará de<br />

33,5 milhões hectares no período base para 35,7 milhões de<br />

hectares (aumento de 6,6%). Essa região deverá contribuir<br />

com 28% (39 milhões de toneladas) do aumento da produção<br />

mundial, segundo projeções da FAO e OCDE (2017). A América<br />

do Norte contribuirá com 22% (31 milhões de toneladas) do<br />

aumento da produção mundial até 2026/27.<br />

O comércio mundial de milho aumentará quase 18% ao<br />

longo dos próximos 10 anos, somando mais de 25 milhões de<br />

toneladas. Os EUA devem continuar a ser o maior exportador<br />

do mundo até 2026. No entanto, um provável fortalecimento<br />

do dólar norte-americano pode restringir as exportações. O<br />

aumento da concorrência, particularmente do Brasil, Argentina<br />

e Ucrânia, resulta em uma queda na participação dos EUA<br />

no comércio global de milho durante o período de projeção.<br />

As regiões com crescimento mais rápido nas importações<br />

de milho durante o período de projeção incluem a África<br />

Subsaariana, África do Norte e Oriente Médio, com taxas de<br />

crescimento anual de 4,3%, 3,0% e 2,5%, respectivamente. O<br />

aumento total para essas três regiões é de 11,7 milhões de to-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 49<br />

<br />

milhões de toneladas<br />

gráfico 2.11<br />

Projeções do mercado mundial de milho<br />

180<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

EUA<br />

ANTIGA UE<br />

BR<strong>AS</strong>IL<br />

ARGENTINA<br />

UE<br />

CHINA<br />

OUTROS<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017b).<br />

neladas, representando aproximadamente 46% do aumento<br />

mundial das importações durante o período de projeção.<br />

A América do Sul também está expandindo a produção de<br />

carne, levando ao aumento das importações de milho para<br />

2,9 milhões de toneladas em 2026/27. África, Oriente Médio,<br />

Sudeste Asiático e América do Sul representam quase 73%<br />

do aumento mundial das importações durante o período de<br />

projeção. O Gráfico 2.11 mostra as projeções de exportações<br />

mundiais de milho para os próximos anos.<br />

A análise do gráfico mostra também boas oportunidades ao<br />

Brasil e, consequentemente, ao Estado do Tocantins. A partir<br />

de agora discute-se o mercado nacional.<br />

2. 2. Análise do mercado nacional<br />

2. 2. 1. Soja<br />

Na safra 2016/17, o Brasil se inseriu no mercado internacional<br />

mantendo-se na segunda posição no ranking de produção<br />

de soja com cerca de 114 milhões de toneladas, ou o equivalente<br />

a 32,4% do total produzido no mundo (USDA, 2017). Apesar<br />

da expansão das novas fronteiras agrícolas no país por meio<br />

do aumento de áreas e produtividade, as regiões de grãos mais<br />

tradicionais (centro-oeste e sul) continuam sendo as maiores<br />

responsáveis pela produção brasileira. Na safra de 2015/16,<br />

a região centro-oeste liderou a produção agrícola nacional de<br />

soja com 46% do total produzido, seguida pela região Sul que<br />

respondeu por outros 37% (Conab, 2017c).<br />

Entretanto, há indícios do início de um período de transição,<br />

com deslocamento das lavouras das tradicionais regiões<br />

produtoras para as fronteiras agrícolas mais recentes (norte,<br />

nordeste e centro-oeste) (RODRIGUES; BARBOSA; ALMEIDA,<br />

2009). Apesar de figurar como principal região produtora do<br />

Brasil, o centro-oeste foi a que contabilizou menor, mas ainda<br />

assim expressivo, crescimento na produção nas últimas dez


50<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.12<br />

Série Histórica de Produção 2006-2016<br />

<strong>NO</strong>RTE <strong>NO</strong>RDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL<br />

PRODUTIVIDADE BR<strong>AS</strong>IL<br />

50.000<br />

3.500<br />

45.000<br />

40.000<br />

3.000<br />

35.000<br />

2.500<br />

milhões de toneladas<br />

30.000<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

produtividade (kg/ha)<br />

10.000<br />

5.000<br />

500<br />

0<br />

2006 / 07 2007 / 08 2008 / 09 2009 / 10 2010 / 11 2011 / 12 2012 / 13 2013 / 14 2014 / 15 2015 / 16<br />

0<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017c).<br />

safras, com um incremento de 65%. A região brasileira que<br />

mais ampliou sua produção no período analisado foi a Norte,<br />

com aumento de 254%, seguida pela Sudeste com 89% (Conab,<br />

2017c).<br />

A produtividade da soja brasileira tem se mantido quase que<br />

estável. Isso se dá porque o País convive com diferentes estágios<br />

de desenvolvimento da cultura em seu território. Apesar<br />

de regiões tradicionais, como o já citado Centro-Oeste, realizarem<br />

altos investimentos em tecnologia e obterem elevados índices<br />

de produtividade, outras regiões que estão estruturando


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 51<br />

<br />

taBEla 2.5<br />

Ranking nacional dos principais estados produtores de soja<br />

(projeções para safra 2016/17)<br />

reGião/uF<br />

Área<br />

(mil ha)<br />

produtividade<br />

(kg/ha)<br />

produção<br />

(mil ton)<br />

1° Mt 9.322,8 3.273 30.513,5<br />

2° PR 5.249,6 3.721 19.533,8<br />

3° RS 5.569,6 3.360 18.713,9<br />

4° GO 3.278,5 3.300 10.819,1<br />

5° MS 2.522,3 3.400 8.575,8<br />

6° BA 1.580,3 3.242 5.123,3<br />

7° MG 1.456,1 3.466 5.046,8<br />

8° SP 921,1 3.445 3.173,2<br />

9° TO 964,0 2.932 2.826,4<br />

10° MA 821,7 3.010 2.473,3<br />

11° SC 640,4 3.580 2.292,6<br />

12° PI 693,8 2.952 2.048,1<br />

13° PA 508,8 3.212 1.634,3<br />

14° RO 296,0 3.143 930,3<br />

15° DF 70,0 3.450 241,5<br />

16° RR 30,0 3.200 96,0<br />

BR<strong>AS</strong>IL 33.888,7 3.362 113.930,2<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017c).<br />

suas novas áreas de plantio obtêm médias mais baixas. Assim,<br />

possíveis elevações na média nacional de produtividade acabam<br />

não ocorrendo. Além disso, a soja já é o produto agrícola<br />

com um dos maiores volumes de pesquisas e desenvolvimento<br />

de tecnologias. O Gráfico 2.12 mostra o histórico de produção e<br />

produtividade de soja nas diversas regiões do Brasil.<br />

Podem-se encontrar áreas plantadas com soja em quase<br />

todos os estados brasileiros e é o Mato Grosso que apresenta<br />

maior concentração, contando com 9,14 milhões de hectares.<br />

A Tabela 2.5 mostra o ranking dos principais estados produtores<br />

no Brasil, tendo como referência dados da Conab para a<br />

safra de 2016/17.<br />

Como pode ser visto na tabela, Paraná e Rio Grande do<br />

Sul possuem áreas plantadas bem próximas, porém o Paraná<br />

destaca-se em nível de produtividade (projeção de 3.721<br />

kg/ha para a safra 2016/17), ocupando a segunda colocação<br />

no ranking de maiores estados produtores do Brasil. O Rio<br />

Grande do Sul figura como 3º maior produtor. Completam os<br />

cinco maiores produtores os outros dois estados da região<br />

centro-oeste: Goiás e Mato Grosso do Sul. Esses cinco concentram<br />

77,4% da produção nacional (Conab, 2017c).<br />

Para entender a situação atual da soja no Brasil, além da<br />

análise da safra atual, é importante evidenciar como foi o desenvolvimento<br />

da cultura nos últimos anos nos diferentes estados.<br />

Regiões consolidadas, que representam maior parte da<br />

produção de grãos no país, como a centro-oeste e a sul, apresentam<br />

crescimento estabilizado ou ligeiramente positivo


52<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 2.5<br />

Produção de soja dos estados com crescimentos expressivos<br />

PRODUÇÃO NACIONAL<br />

EM 2016/17* (MILHÕES<br />

DE TONELAD<strong>AS</strong>): 114<br />

CRESCIMENTO<br />

2006/07-2016/17: 95%<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

Produção: 2.822,1 (mil ton)<br />

Produtividade: 2.933 (kg/ha)<br />

Área:<br />

962,2 (mil ha)<br />

GOIÁS<br />

Produção: 10.819,1 (mil ton)<br />

Produtividade: 3.300 (kg/ha)<br />

Área:<br />

3.278,5 (mil ha)<br />

MARANHÃO<br />

Produção: 2.498,0<br />

Produtividade: 3.040<br />

Área: 821,7<br />

<strong>PARA</strong>NÁ<br />

Produção:<br />

Produtividade:<br />

Área:<br />

19.533,8 (mil ton)<br />

3.721 (kg/ha)<br />

5.249,6 (mil ha)<br />

BAHIA<br />

Produção:<br />

Produtividade:<br />

Área:<br />

5.123,3 (mil ton)<br />

3.242 (kg/ha)<br />

1.580,3 (mil ha)<br />

*previsão para safra 2016/17. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017c).<br />

ano a ano; já nas regiões de fronteira agrícola, o crescimento<br />

é exponencial, indicando que no futuro essas regiões devem<br />

representar fatia maior da produção nacional.<br />

A Figura 2.5 mostra os estados que tiveram um crescimento<br />

expressivo nos últimos anos e já começam a ocupar<br />

posições de destaque no ranking de produção de soja nacional.<br />

Estados como a Bahia, o Tocantins e o Maranhão fazem<br />

parte da região MATOPIBA, que é a fronteira agrícola onde a<br />

produção de grãos tem avançado. Apesar desses estados terem<br />

vivenciado rápida expansão de área, ainda contam com<br />

grande potencial de aumento de produtividade.<br />

Vale lembrar que a soja é um produto com uso muito diversificado.<br />

Além da exportação do grão in natura, a partir do seu<br />

processamento, obtem-se o farelo e o óleo de soja. A maior<br />

parte do farelo de soja é destinada à alimentação animal, enquanto<br />

que o óleo pode ser transformado em biocombustível,<br />

óleo de cozinha, gordura vegetal, entre outros produtos. Mais<br />

especificamente, indústrias como a farmacêutica, de cosmé-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 53<br />

⋆<br />

figUra 2.6<br />

Usos e destinos da soja brasileira em 2016<br />

Outros usos e estoques<br />

Exportação<br />

14,3<br />

milhões de toneladas<br />

Exportação in natura<br />

51,6<br />

milhões de toneladas<br />

Farelo<br />

96,2<br />

milhões de toneladas<br />

Consumo doméstico<br />

(Ração)<br />

15,9<br />

milhões de toneladas<br />

Safra Soja<br />

96,2<br />

milhões de toneladas<br />

Processamento interno<br />

39,5<br />

milhões de toneladas<br />

Exportação<br />

1,3<br />

milhões de toneladas<br />

Óleo<br />

96,2<br />

milhões de toneladas<br />

Consumo doméstico<br />

(Alimentação e biodiesel)<br />

6,6<br />

milhões de toneladas<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Abiove (2017).


54<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.13<br />

Evolução das exportações brasileiras do complexo soja<br />

ÓLeo De<br />

soJa<br />

FareLo<br />

De soJa<br />

soJa eM<br />

Grãos<br />

2010/2011 1.741 14.355 32.986<br />

2011/2012 1.757 14.289 32.468<br />

2012/2013 1.362 13.333 42.791<br />

2013/2014 1.305 13.716 45.692<br />

2014/2015 1.669 14.826 54.324<br />

2015/2016 1.254 14.443 51.587<br />

2016/2017 1.550 15.900 64.000<br />

(mil toneladas)<br />

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000<br />

*Volumes 2016/17 são estimativas. NCM: soja em grão - 1201.90.00; óleo de soja - 1507.10.00 a 1507.90.90; farelo - 1208.10.00 e 2304.00.10 a 2304.00.90<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017e) com base em Brasil (2017e)<br />

ticos, entre outras, também podem utilizar a soja como matéria-prima<br />

(APROSOJA, 2017).<br />

Segundo Medina, Ribeiro e Brasil (2016), a verticalização é<br />

importante para agregar valor à cadeia produtiva. O óleo de<br />

soja gera, por exemplo, segundo os autores, “três vezes mais<br />

emprego e duas vezes mais PIB”.<br />

Tanto o grão como os diferentes produtos oriundos do seu<br />

processamento podem ter como destino o mercado externo<br />

ou interno. Das 96 milhões de toneladas de soja produzidas<br />

na safra 2015/16 no Brasil, 44 milhões de toneladas ficaram


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 55<br />

no mercado interno, na grande maioria para o processamento<br />

(39,5 milhões de toneladas). Aproximadamente 52 milhões de<br />

toneladas foram destinadas à exportação ainda na forma de<br />

grãos. Isso demonstra que existe potencial para agregação de<br />

valor na soja exportada (ABIOVE, 2017), desde que mercados<br />

consumidores demandem mais soja processada.<br />

As exportações brasileiras do complexo soja são principalmente<br />

da soja em grão, com fluxos de exportação concentrados<br />

nos meses posteriores à colheita. Ao mesmo tempo, os<br />

volumes dos produtos processados e exportados se mantêm<br />

praticamente estáveis ao longo do ano.<br />

Ao fazer uma análise do PIB da cadeia produtiva da soja, é<br />

possível identificar uma tendência de aumento dos serviços<br />

voltados para exportação da soja em grãos, em detrimento<br />

dos serviços de processamento industrial do produto. Isso<br />

reforça a especialização voltada para exportação de produtos<br />

menor valor agregado (MONTOYA; BERTUSSI; LOPES, 2017).<br />

De acordo com Figueiredo, Santos e Lírio (2004), possíveis<br />

justificativas para o baixo volume exportado de soja processada<br />

incluem, no caso do farelo, o aumento do consumo interno<br />

para a fabricação de ração de origem vegetal, diante do aumento<br />

do tamanho do rebanho brasileiro; e, no caso do óleo,<br />

a baixa capacidade de esmagamento nas unidades processadoras<br />

do País, quando comparada a outros países, principalmente<br />

a Argentina. Além disso, o custo alto em transportes<br />

<br />

<br />

taBEla 2.6<br />

Principais destinos das exportações brasileiras de soja em grãos<br />

prinCipais Destinos eXportação De Grãos De soJa Do BrasiL<br />

Mi us$ FoB eM 2016<br />

China<br />

Espanha<br />

Tailândia<br />

totaL BrasiL 14.386,1 598,7 586,6 571,5 467,9 0,0 19.331,3<br />

Holanda<br />

Irã<br />

Outros<br />

totaL<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Abiove (2017).<br />

taBEla 2.7<br />

Principais destinos das exportações brasileiras de farelo e óleo de soja<br />

prinCipais Destinos eXportação De FareLo De soJa Do BrasiL<br />

Mi us$ FoB eM 2016<br />

Holanda<br />

França<br />

Tailândia<br />

totaL BrasiL 1.083,60 614,5 536,1 521,3 520,4 0 5.192,80<br />

prinCipais Destinos eXportação De ÓLeo De soJa Do BrasiL<br />

us$ Mi FoB eM 2016<br />

Índia<br />

China<br />

Argélia<br />

totaL BrasiL 377,7 173 88,8 52,5 49,4 0 898,3<br />

Indonésia<br />

Bangladesh<br />

Alemanha<br />

Cuba<br />

Outros<br />

Outros<br />

totaL<br />

totaL<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Abiove (2017).


56<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

específicos do óleo (ainda maior que o da soja em grão e farelo)<br />

e a elevada carga tributária vêm reduzindo rentabilidade<br />

da operação dos processamentos. Fora isto, tem-se sempre<br />

que observar o comportamento do mercado comprador, pois<br />

a China tem elevada capacidade de moagem e muitas vezes<br />

dá preferência à compra de grãos.<br />

O Gráfico 2.13 mostra a evolução das exportações brasileiras<br />

do complexo soja por produto.<br />

A proporção de óleo de soja exportado frente ao total produzido<br />

internamente é menor que a de farelo.<br />

Os principais mercados das exportações brasileiras do<br />

complexo soja se concentram na Ásia e Europa, com amplo<br />

destaque para a China que foi destino de 62% das exportações<br />

de soja em grãos em 2016 e vem ampliando ainda mais<br />

sua participação. A Tabela 2.6 mostra as exportações brasileiras<br />

de soja em grão por país de destino.<br />

O Mato Grosso figura como principal Estado exportador de<br />

soja em grãos do País, com uma participação de cerca de 20%<br />

do total em valor. Esse número acompanha a sua posição de<br />

maior produtor do grão. O principal mercado destino das exportações<br />

nacionais de farelo de soja é a França, já o óleo de<br />

soja tem como principal destino a Índia. A Tabela 2.7 mostra<br />

as exportações brasileiras de farelo e óleo de soja por país de<br />

destino.<br />

No ano de 2016, de todo o farelo de soja produzido no País,<br />

<br />

gráfico 2.14<br />

Processamento de soja no mercado interno (mil toneladas)<br />

2016<br />

2015<br />

2014<br />

2013<br />

2012<br />

2011<br />

15.837 6.580<br />

16.017 6.521<br />

14.799 6.109<br />

14.350 5.723<br />

14.051 5.328<br />

13.758 5.528<br />

FARELO<br />

ÓLEO<br />

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000<br />

mil toneladas<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Abiove (2017).<br />

47% foi exportado e o restante consumido internamente sendo,<br />

a maior parte, na forma de ração para animais. Cerca de<br />

83% de todo o óleo de soja produzido no País em 2016 permaneceu<br />

no mercado interno.<br />

O Gráfico 2.14 mostra a evolução da produção interna de<br />

farelo e óleo de soja. É possível notar que a maior parte da soja<br />

processada no Brasil é destinada para a produção de farelo.<br />

A dinâmica do mercado de grãos é altamente influencia-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 57<br />

<br />

gráfico 2.15<br />

Estoques de soja em grãos<br />

140.000<br />

PROD. IMPORT. CONSUMO EXPORT.<br />

ESTOQUE FINAL<br />

6.000<br />

120.000<br />

100.000<br />

4.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

2.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

0<br />

-2.000<br />

-20.000<br />

-40.000<br />

-4.000<br />

-60.000<br />

-80.000<br />

2010 / 2011 2011 / 2012 2012 / 2013 2013 / 2014 2014 / 2015 2015 / 2016 2016 / 2017<br />

-6.000<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017a).<br />

da pelos estoques, que representam a relação de oferta e demanda<br />

no mercado, pois são calculadas a partir da subtração<br />

do consumo e exportações pelo estoque inicial, produção e<br />

importação do País. Quando a disponibilidade dos estoques é<br />

alta, a tendência é de queda nos preços.<br />

Com a safra recorde de 2016/17, como mostra o Gráfico 2.15,<br />

os estoques do complexo soja tiveram uma expressiva alta,<br />

mesmo com as exportações também tendo aumentado.<br />

Para o futuro, espera-se cada vez mais excedentes na produção<br />

brasileira e que eles sejam destinados ao mercado ex-


58<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.16<br />

Custos operacionais da soja<br />

Sementes<br />

Defensivos<br />

Fertilizantes<br />

Maquinários<br />

Depreciação<br />

Máquinas/<br />

Implementos<br />

Outros<br />

2007 / 2008 2015 / 2016<br />

0 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017b).<br />

terno, pois a demanda interna, apesar de estar em constante<br />

crescimento, não será suficiente para absorver este aumento<br />

da produção.<br />

Outro fator relevante na análise da competitividade de uma<br />

atividade produtiva, são os custos de produção. O Gráfico 2.16<br />

mostra uma análise dos principais itens que influenciam o<br />

custo de produção da soja no Brasil.<br />

Nota-se que fertilizantes, defensivos, operações com máquinas,<br />

sementes e a depreciação de máquinas/implementos<br />

representam cerca de 70% do custo operacional da soja no<br />

Brasil. Os maiores incrementos em relação à safra de 2007/08<br />

foram sementes, devido ao avanço da biotecnologia e os defensivos,<br />

em parte pelo desenvolvimento de resistência em<br />

pragas, doenças e plantas daninhas.<br />

Os custos operacionais de produção, de maneira geral,<br />

cresceram 91,1% nos últimos nove anos. Por grande parte<br />

dos custos e da venda da produção ter como base financeira<br />

o dólar, o contexto político econômico brasileiro é fator muito<br />

impactante. No planejamento da safra 2016/17, o valor do<br />

dólar estava em R$ 4,00 e hoje está bem diferente, ilustrando<br />

como as condições macroeconômicas do País afetam diretamente<br />

no planejamento na produção de soja (Conab, 2017b).<br />

A rentabilidade do produtor pode ficar comprometida em<br />

um cenário de aumento nos custos de produção, por isso é<br />

importante mapear também a evolução nos preços da commodity.<br />

A preocupação com os preços da soja cresce, por<br />

causa da queda do dólar e do preço da commodity. A queda<br />

dos valores diminui a renda do produtor consideravelmente.<br />

Como pode ser visto no Gráfico 2.17, as curvas dos estados


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 59<br />

<br />

R$ / saca<br />

gráfico 2.17<br />

Média anual de preços<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

MÉDIA MT<br />

MÉDIA GO<br />

MÉDIA PR<br />

MÉDIA BA<br />

em grão, cujo preço foi recorde neste mesmo ano.<br />

Como pode ser observado no Gráfico 2.18, o ritmo de crescimento<br />

da produção de soja em grãos seguirá uma taxa de<br />

2,9% a.a. O crescimento brasileiro é influenciado pela maior<br />

disponibilidade de terras quando comparado com outros países<br />

como Argentina e EUA, pois as taxas de produtividade<br />

média estarão muito próximas do que são hoje. A área plantada<br />

passará por uma variação positiva de 27,5%.<br />

Quanto à soja industrializada, o consumo doméstico de farelo<br />

de soja pode ser explicado pelo setor de carnes, mas, atualmente,<br />

o principal impulsionador do volume está no óleo combustível<br />

e comestível. A demanda por farelo de soja no mercado<br />

nacional e internacional está aquecida, aumentando os preços<br />

internos. Com a menor oferta da Argentina, explicada pelo atraso<br />

na colheita da soja 2016/17, o foco voltou-se para o Brasil.<br />

2. 2. 2. Milho<br />

0<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017d).<br />

são parecidas e a queda atual de preços é comum para todos.<br />

Em 2016, a alta do farelo caminhou juntamente com o da soja<br />

No Brasil, diferentemente do que acontece na maioria dos<br />

demais países, a produção de milho acontece em dois períodos<br />

distintos do ano. O milho da safra de inverno, também conhecido<br />

como milho safrinha, é aquele cujo plantio e colheita<br />

ocorrem entre fevereiro e julho. Ele é definido como o milho<br />

de sequeiro, cultivado extemporaneamente, e começou a ser<br />

mais explorado devido ao desempenho não tão favorável das


60<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.18<br />

Projeções nacionais de produção e área plantada de soja<br />

<br />

gráfico 2.19<br />

Projeções nacionais de produção de farelo e óleo de soja.<br />

29,7%<br />

PROJEÇÃO PRODUÇÃO<br />

SOJA EM GRÃOS<br />

2016/17 A 2026/27<br />

113<br />

milhões de ton<br />

146,5<br />

milhões de ton<br />

24,6%<br />

PROJEÇÕES DE PRODUÇÃO<br />

2015/2016 A 2025/2026<br />

2025 / 2026<br />

2016 / 2017 2026 / 2027<br />

2015 / 2016<br />

PROJEÇÃO ÁREA PLANTADA DE SOJA EM GRÃOS ATÉ 2016/27<br />

43.158<br />

33.856<br />

Mil hectares<br />

SOJA VAR.% 27,5%<br />

23,4%<br />

2016 / 2017<br />

2017 / 2018<br />

2018 / 2019<br />

2019 / 2020<br />

2020 / 2021<br />

2021 / 2022<br />

2022 / 2023<br />

2023 / 2024<br />

2024 / 2025<br />

2025 / 2026<br />

2026 / 2027<br />

38.384<br />

SOJA FARELO<br />

30.800<br />

9.629<br />

SOJA ÓLEO<br />

7.800<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Fiesp (2017a) e Brasil (2017a).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2016).<br />

culturas de inverno e por harmonizar bem na rotatividade<br />

com a soja. O milho da safra de verão ou apenas milho safra<br />

(agosto a janeiro) foi aos poucos perdendo área plantada graças<br />

ao bom desempenho do milho safrinha.<br />

Apesar de ser responsável por apenas 9,2% da produção<br />

mundial de milho, o Brasil tem grande participação e influência<br />

no mercado internacional do grão já que os dois principais<br />

produtores (Estados Unidos e China) consomem grande parte


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 61<br />

<br />

gráfico 2.20<br />

Série Histórica de Produção de Milho 2006/2007 – 2016/2017<br />

<strong>NO</strong>RTE <strong>NO</strong>RDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL<br />

PRODUTIVIDADE BR<strong>AS</strong>IL<br />

6.000<br />

40.000<br />

5.000<br />

30.000<br />

4.000<br />

Mil toneladas<br />

20.000<br />

10.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

kg/ha<br />

0<br />

2006 / 07 2007 / 08 2008 / 09 2009 / 10 2010 / 11 2011 / 12 2012 / 13 2013 / 14 2014 / 15 2015 / 16 2016 / 17<br />

0<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017f)<br />

do volume internamente (USDA, 2017).<br />

Como pode ser visto no Gráfico 2.20, a região centro-oeste<br />

manteve uma participação de 42,5% e a região sul, 34,7%<br />

da produção da safra 2015/16. Quando comparadas com os<br />

valores de dez safras atrás, o centro-oeste impulsionou seu<br />

crescimento em 117%, logo seguido pela região norte que<br />

cresceu 58% em produção.<br />

A produção brasileira de milho durante a safra 2016/17


62<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 2.7<br />

Produção de milho dos estados mais expressivos<br />

PRODUÇÃO NACIONAL<br />

EM 2016/17 (MILHÕES<br />

DE TONELAD<strong>AS</strong>): 97,82<br />

CRESCIMENTO<br />

2006/07-2016/17: 90%<br />

SAFRA 2016 / 2017<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

Produção: 902,4 (mil t)<br />

Produtividade:4.485,0(Kg/ha)<br />

Área: 201,2 (mil ha)<br />

GOIÁS<br />

Produção: 9.644,2 (mil t)<br />

Produtividade: 6.341,9 Kg/ha)<br />

Área: 1.520,7 (mil ha)<br />

<strong>PARA</strong>NÁ<br />

Produção: 17.837,8 (mil t)<br />

Produtividade: 6.115,1 (Kg/ha)<br />

Área: 2.917,0 (mil ha)<br />

MARANHÃO<br />

Produção: 1.951,9 (mil t)<br />

Produtividade: 3.969,8 (Kg/ha)<br />

Área: 491,7 (mil ha)<br />

BAHIA<br />

Produção: 1.983,7 (mil t)<br />

Produtividade: 3.066,5 (Kg/ha)<br />

Área: 646,9 (mil ha)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017f)<br />

atingiu 97,8 milhões de toneladas (Conab, 2017c). Pelo fato de<br />

a produção brasileira de milho ainda estar muito atrelada à<br />

soja por causa da rotação de culturas na safra de verão e inverno,<br />

os maiores estados produtores se assemelham bastante<br />

ao que foi apresentado para a cultura da soja. Mato Grosso,<br />

Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais produziram<br />

nessa safra 75,4% de todo o milho do País.<br />

O crescimento de 90% entre as safras de 2006/07 e 2016/17<br />

se deve muito à expansão da safrinha, tanto em termos de área<br />

plantada quanto em produtividade que, desde a safra 2011/12,<br />

superou a área plantada e a produtividade da safra de verão.<br />

Novamente, pode-se observar que os estados mais tradicionais<br />

já desenvolveram suas médias de produtividade enquanto<br />

que as novas fronteiras agrícolas ainda irão expandir<br />

tanto a área plantada quanto sua produção por hectare. A<br />

Figura 2.7 mostra a produção de milho nos principais estados


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 63<br />

⋆<br />

figUra 2.8<br />

Usos e destinos do milho brasileiro<br />

Aves, 32,8% da produção de milho<br />

1 º Safra Milho<br />

30,46<br />

milhões de toneladas<br />

2º Safra Milho<br />

67,35<br />

milhões de toneladas<br />

Consumo Animal,<br />

56,8%<br />

da produção de milho<br />

Consumo industrial,<br />

7,6%<br />

da produção de milho<br />

Suínos, 15,2% da produção de milho<br />

Bovinos, 4,7% da produção de milho<br />

Moagem Seco, 2,5% da produção de milho<br />

Exportação in natura,<br />

33,2%<br />

da produção de milho<br />

alimentação Humana<br />

2,2%<br />

da produção de milho<br />

Moagem Úmido, 2,8% da produção de milho<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Abimilho (2017).<br />

produtores brasileiros.<br />

O principal destino do milho brasileiro é a alimentação animal<br />

(avicultura, bovinocultura e suinocultura principalmente).<br />

Na safra 2014/15, a Abimilho (2017) afirma que 56,8% dos 97,8<br />

milhões de toneladas produzidas foram para esse fim. A produção<br />

de aves é a principal, absorvendo mais de 32% da produção<br />

total.<br />

A Figura 2.8 apresenta, de forma sistêmica os destinos do


64<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.21<br />

Destino do milho brasileiro<br />

2006 / 2007<br />

2007 / 2008<br />

2008 / 2009<br />

2009 / 2010<br />

2010 / 2011<br />

2011 / 2012<br />

2012 / 2013<br />

2013 / 2014<br />

2014 / 2015<br />

2015 / 2016<br />

2016 / 2017<br />

EXPORTAÇÃO<br />

SEMENTES<br />

PERD<strong>AS</strong><br />

OUTROS USOS<br />

CONSUMO HUMA<strong>NO</strong><br />

CONSUMO INDUSTRIAL<br />

CONSUMO ANIMAL<br />

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Abimilho (2017).<br />

milho brasileiro, seja de primeira ou segunda safra.<br />

Além disso, outro grande destino do milho brasileiro é o<br />

mercado externo, que importa o produto in natura. O volume<br />

destinado ao mercado internacional representou 33,2%<br />

do total produzido. As exportações, inclusive, apresentaram<br />

a maior taxa de crescimento nas últimas cinco safras com incremento<br />

de quase 205% no período, enquanto que a alimentação<br />

animal no mercado interno cresceu 27% (USDA, 2017a).<br />

O Gráfico 2.21 mostra a série histórica do destino de milho,<br />

incluindo outros pontos como as perdas, consumo humano,<br />

industrial e sementes.<br />

O Brasil, mesmo não tendo a expressão dos EUA no comércio<br />

internacional de milho, é o segundo maior exportador,<br />

pois a China, mesmo produzindo uma quantidade maior, consome<br />

seu milho internamente (USDA, 2017a). As exportações<br />

brasileiras têm se mantido dentro de uma faixa de 25 milhões


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 65<br />

<br />

exportação em mil toneladas<br />

gráfico 2.22<br />

Comércio internacional de milho<br />

35.000<br />

30.000<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

22.314<br />

2011 / 2012<br />

26.174<br />

2012 / 2013<br />

20.925<br />

2013 / 2014<br />

30.172<br />

2014 / 2015<br />

18.883<br />

2015 / 2016<br />

26.000<br />

2016 / 2017<br />

4.000<br />

3.500<br />

3.000<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

importação em mil toneladas<br />

limitada do grão (USDA, 2017a).<br />

A importância para a balança comercial brasileira é nítida<br />

quando analisados os números de exportações de milho: no<br />

ano de 2015, a exportação de grãos de milho (exceto para sementes)<br />

rendeu US$ 4.932.413.460 para o País pelas 28,9 milhões<br />

de toneladas.<br />

O Gráfico 2.22 mostra a relação entre exportações e importações<br />

de milho nos últimos anos..<br />

Após um ano de quebra de safra (2015/16), em que os estoques<br />

sofreram redução, em 2016/17 ocorreu uma inversão<br />

dessa tendência como pode ser visto no Gráfico 2.23 e a superprodução<br />

fez com que os estoques atingissem o maior volume<br />

das últimas seis safras.<br />

Tal situação já pode ser verificada também nas cotações da<br />

commodity que se reduziram esse ano. A grande safra brasileira<br />

proporcionou preços abaixo do mínimo em algumas<br />

regiões, gerando crise de renda.<br />

EXPORTAÇÃO<br />

IMPORTAÇÃO<br />

2. 3. A região MATOPIBA<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017a)<br />

de toneladas nas últimas safras. Em 2015/16, por exemplo,<br />

a quebra que ocorreu na produção brasileira fez com que se<br />

reduzissem as exportações e, inclusive, importações de 3,3<br />

milhões de toneladas foram feitas para compensar a oferta<br />

A região MATOPIBA foi definida pelo Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento em 2015, através da Portaria<br />

n°244. Ela é formada por 4 Estados, Maranhão, Tocantins,<br />

Piauí e Bahia, e abrange 377 municípios, totalizando<br />

uma extensão de 73 milhões de hectares (BR<strong>AS</strong>IL, 2015).


66<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.23<br />

Estoque de milho em grão<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

-20.000<br />

-40.000<br />

-60.000<br />

PRODUÇÃO<br />

IMPORTAÇÃO CONSUMO EXPORTAÇÃO<br />

ESTOQUE FINAL<br />

22.500<br />

17.500<br />

12.500<br />

7.500<br />

2.500<br />

-2.500<br />

-7.500<br />

-12.500<br />

-17.500<br />

-80.000<br />

2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 2015/2016 2016/2017<br />

-22.500<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017a)<br />

Cerca de 90% dessa região concentra-se no cerrado, o que<br />

faz com que apresente características bastante marcantes<br />

do bioma que possibilitam uma combinação de condições<br />

geográficas ideais para o cultivo de grãos. As terras cultiváveis<br />

nessa localidade também apresentam valores relativamente<br />

mais baixos se comparadas às demais regiões agrí-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 67<br />

<br />

gráfico 2.24<br />

Atividades agropecuárias MATOPIBA<br />

(% das áreas destinadas)<br />

7%<br />

Aves<br />

17%<br />

Outros<br />

9% 57%<br />

Outros Grãos<br />

Gado<br />

10%<br />

Soja<br />

Fonte: INPUT (2017)<br />

colas do País, o que representa uma vantagem competitiva.<br />

Segundo o Censo Demográfico 2010, a população total do<br />

MATOPIBA é de 5,9 milhões de habitantes, dos quais 65%<br />

concentram-se em áreas urbanas, muito abaixo do que se<br />

tem hoje na média brasileira (84%). A densidade demográfica<br />

também é baixa, muito influenciada pela heterogenia<br />

na distribuição populacional: apenas 10 municípios são responsáveis<br />

por 25% da população (IBGE, 2011).<br />

De acordo com o IBGE (2016), o PIB da região foi de R$<br />

88 bilhões em 2015. No estudo de Buainain, Garcia e Viera<br />

Filho (2017), o PIB da região era o equivalente a 1,4% do total<br />

brasileiro, 40% desse valor estava concentrado em apenas<br />

10 municípios; e o valor adicionado bruto era composto da<br />

seguinte maneira: 19% agropecuária, 16% indústria e 65%<br />

serviços. O setor agrícola tem grande potencial de crescimento<br />

nesse cenário, já que as atividades relacionadas com<br />

a indústria e com o comércio dependem além da renda pública,<br />

da renda agropecuária (produtos provenientes da atividade<br />

agrícola).<br />

A partir do Censo Agropecuário 2006, estima-se que existam<br />

mais de 350 mil estabelecimentos agropecuários na região,<br />

sendo esses responsáveis por 34 milhões de hectares<br />

de terra. Desse total, 36% possuem área com território inferior<br />

a 10 hectares. Dessa forma, existe uma concentração de<br />

área em poucos estabelecimentos, principalmente localizados<br />

no sudoeste e oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul do<br />

Tocantins (4% deles são responsáveis por 63% do território).<br />

Apesar disso, a estrutura agrária da região é bem diferente<br />

daquela encontrada em estados agrícolas mais tradicionais,<br />

como Mato Grosso e Goiás, durante sua formação. Isso porque<br />

é bastante fragmentada devido ao grande número de


68<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 2.25<br />

Atividades agropecuárias MATOPIBA (em receita)<br />

26%<br />

Outros<br />

9%<br />

Arroz<br />

14%<br />

Algodão Herbáceo<br />

19%<br />

Gado<br />

32%<br />

Soja<br />

Fonte: INPUT (2017).<br />

produtores com áreas muito pequenas. Com o aumento do<br />

desenvolvimento agrário da região, ocorreu uma ocupação<br />

da fronteira agrícola com base na agropecuária intensiva e de<br />

larga escala. Ademais, a fronteira agrícola também se diferencia<br />

por apresentar baixos níveis estaduais de modernização,<br />

de investimento governamental e falta de políticas públicas<br />

de desenvolvimento agrícola (SILVA; FERNANDES, 2004).<br />

No MATOPIBA, o território é utilizado de três principais<br />

formas: lavouras temporárias, lavouras permanentes e pecuária<br />

com criação extensiva. Grande parte da pecuária está<br />

localizada no Tocantins (94 milhões de hectares) e nordeste<br />

do Maranhão (4,4 milhões de hectares) com média de 1,1<br />

cabeça por hectare. Já as lavouras temporárias localizam-se<br />

no limite entre a Bahia e o Tocantins e na fronteira entre Maranhão<br />

e Piauí. As lavouras permanentes têm ainda menor<br />

importância para a região (IBGE, 2006).<br />

Como pode ser visto no Gráfico 2.24, a criação de gado corresponde<br />

a maior parcela da área destinada para a agropecuária<br />

na região. Porém, a área para pastagens do MATOPIBA<br />

está diminuindo desde 1980. Esta diminuição é explicada<br />

pelo aumento do cultivo de soja que, entre os anos de 2010 e<br />

2014, registrou uma elevação de 108% na região de cerrado<br />

(INPUT, 2017).<br />

Apesar de o Gráfico 2.24 mostrar que o gado ocupa a primeira<br />

posição no quesito “áreas”, o Gráfico 2.25 aponta para a<br />

liderança da soja na geração de receita na região.<br />

Um importante fator para o desenvolvimento do MATOPI-<br />

BA são as melhorias nos complexos logísticos que vêm sendo<br />

incentivadas pelos governos locais, tanto para fluxo de insumo<br />

quanto para escoamento da produção. Esse fator é determinante<br />

para a expansão agrária da região.<br />

As projeções da soja 2016/17 a 2026/27 para a região são<br />

animadoras. As expectativas são para um crescimento médio


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 69<br />

na produção de aproximadamente 36%, passando de 10,14<br />

milhões de toneladas na safra 2016/17 para 12,37 milhões de<br />

toneladas na safra 2026/27. Quanto à área plantada, esperase<br />

um crescimento de 38%, passando dos atuais 3,35 milhões<br />

de hectares para 4,64 milhões.<br />

Já para o milho, estima-se que a produção passe de 4,8<br />

milhões de toneladas para 6,3 milhões na safra 2026/27, um<br />

crescimento de 31,7%. Em área plantada, o milho passa dos<br />

1,3 milhões de hectares para 1,37 milhões, um crescimento<br />

de pouco menos de 5%. (BR<strong>AS</strong>IL, 2017e).<br />

A região MATOPIBA é uma fronteira agrícola, justificando<br />

o grande crescimento da produção e área de ambos os grãos.<br />

Atrelado a este fato, há uma tendência nacional no crescimento<br />

da produtividade de tais culturas, como demonstrado<br />

na Tabela 2.8.<br />

<br />

taBEla 2.8<br />

Projeção de produtividade para o MATOPIBA<br />

proDutiViDaDe (T/ha)<br />

GRÃOS<br />

2016/17 2,8<br />

2026/27 3,2<br />

Var.% 12%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL (2017a).


70<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

anÁLise da sitUação interna:<br />

o estado do tocantins


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 71<br />

Fundado em 1988, quando lideranças do norte goiano mobilizaram<br />

a população na busca da independência política da<br />

região, o Tocantins é o Estado mais novo do Brasil, tendo atualmente<br />

29 anos de existência (Seden, 2017).<br />

Pode-se dizer que o Estado possui uma vocação natural para<br />

o agronegócio, estando inserido em uma das últimas fronteiras<br />

agrícolas do País, a região conhecida como MATOPIBA, que<br />

engloba cerca de sete milhões de hectares cultiváveis (Seden,<br />

2017). A agropecuária é a principal atividade econômica privada<br />

de 72,6% dos municípios do Estado, figurando como a principal<br />

fonte de riqueza de 101 das 139 cidades.<br />

O Estado se caracteriza por ser produtor de grãos, principalmente<br />

de soja. Ainda que se posicione como 9º maior produtor<br />

do Brasil, essa cultura é de grande importância e ainda<br />

tem grande potencial de crescimento. No último ano, de tudo<br />

que o Estado exportou, 63% foi oriundo do complexo soja.<br />

Tendo em vista a grande importância da soja para o Estado,<br />

é interessante avaliar os elos que a compõem para entender<br />

toda a sua potencialidade. A Figura 3.1 ilustra a cadeia de<br />

soja completa.<br />

Por ser um Estado novo, os setores estão em constante evolução,<br />

alguns elos da cadeia estão ausentes ou em estágio inicial<br />

de desenvolvimento. Para o fortalecimento desses elos, são<br />

necessários esforços e direcionamentos dos agentes do setor<br />

público e privado no Estado.<br />

Nos parágrafos que seguem, será dado um panorama geral<br />

dos elos da cadeia no Estado, sendo que as informações serão<br />

aprofundadas e mais detalhadas nos próximos capítulos.


72<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 3.1<br />

Cadeia produtiva de grãos (soja e milho)<br />

Fertilizantes<br />

exportações<br />

Defensivos<br />

Corretivos<br />

autopeças / serviços<br />

de manutenção<br />

Colhedoras<br />

tratores<br />

implementos<br />

sistema de<br />

integração<br />

epi<br />

Distribuidora<br />

de insumos<br />

Cooperativa<br />

revendas<br />

produções<br />

agrícolas<br />

Milho em<br />

grãos<br />

soja em grãos<br />

sementes<br />

Comercialização<br />

de grãos<br />

Tradings<br />

Cooperativa<br />

indústria<br />

processadora<br />

Óleo bruto<br />

Óleo refinado<br />

Farelo<br />

Biodiesel<br />

Flocos<br />

pré-cozido<br />

indústria<br />

alimentícia<br />

indústria Bebida<br />

indústria cosmética<br />

farmacêutica<br />

setor de extração<br />

mineral<br />

Fábrica de rações<br />

Biodiesel<br />

atacado / Varejo<br />

produção animal<br />

exportações<br />

ConsuMiDor FinaL<br />

Óleo diesel e<br />

lubrificantes<br />

serviços<br />

sementes<br />

aGentes FaCiLitaDores: Fieto, seBrae, senai, senar, seaGro, eMBrapa, eMater, etc.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 73<br />

Atualmente a cadeia de soja no Estado do Tocantins está baseada<br />

na área agrícola, contando com a produção e exportação<br />

da maior parte dos grãos produzidos. O acesso aos insumos<br />

necessários para a produção agrícola no Estado não é considerado<br />

um gargalo, uma vez que diversas revendas estão ali<br />

presentes e sua localização geográfica é privilegiada, estando<br />

em uma região central no País e fazendo fronteira com outros<br />

estados de alta relevância para o agronegócio.<br />

Apesar de o acesso aos insumos ser bom, o Estado não conta<br />

com muitas indústrias produtoras desses insumos, o que pode<br />

resultar em um custo um pouco mais elevado principalmente<br />

pelo componente logístico. Indústrias desenvolvedoras de novas<br />

tecnologias, tais como Dupont Pioneer e Bayer possuem<br />

áreas experimentais no Estado. Uma indústria importante no<br />

fornecimento de adubos para a região Norte está localizada no<br />

Estado, chamada Adubos Tocantins.<br />

O elo do cooperativismo, apesar de já existirem iniciativas no<br />

Estado, está ainda em fase de desenvolvimento, processo que<br />

deve ser acompanhado do fortalecimento da cultura cooperativista<br />

na região. O fortalecimento do sistema cooperativista<br />

e associativista no Estado vem acompanhado do aumento da<br />

competitividade do elo produtivo, seja na compra de insumos<br />

ou na maior autonomia para comercialização do produto em<br />

mercados mais atrativos, bem como estruturas compartilhadas<br />

de armazenagem e processamento.<br />

O elo industrial especificamente para processamento e<br />

transformação dos grãos em óleo, ração ou biocombustíveis<br />

ainda é incipiente sendo que quase 100% dos grãos produzidos<br />

no Estado são exportados. No Tocantins, existe uma<br />

agroindústria de processamento de grãos que enfrenta diversos<br />

desafios para o seu funcionamento, sendo um deles de<br />

acesso à matéria-prima. Relacionado com este fato, pode-se<br />

dizer que, quanto aos elos da distribuição dos produtos da<br />

cadeia, as tradings têm papel fundamental, sendo as grandes<br />

responsáveis pelas exportações de grãos.<br />

O fortalecimento da industrialização para processamento<br />

dos grãos internamente, agregação de valor e acesso a mercados<br />

mais variados, será importante para a evolução não só da<br />

cadeia de grãos, mas da economia estadual como um todo. A<br />

integração da cadeia de grãos com outras cadeias, tais como<br />

suinocultura, avicultura e até mesmo pecuária, tem um grande<br />

potencial de retorno econômico para o Estado.<br />

3. 1. Produção agrícola<br />

3. 1. 1. Características gerais da cadeia no Estado<br />

O Tocantins é um Estado com grande aptidão agrícola. Fatores<br />

como a disponibilidade de água, terras férteis, período<br />

chuvoso bem definido e topografia têm contribuído para o<br />

desenvolvimento desse importante setor.


74<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 3.1<br />

Distribuição do território do Tocantins<br />

<br />

gráfico 3.1<br />

Distribuição da área agrícola do Tocantins nas diferentes culturas 2016<br />

DesCrição HeCtares %<br />

Áreas CoM restrição 13.990.000 50,2%<br />

Áreas Potenciais para Conservação 1.266.690 5%<br />

mandioca<br />

2%<br />

4%<br />

cana-de-açucar<br />

Parque Estadual 88.930 0%<br />

Parque Nacional 562.310 2%<br />

Áreas Indígenas 2.007.470 7%<br />

Áreas de Proteção Ambiental 1.790.550 6%<br />

Corpos de Água 665.600 2%<br />

Mineração e Uso Urbano 30.450 0%<br />

Área de Reserva Legal 6.315.000 23%<br />

Área de Preservação Permanente 1.263.000 5%<br />

ÁREA POTENCIAL <strong>PARA</strong> PROD. AGRÍCOLA 13.852.070 49,8%<br />

94%<br />

grãos<br />

Pastagens 7.783.000 28%<br />

Área Agrícola 1.226.400 4%<br />

Área para Exploração 4.842.670 17%<br />

Área totaL 27.842.070<br />

Fonte: Seplan (2016) e IBGE (2017).<br />

72%<br />

soja<br />

14%<br />

milho<br />

10%<br />

4%<br />

outros<br />

amendoim<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

De acordo com dados da Seplan (2016), o Estado conta com<br />

uma área total de aproximadamente 28 milhões de hectares,<br />

sendo que quase 14 milhões possuem potencial para a produção<br />

agrícola. Desse total, cerca de 8 milhões estão ocupados<br />

com pastagens. A agricultura no Estado, majoritariamente<br />

representada pelos grãos, ocupa área de 1,2 milhões de hec-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 75<br />

<br />

gráfico 3.2<br />

Evolução da área plantada no Tocantins (em mil hectares)<br />

95<br />

550<br />

800<br />

152<br />

748<br />

1.050<br />

218<br />

*Dados preliminares / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017c).<br />

tares e o restante, cerca de 4,8 milhões ainda são áreas com<br />

potencial para exploração. A Tabela 3.1 mostra a divisão do<br />

território do Tocantins.<br />

Analisando a Tabela 3.1, nota-se que o estado, apesar de ter<br />

grande potencial agrícola, também possui uma área de preservação<br />

ambiental importante. A soma das áreas dos parques<br />

estaduais e nacionais, áreas indígenas, áreas de proteção<br />

ambiental, de reserva legal, de preservação permanente e<br />

de corpos de água representam 46% do total do território do<br />

estado, mostrando que o Tocantins pode crescer de maneira<br />

sustentável. Cerca de 5% das áreas ainda são áreas potenciais<br />

para conservação (Seplan, 2016).<br />

A produção de grãos no Estado começou, de forma mais<br />

significativa, na safra 2000/01; mas foi somente na safra<br />

2010/11 que ela foi intensificada, atingindo patamares compatíveis<br />

com a exportação (Conab, 2017c). Segundo Rocha e<br />

Foschiera (2017), no início, o Tocantins possuía pouca variedade<br />

de sementes, além de poucos produtores especializados<br />

que tinham interesse em desenvolver o plantio dos grãos e<br />

investir em novas variedades de sementes, tornando, assim,<br />

as lavouras menos produtivas. Foi após a Emater se estabelecer<br />

no antigo Estado de Goiás e fornecer treinamentos e pesquisas<br />

para melhoramentos genéticos que a produtividade<br />

das lavouras começou a melhorar.<br />

No ano de 2016, 94%, da área agrícola do Estado do Tocantins,<br />

foi ocupada por grãos, sendo a soja a mais representativa,<br />

com 870 mil hectares (IBGE, 2017). O Gráfico 3.1 mostra o<br />

detalhamento da ocupação agrícola do Estado do Tocantins.<br />

Estima-se que, na safra 2016/17, a área total com grãos tenha<br />

chegado a 1,29 milhões de hectares, contabilizando um crescimento<br />

de cerca de 60% em cinco anos. Para a soja, o crescimento<br />

da área nos últimos cinco anos foi de 75%, sendo que ela vem<br />

850<br />

1.150<br />

2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17*<br />

MILHO<br />

168<br />

871<br />

SOJA<br />

1.226<br />

201<br />

962<br />

1.290<br />

TOTAL <strong>TOCANTINS</strong>


76<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 3.3<br />

Evolução da produtividade de soja (kg/ha)<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

2011 / 12 2012 / 13 2013 / 14 2014 / 15 2015 / 16 2016 / 17<br />

TO 4.321 4.500 3.223 4.321 4.500 3.223<br />

BA 3.594 3.022 3.917 3.629 2.340 3.034<br />

GO 6.905 6.330 6.448 6.599 4.228 6.441<br />

MT 5.697 5.809 5.473 6.077 4.019 5.975<br />

PR 5.580 5.790 6.107 6.457 5.545 6.322<br />

BR<strong>AS</strong>IL<br />

BrasiL 4.808 5.149 5.057 5.396 4.178 5.522<br />

*Dados preliminares / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017c).<br />

se estabilizando. Da safra 14/15 para 15/16, a área de soja cresceu<br />

apenas 2%. O milho, apesar de contabilizar área substancialmente<br />

menor que da soja, teve crescimento da área plantada<br />

significativo nos últimos anos. O Gráfico 3.2 mostra a evolução


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 77<br />

da área plantada total no Estado e da área de soja e milho.<br />

Apesar do expressivo crescimento da área agrícola do Tocantins<br />

nos últimos anos, esse valor ainda está aquém do<br />

valor total potencial para a agricultura, porém, o aumento da<br />

produção agrícola deve estar pautado inicialmente no emprego<br />

de novas tecnologias para incremento da produtividade,<br />

ou seja, produção de maior volume na mesma área.<br />

No que tange à produtividade, ao longo dos anos, o Estado<br />

do Tocantins tem se equiparado aos demais estados produtores<br />

de grãos. O Gráfico 3.3 mostra a evolução da produtividade<br />

de soja nos últimos anos e sua comparação com alguns dos<br />

principais estados produtores.<br />

Fica evidenciado no Gráfico 3.3 que a produtividade é um índice<br />

que não segue uma tendência clara, variando a depender da<br />

safra. Apesar de o Estado do Tocantins ter se mantido na média<br />

de produtividade dos demais estados, a safra 2015/16 foi marcada<br />

por uma queda drástica devido a problemas climáticos.<br />

Para o milho, nota-se que a produtividade do Tocantins ainda<br />

está um pouco abaixo da média do Brasil. Estados tipicamente<br />

produtores de grãos como GO, MT e PR apresentam<br />

produtividade superior à média brasileira. Os estados da região<br />

sul possuem os maiores índices de produtividade do País<br />

para essa cultura.<br />

O Gráfico 3.4 mostra a evolução da produtividade de milho<br />

em estados selecionados.<br />

<br />

gráfico 3.5<br />

Representatividade dos estados na produção de grãos brasileira na<br />

safra 2015/16<br />

TO<br />

OUTROS<br />

RS<br />

PR<br />

BA<br />

RS<br />

PR<br />

MG<br />

GO<br />

2%<br />

10%<br />

17%<br />

18%<br />

22%<br />

9%<br />

SOJA<br />

MILHO<br />

2% 1%<br />

9%<br />

15%<br />

10%<br />

3%<br />

27%<br />

7%<br />

11%<br />

5%<br />

23%<br />

9%<br />

BA<br />

MT<br />

MS<br />

GO<br />

MG<br />

TO<br />

OUTROS<br />

MT<br />

MS<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab.


78<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 3.4<br />

Evolução da produtividade do milho (kg/ha)<br />

8000<br />

BR<strong>AS</strong>IL<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

2011 / 12 2012 / 13 2013 / 14 2014 / 15 2015 / 16 2016 / 17<br />

TO 4.321 4.500 3.223 4.321 4.500 3.223<br />

BA 3.594 3.022 3.917 3.629 2.340 3.034<br />

GO 6.905 6.330 6.448 6.599 4.228 6.441<br />

MT 5.697 5.809 5.473 6.077 4.019 5.975<br />

PR 5.580 5.790 6.107 6.457 5.545 6.322<br />

BrasiL 4.808 5.149 5.057 5.396 4.178 5.522<br />

*Dados preliminares / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017c).<br />

Apesar do crescimento da soja e milho ao longo dos anos,<br />

a representatividade da produção tocantinense na produção<br />

brasileira ainda é pequena. O Gráfico 3.5 mostra a representatividade<br />

dos estados na produção brasileira de soja e milho.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 79<br />

<br />

gráfico 3.6<br />

Evolução da produção de soja do Tocantins<br />

3.000,0<br />

PRODUÇÃO SOJA / TO<br />

%TO / BR<strong>AS</strong>IL<br />

3,0%<br />

2.500,0<br />

2,5%<br />

2.000,0<br />

2,0%<br />

1.500,0<br />

1.000,0<br />

1,5%<br />

1,0%<br />

500,0<br />

0,5%<br />

0<br />

0,0%<br />

2006/07<br />

2007/08<br />

2008/09<br />

2009/10<br />

2010/11<br />

mil toneldas<br />

2011/12<br />

2012/13<br />

2013/14<br />

2014/15<br />

2015/16<br />

2016/17<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017c).<br />

Como pode ser visto, na safra 2015/16, o Estado do Tocantins<br />

representou 2% do total de soja produzido no Brasil e 1%<br />

do total de milho. Estados mais estabelecidos como os do Sul<br />

e do Centro-Oeste possuem participações mais relevantes<br />

na produção nacional. O Mato Grosso, por exemplo, aparece<br />

como o maior produtor nacional com 27% de participação na<br />

produção de soja e 23%, na de milho e o Paraná também figura<br />

como importante estado produtor, com participações de<br />

18% e 22% respectivamente.<br />

O histórico de produção do Estado do Tocantins evidencia<br />

a tendência de crescimento citada no parágrafo anterior. O<br />

Gráfico 3.6 mostra a evolução da produção de soja nas últimas<br />

safras e a representatividade da produção no cenário<br />

nacional.<br />

Devido às suas características agrícolas e mercadológicas,<br />

o milho costuma acompanhar as tendências da soja. Para o<br />

Estado do Tocantins não é diferente. Nos últimos 10 anos a<br />

produção estadual triplicou enquanto a participação do Es-


80<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

tado, no cenário nacional, passou de 1% em 2006 para um<br />

valor estimado de 2,5% na safra 2016/17 (Conab, 2017c).<br />

A pri meira onda de produção de grãos no Tocantins se deu<br />

nas regiões sul e oeste do Estado, e na região de Pedro Afonso.<br />

Entre os diversos fatores que impulsionaram o início dessa<br />

cultura, podemos citar o aumento da produção de grãos no<br />

oeste da Bahia como principal influência no início da produção<br />

nas cidades do sul do Tocantins. Na região de Pedro Afonso<br />

e na região oeste do Estado, programas como Proceder e<br />

Prodoeste foram os responsáveis por dar suporte aos produtores<br />

e alavancar a produção de grãos. Além dos programas<br />

estaduais citados, o desenvolvimento dos grãos no Estado seguiu<br />

investimentos em infraestrutura, principalmente de escoamento.<br />

Observa-se que a soja caminhou juntamente com<br />

a BR-153 (LIMA, 2014).<br />

Com o passar dos anos, a partir de 2010, três regiões se fortaleceram<br />

como produtoras de grãos, sendo elas a região nordeste<br />

e leste do estado (Campos Lindos, Pedro Afonso e Mateiros),<br />

oeste do Estado, entre a fronteira com Mato Grosso e a<br />

BR-153 (Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia) e a região<br />

central do Estado (Porto Nacional, Silvanópolis, Dianópolis e<br />

Santa Rosa do Tocantins) (LIMA, 2014).<br />

A produção em Pedro Afonso e nas cidades ao seu redor<br />

sempre foi muito significante, porém, a chegada da agroindústria<br />

sucroenergética na região fez parte de os produtores pas-<br />

⋆<br />

figUra 3.2<br />

Regiões produtoras de soja do Estado do Tocantins (safra 2016/17)<br />

DA<strong>DO</strong>S POR MUNICÍPIO<br />

Produção de soja (toneladas)<br />

Caseara<br />

Porto Nacional<br />

Lagoa da Confusão<br />

Peixe<br />

0 a 4.290<br />

4.290 a 13.464<br />

13.464 a 27.574<br />

27.574 a 40.500<br />

40.500 a 65.327<br />

65.327 a 85.400<br />

85.400 a 126.687<br />

126.687 - 198.390<br />

Campos Lindos<br />

Mateiros<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 81<br />

sarem a cultivar a cana-de-açúcar. A mudança mais acentuada,<br />

onde a área utilizada para cana-de-açúcar se equiparou a área<br />

de soja no município, se deu em 2011 (IBGE, 2017). Atualmente<br />

a região ainda possui produção importante de grãos, mas outras<br />

regiões se destacam mais em termos de volume tais como,<br />

Porto Nacional (região central) e Paraíso (região oeste), contando<br />

com grande potencial para irrigação (LIMA, 2014).<br />

A região de Porto Nacional tem recebido investimentos em<br />

pesquisas de tecnologia de sementes de empresas privadas<br />

tais como DuPont Pioneer e Bayer. A região da Lagoa da Confusão<br />

tem autorização para produção de semente de soja no<br />

inverno devido às suas características edafoclimáticas que<br />

reduzem o desenvolvimento da ferrugem asiática nesta estação<br />

(LIMA, 2014).<br />

A produção de milho possui distribuição geográfica próxima<br />

a encontrada na soja. A região nordeste do Estado também<br />

foi a maior produtora de milho em 2016, sendo Campos Lindos<br />

e Goiatins as principais cidades da região, com 138.636<br />

e 40.500 toneladas de milho produzidas respectivamente. A<br />

região de Miracema do Tocantins foi a segunda maior produtora<br />

do Estado, impulsionada pela cidade de Caseara, que<br />

produziu 60.470 toneladas de milho no período.<br />

De acordo com as projeções de longo prazo do Ministério da<br />

Agricultura Pecuária e Abastecimento, lançadas em agosto de<br />

2017, nos próximos 10 anos (2016/17 a 2026/27), a produção<br />

⋆<br />

figUra 3.3<br />

Regiões produtoras de milho do Estado do Tocantins (safra 2016/17)<br />

DA<strong>DO</strong>S POR MUNICÍPIO<br />

Produção de soja (toneladas)<br />

Santa Fé do Araguaia<br />

Caseara<br />

Marianópolis<br />

do Tocantins<br />

Lagoa da Confusão<br />

0 a 900<br />

900 a 2.595<br />

2.595 a 4.800<br />

4.800 a 8.500<br />

8.500 a 12.765<br />

12.765 a 27.468<br />

27.468 a 60.470<br />

60.470 a 138.636<br />

Goiatins<br />

Campos Lindos<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


82<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

de milho deve crescer, principalmente, nos Estados do Mato<br />

Grosso, Bahia, Tocantins e Mato Grosso do Sul. Para o Tocantins,<br />

tanto a produção quanto a área de milho irão crescer<br />

cerca de 34% impulsionado principalmente pelo aumento do<br />

milho de segunda safra que vem apresentando bons resultados<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017e). A Tabela 3.2 mostra a evolução do milho<br />

nos principais estados produtores.<br />

Para a soja, as previsões de crescimento indicam que haverá<br />

um aumento considerável tanto na área plantada como<br />

<br />

taBEla 3.2<br />

Projeções para o milho em estados selecionados<br />

<br />

gráfico 3.7<br />

Projeção da variação (%) da produção e da área plantada de soja<br />

128,1<br />

76,8<br />

65,4<br />

52,3<br />

37,1<br />

34,1<br />

33,7<br />

31,6<br />

VARIAÇÃO (%)<br />

PRODUÇÃO SOJA<br />

2015/16 - 2025/26<br />

31,5<br />

29,4<br />

23,1<br />

MiLHo<br />

PRODUÇÃO (MIL T)<br />

ÁREA PLANTADA (MIL HA)<br />

2016 / 17 2026 / 27 VAR. % 2016 / 17 2026 / 27 VAR. %<br />

TO PA RO MA MT BA MS GO MG PR RS<br />

MIL TONELAD<strong>AS</strong><br />

MIL HECTARES<br />

BA 1.931 2.693 39,5 629 726 15,3<br />

GO 9.808 11.948 21,8 1.521 1.813 19,2<br />

MA 2.003 2.467 23,1 485 388 -20,0<br />

VARIAÇÃO (%) EM ÁREA<br />

PLANTADA DE SOJA<br />

2015/16 - 2025/26<br />

47,8<br />

59,4<br />

65,5<br />

77,1<br />

MG 7.775 8.764 12,7 1.289 1.194 -7,3<br />

MS 9.243 11.875 28,5 1.778 2.335 31,3<br />

27,5<br />

27,8<br />

31,8<br />

32,5<br />

33,7<br />

34,2<br />

MT 24.978 35.328 41,4 4.387 6.099 39,0<br />

17,6<br />

PR 17.860 20.942 17,3 2.880 2.850 -1,0<br />

RS 6.085 6.468 6,3 805 417 -48,3<br />

TO 881 1.179 33,8 194 259 33,6<br />

Fonte: Brasil (2017a)<br />

RS MS PR MG GO MT BA MA TO RO PA<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017a).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 83<br />

na produção no Estado do Tocantins (BR<strong>AS</strong>IL, 2017e). O<br />

Gráfico 3.7 mostra as variações na produção e área de soja<br />

em estados selecionados.<br />

O maior aumento na produção de soja nacional nos próximos<br />

10 anos será no Estado do Tocantins.<br />

Toda a análise desenvolvida neste capítulo mostra que a<br />

produção de grãos no Estado do Tocantins, apesar de ainda<br />

ser pouco representativa frente à produção nacional, já foi<br />

responsável por grande parte do desenvolvimento do estado<br />

e tem tendência de se destacar nos próximos anos. Os próximos<br />

capítulos trazem análises mais detalhadas a respeito da<br />

viabilidade das culturas no Estado.<br />

3. 1. 2. Custo de produção<br />

soJa<br />

Segundo o levantamento da Conab/Dipai/Suinf/Gecup<br />

(Conab, 2017b), o custo de produção no município de Pedro<br />

Afonso, no Tocantins, para a cultura da soja, na safra verão<br />

2017/18, adotando o sistema de plantio direto, alta tecnologia<br />

e sementes OGM, ficou em R$ 2.744,88 por hectare (levantamento<br />

em março de 2017). Esse valor pode ser decomposto<br />

em uma série de itens, conforme discriminado na Tabela 3.3.<br />

Diante de uma produtividade de 3.100 kg/ha, o custo por<br />

saca de 60kg fica em R$ 53,15.<br />

<br />

taBEla 3.3<br />

Custo de produção da soja em Pedro Afonso/TO. Sistema de<br />

plantio direto, alta tecnologia, OGM, safra de verão 2017/18<br />

PEDRO AFONSO – TO (PRODUTIVIDADE: 3100 KG)<br />

DisCriMinação<br />

3 - Operação com máquinas<br />

CUSTO<br />

POR HA<br />

i - Despesas De Custeio Da LaVoura<br />

CUSTO /<br />

60KG<br />

CUSTO<br />

TOTAL (%)<br />

3.1 - Tratores e colheitadeiras 199,39 3,88 7,26<br />

6 - Mão de obra 131,03 2,54 4,77<br />

7 – Administrador 27,00 0,52 0,98<br />

8 – Sementes 284,05 5,49 10,35<br />

8.1 – Royalties 0,00 0,00 0,00<br />

9 – Fertilizantes 658,50 12,75 23,99<br />

10 – Agrotóxicos 487,09 9,41 17,75<br />

13.4 - Análise de solo 0,00 0,00 0,00<br />

TOTAL D<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong> DE CUSTEIO DA LAVOURA (A) 1.787,06 34,59 65,10<br />

ii - outras Despesas<br />

15 - Transporte externo 89,90 1,74 3,28<br />

16 - Despesas<br />

16.1 - Despesas administrativas 53,61 1,04 1,95<br />

16.2 - Despesas de armazenagem 70,15 1,36 2,56<br />

19 - Assistência técnica 0,00 0,00 0,00<br />

23 – CESSR 81,95 1,59 2,99<br />

TOTAL D<strong>AS</strong> OUTR<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong> (B) 295,61 5,73 10,78


84<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

PEDRO AFONSO – TO (PRODUTIVIDADE: 3100 KG)<br />

DisCriMinação<br />

CUSTO<br />

POR HA<br />

iii - Despesas FinanCeiras<br />

CUSTO /<br />

60KG<br />

CUSTO<br />

TOTAL (%)<br />

25 - Juros do Financiamento 65,45 1,27 2,38<br />

TOTAL D<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong> FINANCEIR<strong>AS</strong> (C) 65,45 1,27 2,38<br />

CUSTO VARIÁVEL (A+B+C=D) 2.148,12 41,59 78,26<br />

iV – DepreCiaçÕes<br />

26 - Depreciação de benfeitorias/instalações 110,26 2,13 4,02<br />

27 - Depreciação de implementos 85,60 1,66 3,12<br />

28 - Depreciação de máquinas 57,26 1,11 2,09<br />

TOTAL DE DEPRECIAÇÕES (E) 253,12 4,90 9,23<br />

V - outros Custos FiXos<br />

29 - Manutenção periódica benfeitorias/instalações 4,18 0,08 0,15<br />

30 - Encargos sociais 12,31 0,24 0,45<br />

31 - Seguro do capital fixo 8,05 0,16 0,29<br />

TOTAL DE OUTROS CUSTOS FIXOS (F) 24,54 0,48 0,89<br />

CUSTO FIXO (E+F=G) 277,66 5,38 10,12<br />

CUSTO OPERACIONAL (D+G=H) 2.425,78 46,97 88,38<br />

Vi - renDa De Fatores<br />

32 - Remuneração esperada sobre o capital fixo 95,85 1,86 3,49<br />

33 - Terra própria 223,25 4,32 8,13<br />

34 – Arrendamento 0,00 0,00 0,00<br />

TOTAL DE RENDA DE FATORES (I) 319,10 6,18 11,62<br />

Custo totaL (H+i=J) 2.744,88 53,15 100,00<br />

Quando comparado ao custo de produção por hectare dos<br />

principais estados produtores (BA, GO, MT, PR), o Tocantins<br />

mostra-se 3,5% mais competitivo que o município de Barreiras/BA.<br />

Em relação ao Paraná, a competitividade depende do<br />

município de produção. O custo de produção por hectare em<br />

Pedro Afonso/TO é 18% mais baixo quando comparado a Londrina/PR,<br />

mas 17% acima de Campo Mourão/PR que se mostrou<br />

o menor dentre os seis municípios avaliados (Tabela 3.4).<br />

<br />

taBEla 3.4<br />

Produtividade (Kg/ha), custo de produção por hectare e por saca<br />

para a soja para municípios selecionados do Tocantins, Bahia, Goiás,<br />

Mato Grosso e Paraná<br />

MuniCÍpio KG/Ha r$/Ha r$/saCa<br />

Rio Verde/GO 3.300 2.368 43,05<br />

Sorriso/MT 3.120 2.413 46,40<br />

Campo Mourão/PR 3.000 2.353 47,06<br />

Pedro Afonso/TO 3.100 2.745 53,15<br />

Londrina/PR 3.600 3.352 55,87<br />

Barreiras/BA 3.000 2.845 56,89<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017b).<br />

Ao adicionar o fator produtividade da soja por hectare à<br />

análise, verifica-se que a ordem de competitividade é alterada.<br />

Observa-se pelo Gráfico 3.8 que, enquanto Londrina/<br />

Fonte: Conab (2017b)


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 85<br />

<br />

Produtividade kg/ha<br />

gráfico 3.8<br />

Custo de Produção (R$/ha) versus produtividade (Kg/ha) da soja<br />

em municípios selecionados dos estados de Tocantins, Bahia, Goiás,<br />

Mato Grosso e Paraná<br />

3700<br />

3600<br />

3500<br />

3400<br />

3300<br />

3200<br />

3100<br />

3000<br />

2900<br />

Rio Verde / GO<br />

Sorriso / MT<br />

Campo Mourão / PR<br />

Londrina / PR<br />

Pedro Afonso / TO<br />

Barreiras / BA<br />

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000<br />

Custo de Produção (R$/ha)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017c) e Conab (2017b).<br />

PR apresenta o maior custo de produção por hectare, também<br />

apresenta a maior produtividade, na casa de 3.600kg/<br />

ha. O que, em termos de custo de produção por saca de<br />

60kg, torna o município mais competitivo que Barreiras/<br />

BA – que passa a apresentar o maior custo de produção em<br />

reais por saca.<br />

Rio Verde/GO apresentou o menor custo de produção por<br />

saca, com um valor 19% abaixo de Pedro Afonso/TO. Por outro<br />

lado, Campo Mourão/PR perdeu competitividade – ficando<br />

com a terceira colocação – e seu custo mostrou-se 11% abaixo<br />

do de Pedro Afonso/TO (Tabela 3.4).<br />

Em uma análise transversal dos itens que compõem os<br />

custos de produção nos diferentes municípios, é importante<br />

ressaltar que Barreiras/BA é o que apresenta o menor<br />

percentual de gasto com o custeio da lavoura, com investimentos<br />

representativos em sementes. Por outro lado, o custeio<br />

da lavoura em Sorriso/MT foi o mais representativo em<br />

função dos elevados gastos com fertilizantes e defensivos<br />

agrícolas. Essas posições se repetem quando o custo operacional<br />

é avaliado.<br />

Outro fator de destaque para Barreiras/BA é a elevada remuneração<br />

de fatores, principalmente da terra própria. Pedro<br />

Afonso/TO dedica, do custo total de produção, 12% à remuneração<br />

de fatores, sendo 8% para a terra própria. A avaliação do<br />

item remuneração de fatores é de extrema importância, pois<br />

mostra o quanto o produtor apresenta de retorno financeiro<br />

em cima dos fatores de produção investidos na produção do<br />

grão: capital próprio e terra, sendo que este último representa<br />

significativas somas de capital imobilizado.<br />

Rio Verde/GO se destaca por apresentar a menor proporção<br />

do custo total alocada à depreciação de máquinas, implementos<br />

e benfeitorias/instalações. Após a terra, máquinas,<br />

implementos e benfeitorias são os itens de maior expressão<br />

na imobilização de capital.


86<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 3.5<br />

Comparativo dos custos de produção de soja por hectare e por saca de 60 kg para municípios selecionados<br />

DisCriMinação<br />

peDro aFonso-to (proDutiViDaDe: 3100 KG) CaMpo Mourão-pr (proDutiViDaDe: 3000 KG) LonDrina-pr (proDutiViDaDe: 3600 KG)<br />

CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL<br />

I - DESPES<strong>AS</strong> DE CUSTEIO DA LAVOURA<br />

3 - Operações com máquinas<br />

3.1 - Tratores e colheitadeiras 199,39 3,88 7,26 173,26 3,47 7,36 318,73 5,29 9,51<br />

6 - Mão de obra 131,03 2,54 4,77 46,82 0,92 1,99 139,54 2,33 4,16<br />

7 - Administrador 27,00 0,52 0,98 62,00 1,24 2,64 160,80 2,70 4,80<br />

8 - Sementes 284,05 5,49 10,35 190,50 3,81 8,10 270,00 4,50 8,05<br />

8,1 - Royalties - - - - - - - - -<br />

9 - Fertilizantes 658,50 12,75 23,99 295,51 5,91 12,56 334,00 5,57 9,96<br />

10 - Agrotóxicos 487,09 9,41 17,75 398,76 7,96 16,95 627,27 10,47 18,71<br />

13.4 - Análise de solo - - 1,35 0,03 0,06 - - -<br />

totaL Das Despesas De Custeio (a) 1.787,06 34,59 65,10 1.168,20 23,34 49,66 1.850,34 30,86 55,19<br />

II - OUTR<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong><br />

15 - Transporte externo 89,90 1,74 3,28 77,00 1,54 3,27 - - -<br />

16 - Despesas<br />

16.1 - Despesas administrativas 53,61 1,04 1,95 35,05 0,70 1,49 55,51 0,93 1,66<br />

16.2 - Despesas de armazenagem 70,15 1,36 2,56 - - - 81,12 1,35 2,42<br />

19 - Assistência técnica - - - - - - - - -<br />

23-CESSR 81,95 1,59 2,99 68,57 1,37 2,91 82,65 1,38 2,47<br />

totaL Das outras Despesas (B) 295,61 5,73 10,78 180,62 3,61 7,67 219,28 3,66 6,55


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 87<br />

DisCriMinação<br />

Barreiras-Ba (proDutiViDaDe: 3000 KG) sorriso-Mt (proDutiViDaDe: 3120 KG) rio VerDe-Go (proDutiViDaDe: 3300 KG)<br />

CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL<br />

I - DESPES<strong>AS</strong> DE CUSTEIO DA LAVOURA<br />

3 - Operações com máquinas<br />

3.1 - Tratores e colheitadeiras 123,19 2,48 4,33 137,15 2,67 5,68 92,16 1,67 3,89<br />

6 - Mão de obra 10,92 0,22 0,38 - - - - - -<br />

7 - Administrador 12,24 0,24 0,43 7,20 0,12 0,30 27,64 0,52 1,17<br />

8 - Sementes 162,05 3,24 5,70 180,00 3,46 7,46 266,00 4,84 11,23<br />

8,1 - Royalties - - - - - - - - -<br />

9 - Fertilizantes 520,52 10,41 18,30 686,96 13,22 28,47 556,14 10,11 23,49<br />

10 - Agrotóxicos 545,40 10,93 19,17 682,15 13,12 28,27 491,37 8,92 20,75<br />

13.4 - Análise de solo - - - 1,67 0,03 0,07 6,43 0,12 0,27<br />

totaL Das Despesas De Custeio (a) 1.374,32 27,52 48,31 1.695,13 32,62 70,25 1.439,74 26,18 60,80<br />

II - OUTR<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong><br />

15 - Transporte externo 60,00 1,20 2,11 92,04 1,77 3,81 124,74 2,27 5,27<br />

16 - Despesas:<br />

16.1 - Despesas administrativas 41,23 0,82 1,45 50,85 0,98 2,11 43,19 0,79 1,82<br />

16.2 - Despesas de armazenagem 67,82 1,36 2,38 69,43 1,34 2,88 74,15 1,35 3,13<br />

19 - Assistência técnica 27,49 0,55 0,97 33,90 0,65 1,40 28,79 0,52 1,22<br />

23-CESSR 70,49 1,41 2,48 66,16 1,27 2,74 74,10 1,35 3,13<br />

totaL Das outras Despesas (B) 267,03 5,34 9,39 312,38 6,01 12,94 344,97 6,28 14,57<br />

(continua na próxima página)


88<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

DisCriMinação<br />

peDro aFonso-to (proDutiViDaDe: 3100 KG) CaMpo Mourão-pr (proDutiViDaDe: 3000 KG) LonDrina-pr (proDutiViDaDe: 3600 KG)<br />

CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL<br />

DESPES<strong>AS</strong> FINANCEIR<strong>AS</strong><br />

25 - Juros do financiamento 65,45 1,27 2,38 46,03 0,92 1,96 55,26 0,92 1,65<br />

totaL Das Despesas FinanCeiras (C) 65,45 1,27 2,38 46,03 0,92 1,96 55,26 0,92 1,65<br />

Custo VariÁVeL (a+B+C=D) 2.148,12 41,59 78,26 1.394,85 27,87 59,29 2.124,88 35,44 63,39<br />

IV - DEPRECIAÇÕES<br />

26 - Depreciação de benfeitorias/instalações 110,26 2,13 4,02 77,39 1,55 3,29 65,15 1,09 1,94<br />

27 - Depreciação de implementos 85,60 1,66 3,12 106,98 2,14 4,55 166,22 2,77 4,96<br />

28 - Depreciação de máquinas 57,26 1,11 2,09 48,27 0,97 2,05 87,36 1,46 2,61<br />

totaL De DepreCiaçÕes (e) 253,12 4,90 9,23 232,64 4,66 9,89 318,73 5,32 9,51<br />

V - OUTROS CUSTOS FIXOS<br />

29 - Manutenção periódica 4,18 0,08 0,15 51,82 1,04 2,20 18,30 0,30 0,55<br />

30 - Encargos sociais 12,31 0,24 0,45 28,27 0,57 1,20 73,31 1,22 2,19<br />

31 - Seguro do capital fixo 8,05 0,16 0,29 8,48 0,17 0,36 12,44 0,21 0,37<br />

totaL De outros Custos FiXos (F) 24,54 0,48 0,89 88,57 1,78 3,76 104,05 1,73 3,11<br />

Custo FiXo (e+F=G) 277,66 5,38 10,12 321,21 6,44 13,65 422,78 7,05 12,62<br />

Custo operaCionaL (D+G=H) 2.425,78 46,97 88,38 1.716,06 34,31 72,94 2.547,66 42,49 76,01<br />

VI - RENDA DE FATORES<br />

32 - Remuneração esperada sobre o capital 95,85 1,86 3,49 100,98 2,02 4,29 148,13 2,47 4,42<br />

33 - Terra própria 223,25 4,32 8,13 535,80 10,72 22,77 656,36 10,94 19,58<br />

34 - Arrendamento - - - - - - - - -<br />

totaL De renDa De Fatores (i) 319,10 6,18 11,62 636,78 12,74 27,06 804,49 13,41 24,00<br />

Custo totaL (H+i=J) 2.744,88 53,15 100,00 2.352,84 47,05 100,00 3.352,15 55,90 100,00


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 89<br />

DisCriMinação<br />

Barreiras-Ba (proDutiViDaDe: 3000 KG) sorriso-Mt (proDutiViDaDe: 3120 KG) rio VerDe-Go (proDutiViDaDe: 3300 KG)<br />

CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL<br />

DESPES<strong>AS</strong> FINANCEIR<strong>AS</strong><br />

25 - Juros do financiamento 66,01 1,32 2,32 56,67 1,09 2,35 49,66 0,90 2,10<br />

totaL Das Despesas FinanCeiras (C) 66,01 1,32 2,32 56,67 1,09 2,35 49,66 0,90 2,10<br />

Custo VariÁVeL (a+B+C=D) 1.707,36 34,18 60,02 2.064,18 39,72 85,54 1.834,37 33,36 77,47<br />

IV - DEPRECIAÇÕES<br />

26 - Depreciação de benfeitorias/instalações 95,77 1,92 3,37 51,36 0,99 2,13 37,85 0,69 1,60<br />

27 - Depreciação de implementos 74,34 1,49 2,61 49,35 0,95 2,05 26,21 0,48 1,11<br />

28 - Depreciação de máquinas 46,44 0,93 1,63 78,23 1,50 3,24 48,98 0,89 2,07<br />

totaL De DepreCiaçÕes (e) 216,55 4,34 7,61 178,98 3,44 7,42 113,04 2,06 4,78<br />

V - OUTROS CUSTOS FIXOS<br />

29 - Manutenção periódica 5,70 0,11 0,20 5,17 0,10 0,21 17,59 0,32 0,74<br />

30 - Encargos sociais 5,58 0,11 0,20 3,28 0,06 0,14 12,60 0,23 0,53<br />

31 - Seguro do capital fixo 8,20 0,16 0,29 7,67 0,15 0,32 5,15 0,09 0,22<br />

totaL De outros Custos FiXos (F) 19,48 0,38 0,69 16,12 0,31 0,67 35,34 0,64 1,49<br />

Custo FiXo (e+F=G) 236,03 4,72 8,30 195,06 3,75 8,09 148,38 2,70 6,27<br />

Custo operaCionaL (D+G=H) 1.943,39 38,90 68,32 2.259,24 43,47 93,63 1.982,75 36,06 83,74<br />

VI - RENDA DE FATORES<br />

32 - Remuneração esperada sobre o capital 97,63 1,95 3,43 91,38 1,76 3,79 61,28 1,11 2,59<br />

33 - Terra própria 803,70 16,07 28,25 62,32 1,20 2,58 323,71 5,89 13,67<br />

34 - Arrendamento - - - - - - - - -<br />

totaL De renDa De Fatores (i) 901,33 18,02 31,68 153,70 2,96 6,37 384,99 7,00 16,26<br />

Custo totaL (H+i=J) 2.844,72 56,92 100,00 2.412,94 46,43 100,00 2.367,74 43,06 100,00<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Conab (2017b).


90<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

miLHo<br />

O custo de produção para o milho foi levantado pela Conab/Dipai/Suinf/Gecup<br />

(Conab, 2017b) para o município<br />

de Pedro Afonso/TO. Foi considerado o sistema de plantio<br />

direto com uso de média tecnologia e semente geneticamente<br />

modificada. A produtividade média considerada foi<br />

de 5.400kg/ha ou 90sc/ha. O mês de referência dos valores<br />

é março/2017.<br />

O valor total, por hectare, estimado foi de R$ 2.106,30, sendo<br />

61,4% referente ao custeio da lavoura que engloba a aplicação<br />

de fertilizantes e o custo das sementes – os dois gastos<br />

mais expressivos no custo total. O custo variável da produção<br />

totalizou 80,6% do custo ou R$ 1.698,38. Esse valor acrescido<br />

da soma das depreciações e de outros custos fixos representa<br />

o custo operacional, responsável por 86,16% do total do custo<br />

de produção, ou R$ 1.815,02. Considerando a produtividade<br />

média de 90sc/ha, o custo por saca de 60kg produzida foi de<br />

R$23,39.<br />

Com o objetivo de comparar o custo de produção de Pedro<br />

Afonso/TO com municípios selecionados em outros Estados,<br />

levantou-se o custo de produção para Barreiras/BA, Rio Verde/GO,<br />

Sorriso/MT, Campo Mourão/PR e Londrina/PR, também<br />

estimados pela Conab/Dipai/Suinf/Gecup. Com exceção<br />

de Barreiras/BA, onde foi avaliada a safra verão, os demais<br />

tiveram os valores levantados para a “safra de seca” 2017/17.<br />

<br />

taBEla 3.6<br />

Custo de produção detalhado do milho em Pedro Afonso/TO<br />

DisCriMinação<br />

CUSTO<br />

POR HA<br />

CUSTO /<br />

60KG<br />

CUSTO TOTAL<br />

(%)<br />

i - Despesas De Custeio Da LaVoura<br />

3 - Operação com máquinas<br />

3.1 - Tratores e colheitadeiras 135,71 1,52 6,44<br />

3.2 - Conjunto de irrigação 0,00 0,00 0,00<br />

7 - Administrador 12,52 0,12 0,59<br />

8 - Sementes 437,00 4,86 20,75<br />

8.1 - Royalties 0,00 0,00 0,00<br />

9 - Fertilizantes 575,00 6,39 27,30<br />

10 - Agrotóxicos 132,10 1,46 6,27<br />

TOTAL D<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong> DE CUSTEIO DA LAVOURA (A) 1.292,33 14,35 61,35<br />

ii - outras Despesas<br />

15 - Transporte externo 156,60 1,74 7,43<br />

16 - Despesas<br />

16.1 - Despesas administrativas 38,77 0,43 1,84<br />

16.2 - Despesas de armazenagem 114,62 1,27 5,44<br />

23 - CESSR 69,76 0,78 3,31<br />

TOTAL D<strong>AS</strong> OUTR<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong> (B) 379,75 4,22 18,02<br />

iii - Despesas FinanCeiras<br />

25 - Juros do financiamento 26,30 0,30 1,25<br />

TOTAL D<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong> FINANCEIR<strong>AS</strong> (C) 26,30 0,30 1,25<br />

CUSTO VARIÁVEL (A+B+C=D) 1.698,38 18,87 80,62


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 91<br />

DisCriMinação<br />

iV - DepreCiaçÕes<br />

CUSTO<br />

POR HA<br />

CUSTO /<br />

60KG<br />

CUSTO TOTAL<br />

(%)<br />

26 - Depreciação de benfeitorias/instalações 1,17 0,01 0,06<br />

27 - Depreciação de implementos 50,77 0,56 2,41<br />

28 - Depreciação de máquinas 45,89 0,51 2,18<br />

TOTAL DE DEPRECIAÇÕES (E) 97,83 1,08 4,65<br />

V - outros Custos FiXos<br />

29 - Manutenção periódica benfeitorias/instalações 7,39 0,08 0,35<br />

30 - Encargos sociais 5,71 0,06 0,27<br />

31 - Seguro do capital fixo 5,71 0,06 0,27<br />

TOTAL DE OUTROS CUSTOS FIXOS (F) 18,81 0,20 0,89<br />

CUSTO FIXO (E+F=G) 116,64 1,28 5,54<br />

CUSTO OPERACIONAL (D+G=H) 1.815,02 20,15 86,16<br />

Vi - renDa De Fatores<br />

32 - Remuneração esperada sobre o capital fixo 68,03 0,76 3,23<br />

33 - Terra própria 223,25 2,48 10,60<br />

34 - Arrendamento 0,00 0,00 0,00<br />

TOTAL DE RENDA DE FATORES (I) 291,28 3,24 13,83<br />

Custo totaL (H+i=J) 2.106,30 23,39 100,00<br />

Fonte: Conab (2017b)<br />

E, com exceção de Pedro Afonso/TO, em todas as localidades,<br />

foi considerado um uso alto de tecnologia.<br />

Nesse cenário, observa-se que o custo de produção de<br />

Pedro Afonso/TO é o mais competitivo, com um valor 4,3%<br />

abaixo do segundo colocado, Sorriso/MT; e 48,6% abaixo do<br />

menos competitivo, Barreiras/BA. As diferenças mais significativas<br />

estão nos itens de remuneração por fatores e depreciações.<br />

Em relação ao custeio da lavoura, o custo em Pedro Afonso/<br />

TO apresentou-se 37% menor em relação a Barreiras/BA, mas<br />

apenas 2,7% menor que em Sorriso/MT. Campo Mourão/PR<br />

se destacou com o menor percentual do custo total dedicado<br />

ao custeio da lavoura, sendo Pedro Afonso/TO e Rio Verde/GO<br />

os maiores percentuais.<br />

Pedro Afonso/TO apresenta o maior percentual do custo total<br />

alocado para custo variável, de 80,6%, e Campo Mourão/PR<br />

apresenta o menor, de 52,4%. Apesar disso, o valor de Pedro<br />

Afonso/TO mostrou-se mais competitivo que Londrina/PR,<br />

Barreiras/BA e Rio Verde/GO. Em relação ao custo operacional,<br />

Pedro Afonso/TO também apresenta o maior percentual<br />

alocado, 86,16%, mas o maior valor ficou com Rio Verde/GO. A<br />

Tabela 3.7 traz o comparativo detalhado dos custos de produção<br />

entre os municípios avaliados.<br />

Apesar da indicação do uso médio de tecnologia, Pedro<br />

Afonso/TO apresentou a maior produtividade quando com-


92<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 3.7<br />

Comparativo dos custos de produção de milho por hectare e por saca de 60kg para municípios nos Estados selecionados<br />

DisCriMinação<br />

peDro aFonso-to (proDutiViDaDe: 5400 KG) CaMpo Mourão-pr (proDutiViDaDe: 4500 KG) LonDrina-pr (proDutiViDaDe: 5200 KG)<br />

CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL<br />

I - DESPES<strong>AS</strong> DE CUSTEIO DA LAVOURA<br />

3 - Operações com máquinas:<br />

3.1 - Tratores e colheitadeiras 135,71 1,52 6,44 176,27 2,37 6,00 216,15 2,50 7,53<br />

3.2 - Conjuntos de irrigação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

6 - Mão de obra 0,00 0,00 0,00 23,28 0,32 0,79 54,05 0,61 1,88<br />

7 - Administrador 12,52 0,12 0,59 108,52 1,44 3,70 93,80 1,08 3,27<br />

8 - Sementes 437,00 4,86 20,75 337,03 4,49 11,48 400,00 4,62 13,94<br />

8.1 - Royalties 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

9 - Fertilizantes 575,00 6,39 27,30 373,53 4,98 12,72 392,60 4,53 13,68<br />

10 - Agrotóxicos 132,10 1,46 6,27 200,44 2,68 6,83 304,10 3,52 10.59<br />

13 - Outros<br />

13.4 - Análise de solo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

totaL Das Despesas De Custeio (a) 1.292,33 14,35 61,35 1.219,07 16,28 41,52 1.460,70 16,86 50,89<br />

II - OUTR<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong><br />

15 - Transporte externo 156,60 1,74 7,43 99,00 1,32 3,37 145,60 1,68 5,07<br />

16 - Despesas:<br />

16.1 - Despesas administrativas 38,77 0,43 1,84 36,57 0,49 1,25 43,82 0,51 1,53<br />

16.2 - Despesas de armazenagem 114,62 1,27 5,44 93,13 1,24 3,17 107,64 1,24 3,75<br />

16.3 - Beneficiamento 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

19 - Assistência técnica 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

23-CESSR 69,76 0,78 3,31 39,89 0,53 1,36 46,22 0,53 1,61<br />

totaL Das outras Despesas (B) 379,75 4,22 18,02 268,59 3,58 9,15 343,28 3,96 11,96


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 93<br />

DisCriMinação<br />

Barreiras-Ba (proDutiViDaDe: 8400 KG) sorriso-Mt (proDutiViDaDe: 5.400 KG) rio VerDe-Go (proDutiViDaDe: 5100 KG)<br />

CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL<br />

I - DESPES<strong>AS</strong> DE CUSTEIO DA LAVOURA<br />

3 - Operações com máquinas<br />

3.1 - Tratores e colheitadeiras 111,19 0,78 2,71 88,87 0,99 4,04 119,61 1,42 4,18<br />

3.2 - Conjuntos de irrigação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

6 - Mão de obra 5,46 0,04 0,13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

7 - Administrador 28,64 0,20 0,70 7,20 0,08 0,33 22,12 0,28 0,77<br />

8 - Sementes 660,00 4,71 16,09 420,00 4,47 19,08 576,00 6,78 20,11<br />

8.1 - Royalties 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

9 - Fertilizantes 1.020,00 7,29 24,86 505,17 5,61 22,94 676,65 7,96 23,62<br />

10 - Agrotóxicos 225,76 1,61 5,50 306,85 3,40 13,94 379,10 4,46 13,24<br />

13 - Outros<br />

13.4 - Análise de solo 0,00 0,00 0,00 0,58 0,01 0,03 3,21 0,04 0,11<br />

totaL Das Despesas De Custeio (a) 2.051,05 14,63 49,99 1.328,67 14,76 60,36 1.804,19 21,26 62,99<br />

II - OUTR<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong><br />

15 - Transporte externo 168,00 1,20 4,09 0,00 0,00 0,00 192,78 2,27 6,73<br />

16 - Despesas:<br />

16.1 - Despesas administrativas 61,53 0,44 1,50 39,86 0,44 1,81 54,13 0,64 1,89<br />

16.2 - Despesas de armazenagem 178,78 1,28 4,36 111,26 1,24 5,05 106,34 1,25 3,71<br />

16.3 - Beneficiamento 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

19 - Assistência técnica 41,02 0,29 1,00 26,57 0,30 1,21 36,08 0,42 1,26<br />

23-CESSR 112,22 0,80 2,74 44,01 0,49 2,00 51,27 0,60 1,79<br />

totaL Das outras Despesas (B) 561,55 4,01 13,69 221,70 2,47 10,07 440,60 5,18 15,38<br />

continua na próxima página


94<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

DisCriMinação<br />

peDro aFonso-to (proDutiViDaDe: 5400 KG) CaMpo Mourão-pr (proDutiViDaDe: 4500 KG) LonDrina-pr (proDutiViDaDe: 5200 KG)<br />

CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL<br />

DESPES<strong>AS</strong> FINANCEIR<strong>AS</strong><br />

25 - Juros do financiamento 26,30 0,30 1,25 50,07 0,66 1,70 61,27 0,71 2,13<br />

totaL Das Despesas FinanCeiras (C) 26,30 0,30 1,25 50,07 0,66 1,70 61,27 0,71 2,13<br />

Custo VariÁVeL (a+B+C=D) 1.698,38 18,87 80,62 1.537,73 20,52 52,37 1.865,25 21,53 64,98<br />

IV - DEPRECIAÇÕES<br />

26 - Depreciação de benfeitorias/instalações 1,17 0,01 0,06 2,45 0,03 0,08 4,10 0,05 0,14<br />

27 - Depreciação de implementos 50,77 0,56 2,41 95,09 1,27 3,24 108,65 1,25 3,79<br />

28 - Depreciação de máquinas 45,89 0,51 2,18 52,34 0,70 1,78 59,64 0,69 2,08<br />

totaL De DepreCiaçÕes (e) 97,83 1,08 4,65 149,88 2,00 5,10 172,39 1,99 6,01<br />

V - OUTROS CUSTOS FIXOS<br />

29 - Manutenção periódica 7,39 0,08 0,35 25,72 0,34 0,88 21,96 0,25 0,77<br />

30 - Encargos sociais 5,71 0,06 0,27 49,47 0,66 1,68 42,76 0,49 1,49<br />

31 - Seguro do capital fixo 5,71 0,06 0,27 7,93 0,11 0,27 8,64 0,10 0,30<br />

totaL De outros Custos FiXos (F) 18,81 0,20 0,89 83,12 1,11 2,83 73,36 0,84 2,56<br />

Custo FiXo (e+F=G) 116,64 1,28 5,54 233,00 3,11 7,93 245,75 2,83 8,57<br />

Custo operaCionaL (D+G=H) 1.815,02 20,15 86,16 1.770,73 23,63 60,30 2.111,00 24,36 73,55<br />

VI - RENDA DE FATORES<br />

32 - Remuneração esperada sobre o capital 68,03 0,76 3,23 94,46 1,26 3,22 102,87 1,19 3,58<br />

33 - Terra própria 223,25 2,48 10,60 1.071,60 14,29 36,49 656,36 7,57 22,87<br />

34 - Arrendamento 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

totaL De renDa De Fatores (i) 291,28 3,24 13,83 1.166,06 15,55 39,71 759,23 8,76 26,45<br />

Custo totaL (H+i=J) 2.106,30 23,39 100,00 2.936,79 39,18 100,00 2.870,23 33,12 100,00


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 95<br />

DisCriMinação<br />

Barreiras-Ba (proDutiViDaDe: 8400 KG) sorriso-Mt (proDutiViDaDe: 5.400 KG) rio VerDe-Go (proDutiViDaDe: 5100 KG)<br />

CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL CUSTO POR HA CUSTO / 60KG CUSTO TOTAL<br />

DESPES<strong>AS</strong> FINANCEIR<strong>AS</strong><br />

25 - Juros do financiamento 331,59 2,37 8,08 49,67 0,55 2,26 44,29 0,52 1,55<br />

totaL Das Despesas FinanCeiras (C) 331,59 2,37 8,08 49,67 0,55 2,26 44,29 0,52 1,55<br />

Custo VariÁVeL (a+B+C=D) 2.944,19 21,01 71,76 1.600,04 17,78 72,69 2.289,08 26,96 79,92<br />

IV - DEPRECIAÇÕES<br />

26 - Depreciação de benfeitorias/instalações 95,37 0,68 2,32 34,92 0,39 1,59 28,86 0,34 1,01<br />

27 - Depreciação de implementos 68,35 0,49 1,67 51,42 0,57 2,34 47,59 0,56 1,66<br />

28 - Depreciação de máquinas 45,36 0,32 1,11 56,85 0,63 2,58 51,76 0,61 1,81<br />

totaL De DepreCiaçÕes (e) 209,08 1,49 5,10 143,19 1,59 6,51 128,21 1,51 4,48<br />

V - OUTROS CUSTOS FIXOS<br />

29 - Manutenção periódica 31,64 0,23 0,77 2,32 0,05 0,20 28,28 0,33 0,99<br />

30 - Encargos sociais 13,06 0,09 0,32 0,00 0,00 0,00 10,08 0,12 0,35<br />

31 - Seguro do capital fixo 7,85 0,06 0,19 6,22 0,07 0,28 6,57 0,08 0,23<br />

totaL De outros Custos FiXos (F) 52,55 0,38 1,28 10,54 0,12 0,48 44,93 0,53 1,57<br />

Custo FiXo (e+F=G) 261,63 1,87 6,38 153,73 1,71 6,99 173,14 2,04 6,05<br />

Custo operaCionaL (D+G=H) 3.205,82 22,88 78,14 1.753,77 19,49 79,68 2.462,22 29,00 85,97<br />

VI - RENDA DE FATORES<br />

32 - Remuneração esperada sobre o capital 93,47 0,67 2,28 74,07 0,82 3,36 78,22 0,92 2,73<br />

33 - Terra própria 803,70 5,74 19,59 373,94 4,15 16,98 323,71 3,81 11,30<br />

34 - Arrendamento 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

totaL De renDa De Fatores (i) 897,17 6,41 21,87 448,01 4,97 20,34 401,93 4,73 14,03<br />

Custo totaL (H+i=J) 4.102,99 29,29 100,00 2.201,78 24,46 100,00 2.864,15 33,73 100,00<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017b).


96<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 3.8<br />

Produtividade (Kg/ha), custo de produção por hectare e por<br />

saca para o milho para municípios selecionados dos Estados do<br />

Tocantins, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Paraná<br />

<br />

gráfico 3.9<br />

Custo de Produção (R$/ha) versus produtividade (Kg/ha) do milho<br />

em municípios selecionados dos Estados do Tocantins, Bahia,<br />

Goiás, Mato Grosso e Paraná.<br />

MuniCÍpio KG/Ha r$/Ha r$/saCa<br />

Pedro Afonso/TO 5.400 2.106 23,39<br />

9000<br />

8000<br />

Barreirss / BA<br />

Sorriso/MT 5.400 2.202 24,46<br />

Barreiras/BA 8.400 4.103 29,29<br />

Londrina/PR 5.200 2.870 33,12<br />

Rio Verde/GO 5.100 2.864 33,73<br />

Campo Mourão/PR 4.500 2.937 39,18<br />

Produtividade kg/ha<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

Pedro Afonso / TO<br />

Sorriso / MT<br />

Campo Mourão / PR<br />

Rio Verde / GO<br />

Londrina / PR<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017b).<br />

3000<br />

2000<br />

parado aos municípios avaliados na “safra de seca”. Nesse<br />

quesito, Campo Mourão/PR foi o menor índice. Barreiras/BA,<br />

avaliada na “safra de verão”, apresentou a maior produtividade,<br />

equivalente a 55,5% a mais que Pedro Afonso/TO.<br />

A maior eficiência produtiva em Barreiras/BA tornou o<br />

seu custo por saca mais competitivo que os municípios de<br />

Campo Mourão e Londrina no Paraná e Rio Verde/GO. Pedro<br />

Afonso/TO apresentou o valor entre as localidades avaliadas<br />

(Tabela 3.8).<br />

A relação entre custo da lavoura e produtividade por hectare<br />

é ilustrado no Gráfico 3.9.<br />

1000<br />

0<br />

0 1000 2000 3000 4000 5000<br />

Custo de Produção (R$/ha)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017c) e Conab (2017b).<br />

3. 1. 3. Viabilidade das culturas no Estado<br />

Para a avaliação da viabilidade econômica da cultura da<br />

soja e do milho no Estado do Tocantins, usou-se como re-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 97<br />

ferência a metodologia desenvolvida pela equipe de Economia,<br />

Administração e Sociologia Rural da Embrapa Soja, que<br />

adota as seguintes variáveis (Embrapa, 2017).<br />

Receita bruta por hectare (RBha): corresponde à receita<br />

esperada, decorrente da venda da produção por hectare ao<br />

preço regional da soja.<br />

RBha = Y x P (1)<br />

onde Y e P representam, respectivamente, a produtividade<br />

por hectare (sacas/ha) e o preço de venda da soja (R$/sc).<br />

Custo operacional por hectare (COPha): representa a soma<br />

do custo variável e do custo fixo por hectare.<br />

CPHha = CVha + CFha (2)<br />

Lucro Operacional por hectare (LOha): é a diferença entre a<br />

receita bruta e o custo operacional por hectare.<br />

LOha = RBha – COPha (3)<br />

Lucro Financeiro por hectare (LFha): é o somatório do lucro<br />

operacional e depreciações por hectare (DEPha), representando<br />

o retorno monetário unitário obtido pelo sojicultor<br />

após o desconto dos custos desembolsáveis.<br />

LFha = RBha – (COPha – DEPha) ou FLha = LOha + DEPha (4)<br />

Com base nas estimativas das variáveis apresentadas nas<br />

expressões (1, 2, 3 e 4), é possível entender dois importantes<br />

indicadores de desempenho econômico-financeiro: ponto<br />

de equilíbrio do lucro financeiro e lucratividade.<br />

Enquanto o ponto de equilíbrio do lucro financeiro<br />

(PELF) por hectare corresponde à produtividade na qual o<br />

lucro financeiro é zero, a lucratividade (LUC) por hectare,<br />

pelo fato de ser o indicador que representa a razão entre<br />

lucro operacional e receita bruta, permite avaliar, no curto<br />

prazo, o nível de retorno econômico-financeiro que pode<br />

ser obtido em determinado cultivo ou sistema de sucessão<br />

de culturas.<br />

LUCha = (LOha/RBha) x 100 (5)<br />

Para considerar e analisar o impacto dos custos de oportunidade<br />

do capital e da terra na sustentabilidade da atividade<br />

produtiva, foi utilizado o Custo Econômico (CE) que representa<br />

a soma do COP com o CO. Por sua vez, para mensurar<br />

o resultado econômico considerando o CE, foi calculado o<br />

Lucro Econômico (LE), que representa o retorno da atividade<br />

produtiva, após serem considerados e descontados os custos<br />

operacionais e os custos de oportunidade.


98<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

Custo Econômico por hectare (CEha): corresponde ao custo<br />

operacional de produção de soja por hectare acrescido do<br />

custo de oportunidade por hectare.<br />

CEha = COPha + COha (6)<br />

Lucro Econômico por hectare (LEha): é a diferença entre a<br />

receita bruta e o custo econômico, por hectare.<br />

LEha = RBha – Ceha (7)<br />

De acordo com esta metodologia, para analisar a viabilidade<br />

da produção de soja, a margem de contribuição (MC) foi<br />

ajustada para representar a diferença entre RB e a somatória<br />

de CV e CO, conforme a expressão 8. Dessa forma, será<br />

avaliada a viabilidade econômica diante de outras opções de<br />

investimentos considerados nos custos de oportunidade.<br />

Margem de Contribuição por hectare (MCha): corresponde<br />

à diferença entre a receita bruta e a soma do custo variável<br />

com o custo de oportunidade, por hectare.<br />

MCha = RBha – (CVha + COha) (8)<br />

Para que a produção de uma safra seja economicamente viável,<br />

a MCha necessita ser igual ou superior a zero, indicando<br />

que a atividade gera renda ao produtor e que tal retorno obtido<br />

é superior àquele que seria gerado por investimentos alternativos<br />

representados pelo CO. Nesse sentido, o ponto de equilíbrio<br />

de viabilidade (PEV) por hectare representa o nível de produção<br />

em que a MC por hectare se iguala a zero, calculando a produtividade<br />

mínima que torna a atividade viável economicamente.<br />

Por fim, o LE, descrito na expressão (7), permite avaliar se<br />

a atividade produtiva, além de gerar renda para remunerar o<br />

produtor, proporciona a sua capitalização, visando objetivos<br />

empresariais como a remuneração de seus ativos e a redução<br />

da necessidade de financiamento para o custeio de cultivos.<br />

soJa<br />

Para fins de cálculo dos indicadores da análise de viabilidade<br />

da cultura da soja, foram utilizados os dados de custo de<br />

produção apresentados na Tabela 3.3 e um preço médio de<br />

venda da saca de R$ 55,00. Os parâmetros considerados para<br />

a análise estão resumidos na Tabela 3.9.<br />

Como resultados para os indicadores financeiros avaliados<br />

e considerando as variáveis de preço a R$ 55,00/sc e a<br />

produtividade de 3.100kg/ha, a RBha encontrada foi de R$<br />

2.842,00 que, diante do COha de R$ 2.426,00, resultou em<br />

um LOha de R$ 416,00 e um LFha de R$ 669,00.<br />

A MCha da cultura foi de R$ 376,00, indicando uma renda gerada<br />

ao produtor superior a outros investimentos, representado


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 99<br />

<br />

taBEla 3.9<br />

Resumo dos parâmetros para a análise de viabilidade da cultura da soja<br />

<br />

taBEla 3.10<br />

Indicadores Financeiros e Índices Econômicos para a cultura da soja.<br />

inDiCaDor eConÔMiCo uniDaDe soJa 1<br />

Ciclo da soja meses 4<br />

Produtividade kg/ha 3.100<br />

Custo total ha 2.745<br />

Preço venda R$/saca 55<br />

Custo variável R$/ha 2.083<br />

Custo fixo (- depreciação) R$/ha 25<br />

Depreciação R$/ha 253<br />

Custo operacional R$/ha 2.426<br />

Renda de fatores R$/ha 319<br />

Despesas financiamento (juros) R$/ha 65<br />

Custo de oportunidade R$ 383<br />

Capital R$ 160<br />

Retorno de investimento Taxa ao mês 1,4%<br />

Terra* R$ 223<br />

*Usado valor da remuneração da terra própria do custo de produção<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

VariÁVeis: preço e proDutiViDaDe<br />

Cotação da soja (R$/sc) 55<br />

Produtividade (Kg/ha) 3.100<br />

ÍnDiCaDores FinanCeiros<br />

Receita bruta (R$/ha) 2.842<br />

Custo operacional (R$/ha) 2.426<br />

Lucro operacional (R$/ha) 416<br />

Lucro financeiro (R$/ha) 669<br />

Custo de oportunidade (R$/ha) 383<br />

Margem de contribuição (R$/ha) 376<br />

Custo econômico (R$/ha) 2.809<br />

Lucro econômico (R$/ha) 32<br />

ÍnDiCes eConÔMiCos<br />

Lucratividade (%) 15%<br />

PELF (kg/ha) 2.370<br />

PEV (kg/ha) 2.690<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

pelo COPha. Este último, somado ao CO, resultou em um CEha<br />

no valor de R$ 2.809,00, permitindo um LEha de R$ 32,00.<br />

O índice econômico de lucratividade encontrado foi de<br />

15%, indicando o nível de retorno econômico obtido durante<br />

o horizonte de quatro meses – tempo considerado para o<br />

ciclo da soja. Ou seja, para cada R$ 1,00 de Receita Bruta gerada,<br />

obteve-se um Lucro Operacional de R$ 0,15. Essa taxa<br />

equivale a uma lucratividade de 31,4% ao ano.


100<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

O Ponto de Equilíbrio do Lucro Financeiro é de 2.370 sc/ha<br />

e o Ponto de Equilíbrio da Viabilidade é de 2.690 sc/ha. Esses<br />

índices mostram, respectivamente, a produção mínima por<br />

hectare necessária para que o lucro financeiro e a margem<br />

de contribuição sejam iguais a zero.<br />

Os indicadores financeiros e os índices econômicos são<br />

apresentados na Tabela 3.10.<br />

miLHo<br />

Para fins de cálculo dos indicadores da análise de viabilidade<br />

da cultura do milho, foram utilizados os dados de custo de<br />

produção apresentados na Tabela 3.7 e um preço médio de<br />

venda da saca de R$ 30,00. Os parâmetros considerados para<br />

a análise estão resumidos na Tabela 3.11.<br />

Como resultados para os Indicadores Financeiros avaliados<br />

e considerando as variáveis de preço a R$ 30,00/sc e a produtividade<br />

de 5.400kg/ha, a RBha encontrada foi de R$ 2.700,00<br />

que, diante do COha de R$ 1.815,00, resultou em um LOha de<br />

R$ 885,00 e um LFha de R$ 983,00.<br />

A Margem de Contribuição por hectare da cultura foi de R$<br />

634,00, indicando uma renda gerada ao produtor superior a<br />

outros investimentos, representado pelo Custo de Oportunidade.<br />

Este último, somado ao Custo Operacional, resultou<br />

em um Custo Econômico por hectare no valor de R$ 2.182,00,<br />

permitindo um Lucro Econômico por hectare de R$ 518,00.<br />

<br />

taBEla 3.11<br />

Resumo dos parâmetros para a análise de viabilidade da cultura<br />

do milho<br />

inDiCaDor eConÔMiCo uniDaDe soJa 1<br />

Ciclo do milho meses 4,7<br />

Produtividade kg/ha 5.400<br />

Custo total ha 2.106<br />

Preço venda R$/saca 30<br />

Custo variável (com despesas financeiras) R$/ha 1.698<br />

Custo fixo (- depreciação) R$/ha 19<br />

Depreciação R$/ha 98<br />

Custo operacional R$/ha 1.815<br />

Renda de fatores R$/ha 291<br />

Despesas financiamento (juros) R$/ha 26<br />

Custo de oportunidade R$ 367<br />

Capital R$ 144<br />

Retorno de investimento Taxa ao mês 1,4%<br />

Terra* R$ 223<br />

*Usado valor da remuneração da terra própria do custo de produção<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

O índice econômico de lucratividade encontrado foi de<br />

33%, indicando o nível de retorno econômico obtido durante<br />

o horizonte de 4,7 meses – tempo considerado para o ciclo do


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 101<br />

<br />

taBEla 3.12<br />

Indicadores financeiros e índices econômicos para a cultura do milho<br />

VariÁVeis: preço e proDutiViDaDe<br />

Cotação do milho (R$/sc) 30<br />

Produtividade (Kg/ha) 5.400<br />

inDiCaDores FinanCeiros<br />

Receita bruta (R$/ha) 2.700<br />

Custo operacional (R$/ha) 1.815<br />

Lucro operacional (R$/ha) 885<br />

Lucro financeiro (R$/ha) 983<br />

Custo de oportunidade (R$/ha) 367<br />

Margem de contribuição (R$/ha) 634<br />

Custo econômico (R$/ha) 2.182<br />

Lucro econômico (R$/ha) 518<br />

ÍnDiCes eConÔMiCos<br />

Lucratividade (%) 33%<br />

PELF (kg/ha) 3.434<br />

PEV (kg/ha) 4.132<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

milho. Ou seja, para cada R$ 1,00 de Receita Bruta gerada, obteve-se<br />

um Lucro Operacional de R$ 0,33. Essa taxa equivale<br />

a uma lucratividade de 76,3% ao ano.<br />

O Ponto de Equilíbrio do Lucro Financeiro é de 3.434 kg/ha<br />

e o Ponto de Equilíbrio da Viabilidade é de 4.132 kg/ha. Esses<br />

índices mostram, respectivamente, a produção mínima por<br />

hectare necessária para que o lucro financeiro e a margem de<br />

contribuição sejam iguais a zero.<br />

Os indicadores financeiros e dos índices econômicos são<br />

apresentados na Tabela 3.12.<br />

anÁLise de sensiBiLidade<br />

A análise de sensibilidade é uma informação relevante<br />

para a tomada de decisões que permitem estabelecer limites<br />

para algumas variáveis, como preço e produtividade, apontando<br />

o momento em que a atividade passa a ter retornos<br />

negativos.<br />

A análise de sensibilidade para o preço permite simular diferentes<br />

cenários de acordo com a oscilação do preço da commodity,<br />

indicando, inclusive, momentos favoráveis ao uso de<br />

ferramentas de mercado futuro para a trava da rentabilidade<br />

da operação; e potenciais prejuízos decorrentes de quedas<br />

bruscas no preço.<br />

No caso da análise de sensibilidade para a variação de produtividade,<br />

é possível simular cenários de redução de produção<br />

derivado de problemas climáticos ou fitossanitários, ou<br />

ganhos de produção e rentabilidade, derivados de potenciais<br />

investimentos em tecnologia.


102<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

soJa<br />

A Análise de Viabilidade Econômica considerou o preço por<br />

saca de R$ 55,00. A Tabela 3.13 apresenta os resultados encontrados<br />

para os indicadores financeiros e índices econômicos<br />

para diferentes valores da saca, chegando a 27% abaixo e<br />

27% acima do valor R$ 55,00/sc.<br />

De uma forma geral, a redução no valor de venda da saca<br />

reduz a lucratividade da atividade ou até faz com que chegue<br />

<br />

taBEla 3.13<br />

Análise de sensibilidade para os indicadores financeiros e índices econômicos, com variações sobre o preço da saca da soja<br />

VariÁVeis: preço e proDutiViDaDe<br />

Cotação Da soJa (r$/sC) 40 45 50 55 60 65 70<br />

proDutiViDaDe (KG/Ha) 3.100 3.100 3.100 3.100 3.100 3.100 3.100<br />

ÍnDiCaDores FinanCeiros (R$/ha)<br />

Receita bruta 2.067 2.325 2.583 2.842 3.100 3.358 3.617<br />

Custo operacional 2.426 2.426 2.426 2.426 2.426 2.426 2.426<br />

Lucro operacional (359) (101) 158 416 674 933 1.191<br />

Lucro financeiro (106) 152 411 669 927 1.186 1.444<br />

Custo de oportunidade 383 383 383 383 383 383 383<br />

Margem de contribuição (399) (141) 117 376 634 892 1.151<br />

Custo econômico 2.809 2.809 2.809 2.809 2.809 2.809 2.809<br />

Lucro econômico (743) (484) (226) 32 291 549 807<br />

ÍnDiCes eConÔMiCos<br />

Lucratividade (%) -17% -4% 6% 15% 22% 28% 33%<br />

PELF (kg/ha) 3.639 3.234 2.911 2.370 2.426 2.239 2.079<br />

PEV (kg/ha) 3.699 3.288 2.959 2.690 2.466 2.276 2.114<br />

Fonte: elaborado por Markestrat


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 103<br />

<br />

taBEla 3.14<br />

Análise de sensibilidade para os indicadores financeiros e índices econômicos, com variações sobre a produtividade da soja<br />

VariÁVeis: preço e proDutiViDaDe<br />

Cotação Da soJa (r$/sC) 55 55 55 55 55 55 55<br />

proDutiViDaDe (KG/Ha) 1.705 2.170 2.635 3.100 3.410 3.565 3.720<br />

inDiCaDores FinanCeiros (R$/ha)<br />

Receita bruta 1.563 1.989 2.415 2.842 3.126 3.268 3.410<br />

Custo operacional 2.426 2.426 2.426 2.426 2.426 2.426 2.426<br />

Lucro operacional (863) (437) (10) 416 700 842 984<br />

Lucro financeiro (610) (183) 243 669 953 1.095 1.237<br />

Custo de oportunidade 383 383 383 383 383 383 383<br />

Margem de contribuição (903) (477) (51) 376 660 802 944<br />

Custo econômico 2.809 2.809 2.809 2.809 2.809 2.809 2.809<br />

Lucro econômico (1.246) (820) (394) 32 317 459 601<br />

ÍnDiCes eConÔMiCos<br />

Lucratividade (%) -55% -22% 0% 15% 22% 26% 29%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

a ser negativa. Nesses cenários, é preciso um incremento da<br />

produtividade para compensar a redução no preço de forma<br />

a manter em zero o Lucro Financeiro e a Margem de Contribuição.<br />

Para o caso de redução de preço da saca em 27%, com valor<br />

de R$ 40/sc, a lucratividade da produção de soja, com a<br />

produtividade em 3.100kg/ha, fica em -17%. Nessa situação, é<br />

preciso um ganho de 17% e 19%, respectivamente, para que o<br />

Lucro Financeiro e a Margem de Contribuição fiquem zerados<br />

e não haja prejuízo.<br />

Para o caso do aumento do preço da saca ser de 27%, com<br />

valor de R$ 70/sc, a lucratividade da produção de soja, com a


104<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

produtividade em 3.100kg/ha, fica em 33%. Nessa situação,<br />

poderia haver uma redução da produtividade de até 33% e<br />

32%, respectivamente, até que o Lucro Financeiro e a Margem<br />

de Contribuição fiquem zerados, sem incorrer em prejuízos<br />

ao produtor.<br />

No caso da variável Produtividade, a Análise de Viabilidade<br />

Econômica considerou a produção média de 3.100kg por<br />

hectare de soja. A Tabela 3.14 apresenta os resultados de indicadores<br />

financeiros e índices econômicos para oscilações<br />

na produtividade considerando perdas de 45%, 30% e 15%;<br />

e ganhos de 10%, 15% e 20%. Neste caso, suprimem-se os índices<br />

de Ponto de Equilíbrio de Lucro Financeiro e Ponto de<br />

Equilíbrio da Viabilidade, dados que são calculados com base<br />

na variação da produtividade.<br />

Uma redução na produtividade de 15%, para 2.635kg/ha,<br />

implica um Índice de Lucratividade de 0% e Lucro Operacional,<br />

Lucro Econômico e Margem de Contribuição negativos.<br />

Neste caso, o custo da saca se eleva para R$ 62,50/sc. A situação<br />

se agrava, com lucratividade negativa, para valores de<br />

produtividade mais baixos.<br />

No caso da elevação da produtividade em 20%, para<br />

3.720kg/ha, a lucratividade melhora e atinge 29%, melhorando<br />

também os indicadores de Lucro Operacional, Lucro Econômico<br />

e Margem de Contribuição. O custo de produção por<br />

saca reduz para R$ 44,27/sc.<br />

miLHo<br />

A Análise de Viabilidade Econômica considerou o preço<br />

por saca de R$ 30,00. A Tabela 3.15 apresenta os resultados<br />

encontrados para os indicadores financeiros e índices econômicos<br />

para diferentes valores da saca, variando entre 33%<br />

abaixo e 30% acima do valor R$ 30,00/sc.<br />

Observa-se que, com uma variação negativa no preço da<br />

saca em 23,3%, para R$ 23/sc, a Lucratividade reduz para<br />

12%, o Lucro Financeiro e a Margem de Contribuição permanecem<br />

positivos, mas o Lucro Econômico já passa a ser negativo.<br />

Com a redução do preço para R$ 20/sc, a Lucratividade<br />

se mostra negativa, assim como a Margem de Contribuição e<br />

o Lucro Econômico. O Lucro Financeiro permanece positivo.<br />

Com a queda do preço para R$ 20/sc, seria necessária uma<br />

elevação da produtividade para 6.197kg/ha para que a Margem<br />

de Contribuição ficasse em zero. No caso do Ponto de<br />

Equilíbrio do Lucro Financeiro, a produtividade poderia reduzir<br />

até 5.152kg/ha até o Lucro Financeiro atingir o valor zero.<br />

Por outro lado, uma elevação no preço da commodity em<br />

30% permitiria uma redução na produtividade de 51% e 41%,<br />

respectivamente, de forma a Margem de Contribuição e o Lucro<br />

Financeiro permanecerem positivos.<br />

No caso da variável Produtividade, a Análise de Viabilidade<br />

Econômica considerou a produção média de 5.400kg por<br />

hectare de milho. A Tabela 3.16 apresenta os resultados de


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 105<br />

<br />

taBEla 3.15<br />

Análise de sensibilidade para os indicadores financeiros e índices econômicos, com variações sobre o preço da saca do milho<br />

VariÁVeis: preço e proDutiViDaDe<br />

Cotação Do MiLHo (r$/sC) 20 23 27 30 33 36 39<br />

proDutiViDaDe (KG/Ha) 5.400 5.400 5.400 5.400 5.400 5.400 5.400<br />

inDiCaDores FinanCeiros (R$/ha)<br />

Receita bruta 1.800 2.070 2.430 2.700 2.970 3.240 3.510<br />

Custo operacional 1.815 1.815 1.815 1.815 1.815 1.815 1.815<br />

Lucro operacional (15) 255 615 885 1.155 1.425 1.695<br />

Lucro financeiro 83 353 713 983 1.253 1.523 1.793<br />

Custo de oportunidade 367 367 367 367 367 367 367<br />

Margem de contribuição (266) 4 364 634 904 1.174 1.444<br />

Custo econômico 2.182 2.182 2.182 2.182 2.182 2.182 2.182<br />

Lucro econômico (382) (112) 248 518 788 1.058 1.328<br />

ÍnDiCes eConÔMiCos<br />

Lucratividade (%) -1% 12% 25% 33% 39% 44% 48%<br />

PELF (kg/ha) 5.152 4.480 3.816 3.434 3.122 2.862 2.642<br />

PEV (kg/ha) 6.197 5.389 4.591 4.132 3.756 3.443 3.178<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

indicadores financeiros e índices econômicos para oscilações<br />

na produtividade considerando perdas de 10%, 20% e 33%; e<br />

ganhos de 10%, 20% e 30%. Neste caso, suprime-se os índices<br />

de Ponto de Equilíbrio de Lucro Financeiro e Ponto de Equilíbrio<br />

da Viabilidade, dados que são calculados com base na<br />

variação da produtividade.<br />

Uma redução na produtividade de 33%, para 3.625kg/ha,<br />

implica um índice de Lucratividade de 0% e Lucro Operacio-


106<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 3.16<br />

Análise de sensibilidade para os indicadores financeiros e índices econômicos, com variações sobre a produtividade do milho<br />

VariÁVeis: preço e proDutiViDaDe<br />

Cotação do milho (R$/sc) 30 30 30 30 30 30 30<br />

Produtividade (Kg/ha) 3.625 4.320 4.860 5.400 5.940 6.480 7.020<br />

inDiCaDores FinanCeiros (R$/ha)<br />

Receita bruta 1.813 2.160 2.430 2.700 2.970 3.240 3.510<br />

Custo operacional 1.815 1.815 1.815 1.815 1.815 1.815 1.815<br />

Lucro operacional (3) 345 615 885 1.155 1.425 1.695<br />

Lucro financeiro 95 443 713 983 1.253 1.523 1.793<br />

Custo de oportunidade 367 367 367 367 367 367 367<br />

Margem de contribuição (253) 94 364 634 904 1.174 1.444<br />

Custo econômico 2.182 2.182 2.182 2.182 2.182 2.182 2.182<br />

Lucro econômico (370) (22) 248 518 788 1.058 1.328<br />

ÍnDiCes eConÔMiCos<br />

Lucratividade (%) 0% 16% 25% 33% 39% 44% 48%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

nal, Lucro Econômico e Margem de Contribuição negativos.<br />

Neste caso, o custo por saca aumenta para R$ 34,9/sc. A situação<br />

se agrava, com lucratividade negativa, para valores de<br />

produtividade mais baixos.<br />

No caso da elevação da produtividade de 30% para 7.020kg/<br />

ha, a lucratividade melhora e atinge 48%, melhorando também<br />

os indicadores de Lucro Operacional, Lucro Econômico e Margem<br />

de Contribuição. O custo por saca reduz para R$ 18.<br />

3. 1. 4. Associativismo e cooperativismo<br />

Tanto o associativismo como o cooperativismo são formas<br />

de governança que organizam classes com interesses seme-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 107<br />

lhantes para a realização de ações em conjunto. A diferença<br />

entre associação e cooperativa está fundamentalmente na<br />

natureza de negócio: enquanto a associação tem o escopo de<br />

representatividade social, representação política, defesa dos<br />

interesses da classe, entre outras características, a cooperativa<br />

possui fins comerciais que visam certo lucro, viabilizando<br />

vários tipos de negócios entre os cooperados e o mercado<br />

(Sebrae, 2017).<br />

No meio agrícola, um dos grandes benefícios da organização<br />

de produtores em associações é o aumento da competitividade<br />

de pequenos e médios produtores que, sozinhos, podem<br />

não ter acesso à informação, serviços, entre outros.<br />

No ramo agropecuário, as cooperativas possuem funções<br />

que vão desde a compra e venda de insumos agrícolas, a comercialização<br />

da produção de seus cooperados, o incentivo<br />

da atividade rural por meio da concessão de crédito ao cooperado<br />

(existem linhas específicas de crédito para cooperativas)<br />

até a agregação de valor ao produto do cooperado por meio da<br />

verticalização, ou seja, da aquisição e controle de indústrias<br />

de processamento. Além disso, as cooperativas de crédito<br />

podem ser controladas pelos próprios cooperados, possuem<br />

um menor custo operacional em relação aos bancos e seus<br />

membros podem se beneficiar com a distribuição de sobras<br />

ou excedentes.<br />

Apesar da grande importância do associativismo e do cooperativismo<br />

para a agricultura, especificamente para os<br />

produtores de grãos, o Estado do Tocantins ainda conta com<br />

poucas iniciativas nesse aspecto. A pouca organização dos<br />

produtores de grãos da região em cooperativas e associações<br />

impacta negativamente no setor, uma vez que seu poder de<br />

barganha é reduzido tanto no momento da compra de insumos<br />

quanto no momento da venda dos grãos. Além disso, a<br />

menor presença de um associativismo de referência no Estado<br />

impacta a carência de esforços por políticas públicas para<br />

o setor no âmbito estadual e federal.<br />

Além da presença do Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

do Cooperativismo – Sescoop – no Estado, ele conta com 12<br />

cooperativas do ramo agropecuário, sendo que apenas duas<br />

englobam o setor de grãos: a Cooperativa Agroindustrial do<br />

Tocantins – Coapa; e uma unidade da Frisia, cooperativa cuja<br />

matriz se localiza no Estado do Paraná.<br />

Apesar de as duas organizações se enquadrarem na categoria<br />

de cooperativas, existe uma diferença significativa entre<br />

elas que está fundamentada no seu modelo de criação. Enquanto<br />

a Coapa foi formada por produtores tocantinenses<br />

que buscavam soluções para alguns de seus gargalos, a Frisia<br />

já é uma cooperativa muito desenvolvida no cenário nacional,<br />

que apenas levou uma de suas unidades para o Estado<br />

do Tocantins, por ter identificado ali oportunidades para seus<br />

cooperados atuais e de agregação de novos cooperados.


108<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

A Coapa, localizada em Pedro Afonso, surgiu no ano de<br />

1998 após o programa Prodecer perder força na região. O<br />

principal objetivo era ter uma organização que permitisse aos<br />

produtores diversificar sua produção por meio da participação<br />

em programas de agricultura familiar que era facilitada<br />

se estivessem juridicamente organizados no formato de cooperativa.<br />

Apesar de a motivação inicial ser a diversificação,<br />

a maioria da produção do município estava focada nos grãos,<br />

o que direcionou os próximos passos da organização (LIMA,<br />

2014; COAPA, 2017).<br />

Em 2000, a cooperativa passou a administrar e operacionalizar<br />

a estrutura pública de armazenamento existente em<br />

Pedro Afonso. Com o passar dos anos, a cooperativa foi se fortalecendo<br />

e novos objetivos se delineando. Atualmente conta<br />

com cerca de 50 colaboradores e 250 cooperados, agrupados<br />

ou não em associações que atuam em todo o Estado (LIMA,<br />

2014; COAPA, 2017).<br />

A cooperativa se mantém com o aluguel de seus armazéns,<br />

compra e venda de insumos, comercialização dos grãos, entre<br />

outros serviços prestados. Os silos que a cooperativa possui<br />

fazem com que a Coapa seja a maior armazenadora de grãos<br />

do Estado com uma capacidade de 64 mil toneladas, advindos<br />

dos próprios cooperados e também das tradings (LIMA, 2014;<br />

COAPA, 2017).<br />

Apesar de ter boa estrutura e atividades focadas no produtor,<br />

a Coapa ainda enfrenta dificuldades na adesão do produtor,<br />

justamente pela pouca cultura cooperativista presente<br />

no Estado. Esse gargalo acaba por enfraquecer um player de<br />

tamanha importância.<br />

Além dela, a cooperativa Frisia se instalou no Estado há<br />

dois anos, motivada por cooperados do sul que migraram<br />

para o Tocantins na busca de oportunidades na fronteira agrícola.<br />

A cooperativa está levando para o Estado uma fundação<br />

de pesquisa, chamada Fundação ABC, controlada por três importantes<br />

cooperativas da região sul do País (Capal, Castrolanda<br />

e Frisia). O principal objetivo é que o Estado ganhe em<br />

produtividade e estrutura. A cooperativa, porém, ainda não<br />

se encontra em pleno funcionamento, seja pela necessidade<br />

de adequações às especificidades do Estado, seja pela cultura<br />

cooperativista ali encontrada.<br />

A atração de filiais de cooperativas já maduras para o Estado<br />

do Tocantins é uma estratégia plausível para o fortalecimento<br />

da cultura cooperativista na região e fomento ao desenvolvimento<br />

do produtor local.<br />

A única associação de grãos presente no Estado é a Associação<br />

dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) que<br />

se instalou em 2013, possuindo grande representatividade<br />

nacional e grande valor para os produtores de soja. Assim<br />

como a Frisia, a Aprosoja também não teve sua origem no<br />

Tocantins. Sua origem se deu no estado do Mato Grosso,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 109<br />

sendo que atualmente conta com 13 unidades espalhadas<br />

pelo País. Uma iniciativa de destaque da associação é o programa<br />

Soja Brasil que possui o intuito de comunicação rural,<br />

informando aos sojicultores do País inteiro a situação das<br />

lavouras brasileiras e também de outros países, através de<br />

reportagens, entrevistas, fóruns, debates e expedições. A<br />

Aprosoja tem se fortalecido no Estado do Tocantins ainda<br />

que sua participação na realidade de produção de grãos do<br />

cerrado – impulsionada pelo Estado do Mato Grosso – seja<br />

mais forte.<br />

Por não possuir fins lucrativos, as associações se mantêm com<br />

as contribuições dos associados. Nesse sentido, a Aprosoja também<br />

se diferencia. Ao comercializar soja, o agricultor matogrossense<br />

precisa recolher sua contribuição para dois fundos específicos:<br />

o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e o<br />

Fundo de Apoio à Cultura da Soja (Facs).<br />

Os recursos recolhidos pelo Facs são destinados à associação.<br />

Sendo assim, os produtores não pagam diretamente<br />

para fazer parte da associação, mas recolhem compulsoriamente<br />

um percentual do valor comercializado que se destina<br />

ao sistema. Com garantia de recursos, a Aprosoja consegue<br />

se manter e desenvolver diversos trabalhos de grande valor<br />

para seus associados. Dentre os principais serviços oferecidos<br />

pela Aprosoja estão: realização de eventos relacionados<br />

as culturas de grãos; divulgação de boletins de mercados; simuladores<br />

de aquisição de maquinário, ponto de equilíbrio<br />

da soja, armazenagem; parcerias com instituições de ensino e<br />

assistência odontológica; Armazena MT (incentivo à armazenagem<br />

de grão em MT), entre outros.<br />

Especificamente no Tocantins, a unidade da associação<br />

desenvolve ações estratégicas que beneficiam a maioria dos<br />

produtores do Estado, sempre em prol do coletivo. A associação<br />

busca atuar em parcerias com outras entidades para que<br />

instituições públicas e privadas cumpram seus compromissos<br />

frente à produção de grãos, assim como aperfeiçoamento<br />

de leis, decretos e marcos regulatórios para uma participação<br />

ativa na formulação da política agrícola.<br />

Diferentemente da situação do Tocantins, outras regiões<br />

do Brasil já possuem o associativismo e o cooperativismo<br />

bem desenvolvidos. A Tabela 3.17 apresenta um ranking das<br />

maiores cooperativas do Brasil e a localização de suas unidades.<br />

Esse ranking foi desenvolvido pela revista Exame, tendo<br />

como base o balanço de 2016.<br />

Dentre as maiores cooperativas brasileiras apresentadas<br />

na tabela acima, grande parte estão localizadas na região<br />

Sul, com destaque para o Paraná. Das 20 maiores cooperativas<br />

agropecuárias do País, 14 estão presentes nesse Estado.<br />

A região Centro-Oeste conta com a presença de 10 das 20<br />

maiores cooperativas, já o Estado do Tocantins conta apenas<br />

com uma, a já comentada Frisia.


110<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 3.17<br />

As maiores cooperativas agropecuárias do Brasil<br />

posição CooperatiVa LoCaLiZação Das uniDaDes<br />

1 Copersucar SP<br />

2 Coamo MS/PR/SC<br />

3 Aurora alimentos SC/MS/RS/PR/RJ/MG/PE/ES/BA/CE<br />

4 C.Vale RS/SC/PR/MS/MT<br />

5 LAR PR/MS/SC<br />

6 Cooxupé SP/MG<br />

7 Comigo GO<br />

8 Cocamar MS/PR/SP<br />

9 Copacol PR<br />

10 Integrada PR/MS/SP<br />

11 Castrolanda PR<br />

12 Cooperativa agrá ria PR<br />

13 Coopercitrus SP/MG<br />

14 Cooperalfa SC<br />

15 Frisia PR/TO<br />

16 Frimesa SP/PR/RJ/SC/RS/MS/MG<br />

17 Coopavel PR<br />

18 CCPR/MG MG/GO<br />

19 Coasul PR<br />

20 Cocari PR/GO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OCB (2017).<br />

O Estado do Paraná teve 56% de seu PIB agropecuário proveniente<br />

de atividades de cooperativas em 2015, faturamento<br />

de R$ 60,3 bilhões (GAZETA <strong>DO</strong> POVO, 2016). As principais<br />

razões para o bom desempenho das cooperativas da região<br />

Sul foram os altos investimentos de profissionalização do negócio,<br />

verticalização e diversificação da produção em busca<br />

de agregar maior valor aos produtos. Além disso, os estados<br />

sulistas já possuem um histórico ligado à atividade cooperativista<br />

e tem tradição nas atividades que elas realizam.<br />

Um exemplo de cooperativa de sucesso é a Copagril, baseando<br />

suas atividades agrícolas nas culturas de soja e milho,<br />

com 180 mil toneladas de soja e 300 mil toneladas de milho.<br />

Possui atualmente uma capacidade de armazenamento<br />

superior a cinco milhões de sacas. Todo o trabalho realizado<br />

pelo cooperado é acompanhado por um profissional da<br />

cooperativa, garantindo maior produtividade aos produtores.<br />

Vale salientar também a integração entre cooperados e<br />

a própria cooperativa: grande parte dos grãos produzidos<br />

pelos produtores são utilizados pela própria Copagril para a<br />

fabricação de rações (COPAGRIL, 2017).<br />

O fortalecimento de estruturas que favoreçam ações coletivas<br />

na produção agrícola tocantinense traria benefícios como:<br />

aumento do poder de barganha com compras de insumos em<br />

conjunto; maior facilidade de acesso à linhas de crédito especiais;<br />

grande volume de grãos para negociar com operadores


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 111<br />

logísticos; melhores opções de armazenagem, com possibilidade<br />

de negociação de grãos em períodos mais atrativos; entre<br />

outros. Todos esses fatores, somados à maior capacitação do<br />

produtor rural, também proporcionada pelas cooperativas e<br />

associações, impulsionariam todo o setor no Estado.<br />

3. 2. Destinos da produção<br />

3. 2. 1. Exportações<br />

A pauta de exportações do Estado do Tocantins consiste basicamente<br />

de produtos agropecuários. Do valor total exportado<br />

em 2016, US$ 632,8 milhões, 63% referiram-se ao grão de<br />

soja, 15%, à carne desossada e congelada de bovino, e 3% do<br />

milho em grão (Tabela 3.18).<br />

Apesar de o Estado diversificar cada vez mais sua pauta de<br />

exportações, do total de produtos exportados em 2016, 96%<br />

ainda foram produtos básicos, sendo apenas 4% produtos industrializados.<br />

As importações, por sua vez, reforçam a carência<br />

do Estado por produção interna de industrializados, uma<br />

vez que os percentuais se invertem sendo 5% de importação<br />

de produtos básicos e 95% de industrializados (FIETO, 2017).<br />

A soja e o milho produzidos no Tocantins têm, tradicionalmente,<br />

apresentado a exportação do grão in natura como seu principal<br />

destino. Em 2016, o valor exportado foi de, respectivamente,<br />

US$ 399 milhões e US$ 16,7 milhões, uma redução de 34% e<br />

<br />

taBEla 3.18<br />

Pauta de exportação do Estado do Tocantins em 2016<br />

iteM Da pauta De eXportação toCantins (2016)<br />

VaLor<br />

(US$ MILHÕES)<br />

Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura 399 63%<br />

Carnes desossadas de bovino, congeladas 96,8 15%<br />

Bagaços dos extratos de óleo de soja 48,8 8%<br />

Carnes desossadas de bovino, frescas ou refrigeradas 19,8 3%<br />

Milho em grão, exceto para semeadura 16,7 8%<br />

Outros 51,7<br />

totaL 632,8<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil, 2017e.<br />

78% comparando com o ano de 2015, explicado pela queda na<br />

produção (BR<strong>AS</strong>IL, 2017e). O Gráfico 3.10 apresenta o volume<br />

financeiro exportado pelo Tocantins nos últimos cinco anos.<br />

Observa-se que de 2012 a 2014 houve um aumento de<br />

US$ 446 milhões para US$ 626 milhões. No caso do milho,<br />

Gráfico 3.11, nota-se que o ano de 2015 representou um pico<br />

de exportação acima da média e que, no comparativo de 2016<br />

com 2014, houve um aumento de 32% no valor exportado.<br />

O volume de soja processada exportada pelo Estado ainda<br />

é baixo, tendo ficado em 137 toneladas de farelo de soja em<br />

2016, o equivalente a US$ 48,8 milhões. No caso do milho, não<br />

há exportação do produto processado (Tabela 3.19).<br />

%


112<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 3.10<br />

Exportação de soja do Tocantins de 2012 a 2016, em US$ FOB<br />

<br />

gráfico 3.11<br />

Exportação de milho do Tocantins de 2012 a 2016, em US$ FOB<br />

SÉRIE HISTÓRICA<br />

626,80<br />

607,32<br />

SÉRIE HISTÓRICA<br />

75,31<br />

446,87<br />

milhões de US$<br />

468,65<br />

399,03<br />

milhões de US$<br />

0<br />

0<br />

10,70<br />

6,84<br />

12,66<br />

16,68<br />

Anos<br />

anteriores<br />

2012 2013 2014 2015 2016<br />

Anos<br />

anteriores<br />

2012 2013 2014 2015 2016<br />

F onte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017e).<br />

F onte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017e).<br />

O principal destino da soja em grão, exportada pelo Tocantins<br />

é a China, representando 56% do total, seguido pela Holanda,<br />

com 18%, e a Espanha, com 13%. Do valor total de soja<br />

destinado pelo Brasil para a China, a contribuição do Estado<br />

foi de 1,6%. O Estado do Mato Grosso contribuiu com 24,5%,<br />

seguido pelo Paraná, com 18%, e Goiás, com 7% (Tabela 3.20).<br />

No caso do farelo de soja, 66% do valor exportado pelo Tocantins<br />

foi para a França, enquanto 34% foi para a Holanda. É<br />

importante ressaltar que os outros estados avaliados exportam<br />

uma maior quantidade de produtos processados de soja,<br />

apesar de as exportações brasileiras serem pouco representativas.<br />

Do valor total exportado pelo Brasil em 2016, de US$ 5,2<br />

milhões, o Mato Grosso contribuiu com 36% e o Paraná com<br />

22%. O Tocantins representou 1% (Tabela 3.21).<br />

No caso do óleo de soja, os valores exportados são ainda<br />

menos expressivos, totalizando US$ 898 mil em 2016. O principal<br />

Estado foi o Paraná, com 43% (Tabela 3.22).<br />

No caso do milho, o principal destino da exportação do grão<br />

do Tocantins foi o Irã, com 32% do valor total de 2016. E, dos<br />

US$ 796 milhões que o Brasil exportou para esse país, o To-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 113<br />

<br />

taBEla 3.19<br />

Quantidade (t) e valor (mil US$) de soja, milho e seus subprodutos exportados pelo Tocantins em 2015 e 2016<br />

produto/sub-produto soJa<br />

Quantidade (t)<br />

2015<br />

Valor (mil us$)<br />

2015<br />

Quantidade (t)<br />

2016<br />

Valor (mil us$)<br />

2016<br />

Crescimento<br />

2015/16<br />

Quantidade<br />

Crescimento<br />

2015/16<br />

Valor<br />

Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura 1.570.490,70 607.324,86 1.081.074,29 399.025,47 -31% -34%<br />

Soja mesmo triturada para semeadura 0,00 0,00 0,00 0,00 0% 0%<br />

Soja para semeadura 0,00 0,00 0,00 0,00 0% 0%<br />

Farelo de soja 108,71 40.307,48 137,18 48.775,84 26% 21%<br />

Óleo de soja bruto 0,00 0,00 0,00 0,00 0% 0%<br />

óleo de soja refinado 0,00 0,00 0,00 0,00 0% 0%<br />

produto/sub-produto MiLHo<br />

Quantidade (t)<br />

2015<br />

Valor (mil us$)<br />

2015<br />

Quantidade (t)<br />

2016<br />

Valor (mil us$)<br />

2016<br />

Crescimento<br />

2015/16<br />

Quantidade<br />

Crescimento<br />

2015/16<br />

Valor<br />

Milho em grão, exceto para semeadura 445.248,30 75.310,58 89.549,80 16.681,14 -80% -78%<br />

Milho para semeadura 0 0 0 0 0% 0%<br />

Farelo de milho 0 0 0 0 0% 0%<br />

Óleo de milho bruto 0 0 0 0 0% 0%<br />

Óleo refinado de milho 0 0 0 0 0% 0%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017e).<br />

cantins contribuiu com 0,66%. Dos Estados avaliados, Mato<br />

Grosso se destaca por ter contribuído com 75,5% do total das<br />

exportações brasileiras para o Irã (Tabela 3.23).<br />

Como mencionado anteriormente, o Tocantins não exporta<br />

produtos de milho processados e a quantidade exportada<br />

pelo Brasil também é pouco expressiva, tendo ficado, em


114<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 3.20<br />

Principais destinos da exportação da soja em grãos dos estados do TO, MG, BA, PR e GO e do Brasil em 2016<br />

prinCipais Destinos eXportação De Grãos De soJa Do BrasiL - Mi us$ FoB eM 2016<br />

CHina espanHa taiLÂnDia HoLanDa irã outros totaL<br />

Tocantins 225,2 51,3 3,3 73,1 2,4 0,0 399,0<br />

Mato Grosso 3.528,2 369,4 201,3 222,9 126,9 0,0 5.605,5<br />

Bahia 290,2 0,0 0,0 13,2 18,5 0,0 523,5<br />

Paraná 2.616,4 21,2 88,0 7,2 7,8 0,0 2.953,8<br />

Goiás 1.006,0 3,0 86,0 31,0 9,7 0,0 1.299,4<br />

totaL BrasiL 14.386,1 598,7 586,6 571,5 467,9 0,0 19.331,3<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017e).<br />

<br />

taBEla 3.21<br />

Principais destinos da exportação do farelo de soja dos estados do TO, MG, BA, PR e GO e do Brasil em 2016<br />

prinCipais Destinos eXportação De FareLo De soJa Do BrasiL - Mi us$ FoB eM 2016<br />

França inDonÉsia taiLÂnDia HoLanDa aLeManHa outros totaL<br />

Tocantins 32,2 0,0 0,0 16,5 0,0 0,0 48,8<br />

Mato Grosso 106,9 428,3 301,2 444,8 201,6 0,0 1.886,4<br />

Bahia 65,8 0,0 20,8 66,3 69,4 0,0 284,7<br />

Paraná 194,5 26,6 131,4 145,8 218,7 0,0 1.163,2<br />

Goiás 68,0 16,5 29,7 360,6 0,0 0,0 556,6<br />

totaL BrasiL 614,5 521,3 536,1 1.083,6 520,4 0,0 5.192,8<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017e).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 115<br />

<br />

taBEla 3.22<br />

Principais destinos da exportação do óleo de soja dos estados do TO, MG, BA, PR e GO e do Brasil em 2016<br />

prinCipais Destinos eXportação De ÓLeo De soJa Do BrasiL - Mi us$ FoB eM 2016<br />

ÍnDia CHina arGÉLia BanGLaDesH CuBa outros totaL<br />

Tocantins 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Mato Grosso 10,7 25,9 75,8 7,1 0,0 0,0 144,4<br />

Bahia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Paraná 197,2 70,6 8,0 0,0 48,8 0,0 385,4<br />

Goiás 55,7 25,5 3,7 5,0 0,6 0,0 120,9<br />

totaL BrasiL 377,7 173,0 88,8 52,5 49,4 0,0 898,3<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017e)<br />

<br />

taBEla 3.23<br />

Principais destinos da exportação do milho em grãos dos estados de TO, MG, BA, PR e GO e do Brasil em 2016.<br />

prinCipais Destinos eXportação De Grãos De MiLHo Do BrasiL - Mi us$ FoB eM 2016<br />

irã Vietnã Japão MaLÁsia Coreia Do suL outros totaL<br />

Tocantins 5,3 0,0 0,1 0,4 0,1 0,0 16,7<br />

Mato Grosso 601,1 257,4 287,5 179,6 165,1 0,0 2.404,3<br />

Bahia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,0<br />

Paraná 32,3 66,4 51,5 8,4 25,4 0,0 319,1<br />

Goiás 44,3 64,5 57,4 52,0 32,2 0,0 418,3<br />

totaL BrasiL 796,0 479,5 455,4 272,4 249,8 0,0 3.736,2<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017e).


116<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

2016, em US$ 415 mil para o farelo de milho e US$ 26 milhões<br />

para o óleo de milho. Em ambos os casos, o Paraná se destaca<br />

por ser responsável por, respectivamente, 69% e 43% do total.<br />

3. 2. 2. Indústria de processamento<br />

A industrialização no Estado do Tocantins ainda está em<br />

desenvolvimento, contando com alguns setores mais à frente<br />

que outros. No ano de 2014, a indústria representava cerca<br />

de 17% do PIB do Estado do Tocantins, sendo que o principal<br />

componente era o comércio e serviços, configurando cerca<br />

de 71% do total. Partindo desses números, é importante uma<br />

análise histórica para entender sua dinâmica.<br />

Entre os anos de 2004 e 2014, o Estado do Tocantins apresentou<br />

um dos maiores crescimentos do País, atingindo taxa<br />

de 4,8% ao ano. A indústria no Estado teve crescimento médio<br />

anual ligeiramente maior, contabilizando um valor de crescimento<br />

médio de 4,9% ao ano enquanto que o setor de comércio<br />

e serviços cresceu à taxa média de 5,7% ao ano (FERNAN-<br />

DES, 2016). Tendo em vista que o Estado está em processo de<br />

desenvolvimento, é de se esperar que o primeiro setor a ser<br />

fortalecido seja o de comércio e serviços, pois é o que dá apoio<br />

à população crescente que está se estabelecendo nas cidades<br />

e centros comerciais.<br />

Quanto ao elo industrial, o Estado do Tocantins conta com<br />

2.227 unidades industriais, sendo que cerca de 68% delas<br />

são microempresas, 11%, de pequeno porte, 3%, de médio<br />

porte e 4%, de grande porte. Os 14% restantes são representados<br />

por microempreendedores individuais (FIETO, 2016).<br />

Além da concentração em micro e pequenas empresas, a industrialização<br />

está mais presente em alguns segmentos. O<br />

Gráfico 3.12 mostra a distribuição do PIB industrial do Estado<br />

por segmento.<br />

A indústria da “Construção” é a categoria com maior importância<br />

econômica no Estado, seguida pelo “Serviços Industriais<br />

de Utilidade Pública”. A indústria de “Alimentação” vem<br />

na sequência, contando com 12% do total do PIB industrial.<br />

Esse segmento inclui os frigoríficos, laticínios, beneficiadores<br />

de arroz, entre outros. A indústria de processamento de grãos<br />

pode ser enquadrada nessa categoria, mas sua participação<br />

ainda é muito pequena.<br />

Vale mencionar, também, que, do total de indústrias do<br />

Estado, apenas 6,5% são exportadoras. Dentre elas, cerca de<br />

30% são do segmento da indústria de transformação.<br />

Uma importante agroindústria de processamento de soja<br />

está instalada no Estado, a Granol, empresa processadora de<br />

grãos com diversas unidades industriais distribuídas no território<br />

brasileiro que chegou ao Tocantins em 2012, na cidade<br />

de Porto Nacional. Inicialmente sua produção estava pautada<br />

no biodiesel; em 2015, a empresa expandiu a operação de es-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 117<br />

<br />

gráfico 3.12<br />

Composição do PIB da Indústria no Tocantins, 2015<br />

Químicos<br />

Minerais não<br />

4%<br />

metálicos<br />

Derivados de<br />

petróleo e<br />

biocombustível<br />

Alimentos<br />

12%<br />

6%<br />

2%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNI (2017).<br />

32%<br />

1%<br />

Couros e calçados<br />

2%<br />

41%<br />

Outros<br />

Serviços industriais<br />

de utilidade pública<br />

Construção<br />

magamento de grãos, tendo capacidade de esmagamento de<br />

600.000 toneladas por ano (PDRIS/SEPLAN, 2017). Nos últimos<br />

anos, essa importante agroindústria vem tendo dificuldades<br />

principalmente com a obtenção de matéria-prima, ou<br />

seja, a soja.<br />

Esse gargalo não é exclusivo da agroindústria citada no parágrafo<br />

anterior, ou do Estado do Tocantins. A promulgação<br />

da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, mais<br />

conhecida como Lei Kandir, trouxe consigo um forte incentivo<br />

às exportações de produtos primários, tais como a soja.<br />

Mais especificamente, essa lei dispõe sobre os impostos dos<br />

estados nas operações relativas à circulação de mercadorias<br />

e serviços, isentando do tributo ICMS os produtos e serviços<br />

destinados à exportação (BR<strong>AS</strong>IL, 1996). A lei desonera do<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)<br />

os produtos primários e industrializados semielaborados,<br />

tendo como um de seus objetivos o favorecimento do saldo<br />

da balança comercial. Apesar dos diversos benefícios que a<br />

lei traz, uma de suas desvantagens é que desfavorece a industrialização.<br />

No caso da soja no Tocantins, por exemplo, os<br />

grãos acabam exportados e a indústria local enfrenta dificuldade<br />

na obtenção de matéria-prima para processamento e<br />

agregação de valor no Estado.<br />

Outros fatores que também contribuem para esse cenário<br />

são: a falta de isonomia do ICMS entre os estados, que dificulta<br />

a movimentação de soja; a oneração do Funrural para a exportação<br />

de farelo e óleo (retenção de 2,3% a 2,7%, respectivamente)<br />

enquanto há isenção para a exportação do grão in natura; e<br />

o alto acúmulo de crédito PIS e COFINS, em função da ausência<br />

de saídas tributárias (farelo e óleo) e da demora no ressarcimento<br />

pela falta de recursos e excesso de burocracia.


118<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

Os governos estaduais possuem autonomia sobre o Imposto<br />

de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Nesse<br />

sentido, um exemplo que pode ser citado é o Estado de Goiásque,<br />

em 29 de janeiro de 2016, promulgou decreto que alterou<br />

seu Código Tributário no que diz respeito ao recolhimento<br />

de ICMS nas operações de processamento e comercialização<br />

de soja e milho. Nesse mesmo decreto, foi criada a Autorização<br />

para Apuração Englobada do ICMS que deixa a cargo da<br />

Secretaria da Fazenda determinar a proporção do volume de<br />

soja e milho exportados que serão isentos ou não do ICMS<br />

(GOIÁS, 2016).<br />

Ainda em 2016, a Secretaria da Fazenda do referido Estado<br />

determinou que as empresas podem exportar até 70% do volume<br />

de soja negociado por elas com isenção do ICMS, sendo<br />

os outros 30% tarifados. Essa restrição pode ser entendida<br />

como um incentivo às agroindústrias locais que, por sua vez,<br />

passam a gerar mais empregos e renda para o Estado.<br />

Segundo a Sefaz (2016b), o principal objetivo da fixação<br />

era a garantia de abastecimento para o mercado interno do<br />

Estado de Goiás, para impedir a aquisição de soja e milho de<br />

outros estados. O exemplo dado pela secretaria em relação a<br />

essa dinâmica que prejudica a indústria e onera o Estado é<br />

que, “para cada 100 mil toneladas de soja que faltam no mercado<br />

goiano, o estado tem de reconhecer R$ 12 milhões de<br />

crédito para outro Estado produtor”.<br />

No entanto, por meio de reuniões e com a mobilização dos<br />

produtores, insatisfeitos com a distância que tal decisão colocaria<br />

em relação ao livre mercado, a Secretaria de Estado da<br />

Fazenda de Goiás (Sefaz) revogou, no início de julho, a portaria<br />

nº 148/16-GSF que limitava as exportações através da “regra<br />

do 70/30”, não sendo mais obrigatório que as empresas cumpram<br />

os limites de exportação anteriormente fixados.<br />

Além dos aspectos internos que influenciam na industrialização<br />

dos grãos, é importante ressaltar as interferências dos<br />

mercados externos que importam o produto brasileiro.<br />

A China, principal destino da soja brasileira e do Tocantins,<br />

tem adotado uma postura protecionista em relação à sua indústria<br />

interna processadora do grão. Conforme dados da Abiove<br />

(2016), a alíquota de tributação chinesa para os grãos de soja brasileiros<br />

é de 3%, enquanto que para o farelo é de 5% e para o óleo<br />

é 9%. Isso dificulta a competitividade dos produtos processados<br />

brasileiros nesse País. Além disso, as empresas estatais chinesas<br />

controlam cerca de 40% da comercialização e processamento da<br />

soja, sendo que há controle de licenças de importação de farelo<br />

de soja e barreiras técnicas à entrada do óleo de soja.<br />

Não obstante, a Argentina – que compete com o Brasil no<br />

mercado mundial – apresenta uma política pública de forte<br />

apoio à indústria processadora de soja local com incentivos<br />

fiscais e subsídios no custo de produção (energia). Isso dificulta<br />

a competitividade dos produtos brasileiros no cenário<br />

internacional.<br />

Outro fator que também pode impactar na destinação dos


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 119<br />

grãos para o mercado interno é a alta dependência da produção<br />

agrícola do financiamento das tradings. Os recursos<br />

públicos para financiamento da produção estão disponíveis,<br />

porém o acesso ainda é difícil e não suficiente. A maioria dos<br />

financiamentos públicos acessados são destinados a investimentos,<br />

sendo que, para o custeio da produção, o produtor<br />

acaba buscando recursos nas tradings. Uma vez negociado<br />

com as tradings, o produtor não tem mais poder de decisão<br />

sobre o destino do grão, sendo o caminho mais provável a exportação.<br />

Como ilustração da importância das tradings, grandes<br />

multinacionais como Archer Daniels Midland (ADM), Bunge,<br />

Cargill e Dreyfus, conhecidas como ABCD, dominam o equivalente<br />

à metade da capacidade de esmagamento e 95% das exportações<br />

da soja brasileira in natura (WESZ JUNIOR, 2011).<br />

Por esse motivo, faz-se necessária uma breve apresentação<br />

dessas empresas (as informações foram retiradas dos sites<br />

dessas organizações).<br />

archer daniels midland (adm)<br />

• Atua na comercialização e processamento de grãos;<br />

fabrica óleos vegetais, ingredientes e insumos para a<br />

indústria alimentícia e de nutrição animal, biodiesel e<br />

opera uma grande estrutura logística para levar esses<br />

produtos para os mercados em todo o mundo.<br />

• A ADM conta ainda com mais de 30 silos em território<br />

brasileiro, e terminais portuários situados em dois extremos<br />

do País, um em Barcarena, no Estado do Pará, e<br />

outro em Santos, no Estado de São Paulo. Possui ainda<br />

operação hidroviária nos rios Tietê e Paraná e opera, em<br />

parceria, no Arco Norte do País.<br />

Processamento de soja<br />

• Rondonópolis (Mato Grosso)<br />

• Campo Grande (Mato Grosso do Sul)<br />

• Uberlândia (Minas Gerais)<br />

• Ipameri (Goiás)<br />

• Joaçaba (Santa Catarina)<br />

Biodiesel<br />

• Rondonópolis (Mato Grosso) – Maior planta de biodiesel<br />

do País com capacidade de produção diária de<br />

aproximadamente 1.200 toneladas métricas.<br />

• Joaçaba (Santa Catarina).<br />

Óleos comestíveis<br />

• É um dos principais processadores de óleos vegetais<br />

do País, refinando, envasando e comercializando as<br />

marcas de óleo de soja Concórdia e Corcovado, além<br />

da linha de óleos vegetais especiais Vitaliv.


120<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

• No Brasil, processa e vende soja, milho e alimentos para<br />

animais, além de biocombustíveis, produtos químicos e<br />

ingredientes especiais para a indústria.<br />

Bunge<br />

• Mais de 100 instalações no Brasil, entre fábricas, usinas,<br />

moinhos, portos, centros de distribuição, silos e instalações<br />

portuárias<br />

• Originação de oleaginosas e grãos e transporte e armazenagem<br />

para clientes em todo o mundo<br />

• Esmagamento de oleaginosas para produção de farelos<br />

para alimentação animal e óleo para a produção de alimentos,<br />

food service e indústrias de biocombustíveis<br />

• Produção de óleos, maionese, atomatados, margarinas<br />

e outros produtos alimentares para os consumidores<br />

• A Bunge é líder global no processamento e comercialização<br />

de oleaginosas. É a maior exportadora do agronegócio<br />

do Brasil<br />

cargill<br />

• Um dos maiores comerciantes de grãos e oleaginosas do<br />

mundo<br />

• A Cargill é uma das maiores indústrias de alimentos do<br />

País<br />

• Está presente em 17 estados brasileiros e no Distrito Federal,<br />

por meio de unidades industriais, armazéns, terminais<br />

portuários e escritórios em 143 municípios<br />

• Exerce as atividades de fornecer, armazenar, comercializar,<br />

processar e distribuir grãos e sementes oleaginosas<br />

como trigo, milho, cevada e sorgo, assim como óleos vegetais<br />

e rações<br />

• Possui uma ampla presença global na criação, remessa e<br />

processamento de grãos<br />

dreyfus<br />

• Atua em todo o mundo<br />

• Atua nos mercados de soja, caroço de algodão e amendoim.<br />

Está entre as maiores originadoras, processadoras<br />

e exportadoras do Brasil<br />

• Um dos maiores exportadores de milho brasileiro com<br />

estrutura logística de armazéns, terminais portuários e<br />

hidrovias<br />

• Em 2014, passou a atuar no mercado de milho processado,<br />

com produtos tanto para a indústria como para o<br />

consumidor final, e no mercado de ração para pet food<br />

e peixes<br />

• Opera em forte sinergia com o negócio de oleaginosas,<br />

atuando nas principais regiões produtoras do País<br />

• Movimenta, anualmente, cerca de 12 milhões de tone-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 121<br />

ladas de grãos – soja, milho e subprodutos obtidos por<br />

esmagamento – destinados à exportação<br />

• Na região do MATOPIBA, atua por meio de uma joint<br />

venture com o Grupo Amaggi. Opera ainda na hidrovia<br />

Tietê-Paraná (com a maior frota própria), nos portos de<br />

Santos (SP), TEG (SP), Paranaguá (PR) e no Tegram (MA),<br />

importantes vias de escoamento da produção de grãos<br />

Além da dificuldade da aquisição da matéria-prima, a disponibilidade<br />

da mão de obra qualificada pode ser outro desafio<br />

para o desenvolvimento da agroindústria do Tocantins.<br />

Existe mão de obra disponível no Estado e a necessidade de<br />

inseri-la no mercado de trabalho, mas, muitas vezes, não há o<br />

preparo suficiente.<br />

Em termos de agroindústria, outro destino para a soja e o<br />

milho é a indústria de ração animal – que também enfrenta<br />

os desafios para a retenção dos grãos para processamento<br />

no Estado. Ademais, a indústria de processamento de aves e<br />

suínos é incipiente no Estado e a carne bovina, além de contar<br />

com um sistema de produção majoritariamente extensivo,<br />

sofre os impactos da crise financeira e política que o País<br />

atravessa, principalmente em 2015 e 2016.<br />

Em se tratando do envio do produto do Tocantins para outras<br />

regiões nacionais, há que se considerar a distância do<br />

Estado para os principais centros consumidores. A atração<br />

e o desenvolvimento da indústria de ração para o Estado do<br />

Tocantins dependem da viabilidade do escoamento dos produtos<br />

processados de carne para os centros consumidores –<br />

dificultado pelos desafios tributários e logísticos do País.<br />

Tendo em vista o cenário industrial nacional, ou seja, a<br />

representatividade média dos diferentes segmentos industriais<br />

em estados mais maduros economicamente, e o fato de<br />

a agroindústria ainda ser incipiente no Estado, espera-se que<br />

nos próximos anos esse elo seja fortalecido.<br />

Vale destacar também oportunidades na questão do etanol<br />

de milho, seja em unidades autônomas, como em unidades<br />

anexas às usinas, devendo o Estado prestar atenção e iniciar<br />

diálogos com esses investidores.<br />

3. 2. 3. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio<br />

ao desenvolvimento<br />

Os impostos incidentes sobre os produtos de uma cadeia produtiva<br />

impactam diretamente na sua dinâmica e competitividade.<br />

Quando se trata de um país como o Brasil, com dimensões<br />

continentais e estados em situações econômicas diversas, esse<br />

aspecto é ainda mais relevante, pois pode ser determinante em<br />

seu desenvolvimento. No presente trabalho serão analisados os<br />

tributos PIS, Cofins e ICMS, sendo que os dois primeiros são de<br />

caráter federal e o terceiro possui especificidades estaduais.


122<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

O PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição<br />

para o Financiamento da Seguridade Social) são tributos<br />

federais de caráter social destinados a, respectivamente, financiar<br />

o pagamento do seguro desemprego, abono e participação<br />

na receita dos órgãos e entidades, tanto para trabalhadores<br />

de empresas públicas, como privadas; financiar a<br />

seguridade social, em suas áreas fundamentais, incluindo<br />

a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017d).<br />

O fator gerador do PIS e Cofins é o faturamento mensal, independente<br />

da denominação ou classificação fiscal. Devem<br />

contribuir as pessoas jurídicas de direito privado, sendo que<br />

há duas sistemáticas para a apuração dos valores.<br />

• Sistemática cumulativa: não é permitido o aproveitamento<br />

de crédito nas aquisições para abatimento do débito<br />

gerado, apurado a partir da aplicação sobre a base de<br />

cálculo da alíquota total de 3,65%<br />

• Sistemática não acumulativa: é permitido o aproveitamento<br />

de créditos nas aquisições para abatimento do<br />

débito gerado, apurado a partir da aplicação sobre a base<br />

de cálculo de alíquota total de 9,25%<br />

Como regra geral, as pessoas jurídicas optantes pelo sistema<br />

de tributação do Lucro Real estão incluídas na sistemática<br />

não acumulativa, enquanto as pessoas jurídicas tributadas<br />

pelo Lucro Presumido ficam sujeitas à cumulatividade.<br />

Conforme informações da Econet (2017), dentre as várias<br />

situações em que a lei estabelece o não recolhimento das<br />

contribuições de PIS e Cofins, destaca-se a redução à alíquota<br />

zero – que deve ser compreendida como um benefício<br />

expressamente previsto em lei e desvinculado dos benefícios<br />

de suspensão, imunidade, isenção ou não incidência. É<br />

o caso, por exemplo, dos produtos da soja e derivados, como<br />

óleo de soja, farinha de soja, pellets, bagaços e outros resíduos<br />

sólidos oriundos da extração do óleo de soja.<br />

A Tabela 3.24 apresenta os percentuais de PIS e COFINS<br />

incidentes sobre os produtos e subprodutos da soja, determinados<br />

pelos seus códigos NCMs consultados no site da Alice<br />

WEB do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017e).<br />

No caso do milho, os subprodutos com redução de alíquota<br />

PIS e Cofins a zero restringem-se à farinha de milho. Para<br />

os demais, os percentuais são de acordo com a sistemática<br />

cumulativa ou não cumulativa. A Tabela 3.25 apresenta os<br />

percentuais de PIS e Cofins incidentes sobre os produtos e<br />

subprodutos do milho, determinados pelos seus códigos<br />

NCMs consultados no site da Alice WEB do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio (BR<strong>AS</strong>IL, 2017e).<br />

A soja e o milho, assim como seus derivados, também es-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 123<br />

<br />

taBEla 3.24<br />

Percentuais de PIS e Cofins incidentes sobre os produtos e<br />

subprodutos da soja, determinados pelos seus códigos NCMs<br />

<br />

taBEla 3.25<br />

Percentuais de PIS e Cofins incidentes sobre os produtos e<br />

subprodutos do milho, determinados pelos seus códigos NCMs.<br />

NCM: 1201.10.00* / Soja, mesmo triturada, para semeadura<br />

NCM: 2309.90.50 /Preparações com teor de cloridrato de ractopamina igual ou superior a 2 %, em<br />

peso, com suporte de farelo de soja, dos tipos utilizados na alimentação de animais<br />

NCM: 35040020 / Proteínas de soja em pó, com teor de proteínas superior ou igual a 90 %, em peso,<br />

em base seca<br />

reGiMe De triButação pis CoFins<br />

Simples Nacional Vide observações. Vide observações.<br />

Regime cumulativo 0,65% 3,00%<br />

Regime não cumulativo 1,65% 7,60%<br />

NCM: 1201.90.00** / Soja, mesmo<br />

triturada, exceto para semeadura<br />

NCM:1507.10.00 / Óleo de soja, em<br />

bruto, mesmo degomado<br />

NCM: 1208.10.00 / Farinha de soja<br />

NCM: 2304.00.10 / Farinhas e<br />

pellets, da extração do óleo de soja<br />

NCM: 2304.00.90 /<br />

Bagaços e outros<br />

resíduos sólidos, da<br />

extração do óleo de soja<br />

reGiMe De triButação pis CoFins<br />

Simples Nacional Vide observações. Vide observações.<br />

Regime cumulativo 0,00% 0,00%<br />

Regime não cumulativo 0,00% 0,00%<br />

*SIMPLES NACIONAL - O código NCM pesquisado não se encontra dentre os produtos<br />

com benefícios fiscais de PIS e Cofins previstos em legislação. Antes de aplicar as alíquotas<br />

correspondentes ao regime tributário da pessoa jurídica, é recomendado analisar as outras guias.<br />

**SIMPLES NACIONAL - As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples<br />

Nacional não se beneficiam da suspensão do PIS e da Cofins sobre as receitas de vendas de<br />

mercadorias, devido à impossibilidade em utilizar ou destinar qualquer valor a título de incentivo<br />

fiscal (Lei Complementar nº 123/2006, artigo 24).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados extraídos do sistema Econet (2017) e Brasil (2017e).<br />

NCM: 1005.90.10 / Milho em grão, exceto para semeadura<br />

NCM: 1005.10.00 / Milho para semeadura<br />

NCM: 1108.12.00 / Amido de milho<br />

NCM: 1515.21.00 / Óleo de milho, bruto<br />

NCM: 2005.80.00 / Milho doce (Zea mays var. saccharata), preparados ou conservados, exceto em<br />

vinagre ou em ácido acético, não congelados<br />

reGiMe De triButação pis CoFins<br />

Simples Nacional* Vide observações Vide observações<br />

Regime cumulativo 0,65% 3,00%<br />

Regime não cumulativo 1,65% 7,60%<br />

NCM:1102.20.00 / Farinha de milho<br />

reGiMe De triButação pis CoFins<br />

Simples Nacional** Vide observações Vide observações<br />

Regime cumulativo 0,00% 0,00%<br />

Regime não cumulativo 0,00% 0,00%<br />

*SIMPLES NACIONAL - O código NCM pesquisado não se encontra dentre os produtos<br />

com benefícios fiscais de PIS e Cofins previstos em legislação. Antes de aplicar as alíquotas<br />

correspondentes ao regime tributário da pessoa jurídica, é recomendado analisar as outras guias.<br />

**SIMPLES NACIONAL - As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples<br />

Nacional não se beneficiam da suspensão do PIS e da Cofins sobre as receitas de vendas de<br />

mercadorias, devido à impossibilidade utilizar ou destinar qualquer valor a título de incentivo de fiscal<br />

(Lei Complementar nº 123/2006, artigo 24).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados extraídos do sistema Econet (2017) e Brasil (2017e).


124<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

tão passíveis de isenção da tributação do PIS e Cofins quando<br />

destinados à exportação. Conforme informações da Econet<br />

(2017), segundo o artigo 45 do Decreto n° 4.524/2002, as seguintes<br />

receitas são passíveis de isenção:<br />

a. da exportação de mercadorias para o exterior;<br />

b. de vendas realizadas pelo produtor-vendedor às empresas<br />

comerciais exportadoras nos termos do Decreto-Lei<br />

n° 1.248/72, e alterações posteriores, desde que destinadas<br />

ao fim específico de exportação para o exterior, e;<br />

c. de vendas, com fim específico de exportação para o exterior,<br />

a empresas exportadoras registradas na Secretaria<br />

de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior.<br />

O ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação<br />

de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte<br />

interestadual, intermunicipal e de comunicação) é de<br />

competência dos estados e do Distrito Federal. Sua regulamentação<br />

constitucional está prevista na Lei Complementar<br />

87/1996 (a chamada “Lei Kandir”) (BR<strong>AS</strong>IL, 1996) alterada<br />

posteriormente pelas Leis Complementares 92/97, 99/99 e<br />

102/2000.<br />

Com o objetivo de levantar o percentual de ICMS que incide<br />

sobre a produção, distribuição e comercialização e estimar os<br />

incentivos tributários para a soja e o milho, bem como seus<br />

derivados, para os estados do Tocantins, Paraná, Bahia, Mato<br />

Grosso e Goiás, utilizou-se a ferramenta da Econet que elenca<br />

todas as referências e informações importantes a serem observadas,<br />

para fins da determinação da alíquota a ser aplicada<br />

nas operações internas e dos benefícios fiscais existentes (reduções<br />

de base de cálculo, isenções, créditos outorgados), de<br />

acordo com a mercadoria ou serviço.<br />

Também foram elencadas as hipóteses de diferimento -<br />

embora o diferimento não seja propriamente um benefício<br />

fiscal e, sim, uma espécie de substituição tributária, acaba por<br />

representar uma desoneração do ICMS, para aqueles que efetivam<br />

a operação com diferimento.<br />

As Tabelas 3.26 e 3.27 resumem por Estado, respectivamente,<br />

a alíquota de incidência sobre a soja e o milho, bem<br />

como seus derivados, e os benefícios fiscais concedidos conforme<br />

a mercadoria.<br />

Observa-se que, no Tocantins, tanto para a soja como o milho,<br />

não há incidência de alíquota específica, ficando sujeitos<br />

à regra geral aplicada no Estado, de 18%. No caso da soja, outros<br />

estados também aplicam essa taxa, como Paraná e Bahia.<br />

Em Mato Grosso e Goiás, a alíquota é de 17%. No caso do milho,<br />

a alíquota aplicada Tocantins é a maior, seguida por Mato<br />

Grosso com 17%. Paraná e Goiás praticam uma alíquota de<br />

12% e a Bahia, 7%.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 125<br />

<br />

taBEla 3.26<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para a soja e seus derivados para os estados do Tocantins, Paraná, Bahia, Mato Grosso e Goiás<br />

soJa iCMs<br />

ESTA<strong>DO</strong> BENEFÍCIO DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA<br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

TO REGRA GERAL - ALÍQUOTA DE 18%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: farelos e tortas de soja, cascas e farelos de cascas de soja, sojas<br />

Interestaduais Redução para 70%<br />

desativadas e seus farelos<br />

Reduções de base de cálculo Óleo de soja Internas Redução para 38,89%<br />

Isenção Leite de soja pasteurizado e ultrapasteurizado Internas<br />

Isenção<br />

Soja in natura de estabelecimento do produtor com destino a beneficiamento, industrialização ou<br />

exportação<br />

Internas<br />

PR reGra GeraL - aLÍQuota De 18%<br />

Reduções de base de cálculo Cesta básica: óleos refinados de soja Internas Carga tributária de 7%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: farelos e tortas de soja, cascas e farelos de cascas de soja, sojas<br />

Internas e<br />

Redução para 70%<br />

desativadas e seus farelos, quando destinados à alimentação animal ou ao emprego na fabricação<br />

de ração<br />

Interestaduais<br />

Válido até 31.10.2017<br />

Isenção Cesta básica: óleos refinados de soja Internas<br />

Créditos presumidos Soja em grãos Interestaduais Aplicável até 21.12.2017<br />

Créditos presumidos<br />

Óleo de soja refinado, margarina vegetal, creme vegetal, gordura vegetal e maionese, resultante<br />

do processo de industrialização de soja<br />

Créditos presumidos<br />

Bebidas alimentares prontas à base de soja<br />

(NCM: 2202.90.00)<br />

Diferimento Soja em grão<br />

Diferimento Soja em grão, farelo ou torta de soja e de outros produtos a granel<br />

Diferimento Insumos de ração, ração, concentrados e suplementos: farelos e tortas de soja<br />

Diferimento Insumos de ração, ração, concentrados e suplementos: soja<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Aplicável até 30.04.2019<br />

Aplicável até 30.04.2019


126<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

soJa iCMs<br />

ESTA<strong>DO</strong> BENEFÍCIO DESCRIÇÃO<br />

BA aLÍQuota: reGra GeraL - aLÍQuota De 18%<br />

NATUREZA<br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: farelos e tortas de soja, cascas e farelos de cascas de soja, sojas<br />

desativadas e seus farelos, quando destinados à alimentação animal ou ao emprego na fabricação<br />

de ração<br />

Interestaduais Redução aplicável: 30%<br />

Reduções de base de cálculo Óleo refinado de soja Internas Carga tributária de 12%<br />

Reduções de base de cálculo Farelo de soja destinado a fabricantes de proteína texturizada de soja para uso humano Internas Carga tributária de 7%<br />

Reduções de base de cálculo Soja destinada a estabelecimento industrial para utilização em processo produtivo Internas Carga tributária de 12%<br />

Isenção<br />

Diferimento<br />

Diferimento<br />

Insumos agropecuários: farelos e tortas de soja, cascas e farelos de cascas de soja, sojas<br />

desativadas e seus farelos, quando destinados à alimentação animal ou ao emprego na fabricação<br />

de ração<br />

Óleo de soja<br />

Farelo de soja<br />

MT aLÍQuota soJa: reGra GeraL - aLÍQuota De 17%. ÓLeo De soJa: 12%<br />

Reduções de base de cálculo Mercadorias integrantes da cesta básica: óleo de soja Internas Redução para 41,17%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: farelos e tortas de soja, cascas e farelos de cascas de soja, sojas<br />

desativadas e seus farelos, quando destinados à alimentação animal ou ao emprego na fabricação<br />

de ração<br />

Insumos agropecuários: farelos e tortas de soja, cascas e farelos de cascas de soja, sojas<br />

desativadas e seus farelos, quando destinados à alimentação animal ou ao emprego na fabricação<br />

de ração<br />

Internas<br />

Crédito presumido Farelo de soja Interestaduais<br />

Crédito presumido Óleo de soja degomado Interestaduais<br />

Crédito presumido Óleo de soja refinado Interestaduais<br />

Diferimento Soja em vagem ou batida, de produção matogrossense<br />

Internas Redução para 58,33%<br />

Internas Válido até 31.10.2017


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 127<br />

soJa iCMs<br />

ESTA<strong>DO</strong> BENEFÍCIO DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA<br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO aLÍQuota: reGra GeraL - aLÍQuota De 17%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: farelos e tortas de soja, cascas e farelos de cascas de soja, sojas<br />

Interestaduais Redução de 70%<br />

desativadas e seus farelos, quando destinados à alimentação animal ou ao emprego na fabricação<br />

de ração<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: soja desativada e seu farelo, quando destinados à alimentação animal ou Interestaduais Redução de 30%<br />

ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Isenção Produtos agrícolas destinados à industrialização: soja Internas<br />

Isenção Soja produzida no Estado de Goiás Internas<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: soja desativada e seu farelo, quando destinados à alimentação animal ou Internas Válido até 31.10.2017<br />

ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Isenção Insumos agropecuários: soja desativada e seu farelo, quando destinados à alimentação animal ou<br />

ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Internas Válido até 31.10.2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados extraídos do sistema Econet (2017).<br />

<br />

taBEla 3.27<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para o milho e seus derivados para os estados do Tocantins, Paraná, Bahia, Mato Grosso e Goiás<br />

MiLHo iCMs<br />

ESTA<strong>DO</strong> BENEFÍCIO DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA<br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

TO reGra GeraL - aLÍQuota De 18%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: milho, quando destinado ao produtor, à cooperativa de produtores, à<br />

indústria de ração animal e a órgão oficial de fomento e desenvolvimento agropecuário vinculado<br />

ao Estado<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Interestaduais Redução para 70%<br />

Interestaduais Redução para 40%


128<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

MiLHo iCMs<br />

ESTA<strong>DO</strong> BENEFÍCIO DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA<br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

TO Reduções de base de cálculo Fubá de milho Internas Redução para 38,89%<br />

Isenção Palha e sabugo de milho Internas<br />

Isenção Milho em estado natural Internas<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Internas<br />

PR<br />

aLiQuota De 12%: MiLHo eM espiGa e eM Grão.<br />

Reduções de base de cálculo Cesta básica: farinha de milho, inclusive pré-gelatinizada, agropecuário vinculado ao estado Internas Carga tributária de 7%<br />

Reduções de base de cálculo Cesta básica: óleos refinados de milho Internas Carga tributária de 7%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Redução para 40%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: milho, quando destinado a produtor, à cooperativa de produtores, à<br />

indústria de ração animal ou órgão oficial de fomento e desenvolvimento agropecuário vinculado<br />

ao Estado ou Distrito Federal<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Isenção Cesta básica: amido de milho Internas<br />

Isenção Cesta básica: farinha de milho, inclusive pré-gelatinizada Internas<br />

Isenção Cesta básica: óleos refinados de milho Internas<br />

Isenção Produtos hortícolas em estado natural (exceto quando destinados à industrialização): milho verde Internas e<br />

interestaduais<br />

Créditos presumidos<br />

Amido de milho<br />

Interestaduais<br />

(NCM: 1108.12.00)<br />

Créditos presumidos<br />

Amido modificado e dextrina, de milho<br />

Interestaduais<br />

(NCM: 3505.10.00)<br />

Créditos presumidos<br />

Xarope de glicose de milho<br />

(NCM:1702.30.00)<br />

Interestaduais<br />

Redução para 70%


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 129<br />

MiLHo iCMs<br />

ESTA<strong>DO</strong> BENEFÍCIO DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA<br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PR Créditos presumidos Farinha temperada de milho<br />

(NCM: 1102.20.00)<br />

Créditos presumidos<br />

Farinha temperada de milho<br />

(NCM: 1901.90.90)<br />

Créditos presumidos<br />

Floco de milho, pré-cozido<br />

(NCM: 1104.19.0)<br />

Créditos presumidos<br />

Farinha de milho não temperada<br />

(NCM: 1102.20.00)<br />

Diferimento Produtos hortícolas em estado natural: milho verde<br />

Diferimento Amido de milho, nas saídas destinadas a estabelecimento industrial<br />

Diferimento Milho em grão ou moído, em espiga ou em palha<br />

Diferimento<br />

Insumos de ração, ração, concentrados e suplementos: farelos e tortas de milho; farelo de glúten<br />

de milho; glúten de milho<br />

Interestaduais<br />

Interestaduais<br />

Interestaduais<br />

Interestaduais<br />

BA<br />

aLÍQuota De 7%: MiLHo e FuBÁ De MiLHo<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Interestaduais Redução para 60%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: milho, quando destinado a produtor, à cooperativa de produtores, à<br />

indústria de ração animal ou órgão oficial de fomento e desenvolvimento agropecuário vinculado<br />

ao Estado ou Distrito Federal<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Redução para 30%<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Internas<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: milho, quando destinado a produtor, à cooperativa de produtores, à<br />

indústria de ração animal ou órgão oficial de fomento e desenvolvimento agropecuário vinculado<br />

ao Estado ou Distrito Federal<br />

Internas<br />

Isenção<br />

Produtos hortifrutigranjeiros em estado natural (exceto quando destinados à industrialização):<br />

milho verde<br />

Internas e<br />

interestaduais


130<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

MiLHo iCMs<br />

ESTA<strong>DO</strong> BENEFÍCIO DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA<br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

BA Isenção Fubá de milho e farinha de milho Internas<br />

Diferimento Milho em grãos É diferido o ICMS incidente nas saídas promovidas<br />

pelo estabelecimento do produtor rural, com destino<br />

a estabelecimento beneficiador localizado no estado<br />

da Bahia<br />

MT aLÍQuota MiLHo: reGra GeraL - aLÍQuota De 17%. FarinHa De MiLHo e FuBÁ: 12%<br />

Reduções de base de cálculo Mercadorias integrantes da cesta básica: farinha de milho e fubá Internas Redução para 58,33%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Insumos agropecuários: milho, quando destinado a produtor, à cooperativa de produtores, à<br />

indústria de ração animal ou órgão oficial de fomento e desenvolvimento agropecuário vinculado<br />

ao Estado ou Distrito Federal<br />

Isenção Produtos hortifrutigranjeiros em estado natural: milho verde Internas e<br />

interestaduais<br />

Isenção<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Insumos agropecuários: milho, quando destinado a produtor, à cooperativa de produtores, à<br />

indústria de ração animal ou órgão oficial de fomento e desenvolvimento agropecuário vinculado<br />

ao Estado ou Distrito Federal<br />

Diferimento Milho em palha, em espiga ou em grão, de produção matogrossense<br />

Diferimento<br />

Diferimento<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Insumos agropecuários: milho, quando destinado a produtor, à cooperativa de produtores, à<br />

indústria de ração animal ou órgão oficial de fomento e desenvolvimento agropecuário vinculado<br />

ao Estado ou Distrito Federal<br />

Interestaduais Redução para 40%<br />

Interestaduais Redução para 70%<br />

Internas<br />

Internas


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 131<br />

MiLHo iCMs<br />

ESTA<strong>DO</strong> BENEFÍCIO DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA<br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO<br />

aLÍQuota: 12% MiLHo e FarinHa De MiLHo<br />

Reduções de base de cálculo Cesta básica: farinha de milho Internas Carga tributária de 7%<br />

Reduções de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

Interestaduais Redução de 60%<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Reduções de base de cálculo Insumos agropecuários: milho, exceto o verde Interestaduais Redução de 30%<br />

Isenção Produtos hortifrutícolas em estado natural: milho verde Internas e<br />

interestaduais<br />

Isenção Produtos agrícolas destinados à industrialização: milho Internas<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: caroço de milho, farelos de glúten de milho, de gérmen de milho<br />

Internas<br />

desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho<br />

Isenção Milho desengordurado, de quirera de milho, glúten de milho, silagens de produtos vegetais Internas Válido até 31.10.2017<br />

Isenção Insumos agropecuários: milho, exceto o verde Internas Válido até 31.10.2017<br />

Crédito Presumidos / Outorgados Produtos hortifrutícolas: milho verde Internas<br />

Crédito Presumidos / Outorgados Milho destinado à industrialização Interestaduais<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados extraídos do sistema Econet (2017).<br />

Em termos de benefícios fiscais concedidos, o Estado do<br />

Tocantins pratica uma redução nas operações interestaduais<br />

da alíquota do ICMS de 70% e 40%, respectivamente,<br />

no caso de insumos agropecuários de derivados de soja e<br />

milho. O milho, quando insumo agropecuário, destinado a<br />

produtores ou cooperativas ou indústria de ração animal<br />

também fica passível de redução de 70% nas operações interestaduais.


132<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

O Tocantins ainda pratica a isenção da alíquota para algumas<br />

transações internas do Estado, no caso das mercadorias<br />

de leite de soja pasteurizado e ultrapasteurizado, soja in natura<br />

com destino ao beneficiamento, industrialização ou exportação,<br />

palha e sabugo de milho, milho in natura.<br />

Além das diferenças de ICMS já citadas, é importante destacar<br />

programas específicos do Tocantins relacionados ou<br />

não com incentivos tributários que vêm guiando o desenvolvimento<br />

do Estado.<br />

As políticas de desenvolvimento são medidas que podem<br />

ser tomadas no âmbito estadual para favorecer e incentivar o<br />

desenvolvimento de áreas específicas no Estado. Um dos objetivos<br />

buscados com o desenho de políticas específicas é o de<br />

aumentar a atratividade de determinado Estado para novos investimentos,<br />

ou desenvolver algum elo da cadeia de interesse<br />

econômico, visando sempre seu constante desenvolvimento.<br />

O Tocantins já foi incluído em diversos programas de desenvolvimento,<br />

tanto focados no agronegócio, como programas<br />

mais abrangentes. Alguns são destacados.<br />

• Avança Brasil – um dos precursores do Programa de<br />

Aceleração do Crescimento (PAC), focou em ações de desenvolvimento<br />

da infraestrutura e aumento da competitividade<br />

do setor produtivo (LIMA, 2014)<br />

• Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR)<br />

– estruturaram instâncias de representação, e avançaram<br />

no incremento da infraestrutura, inovação e fortalecimento<br />

de Arranjos Produtivos Locais (APLs), além de<br />

ofertar crédito (LIMA, 2014)<br />

• Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

(PDRS) – financiados com recursos do Bird, o projeto<br />

previa ações de desenvolvimento de infraestrutura rural<br />

e de meio ambiente (LIMA, 2014)<br />

• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – criado<br />

em 2007, é direcionado a grandes obras de infraestrutura<br />

do País (BR<strong>AS</strong>IL, 2017c)<br />

Outros três programas foram de vital importância para o<br />

desenvolvimento da agricultura no Tocantins.<br />

• Prodecer - Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento<br />

dos Cerrados, surgiu com a intenção dos japoneses<br />

de diversificar seus fornecedores de grãos. Por isso uma parceria<br />

entre os governos e instituições privadas do Brasil e Japão<br />

deu início a esse programa. A terceira fase do programa contou<br />

com investimentos no munícipio de Pedro Afonso para que a<br />

produção de grão fosse estimulada. Seu principal instrumento foi<br />

a implantação de produtores de médio porte que não possuíam<br />

sua própria terra e foram investidos recursos na infraestrutura<br />

socioeconômica da região (CAMPO, 2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 133<br />

• Prodoeste – com início em 2012 (e reativado em 2015),<br />

o Programa de Desenvolvimento da Região Sudoeste do<br />

Estado do Tocantins é uma parceria entre o Governo do<br />

Estado do Tocantins e o BID, e tem o objetivo de financiar<br />

a irrigação no Vale do Araguaia com 165 milhões de dólares,<br />

sendo previstos investimentos que seriam suficientes<br />

para irrigar 26.000 hectares de fazendas da região e ainda<br />

desenvolver a infraestrutura de saneamento e acesso à<br />

água potável para os habitantes (<strong>TOCANTINS</strong> 247, 2016).<br />

• Programa Polos de Fronteiras – por meio de um decreto<br />

em 1997, foi desenhado para estimular o aumento<br />

da produção e revitalizar a região de Campos Lindos. A<br />

pretensão era doar mais de 100.000 hectares de terras e<br />

apoiar a instalação de uma cooperativa para o desenvolvimento<br />

da agricultura na região (LIMA, 2014).<br />

Todos esses exemplos demonstram que, no Estado, grande<br />

parte das políticas de apoio ao desenvolvimento tiveram<br />

seu foco no fortalecimento da agropecuária, principalmente<br />

na expansão da produção de grãos. Esses programas se mostraram<br />

interessantes e cumpriram seus papéis ao colocar o<br />

Tocantins como um dos estados de mais rápido crescimento<br />

na produção de soja e milho. Entretanto, a agroindústria acabou<br />

não se desenvolvendo no mesmo ritmo que a produção<br />

primária.<br />

Ao mesmo tempo, incentivos fiscais também são utilizados<br />

na atração de investimentos no Estado como é possível observar<br />

pelos programas evidenciados na Cartilha de Incentivos<br />

Fiscais do Tocantins e resumidos a seguir (CDE/SEDEN, 2017).<br />

proindústria<br />

Estimula indústrias locais com interesse em implantação<br />

e expansão.<br />

• Isento do ICMS na aquisição de matéria-prima e insumos,<br />

nas vendas destinadas a órgãos públicos, na energia<br />

elétrica, nas operações internas e importações de<br />

equipamentos e no devido por diferencial de alíquota<br />

das operações de ativo fixo.<br />

• Concede crédito presumido de 100% do valor do ICMS<br />

na prestação de serviços interestaduais com industrializados.<br />

• Incide sobre carga tributária de 75% do valor de ICMS<br />

apurado e contribui com 0,3%, sobre o faturamento<br />

mensal incentivado ao Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

(FDE).<br />

prosperar<br />

Estimula empresas locais com interesse em implantação,<br />

revitalização e expansão de unidade industrial, agroindustrial<br />

e comercial atacadista.


134<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

• Financia 75% do ICMS durante a realização do projeto.<br />

• Isenta o ICMS na aquisição de ativo permanente, na<br />

energia elétrica e serviços de comunicação (nos cinco<br />

anos no Prosperar), no devido por diferencial de alíquota<br />

nas aquisições de ativo fixo, nas operações com ativo fixo<br />

e nas importações de ativo fixo.<br />

• Reduz 50% do ICMS no consumo de energia elétrica e<br />

serviços de comunicação e até em 95% do valor da parcela<br />

para pagamento antecipado.<br />

Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao FDE.<br />

indústria de fertilizantes<br />

Destinado às indústrias de fertilizantes do Tocantins<br />

• Redução de 85% do ICMS devido ao estado e deferimento<br />

da taxa na importação de matérias-primas e insumos.<br />

• Isenção do ICMS nas operações internas de matéria<br />

-prima, insumos industrializados, acabados, semielaborados,<br />

utilizados no processo de industrialização e<br />

ativo fixo. Também nas operações interestaduais para<br />

o diferencial de alíquotas, nas compras de ativo fixo,<br />

nas importações de matéria-prima, insumos, produtos<br />

industrializados, acabados ou semielaborados utilizados<br />

no processo de industrialização, ativos fixos. É<br />

isenta também a energia elétrica, as vendas para órgãos<br />

públicos, as prestações de serviços de transporte<br />

para produtos industrializados e o crédito presumido<br />

de 100% sobre o valor do ICMS nas prestações interestaduais<br />

de serviços de transporte com produtos industrializados.<br />

• Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao<br />

FDE.<br />

complexo agroindustrial<br />

É destinado a empresas do Tocantins com fábricas de ração<br />

balanceada e/ou que realizem reprodução, criação, abate, industrialização<br />

e comercialização de ovos, aves, pintos de um<br />

dia, suínos, caprinos e ovinos, além de empresas que realizem<br />

estudos genéticos desses animais ou de novas tecnologias<br />

para a industrialização.<br />

• Isenção de ICMS nas operações internas de aves, pintos<br />

de um dia, suínos, caprinos, ovinos e ovos férteis; em<br />

produtos e insumos para produção de ração; nas saídas<br />

internas de matéria-prima para empresas agroindustriais;<br />

no diferencial de alíquota nas aquisições de ativo<br />

fixo; nas operações internas com ativo fixo (mantido o<br />

crédito ICMS para o remetente); na energia elétrica; nas<br />

importações de ativo fixo; entre outros.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 135<br />

• Isenção de ICMS pelo crédito presumido de:<br />

• 16,5% da base de cálculo nas operações internas com<br />

produtos do abate de aves, suínos, caprinos e ovinos.<br />

• 11,5% nas operações de saída interestaduais com<br />

ovos e produtos do abate de aves, suínos, caprinos e<br />

ovinos.<br />

• 11% das operações nas saídas interestaduais de aves<br />

vivas.<br />

• Crédito do ICMS nas aquisições interestaduais:<br />

• 7% sobre o valor das aquisições oriundas do Sul e Sudeste,<br />

exceto do Espírito Santo.<br />

• 12% nas aquisições oriundas do Centro-Oeste, Norte,<br />

Nordeste e Espírito Santo.<br />

prologística<br />

Foco em empresas de logística, distribuição e transporte<br />

aéreo do Tocantins que operem em centro logístico ou distrito<br />

empresarial com transporte de carga, agenciamento e<br />

armazenamento de produtos próprios ou de terceiros para<br />

distribuição, exceto quando as atividades forem realizadas<br />

separadamente.<br />

• Concede por 10 anos, condicionado ao devido recolhimento<br />

de imposto no prazo.<br />

• Para empresas de logística e transporte aéreo e hidroviário,<br />

75% nas prestações internas e interestaduais<br />

aplicado sobre a saldo devedor do ICMS das prestações<br />

realizadas.<br />

• Para transporte aéreo de carga e transporte aéreo e<br />

hidroviário de cargas e passageiros, 3% das saídas<br />

internas de combustível de aviação, desde que mantenha<br />

voos regulares procedentes de aeroportos em<br />

território do Tocantins.<br />

Com os incentivos fiscais listados, percebe-se que o Estado,<br />

mesmo ainda mantendo foco na produção agrícola (programa<br />

de incentivos fiscais específicos para a indústria de<br />

fertilizantes), tem o objetivo de agregar mais valor aos produtos<br />

do Tocantins com programas de incentivos à agroindústria.<br />

A avaliação da situação dos demais estados da Federação<br />

com relação a esses incentivos também é importante, tendo<br />

em vista que esses aspectos são altamente relevantes na tomada<br />

de decisão de um possível investimento.<br />

A Tabela 3.28 traz alguns dos incentivos ou políticas de<br />

apoio ao desenvolvimento presentes em estados selecionados,<br />

produtores de soja e milho do Brasil.


136<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 3.28<br />

Incentivos para o desenvolvimento em estados selecionados<br />

estaDo açÕes para DesenVoLViMento Dos estaDos Fonte<br />

GO<br />

• A região centro-oeste é contemplada pelo FCO (Fundo de Financiamento do Centro-oeste) e FDCO (Fundo de Desenvolvimento<br />

do Centro-oeste) e GO tem sua participação garantida<br />

• Projeto de irrigação Luis Alves do Araguaia (2016)<br />

• Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais – RG-AP<br />

• Concessão de incentivos fiscais a empresas de parques tecnológicos no Estado<br />

• Programas Produzir e Fomentar, relacionados à industrialização em geral<br />

• Secretaria do Desenvolvimento<br />

de<br />

Goiás - SED<br />

BA<br />

• Fomento de crédito bancário, de bancos públicos<br />

• Projetos de desenvolvimento da rede para irrigação da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura<br />

• Programa Desenvolve (2002) que visa fomentar e diversificar a matriz industrial e agroindustrial do Estado, com formação de<br />

adensamentos industriais nas regiões econômicas e integração das cadeias produtivas essenciais ao desenvolvimento econômico<br />

e social e à geração de emprego e renda no Estado (diferimento de ICMS em determinadas situações)<br />

• Plano estratégico estadual com medidas que visam atrair investimentos diretos<br />

• Seagro - BA<br />

• Seplan - BA<br />

MT<br />

• O MT possui um programa que visa à promoção do acesso à terra e investimentos básicos e produtivos por meio da concessão<br />

de linhas de crédito para compra de imóveis e investimentos na própria terra chamado Programa Nacional de Crédito Fundiário<br />

(PNCF)<br />

• Existem fundos de investimentos específicos para o Estado: Fethab (Fundo Estadual de Transporte e Habitação) e Facs (Fundo<br />

de Apoio a Cultura da Soja)<br />

• A região centro-oeste é contemplada pelo FCO e FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-oeste) e MT tem sua participação<br />

garantida<br />

• Programa Pró-agroindústria<br />

• Seaf – MT<br />

• Aprosoja - MT<br />

PR<br />

• O Estado tem trabalhado na estruturação da qualidade da produção, com treinamento na linha de manejo de pragas, conservação<br />

de solo, juntamente com a Emater e outras pesquisadoras, para desenvolver uma condição mais adequada de produção.<br />

• Possui um programa de seguro rural com 29 culturas englobadas<br />

• Possui também o programa de beneficiamento de tratores<br />

• Programa microbacias – objetivo de recuperar e manter a capacidade produtiva dos recursos naturais do Paraná por meio de três<br />

ações prioritárias: modernização da gestão do espaço rural; educação para a sociedade; harmonização da produção agropecuária<br />

e da conservação de recursos naturais<br />

• Pró-Rural – com recursos de empréstimo do Bird, o projeto é focado em desenvolver com responsabilidade ambiental e social os<br />

pequenos agricultores da região central do estado com aumento de produtividade e promoção da comercialização de produtos<br />

• SEAB - PR<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 137<br />

<br />

taBEla 3.29<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico<br />

MATO GROSSO GOIÁS <strong>PARA</strong>NÁ BAHIA <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong><br />

UNIVERSIDADES<br />

COOPERATIV<strong>AS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÕES<br />

FUNDAÇÕES E<br />

INSTITUIÇÕES<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


138<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

Tanto no Mato Grosso quanto no Paraná podem ser vistas<br />

diversas políticas incentivando a produção agrícola, capacitação<br />

técnica e estimulando a produção sustentável, contudo<br />

são poucos os programas específicos para soja e milho. Podese<br />

observar que os programas, além de não serem específicos<br />

para as culturas analisadas nesse estudo, também não diferem<br />

tanto de um Estado para outro. Os programas específicos<br />

para a agricultura são, em sua maioria, focados na agricultura<br />

familiar e desenvolvimento sustentável de pequenos produtores<br />

(esse tipo de programa não foi incluído na tabela acima).<br />

Isso ocorre porque a produção de soja e de milho no Brasil<br />

se caracteriza por médios e grandes produtores que, pelo seu<br />

tamanho, grau de profissionalização e estabilização no negócio,<br />

se tornam menos dependentes de políticas governamentais<br />

para fomentar sua atividade, tendo bom acesso à tecnologia,<br />

crédito e assistência técnica que faltam aos produtores<br />

menores. As políticas de incentivo ao desenvolvimento se<br />

tornam fundamentais justamente para pequenos produtores<br />

ou aqueles que ainda não estão estabilizados na atividade.<br />

A Tabela 3.29 exemplifica algumas das organizações públicas<br />

e privadas que têm parte de seu escopo no desenvolvimento<br />

estadual, principalmente relacionadas com a agricultura.<br />

Vale destacar que as ações não estão limitadas às organizações<br />

citadas na tabela que configuram apenas exemplos nos diferentes<br />

segmentos.<br />

3. 3. Logística<br />

Nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro cresceu em<br />

termos de produção, produtividade e área; mas este crescimento<br />

esbarra na dificuldade relacionada com o alto custo<br />

logístico do País. Isso deve-se aos problemas de infraestrutura<br />

que resultam na perda de competitividade do produto no<br />

mercado interno e externo. Wilkinson (2002) aponta os custos<br />

de transporte e os custos portuários de forma mais específica<br />

no conjunto de ineficiências no segmento pós-porteira.<br />

No Brasil, o custo do produtor, a partir da porteira até seu<br />

destino final no mercado internacional, resulta em um valor<br />

quatro vezes maior que nos EUA e Argentina. Estimativas indicam<br />

que a diferença pode chegar a até 30% no valor final,<br />

prejudicando o desempenho brasileiro (CNA, 2017).<br />

Ademais, Argentina e Estados Unidos têm uma estratégia<br />

competitiva voltada para o produto processado, o que também<br />

contribui como um fator prejudicial nas exportações brasileiras<br />

do complexo soja, já que esses países são concorrentes diretos,<br />

por terem suas safras ocorrendo quase nos mesmos períodos<br />

das safras do Brasil (FIGUEIRE<strong>DO</strong>; SANTOS; LÍRIO; 2004).<br />

O fato de a produção do agronegócio ter se movido do sul<br />

para o centro-oeste, dificultou o acesso ao transporte. O objetivo<br />

que desafia a logística brasileira é fazer com que os<br />

produtos da região centro-oeste sejam exportados por meio


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 139<br />

dos portos do norte, como Santarém, no lugar de portos no<br />

sudeste. O problema está nos trechos não asfaltados da BR-<br />

163, fazendo com que essa rota centro-oeste para norte seja<br />

evitada. Segundo estimativas do CNA (2017), essa troca faria<br />

com que o custo de transporte caísse de R$ 125 para R$80 por<br />

tonelada (CNA, 2017).<br />

A importância do corredor centro-norte está ligada à necessidade<br />

de escoamento da produção agrícola, mineral e<br />

industrial da região central do Brasil, uma região com alto desempenho<br />

econômico.<br />

O preço do frete é outro item complexo, incluindo fatores<br />

locais e suas especificidades. Além disso, ainda devem ser<br />

considerados os custos da atividade, que podem ser influenciados<br />

por fatores diretos, tais como localização, capacidade<br />

de estoque, distribuição espacial dos armazéns; ou por fatores<br />

indiretos como variação de preço de combustível, limites<br />

de peso e congestionamentos (CYPRIA<strong>NO</strong>, 2005).<br />

No caso da soja em grãos, Medeiros et al. (2016) ainda citam<br />

a quantidade de produção e época de comercialização como<br />

fator de influência sobre o custo do transporte do produto. Os<br />

autores salientam que, quanto maior a safra, maior a elevação<br />

no preço do frete do grão. Já nos subprodutos, como farelo e<br />

bagaço, o comportamento dos custos não é totalmente atrelado<br />

à safra, porque os diferentes processos produtivos fazem<br />

com que os momentos de transporte variem.<br />

No caso da exportação, Medeiros et al. (2016) ressaltam a<br />

distância e infraestrutura como determinantes. A influência<br />

da distância é porque os custos de transporte são elevados<br />

em 6,34% a cada quilômetro adicional de distância entre o<br />

Brasil e o país importador. Já em relação à infraestrutura, a<br />

correlação é inversa, ou seja, melhoria de 1% em infraestrutura<br />

reduziriam o custo de transporte em até 74,4% (MEDEIROS<br />

et al., 2016).<br />

No Tocantins, a dinâmica é a mesma que do Brasil como<br />

um todo, pois, apesar de o estado estar à frente com relação<br />

a disponibilidade de modais logísticos, um de seus maiores<br />

gargalos ainda está na logística.<br />

É importante destacar que o Estado conta com um Plano<br />

Estadual de Logística e Transporte de Cargas, mais conhecido<br />

como Pelt. Dentre outros itens, esse plano estuda profundamente<br />

os modais logísticos no Estado, disponibilidade de utilização<br />

e principais fluxos de mercadorias visando otimizar as<br />

operações, reduzir custos logísticos, eliminar gargalos atuais<br />

e futuros e aumentar a qualidade da infraestrutura da malha<br />

viária. O plano é desenvolvido em parceria com o Banco Mundial<br />

(BIRD) fazendo parte do Programa de Desenvolvimento<br />

Regional Integrado e Sustentável (PDRIS) (C<strong>AS</strong>A CIVIL, 2014).<br />

Através de entrevistas com o Seinfra, foi possível entender<br />

que os serviços logísticos do Estado podem ser divididos em<br />

dois grandes grupos.


140<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

• O primeiro reúne os setores competitivos e geradores de<br />

excedentes comercializáveis que, por outro lado, também<br />

criam demandas por insumos produtivos. Nesse grupo,<br />

destacam-se a agricultura (e.g., arroz, milho, soja) e a pecuária,<br />

cujos fluxos de produtos podem ainda ser insumos<br />

de indústrias localizadas dentro ou fora do Estado.<br />

• O segundo grupo agrega setores de fornecimento de<br />

produtos acabados para o consumo final de famílias,<br />

administração e serviços públicos ou para investimento.<br />

Uma parte significativa desses fluxos é de importações<br />

interestaduais ou internacionais, sendo canalizados, em<br />

grande medida, pelo setor de comércio.<br />

Atualmente, a infraestrutura do Estado conta com modal<br />

ferroviário, rodoviário e aeroviário, sendo, ainda, o rodoviário<br />

o mais utilizado.<br />

Em se tratando do modal rodoviário, é importante analisar<br />

qual percentual da malha viária já é pavimentado. Essa análise<br />

não identifica a qualidade da malha rodoviária, que é muito<br />

variável seja ela pavimentada ou não. O Gráfico 3.13 mostra<br />

a comparação da malha rodoviária pavimentada e não pavimentada<br />

de alguns estados selecionados.<br />

Como pode ser visto no gráfico, dos estados analisados, o<br />

que possui maior malha rodoviária é o Estado da Bahia. Apesar<br />

de o Tocantins possuir um total de malha rodoviária menor<br />

<br />

Quilômetros<br />

gráfico 3.13<br />

Malha rodoviária em estados selecionados (km)<br />

140.000<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

NÃO PAVIMENTADA<br />

23%<br />

7.253<br />

23.865<br />

12%<br />

15.922<br />

111.805<br />

PAVIMENTADA<br />

8.448<br />

28.106 73.946<br />

TO BA MT GO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de AGETO (2016)<br />

que dos outros estados, a relação entre estradas pavimentadas<br />

sobre o total é maior que a dos demais estados. Com relação ao<br />

modal rodoviário, o Estado do Tocantins conta com cerca de 24<br />

mil km não pavimentados e 7,3 mil km pavimentados, sendo<br />

a maior parte de jurisdição estadual. A Figura 3.4 mostra as<br />

estradas do Tocantins e suas respectivas jurisdições.<br />

A rodovia Belém-Brasília é a mais importante do Estado,<br />

sendo sua principal rota de entrada e saída. As estradas pavi-<br />

23%<br />

15%<br />

% PAVIMENTADA /TOTAL<br />

12.753<br />

25%<br />

20%<br />

15%<br />

10%<br />

5%<br />

0


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 141<br />

mentadas do Tocantins interligam municípios e fazem a conexão<br />

com a BR-153. A malha rodoviária tocantinense vem recebendo<br />

investimentos nos últimos anos e, com isso, o Estado<br />

tem ampliado a quilometragem de estradas pavimentadas.<br />

As estradas com concessões privadas ainda são incipientes<br />

no Tocantins. Isso ocorre, pois, apesar de o Estado estar em<br />

pleno crescimento, o fluxo de veículos nas estradas ainda não<br />

é suficientemente grande a ponto de justificar a instalação de<br />

pedágios com concessões.<br />

O maior problema é que, pela ainda baixa utilização dessas<br />

rodovias, não é viável sua concessão à iniciativa privada, ou<br />

seja, o custo de manutenção das rodovias pavimentadas é responsabilidade<br />

do governo estadual.<br />

O Estado possui diversos estudos e planos para ampliação<br />

da sua malha rodoviária, porém a falta de recursos é o maior<br />

limitante. Tendo em vista que o Estado é o grande responsável<br />

pela manutenção das estradas, os investimentos são priorizados<br />

para regiões que tragam retorno suficiente para a manutenção<br />

(impostos). No caso dos grãos, como as exportações<br />

de produtos primários possuem diversas isenções fiscais, o<br />

imposto arrecadado não é suficiente, ou não é percebido, por<br />

ser oriundo de atividades de apoio. As agroindústrias têm potencial<br />

de mudar esse cenário.<br />

Um desafio encontrado no Estado é a ligação das margens<br />

do rio Tocantins. Atualmente, na região de Palmas, existem<br />

⋆<br />

figUra 3.4<br />

Malha rodoviária do Tocantins e suas respectivas jurisdições<br />

JURISDIÇÃO<br />

Estadual 712<br />

Municipal 169<br />

Federal 272<br />

Privado 4<br />

Fonte: AGETO (2016)


142<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

duas pontes, sendo uma em Palmas e outra em Porto Nacional.<br />

A de Palmas tem restrição dos caminhões que devem<br />

passar pela cidade e a de Porto Nacional tem limitação de<br />

carga de 30 toneladas. A Seinfra está construindo um caminho<br />

alternativo (“Anel Viário”) para acesso à ponte por fora da<br />

cidade. Essa passagem é de suma importância, pois tanto a<br />

ferrovia Norte-Sul, bem como seu posto de integração, como<br />

a estrada Belém-Brasília estão do outro lado.<br />

Outro importante modal, tanto para a cadeia de grãos quanto<br />

para o Tocantins, é o ferroviário.<br />

O Estado conta com parte da ferrovia Norte-Sul, operada<br />

pela VLI, empresa de logística da Vale. A ferrovia Norte-Sul<br />

teve sua construção iniciada na década de 1980 com o principal<br />

objetivo de promover a integração nacional, minimizar<br />

custos de transporte e fazer conexões com ferrovias novas<br />

e já existentes (AGETO, 2016). Cerca de 800 km da Ferrovia<br />

Norte-Sul se localizam no Estado do Tocantins.<br />

Tão importante quanto a própria ferrovia, são os terminais<br />

multimodais que integram diferentes modais logísticos. A disponibilidade<br />

de terminais multimodais garante o fluxo contínuo<br />

de cargas, contribuindo para a redução de tempo de deslocamento,<br />

custo e maior segurança da carga. O Estado do Tocantins<br />

conta com terminais multimodais em Araguaína, Porto Nacional,<br />

Guaraí, Colinas, Gurupi e Aguiarnópolis (SEPLAN, 2016).<br />

Outra importante ferrovia ainda inoperante é a Oeste-Leste<br />

que sai de Figueirópolis (TO) indo até Ilhéus (BA). Quando<br />

estiver em atividade, ligará a Norte-Sul ao Estado da Bahia<br />

com o objetivo de viabilizar o escoamento de minério de ferro<br />

e grãos, e deve substituir parte do transporte rodoviário<br />

(PPI, 2017).<br />

Apesar de o estado contar com esse importante modal, os<br />

produtores não se beneficiam diretamente com a redução do<br />

custo de transporte. Isso ocorre, pois, os principais contratos<br />

da operadora ferroviária são diretamente com as tradings,<br />

que possuem volume e capacidade de investimentos de contrapartida<br />

para acesso ao modal.<br />

Estima-se que, atualmente, cerca de 25% dos grãos exportados<br />

pelo Estado sejam transportados por via ferroviária. A<br />

organização de produtores em cooperativas, com volume de<br />

grãos representativo, traria maior possibilidade de negociação<br />

do transporte utilizando esse modal, o que de fato traria<br />

redução nos custos com transporte.<br />

Abaixo, na Tabela 3.30, é feita uma projeção sobre a capacidade<br />

de carga de cada trecho das principais ferrovias.<br />

O progresso é visível, principalmente sobre a Ferrovia<br />

Norte-Sul, aumentando a expectativa do Brasil como um<br />

todo, já que melhoraria muito a situação dos custos logísticos<br />

no País.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 143<br />

<br />

taBEla 3.30<br />

Projeção de capacidade de carga da ferrovia (milhões/ton)<br />

proJeção De CapaCiDaDe De CarGa FerroVia (MiLHÕes De toneLaDas)<br />

FerroVia treCHo KM 2016 2017 2018 2019 2020<br />

Ferrovia Norte-Sul Açailândia (MA)/Estrela D’oeste(SP) 2.255 12,5 32,1 37 41,1 46,9<br />

Oeste-Leste Figueirópolis(TO)/Ilhéus (BA) 1.527 30 41,3 47,2 49,0 50,3<br />

Ferrovia de integração Centro-Oeste Campinorte(GO)/Vilhena(RO) 1.630 - 17,8 18,4 18,7 19,2<br />

Fonte: Seplan (2016).<br />

A respeito do modal aeroviário, o aeroporto de Palmas ainda<br />

não está em pleno funcionamento. Quando isso acontecer,<br />

o terminal de cargas contará com mais de 1.400 m² de área. A<br />

expectativa é que terá capacidade de movimentação de até 15<br />

toneladas de produtos por mês.<br />

Apesar de o Brasil ser um País com alto potencial hidroviário,<br />

esse modal ainda é pouco desenvolvido quando da sua<br />

utilização em processos logísticos. O Estado do Tocantins se<br />

beneficiaria amplamente de uma viabilização e intensificação<br />

de uso desse modal, uma vez que possui em suas terras<br />

a Bacia Hidrográfica Araguaia Tocantins, considerada a maior<br />

bacia localizada inteiramente no Brasil, com rios navegáveis. A<br />

Figura 3.5 mostra uma análise das possíveis rotas hidroviárias<br />

do Brasil. Fica evidente a localização privilegiada do Tocantins.<br />

O Tocantins desemboca no rio Pará que corre ao sul da ilha<br />

de Marajó e pertence à foz do rio Amazonas. Ainda, é notável a<br />

importância do ecoporto de Praia Norte, que tem como principal<br />

característica a integração da bacia do Tocantins à bacia<br />

Amazônica e poderá transportar cerca de 300 mil toneladas<br />

de grãos/ano via rio Tocantins até a Zona Franca de Manaus<br />

-AM (SEPLAN, 2016).<br />

Outra ação de grande importância, não só para a logística<br />

no estado do Tocantins, mas também para o escoamento de<br />

grãos da região Centro-Oeste, é o derrocamento do Pedral do<br />

Lourenço, no Pará, que consiste em desgastar as formações<br />

rochosas que impedem a navegação de embarcações com<br />

cargas durante os meses de setembro a novembro. A obra que<br />

está prevista para ser iniciada no segundo semestre de 2018,<br />

garantirá a navegabilidade permanente da hidrovia Tocantins<br />

-Araguaia (BR<strong>AS</strong>IL, 2017b).<br />

Além dos benefícios logísticos, essa nova rota aumentará<br />

a competitividade dos portos da região norte e impulsionará


144<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 3.5<br />

Principais vias potenciais de escoamento por hidrovia para o<br />

Mato Grosso<br />

AM<br />

RO<br />

Porto<br />

Atuais<br />

Futuras<br />

RR<br />

Manaus<br />

AP<br />

Santarém<br />

MG<br />

Cuiabá<br />

MS<br />

SP<br />

São Paulo<br />

PR<br />

Brasília<br />

Fonte: IMEA (2015).<br />

PA<br />

RS<br />

GO<br />

SC<br />

TO<br />

Rio Grande<br />

Belém<br />

MA<br />

MG<br />

PI<br />

BA<br />

RJ<br />

São Luiz<br />

CE<br />

RN<br />

PB<br />

PE<br />

AL<br />

SE<br />

ES<br />

Vitória<br />

Ilhéus<br />

Santos<br />

São Francisco / Paranaguá<br />

o desenvolvimento econômico de toda a região. Os estados<br />

que se beneficiarão da nova via de escoamento são principalmente<br />

Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Goiás<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017b).<br />

Ainda se tratando de infraestrutura, um aspecto fundamental<br />

para a cadeia de grãos que interfere diretamente na<br />

sua competitividade é a capacidade de armazenagem. Sabese<br />

que o aumento da produção de grãos, tanto no Brasil como,<br />

mais especificamente, no Estado do Tocantins, não foi acompanhado<br />

pelo aumento nos investimentos em infraestrutura,<br />

uma das razões para o alto percentual de perdas na cadeia de<br />

grãos (<strong>NO</strong>GUEIRA JUNIOR; TSUNECHIRO, 2011).<br />

A disponibilidade de capacidade estática de armazenagem<br />

ajuda a formar estoques que permitem a distribuição das<br />

vendas durante o ano, reduzindo as flutuações de preços entre<br />

safra e entressafra (PUZZI, 1977).<br />

Para analisar se a capacidade estática de determinada localidade<br />

está adequada, não se pode simplesmente compará-la<br />

com a produção. Diversos itens devem ser levados em conta<br />

já que na prática as safras não coincidem e não se colhe toda a<br />

produção simultaneamente. Além disso, nem toda produção<br />

é estocada e as cotações de preços influenciam diretamente<br />

na ocupação dos sistemas de armazenagem (<strong>NO</strong>GUEIRA JU-<br />

NIOR; TSUNECHIRO, 2011). Dessa maneira, Nogueira Junior e<br />

Tsunechiro (2005) sugerem que a capacidade estática de armazenagem<br />

deveria ser 1,5 vez a produção de grãos e ainda<br />

complementam afirmando que investimentos constantes em


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 145<br />

armazenagem são determinantes na competitividade da cadeia<br />

de grãos.<br />

Outros autores ainda sugerem que a capacidade estática<br />

ideal de determinada localidade deve ser 20% superior à sua<br />

produção, para que haja possibilidade de acomodar possíveis<br />

importações (MENDES; PADILHA JUNIOR, 2007). A série de<br />

gráficos (Gráfico 3.14) compara a evolução de armazenagem<br />

estática de estados produtores de grãos selecionados e a sua<br />

produção de soja e milho.<br />

Como pode ser visto, todos os estados analisados e o Brasil<br />

como um todo possuíam em 1990 capacidade estática superior<br />

ou semelhante à produção de grãos. Os gráficos evidenciam a<br />

afirmação de que o investimento em infraestrutura de armazenagem<br />

não acompanhou a evolução da produção, porém em<br />

alguns estados essa diferença é ainda maior.<br />

O Brasil apresentou, em 2016, capacidade estática de armazenagem<br />

de 75% do total produzido de grãos. Dos estados<br />

analisados, o único que supera a média do Brasil é o<br />

Paraná, com 78%. A Bahia vem na sequência, com 69%, seguida<br />

de Goiás, com 64%, Mato Grosso, com 58% e Tocantins,<br />

com apenas 49% da capacidade total da produção em<br />

armazenagem.<br />

No Estado do Tocantins, o uso de silos-bolsa tem aumentado.<br />

Trata-se de grandes sacos de polietileno altamente resistentes,<br />

mas que só são utilizados uma vez, o que encarece a<br />

armazenagem. A capacidade de armazenagem dos silos-bolsa<br />

é variada, mas em média pode-se estimar que seja em torno<br />

de 10 a 15 toneladas. Apesar de ser uma saída emergencial<br />

para a armazenagem, as altas temperaturas do Estado não<br />

colam para esse tipo de armazenamento, podendo ocorrer<br />

fermentação, desenvolvimento de aflatoxina, umidade e, consequentemente,<br />

redução da qualidade do grão ou perda total<br />

(LIMA, 2014).<br />

A análise das perdas e dos custos de frete são fundamentais<br />

para entender a competitividade dos estados em relação<br />

à logística. De acordo com Péra (2017), no ano de 2015, o total<br />

de perdas estimadas para a cadeia de milho e soja nas operações<br />

logísticas foi de 1,3% (1,1% para soja e 1,5% para o milho).<br />

O autor verificou que a atividade logística de maior nível<br />

de perda é a armazenagem, representando 67% do total. Na<br />

sequência, o transporte rodoviário respondeu por 13,3% das<br />

perdas, seguido pelos terminais portuários (9%), transporte<br />

multimodal ferroviário (8,8%) e hidroviário (1,7%). As perdas<br />

normalmente são causadas por equipamentos de transbordos<br />

inadequados ou antigos, caminhões antigos, vedação<br />

inadequada, estradas, ferrovias e hidrovias de má qualidade;<br />

longas distâncias de origem até destino e balança rodoviária.<br />

Em se tratando de unidades da Federação, a Tabela 3.31 mostra<br />

as perdas de soja e milho para estados selecionados em<br />

2015.


146<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

gráfico 3.14<br />

Capacidade estática e produção de grãos em estados selecionados<br />

<strong>TOCANTINS</strong> (mil ton)<br />

90<br />

1090<br />

1003<br />

90<br />

146<br />

259<br />

1286<br />

868<br />

1612<br />

1090<br />

2227<br />

1656<br />

3726<br />

1822<br />

GOIÁS (mil ton)<br />

8126<br />

10520<br />

4418<br />

5701<br />

9814<br />

8238<br />

11189<br />

9622<br />

14191<br />

12956<br />

16680<br />

12000<br />

20615<br />

13137<br />

<strong>PARA</strong>NÁ (mil ton)<br />

17711 18054<br />

14156<br />

8586<br />

20998<br />

17878<br />

23234<br />

20819<br />

27672<br />

27757<br />

31329<br />

28742<br />

37817<br />

29668<br />

BAHIA (mil ton)<br />

1096<br />

1721<br />

1019<br />

1388<br />

2463<br />

2012<br />

3151<br />

2896<br />

5785<br />

4011<br />

4549<br />

4659<br />

7086<br />

4923<br />

MATO GROSSO (mil ton)<br />

5334<br />

10292 12706<br />

11484<br />

3306 6193<br />

20729<br />

16088<br />

28032<br />

26726<br />

41302<br />

57331<br />

33464 33481<br />

BR<strong>AS</strong>IL (mil ton)<br />

76.506 88.989<br />

39.491 55.594<br />

87.833<br />

80.722<br />

106.539<br />

97.542<br />

137.828<br />

132.731<br />

152.355<br />

161.965<br />

157.625<br />

209.955<br />

CAPACIDADE ESTÁTICA<br />

PRODUÇÃO<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2016<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2016<br />

*Produção de grãos considera soja e milho 1ª e 2ª safras. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Conab (2017a) e Conab (2017c).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 147<br />

<br />

taBEla 3.31<br />

Perdas de soja e milho (mil ton)<br />

soJa (mil ton)<br />

MiLHo (mil ton)<br />

Perda %Perda/Produção Perda %Perda/Produção<br />

MT 268,13 0,96% 378,74 1,77%<br />

PR 207,02 1,20% 254,60 1,61%<br />

GO 80,57 0,93% 169,48 1,78%<br />

BA 63,05 1,39% 7,14 0,27%<br />

TO 28,05 1,16% 10,09 1,64%<br />

Brasil 1076,76 1,10% 1304,72 1,54%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Péra (2017).<br />

É possível notar que, dos Estados analisados, Mato Grosso<br />

teve o maior valor absoluto de perdas, tanto para a soja como<br />

para o milho. Como o Estado é o maior produtor de grãos,<br />

esse é um resultado esperado; porém, quando se analisa a<br />

relação de perdas sobre a produção, o Estado que contabiliza<br />

maior valor é a Bahia para a soja e Goiás para o milho. As<br />

perdas do Tocantins, tanto para a soja como para o milho, estão<br />

acima da média nacional. Melhorias em todo o sistema<br />

logístico auxiliarão na queda desse número e aumento da<br />

competitividade do Estado.<br />

Tendo em vista a relação de custo do frete dos principais<br />

estados produtores ao porto, pode-se dizer que alguns estados<br />

possuem vantagens por estarem geograficamente mais<br />

próximos dos principais portos de escoamento de grãos. A<br />

formação do preço da soja no mercado interno é diretamente<br />

relacionada com esse custo. Mato Grosso, por exemplo, apesar<br />

de ser o maior exportador, sai em desvantagem com relação<br />

ao custo do frete (IMEA, 2015). A Figura 3.6 mostra relação<br />

de custo de frete entre os principais estados produtores<br />

de grãos do Brasil, em 2017.<br />

Como pode ser visto na figura, os estados da região sul são<br />

os que possuem maiores vantagens no sentido de custo de<br />

frete, o que faz com que o preço dos grãos desses estados no<br />

mercado externo seja inferior. O Tocantins apresenta custo<br />

de frete menor que Mato Grosso; porém, maior que Estados<br />

como Goiás e Mato Grosso do Sul.<br />

O aumento dos fluxos de escoamento pelos portos do norte<br />

está desviando parte do fluxo dos portos do sul e sudeste, o<br />

que, juntamente com a viabilização da ferrovia que liga Rondonópolis<br />

ao terminal, vem reduzindo o custo de frete de o<br />

Mato Grosso (IMEA, 2015).<br />

Tendo em vista todas as análises conduzidas no que<br />

se refere à infraestrutura logística, fica claro que o grau<br />

de investimento de um Estado em infraestrutura, seja de<br />

estradas, ferrovias e até mesmo estruturas de armazenagem,<br />

está diretamente relacionado com a competitividade<br />

da sua cadeia de grãos. A Tabela 3.32 resume algumas das


148<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 3.6<br />

Relação do custo do frete em estados selecionados<br />

<br />

taBEla 3.32<br />

Características de infraestrutura logística em estados selecionados<br />

coNSiDEraÇÕES<br />

GOIÁS<br />

US$ 82,28 / ton<br />

AM<br />

RO<br />

RR<br />

MT<br />

MS<br />

PA<br />

AP<br />

RS<br />

PR<br />

GO<br />

SC<br />

TO<br />

SP<br />

MA<br />

MG<br />

PI<br />

BA<br />

RJ<br />

CE<br />

RN<br />

PB<br />

PE<br />

AL<br />

SE<br />

ES<br />

• Localização central no país<br />

• Alta dependência do modal rodoviário<br />

• Presença do modal hidroviário quase nula em comparação com ferroviário<br />

• Ferrovia Centro-Atlântica que chega até a área próxima ao porto de Santos<br />

• Planejamento de obras da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO)<br />

• Potencial de navegação nos rios Araguaia e Paranaíba, porém a ausência de eclusas<br />

permite trecho curto de navegação<br />

• Plataforma logística multimodal na cidade de Anápolis<br />

BAHIA<br />

• Alto custo logístico (frete de LEM a Paranaguá, por exemplo)<br />

• Baixa capacidade de armazenagem (necessidade de investimento para que os<br />

produtores não tenham prejuízos como os da última safra)<br />

• Estado é cortado por três rodovias federais: BR 020, BR 242, BR 135, sendo a BR<br />

242 principal via de escoamento de soja e seus derivados para o mercado interno<br />

• Projetos de infraestrutura: BR-020 (Barreiras/Fortaleza); manutenção da hidrovia<br />

São Francisco; Transnordestina (Barreiras/Suape); Sistema Viário Oeste (SVO)<br />

• Ferrovia Oeste-Leste beneficiará o Estado integrando-o ao Tocantins<br />

• Parte significativa das exportações feitas pelos portos de Santos e Paranaguá<br />

• Estrutura portuária<br />

• O porto tem dificuldade no carregamento dos grãos quando chove<br />

• Porto de Salvador tem papel importante na exportação de soja do Estado<br />

• Capacidade estática limitada no porto de Aratu<br />

• Porto de Aratu não possui linha segregada para embarque<br />

MATO GROSSO<br />

*dados de junho de 2017. / Fonte: Imea (2017).<br />

particularidades em termos de infraestrutura logística em<br />

estados selecionados.<br />

• A logística ainda é um grande gargalo, sendo o principal modal utilizado o rodoviário<br />

• Longas distâncias até os portos exportadores<br />

• 70% das rodovias no Estado são consideradas de péssimo estado a regulares,<br />

sendo apenas 4% consideradas em ótimo estado<br />

• Grandes congestionamentos nas rotas para os portos, principalmente durante<br />

a safra


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 149<br />

• Única rota hidroviária utilizada é o transporte rodoviário até Porto Velho e uso da<br />

Hidrovia do Rio Madeira até Itacoatiara – AM<br />

• Expectativa do projeto da hidrovia Paraguai-Paraná<br />

• Utilização da ferrovia Ferronorte de Rondonópolis a Santos<br />

<strong>PARA</strong>NÁ<br />

• Porto de Paranaguá é uma das principais rotas de escoamento do País e está<br />

localizado no Estado<br />

• Menores distâncias favorecem o custo logístico<br />

• Presença de ferrovia no corredor de exportação do Paranaguá. O modal responde<br />

por parte significativa do escoamento da produção do Estado<br />

• Altos investimentos estaduais em infraestrutura logística<br />

• Muitas estradas classificadas como boas ou ótimas<br />

• Região de Ponta Grossa possui grandes indústrias de esmagamento, com um<br />

grande valor agregado da produção para o escoamento<br />

• Como o Estado está muito bem localizado, acaba sendo beneficiado. Possui porto<br />

próximo para escoamento da produção (Paranaguá)<br />

• Possui uma malha viária muito bem estruturada e abrangente<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

De acordo com a tabela acima, em uma análise qualitativa<br />

dos dados, nota-se que em termos logísticos, dentre os estados<br />

analisados, o Estado do Paraná é o que apresenta maior<br />

vantagem competitiva. Alguns fatores de destaque para o<br />

Estado são: menor extensão territorial, qualidade do modal<br />

rodoviário, infraestrutura portuária, presença do modal ferroviário,<br />

estruturas de armazenagem mais desenvolvidas<br />

que dos outros estados (ainda que insuficiente para toda a<br />

produção).<br />

O Tocantins parece estar melhor posicionado em aspectos<br />

logísticos do Mato Grosso e Goiás. Sua malha ferroviária<br />

e alto potencial da utilização do modal hidroviário figuram<br />

como vantagens competitivas para o Estado. A infraestrutura<br />

de armazenagem, no Tocantins, ainda tem muito a desenvolver.<br />

3. 4. Resumo das forças e fraquezas do Estado do<br />

Tocantins<br />

Após amplo diagnóstico das culturas de milho e soja no Estado<br />

do Tocantins, têm-se a Tabela 3.33 que resume suas principais<br />

forças e fraquezas nos mais variados aspectos analisados.<br />

<br />

taBEla 3.33<br />

Forças e fraquezas do Estado do Tocantins<br />

FORÇ<strong>AS</strong><br />

Logística<br />

• Realização de obras de infraestrutura como<br />

• Porto seco<br />

• Pátios ferroviários<br />

• Parque tecnológico do Tocantins<br />

• Ecoporto Praia Norte (com rota de três principais portos do Brasil, Manaus/AM,<br />

Belém/PA e Itaqui/MA)<br />

• Centros logísticos<br />

• Evolução da malha rodoviária pavimentada<br />

• O porto de Itaqui é um grande player de exportação do Tocantins, e o principal<br />

porto que o Estado utiliza para o escoamento dos grãos<br />

• Ferrovia Norte-Sul operada pela VLI<br />

• Rodovia Belém-Brasília<br />

• Pelt<br />

• Prologística<br />

Recursos Hídricos<br />

• Bacia hidrográfica favorável


150<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

• Grande aptidão para irrigação<br />

• 4,8 milhões de hectares com potencial para irrigação<br />

• Prodoeste<br />

Características edafoclimáticas<br />

• Períodos de chuva bem definidos durante o ano<br />

• Topografia favorável para cultivo de grãos<br />

• Potencial de exploração das várzeas tropicais para soja e milho<br />

• Grande percentual da área do Estado destinado a áreas de preservação ambiental,<br />

dando caráter de produção sustentável ao Estado<br />

Agroindústria<br />

• Presença de indústria e processamento de grãos com estrutura nova e moderna,<br />

com alta capacidade de processamento<br />

Aspectos econômicos e políticos<br />

• Programas de incentivo ao desenvolvimento estadual: Proindústria, Prosperar,<br />

Prologística<br />

• Programa de incentivos fiscais para indústria de fertilizantes<br />

• Políticas federais específicas para a região MATOPIBA<br />

• Fundo de Investimento na Amazônia (Finam) objetiva implantação, modernização,<br />

ampliação e/ou diversificação de projetos da iniciativa privada. Busca o<br />

desenvolvimento sustentável da região amazônica. Assim, as empresas que têm<br />

apuração com base no lucro real ou estimado podem optar pelo Finam destinando<br />

18% do Imposto de Renda ao Fundo, tendo posteriormente devolvidos a<br />

rentabilidade e à valorização do investimento. Com base na mesma lei, é possível<br />

também obter redução de 75% do valor do imposto de renda da pessoa jurídica<br />

Aspectos específicos para as culturas de soja e milho<br />

• Grande representatividade e importância econômica dos grãos para o Estado<br />

• Bom acesso aos insumos necessários para produção agrícola<br />

• Adubos Tocantins no Estado<br />

Cooperativismo e associativismo<br />

• Presença de um braço da Aprosoja<br />

• O Estado conta com uma cooperativa de produtores em Pedro Afonso (Coapa)<br />

que conseguiu se estabelecer no Estado<br />

• A Cooperativa Frisia, do sul do País, também se instalou no Estado motivada por<br />

cooperados que, com pouca disponibilidade de terras no Rio Grande do Sul,<br />

identificaram no Tocantins a oportunidade para expandir seus cultivos. Ela está<br />

operando no Estado há quase dois anos<br />

FRAQUEZ<strong>AS</strong><br />

Logística<br />

• Aeroporto principal sem estrutura para cargas<br />

• Área com potencial para agricultura ainda sem estrutura logística de apoio<br />

• Poucos pontos de integração intermodal (rodovia – ferrovia) limitam a utilização<br />

da ferrovia<br />

• Baixa capacidade de armazenagem sendo que maior parte está nas mãos das<br />

tradings<br />

• Grande utilização de silo-bolsa que pode prejudicar a qualidade do grão<br />

• Benefícios econômicos oriundos do escoamento da produção pelo modal ferroviário<br />

não chegam ao produtor<br />

• Insuficiente volume de trens e vagões<br />

• Falta de recursos para investimentos na malha rodoviária<br />

• Rodovias mantidas pelo Estado (sem concessões)<br />

• Apenas duas pontes ligam as margens do rio Tocantins, limitando a logística de<br />

um lado para o outro<br />

Características edafoclimáticas<br />

• Grande território com áreas degradadas não aproveitadas e com potencial produtivo<br />

• Relevo dificulta o acesso à Bahia<br />

Cooperativismo e associativismo<br />

• Baixo número de cooperativas e associações representativas<br />

• Falta de incentivos ao cooperativismo. O fortalecimento de uma cooperativa de<br />

produtores poderia trazer como benefícios compra de insumos em conjunto,<br />

acesso a linhas de crédito especiais, volume de grãos para negociar com operador<br />

logístico, armazenagem com possibilidade de negociação de grãos em<br />

períodos mais atrativos<br />

• A produção é dispersa no território, sem constituir polos de produção estruturados<br />

e com cooperação entre os elos da cadeia (princípio para formação de arranjos<br />

produtivos locais)<br />

• Falta de parcerias estratégicas e estruturas de governança com APLs


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 151<br />

• Baixa organização entre produtores, que possuem baixo poder de barganha<br />

Agroindústria<br />

• Dificuldade de obtenção de financiamento de longo prazo por parte da indústria<br />

• Produtos vendidos com menor valor agregado (sem processamento industrial)<br />

• Dificuldade para manter os grãos no Estado, como matéria-prima da agroindústria<br />

• Poucas empresas processadoras de aves e suínos no Estado, que conta com<br />

poucos modelos de integração e consequente consumo reduzido de grãos para<br />

ração<br />

• Tradings com grande poder de barganha para compra e comercialização dos<br />

grãos<br />

Aspectos sociais<br />

• Falta de mão de obra técnica no Estado<br />

• Grande parte da mão de obra do Estado, principalmente a qualificada, empregada<br />

na administração pública<br />

• Dificuldade de assistência técnica principalmente para pequenos produtores<br />

Outros<br />

Aspectos econômicos e políticos<br />

• Dificuldade de financiamento para custeio da produção<br />

• Necessidade de cadastro dos irrigantes<br />

• Entraves ambientais por conta da Amazônia Legal<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


152<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

consoLidação do diagnÓstico


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 153<br />

4. 1. Análise Pest<br />

A PEST é uma análise do ambiente externo que busca agrupar<br />

as variáveis que afetam o desempenho de um negócio<br />

ou setor. A Figura 4.1 mostra como as informações da PEST<br />

são agrupadas em pilares para melhor análise das ameaças e<br />

oportunidades para o setor estudado.<br />

As ameaças são tendências do ambiente externo que podem<br />

influenciar como uma barreira a implementação de estratégias.<br />

É importante conhecê-las para delinear ações que<br />

as minimizem ou façam com que o setor estudado encontre<br />

formas alternativas de contorná-las. A Tabela 4.1 mostra as<br />

principais ameaças identificadas para as cadeias de soja e milho<br />

no Brasil e no Estado do Tocantins.<br />

⋆<br />

figUra 4.1<br />

Unidades de análise da PEST<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

ECONÔMICO-<br />

NATURAL<br />

SOCIOCULTURAL<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

São levantados programas e<br />

políticas relacionadas com o<br />

potencial de levantamento<br />

de investimentos, a produção<br />

e a industrialização dos<br />

produtos em questão, além<br />

de barreiras e burocracias que<br />

dificultam essas atividades<br />

Abordagem de fatores<br />

econômicos brasileiros e<br />

mundiais que influenciam<br />

positivamente ou<br />

negativamente o mercado<br />

de grãos, principalmente,<br />

o incremento da demanda<br />

(consumo)<br />

Mudanças sociais e culturais<br />

da população, que tenham<br />

impacto no consumo e na<br />

produção (relacionado com<br />

a mão de obra e qualificação<br />

de profissionais) das cadeias<br />

em questão<br />

Desenvolvimentos<br />

tecnológicos ligados ao<br />

setor que podem melhorar<br />

ou dificultar as atividades<br />

de produção e distribuição<br />

de grãos no Estado do<br />

Tocantins<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de WRIGHT KROLL E PARNELL (2000).


154<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 4.1<br />

Ameaças do ambiente externo<br />

• Falta de interesse por empregos rurais (no campo), devido à falta de valorização<br />

da produção agrícola pela sociedade<br />

aMEaÇaS - gEral<br />

Político-legal<br />

• Desconfiança de investidores e empresários devido à situação econômica e política<br />

do Brasil<br />

• Os programas Crop Insurance e Commodities Program que protegem e subsidiam<br />

o produtor americano<br />

• Países estão adotando medidas protecionistas<br />

• Processo de obtenção de licença ambiental é burocrático e demorado<br />

• Seguro rural não é estruturado no Brasil<br />

• Dificuldade de obtenção e acesso ao crédito rural<br />

• Incentivos tributários dificultando a manutenção de grãos no mercado interno<br />

para processamento e agregação de valor<br />

• Instabilidade política<br />

• China possui incentivos para a compra de produtos de baixo valor agregado<br />

(grãos) para processamento no País<br />

Econômico-natural<br />

• Aumento dos estoques mundiais de commodities, o que causa desvalorização<br />

• Maiores pressões por sustentabilidade podem limitar a expansão da cultura<br />

• Competitividade das regiões brasileiras mais tradicionais (centro-oeste e sul), que<br />

continuam a se desenvolver<br />

• Instabilidade climática pode ter efeitos negativos nas safras brasileiras<br />

• Formação de oligopólios de empresas do agronegócio pela fusão de diversas<br />

multinacionais do setor<br />

• Chegada de novas pragas e doenças<br />

• Variação cambial<br />

• Expectativa no que pode vir de produção da África no futuro<br />

Sociocultural<br />

• Mudança nas preferências e exigências dos consumidores em relação ao consumo<br />

de alimentos<br />

• Envelhecimento da população nacional<br />

• Êxodo rural, que pode causar diminuição da disponibilidade de mão de obra no<br />

campo<br />

Tecnológico<br />

• Desenvolvimento de tecnologias substitutas dos biocombustíveis que podem<br />

diminuir a demanda pela soja brasileira<br />

• Suplementos proteicos e energéticos que podem substituir a soja e o milho para<br />

ração animal<br />

• Desenvolvimento de pesquisas para produção de carnes a base de fungos, insetos<br />

e outras fontes proteicas<br />

• Dificuldades de armazenagem devido aos custos e à preocupação com segurança<br />

do produto<br />

• Aumento dos preços dos insumos agrícolas<br />

• Avanço da resistência em plantas daninhas, insetos e fungos aos defensivos no<br />

mercado<br />

• Baixa diversidade de modais de transporte para escoamento da produção, e precariedade<br />

dos existentes<br />

AMEAÇ<strong>AS</strong> - SOJA<br />

Político-legal<br />

• Portaria MME n°516/2015 estabelece os percentuais máximos de mistura voluntária<br />

de biodiesel ao óleo diesel, além da adição obrigatória<br />

• Estados importantes na produção de soja com incentivos diferenciados para a<br />

destinação dos grãos à agroindústria<br />

• Argentina possui forte apoio para o processamento de soja internamente<br />

Econômico-natural<br />

• Crescimento das exportações mundiais, com destaque para o desempenho das<br />

vendas americanas<br />

• Dependência das exportações brasileiras para a China, destino responsável por<br />

67% das vendas do País<br />

• Produtos processados tem papel secundário nas vendas brasileiras de soja<br />

• Aumento considerável dos custos de produção nacional, passando de R$ 23,59/<br />

sc em 2007/08 para R$ 45,09/sc em 2015/16<br />

• Diminuição dos preços da commodity


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 155<br />

• Emergência de doenças como a ferrugem, que compromete fortemente a produtividade<br />

e tem desenvolvido resistência aos fungicidas do mercado<br />

• Chegada de novas culturas no Estado, como a cana-de-açúcar, substituindo área<br />

de grãos<br />

Tecnológico<br />

• Aumento dos esmagamentos chineses, para venda de soja com maior valor agregado<br />

• Questionamentos, por alguns grupos, quanto à segurança no uso de transgênicos<br />

AMEAÇ<strong>AS</strong> - MILHO<br />

Econômico natural<br />

• Apesar de terceiro maior produtor mundial, o Brasil não tem grande influência no<br />

mercado internacional de milho<br />

• Alta influência das cotações internacionais e os períodos de alta volatilidade dos<br />

preços nos mercados futuros que podem levar a perdas com ajuste de margem.<br />

• Custos de produção cotados em dólar e dependentes da matéria-prima petroquímica<br />

(fertilizantes e defensivos agrícolas)<br />

• Consumo interno com crescimento lento, se comparado ao aumento de produção<br />

Tecnológico<br />

• Aparecimento de falhas nas transgenias do milho estão tornando as plantações<br />

suscetíveis às pragas e doenças<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

As oportunidades indicam tendências que estão ocorrendo<br />

no ambiente externo ao das cadeias de soja e milho que<br />

podem ser aproveitadas para impulsionar o segmento. A<br />

Tabela 4.2 mostra as principais oportunidades identificadas<br />

no ambiente externo.<br />

<br />

taBEla 4.2<br />

Oportunidades do ambiente externo<br />

oPortUNiDaDES - gEral<br />

Político-legal<br />

• Instrução Normativa (IN) n° 25, 2017, que simplifica o processo de importação e<br />

exportação de sementes através da desburocratização.<br />

• Está prevista uma revisão na Lei n°10.711 para que seja obrigatória a certificação<br />

também de sementes geneticamente modificadas, assim como é feito com as<br />

demais e não apenas o atestado de origem genética, como é feito atualmente.<br />

• Lei Kandir, incentivo da venda externa de grãos através da isenção do ICMS para<br />

produtos primários e do PIS para a exportação. Se revista vira ameaça.<br />

• Isenção de PIS e Cofins para soja em grão, processada e farinha de milho.<br />

• Incentivos tributários estaduais voltados para a industrialização de produtos agrícolas.<br />

• Atualização de questões no Pacote de Bali (2013), que visam à redução da burocracia<br />

e tentativa de diminuição dos custos de exportação.<br />

• Reestruturação das políticas agrícolas por parte de países em desenvolvimento.<br />

Econômico-natural<br />

• Tendência de aumento de investimentos internacionais no agronegócio<br />

• Desenvolvimento e investimento na fronteira agrícola MATOPIBA na produção<br />

de grãos<br />

• Grande disponibilidade de terras cultiváveis no Brasil<br />

• Valor da terra em território nacional ainda se mantém bastante acessível se comparado<br />

a outros países<br />

• Cooperativismo desenvolvido em outras regiões do Brasil com chance de migrar<br />

para as regiões de fronteiras agrícolas<br />

• De acordo com a projeção dos próximos dez anos, quem deve obter a maior variação<br />

na produção de soja em grãos, dentre os estados analisados, é o Tocantins,<br />

seguido por Roraima<br />

• Em área plantada, o Tocantins deve sair de 877 mil hectares, podendo chegar em<br />

1.399 mil hectares contabilizando uma variação de 59,4% até 2025/26<br />

• A participação regional na produção de soja tem a tendência de lentamente migrar<br />

do sul para as regiões norte e nordeste, onde ainda existem áreas disponíveis<br />

para crescimento


156<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

• Aumento da renda familiar faz com que cresça o consumo interno dos produtos<br />

processados e, principalmente, proteínas animais<br />

• Aumento da população traz aumento de demanda por produtos agrícolas<br />

Sociocultural<br />

• Mudança no comportamento dos consumidores em relação ao setor de alimentos<br />

e maior demanda por produtos mais saudáveis, naturais e que mostrem sua<br />

origem<br />

• Grande parte da população brasileira na faixa etária economicamente ativa (PEA)<br />

• Maior distribuição de renda entre as famílias, reduzindo o número de famílias em<br />

classes mais baixas<br />

Tecnológico<br />

• Tendência do uso de novas sementes geneticamente modificadas e insumos,<br />

principalmente genéricos e biológicos<br />

• Tendência mundial de aumento da agricultura de precisão e automatização.<br />

• Aumento dos esmagamentos mundiais de soja, o que traz maior valor agregado<br />

ao produto<br />

• Soja e milho, por terem grande importância econômica, são o principal foco de<br />

pesquisas e desenvolvimento de tecnologias<br />

• Desenvolvimento de pesquisas com RNA interferente<br />

• Aumento da produtividade na soja e no milho, por maior investimento tecnológico<br />

dos produtores<br />

• Aumento do uso de consultorias e assistências técnicas por parte dos produtores<br />

a fim de melhorar a produção e a gestão do negócio<br />

• Máquinas mais eficientes e mão de obra mais qualificada<br />

• Processamento interno dos grãos e integração com abatedouros de aves e suínos<br />

(atração de abatedouros)<br />

• Finalização da ferrovia leste-oeste, ligando o Estado do Tocantins à Bahia<br />

OPORTUNIDADES - SOJA<br />

Político-legal<br />

• Lei n° 13.263/2016 determinou um cronograma de aumento progressivo do teor<br />

de biodiesel no diesel fóssil no Brasil a partir de 2017, visando atingir 10% em março<br />

de 2019.<br />

• Negociações brasileiras para diminuição das tarifas chinesas de importação sobre<br />

soja processada (de 13% para 11%), que são muito acima das utilizadas para soja<br />

em grãos<br />

Econômico-natural<br />

• Aumento do consumo mundial em 39,9% nos últimos 10 anos<br />

• Comércio externo da soja ainda totalmente dependente do desempenho do<br />

Brasil e dos Estados Unidos<br />

• Aumento das importações, principalmente por parte da China, de produtos in<br />

natura<br />

• Crescimento do consumo interno, principalmente para uso doméstico, mas também<br />

para a utilização em rações<br />

Sociocultural<br />

• Melhora da imagem da soja como produto saudável e benéfico do consumo humano,<br />

fez com que novos alimentos e bebidas à base do grão fossem desenvolvidos<br />

e inseridos no mercado<br />

• Novos nichos de mercado para proteína vegetal<br />

Tecnológico<br />

• Desenvolvimento de fontes de energia e combustível renováveis à base de soja<br />

• Início da produção de etanol de soja por indústrias de processamento nacional<br />

• Integração lavoura pecuária<br />

OPORTUNIDADES - MILHO<br />

Político-legal<br />

• Avanço dos incentivos à produção de etanol de milho<br />

Econômico-natural<br />

• Crescimento da demanda proporcional à oferta, o que possibilita o aumento das<br />

vendas externas<br />

• Grande diminuição das exportações dos Estados Unidos (-15,7%) pela diminuição<br />

na área colhida e na produtividade do País<br />

• Crescimento no consumo de milho para alimentação animal<br />

• Condições climáticas permitem o cultivo em dois períodos do ano, na safra e<br />

safrinha


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 157<br />

Tecnológico<br />

• Maior investimento dos produtores em sementes geneticamente modificadas<br />

devido às perdas de produtividade no uso de sementes salvas<br />

• Milho Bt está sendo utilizado para aumentar a segurança e a produtividade da<br />

cultura<br />

• Implantação da primeira usina de etanol de milho brasileira no MT<br />

• Produção de álcool (combustível) a partir do milho<br />

⋆<br />

figUra 4.2<br />

Modelo esquemático da ferramenta Cinco Forças de Porter<br />

ameaça de novos<br />

entrantes<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

4. 2. Análise das Cinco Forças de Porter<br />

As Cinco Forças de Porter consiste em uma análise de competividade<br />

dentro de um determinado negócio, indústria ou<br />

setor. Esse modelo permite analisar o grau de atratividade de<br />

um setor da economia.<br />

No modelo das Cinco Forças, como a própria denominação<br />

da ferramenta explicita, são cinco as dimensões analisadas: a<br />

rivalidade entre concorrentes; a ameaça de novos entrantes;<br />

a ameaça de produtos substitutos; o poder de barganha dos<br />

fornecedores; e o poder de barganha dos clientes. A Figura 4.2<br />

esquematiza o modelo de análise.<br />

Uma cadeia produtiva é composta por diversos elos que<br />

consistem em setores menores específicos. A aplicação da ferramenta<br />

das Cinco Forças em uma cadeia produtiva, em nível<br />

estadual, pode ser de acordo com diversos pontos de vista.<br />

Por exemplo, ao mesmo tempo que um produtor de grãos é<br />

poder dos<br />

fornecedores<br />

rivalidade entre<br />

concorrentes<br />

ameaça dos<br />

substitutos<br />

poder dos<br />

clientes<br />

Fonte: Porter (1980).<br />

um consumidor da indústria de defensivos, ele também é um<br />

fornecedor da agroindústria. Nesse sentido, como poderá ser<br />

visto nas análises que seguem, para cada uma delas foi dado<br />

um enfoque específico, ou seja, considerando as particularidades<br />

do Estado do Tocantins, as análises foram conduzidas para<br />

refletirem as questões de maior importância.


158<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

rivalidade entre concorrentes<br />

No contexto do presente projeto, entende-se que este item é o<br />

mais importante da análise das Cinco Forças de Porter. Partindo<br />

da unidade de análise estadual (Tocantins), nesta etapa são<br />

destacados os mais relevantes produtores de soja e milho em<br />

nível nacional e internacional (estados e países), sendo eles considerados<br />

concorrentes do Estado do Tocantins na oferta desses<br />

produtos. Maior foco será dado aos concorrentes nacionais.<br />

Entende-se que, devido às características específicas do<br />

sistema agroindustrial da soja e do milho, a maior concorrência<br />

entre estados não está no acesso ao mercado, mas sim<br />

na atração de investidores que, ao optarem por alocar seus<br />

recursos em determinado estado, impulsionam a economia<br />

estadual como um todo, gerando empregos, aumentando o<br />

recolhimento de impostos e atraindo novos investimentos.<br />

Nesse sentido, entende-se por investidor qualquer agente<br />

que venha atuar em determinado elo da cadeia, seja ele indústria<br />

e distribuição de insumos, produção agrícola, agroindústria<br />

e empresas de apoio.<br />

A facilidade no acesso aos insumos, custo de produção<br />

baixo, apoio na comercialização, presença de cooperativas e<br />

associações fortes, incentivos tributários, disponibilidade de<br />

mão de obra, programas de incentivo à adoção de tecnologia,<br />

estrutura logística, entre outros, são fatores determinantes na<br />

atração de investimentos de um Estado.<br />

A Tabela 4.3 evidencia os principais pontos que diferenciam<br />

os estados produtores de soja e milho no Brasil. Foram<br />

selecionados para essa análise Goiás, Bahia, Mato Grosso e<br />

Paraná.<br />

<br />

GOIÁS<br />

taBEla 4.3<br />

Diferenciais dos estados concorrentes do Tocantins<br />

• Extensão territorial bem definida<br />

• Solidez no sistema cooperativista, principalmente agrícola<br />

• A região centro-oeste é contemplada pelo FCO (Fundo de Financiamento do<br />

Centro-oeste) e FDCO (Fundo de Desenvolvimento do centro-oeste) e GO tem<br />

sua participação garantida<br />

• Hoje o Estado possui muitas indústrias de esmagamento de soja e indústrias de<br />

etanol de milho<br />

• Menor custo de frete dentre os estados analisados, inclusive o Tocantins<br />

• Localização central no País, facilitando recebimento de matéria-prima e escoamento<br />

• Topografia favorável à mecanização<br />

• Estado com menor perda logística na produção de soja, entre os cinco maiores<br />

produtores<br />

• Variedade de soja indicada exclusivamente para o Estado<br />

BAHIA<br />

• Relevo plano<br />

• Clima favorável<br />

• Mercado consumidor interno (nordeste) muito forte<br />

• São realizados projetos pela Fundação Bahia de trabalhos de campo para a soja,<br />

pensando em aumentar o nível tecnológico da produção<br />

• O Estado possui duas grandes cooperativas, Cooproeste e Cooperfarm, com o<br />

número de cooperados aumentando<br />

• Possui programa para desenvolvimento da agricultura chamado Prodeagro. Os<br />

recursos do programa advêm de crédito fiscal concedido de acordo com o Decreto<br />

Nº 14.500/2013. O milho e a soja, quando adquiridos com diferimento do ICMS<br />

e destinados à industrialização, seguem percentuais específicos


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 159<br />

• O Estado possui uma boa disponibilidade de área para aumentar a produção,<br />

possuindo uma projeção positiva para os próximos anos<br />

• A Cargill irá montar outra fábrica de esmagamento de soja que deve fomentar o<br />

crescimento da produção no Estado<br />

• O Estado passa por uma mudança significativa no sistema de gestão da produção,<br />

com muitos técnicos e engenheiros agrônomos, além de uma mudança na<br />

geração dos produtores<br />

• Produtores com perfil favorável ao investimento em novas tecnologias, o que<br />

coloca o Estado a frente nos níveis de produtividade<br />

MATO GROSSO<br />

• Operações agrícolas com alta tecnologia<br />

• Boa extensão territorial<br />

• Clima favorável<br />

• Existem fundações como a Fundação MT, Fundação Rio Verde, Fundação ABC,<br />

entre outras, que fomentam o desenvolvimento tecnológico dentro do Estado.<br />

• O MT possui um programa destinado à agroindústria que busca fomentar a industrialização<br />

de pequenos produtores por meio de inserção desses agricultores<br />

em cooperativas e associações<br />

• O MT possui um programa que visa a promoção do acesso à terra e investimentos<br />

básicos e produtivos por meio da concessão de linhas de crédito para compra<br />

de imóveis e investimentos na própria terra chamado Programa Nacional de<br />

Crédito Fundiário (PNCF)<br />

• Existem fundos de investimentos específicos para o estado: Fethab (Fundo Estadual<br />

de Transporte e Habitação) e Facs (Fundo de Apoio à Cultura da Soja);<br />

• Presença de usinas que produzem etanol a partir do milho<br />

<strong>PARA</strong>NÁ<br />

• Operações agrícolas com alta tecnologia<br />

• Condições ambientais favoráveis às culturas da soja e do milho<br />

• Solos férteis<br />

• Localização estratégica do Estado, perto de portos para escoamento<br />

• Iniciativa privada e Estado são bem interligados e há uma grande troca de informação<br />

entre os setores<br />

• Possuem um Centro Nacional da Embrapa dentro do próprio Estado, localizado<br />

em Londrina<br />

• Empresas multinacionais como Monsanto possuem suas bases de desenvolvimento<br />

de pesquisa no Paraná<br />

• O estado possui a federação dos agricultores do PRFAEP. A federação e também<br />

as cooperativas desenvolvem trabalhos de conscientização e preparação com os<br />

produtores<br />

• A organização das cooperativas do estado Ocepar também possui programas do<br />

governo do estado pela da Emater<br />

• O PR possui programas de incentivos rurais destinados aos grandes e pequenos<br />

produtores<br />

• O plano do governo chamado Agropecuária Paranaense consiste em diferentes<br />

programas para cada região do Estado, de acordo com a característica da região<br />

para promover o desenvolvimento da agropecuária no Paraná<br />

• O projeto Soja Mais Sustentável, tem o objetivo de promover uma maior sustentabilidade<br />

com a produção sustentável de grãos, adotando de boas práticas<br />

agrícolas<br />

• Cultura cooperativista altamente desenvolvida<br />

• Possui o maior número de cooperativas do Brasil<br />

• As cooperativas têm investido em pesquisas, melhorando a tecnologia e investido<br />

em uma infraestrutura grande e com capacidade técnica muito elevada<br />

• O Estado tem trabalhado na estruturação da qualidade da produção, com treinamento<br />

na linha de manejo de pragas, conservação de solo, juntamente com a<br />

Emater e outras pesquisadoras, para desenvolver uma condição mais adequada<br />

de produção<br />

• Possui um programa de seguro rural com 29 culturas englobadas<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de fontes diversas e entrevistas.<br />

poder de barganha dos fornecedores<br />

Nesta etapa de análise, é observado o poder de barganha<br />

dos fornecedores sobre um negócio. Como a cadeia de grãos<br />

no Estado do Tocantins está pautada na produção e exportação,<br />

com pouca expressividade da agroindústria, a análise<br />

foi feita pela lente do produtor agrícola de soja e milho, sendo<br />

analisados os fornecedores de insumos para a produção.<br />

Visto uma maior semelhança entre as cadeias nesses aspectos,<br />

a análise foi realizada para o milho e a soja em con-


160<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

junto. Os itens que seguem destacam os principais pontos levantados<br />

a respeito do poder de barganha dos fornecedores.<br />

• Geralmente os fornecedores de insumos, seja diretamente<br />

para os produtores ou para os canais de distribuição,<br />

são grandes empresas, multinacionais com<br />

atuação em todos os estados do País. O setor de insumos<br />

agrícolas, principalmente de defensivos, está passando<br />

por uma fase de consolidação, em que os líderes<br />

de mercado estão em processos de fusões e aquisições.<br />

Essa consolidação aumenta o poder de barganha das<br />

indústrias.<br />

• Outro aspecto que influencia no poder de barganha de<br />

insumos agrícolas são os produtos patenteados. Alguns<br />

defensivos essenciais para a cultura da soja e do milho<br />

ainda possuem sua tecnologia restrita a apenas um fornecedor.<br />

Isso aumenta consideravelmente o poder de<br />

barganha desse fornecedor que não possui concorrentes<br />

para balizamento do preço.<br />

• O poder de barganha de fornecedores de fertilizantes<br />

sólidos que combinam sódio, potássio, entre outros elementos,<br />

é menor tendo em vista a facilidade de acesso às<br />

matérias-primas para desenvolvimento desses produtos,<br />

e consequentemente o maior número de fornecedores.<br />

• Devido à pouca organização dos produtores de grãos do<br />

Estado do Tocantins, o poder de barganha na aquisição<br />

de insumos é diretamente proporcional ao tamanho individual<br />

do produtor, ou seja, quanto maior o produtor,<br />

maior o seu poder de barganha.<br />

• As cooperativas possuem um papel importante no equilíbrio<br />

do poder de barganha entre os fornecedores e<br />

compradores. Pelo fato de o Tocantins não possuir um<br />

sistema cooperativista forte e estruturado, o poder de<br />

barganha dos fornecedores de insumos é maior.<br />

• A cadeia do milho possui uma maior quantidade de pequenos<br />

e médios produtores, diminuindo ainda mais o<br />

poder de barganha nessa cadeia.<br />

• Outro aspecto que pode influenciar o poder de barganha<br />

dos produtores frente aos fornecedores de insumos é a<br />

sua infraestrutura de armazenagem de produtos. Grandes<br />

empresas, multinacionais e distribuidores destinam<br />

parte significante de seus recursos financeiros e estrutura<br />

física para atender e entregar os produtos no momento<br />

ideal para o produtor. Uma vez que esse possui<br />

estrutura para armazenagem, a necessidade de entregas<br />

picadas é reduzida, o que torna esse produtor um cliente<br />

preferencial.<br />

• Os pools de compras são uma tendência que já está muito<br />

fortalecida na região do cerrado brasileiro. Eles consistem<br />

em produtores se organizando em estruturas jurídicas


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 161<br />

específicas para comprarem seus insumos em conjunto,<br />

representando um volume maior para a indústria e,<br />

consequentemente, aumentando seu poder de barganha.<br />

Mato Grosso, Goiás, Maranhão e Bahia, estados que fazem<br />

fronteira com o Tocantins, já possuem pools de compras<br />

estabelecidos. Alguns desses já atendem produtores do<br />

Tocantins para a compra de insumos em conjunto.<br />

poder de barganha dos clientes<br />

Seguindo o mesmo racional da análise de poder de barganha<br />

dos fornecedores, esse item avalia o poder de barganha<br />

dos clientes ou consumidores da soja e do milho produzidos<br />

no Estado do Tocantins.<br />

• Com relação ao preço de venda dos grãos, produtores de<br />

soja e milho possuem pouca autonomia, uma vez que os<br />

produtos são vendidos como commodities, com preços<br />

pautados em bolsa de valor. Isso também faz com que<br />

haja uma baixa diferenciação entre os derivados de soja<br />

e milho.<br />

• A presença e força das tradings no Estado, associada à<br />

baixa organização entre os produtores, fazem com que<br />

eles tenham pouca influência nas condições de venda.<br />

Um dos fatores que influenciam esse baixo poder de<br />

barganha é o modelo de custeio utilizado. Produtores<br />

descapitalizados que não conseguem recursos de financiamento<br />

para custeio por meio de bancos, com juros<br />

atrativos, estão optando por operações financeiras como<br />

o barter. O barter consiste, de forma simplificada, na<br />

venda antecipada da produção para gerar recursos que<br />

custeiam as lavouras. Dessa maneira, mais uma vez, os<br />

produtores ficam nas mãos das grandes empresas que<br />

possuem capital para financiar a produção.<br />

• A capacidade de armazenagem dos grãos também está<br />

diretamente relacionada com o poder de barganha dos<br />

produtores no momento das vendas. Aqueles que não<br />

possuem seus grãos comprometidos em operações financeiras<br />

e possuem estrutura de armazenagem, podem<br />

aguardar momentos de mercado melhores para<br />

obterem um maior resultado econômico na venda.<br />

• Outro importante mercado consumidor dos grãos são as<br />

agroindústrias. Se o número de agroindústrias, indústrias<br />

de ração e até mesmo processadores de proteína<br />

animal no Estado fosse maior, a possibilidade de diversificação<br />

de mercados seria maior, o que reduziria o poder<br />

de barganha das tradings. Vale pontuar que, no cenário<br />

nacional, as agroindústrias também são mais concentradas<br />

que a produção, porém, para o Tocantins, a diversificação<br />

de destinos é fundamental para aumentar o poder<br />

de barganha do produtor.


162<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

ameaças de novos entrantes<br />

Esta etapa da análise possui o foco em levantar e verificar<br />

as regiões em crescimento que possam se tornar concorrentes<br />

do Tocantins no setor da soja e do milho, sendo nacionais<br />

ou internacionais.<br />

O clima é um fator determinante para a produção da soja<br />

e do milho em função das suas exigências de características<br />

adequadas em seus locais de plantio. A logística para o escoamento<br />

dos grãos também reflete no poder que um país ou estado<br />

tem em se tornar um concorrente do Tocantins. Seguem<br />

os pontos de destaque na análise.<br />

• A África do Sul vivencia grande crescimento na sua<br />

produção de soja. A oleaginosa tem substituído o milho,<br />

principal cultura no país. A área de soja plantada<br />

em 2016 foi de 574 mil hectares com uma produção de<br />

1.340 mil toneladas, cuja maioria foi destinada para o<br />

processamento. Já o milho, devido a chuvas favoráveis<br />

no ano, possui estimativas de crescimento de 86% em<br />

relação à safra anterior, segundo o Comitê de Estimativas<br />

do país.<br />

• Na América do Sul, o Brasil e Argentina são os grandes<br />

produtores, e outros países vêm se destacando no plantio<br />

de soja como o Paraguai, a Bolívia e o Uruguai.<br />

• A Ucrânia possui uma localização estratégica e solos<br />

muito férteis para produção e exportação do milho.<br />

• Em relação às exportações, o principal porto para escoamento<br />

dos grãos continua sendo o porto de Santos,<br />

escoando mais de 80% da produção nacional. Porém os<br />

portos do Arco Norte, que englobam os municípios de<br />

Itacoatiara (AM), Santarém e Vila do Conde (PA), Itaqui<br />

(MA) e Salvador (BA) vêm ganhando destaque no escoamento<br />

dos grãos, com um crescimento de 177% de<br />

acordo com a CNA. Estados da região norte que assim<br />

como o Tocantins podem vir a ser importantes produtores,<br />

também, podem se beneficiar dessa localização<br />

estratégica.<br />

• A região nordeste apresenta o maior índice de crescimento<br />

na produção e também na produtividade da soja.<br />

Os estados nordestinos possuem um forte potencial de<br />

crescimento para as culturas da soja e do milho, pela<br />

grande extensão territorial, possuindo grande potencial<br />

de exploração e também climas favoráveis para a produção.<br />

O Nordeste apresentou um índice de crescimento<br />

de 76% na produtividade da soja e 83,2%, no milho.<br />

Em relação à produção, a região teve um crescimento de<br />

89,3% na soja e 93,9%, no milho.<br />

ameaça de produtos substitutos<br />

Os produtos substitutos são aqueles oriundos de setores


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 163<br />

diferentes, mas que concorrem pelo mesmo mercado. Um<br />

exemplo clássico são os sucos e os refrigerantes. Tratam-se<br />

de produtos diferentes, mas com mercado em comum, o de<br />

bebidas. O forte desenvolvimento de um desses produtos<br />

pode reduzir significantemente o mercado do outro. Na presente<br />

análise, foram considerados os produtos oriundos das<br />

cadeias de soja e milho.<br />

• Devido ao farelo de soja e milho serem os principais<br />

componentes da ração animal, o custo de produção é<br />

altamente influenciado pelo valor das commodities em<br />

questão. Visto isso, produtores têm buscado outras fontes<br />

de proteínas para compor a ração animal, procurando<br />

reduzir os custos de produção.<br />

• O sorgo, mesmo sendo uma commodity que não possui<br />

alta disponibilidade comercial, poderia ser um possível<br />

substituto do milho na composição da ração animal, pois<br />

possui um valor de mercado inferior e também é fonte<br />

proteica.<br />

• A raiz de mandioca e o caldo de cana também são alternativas<br />

para a composição da alimentação animal, porém<br />

possuem um nível energético inferior ao do milho,<br />

Sendo assim, é interessante um complemento de outras<br />

fontes proteicas na composição da ração animal.<br />

• Com maiores níveis energéticos que o farelo de soja e o<br />

milho, o farelo de arroz integral e a semente de girassol<br />

apresentam elevados teores de extrato etéreo, sendo uma<br />

alternativa para composição da alimentação animal.<br />

• Uma tendência que ameaça os setores da soja e do milho<br />

é o surgimento de carros movidos a energia elétrica<br />

como alternativa aos biocombustíveis. Outro ponto importante<br />

dessa fonte de energia é a redução de gases que<br />

afetam o aquecimento global e o efeito estufa.<br />

• A cana-de-açúcar é atualmente a principal fonte do etanol<br />

no Brasil, sendo mais energético que o etanol produzido<br />

pelo milho. Outra vantagem do etanol da canade-açúcar<br />

é a produtividade: Um hectare rende cerca de<br />

90 toneladas e produz aproximadamente 7 mil litros de<br />

etanol. Já um hectare de milho produz cerca de 20 toneladas<br />

de milho tendo um rendimento de aproximadamente<br />

3500 litros de etanol.


164<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

oBJetiVos estratÉgicos<br />

para a cadeia


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 165<br />

A partir de todo diagnóstico e análises desenvolvidas para<br />

as cadeias de soja e milho do Estado do Tocantins, seu posicionamento<br />

estratégico para os próximos 10 anos foi determinado.<br />

A partir do posicionamento almejado e em linha com<br />

ele, os objetivos foram traçados de forma a direcionar os projetos<br />

a serem desenvolvidos durante o período determinado.<br />

Nessa etapa serão apresentados o posicionamento estratégico<br />

para o Estado e os objetivos estratégicos que nortearão o<br />

desenvolvimento de projetos para as cadeias produtivas de<br />

soja e milho no Tocantins.<br />

Os objetivos e direcionadores aqui listados foram elaborados<br />

pela Markestrat com base em toda a etapa inicial de<br />

diagnóstico externo e interno, ou seja, de dados secundários<br />

em materiais, bancos de dados, relatórios, sites e outros; e dados<br />

primários obtidos por meio de entrevistas com diversos<br />

agentes da cadeia: produtor de grãos, associação, cooperativa,<br />

sindicato, fundações, indústria de processamento, agentes logísticos,<br />

representantes do setor público, importantes órgãos<br />

como Embrapa, FIETO, federações, entre outros.<br />

posicionamento<br />

O posicionamento estratégico pode ser definido como a<br />

escolha de uma organização desempenhar suas atividades<br />

de forma diferente do que é realizado pelos concorrentes, ou


166<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

Dimensão 1 - Produtividade<br />

gráfico 5.1<br />

Posicionamento estratégico da cadeia de soja do Tocantins<br />

ALTO<br />

BAIXO<br />

to<br />

BAIXO<br />

Ba<br />

Dimensão 2 - Volume de produção<br />

ALTO<br />

*o posicionamento futuro foi definido apenas para o Estado do Tocantins,<br />

sendo que a posição dos demais estados na matriz são baseadas em suas<br />

situações atuais. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir do diagnóstico.<br />

seja, um jeito único de entregar valor a seus consumidores.<br />

No caso das cadeias produtivas, o posicionamento estratégico<br />

deve servir de base para os macro objetivos e refletir qual será<br />

o diferencial da produção do Tocantins perante outros polos<br />

de referência e produção dos grãos.<br />

Apesar de possuírem diversas semelhanças, as cadeias de<br />

soja e milho no Estado tem suas peculiaridades, o que fez com<br />

que se optasse por definir posicionamentos distintos para as<br />

duas culturas.<br />

soja<br />

Com base nos materiais e entrevistas realizados, percebe-se<br />

que o Estado do Tocantins tem grande vocação para a produção<br />

de soja, porém seus níveis de produtividade ainda estão<br />

abaixo daquele encontrado nos principais estados produtores<br />

do País. A produtividade está diretamente relacionada com os<br />

avanços tecnológicos da cultura e adoção de tais tecnologias. O<br />

aumento da produtividade, juntamente com a evolução da área<br />

plantada no estado que ainda tem potencial para expansão, aumentará<br />

consideravelmente a produção.<br />

O aumento da produção agrícola no Estado contribuirá fortemente<br />

para que um maior processamento de soja se torne<br />

uma realidade, uma vez que haverá oferta suficiente para a<br />

indústria instalada, potencializando a atração de futuros investidores.<br />

O processamento da soja no Estado também parece<br />

ser fundamental para seu maior desenvolvimento social,<br />

uma vez que aumenta consideravelmente a geração de empregos,<br />

o recolhimento de tributos e, consequentemente, a<br />

movimentação de renda como um todo, que traz consigo o<br />

desenvolvimento regional.<br />

to<br />

Go<br />

pr<br />

Mt<br />

POSIÇÃO ATUAL<br />

POSIÇÃO FUTURA


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 167<br />

No Gráfico 5.2 a seguir, é possível observar qual é o posicionamento<br />

almejado para a cadeia produtiva da soja no Estado<br />

e quão distante se encontra hoje dessa situação. Ao mesmo<br />

tempo foram inseridos polos referências na produção e produtividade.<br />

Como pode ser visto na figura, atualmente o Paraná é o estado<br />

que conta com maior produtividade enquanto que Mato<br />

Grosso tem a maior produção do País. No que tange ao volume<br />

de produção, como já apresentado anteriormente, o Tocantins<br />

atualmente ocupa a nona posição. Acredita-se que, ao<br />

atingir os objetivos propostos no presente estudo, o Tocantins<br />

tem a possibilidade de passar para a 6ª colocação dentre os<br />

maiores produtores do Brasil, ficando atrás de MT, PR, RS, GO<br />

e MS. A Bahia é o Estado que mais se aproximará da posição<br />

almejada para o Tocantins nos próximos 10 anos. Dessa maneira,<br />

o Estado deve buscar formas de se diferenciar para de<br />

fato alcançar a 6ª posição no ranking.<br />

<br />

Dimensão 1 - Consumo interno (produção - exportação de grãos)<br />

gráfico 5.2<br />

Posicionamento estratégico da cadeia de milho do Tocantins<br />

ALTO<br />

BAIXO<br />

to<br />

BAIXO<br />

Ba<br />

to<br />

Mt<br />

Dimensão 2 - Produtividade média<br />

pr<br />

ALTO<br />

Go<br />

POSIÇÃO ATUAL<br />

POSIÇÃO FUTURA<br />

milho<br />

A cadeia produtiva do milho tem grande oportunidade de<br />

crescimento guiada pelo aumento do seu consumo como ração<br />

para a produção de proteína animal, seja bovina, suína ou<br />

de frangos. A pecuária já é uma atividade de grande importância<br />

econômica no Estado do Tocantins, porém atualmente<br />

ela é de caráter extensivo, ou seja, trata-se de uma pecuária<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir do diagnóstico.<br />

a pasto, que não consome o milho processado na forma de<br />

ração. No curto/médio prazo, entende-se que as principais<br />

oportunidades no aumento do consumo interno de milho se<br />

darão por meio da intensificação da pecuária, com adoção de<br />

modelos de pecuária semiextensiva, integração lavoura pecuária<br />

ou até mesmo com a utilização de confinamentos; e por


168<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

meio da expansão da avicultura e suinocultura no Estado, que<br />

ainda são atividades incipientes, mas com muito potencial de<br />

crescimento.<br />

O volume produzido, porém, precisa se expandir por meio<br />

de áreas plantadas, mas, principalmente, por avanços em<br />

produtividade. Para isso serão necessários investimentos e<br />

pesquisas focadas no desenvolvimento de tecnologias do milho<br />

e em sua melhor adaptação às condições e características<br />

das regiões produtivas do Estado do Tocantins.<br />

No Gráfico 5.2, pode-se comparar a realidade atual do<br />

Tocantins com outros estados concorrentes e que têm interessante<br />

participação na produção de grãos brasileira. Além<br />

disso, evidencia-se também a alteração no posicionamento<br />

estratégico almejada para a cadeia no horizonte de 10 anos.<br />

Como pode ser visto, com relação à produtividade, o Estado<br />

de GO se destaca, seguido do Paraná. Já no consumo interno<br />

de grãos que pode ser entendido como destinação do grão<br />

para fabricação de ração animal, o Paraná sai na frente, com<br />

Goiás em segundo lugar.<br />

Comparado aos estados utilizados na análise, o Tocantins<br />

ainda se encontra com a menor produtividade e baixo consumo<br />

interno dos seus grãos que são majoritariamente exportados.<br />

A visão para os próximos 10 anos buscaria uma posição<br />

semelhante àquela que o estado de o Mato Grosso ocupa<br />

atualmente.<br />

<br />

taBEla 5.1<br />

Missão e visão para as cadeias de soja e milho no Tocantins<br />

MISSÃO<br />

Produzir e comercializar os produtos<br />

do complexo de soja com altos<br />

padrões de qualidade, atendendo à<br />

demanda de seus consumidores de<br />

forma sustentável e contribuindo de<br />

maneira social e econômica para o<br />

Tocantins.<br />

Desenvolver a cadeia produtiva do<br />

milho para que sirva de insumo e<br />

contribua com o crescimento de<br />

outras cadeias produtivas no Estado,<br />

por meio de estratégias e ações<br />

coordenadas.<br />

SoJa<br />

Milho<br />

VISÃO<br />

Ser o mais importante Estado em<br />

volume de produção e agregação de<br />

valor às exportações do complexo<br />

de soja da região norte, por meio da<br />

utilização de tecnologias, aumento<br />

da produtividade e ampliação da<br />

capacidade de processamento de soja<br />

do Estado.<br />

Ser reconhecido como um dos<br />

principais fornecedores de milho<br />

para produção de proteínas animais<br />

do Brasil, por meio do crescimento<br />

de produtividade e utilização de<br />

avançados pacotes tecnológicos.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

missão e visão<br />

Antes de se traçar os objetivos para a cadeia, é interessante<br />

que se estabeleça a missão e a visão como norte, tanto para<br />

a definição de objetivos, quanto para o desenvolvimento dos<br />

projetos estratégicos.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 169<br />

<br />

taBEla 5.2<br />

Objetivos estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia da soja do Estado do Tocantins<br />

oBJetiVos estratÉGiCos<br />

Meta<br />

(prÓXiMos 10 anos)<br />

reFerÊnCia<br />

Fonte<br />

Aumentar a área plantada de soja. Aumento médio de 7,3% ao ano, chegando a 1,9<br />

milhão de hectares.<br />

Atualmente o TO possui área de soja de 964 mil hectares e 4,8 milhões de hectares<br />

com potencial agrícola.<br />

• Conab, (2017c)<br />

• Seplan (2017)<br />

Aumentar a produtividade média<br />

de soja.<br />

Aumento médio de 2,8% ao ano, chegando a 3.749<br />

kg/ha.<br />

Atualmente MT e PR possuem produtividades médias de 3.300 e 3.730 kg/ha,<br />

respectivamente, sendo que já existem produtores atingindo níveis de 6.000 kg/ha.<br />

• Conab (2017c)<br />

Aumentar o volume de produção<br />

de soja.<br />

Aumento médio de 9,75% ao ano, chegando a 7.165<br />

milhões de toneladas.<br />

O valor representa aumento de 4,260 milhões de toneladas, o que equivale a 13%<br />

do aumento da produção nacional projetada pelo Mapa (Brasil sai de 113 milhões de<br />

toneladas e chega a 146 nos próximos 10 anos).<br />

• Conab (2017c)<br />

• Brasil (2017a)<br />

Ampliar a participação do<br />

Tocantins nas exportações<br />

brasileiras de soja.<br />

Contribuir com 15% do aumento do volume exportado<br />

pelo Brasil, chegando a 5,3 milhões de toneladas<br />

exportadas.<br />

Atualmente o Estado exporta 1,08 milhão de toneladas. Contribuir com 15% do<br />

aumento do volume exportado do Brasil significa contribuir com 4,26 milhões de<br />

toneladas. As exportações aumentarão juntamente com o aumento da produção.<br />

• Brasil (2017e)<br />

Ampliar a capacidade estática de<br />

armazenagem de grãos.<br />

Aumento de 15% ao ano chegando a uma capacidade<br />

estática de cerca de 7,5 milhões de toneladas.<br />

Considera os incrementos de produção de soja e milho e a atual relação entre<br />

produção e capacidade estática do Paraná, melhor posicionamento nacional quanto<br />

à armazenagem atualmente (79% da produção). Ainda assim, o estado estará aquém<br />

do ideal.<br />

• Conab (2017e)<br />

• Conab (2017d)<br />

<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017), BR<strong>AS</strong>IL (2017a) e demais fontes citadas na tabela.<br />

taBEla 5.3<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a soja nos próximos 10 anos<br />

2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26<br />

Produção (mil ton) 2.826 3.134 3.475 3.854 4.274 4.739 5.255 5.827 6.462 7.165<br />

Produtividade kg/ha 2.932 3.013 3.097 3.182 3.271 3.361 3.454 3.550 3.648 3.749<br />

Área (mil ha) 964 1.040 1.122 1.211 1.307 1.410 1.521 1.641 1.771 1.911<br />

VaLor Bruto Da proDução* (r$ MiHÕes) 3.238 3.591 3.982 4.416 4.897 5.430 6.021 6.677 7.404 8.210<br />

*considera fechamento CBOT contrato março 18, 29/01/18 equivalente a R$68,75/sc (US$9,915/bu; ptax de R$3,145/US$) / Fonte: elaborado por Markestrat.


170<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

Os objetivos de uma organização se tornam mais claros<br />

pela sua missão que consiste na declaração do propósito da<br />

organização existir, ou seja, do porquê ela foi criada e qual é o<br />

seu DNA. A missão pode ainda apresentar indícios das necessidades<br />

dos stakeholders que são atendidas pela organização.<br />

Por outro lado, a visão de uma organização reflete suas aspirações,<br />

onde quer chegar e/ou o que ela pretende ser, complementando<br />

seu posicionamento estratégico desejado. Possui<br />

uma clara visão de futuro e pode apresentar indícios de como a<br />

organização pretende tornar essa visão realidade.<br />

As missões e visões aqui estabelecidas são declarações do<br />

compromisso das cadeias produtivas de soja e milho com a<br />

sociedade tocantinense.<br />

objetivos estratégicos<br />

Para que a visão e o posicionamento estratégico desejados<br />

para ambas as cadeias seja atingido, foram traçados macro<br />

objetivos dos próximos 10 anos para a soja e o milho no Tocantins.<br />

Esses objetivos tem o intuito de guiar as ações dos<br />

agentes da cadeia em prol do desenvolvimento do agronegócio<br />

tocantinense.<br />

Além disso, os objetivos estratégicos têm como importante<br />

função auxiliar no monitoramento e acompanhamento da<br />

efetividade dos projetos e atividades desenvolvidas, pois estabelecem<br />

metas quantitativas a serem atingidas.<br />

<br />

R$ milhões<br />

gráfico 5.3<br />

Valor Bruto da produção de soja projetado até 2025/26<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

3.238<br />

2016 / 17<br />

Valor bruto da produção<br />

Total adicionado no período: R$ 21,48 bilhões<br />

2016 / 17 ADICIONA<strong>DO</strong><br />

3.238 353<br />

2017 / 18<br />

3.238 744<br />

2018 / 19<br />

3.238 1.177<br />

2019 / 20<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Todos os objetivos foram desenvolvidos levando em conta o<br />

diagnóstico das cadeias produtivas, realizado nas seções anteriores<br />

desse documento, e projeções de órgãos renomados<br />

como o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

(Mapa) e o Departamento de Agricultura dos Estado Unidos<br />

3.238 1.658<br />

2020 / 21<br />

3.238 2.191<br />

2021 / 22<br />

3.238 2.782<br />

2022 / 23<br />

3.238 3.438<br />

2023 / 24<br />

3.238 4.165<br />

2024 / 25<br />

3.238 4.971<br />

2025 / 26


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 171<br />

(USDA). Os objetivos buscam ser claros, palpáveis e ao mesmo<br />

tempo desafiadores; e podem ser periodicamente atualizados<br />

conforme o desempenho do Estado. Tendo em vista as diferenças<br />

quantitativas das cadeias de soja e milho, os objetivos<br />

foram separados por cadeias.<br />

de 36 milhões de toneladas. Desse volume, o relatório de projeções<br />

do USDA estima que o Brasil responderá por 79%, ou<br />

seja, 28,4 milhões de toneladas. Os objetivos propostos na<br />

Tabela 5.2 consideram que o Tocantins contribuirá com 15%<br />

do aumento do volume estimado para o Brasil, ou seja, com<br />

objetivos para a cadeia da soja<br />

<br />

De acordo com as previsões, nos próximos 10 anos, as importações<br />

mundiais de soja terão um incremento de volume<br />

taBEla 5.4<br />

Objetivo estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia do milho do estado do Tocantins.<br />

um incremento de 4,26 milhões de toneladas..<br />

Atingir as metas propostas permitirá que o Tocantins passe<br />

a 6º maior produtor nacional de soja, tendo participação<br />

de 4,8% da produção nacional, que atualmente é de 2,5%. A<br />

oBJetiVos estratÉGiCos<br />

Meta<br />

(prÓXiMos 10 anos)<br />

reFerÊnCia<br />

Fonte<br />

Aumentar a área plantada de<br />

milho.<br />

Aumento médio de 11% ao ano, chegando a 593 mil<br />

hectares.<br />

Atualmente o TO possui área de milho de 201 mil hectares (safra e safrinha) e<br />

964 mil hectares de área de soja. Somente com a safrinha, a área de milho tem<br />

possibilidade de aumento superior ao proposto.<br />

• Conab (2017c)<br />

Aumentar a produtividade média<br />

do milho.<br />

Aumento médio de 3% ao ano, chegando a 6.000 kg/ha.<br />

Atualmente, MT possui produtividade média de 6.222 kg/ha. A produtividade atual<br />

do TO é de 4.485 kg/ha.<br />

• Conab (2017c)<br />

Aumentar o volume de produção<br />

de milho.<br />

Aumento médio de 14,7% ao ano, chegando a 3.563<br />

milhões de toneladas.<br />

O valor representa aumento de 2,660 milhões de toneladas, o que equivale a<br />

10,25% do aumento da produção nacional projetada pelo Mapa (Brasil sai de 97,8<br />

milhões de toneladas e chega a 118,8 nos próximos 10 anos).<br />

• Conab (2017c)<br />

• Brasil (2017a)<br />

Ampliar a capacidade estática de<br />

armazenagem de grãos.<br />

Aumento médio de 15% ao ano, chegando a uma<br />

capacidade estática de cerca de 7,5 milhões de<br />

toneladas.<br />

Considera os incrementos de produção de soja e milho e a atual relação entre<br />

produção e capacidade estática do Paraná, melhor posicionamento nacional<br />

quanto à armazenagem atualmente (79% da produção). Ainda assim, o estado<br />

estará aquém do ideal.<br />

• Conab (2017e)<br />

• Conab (2017c)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017), Brasil (2017a) e demais fontes citadas na tabela.


172<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

<br />

taBEla 5.5<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a milho nos próximos 10 anos<br />

2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26<br />

Produção (ton) 902.382 1.050.909 1.223.883 1.425.328 1.659.930 1.933.146 2.251.331 2.621.889 3.053.438 3.556.017<br />

Produtividade kg/ha 4.485 4.633 4.785 4.942 5.105 5.273 5.446 5.626 5.811 6.002<br />

Área (mil ha) 201 227 256 288 325 367 413 466 525 592<br />

VaLor Bruto Da proDução* (r$ MiLHÕes) 499 582 677 789 918 1.070 1.246 1.451 1.690 1.968<br />

*considera fechamento BMF contrato março 18, 29/01/18 (R$33,20/sc). / Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

<br />

R$ milhões<br />

gráfico 5.4<br />

Valor bruto da produção de milho projetado até 2025/26<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

Valor bruto da produção<br />

Total adicionado no período: R$ 5,9 bilhões<br />

499<br />

2016 / 17<br />

2016 / 17 ADICIONA<strong>DO</strong><br />

499 82<br />

2017 / 18<br />

499 178<br />

2018 / 19<br />

499 289<br />

2019 / 20<br />

499 419<br />

2020 / 21<br />

499 570<br />

2021 / 22<br />

499 746<br />

2022 / 23<br />

499 951<br />

2023 / 24<br />

499 1.190<br />

2024 / 25<br />

2025 / 26 499 1.468<br />

Fonte: elaborado por Markestrat<br />

Tabela 5.3 mostra a evolução linear dos valores da produção<br />

para os próximos 10 anos.<br />

Observa-se que o valor bruto da produção total adicionado<br />

no período equivale a R$ 21,48 bilhões (Gráfico 5.3).<br />

objetivos para a cadeia do milho<br />

De acordo com as previsões (BR<strong>AS</strong>IL, 2017e), nos próximos<br />

10 anos a produção de milho brasileira aumentará cerca<br />

de 30%, saindo de 97,8 milhões de toneladas para 118,8<br />

milhões. Previsões do USDA (2017) indicam que as exportações<br />

brasileiras do produto nos próximos 10 anos vivenciarão<br />

aumento de 40% (incremento de 12,5 milhões de<br />

toneladas), restando incremento de 13,4 milhões de toneladas<br />

no mercado interno, o que significa aumento de 2,5%<br />

ao ano de milho destinado ao mercado interno. Os objetivos<br />

propostos na Tabela 5.4 consideram que o Tocantins


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 173<br />

contribuirá com 10,25% do aumento de volume estimado<br />

para o Brasil, ou seja, com um incremento de 2,7 milhões<br />

de toneladas.<br />

Atualmente, o Tocantins contribui com 0,9% da produção<br />

nacional. Ao atingir as metas propostas, o Estado terá potencial<br />

de aumentar sua participação para 3% dessa produção. A<br />

Tabela 5.5 mostra a evolução linear da produção e dos valores<br />

para os próximos 10 anos.<br />

Observa-se que o valor bruto da produção total adicionado<br />

no período equivale a R$5,9 bilhões conforme o Gráfico 5.4.


estratÉgias centrais e<br />

proJeto estratÉgicos


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 175<br />

Tendo em vista os objetivos propostos e consequente aumento<br />

da competitividade das cadeias de soja e milho no estado<br />

do Tocantins e buscando aproveitar todas as potencialidades<br />

que ele oferece, são sugeridas ações organizadas em<br />

sete pilares estratégicos. A Figura 6.1 mostra o encadeamento<br />

do posicionamento estratégico, objetivos traçados e projetos<br />

a serem desenvolvidos.<br />

As ações propostas foram organizadas em 7 pilares.<br />

1. Produção agrícola e novas tecnologias no campo<br />

• Fomento à pesquisa e desenvolvimento<br />

• Diversificação das estratégias de financiamento da<br />

produção agrícola<br />

2. Fortalecimento do cooperativismo e associativismo<br />

3. Desenvolvimento da agroindústria<br />

• Agregação de valor nas cadeias de soja e milho<br />

• Integração com processamento de proteína animal<br />

4. Infraestrutura<br />

• Logística<br />

• Armazenagem<br />

5. Exportações<br />

6. Sustentabilidade<br />

7. Comunicação<br />

É importante destacar que os pilares estratégicos, bem como<br />

suas ações, não ocorrem de maneira isolada, mas sim de forma


176<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

⋆<br />

figUra 6.1<br />

Encadeamento estratégico das cadeias de soja e milho para o Estado do Tocantins<br />

2016 / 17 2026 / 27<br />

MISSÃO<br />

VISÃO<br />

ÁREA<br />

0,964 mi de hectares<br />

PRODUTIVIDADE<br />

2.933 kg/ha<br />

PRODUÇÃO<br />

2.826 mi ton<br />

Produzir e comercializar os produtos do<br />

complexo soja com altos padrões de<br />

qualidade, atendendo à demanda de<br />

seus consumidores de forma sustentável<br />

e contribuindo de maneira social e<br />

econômica para o Tocantins.<br />

SOJA<br />

Ser o mais importante em volume<br />

de produção e agregação de valor<br />

às exportações do complexo soja da<br />

região norte por meio da utilização de<br />

tecnologias, aumento da produtividade<br />

e ampliação da capacidade de<br />

processamento de soja do Estado.<br />

ÁREA<br />

1,9 mi de hectares<br />

PRODUTIVIDADE<br />

4.000 kg/ha<br />

PRODUÇÃO<br />

7.086 mi ton<br />

ÁREA<br />

201 mi de hectares<br />

PRODUTIVIDADE<br />

4.485 kg/ha<br />

PRODUÇÃO<br />

902,4 mi ton<br />

Desenvolver a cadeia produtiva do milho<br />

para que sirva de insumo e contribua<br />

com o crescimento de outras cadeias<br />

produtivas no Estado por meio de<br />

estratégias e ações coordenadas.<br />

MILHO<br />

PILARES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

Ser reconhecido como um fornecedor de<br />

milho estratégico na região norte para<br />

produção de proteínas animais, por meio do<br />

crescimento de produtividade e utilização<br />

de avançados pacotes tecnológicos<br />

ÁREA<br />

593 mil hectares<br />

PRODUTIVIDADE<br />

6.000 kg/ha<br />

PRODUÇÃO<br />

3.563 mi ton<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

oBJetiVos espeCÍFiCos<br />

produção agrícola e<br />

novas tecnologias no<br />

campo<br />

• Produção agrícola<br />

• Desenvolvimento<br />

tecnológico<br />

• Crédito para<br />

produção<br />

Fortalecimento do<br />

cooperativismo e<br />

associativismo<br />

• Incentivar<br />

cooperativismo e<br />

associativismo<br />

• Desenvolver a<br />

governança das<br />

cadeias produtivas<br />

no Estado<br />

Desenvolvimento da<br />

agroindústria<br />

• Incentivar a<br />

agroindútria<br />

• Aumentar o valor<br />

agregado dos grãos<br />

do Estado<br />

• Desenvolver<br />

novos mercados<br />

consumidores<br />

• Integrar com a<br />

produção animal<br />

Melhorias em<br />

infraestrutura<br />

• Reduzir custo com<br />

transporte<br />

• Aumentar a<br />

capacidade de<br />

armazenagem<br />

evolução nas<br />

exportações<br />

• Aumentar<br />

exportações de<br />

produtos de maior<br />

valor agregado<br />

• Diversificar produtos<br />

da pauta de<br />

exportações<br />

• Diversificar destino<br />

das exportações<br />

sustentabilidade<br />

• Fomentar o<br />

crescimento das<br />

cadeias de soja e<br />

milho no Estado,<br />

respeitando<br />

as práticas de<br />

sustentabilidade<br />

(ambiental, social e<br />

econômica)<br />

Comunicação<br />

• Interna:<br />

conscientizar sobre<br />

importância das<br />

cadeias para o<br />

Estado<br />

• Externa: promover<br />

o Estado visando<br />

investimentos<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 177<br />

complementar. Poderão ser identificadas ações alocadas em<br />

determinado pilar estratégico que, indiretamente, também fortalecem<br />

os demais. Além disso, o desenvolvimento das ações<br />

não é limitado ao âmbito público. A integração entre ações do<br />

setor público com o privado é fundamental para o sucesso.<br />

6. 1. Produção agrícola e novas tecnologias no campo<br />

Este pilar estratégico, bem como as ações nele inseridas<br />

tem como principal objetivo dar base para a manutenção do<br />

crescimento da produção agrícola no Tocantins.<br />

Como já foi descrito, a produção no Estado cresce em ritmo<br />

acelerado e as projeções são favoráveis, porém para que esse<br />

crescimento se dê de forma organizada e sustentável são necessárias<br />

atividades de apoio.<br />

Tendo em vista que o crescimento da produção passa também<br />

por um aumento de produtividade, são fundamentais<br />

ações que invistam no desenvolvimento tecnológico. A capacitação<br />

é parte integrante desse pilar estratégico.<br />

6. 1. 1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento<br />

OBJETIVOS<br />

• Fomentar e promover o desenvolvimento tecnológico das lavouras de soja e milho<br />

por meio de pesquisas que trarão ganhos de produtividade, aproveitamento<br />

de áreas com potencial produtivo e inovação no manejo e cultivo dos grãos.<br />

• Alterar o perfil da cadeia de grãos tocantinense por meio da transferência de<br />

conhecimento e informações ao produtor.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Incentivar a expansão de áreas de soja e milho em locais de pastagens degradadas,<br />

lançando mão da iLPF.<br />

2. Aproveitar o potencial das várzeas tropicais para produção de soja e milho.<br />

3. Fortalecer programas de irrigação no Estado, visando aproveitar todo seu potencial<br />

produtivo.<br />

4. Promover a criação de fundação que trabalhe pelo tema, nos moldes das fundações<br />

Chapadão, ABC, entre outras.<br />

5. Atrair empresas desenvolvedoras de novas tecnologias de produção para o Estado;<br />

6. Aproximar as organizações do Estado de agências de desenvolvimento tecnológico<br />

presentes nos principais estados produtores de soja e milho no país, trazendo<br />

para o Tocantins exemplos de sucesso (benchmarking).<br />

7. Criar um comitê de fomento à pesquisa no estado do Tocantins, com a participação<br />

das principais instituições e pesquisadores referências no setor.<br />

8. Promover a integração entre pesquisa pública e privada em prol do desenvolvimento<br />

da agricultura tocantinense.<br />

9. Mapear os principais gargalos técnicos das cadeias de soja e milho tocantinense<br />

e buscar alternativas para solução e mitigação de seus impactos.<br />

10. Desenvolver pesquisas nos campos.<br />

a. Recuperação de áreas de pastagens degradadas.<br />

b. Desenvolvimento de variedades adaptadas às condições climáticas e às características<br />

do solo do Estado.<br />

c. Defensivos biológicos que promovam aumento de produtividade com sustentabilidade.<br />

d. Tecnologias de irrigação.<br />

e. Agricultura de precisão.<br />

f. Trabalhar no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de produção.<br />

11. Estimular pesquisas focadas nos desafios enfrentados pelas cadeias produtivas<br />

de soja e milho no Estado.<br />

12. Promover o acesso a informações e a pesquisas por meio de congressos, dias<br />

de campo e palestras com novidades tecnológicas e incentivar a adoção dessas<br />

tecnologias pelos grandes, médios e pequenos produtores de soja e milho.<br />

13. Mapear centros de pesquisas e universidades que possuam cursos e pesquisas<br />

relacionadas com a cadeia de soja e milho visando à estruturação de parcerias<br />

para ampliar programas de capacitação e difusão de conhecimento e tecnologias.Instituições<br />

a serem mapeadas: UFT, IFT, Unitins, Itpac, Embrapa, Ruraltins,<br />

Ubec/Faculdade Católica do Tocantins, Ceulp/Ulbra, Sebrae.


178<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

14. Estruturar programa de treinamento via extensionistas da Ruraltins nos seguintes<br />

moldes:<br />

a. seleção de produtores para desenvolvimento de projeto técnico de melhoria<br />

da propriedade;<br />

b. consolidação dos resultados obtidos;<br />

c. utilização desses casos como benchmarking para incentivo à adoção de sistemas<br />

semelhantes por demais produtores.<br />

6. 1. 2. Diversificação das estratégias de financiamento da<br />

produção agrícola<br />

OBJETIVOS<br />

• Ampliar e diversificar a origem do crédito para funding do custeio das safras de<br />

soja e milho<br />

• Estimular a criação de novas estratégias para aquisição de insumos de forma mais<br />

eficiente<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Criar um fundo destinado a investimentos em soja e milho.<br />

2. Promover linhas de crédito direcionadas a propriedades com práticas de sustentabilidade<br />

e alta produtividade como o Programa ABC.<br />

3. Promover linhas de crédito direcionadas a propriedades com práticas inovadoras<br />

como o Programa Inovagro.<br />

4. Desenvolver e aumentar a utilização de instrumentos de financiamento como o<br />

CDA (Certificado de Depósito Agropecuário) e o LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)<br />

e ferramentas para hedge.<br />

5. Qualificar agentes públicos de assistência técnica nos critérios necessários para<br />

o acesso a linhas de crédito existentes.<br />

6. Ampliar o acesso à informação e assistência técnica para que mais produtores<br />

consigam cumprir com os critérios de elegibilidade para as linhas de crédito<br />

com taxas de juros mais baixas; e criar programas de capacitação nas áreas de<br />

crédito, gestão financeira e comercialização da produção, visando à melhoria e<br />

manutenção da capacidade de pagamento dos produtores.<br />

7. Pressionar para que os valores limites de crédito ofertados a juros controlados<br />

sejam ampliados, pois muitas vezes é bem inferior às necessidades do produtor.<br />

8. Alinhamento das instituições financeiras com o Plano Agro+ do MAPA que pretende<br />

desburocratizar e agilizar processos do agronegócio como a concessão<br />

de crédito.<br />

9. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas.<br />

10. Estimular a contratação de financiamento via cooperativas que conseguem<br />

acessar linhas de crédito subsidiadas e, portanto, mais vantajosas; e/ou estruturar<br />

operações para captação de recursos privados a juros menores como a<br />

emissão de CRAs.<br />

11. Incentivar a criação de novos pools de compras de produtores ou a entrada de<br />

pools que já estão consolidados em outros estados.<br />

12. Estimular a entrada de distribuidores de insumos no Estado como forma de<br />

transferir parte da disponibilidade de crédito para a iniciativa privada.<br />

13. Incentivar o uso de trocas (barter) nas cadeias produtivas por meio de parcerias<br />

entre agentes, priorizando a agroindústria como receptora dos grãos.<br />

a. Firmar parcerias com bancos para que sirvam de fiador em operações de<br />

barter com o produtor (como no BB Trading do Banco do Brasil).<br />

6. 2. Fortalecimento do cooperativismo e<br />

associativismo<br />

O aumento da produção de grãos no Estado do Tocantins<br />

passa, obrigatoriamente, pelo fortalecimento do produtor<br />

rural. Como pôde ser visto no decorrer do trabalho, o desenvolvimento<br />

de ações coletivas, por meio da organização de<br />

associações e cooperativas, é um caminho que tem trazido<br />

grandes resultados em outros estados e países produtores.<br />

Vale destacar que as associações e cooperativas são entidades<br />

de caráter privado. O papel dos órgãos públicos no estado<br />

é o de dar os subsídios e incentivos necessários para que os<br />

produtores se organizem.<br />

OBJETIVOS<br />

• Incentivar o cooperativismo e o associativismo no Estado do Tocantins como forma<br />

de fortalecimento do produtor de soja e de milho.<br />

• Desenvolver a governança das cadeias produtivas no Estado.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 179<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Desenvolver a cultura cooperativista e associativista no Estado.<br />

a. Promover visitas técnicas dos produtores tocantinenses de soja e milho à<br />

região sul do País para entender o modelo de negócios e os benefícios de<br />

serem cooperados.<br />

b. Estimular nas universidades o desenvolvimento de estudos científicos sobre<br />

o tema cooperativismo e associativismo, com concursos, bolsas de estudo<br />

e congressos.<br />

c. Estimular a participação das escolas estaduais e municipais em projetos de difusão<br />

de informação e princípios cooperativistas às crianças e jovens do estado<br />

como no Programa Cooperativa Mirim, parceria do Sicoob com o Sescoop.<br />

d. Promover o Tocantins como região de potencial investimento para produtores<br />

que possuem cultura cooperativista e/ou associativista, principalmente<br />

da região sul do País.<br />

e. Incentivar a abertura de filiais de importantes cooperativas e associações<br />

presentes em outras regiões do país.<br />

2. Parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) para consultoria<br />

e capacitação na criação e gestão de cooperativas.<br />

3. Instalação de cooperativas com áreas de atuação que incluem os principais<br />

polos produtivos de soja e milho do Estado (Porto Nacional, Gurupi, Campos<br />

Lindos, Dianópolis, Caseara, Colinas e Goiatins).<br />

4. Desenvolver programas de capacitação para o quadro social das cooperativas e<br />

associações que trabalhem com grãos.<br />

5. Pleitear incentivos tributários e simplificação da legislação para instalação de<br />

cooperativas agroindustriais no estado.<br />

6. Incentivar o governo a realizar uma consulta pública às cooperativas e associações<br />

existentes para levantar potenciais oportunidades e gargalos a serem mitigados<br />

com políticas públicas.<br />

7. Aumentar a inserção das cooperativas em programas de compras públicas,<br />

como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos).<br />

8. Fortalecer as associações e cooperativas existentes para que promovam:<br />

a. missões internacionais para abertura de mercados;<br />

b. assistência técnica de qualidade aos produtores;<br />

c. pressões e articulações por políticas públicas favoráveis ao setor.<br />

6. 3. Desenvolvimento da Agroindústria<br />

Desenvolver a agroindústria do Tocantins é uma das principais<br />

ações que trarão consigo a aceleração do desenvolvimento no<br />

Estado. A indústria cria postos de trabalho, movimenta a economia<br />

local, gera recursos para investimentos estaduais, atrai setores<br />

correlatos, além de agregar valor à matéria-prima estadual.<br />

As ações descritas nesse pilar são divididas na agroindústria<br />

de processamento de soja e milho e na agroindústria de<br />

processamento de proteína animal, pois ambas estão diretamente<br />

relacionadas com a produção e consumo de grãos.<br />

6. 3. 1. Agregação de valor aos produtos das cadeias de soja<br />

e milho<br />

OBJETIVOS<br />

• Incentivar a agroindústria local como forma de aceleração do desenvolvimento<br />

regional, geração de empregos, tributos e renda.<br />

• Aumentar o volume processado de soja e milho no Estado com o intuito de agregar<br />

valor aos produtos produzidos e exportados pelo Tocantins.<br />

• Desenvolver novos mercados consumidores para produtos processados de soja<br />

e milho tocantinenses.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

As ações estratégicas foram subdivididas em três macrodiretrizes:<br />

Macrodiretriz 1: aumentar o aproveitamento do parque industrial já instalado<br />

1. Aumentar o volume efetivamente processado.<br />

2. Articular com o governo formas de incentivar a destinação de grãos para o mercado<br />

interno estadual (modificação nos termos do ICMS para exportação de<br />

grãos).


180<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

3. Flexibilizar e permitir que as tradings vendam os grãos que não atingiram a qualidade<br />

necessária para exportação para a indústria local, criando um sistema de<br />

compensação de saldo credor de ICMS no estado.<br />

4. Propor incentivos fiscais em insumos para produtores que direcionarem suas<br />

produções à indústria do Tocantins.<br />

5. Estimular as cooperativas existentes (e ainda a se instalar) em investirem no processamento<br />

de grãos como um de seus serviços, integrando a produção de seus<br />

cooperados.<br />

6. Reduzir a dependência financeira da produção agrícola tocantinense das tradings.<br />

7. Oferecer prêmio na saca de soja e milho para produtores que destinarem sua<br />

produção à agroindústria do Tocantins.<br />

8. Incentivo a parcerias entre produtores e agroindústrias localizadas no Tocantins<br />

via.<br />

a. Incentivos fiscais.<br />

b. Certificação de propriedades e produtos.<br />

c. Incentivos à produção e consumo de biodiesel, por exemplo, o transporte<br />

público com utilização deste combustível.<br />

Macrodiretriz 2: atrair novas indústrias de processamento de soja e milho<br />

9. Aumentar a divulgação dos benefícios e vantagens competitivas do Estado do<br />

Tocantins para a agroindústria.<br />

10. Aumentar investimentos em infraestrutura para os distritos industriais (água,<br />

energia, esgoto, entre outros).<br />

11. Disponibilizar linhas de crédito atrativas e pouco burocráticas para a agroindústria<br />

de soja e milho.<br />

12. Estruturar estratégias de incentivos para a atração de novas indústrias:<br />

a. Benefícios fiscais.<br />

b. Incentivar pesquisas e projetos em universidades voltadas para o desenvolvimento<br />

da agroindústria com tecnologia de ponta.<br />

c. Intensificar programas de capacitação e qualificação da mão de obra por<br />

meio de parcerias com o Sistema S, Pronatec e outros.<br />

13. Incentivar a instalação de fábricas de ração no Estado para absorver subprodutos<br />

da agroindústria.<br />

14. Estudar a viabilidade da implantação de usinas para fabricação de etanol a partir<br />

do milho no Estado.<br />

15. Promover encontros periódicos das indústrias do Estado para discutir e tratar de<br />

assuntos em comum.<br />

Macrodiretriz 3: desenvolver mercados consumidores de produtos processados<br />

16. Trabalhar nichos de mercado com agregação de valor à matéria-prima, como a<br />

soja convencional e soja com alto teor de proteína (destinada à ração animal).<br />

17. Investir no desenvolvimento de mercado para os produtos dessas duas cadeias<br />

produtivas: biodiesel para o Norte e Nordeste, farelo para rações, óleo para<br />

consumo humano (utilizar programas de compras públicas), incluindo também<br />

mercados internacionais.<br />

18. Articular com demais estados exportadores ações da cadeia em âmbito nacional<br />

para redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias dos produtos processados<br />

de soja e milho nos principais mercados consumidores internacionais<br />

(ex: China).<br />

19. Aumentar a inserção dos produtos locais em programas de compras públicas,<br />

como o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos).<br />

6. 3. 2. Integração com processamento de proteína animal<br />

OBJETIVOS<br />

• Promover o desenvolvimento das cadeias produtivas de carne bovina, suína e<br />

de aves, assim como a piscicultura no Estado que podem se tornar expressivos<br />

consumidores da soja e do milho processados.<br />

• Atrair indústrias de processamento de proteína animal, principalmente de aves<br />

e suínos.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Incentivar e desenvolver a bovinocultura de corte com iLPF e confinamento de<br />

bovinos.<br />

2. Programas de incentivos para atração de suínos, aves e lácteos.<br />

a. Linhas de crédito estaduais específicas para custeio e investimento.<br />

b. Incentivos fiscais para a compra de insumos produtivos e comercialização<br />

dos produtos e seus derivados com agroindústria local.<br />

c. Incentivos à pesquisa e capacitação de mão de obra voltada para a produção<br />

pecuária.<br />

3. Estimular a criação de aves e suínos com modelos de integração já consolidados<br />

em outras regiões do País para elevar o consumo de soja e milho na<br />

forma de ração.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 181<br />

4. Estimular a cadeia de leite e derivados no Estado, importando modelos cooperativistas<br />

de outras regiões do País.<br />

5. Estimular a vinda ao Estado de toda uma série de elos e facilitadores das cadeias<br />

produtivas de carnes e leite.<br />

a. Cooperativas e associações.<br />

b. Frigoríficos.<br />

c. Fábricas de ração.<br />

d. Órgãos de pesquisa.<br />

e. Fornecedores e distribuidores de insumos.<br />

f. Rede de assistência e apoio às novas indústrias.<br />

6. Aumentar a inserção de carnes processadas no Estado em programas de compras<br />

públicas, como o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA<br />

(Programa de Aquisição de Alimentos).<br />

7. Criar programa de estruturação de canais de distribuição para produtos processados<br />

no Tocantins de origem animal, buscando desenvolver o mercado nacional<br />

e internacional.<br />

8. Criar campanha de divulgação do consumo de proteína animal e montar parcerias<br />

com associações que já têm campanhas semelhantes como é o caso da ABCS<br />

(Associação Brasileira de Criadores de Suínos) com a campanha Mais Carne Suína,<br />

focando em benefícios de consumo e trazendo informação aos consumidores.<br />

6. 4. Infraestrutura<br />

Como pôde ser visto no desenvolvimento do trabalho, a<br />

infraestrutura logística está diretamente relacionada com a<br />

competitividade de uma cadeia produtiva. As ações propostas<br />

nesse pilar estratégico visam incentivar o aproveitamento<br />

de todo potencial logístico do Estado.<br />

Entende-se que projetos logísticos demandam altos investimentos<br />

e são executados no médio a longo prazos; porém, é<br />

fundamental que os investimentos em infraestrutura no Estado<br />

acompanhem e permitam o desenvolvimento projetado<br />

para o agronegócio tocantinense.<br />

6. 4. 1. Logística<br />

OBJETIVOS<br />

• Superar os desafios e melhorar a eficiência logística do transporte de insumos<br />

para a produção e para a agroindústria.<br />

• Elevar a eficiência operacional de escoamento dos produtos do complexo soja<br />

e milho para os mercados interno e externo, aumentando a competitividade do<br />

Estado.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Estimular ações coletivas entre as empresas da região para viabilizar e reduzir os<br />

custos com transporte.<br />

2. Ampliar a utilização de modais mais eficientes no transporte de insumos e<br />

grãos como, por exemplo, fortalecer cooperativas e associações para viabilizar<br />

os investimentos necessários para o acesso aos modais ferroviários e hidroviários.<br />

3. Incentivar a implantação de novas plataformas de integração multimodais no<br />

Estado e investimentos nas já existentes.<br />

4. Manter e ampliar os programas já existentes no estado relacionados à logística:<br />

Pelt, Prologística.<br />

5. Fomentar a estruturação de parceria público-privada para atração de investimentos<br />

e execução de melhorias nos modais logísticos.<br />

6. Desenvolver ações de estímulo à implantação e manutenção dos aparelhos logísticos.<br />

Rodoviário<br />

a. De forma geral, recuperar e melhorar as rodovias estaduais, bem como suas<br />

estruturas de apoio.<br />

b. Duplicar as rodovias Palmas – Porto (TO-050) e Palmas – Paraíso (TO-080).<br />

c. Abrir e pavimentar rodovias para integração da região leste do estado, que<br />

possui grande potencial produtivo.<br />

d. Estudar a viabilidade da estrada TO-500, que liga o Estado do Mato Grosso<br />

ao Tocantins, via Ilha do Bananal, principalmente sua viabilidade econômica,<br />

social e ambiental.<br />

e. Melhorar a ligação rodoviária entre o Tocantins e o oeste da Bahia, importante<br />

região produtora.


182<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

f. Estudar a viabilidade de construção de nova ponte sobre o Rio Tocantins,<br />

em Porto Nacional, para superar a limitação atual da ponte existente, de<br />

30 toneladas.<br />

Hidroviário<br />

a. Estimular a utilização do trecho de 40 km em que é possível o transporte<br />

hidroviário entre Porto Nacional e o terminal ferroviário.<br />

b. Assegurar a continuidade das obras de derrocamento do Pedral do Lourenço<br />

até sua conclusão.<br />

c. Avaliar obras de transposição de nível nas hidrelétricas do Estado para viabilizar<br />

a expansão das rotas de transporte hidroviário.<br />

Ferroviário<br />

a. Buscar a concretização da Ferrovia Oeste-Leste, que que, ligará a Ferrovia<br />

Norte-Sul ao estado da Bahia.<br />

b. Acompanhar a conclusão do processo de concessão do trecho de 1.537 km<br />

entre Porto Nacional/TO e Estrela d`Oeste/SP e estruturar parcerias para<br />

estimular seu uso.<br />

6. 4. 2. Armazenagem<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar a capacidade de armazenagem total de grãos no Estado (independente<br />

do player).<br />

• Aumentar a capacidade de armazenagem dos produtores agrícolas com silos nas<br />

fazendas.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Criar um programa no Tocantins nos moldes do Armazena MT (Aprosoja/MT) em<br />

que o produtor é orientado a desenvolver projetos para armazenagem dentro<br />

da própria fazenda, por meio da difusão de conhecimento com palestras, planilhas,<br />

cartilha.<br />

2. Avaliar a viabilidade dos investimentos em armazenagem e facilitar o acesso à<br />

crédito, à obtenção de licenciamentos e à informação para os projetos nas fazendas.<br />

3. Capacitar o produtor de soja e milho na comercialização de seus produtos (contratos,<br />

mercados futuros e ferramentas de análise de cenários e planejamento<br />

de estratégias para a venda).<br />

4. Articular com o governo federal linhas de crédito com juros menores e de longo<br />

prazo para armazenagem de soja e milho nas propriedades.<br />

5. Reduzir a utilização de silos-bolsa nas fazendas ou utilizá-los apenas em situações<br />

emergenciais.<br />

6. Estimular cooperativas, canais de distribuição de insumos e outras organizações<br />

investirem em estruturas de armazenagem.<br />

7. Mapear as regiões com maior déficit de armazenagem e desenvolver um plano<br />

de ação para reduzir esse gargalo (por exemplo, região de Santa Maria e Marianópolis;<br />

região de São Valério, entre outras).<br />

6. 5. Exportações do complexo soja e da cadeia do milho<br />

O Tocantins já acessa o mercado internacional principalmente<br />

com a exportação de soja em grãos. Este pilar estratégico<br />

acompanha o pilar do desenvolvimento da agroindústria,<br />

tendo como foco principal a relação do Estado com o mercado<br />

externo.<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar exportações de produtos de maior valor agregado.<br />

• Diversificar os produtos da pauta de exportações.<br />

• Diversificar os destinos das exportações, reduzindo a grande dependência de<br />

poucos países.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Criar pacote de incentivos para exportações de produtos processados;<br />

2. Realizar missões comerciais em mercados com potencial para produtos processados.<br />

3. Articular, junto com o governo federal, a estruturação de acordos internacionais<br />

que estimulem a exportação de soja, milho e seus subprodutos.<br />

4. Articular com os demais estados exportadores ações da cadeia em âmbito nacio-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 183<br />

nal para a redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias dos produtos processados<br />

de soja e milho nos principais mercados consumidores internacionais (ex: China).<br />

5. Capacitar produtores e indústrias para exportação.<br />

6. Criar material com atualizações periódicas que descreve os parceiros comerciais<br />

do Tocantins no mercado internacional, principais barreiras tarifárias e não-tarifárias,<br />

políticas internacionais, atividades desenvolvidas pelo Estado para fortalecer<br />

as parcerias comerciais e como acessar o mercado externo.<br />

6. 6. Sustentabilidade<br />

Atualmente não existe desenvolvimento econômico desvinculado<br />

dos conceitos de sustentabilidade. Para a evolução<br />

das cadeias de soja e milho no Tocantins, algumas ações podem<br />

ser desenvolvidas buscando manter e ampliar o status<br />

de produção sustentável no Estado.<br />

OBJETIVOS<br />

• Realizar a expansão das atividades agrícolas e industriais da cadeia de soja e milho<br />

no Tocantins, com respeito às práticas de sustentabilidade em seus três âmbitos<br />

(ambiental, social e econômico)<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Criar de um comitê para identificação de pontos de melhoria nas questões de<br />

sustentabilidade ao longo de toda a cadeia produtiva, estimulando também um<br />

melhor relacionamento entre os diferentes elos envolvidos e buscando ações<br />

colaborativas em prol da sustentabilidade<br />

2. Incentivar a adequação do processo produtivo para o acesso a linhas de crédito<br />

que estimulam a sustentabilidade, por exemplo, o Programa ABC<br />

3. Apoiar os produtores no conhecimento e cumprimento das legislações<br />

a. Ambientais<br />

b. Sociais<br />

4. Estruturar de linhas crédito para financiamento das adequações de estrutura<br />

necessárias para o cumprimento das exigências das legislações sociais e ambientais<br />

e para a obtenção de certificação<br />

5. Incentivar a adoção de ferramentas de agricultura de precisão, visando à racionalização<br />

do uso de insumos<br />

6. Capacitar os produtores (em parceria com o Senar e outros órgãos) nos temas<br />

de boas práticas agrícolas e benefícios advindos de uma produção sustentável<br />

a. Manejo integrado de pragas, doenças, plantas daninhas e uso responsável<br />

de defensivos<br />

b. Agricultura de precisão<br />

c. Irrigação e uso racional de água<br />

d. Integração lavoura-pecuária-floresta<br />

e. Manejo adequado de OGMs<br />

7. Orientar os produtores e facilitar o processo de obtenção do licenciamento ambiental<br />

8. Utilizar áreas de pastagens degradadas do Estado para a expansão das culturas<br />

de soja e milho, principalmente por meio da promoção do Programa de Integração<br />

Lavoura-Pecuária-Floresta, da Embrapa<br />

9. Incentivar a certificação de propriedades de soja e milho para comprovação dos<br />

processos sustentáveis da cadeia produtiva do Estado e propor incentivos fiscais<br />

para produtores certificados<br />

10. Acompanhar as tendências mundiais de demanda por sustentabilidade para difusão<br />

das informações à cadeia produtiva, por exemplo, a expansão de nichos<br />

de mercados como soja convencional, biocombustíveis, mercado de alimentos<br />

seguros, entre outros<br />

11. Fortalecer a divulgação das ações estratégicas de sustentabilidade dessas cadeias<br />

produtivas<br />

6. 7. Comunicação<br />

O desenvolvimento do agronegócio tocantinense deve ser<br />

fomentado em todas as esferas, sejam elas públicas ou privadas.<br />

Além dos agentes diretamente ligados às cadeias estudadas,<br />

agentes de outros setores, bem como a comunidade em<br />

geral, devem trabalhar para que a evolução aconteça. Nesse<br />

sentido é fundamental que o Estado comunique os benefícios<br />

dessas cadeias tão importantes.


184<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

O pilar de comunicação proposto trata da geração e divulgação<br />

de materiais que sejam úteis tanto para aumentar a informação<br />

da população quanto para ampliar os argumentos<br />

positivos do Estado na busca do desenvolvimento das suas<br />

cadeias produtivas.<br />

OBJETIVOS<br />

• Conscientizar todos os stakeholders sobre a importância das cadeias produtivas de<br />

soja e milho para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Estado para<br />

que investimentos e políticas públicas voltadas para o setor sejam aprimoradas.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Realizar o mapeamento e quantificação dessas duas importantes cadeias produtivas<br />

para ter o real impacto que proporcionam ao estado em termos de geração<br />

de emprego, arrecadação de impostos e movimentação financeira.<br />

2. Mostrar a importância da agroindústria para o estado, em arrecadação de impostos,<br />

criação de postos de trabalho e movimentação da economia regional<br />

como um todo.<br />

3. Comunicar ao mercado nacional e internacional, o potencial do Tocantins como<br />

fornecedor expressivo de soja e milho sustentáveis e de qualidade.<br />

4. Promover os benefícios do consumo de soja e milho, assim como o de proteínas<br />

animais (articular ações conjuntas com as cadeias produtivas de aves, suínos,<br />

bovinos e piscicultura).<br />

5. Criar campanhas de atração de investimentos, tanto de produtores como para<br />

a agroindústria, para incentivar a vinda de novos empreendedores ao Estado,<br />

aproveitando os investimentos ainda baratos comparados com outros estados<br />

e a popularidade da região do MATOPIBA para a agropecuária.<br />

6. Trabalhar em uma agenda de comunicação positiva quantos aos temas biotecnologia<br />

e agroquímicos, juntamente com o apoio de empresas privadas.<br />

7. Estruturar campanhas de comunicação das oportunidades profissionais dentro<br />

do agronegócio, buscando atrair mão de obra qualificada.<br />

8. Inserir o agronegócio e as cadeias produtivas de soja e milho no conteúdo das<br />

escolas, com palestras, materiais e visitas a organizações que estejam relacionadas<br />

a grãos como fazendas, indústria de processamento e outros.<br />

9. Fortalecer a divulgação para o mercado consumidor das ações estratégicas que<br />

visam ao desenvolvimento contínuo e sustentável dessas cadeias produtivas<br />

(sinergia com item 6.6).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 185


consideraçÕes Finais


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 187<br />

Tendo como base todo o trabalho desenvolvido e os resultados<br />

possíveis de serem buscados pelo Estado do Tocantins<br />

nos próximos anos, fica evidente a importância de iniciativas<br />

que visem integrar ações estratégicas entre os agentes do<br />

âmbito público ou privado. Durante o desenvolvimento do<br />

trabalho, pôde-se perceber que o Tocantins possui diversas<br />

iniciativas que visam incentivar o desenvolvimento do agronegócio<br />

no Estado, porém, melhorar o alinhamento entre elas<br />

resultará em um melhor aproveitamento.<br />

Alinhar os agentes é aspecto fundamental para o pensamento<br />

de sistemas agroindustriais integrados. O trabalho coletivo,<br />

a busca conjunta por resultados e o desejo unificado de<br />

desenvolvimento fazem com que sejam desenvolvidas ações<br />

que aumentam a eficiência das cadeias por meio da busca de<br />

sinergias e delineamento de estratégias inovadoras.<br />

Neste cenário, o ganho também é coletivo, onde vivenciase<br />

a geração de valor compartilhado, ou seja, todos os elos e<br />

agentes envolvidos se beneficiam dos resultados do desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva. Outro aspecto que pode ser<br />

destacado como benefício da integração e motivação para<br />

participação dos agentes em iniciativas coletivas é o aprendizado<br />

contínuo e multidisciplinar.<br />

É evidente que as cadeias produtivas são arranjos complexos,<br />

onde seus diversos agentes possuem características


188<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

únicas e estão inseridos em contextos específicos. Devido a<br />

isso, o delineamento de estratégias conjuntas não é algo simples<br />

de ser feito, sendo necessária grande organização e processamento<br />

integrado das informações disponíveis. O GESis,<br />

método base utilizado para o desenvolvimento do presente<br />

projeto, foi estruturado com o objetivo principal de organizar<br />

e guiar o delineamento de estratégias para sistemas agroindustriais<br />

indo ao encontro do desejo do Estado do Tocantins<br />

de desenvolvimento integrado de seu agronegócio. Além disso,<br />

outros objetivos que devem ser considerados são:<br />

• Busca de economias de escala<br />

• Esforços de diferenciação e posicionamento (para gerar<br />

valor)<br />

• Rápidas adaptações às mudanças macroambientais<br />

(quando bem estruturadas)<br />

• Performance e responsividade<br />

• Visão compartilhada e transparência<br />

• Sustentabilidade econômica, ambiental e social dos integrantes<br />

• Conhecimento de custos de produção e transação e luta<br />

por redução<br />

• Mecanismos de solução de conflitos (remediação/ alternativa<br />

para a burocracia brasileira)<br />

• Organização dos esforços de lobby<br />

• Planejamento integrado entre os elos<br />

• Direção da demanda buscando a lealdade dos consumidores<br />

• Inteligência compartilhada e uso das amplas fontes de<br />

dados<br />

• Criação de comitês (governança, riscos, seguros...)<br />

• Motivações, contribuições, direitos e benefícios de cada<br />

participante<br />

• Compromisso de cada participante<br />

• Investimentos específicos de cada participante<br />

• Estabelecimento de padrões<br />

A metodologia desenvolvida, inclusive para o levantamento<br />

sistemático de dados, ao mesmo tempo que guia a etapa de<br />

diagnóstico para uma visão abrangente do sistema alvo, também<br />

direciona as futuras estratégias. Assim como o método<br />

prevê, essa etapa não seria tão efetiva sem a ampla participação<br />

dos agentes envolvidos em cada uma das cadeias produtivas,<br />

aspecto que foi amplamente vivenciado nos estudos do<br />

Tocantins. A participação dos agentes desde o início do processo<br />

de planejamento, além de trazer uma visão realista da<br />

atual situação de cada um dos elos que compõem o sistema<br />

agroindustrial, contribui para a percepção da coletividade na<br />

construção dos planos.<br />

Com base no amplo diagnóstico desenvolvido para as cadeias


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 189<br />

de soja e milho do Estado do Tocantins, foi possível delinear<br />

projetos estratégicos que envolvem diversos elos presentes na<br />

cadeia, em conjunto. Nesse sentido, os projetos estruturados<br />

para as referidas cadeias foram organizados em sete pilares.<br />

O primeiro deles diz respeito à produção agrícola e ao desenvolvimento<br />

de novas tecnologias no campo, tendo como<br />

direcionadores o fomento à pesquisa e desenvolvimento, a<br />

difusão de conhecimento no campo e a diversificação de estratégias<br />

de financiamento da produção agrícola.<br />

O fortalecimento do cooperativismo e associativismo no<br />

Estado é outro pilar que deve ser trabalhado tendo em vista<br />

e evolução da cadeia produtiva no Tocantins. O desenvolvimento<br />

de governança nas cadeias produtivas do estado só e<br />

possível por meio da estruturação de ações coletivas.<br />

O terceiro pilar visa incentivar o Estado a desenvolver a sua<br />

agroindústria de processamento de grãos. O fortalecimento<br />

deste elo traz benefícios diretos para a geração de valor na cadeia<br />

e também potencializa o desenvolvimento regional, com<br />

a criação de diversos postos de trabalho e mais distribuição<br />

de renda. Nesse sentido, propõe-se que os produtos do Tocantins<br />

avancem na agregação de valor, principalmente por<br />

meio de maior integração entre cadeias. Integrar as cadeias<br />

de soja e milho com a produção e processamento animal é<br />

uma estratégia a ser perseguida.<br />

A infraestrutura é outro item presente nos pilares estratégicos<br />

de desenvolvimento das cadeias produtivas do Tocantins.<br />

Configurando-se como um dos grandes gargalos atualmente<br />

no cenário brasileiro, o Estado deve investir em melhorias<br />

nesse âmbito. Especificamente para os grãos, foram traçadas<br />

estratégias para o desenvolvimento da logística e da armazenagem.<br />

Não se pode propor o desenvolvimento de uma cadeia, com<br />

evolução da produção, sem observar o mercado consumidor.<br />

Nesse sentido, foi diagnosticado que a demanda mundial por<br />

grãos tem tendência de crescimento e que o Estado do Tocantins<br />

deve ter como um de seus pilares de desenvolvimento a<br />

evolução das exportações.<br />

O sexto pilar proposto diz respeito à sustentabilidade, já<br />

que para as estratégias se perpetuarem ao longo do tempo<br />

é fundamental que o Estado esteja alinhado nesse sentido. A<br />

comunicação é o principal aspecto abordado no sétimo pilar<br />

que tem como principal objetivo a conscientização de todos<br />

os stakeholders sobre a importância das cadeias produtivas<br />

de soja e milho para o desenvolvimento econômico, social e<br />

ambiental do Estado. Dessa maneira, espera-se que investimentos<br />

e políticas públicas voltadas para o setor sejam aprimoradas.<br />

Tão ou mais importante que a estruturação do plano estratégico<br />

para sistemas agroindustriais, é a sua implementação.<br />

Ao longo de mais de 10 anos de aplicação do presente méto-


190<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

do, alguns problemas foram identificados e devem ficar claros<br />

para que sejam evitados no Tocantins, sendo eles:<br />

• Falta de objetivos<br />

• Falta de lealdade<br />

• Problema de capacidade decisória<br />

• Falta de orientação ao mercado<br />

• Não compartilhamento de risco<br />

• Desbalanço de esforços e resultados<br />

• Falta de visão<br />

• Prevalência de interesses individuais<br />

• Oportunismo presente<br />

• Falta dos itens de liderança<br />

• Falta dos itens de planejamento<br />

• Presença de subsídios e distorções<br />

Assim como os problemas evidenciados, também é importante<br />

destacar as observações referentes à velocidade de implementação<br />

que estão ligadas a diversos fatores, merecendo<br />

análise para serem trabalhadas anteriormente, visando aplicação<br />

exitosa do plano realizado.<br />

• Inadequada habilidade de liderança pelos dirigentes no<br />

atingimento dos objetivos e envolvimento das linhas<br />

operacionais das organizações<br />

• Falta de estabelecimento de indicadores a serem atingidos<br />

e monitorados<br />

• Falta de método/padrões para implementação<br />

• Falta de disciplina/motivação dos integrantes dos esforços<br />

e das organizações na implementação<br />

• Falta da composição de um conselho gestor que dá o caráter<br />

de executividade<br />

• Questões políticas e culturais nos integrantes da organização<br />

• Perfil do gestor do projeto e presença de sentimentos de<br />

bloqueio, como ciúmes<br />

• Perda de espaço de agentes do sistema agroindustrial<br />

que irão bloquear a implementação de projetos<br />

• Tempo de amadurecimento dos projetos e momentos<br />

adequados de implementação<br />

• Qualidade do conselho gestor e déficit na capacidade dos<br />

colaboradores<br />

• Inserção e integração com as equipes<br />

• Detalhamento dos projetos de maneira simples e executivas<br />

• Relações pessoais e protegidas com indicações que não<br />

levam em conta o critério técnico<br />

• Relacionamento com os que se acham donos do coletivo<br />

• Falta de entendimento dos objetivos estratégicos e do<br />

próprio conceito de planejamento e estratégia


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 191<br />

• Não antecipação dos problemas e fatores externos que<br />

impactam a implementação<br />

• Conflito de prioridades e objetivos<br />

• Aversão ao risco e conservadorismo de pessoas com a<br />

visão do passado<br />

Esses pontos devem ser trabalhados antecipadamente para<br />

possibilitar o avanço dos projetos estratégicos.<br />

O sucesso da implementação das estratégias propostas no<br />

presente plano, para as cadeias de soja e milho, permitirá que o<br />

Tocantins passe a 6º maior produtor nacional de soja, com participação<br />

de 4,8%; e aumente sua participação para 3% da produção<br />

brasileira de milho. Esses valores são traduzidos em um<br />

incremento total de R$21,48 bilhões no valor bruto da produção<br />

da soja e de R$5,9 bilhões do milho, no período de 10 anos.<br />

Os próximos passos agora envolvem a formação de um comitê<br />

estratégico com agentes da cadeia produtiva, públicos e<br />

privados e, via reuniões mensais, colocar os projetos para andar,<br />

organizando equipes com metas, funções e prazos. Este<br />

comitê estratégico da soja e milho no Tocantins é o responsável<br />

por implementar o plano que foi construído pela Markestrat<br />

em conjunto com os agentes da cadeia produtiva.


eFerÊncias


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 193<br />

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<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

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196<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

soJa e miLHo<br />

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FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 197


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul - Palmas - TO CEP 77020-016<br />

+55 63 3229-5700 www.fieto.com.br © 2018


CARNE BOVINA<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027


soja e milho<br />

Volumes 1 e 2<br />

carne Bovina<br />

Volume 3<br />

arroz<br />

Volume 4<br />

silvicultura<br />

Volume 5<br />

piscicultura<br />

Volume 6


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

carne Bovina<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027<br />

1“ edição<br />

Palmas, 2018


ficha catalográfica<br />

F293c<br />

Federação das Industrias do Estado do Tocantins<br />

Carne bovina: plano estratégico para as cadeias produtivas do agronegócio<br />

no Estado do Tocantins: 2018 - 2027 / José Roberto Fernandes, Marcos Fava<br />

Neves (Coordenadores). – Palmas, TO : Sistema FIETO, 2018.<br />

168 p. : il..<br />

ISBN : 978-85-60759-37-8<br />

1. Economia agrícola - Tocantins. 2. Produtos agrícolas – Tocantins. 3. Carne<br />

bovina. I. Fernandes, José Roberto. II. Neves, Marcos Fava. III. Título.<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Rosana Maria Santos de Oliveira Corrêa<br />

Bibliotecária CRB2-810<br />

CDD: 338.10981177<br />

O presente plano foi elaborado com recursos financeiros do Fundo de<br />

Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Tocantins, através do<br />

Termo de Colaboração Nº 508/2016 celebrado entre o Governo do Estado do<br />

Tocantins, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura e a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong><br />

PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO - CDE<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

Roberto Magno Martins Pires Presidente<br />

FIETO - EQUIPE TÉCNICA<br />

José Roberto Fernandes Coordenador<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Lisia Daniella Lustosa Ferro<br />

Wandemberg Pereira Rodrigues<br />

Karolina Gonçalves de Sousa<br />

CONSULTORIA – MARKESTRAT<br />

Marcos Fava Neves Coordenador<br />

Tássia Gerbasi<br />

Flávio Ruhnke Valério<br />

Patrícia Milan Rodrigues Alves<br />

Carla Cristina Martoni Pereira Gomes<br />

Letícia Franco Martinez<br />

Giulia Machado Agostini<br />

Eduardo Garcia Filho<br />

Pedro Galvão Caserta<br />

Vinícius Verdu de Oliveira<br />

REVISÃO<br />

Larissa Parente<br />

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO<br />

Bonina Comunicação<br />

FIETO / Governo do Estado do Tocantins © 2018


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – FIETO<br />

DIRETORIA: QUADRIÊNIO 2016 - 2020<br />

Presidente<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

1º Vice-Presidente<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

Vice-Presidentes<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Charles Alberto Elias<br />

Luciano de Carvalho Rocha<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Oswaldo Stival Junior<br />

Primeiro Secretário<br />

Claudizete Carneiro Santos<br />

Segundo Secretário<br />

Mário de Castro Pillar<br />

Primeiro Tesoureiro<br />

Walter Atta Rodrigues Bittencourt Júnior<br />

Segunda Tesoureira<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo<br />

Suplentes da Diretoria<br />

Cabral Santos Gonçalves<br />

Diego Teodoro Carvalho Alba Garcia<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomem<br />

Gliner de Souza Borges<br />

Marco Antônio de Faria Cunha<br />

Wilmar Oliveira de Bastos<br />

Luiz Carlos Alves de Oliveira<br />

Jacques José de Barros<br />

Francisco Monteiro de Souza Filho<br />

Ailton dos Santos Queiroz<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Membros Efetivos<br />

José de Souza Vasque<br />

José Febrônio da Silva<br />

Francisco Antélius Sérvulo Vaz<br />

Membros Suplentes<br />

Reinaldo Pereira Cardoso<br />

Fábio de Oliveira Soares<br />

Rômulo José dos Santos<br />

REPRESENTANTES JUNTO À CNI<br />

Membros Efetivos<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

Célio Batista Alves<br />

Membros Suplentes<br />

Charles Alberto Elias<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul, Palmas - TO CEP: 77.020-016<br />

Tel.: +55 63 3229-5700 www.fieto.com.br


índice<br />

Lista de siglas......................................................................................................................10<br />

Prefácio.................................................................................................................................16<br />

Agradecimentos.................................................................................................................16<br />

Apresentação.......................................................................................................................20<br />

1 Introdução............................................................................................................................22<br />

1. 1 Objetivos e método de trabalho................................................................................................................24<br />

1. 1. 1 Introdução e entendimento........................................................................................................................27<br />

1. 1. 2 Análise do mercado e enfoque de sistemas......................................................................................27<br />

1. 1. 3 Análise da situação interna: o Estado do Tocantins ....................................................................27<br />

1. 1. 4 Consolidação do diagnóstico......................................................................................................................28<br />

1. 1. 5 Objetivos para a cadeia e estratégias centrais ................................................................................29<br />

2 Análise de mercado e enfoque de sistemas..................................................................30<br />

2. 1 Análise do mercado internacional..........................................................................................................31<br />

2. 2 Análise do mercado nacional....................................................................................................................38<br />

2. 3 A Região MATOPIBA.......................................................................................................................................52<br />

3 Análise da situação interna: o Estado do Tocantins...................................................56<br />

3. 1 Produção pecuária (carne bovina)...........................................................................................................59<br />

3. 1. 1 Características gerais da cadeia no Estado........................................................................................59<br />

3. 1. 2 Custo de produção...........................................................................................................................................64<br />

3. 1. 3 Viabilidade da cultura no Estado............................................................................................................75<br />

3. 1. 4 A questão da tecnologia na pecuária de corte.................................................................................82<br />

3. 1. 5 Integração lavoura pecuária floresta.....................................................................................................87<br />

3. 2 Associativismo e cooperativismo...........................................................................................................93<br />

3. 3 Destinos da produção.....................................................................................................................................97<br />

3. 3. 1 Indústria de processamento......................................................................................................................98


3. 3. 2 Exportações......................................................................................................................................................105<br />

3. 3. 3 Indústrias correlatas....................................................................................................................................107<br />

3. 3. 4 Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio ao desenvolvimento....................109<br />

3. 4 Logística..............................................................................................................................................................121<br />

3. 5 Resumo das forças e fraquezas do Estado do Tocantins........................................................125<br />

4 Consolidação do diagnóstico........................................................................................ 128<br />

4. 1 Análise Pest.......................................................................................................................................................129<br />

4. 2 Análise das Cinco Forças de Porter.....................................................................................................131<br />

5 Objetivos estratégicos para a cadeia........................................................................... 138<br />

6 Estratégias centrais e projeto estratégicos............................................................... 146<br />

6. 1 Produção pecuária e novas tecnologias no campo....................................................................149<br />

6. 1. 1 Fomento a pesquisa e desenvolvimento..........................................................................................149<br />

6. 1. 2 Transferência do conhecimento/capacitação................................................................................149<br />

6. 2 Promoção da integração lavoura pecuária floresta no Tocantins......................................150<br />

6. 3 Desenvolvimento, fortalecimento e integração de instituições de apoio à pecuária..... 150<br />

6. 3. 1 Atração de novas iniciativas na pecuária para o Estado do Tocantins...........................151<br />

6. 3. 2 Integração de instituições de apoio à pecuária............................................................................151<br />

6. 4 Fortalecimento do cooperativismo e associativismo................................................................151<br />

6. 5 Fortalecimento da agroindústria de processamento de carne bovina...........................152<br />

6. 5. 1 Aumento da coordenação da cadeia e agregação de valor ao produto..........................153<br />

6. 5. 2 Exportações de carne bovina.................................................................................................................153<br />

6. 5. 3 Participação no mercado interno.........................................................................................................154<br />

7 Considerações finais ...................................................................................................... 156<br />

8 Referências ....................................................................................................................... 162


Lista de Siglas<br />

a.a.<br />

AB<br />

ABC<br />

ABCZ<br />

ABIEC<br />

AC<br />

Adapec<br />

AL<br />

AM<br />

Anualpec<br />

AP<br />

APL<br />

APROEST<br />

<strong>AS</strong>BRAM<br />

BA<br />

BIRD<br />

BR<br />

Cab<br />

CCI-TO<br />

CDA<br />

CDE<br />

CE<br />

CE<br />

CEULP<br />

CF<br />

Cm<br />

CNA<br />

CNI<br />

CO<br />

COFINS<br />

COP<br />

COOPERFRIGU<br />

COOPERSUL<br />

Ao Ano<br />

Idade de Abate em Meses<br />

Agricultura de Baixo Carbono<br />

Associação Brasileira dos Criadores de Zebu<br />

Associação Brasileira Das Indústrias Exportadoras De Carnes<br />

Acre<br />

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins<br />

Alagoas<br />

Amazonas<br />

Anuário da Pecuária Brasileira<br />

Amapá<br />

Arranjo Produtivo Local<br />

Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins<br />

Associação Brasileira de Indústrias de Suplementos Minerais<br />

Bahia<br />

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

Brasil<br />

Cabeça<br />

Cadastro de Contribuintes do ICMS do Estado do Tocantins<br />

Companhia de Distribuição Araguaia<br />

Conselho de Desenvolvimento Econômico<br />

Ceará<br />

Custo Econômico<br />

Centro Universitário Luterano de Palmas<br />

Custo Fixo<br />

Centímetro<br />

Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil<br />

Confederação Nacional da Indústria<br />

Custo de Oportunidade<br />

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social<br />

Custo Operacional<br />

Cooperativa dos Produtores de Carnes e Derivados de Gurupi<br />

Cooperativa dos Produtores Agropecuários do Sul do Tocantins


COOPROMA<br />

CS<br />

CV<br />

DEP<br />

DIPOA<br />

Emac<br />

EMATER<br />

EMBRAPA<br />

ES<br />

EUA<br />

FA<br />

FACS<br />

FAMATO<br />

FAPTO<br />

FCO<br />

FDCO<br />

FDE<br />

FETHAB<br />

FIESP<br />

FIETO<br />

FINAM<br />

F<strong>NO</strong><br />

FOB<br />

GESis<br />

GO<br />

GTA<br />

GTPS<br />

Ha<br />

IBGE<br />

ICMS<br />

IEA<br />

IEG | FNP<br />

IFAMA<br />

Cooperativa de Produtores Rurais do Projeto Manuel Alves Ltda<br />

Capacidade de Suporte das Pastagens em UA/ha/ano<br />

Custo Variável<br />

Depreciação<br />

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal<br />

European Marketing Academy<br />

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

Espírito Santo<br />

Estados Unidos da América<br />

Febre Aftosa<br />

Fundo de Apoio à Cultura da Soja<br />

Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso<br />

Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins<br />

Fundo de Financiamento do Centro-oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento do Centro-oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

Fundo Estadual de Transporte e Habitação<br />

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Fundo de Investimento da Amazônia<br />

Fundo Constitucional de Financiamento do Norte<br />

Free on board<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais<br />

Goiás<br />

Guia de Transporte Animal<br />

Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável<br />

Hectares<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços<br />

Instituto de Economia Agrícola<br />

Informa Economics<br />

International Food and Agribusiness Management Association


Lista de Siglas<br />

IFTO<br />

ILF<br />

ILP<br />

ILPF<br />

IMEA<br />

INPUT<br />

IPF<br />

ITPAC<br />

ITR<br />

Kg<br />

PV<br />

LE<br />

LF<br />

LO<br />

LUC<br />

m<br />

MA<br />

MAPA<br />

MATOPIBA<br />

MC<br />

MG<br />

Mi<br />

MS<br />

MT<br />

NCBA<br />

NCM<br />

OCB<br />

OIE<br />

ONG<br />

P<br />

PA<br />

PAA<br />

PAC<br />

Instituto Federal do Tocantins<br />

Integração Lavoura-floresta<br />

Integração Lavoura-pecuária<br />

Integração Lavoura-pecuária-floresta<br />

Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária<br />

Iniciativa Para o Uso da Terra<br />

Integração Pecuária-floresta<br />

Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos<br />

Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural<br />

Quilogramas<br />

Peso Vivo<br />

Lucro Econômico<br />

Lucro Financeiro<br />

Lucro Operacional<br />

Lucratividade<br />

Metros<br />

Maranhão<br />

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia<br />

Margem de Contribuição<br />

Minas Gerais<br />

Milhões<br />

Mato Grosso do Sul<br />

Mato Grosso<br />

National Cattlemen’s Beef Association<br />

Nomenclatura Comum do Mercosul<br />

Organização das Cooperativas Brasileiras<br />

Organização Mundial de Saúde Animal<br />

Organização Não Governamental<br />

Preço de Venda Médio da UA<br />

Pará<br />

Programa de Aquisição de Alimentos<br />

Programa de Aceleração do Crescimento


PDRS<br />

PEA<br />

PELF<br />

PELT<br />

PEST<br />

PEV<br />

PIB<br />

PIS<br />

PL<br />

PNAE<br />

PNCF<br />

PNDR<br />

PNEFA<br />

PR<br />

PRODUSA<br />

PRONAF<br />

PTS<br />

R<strong>AS</strong><br />

Rausp<br />

RB<br />

RG-AP<br />

RJ<br />

RO<br />

RR<br />

RS<br />

RURALTINS<br />

SAGs<br />

SAGRIMA<br />

SDA/MAPA<br />

SE<br />

SEDAP<br />

SEAF – MT<br />

SEAGRO<br />

Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

População Economicamente Ativa<br />

Ponto de Equilíbrio do Lucro Financeiro<br />

Plano Estadual de Logística e Transporte de Cargas<br />

Político-legal, Econômico-natural, Sociocultural e Tecnológico.<br />

Ponto de Equilíbrio de Viabilidade<br />

Produto Interno Bruto<br />

Programa de Integração Social<br />

Pró-labore<br />

Programa Nacional de Alimentação Escolar<br />

Programa Nacional de Crédito Fundiário<br />

Política Nacional de Desenvolvimento Regional<br />

Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa<br />

Paraná<br />

Programa de Produção Sustentável do Agronegócio<br />

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar<br />

Proteína Texturizada de Soja<br />

Rede de Agricultura Sustentável<br />

Revista de Administração da Universidade de São Paulo<br />

Receita Bruta<br />

Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais<br />

Rio de Janeiro<br />

Rondônia<br />

Roraima<br />

Rio Grande do Sul<br />

Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins<br />

Sistemas Agroindustriais<br />

Secretaria de Agricultura, Pesca e Pecuária<br />

Secretaria de Defesa Agropecuária<br />

Sergipe<br />

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca<br />

Secretaria de Estado da Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários do Mato Grosso<br />

Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins


Lista de Siglas<br />

SEBRAE<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

SED - GO<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura,<br />

Pecuária e Irrigação do Estado de Goiás<br />

SEDEN<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e<br />

Cultura do Estado do Tocantins<br />

SEFAZ<br />

Secretaria da Fazenda<br />

SEINFRA<br />

Secretaria da Infraestrutura<br />

SENAR<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />

SEPLAN<br />

Secretaria do Planejamento<br />

Sescoop<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo<br />

Sicoop<br />

Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil<br />

SIE<br />

Serviço de Inspeção Estadual<br />

SIF<br />

Serviço de Inspeção Federal<br />

SIM<br />

Serviço de Inspeção Municipal<br />

SINDICARNES - TO Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Tocantins<br />

SINDIATO<br />

Sindicato das Indústrias Beneficiadoras de Arroz do Tocantins<br />

SIUP<br />

Serviços Industriais de Utilidade Pública<br />

SC<br />

Santa Catarina<br />

SP<br />

São Paulo<br />

TARE<br />

Termo de Acordo de Regime Especial<br />

TNC<br />

The Nature Conservancy<br />

TO<br />

Tocantins<br />

t<br />

Tonelada<br />

TD<br />

Taxa de Desmama<br />

Tx<br />

Taxa<br />

UA<br />

Unidade Animal<br />

UBEC<br />

União Brasileira de Educação Católica<br />

UE<br />

União Europeia<br />

UFT<br />

Universidade Federal do Tocantins<br />

ULBRA<br />

Universidade Luterana do Brasil<br />

UNITINS<br />

Universidade Estadual do Tocantins<br />

URTE<br />

Unidades de Referência Tecnológica e Econômica<br />

USDA<br />

United States Department of Agriculture<br />

Var<br />

Variação


agradecimentos<br />

prefácio<br />

As seguintes instituições e seus representantes, abaixo nominados por ordem alfabética,<br />

subsidiaram a elaboração do conteúdo do presente volume, seja dispondo-se a entrevistas,<br />

presenciais ou remotas, seja ofertando material de consulta e/ou análises, contribuições<br />

e sugestões, escritas ou orais, durante as diversas fases do estudo.<br />

instituição<br />

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - ADAPEC<br />

<strong>AS</strong>SEMBLEIA LEGISLATIVA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO <strong>DO</strong>S PRODUTORES RURAIS <strong>DO</strong> SU<strong>DO</strong>ESTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - APROEST<br />

CÂMARA SETORIAL <strong>DO</strong> LEITE - <strong>TOCANTINS</strong><br />

CEREALISTA SANTA FÉ<br />

COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO ARAGUAIA - CDA<br />

DAPLAN – SERVIÇOS FLORESTAIS<br />

EMPRESA BR<strong>AS</strong>ILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA<br />

FAZENDA VALE <strong>DO</strong> BOI<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

FRIGORÍFICO PIRACEMA<br />

representante<br />

Humberto Viana Camelo (Presidente)<br />

Jefferson Pessoa<br />

Márcia Helena da Fonseca<br />

Helton W. Gonzaga<br />

Victor Rodrigues da Costa (Presidente)<br />

Marco Antônio Pitondo<br />

Sônia Mara Rodrigues Magalhães<br />

Wiliam Borges Reis<br />

Daniel Avino Barboza Leite<br />

Alexandre A. de Freitas (Chefe Geral Interino)<br />

Alexandre Uhlmann<br />

Epaminondas de Andrade<br />

Roberto Magno Martins Pires (Presidente)<br />

Amanda Barbosa<br />

José Roberto Fernandes<br />

Juarez Frota Martins<br />

Klébia Pontes<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Valteir Barbosa Rosa


instituição<br />

FRIGORÍFICO TAMBORÁ<br />

GRA<strong>NO</strong>L INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A<br />

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - RURALTINS<br />

INSTITUTO EUVAL<strong>DO</strong> LODI <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – IEL/TO<br />

INSTITUTO NATUREZA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - NATURATINS<br />

LATICÍNIO CREMOLAT<br />

NGBR<br />

SERVIÇO BR<strong>AS</strong>ILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUEN<strong>AS</strong> EMPRES<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SEBRAE/TO<br />

SECRETARIA DA FAZENDA - SEFAZ<br />

SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA, HABITAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS - SEINF<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

representante<br />

André Lee<br />

Jair Bataline<br />

Jordel Souto Brito Machado<br />

Andrey Chama da Costa<br />

Roseli F. Neves Sarmento (Superintendente)<br />

Herbert Brito (Presidente)<br />

Marco Antonio Pitondo<br />

Neilton Machado de Araújo<br />

José Carlos A. de Bessa<br />

Paulo Antenor de Oliveira (Secretário)<br />

Alexandre Pereira de Carvalho<br />

Bárbara B. Oliveira<br />

Elisabete Soares de Araujo<br />

Fernando Batista Oliveira<br />

Saulo Barreira Silva<br />

Willane Queiroz Carvalho<br />

Sérgio Leão (Secretário)<br />

Maxuell N. Acácio<br />

Clemente Barros Neto (Secretário)<br />

Alexandre Godinho Cruz<br />

Antônio Cássio Oliveira Filho<br />

Arlete Amarylles R. Mascarenhas<br />

Arlette Leite Lima<br />

Arthur Emílio França<br />

Fernando Dorta<br />

José Américo Vasconcelos


agradecimentos<br />

instituição<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA,<br />

TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA - SEDEN<br />

SECRETARIA <strong>DO</strong> PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - SEPLAN<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM <strong>DO</strong> COOPERATIVISMO<br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESCOOP/TO<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL -<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SENAI/DR TO<br />

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> –<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESI DR TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA ALIMENTAÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA MADEIRA E <strong>DO</strong> MOBILIÁRIO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SIMAM/TO<br />

representante<br />

Marcos Fernandes<br />

Ricardo Britto Taques<br />

Thadeu Teixeira Junior<br />

Thiago Chekudemiask S. Tulio<br />

Alexandro de Castro Silva (Secretário)<br />

Álan Rickson Andrade de Araujo<br />

Eremilson Leite<br />

Geanny Carlos de A. Pinheiro<br />

Marcondes Martins Gomes de Oliveira<br />

Paulo Marcelo Mendonça<br />

Tarcísio de Oliveira N. Cruz<br />

Vilmar Carneiro Wanderley<br />

David Torres (Secretário)<br />

Belizário Franco Neto<br />

Maurício Fregonesi<br />

Magnun Vinicius B. da Cruz<br />

Marcia Rodrigues de Paula (Diretora Regional)<br />

Dini Ribeiro Bezerra<br />

Gisleângela R. F. S. T. Lemos<br />

Leanne Carvalho Barbosa<br />

Vânia Divina Rodrigues Moreira<br />

Charles Alberto Elias (Superintendente)<br />

Claudizete Carneiro Santos (Presidente)<br />

Geová Pereira de Mendonça (Presidente)


instituição<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CERÂMICA <strong>PARA</strong> CONSTRUÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SINDICER/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONFECÇÕES <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SICON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONSTRUÇÃO CIVIL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDUSCON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE RE<strong>PARA</strong>ÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUIN<strong>AS</strong>, AERONAVES E<br />

ACESSÓRIOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIREPA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S BENEFICIA<strong>DO</strong>RES DE ARROZ <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SINDIATO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - SIPMME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> FRIGORÍFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICARNES/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> GRÁFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIG/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> METALÚRGIC<strong>AS</strong>, MECÂNIC<strong>AS</strong> E <strong>DO</strong> MATERIAL ELÉTRICO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> QUÍMIC<strong>AS</strong> E FARMACÊUTIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIQFAR/TO<br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UNITINS<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UFT<br />

VALOR DA LOGÍSTICA INTEGRADA - VLI<br />

representante<br />

Esequiel de Sousa Milhomem (Presidente)<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo (Presidente)<br />

Bartolomé Alba Garcia (Presidente)<br />

José Febrônio da Silva (Presidente)<br />

Carlos Augusto Suzana (Presidente)<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomen (Presidente)<br />

Oswaldo Stival Júnior (Presidente)<br />

George Henrique Aires Borges<br />

Gilson Ney Bueno Cabral<br />

Gliner de Souza Borges (Presidente)<br />

Mário de Castro Pillar (Presidente)<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Walter Atta R. Bittencourt Júnior (Presidente)<br />

Suely Cabral Quixabeira Araújo (Reitora)<br />

Luís Eduardo Bovolato (Reitor)<br />

Gil Rodrigues dos Santos<br />

Jorge Luís Ferreira<br />

Kênia Ferreira Rodrigues<br />

Rodrigo A. Gomes de Oliveira<br />

Valdecy Rodrigues<br />

Orestes Souza


apresentação<br />

Metade do território do Estado do Tocantins tem potencial para a produção<br />

agrícola. A disponibilidade de recursos naturais, como água, biodiversidade,<br />

insolação e clima tropical, confere ao Tocantins um meio físico,<br />

extremamente favorável à agropecuária. Prova disso é o fato do Estado ocupar<br />

o 9º lugar no país na produção de soja, o 3º na de arroz e possuir o 11º rebanho<br />

bovino nacional.<br />

Além disso, o Tocantins integra a região norte do país que, juntamente com<br />

as regiões centro-oeste e nordeste, apresentaram na última década um crescimento<br />

econômico superior ao das regiões sul e sudeste, tradicionais líderes<br />

nacionais nesse quesito. Essa interiorização do desenvolvimento é um fenômeno<br />

ainda recente, mas reconfigura a atividade econômica do país e reforça<br />

o quadro de oportunidades do Estado.<br />

Mas o Estado precisa avançar, realizar esse potencial e aproveitar essas<br />

oportunidades. Explorar sua característica vocacional do ponto de vista logístico,<br />

criar programas oficiais de aproveitamento sustentável de seus recursos<br />

naturais, associar o macrossistema viário à industrialização das “commodities”<br />

agrícolas. A indústria de transformação da matéria-prima agrícola<br />

ampliará a participação do Tocantins no mercado global de alimentos, criará<br />

mais empregos de qualidade e divisas. Esta é uma construção coletiva, onde<br />

o estado e a iniciativa privada têm missões definidas. Ao primeiro compete<br />

conceber e executar políticas públicas de estímulo e, ao segundo, aumentar<br />

sua produtividade e a qualidade de seus produtos.<br />

Foi com esta filosofia que a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

- FIETO, com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

do Estado do Tocantins – FDE, encarou o desafio de elaborar o presente estu-


do. Nele estão delineados os diagnósticos das principais cadeias produtivas<br />

do agronegócio tocantinense e seus mercados mundiais, nacionais e local;<br />

analisados os custos, as forças e as fraquezas de cada uma delas e, acima de<br />

tudo, aponta os projetos estratégicos e as diretrizes que deverão nortear o seu<br />

desenvolvimento.<br />

Agora sabemos o que precisamos fazer, o Estado e o segmento produtivo<br />

têm diante de si as “rotas” do desenvolvimento do mais importante segmento<br />

de sua economia. A indústria acredita que, idealmente, a “governança” desse<br />

desenvolvimento deverá ficar a cargo de um comitê de gestão formado pelos<br />

diversos agentes, públicos e privados, das cadeias produtivas aqui focalizadas.<br />

Pô-lo em marcha será, doravante, nosso dever de casa.<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Presidente


<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

introdUção


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 23<br />

Este primeiro capítulo trata do método utilizado para o desenvolvimento<br />

do projeto cujo principal objetivo foi estudar<br />

as principais cadeias produtivas do Estado do Tocantins, visando<br />

a identificação e desenvolvimento das suas potencialidades.<br />

O projeto “Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do<br />

Agronegócio no Estado do Tocantins” foi uma iniciativa da Federação<br />

das Indústrias do Estado do Tocantins — FIETO em parceria<br />

com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado do Tocantins – Seden.<br />

Para tanto, foram destacados alguns pilares ou temas fundamentais,<br />

que pautam todo o estudo na busca da identificação<br />

de estratégias concisas e aderentes à realidade do Estado.<br />

São eles: Marco Tecnológico, Associativismo e Cooperativismo,<br />

Uso da Terra, Desenvolvimento da Indústria Local e Instrumentos<br />

de Apoio Estaduais.<br />

Para a primeira fase do projeto foram selecionadas algumas<br />

cadeias produtivas a serem estudadas. A seleção considerou<br />

cadeias que já possuem papel de destaque no Estado do Tocantins,<br />

mas que ainda têm muitas potencialidades a serem<br />

exploradas, sempre visando impulsionar o cenário econômico<br />

e social do Estado. As cadeias selecionadas foram:<br />

• Soja e Milho<br />

• Pecuária (carne bovina)<br />

• Arroz<br />

• Piscicultura<br />

• Silvicultura


24<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Para cumprir com o objetivo proposto, foi utilizada metodologia<br />

de pesquisa já consolidada no setor do agronegócio para<br />

o desenvolvimento de planos estratégicos conhecida como<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis).<br />

1. 1 Objetivos e método de trabalho<br />

Desenvolver planos para a melhoria contínua de um setor<br />

não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se tratam de cadeias<br />

do agronegócio, que possuem características e complexidades<br />

específicas.<br />

Para organizar e analisar os dados coletados durante o desenvolvimento<br />

do presente trabalho, e propor ações condizentes<br />

com a realidade do Estado e do seu posicionamento no<br />

cenário nacional e internacional, lançou-se mão da utilização<br />

do método GESis.<br />

O método GESis, desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcos Fava Neves,<br />

em 2004, vem sendo aplicado em diversas cadeias produtivas<br />

e aperfeiçoado a cada aplicação. No Brasil, o método já foi<br />

aplicado para as cadeias do trigo (2004), da laranja (2005, 2007 e<br />

2010), do leite (2006), da cana-de-açúcar (2009 e 2015), da carne<br />

bovina (2011), do algodão (2011, 2013 e 2017), de flores (2014),<br />

da carne suína (2016) e das hortaliças (2017). No contexto internacional<br />

o método também já foi utilizado para a cadeia do leite<br />

na Argentina (2007) e no Uruguai (2010) e da soja na Argentina<br />

(2012), além de outros usos na África do Sul e outros países.<br />

Contando com escopo semelhante ao do presente trabalho,<br />

o método GESis também foi adaptado e aplicado em oito cadeias<br />

produtivas do Estado de Goiás, sendo elas milho, soja,<br />

carne suína, carne de frango, carne bovina, couro, lácteos e<br />

cana-de-açúcar (2012).<br />

Além da grande repercussão dos estudos citados nas principais<br />

mídias, no meio acadêmico com diversas publicações<br />

nacionais e internacionais e mais de 15 livros, o método foi<br />

publicado pela Revista de Administração da Universidade<br />

de São Paulo (Rausp), International Food and Agribusiness<br />

Management Association (Ifama), European Marketing Academy<br />

(Emac) e no Journal of Chain and Network Science (Wageningen<br />

University, Holanda).<br />

Indo além das visões de cadeias produtivas e redes de empresas,<br />

os sistemas agroindustriais (SAGs) consideram também<br />

o ambiente institucional e as condições estruturais nas<br />

quais essas relações acontecem. A grande contribuição dos<br />

estudos de sistemas agroindustriais é a sua utilização para o<br />

desenho de políticas públicas, organização de empresas e estruturação<br />

de estratégias corporativas, que ainda enfrentam<br />

o problema da falta de uma abordagem sistêmica, resultando<br />

em falhas no desenho de estratégias corporativas e organizacionais<br />

(ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).<br />

Cinco etapas fundamentais estruturam o método GE-<br />

Sis original. Cada etapa contém fases específicas que de-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 25<br />

<br />

figUra 1.1<br />

Macro etapas do método GESis<br />

ETAPA 1<br />

Iniciativas de líderes,<br />

governo, institutos de<br />

pesquisa, universidades<br />

em planejar o futuro<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 2<br />

Descrição,<br />

mapeamento e<br />

quantificação<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 3<br />

Criação de uma<br />

organização<br />

vertical no sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 4<br />

Montagem de<br />

plano estratégico<br />

para o sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 5<br />

Administração<br />

dos projetos<br />

priorizados e<br />

elaboração de<br />

contratos.<br />

Fonte: Neves (2008).<br />

vem ser realizadas para chegar ao seu objetivo proposto. A<br />

Figura 1.1 ilustra as macro etapas do método GESis.<br />

A primeira etapa conta com a inciativa de líderes, governo,<br />

institutos de pesquisas, universidades ou outros agentes relacionados<br />

à cadeia produtiva na busca de planejar o futuro<br />

da cadeia em que se insere. A importância da primeira etapa<br />

se dá, tendo em vista que a aplicação do método de maneira<br />

coerente e efetiva deve contar com muitos agentes envolvidos,<br />

uma vez que os esforços e a mobilização de pessoas devem<br />

ser coletivos.<br />

Além da etapa 1, o método ainda conta com mais quatro<br />

etapas, porém, tendo em vista os objetivos do presente estudo,<br />

a aplicação do método nas cadeias produtivas do Estado<br />

do Tocantins limitou-se a aplicação das etapas 1 e 4, sendo a<br />

etapa 4 o principal foco do trabalho.<br />

A etapa 4 do método consiste no diagnóstico e montagem de<br />

um plano estratégico para os sistemas agroindustriais. Neves<br />

(2008) propõe que para a realização do plano estratégico são necessários<br />

12 passos, que foram adaptados para a aplicação no<br />

Estado do Tocantins. A Figura 1.2 ilustra os passos sugeridos.


26<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

figUra 1.2<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis<br />

F<strong>AS</strong>E 1 INTRODUTÓRIA<br />

F<strong>AS</strong>E 2 <strong>PLA<strong>NO</strong></strong>S <strong>DO</strong>S VETORES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

1<br />

2<br />

4 5 6<br />

Projetos de<br />

produção, pesquisa e<br />

desenvolvimento e inovações<br />

11 12<br />

introdução e entendimento<br />

Análise do<br />

mercado e do<br />

consumidor<br />

no enfoque de<br />

sistemas<br />

3<br />

Análise da situação<br />

interna e de<br />

concorrentes<br />

globais<br />

(benchmark)<br />

Objetivos para o sistema<br />

Estratégias para atingir os objetivos propostos<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Projetos de comunicação<br />

Projetos de distribuição e<br />

logística (incluindo exportações)<br />

Projetos de capacitação e<br />

recursos humanos<br />

Projetos de coordenação<br />

e adequação ao ambiente<br />

institucional<br />

Consolidação de planos estratégicos<br />

Orçamento do GESis<br />

Fonte: Neves (2008).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 27<br />

Tendo como base o método GESis, na sequência serão detalhadas<br />

as etapas que compuseram o desenvolvimento do<br />

presente projeto.<br />

1. 1. 1 Introdução e entendimento<br />

Para iniciar o trabalho, esta etapa envolveu o levantamento<br />

de materiais já existentes a respeito das cadeias estudadas,<br />

fossem esses específicos do Tocantins, ou materiais de contextualização<br />

de cadeias nos cenários nacional e internacional.<br />

Um amplo conjunto de materiais foi levantado pelas secretarias<br />

estaduais do Estado. Além dos materiais, foi conduzida<br />

reunião inicial de sensibilização dos agentes relacionados<br />

às cadeias, onde todo o escopo e método do trabalho foram<br />

apresentados e os potenciais membros que participariam da<br />

construção do trabalho puderam tirar suas dúvidas e entender<br />

o impacto do projeto para o Estado e o papel de cada interlocutor<br />

na sua construção.<br />

1. 1. 2 Análise do mercado e enfoque de sistemas<br />

Esta é a etapa inicial de diagnóstico, onde foram mapeados<br />

os mercados internacional e nacional os quais a cadeia alvo<br />

do estudo está inserida. A análise contou com dados de produção,<br />

consumo, exportações e importações dos principais<br />

players do mercado internacional, além de mapear como o<br />

sistema agroindustrial está posicionado no mercado brasileiro,<br />

suas principais características regionais, as tendências<br />

de consumo e as projeções e expectativas para os próximos<br />

anos.<br />

Figurando como uma análise externa, esta etapa de contextualização<br />

é fundamental para que as estratégias sugeridas<br />

ao término do projeto sejam aderentes à atual realidade da<br />

cadeia nos mercados em que se inserem.<br />

1. 1. 3 Análise da situação interna: o Estado do Tocantins<br />

Utilizando como unidade de análise o Estado do Tocantins,<br />

foi desenvolvido amplo diagnóstico das cadeias no Estado<br />

por meio de diversas pesquisas, entrevistas presenciais e remotas.<br />

Com relação às entrevistas presenciais, estas foram conduzidas<br />

pela Secretaria do Desenvolvimento (Seden), Secretaria<br />

da Agricultura (Seagro), Secretaria do Planejamento (Seplan),<br />

Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Secretaria da Fazenda<br />

(Sefaz), Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins<br />

(Adapec), Universidade Federal do Tocantins (UFT),<br />

Sindicato das Indústrias Beneficiadoras de Arroz (Sindiato),<br />

Cooperativa dos Produtores de Carnes e Derivados de Gurupi<br />

(Cooperfrigu), Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Tocan-


28<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

tins (Sindicarnes), Companhia de Distribuição Araguaia (CDA),<br />

Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins<br />

(Aproest), empresa Diamante Agrícola e fazenda Vale do Boi.<br />

No total, participaram das primeiras entrevistas 39 pessoas,<br />

sendo sete na Seden, sete na Seagro, cinco na Seplan,<br />

uma na Seinfra, uma na Sefaz, oito na Adapec, duas ligadas<br />

ao curso de agronomia da UFT em Gurupi, uma do Sindiato,<br />

uma da Cooperfrigu, uma do Sindicarnes, uma da empresa<br />

CDA, uma representando tanto a Aproest quanto a Diamante<br />

Agrícola, uma ligada ao curso de medicina veterinária da<br />

UFT em Araguaína e duas da Vale do Boi. Dentre os entrevistados<br />

estavam o Secretário de Desenvolvimento, o Secretário<br />

da Agricultura e o Secretário de Planejamento. As entrevistas<br />

foram conduzidas nas cidades de Palmas, Gurupi, Lagoa da<br />

Confusão e Araguaína. Além das entrevistas, a equipe visitou<br />

a ponte do rio Tocantins em Porto Nacional e o terminal de<br />

integração da VLI na mesma cidade.<br />

Os principais pontos levantados foram: características gerais<br />

da cadeia no Estado, custo de produção, análise de viabilidade<br />

da cultura, associativismo e cooperativismo, exportações,<br />

indústria de processamento local, políticas estaduais<br />

de apoio ao desenvolvimento tecnológico, incentivos fiscais,<br />

preços de mercado e logística.<br />

Todos os pontos levantados foram analisados comparativamente<br />

com outros Estados de grande destaque no cenário<br />

nacional para as cadeias selecionadas. A análise comparativa,<br />

também conhecida como benchmarking é um importante<br />

direcionador estratégico, uma vez que mostra casos e estratégias<br />

de sucesso que podem ser adaptadas para posterior<br />

implementação.<br />

1. 1. 4 Consolidação do diagnóstico<br />

Para resumir e apresentar o diagnóstico feito nas duas etapas<br />

anteriores de forma mais didática, algumas ferramentas<br />

de grande prestígio no meio acadêmico foram utilizadas, sendo<br />

elas a análise macroambiental - Pest e o modelo das Cinco<br />

Forças de Porter.<br />

A utilização dessas duas ferramentas, além de guiar o levantamento<br />

das informações, permite uma melhor visualização<br />

dos dados para a tomada de decisões quanto ao presente<br />

e futuro da cadeia alvo do plano.<br />

A ferramenta Pest é amplamente utilizada no planejamento<br />

estratégico de organizações para a identificação das ameaças<br />

e oportunidades derivadas do ambiente político-legal, econômico-natural,<br />

sociocultural e tecnológico.<br />

Já o modelo das Cinco Forças de Porter consiste na análise<br />

das informações, considerando a rivalidade entre os concorrentes,<br />

a ameaça de novos entrantes, a ameaça de produtos<br />

substitutos, o poder de barganha dos fornecedores e o poder


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 29<br />

de barganha dos compradores (PORTER, 1980; PORTER, 1998).<br />

1. 1. 5 Objetivos para a cadeia e estratégias centrais<br />

Após estudar as cadeias produtivas e entender seu posicionamento<br />

e competitividade no Estado do Tocantins, é fundamental<br />

determinar os objetivos que devem ser buscados<br />

por meio do delineamento de ações estratégicas. Esta etapa<br />

envolveu a definição do posicionamento estratégico para as<br />

cadeias, a definição de missão e visão e o estabelecimento de<br />

metas para os próximos 10 anos.<br />

Tendo como base o posicionamento almejado do Estado,<br />

foram determinados pilares e ações estratégicas que devem<br />

guiar os próximos passos das cadeias produtivas no Estado<br />

do Tocantins.


<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

anáLise de mercado e<br />

enfoQUe de sistemas


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 31<br />

2. 1 Análise do mercado internacional<br />

Juntamente com as carnes de frango e de suínos, a carne<br />

bovina é uma das principais proteínas animais consumidas<br />

no mundo. Grande parte dos países possui rebanho bovino,<br />

porém nos últimos 10 anos o rebanho mundial apresentou<br />

um decréscimo de 2,7%, contabilizando cerca de 990 milhões<br />

de cabeças em 2016 (USDA, 2017a).<br />

Segundo dados da USDA (2017a), nos últimos 10 anos, os<br />

países com maior rebanho bovino apresentaram uma taxa de<br />

crescimento negativa ou pouco expressiva, ao contrário do<br />

Û<br />

gráfico 2.1<br />

Rebanho bovino mundial<br />

1.040<br />

1.030<br />

1.020<br />

1.010<br />

1.024<br />

1.024<br />

1.026<br />

1.028<br />

(milhões de cabeças)<br />

1.000<br />

990<br />

980<br />

1.009<br />

1.002<br />

1.002<br />

1.005<br />

1.009<br />

989<br />

997<br />

970<br />

980<br />

960<br />

950<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).


32<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Brasil, que, no mesmo período, apresentou um aumento de<br />

31% em seu rebanho.<br />

O Gráfico 2.1 representa a evolução do rebanho mundial de<br />

2006 a 2017 e torna possível a visualização do decréscimo anteriormente<br />

mencionado.<br />

Das cerca de 1 bilhão cabeças de gado contabilizadas no<br />

ano de 2017, a Índia é o país com maior participação, respondendo<br />

por 30% de todo o rebanho. O Brasil figura na segunda<br />

posição do ranking internacional com mais de 200 milhões de<br />

cabeças de bovinos (USDA, 2017a).<br />

Apesar dos Estados Unidos figurar como quarto maior rebanho<br />

mundial, com relação à produção de carne ele ocupa<br />

Û<br />

figUra 2.1<br />

Produção mundial de carne bovina em milhões de toneladas em 2016<br />

1° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Produção 11,5<br />

Participação 19,0%<br />

2° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Produção 9,28<br />

Participação 15,4%<br />

4° CHINA<br />

Produção 7,0<br />

Participação 11,6%<br />

5° ÍNDIA<br />

Produção 4,2<br />

Participação 6,9%<br />

3° UE<br />

Produção 7,9<br />

Participação 12,9%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 33<br />

a primeira colocação. Nesse sentido, os 5 principais países<br />

produtores de carne representam cerca de 66% de toda a produção<br />

(Figura 2.1). Essa concentração em polos produtores<br />

faz com que a demanda mundial pelo produto seja bastante<br />

dependente do desempenho desses países. Nos últimos 10<br />

anos (2006 a 2016), o crescimento da produção mundial foi<br />

de cerca de 4,5% chegando a 60,4 milhões de toneladas no<br />

ano de 2016.<br />

O Brasil se posiciona como segundo maior produtor mundial<br />

de carne bovina. Alguns países como Turquia e China aumentaram<br />

significantemente sua produção nos últimos anos,<br />

o que impactou diretamente no aumento da produção mun-<br />

Û<br />

gráfico 2.2<br />

Evolução da produção mundial de carne bovina<br />

62<br />

61<br />

61,6<br />

(milhões de toneladas)<br />

60<br />

59<br />

58<br />

58,8<br />

58,5<br />

58,6<br />

59,3<br />

59,0<br />

59,5<br />

60,6<br />

60,8<br />

59,7<br />

60,5<br />

57<br />

57,8<br />

56<br />

55<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).


34<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

dial, como pode ser identificado no Gráfico 2.2.<br />

No ano de 2016 foram consumidas cerca de 58 milhões de<br />

toneladas, sendo que os cinco principais países consumidores,<br />

representados na Figura 2.2, tiveram uma participação<br />

de 37,4 milhões de toneladas ou cerca de 65% do total mundial.<br />

Apenas os Estados Unidos, Brasil e UE corresponderam<br />

a mais de 45% de todo o consumo.<br />

Quando se analisa a cadeia de carne bovina, deve-se traçar<br />

uma relação direta com as outras proteínas animais, que, figurando<br />

como produtos substitutos, interferem diretamente na<br />

dinâmica de mercado desse segmento. Nesse sentido, a produção<br />

de carne bovina tem apresentado taxas de crescimento<br />

mundiais relativamente baixas se comparadas à carne suína<br />

e de frango, que são proteínas animais com preços menores.<br />

Û<br />

figUra 2.2<br />

Consumo mundial por país em milhões de toneladas em 2016<br />

1° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Consumo 11,67<br />

Participação 19,9%<br />

4° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Consumo 7,65<br />

Participação 13,0%<br />

3° CHINA<br />

Consumo 7,75<br />

Participação 13,2%<br />

5°ÍNDIA<br />

Consumo 2,43<br />

Participação 4,1%<br />

2° UE<br />

Consumo 7,85<br />

Participação 13,4%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 35<br />

Û<br />

gráfico 2.3<br />

Evolução da produção de carne bovina, suína e avícola<br />

Û<br />

tabEla 2.1<br />

Importações mundiais de carne bovina<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

(milhões de toneladas)<br />

iMportaçÕes MunDiais De carne bovina (MiL toneLaDas)<br />

paÍs 2016 2017* variação<br />

EUA 1.368 1.245 -8,99%<br />

China 812 950 17,00%<br />

Japão 719 760 5,70%<br />

Rússia 518 485 -6,37%<br />

Coreia do Sul 513 535 4,29%<br />

Hong Kong 453 475 4,86%<br />

União Europeia 369 375 1,63%<br />

Egito 340 300 -11,76%<br />

40.000<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Total carne bovina Total carne suína Total carne avícola<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

Chile 269 275 2,23%<br />

Canadá 254 250 -1,57%<br />

Outros 2.096 2.075 -1,00%<br />

TOTAL 7.711 7.725 0,18%<br />

*Previsão / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a)<br />

O Gráfico 2.3 representa uma análise comparativa do total<br />

na produção de três tipos de carne, incluindo bovinos, aves e<br />

suínos.<br />

As importações mundiais de carne bovina tiveram um aumento<br />

de 12% entre os anos de 2006 e 2016, impulsionadas<br />

pelos países asiáticos, que aumentaram significantemente<br />

seu consumo, principalmente a China. Em 10 anos o país<br />

aumentou sua importação em 452%, se tornando o segundo<br />

maior importador mundial, ficando atrás apenas dos EUA.<br />

Hong Kong e China são os principais destinos da carne brasi-


36<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

milhões de toneladas<br />

gráfico 2.4<br />

Importações mundiais¹ de carne bovina<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

CHINA<br />

HONG KONG<br />

<strong>NO</strong>RTE E CENTRO-LESTE<br />

AFRICA<strong>NO</strong><br />

OUTROS PAÍSES <strong>AS</strong>IÁTICOS<br />

E OCEANIA<br />

LESTE <strong>AS</strong>IÁTICO 2<br />

CANADÁ E MÉXICO<br />

EUA<br />

RÚSSIA<br />

UE<br />

¹Países importadores selecionados, não total mundial. ²Japão, Coreia e Taiwan.<br />

leira exportada (USDA, 2017a). A Tabela 2.1 mostra as importações<br />

mundiais de carne bovina.<br />

O Gráfico 2.4 faz o comparativo entre os maiores países importadores<br />

mundiais de carne bovina e as projeções até 2026.<br />

Entre 2017 e 2026 as importações de carne de bovina dos<br />

principais países deverão aumentar em 1,7 milhão de toneladas,<br />

atingindo nove milhões de toneladas em 2026. As importações<br />

de carne de bovinos pela China e Hong Kong deverão<br />

aumentar de quase 42% na próxima década, para quase 1,9<br />

milhão de toneladas em 2026, explicadas pelo aumento da<br />

demanda de carne bovina que supera o crescimento da produção.<br />

Este aumento representa o maior crescimento das importações<br />

entre os principais países importadores de carne<br />

bovina (USDA, 2017b).<br />

As regiões do Oriente Médio e do Norte da África, com<br />

crescimento rápido da população e do rendimento, deverão<br />

aumentar as importações de carne de bovinos de 1,2 milhão<br />

de toneladas em 2017 para mais de 1,7 milhão até 2026, com<br />

uma taxa de crescimento anual média de 4,1% (USDA, 2017b).<br />

Os países do Sudeste Asiático mantêm um forte crescimento<br />

da renda, levando a um aumento de 36% nas suas importações<br />

de carne de bovinos de 2017 a 2026, somando 206 mil<br />

toneladas à demanda global de importação.<br />

As exportações mundiais atingiram cerca de 9,5 milhões de<br />

toneladas em 2016 com um crescimento ao longo de 10 anos<br />

de 24%. A Tabela 2.2 mostra as exportações de carne bovina<br />

por país e a variação do ano de 2016 para 2017.<br />

Nos últimos anos a Índia assumiu a posição de maior exportador<br />

mundial de carne bovina. Apesar dos abates de bovino<br />

serem restritos no país, a produção de bubalinos é altamente


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 37<br />

Ã<br />

tabEla 2.2<br />

Exportações mundiais de carne bovina<br />

exportaçÕes MunDiais De carne bovina (MiL toneLaDas)<br />

paÍs 2016 2017* variação (16/17)<br />

ÍnDia 1.764 1.850 4,88%<br />

brasiL 1.698 1.800 6,01%<br />

austrÁLia 1.480 1.400 -5,41%<br />

eua 1.157 1.236 6,83%<br />

nova ZeLÂnDia 587 545 -7,16%<br />

canaDÁ 441 450 2,04%<br />

uruguai 422 430 1,90%<br />

paraguai 389 380 -2,31%<br />

união europeia 345 355 2,90%<br />

México 258 290 12,40%<br />

outros 885 905 2,26%<br />

totaL 9.426 9.641 2,28%<br />

*Previsão / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

significante. Em 2015 a Austrália figurava como maior país exportador,<br />

porém suas exportações foram reduzidas, o que faz<br />

com que, mesmo com o alcance de posições superiores pela<br />

Índia, o Brasil se mantenha na terceira colocação dentre os<br />

principais exportadores.<br />

Índia e Brasil disputam a posição de maior exportador de<br />

carne bovina do mundo, após uma década e meia de rápido<br />

crescimento das exportações. O Brasil deverá exportar 1,8<br />

milhão de toneladas de carne bovina em 2017 e aumentar<br />

suas exportações em 695 mil toneladas em 2026, atingindo<br />

2,65 milhões de toneladas. A Austrália é o terceiro maior exportador<br />

de carne bovina do mundo e historicamente sempre<br />

esteve entre os países mais bem classificados nesta categoria.<br />

Suas exportações deverão aumentar gradualmente para 1,6<br />

milhão de toneladas até 2026 (USDA, 2017b).<br />

Os Estados Unidos continuam a ser o quarto maior exportador<br />

de carne durante todo o período de projeção, fornecendo<br />

principalmente cortes de maior valor para vários países.<br />

As exportações de carne bovina dos EUA devem aumentar<br />

103 mil toneladas ao longo do período de projeção, atingindo<br />

1,3 milhão de toneladas em 2026 (USDA, 2017b).<br />

No passado, a principal proteína animal exportada no mundo<br />

era a carne bovina. Com o passar dos anos, a carne avícola<br />

ocupou a primeira posição. De acordo com as projeções apresentadas<br />

no Gráfico 2.5, nos próximos 10 anos, a carne bovina<br />

manterá a segunda colocação (USDA, 2017b).<br />

Durante o período de projeção, as exportações de aves devem<br />

aumentar 2,7 milhões de toneladas (2,4% a.a.), as exportações<br />

de carne bovina 1,7 milhão de toneladas (2%), e as de<br />

carne suína 0,9 milhão de toneladas (1,2% a.a.). O aumento


38<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

milhões de toneladas<br />

gráfico 2.5<br />

Exportações mundiais¹ de carne avícola, bovina e suína<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Bovina Suína Avícola<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

¹ Maiores exportadores, não total mundial. / Fonte: USDA (2017b).<br />

das exportações e importações são puxados pelo aumento<br />

populacional, principalmente em países em desenvolvimento.<br />

Esse é um mercado que apresenta grande oportunidade<br />

para a carne bovina brasileira.<br />

2. 2 Análise do mercado nacional<br />

A importância da pecuária para o Brasil pode ser evidenciada<br />

na análise dos setores responsáveis pelo seu Produto Interno<br />

Bruto. O PIB do agronegócio brasileiro representa 21%<br />

do PIB total do país, isso significou cerca de R$ 1,3 trilhão dos<br />

R$ 5,9 trilhões no ano de 2015. Mais especificamente, o PIB<br />

pecuário representa 30% do PIB do agronegócio, assim chegando<br />

a um valor de 0,5 trilhão de reais (ABIEC, 2016).<br />

Historicamente, a pecuária foi considerada uma forma<br />

eficiente e de menor custo para garantir a posse de grandes<br />

extensões de terra, em particular, a criação de bovinos de<br />

corte, a pasto, como melhor solução em ocupação de áreas de<br />

fronteira agrícola no território brasileiro (DI<strong>AS</strong>-FILHO, 2011;<br />

DI<strong>AS</strong>-FILHO, 2013).<br />

Ao longo dos anos, o rebanho foi se tornando mais que uma<br />

forma de ocupação de espaço e evoluiu no sentido de geração<br />

de valor. A economia brasileira é diretamente influenciada<br />

por esse segmento que cresce a cada ano. O Gráfico 2.6 mostra<br />

a evolução do rebanho brasileiro nos últimos anos.<br />

A variação do número de cabeças dos últimos anos é de<br />

pouco mais de 30%, com uma estimativa de rebanho de 226<br />

milhões de cabeças em 2017. Com o objetivo de apresentar<br />

um panorama da situação atual da pecuária no Brasil, a<br />

Figura 2.4 mostra o rebanho por Estado selecionado a partir<br />

dos objetivos estabelecidos no início do estudo, incluindo,<br />

também, a área de pastagem e taxa de lotação.<br />

Apesar do Centro-Oeste ainda ser a região com maior destaque<br />

no que se refere ao número de cabeças de bovinos,<br />

com o passar dos anos, nota-se um deslocamento do rebanho


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 39<br />

Û<br />

gráfico 2.6<br />

Evolução do rebanho brasileiro<br />

300<br />

250<br />

+ 31,3%<br />

milhões de toneladas<br />

200<br />

150<br />

100<br />

172,1<br />

173,8<br />

175,4<br />

179,5<br />

185,2<br />

190,9<br />

197,6<br />

203,3<br />

208,0<br />

213,0<br />

219,2<br />

226,0<br />

50<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017*<br />

*Previsão / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

bovino brasileiro para a região Norte. Esse fato se deve, em<br />

parte, aos baixos preços da terra, disponibilidade hídrica, clima<br />

favorável, incentivos governamentais e abertura de novas<br />

plantas frigoríficas. O Gráfico 2.7 mostra essa dinâmica.<br />

No Brasil, o nível tecnológico adotado na produção de bovinos<br />

é heterogêneo (CARVALHO; ZEN, 2017).<br />

A produção pecuária pode ser dividida em três categorias, de<br />

acordo com o nível tecnológico empregado. A pecuária extensiva<br />

é aquela realizada a pasto, com baixo investimento em pastagem,<br />

suplementação nutricional e técnicas reprodutivas. A<br />

semi-extensiva, ou semi-confinamento, configura uma criação<br />

intermediária, com o gado a pasto e algum tipo de suplementação<br />

no cocho, com manejo nutricional. Já a produção intensiva<br />

é o modelo de maior nível tecnológico empregado, utilizando<br />

confinamento para a terminação dos animais.<br />

Como pode ser visto na Figura 2.4, a taxa de lotação, que<br />

indica o número de animais por hectare, ainda é muito baixa<br />

no Brasil. Isso se dá devido ao perfil da pecuária brasileira,<br />

que é majoritariamente extensivo. Existe grande oportunidade<br />

de intensificação com reforma de pastagens, fertilização e


40<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

gráfico 2.7<br />

Efetivo de bovinos por região (milhões de cabeças)<br />

80<br />

70<br />

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

1985<br />

1986<br />

1987<br />

1988<br />

1989<br />

1990<br />

1991<br />

1992<br />

1993<br />

1994<br />

1995<br />

1996<br />

1997<br />

1998<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

Fonte: IBGE (2017b).<br />

Ã<br />

tabEla 2.3<br />

Modelo de negócio pecuário (mil cabeças)<br />

sisteMas De proDução<br />

extensivo confinaMento seMi-confinaMento totaL<br />

Mt 28.972 932 391 30.295<br />

ba 10.070 154 140 10.364<br />

to 8.465 75 112 8.652<br />

go 21.736 786 357 22.879<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017) e IBGE (2017b).<br />

suplementação animal para a produção de quantidade muito<br />

superior de animais na mesma área ou até mesmo em área<br />

inferior à atual.<br />

A Tabela 2.3 mostra a relação entre o número total de bovinos<br />

em Estados selecionados e a quantidade de animais em<br />

sistemas extensivo, semi-confinamento e confinamento. Os<br />

números apresentados evidenciam o forte caráter de pecuária<br />

extensiva no Brasil.<br />

É possível concluir, a partir da Tabela 2.3, que os rebanhos


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 41<br />

Û<br />

figUra 2.4<br />

Rebanho por Estado<br />

REBANHO 2016 EM<br />

MILHÕES DE CABEÇ<strong>AS</strong><br />

5º PARÁ<br />

Rebanho: 20,5 (milhões de cabeças)<br />

Taxa de lotação: 0,9 (cab/ha)<br />

Área: 20,6 (mi ha)<br />

1º MATO GROSSO<br />

Rebanho: 30,3 (milhões de cabeças)<br />

Taxa de lotação: 1,3 (cab/ha)<br />

Área: 22,3 (mi ha)<br />

3º GOIÁS<br />

Rebanho: 22,9 (milhões de cabeças)<br />

Taxa de lotação: 1,5 (cab/ha)<br />

Área: 15,1 (mi ha)<br />

12º MARANHÃ0<br />

Rebanho: 7,7 (milhões de cabeças)<br />

Taxa de lotação: 1,2 (cab/ha)<br />

Área: 6,3 (mi ha)<br />

9º BAHIA<br />

Rebanho: 10,4 (milhões de cabeças)<br />

Taxa de lotação: 1,0 (cab/ha)<br />

Área: 10,3 (mi ha)<br />

11º <strong>TOCANTINS</strong><br />

Rebanho: 8,7 (milhões de cabeças)<br />

Taxa de lotação: 1,1 (cab/ha)<br />

Área: 7,9 (mi ha)<br />

POSIÇÃO UF MI CABEÇ<strong>AS</strong><br />

1º MT 30,3<br />

2º MG 23,6<br />

3º GO 22,9<br />

4º MS 21,8<br />

5º PA 20,5<br />

6º RO 13,7<br />

7º RS 13,6<br />

8º SP 11,0<br />

9º BA 10,4<br />

10º PR 9,5<br />

11º TO 8,7<br />

12º MA 7,7<br />

13º SC 4,5<br />

14º AC 3,0<br />

15º CE 2,4<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de ABIEC (2016) e IBGE (2017b).<br />

alocados no modelo de negócio, tanto de confinamento, quanto<br />

de semi-confinamento, têm uma baixa representação no<br />

total de rebanho por Estado. Essas técnicas, apesar de muito<br />

interessantes, possuem altos custos e, por isso, não possuem<br />

adesões muito altas atualmente.<br />

O Mato Grosso, Estado reconhecido pela boa aplicação de<br />

tecnologia em sua pecuária, elevou em 126% a utilização do<br />

confinamento na criação de bovinos nos últimos 7 anos. Mato<br />

Grosso do Sul e Goiás também aumentaram a utilização desse<br />

modelo de criação em 74% e 49%, respectivamente. No caminho<br />

contrário, o Tocantins reduziu o emprego do confinamento<br />

em 9% (IEG | FNP, 2017).


42<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

ac<br />

figUra 2.5<br />

Localização dos frigoríficos com Serviço de Inspeção Federal (SIF)<br />

Boa Vista<br />

ap<br />

rr<br />

Macapá<br />

Belém São Luís<br />

Manaus<br />

aM<br />

Fortaleza<br />

pa<br />

Teresina<br />

ce<br />

rn Natal<br />

Ma<br />

pb João Pessoa<br />

pi<br />

pe Recife<br />

Rio Branco<br />

to<br />

Porto Velho<br />

aL<br />

Palmas<br />

Maceió<br />

se<br />

ro<br />

Aracajú<br />

ba<br />

Mt<br />

Salvador<br />

go<br />

Cuiabá<br />

Brasília<br />

Goiânia<br />

Mg<br />

Ms<br />

Belo Horizonte<br />

Campo Grande<br />

es<br />

Vitória<br />

sp<br />

rj<br />

Rio de Janeiro<br />

pr São Paulo<br />

Curitiba<br />

sc<br />

Florianópolis<br />

rs<br />

Porto Alegre<br />

sentido, são três os tipos de serviço de inspeção sobre a qualidade<br />

e segurança dos produtos nesses estabelecimentos<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017d).<br />

• O SIF— Serviço de Inspeção Federal é realizado pelo<br />

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

(Mapa), sendo que o estabelecimento certificado pode<br />

comercializar seu produto em todo o território nacional<br />

e em países que reconhecem esse sistema como suficiente<br />

para importar os produtos brasileiros.<br />

• O SIE— Serviço de Inspeção Estadual é responsabilidade<br />

das agências de defesa agropecuária estaduais, no caso<br />

do Tocantins, a Adapec. Estabelecimentos certificados<br />

podem comercializar seus produtos dentro do Estado<br />

em questão.<br />

• O SIM— Serviço de Inspeção Municipal é de responsabilidade<br />

das secretarias da agricultura de cada cidade,<br />

assim o produto só possui a possibilidade de ser comercializado<br />

dentro do município.<br />

Fonte: ABIEC (2016).<br />

O Brasil possui frigoríficos espalhados ao longo de todo território,<br />

sendo que seus produtos são fiscalizados por órgãos<br />

públicos nas esferas nacional, estadual e municipal. Nesse<br />

O Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.) é o mais alto nível de<br />

inspeção, e tem como objetivo assegurar a qualidade de produtos<br />

de origem animal comestíveis e não comestíveis para<br />

comercialização nacional e internacional. Atualmente, o SIF<br />

tem atuação em mais de 5 mil estabelecimentos brasileiros,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 43<br />

Ã<br />

tabEla 2.4<br />

Características de importantes frigoríficos no Brasil<br />

frigorÍfico<br />

ano Da<br />

funDação<br />

1953<br />

1992<br />

2000<br />

1949<br />

1987<br />

capaciDaDe<br />

De abate<br />

73,9 mil<br />

cabeças/dia¹<br />

26 mil<br />

cabeças/dia²<br />

13,7 mil<br />

cabeças/dia³<br />

2,6 mil<br />

cabeças/dia⁴<br />

1 mil<br />

cabeças/dia⁵<br />

LocaLiZação Das pLantas<br />

Países: Brasil, Uruguai,<br />

Argentina, Venezuela.<br />

Estados: 11<br />

Países: Brasil, Uruguai, Paraguai,<br />

Argentina, Colômbia.<br />

Países: Brasil, Uruguai, Chile.<br />

País: Brasil.<br />

Estados: MG, GO<br />

País: Brasil.<br />

Estados: MA, CE.<br />

¹Dado de 2015; ²dado de 2017; ³dado de 2016; ⁴dado de 2015; ⁵dado de 2016. / Fonte: Elaborado por<br />

Markestrat a partir de Globo Rural; Economia uol; Minerva foods; Marfrig; Fribal; Abad.<br />

sendo que o Brasil exporta seus produtos para mais de 180<br />

países (BR<strong>AS</strong>IL, 2017d).<br />

Até receber o SIF, o produto deve enfrentar muitas etapas<br />

de fiscalização e inspeção, as quais possuem orientações do<br />

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal<br />

(DIPOA) e da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/Mapa)<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017d). A Figura 2.5 mostra a distribuição dos frigoríficos<br />

que possuíam o SIF no Brasil em 2015.<br />

Dada a grande relevância da carne bovina brasileira no cenário<br />

internacional, grandes grupos frigoríficos mundialmente<br />

reconhecidos tiveram sua origem no Brasil. O JBS – Friboi<br />

é a maior empresa do mundo de produtos de origem animal,<br />

tendo sido fundada em 1953, na cidade de Anápolis, Goiás. O<br />

Minerva figura como terceira maior empresa de carne do Brasil,<br />

tendo plantas também em outros países, como Argentina,<br />

Paraguai, Colômbia e Chile. A Tabela 2.4 resume as principais<br />

características de alguns dos maiores frigoríficos do Brasil.<br />

Considerando o rebanho bovino e a capacidade de abate<br />

dos Estados brasileiros, é notável a importância da produção<br />

de carne bovina dentro da pauta produtiva brasileira. O<br />

Gráfico 2.8 mostra a evolução na produção de carne bovina<br />

das regiões da federação ao longo dos anos.<br />

O centro-oeste manteve a alta representatividade e continuou<br />

a crescer ao longo dos anos. Também fica evidenciado<br />

no Gráfico 2.8 que outras regiões, como o sudeste e sul,<br />

perderam participação no mesmo período. O clima favorável<br />

da região centro-oeste é um dos fatores que favorecem essa<br />

atividade econômica, além do relevo, vegetação e água dispo-


44<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

gráfico 2.8<br />

Série histórica de produção de carne bovina por região<br />

<strong>NO</strong>RTE <strong>NO</strong>RDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE<br />

3,5<br />

milhões de toneladas equivalente-carcaça<br />

3,0<br />

2,5<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

0,5<br />

0,0<br />

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

nível. No Pantanal, a pecuária é a principal fonte econômica.<br />

A Tabela 2.5 mostra a evolução da participação das regiões na<br />

produção nacional de carne bovina.<br />

Como pode ser visto na Tabela 2.5, a região centro-oeste<br />

saiu de uma participação de 28% do total de carne bovina<br />

produzida no Brasil em 2008 para 36% em 2016. Já o sudeste<br />

caiu de 26% para 19%, assim como o sul cai de 16% para 12%<br />

no mesmo período.<br />

No ano de 2016, o maior Estado produtor foi o Mato Grosso,<br />

seguido por Mato Grosso do Sul e Goiás. Juntos, os três<br />

Estados produziram 2,9 milhões de toneladas equivalentecarcaça<br />

ou cerca de 35% da produção nacional. O Estado do<br />

Tocantins figurou em 11º lugar, com uma produção de 257<br />

mil toneladas equivalente-carcaça. A Tabela 2.6, apresenta o


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 45<br />

Ã<br />

tabEla 2.5<br />

Evolução da participação das regiões na produção de carne bovina<br />

do Brasil<br />

Ã<br />

tabEla 2.6<br />

Ranking da produção de carne bovina em 2016<br />

ranKing Da proDução De carne bovina no brasiL eM 2016<br />

participação por região (%)<br />

coLocação uf toneLaDas eQuivaLente-carcaça<br />

região 2008 2016<br />

1º MT 1.124.014<br />

centro-oeste 28% 36%<br />

suDeste 26% 19%<br />

norte 15% 18%<br />

norDeste 14% 15%<br />

suL 16% 12%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG|FNP (2017).<br />

2º MS 942.994<br />

3º GO 839.990<br />

4º MG 698.888<br />

5º SP 640.927<br />

6º PA 622.574<br />

7º BA 542.963<br />

8º PR 421.574<br />

Ã<br />

tabEla 2.7<br />

Projeções da produção regional de carne bovina<br />

carne bovina (MiLHÕes De toneLaDas)<br />

região 2017 2027 var %<br />

9º RO 405.023<br />

10º RS 349.803<br />

11º TO 257.350<br />

12º SC 235.595<br />

13º PE 219.345<br />

14º MA 181.415<br />

norte 2,169 3,143 44,9%<br />

norDeste 0,929 0,998 7,4%<br />

suDeste 1,775 1,715 -3,4%<br />

suL 1,103 1,217 10,3%<br />

centro-oeste 3,401 4,134 21,6%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2017).<br />

15º AM 118.694<br />

16º RJ 103.050<br />

17º CE 92.556<br />

18º ES 79.870<br />

19º AC 68.264<br />

20º PI 53.115<br />

21º PB 42.384


46<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

180<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

gráfico 2.9<br />

Indicador de preço do boi gordo em R$/@<br />

96,65<br />

97,91<br />

118,71<br />

2012.I<br />

2012.II<br />

2012.III<br />

2012.IV<br />

2013.I<br />

2013.II<br />

2013.III<br />

2013.IV<br />

2014.I<br />

2014.II<br />

2014.III<br />

2014.IV<br />

2015.I<br />

2015.II<br />

2015.III<br />

2015.IV<br />

2016.I<br />

2016.II<br />

2016.III<br />

2016.IV<br />

2017.I<br />

143,98<br />

153,19<br />

145,57<br />

Fonte: IBGE (2017a).<br />

ranking de produção de carne bovina em todos os Estados<br />

brasileiros e no Distrito Federal.<br />

Assim como outros itens do setor produtivo brasileiro, a<br />

carne bovina pode ser exportada ou permanecer no mercado<br />

interno. A Figura 2.5 segmenta os destinos da carne bovina<br />

brasileira. Em 2016, as exportações equivaleram a 18% da<br />

produção total da carne bovina do país, enquanto os outros<br />

82% ficaram no mercado interno.<br />

Em 1999, a desvalorização cambial contribuiu para a elevação<br />

das exportações brasileiras de carne bovina. Essa desvalorização<br />

não atuou isoladamente para impulsionar as vendas;<br />

outros fatores como os avanços tecnológicos na pecuária<br />

de corte e a sanidade do rebanho também foram importantes<br />

(MACHA<strong>DO</strong> et al. 2006).<br />

Mesmo o Brasil estando entre os cinco maiores exportadores<br />

de carne bovina, a maior parte do produto produzido no<br />

país é destinada ao consumo interno.<br />

Com relação aos preços do boi gordo, nota-se que de 2012<br />

a 2017 o valor aumentou gradativamente, porém nos últimos<br />

trimestres houve redução no valor. O Gráfico 2.9 trata sobre<br />

o indicador de preço do boi gordo definido pelo IBGE (2017b).<br />

Para os próximos anos, as projeções indicam que a pecuária<br />

de corte no Brasil continuará com tendência de crescimento.<br />

O Gráfico 2.10 mostra a evolução da produção e do consumo<br />

de carne bovina no Brasil até 2027. Estima-se que, até 2027,<br />

o país estará produzindo cerca de 11 milhões de toneladas.<br />

Para atingir esse valor de produção em 2027, o crescimento<br />

ano a ano deve ser de aproximadamente 1,8%. O consumo<br />

passa por uma variação de cerca de 14% ao longo dos 10<br />

anos. As projeções de produção de carne bovina por região<br />

para 2027 são apresentadas na Tabela 2.7.<br />

É notável a variação da produção de carne bovina de 45%<br />

na região norte ao longo dos próximos 10 anos. É a maior variação<br />

quando comparada a todas as regiões.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 47<br />

Û<br />

gráfico 2.10<br />

Projeções de produção e consumo de carne bovina<br />

Variação de 19,5% na produção de 2017 a 2027<br />

9,38<br />

9,55<br />

9,72<br />

9,89<br />

10,07<br />

Produção<br />

10,25<br />

Consumo Doméstico<br />

10,44<br />

10,62<br />

10,82<br />

11,01<br />

11,21<br />

milhões de toneladas<br />

7,65<br />

7,73<br />

7,83<br />

7,94<br />

8,04<br />

8,16<br />

8,28<br />

8,39<br />

8,50<br />

8,61<br />

8,73<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2017).<br />

Em relação a participação regional, representada no<br />

Gráfico 2.11, apenas o Centro-Oeste e o Norte tendem a aumentar.<br />

Enquanto isso, Sudeste, Nordeste e Sul decrescem ao<br />

longo do período estudado.<br />

Apesar de existirem movimentações, as alterações são modestas<br />

e, portanto, não é esperada uma grande mudança ao<br />

longo dos próximos dez anos, no que diz respeito a participação.<br />

A Tabela 2.8 resume os principais indicadores para a<br />

projeção do setor de carne bovina brasileiro nos próximos dez<br />

anos.<br />

Conforme mostra a tabela, a área de pastagem está reduzindo,<br />

o que é positivo, tendo em vista que a produção aumentará<br />

cerca de 20%, ou seja, a taxa de lotação deve evoluir<br />

no sentido de maior intensificação. O consumo interno deve<br />

variar positivamente em 14%. As exportações em 45%. O rebanho<br />

total deve crescer em 7%. Com relação ao mercado in-


48<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

tabEla 2.8<br />

Tabela resumo dos principais indicadores de carne bovina brasileira<br />

2017-2027<br />

Û<br />

gráfico 2.11<br />

Projeção da participação regional de carne bovina<br />

carne bovina<br />

37%<br />

PARTICIPAÇÃO 2017<br />

variÁveL 2017 2027<br />

36%<br />

28%<br />

PARTICIPAÇÃO 2027<br />

Área pastageM (MiLHão Ha) 183,81 179,66<br />

proDução (MiLHão t) 9,38 11,21<br />

consuMo DoMéstico (MiLHão t) 7,65 8,73<br />

exportaçÕes LÍQuiDas (MiLHão t) 1,37 1,98<br />

23%<br />

19%<br />

15%<br />

10%<br />

12%<br />

rebanHo totaL (MiLHão cabeças) 221,78 237,44<br />

9%<br />

11%<br />

taxa De Lotação (cab/Ha) 1,21 1,32<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2017).<br />

Centro-Oeste Norte Sudeste Nordeste Sul<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2017).<br />

ternacional, a projeção das exportações está representada no<br />

Gráfico 2.12.<br />

Como pode ser observado, as exportações de carne bovina<br />

quase atingem 12 milhões de toneladas em 2027, significando<br />

um aumento de 44,6% em relação a 2017 que possuía<br />

pouco mais de 1,37 milhão de toneladas. É interessante notar<br />

que as exportações devem crescer em ritmo mais acelerado<br />

que a produção nacional, o que indica uma mudança na proporção<br />

da disponibilidade de produto nos mercados interno e<br />

externo. A tendência para os próximos anos é que a representatividade<br />

da carne bovina destinada ao mercado interno seja<br />

reduzida em prol do aumento nas exportações.<br />

Para aproveitar todas as oportunidades que se abrem no<br />

cenário internacional para a cadeia de carne bovina, o país<br />

deve estar atento a alguns aspectos de grande importância,<br />

sendo um deles o status sanitário de seu rebanho e o bem-estar<br />

animal.<br />

O bem-estar animal é tratado como tópico de suma importância,<br />

principalmente no que tange à ética, sendo que desde<br />

1988 suas cláusulas são garantidas por lei. Em 1978 houve a


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 49<br />

Û<br />

figUra 2.6<br />

Destinos da carne bovina brasileira<br />

INDUSTRIALIZADA<br />

15%<br />

CARNE BOVINA<br />

BR<strong>AS</strong>ILEIRA<br />

8,2 milhões<br />

toneladas<br />

EXPORTAÇÕES<br />

18%<br />

IN NATURA<br />

85%<br />

RESFRIADA<br />

17%<br />

CONSUMO INTER<strong>NO</strong><br />

82%<br />

CONGELADA<br />

83%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a) e IEG|FNP (2017).<br />

proclamação pela UNESCO da Declaração Universal dos Direitos<br />

dos animais (BR<strong>AS</strong>IL, 1988; MARUO; LEVORATO, 2017).<br />

Além disso, países importadores de carne começaram a demandar<br />

padrões mínimos de bem-estar animal. Pelo Brasil ser<br />

um grande exportador de carne bovina, espera-se que a produção<br />

brasileira se adapte a este cenário, buscando qualidade<br />

e sustentabilidade. Vale ressaltar que, quando a sociedade reconhece<br />

a importância da produção animal ética, é inferido ao<br />

bem-estar animal um valor econômico (MAZZOCCA, 2017).<br />

No que tange à sanidade animal, uma das principais zoonoses<br />

que pode afetar o rebanho bovino é a febre aftosa. Ela tem<br />

funcionado há anos como barreira às exportações brasileiras<br />

do produto para vários países.<br />

O status sanitário de um país relativo à febre aftosa influen-


50<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

gráfico 2.12<br />

Exportações de carne bovina 2017-2027<br />

Variação de 44,6% na produção de 2017 a 2027<br />

1,55<br />

1,44<br />

1,50<br />

1,37<br />

1,61<br />

1,66<br />

1,72<br />

1,78<br />

1,84<br />

1,91<br />

11,21<br />

milhões de toneladas<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2017).<br />

cia diretamente na sua abertura com mercados internacionais.<br />

Coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento (Mapa), o Brasil mantém um programa nacional<br />

chamado Programa Nacional de Erradicação e Prevenção<br />

da Febre Aftosa (Pnefa), cuja principal estratégia é a implantação<br />

progressiva e manutenção de zonas livres da doença,<br />

de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Organização<br />

Mundial de Saúde Animal (OIE) (BR<strong>AS</strong>IL, 2017e).<br />

As possíveis classificações são: zona livre de febra aftosa<br />

sem vacinação, zona livre com vacinação reconhecida pela<br />

OIE, zona livre com vacinação reconhecida nacionalmente e<br />

zona com risco médio.<br />

Em 1998 foi reconhecida a primeira zona livre de febre aftosa<br />

com vacinação, constituída pelos Estados do Rio Grande<br />

do Sul e Santa Catarina. A partir de então e com o passar<br />

dos anos, diversos Estados brasileiros foram incorporados e


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 51<br />

Û<br />

figUra 2.7<br />

Mapa da febre aftosa no Brasil – 2017<br />

Ã<br />

tabEla 2.9<br />

Estados com menor índice de vacinação<br />

percentuaL Do rebanHo vacinaDo<br />

rio De<br />

janeiro<br />

paraÍba<br />

aMapÁ<br />

rio granDe<br />

Do norte<br />

aMaZonas<br />

Distrito<br />

feDeraL<br />

totaL brasiL<br />

84,90% 87,51% 87,58% 90,47% 91,96% 91,07% 98,17%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEA (2016).<br />

Zona livre de FA sem vacinação<br />

Reconhecimento OIE<br />

Zona livre de FA com vacinação<br />

Reconhecimento OIE<br />

Zona livre de FA com vacinação<br />

Reconhecimento nacional<br />

Risco médio (BR-3)<br />

Fonte: Brasil (2017a).<br />

até mesmo excluídos da zona livre de febre aftosa, de acordo<br />

com o recomendado pela OIE e/ou Pnefa. A Figura 2.7 mostra<br />

como está o mapa da febre aftosa atualmente no Brasil.<br />

Países como Japão, Coreia do Sul, Singapura, México, Canadá,<br />

EUA, não importam carne congelada e resfriada de países<br />

que usam a vacinação como modo de prevenção, isso, portanto,<br />

prejudica as exportações brasileiras. A manutenção e evolução<br />

do status dos Estados com relação à febre aftosa dependem<br />

fortemente das campanhas e estratégias de vacinação.<br />

A 2ª campanha nacional de vacinação contra a febre aftosa,<br />

em 2015, atingiu 98,17% do rebanho brasileiro (IEA, 2016). Os<br />

Estados que tiveram menor índice de vacinação estão representados<br />

na Tabela 2.9.<br />

Mesmo que os índices desses Estados aparentemente sejam<br />

altos, é importante entender que quase 100% do Brasil é<br />

vacinado, tornando estes valores baixos comparados a outros<br />

territórios. Os demais Estados da região nordeste e o nordeste<br />

do Pará são classificados como médio risco para a doença.<br />

Roraima passou de alto risco para médio risco em 2015, já o<br />

noroeste do Pará se mantém como alto risco. No Amazonas e<br />

Amapá, o risco era desconhecido. Entretanto, segundo o Instituto<br />

de Economia Agrícola (2016), esses dois Estados atingi-


52<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

gráfico 2.13<br />

Atividades agropecuárias MATOPIBA (em área)<br />

17%<br />

OUTROS<br />

Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Piauí, Roraima, Rio<br />

Grande do Sul e Tocantins (IEA, 2016).<br />

Juntamente com outros Estados da federação existe uma<br />

expectativa do Tocantins se tornar livre de aftosa sem vacinação<br />

até 2021.<br />

7%<br />

AVES<br />

9%<br />

OUTROS<br />

GRÃOS<br />

10%<br />

SOJA<br />

57%<br />

GA<strong>DO</strong><br />

Fonte: INPUT (2017)<br />

ram índices melhores em 2015 e poderão ser reclassificados<br />

como risco médio.<br />

Tornar o Brasil um país livre da febre aftosa era uma meta<br />

para 2015, mas não foi atingida, assim, em 2016, o Ministério<br />

destinou cerca de R$ 24 milhões para serem gastos até 2017.<br />

Essa quantia deve garantir o status sanitário necessário ao<br />

país para reconhecimento internacional pela OIE. Os Estados<br />

destino dos recursos são: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande<br />

do Norte, Paraíba, Mato Grosso, São Paulo, Pernambuco,<br />

2. 3 A Região MATOPIBA<br />

A região MATOPIBA foi definida pelo Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento em 2015, através da Portaria<br />

N° 244. Ela é formada por quatro Estados, Maranhão, Tocantins,<br />

Piauí e Bahia, e abrange 377 municípios, totalizando uma<br />

extensão de 73 milhões de hectares (BR<strong>AS</strong>IL, 2015).<br />

Cerca de 90% dessa região concentra-se no cerrado, o que<br />

faz com que ela apresente características bastante marcantes<br />

do bioma, as quais possibilitam uma combinação de condições<br />

geográficas ideais para a agricultura e pecuária. As terras<br />

cultiváveis nessa localidade também apresentam valores<br />

relativamente baixos se comparados às demais regiões agrícolas<br />

do país, o que representa uma grande vantagem competitiva.<br />

Segundo o Censo Demográfico 2010, a população total do<br />

MATOPIBA era, no período avaliado, de 5,9 milhões de habitantes,<br />

dos quais 65% concentraram-se em áreas urbanas,<br />

muito abaixo do que se tem hoje na média brasileira (84%). A<br />

densidade demográfica também é baixa, muito influenciada


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 53<br />

Û<br />

gráfico 2.14<br />

Atividades agropecuárias MATOPIBA (em receita)<br />

26%<br />

OUTROS<br />

9%<br />

ARROZ<br />

14%<br />

ALGODÃO<br />

HERBÁCEO<br />

19%<br />

GA<strong>DO</strong><br />

32%<br />

SOJA<br />

Fonte: INPUT (2017).<br />

pela heterogenia na distribuição populacional na região: apenas<br />

10 municípios eram responsáveis por 25% da população<br />

(IBGE, 2011).<br />

De acordo com o IBGE (2016), o PIB da região foi de R$ 88<br />

bilhões em 2015. No estudo de Buainain, Garcia e Vieira Filho<br />

(2017), o PIB da região era o equivalente a 1,4% do total brasileiro,<br />

40% desse valor estava concentrado em apenas 10 municípios;<br />

e o valor adicionado bruto era composto da seguinte<br />

maneira: 19% agropecuária, 16% indústria e 65% serviços.<br />

O setor agrícola tem grande potencial de crescimento nesse<br />

cenário, já que as atividades relacionadas à indústria e ao comércio<br />

dependem, além da renda pública, da renda agropecuária<br />

(produtos provenientes da atividade agrícola).<br />

A partir do Censo Agropecuário 2006, estima-se que existam<br />

mais de 350 mil estabelecimentos agropecuários na região,<br />

sendo esses responsáveis por 34 milhões de hectares<br />

de terra. Desse total, 36% possuem área com território inferior<br />

a 10 hectares. Dessa forma, existe uma concentração de<br />

área nas mãos de poucos estabelecimentos, principalmente<br />

localizados no sudoeste e oeste da Bahia, sul do Maranhão<br />

e sul do Tocantins (4% deles são responsáveis por 63% do<br />

território).<br />

Apesar disso, a estrutura agrária da região é bem diferente<br />

do que era encontrado em Estados agrícolas mais tradicionais,<br />

como Mato Grosso e Goiás durante sua formação. Isso<br />

porque é bastante fragmentada devido ao grande número de<br />

produtores com áreas muito pequenas. Com o aumento do<br />

desenvolvimento agrário da região, ocorreu uma ocupação<br />

da fronteira agrícola com base na agropecuária intensiva e de<br />

larga escala.<br />

No MATOPIBA o território é utilizado de três principais formas:<br />

lavouras temporárias, lavouras permanentes e pecuária<br />

com criação majoritariamente extensiva. Grande parte da pe-


54<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

cuária está localizada no Tocantins e nordeste do Maranhão,<br />

com média de 1,1 cabeça por hectare. Já as lavouras temporárias<br />

localizam-se no limite entre Bahia e Tocantins e na fronteira<br />

entre Maranhão e Piauí. As lavouras permanentes têm<br />

menor importância para a região (IBGE,2006).<br />

Como pôde ser visto no Gráfico 2.13, a criação de gado corresponde<br />

à maior parcela da área da região. Porém, a área<br />

destinada para pastagens na região do MATOPIBA está diminuindo<br />

desde 1980. Um fato para esta diminuição é explicado<br />

pelo aumento do cultivo de soja, entre os anos de 2010 e 2014<br />

(aumento de 108%) (INPUT, 2017).<br />

Apesar do Gráfico 2.13 mostrar que o gado ocupa a primeira<br />

posição no quesito “áreas”, o Gráfico 2.14 aponta para a liderança<br />

da soja na geração de receita na região.<br />

Um importante fator para o desenvolvimento do MATOPI-<br />

BA consiste nas melhoras logísticas que vêm sendo incentivadas<br />

pelos governos locais, tanto para fluxo de insumo,<br />

quanto para escoamento da produção. Esse fator é determinante<br />

para sua expansão agrária.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 55


anáLise da sitUação interna:<br />

o estado do tocantins


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 57<br />

Fundado em 1988, quando lideranças do norte goiano mobilizaram<br />

a população na busca da independência política da<br />

região, o Tocantins é o Estado mais novo do Brasil, tendo atualmente<br />

29 anos de existência (SEDEN, 2017).<br />

Pode-se dizer que o Estado possui uma vocação natural<br />

para o agronegócio, estando inserida em uma das últimas<br />

fronteiras agrícolas do país, a região conhecida como MA-<br />

TOPIBA (SEDEN, 2017).<br />

Atualmente o Estado figura como 11º maior rebanho bovino<br />

do país com tendência de crescimento por meio da intensificação<br />

e a pecuária é uma das atividades de maior relevância<br />

para o Estado. Dessa forma, é interessante avaliar os elos<br />

que compõem sua cadeia produtiva para entender toda a sua<br />

potencialidade. A Figura 3.1 ilustra a cadeia de carne bovina<br />

completa, contemplando todos os seus elos.<br />

Por ser um Estado novo, onde os setores estão em constante<br />

evolução, alguns elos da cadeia estão ausentes ou em estágio<br />

inicial de desenvolvimento. Para o fortalecimento desses<br />

elos são necessários esforços e direcionamentos dos agentes<br />

dos setores público e privado no Estado.<br />

Nos parágrafos que seguem, será dado um panorama geral<br />

dos elos da cadeia no Estado, sendo que as informações serão<br />

aprofundadas e mais detalhadas nos próximos capítulos.<br />

Atualmente a cadeia de carne bovina do Estado do Tocantins<br />

conta com diversos pecuaristas, trabalhando majoritariamente<br />

no sistema de pecuária extensiva. Iniciativas de se-


58<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

figUra 3.1<br />

Cadeia produtiva da carne bovina<br />

antes das fazendas<br />

nas fazendas<br />

carne in natura<br />

exportações<br />

genética<br />

animais vivos<br />

exportados<br />

cortes especiais<br />

suplementos<br />

minerais<br />

vitaminas e<br />

aditivos<br />

sanidade animal<br />

defensivos<br />

agrícolas<br />

sementes<br />

forrageiras<br />

calcário agrícola<br />

(corretivo)<br />

óleo diesel<br />

animais totais para<br />

abate<br />

outros produtos<br />

farinha de sangue<br />

miúdos e glândulas<br />

carne industrial<br />

mocotó, bucho, outros<br />

sebo<br />

tripas<br />

produtos para industrialização<br />

indústria<br />

transformadora<br />

preparações<br />

alimentícias<br />

embutidos<br />

enlatados<br />

outros<br />

atacado<br />

varejo<br />

consuMiDor finaL<br />

arames e mourões<br />

farinha de carne e ossos<br />

tratores e<br />

implementos<br />

bexiga<br />

outros<br />

couro<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 59<br />

mi-confinamento e confinamento já são presentes no Estado,<br />

mas com representatividade baixa. O Estado também conta<br />

com algumas iniciativas no âmbito da integração lavoura-pecuária-floresta,<br />

porém também incipientes diante do tamanho<br />

da pecuária.<br />

O status sanitário do Estado na OIE é de livre de aftosa com<br />

vacinação, o que permite que exporte seu produto, mas ainda<br />

com restrições de determinados destinos.<br />

No âmbito das agroindústrias, o Estado conta com frigoríficos<br />

com Sistema de Inspeção Federal (SIF), Estadual (SIE) e<br />

Municipal (SIM). Algumas plantas trabalham com capacidade<br />

ociosa, principalmente devido à menor integração da agroindústria<br />

com a produção no campo, que acaba por dificultar a<br />

manutenção de bovinos suficientes para abastecer seu parque<br />

industrial.<br />

Os frigoríficos presentes no Estado, com SIF, são autorizados<br />

a exportar, sendo que as exportações do complexo de carne<br />

bovina estão concentradas em poucos países.<br />

Tanto o transporte do produto para exportação até o principal<br />

porto de escoamento (Santos/SP), quanto o transporte<br />

para o mercado interno são feitos majoritariamente pelo modal<br />

rodoviário. Apesar de o Estado contar com a Ferrovia Norte-Sul,<br />

a falta de vagões refrigerados limita sua utilização pela<br />

cadeia de carne bovina.<br />

O Estado conta com três cooperativas relacionadas à cadeia<br />

de carne bovina, porém elas ainda precisam ser fortalecidas<br />

para aumentar a competitividade dos produtores da cadeia,<br />

processo que deve ser acompanhado do fortalecimento da<br />

cultura de ações coletivas. A integração entre os elos da cadeia<br />

de carne bovina, bem como sua maior aproximação para<br />

ações conjuntas com outras cadeias, tais como a cadeia de<br />

grãos e de silvicultura têm um grande potencial de retorno<br />

econômico para o Estado.<br />

3. 1 Produção pecuária (carne bovina)<br />

3. 1. 1 Características gerais da cadeia no Estado<br />

O Tocantins é um Estado com grande aptidão agropecuária.<br />

Fatores como a disponibilidade de água em abundância,<br />

terras férteis, período chuvoso bem definido e topografia têm<br />

contribuído para o desenvolvimento desse setor.<br />

De acordo com dados da Seplan (2016), o Estado conta com<br />

uma área total de cerca de 28 milhões de hectares, sendo que<br />

quase 14 milhões possuem potencial para a produção agropecuária.<br />

A agricultura no Estado, majoritariamente representada<br />

pelos grãos, ocupa área de 1,2 milhão de hectares e o<br />

restante, cerca de 4,8 milhões, ainda são áreas com potencial<br />

para exploração agrícola. As pastagens ocupam cerca de oitomilhões<br />

de hectares. A Tabela 3.1 mostra a divisão do território<br />

do Tocantins.


60<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

tabEla 3.1<br />

Distribuição do território do Tocantins<br />

Descrição Hectares %<br />

Áreas coM restrição 13.990.000 50,2%<br />

Áreas potênciais para conservação 1.266.690 5%<br />

Parque estadual 88.930 0%<br />

Parque nacional 562.310 2%<br />

Áreas indígenas 2.007.470 7%<br />

Áreas de proteção ambiental 1.790.550 6%<br />

Corpos de água 665.600 2%<br />

Mineração e uso urbano 30.450 0%<br />

Área de reserva legal 6.315.000 23%<br />

Área de preservação permanente 1.263.000 5%<br />

Área potenciaL para proD. agrÍcoLa 13.852.070 49,8%<br />

Pastagens 7.783.000 28%<br />

Área agrícola 1.226.400 4%<br />

Área para exploração 4.842.670 17%<br />

Área totaL 27.842.070<br />

Fonte: SEPLAN (2016).<br />

Analisando a Tabela 3.1, nota-se que o Estado, apesar de<br />

ter grande potencial agropecuário, também possui uma área<br />

de preservação ambiental importante. A soma das áreas dos<br />

parques estaduais e nacionais, áreas indígenas, áreas de proteção<br />

ambiental, de reserva legal, de preservação permanente<br />

e de corpos de água, representa 46% do total do território do<br />

Estado. Cerca de 5% das áreas ainda são potenciais para conservação<br />

(SEPLAN, 2016).<br />

A pecuária está presente no Estado do Tocantins desde a<br />

sua criação, tendo sido uma das primeiras atividades a se<br />

desenvolver. De acordo com a última pesquisa Produção da<br />

Pecuária Municipal, o Estado do Tocantins conta com cerca<br />

de 8,7 milhões de cabeças, figurando como 11º maior rebanho<br />

do Brasil. Esse rebanho se distribui em seus 8 milhões<br />

de hectares de áreas de pastagem, resultando em uma taxa<br />

de lotação de pouco mais de uma cabeça por hectare (IBGE,<br />

2016a). O Estado ainda conta com muitas pastagens degradadas,<br />

o que é um fator fundamental de se trabalhar, tendo em<br />

vista o aumento da produtividade do setor.<br />

Analisando a série histórica de efetivo de rebanho no Estado<br />

do Tocantins, observa-se que o crescimento mais significativo<br />

se deu nos anos de 2015 e 2016, porém esse aumento<br />

acompanhou o aumento do rebanho nacional, uma vez que a<br />

participação do rebanho tocantinense no total da federação<br />

não teve grande alteração, mantendo-se próxima de 4%. O<br />

Gráfico 3.1 mostra essa evolução.<br />

As 10 cidades com maior rebanho do Tocantins são Araguaçu,<br />

Araguaína, Formoso do Araguaia, Peixe, Pium, Ar-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 61<br />

Û<br />

gráfico 3.1<br />

Evolução do rebanho bovino tocantinense<br />

Û<br />

tabEla 3.2<br />

Maiores rebanhos bovinos (em cabeças) no Tocantins<br />

8.800.000<br />

8.600.000<br />

8.400.000<br />

8.200.000<br />

8.000.000<br />

7.800.000<br />

7.600.000<br />

3,82%<br />

3,83%<br />

3,84%<br />

7.994.200<br />

8.025.400 3,77%<br />

8.082.336<br />

8.140.580<br />

8.062.227 3,80%<br />

8.412.404 3,91%<br />

8.652.161 3,96%<br />

4,00%<br />

3,95%<br />

3,90%<br />

3,85%<br />

3,80%<br />

3,75%<br />

3,70%<br />

3,65%<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: IBGE (2017b).<br />

ciDaDe cabeças De bovinos (2016)<br />

ARAGUAÇU (TO) 364.444<br />

ARAGUAÍNA (TO) 232.522<br />

FORMOSO <strong>DO</strong> ARAGUAIA (TO) 232.334<br />

PEIXE (TO) 214.426<br />

PIUM (TO) 186.224<br />

ARRAI<strong>AS</strong> (TO) 176.540<br />

SAN<strong>DO</strong>LÂNDIA (TO) 172.408<br />

<strong>DO</strong>IS IRMÃOS <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> (TO) 161.061<br />

DUERÉ (TO) 153.210<br />

BANDEIRANTES <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> (TO) 150.453<br />

MIRACEMA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> (TO) 147.800<br />

Fonte: IBGE (2017b).<br />

raias, Sandolândia, Dois Irmãos do Tocantins, Dueré e Bandeirantes<br />

do Tocantins nessa ordem. Juntas, essas cidades<br />

concentram cerca de 25% do rebanho do Estado. A Tabela 3.2<br />

mostra a quantidade de cabeças em cada uma das 10 principais<br />

cidades.<br />

O rebanho tocantinense é bem distribuído por todo o Estado,<br />

porém nota-se uma predominância no oeste do Tocantins,<br />

nas microrregiões de Miracema do Tocantins, Araguaína, Rio<br />

Formoso e Gurupi. Na Figura 3.2 fica evidente a concentração<br />

no ocidente do Estado e a localização das quatro cidades com<br />

os maiores rebanhos bovinos do Tocantins.<br />

De acordo com o Censo 2006, o Estado do Tocantins conta<br />

com 43.348 propriedades com criação de bovinos. Considerando<br />

o rebanho total do Estado estima-se uma média<br />

de 188 cabeças por propriedade, o que caracteriza, em sua<br />

maioria, uma pecuária com pequenos e médios produtores. O


62<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

figUra 3.2<br />

Regiões de criação bovina no estado do Tocantins em 2016<br />

Dados por município<br />

Produção pecuária (cabeças)<br />

1.362 a 22.251<br />

22.251 a 37.500<br />

37.500 a 67.667<br />

67.667 a 91.179<br />

91.179 a 125.667<br />

125.667 a 186.224<br />

186.224 a 232.522<br />

232.522 a 364.444<br />

Formoso do Araguaia<br />

Araguaçu<br />

Araguaína<br />

Peixe<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017b).<br />

Gráfico 3.2 mostra a mesma relação para outros importantes<br />

Estados no segmento da pecuária.<br />

Os Estados de Minas Gerais e Bahia são os que possuem<br />

um maior número de propriedades com menor quantidade<br />

de cabeças por propriedade. Do lado oposto, os Estados do<br />

Mato Grosso do Sul e Mato Grosso apresentam menor número<br />

de propriedades com um número de cabeças por propriedade<br />

mais elevado, indicando uma maior concentração<br />

de produção.<br />

No que tange ao tamanho das propriedades, tendo como<br />

referência os Estados analisados, pode-se dizer que o Tocantins<br />

se encontra entre os extremos, ou seja, sua pecuária não<br />

é tão difusa como a vista em MG e BA, mas também ainda não<br />

atinge os níveis do cerrado tradicional. O Gráfico 3.3 mostra<br />

a distribuição das propriedades de acordo com seu tamanho<br />

em hectares, para Estados selecionados.<br />

Como já evidenciado a partir da taxa de lotação média do<br />

Estado, atualmente a pecuária tocantinense é majoritariamente<br />

extensiva, ou seja, trata-se de uma pecuária realizada a<br />

pasto, com baixo investimento nesta pastagem, suplementação<br />

nutricional ou técnicas reprodutivas. Como já mostrado,<br />

esse é o padrão da maioria da pecuária na região MATOPIBA.<br />

Há cerca de cinco anos, as diferentes regiões do Estado<br />

se diferenciavam um pouco mais com relação aos ciclos de<br />

produção. Pode-se dizer que, partindo do sul do Estado até a<br />

região central, próxima a Paraíso do Tocantins, cerca de 2/3<br />

dos sistemas de produção trabalhavam apenas com cria e re-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 63<br />

Û<br />

gráfico 3.2<br />

Relação entre número de propriedades e rebanho em estados<br />

selecionados<br />

Û<br />

gráfico 3.3<br />

Distribuição de propriedades por tamanho<br />

número de propriedades<br />

400.000<br />

350.000<br />

300.000<br />

250.000<br />

200.000<br />

150.000<br />

100.000<br />

345<br />

431<br />

194<br />

222<br />

188<br />

500<br />

450<br />

400<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

cab/propriedade<br />

15%<br />

60%<br />

20%<br />

37%<br />

16%<br />

55%<br />

12%<br />

65%<br />

7%<br />

45%<br />

18%<br />

58%<br />

5%<br />

40%<br />

50.000<br />

67<br />

50<br />

15%<br />

29%<br />

25%<br />

20%<br />

47%<br />

18% 55%<br />

0<br />

33<br />

MT MS GO PA MG TO BA<br />

Nº propriedades Cab/propriedades<br />

0<br />

MT MS GO PA MG TO BA<br />

ME<strong>NO</strong>R QUE 20<br />

ENTRE 20 E 200<br />

ENTRE 200 E 1000<br />

ENTRE 1000 E 2500<br />

MAIOR QUE 2500<br />

Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2006) e ABIEC (2016).<br />

Fonte: IBGE (2006).<br />

cria. Mais para o norte a predominância engorda dos bovinos.<br />

Atualmente essa proporção é mais equilibrada uma vez que a<br />

distribuição dos diferentes sistemas de produção é mais homogênea.<br />

Os sistemas de confinamento, mesmo que utilizados apenas<br />

nos últimos dias do ciclo bovino, para engorda, ainda é<br />

muito restrito no Estado do Tocantins. O Gráfico 3.4 mostra<br />

a evolução dos confinamentos em Estados selecionados. Fica<br />

evidente que os Estados mais tradicionais do cerrado já possuem<br />

níveis tecnológicos superiores no que diz respeito aos


64<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

cabeças confinadas<br />

gráfico 3.4<br />

Evolução dos confinamentos em Estados selecionados<br />

1.200.000<br />

1.000.000<br />

800.000<br />

600.000<br />

400.000<br />

200.000<br />

maior controle na sazonalidade da oferta, propicia ganhos<br />

em produtividade e qualidade, mas também acarreta custos<br />

mais altos e maiores necessidades de controles gerenciais<br />

(GOMES et. al, 2015).<br />

As diferentes estratégias nutricionais devem levar em consideração<br />

as especificidades de cada região. Tendo em vista<br />

o caráter ainda extensivo da pecuária tocantinense, a implementação<br />

de manejo de pastagem e suplementação mineral<br />

já traria aumentos substanciais em produção e produtividade<br />

para o Estado.<br />

3. 1. 2 Custo de produção<br />

0<br />

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

MT GO BA TO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

sistemas diferenciados de manejo nutricional.<br />

Enquanto os Estados do MT, GO e BA apresentaram crescimento<br />

de 125%, 50% e 5% respectivamente, no número de<br />

cabeças confinadas, este mesmo número no Tocantins em<br />

2016 foi menor do que nos anos anteriores. É importante<br />

destacar que o confinamento é uma estratégia para terminação<br />

animal que reduz o tempo de engorda, possibilita<br />

Os dados detalhados de custo de produção de gado para<br />

corte no Estado do Tocantins são escassos na literatura. Alguns<br />

valores encontrados no Anualpec apresentam o custo<br />

fechado – para diversos Estados produtores - em arrobas<br />

por unidade animal, reais por cabeça ou reais por arroba. Já<br />

o relatório anual da Abiec (Associação Brasileira da Indústria<br />

Exportadora de Carne) sobre o perfil da pecuária brasileira<br />

apresenta valores detalhados da produção conforme o<br />

nível de emprego de tecnologia, mas não especificado por<br />

Estado.<br />

As avaliações foram para o ciclo completo, contemplando<br />

a cria, recria e a engorda, para três sistemas de produção di-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 65<br />

Û<br />

QUaDro 3.1<br />

Perfil da pecuária brasileira – Sistemas de produção<br />

extensivo seMi-extensivo * intensivo<br />

• Alimentação exclusivamente a pasto.<br />

• Sistema de produção predominante no Brasil.<br />

• Pode contar com pastagens nativas ou cultivadas.<br />

• Pode contar com suplementação mineral.<br />

• Alimentação a pasto com suplementação de minerais e núcleos<br />

proteicos / energéticos.<br />

• Busca um ciclo mais curto que a pecuária extensiva.<br />

• Utiliza técnicas diferentes para as diversas fases de crescimento.<br />

• Animais terminados em sistemas de confinamento.<br />

• Ocorre com mais frequência de junho a outubro.<br />

• Animais ficam confinados por um período médio de 90 dias.<br />

produção br > 96% produção br > 2,2% produção br > 1,8%<br />

*Inclui engorda em pastagem de inverno (azevém, aveia e milheto). / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

ferentes, extensivo, semi-intensivo e intensivo, em propriedades<br />

com escalas de produção de 500 unidades animais e<br />

5000 unidades animais. O Quadro 3.1 mostra as principais<br />

diferenças entre os sistemas de produção.<br />

Os dados apresentados na sequência consideram 11 regiões<br />

produtoras em cinco Estados brasileiros: Tocantins, Mato<br />

Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Bahia.<br />

3. 1. 2. 1 Custos de produção em propriedades com escala<br />

de 500 unidades animais, sistemas extensivo,<br />

semi-intensivo, intensivo<br />

No sistema de produção da pecuária extensiva, o Tocantins<br />

mostra-se menos competitivo comparado com as demais<br />

regiões consideradas, apresentando o segundo maior custo<br />

de produção em Gurupi (R$ 93,6/arroba) e o quarto em Ara-


66<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

tabEla 3.3<br />

Índices zootécnicos, produção, custo anual, lucro anual, retorno, produtividade e nível tecnológico para 11 regiões de cinco Estados avaliados:<br />

Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Bahia<br />

cria/recria/engorDa extensiva seM escaLa (500 ua) eM 2017<br />

região raça pasto<br />

ÍnDices Zootécnicos proDução custo anuaL Lucro anuaL retorno<br />

tD(1) ab(2) cs(3) @/ua/ano @/ua r$/cab r$/@ @/ua r$/Ha rentabiLiDaDe<br />

MT-B. Garças Nelore Braquiarão 67% 38 0,8 5,3 4,0 320 87,9 1,3 170 2,0%<br />

MT-A. Floresta Nelore Braquiarão 68% 37 0,9 5,4 4,3 333 90,4 1,1 183 2,4%<br />

MT-P. Lacerda Nelore Braquiarão 70% 37 0,9 5,4 4,0 323 85,2 1,4 219 2,3%<br />

MT-Poconé Nelore Nativo+Artif. 58% 45 0,1 4,4 3,7 300 98,6 0,7 12 0,2%<br />

MS-C. Grande Nelore Braquiarão 72% 37 0,8 5,6 3,9 318 84,6 1,6 230 1,4%<br />

TO-Gurupi Nelore Braquiarão 66% 40 0,6 5,1 4,3 316 93,6 0,8 105 1,2%<br />

TO-Araguaína Nelore Braquiarão 69% 36 0,8 5,5 4,3 334 89,5 1,2 188 3,1%<br />

PA-Redenção Nelore Braquiarão 67% 36 0,8 5,4 4,1 325 87,0 1,3 178 1,9%<br />

PA-Paragominas Nelore Braquiarão 64% 38 0,7 5,3 4,0 314 89,1 1,3 144 1,9%<br />

BA-Barreiras Compostos Braquiarão 67% 35 0,9 6,2 3,4 304 71,6 2,8 408 7,2%<br />

BA-Itapetinga Nelore Colonião 66% 39 0,6 5,1 2,8 255 74,1 2,3 234 3,2%<br />

cria/recria/engorDa seMi-intensiva seM escaLa (500 ua) eM 2017<br />

região raça pasto<br />

ÍnDices Zootécnicos proDução custo anuaL Lucro anuaL retorno<br />

tD(1) ab(2) cs(3) @/ua/ano @/ua r$/cab r$/@ @/ua r$/Ha rentabiLiDaDe<br />

MT-B. Garças Nelore Braquiarão 70% 35 1,0 5,6 5,4 463 111,8 0,2 91 1,0%<br />

MT-A. Floresta Nelore Braquiarão 72% 34 1,2 5,7 5,6 473 112,3 0,0 101 1,2%<br />

MT-P. Lacerda Nelore Braquiarão 74% 34 1,2 5,7 5,1 445 102,8 0,6 178 1,7%<br />

MT-Poconé Nelore Nativo+Artif. 61% 42 0,1 4,7 4,1 356 102,1 0,6 15 0,2%


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 67<br />

MS-C. Grande Nelore Braquiarião 76% 34 1,1 5,9 4,5 390 91,4 1,4 281 1,6%<br />

TO-Gurupi Nelore Braquiarião 69% 37 0,8 5,4 5,6 443 115,8 (0,2) 40 0,5%<br />

TO-Araguaína Nelore Braquiarião 73% 35 1,1 5,7 5,5 458 110,5 0,1 116 1,8%<br />

PA-Redenção Nelore Braquiarião 70% 34 1,1 5,6 5,8 490 117,0 (0,2) 48 0,5%<br />

PA-Paragominas Nelore Braquiarião 67% 36 0,9 5,5 5,8 488 123,1 (0,3) 19 0,2%<br />

BA-Barreiras Compostos Braquiarião 70% 35 1,1 6,2 4,1 396 86,4 2,1 375 6,7%<br />

BA-Itapetinga Nelore Colonião 69% 36 0,8 5,5 3,6 348 87,5 1,9 267 3,4%<br />

cria/recria/engorDa intensiva seM escaLa (500 ua) eM 2017<br />

região raça pasto<br />

ÍnDices Zootécnicos proDução custo anuaL Lucro anuaL retorno<br />

tD(1) ab(2) cs(3) @/ua/ano @/ua r$/cab r$/@ @/ua r$/Ha rentabiLiDaDe<br />

MT-B. Garças Nelore Braquiarão 74% 32 1,2 6,0 7,1 625 134,8 (1,0) (71) -0,8%<br />

MT-A. Floresta Nelore Braquiarão 76% 31 1,4 6,2 7,9 692 145,8 (1,8) (179) -2,1%<br />

MT-P. Lacerda Nelore Braquiarão 78% 31 1,4 6,2 7,2 648 132,9 (0,9) (64) -0,6%<br />

MT-Poconé Nelore Nativo+Artif. 65% 37 0,2 5,2 6,2 553 138,2 (1,0) (12) -0,2%<br />

MS-C. Grande Nelore Braquiarão 80% 32 1,3 6,4 6,7 609 127,1 (0,4) 48 0,3%<br />

TO-Gurupi Nelore Braquiarão 73% 33 0,9 5,9 7,6 633 144,8 (1,7) (122) -1,3%<br />

TO-Araguaína Nelore Braquiarão 77% 31 1,3 6,1 7,6 669 141,8 (1,5) (122) -1,8%<br />

PA-Redenção Nelore Braquiarão 74% 31 1,3 6,1 8,2 720 152,6 (2,1) (238) -2,4%<br />

PA-Paragominas Nelore Braquiarão 71% 32 1,0 6,1 7,8 681 151,3 (1,8) (173) -2,0%<br />

BA-Barreiras Compostos Braquiarão 74% 33 1,3 6,6 5,7 577 114,0 0,8 223 3,7%<br />

BA-Itapetinga Nelore Colonião 73% 33 0,9 5,9 5,2 517 117,0 0,7 157 1,9%<br />

(1) TD=Taxa de desmama<br />

(2) AB=Idade de abate em meses<br />

(3) CS=Capacidade de suporte das pastagens em UA/ha/ano<br />

Fonte: IEG | FNP (2017).


68<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

guaína (R$ 89,5/arroba). O pior custo fica com Poconé/MT (R$<br />

98,6/arroba) e o terceiro lugar com Alta Floresta/MT (R$ 90,4/<br />

arroba). Apesar do custo relativamente elevado, a atividade<br />

na região de Araguaína apresenta a terceira melhor taxa de<br />

retorno de rentabilidade sobre o patrimônio (3,1%), ficando<br />

atrás de Barreiras/BA (7,2%) e Itapetinga/BA (3,2%). A taxa de<br />

retorno em Gurupi ficou em 1,2%. (Tabela 3.3).<br />

A competitividade das regiões do Tocantins no sistema<br />

semi-intensivo melhora um pouco. Gurupi passa a ocupar o<br />

terceiro maior custo de produção (R$ 115,8/arroba) e Araguaína,<br />

o sexto (R$ 110,5/arroba). Entretanto, as taxas de retorno<br />

de rentabilidade sobre o patrimônio apresentam-se menores<br />

que no sistema extensivo, ficando em 0,5% e 1,8%, respectivamente.<br />

A elevação nos custos de produção em função da<br />

intensificação no sistema ocorre em todas as regiões, assim<br />

como a piora nas taxas de retorno (exceto para Itapetinga/BA<br />

e Campo Grande/MS).<br />

O sistema de produção intensivo não se apresenta rentável<br />

para propriedades com escala de produção de 500UA, sendo<br />

a taxa de retorno da rentabilidade, sobre o patrimônio, negativa<br />

para oito das 11 regiões consideradas. Nesse sistema,<br />

no Tocantins, o custo de produção para Gurupi ficou em R$<br />

144,8/ha e para Araguaína ficou em R$ 141,8/ha; e as taxas<br />

de retorno sobre o patrimônio ficaram em, respectivamente,<br />

-1,3% e -1,8%.<br />

De uma forma geral, o aumento no uso de tecnologia para<br />

as propriedades com escala de 500UA – demonstrado através<br />

da intensificação dos sistemas produtivos – apresentou<br />

o impacto de melhora nos índices técnicos, como elevação<br />

na taxa de desmama, redução na idade de abate e melhora<br />

na capacidade de suporte das pastagens; entretanto, houve<br />

elevação no custo de produção acompanhado de uma piora<br />

nas taxas de retorno de rentabilidade sobre o patrimônio<br />

(Gráfico 3.5 e Gráfico 3.6).<br />

3. 1. 2. 2 Custos de produção em propriedades com escala<br />

de 5000 unidades animais em sistemas extensivo,<br />

semi-intensivo, intensivo<br />

De uma forma geral, a elevação na escala de produção, de<br />

500UA para 5000UA, proporciona uma redução significativa<br />

nos custos de produção da arroba. No Tocantins, os custos<br />

para a região de Gurupi e Araguaína, respectivamente, são de<br />

R$ 61,8/arroba e R$ 55/arroba para a pecuária extensiva. No<br />

caso do sistema semi-intensivo, os valores ficam em R$ 68,6/<br />

arroba e R$ 56,7/arroba; e, na pecuária intensiva, ficam em R$<br />

74,1/arroba e R$ 65,6/arroba (Tabela 3.4).<br />

Dentre as 11 regiões consideradas dos cinco Estados avaliados,<br />

Gurupi/TO apresenta o terceiro maior custo na pecuária<br />

extensiva, ficando abaixo apenas de Poconé/MT (R$ 83/


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 69<br />

Û<br />

gráfico 3.5<br />

Custos de produção em R$/arroba para onze regiões de cinco<br />

Estados avaliados, conforme o sistema de produção, extensivo,<br />

semi-intensivo e intensivo, com escala de produção de 500 UA<br />

160,00<br />

150,00<br />

Û<br />

gráfico 3.6<br />

Produção em arroba/UA/ano versus retorno de rentabilidade sobre<br />

patrimônio (%) para as regiões de Tocantins, Gurupi e Araguaína,<br />

conforme o sistema de produção adotado, extensivo, semiintensivo<br />

ou intensivo<br />

TO - Araguaína - Intensivo 6,2<br />

140,00<br />

6,0<br />

130,00<br />

custo R$/@<br />

120,00<br />

110,00<br />

100,00<br />

90,00<br />

80,00<br />

Produção @ /UA /ano<br />

TO - Gurupi - Intensivo<br />

5,8<br />

5,6<br />

5,4<br />

TO - Araguaína - Semi-intensivo<br />

TO - Gurupi - Semi-intensivo<br />

TO - Araguaína - Extensivo<br />

70,00<br />

MT-B. Garças<br />

MT-A. Floresta<br />

MT-P. Lacerda<br />

MT-Poconé<br />

Custo extensivo<br />

MS-C. Grande<br />

TO-Gurupi<br />

TO-Araguaína<br />

PA-Redenção<br />

Custo semi-intensivo<br />

PA-Paragominas<br />

BA-Barreiras<br />

BA-Itapetinga<br />

Custo Intensivo<br />

5,2<br />

TO - Gurupi - Extensivo<br />

5,0<br />

-3,0% -2,0% -1,0% 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0%<br />

Retorno de Rentabilidade sobre Patrimônio (%)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

arroba) e Paragominas/PA (R$ 64/arroba); e o terceiro pior desempenho<br />

em termos de retorno de rentabilidade, com 2,4%.<br />

A região de Araguaína/TO apresentou a segunda melhor taxa<br />

de rentabilidade (5,9%) e o quarto menor custo (R$ 55/arroba).<br />

No sistema semi-intensivo, Gurupi/TO passa a apresentar o<br />

segundo maior custo de produção (R$ 68,6/arroba) e a segun-


70<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

tabEla 3.4<br />

Índices zootécnicos, produção, custo anual, lucro anual, retorno, produtividade e nível tecnológico para dez regiões dos quatro Estados avaliados:<br />

Tocantins, Mato Grosso, Pará e Bahia<br />

cria/recria/engorDa extensiva coM escaLa (5000 ua) eM 2017<br />

região raça pasto<br />

ÍnDices Zootécnicos proDução custo anuaL Lucro anuaL retorno<br />

tD(1) ab(2) cs(3) @/ua/ano @/ua r$/cab r$/@ @/ua r$/Ha rentabiLiDaDe<br />

proDutiviDaDe*<br />

@/Ha<br />

nÍveL<br />

tecnoLógico<br />

MT-B. Garças Nelore Braquiarão 66% 38 0,7 5,3 2,5 199 56,2 2,8 301 3,6% 5,36 BAIXA TEC.<br />

MT-A. Floresta Nelore Braquiarão 68% 37 0,8 5,4 2,5 191 53,4 2,9 359 4,8% 6,72 MÉDIA TEC.<br />

MT-P. Lacerda Nelore Braquiarão 70% 37 0,9 5,4 2,4 192 52,3 3,0 383 4,0% 7,33 MÉDIA TEC.<br />

MT-Poconé Nelore Nativo+Artif. 58% 45 0,1 4,4 3,0 245 83,0 1,3 19 0,3% 0,23 EXTRATIVISTA<br />

TO-Gurupi Nelore Braquiarão 65% 40 0,6 5,1 2,7 203 61,8 2,4 205 2,4% 3,31 BAIXA TEC.<br />

TO-Araguaína Nelore Braquiarão 69% 36 0,8 5,5 2,6 200 55,0 2,9 350 5,9% 6,35 MÉDIA TEC.<br />

PA-Redenção Nelore Braquiarão 66% 36 0,8 5,4 2,8 217 59,9 2,6 297 3,3% 4,95 BAIXA TEC.<br />

PA-Paragominas Nelore Braquiarão 63% 38 0,6 5,3 2,8 219 64,0 2,5 234 3,0% 3,66 BAIXA TEC.<br />

BA-Barreiras Compostos Braquiarão 66% 35 0,9 6,3 1,9 172 41,6 4,3 588 10,4% 14,16 TEC ADEQUADA<br />

BA-Itapetinga Nelore Colonião 65% 39 0,6 5,1 2,1 187 56,0 3,0 287 3,9% 5,12 BAIXA TEC.<br />

cria/recria/engorDa seMi-intensiva coM escaLa (5000 ua) eM 2017<br />

região raça pasto<br />

ÍnDices Zootécnicos proDução custo anuaL Lucro anuaL retorno<br />

tD(1) ab(2) cs(3) @/ua/ano @/ua r$/cab r$/@ @/ua r$/Ha rentabiLiDaDe<br />

proDutiviDaDe*<br />

@/Ha<br />

nÍveL<br />

tecnoLógico<br />

MT-B. Garças Nelore Braquiarão 69% 35 1,0 5,6 2,9 244 60,6 2,7 399 4,5% 6,58 MÉDIA TEC.<br />

MT-A. Floresta Nelore Braquiarão 71% 34 1,1 5,7 2,6 221 53,9 3,0 504 6,3% 9,35 MÉDIA TEC.<br />

MT-P. Lacerda Nelore Braquiarão 73% 34 1,2 5,7 2,5 215 51,2 3,3 551 5,4% 10,77 MÉDIA TEC.<br />

MT-Poconé Nelore Nativo+Artif. 61% 42 0,1 4,7 3,0 257 75,8 1,7 31 0,4% 0,41 EXTRATIVISTA<br />

TO-Gurupi Nelore Braquiarão 68% 37 0,8 5,4 3,2 255 68,6 2,2 255 2,9% 3,72 BAIXA TEC.<br />

TO-Araguaína Nelore Braquiarão 72% 35 1,1 5,7 2,7 229 56,7 2,9 471 7,3% 8,30 MÉDIA TEC.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 71<br />

PA-Redenção Nelore Braquiarão 69% 34 1,0 5,6 2,7 232 57,0 2,9 429 4,5% 7,54 MÉDIA TEC.<br />

PA-Paragominas Nelore Braquiarão 67% 36 0,9 5,5 3,1 263 68,3 2,4 303 3,8% 4,44 BAIXA TEC.<br />

BA-Barreiras Compostos Braquiarão 69% 35 1,0 6,2 2,1 202 45,2 4,2 662 12,0% 14,64 TEC. ADEQUADA<br />

BA-Itapetinga Nelore Colonião 68% 36 0,8 5,5 2,2 216 55,9 3,3 407 5,3% 7,28 MÉDIA TEC.<br />

cria/recria/engorDa intensiva coM escaLa (5000 ua) eM 2017<br />

região raça pasto<br />

ÍnDices Zootécnicos proDução custo anuaL Lucro anuaL retorno<br />

tD(1) ab(2) cs(3) @/ua/ano @/ua r$/cab r$/@ @/ua r$/Ha rentabiLiDaDe<br />

proDutiviDaDe*<br />

@/Ha<br />

nÍveL<br />

tecnoLógico<br />

MT-B. Garças Nelore Braquiarão 73% 32 1,2 6,1 3,6 314 69,1 2,6 445 4,9% 6,44 MÉDIA TEC.<br />

MT-A. Floresta Nelore Braquiarão 75% 31 1,3 6,3 3,5 302 64,8 2,8 554 6,6% 8,56 MÉDIA TEC.<br />

MT-P. Lacerda Nelore Braquiarão 77% 31 1,4 6,3 3,3 292 60,9 3,1 621 5,9% 10,19 MÉDIA TEC.<br />

MT-Poconé Nelore Nativo+Artif. 64% 37 0,1 5,3 3,2 285 72,6 2,1 43 0,6% 0,59 EXTRATIVISTA<br />

TO-Gurupi Nelore Braquiarão 72% 33 0,9 6,0 3,9 315 74,1 2,2 303 3,4% 4,09 BAIXA TEC.<br />

TO-Araguaína Nelore Braquiarão 76% 31 1,3 6,3 3,5 301 65,6 2,7 538 7,9% 8,21 MÉDIA TEC.<br />

PA-Redenção Nelore Braquiarão 73% 31 1,2 6,2 3,7 325 70,2 2,5 448 4,5% 6,39 MÉDIA TEC.<br />

PA-Paragominas Nelore Braquiarão 70% 32 1,0 6,1 3,7 320 72,3 2,5 370 4,4% 5,12 BAIXA TEC.<br />

BA-Barreiras Compostos Braquiarão 73% 33 1,2 6,8 2,8 274 55,0 4,0 756 12,9% 13,74 TEC. ADEQUADA<br />

BA-Itapetinga Nelore Colonião 72% 33 0,9 6,0 2,7 267 61,8 3,3 487 6,1% 7,87 MÉDIA TEC.<br />

(1) TD=Taxa de desmama<br />

(2) AB= Idade de abate em meses<br />

(3) CS=Capacidade de suporte das pastagens em UA/ha/ano<br />

* Calculado dividindo o lucro anual (R$/ha) pelo custo anual (R$/@).<br />

Fonte: IEG | FNP (2017).<br />

da menor taxa de rentabilidade (2,9%). Quando comparado<br />

com o sistema extensivo, há um ligeiro ganho na rentabilidade<br />

do negócio e aumento no lucro em reais por hectare. Já<br />

Araguaína/TO ocupa a sexta posição em custo (R$ 56,7/arroba)<br />

e mantém a segunda maior rentabilidade (7,3%). Quando<br />

comparado com o sistema extensivo, observa-se que houve<br />

aumento de 34,6% no lucro, em reais por hectare e de 1,4 pontos<br />

percentuais na rentabilidade.


72<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

gráfico 3.7<br />

Custos de produção em R$/arroba para onze regiões de cinco Estados avaliados, conforme o sistema de produção, extensivo, semi-intensivo e<br />

intensivo, com escala de produção de 5000UA<br />

90,00<br />

Custo extensivo<br />

Custo semi-intensivo<br />

Custo intensivo<br />

85,00<br />

80,00<br />

75,00<br />

70,00<br />

65,00<br />

60,00<br />

55,00<br />

50,00<br />

45,00<br />

40,00<br />

MT-B. Garças<br />

MT-A. Floresta<br />

MT-P. Lacerda<br />

MT-Poconé<br />

MS-C. Grande<br />

custo R$/@<br />

TO-Gurupi<br />

TO-Araguaína<br />

PA-Redenção<br />

PA-Paragominas<br />

BA-Barreiras<br />

BA-Itapetinga<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

No sistema intensivo, Gurupi/TO passa a apresentar o<br />

maior custo de produção (R$ 74,1/arroba) e passa à terceira<br />

pior taxa de rentabilidade (3,4%). Já Araguaína/TO ocupa a<br />

sétima posição em custo de produção (R$65,6/arroba) e a segunda<br />

em rentabilidade (7,9%).<br />

No geral, ao contrário do observado em propriedades com<br />

escala de 500 UA, naquelas propriedades com escala de 5000<br />

UA o aumento no uso de tecnologia – demonstrado através<br />

da intensificação dos sistemas produtivos – teve impacto de<br />

melhora nos índices técnicos, como elevação na taxa de des-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 73<br />

Û<br />

Rentabilidade<br />

gráfico 3.8<br />

Custo de produção (R$/arroba) versus taxa de rentabilidade sobre o<br />

patrimônio (%) para as onze regiões dos cinco Estados avaliados, no<br />

sistema de produção de pecuária extensiva<br />

14,0%<br />

12,0%<br />

10,0%<br />

8,0%<br />

6,0%<br />

4,0%<br />

2,0%<br />

BA / Barreiras<br />

MT / A. Floresta<br />

MT / P. Lacerda<br />

MT / B. Garças<br />

MS / C. Grande<br />

TO / Araguaína<br />

BA / Itapetinga<br />

Custo de Produção (R$/@)<br />

PA / Paragominas<br />

TO / Gurupi<br />

PA / Redenção<br />

Pecuária extensiva<br />

MT / Poconé<br />

0,0%<br />

40,00 45,00 50,00 55,00 60,00 65,00 70,00 75,00 80,00 85,00 90,00<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

mama, redução na idade de abate e melhora na capacidade de<br />

suporte das pastagens; refletiu de diferentes formas no custo<br />

de produção da arroba para as regiões avaliadas (Gráfico 3.7);<br />

e melhorou as taxas de retorno de rentabilidade sobre o patrimônio.<br />

Ou seja, neste caso, o investimento em tecnologia e<br />

intensificação da produção melhoraram os resultados econômicos<br />

das propriedades.<br />

Quanto aos impactos nos custos de produção da arroba,<br />

houve regiões em que ele se elevou com a intensificação do<br />

sistema de produção, como em B. Garças/MT, Gurupi/TO, Araguaína/TO,<br />

Paragominas/PA, e Barreiras/BA; houve regiões em<br />

que a passagem da pecuária extensiva para semi-intensiva<br />

trouxe uma redução no custo da arroba, mas ao passar para a<br />

intensiva, o custo da arroba se elevou, como em A. Floresta/MT,<br />

P. Lacerda/MT, C. Grande/MS, Redenção/PA e Itapetinga/PA; e<br />

apenas na região de Poconé/MT que a intensificação do sistema<br />

proporcionou uma redução no custo da arroba produzida.<br />

Os Gráficos 3.8, 3.9 e 3.10 apresentam o posicionamento<br />

das regiões produtoras no Tocantins, Gurupi e Araguaína, em<br />

relação às demais nove regiões avaliadas quanto ao custo de<br />

produção (R$/arroba) e a rentabilidade no negócio para os<br />

diferentes tipos de sistema de produção, extensivo, semi-intensivo<br />

e intensivo, respectivamente. As escalas nos eixos X e<br />

Y foram mantidas iguais para facilitar o comparativo visual.<br />

Ao avaliar os três gráficos, nota-se que há um deslocameto<br />

à direita e acima dos pontos demarcados, ilustrando o aumento<br />

de custos inerentes à intensificação do sistema produtivo<br />

(do extensivo para semi-intensivo para intensivo) com<br />

a elevação do retorno da rentabilidade advindos do mesmo.<br />

Isso, no geral, para as 11 regiões avaliadas.


74<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

gráfico 3.9<br />

Custo de produção (R$/arroba) versus taxa de rentabilidade sobre<br />

o patrimônio (%) para as onze regiões dos cinco estados avaliados,<br />

no sistema de produção de pecuária semi-intensiva<br />

Û<br />

gráfico 3.10<br />

Custo de produção (R$/arroba) versus taxa de rentabilidade sobre o<br />

patrimônio (%) para as onze regiões dos cinco estados avaliados, no<br />

sistema de produção de pecuária intensiva.<br />

14,0%<br />

12,0%<br />

BA / Barreiras<br />

Pecuária semi-intensiva<br />

14,0%<br />

12,0%<br />

BA / Barreiras<br />

Pecuária intensiva<br />

10,0%<br />

10,0%<br />

Rentabilidade<br />

8,0%<br />

TO / Araguaína<br />

MT / A. Floresta BA / Itapetinga<br />

6,0%<br />

PA / Redenção<br />

MT / P. Lacerda<br />

4,0%<br />

PA / Paragominas<br />

MT / B. Garças<br />

TO / Gurupi<br />

2,0%<br />

MS / C. Grande<br />

MT / Poconé<br />

0,0%<br />

40,00 45,00 50,00 55,00 60,00 65,00 70,00 75,00 80,00 85,00 90,00<br />

Rentabilidade<br />

8,0%<br />

TO / Araguaína<br />

BA / Itapetinga<br />

MT / A. Floresta<br />

6,0%<br />

MT / P. Lacerda<br />

PA / Redenção<br />

4,0%<br />

MT / B. Garças<br />

PA / Paragominas<br />

TO / Gurupi<br />

2,0%<br />

MS / C. Grande<br />

MT / Poconé<br />

0,0%<br />

40,00 45,00 50,00 55,00 60,00 65,00 70,00 75,00 80,00 85,00 90,00<br />

Custo de Produção (R$/@)<br />

Custo de Produção (R$/@)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

Observa-se, também, o destaque para a região de Araguaína/TO,<br />

que apresenta, nas três situações, a segunda melhor<br />

taxa de rentabilidade, perdendo apenas para Barreiras/BA,<br />

com um custo de produção em torno da média das regiões.<br />

O Estado do Mato Grosso, nas regiões de A. Floresta e P.<br />

Lacerda, é competitivo em termos de custo de produção,<br />

com taxas de rentabilidade medianas. Já as regiões do Estado<br />

do Pará, Redenção e Paragominas, não tiveram destaque.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 75<br />

3. 1. 3 Viabilidade da cultura no Estado<br />

cria / recria / engorDa extensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS<br />

Como já pontuado, os dados detalhados dos custos de produção<br />

para a pecuária de corte no Tocantins são escassos, sendo<br />

que o Anualpec 2017 traz apenas valores fechados para duas<br />

regiões do Estado: Gurupi e Araguaína. Entretanto, são apresentados<br />

dados detalhados dos custos de produção para Campo<br />

Grande/MS que, conforme apresentado nas Tabelas 3.5, 3.6<br />

e 3.7, são, no geral, próximos aos da região de Araguaína/TO.<br />

Ã<br />

tabEla 3.5<br />

Custos de produção para ciclo completo da pecuária extensiva<br />

para Campo Grande/MS, com escala de 500UA e 5000UA<br />

cria / recria / engorDa extensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

raça Nelore Nelore<br />

rebanho (cabeças) 670 6.871<br />

pastagens (ha) 513 5.274<br />

forrageira Braquiarião Braquiarião<br />

cap. Suporte (UA/ha/ano) 0,80 0,78<br />

produção (kgPV/UA/ano) 167 167<br />

taxa de Desmama 72% 71%<br />

vacas/Touro 25 25<br />

reposição de Vacas 16% 16%<br />

prenhez Monta Monta<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

funcionÁrios<br />

administrador - 1<br />

capataz(es) 1,0 2<br />

vaqueiro(s) 1,3 7<br />

inseminador(es)<br />

tratorista(s) 1,0 1<br />

auxiliar de escritório 2<br />

cozinheiro(s) - 1<br />

serviços gerais 2<br />

totaL 3 16<br />

cabeças/funcionÁrio 201 422<br />

custos (r$)<br />

em @/UA/ano 3,9 2,5<br />

em cabeça/ano 317,7 201,8<br />

em @ produzida 84,6 55,3<br />

Lucro (r$)<br />

por cabeça 176,5 278,0<br />

por hectare 230,3 362,2<br />

totaL 118.145 1.910.277<br />

MargeM sobre venDas (*) 36% 58%<br />

patriMÔnio (r$)<br />

TOTAL 8.489.936 87.029.429<br />

rentabiLiDaDe (**) 1,4% 2,2%<br />

(*) Referente às arrobas produzidas / (**) sobre patrimônio.


76<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

cria / recria / engorDa extensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES ECONÔMICOS<br />

cria / recria / engorDa extensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES ECONÔMICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

venDas (cabeças)<br />

vacas 58 604<br />

bezerras 69 702<br />

bois Gordos de 2 a 3 anos 48 487<br />

bois Gordos de 3 a 4 anos 59 596<br />

receitas (r$) 330.859 3.296.760<br />

foLHa De pagaMento (r$) 54.670 235.701<br />

encargos sociais (r$) 12.853 58.184<br />

insuMos (r$)<br />

sal mineralizado 14.033 139.938<br />

sal proteinado 13.744 137.050<br />

ração<br />

vacinas 1.453 24.675<br />

vermífugos 1.208 11.907<br />

sêmen 10.437 105.365<br />

outros 7.394 75.324<br />

pastagens (r$)<br />

limpeza 1.671 22.678<br />

calcário 2.466 27.887<br />

sementes 232 2.623<br />

cercas e benfeitorias (r$)<br />

manutenção 26.609 170.034<br />

tratores e veÍcuLos (r$)<br />

combustíves 19.882 55.745<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

peças e serviços 6.236 17.538<br />

depreciação 9.858 28.796<br />

coMpra De gaDo (r$) 4.055 42.090<br />

aDMinistração (r$)<br />

viagens 2.200 6.599<br />

ITR 7.712 118.923<br />

contabilidade 937 9.370<br />

escritório - 1.650<br />

energia e fone 2.200 3.300<br />

sede 1.052 3.157<br />

assessorias<br />

Diversos (r$) 11.811 87.951<br />

custos (r$) 212.714 1.386.483<br />

Lucro (r$) 118.145 1.910.277<br />

Ã<br />

Fonte: IEG | FNP (2017).<br />

tabEla 3.6<br />

Custos de produção para ciclo completo da pecuária semiintensiva<br />

para Campo Grande/MS, com escala de 500UA e 5000UA<br />

cria / recria / engorDa seMi-intesiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

raça Nelore Nelore<br />

rebanho (cabeças) 612 6.293<br />

pastagens (ha) 380 3.908


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 77<br />

cria / recria / engorDa seMi-intesiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS<br />

cria / recria / engorDa seMi-intesiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

forrageira Braquiarião Braquiarião<br />

cap. suporte (ua/ha/ano) 1,07 1,03<br />

produção (kgpv/ua/ano) 176 176<br />

taxa de desmama 76% 75%<br />

vacas/touro 30 30<br />

reposição de vacas 18% 18%<br />

prenhez Monta Monta<br />

funcionÁrios<br />

administrador - 1<br />

capataz(es) 1 2<br />

vaqueiro(s) 1 8<br />

inseminador(es)<br />

tratorista(s) 1 1<br />

auxiliar de escritório 2<br />

cozinheiro(s) - 1<br />

serviços gerais 1<br />

totaL 3 16<br />

cabeças/funcionÁrio 182 401<br />

custos (r$)<br />

em @/UA/ano 4,5 2,6<br />

em cabeça/ano 390,2 226,3<br />

em @ produzida 91,4 54,5<br />

Lucro (r$)<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

por cabeça 174,3 321,5<br />

por hectare 280,9 517,7<br />

totaL 106.620 2.023.375<br />

MargeM sobre venDas (*) 31% 59%<br />

patriMÔnio (r$)<br />

totaL 6.519.557 66.756.508<br />

rentabiLiDaDe (**) 1,6% 3,0%<br />

(*) Referente às arrobas produzidas / (**) sobre patrimônio.<br />

cria / recria / engorDa seMi-intensiva - 2017 INDICA<strong>DO</strong>RES ECONÔMICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

venDas (cabeças)<br />

vacas 57 586<br />

bezerras 68 690<br />

bois Gordos de 2 a 3 anos 80 813<br />

bois Gordos de 3 a 4 anos 27 271<br />

receitas (r$) 345.264 3.447.663<br />

foLHa De pagaMento (r$) 58.171 249.933<br />

encargos sociais (r$) 14.396 64.945<br />

insuMos (r$)<br />

sal mineralizado 14.570 145.535<br />

sal proteinado 14.460 180.540


78<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

cria / recria / engorDa seMi-intensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES ECONÔMICOS<br />

cria / recria / engorDa seMi-intensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES ECONÔMICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

ração<br />

vacinas 1.337 22.602<br />

vermífugos 2.705 26.724<br />

sêmen<br />

Assessorias<br />

DIVERSOS (R$) 15.414 103.168<br />

CUSTOS (R$) 238.645 1.424.289<br />

LUCRO (R$) 106.620 2.023.375<br />

outros 7.615 77.737<br />

pastagens (r$)<br />

limpeza 1.124 12.730<br />

calcário 8.108 91.841<br />

sementes 218 2.468<br />

cercas e benfeitorias (r$)<br />

manutenção 31.049 162.678<br />

Ã<br />

Fonte: IEG | FNP (2017).<br />

tabEla 3.7<br />

Custos de produção para ciclo completo da pecuária intensiva para<br />

Campo Grande/MS, com escala de 500UA e 5000UA<br />

cria / recria / engorDa intensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

tratores e veÍcuLos (r$)<br />

combustíves 29.365 72.065<br />

peças e serviços 9.149 22.637<br />

depreciação 13.226 36.471<br />

coMpra De gaDo (r$) 3.027 31.515<br />

aDMinistração (r$)<br />

viagens 3.333 9.999<br />

ITR 5.705 88.122<br />

contabilidade 937 9.370<br />

escritório - 3.000<br />

energia e fone 3.333 5.999<br />

sede 1.403 4.209<br />

Raça Nelore Nelore<br />

Rebanho (cabeças) 582 6.043<br />

Pastagens (ha) 318 3.291<br />

Forrageira Braquiarião Braquiarião<br />

Cap. Suporte (UA/ha/ano) 1,25 1,22<br />

Produção (kgPV/UA/ano) 191 193<br />

Taxa de Desmama 80% 79%<br />

Vacas/Touro 80 80<br />

Reposição de Vacas 20% 20%<br />

Prenhez Monta Monta<br />

funcionÁrios<br />

Administrador 1 1


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 79<br />

cria / recria / engorDa intensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS<br />

cria / recria / engorDa intensiva - 2017<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES ECONÔMICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

capataz(es) 3<br />

vaqueiro(s) 1 7<br />

inseminador(es) 0 4<br />

tratorista(s) 1 1<br />

auxiliar de escritório 2<br />

cozinheiro(s) - 1<br />

serviços gerais 1 2<br />

totaL 5 21<br />

cabeças/funcionÁrio 125 285<br />

custos (r$)<br />

em @/UA/ano 6,7 3,5<br />

em cabeça/ano 608,5 317,2<br />

em @ produzida 127,1 67,5<br />

Lucro (r$)<br />

por cabeça 26,0 304,3<br />

por hectare 47,7 558,9<br />

totaL 15.150 1.839.306<br />

MargeM sobre venDas (*) 4% 49%<br />

patriMÔnio (r$)<br />

totaL 5.562.336 57.307.035<br />

rentabiLiDaDe (**) 0,3% 3,2%<br />

(*) Referente às arrobas produzidas / (**) sobre patrimônio<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

venDas (cabeças)<br />

vacas 59 648<br />

bezerras 69 681<br />

bois gordos de 2 a 3 anos 111 1.135<br />

bois gordos de 3 a 4 anos -<br />

receitas (r$) 369.137 3.756.145<br />

foLHa De pagaMento (r$) 110.477 387.583<br />

encargos sociais (r$) 28.779 106.014<br />

insuMos (r$)<br />

sal mineralizado 16.635 167.165<br />

sal proteinado 12.275 123.351<br />

ração 2.407 19.257<br />

vacinas 1.284 21.710<br />

vermífugos 4.370 42.699<br />

sêmen 7.058 71.141<br />

outros 7.931 80.379<br />

pastagens (r$)<br />

limpeza 830 9.459<br />

calcário 19.390 220.964<br />

sementes 243 2.771<br />

cercas e benfeitorias (r$)<br />

manutenção 37.427 168.787


80<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

cria / recria / engorDa intensiva - 2017 INDICA<strong>DO</strong>RES ECONÔMICOS<br />

CAMPO GRANDE - MS 500 UA 5.000 UA<br />

tratores e veÍcuLos (r$)<br />

combustíves 33.397 118.678<br />

peças e serviços 10.443 36.876<br />

depreciação 15.870 51.308<br />

coMpra De gaDo (r$) 1.051 10.961<br />

aDMinistração (r$)<br />

viagens 5.050 15.150<br />

ITR 4.775 74.206<br />

contabilidade 937 9.370<br />

escritório - 4.545<br />

energia e fone 5.050 9.090<br />

sede 1.403 4.209<br />

assessorias 760 3.800<br />

Diversos (r$) 26.143 157.366<br />

custos (r$) 353.986 1.916.838<br />

Lucro (r$) 15.150 1.839.306<br />

Fonte: IEG | FNP (2017).<br />

Nos sistemas de produção com escala de 5000UA, quando<br />

considerado o custo de produção em R$/arroba ou R$/cabeça,<br />

as diferenças de valores entre Araguaína/TO e Campo Grande/MT<br />

ficam abaixo de 6%. Em propriedades com escala de<br />

500UA, no sistema extensivo, as diferenças de valores também<br />

ficam abaixo de 6%. Para o sistema semi-intensivo a diferença<br />

de valor para o custo em R$/arroba é de 20,9% e em<br />

R$/cabeça é de 17%. Para o sistema intensivo, as diferenças<br />

ficam em 11,5% e 9,9%, respectivamente.<br />

Diante do exposto, as planilhas detalhadas de custo de produção<br />

para o ciclo completo em Campo Grande/MS foram<br />

utilizadas como base para estruturar a planilha para análise<br />

da viabilidade econômica da pecuária de corte no Tocantins.<br />

Para esta avaliação, usou-se como referência os indicadores<br />

econômicos e a metodologia desenvolvida pela equipe de<br />

Economia, Administração e Sociologia Rural da Embrapa, que<br />

adota as seguintes variáveis:<br />

Receita bruta (RB): corresponde à receita esperada, decorrente<br />

da venda da produção em UA.<br />

RBha = Y x P (1),<br />

onde Y e P representam, respectivamente, a produção vendida<br />

em UA em 1 ano e o preço de venda médio da UA.<br />

Custo operacional (COP): representa a soma do custo variável<br />

(CVha) e do custo fixo por hectare (CFha). O custo variável<br />

refere-se aos somatórios dos custos com insumos, combustível<br />

e mão de obra. Os custos fixos contemplam, por exemplo,<br />

pastagens e capineiras, instalações e benfeitorias, máquinas e<br />

equipamentos, reprodutores (touros) e matrizes.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 81<br />

COP = CVha + CFha (2)<br />

LUC = (LO/RB)x100 (5)<br />

Lucro operacional (LO): é a diferença entre a receita bruta e<br />

o custo operacional.<br />

LO = RB – COP (3)<br />

Lucro financeiro (LF): é o somatório do lucro operacional e<br />

depreciações (DEP), representando o retorno monetário unitário<br />

obtido pelo pecuarista após o desconto dos custos desembolsáveis.<br />

LF = RB – (COP – DEP) ou FL = LO + DEP (4)<br />

Com base nas estimativas das variáveis apresentadas nas<br />

expressões (1, 2, 3 e 4), é possível estimar dois importantes<br />

indicadores de desempenho econômico-financeiro: ponto de<br />

equilíbrio do lucro financeiro e lucratividade.<br />

Enquanto o ponto de equilíbrio do lucro financeiro (PELF)<br />

corresponde à quantidade de UA vendida, na qual o lucro financeiro<br />

é zero, a lucratividade (LUC), pelo fato de ser o indicador<br />

que representa a razão entre lucro operacional e receita<br />

bruta, permite avaliar, no curto prazo, o nível de retorno econômico-financeiro<br />

que pode ser obtido.<br />

Para considerar e analisar o impacto dos custos de oportunidade<br />

do capital e da terra na sustentabilidade da atividade<br />

produtiva foi utilizado o custo econômico (CE), que representa<br />

a soma do COP com o CO. Por sua vez, para mensurar o resultado<br />

econômico considerando o CE, foi calculado o lucro econômico<br />

(LE), que representa o retorno da atividade produtiva,<br />

após serem considerados e descontados os custos operacionais<br />

e os custos de oportunidade.<br />

Custo econômico (CE): corresponde ao custo operacional de<br />

produção acrescido do custo de oportunidade.<br />

CE = COP + CO (6)<br />

Lucro econômico (LE): é a diferença entre a receita bruta e o<br />

custo econômico.<br />

LE = RB – CE (7)<br />

De acordo com esta metodologia, para analisar a viabilidade<br />

da produção, a margem de contribuição (MC) foi ajustada para<br />

representar a diferença entre RB e a somatória de CV e CO,<br />

conforme a expressão 8. Dessa forma, será avaliada a viabilidade<br />

econômica diante de outras opções de investimentos


82<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

considerados nos custos de oportunidade. Margem de contribuição<br />

(MC): corresponde à diferença entre a receita bruta e a<br />

soma do custo variável com o custo de oportunidade.<br />

MC = RB – (CV + CO) (8)<br />

Para que a produção seja economicamente viável, a MC<br />

necessita ser igual ou superior a zero, indicando que a atividade<br />

gera renda ao produtor e que tal retorno obtido é superior<br />

àquele que seria gerado por investimentos alternativos<br />

representados pelo CO. Nesse sentido, o ponto de equilíbrio<br />

de viabilidade (PEV) representa o nível de produção de UA em<br />

que a MC se iguala a zero, calculando a quantidade mínima<br />

de UA que torna a atividade viável economicamente. Por fim,<br />

o LE, descrito na expressão (7), permite avaliar se a atividade<br />

produtiva, além de gerar renda para remunerar o produtor,<br />

proporciona a capitalização do mesmo, visando objetivos empresariais<br />

como a remuneração de seus ativos e a redução da<br />

necessidade de financiamento para o custeio.<br />

O resumo dos resultados para a análise de viabilidade econômico-financeira<br />

para a pecuária de corte, com base nas<br />

planilhas de custos de produção (Anualpec 2017) de Campo<br />

Grande/MS, considerando sistemas de produção extensivo,<br />

semi-intensivo e intensivo para escalas de produção de<br />

500UA e 5000UA encontram-se resumidos na Tabela 3.8.<br />

Observa-se que a lucratividade da atividade é decrescente<br />

conforme se eleva a intensificação do sistema de produção<br />

para a escala com 500UA, com destaque para a redução de<br />

31% para 4% ao se passar do semi-intensivo para o intensivo,<br />

sendo o lucro econômico negativo neste último caso. Isso<br />

reflete na necessidade de aumento na quantidade de UA produzida<br />

por ano para se manter o ponto de equilíbrio do lucro<br />

financeiro. No caso do ponto de equilíbrio da viabilidade, a<br />

quantidade necessária de UA no ano reduz em 8,54% do sistema<br />

extensivo para semi-intensivo, mas eleva-se em 33,34%<br />

do sistema semi-intensivo para intensivo.<br />

No caso das propriedades com escala de 5000UA, o percentual<br />

de lucratividade é superior quando comparado à escala<br />

de 500 UA, mas também se observa a redução no percentual<br />

do sistema extensivo para intensivo, bem como o aumento<br />

da quantidade de UA no ano para a manutenção do ponto de<br />

equilíbrio do lucro financeiro e do ponto de equilíbrio da viabilidade.<br />

3. 1. 4 A questão da tecnologia na pecuária de corte<br />

Para as propriedades com escala de 500 UA, observou-se<br />

que a intensificação no sistema de produção refletiu em uma<br />

elevação nos custos de produção da arroba e uma redução na<br />

taxa de retorno da rentabilidade sobre patrimônio. Para as


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 83<br />

Ã<br />

tabEla 3.8<br />

Resultados da análise da viabilidade econômico-financeira para a pecuária de corte, considerando sistemas de produção extensivo, semi-intensivo<br />

e intensivo para escalas de produção de 500UA e 5000UA<br />

sisteMa De proDução extensivo seMi intensivo intensivo<br />

inDicaDores financeiros 500 ua 5000 ua 500 ua 5000 ua 500 ua 5000 ua<br />

receita (R$) 330.859 3.296.760 345.264 3.447.663 369.137 3.756.145<br />

ua venDiDas (A<strong>NO</strong>) 234 2.389 231 2.360 239 2.465<br />

receita bruta (R$) 330.859 3.296.760 345.264 3.447.663 369.137 3.756.145<br />

custo operacionaL (R$) 212.714 1.386.483 238.645 1.424.289 353.986 1.916.838<br />

Lucro operacionaL (R$) 118.145 1.910.277 106.620 2.023.375 15.150 1.839.306<br />

Lucro financeiro (R$) 128.003 1.939.073 119.846 2.059.846 31.020 1.890.614<br />

custo De oportuniDaDe (R$) 103.930 966.944 87.193 766.842 92.543 736.738<br />

MargeM De contribuição (R$) 99.739 1.490.924 114.144 1.641.827 60.296 1.754.250<br />

custo econÔMico (R$) 316.644 2.353.427 325.837 2.191.131 446.530 2.653.576<br />

Lucro econÔMico (R$) 14.215 943.333 19.427 1.256.533 (77.393) 1.102.569<br />

inDicaDores econÔMicos<br />

LucrativiDaDe (%) 36% 58% 31% 59% 4% 49%<br />

peLf (UA/A<strong>NO</strong>) 144 984 151 950 219 1.224<br />

pev (ua/ano) 164 1.308 150 1.129 200 1.314<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG | FNP (2017).<br />

propriedades com escala de 5000UA, a intensificação no sistema<br />

de produção refletiu de diferentes formas no custo de<br />

produção da arroba. Era de se esperar um comportamento de<br />

redução no custo de produção, a exemplo de Poconé/MT, mas<br />

isso não foi constatado para as demais 10 regiões avaliadas,<br />

apenas para A. Floresta/MT, P. Lacerda/MT, C. Grande/MS,<br />

Redenção/PA e Itapetinga/PA, quando se passou da pecuária<br />

extensiva para semi-intensiva.


84<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

QUaDro 3.2<br />

Principais fatores que levam os pecuaristas a investirem em tecnologia e quais os principais desafios enfrentados<br />

fatores Que LevaM o pecuarista a<br />

buscar a MeLHoria Do negócio<br />

Recebimento de “prêmio” na @ com regras bem<br />

definidas.<br />

Profissionalização da atividade (sistemas de gestão<br />

e controle de processos).<br />

Legislação (adequações às leis vigentes).<br />

Acesso à assistência técnica qualificada.<br />

Maior facilidade no acesso aos insumos produtivos.<br />

Visão de negócio para a atividade pecuária.<br />

Perfil e acesso à informação.<br />

Desafio<br />

Fatia muito pequena que consegue acessar programas que pagam prêmio pela quantidade. Necessidade de alta tecnificação, qualidade e padronização de animais. Ex.:<br />

Certificação Angus.<br />

Maioria dos pecuaristas não possui controles/índices produtivos, o que dificulta a percepção dos retornos dos investimentos (ganhos em produtividade e redução de custo).<br />

Ex.: Mudança de comportamento de pecuaristas de Paragominas, após 3 anos de assistência técnica oriunda do projeto Município Verde, passaram a pagar pela consultoria.<br />

Muitos pecuaristas efetuam as adequações para o enquadramento na legislação. Há carência de informação e orientação quanto às boas práticas agrícolas.<br />

A extensão territorial da pecuária é muito vasta e há déficit de profissionais para o atendimento de todos os pecuaristas. Ademais, os custos para acessar à assistência técnica<br />

qualificada é uma barreira.<br />

As dificuldades logísticas dificultam o acesso e encarecem os insumos produtivos.<br />

Muitos pecuaristas precisam adotar um olhar para a propriedade de uma empresa agrícola que precisa ser rentável e não como um estilo de vida ou atividade secundária.<br />

Permitir que as novas gerações, com maior conhecimento e facilidade no acesso às informações por meios eletrônicos, possam contribuir para o desenvolvimento da atividade.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de entrevistas.<br />

Apesar dessa constatação, não se pode deixar de considerar<br />

o potencial de ganho em produção e rentabilidade, através da<br />

intensificação do sistema produtivo e dos ganhos com escala,<br />

por meio da melhor orientação dos pecuaristas, inclusive<br />

quanto ao correto uso das tecnologias e da gestão econômicofinanceira<br />

da propriedade.<br />

Os investimentos em tecnologia de produção podem também<br />

contribuir para a melhora na qualidade da carne que,<br />

aliada a um processo de certificação e rastreabilidade, tem<br />

potencial para auxiliar no acesso a mercados que agregam<br />

valor por essas características. O desafio consiste no acesso<br />

à tecnologia pelos produtores e as limitações que podem haver<br />

para sua correta implantação, como orientação técnica e<br />

disponibilidade de mão de obra qualificada. Aliada a isso, a<br />

gestão financeira da propriedade é fundamental para acompanhar<br />

os retornos dos investimentos realizados, permitindo<br />

que o pecuarista “visualize” o lucro e benefícios adicionais<br />

resultantes. O Quadro 3.2 resume os principais fatores<br />

que levam os pecuaristas a investirem em tecnologia e quais<br />

os principais desafios enfrentados por eles nesse processo.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 85<br />

Ã<br />

tabEla 3.9<br />

Custo de produção médio em fazendas de ciclo completo para níveis de tecnologia baixo, médio e adequado<br />

cicLo coMpLeto r$/arroba baixa tecnoLogia % MéDia tecnoLogia % tecnoLogia aDeQuaDa %<br />

coMposição De resuLtaDos 3 - 6 arroba/Ha 6 - 12 arroba/Ha 12 - 18 arroba/Ha<br />

nutrição 16,96 19% 20,00 21% 30,74 33%<br />

programa sanitário 3,14 3% 3,44 4% 3,31 4%<br />

corretivos e fertilizantes 4,29 5% 18,46 20% 19,14 20%<br />

defensivos agrícolas 8,00 9% 4,66 5% 3,30 4%<br />

combustíveis e lubrificantes 5,76 6% 5,31 6% 4,82 5%<br />

reprodução 1,11 1% 4,01 4% 7,70 8%<br />

funcionários 16,60 18% 12,38 13% 9,10 10%<br />

manutenções 7,57 8% 5,35 6% 5,19 6%<br />

administrativos 1,66 2% 1,24 1% 0,91 1%<br />

energia elétrica 0,29 0% 0,27 0% 0,24 0%<br />

depreciações 26,23 29% 18,49 20% 9,68 10%<br />

CUSTOS OPERACIONAIS TOTAIS 91,61 93,61 94,13<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, a partir de ABIEC (2016).<br />

No relatório do Perfil da Pecuária Brasileira 2016 da ABIEC<br />

constam valores médios gerais para o Brasil do custo de produção<br />

do gado para corte conforme a tecnologia adotada. A<br />

Tabela 3.9 apresenta esses valores para os níveis de tecnologia<br />

baixo, médio e adequado.<br />

Para sistemas com baixo uso de tecnologia, o custo médio da<br />

arroba estimado foi de R$ 91,61; para média tecnologia foi de<br />

R$ 93,61 e para um nível adequado foi de R$ 94,13. Ocorre uma<br />

mudança no perfil dos investimentos necessários conforme a<br />

intensidade da tecnologia. No caso da baixa tecnologia, 19%<br />

dos custos são referentes à nutrição, 18% a funcionários e 29%<br />

com depreciações. No caso da média tecnologia, o percentual<br />

da nutrição vai para 21%; corretivos e fertilizantes saem de 5%<br />

e vão para 20%; e há redução nos percentuais de funcionários


86<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

e depreciações, de 18% e 29% para 13% e 20%, respectivamente.<br />

No caso do nível de tecnologia adequada, o percentual alocado<br />

em nutrição eleva-se para 33% e há reduções adicionais<br />

para funcionários e manutenção, ficando em 10% cada. Ou<br />

seja, conforme se investe em tecnologia, há maior alocação em<br />

recursos direcionados ao ganho de peso de animais (nutrição,<br />

corretivos e fertilizantes para pastos) e diluição dos custos relacionados<br />

à operação (funcionários e manutenção de estrutura).<br />

A Tabela 3.10 demonstra que, para se passar de um sistema<br />

de baixa tecnologia para média, o custo da arroba eleva-se<br />

em 2,2%; e da média para a adequada, eleva-se em 0,6%. Mas,<br />

como descrito anteriormente, as alocações dos investimentos<br />

por item que compõe o custo de produção da arroba sofrem<br />

alterações significativas, com destaque para a nutrição,<br />

corretivos e fertilizantes, defensivos agrícolas, reprodução e<br />

depreciações.<br />

No item nutrição, no primeiro salto de tecnologia, há um aumento<br />

do capital investido em 18%; e no segundo salto o incremento<br />

é de 54%. Para corretivos e fertilizantes, esses percentuais<br />

ficam em 330% e 4%, respectivamente. Isso é condizente<br />

com uma necessidade maior de ganho de peso, com o objetivo<br />

de elevar a produtividade em arroba por hectare.<br />

Os aumentos dos percentuais investidos em reprodução<br />

também chamam a atenção. Há um incremento de 261% no capital<br />

investido para passar de baixa para média tecnologia; e de<br />

Ã<br />

tabEla 3.10<br />

Elevação ou redução do valor investido para a produção da<br />

arroba para aumento no uso de tecnologia, da baixa para a média<br />

e da média para a adequada, conforme o item da composição do<br />

custo da arroba<br />

cicLo coMpLeto r$/arroba<br />

COMPOSIÇÃO DE RESULTA<strong>DO</strong>S<br />

baixa para MéDia<br />

tecnoLogia<br />

MéDia para tecnoLogia<br />

aDeQuaDa<br />

nutrição 18% 54%<br />

programa sanitário 10% -4%<br />

corretivos e fertilizantes 330% 4%<br />

defensivos agrícolas -42% -29%<br />

combustíveis e lubrificantes -8% -9%<br />

reprodução 261% 92%<br />

funcionários -25% -26%<br />

manutenções -29% -3%<br />

administrativos -25% -27%<br />

energia elétrica -7% -11%<br />

depreciações -30% -48%<br />

CUSTOS OPERACIONAIS TOTAIS 2,2% 0,6%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir ABIEC (2016).<br />

92% para passar da média para a adequada. Fica evidente a necessidade<br />

da melhoria da genética animal para o ganho de produtividade.<br />

Na estrutura de custos de produção, a reprodução<br />

representava apenas 1% do valor total para um baixo nível de<br />

tecnologia, elevando-se para 4% no médio e 8% no adequado.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 87<br />

Já os valores investidos em defensivos agrícolas e com<br />

depreciações, em reais por arroba, são reduzidos, pois há diluição<br />

dos custos totais em função do aumento da produtividade.<br />

Defensivo agrícola reduz em 30% na primeira etapa<br />

de intensificação e 48% na segunda. Para depreciação, esses<br />

percentuais ficam em 42% e 29%, respectivamente.<br />

3. 1. 5 Integração lavoura pecuária floresta<br />

O ILPF pode ser utilizado em diferentes configurações, combinando-se<br />

dois ou três componentes em um sistema produtivo,<br />

conforme o relatório ILPF em números (2016). A saber:<br />

• lavoura-pecuária / ILP / agropastoril<br />

• lavoura-floresta / ILF / silvoagrícola<br />

• pecuária-floresta / IPF / silvipastoril<br />

• lavoura-pecuária-floresta / ILPF / agrossilvipastoril<br />

O sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, ILPF,<br />

consiste em uma alternativa para um sistema de produção<br />

que vem ao encontro de um dos principais desafios da agropecuária,<br />

o de aumentar a produtividade com sustentabilidade.<br />

Assim, ao avaliar estratégias para potencializar a produção<br />

agrícola e pecuária do Tocantins, certamente o ILPF deve<br />

ser analisado como um caminho a ser perseguido.<br />

Segundo Balbino, Barcellos e Stone (2011), o ILPF é uma estratégia<br />

que visa a produção sustentável, que integra atividades<br />

agrícolas, pecuárias e florestais realizadas na mesma área,<br />

em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, e busca<br />

efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema.<br />

O ILPF tem como objetivo o uso intensivo e sustentável da terra,<br />

proporcionando a máxima produção de alimentos, fibras e<br />

energia por unidade de área, contemplando a adequação ambiental,<br />

a valorização do homem e a viabilidade econômica.<br />

Segundo o relatório do ILPF em números (2016), uma pesquisa<br />

encomendada pela Rede de Fomento do ILPF mostrou que<br />

na safra 2015/16 o Brasil contava com, aproximadamente, 11,5<br />

milhões de hectares com ILPF. Desses, Mato Grosso do Sul respondia<br />

por, aproximadamente, 2,1 milhões de hectares; Mato<br />

Grosso por 1,5 milhão; Rio Grande do Sul por 1,46 milhão; Minas<br />

Gerais por 1,046 milhão; e Goiás e DF por 944 mil hectares.<br />

No Tocantins já podem ser vistas algumas iniciativas nesse<br />

sentido, principalmente na região norte do Estado. Segundo o<br />

relatório do ILPF em números (2016), o Tocantins apresentou<br />

500 mil hectares de ILPF, o equivalente a 6,2% das áreas sob<br />

uso agropecuário.<br />

Órgãos como o Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado<br />

do Tocantins (Ruraltins), Sebrae e Embrapa têm firmado<br />

parcerias que visam incentivar e desenvolver propriedades<br />

modelos nesse segmento.


88<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Nesse âmbito vale destacar uma iniciativa oriunda de parceria<br />

público-privada chamada Rede de Fomento ILPF. As<br />

empresas Cocamar, Dow AgroScience, John Deere, Parker,<br />

Syngenta e Embrapa se reuniram com o objetivo principal<br />

de acelerar a adoção dos sistemas de ILPF. A rede mantém<br />

97 unidades de Referência Tecnológica no pais, sendo que 8<br />

estão localizadas no Estado do Tocantins. O Gráfico 3.11 apresenta<br />

a evolução da área com ILPF no Brasil.<br />

O interesse pela adoção de sistemas de ILPF vem, principalmente,<br />

pela necessidade da recuperação da área de pastagens<br />

degradadas e devido às restrições ambientais para a abertura<br />

de novas áreas de cultivo em cima de vegetação nativa, principalmente<br />

a partir de 1990. A estratégia a ser adotada para a<br />

recuperação depende de um diagnóstico inicial da área que<br />

envolve o levantamento de informações sobre a região: sistemas<br />

de produção predominantes, mercados, logística, aptidão<br />

agrícola, dentre outros; e sobre a propriedade específica,<br />

como: sistemas de produção adotados na propriedade,<br />

índices de produção, perfil do produtor, qualidade da gestão<br />

administrativa e financeira.<br />

De acordo com Kichel et al (2012), quando há um diagnóstico<br />

favorável à produção de grãos, fibras e/ou energia, a alternativa<br />

da adoção do ILPF pode ser recomendada, sendo o<br />

potencial do seu uso condicionado, principalmente, aos seguintes<br />

fatores:<br />

Û<br />

milhões de hectares<br />

gráfico 3.11<br />

Evolução da área com implantação do sistema ILPF no Brasil<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

0<br />

1,87<br />

2,60<br />

3,32<br />

4,05<br />

4,78<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, a partir de Embrapa (2016).<br />

• disponibilidade de solo e clima favorável;<br />

• infraestrutura para produção e armazenamento de insumos;<br />

• disponibilidade de recursos financeiros próprios ou<br />

acesso a linhas de crédito;<br />

5,51<br />

6,70<br />

7,89<br />

9,08<br />

10,28<br />

11,47


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 89<br />

• domínio da tecnologia para produção de grãos, pecuária<br />

e floresta;<br />

• acesso a mercado para compra de insumos e comercialização<br />

da produção;<br />

• acesso à assistência técnica;<br />

• possibilidade de arrendamento da terra ou de parceria<br />

com produtores tradicionais de grãos, pecuária ou<br />

floresta.<br />

Em termos de desenvolvimento da agropecuária para a<br />

produção sustentável de alimentos, fibras, energia e serviços<br />

ambientais, a ILPF volta-se para a adoção de tecnologias que<br />

pressupõe (BALBI<strong>NO</strong>; BARCELLOS; STONE, 2011):<br />

• viabilidade econômica do sistema de produção com segurança<br />

alimentar;<br />

• insumos ambientalmente seguros e que reduz em contaminantes;<br />

• tecnologias de alta precisão para maior eficiência no uso<br />

dos insumos;<br />

• práticas de manejo ambiental e uso de equipamentos<br />

que melhoram a eficiência do sistema e seu monitoramento;<br />

• sistemas que aumentam a diversidade biológica e sinergismo<br />

interno;<br />

• ordenamento territorial, instrumentos de monitoramento<br />

que otimizam o uso dos recursos naturais;<br />

• fontes alternativas de energia (álcool, madeira, fibra e<br />

biodiesel);<br />

• sistemas de gestão e certificação ambiental, que fortalecem<br />

a competitividade a partir de estratégias preventivas<br />

de antecipação de problemas ambientais;<br />

• novos arranjos institucionais, formas de produção e de<br />

gestão como componentes da competitividade do mercado;<br />

• valoração dos serviços ambientais que os sistemas agropecuários<br />

e o seu entorno prestam à humanidade.<br />

A literatura ilustra uma série de benefícios advindos da<br />

adoção do sistema de ILPF, que, segundo Reis (2014) pode<br />

ser caracterizada como tecnológica, ecológica e ambiental ou<br />

econômica e social, conforme resumido no Quadro 3.3.<br />

Entretanto, de acordo com Serra et al. (2012), os sistemas<br />

de ILPF são naturalmente mais complexos do que as lavouras<br />

de grãos ou os sistemas pecuários isolados, e seu ciclo depende,<br />

principalmente, do componente arbóreo; e, portanto, necessita<br />

de uma correta implantação com o objetivo de evitar<br />

problemas de manejo futuros. É preciso atenção aos detalhes<br />

no planejamento, bem como na definição de cada passo da<br />

implantação dos diferentes componentes do sistema.


90<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

QUaDro 3.3<br />

Potenciais benefícios do sistema ILPF<br />

tecnoLógicos ecoLógicos e aMbientais econÔMicos e sociais<br />

• Melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos<br />

do solo, devido ao aumento de matéria orgânica;<br />

• maior resiliência do sistema em relação a eventos<br />

climáticos adversos;<br />

• minimização das ocorrências de doenças e plantas<br />

daninhas;<br />

• aumento do bem-estar animal devido ao conforto<br />

térmico;<br />

• maior eficiência na utilização de insumos;<br />

• possibilidade de aplicação em diversos sistemas<br />

e unidades de produção (independentemente de<br />

porte).<br />

• Redução da pressão para a abertura de novas áreas;<br />

• melhoria na utilização de recursos naturais, pela<br />

complementaridade e sinergia entre os componentes<br />

vegetais e animais;<br />

• diminuição no uso de agroquímicos;<br />

• redução dos riscos de erosão;<br />

• melhoria da recarga e da qualidade da água;<br />

• mitigação do efeito-estufa devido à maior capacidade<br />

de sequestro de carbono;<br />

• promoção da biodiversidade e favorecimento de<br />

novos nichos e habitats para agentes polinizadores<br />

das culturas e inimigos naturais.<br />

• Recuperação de áreas degradava com baixa produtividade;<br />

• aumento da produção de alimentos com menor<br />

custo;<br />

• aumento da competitividade dos produtos pecuários<br />

no mercado;<br />

• redução do risco em função da diversificação das<br />

atividades e das melhorias nas condições de produção;<br />

• fixação e maior inserção social pela geração de<br />

emprego e renda no campo;<br />

• estímulo à qualificação profissional.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com informações extraídas de Reis (2014).<br />

De acordo com Biscola et al. (2012), a primeira etapa para o<br />

sucesso da ILPF é estruturar um diagnóstico da situação atual<br />

do negócio, considerando a região onde se encontra o estabelecimento<br />

rural e o perfil do produtor. Em caso de condições<br />

favoráveis, deve-se prosseguir para a etapa do planejamento<br />

e determinar quais ações serão realizadas para passar o sistema<br />

para o modelo do ILPF. Essas ações deverão ser priorizadas<br />

e submetidas à análise através da “ferramenta do curioso”,<br />

que exige que o responsável responda às perguntas: o que?,<br />

quem?, onde?, quando?, porque?, como? e quanto custa?.<br />

Biscola et al. (2012) estruturaram um quadro resumo de<br />

um modelo de planejamento, com os primeiros e mais importantes<br />

passos para a implantação de um sistema de ILPF<br />

com eucalipto, apresentado na sequência (Quadro 3.4). De<br />

acordo com os autores, apesar de tomar tempo, esta fase<br />

é fundamental para o sucesso do projeto e deve ser considerada<br />

como um investimento em função das vantagens<br />

que proporciona, como: esclarecer os objetivos do projeto;<br />

pensar, com antecedência, nas diversas etapas e prepararse,<br />

inclusive financeiramente; identificar requisitos fundamentais<br />

que precisarão ser preenchidos; avaliar se as ações<br />

a serem executadas são efetivamente possíveis; permitir fazer<br />

o melhor uso dos recursos disponíveis; motivar todos os<br />

envolvidos no projeto.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 91<br />

Ã<br />

QUaDro 3.4<br />

Modelo de planejamento para implantação de sistema de ILPF com<br />

eucalipto<br />

o que? Verificação da aptidão da área para implantação do sistema.<br />

Quando? Antes do início da implantação do sistema.<br />

por que? Para evitar problemas com a implantação de culturas anuais e destinação dos<br />

produtos do sistema.<br />

Como? Diagnóstico do estabelecimento rural inserido em seu contexto regional,<br />

utilizando orientação de técnicos especializados.<br />

o que? Coleta de amostras de solo e análises química e física.<br />

Quando? Antes do preparo inicial do solo e depois anualmente.<br />

por que? Para monitorar a fertilidade do solo e para definição das recomendações de<br />

correção, adubação de manutenção e reposição.<br />

Como? De um talhão homogêneo devem ser retiradas 10 sub amostras de solo nas<br />

profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm, as quais devem ser homogeneizadas<br />

formando uma amostra de aproximadamente 400 gramas, que deve ser<br />

encaminhada para um laboratório de análise de solo e depois os resultados<br />

interpretados por engenheiro agrônomo ou técnico agrícola.<br />

o que? Calagem e Gessagem.<br />

Quando? No preparo inicial do solo e depois quando necessário.<br />

porque? Para correção da acidez do solo e fornecimento de cálcio e magnésio para as<br />

culturas.<br />

Como? Corretivos de solo aplicados e incorporados de 0 a 20 cm, utilizando-se grade<br />

pesada ou arado.<br />

o que? Monitoramento e controle de formigas cortadeiras.<br />

Quando? Pelo menos dois meses antes do plantio e depois, durante todo o ciclo de<br />

produção.<br />

por que? Para evitar danos às culturas anuais e especialmente ao eucalipto.<br />

Como? Caminhando na área à procura de formigueiros ativos, bem como ao seu<br />

redor, no mínimo a 100 metros de bordadura. Quando encontrados deve ser<br />

aplicado inseticida à base de Fipronil em pó ou iscas formicidas granuladas, se<br />

a estação do ano for propícia.<br />

o que? Cultivo da cultura de verão (exemplo: soja).<br />

Quando? Ano 0 (novembro) a Ano 1 (março).<br />

Ano 1 (novembro) a Ano 2 (março).<br />

Ano 5 (novembro) a Ano 6 (março).<br />

Ano 9 (novembro) a Ano 10 (março).<br />

por que? Para proporcionar retorno econômico em curto prazo reduzindo os custos de<br />

implantação do sistema de ILPF.<br />

Porque a soja é uma leguminosa que favorece a fixação de nitrogênio atmosférico<br />

no solo.<br />

Como? A definição do cultivo anual, bem como os tratos culturais, dependerão de<br />

recomendações técnicas específicas para cada região e propriedade que<br />

poderão ser feitas por técnicos especializados. Recomenda-se que os detalhes<br />

do cultivo específicos para a área sejam inseridos neste quadro. Eventualmente<br />

um quadro adicional pode ser criado para a cultura.<br />

o que? Plantio de eucalipto.<br />

Quando? Ano 1 (janeiro).<br />

por que? Entre as espécies arbóreas disponíveis para os sistemas de ILPF, o clone (escolhido<br />

pelo produtor) de eucalipto apresenta as vantagens de ter ciclo rápido, sua madeira<br />

ser adequada para (aptidão do clone), com mercado assegurado na região e<br />

haver também disponibilidade de mudas em quantidade suficiente na região.<br />

como? Escolha adequada das mudas dos clones. Irrigação no dia de plantio e periodicamente<br />

a cada 6 dias até o “pegamento” das mudas. Caso haja perda acima<br />

de 5% das mudas, será realizado replantio.<br />

Recomenda-se que os detalhes do plantio específicos para a área sejam<br />

inseridos neste quadro. Eventualmente um quadro adicional pode ser criado<br />

para a cultura.


92<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

o que?<br />

Quando?<br />

por que?<br />

como?<br />

Implantação do Sistema Santa Fé (milho ou sorgo em consorciação com<br />

braquiária)<br />

- Ano 1 (fevereiro a agosto)<br />

- Ano 2 (fevereiro a agosto)<br />

- Ano 6 (fevereiro a agosto)<br />

- Ano 10 (fevereiro a agosto)<br />

O cultivo da braquiária com milho ou sorgo ajuda a conservar o solo pela<br />

cobertura vegetal, melhora a condição do solo com fertilizantes residuais e<br />

ciclagem de nutrientes e ainda proporciona retorno econômico com a renda<br />

obtida com os grãos.<br />

A partir do ano 2 a forrageira fica estabelecida para o componente pecuário.<br />

Ano 1: a implantação da cultura de outono/inverno deve ser realizada com<br />

sistema de plantio direto sempre que possível. Recomenda-se ensilar o sorgo<br />

ou milho.<br />

Ano 2 em diante: pode-se repetir as ações do ano 1, observando-se o detalhe<br />

de que a forrageira deve ser escolhida com base em sua tolerância a sombreamento.<br />

Recomenda-se que os detalhes de plantio específicos para a área sejam<br />

inseridos neste quadro. Eventualmente um quadro adicional pode ser criado<br />

para a cultura.<br />

o que? Tratos culturais no eucalipto.<br />

Quando? Ano 2 (agosto).<br />

por que? Eliminação de plantas daninhas para evitar-se a mato-competição.<br />

Como? A adubação de cobertura é realizada aos 90 dias e após um ano de plantio.<br />

o quê? Tratos culturais no eucalipto.<br />

Quando? Ano 2 (agosto).<br />

por que? Adubação de cobertura para suprir as necessidades nutricionais das plantas.<br />

Como? Coroamento das plantas de eucalipto com capinas manuais ou herbicidas ao<br />

redor das árvores.<br />

o que? Tratos culturais no eucalipto<br />

Quando? Ano Altura<br />

Ano 2 0 a 2 m<br />

Ano 3 2 a 4 m<br />

Ano 4 4 a 6 m<br />

por que? Desrama para favorecer o crescimento da planta e a qualidade da madeira,<br />

bem como para evitar danos pelos animais quando os mesmos entrarem no<br />

sistema.<br />

Como? A desrama inicial é feita quando o diâmetro do caule a 1,30 m de altura atinge<br />

mais que 6 cm.<br />

o que? Entrada de bezerros de recria no sistema.<br />

Quando? Ano 2 (setembro) a Ano 5 (agosto).<br />

por que? Os bezerros, pelo menor porte, causam menos danos às árvores jovens e, além<br />

disso, essa categoria animal necessita de pastagens de qualidade mais alta,<br />

proporcionada pela forrageira recém-formada.<br />

Como? Para que os animais entrem no sistema, é necessário que as árvores estejam<br />

com mais de 6 cm de diâmetro ao DAP (1,30 m de altura). É importante que<br />

tenha sido feito o controle estratégico de parasitas para evitar a contaminação<br />

da pastagem recém implantada.<br />

o que? Colheita de 1/3 das árvores.<br />

Quando? Ano 5 (agosto)<br />

Ano 9 (agosto)<br />

Ano 13 (agosto).<br />

por que? Aumentar a incidência de luz nas entrelinhas das árvores para favorecer o<br />

desenvolvimento da cultura anual e da forrageira na sequência.<br />

Ingresso financeiro.<br />

Como? Serão colhidas árvores alternadamente nas fileiras, priorizando-se, todavia,<br />

as que apresentarem crescimento deficiente e/ou defeitos no fuste, que<br />

prejudicarão a qualidade da madeira.<br />

Fonte: elaborado por Biscola et.al (2012)


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 93<br />

É fundamental que, uma vez instalado, haja um acompanhamento<br />

do desempenho econômico e financeiro do sistema<br />

implantado para que se garanta a viabilidade do projeto.<br />

Entretanto, O ILPF, por ser um sistema de longo prazo e relativamente<br />

recente, ainda carece de maiores estudos que<br />

possam apoiar o produtor na estruturação, uma vez que um<br />

dos desafios quanto aos trabalhos já desenvolvidos é a falta<br />

de padronização nas análises, o que dificulta a comparação<br />

dos resultados obtidos.<br />

Com o objetivo de auxiliar a superação desse desafio, a<br />

unidade de Sinop/MT da Embrapa – Empresa Brasileira de<br />

Pesquisa Agropecuária – em parceria com o Imea – Instituto<br />

Matogrossense de Economia Agropecuária, o Senar – Serviço<br />

Nacional de Aprendizado Rural – e a Famato – Federação de<br />

Agricultura e Pecuária de Mato Grosso – propuseram o desenvolvimento<br />

e o acompanhamento de unidades de referência<br />

tecnológica e econômica (URTE) com o objetivo de identificar<br />

a viabilidade técnica e econômica das propriedades de<br />

ILPF do Estado, além de transferir as tecnologias e a gestão<br />

financeira aplicada para produtores do Estado.<br />

Além disso, o projeto se propôs a estruturar uma metodologia<br />

de levantamento e processamento dos dados para ser<br />

implantada em algumas Unidades de Referência Tecnológica,<br />

incluindo a sistematização dos dados econômicos, transformando-as<br />

em URTEs. Isso possibilitará a formação de um<br />

benchmark para que outros produtores do Estado possam<br />

estudar e se apoiar nos resultados obtidos.<br />

Maiores detalhes da metodologia, bem como da planilha<br />

financeira estruturada para a análise da viabilidade econômica,<br />

podem ser encontrados no Relatório Final da 1ª Fase<br />

– Unidades de Referência Tecnológica e Econômica em ILPF<br />

de Mato Grosso.<br />

Em resumo, diante das características gerais da pecuária<br />

no Tocantins, apresentadas no item 3.1.1, como: 11º maior<br />

rebanho do Brasil, com predominância do sistema extensivo;<br />

baixa taxa de lotação animal por área e presença significativa<br />

de áreas degradadas; pecuária como atividade de relevância<br />

econômica para o Estado, assim como grãos (soja); aptidão<br />

das áreas agrícolas para a produção de grãos – vista no estudo<br />

da cadeia da soja; elevado percentual de extensão territorial<br />

voltado para a preservação ambiental; desafio do Estado de<br />

aumentar a produtividade na pecuária de forma sustentável;<br />

aliado aos objetivos, resultados de ILPF descritos na literatura<br />

e benefícios propostos pelo sistema, considera-se que há<br />

fortes indícios para aprofundar os estudos, diagnósticos e<br />

estratégias voltados para a expansão do sistema integração<br />

lavoura-pecuária-floresta no Estado do Tocantins.<br />

3. 2 Associativismo e cooperativismo<br />

Tanto o associativismo como o cooperativismo são formas


94<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

figUra 3.3<br />

Modelo de cooperativa de pecuaristas<br />

cooperativa<br />

Vende sua carne rastreada com<br />

preço premium<br />

v<br />

Frigorífico<br />

Marca própria no<br />

varejo<br />

Paga pela qualidade<br />

a<br />

r<br />

Paga preço<br />

diferenciado pela<br />

qualidade<br />

Garante animais<br />

de qualidade com<br />

assistência técnica e<br />

rastreabilidade<br />

Entrega animais de alta<br />

qualidade, rastreados<br />

por preço premium<br />

e<br />

j<br />

o<br />

pecuaristas<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

de governança que organizam classes com interesses semelhantes<br />

para a realização de ações em conjunto.<br />

A diferença entre associação e cooperativa está fundamentalmente<br />

na natureza de negócio: enquanto a associação tem<br />

o escopo de representatividade social, política, defesa dos<br />

interesses da classe, dentre outras características, a cooperativa<br />

possui fins comerciais, que visam certo lucro, viabilizando<br />

vários tipos de negócios entre os cooperados e o mercado<br />

(SEBRAE, 2017).<br />

No meio agrícola e pecuário, um dos grandes benefícios da<br />

organização de produtores em associações é o aumento da<br />

competitividade de pequenos e médios produtores, que sozinhos<br />

podem não ter acesso à informação, serviços, dentre<br />

outros.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 95<br />

No ramo agropecuário, as cooperativas possuem funções<br />

que vão desde a compra e venda de insumos agrícolas, a comercialização<br />

da produção de seus cooperados, o incentivo da<br />

atividade rural por meio da concessão de crédito ao cooperado<br />

(existem linhas específicas de crédito para cooperativas) até à<br />

agregação de valor ao produto do cooperado por meio da verticalização,<br />

ou seja, da aquisição e controle de indústrias de<br />

processamento. Além disso, as cooperativas podem ser controladas<br />

pelos próprios cooperados, possuem um menor custo<br />

operacional em relação aos bancos e seus membros podem se<br />

beneficiar com a distribuição de sobras ou excedentes.<br />

Um exemplo de modelo de cooperativa que pode ser encontrado<br />

no sul do país é esquematizado na Figura 3.3.<br />

No modelo, os pecuaristas se organizam em uma estrutura<br />

jurídica de cooperativa, arrendam ou terceirizam o abate de<br />

seus animais e criam marca própria para acesso ao mercado<br />

consumidor. Tendo o controle da qualidade dos animais de<br />

seus cooperados, é possível posicionar um produto premium<br />

no mercado, agregando valor à toda a cadeia e transferindo<br />

esse valor aos pecuaristas.<br />

O associativismo possui maior destaque no ramo da pecuária<br />

em relação ao cooperativismo. As associações surgem<br />

com o intuito de se ligar às necessidades e às realidades de<br />

determinado grupo, para que este possa conquistar um maior<br />

poder de influência em seu meio. O intuito das associações é a<br />

resolução de problemas comuns a essas pessoas. Como benefícios<br />

que as associações fornecem, podem-se citar: maior organização<br />

da produção, prestações de serviços, assistências<br />

técnicas e treinamentos.<br />

Na pecuária brasileira é comum a presença de associações<br />

de criadores de raças específicas. Essas associações buscam<br />

garantir os padrões raciais dos animais, atuando também com<br />

ações de valorização das raças no mercado. Além desse tipo<br />

de associação, já podem ser encontradas iniciativas similares<br />

com foco na prestação de serviços. A Figura 3.4 exemplifica<br />

um desses modelos que têm trazido ganhos para pecuaristas<br />

da região do Vale do Araguaia.<br />

No modelo exemplificado, os pecuaristas pagam uma taxa<br />

à associação e têm como serviços a assistência técnica e o<br />

agenciamento da venda de bovinos aos frigoríficos, que pagam<br />

um prêmio na arroba comercializada devido à garantia e<br />

escala de entrega. Além disso, os pecuaristas acessam empresas<br />

de insumos em conjunto para negociar melhores preços<br />

na compra de maiores volumes.<br />

Os EUA possuem associação denominada National Cattlemen’s<br />

Beef Association (NCBA) muito bem desenvolvida e estruturada,<br />

que se pode tomar como modelo aqui no Brasil. A<br />

associação tem como objetivo impulsionar o crescimento nas<br />

exportações, proteger e melhorar o clima empresarial e político<br />

da pecuária e aumentar a confiança do consumidor na pro-


96<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

figUra 3.4<br />

Modelo de associação de pecuaristas<br />

fornecedores de<br />

insumos<br />

Reúne demandas individuais<br />

para compra conjunta com<br />

preço mais atrativo<br />

associação De proDutores<br />

Reúne animais dos associados<br />

com determinado padrão de<br />

qualidade e negocia todo<br />

volume de uma só vez<br />

frigorífico<br />

Vendas a preços mais atrativos,<br />

já acordados via associação, para<br />

produtores do grupo<br />

Pagam taxa para<br />

a associação<br />

Possui técnicos que<br />

dão assistência aos<br />

pecuaristas<br />

Pecuarista é responsável pela<br />

entrega seguindo escala<br />

Envia técnicos para averiguar a qualidade<br />

dos animais antes da entrega<br />

Paga “prêmio” na @ do boi devido à<br />

conveniência na negociação<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

dução de carne. A associação possui um centro de aprendizado<br />

que oferece programas educacionais para auxiliar seus<br />

membros a entenderem e se ajustarem às mudanças que a<br />

pecuária enfrenta, fomentando uma pecuária mais eficiente e<br />

lucrativa possível. A NCBA realiza também convenções e feiras<br />

com intuito de capacitação do produtor.<br />

Grande parte das cooperativas de destaque no Brasil estão<br />

localizadas na região sul, com destaque para o Paraná. Das 20<br />

maiores cooperativas agropecuárias do país, 14 estão presentes<br />

nesse Estado.<br />

O Estado do Paraná teve 56% de seu PIB agropecuário proveniente<br />

de atividades de cooperativas em 2015, faturamento<br />

de R$ 60,3 bilhões (GAZETA <strong>DO</strong> POVO, 2016). As principais<br />

razões para o alto desempenho das cooperativas da região


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 97<br />

sul foram os altos investimentos de profissionalização do negócio,<br />

verticalização e diversificação da produção em busca<br />

de agregar maior valor aos produtos. Além disso, os Estados<br />

sulistas já possuem um histórico ligado à atividade cooperativista<br />

e têm tradição nas atividades que elas realizam.<br />

Como outros exemplos de associações e cooperativas que<br />

deram certo no ramo da pecuária, podemos citar a cooperativa<br />

Padrão Beef no Paraná, que surgiu em 2005 através de incentivos<br />

do governo do Estado com o intuito de auxiliar o produtor<br />

que almejava ter um gado de maior qualidade e comercializar<br />

de uma forma mais competitiva. A cooperativa conta hoje com<br />

82 associados e consegue pagar até R$ 20,00 reais a mais por<br />

arroba, através da preconização do abate de animais precoces<br />

de até 24 meses e com acabamento de gordura acima da média<br />

vendida para os frigoríficos particulares. A partir disso, durante<br />

um trabalho desenvolvido ao longo de três anos, a cooperativa<br />

começou a criar um mercado que passou a remunerar<br />

mais por essa carne de qualidade, além do boi possuir um rendimento<br />

maior de carcaça, alcançando uma média de 55% a<br />

56%, trazendo assim um maior retorno ao produtor.<br />

Apesar da importância do associativismo e do cooperativismo<br />

para a pecuária, o Estado do Tocantins ainda conta com<br />

poucas iniciativas nesse aspecto. Além disso, as iniciativas<br />

existentes trabalham de forma individualizada, sem planos<br />

de ação coletivos.<br />

O Estado conta com 12 cooperativas do ramo agropecuário,<br />

porém apenas três estão ligadas à pecuária de corte. Cooperfrigu<br />

– Cooperativa dos Produtores de Carne e Derivados de<br />

Gurupi; Coopersul – Cooperativa dos Produtores Agropecuários<br />

do Sul do Tocantins; Cooproma – Cooperativa de Produtores<br />

Rurais do Projeto Manuel Alves Ltda.<br />

Apesar de não estar configurado como associação ou cooperativa,<br />

o Sindicato Rural de Araguaína representa de forma<br />

ativa os interesses dos ruralistas em relações a questões administrativas<br />

e judiciárias. O sindicato foi criado em 1967,<br />

possui hoje mais de 300 associados e detém influência não<br />

somente no Tocantins, mas atinge também Estados vizinhos,<br />

como o sul do Pará e o Maranhão.<br />

3. 3 Destinos da produção<br />

Assim como as diversas cadeias do agronegócio brasileiro,<br />

o produto final da cadeia de carne bovina pode permanecer<br />

no mercado interno ou ser exportado. Como já pontuado, o<br />

Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina no<br />

mundo, porém a maior parte da sua produção ainda permanece<br />

no mercado interno.<br />

No Tocantins o padrão não é diferente. A Figura 3.5 mostra<br />

o destino da carne bovina tocantinense no ano de 2016.<br />

Como pode ser visto, de toda carne produzida no Estado, 13%<br />

foi exportada enquanto que 87% abasteceu o mercado interno,


98<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

figUra 3.5<br />

Destino da carne bovina tocantinense em 2016<br />

Carne Processada<br />

(0%)<br />

Produção carne bovina<br />

do Tocantins<br />

257 mil<br />

toneladas<br />

Exportações<br />

33 mil<br />

toneladas (13%)<br />

Carne “in natura”<br />

33 mil<br />

toneladas (100%)<br />

Carne congelada<br />

4,3 mil<br />

toneladas (13%)<br />

Mercado interno<br />

224 mil<br />

toneladas (87%)<br />

Carne refrigerada<br />

28,7 mil<br />

toneladas (87%)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017f) e IEG | FNP (2017)<br />

vale destacar que o Estado não teve exportações de carne processada.<br />

Diferentemente da cadeia de grãos, seja para consumo<br />

interno ou para exportações, a indústria é um elo fundamental,<br />

tendo em vista que ali são realizados o abate dos bovinos e<br />

a transformação de carcaças em diferentes cortes, carne processada<br />

e outros subprodutos que são amplamente utilizados<br />

como matéria prima em diversos outros segmentos industriais.<br />

3. 3. 1 Indústria de processamento<br />

A industrialização no Estado do Tocantins ainda está em<br />

desenvolvimento, contando com alguns setores mais à frente<br />

que outros. No ano de 2014, a indústria representava cerca<br />

de 17% do PIB do Estado do Tocantins, sendo que o principal<br />

componente era comércio e serviços, representando cerca de


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 99<br />

71% do total. Partindo desses números, é importante uma<br />

análise histórica para entender sua dinâmica.<br />

Entre os anos de 2004 e 2014, o Estado do Tocantins apresentou<br />

um dos maiores crescimentos do país, atingindo taxa<br />

de 4,8% ao ano. A indústria no Estado teve crescimento médio<br />

anual ligeiramente maior, contabilizando um valor de crescimento<br />

médio de 4,9% ao ano enquanto que o setor de comércio<br />

e serviços cresceu à taxa média de 5,7% ao ano (FERNAN-<br />

DES, 2016). Tendo em vista que o Estado está em processo de<br />

desenvolvimento, é de se esperar que o primeiro setor a ser<br />

fortalecido seja o de comércio e serviços, pois é o que dá apoio<br />

à população crescente que está se estabelecendo nas cidades<br />

e centros comerciais.<br />

No que tange ao elo industrial, o Estado do Tocantins conta<br />

com cerca de 2.227 unidades industriais, sendo que cerca<br />

de 68% delas são microempresas, 11% de pequeno porte, 3%<br />

de médio porte e 4% de grande porte. Os 14% restantes são<br />

representados por microempreendedores individuais (FIETO,<br />

2016). Além da concentração em micro e pequenas empresas,<br />

a industrialização está mais presente em alguns segmentos.<br />

O Gráfico 3.7 mostra a distribuição do PIB industrial do Estado<br />

por segmento.<br />

Como pode ser visto, a indústria da “construção” é a categoria<br />

com maior importância econômica no Estado, seguida<br />

pelos “serviços industriais de utilidade pública”. A indústria<br />

Û<br />

gráfico 3.7<br />

Composição do PIB da Indústria no Tocantins, 2015<br />

2%<br />

químicos<br />

minerais não<br />

4%<br />

metálicos<br />

6%<br />

derivados de petróleo<br />

e biocombustíveis<br />

12%<br />

alimentos<br />

1%<br />

couros e calçados<br />

2%<br />

outros<br />

41%<br />

construção<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNI (2017).<br />

de “alimentação” vem na sequência, contando com 12% do<br />

total do PIB industrial. Esse segmento inclui os frigoríficos,<br />

laticínios, beneficiadores de arroz, dentre outros.<br />

Vale mencionar, também, que do total de indústrias do<br />

Estado, apenas 6,5% são exportadoras. Dentre elas, cerca de<br />

30% são do segmento da indústria de transformação.<br />

No que tange à presença de frigoríficos, o grande desafio<br />

32%<br />

serviços industriais de<br />

utilidade pública


100<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

está baseado na necessidade de otimizar a estrutura de processamento<br />

da carne, agregando mais valor aos seus produtos<br />

internamente.<br />

Em levantamento realizado no ano de 2016, foram identificados<br />

no Estado do Tocantins oito frigoríficos com Serviço de<br />

Inspeção Federal de carne bovina, 10 com Inspeção Estadual<br />

e 14 em Inspeção Municipal. Foram considerados os estabelecimentos<br />

que oferecem produtos de carne bovina e seus derivados.<br />

Ao longo dos anos o número de abates com inspeção<br />

vem evoluindo, tal fato pode ser considerado um avanço para<br />

o mercado brasileiro. A Tabela 3.11 relaciona os frigoríficos<br />

do Tocantins, o serviço de inspeção praticado e a sua situação.<br />

Ã<br />

tabEla 3.11<br />

Relação dos frigoríficos e os serviços de inspeção a que estão submetidos<br />

reLação Dos frigorÍficos e seus status no estaDo Do tocantins<br />

MunicÍpio eMpresa proDuto<br />

serviço De inspeção<br />

SIM SIE SIF<br />

situação<br />

Alvorada HBC Ind e Com Alimentos Imp. Exp Ltda carne bovina, ovina e derivados x Ativo<br />

Araguaína Assocarne carne bovina e suína x Ativo<br />

Araguaína Minerva S/A carne bovina x Ativo<br />

Araguaína Boi Forte Frigorífico Ltda carne bovina x Ativo<br />

Colmeia LOPESCO Ind. De Subprodutos Animais Ltda embutido x Ativo<br />

Gurupi Frigorífico Paulo & Maia Ltda carne bovina e suína x Ativo<br />

Gurupi Cooperfrigu carne bovina x Ativo<br />

Nova Olinda Masterboi Ltda carne bovina x Ativo<br />

Palmas Entreposto Mel/WW Soares produtos cárneos x Ativo<br />

Palmas Frigocapa produtos cárneos x Ativo<br />

Palmas Lucas Frios produtos cárneos x Ativo


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 101<br />

reLação Dos frigorÍficos e seus status no estaDo Do tocantins<br />

MunicÍpio eMpresa proDuto<br />

serviço De inspeção<br />

SIM SIE SIF<br />

situação<br />

Palmas Cesílio Agroindustrial Ltda carne bovina e derivados x Não implantado<br />

Paraíso do Tocantins Casa do Pit Dog produtos cárneos x Ativo<br />

Paraíso do Tocantins Plena Indústria e Comércio de Alimentos Ltda carne bovina x Ativo<br />

Porto Nacional Comercial Jatobá carne bovina x Ativo<br />

Porto Nacional Frigorífico Ideal carne bovina x Ativo<br />

Porto Nacional Linguiça Porto Real linguiça x Ativo<br />

Silvanópolis Frigorífico Savana carne bovina x Ativo<br />

Aguiarnópolis Matadouro Municipal/CESTE carne bovina x Ativo<br />

Aliança (Matadouro Particular) carne bovina x Ativo<br />

Araguaçu (Matadouro Particular) carne bovina Ativo<br />

Colinas do Tocantins Matadouro ColiFrigo carne bovina x Ativo<br />

Dianópolis (Matadouro Particular) carne bovina x Ativo<br />

Esperantina (Matadouro Municipal) carne bovina Inativo<br />

Fátima (Matadouro Municipal) carne bovina x Ativo<br />

Guaraí Matadouro São Raimundo carne bovina x Ativo<br />

Guaraí Matadouro Giglos carne bovina x Ativo<br />

Lagoa da Confusão Abatedouro Paraíso carne bovina x Ativo<br />

Lagoa da Confusão Matadouro Lagoa carne bovina x Ativo<br />

Natividade Matadouro Frigo Castro carne bovina x Ativo<br />

Novo Acordo (Matadouro Municipal) carne bovina Inativo


102<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

reLação Dos frigorÍficos e seus status no estaDo Do tocantins<br />

MunicÍpio eMpresa proDuto<br />

serviço De inspeção<br />

SIM SIE SIF<br />

situação<br />

Palmeirópolis Fri Palmeiras carne bovina x Ativo<br />

Pedro Afonso (Matadouro Municipal) carne bovina x Ativo<br />

Pindorama (Matadouro Municipal) carne bovina Inativo<br />

Ponte Alta Matadouro FrigoPalta carne bovina x Ativo<br />

Taguatinga (Matadouro Municipal) carne bovina Inativo<br />

Sítio Novo (Matadouro Municipal) carne bovina Inativo<br />

Formoso do Araguaia (Matadouro Particular) carne bovina x Lei Criada<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAPTO (2016).<br />

Além do número de frigoríficos, é importante identificar<br />

a capacidade de abate de um Estado. Esse valor está diretamente<br />

relacionado com a quantidade de produto que o Estado<br />

é capaz de ofertar ao mercado. Nesse sentido, o Estado<br />

do Mato Grosso é o que possui a maior capacidade de abate<br />

instalada. A Tabela 3.12 lista os vinte Estados com maiores<br />

capacidades de abate e o percentual de sistemas de inspeção<br />

em cada um deles.<br />

Assim como na classificação de produção animal, o Tocantins<br />

figura na 11ª posição quando se trata de capacidade de<br />

abate diário, possuindo 92% da sua produção inspecionada<br />

pelo Sistema de Inspeção Federal. Vale destacar que é mais<br />

comum frigoríficos com maiores capacidades de abate terem<br />

o SIF, ou seja, o número de frigoríficos por serviço de inspeção<br />

e o número de cabeças inspecionadas não seguem a mesma<br />

proporção.<br />

No ano de 2016 o Estado do Tocantins abateu cerca de 1,3<br />

milhão de cabeças de bovinos. Considerando sua capacidade<br />

de abate diária e que o ano de 2016 contou com 254 dias<br />

úteis, pode-se dizer que, de uma capacidade de abate anual<br />

de cerca de 1,6 milhão de cabeças, o Estado trabalhou com<br />

uma utilização média de 80%, contando com 20% de capacidade<br />

ociosa. A evolução dos abates no Estado do Tocantins é<br />

evidenciada no Gráfico 3.13.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 103<br />

Ã<br />

tabEla 3.12<br />

Capacidade de abate dos estados brasileiros considerando serviços<br />

de inspeção (serviços de inspeção federal – SIF, estadual – SIE e<br />

municipal – SIM)<br />

ranKing<br />

estaDo<br />

capaciDaDe De abates<br />

(cabeças por Dia)<br />

abate sif<br />

(%)<br />

abate sie<br />

(%)<br />

abate siM<br />

(%)<br />

1º MT 35.466 91% 8% 0,5%<br />

2º SP 24.308 85% 14% 0,9%<br />

3º MS 23.215 95% 5% 0,5%<br />

4º GO 20.354 84% 15% 0,7%<br />

5º MG 15.541 80% 13% 7%<br />

6º RO 13.424 96% 3% 0,5%<br />

7º PR 12.975 68% 29% 4%<br />

8º RS 10.248 36% 52% 11%<br />

9º PA 9.750 74% 19% 7%<br />

10º BA 9.620 37% 61% 2%<br />

11º TO 6.249 92% 6% 1%<br />

12º SC 4.692 24% 71% 5%<br />

13º ES 3.170 62% - -<br />

14º RJ 3.026 - 95% -<br />

15º MA 2.600 59% - 41%<br />

16º AM 1.233 - 69% -<br />

17º AC 1.180 - 34% -<br />

18º AL 680 - 39% 61%<br />

19º SE 400 - - -<br />

20º RR 400 - - -<br />

TOTAL 198.529 74% 19% 7%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de ABIEC (2016).<br />

Um dos problemas vivenciados pelo Estado do Tocantins<br />

no que diz respeito à pecuária de corte é a saída de animais<br />

do Estado para abate em outras localidades. A menor integração<br />

entre indústria frigorífica e produtores da região faz com<br />

que essa seja uma prática cada vez mais comum, o que, além<br />

de reduzir a disponibilidade de matéria-prima internamente<br />

no Estado, acaba onerando a cadeia como um todo, pois aumenta<br />

os custos logísticos e a necessidade de importação de<br />

animais para utilização da capacidade de abate instalada.<br />

A comparação entre o crescimento do rebanho tocantinense<br />

e a evolução dos abates no Estado no Gráfico 3.14 evidencia<br />

a afirmação do parágrafo anterior.<br />

Em uma série histórica de sete anos, o rebanho do Estado<br />

do Tocantins cresceu a uma taxa média anual de 1,3% ao ano,<br />

enquanto a taxa para os abates foi de 1%, ou seja, os abates<br />

cresceram em ritmo mais lento que o rebanho.<br />

As divisas secas entre os Estados do Tocantins, Bahia e Goiás<br />

favorecem o trânsito de animais sem registro. Além disso,<br />

podem ser observadas no Estado do Tocantins, propriedades<br />

de pecuaristas tradicionais de outros Estados como do Mato<br />

Grosso, que engordam o rebanho e o transferem para seu Estado<br />

sede, abatendo em frigoríficos cujo relacionamento já<br />

está estabelecido.<br />

Apesar de parte dos animais enviados para outros Estados<br />

não ser passível de registro, podendo ser feito entre proprie-


104<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

gráfico 3.13<br />

Evolução dos abates no estado do Tocantins e participação do<br />

estado nos abates nacionais<br />

Û<br />

gráfico 3.14<br />

Comparação entre rebanho e abates no estado do Tocantins<br />

milhões de hectares<br />

1,8<br />

1,6<br />

1,4<br />

1,2<br />

1,0<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

3,00%<br />

1,18<br />

3,06%<br />

1,23<br />

3,08%<br />

1,26<br />

3,67%<br />

1,42<br />

3,85%<br />

1,60<br />

3,71%<br />

1,59<br />

3,68%<br />

1,58<br />

3,00%<br />

1,23<br />

3,18%<br />

1,28<br />

4,5%<br />

4,0%<br />

3,5%<br />

3,0%<br />

2,5%<br />

2,0%<br />

1,5%<br />

1,0%<br />

0,5%<br />

0,0%<br />

milhões de cabeças<br />

10,0<br />

9,0<br />

8,0<br />

7,0<br />

6,0<br />

5,0<br />

4,0<br />

3,0<br />

2,0<br />

1,0<br />

0<br />

7,99<br />

1,26<br />

8,03<br />

1,42<br />

8,08<br />

1,60<br />

8,14<br />

1,59<br />

8,06<br />

1,58<br />

8,41<br />

1,23<br />

8,65<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

1,28<br />

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

REBANHO<br />

ABATES<br />

TO<br />

%TO/Brasil<br />

Fonte: elaborado por Markestrat IEG | FNP (2017).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat IEG | FNP (2017) e IBGE (2017b).<br />

dades de mesmo dono ou até mesmo ilegalmente, os preços<br />

pagos pelos frigoríficos explicam em parte esse trânsito. O<br />

Gráfico 3.15 mostra a média do preço da arroba do boi gordo<br />

em Estados selecionados. Fica evidente que Tocantins e Mato<br />

Grosso possuem os preços mais baixos dentre os Estados<br />

analisados.<br />

Como pode ser visto, o Estado da Bahia é o que apresentou<br />

maior média de preços, enquanto o Tocantins apresenta um<br />

dos menores. Os preços apresentados são cotações oriundas<br />

de fontes oficiais.<br />

A integração da cadeia frigorífica no Estado do Tocantins é<br />

incipiente. Indústria de abate e produtores mantêm o mínimo<br />

relacionamento, o que dificulta a criação de fidelidade e acordos<br />

comerciais favoráveis para fornecedores e compradores. Na região<br />

sul do Estado, por exemplo, ainda pode ser vista a presença<br />

de agentes intermediários, que compram os bovinos e repas-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 105<br />

Û<br />

R$ / arrobas<br />

gráfico 3.15<br />

Média de preços pagos pela arroba do boi gordo em estados<br />

selecionados<br />

165,00<br />

145,00<br />

125,00<br />

105,00<br />

85,00<br />

2013 2014 2015 2016 2017*<br />

to 91,5 113,2 130,5 133,3 123,1<br />

Mt 89,8 113,2 131,4 132,1 122,6<br />

Ms 98,1 122,2 139,6 141,7 129,0<br />

ba 100,7 122,0 149,5 150,7 143,3<br />

pa 91,0 113,2 127,8 131,4 123,4<br />

Ma 91,3 113,4 131,0 136,2 125,1<br />

go 94,5 119,4 136,7 141,4 125,9<br />

*Média de preços até agosto. / Fonte: elaborado por Markestrat IEG | FNP (2017).<br />

sam aos frigoríficos. A pouca integração e baixo conhecimento<br />

entre elos têm inviabilizado iniciativas de pagamento por qualidade.<br />

Essa prática pode ser vista em outros Estados, figurando<br />

como mais um atrativo para a saída do boi vivo do Estado.<br />

Além de medidas para aproximar os elos da cadeia de gado<br />

de corte no Estado do Tocantins, o aumento da competitividade<br />

passa por uma maior profissionalização e crescimento<br />

da eficiência no campo. Tendo em vista que os preços pagos<br />

nos frigoríficos seguem os índices de mercado, o avanço da<br />

produção pecuária passa necessariamente por um aumento<br />

na eficiência da produção no campo.<br />

3. 3. 2 Exportações<br />

O acesso a mercados internacionais é de suma importância<br />

para as cadeias produtivas do agronegócio, tendo em vista o<br />

valor agregado que o mercado externo pode pagar e a sua diversificação.<br />

A pauta de exportações do Estado do Tocantins<br />

consiste basicamente em produtos agropecuários. Do valor<br />

total exportado em 2016, US$ 632,8 milhões, 63% referiu-se<br />

ao grão de soja, 18% à carne desossada e 3% do milho em grão<br />

(Tabela 3.13).<br />

A relação entre produção e exportações da cadeia de carne<br />

bovina no Estado do Tocantins ainda está abaixo da média<br />

nacional. Enquanto as exportações tocantinenses em 2016<br />

responderam por 13% do total produzido, a média brasileira,<br />

no mesmo período, foi de 18%. Assim como os abates, as<br />

exportações também têm relação direta com a produção. O<br />

Estado do Tocantins vivenciou um aumento significativo das<br />

suas exportações entre os anos de 2012 e 2013, porém, nos


106<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

mil toneladas<br />

gráfico 3.16<br />

Série histórica de exportação total de carne bovina do Tocantins<br />

33,03<br />

44,87<br />

40,53<br />

38,52<br />

33,43<br />

2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017f).<br />

anos seguintes, o volume total exportado entrou em queda.<br />

Em 2016, as exportações de carne bovina “in natura” do Tocantins<br />

foram de 33,5 mil toneladas, representando uma variação<br />

de -32,4% de 2013 para 2016. O Gráfico 3.16 mostra<br />

a evolução no volume de carne exportado pelo Estado nos<br />

últimos 5 anos.<br />

O valor gerado com as exportações de 33,43 mil toneladas<br />

foi de aproximadamente US$ 118 milhões, menor valor dos<br />

últimos cinco anos. Em um comparativo com outros Estados,<br />

nota-se que Mato Grosso é o maior exportador seguido<br />

de Goiás e do Pará. A Tabela 3.14 mostra o valor e volume exportados<br />

por esses Estados em 2016.<br />

Um fator que pode ser avaliado para qualificar as exportações<br />

de determinada localidade é a agregação de valor. Na<br />

cadeia de carne bovina, a exportação de cortes nobres – mais<br />

caros – aumenta o valor por tonelada total exportada. Nesse<br />

sentido, nota-se que, dentre os Estados analisados na tabela,<br />

aqueles que atingiram maior valor de US$ por tonelada exportada<br />

foram o Maranhão e o Mato Grosso. O Tocantins atingiu<br />

um valor médio por tonelada exportada de US$ 3,53 mil, figurando<br />

na última colocação dos Estados avaliados.<br />

Os principais destinos das exportações totais de carne<br />

bovina do Tocantins foram Rússia, Hong Kong e Egito. A<br />

Tabela 3.15 detalha esses valores.<br />

Como pode ser visto, as exportações de carne bovina do Tocantins<br />

são concentradas em poucos países, tendo em vista<br />

que os três principais destinos respondem por mais de 70%<br />

de todo volume exportado. Essa dependência é prejudicial ao<br />

Estado, uma vez que, se algum desses países passar a impor<br />

barreiras tarifárias ou não-tarifárias, as exportações tendem<br />

a recuar drasticamente. A abertura de novos mercados para<br />

substituir um grande comprador pode levar muito tempo.<br />

As estratégias relacionadas ao mercado internacional para


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 107<br />

Ã<br />

tabEla 3.13<br />

Pauta de exportação do estado de Tocantins em 2016<br />

Ã<br />

tabEla 3.15<br />

Destinos das exportações de carne bovina do TO em peso líquido (kg)<br />

iteM Da pauta De exportação tocantins (2016)<br />

vaLor (us$<br />

MiLHÕes)<br />

Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura 399 63%<br />

carnes desossadas de bovino, congeladas, frescas ou<br />

refrigeradas<br />

%<br />

116,6 18%<br />

bagaços dos extratos de óleo de soja 48,8 8%<br />

milho em grão, exceto para semeadura 16,7 3%<br />

outros 51,7 8%<br />

TOTAL 632,8<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL, 2017e.<br />

exportaçÕes totais* tocantins (Destino)<br />

posição Destino %<br />

1º Rússia 31%<br />

2º Hong Kong 21%<br />

3º Egito 20%<br />

4º Chile 6%<br />

5º Argélia 6%<br />

6º Líbano 4%<br />

7º Emirados Árabes Unidos 3%<br />

Ã<br />

tabEla 3.14<br />

Exportações de carne bovina em estados selecionados no ano de<br />

2016<br />

exportaçÕes totais por estaDo<br />

uf MiLHÕes us$ peso LÍQuiDo (MiL t) MiL us$/ton<br />

MT 890,46 212,58 4,19<br />

GO 691,26 165,45 4,18<br />

PA 222,75 62,78 3,55<br />

TO 117,92 33,43 3,53<br />

MA 10,30 2,36 4,37<br />

BA 4,49 1,09 4,13<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017f).<br />

8º Vietnã 2%<br />

9º Malásia 1%<br />

10º Angola 1%<br />

- Outros 5%<br />

*NCMs: 02013000 a 02023000. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017f).<br />

o Estado do Tocantins devem ir na direção de maior diversificação<br />

de mercados e maior agregação de valor ao seu produto.<br />

3. 3. 3 Indústrias correlatas<br />

Muito além da produção de carne bovina, os bovinos se<br />

destacam por servirem de insumos para diversas outras in-


108<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

dústrias, sendo algumas delas mais conhecidas, como a indústria<br />

de processamento de couro, ou curtumes.<br />

A indústria de couro tem um papel de destaque no Brasil,<br />

tendo exportado em 2017 um valor de US$ 153,1 milhões referentes<br />

a 202,3 milhões de metros quadrados em couros e<br />

peles. Atualmente o Brasil é um dos principais produtores de<br />

couro do mundo, contando com cerca de 310 curtumes (CICB,<br />

2017). Grandes frigoríficos possuem os curtumes incorporados<br />

nas suas estruturas, porém existem diversas indústrias<br />

de processamento de couro independentes, que adquirem o<br />

couro de abatedouros e realizam o seu processamento.<br />

No Brasil nota-se uma concentração de curtumes na região<br />

sul, que conta com aproximadamente 50% dos curtumes<br />

do país. Observa-se no país uma tendência de concentração<br />

geográfica da produção, com a formação de polos industriais<br />

como os coureiros-calçadistas, por exemplo. Nas regiões sul e<br />

sudeste observa-se a presença de pequenas e médias empresas<br />

formando esses conglomerados, enquanto que, nas regiões<br />

nordeste e centro-oeste, a predominância é de indústrias<br />

médias e grandes, porém em menor quantidade.<br />

O couro bovino pode ser ofertado em diferentes etapas de<br />

seu processamento, sendo eles o couro salgado, o wet blue, o<br />

crust e o acabado. Os curtumes que têm como produto final<br />

o couro acabado, acabam se localizando mais próximos dos<br />

polos citados no parágrafo anterior, podendo ser empregados<br />

em diversos produtos como calçados, bolsas, carteiras, cintos,<br />

malas, indústria automotiva, segmento moveleiro, dentre<br />

outros.<br />

Dentre as principais empresas exportadoras de couro do<br />

Brasil podem ser destacadas: Grupo JBS Couros, Mastrotto<br />

Brasil, Durlicouros, Vancouros, Fuga Couros, Curtume Viposa,<br />

Marfrig, Vitapelli, Minuano e Minerva. No Tocantins está<br />

localizado importante curtume conhecido como Curtidora<br />

Tocantins.<br />

A JBS Couros, criada em 2009, é a maior indústria de processamento<br />

de couro do mundo e está presente em 4 continentes,<br />

com 21 unidades, sendo 15 no Brasil (3 no MT, 2 em<br />

RO, 1 no PA, 2 no MS, 3 em GO, 1 em SP, 1 em MG e 1 no RS).<br />

Apesar de sua grande representatividade, a JBS Couros ainda<br />

não está presente no Estado do Tocantins (JBS Couros, 2018).<br />

Outra empresa de destaque que pode ser uma oportunidade<br />

de atração de investimento para o Estado do Tocantins é o<br />

Grupo Mastrotto, que já possui uma planta de processamento<br />

de couro instalada no Estado da Bahia com foco na produção<br />

de peles para estofamentos de móveis e automotivos (GRUPO<br />

M<strong>AS</strong>TROTTO, 2018).<br />

A Durlicouros foi fundada na cidade de Erechim – RS e, em<br />

um processo de expansão, chegou até o Tocantins. Atualmente<br />

ela está presente em oito Estados e preza pelo grande relacionamento<br />

com os frigoríficos, objetivando um maior controle


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 109<br />

da qualidade da sua matéria prima (DURLICOUROS, 2018).<br />

A indústria processadora de couro possui importante associação<br />

que representa seus interesses nos mercados nacional<br />

e internacional, chamada Centro das Indústrias de Couro<br />

do Brasil (CICB). Além de agregar as informações do setor e<br />

defender os interesses da classe produtora, a associação<br />

possui iniciativa chamada Brazilian Leather, que tem como<br />

principal objetivo o incentivo às exportações de couros e peles.<br />

Por meio dessa iniciativa são oferecidos diversos cursos,<br />

workshops e oficinas que buscam desenvolver as indústrias<br />

do setor, no que diz respeito ao acesso a mercados internacionais,<br />

planejamento financeiro, análise de cenários, logística,<br />

dentre outros.<br />

Além do couro, diversos outros subprodutos do boi podem<br />

ser utilizados como insumos para outras indústrias. A<br />

Figura 3.6 mostra os produtos que podem ser feitos a partir<br />

dos bovinos.<br />

Como pode ser visto, tudo no boi se aproveita. Os frigoríficos<br />

possuem oportunidades diversas na venda dos subprodutos<br />

do animal abatido e até mesmo na verticalização e incorporação<br />

de uma dessas indústrias na sua estrutura.<br />

Com o avanço da pecuária bovina no Estado do Tocantins,<br />

o valor gerado pode ser muito superior se considerados seus<br />

subprodutos. Figura como uma oportunidade para o Estado a<br />

atração de indústrias correlatas aos frigoríficos.<br />

3. 3. 4 Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio<br />

ao desenvolvimento<br />

Os impostos incidentes nos produtos de uma cadeia produtiva<br />

impactam diretamente na sua dinâmica e competitividade.<br />

Quando se trata de um país como o Brasil, com dimensões<br />

continentais e Estados em situações econômicas diversas,<br />

esse aspecto é ainda mais relevante de ser analisado, pois<br />

pode ser determinante em seu desenvolvimento. No presente<br />

trabalho serão analisados os tributos PIS, COFINS e ICMS.<br />

análise pis e cofins<br />

O PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição<br />

para o Financiamento da Seguridade Social) são tributos<br />

federais de caráter social destinados a, respectivamente, financiar<br />

o pagamento do seguro desemprego, abono e participação<br />

na receita dos órgãos e entidades, tanto para trabalhadores<br />

de empresas públicas, como privadas; financiar a<br />

seguridade social, em suas áreas fundamentais, incluindo<br />

a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública<br />

(Econet – http://www.econeteditora.com.br/).<br />

O fator gerador do PIS e COFINS é o faturamento mensal,<br />

independentemente da denominação ou classificação fiscal.<br />

Devem contribuir as pessoas jurídicas de direito privado, sendo<br />

que há duas sistemáticas para a apuração dos valores:


110<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

figUra 3.6<br />

Produtos obtidos a partir dos bovinos<br />

OSSOS<br />

PELO<br />

PELE<br />

SANGUE<br />

• ovos de imitação<br />

• misturas para bolo<br />

• corantes e tintas<br />

• adesivos<br />

• minerais<br />

• medicamentos<br />

• materiais para pesquisa<br />

laboratorial<br />

C<strong>AS</strong>COS / CHIFRES<br />

• adesivos<br />

• plásticos<br />

• alimentos para pets<br />

• alimentos para plantas<br />

• filme de foto<br />

• xampu e condicionador<br />

• laminação<br />

• papel de parede<br />

• madeira compensada<br />

CÉREBRO<br />

• creme anti-idade<br />

• medicamentos<br />

• açúcar refinado<br />

• carvão<br />

• fertilizante<br />

• vidro<br />

ORGÃOS INTER<strong>NO</strong>S<br />

• cordas de instrumentos<br />

• cordas de raquete de tênis<br />

• hormônios, enzimas, vitaminas e<br />

outros materiais médicos<br />

• pelo<br />

• filtros de ar<br />

• escovas<br />

• feltro<br />

• isolante<br />

• argamassa<br />

• têxteis<br />

LEITE<br />

• adesivos<br />

• plásticos<br />

• cosméticos<br />

• medicamentos<br />

• gelatina<br />

• condimentos<br />

• placa de reboco<br />

• adesivos<br />

• medicamentos<br />

• doces e confeitaria<br />

ESTERCO<br />

• fertilizantes<br />

• nitrogênio<br />

• fósforo<br />

GORDURA<br />

• chiclete<br />

• velas<br />

• detergentes<br />

• amaciante de roupa<br />

• desodorante<br />

• creme de barbear<br />

• perfume<br />

• cosméticos<br />

• cremes e loções<br />

• giz de cera<br />

• pintura<br />

• óleos & lubrificantes<br />

• biodiesel<br />

• plásticos<br />

• impermeabilizantes<br />

• cimento<br />

• cerâmicas<br />

• giz<br />

• explosivos<br />

• fogos de artifício<br />

• fósforos<br />

Fonte: ABIEC (2016).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 111<br />

a. sistemática cumulativa: pela qual não é permitido o<br />

aproveitamento de crédito nas aquisições para abatimento<br />

do débito gerado, apurado a partir da aplicação<br />

sobre a base de cálculo da alíquota total de 3,65%;<br />

b. sistemática não acumulativa: pela qual é permitido o<br />

aproveitamento de créditos nas aquisições para abatimento<br />

do debito gerado, apurado a partir da aplicação<br />

sobre a base de cálculo de alíquota total de 9,25%.<br />

Como regra geral, as pessoas jurídicas optantes pelo sistema<br />

de tributação do Lucro Real estão incluídas na sistemática<br />

não acumulativa, enquanto as pessoas jurídicas tributadas<br />

pelo Lucro Presumido ficam sujeitas à cumulatividade.<br />

Conforme informações da Econet, 2017, dentre as várias<br />

situações em que a lei estabelece o não recolhimento das contribuições<br />

de PIS e COFINS, destaca-se a redução à alíquota<br />

zero – que deve ser compreendida como um benefício expressamente<br />

previsto em lei e desvinculado dos benefícios<br />

de suspensão, imunidade, isenção ou não incidência. No caso<br />

dos bovinos (NCM 0102.90.00 e 0102.29.90), esse benefício<br />

não se aplica, ficando as alíquotas incidentes de PIS e Cofins<br />

conforme descritas na Tabela 3.16.<br />

Ã<br />

tabEla 3.16<br />

Percentuais de PIS e Cofins incidentes sobre os produtos e subprodutos de bovinos, determinados pelos seus códigos NCMs<br />

regiMe De tributação pis cofins Dispositivo LegaL<br />

Simples Nacional Vide observações. Vide observações. Lei Complementar nº 123/2006<br />

Regime Cumulativo 0,65% 3,00% Lei nº 9.715/98, artigo 8º, inciso I; Lei nº 9.718/98, artigo 8º<br />

Regime Não Cumulativo 1,65% 7,60% Lei nº 10.637/2002, artigo 2º; Lei nº 10.833/2003, artigo 2º<br />

NCM: 0102.90.00; 01022990<br />

O código NCM pesquisado não se encontra dentre os produtos com benefícios fiscais de PIS e<br />

Cofins previstos em legislação. Antes de aplicar as alíquotas correspondentes ao regime tributário da<br />

pessoa jurídica, é recomendado analisar as outras guias.<br />

SIMPLES NACIONAL – A tributação do PIS e da Cofins será determinada mediante aplicação das alíquotas<br />

constantes dos Anexos I (revenda de mercadorias) ou II (venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte),<br />

conforme a atividade realizada pela pessoa jurídica.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados extraídos do sistema Econet (2017).<br />

Animais vivos da espécie bovina, assim como seus produtos<br />

industrializados, estão passíveis de isenção da tributação<br />

do PIS e Cofins quando destinados à exportação.<br />

Conforme informações da Econet, segundo o artigo 45 do<br />

Decreto n° 4.524/2002, as seguintes receitas são passíveis<br />

de isenção:


112<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

a. da exportação de mercadorias para o exterior;<br />

b. de vendas realizadas pelo produtor-vendedor às empresas<br />

comerciais exportadoras nos termos do Decreto-Lei<br />

n° 1.248/72, e alterações posteriores, desde que<br />

destinadas ao fim específico de exportação para o exterior;<br />

e<br />

c. de vendas, com fim específico de exportação para o exterior,<br />

a empresas exportadoras registradas na Secretaria<br />

de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior.<br />

análise icms<br />

O ICMS (Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação<br />

de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte<br />

Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação) é de competência<br />

dos Estados e do Distrito Federal. Sua regulamentação<br />

constitucional está prevista na Lei Complementar nº<br />

87/1996 (a chamada “Lei Kandir”), alterada posteriormente<br />

pelas Leis Complementares 92/97, 99/99 e 102/2000.<br />

Com o objetivo de levantar o percentual de ICMS que incide<br />

sobre a produção, distribuição e comercialização e estimar os<br />

incentivos tributários para bovinos, para os Estados do Tocantins,<br />

com comparativos para os Estados de Goiás, Pará e<br />

Bahia, utilizou-se a ferramenta da Econet que elenca todas as<br />

referências e informações importantes a serem observadas,<br />

para fins da determinação da alíquota a ser aplicada nas operações<br />

internas e dos benefícios fiscais existentes (reduções<br />

de base de cálculo, isenções, créditos outorgados), de acordo<br />

com a mercadoria ou serviço.<br />

A Tabela 3.17 resume, por Estado, respectivamente, a alíquota<br />

de incidência sobre bovinos, bem como seus derivados,<br />

e os benefícios fiscais concedidos conforme a mercadoria.<br />

É importante ressaltar que, em 17 de outubro de 2017, o<br />

Governador do Estado do Tocantins autorizou, através de decreto,<br />

a redução da base de cálculo do ICMS para 8% do valor<br />

da operação, até 31 de janeiro de 2018; e 5% do valor da operação,<br />

a partir de 1º de fevereiro de 2018, nas saídas interestaduais<br />

de gado vivo, praticadas pelo produtor do Estado.<br />

A medida vem como um apoio ao momento delicado vivido<br />

pela pecuária, com cenário de baixa liquidez e de dificuldades<br />

de comercialização dos animais, decorrentes da crise política<br />

e econômica do Brasil. Como potencial resultado, a medida<br />

pode favorecer a saída de animais para abate em outros Estados,<br />

reduzindo a disponibilidade de bovinos para serem<br />

abatidos em frigoríficos no Tocantins; ou pressionar pela elevação<br />

no preço pago dentro do Estado.<br />

Além das diferenças de ICMS já citadas, é importante destacar<br />

programas específicos do Tocantins relacionados ou<br />

não com incentivos tributários, que vêm guiando o desenvolvimento<br />

da cadeia no Estado.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 113<br />

Ã<br />

tabEla 3.17<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para bovinos e seus derivados para o estado do Tocantins, com comparativos para Goiás, Pará e Bahia<br />

bovinos icMs<br />

tocantins<br />

BENEFÍCIO<br />

DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA D<strong>AS</strong><br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO<br />

APLICÁVEL<br />

OBSERVAÇÕES<br />

COM<strong>PARA</strong>TIVO COM OUTROS<br />

ESTA<strong>DO</strong>S<br />

regra geral - alíquota de 18% go/pa - alíquota de 17%<br />

Reduções<br />

de base de<br />

cálculo<br />

Gado bovino, para abate — aquisições realizadas por<br />

estabelecimentos abatedouros e frigoríficos.<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Redução para<br />

16,67%<br />

A redução de base de cálculo aplica-se nas aquisições realizadas por<br />

estabelecimentos abatedouros e frigoríficos, contribuintes do Estado do<br />

Tocantins, regularmente cadastrados.<br />

Reduções<br />

de base de<br />

cálculo<br />

Carne desossada ou fracionada, resultante do abate<br />

de gado bovino.<br />

Internas<br />

Redução para<br />

16,67%<br />

A redução da base de cálculo é aplicável ao produto embalado a vácuo e com<br />

registro no Serviço de Inspeção Estadual (SIE).<br />

Reduções<br />

de base de<br />

cálculo<br />

Carne e demais produtos comestíveis frescos,<br />

resfriados, congelados, salgados, secos ou<br />

temperados, resultantes do abate de gado bovino.<br />

Interestaduais<br />

Redução para<br />

58,33%<br />

Manutenção do crédito do imposto em relação às entradas.<br />

A redução de base de cálculo não se aplica às operações ou prestações<br />

abrangidas pelo Simples Nacional.<br />

GO/MT/BA — operações<br />

interestaduais, redução da alíquota<br />

para 7%<br />

Reduções<br />

de base de<br />

cálculo<br />

Gado vivo (bovino, bufalino e suíno) destinado ao<br />

abate.<br />

Internas<br />

Carga tributária<br />

de 3%<br />

O imposto será devido no momento da entrada dos animais no<br />

estabelecimento abatedor, na conformidade de ato baixado pela Secretaria da<br />

Fazenda. Artigo 1º, § 2º, da Lei nº 1.173/2000<br />

É dispensado qualquer outro recolhimento do imposto nas operações<br />

internas subsequentes praticadas por estabelecimento abatedor, com carnes<br />

resultantes do abate de gado (bovino), vedado o destaque do imposto.<br />

Reduções<br />

de base de<br />

cálculo<br />

Carne desossada ou fracionada, resultante do abate<br />

de gado (bovino), embalada a vácuo e com registro no<br />

Serviço de Inspeção Estadual (SIE).<br />

Internas<br />

Carga tributária<br />

de 3%<br />

É dispensado qualquer outro recolhimento do imposto nas operações<br />

internas subsequentes praticadas por estabelecimento abatedor, com carnes<br />

resultantes do abate de gado (bovino), vedado o destaque do imposto.<br />

Reduções<br />

de base de<br />

cálculo<br />

Gado (bovino) destinado ao abate, por conta e<br />

ordem do açougue ou casas de carne de grande<br />

porte cadastradas no órgão fiscal e ainda os não<br />

cadastrados que abatem até 30 cabeças por mês.<br />

Internas<br />

Carga tributária<br />

de 3%<br />

É dispensado qualquer outro recolhimento do imposto nas operações<br />

internas subsequentes praticadas por estabelecimento abatedor, com carnes<br />

resultantes do abate de gado (bovino), vedado o destaque do imposto.


114<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

bovinos icMs<br />

tocantins<br />

BENEFÍCIO<br />

DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA D<strong>AS</strong><br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO<br />

APLICÁVEL<br />

OBSERVAÇÕES<br />

COM<strong>PARA</strong>TIVO COM OUTROS<br />

ESTA<strong>DO</strong>S<br />

regra geral - alíquota de 18% go/pa - alíquota de 17%<br />

Reduções<br />

de base de<br />

cálculo<br />

Comércio, nas saídas de produtos comestíveis em<br />

estado natural, resfriados, congelados ou temperados,<br />

resultantes do abate de: bovinos.<br />

Internas<br />

Carga tributária<br />

de 12%<br />

Isenção<br />

Gado bovino para cria, recria, montaria, tração e<br />

engorda e as respectivas prestações de serviços de<br />

transporte, exceto quando o gado for destinado<br />

para abate.<br />

Internas<br />

A isenção é aplicável nas saídas efetuadas por produtor rural munido de<br />

inscrição ativa no Cadastro de Contribuintes do ICMS do Estado do Tocantins<br />

(CCI-TO).<br />

Isenção<br />

Gado vivo (bovino) efetuada por produtor rural munido<br />

de inscrição ativa no Cadastro de Contribuintes do<br />

ICMS do Estado do Tocantins (CCI-TO).<br />

Internas<br />

O benefício não se aplica a gado destinado ao abate.<br />

Será isento também o serviço de transporte interno de gado vivo.<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Carnes em estado natural, resfriadas ou congeladas,<br />

e subprodutos comestíveis resultantes do abate de<br />

gado bovino.<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Poderá apropriar-se do crédito presumido o estabelecimento abatedor,<br />

regularmente cadastrado no Estado de Tocantins.<br />

O crédito presumido será equivalente a 3% do valor das operações de saídas.<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Carnes de gado bovino, em estado natural, resfriadas<br />

ou congeladas.<br />

Interestaduais<br />

Poderá apropriar-se do crédito presumido o estabelecimento abatedor, desde<br />

que concedido mediante Termo de Acordo (TARE).<br />

O crédito presumido será equivalente a 12% do valor das saídas interestaduais.<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Carne desossada resultante do abate de gado bovino,<br />

embalada a vácuo.<br />

Interestaduais<br />

Poderá apropriar-se do crédito presumido o estabelecimento abatedor,<br />

desde que concedido mediante Termo de Acordo (TARE) e que a mercadoria<br />

tenha o devido registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento.<br />

O crédito presumido será equivalente a 9% do valor das saídas interestaduais.<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Gado vivo, bovino.<br />

Interestaduais<br />

Poderá apropriar-se do crédito presumido o estabelecimento produtor,<br />

regularmente cadastrado no Estado de Tocantins.<br />

O crédito presumido será equivalente a 5% do valor do imposto devido nas<br />

saídas interestaduais.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 115<br />

bovinos icMs<br />

tocantins<br />

BENEFÍCIO<br />

DESCRIÇÃO<br />

NATUREZA D<strong>AS</strong><br />

OPERAÇÕES<br />

REDUÇÃO<br />

APLICÁVEL<br />

OBSERVAÇÕES<br />

COM<strong>PARA</strong>TIVO COM OUTROS<br />

ESTA<strong>DO</strong>S<br />

regra geral - alíquota de 18% go/pa - alíquota de 17%<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Carnes em estado natural, resfriadas ou congeladas<br />

e dos subprodutos comestíveis resultantes do abate<br />

de gado (bovino).<br />

O crédito presumido se aplica nas aquisições de estabelecimento abatedor,<br />

por contribuinte do Estado de Tocantins, no percentual de 7%.<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Gado vivo (bovino), praticadas por produtor do Estado<br />

do Tocantins.<br />

Carnes de gado (bovino) em estado natural, resfriadas<br />

ou congeladas<br />

Vide observações<br />

Interestaduais O crédito presumido será no percentual de 8%.<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Carne desossada resultante do abate de gado<br />

(bovino), embalada a vácuo e com registro no Serviço<br />

de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura.<br />

Interestaduais<br />

O crédito presumido será concedido no percentual de 12% nas saídas<br />

interestaduais realizadas por estabelecimento abatedor.<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Gado (bovino) para o abate.<br />

Vide observações<br />

O crédito presumido será concedido no percentual de 7% do valor da<br />

operação na saída interestadual das referidas mercadorias.<br />

GO – operações interestaduais:<br />

O benefício será aplicado para<br />

o produtor rural sobre o valor da<br />

respectiva base de cálculo na<br />

operação de saída interestadual<br />

com gado bovino para abate, em<br />

substituição a quaisquer outros<br />

créditos.<br />

Diferenciais De outros estaDos<br />

goiÁs<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Carne fresca, resfriada, congelada, salgada,<br />

temperada ou salmourada e miúdo comestível<br />

resultantes do abate ou da industrialização, em seu<br />

próprio estabelecimento, de bovino.<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Crédito outorgado para efeito de compensação com o ICMS<br />

devido pelo estabelecimento frigorífico ou abatedor, na saída para<br />

comercialização ou industrialização.


116<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Diferenciais De outros estaDos<br />

Mato grosso<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Gado bovino em pé.<br />

Interestaduais<br />

O crédito presumido no valor equivalente aos seguintes percentuais<br />

aplicados sobre o valor do imposto devido nas referidas operações,<br />

conforme o período de fruição:<br />

a. até 30.06.2017: 41,667%;<br />

b. 1º.07.2017 a 31.12.2017: 25%.<br />

parÁ<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Gado bovino, destinado a outra Unidade da<br />

Federação.<br />

Interestaduais<br />

Poderá apropriar-se do crédito presumido o contribuinte que<br />

realizar operações com gado bovino, destinado a outra Unidade da<br />

Federação.<br />

O crédito presumido será equivalente a 5%, calculado sobre o valor da<br />

operação de saída interestadual.<br />

baHia<br />

Crédito<br />

presumido<br />

Gado bovino criado em sistema de confinamento.<br />

Interestaduais<br />

Crédito presumido ao contribuinte que desenvolva atividade de<br />

criação integrada com produção própria de adubo orgânico e ração<br />

animal, de valor equivalente ao imposto devido na operação de<br />

saída, observando-se os critérios e procedimentos definidos em<br />

Termo de Acordo a ser firmado com o titular da Superintendência de<br />

Administração Tributária.<br />

As políticas de desenvolvimento são medidas que podem<br />

ser tomadas no âmbito estadual para favorecer e incentivar o<br />

desenvolvimento de áreas específicas no Estado. Um dos objetivos<br />

buscados com o desenho de políticas específicas é o de<br />

aumentar a atratividade de determinado Estado para novos investimentos,<br />

ou desenvolver algum elo da cadeia de interesse<br />

econômico.<br />

O Tocantins já foi incluído em diversos programas de desenvolvimento,<br />

tanto focados no agronegócio, como programas<br />

mais abrangentes. Alguns são destacados:<br />

• Avança Brasil – um dos precursores do Programa de<br />

Aceleração do Crescimento (PAC), o programa focou em<br />

ações de desenvolvimento da infraestrutura e aumento<br />

da competitividade do setor produtivo (LIMA, 2014);


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 117<br />

• Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR)<br />

– estruturara instâncias de representação, e avança no<br />

incremento da infraestrutura, inovação e fortalecimento<br />

de Arranjos Produtivos Locais (APLs), além de ofertar<br />

crédito (LIMA, 2014);<br />

• Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

(PDRS) – financiado com recursos do BIRD, o projeto previa<br />

ações de desenvolvimento de infraestrutura rural e<br />

de meio ambiente (LIMA, 2014);<br />

• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – criado<br />

em 2007, ele estava direcionado a grandes obras de infraestrutura<br />

do país (BR<strong>AS</strong>IL, 2017b).<br />

Outros incentivos fiscais foram de vital importância para o<br />

desenvolvimento da pecuária no Tocantins:<br />

O programa “Produção de carne”, conforme a Lei nº 1.173<br />

de 02 de agosto de 2000, visa o desenvolvimento na produção<br />

de carnes, é destinado a frigoríficos e abatedouros que estão<br />

devidamente cadastrados e possuem o Termo de Acordo de<br />

Regime Especial Tare. Além disso, algumas condições precisam<br />

estar em dia para o recebimento dos incentivos, tais<br />

como: suas questões tributárias, determinações da Adapec -<br />

TO e estar em dia com o pagamento da contribuição ao Fundo<br />

de Desenvolvimento Econômico.<br />

O programa possui a finalidade de desenvolver a produção<br />

de carnes, incentivar a industrialização do couro, estimular a<br />

exportação do produto local, além de gerar empregos.<br />

Como incentivos concebidos para os Frigoríficos e abatedouros<br />

que se enquadram nos requisitos do programa, são<br />

concedidos créditos fiscais presumidos:<br />

• subprodutos da cadeia da carne bovina (couro, sebo,<br />

osso, chifres, cascos, dentre outros) ou outros resíduos<br />

não comestíveis possuem crédito fiscal de 75% do imposto<br />

nas saídas.<br />

• 12% do valor total das operações de saídas interestaduais,<br />

realizadas por frigoríficos em Estado natural, resfriadas<br />

ou congeladas.<br />

• 9% de isenção das operações de saídas interestaduais<br />

das carnes embaladas a vácuo e que possuem o registro<br />

no serviço de inspeção do ministério da agricultura.<br />

• 9% das operações de saídas interestaduais de produtores<br />

que estão devidamente cadastrados e desejam abater<br />

o gado vivo em outro Estado.<br />

• 7% do valor nas aquisições dos estabelecimentos que<br />

possuem a finalidade de abater bovinos, bufalinos ou<br />

suínos.<br />

Além desses pontos, o programa possui Incidência de Carga<br />

Tributária do ICMS de:


118<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

• 3% nas operações que são internas:<br />

• com o gado vivo que será destinado ao abate.<br />

• A carne resultante do abate do gado que esteja embalada<br />

a vácuo e com registro no Serviço de Inspeção<br />

Estadual.<br />

• Contribuição de 0,3% em cima do faturamento mensal<br />

ao Fundo de Desenvolvimento Econômico.<br />

Outro Programa recém-instalado no Tocantins, que visa o<br />

desenvolvimento da pecuária, é o PRÓ-GENÉTICA, que está<br />

presente em 17 Estados brasileiros. O programa foi instaurado<br />

a partir da Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura<br />

e Pecuária, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu<br />

(ABCZ), o Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do<br />

Tocantins – Ruraltins e a Agência de Defesa Agropecuária do<br />

Estado do Tocantins – Adapec.<br />

O Pró-Genética possui o intuito de elevar a produtividade<br />

e fornecer meios para que os pequenos e médios produtores,<br />

através da aquisição facilitada de touros puros registrados e<br />

de assistências técnicas. Além disso, o programa auxiliará na<br />

elevação da qualidade genética dos rebanhos.<br />

Todos esses exemplos demonstram que, no Estado, grande<br />

parte das políticas de apoio ao desenvolvimento têm seu foco<br />

no fortalecimento da agropecuária.<br />

Outros programas que não estão relacionados diretamente<br />

à pecuária, mas que beneficiam o setor são destacados na sequência<br />

(CDE/SEDEN, 2017):<br />

proindústria<br />

Estimula indústrias locais com interesse em implantação<br />

e expansão.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de matéria-prima e insumos,<br />

nas vendas destinadas a órgãos públicos, na energia<br />

elétrica, nas operações internas e importações de<br />

equipamentos e no devido por diferencial de alíquota<br />

das operações de ativo fixo.<br />

• Concede crédito presumido de 100% do valor do ICMS na<br />

prestação de serviços interestaduais com industrializados.<br />

• Incide sobre carga tributária de 75% do valor de ICMS<br />

apurado e contribui com 0,3%, sobre o faturamento<br />

mensal incentivado, ao Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

(FDE).<br />

prosperar<br />

Estimula empresas locais com interesse em implantação,<br />

revitalização e expansão de unidade industrial, agroindustrial<br />

e comercial atacadista.<br />

• Financia 75% do ICMS durante a realização do projeto.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de ativo permanente, na


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 119<br />

energia elétrica e serviços de comunicação (nos cinco<br />

anos no Prosperar), no devido por diferencial de alíquota<br />

nas aquisições de ativo fixo, nas operações com ativos<br />

fixos e nas importações de ativo fixo.<br />

• Redução do ICMS em 50% no consumo de energia elétrica<br />

e serviços de comunicação e até em 95% do valor da<br />

parcela para pagamento antecipado.<br />

• Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao FDE.<br />

complexo agroindustrial<br />

Empresas do Tocantins com fábricas de ração balanceada<br />

e/ou que realizem reprodução, criação, abate, industrialização<br />

e comercialização de ovos, aves, pintos de um dia, suínos,<br />

caprinos e ovinos. Além de empresas que realizem estudos<br />

genéticos desses animais ou de novas tecnologias para industrialização<br />

dos mesmos.<br />

• Isenção de ICMS nas operações internas de aves, pintos<br />

de um dia, suínos, caprinos, ovinos e ovos férteis; em<br />

produtos e insumos para produção de ração; nas saídas<br />

internas de matéria-prima para empresas agroindustriais;<br />

no diferencial de alíquota nas aquisições de ativo<br />

fixo; nas operações internas com ativo fixo (mantido o<br />

crédito ICMS para o remetente); na energia elétrica; nas<br />

importações de ativo fixo; dentre outros.<br />

• Isenção de ICMS pelo crédito presumido de:<br />

• 16,5% da base de cálculo nas operações internas com<br />

produtos do abate de aves, suínos, caprinos e ovinos.<br />

• 11,5% nas operações de saída interestaduais com ovos<br />

e produtos do abate de aves, suínos, caprinos e ovinos.<br />

• 11% das operações nas saídas interestaduais de aves<br />

vivas.<br />

• Crédito do ICMS nas aquisições interestaduais:<br />

• 7% sobre o valor das aquisições oriundas do sul e sudeste,<br />

exceto Espírito Santo.<br />

• 12% nas aquisições oriundas do centro-oeste, norte,<br />

nordeste e Espírito Santo.<br />

prologística<br />

Destinado a empresas de logística, distribuição e transporte<br />

aéreo do Tocantins que operem em centro logístico ou<br />

distrito empresarial com transporte de carga, agenciamento<br />

e armazenamento de produtos próprios ou de terceiros para<br />

distribuição, exceto quando as atividades forem realizadas<br />

separadamente.<br />

• Concede por 10 anos e condicionado ao devido recolhimento<br />

de imposto no prazo:<br />

• Para empresas de logística e transporte aéreo e hidroviário,<br />

75% nas prestações internas e interestaduais


120<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

aplicado sobre a saldo devedor do ICMS das prestações<br />

realizadas.<br />

• Para transporte aéreo de carga e transporte aéreo e<br />

hidroviário de cargas e passageiros, 3% das saídas<br />

internas de combustível de aviação, desde que mantenha<br />

voos regulares procedentes de aeroportos em<br />

território do Estado do Tocantins.<br />

A avaliação da situação dos demais Estados da federação<br />

com relação a esses incentivos também é importante, tendo<br />

em vista que esses aspectos são altamente relevantes na tomada<br />

de decisão de um possível investimento. A Tabela 3.18<br />

traz alguns dos incentivos ou políticas de apoio ao desenvolvimento<br />

presentes em Estados selecionados, destaques na<br />

produção pecuária.<br />

Ã<br />

tabEla 3.18<br />

Incentivos para o desenvolvimento em Estados selecionados<br />

estaDo açÕes para DesenvoLviMento Dos estaDos fonte consuLtaDa<br />

go<br />

• A região centro-oeste é contemplada pelo FCO (Fundo de Financiamento do Centro-oeste) e FDCO (Fundo de Desenvolvimento<br />

do Centro-oeste) e GO tem sua participação garantida.<br />

• Projeto de irrigação Luís Alves do Araguaia (2016).<br />

• Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais – RG-AP.<br />

• Concessão de incentivos fiscais a empresas de Parques Tecnológicos no Estado.<br />

• Programas Produzir e Fomentar, relacionados à industrialização em geral.<br />

• Programa de desenvolvimento regional é um programa do Estado, de incremento, integração e negociação entre os municípios<br />

goianos para o desenvolvimento das cadeias produtivas do agronegócio.<br />

SED - GO<br />

ba<br />

• Fomento de crédito bancário, através de bancos públicos.<br />

• Projetos de desenvolvimento da rede para irrigação da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura.<br />

• Programa Desenvolve (2002), que visa fomentar e diversificar a matriz industrial e agroindustrial do Estado, com formação de<br />

adensamentos industriais nas regiões econômicas e integração das cadeias produtivas essenciais ao desenvolvimento econômico<br />

e social e à geração de emprego e renda no Estado (diferimento de ICMS em determinadas situações).<br />

• Plano estratégico estadual com medidas que visam atrair investimentos diretos na agropecuária.<br />

SEAGRO - BA<br />

SEPLAN - BA


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 121<br />

Mt<br />

• O MT possui um programa que visa a promoção do acesso à terra e investimentos básicos e produtivos, por meio da concessão<br />

de linhas de crédito para compra de imóveis e investimentos na própria terra, chamado Programa Nacional de Crédito Fundiário<br />

(PNCF).<br />

• Existem fundos de investimentos específicos para o Estado: Fethab (Fundo Estadual de Transporte e Habitação) e Facs (Fundo de<br />

Apoio à Cultura da Soja).<br />

• A região centro-oeste é contemplada pelo FCO e FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-oeste) e MT tem sua participação<br />

garantida.<br />

• Programa Pró-Agroindústria.<br />

SEAF – MT<br />

pa<br />

• O Pará possui alguns programas para desenvolvimento do ramo agropecuário no Estado, porém em sua grande maioria são voltados<br />

para a agricultura. Apenas um desses projetos diz respeito à irrigação da agropecuária no Estado, denominado água para todos.<br />

SEDAP - PA<br />

Ma<br />

• O Maranhão possui o programa Agropolos que consiste em espaços geográficos destinados a todos que trabalham no ramo<br />

agropecuário, com o objetivo de aumentar a produtividade a partir da agroindustrialização e comercialização do setor.<br />

SAGRIMA - MA<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

A Tabela 3.19 destaca algumas das organizações públicas e<br />

privadas que têm parte de seu escopo destinado ao desenvolvimento<br />

estadual.<br />

3. 4 Logística<br />

Diferentemente da cadeia de grãos que utiliza, além do modal<br />

rodoviário, o modal ferroviário, a cadeia de carne bovina<br />

no Tocantins é altamente dependente das rodovias, tanto<br />

para o transporte de animais das fazendas aos abatedouros,<br />

quanto para o acesso ao mercado interno ou escoamento da<br />

produção até os portos exportadores.<br />

O transporte de animais vivos, seja para abate em frigoríficos<br />

do Estado ou para movimentações interestaduais, é feito majoritariamente<br />

em caminhões que possuem capacidade média<br />

de 25 cabeças de boi (DERTINS, 2015) e necessitam da Guia de<br />

Transporte Animal (GTA) em todas as movimentações.<br />

A GTA foi instaurada a partir do decreto nº 5.741, de 30 de<br />

março de 2006, sendo que hoje figura como a principal documentação<br />

referente ao trânsito de animais no país. A GTA<br />

traz informações sobre o destino e condições sanitárias dos


122<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

tabEla 3.19<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico<br />

MATO GROSSO GOIÁS PARÁ MARANHÃO <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong><br />

UNIVERSIDADES<br />

COOPERATIV<strong>AS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÕES<br />

FUNDAÇÕES E<br />

INSTITUIÇÕES<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 123<br />

Û<br />

gráfico 3.17<br />

Participação das vias de exportação de carne bovina por estado<br />

7,3%<br />

92,4% 0,28%<br />

GO MT TO MA BA PA<br />

MARÍTIMO<br />

5,7%<br />

94,3% 0,03%<br />

AÉREO<br />

6,1%<br />

93,9%<br />

animais transportados, bem como a finalidade do transporte<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017a).<br />

No Tocantins, a Adapec é o órgão autorizado a emitir a GTA.<br />

A agência possui unidades de atendimento nos 139 municípios<br />

tocantinenses, além de 77 escritórios locais, 30 barreiras<br />

fixas, 18 barreiras volantes e 10 barreiras fluviais. O Tocantins<br />

está dentre os Estados que emitem GTA online, essa integração<br />

com a rede nacional traz maior segurança sobre as<br />

informações entre os Estados em relação ao transporte dos<br />

animais (ADAPEC, 2013).<br />

Apesar de todos os esforços e estrutura para o controle do<br />

trânsito de animais vivos, ainda existem produtores que o realizam<br />

ilegalmente. O aumento da fiscalização é uma medida<br />

para conter essas ações.<br />

Após o abate, a carne produzida pela agroindústria segue<br />

ou para o mercado interno ou para a exportação. Para exportação,<br />

a carne sai dos frigoríficos em contêineres refrigerados,<br />

utilizando majoritariamente o modal rodoviário, até o porto<br />

de destino. O Gráfico 3.17 mostra a participação das vias de<br />

escoamento das exportações do complexo carne bovina em<br />

Estados selecionados.<br />

Além das exportações pelo modal marítimo, o Estado do Tocantins<br />

acessa alguns países da América do Sul também pelo<br />

modal rodoviário. Mato Grosso e Goiás já exportam pequena<br />

parte de sua produção por via aérea, sendo que o transporte aéreo,<br />

de maneira geral é destinado para exportações de carnes<br />

mais nobres, com maior valor agregado e que precisam de uma<br />

maior atenção e cuidado. Esse tipo de via, no caso da carne bovina,<br />

demanda estrutura aeroportuária que ainda não está presente<br />

no Estado do Tocantins.<br />

A Tabela 3.20 mostra o valor médio por quilo dos produtos<br />

exportados por cada um dos modais citados, evidenciando<br />

100%<br />

RO<strong>DO</strong>VIÁRIO<br />

100%<br />

100%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat<br />

a partir de Brasil (2017f).


124<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

Û<br />

tabEla 3.20<br />

Valor por quilo de carne bovina por via utilizada em 2016<br />

gráfico 3.18<br />

Participação por porto nas exportações do Tocantins (em volume)<br />

13%<br />

Itajaí - SC<br />

32%<br />

Barcarena - PA<br />

us$/Kg por via De exportação<br />

uf MarÍtiMo aéreo roDoviÁrio<br />

GO 4,15 14,67 4,12<br />

MT 4,20 6,70 4,01<br />

TO 3,48 - 4,25<br />

MA 4,37 - -<br />

BA 4,13 - -<br />

PA 3,55 - -<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017f)<br />

6%<br />

Dionísio Cerqueira - SC<br />

49%<br />

Santos - SP<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017f).<br />

o fato de que o transporte aéreo se destina a produtos com<br />

maior valor agregado.<br />

É notável a diferença de preço das vias marítima e rodoviária<br />

para a aérea, principalmente em Goiás. O principal<br />

destino do produto goiano que é escoado pela via aérea é a<br />

Suíça, importando cerca de 87% desse total a uma média de<br />

US$ 15/kg. No Mato Grosso, o principal importador por via<br />

aérea é o Chile (67%), comprando a carne bovina a uma média<br />

de US$ 6,70/kg.<br />

Tendo a via marítima como principal para suas exportações,<br />

o maior volume exportado pelo Tocantins em 2016 foi<br />

escoado pelo Porto de Santos/SP. Como pôde ser visto no<br />

Gráfico 3.18, cerca de 50% das exportações do Estado saíram<br />

por esse porto (BR<strong>AS</strong>IL, 2017f).<br />

No escoamento de produtos por portos mais distantes, como<br />

é o caso do Porto de Santos em relação ao Tocantins, a condição<br />

das estradas influencia diretamente o custo logístico.<br />

O Ministério da Agricultura e Pecuária, incentiva o desenvolvimento<br />

dos portos e corredores de exportação do Arco<br />

Norte, nos quais estão os terminais de embarques situados<br />

no norte e nordeste do Brasil.<br />

O Arco Norte é uma linha imaginária que atravessa o país no<br />

Paralelo 16º Sul, passando próximo às cidades de Ilhéus (BA),<br />

Brasília (DF) e Cuiabá (MT). Os principais portos do agronegócio<br />

que o compõem são os de Itacoatiara (AM), Santarém e Barca-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 125<br />

<br />

figUra 3.7<br />

Arco Norte do país<br />

Itacoatiara<br />

ETC Miritituba<br />

ETC Porto Alegre<br />

Santarém<br />

Santana<br />

Barcarena<br />

ETC Marabá<br />

São Luís<br />

porte entre rodovia-hidrovia e rodovia-ferrovia, melhorando<br />

a competitividade para exportar e reduzindo o custo da logístico<br />

do transporte brasileiro.<br />

A Figura 3.7 apresenta a linha imaginária do Arco Norte e<br />

pontua as estações de transbordo de cargas.<br />

A consolidação das estruturas logísticas do Arco Norte trará<br />

maior vantagem competitiva para as cadeias produtivas<br />

tocantinenses.<br />

<strong>PARA</strong>LELO 16<br />

Salvador<br />

Ilhéus<br />

3. 5 Resumo das forças e fraquezas do Estado do<br />

Tocantins<br />

Estação de<br />

Transbordo de Cargas<br />

Após amplo diagnóstico da cultura de bovinos do Tocantins,<br />

a Tabela 3.21 resume suas principais forças e fraquezas.<br />

0 400 800 1200 km<br />

Ã<br />

tabEla 3.21<br />

Forças e fraquezas do Estado do Tocantins<br />

Fonte: Brasil (2017b).<br />

rena (PA), Santana (AP), São Luís (MA), Salvador e Ilhéus (BA).<br />

A grande inovação dessa linha imaginária é a menor distância<br />

entre as áreas de produção no Mato Grosso e os portos<br />

exportadores. O mesmo ocorre na nova fronteira agrícola do<br />

MATOPIBA. Outra vantagem é a intermodalidade no trans-<br />

forÇaS<br />

Logística<br />

• Vantagens logísticas em relação a outros Estados competidores, tanto para escoar<br />

produtos acabados, quanto para trazer insumos.<br />

• Tocantins é um Estado localizado no centro do país, próximo aos principais centros<br />

de comercialização e distribuição – maior proximidade a grandes centros<br />

consumidores brasileiros, como as regiões sudeste e nordeste e destinos importantes<br />

de exportação, como EUA e Europa.<br />

• Rio Tocantins como força logística voltada para exportação (cerca de oito dias de<br />

vantagem de Paranaguá até Rotterdam).


126<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

• Realização de obras de infraestrutura como:<br />

• porto seco;<br />

• pátios ferroviários;<br />

• parque tecnológico do Tocantins;<br />

• eco porto Praia Norte (com rota de três principais portos do Brasil, Manaus/AM,<br />

Belém/PA e Itaqui/MA);<br />

• centros logísticos.<br />

• Evolução da malha rodoviária pavimentada.<br />

• Ferrovia Norte-Sul operada pela VLI.<br />

• Rodovia Belém-Brasília.<br />

• Plano Estadual de Logística e Transportes de Cargas - PELT.<br />

• Incentivos fiscais - Prologística;<br />

Características Edafoclimáticas<br />

• Períodos de chuva bem definidos durante o ano.<br />

• Grande percentual da área do Estado destinado a áreas de preservação ambiental,<br />

dando caráter de produção sustentável ao Estado – 60% do Tocantins é preservado<br />

por leis federal e estadual.<br />

• Grande disponibilidade de grãos para suplementação alimentar.<br />

Agroindústria<br />

• 92% dos abates do Estado possuem o selo SIF.<br />

• Serviço de inspeção sanitária SIF presente em oito frigoríficos, SIE em 10 e SIM<br />

em 14, todos relacionados à carne bovina.<br />

• Presença de frigoríficos como Cooperfrigu e Minerva, aptos para comercializar<br />

com o mercado externo.<br />

• Importantes países importadores: Rússia, Egito, China (Hong Kong) e Irã.<br />

Aspectos econômicos e políticos<br />

• Programas de incentivo ao desenvolvimento estadual: Proindústria, Prosperar.<br />

• Políticas federais específica para região MATOPIBA.<br />

• Benefícios oriundos do Fundo de Investimento na Amazônia (Finam).<br />

• Se por um lado existem entraves ambientais por conta do Estado fazer parte<br />

da Amazônia Legal, por outro, isso facilita o acesso a crédito para melhorias nas<br />

propriedades, desde que projetos de preservação sejam apresentados para obtenção<br />

desse crédito.<br />

Perfil da Produção<br />

• Menor custo de produção comparado a outros Estados competidores, em termos<br />

de: valor da terra, nutrição animal e mão-de-obra.<br />

• Aumento, ainda que não muito significativo, na adoção de tecnologias como melhoramento<br />

genético e adubação de pastagem etc.<br />

Cooperativismo e Associativismo<br />

• Sindicato Rural do Araguaia como um dos representantes em relações administrativas<br />

e judiciárias.<br />

Pesquisa, Assistência Técnica e Outros<br />

• Presença de grupos de pesquisa de universidades e outras instituições como<br />

Empraba, Sebrae, com forte atuação em pecuária.<br />

• UFT realiza eventos, dias de campo, encontros técnicos, para desenvolvimento<br />

tecnológico.<br />

• Estado já há 20 anos livre de aftosa com vacinação e em processo de melhoria<br />

do status.<br />

fraQUEZaS<br />

Logística<br />

• Elevação dos custos de transporte em algumas regiões.<br />

• Aeroporto principal sem estrutura para cargas.<br />

• Falta de recursos para investimentos na malha rodoviária.<br />

• Rodovias mantidas pelo Estado (sem concessões).<br />

• Apenas duas pontes que ligam as margens do rio Tocantins, limitando a logística<br />

de um lado para o outro.<br />

Características Edafoclimáticas<br />

• Grande território com áreas degradadas não aproveitadas e com potencial.<br />

• Presença de localidades de difícil acesso.<br />

• Insuficiência de recursos hídricos: nascentes secando devido a cacimbas e aguadas<br />

para o gado.<br />

Cooperativismo e Associativismo<br />

• Baixo nível de cooperativismo e associativismo entre atores da cadeia.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 127<br />

• Ações coletivas via instituições/organizações setoriais ocorrem de forma individualizada.<br />

Forte necessidade de ações coletivas/integradas, entre sindicatos, cooperativas,<br />

federações e associações de produtores.<br />

• Falta a integração entre Adapec e outros órgãos.<br />

Agroindústria<br />

• Dificuldade de obtenção de financiamento de longo prazo por parte da indústria.<br />

• Capacidade ociosa nos frigoríficos. O grande desafio da indústria atualmente é a<br />

compra de matéria-prima.<br />

• Frigoríficos sendo penalizados por decisões legislativas que requerem que a indústria<br />

fiscalize o cumprimento de requerimentos ambientais de seus fornecedores.<br />

• Ausência de incentivos dos frigoríficos, como programas de remuneração diferenciada<br />

de carcaças com melhor qualidade (MT e MS já possuem este diferencial).<br />

• Tocantins ainda não está habilitado para exportar sua produção para alguns destinos<br />

da Europa, apesar dos 15 anos sem aftosa.<br />

• Apenas 2 frigoríficos estão habilitados para exportar aos EUA: Minerva e Cooperfrigu.<br />

• Produtos vendidos com menor valor agregado.<br />

Baixa capacitação técnica e de gestão de negócios dos produtores<br />

• Produtor descapitalizado.<br />

• Produtores em sua maioria são tradicionalistas. Encaram a pecuária como uma<br />

atividade extrativista. Não acreditam na adoção de tecnologia tampouco em<br />

práticas de gestão mais eficientes visando a diminuição dos custos de produção.<br />

• Baixa utilização de confinamento e semi-confinamento como modelo de negócios.<br />

• Falta de interesse sobre novos eventos voltados para agronegócio.<br />

Acesso ao crédito<br />

• Excesso de burocracia para acesso a financiamento.<br />

• Linhas de crédito para pecuária são mais escassas que para agricultura. Além disso,<br />

possuem taxas de juros mais elevadas, e prazos mais curtos para liquidação.<br />

Assistência técnica<br />

• Número insuficiente de mão de obra técnica no Estado.<br />

• Percepção, por parte dos produtores, de assistência de baixa qualificação técnica.<br />

• Grande parte da mão de obra do Estado, principalmente a qualificada, empregada<br />

na administração pública.<br />

• Faltam investimentos aos institutos de pesquisa na cadeia.<br />

• Faltam médicos veterinários em alguns municípios.<br />

Aspectos econômicos, políticos e sociais<br />

• Custo do agronegócio é muito alto, em termos de sustentabilidade: defensivos,<br />

emissão de carbono pela pecuária, baixa geração de empregos, atividade vinculada<br />

ao desmatamento.<br />

• Redução da base de cálculo do ICMS para 8% do valor da operação, até 31 de<br />

janeiro de 2018; e 5% do valor da operação, a partir de 1º de fevereiro de 2018, nas<br />

saídas interestaduais de gado vivo, motivando a venda de animais para fora do<br />

Estado e criando incentivo negativo à indústria.<br />

• Queda no consumo de carne bovina.<br />

• Facilidades legais para transferência de gado para outros Estados: uma vez que o<br />

produtor tenha propriedade rural neles, dificultando o fortalecimento da indústria<br />

processadora.<br />

• Alta participação de pecuaristas na esfera governamental beneficiando mais o<br />

elo da produção em detrimento ao elo da indústria.<br />

• Sem evolução nos índices de Gini no Estado.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


consoLidação do<br />

diagnÓstico


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 129<br />

4. 1 Análise Pest<br />

A análise Pest é uma análise do ambiente externo que busca<br />

agrupar as variáveis externas que afetam o desempenho<br />

de um negócio ou setor. A Figura 4.1 mostra como as informações<br />

da Pest são agrupadas em pilares para melhor análise<br />

das ameaças e oportunidades para o setor estudado.<br />

As ameaças são tendências do ambiente externo que podem<br />

influenciar como um fator que dificulta a implementação<br />

de estratégias. É importante conhecê-las para delinear<br />

ações que as minimizem ou façam com que o setor estudado<br />

encontre formas alternativas de contorná-las. A seguir as<br />

principais ameaças identificadas para a cadeia de bovinos.<br />

Û<br />

figUra 4.1<br />

Unidades de análise da Pest<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

ECONÔMICO-<br />

NATURAL<br />

SOCIOCULTURAL<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

São levantados programas<br />

e políticas relacionados ao<br />

potencial de levantamento<br />

de investimentos, a produção<br />

e a industrialização dos<br />

produtos em questão, além<br />

de barreiras e burocracias que<br />

dificultam essas atividades.<br />

Abordagem de fatores<br />

econômicos brasileiros e<br />

mundiais que influenciam<br />

positivamente ou<br />

negativamente o mercado<br />

de grãos, principalmente,<br />

o incremento da demanda<br />

(consumo).<br />

Mudanças sociais e culturais<br />

da população, que tenham<br />

impacto no consumo e na<br />

produção (relacionadas à<br />

mão de obra e qualificação<br />

de profissionais) das cadeias<br />

em questão.<br />

Desenvolvimentos<br />

tecnológicos ligados ao<br />

setor que podem melhorar<br />

ou dificultar as atividades<br />

de produção e distribuição<br />

de grãos no Estado do<br />

Tocantins.<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de WRIGHT, KROLL E PARNELL (2000).


130<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

tabEla 4.1<br />

Ameaças do ambiente externo<br />

aMEaÇaS<br />

Político-Legal<br />

• Desconfiança de investidores e empresários devido à situações econômica e política<br />

do Brasil.<br />

• Os programas “Crop Insurance” e “Commodities Program”, que protegem e subsidiam<br />

o produtor americano.<br />

• Países estão adotando medidas protecionistas.<br />

• Processo de obtenção de licença ambiental é burocrático e demorado.<br />

• Seguro rural não é estruturado no Brasil.<br />

• Dificuldade de obtenção e acesso ao crédito rural.<br />

• Alta fiscalização da indústria em relação a requerimentos ambientais.<br />

• Sindicatos possuem maior foco político.<br />

• Entraves legais ambientais, pelo fato do Tocantins fazer parte da Amazônia Legal.<br />

• Pressão por legislações que priorizam a preservação do ambiente.<br />

• Perda de espaço no mercado externo para exportação, por causa de queda na<br />

qualidade. dos produtos ou por problemas políticos.<br />

• Problemas com divisas secas, boi sem nota (2 a 3% da arrecadação bruta do Estado<br />

é perdida).<br />

• Baixo valor pago pela arroba; produtor deixa de investir, pois não é remunerado.<br />

Econômico-Natural<br />

• Aumento dos estoques mundiais de commodities, o que causa desvalorização.<br />

• Maiores pressões por sustentabilidade podem limitar a expansão das atividades<br />

produtivas.<br />

• Competitividade da região sul que continua a se desenvolver.<br />

• Ociosidade da agroindústria interna resulta em menor emprego.<br />

• Baixa remuneração por “arroba” no Estado pode resultar em menores investimentos.<br />

• Nascentes secando devido a cacimbas e aguadas para o gado, podem tornar-se<br />

um problema hídrico maior.<br />

• Preços elevados e baixa padronização em comparação com proteínas substitutas,<br />

como aves e suínos.<br />

• Marketing negativo da carne bovina brasileira.<br />

• Queda na exportação para países desenvolvidos que demandam corte nobres,<br />

com maior valor agregado.<br />

• Aspectos negativos na informalidade e qualidade do produto tocantinense.<br />

• Não superação de problemas logísticos, como defasagens na Ferrovia Norte-Sul.<br />

Sociocultural<br />

• Mudança nas preferências e exigências dos consumidores em relação ao consumo<br />

de alimentos.<br />

• Êxodo rural, que pode causar diminuição da disponibilidade de mão de obra no<br />

campo.<br />

• Falta de interesse por empregos rurais, devido à falta de valorização da produção<br />

agrícola pela sociedade.<br />

• Produtor, de maneira geral, descapitalizado e tradicionalista – avesso à adoção de<br />

tecnologias para diminuição de custos de produção.<br />

• Vulnerabilidade no interior em questões sanitárias; por exemplo, carne na merenda<br />

escolar.<br />

• Disseminação de dietas que não contemplam o uso da carne (vegetariana, vegana,<br />

etc).<br />

• Crescimento do uso de proteínas substitutas à animal, como a proteína de soja.<br />

Tecnológico<br />

• Aumento dos preços dos insumos agrícolas.<br />

• Baixa diversidade de modais de transporte para escoamento da produção, e precariedade<br />

dos existentes.<br />

• Custos altos referentes à transformação da criação extensiva que envolve melhoramento<br />

genético e abertura de pastagens.<br />

• Pesquisas apenas de acordo com a demanda do Estado.<br />

• Desenvolvimento de pesquisas para produção de proteínas de fungos, insetos<br />

e outras fontes.<br />

• Dificuldades de armazenagem devido aos custos e à preocupação com segurança<br />

do produto.<br />

• Processo de retirada de vacinação de febre aftosa: descarte total da produção,<br />

caso algum novo caso surja.<br />

• Aumento da degradação pelo modo de criação extensiva.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

As oportunidades indicam tendências que estão ocorrendo<br />

no ambiente externo ao da cadeia da pecuária que podem ser<br />

aproveitadas para impulsionar o segmento. A Tabela 4.2 mostra<br />

as principais.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 131<br />

Ã<br />

tabEla 4.2<br />

Oportunidades do ambiente externo<br />

oPortUNiDaDES<br />

Político-Legal<br />

• Atualização de questões no Pacote de Bali (2013), que visa a redução da burocracia<br />

e tentativa de diminuição dos custos de exportação.<br />

• Reestruturação das políticas agrícolas por parte de países em desenvolvimento.<br />

• Alta fiscalização da indústria em relação a requerimentos ambientais permite<br />

uma atuação mais responsável, incluindo selos de qualidade como SIF, SIE e SIM.<br />

Econômico-Natural<br />

• Tendência de aumento de investimentos internacionais no agronegócio.<br />

• Grande disponibilidade de terras cultiváveis no Brasil, bem como de pastagens<br />

degradadas com potencial para se tornarem produtivas.<br />

• Valor da terra em território nacional ainda se mantém bastante acessível se comparado<br />

a outros países.<br />

• Cooperativismo desenvolvido em outras regiões do Brasil com chance de migrar<br />

para as regiões de fronteiras agrícolas.<br />

• Rio Tocantins para melhoria de eficiência em logística.<br />

• O Fundo Constitucional de Financiamento do Norte- F<strong>NO</strong> permite melhores oportunidades<br />

com juros menores quando comparado ao centro-oeste FCO.<br />

• 60% da área do Tocantins é preservado por leis federal e estadual, prometendo<br />

utilização sustentável do território.<br />

• A dependência do Brasil em relação ao mercado externo, se comparada aos demais<br />

países emergentes, é pequena, graças ao tamanho do mercado interno.<br />

• Grandes frigoríficos como Cooperfrigu e Minerva se localizam no Estado.<br />

• Com a recente crise em torno do frigorífico multinacional JBS, surge a oportunidade<br />

de fortalecimento de frigoríficos menores e regionais.<br />

• Possível agregação de valor com a produção do “Boi Verde” e atendimento de<br />

outros nichos de mercado.<br />

Sociocultural<br />

• Mudança no comportamento dos consumidores em relação ao setor de alimentos<br />

traz maior demanda por produtos mais saudáveis, naturais e que mostrem<br />

sua origem.<br />

• Tendência do consumidor final em exigir alimentos seguros, com certificações e<br />

rastreabilidade.<br />

• Grande parte da população brasileira na faixa etária economicamente ativa (PEA).<br />

• Maior distribuição de renda entre as famílias, reduzindo as de classes mais baixas.<br />

• Aumento da população traz aumento de demanda por produtos agrícolas.<br />

• Criação de fazendas modelos para inspirar o pequeno produtor e, assim, aumentar<br />

o interesse no investimento no negócio.<br />

• O Estado sofre grande influência cultural dos Estados vizinhos (Pará, Maranhão,<br />

Bahia, Goiás e Mato Grosso) por ter uma localização central no país.<br />

• Aumento da renda familiar faz com que cresça o consumo interno por produtos<br />

processados e, principalmente, proteínas animais.<br />

Tecnológico<br />

• Aumento do uso de consultorias e assistências técnicas por parte dos produtores<br />

a fim de melhorar a produção e a gestão do negócio.<br />

• Sistemas de produção de integração lavoura-pecuária-floresta.<br />

• Máquinas mais eficientes e mão de obra mais qualificada.<br />

• Processamento interno dos grãos e integração com abatedouros de aves e suínos<br />

(atração de abatedouros). Fazendas avançadas no sentido tecnológico, com<br />

foco em genética e o processo de cria, recria e engorda podem servir de modelo<br />

de negócio e inspiração para outros produtores.<br />

• Pesquisas da Embrapa, Unitins Agro e particulares (Ulbra e Católica).<br />

• Ampliação da exportação através do alcance do status sanitário de “Área Livre de<br />

Febre Aftosa Sem Vacinação”.<br />

• Alto potencial para crescimento tecnológico devido à presença de universidades<br />

e centros de apoio.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

4. 2 Análise das Cinco Forças de Porter<br />

O modelo das Cinco Forças de Porter consiste em uma análise<br />

de competividade dentro de um determinado negócio,<br />

indústria ou setor. Esse modelo permite analisar o grau de<br />

atratividade de um setor da economia.<br />

No modelo das Cinco Forças, como a própria denominação<br />

explicita, são cinco as dimensões analisadas: a rivalidade entre<br />

concorrentes; a ameaça de novos entrantes; a ameaça de


ÛÛ<br />

Figura 4.2<br />

Modelo esquemático da ferramenta Cinco Forças de Porter<br />

Poder dos<br />

fornecedores<br />

Ameaça de novos<br />

entrantes<br />

Rivalidade entre<br />

concorrentes<br />

Ameaça dos<br />

substitutos<br />

Poder dos<br />

clientes<br />

Fonte: Porter (1980).<br />

produtos substitutos; o poder de barganha dos fornecedores;<br />

e o poder de barganha dos clientes.<br />

Assim como a análise Pest, o modelo das cinco forças consiste<br />

em uma ferramenta descritiva e analítica, de caráter<br />

qualitativo. A Figura 4.2 esquematiza o modelo de análise e<br />

cada dimensão.<br />

Uma cadeia produtiva é composta por diversos elos, que,<br />

por sua vez, consistem em setores menores específicos. A<br />

aplicação da ferramenta das Cinco Forças em uma cadeia produtiva<br />

a nível estadual pode ser feita com base em diferentes<br />

enfoques. Nesse sentido, como poderá ser visto nas análises<br />

que seguem, para cada uma das dimensões foi dado um enfoque<br />

específico, ou seja, considerando as particularidades do<br />

Estado do Tocantins, as análises foram conduzidas para refletirem<br />

as questões de maior importância.<br />

Rivalidade entre concorrentes<br />

Nesta etapa são analisados os concorrentes do Estado do<br />

Tocantins na produção de carne bovina em âmbitos internacional<br />

e nacional (países e Estados). Externamente, os concorrentes<br />

são os países com maior produção e exportação<br />

mundial que concorrem diretamente com a carne brasileira,<br />

sendo que essa rivalidade se intensifica à medida que os mercados<br />

impõem restrições à entrada de produtos no país, seja<br />

por meio de barreiras tarifárias ou não-tarifárias. Já internamente,<br />

esses concorrentes são os Estados brasileiros que<br />

possuem grande oferta de carne bovina, embora nem sempre<br />

a concorrência seja direta pelo mesmo mercado consumidor.<br />

A seguir são pontuados alguns fatores que ilustram a concorrência<br />

na cadeia da carne bovina tocantinense.<br />

Os EUA lideram em termos de produção, devido ao intenso<br />

uso de tecnologia, sendo o sistema de confinamento já muito<br />

desenvolvido no país. O país se destaca na questão logística,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 133<br />

pois possui uma malha rodoviária extremamente estruturada,<br />

ferrovias que realizam o transporte de forma mais eficaz,<br />

além de uma capacidade portuária muito superior ao Brasil.<br />

O país é o principal exportador de carne bovina para o Brasil.<br />

• A Austrália, mesmo não estando entre os países produtores<br />

de carne bovina no mundo, é o terceiro país em<br />

termos de exportação, ficando atrás da Índia e do Brasil.<br />

O país se destaca na integração do produtor com a<br />

indústria, o que aumenta sua competitividade perante<br />

outros países.<br />

• Alguns países da América do Sul, como Argentina e Paraguai,<br />

vêm ganhando parte do mercado interno brasileiro<br />

por oferecerem cortes diferenciados.<br />

• O Mato Grosso é o Estado que detém o maior rebanho<br />

brasileiro de bovinos e se destaca também por ser o<br />

principal Estado em termos de abate, sendo que sua média<br />

alcança quase o dobro de outros Estados. O Estado<br />

ocupa a segunda colocação em termos de exportações,<br />

é o principal em capacidade de confinamento, além de<br />

possuir uma grande oferta de grãos para a alimentação<br />

animal. O governo e associações apoiam de diversas formas<br />

a pecuária no Estado.<br />

• São Paulo é o principal Estado exportador da carne bovina,<br />

sendo uma produção com alto uso de tecnologia,<br />

visto que sua área de pastagem e tamanho do rebanho é<br />

inferior a outros Estados. O Estado detém o segundo lugar<br />

em capacidade de confinamento e se destaca também em<br />

termos de logística, pois possui uma malha rodoviária altamente<br />

desenvolvida, fica situado perto do grande mercado<br />

consumidor do país e detém o Porto de Santos, sendo<br />

ele a principal porta de saída das exportações de carne.<br />

• Goiás possui a segunda maior capacidade de confinamento<br />

do país, é o terceiro Estado em termos de abate e<br />

exportação da carne bovina e detém o terceiro rebanho<br />

brasileiro.<br />

• O Pará é o quarto Estado com maior rebanho de bovinos,<br />

ocupa a sexta posição em termos de abate e está na<br />

frente do Tocantins em relação à exportação, ocupando a<br />

sétima colocação. O Estado não possui grande relevância<br />

em termos de confinamentos, porém possui sindicatos<br />

mais atuantes e organizados que o Tocantins. A pecuária<br />

no Pará também é tradicional, como a do Estado do Tocantins,<br />

porém tem se desenvolvido mais rapidamente.<br />

• A Bahia ocupa a sexta posição em termos de rebanho<br />

e confinamento bovino, porém suas exportações não<br />

possuem grande significância. Grande parte do Estado<br />

conta com uma pecuária extensiva, além de possuir um<br />

sistema logístico precário. O custo de produção é uma<br />

vantagem competitiva da pecuária baiana.


134<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

poder dos fornecedores<br />

Nesta etapa é realizada uma análise do poder de barganha<br />

dos fornecedores diante de um negócio. Para a cadeia de carne<br />

bovina do Tocantins será analisado o poder de barganha<br />

dos fornecedores de insumos para a produção pecuária e dos<br />

fornecedores de bovinos para a indústria frigorífica.<br />

O Tocantins segue a dinâmica nacional, uma vez que o poder<br />

de barganha dos fornecedores é fortemente influenciado<br />

pelo volume da compra realizada, ou seja, quanto maior o<br />

volume comercializado, maior o poder de barganha do comprador.<br />

Com relação ao poder dos pecuaristas em relação às plantas<br />

frigoríficas do Estado do Tocantins pode-se dizer que:<br />

• os pecuaristas dependem dos frigoríficos para venda de<br />

seus produtos, sendo que a oferta de boi se dá de uma<br />

forma pulverizada, diminuindo seu poder de barganha.<br />

• Mesmo os próprios frigoríficos possuindo uma capacidade<br />

de suprimento limitada, o poder do pecuarista ainda<br />

é reduzido.<br />

• Alguns produtores estão preferindo vender o boi prematuramente<br />

para frigoríficos que possuem confinamento<br />

ao invés de realizar a engorda por conta própria.<br />

• O poder dos frigoríficos do Tocantins se reduz quando não<br />

existe nenhuma integração entre indústria e produção no<br />

campo e os pecuaristas têm a opção de vender seus animais<br />

para frigoríficos de outros Estados a preços melhores.<br />

• Os frigoríficos têm se tornado grandes empresas, em<br />

alguns casos multinacionais, fazendo com que pequenas<br />

empresas percam competitividade no mercado.<br />

Isso aumenta seu poder diante dos produtores da carne<br />

bovina.<br />

poder dos compradores<br />

Nesta etapa, será analisado o poder de barganha do varejo e<br />

do mercado externo diante da agroindústria. Percebe-se que<br />

o Brasil deve diminuir a dependência de mercados específicos,<br />

diversificando os mesmos, pois esses mercados importam<br />

elevados volumes, fazendo com que esses compradores<br />

possuam um alto poder de barganha.<br />

Outros aspectos a respeito do poder de barganha dos compradores<br />

são apresentados a seguir:<br />

• a indústria necessita diversificar seus clientes para que<br />

sua dependência diminua, aumentando assim seu poder<br />

de barganha frente aos compradores.<br />

• Caso a indústria inove em produtos ou serviços, seu poder<br />

de barganha aumenta em face dos compradores.<br />

• A carne bovina, enquanto ainda tratada como commodity<br />

é comercializada em grandes volumes e sem diferen-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 135<br />

ciação, o que reduz o poder de barganha dos fornecedores<br />

brasileiros no mercado internacional.<br />

• A concentração das exportações em poucos países, tal<br />

como observado no Tocantins, aumenta o poder de barganha<br />

dos mercados compradores.<br />

• A baixa diferenciação da carne do Tocantins, tanto no<br />

mercado interno como no exterior, e o pouco investimento<br />

para o fortalecimento de uma marca “Brasil” faz com<br />

que o poder de barganha dos compradores seja elevado.<br />

ameaça de novos entrantes<br />

As barreiras de entradas existentes de um determinado setor<br />

influenciam diretamente na ameaça de novos entrantes.<br />

Esta etapa de análise busca medir o nível de atratividade de<br />

um setor específico, verificando as potencialidades que alguns<br />

países ou regiões não tradicionais possuem para se desenvolver<br />

nesse setor. No caso da presente análise, o pecuário.<br />

Nota-se que a ameaça de novos entrantes é reduzida pelo<br />

fato da pecuária depender de altas escalas de produção.<br />

Outros aspectos que dificultam a entrada de novos concorrentes<br />

são as barreiras comerciais existentes entre países e<br />

Estados, além de algumas existentes na comercialização da<br />

carne bovina.<br />

Os itens a seguir destacam os principais aspectos da carne<br />

bovina relacionados à ameaça de novos entrantes.<br />

• Necessidade de altos volumes de produção, além de barreiras<br />

tarifárias e não-tarifárias, fazem com que o estabelecimento<br />

de novos entrantes seja dificultado.<br />

• Alguns países ou Estados possuem uma menor escala<br />

de produção, fazendo com que seus custos sejam maiores,<br />

dificultando sua entrada de forma competitiva no<br />

mercado. Como alternativa, esses concorrentes buscam<br />

certa diferenciação nos cortes da carne.<br />

• O crescimento dos custos de produção da carne bovina<br />

no Brasil faz com que outros países se tornem mais<br />

competitivos.<br />

• No mercado internacional, a Índia pode ser considerada<br />

um novo entrante, uma vez que há alguns anos<br />

não figurava entre os principais exportadores mundiais<br />

e hoje ocupa a primeira colocação. O país possui<br />

localização estratégica, próxima à grande parte do<br />

mercado que demanda carne bovina com menor valor<br />

agregado.<br />

• Os EUA e a União Europeia possuem diversas barreiras<br />

sanitárias que dificultam a entrada de grande parte<br />

dos países que possuem sistemas de inspeção sanitária<br />

precários.<br />

• Alguns Estados possuem dificuldades em competir na<br />

pecuária, devido à falta de tecnologia e programas de desenvolvimento<br />

da cadeia.


136<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

• Estados do norte e nordeste tendem a ser uma ameaça<br />

como novos entrantes por possuírem uma pecuária com<br />

grande possibilidade de desenvolvimento.<br />

ameaça de produtos substitutos<br />

É evidente que a ameaça de produtos substitutos da carne<br />

bovina é extremamente relevante. As principais ameaças são<br />

oriundas de outras fontes de proteína, sejam elas animais ou<br />

vegetais.<br />

A pecuária vem sendo alvo de marketing negativo em âmbitos<br />

nacional e internacional, gerando assim uma busca<br />

social por produtos alternativos. Outro fator que aumenta a<br />

ameaça de produtos substitutos consiste nos preços das proteínas<br />

animais alternativas, tais como as carnes de frango e<br />

de suínos, que são mais competitivos.<br />

Investimentos em marketing do setor pecuário e da carne<br />

bovina seriam uma maneira de reduzir o risco de produtos<br />

substitutos.<br />

Nesse sentido alguns pontos podem ser destacados:<br />

• mudança no hábito de consumo da população influencia<br />

favoravelmente os produtos substitutos.<br />

• Por serem cadeias de ciclo mais curto, o controle sanitário<br />

e rastreabilidade das cadeias de suínos e aves são<br />

mais fáceis, fazendo com que maior parte de seus produtos<br />

atenda mercados mais exigentes.<br />

• As carnes de frango e suína possuem preços mais competitivos.<br />

• Devido a mudanças no hábito alimentar da população,<br />

como o surgimento de diversos restaurantes de origem<br />

japonesa na última década, o consumo de carne de peixe<br />

apresentou crescimento considerável.<br />

• O sistema de “produção industrial” da carne suína e de<br />

frango favorece produções mais elevadas.<br />

• As cadeias de suínos e aves estão à frente da cadeia de<br />

carne bovina no sentido de integração entre produção<br />

e indústria. Essa integração favorece toda a cadeia, aumentando<br />

sua competitividade.<br />

• A proteína de origem vegetal, como por exemplo, a proteína<br />

texturizada da soja (PTS), apresenta algumas vantagens<br />

em relação à proteína animal, tais como: menor<br />

valor (40% do valor da carne bovina), possibilidade de<br />

produção em escala e de utilização em diversos produtos<br />

alimentícios.<br />

• Alguns produtores do Estado do TO estão migrando para<br />

a cultura da soja ou deixando o ramo agropecuário, pois<br />

não estão tendo o retorno financeiro esperado.<br />

• A cana-de-açúcar possui uma tendência de ocupar áreas<br />

destinadas à pecuária, devido sua facilidade de produção<br />

ou arrendamento, além de possuir alta rentabilidade<br />

até aqui.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 137


oBJetiVos estratÉgicos<br />

para a cadeia


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 139<br />

Nesta etapa serão apresentados os objetivos estratégicos<br />

que nortearão o desenvolvimento de projetos para a cadeia<br />

produtiva de carne bovina no Tocantins.<br />

Os objetivos e direcionadores aqui listados foram elaborados<br />

pela Markestrat com base em toda a etapa inicial de<br />

diagnósticos externo e interno, ou seja, de dados secundários<br />

em materiais, bancos de dados, relatórios, sites e<br />

outros; e dados primários obtidos por meio de entrevistas<br />

com diversos agentes da cadeia: produtor de grãos, associação,<br />

cooperativa, sindicato, fundações, indústria de processamento,<br />

agentes logísticos, representantes do setor<br />

público, importantes órgãos como Embrapa, FIETO, federações,<br />

dentre outros.<br />

posicionamento<br />

O posicionamento estratégico pode ser definido como a<br />

escolha de uma organização desempenhar suas atividades<br />

de forma diferente da que é realizada pelos concorrentes, ou<br />

seja, um jeito único de entregar valor a seus consumidores.<br />

No caso das cadeias produtivas, o posicionamento estratégico<br />

deve servir de base para os macroobjetivos e refletir qual será<br />

o diferencial da produção do Tocantins perante outros polos<br />

de referência e produção de carne bovina.<br />

Com base nos materiais e entrevistas realizadas, percebe-se<br />

que o Estado do Tocantins tem grande vocação para a<br />

pecuária, principalmente por ser uma cultura tradicional no<br />

Estado, pela disponibilidade de áreas de pastagens e pelo seu


140<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

Dimensão 1 - Produtividade<br />

gráfico 5.1<br />

Posicionamento estratégico da cadeia de carne bovina do<br />

Tocantins<br />

ALTA<br />

BAIXA<br />

POSIÇÃO ATUAL<br />

POSIÇÃO FUTURA<br />

to<br />

BAIXA<br />

to<br />

ALTA<br />

Dimensão 2 - Participação na produção nacional de carne bovina<br />

*Para o posicionamento da produtividade, foram observadas as taxas de lotação estaduais.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir do diagnóstico, Abiec (2016), IBGE (2016b) e IEG | FNP (2017).<br />

clima favorável. Apesar disso, o Estado ainda conta com uma<br />

taxa de lotação baixa, pecuária majoritariamente extensiva e<br />

significante área de pastagens degradadas.<br />

Tendo em vista as situações colocadas, fica evidente o grande<br />

potencial de crescimento que essa cadeia possui no Estado.<br />

Para aproveitá-lo, não fundamentais evoluções no sentido<br />

de recuperação e manejo de pastagens, implantação de estratégias<br />

nutricionais e até mesmo a adoção de novas práticas<br />

tal como a integração lavoura-pecuária-floresta, visando o<br />

aumento de produtividade no campo e consequente aumento<br />

na competitividade do setor.<br />

Outro ponto que deve ser destacado na cadeia de carne bovina<br />

do Estado do Tocantins diz respeito à pouca integração<br />

entre a produção no campo e a agroindústria de processamento.<br />

Uma maior aproximação favoreceria diretamente as<br />

transações de compra e venda de bovinos, impactando tanto<br />

na disponibilidade interna quanto na padronização, rastreabilidade<br />

e maior controle da qualidade do produto.<br />

Tendo em vista o exposto, determinou-se que o posicionamento<br />

estratégico da cadeia de carne bovina no Tocantins<br />

deve ser guiado por dois vetores sendo eles: produtividade e<br />

integração/governança da cadeia. O Gráfico 5.1 mostra qual é<br />

o posicionamento almejado para a cadeia produtiva da carne<br />

bovina no Estado do Tocantins.<br />

A inserção de polos de referência no posicionamento estratégico<br />

do Tocantins tem como objetivo tangibilizar a evolução<br />

do Estado e apresentar benchmarkings que devem ser estudados<br />

e aproveitados.<br />

Como pode ser visto no Gráfico 5.1, apesar dos Estados do<br />

cerrado tradicional como MS, GO e MT possuírem índices<br />

pa<br />

go<br />

Ms<br />

Mt


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 141<br />

de produtividade mais elevados que o Tocantins, a pecuária<br />

brasileira como um todo ainda tem muito potencial de crescimento<br />

no que diz respeito à produtividade.<br />

Quanto à integração da cadeia, principalmente no que<br />

tange à relação entre produção no campo e indústria, esses<br />

Estados também estão à frente, porém, de maneira geral, no<br />

Brasil, a pecuária é uma cadeia pouco integrada. Outros países,<br />

como os Estados Unidos, são mais evoluídos no que diz<br />

respeito a governança e integração de cadeia.<br />

Ã<br />

tabEla 5.1<br />

Missão e visão para a cadeia de carne bovina no Tocantins<br />

Missão<br />

Produzir e comercializar os produtos da<br />

cadeia da carne bovina de forma integrada<br />

e sustentável, buscando altos padrões de<br />

qualidade com rastreabilidade e certificações.<br />

Atender à demanda do mercado de forma<br />

sustentável e contribuir de maneira social e<br />

econômica para o Tocantins.<br />

CARNE BOVINA<br />

Visão<br />

Ser o Estado referência no que tange a<br />

sustentabilidade, integração da cadeia e<br />

qualidade dos seus produtos finais por meio<br />

da adoção de tecnologias.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

missão e visão<br />

Antes de se traçarem os objetivos para a cadeia, é interessante<br />

que se estabeleçam a missão e a visão como norte, tanto<br />

para a definição de objetivos, quanto para o desenvolvimento<br />

dos projetos estratégicos.<br />

Os objetivos de uma organização se tornam mais claros<br />

pela sua declaração da missão, pois esta é a declaração do<br />

propósito da organização existir, ou seja, de porque ela foi<br />

criada e qual é o seu DNA. A missão pode ainda apresentar indícios<br />

das necessidades dos stakeholders que são atendidas<br />

pela organização.<br />

Por outro lado, a visão de uma organização reflete as aspirações<br />

nas quais a mesma quer chegar e/ou o que ela pretende<br />

ser e complementa seu posicionamento estratégico<br />

desejado. Possui uma clara visão de futuro e pode apresentar<br />

indícios de como a organização pretende tornar essa visão<br />

realidade.<br />

As missões e visões aqui estabelecidas são declarações do<br />

compromisso da cadeia produtiva de carne bovina com a sociedade<br />

tocantinense.<br />

objetivos estratégicos<br />

Para que a visão e o posicionamento estratégico desejados<br />

sejam atingidos, foram traçados macro objetivos para os próximos<br />

10 anos para a carne bovina no Tocantins. Esses objetivos<br />

tem o intuito de guiar as ações dos agentes da cadeia em<br />

prol do desenvolvimento do agronegócio tocantinense.<br />

Além disso, os objetivos estratégicos têm como importan-


ÃÃ<br />

Tabela 5.2<br />

Objetivos estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia de carne bovina do Estado do Tocantins<br />

Objetivos estratégicos Meta (próximos 10 anos) Referência Fonte<br />

Aumentar a produção de<br />

carne bovina no Estado.<br />

Aumento médio de 6,41% ao ano,<br />

chegando em 450.841 toneladas<br />

equivalente-carcaça.<br />

O valor corresponde a um aumento de 193.192 toneladas equivalente-carcaça em 10 anos. O valor foi<br />

calculado com base na projeção FIESP de crescimento da produção de carne bovina para a região norte<br />

(44,9%) juntamente com a expectativa de aumento da participação do Tocantins na produção regional de<br />

16,6% para 20% ao final do período.<br />

- IEG | FNP (2017);<br />

- Fiesp (2017).<br />

Aumentar a taxa de lotação.<br />

Aumento médio de 3,68% ao ano,<br />

chegando em 1,5 cab/ha.<br />

Atualmente, Goiás possui a taxa de lotação de 1,5 cab/ha. A taxa de lotação atual do Tocantins é de 1,1<br />

cab/ha.<br />

- IEG | FNP (2017).<br />

Aumentar a taxa de desfrute.<br />

Aumento médio de 5,6% ao ano, chegando<br />

em 24%.<br />

A taxa de 24% equivale à média da taxa do Estado de Goiás no período de 2008 a 2013 (pré-crise). A taxa<br />

de desfrute atual do Tocantins é de 15%.<br />

- IEG | FNP (2017).<br />

Aumentar as exportações de<br />

carne bovina do Tocantins.<br />

Aumento médio de 9,06% ao ano,<br />

chegando a um volume de exportações de<br />

cerca de 79.570 toneladas.<br />

Atualmente, o Tocantins exporta 13% do volume produzido de carne bovina segundo IEG | FNP (2017);<br />

e Brasil (2017f). No caso do Brasil, esse percentual é de 14,6% e, de acordo com os dados da projeção<br />

Fiesp para 2027, esse percentual chegará a 17,7%. A meta traçada estima que o Tocantins igualará seu<br />

percentual de exportação/produção ao do Brasil.<br />

- IEG | FNP (2017);<br />

- Brasil (2017f).<br />

Diversificar o destino das<br />

exportações de carne bovina<br />

do Estado.<br />

Diminuir a concentração das exportações<br />

nos três maiores importadores de carne<br />

bovina do Estado de 72% para 50%.<br />

O objetivo é que em 2027 esse valor caia para 50%, tendo em vista que esse número corresponde à<br />

participação dos 3 maiores destinos no total de exportações brasileiras de carne bovina.<br />

- Brasil (2017f).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

te função auxiliar no monitoramento e acompanhamento da<br />

efetividade dos projetos e atividades pois estabelecem metas<br />

quantitativas a serem atingidas.<br />

Todos os objetivos foram desenvolvidos levando em conta o<br />

diagnóstico das cadeias produtivas realizado nas seções anteriores<br />

desse documento, portanto, tentam ao máximo ser claros,<br />

palpáveis e, ao mesmo tempo, desafiadores e podem ser periodicamente<br />

atualizados conforme o desempenho do Estado.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 143<br />

Na sequência serão explicitados alguns fatos e números<br />

que justificam os objetivos traçados e apresentados na tabela<br />

5.2. Para a Fiesp (2017), a evolução do consumo nacional é de<br />

14,1% e a evolução da produção é de 19,5%, ou seja, a absorção<br />

do excedente deverá vir via exportação (crescimento de<br />

44,6% até 2027).<br />

Além disso, nos últimos 10 anos a região norte apresentou<br />

crescimento de 35,5% e o Estado do Tocantins de<br />

20,1%, ou seja, houve perda de participação do Tocantins<br />

perante o norte (IEG | FNP, 2017). A Fiesp (2017) tem uma<br />

projeção de crescimento de produção para os próximos 10<br />

anos na região norte de 44,9%. Se o Tocantins mantiver o<br />

mesmo ritmo de crescimento apresentado nos últimos 10<br />

anos, chegará em 2027 com uma produção adicional de<br />

51.829 toneladas e terá uma redução na participação na região<br />

norte para 9,4%.<br />

Vale ressaltar que, entre os anos de 2012 e 2014, essa taxa<br />

de participação do Estado na produção da região norte do<br />

país apresentou seu maior índice dos últimos 10 anos, sendo<br />

de aproximadamente 20%. Portanto, os objetivos aqui traçados<br />

foram construídos a partir desse cenário.<br />

Vale ainda destacar que, para a produção de carne estimada<br />

de 450.841 toneladas em 2027, com um incremento de taxa<br />

de lotação de 1,1 cab/ha para 1,5 cab/ha e de desfrute de 15%<br />

para 24%, com um rendimento de carcaça mantido constante<br />

Û<br />

milhões R$<br />

gráfico 5.2<br />

Valor Bruto da Produção projetado até 2026<br />

2.500<br />

2.450<br />

2.400<br />

2.350<br />

2.300<br />

2.250<br />

2.200<br />

2.150<br />

2.100<br />

Total adicionado no<br />

período: R$ 1,7 bilhão<br />

2.233<br />

143<br />

2.233<br />

152<br />

2.233<br />

162<br />

2.233<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026<br />

2016/2017 ADICIONA<strong>DO</strong><br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

e igual a 203 kg/cab (atual rendimento do Tocantins), o rebanho<br />

em 2026 será de 9,271 milhões de cabeças. E isso demandará<br />

uma área de 6.180.000 hectares, ou seja, uma redução<br />

anual de -2,5% das áreas de pastagens.<br />

173<br />

2.233<br />

184<br />

2.233<br />

195<br />

2.233<br />

208<br />

2.233<br />

221<br />

2.233<br />

2.233 236


144<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Ã<br />

tabEla 5.3<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a carne bovina nos próximos 10 anos<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026<br />

Produção de carne (ton) 257.649 274.175 291.761 310.475 330.389 351.581 374.132 398.130 423.666 450.841<br />

Rebanho (mil cabeças) 8.652 8.719 8.786 8.854 8.922 8.991 9.060 9.130 9.200 9.271<br />

Área (mil ha) 7.984 7.760 7.542 7.331 7.125 6.925 6.731 6.542 6.358 6.180<br />

Taxa de lotação (cabeças/ha) 1,08 1,12 1,16 1,21 1,25 1,30 1,35 1,40 1,45 1,50<br />

Taxa de desfrute do Estado (abates anuais/rebanho) 14,7% 15,5% 16,4% 17,3% 18,3% 19,3% 20,4% 21,5% 22,7% 24,0%<br />

Kg de carne/cabeça 203 203 203 203 203 203 203 203 203 203<br />

Valor bruto da produção pecuária* (R$ milhões) 2.233 2.376 2.529 2.691 2.863 3.047 3.242 3.450 3.672 3.907<br />

Nº de cabeças abatidas (mil) 1.272 1.354 1.441 1.533 1.632 1.736 1.848 1.966 2.092 2.226<br />

*Considera preço de R$ 130,0/arroba pago ao produtor no Tocantins referente ao dia 22/01/2018 (Conab: http://sisdep.conab.gov.br/precosiagroweb/ (consultado em 30/01/18) / Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

A Tabela 5.3 mostra a evolução linear dos valores para os próximos 10 anos.<br />

Observa-se que o valor bruto da produção total adicionado no período equivale a R$ 1,7 bilhão, conforme o Gráfico 5.2.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 145


estratÉgias centrais e proJeto<br />

estratÉgicos


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 147<br />

Tendo em vista os objetivos propostos e consequente aumento<br />

da competitividade da cadeia de carne bovina no Estado<br />

do Tocantins, buscando aproveitar todas as potencialidades<br />

que o mesmo oferece, são sugeridas ações organizadas<br />

em pilares estratégicos.<br />

As ações propostas foram organizadas em cinco pilares,<br />

sendo eles:<br />

1. produção pecuária e novas tecnologias no campo<br />

a) fomento a pesquisa e desenvolvimento<br />

b) transferência de conhecimento/capacitação<br />

2. promoção da Integração lavoura-pecuária-floresta<br />

no Tocantins<br />

3. desenvolvimento, fortalecimento e integração de<br />

instituições de apoio à pecuária<br />

a) atração de novas iniciativas na pecuária para<br />

o Estado do Tocantins<br />

b) integração de instituições de apoio à pecuária<br />

4. fortalecimento do cooperativismo e associativismo<br />

5. fortalecimento da agroindústria de processamento<br />

de carne bovina<br />

a) aumento de coordenação da cadeia e agregação<br />

de valor ao produto<br />

b) exportações de carne bovina<br />

c) desenvolvimento do mercado interno<br />

d) aumento da oferta de matéria-prima


148<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

Û<br />

figUra 6.1<br />

Encadeamento estratégico da cadeia de carne bovina para o Estado do Tocantins<br />

2016 / 17 2026 / 27<br />

MISSÃO<br />

VISÃO<br />

ÁREA<br />

7,78 mi de hectares<br />

TAXA DE LOTAÇÃO<br />

1,1 cab/ha<br />

PRODUÇÃO<br />

257,65 mil ton<br />

Produzir e comercializar os produtos da<br />

cadeia da carne bovina de forma integrada<br />

e sustentável, buscando altos padrões de<br />

qualidade com rastreabilidade e certificações.<br />

Atender à demanda e contribuir de maneira<br />

social e econômica para o Tocantins<br />

CARNE<br />

BOVINA<br />

PILARES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

Ser o Estado referência no que tange a<br />

sustentabilidade, integração da cadeia e<br />

qualidade dos seus produtos finais por<br />

meio da adoção de tecnologias<br />

1 2 3 4 6<br />

ÁREA<br />

6,85 mi de hectares<br />

TAXA DE LOTAÇÃO<br />

1,5 cab/ha<br />

PRODUÇÃO<br />

480,84 mil ton<br />

objetivos<br />

especÍficos<br />

produção pecuária e novas<br />

tecnologias no campo<br />

• Produção pecuária<br />

• desenvolvimento tecnológico<br />

• capacitação<br />

• sustentabilidade na produção<br />

promoção da integração<br />

lavoura pecuária floresta no<br />

tocantins<br />

• incentivar iniciativas de<br />

fomento e ILPF<br />

• difundir conhecimento<br />

• adotar modelos de produção<br />

sustentáveis<br />

• recuperar áreas degradadas<br />

Desenvolvimento,<br />

fortalecimento e integração de<br />

instituições de apoio à pecuária<br />

• atrair novas iniciativas<br />

• potencializar os resultados por<br />

meio de integração na cadeia<br />

• aumentar a coordenação das<br />

ações e projetos<br />

fortalecimento do<br />

cooperativismo e<br />

associativismo<br />

• incentivar o cooperativismo e o<br />

associativismo<br />

• desenvolver a governança da<br />

cadeia produtiva<br />

fortalecimento da<br />

agroindústria de<br />

processamento de carne bovina<br />

• melhorar a integração entre<br />

agroindústria e produção<br />

pecuária<br />

• aumentar as exportações<br />

• aumentar a participação no<br />

mercado interno<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

É importante destacar que os pilares estratégicos, bem<br />

como suas ações, não ocorrem de maneira isolada e sim<br />

complementar. Poderão ser vistas ações alocadas em determinado<br />

pilar estratégico que, indiretamente, também fortalecem<br />

os demais. Além disso, o desenvolvimento das ações<br />

não é limitado ao âmbito público. A integração entre ações<br />

do setor público com o privado é fundamental para o seu<br />

sucesso.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 149<br />

6. 1 Produção pecuária e novas tecnologias no campo<br />

Este pilar estratégico, bem como as ações nele inseridas,<br />

tem como principal objetivo dar as bases para a manutenção<br />

do crescimento da produção pecuária no Estado do Tocantins.<br />

O projeto visa a modernização da sua pecuária<br />

Tendo em vista que o crescimento da produção passa por<br />

um aumento de produtividade, são fundamentais ações que<br />

invistam no desenvolvimento tecnológico da cadeia no Estado.<br />

A capacitação é parte integrante desse pilar estratégico<br />

como forma de transferência do conhecimento.<br />

5. Estimular pesquisas focadas nos desafios enfrentados pela cadeia da carne bovina;<br />

a. sugestões de temas a serem investigados: manejos de pastagem, nutricional,<br />

reprodutivo, melhoramento genético, sanidade animal, sustentabilidade,<br />

gestão da propriedade rural, ILPF, integração vertical da cadeia,<br />

mercado interno de carne bovina, agregação de valor na carne, mercados<br />

importadores de carne, rastreabilidade, certificações, implementação do<br />

semi-confinamento e confinamento como forma de aumento de produtividade,<br />

processamento de couro, agregação de valor aos subprodutos da<br />

cadeia, dentre outros.<br />

b. instituições mapeadas: UFT, IFTO, Unitins, Itpac, Embrapa, Ruraltins, Ubec,<br />

Ceulp/Ulbra, Católica, Adapec, Unirg.<br />

c. incentivar o bovinocultor à produzir carcaças de melhor qualidade, e aumentar<br />

a integração da cadeia para que as indústrias passem a remunerar por<br />

qualidade.<br />

6. Acelerar a criação de um parque tecnológico no Estado.<br />

6. 1. 1 Fomento a pesquisa e desenvolvimento<br />

OBJETIVOS<br />

• Gerar cada vez mais conhecimento específico para a cadeia da carne bovina no<br />

Tocantins.<br />

• Fomentar e promover pesquisas para modernização da pecuária no Estado do<br />

Tocantins.<br />

AÇõES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Mapear permanentemente a evolução dos principais gargalos técnicos e gerenciais<br />

da cadeia pecuária tocantinense.<br />

2. Mapear centros de pesquisas e universidades que possuam cursos e pesquisadores<br />

relacionados à cadeia de carne bovina e economia aplicada ao agronegócio.<br />

3. Montar um comitê de fomento à pesquisa no Estado do Tocantins com a participação<br />

das principais instituições e pesquisadores referência no setor (indústrias,<br />

produtores, varejistas, etc).<br />

4. Criar agenda de pesquisas a serem desenvolvidas no Estado, com priorização<br />

de temas.<br />

6. 1. 2 Transferência do conhecimento/capacitação<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar a produção estadual de carne bovina de forma sustentável.<br />

• Alterar o perfil da pecuária tocantinense por meio da transferência de conhecimento<br />

e informações.<br />

AÇõES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Ampliar e difundir programas de capacitação e difusão de conhecimentos obtidos<br />

em universidades e centros de pesquisa para a classe produtora.<br />

2. Fomentar parcerias entre instituições de ensino superior (medicina veterinária,<br />

zootecnia, agronomia, agronegócio, administração) e pecuaristas na busca de<br />

formação de mão de obra alinhada às necessidades do setor.<br />

3. Capacitar pecuaristas sobre necessidade e efetividade do uso de tecnologia<br />

para a produção (montar redes).<br />

4. Desenvolver programas de capacitação para mão de obra técnica, alinhados<br />

com as novas tecnologias do setor.<br />

5. Fomentar o uso de ferramentas de gestão na pecuária por meio de treinamentos.


6. Estruturar programa de treinamento via extensionistas da Ruraltins e outras nos<br />

seguintes moldes:<br />

a. mapeamento de fazendas modelos;<br />

b. utilização desses casos como benchmarking para incentivo à adoção de sistemas<br />

semelhantes por demais pecuaristas selecionados;<br />

c. avaliação da melhoria e divulgação dos resultados para orientar/motivar a<br />

adoção em outras propriedades;<br />

d. legislação tributária, ambiental e trabalhista.<br />

7. Incentivar as indústrias de insumos e suas equipes a terem uma maior atuação<br />

no Estado como forma de transferência de conhecimento e novas tecnologias<br />

aos pecuaristas e redução de custos para investimento em tecnologia de produção<br />

(levantar quem já atua no Estado).<br />

• Instituições mapeadas: Ruraltins, UFT, Senar, IFTO, Unitins, Itpac, Embrapa, Ubec,<br />

Ceulp/Ulbra, Sebrae, Adapec, Universidade Católica e Unirg.<br />

• Capacitar proprietários e gestores das propriedades em governança, para que<br />

haja sucessores bem preparados.<br />

6. 2 Promoção da integração lavoura pecuária floresta<br />

no Tocantins<br />

Esse projeto visa incentivar as práticas que já são desenvolvidas<br />

no âmbito da ILPF no Tocantins e busca a difusão do<br />

conhecimento e maior acesso dos pecuaristas ao novo modelo<br />

de produção.<br />

Objetivos<br />

• Incentivar iniciativas de fomento à ILPF.<br />

• Difundir o conhecimento desse modelo de produção.<br />

• Promover a adoção de modelos de produção sustentáveis.<br />

• Recuperar áreas degradadas para aumentar o potencial de áreas cultiváveis do<br />

Estado.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Difundir o conhecimento gerado por instituições públicas e privadas tais como<br />

UFT, Embrapa, Rede de Fomento ILPF, Ruraltins, IFTO, Unitins-Agro;<br />

a. divulgar Rede de Fomento ILPF (Embrapa) no Estado, buscando o desenvolvimento<br />

de novas URTs (Unidades de Referência Tecnológica);<br />

b. buscar iniciativas em outros Estados no âmbito da ILPF e replicar no Estado.<br />

2. Divulgar casos de sucesso de ILPF no Estado, por meio de dias de campo, material<br />

impresso e eventos.<br />

3. Estimular universidades a implantarem disciplinas específicas na temática de<br />

projetos de ILPF, agricultura de baixo carbono e técnicas de produção sustentável.<br />

4. Aumentar o acesso de pecuaristas a programas de financiamento dos modelos<br />

de integração;<br />

a. criar material simples e didático para pecuaristas que desejam acessar linhas<br />

de financiamento para a ILPF se enquadrando em programas já existentes,<br />

tais como Produsa (Programa de Produção Sustentável do Agronegócio),<br />

PRONAF e Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono);<br />

b. qualificar pessoal para desenvolver projetos que se enquadrem em programas<br />

específicos e aproximá-los de pecuaristas com potencial para o desenvolvimento<br />

desses projetos.<br />

c. obter apoios do Banco da Amazônia, Ruraltins e Banco do Brasil.<br />

6. 3 Desenvolvimento, fortalecimento e integração de<br />

instituições de apoio à pecuária<br />

Atualmente diversas ações são desenvolvidas por instituições<br />

que visam à melhoria da pecuária no Estado do<br />

Tocantins. Este pilar estratégico tem como principal objetivo<br />

estruturar uma forma de aumentar a integração dessas<br />

instituições e consequentemente aumentar a coordenação<br />

entre os trabalhos desenvolvidos por cada uma delas.<br />

Além das instituições que já atuam no Estado do Tocan-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 151<br />

tins, atualmente o país conta com diversas iniciativas de<br />

âmbito nacional desenvolvidas por ONGs, associações multidisciplinares,<br />

dentre outras instituições. Atrair essas iniciativas<br />

para o Estado é mais uma maneira de fortalecer o<br />

setor pecuário.<br />

6. 3. 1 Atração de novas iniciativas na pecuária para o<br />

Estado do Tocantins<br />

OBJETIVOS<br />

• Atrair novas iniciativas para a pecuária tocantinense.<br />

AÇõES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Mapear, no Brasil, instituições que estão desenvolvendo trabalhos de fomento<br />

à pecuária. Exemplos:<br />

a. Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS);<br />

b. Rally da Pecuária;<br />

c. The Nature Conservancy (TNC);<br />

d. iniciativas oriundas das indústrias de insumos agrícolas;<br />

e. Rede de Agricultura Sustentável – R<strong>AS</strong>;<br />

f. Global Roundtable for Sustainable Beef;<br />

g. Imaflora.<br />

2. Selecionar iniciativas de interesse para replicar no Estado do Tocantins.<br />

3. Mapear instituições que possuam know-how para utilizar o capital ambiental<br />

do Tocantins como forma de valorizar a cadeia e consequentemente alavancar<br />

a mesma.<br />

4. Criar material e estratégia institucional da pecuária tocantinense para apresentação<br />

do setor fora do Estado. Exemplo: participação em feiras.<br />

5. Aproximar-se das instituições mostrando a importância da pecuária no Tocantins<br />

e viabilidade do desenvolvimento de projetos no Estado.<br />

6. Incentivar, facilitar o acesso e divulgar no Estado o trabalho de consultorias privadas<br />

que atuam na gestão e intensificação da produção de bovino de corte e<br />

incentivar parcerias com instituições públicas e privadas que promovam o desenvolvimento<br />

da pecuária. Exemplos:<br />

a. Boviplan;<br />

b. Costa;<br />

c. Exagro;<br />

d. Coan.<br />

6. 3. 2 Integração de instituições de apoio à pecuária<br />

OBJETIVOS<br />

• Potencializar os resultados das iniciativas individuais de instituições no Estado.<br />

• Aumentar a coordenação das ações e projetos voltados para a pecuária no Estado<br />

do Tocantins.<br />

AÇõES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Criar grupo de apoio à pecuária tocantinense.<br />

2. Mapear as iniciativas e projetos existentes para a pecuária do Tocantins.<br />

3. Identificar sinergias e complementariedades entre as iniciativas existentes.<br />

4. Aproximar as organizações do Estado de agências de desenvolvimento tecnológico<br />

presentes nos principais Estados produtores de carne bovina no país, trazendo<br />

para o Tocantins exemplos de sucesso (benchmarking).<br />

5. Promover a integração entre instituições públicas e privadas.<br />

6. Fortalecer as iniciativas e instituições já presentes no Estado.<br />

7. Aproximar Adapec das iniciativas existentes no Estado.<br />

8. Criar uma agência de promoção do desenvolvimento de processos e das cadeias<br />

produtivas.<br />

6. 4 Fortalecimento do cooperativismo e associativismo<br />

O aumento da competitividade da pecuária do Tocantins<br />

passa, obrigatoriamente, pelo fortalecimento do produtor rural.<br />

Como pôde ser visto no decorrer do trabalho, o desenvolvimento<br />

de ações coletivas, por meio da organização de asso-


152<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

ciações e cooperativas, é uma forma altamente viável e eficaz<br />

para a evolução do setor.<br />

Vale destacar que as associações e cooperativas são entidades<br />

de caráter privado. O papel dos órgãos públicos no Estado<br />

é o de dar os subsídios e incentivos necessários para que os<br />

produtores se organizem.<br />

OBJETIVOS<br />

• Incentivar o cooperativismo e o associativismo no Estado do Tocantins como forma<br />

de fortalecimento do pecuarista.<br />

• Desenvolver a governança da cadeia produtiva no Estado.<br />

AÇõES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Desenvolver a cultura cooperativista e associativista no Estado, por meio de:<br />

a. promoção de visitas técnicas dos pecuaristas tocantinenses a outras regiões<br />

do país para entender o modelo de negócios e os benefícios de serem<br />

cooperados;<br />

b. estudo e fomento do modelo de cooperativa onde os pecuaristas determinam<br />

o padrão de seu produto, arrendam ou pagam pelo serviço de abate e<br />

acessam o mercado com um produto diferenciado e de alto valor agregado.<br />

Exemplos: Maria Macia/PR e Cooperaliança/PR;<br />

c. estudo e fomento do modelo de associação onde os pecuaristas possuem<br />

assistência técnica para intensificação da produção e padronização do produto<br />

ofertado pelos associados, negociação de contratos de entrega do<br />

volume total de bovinos com frigoríficos, buscando prêmio na arroba pela<br />

conveniência e garantia de fornecimento. Exemplo: Aprova/MT;<br />

d. estímulo nas universidades para o desenvolvimento de estudos científicos<br />

sobre o tema cooperativismo e associativismo, com concursos, bolsas de<br />

estudo e congressos;<br />

e. estímulo para a participação das escolas estaduais e municipais em projetos<br />

de difusão de informação e princípios cooperativistas às crianças e jovens<br />

do Estado, como no Programa Cooperativa Mirim, parceria do Sicoob com<br />

o Sescoop;<br />

f. promoção do Tocantins como região de potencial investimento para produtores<br />

que possuem cultura cooperativista e/ou associativista;<br />

g. incentivo para abertura de filiais de importantes cooperativas e associações<br />

presentes em outras regiões do país.<br />

2. Parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) para consultoria<br />

e capacitação na criação e gestão de cooperativas.<br />

3. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas.<br />

4. Incentivar que o governo realize uma consulta pública as cooperativas e associações<br />

existentes para levantar potenciais oportunidades e gargalos a serem<br />

mitigados com políticas públicas.<br />

5. Desenvolver programas de capacitação para o quadro social das cooperativas<br />

e associações.<br />

6. Aumentar a inserção das cooperativas em programas de compras públicas,<br />

como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos).<br />

7. Fortalecer a atuação de associações nacionais no Estado tais como Asbram, Assocon,<br />

Abiec, associações de criadores de raças específicas como ABCZ.<br />

8. Fortalecer as associações e cooperativas existentes para que promovam:<br />

a. missões internacionais para abertura de mercados;<br />

b. assistência técnica de qualidade aos produtores;<br />

c. pressões e articulações por políticas públicas favoráveis ao setor.<br />

9. Pleitear incentivos tributários e simplificação da legislação para instalação de<br />

cooperativas agroindustriais no Estado.<br />

6. 5 Fortalecimento da agroindústria de<br />

processamento de carne bovina<br />

Tendo em vista a importância da industrialização na cadeia<br />

de carne bovina e o atual status da mesma do Tocantins, é<br />

fundamental que as instituições presentes no estado tenham


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 153<br />

diretrizes relacionadas ao fortalecimento desse elo.<br />

Uma maior atuação da agroindústria na cadeia de carne bovina<br />

trará consigo além da maior agregação de valor ao produto<br />

tocantinense, a movimentação da economia estadual,<br />

com a geração de mais empregos, arrecadação de impostos<br />

e aumento da possibilidade de novos investimentos para melhoria<br />

constante do setor.<br />

6. 5. 1 Aumento da coordenação da cadeia e agregação de<br />

valor ao produto<br />

A maior coordenação da cadeia deve trazer como consequência<br />

uma aproximação entre produção e agroindústria,<br />

favorecendo a produção de bovinos nos padrões desejados e<br />

possibilitando o pagamento de valor superior na arroba. Essa<br />

evolução deve reduzir a saída de animais vivos para abate em<br />

outros Estados.<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar o processamento de carne bovina no Estado do Tocantins, com redução<br />

de sua capacidade ociosa.<br />

• Melhorar a integração entre agroindústria e produção pecuária visando a garantia<br />

da oferta de bovinos para abate e maior padronização do produto.<br />

• Agregar mais valor aos produtos oriundos da cadeia de carne bovina tocantinense.<br />

AÇõES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Criar uma organização vertical com representantes dos diversos elos da cadeia,<br />

principalmente pecuaristas e agroindústria na busca de delinear ações coletivas<br />

para o setor:<br />

a. elevar a transparência nos negócios entre os diversos elos da cadeia;<br />

b. fomentar o desenvolvimento de programas para padronizar a remuneração<br />

pela qualidade da carne.<br />

2. Buscar triangulação com indústria ou distribuidores de insumos para estruturação<br />

de novos modelos de negócios (exemplo: “barter de boi”), visando maior<br />

garantia no abastecimento da indústria.<br />

3. Estudar modelo de prestação de serviço de abate e arrendamento de plantas<br />

frigoríficas para grupos de pecuaristas organizados e que tenham intenção de<br />

acessar o mercado diretamente (“toll processing”).<br />

4. Avançar nos temas de certificação e rastreabilidade da cadeia.<br />

5. Analisar incentivos tributários que visam priorizar o abate no Estado de bois tocantinenses<br />

e de outros Estados.<br />

6. Facilitar o acesso da agroindústria a financiamentos de longo prazo.<br />

7. Mapear investidores internacionais (grandes compradores de carne) e atração<br />

para investimentos no Tocantins.<br />

8. Utilizar a câmara setorial para avançar com os estudos de políticas de evasão<br />

de rebanho e ampliar ações de melhoria da oferta de bovinos aos frigoríficos<br />

do Estado.<br />

9. Atrair indústrias de processamento de subprodutos da cadeia de carne bovina<br />

para o Estado do Tocantins (curtumes: JBS Couros, Mastrotto Brasil, Vancouros,<br />

Fuga Couros, Curtume Viposa, Marfrig, Vitapelli e Minuano).<br />

6. 5. 2 Exportações de carne bovina<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar as exportações de carne bovina do Estado do Tocantins.<br />

AÇõES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Manter programas de adequação do status sanitário do Estado junto à OIE, visando<br />

atingir o patamar de Estado Livre de Aftosa sem Vacinação;<br />

2. Buscar a habilitação do Estado do Tocantins para exportações à Europa;


154<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

a. Incentivar que a câmara setorial pressione o MAPA para que sejam feitas<br />

missões objetivando aceleração do processo de liberação de exportações<br />

para a Europa.<br />

3. Diversificar mercados externos:<br />

a. articular com demais Estados exportadores e governo federal, ações da cadeia<br />

em âmbito nacional para redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias<br />

aos produtos da cadeia de carne bovina;<br />

b. realizar missões comerciais em mercados com alto potencial para os produtos<br />

da cadeia;<br />

c. Divulgar a carne bovina brasileira e sustentável no exterior.<br />

4. Capacitar produtores e indústrias para exportação.<br />

5. Criar material com atualizações periódicas que descreva os parceiros comerciais<br />

do Tocantins no mercado internacional, principais barreiras tarifárias e não-tarifárias,<br />

políticas internacionais, atividades desenvolvidas pelo Estado para fortalecer<br />

as parcerias comerciais.<br />

6. Realizar estudos e pesquisas de nichos de mercado e incentivar produtores e<br />

frigoríficos para se adequarem e atenderem aos mesmos. Por exemplo, carne<br />

halal e kosher e melhor aproveitamento do boi.<br />

7. Atração de investidores internacionais (compradores) para o Tocantins.<br />

6. 5. 3 Participação no mercado interno<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar a participação da carne tocantinense no mercado interno.<br />

AÇõES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Mapear novos mercados e parceiros comerciais (redes varejistas) com potencial<br />

de demanda dos produtos da cadeia produtiva.<br />

2. Ampliar relações comerciais com parceiros existentes.<br />

3. Criar plano estratégico de comunicação institucional da pecuária e carne bovina<br />

tocantinense, divulgando o produto estadual nos principais centros consumidores.<br />

4. Rever tributação inter e intraestadual para favorecer a comercialização dos produtos<br />

da cadeia.<br />

5. Participações em feiras de interesse para promoção da carne bovina tocantinense<br />

no mercado nacional.<br />

6. Pensar em selos de origem, identidade e diferenciação pelas características do<br />

Estado.<br />

7. Estudar potencialidades e oportunidades no mercado do nordeste uma vez que<br />

é mais próximo do Tocantins. Determinar fatores de competitividade dessa região<br />

diante do mercado do sudeste.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 155


consideraçÕes finais


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 157<br />

Tendo como base todo o trabalho desenvolvido e os resultados<br />

possíveis de serem buscados pelo Estado do Tocantins<br />

nos próximos anos, fica evidente a importância de iniciativas<br />

que visam integrar ações estratégicas entre os agentes, sejam<br />

eles do âmbito público ou privado. Durante o desenvolvimento<br />

do trabalho, pôde-se perceber que o Estado do Tocantins<br />

possui diversas iniciativas que visam incentivar o desenvolvimento<br />

do agronegócio no Estado, porém, melhorar o alinhamento<br />

entre elas resulta em um melhor aproveitamento.<br />

Alinhar os agentes é aspecto fundamental para o pensamento<br />

de sistemas agroindustriais integrados. O trabalho coletivo,<br />

a busca conjunta por resultados e o desejo unificado de<br />

desenvolvimento, fazem com que sejam desenvolvidas ações<br />

que aumentam a eficiência das cadeias por meio da busca de<br />

sinergias e delineamento de estratégias inovadoras.<br />

Neste cenário, o ganho também é coletivo, onde vivenciase<br />

a geração de valor compartilhado, ou seja, todos os elos e<br />

agentes envolvidos se beneficiam dos resultados do desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva. Outro aspecto que pode ser<br />

destacado como benefício da integração e motivação para<br />

participação dos agentes em iniciativas coletivas é o aprendizado<br />

contínuo e multidisciplinar.<br />

É evidente que as cadeias produtivas são arranjos complexos,<br />

onde seus diversos agentes possuem características<br />

únicas e estão inseridos em contextos específicos. Devido<br />

a isso, o delineamento de estratégias conjuntas não é algo


158<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

simples de ser feito, sendo necessária grande organização<br />

e processamento integrado das informações disponíveis. O<br />

método GESis, parâmetro base utilizado para o desenvolvimento<br />

do presente projeto, foi estruturado com o objetivo<br />

principal de organizar e guiar o delineamento de estratégias<br />

para sistemas agroindustriais, indo ao encontro do desejo<br />

do Estado do Tocantins do desenvolvimento integrado de<br />

seu agronegócio. Além disso, outros objetivos que devem ser<br />

considerados são:<br />

• busca de economias de escala;<br />

• esforços de diferenciação e posicionamento (para gerar<br />

valor);<br />

• rápidas adaptações às mudanças macroambientais<br />

(quando bem estruturadas);<br />

• performance e responsividade;<br />

• visão compartilhada e transparência;<br />

• sustentabilidade econômica, ambiental e social dos integrantes;<br />

• conhecimento de custos de produção e transação e luta<br />

por redução;<br />

• mecanismos de solução de conflitos (remediação/ alternativa<br />

para a burocracia brasileira);<br />

• organização dos esforços de lobby;<br />

• planejamento integrado entre os elos;<br />

• dirigido pela demanda buscando a lealdade dos consumidores;<br />

• inteligência compartilhada e uso das amplas fontes de<br />

dados;<br />

• criação de comitês (governança, riscos, seguros...);<br />

• motivações, contribuições, direitos e benefícios de cada<br />

participante;<br />

• compromisso de cada participante;<br />

• investimentos específicos de cada participante;<br />

• estabelecimento de padrões.<br />

A metodologia desenvolvida, inclusive para o levantamento<br />

sistemático de dados, ao mesmo tempo que guia a etapa de<br />

diagnóstico para uma visão abrangente do sistema alvo, também<br />

direciona às futuras estratégias. Assim como o método<br />

prevê, essa etapa não seria tão efetiva sem a ampla participação<br />

dos agentes envolvidos em cada uma das cadeias produtivas,<br />

aspecto que foi amplamente vivenciado nos estudos do<br />

Tocantins. A participação dos agentes desde o início do processo<br />

de planejamento, além de trazer uma visão realista da<br />

atual situação de cada um dos elos que compõem o sistema<br />

agroindustrial, contribui para a percepção da coletividade na<br />

construção dos planos.<br />

Com base no amplo diagnóstico desenvolvido para a cadeia<br />

de carne bovina do Estado do Tocantins, foi possível


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 159<br />

delinear projetos estratégicos que envolvem diversos elos<br />

presentes na cadeia, em conjunto. Nesse sentido, os projetos<br />

estruturados para a referida cadeia foram organizados em<br />

cinco pilares.<br />

O primeiro deles diz respeito à produção pecuária e ao desenvolvimento<br />

de novas tecnologias no campo, tendo como<br />

direcionadores o fomento a pesquisa e desenvolvimento e a<br />

transferência do conhecimento gerado.<br />

A integração lavoura-pecuária-floresta é o segundo pilar<br />

estratégico proposto para a cadeia de carne bovina, que visa,<br />

além de estimular uma pecuária mais sustentável e eficiente,<br />

também impulsionar outras cadeias concomitantemente.<br />

O terceiro pilar proposto diz respeito ao fortalecimento e à<br />

integração das instituições de apoio à pecuária. Seu objetivo<br />

é organizar as iniciativas de desenvolvimento existentes e<br />

atrair novas iniciativas para o Estado.<br />

O fortalecimento do cooperativismo e associativismo no<br />

Estado é outro pilar que deve ser trabalhado, tendo em vista a<br />

evolução da cadeia produtiva no Estado. O desenvolvimento<br />

de governança nas cadeias produtivas do Estado só é possível<br />

por meio da estruturação de ações coletivas.<br />

O quinto e último pilar visa incentivar que o Estado desenvolva<br />

a sua agroindústria de processamento de carne<br />

bovina. O fortalecimento deste elo traz benefícios diretos<br />

para a geração de valor na cadeia, mas também potencializa<br />

o desenvolvimento regional, com a criação de diversos<br />

postos de trabalho e mais distribuição de renda. Nesse<br />

sentido propõe-se que a cadeia no Estado avance com o<br />

aumento de sua coordenação e agregação de valor ao seu<br />

produto final, e no desenvolvimento dos mercados externo<br />

e interno, para que o aumento da produção seja escoado de<br />

forma sustentável.<br />

Tão ou mais importante que a estruturação do plano estratégico<br />

para sistemas agroindustriais, é a sua implementação.<br />

Ao longo de mais de 10 anos de aplicação do presente método,<br />

alguns problemas foram identificados e devem ficar claros<br />

para que sejam evitados no Tocantins, sendo eles:<br />

• falta de objetivos;<br />

• falta de lealdade;<br />

• problema de capacidade decisória;<br />

• falta de orientação ao mercado;<br />

• não compartilhamento de risco;<br />

• desbalanço de esforços e resultado;<br />

• falta de visão;<br />

• interesses individuais prevalecem;<br />

• oportunismo presente;<br />

• falta dos itens de liderança;<br />

• falta dos itens de planejamento;<br />

• presença de subsídios e distorções.


Assim como os problemas evidenciados, também é importante<br />

destacar as observações referentes à velocidade de implementação,<br />

que estão ligadas a diversos fatores, merecendo<br />

análise para serem trabalhadas anteriormente, visando aplicação<br />

exitosa do plano realizado.<br />

• Inadequada habilidade de liderança pelos dirigentes no<br />

atingimento dos objetivos e envolvimento das linhas<br />

operacionais das organizações;<br />

• falta de estabelecimento de indicadores a serem atingidos<br />

e monitorados;<br />

• falta de método/padrões para implementação;<br />

• falta de disciplina/motivação dos integrantes dos esforços<br />

e das organizações na implementação;<br />

• falta da composição de um conselho gestor que dá o caráter<br />

de executividade;<br />

• questões políticas e culturais nos integrantes da organização;<br />

• perfil do gestor dos projetos e presença de sentimentos<br />

de bloqueio, como ciúmes;<br />

• perda de espaço de agentes do sistema agroindustrial<br />

que irão bloquear a implementação de projetos;<br />

• tempo de amadurecimento dos projetos e momentos<br />

adequados de implementação;<br />

• inserção e integração com as equipes;<br />

• qualidade do conselho gestor e déficit na capacidade dos<br />

colaboradores;<br />

• detalhamento dos projetos de maneira simples e executiva;<br />

• relações pessoais e protegidos com indicações que não<br />

levam em conta o critério técnico;<br />

• lidar com os que se acham donos do coletivo;<br />

• falta de entendimento dos objetivos estratégicos e do<br />

próprio conceito de planejamento e estratégia;<br />

• não antecipação aos problemas, aos fatores externos,<br />

impactando na implementação;<br />

• conflito de prioridades e objetivos divergentes;<br />

• aversão ao risco, conservadorismoe pessoas com a visão<br />

do passado.<br />

Estes pontos devem ser trabalhados antecipadamente para<br />

possibilitar que os projetos estratégicos avancem.<br />

O sucesso da implementação das estratégias propostas no<br />

presente plano, para a cadeia da carne bovina, permitirá que<br />

o Tocantins aumente sua participação para 20% da produção<br />

total de carne da região norte do país. Para tanto, o Estado<br />

passará de 1,3 milhão de cabeças abatidas em 2017 para 2,2<br />

milhões em 2026 (incremento de 75%). Ao longo do período<br />

de 10 anos, o acúmulo dos valores adicionais resultará em um<br />

incremento total de R$1,7 bilhão no valor bruto da produção.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 161<br />

Os próximos passos agora envolvem a formação de um<br />

comitê estratégico com agentes da cadeia produtiva, públicos<br />

e privados e, via reuniões mensais, colocar os projetos<br />

para andar, organizando equipes com metas, funções e prazos.<br />

Este comitê estratégico da carne bovina no Tocantins é<br />

o responsável por implementar o plano que foi construído<br />

pela Markestrat em conjunto com os agentes da cadeia produtiva.


eferÊncias


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 163<br />

• ABIEC. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.<br />

Perfil da Pecuária no Brasil- Relatório Anual. 2016. Disponível em:<br />

. Acesso em: 10 out. 2017.<br />

• Adapec. Agência De Defesa Agropecuária Do Estado Do Tocantins.<br />

Guia de trânsito Animal. 2013. Disponível em: <br />

Acesso em: 15 out. 2017.<br />

• BALBI<strong>NO</strong>, L. C.; BARCELLOS, A. de O.; STONE, L. F. (Ed.) Marco<br />

referencial: integração lavoura-pecuária-floresta. Brasília, DF:<br />

Embrapa Informação Tecnológica, 130p. 2011.<br />

• BISCOLA, P. H. N. et al. Ferramentas de planejamento para<br />

implementação de sistemas de ILPF. In: BUNGENSTAB, D. J. (Ed.).<br />

Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta: a produção<br />

sustentável. 2. ed. Brasília, DF: Embrapa, 2012. p. 73-85.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa<br />

do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Guia<br />

de Trânsito Animal. 2017a. Disponível em: <br />

Acesso em: 16 out. 2017.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.<br />

Infraestrutura logística. 2017b. Disponível em: <br />

Acesso em: 16 out. 2017.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.<br />

Programa Nacional de Erradicação de Febre Aftosa – PNEFA. 2017e.<br />

Disponível em: Acesso<br />

em: 17 out. 2017.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Serviço<br />

de Inspeção Federal (SIF). 2017c. Disponível em: Acesso<br />

em: 16 out. 2017.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.<br />

Situação de Risco. 2017d. Disponível em: Acesso em: 16 out. 2017.<br />

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10 ago. 2017.<br />

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da União. Brasília, n. 217, p. 8, 2015. Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2017.<br />

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agropecuária do Matopiba. SOBER, v. 55, 2017.<br />

• CARVALHO, T. B. de; ZEN, S. de. A cadeia de pecuária de corte no<br />

Brasil: evolução e tendências. 2017. Revista iPecege, v. 3, n. 2, p. 85-<br />

99, 2017.<br />

• CICB – Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil. O Setor em<br />

Dados. 2016. Disponível em: .<br />

Acesso em 10 de jan 2018.<br />

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2017. Disponível em: Acesso em: 23 jul. 2017.<br />

• DERTINS. Departamento de Estrada de Rodagem do Estado do<br />

Tocantins. Plano de Logística de Transportes de Cargas do Estado.<br />

Palmas, TO, setembro de 2015.<br />

• DI<strong>AS</strong>-FILHO, M. B. Degradação de pastagens: processos, causas e<br />

estratégias de recuperação. 4. ed. Belém, PA, 2011.<br />

• DI<strong>AS</strong>-FILHO, M. B. Recuperação de pastagens e segurança<br />

alimentar: uma abordagem histórica da pecuária na Amazônia.<br />

Bebedouro: Editora Scot Consultoria, 2013.<br />

• DURLICOUROS. Institucional. Disponível em: . Acesso em: 10 jan 2018.<br />

• ECONET. Situação PIS e COFINS. 2017. Disponível em: Acesso em 20 outubro 2017.


164<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

carne BoVina<br />

• EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Relatório<br />

ILPF em números. Integração lavoura-pecuária-floresta - ILPF.<br />

2016. Disponível em: Acesso em: 18 out. 2017.<br />

• FAPTO. Fundação de Apoio Científico do Estado do Tocantins.<br />

Diagnóstico do Agronegócio (P4). 2016. Disponível em Acesso em: 16 out. 2017.<br />

• FERNANDES, J.R. A Indústria no Estado do Tocantins: perfil e<br />

perspectivas. Documento Interno FIETO 2016. Tocantins: 2016.<br />

• FIESP. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Outlook<br />

Fiesp, 2017 - 2027. 2017. Disponível em: Acesso em 9 out 2017.<br />

• INPUT. Iniciativa para o Uso da Terra. Cerrado possui ainda 15,5<br />

milhões de hectares de pastagens altamente aptas para agricultura.<br />

2017. Disponível em: <br />

Acesso em: 22 set 2017.<br />

• IEA. Instituto de Economia Agrícola. Situação da Febre Aftosa no<br />

Brasil. 2016. Disponível em: Acesso em 11 out 2017.<br />

• JBS Couros. Sobre a JBS. Disponível em: . Acesso em 10 jan 2018.<br />

• KICHEL, A. N. et al. Sistemas de Integração lavoura-pecuária-floresta<br />

(ILPF): Experiências no BR<strong>AS</strong>IL. Boletim de Indústria Animal. Nova<br />

Odessa, v. 71, n. 1, p. 94-105, 2014.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 165<br />

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brasileiras de carne bovina: uma aplicação do Método Constant-<br />

Market-Share, 1995-2003. 2006. Revista de Economia e Agronegócio,<br />

v. 4, n. 2, 2006.<br />

• MARUO, V. M.; LEVORATO, D. M. Mecanismos de proteção do bemestar<br />

animal. Revista São Luís Orione Online, Araguaína, v. 11, n. 1, p.<br />

51-59, 2017.<br />

• MAZZOCCA, F. A relevância na economia. AgroANALYSIS, São Paulo,<br />

v. 37, n. 1, p. 25-26, 2017.<br />

• NEVES, M. F. Método para planejamento e gestão estratégica de<br />

sistemas agroindustriais (GESis). Revista da Administração, v. 43,<br />

n.4, p. 331-343. São Paulo, 2008.<br />

• PORTER, M. E. Competitive advantage: creating and sustaining<br />

superior performance. New York: Free Press, 1998.<br />

• PORTER, M. E. Competitive strategy: techniques for analyzing<br />

industries and competitors. New York: Free Press, 1980.<br />

• REIS, J. C. dos. Estabelecimento de Unidades de Referência<br />

Tecnológica e Econômica no Estado de Mato Grosso: Proposta de<br />

Avaliação Econômica – O Projeto URTE (Fase 1). In: 1º Seminário<br />

URTE. 2014. Cuiabá: Embrapa, 2014.<br />

• SEBRAE NACIONAL. Entenda as diferenças entre associação e<br />

cooperativa. 2017. Disponível em: . Acesso<br />

em 19 ago 2017.<br />

• SEDEN-TO. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura do Tocantins. Criação do Estado do<br />

Tocantins – 1988. 2017. Disponível em: .<br />

Acesso em 09 set 2017.<br />

• SEPLAN. Secretaria do Planejamento e Orçamento. Perfil do<br />

Agronegócio tocantinense. 2016. Disponível em: . Acesso em 15 set 2017.<br />

• SERRA, A. P.; BUNGENSTAB, D. J.; ALMEIDA, R. J.; LAURA, V. A.;<br />

FERREIRA, A. D. Fundamentos técnicos para implantação de<br />

sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta com eucalipto. In:<br />

BUNGENSTAB, D. J. (Ed.). Sistemas de integração lavoura-pecuáriafloresta:<br />

a produção sustentável. 2. ed. Brasília, DF: Embrapa, 2012. p.<br />

49-72. Capítulo 5.<br />

• USDA. United States Department of Agriculture. Production, Supply<br />

and Distribution. 2017a. Disponível em: < https://apps.fas.usda.gov/<br />

psdonline/app/index.html#/app/advQuery >. Acesso em 15 set 2017.<br />

• USDA. United States Department of Agriculture. USDA Agricultural,<br />

Projections to 2026. 2017b. Disponível em: . Acesso<br />

em 5 out 2017.<br />

• WRIGHT, P.; KROLL, M. J.; PARNELL, J. Administração Estratégica:<br />

conceitos. São Paulo: Atlas, 2000.<br />

• ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. (Org.). Economia e gestão dos<br />

negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000. 428p.


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul - Palmas - TO CEP 77020-016<br />

+55 63 3229-5700 www.fieto.com.br © 2018


ARROZ<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027


soja e milho<br />

Volumes 1 e 2<br />

carne Bovina<br />

Volume 3<br />

arroz<br />

Volume 4<br />

silvicultura<br />

Volume 5<br />

piscicultura<br />

Volume 6


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

arroz<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027<br />

1“ edição<br />

Palmas, 2018


ficha catalográfica<br />

F293a<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Arroz: plano estratégico para as cadeias produtivas do agronegócio no<br />

Estado do Tocantins: 2018 - 2027 / José Roberto Fernandes, Marcos Fava Neves<br />

(Coordenadores). – Palmas, TO : Sistema FIETO, 2018.<br />

144 p. : il.<br />

ISBN : 978-85-60759-38-5<br />

1. Economia agrícola - Tocantins. 2. Produtos agrícolas - Tocantins. 3. Arroz. I.<br />

Fernandes, José Roberto. II. Neves, Marcos Fava. III. Título.<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Rosana Maria Santos de Oliveira Corrêa<br />

Bibliotecária CRB2-810<br />

CDD: 338.1098117<br />

O presente plano foi elaborado com recursos financeiros do Fundo de<br />

Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Tocantins, através do<br />

Termo de Colaboração Nº 508/2016 celebrado entre o Governo do Estado do<br />

Tocantins, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura e a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong><br />

PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO - CDE<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

Roberto Magno Martins Pires Presidente<br />

FIETO - EQUIPE TÉCNICA<br />

José Roberto Fernandes Coordenador<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Lisia Daniella Lustosa Ferro<br />

Wandemberg Pereira Rodrigues<br />

Karolina Gonçalves de Sousa<br />

CONSULTORIA – MARKESTRAT<br />

Marcos Fava Neves Coordenador<br />

Tássia Gerbasi<br />

Flávio Ruhnke Valério<br />

Patrícia Milan Rodrigues Alves<br />

Carla Cristina Martoni Pereira Gomes<br />

Letícia Franco Martinez<br />

Giulia Machado Agostini<br />

Eduardo Garcia Filho<br />

Pedro Galvão Caserta<br />

Vinícius Verdu de Oliveira<br />

REVISÃO<br />

Larissa Parente<br />

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO<br />

Bonina Comunicação<br />

FIETO / Governo do Estado do Tocantins © 2018


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – FIETO<br />

DIRETORIA: QUADRIÊNIO 2016 - 2020<br />

Presidente<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

1º Vice-Presidente<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

Vice-Presidentes<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Charles Alberto Elias<br />

Luciano de Carvalho Rocha<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Oswaldo Stival Júnior<br />

Primeiro Secretário<br />

Claudizete Carneiro Santos<br />

Segundo Secretário<br />

Mário de Castro Pillar<br />

Primeiro Tesoureiro<br />

Walter Atta Rodrigues Bittencourt Júnior<br />

Segunda Tesoureira<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo<br />

Suplentes da Diretoria<br />

Cabral Santos Gonçalves<br />

Diego Teodoro Carvalho Alba Garcia<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomem<br />

Gliner de Souza Borges<br />

Marco Antônio de Faria Cunha<br />

Wilmar Oliveira de Bastos<br />

Luiz Carlos Alves de Oliveira<br />

Jacques José de Barros<br />

Francisco Monteiro de Souza Filho<br />

Ailton dos Santos Queiroz<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Membros Efetivos<br />

José de Souza Vasque<br />

José Febrônio da Silva<br />

Francisco Antélius Sérvulo Vaz<br />

Membros Suplentes<br />

Reinaldo Pereira Cardoso<br />

Fábio de Oliveira Soares<br />

Rômulo José dos Santos<br />

REPRESENTANTES JUNTO À CNI<br />

Membros Efetivos<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

Célio Batista Alves<br />

Membros Suplentes<br />

Charles Alberto Elias<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul, Palmas - TO CEP: 77.020-016<br />

Tel.: +55 63 3229-5700 www.fieto.com.br


índice<br />

Lista de siglas......................................................................................................................10<br />

Prefácio.................................................................................................................................14<br />

Agradecimentos.................................................................................................................14<br />

Apresentação.......................................................................................................................18<br />

1. Introdução............................................................................................................................20<br />

1. 1 Objetivos e método de trabalho................................................................................................................22<br />

1. 1. 1 Introdução e entendimento........................................................................................................................25<br />

1. 1. 2 Análise do mercado e enfoque de sistemas......................................................................................25<br />

1. 1. 3 Análise da situação interna: o Estado do Tocantins ....................................................................25<br />

1. 1. 4 Consolidação do diagnóstico......................................................................................................................26<br />

1. 1. 5 Objetivos para a cadeia e estratégias centrais..................................................................................26<br />

2. Análise de mercado e enfoque de sistemas..................................................................28<br />

2. 1 Análise do mercado internacional..........................................................................................................29<br />

2. 2 Análise do mercado nacional....................................................................................................................37<br />

2. 3 MATOPIBA............................................................................................................................................................45<br />

3. Análise da situação interna: o Estado do Tocantins...................................................48<br />

3. 1 Produção agrícola.............................................................................................................................................52<br />

3. 1. 1 Características gerais da cadeia do Estado........................................................................................52<br />

3. 1. 2 Tecnologia aplicadas à produção.............................................................................................................57<br />

3. 1. 3 Custo de produção...........................................................................................................................................58<br />

3. 1. 4 Viabilidade das culturas no Estado........................................................................................................66<br />

3. 1. 5 Análise de Sensibilidade..............................................................................................................................69<br />

3. 2 Destinos da produção.....................................................................................................................................71<br />

3. 2. 1 Exportações.........................................................................................................................................................71


3. 3 Cooperativismo e Associativismo...........................................................................................................73<br />

3. 4 Indústria de processamento......................................................................................................................75<br />

3. 4. 1 Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio ao desenvolvimento ......................79<br />

3. 5 Logística.................................................................................................................................................................91<br />

3. 6 Resumo das forças e fraquezas do Estado do Tocantins........................................................100<br />

4. Consolidação do diagnóstico........................................................................................ 104<br />

4. 1 Análise PEST.....................................................................................................................................................105<br />

4. 2 Análise das Cinco Forças de Porter ....................................................................................................108<br />

5. Objetivos estratégicos para a cadeia........................................................................... 114<br />

6. Projetos estratégicos para a cadeia............................................................................. 122<br />

6. 1 Produção agrícola..........................................................................................................................................124<br />

6. 1. 1 Manejo e tecnologias no campo............................................................................................................125<br />

6. 1. 2 Diversificação das fontes de financiamento da produção agrícola..................................126<br />

6. 2 Fortalecimento do cooperativismo e associativismo................................................................126<br />

6. 3 Desenvolvimento da agroindústria.....................................................................................................127<br />

6. 3. 1 Agregação de valor nas cadeias de arroz.........................................................................................127<br />

6. 3. 2 Desenvolvimento de mercado...............................................................................................................128<br />

6. 4 Infraestrutura..................................................................................................................................................129<br />

6. 4. 1 Logística..............................................................................................................................................................129<br />

6. 4. 2 Secagem e armazenagem.........................................................................................................................130<br />

6. 5 Sustentabilidade.............................................................................................................................................130<br />

7. Considerações finais....................................................................................................... 132<br />

8. Referências ....................................................................................................................... 138


Lista de Siglas<br />

ADAPEC Agência de Defesa Agropecuária<br />

APLs<br />

Arranjos Produtivos Locais<br />

AM<br />

Amazonas<br />

APROEST Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins<br />

APROSOJA Associação dos Produtores de Soja<br />

BB<br />

Banco do Brasil<br />

BIRD<br />

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

CDA<br />

Certificado de Depósito Agropecuário<br />

CE<br />

Custo Econômico<br />

CGC/TE Cadastro Geral de Contribuinte de Tributos Estaduais<br />

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social<br />

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento<br />

COOPERLAGO Cooperativa dos Produtores de Arroz da Lagoa<br />

CRA<br />

Conselho Regional de Administração<br />

EMAC<br />

European Marketing Academy<br />

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

EMPAER Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural<br />

EUA<br />

Estados Unidos da América<br />

FAPTO<br />

Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins<br />

FDE<br />

Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

FIESP<br />

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo<br />

FIETO<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

FINAM<br />

Fundo de Investimento da Amazônia<br />

FOB<br />

Free on Board<br />

FUN<strong>DO</strong>PEM/RS Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul<br />

GESis<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais<br />

IBGE<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

ICMS<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços<br />

IFTO<br />

Instituto Federal do Tocantins<br />

IMEA<br />

Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária<br />

INPUT<br />

Iniciativa para o Uso da Terra<br />

IFAMA<br />

International Food and Agribusiness Management Association


LCA<br />

LE<br />

LUC<br />

MA<br />

MAPA<br />

MATOPIBA<br />

MC<br />

MG<br />

MT<br />

NCMs<br />

OCB<br />

OMC<br />

PA<br />

PAA<br />

PAC<br />

PDRIS<br />

PDRS<br />

PEA<br />

PELF<br />

PEST<br />

PEV<br />

PIB<br />

PIS<br />

PNAE<br />

PNDR<br />

PRODECER<br />

PRO<strong>DO</strong>ESTE<br />

RAUSP<br />

RS<br />

SAGs<br />

SC<br />

SEAF-MT<br />

Letra de Crédito do Agronegócio<br />

Lucro Econômico<br />

Lucratividade<br />

Maranhão<br />

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia<br />

Margem de Contribuição<br />

Minas Gerais<br />

Mato Grosso<br />

Nomenclatura Comum do Mercosul<br />

Organização das Cooperativas Brasileiras<br />

Organização Mundial do Comércio<br />

Pará<br />

Programa de Aquisição de Alimentos<br />

Programa de Aceleração do Crescimento<br />

Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável<br />

Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

População Economicamente Ativa<br />

Ponto de Equilíbrio do Lucro Financeiro<br />

Político-legal, Econômico-natural, Sociocultural e Tecnológico<br />

Ponto de Equilíbrio de Viabilidade<br />

Produto Interno Bruto<br />

Programa de Integração Social<br />

Programa Nacional de Alimentação Escolar<br />

Política Nacional de Desenvolvimento Regional<br />

Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados<br />

Programa de Desenvolvimento da Região Sudoeste do Estado do Tocantins<br />

Revista de Administração da Universidade de São Paulo<br />

Rio Grande do Sul<br />

Sistemas Agroindustriais<br />

Santa Catarina<br />

Secretaria de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários de Mato Grosso


Lista de Siglas<br />

SEAGRO-TO Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins<br />

SEDEN-TO Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e<br />

Cultura do Estado do Tocantins<br />

SEFAZ<br />

Secretaria da Fazenda<br />

SEINFRA-TO Secretaria de Infraestrutura do Tocantins<br />

SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />

SEPLAN-TO Secretaria do Planejamento e Orçamento do Tocantins<br />

SESCOOP Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo<br />

SICOOB Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil<br />

SINDIATO Sindicato dos Beneficiadores de Arroz do Estado do Tocantins<br />

UE<br />

União Europeia<br />

UFT<br />

Universidade Federal do Tocantins<br />

USDA<br />

United States Department of Agriculture<br />

VLI<br />

Valor da Logística Integrada


agradecimentos<br />

prefácio<br />

As seguintes instituições e seus representantes, abaixo nominados por ordem alfabética,<br />

subsidiaram a elaboração do conteúdo do presente volume, seja dispondo-se a entrevistas,<br />

presenciais ou remotas, seja ofertando material de consulta e/ou análises, contribuições<br />

e sugestões, escritas ou orais, durante as diversas fases do estudo.<br />

instituição<br />

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - ADAPEC<br />

<strong>AS</strong>SEMBLEIA LEGISLATIVA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO <strong>DO</strong>S PRODUTORES RURAIS <strong>DO</strong> SU<strong>DO</strong>ESTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - APROEST<br />

CÂMARA SETORIAL <strong>DO</strong> LEITE - <strong>TOCANTINS</strong><br />

CEREALISTA SANTA FÉ<br />

COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO ARAGUAIA - CDA<br />

DAPLAN – SERVIÇOS FLORESTAIS<br />

EMPRESA BR<strong>AS</strong>ILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA<br />

FAZENDA VALE <strong>DO</strong> BOI<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

FRIGORÍFICO PIRACEMA<br />

representante<br />

Humberto Viana Camelo (Presidente)<br />

Jefferson Pessoa<br />

Márcia Helena da Fonseca<br />

Helton W. Gonzaga<br />

Victor Rodrigues da Costa (Presidente)<br />

Marco Antônio Pitondo<br />

Sônia Mara Rodrigues Magalhães<br />

Wiliam Borges Reis<br />

Daniel Avino Barboza Leite<br />

Alexandre A. de Freitas (Chefe Geral Interino)<br />

Alexandre Uhlmann<br />

Epaminondas de Andrade<br />

Roberto Magno Martins Pires (Presidente)<br />

Amanda Barbosa<br />

José Roberto Fernandes<br />

Juarez Frota Martins<br />

Klébia Pontes<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Valteir Barbosa Rosa


instituição<br />

FRIGORÍFICO TAMBORÁ<br />

GRA<strong>NO</strong>L INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A<br />

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - RURALTINS<br />

INSTITUTO EUVAL<strong>DO</strong> LODI <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – IEL/TO<br />

INSTITUTO NATUREZA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - NATURATINS<br />

LATICÍNIO CREMOLAT<br />

NGBR<br />

SERVIÇO BR<strong>AS</strong>ILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUEN<strong>AS</strong> EMPRES<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SEBRAE/TO<br />

SECRETARIA DA FAZENDA - SEFAZ<br />

SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA, HABITAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS - SEINF<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

representante<br />

André Lee<br />

Jair Bataline<br />

Jordel Souto Brito Machado<br />

Andrey Chama da Costa<br />

Roseli F. Neves Sarmento (Superintendente)<br />

Herbert Brito (Presidente)<br />

Marco Antonio Pitondo<br />

Neilton Machado de Araújo<br />

José Carlos A. de Bessa<br />

Paulo Antenor de Oliveira (Secretário)<br />

Alexandre Pereira de Carvalho<br />

Bárbara B. Oliveira<br />

Elisabete Soares de Araujo<br />

Fernando Batista Oliveira<br />

Saulo Barreira Silva<br />

Willane Queiroz Carvalho<br />

Sérgio Leão (Secretário)<br />

Maxuell N. Acácio<br />

Clemente Barros Neto (Secretário)<br />

Alexandre Godinho Cruz<br />

Antônio Cássio Oliveira Filho<br />

Arlette Amarylles R. Mascarenhas<br />

Arlete Leite Lima<br />

Arthur Emílio França<br />

Fernando Dorta<br />

José Américo Vasconcelos


agradecimentos<br />

instituição<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA,<br />

TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA - SEDEN<br />

SECRETARIA <strong>DO</strong> PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - SEPLAN<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM <strong>DO</strong> COOPERATIVISMO<br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESCOOP/TO<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL -<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SENAI/DR TO<br />

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> –<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESI DR TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA ALIMENTAÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA MADEIRA E <strong>DO</strong> MOBILIÁRIO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SIMAM/TO<br />

representante<br />

Marcos Fernandes<br />

Ricardo Britto Taques<br />

Thadeu Teixeira Júnior<br />

Thiago Chekudemiask S. Tulio<br />

Alexandro de Castro Silva (Secretário)<br />

Álan Rickson Andrade de Araujo<br />

Eremilson Leite<br />

Geanny Carlos de A. Pinheiro<br />

Marcondes Martins Gomes de Oliveira<br />

Paulo Marcelo Mendonça<br />

Tarcísio de Oliveira N. Cruz<br />

Vilmar Carneiro Wanderley<br />

David Torres (Secretário)<br />

Belizário Franco Neto<br />

Maurício Fregonesi<br />

Magnun Vinicius B. da Cruz<br />

Márcia Rodrigues de Paula (Diretora Regional)<br />

Dini Ribeiro Bezerra<br />

Gisleângela R. F. S. T. Lemos<br />

Leanne Carvalho Barbosa<br />

Vânia Divina Rodrigues Moreira<br />

Charles Alberto Elias (Superintendente)<br />

Claudizete Carneiro Santos (Presidente)<br />

Geová Pereira de Mendonça (Presidente)


instituição<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CERÂMICA <strong>PARA</strong> CONSTRUÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SINDICER/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONFECÇÕES <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SICON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONSTRUÇÃO CIVIL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDUSCON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE RE<strong>PARA</strong>ÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUIN<strong>AS</strong>, AERONAVES E<br />

ACESSÓRIOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIREPA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S BENEFICIA<strong>DO</strong>RES DE ARROZ <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SINDIATO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - SIPMME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> FRIGORÍFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICARNES/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> GRÁFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIG/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> METALÚRGIC<strong>AS</strong>, MECÂNIC<strong>AS</strong> E <strong>DO</strong> MATERIAL ELÉTRICO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> QUÍMIC<strong>AS</strong> E FARMACÊUTIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIQFAR/TO<br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UNITINS<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UFT<br />

VALOR DA LOGÍSTICA INTEGRADA - VLI<br />

representante<br />

Esequiel de Sousa Milhomem (Presidente)<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo (Presidente)<br />

Bartolomé Alba Garcia (Presidente)<br />

José Febrônio da Silva (Presidente)<br />

Carlos Augusto Suzana (Presidente)<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomen (Presidente)<br />

Oswaldo Stival Júnior (Presidente)<br />

George Henrique Aires Borges<br />

Gilson Ney Bueno Cabral<br />

Gliner de Souza Borges (Presidente)<br />

Mário de Castro Pillar (Presidente)<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Walter Atta R. Bittencourt Júnior (Presidente)<br />

Suely Cabral Quixabeira Araújo (Reitora)<br />

Luís Eduardo Bovolato (Reitor)<br />

Gil Rodrigues dos Santos<br />

Jorge Luís Ferreira<br />

Kênia Ferreira Rodrigues<br />

Rodrigo A. Gomes de Oliveira<br />

Valdecy Rodrigues<br />

Orestes Souza


apresentação<br />

Metade do território do Estado do Tocantins tem potencial para a produção<br />

agrícola. A disponibilidade de recursos naturais, como água, biodiversidade,<br />

insolação e clima tropical, confere ao Tocantins um meio físico,<br />

extremamente favorável à agropecuária. Prova disso é o fato do Estado ocupar<br />

o 9º lugar no país na produção de soja, o 3º na de arroz e possuir o 11º rebanho<br />

bovino nacional.<br />

Além disso, o Tocantins integra a região norte do país que, juntamente com<br />

as regiões centro-oeste e nordeste, apresentaram na última década um crescimento<br />

econômico superior ao das regiões sul e sudeste, tradicionais líderes<br />

nacionais nesse quesito. Essa interiorização do desenvolvimento é um fenômeno<br />

ainda recente, mas reconfigura a atividade econômica do país e reforça<br />

o quadro de oportunidades do Estado.<br />

Mas o Estado precisa avançar, realizar esse potencial e aproveitar essas<br />

oportunidades. Explorar sua característica vocacional do ponto de vista logístico,<br />

criar programas oficiais de aproveitamento sustentável de seus recursos<br />

naturais, associar o macrossistema viário à industrialização das “commodities”<br />

agrícolas. A indústria de transformação da matéria-prima agrícola<br />

ampliará a participação do Tocantins no mercado global de alimentos, criará<br />

mais empregos de qualidade e divisas. Esta é uma construção coletiva, onde<br />

o estado e a iniciativa privada têm missões definidas. Ao primeiro compete<br />

conceber e executar políticas públicas de estímulo e, ao segundo, aumentar<br />

sua produtividade e a qualidade de seus produtos.<br />

Foi com esta filosofia que a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

- FIETO, com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

do Estado do Tocantins – FDE, encarou o desafio de elaborar o presente estu-


do. Nele estão delineados os diagnósticos das principais cadeias produtivas<br />

do agronegócio tocantinense e seus mercados mundiais, nacionais e local;<br />

analisados os custos, as forças e as fraquezas de cada uma delas e, acima de<br />

tudo, aponta os projetos estratégicos e as diretrizes que deverão nortear o seu<br />

desenvolvimento.<br />

Agora sabemos o que precisamos fazer, o Estado e o segmento produtivo<br />

têm diante de si as “rotas” do desenvolvimento do mais importante segmento<br />

de sua economia. A indústria acredita que, idealmente, a “governança” desse<br />

desenvolvimento deverá ficar a cargo de um comitê de gestão formado pelos<br />

diversos agentes, públicos e privados, das cadeias produtivas aqui focalizadas.<br />

Pô-lo em marcha será, doravante, nosso dever de casa.<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Presidente


introdUção


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 21<br />

Este primeiro capítulo trata do método utilizado para o desenvolvimento<br />

do projeto cujo principal objetivo foi estudar<br />

as principais cadeias produtivas do estado do Tocantins, visando<br />

a identificação e desenvolvimento das suas potencialidades.<br />

O projeto “Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do<br />

Agronegócio no Estado do Tocantins” foi uma iniciativa da Federação<br />

das Indústrias do estado do Tocantins — FIETO em<br />

parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico,<br />

Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do estado do Tocantins<br />

– SEDEN. Para tanto, foram destacados alguns pilares ou<br />

temas fundamentais, que pautam todo o estudo na busca da<br />

identificação de estratégias concisas e aderentes à realidade<br />

do estado. São eles: Marco Tecnológico, Associativismo e Cooperativismo,<br />

Uso da Terra, Desenvolvimento da Indústria Local<br />

e Instrumentos de Apoio Estaduais.<br />

Para a primeira fase do projeto foram selecionadas algumas<br />

cadeias produtivas a serem estudadas. A seleção considerou<br />

cadeias que já possuem papel de destaque no estado do Tocantins,<br />

mas que ainda têm muitas potencialidades a serem<br />

exploradas, sempre visando impulsionar o cenário econômico<br />

e social do estado. As cadeias selecionadas foram:<br />

• Soja e Milho<br />

• Pecuária (carne bovina)<br />

• Arroz<br />

• Piscicultura<br />

• Silvicultura


22<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

figUra 1.1<br />

Macro etapas do método GESis<br />

ETAPA 1<br />

Iniciativas de líderes,<br />

governo, institutos de<br />

pesquisa, universidades<br />

em planejar o futuro<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 2<br />

Descrição,<br />

mapeamento e<br />

quantificação<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 3<br />

Criação de uma<br />

organização<br />

vertical no sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 4<br />

Montagem de<br />

plano estratégico<br />

para o sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 5<br />

Administração<br />

dos projetos<br />

priorizados e<br />

elaboração de<br />

contratos.<br />

Fonte: Neves (2008).<br />

Para cumprir com o objetivo proposto, foi utilizada metodologia<br />

de pesquisa já consolidada no setor do agronegócio para<br />

o desenvolvimento de planos estratégicos, conhecida como<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis).<br />

1. 1 Objetivos e método de trabalho<br />

Desenvolver planos para a melhoria contínua de um setor<br />

não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se tratam de cadeias<br />

do agronegócio, que possuem características e complexidades<br />

específicas.<br />

Para organizar e analisar os dados coletados durante o desenvolvimento<br />

do presente trabalho, e propor ações condizentes<br />

com a realidade do estado e do seu posicionamento no<br />

cenário nacional e internacional, lançou-se mão da utilização<br />

do método GESis.<br />

O método GESis, desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcos Fava Neves<br />

em 2004, vem sendo aplicado em diversas cadeias produtivas<br />

e aperfeiçoado a cada aplicação. No Brasil, o método já foi<br />

aplicado para as cadeias do trigo (2004), da laranja (2005, 2007 e<br />

2010), do leite (2006), da cana-de-açúcar (2009 e 2015), da carne


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 23<br />

bovina (2011), do algodão (2011, 2013 e 2017), de flores (2014),<br />

da carne suína (2016) e das hortaliças (2017). No contexto internacional<br />

o método também já foi utilizado para a cadeia do leite<br />

na Argentina (2007) e no Uruguai (2010) e da soja na Argentina<br />

(2012), além de outros usos na África do Sul e outros países.<br />

Contando com escopo semelhante ao do presente trabalho,<br />

o método GESis também foi adaptado e aplicado em 8 cadeias<br />

produtivas do estado de Goiás, sendo elas milho, soja, carne<br />

suína, carne de frango, carne bovina, couro, lácteos e canade-açúcar<br />

(2012).<br />

Além da grande repercussão dos estudos citados nas principais<br />

mídias, no meio acadêmico com diversas publicações<br />

nacionais e internacionais e mais de 15 livros, o método foi<br />

publicado pela Revista de Administração da Universidade de<br />

São Paulo (Rausp), International Food and Agribusiness Management<br />

Association (Ifama), European Marketing Academy<br />

(Emac) e no Journal of Chain and Network Science (Wageningen<br />

University, Holanda)<br />

Indo além das visões de cadeias produtivas e redes de empresas,<br />

os sistemas agroindustriais (SAGs) consideram também<br />

o ambiente institucional e as condições estruturais nas<br />

quais essas relações acontecem. A grande contribuição dos<br />

estudos de sistemas agroindustriais é a sua utilização para o<br />

desenho de políticas públicas, organização de empresas e estruturação<br />

de estratégias corporativas, que ainda enfrentam<br />

o problema da falta de uma abordagem sistêmica, resultando<br />

em falhas no desenho de estratégias corporativas e organizacionais<br />

(ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).<br />

Cinco etapas fundamentais estruturam o método GESis original.<br />

Cada etapa contém fases específicas que devem ser realizadas<br />

para chegar ao seu objetivo proposto. A Figura 1 ilustra<br />

as macro etapas do método GESis.<br />

A primeira etapa conta com a inciativa de líderes, governo,<br />

institutos de pesquisas, universidades ou outros agentes relacionados<br />

à cadeia produtiva na busca de planejar o futuro<br />

da cadeia em que se insere. A importância da primeira etapa<br />

se dá com a aplicação do método de maneira coerente e efetiva,<br />

tendo em vista que deve contar com muitos agentes envolvidos,<br />

uma vez que os esforços e a mobilização de pessoas<br />

devem ser coletivos.<br />

Além da etapa 1, o método ainda conta com mais quatro<br />

etapas, porém, tendo em vista os objetivos do presente estudo,<br />

a aplicação do método nas cadeias produtivas do estado<br />

do Tocantins limitou-se à aplicação das etapas 1 e 4, sendo a<br />

etapa 4 o principal foco do trabalho.<br />

A etapa 4 do método consiste no diagnóstico e montagem de<br />

um plano estratégico para os sistemas agroindustriais. Neves<br />

(2008) propõe que, para a realização do plano estratégico, são<br />

necessários 12 passos, que foram adaptados para a aplicação<br />

no estado do Tocantins. A Figura 2 ilustra os passos sugeridos.


24<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

figUra 1.2<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis<br />

F<strong>AS</strong>E 1 INTRODUTÓRIA<br />

F<strong>AS</strong>E 2 <strong>PLA<strong>NO</strong></strong>S <strong>DO</strong>S VETORES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

1<br />

2<br />

4 5 6<br />

Projetos de<br />

produção, pesquisa e<br />

desenvolvimento e inovações<br />

11 12<br />

introdução e entendimento<br />

Análise do<br />

mercado e do<br />

consumidor<br />

no enfoque de<br />

sistemas<br />

3<br />

Análise da situação<br />

interna e de<br />

concorrentes<br />

globais<br />

(benchmark)<br />

Objetivos para o sistema<br />

Estratégias para atingir os objetivos propostos<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Projetos de comunicação<br />

Projetos de distribuição e<br />

logística (incluindo exportações)<br />

Projetos de capacitação e<br />

recursos humanos<br />

Projetos de coordenação<br />

e adequação ao ambiente<br />

institucional<br />

Consolidação de planos estratégicos<br />

Orçamento do GESis<br />

Fonte: Neves (2008).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 25<br />

Tendo como base o método GESis, na sequência serão detalhadas<br />

as etapas que compuseram o desenvolvimento do<br />

presente projeto.<br />

1. 1. 1 Introdução e entendimento<br />

Para iniciar o trabalho, essa etapa envolveu o levantamento<br />

de materiais já existentes a respeito das cadeias estudadas,<br />

fossem esses específicos do Tocantins, ou materiais de contextualização<br />

de cadeias no cenário nacional e internacional.<br />

Um amplo conjunto de materiais foi levantado pelas secretarias<br />

estaduais do estado do Tocantins e pelos pesquisadores<br />

desta obra, com destaque para relevantes produções<br />

das universidades do Tocantins. Além dos materiais, foi conduzida<br />

reunião inicial de sensibilização dos agentes relacionados<br />

às cadeias, onde todo o escopo e método do trabalho<br />

foram apresentados e os potenciais membros que participariam<br />

da construção do trabalho puderam tirar suas dúvidas<br />

e entender realmente o impacto do projeto para o estado e o<br />

papel de cada interlocutor na sua construção.<br />

1. 1. 2 Análise do mercado e enfoque de sistemas<br />

Esta é a etapa inicial de diagnóstico, onde foram mapeados<br />

o mercado internacional e nacional no qual a cadeia alvo<br />

do estudo está inserida. A análise contou com dados de produção,<br />

consumo, exportações e importações dos principais<br />

players do mercado internacional, além de mapear como o<br />

sistema agroindustrial está posicionado no mercado brasileiro,<br />

suas principais características regionais, as tendências<br />

de consumo e as projeções e expectativas para os próximos<br />

anos.<br />

Figurando como uma análise externa, esta etapa de contextualização<br />

é fundamental para que as estratégias sugeridas<br />

ao término do projeto sejam aderentes à atual realidade<br />

da cadeia nos mercados que se inserem.<br />

1. 1. 3 Análise da situação interna: o Estado do Tocantins<br />

Utilizando como unidade de análise o estado do Tocantins,<br />

foi desenvolvido amplo diagnóstico das cadeias no estado<br />

por meio de diversas pesquisas, entrevistas presenciais e<br />

remotas.<br />

Com relação às entrevistas presenciais, foram conduzidas<br />

entrevistas com: Secretaria da Fazenda (SEFAZ), Universidade<br />

Federal do Tocantins (UFT), Sindicato das Indústrias Beneficiadoras<br />

de Arroz (SINDIATO), Companhia de Distribuição<br />

Araguaia (CDA), Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste<br />

do Tocantins (APROEST) e empresa Diamante Agrícola.<br />

No total participaram das primeiras entrevistas 14 pes-


26<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

soas, uma na Sefaz, oito na Adapec, duas ligadas ao curso<br />

de agronomia da UFT em Gurupi, uma do Sindiato, uma da<br />

empresa CDA, uma representando tanto a Aproest quanto a<br />

Diamante Agrícola. Dentre os entrevistados estavam o Secretário<br />

de Desenvolvimento, o Secretário da Agricultura e<br />

o Secretário de Planejamento. As entrevistas foram conduzidas<br />

nas cidades de Palmas, Gurupi e Lagoa da Confusão.<br />

Os principais pontos levantados foram: características gerais<br />

da cadeia no estado, custo de produção, análise de viabilidade<br />

da cultura, associativismo e cooperativismo, exportações,<br />

indústria de processamento local, políticas estaduais<br />

de apoio ao desenvolvimento tecnológico, incentivos fiscais,<br />

preços de mercado e logística.<br />

Todos os pontos levantados foram analisados comparativamente<br />

com outros estados de grande destaque no cenário<br />

nacional para a cadeia selecionada. A análise comparativa<br />

também conhecida como benchmarking é uma importante<br />

direcionadora estratégica, uma vez que mostra casos e estratégias<br />

de sucesso que podem ser adaptadas para posterior<br />

implementação.<br />

1. 1. 4 Consolidação do diagnóstico<br />

Para resumir e apresentar o diagnóstico feito nas duas<br />

etapas anteriores de forma mais didática, algumas ferramentas<br />

de grande prestígio no meio acadêmico foram utilizadas,<br />

sendo elas a análise PEST e o modelo das Cinco Forças<br />

de Porter.<br />

A utilização dessas duas ferramentas, além de guiar o levantamento<br />

das informações, permite uma melhor visualização<br />

dos dados para a tomada de decisões quanto ao presente<br />

e futuro da cadeia alvo do plano.<br />

A ferramenta PEST é amplamente utilizada no planejamento<br />

estratégico de organizações para a identificação das<br />

ameaças e oportunidades derivadas do ambiente político<br />

-legal, econômico-natural, sociocultural e tecnológico.<br />

Já o modelo das Cinco Forças de Porter consiste na análise<br />

das informações, considerando a Rivalidade entre os<br />

Concorrentes, a Ameaça de Novos Entrantes, a Ameaça de<br />

produtos Substitutos, o Poder de Barganha dos Fornecedores<br />

e o Poder de Barganha dos Compradores (PORTER, 1980;<br />

PORTER, 1998).<br />

1. 1. 5 Objetivos para a cadeia e estratégias centrais<br />

Após estudar as cadeias produtivas e entender seu posicionamento<br />

e competitividade no estado do Tocantins, é<br />

fundamental determinar os objetivos que devem ser buscados<br />

por meio do delineamento de ações estratégicas. Essa<br />

etapa envolveu a definição do posicionamento estratégico


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 27<br />

para as cadeias, a definição de missão e visão e o estabelecimento<br />

de metas para os próximos 10 anos.<br />

Tendo como base o posicionamento almejado do estado,<br />

foram determinados pilares e ações estratégicas que devem<br />

guiar os próximos passos das cadeias produtivas no estado<br />

do Tocantins.


28<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

anáLise de mercado e<br />

enfoQUe de sistemas


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 29<br />

2. 1 Análise do mercado internacional<br />

O arroz é um dos cereais mais produzidos e consumidos no<br />

mundo todo, juntamente com o milho e o trigo (USDA, 2017a).<br />

É também uma das maiores fontes de calorias de uma grande<br />

parcela da população mundial, principalmente na África,<br />

América Latina e países emergentes do sudeste asiático, notadamente<br />

nesses últimos, onde se concentram seu consumo<br />

e produção (USDA, 2017a). Ainda segundo o departamento de<br />

agricultura norte americano, quase 50% das áreas plantadas<br />

do mundo estão na China ou Índia.<br />

A produção mundial de arroz sem casca em 2015/16 foi<br />

de 471,7 milhões de toneladas. O crescimento no período<br />

entre 2006/07 e 2015/16 pode ser atribuído, principalmente,<br />

a avanços em produtividade de 9,4% (USDA, 2017a)<br />

(Figura 2.1).<br />

O Brasil é apenas o 10º maior produtor de arroz sem casca<br />

(safra 2015/2016) e o único representante ocidental nesse<br />

ranking. Na América do Sul, o Brasil é o principal produtor,<br />

seguido de Peru e Argentina. Contudo, o destaque da região<br />

nos últimos dez anos tem sido o Paraguai, que segundo o<br />

USDA (2017a), elevou sua produção de arroz em 417% e gerou<br />

na safra 2015/16 mais de 523 mil toneladas do grão.<br />

O consumo de arroz vem acompanhando o ritmo de crescimento<br />

da produção mundial, (Gráfico 2.1) impulsionado por<br />

países africanos, especialmente os subsaarianos, que de 2006<br />

a 2016 tiveram incremento de 57% (USDA, 2017a) .


30<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

figUra 2.1<br />

Produção mundial de arroz<br />

PRODUÇÃO MUNDIAL EM 2015/2016: 471,7 (MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong>)<br />

CRESCIMENTO 2006/07 - 2015/16: 12%<br />

1° CHINA<br />

Produção 145,8<br />

Participação 30,9%<br />

5° VIETNÃ<br />

Produção 27,6<br />

Participação 5,8%<br />

2° ÍNDIA<br />

Produção 104,4<br />

Participação 3,3%<br />

3° IN<strong>DO</strong>NÉSIA<br />

Produção 36,2<br />

Participação 7,7%<br />

4° BANGLADESH<br />

Produção 34,5<br />

Participação 7,3%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

Outra característica que pode ser observada é que os mesmos<br />

países que detêm as maiores produções do grão são<br />

também os maiores consumidores, o que faz com que o comércio<br />

mundial de arroz não seja tão expressivo quando<br />

comparado à movimentação internacional de outras commodities.<br />

Na safra 2015/16, segundo os dados do USDA (2017a),


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 31<br />

<br />

gráfico 2.1<br />

Evolução da produção e consumo mundiais de arroz<br />

<br />

taBEla 2.1<br />

Importações mundiais de arroz sem casca (milled)<br />

IMPORTAÇÕES MUNDIAIS EM MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong><br />

PRODUÇÃO<br />

426,7<br />

436,1<br />

CONSUMO<br />

435,0<br />

443,2<br />

456,4<br />

462,6<br />

473,9<br />

475,2<br />

468,6<br />

País 2016/17 2017/18* Variação<br />

China 5,3 5,3 -0,9%<br />

Nigéria 2,2 2,2 0,0%<br />

União Europeia 1,9 1,9 2,7%<br />

Milhões de toneladas<br />

418,5<br />

420,1<br />

433,6<br />

449,9<br />

440,0<br />

450,1<br />

467,4<br />

472,5<br />

478,3<br />

478,5<br />

471,7<br />

Irã 1,6 1,3 -18,8%<br />

Arábia Saudita 1,4 1,4 0,0%<br />

Costa do Marfim 1,3 1,5 15,4%<br />

Filipinas 1,1 1,1 0,0%<br />

Iraque 1,0 1,1 5,0%<br />

2006 / 2007<br />

2007 / 2008<br />

2008 / 2009<br />

2009 / 2010<br />

2010 / 2011<br />

2011 / 2012<br />

2012 / 2013<br />

2013 / 2014<br />

2014 / 2015<br />

2015 / 2016<br />

Senegal 1,0 1,0 0,0%<br />

Bangladesh 0,1 1,5 2042,9%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

Outros 23,1 23,1 0,0%<br />

TOTAL 39,9 41,3 3,5%<br />

o consumo mundial foi cerca de 466 milhões de toneladas e o<br />

comércio internacional girou em torno de aproximadamente<br />

40 milhões de toneladas, o que significa que apenas 8,6% foi<br />

abastecido por ele.<br />

As importações de arroz são altamente fragmentadas, com<br />

a China representando 10% do volume. Entre os 5 principais<br />

importadores, a China é o único grande produtor. Contudo,<br />

como consome o volume produzido, precisa complementar a<br />

Previsões / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

oferta interna por meio da produção de outros países. Também<br />

se destacam nas importações países africanos e a União<br />

Europeia, com perspectiva de elevarem suas importações na<br />

próxima safra. Segundo o USDA (2017a), a safra de 2017/18<br />

terá um aumento de 3,5% em relação ao ano anterior, totalizando<br />

41,3 milhões de toneladas.


32<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

figUra 2.2<br />

Consumo mundial de arroz<br />

CONSUMO MUNDIAL EM 2015/2016: 468,6 (MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong>)<br />

CRESCIMENTO 2006-2016: 12%<br />

4° BANGLADESH<br />

Consumo: 35,1<br />

Participação 7,5%<br />

1° CHINA<br />

Consumo: 144,0<br />

Participação: 30,7%<br />

5° VIETNÃ<br />

Consumo: 22,6<br />

Participação: 4,8%<br />

2° ÍNDIA<br />

Consumo: 93,6<br />

Participação: 20,0%<br />

3° IN<strong>DO</strong>NÉSIA<br />

Consumo: 37,8<br />

Participação: 8,1%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

De acordo com a projeção para os próximos 10 anos, realizada<br />

pelo USDA (2017b), as importações mundiais de arroz<br />

irão crescer a uma taxa 1,5% a.a., chegando a um recorde de<br />

47,9 milhões de toneladas no final do período de projeção<br />

(Gráfico 2.2). Trata-se de um aumento de aproximadamente<br />

27% em relação à média da década anterior.<br />

As explicações para essa expansão no comércio envolvem<br />

dois fatores:


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 33<br />

• o crescimento constante da demanda, em grande parte<br />

devido ao crescimento da população e renda nos países<br />

em desenvolvimento (principalmente na África Subsaariana);<br />

• dificuldade de vários importantes países importadores<br />

na África Subsaariana para impulsionarem significativamente<br />

suas produções.<br />

Desde o início da década de 90 a participação do comércio<br />

global no consumo de arroz aumentou de 3,5% para 8,5%. A<br />

projeção indica a tendência desse crescimento continuar e<br />

exceder 9,0% até 2026/27 (USDA,b), gerando portanto alguma<br />

oportunidade na exportação desse produto.<br />

A China continuará a ser o maior país importador de arroz<br />

no período de projeção. Para 2026, as importações chinesas<br />

deverão regredir lentamente de 5,2 milhões de toneladas<br />

em 2017/18, para 4,8 milhões de toneladas em 2026/27. Na<br />

África e no Oriente Médio o forte crescimento da demanda é<br />

impulsionado pela rápida expansão da renda e da população,<br />

enquanto o crescimento da produção é limitado, principalmente,<br />

pelo clima. Na África Subsaariana há agravantes como<br />

deficiências de infraestrutura e limitações de recursos.<br />

No total, a região da África e do Oriente Médio responderá<br />

por quase 78% do aumento das importações de arroz durante<br />

as projeções. A Nigéria, segundo maior importador, irá<br />

<br />

milhões de toneladas<br />

gráfico 2.2<br />

Importações mundiais de arroz<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

OUTROS<br />

RESTANTE DA ÁSIA E OCEANIA<br />

CHINA<br />

IN<strong>DO</strong>NÉSIA E FILIPIN<strong>AS</strong><br />

ÁFRICA SUBSAARIANA<br />

ÁFRICA <strong>DO</strong> <strong>NO</strong>RTE E ORIENTE MÉDIO<br />

UNIÃO EUROPEIA, ANTIGA UNIÃO<br />

SOVIÉTICA, RESTANTE DA EUROPA<br />

AMÉRICA LATINA<br />

Fonte: USDA (2017b).<br />

atingir 2,66 milhões de toneladas até 2026/27. No âmbito de<br />

países, a China e Nigéria lideram o ranking de importadores,<br />

seguidos por Arábia Saudita, Indonésia, Filipinas, Irã , Iraque<br />

e África do Sul.


34<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

gráfico 2.3<br />

Exportações mundiais de arroz<br />

<br />

taBEla 2.2<br />

Exportações mundiais de arroz sem casca (milled)<br />

50<br />

EXPORTAÇÕES MUNDIAIS EM MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong><br />

45<br />

País 2016/17 2017/18* Variação<br />

milhões de toneladas<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Índia 11,0 11,8 7,3%<br />

Tailândia 10,5 10,0 -4,8%<br />

Vietnã 6,0 6,0 0,0%<br />

Paquistão 3,9 4,1 5,1%<br />

EUA 3,7 3,4 -9,1%<br />

Burma 2,4 2,0 -16,7%<br />

Camboja 1,4 1,3 -7,4%<br />

Uruguai 0,9 0,9 -2,7%<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2026<br />

China 0,8 0,9 11,8%<br />

Brasil 0,8 0,7 -6,7%<br />

OUTROS<br />

MYANMAR E CAMBOJA<br />

ÍNDIA<br />

CHINA<br />

TAILÂNDIA<br />

VIETNÃ<br />

PAQUISTÃO<br />

ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

AMÉRICA <strong>DO</strong> SUL<br />

Outros 3,3 3,2 -1,8%<br />

TOTAL 44,6 44,2 -0,8%<br />

*Previsões / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).<br />

Fonte: USDA (2017b).<br />

A Arábia Saudita e a África do Sul — que não cultivam arroz<br />

— devem mostrar um forte crescimento do consumo na<br />

próxima década, enquanto a produção, o consumo e o comércio<br />

da Malásia variam muito pouco. As importações de Bangladesh<br />

aumentarão rapidamente de 160 mil toneladas em<br />

2017/18 para 527 mil toneladas em 2027/28, devido ao forte<br />

crescimento da população e à terra limitada para a expansão<br />

da área plantada com arroz. No Canadá e nos Estados Unidos,<br />

a imigração continua a suportar um consumo per capita ligeiramente<br />

maior e um crescimento modesto das importações.<br />

Apesar de ainda bastante diluídos, os principais exportadores<br />

de arroz estão mais concentrados do que os importa-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 35<br />

dores: os três primeiros países no ranking (Índia, Tailândia e<br />

Vietnã) concentram mais de 60% do volume vendido. Para a<br />

safra de 2017/18, espera-se uma queda de 0,8% nas exportações<br />

(Tabela 2.2).<br />

É perceptível também que o comércio internacional de<br />

arroz vem crescendo ao longo dos últimos 10 anos. As exportações<br />

aumentaram 42% nesse período entre 2007/08 e<br />

2016/17 (USDA, 2017a).<br />

No lado da oferta, a Ásia continuará a fornecer a maior parte<br />

das exportações mundiais de arroz ao longo do período de<br />

projeção. A Tailândia, a Índia e o Vietnã são os maiores países<br />

exportadores deste produto no mundo, representando 63%<br />

das exportações e cerca de 71% do crescimento das exportações<br />

mundiais até 2026.<br />

Na Tailândia, o aumento da produção e a redução dos estoques<br />

permitem que as exportações aumentem 1,7 milhão<br />

de toneladas para 11,8 milhões em 2026/27. Historicamente,<br />

as exportações de arroz da Índia foram voláteis devido às<br />

políticas comerciais do governo e às condições do mercado<br />

mundial. A Índia deverá continuar como o segundo maior<br />

exportador durante os próximos dez anos, com exportações<br />

crescendo 1,3 milhão de toneladas e atingindo 11,5 milhões<br />

de toneladas até 2026/27.<br />

Os Estados Unidos são o quinto maior exportador de arroz.<br />

É projetada uma expansão moderada nas exportações: cerca<br />

<br />

Milhões de toneladas<br />

gráfico 2.4<br />

Estoques mundiais de arroz em milhões de toneladas<br />

2016 / 2017<br />

2015 / 2016<br />

2014 / 2015<br />

2013 / 2014<br />

2012 / 2013<br />

2011 / 2012<br />

2010 / 2011<br />

2009 / 2010<br />

2008 / 2009<br />

2007 / 2008<br />

2006 / 2007<br />

75,3<br />

75,3<br />

76,4<br />

80,8<br />

80,8<br />

95,1<br />

95,1<br />

93,1<br />

93,1<br />

99,9<br />

99,9<br />

106,5<br />

106,5<br />

118,4<br />

115,8<br />

115,8<br />

115<br />

+4%<br />

115<br />

113,9<br />

113,9<br />

113,8<br />

113,8<br />

+55%<br />

ESTOQUE FINAL<br />

ESTOQUE INICIAL<br />

0 20 40 60 80 100 120 140<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2017a).


36<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

gráfico 2.5<br />

Preços Internacionais de arroz (US$/ CWT sendo que um CWT= 45,3592 kg)<br />

25,0<br />

20,0<br />

22,00<br />

17,24<br />

14,62 13,62<br />

15,81<br />

15,58<br />

15,0<br />

10,0<br />

5,0<br />

0,0<br />

6,03<br />

3,63<br />

4,40<br />

7,60<br />

10,66<br />

6,45<br />

8,24<br />

10,50<br />

14,58 12,55<br />

10,91<br />

9,54 9,58<br />

11,8<br />

Jan/00<br />

Jan/01<br />

Jan/02<br />

Jan/03<br />

Jan/04<br />

Jan/05<br />

Jan/06<br />

Jan/07<br />

Jan/08<br />

Jan/09<br />

Jan/10<br />

Jan/11<br />

Jan/12<br />

Jan/13<br />

Jan/14<br />

Jan/15<br />

Jan/16<br />

Jan/17<br />

Dez/17<br />

Fonte: Bradesco (2017).<br />

de 1,1 por cento ao ano, devido a um ligeiro aumento na área<br />

e melhora nos rendimentos puxados pelo lento crescimento<br />

do uso doméstico.<br />

As exportações da América do Sul — principalmente a<br />

Argentina, Brasil, Guiana, Paraguai e Uruguai — deverão expandir-se<br />

na próxima década, representando quase 8,4% do<br />

comércio global.<br />

Os estoques de arroz se encontram no maior nível dos últimos<br />

10 anos, com uma elevação no volume de 55% ante o valor<br />

inicial da safra 2006/07, (Gráfico 2.4). Porém desde 2013/14, o<br />

ritmo de crescimento tem reduzido (com aumento de 4% até<br />

2016/17), indicando uma estabilização nos níveis mundiais.<br />

No mercado internacional, a previsão é de preços estáveis,<br />

acompanhando os estoques elevados. Nos últimos anos, o arroz<br />

atingiu um valor recorde em 2008, justamente no período<br />

em que os estoques mundiais se encontravam bem abaixo da<br />

posição atual.<br />

Portanto, existem também oportunidades de crescimento<br />

no mercado mundial de arroz, principalmente para consumo<br />

humano, havendo chances ao Brasil e ao estado do Tocantins<br />

em participarem destas exportações. Passa-se a analisar o<br />

mercado interno agora.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 37<br />

<br />

gráfico 2.6<br />

Série histórica de produção 2006/07 a 2015/16<br />

16.000<br />

<strong>NO</strong>RTE <strong>NO</strong>RDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL PRODUÇÃO BR<strong>AS</strong>IL<br />

PRODUTIVIDADE BR<strong>AS</strong>IL<br />

6.000<br />

Mil toneladas<br />

14.000<br />

12.000<br />

10.000<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

kg/ha<br />

0<br />

2006 / 07 2007 / 08 2008 / 09 2009 / 10 2010 / 11 2011 / 12 2012 / 13 2013 / 14 2014 / 15 2015 / 16<br />

0<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017d).<br />

2. 2 Análise do mercado nacional<br />

O arroz brasileiro, apesar da menor expressão no cenário<br />

internacional, quando comparado a outros grãos, tem potencial<br />

para expandir sua participação, já que apesar de grande<br />

produtor (9º maior na safra 2016/17), o país tem produtividades<br />

ainda inferiores aos grandes produtores mundiais (15º<br />

maior na safra 2016/17).<br />

A produção brasileira de arroz está altamente concentrada<br />

na região Sul do país, cerca de 80%. Caso seja mantida a<br />

tendência de evolução das safras dos últimos 10 anos, essa


38<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

concentração irá aumentar, pois as taxas de crescimento das<br />

demais regiões têm diminuído ou elevado as taxas pouco representativas<br />

(Gráfico 2.6).<br />

A segunda maior região produtora é o Norte, principalmente<br />

por conta da alta disponibilidade de água. Porém, em<br />

função da distância dos grandes centros consumidores, sua<br />

produção ainda não desenvolveu todo potencial. Isso porque<br />

dificulta o deslocamento logístico e acaba aumentando<br />

o custo dos produtos e consequentemente os preços para<br />

os consumidores finais. No Nordeste, o arroz é irrigado e se<br />

concentra em perímetros de irrigação por onde passa o Rio<br />

São Francisco, como Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017b).<br />

A média da produtividade brasileira vem crescendo nos<br />

últimos anos, como pode ser observado no Gráfico 2.6, principalmente<br />

devido à implementação de novas tecnologias no<br />

cultivo e maior conhecimento a respeito das diferentes variedades<br />

que se adaptam a cada região do país.<br />

Como pode ser observado na Tabela 2.3, os dois principais<br />

estados produtores de arroz do Brasil são Rio Grande do Sul e<br />

Santa Catarina. Uma característica do cultivo nessas regiões<br />

é a utilização, em sua maioria, da cultura irrigada. O desempenho<br />

está relacionado à alta produtividade que possuem, o<br />

que os coloca como responsáveis pelos maiores resultados de<br />

produção entre todos os estados. O Tocantins aparece com a<br />

<br />

taBEla 2.3<br />

Ranking nacional dos principais Estados produtores de arroz<br />

(projeções para safra 2016/17)<br />

POSIÇÃO<br />

ESTA<strong>DO</strong><br />

2016/17 PREVISÃO<br />

(¹) ÁREA<br />

(MIL HA)<br />

2016/17<br />

PREVISÃO (¹)<br />

PRODUTIVIDADE<br />

(KG/HA)<br />

2016/17 PREVISÃO<br />

(¹) PRODUÇÃO<br />

(MIL TON)<br />

1° RS 1.100,70 7.930 8.728,60<br />

2° SC 147,4 7.638 1.125,80<br />

3° TO 132,3 5.115 676,7<br />

4° MT 162,3 3.266 530<br />

5° MA 141,6 1.807 255,9<br />

6° PA 68,8 2.728 187,7<br />

7° PR 25,1 6.506 163,3<br />

8° RO 40,6 2.956 120<br />

9° GO 21,6 5.059 109,3<br />

10° PI 65,2 1.629 106,2<br />

11° MS 15,5 6.000 93<br />

12° RR 12,3 7.100 87,3<br />

13° SP 9,7 3.935 38,2<br />

14° SE 4,7 7.540 35,4<br />

15° AL 2,8 6.220 17,4<br />

TOTAL BR<strong>AS</strong>IL 1.980,9 6.223,4 12.327,8<br />

¹Previsão de setembro de 2017. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017d).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 39<br />

<br />

figUra 2.4<br />

Produção de arroz em Estados selecionados<br />

<br />

figUra 2.5<br />

Usos e destinos do arroz brasileiro em 2016<br />

SAFRA 2016/2017<br />

EM MIL TONELAD<strong>AS</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

Produção: 676,7<br />

Produtividade: 5.115 Kg/ha<br />

Área: 132,3 (mil ha)<br />

Safra arroz:<br />

10,6<br />

milhões de<br />

toneladas<br />

Exportação arroz<br />

com casca:<br />

0,2<br />

milhões de<br />

toneladas<br />

Exportação arroz<br />

sem casca:<br />

0,8<br />

milhões de<br />

toneladas<br />

MATO GROSSO<br />

Produção: 530,0<br />

Produtividade: 3.266 Kg/ha<br />

Área:<br />

162,3 (mil ha)<br />

Consumo interno<br />

com casca:<br />

11,4<br />

milhões de<br />

toneladas<br />

Consumo interno<br />

arroz sem casca:<br />

7,9<br />

milhões de<br />

toneladas<br />

RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL<br />

Produção: 8.728,6<br />

Produtividade: 7.930 Kg/ha<br />

Área: 1.100,7 (mil ha)<br />

SANTA CATARINA<br />

Produção: 1.125,8<br />

Produtividade: 7.638 Kg/ha<br />

Área:<br />

147,4 (mil ha)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017b); Conab (2017d); e USDA (2017a).<br />

Observar que o consumo supera a safra devido a uso de estoques.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017d).<br />

terceira maior produção nacional, porém com diferença significativa<br />

em relação aos líderes do ranking. Isso porque apesar<br />

da área semelhante ao estado de Santa Catarina, a produtividade<br />

ainda se mantém baixa devido à falta de variedades<br />

de arroz adaptadas às características da região.<br />

O Rio Grande do Sul é o primeiro no ranking nacional de<br />

produção de arroz, com 7.603 mil toneladas produzidas a<br />

mais que Santa Catarina na previsão de 2016/17. Há ainda<br />

alguns estados, que não necessariamente são grandes produtores,<br />

mas que têm se destacado nas últimas safras com<br />

crescimentos interessantes de suas produções. Alguns deles<br />

estão exemplificados na Figura 2.4.


40<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

Milhões de toneladas<br />

gráfico 2.7<br />

Evolução das exportações/importações brasileiras do arroz<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

EXPORTAÇÃO<br />

IMPORTAÇÃO<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017a) com base em Brasil (2017b).<br />

O Tocantins é interessante por apresentar uma produtividade<br />

média (5.115 kg/ha) aliada a uma área destinada ao grão<br />

(132,3 mil ha), totalizando 676,7 milhões de toneladas.<br />

Por meio da análise dos usos e destinos do arroz brasileiro<br />

em 2016, é possível perceber que o volume exportado é baixo.<br />

Após a retirada da casca, o arroz ainda será lixado, separando<br />

seu farelo (e outros resíduos) do arroz branco que é utilizado<br />

no consumo humano.<br />

Esse arroz, pelos dados de Brasil (2017a), é o que detém<br />

maior expressão nas exportações brasileiras, tanto em quantidade<br />

quanto em valor. Esses quatro “tipos” de arroz foram<br />

agrupados no Gráfico 2.7 para avaliação da evolução da balança<br />

comercial brasileira do grão.<br />

Os fluxos de exportação e importação de arroz do Brasil não<br />

seguem uma tendência definida, sua variação depende muito<br />

da disponibilidade do grão no país: safras com maior volume<br />

de arroz colhido refletem em uma maior exportação no ano<br />

seguinte e menores importações e vice-versa, com o comércio<br />

internacional servindo como uma ferramenta de ajuste na<br />

relação oferta e demanda.<br />

Para os governos de diferentes países, assim como para<br />

agentes privados, é fundamental o conhecimento dos determinantes<br />

do comércio externo. Em relação ao governo,<br />

compreender o efeito das medidas de incentivos comerciais<br />

e de ajustes ao setor externo sobre o comércio internacional<br />

é altamente importante para a estruturação de políticas públicas.<br />

Já para os agentes privados, tal conhecimento tornase<br />

elemento fundamental para tomada de decisões (ZANIN;<br />

BACCHI, 2017).<br />

Segundo um estudo desenvolvido e publicado por Zanin<br />

e Bacchi (2017), sobre o PIB brasileiro, no período de 2009 a<br />

2016, a demanda interna apresentou o maior efeito imediato<br />

sobre as exportações de arroz, com um impacto negativo e


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 41<br />

<br />

taBEla 2.4<br />

Principais destinos das exportações brasileiras de arroz com casca<br />

<br />

taBEla 2.6<br />

Principais destinos das exportações brasileiras de arroz brunido<br />

prinCipais Destinos eXportação De arroZ CoM CasCa Do BrasiL — 2016<br />

prinCipais Destinos eXportação De arroZ BruniDo Do BrasiL — 2016<br />

Nicarágua<br />

Venezuela<br />

Costa Rica<br />

Uruguai<br />

Paraguai<br />

Outros<br />

totaL<br />

Exportações (Mi US$ FOB) 28,40 15,16 7,22 1,02 0,42 0,27 52,49<br />

Exportações (Tons) 103,19 60,26 26,25 0,31 0,59 0,31 190,91<br />

Preço médio (US$/ton) 275,26 251,55 275,00 3266,19 707,59 872,56 274,94<br />

<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017b).<br />

taBEla 2.5<br />

Principais destinos das exportações brasileiras de arroz sem casca<br />

prinCipais Destinos eXportação De arroZ seM CasCa Do BrasiL — 2016<br />

Bélgica<br />

EUA<br />

Holanda<br />

Trinidad e<br />

Tobago<br />

Exportações (Mi US$ FOB) 1,43 0,55 0,52 0,48 0,39 0,42 3,78<br />

Exportações (Tons) 3,17 1,02 1,55 1,08 0,44 0,69 7,95<br />

Preço médio (US$/ton) 450,97 537,57 332,33 450,16 881,45 605,41 476,22<br />

Itália<br />

Peru<br />

Venezuela<br />

Cuba<br />

Bolívia<br />

EUA<br />

Outros<br />

totaL<br />

Outros<br />

TOTAL<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017b).<br />

Exportações (Mi US$ FOB) 29,58 15,97 13,63 11,16 10,40 33,89 114,64<br />

Exportações (Tons) 57,65 15,75 30,45 19,16 19,10 66,55 208,65<br />

Preço médio (US$/ton) 513,12 1014,16 447,61 582,67 544,74 509,23 549,41<br />

<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017b).<br />

taBEla 2.7<br />

Principais destinos das exportações brasileiras de farelo de arroz e<br />

outros resíduos<br />

prinCipais Destinos eXportação De FareLo De arroZ e outros resÍDuos Do<br />

BrasiL — 2016<br />

Senegal<br />

Gâmbia<br />

Exportações (Mi US$ FOB) 40,16 15,91 9,73 5,96 5,40 3,86 81,03<br />

Exportações (Tons) 140,65 56,42 39,06 19,67 22,02 12,62 290,43<br />

Preço médio (US$/ton) 285,56 282,03 249,25 302,86 245,40 305,89 279,00<br />

Suíça<br />

Serra Leoa<br />

EUA<br />

Outros<br />

totaL<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017b).<br />

elasticidade de — 4,68%, caracterizando a sensibilidade das<br />

exportações em relação à variação da demanda interna. Nesse<br />

mesmo estudo, a taxa de câmbio também apresentou um<br />

impacto significativo sobre as exportações de arroz, resultando<br />

na consideração de que uma elevação em 1% no valor do<br />

dólar fez com que as vendas externas aumentassem 3,78%.


42<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

gráfico 2.8<br />

Estoques de Arroz 2006/07 a 2016/17<br />

ESTOQUE INICIAL PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO CONSUMO EXPORTAÇÃO ESTOQUE FINAL<br />

15.000<br />

3.000<br />

10.000<br />

2.000<br />

Mil toneladas<br />

5.000<br />

0<br />

-5.000<br />

1.000<br />

0<br />

-1.000<br />

Estoque final em mil toneladas<br />

-10.000<br />

-2.000<br />

-15.000<br />

2006/2007 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 2015/2016 2016/2017<br />

-3.000<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017a).<br />

O fator preço das exportações (em dólares) apresentou<br />

impacto positivo de 1,06%, ou seja, um aumento externo no<br />

preço do arroz faz com que a oferta deste produto para exportação<br />

aumente também. O mesmo raciocínio ocorre com<br />

o preço do produtor, sendo o impacto positivo de 3,02% (ZA-<br />

NIN; BACCHI, 2017).<br />

Nos principais destinos das exportações brasileiras destacam-se<br />

principalmente países sul-americanos e africanos,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 43<br />

<br />

gráfico 2.9<br />

Média anual de preços<br />

PREÇO MÉDIO (R$) <strong>DO</strong><br />

ARROZ LONGO FI<strong>NO</strong> E<br />

EM C<strong>AS</strong>CA TIPO 1 (60KG)<br />

42,58<br />

RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL<br />

2014 2015<br />

46,77<br />

1% 12%<br />

43,00<br />

41,71 46,77<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017c).<br />

pois são países com o hábito de consumir o grão e dos quais a<br />

distância do Brasil não é grande a ponto de perder competitividade<br />

para o arroz asiático.<br />

Pelas Tabelas 2.4 a 2.7 é possível também constatar que o<br />

maior valor agregado está no arroz brunido (processado). Esse<br />

é inclusive o tipo de arroz mais exportado tanto em volume<br />

quanto em valor entre os quatro possíveis. Um destaque a ser<br />

feito é que o Paraguai é o quinto maior importador de arroz<br />

brasileiro ainda com casca, seu estado mais bruto (BR<strong>AS</strong>IL,<br />

2017b). Ao mesmo tempo, está ampliando suas exportações<br />

de arroz já processadas, provavelmente processando e gerando<br />

valor internamente no produto (USDA, 2017a).<br />

Os estoques nacionais de arroz passaram por um período<br />

de grande diminuição, se reduzindo praticamente à metade<br />

em 10 anos. Isso aconteceu, principalmente, devido a safras<br />

com menor volume de produção.<br />

Em julho de 2017, o Brasil exportou aproximadamente 113<br />

mil toneladas de arroz base casca e importou 100 mil toneladas.<br />

No que diz respeito aos preços comercializados, o Brasil<br />

vendeu o arroz branco beneficiado em uma média de US$<br />

529/t, já os preços de aquisição, principalmente do Mercosul,<br />

se mantiveram em patamar inferior.<br />

No mercado internacional do arroz, o Paraguai, maior exportador<br />

para o Brasil, comercializou 55,5 mil toneladas de<br />

arroz base beneficiado em uma média de US$ 404/t de arroz<br />

polido. O arroz paraguaio continua sendo direcionado, na<br />

maior parte, para os mercados do sudeste brasileiro. Sobre a<br />

Argentina e o Uruguai, o produto importado vem sendo direcionado<br />

principalmente para São Paulo e Rio Grande do Sul<br />

(CONAB, 2017a).<br />

Reparando no Gráfico 2.9, nos anos de 2014 e 2015, o estado<br />

do Tocantins aumentou seus preços em 12%, valores acima<br />

quando comparados ao estado do Rio Grande do Sul, que


44<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

gráfico 2.10<br />

Média anual de preços<br />

PREÇO MÉDIO (R$) <strong>DO</strong><br />

ARROZ LONGO FI<strong>NO</strong> EM<br />

C<strong>AS</strong>CA (60KG)<br />

56,88<br />

19%<br />

46,20<br />

SANTA CATARINA<br />

67,05<br />

37%<br />

42,49<br />

MATO GROSSO<br />

2016 2017<br />

66,25<br />

25%<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

49,52<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017c).<br />

cresceu em cerca de 1% apenas de um ano para outro. Uma<br />

possível explicação no aumento dos preços nesse período<br />

pode ser o avanço nas exportações.<br />

O arroz longo fino em casca sofreu queda de cerca de 25%<br />

no estado do Tocantins de 2016 para 2017. Os estados de Santa<br />

Catarina e Mato Grosso, conforme Gráfico 2.10, decaíram em<br />

19% e 37% respectivamente. A pressão da oferta somada com<br />

o enfraquecimento da demanda podem explicar tais quedas.<br />

Orizicultores que buscavam “fazer caixa” nesse período disponibilizaram<br />

lotes no início do ano de 2017, enquanto isso, do<br />

lado comprador, algumas indústrias recebiam os contratos de<br />

insumo, em troca do arroz em casca, que foram firmados em<br />

um período anterior, outras ainda trabalhavam com o cereal da<br />

safra 2015/16 ou importado (GLOBO RURAL, 2017).<br />

Ao final do período da projeção, realizada pelo Outlook<br />

Fiesp (2016), serão produzidas cerca de 14 milhões de toneladas<br />

de arroz, representando um crescimento aproximado de<br />

3% a.a. No que diz respeito à área, a previsão é de 2 milhões<br />

de hectares de arroz plantados em 2026, isso significa uma<br />

redução de 0,2% a.a. quando comparada ao ano de 2015/16.<br />

A Tabela 2.8 resume as taxas totais de crescimento que<br />

envolvem a produção, a área plantada e a produtividade do<br />

arroz ao longo dos próximos dez anos.<br />

<br />

taBEla 2.8<br />

Variação de produção, área e produtividade brasileira de arroz<br />

VARIAÇÃO 2016-2026<br />

Produção Área Produtividade<br />

31,4% -1,6% 33,6%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2016).<br />

No período 2015/16, como pode ser o visto no Gráfico 2.12,<br />

verificou-se o valor de cerca de 200 mil toneladas líquidas im-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 45<br />

portadas. A partir do ano de 2017 este cenário mudou, quando<br />

o Brasil deixou de ser um importador e passou a ser um<br />

exportador do grão.<br />

Para 2026, prevê-se um valor de 1,6 milhão de toneladas<br />

líquidas exportadas, revelando uma tendência brasileira de<br />

continuar nesse progresso e passar de importador para exportador<br />

de arroz já no curto prazo.<br />

Ainda de acordo com o relatório da Fiesp (2016), a demanda<br />

doméstica sai de 11,5 milhões de toneladas em 2015/16 para<br />

cerca de 12,3 milhões de toneladas em 2025/26, equivalente a<br />

um crescimento de 7%.<br />

2. 3 MATOPIBA<br />

A região MATOPIBA foi definida pelo Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento em 2015, através da Portaria<br />

N° 244. Ela é formada por 4 estados, Maranhão, Tocantins,<br />

Piauí e Bahia, e abrange 377 municípios, totalizando uma extensão<br />

de 73 milhões de hectares (BR<strong>AS</strong>IL, 2015).<br />

Cerca de 90% dessa região concentra-se no cerrado, o que faz<br />

com que tenha características bastante marcantes do bioma,<br />

as quais possibilitam uma combinação de condições geográficas<br />

ideais para a agricultura e pecuária. As terras cultiváveis<br />

nessa localidade também apresentam valores relativamente<br />

baixos se comparados aos das regiões agrícolas do país, o que<br />

representa uma grande vantagem competitiva.<br />

<br />

Produção: mil toneladas / Área plantada: mil ha<br />

gráfico 2.11<br />

Projeção de produção, área plantada e produtividade nacional<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2015/16<br />

PRODUÇÃO<br />

2016/17<br />

2017/18<br />

2018/19<br />

ÁREA<br />

2019/20<br />

2020/21<br />

7.500<br />

7.000<br />

6.500<br />

6.000<br />

5.500<br />

5.000<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Fiesp (2016).<br />

Segundo o Censo Demográfico 2010, a população total do<br />

MATOPIBA era, no período avaliado, de 5,9 milhões de habitantes,<br />

dos quais 65% concentravam-se em áreas urbanas,<br />

muito abaixo do que se tem hoje na média brasileira (84%).<br />

A densidade demográfica também é baixa, muito influenciada<br />

pela heterogenia na distribuição populacional: apenas 10<br />

municípios eram responsáveis por 25% da população (IBGE,<br />

2011).<br />

2021/22<br />

PRODUTIVIDADE<br />

2022/23<br />

2023/24<br />

2024/25<br />

2025/26<br />

Produtividade kg/ha


46<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

gráfico 2.12<br />

Projeção exportações de arroz no Brasil<br />

milhões de toneladas<br />

2015/16<br />

-0,20<br />

2016/17<br />

-0,14<br />

0,52<br />

2017/18<br />

0,47<br />

2018/19<br />

0,54<br />

2019/20<br />

0,98<br />

2020/21<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2016).<br />

De acordo com o IBGE (2016), o PIB da região foi de R$ 88<br />

bilhões em 2015. No estudo de Buainain, Garcia e Vieira Filho<br />

(2017), o PIB da região era o equivalente a 1,4% do total brasileiro,<br />

40% desse valor estava concentrado em apenas 10 municípios;<br />

e o valor adicionado bruto era composto da seguinte<br />

maneira: 19% agropecuária, 16% indústria e 65% serviços.<br />

O setor agrícola tem grande potencial de crescimento nesse<br />

1,08<br />

2021/22<br />

1,19<br />

2022/23<br />

1,31<br />

2023/24<br />

1,44<br />

2024/25<br />

1,58<br />

2025/26<br />

cenário, já que as atividades relacionadas à indústria e ao comércio<br />

dependem, além da renda pública, da renda agropecuária<br />

(produtos provenientes da atividade agrícola).<br />

A partir do Censo Agropecuário 2006, estima-se que existam<br />

mais de 350 mil estabelecimentos agropecuários na região,<br />

sendo esses responsáveis por 34 milhões de hectares de<br />

terra. Desse total, 36% possuem área com território inferior<br />

a 10 hectares. Dessa forma, existe uma concentração de área<br />

nas mãos de poucos estabelecimentos, principalmente localizados<br />

no sudoeste e oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul do<br />

Tocantins (4% deles são responsáveis por 63% do território).<br />

Apesar disso, a estrutura agrária da região é bem diferente<br />

do que era encontrado em estados agrícolas mais tradicionais,<br />

como Mato Grosso e Goiás durante sua formação. Isso<br />

porque é bastante fragmentada, devido ao grande número de<br />

produtores com áreas muito pequenas. Com o aumento do<br />

desenvolvimento agrário da região, ocorreu uma ocupação<br />

da fronteira agrícola com base na agropecuária intensiva e de<br />

larga escala.<br />

Um importante fator para o desenvolvimento do MATOPI-<br />

BA consiste nas melhorias logísticas que vêm sendo incentivadas<br />

pelos governos locais tanto para fluxo de insumos<br />

quanto para escoamento da produção. Esse fator é determinante<br />

para a expansão agrária da região.<br />

A cultura do arroz tem extrema importância para a agricul-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 47<br />

<br />

gráfico 2.13<br />

Atividades Agropecuárias MATOPIBA (em receita)<br />

9%<br />

Arroz<br />

26%<br />

Outros 19%<br />

Gado<br />

14%<br />

Algodão Herbáceo<br />

32%<br />

Soja<br />

Fonte: INPUT (2017).<br />

tura do MATOPIBA. A maior parte da produção é proveniente<br />

do estado do Tocantins, o qual já é bastante desenvolvido na<br />

produção do grão. Provavelmente, essa produtividade é resultado<br />

da implementação de tecnologias de cultivo e o bom uso<br />

de fertilizantes, corretivos e defensivos. Além disso, uma prática<br />

que auxilia o bom desempenho dos grãos no MATOPIBA<br />

é a dos sistemas conservacionistas de plantio e a integração<br />

lavoura-pecuária-floresta.<br />

Segundo Ponciano et al. (2006), a cultura do arroz de sequeiro<br />

foi pioneira na ocupação das fronteiras agrícolas brasileiras,<br />

antes mesmo da pecuária bovina na formação de<br />

pastagens e outras culturas. Esse tipo de produção é marginal,<br />

ou seja, a produtividade apresentada é baixa e de importância<br />

não muito grande; já o arroz irrigado é mais produtivo<br />

e concentrado no sul do País.


48<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

anáLise da sitUação interna:<br />

o estado do tocantins


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 49<br />

Fundado em 1988, quando lideranças do norte goiano mobilizaram<br />

a população na busca da independência política da<br />

região, o Tocantins é o estado mais novo do Brasil, tendo atualmente<br />

29 anos de existência (SEDEN, 2017).<br />

Pode-se dizer que o estado possui uma vocação natural<br />

para o agronegócio, estando inserido em uma das últimas<br />

fronteiras agrícolas do país, a região conhecida como MA-<br />

TOPIBA, que engloba cerca de sete milhões de hectares cultiváveis<br />

(SEDEN, 2017). A cadeia produtiva de arroz é uma das<br />

mais bem estruturadas e de maiores produções do estado, o<br />

que coloca o Tocantins como 3° colocado dentre os maiores<br />

produtores de arroz do Brasil.<br />

A Figura 3.1 esquematiza a cadeia de arroz completa do estado,<br />

contemplando todos os seus elos.<br />

Por ser um estado novo, onde os setores estão em constante<br />

evolução, alguns elos da cadeia estão ausentes ou em estágio<br />

inicial de desenvolvimento. Para o fortalecimento desses elos<br />

são necessários esforços e direcionamentos dos agentes dos<br />

setores público e privado no estado.<br />

Nos parágrafos que seguem será dado um panorama geral<br />

dos elos da cadeia no estado, sendo que as informações serão<br />

aprofundadas e mais detalhadas nos próximos capítulos.<br />

No elo de insumos existem alguns gargalos a serem abordados<br />

no estado. O principal deles é o fator logístico, que mui-


50<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

⋆<br />

figUra 3.1<br />

Cadeia produtiva do arroz no estado do Tocantins<br />

Fatores poLÍtiCo-LeGais; eConÔMiCos-naturais; soCioCuLturais-DeMoGrÁFiCos; teCnoLÓGiCos<br />

Fertilizantes<br />

exportação<br />

Defensivos<br />

sistema de irrigação<br />

autopeças / serviços<br />

de manutenção<br />

Corretivos<br />

sementes<br />

serviços<br />

produção<br />

agrícola<br />

arroz com<br />

casca (paddy)<br />

sementes<br />

secagem<br />

indústria<br />

processadora<br />

Hastes<br />

arroz para<br />

consumo<br />

humano<br />

Quirera<br />

Farelo com<br />

arroz<br />

indústria de<br />

alimentos<br />

indústria de<br />

ração<br />

indústria de<br />

fertilizantes<br />

produção animal<br />

atacado / Varejo<br />

ConsuMiDor FinaL<br />

epi<br />

palha de<br />

arroz<br />

implementos<br />

outros<br />

Cooperativas<br />

exportação<br />

aGentes FaCiLitaDores: Fieto, eMBrapa, LoGÍstiCa, arMaZenaGeM, Mão De oBra, GoVerno<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 51<br />

tas vezes dificulta a oferta de produtos como fósforo e potássio<br />

aos produtores de arroz, pelo fato de serem trazidos de<br />

fora do Tocantins. A logística também faz com que os preços<br />

desses insumos sejam maiores do que nos demais estados,<br />

principalmente em regiões localizadas longe das rodovias<br />

principais (BRs). Para minimização desse problema poderia<br />

ser feito um melhor uso da Ferrovia Norte-Sul para abastecimento<br />

do estado com insumos agrícolas, além da elaboração<br />

de novas estratégias logísticas.<br />

Outro fator que dificulta o acesso do produtor aos insumos<br />

é que apenas poucas indústrias de processamento realizam<br />

barter, fator que poderia ser bastante ampliado no estado.<br />

Por fim, o nível tecnológico do produtor poderia ser melhorado<br />

se as indústrias oferecessem assistência técnica que,<br />

atualmente, é quase que apenas fornecida por parte das empresas<br />

de insumos. Essa mudança melhoraria não só a produtividade<br />

e qualidade dos produtos agrícolas, mas também<br />

melhoraria o relacionamento entre produtor rural e indústria.<br />

A produção de arroz no Tocantins ainda possui produtividade<br />

baixa em relação aos estados da região Sul. O principal<br />

motivo disso é que as variedades cultivadas no estado são as<br />

mesmas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e, portanto,<br />

não apropriadas totalmente às características naturais do<br />

cerrado. A EMBRAPA vem realizando estudos para encontrar<br />

plantas de arroz que se adequem às especificidades das várzeas<br />

do Tocantins e melhorem a produtividade.<br />

O processo de secagem do arroz é uma etapa intermediária<br />

entre a produção e o processamento do produto para retirada<br />

da umidade excessiva. Na maioria das vezes, esse processo é<br />

realizado por um elo à parte da produção e da indústria, pelo<br />

fato de poucas indústrias o realizarem internamente e pela<br />

falta de espaço adequado nas propriedades dos orizicultores.<br />

O elo do cooperativismo ainda é embrionário. Apesar de já<br />

existirem iniciativas de cooperativas no estado, elas estão em<br />

fase de desenvolvimento. O fortalecimento do sistema cooperativista<br />

e associativista no estado vem acompanhado do<br />

aumento da competitividade do elo produtivo, seja na compra<br />

de insumos ou na maior autonomia para comercialização<br />

do produto em mercados mais atrativos. As cooperativas realizam<br />

a venda direta do arroz, beneficiam, ou encaminham<br />

para produção industrial, onde ocorre o beneficiamento e<br />

aproveitamento de seus subprodutos.<br />

O elo da indústria é responsável pelo processamento do arroz<br />

para venda no varejo e atacado, além das exportações (que hoje<br />

representam parcela pouco significativa nos destinos do produto).<br />

Os derivados do arroz são encaminhados para outras indústrias<br />

onde serão utilizados para a produção de rações, alimentos<br />

para consumo humano e adubos. A produção de adubo tem características<br />

importantes, pois faz uso da palha de arroz, que, se<br />

não tivesse essa destinação, traria alto impacto ambiental.


52<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

A maior parte do total produzido vai para o mercado interno<br />

brasileiro, com mais competitividade nas regiões Norte,<br />

Nordeste e estados vizinhos. Existe menor foco para a exportação.<br />

A demanda do arroz tem característica de ser limitada<br />

pelo fato de apresentar poucos derivados e de o grão<br />

não ser muito consumido em grande parte dos países não<br />

produtores.<br />

3. 1 Produção agrícola<br />

3. 1. 1 Características gerais da cadeia do Estado<br />

O Tocantins é um estado com grande aptidão agrícola. Fatores<br />

como a disponibilidade de água, terras férteis, período<br />

chuvoso bem definido e topografia favorável têm contribuído<br />

para o desenvolvimento desse importante setor no estado.<br />

De acordo com dados da Seplan (2016), o estado conta com<br />

uma área total de 28 milhões de hectares sendo que quase<br />

14 milhões possuem potencial para a produção agrícola.<br />

Desse total, cerca de 8 milhões estão ocupados com pastagens.<br />

A agricultura, majoritariamente representada pelos<br />

grãos, ocupa área de 1,2 milhões de hectares e o restante,<br />

cerca de 4,8 milhões, ainda são áreas com potencial para exploração<br />

agrícola. A Tabela 3.1 mostra a divisão do território<br />

do Tocantins.<br />

<br />

taBEla 3.1<br />

Distribuição do território do Tocantins<br />

DESCRIÇÃO HECTARES %<br />

ÁRE<strong>AS</strong> COM RESTRIÇÃO 13.990.000 50,2%<br />

Áreas Potenciais para Conservação 1.266.690 5%<br />

Parque Estadual 88.930 0%<br />

Parque Nacional 562.310 2%<br />

Áreas indígenas 2.007.470 7%<br />

Áreas de Proteção Ambiental 1.790.550 6%<br />

Corpos de Água 665.600 2%<br />

Mineração e Uso Urbano 30.450 0%<br />

Área de Reserva Legal 6.315.000 23%<br />

Área de Preservação Permanente 1.263.000 5%<br />

ÁREA POTENCIAL <strong>PARA</strong> PROD. AGRÍCOLA 13.852.070 49,80%<br />

Pastagens 7.783.000 28%<br />

Área Agrícola 1.226.400 4%<br />

Área para Exploração 4.842.670 17%<br />

ÁREA TOTAL 27.842.070<br />

Fonte: SEPLAN (2016); IBGE (2017).<br />

Analisando a Tabela 3.1, nota-se que o estado, apesar de<br />

ter grande potencial agrícola, também possui área de preservação<br />

ambiental importante. A soma das áreas dos parques<br />

estaduais e nacionais, áreas indígenas, áreas de proteção


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 53<br />

<br />

gráfico 3.1<br />

Distribuição da área agrícola do Tocantins de grãos em 2016<br />

<br />

gráfico 3.2<br />

Evolução da área plantada no Tocantins (em mil hectares)<br />

2%<br />

Sorgo<br />

10%<br />

Arroz<br />

1%<br />

Feijão<br />

1.400<br />

1.200<br />

ARROZ<br />

TOTAL TO<br />

1.050<br />

1.150<br />

1.226<br />

1.290<br />

14%<br />

Milho<br />

1.000<br />

800<br />

800<br />

0%<br />

Amendoim<br />

600<br />

0%<br />

Algodão<br />

73%<br />

Soja<br />

400<br />

200<br />

119<br />

114<br />

128<br />

133<br />

132<br />

Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2017).<br />

0<br />

2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17( 1 )<br />

ambiental, de reserva legal, de preservação permanente e de<br />

corpos de água representa 46% do total do território do estado.<br />

Cerca de 5% das áreas ainda é potencial para conservação<br />

(SEPLAN, 2016).<br />

Atualmente, da área agrícola ocupada no estado, os grãos<br />

são os produtos mais representativos (Gráfico 3.1). A produção<br />

de grãos no estado de forma mais significante teve início<br />

( 1 ) Projeção / Fonte: elaborado pelos autores a partir de CONAB (2017d).<br />

na safra 2000/01, sendo que somente nos últimos anos esse<br />

volume se intensificou (Grá fico 3.2).<br />

Tanto a área agrícola total do estado como a área destinada<br />

aos grãos estão em evolução contínua. Estima-se que na<br />

safra 2016/17 a área total chegue a 1,29 milhões de hectares,<br />

contabilizando um crescimento de cerca de 60% em 5 anos.


54<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

gráfico 3.3<br />

Evolução da produtividade de arroz irrigado (kg/ha)<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

4.000<br />

MT RS SC TO BR<strong>AS</strong>IL<br />

6.837<br />

7.139<br />

5.781<br />

6.692<br />

2015/16 2016/17( 1 )<br />

(¹) Projeção / Fonte: elaborado pelos autores a partir de CONAB (2017d).<br />

Apesar da expansão da área plantada de grãos, a de arroz<br />

cresceu apenas 11,1% nos últimos 5 anos, valor bastante<br />

inferior ao potencial que possui, que, segundo entrevistados<br />

do setor, pode chegar a dobrar até 2024. A área da safra<br />

2016/2017 de arroz ficou próxima a 132,3 mil hectares. O<br />

Gráfico 3.2 mostra a série histórica da área plantada no total<br />

do estado e a área de arroz.<br />

A cadeia produtiva começou a se desenvolver efetivamente<br />

3.815<br />

7.930<br />

7.638<br />

5.915<br />

7.619<br />

no estado após a implementação do Projeto Rio Formoso. Ele<br />

representou grande avanço no aproveitamento das várzeas<br />

para produção de arroz irrigado e o pontapé para o desenvolvimento<br />

da cultura no estado. O projeto, que começou a ser<br />

implementado em 1979, possui uma área de cerca de 33 mil<br />

hectares e é considerado o maior do mundo, em área contínua.<br />

Antes dele, o arroz cultivado era o sequeiro.<br />

A produtividade de uma cultura é fortemente influenciada<br />

por diversos fatores, sejam controláveis ou não. Variações climáticas<br />

são exemplos de fatores incontroláveis que podem<br />

impactar negativamente na produtividade, afetando de maneira<br />

significativa a produção em determinada área. Já o desenvolvimento<br />

e a adoção de novas tecnologias figuram como<br />

fatores controláveis que impactam positivamente naqueles<br />

aspectos.<br />

No Gráfico 3.3 é possível notar que, no Tocantins, a produtividade<br />

do arroz irrigado se manteve praticamente constante,<br />

o que distanciou o estado ainda mais da média nacional que<br />

cresceu entre 2015/16 e 2016/17. Os principais produtores de<br />

arroz, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, apresentam produtividades<br />

bastante superiores aos demais estados brasileiros,<br />

mas apenas o Rio Grande do Sul mostrou grande crescimento<br />

nos últimos 5 anos.<br />

A representatividade da produção do Tocantins em relação<br />

aos outros estados produtores, com exceção o Rio Grande do


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 55<br />

<br />

gráfico 3.4<br />

Representatividade dos estados na produção de grãos brasileira<br />

na safra 2015/16<br />

4%<br />

MT<br />

6%<br />

TO<br />

3%<br />

MA<br />

2%<br />

PA<br />

6%<br />

OUTROS<br />

<br />

800<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

gráfico 3.5<br />

Evolução da produção de arroz do Tocantins (mil toneladas)<br />

2006/07<br />

TO<br />

2007/08<br />

2008/09<br />

%BR<strong>AS</strong>IL<br />

2009/10<br />

2010/11<br />

2011/12<br />

2012/13<br />

2013/14<br />

2014/15<br />

2015/16<br />

2016/17 ( 1 )<br />

7,0%<br />

6,0%<br />

5,0%<br />

4,0%<br />

3,0%<br />

2,0%<br />

1,0%<br />

0,0%<br />

10%<br />

SC<br />

69%<br />

RS<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017d).<br />

Sul, que é responsável por quase 70% de todo o arroz produzido<br />

no Brasil, é consideravelmente alta. O estado possui 6%<br />

do total produzido no país e não se encontra muito distante<br />

do segundo colocado, Santa Catarina que tem 10%. Com<br />

base nesses dados é possível identificar uma janela de oportunidade<br />

para o aumento da produção no Tocantins. Caso o<br />

estado consiga aumentar, mesmo que gradualmente, sua<br />

( 1 ) Projeção / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017d).<br />

produtividade e sua área, terá grande vantagem competitiva<br />

nacionalmente. Isso porque, como visto anteriormente, esses<br />

dois fatores não tiveram crescimento tão significativo durante<br />

os últimos 5 anos nos principais estados produtores. O<br />

Gráfico 3.4 mostra a representatividade dos estados na produção<br />

brasileira de arroz.<br />

Os demais estados produtores com altas participações têm<br />

proximidade de representatividade em relação ao Tocantins,<br />

mas poucos deles possuem o potencial inexplorado de crescimento<br />

deste. O histórico de produção do estado do Tocantins<br />

evidencia uma tendência de crescimento. O Gráfico 3.5 mostra<br />

a evolução da produção de arroz nas últimas safras e a representatividade<br />

da produção no cenário nacional.


56<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

figUra 3.2<br />

Regiões produtoras de arroz do estado do Tocantins (safra 2016/17)<br />

Dados por Municípios<br />

Produção de Arroz (toneladas)<br />

Pium<br />

0 a 205<br />

205 a 614<br />

614 a 1.500<br />

1.500 a 4.500<br />

4.500 a 9.000<br />

9.000 a 40.760<br />

40.760 a 120.000<br />

120.000 a 235.692<br />

Lagoa da Confusão<br />

Formoso do Araguaia<br />

Dueré<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

No Tocantins, pode notar-se que nos últimos anos houve<br />

uma tendência de crescimento, tanto na produção de arroz<br />

quanto na participação do estado na produção nacional. Parte<br />

dessa expansão se deve ao desenvolvimento de novas variedades<br />

de sementes mais adaptadas ao bioma do cerrado, com<br />

alta produtividade, mais resistentes e com maior qualidade<br />

no produto final. Além disso, o estado vem adicionando às<br />

suas práticas culturais técnicas principalmente relacionadas<br />

à irrigação.<br />

A produção em Lagoa da Confusão e nas cidades de seu<br />

entorno se mostra forte com o arroz irrigado tornando-se representativo<br />

nessa região, o que contribui para o volume de<br />

produção maior.<br />

O arroz pode ser cultivado de duas maneiras: irrigado ou sequeiro.<br />

Cada forma de cultivo tem destaque em um município<br />

diferente, de acordo com as características naturais dos mesmos,<br />

da tradição do modelo de cultivo, dentre outros fatores.<br />

O arroz sequeiro tem tradição na região do Tocantins mesmo<br />

antes da formação oficial do estado, quando ainda constituía<br />

o norte de Goiás. Uma característica desse sistema de<br />

produção é que ele é dependente do regime pluvial. Dessa<br />

forma, caso haja algum período de seca intensa que prejudique<br />

a normalidade hídrica da região, o ciclo de produção pode<br />

ser extremamente comprometido. O município com maior<br />

desempenho produtivo nesse tipo de sistema de produção<br />

é Porto Nacional, tanto em volume de produção, quanto em<br />

produtividade e área.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 57<br />

<br />

Área (mil ha) e Produção (mil t)<br />

gráfico 3.6<br />

Principais municípios produtores de arroz sequeiro na safra 2015/16<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

12,5<br />

23,75<br />

1.900 1.800<br />

PORTO<br />

NACIONAL<br />

5,4<br />

9,72<br />

DIANÓPOLIS<br />

ÁREA<br />

4<br />

600<br />

2,4<br />

CAMPOS<br />

LIN<strong>DO</strong>S<br />

PRODUÇÃO<br />

1.200<br />

2,19<br />

2,63<br />

ARAGUAÍNA<br />

1.600<br />

1,53<br />

2,44<br />

PRODUTIVIDADE<br />

<strong>PARA</strong>ÍSO<br />

2.000<br />

1.800<br />

1.600<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Miranda, Neto (2017).<br />

A produção de arroz irrigado começou mais tarde no estado,<br />

com o Projeto Rio Formoso, após a constatação da disponibilidade<br />

de água e as condições climáticas favoráveis para<br />

a cultura.<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

Produtividade kg/ha<br />

Segundo Wander e Silva (2013), esse tipo de arroz é cultivado<br />

principalmente em terras baixas, onde não existem muitas<br />

alternativas para outras culturas, ou seja, a concorrência<br />

é baixa. Quando o sistema se baseia em terras altas, a soja e<br />

o milho entram em cena, assim como as culturas do algodão,<br />

cana-de-açúcar e a pecuária, dificultando a implantação do<br />

arroz, além disso, as terras altas sofrem com pragas, doenças<br />

e com a falta de água, justificando a queda da produtividade<br />

e qualidade do grão (WANDER; SILVA, 2013). O Gráfico 3.7<br />

apresenta os principais municípios produtores de arroz irrigado<br />

no estado.<br />

3. 1. 2 Tecnologia aplicadas à produção<br />

A agricultura irrigada é uma realidade presente em diversas<br />

culturas no Tocantins e é cada vez mais adotada por produtores<br />

devido à sua maior produtividade em relação ao sequeiro.<br />

Isso porque o estado apresenta características hídricas muito<br />

favoráveis a esse tipo de cultivo. Porém, o sistema de irrigação<br />

brasileiro ainda não é estruturado como deveria e faltam<br />

órgãos que centralizem as decisões a seu respeito. Por esse<br />

motivo são levantadas diversas dúvidas e realizados estudos<br />

de qual volume a ser irrigado e qual o futuro da disponibilidade<br />

de água no país.<br />

O sistema hidrográfico do Tocantins está inserido na Região


58<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

Área (mil ha) e Produção (mil t)<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

gráfico 3.7<br />

Principais municípios do TO produtores de arroz irrigado na safra<br />

2015/16<br />

0<br />

6.000<br />

49,03<br />

294,17<br />

LAGOA DA<br />

CONFUSÃO<br />

23,82<br />

5.999<br />

142,9<br />

FORMOSO <strong>DO</strong><br />

ARAGUAIA<br />

11,49<br />

4.861 5.109<br />

DUERÉ<br />

55,85<br />

2,74<br />

14<br />

GURUPI<br />

5.401<br />

2,32<br />

12,53<br />

CRISTALÂNDIA<br />

6.700<br />

0,2<br />

1,34<br />

GUARAÍ<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

Produtividade (Kg/ha)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Miranda; Neto (2017).<br />

que possui abundância de água e tem o segundo maior potencial<br />

hidroenergético do Brasil.<br />

Justamente para tentar impedir que a disponibilidade de<br />

água se reduza por conta de seu mau uso, o estado do Tocantins<br />

tem elaborado um plano para utilização de maneira sustentável<br />

da água por meio de um convênio entre o governo estadual<br />

com a FAPTO (Fundação de Apoio à Pesquisa) e a UFT.<br />

Os estudos têm como objetivo definir como equilibrar a<br />

oferta de água para os mais diversos usos: abastecimento,<br />

energia, saneamento, transporte, e outros, além da utilização<br />

na agricultura para irrigação das bacias hidrográficas do estado<br />

e traçar planos de ação (SEMARH, 2017). De acordo com<br />

os pesquisadores, os planos vão apresentar maneiras de se<br />

utilizar os recursos hídricos para que não haja escassez de<br />

água no futuro.<br />

Hidrográfica do Tocantins – Araguaia, juntamente com Goiás,<br />

Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal. Atualmente,<br />

62% do total da demanda de água dessa região é destinada<br />

à irrigação e se concentra na Sub-bacia do Araguaia, devido<br />

à cultura do arroz (ANA, 2017). Devido à alta necessidade do<br />

sistema irrigado por recursos hídricos existe uma preocupação<br />

da sociedade a respeito da utilização da água. O problema<br />

está relacionado à má gestão (principalmente durante períodos<br />

de estiagem) e não à falta de recursos hídricos na região,<br />

3. 1. 3 Custo de produção<br />

Segundo informações do Núcleo Regional Embrapa Arroz e<br />

Feijão de Palmas/TO, o custo estimado da produção de arroz<br />

da lavoura irrigada no Tocantins, na safra verão 2016/17, ficou<br />

em R$ 4.889,00 por hectare. Esse valor pode ser decomposto<br />

em uma série de itens, conforme discriminado na Tabela 3.2.<br />

Observa-se que, de acordo com os valores apresentados<br />

pelo Núcleo Regional Embrapa Arroz e Feijão de Palmas/TO,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 59<br />

<br />

taBEla 3.2<br />

Custo estimado da produção de arroz da lavoura irrigada no Tocantins, na safra verão 2016/17<br />

ARROZ IRRIGA<strong>DO</strong> - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016/17<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

6.000 kg/ha<br />

DESCRIÇÃO<br />

ESPECIFICAÇÃO<br />

R$/ha Valor (%)<br />

a - operaçÕes<br />

Preparo de solo 2 nivelada 72,00 1%<br />

PLANTIO<br />

Plantio Semeato 21 32,00 1%<br />

Sementes 90kg 252,00 5%<br />

TRATOS CULTURAIS<br />

Adubo MAP 150kg 231,00 5%<br />

Adubo KCL 150kg 150,00 3%<br />

Cobertura (3) 3 x 70kg Ureia 218,00 4%<br />

Irrigação 126,00 3%<br />

Aviação 201,00 4%<br />

COLHEITA<br />

Colheita (sacas 60kg) 120,00 528,00 11%<br />

Mão de Obra R$/ha 147,00 3%<br />

Subtotal A 1.957,00 40%<br />

ARROZ IRRIGA<strong>DO</strong> - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016/17<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

6.000 kg/ha<br />

DESCRIÇÃO<br />

ESPECIFICAÇÃO<br />

R$/ha Valor (%)<br />

B - insuMos<br />

Defensivos 1.447,00 30%<br />

Subtotal B 1.447,00 30%<br />

C - aDMinistração<br />

Arrendo R$/ha 715,00 15%<br />

Manutenção R$/ha 122,00 2%<br />

Subtotal C 837,00 17%<br />

D - pÓs-CoLHeita<br />

Transporte até armazém R$/ha 8km 120,00 2%<br />

Recebim./Limpeza/Secagem R$/ha 528,00 11%<br />

Subtotal D 648,00 13%<br />

Custo totaL (r$/Ha) 4.889,00<br />

Custo totaL (r$/sC 60 KG) 48,89<br />

Fonte: Núcleo Regional Embrapa Arroz e Feijão – TO.<br />

as operações relacionadas ao preparo, plantio, tratos culturais<br />

e colheita representam 40% do custo total, com destaque para<br />

a colheita com 11%; enquanto as despesas com defensivos<br />

chegam a 30%. O arrendamento da área perfaz um total de


60<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

R$ 715/ha, representando 15% do valor total. A pós-colheita,<br />

que engloba transporte até o armazém e limpeza e secagem<br />

do grão, totaliza R$ 648/ha, equivalente a 13% do custo total<br />

de produção. A produtividade considerada para o Tocantins<br />

foi de 100 sacas de 60kg por hectare, ou 6.000kg/ha, resultando<br />

em um custo por saca produzida de R$ 48,89.<br />

Os custos de produção para o arroz irrigado nos estados<br />

do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina; e para o arroz de<br />

sequeiro no Mato Grosso foram consultados no Agrianual<br />

(2017), com valores por hectare de R$ 4.855, R$ 4.387 e R$<br />

2.316,23, respectivamente. As Tabelas 3.3 e 3.4 apresentam<br />

os detalhes.<br />

<br />

taBEla 3.3<br />

Custos de produção para o arroz irrigado nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, 2016<br />

ARROZ IRRIGA<strong>DO</strong> - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL SANTA CATARINA<br />

7.000 kg/ha<br />

7.000 kg/ha<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

V.U.<br />

Qtde. Valor Qtde. Valor<br />

a - operaçÕes<br />

A.1. Preparo do solo<br />

Aplainamento do terreno HM TP 4x4 125cv + Plaina Traseira 2,3m 124,16 1,50 186,24 124,16 1,50 186,24<br />

Grade aradora HM TP 4x4 125cv + Grade Aradora 14x26 131,05 1,20 157,26 131,05 1,25 163,81<br />

Grade niveladora HM TP 4x4 125cv + Grade Niveladora 20x20 123,97 1,00 123,97 123,97 1,00 123,97<br />

Lavração e desmonte de taipas HM TP 4x4 85cv + Cultivador Hidráulico (7 enxadas) 91,89 1,70 156,20 0,00<br />

Taipas e remontes HM TP 4x4 85cv + Raspadeira Agrícola 106,36 1,72 182,93 0,00<br />

Manutenção de canais HM TP 4x4 85cv + Abre Valas 138,96 1,67 232,06 138,96 1,67 232,06<br />

A.2. Plantio 0,00<br />

Plantio em linha + adubação base HM TP 4x4 125cv + Plantadeira 8 linhas 134,92 0,85 114,82 134,92 0,85 114,68<br />

Rolagem HM TP 4x4 85cv + Rolo Nivelador 1,60m 93,17 0,13 12,11 0,00<br />

A.3. Tratos culturais 0,00<br />

Adubação de cobertura aérea R$ / hora 131,51 0,30 39,45 131,51 0,00 0,00


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 61<br />

ARROZ IRRIGA<strong>DO</strong> - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL SANTA CATARINA<br />

7.000 kg/ha<br />

7.000 kg/ha<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

V.U.<br />

Qtde. Valor Qtde. Valor<br />

Aplicação de defensivos terrestre HM TP 4x4 85cv + Pulverizador Agr. barra 14metros 101,61 0,20 20,32 101,61 1,50 152,42<br />

Aplicação de defensivos aérea R$ / hora 131,51 0,20 26,30 0,00 0,00<br />

A.4. Colheita 0,00<br />

Colheita mecanizada 0,00 1,00 0,00 0,00 1,00 0,00<br />

Transportes internos HM TP 4x4 85cv + Carreta madeira (4000kg) 96,37 1,70 163,84 96,37 0,00<br />

Transportes internos HM Caminhão Truck 149,98 0,00 149,98 1,00 149,98<br />

A.5. Irrigação / Drenagem 0,00<br />

Drenagem HM TP 4x4 85cv + Abre Valas 138,96 1,71 237,62 138,96 1,71 237,62<br />

Irrigação R$ / hectare 22,36 12,00 268,27 22,36 16,00 357,70<br />

Irrigação mecânica diesel R$/hora 31,53 5,00 157,66 0,00<br />

Irrigação mecânica elétrica R$/hora 21,14 7,00 147,96 0,00<br />

Irrigação natural R$/hora 5,64 4,80 27,09 0,00<br />

Subtotal A 2.254 1.718<br />

B -operaçÕes Manuais<br />

B.1. Preparo do solo<br />

Manutenção de canais, taipas e drenos Homem-hora 6,74 3,25 21,94 6,74 2,00 13,49<br />

Taipas e remontes Homem-hora 6,74 3,00 20,23<br />

B.2. Plantio<br />

Adubação Homem-dia 53,96 0,80 43,16<br />

Pré-germinação/Semeadura Homem-dia 53,96 0,60 32,37<br />

B.3. Tratos culturais<br />

Manejo de água Homem-dia 53,96 2,00 107,91


62<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

ARROZ IRRIGA<strong>DO</strong> - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL SANTA CATARINA<br />

7.000 kg/ha<br />

7.000 kg/ha<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

V.U.<br />

Qtde. Valor Qtde. Valor<br />

Aplicação de herbicida Homem-dia 53,96 0,30 16,19<br />

Aplicação de inseticida Homem-dia 53,96 1,00 53,96<br />

B.4. Colheita<br />

Colheita e transporte interno Homem-dia 53,96 0,50 26,98<br />

B.5. Irrigação<br />

Drenagem Homem-hora 6,74 3,30 22,26<br />

Irrigação Homem-hora 6,74 8,00 53,96<br />

Comissão do aguador R$/ha 6,74 1,00 6,97<br />

Subtotal B 125 294<br />

C - insuMos<br />

C.1. Fertilizantes/Corretivos<br />

Fertilizante plantio 02-20-20 R$/tonelada 1.130,00 0,30 339,00 1.180,00 0,00<br />

Fertilizante base 08-20-20 R$/tonelada 1.190,00 0,20 238,00<br />

Fertilizante de cobertura Ureia R$/tonelada 1.060,00 0,25 265,00 1.178,00 0,10 117,80<br />

C.2. Sementes<br />

Sementes R$/sc de 50 kg 36,29 2,40 87,09 131,75 3,00 395,24<br />

C.3. Defensivos agrícolas<br />

Fungicidas R$/litro 27,00 1,00 27,00 29,00 1,00 29,00<br />

Herbicidas R$/litro 17,18 15,35 263,73 145,01 1,37 198,67<br />

Inseticidas R$/litro 110,00 0,15 16,50 73,64 1,65 121,50<br />

Subtotal C 998 1100


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 63<br />

ARROZ IRRIGA<strong>DO</strong> - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL SANTA CATARINA<br />

7.000 kg/ha<br />

7.000 kg/ha<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

V.U.<br />

Qtde. Valor Qtde. Valor<br />

D - aDMinistração<br />

M.O. Administrativa R$/ha 331,10 1,00 331,10 309,61 1,00 309,61<br />

Assistência Técnica R$/ha 55,18 1,00 55,18 51,60 1,00 51,60<br />

Contábil/Escritório R$/ha 55,18 1,00 55,18 51,60 1,00 51,60<br />

Luz/Telefone R$/ha 55,18 1,00 55,18 51,60 1,00 51,60<br />

Viagens R$/ha 90,80 1,00 90,80 83,02 1,00 83,02<br />

Impostos/Taxas % Receita 1,00 2,30% 163,29 1,00 2,30% 130,83<br />

Subtotal D 751 678<br />

e - pÓs-CoLHeita<br />

Transporte até armazém R$/tonelada 42,95 7,0 300,66 36,40 7,0 254,80<br />

Secagem (terceiros) % da produção 6,00% 1,0 425,96 6,00% 1,0 341,29<br />

Subtotal E 727 596<br />

Custo totaL (r$/Ha) 4.855 4.387<br />

Custo totaL (r$/sC 50 KG) 35 31,34<br />

Tp = Trator de pneus / Hh = Hora-homem / Atualizado em julho/2016 em Valores Nominais. Na ocasião, o dólar médio norte-americano estava cotado em R$ 3,2793 / Fonte: Agrianual (2017).<br />

Os dados apresentados para os estados do TO, RS e de SC<br />

referem-se a sistemas de produção do arroz irrigado, que<br />

apresenta custo de produção e produtividade mais elevado<br />

quando comparado ao arroz de sequeiro. Esse último foi considerado<br />

para os dados do MT. Observa-se que para os valores<br />

apresentados para o TO, a irrigação corresponde a 3% do custo<br />

total. Para os valores apresentados para o RS e SC, as operações<br />

de drenagem e irrigação representam, respectivamente,<br />

10,4% e 13,6% do total.<br />

Para o RS, as despesas com as operações de preparo do


64<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

taBEla 3.4<br />

Custos de produção para o arroz para o arroz de sequeiro em Mato<br />

Grosso, 2016<br />

ARROZ SEQUEIRO - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016<br />

DESCRIÇÃO<br />

a - operaçÕes<br />

A.1. Conservação do solo<br />

Manutenção de terraços<br />

A.2. Preparo do solo<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA<br />

ESPECIFICAÇÃO<br />

HM TP 4x4 125cv + Terraceador de<br />

Arrasto 18 discos<br />

MATO GROSSO<br />

3.900 kg/ha<br />

V.U. Qtde. Valor<br />

162,71 0,38 61,83<br />

Gradagem Intermediária HM TP 4x4 125cv + Grade aradora 14x26 128,92 0,65 83,80<br />

Gradagem niveladora<br />

HM TP 4x4 125cv + Grade Niveladora<br />

52x20<br />

150,10 0,65 97,57<br />

Serviço braçal 4,92 0,10 0,49<br />

Transportes internos HM Caminhão Truck 149,98 0,10 15,00<br />

A.3. Plantio<br />

Plantio<br />

HM TP 4x4 125cv + Plantadeira 8<br />

linhas<br />

137,72 0,55 75,75<br />

Tratamento de sementes Tratamento de Sementes 14,02 0,10 1,40<br />

Serviço braçal 4,92 1,50 7,38<br />

Transportes internos HM Caminhão Truck 149,98 0,10 15,00<br />

A.4. Tratos culturais<br />

Adubação de cobertura<br />

HM TP 4x4 85cv + Cultivador<br />

Adubador (10 enxadas)<br />

99,55 0,30 29,87<br />

Aplicação de defensivos HM TP 4x4 85cv + Pulverizador 2000l 111,63 0,80 89,30<br />

ARROZ SEQUEIRO - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA<br />

MATO GROSSO<br />

3.900 kg/ha<br />

DESCRIÇÃO<br />

ESPECIFICAÇÃO<br />

V.U. Qtde. Valor<br />

Combate à formigas/cupins 4,92 1,00 4,92<br />

Serviço braçal 4,92 1,30 6,40<br />

Transportes internos HM Caminhão Truck 149,98 0,10 15,00<br />

A.5. Colheita<br />

Colheita mecânica Colhedora de grãos 175cv 279,92 0,50 139,96<br />

Serviço braçal 4,92 0,70 3,44<br />

Transportes internos HM Caminhão Truck 149,98 0,05 7,50<br />

Subtotal A 655<br />

B - insuMos<br />

B.1. Fertilizantes/Corretivos<br />

04-24-18 R$/tonelada 1.340,00 0,40 536,00<br />

Micronutrientes R$/tonelada 1.671,1 0,03 50,13<br />

Uréia R$/ton 1.173,0 0,10 117,30<br />

B.2. Sementes/Mat. plantio<br />

Sementes R$/kg 1,70 75,00 127,50<br />

B.3. Defensivos agrícolas<br />

Formicidas R$/litro 17,90 1,00 17,90<br />

Fungicidas R$/litro 27,00 1,04 28,06<br />

Herbicidas R$/litro 26,70 4,02 107,40<br />

Inseticidas R$/litro 37,08 2,47 91,76<br />

Outros produtos químicos R$/litro 14,10 0,40 5,64<br />

Subtotal B 1.082


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 65<br />

ARROZ SEQUEIRO - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA) - 2016<br />

REGIÃO DE REFERÊNCIA<br />

MATO GROSSO<br />

3.900 kg/ha<br />

DESCRIÇÃO<br />

ESPECIFICAÇÃO<br />

V.U. Qtde. Valor<br />

C - aDMinistração<br />

M.O. Administrativa R$/ha 146,67 1,00 146,67<br />

Assistência Técnica R$/ha 44,00 1,00 44,00<br />

Contábil/Escritório R$/ha 29,33 1,00 29,33<br />

Luz/Telefone R$/ha 44,00 1,00 44,00<br />

Conserv./Deprec. Benf. R$/ha 20,13 1,00 20,13<br />

Viagens R$/ha 34,14 1,00 34,14<br />

Impostos/Taxas % Receita 2,30% 1,00 76,60<br />

Subtotal C 395<br />

D - pÓs-CoLHeita<br />

Transporte até armazém R$/tonelada 17,01 3,90 66,34<br />

Recebim./Limpeza/Secagem R$/tonelada 21,95 3,90 85,61<br />

Armazenagem (1 mês) R$/tonelada 5,72 3,90 22,32<br />

Taxa administrativa R$/tonelada 2,77 3,90 10,79<br />

Subtotal D 185<br />

Custo Total (R$/ha) 2.316,23<br />

Custo Total (R$/sc 60 kg) 35,63<br />

Atualizado em julho/2016 em Valores Nominais. Na ocasião, o dólar médio norte-americano estava<br />

cotado em R$ 3,2793 / Fonte: Agrianual (2017).<br />

solo, plantio, tratos culturais, colheita e irrigação representam<br />

46,4% do custo de produção. Para SC é de 39,2%. Os percentuais<br />

de gastos com mão de obra para essas operações ficam em<br />

2,6% e 6,7%, respectivamente. A exemplo do que é observado<br />

no TO, as despesas com insumos no RS e SC são relevantes,<br />

mas menos expressivas, ficando em 20,6% e 25,1%, respectivamente.<br />

Os percentuais despendidos com administração<br />

para esses dois estados foram iguais, de 15,5%, sendo que no<br />

RS o valor foi de R$751/ha e em SC R$ 678/ha. Por fim, os percentuais<br />

de pós-colheita nos três estados foram próximos, de<br />

13% no TO, 15% no RS e 13,6% em SC; apesar das diferenças<br />

nos valores despendidos por hectare de, respectivamente, R$<br />

648, R$ 727 e R$ 596.<br />

No Mato Grosso, com o arroz de sequeiro, as despesas com<br />

as operações de preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita<br />

e irrigação representam 28,3% do custo de produção,<br />

um percentual abaixo dos demais estados avaliados. Em contrapartida,<br />

proporcionalmente, os dispêndios com insumos<br />

foram maiores, de 46,7%. Os percentuais de custos administrativos<br />

ficam alinhados com o TO, RS e SC, em 17%; e da póscolheita<br />

ficam ligeiramente abaixo, em 8%.<br />

Com relação à produtividade, para o TO foi considerada<br />

6.000kg/ha; para o RS e SC a produtividade apresentada foi<br />

de 7.000kg/ha. Por serem sistemas irrigados, as produtividades<br />

desses estados são maiores que no MT, com 3.900kg/ha<br />

em cultura de sequeiro. As diferentes produtividades terão<br />

reflexo no custo de produção por saca.


66<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

Custo de Produção (R$/sc)<br />

gráfico 3.8<br />

Custo de produção em reais por saca de 60kg versus produtividade<br />

em quilogramas por hectare para os estados do TO, RS, SC e MT<br />

51,00<br />

49,00<br />

47,00<br />

45,00<br />

43,00<br />

41,00<br />

39,00<br />

37,00<br />

35,00<br />

33,00<br />

MT / Seq<br />

TO / Irrig<br />

3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 5.500 6.000 6.500 7.000 7.500<br />

Produtividade em Kg/ha<br />

RS / Irrig<br />

SC / Irrig<br />

estados. Nesta situação, RS e SC apresentam, respectivamente,<br />

um custo de produção de R$ 41,62 e R$ 37,61 por saca de 60kg.<br />

Dos quatro estados considerados, o que se mostrou mais<br />

competitivo foi Mato Grosso, com um custo de produção<br />

do arroz de R$ 35,63/sc de 60kg, em função do sistema de<br />

sequeiro. Há de se fazer a ressalva das diferentes fontes<br />

utilizadas para levantar os custos de produção, cujos métodos<br />

podem vir a favorecer ou desfavorecer algum estado<br />

avaliado.<br />

O Gráfico 3.8 apresenta um comparativo do custo de produção<br />

em reais por saca de 60kg versus produtividade em<br />

quilogramas por hectare. Observa-se que o Tocantins é o menos<br />

competitivo.<br />

3. 1. 4 Viabilidade das culturas no Estado<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados do Núcleo Regional<br />

Embrapa Arroz e Feijão de Palmas/TO e Agrianual (2017).<br />

Nos dados levantados no Agrianual (2017) para o cálculo do<br />

custo por saca foi considerado o peso da saca de 50kg para o<br />

RS e SC; e 60kg para o MT. Em função da proximidade com<br />

este último, manteve-se o peso de 60kg no caso do TO. Entretanto,<br />

para comparar o impacto da produtividade no custo de<br />

produção por saca, adotou-se o peso de 60kg para os quatro<br />

Para a avaliação da viabilidade econômica da cultura de arroz<br />

no estado do Tocantins, usou-se como referência a metodologia<br />

desenvolvida pela equipe de Economia, Administração e Sociologia<br />

Rural da Embrapa Soja, que adota as seguintes variáveis:<br />

Receita bruta por hectare (RBha): corresponde à receita esperada,<br />

decorrente da venda da produção por hectare ao preço<br />

regional do arroz.<br />

RBha = Y x P (1),


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 67<br />

onde Y e P representam, respectivamente, a produtividade<br />

por hectare (sacas/ha) e o preço de venda do arroz (R$/sc).<br />

Custo operacional por hectare (COPha): representa a soma<br />

do custo variável e do custo fixo por hectare.<br />

COPha = CVha + CFha (2)<br />

lucro financeiro é zero, a lucratividade (LUC) por hectare,<br />

pelo fato de ser o indicador que representa a razão entre<br />

lucro operacional e receita bruta, permite avaliar, no curto<br />

prazo, o nível de retorno econômico-financeiro que pode<br />

ser obtido em determinado cultivo ou sistema de sucessão<br />

de culturas.<br />

Lucro operacional por hectare (LOha): é a diferença entre a<br />

receita bruta e o custo operacional por hectare.<br />

LOha = RBha – COPha (3)<br />

Lucro financeiro por hectare (LFha): é o somatório do lucro<br />

operacional e depreciações por hectare (DEPha), representando<br />

o retorno monetário unitário obtido pelo produtor de arroz<br />

após o desconto dos custos desembolsáveis.<br />

LFha = RBha – (COPha – DEPha) ou FLha = LOha + DEPha (4)<br />

Com base nas estimativas das variáveis apresentadas nas<br />

expressões (1, 2, 3 e 4) é possível estimar dois importantes<br />

indicadores de desempenho econômico-financeiro: ponto de<br />

equilíbrio do lucro financeiro e lucratividade.<br />

Enquanto o ponto de equilíbrio do lucro financeiro<br />

(PELF) por hectare corresponde à produtividade na qual o<br />

LUCha = (LOha/RBha)x100 (5)<br />

Para considerar e analisar o impacto dos custos de oportunidade<br />

do capital e da terra na sustentabilidade da atividade<br />

produtiva foi utilizado o custo econômico (CE) que representa<br />

a soma do COP com o CO. Por sua vez, para mensurar o resultado<br />

econômico considerando o CE, foi calculado o lucro econômico<br />

(LE), que representa o retorno da atividade produtiva,<br />

após serem considerados e descontados os custos operacionais<br />

e os custos de oportunidade.<br />

Custo econômico por hectare (CEha): corresponde ao custo<br />

operacional de produção de arroz por hectare acrescido do<br />

custo de oportunidade por hectare.<br />

CEha = COPha + COha (6)<br />

Lucro econômico por hectare (LEha): é a diferença entre a<br />

receita bruta e o custo econômico, por hectare.


68<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

LEha = RBha – CEha (7)<br />

De acordo com esta metodologia, para analisar a viabilidade<br />

da produção de arroz, a margem de contribuição (MC) foi<br />

ajustada para representar a diferença entre RB e a somatória<br />

de CV e CO, conforme a expressão 8. Dessa forma, será avaliada<br />

a viabilidade econômica diante de outras opções de investimentos<br />

considerados nos custos de oportunidade.<br />

Margem de contribuição por hectare (MCha): corresponde à<br />

diferença entre a receita bruta e a soma do custo variável com<br />

o custo de oportunidade, por hectare.<br />

MCha = RBha – (CVha + COha) (8)<br />

Para que a produção de uma safra seja economicamente<br />

viável, MCha necessita ser igual ou superior a zero, indicando<br />

que a atividade gera renda ao produtor e que tal retorno<br />

obtido é superior àquele que seria gerado por investimentos<br />

alternativos representados pelo CO. Nesse sentido, o ponto de<br />

equilíbrio de viabilidade (PEV) por hectare representa o nível<br />

de produção em que a MC por hectare se iguala a zero, calculando<br />

a produtividade mínima que torna a atividade economicamente<br />

viável. Por fim, o LE, descrito na expressão (7),<br />

permite avaliar se a atividade produtiva, além de gerar renda<br />

para remunerar o produtor, proporciona a capitalização do<br />

mesmo, visando objetivos empresariais como a remuneração<br />

de seus ativos e a redução da necessidade de financiamento<br />

para o custeio de cultivos.<br />

Para fins de cálculo dos indicadores da análise de viabilidade<br />

da cultura do arroz, foram utilizados os dados de custo de<br />

produção anteriormente apresentados e um preço médio de<br />

venda da saca de 50kg de R$ 45,00. Os parâmetros considerados<br />

para a análise estão resumidos na Tabela 3.5.<br />

<br />

taBEla 3.5<br />

Resumo dos parâmetros para a análise de viabilidade da cultura do<br />

arroz<br />

PARÂMETROS UNIDADE VALOR<br />

Ciclo do arroz meses (140 dias) 4,60<br />

Produtividade kg/ha 6.000,00<br />

Custo total R$/ha 4.889,00<br />

Preço de venda R$/sc de 50kg 45,00<br />

Custo Variável R$/ha 4.052,00<br />

Custo Fixo R$/ha 837,00<br />

Custo Operacional R$/ha 4.889,00<br />

Custo de Oportunidade R$/ha 1.037,88<br />

Custo total R$/ha 488,00<br />

Taxa de remuneração capital Ao mês 1,4%<br />

Capital R$/ha 323,00<br />

Terra R$/ha 715,00<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados do Núcleo Regional Embrapa Arroz e Feijão – TO.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 69<br />

<br />

taBEla 3.6<br />

Indicadores Financeiros e Índices Econômicos para a cultura do arroz<br />

VARIÁVEIS: PREÇO E PRODUTIVIDADE<br />

Cotação do Arroz R$/sc 45<br />

Produtividade (Kg/ha) 6.000<br />

Variáveis: preço e produtividade<br />

Receita bruta R$/ha 5.400<br />

Custo operacional R$/ha 4.889<br />

Lucro operacional R$/ha 511<br />

Lucro financeiro R$/ha 633<br />

Custo de oportunidade R$/ha 1.038<br />

Margem de contribuição R$/ha 310<br />

Custo econômico R$/ha 5.927<br />

Lucro econômico R$/ha (527)<br />

Variáveis: preço e produtividade<br />

Lucratividade (%) 9%<br />

PELF (kg/ha) 5.297<br />

PEV (kg/ha) 2.690<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

um LOha de R$ 511,00 e um LFha de R$ 633,00. A MCha da<br />

cultura foi de R$ 310,00, indicando uma renda gerada ao<br />

produtor e a viabilidade da atividade. Entretanto, com um<br />

CEha de R$ 5.927,00 – o LEha ficou negativo, em – R$ 527,00.<br />

Isso demonstra que, apesar da viabilidade da produção do<br />

arroz, com o custo de oportunidade considerado, há outras<br />

atividades que potencialmente remunerariam melhor o capital<br />

investido.<br />

O Índice econômico de lucratividade encontrado foi de 9%,<br />

indicando o nível de retorno econômico obtido durante o horizonte<br />

de 4,6 meses – tempo considerado para o ciclo do arroz.<br />

Ou seja, para cada R$ 1,00 de RBha gerada, obteve-se um<br />

LOha de R$ 0,09. Essa taxa equivale a uma lucratividade de<br />

25,21% ao ano.<br />

O PELF é de 5.297 kg/ha e o PEV é de 2.690 kg/ha. Esses<br />

índices mostram, respectivamente, a produção mínima por<br />

hectare necessária para que o lucro financeiro e a margem de<br />

contribuição sejam iguais a zero.<br />

Os Indicadores Financeiros e dos Índices Econômicos são<br />

apresentados na Tabela 3.6.<br />

Como resultados para os Indicadores Financeiros avaliados<br />

e considerando as variáveis de preço a R$ 45,00/sc e a<br />

produtividade de 6000kg/ha, a RBha encontrada foi de R$<br />

5.400,00 que, diante do COha de R$ 4.889,00, resultou em<br />

3. 1. 5 Análise de sensibilidade<br />

A análise de sensibilidade é uma informação relevante para<br />

a tomada de decisões que permite estabelecer limites para


70<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

algumas variáveis, como preço e produtividade, apontando o<br />

momento em que a atividade passa a ter retornos negativos.<br />

A análise de sensibilidade para o preço permite simular diferentes<br />

cenários de acordo com a oscilação do preço da commodity,<br />

indicando, inclusive, momentos favoráveis ao uso de<br />

ferramentas de mercado futuro para a trava da rentabilidade<br />

da operação e potenciais prejuízos decorrentes de quedas<br />

bruscas no preço.<br />

A Análise de Viabilidade Econômica considerou o preço por<br />

saca de R$ 45,00. A Tabela 3.7 apresenta os resultados encontrados<br />

para os Indicadores Financeiros e Índices Econômicos<br />

para diferentes valores da saca, chegando a 33,34% abaixo e<br />

33,34% acima do referido valor.<br />

Para o caso de redução de preço da saca em 33,34%%, com<br />

valor de R$ 30/sc, a Lucratividade da produção do arroz, com<br />

a produtividade em 6.000kg/ha, fica em -36%. Nessa situação,<br />

é preciso um ganho de produtividade de 32,41% e 41,38%,<br />

respectivamente, para que o Lucro Financeiro e a Margem de<br />

Contribuição fiquem zerados e não haja prejuízo com o plantio<br />

do arroz.<br />

Para o caso do aumento do preço da saca em 33,34%, com<br />

valor de R$ 60/sc, a Lucratividade da produção do arroz, com<br />

a produtividade em 6.000kg/ha, fica em 32%. Nessa situação,<br />

poderia haver uma redução da produtividade em até 33,78%<br />

e 29,3%, respectivamente, até o Lucro Financeiro e a Margem<br />

<br />

taBEla 3.7<br />

Análise de sensibilidade para os Indicadores Financeiros e Índices<br />

Econômicos, com variações sobre o preço da saca do arroz.<br />

VARIÁVEIS: PREÇO E PRODUTIVIDADE<br />

Cotação do arroz (R$/sc) 30 35 40 45 50 55 60<br />

Produtividade (Kg/ha) 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000<br />

Indicadores financeiros<br />

Receita bruta 3.600 4.200 4.800 5.400 6.000 6.600 7.200<br />

Custo operacional 4.889 4.889 4.889 4.889 4.889 4.889 4.889<br />

Lucro operacional (1.289) (689) (89) 511 1.111 1.711 2.311<br />

Lucro financeiro (1.167) (567) 33 633 1.233 1.833 2.433<br />

Custo de oportunidade 1.038 1.038 1.038 1.038 1.038 1.038 1.038<br />

Margem de contribuição 1.134 (890) (290) 310 910 1.510 2.110<br />

Custo econômico 5.927 5.927 5.927 5.927 5.927 5.927 5.927<br />

Lucro econômico (2.327) (1.727) (1.127) (527) 73 673 1.273<br />

Índices econômicos<br />

Lucratividade (%) -36% -16% -2% 9% 19% 26% 32%<br />

PELF (Kg/ha) 7.945 6.810 5.959 5.297 4.767 4.334 3.973<br />

PEV (kg/ha) 8.483 7.271 6.362 2.690 5.090 4.627 4.242<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, a partir de dados do Agrianual (2017).<br />

de Contribuição fiquem zerados, sem incorrer em prejuízos<br />

ao produtor.<br />

No caso da análise de sensibilidade para a variação de produtividade,<br />

é possível simular cenários de redução de produção


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 71<br />

<br />

taBEla 3.8<br />

Análise de sensibilidade para os Indicadores Financeiros e Índices<br />

Econômicos, com variações sobre a produtividade do arroz<br />

VARIÁVEIS: PREÇO E PRODUTIVIDADE<br />

Cotação do arroz (R$/sc) 45 45 45 45 45 45 45<br />

Produtividade (Kg/ha) 4.800 5.100 5.400 6.000 6.600 6.900 7.200<br />

Variáveis: preço e produtividade<br />

Receita bruta 4.320 4.590 4.860 5.400 5.940 6.210 6.480<br />

Custo operacional 4.889 4.889 4.889 4.889 4.889 4.889 4.889<br />

Lucro operacional (569) (299) (29) 511 1.051 1.321 1.591<br />

Lucro financeiro (447) (177) 93 633 1.173 1.443 1.713<br />

Custo de oportunidade 1.038 1.038 1.038 1.038 1.038 1.038 1.038<br />

Margem de contribuição (770) (500) (230) 310 850 1.120 1.390<br />

Custo econômico 5.927 5.927 5.927 5.927 5.927 5.927 5.927<br />

Lucro econômico (1.607) (1.337) (1.067) (527) 13 283 553<br />

Variáveis: preço e produtividade<br />

Lucratividade (%) -13% -7% -1% 9% 18% 21% 25%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, a partir de dados do Agrianual (2017).<br />

derivados de problemas climáticos ou fitossanitários, ou ganhos<br />

de produção e rentabilidade derivados de potenciais investimentos<br />

em tecnologia. A Análise de Viabilidade Econômica<br />

considerou a produção média de 6.000kg por hectare de arroz.<br />

A Tabela 3.8 apresenta os resultados de Indicadores Financeiros<br />

e Índices Econômicos para oscilações na produtividade considerando<br />

perdas de 10%, 15% e 20%; e ganhos de 10%, 15% e<br />

20%. Neste caso, suprimem-se os índices de Ponto de Equilíbrio<br />

de Lucro Financeiro e Ponto de Equilíbrio da Viabilidade, dado<br />

que são calculados com base na variação da produtividade.<br />

Uma redução na produtividade em 15%, para 4.800kg/ha,<br />

implica em um índice de Lucratividade de -13% e Lucro Operacional,<br />

Lucro Financeiro, Lucro Econômico e Margem de<br />

Contribuição negativa. Ou seja, haveria prejuízo com a atividade.<br />

Neste caso, o custo da saca se eleva para R$ 50,93/sc.<br />

No caso da elevação da produtividade em 20%, para<br />

7.200kg/ha, a Lucratividade melhora e atinge 25%, melhorando<br />

também os indicadores de Lucro Operacional, Lucro Econômico<br />

e Margem de Contribuição. O custo de produção por<br />

saca é reduzido para R$ 33,95/sc.<br />

3. 2 Destinos da produção<br />

3. 2. 1 Exportações<br />

Da pauta de exportações do estado do Tocantins consistem<br />

basicamente produtos agropecuários. Do valor total exportado<br />

em 2016, US$ 632,8 milhões, 63% referiu-se ao grão de<br />

soja, 15% a carne desossada e congelada de bovino, e 3% do<br />

milho em grão (Tabela 3.16).<br />

Apesar do estado estar diversificando cada vez mais sua<br />

pauta de exportações, do total de produtos exportados em


72<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

taBEla 3.9<br />

Pauta de exportação do Estado de Tocantins em 2016<br />

ITEM DA PAUTA DE EXPORTAÇÃO <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

(2016)<br />

VALOR(US$<br />

MILHÕES)<br />

Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura 399 63%<br />

Carnes desossadas de bovino, congeladas 96,8 15%<br />

Bagaço dos extratos de óleo de soja 48,8 8%<br />

Carnes desossadas de bovino, frescas ou refrigeradas 19,8 3%<br />

Milho em grão, exceto para semeadura 16,7 3%<br />

Outros 51,7 8%<br />

Total 632,8<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017b).<br />

2016, 96% ainda foram produtos básicos, sendo apenas 4%<br />

produtos industrializados. As importações, por sua vez, reforçam<br />

a carência do estado por produção interna de industrializados,<br />

uma vez que os percentuais se invertem, sendo 5%<br />

de importação de produtos básicos e 95% de industrializados<br />

(FIETO, 2017).<br />

O arroz no Tocantins não tem sido muito exportado em nenhuma<br />

de suas formas. Inclusive, nos últimos 5 anos, apenas<br />

o chamado “arroz semibranqueado ou branqueado, parboilizado,<br />

polido ou brunido” (NCM: 10063011), foi exportado e<br />

somente no ano de 2016. Mesmo assim, um valor pouco expressivo<br />

de US$ FOB 244.270.<br />

%<br />

Quase toda a exportação brasileira de arroz é realizada pelo<br />

Rio Grande do Sul. Justamente por esse motivo, os principais<br />

países de destino desse arroz coincidem, em grande parte,<br />

com os maiores destinos da exportação brasileira como um<br />

todo. No Gráfico 3.9 é possível verificar a participação desse<br />

estado no total das exportações do Brasil.<br />

Além de ser o maior produtor nacional de arroz, há facilidade<br />

de escoamento da produção, já que não são necessários<br />

grandes deslocamentos dos produtos para chegarem ao<br />

porto.<br />

<br />

Exportaçõesem US$ FOB<br />

gráfico 3.9<br />

Participação do Rio Grande do Sul nas exportações brasileiras de arroz<br />

120.000.000<br />

100.000.000<br />

80.000.000<br />

60.000.000<br />

40.000.000<br />

20.000.000<br />

0<br />

RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL<br />

97%<br />

80%<br />

OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

90%<br />

99%<br />

Arroz com casca Arroz sem casca Arroz brunido Outros<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017b).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 73<br />

No caso do Tocantins, foram apenas dois os países acessados<br />

pelas exportações de arroz: Venezuela e Vietnã. O primeiro<br />

devido principalmente à proximidade e facilidade geográfica;<br />

e o segundo com uma quantidade ínfima como pode ser<br />

visto na Tabela 3.10.<br />

<br />

taBEla 3.10<br />

Destinos da exportação de arroz brunido do Tocantins em 2016<br />

DESTI<strong>NO</strong>S DA EXPORTAÇÃO DE ARROZ BRUNI<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - 2016<br />

VENEZUELA VIETNÃ TOTAL<br />

Exportações (US$ FOB) 234.214 10.056 244.270<br />

Exportações (Kg) 249.300 24.000 273.300<br />

Preço médio (US$/Kg) 0,94 0,42 0,89<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Brasil (2017b).<br />

O Brasil (e da mesma forma o Tocantins) possui pouco know<br />

-how na exportação de arroz de acordo com os entrevistados<br />

da cadeia produtiva. Soma-se a isso o fato de os grandes mercados<br />

consumidores da commodity estarem distantes geograficamente<br />

e tem-se a baixa participação brasileira, e ainda<br />

menor do Tocantins, no comércio mundial de arroz.<br />

3. 3 Cooperativismo e associativismo<br />

Tanto o associativismo como o cooperativismo são formas<br />

de governança que organizam classes com interesses semelhantes<br />

para a realização de ações em conjunto.<br />

A diferença entre associação e cooperativa está fundamentalmente<br />

na natureza de negócio: enquanto a associação tem<br />

o escopo de representatividade social, representação política,<br />

defesa dos interesses da classe, dentre outras características,<br />

a cooperativa possui fins comerciais que visam certo lucro,<br />

viabilizando vários tipos de negócios entre os cooperados e o<br />

mercado (SEBRAE, 2017).<br />

No meio agrícola, um dos grandes benefícios da organização<br />

de produtores em associações é o aumento da competitividade<br />

de pequenos e médios produtores, que sozinhos<br />

podem não ter acesso à informação, serviços, dentre outros.<br />

No ramo agropecuário, as cooperativas possuem funções<br />

que vão desde a compra e venda de insumos agrícolas, a comercialização<br />

da produção de seus cooperados, o incentivo da<br />

atividade rural por meio da concessão de crédito ao cooperado<br />

(existem linhas específicas de crédito para cooperativas) até a<br />

agregação de valor ao produto do cooperado por meio da verticalização,<br />

ou seja, da aquisição e controle de indústrias de processamento.<br />

Além disso, as cooperativas de crédito podem ser<br />

controladas pelos próprios cooperados, possuem um menor<br />

custo operacional em relação aos bancos e seus membros podem<br />

se beneficiar com a distribuição de sobras ou excedentes.<br />

Apesar da grande importância do associativismo e do cooperativismo<br />

para a agricultura, especificamente para os


74<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

produtores de grãos, o estado do Tocantins ainda conta com<br />

poucas iniciativas nesse aspecto. A baixa organização dos<br />

produtores de grãos da região em cooperativas e associações<br />

impacta negativamente no setor, uma vez que seu poder de<br />

barganha é reduzido tanto no momento da compra de insumos,<br />

quanto no momento da venda dos grãos. Além disso, a<br />

falta de um associativismo de referência no estado impacta<br />

na carência de lideranças da classe produtora que busquem<br />

melhores políticas públicas para o setor no âmbito estadual<br />

e federal.<br />

Além da presença do Serviço Nacional de Aprendizagem do<br />

Cooperativismo – Sescoop no estado, o mesmo conta com 12<br />

cooperativas do ramo agropecuário. Desse total, apenas uma<br />

delas tem atividades destinadas exclusivamente para a cultura<br />

do arroz, a COOPERLAGO – Cooperativa dos Produtores de<br />

Arroz da Lagoa.<br />

Diferentemente da situação do Tocantins, outras regiões do<br />

Brasil já possuem o associativismo e o cooperativismo bem<br />

desenvolvidos.<br />

Dentre as maiores cooperativas brasileiras, grande parte<br />

está localizada na região Sul, com destaque para o Paraná.<br />

Das 20 maiores cooperativas agropecuárias do país, 14<br />

estão presentes nesse estado. A região Centro-Oeste conta<br />

com a presença de 10 das 20 maiores cooperativas, já o<br />

estado do Tocantins conta apenas com uma das grandes,<br />

denominada Frísia. Como na cultura do arroz, o Tocantins<br />

possui apenas uma cooperativa do grão registrada no<br />

Sescoop e para uma associação é importante realizar um<br />

benchmark com as cooperativas que vêm traçando um histórico<br />

de sucesso (OCB, 2017).<br />

Em Santa Catarina, uma cooperativa de arroz que vem desempenhando<br />

bom trabalho é a Juriti. Fundada em 1960, sua<br />

principal atividade é o beneficiamento do produto em todas<br />

as suas etapas, incluindo secagem, armazenamento, industrialização<br />

e comercialização da produção recebida dos produtores<br />

associados. É importante destacar que a etapa de<br />

secagem, no estado do Tocantins, atualmente, constitui uma<br />

lacuna na produção de arroz, já que poucos produtores e indústrias<br />

realizam esse processo internamente, demandando<br />

a intervenção de terceiros.<br />

Além disso, a cooperativa atua na produção de sementes<br />

certificadas e na comercialização de defensivos para o cultivo.<br />

A Juriti ainda realiza atividades relacionadas à sustentabilidade<br />

que levam a importância da cooperativa para além do<br />

cenário social, exercendo influência também no meio ambiente<br />

e na economia. Atualmente é formada por mais de 800<br />

cooperados e cerca de 150 colaboradores, com tendência de<br />

crescimento. As atividades realizadas pela cooperativa possibilitam<br />

que os produtores acessem insumos agrícolas com<br />

preços mais competitivos, além de uma destinação confiável


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 75<br />

<br />

gráfico 3.10<br />

Composição do PIB da indústria no Tocantins em 2015<br />

Químicos<br />

Minerais não<br />

4%<br />

metálicos<br />

Derivados de<br />

petróleo e<br />

biocombustível<br />

Alimentos<br />

12%<br />

6%<br />

2%<br />

para a produção. A Juriti hoje está presente com seus produtos<br />

nos principais centros consumidores no Brasil e possui<br />

representantes em 7 localidades no país.<br />

3. 4 Indústria de processamento<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNI (2017).<br />

A industrialização no estado do Tocantins ainda está em<br />

desenvolvimento, contando com alguns setores mais à frente<br />

32%<br />

1%<br />

Couros e calçados<br />

2%<br />

41%<br />

Outros<br />

Serviços industriais<br />

de utilidade pública<br />

Construção<br />

que outros. No ano de 2014, a indústria representava cerca de<br />

17% do PIB do estado do Tocantins, sendo o principal componente<br />

o comércio e serviços, representando cerca de 71%<br />

do total. Partindo desses números, é importante uma análise<br />

histórica para entender sua dinâmica.<br />

Entre os anos de 2004 e 2014, o estado do Tocantins apresentou<br />

um dos maiores crescimentos do país, atingindo taxa<br />

de 4,8% ao ano. A indústria no estado teve crescimento médio<br />

anual ligeiramente maior, contabilizando um valor de crescimento<br />

médio de 4,9% ao ano enquanto que o setor de comércio<br />

e serviços cresceu à taxa média de 5,7% ao ano (FERNAN-<br />

DES, 2016). Tendo em vista que o estado está em processo de<br />

desenvolvimento, é de se esperar que o primeiro setor a ser<br />

fortalecido seja o de comércio e serviços, pois é o que dá apoio<br />

à população crescente que está se estabelecendo nas cidades<br />

e centros comerciais.<br />

No que tange ao elo industrial, o estado do Tocantins conta<br />

com cerca de 2.227 unidades industriais, sendo que cerca<br />

de 68% delas são microempresas, 11% de pequeno porte, 3%<br />

de médio porte e 4% de grande porte. Os 14% restantes são<br />

representados por microempreendedores individuais (FIETO,<br />

2016). Além da concentração em micro e pequenas empresas,<br />

a industrialização está mais presente em alguns segmentos.<br />

O Gráfico 3.10 mostra a distribuição do PIB industrial do estado<br />

por segmento.


76<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

figUra 3.3<br />

Indústrias de beneficiamento de arroz do Tocantins<br />

ARAGUAÍNA<br />

1 indústria de<br />

beneficiamento<br />

<strong>PARA</strong>ÍSO <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

4 indústrias de<br />

beneficiamento<br />

PORTO<br />

NACIONAL<br />

1 indústria de<br />

beneficiamento<br />

LAGOA DA<br />

CONFUSÃO<br />

2 indústrias de<br />

beneficiamento<br />

FORMOSO <strong>DO</strong><br />

ARAGUAIA<br />

1 indústria de<br />

beneficiamento<br />

GUARAÍ<br />

1 indústria de<br />

beneficiamento<br />

PALM<strong>AS</strong><br />

2 indústrias de<br />

beneficiamento<br />

GURUPI<br />

5 indústrias de<br />

beneficiamento<br />

CARIRI<br />

1 indústria de<br />

beneficiamento<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de SEPLAN (2016).<br />

Como pode ser visto, a indústria da “Construção” é a categoria<br />

com maior importância econômica no estado, seguida<br />

pelos “Serviços Industriais de Utilidade Pública”. A indústria<br />

de “Alimentação” vem na sequência, contando com 12% do<br />

total do PIB industrial. Esse segmento inclui os frigoríficos,<br />

laticínios, beneficiadores de arroz, dentre outros. A indústria<br />

de processamento de grãos pode ser enquadrada nessa categoria,<br />

mas sua participação ainda é muito pequena.<br />

Vale mencionar também que do total de indústrias do<br />

estado apenas 6,5% são exportadoras. Dentre as exportadoras,<br />

cerca de 30% são do segmento da indústria de transformação.<br />

No caso específico da indústria de arroz, o primeiro passo<br />

após a colheita é a secagem, que prepara o grão para o processamento.<br />

É um processo relativamente simples, mas que demanda<br />

infraestrutura e espaço para ser realizado. Por conta<br />

disso, apenas 30% do arroz produzido no Tocantins é seco nas<br />

próprias fazendas e outros 10% na indústria (apenas 2 delas<br />

possuem esse “serviço”). O restante do processo de secagem<br />

é feito por terceiros.<br />

Essa é uma das principais diferenças da indústria processadora<br />

do estado quando comparada ao Rio Grande do Sul, pois<br />

a indústria gaúcha, de acordo com os entrevistados, é responsável<br />

pela secagem de 50% dos grãos de arroz lá cultivados.<br />

Também foi comentado que há uma tendência de que essa<br />

capacidade de secagem por parte da indústria seja ampliada.<br />

O Tocantins possui hoje 18 indústrias processadoras de ar-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 77<br />

roz em seu território e localizadas de acordo com a Figura 3.3.<br />

Elas se concentram principalmente na região sudoeste do estado,<br />

próximas às áreas produtoras do grão (SEPLAN, 2016).<br />

De acordo com os entrevistados, as mais importantes dessas<br />

indústrias (por ordem alfabética) são:<br />

• Bom de Gosto – Gurupi<br />

• CDA – Lagoa da Confusão<br />

• Diamante – Paraíso do Tocantins<br />

• Santa Fé – Palmas<br />

• SLC – Paraíso do Tocantins<br />

<br />

figUra 3.4<br />

Principais indústrias de processamento de arroz no Brasil<br />

INDÚSTRI<strong>AS</strong><br />

A<strong>NO</strong> DA FUNDAÇÃO<br />

CAPACIDADE DE<br />

BENEFICIAMENTO<br />

(SACOS DE 50KG)<br />

LOCALIZAÇÃO D<strong>AS</strong> PLANT<strong>AS</strong> RESULTA<strong>DO</strong> 2016<br />

1963 15.512.203<br />

Brasil: 12 plantas<br />

outros países: Uruguai, Chile, Peru e Argentina<br />

R$ 4,95 bilhões<br />

1922 10.645.646 RS, PR, PE R$ 1,3 bilhão<br />

1975 6.078.803 RS -<br />

1960 4.063.594 RS, SC, MT, SP, PE, PR -<br />

2001 3.967.645 RS, PE, TO, SP -<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir dos sites das empresas.


78<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

Pode-se observar que apenas uma dessas grandes indústrias<br />

tocantinenses é também considerada um grande player<br />

no mercado nacional.<br />

Todas as cinco organizações, sejam elas empresas ou cooperativas<br />

de processamento de arroz, têm operações (plantas)<br />

localizadas na região Sul do país, tradicional polo do cultivo<br />

do grão nacional.<br />

Em termos de processamento e beneficiamento de produtos<br />

agrícolas, atualmente a indústria de arroz é uma das mais<br />

avançadas, organizadas e desenvolvidas do estado do Tocantins.<br />

Isso é evidenciado pelo fato do estado não realizar exportações<br />

do grão ainda com casca (BR<strong>AS</strong>IL, 2017b). Segundo a<br />

Ageto (2015), cerca de 30% dessa produção é enviada a outros<br />

estados como Bahia, Ceará e Goiás. Ou seja, 70% da produção<br />

é processada dentro do Tocantins, um volume muito superior<br />

a outras commodities como soja e milho.<br />

É importante ressaltar que essas indústrias de processamento<br />

estão com capacidade ociosa (em maior ou menor<br />

grau), ou seja, poderiam estar processando mais matéria-prima<br />

do que fazem hoje. Seria interessante para o desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva do arroz que esses 30% de grãos<br />

em casca que são processados em outros estados ficassem no<br />

território tocantinense.<br />

Um aspecto positivo é que, caso a produção agrícola de arroz<br />

se amplie em um ritmo acelerado e a oferta interna supere<br />

a capacidade de processamento instalada, é relativamente<br />

simples ampliar a capacidade das indústrias que operam no<br />

estado a custos baixos. Essa afirmação foi feita pelos especialistas<br />

na cadeia, que a justificaram pelo fato do beneficiamento<br />

do arroz não ser um processo muito complicado.<br />

Quanto aos custos produtivos, os industriais são quase<br />

unânimes ao afirmar que energia elétrica e combustíveis são<br />

os dois itens que mais oneram suas operações. Por outro lado,<br />

a indústria de beneficiamento de arroz não causa grandes<br />

impactos ambientais quando comparada a outras atividades<br />

industriais e não há custos significativos para tratamento e<br />

descarte de resíduos.<br />

Um dos poucos resíduos que são gerados no processo é a<br />

palha do arroz. Mesmo assim, não é uma grande preocupação,<br />

pois essa palha é comercializada pelas indústrias para<br />

ser utilizada em “cama de frango” (adubo orgânico).<br />

De acordo com os especialistas na cadeia produtiva do arroz<br />

que foram entrevistados para esse estudo, após o processamento,<br />

o arroz tocantinense é comercializado para estados<br />

mais ao Norte do país: Goiás, Distrito Federal, Maranhão, Pará,<br />

Piauí, estados do Nordeste e no próprio estado do Tocantins.<br />

Isso ocorre pois esse é atualmente o raio máximo no qual o<br />

arroz do Tocantins é competitivo. Mesmo assim, os entrevistados<br />

estimaram que, nesses estados, o arroz processado no<br />

Tocantins tem participação de 35% a 40% de mercado, en-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 79<br />

quanto que a fatia restante é acessada pelos estados da região<br />

Sul, principalmente.<br />

Além das limitações e maiores custos logísticos, pesa para<br />

a indústria do Tocantins o fato de que as beneficiadoras de<br />

arroz do sul do país são empresas muito grandes, com portfólios<br />

de produtos maiores e relacionamento mais antigo com<br />

o varejo, portanto maior poder de barganha para posicionar<br />

seus produtos nas gôndolas com preços mais atrativos ao<br />

consumidor final.<br />

Nos demais estados, principalmente mais ao sul do Brasil,<br />

Rio Grande do Sul e Santa Catarina detêm menores custos logísticos<br />

e, portanto, conseguem ser muito mais competitivos<br />

em termos de preço e acesso, dominando esses mercados.<br />

Outro ponto a ser destacado é a dificuldade da indústria em<br />

conseguir grãos de qualidade para atender às demandas do<br />

mercado consumidor. Para Fragoso et al. (2013), em torno de<br />

apenas 30% a 35% tem boa qualidade nos grãos e, portanto,<br />

durante algumas épocas do ano as indústrias têm dificuldade<br />

de encontrar bons grãos de arroz na qualidade necessária<br />

para serem beneficiados.<br />

Uma solução seria trazer o arroz ainda com casca de outros<br />

estados para serem beneficiados no Tocantins. Contudo, Fragoso<br />

et al. (2013) chegaram à conclusão de que economicamente<br />

não é viável trazer arroz da região Sul do país, poucas<br />

indústrias ainda teriam condições de vender seus produtos<br />

no mercado com lucro. Outra alternativa seria a importação<br />

de outros países, entretanto, uma das contrapartidas do programa<br />

Pró-Indústria é a de que se houver grãos em estoque<br />

no mercado interno, as indústrias são proibidas de trazer arroz<br />

de fora do país.<br />

3. 4. 1 Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio<br />

ao desenvolvimento<br />

O PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição<br />

para o Financiamento da Seguridade Social) são tributos<br />

federais de caráter social destinados a, respectivamente, financiar<br />

o pagamento do seguro-desemprego, abono e participação<br />

na receita dos órgãos e entidades, tanto para trabalhadores<br />

de empresas públicas como privadas; financiar<br />

a seguridade social, em suas áreas fundamentais, incluindo<br />

a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública<br />

(ECONET, 2017).<br />

O fator gerador do PIS e COFINS é o faturamento mensal,<br />

independentemente da denominação ou classificação fiscal.<br />

Devem contribuir as pessoas jurídicas de direito privado, sendo<br />

que há duas sistemáticas para a apuração dos valores:<br />

a. Sistemática Cumulativa: pela qual não é permitido o<br />

aproveitamento de crédito nas aquisições para abati-


80<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

mento do débito gerado, apurado a partir da aplicação<br />

sobre a base de cálculo da alíquota total de 3,65%;<br />

b. Sistemática Não Acumulativa: pela qual é permitido o<br />

aproveitamento de créditos nas aquisições para abatimento<br />

do debito gerado, apurado a partir da aplicação<br />

sobre a base de cálculo de alíquota total de 9,25%.<br />

Como regra geral, as pessoas jurídicas optantes pelo sistema<br />

de tributação do Lucro Real estão incluídas na sistemática<br />

não acumulativa, enquanto as pessoas jurídicas tributadas<br />

pelo Lucro Presumido ficam sujeitas à cumulatividade.<br />

Conforme informações da Econet (2017), dentre as várias<br />

situações em que a lei estabelece o não recolhimento das contribuições<br />

de PIS e COFINS, destaca-se a redução à alíquota<br />

zero – que deve ser compreendida como um benefício expressamente<br />

previsto em lei e desvinculado dos benefícios de<br />

suspensão, imunidade, isenção ou não incidência. É o caso,<br />

por exemplo, do arroz descascado parboilizado e não parboilizado;<br />

e do arroz semi branqueado ou branqueado, parboilizado<br />

ou não parboilizado, polido ou brunido ou outro.<br />

A Tabela 3.11 apresenta os percentuais de PIS e COFINS incidentes<br />

sobre os produtos e subprodutos do arroz, determinados<br />

pelos seus códigos NCMs, consultados no site da Alice<br />

WEB do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017b).<br />

<br />

taBEla 3.11<br />

Percentuais de PIS e COFINS incidentes sobre os produtos e<br />

subprodutos do arroz, determinados pelos seus códigos NCMs<br />

NCM: 1006.10.91* / Arroz com casca parboilizado<br />

NCM:1006.10.92 /Arroz com casca não parboilizado<br />

NCM: 1006.40.00 / Arroz quebrado (trinas de arroz)<br />

REGIME DE TRIBUTAÇÃO PIS COFINS<br />

Simples Nacional Vide observações. Vide observações.<br />

Regime Cumulativo 0,65% 3,00%<br />

Regime Não Cumulativo 1,65% 7,60%<br />

NCM: 1006.20.10** / Arroz descascado parboilizado<br />

NCM:1006.20.20 / Arroz descascado não parboilizado<br />

NCM: 1006.30.11 / Arroz semibranqueado ou branqueado parboilizado polido ou brunido<br />

NCM: 1006.30.19 / Arroz semibranqueado ou branqueado parboilizado outros<br />

NCM: 1006.30.21 / Arroz semibranqueado ou branqueado não parboilizado polido ou brunido<br />

NCM: 1006.30.29 / Arroz semibranqueado ou branqueado não parboilizado outros<br />

REGIME DE TRIBUTAÇÃO PIS COFINS<br />

Simples Nacional Vide observações. Vide observações.<br />

Regime Cumulativo 0,00% 0,00%<br />

Regime Não Cumulativo 0,00% 0,00%<br />

*SIMPLES NACIONAL - O código NCM pesquisado não se encontra dentre os produtos com benefícios<br />

fiscais de PIS e COFINS previstos em legislação. Antes de aplicar as alíquotas correspondentes ao<br />

regime tributário da pessoa jurídica é recomendado analisar as outras guias.<br />

**SIMPLES NACIONAL - As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples<br />

Nacional não se beneficiam da suspensão do PIS e da COFINS sobre as receitas de vendas de mercadorias,<br />

devido à impossibilidade em utilizar ou destinar qualquer valor a título de incentivo fiscal (Lei<br />

Complementar nº 123/2006, artigo 24).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados extraídos do sistema Econet (2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 81<br />

O arroz e seus derivados ou subprodutos também estão<br />

passíveis de isenção da tributação do PIS e COFINS quando<br />

destinados à exportação. Conforme informações da Econet<br />

(2017), segundo o artigo 45 do Decreto n° 4.524/2002, as seguintes<br />

receitas são passíveis de isenção:<br />

a. da exportação de mercadorias para o exterior;<br />

b. de vendas realizadas pelo produtor-vendedor às empresas<br />

comerciais exportadoras nos termos do Decreto-Lei<br />

n° 1.248/72, e alterações posteriores, desde que destinadas<br />

ao fim específico de exportação para o exterior; e<br />

c. de vendas, com fim específico de exportação para o exterior,<br />

a empresas exportadoras registradas na Secretaria<br />

de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior.<br />

O ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de<br />

mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual,<br />

intermunicipal e de comunicação) é de competência<br />

dos estados e do Distrito Federal. Sua regulamentação<br />

constitucional está prevista na Lei Complementar 87/1996 (a<br />

chamada “Lei Kandir”), alterada posteriormente pelas Leis<br />

Complementares 92/97, 99/99 e 102/2000.<br />

Com o objetivo de levantar o percentual de ICMS que incide<br />

sobre a produção, distribuição e comercialização e estimar<br />

os incentivos tributários para o arroz, bem como seus<br />

derivados, para os estados do Tocantins, Rio Grande do Sul,<br />

Santa Catarina e Mato Grosso, utilizou-se a ferramenta da<br />

Econet que elenca todas as referências e informações importantes<br />

a serem observadas, para fins da determinação da alíquota<br />

a ser aplicada nas operações internas e dos benefícios<br />

fiscais existentes (reduções de base de cálculo, isenções, créditos<br />

outorgados), de acordo com a mercadoria ou serviço.<br />

Também foram elencadas as hipóteses de diferimento –<br />

embora o diferimento não seja propriamente um benefício<br />

fiscal, e sim uma espécie de substituição tributária, acaba<br />

por representar uma desoneração do ICMS, para aqueles que<br />

efetivam a operação com diferimento.<br />

A Tabela 3.12 resume, por estado, respectivamente, a alíquota<br />

de incidência sobre o arroz, bem como seus derivados,<br />

e os benefícios fiscais concedidos conforme a mercadoria.<br />

Observa-se que, no Tocantins, não há incidência de alíquota<br />

específica para o arroz, ficando o produto sujeito à regra geral<br />

aplicada no estado, de 18%. Esse valor representa 6 pontos<br />

percentuais acima dos demais estados analisados – que apresentam<br />

alíquota de 12% para o cereal. O Tocantins apresenta<br />

alguns benefícios fiscais que se enquadram na redução da<br />

base de cálculo para operações interestaduais de destino de<br />

farelo de arroz para a produção de ração animal, e operações<br />

internas de arroz e arroz beneficiado. As isenções de ICMS<br />

referem-se apenas a alguns produtos com operações internas<br />

ao estado.


82<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

taBEla 3.12<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para o arroz e seus derivados para os Estados do Tocantins, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e<br />

Mato Grosso<br />

ARROZ ICMS<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Reduções de Base<br />

de Cálculo<br />

to / reGra GeraL - aLÍQuota De 18%<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

Interestaduais Redução para 40%.<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Arroz Internas Redução para 38,89%.<br />

Indústria ou do comércio, nas saídas de arroz Internas Carga tributária de 12%.<br />

Isenção Casca e palha de arroz Internas A isenção é aplicável aos produtos aplicados diretamente na agricultura e pecuária ou destinados à<br />

fabricação de ração animal.<br />

Arroz em casca de estabelecimento do produtor<br />

com destino a beneficiamento, industrialização ou<br />

exportação<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Internas<br />

A utilização do referido benefício fica condicionada à utilização de Termo de Acordo de Regime Especial com<br />

o estabelecimento destinatário, excluídos os beneficiários do Programa PROSPERAR.<br />

Internas Manutenção do crédito do imposto em relação às entradas. Prorrogado até 31.10.2017.<br />

Crédito presumido Casca e palha de arroz Interestaduais O crédito presumido será equivalente a 100% do valor do ICMS devido nas saídas interestaduais.<br />

Redução de Base<br />

de Cálculo<br />

rs/ aLÍQuota De 12%<br />

Cesta básica: arroz beneficiado Internas Redução para:<br />

a) 41,176%, quando a alíquota aplicável for 17%;<br />

b) 58,333%, quando a alíquota aplicável for 12%;<br />

c) 38,888%, quando a alíquota aplicável for 18%.<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

Interestaduais Redução para 40%.<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Arroz beneficiado Interestaduais Benefício aplicável nas saídas decorrentes de venda, de remessa em bonificação ou de transferência a outro<br />

estabelecimento seu, desde que o produto seja de produção própria.<br />

Redução para:<br />

a) 7%, quando a alíquota aplicável for 12%;<br />

b) 4%, quando a alíquota aplicável for 7%;


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 83<br />

ARROZ ICMS<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Isenção<br />

Crédito presumido<br />

(NCM: 1904.90.00)<br />

Diferimentos<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Internas<br />

Manutenção integral do crédito.<br />

A isenção é aplicável aos produtos destinados à alimentação animal ou ao emprego na fabricação de ração animal.<br />

Benefício válido até 31.10.2017.<br />

Cinzas de casca de arroz Internas A isenção é aplicável às operações internas, bem como às correspondentes prestações de serviço de<br />

transporte.<br />

Arroz cozido pronto para consumo e arroz précozido<br />

condimentado<br />

Interestaduais<br />

Crédito presumido de importância equivalente aos seguintes percentuais:<br />

a) 3% sobre o valor da operação nas saídas interestaduais sujeitas à alíquota de 7%;<br />

b) 5% sobre o valor da operação nas saídas interestaduais sujeitas à alíquota de 12%.<br />

Poderá apropriar-se do crédito presumido a empresa fabricante.<br />

Bolachas de arroz, de produção própria Internas Crédito presumido de importância equivalente a 5% sobre o valor da operação.<br />

Poderá apropriar-se do crédito presumido a empresa fabricante.<br />

Arroz beneficiado, a granel ou em embalagem de,<br />

no mínimo, 50 kg, importado por estabelecimento<br />

industrial que realize beneficiamento de arroz<br />

É diferido para a etapa posterior, nos termos do § 1° do artigo 53 do Livro I do RICMS/RS, sem a transferência<br />

da obrigação tributária correspondente, o pagamento do imposto devido por contribuinte do estado do Rio<br />

Grande do Sul nas operações de entrada decorrentes de importação do exterior, promovida por titular de<br />

estabelecimento inscrito no CGC/TE.<br />

Arroz, em casca ou beneficiado É diferido para a etapa posterior o pagamento do imposto devido nesta operação, realizada entre<br />

estabelecimentos inscritos no CGC/TE, localizados no estado do Rio Grande do Sul, hipótese em que a<br />

responsabilidade pelo referido pagamento fica transferida ao destinatário da mercadoria.<br />

Casca de arroz, destinada a estabelecimento<br />

industrial<br />

É diferido para a etapa posterior o pagamento do imposto devido nesta operação, realizada entre<br />

estabelecimentos inscritos no CGC/TE, localizados no estado do Rio Grande do Sul, hipótese em que a<br />

responsabilidade pelo referido pagamento fica transferida ao destinatário da mercadoria.<br />

SC / CEREAIS: ARROZ, INCLUSIVE DESC<strong>AS</strong>CA<strong>DO</strong> - ALÍQUOTA 12%<br />

Redução de Base<br />

de Cálculo<br />

Isenção<br />

Cesta básica: arroz Internas Redução de 41,667%.<br />

Cesta básica: arroz parboilizado ou polido, exceto<br />

Internas Redução de 58,823%.<br />

se adicionado a outros ingredientes ou temperos<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Interestaduais Redução de 60%.<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

Internas<br />

A isenção, concedida às saídas dos produtos destinados à pecuária, estende-se às remessas com destino a<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

apicultura, aquicultura, avicultura, cunicultura, ranicultura e sericicultura. Manutenção do crédito.


84<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

ARROZ ICMS<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Crédito presumido Arroz beneficiado pelo próprio estabelecimento Interestaduais Crédito presumido concedido ao estabelecimento beneficiador estabelecido no estado de Santa Catarina,<br />

equivalente a 3% do valor da saída interestadual de arroz beneficiado pelo próprio estabelecimento.<br />

Diferimentos Mercadorias destinadas à comercialização, industrialização ou atividade<br />

agropecuária: casca de arroz<br />

Redução de Base<br />

de Cálculo<br />

Isenção<br />

Mt / aLÍQuota De 12%<br />

Mercadorias integrantes da cesta básica: arroz Internas Redução para 58,33%.<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Arroz, inclusive quebrado ou fragmentado na<br />

forma de quirera de qualquer tipo<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Interestaduais Redução para 40%.<br />

Benefício válido até 31.10.2017.<br />

Internas<br />

Benefício aplicável somente aos produtos beneficiados de produção mato-grossense.<br />

Internas<br />

O benefício outorgado às saídas dos produtos destinados à pecuária estende-se às remessas com destino a<br />

apicultura, aquicultura, avicultura, cunicultura, ranicultura e sericicultura.<br />

Benefício válido até 31.10.2017.<br />

Diferimentos Arroz em casca, de produção mato-grossense O lançamento do imposto incidente nas saídas de arroz em casca, de produção mato-grossense, poderá ser<br />

diferido para o momento em que ocorrer:<br />

a) sua saída para outra unidade da Federação ou para o exterior;<br />

b) sua saída para outro estabelecimento comercial ou industrial;<br />

c) sua saída com destino a estabelecimento varejista;<br />

d) a saída de produto resultante do seu beneficiamento ou industrialização.<br />

Farelos de arroz destinados à alimentação animal<br />

ou ao emprego na fabricação de ração animal<br />

Poderá ser diferido o lançamento do imposto incidente nas importações, desde que os produtos sejam<br />

destinados ao uso na agropecuária mato-grossense ou como matéria-prima ou produto intermediário de<br />

insumos agropecuários de produção mato-grossense.<br />

O imposto será diferido para o momento em que ocorrer:<br />

a) a saída da colheita;<br />

b) sua saída para outro estado ou para o exterior;<br />

c) sua saída com destino a consumidor ou usuário final;<br />

d) a saída de produto resultante do respectivo abate ou industrialização.<br />

O diferimento aplica-se, inclusive, às operações efetuadas por cooperativas de produtores estabelecidas no<br />

estado do Mato Grosso.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados extraídos do sistema Econet (2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 85<br />

Dentre os estados analisados, o Tocantins também é o único<br />

que não apresenta a categoria diferimento de benefício fiscal.<br />

Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso também<br />

apresentam benefícios fiscais próprios para o arroz da cesta<br />

básica, através da redução da base de cálculo, variando o percentual<br />

da redução conforme o estado.<br />

Além das diferenças de ICMS já citadas, é importante destacar<br />

programas específicos do Tocantins relacionados ou<br />

não com incentivos tributários, que vêm guiando o desenvolvimento<br />

do estado.<br />

As políticas de desenvolvimento são medidas que podem<br />

ser tomadas no âmbito estadual para favorecer e incentivar<br />

o desenvolvimento de áreas específicas. Um dos objetivos<br />

buscados com o desenho de políticas específicas é o de aumentar<br />

a atratividade de determinado estado para novos investimentos,<br />

ou desenvolver algum elo da cadeia de interesse<br />

econômico para o estado, visando sempre seu constante desenvolvimento.<br />

O Tocantins já foi incluído em diversos programas de desenvolvimento<br />

tanto focados no agronegócio, como programas<br />

mais abrangentes. Alguns são destacados:<br />

• Avança Brasil – um dos precursores do Programa de<br />

Aceleração do Crescimento (PAC), o programa focou em<br />

ações de desenvolvimento da infraestrutura e aumento<br />

da competitividade do setor produtivo (LIMA, 2014);<br />

• Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR)<br />

– estruturara instâncias de representação, e avança no<br />

incremento da infraestrutura, inovação e fortalecimento<br />

de Arranjos Produtivos Locais (APLs), além de ofertar<br />

crédito (LIMA, 2014);<br />

• Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

(PDRS) – financiado com recursos do BIRD, o projeto previa<br />

ações de desenvolvimento de infraestrutura rural e<br />

de meio ambiente (LIMA, 2014);<br />

• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – criado<br />

em 2007, ele estava direcionado a grandes obras de infraestrutura<br />

do país (BR<strong>AS</strong>IL, 2017c).<br />

• Outros quatro programas foram de vital importância<br />

para o desenvolvimento da agricultura no Tocantins:<br />

• PRODECER – Programa de Cooperação Nipo-Brasileira<br />

para o Desenvolvimento dos Cerrados, surgiu com a intenção<br />

dos japoneses de diversificar seus fornecedores de<br />

grãos, por isso uma parceria entre os governos e instituições<br />

privadas do Brasil e Japão deu início a esse programa.<br />

A terceira fase do programa contou com investimentos<br />

no munícipio de Pedro Afonso para que a produção<br />

de grão fosse estimulada. Seu principal instrumento foi a<br />

implantação de produtores de médio porte que não possuíam<br />

sua própria terra e foram investidos recursos na<br />

infraestrutura socioeconômica da região (CAMPO, 2017).


86<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

• PRO<strong>DO</strong>ESTE – com início em 2012 (e reativado em 2015),<br />

o Programa de Desenvolvimento da Região Sudoeste do<br />

estado do Tocantins é uma parceria entre o governo do<br />

estado do Tocantins e o BIRD, tem o objetivo de financiar a<br />

irrigação no Vale do Araguaia com 165 milhões de dólares<br />

sendo previstos em investimentos que seriam suficientes<br />

para irrigar 26.000 hectares de fazendas da região e ainda<br />

desenvolver a infraestrutura de saneamento e acesso à<br />

água potável para os habitantes (<strong>TOCANTINS</strong> 247, 2016).<br />

• Programa Polos de Fronteiras – por meio de um decreto<br />

em 1997, foi desenhado para estimular o aumento da<br />

produção e revitalização da região de Campos Lindos. A<br />

pretensão era doar mais de 100.000 hectares de terras e<br />

apoiar a instalação de uma cooperativa para o desenvolvimento<br />

da agricultura na região (LIMA, 2014).<br />

• Projeto Rio Formoso – teve o início de sua implantação<br />

em 1979 e surgiu com o objetivo de realizar o aproveitamento<br />

das várzeas do estado para produção de arroz<br />

irrigado. O projeto foi de extrema importância para o desenvolvimento<br />

da cultura no Tocantins e hoje conta com<br />

uma área de cerca de 33 mil hectares.<br />

Todos esses exemplos demonstram que no estado grande<br />

parte das políticas de apoio ao desenvolvimento tiveram seu<br />

foco no fortalecimento da agropecuária, principalmente na<br />

expansão da produção de grãos. Esses programas se mostraram<br />

interessantes e cumpriram seus papéis ao colocar o<br />

Tocantins como um dos estados referência na produção e beneficiamento<br />

de arroz.<br />

Ao mesmo tempo, incentivos fiscais também são utilizados<br />

na atração de investimentos no estado, como é possível observar<br />

pelos programas evidenciados na Cartilha de Incentivos<br />

Fiscais do Tocantins e resumidos a seguir (CDE/SEDEN, 2017):<br />

proindústria<br />

Estimula indústrias locais com interesse em implantação<br />

e expansão.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de matéria-prima e insumos,<br />

nas vendas destinadas a órgãos públicos, na energia<br />

elétrica, nas operações internas e importações de<br />

equipamentos e no devido por diferencial de alíquota<br />

das operações de ativo fixo.<br />

• Concede crédito presumido de 100% do valor do ICMS<br />

na prestação de serviços interestaduais com industrializados.<br />

• Incide sobre carga tributária de 75% do valor de ICMS<br />

apurado e contribui com 0,3% sobre o faturamento<br />

mensal incentivado ao Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

(FDE).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 87<br />

prosperar<br />

Estimula empresas locais com interesse em implantação,<br />

revitalização e expansão de unidade industrial, agroindustrial<br />

e comercial atacadista.<br />

• Financia 75% do ICMS durante a realização do projeto.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de ativo permanente, na<br />

energia elétrica e serviços de comunicação (nos 5 anos<br />

do prosperar), no devido por diferencial de alíquota nas<br />

aquisições de ativo fixo, nas operações com ativos fixo e<br />

nas importações de ativo fixo.<br />

• Redução do ICMS em 50% no consumo de energia elétrica<br />

e serviços de comunicação e até em 95% do valor da<br />

parcela para pagamento antecipado.<br />

• Contribuição de 0,3% sobre o faturamento mensal, ao<br />

FDE.<br />

indústria de fertilizantes<br />

Destinado às indústrias de fertilizantes do Tocantins<br />

• Redução de 85% do ICMS devido ao estado e diferimento<br />

da taxa na importação de matérias-primas e insumos.<br />

• Isenção do ICMS nas operações internas de matéria-prima,<br />

insumos industrializados, acabados, semielaborados<br />

utilizados no processo de industrialização e ativo<br />

fixo. Também nas operações interestaduais para o diferencial<br />

de alíquotas, nas compras de ativo fixo, nas importações<br />

de matéria-prima, insumos, produtos industrializados,<br />

acabados ou semielaborados utilizados no<br />

processo de industrialização, ativos fixos. É isenta também<br />

a energia elétrica, as vendas para órgãos públicos,<br />

as prestações de serviços de transporte para produtos<br />

industrializados e o crédito presumido de 100% sobre o<br />

valor do ICMS nas prestações interestaduais de serviços<br />

de transporte com produtos industrializados.<br />

• Contribuição de 0,3% sobre o faturamento mensal ao<br />

FDE.<br />

complexo agroindustrial<br />

Empresas de Tocantins com fábricas de ração balanceada<br />

e/ou que realizem reprodução, criação, abate, industrialização<br />

e comercialização de ovos, aves, pintos de um dia, suínos,<br />

caprinos e ovinos. Além de empresas que realizem estudos<br />

genéticos desses animais ou de novas tecnologias para industrialização<br />

dos mesmos.<br />

• Isenção de ICMS nas operações internas de aves, pintos<br />

de um dia, suínos, caprinos, ovinos e ovos férteis; em<br />

produtos e insumos para produção de ração; nas saídas<br />

internas de matéria-prima para empresas agroindustriais;<br />

no diferencial de alíquota nas aquisições de ativo


88<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

fixo; nas operações internas com ativo fixo (mantido o<br />

crédito ICMS para o remetente); na energia elétrica; nas<br />

importações de ativo fixo; dentre outros.<br />

• Isenção de ICMS pelo crédito presumido de:<br />

• 16,5% da base de cálculo nas operações internas com<br />

produtos do abate de aves, suínos, caprinos e ovinos.<br />

• 11,5% nas operações de saídas interestaduais com<br />

ovos e produtos do abate de aves, suínos, caprinos e<br />

ovinos.<br />

• 11% das operações nas saídas interestaduais de aves<br />

vivas.<br />

• Crédito do ICMS nas aquisições interestaduais:<br />

• 7% sobre o valor das aquisições oriundas do Sul e Sudeste,<br />

exceto Espírito Santo.<br />

• 12% nas aquisições oriundas do Centro-Oeste, Norte,<br />

Nordeste e Espírito Santo.<br />

prologística<br />

Empresas de logística, distribuição e transporte aéreo do Tocantins<br />

que operem em centro logístico ou distrito empresarial<br />

com transporte de carga, agenciamento e armazenamento<br />

de produtos próprios ou de terceiros para distribuição, exceto<br />

quando as atividades forem realizadas separadamente.<br />

• Concede por 10 anos e condicionado ao devido recolhimento<br />

de imposto no prazo:<br />

• Para empresas de logística e transporte aéreo e hidroviário,<br />

75% nas prestações internas e interestaduais<br />

aplicado sobre o saldo devedor do ICMS das prestações<br />

realizadas.<br />

• Para transporte aéreo de carga e transporte aéreo e<br />

hidroviário de cargas e passageiros, 3% das saídas<br />

internas de combustível de aviação, desde que mantenha<br />

voos regulares procedentes de aeroportos em<br />

território do estado do Tocantins.<br />

Com os incentivos fiscais listados, percebe-se que o estado,<br />

mesmo ainda mantendo foco na produção agrícola (programa<br />

de incentivos fiscais específicos para a indústria de fertilizantes),<br />

tem o objetivo de agregar mais valor aos produtos do Tocantins<br />

com programas de incentivos à agroindústria.<br />

A avaliação da situação dos demais estados da federação<br />

com relação a esses incentivos também é importante tendo<br />

em vista que esses aspectos são altamente relevantes na tomada<br />

de decisão de um possível investimento. A Tabela 3.13<br />

traz alguns dos incentivos ou políticas de apoio ao desenvolvimento<br />

presentes em estados selecionados, produtores de<br />

arroz do Brasil.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 89<br />

<br />

taBEla 3.13<br />

Incentivos para o desenvolvimento em Estados selecionados<br />

• Programa Irrigar incentiva os agricultores a investirem na irrigação como forma<br />

de ampliar a quantidade e a qualidade das pastagens produzidas.<br />

RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL<br />

Ações para Desenvolvimento dos Estados<br />

• Programa de Fortalecimento das Cadeias e Arranjos Produtivos Locais (APLs)<br />

• Programas de apoio aos Polos Tecnológicos que apoia e coordena a integração<br />

entre universidades, centros de pesquisa e setor produtivo.<br />

• Programa Parques Tecnológicos que promove o desenvolvimento científico, tecnológico<br />

e a inovação no estado (12 parques credenciados).<br />

• Os Fundos FUN<strong>DO</strong>PEM/RS e INTEGRAR/RS buscam desenvolver a atividade industrial<br />

do estado.<br />

• Projeto de Extensão Produtiva e Inovação.<br />

• Programa Estadual de Conservação do Solo e da Água que tem como principal<br />

meta melhorar as relações produtivas, sociais e ambientais da produção agrícola<br />

no estado, além de proteger e conservar a qualidade do solo e da água.<br />

• Projeto mais água, que tem como objetivo aumentar o armazenamento de água<br />

no solo e melhorar a qualidade da água superficial e do lençol freático.<br />

• Programa Mais Água Mais Renda visa incentivar expansão das áreas irrigadas no<br />

estado.<br />

• Decreto estadual que reduz cerca de 10% o ICMS sobre o setor orizícola.<br />

Fontes<br />

• Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia<br />

• Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação<br />

Fontes<br />

• Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável<br />

• Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca<br />

MATO GROSSO<br />

Ações para Desenvolvimento dos Estados<br />

• O MT possui um programa que visa a promoção do acesso à terra e investimentos<br />

básicos e produtivos por meio da concessão de linhas de crédito para compra<br />

de imóveis e investimentos na própria terra, chamado Programa Nacional de<br />

Crédito Fundiário (PNCF).<br />

• Existem fundos de investimentos específicos para o estado como FETHAB (Fundo<br />

Estadual de Transporte e Habitação).<br />

• A região centro-oeste é contemplada pelo FCO e FDCO (Fundo de Desenvolvimento<br />

do Centro-oeste) e o MT tem sua participação garantida.<br />

• Programa PRÓ-AGROINDÚSTRIA.<br />

Fontes<br />

• SEAF – MT<br />

• Aprosoja - MT<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

SANTA CATARINA<br />

Ações para Desenvolvimento dos Estados<br />

• PRODEC busca incentivar a implantação ou expansão de empreendimentos industriais<br />

no estado.<br />

• Programa SC Rural do governo de Santa Catarina com financiamento do Banco<br />

Mundial, visa consolidar a política pública para o desenvolvimento do meio rural<br />

catarinense.<br />

• Programa Fundo de Terras Estadual que financia a aquisição de terras para trabalhadores<br />

rurais.<br />

A Tabela 3.14 exemplifica algumas das organizações públicas<br />

e privadas que tem parte de seu escopo no desenvolvimento<br />

estadual, principalmente relacionadas à agricultura.<br />

Vale destacar que as ações não estão limitadas às organizações<br />

citadas, que configuram apenas exemplos nos diferentes<br />

segmentos.


90<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

taBEla 3.14<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico<br />

RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL SANTA CATARINA <strong>TOCANTINS</strong> MATO GROSSO<br />

COOPERATIV<strong>AS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÕES<br />

GOVER<strong>NO</strong><br />

UNIVERSIDADES<br />

FUNDAÇÕES E<br />

INSTITUIÇÕES<br />

COOPERLAGO<br />

APROEST<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 91<br />

3. 5 Logística<br />

Nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro cresceu em<br />

termos de produção, produtividade e área, mas este crescimento<br />

esbarra na dificuldade relacionada ao alto custo logístico<br />

do país. Isso se deve aos problemas de infraestrutura<br />

que fazem com que os produtos percam competitividade nos<br />

mercados interno e externo.<br />

Atualmente, no Brasil, o custo do produtor, a partir da porteira<br />

até seu destino final no mercado internacional, resulta em<br />

um valor quatro vezes maior que nos EUA e Argentina. Estimativas<br />

indicam que a diferença pode chegar em até 30% no valor<br />

final, prejudicando o desempenho brasileiro (CNA, 2017).<br />

A importância do Corredor Centro-Norte está ligada à necessidade<br />

de escoamento da produção agrícola, mineral e industrial<br />

da região central do Brasil que se trata de uma região<br />

com alto desempenho econômico.<br />

O preço do frete é outro item complexo, incluindo fatores<br />

locais e suas especificidades. Além disso, ainda devem ser<br />

considerados os custos da atividade, que podem ser influenciados<br />

por fatores diretos, tais como localização, capacidade<br />

de estoque, distribuição espacial dos armazéns, ou por fatores<br />

indiretos, como variação de preço de combustível, limites<br />

de peso e congestionamentos (CYPRIA<strong>NO</strong>, 2005).<br />

No Tocantins, a dinâmica é a mesma que do Brasil como<br />

um todo, pois apesar do estado estar na frente com relação<br />

à disponibilidade de modais logísticos, um de seus maiores<br />

gargalos ainda está na logística.<br />

A distribuição e desenvolvimento da cultura do arroz no<br />

Tocantins estão muito relacionados ao fator logístico do estado.<br />

Quando a produção e produtividade do grão começaram a<br />

se expandir na região, as unidades beneficiadoras, empresas<br />

e comércios relacionados à cultura instalaram-se próximos às<br />

margens da BR 153. Isso porque a proximidade logística da<br />

estrada favorecia o escoamento dos produtos já beneficiados<br />

(EMBRAPA, 2013). Com isso já é possível notar a influência<br />

que o fator logístico possui para produção e comercialização<br />

do produto no estado.<br />

Esse processo de logística tem início na chegada dos insumos<br />

para produção. Essa fase constitui um gargalo produtivo,<br />

já que muitos dos insumos utilizados na cultura vêm de outros<br />

estados e acabam chegando com valores mais elevados devido<br />

aos custos logísticos. Isso é agravado pela pouca presença de<br />

cooperativas no estado, que dificulta a compra desses produtos<br />

pelos agricultores a preços mais acessíveis. Outro fator importante<br />

é o fato de apenas poucas indústrias realizarem operações<br />

de troca estruturadas, ou barter, que é o oferecimento<br />

de insumos em troca de um contrato de fornecimento de parte<br />

da produção do período.<br />

Posteriormente ao cultivo e à colheita, ocorre a transição do<br />

produto das mãos do produtor rural até a indústria beneficia-


92<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

dora. Em alguns casos, essa trajetória é direta, mas como dito<br />

previamente, uma particularidade do arroz irrigado no Tocantins<br />

é a presença de terceiros para a realização do processo de<br />

secagem (60%). O transporte do arroz da produção até os secadores<br />

é feito principalmente através de caminhões, os quais<br />

são contratados e pagos pelos produtores. Após a secagem, na<br />

maioria dos casos, o arroz seco é armazenado pelos próprios<br />

terceiros antes de sua comercialização, já que, assim como a<br />

secagem, o armazenamento dos grãos ainda representa uma<br />

lacuna tanto para a indústria quanto para os produtores (MO-<br />

RAES, 2016). A disponibilidade de capacidade estática de armazenagem<br />

ajuda a formar estoques que permitiriam a distribuição<br />

das vendas durante o ano, reduzindo as flutuações de<br />

preços entre a safra e a entressafra (PUZZI, 1977).<br />

Para analisar se a capacidade estática de determinada região<br />

é adequada, não se pode simplesmente compará-la com<br />

a produção. Diversos itens devem ser levados em conta, uma<br />

vez que na prática as safras não coincidem e não se colhe toda<br />

a produção simultaneamente; além disso, nem toda produção<br />

é estocada e as cotações de preços influenciam diretamente<br />

na ocupação dos sistemas de armazenagem (<strong>NO</strong>GUEIRA JÚ-<br />

NIOR; TSUNECHIRO, 2011). Dessa maneira, Nogueira Júnior e<br />

Tsunechiro (2005) sugerem que a capacidade estática de armazenagem<br />

deveria ser 1,5 vezes a produção de grãos e ainda<br />

complementam afirmando que investimentos constantes em<br />

<br />

UF<br />

taBEla 3.15<br />

Capacidade de armazenamento total dos principais estados<br />

produtores de arroz<br />

Total<br />

Armazéns<br />

Capacidade<br />

em milhões de<br />

toneladas<br />

2016/17<br />

Previsão (¹)<br />

Produção soja e<br />

milho em milhões<br />

de toneladas<br />

2016/17<br />

Previsão (¹)<br />

Produção Arroz<br />

em milhões de<br />

toneladas<br />

Capacidade/<br />

Produção<br />

(soja+milho<br />

+arroz)<br />

TO 155 1,9 3,73 0,68 0,43<br />

MT 2.204 35,1 57,37 0,53 0,61<br />

RS 4.769 29,3 24,75 8,72 0,88<br />

SC 976 5,7 5,56 1,12 0,85<br />

(1) Setembro de 2017 / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CONAB (2017e) e CONAB (2017b)<br />

armazenagem são determinantes na competitividade das cadeias<br />

de grãos.<br />

Outros autores ainda sugerem que a capacidade estática<br />

ideal de determinada localidade deve ser 20% superior à sua<br />

produção, para que haja possibilidade de acomodar possíveis<br />

importações (MENDES; PADILHA JÚNIOR, 2007).<br />

O sistema de armazenagem no Tocantins é segmentado em<br />

três principais tipos: estruturas de silos metálicos elevados,<br />

armazéns convencionais e graneleiros. A capacidade total de<br />

armazenamento do estado em outubro de 2017, de acordo<br />

com o Sistema de Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras<br />

– SICARM, foi de 1,9 milhões de toneladas distribuídas<br />

entre 155 estruturas de armazenagem.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 93<br />

Com a baixa capacidade de armazenamento do estado são<br />

aumentados os custos logísticos da cadeia devido à alta necessidade<br />

de escoamento do produto para evitar perdas. Por esse<br />

motivo, em períodos pós-colheitas, a demanda por transporte<br />

fica sobrecarregada, o que faz aumentar o valor do frete.<br />

A Tabela 3.15 apresenta uma comparação da capacidade<br />

de armazenamento entre os principais estados produtores de<br />

arroz brasileiros.<br />

É possível observar na Tabela 3.15 que a produção de arroz<br />

no Tocantins ocupa mais de 1/3 do total de armazenagem disponível<br />

no estado. Considerando que essas estruturas também<br />

são utilizadas para armazenar outros produtos agrícolas<br />

(como a soja e o milho), é possível identificar um importante<br />

gargalo da logística do estado.<br />

Para beneficiamento, o arroz no Tocantins é destinado às<br />

indústrias próprias do estado ou para outros estados ainda<br />

com casca. Os principais estados que recebem esse arroz in<br />

natura, cerca de 30% segundo a SEINFRA, são Goiás, Bahia<br />

e Ceará. O restante é destinado às indústrias do estado, com<br />

destaque para Gurupi e Formoso do Araguaia. Essa oferta geralmente<br />

varia de acordo com a sazonalidade de produção,<br />

sendo maior entre os meses de março e setembro.<br />

A indústria comercializa o produto empacotado para os estados<br />

das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Para regiões<br />

mais ao sul do país, o produto tocantinense não apresenta<br />

ainda competitividade de preços, quando comparado com os<br />

estados sulistas.<br />

É importante destacar que o Tocantins conta com um Plano<br />

Estadual de Logística e Transporte de Cargas, mais conhecido<br />

como PELT. Dentre outros itens, esse plano estuda profundamente<br />

os modais logísticos no estado, disponibilidade de utilização<br />

e principais fluxos de mercadorias visando otimizar as<br />

operações, reduzir custos logísticos, eliminar gargalos atuais<br />

e futuros e aumentar a qualidade da infraestrutura da malha<br />

viária. O plano é desenvolvido em parceria com o Banco Mundial<br />

(BIRD), fazendo parte do Programa de Desenvolvimento<br />

Regional Integrado e Sustentável (PDRIS) (C<strong>AS</strong>A CIVIL, 2014).<br />

Através de entrevistas com a SEINFRA, foi possível entender<br />

que os serviços logísticos do estado podem ser divididos<br />

em dois grandes grupos:<br />

• o primeiro reúne os setores competitivos e geradores de<br />

excedentes comercializáveis que, por outro lado, também<br />

criam demandas por insumos produtivos. Nesse grupo,<br />

destacam-se a agricultura (e.g., arroz, milho, soja) e a pecuária,<br />

cujos fluxos de produtos podem ainda ser insumos<br />

de indústrias localizadas dentro ou fora do Estado.<br />

• O segundo grupo agrega setores de fornecimento de<br />

produtos acabados para o consumo final de famílias,<br />

administração e serviços públicos ou para investimento.


94<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

Quilômetros<br />

gráfico 3.11<br />

Malha rodoviária em Eestados selecionados<br />

40.000<br />

35.000<br />

30.000<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

7.253<br />

23%<br />

23.865<br />

NÃO PAVIMENTADA<br />

77,9%<br />

13.438<br />

3.813<br />

PAVIMENTADA<br />

8.448<br />

TO RS MT SC<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de AGETO (2016).<br />

Uma parte significativa desses fluxos é de importações<br />

interestaduais ou internacionais, sendo canalizados, em<br />

grande medida, pelo setor de comércio.<br />

Atualmente a infraestrutura do estado conta com o modal<br />

ferroviário, o rodoviário e aeroviário. Sendo o rodoviário, ainda,<br />

o mais utilizado.<br />

Em se tratando do modal rodoviário, é importante analisar<br />

qual percentual da malha viária já é pavimentada. É importante<br />

ressaltar que essa análise não identifica a qualidade<br />

da malha rodoviária, que é muito variável, mesmo sendo pavimentada<br />

ou não. O Gráfico 3.11 mostra a comparação da<br />

malha rodoviária pavimentada e não pavimentada de alguns<br />

estados selecionados.<br />

De acordo com o Gráfico 3.11 é possível concluir que apesar<br />

de o Tocantins e o Mato Grosso possuírem uma malha rodoviária<br />

mais ampla que os demais estados produtores de arroz, o<br />

Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam elevadas taxas<br />

de pavimentação. O estado do Tocantins conta com cerca<br />

de 24 mil km não pavimentados e 7,3 mil km pavimentados,<br />

sendo a maior parte de jurisdição estadual. A Figura 3.5 mostra<br />

as estradas do Tocantins e suas respectivas jurisdições.<br />

A rodovia Belém-Brasília é a mais importante do estado,<br />

sendo sua principal rota de entrada e saída. As estradas pavimentadas<br />

do Tocantins interligam municípios e fazem a conexão<br />

com a BR-153. A malha rodoviária tocantinense vem recebendo<br />

investimentos nos últimos anos e, com isso, o estado<br />

tem ampliado a quilometragem de estradas pavimentadas.<br />

As estradas com concessões privadas ainda são incipientes<br />

no estado. Isso ocorre, pois, apesar do estado estar em pleno<br />

crescimento, o fluxo de veículos nas estradas ainda não é<br />

suficientemente grande a ponto de justificar a instalação de<br />

pedágios com concessões.<br />

23%<br />

28.106<br />

% PAVIMENTADA /TOTAL<br />

67,4%<br />

6.979<br />

3.380<br />

90%<br />

70%<br />

50%<br />

30%<br />

10%<br />

-10%


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 95<br />

<br />

figUra 3.5<br />

Malha rodoviária do Tocantins e suas respectivas jurisdições<br />

JURISDIÇÃO<br />

Estadual 712<br />

Federal 169<br />

Municipal 272<br />

Privado 4<br />

Fonte: elaborado pelos autores a partir de AGETO (2016).<br />

O maior problema está no fato de que, pela baixa utilização<br />

dessas rodovias, não é viável a concessão das mesmas à iniciativa<br />

privada, ou seja, os custos de manutenção das rodovias<br />

pavimentadas são responsabilidade do governo estadual.<br />

O estado possui diversos estudos e planos para ampliação<br />

da sua malha rodoviária, porém a falta de recursos é o maior<br />

limitante. Tendo em vista que o estado é o grande responsável<br />

pela manutenção das estradas, os investimentos são priorizados<br />

para regiões que tragam retorno suficiente para manutenção<br />

das mesmas (impostos).<br />

Um desafio encontrado no estado é a ligação das margens<br />

do Rio Tocantins. Atualmente, na região de Palmas existem<br />

duas pontes, sendo uma em Palmas e outra em Porto Nacional.<br />

A de Palmas tem restrição de carga à caminhões que demandam<br />

a cidade de Porto Nacional de 30 toneladas. A SEIN-<br />

FRA está construindo um caminho alternativo (“Anel Viário”)<br />

para acesso à ponte por fora da cidade. Essa passagem é de<br />

suma importância, pois tanto a ferrovia Norte-Sul, bem como<br />

seu posto de integração, como a estrada Belém-Brasília, estão<br />

na outra margem.<br />

As ferrovias apesar de estarem presentes em parte do estado<br />

não são bem aproveitadas pela cadeia produtiva de arroz.<br />

O estado conta com parte da ferrovia Norte-Sul, a qual<br />

é operada pela VLI, empresa de logística da Vale. A ferrovia<br />

Norte-Sul teve sua construção iniciada na década de 1980


96<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

com o principal objetivo de promover a integração nacional,<br />

minimizar custos de transporte e fazer conexões com ferrovias<br />

novas e já existentes (AGETO, 2016). Cerca de 800 km da<br />

ferrovia Norte-Sul se localizam no estado do Tocantins.<br />

Tão importante quanto a própria ferrovia, são os terminais<br />

multimodais, que integram diferentes modais logísticos. A disponibilidade<br />

de terminais multimodais garante o fluxo contínuo<br />

de cargas, contribuindo para redução de tempo de deslocamento,<br />

custo e maior segurança da carga. O estado do Tocantins<br />

conta com terminais multimodais em Araguaína, Porto Nacional,<br />

Guaraí, Colinas, Gurupi e Aguiarnópolis (SEPLAN, 2016).<br />

Essas estruturas de transporte são bastante utilizadas na exportação,<br />

principalmente de produtos como soja e milho. Como<br />

o arroz ainda não apresenta quantidades tão elevadas de vendas<br />

externas, a cadeia faz pouco ou nenhum uso desses recursos.<br />

Outra importante ferrovia ainda inoperante é a Oeste-Leste<br />

que sai de Figueirópolis (TO) indo até Ilhéus (BA). Quando<br />

estiver em atividade, ligará a Norte-Sul ao estado da Bahia<br />

com o objetivo de viabilizar o escoamento de minério de ferro<br />

e grãos, ela deve substituir parte do transporte rodoviário<br />

(PPI, 2017). Como possibilita a chegada de produtos aos estados<br />

do Nordeste, a ferrovia Oeste-Leste poderia ser melhor<br />

utilizada pela cadeia de arroz para aumentar a penetração e<br />

diminuir os custos logísticos do arroz para essas localidades.<br />

Dessa forma, a competitividade tocantinense aumentaria em<br />

relação aos produtores sulistas nesses estados. Esse fator é<br />

bastante importante, pois, atualmente, mesmo com a proximidade<br />

geográfica que o Tocantins apresenta dessas regiões,<br />

seu market share ainda é pequeno.<br />

Abaixo, na Tabela 3.16, é feita uma projeção sobre a capacidade<br />

de carga de cada trecho das principais ferrovias. O progresso<br />

é visível, principalmente sobre a Ferrovia Norte-Sul,<br />

aumentando a expectativa do Brasil como um todo, já que<br />

melhoraria muito a situação dos custos logísticos no país.<br />

<br />

taBEla 3.16<br />

Projeção de capacidade de carga das ferrovias (milhões de toneladas)<br />

FERROVIA TRECHO KM 2016 2017 2018 2019 2020<br />

Ferrovia Norte-Sul<br />

Oeste-Leste<br />

Ferrovia de Integração<br />

Centro-Oeste<br />

Açailândia (MA) /<br />

Estrela d’Oeste (SP)<br />

Figueirópolis (TO) /<br />

Ilhéus (BA)<br />

Campinorte (GO) /<br />

Vilhena (RO)<br />

2.255 12,5 32,1 37,0 41,1 46,9<br />

1.527 30,0 41,3 47,2 49,0 50,3<br />

1.630 - 17,8 18,4 18,7 19,2<br />

Fonte: SEPLAN (2016).<br />

A respeito do modal aeroviário, o aeroporto de Palmas ainda<br />

não está em pleno funcionamento, mas quando isso acontecer,<br />

o terminal de cargas contará com mais de 1400 m² de<br />

área. A expectativa é que terá capacidade de movimentação<br />

de até 15 toneladas de produtos por mês.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 97<br />

<br />

figUra 3.6<br />

Principais vias potenciais de escoamento por hidrovia para o Mato<br />

Grosso<br />

AM<br />

RO<br />

RR<br />

PORTO<br />

ATUAIS<br />

FUTUR<strong>AS</strong><br />

Manaus<br />

AP<br />

Santarém<br />

MG<br />

Cuiabá<br />

MS<br />

SP<br />

São Paulo<br />

PR<br />

Brasília<br />

Fonte: IMEA (2015).<br />

Apesar do Brasil ser um país com alto potencial, esse modal<br />

ainda é pouco desenvolvido quando da sua utilização<br />

PA<br />

RS<br />

GO<br />

SC<br />

TO<br />

Rio Grande<br />

Belém<br />

MA<br />

MG<br />

PI<br />

BA<br />

RJ<br />

São Luís<br />

CE<br />

RN<br />

PB<br />

PE<br />

AL<br />

SE<br />

ES<br />

Vitória<br />

Ilhéus<br />

Santos<br />

São Francisco / Paranaguá<br />

em processos logísticos. O estado do Tocantins se beneficiaria<br />

amplamente de uma viabilização e intensificação de<br />

uso desse modal, uma vez que possui em suas terras a Bacia<br />

Hidrográfica Araguaia-Tocantins, considerada a maior bacia<br />

localizada inteiramente no Brasil, com rios navegáveis. Mais<br />

uma vez poderiam ser ampliadas as possibilidades de vendas<br />

externas e internas do arroz, através de redução dos custos e<br />

consequentemente aumento da competitividade em relação<br />

a outros estados.<br />

A Figura 3.6, mostra uma análise das possíveis rotas hidroviárias<br />

do Brasil. Fica evidente a localização privilegiada<br />

do Tocantins.<br />

O Rio Tocantins desemboca no Rio Pará, que corre ao sul<br />

da Ilha de Marajó e pertence à foz do Rio Amazonas. Ainda,<br />

é notável a importância do Ecoporto de Praia Norte, que tem<br />

como principal característica a integração da bacia do Tocantins<br />

à bacia Amazônica e poderá transportar cerca de 300 mil<br />

toneladas de grãos/ano via Rio Tocantins, até a Zona Franca<br />

de Manaus-AM (SEPLAN, 2016).<br />

Outra ação de grande importância não só para a logística<br />

no estado do Tocantins, mas também para o escoamento de<br />

grãos da região Centro-Oeste é o derrocamento do Pedral do<br />

Lourenço, que consiste em desgastar as formações rochosas<br />

que impedem a navegação de embarcações com cargas<br />

durante os meses de setembro a novembro. A obra, que está


98<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

prevista para ser iniciada no segundo semestre de 2018, garantirá<br />

a navegabilidade permanente da hidrovia Tocantins<br />

-Araguaia (BR<strong>AS</strong>IL, 2017c).<br />

Além dos benefícios logísticos, essa nova rota aumentará a<br />

competitividade dos portos da região Norte e impulsionará o<br />

desenvolvimento econômico de toda região. Os estados que<br />

se beneficiarão da nova via de escoamento são principalmente<br />

Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Goiás (BR<strong>AS</strong>IL,<br />

2017c).<br />

Outro fator importante para a logística de um estado é a<br />

análise das perdas e dos custos de frete.<br />

Em relação às perdas, já se sabe que grande parte dos<br />

grãos de arroz produzidos e que é transportada para outras<br />

localidades é perdida durante a trajetória. Nos trajetos<br />

de maior fluxo, como nas estradas do Rio Grande do Sul, no<br />

caso do arroz esse valor faz grande diferença no total das<br />

vendas. Muitas dessas perdas estão relacionada à tecnologia<br />

generalista de transporte dos caminhões de carga, que<br />

na maioria das vezes não apresenta estrutura adequada de<br />

contenção de grãos.<br />

Tendo em vista a relação de custo do frete dos principais<br />

estados produtores ao porto, pode-se dizer que alguns estados<br />

possuem vantagens, por estarem geograficamente mais<br />

próximos dos principais portos de escoamento de grãos.<br />

A Figura 3.7 mostra a relação de custo de frete dentre os<br />

<br />

figUra 3.7<br />

Relação do custo do frete em estados selecionados<br />

US$ 82,28 / ton<br />

AM<br />

RO<br />

RR<br />

MG<br />

MS<br />

*dados de junho de 2017. / Fonte: IMEA (2017).<br />

principais estados produtores de arroz do Brasil em 2017.<br />

Como pode ser visto na figura, os estados da região Sul são<br />

PA<br />

AP<br />

RS<br />

PR<br />

GO<br />

SC<br />

TO<br />

SP<br />

MA<br />

MG<br />

PI<br />

BA<br />

RJ<br />

CE<br />

RN<br />

PB<br />

PE<br />

AL<br />

SE<br />

ES


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 99<br />

os que possuem maiores vantagens no sentido de custo de<br />

frete, o que faz com que o preço do arroz desses estados no<br />

mercado interno seja inferior. O estado do Tocantins apresenta<br />

custo de frete menor que do Mato Grosso.<br />

Tendo em vista todas as análises conduzidas no que se<br />

refere à infraestrutura logística, fica claro que o grau de<br />

investimento de um estado em infraestrutura, seja de estradas,<br />

ferrovias e até mesmo estruturas de armazenagem,<br />

está diretamente relacionado com a competitividade da cadeia.<br />

A Tabela 3.17 resume algumas das particularidades em termos<br />

de infraestrutura logística em estados selecionados.<br />

<br />

taBEla 3.17<br />

Características de infraestrutura logística em estados selecionados<br />

coNSiDEraÇÕES<br />

RIO GRANDE <strong>DO</strong> SUL<br />

• Rede multimodal de transporte, porém alta dependência do modal rodoviário.<br />

• A localização geográfica faz passar pelo estado vários produtos comercializados<br />

entre o Brasil e o bloco de países do MERCOSUL, sobrecarregando as rodovias<br />

principais (BR-116, BR-101, BR-386 e BR-290).<br />

• Sistema ferroviário com aproximadamente 30 mil km de extensão com potencial<br />

para ser explorado.<br />

• Malha hidroviária, concentrada nas bacias hidrográficas do Guaíba e Litorânea.<br />

• Único terminal apto à exportação de arroz é o Cesa (Companhia Estadual de Silos<br />

e Armazém) devido à falta de disponibilidade no Porto Rio Grande e demais terminais<br />

para a exportação do grão.<br />

• Possui aeroportos regionais e locais e um aeroporto internacional (Aeroporto Internacional<br />

Salgado Filho).<br />

SANTA CATARINA<br />

• Principais rodovias que cruzam Santa Catarina, como as BRs 153, 282, 280 e 470.<br />

• Serviço ferroviário em Santa Catarina é realizado por concessionárias, o que aumenta<br />

a gestão dos investimentos feitos nesse tipo de transporte.<br />

• Possui 3 ferrovias e estão sendo realizados estudos de viabilidade a respeito de<br />

duas novas ferrovias: Ferrovia Litorânea e Ferrovia Leste-Oeste.<br />

• 4 Portos distribuídos estre os 500 km de costa do estado: Porto de São Francisco<br />

do Sul, Porto de Itajaí, Porto de Imbituba e Porto de Laguna.<br />

MATO GROSSO<br />

• A logística ainda é um grande gargalo, sendo o rodoviário o principal modal utilizado.<br />

• Longas distâncias até os portos exportadores.<br />

• 70% das rodovias no estado são consideradas de péssimo estado a regulares,<br />

sendo apenas 4% consideradas em ótimo estado.<br />

• Grandes congestionamentos nas rotas para os portos, principalmente durante<br />

a safra.<br />

• Única rota hidroviária utilizada é o transporte rodoviário até Porto Velho e uso da<br />

Hidrovia do Rio Madeira até Itacoatiara – AM.<br />

• Expectativa do projeto da hidrovia Paraguai-Paraná.<br />

• Utilização da ferrovia Ferronorte de Rondonópolis a Santos.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de SPGG-RS, SIE-SC, SINFRA-MT (2017).<br />

Segundo os dados acima, o Rio Grande do Sul apresenta<br />

melhor estrutura para escoamento de arroz, tanto nacionalmente<br />

quanto internacionalmente. O estado possui recursos<br />

para venda externa do grão que, mesmo que ainda exijam<br />

melhorias, já apresentam um início para o processo de exportação<br />

do produto. Já o Tocantins ainda não possui essa estrutura<br />

e, mesmo na venda para outros estados, ainda enfrenta<br />

altos custos logísticos o que dificulta sua competitividade.


100<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

3. 6 Resumo das forças e fraquezas do Estado do<br />

Tocantins<br />

Após amplo diagnóstico da cultura de arroz no estado do Tocantins,<br />

tem-se a Tabela 3.20 que resume suas principais forças<br />

e fraquezas nos mais variados aspectos analisados.<br />

<br />

taBEla 3.20<br />

Forças e fraquezas do estado do Tocantins<br />

forÇaS<br />

LOGÍSTICA<br />

• Realização de obras de infraestrutura como:<br />

• porto seco;<br />

• pátios ferroviários;<br />

• Parque Tecnológico do Tocantins;<br />

• Ecoporto Praia Norte (com rota de três principais portos do Brasil, Manaus/AM,<br />

Belém/PA e Itaqui/MA);<br />

• centros logísticos;<br />

• evolução da malha rodoviária pavimentada.<br />

• Ferrovia Norte-Sul operada pela VLI.<br />

• Rodovia Belém-Brasília.<br />

• PELT.<br />

• PROLOGÍSTICA.<br />

• Estado bem localizado com malha viária boa.<br />

RECURSOS HÍDRICOS<br />

• Bacia hidrográfica favorável.<br />

• Grande aptidão para irrigação.<br />

• 4,8 milhões de hectares com potencial para irrigação.<br />

• Projeto Formoso.<br />

CARACTERÍSTIC<strong>AS</strong> EDAFOCLIMÁTIC<strong>AS</strong><br />

• Períodos de chuva bem definidos durante o ano.<br />

• Topografia favorável para cultivo de grãos.<br />

• Potencial de exploração das Várzeas Tropicais para produção de arroz - solo fértil,<br />

plano e irrigado, perfeito para grãos.<br />

• Grande percentual da área do estado destinado a áreas de preservação ambiental,<br />

dando caráter de produção sustentável ao estado.<br />

• Áreas produtivas de arroz são grande exemplo de convivência harmônica entre o<br />

agronegócio e a fauna nativa.<br />

• Rio Tocantins é uma vantagem de exportação muito grande, ganha 8 dias de<br />

vantagem de Paranaguá em trajetos para Rotterdam.<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

• Cadeia produtiva bem estruturada e taxa de industrialização.<br />

• Indústria local exigente em termos de qualidade.<br />

• Indústrias começando a realizar barter e fornecendo assistência técnica com produtores.<br />

• O processo de beneficiamento do arroz é razoavelmente simples, portanto o custo<br />

de ampliação da capacidade das indústrias é baixo.<br />

• Baixo impacto ambiental no processo de beneficiamento do arroz.<br />

PRODUÇÃO E TEC<strong>NO</strong>LOGIA<br />

• Cultura altamente mecanizada no estado.<br />

• Acesso aos insumos.<br />

• Custos mais baixos de arrendamento de terras do que outros estados como o<br />

Rio Grande do Sul.<br />

• Embrapa Arroz vem desenvolvendo variedades específicas para a região.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS ECONÔMICOS E POLÍTICOS<br />

• Programas de incentivo ao desenvolvimento estadual: PROINDÚSTRIA, PROS-<br />

PERAR, PROLOGÍSTICA.<br />

• Programa de incentivos fiscais para indústria de fertilizantes.<br />

• Políticas federais específicas para região MATOPIBA.<br />

• Fundo de Investimento na Amazônia (Finam) objetiva implantação, modernização,<br />

ampliação e/ou diversificação de projetos da iniciativa privada. Busca o desenvolvimento<br />

sustentável da região amazônica.<br />

COOPERATIVISMO E <strong>AS</strong>SOCIATIVISMO<br />

• APROEST preocupada e envolvida com questões ambientais.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 101<br />

• Movimento de associações foi importante para o desenvolvimento de cultivares<br />

específicas para a região.<br />

• As indústrias de arroz têm boa representatividade por meio de seu sindicato.<br />

OUTROS<br />

• O arroz do Tocantins é comercializado com competitividade no próprio estado,<br />

GO, MG, MA, PA e também para o Nordeste.<br />

• O Tocantins conta com universidades como a Universidade Federal do Tocantins<br />

(UFT) além do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), para desenvolvimento de estudos<br />

e progresso tecnológico.<br />

fraQUEZaS<br />

LOGÍSTICA<br />

• Poucos pontos de integração intermodal (rodovia – ferrovia) limitam a utilização<br />

da ferrovia.<br />

• Estado com pouco know-how para exportação de arroz.<br />

• Falta de recursos para investimentos na malha rodoviária.<br />

• Rodovias mantidas pelo estado (sem concessões).<br />

• Limitante é a logística de insumo: não tem potássio, fósforo, vem de longe ou<br />

de fora.<br />

• Déficit de armazenagem.<br />

• Secagem como um grande déficit do estado: só duas indústrias secam o arroz<br />

(representando cerca de 10% do total).<br />

• Não possuem competitividade para comercializar o arroz tocantinense na região<br />

Sudeste do país.<br />

RECURSOS HÍDRICOS<br />

• Ocorrência de uso clandestino de água e irregularidade das chuvas vêm trazendo<br />

problemas de disponibilidade.<br />

• 3 safras sem chuvas expressivas prejudicam o produtor.<br />

• Má gestão dos recursos hídricos da região, principalmente no período de estiagem.<br />

CARACTERÍSTIC<strong>AS</strong> EDAFOCLIMÁTIC<strong>AS</strong><br />

• Grande território com áreas degradadas não aproveitadas e com potencial.<br />

• Relevo dificulta o acesso à Bahia.<br />

COOPERATIVISMO E <strong>AS</strong>SOCIATIVISMO<br />

• Associativismo e cooperativismo ainda pouco representativos.<br />

• O Tocantins conta com apenas uma cooperativa focada no cultivo de arroz (Cooperlago).<br />

• O Tocantins conta com apenas uma associação de produtores focada no cultivo<br />

de arroz (APROEST).<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

• Custos com energia e combustível oneram a produção e beneficiamento do arroz.<br />

• Distritos industriais foram criados, mas estão sem estrutura e abandonados.<br />

• Dificuldade de obtenção de financiamento de longo prazo por parte da indústria.<br />

• Não se estimula a industrialização no estado com incentivos para saída de grãos<br />

in natura.<br />

• Arroz possui poucos produtos derivados e sua demanda é limitada.<br />

• Indústria local tem dificuldade para conseguir grãos de qualidade, cerca de 30%<br />

atinge os padrões.<br />

• Secagem do arroz: poucas indústrias fazem, portanto, se o produtor também não<br />

consegue fazer, um terceiro será responsável pelo processo e diminuirá margens<br />

do restante da cadeia.<br />

• A indústria de arroz geralmente não financia os produtores e não tem contratos.<br />

PRODUÇÃO E TEC<strong>NO</strong>LOGIA<br />

• Custos são parecidos nos outros estados, porém produtividade do TO é menor.<br />

• Produtores “replantam” as sementes.<br />

• Produtores resistentes às mudanças.<br />

• Arroz sem variedades específicas para a região.<br />

• Variedades antigas de arroz já não têm mais resistência a doenças.<br />

• Manejo não é o mais adequado.<br />

• Falta investimento em irrigação.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS ECONÔMICOS E POLÍTICOS<br />

• Dificuldade de financiamento para custeio da produção.<br />

• Não há financiamento ou políticas públicas específicas para o arroz.<br />

• Apesar de venderem o arroz beneficiado para estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste,<br />

o Tocantins possui apenas 35% a 40% de participação nesses mercados.<br />

• Estado do Tocantins é passivo na questão fiscal: Goiás e Maranhão têm proteção<br />

de ICMS para arroz proveniente de outros estados.


102<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

• Baixa visão desenvolvimentista.<br />

• Arrecadação e geração de empregos são baixas no agronegócio.<br />

• A arrecadação fiscal é realizada hoje, no entanto não existe uma visão de longo<br />

prazo em busca de desenvolvimento do estado.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS SOCIAIS<br />

• Falta de quantidade e qualidade da mão de obra no estado.<br />

• Grande parte dessa mão de obra, principalmente a qualificada, empregada na<br />

administração pública.<br />

• Dificuldade de assistência técnica principalmente para pequenos produtores.<br />

• Estado não tem evoluído no índice de Gini nos últimos anos.<br />

• Problemas trabalhistas são gargalo na indústria.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 103


104<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

consoLidação do diagnÓstico


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 105<br />

4. 1 Análise Pest<br />

A análise Pest é uma análise do ambiente externo que busca<br />

agrupar as variáveis que afetam o desempenho de um negócio<br />

ou setor. A Figura 4.1 mostra como as informações da<br />

Pest são agrupadas em pilares para melhor análise das ameaças<br />

e oportunidades para o setor estudado.<br />

As ameaças são mudanças do ambiente externo que podem<br />

influenciar dificultando a implementação de estratégias.<br />

É importante conhecê-las para delinear ações que as minimizem<br />

ou façam com que o setor estudado encontre formas de<br />

contorná-las. A Tabela 4.1 mostra as principais para a cadeias<br />

de arroz no Brasil e no estado do Tocantins.<br />

<br />

figUra 4.1<br />

Unidades de análise da Pest<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

ECONÔMICO-<br />

NATURAL<br />

SOCIOCULTURAL<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

São levantados programas<br />

e políticas relacionados ao<br />

potencial de levantamento<br />

de investimentos, a produção<br />

e a industrialização dos<br />

produtos em questão, além<br />

de barreiras e burocracias que<br />

dificultam essas atividades.<br />

Abordagem de fatores<br />

econômicos brasileiros e<br />

mundiais que influenciam<br />

positivamente ou<br />

negativamente o mercado<br />

de grãos, principalmente,<br />

o incremento da demanda<br />

(consumo).<br />

Mudanças sociais e culturais<br />

da população, que tenham<br />

impacto no consumo e na<br />

produção (relacionado à<br />

mão de obra e qualificação<br />

de profissionais) das cadeias<br />

em questão.<br />

Desenvolvimentos<br />

tecnológicos ligados ao<br />

setor que podem melhorar<br />

ou dificultar as atividades<br />

de produção e distribuição<br />

de grãos no estado do<br />

Tocantins.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de WRIGHT, KROLL E PARNELL (2000).


106<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

taBEla 4.1<br />

Ameaças do ambiente externo<br />

aMEaÇaS - gEral<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Desconfiança de investidores e empresários devido à situação econômica e política<br />

do Brasil.<br />

• Países estão adotando medidas protecionistas.<br />

• Processo de obtenção de licença ambiental é burocrático e demorado.<br />

• Seguro rural não é estruturado no Brasil.<br />

• Dificuldade de obtenção e acesso ao crédito rural.<br />

• Instabilidade política.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Aumento dos estoques mundiais de commodities, o que causa desvalorização.<br />

• Maiores pressões por sustentabilidade podem limitar a expansão da agropecuária.<br />

• Competitividade das regiões brasileiras mais tradicionais (Centro-Oeste e Sul),<br />

que continuam a se desenvolver.<br />

• Instabilidade climática pode ter efeitos negativos nas safras brasileiras.<br />

• Formação de monopólios de empresas do agronegócio pela fusão de diversas<br />

multinacionais do setor.<br />

• Chegada de novas pragas e doenças.<br />

• Variação cambial.<br />

• Expectativa com a produção africana.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Mudança nas preferências e exigências dos consumidores em relação ao consumo<br />

de alimentos.<br />

• Envelhecimento da população nacional.<br />

• Êxodo rural, que pode causar diminuição da disponibilidade de mão de obra no<br />

campo.<br />

• Falta de interesse por empregos rurais (no campo), devido à falta de valorização<br />

da atividade agrícola pela sociedade.<br />

• Produtores menores resistentes às mudanças.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

• Dificuldades de armazenagem devido aos custos e à preocupação com segurança<br />

do produto.<br />

• Aumento dos preços dos insumos agrícolas.<br />

• Avanço da resistência em plantas daninhas, insetos e fungos aos defensivos no<br />

mercado.<br />

• Baixa diversidade de modais de transporte para escoamento da produção, e precariedade<br />

dos existentes.<br />

aMEaÇaS – arroZ<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• 60% da área territorial do Tocantins é preservada por leis federal e estadual.<br />

• Maior ameaça ao Brasil é o Paraguai, que tem custo de produção baixo e vende<br />

pelo Mercosul.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Mundo comercializa menos de 10% do que é produzido e os importadores são<br />

eficientes.<br />

• Grande concentração no setor com grandes produtores mundiais do produto.<br />

• Elevada carga tributária na cadeia.<br />

• A projeção do Outlook Fiesp para 2026 é que a área brasileira decresça em 1,6%.<br />

• Estados como o RS e SC importam arroz em casca e sem casca, podendo, assim,<br />

beneficiar esse arroz no Brasil, diferentemente do TO, que não faz esse tipo de<br />

importação.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Muitos produtores possuem a cultura de manter o arroz estocado para especular<br />

o preço mais tarde, enquanto isso a importação de arroz fica travada, devido ao<br />

programa PROINDÚSTRIA, que estimula a produção interna ao máximo.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

• Baixa qualidade nos grãos de arroz (grãos picados).<br />

• Deficiências nos pós-colheita.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 107<br />

As oportunidades indicam tendências que estão ocorrendo<br />

no ambiente externo que podem ser aproveitadas para impulsionar<br />

o segmento. A Tabela 4.2 mostra as principais.<br />

<br />

taBEla 4.2<br />

Oportunidades do ambiente externo<br />

oPortUNiDaDES - gEral<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Reestruturação das políticas agrícolas por parte de países em desenvolvimento.<br />

• Limitações nas exportações de arroz de alguns países asiáticos por conta do<br />

aumento do preço que cresceu pela demanda maior que a produção nessas<br />

regiões.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Tendência de aumento de investimentos internacionais no agronegócio.<br />

• Desenvolvimento e investimento na fronteira agrícola “MATOPIBA” na produção<br />

de grãos.<br />

• Grande disponibilidade de terras cultiváveis no Brasil.<br />

• Valor da terra em território nacional ainda se mantém bastante acessível se comparado<br />

a outros países.<br />

• Cooperativismo desenvolvido em outras regiões do Brasil com chance de migrar<br />

para as regiões de fronteiras agrícolas.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Mudança no comportamento dos consumidores em relação ao setor de alimentos<br />

traz maior demanda por produtos mais saudáveis, naturais e que mostrem<br />

sua origem.<br />

• A dependência do Brasil em relação ao mercado externo, se comparada aos demais<br />

países emergentes, é pequena, graças ao tamanho do mercado interno.<br />

• Grande parte da população brasileira na faixa economicamente ativa (PEA).<br />

• Maior distribuição de renda entre as famílias, reduzindo o número de classes mais<br />

baixas.<br />

• Aumento da renda familiar faz com que cresça o consumo interno de produtos<br />

processados e, principalmente, proteínas animais.<br />

• Aumento da população traz aumento de demanda por produtos agrícolas.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

• Tendência do uso de novas sementes geneticamente modificadas e insumos,<br />

principalmente genéricos e biológicos.<br />

• Tendência mundial de aumento da agricultura de precisão e automatização.<br />

• Desenvolvimento de pesquisas com RNA-interferente.<br />

• Aumento do uso de consultorias e assistências técnicas por parte dos produtores<br />

a fim de melhorar a produção e a gestão do negócio.<br />

• Máquinas mais eficientes e mão de obra mais qualificada.<br />

oPortUNiDaDES - arroZ<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• O arroz é produto que compõe a cesta básica brasileira e ainda está presente em<br />

merendas escolares por todo o país.<br />

• Com a liberalização nas importações de alguns países, o comércio internacional<br />

de arroz vem crescendo.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• China tem pouca possibilidade de expandir sua produção.<br />

• Comércio com países africanos e do Oriente Médio (mercados em crescimento<br />

de consumo).<br />

• Projeção, segundo Outlook Fiesp (2016), é de aumento de 31% na produção e<br />

33,6% na produtividade brasileiras até 2026.<br />

• A nível regional, a projeção do Outlook Fiesp (2016) é de uma variação positiva de<br />

45% na produção da região Norte até 2026, saindo de 1 milhão de toneladas para<br />

1,45 milhão de toneladas.<br />

• A nível nacional, a projeção do Outlook Fiesp (2016) de aumento no consumo de<br />

arroz em cerca de 7% até 2026.<br />

• Palha de arroz poderia ser problema ambiental, mas é transformada em “cama<br />

de frango”.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Produto de alimentação que integra a cesta básica nacional.<br />

• Devido a preocupações com saúde, o consumo de arroz integral cresce no país.


108<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

• Disponibilidade de tecnologias simples e baratas que produtores ainda não utilizam.<br />

• A Embrapa Arroz vem desenvolvendo variedades específicas para a região.<br />

• Potencial para geração de energias alternativas.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

<br />

figUra 4.2<br />

Modelo esquemático na ferramenta Cinco Forças de Porter<br />

ameaça de novos<br />

entrantes<br />

poder dos<br />

fornecedores<br />

rivalidade entre<br />

concorrentes<br />

ameaça dos<br />

substitutos<br />

4. 2 Análise das Cinco Forças de Porter<br />

O modelo das Cinco Forças de Porter (1980) consiste em<br />

uma análise de competividade dentro de um determinado<br />

negócio, indústria ou setor. Esse modelo permite analisar o<br />

grau de atratividade de um setor da economia.<br />

No modelo das Cinco Forças, como a própria denominação<br />

da ferramenta explicita, são cinco as dimensões analisadas: a<br />

rivalidade entre concorrentes; a ameaça de novos entrantes;<br />

a ameaça de produtos substitutos; o poder de barganha dos<br />

fornecedores; e o poder de barganha dos clientes. A Figura 4.2<br />

esquematiza o modelo de análise.<br />

Uma cadeia produtiva é composta por diversos elos, que,<br />

por sua vez, consistem em setores menores específicos. A<br />

aplicação da ferramenta das Cinco Forças em uma cadeia<br />

produtiva a nível estadual pode ser de acordo com diversos<br />

pontos de vista, por exemplo, ao mesmo tempo em que um<br />

produtor de grãos é um consumidor da indústria de defensivos,<br />

ele também é um fornecedor da agroindústria. Nesse<br />

sentido, como poderá ser visto nas análises que seguem, para<br />

cada uma delas foi dado um enfoque específico, ou seja, considerando<br />

as particularidades do estado do Tocantins, as análises<br />

foram conduzidas para refletirem as questões de maior<br />

importância.<br />

rivalidade entre concorrentes<br />

poder dos<br />

clientes<br />

Fonte: Porter (1980).<br />

No contexto do presente estudo, entende-se que este item<br />

é o mais importante da análise das Cinco Forças de Porter.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 109<br />

Partindo da unidade de análise estadual (Tocantins), nesta<br />

etapa são destacados os mais relevantes produtores de arroz<br />

a nível nacional e internacional (estados e países), sendo eles<br />

considerados concorrentes do estado do Tocantins na oferta<br />

desses produtos.<br />

Entende-se que devido às características específicas do<br />

sistema agroindustrial do arroz, a maior concorrência entre<br />

estados não está no acesso ao mercado, mas sim na atração<br />

de investidores, que ao optarem por alocar seus investimentos<br />

em determinado estado, impulsionam a economia<br />

estadual como um todo, gerando empregos, aumentando o<br />

recolhimento de impostos e atraindo novos investimentos<br />

relacionados. Nesse sentido entende-se por investidor qualquer<br />

agente que venha atuar em determinado elo da cadeia,<br />

seja ele indústria e distribuição de insumos, produção agrícola,<br />

agroindústria e empresas de apoio.<br />

A facilidade no acesso aos insumos, custo de produção<br />

baixo, apoio na comercialização, presença de cooperativas e<br />

associações fortes, incentivos tributários, disponibilidade de<br />

mão de obra, programas de incentivo à adoção de tecnologia,<br />

estrutura logística, dentre outros, são fatores determinantes<br />

na atração de investimentos de um estado.<br />

Sendo assim, nesta etapa serão analisados os concorrentes<br />

internacionais (países) ou nacionais (estados) que possuem<br />

uma produção de arroz já consolidada e possam ser consideradas<br />

rivais do Tocantins na comercialização desse grão.<br />

• Os países asiáticos são os maiores produtores mundiais<br />

de arroz devido a diversos fatores, como: grande população<br />

consumidora, hábitos culturais e regiões favoráveis<br />

ao cultivo.<br />

• Além disso, o sudeste asiático está cercado por dois importantes<br />

oceanos, o Pacífico e o Índico.<br />

• A China é o principal produtor mundial de arroz, detendo<br />

quase 31% de toda a produção. Contudo, seu consumo<br />

interno também é altíssimo, sendo assim, o país ocupa<br />

a 9ª colocação em termos de exportação.<br />

• A Índia detém o segundo lugar em termos de produção<br />

mundial de arroz, tendo uma participação de aproximadamente<br />

22% de toda a produção. O país se destaca por<br />

ser o maior exportador mundial.<br />

• A Indonésia possui uma grande produção de arroz, porém<br />

seu destino é o mercado interno, não se destacando<br />

quando se fala de exportação.<br />

• A Tailândia se destaca em suas exportações de arroz, e<br />

quase se compara à Índia. O país detém aproximadamente<br />

24 % de todas as exportações mundiais do grão.<br />

• Em relação ao Brasil, o país é o 9º em termos de produção<br />

de arroz, e o 10º em relação às exportações.<br />

• Devido às várzeas subtropicais, o estado do Rio Gran-


110<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

de do Sul se destaca na produção de arroz. O estado do<br />

Tocantins também possui uma área de várzea extremamente<br />

propícia para o cultivo do grão, porém o estado<br />

ainda peca por não possuir variedades de arroz adequadas<br />

ao seu clima.<br />

• Somente o estado do Rio Grande do Sul detém mais de<br />

50% de toda a produção nacional, sendo um player importante<br />

no que se refere à distribuição do arroz em todo<br />

o país. O estado conta com incentivos do governo, além<br />

de possuir programas como o Programa Arroz, que agrega<br />

tecnologia ao plantio.<br />

• Santa Catarina é outro estado relevante na cultura do arroz,<br />

sendo responsável por mais de 9% da produção nacional.<br />

O estado ocupa a terceira posição em área plantada.<br />

• O Mato Grosso é o 4º estado em termos de produção nacional<br />

e o segundo maior de área plantada do grão, sendo<br />

outro importante player que abastece o país. O estado<br />

conta com incentivos da EMPAER, juntamente com a<br />

EMBRAPA, para incentivos à produção do grão.<br />

• O Tocantins é o principal estado produtor de arroz da<br />

região Norte, representando mais de 5% da produção<br />

nacional, sendo o terceiro maior estado em termos de<br />

área plantada. O estado possui alta capacidade de crescimento<br />

da produção nas áreas de várzea, porém faltam<br />

incentivos para desenvolvimento da cultura.<br />

poder de barganha dos fornecedores<br />

Nesta etapa de análise, é observado o poder de barganha<br />

dos fornecedores sobre um negócio. Na cadeia do arroz, devido<br />

à forte presença de indústrias de processamento, será feita<br />

uma análise na ótica desse elo frente aos seus fornecedores.<br />

• O Tocantins não possui uma cultura de relacionamento<br />

próximo entre as indústrias e os produtores de arroz. As<br />

indústrias do estado geralmente não possuem contratos<br />

com os produtores.<br />

• As indústrias com capacidade de secagem do arroz possuem<br />

um maior poder de barganha frente os produtores.<br />

• A falta de associativismo e cooperativismo enfraquece o<br />

poder de barganha dos fornecedores frente a agroindústria.<br />

Existem diversos fornecedores de arroz e a agroindústria<br />

não depende de alguns produtores pontuais, reduzindo<br />

assim o poder de barganha destes produtores.<br />

• O sistema de troca de insumos por grãos, conhecido<br />

como Barter, ainda é pouco explorado no Tocantins e reforçaria<br />

a relação entre eles.<br />

• Poucas variedades do arroz no estado do Tocantins deixam<br />

os fornecedores vulneráveis diante da agroindústria.<br />

Isso ocorre pois a indústria paga um valor inferior<br />

de acordo com a qualidade do grão.<br />

• A baixa capacidade dos produtores em armazenar os


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 111<br />

grãos, os enfraquece frente as agroindústrias, pois os<br />

produtores necessitam vender logo a produção.<br />

• Quase não existem formas de financiamento por parte<br />

das agroindústrias aos produtores. Os custos de produção<br />

poderiam ser reduzidos, se caso a indústria fornecesse<br />

os insumos por preços mais competitivos aos seus<br />

fornecedores ou os financiasse de alguma forma. Além<br />

disso, somente em poucos casos que as indústrias fornecem<br />

assistência técnica aos produtores.<br />

• O Programa Próindústria, a fim de fomentar a produção<br />

no estado, não permite a importação dos grãos de outros<br />

estados caso haja estoque do arroz no mercado interno.<br />

Porém, em contrapartida, em alguns momentos pode<br />

acontecer uma especulação dos produtores de arroz do<br />

estado, que seguram os grãos para vender para a indústria<br />

somente em momentos de alta de preços. Isso faz<br />

com que o poder dos fornecedores em relação à agroindústria<br />

seja elevado.<br />

• Algumas indústrias fazem a secagem do arroz, deixando<br />

os fornecedores dependentes. Tais indústrias com capacidade<br />

de secagem do arroz possuem um maior poder<br />

de barganha frente os produtores.<br />

• As indústrias de arroz no Tocantins estão passando por<br />

um período de ociosidade. Fato esse que reduz o poder<br />

dessas agroindústrias frente os fornecedores, pois acabam<br />

comprando arroz de uma qualidade inferior à de<br />

mercado, com a intenção de diluir seus custos fixos, dentre<br />

outros cortes de gastos.<br />

poder de barganha dos compradores<br />

Nesta etapa será analisado o poder de barganha do varejo e<br />

dos consumidores que compram da agroindústria no estado<br />

do Tocantins. Ou seja, qual a força que os varejistas possuem<br />

frente a agroindústria.<br />

• Devido aos estados do Sul possuírem um sistema de cooperativismo<br />

e associativismo já muito bem estruturado,<br />

terem um custo logístico inferior ao do TO, além de<br />

uma maior produtividade e escala da agroindústria, o<br />

arroz desses estados chega a um preço mais competitivo<br />

em relação ao produzido no TO em muitos centros consumidores<br />

do país.<br />

• Varejistas de grande porte, como Carrefour e Pão de<br />

Açúcar, possuem um grande poder de barganha frente a<br />

agroindústria, pois compram em grandes volumes.<br />

• Na relação com consumidores internacionais, a indústria<br />

do Tocantins não possui força significativa, pois os<br />

grandes países consumidores do grão também possuem<br />

uma produção interna já bem estruturada que suporta a<br />

demanda ou estão próximos a países que podem forne-


112<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

cer o grão a preços menores.<br />

• Indústrias que possuem um maior portfólio de produtos<br />

têm um poder de barganha maior com os varejistas.<br />

Essas indústrias conseguem obter condições, acesso e<br />

margens melhores, o que não é o caso de muitas indústrias<br />

do estado.<br />

• O consumo nacional de arroz no último ano sofreu uma<br />

queda, resultando em um menor interesse do varejo no<br />

produto. Isso aumenta seu poder de barganha em face<br />

dos fornecedores do grão.<br />

ameaça de novos entrantes<br />

Esta etapa da análise possui o foco em levantar e verificar<br />

as regiões em crescimento que possam se tornar concorrentes<br />

do Tocantins no fornecimento de arroz, sendo nacionais<br />

ou internacionais.<br />

• O Paraguai é o principal país que se destaca como novo<br />

entrante na cadeia do arroz, sendo hoje ainda apenas o<br />

11º maior exportador mundial. O país, nos últimos 10<br />

anos, apresentou um crescimento de sua produção superior<br />

a 600%, além de possuir facilidade muito grande<br />

em acessar o mercado brasileiro por meio do Mercosul.<br />

Outro fator favorável para o país são os baixos custos de<br />

produção.<br />

• O Uruguai é outro país da América do Sul que vem se<br />

destacando nas exportações de arroz. Hoje é o 7º exportador<br />

mundial, ficando à frente do Brasil no ranking.<br />

• A África subsaariana apresentou um elevado crescimento<br />

na produção de commodities nos últimos anos.<br />

Somente a cadeia do arroz teve um crescimento de 65%<br />

nos últimos 10 anos, atingindo a marca de 24 milhões<br />

de toneladas. A região também apresentou um elevado<br />

crescimento em suas exportações.<br />

• Os países asiáticos, tais como: China, Vietnã, Bangladesh<br />

e Indonésia, que apresentaram um crescimento elevado<br />

de produção nos últimos anos, podem se tornar concorrentes<br />

do arroz brasileiro por apresentarem baixos custos<br />

e produção em escala.<br />

• Os EUA são um importante player em questão de exportação<br />

mundial do grão. Hoje suas exportações ultrapassam<br />

3 milhões de toneladas por ano.<br />

ameaça de produtos substitutos<br />

Os produtos analisados nesta etapa de análise são aqueles<br />

oriundos de setores diferentes, porém concorrentes pelo<br />

mesmo mercado consumidor. Aqui foram considerados apenas<br />

os produtos oriundos da cadeia produtiva de arroz.<br />

• Por questões culturais, é pouco provável que o hábito ali-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 113<br />

mentar dos brasileiros se altere. Sendo assim, o consumo<br />

de arroz tende a se manter constante e dificilmente<br />

surgirão produtos substitutos.<br />

• O baixo valor de comercialização do arroz é outro fator que<br />

fortalece a estabilidade de consumo, inviabilizando, de certa<br />

forma, o surgimento de produtos substitutos.<br />

• Dificilmente países que não possuem o costume de consumir<br />

arroz passarão a fazê-lo.<br />

• Apesar da baixa probabilidade de surgirem produtos<br />

substitutos do arroz, o aumento no poder de compra dos<br />

consumidores faz com que eles passem a consumir mais<br />

proteínas em suas dietas, em detrimento de outros grupos<br />

alimentares.<br />

• Devido às questões de saúde (como obesidade) discutidas<br />

atualmente, os consumidores estão passando por<br />

uma transição para a procura de alimentos menos calóricos<br />

e com menores índices glicêmicos.<br />

• Os grãos de cevada podem se tornar substitutos do arroz<br />

por serem alimentos saudáveis que ajudam a reduzir o<br />

colesterol.<br />

• O grão de kamut, de origem semelhante à do trigo, pode<br />

se tornar uma opção frente ao arroz, pois é uma fonte<br />

rica em vitamina E.<br />

• O centeio é uma semente que auxilia na redução do peso<br />

corporal e pode substituir o arroz em algumas refeições.<br />

• O arroz preto possui propriedades antiinflamatórias potentes<br />

e pode ser uma boa opção para substituir o arroz<br />

branco nas refeições.


114<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

oBJetiVos estratÉgicos<br />

para a cadeia


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 115<br />

Nessa etapa serão apresentados os objetivos estratégicos<br />

que nortearão o desenvolvimento de projetos para a cadeia<br />

produtiva do arroz no Tocantins.<br />

Os objetivos e direcionadores aqui listados foram elaborados<br />

pela Markestrat com base em toda a etapa inicial de<br />

diagnósticos externo e interno, ou seja, de dados secundários<br />

em materiais, bancos de dados, relatórios, sites e outros; e dados<br />

primários obtidos por meio de entrevistas com diversos<br />

agentes da cadeia: produtor de arroz, associação, sindicato,<br />

indústria de processamento, agentes logísticos, representantes<br />

do setor público, importantes órgãos como Embrapa, FIE-<br />

TO, federações, Universidades, dentre outros.<br />

posicionamento<br />

O posicionamento estratégico pode ser definido como a<br />

escolha de uma organização desempenhar suas atividades<br />

de forma diferente do que é realizado pelos concorrentes, ou<br />

seja, um jeito único de entregar valor a seus consumidores.<br />

No caso das cadeias produtivas, o posicionamento estratégico<br />

deve servir de base para os macro objetivos e refletir qual será


116<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

o diferencial da produção do Tocantins perante outros polos<br />

de referência.<br />

<br />

gráfico 5.1<br />

Posicionamento estratégico da cadeia de arroz do Tocantins<br />

arroz<br />

Conforme foi visto anteriormente nesse documento, o Tocantins<br />

é um estado com grande aptidão para a produção<br />

de grãos e, dentre eles, o arroz se destaca tanto na produção<br />

agrícola quanto no processamento.<br />

A região de várzea no sudoeste do estado tem todas as<br />

características necessárias para o cultivo: áreas planas, de<br />

solo fértil e irrigadas. Outro ponto favorável à produção do<br />

estado é a disponibilidade de terras nessa região ainda a<br />

serem exploradas, na visão dos entrevistados a área poderá<br />

quase dobrar nos próximos 7 anos. Além do crescimento<br />

em área plantada, o Tocantins ainda possui produtividades<br />

baixas quando comparadas às médias de estados referência<br />

como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pois até o<br />

presente momento não haviam variedades de arroz desenvolvidas<br />

especificamente para a região. Portanto é possível<br />

que já para a próxima safra as variedades desenvolvidas<br />

pela Embrapa comecem a apresentar incrementos nas produtividades.<br />

Além disso, ao contrário de cadeias produtivas como as<br />

de soja e milho, a agroindústria do arroz é bem desenvolvida<br />

no estado e uma grande parte do arroz cultivado em<br />

Dimensão 1 - Acesso e participação de mercado<br />

(interno e externo)<br />

ALTO<br />

BAIXO<br />

POSIÇÃO ATUAL<br />

POSIÇÃO FUTURA<br />

BAIXO<br />

Dimensão 2 - Volume de produção<br />

ALTO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir do diagnóstico.<br />

solo tocantinense também é processada no estado. Porém, o<br />

consumo de arroz vem se mantendo constante ou até mesmo<br />

se reduzindo na opinião dos entrevistados e, para que a<br />

indústria (geradora de empregos, renda e desenvolvimento)<br />

reduza sua ociosidade e continue se expandindo, é necessário<br />

ampliar a área e a sua participação no mercado.<br />

Mt<br />

to<br />

sC<br />

to<br />

rs


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 117<br />

<br />

taBEla 5.1<br />

Missão e visão para a cadeia do arroz no Tocantins<br />

Missão<br />

Ser uma importante fonte de alimentos<br />

de qualidade para o Brasil, ao mesmo<br />

tempo em que preserva o meio ambiente<br />

e contribui para o desenvolvimento e<br />

geração de renda do Tocantins.<br />

Por isso, no Gráfico 5.1 acima, é possível observar qual é o<br />

posicionamento almejado para a cadeia produtiva do arroz<br />

no estado e quão distante ele se encontra hoje dessa situação.<br />

Ao mesmo tempo foram inseridos no gráfico polos referência<br />

na produção do grão.<br />

Fica evidente na figura que os volumes de produção e o<br />

acesso ao mercado dos estados da região Sul do país são<br />

muito superiores aos do Mato Grosso e Tocantins. Esses dois<br />

últimos mantêm características bem semelhantes quando<br />

avaliadas essas duas dimensões: volumes de produção<br />

grandes quando comparados aos outros estados brasileiros<br />

(mas ainda distantes da realidade do Sul) e acesso menor aos<br />

mercados consumidores por conta de menor escala, distância<br />

dos grandes centros de consumo e de portos de escoamento<br />

para exportação.<br />

O Tocantins foi, em uma análise qualitativa, avaliado como<br />

o estado com menor acesso e participação no mercado de<br />

arroz, porque, além de ter baixa participação no mercado<br />

nacional, tem um volume praticamente insignificante de exportações,<br />

enquanto que mesmo o Mato Grosso teve maior<br />

expressividade no comércio internacional.<br />

O posicionamento futuro sugerido mostra que é esperado<br />

que o Tocantins passe a ser o 2º maior produtor brasileiro de<br />

arroz (atrás apenas do Rio Grande do Sul) com os avanços<br />

de área e a utilização de variedades mais adaptadas e produtivas,<br />

além de também ganhar participação de mercado<br />

e se consolidar como grande fornecedor de arroz, principalmente<br />

nos estados da região Norte e Nordeste do país. Além<br />

disso, o estado deve buscar aumento de market share no Sudeste,<br />

focando qualidade e agregação de valor.<br />

Com isso, o estímulo à cadeia produtiva poderia trazer resultados<br />

enormes e posicionar o Tocantins como estado referência<br />

no arroz brasileiro e até mesmo internacional.<br />

missão e Visão<br />

CADEIA <strong>DO</strong> ARROZ <strong>NO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

Visão<br />

Ser reconhecida nacionalmente como<br />

referência no cultivo e beneficiamento<br />

do arroz de forma sustentável, tornando<br />

o estado o maior produtor brasileiro por<br />

meio de avanços na produtividade; e ser<br />

reconhecida internacionalmente como<br />

fornecedora chave de arroz brasileiro.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Antes de se traçarem os objetivos para a cadeia, é interessante<br />

que se estabeleçam a missão e a visão como norte tanto


118<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

taBEla 5.2<br />

Objetivo estratégicos e metas de desempenho para a cadeia do arroz no estado do Tocantins.<br />

OBJETIVOS <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

META<br />

(PRÓXIMOS 10 A<strong>NO</strong>S)<br />

REFERÊNCIA<br />

FONTE<br />

• Aumentar a produtividade média<br />

de arroz.<br />

• Elevar a produtividade em 52,5%, para 7.800kg/<br />

ha.<br />

• Os principais estados produtores de arroz atualmente, RS e SC, apresentam, respectivamente, produtividades<br />

equivalentes a 7.930 kg/ha e 7.638 kg/ha.<br />

• O potencial de aumento da produtividade do Tocantins será possível através do desenvolvimento de variedades<br />

melhor adaptadas.<br />

CONAB (2017d)<br />

• Aumentar a área plantada de arroz.<br />

• Expandir a área em 34,1%, chegando a um total<br />

de 177.413 hectares.<br />

• De acordo com as entrevistas realizadas com os atores das cadeias, há potencial para dobrar a área com<br />

arroz irrigado até 2024.<br />

• O MAPA sinaliza que nos próximos 10 anos existem possibilidades reais de aumento de área no arroz irrigado,<br />

citando o exemplo do Tocantins.<br />

Entrevista<br />

MAPA (2017a)<br />

• Aumentar o volume de produção<br />

de arroz.<br />

• Elevar em 707,12 mil toneladas a quantidade de<br />

arroz produzida, o equivalente a um aumento de<br />

104,5 % quando comparada à produção de 676,7<br />

mil toneladas em 2016/17. A produção total chegaria<br />

a 1.383,82 mil toneladas em 2026/27.<br />

• Dado o aumento da produtividade para 7.800kg/ha; e a expansão da área plantada para 175 mil hectares,<br />

considerou-se que:<br />

• a) Mercado interno: o acréscimo da produção do Tocantins deverá aumentar, proporcionalmente, a brasileira<br />

(+7%): + 47,37 mil toneladas;<br />

• b) o Tocantins irá substituir 50% das exportações de arroz do Paraguai para o Sudeste (de 55,5 mil toneladas):<br />

+ 27,75 mil toneladas;<br />

• c) mercado externo: o TO irá contribuir com 40% das exportações líquidas brasileiras em 2025/26 + 632<br />

mil toneladas.<br />

CONAB (2017d)<br />

Entrevista<br />

FIESP (2016)<br />

CONAB (2017a)<br />

• TO se tornar estado chave nas exportações<br />

de arroz brasileiro.<br />

• Volume a ser exportado em 2025/26: 40% das<br />

exportações líquidas brasileiras de arroz, o equivalente<br />

a 632 mil toneladas.<br />

• De acordo com as projeções da FIESP, o Brasil deixará de ser importador líquido de arroz (-0,2 milhões de<br />

toneladas em 2015/16) e passará a exportador líquido (1,58 milhões de toneladas) em 2025/26.<br />

• Os principais estados produtores atualmente (RS e SC) tem suas áreas produtivas consolidadas e também<br />

concorrem com outros setores (indústria e comércio).<br />

• De acordo com os dados do USDA (2017b), há projeções de aumento das importações mundiais de arroz para<br />

os próximos 10 anos, chegando a 47,9 milhões de toneladas. Mercados consumidores alvos: África, União<br />

Europeia e Oriente Médio.<br />

FIESP (2016)<br />

MAPA (2017a)<br />

USDA (2017b)<br />

• TO elevar sua participação no fornecimento<br />

de arroz para o mercado<br />

interno, buscando o caminho de<br />

agregação de valor.<br />

• TO deverá substituir em 50% as importações de<br />

arroz do Paraguai (de 55,5 mil toneladas) que são<br />

destinadas, em sua maioria, ao sudeste do Brasil.<br />

• Há potencial para o TO melhorar a qualidade do grão produzido, tanto através do desenvolvimento de variedades<br />

adaptadas à região; como pelo ganho de eficiência pela melhoria dos processos de beneficiamento, o<br />

que reduz o percentual de grãos defeituosos. Há, também, capacidade ociosa nas indústrias processadoras,<br />

que poderão ter seu potencial aproveitado.<br />

Entrevistas.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 119<br />

para a definição de objetivos quanto para o desenvolvimento<br />

dos projetos estratégicos.<br />

Os objetivos de uma organização se tornam mais claros<br />

pela declaração da sua missão, pois ela é o propósito da organização,<br />

ou seja, de porque ela foi criada e qual é o seu DNA. A<br />

missão pode ainda apresentar indícios das necessidades dos<br />

stakeholders que são atendidas pela organização.<br />

Por outro lado, a visão de uma organização reflete as aspirações,<br />

onde a mesma quer chegar e/ou o que ela pretende<br />

ser e complementa seu posicionamento estratégico desejado.<br />

Possui uma clara visão de futuro e pode apresentar indícios<br />

de como a organização pretende tornar essa visão realidade.<br />

As missões e visões aqui estabelecidas são declarações do<br />

compromisso da cadeia produtiva do arroz com a sociedade<br />

tocantinense (Tabela 5.1).<br />

<br />

gráfico 5.2<br />

Valor<br />

1.400<br />

Bruto da Produção projetado até 2025/26<br />

1.200<br />

1.000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

Valor bruto da produção<br />

Total adicionado no período: R$ 2,7 bilhões<br />

586<br />

2016 / 17<br />

586 49<br />

2017 / 18<br />

586 101<br />

2018 / 19<br />

586 158<br />

2019 / 20<br />

2016 / 17 ADICIONA<strong>DO</strong><br />

586 220<br />

2020 / 21<br />

586 286<br />

2021 / 22<br />

586 358<br />

2022 / 23<br />

586 437<br />

2023 / 24<br />

586 521<br />

2024 / 25<br />

586 613<br />

2025 / 26<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

objetivos estratégicos<br />

Para que a visão e o posicionamento estratégico desejados<br />

para a cadeia sejam atingidos, foram traçados macro objetivos<br />

dos próximos 10 anos para o arroz no Tocantins. Esses objetivos<br />

têm o intuito de guiar as ações dos agentes da cadeia em<br />

prol do desenvolvimento do agronegócio tocantinense.<br />

Além disso, os objetivos estratégicos têm como importante<br />

função auxiliar no monitoramento e acompanhamento da<br />

efetividade dos projetos e atividades sendo desenvolvidas,<br />

pois estabelecem metas quantitativas a serem atingidas.<br />

Todos os objetivos foram desenvolvidos levando em conta o<br />

diagnóstico da cadeia produtiva realizado nas seções anteriores<br />

desse documento, portanto tentam ao máximo ser claros,<br />

palpáveis e, ao mesmo tempo, desafiadores e devem ser periodicamente<br />

atualizados.<br />

A Tabela 5.3 mostra a evolução linear dos valores brutos da<br />

produção para os próximos 10 anos.


120<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

taBEla 5.3<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a cadeia do arroz nos próximos 10 anos<br />

2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26<br />

Produção (t) 676.715 732.698 793.313 858.943 930.002 1.006.940 1.090.243 1.180.437 1.278.093 1.383.828<br />

Produtividade kg/ha 5.115 5.361 5.618 5.887 6.170 6.466 6.777 7.102 7.443 7.800<br />

Área (mil ha) 132,300 136,684 141,214 145,893 150,728 155,723 160,883 166,214 171,722 177,413<br />

Valor bruto da produção* (R$ milhões) 586 635 688 744 806 873 945 1.023 1.108 1.199<br />

*considera Gurupi/TO fechamento 24/01/18 (R$52,0/ sc 60 kg) - https://www.noticiasagricolas.com.br/cotacoes/arroz/arroz-longo-fino-mercado-fisico (consultado em 30/01/18) / Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Observa-se que o Valor Bruto da Produção total adicionado no período equivale a R$2,7 bilhões conforme o Gráfico 5.2.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 121


122<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

proJetos estratÉgicos<br />

para a cadeia


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 123<br />

Tendo em vista os objetivos propostos e consequente aumento<br />

da competitividade da cadeia produtiva de arroz no<br />

estado do Tocantins, buscando aproveitar todas as potencialidades<br />

que o mesmo oferece, são sugeridas ações organizadas<br />

em pilares estratégicos.<br />

As ações propostas foram organizadas em 5 pilares, sendo<br />

eles:<br />

1. Produção agrícola<br />

• Manejo e tecnologias no campo.<br />

• Diversificação das fontes de financiamento da<br />

produção agrícola.<br />

2. Fortalecimento do cooperativismo e associativismo<br />

3. Desenvolvimento da agroindústria<br />

• Agregação de valor na cadeia de arroz.<br />

• Desenvolvimento de mercado.<br />

4. Infraestrutura<br />

• Logística.<br />

• Secagem e armazenagem.<br />

5. Sustentabilidade<br />

É importante destacar que os pilares estratégicos, bem<br />

como suas ações, não ocorrem de maneira isolada e sim complementar.<br />

Poderão ser vistas ações alocadas em determinado<br />

pilar estratégico que, indiretamente, também fortalecem<br />

os demais. Além disso, o desenvolvimento das ações não é<br />

limitado ao âmbito público. A integração entre ações do setor<br />

público com o privado é fundamental para o seu sucesso.


124<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

<br />

figUra 6.1<br />

Encadeamento estratégico da cadeia de arroz para o Estado do Tocantins<br />

2016 / 17 2026 / 27<br />

MISSÃO<br />

ÁREA<br />

132.300 hectares<br />

PRODUTIVIDADE<br />

5.115 kg/ha<br />

PRODUÇÃO<br />

676,7 mil ton<br />

Ser uma importante fonte de alimentos<br />

de qualidade para o Brasil, ao mesmo<br />

tempo em que preserva o meio ambiente<br />

e contribui para o desenvolvimento e<br />

geração de renda do Tocantins.<br />

ARROZ<br />

PILARES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

VISÃO<br />

Ser reconhecida nacionalmente como<br />

referência no cultivo e beneficiamento do<br />

arroz, tornando o estado o maior produtor<br />

brasileiro do grão por meio de avanços<br />

na produtividade; e ser reconhecida<br />

internacionalmente como fornecedora<br />

chave de arroz brasileiro.<br />

1 2 3 4 5<br />

ÁREA<br />

177.413 hectares<br />

PRODUTIVIDADE<br />

7.800 kg/ha<br />

PRODUÇÃO<br />

1.383,81 mil ton<br />

oBJetiVos<br />

espeCÍFiCos<br />

produção agrícola<br />

• Manejo e tecnologias no<br />

campo.<br />

• Diversificação das fontes de<br />

financiamento da produção<br />

agrícola.<br />

Fortalecimento do<br />

Cooperativismo e<br />

associativismo<br />

• Incentivar cooperativismo e<br />

associativismo.<br />

• Elevar o nível das ações<br />

coletivas no estado.<br />

Desenvolvimento da<br />

agroindústria<br />

• Incentivar a agroindútria.<br />

• Aumentar o valor agregado<br />

no arroz do estado.<br />

• Desenvolver novos mercados<br />

consumidores.<br />

Melhorias em infraestrutura<br />

• Reduzir custo com transporte.<br />

• Reduzir valor do frete para<br />

escoamento.<br />

• Incentivar secagem e<br />

armazenagem no estado.<br />

sustentabilidade<br />

• Expandir as atividades da<br />

cadeia de arroz no estado<br />

com respeito às práticas de<br />

sustentabilidade econômica,<br />

social e ambiental.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

6. 1 Produção agrícola<br />

Este pilar estratégico, bem como as ações nele inseridas,<br />

t em como principal objetivo manter o crescimento e dar as<br />

bases para a manutenção do crescimento da produção agrícola<br />

no estado do Tocantins.<br />

Como já foi descrito, a produção no estado cresce em ritmo<br />

acelerado e as projeções são favoráveis, porém para que esse<br />

crescimento ocorra de forma organizada e sustentável são<br />

necessárias atividades de apoio.<br />

Tendo em vista que o crescimento da produção passa por<br />

um aumento de produtividade e da área cultivada, são fundamentais<br />

ações que invistam no desenvolvimento tecno-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 125<br />

lógico da cultura. Além disso, para permitir que os investimentos<br />

em tecnologia e produtividade sejam possíveis, são<br />

necessárias fontes de financiamento adequadas para os<br />

orizicultores. A capacitação é parte integrante desse pilar<br />

estratégico.<br />

6. 1. 1 Manejo e tecnologias no campo<br />

oBJEtiVoS<br />

• Aumentar a produção estadual de arroz de forma sustentável, através da elevação<br />

da produtividade e da expansão da área cultivada.<br />

• Fomentar e promover o desenvolvimento tecnológico das lavouras de arroz por<br />

meio de utilização de sementes certificadas, biotecnologia, pesquisas que trarão<br />

ganhos de produtividade, inovação no manejo e cultivo do grão.<br />

• Fomentar pesquisas que objetivam a melhoria na qualidade do grão através do<br />

aumento no valor nutricional e das reduções de perdas no pós-colheita, ao mesmo<br />

tempo em que promove a segurança do alimento.<br />

aÇÕES EStratÉgicaS<br />

1. Criar um fundo destinado a investimentos em arroz.<br />

2. Incentivar a expansão de áreas de arroz irrigado na região das várzeas. Revitalização<br />

e sistematização de novas áreas (PRO<strong>DO</strong>ESTE).<br />

3. Fortalecer programas de irrigação no estado, visando aproveitar todo seu potencial.<br />

4. Realizar rotação de culturas, que vêm recebendo novas variedades adaptadas<br />

ao solo encharcado.<br />

5. Estimular pesquisas focadas na realidade e desafios enfrentados pela cadeia<br />

produtiva de arroz no estado.<br />

6. Incentivar a entrada de empresas desenvolvedoras de novas tecnologias de<br />

produção no estado.<br />

7. Promover a integração entre pesquisa pública e privada em prol do desenvolvimento<br />

da agricultura tocantinense.<br />

8. Aproximar as organizações do estado de agências de desenvolvimento tecnológico<br />

presentes nos principais estados produtores de arroz no país, trazendo para<br />

o Tocantins exemplos de sucesso (benchmarking).<br />

9. Promover a criação de um instituto que trabalhe pelos temas do item 7, nos<br />

moldes do IRGA (uma alternativa é o fortalecimento do instituto OEPA (Unitins).<br />

10. Ampliar e difundir programas de capacitação e difusão de conhecimentos obtidos<br />

em universidades e centros de pesquisa, incluindo temas como incremento<br />

no valor nutricional do arroz e segurança do alimento.<br />

11. Desenvolver pesquisas nos campos de:<br />

a. desenvolvimento de variedades adaptadas aos diferentes níveis tecnológicos<br />

presentes no estado;<br />

b. desenvolvimento de variedades de arroz adaptadas ao solo de várzea para<br />

rotação de culturas;<br />

c. defensivos biológicos que promovam aumento de produtividade com sustentabilidade;<br />

d. aumento da qualidade dos grãos: reduções nas perdas, melhoras no processo<br />

de pós-colheita, incremento no valor nutricional, segurança do alimento;<br />

e. tecnologias de irrigação.<br />

12. Difundir e incentivar por meio de programas o uso das novas variedades de arroz<br />

desenvolvidas pela Embrapa e IRGA.<br />

13. Trabalhar no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de produção.<br />

14. Fortalecer órgãos de pesquisa pública como a Embrapa e Unitins e de assistência<br />

técnica como o Ruraltins, OEPA (Unitins) e órgãos de defesa sanitária (ADAPEC).<br />

15. Promover o acesso a informações e a pesquisas por meio de congressos, dias<br />

de campo e palestras com novidades tecnológicas e incentivar a adoção dessas<br />

tecnologias pelos produtores de arroz.<br />

16. Considerar a implantação de projetos hidroagrícolas, nos quais áreas irrigadas<br />

serão sistematizadas e transferidas a pequenos produtores.<br />

17. Atrair e estimular a indústria de fertilizantes no estado.<br />

18. Incentivar a criação de “pools” de compras de produtores ou a entrada no estado<br />

do Tocantins de “pools” já consolidados alhures.<br />

19. Fortalecer parcerias público-privadas no desenvolvimento de toda cadeia.<br />

20. Estimular a utilização de sementes certificadas visando o aumento da produtividade.


126<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

6. 1. 2 Diversificação das fontes de financiamento da<br />

produção agrícola<br />

oBJEtiVoS<br />

• Diversificar origem do crédito para financiamento do custeio da safra de arroz,<br />

bem como dos investimentos necessários para a expansão da área plantada e<br />

para o incremento em produtividade.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Estimular a entrada de distribuidores de insumos no estado como forma de<br />

transferir parte da disponibilidade de crédito para a iniciativa privada.<br />

2. Promover linhas de crédito direcionadas às propriedades com práticas de sustentabilidade<br />

e alta produtividade, como o Programa ABC.<br />

3. Promover linhas de crédito direcionadas às propriedades com práticas inovadoras,<br />

como o Programa Inovagro.<br />

4. Desenvolver e aumentar a utilização de instrumentos de financiamento, como o<br />

CDA (Certificado de Depósito Agropecuário) e o LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).<br />

5. Ampliar o acesso à informação e assistência técnica no tema para que mais produtores<br />

hoje consigam cumprir com os critérios de elegibilidade para as linhas<br />

de crédito com taxas de juros mais baixas.<br />

6. Qualificar agentes públicos de assistência técnica nos critérios necessários para<br />

acesso às linhas de crédito existentes e criar programas de capacitação para os<br />

produtores nas áreas de crédito e comercialização da produção.<br />

7. Pressionar para elevar o acesso, principalmente dos pequenos produtores, aos<br />

valores e limites de crédito ofertado a juros controlados.<br />

8. Alinhamento das instituições financeiras com o governo federal, desburocratizando<br />

e agilizando processos do agronegócio como a concessão de crédito.<br />

9. Contratar financiamentos por meio de cooperativas que conseguem ter acesso<br />

às linhas mais vantajosas e captar recursos mais baratos que exijam uma estrutura<br />

e gestão mais profissionalizadas com a emissão de CRAs, por exemplo.<br />

10. Incentivar o uso de trocas (barter) nas cadeias produtivas por meio de parcerias<br />

entre agentes.<br />

11. Facilitar o acesso aos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do<br />

Norte (F<strong>NO</strong>) para financiar a agricultura.<br />

12. Capacitar o produtor de arroz na gestão econômica e financeira da sua propriedade,<br />

a fim de melhorar sua capacidade de investimento e de pagamento.<br />

13. Disponibilidade de crédito para fomento de pesquisa direcionado à cadeia.<br />

14. Implantar a agência de desenvolvimento das cadeias produtivas no estado.<br />

6. 2 Fortalecimento do cooperativismo e associativismo<br />

O aumento da produção de arroz no estado do Tocantins<br />

passa, obrigatoriamente, pelo fortalecimento do produtor<br />

rural. Como pôde ser visto no decorrer do trabalho, o desenvolvimento<br />

de ações coletivas, por meio da organização de<br />

associações e cooperativas, é um caminho que tem trazido<br />

grandes resultados em outros estados e países produtores.<br />

Vale destacar que as associações e cooperativas são entidades<br />

de caráter privado. O papel dos órgãos públicos no estado<br />

é o de dar os subsídios e incentivos necessários para que os<br />

produtores se organizem.<br />

oBJEtiVoS<br />

• Incentivar o cooperativismo e o associativismo no estado do Tocantins como forma<br />

de fortalecer e aumentar o poder de barganha do produtor de arroz.<br />

• Elevar o nível das ações coletivas no estado do Tocantins.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas.<br />

2. Instalação de cooperativas com áreas de atuação que incluem os principais polos<br />

produtivos de arroz do estado (Lagoa da Confusão, Formoso do Araguaia,<br />

Gurupi, Paraíso do Tocantins, dentre outros).<br />

3. Promover o Tocantins como interessante investimento para produtores que<br />

possuem cultura cooperativista e/ou associativista, principalmente da região Sul<br />

do país.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 127<br />

4. Incentivar a abertura de filiais de importantes cooperativas presentes em outras<br />

regiões do país.<br />

5. Pleitear incentivos tributários e simplificação da legislação para instalação de<br />

cooperativas agroindustriais no estado.<br />

6. Promover visitas técnicas dos produtores tocantinenses de arroz à região Sul do<br />

país para entender o modelo de negócios e os benefícios de serem cooperados.<br />

7. Parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) para consultoria<br />

e capacitação na criação e gestão de cooperativas.<br />

8. Incentivar que o governo realize uma consulta pública às cooperativas e associações<br />

existentes para levantar potenciais oportunidades e gargalos a serem<br />

mitigados com políticas públicas.<br />

9. Estimular a participação das escolas estaduais e municipais em projetos de difusão<br />

de informação e princípios cooperativistas e de empreendedorismo às<br />

crianças e jovens do estado, como no Programa Cooperativa Mirim, parceria do<br />

Sicoob com o Sescoop.<br />

10. Desenvolver programas de capacitação para o quadro social das cooperativas e<br />

associações que trabalhem com arroz.<br />

11. Estimular nas universidades o desenvolvimento de estudos científicos sobre o<br />

tema, com concursos e/ou congressos.<br />

12. Aumentar a inserção das cooperativas em programas de compras públicas,<br />

como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos).<br />

13. Fortalecer as associações existentes para que promovam:<br />

a. missões nacionais e internacionais para abertura de mercados;<br />

b. assistência técnica de qualidade aos produtores;<br />

c. ações de influência e articulações por políticas públicas favoráveis ao setor.<br />

14. Criar programa de colonização com incentivos à produção agropecuária.<br />

6. 3 Desenvolvimento da agroindústria<br />

Desenvolver a agroindústria do Tocantins é uma das principais<br />

ações que trarão consigo a aceleração do desenvolvimento<br />

no estado. A indústria cria postos de trabalho, movimenta<br />

a economia local, gera recursos para investimentos estaduais,<br />

atrai setores correlatos, além de agregar valor à commodity.<br />

As ações descritas nesse pilar são divididas no beneficiamento<br />

e agregação de valor ao arroz e na prospecção e desenvolvimento<br />

de acesso a mercados para comercialização dessa<br />

produção, pois ambos estão diretamente relacionados.<br />

6. 3. 1 Agregação de valor nas cadeias de arroz<br />

oBJEtiVoS<br />

• Incentivar a agroindústria com o intuito de aumentar o dinamismo do desenvolvimento<br />

regional, gerando empregos, tributos e renda.<br />

• Aumentar o volume processado e qualidade de arroz no estado com o intuito de<br />

agregar valor aos produtos manufaturados e comercializados pelo estado do Tocantins.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

Etapa 1: aumentar o aproveitamento do parque industrial já instalado.<br />

1. Aumentar o volume efetivamente processado:<br />

a. estimulando o relacionamento entre produtores e indústrias no estado;<br />

b. incentivos tributários ao grão produzido e beneficiado no estado;<br />

2. Estimular as cooperativas existentes (e ainda a se instalar) a investirem no processamento<br />

de grãos como um de seus serviços, integrando a produção de seus<br />

cooperados.<br />

3. Promover encontros periódicos das indústrias do estado para discutir e tratar<br />

de assuntos em comum, como o incentivo e fomento a ações coletivas como<br />

capacitação de funcionários, logística, dentre outros.<br />

4. Utilizar contratos de fornecimento.<br />

5. Prover assistência técnica aos produtores.<br />

6. Estudar a possibilidade de trabalhar com financiamento dos produtores em troca<br />

de sua produção.<br />

7. Realizar operações de trocas de grãos por insumos e firmar parcerias com bancos<br />

para que sirvam de fiador em operações de barter com o produtor (como no<br />

BB Trading do Banco do Brasil).<br />

8. Trabalhar juntos para minimizar os gargalos de armazenagem e secagem dos grãos.


128<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

Etapa 2: atrair novas indústrias de processamento de arroz.<br />

9. Aumentar a divulgação dos benefícios do estado do Tocantins para a agroindústria<br />

nacional e internacional.<br />

10. Aumentar investimentos em infraestrutura para os distritos industriais (água,<br />

energia, esgoto, dentre outros).<br />

11. Disponibilizar linhas de crédito atrativas e pouco burocráticas para a agroindústria<br />

de arroz, principalmente de longo prazo.<br />

12. Incentivar a instalação de cooperativas já com know how no beneficiamento do<br />

arroz a operarem no Tocantins.<br />

13. Intensificar programas de capacitação e qualificação da mão de obra por meio<br />

de parcerias com o Sistema S, Pronatec e outros.<br />

14. Divulgar as ações do Tocantins para aumentar sua participação no comércio de<br />

arroz industrializado no mercado interno e externo.<br />

15. Fomentar ações coletivas de capacitação para funcionários.<br />

6. 3. 2 Desenvolvimento de mercado<br />

oBJEtiVoS<br />

• Aumentar o valor e quantidade das vendas de arroz produzido no Tocantins.<br />

• Conquistar maior participação de mercado nas vendas de arroz para as regiões<br />

Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.<br />

• Diversificar os destinos do arroz tocantinense, tanto nacionalmente quanto internacionalmente.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

Nacional<br />

1. Por meio do sindicato da indústria (ou outras organizações), promover um relacionamento<br />

com os principais compradores e compreender melhor suas reais<br />

necessidades na demanda por arroz (variedades, quantidade, qualidade, etc.).<br />

2. Avaliar a possibilidade da importação de grãos para serem processados no estado,<br />

mesmo quando houver estoque interno (esse impedimento está gerando<br />

especulação).<br />

3. Aumentar a inserção do arroz tocantinense em programas de compras públicas,<br />

como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos).<br />

4. Criar rodadas de negócios que também englobem o sistema de produção de<br />

pequenos agricultores.<br />

5. Incentivar a equalização do ICMS cobrado em cada estado. A indústria do Tocantins<br />

é penalizada fiscalmente por vender arroz para outros estados como<br />

Goiás e Maranhão.<br />

6. Fomentar o relacionamento com produtores, fornecendo assistência técnica e<br />

trabalhando com contratos para que seja possível fornecer aos compradores,<br />

produtos de qualidade e confiabilidade no fornecimento.<br />

7. Equalizar a política de distribuição de estoques reguladores, adotando as mesmas<br />

práticas existentes na região Sul (compras e vendas do governo federal);<br />

8. Criar um comitê de desenvolvimento de mercado para a cadeia de grãos (autarquias,<br />

secretarias e instituições de pesquisa).<br />

9. Promover ações coletivas, principalmente na área logística, para que o arroz do<br />

Tocantins consiga chegar competitivo mesmo em locais mais distantes.<br />

10. Apoiar as agroindústrias na estratégia de agregação de valor ao produto, focando<br />

o mercado premium em estados que já atuam, como região nordeste; e no<br />

sudeste (onde tem potencial para substituir arroz importado), com a estruturação<br />

de marcas a serem reconhecidas pelo consumidor final (exemplo: Camil, Tio<br />

João, entre outros).<br />

11. Atentar para os nichos de mercado, com maior valor agregado, como arroz integral<br />

(consumidores preocupados com saúde).<br />

12. Incentivar a agregação de valor por meio de um selo de origem.<br />

13. Projeto de denominação de origem do arroz do Tocantins (selo de origem).<br />

Internacional<br />

14. Criar pacote de incentivos para exportações de produtos processados.<br />

15. Articular com demais estados exportadores ações da cadeia em âmbito nacional<br />

para redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias dos produtos processados<br />

de arroz nos principais mercados consumidores internacionais.<br />

16. Realizar missões comerciais em mercados com alto potencial para produtos<br />

processados.<br />

17. Capacitar produtores e indústrias para exportação.<br />

18. Criar material com atualizações periódicas que descreva os parceiros comerciais<br />

do Tocantins no mercado internacional, principais barreiras tarifárias e não-tarifárias,<br />

políticas internacionais, atividades desenvolvidas pelo estado para fortalecer<br />

as parcerias comerciais.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 129<br />

19. Comunicar os diferenciais qualitativos do arroz do Tocantins, incluindo a sustentabilidade<br />

na cadeia produtiva, buscando atender às demandas do consumidor<br />

quanto à segurança do produto e origem.<br />

20. Incentivar as cooperativas para tornarem-se exportadoras de arroz.<br />

6. 4 Infraestrutura<br />

Como pôde ser visto no desenvolvimento do trabalho, a infraestrutura<br />

logística está diretamente relacionada à competitividade<br />

de uma cadeia produtiva. As ações propostas nesse<br />

pilar estratégico visam incentivar o aproveitamento de todo<br />

potencial logístico do estado.<br />

Entende-se que projetos logísticos são obras de grande<br />

calibre, normalmente com longos prazos para o desenvolvimento,<br />

porém, é fundamental que os investimentos em infraestrutura<br />

no estado acompanhem e permitam o grande<br />

desenvolvimento projetado para o agronegócio tocantinense.<br />

6. 4. 1 Logística<br />

oBJEtiVoS<br />

• Diminuir os problemas e reduzir os custos com o transporte de insumos para a<br />

produção e para a agroindústria.<br />

• Reduzir custos de frete de escoamento do arroz após processamento e, com isso,<br />

tornar o produto mais competitivo nos mercados onde atua.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Estimular ações coletivas entre as empresas da região para viabilizar e reduzir os<br />

custos com transporte.<br />

2. Ampliar estratégias que adotam o escoamento da produção por modais mais<br />

competitivos, como ferrovia e hidrovia.<br />

3. Fortalecer as cooperativas e associações para promover o acesso direto dos produtores<br />

à malha ferroviária estadual.<br />

4. Viabilizar concessões de rodovias no estado.<br />

5. Incentivar a implantação de novas plataformas de integração multimodais no<br />

estado e investimentos nas já existentes.<br />

6. Manter e desenvolver ainda mais os programas já existentes no estado relacionados<br />

à logística: PELT, PROLOGÍSTICA.<br />

7. Estimular desenvolvimento do aeroporto, principalmente no que tange a terminais<br />

de cargas.<br />

8. Estudar a possibilidade de melhorias ou continuidade no desenvolvimento dos<br />

seguintes aparelhos logísticos:<br />

RO<strong>DO</strong>VIÁRIO<br />

• Construção de nova ponte sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional, para superar<br />

a limitação atual da ponto existente, limitado a 30 toneladas.<br />

• Anel viário em Palmas para viabilizar o acesso à ponte de Palmas.<br />

• Duplicação das rodovias Palmas – Porto e Palmas – Paraíso.<br />

• Rodovias para integração da região leste do estado, que possui grande potencial<br />

produtivo.<br />

• Construção da estrada TO-500, que liga o estado do Mato Grosso ao Tocantins,<br />

via Ilha do Bananal (longo prazo devido ao alto custo e questões ambientais).<br />

• Conservação adequada da rodovia que liga o estado do Tocantins ao oeste da<br />

Bahia, e Nordeste que é um importante mercado consumidor do arroz.<br />

HIDROVIÁRIO<br />

• Trecho de 40 km em que é possível o transporte hidroviário entre Porto Nacional<br />

e o terminal ferroviário.<br />

• Assegurar a continuidade das obras de derrocamento do “Pedral do Lourenço”<br />

até sua conclusão.<br />

• Pleitear a construção de sistemas de transposição de nível nos aproveitamentos<br />

hidrelétricos para expansão das rotas neste modal.<br />

FERROVIÁRIO<br />

• Ferrovia Oeste-Leste, que quando em atividade, ligará a Ferrovia Norte-Sul ao<br />

estado da Bahia.


130<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

• Processo de concessão do trecho sul da Ferrovia Norte-Sul.<br />

• Investimentos em trens e vagões.<br />

6. 4. 2 Secagem e armazenagem<br />

oBJEtiVoS<br />

• Aumentar a capacidade de secagem e armazenagem total de grãos no estado<br />

(independentemente do player).<br />

• Aumentar a capacidade de armazenagem dos produtores agrícolas com silos nas<br />

fazendas.<br />

• Aumentar poder de negociação dos produtores a fim de que obtenham melhores<br />

preços nas commodities e diminuam problemas com a sazonalidade da oferta.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Criar um programa no Tocantins nos moldes do Armazena MT (Aprosoja/MT)<br />

em que o produtor é orientado a desenvolver projetos para secagem e armazenagem<br />

dentro da própria fazenda, por meio da difusão de conhecimento com<br />

palestras, planilhas, cartilhas.<br />

2. Traçar a viabilidade dos investimentos em secagem e armazenagem e facilitar o<br />

acesso a crédito, à obtenção de licenciamentos e à informação para os projetos<br />

nas fazendas.<br />

3. Capacitar o produtor de arroz na comercialização de seus produtos (contratos,<br />

ferramentas de análise de cenários e planejamento do melhor momento para<br />

a venda).<br />

4. Articular, com o governo federal, linhas de crédito com juros menores e de longo<br />

prazo para secagem e armazenagem de arroz nas propriedades.<br />

5. Reduzir a utilização de armazenagem convencional (sacarias) nas fazendas ou<br />

utilizá-la apenas em situações emergenciais.<br />

6. Estimular que cooperativas, canais de distribuição de insumos e outras organizações<br />

invistam em estruturas de armazenagem.<br />

7. Mapear as regiões com maior déficit de armazenagem e desenvolver um plano<br />

de ação para reduzir esse gargalo.<br />

6. 5 Sustentabilidade<br />

Atualmente não existe desenvolvimento econômico desvinculado<br />

dos conceitos de sustentabilidade. Para a evolução<br />

da cadeia produtiva do arroz no estado do Tocantins, algumas<br />

ações devem ser desenvolvidas, buscando manter o status de<br />

produção sustentável no estado.<br />

oBJEtiVoS<br />

• Realizar a expansão das atividades agrícolas e industriais da cadeia do arroz no<br />

Tocantins com respeito às práticas de sustentabilidade em seus três âmbitos (ambiental,<br />

social e econômico).<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Benefícios fiscais para aquisição de defensivos biológicos.<br />

2. Incentivar a adoção de ferramentas de agricultura de precisão, visando a racionalização<br />

da utilização de insumos e defensivos, além de criar uma política de<br />

premiação para boas práticas culturais.<br />

3. Capacitar os produtores (em parceria com Senar e outros órgãos) nos temas de:<br />

a. manejo integrado de pragas e uso responsável de defensivos.<br />

b. agricultura de precisão.<br />

c. Código Florestal e recuperações de áreas de APP e Reserva Legal.<br />

d. irrigação e uso racional de água.<br />

e. integração Lavoura-Pecuária-Floresta.<br />

f. gestão da propriedade agrícola.<br />

g. Certificações.<br />

4. Aumentar a promoção do Programa da Embrapa de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta<br />

e utilizar a rede de fomento que ele possui.<br />

5. Apoiar ou criar material que apoie os produtores nos processos de licenciamento<br />

ambiental.<br />

6. Desenvolver materiais (vídeos, fotos, cartilhas, dentre outros) baseados no caso<br />

de sucesso que é o cultivo de arroz em harmonia com a fauna na região de várzeas,<br />

para que possa servir de modelo de integração com o meio ambiente e, ao<br />

mesmo tempo, para promover uma boa imagem do agronegócio.<br />

7. Por meio de estudos e pesquisas, mapear a real condição e disponibilidade de<br />

água no estado e promover o uso sustentável através de campanhas de conscientização<br />

e fiscalização.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 131<br />

8. Avaliar a viabilidade da utilização dos controles de vazão dos recursos hídricos<br />

dos rios das regiões produtoras (UFT).<br />

9. Incentivar a certificação das propriedades que têm atitudes sustentáveis e, principalmente,<br />

que fazem bom uso da água e que sejam priorizadas e/ou premiadas<br />

de alguma forma pela indústria.<br />

10. Estimular e promover a troca de informações entre produtores considerados<br />

modelos e os produtores de arroz do Tocantins (eventos, visitas técnicas, desenvolvimento<br />

de materiais, dentre outros).<br />

11. Utilizar e promover a difusão de um ”padrão” de cultivo sustentável de arroz,<br />

como o desenvolvido pela SRP (Sustainable Rice Platform).<br />

12. Divulgar ao mercado e ao consumidor final as iniciativas de sustentabilidade na<br />

produção que serão apoiadas ao se adquirir o arroz do Tocantins.


132<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

consideraçÕes finais


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 133<br />

Tendo como base todo o trabalho desenvolvido e os resultados<br />

possíveis de serem buscados pelo estado do Tocantins<br />

nos próximos anos, fica evidente a importância de iniciativas<br />

que visam integrar ações estratégicas entre os agentes, sejam<br />

eles do âmbito público ou privado. Durante o desenvolvimento<br />

do trabalho, pôde-se perceber que o estado do Tocantins<br />

possui diversas iniciativas que visam incentivar o desenvolvimento<br />

do agronegócio no estado, porém, melhorar o alinhamento<br />

entre elas resulta em um melhor aproveitamento.<br />

Alinhar os agentes é aspecto fundamental para o pensamento<br />

de sistemas agroindustriais integrados. O trabalho coletivo,<br />

a busca conjunta por resultados e o desejo unificado de<br />

desenvolvimento, fazem com que sejam desenvolvidas ações<br />

que aumentam a eficiência das cadeias por meio da busca de<br />

sinergias e delineamento de estratégias inovadoras.<br />

Neste cenário, o ganho também é coletivo, onde vivenciase<br />

a geração de valor compartilhado, ou seja, todos os elos e<br />

agentes envolvidos se beneficiam dos resultados do desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva. Outro aspecto que pode ser<br />

destacado como benefício da integração e motivação para<br />

participação dos agentes em iniciativas coletivas é o aprendizado<br />

contínuo e multidisciplinar.<br />

É evidente que as cadeias produtivas são arranjos complexos,<br />

onde seus diversos agentes possuem características<br />

únicas e estão inseridos em contextos específicos. Devido<br />

a isso, o delineamento de estratégias conjuntas não é algo<br />

simples de ser feito, sendo necessários grande organização<br />

e processamento integrado das informações disponíveis.<br />

O método GESis, método base utilizado para o desenvolvimento<br />

do presente projeto, foi estruturado com o objetivo


134<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

principal de organizar e guiar o delineamento de estratégias<br />

para sistemas agroindustriais, indo ao encontro do desejo<br />

do estado do Tocantins do desenvolvimento integrado de<br />

seu agronegócio. Além disso, outros objetivos que devem ser<br />

considerados são:<br />

• busca de economias de escala;<br />

• esforços de diferenciação e posicionamento (para gerar<br />

valor);<br />

• rápidas adaptações às mudanças macroambientais<br />

(quando bem estruturadas);<br />

• performance e responsividade;<br />

• visão compartilhada e transparência;<br />

• sustentabilidade econômica, ambiental e social dos integrantes;<br />

• conhecimento de custos de produção e transação e luta<br />

por redução;<br />

• mecanismos de solução de conflitos (remediação/ alternativa<br />

para a burocracia brasileira);<br />

• organização dos esforços de lobby;<br />

• planejamento integrado entre os elos;<br />

• orientar a produção pela demanda buscando a lealdade<br />

dos consumidores<br />

• inteligência compartilhada e uso das amplas fontes de<br />

dados;<br />

• criação de comitês (governança, riscos, seguros...);<br />

• motivações, contribuições, direitos e benefícios de cada<br />

participante;<br />

• compromisso de cada participante;<br />

• investimentos específicos de cada participante;<br />

• estabelecimento de padrões.<br />

A metodologia desenvolvida, inclusive para o levantamento<br />

sistemático de dados, ao mesmo tempo que guia a etapa de<br />

diagnóstico para uma visão abrangente do sistema alvo, também<br />

direciona as futuras estratégias. Assim como o método<br />

prevê, essa etapa não seria tão efetiva sem a ampla participação<br />

dos agentes envolvidos em cada uma das cadeias produtivas,<br />

aspecto que foi amplamente vivenciado nos estudos do<br />

Tocantins. A participação dos agentes desde o início do processo<br />

de planejamento, além de trazer uma visão realista da<br />

atual situação de cada um dos elos que compõem o sistema<br />

agroindustrial, contribui para a percepção da coletividade na<br />

construção dos planos.<br />

Com base no amplo diagnóstico desenvolvido para a cadeia<br />

do arroz do estado do Tocantins, foi possível delinear projetos<br />

estratégicos que envolvem diversos elos presentes na cadeia,<br />

em conjunto. Nesse sentido, os projetos estruturados para a<br />

referida cadeia foram organizados em cinco pilares.<br />

O primeiro deles diz respeito à produção agrícola, cujo ob-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 135<br />

jetivo é dar as bases para a manutenção do crescimento da<br />

produção agrícola no estado do Tocantins. Para tanto são propostas<br />

ações no âmbito de manejo e tecnologias no campo e<br />

diversificação das fontes de financiamento da produção.<br />

O fortalecimento do cooperativismo e associativismo no<br />

estado é outro pilar que deve ser trabalhado tendo em vista<br />

a evolução da cadeia produtiva no estado. O desenvolvimento<br />

de governança nas cadeias produtivas do estado só é possível<br />

por meio da estruturação de ações coletivas.<br />

O terceiro pilar visa incentivar que o estado desenvolva<br />

a sua agroindústria de processamento de arroz. O fortalecimento<br />

deste elo traz benefícios diretos para a geração de<br />

valor na cadeia, mas também potencializa o desenvolvimento<br />

regional, com a criação de diversos postos de trabalho e<br />

mais distribuição de renda. Nesse sentido propõe-se que os<br />

produtos oriundos da cadeia de arroz do Tocantins avancem<br />

na agregação de valor e no desenvolvimento dos mercados<br />

interno e externo para o produto produzido.<br />

A infraestrutura é outro item presente nos pilares estratégicos<br />

de desenvolvimento das cadeias produtivas do Tocantins.<br />

Configurando-se como um dos grandes gargalos atualmente<br />

no cenário brasileiro, o estado deve investir em melhorias<br />

nesse âmbito. Especificamente para os grãos, foram traçadas<br />

estratégias para o desenvolvimento da questão logística e<br />

também da secagem e armazenagem.<br />

O quinto pilar proposto diz respeito à sustentabilidade, tendo<br />

em vista que, para as estratégias se perpetuarem ao longo do<br />

tempo, é fundamental que o estado esteja alinhado nesse sentido.<br />

Tão ou mais importante que a estruturação do plano estratégico<br />

para sistemas agroindustriais, é a sua implementação.<br />

Ao longo de mais de 10 anos de aplicação do presente método,<br />

alguns problemas foram identificados e devem ficar claros<br />

para que sejam evitados no Tocantins, sendo eles:<br />

• falta de objetivos;<br />

• falta de lealdade;<br />

• problema de capacidade decisória;<br />

• falta de orientação ao mercado;<br />

• não compartilhamento de risco;<br />

• desbalanço de esforços e resultado;<br />

• falta de visão;<br />

• interesses individuais prevalecem;<br />

• oportunismo presente;<br />

• falta dos itens de liderança;<br />

• falta dos itens de planejamento;<br />

• presença de subsídios e distorções.<br />

Assim como os problemas evidenciados, também é importante<br />

destacar as observações referentes à velocidade de implementação,<br />

que estão ligadas a diversos fatores, merecendo


136<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

análise para serem trabalhadas anteriormente visando aplicação<br />

exitosa do plano realizado.<br />

• inadequada habilidade de liderança pelos dirigentes no<br />

atingimento dos objetivos e envolvimento das linhas<br />

operacionais das organizações;<br />

• falta de estabelecimento de indicadores a serem atingidos<br />

e monitorados;<br />

• falta de método/padrões para implementação;<br />

• falta de disciplina/motivação dos integrantes dos esforços<br />

e das organizações na implementação;<br />

• falta da composição de um conselho gestor que dá o caráter<br />

de executividade;<br />

• questões políticas e culturais nos integrantes da organização;<br />

• perfil do gestor dos projetos e presença de sentimentos<br />

de bloqueio, como ciúmes;<br />

• perda de espaço de agentes do sistema agroindustrial<br />

que irá bloquear a implementação de projetos;<br />

• tempo de amadurecimento dos projetos e momentos<br />

adequados de implementação;<br />

• qualidade do conselho gestor e déficit na capacidade dos<br />

colaboradores;<br />

• inserção e integração com as equipes;<br />

• detalhamento dos projetos de maneira simples e executiva;<br />

• relações pessoais e protegidos com indicações que não<br />

levam em conta o critério técnico;<br />

• lidar com os que se acham donos do coletivo;<br />

• falta de entendimento dos objetivos estratégicos e do<br />

próprio conceito de planejamento e estratégia;<br />

• não antecipação aos problemas, aos fatores externos impactando<br />

na implementação;<br />

• conflito de prioridades e objetivos divergentes;<br />

• aversão ao risco e conservadorismo de pessoas com a<br />

visão do passado.<br />

Estes pontos devem ser trabalhados antecipadamente para<br />

possibilitar que os projetos estratégicos avancem.<br />

O sucesso da implementação das estratégias propostas no<br />

presente plano para a cadeia do arroz permitirá que o Tocantins<br />

passe a 2º maior produtor nacional de arroz. Esse valor é<br />

traduzido em um incremento total de R$2,7 bilhões no valor<br />

bruto da produção de arroz no período de 10 anos.<br />

Os próximos passos agora envolvem a formação de um comitê<br />

estratégico com agentes da cadeia produtiva, públicos e<br />

privados e, via reuniões mensais, colocar os projetos para andar,<br />

organizando equipes com metas, funções e prazos. Este<br />

comitê estratégico do arroz no Tocantins é o responsável por<br />

implementar o plano que foi construído pela Markestrat em<br />

conjunto com os agentes da cadeia produtiva.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 137


138<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

arroZ<br />

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2017. Revista de Economia e Agronegócio, v. 15, n. 3, 2017.<br />

• ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. (Org.). Economia e gestão dos negócios<br />

agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000. 428p.


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul - Palmas - TO CEP 77020-016<br />

+55 63 3229-5700 www.fieto.com.br © 2018


SILVICULTURA<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027


soja e milho<br />

Volumes 1 e 2<br />

carne Bovina<br />

Volume 3<br />

arroz<br />

Volume 4<br />

silvicultura<br />

Volume 5<br />

piscicultura<br />

Volume 6


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

silvicultura<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027<br />

1“ edição<br />

Palmas, 2018


ficha catalográfica<br />

F293s<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Silvicultura: plano estratégico para as cadeias produtivas do agronegócio no<br />

Estado do Tocantins: 2018 - 2027 / José Roberto Fernandes, Marcos Fava Neves<br />

(Coordenadores). – Palmas, TO : Sistema FIETO, 2018.<br />

154 p. : il.<br />

ISBN : 978-85-60759-39-2<br />

1. Economia agrícola - Tocantins. 2. Produtos agrícolas - Tocantins. 3.<br />

Silvicultura. I. Fernandes, José Roberto. II. Neves, Marcos Fava. III. Título.<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Rosana Maria Santos de Oliveira Corrêa<br />

Bibliotecária CRB2-810<br />

CDD: 338.1098117<br />

O presente plano foi elaborado com recursos financeiros do Fundo de<br />

Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Tocantins, através do<br />

Termo de Colaboração Nº 508/2016 celebrado entre o Governo do Estado do<br />

Tocantins, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura e a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong><br />

PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO - CDE<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

Roberto Magno Martins Pires Presidente<br />

FIETO - EQUIPE TÉCNICA<br />

José Roberto Fernandes Coordenador<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Lisia Daniella Lustosa Ferro<br />

Wandemberg Pereira Rodrigues<br />

Karolina Gonçalves de Sousa<br />

CONSULTORIA – MARKESTRAT<br />

Marcos Fava Neves Coordenador<br />

Tássia Gerbasi<br />

Flávio Ruhnke Valério<br />

Patrícia Milan Rodrigues Alves<br />

Carla Cristina Martoni Pereira Gomes<br />

Letícia Franco Martinez<br />

Giulia Machado Agostini<br />

Eduardo Garcia Filho<br />

Pedro Galvão Caserta<br />

Vinícius Verdu de Oliveira<br />

REVISÃO<br />

Larissa Parente<br />

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO<br />

Bonina Comunicação<br />

FIETO / Governo do Estado do Tocantins © 2018


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – FIETO<br />

DIRETORIA: QUADRIÊNIO 2016 - 2020<br />

Presidente<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

1º Vice-Presidente<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

Vice-Presidentes<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Charles Alberto Elias<br />

Luciano de Carvalho Rocha<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Oswaldo Stival Júnior<br />

Primeiro Secretário<br />

Claudizete Carneiro Santos<br />

Segundo Secretário<br />

Mário de Castro Pillar<br />

Primeiro Tesoureiro<br />

Walter Atta Rodrigues Bittencourt Júnior<br />

Segunda Tesoureira<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo<br />

Suplentes da Diretoria<br />

Cabral Santos Gonçalves<br />

Diego Teodoro Carvalho Alba Garcia<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomem<br />

Gliner de Souza Borges<br />

Marco Antônio de Faria Cunha<br />

Wilmar Oliveira de Bastos<br />

Luiz Carlos Alves de Oliveira<br />

Jacques José de Barros<br />

Francisco Monteiro de Souza Filho<br />

Ailton dos Santos Queiroz<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Membros Efetivos<br />

José de Souza Vasque<br />

José Febrônio da Silva<br />

Francisco Antélius Sérvulo Vaz<br />

Membros Suplentes<br />

Reinaldo Pereira Cardoso<br />

Fábio de Oliveira Soares<br />

Rômulo José dos Santos<br />

REPRESENTANTES JUNTO À CNI<br />

Membros Efetivos<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

Célio Batista Alves<br />

Membros Suplentes<br />

Charles Alberto Elias<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul, Palmas - TO CEP: 77.020-016<br />

Tel.: +55 63 3229-5700 www.fieto.com.br


índice<br />

Lista de siglas......................................................................................................................10<br />

Agradecimentos.................................................................................................................14<br />

Apresentação.......................................................................................................................18<br />

1. Introdução............................................................................................................................20<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho................................................................................................................22<br />

2. Análise de mercado e enfoque de sistemas..................................................................28<br />

2. 1. Análise do mercado internacional..........................................................................................................29<br />

2. 2. Análise do mercado nacional....................................................................................................................44<br />

2. 3. Exportações.........................................................................................................................................................50<br />

2. 4. Preços de mercado...........................................................................................................................................51<br />

2. 5. Caracterização da indústria........................................................................................................................54<br />

2. 6. Projeções da indústria de papel e celulose no Brasil...................................................................58<br />

2. 7. MATOPIBA............................................................................................................................................................61<br />

3. Análise da situação interna..............................................................................................64<br />

3. 1. Produção agrícola.............................................................................................................................................68<br />

3. 1. 1. Características gerais da cadeia do Estado........................................................................................68<br />

3. 1. 2. Custo de produção...........................................................................................................................................72<br />

3. 1. 3. Viabilidade da cultura no Estado............................................................................................................88<br />

3. 2. Cooperativismo e associativismo............................................................................................................91<br />

3. 3. Destinos da Produção.....................................................................................................................................93<br />

3. 4. Indústria de processamento......................................................................................................................94<br />

3. 4. 1. Viabilidade de instalação de indústrias de processamento.....................................................97<br />

3. 5. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio ao desenvolvimento ......................98<br />

3. 6. Logística..............................................................................................................................................................108<br />

3. 7. Resumo das forças e fraquezas do Estado do Tocantins........................................................112


4. Consolidação do diagnóstico........................................................................................ 116<br />

4. 1. Análise Pest.......................................................................................................................................................117<br />

4. 2. Análise das Cinco Forças de Porter ....................................................................................................120<br />

5. Objetivos estratégicos para a cadeia........................................................................... 124<br />

6. Projetos estratégicos para a cadeia............................................................................. 132<br />

6. 1. Políticas públicas e coordenação da cadeia....................................................................................134<br />

6. 2. Financiamento da atividade....................................................................................................................135<br />

6. 3. Fortalecimento da indústria....................................................................................................................135<br />

6. 4. Produção e pesquisa silvícola.................................................................................................................136<br />

6. 5. Capacitação de produtores e mão de obra......................................................................................137<br />

6. 6. Espécies e produtos com potencial.....................................................................................................137<br />

7. Considerações finais....................................................................................................... 140<br />

8. Referências ....................................................................................................................... 146


Lista de Siglas<br />

Abaf<br />

Adapec<br />

Aneel<br />

APL<br />

Apre<br />

BA<br />

BIRD<br />

CCEE<br />

CDA<br />

Centev<br />

CNA<br />

CNI<br />

CNT<br />

Cofins<br />

COT<br />

CRA<br />

Desenba<br />

Emac<br />

Embrapa<br />

EPE<br />

ES<br />

EUA<br />

FAO<br />

FDE<br />

FIESP<br />

FIETO<br />

Funres<br />

Funrural<br />

Funsaf<br />

GESis<br />

Ha<br />

IBA<br />

IBGE<br />

Associação Baiana de Empresas de Base Florestal<br />

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins<br />

Agência Nacional de Energia Elétrica<br />

Arranjo Produtivo Local<br />

Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal<br />

Bahia<br />

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica<br />

Certificado de Depósito Agropecuário<br />

Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa<br />

Confederação Nacional da Agricultura<br />

Confederação Nacional das Indústrias<br />

Confederação Nacional de Transporte<br />

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social<br />

Custo de Oportunidade da Terra<br />

Certificado de Recebíveis do Agronegócio<br />

Agência de Fomento do Estado da Bahia<br />

European Marketing Academy<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

Empresa de Pesquisa Energética<br />

Espírito Santo<br />

Estados Unidos da América<br />

Food and Agriculture Organization of the United Nations<br />

Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Fundo de Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo<br />

Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural<br />

Fundo Social de Apoio à Agricultura Familiar<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais<br />

Hectares<br />

Industria Brasileira de Árvores<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


ICMS<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços<br />

IEA<br />

Instituto de Economia Agrícola<br />

Ifama<br />

International Food and Agribusiness Management Association<br />

Input<br />

Iniciativa para o Uso da Terra<br />

IPCA<br />

Índice Nacional de Preços ao Consumidor<br />

ITR<br />

Imposto Territorial Rural<br />

Kg<br />

Quilogramas<br />

LCA<br />

Letra de Crédito do Agronegócio<br />

m² Metros Quadrados<br />

m³ Metros Cúbicos<br />

MA<br />

Maranhão<br />

Mapa<br />

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

MATOPIBA Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia<br />

MG<br />

Minas Gerais<br />

MW<br />

Megawattss<br />

NIT<br />

Núcleos de Inovação Tecnológica<br />

PAC<br />

Programa de Aceleração do Crescimento<br />

PDRIS<br />

Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável<br />

PDRS<br />

Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

PEA<br />

População Economicamente Ativa<br />

PELT<br />

Plano Estadual de Logística e Transporte de Cargas<br />

PEST<br />

Política, Econômica, Social e Tecnológica<br />

PIB<br />

Produto Interno Bruto<br />

PIS<br />

Programa de Integração Social<br />

PNDR<br />

Política Nacional de Desenvolvimento Regional<br />

Progescoop Programa de Gestão Avançada Cooperativas Agropecuárias<br />

Pronatec<br />

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego<br />

Prosaf<br />

Programa de Sanidade em Agricultura Familiar<br />

Rausp<br />

Revista de Administração da Universidade de São Paulo<br />

RB<br />

Receita Bruta<br />

SAGs<br />

Sistemas agroindustriais<br />

Seagro<br />

Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins<br />

Sebrae<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


Lista de Siglas<br />

Seden<br />

Sefaz<br />

Seinfra<br />

Senar<br />

Seplan<br />

Sescoop<br />

Siup<br />

SNIF<br />

SP<br />

SPTec<br />

TIR<br />

TO<br />

Ton<br />

UFT<br />

VPL<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura<br />

Secretaria da Fazenda<br />

Secretaria de Infraestrutura.<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />

Secretaria do Planejamento e Orçamento<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo<br />

Serviços Industriais de Utilidade Pública<br />

Sistema Nacional de Informações Florestais<br />

São Paulo<br />

Sistema Paulista de Parques Tecnológicos<br />

Taxa Interna de Retorno<br />

Tocantins<br />

Tonelada<br />

Universidade Federal do Tocantins<br />

Valor Presente Líquido


agradecimentos<br />

As seguintes instituições e seus representantes, abaixo nominados por ordem alfabética,<br />

subsidiaram a elaboração do conteúdo do presente volume, com entrevistas, presenciais<br />

ou remotas, com material de consulta e/ou análises, contribuições e sugestões,<br />

escritas ou orais, durante as diversas fases do estudo.<br />

instituição<br />

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - ADAPEC<br />

<strong>AS</strong>SEMBLEIA LEGISLATIVA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO <strong>DO</strong>S PRODUTORES RURAIS <strong>DO</strong> SU<strong>DO</strong>ESTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - APROEST<br />

CÂMARA SETORIAL <strong>DO</strong> LEITE - <strong>TOCANTINS</strong><br />

CEREALISTA SANTA FÉ<br />

COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO ARAGUAIA - CDA<br />

DAPLAN – SERVIÇOS FLORESTAIS<br />

EMPRESA BR<strong>AS</strong>ILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA<br />

FAZENDA VALE <strong>DO</strong> BOI<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

FRIGORÍFICO PIRACEMA<br />

representante<br />

Humberto Viana Camelo (Presidente)<br />

Jefferson Pessoa<br />

Márcia Helena da Fonseca<br />

Helton W. Gonzaga<br />

Victor Rodrigues da Costa (Presidente)<br />

Marco Antônio Pitondo<br />

Sônia Mara Rodrigues Magalhães<br />

Wiliam Borges Reis<br />

Daniel Avino Barboza Leite<br />

Alexandre A. de Freitas (Chefe Geral Interino)<br />

Alexandre Uhlmann<br />

Epaminondas de Andrade<br />

Roberto Magno Martins Pires (Presidente)<br />

Amanda Barbosa<br />

José Roberto Fernandes<br />

Juarez Frota Martins<br />

Klébia Pontes<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Valteir Barbosa Rosa


instituição<br />

FRIGORÍFICO TAMBORÁ<br />

GRA<strong>NO</strong>L INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A<br />

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - RURALTINS<br />

INSTITUTO EUVAL<strong>DO</strong> LODI <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – IEL/TO<br />

INSTITUTO NATUREZA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - NATURATINS<br />

LATICÍNIO CREMOLAT<br />

NGBR<br />

SERVIÇO BR<strong>AS</strong>ILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUEN<strong>AS</strong> EMPRES<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SEBRAE/TO<br />

SECRETARIA DA FAZENDA - SEFAZ<br />

SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA, HABITAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS - SEINF<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

representante<br />

André Lee<br />

Jair Bataline<br />

Jordel Souto Brito Machado<br />

Andrey Chama da Costa<br />

Roseli F. Neves Sarmento (Superintendente)<br />

Herbert Brito (Presidente)<br />

Marco Antonio Pitondo<br />

Neilton Machado de Araújo<br />

José Carlos A. de Bessa<br />

Paulo Antenor de Oliveira (Secretário)<br />

Alexandre Pereira de Carvalho<br />

Bárbara B. Oliveira<br />

Elisabete Soares de Araujo<br />

Fernando Batista Oliveira<br />

Saulo Barreira Silva<br />

Willane Queiroz Carvalho<br />

Sérgio Leão (Secretário)<br />

Maxuell N. Acácio<br />

Clemente Barros Neto (Secretário)<br />

Alexandre Godinho Cruz<br />

Antônio Cássio Oliveira Filho<br />

Arlete Amarylles R. Mascarenhas<br />

Arlette Leite Lima<br />

Arthur Emílio França<br />

Fernando Dorta<br />

José Américo Vasconcelos


agradecimentos<br />

instituição<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA,<br />

TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA - SEDEN<br />

SECRETARIA <strong>DO</strong> PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - SEPLAN<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM <strong>DO</strong> COOPERATIVISMO<br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESCOOP/TO<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL -<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SENAI/DR TO<br />

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> –<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESI DR TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA ALIMENTAÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA MADEIRA E <strong>DO</strong> MOBILIÁRIO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SIMAM/TO<br />

representante<br />

Marcos Fernandes<br />

Ricardo Britto Taques<br />

Thadeu Teixeira Júnior<br />

Thiago Chekudemiask S. Tulio<br />

Alexandro de Castro Silva (Secretário)<br />

Álan Rickson Andrade de Araujo<br />

Eremilson Leite<br />

Geanny Carlos de A. Pinheiro<br />

Marcondes Martins Gomes de Oliveira<br />

Paulo Marcelo Mendonça<br />

Tarcísio de Oliveira N. Cruz<br />

Vilmar Carneiro Wanderley<br />

David Torres (Secretário)<br />

Belizário Franco Neto<br />

Maurício Fregonesi<br />

Magnun Vinicius B. da Cruz<br />

Márcia Rodrigues de Paula (Diretora Regional)<br />

Dini Ribeiro Bezerra<br />

Gisleângela R. F. S. T. Lemos<br />

Leanne Carvalho Barbosa<br />

Vânia Divina Rodrigues Moreira<br />

Charles Alberto Elias (Superintendente)<br />

Claudizete Carneiro Santos (Presidente)<br />

Geová Pereira de Mendonça (Presidente)


instituição<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CERÂMICA <strong>PARA</strong> CONSTRUÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SINDICER/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONFECÇÕES <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SICON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONSTRUÇÃO CIVIL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDUSCON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE RE<strong>PARA</strong>ÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUIN<strong>AS</strong>, AERONAVES E<br />

ACESSÓRIOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIREPA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S BENEFICIA<strong>DO</strong>RES DE ARROZ <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SINDIATO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - SIPMME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> FRIGORÍFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICARNES/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> GRÁFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIG/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> METALÚRGIC<strong>AS</strong>, MECÂNIC<strong>AS</strong> E <strong>DO</strong> MATERIAL ELÉTRICO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> QUÍMIC<strong>AS</strong> E FARMACÊUTIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIQFAR/TO<br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UNITINS<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UFT<br />

VALOR DA LOGÍSTICA INTEGRADA - VLI<br />

representante<br />

Esequiel de Sousa Milhomem (Presidente)<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo (Presidente)<br />

Bartolomé Alba Garcia (Presidente)<br />

José Febrônio da Silva (Presidente)<br />

Carlos Augusto Suzana (Presidente)<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomen (Presidente)<br />

Oswaldo Stival Júnior (Presidente)<br />

George Henrique Aires Borges<br />

Gilson Ney Bueno Cabral<br />

Gliner de Souza Borges (Presidente)<br />

Mário de Castro Pilar (Presidente)<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Walter Atta R. Bittencourt Júnior (Presidente)<br />

Suely Cabral Quixabeira Araújo (Reitora)<br />

Luís Eduardo Bovolato (Reitor)<br />

Gil Rodrigues dos Santos<br />

Jorge Luís Ferreira<br />

Kênia Ferreira Rodrigues<br />

Rodrigo A. Gomes de Oliveira<br />

Valdecy Rodrigues<br />

Orestes Souza


apresentação<br />

Metade do território do Estado do Tocantins tem potencial para a produção<br />

agrícola. A disponibilidade de recursos naturais, como água, biodiversidade,<br />

insolação e clima tropical, confere ao Tocantins um meio físico,<br />

extremamente favorável à agropecuária. Prova disso é o fato do Estado ocupar<br />

o 9º lugar no país na produção de soja, o 3º na de arroz e possuir o 11º rebanho<br />

bovino nacional.<br />

Além disso, o Tocantins integra a região norte do país que, juntamente com<br />

as regiões centro-oeste e nordeste, apresentaram na última década um crescimento<br />

econômico superior ao das regiões sul e sudeste, tradicionais líderes<br />

nacionais nesse quesito. Essa interiorização do desenvolvimento é um fenômeno<br />

ainda recente, mas reconfigura a atividade econômica do país e reforça<br />

o quadro de oportunidades do Estado.<br />

Mas o Estado precisa avançar, realizar esse potencial e aproveitar essas<br />

oportunidades. Explorar sua característica vocacional do ponto de vista logístico,<br />

criar programas oficiais de aproveitamento sustentável de seus recursos<br />

naturais, associar o macrossistema viário à industrialização das “commodities”<br />

agrícolas. A indústria de transformação da matéria-prima agrícola<br />

ampliará a participação do Tocantins no mercado global de alimentos, criará<br />

mais empregos de qualidade e divisas. Esta é uma construção coletiva, onde<br />

o estado e a iniciativa privada têm missões definidas. Ao primeiro compete<br />

conceber e executar políticas públicas de estímulo e, ao segundo, aumentar<br />

sua produtividade e a qualidade de seus produtos.<br />

Foi com esta filosofia que a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

- FIETO, com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

do Estado do Tocantins – FDE, encarou o desafio de elaborar o presente estu-


do. Nele estão delineados os diagnósticos das principais cadeias produtivas<br />

do agronegócio tocantinense e seus mercados mundiais, nacionais e local;<br />

analisados os custos, as forças e as fraquezas de cada uma delas e, acima de<br />

tudo, aponta os projetos estratégicos e as diretrizes que deverão nortear o seu<br />

desenvolvimento.<br />

Agora sabemos o que precisamos fazer, o Estado e o segmento produtivo<br />

têm diante de si as “rotas” do desenvolvimento do mais importante segmento<br />

de sua economia. A indústria acredita que, idealmente, a “governança” desse<br />

desenvolvimento deverá ficar a cargo de um comitê de gestão formado pelos<br />

diversos agentes, públicos e privados, das cadeias produtivas aqui focalizadas.<br />

Pô-lo em marcha será, doravante, nosso dever de casa.<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Presidente


introdUção


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 21<br />

Este primeiro capítulo trata do método utilizado para o desenvolvimento<br />

do projeto cujo principal objetivo foi estudar<br />

as principais cadeias produtivas do Estado do Tocantins, visando<br />

a identificação e desenvolvimento das suas potencialidades.<br />

O projeto “Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do<br />

Agronegócio no Estado do Tocantins” foi uma iniciativa da Federação<br />

das Indústrias do estado do Tocantins – FIETO, em<br />

parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico,<br />

Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do estado do Tocantins<br />

– Seden. Para tanto, foram destacados alguns pilares ou<br />

temas fundamentais, que pautam todo o estudo na busca da<br />

identificação de estratégias concisas e aderentes à realidade<br />

do estado. São eles: Marco Tecnológico, Associativismo e Cooperativismo,<br />

Uso da Terra, Desenvolvimento da Indústria Local<br />

e Instrumentos de Apoio Estaduais.<br />

Para a primeira fase do projeto foram selecionadas algumas<br />

cadeias produtivas a serem estudadas. A seleção considerou<br />

cadeias que já possuem papel de destaque no Estado do Tocantins,<br />

mas que ainda têm muitas potencialidades a serem<br />

exploradas, sempre visando impulsionar o cenário econômico<br />

e social do Estado. As cadeias selecionadas foram:<br />

• Soja e Milho<br />

• Pecuária (carne bovina)<br />

• Arroz<br />

• Piscicultura<br />

• Silvicultura


22<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

Para cumprir com o objetivo proposto, foi utilizada metodologia<br />

de pesquisa já consolidada no setor do agronegócio para<br />

o desenvolvimento de planos estratégicos conhecida como<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis).<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho<br />

Desenvolver planos para a melhoria contínua de um setor<br />

não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se tratam de cadeias<br />

do agronegócio, que possuem características e complexidades<br />

específicas.<br />

Para organizar e analisar os dados coletados durante o desenvolvimento<br />

do presente trabalho, e propor ações condizentes<br />

com a realidade do Estado e do seu posicionamento no<br />

cenário nacional e internacional, lançou-se mão da utilização<br />

do método GESis.<br />

O método GESis, desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcos Fava Neves,<br />

em 2004, vem sendo aplicado em diversas cadeias produtivas<br />

e aperfeiçoado a cada aplicação. No Brasil, o método já foi<br />

aplicado para as cadeias do trigo (2004), da laranja (2005, 2007<br />

e 2010), do leite (2006), da cana-de-açúcar (2009 e 2015), da carne<br />

bovina (2011), do algodão (2011 e 2013), de flores (2014), da<br />

carne suína (2016) e das hortaliças (2017). No contexto internacional<br />

o método também já foi utilizado para a cadeia do leite<br />

na Argentina (2007), no Uruguai (2010) e da soja na Argentina<br />

(2012), além de outros usos na África do Sul e outros países.<br />

Contando com escopo semelhante ao do presente trabalho,<br />

o método GESis também foi adaptado e aplicado em oito cadeias<br />

produtivas do Estado de Goiás, sendo elas milho, soja,<br />

carne suína, carne de frango, carne bovina, couro, lácteos e<br />

cana-de-açúcar (2012).<br />

Além da grande repercussão dos estudos citados nas principais<br />

mídias, no meio acadêmico, com diversas publicações<br />

nacionais e internacionais e mais de 15 livros, o método foi<br />

publicado pela Revista de Administração da Universidade<br />

de São Paulo (Rausp), International Food and Agribusiness<br />

Management Association (Ifama), European Marketing Academy<br />

(Emac) e no Journal of Chain and Network Science (Wageningen<br />

University, Holanda).<br />

Indo além das visões de cadeias produtivas e redes de empresas,<br />

os sistemas agroindustriais (SAGs) consideram também<br />

o ambiente institucional e as condições estruturais nas<br />

quais essas relações acontecem. A grande contribuição dos<br />

estudos de sistemas de agroindústrias é a sua utilização para<br />

o desenho de políticas públicas, organização de empresas e<br />

estruturação de estratégias corporativas, que ainda enfrentam<br />

o problema da falta de uma abordagem sistêmica (ZYL-<br />

BERSZTAJN; NEVES, 2000).<br />

Cinco etapas fundamentais estruturam o método GESis<br />

original. Cada etapa contém fases específicas que devem ser<br />

realizadas para chegar ao seu objetivo proposto.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 23<br />

A Figura 1.1 ilustra as macro etapas do método GESis.<br />

A primeira etapa conta com a inciativa de líderes, governo,<br />

institutos de pesquisas, universidades ou outros agentes relacionados<br />

à cadeia produtiva na busca de planejar o futuro da<br />

cadeia em que se insere. A importância da primeira etapa se dá,<br />

tendo em vista que a aplicação do método de maneira coerente<br />

e efetiva deve contar com muitos agentes envolvidos, uma vez<br />

que os esforços e a mobilização de pessoas devem ser coletivos.<br />

Além da etapa 1, o método ainda conta com mais quatro<br />

etapas, porém, tendo em vista os objetivos do presente estudo,<br />

a aplicação do método nas cadeias produtivas do Estado<br />

do Tocantins limitou-se à aplicação das etapas 1 e 4, sendo a<br />

etapa 4 o principal foco do trabalho.<br />

A etapa 4 do método consiste no diagnóstico e montagem<br />

de um plano estratégico para os sistemas agroindustriais. Neves<br />

(2008) propõe que, para a realização do plano estratégico,<br />

são necessários 12 passos, que foram adaptados para a aplicação<br />

no Estado do Tocantins. A Figura 1.2 ilustra os passos<br />

sugeridos.<br />

Tendo como base o método GESis, na sequência serão detalhadas<br />

as etapas que compuseram o desenvolvimento do<br />

presente projeto.<br />

<br />

figUra 1.1<br />

Macro etapas do método GESis<br />

ETAPA 1<br />

Iniciativas de líderes,<br />

governo, institutos de<br />

pesquisa, universidades<br />

em planejar o futuro<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 2<br />

Descrição,<br />

mapeamento e<br />

quantificação<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 3<br />

Criação de uma<br />

organização<br />

vertical no sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 4<br />

Montagem de<br />

plano estratégico<br />

para o sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 5<br />

Administração<br />

dos projetos<br />

priorizados e<br />

elaboração de<br />

contratos.<br />

Fonte: Neves (2008).


24<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

figUra 1.2<br />

12 passos da etapa 4 do método GESis<br />

F<strong>AS</strong>E 1 INTRODUTÓRIA<br />

F<strong>AS</strong>E 2 <strong>PLA<strong>NO</strong></strong>S <strong>DO</strong>S VETORES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

1<br />

2<br />

4 5 6<br />

Projetos de<br />

produção, pesquisa e<br />

desenvolvimento e inovações<br />

11 12<br />

introdução e entendimento<br />

Análise do<br />

mercado e do<br />

consumidor<br />

no enfoque de<br />

sistemas<br />

3<br />

Análise da situação<br />

interna e de<br />

concorrentes<br />

globais<br />

(benchmark)<br />

Objetivos para o sistema<br />

Estratégias para atingir os objetivos propostos<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Projetos de comunicação<br />

Projetos de distribuição e<br />

logística (incluindo exportações)<br />

Projetos de capacitação e<br />

recursos humanos<br />

Projetos de coordenação<br />

e adequação ao ambiente<br />

institucional<br />

Consolidação de planos estratégicos<br />

Orçamento do Plano Estratégico<br />

Fonte: Neves (2008).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 25<br />

introdução e entendimento<br />

Para iniciar o trabalho, esta etapa envolveu o levantamento<br />

de materiais já existentes a respeito das cadeias estudadas,<br />

fossem esses específicos do Tocantins, ou materiais de contextualização<br />

de cadeias nos cenários nacional e internacional.<br />

Um amplo conjunto de materiais foi levantado pelas secretarias<br />

do Estado do Tocantins. Além dos materiais, foi conduzida<br />

reunião inicial de sensibilização dos agentes relacionados<br />

às cadeias, onde todo o escopo e método do trabalho<br />

foram apresentados e os potenciais membros que participariam<br />

da construção do trabalho puderam tirar suas dúvidas e<br />

entender o impacto do projeto para o estado e o papel de cada<br />

interlocutor na sua construção.<br />

análise do mercado e enfoque de sistemas<br />

Esta é etapa inicial de diagnóstico, onde foram mapeados os<br />

mercados internacional e nacional nos quais a cadeia alvo do<br />

estudo está inserida. A análise contou com dados de produção,<br />

consumo, exportações e importações dos principais players<br />

do mercado internacional, além de mapear como o sistema<br />

agroindustrial está posicionado no mercado brasileiro, suas<br />

principais características regionais, as tendências de consumo<br />

e as projeções e expectativas para os próximos anos.<br />

Figurando como uma análise externa, esta etapa de contextualização<br />

é fundamental para que as estratégias sugeridas<br />

ao término do projeto sejam aderentes à atual realidade da<br />

cadeia nos mercados que se inserem.<br />

análise da situação interna: o estado do tocantins<br />

Utilizando como unidade de análise o Estado do Tocantins,<br />

foi desenvolvido amplo diagnóstico das cadeias no Estado<br />

por meio de diversas pesquisas, entrevistas presenciais<br />

e remotas.<br />

Com relação às entrevistas presenciais, foram conduzidas<br />

entrevistas com: Secretaria do Desenvolvimento (Seden), Secretaria<br />

da Agricultura (Seagro), Secretaria do Planejamento<br />

(Seplan), Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Secretaria da<br />

Fazenda (Sefaz), Agência de Defesa Agropecuária do estado<br />

do Tocantins (Adapec), Universidade Federal do Tocantins<br />

(UFT), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)<br />

e Daplan Serviços Florestais.<br />

No total, participaram das primeiras entrevistas 37 pessoas,<br />

sendo 10 na Seden, sete na Seagro, cinco na Seplan, uma<br />

na Seinfra, uma na Sefaz, oito na Adapec, dois professores da<br />

UFT, duas da Embrapa e uma da Daplan. Dentre os entrevistados<br />

estavam o Secretário de Desenvolvimento, o Secretário<br />

da Agricultura e o Secretário de Planejamento. As entrevistas<br />

foram conduzidas na cidade de Palmas. Além das entrevistas,<br />

a equipe visitou a ponte do rio Tocantins em Porto Nacional e o<br />

terminal de integração da VLI na mesma cidade.


26<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

Além das entrevistas presenciais, foram realizadas duas outras<br />

entrevistas por telefone com especialistas da cadeia produtiva<br />

da Silvicultura. Uma delas com um representante da<br />

Embrapa Florestas e outra com a empresa Maju Florestas.<br />

Os principais pontos levantados foram: características gerais<br />

da cadeia no Estado, custo de produção, análise de viabilidade<br />

da cultura, associativismo e cooperativismo, exportações,<br />

indústria de processamento local, políticas estaduais<br />

de apoio ao desenvolvimento tecnológico, incentivos fiscais,<br />

preços de mercado e logística.<br />

Todos os pontos levantados foram analisados comparativamente<br />

com outros Estados de grande destaque no cenário<br />

nacional. A análise comparativa também conhecida como<br />

benchmarking é um importante direcionador estratégico,<br />

uma vez que mostra casos e estratégias de sucesso que podem<br />

ser adaptadas para posterior implementação.<br />

consolidação do diagnóstico<br />

Para resumir e apresentar o diagnóstico feito nas duas etapas<br />

anteriores de forma mais didática, algumas ferramentas<br />

de grande prestígio no meio acadêmico foram utilizadas, sendo<br />

elas a Pest e o modelo das Cinco Forças de Porter.<br />

A utilização dessas duas ferramentas, além de guiar o levantamento<br />

das informações, permite uma melhor visualização<br />

dos dados para a tomada de decisões quanto ao presente<br />

e futuro da cadeia alvo do plano.<br />

A ferramenta Pest é amplamente utilizada no planejamento<br />

estratégico de organizações para a identificação das ameaças<br />

e oportunidades derivadas do ambiente político-legal, econômico-natural,<br />

sociocultural e tecnológico.<br />

Já o modelo das Cinco Forças de Porter consiste na análise<br />

das informações considerando a Rivalidade entre os Concorrentes,<br />

a Ameaça de Novos Entrantes, a Ameaça de Produtos<br />

Substitutos, o Poder de Barganha dos Fornecedores e o Poder<br />

de Barganha dos Compradores (PORTER, 1980; PORTER, 1998).<br />

objetivos para a cadeia e estratégias centrais<br />

Após estudar a cadeia produtiva e entender seu posicionamento<br />

e competitividade no Estado do Tocantins, é fundamental<br />

determinar os objetivos que devem ser buscados<br />

por meio do delineamento de ações estratégicas. Esta etapa<br />

envolveu a indicação do posicionamento estratégico para a<br />

cadeia, a definição de missão e visão e o estabelecimento de<br />

metas para os próximos 10 anos.<br />

Tendo como base o posicionamento almejado do Estado,<br />

foram determinados pilares e ações estratégicas que devem<br />

guiar os próximos passos da cadeia produtiva no Estado do<br />

Tocantins.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 27


anÁLise de mercado e<br />

enFoQUe de sistemas


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 29<br />

2. 1. Análise do mercado internacional<br />

A silvicultura, por definição, diz respeito à ciência que estuda<br />

natural e artificialmente a restauração e o melhoramento<br />

das florestas a fim de atender às demandas do mercado<br />

(AGEITEC, 2017). Essa prática tem como objetivo principal a<br />

produção de madeira para diversos fins, os quais serão abordados<br />

mais adiante. É possível dividir a silvicultura em dois<br />

segmentos: a clássica e a moderna. A silvicultura clássica tem<br />

como principal área de atuação as florestas naturais, condicionadas<br />

às características do ecossistema em que está inserida.<br />

Já a moderna, atua em florestas plantadas, em um ambiente<br />

artificialmente estabelecido (LAMPRECHT, 1990).<br />

Já o IBGE (2017) divide os modos de obtenção de produtos<br />

provenientes de florestas, criando dois grupos: o da extração<br />

vegetal, que utiliza dos recursos florestais nativos; e o da silvicultura,<br />

que são produtos obtidos por meio de maciços florestais<br />

plantados.<br />

Os produtos provenientes de florestas (tanto plantadas<br />

como nativas) são diversos e não se limitam somente à madeira,<br />

o IBGE (2017) classifica em diversos grupos: alimentícios;<br />

aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes; borrachas;<br />

ceras; fibras; produtos madeireiros; dentre outros.<br />

Os produtos madeireiros ainda podem ser divididos de<br />

acordo com seu uso. Para Pereira (2003), as toras de madeira<br />

podem ser destinadas a usos industriais como serrados,<br />

painéis de madeira e celulose; como também para uso como<br />

combustível, por exemplo, a lenha e o carvão vegetal.<br />

Além da importância econômica que a silvicultura possui,<br />

sua produção também acarreta diversos benefícios, tais como:<br />

ajudar a regular a temperatura do planeta (através da fotossín-


30<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

figUra 2.1<br />

Produção mundial de madeira<br />

5° RÚSSIA<br />

Produção: 213,8 milhões de<br />

metros cúbicos<br />

1° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Produção: 402, 0 milhões<br />

de metros cúbicos<br />

4° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Produção: 254,4 milhões de<br />

metros cúbicos<br />

3° CHINA<br />

Produção: 338,1 milhões<br />

de metros cúbicos<br />

2° ÍNDIA<br />

Produção: 356,1 milhões<br />

de metros cúbicos<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

tese), fornecer condições ambientais para que diversas espécies<br />

possam se desenvolver e formarem ecossistemas complexos,<br />

além de proteção do solo e conservação de águas através<br />

da sua altura e estrutura vertical (SUZA<strong>NO</strong>, 2012).<br />

No mundo, a silvicultura tem sido usada por diversos setores,<br />

principalmente como fonte energética. Seus subprodutos<br />

são demandados pelas indústrias de papel e celulose, siderúrgicas,<br />

serrarias, termelétricas, dentre outros. Para melhor<br />

analisar a participação dos maiores países produtores dessa<br />

cultura, em 2016 foi elaborada a Figura 2.1.<br />

Em 2016 foi produzido um total de 3,7 bilhões de m³ de madeira,<br />

distribuído entre 168 países. A participação dos 5 principais<br />

produtores foi equivalente a 42,2% do total mundial.<br />

Ao analisar a série histórica de produção mundial de madeira,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 31<br />

<br />

milhões de m 3<br />

gráfico 2.1<br />

Série histórica da produção mundial de produtos madeireiros<br />

3,8<br />

3,7<br />

3,6<br />

3,5<br />

3,4<br />

3,3<br />

3,2<br />

3,1<br />

3,54<br />

3,58<br />

3,46<br />

3,35<br />

3,53<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

é possível observar que esse valor não tem sofrido grandes<br />

variações no decorrer dos últimos tempos.<br />

No Gráfico 2.1 é possível observar uma tendência de crescimento,<br />

mesmo que gradual, da silvicultura no mundo. Em 10<br />

anos (2006 – 2016), a produção de produtos madeireiros cresceu<br />

5,3%, com leve queda nos anos de 2008 e 2009. Essa desaceleração<br />

foi causada principalmente pela redução do ritmo<br />

econômico mundial e a estagnação da produção de celulose<br />

causada pela diminuição do consumo chinês do produto. A partir<br />

de 2010 houve crescimento constante da produção mundial.<br />

3,60<br />

3,61<br />

3,66<br />

3,69<br />

3,71<br />

3,73<br />

Em relação aos principais produtores, Estados Unidos,<br />

Índia, China, Brasil e Rússia, é possível observar que todos<br />

possuem territórios com grandes extensões de terra. Muitos<br />

deles têm modificado no decorrer dos anos suas práticas de<br />

silvicultura: a China, por exemplo, aumentou muito sua participação<br />

tanto como consumidor quanto como produtor de<br />

produtos florestais, inclusive ultrapassando o Canadá no consumo<br />

de madeira serrada e os Estados Unidos na produção da<br />

mesma. Além disso, o país é o maior produtor e consumidor<br />

de painéis de papel com base em madeira e o maior importador<br />

mundial de madeira redonda industrial, madeira serrada<br />

e braseira (polpa e papel recuperado); e o maior exportador de<br />

painéis à base de madeira (FAO, 2016a).<br />

A Índia, aumentou sua produção conforme foi ganhando<br />

espaço na produção de papel. Entre 2014 e 2015, o país se<br />

tornou o quinto maior produtor de papel e papelão do mundo.<br />

(FAO, 2016a).<br />

A Rússia ultrapassou recentemente o Canadá e a Alemanha<br />

para se tornar o terceiro maior produtor e consumidor mundial<br />

de painéis à base de madeira do mundo. E a América do<br />

Sul continuou a expandir a produção de celulose de madeira<br />

com um número crescente de novas fábricas de celulose sendo<br />

construídas no Brasil, no Chile e no Uruguai (FAO, 2016a).<br />

Dentre os grandes produtores mundiais de madeira, nem<br />

todos são necessariamente os que mais exportam o produto.


32<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 2.1<br />

Exportação mundial de madeira em 2016<br />

<br />

taBEla 2.2<br />

Importação mundial de madeira em 2016<br />

PAÍSES QUANTIDADE (M 3 ) VALOR (MIL US$)<br />

PAÍSES QUANTIDADE (M 3 ) VALOR (MIL US$)<br />

Rússia 20.125.964 1.353.659<br />

Nova Zelândia 14.688.733 1.911.252<br />

Estados Unidos 11.783.500 1.740.848<br />

Canadá 7.001.815 634.226<br />

República Checa 5.867.953 476.526<br />

Austrália 5.460.845 297.520<br />

França 4.607.851 312.450<br />

Ucrânia 4.290.300 292.016<br />

Alemanha 3.870.786 363.563<br />

totaL MunDiaL 130.919.234 15.418.356<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

Isso porque, muitos deles, os consomem e processam internamente.<br />

A China, por exemplo, possui grandes siderúrgicas<br />

que são alimentadas em grande parte por produtos madeireiros<br />

do próprio país.<br />

Na Tabela 2.1. são apresentados os principais exportadores<br />

de produtos madeireiros do mundo em quantidade e em valor.<br />

O total das exportações mundiais foi de mais de 130 milhões<br />

de m³. Apesar de os 5 principais países serem responsáveis<br />

por 45% desse total, apenas a Rússia e a Nova Zelândia<br />

exportam mais do que 10% do total. Isso significa que não há<br />

China 48.549.413 8.197.184<br />

Austrália 9.657.428 768.898<br />

Alemanha 8.831.002 646.258<br />

Suécia 6.995.280 375.207<br />

Finlândia 5.939.617 265.539<br />

Índia 5.694.122 2.324.283<br />

Canadá 4.319.548 289.852<br />

Bélgica 4.106.248 250.081<br />

Itália 4.067.067 339.290<br />

TOTAL MUNDIAL 132.618.000 17.462.957<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

grande concentração e dependência de determinados países<br />

para venda mundial desses produtos, diferentemente de outros,<br />

como o arroz e a soja.<br />

Outro ponto a ser destacado é que, apesar de os Estados<br />

Unidos exportarem quase a metade da quantidade de madeira<br />

da Rússia, o valor de seu faturamento com essas vendas<br />

é maior. O motivo é a exportação de produtos com maior<br />

valor agregado.<br />

Vale destacar que a China é um grande influenciador do<br />

comércio mundial de produtos madeireiros. Isso porque sua


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 33<br />

participação nas importações mundiais é de, aproximadamente,<br />

37%, muito acima do segundo colocado, a Austrália,<br />

que representa apenas 7% (Tabela 2.2). Dessa forma, existe<br />

grande dependência dos exportadores desses produtos em<br />

relação ao país. Com algumas denúncias a respeito de importação<br />

de madeira ilegal na última década, a China vem investindo<br />

cada vez mais na produção de própria madeira.<br />

As razões pelas quais a demanda chinesa, e consequentemente<br />

a mundial, por aço têm diminuído são várias. Dentre<br />

elas está a desaceleração do crescimento e envelhecimento<br />

da população. Além disso, o conceito de economia circular<br />

tem se tornado cada vez mais presente, reduzindo a necessidade<br />

de novos recursos e estimulando o reaproveitamento e a<br />

reciclagem (WORLD STEEL <strong>AS</strong>SOCIATION, 2017a).<br />

setor siderúrgico<br />

Outro setor bastante influente para a silvicultura mundial é o<br />

siderúrgico. Ele é responsável pela produção de aço e produtos<br />

derivados, os quais são utilizados em diversos setores da economia.<br />

Sua participação na demanda de produtos florestais vem<br />

do fato que grande parte do carvão proveniente do cultivo de<br />

árvores vai para a produção de aço. É importante ressaltar que<br />

existem outros combustíveis utilizados para queima em siderúrgicas,<br />

mas o carvão continua a ter grande representatividade.<br />

Para os próximos anos, o setor siderúrgico tem apresentado<br />

tendência de estagnação da demanda desses produtos<br />

madeireiros em decorrência de diversos fatores. O principal<br />

deles é a desaceleração da siderurgia chinesa, que tende a<br />

permanecer com baixo ou nenhum crescimento a médio prazo.<br />

Essa desaceleração tem sido uma tendência mundial, já<br />

que a demanda por aço é bastante dependente da China como<br />

pode ser observado no Gráfico 2.2.<br />

<br />

milhões de toneladas<br />

gráfico 2.2<br />

Evolução mundial da demanda de aço<br />

1.800<br />

1.600<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

1950<br />

1955<br />

Restante do mundo<br />

China<br />

EX - URSS<br />

EUA. UE. Japão<br />

CAGR<br />

1950-1975<br />

+5.0%<br />

1960<br />

1965<br />

1970<br />

1975<br />

1980<br />

CAGR<br />

1976-2000<br />

+1.1%<br />

1985<br />

1990<br />

1995<br />

CAGR<br />

2008-2013<br />

+3.7%<br />

CAGR<br />

2001-2007<br />

+6.7%<br />

2000<br />

2005<br />

2010<br />

2015<br />

Fonte: World Steel Association (2017a).


34<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

gráfico 2.3<br />

Produção mundial de aço<br />

<br />

gráfico 2.4<br />

Market share da produção mundial de aço<br />

Turquia<br />

2%<br />

2%<br />

Brasil<br />

milhões de toneladas<br />

1.800<br />

1.600<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

-2,4%<br />

Alemanha 3%<br />

Coreia do Sul 4%<br />

Rússia 4%<br />

EUA 5%<br />

Índia 6%<br />

Japão 6%<br />

50%<br />

China<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Outros<br />

18%<br />

QUEDA 2014 - 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de World Steel Association (2017b).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de World Steel Association (2017b).<br />

Além de ser a maior consumidora de aço do mundo, a China<br />

também possui o maior “share” de produção, o que demostra ainda<br />

mais a dependência que o setor possui do país. O Gráfico 2.3 e<br />

o Gráfico 2.4 ilustram as questões abordadas acima.<br />

Analisando o share mundial de produção de aço é possível<br />

observar a pequena participação da América do Sul, mesmo<br />

o Brasil estando entre os maiores produtores de madeira do<br />

mundo. Isso sinaliza potencial de crescimento do setor na região,<br />

já que existe disponibilidade de matéria-prima.<br />

A demanda da União Europeia e América do Norte é puxada,<br />

respectivamente, pela Alemanha e Estados Unidos.<br />

termelétricas<br />

O sistema de geração de energia elétrica necessita de uma


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 35<br />

fonte primária para funcionamento (recurso natural), o que<br />

justifica esse tipo de atividade causar impactos ambientais,<br />

socioeconômicos e culturais (CCEE, 2015).<br />

As principais formas de geração de energia elétrica são as<br />

usinas hidrelétricas, eólicas, termelétricas e nucleares e painéis<br />

solares. No caso das termelétricas usa-se o carvão mineral<br />

como matéria-prima, que resulta de uma mistura complexa<br />

que relaciona a decomposição de matéria orgânica com<br />

temperatura e pressão, como ocorre com todos os combustíveis<br />

fósseis (ANEEL, 2008).<br />

Tal recurso é classificado como não renovável, juntamente<br />

com o petróleo e gás natural, ou seja, apesar de possuírem<br />

grande potencial energético, variedade de utilização e serem<br />

transportados com facilidade, tem alto impacto ambiental.<br />

Em contrapartida, as fontes renováveis como a eólica, solar,<br />

biomassa e hidráulica, possuem menor impacto ambiental,<br />

reduzem dependência energética e conferem autonomia<br />

energética para um país, pois não dependem mais de importação<br />

de combustíveis fósseis. A desvantagem dessas fontes<br />

inclui o fato de requererem maiores custos de investimento e<br />

infraestrutura (FINDER, 2011).<br />

O carvão mineral é altamente poluente, mas ainda possui<br />

seu papel de importante fonte energética mundial, pois existem<br />

muitas reservas dispersas pelo mundo. O potencial de<br />

contribuição do carvão mineral continua alto, auxiliando na<br />

<br />

milhões de toneladas<br />

gráfico 2.5<br />

Série histórica de produção mundial de carvão vegetal*<br />

46,9 46,9<br />

45,4<br />

46,3<br />

47,2<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

*Considerando Wood charcoal / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

industrialização e, consequentemente, na qualidade de vida<br />

da sociedade no sentido econômico (ANEEL, 2013).<br />

É possível notar o crescimento do carvão vegetal ao longo<br />

dos últimos anos, conforme a série histórica do Gráfico 2.5.<br />

É visível a evolução ao longo do período em questão: houve<br />

uma variação positiva de aproximadamente 9% na produção<br />

mundial de carvão vegetal. O Gráfico 2.6 relaciona a<br />

participação de cada região do globo no total da produção de<br />

carvão vegetal.<br />

49,8<br />

50,6<br />

51,4<br />

51,0 51,1


36<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

gráfico 2.6<br />

Participação por região do globo na produção de carvão (2016)<br />

<br />

gráfico 2.7<br />

Evolução do comércio global de carvão<br />

Ásia<br />

17,5%<br />

Europa<br />

1,2%<br />

0,1% Oceania<br />

62,4% África<br />

Milhões de toneladas<br />

Importação mundial de<br />

carvão vegetal*<br />

1,55<br />

2.42<br />

Exportação mundial de<br />

carvão vegetal*<br />

1,59<br />

2,27<br />

Outros<br />

18,9%<br />

2007 2016 2007 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

*considerando wood charcoal / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

O continente africano é responsável por 62% do total produzido<br />

no mundo em quantidade; ainda assim, quando analisados<br />

os maiores países produtores, o Brasil é o maior, sendo<br />

responsável por 6 milhões de toneladas, seguido pela Nigéria,<br />

com 4 milhões de toneladas.<br />

Com relação ao comércio global, o Gráfico 2.7 representa as<br />

evoluções tanto de exportações quanto importações. As exportações<br />

cresceram cerca de 43% ao longo dos últimos 10 anos<br />

e as importações cresceram cerca de 56% no mesmo período.<br />

No ano de 2016, o principal exportador foi a Indonésia com<br />

436 mil toneladas, seguida pela Polônia, com 203 mil toneladas.<br />

Já o principal importador, no mesmo período, foi a Alemanha<br />

com 203 mil toneladas, seguida pela China, com 172<br />

mil toneladas.<br />

serraria<br />

A indústria madeireira tem perfil desenvolvimentista, por<br />

necessitar de tecnologia relativamente simples e gerar em-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 37<br />

<br />

milhões de m 3<br />

gráfico 2.8<br />

Série histórica de produção de madeira serrada*<br />

434,3<br />

386,8<br />

344,5<br />

375,6<br />

388,6<br />

404,8<br />

423,2<br />

439,5<br />

454,0<br />

464,9<br />

<br />

taBEla 2.3<br />

Ranking dos maiores produtores de madeira serrada do mundo<br />

POSIÇÃO PAÍS PRODUÇÃO (MILHÕES DE M³)<br />

1º EUA 78,15<br />

2º China 74,30<br />

3º Canadá 49,74<br />

4º Rússia 36,79<br />

5º Alemanha 22,19<br />

6º Suécia 18,00<br />

7º Brasil 15,22<br />

8º Finlândia 11,41<br />

9º Japão 9,56<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

*Considerando sawnwood / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

10º Áustria 9,21<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

pregos tanto diretos, quanto indiretos (PONCE, 1993). Sendo<br />

assim, torna-se interessante um investimento nesse setor<br />

por parte do Tocantins. A madeira é a matéria-prima utilizada<br />

para diversos fins, inclusive a construção civil.<br />

Segundo a FAO (2017), a produção mundial de madeira serrada<br />

(constituída de peças cortadas longitudinalmente por<br />

meio de serra), no ano de 2016, foi de 465 milhões de m³. O<br />

Gráfico 2.8 mostra a série histórica de produção ao longo dos<br />

últimos 10 anos.<br />

Do total dessa produção, 88% é destinada para painéis à<br />

base de madeira, segundo dados da FAO (2017). A Figura 2.9<br />

representa os tipos específicos de madeira que surgem a partir<br />

da produção mundial.<br />

A madeira compensada tem a maior representatividade<br />

dentre os tipos específicos produzidos a partir dos painéis à<br />

base de madeira. Isso acontece por ter uma ampla utilização,<br />

podendo ser usada em escritórios, residências e para acabamentos<br />

externos.


38<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

figUra 2.9<br />

Produção mundial de madeiras específicas<br />

Madeira serrada<br />

464,91 mi m3<br />

outros destinos<br />

painéis à base de<br />

madeira<br />

55,4 mi m3<br />

409,51 mi m3<br />

Folhas de madeira<br />

14,35 mi m3<br />

Madeira compensada<br />

157,22 mi m3<br />

painel de partículas<br />

e osb<br />

118,97 mi m3<br />

painéis duros<br />

11,9 mi m3<br />

MDF/HDF<br />

97,37 mi m3<br />

outros painéis de<br />

fi b r a<br />

9,72 mi m3<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

O país com maior produção de madeira serrada é os EUA,<br />

representando 17% do total mundial. A Tabela 2.3 mostra o<br />

ranking dos dez primeiros maiores produtores do material.<br />

Em relação ao comércio mundial de madeira serrada, as exportações<br />

totalizaram cerca de 143 milhões de toneladas no<br />

ano de 2016. A Europa representou cerca de 60% das exportações<br />

do mundo nesse mesmo ano. Em 2007 o valor exportado<br />

foi cerca de 133 milhões de tonelada, 7% inferior.<br />

Em relação às importações, a Ásia é a maior representante,<br />

com 40% do total de 143 milhões de toneladas no ano de 2016.<br />

Em 2007, o valor foi de 134 milhões de toneladas, 7% inferior.<br />

A Tabela 2.4 mostra o ranking dos três maiores exportadores<br />

e importadores mundiais.<br />

A China, como pode ser visto, representa quase um quarto<br />

do total exportado de madeira serrada, assim como acontece<br />

com o Canadá nas exportações.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 39<br />

<br />

taBEla 2.4<br />

Maiores países importadores e exportadores de madeira serrada do<br />

mundo (2016)<br />

<br />

gráfico 2.10<br />

Produção mundial de<br />

madeira de fibra curta*<br />

<br />

gráfico 2.11<br />

Produção mundial de<br />

madeira de fibra longa**<br />

PAÍS<br />

EXPORTAÇÃO<br />

Milhões de m 3<br />

PARTICIPAÇÃO<br />

MUNDIAL (%)<br />

PAÍS<br />

IMPORTAÇÃO<br />

Milhões de m 3<br />

PARTICIPAÇÃO<br />

MUNDIAL (%)<br />

Canadá 33,17 23% China 32,76 23%<br />

Rússia 26,34 18% EUA 29,79 21%<br />

Suécia 13,01 9% Reino Unido 6,61 5%<br />

TOTAL MUN<strong>DO</strong> 146,54 100% TOTAL MUN<strong>DO</strong> 140,84 100%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

milhões de m 3<br />

270,78<br />

317,33<br />

2007 2016<br />

*Considerando “Pulpwood, round and split,<br />

non coniferous” para fibras curtas. / Fonte:<br />

elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

milhões de m 3<br />

326,34<br />

279,86<br />

2007 2016<br />

** Considerando “Pulpwood, round and split,<br />

coniferous” para fibras longas. / Fonte: elaborado<br />

por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

papel e celulose<br />

• Celulose<br />

A celulose é um composto orgânico fibroso contido na<br />

maioria dos vegetais, sejam coníferas ou folhosas (dois grandes<br />

grupos produtores de madeira). É a partir da celulose que<br />

o papel é produzido.<br />

O papel possui diversos fins e cada tipo de papel advém<br />

de um tipo de madeira e fibra específica. Papéis com elevada<br />

resistência mecânica, como os destinados à embalagem,<br />

preferencialmente, são feitos a partir da celulose originada<br />

da madeira de fibra longa (cerca de 3 a 7 mm), como o Pinus.<br />

Já os papéis para impressão e escrita, por exemplo, que são<br />

mais finos, são feitos, na maior parte, a partir da celulose advinda<br />

da madeira de fibra curta (0,5 a 1,5 mm), como a do<br />

eucalipto (REVISTA TEC<strong>NO</strong>LOGIA GRÁFICA, 2015).<br />

O Gráfico 2.10 e o Gráfico 2.11 relacionam o progresso de<br />

madeira de fibra curta e longa dos últimos dez anos.<br />

A produção total da madeira de fibra curta, no ano de 2016,<br />

foi 17,2% superior ao ano de 2007 e, em relação à fibra longa,<br />

o total foi 16,6% superior no mesmo período.<br />

O Brasil é o principal produtor de madeira de fibra curta,<br />

com 64 milhões de m³. Na fibra longa, os EUA aparecem em<br />

primeiro lugar com cerca de 116 milhões de m³, conforme a<br />

Tabela 2.5 demonstra.<br />

Em relação à celulose direcionada para produção de papel,<br />

segundo dados da FAO (2017), no ano de 2016, foram produ-


40<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 2.5<br />

Principais produtores de madeiras de fibras longa e curta para papel em 2016<br />

FIBRA CURTA (MILHÕES DE M 3 ) FIBRA LONGA (MILHÕES DE M 3 )<br />

1º Brasil 64,0 6º Canadá 12,4 1º EUA 130,3 6º Brasil 12,8<br />

2º EUA 46,4 7º Chile 10,8 2º Suécia 27,9 7º Chile 10,4<br />

3º Indonésia 35,1 8º Austrália 10,1 3º Finlândia 22,9 8º Alemanha 8,3<br />

4º Rússia 28,3 9º Uruguai 9,7 4º Rússia 19,8 9º Canadá 7,9<br />

5º China 24,7 10º Finlândia 8,0 5º Polônia 14,4 10º Turquia 6,9<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

<br />

taBEla 2.6<br />

Exportações e importações de celulose para papel no mundo (milhões de toneladas)<br />

PAÍS IMPORTAÇÃO 2015 IMPORTAÇÃO 2016 VARIAÇÃO PAÍS EXPORTAÇÃO 2015 EXPORTAÇÃO 2016 VARIAÇÃO<br />

China 17,58 17,58 0% Brasil 11,6 11,60 0%<br />

EUA 5,23 5,50 5% Canadá 9,39 9,51 1%<br />

Alemanha 4,47 4,47 0% EUA 7,04 7,10 1%<br />

Itália 3,48 3,43 -1% Chile 4,41 4,41 0%<br />

Coreia do Sul 2,31 2,31 0% Indonésia 3,41 3,41 0%<br />

França 1,61 1,95 21% Finlândia 2,98 3,36 13%<br />

Japão 1,61 1,61 0% Suécia 2,95 2,97 1%<br />

Países Baixos 0,92 1,17 27% Uruguai 2,36 2,36 0%<br />

Turquia 1,03 1,15 12% Rússia 2,22 2,30 4%<br />

Espanha 1,10 1,10 0% Alemanha 1,15 1,17 2%<br />

Mundo 54,64 55,25 1% Mundo 55,03 56,47 3%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 41<br />

<br />

figUra 2.2<br />

Maiores produtores de celulose para papel<br />

PRODUÇÃO TOTAL DE CELULOSE <strong>PARA</strong><br />

PAPEL EM 2016 (MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong>)<br />

PRODUÇÃO MUNDIAL TOTAL: 183,0<br />

5° SUÉCIA<br />

Produção 11,03<br />

Participação 6,0%<br />

3° CANADÁ<br />

Produção 16,59<br />

Participação 9,0%<br />

4° CHINA<br />

Produção 16,30<br />

Participação 8,09%<br />

1° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Produção 48,78<br />

Participação 26,5%<br />

2° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Produção 18,77<br />

Participação 10,2%<br />

*Considerando “pulp for paper”. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

zidas cerca de 183 milhões de toneladas. Os maiores produtores<br />

de celulose para papel estão relacionados na Figura 2.2.<br />

Em relação ao comércio mundial, a Tabela 2.6 resume a<br />

variação de 2015 para 2016 em exportações e importações,<br />

destacando os principais países envolvidos nessa dinâmica<br />

do mercado de celulose para papel.<br />

O mundo exportou cerca de 56,5 milhões de toneladas de<br />

celulose para papel, valor 3% superior que o ano anterior de<br />

2015. O Brasil se posicionou como maior exportador do produto<br />

no ano de 2016 e a China como maior importador.


42<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

• Papel<br />

No mundo atual, os escritórios, com toda tecnologia e modernização<br />

a que estão submetidos, estão se propondo a adotar<br />

condutas sustentáveis; e uma dessas mudanças envolve<br />

a diminuição do uso de papel por meio da digitalização de<br />

documentos. No entanto, é impossível se desvencilhar totalmente<br />

da utilização desse material, ainda mais no ambiente<br />

organizacional, seja para impressão ou documentação de alguma<br />

atividade.<br />

Além disso, o papel é mais do que material de escritório,<br />

pois ainda é utilizado na fabricação de sacolas, embalagens,<br />

caixas, embrulhos, toalhas, jornais, livros, dentre outros.<br />

Ou seja, o mundo moderno também é cheio de papel.<br />

Segundo estatísticas disponibilizadas pela FAO (2017), considerando<br />

valores totais referentes a “papel e cartão”, foram<br />

produzidas no mundo, aproximadamente, 409 milhões de toneladas<br />

de papel em 2016.<br />

Ao longo dos últimos 10 anos, o mercado de papel veio<br />

crescendo cerca de 0,7% a.a., conforme a série histórica apresentada<br />

no Gráfico 2.12.<br />

A Ásia é a principal representante em quantidade produzida<br />

de papel, chegando a cerca de 47% do total.<br />

Os cinco principais players, no que diz respeito à produção<br />

mundial de papel, representam 59,7% do total produzido<br />

mundialmente, totalizando juntos cerca de 266 milhões de<br />

<br />

milhões de toneladas<br />

gráfico 2.12<br />

Série histórica de produção mundial de papel e cartão*<br />

391,8<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

*Considerando “Paper and paperboard”. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

toneladas no ano de 2016. A Figura 2.3 representa o ranking<br />

dos principais países produtores mundiais de papel.<br />

A China, como maior importadora de celulose, ganha força<br />

na produção de papel, liderando o ranking dos maiores produtores,<br />

com uma participação de cerca de 26,5%, agregando<br />

valor ao produto.<br />

projeções<br />

389,9<br />

370,6<br />

392,5<br />

400,1 399,1<br />

396,8<br />

404,1<br />

406,7<br />

408,7<br />

Grande parte da madeira produzida mundialmente é destinada<br />

à produção de celulose para papel. Esse é um mercado<br />

que nos últimos anos apresentou características de estagna-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 43<br />

<br />

figUra 2.3<br />

Principais players no mercado de papel.<br />

PRODUÇÃO TOTAL DE PAPEL EM 2016<br />

(MILHÕES DE TONELAD<strong>AS</strong>)*<br />

PRODUÇÃO MUNDIAL TOTAL: 409,03<br />

4° ALEMANHA<br />

Produção 22,63<br />

Participação 5,5%<br />

2° ESTA<strong>DO</strong>S UNI<strong>DO</strong>S<br />

Produção 71,9<br />

Participação 17,6%<br />

6° BR<strong>AS</strong>IL<br />

Produção 10,33<br />

Participação 2,5%<br />

3° JAPÃO<br />

Produção 26,05<br />

Participação 6,3%<br />

1° CHINA<br />

Produção 112,6<br />

Participação 27,5%<br />

5° ÍNDIA<br />

Produção 14,96<br />

Participação 3,7%<br />

*Considerando “Paper and paperboard”. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

ção em produção. No Gráfico 2.13 é possível observar que a<br />

capacidade de produção mundial de celulose para papel tem<br />

tendência de diminuição até 2020, o que pode prejudicar o<br />

setor de cultivo de árvores.<br />

É importante salientar que, para a elaboração do<br />

Gráfico 2.13, foram utilizados dados da FAO (2016b) fornecidos<br />

por 30 países, os quais representam o total de 85% da<br />

produção mundial de papel. Dessa forma, se mantida a proporção,<br />

pode-se estimar que, em 2020, a capacidade total de<br />

produção de celulose para papel a partir de madeira será de<br />

156,6 mil toneladas no mundo. Além disso, deve ser destacado<br />

que a capacidade produtiva de uma indústria nem sempre<br />

é totalmente explorada, o que faz com que a produção efetiva<br />

de celulose para papel seja ainda menor.


44<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

gráfico 2.13<br />

Capacidade de produção mundial de celulose para papel<br />

<br />

gráfico 2.14<br />

Capacidade de produção mundial de papel<br />

158.000<br />

156.000<br />

154.000<br />

Os dados desse gráfico são de uma pesquisa que envolveu 30 países produtores<br />

251.000<br />

250.000<br />

249.000<br />

248.000<br />

1,6%<br />

249.293<br />

250.233<br />

mil toneladas<br />

152.000<br />

150.000<br />

148.000<br />

mil toneladas<br />

247.000<br />

246.000<br />

245.000<br />

246.287<br />

246.364<br />

247.727<br />

146.000<br />

144.000<br />

147.595<br />

149.742<br />

152.293<br />

154.969<br />

156.663<br />

155.958<br />

244.000<br />

243.000<br />

245.037<br />

142.000<br />

2015 2016 2017 2018 2019 2020<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2016b).<br />

242.000<br />

2015 2016 2017 2018 2019 2020<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2016b).<br />

A partir do total de celulose produzida é possível também<br />

projetar o avanço da produção de papel para os mesmos períodos,<br />

como pode ser observado no Gráfico 2.14.<br />

Adotando os mesmos princípios da celulose para a produção<br />

mundial de papel, é possível concluir que no ano de 2020<br />

o valor total será de 250,2 mil toneladas.<br />

Outra tendência mundial que pode influenciar a cadeia mundial<br />

de silvicultura é a do crescimento do setor de energia com<br />

recursos alternativos ao carvão, como gás natural, petróleo e<br />

fontes renováveis. A projeção é de que o setor cresça 58% e tenha<br />

investimento de US$ 10,2 trilhões até 2040. O problema é que as<br />

termelétricas (que têm carvão como recurso base), têm expectativa<br />

de reduzir 87% até o mesmo ano, o que diminuiria muito a<br />

demanda pelo produto e, consequentemente, por madeira.<br />

2. 2. Análise do mercado nacional<br />

A silvicultura no Brasil é constituída, em sua grande maioria,<br />

pelo eucalipto, o qual possui maior facilidade para se adaptar


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 45<br />

<br />

gráfico 2.15<br />

Volume da Produção Brasileira entre 2011 e 2016<br />

90<br />

85<br />

80<br />

70<br />

76<br />

74<br />

72<br />

72<br />

77<br />

volume produzido<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

52<br />

50<br />

57<br />

58<br />

55<br />

57<br />

56<br />

52<br />

55<br />

47<br />

53<br />

48<br />

20<br />

10<br />

0<br />

4 5<br />

6<br />

6<br />

5<br />

5<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Carvão vegetal (t) Lenha (m 3 ) Madeira em tora para papel e celulose (m 3 ) Madeira em tora para outras finalidades (m 3 )<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

aos climas e solos do país. O eucalipto chegou ao Brasil por volta<br />

de 1820, porém, só começou a ser comercializado em meados<br />

de 1900, quando sua produção era destinada para construção<br />

civil e como combustível (SUZA<strong>NO</strong>, 2012).<br />

Para análise da silvicultura no Brasil, foram utilizados os seus<br />

produtos: carvão vegetal, lenha, madeira em tora para papel e celulose<br />

e madeira em tora para outras finalidades. O Gráfico 2.15<br />

evidencia o volume da produção brasileira nos últimos anos.<br />

Entre os anos de 2011 e 2016, observou-se um crescimento<br />

de 5,6% na produção brasileira de produtos madeireiros.<br />

Na Tabela 2.7, é demonstrada a evolução da produção para<br />

cada um dos itens:


46<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 2.7<br />

Evolução da silvicultura brasileira entre 2011 e 2016<br />

<br />

gráfico 2.16<br />

Série histórica de produção brasileira de celulose para papel<br />

PRODUTO<br />

VARIAÇÃO<br />

Carvão vegetal 20,1%<br />

Lenha 3%<br />

Madeira em tora para papel e celulose 12,2%<br />

Madeira em tora para outras finalidades -2,9%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

Como mostrado no Gráfico 2.16, a produção de celulose<br />

para papel cresceu 35,25% no período analisado, aumentando<br />

a demanda pela matéria-prima, o que fez crescer a produção<br />

de madeira em tora para papel e celulose, fato evidenciado<br />

na Tabela 2.7.<br />

O crescimento na produção madeireira foi alimentado pelo<br />

aumento da área destinada às florestas plantadas no Brasil,<br />

registrando um acréscimo de 7% em 2016 em relação a 2014,<br />

como demonstrado no Gráfico 2.17.<br />

A silvicultura brasileira está concentrada nas regiões Sul e<br />

Sudeste: as duas são responsáveis por aproximadamente 75%<br />

da produção e cerca de 70% da área plantada em todo o país.<br />

produtividade<br />

De acordo com Silva, Bueno e Neves (2016), a produtividade<br />

do Eucalipto e do Pinus, principais árvores que compõem a<br />

silvicultura brasileira, cresceu de 15 m³/ha.ano para 43 m³/<br />

milhões de toneladas<br />

<br />

Área (milhões de ha)<br />

18,8<br />

17,4<br />

16,5<br />

15,1<br />

13,9 14,0<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

gráfico 2.17<br />

10,20 Evolução da área plantada de florestas no Brasil<br />

10,02<br />

10,00<br />

9,94<br />

9,80<br />

9,60<br />

9,37<br />

9,40<br />

9,20<br />

9,00<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 47<br />

<br />

60<br />

gráfico 2.18<br />

Evolução histórica da produtividade do eucalipto<br />

m 3 /ha ano<br />

45<br />

30<br />

15<br />

0<br />

evoLução HistÓriCa Da proDutiviDaDe Do euCaLYptus<br />

1970<br />

2013<br />

Fonte: Silva, Bueno e Neves (2016).<br />

ha.ano e 15 m³/ha.ano para 32 m³/ha.ano, respectivamente,<br />

entre os anos de 1970 e 2013. Isso ocorreu, principalmente,<br />

pelo desenvolvimento tecnológico do manejo e da genética<br />

empregada na silvicultura.<br />

Segundo a Embrapa Florestas (2017), a produtividade média<br />

nacional do eucalipto, principal árvore da silvicultura brasileira,<br />

é de 41 m³ por hectare.ano, se considerado um ciclo de<br />

corte de aproximadamente sete anos.<br />

Apesar de o país ter uma elevada produtividade quando<br />

comparada com outros países produtores, como mostra o<br />

site da revista Remade (2017), a produtividade no Tocantins<br />

é bem menor segundo os entrevistados, girando em torno de<br />

22 m³/ha.ano a 23 m³/ha.ano.<br />

Para uma análise mais detalhada da produção silvícola, foi<br />

elaborado um ranking com os principais produtores de cada<br />

um dos produtos madeireiros estudados: carvão vegetal, lenha,<br />

madeira em tora para papel e celulose e para outras finalidades.<br />

Minas Gerais figura como o maior produtor de carvão vegetal<br />

do Brasil, concentrando aproximadamente 80% da produção<br />

nacional (Tabela 2.9). A alta concentração da produção


48<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 2.8<br />

Ranking dos Estados brasileiros por área plantada com silvicultura<br />

em 2016.<br />

POSIÇÃO ESTA<strong>DO</strong> ÁREA (ha)<br />

1º Minas Gerais 1.880.538<br />

2º Paraná 1.635.583<br />

3º São Paulo 1.156.303<br />

4º Rio Grande do Sul 1.085.318<br />

5º Santa Catarina 1.015.801<br />

6º Mato Grosso do Sul 998.083<br />

7º Bahia 587.464<br />

8º Espírito Santo 289.376<br />

9º Mato Grosso 266.017<br />

10º Maranhão 261.616<br />

14º Tocantins 141.047<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

pode se justificar pelo elevado número de siderúrgicas no Estado<br />

e nos vizinhos, São Paulo e Rio de Janeiro. A siderurgia<br />

é o principal mercado consumidor de carvão vegetal no país.<br />

(DUBOC et al., 2007).<br />

Segundo Simioni et al. (2017), mesmo que a produção de<br />

carvão vegetal tenha apresentado crescimento nos últimos<br />

anos, a oferta de matéria prima ainda não consegue atender<br />

à demanda nacional devido à produção ser geograficamente<br />

concentrada em determinadas regiões, dificultando a logística<br />

interna para escoamento da produção.<br />

Os três Estados do sul do Brasil aparecem como os maiores<br />

produtores de lenha no país, somando 64% da produção<br />

nacional, com um faturamento aproximado de R$ 1,5<br />

bilhão em 2016 (Tabela 2.10). O sul do Brasil se caracteriza<br />

como um polo de produção madeireira já consolidado. A<br />

cada ano, a produção de lenha a partir de matas nativas diminui<br />

e, consequentemente, a área de reflorestamento para<br />

a produção aumenta. A conscientização florestal das indústrias<br />

que utilizam a lenha como matriz energética também<br />

contribui para a expansão da silvicultura na região.<br />

Os três principais Estados produtores de madeiras em toras<br />

para papel e celulose acumulam 52% da produção nacional,<br />

com um faturamento aproximado de R$ 2,9 bilhões. Paraná e<br />

São Paulo figuram como grandes polos para as indústrias do<br />

setor. Apesar da Bahia estar como terceira colocada em produção,<br />

lidera o valor produzido, com R$ 1,3 bilhão (Tabela 2.11).<br />

A produção de madeira em toras para outras finalidades,<br />

que inclui uso na construção naval, indústria de móveis,<br />

construção civil, fabricação de pallets, dentre outras atividades,<br />

se concentra no sudeste e sul brasileiros. Os cinco Estados<br />

apresentados no ranking produzem 90% do total brasileiro<br />

e geram, juntos, R$ 3,3 bilhões (Tabela 2.12).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 49<br />

<br />

taBEla 2.9<br />

Ranking nacional dos principais Estados produtores de carvão<br />

vegetal<br />

<br />

taBEla 2.11<br />

Ranking nacional dos principais Estados produtores de madeira em<br />

toras para papel e celulose<br />

POSIÇÃO<br />

ESTA<strong>DO</strong><br />

VOLUME<br />

PRODUZI<strong>DO</strong> (t)<br />

VALOR DA PRODUÇÃO<br />

(MIL R$)<br />

POSIÇÃO<br />

ESTA<strong>DO</strong><br />

VOLUME<br />

PRODUZI<strong>DO</strong> (M³)<br />

VALOR DA PRODUÇÃO<br />

(MIL R$)<br />

1º Minas Gerais 3.954.475 2.001.047,00<br />

2º Maranhão 574.384 183.312,00<br />

3º Bahia 150.977 68.630,00<br />

4º São Paulo 79.021 87.330,00<br />

5º Mato Grosso do Sul 61.249 27.107,00<br />

TOTAL BR<strong>AS</strong>IL 4.957.239 2.467.452<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

1º Paraná 15.902.730 966.555,00<br />

2º São Paulo 14.727.530 583.607,00<br />

3º Bahia 13.617.123 1.305.736,00<br />

4º Mato Grosso do Sul 9.878.927 670.381,00<br />

5º Minas Gerais 7.809.188 458.258,00<br />

TOTAL BR<strong>AS</strong>IL 85.152.174 5.214.358<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

<br />

taBEla 2.10<br />

Ranking nacional dos principais Estados produtores de lenha<br />

<br />

taBEla 2.12<br />

Ranking nacional dos principais Estados produtores de madeira em<br />

toras para outras finalidades<br />

POSIÇÃO<br />

ESTA<strong>DO</strong><br />

VOLUME<br />

PRODUZI<strong>DO</strong> (M³)<br />

VALOR DA PRODUÇÃO<br />

(MIL R$)<br />

POSIÇÃO<br />

ESTA<strong>DO</strong><br />

VOLUME<br />

PRODUZI<strong>DO</strong> (M³)<br />

VALOR DA PRODUÇÃO<br />

(MIL R$)<br />

1º Paraná 13.830.644 584.483,00<br />

2º Rio Grande do Sul 12.686.193 538.359,00<br />

3º Santa Catarina 7.714.690 315.962,00<br />

4º São Paulo 6.197.488 238.029,00<br />

5º Minas Gerais 5.847.217 219.932,00<br />

TOTAL BR<strong>AS</strong>IL 53.297.902 2.242.118<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

1º Paraná 16.975.598 1.423.026,00<br />

2º São Paulo 8.419.233 347.575,00<br />

3º Santa Catarina 7.289.152 689.234,00<br />

4º Rio Grande do Sul 6.098.506 458.873,00<br />

5º Minas Gerais 4.983.040 408.431,00<br />

TOTAL BR<strong>AS</strong>IL 48.498.596 3.822.283<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


50<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

Milhões de US$<br />

<br />

gráfico 2.19<br />

Distribuição das exportações da silvicultura brasileira<br />

$2.412,88<br />

$2.116,72<br />

$798,67<br />

$638,79<br />

$457,87<br />

China EUA Países Baixos Itália Argentina Outros<br />

(Holanda)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de SNIF (2016).<br />

taBEla 2.13<br />

Principais destinos das exportações brasileiras de celulose<br />

$3.918,02<br />

2. 3. Exportações<br />

Os principais destinos das exportações da silvicultura brasileira<br />

estão espalhados por todo o mundo, não havendo uma<br />

concentração clara. Os cinco maiores importadores dos produtos<br />

brasileiros são China, Estados Unidos, Países Baixos, Itália<br />

e Argentina. Juntos, somam 60% das exportações, totalizando<br />

US$ 6,4 bilhões. O Gráfico 2.19 demonstra a distribuição das<br />

exportações da silvicultura brasileira.<br />

Em 2016, as exportações brasileiras de produtos madeireiros<br />

somaram aproximadamente US$ 10,4 bilhões representados<br />

por cerca de 21,4 bilhões de toneladas.<br />

Dentre os produtos exportados, a celulose fica em primeiro<br />

lugar, tanto em quantidade quanto em valor, somando US$<br />

5,6 bilhões. Os principais destinos são China, Países Baixos e<br />

Estados Unidos, com 68% das exportações (Tabela 2.13).<br />

PRINCIPAIS DESTI<strong>NO</strong>S DA EXPORTAÇÃO DE CELULOSE <strong>DO</strong> BR<strong>AS</strong>IL EM 2016<br />

CHina estaDos uniDos países baiXos (HoLanDa) totaL brasiL<br />

EXPORTAÇÕES (MILHÕES U$ FOB) 2.163,09 871,26 757,04 5.569,26<br />

EXPORTAÇÕES (MIL TONELAD<strong>AS</strong>) 5.085 2.020 1.920 13.519<br />

PREÇO MÉDIO (U$/TONELADA) 425,33 431,16 394,28 411,95<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de SNIF (2016).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 51<br />

<br />

taBEla 2.14<br />

Principais destinos das exportações papel e papelão<br />

PRINCIPAIS DESTI<strong>NO</strong>S DA EXPORTAÇÃO DE PAPEL E PAPELÃO <strong>DO</strong> BR<strong>AS</strong>IL EM 2016<br />

argentina estaDos uniDos CHina CHiLe totaL brasiL<br />

EXPORTAÇÕES (MILHÕES U$ FOB) 314,13 129 114,33 105,20 1.167,87<br />

EXPORTAÇÕES (MIL TONELAD<strong>AS</strong>) 345 157 123 118 1.617,88<br />

PREÇO MÉDIO (U$/TONELADA) 909,95 820,70 929,02 891,34 834,82<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de SNIF (2016).<br />

O segundo grupo de produtos mais exportado pela silvicultura<br />

brasileira são papel e papelão, somando aproximadamente<br />

US$ 1,6 bilhões e tem como principais destinos a<br />

Argentina, Estados Unidos, China e Chile (Tabela 2.14).<br />

Apesar da grande variedade de produtos madeireiros exportados,<br />

celulose, papel e papelão concentram cerca de 70%<br />

de toda a movimentação da silvicultura brasileira. Analisando<br />

a Tabela 2.13 e a Tabela 2.14, apesar de ser a segunda colocada<br />

em valor exportado, o papel e papelão apresentam alto<br />

valor agregado.<br />

<br />

R$ / t<br />

gráfico 2.20<br />

Série histórica dos preços de carvão vegetal<br />

540,00<br />

520,00<br />

500,00<br />

480,00<br />

460,00<br />

2. 4. Preços de mercado<br />

O Gráfico 2.20 apresenta a evolução do preço do carvão<br />

vegetal no Brasil de 2011 a 2016. Observa-se que nos anos<br />

de 2012, 2013 e 2015, os preços praticados sofreram forte<br />

440,00<br />

420,00<br />

528,51<br />

471,48<br />

470,60<br />

515,64<br />

461,86<br />

497,75<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


52<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

R$ / m 3<br />

gráfico 2.21<br />

Série histórica dos preços de lenha<br />

45,00<br />

44,00<br />

43,00<br />

42,00<br />

41,00<br />

40,00<br />

39,00<br />

38,00<br />

37,00<br />

36,00<br />

35,00<br />

34,00<br />

37,76<br />

39,40<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

redução, impactados pela crise econômica vivida a partir de<br />

2012. Em 2014, mesmo em meio à crise, houve um pico no<br />

preço devido à seca que aconteceu no país, prejudicando o<br />

fornecimento de energia pelas hidrelétricas.<br />

Segundo a Tabela 2.15, São Paulo apresenta o maior preço<br />

médio de carvão dentre os Estados analisados, registrando<br />

R$ 1.105,15 por tonelada. Isso acontece pela elevada demanda<br />

pelo produto, com sete indústrias siderúrgicas no Estado<br />

41,93<br />

43,79<br />

41,91<br />

42,07<br />

e baixa produção para supri-las. Em Minas Gerais, Bahia e<br />

Espírito Santo o preço médio gira em torno de R$ 475,00 por<br />

tonelada. Tocantins não registrou, em 2016, produção de carvão<br />

vegetal (INSTITUTO AÇO BR<strong>AS</strong>IL 2017).<br />

Os preços de lenha no Brasil mantiveram uma tendência<br />

de alta, com pico em 2014. Parte disso pode ser explicado<br />

pela conscientização das indústrias pelo uso de madeira<br />

proveniente de reflorestamento. O preço estava em R$<br />

37,76/m³ em 2011, atingindo R$ 43,79/m³ em 2014 e fechando<br />

o ano de 2016 em R$ 42,07/m³, com alta de 11% no<br />

período (Gráfico 2.21).<br />

Os preços médios de lenha nos estados analisados se mantiveram<br />

em um mesmo patamar. Bahia apresenta o preço<br />

mais alto dentre os Estados, com R$ 40,69 por m³ e Espírito<br />

Santo apresenta menor preço, com R$ 31,70 por m³ de lenha<br />

(Tabela 2.16).<br />

Durante o período analisado, o preço da madeira em tora<br />

para papel e celulose apresentou alta no ano de 2014, recuando<br />

a partir de 2015. Em 2011, o preço era de R$ 60,49/m³,<br />

atingindo R$ 65,54/m³ em 2014 e R$ 61,24 em 2016. No acumulado<br />

do período, houve pequena alta de 1% (Gráfico 2.22).<br />

Para madeira em tora para papel e celulose, a Bahia apresenta<br />

os preços mais altos dentre os Estados analisados, registrando<br />

R$ 95,89. Isso ocorre pelo fato do Estado ter duas<br />

fábricas que utilizam a madeira como matéri-prima para pro-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 53<br />

<br />

taBEla 2.15<br />

Preço médio de carvão vegetal por Estado em 2016<br />

<br />

taBEla 2.17<br />

Preço médio de tora para papel e celulose por Estado em 2016<br />

PREÇO MÉDIO DE CARVÃO VEGETAL POR ESTA<strong>DO</strong> EM 2016 - (R$/TON)<br />

PREÇO MÉDIO DE MADEIRA EM TORA <strong>PARA</strong> PAPEL E CELULOSE POR ESTA<strong>DO</strong> EM<br />

2016 - (R$/M³)<br />

<strong>TOCANTINS</strong> BAHIA MIN<strong>AS</strong> GERAIS<br />

ESPÍRITO<br />

SANTO<br />

SÃO PAULO<br />

<strong>TOCANTINS</strong> BAHIA MIN<strong>AS</strong> GERAIS<br />

ESPÍRITO<br />

SANTO<br />

SÃO PAULO<br />

- 454,57 506,02 448,94 1.105,15<br />

- 95,89 58,68 63,44 39,63<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

<br />

taBEla 2.16<br />

Preço médio de lenha por Estado em 2016<br />

<br />

taBEla 2.18<br />

Preço médio de tora para outras finalidades por Estado em 2016<br />

PREÇO MÉDIO DE LENHA POR ESTA<strong>DO</strong> EM 2016 - (R$/M³)<br />

PREÇO MÉDIO DE MADEIRA EM TORA <strong>PARA</strong><br />

OUTR<strong>AS</strong> FINALIDADES POR ESTA<strong>DO</strong> EM 2016 - (R$/M³)<br />

<strong>TOCANTINS</strong> BAHIA MIN<strong>AS</strong> GERAIS<br />

ESPÍRITO<br />

SANTO<br />

SÃO PAULO<br />

<strong>TOCANTINS</strong> BAHIA MIN<strong>AS</strong> GERAIS<br />

ESPÍRITO<br />

SANTO<br />

SÃO PAULO<br />

40,52 40,69 37,61 31,70 38,41<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

20,77 48,26 81,96 89,15 41,28<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

dução de papel e celulose. Em Minas Gerais e Espírito Santo,<br />

o preço se mantém na casa dos R$ 60,00 por m³. Em 2016,<br />

Tocantins não registrou produção de madeira em tora para<br />

papel e celulose (Tabela 2.17).<br />

O preço de madeira em tora para outras finalidades, que inclui<br />

uso na construção naval, indústria de móveis, construção<br />

civil, fabricação de paletes, dentre outras atividades, registrou<br />

grande queda em 2013 com recuperação até 2016. Os preços<br />

estavam em R$ 85,49/m³ em 2011 e fecharam o ano de 2016<br />

em R$ 78,81/m³, acumulando uma queda de 8% (Gráfico 2.23).<br />

Dentre os Estados analisados, Espírito Santo e Minas Gerais<br />

apresentam os maiores preços médios para tora para outras<br />

finalidades, com R$ 89,15/m³ e R$ 81,96/m³, respectivamente.<br />

Bahia e São Paulo apresentam preços mais baixos, com R$


54<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

gráfico 2.22<br />

Série histórica dos preços de madeira em tora para papel e celulose<br />

<br />

gráfico 2.23<br />

Série histórica dos preços de madeira em tora para outras finalidades<br />

66,00<br />

88,00<br />

65,00<br />

86,00<br />

R$ / m 3<br />

64,00<br />

63,00<br />

62,00<br />

61,00<br />

60,00<br />

59,00<br />

R$ / m 3<br />

84,00<br />

82,00<br />

80,00<br />

78,00<br />

76,00<br />

58,00<br />

60,49<br />

61,12<br />

64,62<br />

65,54<br />

63,01<br />

61,24<br />

74,00<br />

85,49<br />

84,42<br />

76,55<br />

77,55<br />

79,27<br />

78,81<br />

57,00<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

72,00<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

48,26/m³ e R$ 41,28/m³, respectivamente. Tocantins aparece<br />

com os preços mais baixos dentre os Estados analisados, registrando<br />

R$ 20,77/m³ (Tabela 2.18).<br />

2. 5. C aracterização da indústria<br />

siderúrgica<br />

Atualmente, a indústria siderúrgica no Brasil é formada<br />

por 30 usinas processadoras, que estão localizadas em 10<br />

estados brasileiros. Elas se concentram próximas às regiões<br />

com minérios de ferro (como Minas Gerais) e/ou próximas<br />

a portos para escoamento da produção (como São Paulo)<br />

(GRIPS EDITORA, 2017).<br />

De acordo com o Instituto Aço Brasil (2017), a capacidade<br />

total instalada dessas usinas é de 50,4 milhões t/ano de aço<br />

bruto, um valor bem superior ao que foi efetivamente produzido<br />

no ano de 2016.<br />

A produção siderúrgica nacional apresentou crescimento<br />

moderado nos últimos dez anos, apenas 6,6% no período. Essa<br />

evolução histórica foi comprometida, principalmente, por<br />

dois fatores: a crise mundial de 2009 e a situação econômica<br />

vivida pelo país a partir de 2014 (VIANA, 2017) (Gráfico 2.24).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 55<br />

<br />

gráfico 2.24<br />

Evoluç ã o da produç ã o da indú stria siderú rgica brasileira: 2006-2015<br />

<br />

taBEla 2.19<br />

Evoluç ã o da exportação da indú stria siderú rgica brasileira: 2006-<br />

2016 por país de destino (US$ bilhõ es FOB)<br />

PAÍSES 2007 % 2011 % 2016 %<br />

milhões de toneladas<br />

60,00<br />

50,00<br />

40,00<br />

30,00<br />

20,00<br />

42,24<br />

46,34<br />

49,04<br />

40,47<br />

48,58<br />

52,49<br />

51,58<br />

52,74<br />

49,40<br />

45,01<br />

Estados Unidos 1.253,40 19,5% 2.080,16 25,9% 1.762,96 32,4%<br />

Turquia 34,30 0,5% 13,69 0,2% 374,87 6,9%<br />

Argentina 554,80 8,6% 839,17 10,4% 371,69 6,8%<br />

Alemanha 425,40 6,6% 732,21 9,1% 319,34 5,9%<br />

Bolívia 99,50 1,6% 179,09 2,2% 174,30 3,2%<br />

Emirados Árabes Unidos 56,20 0,9% 42,90 0,5% 169,86 3,1%<br />

Colômbia 249,80 3,9% 224,92 2,8% 168,84 3,1%<br />

Peru 149,00 2,3% 187,55 2,3% 166,64 3,1%<br />

Indonésia 61,30 1,0% 173,17 2,2% 155,85 2,9%<br />

República Dominicana 115,00 1,8% 41,62 0,5% 148,43 2,7%<br />

10,00<br />

Sub-total 2.998,70 46,7% 4.514,46 56,1% 3.812,78 70,0%<br />

Outros 3.419,30 53,3% 3.532,45 42,9% 1.627,23 29,9%<br />

0<br />

TOTAL 6.418,00 100% 8.046,91 100% 5.443,16 100%<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Viana (2017).<br />

Fonte: Viana (2017).<br />

Se o ritmo de crescimento da produção brasileira foi lento,<br />

as exportações dos produtos siderúrgicos foram ainda mais<br />

impactadas por esses fatores e caíram 15,2% entre 2007 e<br />

2016 (VIANA, 2017). Como pode ser visto na Tabela 2.19, essa<br />

queda aconteceu a partir de 2011.<br />

Pode-se observar que entre os 10 maiores destinos das<br />

exportações brasileiras de produtos siderúrgicos, apenas 3<br />

demonstraram crescimento no período (Turquia, Emirados<br />

Árabes Unidos e República Dominicana). O destaque negativo<br />

é do mercado norte-americano (maior importador dos


56<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 2.20<br />

Consumo de energia pelo setor industrial – ferro-gusa e aço (Mil tep)<br />

FONTES 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Gás Natural 1.214 1.158 695 897 997 1.067 1.020 1.036 1.223 1.012<br />

Carvão Mineral 1.939 2.052 1.578 1.772 1.924 1.854 1.808 2.053 2.124 1.935<br />

Gás de Coqueira 1.039 1.065 1.011 1.250 1.288 1.237 1.200 1.200 1.148 1.114<br />

Coque de Carvão Mineral 6.320 6.289 4.969 7.153 7.750 7.495 7.309 7.237 7.441 6.728<br />

Eletricidade 1.579 1.602 1.281 1.613 1.714 1.696 1.691 1.671 1.609 1.484<br />

Carvão Vegetal 4.775 4.679 2.724 3.372 3.492 3.338 3.021 2.962 2.988 2.490<br />

Outras Fontes 798 782 750 388 236 227 225 228 192 206<br />

TOTAL 17.664 17.627 13.008 16.445 17.401 16.914 16.274 16.387 16.725 14.969<br />

Fonte: EPE (2017).<br />

produtos brasileiros), que nesses cinco anos reduziu suas importações<br />

do Brasil em 15% e, mesmo assim, aumentou sua<br />

participação na pauta brasileira do setor de 25,9% para 32,4%.<br />

A principal consequência dessa desaceleração para a silvicultura<br />

é a diminuição no consumo de carvão vegetal para<br />

produção de ferro e aço. A EPE (2017), em seu relatório Balanço<br />

Energético Nacional 2017, aponta queda no consumo de<br />

energia pelo setor industrial de ferro-gusa e aço (Tabela 2.20).<br />

Na Tabela 2.20, é possível notar que o carvão vegetal obteve<br />

a queda mais acentuada de consumo entre as principais<br />

fontes de energia para essa indústria, diminuindo em 48% no<br />

período analisado. Isso fez com que sua participação nas fontes<br />

de energia para esse setor industrial passasse de 27% em<br />

2007 para 16,6% em 2016.<br />

energia/termelétrica<br />

A matriz elétrica brasileira é altamente dependente de fontes<br />

hidráulicas, que representam quase 70% de toda eletricidade<br />

ofertada (Gráfico 2.25). Contudo, as termelétricas têm<br />

papel importante na complementação da oferta de eletricidade<br />

do país, especialmente em períodos de estiagem como os<br />

vivenciados nos últimos anos.<br />

As termelétricas podem usar diversas fontes energéticas<br />

na produção de eletricidade, porém será destacado o uso de


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 57<br />

<br />

gráfico 2.25<br />

Matriz elétrica brasileira<br />

<br />

taBEla 2.21<br />

Capacidade instalada¹ (MW)<br />

3,7% 2,9%<br />

Derivados de Petróleo Carvão e Derivados 1 2,6%<br />

5,4%<br />

Nuclear<br />

Eólica<br />

8,2%<br />

Biomassa 3<br />

FONTE 2015 2016 EVOLUÇÃO 15-16<br />

Hidrelé trica 91.650 96.925 5,8%<br />

Té rmica² 39.580 41.276 4,3%<br />

Nuclear 1.990 1.990 0,0%<br />

Eó lica 7.633 10.124 32,6%<br />

9,1%<br />

Gás Natural<br />

0%<br />

Solar<br />

68,1%<br />

Hidráulica 2<br />

Solar 21 24 13,1%<br />

TOTAL 140.874 150.338 6,7%<br />

¹Não inclui geração distribuída. / ²Inclui biomassa, gás, petróleo e carvão mineral / Fonte: EPE (2017).<br />

¹Inclui gás de coqueira. / ²Inclui importação.<br />

³Inclui lenha, bagaço de cana, lixívia e outras fontes primárias. / Fonte: EPE (2017).<br />

<br />

taBEla 2.22<br />

Participação de fontes energéticas na geração termelétrica<br />

carvão vegetal, que está incluído na categoria Biomassa, terceira<br />

maior fonte apresentada no Gráfico 2.25 para esse fim.<br />

Quanto à capacidade instalada, apesar da energia térmica<br />

ser a segunda maior fonte em potencial de geração de MW<br />

(41.276), foi a que apresentou menor taxa de crescimento de<br />

2015 para 2016 (com exceção da nuclear, que permaneceu<br />

estável). Enquanto houve crescimento da capacidade instalada,<br />

houve diminuição no volume de geração de energia térmica<br />

de 18% nesse período de um ano EPE (2017) (Tabela 2.21).<br />

FONTES 2016<br />

Biomassa¹ 31,0%<br />

Gá s Natural 34,4%<br />

Nuclear 9,6%<br />

Derivados de Petró leo 14,0%<br />

Carvã o e Derivados 11,0%<br />

¹Inclui bagaç o de cana-de-aç ú car, lixí via, lenha, e outras fontes primá rias / Fonte: EPE (2017).


58<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

gráfico 2.26<br />

Projeções de produção, consumo e exportação de celulose<br />

Milhões de toneladas<br />

30,000<br />

25,00<br />

20,00<br />

15,00<br />

10,00<br />

PRODUÇÃO CONSUMO EXPORTAÇÃO<br />

20,0<br />

6,4<br />

13,9<br />

20,8<br />

6,5<br />

14,6<br />

21,4<br />

6,6<br />

15,1<br />

22,1<br />

6,8<br />

15,7<br />

22,7<br />

6,9<br />

16,2<br />

23,3<br />

7,0<br />

16,7<br />

23,9<br />

7,1<br />

17,2<br />

24,5<br />

7,2<br />

17,7<br />

25,1<br />

7,3<br />

18,2<br />

25,7<br />

7,4<br />

18,7<br />

26,3<br />

7,5<br />

19,2<br />

5,0<br />

0<br />

2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27<br />

Fonte: Fiesp (2016).<br />

É possível perceber que juntamente com o gás natural, a<br />

biomassa é uma das principais fontes para geração termelétrica<br />

(Tabela 2.22). Isso pode ser explicado, em grande parte,<br />

pelas pressões ambientais pelo uso de fontes renováveis e<br />

limpas e também pela boa relação entre capacidade de geração<br />

elétrica e o preço das fontes renováveis. (EPE, 2017).<br />

Vale destacar que a capacidade instalada de térmicas que<br />

utilizam carvão vegetal como fonte ainda é muito pequena (54<br />

MW), concentrada em apenas 13 usinas, segundo Silva e Colombo<br />

(2016). Portanto, a demanda por produtos silvícolas não é expressiva,<br />

apesar de tendências de aumento nos próximos anos.<br />

2. 6. Projeções da indústria de papel e celulose no Brasil<br />

celulose<br />

De acordo com a Fiesp (2016), no período analisado, a produção<br />

de celulose no Brasil crescerá 31%, alcançando cerca<br />

de 26 milhões de toneladas em 2026/27. No que diz respeito<br />

ao consumo interno, espera-se um crescimento de 16% e de<br />

38% para as exportações. Analisando a relação de crescimento<br />

do consumo interno e exportações, o Brasil tende a aumentar<br />

suas exportações, destinando uma parte maior de sua produção<br />

para o mercado externo (Gráfico 2.26).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 59<br />

<br />

gráfico 2.27<br />

Projeções de produção, consumo e exportação de papel<br />

14,0<br />

12,0<br />

10,0<br />

PROJEÇÃO CONSUMO EXPORTAÇÃO<br />

10,5<br />

9,1<br />

10,8<br />

9,3<br />

11,0<br />

9,5<br />

11,2<br />

9,7<br />

11,4<br />

9,9<br />

11,6<br />

10,1<br />

11,8<br />

10,3<br />

12,0<br />

10,5<br />

12,3<br />

10,7<br />

12,5<br />

10,9<br />

12,7<br />

11,1<br />

Milhões de toneladas<br />

8,0<br />

6,0<br />

4,0<br />

2,0<br />

2,2<br />

2,2<br />

2,2<br />

2,2<br />

2,2<br />

2,3<br />

2,3<br />

2,3<br />

2,3<br />

2,4<br />

2,4<br />

0<br />

2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27<br />

Fonte: Fiesp (2016).<br />

Durante o período de projeção, feito pela Fiesp (2016), a<br />

produção brasileira de papel deve crescer 20%, enquanto o<br />

consumo interno, 21,5%. As exportações de papel crescerão<br />

9,6%. De acordo com a relação entre consumo interno e produção,<br />

o mercado interno continuará sendo o principal destino<br />

do papel (Gráfico 2.27).<br />

Neste contexto de crescimento de consumo e demanda externa,<br />

a análise dos grandes jogadores do mercado se torna<br />

relevante no planejamento estratégico das próximas etapas<br />

do desenvolvimento da cadeia da silvicultura.<br />

Na Tabela 2.23 vemos as principais empresas responsáveis<br />

pela produção de celulose em atuação no território nacional.<br />

Com o provável aumento no consumo de papel e celulose<br />

nos próximos 10 anos, a oferta interna de madeira terá<br />

de crescer para suportar o aumento da demanda industrial.<br />

Atualmente, as fábricas brasileiras de celulose ainda apre-


60<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 2.23<br />

Principais empresas no mercado de celulose nacional<br />

Fábrica Ano da fundação Capacidade de Produção Localização das Plantas Industriais Resultado 2017<br />

2009<br />

5,8 milhões de ton/ano<br />

de celulose<br />

Jacareí, SP<br />

Eunápolis, BA<br />

Aracruz, ES<br />

Três Lagoas, MS<br />

R$ 1.09 bilhão<br />

1924<br />

3,5 milhões de ton/ano<br />

de celulose<br />

Suzano, SP<br />

Limeira, SP<br />

Mucuri, BA<br />

Imperatriz, MA<br />

R$ 1.81 bilhão<br />

2010<br />

1,7 milhão de ton/ano<br />

de celulose<br />

Três Lagoas, MS R$ 712,9 milhões *<br />

1899<br />

1,5 milhão de ton/ano<br />

de celulose<br />

Ortigueira, MS<br />

R$ -82,89 milhões<br />

1973<br />

1,2 milhão de ton/ano<br />

de celulose<br />

Belo Oriente, MG<br />

X<br />

*Lucro líquido acumulado de jan-set. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir dos sites das empresas.<br />

sentam algum grau de ociosidade, conseguindo, portanto, absorver<br />

sem problemas parte do crescimento de demanda se<br />

acompanhado da oferta de madeira.<br />

Entretanto, com o aumento gradual da demanda por celulose,<br />

a criação de novas plantas industriais será necessária para<br />

que o país não perca espaço no mercado internacional. É importante<br />

que esse crescimento ocorra de maneira racional e que<br />

a decisão de criação de novas fábricas englobe aspectos como<br />

disponibilidade territorial e hídrica, facilidade logística para<br />

escoamento da produção e incentivos à produção por meio de<br />

crédito ou isenções.<br />

Aliado às projeções favoráveis, temos um bom momento atual<br />

para as indústrias de papel e celulose instaladas no país. Fibria,<br />

Suzano e Eldorado, apesar de apresentarem algumas instabi-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 61<br />

lidades no decorrer do ano de 2017, apresentaram resultados<br />

muito acima dos esperados. Tal fato fortalece o setor e propicia<br />

futuros investimentos em estrutura e aumento de produção.<br />

2. 7. MATOPIBA<br />

A região MATOPIBA foi definida pelo Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento em 2015, através da Portaria<br />

N°244. Ela é formada por 4 estados, Maranhão, Tocantins,<br />

Piauí e Bahia, e abrange 377 municípios, totalizando uma extensão<br />

de 73 milhões de hectares (BR<strong>AS</strong>IL, 2015).<br />

Cerca de 90% dessa região concentra-se no cerrado, o que<br />

faz com que ela apresente características bastante marcantes<br />

do bioma, as quais possibilitam uma combinação de condições<br />

geográficas ideais para a agricultura e pecuária. As terras cultiváveis<br />

nessa localidade também apresentam valores relativamente<br />

baixos se comparados às demais regiões agrícolas do<br />

país, o que representa uma grande vantagem competitiva.<br />

Segundo o Censo Demográfico 2010, a população total do<br />

MATOPIBA era, no período avaliado, de 5,9 milhões de habitantes,<br />

dos quais 65% concentravam-se em áreas urbanas,<br />

muito abaixo do que se tem hoje na média brasileira (84%).<br />

A densidade demográfica também é baixa, muito influenciada<br />

pela heterogenia na distribuição populacional na região:<br />

apenas 10 municípios eram responsáveis por 25% da população<br />

(IBGE, 2011).<br />

De acordo com o IBGE (2016), o PIB da região foi de R$ 88<br />

bilhões em 2015. No estudo de Buainain, Garcia e Vieira Filho<br />

(2017), o PIB da região era o equivalente a 1,4% do total brasileiro,<br />

40% desse valor estava concentrado em apenas 10 municípios;<br />

e o valor adicionado bruto era composto da seguinte<br />

maneira: 19% agropecuária, 16% indústria e 65% serviços.<br />

O setor agrícola tem grande potencial de crescimento nesse<br />

cenário, já que as atividades relacionadas à indústria e ao comércio<br />

dependem, além da renda pública, da renda agropecuária<br />

(produtos provenientes da atividade agrícola).<br />

A partir do Censo Agropecuário 2006, estima-se que existam<br />

mais de 350 mil estabelecimentos agropecuários na região,<br />

sendo esses responsáveis por 34 milhões de hectares de<br />

terra. Desse total, 36% possuem área com território inferior<br />

a 10 hectares. Dessa forma, existe uma concentração de área<br />

nas mãos de poucos estabelecimentos, principalmente localizados<br />

no sudoeste e oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul de<br />

Tocantins (4% deles são responsáveis por 63% do território).<br />

Apesar disso, a estrutura agrária da região é bem diferente<br />

do que era encontrado em estados agrícolas mais tradicionais<br />

como Mato Grosso e Goiás durante sua formação. Isso porque,<br />

no MATOPIBA, a ocupação inicial foi bastante fragmentada,<br />

com um grande número de produtores com áreas pequenas.<br />

Só mais tarde, com o aumento do desenvolvimento agrário da<br />

região ocorreu uma ocupação da fronteira agrícola com base


62<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

gráfico 2.28<br />

Atividades Agropecuárias MATOPIBA (em receita)<br />

26%<br />

Outros<br />

9%<br />

Arroz<br />

14%<br />

Algodão Herbáceo<br />

19%<br />

Gado<br />

32%<br />

Soja<br />

Fonte: INPUT (2017).<br />

na agropecuária intensiva e de larga escala (Gráfico 2.28).<br />

Um importante fator para o desenvolvimento do MATOPI-<br />

BA consiste nas melhorias logísticas que vêm sendo incentivadas<br />

pelos governos locais tanto para fluxo de insumo,<br />

quanto para escoamento da produção. Esse fator é determinante<br />

para a expansão agrária da região.<br />

Segundo a Secretaria da Comunicação Social (2013), a região<br />

MATOPIBA tem condições climáticas favoráveis e disponibilidade<br />

de terras, fatores importantes para a silvicultura. A<br />

região representa 12,5% do valor total gerado no Brasil com<br />

a cadeia produtiva em questão, somando aproximadamente<br />

R$ 1,7 bilhão. O Estado da Bahia lidera o valor da produção da<br />

região, seguido por Maranhão, com cerca de R$ 1,4 bilhão e R$<br />

281 mil, respectivamente.<br />

Na região do MATOPIBA, a produção de carvão vegetal está<br />

localizada nos Estados do Maranhão e Bahia. Apesar de o<br />

Estado do Maranhão liderar a produção em valor e volume,<br />

os produtores baianos conseguem maior faturamento, recebendo<br />

R$ 454,57 por tonelada produzida, enquanto os maranhenses<br />

recebem R$ 319,15 (Tabela 2.24).<br />

A produção de lenha na região do MATOPIBA está concentrada<br />

nos Estados da Bahia e Piauí, gerando cerca de R$ 39 milhões<br />

e R$ 5,4 milhões, respectivamente. O maior faturamento<br />

por m³ fica com Piauí, com R$ 55,78 por m³ (Tabela 2.25).<br />

No MATOPIBA, a produção de madeira em tora para papel e<br />

celulose fica concentrada na Bahia e Maranhão, Estados com<br />

fábricas de papel e celulose que absorvem a produção. Juntos,<br />

os Estados somam um faturamento aproximado de R$ 1,4 bilhão<br />

(Tabela 2.26).<br />

A maior parte da produção de madeira em tora para outras<br />

finalidades na região do MATOPIBA está no Estado da Bahia,<br />

onde o faturamento fica em torno de R$ 21 milhões, sendo<br />

produzidos 434 mil m³ (Tabela 2.27).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 63<br />

<br />

taBEla 2.24<br />

Valor e volume da produção e preço médio de carvão vegetal na<br />

região MATOPIBA em 2016<br />

<br />

taBEla 2.26<br />

Valor e volume da produção e preço médio de madeira em tora<br />

para papel e celulose na região MATOPIBA em 2016<br />

MARANHÃO<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

PIAUÍ<br />

BAHIA<br />

VALOR DA PRODUÇÃO (MIL R$ ) 96.892,00 - - 1.305.736,00<br />

VOLUME PRODUZI<strong>DO</strong> (m³) 1.076.576 - - 13.617.123<br />

PREÇO MÉDIO (R$/t) 90,00 - - 95,89<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

<br />

taBEla 2.25<br />

Valor e volume da produção e preço médio de lenha na região<br />

MATOPIBA em 2016<br />

<br />

taBEla 2.27<br />

Valor e volume da produção e preço médio de madeira em tora<br />

para outras finalidades na região MATOPIBA em 2016<br />

MARANHÃO<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

PIAUÍ<br />

BAHIA<br />

MARANHÃO<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

PIAUÍ<br />

BAHIA<br />

MARANHÃO<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

PIAUÍ<br />

BAHIA<br />

VALOR DA PRODUÇÃO (MIL R$ ) 183.312,00 - - 68.630,00<br />

VOLUME PRODUZI<strong>DO</strong> (t) 574.384 - - 150.977<br />

PREÇO MÉDIO (R$/t) 319,15 - - 454,57<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

VALOR DA PRODUÇÃO (MIL R$ ) 909,00 186,00 5.409,00 39.225,00<br />

VOLUME PRODUZI<strong>DO</strong> (m³) 27.000 4.590 96.973 963.981<br />

PREÇO MÉDIO (R$/t) 33,67 40,52 55,78 40,69<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

VALOR DA PRODUÇÃO (MIL R$ ) 345,00 40,00 - 20.976,00<br />

VOLUME PRODUZI<strong>DO</strong> (m³) 10.400 1.926 - 434.645<br />

PREÇO MÉDIO (R$/t) 33,17 20,77 - 48,26<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


64<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

anÁLise da sitUação interna


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 65<br />

Fundado em 1988, quando lideranças do norte goiano mobilizaram<br />

a população na busca da independência política da<br />

região, o Tocantins é o Estado mais novo do Brasil, tendo atualmente<br />

29 anos de existência (SEDEN-TO, 2017).<br />

Pode-se dizer que o Estado possui uma vocação natural<br />

para o agronegócio, estando inserido em uma das últimas<br />

fronteiras agrícolas do país, a região conhecida como MA-<br />

TOPIBA, que engloba cerca de sete milhões de hectares cultiváveis<br />

(SEDEN-TO, 2017).<br />

De acordo com Lopes (2013), o cerrado é o bioma mais presente<br />

no Estado do Tocantins, sendo o mesmo o bioma no<br />

qual a silvicultura no país vem apresentando níveis maiores<br />

de crescimento motivado pela presença de empresas floresto<br />

-industrias, incentivos de políticas públicas e características<br />

físicas da região.<br />

Além de outras culturas viáveis no Estado, o Tocantins<br />

apresenta grandes áreas destinadas à silvicultura. As razões<br />

estão relacionadas à disponibilidade de terras por valores ainda<br />

competitivos no Brasil; a existência de espécies de árvores<br />

com adaptabilidade para o clima de cerrado; a construção da<br />

Ferrovia Norte-Sul, que viabiliza o fluxo logístico da matéria<br />

extraída; entre outras (SUZA<strong>NO</strong>, 2012).<br />

A silvicultura no Tocantins passou por um grande incremento<br />

nos últimos anos devido à grande disponibilidade de


Figura 3.1<br />

Cadeia produtiva da silvicultura no Estado do Tocantins<br />

fatores político-legais; econômicos -naturaIS; socioculturais-demográficos; tecnológicos<br />

Exportação<br />

Sementes<br />

Mudas<br />

Indústria<br />

Processadora<br />

Carvão<br />

Indústria química<br />

Siderurgia<br />

Fertilizantes<br />

Defensivos<br />

EPI<br />

Serviços<br />

Produção Agrícola<br />

Produtos<br />

madeireiros<br />

Produtos não<br />

madeireiros<br />

Lenha<br />

Celulose<br />

Madeira sólida e<br />

painéis<br />

Óleos e essências<br />

Látex<br />

Termoenergia<br />

Construção civil<br />

Serraria e móveis<br />

Indústria de papel<br />

Indústria<br />

farmacêutica<br />

Outras indústrias<br />

Atacado e varejo<br />

consumidor final<br />

Outros<br />

Outras indústrias<br />

agentes facilitadores: fieto, embrapa, logística, armazenagem, mão de obra, governo<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 67<br />

terras com baixos preços. Além disso, o setor teve incentivos<br />

através de novas leis que apoiaram o reflorestamento no estado,<br />

como a Lei Estadual nº 2.476, que, em suma, agilizou<br />

os procedimentos ambientais, facilitando a regularização da<br />

atividade da silvicultura, pois a apresentação de estudos ambientais<br />

não se fez mais necessária (TURIBIO, 2013).<br />

A cadeia é responsável pela criação de diversos empregos<br />

diretos e indiretos, por investimentos em infraestrutura no<br />

estado, além da arrecadação de impostos. Na Figura 3.1 é<br />

possível visualizar como a cadeia se organiza e os principais<br />

elos abrangidos por ela.<br />

Por ser um Estado novo, onde os setores estão em constante<br />

evolução, alguns elos da cadeia estão ausentes ou em estágio<br />

inicial de desenvolvimento. Para o fortalecimento desses<br />

elos são necessários esforços e direcionamentos dos agentes<br />

dos setores público e privado no Estado.<br />

Nos parágrafos que seguem, será dado um panorama geral<br />

dos elos da cadeia no Estado, sendo que as informações serão<br />

aprofundadas e mais detalhadas nos próximos capítulos.<br />

No elo do cultivo de árvores para produção de produtos madeireiros<br />

e não madeireiros, o Tocantins teve uma expansão<br />

muito grande nos últimos anos e agora passa por um processo<br />

de estagnação. Esse grande aumento teve duas principais<br />

razões, as quais, hoje, são responsáveis por considerável parte<br />

dos gargalos da cadeia no Estado.<br />

A primeira razão, e a mais impactante delas, foi a expectativa<br />

de abertura de uma grande fábrica de celulose no estado<br />

por volta de 2005. Essa notícia fez com que diversos produtores<br />

se voltassem para a cadeia com visão de oportunidade e<br />

começassem o cultivo de eucalipto. Nesse cenário, os bancos<br />

concederam crédito com grandes períodos de carência para<br />

aqueles que estivessem interessados em investir no setor.<br />

Além disso, o setor siderúrgico mundial estava em alta no período<br />

e consumia quantidades elevadas de carvão, o qual tem<br />

como uma de suas matérias-primas, produtos madeireiros<br />

provenientes da silvicultura.<br />

Com o anúncio de cancelamento do projeto de instalação<br />

da indústria de celulose e desaceleração do mercado siderúrgico<br />

ocorrendo simultaneamente nos anos seguintes, os produtores<br />

acabaram com grande quantidade de matéria-prima,<br />

porém sem destinação. Além disso, os créditos concedidos<br />

começaram a ser cobrados e tiveram de ser renegociados. O<br />

setor no Estado agora busca alternativas para destinação da<br />

produção silvícola em diversos tipos de indústria, como termelétricas<br />

ou indústrias de celulose em outros estados, como<br />

a Suzano em Imperatriz no Maranhão. Essas opções de destinos<br />

industriais serão abordadas mais adiante.<br />

A segunda razão para o aumento da silvicultura no Tocantins,<br />

e que trouxe lacunas para a cadeia, consistiu nos incentivos<br />

relacionados à recomposição florestal oferecidos pelo


68<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

Estado. A intenção era concessão de crédito florestal para<br />

custeio e manutenção dessas florestas. Essa prática fez com<br />

que muitos produtores plantassem árvores apenas para a obtenção<br />

desse crédito, sem muito cuidado com a qualidade e<br />

escolha do material genético dessas árvores. Isso gerou uma<br />

grande quantidade de plantações com baixa qualidade e difíceis<br />

de serem aproveitadas industrialmente.<br />

Atualmente, grande parte do que é produzido no Estado<br />

tem como destino o mercado interno, devido à dificuldade de<br />

transporte de produtos até os portos para exportação. O custo<br />

logístico do frete e a qualidade das estradas acabam prejudicando<br />

o transporte de madeira, quando comparado a outros<br />

Estados. Os gargalos logísticos serão apresentados no decorrer<br />

dos próximos capítulos.<br />

3. 1. Produção Agrícola<br />

3. 1. 1. Características gerais da cadeia do Estado<br />

<br />

taBEla 3.1<br />

Distribuição do território do Tocantins<br />

DESCRIÇÃO HECTARES %<br />

áreas CoM restrição 13.990.000 50,2%<br />

Áreas Potenciais para Conservação 1.266.690 5%<br />

Parque Estadual 88.930 0%<br />

Parque Nacional 562.310 2%<br />

Áreas Indígenas 2.007.470 7%<br />

Áreas de Proteção Ambiental 1.790.550 6%<br />

Corpos de Água 665.600 2%<br />

Mineração e Uso Urbano 30.450 0%<br />

Área de Reserva Legal 6.315.000 23%<br />

Área de Preservação Permanente 1.263.000 5%<br />

área potenCiaL para proD. agríCoLa 13.852.070 49,8%<br />

Pastagens 7.783.000 28%<br />

Área Agrícola 1.226.400 4%<br />

Área para Exploração 4.842.670 17%<br />

ÁREA TOTAL 27.842.070<br />

Fonte: SEPLAN (2016a); IBGE (2017).<br />

O Tocantins é um Estado com grande aptidão agrícola. Fatores<br />

como a disponibilidade de água em abundância, terras<br />

férteis, período chuvoso bem definido e topografia favorável,<br />

têm contribuído para o desenvolvimento desse importante<br />

setor no estado.<br />

De acordo com dados da SEPLAN (2016), o Estado conta com<br />

uma área total de 28 milhões de hectares, sendo que quase 14<br />

milhões possuem potencial para a produção agrícola. Desse total,<br />

cerca de 8 milhões estão ocupados com pastagens. A agricultura<br />

no Estado, majoritariamente representada pelos grãos,<br />

ocupa área de 1,2 milhões de hectares e o restante, cerca de 4,8<br />

milhões, ainda são áreas com potencial para exploração agrícola.<br />

A Tabela 3.1 mostra a divisão do território do Tocantins.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 69<br />

Analisando a Tabela 3.1, nota-se que o Estado, apesar de<br />

ter grande potencial agrícola, também possui área de preservação<br />

ambiental importante. A soma das áreas dos parques<br />

estaduais e nacionais, áreas indígenas, áreas de proteção<br />

ambiental, de reserva legal, de preservação permanente e de<br />

corpos de água representa 46% do total do território do Estado.<br />

Cerca de 5% das áreas ainda são áreas potenciais para<br />

conservação (SEPLAN, 2016a).<br />

A situação atual do Tocantins, diante da silvicultura, tem<br />

sua explicação com uma história que se iniciou no início da<br />

década de 90 e que alterou o percurso desse setor. Mais especificamente,<br />

em 1992, a silvicultura se iniciou no estado para<br />

aproveitar o mercado aquecido da siderurgia. Entre 1998 e<br />

2000 foi liberado um crédito para recomposição florestal que<br />

novamente incentivou o plantio no Tocantins. Já em 2004<br />

e 2005, o setor siderúrgico estava novamente em alta e o<br />

<br />

gráfico 3.1<br />

Municípios com maiores áreas plantadas com florestas no Tocantins em 2016<br />

20.000<br />

15.000<br />

18.421<br />

16.554<br />

Hectares<br />

10.000<br />

5.000<br />

9.236<br />

0<br />

Brejinho de<br />

Nazaré<br />

São Bento<br />

do Tocantins<br />

Araguaína<br />

Ananás<br />

Goiatins<br />

Crixás do<br />

Tocantins<br />

Wanderlândia<br />

Palmas<br />

Aliança do<br />

Tocantins<br />

Darcinópolis<br />

Babaçulândia<br />

9.124<br />

9.078<br />

7.415<br />

5.932<br />

5.000<br />

4.649<br />

4.007<br />

3.842<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


70<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

Estado incrementou o cultivo para atender às siderúrgicas de<br />

Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Mais recentemente,<br />

entre 2005 e 2006, houve uma expectativa da instalação de<br />

uma fábrica de papel e celulose no Estado, que acabou não<br />

se concretizando, porém, diversos produtores investiram em<br />

florestas para atender essa demanda.<br />

A área total destinada para silvicultura no Tocantins é equivalente<br />

a aproximadamente 141 mil hectares (IBGE, 2016).<br />

Esse valor é apenas 1,4% da área total brasileira utilizada pela<br />

cultura. No Estado existem concentrações de terras muito utilizadas<br />

para esse cultivo, que se localizam nos municípios de<br />

Brejinho de Nazaré e Araguaína, respectivamente, no centro<br />

e norte do Estado; e em São Bento do Tocantins, próximo ao<br />

Bico do Papagaio (região norte). Esses três municípios juntos<br />

são responsáveis por 31,3% do total produzido do Estado. A<br />

maior densidade nessas regiões deve-se principalmente aos<br />

fundos florestais Itaquari e EcoBrasil, que possuem grandes<br />

áreas plantadas, e a fábrica de celulose Suzano, que é responsável<br />

por grandes plantações da cultura, além de atrair produtores<br />

para a região norte do Estado. O Gráfico 3.1 apresenta o<br />

ranking dos 10 municípios com maiores áreas plantadas em<br />

hectares no Tocantins.<br />

Se comparado a outros Estados, o Tocantins ainda tem<br />

baixa área plantada destinada à silvicultura. Em relação a<br />

Minas Gerais, principal produtor nacional, por exemplo, o<br />

<br />

gráfico 3.2<br />

Comparação área plantada total (eucalipto, pinus e demais<br />

espécies) no Tocantins e demais Estados produtores (dados 2016)<br />

Tocantins<br />

Espírito Santo<br />

Bahia<br />

São Paulo<br />

Minas Gerais<br />

Total Brasil<br />

141.047<br />

289.376<br />

587.464<br />

1.156.303<br />

1.880.538<br />

10.023.076<br />

0 2.000.000 4.000.000 6.000.000 8.000.000 10.0000.000<br />

(em hectares)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

território tocantinense representa apenas 7,5% da sua área<br />

plantada. O Gráfico 3.2 apresenta uma comparação entre estados<br />

selecionados no quesito área plantada.<br />

Na produção é possível observar que a silvicultura tem processo<br />

produtivo diferente das outras culturas agrícolas pelo<br />

fato de possuir um período muito longo entre o plantio e o<br />

corte. Por esse motivo, devido aos momentos de expansão e<br />

desaceleração do plantio já abordados anteriormente, o valor


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 71<br />

<br />

Lenha e madeira em m 3<br />

gráfico 3.3<br />

Série histórica de produção de produtos madeireiros<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Lenha<br />

Madeira em tora<br />

Carvão<br />

3.000<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

500<br />

0<br />

Carvão em toneladas<br />

de produção com a silvicultura ano a ano é bastante heterogêneo.<br />

Outra característica da cultura de árvores, em especial do<br />

eucalipto, é que possui mais de um ciclo de crescimento, ou<br />

seja, após o primeiro corte ainda é possível, após alguns anos,<br />

extrair os produtos madeireiros e não madeireiros da árvore.<br />

No Gráfico 3.3 pode-se observar a série histórica de produção<br />

de produtos madeireiros do Tocantins.<br />

Nota-se que existem períodos com oferta de produtos florestais<br />

e outros sem produção nenhuma. Esses períodos de<br />

maior produção foram decorrentes das expansões de plantações<br />

que ocorreram no Estado e que, após o período de<br />

crescimento, estão sendo cortadas. Em 2010, por exemplo,<br />

estavam sendo cortadas as árvores plantadas no período de<br />

divulgação da vinda da indústria de celulose para o estado.<br />

Apesar da maior produção madeireira em quantidade no<br />

ano de 2010 (equivalente a R$ 2.091 mil), em 2015 o alto valor<br />

agregado permitiu que o faturamento proveniente da silvicultura<br />

fosse similar, apesar do volume menor de produção.<br />

Mesmo assim, a receita com a produção ainda é muito pequena<br />

quando comparada com o total das árvores plantadas no<br />

estado. Isso porque, a maior parte dos produtos segue para<br />

outros Estados para serem processados, pelo fato de o Tocantins<br />

não possuir grandes indústrias capazes de cumprir essa<br />

função internamente. No Gráfico 3.4 é possível observar a<br />

série histórica dos valores arrecadados por produtos florestais<br />

entre 2010 e 2016.<br />

O valor de produção da silvicultura é segmentado em poucos<br />

municípios do Estado. Os que vêm apresentando maior<br />

desempenho são Alvorada, Dueré e São Valério da Natividade.<br />

Esses municípios são uns dos poucos que possuem uma continuidade<br />

de renda nesse setor por processarem uma pequena<br />

quantidade de matéria-prima internamente. Em Dueré,<br />

por exemplo, localiza-se a empresa Jamp de reflorestamento,<br />

que realiza o processamento de matéria-prima derivada da<br />

produção verticalizada de eucaliptos. Seus principais produ-


72<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

Mil R$<br />

<br />

gráfico 3.4<br />

Valor da produção da silvicultura (mil R$)<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

2091<br />

0<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

tos são o carvão de eucalipto, madeira de eucalipto, óleo de<br />

eucalipto e madeira de cedro maria.<br />

3. 1. 2. Custo de produção<br />

386<br />

Os plantios de eucalipto no Tocantins são relativamente novos,<br />

sendo que os primeiros surgiram próximos à criação do<br />

estado – em 1990 a 1992 – em áreas pequenas, com no máximo<br />

cinco hectares, com a finalidade de levar sustentabilidade<br />

às fazendas (Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />

Sustentável do Tocantins, Semades, 2013).<br />

750<br />

1662<br />

2009<br />

226<br />

Em anos mais recentes, o plantio do eucalipto no Tocantins<br />

foi impulsionado pelos investimentos de empresas do segmento<br />

de papel e celulose, com um incremento de 66,4% de<br />

2011 para 2012, quando atingiu uma área total de 109 mil<br />

hectares. Em 2013, a área aumentou para 111.131 ha. Entretanto,<br />

os Estados com maior expressão em área de plantio, em<br />

2013, foram Minas Gerais (25,6%), São Paulo (18,5%) e Mato<br />

Grosso do Sul (12,8%). Tocantins representou 2% do total de<br />

5.473.176 hectares cultivados no Brasil (IBA, 2014).<br />

Em função disso, os dados de custos de produção do eucalipto<br />

no Estado do Tocantins são escassos na literatura,<br />

enquanto estudos dessa natureza referentes a Minas Gerais<br />

e São Paulo são mais comuns. Outra dificuldade que se apresenta<br />

é a falta de uma uniformidade nas metodologias adotadas<br />

para as estimativas dos custos de produção, o que torna a<br />

avaliação comparativa entre os estados mais desafiadora.<br />

Graça, Rodigheri e Conto (2000) salientam que apesar da<br />

importância ambiental, social e econômica dos plantios florestais,<br />

eles são caracterizados por elevados custos de implantação<br />

e manutenção e, normalmente, apresentam retornos<br />

financeiros mais expressivos entre os 6º e 25º anos de<br />

cultivo, quando são realizados os cortes finais. Ou seja, são<br />

culturas de longo prazo. Isso reforça a importância que os estudos<br />

de custos de produção apresentam no planejamento e<br />

administração dessa atividade.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 73<br />

Diante do exposto, serão apresentados análises de custos<br />

de produção para os Estados da Bahia, Espírito Santo, Minas<br />

Gerais e São Paulo referenciadas em literatura; e as informações<br />

referentes ao Tocantins foram cedidas por sua Secretaria<br />

Estadual de Agricultura e Abastecimento.<br />

De acordo com Silva (2012), para a análise de custo de produção<br />

do eucalipto, pode-se adotar a estrutura apresentada na<br />

Tabela 3.2 para organizar os elementos de custos fixos, variáveis<br />

e operacionais. Trata-se de uma estrutura base, de referência;<br />

mas, conforme será observado, nem todas as etapas foram<br />

adotadas pelas metodologias praticadas nos estudos que avaliaram<br />

os custos de produção apresentados. Em função do horizonte<br />

temporal da cultura, de seis, sete, 12 ou 14 anos – sendo o<br />

1º para a implantação e os demais de condução, Janoselli, Harbs<br />

e Mendes (2016) ainda classificam os valores despendidos no 1º<br />

ano como investimento e nos demais anos como manutenção.<br />

<br />

taBEla 3.2<br />

Estrutura para análise do custo de produção do eucalipto.<br />

a: cUSto VariáVEl<br />

A.1 DESPES<strong>AS</strong> COM IMPLANTAÇÃO / CUSTEIO DA ATIVIDADE<br />

1. Operação de limpeza de área/construção de estradas/aceiros;<br />

2. combate às formigas<br />

3. capina pré-plantio<br />

4. subsolagem com marcação de covas<br />

5. plantio<br />

6. adubação de dez dias<br />

7. primeiro repasse à formiga<br />

8. replantio<br />

9. segundo repasse às formigas<br />

10. coroamento/trilhamento<br />

11. trato cultural na linha<br />

12. trato cultural na entrelinha<br />

13. recoroamento<br />

14. adubação aos 90 dias<br />

15. trato cultural na entrelinha<br />

16. trato cultural na área total<br />

17. adubação de um ano (calcário + NPK)<br />

18. roçada manual área total<br />

19. combate às formigas<br />

A.2 DESPES<strong>AS</strong> COM COLHEITA<br />

1. corte<br />

2. tombamento<br />

3. carregamento<br />

A.3 DESPES<strong>AS</strong> COM TRANSPORTE<br />

1. Transporte<br />

A.4 DESPES<strong>AS</strong> FINANCEIR<strong>AS</strong><br />

1. Juros<br />

B: cUSto fiXo<br />

B.1 DEPRECIAÇÕES<br />

1. Depreciação de benfeitorias e instalações<br />

2. depreciação de máquinas<br />

3. depreciação de implementos<br />

B.2 OUTROS CUSTOS FIXOS<br />

1. Mão de obra e encargos sociais e trabalhistas


74<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

c: cUSto oPEracioNal<br />

C.1 SOMA DE A+B<br />

C.2 RENDA DE FATORES<br />

1. Remuneração sobre o capital fixo<br />

2. custo de oportunidade da terra<br />

D: cUSto total<br />

SOMA DE A+B+C<br />

Fonte: SILVA (2012).<br />

Janoselli, Harbs e Mendes (2016) apresentam os custos de<br />

produção de eucalipto – destinado para a indústria de papel<br />

e celulose – no município de São João da Boa Vista, estado de<br />

São Paulo (Tabela 3.3.A e Tabela 3.3.B). Neste caso, a modalidade<br />

de produtor escolhida foi de fomento, onde os custos<br />

com as mudas e colheita não seriam contabilizados no fluxo<br />

de caixa do produtor, ficando a cargo da empresa e, portanto,<br />

não aparecem na tabela de custos de produção. Como custos<br />

de implantação, foram considerados mão de obra e combustível<br />

do período, análise de solo, correção de solo, controle de<br />

formigas, duas aplicações para controle de plantas invasoras<br />

(pré e pós-plantio), formulação NPK (04-30-10), plantio/replantio<br />

(3%) e duas irrigações no sulco. Os custos de manutenção<br />

englobaram os gastos com mão de obra e combustível<br />

do período, adubações de cobertura com (20-05-20), controle<br />

de formigas, controle de doenças, controle químico de plantas<br />

invasoras, impostos, talhadia, destocamento e custo de oportunidade<br />

da terra – referenciado no valor de arrendamento<br />

da terra para o cultivo de cana-de-açúcar. O imposto descrito<br />

na planilha de custos foi o Imposto sobre a Propriedade Territorial<br />

Rural [ITR] (0,07%). Foi ainda levado em consideração<br />

o imposto de renda descontados os custos e investimentos e<br />

Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural [FUNRURAL] (2,3%). O<br />

custo de oportunidade da terra foi estabelecido conforme o<br />

valor médio de arrendamento para cana-de-açúcar encontrado<br />

na região, girando em torno de R$ 1.100,00 ha ano-1 (IEA,<br />

2015d). Observa-se na Tabela 3.3.A, que os investimentos<br />

para a implantação do eucalipto (ano 0) em 80 hectares totalizaram<br />

R$ 107.791,00, ou R$ 1.347/ha. Desse total, 34,9% foram<br />

despesas com fertilizantes, 14,4% com correção de solo, 13,9%<br />

com preparo de solo e 12,6% com controle de plantas invasoras.<br />

Na Tabela 3.3.B, observa-se que para os Anos 1 e 2, respectivamente,<br />

os valores com a manutenção da cultura foram<br />

de R$1.842/ha e R$ 1.584/ha. Do ano 3 ao ano 7, a manutenção<br />

envolveu despesas com o controle de formigas, imposto e<br />

custo de oportunidade, totalizando, no período, R$ 466.772,00.<br />

Os anos 8 e 9 tiveram, adicionalmente, despesas com adubação,<br />

controle de doenças e controle de plantas invasoras,<br />

totalizando os gastos em, respectivamente, R$ 1.884,17/ha e<br />

R$1.584,33/ha. Do ano 10 ao 13, a manutenção contabilizou R$<br />

4.667,72/ha e o ano 14 fechou com R$2.653,00/ha.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 75<br />

<br />

taBEla 3.3a<br />

Custos de implantação (investimento) da cultura do eucalipto em São João da Boa Vista, São Paulo (Janoselli, Harbs e Mendes, 2016)<br />

Densidade (pés/ha): 1.333 Espaçamento: 3,0 x 2,5m Região referencial: São João da Boa Vista/SP<br />

Espécie plantada: Eucalyptus urograndis Produtividade esperada: Área total: 80 hectares<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

QUANT.<br />

A<strong>NO</strong> 0<br />

TOTAL<br />

a- investiMentos para instaLação<br />

mão de obra dia homem-1 50 17 850<br />

A.1 PREPARO DE SOLO<br />

sulcagem + adubação h máquina-1 100 135 13.500<br />

análise de solo unidade 42 16 672<br />

máquina distribuidora h máquina-1 100 16 1.600<br />

A.2 CORREÇÃO DE SOLO<br />

pá carregadeira h máquina-1 100 5 500<br />

calcário + frete kg 0 120000 13.440<br />

mão de obra dia homem-1 50 40 2.000<br />

A.3 CONTROLE DE FORMIG<strong>AS</strong><br />

formicida kg 14 320 4.589<br />

mão de obra dia homem-1 50 11 550<br />

A.4 CONTROLE DE PLANT<strong>AS</strong> INV<strong>AS</strong>OR<strong>AS</strong> máquina (pulverizador) h máquina-1 100 88 8.800<br />

herbicida L 13 320 4.304<br />

A.5 FERTILIZANTE 04-30-10 + micro kg 2 20000 37.600<br />

mão de obra dia homem-1 50 11 550<br />

A.6 PLANTIO<br />

máquina (plantadeira) h máquina-1 100 85 8.500<br />

mão de obra dia homem-1 50 9 450<br />

A.7 IRRIGAÇÃO<br />

máquina (tanque de arrasto) h máquina-1 100 25 2.500<br />

A.8 REPLANTIO dia homem-1 50 30 1.500<br />

A.9 COMBUSTÍVEL L 3 1930 5.887<br />

TOTAL 107.791


76<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 3.3B<br />

Custos de manutenção da cultura do eucalipto em São João da Boa Vista, São Paulo (Janoselli, Harbs e Mendes, 2016)<br />

Densidade (pés/ha): 1.333 Espaçamento: 3,0 x 2,5m Região referencial: São João da Boa Vista/SP Espécie plantada: Eucalyptus urograndis<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

A<strong>NO</strong> 1 A<strong>NO</strong> 2<br />

QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL<br />

B-CUSTOS VARIÁVEIS (MANUTENÇÃO)<br />

mão de obra dia homem-1 50 10 500 6 300<br />

B.1 ADUBAÇÃO DE COBERTURA<br />

adubo 20-05-20 Kg 2 19.200 37.248 9.600 18.624<br />

máquina (adubadeira linha) h máquina-1 100 40 4.000 20 2.000<br />

B.2 CONTROLE DE FORMIG<strong>AS</strong><br />

mão de obra dia homem-1 50 50 2.500 50 2.500<br />

formicida kg 14 160 2.294 160 2.294<br />

mão de obra dia homem-1 50 2 100<br />

B.3 CONTROLE DE <strong>DO</strong>ENÇ<strong>AS</strong><br />

máquina (pulverizador) h máquina-1 100 16 1.600<br />

fungicida L 109 40 4.374<br />

mão de obra dia homem-1 50 5 250 3 150<br />

máquina (pulverizador) h máquina-1 100 40 4.000 20 2.000<br />

herbicida L 13 480 6.456 240 3.228<br />

B.4 CONTROLE DE PLANT<strong>AS</strong> INV<strong>AS</strong>OR<strong>AS</strong><br />

combustível (óleo diesel) L 3 500 1.525 333 1.016<br />

imposto territorial rural (ITR) Reais 560 560<br />

talhadia dia homem-1 50<br />

destocamento da área R$ha-1 1.500<br />

custo de oportunidade da terra R$ha-1ano-1 1.100 80 88.000 80 88.000<br />

totaL 147.333 126.746<br />

CUSTO TOTAL (R$) 147.333 126.746<br />

CUSTO TOTAL (R$/ha) 1.842 1.584<br />

Receita (R$) (A<strong>NO</strong>S 7 E 14)<br />

Custo totaL (r$/ha) - Cot - iMpostos/taXas 735 477


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 77<br />

Produtividade esperada: Área total: 80 hectares 1º Corte (7º ano): 294m3 2º Corte (14º ano): 250m3<br />

A<strong>NO</strong> 3 AO 7 A<strong>NO</strong> 8 A<strong>NO</strong> 9 A<strong>NO</strong> 10 AO 13 A<strong>NO</strong> 14<br />

QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL<br />

10 500 6 300<br />

19.200 37.248 9.600 18.624<br />

40 4.000 20 2.000<br />

50 2.500 50 2.500 50 2.500 50 2.500 50 2.500<br />

160 2.294 160 2.294 160 2.294 160 2.294 80 1.147<br />

2 100<br />

16 1.600<br />

40 4.374<br />

5 250 3 150<br />

40 4.000 20 2.000<br />

480 6.456 240 3.228<br />

500 1.525 333 1.016<br />

560 560 560 560 560<br />

68 3.400<br />

80 120.000<br />

80 88.000 80 88.000 80 88.000 80 88.000 80 88.000<br />

466.772 150.733 126.746 373.418 212.207<br />

466.772 150.733 126.746 373.418 212.207<br />

5.835 1.884 1.584 4.668 2.653<br />

1.008.794 1.008.794<br />

4.728 totaL perioDo (anos 1 a 7) 7.287


78<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

Ou seja, o total gasto com os custos variáveis de manutenção<br />

em 14 anos de projeto foi R$ 1.603.956, uma média<br />

de R$ 114.568,30 / ano. O custo de oportunidade da terra<br />

que somou R$ 1.232.000,00, correspondeu a 77% do total.<br />

Os outros itens corresponderam, em ordem decrescente, da<br />

seguinte forma: adubação de cobertura 8%, destocamento<br />

7,5%, combate permanente de formigas 4%, controle de<br />

plantas daninhas 2%, controle de doença 0,8%, ITR 0,49%,<br />

combustível 0,32% e talhadia 0,2%. Os gastos com imposto<br />

de renda e Funrural ficaram, respectivamente, em R$<br />

63.500,54 e R$ 46.404,51 e foram lançados diretamente na<br />

planilha de fluxo de caixa.<br />

O custo de produção para o Estado de Minas Gerais foi obtido<br />

no Agrianual 2017, levantado por Informa Economics IEG<br />

| FNP (Tabela 3.4). Neste caso, as espécies consideradas foram<br />

E. grandis ou E. urograndis - Clonado, com uma densidade<br />

de plantio de 1.660 plantas por hectare. O horizonte temporal<br />

considerado foi de 12 anos, com o primeiro corte no ano seis<br />

e o segundo corte no ano 12.<br />

Observa-se que, no ano 0, os investimentos para a implantação<br />

da cultura totalizaram R$ 5.856,19/ha, ou seja, 335%<br />

superior ao do Estado de São Paulo. As operações manuais<br />

responderam por 42,8%, enquanto os insumos 39%. O gasto<br />

total com manutenção (anos 1 ao 12) ficou em R$ 13.979,22/<br />

ha. Do ano 1 ao 5 (R$ 904,39/ha/ano), as despesas ficaram<br />

concentradas nas operações manuais (47,16%) e nos insumos<br />

(28,7%). No ano 6 (R$2.016,66/ha/ano), por ocasião do<br />

primeiro corte, houve uma elevação nos gastos com o controle<br />

mecânico de plantas daninhas nas entrelinhas, operação<br />

de replantio e adubação, além do maior uso de fertilizantes e<br />

corretivos. Do ano 7 ao 11, o valor de manutenção ficou em<br />

R$ 993,50/ha/ano, com gastos concentrados nas operações<br />

manuais e insumos referentes ao combate às formigas, adubação<br />

e aplicação de herbicidas. No ano 12 (R$1.479,65/ha/<br />

ano), com o segundo corte, houve elevação nas despesas com<br />

roçadas nas entrelinhas e com impostos.<br />

Destaca-se que na planilha de custo de produção para o<br />

Estado de Minas Gerais da FNP (2017) não apareceu o item<br />

de custo de oportunidade, conforme visto na planilha para<br />

o Estado de São Paulo (Janoselli, Harbs e Mendes, 2016), e<br />

que teve significativa expressão no custo total deste último.<br />

Para o Estado do Espírito Santo, o custo de produção de eucalipto<br />

foi levantado para um estudo de casos múltiplos realizado<br />

em seis propriedades em fase de colheita na região sul.<br />

Os dados referem-se a propriedades incluídas no Programa<br />

Produtor Florestal e foram divididos em três fases: a primeira,<br />

referente aos custos de implantação e manutenção; a segunda<br />

referente aos custos de colheita; e a terceira, referente aos<br />

custos de transporte da madeira. As operações referentes à<br />

primeira fase e seus respectivos custos foram cedidos pela


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 79<br />

empresa Fibria S.A., compradora dos eucaliptos produzidos<br />

(Silva, 2010).<br />

Para esse estudo de caso, os custos fixos não foram computados<br />

no cálculo do custo total, pois todo o serviço de mão<br />

de obra nas propriedades foi terceirizado, ficando assim, estes<br />

encargos, por conta das empresas contratadas. Não foram<br />

utilizadas máquinas, implementos ou instalações rurais das<br />

propriedades, não sendo possível calcular a depreciação das<br />

mesmas.<br />

Os custos referentes à fase de implantação foram apresentados<br />

de forma consolidada para o horizonte de sete<br />

anos, ficando em R$ 2.090,73/ha. Os itens de maior expressão<br />

foram limpeza de área/ construção de estradas / aceiros<br />

(16,03%), marcação e abertura de covas (10,23%), roçada<br />

manual em área total (9,81%) e combate à formiga do<br />

ano 2 ao 6 (8,23%). Silva (2012) ainda salienta que os custos<br />

mais significativos dessa fase correspondem às despesas<br />

do 1º ano, até a atividade de adubação, com as demais operações<br />

reduzindo gradativamente seus custos ao longo do<br />

tempo (Tabela 3.5).<br />

Silva (2012) computou também as despesas na fase de colheita<br />

(R$ 1.845,80) e transporte (R$ 1.885,40), além do custo<br />

de oportunidade da terra (R$3.122,50), cujo valor é superior<br />

aos dois anteriores e muitas vezes não é considerado em uma<br />

análise econômica.<br />

Na Bahia, o custo de produção em Eunápolis foi levantado<br />

junto aos produtores para o projeto Campo Futuro, uma iniciativa<br />

da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil<br />

(CNA) em parceria com Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

Rural (Senar), Dendrus Projetos Florestais e Ambientais, empresa<br />

vinculada ao Centev/UFV e Universidade Federal de Viçosa<br />

(PROJETO CAMPO FUTURO, 2017).<br />

O valor total para um ciclo de sete anos ficou em R$ 13.127,83,<br />

sendo que no ano 0 o investimento foi de R$ 4.384,65, ou<br />

33,4%. O Custo Operacional Efetivo totalizou R$ 7.253,04,<br />

enquanto o Custo Operacional Total foi de R$ 8.867,30. Vale<br />

destacar também a relevância do Custo de Oportunidade da<br />

Terra, a exemplo do Estado de São Paulo, que ficou em 32% do<br />

total, o equivalente a R$ 4.200/ha (Tabela 3.6).<br />

No Tocantins, para avaliar o custo de produção no Estado,<br />

foram utilizados os dados cedidos pela Superintendência Regional<br />

do Tocantins do Banco da Amazônia, vigentes para o 1º<br />

semestre de 2017. Os mesmos faziam referência apenas aos<br />

custos operacionais efetivos. Dessa forma, valores como pró<br />

-labore foram estimados com base nas informações levantadas<br />

na região de Eunápolis/BA para o projeto Campo Futuro<br />

(2017); e o custo de oportunidade da terra (COT) foi estimado<br />

conforme a metodologia adotada por Silva (2012).<br />

De acordo com o autor, para o cálculo do COT, é sugerida<br />

uma taxa de remuneração que incide sobre o valor médio da


80<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 3.4<br />

Custo de produção (R$/ha) para o eucalipto em Minas Gerais.<br />

EUCALIPTO - CUSTO DE PRODUÇÃO<br />

(R$/HA) - 2016<br />

Densidade (pés/ha): 1.660 Espécie plantada: E. grandis ou E.urograndis - Clonado 1º Corte 300 m3<br />

Espaçamento: 3 x 2m Produtividade esperada: 2º Corte 270 m3<br />

Região referencial: Minas Gerais<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

A<strong>NO</strong> 0 A<strong>NO</strong> 1 AO 5 A<strong>NO</strong> 6 A<strong>NO</strong> 7 AO 11 A<strong>NO</strong> 12<br />

Quant. Total Quant. Total Quant. Total Quant. Total Quant. Total<br />

A-OPERAÇÕES MECANIZAD<strong>AS</strong><br />

A.1. PREPARO <strong>DO</strong> SOLO + ADUBAÇÃO<br />

calagem e fosfatagem HM TP 4x4 75cv + Distribuidor Calcário 2,3m³ 107,59 2,00 215,18<br />

adubação de base HM TP 4x4 75cv + Carreta madeira (4000kg) 85,50 0,50 42,75<br />

coveamento e coroamento 133,98 1,00 133,98<br />

subsolagem HM TP 4x4 125cv + Arado Subsolador 7 discos 136,58 3,00 409,75<br />

A.2. TRATOS CULTURAIS<br />

roçada na entrelinha HM TP 4x4 75cv + Roçadeira central 90,92 0,40 36,37 6,00 545,49 0,80 72,73 6,00 545,49<br />

aplicação herbicida entrelinha HM TP 4x4 75cv + Pulverizador 400litros 81,79 0,18 14,72 0,36 29,45<br />

A.3. OUTR<strong>AS</strong> DESPES<strong>AS</strong><br />

transporte de mudas HM Caminhão Truck 159,66 0,32 50,88<br />

manut. aceiros, carreadores HM TP 4x4 75cv + Roçadeira central 90,92 0,50 45,46 0,10 9,09 0,15 13,64 0,20 18,18 0,15 13,64<br />

subtotaL a 847,12 111,06 559,13 120,36 559,13<br />

B - OPERAÇÕES MANUAIS<br />

B.1. PREPARO <strong>DO</strong> SOLO + ADUBAÇÃO<br />

limpeza do terreno Homem-dia 53,99 1,50 80,99<br />

combate à formiga Homem-dia 53,99 0,85 45,89 1,00 53,99 1,00 53,99 1,00 53,99 1,00 53,99


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 81<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

A<strong>NO</strong> 0 A<strong>NO</strong> 1 AO 5 A<strong>NO</strong> 6 A<strong>NO</strong> 7 AO 11 A<strong>NO</strong> 12<br />

Quant. Total Quant. Total Quant. Total Quant. Total Quant. Total<br />

B.2 PREPARO <strong>DO</strong> SOLO + PLANTIO<br />

plantio / replantio / adubação homem-dia 53,99 32,00 1727,74 5,00 269,96<br />

aplicação de hidrogel homem-dia 53,99 1,70 91,79<br />

B.3. TRATOS CULTURAIS 53,99<br />

capinas manuais - linhas (2x) homem-dia 53,99 1,00 53,99 0,80 43,19<br />

adubação de cobertura (2x+1+1) homem-dia 53,99 6,00 323,95 1,80 97,19 1,80 97,19 1,80 97,19<br />

aplicação de herbicida jato dirigido (2x) homem-dia 53,99 2,50 134,98 3,00 161,98 3,50 188,97 4,00 215,97 4,00 215,97<br />

desrama / desbrote homem-dia 53,99 1,10 59,39 2,20 118,78<br />

combate à formiga (3x) homem-dia 53,99 0,86 46,43 0,20 10,80 0,30 16,20 0,40 21,60 0,40 21,60<br />

subtotaL b 2.505,77 426,54 626,31 507,52 291,56<br />

C-INSUMOS<br />

C.1. FERTILIZ. E CORRET. (*) R$/ha 1.383,00 1,00 1280,00 0,17 235,11 0,30 414,90 0,17 220,16 0,17 235,11<br />

C.2. HERBICID<strong>AS</strong> R$/ha 17,64 2,50 44,10 1,20 21,17 1,60 28,22 1,80 31,75 1,80 31,75<br />

C.3. FORMICID<strong>AS</strong> R$/ha 15,95 2,50 39,88 0,20 3,19 0,30 4,79 0,40 6,38 0,40 6,38<br />

C.4. HIDROGEL R$/ha 26,95 2,08 56,05<br />

C.5. MUD<strong>AS</strong> R$/milheiro 511 1,70 868,64<br />

subtotaL C 2.288,67 259,47 447,91 258,29 273,24<br />

D - ADMINISTRAÇÃO<br />

assistência técnica R$/ha 214,64 1,00 214,64 0,50 107,32 0,50 107,32 0,50 107,32 0,50 107,32<br />

impostos/taxas % receita 2,30% 276,00 248,40<br />

subtotaL D 214,64 107,32 383,32 107,32 355,72<br />

Custo totaL (R$/HA/A<strong>NO</strong>) 5.856,19 904,39 2.016,66 993,50 1.479,65<br />

Fonte: FNP (2017)


82<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 3.5<br />

Custo de Produção, colheita e transporte de eucalipto no sul do<br />

Espírito Santo.<br />

DESCRIÇÃO<br />

R$/HA<br />

EUCALIPTO - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA)<br />

Densidade (pés/ha): 1.111<br />

Espaçamento: 3,0m x 3,0m<br />

clones do cruzamento entre Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis<br />

Produtividade média (7 anos): 220m3/ha<br />

Região referencial: Espírito Santo (Municípios de Divino de São Lorenço, Alegre e Jerônimo Monteiro)<br />

1. SERVIÇOS<br />

DESCRIÇÃO<br />

R$/HA<br />

limpeza de área/construção de estradas/aceiro 335,89<br />

marcação e abertura de covas 212,50<br />

roçada manual área total 205,64<br />

combate à formiga (ano 2 ao ano 6) 171,36<br />

trato cultural na linha 119,96<br />

plantio 115,39<br />

coroamento/Trilhamento 114,25<br />

capina pré-plantio 109,68<br />

adubação de 1 ano (calcário + NPK) 108,54<br />

trato cultural na entrelinha 98,26<br />

trato cultural na entrelinha 98,26<br />

adubação 90 dias 85,69<br />

adubação de 10 dias 71,97<br />

1. SERVIÇOS<br />

recoroamento/Trilhamento 68,55<br />

trato cultural área total 68,55<br />

replantio 45,70<br />

combate inicial à formiga 28,56<br />

primeiro repasse à formiga 17,13<br />

segundo repasse à formiga 14,85<br />

TOTAL 1 2.090,73<br />

2. DESPES<strong>AS</strong> NA F<strong>AS</strong>E DE COLHEITA<br />

corte 1.141,80<br />

tombamento 319,00<br />

carregamento 385,00<br />

TOTAL 2 1.845,80<br />

3. DESPES<strong>AS</strong> NA F<strong>AS</strong>E DE TRANSPORTE<br />

transporte 1.885,40<br />

TOTAL 3 1.885,40<br />

4. RENDA DE FATORES<br />

custo de oportunidade da terra 3.122,50<br />

5. CUSTO TOTAL 8.944,43<br />

Fonte: Silva (2012)


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 83<br />

<br />

taBEla 3.6<br />

Custo de produção do eucalipto na região de Eunápolis-BA<br />

DESCRIÇÃO<br />

R$/HA<br />

EUCALIPTO - CUSTO DE PRODUÇÃO (R$/HA)<br />

Densidade (pés/ha): 833<br />

Espaçamento: 4,0m x 3,0m<br />

Clones híbridos das espécies Eucalyptus urophylla e E. grandis.<br />

Produtividade média (7 anos): 266m3/ha<br />

Região referencial: Eunápolis-BA<br />

ano 4 91,25<br />

ano 5 10,00<br />

ano 6 150,00<br />

TOTAL 2 1.185,00<br />

DESCRIÇÃO<br />

R$/HA<br />

3. G<strong>AS</strong>TOS GERAIS<br />

1. IMPLANTAÇÃO - A<strong>NO</strong> 0<br />

pessoas permanentes na manutenção 587,86<br />

infraestrutura para plantio 400,00<br />

preparo do solo 1397,50<br />

plantio 980,00<br />

tratos silviculturais 1607,15<br />

gastos gerais 1095,53<br />

TOTAL 3 1.095,53<br />

CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (1+2+3) 7.253,04<br />

pró-labore 1.533,00<br />

depreciação benfeitorias 62,40<br />

depreciação veículos 18,86<br />

TOTAL 1 4.972,51<br />

2. MANUTENÇÃO<br />

ano 1 461,25<br />

ano 2 241,25<br />

ano 3 231,25<br />

CUSTO OPERACIONAL TOTAL 8.867,30<br />

remuneração do capital - máquinas e implementos 6,98<br />

remuneração do capital - benfeitorias 53,55<br />

remuneração da terra 4.200,00<br />

CUSTO TOTAL 13.127,83<br />

Fonte: Projeto Campo Futuro (2017).


84<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

terra na região do Tocantins, avaliada em R$1.500/ha (Superintendência<br />

Regional do Tocantins do Banco da Amazônia),<br />

durante o período de sete anos, que é o horizonte de planejamento<br />

da atividade em questão. O COT foi calculado de acordo<br />

com a expressão (1) a seguir:<br />

COT = [PMT(1+i)n]-PMT (1)<br />

Em que:<br />

COT = [custo de oportunidade da terra, em R$/ha/ano]<br />

PMT = [preço médio da terra na região, em R$/ha]<br />

I = [taxa de juros proposta (6% ao ano)]<br />

N = [horizonte de planejamento da atividade de produção<br />

de eucalipto]<br />

A fim de simplificar a avaliação e seguindo o modelo adotado<br />

pela maioria dos estudos analisados – com exceção de Silva<br />

(2012) para o Estado do Espírito Santo – foi considerada a comercialização<br />

da madeira em pé, o que indica que as operações<br />

de colheita e transporte da madeira até o pátio da fábrica e<br />

seus custos envolvidos são de responsabilidade da empresa;<br />

e, portanto, não estão contempladas na planilha de custo do<br />

produtor. Também se considerou que os serviços mecanizados<br />

foram terceirizados, não havendo, então, custos com manutenção<br />

ou depreciação de máquinas e implementos agrícolas.<br />

Diante do exposto, a Tabela 3.7 resume a estimativa dos<br />

custos de produção do eucalipto para o Tocantins. Em valores<br />

nominais, o custo total para o período (Ano 1 a 7) foi de<br />

R$ 7.082,22/ha, com investimentos de R$ 2.850,50/ha, Custo<br />

Operacional Efetivo de R$ 4.885,50/ha, e Custo Operacional<br />

Total de R$ 6.418,50.<br />

Observa-se que o custo de oportunidade da terra ficou bem<br />

abaixo quando comparado aos Estados de São Paulo, Bahia e<br />

Espírito Santo. A produtividade, em m3/ha, também apresentou<br />

o pior desempenho quando comparada às demais localidades<br />

avaliadas, ficando em 210 m3/ha, ante 300 m3/ha de<br />

Minas Gerais e 294 m3/ha de São Paulo – indicando que há<br />

potencial para elevar esse índice (Tabela 3.8).<br />

A produtividade do eucalipto é um fator determinante da<br />

sua rápida expansão no mercado e o Brasil se destaca no cenário<br />

mundial nesse quesito. Em 2014, a produtividade média<br />

dos plantios brasileiros atingiu 39m3/ha/ano (ou 273m3<br />

em 7 anos), resultado da priorização dos investimentos em<br />

pesquisa e desenvolvimento pelas empresas no setor, buscando<br />

a melhoria da genética dos plantios e das técnicas de<br />

manejo florestal. Entretanto, esforços adicionais são alocados<br />

para elevar a eficiência no uso dos recursos naturais, a exemplo<br />

da biotecnologia associada às técnicas convencionais de<br />

melhoramento genético; e inovações tecnológicas que objetivam<br />

árvores com características específicas, tais como mais


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 85<br />

produtividade de fibras e resistência a pragas e doenças, à<br />

seca, ao frio ou à salinidade (IBA, 2015).<br />

Ao se comparar os custos nos Estados avaliados, TO, SP, MG,<br />

BA e ES, nota-se também a variação nos custos operacionais<br />

efetivos. O menor valor (atualizado a valores de 2016) ficou<br />

com o ES, em R$ 2.639/ha em sete anos, em função também do<br />

modelo adotado no Programa Produtor Florestal, em que parte<br />

dos custos foram absorvidos pela indústria compradora. O<br />

segundo menor foi o TO, com R$ 4.886/ha. O maior valor ficou<br />

com o estado de MG, em R$ 8.501/ha em seis anos de ciclo até<br />

o 1º corte. Nesse caso, o investimento inicial também foi o mais<br />

expressivo, de R$ 5.856/ha no ano 0 (Tabela 3.8, Gráfico 3.5).<br />

Os estados de SP e BA apresentaram valores próximos<br />

para o valor total ao longo do ciclo de sete anos, de R$ 7.287/<br />

ha e R$ 7.253/ha, respectivamente. Entretanto, os valores iniciais<br />

divergiram em mais de R$ 3.000/ha, com investimentos<br />

de R$ 1.347/ha e R$ 4.385/ha, respectivamente (Tabela 3.8,<br />

Gráfico 3.5).<br />

Segundo o relatório IBA (2015), o Brasil tem perdido competitividade<br />

nos custos de produção do eucalipto nos últimos<br />

anos, apesar da sua liderança tecnológica no setor. Esse fato<br />

se deve a dois fatores principais: a) a elevação na taxa de câmbio,<br />

com valorização de 20% do real diante do dólar, que reduz<br />

a vantagem competitiva do Brasil em relação aos Estados<br />

Unidos, por exemplo, de um custo de produção 40% inferior<br />

<br />

R$ / hectare<br />

gráfico 3.5<br />

Custo operacional efetivo e valores de investimento inicial para o<br />

cultivo do eucalipto nos Estados avaliados: SP, MG, ES, BA e TO.<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

R$ 7.287<br />

1.347<br />

R$ 8.501<br />

5.856<br />

R$ 2.639<br />

R$ 7.253<br />

4.385<br />

INVESTIMENTO INICIAL<br />

R$ 4.886<br />

2.851<br />

São Paulo Minas Gerais* Espírito Santo** Bahia Tocantins<br />

*(Anos 1 ao 6) / ** Valor de 2012 trazido a Valor Futuro (2016) a uma taxa de 6% a.a.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

em 2000 para menos de 10% em 2014; e b) a combinação do<br />

aumento real do salário (12% no período considerado) com a<br />

estagnação na produtividade da mão de obra. O impacto direto<br />

nos custos é refletido na comparação – para 2014 – da<br />

inflação do setor de árvores plantadas, medida pelo Índice<br />

Nacional de Custos da Atividade Florestal (INCAF-Pöyry), de


86<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 3.7<br />

Estimativa dos custos de produção do eucalipto para o Tocantins<br />

Custo De proDução euCaLipto (r$/Ha)<br />

Densidade (pés/ha): 1142<br />

Espaçamento: 3,5 X 2,5 M<br />

Região referencial: Palmas - TO, 22 de fevereiro de 2017<br />

Espécie plantada:<br />

Produtividade esperada: 25 a 30 m³/ha/ano<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

A<strong>NO</strong> 1 A<strong>NO</strong> 2 A<strong>NO</strong> 3 A<strong>NO</strong>S 4 AO 7<br />

QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL<br />

I. INSUMOS<br />

calcário dolomítico T 55 2 110<br />

frete de calcário km/t<br />

fosfato natural reativo kg 1,1 300 330<br />

mudas + Frete Und 0,44 1.300,00 572<br />

1ª adub. cobert.(06-30-06) 45 dias após o plantio kg 1,35 250 337,5<br />

transporte interno htp 90 0,5 45 0,5 45 0,5 45<br />

2ª adub. cobert. (15-00-30) kg 1,3 150 195 150 195 150 195<br />

transporte interno htp 90 0,5 45<br />

formicida kg 10 6 60 2 20 2 20 2 20<br />

construção de aceiro htp 90 1 90<br />

distribuição de adubo htp 90 1 90 1 90<br />

manutenção de aceiro htp 90 1 90 1 90 1 90<br />

Custo totaL i 1.784,50 440 440 110<br />

II - SERVICOS<br />

distribuição de calcário htp 90 0,5 45<br />

controle de Formigas h/d 68 1 68 0,5 34 0,5 34 0,5 34<br />

subsolagem c/ fosfatagem htp 90 2 180<br />

plantio h/d 68 1,5 102


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 87<br />

DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO V.U.<br />

A<strong>NO</strong> 1 A<strong>NO</strong> 2 A<strong>NO</strong> 3 A<strong>NO</strong>S 4 AO 7<br />

QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL QUANT. TOTAL<br />

adub. de plantio h/d 68 1,5 102<br />

transporte interno htp 90 0,5 45<br />

replantio h/d 68 0,5 34<br />

transporte interno htp 90 0,3 27<br />

1ª capina entrelinhas htp 90 0,5 45 0,5 45 0,5 45 0,5 45<br />

2ª capina entrelinhas htp 90 0,5 45<br />

3ª capina entrelinhas htp 90 0,5 45<br />

1ª capina na linha h/d 68 1,5 102 1,5 102 1,5 102<br />

2ª capina na linha h/d 68 1,5 102<br />

3ª capina na linha h/d 68 1,5 102<br />

eventuais (3% s/custos) .......... vb 22 1 22<br />

eventuais (3% s/custos) .......... vb 14 1 14<br />

eventuais (3% s/custos) .......... vb 23 1 1 23<br />

Custo totaL ii 1.066,00 195 204 79<br />

III CUSTO OPERACIONAL EFETIVO 1 2.850,50 635 644 756<br />

pró-labore ano 219 219 219 876<br />

IV CUSTO OPERACIONAL TOTAL 2 3.069,50 854 863 1.632,00<br />

CUSTO DE OPORTUNIDADE DA TERRA<br />

custo oportunidade da terra 90 90 90 393,72<br />

preço médio da terra na região 1 hecatare 1.500,00<br />

taxa de juros ao ano 6%<br />

horizonte de planejamento ano 1 1 1 4<br />

v Custo totaL 3.159,50 944 953 2.025,72<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, a partir de dados da Superintendência Regional do Tocantins do Banco da Amazônia, Projeto Campo Futuro (2017) e Silva (2012).


88<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 3.8<br />

Comparativo entre Custo Operacional Efetivo (R$/ha) em um ciclo<br />

de cultivo de eucalipto, produtividade média no primeiro corte (m 3 /<br />

ha) e investimento inicial (Ano 0)<br />

ESTA<strong>DO</strong><br />

COE 1 CICLO (A<strong>NO</strong>S<br />

1 AO 7) (R$/ha)<br />

PRODUTIVIDADE<br />

MÉDIA (M 3 - 1º CORTE)<br />

INVESTIMENTO<br />

INICIAL (R$/ha)<br />

São Paulo 7.287 294 1.347<br />

Minas Gerais* 8.501 300 5.856<br />

Espirito Santo** 2.639 220 -<br />

Bahia 7.253 266 4.385<br />

Tocantins 4.886 210 2.851<br />

*(Anos 1 ao 6) / ** Valor de 2012 trazido a Valor Futuro (2016) a uma taxa de 6% a.a.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

<br />

taBEla 3.9<br />

Índices econômicos da atividade calculados para a análise de<br />

viabilidade econômica da produção do eucalipto no Tocantins<br />

ÍNDICE ECONÔMICO DA ATIVIDADE<br />

RB(HA) = PM*VP<br />

Em que:<br />

RB(ha) = renda bruta da atividade, por hectare<br />

PM = produtividade média considerada<br />

VP = valor médio pago, em R$/m3 de eucalipto<br />

MB = RB – COE<br />

Em que:<br />

MB = margem bruta da atividade, em R$/ha<br />

RB = renda bruta da atividade, em R$/ha<br />

COE = custo operacional efetivo, em R$/ha<br />

DESCRIÇÃO<br />

A renda bruta da atividade por hectare, que é<br />

a quantidade vendida pelo preço pago pelo<br />

produto sem abatimentos.<br />

A margem bruta da atividade por hectare é o<br />

valor restante quando da subtração da renda<br />

bruta do custo operacional efetivo.<br />

7,9%, diante da inflação nacional, medida pelo Índice Nacional<br />

de Preços ao Consumidor (IPCA), de 6,4%.<br />

3. 1. 3. Viabilidade da cultura no estado<br />

Para a análise da viabilidade econômica, foram calculados<br />

os seguintes índices econômicos da atividade, conforme metodologia<br />

adotada por Silva (2012), apresentados na Tabela 3.9.<br />

Para o cálculo da receita bruta, foi considerado um valor de<br />

venda de R$ 65/m 3 para o eucalipto em pé. Os resultados são<br />

apresentados na Tabela 3.10. A Receita Bruta totalizou R$<br />

13.650/ha, com uma margem bruta e líquida de, respectivamente,<br />

R$ 8.764,50/ha e R$ 7.231,50/ha. Esses valores positivos,<br />

ML = RB – CT<br />

Em que:<br />

ML = margem líquida da atividade, em R$/ha<br />

RB = renda bruta da atividade, em R$/ha<br />

CT = custo total da atividade, em R$/ha<br />

L = (ML/FV)*100<br />

Em que:<br />

L = lucratividade (%)<br />

ML = margem líquida, em R$/ha<br />

FV = faturamento com as vendas, em R$/ha<br />

R = (ML/I)*100<br />

Em que:<br />

R = taxa de rentabilidade, em %<br />

ML = margem líquida, em R$/ha<br />

I = investimento total na atividade, em R$/ha<br />

A margem líquida é igual ao lucro, que é o valor<br />

obtido pelo resultado da subtração entre a<br />

renda bruta e o custo total.<br />

A lucratividade indica qual é o ganho obtido<br />

numa relação entre o seu lucro líquido e o<br />

faturamento das vendas em reais no período.<br />

A rentabilidade é a variável que indica o<br />

percentual de remuneração do capital<br />

investido na atividade.<br />

Fonte: Silva (2012).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 89<br />

<br />

taBEla 3.10<br />

Cálculo dos índices econômicos da atividade calculados para a análise<br />

de viabilidade econômica da produção do eucalipto no Tocantins<br />

<br />

gráfico 3.6<br />

Ilustração da análise de sensibilidade com variações no preço e na<br />

produção e seus respectivos impactos no VPL e TIR<br />

VPL (R$)<br />

3.500<br />

3.000<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

1.257<br />

639<br />

331<br />

1.874<br />

1.195<br />

855<br />

2.492<br />

1.751<br />

1.380<br />

2.306<br />

1.905<br />

210 231 252 273<br />

Produção por hectare (m 3 1º corte)<br />

3.109<br />

VPL (R$ 65 /m 3 ) VPL (R$ 58,5 /m 3 )<br />

VPL (R$ 55,25 /m 3 )<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

ÍNDICES ECONÔMICOS DA ATIVIDADE V.U. QUANT.<br />

Valor médio pago do eucalipto em pé (Ano 7) R$/m3 65 210,00 13.650,00<br />

margem bruta 8.764,50<br />

margem líquida 7.231,50<br />

lucratividade 53%<br />

rentabilidade 254%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

aliados a uma rentabilidade de 53% e lucratividade de 254%,<br />

sugerem a viabilidade do plantio do eucalipto no Tocantins.<br />

Para uma análise mais detalhada, foram calculados indicadores<br />

econômico-financeiros adicionais que corroboram os<br />

índices econômicos da atividade encontrados. Os mesmos<br />

seguem descritos no Tabela 3.11. Os resultados são apresentados<br />

na Tabela 3.12.<br />

Para o cálculo do VPL, foi aplicada uma taxa de desconto de<br />

12% a.a., conferindo um valor ao índice de R$ 1.256,81 que, aliado<br />

à TIR de 17%, reafirmam a viabilidade econômico-financeira<br />

do eucalipto no Tocantins, para os parâmetros de custos de produção<br />

e produtividade considerados na presente análise.<br />

Por fim, a Tabela 3.13 apresenta uma análise de sensibilidade<br />

na qual são apresentados os valores de VPL e TIR para<br />

variações no preço da madeira em pé (-10% e -15%) e na produção<br />

por hectare quando do 1º corte (+10%, +20% e +30%).<br />

Os resultados são ilustrados no Gráfico 3.6.<br />

Vale destacar que, mantido constante o preço da madeira<br />

em pé em R$ 65/m 3 , mas elevando-se a produtividade<br />

em 30%, para um valor igual ao da média nacional em 2014


90<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 3.11<br />

Indicadores econômico-financeiros analisados para a análise de viabilidade econômica da produção do eucalipto no Tocantins<br />

INDICA<strong>DO</strong>R ECONÔMICO-FINANCEIRO<br />

DESCRIÇÃO<br />

VALOR PRESENTE LÍQUI<strong>DO</strong>: VPL<br />

VPL=(Rt-Ct)/(1+r)t,<br />

Onde:<br />

Rt = receitas no ano t;<br />

Ct= custos no ano t;<br />

r = taxa de juros ou de desconto;<br />

t= tempo em anos.<br />

Representa a diferença entre os fluxos anuais de receitas e custos descontados por uma taxa de juros.<br />

Se o VPL > 0, diz-se que o empreendimento é viável, já que remunera acima da taxa de juros adotada; se VPL=0, diz-se que é indiferente realizar ou<br />

não essa atividade, já que há um resultado final zerado, ou seja, ganha-se o equivalente à taxa adotada. Se o VLP < 0, diz-se que o empreendimento<br />

não é viável, pois remunera abaixo das taxas de atratividade do mercado.<br />

TAXA INTERNA DE RETOR<strong>NO</strong>: TIR<br />

É o valor de r calculado, de modo a fazer o VLP = 0. Representa o retorno intrínseco do projeto. Se for maior que a taxa usual recebida na economia,<br />

compensa realizar o empreendimento e o inverso também é verdadeiro.<br />

Fonte: Graça, Rodigheri e Conto (2000).<br />

<br />

taBEla 3.12<br />

Cálculo dos índices econômicos da atividade para a análise de viabilidade econômica da produção do eucalipto no Tocantins<br />

A<strong>NO</strong> 1 A<strong>NO</strong> 2 A<strong>NO</strong> 3 A<strong>NO</strong> 4 A<strong>NO</strong> 5 A<strong>NO</strong> 6 A<strong>NO</strong> 7<br />

SAÍDA DE CAIXA (COT) 3.069,50 854,00 863,00 408,00 408,00 408,00 408,00<br />

ENTRADA DE CAIXA (RB) 13.650,00<br />

FLUXO DE CAIXA - 3.069,50 - 854,00 - 863,00 - 408,00 - 408,00 - 408,00 13.242,00<br />

VALOR PRESENTE LÍQUI<strong>DO</strong>* R$ 1.256,81<br />

TAXA INTERNA DE RETOR<strong>NO</strong> 17%<br />

*Taxa de desconto aplicada: 12%a.a. / Fonte: elaborado por Markestrat


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 91<br />

<br />

taBEla 3.13<br />

Análise de sensibilidade com variações no preço e na produção e<br />

seus respectivos impactos no VPL e TIR<br />

PREÇO CONSTANTE, MELHORA NA PRODUTIVIDADE<br />

vaLor unitário (M3) proDução (M3) vpL tir<br />

65 210 1.257 17%<br />

65 231 1.874 20%<br />

65 252 2.492 22%<br />

65 273 3.109 24%<br />

REDUÇÃO <strong>NO</strong> PREÇO EM 10%, DIFERENTES PRODUTIVIDADES<br />

58,5 210 639 15%<br />

58,5 231 1.195 17%<br />

58,5 252 1.751 19%<br />

58,5 273 2.306 21%<br />

REDUÇÃO <strong>NO</strong> PREÇO EM 15%, DIFERENTES PRODUTIVIDADES<br />

55,25 210 331 14%<br />

55,25 231 855 16%<br />

55,25 252 1.380 18%<br />

55,25 273 1.905 20%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

(39m 3 /ha/ano ou 273m 3 no 7º ano, conforme o Relatório IBA<br />

2015), há uma melhora sensível para os índices econômico-financeiros<br />

de VPL e TIR, que passam a R$ 3.109 e 24%, respectivamente,<br />

melhorando, consideravelmente, a atratividade do<br />

cultivo do eucalipto no Tocantins.<br />

3. 2. Cooperativismo e associativismo<br />

Tanto o associativismo como o cooperativismo são formas<br />

de governança que organizam classes com interesses semelhantes<br />

para a realização de ações em conjunto.<br />

A diferença entre associação e cooperativa está fundamentalmente<br />

na natureza de negócio: enquanto a associação tem<br />

o escopo de representatividade social, política, defesa dos<br />

interesses da classe, dentre outras características, a cooperativa<br />

possui fins comerciais que visam certo lucro, viabilizando<br />

vários tipos de negócios entre os cooperados e o mercado<br />

(Sebrae, 2017).<br />

No meio agrícola, um dos grandes benefícios da organização<br />

de produtores em associações é o aumento da competitividade<br />

de pequenos e médios produtores, que sozinhos<br />

podem não ter acesso a informação, serviços, dentre outros.<br />

No ramo agropecuário, as cooperativas possuem funções<br />

que vão desde a compra e venda de insumos agrícolas, a comercialização<br />

da produção de seus cooperados, o incentivo<br />

da atividade rural por meio da concessão de crédito ao cooperado<br />

(existem linhas específicas de crédito para cooperativas)<br />

até a agregação de valor ao produto do cooperado por meio<br />

da verticalização, ou seja, da aquisição e controle de indústrias<br />

de processamento. Além disso, as cooperativas podem<br />

ser controladas pelos próprios cooperados, possuem um menor<br />

custo operacional em relação aos bancos e seus membros


92<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

podem se beneficiar com a distribuição de sobras ou excedentes.<br />

Mesmo com o elevado número de benefícios provenientes<br />

da criação e desenvolvimento das cooperativas e associações,<br />

o Estado do Tocantins ainda se mostra em fase inicial neste<br />

quesito. Na grande parte das culturas agrícolas, o número e a<br />

força desse tipo de instituição ainda são muito baixos se comparados<br />

a outros estados produtores.<br />

Na silvicultura não é diferente. O Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

do Cooperativismo – Sescoop no estado conta com<br />

12 cooperativas do ramo agropecuário, sendo que nenhuma<br />

delas tem atividades exclusivamente voltadas para a plantação<br />

e cultivo de árvores. Com isso, os produtores tocantinenses<br />

da cultura sofrem impactos negativos em seu desempenho,<br />

uma vez que seu poder de barganha é reduzido tanto<br />

no momento da compra de insumos, quanto no momento da<br />

venda de subprodutos. Além disso, a falta de associativismo<br />

de referência no Estado impacta na carência de lideranças da<br />

classe produtora que busquem melhores políticas públicas<br />

para o setor nos âmbitos estadual e federal.<br />

No Brasil existem alguns modelos de associações de produtos<br />

florestais que podem ser usados como benchmark para<br />

futuras implantações no Tocantins. Muitos deles são associações<br />

que congregam silvicultores e outros agentes da cadeia,<br />

como indústrias, empresas de insumo e outros. Um ponto<br />

positivo dessas associações e da existência de integrantes<br />

dos diversos elos da cadeia é facilitar a integração entre eles e<br />

reduzir seus custos.<br />

A Associação Baiana de Empresas de Base Florestal (Abaf),<br />

por exemplo, possui cerca de 20 associados de diversos elos,<br />

entre eles a Fábrica de Papel e Celulose da Suzano, muito<br />

importante para a madeira do Tocantins. A Abaf tem diversos<br />

programas que poderiam ser utilizados como base para<br />

desenvolvimento da cadeia tocantinense, dentre eles o “Programa<br />

Mais Árvores Bahia”, que tem como principal objetivo<br />

incentivar a inclusão de pequenos e médios “produtores de<br />

madeira; compradores e processadores de madeira; e consumidores<br />

finais no estado, através das revendas de madeira,<br />

indústrias de móveis e construção civil” (ABAF, 2017). Para<br />

atender essas finalidades, a associação tem dois projetos<br />

principais: Projeto Produção, que tem como objetivo informar,<br />

orientar e capacitar os produtores; e Projeto Indústria,<br />

que visa aumentar a competitividade dos mesmos. Além<br />

disso, a associação ainda tem várias outras iniciativas relacionadas<br />

à sustentabilidade do setor, como “Carvão Ilegal é<br />

Crime”; “Modernização da Legislação Ambiental do Estado”;<br />

“Ambiente Florestal Sustentável”.<br />

No Estado do Paraná existe uma associação com diretrizes<br />

parecidas às da Abaf, a “Associação Paranaense de Empresas<br />

de Base Florestal” (Apre). Como a anterior, ela possui diver-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 93<br />

sos projetos que têm potencial para ser levados para implementação<br />

no Estado do Tocantins. Um deles foi a realização<br />

de uma parceria com a PUC-PR para realização de iniciações<br />

científicas e pesquisas em temas de interesse da associação.<br />

O Estado do Tocantins possui boas universidades com as<br />

quais poderiam ser feitos programas parecidos. Além disso,<br />

a Apre possui projetos de capacitação, de caráter sustentável,<br />

dentre outros.<br />

<br />

taBEla 3.14<br />

Destino da exportação de madeira serrada do Tocantins em 2016<br />

ÍNDIA<br />

EXPORTAÇÕES (US$ FOB) 294.749,00<br />

EXPORTAÇÕES (KG) 580.855<br />

PREÇO MÉDIO (US$/KG) 0,51<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de SNIF (2016).<br />

3. 3. Destinos da produção<br />

Segundo a Seagro (2014), a produção de madeira no Estado<br />

do Tocantins está dividida em dois polos: polo da região sul,<br />

representada principalmente por Brejinho de Nazaré, com<br />

aproximadamente 18.500 hectares plantados e o polo da região<br />

norte (Bico do Papagaio), representado por São Bento do<br />

Tocantins e Araguaína, com cerca de 16.500 e 9.200 hectares,<br />

respectivamente.<br />

O polo da região sul está em expansão e inclui a produção<br />

própria de empresas como BRAXCEL, GLOBAL FOREST<br />

PARTNERS/GFP e produtores independentes. Hoje alguns<br />

produtores têm como a única opção a venda de madeira em<br />

tora para pequenas empresas agrícolas para secagem de<br />

grãos.<br />

Porém, para o médio e curto prazo, espera-se que os produtos<br />

florestais da região sul do Tocantins se tornem competitivos<br />

na produção de madeira para energia, atendendo o<br />

oeste da Bahia, principalmente a região de Luís Eduardo Magalhães,<br />

o maior polo agrícola do estado, segundo Silva (2015).<br />

A produção no polo da região norte se encontra mais consolidada<br />

e em processo de ampliação. Existe a produção vinculada<br />

às empresas Eco Brasil e Suzano, sendo voltada para<br />

atender à demanda por celulose da própria Suzano, situada<br />

na cidade de Imperatriz, Maranhão. Ainda na região do Bico<br />

do Papagaio, há produção de madeira para carvão vegetal, visando<br />

atender à demanda da SI<strong>NO</strong>BR<strong>AS</strong>, empresa siderúrgica<br />

localizada na cidade de Marabá, Pará.<br />

Em 2016, o Estado do Tocantins exportou uma quantia<br />

significativa apenas de madeira serrada, somando US$<br />

294.749,00, tendo como único destino a Índia. O escoamento<br />

da produção foi feito através do Porto de Vila do Conde, em<br />

Barcarena, Pará (Tabela 3.14).


94<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

3. 4. Indústria de processamento<br />

A industrialização no Estado do Tocantins ainda está em<br />

desenvolvimento, contando com alguns setores mais à frente<br />

que outros. No ano de 2014, a indústria representava cerca de<br />

17% do PIB do Estado do Tocantins, sendo que os principais<br />

componentes eram comércio e serviços, representando cerca<br />

de 71% do total. Partindo desses números, é importante uma<br />

análise histórica para entender sua dinâmica.<br />

Entre os anos de 2004 e 2014, o Estado do Tocantins apresentou<br />

um dos maiores crescimentos do país, atingindo taxa<br />

de 4,8% ao ano. A indústria no estado teve crescimento médio<br />

anual ligeiramente maior, contabilizando um valor de crescimento<br />

médio de 4,9% ao ano, enquanto que o setor de comércio<br />

e serviços cresceu à taxa média de 5,7% ao ano (FERNAN-<br />

DES, 2016). Tendo em vista que o Estado está em processo de<br />

desenvolvimento, é de se esperar que o primeiro setor a ser<br />

fortalecido seja o de comércio e serviços, pois é o que dá apoio<br />

à população crescente que está se estabelecendo nas cidades<br />

e centros comerciais.<br />

No que tange ao elo industrial, o Estado do Tocantins conta<br />

com cerca de 2.227 unidades industriais, sendo que cerca<br />

de 68% delas são microempresas, 11% de pequeno porte, 3%<br />

de médio porte e 4% de grande porte. Os 14% restantes são<br />

representados por microempreendedores individuais (FIETO,<br />

2016). Além da concentração em micro e pequenas empresas,<br />

<br />

gráfico 3.7<br />

Composição do PIB da Indústria no Tocantins, 2015<br />

2%<br />

químicos<br />

minerais não<br />

4%<br />

metálicos<br />

6%<br />

derivados de petróleo<br />

e biocombustíveis<br />

12%<br />

alimentos<br />

1%<br />

couros e calçados<br />

2%<br />

outros<br />

41%<br />

construção<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNI (2017).<br />

a industrialização está mais presente em alguns segmentos.<br />

O Gráfico 3.7 mostra a distribuição do PIB industrial do Estado<br />

por segmento.<br />

Como pode ser visto, a indústria da “construção” é a categoria<br />

com maior importância econômica no estado, seguida<br />

pelos “serviços industriais de utilidade pública”. A indústria<br />

32%<br />

serviços industriais<br />

de utilidade pública


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 95<br />

de “alimentação” vem na sequência, contando com 12% do<br />

total do PIB industrial. Esse segmento inclui os frigoríficos,<br />

laticínios, beneficiadores de arroz, dentre outros.<br />

Vale mencionar, também, que do total de indústrias do<br />

estado, apenas 6,5% são exportadoras. Dentre elas, cerca de<br />

30% são do segmento da indústria de transformação.<br />

Na silvicultura, o cenário industrial tocantinense ainda<br />

apresenta dificuldades de se estabelecer, o que impacta fortemente<br />

no desenvolvimento da cadeia no Estado. A falta de<br />

capacidade para processamento da matéria prima disponível<br />

produzida internamente é sem dúvida uma das lacunas mais<br />

decisivas para o crescimento da cultura no estado.<br />

Com a carência de indústrias para o setor, as alternativas<br />

dos produtores de árvores para o escoamento dos produtos<br />

são escassas, e constituem-se basicamente do envio da matéria-prima<br />

para processamento em outros Estados, que variam<br />

de acordo com a localização geográfica do plantio. Dessa<br />

forma, o estado atua como produtor de produtos primários<br />

e com baixo valor agregado, para que possam ser processados<br />

e vendidos a preços mais altos por Estados vizinhos.<br />

Na Figura 3.2 pode ser observada a destinação dos tipos de<br />

produto da silvicultura para os estados processadores mais<br />

próximos.<br />

Para produtores da região ao norte do Estado, mais próximos<br />

ao Bico do Papagaio, o principal destino dos produtos é<br />

<br />

figUra 3.2<br />

Destinação dos produtos da silvicultura tocantinense<br />

LegenDa<br />

fábrica de celulose<br />

rodovia<br />

ferrovia<br />

polos de consumo<br />

manejo sustentável<br />

unidade de conservação<br />

espÉCie<br />

eucalipto<br />

guanandi<br />

pinus<br />

teca<br />

pÓLos De<br />

proDução<br />

eucalipto<br />

teca<br />

Marabá<br />

Imperatriz<br />

Araguaína<br />

palmas<br />

São Miguel<br />

do Tocantins<br />

Wanderlândia<br />

Imperatriz<br />

Dueré<br />

Brejinho<br />

de Nazaré<br />

Gurupi<br />

São<br />

Almas<br />

Natividade<br />

Figueirópolis<br />

Peixe<br />

Conceição<br />

do Tocantins<br />

Alvorada<br />

Luís Eduardo<br />

Magalhães<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de SEAGRO (2014).


96<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

Imperatriz, no Maranhão. A razão é a fábrica de celulose da<br />

Suzano, que possui alta capacidade de processamento e absorve<br />

boa parte da produção tocantinense, além da própria<br />

plantação verticalizada. Atualmente, a unidade possui capacidade<br />

produtiva de 1,5 milhão de toneladas de celulose anualmente<br />

e tem localização favorável para a exportação através<br />

do Porto de Itaqui em São Luís (SUZA<strong>NO</strong>, 2017). As vendas<br />

externas representam a maior parte do destino da celulose<br />

produzida em Imperatriz.<br />

Além do Maranhão, outro destino bastante comum para os<br />

produtores localizados mais ao norte do Estado, principalmente<br />

Araguaína, é Marabá, no Pará. A região possui um polo<br />

siderúrgico com grande atividade da Siderúrgica Sinobras,<br />

que possui capacidade produtiva de 390 mil toneladas de<br />

aço por ano (SI<strong>NO</strong>BR<strong>AS</strong>, 2017). Apesar do tamanho e disponibilidade<br />

de produção da siderúrgica, a estagnação do setor,<br />

inclusive mundialmente, tem feito com que essa indústria<br />

trabalhe bem abaixo de sua capacidade total.<br />

É importante destacar que, nos últimos anos, o setor siderúrgico<br />

tem apresentado tendência de desaceleração. Por<br />

esse motivo, as demais siderúrgicas da região, como Cosipar,<br />

Ibérica, Viena, Simasa e Fergumar, estão com as operações<br />

paralisadas (SEAGRO, 2014).<br />

Nas regiões produtoras mais ao sul do Tocantins, as opções<br />

de destinação dos produtos madeireiros e não madeireiros são<br />

mais escassas, razão pela qual algumas empresas processadoras<br />

menores surgiram no estado, como a Jamp, já abordada.<br />

Outra opção para destinação de madeira, mas que possui demanda<br />

baixa, consiste nas empresas agrícolas que compram<br />

a madeira para realizar a secagem de grãos (SEAGRO, 2014).<br />

Além disso, parte da produção de Pinus da região é destinada<br />

a Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, como lenha. Existem<br />

expectativas de aumento da competitividade da madeira<br />

tocantinense para destinação a Luis Eduardo Magalhães<br />

como matéria-prima para produção de energia para secagem<br />

de grãos. Isso porque na Bahia existe uma proibição<br />

de comercializar madeira nativa para consumo energético,<br />

apesar da demanda. Sendo assim, o Tocantins entra como<br />

fornecedor, principalmente nas regiões localizadas ao oeste<br />

do Estado da Bahia, para suprir a falta da matéria-prima<br />

(SEAGRO, 2014).<br />

Outra alternativa para as indústrias de processamento consiste<br />

em aproveitar os resíduos provenientes da trituração da<br />

madeira (moagem). Esses resíduos, se submetidos a elevadas<br />

pressões e temperaturas, juntamente com certa umidade, se<br />

transformam em blocos parecidos com tijolos de madeira<br />

compactados, os quais possuem um melhor potencial energético<br />

e calorífico em relação a produtos in natura, além de<br />

uma maior sustentabilidade para reaproveitamento dos resíduos.<br />

(SILVA. et al, 2016)


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 97<br />

3. 4. 1. Viabilidade de instalação de indústrias de<br />

processamento<br />

Nessa seção é apresentada, de maneira qualitativa, a viabilidade<br />

de algumas indústrias que utilizam madeira como matéria-prima<br />

para seu funcionamento. Essas informações foram<br />

extraídas das entrevistas realizadas ao longo do estudo:<br />

• Siderúrgicas – a instalação de indústrias siderúrgicas<br />

no Estado do Tocantins é praticamente inviável, já que o<br />

estado não possui duas das características mais importantes<br />

para a instalação dessas empresas: proximidade<br />

de jazidas de minério de ferro (um dos estados que se<br />

destaca nesse quesito é Minas Gerais) e a proximidade<br />

de portos no litoral para exportação da produção dessas<br />

indústrias (um dos destaques nesse quesito é a Bahia).<br />

• Moveleira – uma outra alternativa de destino para a produção<br />

de madeira no Estado seria a indústria moveleira,<br />

contudo, devido aos plantios realizados sem planejamento,<br />

a escolha de variedades de eucalipto e a falta de<br />

manejo adequado, fazem com que a madeira hoje disponível<br />

no estado não tenha qualidade suficiente para ser<br />

transformada em móveis.<br />

• Serrarias – as serrarias de pequeno porte (distribuídas<br />

próximas às regiões de maior produção) são vistas<br />

como uma das alternativas mais viáveis para o Tocantins.<br />

Esse é um mercado que possui relativamente<br />

poucas barreiras à entrada, pois é um processo inicial e<br />

simples de beneficiamento da madeira, sem a presença<br />

de grandes empresas. Além disso, essas madeiras serradas<br />

podem atender diferentes demandas, como por<br />

exemplo a indústria moveleira, de papel e celulose e a<br />

construção civil.<br />

• Papel e celulose – são baixas as perspectivas de uma grande<br />

indústria de papel e celulose se instalar no Tocantins.<br />

Isso ocorre por dois motivos principais: uma empresa desse<br />

porte possui uma demanda de área plantada em torno<br />

de 300 a 400 mil hectares, mais do que o dobro da área de<br />

florestas plantadas no Estado ao final de 2016; e também<br />

pelo de as indústrias de papel e celulose no Brasil ainda<br />

trabalham com capacidade ociosa alta, inclusive a fábrica<br />

de papel e celulose da Suzano em Imperatriz/MA.<br />

• Termelétricas – tempo relativamente curto a partir do<br />

leilão para que essas industrias já estejam consumindo<br />

carvão vegetal, por isso, podem ser uma alternativa interessante<br />

para minimizar os problemas de comercialização<br />

de algumas regiões no médio prazo. Outro fator<br />

que torna atrativa a instalação de termelétricas funcionando<br />

com a queima de carvão vegetal é o impacto ambiental<br />

gerado ser menor do que usinas hidrelétricas,<br />

por exemplo.


98<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

3. 5. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio<br />

ao desenvolvimento<br />

anÁLise pis, coFins<br />

O PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição<br />

para o Financiamento da Seguridade Social) são tributos<br />

federais de caráter social destinados a, respectivamente:<br />

• financiar o pagamento do seguro desemprego, abono e<br />

participação na receita dos órgãos e entidades, tanto para<br />

trabalhadores de empresas públicas, como privadas;<br />

• financiar a seguridade social, em suas áreas fundamentais,<br />

incluindo a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde<br />

Pública (Econet - http://www.econeteditora.com.br/)<br />

O fator gerador do PIS e Cofins é o faturamento mensal,<br />

independentemente da denominação ou classificação fiscal.<br />

Devem contribuir as pessoas jurídicas de direito privado, sendo<br />

que há duas sistemáticas para a apuração dos valores:<br />

a. sistemática cumulativa: pela qual não é permitido o<br />

aproveitamento de crédito nas aquisições para abatimento<br />

do débito gerado, apurado a partir da aplicação<br />

sobre a base de cálculo da alíquota total de 3,65%;<br />

b. sistemática não acumulativa: pela qual é permitido o<br />

aproveitamento de créditos nas aquisições para abatimento<br />

do débito gerado, apurado a partir da aplicação<br />

sobre a base de cálculo de alíquota total de 9,25%.<br />

Como regra geral, as pessoas jurídicas optantes pelo sistema<br />

de tributação do lucro real estão incluídas na sistemática<br />

não acumulativa, enquanto as pessoas jurídicas tributadas<br />

pelo lucro presumido ficam sujeitas à cumulatividade.<br />

Conforme informações da Econet (http://www.econeteditora.com.br/),<br />

a incidência do PIS e Cofins para o eucalipto, conforme<br />

seu código NCM, estão descritas na Tabela 3.15.<br />

O produto também se enquadra na isenção da tributação<br />

do PIS e Cofins quando destinado à exportação. Conforme<br />

informações da Econet, segundo o artigo 45 do Decreto n°<br />

4.524/2002, as seguintes receitas são passíveis de isenção:<br />

a. da exportação de mercadorias para o exterior;<br />

b. de vendas realizadas pelo produtor-vendedor às empresas<br />

comerciais exportadoras nos termos do Decreto-Lei<br />

n° 1.248/72, e alterações posteriores, desde que destinadas<br />

ao fim específico de exportação para o exterior; e<br />

c. de vendas, com fim específico de exportação para o exterior,<br />

a empresas exportadoras registradas na Secretaria<br />

de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 99<br />

<br />

taBEla 3.15<br />

Incidência das alíquotas de PIS e Cofins para o eucalipto<br />

NCM<br />

DESCRIÇÃO<br />

3301.29.19 De eucalipto<br />

4403.98.00 De eucalipto (Eucalyptus spp.)<br />

aLíQuota<br />

REGIME DE TRIBUTAÇÃO PIS COFINS DISPOSITIVO LEGAL<br />

Simples Nacional Vide observações Vide observações Lei Complementar nº 123/2006<br />

regime cumulativo 0,65% 3,00% Lei nº 9.715/98, artigo 8º, inciso I; Lei nº 9.718/98, artigo 8º<br />

regime não cumulativo 1,65% 7,60% Lei nº 10.637/2002, artigo 2º; Lei nº 10.833/2003, artigo 2º<br />

SIMPLES NACIONAL – A tributação do PIS e da Cofins será determinada mediante aplicação das alíquotas constantes dos Anexos I (revenda de mercadorias) ou II (venda de mercadorias industrializadas pelo<br />

contribuinte), conforme a atividade realizada pela pessoa jurídica.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados consultados na Econet.<br />

anÁLise icms<br />

O ICMS (Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação<br />

de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte<br />

Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação) é de competência<br />

dos Estados e do Distrito Federal. Sua regulamentação<br />

constitucional está prevista na Lei Complementar 87/1996 (a<br />

chamada “Lei Kandir”), alterada posteriormente pelas Leis<br />

Complementares 92/97, 99/99 e 102/2000.<br />

Com o objetivo de levantar o percentual de ICMS que incide<br />

sobre a produção, distribuição e comercialização e estimar os<br />

incentivos tributários para o eucalipto, bem como seus derivados,<br />

para os Estados do Tocantins, Bahia, Espírito Santo,<br />

São Paulo e Minas Gerais, utilizou-se a ferramenta da Econet<br />

que elenca todas as referências e informações importantes<br />

a serem observadas, para fins da determinação da alíquota a<br />

ser aplicada nas operações internas e dos benefícios fiscais


100<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

existentes (reduções de base de cálculo, isenções, créditos<br />

outorgados), de acordo com a mercadoria ou serviço.<br />

Também foram elencadas as hipóteses de diferimento –<br />

embora este não seja propriamente um benefício fiscal, e sim<br />

uma espécie de substituição tributária, acaba por representar<br />

uma desoneração do ICMS para aqueles que efetivam a operação<br />

com diferimento.<br />

A Tabela 3.16 resume, por estado, respectivamente, a<br />

alíquota de incidência sobre o eucalipto, bem como seus<br />

derivados, e os benefícios fiscais concedidos conforme a<br />

mercadoria. Observa-se que o Tocantins é o Estado com o<br />

menor número e mais tímido em incentivos em termos de<br />

ICMS. Bahia e São Paulo se destacam na concessão de diferimentos.<br />

Além das diferenças de ICMS já citadas, é importante destacar<br />

programas específicos do Tocantins relacionados ou<br />

não com incentivos tributários, que vêm guiando o desenvolvimento<br />

do Estado. As políticas de desenvolvimento são<br />

medidas que podem ser tomadas no âmbito estadual para<br />

favorecer e incentivar o desenvolvimento de áreas específicas<br />

no estado. Um dos objetivos buscados com o desenho de<br />

políticas específicas é o de aumentar a atratividade de determinado<br />

estado para novos investimentos, ou desenvolver<br />

algum elo da cadeia de interesse econômico para o Estado,<br />

visando sempre seu constante desenvolvimento.<br />

O Tocantins já foi incluído em diversos programas de desenvolvimento,<br />

tanto focados no agronegócio, como programas<br />

mais abrangentes. Alguns são destacados:<br />

• Avança Brasil – um dos precursores do Programa de<br />

Aceleração do Crescimento (PAC), focou em ações de desenvolvimento<br />

da infraestrutura e aumento da competitividade<br />

do setor produtivo (LIMA, 2014);<br />

• Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR)<br />

– estruturara instâncias de representação, e avança no<br />

incremento da infraestrutura, inovação e fortalecimento<br />

de Arranjos Produtivos Locais (APLs), além de ofertar<br />

crédito (LIMA, 2014);<br />

• Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

(PDRS) – financiado com recursos do BIRD, o projeto previa<br />

ações de desenvolvimento de infraestrutura rural e<br />

de meio ambiente (LIMA, 2014);<br />

• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – criado<br />

em 2007, ele estava direcionado a grandes obras de infraestrutura<br />

do país (BR<strong>AS</strong>IL, 2017).<br />

Ao mesmo tempo, incentivos fiscais também são utilizados<br />

na atração de investimentos no Estado, como é possível observar<br />

pelos programas evidenciados na Cartilha de Incentivos<br />

Fiscais do Tocantins e resumidos a seguir (CDE/SEDEN, 2017):


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 101<br />

<br />

taBEla 3.16<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para o eucalipto e seus derivados para os Estados do Tocantins, Bahia, Espírito Santo, São Paulo<br />

e Minas Gerais<br />

ALÍQUOT<strong>AS</strong> INTERN<strong>AS</strong> E BENEFÍCIOS FISCAIS - ICMS<br />

PRODUTO: EUCALIPTO<br />

estaDo: toCantins 1<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Redução de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: cascas e serragem de<br />

pinus e eucalipto<br />

Interestaduais 40%<br />

1 Obs.: na hipótese de não haver previsão de alíquota específica, será cabível a aplicação da regra geral – alíquota de 18%, conforme expresso no artigo 27, inciso II, do Código Tributário do Estado (Lei n° 1.287/2001).<br />

estaDo: baHia 2<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Redução de base de cálculo<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: cascas e serragem de<br />

pinus e eucalipto<br />

Insumos agropecuários: cascas e serragem de<br />

pinus e eucalipto<br />

Interestaduais 60%<br />

Internas<br />

Diferimentos Lenha, eucalipto e pinheiro É diferido o ICMS incidente nas saídas destinada à produção de carvão vegetal.<br />

Diferimentos<br />

Lenha, carvão vegetal, bagaço de cana-de-açúcar,<br />

bagaço e casca de coco, eucalipto e pinheiro<br />

É diferido o ICMS incidente nas saídas internas com destino a estabelecimento industrial para utilização como<br />

combustível.<br />

Diferimentos Eucalipto e pinheiro É diferido o ICMS incidente nas saídas internas com destino a indústria beneficiadora e exportadora.<br />

Diferimentos Celulose madeira/eucalipto (NCM: 4703.29.00)<br />

É diferido o ICMS incidente nas operações internas destinadas à utilização como insumo no processo de fabricação<br />

em estabelecimento de contribuinte industrial, que tiver obtido aprovação técnica para fruição de incentivo fiscal ou<br />

financeiro concedido pelo Estado da Bahia, observadas as condições estabelecidas no artigo 3º do Decreto nº 6.734/97.<br />

Artigo 3º do Decreto nº 6.734/97<br />

O diferimento, quando concedido nas operações internas, somente será aplicado sobre as mercadorias industrializadas<br />

no Estado da Bahia.<br />

2 Obs.: na hipótese de não haver previsão de alíquota específica, será cabível a aplicação da regra geral – alíquota de 18%, conforme expresso no artigo 15, inciso I, alínea “a”, da Lei n° 7.014/96.


102<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

estaDo: espírito santo 3<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

60%<br />

Redução de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: cascas e serragem de<br />

pinus e eucalipto<br />

Interestaduais<br />

Benefício aplicável até 30.04.2019.<br />

O benefício é concedido às saídas dos produtos destinados à pecuária, estendendo-se<br />

às remessas com destino a apicultura, aquicultura, avicultura, cunicultura, ranicultura e<br />

sericicultura.<br />

Benefício aplicável até 30.04.2019.<br />

Isenção<br />

Interna<br />

O estabelecimento vendedor deverá deduzir do preço da mercadoria o valor correspondente<br />

ao imposto dispensado, demonstrando-se expressamente na nota fiscal a respectiva<br />

dedução.<br />

Manutenção do crédito relativo às entradas.<br />

3 Obs.: na hipótese de não haver previsão de alíquota específica, será cabível a aplicação da regra geral – alíquota de 17%, conforme expresso no artigo 71, inciso I, alínea “a”, do RICMS/ES.<br />

ESTA<strong>DO</strong>: SÃO PAULO 4<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Redução de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: cascas e serragem de<br />

pinus e eucalipto<br />

Interestaduais<br />

Manutenção integral do crédito.<br />

60%<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: cascas e serragem de<br />

pinus e eucalipto<br />

Internas<br />

Manutenção do crédito do imposto em relação às entradas<br />

Diferimentos<br />

Palha, cavaco e outros resíduos da colheita das<br />

matérias-primas de produção paulista (eucalipto,<br />

bem como palha, cavaco e outros resíduos de<br />

sua colheita)<br />

O ICMS é diferido nas saídas com destino à empresa geradora de energia termelétrica<br />

Diferimentos<br />

Diferimentos<br />

Madeira de pinus, de araucária ou de eucalipto, em tora, torete, cavacos ou resíduos de madeira (exceto quando destinados à indústria de aglomerado ou de compensado).<br />

Prancha, pranchão, bloco e tábua, de pinus, de araucária ou de eucalipto, exceto quando destinados à indústria de aglomerado ou de compensado, bloco moldado com<br />

serragem ou resíduos de fibras vegetais ou bloco moldado com fibras recicladas, para fabricação de paletes ou estrados de madeira.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 103<br />

Diferimentos<br />

Produto “in natura”: folhas de eucalipto<br />

É diferido o lançamento do ICMS incidente na primeira saída, para o território do Estado de São Paulo, deste produto<br />

“in natura”, ainda que acondicionado ou embalado para transporte, promovida pelo estabelecimento em que tiver sido<br />

produzido, com destino a estabelecimento comercial ou industrial.<br />

O diferimento compreende a subsequente saída interna, em transferência, do mesmo produto.<br />

4 Obs.: na hipótese de não haver previsão de alíquota específica, será cabível a aplicação da regra geral – alíquota de 18%, conforme expresso no artigo 52, inciso I, do RICMS/SP.<br />

estaDo: Minas gerais 5<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

60%<br />

Redução de base de cálculo<br />

Insumos agropecuários: cascas e serragem de<br />

pinus e eucalipto<br />

Interestaduais<br />

Aplica-se a redução da base de cálculo aos produtos destinados para uso exclusivo como<br />

matéria-prima na fabricação de insumos para a agricultura.<br />

O benefício fiscal não se aplica quando houver previsão de diferimento para a operação e<br />

somente será aplicável se o remetente deduzir do preço da mercadoria o valor equivalente<br />

ao imposto dispensado na operação, com indicação expressa no campo “Informações<br />

Complementares” da respectiva nota fiscal.<br />

Créditos presumidos<br />

Insumos agropecuários: cascas e serragem de<br />

pinus e eucalipto<br />

5 Obs.: na hipótese de não haver previsão de alíquota específica, será cabível a aplicação da regra geral – alíquota de 18%, conforme expresso no artigo 42, inciso I, alínea “e”, do RICMS/MG.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, com base em consulta à Econet.<br />

proindústria<br />

Estimula indústrias locais com interesse em implantação<br />

e expansão.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de matéria-prima e insumos,<br />

nas vendas destinadas a órgãos públicos, na energia<br />

elétrica, nas operações internas e importações de<br />

equipamentos e no devido por diferencial de alíquota<br />

das operações de ativo fixo.<br />

• Concede crédito presumido de 100% do valor do ICMS<br />

na prestação de serviços interestaduais com industrializados.<br />

• Incide sobre carga tributária de 75% do valor de ICMS<br />

apurado e contribui com 0,3% sobre o faturamento men-


104<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

sal incentivado ao Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

(FDE).<br />

prosperar<br />

Estimula empresas locais com interesse em implantação,<br />

revitalização e expansão de unidade industrial, agroindustrial<br />

e comercial atacadista.<br />

• Financia 75% do ICMS durante a realização do projeto.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de ativo permanente, na<br />

energia elétrica e serviços de comunicação (nos 5 anos<br />

do prosperar), no devido por diferencial de alíquota nas<br />

aquisições de ativo fixo, nas operações com ativos fixos e<br />

nas importações de ativo fixo.<br />

• Redução do ICMS em 50% no consumo de energia elétrica<br />

e serviços de comunicação e até em 95% do valor da<br />

parcela para pagamento antecipado.<br />

• Contribuição de 0,3% sobre o faturamento mensal ao FDE.<br />

indústria de fertilizantes<br />

Destinado às indústrias de fertilizantes do Tocantins.<br />

• Redução de 85% do ICMS devido ao Estado e deferimento<br />

da taxa na importação de matérias-primas e insumos.<br />

• Isenção do ICMS nas operações internas de matéria<br />

-prima, insumos industrializados, acabados, semielaborados<br />

utilizados no processo de industrialização e<br />

ativo fixo. Também nas operações interestaduais para o<br />

diferencial de alíquotas, nas compras de ativo fixo, nas<br />

importações de matéria-prima, insumos, produtos industrializados,<br />

acabados ou semielaborados utilizados<br />

no processo de industrialização, ativos fixos. É isenta<br />

também a energia elétrica, as vendas para órgãos públicos,<br />

as prestações de serviços de transporte para produtos<br />

industrializados e o crédito presumido de 100%<br />

sobre o valor do ICMS nas prestações interestaduais de<br />

serviços de transporte com produtos industrializados.<br />

• Contribuição de 0,3% sobre o faturamento mensal ao FDE.<br />

complexo agroindustrial<br />

Empresas de Tocantins com fábricas de ração balanceada<br />

e/ou que realizem reprodução, criação, abate, industrialização<br />

e comercialização de ovos, aves, pintos de um dia, suínos,<br />

caprinos e ovinos. Além de empresas que realizem estudos<br />

genéticos desses animais ou de novas tecnologias para industrialização<br />

dos mesmos.<br />

• Isenção de ICMS nas operações internas de aves, pintos<br />

de um dia, suínos, caprinos, ovinos e ovos férteis; em


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 105<br />

produtos e insumos para produção de ração; nas saídas<br />

internas de matéria-prima para empresas agroindustriais;<br />

no diferencial de alíquota nas aquisições de ativo<br />

fixo; nas operações internas com ativo fixo (mantido o<br />

crédito ICMS para o remetente); na energia elétrica; nas<br />

importações de ativo fixo; dentre outros.<br />

• Isenção de ICMS pelo crédito presumido de:<br />

• 16,5% da base de cálculo nas operações internas com<br />

produtos do abate de aves, suínos, caprinos e ovinos.<br />

• 11,5% nas operações de saídas interestaduais com ovos<br />

e produtos do abate de aves, suínos, caprinos e ovinos.<br />

• 11% das operações nas saídas interestaduais de aves<br />

vivas.<br />

• Crédito do ICMS nas aquisições interestaduais:<br />

• 7% sobre o valor das aquisições oriundas do sul e sudeste,<br />

exceto Espírito Santo.<br />

• 12% nas aquisições oriundas do centro-oeste, norte,<br />

nordeste e Espírito Santo.<br />

prologística<br />

Empresas de logística, distribuição e transporte aéreo do Tocantins<br />

que operem em centro logístico ou distrito empresarial<br />

com transporte de carga, agenciamento e armazenamento<br />

de produtos próprios ou de terceiros para distribuição, exceto<br />

quando as atividades forem realizadas separadamente.<br />

• Concede-se por 10 anos e condicionando-se ao devido<br />

recolhimento de imposto no prazo:<br />

• para empresas de logística e transporte aéreo e hidroviário,<br />

75% nas prestações internas e interestaduais<br />

aplicado sobre a saldo devedor do ICMS das prestações<br />

realizadas.<br />

• para transporte aéreo de carga e transporte aéreo e<br />

hidroviário de cargas e passageiros, 3% das saídas<br />

internas de combustível de aviação, desde que mantenha<br />

voos regulares procedentes de aeroportos em<br />

território do estado do Tocantins.<br />

Com os incentivos fiscais listados, percebe-se que o Estado,<br />

mesmo ainda mantendo foco na produção agrícola (programa<br />

de incentivos fiscais específicos para a indústria de fertilizantes),<br />

tem o objetivo de agregar mais valor aos produtos do Tocantins<br />

com programas de incentivos à agroindústria.<br />

A avaliação da situação dos demais Estados da federação<br />

com relação a esses incentivos também é importante, tendo<br />

em vista que esses aspectos são altamente relevantes na tomada<br />

de decisão de um possível investimento. A Tabela 3.17<br />

traz alguns dos incentivos ou políticas de apoio ao desenvolvimento<br />

presentes em estados selecionados.<br />

A Tabela 3.18 exemplifica algumas das organizações públicas<br />

e privadas que têm parte de seu escopo no desenvolvimento<br />

estadual, principalmente relacionados à agricultura.


106<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 3.17<br />

Incentivos para o desenvolvimento em Estados selecionados<br />

ESTA<strong>DO</strong> AÇÕES <strong>PARA</strong> DESENVOLVIMENTO <strong>DO</strong>S ESTA<strong>DO</strong>S FONTE<br />

SP<br />

BA<br />

ES<br />

• Programa Pró-Implemento permite que o produtor rural compre implementos agropecuários com taxa de juros zero. O financiamento<br />

pode ser amortizado em até oito anos, com carência de até três anos.<br />

• Subvenção do prêmio de seguro rural aos produtores rurais, sendo pessoa física ou jurídica.<br />

• Censo agropecuário paulista.<br />

• Programa “Melhor Caminho”, visa execução de obras em trechos de estradas rurais, para sua recuperação e conservação.<br />

• Programa de Fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs), com o objetivo de utilizá-los como instrumentos de desenvolvimento<br />

econômico e de políticas públicas.<br />

• O programa de fomento ao desenvolvimento regional visa estimular pesquisas e projetos que auxiliem o desenvolvimento do<br />

estado de forma a tornar as informações mais acessíveis.<br />

• Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec), que dá apoio e suporte para aumento dos investimentos e promove o desenvolvimento<br />

econômico.<br />

• Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), têm o objetivo de “analisar e sugerir contratos e parcerias para transferência de direitos de<br />

uso de patentes e outras criações dos institutos” para setores do agronegócio.<br />

• O Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf) visa a realização de parcerias com cooperativas e associações para transmissão<br />

de conhecimento e geração de tecnologia nas áreas de sanidade animal, vegetal e ambiental.<br />

• “Programa Desenvolve”: fomentar e diversificar a matriz industrial e agroindustrial do Estado.<br />

• Infraestrutura de distritos industriais que possibilitam desenvolvimento do setor produtivo, inclusive polos florestais: Camaçari<br />

(borracha); Simões filho (borracha e alimentos); Subaé (borracha); Alagoinhas (borracha); Eunápolis (produtos de madeira e borracha);<br />

Juazeiro (madeira); Vitória da Conquista (borracha e moveleiro); Jequié (borracha e madeira).<br />

• Desenbahia, agência de financiamento do Estado da Bahia, que tem como principal objetivo a inclusão social e econômica através<br />

do crédito.<br />

• O programa “Mais Floresta Produtiva” tem como objetivo construir uma nova política da cadeia produtiva de base florestal no<br />

Estado, para expandir a área de plantio com florestas produtivas e adequação ambiental de propriedades agrícolas, por meio de<br />

parcerias púbico-privadas e uma administração baseada na governança interinstitucional.<br />

• O Caminhos do Campo visa revestir as estradas rurais capixabas, priorizando as áreas de maior concentração de agricultura familiar<br />

para melhorar o escoamento da produção e reduzir os custos e as perdas dos produtos perecíveis.<br />

• Contrato de competitividade é um instrumento para a concessão de benefícios fiscais a setores produtivos do Estado, para que<br />

esses possam investir em ações que resultem em seu próprio desenvolvimento socioeconômico. Atualmente existem contratos do<br />

setor de móveis, papel e papelão relacionados à silvicultura.<br />

• Fundo Social de Apoio à Agricultura Familiar, o Funsaf, é um mecanismo criado para democratizar o acesso aos recursos financeiros<br />

para as associações, cooperativas e organizações de apoio à agricultura familiar do Espírito Santo.<br />

• O Fundo de Desenvolvimento do Espírito Santo recepciona recursos do Fundo de Recuperação Econômica do Estado do Espírito<br />

Santo (Funres) para contribuir para a expansão, modernização e diversificação dos setores produtivos.<br />

• O Invest-ES tem como objetivo realizar investimentos nos setores produtivos.<br />

• Programa de Gestão Avançada das Cooperativas Agropecuárias, o Progescoop.<br />

• Secretaria do Desenvolvimento<br />

Econômico,<br />

Ciência, Tecnologia<br />

e Inovação<br />

• Secretaria da Agricultura<br />

e Abastecimento<br />

• Secretaria de Estado<br />

do Desenvolvimento<br />

Econômico<br />

• Secretaria de Estado<br />

de Desenvolvimento<br />

• Secretaria de Estado<br />

da Agricultura, Abastecimento,<br />

Aquicultura<br />

e Pesca<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 107<br />

<br />

taBEla 3.18<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico<br />

SÃO PAULO MIN<strong>AS</strong> GERAIS BAHIA ESPÍRITO SANTO <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong><br />

UNIVERSIDADES<br />

COOPERATIV<strong>AS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÕES<br />

FUNDAÇÕES E<br />

INSTITUIÇÕES<br />

Secretaria de Estado<br />

de Agricultura, Pecuária<br />

e Abastecimento<br />

de Minas Gerais<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


108<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

Vale destacar que as ações não estão limitadas às organizações<br />

citadas na tabela, que configuram apenas exemplos nos<br />

diferentes segmentos.<br />

3. 6. Logística<br />

Nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro cresceu em<br />

termos de produção, produtividade e área, mas este crescimento<br />

esbarra na dificuldade relacionada ao alto custo logístico<br />

do país. Isso se deve aos problemas de infraestrutura que<br />

fazem com que o produto perca competitividade nos mercados<br />

interno e externo.<br />

Atualmente, no Brasil, o custo do produtor, a partir da porteira<br />

até seu destino final no mercado internacional, resulta em<br />

um valor quatro vezes maior que nos EUA e Argentina. Estimativas<br />

indicam que a diferença pode chegar em até 30% no valor<br />

final, prejudicando o desempenho brasileiro (CNA, 2017).<br />

O fato da produção do agronegócio ter se movido do sul para<br />

o centro-oeste dificultou o acesso ao transporte. O objetivo que<br />

desafia a logística brasileira é fazer com que os produtos da região<br />

centro-oeste sejam exportados através dos portos do norte,<br />

como Santarém, no lugar de portos no sudeste. O problema<br />

está nos trechos não asfaltados da BR-163, fazendo com que<br />

essa rota centro-oeste para norte seja evitada.<br />

A importância do corredor centro-norte está ligada à necessidade<br />

de escoamento da produção agrícola, mineral e<br />

industrial da região central do Brasil, que se trata de uma região<br />

com alto desempenho econômico.<br />

O preço do frete é outro item complexo, incluindo fatores<br />

locais e suas especificidades. Além disso, ainda devem ser<br />

considerados os custos da atividade, que podem ser influenciados<br />

por fatores diretos, tais como localização, capacidade<br />

de estoque, distribuição espacial dos armazéns, ou por fatores<br />

indiretos, como variação de preço de combustível, limites<br />

de peso, congestionamentos (CYPRIA<strong>NO</strong>, 2005).<br />

No Tocantins, a dinâmica é a mesma que a do Brasil, pois<br />

apesar do Estado estar na frente com relação à disponibilidade<br />

de modais logísticos, um de seus maiores gargalos ainda<br />

está na logística.<br />

É importante destacar que o Estado conta com um Plano<br />

Estadual de Logística e Transporte de Cargas, mais conhecido<br />

como Pelt. Dentre outros itens, esse plano estuda profundamente<br />

os modais logísticos no Estado, disponibilidade de utilização<br />

e principais fluxos de mercadorias, visando otimizar as<br />

operações, reduzir custos logísticos, eliminar gargalos atuais e<br />

futuros e aumentar a qualidade da infraestrutura da malha viária.<br />

O plano é desenvolvido em parceria com o Banco Mundial<br />

(BIRD) fazendo parte do Programa de Desenvolvimento Regional<br />

Integrado e Sustentável (PDRIS) (<strong>TOCANTINS</strong>, 2014).<br />

Quando o foco é a cadeia produtiva silvícola, o modal rodoviário<br />

é o mais utilizado, sendo a manutenção das estradas


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 109<br />

<br />

gráfico 3.8<br />

Rodovias pavimentadas e não pavimentadas do Tocantins<br />

<br />

gráfico 3.9<br />

Análise comparativa da situação do pavimento por estado<br />

selecionado.<br />

7.253<br />

NÃO PAVIMENTADA<br />

PAVIMENTADA<br />

(Quilômetros de extensão)<br />

2%<br />

6%<br />

60%<br />

5%<br />

27%<br />

29%<br />

2%<br />

3%<br />

17%<br />

6%<br />

2%<br />

21%<br />

36%<br />

3%<br />

9%<br />

34%<br />

6%<br />

23.865<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de AGETO (2016).<br />

ponto crítico. No Tocantins, a maior parte das rodovias ainda<br />

não é pavimentada: apenas 23% do total das rodovias do estado<br />

são pavimentadas, conforme é visto no Gráfico 3.8.<br />

Em uma pesquisa realizada em 2017 pela Confederação Nacional<br />

de Transporte, no Tocantins, de um total de 3.242 km de<br />

rodovias pavimentadas avaliadas, cerca de 61% está em condições<br />

regulares. No Gráfico 3.9 segue uma análise comparativa<br />

dos estados selecionados nessa mesma pesquisa feita pela CNT<br />

(2017). Trata-se da classificação do pavimento, considerando a<br />

extensão analisada pelo estudo cada um deles (CNT, 2017).<br />

Nota-se que o estado de São Paulo possui a maior parte de<br />

suas rodovias pavimentadas em situação ótima. A Bahia se<br />

72%<br />

14%<br />

4%<br />

21%<br />

48%<br />

27%<br />

28%<br />

19%<br />

TO ES SP MG BA<br />

Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNT (2017).<br />

aproxima dos 50% em situação ótima. Os outros três Estados<br />

têm uma maior distribuição dentre as classificações. O mapa<br />

da Figura 3.3 permite uma noção sobre a jurisdição das rodovias<br />

no Estado do Tocantins.<br />

A rodovia Belém-Brasília é a mais importante do Estado,<br />

sendo sua principal rota de entrada e saída. As estradas pavimentadas<br />

do Tocantins interligam municípios e fazem a cone-


110<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

figUra 3.3<br />

Malha rodoviária do Tocantins e suas respectivas jurisdições<br />

JURISDIÇÃO<br />

Estadual 712<br />

Federal 169<br />

Municipal 272<br />

Privado 4<br />

Fonte: AGETO (2016)<br />

xão com a BR-153. A malha rodoviária tocantinense vem recebendo<br />

investimentos nos últimos anos e, com isso, o Estado<br />

tem ampliado a quilometragem de estradas pavimentadas.<br />

As estradas com concessões privadas ainda são incipientes<br />

no Estado, sendo as extensões públicas 94% do total e o<br />

restante extensões concedidas (CNT, 2017). Isso ocorre, pois,<br />

apesar do Estado estar em pleno crescimento, o fluxo de veículos<br />

nas estradas ainda não é suficientemente grande a ponto<br />

de justificar a instalação de pedágios com concessões.<br />

O maior problema está no fato de que, pela ainda baixa utilização<br />

dessas rodovias, não é viável a concessão das mesmas à<br />

iniciativa privada, ou seja, os custos de manutenção das rodovias<br />

pavimentadas são responsabilidade do governo estadual.<br />

O Estado possui diversos estudos e planos para ampliação<br />

da sua malha rodoviária, porém a falta de recursos é o maior<br />

limitante. Tendo em vista que o Estado é o grande responsável<br />

pela manutenção das estradas, os investimentos são<br />

priorizados para regiões que tragam retorno suficiente para<br />

manutenção das mesmas.<br />

Um desafio encontrado no Estado é a ligação das margens<br />

do rio Tocantins. Atualmente, na região de Palmas, existem<br />

duas pontes, sendo uma em Palmas e outra em Porto Nacional.<br />

A de Palmas tem restrição dos caminhões que devem<br />

passar pela cidade e a de Porto Nacional tem limitação de<br />

carga de 30 toneladas. A Seinfra está construindo um cami-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 111<br />

nho alternativo (“Anel Viário”) para acesso à ponte por fora da<br />

cidade. Essa passagem é de suma importância, pois tanto a<br />

Ferrovia Norte-Sul, bem como seu posto de integração, como<br />

a estrada Belém-Brasília, estão do outro lado.<br />

Outro importante modal para o Tocantins é o modal ferroviário.<br />

O Estado conta com parte da Ferrovia Norte-Sul, a qual<br />

é operada pela VLI, empresa de logística da Vale. A Ferrovia<br />

Norte-Sul teve sua construção iniciada na década de 1980,<br />

com os principais objetivos de promover a integração nacional,<br />

minimizar custos de transporte e fazer conexões com ferrovias<br />

novas e já existentes (AGETO, 2016). Cerca de 800 km<br />

da Ferrovia Norte-Sul se localizam no Estado do Tocantins.<br />

Tão importante quanto a própria ferrovia, são os terminais<br />

multimodais, que integram diferentes modais logísticos. A disponibilidade<br />

de terminais multimodais garante o fluxo contínuo<br />

de cargas, contribuindo para redução de tempo de deslocamento,<br />

custo e maior segurança da carga. O Estado do Tocantins<br />

conta com terminais multimodais em Araguaína, Porto Nacional,<br />

Guaraí, Colinas, Gurupi e Aguiarnópolis (SEPLAN, 2016b).<br />

Na Tabela 3.19 é feita uma projeção sobre a capacidade de<br />

carga de cada trecho das principais ferrovias. O progresso é<br />

visível principalmente sobre a Ferrovia Norte-Sul, aumentando<br />

a expectativa do Brasil como um todo, já que melhoraria<br />

muito a situação dos custos logísticos no país.<br />

<br />

taBEla 3.19<br />

Projeção de capacidade de carga da Ferrovia (milhões/ton)<br />

FERROVIA TRECHO KM 2016 2017 2018 2019 2020<br />

Ferrovia Norte-Sul Açailândia (MA) / Estrela d’Oeste (SP) 2.255 12,5 32,1 37,0 41,1 46,9<br />

Oeste-Leste Figueirópolis (TO) / Ilhéus (BA) 1.527 30,0 41,3 47,2 49,0 50,3<br />

Ferrovia de Integração Centro-Oeste Campinorte (GO) / Vilhena (RO) 1.630 - 17,8 18,4 18,7 19,2<br />

Fonte: SEPLAN (2016b).<br />

Além disso, o Tocantins possui alguns pontos de atenção na<br />

parte logística da cadeia produtiva da silvicultura:<br />

• florestas plantadas mais ao sul do Estado não têm a fábrica<br />

de papel e celulose da Suzano de Imperatriz/MA como<br />

possível destino, já que o custo do frete do eucalipto inviabiliza<br />

esse mercado. Atualmente essa só é uma alternativa<br />

para os produtores da região do chamado “Bico do Papagaio”,<br />

pois essas florestas se localizam no raio máximo


112<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

que a indústria está disposta a comprar madeira (cerca de<br />

200 km) para não comprometer suas margens. Uma possível<br />

solução envolveria um investimento para melhorar<br />

a logística na região de Palmas ou Colinas, promovendo<br />

o transporte eficiente da madeira a um menor custo. A<br />

partir disso, talvez fosse possível a Suzano comprar madeira<br />

de forma competitiva tanto da região norte como da<br />

região sul do Estado. Apesar de ser um investimento caro,<br />

com base em negociações entre governo e a indústria, poderia<br />

ser uma alternativa para a falta de mercado do eucalipto<br />

produzido no sul do Tocantins.<br />

• outro ponto de atenção está na produção de eucalipto<br />

localizada próxima do Jalapão, região com solo arenoso,<br />

tornando complexo o asfaltamento. Isso dificulta o<br />

transporte de insumos. Já para região do Rio Sono, verifica-se<br />

maior facilidade em levar a madeira para ser utilizada<br />

em uma possível termelétrica no futuro.<br />

Em resumo, a dificuldade de comercialização da produção<br />

silvícola pode ser atenuada com alguns investimentos na área<br />

logística. Considerando que o transporte de madeira é complexo<br />

devido ao tamanho e peso das cargas, um melhor planejamento<br />

regionalizado da logística estadual poderia fazer<br />

com que o acesso a mercados consumidores desses produtos<br />

seja viabilizado ou mesmo barateado.<br />

3. 7. Resumo das forças e fraquezas do Estado do<br />

Tocantins<br />

Após amplo diagnóstico da silvicultura no Estado do Tocantins,<br />

tem-se a Tabela 3.20, que resume suas principais<br />

forças e fraquezas nos mais variados aspectos analisados.<br />

<br />

taBEla 3.20<br />

Forças e fraquezas do Estado do Tocantins<br />

forÇaS<br />

LOGÍSTICA<br />

• Realização de obras de infraestrutura como:<br />

• porto seco;<br />

• pátios ferroviários;<br />

• parque tecnológico do Tocantins;<br />

• Ecoporto Praia Norte (com rota de três principais portos do Brasil, Manaus/AM,<br />

Belém/PA e Itaqui/MA);<br />

• centros logísticos;<br />

• evolução da malha rodoviária pavimentada;<br />

• Ferrovia Norte-Sul operada pela VLI;<br />

• Rodovia Belém-Brasília;<br />

• PELT;<br />

• PROLOGÍSTICA.<br />

CARACTERÍSTIC<strong>AS</strong> EDAFOCLIMÁTIC<strong>AS</strong><br />

• Períodos de chuva bem definidos durante o ano.<br />

• Grande percentual da área do Estado destinado a áreas de preservação ambiental,<br />

dando caráter de produção sustentável ao estado.<br />

• Rio Tocantins é uma vantagem de exportação muito grande, ganha 8 dias de<br />

vantagem para Paranaguá em trajetos até Rotterdam.<br />

• Grande território com áreas degradadas não aproveitadas e com potencial.<br />

RECURSOS HÍDRICOS<br />

• Abundância de recursos hídricos do Estado.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 113<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

• Presença da Suzano, indústria de papel e celulose ao sul do Maranhão, que absorve<br />

parte da produção do norte do Tocantins.<br />

• Presença de algumas fábricas de essências e cosméticos que demandam produtos<br />

madeireiros.<br />

• Baixo impacto ambiental no processamento da madeira.<br />

PRODUÇÃO E TEC<strong>NO</strong>LOGIA<br />

• Baixa necessidade de aplicação de tecnologia durante o cultivo.<br />

• Divulgação de informações importantes para o desenvolvimento da cultura por<br />

parte da Embrapa Florestas.<br />

• Produtividade de grandes grupos é elevada comparada com a média do Estado.<br />

• Custo da terra ainda é bem mais baixo no Tocantins do que em outros Estados.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS ECONÔMICOS E POLÍTICOS<br />

• Programas de incentivo ao desenvolvimento estadual: PROINDÚSTRIA, PROS-<br />

PERAR, PROLOGÍSTICA.<br />

• Programa de incentivos fiscais para indústria de fertilizantes.<br />

• Políticas federais específica para região MATOPIBA.<br />

OUTROS<br />

• Seringueira tem apelo maior com relação a preço.<br />

• Desenvolvimento social trazido pela silvicultura é interessante para o Estado.<br />

• Florestas plantadas têm integração harmônica com a fauna nativa.<br />

fraQUEZaS<br />

LOGÍSTICA<br />

• Apenas 23% das rodovias do Estado são pavimentadas, o que representa dificuldade<br />

de escoamento dos produtos da silvicultura.<br />

• 61% das rodovias estão em condições regulares e 6% em condições ruins, o que<br />

dificulta o transporte de madeira por ser um produto pesado.<br />

• Falta de recursos para investimentos na malha rodoviária.<br />

• Rodovias mantidas pelo Estado (sem concessões).<br />

• Na região de produção de eucalipto próxima ao Jalapão o solo é arenoso, tornando<br />

ainda mais complexo o asfaltamento.<br />

• Falta de investimentos em estrutura ferroviária para o transporte específico de<br />

madeira.<br />

• Distância dos portos e falta de know-how para exportação de produtos silvícolas.<br />

• Poucos pontos de integração intermodal (rodovia – ferrovia) limitam a utilização<br />

da ferrovia.<br />

• Falta de indústrias processadoras no interior do Estado traz maior necessidade de<br />

escoamento de produtos para outros Estados.<br />

• Valor dos fretes e da tributação para transporte de madeira é muito elevado na<br />

comparação com outros Estados.<br />

• Fábrica de papel e celulose da Suzano em Imperatriz / Maranhão não tem disponibilidade<br />

para compra de madeira a uma distância maior do que 200km com a<br />

logística atual.<br />

RECURSOS HÍDRICOS<br />

• Alta demanda hídrica do eucalipto faz com que os produtores sejam responsabilizados<br />

pela escassez de água no Estado.<br />

• 3 safras sem chuvas expressivas prejudicam o produtor.<br />

• Má gestão dos recursos hídricos da região, principalmente no período de estiagem.<br />

CARACTERÍSTIC<strong>AS</strong> EDAFOCLIMÁTIC<strong>AS</strong><br />

• Clima do Tocantins não é ideal para plantação de determinadas espécies de árvores.<br />

• Material genético mais propício ao Estado ainda em fase experimental.<br />

COOPERATIVISMO E <strong>AS</strong>SOCIATIVISMO<br />

• Associativismo e cooperativismo pouco representativos.<br />

• Não há registro de cooperativas exclusivamente de silvicultura no estado no Sistema<br />

OCB/TO.<br />

• Dificuldade da compra conjunta de insumos por parte dos produtores.<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

• Inexistência de padronização dos produtos.<br />

• O processamento de produtos florestais no Estado é muito baixo, realizado apenas<br />

por pequenas fábricas com pouca capacidade.<br />

• Baixa demanda de produtos não madeireiros.<br />

• Ausência de termelétricas no Estado.<br />

• Estados próximos possuem poucas opções de destinação dos produtos, principalmente<br />

devido à distância.<br />

• Baixo valor agregado dos produtos vendidos devido à falta de processamento.


114<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

• Dificuldade de obtenção de financiamento de longo prazo por parte da indústria<br />

devido à falta de confiança do mercado no setor.<br />

• Falta de estímulos governamentais para o surgimento de indústrias de processamento.<br />

• Custos da colheita, do produtor, do carregamento, do transporte e dos impostos<br />

oneram a margem das indústrias de processamento.<br />

PRODUÇÃO E TEC<strong>NO</strong>LOGIA<br />

• Baixo conhecimento sobre formas de cultivo, modificações genéticas e custos<br />

de produção.<br />

• Pouca prática na integração de outras culturas com floresta, apenas 9% do total<br />

integrado no Estado todo (11ha).<br />

• Baixo uso de tecnologia e plantios de baixa qualidade diminuem o valor da produção<br />

do Estado.<br />

• Poucos estudos sobre variedades sendo realizados na região.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS ECONÔMICOS E POLÍTICOS<br />

• Produtores plantaram árvores sem qualidade para a obtenção do crédito oferecido<br />

pelo incentivo de reposição florestal.<br />

• Falta de incentivos tributários para produção, processamento e transporte de<br />

madeira no estado.<br />

• Falta de incentivos para o escoamento de madeira para outros Estados.<br />

• Baixa visão desenvolvimentista.<br />

• Muitos produtores endividados e sem perspectivas de continuarem na cultura.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS SOCIAIS<br />

• Baixa necessidade de mão de obra na cultura, fazendo com que tenha menor<br />

contribuição social.<br />

• Falta de qualidade da mão de obra no Estado.<br />

• Grande parte dessa mão de obra, principalmente a qualificada, empregada na<br />

Administração Pública.<br />

• Dificuldade de assistência técnica, principalmente, para pequenos produtores.<br />

• O Estado não tem evoluído no índice de Gini nos últimos anos.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 115


consoLidação do diagnÓstico


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 117<br />

4. 1. Análise Pest<br />

A análise Pest é um estudo do ambiente externo que busca<br />

agrupar as variáveis externas que afetam o desempenho de<br />

um negócio ou setor. A Figura 4.1 mostra como as informações<br />

da Pest são agrupadas em pilares para melhor análise<br />

das ameaças e oportunidades para o setor estudado.<br />

As ameaças são tendências do ambiente externo que podem<br />

influenciar, dificultando a implementação de estratégias.<br />

É importante conhecê-las para delinear ações que as<br />

minimizem ou façam com que o setor estudado encontre<br />

<br />

figUra 4.1<br />

Unidades de análise da PEST<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

ECONÔMICO-<br />

NATURAL<br />

SOCIOCULTURAL<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

São levantados programas<br />

e políticas relacionados ao<br />

potencial de levantamento<br />

de investimentos, a produção<br />

e a industrialização dos<br />

produtos em questão, além<br />

de barreiras e burocracias que<br />

dificultam essas atividades.<br />

Abordagem de fatores<br />

econômicos brasileiros<br />

e mundiais que<br />

influenciam positiva ou<br />

negativamente o mercado<br />

de grãos, principalmente<br />

o incremento da demanda<br />

(consumo).<br />

Mudanças sociais e culturais<br />

da população que tenham<br />

impacto no consumo e na<br />

produção (relacionado à<br />

mão de obra e qualificação<br />

de profissionais) das cadeias<br />

em questão.<br />

Desenvolvimentos<br />

tecnológicos ligados ao<br />

setor que podem melhorar<br />

ou dificultar as atividades<br />

de produção e distribuição<br />

de grãos no Estado do<br />

Tocantins<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de WRIGHT, KROLL E PARNELL (2000).


118<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

formas alternativas de contorná-las. A Tabela 4.1 mostra as<br />

principais ameaças identificadas para a cadeia da silvicultura<br />

no Brasil e no Estado do Tocantins.<br />

<br />

taBEla 4.1<br />

Ameaças do ambiente externo<br />

aMEaÇaS - gEral<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Desconfiança de investidores e empresários devido à situação econômica e política<br />

do Brasil.<br />

• Países estão adotando medidas protecionistas.<br />

• Processo de obtenção de licença ambiental é burocrático e demorado.<br />

• Seguro rural não é estruturado no Brasil.<br />

• Dificuldade de obtenção e acesso ao crédito rural.<br />

• Instabilidade política.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Maiores pressões por sustentabilidade podem limitar a expansão da agropecuária.<br />

• Competitividade das regiões brasileiras mais tradicionais (centro-oeste e sul), que<br />

continuam a se desenvolver.<br />

• Instabilidade climática pode ter efeitos negativos nas safras brasileiras.<br />

• Aumento da taxa de juros.<br />

• Formação de monopólios de empresas do agronegócio pela fusão de diversas<br />

multinacionais do setor.<br />

• Chegada de novas pragas e doenças.<br />

• Variação cambial.<br />

• Expectativa de que a África se torne um dos principais fornecedores de alimentos<br />

no mundo.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Mudança nas preferências e exigências dos consumidores em relação ao consumo<br />

de alimentos.<br />

• Envelhecimento da população nacional.<br />

• Êxodo rural, que pode causar diminuição da disponibilidade de mão de obra no<br />

campo.<br />

• Falta de interesse por empregos rurais (no campo), devido à falta de valorização<br />

da produção agrícola pela sociedade.<br />

• Produtores menores resistentes às mudanças.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICA<br />

• Dificuldades de armazenagem devido aos custos e à preocupação com segurança<br />

do produto.<br />

• Aumento dos preços dos insumos agrícolas.<br />

• Avanço da resistência em plantas daninhas, insetos e fungos aos defensivos do<br />

mercado.<br />

• Baixa diversidade de modais de transporte para escoamento da produção, e precariedade<br />

dos existentes.<br />

aMEaÇaS - SilVicUltUra<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Ausência de políticas públicas específicas para a cadeia produtiva no país.<br />

• Elevada carga tributária para a silvicultura.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Crise econômica mundial impactou a indústria siderúrgica, inclusive a nacional.<br />

• A silvicultura é vista como uma das grandes responsáveis pela escassez de água.<br />

• Preços do carvão vegetal estão em baixa.<br />

• Incidência de fogo e secas muito intensas.<br />

• Mundo comercializa menos de 5% dos produtos madeireiros.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Produtores estão migrando para outras culturas ou deixando a atividade pela<br />

falta de perspectivas para a cadeia.<br />

• Grandes indústrias de processamento geralmente também possuem grande volume<br />

de florestas próprias e não necessitam comprar muito de terceiros.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICA<br />

• Não aceitação por alguns grupos da sociedade de florestas com OGMs.<br />

• A reconhecida certificação FSC não pode ser concedida a produtos derivados de<br />

organismos geneticamente modificados (OGMs).<br />

• Barateamento de fontes de energia elétrica mais limpas, como a eólica e solar.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 119<br />

As oportunidades indicam tendências que estão ocorrendo<br />

no ambiente externo ao da cadeia da silvicultura que podem<br />

ser aproveitadas para impulsionar o segmento. A Tabela 4.2<br />

mostra as principais.<br />

<br />

taBEla 4.2<br />

Oportunidades do ambiente externo<br />

oPortUNiDaDES - gEral<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Reestruturação das políticas agrícolas por parte de países em desenvolvimento.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Valor da terra em território nacional ainda se mantém bastante acessível se comparado<br />

a outros países.<br />

• Tendência de aumento de investimentos internacionais no agronegócio.<br />

• Desenvolvimento e investimento na fronteira agrícola “Matopiba” na produção<br />

de agropecuária.<br />

• Grande disponibilidade de terras cultiváveis no Brasil.<br />

• Cooperativismo desenvolvido em outras regiões do Brasil com chance de migrar<br />

para as regiões de fronteiras agrícolas.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Mudança no comportamento dos consumidores em relação ao setor de alimentos<br />

e fibras traz maior demanda por produtos mais naturais e que mostrem sua<br />

origem.<br />

• A dependência do Brasil em relação ao mercado externo, se comparada aos demais<br />

países emergentes, é pequena, graças ao tamanho do mercado interno.<br />

• Grande parte da população brasileira na faixa etária economicamente ativa (PEA).<br />

• Maior distribuição de renda entre as famílias, reduzindo o número de famílias em<br />

classes mais baixas.<br />

• Aumento da renda familiar faz com que cresça o consumo interno por produtos<br />

processados.<br />

• Aumento da população traz aumento de demanda por produtos silvícolas.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICA<br />

• Tendência do uso de novas sementes geneticamente modificadas e insumos,<br />

principalmente genéricos e biológicos.<br />

• Tendência mundial de aumento da agricultura de precisão e automatização.<br />

• Desenvolvimento de pesquisas com RNA-interferente.<br />

• Aumento do uso de consultorias e assistências técnicas por parte dos produtores<br />

a fim de melhorar a produção e a gestão do negócio.<br />

• Máquinas mais eficientes e mão de obra mais qualificada.<br />

oPortUNiDaDES - SilVicUltUra<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Proibições na utilização de madeiras de florestas nativas para produção energética<br />

em alguns estados trará oportunidades para a comercialização de madeira<br />

do Tocantins.<br />

• Termelétricas podem ser alternativa pois é um mercado rápido: em cinco anos<br />

faz-se o leilão e já começa o consumo do carvão.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Previsões indicam que tanto a área plantada de florestas para celulose, quanto a<br />

própria produção de celulose irão crescer 12% e 53%, respectivamente, nos próximos<br />

10 anos.<br />

• Incentivos para reposição florestal no país.<br />

• Não há grande concentração de países no comércio internacional de produtos<br />

madeireiros.<br />

• A ausência de grandes indústrias processadoras permite o desenvolvimento de<br />

empreendimentos menores e mais regionalizados.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Com as preocupações ambientais, cresce a demanda por madeira de florestas<br />

certificadas e de reflorestamento.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICA<br />

• O primeiro eucalipto geneticamente modificado do mundo promete trazer ganhos<br />

de produtividade cerca de 20% maiores do que árvores convencionais.<br />

• Embrapa Florestas procura realizar pesquisas e desenvolver variedades mais<br />

adaptadas a diversas regiões do país.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


120<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

figUra 4.2<br />

Modelo esquemático da ferramenta Cinco Forças de Porter<br />

poder dos<br />

fornecedores<br />

ameaça de novos<br />

entrantes<br />

rivalidade entre<br />

concorrentes<br />

ameaça dos<br />

substitutos<br />

poder dos<br />

clientes<br />

da ferramenta explicita, são cinco as dimensões analisadas: a<br />

rivalidade entre concorrentes; a ameaça de novos entrantes;<br />

a ameaça de produtos substitutos; o poder de barganha dos<br />

fornecedores; e o poder de barganha dos clientes. A Figura 4.2<br />

esquematiza o modelo de análise.<br />

Uma cadeia produtiva é composta por diversos elos, que, por<br />

sua vez, consistem em setores menores específicos. A aplicação<br />

da ferramenta das Cinco Forças em uma cadeia produtiva<br />

a nível estadual pode ser de acordo com diversos pontos<br />

de vista, por exemplo, ao mesmo tempo em que um produtor<br />

de eucalipto é um consumidor da indústria de fertilizantes,<br />

ele também é um fornecedor de uma serraria. Nesse sentido,<br />

como poderá ser visto nas análises que seguem, para cada uma<br />

delas foi dado um enfoque específico, ou seja, considerando as<br />

particularidades do Estado do Tocantins, as análises foram<br />

conduzidas para refletirem as questões de maior importância.<br />

Fonte: Porter (1980).<br />

4. 2. Análise das Cinco Forças de Porter<br />

O modelo das Cinco Forças de Porter consiste em uma análise<br />

de competividade dentro de um determinado negócio,<br />

indústria ou setor. Esse modelo permite analisar o grau de<br />

atratividade de um setor da economia.<br />

No modelo das Cinco Forças, como a própria denominação<br />

rivalidade entre concorrentes<br />

No contexto do presente estudo, entende-se que este item é<br />

o mais importante da análise das Cinco Forças de Porter. Partindo<br />

da unidade de análise estadual (Tocantins), nesta etapa<br />

são destacados os mais relevantes players a nível nacional e<br />

internacional (Estados e países) de produtos silvícolas, sendo<br />

eles considerados concorrentes do Estado de Tocantins na<br />

oferta desses produtos.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 121<br />

Entende-se que devido às características específicas do<br />

sistema agroindustrial da silvicultura, a maior concorrência<br />

entre Estados não está no acesso ao mercado, mas sim na<br />

atração de investidores, que ao optarem por alocar seus investimentos<br />

em determinado Estado, impulsionam a economia<br />

estadual como um todo, gerando empregos, aumentando<br />

o recolhimento de impostos e atraindo novos investimentos<br />

relacionados. Nesse sentido, entende-se por investidor qualquer<br />

agente que venha atuar em determinado elo da cadeia,<br />

seja ele indústria e distribuição de insumos, produção agrícola,<br />

agroindústria e empresas de apoio.<br />

A facilidade no acesso aos insumos, custo de produção<br />

baixo, apoio na comercialização, presença de cooperativas e<br />

associações fortes, incentivos tributários, disponibilidade de<br />

mão de obra, programas de incentivo à adoção de tecnologia,<br />

estrutura logística, dentre outros, são fatores determinantes<br />

na atração de investimentos de um estado.<br />

Sendo assim, nesta etapa serão analisados os concorrentes<br />

internacionais (países) ou nacionais (Estados) que possuem<br />

uma produção silvícola já consolidada e possam ser considerados<br />

ameaças ao Tocantins.<br />

• Os maiores produtores de madeireira no mundo são<br />

também países que possuem grandes extensões territoriais:<br />

EUA, Índia, China, Brasil e Rússia.<br />

• Também são países em desenvolvimento e/ou que devido<br />

a sua economia consomem altos volumes de madeira<br />

para utilização na siderurgia.<br />

• Em nível nacional, os estados que possuem áreas litorâneas<br />

têm vantagem na atração de indústrias, principalmente<br />

a siderúrgica, pela necessidade de se localizarem<br />

perto de portos para exportação dos produtos.<br />

• A China, terceiro maior produtor de madeira mundial, também<br />

consome internamente grande parte de sua produção,<br />

não figurando entre os maiores exportadores do mundo.<br />

• Mesmo os 5 principais exportadores concentrando 45%<br />

das exportações mundiais, somente dois países (Rússia<br />

e Nova Zelândia) representam mais do que 10% do volume<br />

exportado no mundo. Ou seja, a concentração do<br />

comércio internacional é baixa.<br />

• No Brasil, as maiores áreas plantadas com silvicultura<br />

pertencem aos Estados de Rondônia, Roraima, Minas<br />

Gerais, Paraná e São Paulo.<br />

• Quando consideradas as produções de artigos silvícolas,<br />

os dois principais Estados em área plantada têm participação<br />

expressiva. São os Estados das regiões sul e sudeste<br />

do país que lideram esses rankings de produção.<br />

poder de barganha dos fornecedores<br />

Nesta etapa de análise é observado o poder de barganha<br />

dos fornecedores sobre um negócio. Para a análise da cadeia


122<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

produtiva, o foco será dado nos silvicultores e em sua relação<br />

com seus fornecedores de insumos.<br />

• No Estado do Tocantins, alguns grupos florestais detêm<br />

grandes extensões de terra com florestas plantadas, por<br />

esse motivo, conseguem negociar a compra de seus insumos<br />

com preços mais atrativos.<br />

• A falta de associativismo e cooperativismo no agronegócio<br />

do Tocantins enfraquece o poder de barganha dos<br />

produtores diante de seus fornecedores de insumos.<br />

• O sistema de troca de insumos por produtos do agronegócio,<br />

conhecido como barter, ainda não é explorado na silvicultura<br />

pela maior dificuldade de negociação dos produtos.<br />

• Pela dificuldade de comercialização, baixos preços dos<br />

produtos no mercado e altos custos de produção, os silvicultores<br />

do Tocantins têm limitado seus investimentos<br />

em insumos.<br />

• Por outro lado, alguns insumos são de fundamental importância<br />

para o crescimento das árvores e não podem<br />

ser eliminados, como é o caso dos formicidas.<br />

• Os produtores de eucalipto hoje se encontram endividados<br />

e necessitam de novos financiamentos para manutenção<br />

e manejo das florestas.<br />

• Geralmente os fornecedores de insumos, seja diretamente<br />

para os produtores ou para os canais de distribuição,<br />

são grandes empresas, multinacionais com atuação<br />

em todos os Estados do país. O setor de insumos agrícolas,<br />

principalmente de defensivos, está passando por<br />

uma fase de consolidação, onde os líderes de mercado<br />

estão em processos de fusões e aquisições. Essa consolidação<br />

aumenta o poder de barganha das indústrias.<br />

poder de barganha dos compradores<br />

Nesta etapa, será analisado o poder de barganha das agroindústrias<br />

do Tocantins que compram madeira do silvicultor.<br />

Ou seja, qual a relação de força que existe entre esses dois<br />

elos da cadeia.<br />

• Talvez o fator com maior impacto na análise de poder<br />

de barganha dos compradores seja a baixa presença de<br />

indústrias que utilizem as árvores como matéria-prima<br />

para seus produtos.<br />

• Devido aos maiores custos logísticos, a opção de comercializar<br />

a produção silvícola para ser processada em outros<br />

estados também é comprometida, já que as indústrias<br />

conseguem comprar matéria-prima a preços mais<br />

competitivos nas proximidades.<br />

• Pela falta de manejo adequado e pelas características genéticas<br />

dos plantios, a madeira do Estado não tem boa<br />

qualidade. Isso diminui o poder de barganha dos produtores<br />

ao tentarem negociar preços melhores.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 123<br />

• Alguns dos principais mercados consumidores de produtos<br />

madeireiros como, por exemplo o siderúrgico, estão em<br />

baixa no momento e reduziram seu consumo de madeira.<br />

ameaça de novos entrantes<br />

Esta etapa da análise possui o foco em levantar e verificar<br />

as regiões em crescimento que possam se tornar concorrentes<br />

do Tocantins na produção de produtos da silvicultura,<br />

sendo nacionais ou internacionais.<br />

• No Brasil, dentre os Estados com maiores crescimentos<br />

percentuais de área plantada com silvicultura nos últimos<br />

três anos, se destaca principalmente o Amapá, que<br />

contava com 36.597 hectares em 2014 e em 2016 já havia<br />

221.252 hectares.<br />

• Rondônia, Alagoas e Ceará também mais do que dobraram<br />

suas áreas plantadas entre 2014 e 2016, porém as<br />

áreas com silvicultura ainda são pequenas.<br />

• No âmbito internacional, destacam-se, como novos entrantes,<br />

diversos países europeus que tiveram crescimento<br />

acelerado de produtos madeireiros nos últimos<br />

cinco anos, como: Azerbaijão (crescimento de 8.635%),<br />

Holanda (crescimento de 195%), Moldávia (crescimento<br />

de 161%), dentre outros.<br />

• Há ainda outros países mais próximos do Brasil desenvolvendo<br />

sua silvicultura, como é o caso do Uruguai, que<br />

entre 2012 e 2016 incrementou sua produção de 11,5<br />

milhões de m³ para 16,9 milhões de m³.<br />

ameaça de produtos substitutos<br />

Os produtos substitutos analisados nesta etapa de análise<br />

são aqueles oriundos de setores diferentes, porém concorrentes<br />

pelo mesmo mercado consumidor. Nesta etapa de análise<br />

foram considerados os produtos que podem interferir no<br />

desenvolvimento da silvicultura.<br />

• Por questões ambientais, formas mais limpas de se gerar<br />

energia elétrica estão sendo incentivadas, como as energias<br />

eólica e solar. Essas, inclusive, vêm sendo barateadas<br />

ao longo dos últimos anos.<br />

• São poucas as termelétricas que utilizam carvão vegetal<br />

como combustível para a geração de energia, produtos<br />

como o gás natural ou mesmo o carvão mineral são mais<br />

comuns.<br />

• As tecnologias digitais estão substituindo o uso de papel<br />

em algumas situações, como livros digitais, armazenamento<br />

de informações, dentre outros.<br />

• Atualmente, móveis de plástico dividem espaço nas preferências<br />

dos consumidores com os tradicionais móveis<br />

de madeira.


oBJetiVos<br />

estratÉgicos para<br />

a cadeia


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 125<br />

Nessa etapa serão apresentados os objetivos estratégicos<br />

que nortearão o desenvolvimento de projetos para a cadeia<br />

produtiva da silvicultura no Tocantins.<br />

Os objetivos e direcionadores aqui listados foram elaborados<br />

pela Markestrat com base em toda a etapa inicial de<br />

diagnósticos externo e interno, ou seja, de dados secundários<br />

em materiais, bancos de dados, relatórios, sites e outros; e dados<br />

primários obtidos por meio de entrevistas com diversos<br />

agentes da cadeia: produtores de eucalipto, agentes logísticos,<br />

representantes do setor público, importantes órgãos como<br />

Embrapa, FIETO, federações, universidades, dentre outros.<br />

posicionamento<br />

O posicionamento estratégico pode ser definido como a escolha<br />

de uma organização por desempenhar suas atividades<br />

de forma diferente da que é realizada pelos concorrentes, ou<br />

seja, um jeito único de entregar valor a seus consumidores.<br />

No caso das cadeias produtivas, o posicionamento estratégico<br />

deve servir de base para os macro-objetivos e refletir qual<br />

será o diferencial da produção do Tocantins perante outros<br />

polos de referência na produção silvícola.<br />

siLVicULtUra<br />

Conforme foi visto anteriormente nesse documento, o Tocantins<br />

possui sua silvicultura baseada no plantio de eucalipto.<br />

Contudo, apesar de uma considerável área plantada, a<br />

cadeia produtiva possui algumas deficiências a serem trabalhadas<br />

para seu crescimento.<br />

Um desses problemas é a falta de indústrias compradoras<br />

de árvores. A produção silvícola foi incentivada pela expec-


126<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

Dimensão 1 - Áreas plantadas com florestas<br />

gráfico 5.1<br />

Posicionamento estratégico da cadeia da silvicultura no Tocantins<br />

ALTO<br />

BAIXO<br />

to<br />

POSIÇÃO ATUAL<br />

POSIÇÃO FUTURA<br />

to<br />

BAIXO<br />

es<br />

ALTO<br />

Dimensão 2 - Valor da produção de carvão vegetal + lenha + madeira em toras<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017) e do diagnóstico realizado.<br />

tativa de instalação de uma indústria de papel e celulose no<br />

estado que não se concretizou, além disso, outros mercados<br />

potenciais têm vivido situações de crise, como é o caso do setor<br />

siderúrgico. Por esses motivos, há um volume grande de<br />

plantações que não estão obtendo a rentabilidade desejada ou<br />

mesmo não conseguem vender sua produção. Isso faz com<br />

que tanto a quantidade de produtos, quanto o valor da produção<br />

tocantinense, sejam ainda baixos em relação a outros<br />

estados brasileiros.<br />

Outro ponto de atenção é a condição que essas florestas se<br />

encontram hoje no estado. Até mesmo por decorrência da dificuldade<br />

de comercialização e das baixas rentabilidades obtidas<br />

pelo produtor, os investimentos em genética e no manejo<br />

dos eucaliptos também são distantes do que seria ideal e muitas<br />

florestas plantadas apresentam baixa produtividade e/ou<br />

produzem madeiras de má qualidade. Esses gargalos fizeram<br />

com que a área plantada com eucaliptos no Estado tenha se<br />

mantido praticamente estagnada nos últimos três anos.<br />

No Gráfico 5.1, é possível observar qual é o posicionamento<br />

almejado para a cadeia produtiva da silvicultura no Estado e<br />

quão distante se encontra hoje dessa situação. Ao mesmo tempo,<br />

foram inseridos polos de referência na produção silvícola.<br />

Fica claro ao se analisar a Figura 5.1 que a cadeia produtiva<br />

da silvicultura no Tocantins se encontra em um nível de desenvolvimento<br />

bem abaixo de outros estados avaliados como benchmarks.<br />

Isso ocorre tanto em termos de área plantada com<br />

florestas como também no valor dos produtos madeireiros.<br />

Pode-se notar que Minas Gerais lidera os Estados analisados<br />

nos dois quesitos. Um ponto importante a ser destacado é que<br />

o Espírito Santo e a Bahia, apesar de terem uma diferença de<br />

área plantada com florestas de menos de 5.000 hectares, pos-<br />

sp<br />

ba<br />

Mg


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 127<br />

suem valores de produção de carvão vegetal, lenha e madeira<br />

muito díspares, demonstrando que a Bahia consegue agregar<br />

muito mais valor aos seus produtos por meio da indústria.<br />

O Tocantins possui apenas a 16 a maior área plantada com<br />

florestas do país e valor de produção bem inferior ao apresentado<br />

pelos demais Estados analisados.<br />

Para o posicionamento futuro sugerido, tem-se que a área<br />

plantada com florestas no Estado terá um volume de crescimento<br />

leve, contudo, se prevê um avanço na industrialização<br />

e na agregação de valor ao produto madeireiro (hoje grande<br />

gargalo da cadeia) que trará incrementos mais significativos<br />

a esse indicador.<br />

Com isso, o estímulo à industrialização e seu posterior desenvolvimento<br />

poderiam refletir em um aumento de interesse<br />

por investimentos na cadeia produtiva que fará com que a<br />

área plantada, por consequência, avance naturalmente.<br />

missão e visão<br />

Antes de se traçarem os objetivos para a cadeia, é interessante<br />

que se estabeleçam a missão e a visão como norte tanto<br />

para a definição de objetivos quanto para o desenvolvimento<br />

dos projetos estratégicos.<br />

Os objetivos de uma organização se tornam mais claros<br />

pela sua declaração da missão, pois a missão é a declaração<br />

do propósito da organização existir, ou seja, de porque ela foi<br />

criada e qual é o seu DNA. A missão pode ainda apresentar indícios<br />

das necessidades dos stakeholders que são atendidas<br />

pela organização.<br />

Por outro lado, a visão de uma organização reflete as aspirações,<br />

onde a mesma quer chegar e/ou o que ela pretende<br />

ser e complementa seu posicionamento estratégico desejado.<br />

Possui uma clara visão de futuro e pode apresentar indícios<br />

de como a organização pretende tornar essa visão realidade.<br />

As missões e visões aqui estabelecidas são declarações do<br />

compromisso da cadeia produtiva da silvicultura com a sociedade<br />

tocantinense.<br />

<br />

taBEla 5.1<br />

Missão e visão para a cadeia da silvicultura no Tocantins<br />

Missão<br />

Produzir, de maneira sustentável<br />

(econômica, social e ambiental), produtos<br />

madeireiros e não madeireiros de<br />

qualidade e promover o desenvolvimento<br />

social e econômico do estado.<br />

SILVICULTURA<br />

Visão<br />

Ser referência na região Norte do país,<br />

tanto em área plantada com árvores, como<br />

na produção de produtos madeireiros e<br />

não madeireiros.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

objetivos estratégicos<br />

Para que a visão e o posicionamento estratégico desejados<br />

para a cadeia sejam atingidos, foram traçados macro-objetivos<br />

dos próximos 10 anos para a silvicultura no Tocantins. Esses


128<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

objetivos têm o intuito de guiar as ações dos agentes da cadeia<br />

em prol do desenvolvimento do agronegócio tocantinense.<br />

Além disso, os objetivos estratégicos têm, como importante<br />

função, auxiliar no monitoramento e acompanhamento da<br />

efetividade dos projetos e atividades sendo desenvolvidos,<br />

pois estabelecem metas quantitativas a serem atingidas.<br />

Todos os objetivos foram desenvolvidos levando em conta o<br />

diagnóstico da cadeia produtiva realizado nas seções anteriores<br />

desse documento, portanto, tentam ao máximo ser claros,<br />

palpáveis e, ao mesmo tempo, desafiadores e devem ser periodicamente<br />

atualizados conforme o desempenho do Estado.<br />

O estabelecimento dos objetivos levou em consideração<br />

dois cenários distintos, sendo que o primeiro deles conta com<br />

uma manutenção da produção atual e atração de indústrias<br />

regionais, como a de construção civil ou a de carvão para absorver<br />

a produção e movimentar o setor no Estado. A atração<br />

de uma indústria de papel e celulose para o Estado é considerada<br />

no segundo cenário traçado.<br />

Entende-se que o segundo cenário é dependente de diversas<br />

variáveis muitas vezes incontroláveis, dessa maneira, sugere-se<br />

que os planos propostos sejam desenvolvidos tendo<br />

em vista o alcance dos objetivos e metas traçados no primeiro<br />

cenário e, após maior estabelecimento do setor no Estado, seja<br />

reavaliado o plano de atração da indústria de papel e celulose.<br />

A Tabela 5.3 mostra a evolução linear dos valores para os<br />

próximos 10 anos considerando o cenário 1, mais conservador.<br />

Como já introduzido, atualmente os mercados de celulose, papel<br />

e papelão concentram cerca de 70% de toda a movimentação<br />

da silvicultura brasileira, sendo que os últimos dois produtos<br />

têm maior valor agregado. Ademais, as projeções da FIESP apontam<br />

para um crescimento de 31% na produção de celulose no<br />

Brasil até 2026/27 (passando de 20 mil toneladas para 26,3 mil<br />

toneladas); de 16% no consumo interno (de 6,4 para 7,5 mil toneladas);<br />

e de 38% nas exportações (de 13,9 mil toneladas para 19,2<br />

mil toneladas). Quanto ao papel, as projeções da FIESP indicam<br />

um incremento na produção brasileira de 20% (10,5 mil toneldas<br />

para 12,7 mil toneladas); de 21,5% (9,1 mil toneladas para 11,1<br />

mil toneladas) no consumo interno; e de 9,6% nas exportações<br />

(2,2 mil toneladas para 2,4 mil toneladas).<br />

Diante da inexistência dessa produção no Tocantins, é importante<br />

reconsiderar a viabilidade de atração dessa indústria<br />

para o estado, uma vez que a cadeia da silvicultura esteja<br />

mais amadurecida, com os projetos propostos em andamento.<br />

A localização é estratégica para o sucesso do investimento,<br />

de forma a estar próxima dos cultivos e não concorrer em<br />

área com outras indústrias em estados adjacentes.<br />

Considerando o segundo cenário, de atração de uma indústria<br />

de papel e celulose, alguns objetivos estratégicos adicionais<br />

podem ser considerados para o Estado do Tocantins,<br />

conforme apresentados na Tabela 5.4.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 129<br />

<br />

taBEla 5.2<br />

Objetivos estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia da silvicultura no Estado do Tocantins (cenário 1)<br />

OBJETIVOS <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

META<br />

(PRÓXIMOS 10 A<strong>NO</strong>S)<br />

REFERÊNCIA<br />

FONTE<br />

Elevar a produtividade média dos cultivos em áreas<br />

já existentes.<br />

Aumento de 86,4% na produtividade média, no<br />

período, saindo de 22m 3 /ha/ano para 41m 3 /ha/ano.<br />

A produtividade média atual no Tocantins é bem inferior à média brasileira<br />

atual. A proposta é equiparar a produtividade média no Estado com a do<br />

Brasil (41m 3 /ha/ano).<br />

• Silva, Bueno e<br />

Neves (2016).<br />

Elevar o volume de produção em áreas existentes.<br />

Aumento de 3.103 mil m 3 para 5.784 mil m 3 , um<br />

incremento de 86% no período.<br />

O valor de produção atual (3.103 mil m 3 ) foi obtido a partir de dados da<br />

produtividade atual e área de produção atual. O aumento da produção<br />

considera uma área de produção constante, com incremento em<br />

produtividade.<br />

• IBGE (2017);<br />

• Silva, Bueno e<br />

Neves (2016).<br />

Agregar valor ao preço médio de madeira em tora<br />

para produtores no Estado.<br />

Elevar o preço em, pelo menos, 132,4% no período,<br />

de R$ 20,77/m 3 para R$ 48,26/m 3 .<br />

O valor de R$48,26m 3 é o praticado atualmente no Estado da Bahia para<br />

madeira em tora para fins que não o papel e celulose. Ainda assim, é inferior a<br />

outros Estados, como Minas Gerais (R$81,96/m 3 ) e Espírito Santo (R$89,15/m 3 ).<br />

• IBGE (2017).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

<br />

taBEla 5.3<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a cadeia da silvicultura nos próximos 10 anos (cenário 1)<br />

SEM ELEVAÇÃO ÁREA 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26<br />

Produção (mil m 3 ) 3.103 3.325 3.564 3.819 4.092 4.385 4.700 5.036 5.397 5.784<br />

Produtividade (m 3 /ha/ano) 22 24 25 27 29 31 33 36 38 41<br />

Área (mil ha) 141 141 141 141 141 141 141 141 141 141<br />

Preço (R$/m 3 )* 20,77 22,81 25,05 27,51 30,21 33,18 36,44 40,01 43,94 48,26<br />

Valor bruto da produção tora* (R$ milhões) 64,5 75,8 89,3 105,1 123,6 145,5 171,2 201,5 237,2 279,1<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


130<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

taBEla 5.4<br />

Objetivos estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia da silvicultura no Estado do Tocantins (cenário 2)<br />

OBJETIVOS <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

META<br />

(PRÓXIMOS 10 A<strong>NO</strong>S)<br />

REFERÊNCIA<br />

FONTE<br />

Aumento de área plantada.<br />

Aumentar em 200 mil ha a área<br />

plantada, chegando a 341.047 hectares,<br />

representando uma elevação de 141,8%.<br />

Participar nos mercados crescentes (interno e externo) de celulose e papel;<br />

buscar a expansão em áreas com ILPF visando o caráter sustentável dos<br />

produtos e aproveitar os incentivos para esse sistema produtivo (dado também<br />

o cenário positivo para soja e carne).<br />

• Entrevistas (área para<br />

indústria).<br />

Agregar valor ao preço médio de<br />

madeira em tora para produtores no<br />

estado.<br />

Elevar o preço em, pelo menos, 182,5% no<br />

período, de R$ 20,77/m 3 para R$ 58,68/m 3 .<br />

O valor de R$58,68m 3 é o praticado atualmente no Estado de Minas Gerais para<br />

madeira em tora para fins de papel e celulose. Ainda assim, é inferior a outros<br />

Estados, como Bahia (R$95,89/m 3 ) e Espírito Santo (R$63,44/m 3 ).<br />

Como não há registro de preço médio de tora de madeira para papel e celulose<br />

para o TO, partiu-se do preço da tora para outras finalidades (R$20,77 m 3 ).<br />

• IBGE (2017).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

<br />

taBEla 5.5<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a cadeia da silvicultura nos próximos 10 anos (cenário 2)<br />

COM ELEVAÇÃO ÁREA 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26<br />

Área (mil ha) 141 156 172 189 209 230 254 280 309 341,047<br />

Produção (mil m 3 ) 3.103 3.668 4.336 5.126 6.059 7.162 8.466 10.008 11.830 13.984<br />

Preço (R$/m 3 )* 20,77 23,31 26,16 29,36 32,95 36,98 41,51 46,59 52,28 58,68<br />

“Valor bruto da produção* (R$ milhões)” 64,5 85,5 113,4 150,5 199,7 264,9 351,4 466,2 618,5 820,6<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 131<br />

<br />

gráfico 5.2<br />

Valor bruto da produção projetado até 2025/26 nos dois cenários projetados<br />

700<br />

600<br />

2016 / 17<br />

ADICIONA<strong>DO</strong><br />

ADICIONA<strong>DO</strong> COM ÁREA<br />

541<br />

500<br />

Total adicionado no período: R$ 215 milhões<br />

Total adicionado no período com expansão de área: R$ 1,857 bilhão<br />

381<br />

R$ milhões<br />

400<br />

300<br />

180<br />

265<br />

200<br />

100<br />

0<br />

64<br />

11<br />

10<br />

64<br />

13<br />

24<br />

64<br />

16<br />

45<br />

64<br />

19<br />

76<br />

64<br />

22<br />

119<br />

64<br />

26<br />

64<br />

30<br />

64<br />

36<br />

64<br />

42<br />

64<br />

2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

A Tabela 5.5 mostra a evolução linear dos valores para os<br />

próximos 10 anos, considerando que a indústria de papel e<br />

celulose fosse instalada ainda no primeiro ciclo de desenvolvimento<br />

do plano estratégico.<br />

O Gráfico 5.2 mostra o valor bruto da produção total adicionado<br />

no período para cada um dos cenários propostos, sendo<br />

que para o cenário 1, ele equivale a R$ 215 milhões e, para o<br />

cenário 2, o valor é de R$ 1,857 bilhão.


proJetos<br />

estratÉgicos para a<br />

cadeia


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 133<br />

Tendo em vista os objetivos propostos e o consequente aumento<br />

da competitividade da cadeia produtiva da silvicultura<br />

no Estado do Tocantins, buscando aproveitar todas as potencialidades<br />

que a mesma oferece, são sugeridas ações organizadas<br />

em pilares estratégicos.<br />

As ações propostas foram organizadas em seis pilares sendo<br />

eles:<br />

1. políticas públicas e coordenação da cadeia<br />

2. financiamento da atividade<br />

3. fortalecimento da indústria<br />

4. produção e pesquisa silvícola<br />

5. capacitação de recursos humanos<br />

6. espécies e produtos com potencial<br />

O desenvolvimento das ações propostas contribuirá para o<br />

estabelecimento da silvicultura no Estado do Tocantins.<br />

É importante destacar que os pilares estratégicos, bem<br />

como suas ações, não ocorrem de maneira isolada e sim complementar.<br />

Poderão ser vistas ações alocadas em determinado<br />

pilar estratégico que, indiretamente, também fortalecem<br />

os demais. Além disso, o desenvolvimento das ações não é<br />

limitado ao âmbito público. A integração entre ações do setor<br />

público com o privado é fundamental para o seu sucesso.


134<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

<br />

figUra 6.1<br />

Encadeamento estratégico da cadeia da silvicultura para o Estado do Tocantins<br />

2016 / 17 2026 / 27<br />

MISSÃO<br />

VISÃO<br />

PRODUTIVIDADE<br />

PRODUTIVIDADE<br />

22 m 3 /ha /ano<br />

Produzir, de maneira sustentável,<br />

Ser referência na região<br />

41 m 3 /ha /ano<br />

produtos madeireiros e não<br />

Norte do país, tanto em área<br />

PRODUÇÃO<br />

PRODUÇÃO<br />

madeireiros de qualidade e<br />

plantada com árvores, como<br />

3.103 mil m 3<br />

5.784 mil m<br />

promover o desenvolvimento<br />

na produção de produtos<br />

3<br />

PREÇO<br />

social e econômico do Estado.<br />

madeireiros e não madeireiros.<br />

PREÇO<br />

SILVICULTURA<br />

R$ 20,77 /m 3 R$ 48,26 /m 3<br />

PILARES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

1 2 3 4 5 6<br />

obJetivos<br />

espeCíFiCos<br />

políticas públicas e<br />

coordenação da cadeia<br />

• Aumentar a<br />

competitividade da<br />

cadeia produtiva da<br />

silvicultura.<br />

• Reduzir os gargalos<br />

que impedem o<br />

desenvolvimento da<br />

silvicultura no Estado.<br />

Financiamento da<br />

atividade<br />

• Diversificar origem<br />

do crédito para<br />

financiamento.<br />

• Ampliar e facilitar o<br />

acesso a crédito para<br />

silvicultores.<br />

Fortalecimento da<br />

indústria<br />

• Incentivar a<br />

agroindústria local.<br />

• Ampliar as opções de<br />

comercialização.<br />

• Facilitar a logística da<br />

aquisição da matériaprima<br />

e escoamento da<br />

produção.<br />

produção e pesquisa<br />

silvícola<br />

• Fomentar e promover<br />

o desenvolvimento<br />

tecnológico das florestas<br />

plantadas por meio de<br />

estudos e pesquisas.<br />

• Facilitar o acesso às<br />

tecnologias pelos<br />

produtores do Estado.<br />

Capacitação de<br />

produtores e mão de obra<br />

• Capacitar, tecnicamente<br />

e em gestão, o maior<br />

número de produtores<br />

silvícolas.<br />

• Desenvolver mão de<br />

obra para atuação na<br />

cadeia produtiva da<br />

silvicultura em todos<br />

os elos.<br />

espécies e produtos com<br />

potencial<br />

• Diversificar as espécies<br />

da silvicultura sendo<br />

cultivadas no estado.<br />

• Aproveitar o maior<br />

número de produtos<br />

que as espécies podem<br />

oferecer.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

6. 1. Políticas públicas e coordenação da cadeia<br />

Esse pilar contém ações para o desenvolvimento da coordenação<br />

e governança da cadeia produtiva da silvicultura. Propõe<br />

um conjunto de ações que visa reivindicar e promover alterações<br />

nas políticas públicas e programas de apoio e desenvolvimento,<br />

além de coordenar os agentes envolvidos para que<br />

trabalhem alinhados.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 135<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar a competitividade da cadeia produtiva da silvicultura.<br />

• Reduzir os gargalos que impedem o desenvolvimento da silvicultura no Estado.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Realizar a reforma tributária com a classificação dos produtos e subprodutos<br />

ajustando o percentual da alíquota.<br />

2. Criar programa que busque diminuir a evasão fiscal e a inadimplência que envolva<br />

fiscalização, conscientização e refinanciamento das dívidas.<br />

3. Revitalizar o grupo gestor com o intuito de organizar e coordenar as informações<br />

relativas à cadeia.<br />

4. Montar um sistema, coordenado pelo grupo de gestão, para revisar e atualizar<br />

periodicamente as demandas por políticas públicas que possam fomentar a cadeia<br />

produtiva.<br />

5. Organizar a arrecadação proveniente da silvicultura para fomentar a cadeia;<br />

6. Buscar um fundo destinado a investimentos na cadeia.<br />

7. Desenvolver modelo que estruture atrativos para indústrias do setor buscando a<br />

manifestação de interesse das indústrias em participar da cadeia tocantinense;<br />

8. Desenvolver políticas com diretrizes para a criação de polos de desenvolvimento<br />

(concentração das áreas de plantio).<br />

9. Desburocratizar e estruturar os órgãos responsáveis pelos processos de licenciamento.<br />

10. Desenvolver o relacionamento entre governo do Estado e indústrias de processamento<br />

de Estados vizinhos.<br />

6. 2. Financiamento da atividade<br />

O aumento da produção de produtos da silvicultura no Estado<br />

do Tocantins passa, obrigatoriamente, pelo fortalecimento<br />

do produtor rural. Como pôde ser visto no decorrer do trabalho,<br />

o desenvolvimento de ações coletivas, por meio da organização<br />

de associações e cooperativas, é um caminho que tem trazido<br />

grandes resultados em outros Estados e países produtores.<br />

Vale destacar que as associações e cooperativas são entidades<br />

de caráter privado. O papel dos órgãos públicos no estado<br />

é o de dar os incentivos necessários para que os produtores<br />

se organizem.<br />

OBJETIVOS<br />

• Diversificar a origem do crédito para financiamento do custeio de florestas plantadas.<br />

• Ampliar e facilitar o acesso a crédito para os silvicultores do Estado.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Estudar a possibilidade de realizar operações de trocas de produção por insumos<br />

e firmar parcerias com bancos para que sirvam de fiadores nessas operações<br />

de barter (como no BB Trading do Banco do Brasil).<br />

2. Incentivar a criação de “pools” de compras de produtores ou a entrada de “pools”<br />

já consolidados no Estado do Tocantins.<br />

3. Disponibilizar linhas de crédito atrativas e pouco burocráticas para unidades<br />

processadoras de produtos madeireiros e não madeireiros.<br />

4. Estimular o desenvolvimento local para distribuição e comercialização via disponibilização<br />

de crédito pela iniciativa privada.<br />

5. Promover linhas de crédito direcionadas às propriedades com práticas de sustentabilidade<br />

e alta produtividade, como o Programa ABC.<br />

6. Promover linhas de crédito direcionadas às propriedades com práticas inovadoras,<br />

como o Programa Inovagro.<br />

7. Desenvolver e aumentar a utilização de instrumentos de financiamento, como o<br />

CDA (Certificado de Depósito Agropecuário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).<br />

8. Pressionar para que os valores limites de crédito ofertado a juros controlados<br />

sejam ampliados, pois muitas vezes é bem inferior às necessidades do produtor<br />

(ação coordenada pelo grupo gestor).<br />

9. Alinhamento das instituições financeiras com o Plano Agro + do MAPA, que pretende<br />

desburocratizar e agilizar processos do agronegócio, como a concessão<br />

de crédito.<br />

6. 3. Fortalecimento da indústria<br />

Desenvolver a agroindústria do Tocantins é uma das principais<br />

ações que trarão consigo a aceleração do desenvolvimen-


136<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

to no Estado. A indústria cria postos de trabalho, movimenta<br />

a economia local, gera recursos para investimentos estaduais,<br />

atrai setores correlatos, além de agregar valor aos produtos.<br />

As ações descritas nesse pilar buscam sanar as dificuldades<br />

de comercialização de madeira e incentivar investimentos<br />

na agroindústria silvícola.<br />

OBJETIVOS<br />

• Incentivar a agroindústria local como forma de aceleração do desenvolvimento<br />

regional, geração de empregos, tributos e renda.<br />

• Ampliar as opções de comercialização de produtos madeireiros e não madeireiros<br />

por parte dos silvicultores.<br />

• Aumentar o volume de madeira e outros produtos no Estado com o intuito de<br />

agregar valor.<br />

• Facilitar a logística da aquisição da matéria-prima e escoamento da produção.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Fomentar o relacionamento entre produtores e a agroindústria existente no<br />

estado e em Estados vizinhos (por exemplo, Suzano em Imperatriz/MA), para<br />

entender as demandas e ampliar o fornecimento de madeira.<br />

2. Promover encontros periódicos das indústrias do Estado para discutir e tratar<br />

de assuntos em comum, como o incentivo e fomento a ações coletivas, como<br />

capacitação de funcionários, logística, dentre outros.<br />

3. Aumentar a divulgação dos benefícios do Estado do Tocantins para unidades<br />

processadoras de silvicultura, com o objetivo de atrair investimentos.<br />

4. Aumentar investimentos em infraestrutura para os distritos industriais (água,<br />

energia, esgoto, dentre outros).<br />

5. Incentivar a estruturação de cooperativas de produtores ou investimentos privados<br />

para que seja viabilizada a criação de pequenas indústrias que processariam<br />

a oferta de produtos regionais. As possibilidades incluem:<br />

a. cerâmicas;<br />

b. indústrias de transformação;<br />

c. serrarias de pequeno porte (4 ou 5 espalhadas pelas regiões produtoras);<br />

d. indústrias de tratamento de madeira;<br />

e. indústrias de exploração de óleo essencial.<br />

6. Investir em infraestrutura de transporte, com pavimentação de rodovias e facilitar<br />

o transbordo entre modais (rodovia – ferrovia – hidrovia), com o objetivo de<br />

reduzir os custos com aquisição de matéria-prima; e facilitar o escoamento do<br />

produto final, promovendo a competitividade no mercado.<br />

6. 4. Produção e pesquisa silvícola<br />

Como já foi descrito, a produção no Estado tem se mantido<br />

constante nos últimos anos, por isso, para que a retomada do<br />

crescimento ocorra de forma organizada e sustentável, são necessárias<br />

atividades de apoio. Tendo em vista que o crescimento<br />

da produção passa por um aumento de produtividade, são<br />

fundamentais ações que invistam no desenvolvimento tecnológico<br />

da silvicultura no Estado. Além disso, para a aplicação<br />

do conhecimento gerado por pesquisas, é necessário o manejo<br />

adequado da cultura que trará mais eficiência operacional.<br />

OBJETIVOS<br />

• Fomentar e promover o desenvolvimento tecnológico das florestas plantadas<br />

por meio de estudos e pesquisas.<br />

• Facilitar o acesso às tecnologias pelos produtores do Estado.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Fortalecer e tornar efetiva a atuação do fundo destinado a investimentos para a<br />

pesquisa, inovação e desenvolvimento da silvicultura pela Fundação de Amparo<br />

à Pesquisa (Fapto).<br />

2. Ampliar e difundir programas de capacitação e difusão de conhecimentos obtidos<br />

em universidades e centros de pesquisa.<br />

3. Estimular pesquisas focadas na realidade e desafios enfrentados pela cadeia<br />

produtiva com bolsas de estudo, concursos acadêmicos, dentre outros.<br />

4. Promover o fortalecimento de institutos que trabalhem pelo tema.<br />

5. Aproximar as organizações do Estado de agências de desenvolvimento tecnológico<br />

presentes nos principais estados silvícolas no país, trazendo para o Tocantins<br />

exemplos de sucesso (benchmarking).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 137<br />

6. Promover a integração entre pesquisa pública e privada em prol do desenvolvimento<br />

da silvicultura tocantinense.<br />

7. Incentivar a chegada de empresas desenvolvedoras de novas tecnologias de<br />

produção no Estado.<br />

8. Desenvolver pesquisas nos campos de:<br />

a. novas espécies/variedades adaptadas às condições climáticas e às características<br />

do solo do Estado (ex: teca, cedro, paricá, etc);<br />

b. desenvolvimento de material genético para o incremento de produtividade;<br />

c. aumento da qualidade e produtividade das florestas;<br />

d. silvicultura de precisão;<br />

e. melhorias em processos no manejo.<br />

9. Desenvolver ações para outras espécies silvícolas como forma de diversificar a<br />

cadeia.<br />

10. Trabalhar no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de produção.<br />

11. Fortalecer órgãos de pesquisa pública, como a Embrapa, Oepa (Unitins), UFT, Senar,<br />

IFTO, Ulbra, Católica do Tocantins e de assistência técnica, como o Ruraltins.<br />

6. 5. Capacitação de produtores e mão de obra<br />

Tanto o acesso a informação de qualidade e conhecimento,<br />

quanto a disponibilidade de mão de obra qualificada são<br />

grandes gargalos que prejudicam o desenvolvimento econômico<br />

no Brasil. Inclusive, as regiões de expansão do agronegócio<br />

são ainda mais impactadas por esses fatores.<br />

Por esse motivo, são necessárias ações de capacitação de<br />

produtores e da mão de obra, tanto da produção silvícola,<br />

quanto da indústria processadora para que a produtividade<br />

e eficiência sejam impulsionadas.<br />

OBJETIVOS<br />

• Capacitar, tecnicamente e em gestão, o maior número de produtores silvícolas.<br />

• Preparar mão de obra para atuação na cadeia produtiva em todos os elos.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Promover o acesso a informações e a pesquisas por meio de congressos, dias<br />

de campo e palestras com novidades tecnológicas e incentivar a adoção dessas<br />

tecnologias pelos silvicultores.<br />

2. Intensificar programas de capacitação e qualificação da mão de obra por meio<br />

de parcerias com o Sistema S, Pronatec e institutos federais.<br />

3. Prover assistência técnica de qualidade aos produtores, por meio de capacitação<br />

dos técnicos e de investimentos em equipamentos e estrutura para esses órgãos.<br />

4. Capacitar os produtores (em parceria com Senar e outros órgãos) em temas de<br />

relevância para a cadeia (ex.: manejo integrado de pragas e uso responsável de<br />

defensivos; Código Florestal e restauração de áreas de APP e Reserva Legal; integração<br />

lavoura-pecuária-floresta).<br />

5. Aumentar a promoção de programas de integração lavoura-pecuária-floresta<br />

no sentido de estimular a diversificação da produção.<br />

6. Criar materiais que orientem os produtores nos processos de licenciamento<br />

ambiental.<br />

7. Desenvolver materiais (vídeos, fotos, cartilhas, dentre outros) baseados nos casos<br />

de sucesso de silvicultores para que possam servir de modelos para a produção<br />

no estado, a fim de estimular e promover a troca de informações entre<br />

produtores considerados modelos e outros silvicultores do Tocantins (eventos,<br />

visitas técnicas, desenvolvimento de materiais, dentre outros).<br />

8. Qualificar agentes públicos de assistência técnica nos critérios necessários e linhas<br />

de crédito existentes, a fim de difundir para os produtores meios de acesso<br />

a esses recursos.<br />

9. Criar uma rede para consolidação e compartilhamento das informações da cadeia<br />

em uma única base de dados para o acesso de técnicos e produtores (ação<br />

semelhante está sendo desenvolvida no projeto Siflor da Esalq, que pode ser<br />

ampliada com a inclusão de outras espécies com potencial produtivo).<br />

10. Criar programas de capacitação em gestão empresarial.<br />

6. 6. Espécies e produtos com potencial<br />

Atualmente, a silvicultura no Tocantins se caracteriza por<br />

estar concentrada no cultivo do eucalipto, contudo, existem<br />

diversas outras espécies de árvores que têm potencial para


138<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

ser cultivadas e estimular a cadeia produtiva. Mesmo nas espécies<br />

que já são cultivadas no Estado, a variedade de produtos<br />

que estão sendo aproveitados ainda é pequena perto do<br />

amplo leque que a atividade proporciona.<br />

OBJETIVOS<br />

• Diversificar as espécies da silvicultura sendo cultivadas no Estado.<br />

• Aproveitar o maior número de produtos que as espécies podem oferecer.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Estudar o potencial e desenvolver ações estratégicas para outras espécies da<br />

silvicultura no Estado:<br />

a. seringueira – tem grande potencial e é a segunda essência florestal mais<br />

cultivada no estado. Quando irrigada, se consegue antecipar em até dois<br />

anos o início de sua produção;<br />

b. açaí – tem se ampliado no estado principalmente no sistema de integração;<br />

c. mogno e teca – madeiras nobres em expansão.<br />

2. Eucalipto – exploração de outros usos, como o óleo essencial, tratamento para<br />

construção, dentre outros que ainda não existem no Estado.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 139


consideraçÕes Finais


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 141<br />

Tendo como base todo o trabalho desenvolvido e os resultados<br />

possíveis de serem buscados pelo Estado do Tocantins<br />

nos próximos anos, fica evidente a importância de iniciativas<br />

que visam integrar ações estratégicas entre os agentes, sejam<br />

eles do âmbito público ou privado. Durante o desenvolvimento<br />

do trabalho, pôde-se perceber que o Estado do Tocantins<br />

possui diversas iniciativas que visam incentivar o desenvolvimento<br />

do agronegócio no estado, porém, melhorar o alinhamento<br />

entre elas resulta em um melhor aproveitamento.<br />

Alinhar os agentes é aspecto fundamental para o pensamento<br />

de sistemas agroindustriais integrados. O trabalho coletivo,<br />

a busca conjunta por resultados e o desejo unificado de<br />

desenvolvimento, fazem com que sejam desenvolvidas ações<br />

que aumentam a eficiência das cadeias por meio da busca de<br />

sinergias e delineamento de estratégias inovadoras.<br />

Neste cenário, o ganho também é coletivo, onde vivenciase<br />

a geração de valor compartilhado, ou seja, todos os elos e<br />

agentes envolvidos se beneficiam dos resultados do desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva. Outro aspecto que pode ser<br />

destacado como benefício da integração e motivação para<br />

participação dos agentes em iniciativas coletivas é o aprendizado<br />

contínuo e multidisciplinar.<br />

É evidente que as cadeias produtivas são arranjos complexos,<br />

onde seus diversos agentes possuem características<br />

únicas e estão inseridos em contextos específicos. Devido<br />

a isso, o delineamento de estratégias conjuntas não é algo


142<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

simples de ser feito, sendo necessários grande organização<br />

e processamento integrado das informações disponíveis. O<br />

GESis, método base utilizado para o desenvolvimento do<br />

presente projeto, foi estruturado com o objetivo principal de<br />

organizar e guiar o delineamento de estratégias para sistemas<br />

agroindustriais indo ao encontro do desejo do Estado<br />

do Tocantins do desenvolvimento integrado de seu agronegócio.<br />

Além disso, outros objetivos que devem ser considerados<br />

são:<br />

• busca de economias de escala;<br />

• esforços de diferenciação e posicionamento (para gerar<br />

valor);<br />

• rápidas adaptações às mudanças macroambientais<br />

(quando bem estruturadas);<br />

• performance e responsividade;<br />

• visão compartilhada e transparência;<br />

• sustentabilidade econômica, ambiental e social dos integrantes;<br />

• conhecimento de custos de produção e transação e luta<br />

por redução;<br />

• mecanismos de solução de conflitos (remediação/ alternativa<br />

para a burocracia brasileira);<br />

• organização dos esforços de lobby;<br />

• planejamento integrado entre os elos;<br />

• dirigido pela demanda, buscando a lealdade dos consumidores;<br />

• inteligência compartilhada e uso das amplas fontes de<br />

dados;<br />

• criação de comitês (governança, riscos, seguros...);<br />

• motivações, contribuições, direitos e benefícios de cada<br />

participante;<br />

• compromisso de cada participante;<br />

• investimentos específicos de cada participante;<br />

• estabelecimento de padrões.<br />

A metodologia desenvolvida, inclusive para o levantamento<br />

sistemático de dados, ao mesmo tempo que guia a etapa de<br />

diagnóstico para uma visão abrangente do sistema alvo, também<br />

direciona as futuras estratégias. Assim como o método<br />

prevê, essa etapa não seria tão efetiva sem a ampla participação<br />

dos agentes envolvidos em cada uma das cadeias produtivas,<br />

aspecto que foi amplamente vivenciado nos estudos do<br />

Tocantins. A participação dos agentes desde o início do processo<br />

de planejamento, além de trazer uma visão realista da<br />

atual situação de cada um dos elos que compõem o sistema<br />

agroindustrial, contribui para a percepção da coletividade na<br />

construção dos planos.<br />

Com base no amplo diagnóstico desenvolvido para a cadeia<br />

da silvicultura do Estado do Tocantins, foi possível delinear


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 143<br />

projetos estratégicos que envolvem diversos elos presentes na<br />

cadeia, em conjunto. Nesse sentido, os projetos estruturados<br />

para a referida cadeia foram organizados em cinco pilares.<br />

O primeiro deles diz respeito ao desenvolvimento de políticas<br />

públicas que favoreçam o desenvolvimento da cadeia de<br />

silvicultura. Juntamente com isso, é parte deste item a promoção<br />

da maior integração da cadeia, tendo em vista a necessidade<br />

de organização entre os agentes para o crescimento<br />

conjunto dos elos.<br />

Tendo em vista a atual situação da silvicultura no Tocantins,<br />

a maior facilidade para financiamento da atividade<br />

configura-se ponto fundamental para impulsionar seu desenvolvimento.<br />

Nesse sentido, devem ser buscadas fontes de<br />

financiamento diversificadas e acessíveis.<br />

O terceiro pilar configura-se um dos mais importantes no<br />

atual cenário, pois visa incentivar que o Estado desenvolva<br />

a sua agroindústria de processamento de madeira. O fortalecimento<br />

deste elo traz benefícios diretos para a geração de<br />

valor na cadeia, mas também potencializa o desenvolvimento<br />

regional, com a criação de diversos postos de trabalho e mais<br />

distribuição de renda. Propõe-se que a atração ou desenvolvimento<br />

da agroindústria se dê inicialmente com indústrias<br />

locais, para absorver a produção já existente e movimentar o<br />

setor. No futuro indica-se uma reavaliação da atração de uma<br />

grande indústria de papel e celulose para que o Estado do Tocantins<br />

se torne definitivamente uma referência no setor.<br />

O quarto pilar diz respeito à produção silvícola no Estado.<br />

Mesmo com o plano de retomada conservador, para o estabelecimento<br />

do setor no estado é fundamental que o mesmo evolua<br />

seus níveis tecnológicos com aumento de produtividade. Este<br />

pilar está diretamente relacionado com o quinto pilar proposto,<br />

que visa incentivar a capacitação de produtores e de mão de obra<br />

para o setor como forma de transferência do conhecimento.<br />

No sexto pilar, é proposta a diversificação da silvicultura tocantinense,<br />

estimulando que outros produtos, e até mesmo<br />

novas espécies sejam estimuladas e trabalhadas pelos agentes<br />

envolvidos na cadeia. Isso ampliará os potenciais de desenvolvimento<br />

e ganhos para o estado.<br />

Tão ou mais importante que a estruturação do plano estratégico<br />

para sistemas agroindustriais é a sua implementação.<br />

Ao longo de mais de 10 anos de aplicação do presente método,<br />

alguns problemas foram identificados e devem ficar claros<br />

para que sejam evitados no Tocantins, sendo eles:<br />

• falta de objetivos;<br />

• falta de lealdade;<br />

• problema de capacidade decisória;<br />

• falta de orientação ao mercado;<br />

• não compartilhamento de risco;<br />

• desbalanço de esforços e resultado;


144<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

• falta de visão;<br />

• interesses individuais prevalecem;<br />

• oportunismo presente;<br />

• falta dos itens de liderança;<br />

• falta dos itens de planejamento;<br />

• presença de subsídios e distorções.<br />

Assim como os problemas evidenciados, também é importante<br />

destacar as observações referentes à velocidade de implementação,<br />

que estão ligadas a diversos fatores, merecendo<br />

análise para serem trabalhadas anteriormente, visando aplicação<br />

exitosa do plano realizado.<br />

• inadequada habilidade de liderança pelos dirigentes no<br />

atingimento dos objetivos e envolvimento das linhas<br />

operacionais das organizações;<br />

• falta de estabelecimento de indicadores a serem atingidos<br />

e monitorados;<br />

• falta de método/padrões para implementação;<br />

• falta de disciplina/motivação dos integrantes dos esforços<br />

e das organizações na implementação;<br />

• falta da composição de um conselho gestor que dá o caráter<br />

de executividade;<br />

• questões políticas e culturais nos integrantes da organização;<br />

• perfil do gestor dos projetos e presença de sentimentos<br />

de bloqueio, como ciúmes;<br />

• perda de espaço de agentes do sistema agroindustrial<br />

que irão bloquear a implementação de projetos;<br />

• tempo de amadurecimento dos projetos e momentos<br />

adequados de implementação;<br />

• qualidade do conselho gestor e déficit na capacidade dos<br />

colaboradores;<br />

• inserção e integração com as equipes;<br />

• detalhamento dos projetos de maneira simples e executiva.<br />

• relações pessoais e protegidos com indicações que não<br />

levam em conta o critério técnico;<br />

• lidar com os que se acham donos do coletivo;<br />

• falta de entendimento dos objetivos estratégicos e do<br />

próprio conceito de planejamento e estratégia;<br />

• não antecipação aos problemas, aos fatores externos,<br />

impactando na implementação;<br />

• conflito de prioridades e objetivos divergentes;<br />

• aversão ao risco e conservadorismo de pessoas com a<br />

visão do passado.<br />

Estes pontos devem ser trabalhados antecipadamente para<br />

possibilitar que os projetos estratégicos avancem.<br />

O sucesso da implementação das estratégias propostas no


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 145<br />

presente plano, para a cadeia da silvicultura, permitirá que o<br />

Tocantins tenha um incremento total de R$ 215 milhões no valor<br />

bruto da produção no período de 10 anos, considerando o<br />

cenário conservador (cenário 1) ou de R$ 1,85 bilhão no caso da<br />

atração de uma agroindústria de papel e celulose (cenário 2).<br />

Os próximos passos agora envolvem a formação de um comitê<br />

estratégico com agentes da cadeia produtiva, públicos e<br />

privados e, via reuniões mensais, colocar os projetos para andar,<br />

organizando equipes com metas, funções e prazos. Este<br />

comitê estratégico da silvicultura no Tocantins é o responsável<br />

por implementar o plano que foi construído pela Markestrat<br />

em conjunto com os agentes da cadeia produtiva.


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• SILVA, K. Z.; COLOMBO, R. Combustíveis alternativos para termelétricas no<br />

Brasil: comparativo quanto à emissão de gases de efeito estufa e geração de<br />

energia elétrica. Encontro Internacional Sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente,<br />

2016.<br />

• SILVA, V. Agronegócio expande economia da cidade de Luís Eduardo Magalhães.<br />

Disponível em: . Acesso em: 24 nov. 2017<br />

• SIMIONI, F. J.; et al. Evolução e concentração da produção de lenha e carvão<br />

vegetal da silvicultura no Brasil. Ciência Florestal. Santa Maria RS. v. 27, n.<br />

2. Junho 2017.<br />

• SI<strong>NO</strong>BR<strong>AS</strong>. 2017. Disponível em: . Acesso em:<br />

23 nov. 2017.<br />

• SNIF. Sistema Nacional de Informações Florestais. Comércio – Exportação.<br />

Produtos Florestais Madeireiros – PFM. 2016. Disponível em: Acesso em: 20<br />

nov. 2017.<br />

• SUZA<strong>NO</strong>. Relatório de Impacto Ambiental: Projeto da Silvicultura do Tocantins.<br />

2012. Disponível em: . Acesso<br />

em: 21 nov. 2017<br />

• SUZA<strong>NO</strong>. Disponível em: . Acesso em: 23 nov.<br />

2017.<br />

• <strong>TOCANTINS</strong> – Casa Civil. Governo desenvolve plano estadual de logística e<br />

transporte de cargas. 2014. Disponível em: .<br />

Acesso em: 05 ago. 2017.<br />

• TURIBIO, W. C. O de. Silvicultura em Novas Fronteiras Florestais: O Caso do<br />

Tocantins. Monografia. Departamento de Economia Rural e Extensão, Setor


150<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

siLVicULtUra<br />

de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná – UFPR. Curitiba, 2013.<br />

• VIANA, F. L. E. Indústria siderúrgica. Banco do Nordeste – Caderno Setorial<br />

ETENE, v. 2, n. 13, 2017.<br />

• WORLD STEEL <strong>AS</strong>SOCIATION. Global steel industry: outlook, challenges and<br />

opportunities. 2017a. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2017.<br />

• World Steel Association. World steel in figures 2017. 2017b. Disponível em:<br />

. Acesso em: 17 nov. 2017.<br />

• WRIGHT, P., KROLL, M. J., PARNELL, J. Administração Estratégica: conceitos.<br />

São Paulo: Atlas, 2000.<br />

• ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. (Org.). Economia e gestão dos negócios<br />

agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000. 428p.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 151


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul - Palmas - TO CEP 77020-016<br />

+55 63 3229-5700 www.fieto.com.br © 2018


PISCICULTURA<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027


soja e milho<br />

Volumes 1 e 2<br />

carne Bovina<br />

Volume 3<br />

arroz<br />

Volume 4<br />

silvicultura<br />

Volume 5<br />

piscicultura<br />

Volume 6


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

piscicultura<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

2018 - 2027<br />

1“ edição<br />

Palmas, 2018


ficha catalográfica<br />

F293p<br />

Federação das Industrias do Estado do Tocantins<br />

Psicultura: plano estratégico para as cadeias produtivas do agronegócio no<br />

Estado do Tocantins: 2018 - 2027 / José Roberto Fernandes, Marcos Fava Neves<br />

(Coordenadores). – Palmas, TO : Sistema FIETO, 2018.<br />

118 p. : il.<br />

ISBN : 978-85-60759-41-5<br />

1. Economia agrícola - Tocantins. 2. Produtos agrícolas - Tocantins. 3.<br />

Psicultura. I. Fernandes, José Roberto. II. Neves, Marcos Fava. III. Título.<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Rosana Maria Santos de Oliveira Corrêa<br />

Bibliotecária CRB2-810<br />

CDD: 338.1098117<br />

O presente plano foi elaborado com recursos financeiros do Fundo de<br />

Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Tocantins, através do<br />

Termo de Colaboração Nº 508/2016 celebrado entre o Governo do Estado do<br />

Tocantins, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura e a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong><br />

PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO - CDE<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

Roberto Magno Martins Pires Presidente<br />

FIETO - EQUIPE TÉCNICA<br />

José Roberto Fernandes Coordenador<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Lisia Daniella Lustosa Ferro<br />

Wandemberg Pereira Rodrigues<br />

Karolina Gonçalves de Sousa<br />

CONSULTORIA – MARKESTRAT<br />

Marcos Fava Neves Coordenador<br />

Tássia Gerbasi<br />

Flávio Ruhnke Valério<br />

Patrícia Milan Rodrigues Alves<br />

Carla Cristina Martoni Pereira Gomes<br />

Letícia Franco Martinez<br />

Giulia Machado Agostini<br />

Eduardo Garcia Filho<br />

Pedro Galvão Caserta<br />

Vinícius Verdu de Oliveira<br />

REVISÃO<br />

Zenilda Drumond<br />

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO<br />

Bonina Comunicação<br />

FIETO / Governo do Estado do Tocantins © 2018


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – FIETO<br />

DIRETORIA: QUADRIÊNIO 2016 - 2020<br />

Presidente<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

1º Vice-Presidente<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

Vice-Presidentes<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Charles Alberto Elias<br />

Luciano de Carvalho Rocha<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Oswaldo Stival Júnior<br />

Primeiro Secretário<br />

Claudizete Carneiro Santos<br />

Segundo Secretário<br />

Mário de Castro Pillar<br />

Primeiro Tesoureiro<br />

Walter Atta Rodrigues Bittencourt Júnior<br />

Segunda Tesoureira<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo<br />

Suplentes da Diretoria<br />

Cabral Santos Gonçalves<br />

Diego Teodoro Carvalho Alba Garcia<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomem<br />

Gliner de Souza Borges<br />

Marco Antônio de Faria Cunha<br />

Wilmar Oliveira de Bastos<br />

Luiz Carlos Alves de Oliveira<br />

Jacques José de Barros<br />

Francisco Monteiro de Souza Filho<br />

Ailton dos Santos Queiroz<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Membros Efetivos<br />

José de Souza Vasque<br />

José Febrônio da Silva<br />

Francisco Antélius Sérvulo Vaz<br />

Membros Suplentes<br />

Reinaldo Pereira Cardoso<br />

Fábio de Oliveira Soares<br />

Rômulo José dos Santos<br />

REPRESENTANTES JUNTO À CNI<br />

Membros Efetivos<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

Célio Batista Alves<br />

Membros Suplentes<br />

Charles Alberto Elias<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul, Palmas - TO CEP: 77.020-016<br />

Tel.: +55 63 3229-5700 www.fieto.com.br


índice<br />

Lista de siglas......................................................................................................................10<br />

Agradecimentos.................................................................................................................14<br />

Apresentação.......................................................................................................................18<br />

1. Introdução............................................................................................................................20<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho................................................................................................................22<br />

1. 1. 1. Introdução e entendimento........................................................................................................................23<br />

1. 1. 2. Análise do mercado e enfoque de sistemas......................................................................................25<br />

1. 1. 3. Análise da situação interna: o Estado do Tocantins.....................................................................25<br />

1. 1. 4. Consolidação do diagnóstico......................................................................................................................26<br />

1. 1. 5. Objetivos para a cadeia e estratégias centrais ................................................................................26<br />

2. Análise de mercado e enfoque de sistemas..................................................................28<br />

2. 1. Análise do mercado internacional..........................................................................................................29<br />

2. 2. Análise do mercado nacional....................................................................................................................32<br />

3. Análise da situação interna: o Estado do Tocantins...................................................40<br />

3. 1. Produção de peixes..........................................................................................................................................44<br />

3. 1. 1. Características gerais da cadeia no Estado........................................................................................44<br />

3. 1. 2. Custo de produção...........................................................................................................................................49<br />

3. 1. 3. Viabilidade da piscicultura no Estado..................................................................................................50<br />

3. 2. Destinos da produção.....................................................................................................................................60<br />

3. 2. 1. Indústria de processamento......................................................................................................................60<br />

3. 2. 2. Preços de mercado...........................................................................................................................................64<br />

3. 3. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio ao desenvolvimento ......................65<br />

3. 4. Associativismo, cooperativismo e modelos de integração.......................................................72<br />

3. 4. 1. Associativismo e cooperativismo...........................................................................................................72<br />

3. 4. 2. Modelos de integração...................................................................................................................................75


3. 5. Resumo das forças e fraquezas do Estado do Tocantins...........................................................76<br />

4. Consolidação do diagnóstico...........................................................................................80<br />

4. 1. Análise PEST........................................................................................................................................................81<br />

4. 2. Análise das Cinco Forças de Porter........................................................................................................83<br />

5. Objetivos estratégicos para a cadeia..............................................................................90<br />

6. Estratégias centrais e projetos estratégicos................................................................96<br />

6. 1. Aumento da produção e novas tecnologias......................................................................................99<br />

6. 1. 1. Incentivos fiscais...............................................................................................................................................99<br />

6. 1. 2. Fomento à pesquisa e desenvolvimento.............................................................................................99<br />

6. 1. 3. Transferência do conhecimento/capacitação................................................................................100<br />

6. 2. Formalização da piscicultura no Estado..........................................................................................100<br />

6. 2. 1. Mapeamento da piscicultura tocantinense....................................................................................100<br />

6. 2. 2. Simplificação e celeridade dos processos de regularização do setor .............................100<br />

6. 3. Cooperativismo e associativismo.........................................................................................................101<br />

6. 4. Diversificação das estratégias de financiamento da produção...........................................102<br />

6. 5. Aumento da coordenação e integração da cadeia da piscicultura do Tocantins......103<br />

6. 6. Agregação de valor e acesso a mercados.........................................................................................103<br />

7. Considerações finais....................................................................................................... 106<br />

8. Referências....................................................................................................................... 112


Lista de Siglas<br />

Aceb<br />

AM<br />

APL<br />

Asspag<br />

Bird<br />

CDE<br />

CE<br />

Ceulp<br />

CNA<br />

CO<br />

COE<br />

Cofins<br />

Cooperaqui<br />

Cooperatins<br />

COT<br />

DP<br />

Emac<br />

Emater<br />

Embrapa<br />

Equip<br />

EUA<br />

FAO<br />

FCO<br />

FDE<br />

FIETO<br />

FMA<br />

F<strong>NO</strong><br />

g<br />

GESis<br />

Ha<br />

IBGE<br />

ICMS<br />

Associação Cultural e Educacional Brasil<br />

Amazonas<br />

Arranjo Produtivo Local<br />

Associação dos Piscicultores e Aquicultores de Guaraí<br />

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

Conselho de Desenvolvimento Econômico<br />

Custo Econômico<br />

Centro Universitário Luterano de Palmas<br />

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil<br />

Custo de Oportunidade<br />

Custo Operacional Efetivo<br />

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social<br />

Cooperativa dos Aquicultores do Tocantins<br />

Cooperativa dos Pescadores e Piscicultores do Médio Tocantins<br />

Custo Operacional Total<br />

Depreciação<br />

European Marketing Academy<br />

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

Equipamentos<br />

Estados Unidos da América<br />

Food and Agriculture Organization of the United Nations<br />

Fundo de Financiamento do Centro-oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Fundação Municipal de Meio Ambiente<br />

Fundo Constitucional de Financiamento do Norte<br />

Gramas<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais<br />

Hectares<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços


Ider<br />

Instituto de Desenvolvimento Regional<br />

Ifama<br />

International Food and Agribusiness Management Association<br />

IFTO<br />

Instituto Federal do Tocantins<br />

impl<br />

Implementos<br />

Input<br />

Iniciativa para o Uso da Terra<br />

Itpac<br />

Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos<br />

Kg<br />

Quilogramas<br />

LE<br />

Lucro Econômico<br />

LF<br />

Lucro Financeiro<br />

LO<br />

Lucro Operacional<br />

Luc<br />

Lucratividade<br />

m² Metros quadrados<br />

m³ Metros cúbicos<br />

Mapa<br />

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

MATOPIBA Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia<br />

MBU<br />

Margem Bruta Unitária<br />

MC<br />

Margem de Contribuição<br />

Mercosul Mercado Comum do Sul<br />

Máq<br />

Máquinas<br />

MT<br />

Mato Grosso<br />

Naturatins Instituto Natureza do Tocantins<br />

NCMs<br />

Nomenclatura Comum do Mercosul<br />

OCB<br />

Organização das Cooperativas Brasileiras<br />

P<br />

Preço<br />

PA<br />

Pará<br />

PAA<br />

Programa de Aquisição de Alimentos<br />

PAC<br />

Programa de Aceleração do Crescimento<br />

Pdrs<br />

Projeto de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável<br />

PEA<br />

População Economicamente Ativa<br />

Pelf<br />

Ponto de Equilíbrio do Lucro Financeiro<br />

Pelt<br />

Plano Estadual de Logística e Transporte de Cargas<br />

Pest<br />

Político-legal, Econômico-natural, Sociocultural e Tecnológico


Lista de Siglas<br />

PEV<br />

PIB<br />

PIS<br />

PL<br />

Pnae<br />

Pndr<br />

PR<br />

PTS<br />

Qtde<br />

Rausp<br />

RB<br />

RO<br />

Ruraltins<br />

SAGs<br />

SC<br />

Seagro<br />

SEAP<br />

Sebrae<br />

Seden<br />

Senar<br />

Sescoop<br />

SIF<br />

SIUP<br />

SP<br />

TO<br />

Ton<br />

Ubec<br />

UFT<br />

Ulbra<br />

Unitins<br />

Y<br />

Ponto de Equilíbrio de Viabilidade<br />

Produto Interno Bruto<br />

Programa de Integração Social<br />

Pró-labore<br />

Programa Nacional de Alimentação Escolar<br />

Política Nacional de Desenvolvimento Regional<br />

Paraná<br />

Proteína Texturizada de Soja<br />

Quantidade<br />

Revista de Administração da Universidade de São Paulo<br />

Receita Bruta<br />

Rondônia<br />

Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins<br />

Sistemas agroindustriais<br />

Santa Catarina<br />

Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins<br />

Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia,<br />

Turismo e Cultura do Estado do Tocantins<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo<br />

Serviço de Inspeção Federal<br />

Serviços Industriais de Utilidade Pública<br />

São Paulo<br />

Tocantins<br />

Tonelada<br />

União Brasileira de Educação Católica<br />

Universidade Federal do Tocantins<br />

Universidade Luterana do Brasil<br />

Universidade Estadual do Tocantins<br />

Quantidade Produzida


agradecimentos<br />

As seguintes instituições e seus representantes, abaixo nominados por ordem alfabética,<br />

subsidiaram a elaboração do conteúdo do presente volume, com entrevistas, presenciais<br />

ou remotas, com material de consulta e/ou análises, contribuições e sugestões,<br />

escritas ou orais, durante as diversas fases do estudo.<br />

instituição<br />

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - ADAPEC<br />

<strong>AS</strong>SEMBLEIA LEGISLATIVA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO <strong>DO</strong>S PRODUTORES RURAIS <strong>DO</strong> SU<strong>DO</strong>ESTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - APROEST<br />

CÂMARA SETORIAL <strong>DO</strong> LEITE - <strong>TOCANTINS</strong><br />

CEREALISTA SANTA FÉ<br />

COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO ARAGUAIA - CDA<br />

DAPLAN – SERVIÇOS FLORESTAIS<br />

EMPRESA BR<strong>AS</strong>ILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA<br />

FAZENDA VALE <strong>DO</strong> BOI<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

FRIGORÍFICO PIRACEMA<br />

representante<br />

Humberto Viana Camelo (Presidente)<br />

Jefferson Pessoa<br />

Márcia Helena da Fonseca<br />

Helton W. Gonzaga<br />

Victor Rodrigues da Costa (Presidente)<br />

Marco Antônio Pitondo<br />

Sônia Mara Rodrigues Magalhães<br />

Wiliam Borges Reis<br />

Daniel Avino Barboza Leite<br />

Alexandre A. de Freitas (Chefe Geral Interino)<br />

Alexandre Uhlmann<br />

Epaminondas de Andrade<br />

Roberto Magno Martins Pires (Presidente)<br />

Amanda Barbosa<br />

José Roberto Fernandes<br />

Juarez Frota Martins<br />

Klébia Pontes<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Valteir Barbosa Rosa


instituição<br />

FRIGORÍFICO TAMBORÁ<br />

GRA<strong>NO</strong>L INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A<br />

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - RURALTINS<br />

INSTITUTO EUVAL<strong>DO</strong> LODI <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – IEL/TO<br />

INSTITUTO NATUREZA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - NATURATINS<br />

LATICÍNIO CREMOLAT<br />

NGBR<br />

SERVIÇO BR<strong>AS</strong>ILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUEN<strong>AS</strong> EMPRES<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SEBRAE/TO<br />

SECRETARIA DA FAZENDA - SEFAZ<br />

SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA, HABITAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS - SEINF<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

representante<br />

André Lee<br />

Jair Bataline<br />

Jordel Souto Brito Machado<br />

Andrey Chama da Costa<br />

Roseli F. Neves Sarmento (Superintendente)<br />

Herbert Brito (Presidente)<br />

Marco Antônio Pitondo<br />

Neilton Machado de Araújo<br />

José Carlos A. de Bessa<br />

Paulo Antenor de Oliveira (Secretário)<br />

Alexandre Pereira de Carvalho<br />

Bárbara B. Oliveira<br />

Elisabete Soares de Araujo<br />

Fernando Batista Oliveira<br />

Saulo Barreira Silva<br />

Willane Queiroz Carvalho<br />

Sérgio Leão (Secretário)<br />

Maxuell N. Acácio<br />

Clemente Barros Neto (Secretário)<br />

Alexandre Godinho Cruz<br />

Antônio Cassio Oliveira Filho<br />

Arlette Amarylles R. Mascarenhas<br />

Arlete Leite Lima<br />

Arthur Emílio França<br />

Fernando Dorta<br />

José Américo Vasconcelos


agradecimentos<br />

instituição<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA,<br />

TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA - SEDEN<br />

SECRETARIA <strong>DO</strong> PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - SEPLAN<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM <strong>DO</strong> COOPERATIVISMO<br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESCOOP/TO<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL -<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SENAI/DR TO<br />

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> –<br />

DEPARTAMENTO REGIONAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESI DR TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA ALIMENTAÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA MADEIRA E <strong>DO</strong> MOBILIÁRIO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SIMAM/TO<br />

representante<br />

Marcos Fernandes<br />

Ricardo Britto Taques<br />

Thadeu Teixeira Junior<br />

Thiago Chekudemiask S. Tulio<br />

Alexandro de Castro Silva (Secretário)<br />

Álan Rickson Andrade de Araujo<br />

Eremilson Leite<br />

Geanny Carlos de A. Pinheiro<br />

Marcondes Martins Gomes de Oliveira<br />

Paulo Marcelo Mendonça<br />

Tarcísio de Oliveira N. Cruz<br />

Vilmar Carneiro Wanderley<br />

David Torres (Secretário)<br />

Belizário Franco Neto<br />

Maurício Fregonesi<br />

Magnun Vinicius B. da Cruz<br />

Márcia Rodrigues de Paula (Diretora Regional)<br />

Dini Ribeiro Bezerra<br />

Gisleângela R. F. S. T. Lemos<br />

Leanne Carvalho Barbosa<br />

Vânia Divina Rodrigues Moreira<br />

Charles Alberto Elias (Superintendente)<br />

Claudizete Carneiro Santos (Presidente)<br />

Geová Pereira de Mendonça (Presidente)


instituição<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CERÂMICA <strong>PARA</strong> CONSTRUÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SINDICER/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONFECÇÕES <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SICON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONSTRUÇÃO CIVIL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDUSCON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE RE<strong>PARA</strong>ÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUIN<strong>AS</strong>, AERONAVES E<br />

ACESSÓRIOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIREPA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S BENEFICIA<strong>DO</strong>RES DE ARROZ <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> -<br />

SINDIATO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>TOCANTINS</strong> - SIPMME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> FRIGORÍFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICARNES/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> GRÁFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIG/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> METALÚRGIC<strong>AS</strong>, MECÂNIC<strong>AS</strong> E <strong>DO</strong> MATERIAL ELÉTRICO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> QUÍMIC<strong>AS</strong> E FARMACÊUTIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIQFAR/TO<br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UNITINS<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UFT<br />

VALOR DA LOGÍSTICA INTEGRADA - VLI<br />

representante<br />

Esequiel de Sousa Milhomem (Presidente)<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo (Presidente)<br />

Bartolomé Alba Garcia (Presidente)<br />

José Febrônio da Silva (Presidente)<br />

Carlos Augusto Suzana (Presidente)<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomen (Presidente)<br />

Oswaldo Stival Júnior (Presidente)<br />

George Henrique Aires Borges<br />

Gilson Ney Bueno Cabral<br />

Gliner de Souza Borges (Presidente)<br />

Mário de Castro Pillar (Presidente)<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Walter Atta R. Bittencourt Júnior (Presidente)<br />

Suely Cabral Quixabeira Araújo (Reitora)<br />

Luís Eduardo Bovolato (Reitor)<br />

Gil Rodrigues dos Santos<br />

Jorge Luís Ferreira<br />

Kênia Ferreira Rodrigues<br />

Rodrigo A. Gomes de Oliveira<br />

Valdecy Rodrigues<br />

Orestes Souza


apresentação<br />

Metade do território do Estado do Tocantins tem potencial para a produção<br />

agrícola. A disponibilidade de recursos naturais, como água, biodiversidade,<br />

insolação e clima tropical, confere ao Tocantins um meio físico,<br />

extremamente favorável à agropecuária. Prova disso é o fato do Estado ocupar<br />

o 9º lugar no país na produção de soja, o 3º na de arroz e possuir o 11º rebanho<br />

bovino nacional.<br />

Além disso, o Tocantins integra a região norte do país que, juntamente com<br />

as regiões centro-oeste e nordeste, apresentaram na última década um crescimento<br />

econômico superior ao das regiões sul e sudeste, tradicionais líderes<br />

nacionais nesse quesito. Essa interiorização do desenvolvimento é um fenômeno<br />

ainda recente, mas reconfigura a atividade econômica do país e reforça<br />

o quadro de oportunidades do Estado.<br />

Mas o Estado precisa avançar, realizar esse potencial e aproveitar essas<br />

oportunidades. Explorar sua característica vocacional do ponto de vista logístico,<br />

criar programas oficiais de aproveitamento sustentável de seus recursos<br />

naturais, associar o macrossistema viário à industrialização das “commodities”<br />

agrícolas. A indústria de transformação da matéria-prima agrícola<br />

ampliará a participação do Tocantins no mercado global de alimentos, criará<br />

mais empregos de qualidade e divisas. Esta é uma construção coletiva, onde<br />

o estado e a iniciativa privada têm missões definidas. Ao primeiro compete<br />

conceber e executar políticas públicas de estímulo e, ao segundo, aumentar<br />

sua produtividade e a qualidade de seus produtos.<br />

Foi com esta filosofia que a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

- FIETO, com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

do Estado do Tocantins – FDE, encarou o desafio de elaborar o presente estu-


do. Nele estão delineados os diagnósticos das principais cadeias produtivas<br />

do agronegócio tocantinense e seus mercados mundiais, nacionais e local;<br />

analisados os custos, as forças e as fraquezas de cada uma delas e, acima de<br />

tudo, aponta os projetos estratégicos e as diretrizes que deverão nortear o seu<br />

desenvolvimento.<br />

Agora sabemos o que precisamos fazer, o Estado e o segmento produtivo<br />

têm diante de si as “rotas” do desenvolvimento do mais importante segmento<br />

de sua economia. A indústria acredita que, idealmente, a “governança” desse<br />

desenvolvimento deverá ficar a cargo de um comitê de gestão formado pelos<br />

diversos agentes, públicos e privados, das cadeias produtivas aqui focalizadas.<br />

Pô-lo em marcha será, doravante, nosso dever de casa.<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Presidente


introdUção


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 21<br />

Este primeiro capítulo trata do método utilizado para o desenvolvimento<br />

do projeto, cujo principal objetivo foi estudar as<br />

principais cadeias produtivas do Estado do Tocantins, visando<br />

à identificação e ao desenvolvimento das suas potencialidades.<br />

O projeto Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do<br />

Agronegócio no Estado do Tocantins foi uma iniciativa da Federação<br />

das Indústrias do Estado do Tocantins — FIETO, em parceria<br />

com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado do Tocantins – Seden.<br />

Para tanto, foram destacados alguns pilares ou temas fundamentais<br />

que pautam todo o estudo na busca da identificação<br />

de estratégias concisas e aderentes à realidade do Estado. São<br />

eles: Marco Tecnológico, Associativismo e Cooperativismo, Uso<br />

da Terra, Desenvolvimento da Indústria Local, Custo de Produção,<br />

Preços de Mercado e Instrumentos de Apoio Estaduais.<br />

Para a primeira fase do projeto, foram selecionadas algumas<br />

cadeias produtivas a serem estudadas. A seleção considerou<br />

cadeias que já possuem papel de destaque no Estado<br />

do Tocantins, mas que ainda têm muitas potencialidades<br />

a serem exploradas, sempre visando impulsionar o cenário<br />

econômico e social do Estado. As cadeias selecionadas foram:<br />

• Soja e Milho<br />

• Pecuária (carne bovina)<br />

• Arroz<br />

• Piscicultura<br />

• Silvicultura<br />

Para cumprir com o objetivo proposto, foi utilizada metodologia<br />

de pesquisa já consolidada no setor do agronegócio para


22<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

o desenvolvimento de planos estratégicos, conhecida como<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis).<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho<br />

Desenvolver planos para a melhoria contínua de um setor<br />

não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se tratam de cadeias<br />

do agronegócio que possuem características e complexidades<br />

específicas.<br />

Para organizar e analisar os dados coletados durante o desenvolvimento<br />

do presente trabalho, e propor ações condizentes<br />

com a realidade do Estado e do seu posicionamento no<br />

cenário nacional e internacional, foi utilizado o método GESis.<br />

O método GESis, desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcos Fava<br />

Neves, em 2004, vem sendo aplicado em diversas cadeias<br />

produtivas e aperfeiçoado a cada aplicação. No Brasil, o método<br />

já foi aplicado para as cadeias do trigo (2004), da laranja<br />

(2005, 2007 e 2010), do leite (2006), da cana-de-açúcar (2009<br />

e 2015), da carne bovina (2011), do algodão (2011 e 2013), das<br />

flores (2014), da carne suína (2016) e das hortaliças (2017). No<br />

contexto internacional, o método também já foi utilizado para<br />

a cadeia do leite na Argentina (2007) e no Uruguai (2010) e da<br />

soja na Argentina (2012), além de outros usos na África do Sul<br />

e outros países.<br />

Contando com escopo semelhante ao do presente trabalho,<br />

o método GESis também foi adaptado e aplicado em oito<br />

cadeias produtivas do Estado de Goiás sendo elas milho, soja,<br />

carne suína, carne de frango, carne bovina, couro, lácteos e<br />

cana-de-açúcar (2012).<br />

Além da grande repercussão dos estudos citados nas principais<br />

mídias, no meio acadêmico com diversas publicações<br />

nacionais e internacionais e mais de 15 livros, o método foi<br />

publicado pela Revista de Administração da Universidade de<br />

São Paulo (Rausp), International Food and Agribusiness Management<br />

Association (Ifama), European Marketing Academy<br />

(Emac) e no Journal of Chain and Network Science (Wageningen<br />

University, Holanda).<br />

Indo além das visões de cadeias produtivas e redes de empresas,<br />

os sistemas agroindustriais (SAGs) consideram também<br />

o ambiente institucional e as condições estruturais nas<br />

quais essas relações acontecem. A grande contribuição dos<br />

estudos de sistemas agroindustriais é a sua utilização para o<br />

desenho de políticas públicas, organização de empresas e estruturação<br />

de estratégias corporativas que ainda enfrentam<br />

o problema da falta de uma abordagem sistêmica, resultando<br />

em falhas no desenho de estratégias corporativas e organizacionais<br />

(ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).<br />

Cinco etapas fundamentais estruturam o método GESis<br />

original. Cada etapa contém fases específicas que devem ser<br />

realizadas para chegar ao objetivo proposto.<br />

A Figura 1.1 ilustra as macroetapas do método GESis.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 23<br />

⋆<br />

fIGURA 1.1<br />

Macroetapas do método GESis<br />

ETAPA 1<br />

Iniciativas de líderes,<br />

governo, institutos de<br />

pesquisa, universidades<br />

em planejar o futuro<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 2<br />

Descrição,<br />

mapeamento e<br />

quantificação<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 3<br />

Criação de uma<br />

organização<br />

vertical no sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 4<br />

Montagem de<br />

plano estratégico<br />

para o sistema<br />

agroindustrial.<br />

ETAPA 5<br />

Administração<br />

dos projetos<br />

priorizados e<br />

elaboração de<br />

contratos.<br />

Fonte: Neves (2008).<br />

A primeira etapa conta com a inciativa de líderes, governo,<br />

institutos de pesquisas, universidades ou outros agentes relacionados<br />

à cadeia produtiva na busca de planejar o futuro da<br />

cadeia em que se insere. A importância da primeira etapa se dá,<br />

tendo em vista que a aplicação do método de maneira coerente<br />

e efetiva deve contar com muitos agentes envolvidos, uma vez<br />

que os esforços e a mobilização de pessoas devem ser coletivos.<br />

Além da etapa 1, o método ainda conta com mais quatro<br />

etapas, porém, tendo em vista os objetivos do presente estudo,<br />

a aplicação do método nas cadeias produtivas do Estado<br />

do Tocantins limitou-se à aplicação das etapas 1 e 4, sendo a<br />

etapa 4 o principal foco do trabalho.<br />

A etapa 4 do método consiste no diagnóstico e montagem de<br />

um plano estratégico para os sistemas agroindustriais. Neves<br />

(2008) propõe que, para a realização do plano estratégico, são<br />

necessários 12 passos que foram adaptados para a aplicação no<br />

Estado do Tocantins. A Figura 1.2 ilustra os passos sugeridos.<br />

Tendo como base o método GESis, na sequência serão detalhadas<br />

as etapas que compuseram o desenvolvimento do<br />

presente projeto.<br />

1. 1. 1. Introdução e Entendimento<br />

Para iniciar o trabalho, esta etapa envolveu o levantamento<br />

de materiais já existentes a respeito das cadeias estudadas,


24<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

⋆<br />

fIGURA 1.2<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis<br />

F<strong>AS</strong>E 1 INTRODUTÓRIA<br />

F<strong>AS</strong>E 2 <strong>PLA<strong>NO</strong></strong>S <strong>DO</strong>S VETORES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

1<br />

2<br />

4 5 6<br />

Projetos de<br />

produção, pesquisa e<br />

desenvolvimento e inovações<br />

11 12<br />

introdução e entendimento<br />

Análise do<br />

mercado e do<br />

consumidor<br />

no enfoque de<br />

sistemas<br />

3<br />

Análise da situação<br />

interna e de<br />

concorrentes<br />

globais<br />

(benchmark)<br />

Objetivos para o sistema<br />

Estratégias para atingir os objetivos propostos<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Projetos de comunicação<br />

Projetos de distribuição e<br />

logística (incluindo exportações)<br />

Projetos de capacitação e<br />

recursos humanos<br />

Projetos de coordenação<br />

e adequação ao ambiente<br />

institucional<br />

Consolidação de planos estratégicos<br />

Orçamento do GESis<br />

Fonte: Neves (2008).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 25<br />

específicos do Tocantins e materiais de contextualização de<br />

cadeias no cenário nacional e internacional.<br />

Um amplo conjunto de materiais foi levantado pelas secretarias<br />

estaduais do Estado do Tocantins. Além dos materiais,<br />

foi conduzida uma reunião inicial de sensibilização dos agentes<br />

relacionados às cadeias, em que todo o escopo e método<br />

do trabalho foram apresentados e os potenciais membros que<br />

participariam da construção do trabalho puderam tirar suas<br />

dúvidas e entender realmente o impacto do projeto para o Estado<br />

e o papel de cada interlocutor na sua construção.<br />

1. 1. 2. Análise do mercado e enfoque de sistemas<br />

Esta etapa figurou como inicial do diagnóstico. Foram mapeados<br />

o mercado internacional e nacional no qual a cadeia<br />

alvo do estudo está inserida. A análise contou com dados de<br />

produção, consumo, exportações e importações dos principais<br />

players do mercado internacional, além de mapear como o<br />

sistema agroindustrial está posicionado no mercado brasileiro,<br />

suas principais características regionais, as tendências de<br />

consumo e as projeções e expectativas para os próximos anos.<br />

Figurando como uma análise externa, esta etapa de contextualização<br />

foi fundamental para que as estratégias sugeridas<br />

ao término do projeto fossem aderentes à atual realidade da<br />

cadeia nos mercados em que se insere.<br />

1. 1. 3. Análise da situação interna: o Estado do Tocantins<br />

Utilizando como unidade de análise o Estado do Tocantins,<br />

foi desenvolvido amplo diagnóstico das cadeias produtivas<br />

por meio de diversas pesquisas e entrevistas presenciais e<br />

remotas.<br />

Participaram das entrevistas presenciais, f a Secretaria do<br />

Desenvolvimento (Seden), Universidade Federal do Tocantins<br />

(UFT), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),<br />

Frigorífico Piracema, Frigorífico Tamborá e Instituto de<br />

Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins).<br />

No total foram entrevistadas 13 pessoas, sendo cinco da<br />

Seden, dois professores da UFT, uma da Embrapa, uma do<br />

Frigorífico Piracema, duas do Frigorífico Tamborá e duas do<br />

Ruraltins. As entrevistas foram conduzidas nas cidades de<br />

Palmas e Almas.<br />

Além das entrevistas presenciais, foram realizados contatos<br />

telefônicos com agentes da cadeia para complementação<br />

de informações e entrevistas com a Agronorte, fábrica de ração<br />

presente no Tocantins, e Fazenda São Paulo, importante<br />

player na produção de alevinos.<br />

Os principais pontos levantados foram: características gerais<br />

da cadeia no Estado, custo de produção, análise de viabilidade<br />

da cultura, associativismo e cooperativismo, exportações,<br />

indústria de processamento local, políticas estaduais


26<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

de apoio ao desenvolvimento tecnológico, incentivos fiscais,<br />

preços de mercado e logística.<br />

1. 1. 4. Consolidação do diagnóstico<br />

das informações considerando a rivalidade entre os concorrentes,<br />

a ameaça de novos entrantes, a ameaça de produtos<br />

substitutos, o poder de barganha dos fornecedores e o poder<br />

de barganha dos compradores (PORTER, 1980; PORTER, 1992).<br />

Para resumir e apresentar o diagnóstico feito nas duas etapas<br />

anteriores de forma mais didática, algumas ferramentas<br />

de grande prestígio no meio acadêmico foram utilizadas sendo<br />

elas a PEST e o modelo das Cinco Forças de Porter.<br />

A utilização dessas duas ferramentas, além de guiar o levantamento<br />

das informações, permite uma melhor visualização<br />

dos dados para a tomada de decisões quanto ao presente<br />

e futuro da cadeia alvo do plano.<br />

A ferramenta PEST é amplamente utilizada no planejamento<br />

estratégico de organizações para a identificação das ameaças<br />

e oportunidades derivadas do ambiente político-legal,<br />

econômico-natural, sociocultural e tecnológico.<br />

Já o modelo das Cinco Forças de Porter consiste na análise<br />

1. 1. 5. Objetivos para a cadeia e estratégias centrais<br />

Após estudar as cadeias produtivas e entender seu posicionamento<br />

e competitividade no Estado do Tocantins, é fundamental<br />

determinar os objetivos que devem ser buscados<br />

por meio do delineamento de ações estratégicas. Esta etapa<br />

envolveu a definição do posicionamento estratégico para as<br />

cadeias e a definição de missão e visão.<br />

Tendo como base o posicionamento almejado do Estado,<br />

foram determinados pilares e ações estratégicas que devem<br />

guiar os próximos passos das cadeias produtivas no Estado<br />

do Tocantins.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 27


anÁLise de mercado e<br />

enFoQUe de sistemas


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 29<br />

2. 1. Análise do mercado internacional<br />

Muitas pessoas em todo o mundo encontram uma fonte de<br />

renda e meios de subsistência no setor de pesca e aquicultura.<br />

Em 2015, cerca de 56,5 milhões de pessoas estavam envolvidas<br />

no setor, sendo 33% em aquicultura (FAO, 2017).<br />

É notável a importância dos peixes e frutos do mar para a<br />

nutrição e saúde de muitas comunidades costeiras que dependem<br />

das suas proteínas e micronutrientes essenciais,<br />

principalmente, mulheres em idade fértil e crianças pequenas.<br />

A maior conscientização sobre o importante papel do setor<br />

torna possível também gerenciar como os recursos serão<br />

aplicados de forma a atender todos os cidadãos com dietas<br />

saudáveis (FAO, 2016).<br />

A pesca tem como base retirar recursos pesqueiros do<br />

ambiente natural, já a aquicultura é o cultivo de organismos<br />

aquáticos, em sua maior parte em espaços confinados para<br />

manutenção do controle. A grande diferença é que a pesca<br />

tem caráter extrativista, ou seja, retira os peixes de seu habitat<br />

natural enquanto a aquicultura cria-os em ambientes controlados<br />

para posterior consumo. As vantagens da aquicultura é<br />

ser uma atividade mais sustentável, trazer produtos mais homogêneos<br />

e permitir maior rastreabilidade na cadeia, sempre<br />

na busca da geração de alimentos de qualidade e alinhados<br />

com as regulamentações existentes (EMBRAPA, 2017).<br />

A produção mundial de peixes, crustáceos, moluscos e outros<br />

animais aquáticos foi de cerca de 170 milhões de tonela-


30<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

milhões de toneldas<br />

GRáfICO 2.1<br />

Maiores produtores na aquicultura em 2015<br />

47,61<br />

5,24<br />

4,34<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

das em 2015. A pesca sempre obteve percentual maior, porém<br />

essa realidade está se modificando, pois a aquicultura cresce<br />

em ritmo mais acelerado. Em 2015, a pesca representou<br />

55% do total produzido mundialmente, tendo crescido 1,6%<br />

em relação ao ano anterior. Já a aquicultura respondeu por<br />

45% do total, valor 4% maior que o vivenciado no ano de 2014<br />

(FAO, 2017).<br />

3,44<br />

2,06<br />

0,06<br />

1º China 2º Índia 3º Indonésia 4º Vietnã 5º Bangladesh 13º Brasil<br />

Do total produzido mundialmente, a China é o país com maior<br />

representatividade, respondendo por mais de 60% do total em<br />

2015. O Gráfico 2.1 mostra os principais produtores mundiais.<br />

A aquicultura ainda pode ser subdividida em outros setores,<br />

como a piscicultura (criação de peixes), a carcinicultura<br />

(criação de camarões), a malacocultura (criação de moluscos),<br />

entre outros. Seguindo essa segmentação, em 2015, foram<br />

produzidos 52 milhões de toneladas de peixes (68%), 16,4 milhões<br />

de toneladas de moluscos (21%), 7,4 milhões de toneladas<br />

de crustáceos (10%) e 0,9 milhão de toneladas de outras<br />

espécies de animais aquáticos (1%).<br />

Apesar de a piscicultura ser o segmento mais representativo<br />

em termos de volume, ainda existe muita informalidade<br />

nele. Estima-se que, em 2015, a produção ilegal de peixes<br />

chegou a 43,6 milhões de toneladas no mundo (FAO, 2017).<br />

Globalmente, os peixes fazem parte da dieta de cerca de 3,2<br />

bilhões de pessoas, o consumo per capita em 2015 foi de 20,4<br />

kg (FAO, 2017).<br />

Apesar de as exportações líquidas de países em desenvolvimento<br />

demonstrarem uma tendência de crescimento nas<br />

últimas décadas, em 2015, as exportações mundiais na aquicultura<br />

atingiram US$ 133 bilhões, registrando queda de 10%<br />

em relação a 2014. A queda ocorreu devido a fatores como o<br />

enfraquecimento de muitos mercados emergentes importantes,<br />

aos consequentes preços mais baixos de várias espécies,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 31<br />

<br />

GRáfICO 2.2<br />

Maiores exportadores mundiais na aquicultura em 2015<br />

<br />

GRáfICO 2.3<br />

Maiores importadores de produtos da aquicultura em 2015<br />

19,74<br />

19,82<br />

milhões de toneldas<br />

9,19<br />

6,76<br />

5,91 5,68<br />

milhões de toneldas<br />

13,46<br />

8,47<br />

6,44<br />

5,73<br />

China Noruega Vietnã EUA Tailândia<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

EUA Japão China Espanha França<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

e à forte alta do dólar dos EUA em relação a outras moedas<br />

(FAO, 2017).<br />

Além de maior produtor, a China também é o maior país<br />

exportador em volume. Os cinco maiores representam 35%<br />

do total do mundo e estão exemplificados pelo Gráfico 2.2.<br />

Em relação às importações, a União Europeia figura<br />

como importante player importador de pescados. E, em<br />

2015, o bloco foi responsável por 37% do total disponibilizado<br />

no mercado internacional, e 71% do total foi importado<br />

por países desenvolvidos. Os Estados Unidos e o Japão<br />

representaram 26% do total importado mundialmente<br />

(FAO, 2017).<br />

O Gráfico 2.3 mostra os principais países importadores,<br />

em volume, de produtos da aquicultura, com destaque<br />

para os Estados Unidos.<br />

Do mesmo modo que as exportações, as importações<br />

também apresentaram queda quando comparadas com o<br />

ano anterior (2014): uma redução de cerca de 10%. Dentre<br />

os maiores importadores, a França foi o país que registrou<br />

a maior queda (13%)(FAO, 2017).


32<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 2.1<br />

Produção e consumo de produtos de pesca e aquicultura<br />

PRODUÇÃO MUNDIAL<br />

ORIGEM 2013/14/15* 2025<br />

Pesca 56% 48%<br />

Aquicultura 44% 52%<br />

CONSUMO MUNDIAL<br />

Pesca 50% 43%<br />

Aquicultura 50% 57%<br />

*Considerando a média 2013-2014-2015. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2016).<br />

Apesar de o mercado internacional de aquicultura e pesca ainda<br />

ser menor do que o de importantes proteínas animais, como<br />

as de suínos e aves, e de vivenciar grande informalidade, seu potencial<br />

de crescimento é grande. Segundo estudo da FAO (2016),<br />

a produção total de pesca e aquicultura deverá expandir-se nos<br />

próximos 10 anos, atingindo 196 milhões de toneladas em 2025.<br />

Como já pontuado anteriormente, a aquicultura cresce em<br />

ritmo mais acelerado de que a pesca. A tendência apresentada<br />

é de que, tanto na produção quanto no consumo, a aquicultura<br />

superará o volume de produtos oriundos da atividade de pesca<br />

extrativista. A Tabela 2.1 mostra a projeção de valor para o ano<br />

de 2025.<br />

Segundo as previsões realizadas pela FAO (2016), os países<br />

asiáticos representarão 89% da produção total em 2025. A<br />

China sozinha terá 62% da produção mundial. São esperados<br />

aumentos importantes na América Latina, em particular<br />

no Brasil (104% maior), devido ao grande potencial e maiores<br />

investimentos no desenvolvimento do setor.<br />

O consumo mundial de peixes é projetado para aumentar<br />

31 milhões de toneladas na próxima década, chegando a 178<br />

milhões de toneladas em 2025 e a um consumo de 21,8 kg<br />

per capita, o que equivale a 8% superior ao consumo registrado<br />

em 2015. O resultado vem da combinação de um aumento<br />

dos rendimentos e urbanização, ligados à expansão<br />

da produção de peixe e à melhora de canais de distribuição<br />

(FAO, 2016).<br />

A próxima década será caracterizada por um papel crescente<br />

dos países em desenvolvimento no comércio pesqueiro,<br />

em contraste com o declínio na participação das economias<br />

desenvolvidas (FAO, 2016).<br />

2. 2. Análise do mercado nacional<br />

De acordo com a FAO, o Brasil está entre os 15 maiores<br />

produtores de peixes do mundo, incluindo a aquicultura e a<br />

pesca. Sua disponibilidade hídrica é fator determinante no<br />

bom posicionamento, uma vez que concentra cerca de 12%<br />

de toda água doce do planeta distribuídas nos 5,5 milhões de<br />

hectares de reservatórios de água doce. Além disso, o clima, a<br />

ampla diversidade de espécies existentes em seu território e<br />

a grande produção de grãos para fabricar ração têm contribu-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 33<br />

ído para o crescimento da atividade no país nos últimos anos<br />

(ACEB, 2014).<br />

Considerando apenas a piscicultura, ou seja, os peixes criados<br />

em ambientes controlados, nos últimos quatro anos, a produção<br />

no Brasil aumentou 8,92% ao ano (IBGE 2017). O Gráfico 2.4<br />

mostra a evolução.<br />

<br />

Milhões de toneladas<br />

GRáfICO 2.4<br />

Evolução da produção de peixes no Brasil (piscicultura)<br />

392,49<br />

475,98 485,65<br />

507,12<br />

2013 2014 2015 2016<br />

*Não considera produção de camarões, ostras e moluscos.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

A produção de 507 mil toneladas de peixes para consumo<br />

no Brasil em 2016 se deu majoritariamente na região norte<br />

do País, cerca de 30% do volume total se concentrou nessa<br />

região. Atualmente, os principais Estados produtores são<br />

Rondônia, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Santa Catarina,<br />

e, juntos, são responsáveis por quase 60% de todo o volume.<br />

A Figura 2.1 mostra a distribuição da produção de peixes nos<br />

Estados brasileiros em 2016.<br />

Como pode ser visto na figura, o Tocantins ocupa a 15ª posição<br />

na produção nacional de peixes, tendo produzido, em<br />

2016, cerca de 9,5 mil toneladas. Rondônia ocupa a primeira<br />

colocação, sendo que alguns fatores foram determinantes para<br />

a consolidação da piscicultura nesse Estado, como subsídios<br />

governamentais, redução de impostos para o peixe e ração,<br />

disponibilização de linhas de crédito acessíveis e simplificação<br />

da burocracia para obtenção de licenças ambientais, com<br />

maior agilidade nos processos e redução nas taxas. Outro ponto<br />

de destaque na piscicultura de Rondônia foi a liberação da<br />

produção de peixes exóticos, como a tilápia.<br />

O Brasil conta com cerca de 3 mil espécies de peixes, sendo<br />

que, atualmente, a participação de espécies exóticas, ou seja,<br />

que não são nativas, na produção nacional é altamente representativa<br />

(ACEB, 2014). O Gráfico 2.5 mostra a distribuição da<br />

produção brasileira dentre as diversas espécies.<br />

A Tilápia já representa cerca de 50% de toda a produção, sen-


34<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

⋆<br />

fIGURA 2.1<br />

Produção de peixes por Estado (piscicultura)<br />

15º <strong>TOCANTINS</strong><br />

Produção: 9.544 (ton)<br />

ESTA<strong>DO</strong><br />

PRODUÇÃO<br />

2016 (t)<br />

Rondônia 90.636,1<br />

Paraná 76.065,0<br />

São Paulo 48.346,6<br />

Mato Grosso 40.411,7<br />

Santa Catarina 34.706,2<br />

Minas Gerais 32.804,2<br />

ESTA<strong>DO</strong><br />

PRODUÇÃO<br />

2016 (t)<br />

Tocantins 9.544,2<br />

Piauí 8.807,3<br />

Mato Grosso do Sul 6.891,2<br />

Pernambuco 6.579,9<br />

Espírito Santo 5.356,7<br />

Acre 4.417,5<br />

1º RONDÔNIA<br />

Produção: 90.336 (ton)<br />

Maranhão 24.426,8<br />

Amazonas 21.079,2<br />

Alagoas 4.371,2<br />

Sergipe 3.118,6<br />

4º MATO GROSSO<br />

Produção: 40.411 (ton)<br />

3º SÃO PAULO<br />

Produção: 48.346 (ton)<br />

Ceará 17.371,1<br />

Goiás 15.471,5<br />

Rio Grande do Sul 14.689,2<br />

Rio Grande do Norte 2.390,3<br />

Paraíba 2.130,9<br />

Rio de Janeiro 1.610,2<br />

2º <strong>PARA</strong>NÁ<br />

Produção: 76.064 (ton)<br />

5º SANTA CATARINA<br />

Produção: 34.706 (ton)<br />

Pará 12.909,1<br />

Bahia 10.761,9<br />

Distrito Federal 1.066,0<br />

Amapá 685,9<br />

Roraima 10.473,3<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

do que sua participação no total produzido pela piscicultura<br />

brasileira cresceu 220% em 10 anos (ARAÚJO; REY<strong>NO</strong>L, 2017).<br />

A tilápia é um peixe de origem africana que teve grande adaptabilidade<br />

nos sistemas de criação brasileiros. Seu ciclo de produção<br />

é curto, é um peixe com alta produtividade e tem grande<br />

aceitação pelos consumidores, sendo possível agregar valor ao<br />

produto final com maior facilidade.<br />

Atualmente a tilápia é produzida em quase todos os Estados<br />

brasileiros, sendo que, em alguns, sua produção é mais<br />

significativa. Além das características ambientais, as legisla-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 35<br />

<br />

GRáfICO 2.5<br />

Participação das diferentes espécies de peixe no volume total produzido pela piscicultura no Brasil em 2016<br />

300<br />

250<br />

74%<br />

83%<br />

87%<br />

90%<br />

93% 94%<br />

96% 97% 98% 98% 99% 99% 100%<br />

100%<br />

90%<br />

80%<br />

Produção (mil toneladas)<br />

200<br />

150<br />

100<br />

47%<br />

70%<br />

60%<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

Participação acumulada<br />

50<br />

0<br />

20%<br />

10%<br />

0%<br />

Tilápia Tambaqui Tambacu,<br />

tambatinga<br />

Carpa<br />

Pintado<br />

cacharra,<br />

cachapira e<br />

pintachara,<br />

surubim<br />

Pacu e<br />

patinga<br />

Matrinxã Pirarucu Jatuarana,<br />

piabanha e<br />

piracanjuba<br />

Piau,<br />

piapara,<br />

piaçu,<br />

piava<br />

Curimatã,<br />

curimbatá<br />

Pirapitinga Truta Outros<br />

peixes<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

ções estaduais impactam diretamente no tipo de peixe predominante<br />

na região, principalmente no que diz respeito à<br />

introdução de espécies exóticas. A Figura 2.2 mostra os principais<br />

peixes produzidos nos Estados selecionados.<br />

Analisando a predominância de espécies de peixes nos diferentes<br />

Estados produtores, nota-se que os do norte ainda<br />

não possuem produção significativa de tilápia. O Tocantins,<br />

por exemplo, tem grande parte da sua produção representada<br />

pelo tambaqui. Até o ano de 2017, a legislação não permitia a<br />

criação de peixes exóticos no Estado. O cenário está sendo modificado<br />

e as projeções indicam que, em breve, piscicultores do<br />

Estado estarão autorizados a produzir peixes não-nativos.<br />

Apesar de São Paulo e Paraná terem problemas na produção<br />

de peixes com invernos mais rigorosos, eles já são grandes<br />

produtores de tilápia. Em Santa Catarina, a carpa representa<br />

98% da produção da piscicultura.


36<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

⋆<br />

fIGURA 2.2<br />

Produção de peixes em 2016 nos Estados selecionados<br />

Tambaqui<br />

Pirarucu<br />

Jatuarana<br />

Outros<br />

77%<br />

9%<br />

6%<br />

8%<br />

Rondônia<br />

1º<br />

Tocantins<br />

15º<br />

55%<br />

11%<br />

10%<br />

10%<br />

6%<br />

3%<br />

4%<br />

Tambaqui<br />

Tambacu<br />

Pintado<br />

Pacu e Patinga<br />

Matrinxã<br />

Piau<br />

Outros<br />

Pintado<br />

Tambaqui<br />

Pacu e Patinga<br />

Tilápia<br />

Piau<br />

Jatuarana<br />

Outros<br />

54%<br />

27%<br />

7%<br />

4%<br />

3%<br />

2%<br />

3%<br />

Mato Grosso<br />

4º<br />

São Paulo<br />

3º<br />

88%<br />

6%<br />

3%<br />

3%<br />

Tilápia<br />

Pacu e Patinga<br />

Tambacu, Tambatinga<br />

Outros peixes<br />

Santa Catarina<br />

Paraná<br />

Carpa<br />

Pacu e Patinga<br />

Outros<br />

98%<br />

2%<br />

1%<br />

5º 2º<br />

92%<br />

4%<br />

2%<br />

2%<br />

Tilápia<br />

Carpa<br />

Pacu e Patinga<br />

Outros peixes<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 37<br />

O aspecto regulatório tem se configurado como um gargalo<br />

para a piscicultura no Brasil. Por ser um setor que ainda está<br />

se estabelecendo, os processos de licenciamento de fazendas<br />

são burocráticos e com alta morosidade. Esse tema está diretamente<br />

relacionado com a profissionalização e formalização<br />

da atividade que são ações fundamentais para impulsionar o<br />

crescimento econômico da cadeia produtiva.<br />

Três principais etapas na produção de peixes são diretamente<br />

afetadas pelos aspectos regulatórios, sendo elas a elaboração<br />

do projeto aquícola, a produção e a comercialização. Na etapa<br />

de elaboração do projeto, a licença ambiental e outorga para<br />

uso da água são os principais gargalos. Os processos regulatórios<br />

impactam também no processamento dos produtos da cadeia,<br />

uma vez que é necessária certificação da planta industrial<br />

para início das atividades (BARROSO, et al., 2016).<br />

A dificuldade e demora para obtenção das licenças necessárias<br />

para a atividade de criação de peixes que pode levar de<br />

2 a 10 anos, é um fator que desincentiva novos investidores a<br />

entrarem na atividade e impulsionam aqueles que já atuam a<br />

se manterem na ilegalidade (BARROSO et al., 2016).<br />

Acompanhando a produção de peixes, as indústrias têm se<br />

modernizado e expandido sua atuação. No Brasil, é mais comum<br />

encontrar dois modelos de negócios de processamento<br />

de peixes sendo eles as empresas tradicionais, de capital privado,<br />

e as cooperativas verticalizadas. A C.Vale é a segunda<br />

maior cooperativa do Brasil e entrou em 2017 no negócio de<br />

peixes. Sua primeira planta foi inaugurada no Paraná no final<br />

de 2017, com capacidade para abater 150 mil tilápias por dia,<br />

figurando como a maior planta para abate de peixes do País<br />

(C.VALE, 2018). A Tabela 2.2 mostra algumas das plantas de<br />

abate de peixes no Brasil.<br />

A Copacol é outro exemplo bem-sucedido de cooperativa<br />

que avançou para o processamento de peixes. Pioneira entre<br />

as cooperativas do Brasil na produção integrada de peixes, a<br />

Copacol atualmente tem o domínio de toda a cadeia produtiva.<br />

São abatidas, em média, 140 mil tilápias por dia, no Abatedouro<br />

de Peixes em Nova Aurora (PR). Todos os produtos<br />

processados e industrializados pela cooperativa são comercializados<br />

no mercado interno e apenas a pele é exportada<br />

para a França (COPACOL, 2018).<br />

É importante mencionar que, dentre as maiores plantas<br />

frigoríficas de peixes no Brasil, destacam-se aquelas que atuam<br />

no processamento da tilápia. Empresas de capital privado<br />

como a Zaltana e a Delicious Fish já são focadas no abate e<br />

comercialização de peixes nativos brasileiros, o que pode figurar<br />

como um nicho de mercado para o produto nacional.<br />

Com relação ao consumo, o mercado interno é o principal<br />

destino dos produtos da piscicultura brasileira, mesmo tendo<br />

valores, em 2015, de consumo per capita de 14,4kg/ano, ainda<br />

baixo em relação à média mundial de 20,3kg/ano. É interes-


38<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 2.2<br />

Plantas para abate de peixes no Brasil<br />

Frigorífico<br />

ano da<br />

fundação<br />

capacidade de<br />

beneficiamento<br />

(sacos de 50kg)<br />

localização das plantas<br />

1963 84 toneladas / dia Nova Aurora - PR<br />

1981 83 toneladas / dia Piracicaba - SP<br />

1963 90 toneladas / dia Palotina - PR<br />

1998 40 toneladas / dia Piracicaba - SP<br />

2001 55 toneladas / dia Aparecida do Taboado - MS<br />

2002 26 toneladas / dia Ariquemes - RO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de www.cvale.com.br; www.geneseas.com.br; www.copacol.<br />

com.br; www.bompeixe.com.br.<br />

sante notar que, em países mais desenvolvidos, o consumo<br />

per capita de pescados é maior. Países em desenvolvimento<br />

apresentam crescimento constante, enquanto que os menores<br />

valores de consumo e taxas de crescimento são encontrados<br />

em países pouco desenvolvidos (FAO, 2016). Atualmente<br />

Manaus é a cidade com maior consumo per capita do País,<br />

atingindo valores de 40 quilos por pessoa em um ano, o que<br />

mostra que o mercado interno ainda oferece grande oportunidade<br />

de crescimento para o setor.<br />

O mercado internacional é um segmento pouco explorado<br />

pela piscicultura brasileira. Em 2016, foram exportadas cerca<br />

de mil toneladas de peixes, sendo que os filés de tilápia representaram<br />

95% do volume total (BR<strong>AS</strong>IL, 2017c). O Gráfico 2.6<br />

mostra as exportações por Estado.<br />

Como pode ser visto no gráfico, os Estados que mais exportam<br />

são aqueles que possuem grandes produções de tilápia<br />

como São Paulo e Mato Grosso do Sul. As exportações de peixes<br />

amazônicos ainda são incipientes, porém o principal gargalo<br />

parece não ser a demanda e, sim, a garantia de oferta constante<br />

e padronizada para acessar o mercado internacional.<br />

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação<br />

e Agricultura (FAO), o Brasil tem grande potencial<br />

de se tornar um dos maiores produtores de peixe no mundo<br />

(FAO, 2016). A FAO (2016) estima que o crescimento na produção<br />

aquícola até 2025 seja de 104%, saindo de 560 mil toneladas<br />

para 1.145 mil toneladas. A taxa de crescimento anual<br />

tende a aumentar exponencialmente conforme o setor evoluir<br />

nos aspectos regulatórios e na sua profissionalização. O


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 39<br />

<br />

GRáfICO 2.6<br />

Exportações de peixes em 2016 por Estado<br />

600<br />

500<br />

491<br />

400<br />

Toneladas<br />

300<br />

200<br />

211<br />

175<br />

100<br />

0<br />

20 16 10 7 1<br />

São Paulo<br />

Mato Grosso<br />

do Sul<br />

Bahia<br />

Rio Grande<br />

do Sul<br />

Goiás<br />

Santa Catarina<br />

Acre<br />

Rio Grande do<br />

Norte<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL (2017c).<br />

potencial brasileiro para o setor é imenso, ou seja, esforços<br />

devem ser focados pela iniciativa pública e privada para que<br />

a evolução se concretize e a cadeia traga ainda mais renda e<br />

desenvolvimento para o País.


anÁLise da sitUação interna:<br />

o estado do tocantins


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 41<br />

Fundado em 1988, quando lideranças do norte goiano mobilizaram<br />

a população na busca da independência política da<br />

região, o Tocantins é o Estado mais novo do Brasil, tendo atualmente<br />

29 anos de existência (<strong>TOCANTINS</strong>, 2017a). O Estado<br />

possui uma vocação natural para o agronegócio, estando<br />

inserido em uma das últimas fronteiras agrícolas do País, a<br />

região conhecida como MATOPIBA.<br />

Além das vastas extensões de terra disponíveis para a produção<br />

agrícola e pecuária, o Tocantins possui, em seu território<br />

uma grande disponibilidade hídrica, contando com as<br />

bacias dos rios Araguaia e Tocantins e com reservatórios de<br />

hidrelétricas, sendo um excelente potencial para a prática da<br />

piscicultura.<br />

Atualmente, o Tocantins é o 15º maior produtor de pescados<br />

do Brasil (IBGE, 2017), entretanto sua produção ainda<br />

é pequena se comparada ao potencial que as condições hídricas<br />

e edafoclimáticas do Estado permitem. Se toda sua<br />

capacidade produtiva fosse explorada, seria possível uma<br />

produção anual de aproximadamente 900.000 toneladas (TO-<br />

CANTINS, 2017b), valor que supera o total produzido em todo<br />

o Brasil nos dias atuais. Portanto, ainda que a piscicultura do<br />

Tocantins não esteja entre as cinco maiores do País, esta cadeia<br />

produtiva é de grande interesse para o Estado, dada às<br />

grandes perspectivas de crescimento.<br />

Considerando a importância da piscicultura, é interessante<br />

avaliar os elos que compõem sua cadeia produtiva para enten-


42<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

⋆<br />

fIGURA 3.1<br />

Cadeia produtiva da piscicultura no Tocantins<br />

Fatores poLÍtiCo-LeGais; eConÔMiCo-naturaL; soCioCuLturais-DeMoGrÁFiCos; teCnoLÓGiCos<br />

Medicamentos<br />

alevinos<br />

ração<br />

Gelo<br />

Máquinas e<br />

equipamentos<br />

pesca<br />

piscicultores<br />

extensiva<br />

semiextensivo<br />

intensiva<br />

indústria<br />

peixarias<br />

restaurantes<br />

supermercados<br />

Feiras<br />

outros<br />

ConsuMiDor FinaL<br />

eletricidade<br />

Cooperativas<br />

aGentes FaCiLitaDores: Fieto, eMBrapa, LoGÍstiCa, CrÉDito, arMaZenaGeM, Mão De oBra, GoVerno<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

der sua dinâmica. A Figura 3.1 ilustra a cadeia produtiva da<br />

piscicultura do Tocantins, contemplando todos os seus elos.<br />

Sendo o Tocantins um Estado novo, onde os setores estão<br />

em constante evolução, alguns elos da cadeia estão ausentes<br />

ou em estágio inicial de desenvolvimento. Para o fortalecimento<br />

desses elos, são necessários esforços e direcionamentos<br />

dos agentes do setor público e privado no Estado.<br />

Nos parágrafos que seguem, será dado um panorama geral<br />

dos elos da cadeia no Estado, sendo que as informações serão<br />

aprofundadas e melhor detalhadas na sequência.<br />

No elo de insumos, existem alguns gargalos a serem abordados<br />

e um dos principais é o fornecimento de ração para<br />

peixes. Esse é o item que possui maior peso na composição<br />

dos custos, chegando a representar 70% dos custos com a


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 43<br />

produção de peixes redondos, os mais produzidos no Tocantins.<br />

Apesar de o Estado produzir milho e soja, as principais<br />

matérias-primas da ração, existem apenas duas fábricas no<br />

Estado atualmente, a primeira delas atende exclusivamente<br />

ao consumo interno do projeto Tamborá, restando, assim,<br />

apenas uma fábrica para venda comercial no restante do Estado.<br />

Essa escassez de fornecimento representa uma grande<br />

fraqueza na cadeia produtiva, tendo em vista que comprar o<br />

insumo de outros Estados, como Goiás ou São Paulo, implica<br />

um aumento de cerca de 10% no custo final da ração (FILHO;<br />

BARROSO; FLORES, 2014).<br />

Outro ponto que enfraquece a cadeia da piscicultura é a<br />

logística. Muitas rodovias e estradas vicinais que ligam os<br />

principais pontos do Tocantins não estão em boas condições,<br />

gerando problemas para os produtores de todos os portes.<br />

Dado ao caráter perecível do peixe, seu transporte deve ser<br />

realizado em caixas de gelo ou em caminhões refrigerados.<br />

Assim, um aumento no período de transporte ocasionado pelas<br />

más condições das estradas acarreta maiores custos com<br />

refrigeração e, consequentemente, fretes mais caros.<br />

Em contrapartida, um dos elos mais fortes na cadeia da<br />

piscicultura no Estado é a produção de alevinos. Atualmente<br />

existem 10 laboratórios comerciais que ofertam, de maneira<br />

regular, a forma jovem do peixe, atendendo à demanda do<br />

próprio Tocantins e dos Estados circunvizinhos, Maranhão,<br />

Pará, Goiás e Mato Grosso. A distribuição geográfica das estações<br />

produtoras é outro ponto forte desse elo. Os laboratórios<br />

estão localizados próximos a Almas, Brejinho de Nazaré e à<br />

região do Bico do Papagaio, os principais polos de piscicultura<br />

do Tocantins (<strong>TOCANTINS</strong>, 2017b).<br />

Assim como em outras cadeias que envolvem a produção<br />

de animais, o modelo extensivo utiliza apenas os alimentos<br />

naturais que se apresentam em açudes, represas, lagoas, entre<br />

outros, nos quais o controle do fluxo de entrada e saída de<br />

água não é feito para fins de criação de peixe. Esse modelo<br />

muitas vezes é interpretado como pesca, porém, uma vez que<br />

o homem faz intervenções tais como erradicação de espécies<br />

daninhas, introdução de novas espécies de peixes, controle<br />

da intensidade de pesca, entre outros, ele pode ser caracterizado<br />

como piscicultura.<br />

O modelo semiextensivo utiliza, além do alimento natural,<br />

alguma suplementação, seja com fertilização das águas ou<br />

no oferecimento de alimentos complementares. Este tipo de<br />

atividade difere da primeira, uma vez que, necessariamente,<br />

existe o controle da entrada e saída de águas do ambiente de<br />

produção. A piscicultura intensiva lança mão de rações balanceadas,<br />

reduzida utilização de alimentos do ambiente natural<br />

e total controle das águas do ambiente produtivo (FAO, 1988).<br />

Segundo dados de entrevistas, os principais sistemas de<br />

cultivo utilizados no Tocantins são os de barragem e de vivei-


44<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

ros escavados, responsáveis por cerca de 70% e 25% da produção,<br />

respectivamente. Apenas 5% dos peixes são cultivados<br />

em tanques-rede, entretanto, este é o sistema com maior<br />

perspectiva de crescimento, uma vez que possibilita uma<br />

produtividade de 150 kg/m³ no caso da tilápia e de 60 a 75 kg/<br />

m³ na criação de peixes amazônicos. Além da alta produtividade,<br />

os tanques-rede vêm sendo adotados como sistema de<br />

produção padrão nos parques aquícolas das principais represas<br />

do Estado, onde se encontra o maior potencial produtivo<br />

da região. Assim, ALMEIDA e MENDES (2015) acreditam que<br />

o crescimento da piscicultura no Tocantins está atrelado ao<br />

investimento em sistemas mais novos e eficientes como os<br />

tanques-rede.<br />

Após o período de engorda, a produção pode ser vendida<br />

diretamente para varejistas ou encaminhada para frigoríficos,<br />

onde os peixes são eviscerados, limpos e embalados. É<br />

neste elo em que um dos gargalos da cadeia fica mais evidente:<br />

a informalidade. Segundo entrevistas, mais da metade dos<br />

piscicultores do Tocantins não estão licenciados. A demora,<br />

os altos custos e as rígidas exigências acabam sendo entraves<br />

para o acesso dos produtores à licença ambiental. Apesar de<br />

haver uma simplificação no processo para pequenos produtores,<br />

são eles os maiores impactados pelo aspecto regulatório,<br />

isso ocorre porque grande parte dos pequenos produtores<br />

busca a legalização após seus empreendimentos já estarem<br />

estruturados e operantes, o que gera uma série de fatores que<br />

dificulta o processo de licenciamento (TAVARES, 2016).<br />

A oferta de peixes para os frigoríficos é prejudicada pela<br />

informalidade, uma vez que os produtores não regularizados<br />

não podem realizar vendas para a indústria e acabam escoando<br />

suas produções para o mercado informal. Outro elemento<br />

que prejudica o abastecimento das indústrias é o fato de que,<br />

mesmo os pequenos e médios produtores licenciados, muitas<br />

vezes preferem realizar vendas diretas para os consumidores,<br />

devido às margens de lucro mais atraentes. Assim, parte da indústria<br />

fica ociosa e operando muito abaixo de sua capacidade<br />

produtiva.<br />

3. 1. Produção de peixes<br />

3. 1. 1. Características gerais da cadeia no Estado<br />

Os primeiros relatos do surgimento do setor aquícola no<br />

Estado foram por volta de 1980, a partir da criação de camarão.<br />

Quinze anos após o surgimento, o Tocantins possuía 31<br />

piscicultores que realizavam suas produções em 24 hectares<br />

de lâminas d’água (EMBRAPA, 2014).<br />

O maior desenvolvimento da piscicultura no Tocantins se<br />

deu a partir de 2000, quando grandes centros de processamentos<br />

começaram a se instalar no Estado. Poucos anos depois,<br />

a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca-SEAP se


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 45<br />

<br />

ha<br />

GRáfICO 3.1<br />

Evolução da área em lâmina d’água destinada à piscicultura no<br />

Tocantins<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

2.500 2.500<br />

3.300<br />

4.500<br />

5.400 5.400 5.400<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: <strong>TOCANTINS</strong> (2017b).<br />

instalou para promover o desenvolvimento da cadeia. Foi então<br />

que, em 2009, foi criada a Embrapa Pesca e Aquicultura,<br />

com o intuito de fornecer conhecimento e tecnologia para a<br />

piscicultura em desenvolvimento no Estado.<br />

Apesar de ainda representar apenas 2% da produção nacional,<br />

a piscicultura figura como um importante ramo do<br />

agronegócio para o Estado, uma vez que as perspectivas de<br />

crescimento do setor são muito favoráveis.<br />

O Tocantins possui, em seu território, duas bacias hidrográficas<br />

de grande importância, a do Araguaia e do Tocantins.<br />

Além dos rios, o Estado conta com diversos reservatórios de<br />

água tais como das usinas hidrelétricas de Lajeado e Peixe<br />

-Angical. As temperaturas elevadas e grande luminosidade<br />

durante o ano todo também são fatores que favorecem o desenvolvimento<br />

dos peixes no Estado (FILHO; BARROSO; FLO-<br />

RES, 2014).<br />

Atualmente, dos 500 mil hectares de lâminas d’água disponíveis<br />

no Estado, apenas 5,4 mil são utilizados com a piscicultura<br />

(<strong>TOCANTINS</strong>, 2017b). O Gráfico 3.1 mostra a evolução da<br />

área destinada à piscicultura no Estado.<br />

No gráfico, nota-se que, em seis anos o Tocantins expandiu<br />

sua área de produção 116% graças às condições já citadas.<br />

Com relação à produção, os números oficiais são divergentes.<br />

Segundo dados da Produção Pecuária Municipal (IBGE,<br />

2017), o Estado produziu, em 2016, cerca de 9,5 mil toneladas<br />

de peixes em sistemas de piscicultura. Dados da SEAGRO indicam<br />

que essa produção foi de 18 mil toneladas (<strong>TOCANTINS</strong>,<br />

2017b). A divergência nos números pode ser decorrente do alto<br />

número de produtores ainda não licenciados, da não consideração<br />

de produção de subsistência e das diferentes metodologias<br />

utilizadas para a estimativa de produção. Para caracterizar<br />

a produção no Estado, bem como a predominância das<br />

espécies de peixes e as principais regiões produtoras, optou-se<br />

por utilizar os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento (Produção Pecuária Municipal).


46<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 3.1<br />

Evolução da produção de peixes em Estados selecionados em kg<br />

ESTA<strong>DO</strong> 2013 2014 2015 2016 EVOLUÇÃO ENTRE 2013 E 2016<br />

1º Rondônia 25.140.731 75.023.145 84.491.442 90.636.090 260,5%<br />

2º Paraná 51.143.124 57.340.461 69.264.343 76.064.997 48,7%<br />

3º São Paulo 26.715.366 27.381.700 32.772.084 48.346.627 81,0%<br />

4º Mato Grosso 75.629.524 60.946.144 47.437.890 40.411.720 -46,6%<br />

5º Santa Catarina 21.240.293 31.602.919 33.311.106 34.706.177 63,4%<br />

15º Tocantins 7.259.378 9.613.291 8.869.520 9.544.222 31,5%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

O Censo da piscicultura do Tocantins, que está sendo executado<br />

pela Seden com finalização prevista para 2018, trará<br />

mais clareza e assertividade em relação aos dados do Estado.<br />

Assim como o aumento na área de produção, o volume<br />

total de peixes produzido no Tocantins também cresceu<br />

significativamente nos últimos anos. A Tabela 3.1 mostra a<br />

evolução da produção tocantinense nos últimos quatro anos<br />

e faz uma comparação com outros Estados de destaque na<br />

atividade.<br />

Como pode ser visto na tabela, se comparados os anos de<br />

2013 e 2016, a produção no Tocantins cresceu pouco mais<br />

de 30%. Dentre os cinco principais Estados produtores do<br />

Brasil, apenas o Mato Grosso teve queda de produção, sendo<br />

que nos demais o crescimento foi ainda maior que o do<br />

Tocantins. Políticas públicas e incentivos para o desenvolvimento<br />

da cultura parecem ser fundamentais para a evolução<br />

desse setor que ainda é emergente no País.<br />

A piscicultura no Estado ainda está baseada majoritariamente<br />

na produção de peixes amazônicos, sendo que a legalização<br />

da produção de peixes exóticos como a tilápia está<br />

em vias de ser aprovada.<br />

O principal peixe produzido no Tocantins é o tambaqui,<br />

que representa, atualmente, cerca de 55% do volume total.<br />

A Tabela 3.2 mostra a distribuição da produção de peixes no<br />

Tocantins entre as diversas espécies.<br />

Hoje, o Tocantins conta com cerca de 1.000 piscicultores<br />

em atividade, sendo que o sudeste do Estado concentra 80%


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 47<br />

<br />

TABELA 3.2<br />

Produção de peixes no Tocantins, em 2016, por espécie<br />

ESPÉCIE<br />

Tambaqui 5.275,0 55,14%<br />

Tambacu e Tambatinga 1.082,0 11,31%<br />

Pintado, Cachara, Cachapira, Pintachara e Surubim 984,0 10,28%<br />

Pacu e Patinga 955,8 9,99%<br />

Matrinxã 584,7 6,11%<br />

Piau, Piapara, Piauçu e Piava 316,6 3,31%<br />

Pirarucu 146,7 1,53%<br />

Curimatã e Curimbatá 70,1 0,73%<br />

Jatuarana, Piabanha e Piracanjuba 57,5 0,60%<br />

Pirapitinga 38,2 0,40%<br />

Tilápia 17,3 0,18%<br />

Traíra e Trairão 9,0 0,09%<br />

Lambari 3,6 0,04%<br />

Tucunaré 2,4 0,03%<br />

TOTAL 9.567,2 100,00%<br />

(t)<br />

REPRESENTATIVIDADE<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

da produção de pescado, mais especificamente nas microrregiões<br />

de Dianópolis e Porto Nacional.<br />

A Figura 3.2 mostra a localização dos municípios com produção<br />

piscícola importante. Almas é o município mais expressivo<br />

na piscicultura do Tocantins. Sua produção, no ano<br />

de 2016, foi de 4.742.400 quilos de pescado, respondendo por<br />

quase metade da produção total do Estado. Em seguida, vem<br />

o município de Palmas que, em 2016, produziu 1.342.869 quilos.<br />

Um estudo recente da Universidade Federal do Tocantins<br />

mapeou a atratividade de Arranjos Produtivos Locais<br />

(APL) para diferentes setores do agronegócio no Estado. Os<br />

APLs são interessantes instrumentos de desenvolvimento<br />

regional. Um APL pode ser caracterizado como a reunião de<br />

diversos agentes de uma cadeia em uma mesma dimensão<br />

territorial, onde a proximidade e a organização fortalece as<br />

atividades econômicas dos envolvidos. O modelo lança mão<br />

de mecanismos de cooperação e coordenação, uma vez que<br />

naturalmente existem interesses antagônicos entre os agentes.<br />

Características fundamentais de um APL são: dimensão<br />

territorial; diversidade de atividades e atores econômicos,<br />

políticos e sociais; conhecimento tácito com forte especificidade<br />

local; inovação e aprendizados interativos; governança;<br />

e articulações e envolvimento entre os diferentes agentes e o<br />

mercado (COSTA, 2010, L<strong>AS</strong>TRES; C<strong>AS</strong>SIOLATO, 2003).


48<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

⋆<br />

fIGURA 3.2<br />

Produção de peixes por município (2016)<br />

DA<strong>DO</strong>S POR MUNICÍPIO<br />

Produção de Pescado (kg)<br />

Porto Nacional<br />

0 a 9.500<br />

9.500 a 27.800<br />

27.800 a 58.000<br />

58.000 a 105.000<br />

105.000 a 176.000<br />

176.000 a 222.000<br />

222.000 a 1.342.869<br />

1.342.869 - 4.742.400<br />

Palmas<br />

Almas<br />

Dianópolis<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

Como pode ser visto, a região de Almas possui alta vocação<br />

para o desenvolvimento de um Arranjo Produtivo Local. A localização<br />

de grande parte da produção de peixes do Estado<br />

nessa região favoreceria a chegada dos demais agentes da<br />

cadeia que, de forma coordenada, aumentariam a competitividade<br />

no mercado.<br />

A Figura 3.2 mostra a produção por município no Estado.<br />

Um estudo recente da Universidade Federal do Tocantins<br />

mapeou a atratividade de Arranjos Produtivos Locais (APL)<br />

para diferentes setores do agronegócio no Tocantins.<br />

Segundo levantamentos junto aos entrevistados, pode-se<br />

considerar que o Estado conta com 50% de piscicultores de<br />

pequeno porte, ou seja, que produzem até 10 toneladas de<br />

peixe por ciclo. Piscicultores considerados como médios, com<br />

produção entre 10 e 50 toneladas de peixe por ciclo, representam<br />

cerca de 40% do total.<br />

É comum encontrar grandes piscicultores (produção acima<br />

de 50 toneladas por ciclo), vendendo sua produção para outros<br />

Estados tais como Pará e Maranhão. Essa situação impacta diretamente<br />

o aumento da capacidade ociosa das indústrias de<br />

processamento locais, podendo até acarretar na importação de<br />

peixes de outros Estados para o processamento interno.<br />

A evolução da piscicultura no Tocantins é dependente da superação<br />

de alguns gargalos. Além de a mão de obra especializada<br />

no Estado ser restrita, os técnicos disponíveis para a presta-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 49<br />

⋆<br />

fIGURA 3.4<br />

Vocação regional para APL de piscicultura<br />

Alta vocação<br />

Média vocação<br />

Baixa vocação<br />

ção de assistência aos produtores ainda são insuficientes e não<br />

possuem todos os equipamentos necessários.<br />

A Figura 3.4 mostra os resultados da atratividade de formação<br />

de um APL no Tocantins.<br />

Outros pontos de melhoria para o setor no Estado são a<br />

redução da informalidade; a busca por alternativas que reduzam<br />

o custo de produção, principalmente com ração; o<br />

aumento da tecnificação nos sistemas produtivos; a maior<br />

integração entre indústria, produção e até mesmo com outras<br />

cadeias produtivas como a de soja e de milho; e o maior acesso<br />

ao crédito pelos piscicultores.<br />

Brejinho de Nazaré<br />

Crixás do Tocantins<br />

Aliança do Tocantins<br />

100 0 100 km<br />

Almas<br />

Dianópolis<br />

Taipas do Tocantins<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados do IDER – UFT (2016).<br />

3. 1. 2. Custo de Produção<br />

No Tocantins, a produção de peixe apresenta como sistema<br />

de produção de aquicultura mais utilizado o semi-intensivo;<br />

e as espécies redondas são as mais cultivadas, com destaque<br />

para o tambaqui – espécie para a qual foi desenvolvida a análise<br />

de viabilidade econômica e financeira. O custo de produção<br />

foi obtido pelo Informativo Campo Futuro, Edição 1/2014.<br />

Os valores são referentes a uma propriedade típica da região<br />

central do Tocantins, com 5 hectares de espelho d’água, correspondente<br />

a 10% da área total da propriedade.<br />

A duração média do ciclo é de 304 dias com uma densidade<br />

de povoamento de 1 peixe por m ² . A conversão alimentar con-


50<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 3.3<br />

Características da propriedade modelo e indicadores técnicos<br />

considerados para a avaliação do custo de produção do tambaqui<br />

na região central do Tocantins<br />

CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE<br />

MODAL<br />

UNIDADE<br />

QUANTIDADE<br />

Tamanho médio da propriedade hectare 50,00<br />

% área de piscicultura % 10%<br />

Conversão alimentar média kg ração/kg peso vivo 1,76<br />

Densidade de povoamento peixes/m 2 1,00<br />

Duração do ciclo dias 304,00<br />

Peso médio inicial dos alevinos gramas 2,00<br />

Peso médio final dos peixes gramas 1.100,00<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS<br />

(VIVEIRO ESCAVA<strong>DO</strong> 5HA)<br />

UNIDADE QUANTIDADE<br />

Qtde peixe produzido em 1 ciclo kg 44.000,00<br />

Preço do peixe pago ao produtor R$/kg 4,80<br />

Produtividade média* kg/m 2 /ciclo 0,88<br />

Taxa média de sobrevivência % 80<br />

Fonte: Munoz et al. (2014).<br />

siderada é de 1,76kg de ração para cada kg de peso vivo. O alevino<br />

tem peso inicial de 2g e chega ao final do ciclo com 1.100<br />

gramas. A produtividade média considerada para 1 ciclo é<br />

de 0,88kg/m 2 , dada a taxa de sobrevivência ser de 80%. Isso<br />

equivale a uma produção por ciclo equivalente a 44.000kg. A<br />

Tabela 3.3 apresenta os dados de caracterização da propriedade<br />

e os indicadores técnicos de produção.<br />

O Custo Operacional Total (COT) da produção em 1 ciclo foi<br />

estimado em R$ 203.096,89, sendo o Custo Operacional Efetivo<br />

(COE) de R$ 169.371,66, ou seja 83,4%. A ração é o insumo<br />

de maior peso, representando 63,28% do total, seguido pelo<br />

pró-labore (10,23%), mão de obra contratada (7,78%) e depreciação<br />

de benfeitorias (5,4%). A compra de alevinos corresponde<br />

a 3,7% do COT (Tabela 3.4).<br />

3. 1. 3. Viabilidade da Piscicultura no Estado<br />

A análise da viabilidade econômica e financeira do cultivo<br />

do tambaqui na região central do Tocantins contemplou o uso<br />

das seguintes variáveis, conforme apresentado no Informativo<br />

Campo Futuro, Edição 1/2014:<br />

Receita bruta (RB): corresponde à receita esperada decorrente<br />

do preço de venda (P) e da quantidade produzida (Y).<br />

RB = Y x P (1)<br />

Custo Operacional Efetivo (COE): corresponde ao somatório<br />

dos gastos com insumos produtivos, incluindo administrativos,<br />

impostos, taxas e mão de obra.<br />

Custo Operacional Total (COT): corresponde ao somatório<br />

dos COEs com pró-labore (PL) e depreciações (DP) de benfeitorias,<br />

máquinas, implementos, equipamentos e utilitários.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 51<br />

<br />

TABELA 3.4<br />

Custo de produção estimado para o cultivo de tambaqui na região<br />

central do Tocantins<br />

CUSTO DE PRODUÇÃO<br />

VALOR DA ATIVIDADE<br />

POR CICLO<br />

VALOR UNITÁRIO<br />

(POR KG DE PEIXE)<br />

Alevinos/juvenis 7.500,00 0,17<br />

Ração 128.520,00 2,92<br />

Fertilizantes 150,00 0,00<br />

Corretivos 2.700,00 0,06<br />

Gastos administrativos, impostos e taxas 3.936,58 0,09<br />

Energia e combustível 4.843,21 0,11<br />

Máquinas e equipamentos 557,07 0,01<br />

Manutenção e benfeitorias 5.360,27 0,12<br />

Mão de obra contratada 15.804,53 0,36<br />

TOTAL <strong>DO</strong> CUSTO OPERACIONAL EFETIVO 169.371,66 3,85<br />

Depreciação e benfeitorias 10.938,80 0,25<br />

Depreciação máq, impl, equip e utilitários 2.000,11 0,05<br />

Pró-labore 20.786,32 0,47<br />

CUSTO OPERACIONAL TOTAL 203.096,89 4,62<br />

Fonte: Munoz et al. (2014).<br />

COT = COE + DP + PL (2)<br />

Margem Bruta Unitária (MBU): representa a diferença entre<br />

a RB e o COE, dividido pela produção.<br />

MBU = [(RB-COE)/produção] (3)<br />

Foram analisados também outros indicadores econômicos<br />

para a presente avaliação, conforme metodologia desenvolvida<br />

pela equipe de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

da Embrapa Soja (HIRAKURI, 2017), a saber:<br />

Lucro Operacional (LO): é a diferença entre a RB e o COT.<br />

LO = RB – COT (4)<br />

Lucro Financeiro (LF): somatório do LO com as depreciações(DP),<br />

representando o retorno monetário obtido pelo produtor<br />

após o desconto dos custos desembolsáveis.<br />

LF = LO + DP (5)<br />

Com base nas estimativas das variáveis apresentadas nas<br />

expressões (1), (2), (4) e (5), é possível estimar dois importantes<br />

indicadores de desempenho econômico-financeiro: ponto<br />

de equilíbrio do lucro financeiro e lucratividade.


52<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

Enquanto o ponto de equilíbrio do lucro financeiro (PELF)<br />

corresponde à produtividade na qual o lucro financeiro é zero,<br />

a lucratividade (LUC), pelo fato de ser o indicador que representa<br />

a razão entre lucro operacional e receita bruta, permite<br />

avaliar, no curto prazo, o nível de retorno econômico-financeiro<br />

que pode ser obtido em determinado ciclo de produção<br />

do tambaqui (304 dias).<br />

LUC = (LO/RB)x100 (6)<br />

Para considerar e analisar o impacto do custo de oportunidade<br />

(CO) do capital e da terra na sustentabilidade da atividade<br />

produtiva, foi utilizado o Custo Econômico (CE) que representa<br />

a soma do Custo Operacional total (COT) com o Custo de<br />

Oportunidade (CO).<br />

CE = COT + CO (7)<br />

O Custo de Oportunidade (CO) foi calculado pela soma do valor<br />

de referência equivalente ao que seria adquirido com o arrendamento<br />

da área utilizada para outra atividade, com o valor<br />

de referência equivalente ao que seria obtido com a aplicação<br />

dos recursos despendidos (COE) em outra atividade econômica,<br />

representado pela taxa de remuneração do capital. É feita a<br />

ressalva que o valor de referência do arrendamento e a taxa de<br />

remuneração do capital podem variar conforme a região e as<br />

oportunidades disponíveis para cada propriedade ou produtor.<br />

Por sua vez, para mensurar o resultado econômico considerando<br />

o CE, foi calculado o Lucro Econômico (LE) que representa<br />

o retorno da atividade produtiva, após serem considerados e<br />

descontados os custos operacionais e os custos de oportunidade.<br />

LE = RB-CE (8)<br />

O LE permite avaliar se a atividade produtiva, além de gerar<br />

renda para remunerar o produtor, proporciona a sua capitalização,<br />

visando objetivos empresariais como a remuneração de<br />

seus ativos e a redução da necessidade de financiamento.<br />

De acordo com esta metodologia, para analisar a viabilidade<br />

de produção do tambaqui, a margem de contribuição (MC)<br />

foi ajustada para representar a diferença entre a RB e o COE<br />

e o CO, conforme a expressão (9). Dessa forma, será avaliada<br />

a viabilidade econômica diante de outras opções de investimentos<br />

considerados nos custos de oportunidade.<br />

MC = RB – (COE+CO) (9)<br />

Para que a produção de um ciclo de tambaqui seja economicamente<br />

viável, a MC necessita ser igual ou superior a zero,<br />

indicando que a atividade gera renda ao produtor e que tal


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 53<br />

<br />

TABELA 3.5<br />

Receita bruta, custo de oportunidade e indicadores econômicos<br />

para a produção de tambaqui na região central do Tocantins<br />

RECEITA BRUTA POR CICLO<br />

Preço de<br />

venda (R$/<br />

kg)<br />

Receita da<br />

atividade<br />

por ciclo<br />

4,80 211.200,00<br />

PARÂMETROS CUSTO DE OPORTUNIDADE UNIDADE VALOR<br />

Custo de oportunidade total R$ 27.206,86<br />

Custo do capital R$ 25.706,86<br />

Custo da terra R$ 1.500,00<br />

Ciclo de produção dias 304<br />

Custo operacional efetivo R$ 169.371,66<br />

Taxa de remuneração ao mês 1,4%<br />

Terra - valor arrendamento R$/ha 300,00<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES ECONÔMICOS UNIDADE QUANTIDADE<br />

Margem bruta unitária R$/kg 0,95<br />

Lucro operacional R$ 8.103,11<br />

Lucro financeiro R$ 21.042,02<br />

Ponto de equilíbrio do lucro financeiro Kg 39.616,25<br />

Lucratividade % 3,84%<br />

Custo econômico R$ 230.303,75<br />

Lucro econômico R$ -19.103,75<br />

Margem de contribuição R$ 14.621,48<br />

Ponto de equilíbrio da viabilidade Kg 40.953,86<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, com base em dados de Munoz et al. (2014).<br />

retorno obtido é superior àquele que seria gerado por investimentos<br />

alternativos, representados pelo CO.<br />

Nesse sentido, o Ponto de Equilíbrio da Viabilidade (PEV)<br />

representa o nível de produção em que a MC se iguala a zero,<br />

calculando a produtividade mínima que torna a atividade viável<br />

economicamente. Os valores medidos para as variáveis<br />

descritas são observados na Tabela 3.5.<br />

Para o preço de venda de R$ 4,80/kg do tambaqui, a receita<br />

bruta do módulo considerado foi de R$ 211.200,00. O<br />

custo de oportunidade ficou em R$ 27.206,86, a margem<br />

bruta unitária ficou em R$ 0,95/kg, ou seja, para cada 1 kg<br />

de tambaqui produzido foi gerado R$ 0,95 de receita bruta,<br />

antes de descontar a depreciação e o pró-labore. A margem<br />

de contribuição ficou positiva em R$ 14.621,48, indicando<br />

a viabilidade econômica da atividade. Esse indicador seria<br />

zerado com uma produção de 40.953,86 kg, quando seria<br />

atingido o ponto de equilíbrio da viabilidade. A lucratividade<br />

da atividade ficou em 3,84%.<br />

É importante ressaltar que, das avaliações efetuadas, houve<br />

um indicador negativo, o lucro econômico (-R$ 19.103,75), obtido<br />

pela diferença da receita bruta menos o custo econômico.<br />

Este último contempla o valor do Custo de Oportunidade em<br />

seu cálculo. Isso demonstra que, apesar da viabilidade da atividade<br />

produtiva, para os valores considerados de arrendamento<br />

da terra e taxa de retorno do capital, há outras atividades que


54<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 3.6<br />

Principais gargalos tecnológicos da produção de tambaqui e respectivas demandas de pesquisa<br />

GARGALOS TEC<strong>NO</strong>LÓGICOS<br />

Sazonalidade na oferta de alevinos<br />

Baixa eficiência de conversão alimentar e de velocidade de crescimento<br />

Presença de espinhas intramusculares em Y<br />

Alto custo de produção em tanque-rede<br />

AÇÕES DE PESQUISA<br />

Aprimoramento das técnicas de reprodução<br />

Desenvolvimento de rações específicas<br />

Melhoramento genético – linhagens<br />

Desenvolvimento de técnicas e equipamentos para processamento<br />

Melhoramento genético<br />

Aprimoramento de técnicas de manejo<br />

Fonte: Filho; Rodrigues; Rezende (2016).<br />

poderiam dar um maior retorno econômico para o produtor.<br />

Essa situação pode ser revertida, acompanhada da melhora<br />

nos demais indicadores econômicos e financeiros considerados<br />

– ou seja, a elevação da lucratividade e da margem de<br />

contribuição, como no caso de investimentos em tecnologia<br />

para melhorar a eficiência dos sistemas de produção do tambaqui<br />

na região central do Tocantins.<br />

É importante pontuar que, segundo PEDROZA FILHO,<br />

RODRIGUES E REZENDE (2016), o tambaqui é uma espécie<br />

nativa de peixe com pacote tecnológico ainda pouco desenvolvido.A<br />

Tabela 3.6 apresenta os principais gargalos tecnológicos<br />

da cadeia produtiva do tambaqui e as respectivas<br />

ações de pesquisa demandadas, identificadas durante painéis<br />

de discussão do projeto Campo Futuro.<br />

Ainda de acordo com os autores, as múltiplas perspectivas<br />

de avanços tecnológicos fazem do tambaqui a espécie de<br />

maior potencial aquícola do Brasil. E há alguns fatores cujo<br />

desenvolvimento são fundamentais para saltos quantitativos<br />

sustentáveis na produção e na produtividade da espécie:<br />

• Atração de investimentos privados voltados para o aumento<br />

de áreas de cultivo e entrepostos de processamento.<br />

• Políticas públicas de incentivos:<br />

• desburocratização e desoneração para a obtenção de<br />

licenciamentos ambientais;<br />

• facilitação do acesso ao crédito;<br />

• redução de ICMS do pescado e da ração;<br />

• estratégia de promoção e divulgação com adequado<br />

posicionamento do produto no mercado, ressaltando


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 55<br />

as qualidades gastronômicas, fazendo frente, principalmente,<br />

aos pescados importados.<br />

• Adoção de estratégias técnicas para incremento de produtividade<br />

e manutenção das condições ambientais<br />

para a produção:<br />

• plano para a prática efetiva do vazio sanitário pelos<br />

produtores – expurgo e preparação do viveiro entre<br />

ciclos de produção. A ausência da prática pode levar<br />

ao surgimento de problemas fitossanitários decorrentes<br />

do acúmulo de matéria orgânica ou pela possível<br />

disseminação de patógenos devido ao compartilhamento<br />

de redes de despesca, sem limpeza adequada,<br />

entre piscicultores;<br />

• adoção de tecnologias (a exemplo do cultivo de tilápia)<br />

para incremento de produtividade, como o cultivo bifásico<br />

(que intensifica o nº de ciclos produtivos por<br />

ano) e sistema de aeração;<br />

• melhoria na gestão do manejo alimentar e desempenho<br />

produtivo;<br />

• melhoria na organização do sistema produtivo.<br />

De acordo com PEDROZA FILHO et al. (2015), a aquicultura<br />

brasileira, principalmente na cadeia produtiva da tilápia,<br />

vivencia uma rápida profissionalização a partir da intensificação<br />

tecnológica dos cultivos, o que provoca aumento nos<br />

custos de produção, mas, em contrapartida, oferece ganhos<br />

significativos de produtividade.<br />

Diante do exposto, através da análise de sensibilidade, foi<br />

possível simular cenários de elevação de produtividade e seus<br />

respectivos impactos nos indicadores econômicos e financeiros,<br />

mantidas as demais variáveis constantes. Os resultados<br />

são apresentados na Tabela 3.7.<br />

Observa-se que, por meio de um incremento de 10% na produtividade,<br />

o lucro econômico torna-se positivo. Ou seja, uma<br />

produtividade média de 0,97kg/m 2 /ciclo torna a produção do<br />

tambaqui mais competitiva que outras, o que seria um incentivo<br />

para a atração de novos investidores. Nessa situação, a lucratividade<br />

é de 12,58% e a margem de contribuição, de R$ 35.741,48.<br />

A análise de sensibilidade para a variável preço também<br />

se mostra importante ao demonstrar potenciais impactos no<br />

caso da oscilação do preço do Tambaqui, apresentando cenários<br />

positivos ou adversos que os empresários devem estar<br />

preparados para superar. Para essa análise, foram considerados<br />

impactos nos preços de -10%, -5%, 5% e 10%. Os resultados<br />

são apresentados na Tabela 3.8.<br />

Observa-se que uma pequena oscilação negativa no preço<br />

(-5%) já seria o suficiente para tornar a lucratividade da atividade<br />

negativa; e uma redução de 10% a inviabiliza economicamente,<br />

uma vez que a margem de contribuição passa a ser<br />

negativa (-R$ 6.498,52).


56<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 3.7<br />

Análise de sensibilidade para a variável produtividade, com incrementos de 5%, 10%, 15% e 20%; e seus respectivos impactos nos indicadores<br />

econômicos e financeiros<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS E ECONÔMICOS UNIDADE QUANTIDADE QTDE (+5%) QTDE (+10%) QTDE (+15%) QTDE (+20%)<br />

Qtde peixe produzido em 1 ciclo kg 44.000,00 46.200,00 48.400,00 50.600,00 52.800,00<br />

Preço do peixe pago ao produtor R$/kg 4,80 4,80 4,80 4,80 4,80<br />

PRODUTIVIDADE MÉDIA KG/M2/CICLO 0,88 0,92 0,97 1,01 1,06<br />

Receita bruta por ciclo R$ 211.200,00 221.760,00 232.320,00 242.880,00 253.440,00<br />

Custo operacional efetivo R$ 169.371,66 169.371,66 169.371,66 169.371,66 169.371,66<br />

Custo operacional total R$ 203.096,89 203.096,89 203.096,89 203.096,89 203.096,89<br />

Lucro operacional R$ 8.103,11 18.663,11 29.223,11 39.783,11 50.343,11<br />

Lucro financeiro R$ 21.042,02 31.602,02 42.162,02 52.722,02 63.282,02<br />

Custo de oportunidade R$ 27.206,86 27.206,86 27.206,86 27.206,86 27.206,86<br />

Custo econômico R$ 230.303,75 230.303,75 230.303,75 230.303,75 230.303,75<br />

Lucro econômico R$ -19.103,75 -8.543,75 2.016,25 12.576,25 23.136,25<br />

Margem de contribuição R$ 14.621,48 25.181,48 35.741,48 46.301,48 56.861,48<br />

Lucratividade % 3,84% 8,42% 12,58% 16,38% 19,86%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

comparativo com outras regiões<br />

A elevação na demanda por pescados no mercado brasileiro<br />

tem atraído novos investidores para a atividade. No caso do<br />

tambaqui, PEDROZA FILHO, RODRIGUES E REZENDE (2016)<br />

argumentam que os principais atrativos aos piscicultores incluem:<br />

• facilidade de obtenção de juvenis;<br />

• bom potencial para crescimento em função do hábito alimentar<br />

onívoro-filtrador e grande porte, características que<br />

permitem, quando bem manejado, rápido ganho de peso;<br />

• alta rusticidade;<br />

• grande aceitação pelo mercado consumidor que ganha


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 57<br />

<br />

TABELA 3.8<br />

Análise de sensibilidade para a variável preço, consideradas oscilações nos preços de -10%, -5%, +5% e +10%; e seus respectivos impactos nos<br />

indicadores econômicos e financeiros<br />

INDICA<strong>DO</strong>RES TÉCNICOS E ECONÔMICOS UNIDADE PREÇO (-10%) PREÇO (-5%) PREÇO PREÇO (+5%) PREÇO (+10%)<br />

Qtde peixe produzido em 1 ciclo kg 44.000,00 44.000,00 44.000,00 44.000,00 44.000,00<br />

PREÇO <strong>DO</strong> PEIXE PAGO AO PRODUTOR R$/KG 4,32 4,56 4,80 5,04 5,28<br />

Produtividade média Kg/m2/ciclo 0,88 0,88 0,88 0,88 0,88<br />

Receita bruta por ciclo R$ 190.080,00 200.640,00 211.200,00 221.760,00 232.320,00<br />

Custo operacional efetivo R$ 169.371,66 169.371,66 169.371,66 169.371,66 169.371,66<br />

Custo operacional total R$ 203.096,89 203.096,89 203.096,89 203.096,89 203.096,89<br />

Lucro operacional R$ -13.016,89 -2.456,89 8.103,11 18.663,11 29.223,11<br />

Lucro financeiro R$ -77,98 10.482,02 21.042,02 31.602,02 42.162,02<br />

Custo de oportunidade R$ 27.206,86 27.206,86 27.206,86 27.206,86 27.206,86<br />

Custo econômico R$ 230.303,75 230.303,75 230.303,75 230.303,75 230.303,75<br />

Lucro econômico R$ -40.223,75 -29.663,75 -19.103,75 -8.543,75 2.016,25<br />

Margem de contribuição R$ -6.498,52 4.061,48 14.621,48 25.181,48 35.741,48<br />

Lucratividade % -6,85% -1,22% 3,84% 8,42% 12,58%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

impulso com a redução dos estoques naturais desse peixe<br />

e a qualidade superior do produto de cativeiro. Tem<br />

crescido o interesse do consumidor por cortes de peixe<br />

mais elaborados, entre os quais o tambaqui se destaca<br />

pela versatilidade, como banda de tambaqui, filé sem<br />

espinhas, costela e lombo sem espinho. Além disso, há<br />

estudos que atestam a aceitabilidade do tambaqui em<br />

mercados que ainda não consomem esse produto expressivamente,<br />

tanto no Brasil quanto no exterior.<br />

A atração de novos empreendimentos, com consequente<br />

aumento da produção, leva a uma maior competição no setor,


58<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 3.9<br />

Indicadores técnicos da produção de tambaqui em viveiro escavado, nos polos analisados pelo projeto Campo Futuro<br />

ITEM TO: CENTRO MT: ALTA FLORESTA<br />

MT: BAIXADA<br />

CUIABANA<br />

RO: ARIQUEMES<br />

RO: PIMENTA BUE<strong>NO</strong><br />

LÂMINA D’ÁGUA (ha) 5 3 2 5 0,5<br />

UNIDADE DE PRODUÇÃO Viveiros Viveiros Viveiros Viveiros Viveiros<br />

NÚMERO DE F<strong>AS</strong>ES Monofásico Monofásico Monofásico Bifásico Monofásico<br />

PESO INICIAL <strong>DO</strong>S ALEVI<strong>NO</strong>S (gramas) 2 2 8 2 4<br />

PESO FINAL <strong>DO</strong>S PEIXES (kg) 1,1 2,3 2 2,5 1,6<br />

DURAÇÃO <strong>DO</strong> CICLO (meses) 10 12 12 11 12<br />

CICLO/A<strong>NO</strong> 1,15 0,91 1,0 1,5 1,0<br />

PRODUÇÃO ANUAL (ton) 50,6 27,6 17 52,5 2,4<br />

AERA<strong>DO</strong>R Não Não Não Não Não<br />

SOBREVIVÊNCIA 80% 88% 85% 70% 91%<br />

NÚMERO DE TIPOS DE RAÇÃO/CICLO 3 4 5 7 3<br />

Fonte: CNA/Embrapa (2016).<br />

com consequente pressão para a redução dos custos. Esse cenário<br />

torna imprescindível uma comparação de perfil de produtor<br />

e de indicadores técnicos e econômicos do Tocantins com as demais<br />

regiões produtoras no Brasil.<br />

O perfil do produtor de tambaqui é bastante variado. No Estado,<br />

encontram-se desde empresas que trabalham com áreas<br />

superiores a 400 hectares de lâmina d`água, produzindo peixes<br />

com peso final de 2,5kg, até a presença de estruturas familiares<br />

que produzem o tambaqui com peso final de 2,5kg ou o tambaqui<br />

“curumim” de 0,8kg para mercados específicos e restritos.<br />

Os dados apresentados na sequência foram extraídos do projeto<br />

Campo Futuro e referem-se a indicadores técnicos-econômicos<br />

da produção de Tambaqui nos principais polos produtivos<br />

do Brasil entre 2014 e 2015:<br />

• Mato Grosso: região do município de Alta Floresta e Baixada<br />

Cuiabana;<br />

• Rondônia: região dos municípios de Ariquemes e Pimenta<br />

Bueno;<br />

• Tocantins: região central.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 59<br />

Na Tabela 3.9, é possível observar que, do ponto de vista<br />

técnico, há regiões produtoras que adotam tecnologias mais<br />

avançadas que o Tocantins, a exemplo da prática do sistema<br />

bifásico em Ariquemes/RO e de taxas de sobrevivência maiores,<br />

como em Pimenta Bueno/RO (91%) e Alta Floresta/MT<br />

(88%). O peso final dos peixes no Tocantins (1,1kg) também<br />

está aquém de demais regiões, com destaque para Ariquemes/RO<br />

(2,5kg) e Alta Floresta/MT (2,3kg). O Tocantins se destaca<br />

pela menor duração do ciclo de produção, em 10 meses.<br />

Do ponto de vista econômico, há regiões com vantagens<br />

competitivas significativas, principalmente no que diz respeito<br />

ao custo da ração (principal componente dos gastos). Enquanto<br />

o Tocantins obtém a ração por um preço médio de R$1,71/<br />

kg, a Baixada Cuiabana/MT consegue por 16,4% mais baixo, a<br />

R$1,43/kg; e Alta Floresta/MT adquire por um valor 7,6% menor,<br />

a R$1,58/kg. Isso tem impacto direto sobre o COE, para o<br />

qual o Tocantins apresenta o maior valor (R$3,98/kg) junto com<br />

Ariquemes/RO; Alta Floresta e Baixada Cuiabana em MT mostram<br />

os menores valores (R$3,56/kg).<br />

Os preços de venda também oscilam conforme a região,<br />

com o menor valor observado em Alta Floresta / MT (R$4,5/<br />

kg) e o maior valor em Pimenta Bueno / RO (R$5,5/kg). O reflexo<br />

é direto na margem bruta da atividade, com menor e maior<br />

valor, respectivamente, observados os mesmos municípios<br />

e equivalente a R$0,94/kg e R$ 1,89/kg – um percentual de<br />

101,1% mais elevado para o segundo (Tabela 3.10).<br />

<br />

TABELA 3.10<br />

Indicadores econômicos da produção de tambaqui em viveiro escavado nos polos analisados pelo projeto Campo Futuro<br />

ITEM TO: CENTRO MT: ALTA FLORESTA MT: BAIXADA CUIABANA RO: ARIQUEMES RO: PIMENTA BUE<strong>NO</strong><br />

% RAÇÃO SOBRE O COE 76% 82% 68% 76% 82%<br />

CUSTO MÉDIO RAÇÃO (R$/KG) 1,71 1,58 1,43 1,7 1,76<br />

CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (R$/KG) 3,98 3,56 3,56 3,98 3,61<br />

CUSTO OPERACIONAL TOTAL (R$/KG) 4,76 4,32 4,22 4,46 5,29<br />

PREÇO DE VENDA (R$/KG) 5,0 4,5 5,0 4,7 5,5<br />

MARGEM BRUTA (R$/KG) 1,01 0,94 1,44 0,73 1,89<br />

Fonte: CNA/Embrapa (2016).


60<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

De uma forma geral, para as cinco regiões avaliadas, podese<br />

considerar que, quanto maior a taxa de sobrevivência dos<br />

peixes (uma proxy do nível do pacote tecnológico adotado)<br />

maior é a margem bruta da atividade. Essa relação pode ser<br />

observada no Gráfico 3.2.<br />

3. 2. Destinos da produção<br />

A produção de pescados do Tocantins não possui muita diversificação<br />

de mercados. Devido à alta informalidade, parte<br />

significante da produção é comercializada em feiras regionais.<br />

Parte da produção é processada pelos frigoríficos locaisque<br />

não possuem volumes expressivos para exportar para<br />

mercados internacionais. Portanto, acabam comercializando<br />

seus produtos em canais de distribuição do Tocantins ou de<br />

outros Estados.<br />

<br />

margem bruta unitária (R$ / kg)<br />

GRáfICO 3.2<br />

Relação entre margem bruta unitária e taxa de sobrevivência em<br />

estados selecionados<br />

2<br />

RO / Pimenta Bueno<br />

1,8<br />

1,6<br />

1,4<br />

1,2<br />

1<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

TO / centro<br />

RO / Ariquemes<br />

MT / Baixada Cuiabana<br />

MT / Alta Floresta<br />

0<br />

60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95%<br />

taxa de sobrevivência (%)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNA/Embrapa (2016).<br />

3. 2. 1. Indústria de processamento<br />

A industrialização no Tocantins ainda está em desenvolvimento,<br />

contando com alguns setores mais à frente que outros.<br />

No ano de 2014, a indústria representava cerca de 17%<br />

do PIB do Estado, sendo que os principais componentes eram<br />

o comércio e serviços, representando cerca de 71% do total.<br />

Partindo desses números, é importante uma análise histórica<br />

para entender sua dinâmica.<br />

Entre os anos de 2004 e 2014, o Tocantins apresentou um<br />

dos maiores crescimentos do País, atingindo taxa de 4,8% ao<br />

ano. A indústria no Estado teve crescimento médio anual ligeiramente<br />

maior, contabilizando um valor de crescimento<br />

médio de 4,9% ao ano enquanto que o setor de comércio e<br />

serviços cresceu a uma taxa média de 5,7% ao ano (FERNAN-<br />

DES, 2016). Tendo em vista que o Estado está em processo de<br />

desenvolvimento, é de se esperar que o primeiro setor a ser


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 61<br />

<br />

GRáfICO 3.3<br />

Composição do PIB da indústria no Tocantins em 2015<br />

Alimentos<br />

Químicos<br />

Minerais não<br />

4%<br />

metálicos<br />

Derivados de<br />

petróleo e<br />

biocombustível<br />

12%<br />

6%<br />

2%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNI (2017).<br />

fortalecido seja o de comércio e serviços, pois é o que dá apoio<br />

à população crescente que está se estabelecendo nas cidades<br />

e centros comerciais.<br />

O elo industrial, no Tocantins conta com 2.227 unidades,<br />

sendo que cerca de 68% delas são microempresas, 11%, de<br />

pequeno porte, 3%, de médio porte e 4%, de grande porte. Os<br />

14% restantes são representados por microempreendedores<br />

individuais (FIETO, 2016). Além da concentração em micro<br />

e pequenas empresas, a industrialização está mais presente<br />

em alguns segmentos. O Gráfico 3.3 mostra a distribuição do<br />

PIB industrial do Estado por segmento.<br />

Como pode ser visto, a indústria da “construção” é a categoria<br />

com maior importância econômica no Estado, seguida<br />

pela “serviços industriais de utilidade pública”. A indústria de<br />

“Alimentação” vem na sequência, contando com 12% do total<br />

do PIB industrial. Esse segmento inclui frigoríficos, laticínios,<br />

beneficiadores de arroz, dentre outros.<br />

Vale mencionar, também, que do total de indústrias do<br />

Estado, apenas 6,5% são exportadoras. Dentre elas, cerca de<br />

30% são do segmento da indústria de transformação.<br />

No caso da piscicultura, apenas uma parte da produção<br />

passa por processamento industrial, o restante é vendido vivo<br />

ou processado de forma artesanal. Os peixes que são abatidos<br />

e beneficiados nos frigoríficos passam por um pré-tratamento,<br />

são lavados e eviscerados. Esses procedimentos são realizados<br />

a fim de limpar as carcaças e evitar contaminações.<br />

Após o pré-tratamento, os peixes podem ser encaminhados<br />

inteiros para os centros de distribuição ou para a etapa seguinte<br />

de beneficiamento, que consiste no corte das cabeças<br />

e caldas, filetagem e, por fim, embalagem.<br />

O Tocantins possui hoje cinco frigoríficos processadores<br />

32%<br />

1%<br />

Couros e calçados<br />

2%<br />

41%<br />

Outros<br />

Serviços industriais<br />

de utilidade pública<br />

Construção


62<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

de pescado em atividade (<strong>TOCANTINS</strong>, 2017b), localizados<br />

principalmente nas regiões centro e sudeste do Estado, onde<br />

grande parte da produção está concentrada. Além desses frigoríficos,<br />

existem ainda três outros frigoríficos que poderão<br />

entrar em funcionamento, um deles está sendo construído<br />

na cidade de Xambioá para atender ao projeto Votorantim. Os<br />

outros dois estão instalados nas cidades de Caseara e Araguacema,<br />

atuando hoje apenas como fornecedores de gelo.<br />

A Figura 3.5 mostra a localização das plantas processadoras<br />

de peixes no Estado do Tocantins<br />

Segundo entrevista com representantes de empresas do<br />

setor de processamento de peixes, a produção já beneficiada<br />

tem como principais destinos os Estados de São Paulo, Goiás,<br />

Pará e Maranhão. Além dos processados que saem do Estado,<br />

grande parte da produção é absorvida pelo mercado interno<br />

do Tocantins, sendo distribuída em grandes redes.<br />

No que diz respeito à fiscalização, quatro dos cinco frigoríficos<br />

atuantes no Tocantins possuem certificados emitidos<br />

pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) (<strong>TOCANTINS</strong>, 2017b).<br />

são eles:<br />

⋆<br />

fIGURA 3.5<br />

Indústrias de beneficiamento de peixes do Tocantins<br />

Aliança do Tocantins<br />

1 Indústria de<br />

beneficiamento<br />

Indústrias em funcionamento<br />

Indústria em potencial<br />

Palmas<br />

1 Indústria de<br />

beneficiamento<br />

Brejinho de Nazaré<br />

1 Indústria de<br />

beneficiamento<br />

Almas<br />

2 Indústrias de<br />

beneficiamento<br />

• Tamborá (Almas)<br />

• Piracema (Almas)<br />

• Barra Mansa (Brejinho de Nazaré)<br />

• Bonutt Fish (Aliança do Tocantins)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de <strong>TOCANTINS</strong> (2017b).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 63<br />

O Serviço de Inspeção Federal (SIF) é o mais alto nível de inspeção<br />

e tem como objetivo assegurar a qualidade de produtos de<br />

origem animal comestíveis e não-comestíveis para comercialização<br />

nacional e internacional. Atualmente, o SIF tem atuação<br />

em mais de cinco mil estabelecimentos brasileiros, e o Brasil<br />

exporta seus produtos para mais de 180 países (BR<strong>AS</strong>IL, 2017a).<br />

O SIF é controlado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária<br />

e Abastecimento (MAPA), sendo que a certificação é fundamental<br />

para indústrias que desejam comercializar seus produtos<br />

em todo o território nacional e em países que reconhecem<br />

esse sistema para importação de produtos brasileiros.<br />

Como foi dito no início, apenas uma parte da produção<br />

de pescado passa por processamento industrial. O restante<br />

é processado de forma artesanal e vendido no comércio informal.<br />

Uma das razões para que isso ocorra são as exigências<br />

que as indústrias devem seguir para obter o SIF. Para ser<br />

detentor do certificado e garantir a qualidade do pescado,<br />

os frigoríficos não podem comprar a produção de peixes de<br />

fornecedores sem licença ambiental. Entretanto, devido aos<br />

custos e à lentidão no processo de licenciamento que pode se<br />

estender por anos, boa parte dos produtores, principalmente<br />

de pequeno e médio porte, permanece na informalidade e<br />

acaba não ofertando suas produções para a indústria.<br />

Além dos problemas de oferta causados pela informalidade<br />

dos produtores, o abastecimento dos frigoríficos do Estado<br />

possui outros entraves. Mesmo os piscicultores de pequeno<br />

e médio porte que são licenciados, frequentemente escoam<br />

suas produções sem realizar o processamento em frigoríficos.<br />

Isto ocorre por diversos fatores, seja por não conseguirem<br />

atender a um volume de produção suficiente para fornecimento<br />

em nível industrial, seja por estarem em regiões distantes<br />

dos entrepostos, mas, sobretudo, devido às menores<br />

margens de lucro nas vendas para a indústria.<br />

Segundo entrevistas, os frigoríficos pagam em média R$<br />

5,00 por quilo de tambaqui sendo que o custo de produção<br />

é de cerca de R$ 4,50/Kg para cultivo em viveiro escavado<br />

ou barragem, e de R$ 5,50/Kg se a produção for realizada em<br />

tanques-rede. Com os custos de produção elevados e baixos<br />

preços de venda, a margem dos pequenos e médios produtores<br />

com a venda para a indústria se torna muito pequena<br />

ou até mesmo inexistente. As análises econômicas desenvolvidas<br />

corroboram com essa situação quando mostram que o<br />

lucro econômico da atividade ainda é negativo em algumas<br />

simulações. Como alternativa, a maioria desses produtores<br />

comercializam pescados em feiras livres e pequenas peixarias,<br />

visando margens mais elevadas.<br />

Considerando os problemas de abastecimento citados acima,<br />

fica claro que o maior gargalo do elo industrial da cadeia<br />

da piscicultura é a oferta de matéria-prima. Com o baixo número<br />

de peixes disponíveis para o abastecimento da indús-


64<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

tria, boa parte dos frigoríficos do Estado está parcialmente<br />

ociosa, operando hoje, segundo entrevistas, com apenas 40%<br />

da capacidade total de produção.<br />

Para reverter a situação, é necessário que o processo para<br />

obtenção de licença ambiental seja simplificado e difundido,<br />

de tal maneira que os produtores de menor porte possam regularizar<br />

suas produções e se tornem aptos para realizar vendas<br />

para os frigoríficos portadores de SIF. Essa foi uma das<br />

medidas adotadas por Rondônia que permitiu que o Estado<br />

aumentasse sua produção de oito mil toneladas por ano para<br />

80 mil toneladas por ano, em um período de apenas cinco<br />

anos (BARBIERO et. al,2017).<br />

Além da informalidade, é necessário melhorar o nível tecnológico<br />

e o acesso dos pequenos produtores à melhores técnicas<br />

de manejo. Assim, será possível ocorrer um uso mais<br />

racional e eficiente dos insumos, além do aumento da produtividade<br />

do pescado durante a engorda e, consequentemente,<br />

uma redução nos custos de produção, permitindo, então, que<br />

os piscicultores de pequeno porte possam ser mais competitivos<br />

e consigam obter margens de lucro economicamente<br />

viáveis no comércio com a indústria.<br />

3. 2. 2. Preços de mercado<br />

Os preços de pescado praticados no mercado brasileiro aumentaram<br />

cerca de 30% de 2013 a 2016 (IBGE,2017). Parte<br />

deste aumento pode ser justificado pelo crescimento do consumo<br />

per capita de pescado que, no Brasil, é motivado pela<br />

busca da população por proteínas mais completas no aspecto<br />

nutricional, e pelo crescimento da piscicultura que vem se estabelecendo<br />

cada vez mais no País. O Gráfico 3.4 mostra a série<br />

histórica de preços médios por quilo de pescado no Brasil.<br />

Analisando os preços por espécie nos principais Estados<br />

produtores, podemos destacar o pintado como o peixe mais<br />

caro dentre os estudados, chegando a custar R$ 13,56/Kg no<br />

Tocantins.<br />

<br />

TABELA 3.11<br />

Preço por espécie nos principais Estados produtores<br />

PREÇO MÉDIO POR ESPÉCIE <strong>NO</strong>S PRINCIPAIS<br />

ESTA<strong>DO</strong>S PRODUTORES 2016 (R$/KG)<br />

TO MT PR RO SC SP<br />

MATRINXÃ 8,50 12,52 10,00 8,70 7,06<br />

PACU E PATINGA 8,54 8,93 6,88 9,39 8,22 6,11<br />

PINTA<strong>DO</strong> 13,56 8,99 16,80 12,39 9,00 12,60<br />

TAMBACU, TAMBATINGA 8,31 7,80 6,59 9,12 4,60 6,06<br />

TAMBAQUI 8,28 7,00 7,36 5,99 9,23 9,09<br />

TILÁPIA 8,50 8,09 5,05 4,96 4,98<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 65<br />

<br />

preços (R$ / Kg)<br />

GRáfICO 3.4<br />

Série histórica dos preços por quilo do pescado no Brasil<br />

11,00<br />

10,00<br />

9,00<br />

8,00<br />

7,00<br />

6,00<br />

5,00<br />

4,00<br />

2013 2014 2015 2016<br />

MATRINXÃ<br />

TAMBACU, TAMBATINGA<br />

PACU E PATINGA<br />

TAMBAQUI<br />

PINTA<strong>DO</strong>S<br />

TILÁPIA<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

Por possuir um pacote tecnológico já bastante avançado<br />

e ser o pescado mais produzido no Brasil, a tilápia foi o peixe<br />

com menor preço médio entre as espécies estudadas, R$<br />

6,30/Kg. Os Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina,<br />

onde a espécie é largamente produzida e ofertada, apresentaram<br />

os menores preços no País. Já Mato Grosso apresentou,<br />

em 2016, uma tilápia com preço alto, custando em média R$<br />

8,09/Kg. Entretanto é importante ressaltar que o Estado teve<br />

uma grande queda de produção dessa espécie nos últimos<br />

dois anos, motivando assim a alta nos preços.<br />

O Tocantins possui preços mais altos que a média nacional<br />

na maioria das espécies analisadas. O tambaqui e tambacu<br />

que são largamente produzidos e, juntos, representam 66%<br />

da produção do Estado, sofreram um aumento nos preços de<br />

48% e 46% respectivamente de 2013 a 2016.<br />

Apesar de o Tocantins possuir preços mais elevados, a margem<br />

de lucro dos produtores, principalmente os pequenos<br />

e médios, é muito baixa. Com investimentos em pesquisa e<br />

tecnologia, capacitação dos produtores e desenvolvimento<br />

dos arranjos produtivos locais, a produção local conseguirá<br />

ganhar escala, possibilitando margens maiores para os produtores<br />

e preços mais competitivos.<br />

3. 3. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio<br />

ao desenvolvimento<br />

Nos parágrafos que seguem, serão destacados os tributos<br />

incidentes na piscicultura do Tocantins, algumas políticas<br />

públicas de apoio ao desenvolvimento no Estado e outras iniciativas<br />

que visam incentivar o estabelecimento do setor de<br />

piscicultura.<br />

Quanto aos tributos, o PIS (Programa de Integração Social) e<br />

Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade So-


66<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

GRáfICO 3.5<br />

Comparação dos preços de pescado no Tocantins e Brasil<br />

25,00<br />

20,00<br />

BR<strong>AS</strong>IL<br />

<strong>TOCANTINS</strong><br />

15,00<br />

10,00<br />

5,00<br />

0<br />

Carpa<br />

Curimatã, Curimbatá<br />

Dourado<br />

Jatuarana, Piabanha e...<br />

Lambari<br />

Matrinxã<br />

Pacu e Patinga<br />

Piau, Piapara, Piauçu, Piava<br />

Pintados<br />

Pirapitinga<br />

Pirarucu<br />

Tambacu, Tambatinga<br />

Tambaqui<br />

Tilápia<br />

Traíra e Trairão<br />

Truta<br />

Tucunaré<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2017).<br />

cial) são tributos federais de caráter social destinados a, respectivamente,<br />

financiar o pagamento do seguro desemprego,<br />

abono e participação na receita dos órgãos e entidades, tanto<br />

para trabalhadores de empresas públicas, como privadas; financiar<br />

a seguridade social, em suas áreas fundamentais, incluindo<br />

a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde<br />

Pública (ECONET, 2017).<br />

O fator gerador do PIS e Cofins é o faturamento mensal, independente<br />

da denominação ou classificação fiscal. Devem<br />

contribuir as pessoas jurídicas de direito privado, sendo que<br />

há duas sistemáticas para a apuração dos valores:<br />

a. Sistemática Cumulativa: não é permitido o aproveitamento<br />

de crédito nas aquisições para abatimento do dé-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 67<br />

bito gerado, apurado a partir da aplicação sobre a base de<br />

cálculo da alíquota total de 3,65%;<br />

b. Sistemática Não Acumulativa: é permitido o aproveitamento<br />

de créditos nas aquisições para abatimento do<br />

débito gerado, apurado a partir da aplicação sobre a base<br />

de cálculo de alíquota total de 9,25%.<br />

Como regra geral, as pessoas jurídicas optantes pelo sistema<br />

de tributação do lucro real estão incluídas na sistemática<br />

não acumulativa, enquanto as pessoas jurídicas tributadas<br />

pelo lucro presumido ficam sujeitas à cumulatividade.<br />

Conforme informações da Econet, dentre as várias situações<br />

em que a lei estabelece o não recolhimento das contribuições<br />

de PIS e Cofins, destaca-se a redução à alíquota zero que<br />

deve ser compreendida como um benefício expressamente<br />

previsto em lei e desvinculado dos benefícios de suspensão,<br />

imunidade, isenção ou não incidência. É o caso, por exemplo,<br />

das espécies de peixe tambaqui (Colossoma macropomum)<br />

e tilápia (Oreochromis spp., Tilapia spp., Sarotherodon spp.,<br />

Danakilia spp.; seus híbridos).<br />

A Tabela 3.12 apresenta os percentuais de PIS e Cofins incidentes<br />

sobre o tambaqui e a tilápia, determinados pelos seus<br />

códigos NCMs consultados no site Alice WEB do Ministério<br />

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (BR<strong>AS</strong>IL, 2017c).<br />

O tambaqui, a tilápia e seus derivados ou subprodutos, também<br />

estão passíveis de isenção da tributação do PIS e Cofins<br />

quando destinados à exportação. Conforme informações da<br />

Econet (2017), segundo o artigo 45 do Decreto n° 4.524/2002,<br />

as seguintes receitas são passíveis de isenção:<br />

a. da exportação de mercadorias para o exterior;<br />

b. de vendas realizadas pelo produtor-vendedor às empresas<br />

comerciais exportadoras nos termos do Decreto-Lei<br />

n° 1.248/72, e alterações posteriores, desde que destinadas<br />

ao fim específico de exportação para o exterior; e<br />

c. de vendas, com fim específico de exportação para o exterior,<br />

a empresas exportadoras registradas na Secretaria<br />

de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior.<br />

O ICMS (Imposto Circulação de Mercadorias e sobre prestações<br />

de Serviços de transporte interestadual, intermunicipal<br />

e de comunicação) é de competência dos Estados e<br />

do Distrito Federal. Sua regulamentação constitucional está<br />

prevista na Lei Complementar 87/1996 (a chamada Lei Kandir),<br />

alterada posteriormente pelas leis complementares<br />

92/1997, 99/1999 e 102/2000.<br />

Com o objetivo de levantar o percentual de ICMS que incide<br />

sobre a produção, distribuição e comercialização e estimar<br />

os incentivos tributários para peixes para os Estados do Tocantins<br />

e Rondônia, utilizou-se a ferramenta da Econet que<br />

elenca todas as referências e informações importantes a se-


68<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 3.12<br />

Percentuais de PIS e Cofins incidentes sobre o tambaqui e tilápia, determinado pelos seus códigos NCMs<br />

NCM<br />

DESCRIÇÃO<br />

0302.89.44 Tambaqui (Colossoma macropomum)<br />

0303.89.64 Tambaqui (Colossoma macropomum)<br />

0302.71.00 Tilápias (Oreochromis spp.)<br />

0302.89.32 Tilápia (Tilapia spp., Sarotherodon spp., Danakilia spp.; seus híbridos)<br />

0303.23.00 Tilápia (Oreochromis spp.)<br />

0303.89.52 Tilápia (Tilapia spp., Sarotherodon spp., Danakilia spp.; seus híbridos)<br />

0304.31.00 Tilápia (Oreochromis spp.)<br />

0304.61.00 Tilápia (Oreochromis spp.)<br />

ALÍQUOTA<br />

REGIME DE TRIBUTAÇÃO PIS COFINS DISPOSITIVO LEGAL<br />

Simples Nacional Vide observações. Vide observações. Lei Complementar nº 123/2006<br />

Regime cumulativo 0,00% 0,00% Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XX<br />

Regime não cumulativo 0,00% 0,00% Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XX<br />

SIMPLES NACIONAL - As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional não se beneficiam da alíquota zero do PIS e da Cofins sobre as receitas de vendas de mercadorias,<br />

devido à impossibilidade de utilizar ou destinar qualquer valor a título de incentivo fiscal (Lei Complementar nº 123/2006, artigo 24).<br />

A tributação do PIS e da Cofins será determinada mediante aplicação das alíquotas constantes dos Anexos I (revenda de mercadorias) ou II (venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte), conforme a<br />

atividade realizada pela pessoa jurídica.<br />

NCM<br />

DESCRIÇÃO<br />

0301.99.11 Tilápia (Tilapia spp., Oreochromis spp., Sarotherodon spp., Danakilia spp.; seus híbridos)<br />

0301.99.91 Tilápia (Tilapia spp., Oreochromis spp., Sarotherodon spp., Danakilia spp.; seus híbridos)


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 69<br />

ALÍQUOTA<br />

REGIME DE TRIBUTAÇÃO PIS COFINS DISPOSITIVO LEGAL<br />

Simples Nacional Vide observações Vide observações Lei Complementar nº 123/2006<br />

Regime cumulativo 0,65% 3,00% Lei nº 9.715/98, artigo 8º, inciso I; Lei nº 9.718/98, artigo 8º<br />

Regime não cumulativo 1,65% 7,60% Lei nº 10.637/2002, artigo 2º; Lei nº 10.833/2003, artigo 2º<br />

SIMPLES NACIONAL - A tributação do PIS e da Cofins será determinada mediante aplicação das alíquotas constantes dos Anexos I (revenda de mercadorias) ou II (venda de mercadorias industrializadas pelo<br />

contribuinte), conforme a atividade realizada pela pessoa jurídica.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, consulta a dados Econet (2017).<br />

rem observadas, para fins e determinação da alíquota a ser aplicada<br />

nas operações internas e dos benefícios fiscais existentes<br />

(reduções de base de cálculo, isenções, créditos outorgados), de<br />

acordo com a mercadoria ou serviço (Tabela 3.13).<br />

Como pode ser visto na tabela, o Estado do Tocantins não<br />

possui nenhum benefício de ICMS para peixes criados em cativeiro.<br />

Dessa maneira, a alíquota incidente é a presente na regra<br />

geral, ou seja, 18%. Já para Rondônia observa-se o benefício de<br />

isenção de ICMS para pirarucu, tambaqui, pintado e jatuarana<br />

frescos, resfriados ou congelados.<br />

Estando fortemente relacionadas com os benefícios fiscais, as<br />

políticas de desenvolvimento são medidas que podem ser tomadas<br />

no âmbito estadual para favorecer e incentivar o desenvolvimento<br />

de áreas específicas no Estado. Um dos objetivos buscados<br />

com o desenho de políticas específicas é o de aumentar a<br />

atratividade de determinado Estado para novos investimentos,<br />

ou desenvolver algum elo da cadeia de interesse econômico para<br />

o Estado, visando seu constante desenvolvimento.<br />

O Tocantins já foi incluído em diversos programas de desenvolvimento<br />

tanto focados no agronegócio, como em programas<br />

mais abrangentes. Alguns são destacados:<br />

• Avança Brasil – um dos precursores do Programa de Aceleração<br />

do Crescimento (PAC), o programa focou em ações de<br />

desenvolvimento da infraestrutura e aumento da competitividade<br />

do setor produtivo (LIMA, 2014);<br />

• Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) –<br />

estruturaram instâncias de representação, e avançaram no<br />

incremento da infraestrutura, inovação e fortalecimento de<br />

Arranjos Produtivos Locais (APLs), além de ofertar crédito<br />

(LIMA, 2014);<br />

• Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) –


70<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 3.13<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para peixes e seus derivados para os Estados do Tocantins e Rondônia<br />

ALÍQUOT<strong>AS</strong> INTERN<strong>AS</strong> E BENEFÍCIOS FISCAIS – ICMS<br />

PRODUTO: PEIXE<br />

ESTA<strong>DO</strong>: <strong>TOCANTINS</strong> 1<br />

BENEFÍCIO DESCRIÇÃO OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Redução de base de cálculo<br />

NCM: 8438.80.20 e NCM 8438.80.90.<br />

Máquinas, aparelhos e equipamentos<br />

industriais: máquinas e aparelhos para a<br />

preparação de peixes, moluscos e crustáceos<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

Nas operações internas e interestaduais, destinadas a consumidor ou usuário final, não contribuinte do<br />

ICMS, a base de cálculo será reduzida para 48,89%.<br />

Nas demais operações interestaduais, a base de cálculo será reduzida para 73,34%.<br />

Benefício válido até 30.09.2019.<br />

Isenção<br />

Insumos agropecuários: farinhas de peixe<br />

e de ostra.<br />

Internas<br />

Manutenção do crédito do imposto em relação às entradas.<br />

1 Obs: na hipótese de não haver previsão de alíquota específica, será cabível a aplicação da regra geral - alíquota de 18%, conforme expresso no artigo 27, inciso II, do Código Tributário do Estado (Lei n° 1.287/2001).<br />

ESTA<strong>DO</strong>: RONDÔNIA 2<br />

Isenção<br />

Pirarucu, tambaqui, pintado e jatuarana<br />

criados em cativeiro, sejam frescos,<br />

resfriados ou congelados, bem como suas<br />

carnes e partes in natura.<br />

Internas e<br />

interestaduais<br />

A isenção aplica-se também ao pirarucu capturado em reservas ambientais auto-sustentáveis, desde<br />

que a atividade esteja autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais<br />

Renováveis (IBAMA).<br />

A isenção não se aplica aos produtos resultantes da industrialização cuja saída interestadual se der por<br />

frigorífico ou estabelecimento similar que possuam produtos com selo de aprovação do Serviço de<br />

Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).<br />

2 Obs: na hipótese de não haver previsão de alíquota específica, será cabível a aplicação da regra geral - alíquota de 17,5%, conforme expresso no artigo 12, inciso I, alínea “e”, do RICMS/RO.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

financiado com recursos do BIRD, o projeto previa ações de<br />

desenvolvimento de infraestrutura rural e de meio ambiente<br />

(LIMA, 2014);<br />

• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – criado em<br />

2007, ele estava direcionado a grandes obras de infraestrutura<br />

do País (BR<strong>AS</strong>IL, 2017b).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 71<br />

Todos esses exemplos demonstram que, no Estado, grande<br />

parte das políticas de apoio ao desenvolvimento tiveram seu<br />

foco no fortalecimento do setor produtivo.<br />

Ao mesmo tempo, incentivos fiscais também são utilizados<br />

na atração de investimentos no Estado, como é possível observar<br />

pelos programas evidenciados na Cartilha de Incentivos<br />

Fiscais do Tocantins e resumidos a seguir (CDE/Seden,<br />

2017).<br />

proindústria<br />

Estimula indústrias locais com interesse em implantação<br />

e expansão.<br />

• Isenta o ICMS na aquisição de matéria-prima e insumos,<br />

nas vendas destinadas a órgãos públicos, na energia elétrica,<br />

nas operações internas e importações de equipamentos<br />

e no devido por diferencial de alíquota das operações<br />

de ativo fixo.<br />

• Concede crédito presumido de 100% do valor do ICMS<br />

na prestação de serviços interestaduais com industrializados.<br />

• Incide sobre carga tributária de 75% do valor de ICMS<br />

apurado e contribui com 0,3%, sobre o faturamento<br />

mensal incentivado, para o Fundo de Desenvolvimento<br />

Econômico (FDE).<br />

prosperar<br />

Estimula empresas locais com interesse em implantação,<br />

revitalização e expansão de unidade industrial, agroindustrial<br />

e comercial atacadista.<br />

• Financia 75% do ICMS durante a realização do projeto.<br />

• Isenta do ICMS na aquisição de ativo permanente, na<br />

energia elétrica e serviços de comunicação (nos cinco<br />

anos do Prosperar), no devido por diferencial de alíquota<br />

nas aquisições de ativo fixo, nas operações com ativos<br />

fixo e nas importações de ativo fixo.<br />

• Redução do ICMS em 50% no consumo de energia elétrica<br />

e serviços de comunicação e até em 95% do valor da<br />

parcela para pagamento antecipado.<br />

• Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao FDE.<br />

prologística<br />

Empresas de logística, distribuição e transporte aéreo do Tocantins<br />

que operem em centro logístico ou distrito empresarial<br />

com transporte de carga, agenciamento e armazenamento<br />

de produtos próprios ou de terceiros para distribuição, exceto<br />

quando as atividades forem realizadas separadamente.<br />

• Concede por 10 anos e condicionado ao devido recolhimento<br />

de imposto no prazo:


72<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

• Para empresas de logística e transporte aéreo e hidroviário,<br />

75% nas prestações internas e interestaduais<br />

aplicado sobre o saldo devedor do ICMS das prestações<br />

realizadas.<br />

• Para transporte aéreo de carga e transporte aéreo e<br />

hidroviário de cargas e passageiros, 3% das saídas<br />

internas de combustível de aviação, desde que mantenha<br />

voos regulares procedentes de aeroportos em<br />

território do Estado do Tocantins.<br />

Dado o grande potencial da piscicultura já identificado no<br />

Estado do Tocantins, diversos estudos e pesquisas já foram<br />

desenvolvidos por importantes órgãos de apoio ao desenvolvimento.<br />

No ano de 2014, a Embrapa Pesca e Aquicultura desenvolveu<br />

o Diagnóstico da Cadeia Produtiva da Piscicultura no<br />

Estado do Tocantins (FILHO; BARROSO; FLORES, 2014) que<br />

traz descrição detalhada de como a cadeia está estruturada<br />

no Estado, alguns desafios e sugestões de estratégias que poderiam<br />

ser adotadas pela cadeia.<br />

Mapeamento de Arranjos Produtivos Locais, realizado<br />

pelo Instituto de Desenvolvimento Regional da Universidade<br />

Federal do Tocantins, além de mapear todos os APLs do Estado,<br />

mostrou que o APL de Aquicultura e Pesca tem grande<br />

atratividade, ou seja, sua implementação e crescimento são<br />

altamente factíveis e trariam muitos ganhos para a cadeia.<br />

Outra iniciativa de grande importância para a piscicultura<br />

no Estado do Tocantins é o Censo da Piscicultura, que tem sua<br />

previsão de lançamento para 2018. Esforços no sentido de<br />

agregar e disponibilizar dados de uma cadeia produtiva são<br />

fundamentais quando se objetiva impulsionar o setor.<br />

A união de políticas públicas adequadas, benefícios fiscais<br />

que incentivem o setor e iniciativas de organizações públicas<br />

e privadas em prol do desenvolvimento são fundamentais<br />

para o crescimento da piscicultura tocantinense.<br />

A Figura 3.6 traz exemplos de organizações públicas e privadas<br />

que têm parte de seu escopo no desenvolvimento estadual,<br />

principalmente relacionadas à aquicultura e piscicultura.<br />

3. 4. Associativismo, cooperativismo e modelos de<br />

integração<br />

3. 4. 1. Associativismo e cooperativismo<br />

Tanto o associativismo como o cooperativismo são formas<br />

de governança que organizam classes com interesses semelhantes<br />

para a realização de ações em conjunto.<br />

A diferença entre associação e cooperativa está fundamentalmente<br />

na natureza de negócio. Enquanto a associação tem<br />

o escopo de representatividade social, representação política,<br />

defesa dos interesses da classe, entre outras características,


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 73<br />

⋆<br />

fIGURA 3.6<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico<br />

RONDÔNIA <strong>PARA</strong>NÁ SÃO PAULO <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong><br />

UNIVERSIDADES<br />

COOPERATIV<strong>AS</strong><br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÕES<br />

FUNDAÇÕES E<br />

INSTITUIÇÕES<br />

COOPESCAR<br />

ACRIPAR<br />

COOPERMAR<br />

Associação de<br />

Criadores de Peixes de<br />

Ariquemes e Região<br />

COOPERATINS<br />

ACAR<br />

Piscicultura<br />

Associação de<br />

Piscicultores de Almas<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


74<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

a cooperativa possui fins comerciais que visam gerar renda<br />

para melhorar os serviços prEstados aos cooperados. Esse<br />

caráter comercial viabiliza vários tipos de negócios entre os<br />

cooperados e o mercado (SEBRAE, 2017).<br />

Um dos grandes benefícios da organização de produtores<br />

em associações é o aumento da competitividade, principalmente<br />

dos pequenos e médios que, sozinhos podem não ter<br />

acesso à informação, serviços, entre outros. O maior acesso à<br />

informação e consequente capacitação dos produtores tende<br />

a melhorar o desempenho da sua atividade.<br />

As cooperativas possuem funções que vão desde a compra<br />

e venda de insumos agrícolas, a comercialização da produção<br />

de seus cooperados, o incentivo da atividade rural por meio da<br />

concessão de crédito ao cooperado (existem linhas específicas<br />

de crédito para cooperativas) até a agregação de valor ao produto<br />

do cooperado por meio da verticalização, ou seja, da aquisição<br />

e controle de indústrias de processamento. Além disso, as cooperativas<br />

podem ser controladas pelos próprios cooperados,<br />

possuem um menor custo operacional e seus membros podem<br />

se beneficiar com a distribuição de sobras ou excedentes.<br />

Apesar da importância do associativismo e do cooperativismo,<br />

esses elos ainda são pouco expressivos na pisicultura do<br />

Tocantins. Foram mapeadas, por meio de entrevistas e pesquisas<br />

de dados secundários, quatro associações vinculadas<br />

à piscicultura no Estado do Tocantins, sendo elas a Associação<br />

dos Piscicultores de Almas, a Associação dos Piscicultores<br />

de Divinópolis, a Associação dos Piscicultores e Aquicultores<br />

de Guaraí (<strong>AS</strong>SPAG) e a Associação/Projeto Bom Peixe.<br />

Apesar da criação das associações citadas, a baixa cultura<br />

associativista encontrada no Estado é um obstáculo para o<br />

crescimento e fortalecimento do segmento. A Associação dos<br />

Piscicultores de Almas, por exemplo, após ser constituída em<br />

2008, recebeu incentivos do Ministério da Pesca e Aquicultura<br />

(instalação de fábrica de gelo com capacidade de produção<br />

de 1.200 kg por dia), Embrapa, Senar, Sebrae e do Ruraltins,<br />

porém a baixa participação e apoio dos próprios piscicultores<br />

foi importante limitador de seu crescimento (SILVA et al.,<br />

2014).<br />

A situação do cooperativismo na piscicultura tocantinense<br />

parece ser similar à vivenciada nas associações, ou seja, existem<br />

cooperativas no Estado, porém de baixa expressividade.<br />

Através de entrevistas e pesquisas em dados secundários, foi<br />

possível identificar duas cooperativas relacionadas ao setor<br />

de piscicultura no Tocantins, sendo elas a Cooperativa dos<br />

Aquicultores do Tocantins (Cooperaqui) e a Cooperativa dos<br />

Pescadores e Piscicultores do Médio Tocantins (Cooperatins)<br />

tendo como datas de fundação o ano de 2007 e 2011, respectivamente.<br />

No âmbito nacional, a Associação Brasileira da Piscicultura<br />

- Peixe BR - desempenha papel de destaque na coordenação


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 75<br />

do setor, tendo como associados agentes dos diversos elos da<br />

cadeia, inclusive associações e cooperativas estaduais. Seus<br />

pilares de trabalho incluem produção, sustentabilidade, pesquisa<br />

e desenvolvimento, educação, comunicação, assuntos<br />

regulatórios e relações governamentais.<br />

Suas ações objetivam a melhoria da competitividade da piscicultura<br />

nacional, a promoção de ações em conjunto com o<br />

MAPA e IBGE, o aumento da regularização do setor, a ampliação<br />

da transparência principalmente por meio do levantamento<br />

e divulgação de dados, além de ações relacionadas ao acesso<br />

na concessão de crédito. A Peixe BR figura como importante<br />

elo entre indústria e produção e, apesar de ter atuação em todo<br />

o território nacional, não conta com nenhuma associação ou<br />

cooperativa do Tocantins no seu quadro de associados.<br />

3. 4. 2. Modelos de integração<br />

Como já evidenciado, a piscicultura no Estado do Tocantins<br />

ainda conta com poucas iniciativas no sentido de integrar<br />

os elos de sua cadeia. O fortalecimento da produção e da indústria<br />

é dependente de melhorias na sua coordenação. Para<br />

conceituar um interessante modelo de integração existente,<br />

os parágrafos que seguem farão referência à cadeia de suínos<br />

que, historicamente, teve ganhos expressivos por aumentar a<br />

coordenação entre seus elos.<br />

Atualmente, a suinocultura no Brasil conta com diferentes<br />

modelos de produção. Regionalmente, observam-se padrões<br />

variados de ocorrência, uma vez que as características locais<br />

como tamanho médio das propriedades, oferta de insumos<br />

necessários à produção e perfil das agroindústrias influenciam,<br />

diretamente, na viabilidade dos diferentes modelos e<br />

manutenção do sistema de manejo escolhido (NEVES et al.,<br />

2016).<br />

Nota-se que, na suinocultura, dois modelos de produção<br />

emergiram da necessidade de adaptação demandada pelo<br />

mercado: o modelo centralizado nas cooperativas e o sistema<br />

de produção integrada. Apesar de o modelo de cooperativas<br />

ser expressivo para a suinocultura, principalmente na<br />

região sul do País, o modelo de integração é o que mais tem<br />

crescido, seja pela maior segurança que oferece ao produtor<br />

ou pela concentração da agroindústria que utiliza o modelo<br />

como forma de controlar os custos de produção, obter altos<br />

índices de produtividade por meio da especialização, controlar<br />

a qualidade dos insumos necessários conforme o mercado<br />

alvo do produto final, otimizar processos logísticos e garantir<br />

o abastecimento das suas indústrias e mercados consumidores<br />

(NEVES et al., 2016).<br />

No modelo cooperativista, os suinocultores se organizam<br />

em uma estrutura jurídica de cooperativa, arrendam ou terceirizam<br />

o abate de seus animais e podem até criar marca


76<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

própria para ter acesso ao mercado consumidor. O modelo<br />

de cooperativas para a suinocultura já é bem consolidado,<br />

tendo sido aprimorado com o passar dos anos. Para cooperativas<br />

que ainda não possuem o modelo estabelecido, um<br />

dos principais desafios é a gestão e governança do negócio,<br />

que, na maioria das vezes, são conduzidas pelos próprios<br />

produtores.<br />

No modelo de produção integrada, a pessoa jurídica é a<br />

agroindústria, sendo o suinocultor um importante fornecedor<br />

com especialização em alguma função da atividade produtiva.<br />

Esse modelo organizacional insere o suinocultor em uma<br />

relação na cadeia produtiva já vinculada a suprir uma parte<br />

da demanda da agroindústria. Por essa razão, o agente econômico<br />

principal (a agroindústria) geralmente coordena os<br />

principais insumos necessários à produção, como nutrição<br />

animal e assistência técnica, delegando ao suinocultor a gestão<br />

adequada da granja e dos ativos a ele delegado, como as<br />

matrizes e leitões produzidos. No modelo integrado, o produtor<br />

é um especialista em prover serviços, salvaguardando<br />

a propriedade da indústria, que são os suínos em produção<br />

(NEVES et al., 2016).<br />

Tendo em vista o perfil da piscicultura do Estado do Tocantins<br />

e a baixa cultura cooperativista existente, acredita-se que o<br />

modelo de produção integrada, coordenado pelas indústrias de<br />

processamento, seja a alternativa mais eficiente no curto prazo,<br />

trazendo benefícios para as plantas que possuem capacidade<br />

ociosa e para os piscicultores que enfrentam dificuldade na comercialização<br />

de seu produto e margem do negócio.<br />

O Frigorífico Piracema e o Sebrae já possuem uma iniciativa<br />

nesse sentido. Está sendo estruturado um modelo de<br />

produção integrada, no qual o frigorífico passará a fornecer<br />

ração aos produtores parceiros, garantir a compra dos peixes<br />

produzidos e auxiliar os produtores integrados na obtenção<br />

de crédito. Essa é uma iniciativa que pode ser replicada para<br />

outras plantas do Estado.<br />

3. 5. Resumo das forças e fraquezas do Estado do<br />

Tocantins<br />

Após amplo diagnóstico da piscicultura no Estado do Tocantins,<br />

tem-se o Quadro 3.1 que resume suas principais forças<br />

e fraquezas nos mais variados aspectos analisados.<br />

<br />

QUADRO 3.1<br />

Forças e fraquezas do Estado do Tocantins<br />

fORÇ<strong>AS</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

• O Tocantins é um Estado localizado no centro do País, próximo a grandes centros<br />

consumidores, como Brasília, Goiânia, Maranhão e Pará.<br />

• Evolução da malha rodoviária pavimentada.<br />

• Rodovia Belém-Brasília.<br />

• PELT.<br />

• PROLOGÍSTICA.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 77<br />

RECURSOS HÍDRICOS<br />

• Possui grande disponibilidade hídrica:<br />

• Reservatórios das usinas hidrelétricas de Lajeado e Peixe-Angical<br />

• Bacias hidrográficas dos rios Araguaia e Tocantins<br />

• 30.282 ha de lâmina d’água com potencial para prática da piscicultura.<br />

CARACTERÍSTIC<strong>AS</strong> EDAFOCLIMÁTIC<strong>AS</strong><br />

• Temperatura elevada durante o ano todo, ideal para diversas espécies de peixes.<br />

• Boa incidência de luz ao longo do ano.<br />

INDÚSTRIA DE BENEFICIAMENTO<br />

• Dos cinco abatedouros em funcionamento, quatro são certificados pelo SIF e um<br />

com SIM.<br />

• Indústrias de beneficiamento com capacidade de ampliação sem a necessidade de<br />

altos investimentos.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS ECONÔMICOS E POLÍTICOS<br />

• Programas de incentivo ao desenvolvimento estadual: PROINDÚSTRIA, PROS-<br />

PERAR, PROLOGÍSTICA.<br />

• Políticas federais específicas para a região MATOPIBA.<br />

• Possibilidade de sinergia com outras atividades.<br />

• Expertise na produção de peixes nativos.<br />

AÇÕES COLETIV<strong>AS</strong><br />

• O Estado conta iniciativas de associações de produtores como a Associação dos<br />

Piscicultores de Almas, Associação dos Piscicultores de Divinópolis, Associação<br />

dos Piscicultores e Aquicultores de Guaraí (<strong>AS</strong>SPAG) e a Associação/Projeto Bom<br />

Peixe, em Sucupira.<br />

• O Estado conta com iniciativas de duas cooperativas no segmento: Cooperaqui<br />

e Cooperatins.<br />

• Mapeamento de APLs mostrando forte atratividade para a implementação de<br />

um APL de piscicultura.<br />

PRODUÇÃO, <strong>AS</strong>SISTÊNCIA TÉCNICA E TEC<strong>NO</strong>LOGIA<br />

• A unidade de pesca e aquicultura da Embrapa está instalada em Palmas, permitindo<br />

uma maior proximidade entre os produtores e a instituição.<br />

• Eventos realizados pela UFT oferecem melhora na especialização dos produtores,<br />

com dias de campo e encontros técnicos.<br />

• Técnicos do Ruraltins são fundamentais na prestação de assistência técnica aos<br />

piscicultores.<br />

• Tocantins conta com dez estações de alevinagem bem distribuídas pelo Estado e<br />

com excelente qualidade em suas produções.<br />

fRAQUEZ<strong>AS</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

• Aeroporto principal sem estrutura para cargas.<br />

• Baixo fornecimento de gelo para pequenos produtores.<br />

• Rodovias e estradas vicinais em más condições de conservação.<br />

• Falta de recursos para investimentos na malha rodoviária.<br />

• Rodovias mantidas pelo Estado (sem concessões).<br />

• Apenas duas pontes ligam as margens do rio Tocantins, limitando a logística de<br />

um lado para o outro.<br />

CARACTERÍSTIC<strong>AS</strong> EDAFOCLIMÁTIC<strong>AS</strong><br />

• Chuvas irregulares e longos períodos de seca.<br />

AÇÕES COLETIV<strong>AS</strong><br />

• Apesar de o Estado ter iniciativas no associativismo e cooperativismo, esses segmentos<br />

ainda não possuem forte atuação junto ao setor.<br />

• Falta de parcerias estratégicas e estruturas de governança como APLs.<br />

• Baixa organização entre produtores que possuem baixo poder de barganha.<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

• Dificuldade de obtenção de financiamento de longo prazo.<br />

• Abatedouros públicos desativados, devido a problemas de gestão.<br />

• Concentração de abatedouros privados no centro e sudeste, porém pouca representatividade<br />

industrial em outras regiões do Estado.<br />

• Poucos fornecedores de ração no Estado.<br />

• Plantas de processamento trabalham com capacidade ociosa, devido à falta de<br />

matéria-prima (peixe).


78<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<strong>AS</strong>PECTOS ECONÔMICOS E POLÍTICOS<br />

• Dificuldade na obtenção de linhas de crédito para custeio da produção.<br />

• Baixa adesão ao licenciamento ambiental, devido ao processo longo e burocrático<br />

para sua obtenção.<br />

• Políticas de incentivo fiscal de curta duração não favorecem investimentos à longo<br />

prazo.<br />

• Linha de crédito com carência de apenas seis meses, tempo menor do que o ciclo<br />

do tambaqui, peixe mais produzido na região.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS SOCIAIS<br />

• Alto índice de informalidade entre os pequenos produtores, o que limita a oferta<br />

de peixes aos frigoríficos.<br />

• Falta de mão de obra técnica no Estado.<br />

• Grande parte da mão de obra do Estado, principalmente a qualificada e empregada<br />

na administração pública.<br />

• Dificuldade de assistência técnica principalmente para os pequenos produtores.<br />

<strong>AS</strong>PECTOS DE PRODUÇÃO E MERCA<strong>DO</strong>LÓGICOS<br />

• Falta de padronização dos peixes produzidos.<br />

• Aspectos negativos na informalidade de produtores menores.<br />

• Margem de lucro baixa nas espécies mais produzidas.<br />

• Irregularidade na oferta de produtores menores.<br />

• Grande ocorrência de comércio informal de peixes em feiras, uma vez que remunera<br />

os produtores melhor que os frigoríficos.<br />

• Baixa competitividade em regiões com grande potencial de demanda como Sul<br />

e Sudeste, devido à incidência de ICMS.<br />

• Parques aquícolas operando muito abaixo do potencial total de 200.000 toneladas<br />

por ano.<br />

<strong>AS</strong>SISTÊNCIA TÉCNICA E TEC<strong>NO</strong>LOGIA<br />

• Baixo número de técnicos especializados para auxílio aos produtores.<br />

• Poucas pesquisas e pacotes tecnológicos, voltados para os peixes produzidos<br />

na região.<br />

• Falta de especificação das rações para espécies e fases do crescimento.<br />

• Interior do Estado possui algumas vulnerabilidades quanto a questões sanitárias,<br />

devido ao baixo auxílio técnico em determinadas regiões.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 79


consoLidação do diagnÓstico


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 81<br />

4. 1. Análise PEST<br />

A Pest é uma análise do ambiente externo que busca agrupar<br />

as variáveis que afetam o desempenho de um negócio ou setor.<br />

A Figura 4.1 mostra como as informações da PEST são agrupadas<br />

em pilares para melhor análise das ameaças e oportunidades<br />

para o setor estudado.<br />

As ameaças são tendências do ambiente externo que podem<br />

dificultar a implementação de estratégias. É importante conhecê-las<br />

para delinear ações que as minimizem ou façam com que<br />

o setor estudado encontre formas alternativas de contorná-las.<br />

A Tabela 4.1 mostra as principais ameaças identificadas para a<br />

cadeia da piscicultura no Brasil e no Estado do Tocantins.<br />

⋆<br />

fIGURA 4.1<br />

Unidades de análise da PEST<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

ECONÔMICO-<br />

NATURAL<br />

SOCIOCULTURAL<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

São levantados programas<br />

e políticas relacionadas ao<br />

potencial de atração de<br />

investimentos, a produção<br />

e a industrialização dos<br />

produtos em questão, além<br />

de barreiras e burocracias que<br />

dificultam essas atividades.<br />

Abordagem de fatores<br />

econômicos brasileiros e<br />

mundiais que influenciam<br />

positivamente ou<br />

negativamente o mercado<br />

de grãos, principalmente,<br />

o incremento da demanda<br />

(consumo).<br />

Mudanças sociais e culturais<br />

da população, que tenham<br />

impacto no consumo e na<br />

produção (relacionado à<br />

mão de obra e qualificação<br />

de profissionais) das cadeias<br />

em questão.<br />

Desenvolvimentos<br />

tecnológicos ligados ao<br />

setor que podem melhorar<br />

ou dificultar as atividades de<br />

produção e de distribuição<br />

de grãos no Estado do<br />

Tocantins.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de WRIGHT, KROLL E PARNELL (2000).


82<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 4.1<br />

Ameaças do ambiente externo<br />

AMEAÇ<strong>AS</strong> - GERAL<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Desconfiança de investidores e empresários, devido à situação econômica e política<br />

do Brasil.<br />

• Processo de obtenção de licença ambiental e burocrático, demorado e custoso.<br />

• Limitações no modelo de negócio, ocasionadas por legislações ambientais.<br />

• Países estão adotando medidas protecionistas.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Dificuldade de obtenção e acesso ao crédito rural.<br />

• Competitividade das regiões brasileiras como Rondônia e Paraná, que são líderes<br />

de mercado.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Envelhecimento da população nacional e êxodo rural, que podem causar diminuição<br />

da disponibilidade de mão de obra no campo.<br />

• Falta de interesse por empregos (no campo), devido à falta de valorização da produção<br />

agropecuária pela sociedade.<br />

• Produtor, de maneira geral, descapitalizado e tradicionalista - avesso à adoção de<br />

tecnologias para diminuição de custos de produção.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

• Aumento dos preços dos insumos.<br />

• Baixa diversidade modais de transporte para escoamento da produção, e precariedade<br />

dos existentes.<br />

• Baixo investimento em pesquisa, tendo em vista a demanda do setor.<br />

AMEAÇ<strong>AS</strong> – PISCICULTURA<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Fim do Ministério da Pesca.<br />

• Novo Código Florestal Brasileiro impõe adequações à piscicultura no País.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Preços elevados se comparado a proteínas substitutas como aves e suínos.<br />

• Crescimento do uso de proteínas substitutas à animal como a proteína de soja<br />

• A criação de tilápia pode impactar o equilíbrio do ambiente devido à agressividade<br />

da espécie.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Consumo predominante de carnes bovina, suína e de aves em diversas regiões<br />

do Brasil.<br />

• Disseminação de dietas que não contemplam o uso da carne (vegetariana, vegana,<br />

etc.).<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

• Dificuldades de armazenagem, devido aos custos e às preocupações sanitárias<br />

com o produto.<br />

• Custos de logística elevados, devido à necessidade de refrigeração.<br />

• Pouca pesquisa para desenvolvimento dos pacotes tecnológicos de peixes regionais.<br />

• Poucos fármacos específicos para a piscicultura.<br />

• Sazonalidade da reprodução de espécies nativas.<br />

<br />

TABELA 4.2<br />

Oportunidades do ambiente externo<br />

OPORTUNIDADES - GERAL<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Atualização de questões no Pacote de Bali (2013) que visam à redução da burocracia<br />

e tentativa de diminuição dos custos de exportação.<br />

• Reestruturação das políticas agropecuárias por parte de países em desenvolvimento.<br />

• Modernização do regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de<br />

origem animal.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 83<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• Tendência de aumento de investimentos internacionais no agronegócio.<br />

• Cooperativismo desenvolvido em outras regiões do Brasil com chance de migrar<br />

para as regiões de fronteiras agrícolas.<br />

• O Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - F<strong>NO</strong> - permite melhores oportunidades<br />

com juros menores quando comparado ao Fundo do Centro-Oeste (FCO).<br />

• 60% da área do Tocantins é preservada por lei federal e estadual, promovendo<br />

utilização sustentável do território.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Mudança no comportamento dos consumidores em relação ao setor de alimentos<br />

traz maior demanda por produtos saudáveis, naturais.<br />

• Tendência do consumidor final em exigir alimentos seguros, com certificações e<br />

rastreabilidade.<br />

• Grande parte da população brasileira está na faixa etária economicamente ativa<br />

(PEA).<br />

• Maior distribuição de renda entre as famílias, reduzindo o número de famílias em<br />

classes mais baixas.<br />

• Aumento da população traz aumento de demanda por produtos agropecuários.<br />

• Busca por alimentação saudável.<br />

• Consumo per capita de peixes no mundo relativamente baixo perto de todo o<br />

potencial.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

• Aumento do uso de consultorias e assistências técnicas por parte dos produtores<br />

a fim de melhorar a produção e a gestão do negócio.<br />

• Sistemas de produção de integração lavoura pecuária floresta.<br />

• Máquinas mais eficientes e mão de obra mais qualificada.<br />

OPORTUNIDADES – PISCICULTURA<br />

POLÍTICO-LEGAL<br />

• Selos como SIF, SIE e SIM estão cada vez mais presentes nas indústrias estabelecendo<br />

padrões.<br />

• Liberação da criação de tilápia em tanques-rede.<br />

ECONÔMICO-NATURAL<br />

• 5,5 milhões de hectares de reservatórios de água doce no País.<br />

• Taxa de câmbio desfavorável às importações.<br />

• Grande número de represas hidrelétricas no Brasil.<br />

• Clima brasileiro permite a produção de grande diversidade de espécies de peixes.<br />

• O Brasil é um grande produtor de soja e milho que são os principais insumos<br />

para a fabricação de ração, componente importante nos custos da piscicultura.<br />

• Mercado interno consumidor com grande potencial de aumento de demanda.<br />

• Pouca oferta de peixes nativos no mercado.<br />

SOCIOCULTURAL<br />

• Busca por proteínas mais saudáveis e completas no aspecto nutricional.<br />

• Valorização do peixe como produto tradicional da cultura brasileira.<br />

• Alta demanda potencial em países europeus pelos peixes amazônicos.<br />

• Maior procura por proteínas com menor impacto ambiental.<br />

TEC<strong>NO</strong>LÓGICO<br />

• A tecnologia aplicada à piscicultura é relativamente barata, comparada a outras<br />

criações, podendo ser aplicada por produtores com poucos recursos.<br />

• Alto potencial para crescimento tecnológico, devido à presença de universidades<br />

e centros de apoio ao desenvolvimento tecnológico.<br />

• O manejo da produção de peixes é relativamente simples e de fácil aprendizado.<br />

• o pacote tecnológico da tilápia, peixe mais produzido no País, encontra-se altamente<br />

desenvolvido.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

4. 2. Análise das Cinco Forças de Porter<br />

O modelo das Cinco Forças de Porter consiste em uma análise<br />

de competividade dentro de um determinado negócio,<br />

indústria ou setor. Esse modelo permite analisar o grau de<br />

atratividade de um setor da economia.<br />

No modelo das Cinco Forças, como a própria denominação<br />

da ferramenta explicita, são cinco as dimensões analisadas: a


84<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

⋆<br />

fIGURA 4.2<br />

Modelo esquemático na ferramenta Cinco Forças de Porter<br />

poder dos<br />

fornecedores<br />

ameaça de novos<br />

entrantes<br />

rivalidade entre<br />

Concorrentes<br />

ameaça dos<br />

substitutos<br />

poder dos<br />

Clientes<br />

em nível estadual, pode ser de acordo com diversos pontos de<br />

vista. Por exemplo, ao mesmo tempo que um produtor de peixes<br />

é um consumidor da indústria de insumos, ele também é<br />

um fornecedor da agroindústria. Nesse sentido, como poderá<br />

ser visto nas análises que seguem, para cada uma delas foi<br />

dado um enfoque específico, ou seja, considerando as particularidades<br />

do Estado do Tocantins, as análises foram conduzidas<br />

para refletirem as questões de maior importância.<br />

rivalidade entre concorrentes<br />

Partindo da unidade de análise estadual (Tocantins), nesta<br />

etapa são destacados os mais relevantes produtores de peixe<br />

em nível nacional e internacional (Estados e países), sendo<br />

eles considerados concorrentes do Tocantins na oferta desses<br />

produtos.<br />

Fonte: Porter (1980).<br />

rivalidade entre concorrentes; a ameaça de novos entrantes;<br />

a ameaça de produtos substitutos; o poder de barganha dos<br />

fornecedores; e o poder de barganha dos clientes. A Figura 4.2<br />

esquematiza o modelo de análise.<br />

Uma cadeia produtiva é composta por diversos elos que, por<br />

sua vez, consistem em setores menores específicos. A aplicação<br />

da ferramenta das Cinco Forças em uma cadeia produtiva,<br />

cenário internacional<br />

• A China possui uma participação de 62% referente à produção<br />

mundial de peixe, sendo o principal país produtor.<br />

Sua produção de 47 milhões de toneladas de peixe em<br />

2015 é resultado de diversos fatores, tais como concentração<br />

populacional muito elevada, pequenas extensões<br />

territoriais para o cultivo de determinadas culturas, cultura<br />

de consumo de peixe, além de condições ambientais<br />

propícias. Hoje o comércio de peixes na China se ca-


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 85<br />

racteriza como um importante player para a economia<br />

do País, que também é o maior exportador mundial.<br />

• A Índia é o segundo maior produtor mundial de peixe,<br />

possuindo uma representatividade de 6,8%. Em 2015,<br />

sua produção atingiu mais de 5,2 milhões de toneladas<br />

graças à abundância de rios, lagoas e reservas naturais.<br />

O país conta também com pesquisas científicas feitas<br />

por especialistas para o desenvolvimento do setor.<br />

• A Indonésia é outro país asiático que se destaca na produção<br />

de peixe. Em 2015, sua produção atingiu 4,3 milhões<br />

de toneladas devido a fatores ambientais e culturais<br />

que fizeram com que o país atingisse a participação<br />

de aproximadamente 6% da produção mundial.<br />

• O Vietnã é o quarto maior produtor de peixes no mundo.<br />

A produção é realizada, em sua grande maioria, através<br />

de gaiolas que ficam abrigadas no mar em áreas localizadas<br />

próximas à costa. Essas gaiolas têm um baixo custo<br />

de produção e não possuem elevado nível tecnológico,<br />

fazendo com que a pesca no país seja viabilizada para<br />

as diversas famílias que sobrevivem da venda de peixes.<br />

• O Chile se destaca na produção de peixes pois possui clima<br />

favorável e uma extensa costa litorânea na qual se<br />

produz principalmente o salmão. O país faz parte do Mercosul,<br />

o que facilita a entrada da carne de peixe no Brasil.<br />

cenário nacional<br />

• Rondônia é o principal Estado produtor de peixe do Brasil<br />

e, somente entre 2013-2016, sua produção teve um<br />

incremento de 261%, sendo majoritariamente de tambaqui<br />

em barragens. O ambiente amazônico proporciona<br />

um clima favorável para o cultivo de peixe, além de<br />

o Estado possuir políticas públicas (leis estaduais) que<br />

favorecem o desenvolvimento da piscicultura.<br />

• O Paraná é o segundo maior produtor nacional, mesmo<br />

com condições climáticas adversas para o cultivo de peixes,<br />

como frio e baixa luminosidade. A tilápia é o peixe<br />

mais produzido no Estado, em cativeiros, possuindo<br />

uma representatividade na produção estadual de 92%.<br />

Grande parte dessa produção é realizada pelo sistema de<br />

tanque terra ou em viveiros de terra.<br />

• São Paulo possui uma grande produção de peixes e<br />

o Estado pretende ampliar ainda mais com investimentos<br />

no setor para alcançar cerca de R$ 4 bilhões<br />

em valor de produção até 2030. O Estado também incentivou<br />

a produção estadual, por meio de um projeto<br />

de lei (548/2011) que criou incentivos à produção<br />

pesqueira pelo fornecimento de linhas de crédito,<br />

voltadas para o setor, fez a regulamentação da piscicultura<br />

e facilitou o licenciamento ambiental para implementar<br />

projetos aquícolas. Outro projeto de lei que


86<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

desenvolveu a piscicultura no Estado foi n º 408/2012<br />

que incentivou a abertura de frigoríficos e fábricas de<br />

ração.<br />

• Mato Grosso possui uma produção de cerca de 40.000<br />

toneladas de peixe, correspondente a 8% da produção<br />

nacional. O Estado assinou, em setembro de 2017, um<br />

decreto que autoriza a produção de peixes exóticos<br />

como a tilápia. Além disso, o Estado possui parceria<br />

com a EMBRAPA para melhorar a produtividade, por<br />

meio do melhoramento genético dos peixes, e possui<br />

grandes empresas que, além da criação de peixes em<br />

tanque, fabricam a própria ração e processam os peixes<br />

em frigoríficos próprios.<br />

poder de barganha dos fornecedores<br />

Nesta etapa de análise, é observado o poder de barganha<br />

dos fornecedores sobre um negócio. A análise foi feita pela<br />

lente do produtor de peixes, tendo sido analisados os fornecedores<br />

de insumos para a produção.<br />

• O Estado do Tocantins possui apenas uma indústria de<br />

nutrição para peixes (Agronorte) que produz rações. O<br />

reduzido poder de barganha dos produtores tem impacto<br />

direto no custo de produção, tendo em vista que<br />

o valor da ração representa o maior custo de produção,<br />

podendo chegar a 70%.<br />

• Apesar de ter apenas uma indústria de ração, o Tocantins<br />

possui potencial para expandir esse segmento, tendo<br />

em vista que grande parte da sua produção agrícola é<br />

voltada para a soja e o milho.<br />

• Na busca de minimizar o problema do custo com ração,<br />

o Frigorífico Tamborá, que também atua na produção de<br />

peixes, possui fábrica própria de ração. O Frigorífico Piracema<br />

está em processo para também passar a produzir<br />

sua própria ração.<br />

• A compra de insumos em grandes volumes faz com que<br />

o poder de barganha dos produtores seja elevado com os<br />

fornecedores fornecedores (quanto maior volume comprado<br />

maior o poder de barganha). Uma saída para isso<br />

seria a compra de insumos, por meio de cooperativas.<br />

• A baixa integração e relacionamento entre os produtores<br />

e os fornecedores de insumos faz com que o poder de<br />

barganha dos produtores seja baixo.<br />

poder de barganha dos compradores<br />

Seguindo o mesmo raciocínio da análise de poder de barganha<br />

dos fornecedores, esse item avalia o poder de barganha<br />

dos compradores de peixes para processamento e/ou venda<br />

para consumo (sejam eles frigoríficos, feiras ou supermercados)<br />

no Estado do Tocantins. Destaca-se que:


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 87<br />

• A ociosidade dos frigoríficos de peixes no Tocantins faz<br />

com que o poder de barganha dos produtores seja elevado.<br />

Atualmente, dos oito frigoríficos que existiam no Estado,<br />

apenas cinco estão funcionando e, mesmo assim,<br />

abaixo de sua capacidade instalada.<br />

• A alta informalidade no setor faz com que os piscicultores<br />

tenham poucas alternativas de venda, comercializando<br />

seus produtos em feiras livres. Esse fator também<br />

é incentivo para os frigoríficos produzirem seus<br />

próprios peixes. A informalidade na venda de peixes em<br />

feiras no Tocantins enfraquece o mercado em termos de<br />

qualidade. Os produtores que não possuem regularização<br />

optam por vender os peixes frescos em feiras.<br />

• O Frigorífico Piracema produz cerca de 50% da sua<br />

demanda total por peixes e o Tamborá já consegue<br />

abastecer 100% de sua planta com produção própria.<br />

Essa garantia de suprimento faz com que o poder de<br />

barganha dos frigoríficos com os produtores independentes<br />

seja maior, o que reduz os preços pagos<br />

aos produtores no mercado.<br />

• Devido aos custos de produção mais baixos em alguns<br />

Estados vizinhos, como MT, RO, PA e SP, alguns produtores<br />

do Tocantins têm dificuldade para negociar<br />

com os frigoríficos.<br />

• Os frigoríficos não pagam mais por qualidade, pois<br />

alegam ser difícil avaliar a qualidade dos peixes. Os<br />

produtores e frigoríficos não realizam (em sua grande<br />

maioria) análises e classificações quanto à qualidade<br />

do produto ofertado. Isso seria viável por meio de parcerias<br />

entre produtores e frigoríficos.<br />

ameaça de novos entrantes<br />

Esta etapa da análise foca no levantamento e verificação<br />

das regiões nacionais e internacionais em crescimento<br />

que possam se tornar concorrentes do Tocantins no setor<br />

de peixe.<br />

• O Chile possui uma cadeia de produção de peixe estruturada<br />

que, em 2016, ultrapassou um milhão de toneladas.<br />

O País é um importante player na produção<br />

de salmão e apresentou um índice de crescimento de<br />

31% em um histórico de dez anos. Por fazer parte do<br />

Mercosul, o Chile consegue exportar sua carne para o<br />

Brasil, com isenção de alguns impostos, fazendo com<br />

que a carne de peixe do Chile chegue a um preço competitivo<br />

no Brasil.<br />

• Os países asiáticos, em sua maioria, apresentaram um<br />

crescimento significativo na produção, impactando<br />

diretamente o resto do mundo por serem os grandes<br />

produtores mundiais.


88<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

• Rondônia, além de ser o maior produtor nacional de peixe,<br />

é também o Estado que apresentou o maior índice de<br />

crescimento de 2010 a 2015, saltando de oito mil quilos<br />

produzidos para 80 mil quilos (BARBIERO et al.,2017)<br />

nos últimos cinco anos, com um crescimento de mais de<br />

400%. O Estado foca na produção de peixes de espécies<br />

nativas como o tambaqui (77% da produção), pirarucu<br />

(9%), entre outros. A produção, em sua maioria, é de peixes<br />

criados em cativeiros.<br />

• O Paraná, São Paulo e Santa Catarina apresentaram índices<br />

de crescimento elevados nos últimos anos. A produção<br />

desses Estados se diversifica. Enquanto São Paulo<br />

e Paraná produzem majoritariamente a tilápia (88% da<br />

produção de SP e 92% do PR), Santa Catarina produz em<br />

sua maioria carpa (98%).<br />

• O Piauí e o Pará apresentaram crescimento de produção<br />

de 61% e 155% respectivamente, de 2013 a 2016. Ambos<br />

os Estados, assim como o Tocantins, têm o tambaqui<br />

como principal espécie de peixe sendo, portanto, concorrentes<br />

diretos no mercado nacional.<br />

ameaça de produtos substitutos<br />

Os produtos substitutos são aqueles oriundos de setores<br />

diferentes, mas que concorrem pelo mesmo mercado. Um<br />

exemplo clássico são os sucos e os refrigerantes. Tratam-se<br />

de produtos diferentes, mas com mercado em comum, o de<br />

bebidas. O forte desenvolvimento de um desses produtos<br />

pode reduzir significantemente o mercado do outro. Os primeiros<br />

pontos da presente análise mostram que o setor de<br />

peixes está crescendo, o que faz com que a ameaça de produtos<br />

substitutos seja reduzida. Apesar disso, mudanças nos<br />

hábitos alimentares e novas tendências de consumo podem<br />

configurar como ameaças ao setor. Seguem os pontos de destaque.<br />

• A carne de peixe é consumida desde os primórdios da<br />

humanidade e sua cadeia não oferece risco de extinção.<br />

A produção mundial passa por incrementos ano a ano<br />

e tende a continuar de acordo com projeções realizadas<br />

pela FAO.<br />

• A produção da carne de peixe é uma saída para os países<br />

que não possuem extensão territorial para produzir<br />

outras proteínas.<br />

• Em âmbito nacional, devido a fatores climáticos e recursos<br />

hídricos disponíveis, a produção de peixe quase dobrou<br />

em um histórico de dez anos.<br />

• Como ameaça de produtos que podem substituir a carne<br />

de peixe na alimentação das pessoas, pode-se citar<br />

o crescimento do número de pessoas vegetarianas (não<br />

consomem carne de animais) nos últimos anos.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 89<br />

• A proteína de origem vegetal, como, por exemplo a proteína<br />

texturizada da soja (PTS), apresenta algumas vantagens<br />

em relação à proteína animal, tais como menor<br />

valor de comercialização (40% do valor da carne bovina).<br />

As leguminosas, como feijão, lentilha, grão de bico e ervilha<br />

aparecem como possíveis produtos substitutos da<br />

carne de peixe, pois figuram como fonte vegetal de proteínas.<br />

• O desenvolvimento da tecnologia e o surgimento de novos<br />

produtos proteicos, feitos à base de fungos, insetos<br />

e proteínas sintéticas, podem influenciar o consumo<br />

mundial de carne de peixe.<br />

• Outras carnes, como a bovina, suína e de frango que já<br />

possuem destaque no consumo mundial, podem substituir<br />

a carne de peixe, por meio de estratégias de marketing.<br />

• Caso aconteça uma grande oferta de carnes como a bovina,<br />

suína e de frango, o preço desses produtos serão<br />

influenciados e comercializados por um valor inferior,<br />

intervindo na cadeia de carne de peixe.


oBJetiVos estratÉgicos<br />

para a cadeia


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 91<br />

Nessa etapa serão apresentados os objetivos estratégicos<br />

que nortearam o desenvolvimento de projetos para a piscicultura<br />

no Tocantins.<br />

Além de ter como base toda a etapa inicial de diagnóstico<br />

externo e interno, ou seja, de dados secundários presentes em<br />

materiais, bancos de dados, relatórios, sites e outros, e dados primários<br />

obtidos por meio de entrevistas com diversos agentes da<br />

cadeia, os objetivos e direcionadores aqui listados estão em linha<br />

com o Plano de Desenvolvimento da Piscicultura no Tocantins,<br />

realizado pelo Grupo de Trabalho do APL de Piscicultura no Estado,<br />

composto por especialistas de diversos órgãos federais,<br />

estaduais e municipais tais, como Sebrae, Embrapa, Ruraltins,<br />

Naturatins, Seagro, Seden, FMA, UFT, Ulbra, Unitins, IFTO, FIE-<br />

TO e Agência de Fomento do Governo do Estado.<br />

posicionamento<br />

O posicionamento estratégico pode ser definido como a escolha<br />

de uma organização para desempenhar suas atividades<br />

de forma diferente do que é realizado pelos concorrentes, ou<br />

seja, um jeito único de entregar valor a seus consumidores.<br />

No caso das cadeias produtivas, o posicionamento estratégico<br />

deve servir de base para os macro objetivos e refletir qual será<br />

o diferencial da produção do Tocantins perante outros polos<br />

de referência.<br />

Com base nos materiais e entrevistas realizadas, percebese<br />

que o Estado do Tocantins tem grande vocação para a piscicultura,<br />

porém um item que barra seu crescimento é o alto<br />

custo de produção. Além disso, o volume total produzido é<br />

influenciado por diversos outros aspectos como a integração


92<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

Dimensão 1 - Produção de Peixes (volume)<br />

GRáfICO 5.1<br />

Posicionamento estratégico da piscicultura do Tocantins<br />

ALTO<br />

BAIXO<br />

ro<br />

to<br />

ALTO<br />

to<br />

Dimensão 2 - Custo de Produção (COT)<br />

BAIXO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir do diagnóstico.<br />

entre indústria de processamento e produção, os entraves legais,<br />

morosidade de processos, entre outros.<br />

O posicionamento almejado para a piscicultura no Tocantins<br />

levou em consideração os itens citados, sendo que os vetores utilizados<br />

foram produção total e custo de produção. Nesse sentido,<br />

foram inseridos polos de referência nacionais. No Gráfico 5.1, é<br />

pr<br />

Mt<br />

sp<br />

POSIÇÃO ATUAL<br />

POSIÇÃO FUTURA<br />

possível observar qual é o posicionamento almejado para<br />

a piscicultura no Estado.<br />

Como pode ser visto na figura, Rondônia é o Estado com<br />

maior produção nacional atualmente. Tendo em vista todo<br />

o potencial da piscicultura do Tocantins e os planos de melhoria<br />

do setor desenhados para o Estado, acredita-se que<br />

o Tocantins estará entre os cinco maiores produtores (se os<br />

outros Estados mantiverem suas produções).<br />

missão e visão<br />

Antes de os objetivos para a cadeia serem traçados, é interessante<br />

estabelecer a missão e a visão como norte tanto<br />

para a definição de objetivos quanto para o desenvolvimento<br />

dos projetos estratégicos.<br />

Os objetivos de uma organização se tornam mais claros<br />

pela declaração da missão, pois ela é o propósito da organização<br />

existir, ou seja, de por que ela foi criada e qual é o seu<br />

DNA. A missão pode ainda apresentar indícios das necessidades<br />

dos stakeholders que são atendidas pela organização.<br />

Por outro lado, a visão de uma organização reflete as aspirações,<br />

onde aela quer chegar e/ou o que ela pretende<br />

ser e complementa seu posicionamento estratégico desejado.<br />

Possui uma clara visão de futuro e pode apresentar<br />

indícios de como a organização pretende tornar essa visão<br />

realidade.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 93<br />

A missão e visão aqui estabelecidas são declarações do<br />

compromisso da cadeia produtiva da piscicultura com a sociedade<br />

tocantinense.<br />

<br />

TABELA 5.1<br />

Missão e visão para a piscicultura no Tocantins<br />

<br />

450<br />

400<br />

350<br />

GRáfICO 5.2<br />

Valor bruto da produção projetado até 2026<br />

Total adicionado no período: R$ 1,35 bilhão<br />

2016 / 17 ADICIONA<strong>DO</strong><br />

Missão<br />

Visão<br />

300<br />

Ofertar produtos de qualidade<br />

prezando pela segurança alimentar e<br />

sustentabilidade econômica, social e<br />

ambiental da cadeia.<br />

PISCICULTURA<br />

Estar entre os cinco maiores produtores de<br />

pescados no Brasil, com alta integração da<br />

cadeia contribuindo para a consolidação<br />

econômica e melhoria social do Estado do<br />

Tocantins.<br />

R$ milhões<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

14<br />

31<br />

50<br />

73<br />

100<br />

131<br />

167<br />

209<br />

258<br />

315<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

50<br />

0<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

85,8<br />

2016<br />

2017<br />

2018<br />

2019<br />

2020<br />

2021<br />

2022<br />

2023<br />

2024<br />

2025<br />

2026<br />

Fonte: elaborado por Markestrat considerando média IBGE de preços.<br />

objetivos estratégicos<br />

Para que a visão e o posicionamento estratégico desejado<br />

seja atingido, foram traçados macro-objetivos dos próximos<br />

dez anos para a piscicultura no Tocantins. Esses objetivos têm<br />

o intuito de guiar as ações dos agentes da cadeia em prol do<br />

desenvolvimento do agronegócio tocantinense.<br />

Além disso, os objetivos estratégicos têm como importante<br />

função auxiliar no monitoramento e acompanhamento da<br />

efetividade dos projetos e atividades desenvolvidas, pois estabelecem<br />

metas quantitativas a serem atingidas.<br />

Todos os objetivos foram desenvolvidos, levando em conta<br />

o diagnóstico das cadeias produtivas, realizado nas seções<br />

anteriores desse documento, portanto tentam ao máximo ser<br />

claros, palpáveis e, ao mesmo tempo, desafiadores e podem<br />

ser periodicamente atualizados, conforme o desempenho do<br />

Estado.<br />

De acordo com a FAO (2016), a projeção para a produção<br />

aquícola brasileira em 2025 é de 1,145 milhão de toneladas.


94<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

<br />

TABELA 5.2<br />

Objetivos estratégicos e indicadores de desempenho para a piscicultura no Estado do Tocantins<br />

OBJETIVOS <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

META<br />

(PRÓXIMOS DEZ A<strong>NO</strong>S)<br />

REFERÊNCIA<br />

FONTE<br />

Aumentar a produção da<br />

piscicultura no Estado<br />

Aumento médio de 16,7% ao ano,<br />

chegando em 44.632 toneladas<br />

O valor equivale a um aumento de 35.088 toneladas em dez anos, o que representa 14,1% de participação na<br />

produção total de peixes da região Norte do País, se mantida a participação atual de cada região na produção<br />

brasileira projetada pela FAO (2016) para 2016<br />

• FAO (2016)<br />

• IBGE (2017)<br />

Tornar o Tocantins um Estado<br />

exportador de peixes amazônicos<br />

Passar a exportar 1,5% da<br />

produção de Tambaqui projetada<br />

para 2026<br />

Atualmente o Tocantins não exporta peixes. Um dos direcionadores do trabalho é buscar nichos em mercados<br />

internacionais para os peixes amazônicos. Optou-se por exportações de tambaqui, pois ele é o peixe de maior<br />

expressão da piscicultura do TO. Se mantida a participação atual do tambaqui na produção de peixes do<br />

Estado (55%), ela será de 24,5 mil toneladas e as exportações de 368 toneladas<br />

A definição do percentual exportado foi baseada em entrevistas, devido a ausência de dados oficiais e<br />

histórico das exportações do Estado<br />

• Entrevistas<br />

• IBGE (2017)<br />

Reduzir o custo de produção de<br />

peixes no Tocantins<br />

Reduzir em 10% o custo de<br />

produção<br />

O Estado do MT é o que possui menor custo de produção de tambaqui dentre os estados analisados. A meta<br />

para 2026 é que o Tocantins chegue no custo de produção atual do MT<br />

• CNA/Embrapa<br />

(2016)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Pelo IBGE, é possível identificar que 87% da produção aquícola<br />

do Brasil é de peixes. Se mantido esse percentual para 2025, a<br />

produção piscícola do País será de 996,15 mil toneladas.<br />

Para que a projeção fosse realizada para um período de dez<br />

anos (2016 a 2026), foi calculado o crescimento ao ano necessário<br />

para que a produção de peixes de 2016, atingisse o valor<br />

projetado pela FAO para 2025. Esse crescimento anual foi<br />

aplicado à produção de 2025 e resultou em 1,074 milhão de<br />

toneladas de produção brasileira em 2026.<br />

Segundo o IBGE (2017), a participação da região Norte na<br />

produção de peixe do Brasil foi de 29,5% no ano de 2016.<br />

Se mantido esse índice no futuro, a região participará em<br />

2026 com 317,06 mil toneladas de peixes produzidos.<br />

Ainda de acordo com o IBGE (2017), em 2016, o Amazonas<br />

era o Estado com o segundo maior percentual de participação<br />

na produção da região Norte com 14,1%. Para que<br />

o Tocantins assuma a segunda colocação na região, igualando<br />

esse valor, ele teria que produzir, em 2026, 44,63 mil


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 95<br />

<br />

TABELA 5.3<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a piscicultura nos próximos 10 anos<br />

2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026<br />

PRODUÇÃO (t) 9.544 11.136 12.993 15.160 17.689 20.639 24.081 28.098 32.784 38.252 44.632<br />

VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO - IBGE* (R$ MILHÕES) 85,8 100,1 116,8 136,3 159,0 185,5 216,4 252,5 294,7 343,8 401,2<br />

VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO - MÉDIA TO (R$ MILHÕES) 71,6 83,5 97,5 113,7 132,7 154,8 180,6 210,7 245,9 286,9 334,7<br />

*IBGE: considera preço de R$8,99/kg obtido a partir de dados de Valor Bruto da Produção do IBGE (2017) (consultado em 30/01) / Média TO: considera valor médio de R$7,50/kg com base em entrevistas.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

toneladas. Isso representa um crescimento de 368% em<br />

relação à produção de 2016, ou 35 mil toneladas adicionais<br />

(Tabela 5.2).<br />

Com o alcance das metas traçadas para o aumento da<br />

produção de peixes no Tocantins, ele passará a 2ª colocação<br />

dentre os Estados da região Norte e ficará entre os<br />

cinco maiores do Brasil (se os outros Estados mantiverem<br />

suas produções). A Tabela 5.3 mostra a evolução linear dos<br />

valores de produção para os próximos dez anos.<br />

Observa-se que o Valor Bruto da Produção total, adicionado<br />

no período, equivale a R$1,35 bilhão se considerados<br />

os preços médios do IBGE para o Tocantins conforme o<br />

Gráfico 5.2.


estratÉgias<br />

centrais e proJetos<br />

estratÉgicos


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 97<br />

Tendo em vista os objetivos propostos e o consequente aumento<br />

da competitividade da cadeia da piscicultura do Tocantins,<br />

buscando aproveitar todas as potencialidades que ele oferece,<br />

são sugeridas ações organizadas em pilares estratégicos.<br />

Nesse sentido, as ações propostas foram organizadas em<br />

seis pilares.<br />

1. Aumento da produção e novas tecnologias<br />

• Incentivos fiscais<br />

• Fomento à pesquisa e desenvolvimento<br />

• Transferência do conhecimento/capacitação<br />

2. Formalização da piscicultura no Estado<br />

• Mapeamento da piscicultura tocantinense<br />

• Simplificação e celeridade dos processos de regularização<br />

do setor<br />

3. Cooperativismo e associativismo<br />

4. Diversificação das estratégias de financiamento da<br />

produção<br />

5. Aumento da coordenação e integração da cadeia da<br />

piscicultura do Tocantins<br />

6. Agregação de valor e acesso a mercados<br />

É importante destacar que os pilares estratégicos, bem<br />

como suas ações não ocorrem de forma isolada, mas sim de


98<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

⋆<br />

fIGURA 6.1<br />

Encadeamento estratégico da cadeia da piscicultura para o Estado do Tocantins<br />

2016 / 17 2026 / 27<br />

PRODUÇÃO<br />

9.544 toneladas<br />

EXPORTAÇÕES TAMBAQUI<br />

0 ton<br />

CUSTO OPERACIONAL<br />

TOTAL TAMBAQUI<br />

R$ 4,76 /kg<br />

MISSÃO<br />

Ofertar produtos<br />

de qualidade<br />

prezando pela<br />

segurança alimentar<br />

e sustentabilidade<br />

da cadeia<br />

PISCICULTURA<br />

VISÃO<br />

Estar entre os cinco maiores<br />

produtores de pescados no<br />

Brasil, com alta integração<br />

da cadeia contribuindo para<br />

a consolidação econômica<br />

e melhoria social do Estado<br />

do Tocantins<br />

PRODUÇÃO<br />

44.632 toneladas<br />

EXPORTAÇÕES TAMBAQUI<br />

368 ton<br />

CUSTO OPERACIONAL<br />

TOTAL TAMBAQUI<br />

R$ 4,28 /kg<br />

PILARES <strong>ESTRATÉGICO</strong>S<br />

1 2 3 4 5 6<br />

oBJetiVos<br />

espeCÍFiCos<br />

aumento da produção e<br />

novas tecnologias<br />

• Reduzir custos de<br />

produção<br />

• Promover<br />

desenvolvimento<br />

tecnológico<br />

• Difundir conhecimento<br />

e capacitação<br />

Fortalecimento da<br />

piscicultura no estado<br />

• Mapear a piscicultura<br />

no Estado<br />

• Simplificar e<br />

acelerar processos<br />

de licenciamento<br />

ambiental<br />

Cooperativismo e<br />

associativismo<br />

• Incentivar o<br />

cooperativismo e o<br />

associativismo<br />

• Desenvolver a<br />

governança da cadeia<br />

produtiva<br />

Diversificação das<br />

estretégias de<br />

financiamento da<br />

produção<br />

• Ampliar e diversificar a<br />

origem do crédito para<br />

custeio da piscicultura<br />

• Estimular a criação de<br />

novas estratégias para<br />

aquisição de insumos<br />

aumento da coordenação<br />

e integração da cadeia da<br />

piscicultura<br />

• Aumentar a<br />

coordenação das ações<br />

e projetos<br />

• Potencializar os<br />

resultados das<br />

iniciativas individuais de<br />

instituições no Estado<br />

agregação de valor e<br />

acesso a mercados<br />

• Aumentar o<br />

processamento de<br />

pescado no Estado<br />

• Desenvolver o mercado<br />

interno e externo<br />

• Agregar mais valor aos<br />

produtos<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

forma complementar. Poderão ser vistas ações alocadas em<br />

determinado pilar estratégico que, indiretamente, também<br />

fortalecem os demais pilares. Além disso, o desenvolvimento<br />

das ações não é limitado ao âmbito público. A integração entre<br />

ações do setor público com o privado é fundamental para<br />

o sucesso.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 99<br />

6. 1. Aumento da produção e novas tecnologias<br />

Este pilar estratégico, bem como as ações nele inseridas<br />

tem como principal objetivo dar bases para o crescimento da<br />

produção de peixes no Estado do Tocantins.<br />

Tendo em vista que o crescimento da produção passa por<br />

um aumento de produtividade, são fundamentais ações<br />

que invistam no desenvolvimento tecnológico da cadeia. A<br />

capacitação é parte integrante desse pilar estratégico como<br />

forma de transferência do conhecimento para a cadeia.<br />

6. 1. 1. Incentivos fiscais<br />

OBJETIVOS<br />

• Reduzir custos de produção.<br />

• Prover incentivos fiscais como forma de impulsionar a produção.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Criar incentivos fiscais para atração de investimentos, aquisição de equipamentos<br />

e comercialização de ração.<br />

2. Regulamentar a isenção do ICMS do pescado, e de insumos (alevinos e ração)<br />

por um período de dez anos, incluindo a comercialização de peixe processado.<br />

3. Reduzir o ICMS da ração produzida em outros Estados.<br />

4. Definir uma política de incentivo que seja mais vantajosa para a produção de<br />

equipamentos e insumos no Tocantins.<br />

5. Criar planejamento estratégico (governo) para políticas públicas a longo prazo.<br />

a. Criar comitê técnico para discutir e propor o planejamento estratégico.<br />

b. Criar/definir pautas financeiras de valores do produto para compra direta e<br />

outra para frigoríficos.<br />

6. Devido à Lei Complementar 160/2017, que autoriza os Estados a adotarem incentivos<br />

fiscais existentes na mesma região, o Tocantins deveria seguir o modelo<br />

de Rondônia.<br />

7. Definir uma pauta do produto para atacado (preço mínimo) e varejo (preço máximo).<br />

6. 1. 2. Fomento à pesquisa e desenvolvimento<br />

OBJETIVOS<br />

• Gerar conhecimento específico para a cadeia da piscicultura no Tocantins.<br />

• Fomentar e promover pesquisas para modernização da piscicultura no Estado.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Mapear principais gargalos técnicos e gerenciais da piscicultura tocantinense.<br />

2. Mapear centros de pesquisas e universidades que possuam cursos e pesquisadores<br />

relacionados à piscicultura e economia aplicada ao agronegócio.<br />

3. Criar comitê de fomento à pesquisa no Estado do Tocantins, com a participação<br />

das principais instituições e pesquisadores referência no setor.<br />

4. Oferecer cursos técnicos, de graduação e pós-graduação em piscicultura/<br />

aquicultura e incentivar que pessoas qualificadas se mantenham e atuem<br />

no Estado.<br />

5. Criar agenda de pesquisas a serem desenvolvidas no Estado com priorização<br />

de temas.<br />

6. Estimular pesquisas e oferecer bolsas de estudos focadas na realidade e desafios<br />

enfrentados pela cadeia no Estado.<br />

a. Sugestões de temas a serem investigados: manejo nutricional de espécies<br />

amazônicas, novas tecnologias aplicadas à piscicultura, sustentabilidade,<br />

gestão da propriedade rural, integração vertical da cadeia,<br />

custos de produção, mercados importadores de peixes, rastreabilidade,<br />

certificações, estudos de processamento de pescados e novos produtos,<br />

melhoramento genético, reprodução e produção em tanque-rede.<br />

b. Instituições mapeadas: UFT, IFT, Unitins, Itpac, Embrapa, Ruraltins, Ubec,<br />

Ceulp/Ulbra, Unirg.


100<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

6. 1. 3. Transferência do conhecimento/capacitação<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar a produção estadual de peixes de forma sustentável.<br />

• Alterar o perfil da piscicultura tocantinense por meio da transferência de conhecimento<br />

e informações.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Ampliar e difundir programas de capacitação e difusão de conhecimentos obtidos<br />

em universidades e centros de pesquisa para a classe produtora.<br />

2. Fomentar parcerias entre instituições de ensino e pesquisa e extensão, pública e<br />

privadas, para formação continuada de técnicos e extensionistas.<br />

3. Capacitar piscicultores sobre a necessidade e efetividade do uso de tecnologia<br />

para a produção.<br />

4. Desenvolver programas de capacitação para mão de obra técnica, alinhada com<br />

as novas tecnologias do setor.<br />

5. Fomentar o uso de ferramentas de gestão na piscicultura por meio de treinamentos.<br />

6. Capacitar constantemente os técnicos e extensionistas do Ruraltins e de outras<br />

organizações públicas.<br />

7. Estruturar programa de treinamento via extensionistas do Ruraltins nos seguintes<br />

moldes.<br />

a. Mapeamento de fazendas modelos.<br />

b. Utilização desses casos como benchmarking para incentivo à adoção de sistemas<br />

semelhantes por demais piscicultores selecionados.<br />

c. Avaliação da melhoria e divulgação dos resultados para orientar/motivar a<br />

adoção em outras propriedades.<br />

8. Incentivar as indústrias processadoras a utilizarem o modelo de integração<br />

como forma de transferência de conhecimento aos piscicultores integrados.<br />

9. Disponibilizar linhas de crédito para adoção de novas tecnologias.<br />

6. 2. Formalização da piscicultura no Estado<br />

Tendo em vista a estimativa do alto nível de informalidade<br />

na cadeia, esse projeto visa à identificação e mapeamento da<br />

atividade no Estado, de forma a facilitar a criação de ferramentas<br />

e incentivos para o desenvolvimento de políticas públicas<br />

e privadas, visando ao fortalecimento do setor.<br />

6. 2. 1. Mapeamento da piscicultura tocantinense<br />

OBJETIVOS<br />

• Mapear a piscicultura no Estado.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Finalizar o censo já em andamento e buscar métodos de atualização periódica<br />

(anualmente).<br />

2. Apresentar e discutir os dados coletados em workshop envolvendo lideranças<br />

do setor.<br />

3. Criar uma base de dados única e integrada com informações detalhadas da<br />

cadeia produtiva da piscicultura: dados de produtores, propriedades, tipos de<br />

pescado, formas de produção, informações mercadológicas e sanitárias com<br />

atualizações frequentes, entre outros temas considerados pertinentes.<br />

4. A partir desses dados, fortalecer programas de:<br />

a. Monitoramento sanitário.<br />

b. Rastreabilidade e certificação de alevinos e peixes.<br />

5. Tornar a base de dados pública e acessível para consulta.<br />

6. 2. 2. Simplificação e celeridade dos processos de<br />

regularização do setor<br />

Estima-se que, atualmente, mais de 80% da produção da<br />

piscicultura no Tocantins não esteja regulamentada, o que<br />

impede o fortalecimento da cadeia como um todo. Sem a regularização<br />

ambiental, produtores e indústria processadora<br />

ficam limitados quanto à comercialização interna, exportação,<br />

acesso a crédito, entre outros. A burocracia, a dificuldade


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 101<br />

de acesso a informações sobre licenciamento e o alto valor<br />

cobrado pelos técnicos para elaborarem os projetos são os<br />

principais entraves mencionados para a obtenção da licença<br />

ambiental.<br />

OBJETIVOS<br />

• Simplificar e acelerar processos de licenciamento ambiental.<br />

• Regularizar a produção de espécies exóticas no Tocantins.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Elaborar legislação específica para simplificar o licenciamento e a regularização<br />

ambiental de piscicultores em áreas de produção consolidadas no Estado;<br />

a. Criar ferramentas e mecanismos para regularização dessa produção: oportunidade<br />

de implementação de um termo de cooperação técnica entre Ruraltins<br />

e Naturatins para emissão de declaração de conformidade ambiental;<br />

b. Criar mecanismos para licenciamento, por auto declaração, para pequenos<br />

produtores com até cinco hectares de lâmina d’água.<br />

2. Capacitar os técnicos e extensionistas em questões ambientais e nos processos<br />

de obtenção do licenciamento.<br />

3. Criar programa apresentando os benefícios de ter a fazenda regularizada e tornando<br />

acessível aos produtores informações de como se licenciar por meio de<br />

treinamentos e materiais como cartilhas e outros.<br />

4. Finalizar o processo de legalização da produção de espécies exóticas no Estado<br />

como a tilápia.<br />

5. Promover o estudo, a regularização e o licenciamento da produção de peixes em<br />

tanque-rede, nos espelhos d’água dos rios.<br />

6. 3. Cooperativismo e associativismo<br />

O aumento da competitividade da piscicultura do Tocantins<br />

passa, obrigatoriamente, pelo fortalecimento do produtor<br />

rural. Como pôde ser visto no decorrer do trabalho, o desenvolvimento<br />

de ações coletivas, por meio da organização de<br />

associações e cooperativas, é uma forma altamente viável e<br />

eficaz para a evolução do setor.<br />

Vale destacar que as associações e cooperativas são entidades<br />

de caráter privado. O papel dos órgãos públicos no Estado<br />

é o de dar os subsídios e incentivos necessários para que os<br />

produtores se organizem.<br />

OBJETIVOS<br />

• Incentivar o cooperativismo e o associativismo no Tocantins como forma de fortalecimento<br />

do piscicultor.<br />

• Desenvolver a governança da cadeia produtiva no Estado.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Desenvolver a cultura cooperativista e associativista no Estado:<br />

a. Promover visitas técnicas dos piscicultores tocantinenses a outras regiões<br />

do País para entender o modelo de negócios e os benefícios de serem cooperados.<br />

b. Estudar e fomentar modelo de associação na qual os produtores possuem<br />

assistência técnica para intensificação da produção e padronização do produto<br />

ofertado pelos associados e negociação de contratos de entrega do<br />

volume total de pescado com frigoríficos, buscando preço prêmio pela conveniência<br />

e garantia de fornecimento.<br />

c. Estimular nas universidades o desenvolvimento de estudos científicos sobre<br />

o tema cooperativismo e associativismo, com concursos, bolsas de estudo<br />

e congressos.<br />

d. Estimular a participação das escolas estaduais e municipais em projetos de<br />

difusão de informação e princípios cooperativistas para as crianças e jovens<br />

do Estado como no Programa Cooperativa Mirim, parceria do Sicoob com<br />

o Sescoop.<br />

e. Promover o Tocantins como região de potencial investimento para produtores<br />

que possuem cultura cooperativista e/ou associativista.<br />

f. Incentivar a abertura de filiais de importantes cooperativas e associações<br />

presentes em outras regiões do País.


102<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

2. Parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) para consultoria<br />

e capacitação na criação e gestão de cooperativas.<br />

3. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas.<br />

4. Incentivar o Governo a realizar uma consulta pública às cooperativas e associações<br />

existentes para levantar potenciais oportunidades e gargalos a serem<br />

mitigados com políticas públicas.<br />

5. Desenvolver programas de capacitação para o quadro social das cooperativas<br />

e associações.<br />

6. Aumentar a inserção das cooperativas em programas de compras públicas,<br />

como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos).<br />

7. Fortalecer a atuação de associações nacionais no Estado (como a Peixe BR) e<br />

aproximá-las das associações tocantinenses como forma de impulsionar o associativismo<br />

no Estado.<br />

8. Fortalecer as associações e cooperativas existentes para que promovam:<br />

a. Missões internacionais para abertura de mercados.<br />

b. Assistência técnica de qualidade aos produtores.<br />

c. Articulações com governo e demais instituições por políticas favoráveis ao<br />

setor.<br />

d. Instalar fábricas de ração compartilhadas, contando com a gestão de associações<br />

ou cooperativas como forma de reduzir o custo de produção dos<br />

piscicultores.<br />

9. Mapear cooperativas internacionais que possam investir no negócio de piscicultura<br />

no Tocantins.<br />

10. Pleitear incentivos tributários e simplificação da legislação para instalação de<br />

cooperativas agroindustriais no Estado.<br />

6. 4. Diversificação das estratégias de financiamento da<br />

produção<br />

Este pilar estratégico tem como principal objetivo desenvolver<br />

linhas de crédito específicas para a cadeia da piscicultura,<br />

levando em consideração taxas mais baixas de juros,<br />

prazos para pagamento do financiamento mais condizentes<br />

com as características da atividade e que sejam de mais fácil<br />

acesso, levando em consideração que grande parte da cadeia<br />

é formada por pequenos piscicultores.<br />

OBJETIVOS<br />

• Ampliar e diversificar a origem do crédito para funding do custeio da piscicultura.<br />

• Estimular a criação de novas estratégias para aquisição de insumos de forma mais<br />

eficiente.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Mapear as instituições financeiras que tenham interesse em fomentar a atividade.<br />

2. Envolver especialistas de instituições financeiras nos grupos de discussão do<br />

Plano de Desenvolvimento da Piscicultura como forma de atualizar as instituições<br />

sobre as reais demandas da atividade.<br />

3. Discutir e criar linhas de crédito específicas para a piscicultura.<br />

4. Facilitar o acesso dessas linhas de crédito ao pequeno produtor.<br />

5. Desenvolver materiais com informações sobre financiamentos existentes e as<br />

exigências para obtê-los.<br />

6. Qualificar agentes públicos de assistência técnica nos critérios necessários para<br />

o acesso a linhas de crédito existentes.<br />

7. Ampliar o acesso à informação e assistência técnica para que mais produtores<br />

consigam cumprir os critérios de elegibilidade para as linhas de crédito com taxas<br />

de juros mais baixas; e criar programas de capacitação nas áreas de crédito,<br />

gestão financeira e comercialização da produção, visando a melhora e manutenção<br />

da capacidade de pagamento dos produtores.<br />

8. Alinhamento das instituições financeiras com o Plano Agro+ do MAPA que pretende<br />

desburocratizar e agilizar processos do agronegócio como a concessão<br />

de crédito.<br />

9. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas.<br />

10. Estimular a contratação de financiamento via cooperativas que conseguem<br />

acessar linhas de crédito subsidiadas e, portanto, mais vantajosas.<br />

11. Incentivar a criação de novos pools de compras de produtores ou a entrada de<br />

pools que já estão consolidados em outros Estados.


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 103<br />

12. Incentivar o uso de trocas (barter) na cadeia produtiva por meio de parcerias<br />

entre agentes, com a agroindústria como receptora do pescado.<br />

6. 5. Aumento da coordenação e integração da cadeia da<br />

piscicultura do Tocantins<br />

Atualmente, diversas ações são desenvolvidas por instituições<br />

que visam à melhoria da piscicultura no Estado do<br />

Tocantins. Este pilar estratégico tem como principal objetivo<br />

estruturar uma forma de aumentar a integração dessas instituições<br />

e, consequentemente, aumentar a coordenação entre<br />

os trabalhos desenvolvidos por cada uma delas.<br />

A maior coordenação da cadeia deve trazer como consequência<br />

uma aproximação entre produção e agroindústria, favorecendo<br />

a produção do pescado nos padrões desejados e<br />

possibilitando melhor remuneração do produtor.<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar a coordenação das ações e projetos voltados para a piscicultura no<br />

Tocantins.<br />

• Potencializar os resultados das iniciativas individuais de instituições no Estado.<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

1. Fortalecer o Conselho Estadual de Desenvolvimento da atividade.<br />

2. Mapear as iniciativas e projetos existentes para a piscicultura do Tocantins.<br />

3. Identificar sinergias e complementariedades entre as iniciativas existentes.<br />

4. Criar uma organização vertical com representantes dos diversos elos da cadeia,<br />

principalmente produtores e agroindústria na busca de delinear ações coletivas<br />

para o setor como um todo.<br />

5. Aproximar as organizações do Tocantins de agências de desenvolvimento tecnológico<br />

presentes nos principais Estados produtores de pescado no País, trazendo<br />

para o Tocantins exemplos de sucesso (benchmarking).<br />

6. Fortalecer as iniciativas e instituições já presentes no Estado.<br />

7. Promover a integração entre instituições públicas e privadas.<br />

8. Estruturar o APL de peixes nas regiões detentoras de plantas frigoríficas utilizando<br />

expertise do Sebrae e de outros agentes.<br />

6. 6. Agregação de valor e acesso a mercados<br />

Tendo em vista a importância da industrialização na cadeia<br />

e o atual status dela no Tocantins, é fundamental que as instituições<br />

presentes no Estado tenham diretrizes relacionadas<br />

com o fortalecimento desse elo. Uma maior atuação da agroindústria<br />

na cadeia trará consigo, além da maior agregação de<br />

valor ao produto tocantinense, a movimentação da economia<br />

estadual, com a geração de empregos, arrecadação de impostos<br />

e aumento da possibilidade de novos investimentos para<br />

a melhoria contínua do setor.<br />

Considerando a capacidade ociosa dos frigoríficos atualmente<br />

instalados e a falta de garantia e de preço enfrentada<br />

pelos produtores, as ações propostas têm o intuito de proporcionar<br />

maior acesso a mercados.<br />

OBJETIVOS<br />

• Aumentar o processamento de pescado no Estado do Tocantins com redução de<br />

sua capacidade ociosa.<br />

• Desenvolver o mercado interno e externo.<br />

• Agregar mais valor aos produtos oriundos da cadeia da piscicultura tocantinense.<br />

• Melhorar a integração entre agroindústria e produção.


104<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

AÇÕES ESTRATÉGIC<strong>AS</strong><br />

Nacional<br />

1. Fomentar o desenvolvimento de programas que aproximem produtores e indústria<br />

para a produção de pescado padronizado e pagamento de prêmio por<br />

qualidade.<br />

2. Estudar modelos de sucesso de integração indústria – produção de pescado em<br />

outros Estados produtores, tais como: C. Vale e Copacol, além de outros casos<br />

de integração em outras cadeias.<br />

3. Melhorar as vias de acesso entre produção de peixes e frigoríficos e entre frigoríficos<br />

e pontos de distribuição.<br />

4. Mapear novos mercados e parceiros comerciais (redes varejistas) que demandam<br />

produtos com maior valor agregado.<br />

5. Ampliar relações comerciais com parceiros existentes.<br />

6. Participar de feiras de interesse para promoção da carne de peixe tocantinense<br />

no mercado nacional.<br />

7. Restaurar centros públicos de comercialização de peixes.<br />

8. Criar plano de comunicação institucional da piscicultura tocantinense, divulgando<br />

o Estado nos principais centros consumidores nacionais (denominação de<br />

origem).<br />

Internacional<br />

9. Iniciar estudos quanto aos critérios habilitadores para exportação de pescado<br />

para os principais mercados.<br />

10. Desenvolver mercados externos:<br />

a. Articular com os demais Estados exportadores e o Governo Federal, ações<br />

da cadeia em âmbito nacional para redução das barreiras tarifárias e não<br />

-tarifárias dos produtos da cadeia da piscicultura.<br />

b. Realizar missões comerciais em mercados com alto potencial para os produtos<br />

da cadeia.<br />

c. Realizar ações de marketing que promovam a imagem da carne de peixe<br />

brasileira no exterior, passando a imagem de carne sustentável, para que se<br />

aumentem as exportações.<br />

11. Capacitar produtores e indústrias para exportação.<br />

12. Criar material com atualizações periódicas que descrevam os potenciais parceiros<br />

comerciais do Tocantins no mercado internacional, principais barreiras<br />

tarifárias e não-tarifárias, políticas internacionais, atividades desenvolvidas pelo<br />

Estado para estimular as parcerias comerciais.<br />

13. Buscar nichos de mercado e incentivar produtores e frigoríficos a se adequarem<br />

e atenderem a essas demandas. Por exemplo, peixes amazônicos sustentáveis.<br />

14. Promover eventos, como rodadas de negócios e feiras para identificação, construção<br />

de relacionamento e início de negociações com possíveis importadores;<br />

15. Criar plano de comunicação institucional da piscicultura tocantinense, promovendo<br />

os peixes locais como atrativo principal para divulgar o Estado em mercados<br />

internacionais.<br />

16. Estruturar missões internacionais e nacionais para acesso ao mercado (abertura<br />

de mercado).


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 105


consideraçÕes Finais


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 107<br />

Tendo como base todo o trabalho desenvolvido e os resultados<br />

possíveis de serem buscados pelo Estado do Tocantins<br />

nos próximos anos, fica evidente a importância de iniciativas<br />

que visam integrar ações estratégicas entre os agentes, sejam<br />

eles do âmbito público ou privado. Durante o desenvolvimento<br />

do trabalho, pôde-se perceber que o Tocantins possui diversas<br />

iniciativas que visam incentivar o desenvolvimento do<br />

agronegócio no Estado. Porém, melhorar o alinhamento entre<br />

elas, resultará em um melhor aproveitamento.<br />

Alinhar os agentes é aspecto fundamental para o pensamento<br />

de sistemas agroindustriais integrados. O trabalho<br />

coletivo, a busca conjunta por resultados e o desejo unificado<br />

de desenvolvimento fazem com que sejam ampliadas ações<br />

que aumentam a eficiência das cadeias por meio da busca de<br />

sinergias e delineamento de estratégias inovadoras.<br />

Neste cenário, o ganho também é coletivo. Vivencia-se a geração<br />

de valor compartilhado, ou seja, todos os elos e agentes<br />

envolvidos se beneficiam dos resultados do desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva. Outro aspecto que pode ser destacado<br />

como benefício da integração e motivação para participação<br />

dos agentes em iniciativas coletivas é o aprendizado contínuo<br />

e multidisciplinar.<br />

É evidente que as cadeias produtivas são arranjos complexos,<br />

nas quais seus diversos agentes possuem características<br />

únicas e estão inseridos em contextos específicos.<br />

Devido a isso, o delineamento de estratégias conjuntas não


108<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

é algo simples de ser feito, sendo necessária grande organização<br />

e processamento integrado das informações disponíveis.<br />

O método GESis, método-base utilizado para o<br />

desenvolvimento do presente projeto, foi estruturado com<br />

o objetivo principal de organizar e guiar o delineamento de<br />

estratégias para sistemas agroindustriais indo ao encontro<br />

do desejo do Estado do Tocantins de desenvolver integralmente<br />

seu agronegócio. Além disso, outros objetivos devem<br />

ser considerados.<br />

• Busca de economias de escala.<br />

• Esforços de diferenciação e posicionamento (para gerar<br />

valor).<br />

• Rápidas adaptações às mudanças macroambientais<br />

(quando bem estruturadas).<br />

• Performance e responsividade.<br />

• Visão compartilhada e transparência.<br />

• Sustentabilidade econômica, ambiental e social dos integrantes.<br />

• Conhecimento de custos de produção e transação e luta<br />

por redução.<br />

• Mecanismos de solução de conflitos (remediação/ alternativa<br />

para a burocracia brasileira).<br />

• Organização dos esforços de lobby.<br />

• Planejamento integrado entre os elos.<br />

• Direção da demanda buscando a lealdade dos consumidores.<br />

• Inteligência compartilhada e uso das amplas fontes de<br />

dados.<br />

• Criação de comitês (governança, riscos, seguros...).<br />

• Motivações, contribuições, direitos e benefícios de cada<br />

participante.<br />

• Compromisso de cada participante.<br />

• Investimentos específicos de cada participante.<br />

• Estabelecimento de padrões.<br />

A metodologia desenvolvida, inclusive para o levantamento<br />

sistemático de dados, ao mesmo tempo que guia a etapa de<br />

diagnóstico para uma visão abrangente do sistema alvo também<br />

direciona as futuras estratégias. Assim como o método<br />

prevê, essa etapa não seria tão efetiva sem a ampla participação<br />

dos agentes envolvidos em cada uma das cadeias produtivas,<br />

aspecto que foi amplamente vivenciado nos estudos do<br />

Tocantins. A participação dos agentes desde o início do processo<br />

de planejamento, além de trazer uma visão realista da<br />

atual situação de cada um dos elos que compõem o sistema<br />

agroindustrial, contribui para a percepção da coletividade na<br />

construção dos planos.<br />

Com base no amplo diagnóstico desenvolvido para a cadeia<br />

da piscicultura do Estado do Tocantins, foi possível delinear


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 109<br />

projetos estratégicos que envolvem diversos elos presentes<br />

na cadeia, em conjunto. Nesse sentido, os projetos estruturados<br />

para a referida cadeia foram organizados em seis pilares.<br />

O primeiro deles diz respeito ao aumento da produção e ao<br />

desenvolvimento de novas tecnologias, tendo como direcionadores<br />

o fomento à pesquisa e desenvolvimento, a difusão<br />

de conhecimento e a revisão de incentivos fiscais para a cadeia<br />

no Estado.<br />

A formalização da piscicultura no Tocantins é um pilar fundamental<br />

para o desenvolvimento da cadeia de forma sustentável.<br />

Dessa maneira, é importante mapear a atual situação da<br />

piscicultura no Estado (regular ou não) e simplificar os processos<br />

de licenciamento da atividade como forma de incentivar<br />

sua regularização.<br />

O fortalecimento do cooperativismo e associativismo no<br />

Tocantins é outro pilar que deve ser trabalhado, tendo em<br />

vista a evolução da cadeia produtiva no Estado. O desenvolvimento<br />

de governança nas cadeias produtivas do Estado só é<br />

possível por meio da estruturação de ações coletivas.<br />

O quarto pilar diz respeito à diversificação das estratégias<br />

de financiamento da piscicultura no Estado, principalmente<br />

no que diz respeito ao custeio das atividades e ao maior<br />

acesso aos insumos produtivos que trará consigo uma elevação<br />

no pacote tecnológico, utilizado pelo piscicultor tocantinense.<br />

O quinto pilar proposto se refere à coordenação e à integração<br />

da cadeia da piscicultura incluindo suas instituições de<br />

apoio. Seu objetivo é potencializar os resultados das iniciativas<br />

individuais existentes.<br />

O último pilar visa incentivar o Estado a desenvolver sua<br />

agroindústria de processamento de peixes. O fortalecimento<br />

desse elo traz benefícios diretos para a geração de valor na cadeia<br />

e também potencializa o desenvolvimento regional, com<br />

a criação de diversos postos de trabalho e mais distribuição<br />

de renda. Nesse sentido, propõe-se que a cadeia no Estado<br />

avance com a aproximação de seus elos, principalmente indústria<br />

e produtor, e no desenvolvimento dos mercados externo<br />

e interno.<br />

Tão ou mais importante que a estruturação do plano estratégico<br />

para sistemas agroindustriais é a sua implementação.<br />

Ao longo de mais de dez anos de aplicação do presente método,<br />

alguns problemas foram identificados e devem ficar claros<br />

para que sejam evitados no Tocantins.<br />

• Falta de objetivos<br />

• Falta de lealdade<br />

• Problema de capacidade decisória<br />

• Falta de orientação ao mercado<br />

• Não compartilhamento de risco<br />

• Desbalanço de esforços e resultado


110<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

• Falta de visão<br />

• Interesses individuais predominantes<br />

• Oportunismo presente<br />

• Falta dos itens de liderança<br />

• Falta dos itens de planejamento<br />

• Presença de subsídios e distorções.<br />

Assim como os problemas evidenciados, também é importante<br />

destacar as observações referentes à velocidade de implementação<br />

que estão ligadas a diversos fatores, merecendo<br />

análise para serem trabalhadas anteriormente, visando aplicação<br />

exitosa do plano realizado.<br />

• Inadequada habilidade de liderança pelos dirigentes no<br />

alcance dos objetivos e envolvimento das linhas operacionais<br />

das organizações.<br />

• Falta de estabelecimento de indicadores a serem atingidos<br />

e monitorados.<br />

• Falta de método/padrões para implementação.<br />

• Falta de disciplina/motivação dos integrantes dos esforços<br />

e das organizações na implementação.<br />

• Falta da composição de um conselho gestor que dá o caráter<br />

de executividade.<br />

• Questões políticas e culturais nos integrantes da organização.<br />

• Perfil do gestor dos projetos e presença de sentimentos<br />

de bloqueio, como ciúmes.<br />

• Perda de espaço de agentes do sistema agroindustrial<br />

que irão bloquear a implementação de projetos.<br />

• Tempo de amadurecimento dos projetos e momentos<br />

adequados de implementação.<br />

• Qualidade do conselho gestor e déficit na capacidade dos<br />

colaboradores.<br />

• Inserção e integração com as equipes.<br />

• Detalhamento dos projetos de maneira simples e executiva.<br />

• Relações pessoais e protegidos com indicações que não<br />

levam em conta o critério técnico.<br />

• Relacionamento com os que se acham donos do coletivo.<br />

• Falta de entendimento dos objetivos estratégicos e do<br />

próprio conceito de planejamento e estratégia.<br />

• Não antecipação de problemas e fatores externos impactando<br />

na implementação.<br />

• Conflito de prioridades e objetivos.<br />

• Aversão ao risco e conservadorismo de pessoas com a<br />

visão no passado.<br />

Esses pontos devem ser trabalhados antecipadamente para<br />

possibilitar que os projetos estratégicos avancem.<br />

O sucesso da implementação das estratégias propostas no


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 111<br />

presente plano, para a cadeia da piscicultura, permitirá que<br />

o Tocantins aumente sua participação para 14% da produção<br />

total de peixes da região norte do País. Para tanto, o Estado<br />

passará de 9,5 milhões de toneladas produzidas em 2016<br />

para 44,6 milhões em 2026 (incremento de 368%). Ao longo<br />

do período de dez anos, o acúmulo dos valores adicionais<br />

resultará em um incremento total de R$1,35 bilhão no valor<br />

bruto da produção.<br />

Os próximos passos envolvem a formação de um comitê<br />

estratégico com agentes da cadeia produtiva, públicos e privados<br />

que, por meio de reuniões mensais e disposição das<br />

ações do projeto sendo posto em prática, organizará equipes<br />

com metas, funções e prazos. Este comitê estratégico da piscicultura<br />

no Tocantins será o responsável por implementar o<br />

plano que foi construído pela Markestrat, em conjunto com<br />

os agentes da cadeia produtiva.


eFerÊncias


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> 113<br />

• ALMEIDA, E.R.; MENDES, S.H.A. Criação de Peixe no Tocantins: a contribuição<br />

da piscicultura para o desenvolvimento local. Revista São Luis Orione Online,<br />

Araguaina – TO, Ano XIV, v. II, n. 9 – jan./dez. 2015. Disponível em: < http://<br />

seer.catolicaorione.edu.br/index.php/revistaorione/article/download/12/10>.<br />

Acesso em: 13 out. 2017.<br />

• ACEB. Associação Cultural e Educacional Brasil. 1º Anuário Brasileiro da<br />

Pesca e Aquicultura. 2014. Disponível em: .<br />

Acesso em 20 out. 2017.<br />

• ARAÚJO, C.; REY<strong>NO</strong>L, F. Produção de tilápia no Brasil cresce 223% em dez<br />

anos. Embrapa Pesca e Aquicultura, 2017. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/21621836/producao-de-tilápia-no-brasil-cresce-223-em-dez-anos>.<br />

Acesso em 15 nov 2017.<br />

• BARBIERO, A. et al. Plano de desenvolvimento da piscicultura no Tocantins.<br />

2017<br />

• BARROSO, R.M. et.al. Discussão sobre a regularização da piscicultura brasileira:<br />

da produção à comercialização. Palmas TO: Embrapa Pesca e Aquicultura,<br />

2016.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Serviço de Inspeção<br />

Federal (SIF). 2017a. Disponível em: . Acesso em: 16 outubro 2017.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Ministério do Planejamento. Programa de Aceleração do Crescimento<br />

- PAC. 2017b. Disponível em: .<br />

Acesso em: 22 set.<br />

• BR<strong>AS</strong>IL. Secretaria de Comércio Exterior. Bases Estatísticas. 2017c. Disponível<br />

em: . Acesso em: 25 set. 2017.<br />

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http://www.cvale.com.br/historico.html>. Acesso em: 10 de jan 2018.<br />

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Tocantins. Palmas: Governo do Tocantins, 2017.<br />

• CNA/Embrapa. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil/Empresa<br />

Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Dinâmica da produção de tambaqui e<br />

demais peixes redondos no Brasil. 2016 Disponível em: Acesso em 10 nov. 2017.<br />

• CNI. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Portal da Indústria – TO.<br />

2017. Disponível em: Acesso em: 23 jul. 2017.<br />

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Acesso em: 10 de jan 2018.<br />

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Regional. 1. ed. Brasília: Mais Gráfica, 2010. v. 1. 404p.<br />

• ECONET. Situação PIS e Cofins. 2017. Disponível em: <br />

Acesso em 20 outubro 2017.<br />

• EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Diagnóstico da cadeia<br />

produtiva da piscicultura no Estado do Tocantins. 2014. Disponível em:<br />

Acesso em: 30 jan. 2018.<br />

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2017. Disponível em: < https://www.embrapa.br/tema-pesca-e-aquicultura>.<br />

Acesso em 03 nov 2017.<br />

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do Tocantins 2016. 2016. Disponível em: < http://www.fieto.com.br/DownloadArquivo.aspx?c=94c38acb-a27f-4802-9222-036301de0028>.<br />

Acesso em: 12<br />

setembro 2017.<br />

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Documento Interno FIETO. Tocantins: 2016.<br />

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Acesso em: 28 out 2017.<br />

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Reservatórios para a Produção de Peixes. 1988. Disponível em: . Acesso em: 7 nov 2017.<br />

• FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. The State of World Fisheries<br />

and Aquaculture. 2016. Disponível em: < http://www.fao.org/3/a-i5555e.<br />

pdf>. Acesso em: 28 out 2017.<br />

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2014. Disponível em: . Acesso em 15 nov. 2017.<br />

• FILHO, M. X.P; FLORES, R. M. V.; RODRIGUES, A. P. O.; REZENDE, F.P. Análise<br />

comparativa de resultados econômicos dos polos piscicultores no segundo<br />

trimestre de 2015. Ativos Aquicultura, v. 1, n. 5, ago. 2015.


114<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong> CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong> <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

piscicULtUra<br />

• FILHO, M. X. P.; RODRIGUES, A. P. O.; REZENDE, F. P. Dinâmica da produção de tambaqui<br />

e demais peixes redondos no Brasil. Ativos Aquicultura, v. 2, n. 7, jan. 2016.<br />

• HIRAKURI, M. H. Avaliação econômica da produção de soja nos Estados do<br />

Paraná e Rio Grande do Sul na safra 2016/17. Circular Técnica 126, Embrapa.<br />

Londrina/PR, Janeiro de 2017. Disponível em: < http://ainfo.cnptia.embrapa.<br />

br/digital/bitstream/item/154843/1/CT126.pdf > Acesso em: 12 ago. 2017.<br />

• IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Pecuária Municipal:<br />

produção da aquicultura, 2016. 2017. Disponível em: Acesso em: 17 out 2017.<br />

• IDER-UFT. Instituto de Desenvolvimento Regional. Mapeamento Arranjos<br />

Produtivos Locais no Estado do Tocantins. 2016b. Palmas, agosto de 2016.<br />

• L<strong>AS</strong>TRES, H.M.M; C<strong>AS</strong>SIOLATO, J.E. Glossário de arranjos e sistemas produtivos<br />

locais. Sebrae. Rio de Janeiro: UFRJ. 2003. Disponível em: <br />

acessado em: 20 nov. 2017.<br />

• LIMA, D. A. A expansão da soja na fronteira agrícola moderna e as transformações<br />

do espaço agrário tocantinense. Dissertação (Mestrado). Instituto<br />

de Geociências. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Campinas,<br />

2014.<br />

• MU<strong>NO</strong>Z, A.E.P. et al. Piscicultores discutem custos de produção da aquicultura<br />

na região central do Tocantins. EMBRAPA. Palmas - TO 2014.<br />

• NEVES, M. F. et.al. Mapeamento da Suinocultura Brasileira. Associação Brasileira<br />

dos Criadores de Suínos – ABCS. Brasília: 2016.<br />

• NEVES, M. F. Método para planejamento e gestão estratégica de sistemas<br />

agroindustriais (GESis). Revista da Administração, São Paulo, v. 43, n.4, p.<br />

331-343, 2008.<br />

• PORTER, M. E. Competitive advantage: creating and sustaining superior<br />

performance. New York: Free Press, 1998.<br />

• PORTER, M. E. Competitive strategy: techniques for analyzing industries and<br />

competitors. New York: Free Press, 1980.<br />

• SEBRAE. Entenda as diferenças entre associação e cooperativa. 2017. Disponível<br />

em: . Acesso em: 19 ago. de 2017.<br />

• SILVA, A.P. et al. Troca de experiências associativistas em piscicultura. Palmas,<br />

TO: Embrapa Pesca e Aquicultura, 2014. Disponível em: .<br />

Acesso em 15 nov. 2017.<br />

• TAVARES, T.G. Limitadores e Oportunidades da Cadeia Produtiva da Piscicultura<br />

no Sudeste do Tocantins. 2016. Dissertação (Mestrado em Engenharia<br />

de Produção e Sistemas) - Universidade Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo,<br />

2016. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2018.<br />

• <strong>TOCANTINS</strong>. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia,<br />

Turismo e cultura do Tocantins (SEDEN TO). Criação do Estado do Tocantins –<br />

1988. 2017a. Disponível em: < http://seden.to.gov.br/desenvolvimento-da-cultura/tocantins---historia/l-criacao-do-Estado-do-tocantins---1988/>.<br />

Acesso<br />

em: 09 set. 2017.<br />

• <strong>TOCANTINS</strong>. Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (SE-<br />

AGRO). Situação Atual da Aquicultura Tocantinense. 2017b. Disponível em:<br />

. Acesso em: 17 out. 2017<br />

• WRIGHT, P.; KROLL, M. J.; PARNELL, J. Administração Estratégica: conceitos.<br />

São Paulo: Atlas, 2000.<br />

• ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. (Org.). Economia e gestão dos negócios<br />

agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000. 428p.


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul - Palmas - TO CEP 77020-016<br />

+55 63 3229-5700 www.fieto.com.br © 2018


suinocultura<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas<br />

do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

2018 - 2027


Soja e Milho<br />

Volumes 1 e 2<br />

Carne Bovina<br />

Volume 3<br />

Suinocultura<br />

Volumes 7<br />

Avicultura<br />

Volume 8<br />

Arroz<br />

Volume 4<br />

Lácteos<br />

Volume 9<br />

Silvicultura<br />

Volume 5<br />

Piscicultura<br />

Volume 6


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Suinocultura<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas<br />

do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

2018 - 2027<br />

1ª edição<br />

Palmas, 2018


ficha catalográfica<br />

F293s<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Suinocultura: plano estratégico para as cadeias produtivas do<br />

agronegócio no Estado do Tocantins: 2018 - 2027 / José Roberto Fernandes<br />

(Coordenador). – Palmas - TO : Sistema FIETO, 2018.<br />

160 p. : il.<br />

ISBN : 978-85-60759-46-0<br />

1. Economia agrícola - Tocantins. 2. Produtos agrícolas – Tocantins. 3.<br />

Suinocultura. I. Fernandes, José Roberto. II. Título.<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Rosana Maria Santos de Oliveira Corrêa<br />

Bibliotecária CRB2-810<br />

CDD: 338.1098117<br />

O presente plano foi elaborado com recursos financeiros do Fundo de<br />

Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Tocantins, através do<br />

Termo de Colaboração Nº 508/2016 celebrado entre o Governo do Estado do<br />

Tocantins, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura e a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong><br />

CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong><br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO - CDE<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

Roberto Magno Martins Pires Presidente<br />

FIETO - EQUIPE TÉCNICA<br />

José Roberto Fernandes – Coordenador<br />

Sergio Carlos Ferreira Tavares<br />

Benedito Aparecido da Silva<br />

Lísia Daniella Lustosa Ferro<br />

Wandemberg Pereira Rodrigues<br />

Karolina Gonçalves de Sousa<br />

CONSULTORIA – MARKESTRAT<br />

Marcos Fava Neves – Coordenador<br />

Tássia Gerbasi<br />

Flavio Ruhnke Valério<br />

Patricia Milan Rodrigues Alves<br />

Carla Cristina Martoni Pereira Gomes<br />

Letícia Franco Martinez<br />

Giulia Machado Agostini<br />

Eduardo Garcia Filho<br />

Agda Soares de Souza Dias<br />

Pedro Galvão Caserta<br />

Vinícius Verdu de Oliveira<br />

REVISÃO<br />

Zenilda Drumond<br />

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO<br />

Bonina Comunicação<br />

FIETO / Governo do Estado do Tocantins © 2018


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – FIETO<br />

DIRETORIA: QUADRIÊNIO 2016 - 2020<br />

Presidente<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

1º Vice-Presidente<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

Vice-Presidentes<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Charles Alberto Elias<br />

Luciano de Carvalho Rocha<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Oswaldo Stival Júnior<br />

Primeira Secretária<br />

Claudizete Carneiro Santos<br />

Segundo Secretário<br />

Mário de Castro Pillar<br />

Primeiro Tesoureiro<br />

Walter Atta Rodrigues Bittencourt Júnior<br />

Segunda Tesoureira<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo<br />

Suplentes da Diretoria<br />

Cabral Santos Gonçalves<br />

Diego Teodoro Carvalho Alba Garcia<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomem<br />

Gliner de Souza Borges<br />

Marco Antônio de Faria Cunha<br />

Wilmar Oliveira de Bastos<br />

Luiz Carlos Alves de Oliveira<br />

Jacques José de Barros<br />

Francisco Monteiro de Souza Filho<br />

Ailton dos Santos Queiroz<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Membros Efetivos<br />

José de Souza Vasque<br />

José Febrônio da Silva<br />

Francisco Antélius Sérvulo Vaz<br />

Membros Suplentes<br />

Reinaldo Pereira Cardoso<br />

Fábio de Oliveira Soares<br />

Rômulo José dos Santos<br />

REPRESENTANTES JUNTO À CNI<br />

Membros Efetivos<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

Célio Batista Alves<br />

Membros Suplentes<br />

Charles Alberto Elias<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul, Palmas - TO CEP: 77.020-016<br />

Tel.: +55 63 3229-5700 www.fieto.com.br


índice<br />

Lista de Siglas.............................................................................................................................. 16<br />

Agradecimentos.......................................................................................................................... 20<br />

Apresentação............................................................................................................................... 24<br />

1. Introdução.................................................................................................................................... 26<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho...........................................................................................................................28<br />

1. 1. 1. Introdução e entendimento...................................................................................................................................31<br />

1. 1. 2. Análise do mercado e enfoque de sistemas.................................................................................................31<br />

1. 1. 3. Análise da situação interna: o Estado do Tocantins ...............................................................................31<br />

1. 1. 4. Consolidação do diagnóstico.................................................................................................................................32<br />

1. 1. 5. Objetivos para a cadeia e estratégias centrais ............................................................................................32<br />

2. Análise de Mercado e Enfoque de Sistemas.......................................................................... 34<br />

2. 1. Análise do mercado internacional.....................................................................................................................35<br />

2. 1. 1. Rebanho mundial de suínos..................................................................................................................................35<br />

2. 1. 2. Produção mundial de carne suína.....................................................................................................................37<br />

2. 1. 3. Consumo mundial de carne suína.....................................................................................................................39<br />

2. 1. 4. Exportações mundiais de carne suína............................................................................................................41<br />

2. 1. 5. Importações mundiais de carne suína............................................................................................................43<br />

2. 1. 6. Comparação da carne suína com outras proteínas animais...............................................................44<br />

2. 2. Análise do mercado nacional................................................................................................................................46<br />

2. 2. 1. Produção pecuária.......................................................................................................................................................46<br />

2. 2. 2. A agroindústria processadora e a produção de carne suína no Brasil..........................................60<br />

2. 2. 3. Exportações de carne suína...................................................................................................................................65<br />

2. 2. 4. Consumo interno de carne suína.......................................................................................................................70<br />

2. 2. 5. Custo de produção e análise de viabilidade..................................................................................................76<br />

2. 2. 6. Associativismo e cooperativismo.......................................................................................................................88<br />

2. 2. 7. Outras iniciativas no setor brasileiro da suinocultura............................................................................96


2. 3. A região MATOPIBA....................................................................................................................................................97<br />

2. 4. Suinocultura no Tocantins......................................................................................................................................98<br />

2. 4. 1. Potencialidades do Tocantins para o desenvolvimento da suinocultura.................................100<br />

2. 5. O modelo PINS (Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis).......................................................107<br />

2. 5. 1. Modelo de crescimento da suinocultura no Tocantins.......................................................................110<br />

2. 5. 2. Benefícios diretos e indiretos do desenvolvimento do setor na região.....................................115<br />

3. Consolidação do Diagnóstico.................................................................................................. 124<br />

3. 1. Resumo das forças e fraquezas do Estado do Tocantins...................................................................125<br />

3. 2. Análise PEST................................................................................................................................................................127<br />

3. 3. Análise das 5 Forças de Porter..........................................................................................................................130<br />

4. Objetivos estratégicos para a cadeia..................................................................................... 134<br />

5. Estratégias centrais e projetos estratégicos....................................................................... 140<br />

5. 1. Adequação de questões estruturais e fortalecimento do ambiente institucional...............142<br />

5. 1. 1. Logística..........................................................................................................................................................................143<br />

5. 1. 2. Incentivos fiscais.......................................................................................................................................................143<br />

5. 1. 3. Alternativas de Financiamento.........................................................................................................................143<br />

5. 2. Atração de investimentos: empresa âncora integradora...................................................................144<br />

5. 2. 1. Busca por potenciais investidores..................................................................................................................144<br />

5. 2. 2. Desenvolvimento de mercado consumidor...............................................................................................145<br />

5. 3. Desenvolvimento de produtores integrados.............................................................................................146<br />

5. 3. 1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento.....................................................................................................146<br />

5. 3. 2. Transferência do conhecimento/capacitação...........................................................................................146<br />

5. 4. Fortalecimento de ações coletivas...................................................................................................................147<br />

5. 5. Aumento da sinergia da suinocultura com outras atividades........................................................147<br />

6. Considerações finais................................................................................................................. 150<br />

7. Referências................................................................................................................................. 156


índice<br />

Lista de figuras<br />

Figura 1.1<br />

Figura 1.2<br />

Figura 2.1<br />

Figura 2.2<br />

Figura 2.3<br />

Macro etapas do método GESis........................................................................................................................29<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis..................................................................................................30<br />

Consumo mundial por país em milhões de toneladas e consumo<br />

per capita, em kg/ha/ano, em 2017................................................................................................................41<br />

Modelos de governança da suinocultura no Brasil..............................................................................48<br />

Tipos de granja presentes em modelos de integração de suínos................................................49<br />

Figura 2.4 Rebanho suíno por estado (dados de 2016)..............................................................................................52<br />

Figura 2.5 Distribuição das agroindústrias suinícolas com SIF no Brasil em 2015.................................62<br />

Figura 2.6 Distribuição dos abates suínos brasileiros em 2016...........................................................................63<br />

Figura 2.7 Destinos da carne suína brasileira em 2017.............................................................................................67<br />

Figura 2.8 Principais destinos das exportações da suinocultura brasileira em 2017............................68<br />

Figura 2.9 Volume das exportações estaduais do complexo suinícola em 2017......................................70<br />

Figura 2.10<br />

Figura 2.11<br />

Figura 2.12<br />

Figura 2.13<br />

Associações estaduais vinculadas à ABCS................................................................................................91<br />

Organização das associações de suínos no Brasil.................................................................................92<br />

Características das organizações de suinocultores do Vale do Ipiranga................................94<br />

Etapas sugeridas para o desenvolvimento da suinocultura no estado do Tocantins......111<br />

Figura 2.14 Benefícios da implantação de uma agroindústria processadora de suínos (ano) ........118<br />

Figura 3.1<br />

Figura 3.2<br />

Figura 4.1<br />

Figura 5.1<br />

Unidades de análise da PEST.........................................................................................................................125<br />

Modelo esquemático na ferramenta Cinco Forças de Porter......................................................128<br />

Vetores guia para desenvolvimento da cadeia da suinocultura tocantinense................134<br />

Encadeamento estratégico da cadeia de carne suína para o estado do Tocantins.......140


Lista de gráficos<br />

Gráfico 2.1<br />

Gráfico 2.2<br />

Histórico do rebanho mundial...........................................................................................................................36<br />

Participação por tamanho de granja (%) na China................................................................................37<br />

Gráfico 2.3 Histórico da produção mundial de carne suína (2007 – 2017).....................................................38<br />

Gráfico 2.4<br />

Produção de carne suína por país integrante da UE (em mil toneladas)................................39<br />

Gráfico 2.5 Projeções de produção mundial de carne suína para 2026<br />

(em milhões de toneladas)....................................................................................................................................40<br />

Gráfico 2.6<br />

Gráfico 2.7<br />

Gráfico 2.8<br />

Gráfico 2.9<br />

Evolução das exportações de carne suína em países selecionados<br />

(em mil toneladas)......................................................................................................................................................43<br />

Evolução da produção mundial de carne suína, bovina e avícola<br />

(em mil toneladas)......................................................................................................................................................45<br />

Evolução do consumo per capita das carnes de suínos, aves e bovinos na China..........47<br />

Evolução do rebanho suíno brasileiro (em milhões de cabeças).................................................50<br />

Gráfico 2.10 Histórico de rebanho de suínos por região................................................................................................51<br />

Gráfico 2.11 Distribuição do rebanho suíno do Paraná em 2016 (em mil cabeças).....................................53<br />

Gráfico 2.12 Distribuição do rebanho suíno de Santa Catarina em 2016 (em mil cabeças)....................54<br />

Gráfico 2.13 Distribuição do rebanho suíno do Rio Grande do Sul em 2016 (em mil cabeças)............56<br />

Gráfico 2.14 Distribuição do rebanho suíno de Minas Gerais em 2016 (em mil cabeças).......................57<br />

Gráfico 2.15 Distribuição do rebanho suíno do Mato Grosso em 2016 (em mil cabeças)........................58<br />

Gráfico 2.16 Distribuição do rebanho suíno de Goiás em 2016 (em mil cabeças).........................................59<br />

Gráfico 2.17 Distribuição do rebanho suíno de São Paulo em 2016 (em mil cabeças)...............................60<br />

Gráfico 2.18 Série histórica de produção de carne suína por região (kg)............................................................64


índice<br />

Gráfico 2.19 Série histórica das exportações mundiais da carne suína brasileira ......................................66<br />

Gráfico 2.20 Exportações brasileiras de carne suína em 2017 (por produto)..................................................68<br />

Gráfico 2.21 Evolução das exportações brasileiras da suinocultura (por destino)........................................69<br />

Gráfico 2.22 Exportações de carne suína 2017-2027 (em mil toneladas)..........................................................71<br />

Gráfico 2.23 Histórico de consumo nacional de carne suína (em milhões de toneladas).........................72<br />

Gráfico 2.24 Consumo per capita das principais proteínas consumidas no Brasil......................................73<br />

Gráfico 2.25 Projeções da produção e consumo (em milhões de toneladas) de<br />

carne suína no Brasil...............................................................................................................................................74<br />

Gráfico 2.26 Projeção da participação regional na produção nacional de carne suína em 2027........75<br />

Gráfico 2.27 Evolução das médias anuais dos custos de produção de suínos (R$/Kg vivo)...................78<br />

Gráfico 2.28 Composição dos custos médios de produção do suíno, para os meses de<br />

janeiro, julho e dezembro, estado do Ceará, 2017................................................................................80<br />

Gráfico 2.29 Composição dos custos médios de produção do suíno, para os meses de<br />

janeiro, julho e dezembro, estado do Goiás, 2017..................................................................................80<br />

Gráfico 2.30 Composição dos custos médios de produção do suíno, para os meses de<br />

janeiro, julho e dezembro, estado de Santa Catarina, 2017.............................................................81<br />

Gráfico 2.31 Composição dos custos de produção do suíno, por item (%), por estado<br />

analisado (Ceará, Goiás e Santa Catarina)..................................................................................................81<br />

Gráfico 2.32 Variação dos preços de farelo de soja, milho e suíno vivo, Ceará 2017...................................86<br />

Gráfico 2.33 Variação dos preços de farelo de soja, milho e suíno vivo, Goiás 2017...................................87<br />

Gráfico 2.34 Variação dos preços de farelo de soja, milho e suíno vivo, Santa Catarina 2017..............88<br />

Gráfico 2.35 Atividades agropecuárias MATOPIBA (em área)....................................................................................98<br />

Gráfico 2.36 Atividades agropecuárias MATOPIBA (em receita)..............................................................................98<br />

Gráfico 2.37 Evolução do rebanho e produção de carne suína no Tocantins...................................................99


Gráfico 2.38 Histórico da quantidade de suínos abatidos no estado do Acre...............................................119<br />

Gráfico 4.1 Valor bruto da produção projetado até o ano 10.................................................................................136<br />

Lista de quadros<br />

Quadro 2.1 Detalhamento dos tipos de granja encontrados no modelo de integração de suínos ......50<br />

Quadro 2.2<br />

Quadro 2.3<br />

Quadro 2.4<br />

Quadro 2.5<br />

Quadro 2.6<br />

Quadro 3.1<br />

Quadro 3.2<br />

Quadro 3.3<br />

Quadro 4.1<br />

Quadro 4.2<br />

Características de importantes frigoríficos no Brasil..........................................................................66<br />

Etapas e finalidades para o levantamento de custo de produção...............................................76<br />

Procedimentos para o cálculo dos custos variáveis e fixos de suínos conforme<br />

a metodologia da Embrapa Aves e Suínos.................................................................................................77<br />

Cooperativas agroindustriais do setor de suínos brasileiro............................................................92<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico..............................................................107<br />

Forças e fraquezas do estado do Tocantins............................................................................................123<br />

Ameaças do ambiente externo......................................................................................................................126<br />

Oportunidades do ambiente externo.........................................................................................................126<br />

Missão e visão para a cadeia de carne suína no Tocantins..........................................................134<br />

Objetivos estratégicos, metas e indicadores de desempenho para a cadeia<br />

de carne suína do estado do Tocantins....................................................................................................136<br />

Lista de tabelas<br />

Tabela 2.1<br />

Países com maior rebanho de suínos...........................................................................................................36<br />

Tabela 2.2 Principais países produtores de carne suína (2017)............................................................................38


índice<br />

Tabela 2.3<br />

Tabela 2.4<br />

Tabela 2.5<br />

Tabela 2.6<br />

Tabela 2.7<br />

Tabela 2.8<br />

Consumo per capita de carne suína nos principais países consumidores...........................42<br />

Exportações mundiais de carne suína.........................................................................................................42<br />

Importações mundiais de carne suína.........................................................................................................44<br />

Projeção do consumo per capita das principais proteínas animais<br />

consumidas no mundo..........................................................................................................................................46<br />

Participação das principais empresas brasileiras no abate SIF....................................................63<br />

Evolução da participação das regiões na produção de carne suína do Brasil.....................64<br />

Tabela 2.9 Ranking da produção de carne suína em 2017......................................................................................65<br />

Tabela 2.10<br />

Tabela 2.11<br />

Tabela 2.12<br />

Tabela 2.13<br />

Tabela 2.14<br />

Tabela 2.15<br />

Tabela 2.16<br />

Projeções da produção regional de carne suína.....................................................................................74<br />

Comparativo do custo médio anual da produção de suínos para os anos<br />

de 2010 e 2017, nos estados de Santa Catarina, Goiás e Ceará (R$/Kg vivo)........................79<br />

Custo de produção para suínos, em janeiro de 2016, nos estados de Santa<br />

Catarina, Goiás e Ceará (R$/kg vivo)...............................................................................................................80<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro<br />

para a produção do suíno no Ceará, 2017 (R$/Kg vivo).....................................................................83<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro<br />

para a produção do suíno em Goiás, 2017 (R$/Kg vivo)....................................................................84<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro<br />

para a produção do suíno em Santa Catarina, 2017 (R$/Kg vivo)...............................................85<br />

Análise de sensibilidade do custo de produção de suínos para os estados do<br />

Ceará, Goiás e Santa Catarina, com variações nos valores de alimentação e preço........89<br />

Tabela 2.17 Rebanho suíno do Tocantins (2016)............................................................................................................100<br />

Tabela 2.18 Quantificação da suinocultura brasileira (2015)..................................................................................118<br />

Tabela 4.1 Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para<br />

suinocultura nos próximos 10 anos...........................................................................................................136


Lista de Siglas<br />

ABCS<br />

ABIEC<br />

ABPA<br />

ABRAFRIGO<br />

ABS<br />

ACCS<br />

ACRISMAT<br />

ACSURS<br />

Adapec<br />

AGETO<br />

AGIGO<br />

AGS<br />

ANAC<br />

APCS<br />

APECS<br />

APISUI<br />

APL<br />

APS<br />

<strong>AS</strong>CE<br />

<strong>AS</strong>EMG<br />

<strong>AS</strong>ES<br />

<strong>AS</strong>SUVAP<br />

<strong>AS</strong>UIMA<br />

<strong>AS</strong>UM<strong>AS</strong><br />

BA<br />

BIRD<br />

BR<br />

CC<br />

CE<br />

CEPEA<br />

CI<br />

CODEAGRO<br />

COFINS<br />

Associação Brasileira dos Criadores de Suínos<br />

Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne<br />

Associação Brasileira de Proteína Animal<br />

Associação Brasileira de Frigoríficos<br />

Associação Baiana dos Suinocultores<br />

Associação Catarinense dos Criadores de Suínos<br />

Associação de Criadores de Suínos do Mato Grosso<br />

Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul<br />

Agências de Defesa Agropecuária<br />

Agencia Tocantinense de Transporte e Obras<br />

Associação dos Granjeiros Integrados do Estado de Goiás<br />

Associação Goiana de Suinocultores<br />

Agência de Negócios do Acre<br />

Associação Paulista dos Criadores de Suínos<br />

Associação Pernambucana dos Criadores de Suinos<br />

Associação dos Suinocultores do Piauí<br />

Arranjo Produtivo Local<br />

Associação Paranaense dos Suinocultores<br />

Associação dos Suinocultores do Ceará<br />

Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais<br />

Associação dos Suinocultores do Espírito Santo<br />

Associação dos Suinocultores do Vale do Ipiranga<br />

Associação dos Suinocultores do Maranhão<br />

Associação Sul-Matogrossense dos Criadores de Suínos<br />

Bahia<br />

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

Brasil<br />

Custo de Capital<br />

Ceará<br />

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada<br />

Capital Investido<br />

Coordenadoria de Desenvolvimento do Agronegócio<br />

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social


CONAB Companhia Nacional de Abastecimento<br />

COOSUIPONTES Cooperativa dos Suinocultores de Ponte Nova e Região<br />

COP<br />

Custo Operacional<br />

CST<br />

Código de Situação Tributária<br />

CT<br />

Custo Total<br />

CUST<br />

Custeio<br />

D<strong>AS</strong><br />

Documento de Arrecadação do Simples Nacional<br />

DFSUIN Associação dos Criadores de Suínos do Distrito Federal<br />

DIPOA<br />

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal<br />

DPR<br />

Depreciação<br />

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

ES<br />

Espírito Santo<br />

EUA<br />

Estados Unidos da América<br />

FAO<br />

Food and Agriculture Organization of the United Nations<br />

FAPTO<br />

Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins<br />

FCO<br />

Fundo de Financiamento do Centro-oeste<br />

FDCO<br />

Fundo de Desenvolvimento do Centro-oeste<br />

FDE<br />

Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

FIESP<br />

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo<br />

FIETO<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Funrural Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural<br />

GC<br />

Geração de Caixa<br />

GESis<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais<br />

GO<br />

Goiás<br />

Hab<br />

Habitantes<br />

IBGE<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

ICMS<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços<br />

IES<br />

Instituição de Ensino Superior<br />

IFAMA<br />

International Food and Agribusiness Management Association<br />

IFTO<br />

Instituto Federal do Tocantins<br />

Kg<br />

Quilos<br />

MA<br />

Maranhão<br />

MAPA<br />

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento


Lista de Siglas<br />

MATOPIBA<br />

MB<br />

MG<br />

MOF<br />

MS<br />

MT<br />

NCM<br />

OCB<br />

OECD<br />

PA<br />

PAA<br />

PAC<br />

PDRIS<br />

PDRS<br />

PE<br />

PEA<br />

PELT<br />

PEST<br />

PF<br />

PI<br />

PIB<br />

PINS<br />

PIS<br />

PNAE<br />

PNDR<br />

PNDS<br />

PR<br />

PTS<br />

RAUSP<br />

RB<br />

RI<br />

RJ<br />

RS<br />

Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia<br />

Margem Bruta<br />

Minas Gerais<br />

Custo da Mão de Obra Familiar<br />

Mato Grosso do Sul<br />

Mato Grosso<br />

Nomenclatura Comum do Mercosul<br />

Organização das Cooperativas Brasileiras<br />

Organization for Economic Cooperation and Development<br />

Pará<br />

Programa de Aquisição de Alimentos<br />

Programa de Aceleração do Crescimento<br />

Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável<br />

Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

Pernambuco<br />

População Economicamente Ativa<br />

Plano Estadual de Logística e Transporte de Cargas<br />

Político-legal, Econômico-natural, Sociocultural e Tecnológico<br />

Prestação do Financiamento<br />

Piauí<br />

Produto Interno Bruto<br />

Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis<br />

Programa de Integração Social<br />

Programa Nacional de Alimentação Escolar<br />

Política Nacional de Desenvolvimento Regional<br />

Programa Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura<br />

Paraná<br />

Proteína Texturizada da Soja<br />

Revista de Administração da Universidade de São Paulo<br />

Receita Bruta<br />

Retorno sobre Investimento<br />

Rio de Janeiro<br />

Rio Grande do Sul


Ruraltins<br />

SAGs<br />

SAL<br />

SC<br />

SDA<br />

SEAB<br />

SEAGRO-TO<br />

SEBRAE<br />

SED<br />

SEDEN<br />

SEFAZ<br />

SEINFRA<br />

Senar<br />

SEPLAN-TO<br />

SIE<br />

SIF<br />

SIM<br />

SP<br />

SUINSE<br />

TARE<br />

TO<br />

UBEC<br />

UE<br />

UFT<br />

UNIRG<br />

Unitins<br />

UPD<br />

UPL<br />

USDA<br />

UT<br />

WTO<br />

Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins<br />

Sistemas Agroindustriais<br />

Salários<br />

Santa Catarina<br />

Secretaria de Defesa Agropecuária<br />

Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná<br />

Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

Secretaria do Desenvolvimento de Goiás<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado<br />

do Tocantins<br />

Secretaria da Fazenda<br />

Secretaria de Infraestrutura do Tocantins<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />

Secretaria do Planejamento e Orçamento do Tocantins<br />

Serviço de Inspeção Estadual<br />

Serviço de Inspeção Federal<br />

Serviço de Inspeção Municipal<br />

São Paulo<br />

Associação dos Suinocultores de Sergipe<br />

Termo de Acordo<br />

Tocantins<br />

União Brasileira de Educação Católica<br />

União Europeia<br />

Universidade Federal do Tocantins<br />

Centro Universitário de Gurupi<br />

Universidade Estadual do Tocantins<br />

Unidade Produtora de Desmamados<br />

Unidade Produtora de Leitões<br />

United States Department of Agriculture<br />

Unidade de Terminação<br />

Wean to Finish


agradecimentos<br />

As seguintes instituições e seus representantes, abaixo nominados por ordem alfabética,<br />

subsidiaram a elaboração do conteúdo do presente volume, seja dispondo-se a entrevistas,<br />

presenciais ou remotas, seja ofertando material de consulta e/ou análises, contribuições<br />

e sugestões, escritas ou orais, durante as diversas fases do estudo.<br />

instituição<br />

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - ADAPEC<br />

AGRO<strong>NO</strong>RTE RAÇÕES<br />

<strong>AS</strong>SEMBLEIA LEGISLATIVA<br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO <strong>DO</strong>S PRODUTORES RURAIS <strong>DO</strong> SU<strong>DO</strong>ESTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - APROEST<br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO DE AVICULTORES <strong>DO</strong> <strong>NO</strong>RTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - AVINTO<br />

COOPERATIVA AGROINDUSTRAIL <strong>DO</strong> <strong>NO</strong>RTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - AGRIVITA<br />

CÂMARA SETORIAL <strong>DO</strong> LEITE - <strong>TOCANTINS</strong><br />

CEREALISTA SANTA FÉ<br />

COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO ARAGUAIA - CDA<br />

DAPLAN – SERVIÇOS FLORESTAIS<br />

EMPRESA BR<strong>AS</strong>ILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA<br />

FAZENDA VALE <strong>DO</strong> BOI<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

representante<br />

Humberto Viana Camelo (Presidente)<br />

Jefferson Pessoa<br />

Marcia Helena da Fonseca<br />

Gilmar Gonçalves de Carvalho<br />

Helton W. Gonzaga<br />

Victor Rodrigues da Costa (Presidente)<br />

Raimundo Alves<br />

Edson Negreiros<br />

Marco Antonio Pitondo<br />

Sonia Mara Rodrigues Magalhães<br />

Wiliam Borges Reis<br />

Daniel Barbosa Leite<br />

Alexandre Alves de Freitas (Chefe Geral Interino)<br />

Alexandre Uhlmann<br />

Epaminondas de Andrade<br />

Ricardo Andrade<br />

Roberto Magno Martins Pires (Presidente)<br />

Amanda Barbosa<br />

Benedito A. da Silva<br />

José Roberto Fernandes<br />

Juarez Frota Martins<br />

Klébia Pontes


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

FRIGORÍFICO PIRACEMA<br />

FRIGORÍFICO TAMBORÁ<br />

GRA<strong>NO</strong>L INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A<br />

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - RURALTINS<br />

INSTITUTO EUVAL<strong>DO</strong> LODI <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – IEL/TO<br />

INSTITUTO NATUREZA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - NATURATINS<br />

INSTITUTO FEDRAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - IFTO<br />

LATICÍNIO CREMOLAT<br />

NGBR<br />

SERVIÇO BR<strong>AS</strong>ILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUEN<strong>AS</strong> EMPRES<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SEBRAE/TO<br />

SECRETARIA DA FAZENDA - SEFAZ<br />

SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA, HABITAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS - SEINFRA<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

Misael Amaral Farias<br />

Sergio Carlos F. Tavares<br />

Valteir Barbosa Rosa<br />

André Lee<br />

Jair Bataline<br />

Jordel Souto Brito Machado<br />

Andrey Chama da Costa<br />

Roseli F. Neves Sarmento (Superintendente)<br />

Herbert Brito (Presidente)<br />

Cesar William A. de Sousa<br />

Raquel Aparecida M. Lima<br />

Norival Pitondo<br />

Neilton Machado de Araujo<br />

José Carlos A. de Bessa<br />

André Luis Neves Rocha<br />

Paulo Antenor de Oliveira (Secretário)<br />

Alexandre Pereira de Carvalho<br />

Bárbara B. Oliveira<br />

Cristhyane Maria de Neiva<br />

Elizabete Soares de Araujo<br />

Fernando Batista Oliveira<br />

Saulo Barreira Silva<br />

Willane Queiroz Carvalho<br />

Sérgio Leão (Secretário)<br />

Maxuell N. Acácio<br />

Clemente Barros Neto (Secretário)<br />

Alexandre Godinho Cruz<br />

Antonio Cassio Oliveira Filho<br />

Arlete Amarylles R. Mascarenhas<br />

Arlete Leite Lima<br />

Arthur Emilio França


agradecimentos<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA - SEDEN<br />

SECRETARIA <strong>DO</strong> PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - SEPLAN<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM <strong>DO</strong> COOPERATIVISMO <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESCOOP/TO<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SENAI/TO<br />

Erika Jardim<br />

Fernando Dorta<br />

Hyago C. S. Tulio<br />

José Américo Vasconcelos<br />

José Humberto Oliveira<br />

Marcos Fernandes<br />

Ricardo Britto Taques<br />

Romão Miranda<br />

Silvio Reinaldo Oliveira<br />

Thadeu Teixeira Junior<br />

Thiago Chekudemiask S. Tulio<br />

Dearley Kühn (Secretário)<br />

Alexandro de Castro Silva (Secretário)<br />

Alan Rickson Andrade de Araujo<br />

Eremilson Leite<br />

Geanny Carlos de A. Pinheiro<br />

Marcondes Martins Gomes de Oliveira<br />

Paulo Marcelo Mendonça<br />

Tarcísio de Oliveira N. Cruz<br />

Vilmar Carneiro Wanderley<br />

David Torres (Secretário)<br />

Belizário Franco Neto<br />

Mauricio Fregonesi<br />

Maria José Andrade Leão de Oliveira<br />

Magnun Vinicius B. da Cruz<br />

Marcia Rodrigues de Paula (Diretora Regional)<br />

Dini Ribeiro Bezerra<br />

Gisleângela R. F. Lemos<br />

Leanne Carvalho Barbosa<br />

Vania Divina


SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SESI/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA ALIMENTAÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA MADEIRA E <strong>DO</strong> MOBILIÁRIO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIMAM/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CERÂMICA <strong>PARA</strong> CONSTRUÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICER/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONFECÇÕES <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SICON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONSTRUÇÃO CIVIL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDUSCON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE RE<strong>PARA</strong>ÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUIN<strong>AS</strong>, AERONAVES<br />

E ACESSÓRIOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIREPA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S BENEFICIA<strong>DO</strong>RES DE ARROZ <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIATO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS<br />

<strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIPMME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> FRIGORÍFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICARNES/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> GRÁFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIG/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> METALÚRGIC<strong>AS</strong>, MECÂNIC<strong>AS</strong> E <strong>DO</strong> MATERIAL ELÉTRICO<br />

<strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> QUÍMIC<strong>AS</strong> E FARMACÊUTIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIQFAR/TO<br />

SOSUI<strong>NO</strong><br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UNITINS<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UFT<br />

VALOR DA LOGÍSTICA INTEGRADA - VLI<br />

Charles Alberto Elias (Superintendente)<br />

Claudizete Carneiro Santos (Presidente)<br />

Geová Pereira de Mendonça (Presidente)<br />

Esequiel de Sousa Milhomem (Presidente)<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo (Presidente)<br />

Bartolomé Alba Garcia (Presidente)<br />

José Febrônio da Silva (Presidente)<br />

Carlos Augusto Suzana (Presidente)<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomen (Presidente)<br />

Henrique Anselmo<br />

Oswaldo Stival Júnior (Presidente)<br />

George Henrique Aires Borges<br />

Gilson Ney Bueno Cabral<br />

Gliner de Souza Borges (Presidente)<br />

Mário de Castro Pillar (Presidente)<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Walter Atta R. Bittencourt Júnior (Presidente)<br />

Lucas Henrique<br />

Suely Cabral Quixabeira Araújo (Reitora)<br />

Ana Flávia de Gouveia Faria<br />

Deyse Mascarenhas<br />

Luis Eduardo Bovolato (Reitor)<br />

Gil Rodrigues dos Santos<br />

Jorge Luis Ferreira<br />

Kênia Ferreira Rodrigues<br />

Roberta Vaz<br />

Rodrigo A. Gomes de Oliveira<br />

Valdecy Rodrigues<br />

Orestes Souza


apresentação<br />

Metade do território do Estado do Tocantins tem potencial para a produção<br />

agrícola. A disponibilidade de recursos naturais, como água, biodiversidade,<br />

insolação e clima tropical, confere ao Tocantins um meio físico,<br />

extremamente favorável à agropecuária. Prova disso é o fato do Estado ocupar<br />

o 9º lugar no país na produção de soja, o 3º na de arroz e possuir o 11º rebanho<br />

bovino nacional.<br />

Além disso, o Tocantins integra a região norte do país que, juntamente com<br />

as Regiões Centro-Oeste e nordeste, apresentaram na última década um crescimento<br />

econômico superior ao das Regiões Sul e Sudeste, tradicionais líderes<br />

nacionais nesse quesito. Essa interiorização do desenvolvimento é um fenômeno<br />

ainda recente, mas reconfigura a atividade econômica do país e reforça<br />

o quadro de oportunidades do Estado.<br />

Mas o Estado precisa avançar, realizar esse potencial e aproveitar essas<br />

oportunidades. Explorar sua característica vocacional do ponto de vista logístico,<br />

criar programas oficiais de aproveitamento sustentável de seus recursos<br />

naturais, associar o macrossistema viário à industrialização das “commodities”<br />

agrícolas. A indústria de transformação da matéria-prima agrícola<br />

ampliará a participação do Tocantins no mercado global de alimentos, criará<br />

mais empregos de qualidade e divisas. Esta é uma construção coletiva, onde<br />

o estado e a iniciativa privada têm missões definidas. Ao primeiro compete<br />

conceber e executar políticas públicas de estímulo e, ao segundo, aumentar<br />

sua produtividade e a qualidade de seus produtos.<br />

Foi com esta filosofia que a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

- FIETO, com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

do Estado do Tocantins – FDE, encarou o desafio de elaborar o presente estu-


do. Nele estão delineados os diagnósticos das principais cadeias produtivas<br />

do agronegócio tocantinense e seus mercados mundiais, nacionais e local;<br />

analisados os custos, as forças e as fraquezas de cada uma delas e, acima de<br />

tudo, aponta os projetos estratégicos e as diretrizes que deverão nortear o seu<br />

desenvolvimento.<br />

Agora sabemos o que precisamos fazer, o Estado e o segmento produtivo<br />

têm diante de si as “rotas” do desenvolvimento do mais importante segmento<br />

de sua economia. A indústria acredita que, idealmente, a “governança” desse<br />

desenvolvimento deverá ficar a cargo de um comitê de gestão formado pelos<br />

diversos agentes, públicos e privados, das cadeias produtivas aqui focalizadas.<br />

Pô-lo em marcha será, doravante, nosso dever de casa.<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Presidente


26<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Introdução


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

27<br />

Este primeiro capítulo trata do método utilizado para o desenvolvimento<br />

do projeto cujo principal objetivo foi estudar<br />

as principais cadeias produtivas do estado do Tocantins, visando<br />

a identificação e desenvolvimento das suas potencialidades.<br />

O projeto “Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do<br />

Agronegócio do Estado do Tocantins” foi uma iniciativa da Federação<br />

das Indústrias do Estado do Tocantins - FIETO em parceria<br />

com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado do Tocantins – SEDEN.<br />

Para tanto, foram destacados alguns pilares ou temas fundamentais,<br />

que pautam todo o estudo na busca da identificação<br />

de estratégias concisas e aderentes à realidade do estado.<br />

São eles: Marco Tecnológico, Associativismo e Cooperativismo,<br />

Uso da Terra, Desenvolvimento da Indústria Local e Instrumentos<br />

de Apoio Estaduais.<br />

Para a segunda fase do projeto, foram selecionadas algumas<br />

cadeias produtivas a serem estudadas. A seleção<br />

considerou cadeias que já possuem papel de destaque no<br />

estado do Tocantins, mas que ainda têm muitas potencialidades<br />

a serem exploradas, sempre visando impulsionar o<br />

cenário econômico e social do estado. As cadeias selecionadas<br />

foram:<br />

• Suinocultura<br />

• Avicultura<br />

• Lácteos<br />

Para cumprir o objetivo proposto, foi utilizada metodologia<br />

de pesquisa já consolidada no setor do agronegócio para o desenvolvimento<br />

de planos estratégicos conhecida como Gestão<br />

Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis).


28<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho<br />

Desenvolver planos para a melhoria contínua de um setor<br />

não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se trata de<br />

cadeias do agronegócio, que possuem características e<br />

complexidades específicas.<br />

Para organizar e analisar os dados coletados durante o<br />

desenvolvimento do presente trabalho, e propor ações condizentes<br />

com a realidade do estado e do seu posicionamento<br />

no cenário nacional e internacional, lançou-se mão da<br />

utilização do método GESis.<br />

O método GESis, desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcos Fava<br />

Neves, em 2004 vêm sendo aplicado em diversas cadeias<br />

produtivas e aperfeiçoado a cada aplicação. No Brasil, o<br />

método já foi aplicado para as cadeias do trigo (2004), da<br />

laranja (2005, 2007 e 2010), do leite (2006), da cana-de<br />

-açúcar (2009 e 2015), da carne bovina (2011), do algodão<br />

(2011, 2013 e 2017), de flores (2014), da carne suína (2016)<br />

e das hortaliças (2017). No contexto internacional o método<br />

também já foi utilizado para a cadeia do leite na Argentina<br />

(2007) e no Uruguai (2010) e da soja na Argentina (2012),<br />

além de outros usos na África do Sul e outros países.<br />

Contando com escopo semelhante ao do presente trabalho,<br />

o método GESis também foi adaptado e aplicado em<br />

8 cadeias produtivas do estado de Goiás sendo elas milho,<br />

soja, carne suína, carne de frango, carne bovina, couro, lácteos<br />

e cana-de-açúcar (2012).<br />

Além da grande repercussão dos estudos citados nas<br />

principais mídias, no meio acadêmico com diversas publicações<br />

nacionais e internacionais e mais de 15 livros,<br />

o método foi publicado pela Revista de Administração da<br />

Universidade de São Paulo (Rausp), International Food and<br />

Agribusiness Management Association (Ifama), European<br />

Marketing Academy (Emac) e no Journal of Chain and Network<br />

Science (Wageningen University, Holanda).<br />

Indo além das visões de cadeias produtivas e redes de<br />

empresas, os Sistemas Agroindustriais (SAGs) consideram<br />

também o ambiente institucional e as condições estruturais<br />

nas quais essas relações acontecem. A grande<br />

contribuição dos estudos de sistemas agroindustriais é a<br />

sua utilização para o desenho de políticas públicas, organização<br />

de empresas e estruturação de estratégias corporativas,<br />

que ainda enfrentam o problema da falta de uma<br />

abordagem sistêmica, resultando em falhas no desenho de<br />

estratégias corporativas e organizacionais (ZYLBERSZTA-<br />

JN; NEVES, 2000).<br />

Cinco etapas fundamentais estruturam o método GE-<br />

Sis original. Cada etapa contém fases específicas que devem<br />

ser realizadas para chegar ao objetivo proposto. A<br />

Figura 1.1 ilustra as macro etapas do método GESis.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

29<br />

<br />

Figura 1.1<br />

Macroetapas do método GESis<br />

etapa 1<br />

Iniciativas de líderes,<br />

governo, institutos de<br />

pesquisa, universidades<br />

em planejar o futuro<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

etapa 2<br />

Descrição,<br />

mapeamento e<br />

quantificação<br />

de um sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 3<br />

Criação de uma<br />

organização<br />

vertical no sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 4<br />

Montagem de<br />

plano estratégico<br />

para o sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 5<br />

Administração<br />

dos projetos<br />

priorizados e<br />

elaboração de<br />

contratos<br />

Fonte: Neves (2008).<br />

A primeira etapa conta com a inciativa de líderes, governos,<br />

institutos de pesquisas, universidades ou outros agentes relacionados<br />

à cadeia produtiva na busca de planejar o futuro<br />

da cadeia em que se insere. A importância da primeira etapa<br />

se dá, tendo em vista que a aplicação do método de maneira<br />

coerente e efetiva deve contar com muitos agentes envolvidos,<br />

uma vez que os esforços e a mobilização de pessoas devem<br />

ser coletivos.<br />

Além da etapa 1, o método ainda conta com mais quatro<br />

etapas, porém, tendo em vista os objetivos do presente estudo,<br />

a aplicação do método nas cadeias produtivas do estado<br />

do Tocantins limitou-se às etapas 1 e 4, sendo a etapa 4 o<br />

principal foco do trabalho.<br />

A etapa 4 do método consiste no diagnóstico e montagem<br />

de um plano estratégico para os sistemas agroindustriais.<br />

NEVES (2008) propõe que para a realização do plano estratégico<br />

são necessários 12 passos, que foram adaptados para a<br />

aplicação no estado do Tocantins. A Figura 1.2 ilustra os passos<br />

sugeridos.<br />

Tendo como base o método GESis, na sequência serão detalhadas<br />

as etapas que compuseram o desenvolvimento do<br />

presente projeto.


30<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 1.2<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis<br />

Fase 1 Introdutória<br />

Fase 2 Planos dos vetores estratégicos<br />

1<br />

2<br />

4 5 6<br />

Projetos de<br />

produção, pesquisa e<br />

desenvolvimento e inovações<br />

11 12<br />

Introdução e entendimento<br />

Análise do<br />

mercado e do<br />

consumidor<br />

no enfoque de<br />

sistemas<br />

3<br />

Análise da situação<br />

interna e de<br />

concorrentes<br />

globais<br />

(benchmark)<br />

Objetivos para o sistema<br />

Estratégias para atingir os objetivos propostos<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Projetos de comunicação<br />

Projetos de distribuição e<br />

logística (incluindo exportações)<br />

Projetos de capacitação e<br />

recursos humanos<br />

Projetos de coordenação<br />

e adequação ao ambiente<br />

institucional<br />

Consolidação de planos estratégicos<br />

Orçamento do GESis<br />

Fonte: Neves (2008).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

31<br />

1. 1. 1. Introdução e entendimento<br />

Para iniciar o trabalho, esta etapa envolveu o levantamento<br />

de materiais já existentes a respeito das cadeias<br />

estudadas, fossem esses específicos do Tocantins, ou materiais<br />

de contextualização de cadeias no cenário nacional<br />

e internacional.<br />

Um amplo conjunto de materiais foi levantado pelas secretarias<br />

estaduais do estado do Tocantins. Além dos materiais,<br />

foi conduzida reunião inicial de sensibilização dos agentes<br />

relacionados às cadeias, onde todo o escopo e método do<br />

trabalho foram apresentados e os potenciais membros que<br />

participariam da construção do trabalho puderam tirar suas<br />

dúvidas e entender o impacto do projeto para o Estado e o<br />

papel de cada interlocutor na sua construção.<br />

1. 1. 2. Análise do mercado e enfoque de sistemas<br />

Esta etapa figura como o início do diagnóstico, onde foram<br />

mapeados o mercado internacional e nacional no qual a cadeia<br />

alvo do estudo está inserida. A análise contou com dados<br />

de produção, consumo, exportações e importações dos<br />

principais players do mercado internacional, além de mapear<br />

como o sistema agroindustrial está posicionado no mercado<br />

brasileiro, suas principais características regionais, as tendências<br />

de consumo e as projeções e expectativas para os<br />

próximos anos.<br />

Figurando como uma análise externa, esta etapa de contextualização<br />

é fundamental para que as estratégias sugeridas<br />

ao término do projeto sejam aderentes a atual realidade da<br />

cadeia nos mercados que se inserem.<br />

1. 1. 3. Análise da situação interna: o estado do Tocantins<br />

Utilizando como unidade de análise o estado do Tocantins,<br />

foi desenvolvido amplo diagnóstico das cadeias no estado por<br />

meio de diversas pesquisas, entrevistas presenciais e remotas.<br />

Como o setor de suínos ainda é pouco desenvolvido no estado,<br />

não foram conduzidas entrevistas com agentes específicos<br />

dessa cadeia, porém, para mapear a potencialidade do<br />

estado foi fundamental conhecer os setores de apoio. Dessa<br />

maneira, foram utilizadas informações de entrevistas com<br />

Secretaria do Desenvolvimento (SEDEN), Secretaria da Agricultura<br />

(SEAGRO), Secretaria do Planejamento (SEPLAN), Secretaria<br />

de Infraestrutura (SEINFRA), Secretaria da Fazenda<br />

(SEFAZ), Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins<br />

(ADAPEC), Universidade Federal do Tocantins (UFT) e<br />

Valor da Logística Integrada (VLI).<br />

Os principais pontos levantados foram: características gerais<br />

do estado, indústria de processamento local, políticas es-


32<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

taduais de apoio ao desenvolvimento tecnológico, incentivos<br />

fiscais, preços de mercado e logística.<br />

Foram também estudadas iniciativas de outros estados no<br />

segmento de suínos. A análise conhecida como benchmarking<br />

é um importante direcionador estratégico uma vez que mostra<br />

casos e estratégias de sucesso que podem ser adaptadas<br />

para posterior implementação.<br />

1. 1. 4. Consolidação do diagnóstico<br />

Para resumir e apresentar o diagnóstico feito nas duas etapas<br />

anteriores de forma mais didática, algumas ferramentas<br />

de grande prestígio no meio acadêmico foram utilizadas sendo<br />

elas a análise macroambiental - PEST e o modelo das Cinco<br />

Forças de Porter.<br />

A utilização dessas duas ferramentas, além de guiar o levantamento<br />

das informações, permite uma melhor visualização<br />

dos dados para a tomada de decisões quanto ao presente<br />

e futuro da cadeia alvo do plano.<br />

A ferramenta PEST é amplamente utilizada no planejamento<br />

estratégico de organizações para a identificação das ameaças<br />

e oportunidades derivadas do ambiente político-legal,<br />

econômico-natural, sociocultural e tecnológico.<br />

Já o modelo das Cinco Forças de Porter consiste na análise<br />

das informações considerando a Rivalidade entre os Concorrentes,<br />

a Ameaça de Novos Entrantes, a Ameaça de produtos<br />

Substitutos, o Poder de Barganha dos Fornecedores e o Poder<br />

de Barganha dos Compradores (PORTER, 1980; PORTER,<br />

1998).<br />

1. 1. 5. Objetivos para a cadeia e estratégias centrais<br />

Após estudar as cadeias produtivas e entender seu posicionamento<br />

e competitividade no estado do Tocantins, é fundamental<br />

determinar os objetivos que devem ser buscados<br />

por meio do delineamento de ações estratégicas. Esta etapa<br />

envolveu a definição do posicionamento estratégico para as<br />

cadeias, a definição de missão e visão e o estabelecimento de<br />

metas para os próximos 10 anos.<br />

Tendo como base o posicionamento almejado, foram determinados<br />

pilares e ações estratégicas que devem guiar os próximos<br />

passos das cadeias produtivas no estado do Tocantins.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

33


34<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Análise de Mercado e<br />

Enfoque de Sistemas


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

35<br />

2. 1. Análise do mercado internacional<br />

A carne de suínos é a proteína animal mais consumida no<br />

mundo, seguida das carnes de aves e bovinos. O Brasil possui<br />

o 4 º maior rebanho de suínos no mundo, ficando atrás<br />

apenas da China, União Europeia e Estados Unidos. Países<br />

asiáticos possuem destaque no mercado dessa importante<br />

fonte de proteína, como a China, que possui o maior rebanho<br />

de suínos, a maior produção de carne e um alto consumo per<br />

capita. (USDA, 2018)<br />

2. 1. 1. Rebanho mundial de suínos<br />

Por ser uma atividade de ciclo curto, flutuações no número<br />

de animais dos rebanhos são comuns, variando de acordo<br />

com a atratividade do mercado. Analisando o rebanho mundial<br />

de suínos de forma consolidada, nos últimos 10 anos a<br />

quantidade de cabeças se manteve relativamente estável<br />

tendendo para uma leve queda. Em 2017 foram contabilizadas<br />

769 milhões de cabeças, valor este 4% menor do que em<br />

2007, quando o rebanho mundial contava com cerca de 800<br />

milhões de cabeças. O Brasil aumentou seu rebanho em 18%<br />

no mesmo período (USDA, 2018). O Gráfico 2.1 apresenta a<br />

evolução do rebanho mundial de suínos de 2007 a 2017.<br />

Apesar do rebanho mundial ter sofrido redução nos últimos<br />

10 anos, a análise isolada dos principais países produtores<br />

mostra que alguns deles como a China, Estados Unidos,<br />

Brasil e Rússia aumentaram seus respectivos rebanhos. A


36<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.1<br />

Histórico do rebanho mundial.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.1<br />

Países com maior rebanho de suínos.<br />

801,6<br />

775,9<br />

786,5<br />

793,6<br />

789,5<br />

793,7<br />

802,2<br />

798,4<br />

795,9<br />

785,2<br />

769,1<br />

Países com maior rebanho em 2017 (em milhões de cabeças)<br />

País 2007 2017 Variação %<br />

China 418,5 435,0 3,9%<br />

União Europeia 163,0 147,2 -9,7%<br />

EUA 62,5 71,5 14,4%<br />

Brasil 33,1 39,2 18,3%<br />

Rússia 16,2 21,9 35,2%<br />

Canadá 15,0 13,8 -8,1%<br />

México 9,0 10,7 18,6%<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

2017<br />

Coréia do Sul 8,5 10,4 21,7%<br />

Em milhões de cabeças<br />

Japão 9,8 9,3 -4,2%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

Tabela 2.1 mostra os países com os maiores rebanhos mundiais<br />

em 2017 e sua evolução nos últimos 10 anos.<br />

No ano de 2017, o rebanho da China representou 56% do<br />

total mundial de animais. Segundo NEVES. et al. (2016) nos<br />

últimos anos, a estrutura das propriedades chinesas destinadas<br />

à produção de suínos sofreu algumas mudanças. Antes, a<br />

suinocultura era baseada em pequenas fazendas descentralizadas,<br />

tendo migrado para um modelo concentrado e mais<br />

próximo da indústria.<br />

Ucrânia 8,1 6,8 -15,4%<br />

Outros 57,9 3,2 -94,6%<br />

Total 801,6 769 -4,1%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

A evolução do tamanho das propriedades produtoras de suínos<br />

na China é apresentada no Gráfico 2.2. É possível notar<br />

que o tamanho médio das granjas tem aumentado ao longo<br />

dos anos, o que pode ser um indicador de profissionalização e<br />

maior tecnificação da produção. Se em 1985 granjas com até<br />

49 animais eram responsáveis por 74% da produção, no ano


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

37<br />

ÛÛ<br />

100%<br />

90%<br />

80%<br />

70%<br />

60%<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

10%<br />

0<br />

Gráfico 2.2<br />

Participação por tamanho de granja (%) na China.<br />

2000<br />

5% 7% 12% 15%<br />

21%<br />

74%<br />

2005<br />

36%<br />

57%<br />

Pequenas Granjas (1 a 49 cabeças)<br />

Granjas Especializadas (> 1.000 cabeças)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves. et al. (2016)<br />

de 2015 passaram a representar apenas 27%. A profissionalização,<br />

maior padronização e adoção de novas tecnologias têm<br />

contribuído para o aumento da escala de produção chinesa.<br />

Como também pode ser visto no ranking de países com<br />

maiores rebanhos, apresentado na Tabela 2.1, a segunda colocação<br />

é ocupada pela União Europeia, representando 19%<br />

do rebanho mundial. Para essa classificação, é considerada a<br />

2010<br />

51%<br />

2015<br />

57%<br />

37% 27%<br />

Granjas Especializadas (50 a 1.000 cabeças)<br />

soma de todos os países que compõem o bloco econômico e<br />

isso se dá, pois, a maioria dos acordos internacionais são realizados<br />

com a União Europeia ao invés de serem fechados<br />

individualmente com cada um dos países que a compõem. O<br />

Brasil, em 2017 contabilizou em seu rebanho, aproximadamente,<br />

40 milhões de animais, uma representatividade de 5%<br />

do rebanho mundial (USDA, 2018; IBGE, 2018b).<br />

2. 1. 2. Produção mundial de carne suína<br />

Mesmo com um leve decréscimo no número de animais,<br />

nos últimos 10 anos (2007 a 2017), a produção mundial de<br />

carne suína cresceu cerca de 20% chegando a 111 milhões de<br />

toneladas no ano de 2017, como pode ser visto no Gráfico 2.3.<br />

A análise da produção de carne suína por país produtor,<br />

apresentada na Tabela 2.2, mostra que, de maneira geral, os<br />

principais países produtores de carne suína apresentaram<br />

aumento em suas produções nos últimos 10 anos. Alguns<br />

com maior intensidade, como é o caso de Rússia, Brasil e China,<br />

outros mais discretamente, como a União Europeia, que,<br />

apesar de ter apresentado redução de quase 10% em seu rebanho,<br />

apresentou crescimento de 1,85% na produção de carne<br />

no mesmo período.<br />

Como pode ser visto na Tabela 2.2, como consequência de<br />

possuir o maior rebanho mundial, a China, também é a princi-


38<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.3<br />

Histórico da produção mundial de carne suína (2007 – 2017).<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.2<br />

Principais países produtores de carne suína (2017).<br />

92,5<br />

96,5<br />

98,7<br />

101,4<br />

102,0<br />

105,2<br />

107,2<br />

109,0<br />

109,0<br />

108,3<br />

111,0<br />

Principais países produtores 2017 (em milhões de toneladas)<br />

Países 2007 2017 Variação<br />

China 42,9 53,5 24,8%<br />

União Europeia 23,0 23,4 1,9%<br />

EUA 10,0 11,7 17,7%<br />

Crescimento 2007 - 2017: + 20%<br />

Brasil* 2,5 3,8 52,0%<br />

Rússia 1,6 3,0 80,5%<br />

Vietnã 1,9 2,8 47,5%<br />

Canadá 1,7 2,0 12,3%<br />

Filipinas 1,3 1,6 21,8%<br />

México 1,0 1,4 42,0%<br />

Coreia do Sul 1,0 1,3 25,3%<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

2017<br />

Outros 5,1 6,7 31,9%<br />

Em milhões de toneladas<br />

Total 92,5 111,0 20,1%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018) e *IBGE (2018b) – dados do Brasil.<br />

pal produtora da carne suína. No âmbito da produção de carne,<br />

os 5 principais países produtores representaram, em 2017,<br />

cerca de 85% do total produzido sendo que China e União Europeia<br />

representam, juntas, quase 70% do total. Essa concentração<br />

em polos produtores faz com que a demanda mundial<br />

seja bastante dependente do desempenho desses países.<br />

A União Europeia mantém a segunda colocação no ranking<br />

mundial quando se trata de produção de carne suína. O<br />

Gráfico 2.4 mostra a distribuição da produção dentre os países<br />

que a compõem.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

39<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.4<br />

Produção de carne suína por país integrante da UE (em 1.000 t).<br />

3.565,53<br />

Demais países<br />

membros<br />

3.368,92<br />

Espanha<br />

1.894,80<br />

Polônia<br />

1.294,00<br />

Holanda<br />

1.123,77<br />

Bélgica<br />

1.673,00<br />

Itália<br />

1.668,20<br />

Dinamarca<br />

2.254,69<br />

França<br />

5.488,37<br />

Alemanha<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAOSTAT (2016).<br />

Nota-se, a partir do Gráfico 2.4, que o principal país produtor<br />

do grupo econômico é a Alemanha, seguida pela Espanha.<br />

Quando se analisa a estimativa para os próximos anos,<br />

a previsão é que a União Europeia se mantenha em segundo<br />

lugar, mas com crescimento mais lento quando comparado<br />

ao ritmo global. Enquanto a produção global prevista é de<br />

crescimento de quase 10% na próxima década, a União Europeia<br />

deverá crescer 2,4% (NEVES et al., 2016).<br />

Recentemente, fatores como a peste suína africana, doença<br />

altamente contagiosa entre os animais, pode ter contribuído<br />

para a diminuição da produção de carne suína na União Europeia,<br />

fazendo com que países como a Alemanha, por exemplo,<br />

adotem medidas de maior segurança sanitária.<br />

Para os próximos 10 anos, projeções indicam que a produção<br />

de carne suína aumentará cerca de 14 % alcançando<br />

um montante de 127 milhões de toneladas em 2026. O<br />

Gráfico 2.5 explicita a produção mundial dos principais países<br />

produtores e suas projeções para aquele ano.<br />

Vale destacar que existe uma pequena divergência entre o<br />

dado de produção de carne suína brasileira em 2017 entre as<br />

bases de dados internacionais como USDA e OCDE (3,7 milhões<br />

de toneladas) e nacionais como IBGE (3,8 milhões de<br />

toneladas).<br />

2. 1. 3. Consumo mundial de carne suína<br />

No ano de 2017 foram consumidas, pouco mais de 110 milhões<br />

de toneladas de carne suína no mundo, sendo que os 5<br />

principais países consumidores, representados na Figura 2.1,<br />

tiveram uma participação de 82,5% do total mundial. Apenas<br />

a China respondeu por aproximadamente 50% de todo o<br />

consumo, sendo seu volume consumido ainda maior que sua


40<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Em milhões de toneladas<br />

140<br />

120<br />

100<br />

Gráfico 2.5<br />

Projeções de produção mundial de carne suína para 2026 em<br />

milhões de toneladas.<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

111<br />

127,5<br />

53,5 59,3 23,4 23,3<br />

11,7 12,42<br />

2017 2026<br />

3,7 4,5<br />

Mundo China UE EUA Brasil<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018) e OCDE (2018).<br />

produção, o que torna o país um importante importador de<br />

carne suína.<br />

De acordo com NEVES, et al. (2016), a carne suína é a proteína<br />

favorita dos chineses. Em 1985, eram consumidas 16,3<br />

milhões de toneladas. Em apenas três décadas o consumo<br />

cresceu 250%, atingindo aproximadamente 55 milhões de toneladas<br />

em 2015. Sozinha, a China consome mais que o dobro<br />

da União Europeia e seis vezes mais que os Estados Unidos.<br />

As perspectivas de crescimento da população, renda e urbanização<br />

do gigante asiático sugere a manutenção desse<br />

crescimento no futuro. A China tem crescido tanto em volume<br />

absoluto de consumo quanto em consumo “per capita”,<br />

superando países com os Estados Unidos (NEVES et al., 2016)<br />

Na avaliação do consumo de carne suína no mundo se faz,<br />

também, necessária análise do consumo per capita. Mais do<br />

que o volume consumido, essa informação demonstra os<br />

hábitos de consumo de determinada localidade. A União Europeia<br />

se destaca na primeira colocação, uma vez que cada<br />

um de seus habitantes consumiu em média 32,45 quilos em<br />

2017. Não distante do primeiro colocado, a China apresenta<br />

um consumo per capita de 30,78 quilos de carne suína por<br />

habitante, seguida do Vietnã, Coreia do Sul e Estados Unidos.<br />

O Brasil figura na 17ª colocação, uma vez que, na média,<br />

cada um de seus habitantes consumiu 11,85 quilos de carne<br />

suína em 2017 (OECD, 2018). De acordo com ABPA (2017), esse<br />

valor é um pouco superior, sendo de 14,4 quilos por habitante<br />

em um ano. Apesar de um consumo per capita baixo, o Brasil<br />

está bem posicionado no volume total consumido devido<br />

ao seu tamanho demográfico, representando um consumo<br />

per capita de 3,0% do total do consumo mundial, enquanto a<br />

União Europeia, representa 8,2%.<br />

Segundo projeções, nos próximos 10 anos a China continuará<br />

aumentando seu consumo per capita de carne suína,<br />

enquanto a União Europeia vivenciará leve queda. Como pode<br />

ser visto na Tabela 2.3, projeta-se que em 2026 a China tam-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

41<br />

<br />

Figura 2.1<br />

Consumo mundial por país em milhões de toneladas e consumo per capita, em kg/ha/ano, em 2017<br />

consumo mundial de suínos 2017<br />

110,6 milhões de toneladas<br />

3° Estados Unidos<br />

Consumo 9,5<br />

Participação 8,6%<br />

Consumo per capita 23,6<br />

4° Rússia<br />

Consumo 3,2<br />

Participação 2,9%<br />

Consumo per capita 20,8<br />

5° Brasil<br />

Consumo 2,9<br />

Participação 2,6%<br />

Consumo per capita 14,4<br />

2° UE<br />

Consumo 20,6<br />

Participação 18,6%<br />

Consumo per capita 32,5<br />

1° China<br />

Consumo 54,9<br />

Participação 49,6%<br />

Consumo per capita 30,8<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018), OECD (2018) e ABPA (2017).<br />

bém passará a ser o país com maior consumo per capita de<br />

carne suína no mundo.<br />

2. 1. 4. Exportações mundiais de carne suína<br />

As exportações mundiais de carne suína atingiram cerca<br />

de 7,8 milhões de toneladas em 2017 com um crescimento<br />

de 60% ao longo de dez anos. A União Europeia respondeu<br />

sozinha por 32% do volume total exportado mundialmente. A<br />

Tabela 2.4 mostra as exportações de carne suína por país e a<br />

variação do ano de 2017 para 2018.<br />

Nos últimos 10 anos a União Europeia ultrapassou os Estados<br />

Unidos e se tornou o principal exportador mundial de<br />

carne suína, aumentando em 125% suas exportações no período.<br />

A China, apesar de ser o principal país produtor mundialmente,<br />

não possui expressiva representatividade nas ex-


42<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.3<br />

Consumo per capita de carne suína nos principais países consumidores.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.4<br />

Exportações mundiais de carne suína.<br />

2017 2026<br />

Ranking Kg/hab/ano Ranking Kg/hab/ano<br />

UE 1º 32,48 2º 32,05<br />

China 2º 30,78 1º 33,15<br />

Vietnã 3º 29,01 3º 31,10<br />

Coreia 4º 28,68 4º 29,54<br />

EUA 5º 23,57 5º 23,62<br />

Rússia 6º 20,75 6º 22,25<br />

Austrália 7º 20,67 8º 21,00<br />

Paraguai 8º 20,60 7º 21,46<br />

Chile 9º 18,64 9º 18,72<br />

Nova Zelândia 10º 18,06 10º 18,66<br />

Brasil 17º 11,53 16º 13,58<br />

Exportações mundiais de carne suína (mil toneladas)<br />

País 2017 2018* Variação<br />

União Europeia 2497,4 2380,6 -4,7%<br />

EUA 2487,8 2318,5 -6,8%<br />

Canadá 1476,2 1500,4 1,6%<br />

Brasil 546,7 566,2 3,6%<br />

China 251,9 249,2 -1,1%<br />

Tailândia 160,5 160,4 -0,1%<br />

Chile 149,5 149,0 -0,4%<br />

México 103,5 103,8 0,3%<br />

Austrália 43,7 44,9 2,7%<br />

Vietnã 31,3 30,6 -2,2%<br />

Outros 85,0 86,0 1,0%<br />

Total 7.834,0 7.590,0 -3,1%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OECD (2018).<br />

*Previsão / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OECD (2018).<br />

portações da carne suína, visto que seu consumo interno é<br />

muito elevado.<br />

Vale destacar que os dados apresentados na Tabela 2.4 são<br />

oriundos da OECD. Quando consultadas as bases de dados<br />

nacionais (BR<strong>AS</strong>IL, 2018b), o volume exportado em 2017 é<br />

maior que o indicado na tabela, somando 687,3 mil toneladas.<br />

Para os próximos 10 anos, projeções indicam que as exportações<br />

de carne suína continuarão crescendo. O Gráfico 2.6<br />

mostra a projeção de aumento das exportações totais e dos<br />

principais países exportadores de acordo com a OECD (2018).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

43<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.6<br />

Evolução das exportações de carne suína em países selecionados (em mil toneladas).<br />

7937 7703 7661 7660 7722 7794 7841 7908 7998 8121<br />

total<br />

brasil<br />

EUA<br />

EU<br />

2488 2318 2353 2385 2425 2474 2511 2540 2572 2604<br />

2497 2381 2281 2227 2258 2294 2319 2338 2381 2439<br />

547 566 582 591 588 595 590 593 605 607<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OECD (2018).<br />

De acordo com o Gráfico 2.6, as exportações totais de carne<br />

suína devem crescer 2,3% nos próximos 10 anos. A expectativa<br />

de crescimento para o Brasil é ainda maior, chegando a<br />

11% em 10 anos. União Europeia deverá reduzir suas exportações<br />

em 2,3% e Estados Unidos aumentar em 4,7%.<br />

Diversas fontes indicam valores diferentes para as projeções<br />

brasileiras de exportação de carne suína nos próximos<br />

10 anos. Apesar da OECD (2018) projetar um crescimento de<br />

11%, projeções da FIESP (2018) indicam um crescimento de<br />

28% enquanto o MAPA (2018) prevê acréscimo de 50% no volume<br />

atual exportado pelo Brasil.<br />

2. 1. 5. Importações mundiais de carne suína<br />

Seguindo a tendência das exportações, as importações<br />

mundiais de carne suína tiveram um incremento de 58% entre<br />

os anos de 2007 e 2017, impulsionadas pelos países asiáticos<br />

que aumentaram significantemente seu consumo, principalmente<br />

a China. Apesar da produção da China ter crescido<br />

nos últimos 10 anos, entre os anos de 2012 e 2016 foi vivenciada<br />

uma redução de 1,5 milhão de toneladas produzidas no<br />

país. Com população e consumo de carne suína em crescimento,<br />

as importações da China sofreram incremento para<br />

suprir a demanda do mercado interno. Em 10 anos a China


44<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.5<br />

Importações mundiais de carne suína.<br />

Importações mundiais de carne suína (mil toneladas)<br />

País 2017 2026* Variação<br />

China 1.388,2 1.061,7 -24,0%<br />

Japão 1.228,6 1.180,2 -3,9%<br />

México 737,6 801,6 8,7%<br />

EUA 656,1 701,6 6,9%<br />

Coreia 604,6 674,1 11,5%<br />

Rússia 508,6 430,0 -15,5%<br />

Austrália 311,5 357,6 14,8%<br />

Canadá 234,9 281,2 19,7%<br />

Vietnã 132,0 273,6 107,3%<br />

Outros 561,2 787,2 40,3%<br />

Total 6.361,5 6.547,8 2,9%<br />

*Previsão / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

aumentou suas importações em mais de 800% se tornando<br />

o maior importador mundial, seguido de Japão e México. A<br />

Tabela 2.5 mostra o ranking dos principais países importadores<br />

de carne suína.<br />

Apesar das projeções indicarem que o consumo per capita<br />

da China irá aumentar, as projeções das importações mundiais<br />

indicam uma diminuição tendo em vista a grande expectativa<br />

do aumento da produção interna de suínos.<br />

Países como o México, Estados Unidos, Coreia, Austrália e<br />

Canadá, devem aumentar suas importações do produto. Essa<br />

análise traz bons direcionamentos para países que buscam<br />

ampliar e diversificar suas exportações, traçarem suas estratégias<br />

de quais mercados acessar.<br />

O Brasil aparece na 17ª (décima sétima) posição, importando<br />

apenas 24,63 mil toneladas no ano de 2017, e a projeção<br />

para o ano de 2026 é de 10,63 mil toneladas.<br />

2. 1. 6. Comparação da carne suína com outras proteínas<br />

animais<br />

Quando se analisa a cadeia de carne suína, deve-se traçar<br />

uma relação direta com as outras proteínas animais, que, figurando<br />

como produtos substitutos, interferem diretamente<br />

na dinâmica de mercado desse segmento. Nesse sentido,<br />

a produção de carne suína juntamente com a de frango tem<br />

apresentado taxas de crescimento mundiais relativamente<br />

altas se comparada à carne bovina, visto que que são proteínas<br />

animais com produção de ciclo mais curto e menor preço<br />

para o consumidor final. O Gráfico 2.7 representa uma análise


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

45<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.7<br />

Evolução da produção mundial de carne suína, bovina e avícola (em mil toneladas).<br />

94.118<br />

69.588<br />

98.098<br />

72.850<br />

100.308<br />

73.719<br />

102.988<br />

78.041<br />

103.573<br />

81.199<br />

106.884<br />

83.333<br />

108.850<br />

84.407<br />

110.652<br />

86.765<br />

110.618<br />

89.126<br />

109.969<br />

89.098<br />

111.034<br />

90.175<br />

58.782<br />

58.495<br />

58.560<br />

59.246<br />

58.954<br />

59.507<br />

60.535<br />

60.815<br />

59.699<br />

60.443<br />

61.373<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

carne bovina<br />

carne suÍna<br />

carne avícola<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

comparativa do total na produção de três tipos de carne.<br />

A carne suína é a mais produzida no mundo e a carne de<br />

frango ocupa a segunda colocação. É interessante comparar<br />

esses comportamentos do consumo com a média de consumo<br />

per capita de cada uma das três categorias. A Tabela 2.6 mostra<br />

as projeções deste último consumo no mundo até o ano<br />

de 2026.<br />

É interessante notar que o consumo per capita das três proteínas<br />

analisadas não sofrerá grande crescimento nos próximos<br />

10 anos, sendo que as carnes de suínos e bovinos apresentam<br />

leve tendência de queda.<br />

Quando se analisa alguns países isoladamente como a China<br />

por exemplo, a projeção é de que o consumo per capita das<br />

três principais proteínas animais terá crescimento significa-


46<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.6<br />

Projeção do consumo per capita (em kg/hab) das principais<br />

proteínas animais no mundo.<br />

tivo. O Gráfico 2.8 mostra a evolução prevista do consumo per<br />

capita das principais proteínas animais naquele país.<br />

2. 2. Análise do mercado nacional<br />

No ano de 2015, o setor suinícola foi responsável por uma<br />

movimentação financeira de cerca de R$150 bilhões, considerando<br />

todos os elos de sua cadeia, o que demonstra a grande<br />

importância desse setor para a economia brasileira, (NE-<br />

VES et al. 2016).<br />

2017 2026<br />

Aves 13,86 14,13<br />

Suínos 12,27 12,14<br />

Bovinos 6,51 6,49<br />

TOTAL 32,64 32,76<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OECD (2018).<br />

Ainda se tratando de números do setor, destaca-se que em<br />

2015 foram arrecadados cerca de R$18 bilhões em impostos e<br />

gerados cerca de 125 mil postos de trabalhos diretos e quase<br />

um milhão de empregos indiretos, (NEVES et al. 2016). Nos<br />

próximos itens, a cadeia de suínos brasileira será detalhada<br />

de forma a evidenciar os pontos mais relevantes.<br />

2. 2. 1. Produção pecuária<br />

No Brasil, a história da suinocultura se confunde com a<br />

colonização do país. Os primeiros suínos chegaram ao continente<br />

americano na segunda viagem de Cristóvão Colombo,<br />

no ano de 1494. Os primeiros suínos eram resultados dos<br />

cruzamentos portugueses. Aos poucos, criadores brasileiros<br />

começaram a experimentar seus próprios cruzamentos, dando<br />

origem a novas raças (NEVES et al. 2016). Apesar disso, foi<br />

somente com a chegada dos imigrantes alemães, italianos e<br />

portugueses, no século XIX, que a suinocultura se tornou uma<br />

importante atividade econômica, principalmente nas regiões<br />

Sudeste e Sul do país. Nesse período, os principais produtos<br />

eram a carne e a banha, sendo que a banha era destinada para<br />

culinária e conservação de alimentos.<br />

O processo evolutivo de cadeias produtivas correlatas, como<br />

o caso dos grãos, gradativamente fez com o padrão de alimentação<br />

dos suínos fosse modificado. Se antes predominava a soja<br />

in natura, o aproveitamento do subproduto do óleo vegetal fez<br />

com que surgissem diversas fábricas de ração e concentrados.<br />

A mudança do modelo de produção exigiu dos produtores<br />

diversas adaptações. Com o aumento da competitividade, os


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

47<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.8<br />

Evolução do consumo per capita das carnes de suínos, aves e bovinos na China.<br />

47,12 47,6 48,22 48,69 49,15 49,62 50,13 50,61 51,15 51,67<br />

30,78<br />

31,04<br />

31,4 31,62 31,85 32,08 32,35 32,6 32,88 33,15<br />

12,27<br />

12,4<br />

12,56 12,72 12,88 13,05 13,23 13,41 13,62 13,8<br />

4,07 4,16 4,26 4,35 4,42 4,49 4,55 4,6 4,65 4,72<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026<br />

bovina aves total<br />

suína<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OECD (2018).<br />

produtores passaram a procurar alternativas que se mostrassem<br />

mais rentáveis na comercialização do seu produto. Por<br />

essa razão, ainda na década de 1940, surgiram as primeiras<br />

cooperativas.<br />

Inicialmente, as cooperativas construíram os seus próprios<br />

frigoríficos, de forma que o modelo integrado pecuária/<br />

indústria se mostrou adequado aos produtores cooperados,<br />

que passaram a agregar mais valor ao produto.<br />

Entretanto, a partir dos anos de 1980, com o endividamento<br />

da União e a sua consequente redução na oferta do crédito<br />

agrícola, acompanhada da queda do preço da soja no mercado<br />

internacional, o setor suinícola percebeu ser necessário<br />

estabelecer um novo modelo de gestão da governança. O modelo<br />

de integração conhecido nos dias atuais, ou o Sistema<br />

Integrado de Produção, teve origem na profissionalização exigida<br />

nesse momento de crise.<br />

Atualmente, observa-se duas configurações básicas na cadeia<br />

de suínos no Brasil no que tange a governança entre os<br />

agentes. A primeira é a do produtor independente, que realiza<br />

todas as etapas da produção e comercializa o animal pronto<br />

para o abate nas agroindústrias também independentes. Já<br />

a segunda, possui o suinocultor integrado a uma agroindús-


48<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 2.2<br />

Modelos de governança da suinocultura no Brasil.<br />

Fornecedores<br />

Fornecedores<br />

T1<br />

T1<br />

Suinocultor<br />

Integrado / Cooperado<br />

Suinocultor<br />

Independente<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Miele e Waquil (2007).<br />

tria ou vinculado a uma cooperativa agroindustrial. Nesta, o<br />

produtor tem maior vínculo com agroindústria uma vez que a<br />

transferência dos suínos das granjas para o abate já está acordada<br />

contratualmente. A Figura 2.2 ilustra essa categorização<br />

dos modelos de governança.<br />

Configurado como o primeiro utilizado, o modelo independente<br />

conta com produtores rurais tradicionais, que compram<br />

insumos para sua produção e comercializam os suínos<br />

com a agroindústria sem a presença de vínculos contratuais<br />

formais. A propriedade dos ativos produtivos, bem como as<br />

responsabilidades pelos insumos necessários e negociação<br />

do produto final, é do próprio produtor, razão que justifica o<br />

predomínio dos contratos simples de compra e venda entre<br />

os dois agentes econômicos. O modelo independente está<br />

presente, em diferentes escalas, em praticamente todos os<br />

T2<br />

T2<br />

Agroindústria<br />

Mercado Spot<br />

estados brasileiros. A maioria dos produtores que dele faz<br />

parte, realiza o “Ciclo Completo” em suas granjas, desenvolvendo<br />

todas as atividades: do manejo reprodutivo das matrizes<br />

até às relacionadas à terminação do animal para abate.<br />

No Modelo Integrado, a pessoa jurídica, proprietária de<br />

grande parte dos fatores de produção, é uma empresa privada,<br />

sendo o suinocultor um importante fornecedor de<br />

serviços com especialização em alguma função da atividade<br />

produtiva. Esse modelo tem como características principais<br />

a especialização dos processos, a presença de um agente coordenador<br />

e modelos contratuais de maior complexidade que<br />

oferecem sustentação ao sistema de produção.<br />

Se há uma distinção direta entre o Modelo Cooperado e o<br />

Modelo Integrado é o objeto social da pessoa jurídica à jusante<br />

do suinocultor. Nesse caso, a pessoa jurídica é uma cooperativa,<br />

formada por diversos cooperados e que partilham os<br />

resultados da operação (lucro) com os associados.<br />

No modelo de produção onde o suinocultor é integrado ou<br />

cooperado, um produtor pode, por exemplo, ter como única<br />

atividade a produção de animais até o período de desmame.<br />

Os animais desmamados são entregues para outro produtor<br />

que os conduzem até a fase de leitões, e os engorda para proceder<br />

com a entrega para a agroindústria. Essa configuração é<br />

conhecida como Wean to Finish. Da mesma maneira, um produtor<br />

pode apenas receber leitões, engordá-los e entregar para


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

49<br />

<br />

Figura 2.3<br />

Tipos de granjas presentes em modelos de integração de suínos.<br />

Leitão 6kg Leitão 22kg Animal Abate<br />

CICLO COMPLETO<br />

UPD<br />

CRECHÁRIO<br />

WEAN TO FINISH<br />

Terminação<br />

frigoríficos<br />

UPL<br />

Terminação<br />

*UPD: Unidade Produtora de Desmamados; UPL: Unidade Produtora de Leitões. / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016).<br />

a agroindústria. Esse modelo é conhecido como Unidades de<br />

Terminação. A Figura 2.3 ilustra as configurações dos tipos<br />

de granja na produção de suínos e o Quadro 2.1 descreve em<br />

mais detalhes cada um dos modelos.<br />

Além do benefício de maior padronização do produto entregue<br />

na indústria e aproximação entre os elos da cadeia, a especialização<br />

das granjas foi a alternativa encontrada para aumento<br />

da eficiência e redução dos custos de produção, com a criação<br />

de economias de escala. Estados onde o modelo de integração<br />

é mais avançado acabaram se consolidando com maior rapidez<br />

com granjas, tornando-se maiores, mais tecnificados e com<br />

processos de gestão bem desenvolvidos (NEVES et al. 2016).<br />

Como nos mais variados setores, na suinocultura também é<br />

comum observar padrões regionais, devido às características<br />

em comum, como o tamanho médio das propriedades, oferta<br />

de insumos necessários à produção e perfil das agroindústrias.<br />

Devido às características da região Sul, onde é encontrada<br />

uma maioria de pequenos e médios produtores, o modelo de


50<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÏÏ<br />

Quadro 2.1<br />

Detalhamento dos tipos de granja encontrados no modelo de<br />

integração de suínos.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.9<br />

Evolução do rebanho suíno brasileiro (em milhões de cabeças)<br />

Tipo de granja<br />

Unidade Produtora de Leitão<br />

(UPL)<br />

Comentários<br />

Granja que objetiva a produção de leitões de cerca de 22 a 26 kg,<br />

após a fase de creche, sendo transferidos para uma Unidade de<br />

Terminação (UT).<br />

35,2<br />

35,9 36,8<br />

38,0<br />

39,0 39,3 38,8<br />

36,7<br />

37,9<br />

39,8 40,0<br />

Unidade Produtora de<br />

Desmamados (UPD)<br />

Granja que produz normalmente leitões de 6 kg ou 21 dias. Os<br />

leitões são imediatamente enviados a crechários ou para granjas<br />

Wean to Finish (WTF).<br />

Crechário<br />

Granja especializada no recebimento de leitões na fase de creche,<br />

ou seja, desmamados, de 6 kg ou 21 dias, e entrega de leitões de 22<br />

a 26 kg para as Unidades de Terminação (UT). A fase creche é um<br />

momento crítico para o leitão requisitando atenções nutricionais e<br />

sanitárias, pela recém separação materna, mudança de ambiente<br />

e conflitos sociais de convívio entre os animais. Este tipo de<br />

especialização de granja pode ser uma alternativa para fornecer<br />

ao leitão um ambiente favorável e além condições adequadas que<br />

podem ser negligenciadas por granjas não especializadas.<br />

Unidade de Terminação (UT)<br />

Wean to Finish (WTF)<br />

Ciclo Completo (CC)<br />

Granja especializada na engorda dos leitões de 22 a 26 kg<br />

recebidos pelas UPL ou crechários e entrega dos suínos para o<br />

abate.<br />

Granja que recebe os leitões sem passar pela fase de crechário,<br />

sendo recebido após a desmama, permanecendo até o<br />

abate. Esse sistema visa reduzir os custos com mão-de-obra<br />

e transporte, simplificando a produção e a logística. Porém,<br />

demanda-se uma maior área construída e melhor preparo da<br />

equipe e condições de produção.<br />

Granja que envolve todas as fases de produção (gestação,<br />

maternidade, creche e terminação) em um mesmo local, de uma<br />

forma que o suíno permaneça na mesma granja até o momento<br />

em que é conduzido ao abate.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016).<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2018b).<br />

cooperativas é o mais predominante. Algumas agroindústrias<br />

independentes também nasceram na região, utilizando o modelo<br />

de produção integrado. Na região Sudeste, existe uma<br />

predominância de produtores independentes que realizam o<br />

ciclo completo, e atuam, na maioria dos casos, no mercado<br />

spot. Já na região Centro-Oeste, a suinocultura tem avança-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

51<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.10<br />

Histórico de rebanho de suínos por região<br />

25<br />

Milhões de cabeças<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

1974<br />

1976<br />

1978<br />

1980<br />

1982<br />

1984<br />

1986<br />

1988<br />

1990<br />

1992<br />

1994<br />

1996<br />

1998<br />

2000<br />

2002<br />

2004<br />

2006<br />

2008<br />

2010<br />

2012<br />

2014<br />

2016<br />

norte nordeste sudeste<br />

sul<br />

centro-oeste<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2018b).<br />

do rapidamente, seguindo o desenvolvimento das fronteiras<br />

agrícolas e a proximidade dos suinocultores da grande oferta<br />

e produção de grãos (NEVES et al., 2016).<br />

O rebanho suíno brasileiro apresentou um crescimento de<br />

cerca de 14% entre os anos de 2006 e 2016. Vale destacar a<br />

queda no ano de 2013 ocasionada predominantemente pelo<br />

aumento dos custos de produção decorrentes da quebra da<br />

safra norte-americana de grãos. Além disso, no mesmo período,<br />

os preços pagos pelo suíno caíram e alguns países fecharam<br />

seu mercado para a carne suína brasileira. A alta nos<br />

custos, juntamente com a baixa demanda pelo produto fizeram<br />

com que alguns produtores deixassem o setor naquele<br />

ano. O Gráfico 2.9 mostra a evolução do rebanho brasileiro<br />

nos últimos anos.<br />

No Brasil, a região Sul se configura como a principal produtora<br />

desde 1974. Atualmente, a segunda e terceira colocação<br />

dentre as regiões com maiores rebanhos são, respectivamente,<br />

a região Sudeste, que apresentou grande crescimento nos


52<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 2.4<br />

Rebanho suíno por estado (dados de 2016)<br />

Rebanho total Brasil 2016:<br />

38,2 milhões de cabeças<br />

5º Mato Grosso<br />

Rebanho: 20,5<br />

(milhões de cabeças)<br />

15º tocantins<br />

Rebanho: 308,4<br />

(mil cabeças)<br />

2º santa catarina<br />

Rebanho: 6,9<br />

(milhões de cabeça)<br />

3º rio grande do sul<br />

Rebanho: 5,9<br />

(milhões de cabeças)<br />

4º minas gerais<br />

Rebanho: 5,1<br />

(milhões cabeças)<br />

1º paraná<br />

Rebanho: 7,1<br />

(milhões de cabeças)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2018b).<br />

últimos anos, e a Centro-Oeste. A região Norte, ainda representa<br />

pouco da suinocultura nacional, apresentando uma<br />

produção muito inferior quando comparada as demais regiões,<br />

porém com potencial de crescimento. O Gráfico 2.10<br />

mostra a evolução do rebanho de suínos por região.<br />

A Figura 2.4 mostra o total de animais nos maiores rebanhos<br />

estaduais do Brasil, além de posicionar o estado do<br />

Tocantins como detentor do 15º maior rebanho no cenário<br />

nacional, o que representa um volume pequeno de animais<br />

perto dos demais estados.<br />

Como pode ser visto na Figura 2.4, os três estados da região<br />

Sul, juntos, respondem por 52% do rebanho suíno brasileiro.<br />

Já o estado do Tocantins, figura como 15º colocado no ranking<br />

nacional, com, aproximadamente, 308 mil cabeças, represen-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

53<br />

tando 0,8% do rebanho nacional, enquanto Paraná, estado<br />

com o maior rebanho, representa 17,8% do mesmo.<br />

Apesar da liderança histórica da região Sul na produção de<br />

suínos, segundo dados do IBGE (2018b), entre os anos 2006 e<br />

2016 as regiões Centro-Oeste (CO) e Sudeste (SE) ganharam<br />

participação no ranking de abates. Nesse período, a representatividade<br />

do CO passou de 12% para 14% do total no país, enquanto<br />

no SE o mesmo indicador saiu de 17% em 2000 para<br />

18% em 2016. Apesar de ainda representar parte significante<br />

dos abates nacionais, a participação do Sul no número total<br />

de cabeças abatidas no Brasil caiu de 70% para 67% no mesmo<br />

intervalo de tempo. Os fatores que explicam o avanço do<br />

setor nessas regiões são apresentados na sequência.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.11<br />

Distribuição do rebanho suíno do Paraná em 2016 (em mil cabeças).<br />

Oeste<br />

Paranaense<br />

Centro Ocidental<br />

Paranaense<br />

Sudoeste<br />

Paranaense<br />

Centro Ocidental<br />

Paranaense<br />

Centro-Sul<br />

Paranaense<br />

Norte Central<br />

Paranaense<br />

Norte Pioneiro<br />

Paranaense<br />

Centro Oriental<br />

Paranaense<br />

Sudeste<br />

Paranaense<br />

Metropolitana<br />

de Curitiba<br />

Paraná (1º rebanho nacional)<br />

O Paraná responde por um de cada quatro suínos abatidos<br />

na região Sul. No ano de 2016 seu rebanho era de 7.131.132<br />

animais, o que representa 16% da produção nacional aproximadamente<br />

com um abate de 4,6 milhões de cabeças (IBGE,<br />

2018b).<br />

O Paraná segue a tendência dos estados sulistas apresentando<br />

grande participação de sistemas de integração seja com<br />

agroindústrias independentes ou no modelo de cooperativas.<br />

A distribuição por modelos de produção, em 2015, foi de 23%<br />

de suinocultores independentes, 30% integrados e 47% coope-<br />

289<br />

4%<br />

299<br />

4%<br />

493<br />

7%<br />

834<br />

12%<br />

684<br />

9%<br />

4.535<br />

64%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016) e IBGE (2018b).


54<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

rados sendo que em 2015 o estado contava com 18 plantas frigoríficas<br />

com Sistema de Inspeção Federal (SIF). O Gráfico 2.11<br />

abaixo ilustra a distribuição do rebanho paranaense.<br />

Como pode ser visto na figura, a produção no Paraná está<br />

concentrada, principalmente, na região oeste do estado.<br />

A Associação Paranaense de Suinocultores, que foi fundada<br />

em 1971 e é sediada em Curitiba, agrega 18 entidades filiadas.<br />

As principais atividades da associação são: defender os<br />

interesses e demandas do setor e apoiar as iniciativas da Associação<br />

Brasileira dos Criadores de Suínos em nível regional.<br />

Santa Catarina (2º rebanho nacional)<br />

O estado de Santa Catarina é o berço das principais agroindústrias<br />

da cadeia de suínos no Brasil e tem a suinocultura<br />

como principal atividade econômica do seu agronegócio. Foi<br />

responsável em 2016 por 33% das granjas existentes no país,<br />

24% das matrizes alojadas e 27% da produção de carne suína<br />

brasileira contando com um rebanho de 6.887.376 animais.<br />

O Estado também é referência nacional no fornecimento<br />

de sêmen e material genético para todo o Brasil. No que<br />

tange aos modelos de produção, 16% dos suinocultores são<br />

independentes, 45% são integrados e 39% cooperados. A representatividade<br />

de Santa Catarina quanto aos sistemas de<br />

produção especializados, como crechários, Wean to Finish e<br />

terminações, reafirma o predomínio dos modelos integrados<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.12<br />

Distribuição do rebanho suíno de Santa Catarina em 2016 (em mil<br />

cabeças).<br />

509<br />

7%<br />

1.011<br />

15%<br />

4.854<br />

71%<br />

Oeste Catarinense<br />

Norte Catarinense<br />

Serrana<br />

Vale do Itajaí<br />

Grande<br />

Florianópolis<br />

Sul Catarinense<br />

222<br />

3%<br />

280<br />

4%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016) e IBGE (2018b).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

55<br />

entre produção e indústria, apresentando 19 frigoríficos com<br />

o SIF, em 2016 (NEVES, et al., 2016).<br />

De acordo com a divisão regional da produção, o oeste catarinense<br />

concentra 70% do rebanho estadual. Foi justamente<br />

nesta região onde surgiram empresas como Sadia, Perdigão<br />

e Seara, na primeira metade do século XX. Essa importante<br />

região também foi berço da Cooperativa Central Aurora Alimentos<br />

no final da década de 1960. Atualmente a Aurora<br />

alimentos possui 13 cooperativas filiadas e sustenta a posição<br />

de maior cooperativa da cadeia de suínos do Brasil. O<br />

Gráfico 2.12 apresenta a distribuição e representatividade do<br />

rebanho catarinense entre suas mesorregiões sendo que a<br />

“Grande Florianópolis” não possui rebanho significativo.<br />

O sucesso de Santa Catarina na suinocultura deve muito às<br />

ações coletivas. A Associação Catarinense dos Criadores de Suínos<br />

(ACCS), foi fundada em 1959 e agrega nove associações<br />

municipais ocupando-se de projetos vinculados à sanidade do<br />

rebanho, produtividade, rentabilidade das granjas, qualidade<br />

da produção e defesa dos interesses dos suinocultores.<br />

O suporte técnico e apoio à gestão oferecido pelas indústrias,<br />

cooperativas e associações, aos produtores catarinenses os colocam<br />

entre os mais tecnificados e produtivos do Brasil. Outra<br />

característica marcante do suinocultor catarinense é a diversificação<br />

das atividades nas propriedades. Mesmo em propriedades<br />

de dimensões bastante reduzidas, é comum observar criadores<br />

de suínos que têm outras atividades agropecuárias, como<br />

a produção de tilápias e de gado de leite (NEVES, et al., 2016)<br />

Rio Grande do Sul (3º rebanho nacional)<br />

Apesar de figurar como 3º colocado no que diz respeito<br />

ao rebanho de suínos, o Rio Grande do Sul aparece como<br />

segundo colocado em produção e abate no país. O estado<br />

apresentou um crescimento de 23% entre os anos de 2011<br />

e 2016, com isso, passou a responder por 24% dos abates<br />

nacionais.<br />

A distribuição por modelos de produção do suinocultor<br />

no estado está segmentada em: 18% de suinocultores independentes,<br />

55% integrados e 27% cooperados, distribuição<br />

parecida com o estado de Santa Catarina. Em 2015, o estado<br />

possuía 19 frigoríficos com o SIF. O Gráfico 2.13 ilustra a distribuição<br />

do rebanho suíno no estado do Rio Grande do Sul.<br />

É interessante notar a especialização por sistemas de produção<br />

nas diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul.<br />

O noroeste rio-grandense é a principal região produtora de<br />

suínos, concentrando a maior capacidade de abate e número<br />

elevado de unidades de terminação. As regiões centro oriental<br />

e nordeste rio-grandense por sua vez, se caracterizam pela<br />

presença mais intensa de crechários.<br />

O Rio Grande do Sul conta com uma associação estadual<br />

atuante, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande


56<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.13<br />

Distribuição do rebanho suíno do Rio Grande do Sul em 2016 (em<br />

mil cabeças).<br />

Sudoeste<br />

Rio-Grandense<br />

Centro Ocidental<br />

Rio-Grandense<br />

Noroeste<br />

Rio-Grandense<br />

Centro Oriental<br />

Rio-Grandense<br />

Sudeste<br />

Rio-Grandense<br />

Nordeste<br />

Rio-Grandense<br />

Metropolitana<br />

de Porto Alegre<br />

do Sul (ACSURS), hoje com 18 afiliados, entre associações e núcleos<br />

municipais de criadores. Entre seus principais focos de<br />

trabalho pode-se destacar: dar apoio regional às atividades da<br />

Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, como as relacionadas<br />

à promoção do consumo de carne suína; buscar linhas<br />

de crédito condizentes com as necessidades dos produtores;<br />

difundir as melhores práticas de manejo e de gestão entre as<br />

granjas; estimular a prática de inseminação artificial; expandir<br />

a emissão de Registros Genealógicos de Suínos (RGE); apoiar<br />

inciativas voltadas à sanidade do rebanho e à sustentabilidade<br />

da atividade; difundir conhecimento técnico e de mercado por<br />

meio e eventos e materiais de comunicação (NEVES, et al., 2016)<br />

72<br />

1%<br />

79<br />

1%<br />

83<br />

1%<br />

414<br />

7%<br />

679<br />

12%<br />

1.119<br />

19%<br />

3.479<br />

59%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016) e IBGE (2018b).<br />

Minas Gerais (4º rebanho nacional)<br />

O estado de Minas Gerais mantém sua relevância na produção<br />

nacional, embora tenha tido uma queda no número de<br />

cabeças abatidas no ano de 2016.<br />

O estado mineiro conta com agroindústrias integradoras,<br />

mas diferentemente dos estados do Sul do país, apresenta um<br />

número expressivo de matrizes alojadas em granjas de Ciclo<br />

Completo (77%), o que significa uma maioria de suinocultores<br />

independentes. No ano de 2015 o Estado possuía 18 plantas<br />

de abate com SIF (NEVES, et al., 2016). O Gráfico 2.4 mostra a<br />

distribuição do rebanho no estado de Minas Gerais.<br />

A suinocultura mineira é um pouco menos concentrada que


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

57<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.14<br />

Distribuição do rebanho suíno de Minas Gerais em 2016 (em mil<br />

cabeças).<br />

787<br />

16%<br />

239<br />

5%<br />

273<br />

5%<br />

327<br />

6%<br />

439<br />

9%<br />

Noroeste<br />

de Minas<br />

Triângulo Mineiro<br />

/ Alto Parnaíba<br />

Norte de Minas<br />

Jequitinhonha<br />

Central Mineira<br />

Vale do Rio Doce<br />

Metropolitana<br />

de Belo Horizonte<br />

Oeste de Minas<br />

Zona da Mata<br />

Campo das Vertentes<br />

Sul/Sudoeste<br />

de Minas<br />

1.848<br />

36%<br />

1.190<br />

23%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves, et al. (2016) e IBGE (2018b).<br />

a dos estados do Sul sendo que a região com maior participação<br />

no total de animais figura com 36% do total de animais.<br />

As regiões do triângulo mineiro e alto do parnaíba contam<br />

com uma localização estratégica, pelo fácil acesso à grãos e estrutura<br />

logística, favorecendo a implementação de grande escala,<br />

tanto na produção pecuária quanto na indústria. Isso facilita<br />

acesso a insumos e aos mercados consumidores. A região<br />

também conta com os maiores frigoríficos do estado, com destaque<br />

para a unidade da Brazilian Foods (BRF) em Uberlândia.<br />

Mato Grosso (5º rebanho nacional)<br />

O estado do Mato Grosso registrou, em 2016, pouco mais<br />

de um milhão de cabeças abatidas, correspondendo a 4% do<br />

total nacional ou 6% no peso total de carcaças produzidas.<br />

A suinocultura teve início no estado na década de 1970, de<br />

maneira industrial impulsionada por suinocultores da Região<br />

Sul, que enxergaram na atividade uma oportunidade de<br />

agregar valor à produção de grãos do estado. Ao contrário do<br />

que ocorre em outras regiões brasileiras, o suinocultor matogrossense<br />

independente possui uma escala de produção maior<br />

sendo que, no geral, além de suinocultores eles possuem outra<br />

atividade, normalmente a produção de grãos, o que também<br />

facilita a adoção de novas tecnologias (NEVES, et al., 2016). É<br />

possível notar que, nos estados da região centro-oeste, a suinocultura<br />

se torna mais concentrada que nos estados do sul.


58<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

A distribuição dos suinocultores por modelos de produção<br />

está dividida em 65% independentes, 31% integrados e 4%<br />

cooperados. Atualmente o estado conta com 5 frigoríficos<br />

com SIF. O Gráfico 2.15 ilustra a distribuição do rebanho suíno<br />

no estado do Mato Grosso.<br />

O rebanho suíno no Mato Grosso está concentrado na mesorregião<br />

norte, correspondendo a 81% de todo o estado. A<br />

suinocultura sofre menos variações em seus custos de produção,<br />

por estar próxima de grandes produtores de grãos e<br />

esse ser o principal item do custo de produção. Outros fatores<br />

que favorecem o setor no estado, são a disponibilidade de<br />

áreas e a presença de produtores capitalizados para investir<br />

em novas tecnologias. Um desafio para os suinocultores do<br />

Mato Grosso é o alto custo logístico, principalmente devido às<br />

longas distâncias dos portos exportadores, porém acredita-se<br />

que o estado tenha grandes atrativos para a cadeia, o que impactará<br />

positivamente os números da suinocultura ao longo<br />

dos próximos anos (NEVES, et al., 2016)<br />

Goiás (6º rebanho nacional)<br />

Segundo dados do IBGE (2018b) o estado de Goiás registrou<br />

5% dos abates brasileiros em 2016, com aproximadamente<br />

1,5 milhão de cabeças abatidas.<br />

O principal modelo de produção no estado é o integrado,<br />

sendo concentrado na região de Rio Verde, onde está insta-<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.15<br />

Distribuição do rebanho suíno do Mato Grosso em 2016 (em mil<br />

cabeças).<br />

Sudoeste<br />

Mato-Grossense<br />

106<br />

4%<br />

88<br />

4%<br />

75<br />

3%<br />

Norte Mato-Grossense<br />

Centro Sul<br />

Mato-Grossense<br />

Sudeste<br />

Mato-Grossense<br />

Nordeste<br />

Mato-Grossense<br />

213<br />

8%<br />

2.056<br />

81%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016) e IBGE (2018b).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

59<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.16<br />

Distribuição do rebanho suíno de Goiás em 2016 (em mil cabeças).<br />

72<br />

3%<br />

78<br />

4%<br />

120<br />

6%<br />

333<br />

17%<br />

Noroeste<br />

Goiano<br />

Sul Goiano<br />

Centro Goiano<br />

Norte Goiano<br />

Leste Goiano<br />

1.386<br />

70%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016) e IBGE (2018b).<br />

lada uma unidade da Brazilian Foods (BRF). A distribuição<br />

final, por modelo de produção, está estratificada da seguinte<br />

maneira: 20% dos suinocultores são independentes e 80%<br />

são integrados (NEVES, et al., 2016). O Gráfico 2.16 mostra a<br />

distribuição do rebanho goiano em 2015.<br />

Além da região de Rio Verde ser o grande polo de suínos<br />

no estado, duas das três associações de produtores também<br />

se localizam na cidade, ambas são formadas por produtores<br />

integrados: a AGIGO (Associação dos Granjeiros do Estado de<br />

Goiás), formados por produtores que se enquadram no modelo<br />

de UPL e a AGINTERP (Associação Goiana dos Integrados<br />

Produtores de Aves, Ovos e Suínos), constituída por produtores<br />

que possuem granjas de terminação. Existe também a<br />

AGS (Associação Goiana de Suinocultores), que é, por sua vez,<br />

filiada à ABCS (NEVES, et al., 2016).<br />

Assim como outros estados da região Centro-Oeste, Goiás<br />

tem como pontos fortes a proximidade com a produção de<br />

grãos, utilização de alta tecnologia e uma maior facilidade logística<br />

(NEVES, et al., 2016).<br />

São Paulo (7º rebanho nacional)<br />

No estado de São Paulo pode-se considerar que todos os suinocultores<br />

se enquadram no modelo independente de produção,<br />

sem estarem relacionados contratualmente aos sistemas<br />

de integração das grandes indústrias ou com cooperativas do


60<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

setor. Esse modelo faz com que os suinocultores fiquem mais<br />

vulneráveis aos altos e baixos do mercado, ou seja, apresentando<br />

lucros acima da média em anos com bons preços e custo de<br />

matéria prima baixo e prejuízos em tempos de preços elevados<br />

de insumos e baixos preços do próprio suíno (NEVES, 2016).<br />

Apesar do modelo de indústria integradora ser discreto<br />

no estado, o mesmo conta com 15 frigoríficos com SIF. O<br />

Gráfico 2.17 mostra a distribuição do rebanho suíno no estado.<br />

A Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), discute<br />

alternativas para a cadeia que possam ser aplicadas no<br />

estado. A associação é responsável pela Bolsa de Suínos do<br />

Estado de São Paulo, que agrega suinocultores e frigoríficos<br />

para a discussão e padronização dos preços de venda. A produção<br />

do estado tem a proximidade com o principal centro<br />

consumidor do país como vantagem, porém a disponibilidade<br />

e custo dos grãos figuram como gargalos. A maioria dos<br />

produtores necessita da matéria-prima proveniente de outros<br />

estados (NEVES, et al., 2016).<br />

2. 2. 2. A agroindústria processadora e a produção de carne<br />

suína no Brasil<br />

O Brasil possui frigoríficos espalhados ao longo de todo território<br />

sendo que seus produtos são fiscalizados por órgãos públicos<br />

nas esferas nacional, estadual e municipal. Nesse sentido,<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.17<br />

Distribuição do rebanho suíno de São Paulo em 2016 (em mil cabeças).<br />

Presidente<br />

Prudente<br />

345<br />

25%<br />

123<br />

9%<br />

125<br />

9%<br />

142<br />

10%<br />

São José do<br />

Rio Preto<br />

Marília<br />

Assis<br />

Itapetininga<br />

Araraquara<br />

Bauru<br />

Ribeirão Preto<br />

Piracicaba<br />

Litoral Sul Paulista<br />

Campinas<br />

Metropolitana<br />

de São Paulo<br />

Macro<br />

Metropolitana<br />

Paulista<br />

240<br />

18%<br />

205<br />

15%<br />

188<br />

14%<br />

Vale do<br />

Paraíba<br />

Paulista<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016) e IBGE (2018b).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

61<br />

são três os tipos de serviço de inspeção sobre a qualidade e segurança<br />

dos produtos nesses estabelecimentos (BR<strong>AS</strong>IL, 2018c).<br />

• O SIF - Serviço de Inspeção Federal é realizado pelo<br />

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

(MAPA), sendo que o estabelecimento certificado pode<br />

comercializar seu produto em todo o território nacional<br />

e em países que reconhecem esse sistema como suficiente<br />

para importar os produtos brasileiros.<br />

• O SIE - Serviço de Inspeção Estadual é responsabilidade<br />

das Agências de Defesa Agropecuária estaduais, no caso do<br />

Tocantins, a Adapec. Estabelecimentos certificados podem<br />

comercializar seus produtos dentro do estado em questão.<br />

• O SIM - Serviço de Inspeção Municipal é de responsabilidade<br />

das Secretarias da Agricultura de cada cidade,<br />

assim o produto só possui a possibilidade de ser comercializado<br />

dentro do município<br />

O Serviço de Inspeção Federal (SIF) é o mais alto nível de<br />

inspeção, e tem como objetivo assegurar a qualidade de produtos<br />

de origem animal comestíveis e não comestíveis para<br />

comercialização nacional e internacional. Atualmente, o SIF<br />

tem atuação em mais de 5 mil estabelecimentos brasileiros<br />

sendo que o Brasil exporta seus produtos para mais de 180<br />

países (BR<strong>AS</strong>IL, 2018b).<br />

Além do modelo de inspeção SIF, de acordo com o MAPA<br />

(2018), está sendo testado um novo modelo de inspeção para<br />

os estabelecimentos de suínos. As melhorias visam reduzir<br />

os riscos de contaminação por bactérias. Para isso, está sendo<br />

realizado, na planta da BRF em Concórdia (SC), um testepiloto<br />

do novo modelo, que trará como mudanças o controle<br />

da inspeção nas etapas ante e post morten e também separar<br />

determinadas partes para inspeção em salas específicas. O<br />

trabalho está sendo coordenado pela Embrapa Suínos e Aves,<br />

pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal<br />

(DIPOA), órgão vinculado ao MAPA, e conta com colaboração<br />

de especialistas de universidades.<br />

A agroindústria suinícola se localiza próxima aos rebanhos,<br />

nas regiões Sul e Centro-Oeste brasileiras e nos estados de<br />

São Paulo e Minas Gerais. Vale ressaltar que, como o crescimento<br />

do rebanho foi bastante expressivo no Centro-Oeste<br />

há alguns anos, caracterizando uma suinocultura mais recente,<br />

ainda existe um número baixo de agroindústrias na região.<br />

A Figura 2.5 ilustra a localização das agroindústrias no Brasil<br />

(NEVES et al. 2016)<br />

Como pode ser visto no mapa das agroindústrias, no ano<br />

de 2015 existiam 97 frigoríficos cadastrados no Sistema de<br />

Inspeção Federal (SIF). Destes, os dez principais detinham<br />

77% do abate nacional sob SIF, sendo que os quatro principais<br />

realizavam 61% do abate de suínos do Brasil. Na


62<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 2.5<br />

Distribuição das agroindústrias suinícolas com SIF no Brasil em 2015<br />

Mato Grosso<br />

5 agroindústrias com SIF<br />

Mato Grosso do Sul<br />

2 agroindústrias com SIF<br />

paraná<br />

18 agroindústrias com SIF<br />

goiás<br />

2 agroindústrias com SIF<br />

Minas gerais<br />

18 agroindústrias com SIF<br />

são paulo<br />

15 agroindústrias com SIF<br />

Rio Grande do Sul<br />

19 agroindústrias com SIF<br />

santa catarina<br />

18 agroindústrias com SIF<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016).<br />

Tabela 2.7 eles são identificados e apresentadas as suas participações<br />

na capacidade de abate nacional.<br />

Apesar da região Sul (S) ser líder no total nacional de abates,<br />

nos últimos 15 anos outras regiões do Brasil passaram a ganhar<br />

relevância. Entre os anos 2000 e 2015 as regiões Centro-Oeste<br />

(CO) e Sudeste (SE) aumentaram significativamente suas participações.<br />

A representatividade do CO passou de 6,5% para<br />

14,5% enquanto o SE saiu de 14% para 18%, em detrimento do<br />

Sul, que caiu de 78% para 67% (NEVES, et al., 2016). A Figura 2.6<br />

mostra a distribuição dos abates suínos no Brasil em 2016.<br />

Considerando o rebanho suíno e a capacidade de abate<br />

dos estados brasileiros, é notável a importância da produção<br />

de carne suína dentro da pauta produtiva brasileira. O<br />

Gráfico 2.18 mostra a evolução na produção de carne suína<br />

das regiões da federação ao longo dos anos.<br />

Apesar das variações na produção de carne suína aos lon-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

63<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.7<br />

Participação das principais empresas brasileiras no abate SIF.<br />

<br />

Figura 2.6<br />

Distribuição dos abates suínos brasileiros em 2016.<br />

Empresa<br />

Participação no abate SIF<br />

BRF 28%<br />

JBS 14%<br />

Aurora 14%<br />

Frimesa 5%<br />

Outros 39%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Neves et al. (2016)<br />

gos dos anos, a Região Sul continua mantendo sua hegemonia<br />

em termos de produção devido às questões culturais<br />

pela influência da colonização alemã e italiana. A região hoje<br />

possui grandes agroindústrias que permitem que os produtores<br />

tenham para quem vender grande parte de sua produção<br />

e, devido a qualidade de seu rebanho e status sanitário,<br />

é também a maior exportadora de carne suína do Brasil. A<br />

Tabela 2.8 mostra a evolução da participação das regiões na<br />

produção nacional de carne suína.<br />

Como pode ser evidenciado na Tabela 2.8, a região sul quase<br />

não alterou sua participação na produção nacional. As regiões<br />

Sudeste e Centro-Oeste juntas totalizam quase o restante da<br />

produção brasileira. O restante, aproximadamente 1%. representa<br />

a participação das regiões Norte e Nordeste somadas.<br />

Norte 3,8 mil<br />

Nordeste 30,1 mil<br />

centro-oeste 530,3 mil<br />

sudeste 658,6 mil<br />

sul 2.500 mil<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2018b).<br />

No ano de 2017, o maior estado produtor foi Santa Catarina,<br />

seguido por Paraná e Rio Grande do Sul. Juntos, os três estados<br />

da região Sul representaram aproximadamente 70% da<br />

produção nacional equivalente a 2,6 milhões de toneladas de<br />

carne suína. Segundo o IBGE (2018b) o Tocantins não apresentou<br />

produção relevante. A Tabela 2.9, apresenta o ranking


64<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.18<br />

Série histórica de produção de carne suína por região (kg).<br />

3.000.000,0<br />

norte nordeste sudeste sul centro-oeste<br />

2.500.000,0<br />

2.000.000,0<br />

1.500.000,0<br />

1.000.000,0<br />

500.000,0<br />

0<br />

2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

* A região Norte possui uma representatividade muito baixa em termos de produção, que não foi contemplada pelo gráfico. / onte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2018b).<br />

de produção de carne suína em todos os estados brasileiros e<br />

no Distrito Federal.<br />

A região Sul foi a pioneira em grandes iniciativas de melhoramento<br />

genético do rebanho nacional, o que inclusive deu origem<br />

à Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ACBS), na<br />

cidade de Estrela-RS, em 1955. A região também é berço das<br />

maiores empresas de abate e processamento de carne suína<br />

do país, como a Perdigão (fundada em Videira-SC, em 1934) e a<br />

Sadia S.A. (fundada em Concórdia-SC, em 1944), que em 2009<br />

uniram-se para formar a Brasil Foods (BRF); a Seara Alimentos<br />

(fundada em Seara-SC, em 1956), pertencente ao Gurpo JBS<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.8<br />

Evolução da participação das regiões na produção de carne suína<br />

do Brasil.<br />

Participação por região (%)<br />

Região 2012 2017<br />

Sul 66,12% 67,50%<br />

Sudeste 17,29% 17,40%<br />

Centro-Oeste 15,75% 14,25%<br />

Nordeste 0,82% 0,73%<br />

Norte 0,02% 0,11%<br />

*4º semestre de 2017 não foi considerado / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2018b).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

65<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.9<br />

Ranking da produção de carne suína em 2017.<br />

Colocação UF TONELAD<strong>AS</strong> Participação %<br />

1º SC 1.026.337,8 26,84%<br />

2º PR 828.185,6 21,66%<br />

3º RS 726.758,2 19,01%<br />

4º MG 464.473,2 12,15%<br />

5º MT 214.437,6 5,61%<br />

6º SP 170.752,0 4,47%<br />

7º GO 163.926,8 4,29%<br />

8º MS 148.395,8 3,88%<br />

9º ES 24.238,8 0,63%<br />

10º DF 18.266,7 0,48%<br />

11º BA 10.734,0 0,28%<br />

12º CE 8.768,5 0,23%<br />

13º RJ 5.931,2 0,16%<br />

14º PE 3.910,4 0,10%<br />

Colocação UF TONELAD<strong>AS</strong> Participação %<br />

15º AC 3.577,7 0,09%<br />

16º PI 1.216,3 0,03%<br />

17º MA 982,5 0,03%<br />

18º AL 925,0 0,02%<br />

19º RN 839,8 0,02%<br />

20º SE 633,7 0,02%<br />

21º PA 65,4 0,00%<br />

22º RO - 0,00%<br />

23º AM - 0,00%<br />

24º RR - 0,00%<br />

25º TO - 0,00%<br />

26º PB - 0,00%<br />

27º AP - 0,00%<br />

TOTAL BR<strong>AS</strong>IL 3.823.357,0 100%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IBGE (2018b).<br />

desde 2013; a Aurora Alimentos (fundada em Chapecó-SC, em<br />

1968), central de cooperativas que atualmente agrega 13 filiadas<br />

e a Frimesa (fundada em Francisco Beltrão-PR, em 1977),<br />

braço agroindustrial de um conjunto de 5 cooperativas.<br />

O Quadro 2.2 resume as principais características de alguns<br />

dos maiores frigoríficos de carne suína do Brasil.<br />

2. 2. 3. Exportações de carne suína<br />

Apesar de representarem 18% do total produzido pelo setor<br />

suinícola no Brasil em 2017, as exportações são fundamentais<br />

para a competitividade e evolução do setor. A Figura 2.7 mostra<br />

os destinos da carne suína produzida no Brasil.


66<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÏÏ<br />

Quadro 2.2<br />

Características de importantes frigoríficos no Brasil.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.19<br />

Série histórica das exportações mundiais da carne suína brasileira.<br />

Frigorífico<br />

ano da<br />

fundação<br />

1953<br />

capacidade<br />

de abate<br />

66 mil<br />

cabeças/dia¹<br />

localização das plantas<br />

Estados Unidos, Austrália<br />

e 11 estados brasileiros.<br />

1230,97<br />

1479,24<br />

1226,45<br />

1340,71<br />

1434,67<br />

1495,15<br />

1358,82<br />

1589,00<br />

1268,26<br />

1473,92<br />

1615,47<br />

2009<br />

16,5 mil<br />

cabeças/dia²<br />

Brasil e Argentina<br />

606,5<br />

529,4<br />

607,5<br />

540,4<br />

516,4<br />

581,5<br />

517,3<br />

494,2<br />

546,4<br />

724,5<br />

687,3<br />

2000<br />

3 mil<br />

cabeças/dia³<br />

Rio Grande do Sul<br />

Receita (milhões us$)<br />

Volume (mil ton)<br />

1999<br />

2 mil<br />

cabeças/ dia<br />

São Paulo<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

2017<br />

1 dado de 2017; 2,3,4 dados de 2018.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de Pig International, BRF e Frimesa.<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir BR<strong>AS</strong>IL (2018b).<br />

As exportações brasileiras do setor de suínos cresceram<br />

13% em volume e 31% em valor nos últimos 10 anos, atingindo,<br />

respectivamente, 687 mil toneladas e US$ 1,6 bilhão. Os<br />

números demonstram uma valorização dos produtos suínos<br />

brasileiros perante o cenário internacional. O crescimento<br />

médio ao ano no volume e receita foram, respectivamente,<br />

1,14% a.a. e 2,5% a.a. O Gráfico 2.19 apresenta a evolução das<br />

exportações mundiais brasileiras.<br />

O volume (e a receita) das exportações nacionais não sofreu<br />

grandes variações no período indicado. Isto se deveu à instabilidade<br />

da demanda dos países asiáticos e da Rússia que,<br />

em 2017, cancelou as importações brasileiras por questões<br />

sanitárias.<br />

Os principais produtos exportados pelas agroindústrias<br />

e suas respectivas porcentagens estão evidenciados no<br />

Gráfico 2.20.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

67<br />

<br />

Figura 2.7<br />

Destinos da carne suína brasileira em 2017.<br />

Industrializada 3%<br />

Carne Suína Brasileira<br />

3,82 milhões<br />

de toneladas<br />

Exportações 18%<br />

Consumo Interno 82%<br />

In natura 97%<br />

Outros produtos 17%<br />

Cortes 83%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de ABPA (2017) e IBGE (2018b).<br />

Fica evidente a alta demanda pelos cortes suínos e miúdos,<br />

que juntos somaram, aproximadamente, 97% de todas as exportações<br />

da cadeia suinícola.<br />

Os produtos das agroindústrias brasileiras tiveram como<br />

principais destinos: Rússia, Hong Kong, China, Argentina e<br />

Cingapura. A Figura 2.8 abaixo ilustra a representatividade<br />

de cada país no total das exportações brasileiras.<br />

Em 2017, a soma dos cinco principais destinos representou<br />

77% de todo volume exportado. Esse cenário demonstra dependência<br />

do setor por países específicos o que pode significar<br />

um risco para o setor exportador brasileiro.<br />

Ao longo dos últimos 10 anos, apesar da queda nos volumes<br />

exportados para Rússia (-6,9%), esse país foi o principal<br />

importador do complexo suinícola brasileiro. Já os outros<br />

países apresentaram crescimento nas importações brasileiras,<br />

sendo: Hong Kong (46,7%), Argentina (9,8%) e Cingapura<br />

(0,01%). O Gráfico 2.21 apresenta a evolução das exportações<br />

brasileiras da suinocultura com destino aos cinco países citados<br />

anteriormente.<br />

O destaque no período foi a China, que teve o maior aumento<br />

registrado (259%). O crescimento das importações chinesas<br />

pode ser explicado pelo Brasil ter um histórico recente de exportações<br />

para o país, além da grande diferença entre volume<br />

consumido no país frente ao importado pelo Brasil. Segundo<br />

USDA (2018), a China teve um consumo interno na casa de dezenas<br />

de milhões de toneladas, enquanto as exportações brasileiras<br />

chegaram a dezenas de milhares de toneladas. Para<br />

exemplificar de uma melhor maneira e tendo como premissa<br />

que, qualquer aumento no consumo chinês fosse suprido<br />

pela produção brasileira, chegaríamos ao seguinte resultado:


68<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.20<br />

Exportações brasileiras de carne suína por produto em 2017.<br />

<br />

Figura 2.8<br />

Principais destinos das exportações da suinocultura brasileira em 2017.<br />

87,4%<br />

Cortes<br />

1º Rússia<br />

US$ 693 milhões<br />

259 mil ton<br />

2º Hong Kong<br />

US$ 334 milhões<br />

156 mil ton<br />

3º China<br />

US$ 101 milhões<br />

49 mil ton<br />

Couros e peles<br />

Gorduras<br />

Preparações<br />

0,01%<br />

0,2%<br />

1,7%<br />

1,2%<br />

Carcaças<br />

9,4%<br />

Miúdos<br />

4º Argentina<br />

US$ 95 milhões<br />

33 mil ton<br />

5º Cingapura<br />

US$ 83 milhões<br />

32 mil ton<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL (2018b).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL (2018b).<br />

1% no aumento do consumo chinês, implicaria em um aumento<br />

de 546% nas exportações brasileiras, demonstrando<br />

que as exportações brasileiras frente ao consumo chinês são<br />

quase irrelevantes.<br />

Os três maiores estados exportadores do setor foram, em<br />

2017, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Os três estados<br />

juntos representaram 84% das exportações brasileiras.<br />

A Figura 2.9 mostra as exportações do complexo suinícola<br />

brasileiro por estado.<br />

Os estados não destacados no mapa a seguir não expor-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

69<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.21<br />

Evolução das exportações brasileiras da suinocultura por destino.<br />

Mil toneladas<br />

800<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

606,5<br />

rússia<br />

529,4<br />

hong kong<br />

607,5<br />

540,4<br />

china<br />

516,4<br />

argentina<br />

581,5<br />

517,3<br />

cingapura<br />

494,2<br />

546,4<br />

mundo<br />

724,5<br />

687,3<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 20110 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL (2018b).<br />

tam produtos da agroindústria suinícola ou apresentam<br />

baixa representatividade do total exportado. O ranking<br />

dos estados exportadores se manteve praticamente estável<br />

desde 2012.<br />

As projeções das exportações de carne suína são positivas<br />

para os próximos anos, e deverão alcançar um montante de 952<br />

mil toneladas em 2027, representando um aumento de 31%<br />

em um cenário de 10 anos, como evidenciado no Gráfico 2.22.<br />

É interessante notar que as exportações devem crescer<br />

em ritmo mais acelerado que a produção nacional, o que<br />

indica uma mudança na proporção da disponibilidade de<br />

produto no mercado interno e externo. A tendência para<br />

os próximos anos é que a representatividade da carne suína<br />

destinada ao mercado interno seja reduzida em prol de<br />

um aumento nas exportações.<br />

Vale destacar que a pequena diferença no valor do volume


70<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 2.9<br />

Volume das exportações estaduais do complexo suinícola em 2017.<br />

4º Mato Grosso<br />

Exportação:40,8<br />

mil toneladas<br />

Participação: 5,9%<br />

7º Mato Grosso do Sul<br />

Exportação: 11,2<br />

mil toneladas<br />

Participação: 1,6%<br />

3º paraná<br />

Exportação: 97,7<br />

mil toneladas<br />

Participação: 14,2%<br />

2º rio grande do sul<br />

Exportação: 202,5<br />

mil toneladas<br />

Participação: 29,5%<br />

5º goiás<br />

Exportação: 36,8<br />

mil toneladas<br />

Participação: 5,4%<br />

6º minas gerais<br />

Exportação: 18,6<br />

mil toneladas<br />

Participação: 2,7%<br />

8º são paulo<br />

Exportação: 2,9<br />

mil toneladas<br />

Participação: 0,4%<br />

1º santa catarina<br />

Exportação: 276,8<br />

mil toneladas<br />

Participação: 40,3%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL (2018b).<br />

exportado pelo Brasil em 2017 nos Gráficos 2.19, 2.21 e 2.22 é<br />

devido a divergência nas fontes consultadas.<br />

2. 2. 4. Consumo interno de carne suína<br />

Em relação ao consumo de carne suína, o Brasil ainda apresenta<br />

baixos índices per capita quando comparado a países<br />

da Europa por exemplo. Questões como disponibilidade de<br />

terras, valor agregado e questões culturais, influenciam diretamente<br />

no consumo de proteínas animais. O Gráfico 2.23<br />

demonstra a evolução do consumo brasileiro de carne suína.<br />

Em 2017, o consumo brasileiro alcançou a ordem de 2,9<br />

milhões de toneladas, representando um aumento de 29,5%<br />

quando comparado a um período de 10 anos. Mesmo com


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

71<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.22<br />

Exportações de carne suína 2017-2027 (em mil toneladas)<br />

Variação de 31,4% nas exportações líquidas de 2017 a 2027<br />

724,91<br />

749,33<br />

771,41<br />

796,72<br />

820,67<br />

839,61<br />

858,51<br />

880,82<br />

904,07<br />

927,20<br />

952,24<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2018).<br />

esse crescimento, o consumo per capita de carne suína ainda<br />

é baixo em comparação a outras proteínas como a carne bovina<br />

e avícola, evidenciado pelo Gráfico 2.24.<br />

Observa-se no gráfico que em 2016 o consumo per capita<br />

anual de carne suína foi de 14,4 quilos por habitante, enquanto<br />

que as carnes de frango e bovina contabilizaram consumos<br />

per capita de, respectivamente, 25,6 e 41,0 quilos por habitante.<br />

É importante destacar que a estimativa de consumo<br />

per capita de carne suína de outras fontes de dados como o<br />

USDA mostra valores inferiores que o estimado pela ABPA.<br />

De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos<br />

(ABCS), Minas Gerais é o estado brasileiro com o maior<br />

índice de consumo per capita do país, alcançando valor de<br />

21 kg/hab no ano de 2011, valor este que supera países como<br />

Rússia e Japão.<br />

Ao contrário do cenário mundial, no Brasil a carne suína


72<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.23<br />

Histórico 3,50 de consumo nacional de carne suína.<br />

3,00<br />

2,50<br />

milhões de toneladas<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

2,26<br />

2,39<br />

2,42<br />

2,58<br />

2,64<br />

2,67<br />

2,75<br />

2,85<br />

2,89<br />

2,87<br />

2,92<br />

2,93<br />

0,00<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018*<br />

*Projeção / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

apresenta um menor consumo se comparada com outras proteínas<br />

animais. Diversos fatores influenciam historicamente<br />

neste padrão. Pode-se destacar que a carne suína sempre contou<br />

com menor disponibilidade de cortes e esteve associada a<br />

uma carne com maior teor de gordura e pouco saudável.<br />

A imagem da carne suína no país vem mudando ao longo<br />

dos anos devido, principalmente, à iniciativas de organizações<br />

do setor em promover seus benefícios e desmistificar<br />

seu consumo. O aumento do consumo interno é uma grande<br />

oportunidade, visto que o Brasil possui alta capacidade de<br />

produção para suprir a demanda mesmo crescente.<br />

A projeção para os próximos anos demonstra que a suinocultura<br />

brasileira continuará apresentando crescimento em<br />

um cenário de 10 anos, alcançando um montante de 4,72


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

73<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.24<br />

Consumo per capita das principais proteínas animais consumidas no Brasil.<br />

suína<br />

avícola<br />

bovina<br />

kg/hab<br />

37,0<br />

38,5 38,5<br />

25,1 25,2<br />

26,5<br />

47,4<br />

44,1<br />

45,0<br />

41,8<br />

42,8 43,3<br />

41,0<br />

25,1<br />

26,3 26,5<br />

24,5 24,7<br />

25,6<br />

25,7<br />

13,0 13,4 13,7 14,1 14,9 14,5 14,5 14,7 15,1 14,4<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de ABPA (2017).<br />

milhões de toneladas para o ano de 2027 e um consumo doméstico<br />

de 3,63 milhões de toneladas. O Gráfico 2.25 mostra a<br />

evolução da produção e do consumo de carne bovina no Brasil<br />

até 2027.<br />

Para que a produção e consumo internos atinjam tais valores<br />

em 2027, os respectivos crescimentos deverão ser de<br />

25,5% e 23,9%. As projeções de produção de carne suína por<br />

região para 2027 são apresentadas na Tabela 2.10.<br />

A região Norte é a que apresenta a maior variação prevista<br />

da produção na próxima década. Mesmo tendo, atualmente,<br />

produção irrelevante, ela possui grande capacidade de expansão.<br />

A Região Sul (hoje a principal produtora) diminuirá<br />

sua participação na produção nacional. O Gráfico 2.26 indica<br />

as projeções das referidas participações para os próximos 10<br />

anos.<br />

Apesar de existirem movimentações, as alterações são modestas<br />

e, portanto, não é esperada uma grande mudança ao<br />

longo dos próximos dez anos, no que diz respeito a partici-


74<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

2,93 3,76<br />

Gráfico 2.25<br />

Projeções da produção e consumo (em milhões de toneladas) de<br />

carne suína no Brasil.<br />

Variação de 25,5% na produção de 2017 a 2027<br />

2,99 3,84<br />

3,05 3,93<br />

3,12 4,02<br />

3,18 4,11<br />

3,26 4,21<br />

3,33 4,31<br />

3,40 4,40<br />

3,48 4,51<br />

3,56 4,61<br />

3,63 4,72<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.10<br />

Projeções da produção regional de carne suína.<br />

Carne Suína (mil toneladas)<br />

Região 2017 2027 Var (%)<br />

Norte 5,2 8,1 55,8%<br />

Nordeste 39,0 45,1 15,6%<br />

Sudeste 702,3 922,5 31,4%<br />

Sul 2.475,9 3.025,8 22,2%<br />

Centro-Oeste 533,6 713,5 33,7%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2018).<br />

2. 2. 4. 1. As mudanças no perfil dos consumidores e os<br />

desafios das organizações orientadas para o<br />

mercado<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

produção<br />

consumo doméstico<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2018).<br />

pação. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste possuem uma<br />

produção suína bastante sólida e estabelecida, enquanto as<br />

regiões Norte e Nordeste ainda precisam desenvolver muito.<br />

O sucesso de um setor está cada vez mais pautado no real alinhamento<br />

da sua estratégia com o seu mercado consumidor.<br />

Nesse sentido, é importante destacar algumas tendências do<br />

mercado consumidor a serem consideradas no estabelecimento<br />

estratégico de setores pertencentes à cadeia de alimentos.<br />

De maneira geral, o consumidor atual tem estado na busca<br />

constante por qualidade de vida e bem-estar físico. Isso<br />

reflete diretamente nas suas escolhas em relação ao padrão<br />

alimentar. Produtos com um apelo saudável vêm ganhando


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

75<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.26<br />

Projeção da participação regional na produção nacional de carne<br />

suína em 2027.<br />

0,1%<br />

2017<br />

0,2%<br />

2027<br />

1,0%<br />

1,0%<br />

18,7%<br />

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2018).<br />

espaço nas mesas de diversos perfis familiares. Por ser uma<br />

tendência relativamente nova, é comum encontrar nesse<br />

segmento produtos com maior valor agregado, ou seja, mais<br />

caros para o consumidor. A busca pelo oferecimento de um<br />

produto saudável e ao mesmo tempo acessível às diversas<br />

19,6%<br />

65,9%<br />

64,2%<br />

14,2%<br />

15,1%<br />

classes sociais é uma estratégia promissora no atual cenário.<br />

Ainda tratando de padrões sociais, nota-se cada vez mais<br />

uma tendência de redução no tempo disponível para o preparo<br />

de alimentos e diminuição do número de membros nos<br />

núcleos familiares. A inserção da mulher no mercado de trabalho<br />

tem contribuído fortemente nesse sentido. Mais uma<br />

vez, as escolhas com relação a forma de se alimentar são afetadas.<br />

O mercado tem demandado produtos prontos ou semi<br />

-prontos, que otimizem o tempo das refeições e em porções<br />

menores, muitas vezes individuais.<br />

Além das tendências apresentadas, os valores do consumidor<br />

atual também têm mudado. Diversão, conforto, busca por<br />

experiências diferenciadas, respeito, sustentabilidade, entre<br />

outros, parecem ser cada vez mais determinantes na maneira<br />

que o consumidor final faz suas escolhas com relação à alimentação.<br />

As estratégias para avançar nesses mercados não<br />

podem deixar de considerar esses aspectos como forma de<br />

motivar o atual consumidor.<br />

A criação de um conceito que esteja em linha com as demandas<br />

do atual mercado consumidor é uma estratégia que<br />

pode ser vencedora se bem estruturada. Um conceito é mais<br />

do que um produto. É um pacote de soluções que traz consigo<br />

crenças e valores alinhados com o que o mercado demanda.<br />

Vale destacar que os conceitos não são eternos, devendo ser<br />

sempre revistos.


76<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

A criação de um conceito envolve aspectos como criar a<br />

sensação no consumidor de “fazer parte”, “ser valorizado”, “ter<br />

status” tudo isso apoiado por uma comunicação clara e direta.<br />

A criação de estratégias de lock-in, ou seja, estratégias que fidelizem<br />

o consumidor, passa a ser uma ferramenta muito útil na<br />

criação de um conceito vinculado a um produto.<br />

Voltando o olhar para a cadeia de carne suína no Brasil,<br />

muitas dessas estratégias já vem sendo desenvolvidas para<br />

estimular o consumo interno e os resultados já podem ser vistos<br />

junto às associações e empresas do setor. Os novos players<br />

que pretendem ingressar nesse mercado não podem deixar<br />

de considerar o mercado consumidor na sua estratégia.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 2.3<br />

Etapas e finalidades para o levantamento de custo de produção.<br />

Etapa<br />

Definição do(s) sistema(s) de<br />

produção<br />

Levantamento do valor de<br />

instalações e equipamentos<br />

Levantamento dos coeficientes<br />

técnicos de produção<br />

Levantamento dos preços de<br />

mercado<br />

Cálculo do custo de produção<br />

Finalidade<br />

Descrever a atividade em termos de tamanho e padrão da granja<br />

e tecnologia empregada<br />

Valorar os investimentos necessários para a implementação do(s)<br />

sistema(s) de produção<br />

Descrever o desempenho do(s) sistema(s) de produção com base<br />

em quantidades consumidas de matéria-prima, insumos, mão de<br />

obra e outros fatores de produção<br />

Valorar matéria-prima, insumos, mão de obra e outros fatores<br />

de produção<br />

Calcular o custo de produção com base nos sistemas de<br />

produção escolhidos e no levantamento dos coeficientes<br />

técnicos de produção e dos preços de mercado<br />

2. 2. 5. Custo de produção e análise de viabilidade<br />

Divulgação<br />

Disseminar as informações<br />

Fonte: Miele, et al. (2010).<br />

2. 2. 5. 1. Custo de produção<br />

De acordo com pesquisadores da Embrapa Aves e Suínos, o<br />

levantamento dos custos de produção de suínos tem o objetivo<br />

de gerar informações de referência para agentes da cadeia<br />

produtiva, órgãos públicos, sistema financeiro e instituições<br />

de ensino e pesquisa. Os mesmos são calculados a partir de<br />

levantamentos de preços de mercado, da caracterização dos<br />

sistemas de produção e seus coeficientes técnicos (MIELE, et<br />

al., 2010) e devem seguir uma metodologia padrão para permitir<br />

o acompanhamento da sua evolução e comparação dos<br />

valores obtidos para as diferentes regiões produtoras.<br />

O Quadro 2.3 resume as etapas e suas finalidades utilizados<br />

para o levantamento dos custos de produção de suínos, de<br />

acordo com a metodologia da Embrapa Aves e Suínos:<br />

É importante reforçar que a estrutura dos custos de produção<br />

é subdividida em custos variáveis e custos fixos. Os primeiros<br />

compreendem os dispêndios com insumos, mão de<br />

obra, transporte, serviços e demais itens necessários à produ-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

77<br />

ÏÏ<br />

Quadro 2.4<br />

Procedimentos para o cálculo dos custos variáveis e fixos de suínos conforme a metodologia da Embrapa Aves e Suínos.<br />

ITEM DE CUSTO<br />

FORMA DE CÁLCULO<br />

ITEM DE CUSTO<br />

FORMA DE CÁLCULO<br />

Custos variáveis<br />

Ração<br />

Insumos (energia, produtos<br />

veterinários etc.)<br />

Mão de obra*<br />

Serviços de transporte,<br />

apanha e assistência técnica<br />

Licenciamento ambiental<br />

Manutenção<br />

Somatório dos custos com matéria prima, insumos, mão de<br />

obra, serviços e outros.<br />

Determinado pela multiplicação do seu preço unitário pela<br />

quantidade utilizada (cálculo feito por fase e formulações de<br />

ingredientes). Contabiliza uma estimativa do consumo dos suínos<br />

que morreram durante o processo produtivo.<br />

Determinado pela multiplicação do seu preço unitário pela<br />

quantidade utilizada.<br />

Determinado pela multiplicação do salário (acrescido dos encargos<br />

sociais e provisões) pelo número de pessoas necessárias para a<br />

produção de um lote, respeitando-se a legislação trabalhista.<br />

Determinado pela multiplicação do seu preço unitário pela<br />

quantidade utilizada. No caso do transporte é considerada a<br />

distância média.<br />

Custo do licenciamento da atividade rateado pelo número de lotes<br />

de duração da licença<br />

Determinado pela multiplicação do capital investido em instalações<br />

e equipamentos pela taxa anual de manutenção, rateado pelo<br />

número de lotes produzidos por ano.<br />

Seguro<br />

Eventuais<br />

Funrural<br />

Despesas financeiras sobre<br />

capital de giro<br />

Custos fixos<br />

Depreciação<br />

Custo de capital<br />

Custo total<br />

Determinado pela multiplicação do capital investido em instalações<br />

e equipamentos pela taxa anual de seguro, rateado pelo número<br />

de lotes produzidos por ano.<br />

Determinado pela multiplicação dos custos variáveis do produtor<br />

(exceto o Funrural) pela taxa de custos eventuais.<br />

Determinado pela multiplicação da receita do produtor pela taxa<br />

de contribuição ao Funrural.<br />

Corresponde ao custo de oportunidade do valor do capital de<br />

giro utilizado. Determinado pela multiplicação dos dispêndios<br />

incorridas na produção pela taxa de juros.<br />

Somatório dos custos com depreciação e capital.<br />

Calculada por meio do método linear, que divide o valor das<br />

instalações e equipamentos pela sua vida útil, descontado o valor<br />

residual.<br />

Corresponde ao custo de oportunidade do valor dos investimentos<br />

em instalações e equipamentos. Determinado pela multiplicação<br />

do valor médio dos investimentos pela taxa de juros.<br />

Somatório dos custos variáveis e fixos.<br />

Obs: Caso as tarefas sejam executadas pelo próprio produtor (agricultura familiar), entende-se que o<br />

valor deva ser considerado como custo de oportunidade.<br />

Fonte: Miele et.al. (2010).<br />

ção. Os custos fixos compreendem o valor da depreciação de<br />

instalações e equipamentos, além do custo de oportunidade<br />

do capital investido.<br />

Os custos com depreciação de instalações e equipamentos<br />

não representam saídas de caixa, mas devem ser considerados<br />

como reservas contábeis para a reposição dos mesmos<br />

ao término da sua vida útil. O custo de capital representa o<br />

retorno que o valor investido nas instalações e equipamentos


78<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.27<br />

Evolução das médias anuais dos custos de produção de suínos (R$/Kg vivo).<br />

sc ce go<br />

3,15<br />

2,31<br />

2,50<br />

2,41<br />

3,33 3,45<br />

2,82 2,88<br />

3,00<br />

2,73 2,80 2,88<br />

3,70<br />

3,24<br />

3,24<br />

4,17 4,10<br />

4,03<br />

3,57 3,58<br />

3,36<br />

2,12<br />

2,38<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018). / *a fonte de dados consultada não disponibilizou informações do estado do Ceará para o ano de 2012.<br />

proporcionaria caso estivesse alocado em uma outra atividade<br />

ou uma aplicação financeira (MIELE, et al., 2010).<br />

O detalhe de cada uma das etapas é descrito na publicação<br />

de MIELE et al. (2010). Neste estudo será destacado apenas o<br />

cálculo dos custos de produção, que vem após a definição do<br />

sistema de produção, do levantamento dos coeficientes técnicos<br />

de produção, do valor das instalações e equipamentos,<br />

bem como dos preços de mercado. O Quadro 2.4 resume a<br />

forma do cálculo dos custos variáveis e fixos.<br />

Em função da ausência na literatura de dados específicos e<br />

atuais do estado do Tocantins, para a presente análise, foram<br />

utilizados os dados disponíveis de custos de produção para os<br />

estados de Santa Catarina, Goiás e Ceará. O primeiro representa<br />

o principal estado produtor de suínos do Brasil; o segundo é<br />

o de maior semelhança com o Tocantins em termos de localização<br />

geográfica e condições edafoclimáticas e, o terceiro, por ser<br />

um estado com dados disponíveis e com uma produção tímida<br />

em relação à brasileira (1,6% em 2017, de acordo com APINCO,<br />

ABPA e IEG|FNP), à semelhança do Tocantins.<br />

O Gráfico 2.27 mostra o comportamento da evolução dos


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

79<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.11<br />

Comparativo do custo médio anual da produção de suínos para os anos de 2010 e 2017, nos estados de Santa Catarina, Goiás e Ceará (R$/Kg vivo).<br />

Ceará Goiás Santa Catarina<br />

Item do Custo Média 2010 Média 2017 Var % Média 2010 Média 2017 Var % Média 2010 Média 2017 Var %<br />

Alimentação 2,03 2,28 12% 1,50 2,06 37% 1,47 2,49 69%<br />

Outros 0,77 0,97 26% 0,37 0,79 114% 0,33 0,44 33%<br />

Mão de obra 0,22 0,13 -41% 0,26 0,11 -58% 0,21 0,19 -10%<br />

Custo de capital 0,04 0,11 175% 0,05 0,55 1000% 0,03 0,15 400%<br />

Depreciação 0,09 0,08 -11% 0,13 0,08 -38% 0,09 0,10 11%<br />

Total 3,15 3,57 13% 2,31 3,58 55% 2,12 3,36 58%<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

custos de produção de suínos para os estados referidos.<br />

Ao longo do período analisado, Santa Catarina e Goiás alternam-se<br />

como os estados mais eficientes em termos de custo<br />

de produção. Em 2017, Santa Catarina apresentou o menor<br />

valor seguido por Ceará e Goiás.<br />

É interessante notar a evolução dos custos médios anuais<br />

de produção entre 2010 e 2017. Enquanto Santa Catarina<br />

e Goiás elevaram os custos em, respectivamente, 58,8% e<br />

55,3%, o estado de Ceará apresentou uma correção de 13,1%.<br />

Ou seja, a competitividade entre os estados ficou mais acirrada.<br />

A correção dos valores, por item do custo de produção,<br />

é detalhada na Tabela 2.11. O principal impacto foi relativo<br />

ao custo de capital, com incrementos de 1000%, 400% e<br />

175% para os estados de Goiás, Santa Catarina e Ceará respectivamente.<br />

Ressalta-se também a redução nos gastos<br />

com mão de obra de 58%, 10% e 41%, respectivamente; e<br />

queda nos custos com depreciação para os estados de Goiás<br />

e Ceará.<br />

A Tabela 2.12 resume o levantamento de custos de produção<br />

para suínos, em janeiro de 2016, nos estados de Santa<br />

Catarina, Goiás e Ceará. É importante observar as variações<br />

dos coeficientes técnicos de produção e como impactam no<br />

custo final. Goiás, apesar da maior idade de abate, comercializou<br />

um número maior de suínos por matriz e abate com peso<br />

mais elevado, levando a um menor custo de produção.<br />

Os Gráficos 2.28, 2.29 e 2.30 detalham, a contribuição de<br />

cada item do custo de produção para os estados do Ceará,<br />

Goiás e Santa Catarina, respectivamente, ao longo do ano de


80<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.12<br />

Custo de produção para suínos, em janeiro de 2016, nos estados de<br />

Santa Catarina, Goiás e Ceará (R$/kg vivo).<br />

Nº matrizes em produção: 180 150 150<br />

Idade de abate dos suínos (dias): 163 181 168<br />

Suínos comercializados / matriz / ano: 23,8 24,02 22,7<br />

Peso vivo no abate (kg): 110 120 110<br />

1. CUSTOS VARIÁVEIS Santa Catarina Goiás Ceará<br />

1.1 - Alimentação 2,921 2,682 3,314<br />

1.2 - Mão de obra 0,173 0,101 0,118<br />

1.3 - Gastos veterinários 0,037 0,116 0,069<br />

1.4 - Gastos com transporte 0,151 0,292 0,297<br />

1.5 - Despesas com energia elétrica 0,025 0,025 0,025<br />

1.6 - Despesas manutenção e conservação 0,032 0,027 0,028<br />

1.7 - Despesas financeiras 0,009 0,008 0,010<br />

1.8 - Despesas com aquisição de sêmen 0,017 0,000 0,040<br />

1.9 - Funrural 0,076 0,098 0,131<br />

1.10 - Eventuais 0,067 0,065 0,077<br />

TOTAL CUSTOS VARIÁVEIS 3,507 3,412 4,109<br />

2.1 - DEPRECIAÇÕES<br />

2.1.1 - Depreciação das instalações 0,048 0,053 0,053<br />

2.1.2 - Depreciação dos equipamentos 0,061 0,023 0,028<br />

TOTAL DEPRECIAÇÕES 0,108 0,076 0,081<br />

2.2 - OUTROS CUSTOS FIXOS<br />

2.2.1 - Rem. do capital médio / inst. e equipto. 0,070 0,058 0,061<br />

2.2.2 - Rem. sobre reprodutores e animais em estoque 0,043 0,029 0,055<br />

2.2.3 - Reposição de reprodutores 0,052 -0,092 -0,064<br />

TOTAL OUTROS CUSTOS FIXOS 0,165 -0,004 0,051<br />

CUSTO OPERACIONAL ( 1 + 2.1 ) 3,615 3,488 4,190<br />

CUSTO TOTAL ( 1 + 2.1 + 2.2 ) 3,780 3,485 4,241<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Suínos e Aves (2018) e Conab (2017).<br />

ÛÛ<br />

R$/kg vivo<br />

3<br />

2,5<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

ÛÛ<br />

R$/kg vivo<br />

3<br />

2,5<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

Gráfico 2.28<br />

Composição dos custos de produção médios do suíno, para os<br />

meses de janeiro, julho e dezembro, estado do Ceará, 2017.<br />

2,66<br />

2,07<br />

2,17<br />

0,91<br />

0,98<br />

1<br />

0,13<br />

0,13<br />

jan jul dez<br />

Alimentação Outros Mão de obra Custo de capital Depreciação<br />

0,13<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Gráfico 2.29<br />

Composição dos custos de produção médios do suíno, para os<br />

meses de janeiro, julho e dezembro, estado do Goiás, 2017.<br />

2,36<br />

1,92<br />

2,61<br />

0,76<br />

0,79<br />

0,44<br />

0,11<br />

0,11<br />

Alimentação Outros Mão de obra Custo de capital Depreciação<br />

0,19<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

0,05<br />

0,52<br />

0,11<br />

0,53<br />

0,13<br />

0,09<br />

0,08<br />

0,08<br />

jan jul dez<br />

0,15<br />

0,08<br />

0,08<br />

0,1


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

81<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.30<br />

Composição dos custos de produção médio do suíno, para os<br />

meses de janeiro, julho e dezembro, estado de Santa Catarina, 2017.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.31<br />

Composição dos custos de produção do suíno, por item (%), por<br />

estado analisado (Ceará, Goiás e Santa Catarina).<br />

3<br />

2,79<br />

2,61<br />

2,36<br />

3,04<br />

3,59<br />

2,2<br />

2,97<br />

2,89<br />

4,54<br />

5,65<br />

R$/kg vivo<br />

2,5<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

2,31<br />

0,45<br />

0,42<br />

0,44<br />

0,19<br />

0,19<br />

0,19<br />

jan jul dez<br />

0,17<br />

0,15<br />

0,15<br />

0,1<br />

0,1<br />

0,1<br />

15,33<br />

27,06<br />

13,03<br />

22,11<br />

63,95 57,39 73,9<br />

Depreciação<br />

Custo de capital<br />

Mão de obra<br />

Outros<br />

Alimentação<br />

Alimentação Outros Mão de obra Custo de capital Depreciação<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Ceará 2017 Goiás 2017 Santa Catarina 2017<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

2017. Nota-se que, conforme o mês analisado (janeiro, julho e<br />

dezembro), os itens assumem valores distintos para o mesmo<br />

estado e entre os estados.<br />

O item alimentação é o que mais contribui para o custo de<br />

produção, representando 58% do total em Goiás, 64% no Ceará<br />

e 74% em Santa Catarina (Gráfico 2.31).<br />

Vale comentar que a Embrapa Suínos e Aves disponibiliza,<br />

gratuitamente, uma ferramenta para auxiliar produtores e<br />

outros interessados no levantamento dos custos de produção<br />

em granjas de suínos. A mesma pode ser acessada pelo site:<br />

< https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/>.<br />

2. 2. 5. 2. Análise da viabilidade econômica e financeira<br />

A gestão em granjas de suínos é um desafio e uma prática<br />

fundamental para o sucesso da atividade. Para tanto, são necessários<br />

indicadores de desempenho fáceis de medir e de<br />

acompanhar. Dentre eles, os principais para as atividades de<br />

granja, segundo MIELE E FISCHER (2017), são: disponibilidade<br />

de caixa, custos, renda e rentabilidade da granja. Nesse sentido,<br />

os autores descreveram os indicadores: Geração de Caixa,<br />

Custo Operacional, Retorno sobre Investimento e Custo Total.<br />

Geração de Caixa (GC): trata-se de um indicador de liquidez


82<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

que representa o saldo das entradas e saídas financeiras (em dinheiro).<br />

Indica também a renda agropecuária bruta disponível<br />

para a empresa e/ou família consumir, investir ou poupar, lembrando<br />

que parte deve ser reservada para repor a depreciação.<br />

o investimento; e, analogamente, as receitas abaixo representam<br />

um prejuízo.<br />

COP = MOF + SAL + CUST + DPR<br />

GC = RB – (SAL + CUST + PF)<br />

Onde:<br />

• GC: geração de Caixa<br />

• RB: receita bruta obtida com a venda de animais 1<br />

• SAL: salários e diárias pagos à mão de obra contratada<br />

• CUST: custeio das operações, arrendamentos, administração<br />

e impostos<br />

• PF: prestação do financiamento 2<br />

Custo Operacional (COP): considera todas as saídas de caixa<br />

(exceto a prestação do financiamento) e, também, o custo<br />

da mão de obra familiar 3 e a depreciação (valores que não<br />

saem do caixa, mas são custos de produção). Representa o valor<br />

mínimo a receber como receita, ou seja, é o valor no qual o<br />

retorno sobre o investimento é nulo. Qualquer receita acima<br />

do custo operacional implicará em um retorno positivo sobre<br />

Onde:<br />

• COP: custo operacional<br />

• MOF: custo da mão de obra familiar<br />

• SAL: salários e diárias pagos à mão de obra contratada<br />

• CUST: custeio das operações, arrendamentos, administração<br />

e impostos<br />

• DPR: depreciação<br />

Retorno sobre Investimento (RI): em percentual, representa<br />

a margem bruta (MB) dividida pelo capital investido (CI).<br />

RI = MB/CI x 100<br />

MB = RB – (MOF + SAL + CUST)<br />

Onde:<br />

• MB: margem bruta<br />

• CI: capital investido 4<br />

• RB: receita bruta<br />

1 Nesta análise é considerada apenas a receita obtida com a venda de animais vivos.<br />

2 Nesta análise não é considerado um valor referente à prestação de financiamento.<br />

3 A presente análise é feita apenas considerando a mão de obra contratada.<br />

4 Nesta análise, considera-se que o Capital Investido (CI) equivale ao valor do Custo<br />

Total (CT), pois considera-se que o CT representa o volume de recursos investidos<br />

para a atividade de produção do suíno.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

83<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.13<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico financeiro para a produção do suíno no Ceará, 2017 (R$/Kg vivo).<br />

Ceará 2017 (R$/kg)<br />

Item do Custo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média<br />

Alimentação 2,66 2,72 2,66 2,44 2,12 2,07 2,07 2,06 2,07 2,14 2,18 2,17 2,28<br />

Outros 0,91 0,94 0,92 0,90 0,97 0,98 0,98 1,00 0,99 0,99 1,00 1,00 0,97<br />

Mão de obra 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13<br />

Depreciação 0,09 0,09 0,09 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08<br />

Custo de capital 0,05 0,10 0,12 0,12 0,12 0,11 0,11 0,09 0,10 0,10 0,14 0,13 0,11<br />

Custo Total 3,83 3,97 3,91 3,68 3,43 3,37 3,37 3,37 3,38 3,45 3,53 3,52 3,57<br />

Preço suíno vivo 6,56 6,40 5,70 5,35 5,60 6,10 6,40 6,75 6,20 6,20 6,80 6,90 6,25<br />

Custo Var 3,70 3,79 3,71 3,47 3,22 3,18 3,18 3,19 3,19 3,26 3,31 3,30 3,38<br />

Custo Oper 3,79 3,88 3,80 3,55 3,30 3,26 3,26 3,27 3,27 3,34 3,39 3,38 3,46<br />

Geração de caixa 2,86 2,61 1,99 1,88 2,38 2,92 3,22 3,56 3,01 2,94 3,49 3,60 2,87<br />

Margem bruta 2,77 2,52 1,90 1,80 2,30 2,84 3,14 3,48 2,93 2,86 3,41 3,52 2,79<br />

Retorno investimento 72% 63% 49% 49% 67% 84% 93% 103% 87% 83% 97% 100% 78%<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

• MOF: custo da mão de obra familiar<br />

• SAL: salários e diárias pagos à mão de obra contratada<br />

• CUST: custeio das operações, arrendamentos, administração<br />

e impostos<br />

Custo Total (CT): existe um custo econômico que deve<br />

ser considerado que representa a expectativa de retorno<br />

sobre o investimento, é o custo do capital (CC). A soma do<br />

custo de capital (CC) com o custo operacional (COP) gera o<br />

custo total (CT). Assim, o custo total (CT) é o indicador que<br />

representa o valor a receber pelo suíno para satisfazer as<br />

expectativas do produtor em termos de retorno sobre o investimento.<br />

Observa-se que o custo do capital é um desejo<br />

e não uma certeza, estando sujeito a imprevistos, riscos e<br />

ao mercado.


84<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.14<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro para a produção do suíno em Goiás, 2017 (R$/Kg vivo).<br />

Goiás 2017 (R$/kg)<br />

Item do Custo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média<br />

Alimentação 2,36 2,35 2,16 1,99 2,00 1,98 1,92 1,97 1,86 1,97 2,03 2,09 2,06<br />

Outros 0,76 0,80 0,80 0,77 0,78 0,77 0,79 0,80 0,79 0,79 0,82 0,85 0,79<br />

Mão de obra 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11<br />

Depreciação 0,52 0,53 0,53 0,53 0,53 0,45 0,53 0,53 0,62 0,63 0,61 0,59 0,55<br />

Custo de capital 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08<br />

Custo Total 3,83 3,87 3,66 3,48 3,50 3,38 3,42 3,48 3,46 3,57 3,65 3,71 3,58<br />

Preço suíno vivo 4,60 4,80 4,50 4,30 4,30 3,65 4,30 4,60 4,30 4,20 4,20 4,30 4,34<br />

Custo Var 3,23 3,26 3,07 2,87 2,89 2,86 2,82 2,88 2,76 2,87 2,96 3,05 2,96<br />

Custo Oper 3,75 3,79 3,60 3,40 3,42 3,31 3,35 3,41 3,38 3,50 3,57 3,64 3,51<br />

Geração de caixa 1,37 1,54 1,43 1,43 1,41 0,79 1,48 1,72 1,54 1,33 1,24 1,25 1,38<br />

Margem bruta 0,85 1,01 0,90 0,90 0,88 0,34 0,95 1,19 0,92 0,70 0,63 0,66 0,83<br />

Retorno investimento 22% 26% 25% 26% 25% 10% 28% 34% 27% 20% 17% 18% 23%<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

CT = COP + CC<br />

Onde:<br />

• CT: custo total<br />

• COP: custo operacional<br />

• CC: custo de capital<br />

As Tabelas 2.13, 2.14 e 2.15 apresentam o custo de produção<br />

e os indicadores de desempenho econômicos e financeiros<br />

para a produção do suíno nos estados do Ceará, Goiás e<br />

Santa Catarina, respectivamente, para o ano de 2017.<br />

Observa-se que, na média, a produção do suíno foi uma atividade<br />

rentável em 2017 no estado do Ceará, uma vez que,<br />

o retorno do investimento mínimo, em março e abril, foi de<br />

49%. Vale ressaltar, que o preço do suíno vivo pago no Ceará<br />

foi mais elevado que em Goiás e em Santa Catarina, nos quais


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

85<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.15<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico financeiro para a produção do suíno em Santa Catarina, 2017 (R$/Kg vivo).<br />

Santa Catarina 2017 (R$/kg)<br />

Item do Custo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média<br />

Alimentação 2,79 2,62 2,47 2,37 2,38 2,37 2,31 2,32 2,46 2,54 2,60 2,61 2,49<br />

Outros 0,45 0,45 0,45 0,45 0,42 0,42 0,42 0,43 0,44 0,44 0,44 0,44 0,44<br />

Mão de obra 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19<br />

Depreciação 0,17 0,16 0,16 0,16 0,15 0,15 0,15 0,14 0,14 0,14 0,15 0,15 0,15<br />

Custo de capital 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,10<br />

Custo Total 3,70 3,52 3,37 3,26 3,24 3,23 3,16 3,18 3,33 3,41 3,48 3,49 3,36<br />

Preço suíno vivo 3,86 3,96 3,97 3,71 3,61 3,34 3,28 3,50 3,43 3,54 3,47 3,41 3,59<br />

Custo Var 3,43 3,26 3,11 3,01 2,99 2,98 2,92 2,94 3,09 3,17 3,23 3,24 3,11<br />

Custo Oper 3,60 3,42 3,27 3,17 3,14 3,13 3,07 3,08 3,23 3,31 3,38 3,39 3,27<br />

Geração de caixa 0,43 0,70 0,86 0,70 0,62 0,36 0,36 0,56 0,34 0,37 0,24 0,17 0,48<br />

Margem bruta 0,26 0,54 0,70 0,54 0,47 0,21 0,21 0,42 0,20 0,23 0,09 0,02 0,32<br />

Retorno investimento 7% 15% 21% 17% 15% 7% 7% 13% 6% 7% 3% 1% 10%<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

a atividade se mostrou menos rentável.<br />

Em Goiás, na média, o ano de 2017 apresentou um retorno<br />

sobre investimento de 23%, 55 pontos percentuais<br />

inferior ao Ceará e 13 pontos percentuais superior a Santa<br />

Catarina. O Custo total diferiu apenas R$ 0,01/kg vivo em<br />

relação ao Ceará, entretanto, o preço médio pago pelo quilo<br />

vivo foi 44% abaixo.<br />

O estado de Santa Catarina, principal produtor brasileiro,<br />

foi o que apresentou a menor média do retorno sobre investimento<br />

(10%) para a produção de suíno, apesar da maior<br />

eficiência no custo de produção. A justificativa se encontra<br />

na menor remuneração do quilo vivo, o que reforça a importância<br />

da eficiência produtiva e gestão dos custos para a viabilidade<br />

econômica e financeira da atividade. A geração de<br />

caixa média no ano foi de R$0,48/Kg vivo, enquanto a margem<br />

bruta foi de R$0,32/Kg vivo.


86<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.32<br />

Variação dos preços de farelo de soja, milho e suíno vivo, Ceará 2017.<br />

Jan = 100<br />

110,0<br />

105,0<br />

100,0<br />

95,0<br />

90,0<br />

85,0<br />

80,0<br />

75,0<br />

70,0<br />

65,0<br />

60,0<br />

104,3<br />

107,1<br />

105,2<br />

100,0<br />

100,0<br />

102,9<br />

103,7<br />

100,0<br />

100,8<br />

97,6<br />

95,7<br />

94,5 94,5<br />

100,0<br />

93,0<br />

90,5<br />

97,6<br />

84,3<br />

86,9<br />

85,4<br />

88,9 88,9<br />

85,7 85,7<br />

88,9 88,9<br />

85,7<br />

81,6<br />

75,7 75,7<br />

68,6 68,6 68,6<br />

70,0 70,0<br />

72,9<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Farelo de soja<br />

Milho<br />

Suíno vivo<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

2. 2. 5. 3. Análise de sensibilidade<br />

A análise de sensibilidade é uma informação relevante<br />

para a tomada de decisões que permite estabelecer limites<br />

para algumas variáveis, como preço e produtividade,<br />

apontando o momento em que a atividade passa a ter retornos<br />

negativos. Para o preço, permite simular diferentes<br />

cenários de acordo com a oscilação do preço do produto,<br />

indicando a rentabilidade da operação conforme o preço;<br />

e potenciais prejuízos decorrentes de quedas bruscas no<br />

mesmo. Para a variação de produtividade, é possível simular<br />

cenários de redução de produção derivada de problemas<br />

climáticos ou fitossanitários, ou ganhos de produção<br />

e rentabilidade, derivados de potenciais investimentos em<br />

tecnologia.<br />

Os Gráficos 2.32, 2.33 e 2.34 indicam, para o ano de 2017,<br />

a variação, em relação ao mês de janeiro, nos preços de itens<br />

de alimentação e preço do suíno vivo para os estados do Ceará,<br />

Goiás e Santa Catarina, respectivamente. Observa-se que,<br />

para o Ceará, o preço do milho chegou a ficar 31,4% inferior,<br />

de maio a julho; e o preço do quilo do suíno chegou ao seu<br />

menor valor (-15,7%) no mês de abril. Em Goiás, o preço do


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

87<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.33<br />

Variação dos preços de farelo de soja, milho e suíno vivo, Goiás 2017.<br />

Jan = 100<br />

110,0<br />

100,0<br />

90,0<br />

80,0<br />

70,0<br />

60,0<br />

50,0<br />

40,0<br />

100,0<br />

100,0<br />

100,0<br />

91,3 91,3<br />

73,2<br />

68,6<br />

71,4<br />

57,1<br />

91,3 91,3<br />

85,7<br />

87,3 88,9<br />

80,2 81,3<br />

77,0 77,8<br />

70,1<br />

65,5 65,5<br />

65,5<br />

65,5 64,0 64,0 65,5<br />

55,6<br />

59,3<br />

55,9<br />

52,9<br />

48,7<br />

46,6<br />

45,1 42,9<br />

45,9 45,7<br />

30,0<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Farelo de soja<br />

Milho<br />

Suíno vivo<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

milho chegou a ser 57,1% inferior no mês de julho; e o preço<br />

do suíno atingiu seu menor valor em junho (-44,4%). Em Santa<br />

Catarina, os percentuais foram de, -36% e -50,9%, respectivamente,<br />

ambos em julho.<br />

Tendo em mente que as reduções de preços nos itens de alimentação<br />

implicam em aumento de margens e rentabilidade,<br />

bem como a redução no preço do quilo do suíno tem efeito<br />

inverso, os percentuais comentados foram aplicados, em seus<br />

respectivos estados, sobre os valores médios anuais dos custos<br />

de produção para avaliar os impactos sobre os indicadores<br />

econômicos e financeiros da atividade. Os resultados são<br />

apresentados na Tabela 2.16.<br />

Conforme esperado, as reduções do preço do quilo vivo,<br />

impactaram negativamente o retorno sobre o investimento,<br />

sendo que, apenas o estado do Ceará manteve este percentual<br />

positivo, reduzindo de 78% para 51%, com uma redução de<br />

15,7% no preço. Este também foi a menor oscilação anual no<br />

preço do quilo do suíno entre os três estados. Na alimentação,


88<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.34<br />

Variação dos preços de farelo de soja, milho e suíno vivo, Santa Catarina 2017.<br />

Jan = 100<br />

110,0<br />

100,0<br />

90,0<br />

80,0<br />

70,0<br />

60,0<br />

100,0<br />

100,0<br />

100,0<br />

95,8<br />

83,9<br />

91,7<br />

75,4<br />

89,2 90,7 91,3 90,5<br />

84,8<br />

72,1 71,0 69,4<br />

64,0 66,0<br />

91,8 92,1<br />

75,6<br />

81,0<br />

95,2 96,9<br />

83,3 83,3<br />

50,0<br />

40,0<br />

30,0<br />

53,7 55,6 54,7 53,2 51,4<br />

49,1 50,3 50,6 51,1 50,6 50,6<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Farelo de soja<br />

Milho<br />

Suíno vivo<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Goiás foi o estado com a maior redução no preço (-57,1%), entretanto,<br />

seu retorno sobre o investimento (56%) ainda ficou<br />

aquém daquele do Ceará (98%).<br />

Não foi possível conduzir uma simulação do impacto sobre<br />

produtividade uma vez que as fontes de dados consultadas<br />

apresentaram os custos de produção em R$ por quilo vivo do<br />

suíno. Para esta análise, seria necessária uma tabela de custo<br />

de produção por lote, de forma a permitir a variação do coeficiente<br />

produtividade.<br />

2. 2. 6. Associativismo e cooperativismo<br />

Tanto o associativismo como o cooperativismo são formas de<br />

governança que organizam classes com interesses semelhantes<br />

para a realização de ações em conjunto. A diferença entre<br />

associação e cooperativa está fundamentalmente na natureza<br />

de negócio: enquanto a associação tem o escopo de representatividade<br />

social, representação política, defesa dos interesses<br />

da classe, prestação de serviços, entre outras, a cooperativa


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

89<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.16<br />

Análise de sensibilidade do custo de produção de suínos para os estados do Ceará, Goiás e Santa Catarina, com variações nos valores de<br />

alimentação e preço.<br />

Suínos<br />

R$/Kg média 2017<br />

Valores médios anuais<br />

Preço<br />

(-15,7%)<br />

Alimentação<br />

(-31,4%)<br />

Preço<br />

(-44,4%)<br />

Alimentação<br />

(-57,1%)<br />

Preço<br />

(-50,9%)<br />

Alimentação<br />

(-36%)<br />

Item do Custo Ceará Goiás Santa Catarina Ceará Goiás Santa Catarina<br />

Alimentação 2,28 2,06 2,49 2,28 1,56 2,06 0,88 2,49 1,59<br />

Outros 0,97 0,79 0,44 0,97 0,97 0,79 0,79 0,44 0,44<br />

Mão de obra 0,13 0,11 0,19 0,13 0,13 0,11 0,11 0,19 0,19<br />

Depreciação 0,08 0,55 0,15 0,08 0,08 0,55 0,55 0,15 0,15<br />

Custo de capital 0,11 0,08 0,10 0,11 0,11 0,08 0,08 0,10 0,10<br />

Custo Total 3,57 3,58 3,36 3,57 3,57 3,58 3,58 3,36 3,36<br />

Preço suíno vivo 6,25 4,34 3,59 5,27 6,25 2,41 4,34 1,76 3,59<br />

Custo Var 3,38 2,96 3,11 3,38 2,66 2,96 1,79 3,11 2,22<br />

Custo Oper 3,46 3,51 3,27 3,46 2,74 3,51 2,34 3,27 2,37<br />

Geração de caixa 2,87 1,38 0,48 1,89 3,59 -0,55 2,55 -1,35 1,37<br />

Margem bruta 2,79 0,83 0,32 1,81 3,51 -1,10 2,00 -1,50 1,22<br />

Retorno investimento 78% 23% 10% 51% 98% -31% 56% -45% 36%<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

possui fins comerciais que visam certo lucro, viabilizando vários<br />

tipos de negócios entre os cooperados e o mercado.<br />

As cooperativas possuem funções que vão desde a compra<br />

e venda de insumos agrícolas, a comercialização da produção<br />

de seus cooperados, o incentivo da atividade rural por meio<br />

da concessão de crédito ao cooperado (existem linhas específicas<br />

de crédito para cooperativas) até a agregação de valor<br />

ao produto do cooperado por meio da verticalização, ou seja,<br />

da aquisição e controle de indústrias de processamento. Além<br />

disso, as cooperativas podem ser controladas pelos próprios


90<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

cooperados, possuem um menor custo operacional em relação<br />

aos bancos e seus membros podem se beneficiar com a<br />

distribuição de sobras ou excedentes.<br />

No meio agropecuário, um dos grandes benefícios da organização<br />

de produtores em associações é o aumento da competitividade<br />

dos pequenos e médios, que sozinhos podem<br />

não ter acesso à informação e serviços.<br />

A principal função de uma associação de interesse privado<br />

é a produção de bens coletivos, seja por meio da ação política<br />

ou da prestação de serviços aos seus membros. Os serviços<br />

individualizados, embora secundários, também podem existir<br />

nessas organizações (N<strong>AS</strong>SAR; ZYLBERSZTAJN, 2004).<br />

Outras ações, como a provisão de informações, a organização<br />

de eventos e a comunicação com outros associados, também<br />

são de grande importância dentro do escopo de atuação de<br />

uma associação de produtores.<br />

Em relação às ações políticas, ou de defesa do interesse da<br />

classe, as associações agem como interlocutores com o governo,<br />

outras organizações e a comunidade em geral, buscando organizar,<br />

integrar e adquirir vantagens competitivas para a classe<br />

que representa. Seu papel também é fundamental para pressionar<br />

o ambiente institucional e realizar atividades de lobby. A<br />

relação política e o diálogo da associação com o Estado podem<br />

ser úteis tanto para discutir questões gerais como a reforma tributária,<br />

por exemplo, como para lidar com questões específicas<br />

do segmento em que atua (N<strong>AS</strong>SAR; ZYLBERSZTAJN, 2004).<br />

Em relação à prestação de serviços, várias soluções podem<br />

ser entregues aos membros associados. Uma prática muito comum<br />

em alguns setores, que tem relação direta com organizações<br />

coletivas diz respeito à divisão de prestação de serviços<br />

entre organizações. É comum a proximidade entre associações<br />

e cooperativas compartilhando associados e parceiros. Apesar<br />

da otimização de ações com sinergia entre associações e cooperativas,<br />

mesmo com uma configuração de maior proximidade,<br />

ambas seguem como entidades independentes.<br />

No que tange ao associativismo na produção brasileira de<br />

suínos, diversas associações de classe podem ser encontradas,<br />

sendo que, atualmente, a de maior abrangência é a ABCS<br />

(Associação Brasileira dos Criadores de Suínos). A ABCS atua<br />

em diversas frentes sempre com o objetivo de melhorar e<br />

promover a cadeia de suínos no país e internacionalmente.<br />

Diferentemente de associações de menor abrangência, a<br />

ABCS conta com associações menores, na maioria dos casos,<br />

associações estaduais, como seus filiados. Essas, por sua vez,<br />

podem ter como filiados suinocultores independentes ou então<br />

núcleos menores de produtores ou associações regionais, com<br />

uma abrangência geográfica ainda menor. A Figura 2.10 mostra<br />

as associações estaduais que são associadas à ABCS.<br />

Essa configuração hierárquica entre associações, em que<br />

aquelas de menor abrangência são vinculadas a associações


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

91<br />

<br />

Figura 2.10<br />

Associações estaduais vinculadas à ABCS.<br />

acrismat (mt)<br />

Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso<br />

ags (GO)<br />

Associação Goiâna de Suinocultores<br />

asemg (mg)<br />

Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais<br />

asumas (MS)<br />

Associação Sul-Matogrossense de Suinocultores<br />

apcs (SP)<br />

Associação Paulista de Criadores de Suínos<br />

aps (PR)<br />

Associação Paranaense de Suinocultores<br />

accs (sc)<br />

Associação Catarinense de Criadores de Suínos<br />

acsurs (rs)<br />

Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul<br />

1 9<br />

2 10<br />

3 11<br />

4 12<br />

5 13<br />

6 14<br />

7 15<br />

8 16<br />

asuima (MA)<br />

Associação dos Suinocultures do Maranhão<br />

apisui (PI)<br />

Associação Piauiense de Suinocultura<br />

asce (CE)<br />

Associação dos Suinocultores do Ceará<br />

apecs (PE)<br />

Associação Pernambucana dos Criadores de Suínos<br />

suinse (SE)<br />

Associação de Suinocultores de Sergipe<br />

abs (ba)<br />

Associação Baiana de Suinocultores<br />

dffuin (DF)<br />

Associação de Criadores de Suínos do Distrito Federal<br />

ases (es)<br />

Associação dos Suinocultores do Espírito Santo<br />

Fonte: Neves, et. al, 2016.<br />

cada vez mais abrangentes geograficamente, possibilita que,<br />

no nível mais elevado, os suinocultores de todo o país estejam<br />

unidos, com ações globais para o setor, sem perder a capilaridade<br />

das ações regionais que são de suma importância<br />

para esse tipo de instituição e seus associados. A Figura 2.11<br />

mostra a dinâmica das associações de suínos no Brasil com<br />

alguns exemplos de associações estaduais.<br />

A capilaridade das associações se faz ainda mais necessária<br />

em regiões ou estados cuja atividade é desenvolvida em<br />

toda sua extensão, com pequenos e médios produtores e com<br />

características heterogêneas. O estado do Rio Grande do Sul<br />

é um exemplo, dessa maneira, sua associação estadual tem


92<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 2.11<br />

Organização das associações de suínos no Brasil.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 2.5<br />

Cooperativas agroindustriais do setor de suínos brasileiro.<br />

Frigorífico<br />

ano da<br />

fundação<br />

capacidade<br />

de abate<br />

localização das plantas<br />

associação<br />

nacional<br />

+ +<br />

1969<br />

18 mil<br />

cabeças/dia<br />

Estados:<br />

SC, MS e RS<br />

abrangência geográfica<br />

associações estaduais<br />

capilaridade das ações<br />

1977<br />

1982<br />

16,5 mil<br />

cabeças/dia<br />

3 mil<br />

cabeças/dia<br />

Brasil e Argentina<br />

Rio Grande do Sul<br />

- -<br />

suinocultores independentes,<br />

integrados e associações regionais<br />

1925<br />

2 mil<br />

cabeças/ dia<br />

São Paulo<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de sites Aurora, Frimesa, Coperdia e Frisia.<br />

como filiados núcleos de criadores de suínos ou associações<br />

regionais de menor abrangência, e essas por sua vez, associam<br />

os suinocultores independentes.<br />

Além das associações de produtores, o setor de suínos no<br />

Brasil também se inclui em outras iniciativas associativistas<br />

principalmente para o segmento de agroindústrias. A ABPA –<br />

Associação Brasileira de Proteína Animal; ABIEC – Associação<br />

Brasileira dos Exportadores de Carne e ABRAFRIGO – Associação<br />

Brasileira de Frigoríficos são exemplos de associações<br />

de grande expressão nacional e internacional que englobam<br />

não só a indústria de processamento de suínos, mas também<br />

de outras proteínas animais como bovinos e aves. Essa união<br />

setorial dá ainda mais força para o setor no âmbito internacional<br />

e possibilita que mais ações sejam desenvolvidas.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

93<br />

Como já destacado, o cooperativismo foi fundamental para<br />

o estabelecimento da cadeia de suínos no Brasil. Atualmente,<br />

parte significante das agroindústrias do setor estão enquadradas<br />

no modelo cooperativista. O Quadro 2.5 mostra quatro<br />

grandes cooperativas que possuem agroindústrias de destaque<br />

nacional e internacional na produção de carne suína.<br />

Apesar da grande importância do associativismo e do cooperativismo<br />

para a cadeia de suínos, o estado do Tocantins ainda<br />

não possui iniciativas nesse sentido. Esse fato se dá pela pouca<br />

representatividade da atividade no estado. Uma vez que a suinocultura<br />

comece a se desenvolver entende-se ser fundamental a<br />

organização dos agentes da cadeia em associações e cooperativas.<br />

A maior organização dos produtores impacta positivamente<br />

setores inteiros uma vez que tem potencial de aumentar seu<br />

poder de barganha tanto no momento da compra de insumos,<br />

quanto no momento da venda do produto final. Além disso, a<br />

menor presença de um associativismo de referência diminui as<br />

ações de influência por políticas públicas para o setor.<br />

Um caso de sucesso de organização de<br />

classe no setor de suínos: Assuvap,<br />

Coosuiponte e Saudali<br />

Na região do Vale do Ipiranga – MG, suinocultores iniciaram<br />

um processo de tecnificação da produção e identificaram<br />

a necessidade de se organizarem para aumentar<br />

sua competitividade por meio de ações coletivas. Em<br />

julho de 1985 foi criada a Assuvap – Associação dos Suinocultores<br />

do Vale do Ipiranga, com sede em Ponte Nova<br />

– MG. Uma das ações da nova organização foi a criação<br />

da Bolsa de Suínos de Ponte Nova, que visava fixar um<br />

preço básico e justo para a carne dos suínos na região.<br />

A evolução da suinocultura na região, apoiada pelas<br />

reuniões e discussões dos produtores na associação e<br />

na Bolsa de Suínos, culminou na criação de uma cooperativa<br />

regional chamada Coosuiponte em 1998. A criação<br />

da cooperativa tinha como objetivo inicial facilitar<br />

a compra de insumos, reduzindo assim os custos de<br />

produção para suinocultores cooperados.


94<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 2.12<br />

Características das organizações de suinocultores do Vale do Ipiranga.<br />

1985<br />

Fundada em 1985 por<br />

meio da organização<br />

de suinocultores do<br />

Vale do Ipiranga que<br />

buscavam maior<br />

força na defesa de<br />

seus interesses.<br />

• Negócio: representação setorial e previsão de<br />

soluções e informações.<br />

• Missão: Representar os suinocultores, defendendo os<br />

interesses comuns, provendo soluções e difundindo<br />

informações, para fortalecer a união da classe.<br />

• Visão: Ser reconhecida como entidade pró-ativa na<br />

defesa dos interesses da suinocultura regional.<br />

1998<br />

Fundada em 1998 por<br />

parte dos suinocultores<br />

já pertencentes à<br />

Assuvap com o objetivo<br />

de facilitar a compra de<br />

insumos e reduzir os<br />

custos de produção.<br />

• Negócio: Aquisição de produtos e serviços para a<br />

Suinocultura.<br />

• Missão: Agrupar os suinocultores, satisfazendo suas<br />

necessidades na aquisição de produtos e serviços,<br />

aumentando a sua competitividade.<br />

• Visão: Ser uma referência do setor suinícola na<br />

aquisição de produtos e serviços.<br />

2000<br />

Fundada em 2000<br />

por suinocultores do<br />

Vale do Ipiranga, tem<br />

atualmente produtos<br />

presentes em 16<br />

estados do Brasil.<br />

• Missão: Atender e superar as expectativas dos nossos clientes<br />

e parceiros, produzindo e comercializando alimentos de<br />

qualidade com responsabilidade ambiental e social, gerando<br />

valor para nossos clientes, colaboradores e acionistas.<br />

• Visão: Sermos reconhecidos como empresa inovadora<br />

e de excelência do segmento alimentício, em constante<br />

expansão para os mercados nacional e internacional,<br />

promovendo o desenvolvimento de seus colaboradores e<br />

da sociedade, bem como rentabilizando seus acionistas<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de sites das organizações.<br />

O sucesso da Coosuiponte e a efetividade das ações<br />

coletivas na região foram os grandes motivadores para<br />

que um grupo de 52 suinocultores locais se reunisse<br />

na construção de um frigorífico que passaria a abater<br />

parte dos suínos produzidos na região. As operações do<br />

Frigorífico Industrial do Vale do Ipiranga S.A. tiveram<br />

início em 2000. Para acesso dos produtos do frigorífico<br />

ao mercado, foi criada a marca Saudali e em pouco tempo,<br />

o novo frigorífico passou a absorver a maior parte<br />

da produção de suínos da região (SAUDALI, 2018).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

95<br />

Atualmente o vale do Ipiranga é o maior polo de suinocultores<br />

independentes do Estado de Minas Gerais.<br />

A região conta com mais de 50 mil matrizes sendo responsável<br />

pela produção de cerca de 30% da carne suína<br />

do estado de Minas Gerais (OLIVEIRA, 2017). Além<br />

disso, atualmente a carne suína é um dos principais<br />

produtos exportados da região. No ano de 2016 o Frigorífico<br />

do Vale do Ipiranga (Saudali) foi classificado<br />

como 23º maior exportador de produtos suínos dentre<br />

os 74 associados da ABPA. No ano anterior sua posição<br />

era 38º, o que evidencia que a organização continua<br />

evoluindo e crescendo (ABPA, 2017). A Figura 2.12 descreve<br />

algumas características das três organizações de<br />

suinocultores do Vale do Ipiranga – MG.<br />

De acordo com declaração contida no site das entidades,<br />

a consolidação do setor de suínos na região do<br />

Vale do Ipiranga só foi possível por meio das ações coletivas<br />

e entidades ali estabelecidas. A união de uma<br />

associação, uma cooperativa e uma unidade industrial<br />

com acesso ao mercado consumidor integrou a cadeia<br />

de suínos na região, aumentando assim, a sua competitividade<br />

no mercado nacional e internacional.<br />

2. 2. 7. Outras iniciativas no setor brasileiro da<br />

suinocultura<br />

PNDS (Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura):<br />

sob coordenação da ABCS, o projeto visa contribuir<br />

para o desenvolvimento da suinocultura brasileira através da<br />

ampliação e fortalecimento do mercado doméstico da carne<br />

suína. Possuindo ações nos mais diversos elos da cadeia (produção,<br />

indústria e comercialização) o projeto iniciou com as<br />

seguintes metas:<br />

1. Implantar modelos de produção tecnicamente adequados,<br />

economicamente eficientes e sanitariamente<br />

seguros para a suinocultura “não industrial”;<br />

2. Desenvolver modelos padronizados de plantas para<br />

instalação e adequação de frigoríficos;


96<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

3. Elaborar formatos modernos de apresentação do produto<br />

em seus variados cortes;<br />

4. Ampliar as alternativas de preparação e consumo desse<br />

alimento saudável e nutritivo;<br />

5. Assegurar os padrões de qualidade e garantia para a<br />

carne suína comercializada in natura;<br />

6. Desenvolver instrumentos contemporâneos de divulgação<br />

e marketing da carne suína;<br />

7. Oferecer ao consumidor informação qualificada sobre<br />

as características nutricionais da carne suína;<br />

8. Disponibilizar a carne suína in natura em qualidade,<br />

quantidade, formato e em termos competitivos com<br />

as demais proteínas animais, em todos os níveis de<br />

varejo.<br />

Consórcio Suínos Paulista: união de suinocultores do estado<br />

de São Paulo que realizam compras de insumos e vendas<br />

de suínos conjuntamente, aumentando a sua competitividade<br />

por meio da redução do custo de produção e maior estabilidade<br />

na venda dos animais.<br />

Selo Suíno Paulista: concedido pela Secretaria da Agricultura<br />

e Abastecimento do Estado de São Paulo por meio da<br />

CODEAGRO (Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios)<br />

é uma certificação para granjas de suínos que visa<br />

garantir a oferta de um melhor produto ao consumidor aumentando<br />

a competitividade da cadeia no estado.<br />

Ações de marketing da carne suína no MT (Acrismat):<br />

ações desenvolvidas pela Acrismat que visam desenvolver o<br />

mercado consumidor de carne suína do Mato Grosso. Entre<br />

as ações podem ser destacadas:<br />

• Cursos de culinária suína em várias regiões de Mato Grosso;<br />

• Cursos de capacitação para profissionais do ramo de supermercados<br />

com objetivo de divulgar e ensinar novos<br />

cortes da carne suína;<br />

• Inserção de cortes menores nas gôndolas;<br />

• Distribuição de folders e panfletos de receitas e benefícios<br />

da carne suína;<br />

• Parcerias técnicas com instituições de ensino para divulgação<br />

da carne suína junto aos estudantes;<br />

• Doação de carnes para igrejas e eventos beneficentes,<br />

escolas e creches;<br />

• Preocupação com as questões sanitárias referentes à atividade<br />

suinícola;<br />

• Palestras para promoção da carne suína relacionada a<br />

uma alimentação saudável;<br />

• Testes de aceitabilidade da carne suína, para inserção na<br />

merenda escolar.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

97<br />

Suinfest – Feira Mineira da Suinocultura: realizada pela<br />

Assuvap tem como objetivo apresentar aos suinocultores as<br />

novidades do setor e promover a troca de experiências ampliando<br />

oportunidades de negócios.<br />

2. 3. A região MATOPIBA<br />

A região MATOPIBA foi definida pelo Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento em 2015, através da Portaria<br />

N°244. Ela é formada por quatro estados, Maranhão, Tocantins,<br />

Piauí e Bahia, e abrange 377 municípios, totalizando uma<br />

extensão de 73 milhões de hectares (BR<strong>AS</strong>IL, 2015).<br />

Cerca de 90% dessa região concentra-se no cerrado, o que<br />

faz com que apresente características bastante marcantes do<br />

bioma as quais possibilitam uma combinação de condições<br />

geográficas ideais para a agricultura e pecuária. As terras cultiváveis<br />

nessa localidade também apresentam valores relativamente<br />

baixos se comparada às demais regiões agrícolas do<br />

país, o que representa uma grande vantagem competitiva.<br />

Segundo o Censo Demográfico 2010 a população total do<br />

MATOPIBA era, no período avaliado, de 5,9 milhões de habitantes,<br />

dos quais 65% concentravam-se em áreas urbanas,<br />

muito abaixo do que se tem hoje na média brasileira (84%). A<br />

densidade demográfica também é baixa, muito influenciada<br />

pela heterogenia na distribuição populacional na região: apenas<br />

10 municípios eram responsáveis por 25% da população<br />

(IBGE, 2011).<br />

De acordo com o INPUT (2017a), o PIB da região é de R$ 59<br />

bilhões, sendo 12,6 bilhões adicionados da agricultura. No<br />

estudo de Buainain, Garcia e Viera Filho (2017), o PIB da região<br />

era o equivalente a 1,4% do total brasileiro, 40% desse<br />

valor estava concentrado em apenas 10 municípios; e o valor<br />

adicionado bruto era composto da seguinte maneira: 19%<br />

agropecuária, 16% indústria e 65% serviços. O setor agrícola<br />

tem grande potencial de crescimento nesse cenário, já que as<br />

atividades relacionadas à indústria e ao comércio dependem<br />

além da renda pública, da renda agropecuária (produtos provenientes<br />

da atividade agrícola).<br />

A partir do Censo Agropecuário 2006, estima-se que existam<br />

mais de 350 mil estabelecimentos agropecuários na região,<br />

sendo esses responsáveis por 34 milhões de hectares de<br />

terra. Desse total, 36% possuem área com território inferior<br />

a 10 hectares. Dessa forma, existe uma concentração de área<br />

nas mãos de poucos estabelecimentos, principalmente localizados<br />

no sudoeste e oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul do<br />

Tocantins (4% deles são reesposáveis por 63% do território).<br />

Apesar disso, a estrutura agrária da região é bem diferente<br />

do que era encontrado em estados agrícolas mais tradicionais<br />

como Mato Grosso e Goiás durante sua formação. Isso porque<br />

é bastante fragmentada devido ao grande número de produto-


98<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.35<br />

Atividades agropecuárias MATOPIBA (em área).<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.36<br />

Atividades agropecuárias MATOPIBA (em receita).<br />

17%<br />

Outros<br />

26%<br />

Outros<br />

19%<br />

Gado<br />

7%<br />

Aves<br />

9%<br />

Outros grãos<br />

57%<br />

Gado<br />

9%<br />

Arroz<br />

32%<br />

Soja<br />

10%<br />

Soja<br />

14%<br />

Algodão<br />

Herbáceo<br />

Fonte: INPUT (2017b).<br />

Fonte: INPUT (2017b).<br />

res com áreas muito pequenas. Com o aumento do desenvolvimento<br />

agrário da região ocorreu uma ocupação da fronteira<br />

agrícola com base na agropecuária intensiva e de larga escala.<br />

Como pode ser visto no Gráfico 2.35, a criação de gado corresponde<br />

a maior parcela da área agrícola da região. Porém,<br />

a área destinada para pastagens na região do MATOPIBA<br />

está diminuindo desde 1980. Um fato para esta diminuição<br />

é explicado pelo aumento do cultivo de soja, entre os anos de<br />

2010 e 2014 (aumento de 108%) (INPUT, 2017b).<br />

Apesar do Gráfico 2.35 mostrar que o gado ocupa a primeira<br />

posição no quesito “áreas”, o Gráfico 2.36 aponta para a liderança<br />

da soja na geração de receita na região.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

99<br />

Um importante fator para o desenvolvimento do MATOPI-<br />

BA são as melhorias logísticas que vêm sendo incentivadas<br />

pelos governos locais tanto para fluxo de insumo quanto para<br />

escoamento da produção. Esse fator é determinante para a<br />

expansão agrária da região.<br />

Com relação à cadeia de suínos, a região MATOPIBA ainda<br />

não possui produção significante. Os quatro estados que<br />

a compõem, produziram em 2017 um total de 12,9 mil toneladas<br />

de carne suína, representando juntos 0,3% da produção<br />

nacional. Dentre os estados da região, o que mais se destaca<br />

atualmente é a Bahia, que produziu 83% do total dos quatro<br />

estados no mesmo ano analisado (IBGE, 2018b).<br />

2. 4. Suinocultura no Tocantins<br />

Atualmente, a criação de suínos no Tocantins é incipiente. Ela<br />

é realizada por pequenos produtores, em negócios familiares<br />

majoritariamente focados na subsistência. Parte dessa produção<br />

abastece o mercado local, porém para suprir sua demanda,<br />

que ainda pode ser considerada pequena, o estado importa a<br />

maior parte da necessidade de outros estados produtores.<br />

O Gráfico 2.37 mostra o histórico de rebanho e produção de<br />

carne suína no Tocantins.<br />

Vale destacar que no ano de 2016 o rebanho do Tocantins<br />

representou 0,8% do rebanho nacional. Além disso, só foi ob-<br />

ÛÛ<br />

Mil Cabeças<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

Gráfico 2.37<br />

Evolução do rebanho e produção de carne suína no Tocantins.<br />

0<br />

254<br />

258<br />

254<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Produção de Carne Suína<br />

266 266<br />

Rebanho<br />

260 260<br />

30,92<br />

Fonte: IBGE (2018b).<br />

servada produção de carne suína nos anos de 2013 e 2014,<br />

ainda que incipiente. Isso se dá, pois, os dados da análise são<br />

oriundos de fontes de dados oficiais, que consideram a produção<br />

de carne em estabelecimentos com serviço de inspeção,<br />

dessa maneira a produção de subsistência não é contabilizada.<br />

274<br />

87,078<br />

296<br />

308<br />

200<br />

180<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Mil Quilos


100<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

No ano de 2016 o rebanho suíno do Tocantins estava dividido<br />

como mostra a Tabela 2.17.<br />

O objetivo deste capítulo é destacar como a suinocultura<br />

poderia ser fortalecida no estado, passando a ser mais uma<br />

cadeia de geração de renda e valor local.<br />

2. 4. 1. Potencialidades do Tocantins para o<br />

desenvolvimento da suinocultura<br />

Assim como para as outras cadeias produtivas já estudadas<br />

nessa série, o estado do Tocantins também oferece diversas<br />

vantagens que fazem da suinocultura uma potencial cadeia a<br />

ser desenvolvida no estado.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.17<br />

Rebanho suíno do Tocantins (2016).<br />

Macrorregiões Nº de Animais Participação no Estado<br />

Miracema do Tocantins 66.792 21,7%<br />

Porto Nacional 39.384 12,8%<br />

Araguaína 37.710 12,2%<br />

Bico do Papagaio 36.922 12,0%<br />

Rio Formoso 36.652 11,9%<br />

Gurupi 33.043 10,7%<br />

Dianópolis 32.688 10,6%<br />

Jalapão 25.231 8,2%<br />

Fonte: IBGE (2018b).<br />

Disponibilidade de grãos<br />

Um dos pontos de destaque que faz do estado um importante<br />

candidato para a evolução da suinocultura é a sua disponibilidade<br />

de grãos. Esse aspecto é fundamental para o desenvolvimento<br />

da cadeia pois representa o principal fator do custo<br />

de produção de suínos, como já visto no capítulo 2.2.5. Quando<br />

analisados os custos de produção de suínos dos estados de Santa<br />

Catarina, Ceará e Goiás, pode-se notar que Goiás representa<br />

o menor custo com alimentação - 2,06 R$/ Kg vivo frente a 2,28<br />

no Ceará e 2,49 em Santa Catarina. Pela ausência de dados de<br />

custo de produção no Tocantins pode-se assumir que a realidade<br />

do estado no que tange a disponibilidade de grãos dentre os<br />

estados analisados é mais próxima do estado de Goiás.<br />

Segundo dados do IBGE (2017), em 2016, 94% da área agrícola<br />

do Tocantins estava ocupada com grãos. Na safra 2016/17<br />

o Tocantins produziu 0,9 milhões de toneladas de milho e 2,8<br />

milhões de toneladas de soja sendo que além da produção interna,<br />

o sistema logístico do estado facilita a importação de<br />

grãos de estados vizinhos (CONAB, 2017).<br />

Sistema logístico<br />

O Tocantins localiza-se no corredor centro-norte do país.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

101<br />

A importância desse corredor está ligada à necessidade de<br />

escoamento da produção agrícola, mineral e industrial da<br />

região central do Brasil, que se trata de uma região com alto<br />

desempenho econômico. Para o Tocantins essa localização é<br />

privilegiada.<br />

Atualmente a infraestrutura do estado conta com modal<br />

ferroviário, rodoviário e aeroviário, sendo, ainda, o rodoviário<br />

o mais utilizado. Apesar do Tocantins possuir um total de malha<br />

rodoviária menor que de outros estados, a relação entre<br />

estradas pavimentadas sobre o total é alta comparativamente<br />

(AGETO, 2016). A rodovia Belém-Brasília (BR 153) é a mais importante<br />

do estado, sendo sua principal rota de entrada e saída.<br />

As estradas pavimentadas do Tocantins interligam municípios<br />

e fazem a conexão com a BR-153. A malha rodoviária<br />

tocantinense vem recebendo investimentos nos últimos anos<br />

e com isso, o estado tem ampliado a quilometragem de estradas<br />

pavimentadas.<br />

O modal ferroviário presente no estado faz dele um potencial<br />

exportador de diversas cadeias do agronegócio. O estado<br />

conta com parte da ferrovia Norte-Sul, que é operada pela<br />

VLI, empresa de logística da Vale. A ferrovia Norte-Sul teve<br />

sua construção iniciada na década de 1980 com o principal<br />

objetivo de promover a integração nacional minimizar custos<br />

de transporte e fazer conexões com ferrovias novas e já existentes<br />

(AGETO, 2016). Cerca de 800 km da ferrovia Norte-Sul<br />

se localizam no estado do Tocantins facilitando o acesso a importantes<br />

portos exportadores.<br />

Em se tratando da cadeia de carnes, o transporte ferroviário<br />

demanda vagões específicos, refrigerados. O estado<br />

ainda não tem grande disponibilidade desse tipo de vagão.<br />

Com o desenvolvimento das cadeias de suínos, aves, bovinos<br />

e peixes, os investimentos na cadeia fria do estado serão<br />

mais viáveis.<br />

Tão importante quanto a própria ferrovia, são os terminais<br />

multimodais, que integram diferentes modais logísticos. A<br />

disponibilidade de terminais multimodais garante o fluxo<br />

contínuo de cargas, contribuindo para redução de tempo de<br />

deslocamento, custo e maior segurança da carga. O estado do<br />

Tocantins conta com terminais multimodais em Araguaína,<br />

Porto Nacional, Guaraí, Colinas, Gurupi e Arguianópolis (SE-<br />

PLAN, 2016).<br />

Apesar do Brasil ser um país com alto potencial hidroviário,<br />

esse modal ainda é pouco desenvolvido quando da sua utilização<br />

em processos logísticos. O estado do Tocantins se beneficiaria<br />

amplamente de uma viabilização e intensificação de<br />

uso desse modal uma vez que possui em suas terras a Bacia<br />

Hidrográfica Araguaia Tocantins, considerada a maior bacia<br />

localizada inteiramente no Brasil, com rios navegáveis.<br />

Tendo em vista a tendência de mudança em relação a logística<br />

para escoamento da produção, o Ministério da Agri-


102<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

cultura e Pecuária, incentiva o desenvolvimento dos portos<br />

e corredores de exportação do Arco Norte, nos quais estão<br />

os terminais de embarques, situados no Norte e Nordeste do<br />

Brasil.<br />

O Arco Norte é uma linha imaginária que atravessa o país<br />

no Paralelo 16º Sul, passando próximo as cidades de Ilhéus<br />

(BA), Brasília (DF) e Cuiabá (MT). Os principais portos do agronegócio<br />

que o compõem são os de Itacoatiara (AM), Santarém<br />

e Barcarena (PA), Santana (AP), São Luís (MA), Salvador<br />

e Ilhéus (BA).<br />

Pelo escoamento da produção da região MATOPIBA ser feito<br />

majoritariamente por rodovias, mas a região possuir um<br />

grande potencial hidroviário, o MAPA vem buscando a consolidação<br />

das rotas de exportação através dos corredores do<br />

Norte e Nordeste, desenvolvendo infraestrutura viária e portuária,<br />

considerando a grande participação do Brasil no mercado<br />

internacional de alimentos.<br />

Características edafoclimáticas<br />

Como já pontuado, o estado do Tocantins tem dentre as<br />

suas principais atividades a produção de grãos. A topografia<br />

plana e clima estável favorecem seu potencial produtivo.<br />

Para a produção de aves e suínos, a estabilidade climática<br />

é fundamental. Grandes amplitudes térmicas reduzem o potencial<br />

produtivo das cadeias. Apesar das temperaturas elevadas,<br />

a estabilidade do clima e regime de chuvas bem definido<br />

favorecem esse tipo de atividade.<br />

Outro fator determinante para o sucesso da atividade é a<br />

disponibilidade de água. Nesse sentido o estado do Tocantins<br />

também se favorece. Estando localizado em importantes bacias<br />

hidrográficas, o estado tem grande disponibilidade desse<br />

importante recurso.<br />

Mercado consumidor<br />

O mercado externo tem grande mercado potencial para as<br />

carnes produzidas no Tocantins. Associações de classe como<br />

a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e a<br />

Associação Brasileira de Proteína Animal (APBA) têm buscado<br />

desenvolver e facilitar o acesso da carne suína brasileira<br />

à mercados internacionais. A iniciativa Brazilian Pork, por<br />

exemplo, tem como objetivo aumentar significativamente os<br />

volumes exportados e receitas das empresas participantes<br />

do projeto, assim como o número de mercados para os quais<br />

o Brasil atualmente exporta carne suína (BRAZILIAN PORK,<br />

2018).<br />

O desenvolvimento de uma agroindústria processadora<br />

de carne suína no estado e as facilidades de acesso a portos<br />

exportadores juntamente com as iniciativas de importantes<br />

entidades brasileiras no esforço de desenvolver o mercado<br />

internacional trariam grande vantagem para o estado.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

103<br />

Além do internacional, o mercado doméstico também representa<br />

uma oportunidade. Em uma área de influência de<br />

700 quilômetros, o estado do Tocantins tem acesso a uma<br />

população de cerca de 10 milhões de habitantes. O consumo<br />

doméstico brasileiro de carne suína ainda é baixo frente às<br />

outras proteínas animais e a outros países com características<br />

semelhantes ao Brasil. Ainda menor é o consumo de<br />

carne suína nas regiões norte e nordeste do país. Seja por<br />

questões culturais ou até mesmo pela menor disponibilidade<br />

de produtos, esse é um mercado a ser desenvolvido.<br />

Perfil do produtor rural<br />

O estado do Tocantins conta com diversos pequenos produtores<br />

que já atuam no segmento da pecuária, estando relacionados<br />

a produção de leite, aves e bovinos de corte. A atividade<br />

leiteira se assemelha a produção de frango e suínos por<br />

ser intensiva. Os produtores de leite já existentes no estado<br />

poderiam ter essas outras atividades como alternativa.<br />

Além disso, o tamanho menor das propriedades rurais<br />

pode não ser adequado para a produção de grãos ou outras<br />

atividades agrícolas, porém para aves e suínos não é necessária<br />

grande extensão de área.<br />

Incentivos para o desenvolvimento<br />

Os incentivos para desenvolvimento econômico são fundamentais<br />

para o estabelecimento e crescimento de setores.<br />

Para o desenvolvimento da suinocultura no Tocantins esse<br />

apoio é fundamental. Atualmente o estado possui políticas de<br />

desenvolvimento que podem ser de grande utilidade para a<br />

implantação da suinocultura no estado.<br />

As políticas de desenvolvimento podem ser tomadas no<br />

âmbito estadual para favorecer e incentivar o desenvolvimento<br />

de áreas específicas no estado. Um dos objetivos buscados<br />

com o desenho de políticas específicas é o de aumentar<br />

a atratividade de determinado estado para novos investimentos,<br />

ou desenvolver algum elo da cadeia de interesse econômico.<br />

O Tocantins já foi incluído em diversos programas de desenvolvimento<br />

tanto focados no agronegócio, como programas<br />

mais abrangentes. Alguns são destacados:<br />

• Avança Brasil – um dos precursores do Programa de<br />

Aceleração do Crescimento (PAC), o programa focou em<br />

ações de desenvolvimento da infraestrutura e aumento<br />

da competitividade do setor produtivo (LIMA, 2014);<br />

• Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR)<br />

– estruturaram instâncias de representação, e avançaram<br />

no incremento da infraestrutura, inovação e fortalecimento<br />

de Arranjos Produtivos Locais (APLs), além de<br />

ofertar crédito (LIMA, 2014);


104<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

• Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

(PDRS) – financiados com recursos do BIRD, o projeto<br />

previa ações de desenvolvimento de infraestrutura rural<br />

e de meio ambiente (LIMA, 2014);<br />

• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – criado<br />

em 2007 direcionado a grandes obras de infraestrutura<br />

do país (BR<strong>AS</strong>IL, 2017).<br />

Proindústria<br />

Estimula indústrias locais com interesse em implantação<br />

e expansão.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de matéria prima e insumos,<br />

nas vendas destinadas a órgãos públicos, na energia<br />

elétrica, nas operações internas e importações de<br />

equipamentos e no devido por diferencial de alíquota<br />

das operações de ativo fixo.<br />

• Concede crédito presumido de 100% do valor do ICMS<br />

na prestação de serviços interestaduais com industrializados.<br />

• Incide sobre carga tributária de 75% do valor de ICMS<br />

apurado e contribui com 0,3%, sobre o faturamento<br />

mensal incentivado, ao Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

(FDE).<br />

Prosperar<br />

Estimula empresas locais com interesse em implantação,<br />

revitalização e expansão de unidade industrial, agroindustrial<br />

e comercial atacadista.<br />

• Financia 75% do ICMS durante a realização do projeto.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de ativo permanente, na<br />

energia elétrica e serviços de comunicação (nos cinco<br />

anos do Prosperar), no devido por diferencial de alíquota<br />

nas aquisições de ativo fixo, nas operações com ativos<br />

fixo e nas importações de ativo fixo.<br />

• Redução do ICMS em 50% no consumo de energia elétrica<br />

e serviços de comunicação e até em 95% do valor da<br />

parcela para pagamento antecipado.<br />

• Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao<br />

FDE.<br />

Complexo agroindustrial<br />

Empresas do Tocantins com fábricas de ração balanceada<br />

e/ou que realizem reprodução, criação, abate, industrialização<br />

e comercialização de ovos, aves, pintos de um dia, suínos,<br />

caprinos e ovinos. Além de empresas que realizem estudos<br />

genéticos desses animais ou de novas tecnologias para industrialização<br />

dos mesmos.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

105<br />

• Isenção de ICMS nas operações internas de aves, pintos<br />

de um dia, suínos, caprinos, ovinos e ovos férteis; em<br />

produtos e insumos para produção de ração; nas saídas<br />

internas de matéria prima para empresas agroindustriais;<br />

no diferencial de alíquota nas aquisições de ativo<br />

fixo; nas operações internas com ativo fixo (mantido o<br />

crédito ICMS para o remetente); na energia elétrica; nas<br />

importações de ativo fixo; entre outros<br />

• Isenção de ICMS pelo crédito presumido de:<br />

| | 16,5% da base de cálculo nas operações internas com<br />

produtos do abate de aves, suínos, caprinos e ovinos.<br />

| | 11,5% nas operações de saída interestaduais com<br />

ovos e produtos do abate de aves, suínos, caprinos<br />

e ovinos.<br />

• Crédito do ICMS nas aquisições interestaduais:<br />

| | 7% sobre o valor das aquisições oriundas do Sul e Sudeste,<br />

exceto Espírito Santo.<br />

| | 12% nas aquisições oriundas do Centro-Oeste, Norte,<br />

Nordeste e Espírito Santo.<br />

Prologística<br />

Empresas de logística, distribuição e transporte aéreo<br />

do Tocantins que operem em centro logístico ou distrito<br />

empresarial com transporte de carga, agenciamento e armazenamento<br />

de produtos próprios ou de terceiros para<br />

distribuição, exceto quando as atividades forem realizadas<br />

separadamente.<br />

• Concede por 10 anos e condicionado ao devido recolhimento<br />

de imposto no prazo:<br />

| | Para empresas de logística e transporte aéreo e hidroviário,<br />

75% nas prestações internas e interestaduais<br />

aplicado sobre o saldo devedor do ICMS das<br />

prestações realizadas.<br />

| | Para transporte aéreo de carga e transporte aéreo e<br />

hidroviário de cargas e passageiros, 3% das saídas<br />

internas de combustível de aviação, desde que mantenha<br />

voos regulares procedentes de aeroportos em<br />

território do estado do Tocantins.<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico<br />

Parte fundamental do estabelecimento de um setor são as<br />

organizações que apoiam o desenvolvimento tecnológico. Entidades<br />

de pesquisa e extensão podem dar apoio tanto a área<br />

de produção pecuária quanto no processamento.<br />

O Tocantins conta com diversas universidades como Universidade<br />

Federal do Tocantins – UFT, Instituto Federal do Tocantins<br />

– IFTO, Universidade Estadual do Tocantins – Unitins,<br />

Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos – ITPAC,<br />

Faculdade Católica do Tocantins – UBEC, Centro Universitário


106<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Luterano de Palmas – CEULP ULBRA e Centro Universitário<br />

de Gurupi – UNIRG.<br />

Apesar da disponibilidade de ambiente para o desenvolvimento<br />

de estudos e pesquisas, nota-se ainda pouca proximidade<br />

entre a área acadêmica e o mercado. Essa não é uma<br />

realidade somente do estado do Tocantins. Uma maior aproximação<br />

da pesquisa com o setor privado aceleraria os processos<br />

de desenvolvimento de novas tecnologias.<br />

Além das universidades o estado ainda conta com importantes<br />

entidades como o Instituto de Desenvolvimento Rural<br />

do Tocantins – Ruraltins, uma unidade da Embrapa em Palmas,<br />

Senar e Sebrae.<br />

O Quadro 2.6 mostra algumas organizações de apoio ao desenvolvimento<br />

tecnológico do estado do Tocantins e de outros<br />

estados selecionados.<br />

O potencial do estado do Tocantins, não só para a suinocultura,<br />

mas para diversas outras cadeias do agronegócio, é<br />

indiscutível. A decisão da implantação desses negócios e a velocidade<br />

do seu desenvolvimento e consolidação dependerão<br />

de ações coordenadas e sinérgicas de empresários e de representantes<br />

dos governos municipal, estadual e federal.<br />

O presente estudo buscou estudar modelos de implantação<br />

e crescimento de novos negócios e relacionar esses modelos<br />

com a atual situação do Tocantins, buscando propor um caminho<br />

lógico a ser trilhado pelo estado. Entende-se que tendo<br />

uma direção única, os diversos agentes do estado tendem<br />

a trabalhar de forma mais alinhada para atingir os objetivos<br />

propostos para o setor.<br />

Na sequência será descrito um modelo de desenvolvimento<br />

de negócios presente na literatura que pode apoiar o desenvolvimento<br />

da suinocultura no estado do Tocantins.<br />

2. 5. O modelo PINS (Projeto Integrado de Negócios<br />

Sustentáveis)<br />

O modelo PINS (Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis)<br />

trata de um conceito de negócio integrado que se inicia<br />

com base em uma empresa âncora com capacidade de atuação<br />

no mercado. É um modelo de empresas dirigidas pela demanda,<br />

onde preferencialmente a produção já estará vendida<br />

ou encomendada antes ainda da decisão de produção.<br />

A empresa âncora é aquela que, em determinada rede de<br />

negócios, comanda a demanda e puxa os negócios. Sem ela a<br />

rede teria dificuldade de continuar existindo. Essa empresa<br />

é o chamado centro estratégico. Seu papel é criar valor para<br />

seus parceiros, definir regras, e construir capacidades ao<br />

mesmo tempo em que estabelece e estrutura uma estratégia<br />

da rede, sendo dirigida pela demanda. Esses papéis ajudam<br />

a identificar quem é o centro estratégico, ou âncora agrícola,<br />

em uma rede de relacionamento (NEVES; C<strong>AS</strong>TRO, 2010).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

107<br />

ÏÏ<br />

Quadro 2.6<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico.<br />

santa catarina goiás ceará tocantins<br />

universidades<br />

cooperativas<br />

associações<br />

fundações e<br />

instituições<br />

COOPERSUI<br />

governo<br />

Seden<br />

seagro<br />

sefaz<br />

Fonte: elaborado pelos autores.


108<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Propõe-se que a empresa âncora coloque a perspectiva do<br />

cliente na tomada de decisão diária. Esse aspecto passa por<br />

entender quais as necessidades dos consumidores finais e<br />

intermediários.<br />

Neves e Castro (2010) propõe um método para construção<br />

de um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis que é composto<br />

por sete etapas:<br />

Um dos pontos que favorece o desenvolvimento do<br />

setor de suínos no estado do Tocantins é a grande e<br />

crescente produção de grãos. Por serem, o milho e o<br />

farelo de soja, itens de grande impacto no custo de<br />

produção de suínos, a disponibilidade de grãos no<br />

estado tende a reduzir os custos para produção dos<br />

animais, o que é uma vantagem competitiva.<br />

1. Determinação das oportunidades<br />

2. Análise da atratividade de mercado com enfoque na<br />

rede produtiva<br />

3. Desenho da rede de negócios e seleção de âncoras participantes<br />

4. Análise de viabilidade financeira da rede<br />

5. Cálculo das externalidades do projeto<br />

6. Conquista de parceiros: bancos financiadores e agentes<br />

públicos<br />

7. Implementação: construção dos contratos<br />

Dentro da metodologia proposta, algumas questões são<br />

fundamentais de serem trabalhadas (NEVES; C<strong>AS</strong>TRO, 2010):<br />

a. Que alimentos podem ser produzidos na região? Essa<br />

questão está diretamente relacionada com a viabilidade<br />

da produção na região.<br />

b. Existe mercado e qual o comportamento dele para o<br />

que queremos produzir? Nesse sentido, é preciso entender<br />

a demanda pelo produto em termos quantitativas<br />

(mercado interno e externo), e as dinâmicas do mercado<br />

consumidor.<br />

No mercado interno, o aumento da demanda por<br />

carne suína pode vir em substituição de parte da<br />

carne bovina consumida atualmente. A carne suína<br />

possui um valor final mais acessível ao consumidor,<br />

sendo que campanhas de incentivo ao consumo<br />

podem ser bem-sucedidas se mostrarem o verdadeiro<br />

valor nutricional dessa importante fonte<br />

de proteína.<br />

c. Qual a atratividade para um investidor da área iniciar<br />

esta atividade na região? Para responder essa


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

109<br />

pergunta, é necessário um projeto de investimento da<br />

atividade na região que passe segurança para potenciais<br />

investidores.<br />

d. Qual o melhor modelo de governança e coordenação<br />

da cadeia na região? Uma empresa quando se instala<br />

em uma região precisa, de forma competitiva, comprar<br />

de fornecedores e vender a clientes. A forma como a<br />

empresa deverá estruturar seus relacionamentos com<br />

esses agentes será fundamental no seu desenvolvimento.<br />

De acordo com Farina, Azevedo e Saes (1997) a estrutura<br />

de governança é a forma que a empresa escolhe para “governar”<br />

uma transação com um agente. Essa forma pode<br />

ser desde a relação interna (integração vertical) até a relação<br />

externa, quando as partes têm relações de compra<br />

e venda no mercado. Ou seja, uma indústria pode estabelecer<br />

produção própria (integração vertical), estabelecer<br />

contratos com produtores em um prazo mais longo ou, em<br />

outro extremo, simplesmente comprar no mercado spot.<br />

A integração vertical (produção própria) gera empregos,<br />

salários, impostos, exportações e, além disso, gera a<br />

transferência do conhecimento aos seus empregados, que<br />

podem virar empreendedores (indução de polos de tecnologia<br />

no entorno). Por outro lado, comprar de grandes produtores<br />

também gera benefícios como os listados acima,<br />

além de mais rápida transferência tecnológica, podendo<br />

gerar rapidamente novos empreendedores.<br />

Comprar de pequenos produtores e cooperativas pode<br />

ser ainda melhor em termos de distribuição de renda e<br />

desenvolvimento, pois têm-se mais famílias envolvidas na<br />

produção.<br />

Tendo em vista o importante papel da empresa âncora<br />

no desenvolvimento dos demais elos da cadeia que representa,<br />

no caso da suinocultura no Tocantins, essa empresa<br />

pode ter como seu negócio principal a produção, o processamento<br />

agroindustrial ou até mesmo a comercialização,<br />

porém, a última alternativa se configura a de maior dificuldade<br />

tendo em vista a ausência dos demais elos da cadeia<br />

no estado do Tocantins e o know how específico de varejo da<br />

maioria das empresas desse segmento.<br />

Observando outros setores e estados, acredita-se que<br />

no caminho do desenvolvimento da suinocultura do Tocantins<br />

seja mais plausível a atração de uma empresa de<br />

processamento já consolidada, com mercado consumidor<br />

já desenvolvido. Ela terá potencial para desenvolver seus<br />

fornecedores de matéria-prima, ou seja, os suinocultores.<br />

Esse modelo proposto será discutido nos próximos capítulos.


110<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

2. 5. 1. Modelo de crescimento da suinocultura no<br />

Tocantins<br />

Por ser o Tocantins um estado onde a suinocultura ainda é<br />

inexpressiva, entende-se que seu desenvolvimento passa por<br />

uma etapa fundamental de atração de uma empresa âncora,<br />

que irá aportar investimentos no estado entendendo que o<br />

mesmo oferece uma série de recursos que geram vantagem<br />

competitiva para o negócio no local.<br />

Já tendo percorrido as análises de mercado e potenciais do<br />

estado do Tocantins para o desenvolvimento da suinocultura<br />

local, este capítulo é destinado a dar uma sugestão de modelo<br />

de desenvolvimento da atividade no estado. A Figura 2.13<br />

mostra, de forma resumida, as macro etapas sugeridas para<br />

esse desenvolvimento.<br />

Na sequência são dados mais detalhes de cada um dos passos,<br />

sendo que os projetos estratégicos propostos no capítulo<br />

final deste livro estão alinhados com essa sequência.<br />

a. Adequação de questões estruturais e fortalecimento<br />

do ambiente institucional<br />

Apesar de possuir muitas potencialidades para o desenvolvimento<br />

da suinocultura no estado, alguns pontos estruturais<br />

ainda precisam ser melhorados. Entende-se que a<br />

evolução dessas questões pode caminhar lado a lado com os<br />

próximos passos do projeto de desenvolvimento da suinocultura<br />

no estado.<br />

O maior apoio governamental em linhas de financiamento<br />

para a atividade, seja para a instalação da agroindústria ou<br />

para o investimento dos possíveis integrados nas estruturas<br />

das granjas, é algo que facilitaria o crescimento da atividade<br />

na região.<br />

A logística é outro tema que tangencia a estratégia de crescimento.<br />

Estando em localização privilegiada quanto a facilidade<br />

de acesso a portos exportadores, seria necessário investimento<br />

em vagões e armazéns refrigerados nas áreas de transferência.<br />

A estruturação de pacotes de incentivos fiscais é outra frente<br />

que deve ser desenvolvida visando facilitar a entrada de investimentos<br />

na região.<br />

b. Atração de investimento: empresa âncora integradora<br />

O método PINS nos mostra que um dos caminhos para o<br />

desenvolvimento de um setor é a atração de uma empresa<br />

âncora para a região (NEVES; C<strong>AS</strong>TRO, 2010). Entende-se que<br />

o caminho mais aderente à realidade do estado seria a atração<br />

de uma agroindústria integradora. Tendo em vista que<br />

ainda não existem suinocultores com produção industrial no<br />

estado, uma empresa já estruturada, com acesso ao mercado


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

111<br />

<br />

Figura 2.13<br />

Etapas sugeridas para o desenvolvimento da suinocultura no estado do Tocantins.<br />

2.1<br />

Desenvolvimento do mercado<br />

consumidor (exportações/mercado<br />

interno regional)<br />

Identificação de nichos de mercado<br />

(produtos diferenciados – orgânico,<br />

bem estar animal, etc)<br />

Adequação<br />

de questões<br />

estruturais e<br />

fortalecimento<br />

do ambiente<br />

institucional.<br />

Atração de investimento:<br />

empresa âncora integradora<br />

Criação de<br />

know-how e<br />

fortalecimento<br />

da imagem<br />

da cadeia no<br />

estado<br />

1 2 6 7<br />

Atração de novos<br />

investimentos para<br />

expansão em um<br />

ambiente onde a<br />

atividade já possui<br />

estrutura.<br />

Desenvolvimento<br />

dos produtores<br />

integrados<br />

Fortalecimento do<br />

cooperativismo e<br />

associativismo<br />

3 4 5<br />

Aumento da sinergia<br />

da suinocultura com<br />

outras atividades<br />

Oportunidades:<br />

• Produção de grãos<br />

• Geração de energia<br />

• Biofertilizantes<br />

• Fábrica de ração<br />

Integração e apoio de órgãos de pesquisa e desenvolvimento (Sebrae, Embrapa, Universidades, Ruraltins)<br />

Fonte: Elaborado pelos autores.<br />

consumidor, teria maior facilidade e segurança no desenvolvimento<br />

dessa classe.<br />

Isso pode ocorrer por meio da chegada de empresas de<br />

outros estados que estão em processo de expansão (cooperativas<br />

ou empresas privadas), por investimentos de capital<br />

externo em projetos pré-estruturados e até mesmo por meio<br />

de uma parceria público-privada.<br />

As parcerias público-privadas podem ser entendidas como<br />

um contrato entre o setor público e o privado onde o setor<br />

privado presta um serviço e é remunerado pela entidade pública.<br />

Os investimentos podem ser compartilhados e, no geral,<br />

o privado se responsabiliza pela concepção, construção, manutenção<br />

e exploração da infraestrutura (SARMENTO, 2016).<br />

A parceria público-privada é um modelo interessante e que<br />

pode funcionar bem para o desenvolvimento de um negócio,<br />

porém, no atual cenário político do país, um investimento público<br />

nesse sentido pode enfrentar maiores dificuldades para<br />

perpetuação do que a iniciativa privada.


112<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Independente da forma como a empresa âncora se instalará,<br />

antes são necessários esforços para divulgação das potencialidades<br />

do estado e atração desses investimentos.<br />

específicos, mesmo que com altos volumes. Não são poucos os<br />

casos de empresas exportadoras que, frente a quebra de um<br />

único contrato, não encontram formas de continuar operando.<br />

c. Desenvolvimento do mercado consumidor<br />

d. Desenvolvimento de produtores integrados<br />

Paralelamente ao desenvolvimento dos produtores, ou seja,<br />

desenvolvimento a montante da cadeia, a empresa âncora<br />

deve desenvolver novos mercados para o seu produto, ou<br />

seja, deve pensar no elo a jusante.<br />

A proposição de uma agroindústria que já possua mercados<br />

desenvolvidos não exclui essa etapa. Propõe-se que, ao<br />

adentrar em uma nova região, novas oportunidades, inclusive<br />

de mercados, se abrem. O mercado consumidor de carne<br />

suína das regiões Norte e Nordeste ainda é pouco explorado,<br />

podendo ser um alvo promissor para a organização.<br />

A exportação é sempre uma alternativa, ainda mais para<br />

uma cadeia onde o consumo mundial tem apresentado fortes<br />

tendências de crescimento. Em linha com as novas demandas<br />

de consumo e buscando estabelecer uma empresa orientada<br />

para o mercado, pode-se estudar nichos específicos de atuação<br />

que agreguem mais valor ao produto entregue. As certificações<br />

e abates Halal e Kosher são exemplos de diferenciação.<br />

Independente se mercado interno ou externo, para minimizar<br />

o risco, a empresa âncora não deve se restringir a mercados<br />

Entende-se que os novos produtores poderiam ser os que<br />

atuam no próprio estado com outras atividades (bovinos,<br />

aves, grãos), ou de outros estados que objetivem investir e<br />

ampliar seus negócios.<br />

Produtores de outras atividades com altos níveis tecnológicos<br />

são mais propensos a entrar em uma nova atividade como<br />

a suinocultura industrial por essa ser uma criação intensiva e<br />

que demanda de bons níveis de gestão. As atividades diárias<br />

necessárias a uma granja não são difíceis de serem executadas,<br />

não sendo a capacitação de mão de obra configurada<br />

como um gargalo.<br />

O tamanho da propriedade não parece ser um gargalo uma<br />

vez que para a instalação das granjas não é necessária grande<br />

extensão territorial, porém, para pequenos produtores que<br />

ainda não possuem bons níveis de gestão e adoção tecnológica,<br />

a migração para a suinocultura industrial demandaria<br />

apoio mais intensivo de assistência técnica, seja da própria<br />

agroindústria âncora ou de entidades de extensão como SE-<br />

BRAE, SENAR e Ruraltins.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

113<br />

e. Fortalecimento das ações coletivas<br />

O próximo passo após o desenvolvimento de suinocultores<br />

no estado, é o fortalecimento da classe. Essa etapa passa pela<br />

criação da cultura de ações coletivas. Pode parecer algo natural,<br />

mas criar a cultura associativista e cooperativista em<br />

uma região onde ela ainda é incipiente não é uma tarefa fácil.<br />

Nesse sentido, líderes devem ser identificados e apoiados por<br />

todos os agentes da cadeia pois os benefícios desse fortalecimento<br />

têm desdobramentos positivos para todo o sistema.<br />

A criação de uma associação local forte tem o potencial de<br />

conectar a classe produtora às iniciativas que vêm sendo desenvolvidas<br />

no setor em outras localidades do país por meio<br />

da adesão a associações de maior escopo como a Associação<br />

Brasileira dos Criadores de Suínos - ABCS. Associações maiores<br />

e já bem estabelecidas possuem projetos mais robustos<br />

que impulsionam a classe em âmbito nacional e internacional.<br />

O status da atividade no estado passa a ser encarado pelos<br />

agentes externos em níveis cada vez mais altos.<br />

O cooperativismo pode permitir que a classe se organize<br />

e avance em atividades relacionadas à suinocultura que aumentem<br />

a sua competitividade. Muito antes de se pensar na<br />

estruturação de uma agroindústria própria, o modelo cooperativista<br />

permite que sejam feitos investimentos compartilhados<br />

que gerem renda complementar à integração.<br />

f. Aumento da sinergia da suinocultura com outras atividades<br />

Seja na linha do cooperativismo ou até mesmo por meio<br />

de investimentos individuais, os suinocultores integrados<br />

podem aproveitar diversas oportunidades para potencializar<br />

seus ganhos e aumentar sua competitividade:<br />

• No caso de disponibilidade de área, pode ser implantada<br />

produção de grãos e venda para indústria de ração, que<br />

em uma região onde a suinocultura é forte, demanda<br />

grandes volumes e geralmente remunera a preços superiores;<br />

• Investimento em fábrica de ração própria: mesmo que<br />

em um sistema de integração, o suinocultor pode ter a<br />

fábrica de ração e atuar em parceria com a agroindústria<br />

nesse segmento. Esse seria um investimento de maior<br />

porte, ou seja, é facilitado no caso de investimentos conjuntos<br />

no modelo de cooperativa;<br />

• Indústria de fertilizantes: os subprodutos da suinocultura<br />

podem ter um valor expressivo para o produtor se<br />

bem trabalhados. Uma indústria de fertilizantes orgânicos,<br />

além de gerar renda extra aos suinocultores, poderia<br />

trazer alternativa de redução de custo no caso daqueles<br />

que também praticam a agricultura.


114<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

• Geração de energia: sabe-se que atividades intensivas,<br />

como é o caso da suinocultura, demandam muita energia<br />

elétrica. A utilização de biodigestores também em linha<br />

com o aproveitamento dos dejetos suínos, já é uma<br />

realidade em diversas granjas e traz redução de custo<br />

considerável para a atividade.<br />

O fortalecimento da classe produtora por meio de ações coletivas<br />

aumenta seu acesso a informação e a novas tecnologias.<br />

Dessa forma, a identificação de novas oportunidades é facilitada.<br />

g. Criação de know-how e fortalecimento da imagem da<br />

cadeia no estado<br />

Iniciativas de sucesso isoladas são menos propensas a gerar<br />

repercussão e mais susceptíveis a erros por estarem focadas<br />

em poucos agentes. Entende-se que o desenvolvimento<br />

de um sistema integrado, seja entre agroindústria e suinocultores,<br />

mas também entre atividades sinérgicas, vai criando e<br />

fortalecendo o know-how da atividade como um todo. O fortalecimento<br />

da cadeia localmente gera repercussão em outras<br />

esferas e a imagem do setor no estado vai sendo consolidada.<br />

h. Atração de novos investimentos<br />

Mais fácil que atrair uma empresa âncora para uma região<br />

onde sua cadeia produtiva alvo ainda não está desenvolvida<br />

é trazer novos investimentos para uma região com casos de<br />

sucesso e estrutura já estabelecida.<br />

Volta-se ao início do processo proposto, mas em outro patamar,<br />

onde a atração de investimento é facilitada. Nesse sentido<br />

são fundamentais esforços na divulgação constante da<br />

atividade e melhoramento contínuo do ambiente institucional<br />

e áreas de apoio a cadeia no estado.<br />

Atração de agroindústrias para o estado<br />

A chegada de novas agroindústrias ao estado do Tocantins<br />

passa por uma fase de identificação e possíveis<br />

empresas que estejam em momentos estratégicos de<br />

expansão. Essas podem ser empresas privadas, cooperativas,<br />

entre outras.<br />

O cooperativismo é uma ferramenta disponível no


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

115<br />

mercado atual que preconiza a cooperação entre pessoas<br />

ou grupos de mesmo interesse com o objetivo de<br />

atingirem diferenciais competitivos no segmento em<br />

que atuam. No agronegócio, tem permitido que produtores<br />

avancem em suas atividades agropecuárias,<br />

incluindo ao longo da cadeia produtiva, através da verticalização<br />

com a agregação de valor.<br />

No setor de carnes, principalmente de suínos e aves, o<br />

crescimento das cooperativas é nítido dado a evolução<br />

natural do negócio de grãos para o produto industrializado,<br />

com maior valor agregado (Avicultura Industrial,<br />

2017). O sucesso desse modelo de crescimento no Sul<br />

foi exportado para o Centro-Oeste e tem potencial para<br />

ser replicado no Norte, principalmente em um estado<br />

como o Tocantins, com aptidão comprovada para a produção<br />

de milho e soja.<br />

Contribuindo para um novo ciclo de investimentos<br />

das cooperativas nas cadeias de suínos e aves, está a<br />

busca pelo reequilíbrio de forças nesses mercados<br />

diante da concentração assistida nos últimos anos em<br />

duas grandes empresas, que buscaram cada vez mais<br />

a internacionalização, concentrando seus investimentos<br />

em países estrangeiros. Um caminho inverso ao<br />

das cooperativas, que ampliam os sistemas produtivos,<br />

diversificam produtos e promovem as externalidades<br />

sociais positivas no país, além da transferência de tecnologia<br />

e conhecimento para o campo e distribuição de<br />

renda entre as comunidades rurais (Avicultura Industrial,<br />

2017).<br />

A central de cooperativas Aurora é um exemplo de<br />

empresa consolidada com planos de expansão no setor<br />

de suínos, com objetivo de elevar os abates diários em<br />

mais de 26% em 8 anos. Em 2017, a cooperativa fechou<br />

o ano com um abate diário de 19.825 cabeças, distribuídos<br />

em suas unidades localizadas no estado de Santa<br />

Catarina, nos municípios de Chapecó, Erechim, Joaçaba,<br />

São Miguel, São Gabriel do Oeste e Sarandi. Até<br />

2025, a meta é ampliar o volume para 25 mil suínos/dia.<br />

A produção integrada no sistema da Aurora e suas filiadas<br />

envolve na cadeia de suínos, 3.444 produtores, 199<br />

mil matrizes e um plantel permanente de 1,8 milhão de<br />

animais a campo. Esse aumento virá para atender as


116<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

demandas do mercado interno e externo (Aurora Alimentos,<br />

2017).<br />

A Coopavel, de Cascavel/PR, anunciou investimentos<br />

de R$ 110 milhões em 30 meses, até 2020, para aumentar<br />

a capacidade de abate do frigorífico de 450mil para<br />

750 mil cabeças por ano, o que elevaria o número de cooperados<br />

de 150 para 300. O Objetivo inclui o aumento<br />

da participação das exportações de 30% para 50%, buscando<br />

aproveitar as novas oportunidades no mercado<br />

externo advindos com a perspectiva de reconhecimento<br />

do Paraná, em 2020, de estado livre de febre aftosa sem<br />

vacinação (Valor Econômico, 2018).<br />

Já o frigorífico Saudali, com sede em Ponte Nova/MG e<br />

faturamento de R$ 450 milhões em 2017, tem um projeto<br />

de investimento de R$ 31 milhões em um período de<br />

três anos, findos em 2019, com a estratégia de ampliar<br />

as vendas no varejo e investir na industrialização da carne<br />

suína. Os recursos serão destinados à ampliação da<br />

área, compra de maquinário, contratações e capacitação<br />

da mão de obra. A meta é chegar a um faturamento<br />

próximo de R$ 500 milhões ao final de 2018; e elevar o<br />

abate de suínos dos atuais 2,3 para 3,5 mil animais/dia.<br />

A empresa vem investindo na industrialização de carne<br />

suína e, atualmente, 62,5% dos abates são para produção<br />

de industrializados, com agregação de valor, sendo o<br />

restante para a venda de carne in natura (Suinocultura<br />

Industrial, 2018).<br />

O Frigorífico Saudali foi criado no ano de 2000 a partir<br />

da organização de produtores de suínos do Vale do<br />

Piranga/MG. O portfólio de produtos da empresa contempla<br />

mais de 230 cortes, entre peças congeladas,<br />

resfriadas, temperadas e in natura e são distribuídos<br />

em 17 estados brasileiros. Em 2004, foi dado o início a<br />

expansão para o mercado externo, com habilitação para<br />

exportar cortes para Albânia, Argentina e Uruguai, além<br />

de todos os países inscritos na lista do Departamento de<br />

Inspeção de Produtos de Origem Animal (Portal Apas,<br />

2018).<br />

Na suinocultura e avicultura, a entrada de capital estrangeiro<br />

também tem se mostrado como um dos caminhos<br />

para investimentos no setor, atraindo empresas<br />

de grande envergadura no mercado global. Um dos


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

117<br />

exemplos é a CJ, um grupo coreano com faturamento de<br />

US$ 30 bilhões no ano e ativos de US$ 22,4 bilhões, que<br />

adquiriu 90% da empresa goiana Selecta por R$ 450 milhões<br />

em agosto de 2017, consolidando a CJ Selecta. A<br />

Selecta, que fatura US$ 360 milhões por ano, tem como<br />

atividades principais a negociação e processamento da<br />

soja, fabricando ingredientes à base de soja para ração<br />

animal e outros derivados da soja destinados a indústrias<br />

de alimentos e química. A previsão é de um aumento,<br />

nos próximos dois anos, de 50% na produção<br />

industrial do grupo na fábrica de Araguari (MG), com a<br />

ampliação do portfólio (REUTERS, 2017; Acieg, 2017).<br />

Entretanto, a aquisição no Brasil faz parte de um projeto<br />

global maior da CJ, com o objetivo de se tornar um dos<br />

maiores grupos de alimentos e ingredientes do mundo.<br />

Diante disso, os planos para a CJ Selecta contemplam,<br />

para futuros investimentos, a expansão do seu portfólio<br />

para cadeias como aves, suínos e peixes (REUTERS, 2017).<br />

2. 5. 2. Benefícios diretos e indiretos do desenvolvimento<br />

do setor na região<br />

O fortalecimento da suinocultura traria como principal benefício<br />

direto a interiorização da renda e do emprego para o<br />

estado do Tocantins.<br />

De acordo com estudo desenvolvido pela ABCS, no ano de<br />

2015 o setor no Brasil foi responsável pela produção de 3,6<br />

milhões de toneladas de carne suína. Considerando todos os<br />

elos da cadeia, esse volume produzido movimentou cerca de<br />

R$150 bilhões.<br />

Para tamanha produção, o setor gerou cerca de 127 mil<br />

postos de trabalho diretos considerando a criação de suínos<br />

e a agroindústria processadora, resultando em massa salarial<br />

de R$ 3,3 bilhões. O número de empregos indiretos foi<br />

além de 900 mil.<br />

Com relação aos impostos agregados e contribuições obrigatórias,<br />

o estudo estimou que no de 2015, o valor total, considerando<br />

todas as transações da cadeia, foi de R$ 17,6 bilhões.<br />

A Tabela 2.18 resume os números descritos e faz uma<br />

relação entre os valores e o volume total produzido no ano<br />

em questão.


118<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.18<br />

Quantificação da suinocultura brasileira (2015)<br />

Variável Valor Total Valor/ tonelada<br />

<br />

Figura 2.14<br />

Benefícios da implantação de uma agroindústria processadora de<br />

suínos (ano).<br />

agroindústria<br />

Volume produzido (milhões toneladas) 3,643<br />

Movimentação Financeira Total R$ 149,867 bi R$ 41,138 mil<br />

Empregos Diretos 126.685 0,04<br />

Empregos Indiretos 923.394 0,25<br />

Massa salarial R$ 3,339 bi R$ 916,60<br />

Impostos Agregados R$ 17,6 bi R$ 4.831,18<br />

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Neves, et al. (2016).<br />

Se considerada a atração de uma agroindústria processadora<br />

de suínos para o estado do Tocantins com capacidade<br />

de abate de 1.600 animais por dia, como foi o caso da Dom<br />

Porquito no Acre, com um rendimento médio de carcaça de<br />

80 quilos por animal trabalhando 270 dias no ano apenas<br />

essa planta teria capacidade de produzir 34,6 mil toneladas<br />

no ano.<br />

Aplicando os índices da Tabela 2.18 nesse volume, uma<br />

planta já traria diversos benefícios para o estado. A Figura 2.14<br />

esquematiza esse cenário.<br />

CAP. ABATE<br />

1600 animais/dia<br />

Benefícios considerando todos os elos envolvidos na cadeia<br />

Movimentação<br />

financeira<br />

R$ 1,4<br />

bilhão<br />

= 34,6 mil toneladas/ano<br />

* considerando aproveitamento de toda capacidade da planta<br />

e valor médio de 2015 pago pelo quilo da carcaça. (R$5,80 – CEPEA).<br />

Empregos<br />

diretos *<br />

* agroindústria e produção de suínos<br />

REND. CARCAÇA<br />

80 kg/animal<br />

Investimento total (2015): R$ 85 milhões<br />

Faturamento Bruto Anual*: R$ 200 milhões<br />

Empregos<br />

indiretos<br />

1.382 8.640<br />

Massa<br />

salarial<br />

R$ 31,7<br />

milhões<br />

270 dias de<br />

trabalho/ano<br />

Impostos<br />

agregados<br />

R$ 167<br />

milhões<br />

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de NEVES, et. al (2016).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

119<br />

O caso do crescimento da suinocultura no Acre<br />

impulsionado por uma empresa âncora<br />

Nos últimos 10 anos o estado do Acre aumentou sua<br />

produção de carne suína em quase 1.000%. Em 2007<br />

o estado produziu 290 toneladas do produto atingindo<br />

em 2017 produção de 3,6 mil toneladas. O Gráfico 2.38<br />

apresenta o histórico de produção de carne de porco no<br />

Estado, onde é possível identificar o aumento de 822%<br />

na produção entre os anos de 2007 e 2017.<br />

Os principais saltos na produção foram nos anos de<br />

ÛÛ<br />

3.000.000<br />

2.500.000<br />

2.000.000<br />

1.500.000<br />

1.000.000<br />

500.000<br />

Gráfico 2.38<br />

Histórico da quantidade de suínos abatidos no estado do Acre.<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base nos dados de IBGE (2018a).


120<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

2009 para 2010, cuja variação foi de 144%, passando de<br />

uma produção de 58 para 141 toneladas. O segundo grande<br />

avanço ocorreu entre os anos de 2014 e 2015. A produção<br />

acreana de porcos em 2014 era de 558 toneladas,<br />

subindo para 1,07 mil toneladas em 2015, uma variação<br />

de 92%. De 2014 em diante o crescimento foi contínuo.<br />

Esses crescimentos podem ser explicados por investimentos<br />

direcionados especificamente para a<br />

cadeia de suínos no estado. No ano de 2009, o Estado<br />

recebeu uma verba federal de R$ 800 mil como crédito<br />

extra orçamentário para instalação de um abatedouro<br />

e criador de matrizes de suínos no município<br />

de Brasileia, com o objetivo de abastecer o mercado<br />

interno, vender para outros estados e exportar para<br />

países vizinhos.<br />

Já em 2015, foi inaugurada no estado a empresa Dom<br />

Porquito, fruto de uma parceria público-privada, onde<br />

o Estado compunha o quadro societário da empresa<br />

ofertando aos demais sócios vantagens fiscais e aporte<br />

em dinheiro.<br />

O Complexo de Suinocultura Dom Porquito foi estruturado<br />

como uma sociedade anônima em que a Agência<br />

de Negócios do Acre (Anac) detinha 37% das ações<br />

e os demais acionistas 63%. O projeto está inserido no<br />

Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre. O<br />

montante investido na Dom Porquito foi de R$ 86 milhões<br />

de reais, sendo estimado que um percentual de<br />

20 a 35% desse valor tenha sido fruto de investimentos<br />

públicos.<br />

Tanto em 2009, como em 2015, alguns pontos são<br />

interessantes quando se analisa a inserção de uma empresa<br />

âncora para desenvolvimento de uma atividade.<br />

No caso de Brasileia, a expectativa era de beneficiar<br />

1.500 famílias de pequenos produtores rurais da região,<br />

gerando centenas de empregos diretos e indiretos<br />

na região.<br />

O objetivo inicial era que, em 2010, a cidade se tornasse<br />

um dos portais de entrada para as cidades do Pacífico<br />

peruano. Hoje, o Peru é o principal importador do Acre,<br />

que encerrou 2017 com 17% de aumento nas exportações,<br />

fruto do esforço do governo local em promover<br />

algumas atividades, como a suinocultura e piscicultura.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

121<br />

Em 2015, o Complexo Industrial Dom Porquito, tinha<br />

cerca de 45 famílias participando do processo de engorda<br />

dos animais, com 350 empregos diretos e com<br />

uma capacidade de processar até 1.660 animais por dia.<br />

Essas iniciativas também são interessantes no sentido<br />

de resolver questões sanitárias. Em localidades<br />

onde empresas maiores se instalam, é comum a intensificação<br />

da fiscalização, o que acaba por reduzir as<br />

iniciativas clandestinas de produção, que acarretam<br />

riscos para a saúde do consumidor final.<br />

Como é comum ser visto nos estados do Norte, apesar<br />

de todo potencial algumas empresas acabam não<br />

conseguindo se sustentar com o passar do tempo. Entende-se<br />

que as principais causas são relacionadas a<br />

problemas de gestão ou questões políticas uma vez que<br />

essa região oferece disponibilidade de matéria prima,<br />

acesso a insumos, vantagens logísticas para a exportação,<br />

mercado consumidor interno ainda com potencial<br />

para desenvolvimento, entre outros. A manutenção de<br />

empresas com poucos e grandes compradores é outro<br />

risco a ser minimizado uma vez que qualquer problema<br />

com esse mercado causa forte impacto na empresa,<br />

podendo até inviabilizá-la.<br />

A Dom Porquito encontra-se hoje em processo judicial<br />

negociando o pagamento de dívidas. Tudo indica<br />

que uma mistura de má gestão e questões políticas levaram<br />

a esse cenário. Apesar da situação atual dessa<br />

empresa especificamente, a produtividade de carne de<br />

porco no Acre continua crescendo, assim como as exportações.


122<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Consolidação do Diagnóstico


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

123<br />

3. 1. Resumo das forças e fraquezas do estado do<br />

Tocantins<br />

Após diagnóstico da cadeia de suínos local, têm-se o<br />

Quadro 3.1 que resume suas principais forças e fraquezas,<br />

nos mais variados aspectos.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.1<br />

Forças e fraquezas do estado do Tocantins.<br />

Forças<br />

Logística<br />

• Vantagens logísticas tanto para escoar produtos acabados quanto para internalizar<br />

insumos;<br />

• Maior proximidade de grandes centros consumidores brasileiros, como a região<br />

Sudeste e Nordeste e destinos importantes de exportação como EUA e Europa;<br />

• Rio Tocantins como força logística voltada para exportação (Cerca de 8 dias de<br />

vantagem de Paranaguá no Paraná até Rotterdam na Holanda);<br />

• Realização de obras de infraestrutura como:<br />

• y Porto seco;<br />

• y Pátios ferroviários;<br />

• y Parque tecnológico;<br />

• y Eco porto Praia Norte (com rota de três principais portos do Brasil: Manaus/<br />

AM, Belém/PA e Itaqui/MA);<br />

• y Centros logísticos;<br />

• Evolução da malha rodoviária pavimentada;<br />

• Ferrovia Norte-Sul operada pela VLI;<br />

• O porto de Itaqui é um grande player de exportação do Tocantins, sendo o principal<br />

porto que o estado utiliza para o escoamento dos grãos;<br />

• Rodovia Belém-Brasília;<br />

• Plano Estadual de Logística e Transportes de Cargas - PELT.<br />

Incentivos fiscais - PROLOGÍSTICA;<br />

• Características Edafoclimáticas;<br />

• Períodos de chuva bem definidos durante o ano;<br />

• Grande percentual da área do estado destinado a áreas de preservação ambiental,<br />

dando caráter de produção sustentável - 60% do Tocantins é preservado por<br />

lei federal e estadual;<br />

• Grande disponibilidade de grãos para suplementação alimentar;<br />

• Baixa amplitude térmica;<br />

• Grande disponibilidade de recursos hídricos.


124<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Agroindústria<br />

• Programas de incentivo ao desenvolvimento estadual: PROINDÚSTRIA, PROS-<br />

PERAR, PROLOGÍSTICA;<br />

• Estado ainda não possui nenhum frigorífico de suínos, porém já possui plantas<br />

com SIF para abate e exportação de bovinos (92% dos frigoríficos do estado possuem<br />

o selo SIF);<br />

• Programa de incentivos fiscais para indústria de fertilizantes.<br />

Aspectos econômicos e políticos<br />

• Políticas federais específicas para região MATOPIBA;<br />

• Fundo de Investimento na Amazônia (Finam) objetiva implantação, modernização,<br />

ampliação e/ou diversificação de projetos da iniciativa privada. Busca o<br />

desenvolvimento sustentável da região amazônica. Assim, as empresas que têm<br />

apuração com base no lucro real ou estimado podem optar pelo Finam destinando<br />

18% do Imposto de Renda ao Fundo, tendo posteriormente devolvidos a<br />

rentabilidade e a valorização do investimento. Com base na mesma Lei, é possível<br />

também obter redução de 75% do valor do imposto de renda da pessoa jurídica;<br />

• Se por um lado existem entraves ambientais por causa do estado fazer parte da<br />

Amazônia Legal, por outro, isso facilita o acesso a crédito para melhorias nas propriedades,<br />

desde que projetos de preservação sejam apresentados.<br />

Pesquisa, Assistência Técnica e Outros<br />

• Presença de grupos de pesquisa de Universidades e outras instituições como<br />

EMBRAPA e SEBRAE com forte atuação em pecuária;<br />

• y UFT realiza eventos, dias de campo encontros técnicos para desenvolvimento<br />

tecnológico.<br />

• Estado está no início do processo de retirada da vacinação de febre aftosa, buscando<br />

fazê-lo a partir de 2018 até 2021 gradualmente, junto com outros estados<br />

como: GO, MT, MS, SP, PR. O estado está há 20 anos livre de aftosa com vacinação<br />

(grande influência na imagem no mercado internacional).<br />

Fraquezas<br />

Logística<br />

• Necessidade de vagões refrigerados para transporte de proteína animal via ferrovia;<br />

• Entraves para a viabilização da hidrovia;<br />

• Aeroporto principal sem estrutura para cargas;<br />

• Falta de recursos para investimentos na malha rodoviária;<br />

• Rodovias mantidas pelo estado (sem concessões);<br />

• Apenas duas pontes que ligam as margens do rio Tocantins, limitando a logística<br />

de um lado para o outro.<br />

Características Edafoclimáticas<br />

• Grande território com áreas degradas não aproveitadas e com potencial;<br />

• Temperatura elevada durante o ano todo (pode requerer sistemas de refrigeração<br />

das granjas).<br />

Cooperativismo e Associativismo<br />

• Ausência de cooperativas ou associações relacionadas à suinocultura;<br />

• Forte necessidade de ações coletivas/integradas, entre sindicatos, cooperativas,<br />

federações e associações de produtores;<br />

• Falta a integração entre ADAPEC e outros órgãos;<br />

• Necessidade de ações mais agressivas da Federação da Agricultura e Pecuária<br />

como forma de motivar a cadeia.<br />

Baixa Capacitação Técnica<br />

e de Gestão de Negócios dos Produtores<br />

• Produção de suínos pouco significante no estado e de subsistência;<br />

• No geral, produtores estão descapitalizados.<br />

Aspectos Econômicos e Políticos<br />

• Excesso de burocracia para acesso a financiamento;<br />

• Linhas de crédito para pecuária são mais escassas que para agricultura;<br />

• Altos custos de ICMS incidentes na energia elétrica;<br />

• Falta de planejamento de longo prazo para a cadeia produtiva.<br />

Aspectos Sociais<br />

• Número insuficiente de mão de obra técnica no estado que atenda à maioria<br />

dos pecuaristas;<br />

• Percepção por parte dos produtores, de assistência de baixa qualificação técnica;<br />

• Grande parte da mão de obra do estado, principalmente a qualificada, empregada<br />

na administração pública;<br />

• Faltam investimentos aos institutos de pesquisa na cadeia;<br />

• Faltam médicos veterinários em alguns municípios.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

125<br />

3. 2. Análise PEST<br />

A análise PEST é uma análise do ambiente externo que busca<br />

agrupar as variáveis externas que afetam o desempenho<br />

de um negócio ou setor. A Figura 3.1 mostra como as informações<br />

da PEST são agrupadas em pilares para melhor análise<br />

das ameaças e oportunidades para o setor estudado.<br />

As ameaças são tendências do ambiente externo que podem<br />

influenciar como um obstáculo da implementação de estratégias.<br />

É importante conhecê-las para delinear ações que<br />

as minimizem ou façam com que o setor estudado encontre<br />

formas alternativas de contorná-las. O Quadro 3.2 mostra as<br />

principais ameaças identificadas para a cadeia de suínos no<br />

Brasil e para a estruturação da cadeia no estado do Tocantins.<br />

<br />

Figura 3.1<br />

Unidades de análise da Pest<br />

político-legal<br />

econômiconatural<br />

sociocultural<br />

tecnológico<br />

São levantados programas<br />

e políticas relacionados ao<br />

potencial de levantamento<br />

de investimentos, a produção<br />

e a industrialização dos<br />

produtos em questão, além<br />

de barreiras e burocracias que<br />

dificultam essas atividades.<br />

Abordagem de fatores<br />

econômicos brasileiros e<br />

mundiais que influenciam<br />

positivamente ou<br />

negativamente o mercado<br />

de grãos, principalmente,<br />

o incremento da demanda<br />

(consumo).<br />

Mudanças sociais e culturais<br />

da população, que tenham<br />

impacto no consumo e na<br />

produção (relacionado à<br />

mão de obra e qualificação<br />

de profissionais) das cadeias<br />

em questão.<br />

Desenvolvimentos<br />

tecnológicos ligados ao<br />

setor que podem melhorar<br />

ou dificultar as atividades<br />

de produção e distribuição<br />

de grãos no estado do<br />

Tocantins.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de WRIGHT, KROLL E PARNELL (2000).


126<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.2<br />

Ameaças do ambiente externo.<br />

Ameaças<br />

Político-Legal<br />

• Cultura de descontinuidade de projetos frente a mudanças na gestão política.<br />

• Pouco alinhamento entre iniciativa pública e privada.<br />

• Desconfiança de investidores e empresários devido a situação econômica e política<br />

do Brasil.<br />

• Países estão adotando medidas protecionistas.<br />

• Seguro rural não é estruturado no Brasil.<br />

• Dificuldade de acesso e obtenção de crédito rural.<br />

• Perda de espaço no mercado externo para exportação por causa de queda na<br />

qualidade dos produtos ou problemas políticos.<br />

• Insegurança jurídica.<br />

• Disseminação de dietas que não contemplam o uso da carne (vegetariana, vegana,<br />

etc.)<br />

• Crescimento do uso de proteínas substitutas à animal como a proteína de soja.<br />

• Consumo de carne suína na região Norte e Nordeste ainda é pequeno.<br />

Tecnológico<br />

• Aumento dos preços dos insumos agrícolas.<br />

• Desenvolvimento de pesquisas para produção de proteínas de fungos, insetos<br />

e outras fontes.<br />

• Falta de capacitação da mão de obra para trabalhar com novas tecnologias e<br />

técnicas na produção intensiva.<br />

• Altos custos e burocracia envolvida em obras que viabilizariam o transporte hidroviário.<br />

• Pouca proximidade entre universidades e instituições de pesquisa e a iniciativa privada.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Econômico-Natural<br />

• Maiores pressões por sustentabilidade podem limitar a expansão das atividades<br />

produtivas.<br />

• Competitividade da região Sul que continua a se desenvolver.<br />

• Tabelamento do frete.<br />

• Marketing negativo do setor de proteínas animais.<br />

• Muitos financiamentos não quitados com o Banco da Amazônia, tornam difíceis<br />

novos empréstimos ao setor.<br />

• Alto valor de ICMS que incide principalmente sobre a energia elétrica e insegurança<br />

fiscal.<br />

Sociocultural<br />

• Mudança nas preferências e exigências dos consumidores em relação ao consumo<br />

de alimentos.<br />

• Êxodo rural, que pode causar diminuição da disponibilidade de mão de obra no<br />

campo.<br />

• Falta de interesse por empregos rurais, devido à falta de valorização da produção<br />

agrícola pela sociedade.<br />

• Produtor, de maneira geral, descapitalizado e tradicionalista - avesso à adoção de<br />

tecnologias para diminuição de custos de produção.<br />

As oportunidades indicam tendências que estão ocorrendo<br />

no ambiente externo ao da cadeia de suínos e que<br />

podem ser aproveitadas para impulsionar o segmento. O<br />

Quadro 3.3 mostra as principais.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.3<br />

Oportunidades do ambiente externo.<br />

Oportunidades - Geral<br />

Político-Legal<br />

• Atualização de questões no Pacote de Bali (2013), que visa a redução da burocracia<br />

e tentativa de diminuição dos custos de exportação.<br />

• Reestruturação das políticas agrícolas por parte de países em desenvolvimento.<br />

• Alta fiscalização da indústria em relação a requerimentos ambientais permite<br />

uma atuação mais responsável, incluindo selos de qualidade como SIF, SIE e SIM.<br />

• Agroindústria habilitada para exportação.<br />

• Disputas no comércio internacional entre EUA e China.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

127<br />

Econômico-Natural<br />

• Tendência de aumento de investimentos internacionais no agronegócio.<br />

• Grande disponibilidade de terras cultiváveis no Brasil.<br />

• Valor da terra em território nacional ainda se mantém bastante acessível se comparado<br />

a outros países.<br />

• Cooperativismo desenvolvido em outras regiões do Brasil com chance de migrar<br />

para as regiões de fronteiras agrícolas.<br />

• Importação de matrizes e reprodutores brasileiros pelo Paraguai.<br />

• 60% da área do Tocantins é preservada por lei federal e estadual, possibilitando<br />

utilização sustentável do território.<br />

• A dependência do Brasil em relação ao mercado externo, se comparado aos<br />

demais países emergentes, é pequena, graças ao tamanho do mercado interno.<br />

• Preços baixos da carne suína em comparação com proteínas substitutas como<br />

bovina e aves.<br />

• Disponibilidade de grãos no estado.<br />

• Diferença de preço entre suíno vivo e frango tem caído ano a ano.<br />

Sociocultural<br />

• Mudança no comportamento dos consumidores em relação ao setor de alimentos<br />

traz maior demanda por produtos mais saudáveis, naturais e que mostrem<br />

sua origem.<br />

• Tendência do consumidor final em exigir alimentos seguros, com certificações e<br />

rastreabilidade.<br />

• Grande parte da população brasileira na faixa etária economicamente ativa (PEA).<br />

• Maior distribuição de renda entre as famílias, reduzindo o número das de classes<br />

mais baixas.<br />

• Aumento da população traz aumento de demanda por produtos agrícolas.<br />

• Criação de fazendas modelos para inspirar o pequeno produtor e, assim, aumentar<br />

o interesse no investimento no negócio.<br />

• Aumento da renda familiar faz com que cresça o consumo interno por produtos<br />

processados e, principalmente, proteínas animais.<br />

• Imagem da carne suína em transformação no mercado. Maior aceitação desse<br />

tipo de proteína animal no mercado interno.<br />

Tecnológico<br />

• Aumento do uso de consultorias e assistências técnicas por parte dos produtores<br />

a fim de melhorar a produção e a gestão do negócio.<br />

• Possibilidade de se utilizar os resíduos da suinocultura na produção de energia.<br />

• Máquinas mais eficientes.<br />

• Modelo de integração.<br />

• Processamento interno dos grãos e integração com abatedouros de aves e suínos<br />

(atração de abatedouros).<br />

• Pesquisas da UFT, Embrapa, Unitins e demais universidades e órgãos.<br />

• Alto potencial para crescimento tecnológico devido a presença de universidades<br />

e centros de apoio.<br />

• Setor de aves em estágio avançado de desenvolvimento no estado que pode ser<br />

um benchmarking para a cadeia de suínos.<br />

3. 3. Análise das cinco Forças de Porter<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

O modelo das Cinco Forças de Porter consiste em uma análise<br />

de competividade dentro de um determinado negócio,<br />

indústria ou setor. Esse modelo permite analisar o grau de<br />

atratividade de um setor da economia.<br />

No modelo das Cinco Forças, são analisadas: a rivalidade<br />

entre concorrentes; a ameaça de novos entrantes; a ameaça<br />

de produtos substitutos; o poder de barganha dos fornecedores;<br />

e o poder de barganha dos clientes.<br />

Assim como a análise PEST, o modelo das Cinco Forças<br />

consiste em uma ferramenta descritiva e analítica, de caráter<br />

qualitativo.<br />

A aplicação da ferramenta das Cinco Forças em uma cadeia<br />

produtiva em nível estadual pode ser de acordo com diversos<br />

pontos de vista, por exemplo, ao mesmo tempo que um produtor<br />

de suínos é um consumidor da indústria de insumos,


128<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ele também é um fornecedor da agroindústria. Nesse sentido,<br />

como poderá ser visto nas análises que seguem, para cada uma<br />

delas foi dado um enfoque específico, ou seja, considerando<br />

as particularidades do estado do Tocantins, as análises foram<br />

conduzidas para refletirem as questões de maior importância.<br />

<br />

Figura 3.2<br />

Modelo esquemático na ferramenta Cinco Forças de Porter.<br />

Ameaça de novos<br />

entrantes<br />

Rivalidade entre concorrentes<br />

Nesta etapa são analisados os concorrentes do estado do<br />

Tocantins na produção de carne suína em âmbito internacional<br />

e nacional (países e estados). Externamente, os concorrentes<br />

são os países com maior produção e exportação mundial<br />

que concorrem diretamente com a carne brasileira, sendo<br />

que essa rivalidade se intensifica à medida que o consumidor<br />

opta por cortes internacionais. Já internamente esses concorrentes<br />

são os estados brasileiros que possuem grande oferta<br />

de proteína animal, embora nem sempre a concorrência seja<br />

direta pelo mesmo mercado consumidor.<br />

A seguir estão alguns principais fatores que exemplificam<br />

a concorrência na cadeia da carne de suínos no estado do Tocantins.<br />

• União Europeia lidera as exportações de carne suína no<br />

mundo.<br />

• Outros dois importantes players em exportação de carne<br />

suína são Estados Unidos e China. Os três maiores<br />

Poder dos<br />

fornecedores<br />

Rivalidade entre<br />

concorrentes<br />

Ameaça de<br />

substitutos<br />

Poder dos clientes<br />

Fonte: Porter (1980).<br />

exportadores também são os três maiores produtores.<br />

O Brasil aparece na quarta colocação em ambos os critérios.<br />

• No âmbito nacional, os estados da região Sul e Sudeste<br />

são os principais produtores de carne suína devido a<br />

existência de muitos estabelecimentos com SIF e a atividade<br />

já ser tradicional e consolidada.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

129<br />

• O estado do Tocantins tem uma cultura muito forte de<br />

produção de gado de corte, isso faz com que muitos potenciais<br />

produtores não troquem de atividade e a bovinocultura<br />

possa ser considerada uma “competidora” da<br />

produção de suínos.<br />

Poder dos fornecedores<br />

Nesta etapa é realizada uma análise do poder de barganha<br />

dos fornecedores frente a um negócio. Como a análise da carne<br />

suína está sendo realizada sobre um enfoque de cadeia<br />

produtiva, vários negócios estão envolvidos, sendo assim<br />

analisados os fornecedores de insumos para a produção no<br />

campo e os fornecedores das plantas frigoríficas, incluindo<br />

os próprios animais.<br />

Os fornecedores de insumos (infraestrutura, grãos, suplementos,<br />

etc.), por se tratarem em sua maioria de grandes<br />

empresas espalhadas por quase todos os estados do<br />

país, possuem alta tecnologia agregada aos seus produtos.<br />

Vale salientar que o poder de barganha dos fornecedores<br />

é fortemente influenciado pelo volume da compra<br />

realizada, ou seja, quanto maior o volume adquirido pelos<br />

produtores, menor o poder de barganha dos fornecedores.<br />

Porém, quando se trata de pequenos produtores que<br />

compram um pequeno volume, o poder de barganha dos<br />

fornecedores é alto.<br />

Outros aspectos que influenciam no poder dos fornecedores<br />

são listados a seguir:<br />

• No sistema de integração, muito utilizado na suinocultura,<br />

os fornecedores de insumos ao produtor rural é<br />

a própria indústria que irá comprar sua produção. A<br />

centralização da compra de insumos na empresa integradora,<br />

faz com que o preço de aquisição desses insumos<br />

seja menor do que se os produtores comprassem<br />

individualmente.<br />

• Para um maior poder de barganha, os produtores poderiam<br />

se firmar em cooperativas e associações.<br />

• Os integrados devem, necessariamente, entregar toda<br />

sua produção ao frigorífico com o qual possuem contrato.<br />

Isso faz com que seu poder de barganha seja<br />

reduzido por depender exclusivamente de um comprador.<br />

Poder dos compradores<br />

Nesta etapa será analisado o poder de barganha do varejo e<br />

do mercado externo frente à agroindústria. Percebe-se que o<br />

Brasil deve diminuir a dependência de mercados específicos<br />

diversificando seus mercados, pois esses mercados importam<br />

elevados volumes, fazendo com que esses compradores<br />

possuam um alto poder de barganha.


130<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Outros aspectos a respeito do poder de barganha dos compradores<br />

são apresentados a seguir:<br />

Os itens a seguir destacam os principais aspectos da carne<br />

suína, relacionados a ameaça de novos entrantes.<br />

• A indústria necessita diversificar seus clientes para que<br />

sua dependência diminua, aumentando assim seu poder<br />

de barganha frente aos compradores.<br />

• Caso a indústria inove em produtos ou serviços, seu poder<br />

de barganha aumenta frente os compradores.<br />

• A carne suína ainda é tratada como commodity e comercializada<br />

em grandes volumes sem diferenciação, o que<br />

reduz o poder de barganha dos fornecedores brasileiros<br />

no mercado internacional.<br />

• A concentração das exportações brasileiras em poucos<br />

países, aumenta o poder de barganha dos mercados<br />

compradores.<br />

Ameaça de novos entrantes<br />

Esta etapa de análise busca medir o nível de atratividade<br />

de um setor específico, verificando as potencialidades que<br />

alguns países ou regiões não tradicionais possuem para se<br />

desenvolver nesse setor. No caso da presente análise, o setor<br />

de suínos.<br />

Um fator que, naturalmente, promove a entrada de estados<br />

e países na produção de suínos é a baixa necessidade de grandes<br />

extensões de áreas quando comparada a outras culturas.<br />

• Apesar de no nível de produção a escala ser reduzida<br />

e demandar menos investimentos, para uma região se<br />

consolidar como produtora de carnes, é necessário que<br />

exista uma agroindústria instalada na região que absorva<br />

essa produção de animais.<br />

• A pouca disponibilidade de grãos em determinados estados<br />

pode ser uma barreira de entrada na suinocultura, tendo<br />

em vista que os grãos são o principal insumo da atividade,<br />

respondendo por grande parte do custo de produção.<br />

• Outro ponto importante é a disponibilidade hídrica, devido<br />

ao alto consumo de água pelo sistema de produção.<br />

• Outros estados da região Norte e Nordeste têm investido<br />

em iniciativas de desenvolvimento da suinocultura, porém<br />

acredita-se que o mercado interno ainda tenha grande capacidade<br />

de absorção dessa produção, não sendo essa uma<br />

grande ameaça à implantação da suinocultura no estado.<br />

Ameaça de produtos substitutos<br />

A ameaça de produtos substitutos da carne suína no contexto<br />

atual é extremamente relevante. As principais são<br />

oriundas de outras fontes de proteína, sejam elas animais ou<br />

vegetais.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

131<br />

O agronegócio vem sendo alvo de marketing negativo em<br />

âmbito nacional e internacional, gerando assim uma busca<br />

social por produtos alternativos.<br />

Entretanto, da mesma forma que existem ameaças de produtos<br />

substitutos à carne suína, ela tem potencial para substituir<br />

proteínas animais como a carne bovina. Essas “vantagens<br />

e desvantagens” serão aqui destacadas:<br />

• Por serem cadeias de ciclo curto, o controle sanitário e<br />

rastreabilidade das cadeias de suínos e aves são mais<br />

fáceis, fazendo com que maior parte de seus produtos<br />

atenda mercados mais exigentes.<br />

• As carnes de frango e suína possuem preços mais competitivos<br />

no mercado do que carnes bovinas e ovinas.<br />

• Devido a mudanças no hábito alimentar da população,<br />

como o surgimento de diversos restaurantes de origem<br />

japonesa na última década, o consumo de carne de peixe<br />

apresentou crescimento considerável nos últimos anos.<br />

• O sistema de “produção industrial” da carne suína e de<br />

frango favorece maiores volumes de produção.<br />

• As cadeias de suínos e aves estão à frente da cadeia de<br />

carne bovina no sentido de integração entre produção<br />

e indústria. Essa integração favorece toda a cadeia aumentando<br />

sua competitividade.<br />

• Nesses sistemas de produção a maior facilidade de implantação<br />

da rastreabilidade aumenta a competitividade<br />

da cadeia frente a outras proteínas animais.<br />

• A proteína de origem vegetal, como por exemplo a proteína<br />

texturizada da soja (PTS), apresenta algumas vantagens<br />

em relação à proteína animal tais como: menor<br />

valor de comercialização, possibilidade de produção em<br />

escala e possibilidade de utilização em diversos produtos<br />

alimentícios.<br />

• Disseminação de dietas que não contemplam o uso da<br />

carne (vegetariana, vegana, etc).


132<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Objetivos Estratégicos<br />

para a Cadeia


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

133<br />

Nessa etapa serão apresentados os objetivos estratégicos<br />

que nortearão o desenvolvimento de projetos para as cadeias<br />

produtivas de carne suína no Tocantins.<br />

Os objetivos e direcionadores aqui listados foram elaborados<br />

pela Markestrat com base em toda a etapa inicial de diagnóstico<br />

externo e interno, ou seja, de dados secundários em<br />

materiais, bancos de dados, relatórios, sites e outros.<br />

Posicionamento<br />

O posicionamento estratégico pode ser definido como a<br />

escolha de uma organização desempenhar suas atividades<br />

de forma diferente do que é realizado pelos concorrentes, ou<br />

seja, um jeito único de entregar valor a seus consumidores. O<br />

posicionamento estratégico deve servir de base para os macro-objetivos<br />

e refletir qual será o diferencial da produção do<br />

Tocantins perante outros polos de referência e produção de<br />

suínos.<br />

Com base no estudo desenvolvido e na proposição do modelo<br />

de desenvolvimento da suinocultura no estado do Tocantins<br />

sugere-se que a cadeia seja guiada por dois vetores<br />

principais, apresentados na Figura 4.1.<br />

Por ser um estado onde a cadeia ainda deverá ser implantada,<br />

espera-se que o polo produtivo persiga os mais altos padrões<br />

tecnológicos, seja na produção pecuária, nos modelos de processamento<br />

da agroindústria e nas questões relacionadas à<br />

comercialização como tecnologias de embalagem, por exemplo.


134<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 4.1<br />

Vetores guia para desenvolvimento da cadeia da suinocultura<br />

tocantinense.<br />

Alto nível de<br />

tecnologia aplicada<br />

à cadeia<br />

Diversificação<br />

de mercados<br />

consumidores<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Entendendo que no início o setor estará pautado em poucas<br />

agroindústrias, é fundamental trabalhar a diversificação<br />

de mercado para reduzir os riscos da dependência de poucos<br />

compradores.<br />

A busca de um alto nível tecnológico aliado à diversificação<br />

de mercados, abrirá inúmeras oportunidades de agregação<br />

de valor ao produto final da cadeia, atendendo nichos específicos<br />

e aumentando seu conhecimento e credibilidade.<br />

Missão e visão<br />

Antes de se traçarem os objetivos para a cadeia, é interessante<br />

que se estabeleçam a missão e a visão como norte tanto<br />

para a definição de objetivos quanto para o desenvolvimento<br />

dos projetos estratégicos.<br />

Os objetivos de uma organização se tornam mais claros<br />

pela declaração da sua missão, pois esta constitui o propósito<br />

da organização existir, ou seja, porque ela foi criada e<br />

qual é o seu DNA. A missão pode ainda apresentar indícios<br />

das necessidades dos stakeholders que são atendidas pela<br />

organização.<br />

Por outro lado, a visão de uma organização reflete suas aspirações,<br />

onde ela quer chegar ou o que pretende ser, complementando<br />

seu posicionamento estratégico.<br />

As missões e visões aqui estabelecidas, são declarações do<br />

compromisso da cadeia produtiva de carne suína com a sociedade<br />

tocantinense (Quadro 4.1).<br />

ÏÏ<br />

Quadro 4.1<br />

Missão e visão para a cadeia de carne suína no Tocantins.<br />

Missão<br />

Produzir carne suína de qualidade com alta<br />

tecnologia e valor agregado sendo capaz de<br />

atender aos mais diversificados mercados.<br />

Visão<br />

Ser reconhecido como um estado cuja cadeia<br />

de carne suína tem estrutura sólida, de alta<br />

tecnologia e rentabilidade para seus players.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

135<br />

Objetivos estratégicos<br />

Para que a visão e o posicionamento estratégico desejado<br />

para a cadeia sejam atingidos, foram traçados objetivos para<br />

os próximos 10 anos. Eles têm o intuito de guiar as ações dos<br />

agentes da cadeia em prol do desenvolvimento do agronegócio<br />

tocantinense.<br />

À cada um dos objetivos estratégicos será associada uma<br />

meta e respectivo indicador de desempenho cuja função será<br />

monitorar o andamento dos projetos e atividades propostas.<br />

Todos os objetivos foram desenvolvidos levando em conta<br />

o diagnóstico da cadeia produtiva realizado nas seções anteriores<br />

deste documento, portanto tentam ao máximo serem<br />

claros, palpáveis e ao mesmo tempo desafiadores e podem<br />

ser periodicamente atualizados.<br />

Vale destacar que, por ser a suinocultura um segmento ainda<br />

pouco expressivo no estado, as metas devem ser revistas<br />

ainda com maior frequência.<br />

A Tabela 4.1 mostra a evolução linear dos valores de produção<br />

para os próximos 10 anos. Para a projeção foi considerado<br />

que no ano da implantação da agroindústria ela trabalhe com<br />

30% da sua capacidade de abate.<br />

Observa-se que o Valor Bruto da Produção total adicionado<br />

no período equivale a R$1,1 bilhão se considerado os preços<br />

Cepea.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 4.2<br />

Objetivos estratégicos, metas e indicadores de desempenho para a<br />

cadeia de carne suína do estado do Tocantins.<br />

Objetivos<br />

estratégicos<br />

Desenvolver a<br />

produção de carne<br />

suína no estado<br />

Ter uma<br />

suinocultura<br />

com índices<br />

zootécnicos de<br />

referência<br />

Fortalecer o<br />

cooperativismo e<br />

o associativismo.<br />

Elevar o<br />

consumo interno<br />

de carne suína<br />

Diversificar<br />

mercados<br />

consumidores<br />

para a cadeia<br />

Meta 2027<br />

Ter uma unidade de processamento<br />

de suínos no estado funcionando<br />

sem capacidade ociosa<br />

Produzir 35 mil toneladas de carne<br />

suína por ano.<br />

Aproximar-se dos índices da<br />

suinocultura industrial da Região<br />

Sul do país.<br />

Criar 1 associação e uma cooperativa<br />

para o setor;<br />

Ter mais de 50% dos suinocultores<br />

integrados vinculados a alguma<br />

organização de classe.<br />

Aproximar o consumo per capita de<br />

carne suína na região da média do<br />

Brasil (14,4 kg/ano).<br />

Chegar a um valor de 80% das vendas<br />

para o mercado interno e 20% para<br />

mercado externo.<br />

Referência<br />

Unidade agroindustrial instalada no<br />

estado do Acre em 2015.<br />

Estados do Sul do país são os<br />

que possuem os melhores índices<br />

de produtividade médios para a<br />

suinocultura.<br />

Expectativa do início do<br />

associativismo na atividade no<br />

estado.<br />

Expectativa do início do<br />

cooperativismo na atividade no<br />

estado.<br />

Potencial de consumo per capita<br />

considerando o valor médio atual do<br />

Brasil. Em outros países esse valor é<br />

muito superior.<br />

Aproximar-se da proporção de<br />

vendas para mercado interno e<br />

externo que o setor pratica hoje no<br />

contexto Brasil.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


136<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 4.1<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para suinocultura nos próximos 10 anos.<br />

Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10<br />

Produção (ton) 10.500 11.834 13.336 15.030 16.939 19.090 21.515 24.247 27.326 30.797 34.708<br />

Valor bruto da produção - CEPEA* (R$ milhões) 50,4 56,8 64,0 72,1 81,3 91,6 103,3 116,4 131,2 147,8 166,6<br />

*CEPEA: considera preço de R$4,80/kg obtido a partir do preço do quilo da carcaça suína especial negociado no atacado da grande São Paulo. (Referência 25/07) / Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 4.1<br />

Valor bruto da produção projetado até o ano 10.<br />

180<br />

160<br />

140<br />

Valor bruto da produção<br />

Total adicionado no período: R$1,1 bilhão<br />

120<br />

R$ milhões<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

50,4<br />

56,8<br />

64,0<br />

72,1<br />

81,3<br />

91,6<br />

103,3<br />

116,4<br />

131,2<br />

147,8<br />

166,6<br />

0<br />

Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10<br />

Fonte: elaborado por Markestrat considerando média IBGE de preços


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

137


138<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Estratégias Centrais<br />

e Projetos Estratégicos


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

139<br />

Tendo em vista os objetivos propostos e consequente aumento<br />

da competitividade da cadeia de carne bovina no estado<br />

do Tocantins e buscando aproveitar todas as potencialidades<br />

que o mesmo oferece, os projetos estratégicos para<br />

o setor de suínos no Tocantins foram organizados de acordo<br />

com o modelo de crescimento proposto no capítulo 2.5.2. Ele<br />

contempla as seguintes etapas:<br />

a. Adequação de questões estruturais e fortalecimento do<br />

ambiente institucional<br />

b. Atração de investimentos: empresa âncora integradora<br />

c. Desenvolvimento de mercado consumidor<br />

d. Desenvolvimento de produtores integrados<br />

e. Fortalecimento de ações coletivas<br />

f. Aumento da sinergia da suinocultura com outras atividades<br />

g. Criação de know-how e fortalecimento da imagem da<br />

cadeia no estado<br />

h. Atração de novos investimentos<br />

É importante destacar que os pilares estratégicos, bem<br />

como suas ações, não ocorrem de maneira isolada e sim<br />

complementares. Poderão ser vistas ações alocadas em determinado<br />

pilar estratégico que, indiretamente, também<br />

fortalecem os demais. Além disso, o desenvolvimento das<br />

ações não é limitado ao âmbito público. A integração entre<br />

ações do setor público com o privado é fundamental para o<br />

seu sucesso.


140<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

<br />

Figura 5.1<br />

Encadeamento estratégico da cadeia de carne suína para o estado do Tocantins.<br />

2016 2026<br />

missão<br />

visão<br />

PRODUÇÃO<br />

0<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong><br />

0<br />

Produzir carne suína de qualidade com<br />

alta tecnologia e valor agregado sendo<br />

capaz de atender aos mais diversificados<br />

mercados.<br />

SUI<strong>NO</strong>CULTURA<br />

Ser reconhecido como um estado cuja<br />

cadeia de carne suína tem estrutura sólida,<br />

de alta tecnologia e rentabilidade para<br />

seus players.<br />

PRODUÇÃO<br />

35.000 toneladas<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong><br />

1<br />

pilares estratégicos<br />

1 2 2.1 3 4 5<br />

Objetivos<br />

específicos<br />

Adequação de<br />

questões estruturais<br />

e fortalecimento do<br />

ambiente institucional<br />

• Prover melhorias no<br />

sistema logístico;<br />

• Desenvolver setores de<br />

apoio;<br />

• Buscar alternativas de<br />

financiamento.<br />

Atração de investimento<br />

para o estado<br />

• Fazer ações de<br />

comunicação para<br />

divulgar o potencial do<br />

estado;<br />

• Mapear possíveis<br />

investidores.<br />

Desenvolvimento de<br />

mercado consumidor<br />

• Desenvolver o mercado<br />

interno e externo com<br />

foco na diversificação;<br />

• Agregar valor aos<br />

produtos da cadeia;<br />

• Buscar inserção em<br />

nichos de mercado.<br />

Desenvolvimento de<br />

produtores integrados<br />

• Estruturar a classe de<br />

suinocultores no estado;<br />

• Dar apoio/ treinamento<br />

para uma suinocultura de<br />

alta tecnologia.<br />

Fortalecimento de ações<br />

coletivas<br />

• Incentivar o<br />

cooperativismo e o<br />

associativismo no<br />

estado;<br />

• Potencializar os<br />

resultados das<br />

iniciativas individuais de<br />

pecuaristas no estado.<br />

Aumento da sinergia da<br />

suinocultura com outras<br />

atividades<br />

• Aumentar a renda<br />

do suinocultor<br />

com atividades<br />

complementares;<br />

• Integrar ainda mais a<br />

cadeia de suínos com<br />

outras.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

5. 1. Adequação de questões estruturais e<br />

fortalecimento do ambiente institucional<br />

Este pilar visa preparar ainda mais o estado para atração<br />

das agroindústrias âncora. Foram propostas ações nas áreas<br />

de Logística, Incentivos Fiscais e Alternativas de Financiamento.<br />

Entende-se que a evolução dessas questões pode<br />

caminhar lado a lado com os próximos passos do projeto de<br />

desenvolvimento da suinocultura no estado.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

141<br />

5. 1. 1. Logística<br />

Objetivos<br />

• Diminuir os problemas e reduzir os custos com o transporte de insumos para a<br />

produção e para a agroindústria.<br />

• Reduzir custos de frete de escoamento de proteínas animais para o mercado externo,<br />

aumentando a competitividade do estado.<br />

• Ampliar a capacidade de transporte em cadeia fria.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Identificar produtores existentes e estudar a viabilidade de organizá-los próximos<br />

a locais de produção, escoamento e consumo; desenvolvendo polos no<br />

estado (por exemplo, Porto Nacional);<br />

2. Estimular políticas públicas de desenvolvimento e regionalização.<br />

3. Estimular ações coletivas entre as empresas e/ou produtores da região para<br />

viabilizar e reduzir os custos com transporte (compra de insumos e venda de<br />

produtos);<br />

4. Viabilizar concessões de rodovias no estado;<br />

5. Incentivar a implantação de novas plataformas de integração multimodais no<br />

estado e investimentos nas já existentes principalmente em áreas refrigeradas<br />

de transferência;<br />

6. Manter e desenvolver ainda mais os programas já existentes no estado relacionados<br />

à logística: PELT, PROLOGÍSTICA;<br />

7. Estudar a possibilidade de melhorias ou continuidade no desenvolvimento dos<br />

seguintes aparelhos logísticos:<br />

Rodoviário<br />

• y Ponte de Porto Nacional - possui hoje um limite de 30 toneladas;<br />

• y Anel viário em Palmas para viabilizar o acesso à ponte de Palmas;<br />

• y Duplicação das rodovias Palmas – Porto e Palmas – Paraíso;<br />

• y Rodovias para integração da região leste do estado, que possui grande potencial<br />

produtivo;<br />

• y Estrada TO-500, que liga o estado do Mato Grosso ao Tocantins, via Ilha do<br />

Bananal;<br />

• y Rodovia que liga o estado do Tocantins ao oeste da Bahia, importante região<br />

produtora;<br />

Ferroviário<br />

• y Ferrovia Oeste-Leste, que quando em atividade, ligará a Norte-Sul ao estado<br />

da Bahia;<br />

• y Processo de concessão do tramo sul da Ferrovia Norte-Sul;<br />

• y Investimentos em trens e vagões refrigerados.<br />

Hidroviário<br />

• y Trecho de 40 km em que é possível o transporte hidroviário entre Porto Nacional<br />

e o terminal ferroviário;<br />

• y Navegabilidade do Pedral do Lourenço;<br />

• y Sistemas de Transposição de Nível nos aproveitamentos hidrelétricos para<br />

permitir o transporte hidroviário.<br />

5. 1. 2. Incentivos fiscais<br />

Objetivos<br />

• Reduzir custos de produção;<br />

• Prover incentivos fiscais como forma de impulsionar a produção.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Estudar a temporalidade necessária e a viabilidade de:<br />

a. Criar incentivos fiscais para atração de investimentos, aquisição de equipamentos<br />

e comercialização de ração;<br />

2. Definir uma política de incentivo que seja mais vantajosa para a produção de<br />

equipamentos e insumos no Tocantins;<br />

3. Criar planejamento estratégico para políticas públicas de longo prazo:<br />

a. Criar comitê técnico para discutir e propor o planejamento estratégico;<br />

4. Estender benefício fiscal do Termo de Acordo de Regime Especial (TARE) - que<br />

reduz em 25% o valor do ICMS na energia elétrica da agroindústria - para produtores<br />

integrados.<br />

5. 1. 3. Alternativas de financiamento<br />

Objetivos<br />

• Apoiar potenciais suinocultores na obtenção de financiamento de forma segura e<br />

adequada ao seu perfil, estimulando seu desenvolvimento sustentável.


142<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

• Ampliar e diversificar a origem do crédito para funding da suinocultura.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Orientação técnica para produtores que queiram entrar na atividade, refletindo<br />

no modelo de negócios propostos, suas capacidades de investimento, tornando<br />

os projetos de financiamento mais viáveis;<br />

2. Contemplar nos projetos de financiamento, questões relativas à sanidade e ao<br />

meio ambiente;<br />

3. Estruturar condições mais específicas para a agricultura familiar;<br />

4. Aumentar a representatividade de agentes financeiros e capacitá-los para atender<br />

e instruir o setor na questão de crédito e financiamento.<br />

5. Apoiar a agroindústria na busca de alternativa para financiamento dos integrados;<br />

6. Mapear as instituições financeiras que tenham interesse em fomentar a atividade;<br />

7. Envolver especialistas de instituições financeiras nos grupos de discussão do<br />

presente plano como forma de atualizar as instituições sobre as reais demandas<br />

da atividade;<br />

8. Discutir e criar linhas de crédito específicas para suinocultura;<br />

9. Facilitar o acesso dessas linhas de crédito ao pequeno produtor;<br />

10. Facilitar o acesso da agroindústria a financiamentos de longo prazo;<br />

11. Desenvolver materiais com informações sobre financiamentos existentes e as<br />

exigências para obtê-los;<br />

12. Qualificar agentes públicos de assistência técnica nos critérios necessários para<br />

o acesso a linhas de crédito;<br />

13. Ampliar o acesso à informação e assistência técnica para que mais produtores<br />

consigam cumprir com os critérios de elegibilidade para as linhas de crédito com<br />

taxas de juros mais baixas; e criar programas de capacitação nas áreas de crédito<br />

e gestão financeira visando a melhora e manutenção da capacidade de pagamento<br />

dos produtores;<br />

14. Alinhamento das instituições financeiras com o Plano Agro+ do MAPA que pretende<br />

desburocratizar e agilizar processos do agronegócio como a concessão<br />

de crédito;<br />

15. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas;<br />

16. Estimular a contratação de financiamento via cooperativas que conseguem<br />

acessar linhas de crédito subsidiadas e, portanto, mais vantajosas.<br />

5. 2. Atração de investimentos: empresa âncora<br />

integradora<br />

Na estratégia sugerida, a atração de uma empresa âncora<br />

é determinante. Este pilar diz respeito a busca de investidores<br />

ou empresas em expansão para passar a atuar com o<br />

processamento de suínos no estado. A empresa âncora pode<br />

ser uma empresa privada ou uma cooperativa de produtores<br />

já estabelecida em outro estado que enxergue o potencial de<br />

crescer no Tocantins.<br />

5. 2. 1. Busca por potenciais investidores<br />

Objetivos<br />

• Trazer para o estado ao menos uma agroindústria processadora de suínos<br />

• Ações estratégicas:<br />

1. Estudar a possibilidade de se utilizar a estrutura de frigoríficos de outras cadeias<br />

(aves, bovinos) que estejam ociosos ou desativados para o abate de suínos<br />

também;<br />

2. Mapear potenciais investidores para o estado. Alternativas:<br />

• y Cooperativas de outros estados;<br />

• y Empresas privadas bem estruturadas e sólidas que estão em processo de expansão;<br />

• y Fundos de investimento nacionais e internacionais;<br />

• y Empresários regionais que atuam em setores próximos (aves, ração, bovinos);<br />

• y Empresas/investidores internacionais (grandes compradores de carne por<br />

exemplo);<br />

3. Desenvolver novas missões internacionais em países potenciais investidores;<br />

4. Aumentar a divulgação dos benefícios do estado do Tocantins para a agroindústria;<br />

5. Aumentar investimentos em infraestrutura para os distritos industriais (água,<br />

energia, esgoto, entre outros);


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

143<br />

6. Promover encontros periódicos das indústrias do estado para discutir e tratar de<br />

assuntos em comum;<br />

7. Intensificar programas de capacitação e qualificação da mão de obra por meio<br />

de parcerias com o Sistema S, Pronatec e outros.<br />

5. 2. 2. Desenvolvimento de mercado consumidor<br />

Para o sucesso do novo setor no estado é fundamental que o<br />

mercado consumidor seja desenvolvido e que a nova agroindústria<br />

tenha uma estratégia de diversificação de mercados<br />

para redução do seu risco. Neste pilar são tratamos temas relacionados<br />

a este ponto.<br />

Objetivos<br />

• Desenvolver o mercado interno e externo;<br />

• Estimular as exportações de carne suína do estado do Tocantins;<br />

• Estimular a participação da carne tocantinense no mercado interno;<br />

• Produzir carne suína que atenda nichos de mercado específicos como forma de<br />

agregar valor.<br />

5. 2. 2. 1. Mercado externo<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Apoiar suinocultores a se adaptarem aos padrões necessários para exportação<br />

do seu produto (criar cultura de exportação nos suinocultores);<br />

a. Apoiar a seleção das melhores raças para exportação;<br />

2. Criar equipe multidisciplinar que atue na análise e prospecção de mercados (externo<br />

e interno). Essa equipe atuaria na apresentação do produto, organização<br />

de visitas a investidores, entendimento do mercado, entre outras;<br />

3. Valorizar ações que destaquem a produção sustentável existente no Brasil;<br />

4. Iniciar estudos quanto aos critérios habilitadores de exportação para os principais<br />

mercados;<br />

5. Levantar habilitações do estado e identificar possíveis mercados “faltantes” para<br />

serem trabalhados;<br />

6. Desenvolver mercados externos;<br />

7. Articular com demais estados exportadores e Governo Federal, ações da cadeia<br />

em âmbito nacional para redução das barreiras tarifárias e não tarifárias dos seus<br />

produtos;<br />

8. Realizar missões comerciais em mercados com alto potencial para os produtos<br />

da cadeia;<br />

9. Realizar ações de marketing que promovam a imagem da carne suína brasileira<br />

no exterior, evidenciando aspectos de sustentabilidade;<br />

10. Criar plano de comunicação institucional da suinocultura tocantinense;<br />

11. Pensar em selos de origem, identidade e diferenciação pelas características do<br />

estado;<br />

12. Capacitar produtores e indústrias para exportação;<br />

13. Criar material com atualizações periódicas para agentes do setor que se instalarem<br />

no Tocantins que descreva os potenciais parceiros comerciais no mercado<br />

internacional, principais barreiras tarifárias e não-tarifárias, políticas internacionais<br />

e atividades desenvolvidas para apoiar e estimular as parcerias comerciais;<br />

14. Buscar nichos de mercado e incentivar produtores e frigoríficos a se adequarem<br />

e atenderem essas demandas. Por exemplo, mercados Halal e Kosher;<br />

15. Investir em vagões refrigerados para a exportação dos produtos.<br />

5. 2. 2. 2. Mercado interno<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Apoiar ações de marketing que alterem o padrão cultural de consumo de carnes<br />

no estado, desmistifiquem aspectos relacionados ao consumo nacional, trabalhem<br />

o aspecto nutricional, crie identidade geográfica para o produto;<br />

2. Trabalhar a questão de cortes especiais em mercados e centros de consumo,<br />

divulgando formas diferentes de consumo;<br />

3. Mapear mercados e parceiros comerciais (redes varejistas) que demandam produtos<br />

com maior valor agregado;<br />

4. Criar plano de comunicação institucional das cadeias tocantinenses de suínos e<br />

aves, divulgando o estado nos principais centros consumidores;<br />

5. Rever tributação inter e intraestadual para favorecer a comercialização dos produtos<br />

da cadeia de carne suína do Tocantins;<br />

6. Estudar programa PNDS da ABCS para possível replicação em estados do Norte,<br />

como forma de incentivo ao aumento do consumo per capita de carne suína<br />

na região;


144<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

7. Mapear outros programas que possuem objetivo semelhante como benchmarking;<br />

8. Participar de feiras para promoção da carne suína tocantinense no mercado nacional<br />

e internacional;<br />

9. Organizar feiras gastronômicas para impulsionar o consumo e divulgar a carne<br />

suína;<br />

10. Estudar potencialidades e oportunidades no mercado do Norte e Nordeste,<br />

uma vez que são mais próximos. Determinar fatores de competitividade do Tocantins<br />

frente aos produtos do Sudeste e Sul nesses mercados.<br />

5. 3. Desenvolvimento de produtores integrados<br />

O desenvolvimento de suinocultores deve andar lado a lado<br />

com a evolução da agroindústria.<br />

5. 3. 1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento<br />

Objetivos<br />

• Gerar conhecimento específico para a cadeia da suinocultura no Tocantins;<br />

• Fomentar e promover pesquisas na área de suinocultura no estado;<br />

• Aproximar as pesquisas da iniciativa privada.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Mapear centros de pesquisas e universidades que possuam cursos e pesquisadores<br />

relacionados à suinocultura e economia aplicada ao agronegócio;<br />

2. Estimular grupos de pesquisa a aprofundarem estudos sobre a suinocultura;<br />

3. Criar comitê de fomento à pesquisa no estado do Tocantins, com a participação<br />

das principais instituições e pesquisadores referência no setor;<br />

a. Aproximar, via comitê, elos da cadeia (exemplo da piscicultura) para que a<br />

pesquisa seja direcionada pelas necessidades do elo produtivo.<br />

4. Aproximar grupos de pesquisa, agroindústrias e suinocultores como forma de<br />

aplicação na realidade tocantinense.<br />

5. Uso de recursos advindos do setor de energia elétrica conforme lei (Vº 9991/ 2000);<br />

6. Oferecer cursos técnicos, de graduação e pós-graduação em avicultura e suinocultura<br />

no estado, e incentivar pessoas qualificadas a se manter e atuar no<br />

estado;<br />

7. Criar agenda de pesquisas a serem desenvolvidas no estado com priorização de<br />

temas (grupos de pesquisa + iniciativa privada);<br />

8. Criar projeto de incentivo ao empreendedorismo na área agropecuária com o<br />

objetivo de ingressar estudantes recém formados na atividade, como investidores<br />

e desenvolvedores do setor.<br />

5. 3. 2. Transferência do conhecimento/capacitação<br />

Objetivos<br />

• Desenvolver produção de suínos no estado com alto nível tecnológico.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Ampliar e difundir programas de capacitação e difusão de conhecimentos para<br />

a classe produtora obtidos em universidades e centros de pesquisa;<br />

2. Fomentar parcerias entre instituições de ensino e pesquisa e extensão, pública e<br />

privadas, para formação continuada de técnicos e extensionistas;<br />

3. Capacitar produtores sobre a necessidade e efetividade do uso de tecnologia<br />

para a produção;<br />

4. Desenvolver programas de capacitação para mão de obra técnica, alinhada com<br />

as novas tecnologias do setor;<br />

5. Fomentar o uso de ferramentas de gestão na suinocultura por meio de treinamentos;<br />

6. Capacitar constantemente os técnicos e extensionistas do RURALTINS e de outras<br />

organizações públicas;<br />

7. Estruturar programa de visitas técnicas de produtores a outros estados para:<br />

a. Entender como funciona o modelo de integração, suas vantagens e desvantagens;<br />

b. Conhecer granjas referência no país passando pelas boas práticas adotadas;<br />

c. Ter referência de altos índices de produtividade;<br />

d. Conhecer alternativas de geração de renda a partir da suinocultura ou em<br />

atividades integradas;<br />

8. Incentivar as indústrias processadoras a utilizarem o modelo de integração<br />

como forma de transferência de conhecimento aos integrados;<br />

9. Disponibilizar linhas de crédito para adoção de novas tecnologias.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

145<br />

5. 4. Fortalecimento de ações coletivas<br />

Uma vez que o estado tenha suinocultores se desenvolvendo,<br />

as ações coletivas devem também se desenvolver como<br />

forma de fortalecimento da classe.<br />

Vale destacar que as associações e cooperativas são entidades<br />

de caráter privado. O papel dos órgãos públicos no estado<br />

é o de dar os subsídios e incentivos necessários para que os<br />

produtores se organizem.<br />

Objetivos<br />

• Incentivar o cooperativismo e o associativismo no estado do Tocantins como forma<br />

de fortalecimento do suinocultor;<br />

• Desenvolver a governança da cadeia produtiva no estado.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Desenvolver a cultura cooperativista e associativista no estado:<br />

a. Promover visitas técnicas dos suinocultores tocantinenses a outras regiões<br />

do país para entender o modelo de negócios e os benefícios de serem cooperados;<br />

b. Estudar e fomentar modelo de associação onde os produtores possuem<br />

assistência técnica para intensificação da produção e padronização do produto<br />

ofertado pelos associados, negociação de contratos de entrega do volume<br />

total de suínos com frigoríficos buscando prêmio pela conveniência e<br />

garantia de fornecimento;<br />

c. Estimular, nas universidades, o desenvolvimento de estudos científicos<br />

sobre o tema cooperativismo e associativismo, com concursos, bolsas de<br />

estudo e congressos;<br />

d. Estimular a participação das escolas estaduais e municipais em projetos de difusão<br />

de informação e princípios cooperativistas às crianças e jovens do estado<br />

como no Programa Cooperativa Mirim, parceria do Sicoob com o Sescoop;<br />

e. Promover o Tocantins como região de potencial investimento para produtores<br />

que possuem cultura cooperativista e/ou associativista;<br />

f. Incentivar a abertura de filiais, no estado, de importantes cooperativas e associações<br />

presentes em outras regiões do país.<br />

2. Parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) para consultoria<br />

e capacitação na criação e gestão de cooperativas;<br />

3. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas;<br />

4. Incentivar o Governo realizar uma consulta pública às cooperativas e associações<br />

para levantar potenciais oportunidades e gargalos a serem mitigados com<br />

políticas públicas;<br />

5. Aumentar a inserção das cooperativas em programas de compras públicas,<br />

como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos);<br />

6. Fortalecer a atuação de associações nacionais no estado tais como ABPA, ABCS<br />

e outras, e aproximá-las das associações tocantinenses como forma de impulsionar<br />

o associativismo no estado;<br />

7. Fortalecer as associações e cooperativas existentes para que promovam:<br />

a. Missões internacionais para abertura de mercados;<br />

b. Assistência técnica de qualidade aos produtores;<br />

c. Buscar articulações com governo e demais instituições por políticas favoráveis<br />

ao setor.<br />

8. Mapear cooperativas internacionais que possam investir no negócio de suinocultura<br />

no Tocantins, ou que tenham uma atuação de referência para ser buscada<br />

pelas instituições locais;<br />

9. Pleitear incentivos tributários e simplificação da legislação para instalação de<br />

cooperativas agroindustriais no estado.<br />

5. 5. Aumento da sinergia da suinocultura com outras<br />

atividades<br />

Objetivos<br />

• Desenvolver cadeias complementares a da suinocultura como forma de diversificação<br />

de renda e complementação das atividades do suinocultor tocantinense.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Buscar formas de integração entre cadeias no estado como o aproveitamento de<br />

sinergias entre as cadeias de aves e suínos para promoção de ações conjuntas.


146<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

a. Otimizar ações de cooperativas de cadeias diferentes;<br />

b. Criar centrais de compras em conjunto<br />

2. Mapear atividades que podem ser desenvolvidas por suinocultores como forma<br />

de otimizar sua atividade:<br />

a. Geração de energia por meio de biodigestores;<br />

b. Aproveitamento dos dejetos animais como fertilizantes;<br />

c. Produção de grãos;<br />

d. Fabricação de ração.<br />

3. Alinhar atividades mapeadas com entidades e conteúdo de extensão rural,<br />

como forma de estimular os suinocultores;<br />

4. Estudar incentivos fiscais passíveis de aplicação a estas atividades;<br />

5. Viabilizar linhas de financiamento para desenvolvimento dessas atividades pelos<br />

suinocultores;<br />

6. Mapear formas de aumentar a viabilidade das atividades propostas por meio de<br />

ações coletivas como o cooperativismo.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

147


148<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

Considerações Finais


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

149<br />

Tendo como base todo o trabalho desenvolvido e os resultados<br />

possíveis de serem buscados pelo estado do Tocantins<br />

nos próximos anos, fica evidente a importância de iniciativas<br />

que visam integrar ações estratégicas entre os agentes sejam<br />

eles do âmbito público ou privado. Durante o desenvolvimento<br />

do trabalho, pôde-se perceber que o estado do Tocantins<br />

possui diversas iniciativas que visam incentivar o desenvolvimento<br />

do agronegócio no estado, porém, melhorar o alinhamento<br />

entre elas resulta em um melhor aproveitamento.<br />

Alinhar os agentes é aspecto fundamental para o pensamento<br />

de sistemas agroindustriais integrados. O trabalho coletivo,<br />

a busca conjunta por resultados e o desejo unificado de<br />

desenvolvimento fazem com que sejam desenvolvidas ações<br />

que aumentam a eficiência das cadeias por meio da busca de<br />

sinergias e delineamento de estratégias inovadoras.<br />

Neste cenário o ganho também é coletivo, onde vivenciase<br />

a geração de valor compartilhado, ou seja, todos os elos e<br />

agentes envolvidos se beneficiam dos resultados do desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva. Outro aspecto que pode ser<br />

destacado como benefício da integração e motivação para<br />

participação dos agentes em iniciativas coletivas é o aprendizado<br />

contínuo e multidisciplinar.<br />

É evidente que as cadeias produtivas são arranjos complexos,<br />

onde seus diversos agentes possuem características úni-


150<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

cas e estão inseridos em contextos específicos. Devido a isso,<br />

o delineamento de estratégias conjuntas não é algo simples<br />

de ser feito, sendo necessária grande organização e processamento<br />

integrado das informações disponíveis. O método<br />

GESis, método base utilizado para o desenvolvimento do<br />

presente projeto, foi estruturado com o objetivo principal de<br />

organizar e guiar o delineamento de estratégias para sistemas<br />

agroindustriais indo ao encontro do desejo do estado do<br />

Tocantins do desenvolvimento integrado de seu agronegócio.<br />

Além disso, outros objetivos que devem ser considerados são:<br />

• Busca de economia de escala;<br />

• Esforços de diferenciação e posicionamento (para gerar<br />

valor);<br />

• Rápidas adaptações às mudanças macro ambientais<br />

(quando bem estruturadas);<br />

• Performance e responsividade;<br />

• Visão compartilhada e transparência;<br />

• Sustentabilidade econômica, ambiental e social dos integrantes;<br />

• Conhecimento de custos de produção e transação e luta<br />

por redução;<br />

• Mecanismos de solução de conflitos (remediação/ alternativa<br />

para a burocracia brasileira);<br />

• Organização dos esforços de lobby;<br />

• Planejamento integrado entre os elos;<br />

• Dirigido pela demanda buscando a lealdade dos consumidores;<br />

• Inteligência compartilhada e uso das amplas fontes de<br />

dados;<br />

• Criação de comitês (governança, riscos, seguros...);<br />

• Motivações, contribuições, direitos e benefícios de cada<br />

participante;<br />

• Compromisso de cada participante;<br />

• Investimentos específicos de cada participante;<br />

• Estabelecimento de padrões.<br />

A metodologia desenvolvida, inclusive para o levantamento<br />

sistemático de dados, ao mesmo tempo que guia a etapa de diagnóstico<br />

para uma visão abrangente do sistema alvo, também direciona<br />

as futuras estratégias. Assim como o método prevê, essa<br />

etapa não seria tão efetiva sem a ampla participação dos agentes<br />

envolvidos em cada uma das cadeias produtivas, aspecto que<br />

foi amplamente vivenciado nos estudos do Tocantins. A participação<br />

dos agentes desde o início do processo de planejamento,<br />

além de trazer uma visão realista da atual situação de cada um<br />

dos elos que compõem o sistema agroindustrial, contribui para<br />

a percepção da coletividade na construção dos planos.<br />

Com base no diagnóstico desenvolvido para a cadeia da<br />

suinocultura do estado do Tocantins, e principalmente, o en-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

151<br />

tendimento da cadeia em outros estados, uma vez que a mesma<br />

ainda é incipiente no estado, foi possível delinear projetos<br />

estratégicos que envolvem diversos elos. Nesse sentido, os<br />

projetos foram organizados para estruturar a cadeia no estado<br />

passando pelo fortalecimento do ambiente institucional,<br />

atração de uma agroindústria integradora, desenvolvimento<br />

de suinocultores industriais, fortalecimento de ações coletivas,<br />

desenvolvimento de mercados consumidores diversificados<br />

e criação da imagem da suinocultura local.<br />

Tão ou mais importante que a estruturação do plano estratégico,<br />

é a sua implementação. Ao longo de mais de 10 anos<br />

de aplicação do presente método, alguns problemas foram<br />

identificados e devem ficar claros para que sejam evitados no<br />

Tocantins, sendo eles:<br />

• Falta de objetivos;<br />

• Falta de lealdade;<br />

• Problema de capacidade decisória;<br />

• Falta de orientação ao mercado;<br />

• Não compartilhamento de risco;<br />

• Desbalanço de esforços e resultado;<br />

• Falta de visão;<br />

• Interesses individuais prevalecem;<br />

• Oportunismo presente;<br />

• Falta dos itens de liderança;<br />

• Falta dos itens de planejamento;<br />

• Presença de subsídios e distorções.<br />

Assim como os problemas evidenciados, também é importante<br />

destacar as observações referentes à velocidade de implementação,<br />

que estão ligadas a diversos fatores, merecendo<br />

análise para serem trabalhadas anteriormente visando aplicação<br />

exitosa do plano.<br />

• Inadequada habilidade de liderança pelos dirigentes no<br />

atingimento dos objetivos e envolvimento das linhas<br />

operacionais das organizações;<br />

• Falta de estabelecimento de indicadores a serem atingidos<br />

e monitorados;<br />

• Falta de método/padrões para implementação;<br />

• Falta de disciplina/motivação dos integrantes dos esforços<br />

e das organizações na implementação;<br />

• Falta da composição de um conselho gestor que dá o caráter<br />

de executividade;<br />

• Questões políticas e culturais nos integrantes da organização;<br />

• Perfil do gestor dos projetos e presença de sentimentos<br />

de bloqueio, como ciúmes;<br />

• Perda de espaço de agentes do sistema agroindustrial<br />

que irão bloquear a implementação de projetos;


152<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

• Tempo de amadurecimento dos projetos e momentos<br />

adequados de implementação;<br />

• Qualidade do conselho gestor e déficit na capacidade dos<br />

colaboradores;<br />

• Inserção e integração com as equipes;<br />

• Detalhamento dos projetos de maneira simples e executiva;<br />

• Relações pessoais protegidos com indicações que não<br />

levam em conta o critério técnico;<br />

• Lidar com os que se acham donos do coletivo;<br />

• Falta de entendimento dos objetivos estratégicos e do<br />

próprio conceito de planejamento e estratégia;<br />

• Não antecipação aos problemas, aos fatores externos<br />

impactando na implementação;<br />

• Conflito de prioridades e objetivos divergentes;<br />

• Aversão ao risco e conservadorismo de pessoas com a<br />

visão do passado.<br />

estratégico com agentes da cadeia produtiva, públicos e privados<br />

e, via reuniões mensais, colocar os projetos para andar<br />

organizando equipes com metas, funções e prazos. Este comitê<br />

estratégico da suinocultura no Tocantins é o responsável<br />

por implementar o plano que foi construído pela Markestrat<br />

em conjunto com os agentes da cadeia produtiva.<br />

Estes pontos devem ser trabalhados antecipadamente para<br />

possibilitar o avanço dos projetos estratégicos.<br />

O sucesso da implementação das estratégias propostas<br />

no presente plano, permitirá que o estado tenha atuação em<br />

mais uma importante cadeia do agronegócio com grande potencial<br />

de desenvolvimento.<br />

Os próximos passos envolvem a formação de um comitê


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

153


154<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

suinocultura<br />

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produtores de maneira sustentável em modernas cadeias produtiva. São Paulo:<br />

Atlas, 2010.<br />

• NEVES, M. F. et al. Mapeamento da suinocultura brasileira. 2016. Disponível em:<br />

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Acesso em: 12. Jun. 2018.<br />

• NEVES, M. F. Método para planejamento e gestão estratégica de sistemas agroindustriais<br />

(GESis). Revista da Administração, v. 43, n.4, p. 331-343. São Paulo,<br />

2008.<br />

• OECD. Agricultural Outlook 2015-2024. 2015. Disponível em: < https://www.<br />

oecd-ilibrary.org/docserver/agr_outlook-2015-en.pdf?expires=1532718554&id=id&accname=guest&checksum=5414F7D0B9FD07B6A30AB45A241052AC>.<br />

Acesso em: 20 jul. 2018.<br />

• OLIVEIRA, P. T. Ação conjunta e cooperação em aglomeração produtiva: institucionalização<br />

da suinocultura no Vale do Piranga - MG. 2017. 126 f. Dissertação<br />

(Mestrado em Administração)- Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2017.<br />

• PIG INTERNACIONAL. World’s top 40 pork processors. Disponível em: . Acesso em 10 de jan<br />

2018.<br />

• PORTER, M. E. Competitive advantage: creating and sustaining superior performance.<br />

New York: Free Press, 1998.<br />

• PORTER, M. E. Competitive strategy: techniques for analyzing industries and<br />

competitors. New York: Free Press, 1980.<br />

• REUTERS. Grupo coreano CJ paga R$450 mi por 90% da Selecta, do setor de soja.<br />

2017. Disponível em: https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1B-<br />

51VK-OBRBS. Acesso em 24 jul 2018.<br />

• SARMENTO, J. M. Parcerias Público-Privadas. Fundação Francisco Manuel dos<br />

Santos. 2016. 80 p.<br />

• SAUDALI. Site institucional. 2018. Disponível em: < http://www.saudali.com.br>.<br />

Acesso em: 18 jul. 2018.<br />

• SEPLAN. Secretaria do Planejamento e Orçamento. Perfil do Agronegócio<br />

tocantinense. 2016. Disponível em: <br />

Acesso em: 15 set. 2017.<br />

• Suinocultura Industrial. Mercado: Frigorífico Saudali investe milhões para ampliar<br />

volume de abate. 2018. Disponível em: https://www.suinoculturaindustrial.<br />

com.br/imprensa/frigorifico-saudali-investe-milhoes-para-ampliar-volume-de<br />

-abate/20180215-161835-w718. Acesso em: 29 jul 2018.<br />

• TERHORST, K. I. L; SCHMITZ, J. A. K. De porco a suíno: história da suinocultura e<br />

dos hábitos alimentares associados aos produtos dela derivados entre agricultores<br />

familiares do Vale do Taquari. In: MEN<strong>AS</strong>CHE, Renata (org.). A agricultura<br />

familiar à mesa: saberes e práticas da alimentação no vale do Taquari. Porto<br />

Alegre: Editora da UFRGS, 2007. p. 100-119.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

157<br />

• USDA. UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Production, Supply<br />

and Distribution. 2018. Disponível em: < https://apps.fas.usda.gov/psdonline/<br />

app/index.html#/app/advQuery >. Acesso em: 27 fev. 2018.<br />

• VALOR ECO<strong>NO</strong>MICO. Suínos são a maior aposta para avançar na indústria de<br />

carnes. 2018. Disponível em: https://www.valor.com.br/agro/5623523/suinos-sao<br />

-maior-aposta-para-avancar-na-industria-de-carnes. Acesso em 01 ago 2018.<br />

• WILKINSON, J. Estudo da competitividade de cadeias integradas no Brasil:<br />

impactos das zonas de livre comércio. Campinas, SP: UNICAMP-IE-NEIT, 2002.<br />

• ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. (Org.). Economia e gestão dos negócios agroalimentares.<br />

São Paulo: Pioneira, 2000. 428p.<br />

• ZEN. S de. et al. SUI<strong>NO</strong>CULTURA BR<strong>AS</strong>ILEIRA AVANÇA <strong>NO</strong> CENÁRIO MUN-<br />

DIAL. 2014. Disponível em: . Acesso em 07 jun. 2018.


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul - Palmas - TO CEP 77020-016<br />

+55 63 3229-5700 www.fieto.com.br © 2018


avicultura<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas<br />

do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

2018 - 2027


Soja e Milho<br />

Volumes 1 e 2<br />

Carne Bovina<br />

Volume 3<br />

Suinocultura<br />

Volumes 7<br />

Avicultura<br />

Volume 8<br />

Arroz<br />

Volume 4<br />

Lácteos<br />

Volume 9<br />

Silvicultura<br />

Volume 5<br />

Piscicultura<br />

Volume 6


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Avicultura<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas<br />

do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

2018 - 2027<br />

1ª edição<br />

Palmas, 2018


ficha catalográfica<br />

F293a<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Avicultura: plano estratégico para as cadeias produtivas do agronegócio no<br />

Estado do Tocantins: 2018 - 2027 / José Roberto Fernandes (Coordenador). –<br />

Palmas - TO : Sistema FIETO, 2018.<br />

166 p. : il.<br />

ISBN : 978-85-60759-45-3<br />

1. Economia agrícola - Tocantins. 2. Produtos agrícolas – Tocantins. 3.<br />

Avicultura. I. Fernandes, José Roberto. II. Título.<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Rosana Maria Santos de Oliveira Corrêa<br />

Bibliotecária CRB2-810<br />

CDD: 338.1098117<br />

O presente plano foi elaborado com recursos financeiros do Fundo de<br />

Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Tocantins, por meio do<br />

Termo de Colaboração Nº 508/2016 celebrado entre o Governo do Estado do<br />

Tocantins, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura e a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong><br />

CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong><br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO - CDE<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

Roberto Magno Martins Pires Presidente<br />

FIETO - EQUIPE TÉCNICA<br />

José Roberto Fernandes – Coordenador<br />

Sergio Carlos Ferreira Tavares<br />

Benedito Aparecido da Silva<br />

Lísia Daniella Lustosa Ferro<br />

Wandemberg Pereira Rodrigues<br />

Karolina Gonçalves de Sousa<br />

CONSULTORIA – MARKESTRAT<br />

Marcos Fava Neves – Coordenador<br />

Tássia Gerbasi<br />

Flavio Ruhnke Valério<br />

Patricia Milan Rodrigues Alves<br />

Carla Cristina Martoni Pereira Gomes<br />

Letícia Franco Martinez<br />

Giulia Machado Agostini<br />

Eduardo Garcia Filho<br />

Agda Soares de Souza Dias<br />

Pedro Galvão Caserta<br />

Vinícius Verdu de Oliveira<br />

REVISÃO<br />

Zenilda Drumond<br />

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO<br />

Bonina Comunicação<br />

FIETO / Governo do Estado do Tocantins © 2018


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – FIETO<br />

DIRETORIA: QUADRIÊNIO 2016 - 2020<br />

Presidente<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

1º Vice-Presidente<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

Vice-Presidentes<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Charles Alberto Elias<br />

Luciano de Carvalho Rocha<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Oswaldo Stival Júnior<br />

Primeira-Secretária<br />

Claudizete Carneiro Santos<br />

Segundo-Secretário<br />

Mário de Castro Pillar<br />

Primeiro-Tesoureiro<br />

Walter Atta Rodrigues Bittencourt Júnior<br />

Segunda-Tesoureira<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo<br />

Suplentes da Diretoria<br />

Cabral Santos Gonçalves<br />

Diego Teodoro Carvalho Alba Garcia<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomem<br />

Gliner de Souza Borges<br />

Marco Antônio de Faria Cunha<br />

Wilmar Oliveira de Bastos<br />

Luiz Carlos Alves de Oliveira<br />

Jacques José de Barros<br />

Francisco Monteiro de Souza Filho<br />

Ailton dos Santos Queiroz<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Membros efetivos<br />

José de Souza Vasques<br />

José Febrônio da Silva<br />

Francisco Antélius Sérvulo Vaz<br />

Membros suplentes<br />

Reinaldo Pereira Cardoso<br />

Fábio de Oliveira Soares<br />

Rômulo José dos Santos<br />

REPRESENTANTES JUNTO À CNI<br />

Membros efetivos<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

Célio Batista Alves<br />

Membros suplentes<br />

Charles Alberto Elias<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul, Palmas - TO CEP: 77.020-016<br />

Tel.: +55 63 3229-5700 www.fieto.com.br


índice<br />

Lista de Siglas......................................................................................................................18<br />

Agradecimentos.................................................................................................................20<br />

Apresentação.......................................................................................................................24<br />

1. Introdução............................................................................................................................26<br />

1.1 Objetivos e métodos de trabalho.............................................................................................................28<br />

1.1.1 Introdução e entendimento........................................................................................................................31<br />

1.1.2 Análise do mercado e enfoque de sistemas......................................................................................31<br />

1.1.3 Análise da situação interna: o estado do Tocantins.....................................................................31<br />

1.1.4 Consolidação do diagnóstico......................................................................................................................32<br />

1.1.5 Objetivos para a cadeia e estratégias centrais..................................................................................32<br />

2. Análise de mercado............................................................................................................34<br />

2. 1. Análise do mercado internacional..........................................................................................................35<br />

2. 1. 1. Produção mundial de carne de aves.....................................................................................................35<br />

2. 1. 2. Consumo mundial de carne de aves.....................................................................................................37<br />

2. 1. 3. Exportações e importações de carne de aves..................................................................................39<br />

2. 2. Análise do mercado nacional....................................................................................................................42<br />

2. 2. 1. Produção e consumo brasileiro de carne de aves..........................................................................42<br />

2. 2. 2. Projeções de produção e consumo.........................................................................................................49<br />

2. 2. 3. Frigoríficos, exportações e importações..............................................................................................51<br />

2. 3. A Região MATOPIBA.......................................................................................................................................60<br />

3. Avicultura no Tocantins....................................................................................................64<br />

3. 1. Plantel de aves e produção de carne avícola.....................................................................................65<br />

3. 1. 1. Características gerais da cadeia no estado........................................................................................65<br />

3. 1. 2. Carne de frango no Tocantins...................................................................................................................67<br />

3. 1. 3. Análise econômica-financeira da carne de frango.......................................................................69<br />

3. 1. 4. Análise econômico-financeira de produção de ovos...................................................................85


3. 1. 5. Associativismo e cooperativismo...........................................................................................................86<br />

3. 1. 6. Destinos da produção.....................................................................................................................................90<br />

3. 1. 7. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio ao desenvolvimento.......................93<br />

3. 2. Logística..............................................................................................................................................................109<br />

3. 3. Resumo das forças e fraquezas do estado do Tocantins........................................................116<br />

4. Modelo de crescimento da cadeia no estado.............................................................. 118<br />

4. 1. 1. O modelo PINS (Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis)............................................119<br />

5. Consolidação do diagnóstico........................................................................................ 126<br />

5. 1. Análise PEST.....................................................................................................................................................127<br />

5. 2. Análise das cinco Forças de Porter......................................................................................................130<br />

6. Objetivos estratégicos para a Cadeia........................................................................... 136<br />

7. Estratégias centrais e projetos estratégicos............................................................. 144<br />

7. 1. Aumento da produção e novas tecnologias...................................................................................145<br />

7. 1. 1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento..........................................................................................145<br />

7. 1. 2. Transferência do conhecimento/capacitação................................................................................147<br />

7. 2. Cooperativismo e associativismo.........................................................................................................147<br />

7. 3. Agregação de valor e acesso a mercados.........................................................................................148<br />

7. 3. 1. Acesso ao Mercado.......................................................................................................................................148<br />

7. 3. 2. Desenvolvimento e atração de indústrias.......................................................................................149<br />

7. 4. Estratégias de financiamento e políticas públicas.....................................................................150<br />

7. 4. 1. Financiamento da produção...................................................................................................................150<br />

7. 4. 2. Políticas públicas............................................................................................................................................150<br />

7. 5. Sustentabilidade e bem-estar animal................................................................................................150<br />

8. Considerações finais....................................................................................................... 152<br />

9. Referências....................................................................................................................... 158


índice<br />

Lista de figuras<br />

Figura 1.1 Macroetapas do método GESis.........................................................................................................................29<br />

Figura 1.2 Doze passos da etapa 4 do método GESis..................................................................................................30<br />

Figura 2.1 Produção de carne de frango por país no ano de 2017.....................................................................38<br />

Figura 2.2 Consumo de carne de frango por país no ano de 2017.....................................................................41<br />

Figura 2.3 Plantel de frangos por estado brasileiro em 2016.................................................................................46<br />

Figura 2.4 Representatividade do abate de frango por estado em 2016........................................................49<br />

Figura 2.5 Produção de ovos por estado em 2016........................................................................................................53<br />

Figura 2.6 Uso e destinos da carne de frango brasileira em 2017......................................................................54<br />

Figura 2.7 Participação dos estados na exportação de carne de frango em 2016...................................55<br />

Figura 2.8 Principais destinos das exportações brasileiras....................................................................................56<br />

Figura 2.9 Distribuição geográfica da produção de soja e milho em 2014 no MATOPIBA.................62<br />

Figura 2.10 Distribuição geográfica dos rebanhos de frangos em 2014 no MATOPIBA.........................62<br />

Figura 3.1 Cadeia produtiva da avicultura.........................................................................................................................66<br />

Figura 3.2 Municípios com maiores plantéis de frango no Tocantins.............................................................70<br />

Figura 3.3 Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico..............................................................111<br />

Figura 3.4 Malha rodoviária do Tocantins e suas respectivas jurisdições..................................................114<br />

Figura 3.5 Principais vias potenciais de escoamento por hidrovia do centro norte............................115<br />

Figura 4.1 Caso de sucesso na avicultura........................................................................................................................122<br />

Figura 5.1 Unidades da análise PEST.................................................................................................................................128<br />

Figura 5.2 Modelo esquemático na ferramenta Cinco Forças de Porter......................................................130<br />

Figura 7.1 Encadeamento estratégico da cadeia da avicultura para o estado do Tocantins...........146


Lista de gráficos<br />

Gráfico 2.1<br />

Gráfico 2.2<br />

Gráfico 2.3<br />

Gráfico 2.4<br />

Gráfico 2.5<br />

Gráfico 2.6<br />

Gráfico 2.7<br />

Gráfico 2.8<br />

Gráfico 2.9<br />

Evolução da produção mundial de aves......................................................................................................36<br />

Evolução dos maiores produtores de carne de frango na última década.............................37<br />

Evolução da produção por tipos de carne nos últimos dez anos................................................39<br />

Histórico do consumo mundial de carne de frango............................................................................40<br />

Exportações mundiais de carne avícola, bovina e suína..................................................................42<br />

Importações mundiais de carne avícola.....................................................................................................43<br />

Evolução do efetivo de galináceos no Brasil.............................................................................................44<br />

Evolução do efetivo de galináceos por macrorregião brasileira...................................................45<br />

Produção regional de carne de frango..........................................................................................................47<br />

Gráfico 2.10 Projeções de produção e consumo de carne de frango.....................................................................50<br />

Gráfico 2.11 Projeção da participação regional na produção de carne de frango no ano de 2027.....51<br />

Gráfico 2.12 Evolução da receita e volume de exportação da carne de frango brasileira........................53<br />

Gráfico 2.13 Projeções de exportações de carne de aves no Brasil.........................................................................56<br />

Gráfico 2.14 Produção e importação chinesa de carne de frango...........................................................................57<br />

Gráfico 2.15 Evolução dos preços unitários (no estado de São Paulo) e dos volumes de<br />

exportação brasileiros de carne de frango.................................................................................................58<br />

Gráfico 2.16 Atividades agropecuárias MATOPIBA (em área)....................................................................................61<br />

Gráfico 3.1<br />

Gráfico 3.2<br />

Gráfico 3.3<br />

Evolução do plantel de frango tocantinense............................................................................................69<br />

Evolução das médias anuais dos custos de produção de frango de corte.<br />

Aviário climatizado positivo (R$/Kg vivo)...................................................................................................71<br />

Composição dos custos de produção médios do frango de corte, produtor versus<br />

agroindústria, para o estado do Paraná, 2017.........................................................................................75


índice<br />

Gráfico 3.4<br />

Gráfico 3.5<br />

Gráfico 3.6<br />

Composição dos custos de produção médios do frango de corte, produtor versus<br />

agroindústria, para o estado do Goiás, 2017.............................................................................................76<br />

Composição dos custos de produção médios do frango de corte, produtor versus<br />

agroindústria, para o estado do Ceará, 2017............................................................................................76<br />

Composição dos custos de produção do frango de corte, por item (%), por estado<br />

analisado (CE, GO, PR)..............................................................................................................................................77<br />

Gráfico 3.7 Variação dos preços de farelo de soja, milho e frango vivo, Ceará 2017.................................81<br />

Gráfico 3.8 Variação dos preços de farelo de soja, milho e frango vivo, Goiás 2017.................................82<br />

Gráfico 3.9 Variação dos preços de farelo de soja, milho e frango vivo, Paraná 2017..............................83<br />

Gráfico 3.10 Variação da média anual do custo total e do lucro na produção de ovos,<br />

São Paulo, 2008 a 2017...........................................................................................................................................86<br />

Gráfico 3.11 Composição da renda da atividade de produção de ovos para São Paulo,<br />

mês de dezembro, 2008, 2016 e 2017..........................................................................................................88<br />

Gráfico 3.12 Variação do lucro, custo total e valor de venda de ovos para a produção de ovos,<br />

São Paulo, 2017 (Jan = 100%).............................................................................................................................89<br />

Gráfico 3.13 Composição do PIB da indústria no Tocantins em 2015..................................................................93<br />

Gráfico 3.14 Malha rodoviária em estados selecionados (km)................................................................................113<br />

Gráfico 6.1<br />

Posicionamento estratégico da cadeia de carne de frango do Tocantins............................138<br />

Gráfico 6.2 Valor Bruto da Produção projetado até 2027........................................................................................142<br />

Lista de quadros<br />

Quadro 2.1<br />

Quadro 3.1<br />

Características de importantes frigoríficos no Brasil..........................................................................60<br />

Custos de produção do frango de corte.......................................................................................................70


Quadro 3.2<br />

Quadro 3.3<br />

Quadro 3.4<br />

Quadro 3.5<br />

Quadro 3.6<br />

Quadro 5.1<br />

Quadro 5.2<br />

Quadro 6.1<br />

Quadro 6.2<br />

Procedimentos para o cálculo dos custos variáveis e fixos do frango de corte<br />

conforme a metodologia da Embrapa Aves e Suínos.........................................................................74<br />

As maiores cooperativas agropecuárias do Brasil................................................................................91<br />

Incentivos para o desenvolvimento em estados selecionados..................................................109<br />

Características de infraestrutura logística em estados selecionados....................................114<br />

Forças e fraquezas do estado do Tocantins............................................................................................116<br />

Ameaças........................................................................................................................................................................127<br />

Oportunidades..........................................................................................................................................................129<br />

Missão e visão para a cadeia de carne de frango no Tocantins.................................................140<br />

Objetivos estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia de carne<br />

de frango do estado do Tocantins.................................................................................................................141<br />

Lista de tabelas<br />

Tabela 2.1 Principais produtores mundiais de carne de frango (mil toneladas)........................................36<br />

Tabela 2.2 Principais exportadores de carne de frango ...........................................................................................40<br />

Tabela 2.3 Principais importadores de carne de frango............................................................................................43<br />

Tabela 2.4 Participação regional na produção de carne de frango.....................................................................47<br />

Tabela 2.5 Ranking de estados produtores de carne de frango em toneladas...........................................48<br />

Tabela 2.6 Consumo per capita de frango..........................................................................................................................50<br />

Tabela 2.7 Projeção de consumo de carnes (mil toneladas)....................................................................................52<br />

Tabela 2.8 Número de estabelecimentos com SIF por estado...............................................................................59<br />

Tabela 3.1 Distribuição do território do Tocantins........................................................................................................68


índice<br />

Tabela 3.2<br />

Tabela 3.3<br />

Tabela 3.4<br />

Tabela 3.5<br />

Tabela 3.6<br />

Tabela 3.7<br />

Tabela 3.8<br />

Tabela 3.9<br />

Comparativo do custo médio anual da produção de frango de corte<br />

para os anos de 2010 e 2017, nos estados do Paraná, Goiás e Ceará.<br />

Aviário climatizado positivo (R$/Kg vivo)...................................................................................................72<br />

Custo de produção (R$/kg) para o frango de corte, em fevereiro de 2016, para<br />

os sistemas convencional e climatizado positivo, nos estados de PR, GO e CE.................73<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro<br />

para a produção do frango de corte no Ceará, 2017. Aviário climatizado<br />

positivo (R$/Kg vivo).................................................................................................................................................78<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro para<br />

a produção do frango de corte em Goiás, 2017. Aviário climatizado positivo<br />

(R$/Kg vivo) ...................................................................................................................................................................79<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro para<br />

a produção do frango de corte no Paraná, 2017. Aviário climatizado positivo<br />

(R$/Kg vivo) ...................................................................................................................................................................80<br />

Análise de sensibilidade do custo de produção de frangos para os estados do<br />

Ceará, Goiás e Paraná, com variações nos valores de alimentação e preço..........................84<br />

Custo de produção de ovos (R$/caixa com 30 dúzias) para São Paulo, mês de<br />

dezembro, 2008, 2016 e 2017............................................................................................................................87<br />

Composição do custo de produção de ovos para São Paulo, mês de dezembro,<br />

2008, 2016 e 2017......................................................................................................................................................88<br />

Tabela 3.10 Exportações do Tocantins em 2017...............................................................................................................92<br />

Tabela 3.11<br />

Tabela 3.12<br />

Percentuais de PIS e COFINS incidentes sobre carnes de aves, determinados<br />

pelos seus códigos NCMs......................................................................................................................................94<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para carne de frango para<br />

os estados do Tocantins, Paraná, Goiás e Ceará......................................................................................96


Tabela 3.13<br />

Tabela 6.1<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para carne de frango para os<br />

estados do Maranhão, Piauí e Pará..............................................................................................................101<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a<br />

carne de frango nos próximos 10 anos....................................................................................................141


Lista de Siglas<br />

ABPA<br />

Adapec<br />

AGETO<br />

Agrivita<br />

APL<br />

AVINTO<br />

BA<br />

BIRD<br />

BR<br />

CC<br />

CE<br />

CEPEA<br />

CI<br />

COFINS<br />

CONAB<br />

COP<br />

CST<br />

CT<br />

CUST<br />

D<strong>AS</strong><br />

DIPOA<br />

DPR<br />

EMAC<br />

EMBRAPA<br />

ES<br />

ESALQ<br />

EUA<br />

FAO<br />

FAPTO<br />

FCO<br />

FDCO<br />

FDE<br />

FICO<br />

Associação Brasileira de Proteína Animal<br />

Agências de Defesa Agropecuária<br />

Agência Tocantinense de Transporte e Obras<br />

Cooperativa Agroindustrial do Norte do Tocantins<br />

Arranjo Produtivo Local<br />

Associação dos Avicultores do Norte do Tocantins<br />

Bahia<br />

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

Brasil<br />

Custo de Capital<br />

Ceará<br />

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada<br />

Capital Investido<br />

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social<br />

Companhia Nacional de Abastecimento<br />

Custo Operacional<br />

Código de Situação Tributária<br />

Custo Total<br />

Custeio<br />

Documento de Arrecadação do Simples Nacional<br />

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal<br />

Depreciação<br />

European Marketing Academy<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

Espírito Santo<br />

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz<br />

Estados Unidos da América<br />

Food and Agriculture Organization of the United Nations<br />

Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins<br />

Fundo de Financiamento do Centro-oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento do Centro-oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

Ferrovia de Integração Centro-Oeste


FIESP<br />

FIETO<br />

FINAM<br />

FOB<br />

Funrural<br />

GC<br />

GESis<br />

GO<br />

Hab<br />

IBGE<br />

ICMS<br />

IES<br />

IFAMA<br />

IFTO<br />

Kg<br />

MA<br />

MAPA<br />

MB<br />

MG<br />

MOF<br />

MS<br />

MT<br />

NCM<br />

OCB<br />

OECD<br />

PA<br />

PAA<br />

PAC<br />

PDRIS<br />

PDRS<br />

PE<br />

PELT<br />

PEST<br />

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Fundo de Investimento na Amazônia<br />

Free on Board<br />

Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural<br />

Geração de Caixa<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais<br />

Goiás<br />

Habitantes<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços<br />

Instituição de Ensino Superior<br />

International Food and Agribusiness Management Association<br />

Instituto Federal do Tocantins<br />

Quilos<br />

Maranhão<br />

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

Margem Bruta<br />

Minas Gerais<br />

Custo da Mão de Obra Familiar<br />

Mato Grosso do Sul<br />

Mato Grosso<br />

Nomenclatura Comum do Mercosul<br />

Organização das Cooperativas Brasileiras<br />

Organisation for Economic Co-operation and Development<br />

Pará<br />

Programa de Aquisição de Alimentos<br />

Programa de Aceleração do Crescimento<br />

Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável<br />

Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

Pernambuco<br />

Plano Estadual de Logística e Transporte de Cargas<br />

Político-legal, Econômico-natural, Sociocultural e Tecnológico


Lista de Siglas<br />

PF<br />

PI<br />

PIB<br />

PINS<br />

PIS<br />

PNAE<br />

PNDR<br />

PR<br />

PRO<strong>DO</strong>ESTE<br />

PTS<br />

RAUSP<br />

RB<br />

RI<br />

RJ<br />

RS<br />

Ruraltins<br />

SAGs<br />

SAL<br />

SC<br />

SDA<br />

SEAB<br />

SEAGRO-TO<br />

SEBRAE<br />

SED<br />

SEDEN<br />

SEINFRA<br />

Senar<br />

SEPLAN-TO<br />

SIE<br />

SIF<br />

SIM<br />

SP<br />

Prestação do Financiamento<br />

Piauí<br />

Produto Interno Bruto<br />

Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis<br />

Programa de Integração Social<br />

Programa Nacional de Alimentação Escolar<br />

Política Nacional de Desenvolvimento Regional<br />

Paraná<br />

Programa de Desenvolvimento da Região Sudoeste do Estado do Tocantins<br />

Proteína Texturizada da Soja<br />

Revista de Administração da Universidade de São Paulo<br />

Receita Bruta<br />

Retorno sobre Investimento<br />

Rio de Janeiro<br />

Rio Grande do Sul<br />

Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins<br />

Sistemas Agroindustriais<br />

Salários<br />

Santa Catarina<br />

Secretaria de Defesa Agropecuária<br />

Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná<br />

Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

Secretaria do Desenvolvimento de Goiás<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do estado<br />

do Tocantins<br />

Secretaria de Infraestrutura do Tocantins<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />

Secretaria do Planejamento e Orçamento do Tocantins<br />

Serviço de Inspeção Estadual<br />

Serviço de Inspeção Federal<br />

Serviço de Inspeção Municipal<br />

São Paulo


TARE<br />

TO<br />

UFT<br />

USDA<br />

Termo de Acordo<br />

Tocantins<br />

Universidade Federal do Tocantins<br />

United States Department of Agriculture


agradecimentos<br />

As seguintes instituições e seus representantes, abaixo nominados por ordem alfabética,<br />

subsidiaram a elaboração do conteúdo do presente volume, seja dispondo-se a entrevistas,<br />

presenciais ou remotas, seja ofertando material de consulta e/ou análises, contribuições<br />

e sugestões, escritas ou orais, durante as diversas fases do estudo.<br />

instituição<br />

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - ADAPEC<br />

AGRO<strong>NO</strong>RTE RAÇÕES<br />

<strong>AS</strong>SEMBLEIA LEGISLATIVA<br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO <strong>DO</strong>S PRODUTORES RURAIS <strong>DO</strong> SU<strong>DO</strong>ESTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - APROEST<br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO DE AVICULTORES <strong>DO</strong> <strong>NO</strong>RTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - AVINTO<br />

COOPERATIVA AGROINDUSTRAIL <strong>DO</strong> <strong>NO</strong>RTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - AGRIVITA<br />

CÂMARA SETORIAL <strong>DO</strong> LEITE - <strong>TOCANTINS</strong><br />

CEREALISTA SANTA FÉ<br />

COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO ARAGUAIA - CDA<br />

DAPLAN – SERVIÇOS FLORESTAIS<br />

EMPRESA BR<strong>AS</strong>ILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA<br />

FAZENDA VALE <strong>DO</strong> BOI<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

representante<br />

Humberto Viana Camelo (Presidente)<br />

Jefferson Pessoa<br />

Marcia Helena da Fonseca<br />

Gilmar Gonçalves de Carvalho<br />

Helton W. Gonzaga<br />

Victor Rodrigues da Costa (Presidente)<br />

Raimundo Alves<br />

Edson Negreiros<br />

Marco Antonio Pitondo<br />

Sonia Mara Rodrigues Magalhães<br />

Wiliam Borges Reis<br />

Daniel Barbosa Leite<br />

Alexandre Alves de Freitas (Chefe Geral Interino)<br />

Alexandre Uhlmann<br />

Epaminondas de Andrade<br />

Ricardo Andrade<br />

Roberto Magno Martins Pires (Presidente)<br />

Amanda Barbosa<br />

Benedito A. da Silva<br />

José Roberto Fernandes<br />

Juarez Frota Martins<br />

Klébia Pontes


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

FRIGORÍFICO PIRACEMA<br />

FRIGORÍFICO TAMBORÁ<br />

GRA<strong>NO</strong>L INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A<br />

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - RURALTINS<br />

INSTITUTO EUVAL<strong>DO</strong> LODI <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – IEL/TO<br />

INSTITUTO NATUREZA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - NATURATINS<br />

INSTITUTO FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - IFTO<br />

LATICÍNIO CREMOLAT<br />

NGBR<br />

SERVIÇO BR<strong>AS</strong>ILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUEN<strong>AS</strong> EMPRES<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SEBRAE/TO<br />

SECRETARIA DA FAZENDA - SEFAZ<br />

SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA, HABITAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS - SEINF<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

Misael Amaral Farias<br />

Sergio Carlos F. Tavares<br />

Valteir Barbosa Rosa<br />

Andre Lee<br />

Jair Bataline<br />

Jardel Souto Brito Machado<br />

Andrey Chama da Costa<br />

Roseli F. Neves Sarmento (Superintendente)<br />

Herbert Brito (Presidente)<br />

Cesar William A. de Sousa<br />

Raquel Aparecida M. Lima<br />

Norival Pitondo<br />

Neilton Machado de Araujo<br />

José Carlos A. de Bessa<br />

André Luis Neves Rocha<br />

Paulo Antenor de Oliveira (Secretário)<br />

Alexandre Pereira de Carvalho<br />

Bárbara B. Oliveira<br />

Cristhyane Maria de Neiva<br />

Elizabete Soares de Araujo<br />

Fernando Batista Oliveira<br />

Saulo Barreira Silva<br />

Willane Queiroz Carvalho<br />

Sérgio Leão (Secretário)<br />

Maxuell N. Acácio<br />

Clemente Barros Neto (Secretário)<br />

Alexandre Godinho Cruz<br />

Antonio Cassio Oliveira Filho<br />

Arlete Amarylles R. Mascarenhas<br />

Arlete Leite Lima<br />

Arthur Emilio França


agradecimentos<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA - SEDEN<br />

SECRETARIA <strong>DO</strong> PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - SEPLAN<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM <strong>DO</strong> COOPERATIVISMO <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESCOOP/TO<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SENAI/TO<br />

Erika Jardim<br />

Fernando Dorta<br />

Hyago C. S. Tulio<br />

José Américo Vasconcelos<br />

José Humberto Oliveira<br />

Marcos Fernandes<br />

Ricardo Britto Taques<br />

Romão Miranda<br />

Silvio Reinaldo Oliveira<br />

Thadeu Teixeira Junior<br />

Thiago Chekudemiask S. Tulio<br />

Dearley Kühn (Secretário)<br />

Alexandro de Castro Silva (Secretario)<br />

Alan Rickson Andrade de Araujo<br />

Eremilson Leite<br />

Geanny Carlos de A. Pinheiro<br />

Marcondes Martins Gomes de Oliveira<br />

Paulo Marcelo Mendonça<br />

Tarcísio de Oliveira N. Cruz<br />

Vilmar Carneiro Wanderley<br />

David Torres (Secretário)<br />

Belizário Franco Neto<br />

Mauricio Fregonesi<br />

Maria Jose Andrade Leão de Oliveira<br />

Magnun Vinicius B. da Cruz<br />

Marcia Rodrigues de Paula (Diretora Regional)<br />

Dini Ribeiro Bezerra<br />

Gisleângela R. F. Lemos<br />

Leanne Carvalho Barbosa<br />

Vania Divina


SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA ALIMENTAÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA MADEIRA E <strong>DO</strong> MOBILIÁRIO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIMAM/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CERÂMICA <strong>PARA</strong> CONSTRUÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICER/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONFECÇÕES <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SICON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONSTRUÇÃO CIVIL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDUSCON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE RE<strong>PARA</strong>ÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUIN<strong>AS</strong>, AERONAVES<br />

E ACESSÓRIOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIREPA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S BENEFICIA<strong>DO</strong>RES DE ARROZ <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIATO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS<br />

<strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIPMME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> FRIGORÍFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICARNES/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> GRÁFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIG/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> METALÚRGIC<strong>AS</strong>, MECÂNIC<strong>AS</strong> E <strong>DO</strong> MATERIAL ELÉTRICO<br />

<strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> QUÍMIC<strong>AS</strong> E FARMACÊUTIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIQFAR/TO<br />

SOSUI<strong>NO</strong><br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UNITINS<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UFT<br />

VALOR DA LOGÍSTICA INTEGRADA - VLI<br />

Charles Alberto Elias (Superintendente)<br />

Claudizete Carneiro Santos (Presidente)<br />

Geová Pereira de Mendonça (Presidente)<br />

Esequiel de Sousa Milhomem (Presidente)<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo (Presidente)<br />

Bartolomé Alba Garcia (Presidente)<br />

José Febrônio da Silva (Presidente)<br />

Carlos Augusto Suzana (Presidente)<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomen (Presidente)<br />

Henrique Anselmo<br />

Oswaldo Stival Júnior (Presidente)<br />

George Henrique Aires Borges<br />

Gilson Ney Bueno Cabral<br />

Gliner de Souza Borges (Presidente)<br />

Mário de Castro Pillar (Presidente)<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Walter Atta R. Bittencourt Júnior (Presidente)<br />

Lucas Henrique<br />

Suely Cabral Quixabeira Araújo (Reitora)<br />

Ana Flávia de Gouveia Faria<br />

Deyse Mascarenhas<br />

Luis Eduardo Bovolato (Reitor)<br />

Gil Rodrigues dos Santos<br />

Jorge Luis Ferreira<br />

Kênia Ferreira Rodrigues<br />

Roberta Vaz<br />

Rodrigo A. Gomes de Oliveira<br />

Valdecy Rodrigues<br />

Orestes Souza


apresentação<br />

Metade do território do Estado do Tocantins tem potencial para a produção<br />

agrícola. A disponibilidade de recursos naturais, como água, biodiversidade,<br />

insolação e clima tropical, confere ao Tocantins um meio físico,<br />

extremamente favorável à agropecuária. Prova disso é o fato do Estado ocupar<br />

o 9º lugar no país na produção de soja, o 3º na de arroz e possuir o 11º rebanho<br />

bovino nacional.<br />

Além disso, o Tocantins integra a região Norte do país que, juntamente com<br />

as regiões Centro-Oeste e Nordeste, apresentaram na última década um crescimento<br />

econômico superior ao das regiões Sul e Sudeste, tradicionais líderes<br />

nacionais nesse quesito. Essa interiorização do desenvolvimento é um fenômeno<br />

ainda recente, mas reconfigura a atividade econômica do país e reforça<br />

o quadro de oportunidades do Estado.<br />

Mas o Estado precisa avançar, realizar esse potencial e aproveitar essas<br />

oportunidades. Explorar sua característica vocacional do ponto de vista logístico,<br />

criar programas oficiais de aproveitamento sustentável de seus recursos<br />

naturais, associar o macrossistema viário à industrialização das commodities<br />

agrícolas. A indústria de transformação da matéria-prima agrícola ampliará<br />

a participação do Tocantins no mercado global de alimentos, criará mais<br />

empregos de qualidade e divisas. Esta é uma construção coletiva, na qual o<br />

estado e a iniciativa privada têm missões definidas. Ao primeiro compete conceber<br />

e executar políticas públicas de estímulo e, ao segundo, aumentar sua<br />

produtividade e a qualidade de seus produtos.<br />

Foi com esta filosofia que a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

- FIETO, com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

do Estado do Tocantins – FDE, encarou o desafio de elaborar o presente estu-


do. Nele estão delineados os diagnósticos das principais cadeias produtivas<br />

do agronegócio tocantinense e seus mercados mundiais, nacionais e local;<br />

analisados os custos, as forças e as fraquezas de cada uma delas e, acima de<br />

tudo, apontados os projetos estratégicos e as diretrizes que deverão nortear o<br />

seu desenvolvimento.<br />

Agora sabemos o que precisamos fazer, o Estado e o segmento produtivo<br />

têm diante de si as rotas do desenvolvimento do mais importante segmento<br />

de sua economia. A indústria acredita que, idealmente, a governança desse<br />

desenvolvimento deverá ficar a cargo de um comitê de gestão formado pelos<br />

diversos agentes, públicos e privados, das cadeias produtivas aqui focalizadas.<br />

Pô-lo em marcha será, doravante, nosso dever de casa.<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Presidente


26<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

Introdução


federação das indústrias do estado do tocantins 27<br />

Este primeiro capítulo trata do método utilizado para o desenvolvimento<br />

do projeto cujo principal objetivo foi estudar as<br />

principais cadeias produtivas do estado do Tocantins, visando<br />

a identificação e desenvolvimento das suas potencialidades.<br />

O projeto Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do<br />

Agronegócio no Estado do Tocantins foi uma iniciativa da Federação<br />

das Indústrias do Estado do Tocantins - FIETO em<br />

parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico,<br />

Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado do Tocantins<br />

– SEDEN.<br />

Para tanto, foram destacados alguns pilares ou temas fundamentais,<br />

que pautam todo o estudo na busca da identificação<br />

de estratégias concisas e aderentes à realidade do estado.<br />

São eles: Marco Tecnológico, Associativismo e Cooperativismo,<br />

Uso da Terra, Desenvolvimento da Indústria Local e Instrumentos<br />

de Apoio Estaduais.<br />

Na primeira fase do projeto foram estudadas algumas cadeias<br />

que já possuem destaque no estado do Tocantins, mas<br />

que ainda têm muitas potencialidades a serem exploradas,<br />

sempre visando impulsionar o cenário econômico e social do<br />

estado. Foram elas as cadeias de Soja, Milho, Carne Bovina,<br />

Arroz, Piscicultura e Silvicultura.<br />

Para a segunda fase do projeto serão estudadas cadeias que<br />

ainda não possuem muita representatividade no estado e que


28<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

necessitam de estrutura para que seja possível explorar o potencial<br />

máximo de cada uma. São elas:<br />

• Suinocultura<br />

• Avicultura<br />

• Lácteos<br />

Para cumprir o objetivo proposto, foi utilizada metodologia<br />

de pesquisa já consolidada no setor do agronegócio para o desenvolvimento<br />

de planos estratégicos conhecida como Gestão<br />

Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis).<br />

1.1 Objetivos e métodos de trabalho<br />

Desenvolver planos para a melhoria contínua de um setor<br />

não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se trata de cadeias<br />

do agronegócio, que possuem características e complexidades<br />

específicas.<br />

Para organizar e analisar os dados coletados durante o desenvolvimento<br />

do presente trabalho, e propor ações condizentes<br />

com a realidade do estado e do seu posicionamento no<br />

cenário nacional e internacional, lançou-se mão da utilização<br />

do método GESis.<br />

O método GESis, desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcos Fava<br />

Neves, em 2004 vem sendo aplicado em diversas cadeias produtivas<br />

e aperfeiçoado a cada aplicação. No Brasil, o método<br />

já foi aplicado para as cadeias do trigo (2004), da laranja (2005,<br />

2007 e 2010), do leite (2006), da cana-de-açúcar (2009 e 2015),<br />

da carne bovina (2011), do algodão (2011, 2013 e 2017), de flores<br />

(2014), da carne suína (2016) e das hortaliças (2017). No<br />

contexto internacional o método também já foi utilizado para<br />

a cadeia do leite na Argentina (2007) e no Uruguai (2010) e da<br />

soja na Argentina (2012), além de outros usos na África do Sul<br />

e outros países.<br />

Contando com escopo semelhante ao do presente trabalho,<br />

o método GESis também foi adaptado e aplicado em oito cadeias<br />

produtivas do estado de Goiás sendo elas milho, soja,<br />

carne suína, carne de frango, carne bovina, couro, lácteos e<br />

cana-de-açúcar (2012).<br />

Além da grande repercussão dos estudos citados nas principais<br />

mídias, no meio acadêmico com diversas publicações<br />

nacionais e internacionais e mais de 15 livros, o método foi<br />

publicado pela Revista de Administração da Universidade de<br />

São Paulo (Rausp), International Food and Agribusiness Management<br />

Association (Ifama), European Marketing Academy<br />

(Emac) e no Journal of Chain and Network Science (Wageningen<br />

University, Holanda).<br />

Indo além das visões de cadeias produtivas e redes de empresas,<br />

os sistemas agroindustriais (SAGs) consideram também<br />

o ambiente institucional e as condições estruturais nas


federação das indústrias do estado do tocantins 29<br />

<br />

Figura 1.1<br />

Macroetapas do método GESis<br />

etapa 1<br />

Iniciativas de líderes,<br />

governos, institutos de<br />

pesquisa, universidades<br />

em planejar o futuro<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

etapa 2<br />

Descrição,<br />

mapeamento e<br />

quantificação<br />

de um sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 3<br />

Criação de uma<br />

organização<br />

vertical no sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 4<br />

Montagem de<br />

plano estratégico<br />

para o sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 5<br />

Administração<br />

dos projetos<br />

priorizados e<br />

elaboração de<br />

contratos<br />

Fonte: Neves (2008).<br />

quais essas relações acontecem. A grande contribuição dos<br />

estudos de sistemas agroindustriais é a sua utilização para o<br />

desenho de políticas públicas, organização de empresas e estruturação<br />

de estratégias corporativas, que ainda enfrentam<br />

o problema da falta de uma abordagem sistêmica, resultando<br />

em falhas no desenho de estratégias corporativas e organizacionais<br />

(ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).<br />

Cinco etapas fundamentais estruturam o método GE-<br />

Sis original. Cada etapa contém fases específicas que devem<br />

ser realizadas para chegar ao seu objetivo proposto. A<br />

Figura 1.1 ilustra as macroetapas do método GESis.<br />

A primeira etapa conta com a inciativa de líderes, governos,<br />

institutos de pesquisas, universidades ou outros agentes relacionados<br />

à cadeia produtiva na busca de planejar o futuro<br />

da cadeia em que se insere. A importância da primeira etapa<br />

se dá, tendo em vista que a aplicação do método de maneira<br />

coerente e efetiva deve contar com muitos agentes envolvidos,<br />

uma vez que os esforços e a mobilização de pessoas devem<br />

ser coletivos.<br />

Além da etapa 1, o método ainda conta com mais quatro<br />

etapas, porém, tendo em vista os objetivos do presente estudo,<br />

a aplicação do método nas cadeias produtivas do estado


30<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 1.2<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis<br />

Fase 1 Introdutória<br />

Fase 2 Planos dos vetores estratégicos<br />

1<br />

2<br />

4 5 6<br />

Projetos de<br />

produção, pesquisa e<br />

desenvolvimento e inovações<br />

11 12<br />

Introdução e entendimento<br />

Análise do<br />

mercado e do<br />

consumidor<br />

no enfoque de<br />

sistemas<br />

3<br />

Análise da situação<br />

interna e de<br />

concorrentes<br />

globais<br />

(benchmark)<br />

Objetivos para o sistema<br />

Estratégias para atingir os objetivos propostos<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Projetos de comunicação<br />

Projetos de distribuição e<br />

logística (incluindo exportações)<br />

Projetos de capacitação e<br />

recursos humanos<br />

Projetos de coordenação<br />

e adequação ao ambiente<br />

institucional<br />

Consolidação de planos estratégicos<br />

Orçamento do GESis<br />

Fonte: Neves (2008).


federação das indústrias do estado do tocantins 31<br />

do Tocantins limitou-se a aplicação das etapas 1 e 4, sendo a<br />

etapa 4 o principal foco do trabalho.<br />

A etapa 4 do método consiste no diagnóstico e montagem<br />

de um plano estratégico para os sistemas agroindustriais. Neves<br />

(2008) propõe que para a realização do plano estratégico<br />

são necessários 12 passos, que foram adaptados para a aplicação<br />

no estado do Tocantins. A Figura 1.2 ilustra os passos<br />

sugeridos.<br />

Tendo como base o método GESis, na sequência serão detalhadas<br />

as etapas que compuseram o desenvolvimento do<br />

presente projeto.<br />

1.1.1 Introdução e entendimento<br />

Para iniciar o trabalho, esta etapa envolveu o levantamento<br />

de materiais já existentes a respeito das cadeias<br />

estudadas, fossem esses específicos do Tocantins, ou materiais<br />

de contextualização de cadeias no cenário nacional<br />

e internacional.<br />

Um amplo conjunto de materiais foi levantado pelas secretarias<br />

estaduais do Tocantins. Além dos materiais, foi conduzida<br />

reunião inicial de sensibilização dos agentes relacionados<br />

às cadeias, na qual todo o escopo e método do trabalho<br />

foram apresentados e os potenciais membros que participariam<br />

da construção do trabalho puderam tirar suas dúvidas e<br />

entender o impacto do projeto para o estado e o papel de cada<br />

interlocutor na sua construção.<br />

1.1.2 Análise do mercado e enfoque de sistemas<br />

Esta etapa figura como a etapa inicial de diagnóstico, na<br />

qual foram mapeados o mercado internacional e nacional que<br />

a cadeia alvo do estudo está inserida. A análise contou com<br />

dados de produção, consumo, exportações e importações dos<br />

principais players do mercado internacional, além de mapear<br />

como o sistema agroindustrial está posicionado no mercado<br />

brasileiro, suas principais características regionais, as<br />

tendências de consumo e as projeções e expectativas para os<br />

próximos anos.<br />

Figurando como uma análise externa, esta etapa de contextualização<br />

é fundamental para que as estratégias sugeridas<br />

ao término do projeto sejam aderentes a atual realidade da<br />

cadeia nos mercados que se inserem.<br />

1.1.3 Análise da situação interna: o estado do Tocantins<br />

Utilizando como unidade de análise o estado do Tocantins,<br />

foi desenvolvido amplo diagnóstico das cadeias no estado<br />

por meio de diversas pesquisas e entrevistas presenciais e<br />

remotas.


32<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

Com relação às entrevistas presenciais, foram conduzidas<br />

com a Associação dos Avicultores do Norte do Tocantins (AVIN-<br />

TO), Cooperativa Agroindustrial do Norte do Tocantins (Agrivita),<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),<br />

a empresa Agronorte Logística e Agronegócios e a Universidade<br />

Federal do Tocantins (UFT).<br />

No total participaram das entrevistas sete pessoas, sendo<br />

três da AVINTO, uma da Agrivita, uma do Sebrae, uma da<br />

Agronorte e uma da UFT. Dentre os entrevistados estavam<br />

produtores, empresários, professores, diretorias da associações,<br />

entre outros. As entrevistas foram conduzidas nas cidades<br />

de Tocantinópolis e Araguaína.<br />

Os principais pontos levantados foram: características gerais<br />

da cadeia no estado, custo de produção, análise de viabilidade<br />

da cultura, associativismo e cooperativismo, exportações,<br />

indústria de processamento local, políticas estaduais<br />

de apoio ao desenvolvimento tecnológico, incentivos fiscais,<br />

preços de mercado e logística.<br />

Todos os pontos levantados, relativos à presente cadeia<br />

produtiva, foram analisados comparativamente com outros<br />

estados de grande destaque no cenário nacional. A análise<br />

comparativa, também conhecida como benchmarking, é um<br />

importante direcionador estratégico, uma vez que mostra casos<br />

e estratégias de sucesso que podem ser adaptadas para<br />

posterior implementação.<br />

1.1.4 Consolidação do diagnóstico<br />

Para resumir e apresentar o diagnóstico feito nas duas etapas<br />

anteriores de forma mais didática, algumas ferramentas<br />

de grande prestígio no meio acadêmico foram utilizadas sendo<br />

elas a análise macroambiental - PEST e o modelo das Cinco<br />

Forças de Porter.<br />

A utilização dessas duas ferramentas, além de guiar o levantamento<br />

das informações, permite uma melhor visualização<br />

dos dados para a tomada de decisões quanto ao presente<br />

e futuro da cadeia alvo do plano.<br />

A ferramenta PEST é amplamente utilizada no planejamento<br />

estratégico de organizações para a identificação das ameaças<br />

e oportunidades derivadas do ambiente político-legal,<br />

econômico-natural, sociocultural e tecnológico.<br />

Já o modelo das Cinco Forças de Porter consiste na análise<br />

das informações considerando a Rivalidade entre os Concorrentes,<br />

a Ameaça de Novos Entrantes, a Ameaça de produtos<br />

Substitutos, o Poder de Barganha dos Fornecedores e o Poder<br />

de Barganha dos Compradores (PORTER, 1980; PORTER, 1998).<br />

1.1.5 Objetivos para a cadeia e estratégias centrais<br />

Após estudar as cadeias produtivas e entender seu posicionamento<br />

e competitividade no estado do Tocantins, é fun-


federação das indústrias do estado do tocantins 33<br />

damental determinar os objetivos que devem ser buscados<br />

por meio do delineamento de ações estratégicas. Esta etapa<br />

envolveu a definição do posicionamento estratégico para as<br />

cadeias, a definição de missão e visão e o estabelecimento de<br />

metas para os próximos 10 anos.<br />

Tendo como base o posicionamento almejado do estado,<br />

foram determinados pilares e ações estratégicas que devem<br />

guiar os próximos passos das cadeias produtivas no estado<br />

do Tocantins.


34<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

Análise de Mercado


federação das indústrias do estado do tocantins 35<br />

2. 1. Análise do mercado internacional<br />

2. 1. 1. Produção mundial de carne de aves<br />

A carne de frango é um dos alimentos mais consumidos no<br />

mundo. O rápido ciclo de crescimento dos animais e o custo,<br />

relativamente baixo, de instalação de produção fazem com<br />

que a avicultura esteja presente na maioria dos países. Além<br />

disso, ovos e carne de frango são excelentes fontes de proteína,<br />

vitaminas e minerais, tendo papel importante, principalmente,<br />

em dietas de países em desenvolvimento.<br />

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados<br />

Unidos (USDA, 2018a), a produção mundial de aves cresceu<br />

de maneira consistente na última década. Conforme apresentado<br />

no Gráfico 2.1, em 2007, a produção mundial foi de 69,5<br />

milhões de toneladas de aves, passando para 90,2 milhões de<br />

toneladas em 2017, um crescimento de 29,6% no período.<br />

No cenário internacional, os cinco maiores países produtores<br />

de carne de frango concentram juntos 66% de toda a oferta mundial,<br />

conforme apresentado na Tabela 2.1. Essa concentração em<br />

polos produtores faz com que a demanda mundial pelo produto<br />

seja bastante dependente do desempenho desses países.<br />

Apesar de não estar no ranking dos cinco maiores produtores,<br />

a Rússia, que ocupa a sexta posição, apresentou um crescimento<br />

surpreendente de 174% em sua produção de carne<br />

de frango nos últimos dez anos, passando de uma produção


36<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.1<br />

Evolução da produção mundial de aves.<br />

90.000<br />

29,6%<br />

80.000<br />

70.000<br />

milhares de toneladas<br />

60.000<br />

50.000<br />

40.000<br />

30.000<br />

69.588<br />

72.850<br />

73.719<br />

78.041<br />

81.199<br />

83.333<br />

84.407<br />

86.765<br />

89.126<br />

89.098<br />

90.175<br />

20.000<br />

10.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados do USDA (2018a).<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.1<br />

Principais produtores mundiais de carne de frango (mil toneladas)<br />

País 2007 2017 Variação<br />

Estados Unidos 16.226 18.596 15%<br />

Brasil 10.305 13.250 29%<br />

União Europeia 8.320 11.700 41%<br />

China 11.291 11.600 3,0%<br />

Índia 2.240 4.400 96%<br />

Fonte: USDA (2018a).<br />

de 1.410 milhões de toneladas em 2007, para 3.870 milhões<br />

de toneladas em 2017. Somente entre os anos de 2014 e 2015,<br />

o país teve um aumento de 10% em sua produção. Este aumento<br />

gradual da produção de carne de frango é resultado<br />

de medidas adotadas pelo governo russo neste período para<br />

estimular o setor privado a investir na avicultura, a fim de reduzir<br />

importações. Apesar desse grande avanço, a representatividade<br />

do país no setor ainda é baixa, produzindo apenas<br />

4,3% da produção mundial.


federação das indústrias do estado do tocantins 37<br />

ÛÛ<br />

R$ milhões<br />

Gráfico 2.2<br />

Evolução dos maiores produtores de<br />

carne de frango na última década.<br />

20.000<br />

18.000<br />

16.000<br />

14.000<br />

12.000<br />

10.000<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Estados Unidos Brasil União Européia China Índia<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados do USDA (2018a).<br />

O Gráfico 2.2 demonstra a evolução da produção dos principais<br />

produtores de carne de frango. Dentre os cinco maiores<br />

produtores, a Índia, que ocupa a 5ª posição no ranking<br />

mundial, foi a que apresentou, proporcionalmente, o maior<br />

crescimento, quase dobrando a produção no período e hoje<br />

representa 4,9% da produção mundial de carne de frango.<br />

Nota-se que a partir do ano de 2012, a China, até então a segunda<br />

maior produtora, passa a ter um decréscimo nas quantidades<br />

de carne de frango produzida, perdendo em 2016 a<br />

posição para o Brasil e posteriormente, em 2017, para a União<br />

Europeia. Essa queda de produção pode ser atribuída, em essência,<br />

à incidência da influenza aviária. Apesar de a doença<br />

ter afetado também Europa, Estados Unidos e outros países<br />

da Ásia, a China foi impactada de maneira mais aguda, de tal<br />

forma que ocorreram grandes reduções de plantéis na tentativa<br />

de contenção do surto.<br />

A Figura 2.1 apresenta os cinco países de maior produção<br />

de carne de frango. No ano de 2017 os Estados Unidos permaneceram<br />

como os maiores produtores, seguidos pelo Brasil,<br />

União Europeia e China.<br />

Frente as outras proteínas de origem animal, a produção<br />

de carne de frango mundial também foi a que apresentou<br />

maior crescimento nos últimos dez anos. Como se pode ver<br />

no Gráfico 2.3, a produção de carne de frango teve um acréscimo<br />

de 29,6%, contra 18% da carne suína e de apenas 4,4%<br />

da carne bovina. O Gráfico 2.3 apresenta a evolução da produção<br />

dos principais tipos de carne nos últimos dez anos.<br />

2. 1. 2. Consumo mundial de carne de aves<br />

O consumo mundial de carne de frango, apresentou um<br />

crescimento de aproximadamente 28% em um histórico de


38<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 2.1<br />

Produção de carne de frango por país no ano de 2017.<br />

Produção mundial de<br />

carne de frango em 2017<br />

90,17 milhões de toneladas<br />

3° Estados Unidos<br />

Produção: 18,6<br />

Participação: 20,6%<br />

5° Brasil<br />

Produção: 13,2<br />

Participação: 14,7%<br />

3° UE<br />

Produção: 11,7<br />

Participação: 13,0%<br />

5° Índia<br />

Produção: 4,4<br />

Participação: 4,9%<br />

5° China<br />

Produção: 11,6<br />

Participação: 12,9%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados do USDA (2018a).<br />

dez anos, como exemplificado no Gráfico 2.4.<br />

Como observado na Figura 2.2, os cinco principais países<br />

consumidores tiveram uma participação de 52 milhões de<br />

toneladas, o que representa 59% de toda a demanda mundial.<br />

Os Estados Unidos continuam em primeiro lugar também<br />

no consumo, demandando 17,7% de toda carne de<br />

frango produzida no mundo.<br />

O consumo mundial de carne de frango apresentou um<br />

crescimento de 27,2% na última década. Comparando esse<br />

valor ao consumo de outras proteínas animais, veremos que<br />

o setor avícola vem ganhando destaque. O consumo de carne<br />

suína, por exemplo, cresceu 17,7%, enquanto o de carne bovina<br />

apresentou crescimento de apenas 1,9%.<br />

O consumo de carnes está projetado para continuar au-


federação das indústrias do estado do tocantins 39<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.3<br />

Evolução da produção por tipos de carne nos últimos dez anos.<br />

mil toneladas<br />

120.000<br />

110.000<br />

100.000<br />

90.000<br />

80.000<br />

70.000<br />

60.000<br />

50.000<br />

40.000<br />

Carne bovina Carne suína Carne avícola<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados do USDA (2018a).<br />

mentando nos próximos anos. A carne de frango é a que possui<br />

maior perspectiva de crescimento, com uma projeção de<br />

1,9% ao ano, enquanto as carnes bovina e suína têm perspectiva<br />

de crescimento aproximado a 1% ao ano.<br />

2. 1. 3. Exportações e importações de carne de aves<br />

Como pode ser visto na Tabela 2.2, no ano de 2017 foram<br />

exportadas, no mundo, 11,07 milhões de toneladas de carne<br />

de frango. Destas, 4,0 milhões de toneladas (cerca de 36% do<br />

total) foram provenientes do Brasil, fazendo com que o país<br />

permaneça na posição de maior exportador do mundo. O segundo<br />

maior exportador são os Estados Unidos, seguido pela<br />

União Europeia e pela Tailândia.<br />

Dados do CEPEA (2018) demonstram que a produção brasileira<br />

de carne de frango deve aumentar em 3,34% em 2018,<br />

sendo que a demanda interna por essa proteína deverá crescer<br />

em nível menor (cerca de 1,5%). Sendo assim, o Brasil terá<br />

um excedente ainda maior na produção de carne avícola, o<br />

qual proporcionará uma oportunidade para que o país aumente<br />

suas exportações, desde que continue cumprindo os<br />

requisitos sanitários exigidos por países demandantes.


40<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.4<br />

Histórico do consumo mundial de carne de frango.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.2<br />

Principais exportadores de carne de frango.<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

69,3<br />

71,9<br />

72,8<br />

76,8<br />

79,8<br />

81,7<br />

82,9<br />

85,2<br />

87,4<br />

87,5<br />

88,6<br />

Exportações mundiais de carne de frango (em milhões toneladas)<br />

País 2016 2017 Variação<br />

Brasil 3,89 4,00 2,85%<br />

Estados Unidos 3,01 3,09 2,55%<br />

Em milhões de toneladas<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

União Europeia 1,28 1,25 -2,04%<br />

Tailândia 0,69 0,77 11,59%<br />

China 0,39 0,40 3,63%<br />

Turquia 0,30 0,36 21,62%<br />

Ucrânia 0,24 0,30 27,12%<br />

20<br />

10<br />

Argentina 0,16 0,19 17,09%<br />

Bielorrússia 0,15 0,15 0,00%<br />

Canadá 0,13 0,14 4,48%<br />

0<br />

Outros 0,46 0,43 -6,52%<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018a).<br />

TOTAL 10,68 11,07 3,62%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados do USDA (2018a).<br />

A China deve ser o principal país de destino devido ao aumento<br />

da demanda. Segundo Departamento de Agricultura<br />

dos Estados Unidos (USDA), a China irá aumentar suas importações<br />

em aproximadamente 7%, somente em 2018. Além<br />

disso, importantes players mundiais passam por problemas<br />

no plantel de frango com a gripe aviária, proporcionando assim<br />

uma grande oportunidade para que o Brasil possa suprir<br />

essa demanda.<br />

As exportações de carnes dos principais países produtores<br />

aumentarão em 2,3% ao ano, gerando um acréscimo de 6,6<br />

milhões de toneladas até 2027 (USDA, 2018b). Como podemos<br />

ver pelo Gráfico 2.5, ao longo do período projetado, as expor-


federação das indústrias do estado do tocantins 41<br />

<br />

Figura 2.2<br />

Consumo de carne de frango por país no ano de 2017.<br />

Consumo de carne de<br />

frango mundial em 2017<br />

88,13 milhões de toneladas<br />

1° Estados Unidos<br />

Produção: 15,6<br />

Participação: 71,1%<br />

4° Brasil<br />

Produção: 9,2<br />

Participação: 42,2%<br />

3° UE<br />

Produção: 11,2<br />

Participação: 51,0%<br />

5° Índia<br />

Produção: 4,4<br />

Participação: 20,1%<br />

2° China<br />

Produção: 11,6<br />

Participação: 53,2%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados do USDA (2018a).<br />

tações de carne de frango crescerão em 3,2 milhões de toneladas<br />

(2,9% ao ano), as de carne bovina 1,9 milhão de toneladas<br />

(2,1% ao ano) e as de suínos 1,5 milhão de toneladas (1,9% ao<br />

ano) (USDA, 2018b).<br />

A Tabela 2.3 apresenta os principais importadores de carne<br />

de frango. Em 2017 o Japão foi o país que mais comprou<br />

carne de frango estrangeira, seguido pela Arábia Saudita e<br />

pelo México. É importante salientar a situação da China no<br />

mercado internacional. Entre 2015 e 2017 os chineses aumentaram<br />

suas importações em 67,9%. Além das doenças<br />

citadas anteriormente, a baixa disponibilidade de reprodutores<br />

no país ocasionada por um longo período de proibição<br />

de importação de material genético de países como Estados<br />

Unidos e França (que também foram afetados pela influenza


42<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.5<br />

Exportações mundiais de carne avícola, bovina e suína¹.<br />

Milhões de toneladas<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Frangos Bovinos Suínos<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2027<br />

¹Dados baseados nos principais exportadores / Fonte: USDA (2018b).<br />

aviária) fez com que a disponibilidade de carne de frango na<br />

China ficasse muito baixa, assim, aumentando a necessidade<br />

de importação.<br />

A projeção das importações mundiais de carne de frango é<br />

de crescimento, com um aumento de 2,6 milhões de toneladas<br />

(24%), totalizando a marca de 13,3 milhões de toneladas<br />

em 2026. No Gráfico 2.6 é possível notar de quais regiões esse<br />

crescimento virá.<br />

A perspectiva de crescimento é mundial, entretanto África<br />

Subsaariana, Oriente Médio, América Latina/Caribe e Ásia são<br />

as regiões que apresentarão maior crescimento das importações<br />

no período analisado. Aumento da renda e crescimento<br />

da população são os principais fatores para a maior demanda<br />

por importação nestes países. A Rússia continuará diminuindo<br />

as importações de carne de frango devido à restrições geradas<br />

por políticas internas (USDA, 2018b).<br />

2. 2. Análise do mercado nacional<br />

2. 2. 1. Produção e consumo brasileiro de carne de aves<br />

O destaque do Brasil no mercado mundial de aves é notório:<br />

segundo maior produtor de carne de frango e maior exportador<br />

mundial (USDA, 2018a).


federação das indústrias do estado do tocantins 43<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.3<br />

Principais importadores de carne de frango.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.6<br />

Importações mundiais de carne avícola.<br />

Importações mundiais de carne de frango (mil toneladas)<br />

País 2016 2017 Variação<br />

Japão 973 995 2,3%<br />

Arábia Saudita 886 780 -12,0%<br />

México 791 750 -5,2%<br />

União Europeia 761 720 -5,4%<br />

Iraque 661 610 -7,7%<br />

África do Sul 504 500 -0,8%<br />

Milhões de toneladas<br />

13<br />

12<br />

11<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

África Subsaariana<br />

Outros países do Oriente Médio<br />

Arábia Saudita<br />

América Latina, Caribe<br />

México<br />

União Européia<br />

Rússia<br />

China & Hong Kong<br />

Ásia Oriental<br />

China 430 450 4,7%<br />

3<br />

Hong Kong 344 390 13,4%<br />

Emirados Árabes 296 340 14,9%<br />

Cuba 233 300 28,8%<br />

2<br />

1<br />

0<br />

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2027<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados do USDA (2018a).<br />

¹Dados baseados nos principais importadores. / Fonte: USDA (2018b).<br />

Para a ABPA (2018), isso se deve, em parte, ao investimento e<br />

utilização de tecnologias como: a genética, o manejo, a ambiência<br />

adequada e a interação de grandes elos da cadeia produtiva<br />

com a indústria, os fornecedores de insumos e facilitadores.<br />

Nas granjas brasileiras, a excelência tecnológica em genética,<br />

manejo e ambiência garantiram saltos produtivos que<br />

colocaram o país como segundo maior produtor mundial de<br />

carne de frango, com mais de 13 milhões de toneladas anuais<br />

(USDA, 2018a).<br />

O Gráfico 2.7 apresenta a evolução do efetivo de galináceos<br />

no Brasil. O plantel de aves nacional apresentou crescimento<br />

de 34% no período entre 2006 e 2016. Contudo, esse número<br />

não é tão significativo quando analisado o valor médio ao<br />

ano que é 2,67%. Isso ocorre porque nos dois primeiros anos


44<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.7<br />

Evolução do efetivo de galináceos no Brasil.<br />

2.000<br />

milhares de toneladas<br />

1.800<br />

1.600<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

1.012<br />

1.128<br />

1.199<br />

1.230<br />

1.239<br />

34%<br />

1.268<br />

1.245<br />

1.247<br />

1.321<br />

1.326<br />

1.352<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados do IBGE (2017).<br />

da série ocorreu um crescimento bastante acentuado que foi<br />

sucedido por uma estabilização no número de aves. Essa tendência<br />

de estabilização reflete o número de aves em cada uma<br />

das macrorregiões brasileiras, conforme pode ser observado<br />

no Gráfico 2.8.<br />

Houve um crescimento elevado no plantel, resultante<br />

do processo de reestruturação industrial do país iniciado<br />

nos anos 70 e que se intensificou entre 1990 e 2007.<br />

A partir disso, poucas variações significativas ocorreram.<br />

Vale o destaque para duas regiões específicas: Sul, que no<br />

início da década de 80 se consolidou como maior criadora<br />

nacional de frangos; e Centro-Oeste, que no início do período<br />

apresentado pelo gráfico possuía apenas 16 milhões<br />

de aves e ao final de 2016 já assumia a terceira colocação<br />

nacional com cerca de 170 milhões de aves. Além disso, o<br />

Centro-Oeste é uma das regiões que manteve uma taxa de<br />

crescimento interessante, mesmo nos períodos mais recentes.<br />

Apesar do expressivo crescimento no plantel, nenhum dos<br />

estados que compõem a região Centro-Oeste, se caracteriza


federação das indústrias do estado do tocantins 45<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.8<br />

Evolução do efetivo de galináceos por macrorregião brasileira.<br />

700<br />

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste<br />

600<br />

500<br />

Milhões de aves<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

1974<br />

1976<br />

1978<br />

1980<br />

1982<br />

1984<br />

1986<br />

1988<br />

1990<br />

1992<br />

1994<br />

1996<br />

1998<br />

2000<br />

2002<br />

2004<br />

2006<br />

2008<br />

2010<br />

2012<br />

2014<br />

2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base em IBGE (2017).<br />

como um dos cinco maiores em número de frangos do país.<br />

O ranking é liderado pelos estados das regiões Sul e Sudeste.<br />

A Figura 2.3 ilustra o plantel por estado brasileiro em 2016.<br />

Todos os estados da região Sul estão contemplados no<br />

ranking dos cinco maiores, com destaque para o Paraná, que<br />

em 2016, foi o líder nacional em número de aves com quase<br />

350 milhões de frangos.<br />

Outro ponto de destaque é a concentração do plantel brasileiro:<br />

quase 70% dos animais se localizam nesses cinco estados,<br />

que têm grandes populações urbanas e, portanto, maior<br />

consumo.<br />

As aves podem ser divididas em dois segmentos: de postura<br />

(produção de ovos) e de corte (produção de carne). O Brasil<br />

se destaca como importante produtor no cenário mundial<br />

nas duas modalidades, portanto é necessário compreender<br />

melhor a dinâmica interna dessas cadeias.


46<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 2.3<br />

Plantel de frangos por estado brasileiro em 2016.<br />

15º Tocantis<br />

13.608.094 aves<br />

5º Minas Gerais<br />

120.820.651 aves<br />

2º São Paulo<br />

197.562.326 aves<br />

1º Paraná<br />

335.082.396 aves<br />

4º Rio Grande do Sul<br />

137.351.143 aves<br />

3º Santa Catarina<br />

140.146.082 aves<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base em IBGE (2017).<br />

A produção de carne de frango segue, em linhas gerais, a<br />

distribuição das aves no território nacional. Novamente, os<br />

estados da região Sul e Sudeste se destacam nesse quesito<br />

como é apontado no Gráfico 2.9.<br />

Apesar da expressividade da região Sudeste, nos últimos<br />

anos essa foi a região que mais perdeu percentual de participação<br />

na produção total de carne de frango no Brasil. Por<br />

outro lado, quem cresceu em expressividade foi, em maior<br />

parte, a região Centro-Oeste. Já o Sul, entre 2010 e 2017, se<br />

consolidou ainda mais como região mais importante da avicultura,<br />

sendo responsável por mais da metade da produção<br />

nacional. A Tabela 2.4 ilustra a participação regional na produção<br />

de carne de frango.<br />

Apesar de ainda pouco significativa perante o total nacio-


federação das indústrias do estado do tocantins 47<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.9<br />

Produção regional de carne de frango*.<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.803<br />

7.183<br />

6.975<br />

6.795<br />

7.218<br />

7.549<br />

7.430<br />

7.510<br />

7.653<br />

6.000<br />

mil toneladas<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

204<br />

1.061<br />

2.832<br />

1.413<br />

214<br />

962<br />

3.023<br />

1.482<br />

232<br />

1.158<br />

2.675<br />

1.605<br />

218<br />

1.040<br />

2.341<br />

1.915<br />

255<br />

1.042<br />

2.385<br />

1.791<br />

264<br />

1.056<br />

2.486<br />

1.791<br />

260<br />

1.003<br />

2.402<br />

1.815<br />

275<br />

1.078<br />

2.519<br />

1.868<br />

289<br />

1.119<br />

2.521<br />

1.970<br />

0<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017** 2018**<br />

norte nordeste SUDESTE SUL centro-oeste<br />

* Os dados estimados consideram o rendimento médio de carcaça. / ** Previsão IEG|FNP. / Fonte: elaborado por Markestrat com base em IEG | FNP (2018)<br />

nal, a região Norte do país ganhou 0,4 pontos porcentuais de<br />

participação enquanto que a região Nordeste decresceu 0,5<br />

pontos porcentuais, o que pode mostrar uma leve tendência<br />

de migração da produção de carne de frango entre essas regiões.<br />

A Tabela 2.5 demonstra o ranking dos principais estados<br />

produtores de carne de frango, incluindo o Tocantins.<br />

Nos últimos sete anos, os estados que tiveram maior crescimento<br />

foram Mato Grosso, com um expressivo crescimento<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.4<br />

Participação regional na produção de carne de frango*.<br />

Participação por região (%)<br />

Região 2010 2017**<br />

Sul 55,3% 56,7%<br />

Sudeste 23,0% 19,0%<br />

Centro Oeste 11,5% 14,1%<br />

Nordeste 8,6% 8,1%<br />

Norte 1,7% 2,1%<br />

* Os dados estimados consideram o rendimento médio de carcaça. / ** Previsão IEG|FNP.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base em IEG | FNP (2018).


48<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.5<br />

Ranking de estados produtores de carne de frango em toneladas*.<br />

Posição Estado 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017**<br />

Variação<br />

2010 – 2017<br />

1 PR 2.859.853 3.019.576 3.254.490 3.232.680 3.470.741 3.770.206 3.832.617 3.934.729 38%<br />

2 SC 2.178.247 2.299.902 2.072.481 1.909.045 2.002.617 1.973.874 1.873.600 1.914.320 -12%<br />

3 RS 1.764.569 1.863.120 1.648.313 1.652.821 1.745.101 1.804.662 1.723.296 1.661.349 -6%<br />

4 SP 1.651.515 1.762.705 1.500.886 1.235.125 1.183.426 1.202.309 1.177.352 1.254.264 -24%<br />

5 MG 910.977 972.309 888.270 809.129 912.985 995.633 989.649 1.035.310 14%<br />

6 GO 656.575 688.496 779.379 949.364 840.699 830.996 802.955 811.810 24%<br />

7 MT 284.907 298.758 362.431 456.275 481.160 485.322 495.990 510.096 79%<br />

8 MS 290.712 304.845 296.347 352.640 308.091 308.859 347.723 373.458 28%<br />

9 PE 296.143 268.592 296.035 251.731 245.281 245.464 254.282 307.119 4%<br />

10 BA 249.637 226.412 342.765 283.819 276.757 290.771 270.906 274.067 10%<br />

18 TO 41.014 43.099 64.929 59.113 80.607 61.616 67.507 56.681 38%<br />

* Os dados estimados consideram o rendimento médio de carcaça. / **Projeções IEG |FNP. / Fonte: elaborado por IEG|FNP (2018) com dados de APINCO (alojamento) e ABPA.<br />

de 79%, Paraná e Tocantins, ambos com 38%. Outros estados<br />

que apresentaram taxas interessantes foram o Mato Grosso<br />

do Sul e Goiás, contribuindo para a evolução da região Centro-Oeste.<br />

Apesar de Santa Catarina ter apresentado uma redução<br />

de 12% na produção de carne de frango, os estados da região<br />

Sul foram responsáveis por 63,83% do abate nacional<br />

de frango em 2016, de acordo com a ABPA (2017). A<br />

Figura 2.4 apresenta a representatividade dos estados no<br />

abate de frango.<br />

Quanto ao consumo de carne de frango, a relação quilo por<br />

habitante vem se mantendo estável na última década, tendo<br />

apresentado um crescimento mais expressivo nos anos de<br />

2010 e 2011, conforme ilustra a Tabela 2.6.


federação das indústrias do estado do tocantins 49<br />

<br />

Figura 2.4<br />

Representatividade do abate de frango por estado em 2016.<br />

pará<br />

0,63%<br />

rondônia<br />

0,18%<br />

mato grosso<br />

4,21%<br />

mato grosso do sul<br />

3,06%<br />

São Paulo<br />

9,33%<br />

paraná<br />

33,46%<br />

santa catarina<br />

16,06%<br />

rio grande do sul<br />

14,11%<br />

piauí<br />

0,11%<br />

paraíba<br />

0,38%<br />

pernambuco<br />

0,86%<br />

bahia<br />

0,74%<br />

distrito federal<br />

1,18%%<br />

goiás<br />

6,71%<br />

espírito santo<br />

0,60%<br />

minas gerais<br />

7,88%<br />

Fonte: ABPA (2017).<br />

Como pode ser visto nos dados da ABPA (2017), o consumo<br />

de 2007, aproximadamente 37 kg/hab/ano, teve um acréscimo<br />

de 11% em dez anos, atingindo 41,1 kg/hab/ano em 2016.<br />

Vale citar o pico de consumo do período em 2011, quando o<br />

brasileiro consumiu mais de 47 kg/hab/ano.<br />

Esse crescimento pode ser considerado tímido quando<br />

comparado ao aumento de produção, o que sugere possibilidade<br />

de crescimento das exportações como será abordado no<br />

próximo capítulo.<br />

2. 2. 2. Projeções de produção e consumo<br />

O ano de 2017 foi marcado pela recuperação do mercado de<br />

aves após a quebra da safra de milho em 2016 que resultou no


50<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.6<br />

Consumo per capita de frango<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.10<br />

Projeções de produção e consumo de carne de frango.<br />

Ano Consumo (kg/hab) Variação<br />

2007 37,02<br />

2008 38,47 3,9%<br />

13,0<br />

Produção<br />

13,2<br />

13,5<br />

Consumo Doméstico<br />

13,8<br />

14,0<br />

14,3<br />

14,6<br />

14,9<br />

15,2<br />

15,5<br />

15,8<br />

2009 38,4w7 0,0%<br />

2010 44,09 14,6%<br />

2011 47,38 7,5%<br />

2012 45,00 -5,0%<br />

2013 41,80 -7,1%<br />

milhões de toneladas<br />

9,1<br />

9,2<br />

9,4<br />

9,5<br />

9,7<br />

9,8<br />

10,0<br />

10,2<br />

10,4<br />

10,6<br />

10,7<br />

2014 42,78 2,3%<br />

2015 43,25 1,1%<br />

2016 41,10 -5,0%<br />

2017<br />

2018<br />

2019<br />

2020<br />

2021<br />

2022<br />

2023<br />

2024<br />

2025<br />

2026<br />

2027<br />

Fonte: ABPA (2017)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados da FIESP (2017).<br />

aumento do preço do principal insumo para a alimentação desses<br />

animais e, consequentemente, no custo de sua produção.<br />

Apesar disso, o Brasil conseguiu se manter entre os principais<br />

produtores de carne de frango do mundo, também<br />

devido a fatores como a ausência da gripe aviária que atinge<br />

alguns países da Europa e Ásia, sendo que as projeções para<br />

os próximos anos são ainda mais otimistas.<br />

Para os próximos anos, as projeções indicam tendência de<br />

crescimento. O Gráfico 2.10 mostra a evolução da produção e do<br />

consumo de carne de frango no Brasil nos próximos dez anos.<br />

Estima-se que, até 2027 o país estará produzindo cerca de 15,8<br />

milhões de toneladas, uma variação de 21,9% em relação a 2017.


federação das indústrias do estado do tocantins 51<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.11<br />

Projeção da participação regional na produção<br />

de carne de frango no ano de 2027.<br />

CENTRO-OESTE<br />

SUDESTE<br />

<strong>NO</strong>RTE<br />

<strong>NO</strong>RDESTE<br />

19%<br />

1%<br />

4%<br />

15%<br />

61%<br />

SUL<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com dados da FIESP (2017).<br />

Apesar da expectativa de crescimento da produção, a participação<br />

de cada região do país no cenário avícola não deve<br />

ter grandes alterações nos próximos dez anos FIESP (2017). A<br />

participação esperada está ilustrada no Gráfico 2.11.<br />

As projeções sobre consumo de carne de frango são otimistas<br />

comparadas às de carne suína e, principalmente, bovina.<br />

É previsto um aumento de 29,5% no consumo de carne de<br />

frango nos próximos dez anos, enquanto carne suína e bovina<br />

terão aumento de 28,9% e 15,8%, respectivamente, conforme<br />

apresentado na Tabela 2.7.<br />

Ovos<br />

Assim como na produção de carne de frango, os estados das<br />

regiões Sudeste e Sul também dominam o ranking da produção<br />

de ovos. Mato Grosso, Tocantins e Pernambuco apresentam<br />

taxas aceleradas de crescimento nos últimos 10 anos (IBGE,<br />

2017). A Figura 2.5 ilustra a produção de ovos por estados.<br />

Contudo, o IBGE (2017), mostra que São Paulo é o estado<br />

líder de produção com quase 27% do total produzido no país<br />

em 2016 (3,82 bilhões de dúzias). Ainda segundo o órgão, o<br />

Espírito Santo é outro estado da região que tem grande força<br />

na produção de ovos, mesmo não possuindo grande destaque<br />

na produção da carne de frango.<br />

De acordo com FIESP (2018), a produção de ovos sofrerá um<br />

aumento de 37,9% nos próximos 10 anos, sendo que o consumo<br />

interno também irá aumentar na mesma proporção.<br />

2. 2. 3. Frigoríficos, exportações e importações<br />

Das 13,2 milhões de toneladas produzidas pelo Brasil no<br />

ano de 2017, cerca de 70% permaneceu no Brasil para aten-


52<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.7<br />

Projeção de consumo de carnes (mil toneladas).<br />

Ano<br />

Carne Bovina Carne Suína Carne de Frango<br />

Projeção Limite Superior Projeção Limite Superior Projeção Limite Superior<br />

2017 7.740 2.917 9.162<br />

2018 7.744 8.559 3.058 3.422 9.432 10.100<br />

2019 8.120 9.273 3.176 3.689 9.703 10.647<br />

2020 8.063 9.383 3.264 3.893 9.973 11.129<br />

2021 8.234 9.702 3.312 3.976 10.243 11.578<br />

2022 8.406 10.023 3.370 4.067 10.514 12.006<br />

2023 8.565 10.216 3.441 4.169 10.784 12.419<br />

2024 8.567 10.251 3.529 4.306 11.054 12.820<br />

2025 8.754 10.503 3.612 4.436 11.324 13.213<br />

2026 8.879 10.691 3.690 4.559 11.595 13.598<br />

2027 8.963 10.826 3.761 4.665 11.865 13.976<br />

Variação 15,80% 28,93% 29,50%<br />

* Modelos utilizados: para carne bovina e suína modelo ARMA e para carne de frango modelo PA. / Fonte: elaborado por MAPA (2017).<br />

der o mercado doméstico, o restante da produção teve como<br />

destino o mercado externo. A Figura 2.6 ilustra o uso e destino<br />

da carne de frango brasileira.<br />

Apesar de apenas 29,5% da produção de frangos brasileira<br />

ter sido destinada ao mercado externo em 2017, o Brasil figura<br />

como principal exportador desse tipo de carne no mundo,<br />

sendo responsável por 36,1% da oferta mundial (USDA,<br />

2018a; BR<strong>AS</strong>IL, 2018). A principal forma de exportação é a<br />

carne já processada em cortes e congelada.<br />

Analisando a série histórica de volume exportado, é possí-


federação das indústrias do estado do tocantins 53<br />

<br />

Figura 2.5<br />

Produção de ovos por estado em 2016.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.12<br />

Evolução da receita e volume de exportação da carne de frango<br />

brasileira.<br />

Receita (milhões de Dólares)<br />

Volume (mil toneladas)<br />

5.822<br />

19º Tocantins<br />

20.749 mil duzias<br />

2º Paraná<br />

375.526 mil duzias<br />

3º Minas Gerais<br />

365.023 mil duzias<br />

5º Espírito Santo<br />

274.360 mil duzias<br />

4.217<br />

5.789<br />

4.818<br />

7.063<br />

6.732<br />

7.004<br />

6.893<br />

6.231<br />

5.946<br />

6.428<br />

3.007<br />

3.268<br />

3.266<br />

3.461<br />

3.570<br />

3.560<br />

3.552<br />

3.649<br />

3.888<br />

3.959<br />

3.944<br />

4º Rio Grande do Sul<br />

326.172 mil duzias<br />

1º São Paulo<br />

1.020.540 mil duzias<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base em IBGE (2017).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de (BR<strong>AS</strong>IL, 2018).<br />

vel ver um crescimento gradual ao longo da última década. As<br />

exportações aumentaram 31,2%, passando de 3.005 milhões<br />

de toneladas em 2007 para 3.944 milhões de toneladas em<br />

2017. O Gráfico 2.12 demonstra a evolução do preço e volume<br />

de exportação de carne de frango brasileira.<br />

Em 2016, o estado do Paraná foi líder nas exportações brasileiras,<br />

com uma participação de 35,8%; seguido por Santa<br />

Catarina e Rio Grande do Sul, tornando a Região Sul responsável<br />

por 76,2% de toda a receita gerada com os embarques<br />

do produto (ABPA, 2017). A Figura 2.7 apresenta as participações<br />

de cada estado nas exportações brasileiras de frango.<br />

Assim como em produção e consumo, a tendência é que as<br />

exportações de carne de frango também apresentem crescimento.<br />

Estima-se que as exportações crescerão 31,5%, pas-


54<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 2.6<br />

Uso e destino da carne de frango brasileira em 2017.<br />

Carne de frango brasileira<br />

13,2 milhões<br />

de toneladas<br />

Exportações<br />

3,9 milhões<br />

de toneladas (29,5%)<br />

Mercado Interno<br />

9,3 milhões<br />

de toneladas (70,5%)<br />

Carne não cortada congelada<br />

1,24 milhões<br />

de toneladas (32%)<br />

Carne em pedaços e miudezas<br />

2,7 milhões<br />

de toneladas<br />

Congelado<br />

2,69 milhões<br />

de toneladas (99,07%)<br />

Resfriado<br />

783 mil<br />

toneladas (0,03%)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018a) e BR<strong>AS</strong>IL (2018).<br />

sando de 4,03 milhões de toneladas em 2014, para 5,3 milhões<br />

de toneladas em 2024 (OECD/FAO, 2015). O Gráfico 2.13<br />

a seguir, apresenta a curva da projeção nas exportações de<br />

carne de frango. Apenas entre os anos de 2017 e 2018, houve<br />

queda de 1,2% no volume exportado.<br />

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio Exterior (BR<strong>AS</strong>IL, 2018), os mercados destinos<br />

das exportações brasileiras se concentram em cinco<br />

países. A Figura 2.8 mostra os principais destinos das exportações<br />

brasileiras.<br />

Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos<br />

(USDA, 2018b) apontam que a produção chinesa de carne de<br />

frango deve cair 5%, chegando a 11 milhões de toneladas no ano<br />

de 2018, como evidenciado no Gráfico 2.14. Esta redução segue<br />

o comportamento da produção do país nos anos de 2016 e 2017,<br />

que caiu respectivamente 8% e 6%, em grande parte devido aos<br />

surtos do vírus H7N9, causador da influenza aviária.<br />

Devido à queda na produção, as projeções do USDA (2018a)<br />

para o ano de 2018 apontam que as importações chinesas vão<br />

continuar aumentando pelo quinto ano consecutivo, atingindo<br />

uma quantidade recorde de 480.000 toneladas, 7% a mais<br />

do que no ano de 2017.


federação das indústrias do estado do tocantins 55<br />

<br />

Figura 2.7<br />

Participação dos estados na exportação de carne de frango em 2016.<br />

roraima<br />

0,0007%<br />

amazonas<br />

0,0007%<br />

mato grosso<br />

2,84%<br />

goiás<br />

4,22%<br />

mato grosso do sul<br />

3,89%<br />

são paulo<br />

6,32%<br />

paraná<br />

35,85%<br />

santa catarina<br />

23,24%<br />

rio grande do sul<br />

17,20%<br />

pará<br />

0,001%<br />

paraíba<br />

0,01%<br />

pernambuco<br />

0,03%<br />

Tocantins<br />

0,12%<br />

bahia<br />

0,08%<br />

distrito federal<br />

1,19%<br />

minas gerais<br />

4,94%<br />

espírito santo<br />

0,06%<br />

rio de janeiro<br />

0,005%<br />

Fonte: ABPA (2017).<br />

Até o ano de 2009, os Estados Unidos eram o principal fornecedor<br />

de carne de frango à China, sendo responsável por<br />

atender 75% da demanda externa do país asiático. Entretanto,<br />

imposições chinesas como, medidas anti-dumping, aplicação<br />

de taxas compensatórias e restrições quanto à importação<br />

de carne de frango dos Estados Unidos, motivada por<br />

surtos de influenza aviária no país norte-americano, possibilitaram<br />

ao Brasil se tornar o principal fornecedor chinês, com<br />

um market share de 40%. No ano de 2016 a fatia brasileira no<br />

mercado chinês mais que dobrou, atendendo a quase 90% da<br />

demanda internacional da China.<br />

A liderança brasileira no mercado internacional de frangos<br />

ocorreu, entre outros fatores, graças à atuação de grandes<br />

grupos frigoríficos mundialmente reconhecidos que tiveram


56<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.13<br />

Projeções de exportações de carne de aves no Brasil.<br />

<br />

Figura 2.8<br />

Principais destinos das exportações brasileiras.<br />

6,00<br />

5,00<br />

4,00<br />

4,03 4,22 4,26 4,46 4,40 4,52 4,67 4,78<br />

4,94<br />

5,08<br />

5,30<br />

Arábia Saudita<br />

Valor Importado:<br />

US$1 bilhão<br />

Japão<br />

Valor Importado:<br />

US$ 907 milhões<br />

mil toneladas<br />

3,00<br />

2,00<br />

1,00<br />

China<br />

Valor Importado:<br />

US$ 761 milhões<br />

Emirados Árabes<br />

Valor Importado:<br />

US$ 516 milhões<br />

0,00<br />

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024<br />

Hong Kong<br />

Valor Importado:<br />

US$ 393 milhões<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OECD/FAO (2015).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL (2018).<br />

sua origem no Brasil. Os principais frigoríficos de frango estão<br />

apresentados no tópico de indústria.<br />

Os preços do frango são influenciados por diversos fatores<br />

micro e macroeconômicos. Alguns exemplos destes fatores<br />

são: os preços de insumos de ração (milho e soja), quantidade<br />

de carne de frango exportada, taxa cambial, entre outros. No<br />

Gráfico 2.15 pode ser vista a evolução dos preços de frango<br />

congelado e a evolução das exportações brasileiras.<br />

No Gráfico 2.15 acima é possível constatar que, na maioria<br />

dos períodos analisados, existe uma correlação entre o volume<br />

de exportações e o preço do frango congelado. A atual<br />

produção brasileira é maior do que o consumo doméstico,


federação das indústrias do estado do tocantins 57<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.14<br />

Produção e importação chinesa de carne de frango.<br />

600<br />

IMPORTAÇÃO<br />

PRODUÇÃO<br />

16.000<br />

500<br />

14.000<br />

Importação (mil toneladas)<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

482<br />

399<br />

401<br />

286<br />

238<br />

254<br />

244<br />

260<br />

268<br />

430<br />

450<br />

480<br />

12.000<br />

10.000<br />

8.000<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

Produção (mil toneladas)<br />

0<br />

0<br />

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018*<br />

*Projeção / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018a).<br />

assim, o excedente é direcionado para o mercado externo.<br />

Entretanto, uma queda na demanda ocasiona uma oferta<br />

maior do produto no mercado interno, pressionando os preços<br />

para baixo.<br />

Ao longo de 2017, os preços domésticos da avicultura de corte<br />

acumularam quedas mensais quase que consecutivas, de<br />

acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados<br />

em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Esta baixa nos preços<br />

ocorreu devido à maior oferta de carne no mercado interno,<br />

uma vez que a produção cresceu e as exportações diminuíram.<br />

Apesar da queda nos preços, os produtores conseguiram<br />

manter suas margens em patamares bons em 2017. Isto


58<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.15<br />

Evolução dos preços unitários (no estado de São Paulo) e dos volumes brasileiros de exportação de carne de frango.<br />

4,50<br />

Preço frango congelado<br />

Exportação brasileira de carne de frango<br />

4.100.000,00<br />

4,00<br />

3.900.000,00<br />

3.700.000,00<br />

R$/kg<br />

3,50<br />

3,00<br />

3.500.000,00<br />

3.300.000,00<br />

3.100.000,00<br />

toneladas<br />

2,50<br />

2,00<br />

2.900.000,00<br />

2.700.000,00<br />

2.500.000,00<br />

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de BR<strong>AS</strong>IL (2018); CEPEA (2018b).<br />

porque ocorreram significativas reduções nos preços dos<br />

ingredientes da ração, como o milho e o farelo de soja. Entretanto,<br />

este cenário pode mudar no ano de 2018. Segundo<br />

o jornal Valor Econômico (2018), estiagens nas lavouras de<br />

milho argentinas e projeções de redução do plantio para a<br />

safra de inverno, estão causando altas no preço do milho nos<br />

primeiros meses de 2018.<br />

O Brasil possui frigoríficos espalhados ao longo de todo território<br />

sendo que seus produtos são fiscalizados por órgãos<br />

públicos nas esferas nacional, estadual e municipal. Nesse<br />

sentido, são três os tipos de serviço de inspeção sobre a qualidade<br />

e segurança dos produtos nesses estabelecimentos<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2018a).<br />

• O SIF - Serviço de Inspeção Federal é realizado pelo Ministério<br />

da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).<br />

Sua obtenção possibilita ao estabelecimento certificado<br />

comercializar seu produto em todo o território nacional e


federação das indústrias do estado do tocantins 59<br />

em países que reconhecem esse sistema como suficiente<br />

para importar os produtos brasileiros.<br />

• O SIE - Serviço de Inspeção Estadual é responsabilidade<br />

das Agências de Defesa Agropecuária estaduais, no caso<br />

do Tocantins, a Adapec. Estabelecimentos certificados<br />

podem comercializar seus produtos dentro do estado<br />

em questão.<br />

• O SIM - Serviço de Inspeção Municipal é de responsabilidade<br />

das Secretarias da Agricultura de cada cidade,<br />

assim o produto só possui a possibilidade de ser comercializado<br />

dentro do município.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.8<br />

Número de estabelecimentos com SIF por estado.<br />

Estabelecimentos<br />

UF<br />

com SIF<br />

Paraná 47<br />

Santa Catarina 45<br />

Rio Grande do Sul 26<br />

São Paulo 25<br />

Minas Gerais 21<br />

Mato Grosso do Sul 10<br />

Mato Grosso 7<br />

Goiás 6<br />

Pernambuco 4<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base em Brasil (2018a).<br />

O Serviço de Inspeção Federal (SIF) é o mais alto nível de<br />

inspeção, e tem como objetivo assegurar a qualidade de produtos<br />

de origem animal comestíveis e não comestíveis para<br />

comercialização nacional e internacional. Atualmente, o SIF<br />

tem atuação em mais de cinco mil estabelecimentos brasileiros<br />

sendo que o Brasil exporta seus produtos para mais de<br />

180 países (BR<strong>AS</strong>IL, 2018a).<br />

A obtenção do SIF requer que o produto passe por diversas<br />

etapas de fiscalização e inspeção, as quais possuem orientações<br />

do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem<br />

Animal (DIPOA) e da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/<br />

Mapa) (BR<strong>AS</strong>IL, 2018a).<br />

A Tabela 2.8 mostra o número de frigoríficos abatedouros<br />

certificados pelo Serviço de Inspeção Federal existentes<br />

no país. A maioria desses estabelecimentos está localizada<br />

na região Sul.<br />

É o caso da BRF, criada em 2009 a partir da associação<br />

entre Sadia e Perdigão, é hoje líder global na exportação de<br />

proteínas animais e possui capacidade produtiva de abate<br />

de sete milhões de aves por dia. O segundo maior frigorífico<br />

de aves no Brasil é o JBS que, após a aquisição da Seara,<br />

atingiu uma capacidade de abate de 5,5 milhões de frangos<br />

por dia.<br />

UF<br />

Estabelecimentos<br />

com SIF<br />

Espírito Santo 3<br />

Bahia 2<br />

Pará 2<br />

Distrito Federal 1<br />

Paraíba 1<br />

Piauí 1<br />

Rondônia 1<br />

Tocantins 1


60<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

O Quadro 2.1 resume algumas informações dos principais<br />

frigoríficos em atuação no Brasil.<br />

2. 3. A Região MATOPIBA<br />

A região MATOPIBA foi definida pelo Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento em 2015, através da Portaria<br />

N°244. Ela é formada por quatro estados: Maranhão, Tocantins,<br />

Piauí e Bahia, e abrange 377 municípios, totalizando uma<br />

extensão de 73 milhões de hectares (BR<strong>AS</strong>IL, 2015).<br />

Cerca de 90% dessa região concentram-se no cerrado, o que<br />

faz com que a região apresente características bastante marcantes<br />

do bioma, as quais possibilitam uma combinação de condições<br />

geográficas ideais para a agricultura e pecuária. As terras<br />

cultiváveis nessa localidade também apresentam valores relativamente<br />

baixos se comparadas às demais regiões agrícolas do<br />

país, o que representa uma grande vantagem competitiva.<br />

Segundo o Censo Demográfico 2010 a população total do<br />

MATOPIBA era, no período avaliado, de 5,9 milhões de habitantes,<br />

dos quais 65% concentravam-se em áreas urbanas, muito<br />

abaixo do que se tem hoje na média brasileira (84%). A densidade<br />

demográfica também é baixa, muito influenciada pela heterogenia<br />

na distribuição populacional na região: apenas 10 municípios<br />

eram responsáveis por 25% da população (IBGE, 2011).<br />

De acordo com o Input (2017a), o PIB da região é de R$ 59<br />

ÏÏ<br />

Quadro 2.1<br />

Características de importantes frigoríficos no Brasil.<br />

Frigorífico ano de fundação capacidade de abate<br />

2009 7 milhões frangos / dia<br />

1953 5,5 milhões frangos / dia<br />

1969 1 milhão frangos / dia<br />

1963 600 mil frangos / dia<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir das páginas Exame; Aurora alimentos; BRF global; C.Vale e JBS.<br />

bilhões, sendo 12,6 bilhões adicionados da agricultura. No estudo<br />

de Buainain, Garcia e Viera Filho (2017), o PIB da<br />

região era o equivalente a 1,4% do total brasileiro, 40% desse<br />

valor estava concentrado em apenas 10 municípios; e o valor<br />

adicionado bruto era composto da seguinte maneira: 19%<br />

agropecuária, 16% indústria e 65% serviços. O setor agrícola


federação das indústrias do estado do tocantins 61<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.16<br />

Atividades agropecuárias MATOPIBA (em área).<br />

7%<br />

Aves<br />

9%<br />

Outros Grãos<br />

10%<br />

Soja<br />

17%<br />

Outros<br />

57%<br />

Gado<br />

Fonte: INPUT (2017b).<br />

tem grande potencial de crescimento nesse cenário, já que as<br />

atividades relacionadas à indústria e ao comércio dependem,<br />

além da renda pública, da renda agropecuária (produtos provenientes<br />

da atividade agrícola).<br />

A partir do Censo Agropecuário 2006, estima-se que existam<br />

mais de 350 mil estabelecimentos agropecuários na região,<br />

sendo esses responsáveis por 34 milhões de hectares de<br />

terra. Desse total, 36% possuem área com território inferior a<br />

dez hectares. Dessa forma, existe uma concentração de área<br />

nas mãos de poucos estabelecimentos, principalmente localizados<br />

no sudoeste e oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul do<br />

Tocantins (4% deles são responsáveis por 63% do território).<br />

Apesar disso, a estrutura agrária da região é bem diferente<br />

do que era encontrada em estados agrícolas mais tradicionais<br />

como Mato Grosso e Goiás durante sua formação. Isso<br />

porque é bastante fragmentada devido ao grande número de<br />

produtores com áreas muito pequenas. Com o aumento do<br />

desenvolvimento agrário da região ocorreu uma ocupação da<br />

fronteira agrícola com base na agropecuária intensiva e de<br />

larga escala.<br />

Como pode ser visto no Gráfico 2.16, a criação de gado corresponde<br />

a maior parcela da área agrícola da região. Porém,<br />

a área destinada para pastagens na região do MATOPIBA<br />

está diminuindo desde 1980. Um fato para esta diminuição<br />

é explicado pelo aumento do cultivo de soja, entre os anos de<br />

2010 e 2014 (aumento de 108%) (INPUT, 2017b).<br />

Outro ponto a ser observado é que a criação de aves representa<br />

7% da área utilizada em atividades agropecuárias na<br />

região. O número se torna mais expressivo ainda quando se<br />

considera que Santos Filho et al. (2016) afirmam que pequenas<br />

e médias propriedades familiares são mais adequadas


62<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 2.9<br />

Distribuição geográfica da produção de soja e milho em 2014 no MATOPIBA.<br />

<br />

Figura 2.10<br />

Distribuição geográfica dos rebanhos de<br />

frangos em 2014 no MATOPIBA.<br />

Milhares de toneladas<br />

0 - 4.286<br />

4.287 - 13.277<br />

13.278 - 31.362<br />

31.363 - 61.776<br />

61.777- 124.522<br />

124.523 - 329.133<br />

329.134 - 657.275<br />

Distribuição da<br />

produção de milho<br />

no Matopiba (2014)<br />

Milhares de toneladas<br />

0 - 9.594<br />

9.595 - 40.937<br />

40.938 - 82.906<br />

82.907 - 149.400<br />

149.401 - 250.718<br />

250.719 - 457.760<br />

457.761 - 959.812<br />

Distribuição da<br />

produção de soja no<br />

Matopiba (2014)<br />

cabeças<br />

350 - 18.486<br />

18.487 - 42.630<br />

42.631 - 96.015<br />

96.016 - 256.760<br />

256.761 - 649.000<br />

649.001 - 1.320.000<br />

1.320.001 - 4.595.888<br />

Rebanho de frangos<br />

(2014)<br />

Fonte: SANTOS FILHO et al. (2016).<br />

Fonte: SANTOS FILHO et al. (2016).<br />

para a produção de aves do que grandes extensões.<br />

O MATOPIBA também demonstra potencial para o desenvolvimento<br />

de aves por ser uma região com disponibilidade<br />

considerável de alguns dos insumos mais importantes para<br />

a avicultura: soja e milho utilizados na fabricação de rações<br />

Santos Filho et al. (2016). Entretanto, os autores citam que,


federação das indústrias do estado do tocantins 63<br />

apesar do superávit de milho na região, estados vizinhos acabam<br />

pressionando a demanda.<br />

A Figura 2.9 evidencia a distribuição geográfica da produção<br />

de soja e milho em 2014 na região em análise.<br />

Santos Filho et al. (2016) evidenciaram que o plantel de<br />

frangos em 2014 ainda era pequeno no MATOPIBA, contudo,<br />

existem áreas de maior concentração de animais nos quatro<br />

estados, como pode ser visto na Figura 2.10.


Avicultura no Tocantins


federação das indústrias do estado do tocantins 65<br />

3. 1. Plantel de aves e produção de carne avícola<br />

3. 1. 1. Características gerais da cadeia no estado<br />

Fundado em 1988, quando lideranças do norte goiano<br />

mobilizaram a população na busca da independência política<br />

da região, o Tocantins é o estado mais novo do Brasil,<br />

(SEDEN, 2017).<br />

Pode-se dizer que o estado possui uma vocação natural<br />

para o agronegócio, estando inserido em uma das últimas<br />

fronteiras agrícolas do país, a região conhecida como MA-<br />

TOPIBA (SEDEN, 2017).<br />

Atualmente o estado figura como o 15º maior plantel de<br />

frangos do país e possui boas perspectivas de crescimento<br />

por meio da intensificação da produção e do aumento da<br />

atividade industrial. Tendo em vista a grande importância da<br />

avicultura para o desenvolvimento do estado, é interessante<br />

avaliar os elos que compõem sua cadeia produtiva para entender<br />

toda a sua potencialidade.<br />

A Figura 3.1 ilustra a cadeia avícola contemplando todos os<br />

seus elos.<br />

Por ser um estado novo, onde os setores estão em constante<br />

evolução, alguns elos da cadeia estão ausentes ou em estágio<br />

inicial de desenvolvimento. Para o fortalecimento desses elos<br />

são necessários esforços e direcionamentos dos agentes do<br />

setor público e privado no estado.


66<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 3.1<br />

Cadeia produtiva da avicultura.<br />

Antes das Fazendas<br />

Matrizes<br />

e reprodutores<br />

Produtos<br />

veterinários<br />

Máquinas e<br />

equipamentos<br />

Ração e<br />

concentrado<br />

Genética<br />

Incubatório<br />

Embalagens<br />

Energia<br />

Unidades<br />

produtoras<br />

Frango<br />

Ovos<br />

Indústrias<br />

Frigorífico<br />

Defumados<br />

Embutidos<br />

Conservas<br />

Alimentos preparados<br />

Alimentos semi-preparados<br />

Ração<br />

Óleo animal<br />

Adubo<br />

Farinha<br />

Outros<br />

Atacado<br />

Varejo<br />

Supermercado<br />

Hipermercados<br />

Lojas de conveniência<br />

Restaurantes<br />

Food-service<br />

Outros<br />

Tradings<br />

Consumidor Final<br />

Exportações<br />

Outros<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


federação das indústrias do estado do tocantins 67<br />

Nos parágrafos que seguem, será dado um panorama geral<br />

dos elos da cadeia no estado, sendo que as informações serão<br />

aprofundadas e mais detalhadas nas próximas seções.<br />

No elo antes da porteira encontra-se um dos elementos<br />

responsáveis pelas grandes expectativas de crescimento<br />

na produção de frangos do estado: a oferta de grãos. Base<br />

da alimentação de frangos de corte, milho e soja são produzidos<br />

em grandes quantidades no Tocantins e em estados<br />

vizinhos. Segundo a CONAB (2017), na safra tocantinense<br />

de 2016/17 foram produzidas, 2,8 milhões de toneladas<br />

de soja e 902,4 mil toneladas de milho, garantindo assim a<br />

fonte de proteína vegetal para o crescimento da produção<br />

de frangos.<br />

No lado dos insumos, de acordo com a SEAGRO-TO (2016),<br />

há uma empresa incubadora em Araguaína e uma outra produtora<br />

de matrizes em Babaçulândia. Além disso, segundo os<br />

entrevistados, há duas fábricas de ração para aves, uma localizada<br />

em Tocantinópolis e outra em Araguaína.<br />

Dentro da porteira, a produção se caracteriza por pequenas<br />

e médias propriedades, tipicamente familiares. Esse modelo<br />

de negócio é benéfico para a produção de frango, que por ter<br />

ciclo contínuo, necessita de grande concentração de atividades<br />

e acompanhamento constante, principalmente, nas primeiras<br />

semanas de vida das aves.<br />

Grande parte da produção de frangos do Tocantins concentra-se<br />

nas regiões central e norte. A concentração nessas<br />

regiões ocorre principalmente por um motivo, a presença de<br />

um abatedouro e frigorífico beneficiadores. Essas indústrias<br />

têm um papel muito importante na cadeia uma vez que a integração<br />

da indústria com os produtores é um fator impactante<br />

na decisão de abrir uma granja. O modelo de integração<br />

proporciona menor risco e gera entradas frequentes de caixa,<br />

garantindo uma renda permanente e proporcionando sustentabilidade<br />

e segurança ao produtor.<br />

3. 1. 2. Carne de frango no Tocantins<br />

O Tocantins é um estado com grande aptidão agropecuária.<br />

Fatores como a disponibilidade de água, temperatura favorável,<br />

terras férteis, período chuvoso bem definido e topografia<br />

plana têm contribuído para o desenvolvimento desse setor.<br />

De acordo com dados da SEPLAN-TO (2016), o estado conta<br />

com uma área total de cerca de 28 milhões de hectares sendo<br />

que quase 14 milhões possuem potencial para a produção<br />

agropecuária. A agricultura no estado, majoritariamente representada<br />

pelos grãos, ocupa área de 1,2 milhão de hectares<br />

e o restante, cerca de 4,8 milhões ainda são áreas com potencial<br />

para exploração agrícola. As pastagens ocupam cerca de<br />

oito milhões de hectares. A Tabela 3.1 mostra a divisão do<br />

território do Tocantins.


68<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.1<br />

Distribuição do território do Tocantins.<br />

Descrição Hectares %<br />

ÁRE<strong>AS</strong> COM RESTRIÇÃO 13.990.000 50,2<br />

Áreas potenciais para conservação 1.266.690 5<br />

Parque estadual 88.930 0<br />

Parque nacional 562.310 2<br />

Áreas indígenas 2.007.470 7<br />

Áreas de proteção ambiental 1.790.550 6<br />

Corpos de água 665.600 2<br />

Mineração e uso urbano 30.450 0<br />

Área de reserva legal 6.315.000 23<br />

Área de preservação permanente 1.263.000 5<br />

ÁREA POTENCIAL <strong>PARA</strong> PRODUÇÃO AGRÍCOLA 13.852.070 49,8<br />

Pastagens 7.783.000 28<br />

Área agrícola 1.226.400 4<br />

Área para exportação 4.842.670 17<br />

ÁREA TOTAL 27.842.070<br />

Fonte: SEPLAN-TO (2016).<br />

Analisando a Tabela 3.1, nota-se que o estado, apesar de<br />

ter grande potencial agropecuário, também possui uma área<br />

de preservação ambiental importante. A soma das áreas dos<br />

parques estaduais e nacionais, áreas indígenas, áreas de proteção<br />

ambiental, de reserva legal, de preservação permanente<br />

e de corpos de água, representam 46% do total do território<br />

do estado. Cerca de 5% das áreas ainda são áreas potenciais<br />

para conservação (SEPLAN-TO, 2016).<br />

A avicultura está presente no Tocantins desde sua fundação,<br />

em 1988. Segundo o IBGE (2017), naquele ano 2.834.790<br />

frangos eram criados no estado. Um dos primeiros marcos da<br />

avicultura do Tocantins ocorreu por volta do ano 2000, quando<br />

a primeira agroindústria começou a prospectar avicultores<br />

para instalar seu sistema de integração e em 2001 já haviam<br />

alguns alojamentos.<br />

Nesse início, a produção aconteceu principalmente onde antes<br />

eram realizadas culturas de abertura de áreas novas (gado<br />

de corte, arroz e outros). Nos anos seguintes, a produção cresceu<br />

praticamente no mesmo ritmo que a produção nacional,<br />

fazendo com que a participação do Tocantins na produção de<br />

frangos do país se mantivesse em 0,4% até o ano de 2012.<br />

Foi no ano de 2013 que a produção tocantinense passou<br />

a apresentar um ritmo de crescimento mais elevado que a<br />

média do país. No período entre 2013 e 2016, o plantel de<br />

frangos do estado saltou de 3.905.145 para 13.608.094, o que


federação das indústrias do estado do tocantins 69<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.1<br />

Evolução do plantel de frango tocantinense (aves)<br />

16.000.000<br />

14.000.000<br />

12.000.000<br />

10.000.000<br />

8.000.000<br />

6.000.000<br />

4.000.000<br />

2.000.000<br />

TOTAL <strong>TOCANTINS</strong><br />

% TO/BR<br />

4.155.994<br />

4.145.831 3.905.145<br />

0,34% 0,33% 0,31%<br />

6.822.762<br />

0,55%<br />

9.725.993<br />

0,74%<br />

11.713.038<br />

0,88%<br />

13.608.094<br />

1,01%<br />

1,10%<br />

0,90%<br />

0,70%<br />

0,50%<br />

0,30%<br />

0,10%<br />

0<br />

-0,10%<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base em IBGE (2017).<br />

representa um crescimento de 248%. Com essa evolução, o<br />

Tocantins passou a ser responsável por 1,0% da produção de<br />

frangos no país. O Gráfico 3.1 demonstra essa evolução.<br />

As cinco cidades com os maiores plantéis de frango no<br />

Tocantins são: Aguiarnópolis, Angico, Palmeiras do Tocantins,<br />

Santa Terezinha do Tocantins e Tocantinópolis, apresentadas<br />

na Figura 3.2. Estão localizadas na região do Bico<br />

do Papagaio e juntas representaram 49% da produção estadual<br />

de frangos.<br />

3. 1. 3. Análise econômica-financeira da carne de frango<br />

3. 1. 3. 1. Custo de produção<br />

De acordo com pesquisadores da Embrapa Aves e Suínos, o<br />

levantamento dos custos de produção do frango de corte tem<br />

o objetivo de gerar informações de referência para agentes da<br />

cadeia produtiva, órgãos públicos, sistema financeiro e instituições<br />

de ensino e pesquisa. Os mesmos são calculados a par-


70<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 3.2<br />

Municípios com maiores plantéis de frango no Tocantins.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.1<br />

Custos de produção do frango de corte.<br />

Angico<br />

Santa Terezinha<br />

Palmeiras do Tocantins<br />

Tocantinópolis<br />

Aguiarnópolis<br />

Etapa<br />

Definição do(s) sistema(s) de produção<br />

Levantamento do valor de instalações<br />

e equipamentos<br />

Levantamento dos coeficientes<br />

técnicos de produção<br />

Levantamento dos preços de mercado<br />

Cálculo do custo de produção<br />

Divulgação<br />

Finalidade<br />

Descrever a atividade em termos de tamanho e padrão do<br />

aviário e tecnologia empregada<br />

Valor dos investimentos necessários para a<br />

implementação do(s) sistema(s) de produção<br />

Descrever o desempenho do(s) sistema(s) de produção<br />

com base em quantidades consumidas de matéria-prima,<br />

insumos, mão de obra e outros fatores de produção<br />

Valorar matéria-prima, insumos, mão de obra e outros<br />

fatores de produção<br />

Calcular o custo de produção com base nos sistemas de<br />

produção escolhidos e no levantamento dos coeficientes<br />

técnicos de produção e dos preços de mercado<br />

Disseminar as informações<br />

cabeças / município<br />

Fonte: Miele (2010).<br />

0 - 22.931<br />

22.931 - 72.492<br />

72.492 - 168.532<br />

168.532 - 298.340<br />

298.340 - 638.222<br />

638.222 - 920.000<br />

920.000 - 1.574.525<br />

1.574.525 - 1.983.244<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base em IBGE (2017).<br />

tir de levantamento de preços de mercado, da caracterização<br />

dos sistemas de produção e seus coeficientes técnicos (MIELE<br />

et al. 2010) e devem seguir uma metodologia padrão para permitir<br />

o acompanhamento da sua evolução e a comparação dos<br />

valores obtidos para as diferentes regiões produtoras.<br />

O Quadro 3.1 resume as etapas e suas finalidades utilizadas<br />

para o levantamento dos custos de produção do frango


federação das indústrias do estado do tocantins 71<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.2<br />

Evolução das médias anuais dos custos de produção de frango de corte. Aviário climatizado positivo (R$/Kg vivo).<br />

R$/kg vivo<br />

4,00<br />

3,50<br />

3,00<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

1,81<br />

1,52 1,85<br />

1,41<br />

1,73<br />

2,51<br />

2,09 2,16<br />

2,11 2,24<br />

2,05 2,00<br />

2,70<br />

2,35<br />

2,13<br />

3,04<br />

2,52<br />

2,37<br />

3,81<br />

3,53<br />

2,97<br />

2,85<br />

2,51<br />

2,38<br />

CE GO PR<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

de corte, de acordo com a metodologia da Embrapa Aves e<br />

Suínos.<br />

É importante reforçar que a estrutura dos custos de produção<br />

é subdividida em custos variáveis e custos fixos. Os primeiros<br />

compreendem os dispêndios com insumos, mão de<br />

obra, transporte, serviços e demais itens necessários à produção<br />

do frango de corte. Os custos fixos compreendem o valor<br />

da depreciação de instalações e equipamentos, além do custo<br />

de oportunidade do capital investido.<br />

Os custos com depreciação de instalações e equipamentos<br />

não representam saídas de caixa, mas devem ser considerados<br />

como reservas contábeis para a reposição dos mesmos<br />

ao término da sua vida útil. O custo de capital representa o<br />

retorno que o valor investido nas instalações e equipamentos<br />

proporcionaria caso estivesse alocado em uma outra atividade<br />

ou uma aplicação financeira (MIELE et. al, 2010).<br />

O detalhe de cada uma das etapas é descrito na publicação<br />

de Miele et. al. (2010). Neste estudo será destacado o cálculo<br />

dos custos de produção, que vêm após a definição do sistema<br />

de produção, do levantamento dos coeficientes técnicos


72<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.2<br />

Comparativo do custo médio anual da produção de frango de<br />

corte para os anos de 2010 e 2017, nos estados do Paraná, Goiás e<br />

Ceará. Aviário climatizado positivo (R$/Kg vivo).<br />

R$/Kg vivo Ceará Goiás Paraná<br />

Item do Custo<br />

Média 2010<br />

Média 2017<br />

Var %<br />

Alimentação 1,18 2,05 74% 0,98 1,47 50% 0,93 1,59 71%<br />

Outros 0,49 1,21 147% 0,40 0,79 98% 0,36 0,53 47%<br />

Mão de obra 0,06 0,15 150% 0,06 0,13 117% 0,06 0,16 167%<br />

Custo de capital 0,04 0,06 50% 0,03 0,05 67% 0,03 0,05 67%<br />

Depreciação 0,04 0,06 50% 0,05 0,07 40% 0,04 0,06 50%<br />

Total 1,81 3,53 95% 1,52 2,51 65% 1,41 2,38 69%<br />

de produção, do valor das instalações e equipamentos, bem<br />

como dos preços de mercado. O Quadro 3.2 resume a forma<br />

do cálculo dos custos variáveis e fixos.<br />

Em função da ausência na literatura de dados específicos<br />

e atuais para o estado do Tocantins, para a presente análise<br />

foram utilizados os dados disponíveis de custos de produção<br />

para os estados de Paraná, Goiás e Ceará. O primeiro representa<br />

o principal estado produtor de frango de corte do Brasil;<br />

o segundo é o de maior semelhança em termos de localização<br />

geográfica e condições edafoclimáticas; e, o terceiro, se assemelha<br />

ao Tocantins por possuir uma produção tímida em<br />

relação à brasileira (1,6% em 2017, de acordo com APINCO,<br />

ABPA e IEG|FNP).<br />

O Gráfico 3.2 mostra o comportamento da evolução dos<br />

custos de produção do frango de corte para os estados do Paraná,<br />

Goiás e Ceará, bem como a diferença dos valores entre<br />

os três estados produtores.<br />

O Paraná é o estado mais eficiente em termos de custo de<br />

produção, seguido por Goiás e Ceará. Este último, em 2017,<br />

apresentou um custo médio anual 48,3% superior ao do Paraná.<br />

No período de oito anos avaliado, observa-se, também, a<br />

significativa alta dos custos, de 68,8%, 65,1% e 95%, para o PR,<br />

GO e CE, respectivamente, com um pico de valores em 2016.<br />

A correção dos valores, por item do custo de produção, é detalhada<br />

na Tabela 3.2. O principal impacto foi relativo ao custo<br />

da mão de obra, com incrementos de 167%, 150% e 117%<br />

para os estados de PR, CE e GO, respectivamente.<br />

A Tabela 3.3 resume o levantamento de custos de produção<br />

para o frango de corte, em fevereiro de 2016, para os sistemas<br />

convencional e climatizado positivo, nos estados de PR,<br />

GO e CE. Observa-se que, dado o predomínio da produção do<br />

frango de corte integrado às agroindústrias e cooperativas<br />

por meio de contratos de parcerias ou comodatos, há uma<br />

distinção entre os custos a encargo do produtor e aqueles de<br />

Média 2010<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Média 2017<br />

Var %<br />

Média 2010<br />

Média 2017<br />

Var %


federação das indústrias do estado do tocantins 73<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.3<br />

Custo de produção (R$/kg) para o frango de corte, em fevereiro de 2016,<br />

para os sistemas convencional e climatizado positivo, nos estados de PR, GO e CE.<br />

SISTEMA<br />

CONVENCIONAL<br />

(R$/kg)<br />

SISTEMA<br />

CLIMATIZA<strong>DO</strong><br />

POSITIVO (R$/kg)<br />

SISTEMA<br />

CONVENCIONAL<br />

(R$/kg)<br />

SISTEMA<br />

CLIMATIZA<strong>DO</strong><br />

POSITIVO (R$/kg)<br />

PRODUTOR PR GO CE PR GO CE<br />

1. Custo variável (A) 0,22 0,35 0,24 0,18 0,24 0,23<br />

Calefação 0,02 0,02 0,01 0,02 0,01 0,01<br />

Cama 0,03 0,10 0,06 0,02 0,08 0,06<br />

Energia elétrica 0,01 0,02 0,03 0,02 0,02 0,03<br />

Funrural 0,01 - - 0,01 - -<br />

Licença ambiental 0,00 0,00 - 0,00 0,00 -<br />

Manutenção 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01<br />

Mão de obra 0,14 0,16 0,10 0,10 0,08 0,09<br />

Seguro 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

Serviço de apanha - 0,02 0,02 - 0,02 0,02<br />

Despesas financeiras (sobre capital de giro) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

Eventuais 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01<br />

2. Custo fixo (B) 0,09 0,10 0,09 0,09 0,10 0,09<br />

Depreciação 0,06 0,06 0,05 0,06 0,07 0,06<br />

Remuneração sobre capital médio 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03<br />

AGROINDÚSTRIA PR GO CE PR GO CE<br />

3. Custo variável (C) 2,64 2,67 3,29 2,64 2,54 3,29<br />

Água 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

Assistência técnica 0,02 0,02 0,00 0,02 0,02 0,00<br />

Pintos 0,38 0,53 0,80 0,38 0,49 0,80<br />

Produtos veterinários 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

Ração 2,07 1,93 2,39 2,07 1,86 2,39<br />

Serviço de apanha 0,03 0,02 0,03 0,03 0,02 0,02<br />

Transportes 0,12 0,14 0,05 0,12 0,13 0,05<br />

Despesas financeiras (sobre capital de giro) 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02<br />

Custo fixo (D) - - - - - -<br />

Custo total da agroindústria (C + D) 2,64 2,67 3,29 2,64 2,54 3,29<br />

TOTAL PR GO CE PR GO CE<br />

Custo variável (A + C) 2,86 3,01 3,54 2,82 2,78 3,52<br />

Custo fixo (B + D) 0,09 0,10 0,09 0,09 0,10 0,09<br />

Custo total (A + B + C + D) 2,95 3,11 3,62 2,91 2,88 3,61<br />

Custo Total do Produtor (A + B) 0,31 0,44 0,33 0,27 0,34 0,32<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves Suínos (2018) e Conab (2018).


74<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.2<br />

Procedimentos para o cálculo dos custos variáveis e fixos do frango de corte conforme a metodologia da Embrapa Aves e Suínos.<br />

Item de custo<br />

Forma de cálculo<br />

Custo variável<br />

Ração<br />

Insumos (pintos de um dia, cama,<br />

energia, produtos veterinários etc.)<br />

Mão de obra*<br />

Serviços de transporte, apanha e<br />

assistência técnica<br />

Licenciamento ambiental<br />

Manutenção<br />

Seguro<br />

Eventuais<br />

Funrural<br />

Despesas financeiras (sobre capital<br />

de giro)<br />

Custos fixos<br />

Depreciação<br />

Custo de capital<br />

Custo total<br />

Somatório dos custos com matéria prima, insumos, mão de obra, serviços e outros.<br />

Determinado pela multiplicação do seu preço unitário pela quantidade utilizada (cálculo feito por fase e formulações de ingredientes). Contabiliza uma estimativa do<br />

consumo das aves que morreram durante o processo produtivo.<br />

Determinado pela multiplicação do seu preço unitário pela quantidade utilizada. No caso da cama, considera-se o número de lotes que uma mesma cama pode ser<br />

reutilizada, bem como a necessidade de reposição a cada lote.<br />

Determinado pela multiplicação do salário (acrescido dos encargos sociais e provisões) pelo número de pessoas necessárias para a produção de um lote e posterior<br />

higienização do aviário, respeitando-se a legislação trabalhista.<br />

Determinado pela multiplicação do seu preço unitário pela quantidade utilizada. No caso do transporte é considerada a distância média dos aviários.<br />

Custo do licenciamento da atividade rateado pelo n.º de lotes de duração da licença.<br />

Determinado pela multiplicação do capital investido em instalações e equipamentos pela taxa anual de manutenção, rateado pelo número de lotes produzidos por ano.<br />

Determinado pela multiplicação do capital investido em instalações e equipamentos pela taxa anual de seguro, rateado pelo número de lotes produzidos por ano.<br />

Determinado pela multiplicação dos custos variáveis do produtor (exceto o Funrural) pela taxa de custos eventuais.<br />

Determinado pela multiplicação da receita do produtor pela taxa de contribuição ao Funrural.<br />

Corresponde ao custo de oportunidade do valor do capital de giro utilizado. Determinado pela multiplicação dos dispêndios incorridas na produção pela taxa de juros.<br />

Somatório dos custos com depreciação e capital.<br />

Calculada por meio do método linear, que divide o valor das instalações e equipamentos pela sua vida útil, descontado o valor residual.<br />

Corresponde ao custo de oportunidade do valor dos investimentos em instalações e equipamentos. Determinado pela multiplicação do valor médio dos investimentos pela<br />

taxa de juros.<br />

Somatório dos custos variável e fixo.<br />

* Caso as tarefas sejam executadas pelo próprio produtor (agricultura familiar), entende-se que o valor deva ser considerado como custo de oportunidade. / Fonte: Miele, et al. (2010).


federação das indústrias do estado do tocantins 75<br />

responsabilidade da agroindústria. Ressalta-se que os percentuais<br />

assumidos por cada parte podem variar conforme<br />

o acordo firmado.<br />

Os valores apresentados mostram que os custos de produção<br />

foram maiores no sistema convencional e a agroindústria<br />

se responsabiliza pela maior parte do valor. A participação no<br />

custo de produção assumidos por produtor e agroindústria,<br />

na média, também oscilam entre os estados produtores.<br />

Os Gráficos 3.3, 3.4 e 3.5 detalham, por item do custo de<br />

produção, a contribuição de cada parte para os estados do PR,<br />

GO e CE, respectivamente. Nota-se que a agroindústria assume,<br />

nos três casos, a totalidade dos custos com alimentação<br />

e contribui, minoritariamente, para os itens de outros, mão<br />

de obra e custo de capital. Os valores referentes à depreciação<br />

são integralmente de responsabilidade do produtor. Os<br />

componentes do custo identificado como Outros são aqueles<br />

indicados no Quadro 3.2 e não estão detalhados.<br />

Diante desse cenário, é importante que o produtor tenha a<br />

gestão do seu custo de produção atualizado para certificar-se<br />

que os valores recebidos pela venda do frango vivo remuneram,<br />

além da sua participação nos itens de custeio (outros e<br />

mão de obra), o seu custo de capital e depreciação das instalações<br />

e equipamentos, uma vez que esses itens não representam<br />

uma saída direta do fluxo de caixa.<br />

O item alimentação é o que mais contribui para o custo de<br />

ÛÛ<br />

R$/kg vivo<br />

1,80<br />

1,60<br />

1,40<br />

1,20<br />

1,00<br />

0,80<br />

0,60<br />

0,40<br />

0,20<br />

0,00<br />

Gráfico 3.3<br />

Composição dos custos de produção médios do frango de corte,<br />

produtor versus agroindústria, para o estado do Paraná, 2017.<br />

1,59<br />

0,00<br />

1,59<br />

0,45<br />

2,12<br />

0,08<br />

0,11<br />

Alimentação Outros Mão<br />

de obra<br />

2,28 2,33<br />

0,05<br />

Custo<br />

de capital<br />

Depreciação<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

produção, representando 58% do total nos estados do CE e<br />

GO e 67% no PR. Nos três estados, depreciação e custo de capital,<br />

somados, não chegam à 5% (Gráfico 3.6).<br />

Vale comentar que a Embrapa Suínos e Aves disponibiliza,<br />

gratuitamente, uma ferramenta para auxiliar produtores<br />

e outros interessados no levantamento dos custos de<br />

produção em granjas. A mesma pode ser acessada pelo site:<br />

0,03<br />

0,02<br />

Produtor<br />

2,39<br />

Agroindústria<br />

Total acumulado<br />

0,06<br />

0,00<br />

3,00<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

R$/kg vivo


76<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.4<br />

Composição dos custos de produção médios do frango de corte,<br />

produtor versus agroindústria, para o estado do Goiás, 2017.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.5<br />

Composição dos custos de produção médios do frango de corte,<br />

produtor versus agroindústria, para o estado do Ceará, 2017.<br />

R$/kg vivo<br />

1,60<br />

1,40<br />

1,20<br />

1,00<br />

0,80<br />

0,60<br />

0,40<br />

0,20<br />

0,00<br />

1,47<br />

0,00<br />

1,47<br />

0,15<br />

2,26<br />

0,64<br />

0,10<br />

2,39 2,44<br />

0,03<br />

0,04<br />

0,01<br />

Produtor<br />

0,07<br />

2,51<br />

Agroindústria<br />

Total acumulado<br />

0,00<br />

3,00<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

R$/kg vivo<br />

R$/kg vivo<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

2,05<br />

0,00<br />

2,05<br />

1,09<br />

3,26<br />

0,12<br />

3,41 3,47 3,53<br />

0,03<br />

0,12<br />

0,04<br />

0,02<br />

Produtor<br />

Agroindústria<br />

Total acumulado<br />

0,06<br />

0,00<br />

4,00<br />

3,50<br />

3,00<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

R$/kg vivo<br />

Alimentação Outros Mão<br />

de obra<br />

Custo<br />

de capital<br />

Depreciação<br />

Alimentação Outros Mão<br />

de obra<br />

Custo<br />

de capital<br />

Depreciação<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

, consultado<br />

em 18/07/2018.<br />

3. 1. 3. 2. Viabilidade da cultura no estado<br />

A gestão em granjas de frango é um desafio e uma prática<br />

fundamental para o sucesso da atividade. Para tanto, são<br />

necessários indicadores de desempenho fáceis de medir e<br />

de acompanhar. Dentre eles, os principais para as atividades<br />

de granja, segundo Miele e Fischer (2017), são disponibilidade<br />

de caixa, custos, renda e rentabilidade da granja. Nesse<br />

sentido, os autores descreveram os indicadores: Geração<br />

de Caixa, Custo Operacional, Retorno sobre Investimento e<br />

Custo Total.


federação das indústrias do estado do tocantins 77<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.6<br />

Composição dos custos de produção do frango de corte, por item<br />

(%), por estado analisado (CE, GO, PR).<br />

1,6<br />

1,6<br />

4,3<br />

2,7<br />

2,0<br />

34,3 31,4<br />

5,3<br />

2,6<br />

1,9<br />

6,5<br />

22,2<br />

Depreciação<br />

Custo de capital<br />

Mão de obra<br />

Outros<br />

Alimentação<br />

• GC = RB – (SAL + CUST + PF)<br />

Onde:<br />

• GC: geração de caixa<br />

• RB: receita bruta obtida com a venda de animais, composto,<br />

cama de aviário 1<br />

• SAL: salários e diárias pagos à mão de obra contratada<br />

• CUST: custeio das operações, arrendamentos, administração<br />

e impostos<br />

• PF: prestação do financiamento 1.a<br />

58,1 58,5 66,8<br />

Ceará 2017 Goiás 2017 Santa Catarina 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Geração de Caixa (GC): trata-se de um indicador de liquidez<br />

que representa o saldo das entradas e saídas financeiras (em<br />

dinheiro). Indica também a renda agropecuária bruta disponível<br />

para a família consumir, investir ou poupar, lembrando<br />

que parte deve ser reservada para repor a depreciação.<br />

Custo Operacional (COP): considera todas as saídas de caixa<br />

(exceto a prestação do financiamento) e, também, o custo<br />

da mão de obra familiar 1.b e a depreciação (valores que não<br />

saem do caixa, mas são custos de produção). Representa o valor<br />

mínimo a receber como receita, ou seja, é o valor no qual o<br />

retorno sobre o investimento é nulo. Qualquer receita acima<br />

do custo operacional implicará em um retorno positivo sobre<br />

o investimento; e, analogamente, as receitas abaixo representam<br />

um prejuízo.<br />

• COP = MOF + SAL + CUST + DPR<br />

1 Nesta análise é considerada apenas a receita obtida com a venda de animais vivos.<br />

1.a Nesta análise não é considerado um valor referente à prestação de financiamento.<br />

1.b A presente análise é feita apenas considerando a mão de obra contratada.


78<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.4<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro para a produção do frango de corte no Ceará, 2017. Aviário climatizado<br />

positivo (R$/Kg vivo).<br />

Ceará 2017 (R$/Kg vivo)<br />

Item do Custo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média<br />

Alimentação 2,28 2,36 2,24 2,06 1,82 1,96 1,93 1,95 1,94 2 2,04 2,03 2,05<br />

Outros 1,16 1,16 1,2 1,19 1,17 1,17 1,21 1,22 1,22 1,22 1,3 1,3 1,21<br />

Mão de obra 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15<br />

Depreciação 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06<br />

Custo de capital 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06<br />

Custo total 3,72 3,79 3,7 3,52 3,25 3,39 3,41 3,43 3,42 3,48 3,61 3,6 3,53<br />

Preço frango vivo 3,50 3,90 3,76 3,65 3,42 3,28 3,05 3,00 2,90 2,90 3,05 3,10 3,29<br />

Custo variável 3,59 3,67 3,59 3,40 3,14 3,28 3,29 3,32 3,31 3,37 3,49 3,48 3,41<br />

Custo operacional 3,65 3,73 3,65 3,46 3,20 3,34 3,35 3,38 3,37 3,43 3,55 3,54 3,47<br />

Geração de caixa 0,09 0,23 0,17 0,25 0,28 - 0,24 0,32 0,41 0,47 0,44 0,38 0,12<br />

Margem bruta 0,15 0,17 0,11 0,19 0,22 0,06 0,30 0,38 0,47 0,53 0,50 0,44 0,18<br />

Retorno investimento -4% 4% 3% 5% 7% -2% -9% -11%’ -14% -15% -14% -12% -5%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Onde:<br />

• COP: custo operacional<br />

• MOF: custo da mão de obra familiar<br />

• SAL: salários e diárias pagos à mão de obra contratada<br />

• CUST: custeio das operações, arrendamentos, administração<br />

e impostos<br />

• DPR: depreciação<br />

Retorno sobre Investimento (RI): em percentual, representa<br />

a margem bruta (MB) dividida pelo capital investido (CI).<br />

• RI = MB/CI x 100<br />

• MB = RB – (MOF + SAL + CUST)<br />

Onde:<br />

• MB: margem bruta


federação das indústrias do estado do tocantins 79<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.5<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro para a produção do frango de corte em Goiás, 2017. Aviário climatizado<br />

positivo (R$/Kg vivo).<br />

Goiás 2017 (R$/Kg vivo)<br />

Item do Custo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média<br />

Alimentação 1,7 1,71 1,52 1,4 1,41 1,41 1,37 1,41 1,33 1,41 1,46 1,49 1,47<br />

Outros 0,79 0,79 0,79 0,79 0,79 0,78 0,78 0,79 0,79 0,79 0,8 0,8 0,79<br />

Mão de obra 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13<br />

Depreciação 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07<br />

Custo de capital 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05<br />

Custo total 2,74 2,75 2,56 2,44 2,44 2,44 2,4 2,45 2,37 2,45 2,5 2,54 2,51<br />

Preço frango vivo 2,67 2,63 2,69 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,63 2,70 2,70 2,59<br />

Custo variável 2,62 2,63 2,44 2,32 2,33 2,32 2,28 2,33 2,25 2,33 2,39 2,42 2,39<br />

Custo operacional 2,67 2,68 2,49 2,37 2,38 2,37 2,33 2,38 2,30 2,38 2,44 2,47 2,44<br />

Geração de caixa 0,05 - 0,25 0,18 0,17 0,18 0,22 0,17 0,25 0,30 0,31 0,28 0,20<br />

Margem bruta - 0,05 0,20 0,13 0,12 0,13 0,17 0,12 0,20 0,25 0,26 0,23 0,15<br />

Retorno do investimento 0% -2% 8% 5% 5% 5% 7% 5% 8% 10% 10% 9% 6%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

• CI: capital investido 2<br />

• RB: receita bruta<br />

• MOF: custo da mão de obra familiar<br />

• SAL: salários e diárias pagos à mão de obra contratada<br />

2 2 Nesta análise, considera-se que o Capital Investido (CI) equivale ao valor do Custo<br />

Total (CT), pois considera-se que o CT representa o volume de recursos investidos<br />

para a atividade de produção do frango de corte.<br />

• CUST: custeio das operações, arrendamentos, administração<br />

e impostos<br />

Custo Total (CT): existe um custo econômico que deve ser<br />

considerado que representa a expectativa de retorno sobre o<br />

investimento, é o custo do capital (CC). A soma do custo de capital<br />

(CC) com o custo operacional (COP) gera o custo total (CT).


80<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.6<br />

Custo de produção e indicadores de desempenho econômico-financeiro para a produção do frango de corte no Paraná, 2017. Aviário climatizado<br />

positivo (R$/Kg vivo).<br />

Paraná 2017 (RS/Kg vivo)<br />

Item do Custo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média<br />

Alimentação 1,81 1,73 1,62 1,54 1,54 1,53 1,52 1,47 1,53 1,56 1,58 1,65 1,59<br />

Outros 0,54 0,54 0,54 0,54 0,51 0,51 0,51 0,52 0,51 0,54 0,54 0,54 0,53<br />

Mão de obra 0,16 0,16 0,16 0,16 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,16<br />

Depreciação 0,05 0,05 0,05 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,05 0,05 0,05 0,05<br />

Custo de capital 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06<br />

Custo total 2,61 2,53 2,42 2,35 2,31 2,3 2,29 2,25 2,3 2,37 2,38 2,46 2,38<br />

Preço frango vivo 2,68 2,62 2,58 2,54 2,51 2,54 2,58 2,50 2,49 2,45 2,43 2,50 2,54<br />

Custo variação 2,51 2,43 2,32 2,24 2,20 2,19 2,18 2,14 2,19 2,25 2,27 2,34 2,27<br />

Custo operacional 2,56 2,48 2,37 2,29 2,24 2,23 2,22 2,18 2,23 2,30 2,32 2,39 2,32<br />

Margem bruta 0,12 0,14 0,21 0,25 0,27 0,31 0,36 0,32 0,26 0,15 0,11 0,11 0,22<br />

Retorno investimento 5% 6% 9% 11% 12% 13% 16% 14% 11% 6% 5% 4% 9%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Assim, o custo total (CT) é o indicador que representa o valor<br />

a receber pelo frango vivo para satisfazer as expectativas do<br />

produtor em termos de retorno sobre o investimento. Observa-se<br />

que o custo do capital é um desejo e não uma certeza,<br />

estando sujeito a imprevistos, riscos e ao mercado.<br />

• CT = COP + CC<br />

Onde:<br />

• CT: custo total<br />

• COP: custo operacional<br />

• CC: custo de capital<br />

As Tabelas 3.4, 3.5 e 3.6 apresentam o custo de produção<br />

e os indicadores de desempenho econômicos e financeiros


federação das indústrias do estado do tocantins 81<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.7<br />

Variação dos preços de farelo de soja, milho e frango vivo, Ceará 2017.<br />

Farelo de soja Milho Frango vivo<br />

120,0<br />

110,0<br />

100,0<br />

90,0<br />

80,0<br />

70,0<br />

60,0<br />

111,4<br />

100,0<br />

100,0<br />

104,3<br />

100,0 100,0<br />

107,1<br />

107,4<br />

95,7<br />

104,3<br />

100,8<br />

84,3<br />

97,7<br />

90,5<br />

93,7<br />

88,9<br />

88,9 88,9 88,9<br />

88,6<br />

85,7<br />

85,7<br />

87,1 85,7<br />

87,1<br />

85,7<br />

82,9 82,9<br />

75,7 75,7<br />

72,9<br />

68,6 68,6 68,6 70,0 70,0<br />

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

para a produção do frango de corte para os estados do Ceará,<br />

Goiás e Paraná, respectivamente, para o ano de 2017.<br />

Observa-se que, na média, a produção do frango de corte<br />

não foi uma atividade rentável em 2017 no estado do Ceará,<br />

uma vez que, em diversos meses, o preço do frango vivo foi<br />

inferior ao custo total. Vale ressaltar, que o preço do frango<br />

vivo pago no Ceará foi mais elevado que em Goiás e no Paraná,<br />

nos quais a atividade se mostrou rentável.<br />

Em Goiás, na média, o ano de 2017 foi rentável para a<br />

produção de frango de corte, com uma geração de caixa de<br />

R$0,20/kg vivo, margem bruto de R$0,15/Kg vivo e retorno<br />

sobre investimento de 6%. Apenas em fevereiro, a margem<br />

bruta e o retorno sobre investimento foram negativos, com<br />

geração de caixa nula no mês.<br />

O Paraná foi o estado que apresentou o maior retorno<br />

sobre investimento (9%) para a produção de frango de<br />

corte, apesar de, na média, ter recebido o menor preço<br />

pelo quilo do frango vivo. Isso reforça a importância da<br />

eficiência produtiva e gestão dos custos para a viabilidade<br />

econômica e financeira da atividade. A geração de caixa


82<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.8<br />

Variação dos preços de farelo de soja, milho e frango vivo, Goiás 2017.<br />

110,0<br />

100,0<br />

90,0<br />

80,0<br />

70,0<br />

60,0<br />

50,0<br />

40,0<br />

100,0<br />

100,0<br />

100,0<br />

91,3 91,3<br />

75,1 76,9<br />

71,4<br />

57,1<br />

Farelo de soja Milho Frango vivo<br />

91,3<br />

91,3<br />

85,7<br />

87,3<br />

88,9<br />

80,2 81,3<br />

77,0<br />

77,8<br />

71,4 71,4 71,4 71,4 71,4<br />

75,1 77,1 77,1<br />

71,4<br />

59,3<br />

55,9<br />

52,9<br />

48,7 46,6 45,1<br />

45,9 45,7<br />

42,9<br />

30,0<br />

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

média no ano foi de R$0,26/Kg vivo, enquanto a margem<br />

bruta foi de R$0,22/Kg vivo.<br />

3. 1. 3. 3. Análise de sensibilidade<br />

A análise de sensibilidade é uma informação relevante para<br />

a tomada de decisões que permite estabelecer limites para<br />

algumas variáveis, como preço e produtividade, apontando o<br />

momento em que a atividade passa a ter retornos negativos.<br />

Para o preço, permite simular diferentes cenários de acordo<br />

com a sua oscilação, indicando a rentabilidade da operação e/<br />

ou potenciais prejuízos. Para a produtividade é possível simular<br />

cenários de redução, derivada de problemas climáticos ou<br />

fitossanitários; ou ganhos e aumento da rentabilidade, derivados<br />

de eventuais investimentos em tecnologia.<br />

Os Gráficos 3.7, 3.8 e 3.9 indicam, para o ano de 2017, a variação,<br />

em relação ao mês de janeiro, nos preços de itens de alimentação<br />

e preço do frango de corte vivo para os estados do Ceará,


federação das indústrias do estado do tocantins 83<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.9<br />

Variação dos preços de farelo de soja, milho e frango vivo, Paraná 2017.<br />

110,0<br />

100,0<br />

90,0<br />

80,0<br />

70,0<br />

60,0<br />

50,0<br />

100,0<br />

100,0<br />

100,0<br />

90,4<br />

74,9<br />

72,0<br />

84,4<br />

80,4 80,6<br />

80,9<br />

73,2 72,6 71,7 72,6<br />

66,4<br />

61,1 61,0<br />

58,0<br />

Farelo de soja Milho Frango vivo<br />

92,3<br />

86,3<br />

80,5 80,7<br />

84,8 85,5<br />

73,7<br />

71,4 71,1 70,0 69,4<br />

71,4<br />

65,0 66,3<br />

62,1<br />

58,7<br />

54,4 53,3<br />

40,0<br />

30,0<br />

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

Goiás e Paraná, respectivamente. Observa-se que, para o Ceará,<br />

o preço do milho chegou a ficar 31,4% inferior ao do frango vivo,<br />

de maio a julho; e o preço do quilo do frango de corte chegou ao<br />

seu menor valor (-17,1%) nos meses de setembro e outubro. Em<br />

Goiás, o preço do milho chegou a ser 57,1% inferior ao do frango<br />

vivo, no mês de julho; e o preço do frango vivo manteve seu<br />

menor valor de abril a setembro (-28,6%). No Paraná, o mês de<br />

agosto foi o de menor valor para o preço do milho (-46,7%) e novembro<br />

apresentou menor valor do preço do frango vivo (-30%).<br />

Tendo em mente que as reduções de preços nos itens de alimentação<br />

implicam em aumento de margens e rentabilidade,<br />

bem como a redução no preço do quilo do frango tem efeito<br />

inverso, os percentuais comentados foram aplicados, em seus<br />

respectivos estados, sobre os valores médios anuais dos custos<br />

de produção para avaliar os impactos sobre os indicadores<br />

econômicos e financeiros da atividade. Os resultados são<br />

apresentados na Tabela 3.7.<br />

Conforme esperado, as reduções do preço do quilo de fran-


84<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.7<br />

Análise de sensibilidade do custo de produção de frangos para os estados do Ceará, Goiás e Paraná, com variações nos valores de alimentação e preço.<br />

Frango R$/Kg média<br />

2017<br />

Valor médio anual<br />

Preço<br />

(-17,1%)<br />

Alimentação<br />

(-31,4%)<br />

Preço<br />

(-28,6%)<br />

Alimentação<br />

(-57,1%)<br />

Preço<br />

(-30%)<br />

Alimentação<br />

(-46,7%)<br />

Item do Custo Ceará Goiás Paraná Ceará Ceará Goiás Goiás Paraná Paraná<br />

Alimentação 2,05 1,47 1,59 2,05 1,41 1,47 0,63 1,59 0,85<br />

Outros 1,21 0,79 0,53 1,21 1,21 0,79 0,79 0,53 0,53<br />

Mão de obra 0,15 0,13 0,15 0,15 0,15 0,13 0,13 0,15 0,15<br />

Depreciação 0,06 0,05 0,05 0,06 0,06 0,05 0,05 0,05 0,05<br />

Custo de capital 0,06 0,07 0,06 0,06 0,06 0,07 0,07 0,06 0,06<br />

Custo Total 3,53 2,51 2,38 3,53 3,53 2,51 2,51 2,38 2,38<br />

Preço frango vivo 3,29 2,59 2,54 2,73 3,29 1,85 2,59 1,77 2,54<br />

Custo Var 3,41 2,39 2,27 3,41 2,77 2,39 1,55 2,27 1,53<br />

Custo Oper 3,47 2,44 2,32 3,47 2,83 2,44 1,60 2,32 1,57<br />

Geração de caixa -0,12 0,20 0,26 -0,68 0,53 -0,54 1,04 -0,50 1,01<br />

Margem bruta -0,18 0,15 0,22 -0,74 0,47 -0,59 0,99 -0,54 0,96<br />

Retorno investimento -5% 6% 9% -21% 13% -24% 39% -23% 40%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Embrapa Aves e Suínos (2018).<br />

go vivo, impactaram negativamente o retorno sobre o investimento,<br />

sendo que, após a variação, o indicador ficou negativo<br />

nos três estados. Na alimentação, após as variações do preço,<br />

Goiás, estado com a maior redução (-57,1%), obteve retorno<br />

sobre o investimento de 39%, 1 ponto percentual abaixo do Paraná,<br />

de 40%, com redução no preço da alimentação de 46,7%.<br />

Não foi possível conduzir uma simulação do impacto sobre<br />

produtividade uma vez que as fontes de dados consultadas<br />

apresentaram os custos de produção em R$ por quilo vivo do<br />

frango. Para esta análise seria necessária uma tabela de custo<br />

de produção por lote, de forma a permitir a variação do coeficiente<br />

produtividade.


federação das indústrias do estado do tocantins 85<br />

3. 1. 4. Análise econômico-financeira de produção de ovos<br />

Para esta análise foram utilizados os dados de custo disponibilizados<br />

pelo Anualpec, para São Paulo. O informativo não<br />

disponibiliza informações para os demais estados. Não foi encontrada<br />

na literatura o levantamento do custo de produção<br />

de ovos para o Tocantins.<br />

Os dados para São Paulo apresentam forte variação no custo<br />

total de produção para o período de 2008 a 2017. De 2008<br />

a 2016, houve um incremento de 80% no valor do referido<br />

custo, com uma redução de 21% de 2016 para 2017. Essa variação<br />

refletiu em um aumento no lucro de 171% entre 2008<br />

e 2016; e de adicionais 82% no ano seguinte (Gráfico 3.10).<br />

Na análise do custo de produção, observa-se que os itens<br />

com maiores percentuais de contribuição incluem o preço dos<br />

pintinhos, com 2.846% de aumento de dezembro de 2008 para<br />

dezembro de 2016; seguido por despesas administrativas e<br />

mão de obra (Tabela 3.8). No mesmo período, o lucro da atividade<br />

saltou 505%, o preço da caixa com 30 dúzias de ovos saltou<br />

de R$ 4,45 para R$ 26,93, incrementando a receita em 113%.<br />

De dezembro de 2016 para 2017, a ração, nominalmente, foi<br />

responsável pela queda no custo de produção de 10%. A título<br />

de simulação, se essa variação fosse excluída (ou seja, mantendo<br />

constante o custo da ração de 2016 para 2017), o custo<br />

de produção de ovos iria para R$ 52,77/caixa com 30 dúzias,<br />

equivalente a um aumento de R$0,10/caixa, o que evidencia<br />

o peso da ração na rentabilidade da operação. Em contrapartida,<br />

o valor da venda de ovos apresentou, no período, uma<br />

redução de 9%, com impacto negativo total de 6% no lucro<br />

(Tabela 3.8).<br />

Apesar da diferença, a participação dos itens na composição<br />

do custo de produção, no período analisado, não sofreu<br />

grandes alterações, conforme ilustrado na Tabela 3.9. A ração<br />

permaneceu como o principal item de contribuição para<br />

o custo.<br />

A renda da ativiadade, conforme apresentado na Tabela 3.8,<br />

é obtida, principalmente, pela venda dos ovos, complementada<br />

pela venda do esterco e do descarte. A composição da renda<br />

total é detalhada no Gráfico 3.11.<br />

É importante ressaltar a forte oscilação do custo e da renda<br />

da atividade dentro do período de um ano. Conforme ilustra<br />

o Gráfico 3.10, o lucro médio em 2017, na venda de uma caixa<br />

de 30 dúzias de ovos foi de R$ 40,09, versus o lucro para<br />

o mês de dezembro daquele ano, de R$25,35 (Tabela 3.8). O<br />

Gráfico 3.12 apresenta a variação porcentual, para o ano de<br />

2017, do lucro, custo total e valor de venda dos ovos.<br />

Observa-se que nos meses de fevereiro a julho em que há<br />

redução do custo de produção aliado, ao aumento do valor da<br />

venda de ovos, a rentabilidade da atividade é favorecida. Os<br />

movimentos inversos foram observados de agosto a dezem-


86<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

R$ /cx 30 dz<br />

Gráfico 3.10<br />

Variação da média anual do custo total e do lucro na produção de<br />

ovos, São Paulo, 2008 a 2017.<br />

60,00<br />

50,00<br />

40,00<br />

30,00<br />

20,00<br />

10,00<br />

0<br />

Custo total<br />

31,74 31,99<br />

8,14<br />

8,51<br />

Lucro/prejuízo<br />

38,63<br />

43,59<br />

13,05 12,28<br />

22,08<br />

56,98<br />

40,09<br />

2008 2010 2012 2014 2016 2017<br />

45,10<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados IEG|FNP (2018).<br />

bro. Essas fortes oscilações reforçam a necessidade da gestão<br />

eficiente da atividade que contemple acompanhamento dos<br />

custos de produção e indicadores de rentabilidade.<br />

Girotto (2008) apresenta uma metodologia detalhada para<br />

o levantamento e análise do custo de produção de ovos com<br />

o objetivo de fornecer subsídios que permitam melhorar o<br />

conhecimento sobre a avicultura brasileira de postura. Ela<br />

pode ser utilizada tanto para ovos brancos quanto vermelhos,<br />

como para estruturas automatizadas ou manuais. Contempla,<br />

também, a inclusão dos custos fixos no custo total, como depreciação<br />

de instalações e equipamentos, remuneração sobre<br />

o capital médio de instalações e equipamentos e remuneração<br />

do capital de giro.<br />

3. 1. 5. Associativismo e cooperativismo<br />

Tanto o associativismo como o cooperativismo são formas<br />

de governança que organizam classes com interesses semelhantes<br />

para a realização de ações em conjunto.<br />

A diferença entre associação e cooperativa está fundamentalmente<br />

na natureza de negócio: enquanto a associação tem<br />

o escopo de representatividade social, representação política,<br />

defesa dos interesses da classe, entre outras características,<br />

a cooperativa possui fins comerciais que visam certo lucro,<br />

viabilizando vários tipos de negócios entre os cooperados e o<br />

mercado (SEBRAE, 2017).<br />

No meio agrícola, um dos grandes benefícios da organização<br />

de produtores em associações é o aumento da competitividade<br />

de pequenos e médios produtores, que sozinhos podem<br />

não ter acesso à informação, serviços, entre outros.<br />

No ramo agropecuário, as cooperativas possuem funções


federação das indústrias do estado do tocantins 87<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.8<br />

Custo de produção de ovos (R$/caixa com 30 dúzias) para São Paulo, mês de dezembro, 2008, 2016 e 2017.<br />

Itens do custo de produção<br />

2008 2016 2017 Variação (%)<br />

Dezembro 2008/16 2016/17<br />

Ração 27,64 44,17 39,84 60% -10%<br />

Vacinas 0,45 0,24 0,24 -46% 0%<br />

Medicamentos 0,02 0,01 0,01 -48% 1%<br />

Desinfeção 0,28 0,30 0,31 7% 6%<br />

Pintinhos 0,07 1,92 1,61 2846% -16%<br />

Telefone 0,19 0,19 0,20 2% 7%<br />

Energia 1,44 0,31 0,31 -78% 0%<br />

Gás 0,09 0,11 0,14 24% 23%<br />

Despesas administrativas 0,20 0,42 0,45 112% 7%<br />

Veículos 0,18 0,25 0,27 41% 6%<br />

Benfeitorias 0,11 0,13 0,13 13% -1%<br />

Mão de obra p/ sala de ovos 0,99 2,10 2,24 112% 6%<br />

Mão de obra para galpão 1,19 2,52 2,68 112% 6%<br />

Custo total 32,83 52,67 48,44 60% -8%<br />

Receita 37,28 79,60 73,79 113% -7%<br />

Venda de ovos 34,35 77,39 70,38 125% -9%<br />

Venda de esterco 2,20 1,76 2,89 -20% 65%<br />

Venda de descarte 0,73 0,45 0,52 -38% 15%<br />

Lucro/Prejuízo 4,45 26,93 25,35 505% -6%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados IEG|FNP (2018).


88<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.9<br />

Composição do custo de produção de ovos para São Paulo, mês de<br />

dezembro, 2008, 2016 e 2017.<br />

Itens do custo de<br />

produção<br />

Participação<br />

2008 2016 2017<br />

Ração 84% 84% 82%<br />

Vacinas 1% 0% 0%<br />

Medicamentos 0% 0% 0%<br />

Desinfeção 1% 1% 1%<br />

Pintinhos 0% 4% 3%<br />

Telefone 1% 0% 0%<br />

Energia 4% 1% 1%<br />

Gás 0% 0% 0%<br />

Despesas administrativas 1% 1% 1%<br />

Veículos 1% 0% 1%<br />

Benfeitorias 0% 0% 0%<br />

Mão de obra p/ sala de ovos 3% 4% 5%<br />

Mão de obra para galpão 4% 5% 6%<br />

Custo Total 100% 100% 100%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados IEG|FNP (2018).<br />

que vão desde a compra e venda de insumos agrícolas, a comercialização<br />

da produção de seus cooperados, o incentivo<br />

da atividade rural por meio da concessão de crédito ao cooperado<br />

(existem linhas específicas de crédito para cooperativas)<br />

ÛÛ<br />

R$ milhões<br />

Gráfico 3.11<br />

Composição da renda da atividade de produção de ovos para São<br />

Paulo, mês de dezembro, 2008, 2016 e 2017.<br />

100%<br />

95%<br />

90%<br />

85%<br />

80%<br />

75%<br />

70%<br />

65%<br />

60%<br />

55%<br />

50%<br />

2%<br />

6%<br />

92%<br />

2%<br />

1%<br />

97%<br />

2008 2016 2017<br />

Venda de descarte<br />

Venda de esterco<br />

Venda de ovos<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados IEG|FNP (2018).<br />

até a agregação de valor ao produto do cooperado por meio<br />

da verticalização, ou seja, da aquisição e controle de indústrias<br />

de processamento. Além disso, as cooperativas podem<br />

ser controladas pelos próprios cooperados, possuem um menor<br />

custo operacional em relação aos bancos e seus membros<br />

podem se beneficiar com a distribuição de sobras ou excedentes.<br />

Apesar da grande importância do associativismo e do cooperativismo<br />

para a agropecuária, o estado do Tocantins ainda<br />

conta com poucas iniciativas nesse aspecto. A falta de um as-<br />

1%<br />

4%<br />

95%


federação das indústrias do estado do tocantins 89<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.12<br />

Variação porcentual do lucro, custo total e valor de venda de ovos para São Paulo, 2017 (Jan = 100%).<br />

300%<br />

250%<br />

220%<br />

244%<br />

227%<br />

229% 233%<br />

217%<br />

Farelo de soja Milho Frango vivo<br />

200%<br />

180%<br />

185%<br />

150%<br />

100%<br />

100%<br />

100%<br />

100%<br />

130% 134% 129% 131% 130%<br />

120%<br />

126%<br />

117%<br />

93% 89% 85% 85% 87% 84% 85% 87%<br />

143%<br />

119%<br />

108%<br />

117%<br />

102%<br />

103%<br />

92% 95% 97%<br />

50%<br />

0%<br />

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados IEG|FNP (2018).<br />

sociativismo de referência no estado impacta na carência de<br />

lideranças da classe produtora que busquem melhores políticas<br />

públicas para o setor no âmbito estadual e federal.<br />

Além da presença do Serviço Nacional de Aprendizagem do<br />

Cooperativismo – Sescoop no estado, o mesmo conta com 12<br />

cooperativas do ramo agropecuário.<br />

No tocante à avicultura, o Tocantins conta com iniciativas<br />

de ações coletivas ainda recentes. A AVINTO (Associação dos<br />

Avicultores do Norte do Tocantins), apesar de ter sido fundada<br />

em 2003, já possui atuação importante na defesa dos interesses<br />

dos criadores de frangos da região norte do estado. Há<br />

também expectativa de que a recém-criada (2015) AGRIVITA<br />

(Cooperativa Agroindustrial do Norte do Tocantins) consiga<br />

contribuir para o desenvolvimento da avicultura.<br />

A atração de filiais de cooperativas já maduras para o estado<br />

do Tocantins é uma estratégia plausível para o fortaleci-


90<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

mento da cultura cooperativista na região e fomento ao desenvolvimento<br />

do produtor local.<br />

Diferentemente da situação do Tocantins, outras regiões<br />

do Brasil já possuem o associativismo e o cooperativismo<br />

bem desenvolvidos. O Quadro 3.3 apresenta um ranking das<br />

maiores cooperativas do Brasil e a localização de suas unidades.<br />

Esse ranking foi desenvolvido pela revista Exame tendo<br />

como base o balanço de 2016.<br />

Dentre as maiores cooperativas brasileiras apresentadas no<br />

Quadro 3.3, grande parte está localizada na região Sul, com<br />

destaque para o Paraná. Das 20 maiores cooperativas agropecuárias<br />

do país, 14 estão presentes nesse estado. A região<br />

Centro-Oeste conta com a presença de 10 das 20 maiores cooperativas.<br />

O estado do Paraná teve 56% de seu PIB agropecuário proveniente<br />

de atividades de cooperativas em 2015, faturamento<br />

de R$60,3 bilhões (GAZETA <strong>DO</strong> POVO, 2016). As principais<br />

razões para o alto desempenho das cooperativas da região<br />

Sul foram os altos investimentos de profissionalização do negócio,<br />

verticalização e diversificação da produção em busca<br />

de agregar maior valor aos produtos. Além disso, os estados<br />

sulistas já possuem um histórico ligado a atividade cooperativista<br />

e tem tradição nas atividades que elas realizam.<br />

O fortalecimento de estruturas que favoreçam ações coletivas<br />

na produção agrícola tocantinense, tais como associações<br />

e cooperativas, trariam benefícios como: aumento do poder<br />

de barganha por meio de compras de insumos em conjunto;<br />

maior facilidade de acesso à linhas de crédito especiais;<br />

grande volume de produtos para negociar com operadores<br />

logísticos, entre outros. Todos esses fatores somados à maior<br />

capacitação do produtor rural, também proporcionada pelas<br />

cooperativas e associações, impulsionariam todo o setor no<br />

estado.<br />

3. 1. 6. Destinos da produção<br />

A carne de frango produzida no Tocantins é comercializada,<br />

principalmente, na própria região Norte do país. Maranhão,<br />

Piauí e Pará são os principais destinos, além de todo o território<br />

do Tocantins.<br />

Apesar de a indústria frigorífica instalada no estado ter estrutura<br />

e estar apta a exportar, a recente crise na avicultura<br />

do estado e troca de administração no frigorífico de Aguiarnópolis<br />

fizeram com que, atualmente, o estado não seja um<br />

exportador.<br />

Durante as entrevistas com agentes da cadeia, foi citado<br />

um ponto de atenção na comercialização das carnes tocantinenses<br />

a ser monitorado: já houve uma ocasião em que o<br />

Maranhão promoveu um embargo às carnes de frango do<br />

Tocantins. Caso essa situação se repita é necessário que o


federação das indústrias do estado do tocantins 91<br />

governo do estado aja de alguma forma no relacionamento<br />

interestadual.<br />

3. 1. 6. 1. Exportações<br />

As exportações do Tocantins são, em sua maioria, de produtos<br />

oriundos ou derivados da agropecuária. A Tabela 3.10 descreve<br />

o perfil das exportações do estado para 2017. Entretanto,<br />

as consultas ao banco de dados da Comexstat não retornaram informações quanto<br />

às exportações de carne de frango.<br />

Porém, conforme comentado no item anterior, a carne de<br />

frango não está sendo exportada apesar de a Frango Americano<br />

ter potencial para isso (contando inclusive com estruturas<br />

preparadas para abates halal e kosher).<br />

3. 1. 6. 2. Indústria de processamento<br />

A industrialização no estado do Tocantins ainda está em<br />

desenvolvimento, contando com alguns setores mais à frente<br />

que outros. No ano de 2014, a indústria representava cerca<br />

de 17% do PIB do estado do Tocantins, sendo que o principal<br />

componente era o comércio e serviços, representando cerca<br />

de 71% do total. Partindo desses números, é importante uma<br />

análise histórica para entender sua dinâmica.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.3<br />

As maiores cooperativas agropecuárias do Brasil.<br />

Posição Cooperativa Localização das unidades<br />

1 Copersucar SP<br />

2 Coamo MS/PR/SC<br />

3 Aurora Alimentos SC/MS/RS/PR/RJ/MG/PE/ES/BA/CE<br />

4 C.Vale RS/SC/PR/MS/MT<br />

5 LAR PR/MS/SC<br />

6 Cooxupé SP/MG<br />

7 Comigo GO<br />

8 Cocamar MS/PR/SP<br />

9 Copacol PR<br />

10 Integrada PR/MS/SP<br />

11 Castrolanda PR<br />

12 Cooperativa Agrária PR<br />

13 Coopercitrus SP/MG<br />

14 Cooperalfa SC<br />

15 Frisia PR/TO<br />

16 Frimesa SP/PR/RJ/SC/RS/MS/MG<br />

17 Coopavel PR<br />

18 CCPR/MG MG/GO<br />

19 Coasul PR<br />

20 Cocari PR/GO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OCB (2017).


92<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.10<br />

Exportações do Tocantins em 2017.<br />

Código<br />

SH2<br />

Descrição<br />

Valor FOB<br />

US$ mil<br />

Quantidade<br />

ton<br />

% Valor<br />

12 Sementes e frutos oleaginosos; grãos, sementes e frutos diversos; plantas industriais ou medicinais; palhas e forragens 787.021 2.095.531 79,8%<br />

02 Carnes e miudezas, comestíveis 113.304 32.134 11,5%<br />

10 Cereais 54.344 351.565 5,5%<br />

05 Outros produtos de origem animal, não especificados nem compreendidos noutros capítulos 9.258 2.801 0,9%<br />

01 Animais vivos 1.771 901 0,2%<br />

52 Algodão 462 217 0,0%<br />

15 Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal 11 11 0,0%<br />

Outros 19.856 27.395 2,0%<br />

Total exportações Tocantins 986.026 2.510.554 100%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da Brasil (2017a).<br />

Entre os anos de 2004 e 2014, o estado do Tocantins apresentou<br />

um dos maiores crescimentos do país, atingindo taxa<br />

de 4,8% ao ano. A indústria no estado teve crescimento médio<br />

anual ligeiramente maior, contabilizando um valor de crescimento<br />

médio de 4,9% ao ano enquanto que o setor de comércio<br />

e serviços cresceu à taxa média de 5,7% ao ano (FERNAN-<br />

DES, 2016). Tendo em vista que o estado está em processo de<br />

desenvolvimento, é de se esperar que o primeiro setor a ser<br />

fortalecido seja o de comércio e serviços, pois é o que dá apoio<br />

à população crescente que está se estabelecendo nas cidades<br />

e centros comerciais.<br />

No que tange ao elo industrial, o estado do Tocantins conta<br />

com cerca de 2.227 unidades industriais, sendo que cerca<br />

de 68% delas são microempresas, 11% de pequeno porte, 3%<br />

de médio porte e 4% de grande porte. Os 14% restantes são<br />

representados por microempreendedores individuais (FIETO,<br />

2016). Além da concentração em micros e pequenas empresas,<br />

a industrialização está mais presente em alguns segmentos.<br />

O Gráfico 3.13 mostra a distribuição do PIB industrial do<br />

estado por segmento.


federação das indústrias do estado do tocantins 93<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.13<br />

Composição do PIB da indústria no Tocantins em 2015.<br />

Alimentos<br />

32%<br />

Serviços<br />

industriais<br />

de utilidade<br />

públcia<br />

Derivados de petróleo<br />

e biocombustíveis<br />

12%<br />

6%<br />

4%<br />

1%<br />

2%<br />

2%<br />

Minerais<br />

não-metálicos<br />

Outros<br />

Químicos<br />

Couros e calçados<br />

Vale mencionar, também, que do total de indústrias do<br />

estado, apenas 6,5% são exportadoras. Dentre elas, cerca de<br />

30% são do segmento da indústria de transformação.<br />

A agroindústria de aves no estado conta com dois abatedouros<br />

avícolas, contudo um deles (localizado em Paraíso do<br />

Tocantins) está, atualmente, desativado. O único em funcionamento,<br />

localizado em Aguiarnópolis, era de propriedade<br />

da Bonasa S.A que, após apresentar pedido de recuperação<br />

judicial, arrendou suas atividades ao grupo Frango Americano<br />

(São Luis/MA). Este frigorífico possui capacidade de abate<br />

de 80.000 frangos por dia, com possibilidade de dobrar essa<br />

capacidade com a operação em dois turnos.<br />

41%<br />

Construção<br />

3. 1. 7. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio<br />

ao desenvolvimento<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNI (2017).<br />

Como pode ser visto, a indústria da Construção é a categoria<br />

com maior importância econômica no estado, seguida<br />

pelo Serviços Industriais de Utilidade Pública. A indústria<br />

de Alimentação vem na sequência, contando com 12% do<br />

total do PIB industrial. Esse segmento inclui, entre outros,<br />

a avicultura.<br />

Os impostos incidentes sobre os produtos de uma cadeia<br />

produtiva impactam diretamente na sua dinâmica e competitividade.<br />

Quando se trata de um país como o Brasil, com<br />

dimensões continentais e estados em situações econômicas<br />

diversas, esse aspecto é ainda mais relevante pois pode ser<br />

determinante em seu desenvolvimento. No presente trabalho<br />

serão analisados os tributos PIS, COFINS e ICMS, sendo que<br />

os dois primeiros são de caráter federal e o terceiro de caráter<br />

estadual.


94<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

O PIS (Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição<br />

para o Financiamento da Seguridade Social) são<br />

tributos federais de caráter social destinados a, respectivamente,<br />

financiar o pagamento do seguro desemprego, abono<br />

e participação na receita dos órgãos e entidades, tanto para<br />

trabalhadores de empresas públicas como privadas; financiar<br />

a seguridade social, em suas áreas fundamentais, incluindo<br />

a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017b).<br />

O fato gerador do PIS e da COFINS é o faturamento mensal,<br />

independente da denominação ou classificação fiscal. Devem<br />

contribuir as pessoas jurídicas de direito privado, sendo que<br />

há duas sistemáticas para a apuração dos valores:<br />

a) Sistemática Cumulativa: pela qual não é permitido o<br />

aproveitamento de crédito nas aquisições para abatimento<br />

do débito gerado, apurado a partir da aplicação<br />

sobre a base de cálculo da alíquota total de 3,65%;<br />

b) Sistemática Não-Acumulativa: pela qual é permitido o<br />

aproveitamento de créditos nas aquisições para abatimento<br />

do débito gerado, apurado a partir da aplicação<br />

sobre a base de cálculo de alíquota total de 9,25%.<br />

Como regra geral, as pessoas jurídicas optantes pelo sistema<br />

de tributação do Lucro Real estão incluídas na sistemática<br />

não-acumulativa, enquanto as pessoas jurídicas tributadas<br />

pelo Lucro Presumido ficam sujeitas à cumulatividade.<br />

Conforme informações da Econet (2017), dentre as várias<br />

situações em que a lei estabelece o não recolhimento das<br />

contribuições de PIS e COFINS, destaca-se a redução à alíquota<br />

zero – que deve ser compreendida como um benefício<br />

expressamente previsto em lei e desvinculados dos benefícios<br />

de suspensão, imunidade, isenção ou não incidência. A<br />

Tabela 3.11 apresenta os percentuais do PIS e COFINS incidentes<br />

sobre a avicultura, determinado pelos seus códigos<br />

NCMs consultados no site Alice WEB do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio (BR<strong>AS</strong>IL, 2017a).<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.11<br />

Percentuais de PIS e COFINS incidentes sobre carnes de aves,<br />

determinados pelos seus códigos NCMs.<br />

Regime de<br />

Tributação<br />

Simples<br />

Nacional<br />

Regime<br />

Cumulativo<br />

Regime Não-<br />

Cumulativo<br />

PIS COFINS Dispositivo Legal<br />

Vide<br />

observações<br />

Vide<br />

observações<br />

Lei Complementar nº 123/2006<br />

0,00% 0,00% Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XIX e § 4º<br />

0,00% 0,00% Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XIX e § 4º<br />

NCM: 0207 Carnes e miudezas, comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, das aves da posição<br />

01.05. 0207.11.00 Não cortadas em pedaços, frescas ou refrigeradas; 0207.12.00 Não cortadas em pedaços,<br />

congeladas; 0207.13.00 Pedaços e miudezas, frescos ou refrigerados; 0207.14.00; Pedaços e miudezas,<br />

congelados.


federação das indústrias do estado do tocantins 95<br />

SIMPLES NACIONAL - As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional<br />

não se beneficiam da alíquota zero do PIS e da COFINS sobre as receitas de vendas de mercadorias,<br />

devido à impossibilidade de utilizar ou destinar qualquer valor a título de incentivo fiscal (Lei Complementar<br />

nº 123/2006, artigo 24).<br />

A tributação do PIS e da COFINS será determinada conforme os percentuais de repartições dos tributos<br />

(aplicados sobre a alíquota efetiva utilizada para apuração do D<strong>AS</strong>) constantes nos Anexos I (comércio) ou<br />

II (indústria), de acordo com a atividade realizada pela pessoa jurídica.<br />

Nos casos de estabelecimento comercial importador e a saída das mercadorias seja de procedência estrangeira,<br />

estará equiparada à industrial pela legislação do IPI, tributando dessa forma pelo Anexo II,<br />

conforme o Ato Declaratório Interpretativo RFB n° 001/2018.<br />

REGIMES CUMULATIVO / NÃO-CUMULATIVO - O produto está sujeito à alíquota zero do PIS e da COFINS<br />

sobre a receita decorrente da venda no mercado interno (Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XIX e § 4º) .<br />

Também aplica-se a alíquota zero sobre a receita bruta decorrente das saídas do estabelecimento industrial,<br />

na industrialização por conta e ordem de terceiros, dos bens e produtos classificados nas posições<br />

NCM 0103, 0105, 0203, 02.06.30.00, 0206.4, 0207 e 0210.1 (Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, § 4º).<br />

CÓDIGO DE SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA (CST) - Os Códigos de Situação Tributária estão previstos na IN RFB<br />

nº 1.009/2010. Com relação ao Simples Nacional, a resposta nº 95 das perguntas e respostas da EFD-Contribuições<br />

orienta sobre o CST a ser utilizado pelo referido regime tributário.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, consulta a dados Econet (2018).<br />

O ICMS (Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação<br />

de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte<br />

Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação) é<br />

de competência dos estados e do Distrito Federal. Sua regulamentação<br />

constitucional está prevista na Lei Complementar<br />

87/1996 (a chamada Lei Kandir), alterada posteriormente<br />

pelas Leis Complementares 92/1997, 99/1999 e<br />

102/2000.<br />

Com o objetivo de levantar o percentual de ICMS que incide<br />

sobre a produção, distribuição e comercialização e estimar<br />

os incentivos tributários para a carne de frango para<br />

os estados do Tocantins, Paraná, Goiás e Ceará, utilizou-se<br />

a ferramenta da Econet que elenca todas as referências e<br />

informações importantes a serem observadas, para fins da<br />

determinação da alíquota a ser aplicada nas operações internas<br />

e dos benefícios fiscais existentes (reduções de base<br />

de cálculo, isenções, créditos outorgados), de acordo com a<br />

mercadoria ou serviço (Tabela 3.12).<br />

As políticas de desenvolvimento são medidas que podem<br />

ser tomadas no âmbito estadual para favorecer e incentivar<br />

o desenvolvimento de áreas específicas. Um dos objetivos<br />

buscados com o desenho de políticas específicas é o de aumentar<br />

a atratividade de determinado estado para novos investimentos,<br />

ou desenvolver algum elo da cadeia de interesse<br />

econômico.<br />

O Tocantins já foi incluído em diversos programas de desenvolvimento,<br />

tanto focados no agronegócio, como programas<br />

mais abrangentes. Alguns são destacados:<br />

• Avança Brasil – um dos precursores do Programa de<br />

Aceleração do Crescimento (PAC), o programa focou em<br />

ações de desenvolvimento da infraestrutura e aumento<br />

da competitividade do setor produtivo (LIMA, 2014);<br />

• Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR)


96<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

– estruturaram instâncias de representação, e avançaram<br />

no incremento da infraestrutura, inovação e fortalecimento<br />

de Arranjos Produtivos Locais (APLs), além de<br />

ofertar crédito (LIMA, 2014);<br />

• Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

(PDRS) – financiado com recursos do BIRD, o projeto previa<br />

ações de desenvolvimento de infraestrutura rural e<br />

de meio ambiente (LIMA, 2014);<br />

• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – criado<br />

em 2007 direcionado a grandes obras de infraestrutura<br />

do país (BR<strong>AS</strong>IL, 2017c).<br />

Ao mesmo tempo, incentivos fiscais também são utilizados<br />

na atração de investimentos no estado como é possível observar<br />

pelos programas evidenciados na Cartilha de Incentivos<br />

Fiscais do Tocantins e resumidos a seguir (CDE/SEDEN, 2017):<br />

Proindústria<br />

Estimula indústrias locais com interesse em implantação<br />

e expansão.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de matéria-prima e insumos,<br />

nas vendas destinadas a órgãos públicos, na energia<br />

elétrica, nas operações internas e importações de<br />

equipamentos e no devido por diferencial de alíquota<br />

das operações de ativo fixo.<br />

• Concede crédito presumido de 100% do valor do ICMS<br />

na prestação de serviços interestaduais com industrializados.<br />

• Incide sobre carga tributária de 75% do valor de ICMS<br />

apurado e contribui com 0,3%, sobre o faturamento.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.12<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para carne de frango para os estados do Tocantins, Paraná, Goiás e Ceará.<br />

BOVI<strong>NO</strong>S ICMS<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

Regra geral - alíquota de %<br />

TO<br />

Reduções de Base de Cálculo<br />

Carne e demais produtos comestíveis frescos, resfriados, congelados, salgados, secos ou temperados,<br />

resultantes do abate de aves, leporídeos e gado bovino, bubalino, caprino, ovino e suíno<br />

Interestaduais Redução para 58,33%<br />

• Manutenção do crédito do imposto em relação às entradas. Comparativo com outros estados<br />

• A redução de base de cálculo não se aplica às operações ou prestações abrangidas pelo Simples Nacional. PR/GO/MA - Carga tributária de 7%


federação das indústrias do estado do tocantins 97<br />

BOVI<strong>NO</strong>S ICMS<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

TO Créditos presumidos Produtos resultantes do abate de aves e gado suíno, caprino e ovino Internas<br />

• Poderá apropriar-se do crédito presumido os complexos agroindustriais, desde que concedido mediante Termo de Acordo (TARE). O crédito presumido será equivalente a 16,5% da base de cálculo nas saídas internas.<br />

O crédito presumido será apropriado em substituição ao aproveitamento de quaisquer créditos fiscais, exceto os outorgados, referentes ao Programa Cartão-Moradia. O valor do crédito presumido apurado deverá ser<br />

lançado no campo Outros Créditos do Livro Registro de Apuração do ICMS.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

TO Créditos presumidos Ovos, inclusive os férteis, pintos de um dia e produtos resultantes do abate de aves e gado suíno, caprino<br />

e ovino e ração<br />

Interestaduais<br />

• Poderá apropriar-se do crédito presumido os complexos agroindustriais, desde que concedido mediante Termo de Acordo (TARE).<br />

• O crédito presumido será equivalente a 11,5% do valor da operação, nas saídas interestaduais.<br />

• O valor do crédito presumido apurado deverá ser lançado no campo Outros Créditos do Livro Registro de Apuração do ICMS.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

TO Créditos presumidos Aves vivas Interestaduais<br />

• Poderá apropriar-se do crédito presumido os complexos agroindustriais, desde que concedido mediante Termo de Acordo (TARE).<br />

• O crédito presumido será equivalente a 11% do valor da operação, nas saídas interestaduais.<br />

• O valor do crédito presumido apurado deverá ser lançado no campo Outros Créditos do Livro Registro de Apuração do ICMS.<br />

BOVI<strong>NO</strong>S ICMS<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PR Alíquota Produtos avícolas e agropecuários, desde que em estado natural: cacateira, cambuquira, camomila, canade-açúcar,<br />

cará, cardo, carnes e miúdos comestíveis frescos, resfriados ou congelados, de bovinos, suínos,<br />

caprinos, ovinos, coelhos e aves, casulos do bicho-da-seda, catalonha, cebola, cebolinha, cenoura, centeio,<br />

cevada, chá em folhas, chicória, chuchu, coentro, cogumelo, colza, cominho, couve e couve-flor<br />

12%<br />

• O artigo 17, § 10 do RICMS/PR, conceitua produto em estado natural como todo aquele alimento de origem vegetal ou animal, para cujo consumo imediato se exija, apenas, a remoção da parte não comestível e os<br />

tratamentos indicados para sua perfeita higienização e conservação, ainda que embalados, desde que não modificada a sua natureza.-


98<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

BOVI<strong>NO</strong>S ICMS<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PR Alíquota Produtos avícolas e agropecuários, desde que em estado natural: ovos de aves 12%<br />

• O artigo 17, § 10 do RICMS/PR, conceitua produto em estado natural como todo aquele alimento de origem vegetal ou animal, para cujo consumo imediato se exija, apenas, a remoção da parte não comestível e os<br />

tratamentos indicados para sua perfeita higienização e conservação, ainda que embalados, desde que não modificada a sua natureza.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PR Isenções Cesta básica: carnes e miúdos comestíveis, frescos, resfriados ou congelados, resultantes do abate de aves,<br />

coelhos e gados bovino, bubalino, suíno, ovino e caprino<br />

Internas 12%<br />

• Aplica-se a isenção às saídas para consumidores finais.<br />

• O benefício não será aplicado às etapas anteriores de produção e comercialização.<br />

• A utilização do referido benefício acarretará a anulação do crédito do imposto relativo às operações anteriores.<br />

• Na aquisição destas mercadorias, não será exigido o pagamento do imposto diferido ou suspenso.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PR Crédito presumido Carne e produtos comestíveis resultantes do abate de aves, leporídeos e gados bovino, bubalino, caprino<br />

ou ovino, frescos, resfriados, congelados, salgados, secos, temperados ou defumados para conservação, e<br />

seus industrializados, mesmo que enlatados ou cozidos<br />

Internas e interestaduais<br />

• Poderão apropriar-se do crédito presumido os estabelecimentos abatedores que efetuem ou encomendem o abate no Estado do Paraná, ou que realizem a desossa de carne recebida de outros estabelecimentos, ou<br />

por indústrias de transformação ou processadores de carnes.<br />

• A apropriação do crédito presumido será opcional e deverá resultar em carga tributária de 7%.<br />

• Não se aplica nas saídas para o exterior e nas saídas isentas ou não tributadas, inclusive para as Zonas Francas, e não se compreende como saída aquela cujos produtos ou outros deles resultantes sejam objeto de posterior<br />

retorno, real ou simbólico, devendo a escrituração dos créditos das matérias-primas e demais insumos utilizados no processo produtivo, inclusive de bens do ativo imobilizado, quando haja expressa manutenção<br />

dos créditos na legislação, ser feita apenas na proporção do valor dessas saídas sobre o valor total das saídas do estabelecimento no mês dessas operações.<br />

• Deverá alcançar todos os estabelecimentos abatedores do contribuinte localizados neste Estado e a opção pelo crédito presumido, bem como a renúncia, deverão ser declaradas em termo lavrado no Registro de<br />

Ocorrência Eletrônico (Registro de Ocorrência Eletrônico (RO-e), e tanto a opção quanto a renúncia produzirão efeitos por período não inferior a 12 meses contados do primeiro dia do mês subsequente ao da lavratura<br />

do correspondente termo, conforme disposto na nota 1.3 do Item 13 do Anexo VII do RICMS/PR.<br />

• Nos termos da nota 1.4 do Item 13 do Anexo VII do RICMS/PR, o contribuinte deverá elaborar demonstrativo do ICMS separando-se as operações de industrialização e desossa de carnes das operações de simples<br />

comercialização do produto.<br />

• O valor do crédito presumido, em razão de ser imediatamente compensado com o débito da operação para a qual foi concedido, não será deduzido do valor do crédito acumulado decorrente de outras operações.<br />

• Para apropriação do crédito presumido, deverá ser emitida nota fiscal.


federação das indústrias do estado do tocantins 99<br />

BOVI<strong>NO</strong>S ICMS<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PR Crédito presumido Vegetais e carnes Internas e interestaduais<br />

• Poderão apropriar-se do crédito presumido os estabelecimentos fabricantes.<br />

• O crédito presumido aplica-se em relação às saídas de vegetais e carnes embalados a vácuo, cozidos e esterilizados a vapor, sem adição de conservantes, dispensados de refrigeração, para consumo humano.<br />

• O crédito presumido será apropriado no montante equivalente a 90% do valor do imposto devido nas referidas saídas.<br />

• A utilização do crédito presumido é opcional. Exercida a opção, o crédito presumido será apropriado em substituição ao aproveitamento de quaisquer créditos fiscais, bem como da redução da base de cálculo de que<br />

trata o item 9 do Anexo VI do RICMS/PR, conforme disposto na nota 1 do Item 54 do Anexo VII do RICMS/PR.<br />

• A opção deverá ser declarada em termo lavrado no Registro de Ocorrência Eletrônico (RO-e), sendo a renúncia a ela objeto de novo termo, que produzirá efeitos, em cada caso, por período não inferior a 12 meses<br />

contados do primeiro dia do mês subsequente ao da lavratura do correspondente termo, conforme disposto na nota 2 do Item 54 do Anexo VII do RICMS/PR.<br />

• O referido benefício não se aplica às operações interestaduais, sujeitas a alíquota de 4%.<br />

• Aplica-se cumulativamente com o diferimento parcial de que trata o artigo 28 do Anexo VIII do RICMS/PR.<br />

• Para apropriação do crédito presumido, deverá ser emitida nota fiscal.<br />

• Benefício válido até 31.12.2018.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO Alíquota Ave, peixe e gado vivos, bem como carne fresca, resfriada, congelada, salgada, temperada ou salmourada,<br />

e miúdo comestível resultantes do abate desses animais<br />

12%<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO Isenções Asinino, ave, bovino, bubalino, caprino, equino, leporídeo, muar, ovino, ranídeo e suíno Internas<br />

• Aplica-se a isenção na saída interna realizada por produtor agropecuário, destinada ao abate em estabelecimento frigorífico ou abatedor.<br />

• A isenção é aplicável também, na saída realizada por:<br />

• a) produtor agropecuário destinada a terceiro, bem como a realizada por conta e ordem deste com destino ao abate em frigorífico ou abatedor;<br />

• b) terceiro que destine animal adquirido junto ao produtor rural, ao abate em frigorífico ou abatedor.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO Crédito presumido/outorgado Ave e produtos comestíveis resultantes de sua matança, em estado natural, congelados ou simplesmente<br />

temperados<br />

Internas<br />

• Crédito outorgado de importância equivalente à aplicação da alíquota interestadual do Estado do remetente sobre o valor da operação, observado o limite de tributação da operação interna.


100<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

BOVI<strong>NO</strong>S ICMS<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO Crédito presumido/outorgado Carne fresca, resfriada, congelada, salgada, temperada ou salmourada e miúdo comestível resultantes do<br />

abate, em seu próprio estabelecimento, de ave e suíno<br />

Internas e interestaduais<br />

• Crédito outorgado para efeito de compensação com o ICMS devido pelo estabelecimento frigorífico ou abatedor, na saída para comercialização ou industrialização, de carne fresca, resfriada, congelada, salgada,<br />

temperada ou salmourada e miúdo comestível resultantes do abate ou da industrialização, em seu próprio estabelecimento de ave e suíno adquiridos em operação interna com a isenção de que trata o Artigo 6º, inciso<br />

CXVI, do Anexo IX do RCTE/GO ou criados pelo beneficiário do crédito outorgado ou por produtor rural a ele integrado, o equivalente à aplicação de 9% sobre o valor da respectiva base de cálculo.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO Crédito presumido/outorgado Produto comestível decorrente da industrialização de ave e suíno Interestaduais<br />

• O titular de projeto agroindustrial de avicultura e suinocultura poderá apropriar-se do crédito outorgado da importância correspondente a 5% da operação que destine produto comestível decorrente da industrialização<br />

de ave e suíno para os Estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e para o Estado do Espírito Santo.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO Crédito presumido/outorgado Ave viva proveniente de produtor rural Interestaduais<br />

• O crédito outorgado somente será apropriado na hipótese de o estabelecimento industrial ser signatário de termo de acordo de regime especial firmado com a Secretaria da Fazenda, do qual deve constar a quota<br />

máxima mensal de ave viva que pode ser remetida para outra unidade federada. O estabelecimento industrial deverá deixar de aproveitar os créditos do ICMS relativos à entrada e ao serviço utilizado.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

GO Diferimentos Ave viva ou abatida<br />

• É substituto tributário, assumindo a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido na operação interna anterior, o estabelecimento industrial, na aquisição de ave viva ou abatida, efetuada diretamente do<br />

estabelecimento produtor, ou extrator, inclusive de suas cooperativas, para utilização como matéria-prima em processo industrial. A adoção do regime de substituição tributária pela operação anterior é opcional, ficando<br />

facultada, ao contribuinte substituído, a emissão do documento fiscal respectivo, a apuração e o pagamento do ICMS devido, conforme o regime normal de tributação.<br />

• A substituição tributária prevista neste artigo aplica-se, também, às sucessivas saídas de um para outro estabelecimento industrial, desde que sejam signatários de regime especial com a Secretaria da Fazenda.<br />

• A substituição tributária prevista neste artigo pode ser estendida, também, às saídas de produto agropecuário efetuadas por estabelecimento comercial que seja substituto tributário pela operação anterior com destino<br />

a estabelecimento industrial, na forma e condições fixadas em regime especial celebrado com a Secretaria da Fazenda.<br />

• O estabelecimento comercial adquirente de produto agropecuário pode assumir a condição de substituto tributário, mediante celebração de termo de acordo de regime especial para esse fim.<br />

• O documento fiscal para acobertar a operação deve ser emitido por intermédio da repartição fiscal localizada na circunscrição do município de origem do produto ou da substância, devendo ainda serem observadas as<br />

disposições do Artigo 7º, do Anexo VIII do RCTE/GO quanto ao cumprimento dessa obrigação acessória.<br />

• Fica autorizado o uso da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), modelo 55, ou da nota fiscal, modelo 1 ou 1-A, previamente emitida pelo destinatário, como documento hábil para acobertar a operação interna de circulação<br />

(trânsito) que envolva produto agropecuário e substância mineral ou fóssil, nas situações e condições elencadas nos Artigos 5º e 6º do Anexo VIII do RCTE/GO.


federação das indústrias do estado do tocantins 101<br />

BOVI<strong>NO</strong>S ICMS<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

CE Reduções de base de cálculo Cesta básica: aves e ovos Internas e Importações Redução de 61,11%<br />

• A utilização da redução de base de cálculo , salvo disposição em contrário, não exclui benefícios fiscais do ICMS concedidos através de convênios celebrados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ).<br />

Na existência de outro benefício fiscal caberá a verificação de qual deles é mais benéfico ao contribuinte.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

CE Isenções Ovos e aves e produtos resultantes de sua matança, em estado natural Internas<br />

• Não será aplicada a isenção para os congelados e os resfriados.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

CE Créditos presumidos Ovos férteis, pintos de um dia, ovos, aves e suas correspondentes partes e miúdos em estado natural,<br />

congelados ou resfriados<br />

Interestaduais<br />

• Será aplicado o crédito presumido no percentual de 100%, quando praticadas por estabelecimento produtor.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

CE Créditos presumidos Aves e suas correspondentes partes e miúdos, congelados ou resfriados Internas<br />

• Será aplicado o crédito presumido no percentual de 100%, quando praticadas por estabelecimento produtor.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, consulta a dados Econet (2018).<br />

Também foram levantados os percentuais de ICMS incidentes nos estados consumidores da carne de frango do Tocantins:<br />

Maranhão, Piauí e Pará (Tabela 3.13).<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.13<br />

Alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para carne de frango para os estados do Maranhão, Piauí e Pará.<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

MA Reduções de base de cálculo Produtos hortifrutigranjeiros em estado natural (exceto quando destinados à industrialização): ovos, aves inteiras Internas e Interestaduais 58,83%<br />

• A redução da base de cálculo não se aplica às operações promovidas por produtores de organização rudimentar.


102<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

MA Reduções de base de cálculo Insumos agropecuários: embriões, sêmen congelado ou resfriado, (exceto os de bovino) ovos férteis, aves de um<br />

dia (exceto as ornamentais) girinos e alevinos<br />

Importações e<br />

Interestaduais<br />

60%<br />

• A redução da base de cálculo está condicionada a que o estabelecimento vendedor deduza do preço da mercadoria o valor correspondente ao imposto dispensado, demonstrando expressamente na nota fiscal a<br />

respectiva dedução.<br />

• A aplicação da redução da base de cálculo nas operações de importação está condicionada a que o desembaraço aduaneiro seja realizado no território maranhense.<br />

• A redução da base de cálculo possui prazo determinado de vigência, ou seja, é válida até 30.04.2019.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

MA Isenções Ovos, aves e produtos resultantes de sua matança Internas<br />

• Aplica-se a isenção nas operações com os produtos em estado natural, congelados ou simplesmente temperados, promovidas por produtores de rudimentar organização, que efetuarem vendas diretamente em feiras<br />

livres a consumidor final.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

MA Diferimentos Insumos agropecuários: embriões, sêmen congelado ou resfriado, (exceto os de bovino) ovos férteis, aves<br />

de um dia (exceto as ornamentais), girinos e alevinos<br />

• O diferimento está condicionado a que o estabelecimento vendedor deduza do preço da mercadoria o valor correspondente ao imposto dispensado, demonstrando expressamente na nota fiscal a respectiva dedução.<br />

• O diferimento possui prazo determinado de vigência, ou seja, é válido até 30.04.2019. O diferimento também é aplicável nas prestações de serviços de transporte dos produtos alcançados pelo benefício.<br />

• O diferimento é opcional, hipótese que o remetente poderá indicar em destaque, no documento fiscal emitido, o ICMS que seria cobrado pela respectiva operação, hipótese em que se sujeitará ao pagamento do<br />

imposto pelo regime aplicável.<br />

• O benefício outorgado às saídas dos produtos destinados à pecuária estende-se às remessas com destino a apicultura, aquicultura, avicultura, cunicultura, ranicultura e sericultura.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

MA Alíquota efetiva Aves vivas ou abatidas e produtos comestíveis resultantes do abate, em estado natural, congelados,<br />

resfriados ou simplesmente temperados<br />

Internas 12%<br />

• O artigo 20, inciso V do RICMS/PI indica a aplicação da alíquota de 12% nas operações internas e nas interestaduais destinadas a consumidor final, não contribuinte do imposto. Nas operações interestaduais destinadas<br />

a consumidor final, contribuinte ou não do imposto, será observada a alíquota interestadual, que também corresponde a 12%.<br />

• Para efeito de aplicação da alíquota de 12% para produtos alimentícios e insumos, consideram-se, exclusivamente, como produtos da cesta básica, aqueles indispensáveis à satisfação das necessidades básicas de<br />

alimentação da população de baixa renda, não sendo assim entendidos os que, a adição de substâncias e ingredientes lhes confiram outras funções além da original, como os produtos alimentícios adicionados de<br />

outros componentes ou ingredientes, inclusive aromatizantes.


federação das indústrias do estado do tocantins 103<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PI Reduções de base de cálculo Carne e demais produtos comestíveis frescos, resfriados, congelados, salgados, secos ou temperados,<br />

resultantes do abate de aves<br />

Internas e interestaduais<br />

• A base de cálculo será reduzida em 58,33%, quando das saídas interestaduais destinadas a não contribuintes do ICMS e contribuintes do ICMS.<br />

• O benefício não poderá ser utilizado cumulativamente com o crédito presumido previsto no artigo 56, inciso VII, do RICMS/PI.<br />

• O Comunicado SEFAZ nº 03/2017 informa sobre o cálculo do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP) nas operações e prestações com redução de base de cálculo.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PI Reduções de base de cálculo Aves e produtos comestíveis resultantes de sua matança, em estado natural, congelados, resfriados ou<br />

simplesmente temperados<br />

Carga tributária de 0%<br />

• O Comunicado SEFAZ nº 03/2017 informa sobre o cálculo do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP) nas operações e prestações com redução de base de cálculo.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PI Reduções de base de cálculo Insumos agropecuários: embriões, sêmen congelado ou resfriado, (exceto o de bovino), ovos férteis,<br />

girinos, alevinos e aves de um dia<br />

Interestaduais Redução de 60%<br />

• Manutenção integral do crédito aos estabelecimentos industriais, relativamente aos insumos utilizados no processo industrial desses produtos.<br />

• Benefício válido até 30.04.2019.<br />

• O Comunicado SEFAZ nº 03/2017 informa sobre o cálculo do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP) nas operações e prestações com redução de base de cálculo.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PI Créditos presumidos Aves vivas ou abatidas e produtos comestíveis resultantes de seu abate em estado natural, congelados,<br />

resfriados, ou simplesmente temperados<br />

Internas e Interestaduais<br />

• Os estabelecimentos comerciais e produtores poderão apropriar-se do crédito presumido no valor resultante da aplicação de 7,20% sobre o valor que serviu de base de cálculo para a operação de saída.<br />

• O benefício é concedido aos estabelecimentos comerciais e produtores, nas saídas tributadas.<br />

• O valor do crédito presumido será apropriado pelo contribuinte inscrito no CAGEP na categoria cadastral normal ao final de cada período de apuração, por meio da DIEF, no campo Outros Créditos, item Crédito<br />

Presumido.


104<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PI Diferimentos Ovos, aves e produtos comestíveis resultantes de sua matança, em estado natural, congelados, resfriados ou<br />

simplesmente temperados com destino a industrialização<br />

• É diferido o ICMS na saída subsequente interna resultante da industrialização, conforme dispõe artigo 14, inciso VI, do RICMS/PI.<br />

• Mercadoria relacionada no artigo 1.351, inciso I, do RICMS/PI<br />

• O ICMS diferido está incorporado ao valor final do produto e será considerado recolhido quando ocorrer a saída subsequente do produto final, conforme dispõe artigo 14, § 6º, do RICMS/PI, ainda que:<br />

• a) beneficiada com redução de base de cálculo ou alíquota inferior à prevista para a operação anterior realizada com diferimento;<br />

• b) a apuração do imposto esteja sujeita à apropriação de crédito presumido;<br />

• c) a saída seja isenta ou não tributada.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Reduções de base de cálculo Cesta Básica: carnes de ave e suína Internas Carga tributária de 7%<br />

• A redução da base de cálculo pode ser aplicada no cálculo da antecipação do imposto quando o produto for oriundo de outra unidade da federação nos termos do artigo 108, § 3°, do RICMS/PA.<br />

• Benefício aplicável por prazo indeterminado.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Isenções Produtos hortifrutigranjeiros, em estado natural (exceto quando destinados à industrialização): aves vivas Internas<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Isenções Produtos hortifrutigranjeiros, em estado natural (exceto quando destinados à industrialização): aves<br />

abatidas e produtos comestíveis decorrentes do abate, inteiros ou em cortes, in natura, congelados ou<br />

simplesmente temperados, quando produzidos no Estado do Pará<br />

Internas<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Créditos presumidos Operações realizadas pelos segmentos atacadista e varejista com: produtos alimentícios da cesta<br />

básica - carnes e demais produtos comestíveis frescos, resfriados, congelados, salgados, em salmoura,<br />

simplesmente temperados, secos ou defumados, resultantes do abate de aves (CEST 17.087.00)<br />

• Produto constante no Anexo Único da Instrução Normativa n° 05/2017.<br />

• O crédito presumido será equivalente a 14%, nas operações com alíquota de 17%, relativamente aos produtos da cesta básica, e 11% nas operações com alíquota de 12%, calculado sobre as operações de saída.<br />

• O benefício será concedido mediante regime tributário diferenciado, formulado individualmente por estabelecimento, por período determinado, condicionado ao atendimento pelo requerente, cumulativamente, dos<br />

requisitos elencados no artigo 127 do Anexo I do RICMS/PA.


federação das indústrias do estado do tocantins 105<br />

• O regime tributário diferenciado será firmado pelo prazo inicial de 1 ano, podendo ser prorrogado, sucessivamente, por igual período, após avaliação da Secretaria de Estado da Fazenda.<br />

• Nas aquisições interestaduais, pelo contribuinte detentor do Regime Tributário Diferenciado, com relação aos produtos da cesta básica, sujeitos ao regime de antecipação do imposto na entrada do território paraense, em<br />

substituição à dedução de que trata o artigo 108 do Anexo I do RICMS/PA, deverá ser adotado, exclusivamente, crédito presumido de 4,8% sobre o valor das entradas, de tal forma que a carga tributária líquida resulte em 3%.<br />

• Nas aquisições internas de que trata o artigo 652 do RICMS/PA, quando destinadas a contribuinte detentor do regime tributário diferenciado, o substituto tributário deverá adotar, em substituição ao valor do imposto<br />

devido pela operação própria a que se refere o artigo 640 do RICMS/PA, os mesmos percentuais previstos no artigo 130 do Anexo I do RICMS/PA.<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Créditos presumidos Operações realizadas pelos segmentos atacadista e varejista com: Produtos Alimentícios da Cesta Básica -<br />

carnes e demais produtos comestíveis frescos, resfriados, congelados, salgados, em salmoura, simplesmente<br />

temperados, secos ou defumados, resultantes do abate de aves (CEST 17.087.00)<br />

• Produto constante no Anexo Único da Instrução Normativa n° 05/2017. O crédito presumido será equivalente a 14%, nas operações com alíquota de 17%, relativamente aos produtos da cesta básica, e 11% nas operações<br />

com alíquota de 12%, calculado sobre as operações de saída.<br />

• O benefício será concedido mediante regime tributário diferenciado, formulado individualmente por estabelecimento, por período determinado, condicionado ao atendimento pelo requerente, cumulativamente, dos<br />

requisitos elencados no artigo 127 do Anexo I do RICMS/PA. O regime tributário diferenciado será firmado pelo prazo inicial de 1 ano, podendo ser prorrogado, sucessivamente, por igual período, após avaliação da<br />

Secretaria de Estado da Fazenda.<br />

• Nas aquisições interestaduais, pelo contribuinte detentor do Regime Tributário Diferenciado, com relação aos produtos da cesta básica, sujeitos ao regime de antecipação do imposto na entrada do território paraense,<br />

em substituição à dedução de que trata o artigo 108 do Anexo I do RICMS/PA, deverá ser adotado, exclusivamente, crédito presumido de 4,8% sobre o valor das entradas, de tal forma que a carga tributária líquida resulte<br />

em 3%, aplicando-se a mesma margem de agregação prevista no Apêndice I do Anexo I do RICMS/PA.<br />

• Nas aquisições internas, quando destinadas a contribuinte detentor do Regime Tributário Diferenciado, o substituto tributário deverá adotar, em substituição ao valor do imposto devido pela operação própria a que se<br />

refere o artigo 640 do RICMS/PA, os mesmos percentuais previstos no artigo 130 do Anexo I do RICMS/PA.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Créditos presumidos Operações realizadas pelos segmentos atacadista e varejista com: Produtos Alimentícios da Cesta Básica -<br />

carnes e demais produtos comestíveis frescos, resfriados, congelados, salgados, em salmoura, simplesmente<br />

temperados, secos ou defumados, resultantes do abate de aves (CEST 17.087.00)<br />

• Produto constante no Anexo Único da Instrução Normativa n° 05/2017. O crédito presumido será equivalente a 14%, nas operações com alíquota de 17%, relativamente aos produtos da cesta básica, e 11% nas operações<br />

com alíquota de 12%, calculado sobre as operações de saída.<br />

• O benefício será concedido mediante Regime Tributário Diferenciado, formulado individualmente por estabelecimento, por período determinado, condicionado ao atendimento pelo requerente, cumulativamente, dos<br />

requisitos elencados no artigo 127 do Anexo I do RICMS/PA.<br />

• O Regime Tributário Diferenciado será firmado pelo prazo inicial de 1 ano, podendo ser prorrogado, sucessivamente, por igual período, após avaliação da Secretaria de Estado da Fazenda. Nas aquisições interestaduais,<br />

pelo contribuinte detentor do Regime Tributário Diferenciado, com relação aos produtos da cesta básica, sujeitos ao regime de antecipação do imposto na entrada do território paraense, em substituição à dedução de<br />

que trata o artigo 108 do Anexo I do RICMS/PA, deverá ser adotado, exclusivamente, crédito presumido de 4,8% sobre o valor das entradas, de tal forma que a carga tributária líquida resulte em 3%, aplicando-se a mesma<br />

margem de agregação prevista no apêndice I do Anexo I do RICMS/PA.<br />

• Nas aquisições internas de que trata o artigo 652 do RICMS/PA, quando destinadas a contribuinte detentor do Regime Tributário Diferenciado, o substituto tributário deverá adotar, em substituição ao valor do imposto<br />

devido pela operação própria a que se refere o artigo 640 do RICMS/PA, os mesmos percentuais previstos no artigo 130 do Anexo I do RICMS/PA.


106<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Créditos presumidos Operações realizadas pelos segmentos atacadista e varejista com: Produtos Alimentícios da Cesta Básica -<br />

carnes e demais produtos comestíveis frescos, resfriados, congelados, salgados, em salmoura, simplesmente<br />

temperados, secos ou defumados, resultantes do abate de aves (CEST 17.087.00)<br />

• Produto constante no Anexo Único da Instrução Normativa n° 05/2017. O crédito presumido será equivalente a 14%, nas operações com alíquota de 17%, relativamente aos produtos da cesta básica, e 11% nas operações<br />

com alíquota de 12%, calculado sobre as operações de saída.<br />

• O benefício será concedido mediante Regime Tributário Diferenciado, formulado individualmente por estabelecimento, por período determinado, condicionado ao atendimento pelo requerente, cumulativamente. O<br />

Regime Tributário Diferenciado será firmado pelo prazo inicial de 1 ano, podendo ser prorrogado, sucessivamente, por igual período, após avaliação da Secretaria de Estado da Fazenda. Nas aquisições interestaduais,<br />

pelo contribuinte detentor do Regime Tributário Diferenciado, com relação aos produtos da cesta básica, sujeitos ao regime de antecipação do imposto na entrada do território paraense, em substituição à dedução de<br />

que trata o artigo 108 do Anexo I do RICMS/PA, deverá ser adotado, exclusivamente, crédito presumido de 4,8% sobre o valor das entradas, de tal forma que a carga tributária líquida resulte em 3%.<br />

• Nas aquisições internas de que trata o artigo 652 do RICMS/PA, quando destinadas a contribuinte detentor do Regime Tributário Diferenciado, o substituto tributário deverá adotar, em substituição ao valor do imposto<br />

devido pela operação própria a que se refere o artigo 640 do RICMS/PA.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Créditos presumidos Produtos resultantes do processo de verticalização industrial de aves Internas e interestaduais Carga tributária de 7%<br />

• O crédito presumido poderá ser apropriado na importância que resulte em carga tributária de 1,8% em relação à saída interna e interestadual de produtos resultantes do processo de verticalização industrial de aves.<br />

• É vedado o aproveitamento de quaisquer outros créditos.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Créditos presumidos Aves vivas ou abatidas e demais produtos comestíveis, resultantes do abate de aves Internas e interestaduais<br />

• O crédito presumido poderá ser apropriado na importância que resulte em carga tributária de 3% em relação às saídas internas e interestaduais de aves vivas ou abatidas e demais produtos comestíveis, resultantes do<br />

abate de aves, realizadas por estabelecimento que promova a verticalização industrial de produtos comestíveis, que não possua Regime Tributário Diferenciado. É vedado o aproveitamento de quaisquer outros créditos.<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Diferimentos Aves vivas ou abatidas<br />

• É diferido o pagamento do ICMS nas operações internas com aves vivas ou abatidas com destino a estabelecimento que promova a verticalização industrial de produtos comestíveis, que possua Regime Tributário<br />

Diferenciado, para o momento da saída tributada dos produtos resultantes do processo de industrialização.<br />

• O pagamento do imposto diferido será recolhido englobadamente na subsequente saída tributada do produto.


federação das indústrias do estado do tocantins 107<br />

DIFERENCIAIS DE OUTROS ESTA<strong>DO</strong>S<br />

Estado BENEFÍCIO DESCRIÇÃO NATUREZA OPERAÇÕES REDUÇÃO APLICÁVEL<br />

PA Diferimentos Produtos resultantes do abate de aves<br />

• É diferido o pagamento do ICMS na saída de produtos resultantes do abate de aves, realizada por estabelecimento que possua Regime Tributário Diferenciado, com destino a outro estabelecimento seu localizado no<br />

Estado do Pará, para uma nova etapa de industrialização, desde que o destinatário possua Regime Tributário Diferenciado.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, consulta a dados Econet (2018).<br />

mensal incentivado, ao Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

(FDE).<br />

Prosperar<br />

Estimula empresas locais com interesse em implantação,<br />

revitalização e expansão de unidade industrial, agroindustrial<br />

e comercial atacadista.<br />

• Financiamento de 75% do ICMS durante a realização do<br />

projeto.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de ativo permanente, na<br />

energia elétrica e serviços de comunicação (nos cinco<br />

anos no Prosperar), no devido por diferencial de alíquota<br />

nas aquisições de ativo fixo, nas operações com ativo fixo<br />

e nas importações de ativo fixo.<br />

• Redução do ICMS em 50% no consumo de energia elétrica<br />

e serviços de comunicação e até em 95% do valor da<br />

parcela para pagamento antecipado.<br />

• Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao FDE.<br />

Indústria de fertilizantes<br />

Destinado às indústrias de fertilizantes do Tocantins<br />

• Redução de 85% do ICMS devido ao estado e diferimento<br />

da taxa na importação de matérias-primas e insumos.<br />

• Isenção do ICMS nas operações internas de matéria-prima,<br />

insumos industrializados, acabados, semielaborados<br />

utilizados no processo de industrialização e ativo<br />

fixo. Também nas operações interestaduais para o diferencial<br />

de alíquotas, nas compras de ativo fixo, nas importações<br />

de matéria-prima, insumos, produtos industrializados,<br />

acabados ou semielaborados utilizados no<br />

processo de industrialização, ativos fixos. É isenta também<br />

a energia elétrica, as vendas para órgãos públicos,<br />

as prestações de serviços de transporte para produtos<br />

industrializados e o crédito presumido de 100% sobre o


108<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

valor do ICMS nas prestações interestaduais de serviços<br />

de transporte com produtos industrializados.<br />

• Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao<br />

FDE.<br />

ovos e produtos do abate de aves, suínos, caprinos e<br />

ovinos.<br />

• 11% das operações nas saídas interestaduais de aves<br />

vivas.<br />

Complexo agroindustrial<br />

Destinado a empresas do Tocantins com fábricas de ração<br />

balanceada e/ou que realizem reprodução, criação, abate, industrialização<br />

e comercialização de ovos, aves, pintos de um<br />

dia, suínos, caprinos e ovinos. Além de empresas que realizem<br />

estudos genéticos desses animais ou de novas tecnologias<br />

para industrialização dos mesmos.<br />

• Isenção de ICMS nas operações internas de aves, pintos<br />

de um dia, suínos, caprinos, ovinos e ovos férteis; em<br />

produtos e insumos para produção de ração; nas saídas<br />

internas de matéria-prima para empresas agroindustriais;<br />

no diferencial de alíquota nas aquisições de ativo<br />

fixo; nas operações internas com ativo fixo (mantido o<br />

crédito ICMS para o remetente); na energia elétrica; nas<br />

importações de ativo fixo; entre outros<br />

• Isenção de ICMS pelo crédito presumido de:<br />

• 16,5% da base de cálculo nas operações internas com<br />

produtos do abate de aves, suínos, caprinos e ovinos.<br />

• 11,5% nas operações de saída interestaduais com<br />

• Crédito do ICMS nas aquisições interestaduais:<br />

• 7% sobre o valor das aquisições oriundas do Sul e Sudeste,<br />

exceto Espírito Santo.<br />

• 12% nas aquisições oriundas do Centro-Oeste, Norte,<br />

Nordeste e Espírito Santo.<br />

Prologística<br />

Foco em empresas de logística, distribuição e transporte<br />

aéreo do Tocantins que operem em centro logístico ou distrito<br />

empresarial com transporte de carga, agenciamento e<br />

armazenamento de produtos próprios ou de terceiros para<br />

distribuição, exceto quando as atividades forem realizadas<br />

separadamente.<br />

• Concede por 10 anos e condicionado ao devido recolhimento<br />

de imposto no prazo:<br />

• Para empresas de logística e transporte aéreo e hidroviário,<br />

75% nas prestações internas e interestaduais<br />

aplicado sobre a saldo devedor do ICMS das prestações<br />

realizadas.


federação das indústrias do estado do tocantins 109<br />

• Para transporte aéreo de carga e transporte aéreo e<br />

hidroviário de cargas e passageiros, 3% das saídas<br />

internas de combustível de aviação, desde que mantenha<br />

voos regulares procedentes de aeroportos em<br />

território do estado do Tocantins.<br />

Com os incentivos fiscais listados, percebe-se que o estado,<br />

mesmo ainda mantendo foco na produção agropecuária (programa<br />

de incentivos fiscais específicos para a indústria de fertilizantes),<br />

tem o objetivo de agregar mais valor aos produtos<br />

do Tocantins com programas de incentivos à agroindústria.<br />

A avaliação da situação dos demais estados da federação<br />

com relação a esses incentivos também é importante<br />

tendo em vista que esses aspectos são altamente relevantes<br />

na tomada de decisão de um possível investimento. O<br />

Quadro 3.4 traz alguns dos incentivos ou políticas de apoio ao<br />

desenvolvimento presentes em estados selecionados.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.4<br />

Incentivos para o desenvolvimento em estados selecionados.<br />

ESTA<strong>DO</strong>: GOIÁS<br />

Ações para desenvolvimento dos Estados<br />

• A região Centro-Oeste é contemplada pelo FCO (Fundo de Financiamento do<br />

Centro-oeste) e FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-oeste).<br />

• Projeto de irrigação Luis Alves do Araguaia (2016).<br />

• Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (RG-APL).<br />

• Concessão de incentivos fiscais a empresas e parques tecnológicos no estado.<br />

• Programas PRODUZIR e FOMENTAR, relacionados a industrialização.<br />

Fonte: Secretaria do Desenvolvimento de Goiás - SED<br />

ESTA<strong>DO</strong>: <strong>PARA</strong>NÁ<br />

• Possui um programa de seguro rural com 29 culturas englobadas.<br />

• Possui o programa de beneficiamento de tratores.<br />

• Programa microbacias com o objetivo de recuperar e manter a capacidade produtiva<br />

dos recursos naturais por meio de três ações prioritárias: modernização da<br />

gestão do espaço rural; educação para a sociedade; harmonização da produção<br />

agropecuária e da conservação dos recursos naturais.<br />

• Pró-Rural: empréstimo realizado junto ao BIRD, o projeto é focado em desenvolver,<br />

com responsabilidade ambiental e social, os pequenos agricultores da região central<br />

com aumento de produtividade e promoção da comercialização de produtos.<br />

Fonte: SEAB - PR<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

A Figura 3.3 exemplifica algumas das organizações públicas<br />

e privadas que têm parte de seu escopo no desenvolvimento<br />

estadual, principalmente relacionadas à avicultura.<br />

Vale destacar que as ações não estão limitadas às organizações<br />

citadas na figura, que configuram apenas exemplos nos<br />

diferentes segmentos.<br />

3. 2. Logística<br />

Nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro cresceu em<br />

termos de produção, produtividade e área; mas este crescimento<br />

esbarra na dificuldade relacionada ao alto custo<br />

logístico do país. Isso se deve aos problemas de infraestru-


110<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

tura que resultam na perda de competitividade dos produtos<br />

no mercado interno e externo. Wilkinson (2002) aponta<br />

os custos de transporte e os custos portuários de forma<br />

mais específica no conjunto de ineficiências no segmento<br />

pós-porteira.<br />

O preço do frete é outro item complexo, incluindo fatores<br />

locais e suas especificidades. Além disso, ainda devem ser<br />

considerados os custos da atividade, que podem ser influenciados<br />

por fatores diretos tais como, localização, capacidade<br />

de estoque, distribuição espacial dos armazéns; ou por fatores<br />

indiretos como variação de preço de combustível, limites<br />

de peso e congestionamentos (CYPRIA<strong>NO</strong>, 2005).<br />

No Tocantins, a dinâmica é a mesma que do Brasil como um<br />

todo, pois apesar do estado estar à frente com relação a disponibilidade<br />

de modais logísticos, um de seus maiores gargalos<br />

ainda está na logística.<br />

É importante destacar que o estado conta com um Plano<br />

Estadual de Logística e Transporte de Cargas - PELT. Dentre<br />

outros itens, esse plano estuda profundamente os modais logísticos<br />

no estado, a disponibilidade de utilização e principais<br />

fluxos de mercadorias visando otimizar as operações, reduzir<br />

custos logísticos, eliminar gargalos atuais e futuros e aumentar<br />

a qualidade da infraestrutura da malha viária. O plano foi<br />

desenvolvido em parceria com o Banco Mundial (BIRD) como<br />

parte do Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e<br />

Sustentável (PDRIS) (C<strong>AS</strong>A CIVIL, 2014).<br />

Através de entrevistas com a SEINFRA-TO, foi possível entender<br />

que os serviços logísticos do estado podem ser divididos<br />

em dois grandes grupos:<br />

• O primeiro reúne os setores competitivos e geradores de<br />

excedentes comercializáveis que, por outro lado, também<br />

criam demandas por insumos produtivos. Nesse grupo,<br />

destacam-se a agricultura (e.g., arroz, milho, soja) e a pecuária,<br />

cujos fluxos de produtos podem ainda ser insumos<br />

de indústrias localizadas dentro ou fora do estado.<br />

• O segundo grupo agrega setores de fornecimento de<br />

produtos acabados para o consumo final de famílias,<br />

administração e serviços públicos ou para investimento.<br />

Uma parte significativa desses fluxos é de importações<br />

interestaduais ou internacionais, sendo canalizados, em<br />

grande medida, pelo setor de comércio.<br />

Atualmente, a infraestrutura do estado conta com o modal<br />

ferroviário, o rodoviário e aeroviário, sendo, ainda, o rodoviário<br />

o mais utilizado.<br />

Em se tratando do modal rodoviário, é importante analisar<br />

qual percentual da malha viária já é pavimentado. Essa análise<br />

não identifica a qualidade da malha rodoviária, que é muito<br />

variável seja ela pavimentada ou não. O Gráfico 3.14 mostra


federação das indústrias do estado do tocantins 111<br />

<br />

Figura 3.3<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico.<br />

paraná goiás ceará tocantins<br />

universidades<br />

cooperativas<br />

associações<br />

fundações e<br />

instituições<br />

agrivita<br />

governo<br />

Seden<br />

seagro<br />

sefaz<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


112<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

a comparação da malha rodoviária pavimentada e não-pavimentada<br />

de alguns estados selecionados.<br />

Como pode ser visto no gráfico, dos estados analisados, o<br />

que possui maior malha rodoviária é o estado da Bahia. Apesar<br />

do Tocantins possuir um total de malha rodoviária menor<br />

que dos outros estados, a relação entre estradas pavimentadas<br />

sobre o total é maior. Com relação ao modal rodoviário, o<br />

estado do Tocantins conta com cerca de 24 mil km não-pavimentados<br />

e 7,3 mil km pavimentados, sendo a maior parte<br />

de jurisdição estadual. A Figura 3.4, mostra as estradas do<br />

Tocantins e suas respectivas jurisdições.<br />

A rodovia Belém-Brasília (BR-153) é a mais importante do<br />

estado, sendo sua principal rota de entrada e saída. As estradas<br />

pavimentadas do Tocantins interligam municípios e<br />

fazem a conexão com a BR-153. A malha rodoviária tocantinense<br />

vem recebendo investimentos nos últimos anos e com<br />

isso, o estado tem ampliado a quilometragem de estradas pavimentadas.<br />

Apesar do estado estar em pleno crescimento, o fluxo de<br />

veículos nas estradas ainda não é suficientemente grande a<br />

ponto de justificar a instalação de pedágios com concessões,<br />

ou seja, os custos de manutenção das rodovias pavimentadas<br />

são responsabilidade do governo estadual.<br />

O estado possui diversos estudos e planos para ampliação<br />

da sua malha rodoviária, porém a falta de recursos é o maior<br />

limitante. Tendo em vista que o estado é o grande responsável<br />

pela manutenção das estradas, os investimentos são priorizados<br />

para regiões que tragam retorno suficiente para manutenção<br />

das mesmas (impostos). No caso dos grãos, como as<br />

exportações de produtos primários possuem diversas isenções<br />

fiscais, o imposto arrecadado não é suficiente, ou não é<br />

percebido, por ser oriundo de atividades de apoio. As agroindústrias<br />

têm potencial de mudar esse cenário.<br />

Um desafio encontrado no estado é a ligação das margens<br />

do rio Tocantins. Atualmente, na região de Palmas, existem<br />

duas pontes, sendo uma em Palmas e outra em Porto Nacional.<br />

A de Porto Nacional tem limitação de carga de 30 toneladas<br />

e a de Palmas tem restrição à caminhões que transitem<br />

pela cidade. A SEINFRA-TO está construindo um caminho alternativo<br />

(Anel Viário) para acesso à ponte por fora da mesma.<br />

Essa passagem é de suma importância, pois tanto o posto de<br />

integração da ferrovia Norte-Sul como a estrada Belém-Brasília,<br />

estão do outro lado do rio.<br />

Outro importante modal para o estado do Tocantins, é o<br />

ferroviário. O estado conta com parte da ferrovia Norte-Sul,<br />

que é operada pela VLI, empresa de logística da Vale. A ferrovia<br />

Norte-Sul teve sua construção iniciada na década de 1980<br />

com o principal objetivo de promover a integração nacional,<br />

minimizar custos de transporte e fazer conexões com ferrovias<br />

novas e já existentes (AGETO, 2016). Cerca de 800 km


federação das indústrias do estado do tocantins 113<br />

ÛÛ<br />

Quilômetros<br />

Gráfico 3.14<br />

Malha rodoviária em estados selecionados (km).<br />

140.000<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

23%<br />

7.253<br />

23.865<br />

15.922<br />

12%<br />

TO BA MT GO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de AGETO (2016).<br />

desta ferrovia se localizam no estado do Tocantins.<br />

Tão importante quanto a própria ferrovia, são os terminais<br />

multimodais, que integram diferentes modais logísticos. A<br />

disponibilidade destes garante o fluxo contínuo de cargas,<br />

contribuindo para redução de tempo de deslocamento, custo<br />

e maior segurança. O estado do Tocantins conta com terminais<br />

multimodais em Araguaína, Porto Nacional, Guaraí, Colinas,<br />

Gurupi e Aguiarnópolis (SEPLAN-TO, 2016).<br />

23%<br />

8.448<br />

15%<br />

12.753<br />

111.805 28.106 73.946<br />

25%<br />

20%<br />

15%<br />

10%<br />

Não-pavimentada Pavimentada % Pavimentada/total<br />

5%<br />

0%<br />

Outra importante ferrovia, ainda inoperante, é a Oeste<br />

-Leste que vai de Figueirópolis (TO) a Ilhéus (BA). Quando<br />

em atividade, ligará a ferrovia Norte-Sul ao estado da Bahia<br />

com o objetivo de viabilizar o escoamento de minério de ferro<br />

e grãos e deve substituir parte do transporte rodoviário<br />

(PPI, 2017).<br />

A respeito do modal aeroviário, o aeroporto de Palmas ainda<br />

não está em pleno funcionamento. Mas quando isso acontecer,<br />

o terminal de cargas contará com mais de 1.400 m² de<br />

área. A expectativa é que terá capacidade de movimentação<br />

de até 15 toneladas de produtos por mês (PORTAL TOCAN-<br />

TINS, 2018).<br />

Apesar do Brasil ser um país com alto potencial hidroviário,<br />

esse modal ainda é pouco desenvolvido. O estado do<br />

Tocantins se beneficiaria amplamente com a viabilização<br />

e intensificação de uso desse modal, uma vez que possui<br />

em suas terras a bacia hidrográfica Araguaia Tocantins -<br />

a maior bacia com rios navegáveis localizada inteiramente<br />

no Brasil. A Figura 3.5, mostra uma análise das possíveis<br />

rotas hidroviárias do Brasil e evidencia a privilegiada localização<br />

do Tocantins.<br />

O Tocantins desemboca no rio Pará, que corre ao sul da ilha<br />

de Marajó e pertence à foz do rio Amazonas. Ainda é notável a<br />

importância do Ecoporto de Praia Norte, que tem como principal<br />

característica a integração da bacia do Tocantins à bacia


114<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 3.4<br />

Malha rodoviária do Tocantins e suas respectivas jurisdições.<br />

jurisdição<br />

Estadual 712<br />

Federal 169<br />

Municipal 272<br />

Privado 4<br />

Amazônica e poderá transportar, cerca de 300 mil toneladas<br />

de grãos/ano, via rio Tocantins (SEPLAN-TO, 2016).<br />

Outra ação de grande importância é o derrocamento do<br />

Pedral do Lourenço (localizado entre a Ilha do Bogéa e Santa<br />

Terezinha do Tauri, a jusante de Marabá, no Pará; com 43<br />

quilômetros de extensão). Referida intervenção consiste em<br />

remover parte da formação rochosa que impede a navegação<br />

de cargas durante os meses de setembro a novembro. A obra,<br />

que está prevista para ser iniciada no segundo semestre de<br />

2018, garantirá a navegabilidade permanente da hidrovia Tocantins-Araguaia<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017d).<br />

Além dos benefícios logísticos, essa nova rota aumentará<br />

a competitividade dos portos da região Norte e impulsionará<br />

o desenvolvimento econômico de toda região. Os estados<br />

que se beneficiarão com a nova via de escoamento são, principalmente:<br />

Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Goiás<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017d).<br />

Para efeito de comparação da realidade do Tocantins, o<br />

Quadro 3.5 traz algumas características de infraestrutura logística<br />

dos estados de Goiás, Paraná e Ceará.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.5<br />

Características de infraestrutura logística em estados selecionados.<br />

ESTA<strong>DO</strong>: GOIÁS<br />

Fonte: AGETO (2016)<br />

• Localização central no país.


federação das indústrias do estado do tocantins 115<br />

• Alta dependência do modal rodoviário.<br />

• Presença do modal hidroviário quase nula em comparação com o ferroviário.<br />

• Ferrovia Centro-Atlântica que chega até área próxima ao porto de Santos.<br />

• Planejamento de obras da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO).<br />

• Potencial de navegação nos rios Araguaia e Paranaíba, porém a ausência de eclusas<br />

permite trecho curto de navegação.<br />

• Plataforma logística multimodal na cidade de Anápolis.<br />

ESTA<strong>DO</strong>: <strong>PARA</strong>NÁ<br />

• Porto de Paranaguá é uma das principais rotas de escoamento do país e está<br />

localizado no estado.<br />

• Menores distâncias favorecem o custo logístico.<br />

• Presença de ferrovia no corredor de exportação do Paranaguá. O modal responde<br />

por parte significativa do escoamento da produção do estado.<br />

• Altos investimentos estaduais em infraestrutura logística.<br />

• Muitas estradas classificadas como boas ou ótimas.<br />

• Como o estado está muito bem localizado, acaba sendo beneficiado. Possui porto<br />

próximo para escoamento da produção (Paranaguá)<br />

• Possui uma malha viária muito bem estruturada e abrangente.<br />

ESTA<strong>DO</strong>: CEARÁ<br />

• Localização geográfica favorável a exportações.<br />

• Porto do Pecém e Porto do Mucuripe.<br />

• Ferrovia Transnordestina.<br />

• Plano Estadual de Logística e Transporte (PELT/2016) - documento que faz um<br />

diagnóstico dos diversos modais de transporte no Ceará, acompanhado de recomendações<br />

dos investimentos, baseado no Plano Nacional de Logística e Transporte,<br />

desenvolvido pelo Governo Federal.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

<br />

Figura 3.5<br />

Principais vias potenciais de escoamento por hidrovia do centro norte.<br />

AM<br />

ro<br />

RR<br />

Porto<br />

Atuais<br />

Futuras<br />

Manaus<br />

AP<br />

Santarém<br />

mg<br />

Cuiabá<br />

ms<br />

SP<br />

São Paulo<br />

pr<br />

Brasília<br />

Fonte: IMEA (2015).<br />

De acordo com o Quadro 3.5, em uma análise qualitativa dos<br />

dados, pode-se inferir que em termos logísticos, o estado do<br />

Paraná é, dentre os estados analisados, o que apresenta maior<br />

vantagem competitiva. Alguns fatores de destaque para o estado<br />

são: menor extensão territorial, qualidade do modal rodoviário,<br />

infraestrutura portuária, presença do modal ferroviário,<br />

estruturas de armazenagem mais desenvolvidas (ainda que<br />

pa<br />

rs<br />

GO<br />

sc<br />

TO<br />

Rio Grande<br />

Belém<br />

ma<br />

mg<br />

ce<br />

rn<br />

pb<br />

pi<br />

pe<br />

al<br />

se<br />

ba<br />

rj<br />

São Luís<br />

es<br />

Vitória<br />

Ilhéus<br />

Santos<br />

São Francisco / Paranaguá


116<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

insuficiente para abrigar toda a sua produção).<br />

O estado do Tocantins parece estar melhor posicionado no<br />

que tange aos aspectos logísticos do que o estado de Goiás.<br />

Sua malha ferroviária e alto potencial da utilização do modal<br />

hidroviário figuram como vantagens competitivas.<br />

ÏÏ<br />

3. 3. Resumo das forças e fraquezas do estado do<br />

Tocantins<br />

Quadro 3.6<br />

Forças e fraquezas do estado do Tocantins.<br />

Forças<br />

Logística<br />

• Existência de estruturas logísticas importantes:<br />

• y Porto seco;<br />

• y Pátios ferroviários;<br />

• y Eco-porto Praia Norte (com rota de três principais portos do Brasil, Manaus/<br />

AM, Belém/PA e Itaqui/MA);<br />

• y Centros logísticos.<br />

• Evolução da malha rodoviária pavimentada.<br />

• O porto de Itaqui é um grande player de exportação do Tocantins, sendo o principal<br />

porto que o estado utiliza para o escoamento dos grãos.<br />

• Ferrovia Norte-Sul operada pela VLI.<br />

• Rodovia Belém-Brasília.<br />

• PELT.<br />

• PROLOGÍSTICA.<br />

Recursos hídricos<br />

• Bacia hidrográfica favorável.<br />

• Grande aptidão para irrigação.<br />

• 4,8 milhões de hectares com potencial para irrigação.<br />

• PRO<strong>DO</strong>ESTE - com início em 2012 (e reativado em 2015), o Programa de Desenvolvimento<br />

da Região Sudoeste do Estado do Tocantins, parceria entre o governo<br />

do estado do Tocantins e o BID, tem o objetivo de financiar a irrigação de 26.000<br />

hectares no Vale do Araguaia e desenvolver a infraestrutura de saneamento e<br />

acesso a água potável para os habitantes da região. Previsão de investimentos:<br />

U$165 milhões (<strong>TOCANTINS</strong> 247, 2016).<br />

Características edafoclimáticas<br />

• Períodos de chuva bem definidos durante o ano.<br />

• Grande percentual da área do estado destinado a áreas de preservação ambiental,<br />

dando caráter de produção sustentável ao estado.<br />

• Temperaturas elevadas e grande incidência de sol.<br />

Agroindústria<br />

• Programas de incentivo ao desenvolvimento estadual: PROINDUSTRIA e PROS-<br />

PERAR.<br />

• Programa de incentivos fiscais para indústria de fertilizantes.<br />

Aspectos econômicos e políticos<br />

• Políticas federais específicas para a região MATOPIBA.<br />

• Fundo de Investimento na Amazônia (Finam) objetiva implantação, modernização,<br />

ampliação e/ou diversificação de projetos da iniciativa privada. Busca o<br />

desenvolvimento sustentável da região amazônica. Assim, as empresas que têm<br />

apuração com base no lucro real ou estimado podem optar pelo Finam destinando<br />

18% do Imposto de Renda ao Fundo, tendo posteriormente devolvidos a<br />

rentabilidade e a valorização do investimento. Com base na mesma Lei, é possível<br />

também obter redução de 75% do valor do imposto de renda da pessoa jurídica.<br />

• Terras disponíveis e mais baratas que em outras regiões.<br />

Aspectos específicos para a avicultura<br />

• Disponibilidade de grãos (milho e soja) na região.<br />

• Sistema de integração facilita a inserção de produtores na cadeia por receber os<br />

insumos e ter comercialização garantida.<br />

Cooperativismo e associativismo<br />

• Iniciativas recentes de lideranças da cadeia estão começando a estruturar essas<br />

entidades.


federação das indústrias do estado do tocantins 117<br />

Fraquezas<br />

Logística<br />

• Aeroporto principal sem estrutura para cargas.<br />

• Área com potencial para agropecuária ainda sem estrutura logística de apoio.<br />

• Poucos pontos de integração intermodal (rodovia – ferrovia) limitam a utilização<br />

da ferrovia.<br />

• Necessidade de investimentos em trens e vagões (refrigerados).<br />

• Falta de recursos para investimentos na malha rodoviária.<br />

• Rodovias mantidas pelo estado (sem concessões).<br />

• Apenas duas pontes que ligam as margens do rio Tocantins, limitando a logística<br />

de um lado para o outro.<br />

Características edafoclimáticas<br />

• Grande território com áreas degradadas não aproveitadas e com potencial produtivo.<br />

• Relevo dificulta o acesso à Bahia.<br />

• Amplitude térmica considerável.<br />

Cooperativismo e associativismo<br />

• Baixo número de cooperativas e associações representativas.<br />

• Falta de incentivos ao cooperativismo. O fortalecimento de uma cooperativa de<br />

produtores poderia trazer como benefícios: compra de insumos em conjunto,<br />

acesso a linhas de crédito especiais.<br />

• Baixa organização entre produtores, que possuem baixo poder de barganha.<br />

Agroindústria<br />

• Dificuldade de obtenção de financiamento de longo prazo por parte da indústria.<br />

• Apenas uma agroindústria, no ramo de avicultura, operando, atualmente, no estado.<br />

Aspectos econômicos e políticos<br />

• Alto custo da energia elétrica.<br />

• Falta de planejamento de longo prazo para a cadeia produtiva.<br />

Aspectos sociais<br />

• Falta de mão de obra técnica no estado.<br />

• Grande parte da mão de obra do estado, principalmente a qualificada, empregada<br />

na administração pública.<br />

• Dificuldade de assistência técnica principalmente para pequenos produtores.<br />

Outros<br />

• Necessidade de cadastro dos irrigantes.<br />

• Entraves ambientais por conta da Amazônia Legal.<br />

• Avicultura no Tocantins e seus altos índices de eficiência ainda não são reconhecidos<br />

– necessidade de melhorar a comunicação.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


118<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

Modelo de crescimento<br />

da cadeia no estado


federação das indústrias do estado do tocantins 119<br />

4. 1. 1. O modelo PINS (Projeto Integrado de Negócios<br />

Sustentáveis)<br />

O modelo PINS (Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis)<br />

trata de um conceito de negócio integrado que se inicia<br />

com base em uma empresa âncora com capacidade de atuação<br />

no mercado. É um modelo de empresas dirigidas pela demanda,<br />

onde preferencialmente a produção já estará vendida<br />

ou encomendada antes ainda da decisão de produção.<br />

A empresa âncora é aquela que, em determinada rede de<br />

negócios, comanda a demanda e puxa os negócios. Sem ela<br />

a rede teria dificuldade de continuar existindo. Essas empresas<br />

compõem o chamado centro estratégico. Seu papel<br />

é criar valor para seus parceiros, definir regras, e construir<br />

capacidades ao mesmo tempo em que estabelecem e estruturam<br />

uma estratégia da rede, sendo dirigida pela demanda.<br />

Esses papéis ajudam a identificar quem é o centro estratégico,<br />

ou âncora agrícola, em uma rede de relacionamento (NE-<br />

VES; C<strong>AS</strong>TRO, 2010).<br />

Propõe-se que a empresa âncora seja dirigida pela demanda,<br />

o que significa colocar a perspectiva do cliente na tomada<br />

de decisão diária na empresa. Esse aspecto passa por entender<br />

quais as necessidades dos consumidores finais e intermediários.<br />

Espera-se que a empresa âncora tenha essa orientação ao<br />

mercado, sendo o centro estratégico da rede que está sendo


120<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

criada. Neves e Castro (2010) propõem um método para construção<br />

de um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis que<br />

é composto por sete etapas:<br />

1. Determinação das oportunidades<br />

2. Análise da atratividade de mercado com enfoque na<br />

rede produtiva<br />

3. Desenho da rede de negócios e seleção de âncoras participantes<br />

4. Análise de viabilidade financeira da rede<br />

5. Cálculo das externalidades do projeto<br />

6. Conquista de parceiros: bancos financiadores e agentes<br />

públicos<br />

7. Implementação: construção dos contratos<br />

Dentro da metodologia proposta, algumas questões são<br />

fundamentais de serem trabalhadas sendo elas (NEVES;<br />

C<strong>AS</strong>TRO, 2010):<br />

1. Que alimentos ou fibras podem ser produzidos na região?<br />

Essa questão está diretamente relacionada com a<br />

viabilidade da produção na região.<br />

Um dos pontos que favorece o desenvolvimento do<br />

setor de aves no estado do Tocantins é a grande e crescente<br />

produção de grãos. Por serem, o milho e o farelo<br />

de soja, itens de grande impacto no custo de produção<br />

de aves, a disponibilidade de grãos no estado tende a<br />

reduzir os custos para produção dos animais, o que<br />

se torna uma vantagem competitiva da região na atividade.<br />

2. Existe mercado e qual o comportamento dele para o<br />

que queremos produzir? Nesse sentido, é preciso entender<br />

a demanda pelo produto em termos quantitativas<br />

(mercado interno e externo), e as dinâmicas do<br />

mercado consumidor.<br />

No mercado interno, o aumento da demanda por carne<br />

de frango pode vir em substituição de parte da carne<br />

bovina consumida atualmente. A carne de frango possui<br />

um valor final mais acessível ao consumidor, sendo<br />

que campanhas de incentivo ao consumo podem ser<br />

bem-sucedidas se mostrarem o verdadeiro valor nutricional<br />

dessa importante fonte de proteína.<br />

3. Qual a atratividade para um investidor da área iniciar<br />

esta atividade na região? Para responder essa pergunta,<br />

é necessário um projeto de investimento da atividade na<br />

região que passe segurança para potenciais investidores.


federação das indústrias do estado do tocantins 121<br />

4. Qual o melhor modelo de governança e coordenação da<br />

cadeia na região? Uma empresa, quando se instala em<br />

uma região precisa, de forma competitiva, comprar de<br />

fornecedores e vender a clientes. A forma como a empresa<br />

deverá estruturar seus relacionamentos com esses<br />

agentes será fundamental no seu desenvolvimento.<br />

De acordo com Farina, Azevedo e Saes (1997) a estrutura<br />

de governança é a forma que a empresa escolhe para<br />

governar uma transação com um agente. Essa forma pode<br />

ser desde a relação interna (integração vertical) até a relação<br />

externa, quando as partes têm relações de compra e venda<br />

no mercado. Ou seja, uma indústria pode estabelecer produção<br />

própria (integração vertical), estabelecer contratos com<br />

produtores em um prazo mais longo ou, em outro extremo,<br />

simplesmente comprar no mercado spot.<br />

A integração vertical gera empregos, salários, impostos, exportações<br />

e, além disso, gera a transferência do conhecimento<br />

aos seus empregados, que podem virar empreendedores (indução<br />

de polos de tecnologia no entorno). Por outro lado, comprar<br />

de grandes produtores também gera benefícios como os<br />

listados acima, além de mais rápida transferência tecnológica,<br />

podendo gerar rapidamente novos empreendedores.<br />

Comprar de pequenos produtores e cooperativas pode<br />

ser ainda melhor em termos de distribuição de renda e desenvolvimento,<br />

pois tem-se mais famílias envolvidas na<br />

produção.<br />

Tendo em vista o importante papel da empresa âncora<br />

no desenvolvimento dos demais elos da cadeia, no caso a<br />

avicultura no Tocantins, essa empresa pode ter como seu<br />

negócio principal a produção de frangos, o processamento<br />

agroindustrial ou até mesmo a comercialização. A última alternativa<br />

se configura a de maior dificuldade por conta da<br />

ausência dos demais elos da cadeia no estado do Tocantins<br />

e o know how específico de varejo da maioria das empresas<br />

desse segmento.<br />

Observando outros setores e estados, acredita-se que no<br />

caminho do desenvolvimento da avicultura do Tocantins seja<br />

mais plausível a atração de uma empresa de processamento<br />

já consolidada, com mercado consumidor já desenvolvido.<br />

Ela terá potencial para desenvolver seus fornecedores de matéria-prima,<br />

ou seja, os avicultores.<br />

Para ilustrar um caso de mercado, a Figura 4.1, traz informações<br />

da instalação da empresa Acreaves na cidade de<br />

Brasiléia (AC). Um exemplo que chegou a beneficiar mais de<br />

cinco mil famílias na região.


122<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 4.1<br />

Caso de sucesso na avicultura<br />

Acreaves Alimentos Ltda<br />

Brasiléia/AC<br />

Criação e abate de aves, produção de<br />

frango inteiro, cortes de frango, miúdos e<br />

derivados temperados e embutidos de carne<br />

e fabricação de ração.<br />

Produtos<br />

• Frango inteiro<br />

• Cortes de frango<br />

• Miúdos de frango<br />

• CMS (Carne<br />

Mecanicamente Separada)<br />

• Embutidos cárneos<br />

• Ração<br />

Insumos<br />

• Milho<br />

• Farelo de soja<br />

• Óleo de gordura animal<br />

• Farinha de carne animal<br />

• Fécula de mandioca<br />

indústria<br />

• Capacidade incubatória: 640.000 mil<br />

ovos/mês<br />

• Frigorífico: abate de 25 mil aves/dia, com<br />

capacidade de até 41 mil aves/dia<br />

• Produção: 9,8 toneladas/ano de produto<br />

final (frango inteiro, cortes de frango,<br />

miúdos de frango e CMS)<br />

• Produção de embutidos: 2,8 toneladas/<br />

ano (mortadela, mortadela light, salsichão,<br />

apresuntado e linguiça, entre outros)<br />

• Fábrica de ração: produção de 2 mil<br />

toneladas/mês, totalizando 24.000<br />

toneladas/ano. Em fase de expansão para<br />

37 mil toneladas por ano.<br />

Investimentos Efetuado Previsto<br />

Valor em R$ 51 mi 43 mi<br />

Empregos Atual Próximos 3 anos<br />

Diretos 435 570<br />

Indiretos 1.900 4.450<br />

Famílias beneficiadas 2.000 6.000<br />

Oportunidades para Tocantins<br />

• Modernização de abatedouro ou atração de investimentos<br />

para estruturação de um abatedouro, adotando um<br />

modelo de parceria com produtores de frango.<br />

• Atrair investimentos para a cadeia de carne de frango<br />

tocantinense; desenvolver indústrias de produtos finais<br />

e embutidos, com potencial de ampliar a atuação,<br />

desenvolver os sistemas de produção de pequenos e<br />

médios produtores.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat com base em Producer Protect Plataform (http://www.produceprotectplatform.com/img/acre/ficha/ANAC_fichas_acreaves.pdf).


federação das indústrias do estado do tocantins 123<br />

ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS <strong>PARA</strong> O ESTA<strong>DO</strong><br />

A chegada de novas agroindústrias no estado do Tocantins<br />

passa por uma fase de identificação de possíveis<br />

empresas que estejam em momentos estratégicos<br />

de expansão. Essas podem ser empresas privadas, cooperativas,<br />

entre outras.<br />

O cooperativismo é uma ferramenta disponível no<br />

mercado atual que preconiza a cooperação entre pessoas,<br />

ou grupos de mesmo interesse, com o objetivo de<br />

atingirem diferenciais competitivos no segmento em<br />

que atuam. No agronegócio, tem permitido que produtores<br />

avancem em suas atividades, incluindo ao longo<br />

da cadeia produtiva, através da verticalização com a<br />

agregação de valor.<br />

No setor de carnes, principalmente de aves e suínos,<br />

o crescimento das cooperativas é nítido dada a evolução<br />

natural do negócio de grãos para o produto industrializado,<br />

com maior valor agregado (AVICULTURA<br />

INDUSTRIAL, 2017). O sucesso desse modelo de crescimento<br />

no Sul foi exportado para o Centro-Oeste e tem<br />

potencial para ser replicado na região Norte, principalmente<br />

em um estado como o Tocantins, com aptidão<br />

comprovada para a produção de milho e soja.<br />

Contribuindo para um novo ciclo de investimentos<br />

das cooperativas nas cadeias de aves e suínos, está a<br />

busca pelo reequilíbrio de forças nesses mercados<br />

diante da concentração assistida nos últimos anos em<br />

duas grandes empresas, que buscaram cada vez mais<br />

a internacionalização, concentrando seus investimentos<br />

em países estrangeiros. Um caminho inverso ao<br />

das cooperativas, que ampliam os sistemas produtivos,<br />

diversificam produtos e promovem as externalidades<br />

sociais positivas no país, além da transferência de tecnologia<br />

e conhecimento para o campo e distribuição de<br />

renda entre as comunidades rurais (AVICULTURA IN-<br />

DUSTRIAL, 2017).<br />

O potencial de crescimento da cadeia de aves no Brasil<br />

tem atraído, em 2018, a atenção de empresários do<br />

agronegócio com o objetivo de executarem projetos de


124<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

investimentos no setor, como a Dália Alimentos, da Cosuel<br />

Cooperativa de Suinocultores de Encantado/RS,<br />

fundada em junho de 1947, que atua nos segmentos de<br />

suínos e leite, no mercado interno e externo, com novos<br />

modelos de gestão, caracterizados pelos condomínios<br />

que vislumbram incrementos na produtividade e sucessão<br />

rural (GAUCHAZH, 2017).<br />

Em 2017, a Dália Alimentos teve faturamento de R$<br />

1,2 bilhão. Em 2018, iniciou um projeto - inédito para<br />

a cooperativa - de concretizar um programa avícola,<br />

com investimentos de R$ 180 milhões, envolvendo<br />

condomínios de aves de corte, além de matrizeiro e<br />

incubatório de ovos. Ao longo do ano, serão instalados<br />

os equipamentos no frigorífico e nas fábricas – que<br />

devem começar a operar em meados de 2019, após investimentos<br />

de R$ 98 milhões financiados pelo Banco<br />

Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e<br />

de adicionais de R$ 80 milhões a serem desembolsados<br />

por cooperados e colaboradores da Cosuel. Serão produzidos<br />

55 mil pintos por dia, distribuídos entre condomínios<br />

de produção de aves localizados em 9 municípios,<br />

com recursos de 234 produtores associados.<br />

O matrizeiro (onde ficarão as galinhas poedeiras) terá<br />

aporte de R$ 20 milhões e participação de 37 colaboradores<br />

da cooperativa (GAUCHAZH, 2017).<br />

Alguns investimentos têm sido anunciados por empresas<br />

já consolidados no setor, mas que visam a ampliação<br />

na participação do mercado diante do espaço<br />

deixado por gigantes que passam por momentos de<br />

crise. A central de cooperativas Aurora (formada por 23<br />

cooperativas), nessa linha, anunciou, em julho de 2017,<br />

a intenção de dobrar o número diário de aves abatidas,<br />

para 2 milhões por dia, até 2022. Atualmente, a Aurora<br />

é o terceiro maior conglomerado industrial do setor de<br />

carnes, com oito frigoríficos de frangos, gerando renda<br />

para 2.900 produtores cooperados. No ano de 2016,<br />

35,6 % do faturamento (R$ 8,5 bilhões) veio do setor de<br />

aves. A cooperativa também atua na cadeia de leite e<br />

suínos (GAZETA <strong>DO</strong> POVO, 2017).<br />

A Pif-Paf Alimentos, empresa especialista em aves<br />

e suínos, em março de 2018, anunciou o investimento<br />

de R$ 100 milhões em sistemas de gestão, desenvol-


federação das indústrias do estado do tocantins 125<br />

vimento de produtos, armazenagem, automação e industrialização,<br />

com o objetivo de melhorar seus indicadores<br />

operacionais e de olho na ampliação da atuação<br />

no mercado externo. Atualmente a empresa envia produtos<br />

para Singapura, Rússia, Japão, Hong Kong, Costa<br />

do Marfim, Angola, Vietnã, Cuba, Geórgia, Timor Leste,<br />

Argentina, entre outros. 70% dos produtos exportados<br />

são industrializados de aves, seguidos por suínos (EDI-<br />

TORA STILO, 2018).<br />

Na avicultura e suinocultura, a entrada de capital<br />

estrangeiro tem se mostrado como um dos caminhos<br />

para investimentos no setor, atraindo empresas de<br />

grande envergadura no mercado global. Um dos exemplos<br />

é a CJ, um grupo coreano com faturamento de US$<br />

30 bilhões ao ano e ativos de US$ 22,4 bilhões, que adquiriu<br />

90% da empresa goiana Selecta por R$ 450 milhões<br />

em agosto de 2017, consolidando a CJ Selecta. A<br />

Selecta, que fatura US$ 360 milhões por ano, tem como<br />

atividades principais a negociação e processamento da<br />

soja, fabricando ingredientes à base de soja para ração<br />

animal e outros derivados da soja destinados a indústrias<br />

de alimentos e química. A previsão é de um aumento,<br />

nos próximos dois anos, de 50% na produção<br />

industrial do grupo na fábrica de Araguari (MG), com a<br />

ampliação do portfólio (ACIEG, 2017; REUTERS, 2017).<br />

Entretanto, a aquisição no Brasil faz parte de um<br />

projeto global maior da CJ, com o objetivo de se tornar<br />

um dos maiores grupos de alimentos e ingredientes do<br />

mundo. Diante disso, os planos para a CJ Selecta contemplam,<br />

para futuros investimentos, a expansão do<br />

seu portfólio para cadeias como aves, suínos e peixes<br />

(REUTERS, 2017).


Consolidação do Diagnóstico


federação das indústrias do estado do tocantins 127<br />

5. 1. Análise PEST<br />

A análise PEST é uma análise do ambiente externo que<br />

busca agrupar as variáveis que afetam o desempenho de um<br />

negócio ou setor. A Figura 5.1 mostra como as informações<br />

da PEST são agrupadas em pilares para melhor análise das<br />

ameaças e oportunidades.<br />

As ameaças são tendências do ambiente externo à cadeia<br />

que podem influenciar como um obstáculo da implementação<br />

de estratégias. É importante conhecê-las para delinear ações<br />

que as minimizem ou façam com que o setor estudado encontre<br />

formas alternativas de contorná-las. O Quadro 5.1 mostra<br />

as principais ameaças identificadas para a cadeia de aves no<br />

Brasil e no estado do Tocantins.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 5.1<br />

Ameaças<br />

ameaças<br />

Político-Legal<br />

• Desconfiança de investidores e empresários devido a situação econômica e política<br />

do Brasil.<br />

• Países estão adotando medidas protecionistas.<br />

• Seguro rural não é estruturado no Brasil.<br />

• Dificuldade de obtenção e acesso ao crédito rural.<br />

• Perda de espaço no mercado externo para exportação por causa de queda na<br />

qualidade dos produtos ou problemas políticos.<br />

• Insegurança jurídica.<br />

Econômico-Natural<br />

• Aumento dos estoques mundiais de commodities, o que causa desvalorização.<br />

• Maiores pressões por sustentabilidade podem limitar a expansão das atividades<br />

produtivas.<br />

• Competitividade da região Sul, que continua a se desenvolver.


128<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 5.1<br />

Unidades da análise Pest<br />

político-legal<br />

econômiconatural<br />

sociocultural<br />

tecnológico<br />

São levantados programas<br />

e políticas relacionados ao<br />

potencial de levantamento<br />

de investimentos, a produção<br />

e a industrialização dos<br />

produtos em questão, além<br />

de barreiras e burocracias que<br />

dificultam essas atividades.<br />

Abordagem de fatores<br />

econômicos brasileiros e<br />

mundiais que influenciam<br />

positivamente ou<br />

negativamente o mercado<br />

de grãos, principalmente,<br />

o incremento da demanda<br />

(consumo).<br />

Mudanças sociais e culturais<br />

da população, que tenham<br />

impacto no consumo e na<br />

produção (relacionado à<br />

mão de obra e qualificação<br />

de profissionais) das cadeias<br />

em questão.<br />

Desenvolvimentos<br />

tecnológicos ligados ao<br />

setor que podem melhorar<br />

ou dificultar as atividades<br />

de produção e distribuição<br />

de grãos no estado do<br />

Tocantins.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de WRIGHT, KROLL E PARNELL (2000).<br />

• Marketing negativo da carne de aves brasileira.<br />

• Não superação de problemas logísticos como defasagens na Ferrovia Norte-Sul<br />

(vagões refrigerados)<br />

• Muitos financiamentos não quitados com o Banco da Amazônia, tornam difíceis<br />

novos empréstimos ao setor.<br />

• Alto valor de ICMS que incide principalmente sobre energia elétrica e insegurança<br />

fiscal.<br />

Sociocultural<br />

• Mudança nas preferências e exigências dos consumidores em relação ao consumo<br />

de alimentos.<br />

• Êxodo rural, que pode causar diminuição da disponibilidade de mão de obra no<br />

campo.<br />

• Falta de interesse por empregos rurais (no campo), devido à falta de valorização<br />

da produção agrícola pela sociedade.<br />

• Produtor, de maneira geral, descapitalizado e tradicionalista - avesso à adoção de<br />

tecnologias para diminuição de custos de produção.


federação das indústrias do estado do tocantins 129<br />

• Disseminação de dietas que não contemplam o uso da carne (vegetariana, vegana,<br />

etc.)<br />

• Crescimento do uso de proteínas substitutas à animal como a proteína de soja.<br />

• Parte do mercado consumidor ainda tradicional na região: preferência em abater<br />

a ave em casa.<br />

Tecnológico<br />

• Aumento dos preços dos insumos agrícolas.<br />

• Desenvolvimento de pesquisas para produção de proteínas de fungos, insetos<br />

e outras fontes.<br />

• Falta de capacitação da mão de obra para trabalhar com novas tecnologias e<br />

técnicas na produção de aves.<br />

• Altos custos e burocracia envolvida em obras que viabilizariam o transporte hidroviário.<br />

• Genética precisa avançar na questão de ossos das aves.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

• Agroindústria habilitada para exportação.<br />

Econômico-Natural<br />

• Tendência de aumento de investimentos internacionais no agronegócio.<br />

• Grande disponibilidade de terras cultiváveis no Brasil.<br />

• Valor da terra em território nacional ainda se mantém bastante acessível se comparado<br />

a outros países.<br />

• Cooperativismo desenvolvido em outras regiões do Brasil com chance de migrar<br />

para as regiões de fronteiras agrícolas.<br />

• 60% da área do Tocantins são preservados por lei federal e estadual, prometendo<br />

utilização sustentável do território.<br />

• A dependência do Brasil em relação ao mercado externo, se comparado aos<br />

demais países emergentes, é pequena, graças ao tamanho do mercado interno.<br />

• Preços baixos da carne avícola e de ovos em comparação com proteínas substitutas<br />

como bovina e ovina.<br />

• Disponibilidade de grãos no estado.<br />

Sociocultural<br />

As oportunidades indicam tendências que estão ocorrendo<br />

no ambiente externo ao da cadeia de aves e que podem<br />

ser aproveitadas para impulsionar o segmento. O<br />

Quadro 5.2 mostra as principais oportunidades identificadas.<br />

ÃÃ<br />

Quadro 5.2<br />

Oportunidades.<br />

Oportunidades – Geral<br />

Político-Legal<br />

• Atualização de questões no Pacote de Bali (2013), que visam a redução da burocracia<br />

e tentativa de diminuição dos custos de exportação.<br />

• Reestruturação das políticas agrícolas por parte de países em desenvolvimento.<br />

• Alta fiscalização da indústria em relação a requerimentos ambientais permite<br />

uma atuação mais responsável, incluindo selos de qualidade como SIF, SIE e SIM.<br />

• Mudança no comportamento dos consumidores em relação setor de alimentos<br />

traz maior demanda por produtos mais saudáveis, naturais e que mostrem sua<br />

origem.<br />

• Tendência do consumidor final em exigir alimentos seguros, com certificações e<br />

rastreabilidade.<br />

• Grande parte da população na faixa economicamente ativa (PEA).<br />

• Aumento da população traz aumento de demanda por produtos agrícolas.<br />

• Criação de fazendas modelos para inspirar o pequeno produtor e, assim, aumentar<br />

o interesse no investimento no negócio.<br />

• Aumento da renda familiar faz com que cresça o consumo interno por produtos<br />

processados e, principalmente, proteínas animais.<br />

• Ovos estão sendo vistos como a proteína da vez pelo baixo preço e características<br />

nutritivas.<br />

Tecnológico<br />

• Aumento do uso de consultorias e assistências técnicas por parte dos produtores,<br />

afim de melhorar a produção e a gestão do negócio.


130<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

• Possibilidade de se utilizar os resíduos da avicultura na produção de energia.<br />

• Máquinas mais eficientes.<br />

• Processamento interno dos grãos e integração com abatedouros de aves e suínos<br />

(atração de abatedouros).<br />

• Fazendas avançadas no sentido tecnológico, com foco em genética e o processo<br />

todo de cria, recria e engorda podem servir de modelo de negócio e inspiração<br />

para outros produtores.<br />

• Pesquisas da UFT, Embrapa, Unitins e demais universidades e órgãos.<br />

• Alto potencial para crescimento tecnológico devido a presença de universidades<br />

e centros de apoio ao desenvolvimento tecnológico.<br />

• Sistema Dark House traz vantagens na questão de bem-estar das aves e diminui<br />

seu período de engorda.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

<br />

Figura 5.2<br />

Modelo esquemático na ferramenta Cinco Forças de Porter.<br />

Poder dos<br />

fornecedores<br />

Ameaça de novos<br />

entrantes<br />

Rivalidade entre<br />

concorrentes<br />

Poder dos<br />

clientes<br />

5. 2. Análise das cinco Forças de Porter<br />

O modelo das Cinco Forças de Porter consiste em uma análise<br />

de competividade dentro de um determinado negócio,<br />

indústria ou setor. Esse modelo permite analisar o grau de<br />

atratividade de um setor da economia.<br />

No modelo das Cinco Forças, como a própria denominação<br />

da ferramenta explicita, são cinco as dimensões analisadas: a<br />

rivalidade entre concorrentes; a ameaça de novos entrantes;<br />

a ameaça de produtos substitutos; o poder de barganha dos<br />

fornecedores; e o poder de barganha dos clientes.<br />

Assim como a análise PEST, o modelo das Cinco Forças<br />

consiste em uma ferramenta descritiva e analítica, de caráter<br />

qualitativo.<br />

Ameaça dos<br />

substitutos<br />

Fonte: Porter, 1980.<br />

A Figura 5.2 esquematiza o modelo de análise em cada dimensão.<br />

Uma cadeia produtiva é composta por diversos elos, que por<br />

sua vez, consistem em setores menores específicos. A aplicação<br />

da ferramenta das Cinco Forças em uma cadeia produtiva<br />

em nível estadual pode ser de acordo com diversos pontos<br />

de vista, por exemplo, ao mesmo tempo que um produtor de


federação das indústrias do estado do tocantins 131<br />

aves é um consumidor da indústria de insumos, ele também é<br />

um fornecedor da agroindústria. Nesse sentido, como poderá<br />

ser visto nas análises que seguem, para cada uma delas foi<br />

dado um enfoque específico, ou seja, considerando as particularidades<br />

do estado do Tocantins, as análises foram conduzidas<br />

para refletirem as questões de maior importância.<br />

Rivalidade entre concorrentes<br />

No contexto desse projeto, essa etapa se torna a mais relevante<br />

em relação à análise das cinco forças. Nesta etapa são<br />

analisados os concorrentes do estado do Tocantins na produção<br />

de carne avícola em âmbito internacional e nacional (países<br />

e estados). Externamente, os concorrentes são os países<br />

com maior produção e exportação mundial que concorrem<br />

diretamente com a carne brasileira, sendo que essa rivalidade<br />

se intensifica à medida que o consumidor opta por cortes internacionais.<br />

Já internamente esses concorrentes são os estados<br />

brasileiros que possuem grande oferta de carne de aves,<br />

embora nem sempre a concorrência seja direta pelo mesmo<br />

mercado consumidor.<br />

Vale salientar que a agricultura também se torna um concorrente<br />

da pecuária, pois compete internamente em questão<br />

de terras no estado.<br />

A seguir estão alguns principais fatores que exemplificam<br />

a concorrência na cadeia da carne de aves no estado do Tocantins.<br />

• Os EUA lideram a produção de carnes de frango no mundo<br />

e continuam com altos índices de crescimento nos últimos<br />

anos (USDA, 2018a). De acordo com o jornal Gazeta<br />

do Povo (2018), isso se deve a uma expansão industrial<br />

que vem acontecendo no país em virtude, principalmente,<br />

de um crescimento de 15% no consumo desde 2012.<br />

• Outros dois importantes players em produção de carne<br />

de frango que ameaçam a segunda colocação brasileira<br />

nesse quesito são a União Europeia e a China. O primeiro<br />

também tem crescido em ritmo interessante nos últimos<br />

cinco anos; a China, ao contrário, devido a problemas<br />

com a gripe aviária, tem previsão de diminuir em cerca<br />

de 10% sua produção entre 2013 e 2018 (USDA, 2018a).<br />

• No âmbito nacional, os estados da região Sul e Sudeste<br />

são os principais na produção de carnes de frango devido<br />

a existência de muitos estabelecimentos com SIF<br />

nesses estados, enquanto que o Tocantins possui apenas<br />

um estabelecimento desse tipo (BR<strong>AS</strong>IL, 2018a).<br />

• É preciso ressaltar que por conta de incentivos à produção<br />

local, houve casos em que estados compradores de<br />

carne de frango tocantinense realizaram embargos infundados<br />

desse produto.


132<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

• A forte cultura de produção de gado de corte no Tocantins,<br />

restringe o número de produtores que querem investir<br />

na avicultura, ou seja, a bovinocultura pode ser<br />

considerada uma competidora da produção de frangos.<br />

Poder dos fornecedores<br />

Nesta etapa, é realizada uma análise do poder de barganha<br />

dos fornecedores frente a um negócio. Como a análise da carne<br />

de frango está sendo realizada sobre uma cadeia produtiva,<br />

trata-se de vários negócios, sendo assim analisados os<br />

fornecedores de insumos para a produção no campo e os fornecedores<br />

de frangos para as plantas frigoríficas.<br />

Os fornecedores de insumos, por se tratarem, em sua<br />

maioria, de grandes empresas espalhadas por quase todos<br />

os estados do país, possuem alta tecnologia agregada<br />

aos seus produtos. Vale salientar que o poder de barganha<br />

dos fornecedores é fortemente influenciado pelo volume<br />

da compra, ou seja, quanto maior o volume comercializado,<br />

menor o seu poder de barganha. Porém, quando se trata de<br />

pequenos produtores que compram um pequeno volume,<br />

esse poder de barganha dos fornecedores é alto. Uma maior<br />

oferta de frangos frente ao número de compradores faz com<br />

que o poder de barganha do produtor diminua frente aos frigoríficos.<br />

Outros aspectos que influenciam no poder dos fornecedores<br />

são listados a seguir:<br />

• No sistema de integração, muito utilizado na avicultura<br />

do estado, os fornecedores de insumos ao produtor de<br />

aves, é a própria indústria que irá comprar sua produção.<br />

Por esse motivo, apesar de não haver nenhum direito de<br />

escolha nos produtos, eles também são selecionados de<br />

acordo com o que os compradores demandam. Além<br />

disso, a compra sendo feita pela empresa integradora,<br />

faz com que o preço de aquisição desses insumos seja<br />

menor do que se os produtores comprassem individualmente.<br />

• Para um maior poder de barganha, os produtores poderiam<br />

se firmar em cooperativas e associações.<br />

• A presença de apenas uma incubadora em Araguaína,<br />

uma produtora de matrizes em Babaçulândia e duas fábricas<br />

de ração para aves em Tocantinópolis e Araguaína<br />

faz com que os produtores não tenham muita margem<br />

para negociação.<br />

• Os integrados devem, necessariamente, entregar toda<br />

sua produção ao frigorífico com o qual possui contrato.<br />

Isso faz com que seu poder de barganha seja reduzido<br />

por depender exclusivamente de um comprador.<br />

• Ao mesmo tempo, como o único frigorífico em operação


federação das indústrias do estado do tocantins 133<br />

do Tocantins poderia dobrar sua capacidade de produção<br />

apenas com a implantação de mais um turno e trabalha<br />

com capacidade ociosa. Os fornecedores que ele<br />

possui são muito importantes para que ele possa manter<br />

uma escala de produção rentável.<br />

Poder dos compradores<br />

Nesta etapa, será analisado o poder de barganha do varejo<br />

e do mercado externo frente à agroindústria. Percebe-se que<br />

o Brasil deve diminuir a dependência de mercados específicos<br />

diversificando seus destinos de exportação, pois esses<br />

poucos países importam elevados volumes, fazendo com que<br />

possuam alto poder de barganha.<br />

Outros aspectos a respeito do poder de barganha dos compradores<br />

são apresentados a seguir:<br />

• A indústria necessita diversificar seus clientes para que<br />

sua dependência diminua, aumentando assim seu poder<br />

de barganha frente aos compradores. Atualmente, a área<br />

de influência dos produtos da cadeia avícola tocantinense<br />

é concentrada no Tocantins e estados vizinhos apenas<br />

(Maranhão, Piauí e Pará).<br />

• Caso a indústria inove em produtos ou serviços, seu poder<br />

de barganha aumenta frente aos compradores.<br />

• A carne de frango ainda é tratada como commodity e comercializada<br />

em grandes volumes sem diferenciação, o<br />

que reduz o poder de barganha dos fornecedores brasileiros<br />

no mercado internacional.<br />

• A concentração das exportações brasileiras em poucos<br />

países, aumenta o poder de barganha dos mercados<br />

compradores. Com mais de 55% do total exportado para<br />

apenas cinco países, o país fica vulnerável às alterações<br />

de políticas comerciais desses mercados (BR<strong>AS</strong>IL, 2017a).<br />

Ameaça de novos entrantes<br />

Se um determinado setor se torna atrativo, a participação<br />

de empresas interessadas também aumenta a não ser que<br />

esse setor possua barreiras de entrada como economias de<br />

escala, alta demanda por capital, acesso a canais de distribuição,<br />

entre outros.<br />

Esta etapa de análise busca medir esse nível de atratividade<br />

do setor e as barreiras à entrada existentes, verificando as potencialidades<br />

que alguns países ou regiões não tradicionais,<br />

possuem para se desenvolver nesse mercado.<br />

Um fator que, naturalmente, promove a entrada de estados<br />

e países na produção de frango é a baixa necessidade de<br />

grandes extensões de áreas para produção de aves quando<br />

comparada a outras culturas.


134<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

Os itens a seguir destacam os principais aspectos da carne<br />

de frango, relacionados a ameaça de novos entrantes.<br />

entre 2010 e 2017 e o Tocantins, que no mesmo período,<br />

ampliou seu volume produtivo em 38%.<br />

• Apesar de, no nível de produção, a escala ser reduzida<br />

e demandar menos investimentos, para uma região se<br />

consolidar como produtora de carnes é necessário que<br />

exista uma agroindústria instalada na região que absorva<br />

essa produção.<br />

• Pelo fato de os principais insumos à avicultura serem<br />

milho e soja, uma barreira a novos entrantes é a disponibilidade<br />

desses grãos.<br />

• Outro ponto importante é a disponibilidade hídrica, devido<br />

ao alto consumo de água pelas aves.<br />

• No mercado internacional, países asiáticos e europeus<br />

são os que apresentaram maiores taxas de crescimento<br />

nos últimos anos de acordo com o USDA (2018a),<br />

exemplos: Índia, Rússia, Tailândia, Turquia e Coréia<br />

do Sul que, entre 2013 e 2018, tiveram aumentos de<br />

produção entre 25% e 33%. São países com altos contingentes<br />

populacionais (Índia e Rússia) e/ou que possuem<br />

proximidade com grandes mercados consumidores.<br />

• No cenário nacional, os principais entrantes são os estados<br />

das regiões Centro-Oeste e Norte, se destacando<br />

o Mato Grosso com crescimento de 79% na produção<br />

Ameaça de produtos substitutos<br />

É evidente que a ameaça de produtos substitutos da carne<br />

de frango no contexto atual é extremamente relevante. As<br />

principais ameaças são oriundas de outras fontes de proteína,<br />

sejam elas animais ou vegetais.<br />

O agronegócio vem sendo alvo de marketing negativo em<br />

âmbito nacional e internacional, gerando assim uma busca<br />

social por produtos alternativos.<br />

Entretanto, da mesma forma que existem ameaças de<br />

produtos substitutos à carne de frango, esta, também, pode<br />

oportunizar a substituição de outros tipos de proteína. Essa<br />

circunstância será aqui analisada:<br />

• Por serem de ciclo curto, o controle sanitário e rastreabilidade<br />

das cadeias de suínos e aves são mais fáceis,<br />

fazendo com que maior parte de seus produtos atenda<br />

mercados mais exigentes.<br />

• As carnes de frango e suína possuem preços mais competitivos<br />

no mercado do que carnes bovinas e ovinas.<br />

• Devido a mudanças no hábito alimentar da população,<br />

como o surgimento de diversos restaurantes de origem


federação das indústrias do estado do tocantins 135<br />

japonesa na última década, o consumo de carne de peixe<br />

apresentou crescimento considerável nos últimos anos.<br />

• O sistema de produção industrial da carne suína e de<br />

frango favorece maiores volumes de produção.<br />

• As cadeias de suínos e aves estão à frente da cadeia de<br />

carne bovina no sentido de integração entre produção e<br />

indústria. Essa integração favorece sua competitividade.<br />

• A proteína de origem vegetal, como por exemplo a proteína<br />

texturizada da soja (PTS), apresenta algumas vantagens<br />

em relação à proteína animal: menor preço (40% do<br />

da carne bovina), possibilidade de produção em escala<br />

e possibilidade de utilização em diversos produtos alimentícios.<br />

• Disseminação de dietas que não contemplam o uso da<br />

carne (vegetariana, vegana, etc.) impulsionam o uso de<br />

proteínas vegetais.<br />

1


Objetivos Estratégicos<br />

para a Cadeia


federação das indústrias do estado do tocantins 137<br />

Nesta etapa serão apresentados os objetivos estratégicos<br />

que nortearam o desenvolvimento de projetos para a cadeia<br />

produtiva de carne de frango no Tocantins.<br />

Os objetivos e direcionadores aqui listados foram elaborados<br />

pela Markestrat com base em toda a etapa inicial de<br />

diagnóstico externo e interno, ou seja, de dados secundários<br />

em materiais, bancos de dados, relatórios, sites e outros; e dados<br />

primários obtidos por meio de entrevistas com diversos<br />

agentes da cadeia: produtores de aves, fabricantes de insumos,<br />

associações, cooperativas, agentes logísticos, indústriais,<br />

pesquisadores, entre outros.<br />

Posicionamento<br />

O posicionamento estratégico pode ser definido como a<br />

escolha de uma organização desempenhar suas atividades<br />

de forma diferente do que é realizado pelos concorrentes, ou<br />

seja, um jeito único de entregar valor a seus consumidores.<br />

No caso das cadeias produtivas, o posicionamento estratégico<br />

deve servir de base para os macro objetivos e refletir qual será<br />

o diferencial da produção do Tocantins perante outros polos<br />

de referência e produção de carne avícola.<br />

Com base no levantamento de dados e estudos realizados,<br />

percebe-se que o estado do Tocantins tem grande potencial<br />

para a criação e produção de carne de frango, com histórico


138<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

de boas produções, clima favorável e com alguns produtores<br />

altamente tecnificados, com propriedades profissionalizadas.<br />

Apesar disso, há necessidade de maior integração entre<br />

empresa âncora existente e produtores; e a atração de novas<br />

empresas para fazer com que o estado seja ainda mais competitivo.<br />

Apesar de não ser uma cultura tradicional no estado, os<br />

produtores instalados no Tocantins possuem índices de eficiência<br />

muito altos, sendo comparáveis ou até superiores que<br />

nas principais regiões produtoras do país. A manutenção desses<br />

índices de eficiência, somada à atração de novos avicultores<br />

e/ou expansão das granjas atuais faria com que o volume<br />

de produção crescesse de forma acelerada e fizesse com que<br />

o estado participasse de forma mais significativa da produção<br />

nacional de carne de frango.<br />

Outro ponto que deve ser destacado na cadeia de carne de<br />

frango do Tocantins é que mesmo tendo um mercado consumidor,<br />

atualmente, limitado geograficamente, a cadeia<br />

tem grande potencial para exportação de seus produtos pelo<br />

norte do país, destacando-se, principalmente, a existência da<br />

ferrovia Norte-Sul, importantes portos marítimos na região<br />

Norte e a estrutura dos frigoríficos do estado.<br />

Tendo em vista o exposto, determinou-se que o posicionamento<br />

estratégico da cadeia de carne de frango no Tocantins<br />

deve ser guiado por dois vetores: aumento do volume de pro-<br />

ÛÛ<br />

Dimensão 1 - Exportações de carne de frango<br />

Gráfico 6.1<br />

Posicionamento estratégico da<br />

cadeia de carne de frango do Tocantins.<br />

Alto<br />

Baixo<br />

POSIÇÃO ATUAL<br />

POSIÇÃO FUTURA<br />

TO<br />

TO<br />

Baixo<br />

CE<br />

Alto<br />

Dimensão 2 - Participação na produção nacional de carne de frango<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir do diagnóstico, ABPA (2017) e IEG | FNP (2018).<br />

dução e consequente incremento na participação do estado<br />

na produção nacional; e a inserção do Tocantins como exportador<br />

de carne de frango. O Gráfico 6.1 mostra qual é o posicionamento<br />

almejado para a cadeia produtiva da carne de<br />

frango no estado do Tocantins.<br />

GO<br />

PR


federação das indústrias do estado do tocantins 139<br />

A inserção de polos de referência no posicionamento estratégico<br />

do Tocantins, tem como objetivo tangibilizar a evolução<br />

do estado e apresentar benchmarkings que devem<br />

ser estudados e aproveitados em seu desenvolvimento. No<br />

Gráfico 6.1, apenas o Tocantins teve seu posicionamento<br />

projetado para os próximos 10 anos, portanto deve ser interpretado<br />

com cautela pois, naturalmente, os outros polos de<br />

comparação também evoluirão com o tempo.<br />

Como pode ser visto na figura, o estado de Goiás, mesmo<br />

com uma distância maior dos portos, hoje é responsável por<br />

um volume muito maior do que as exportações de carne de<br />

frango do Tocantins. Por esse fato, o Tocantins se aproximar<br />

do volume atual de exportações de Goiás, dentro dos próximos<br />

dez anos, surge como um posicionamento desafiador,<br />

mas realizável.<br />

O principal fator que irá impulsionar esse crescimento, é<br />

o aumento na produção de carne de frango de forma a produzir<br />

excedentes exportáveis. Por possuir características em<br />

comum com o Ceará, projeta-se que a carne de frango tocantinense<br />

consiga atingir participação na produção nacional semelhante<br />

a que aquele estado possui hoje.<br />

Conforme foi apresentado, fica evidente o grande potencial<br />

de crescimento que essa cadeia possui no estado. Para<br />

aproveitar todo o seu potencial, é fundamental evoluções<br />

no sentido de atrair empresas para o Tocantins, por meio<br />

de benefícios oficiais, promoção de maior profissionalização<br />

dos produtores visando o aumento de produtividade e<br />

competitividade do setor. Essas ações, como se verá adiante,<br />

serão melhor trabalhadas no capítulo de Projetos Estratégicos.<br />

Missão e visão<br />

Antes de se traçarem os objetivos para a cadeia, é interessante<br />

que se estabeleçam a missão e a visão como norte tanto<br />

para a definição de objetivos quanto para o desenvolvimento<br />

dos projetos estratégicos.<br />

Os objetivos de uma organização se tornam mais claros<br />

pela sua missão, pois ela é a declaração do propósito<br />

da organização existir, ou seja, de porque ela foi criada e<br />

qual é o seu DNA. A missão pode ainda apresentar indícios<br />

das necessidades dos stakeholders que são atendidas pela<br />

organização.<br />

Por outro lado, a visão de uma organização reflete as aspirações,<br />

nas quais a mesma quer chegar e/ou o que ela pretende<br />

ser e complementa seu posicionamento estratégico desejado.<br />

Possui uma clara visão de futuro e pode apresentar indícios<br />

de como a organização pretende tornar essa visão realidade.<br />

As missões e visões aqui estabelecidas, são declarações do<br />

compromisso da cadeia produtiva de carne de frango com a<br />

sociedade tocantinense.


140<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÏÏ<br />

Quadro 6.1<br />

Missão e visão para a cadeia de carne de frango no Tocantins.<br />

Missão<br />

Produzir e comercializar os produtos<br />

da cadeia da carne de frango de forma<br />

integrada e com qualidade, buscando<br />

índices de eficiência superiores. Adotar<br />

inovações e tecnologias para atender a<br />

demanda consumidora, mantendo ênfase<br />

na sustentabilidade e bem-estar animal.<br />

Objetivos estratégicos<br />

Visão<br />

Ser o estado referência em índices de<br />

eficiência produtiva, integração da cadeia,<br />

sustentabilidade e qualidade dos seus<br />

produtos finais por meio da adoção de<br />

tecnologias.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Para que a visão e o posicionamento estratégico desejados<br />

sejam atingidos, foram traçados macro-objetivos para os<br />

próximos dez anos. Esses objetivos têm o intuito de guiar as<br />

ações dos agentes da cadeia em prol do desenvolvimento do<br />

agronegócio tocantinense.<br />

Além disso, os objetivos estratégicos têm como importante<br />

função auxiliar no monitoramento e acompanhamento da<br />

efetividade dos projetos e atividades a serem desenvolvidas,<br />

pois estabelecem metas quantitativas a serem perseguidas.<br />

Os objetivos estratégicos a seguir tentam ao máximo serem<br />

claros, palpáveis e ao mesmo tempo desafiadores e podem<br />

ser periodicamente atualizados conforme o desempenho do<br />

estado.<br />

O Tocantins tem apresentado uma das maiores taxas de<br />

crescimento na produção de carne de frango dos últimos<br />

anos (IEG|FNP, 2018). A própria região Norte também tem<br />

crescido em um ritmo acentuado e, segundo a Fiesp (2018) irá<br />

se manter até 2027 (+35% em relação a 2018).<br />

A agroindústria no estado conta atualmente com apenas<br />

um frigorífico em funcionamento, trabalhando com capacidade<br />

ociosa e há a opção de dobrar sua capacidade com a<br />

implantação de outro turno. Existe também a possibilidade<br />

de reativação de uma outra unidade em Paraíso do Tocantins<br />

que, apesar de ter uma capacidade menor, também contribuiria<br />

para o incremento de produção estadual. Caso haja uma<br />

expansão no número de fornecedores de aves para a indústria,<br />

ou que os existentes ampliem seus planteis, eles teriam<br />

para onde direcionar essa oferta.<br />

Conforme diagnosticado, é viável prever que a oferta de<br />

aves no Tocantins dobrará nos próximos dez anos, aumentando<br />

sua participação na produção nacional dos atuais<br />

0,48% para 0,81%.<br />

Para a Fiesp (2018), até 2027, o consumo nacional de carne<br />

de frango aumentará 18% e a produção 21,9%, ou seja,<br />

o excedente deverá ser exportado. O Tocantins, por conta<br />

de sua localização privilegiada e interessante estrutura logística,<br />

poderá ser um dos estados que irão encabeçar esse<br />

aumento.


federação das indústrias do estado do tocantins 141<br />

ÏÏ<br />

Quadro 6.2<br />

Objetivo estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia de carne de frango do estado do Tocantins.<br />

Objetivos estratégicos Meta (próximos 10 anos) Referência Fonte<br />

Aumentar a produção de carne de frango no estado.<br />

Aumento médio de 8,0% ao ano,<br />

chegando a 127,92 mil toneladas de<br />

carne de frango.<br />

O valor equivale a dobrar a atual produção de carne de frango no estado, em dez anos.<br />

O valor foi calculado com base na projeção FIESP de crescimento da produção de carne<br />

de frango no Brasil (20%) juntamente com a expectativa de aumento da participação do<br />

Tocantins na produção nacional de 0,5% para 0,8% ao final do período.<br />

- Fiesp (2018);<br />

- IEG | FNP (2018).<br />

Aumentar a produção de ovos no estado.<br />

Aumento médio de 5,8% ao ano,<br />

chegando a 713.700 caixas de trinta<br />

dúzias.<br />

O valor equivale a um aumento de 285.230 caixas de trinta dúzias de ovos em dez anos.<br />

O valor foi calculado com base na projeção FIESP de crescimento da produção brasileira<br />

de ovos (34%) juntamente com a expectativa de aumento da participação do Tocantins na<br />

produção regional de 15,8% para 18,0% ao final do período.<br />

- Fiesp (2018);<br />

- IBGE (2017).<br />

Iniciar as exportações de carne de frango do<br />

Tocantins.<br />

Como as exportações atuais são<br />

ínfimas, não foi possível estabelecer<br />

uma meta quantitativa.<br />

Atualmente, o Tocantins exporta 0,12% do volume de carne de frango exportado pelo Brasil.<br />

De acordo com as entrevistas realizadas, foi identificada uma perspectiva de crescimento<br />

acelerado desse canal de distribuição da proteína de frango.<br />

- Abpa (2018).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

De acordo com as estimativas de produção, foi traçado o<br />

Valor Bruto da Produção que está explicitado na Tabela 6.1<br />

e que mostra a evolução linear desse valor para os próximos<br />

dez anos no estado.<br />

Observa-se que o Valor Bruto da Produção total adicionado<br />

no período equivale a R$ 1,08 bilhão conforme Gráfico 6.2.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 6.1<br />

Evolução dos indicadores de produção e valor bruto da produção projetados para a carne de frango nos próximos 10 anos.<br />

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

Produção (mil ton) 63,96 69,08 74,61 80,58 87,04 94,00 101,53 109,66 118,44 127,92<br />

Valor bruto da produção -<br />

CEPEA* (R$ milhões)<br />

239,48 258,65 279,36 301,72 325,88 351,97 380,14 410,58 443,45 478,95<br />

*considera preço de R$ 3,74/kg do frango congelado em SP – média de 2017 (CEPEA, 2018b). / Fonte: elaborado por Markestrat.


142<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 6.2<br />

Valor Bruto da Produção projetado até 2027.<br />

500<br />

450<br />

Valor bruto da produção<br />

Total adicionado no período: R$1,08 bilhão<br />

400<br />

350<br />

R$ milhões<br />

300<br />

250<br />

200<br />

19,2<br />

39,9<br />

62,2<br />

86,4<br />

112,5<br />

140,5<br />

171,1<br />

204,0<br />

239,5<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


federação das indústrias do estado do tocantins 143


Estratégias Centrais<br />

e Projetos Estratégicos


federação das indústrias do estado do tocantins 145<br />

Buscando aproveitar todas as potencialidades da avicultura<br />

do Tocantins são sugeridas ações organizadas em cinco pilares<br />

estratégicos, desdobrados em outros tantos objetivos,<br />

conforme indicado na Figura 7.1.<br />

É importante destacar que os pilares estratégicos, bem como<br />

seus objetivos e ações, não ocorrem de forma isolada, mas sim<br />

de forma complementar. Poderão ser vistas ações alocadas em<br />

determinado pilar estratégico que, indiretamente, também fortalecem<br />

os demais. Além disso, o desenvolvimento das ações<br />

não é limitado ao âmbito público. A integração entre ações do<br />

setor público com o privado é fundamental para o seu sucesso.<br />

7. 1. Aumento da produção e novas tecnologias<br />

Este pilar estratégico, tem como principal objetivo dar as<br />

bases para o crescimento da produção de frangos no estado<br />

do Tocantins.<br />

Tendo em vista que o crescimento da produção passa por<br />

um aumento de produtividade, são fundamentais ações que<br />

invistam no desenvolvimento tecnológico. A capacitação é<br />

parte integrante desse pilar estratégico como forma de transferência<br />

do conhecimento.<br />

7. 1. 1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento<br />

Objetivos<br />

• Gerar conhecimento específico para a cadeia da avicultura no Tocantins.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Mapear principais gargalos técnicos e gerenciais da avicultura tocantinense.<br />

a. Alguns pontos já identificados: academia, laboratórios de análise, fábricas,<br />

matrizeiro, incubatório, frigorífico, dependência externa, falta de valor agregado,<br />

energia elétrica.<br />

2. Criar comitê para acompanhar a cadeia produtiva no qual se discutam os gargalos<br />

e pesquisa de soluções, envolvendo: IES, iniciativa privada, associações,<br />

cooperativas, etc.;


146<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

<br />

Figura 7.1<br />

Encadeamento estratégico da cadeia da avicultura para o estado do Tocantins.<br />

2018 2027<br />

Produção carne<br />

63,96 mil ton<br />

PRODUÇÃO OVO<br />

428.470 cxs de 30 dúzias<br />

missão<br />

Produzir e comercializar os produtos<br />

da cadeia da carne de frango de<br />

forma integrada e com qualidade,<br />

buscando índices de eficiência<br />

superiores. Adotar inovações e<br />

tecnologias para atender a demanda<br />

consumidora, mantendo ênfase na<br />

sustentabilidade e bem-estar animal.<br />

avicultura<br />

pilares estratégicos<br />

visão<br />

Ser o estado referência<br />

em índices de eficiência<br />

produtiva, integração da<br />

cadeia, sustentabilidade<br />

e qualidade dos seus<br />

produtos finais por meio da<br />

adoção de tecnologias.<br />

1 2 3 4 5<br />

Produção carne<br />

127,92 mil ton<br />

PRODUÇÃO OVO<br />

713.700 cxs de 30 dúzias<br />

Objetivos<br />

específicos<br />

Aumento da produção<br />

e novas tecnologias<br />

• Promover<br />

desenvolvimento<br />

tecnológico;<br />

• Difundir conhecimento<br />

e capacitação.<br />

Cooperativismo e<br />

associativismo<br />

• Incentivar o<br />

cooperativismo e o<br />

associativismo;<br />

• Fortalecer o avicultor e<br />

seu poder de barganha.<br />

Agregação de valor<br />

e acesso a mercados<br />

• Aumentar o processamento<br />

de aves e agregar valor;<br />

• Desenvolver o mercado<br />

interno e externo;<br />

• Melhorar a integração entre<br />

agroindústria e produção.<br />

Estratégias de<br />

financiamento<br />

e políticas públicas<br />

• Ampliar e diversificar a<br />

origem do crédito para<br />

custeio da avicultura;<br />

• Reduzir custos de produção.<br />

Sustentabilidade<br />

e bem-estar animal<br />

• Realizar as atividades com respeito às<br />

práticas de sustentabilidade (ambiental,<br />

social e econômico);<br />

• Potencializar os resultados das iniciativas<br />

individuais de instituições no estado.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

3. Mapear centros de pesquisas, universidades e institutos técnicos, nacionais e<br />

internacionais, que possuam cursos e pesquisadores relacionados à avicultura e<br />

economia aplicada ao agronegócio;<br />

4. Desenvolver a governança na FAPTO e envolver as principais instituições e pesquisadores<br />

referência do setor (indústrias, produtores, varejistas, etc.) nesse processo;<br />

5. Oferecer cursos técnicos, de graduação e pós-graduação em avicultura, rever a<br />

grade curricular considerando maior inserção de disciplinas de avicultura para<br />

capacitar mão de obra e incentivar que pessoas qualificadas se mantenham e<br />

atuem no estado;<br />

6. Criar agenda de pesquisas a serem desenvolvidas com priorização de temas, envolver<br />

a iniciativa privada nesse momento para que tenha interesse em financiar<br />

a pesquisa e envolver entidades de classe para apontarem demandas;<br />

7. Estimular pesquisas e oferecer bolsas de estudos focadas na realidade e desafios<br />

enfrentados pela cadeia:


federação das indústrias do estado do tocantins 147<br />

a. Sugestões de temas a serem investigados: raças e alimentação, novas tecnologias<br />

aplicadas à avicultura, sustentabilidade, gestão da propriedade<br />

rural, integração vertical da cadeia, custos de produção, mercados importadores<br />

de frangos, rastreabilidade, certificações, sistemas de abate e novos<br />

produtos, tendências do mercado consumidor, técnicas de produção,<br />

bem-estar animal;<br />

b. Sugestões de Instituições a serem mapeadas: UFT, IFTO, Unitins, Embrapa,<br />

Ruraltins, Faculdade Católica do Tocantins, CEULP/ULBRA, Unirg.<br />

8. Aproximar a cadeia produtiva das agências de desenvolvimento tecnológico presentes<br />

nos principais estados produtores de carne de frango no país (por exemplo:<br />

Embrapa), trazendo para o Tocantins exemplos de sucesso (benchmarking);<br />

9. Promover a integração entre instituições públicas e privadas;<br />

10. Fortalecer as iniciativas e instituições já presentes no estado.<br />

7. Capacitar constantemente os técnicos e extensionistas do RURALTINS e de outras<br />

organizações públicas;<br />

8. Estruturar programa de benchmark para produtores via extensionistas do RU-<br />

RALTINS e outras instituições:<br />

a. Mapear granjas modelos;<br />

b. Utilizar esses casos como benchmarking para incentivo à adoção de sistemas<br />

semelhantes por demais avicultores selecionados;<br />

c. Avaliar a melhoria e divulgação dos resultados para orientar/motivar a adoção<br />

em outras propriedades.<br />

9. Incentivar as organizações de produtores e indústrias processadoras a utilizarem<br />

o modelo de integração como forma de transferência de conhecimento aos avicultores<br />

integrados;<br />

10. Disponibilizar linhas de crédito para adoção de novas tecnologias.<br />

7. 1. 2. Transferência do conhecimento/capacitação<br />

Objetivos<br />

• Aumentar a produção sustentável de aves.<br />

• Alterar o perfil da avicultura tocantinense por meio da transferência de conhecimento<br />

e informações.<br />

Ações estratégicas<br />

1. Ampliar e difundir programas de capacitação e difusão de conhecimentos obtidos<br />

em universidades e centros de pesquisa para a classe produtora;<br />

2. Fomentar parcerias entre instituições de ensino superior (medicina veterinária,<br />

zootecnia, agronomia, agronegócio, administração) e avicultores na busca de<br />

formação de mão de obra alinhada às necessidades do setor;<br />

3. Capacitar avicultores sobre a necessidade e efetividade do uso de tecnologia<br />

para a produção;<br />

4. Desenvolver programas de capacitação para mão de obra técnica em toda a<br />

cadeia, alinhada com as novas tecnologias do setor (dark house, por exemplo);<br />

5. Fomentar o uso de ferramentas de gestão na avicultura por meio de treinamentos;<br />

6. Capacitar proprietários e gestores das granjas em governança e sucessão, para<br />

que haja sucessores bem preparados;<br />

7. 2. Cooperativismo e associativismo<br />

O aumento da competitividade da avicultura do Tocantins<br />

passa, obrigatoriamente, pelo fortalecimento do produtor rural.<br />

Como pôde ser visto, o desenvolvimento de ações coletivas<br />

é uma forma altamente viável e eficaz para a evolução do<br />

setor.<br />

Vale destacar que as associações e cooperativas são entidades<br />

de caráter privado. O papel dos órgãos públicos no estado<br />

é o de dar os subsídios e incentivos necessários para que os<br />

produtores se organizem.<br />

Objetivos<br />

• Incentivar o cooperativismo e o associativismo como forma de fortalecimento do<br />

avicultor e da cadeia.<br />

• Desenvolver a governança da cadeia produtiva.


148<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

Ações estratégicas<br />

1. Desenvolver a cultura cooperativista e associativista:<br />

a. Promover visitas técnicas dos avicultores tocantinenses a outras regiões do<br />

país para entender o modelo de negócio e os benefícios de serem cooperados;<br />

b. Estudar e fomentar modelo de associação onde os produtores possuem<br />

assistência técnica para intensificação da produção e padronização do produto<br />

ofertado pelos associados, negociação de contratos de entrega do volume<br />

total de frangos com frigoríficos buscando prêmio pela conveniência<br />

e garantia de fornecimento;<br />

c. Estimular, nas universidades, o desenvolvimento de estudos científicos<br />

sobre o tema cooperativismo e associativismo, com concursos, bolsas de<br />

estudo e congressos;<br />

d. Estimular a participação das escolas estaduais e municipais em projetos<br />

de difusão de informação e princípios cooperativistas às crianças e jovens<br />

como no Programa Cooperativa Mirim, parceria do Sicoob com o Sescoop;<br />

e. Promover o Tocantins como região de potencial investimento para produtores<br />

que possuem cultura cooperativista e/ou associativista;<br />

f. Incentivar a abertura de filiais de importantes cooperativas e associações<br />

presentes em outras regiões do país.<br />

2. Parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) para consultoria<br />

e capacitação na criação e gestão de cooperativas;<br />

3. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas;<br />

4. Incentivar consulta pública às cooperativas e associações existentes para levantar<br />

potenciais oportunidades e gargalos a serem mitigados com políticas públicas.<br />

5. Desenvolver programas de capacitação para o quadro social das cooperativas<br />

e associações;<br />

6. Aumentar a inserção das cooperativas em programas de compras públicas,<br />

como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos);<br />

7. Fortalecer a atuação de associações nacionais no estado tais como ABPA e outras,<br />

e aproximá-las das associações tocantinenses como forma de impulsionar<br />

o associativismo;<br />

8. Fortalecer as associações e cooperativas existentes para que promovam:<br />

a. Missões internacionais para abertura de mercados;<br />

b. Assistência técnica de qualidade aos produtores;<br />

c. Articulações com governos e demais instituições por políticas favoráveis ao<br />

setor.<br />

9. Mapear cooperativas internacionais que possam investir no negócio de avicultura<br />

no Tocantins, ou que tenham uma atuação referência para ser buscada pelas<br />

instituições locais;<br />

10. Pleitear incentivos fiscais e simplificação da legislação para instalação de cooperativas<br />

agroindustriais no estado.<br />

7. 3. Agregação de valor e acesso a mercados<br />

Tendo em vista a importância da industrialização na cadeia<br />

e o atual status da mesma no Tocantins, é fundamental<br />

que as instituições presentes no estado tenham diretrizes<br />

relacionadas ao fortalecimento do elo industrial. Uma maior<br />

atuação da agroindústria na cadeia trará consigo, além da<br />

maior agregação de valor ao produto tocantinense, a movimentação<br />

da economia estadual, com a geração de empregos,<br />

arrecadação de impostos e aumento da possibilidade de<br />

novos investimentos para melhoria constante do setor.<br />

Considerando a capacidade ociosa dos frigoríficos atualmente<br />

instalados e a falta de garantia e preço enfrentada<br />

pelos produtores, as ações propostas têm o intuito de proporcionar<br />

maior acesso a mercados.<br />

7. 3. 1. Acesso ao mercado<br />

Objetivos<br />

• Desenvolver o mercado interno e externo.<br />

• Melhorar a integração entre agroindústria e produção.


federação das indústrias do estado do tocantins 149<br />

Ações estratégicas<br />

Nacional<br />

1. Estudar modelos de sucesso de integração indústria – produção de aves em<br />

outros estados, tais como: Copacol, BRF e outros. Além de casos de integração<br />

em outras cadeias;<br />

2. Melhorar as vias de acesso entre produtores e frigoríficos; e entre frigoríficos e<br />

pontos de distribuição;<br />

3. Mapear novos mercados e parceiros comerciais (redes varejistas) que demandam<br />

produtos com maior valor agregado;<br />

4. Ampliar relações comerciais já existentes com outros estados;<br />

5. Participar de feiras de interesse para promoção da carne de frango tocantinense<br />

no mercado nacional;<br />

6. Estudar potencialidades e oportunidades nos mercados do Norte e Nordeste,<br />

uma vez que são mais próximos do Tocantins. Determinar fatores de competitividade<br />

do Tocantins frente aos produtos do Sudeste e Sul nesses mercados;<br />

7. Criar plano de comunicação institucional da avicultura tocantinense, divulgando<br />

o estado em centros consumidores importantes no Norte e Nordeste;<br />

8. Fomentar a carne de frango e ovos como proteína saudável.<br />

Internacional<br />

9. Iniciar estudos quanto aos critérios habilitadores para exportação de carne de<br />

frango para os principais mercados;<br />

10. Levantar habilitações do estado e identificar possíveis mercados “faltantes” para<br />

serem trabalhados;<br />

11. Desenvolver mercados externos;<br />

12. Articular com demais estados exportadores e Governo Federal, ações da cadeia<br />

em âmbito nacional para redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias dos produtos<br />

da cadeia;<br />

13. Realizar missões comerciais em mercados com alto potencial para os produtos<br />

da cadeia;<br />

14. Realizar ações de marketing que promovam a imagem da carne de frango brasileira<br />

no exterior, evidenciando aspectos de sustentabilidade;<br />

15. Criar plano de comunicação institucional da avicultura tocantinense, fortalecendo<br />

a marca e promovendo as aves locais;<br />

16. Pensar em selos de origem, identidade e diferenciação pelas características do<br />

estado;<br />

17. Capacitar produtores e indústrias para exportação;<br />

18. Criar material com atualizações periódicas que descreva os potenciais parceiros<br />

comerciais do Tocantins, principais barreiras tarifárias e não-tarifárias, políticas<br />

internacionais e atividades desenvolvidas pelo estado para estimular as parcerias<br />

comerciais;<br />

19. Buscar nichos de mercado e incentivar produtores e frigoríficos a se adequarem<br />

e atenderem essas demandas. Por exemplo, mercados Halal e Kosher;<br />

20. Estudar e considerar o investimento em terminais, estruturas e vagões refrigerados<br />

na Ferrovia Norte-Sul para a exportação.<br />

7. 3. 2. Desenvolvimento e atração de indústrias<br />

Objetivos<br />

• Aumentar o processamento de aves no estado com redução de sua capacidade<br />

ociosa.<br />

Ações estratégicas<br />

1. Estudar modelo de prestação de serviço de abate e arrendamento de plantas<br />

frigoríficas para grupo de avicultores organizados (pequenos grupos ou cooperativistas)<br />

e que tenham intenção de acessar o mercado diretamente (toll<br />

processing);<br />

2. Avançar nos temas de certificação e rastreabilidade da cadeia;<br />

3. Analisar incentivos tributários que visam priorizar o abate no estado de aves tocantinenses<br />

e de outros estados – estudar possibilidade de estruturar um núcleo<br />

frigorífico próximo a região produtora;<br />

4. Facilitar o acesso da agroindústria a financiamentos de longo prazo;<br />

5. Mapear investidores internacionais (grandes compradores de carne) e atraí-los<br />

para investir no Tocantins;<br />

6. Buscar a reativação do frigorífico localizado em Paraíso do Tocantins por meio<br />

da concessão de incentivos a possíveis novos investidores e auxiliá-lo nas adequações<br />

necessárias;<br />

7. Levantar principais demandas das empresas de processamento de carne de<br />

frango e estudar a viabilidade delas instalarem uma planta no estado.


150<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

7. 4. Estratégias de financiamento e políticas públicas<br />

Este pilar estratégico tem como principal objetivo desenvolver<br />

linhas de crédito compatíveis com o perfil dos avicultores<br />

do estado que, na maioria, são de pequeno porte, ou<br />

seja: taxas de juros menores, prazos para pagamento mais<br />

longos e de mais fácil acesso.<br />

Além disso, para impulsionar o crescimento e atrair investimentos,<br />

os incentivos fiscais têm papel fundamental de prover<br />

segurança aos agentes envolvidos.<br />

7. 4. 1. Financiamento da produção<br />

Objetivos<br />

• Ampliar e diversificar a origem do crédito para funding do custeio da avicultura.<br />

Ações estratégicas<br />

1. Mapear as instituições financeiras que tenham interesse em fomentar a atividade;<br />

2. Discutir e criar linhas de crédito específicas que se adequem às necessidades<br />

da avicultura;<br />

3. Facilitar o acesso dessas linhas de crédito ao produtor:<br />

a. Desenvolver materiais com informações sobre financiamentos e as exigências<br />

para obtê-los;<br />

b. Qualificar agentes públicos de assistência técnica nos critérios necessários<br />

para o acesso a linhas de crédito existentes;<br />

c. Criar programas de capacitação nas áreas de crédito, gestão financeira e comercialização<br />

da produção, visando a melhora e manutenção da capacidade<br />

de pagamento dos produtores;<br />

d. Alinhar as instituições financeiras com o Plano Agro+ do MAPA, que pretende<br />

desburocratizar e agilizar processos do agronegócio como a concessão<br />

de crédito;<br />

e. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas;<br />

4. Estimular a contratação de financiamento via cooperativas que conseguem<br />

acessar linhas de crédito subsidiadas;<br />

5. Incentivar a criação de novos pools de compras de produtores ou a entrada de<br />

pools que já estão consolidados em outros estados.<br />

7. 4. 2. Políticas públicas<br />

Objetivos<br />

• Reduzir custos de produção.<br />

• Guiar a criação de políticas públicas em prol da cadeia.<br />

Ações estratégicas<br />

1. Estudar a criação de incentivos fiscais relacionados à aquisição de equipamentos,<br />

geração de energia fotovoltaica e solar, e comercialização de insumos para<br />

atração de investimentos (produção de aves e agroindústria);<br />

2. Estender aos produtores o desconto recebido pela indústria de 25% no ICMS<br />

que incide sobre a energia elétrica pelo Programa Pró-indústria;<br />

3. Definir uma política de incentivo que seja mais vantajosa para a produção de<br />

equipamentos, estrutura e insumos no Tocantins (por exemplo para fábricas de<br />

esmagamento de soja e de rações);<br />

4. Conceber políticas públicas por meio de um plano de governo;<br />

5. Criar comitê técnico para discutir e propor o planejamento da cadeia com participação<br />

de diversos elos, incluindo produtores integrados e cooperados;<br />

6. Facilitar a logística dos insumos destinados à nutrição das aves até os polos produtivos.<br />

7. 5. Sustentabilidade e bem-estar animal<br />

Atualmente não existe desenvolvimento econômico desvinculado<br />

dos conceitos de sustentabilidade. Para a evolução<br />

da cadeia produtiva de aves no estado do Tocantins algumas


federação das indústrias do estado do tocantins 151<br />

ações devem ser desenvolvidas buscando manter o status de<br />

produção sustentável no estado.<br />

Objetivos<br />

• Realizar a expansão das atividades da cadeia de aves no Tocantins com respeito às<br />

práticas de sustentabilidade em seus três âmbitos (ambiental, social e econômico).<br />

• Promover práticas de bem-estar animal.<br />

Ações estratégicas<br />

1. Benefícios fiscais de acordo com os índices de utilização de insumos;<br />

2. Capacitação dos produtores (em parceria com Senar e outros órgãos) nos temas de:<br />

a. Manejo doenças e uso responsável de medicamentos por meio de protocolo<br />

sanitário integrado e estadual;<br />

b. Uso racional de água;<br />

c. Gestão da propriedade agrícola;<br />

d. Certificações;<br />

e. cinco temas de bem-estar animal (animal livre de fome e sede, livre de dor<br />

e doenças, livre de desconforto, liberdade para expressar comportamento<br />

natural, e livre de medo e estresse).<br />

3. Apoiar ou criar material que apoie os produtores nos processos de licenciamento<br />

ambiental;<br />

4. Desenvolver materiais (vídeos, fotos, cartilhas, entre outros) baseados em casos<br />

de sucesso que mostrem a integração da agropecuária com o meio ambiente e<br />

a sociedade para servir de modelo e ao mesmo tempo para promover uma boa<br />

imagem do agronegócio;<br />

5. Por meio de estudos e pesquisas, mapear a real condição e disponibilidade de<br />

água no estado e promover o uso sustentável por meio de campanhas de conscientização<br />

e fiscalização;<br />

6. Incentivar a certificação das propriedades que têm atitudes sustentáveis e que<br />

sejam priorizados e/ou premiados de alguma forma pela indústria na compra<br />

dos animais;<br />

7. Estimular e promover a troca de informações entre produtores considerados<br />

modelos e os produtores de aves do Tocantins (eventos, visitas técnicas, desenvolvimento<br />

de materiais como cartilhas e vídeos, entre outros);<br />

8. Estimular a utilização de biodigestores e co-geração de energia elétrica por meio<br />

de benefícios aos produtores.


Considerações Finais


federação das indústrias do estado do tocantins 153<br />

Tendo como base todo o trabalho desenvolvido e os resultados<br />

possíveis de serem buscados pelo estado do Tocantins<br />

nos próximos anos, fica evidente a importância de iniciativas<br />

que visam integrar ações estratégicas entre os agentes sejam<br />

eles do âmbito público ou privado. Durante o desenvolvimento<br />

do trabalho, pôde-se perceber que o estado do Tocantins<br />

possui diversas iniciativas que visam incentivar o desenvolvimento<br />

do agronegócio no estado, porém, melhorar o alinhamento<br />

entre elas resulta em um melhor aproveitamento.<br />

Alinhar os agentes é aspecto fundamental para o pensamento<br />

de sistemas agroindustriais integrados. O trabalho coletivo,<br />

a busca conjunta por resultados e o desejo unificado de<br />

desenvolvimento fazem com que sejam desenvolvidas ações<br />

que aumentam a eficiência das cadeias por meio da busca de<br />

sinergias e delineamento de estratégias inovadoras.<br />

Neste cenário o ganho também é coletivo onde vivenciase<br />

a geração de valor compartilhado, ou seja, todos os elos e<br />

agentes envolvidos se beneficiam dos resultados do desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva. Outro aspecto que pode ser<br />

destacado como benefício da integração e motivação para<br />

participação dos agentes em iniciativas coletivas é o aprendizado<br />

contínuo e multidisciplinar.<br />

É evidente que as cadeias produtivas são arranjos complexos,<br />

onde seus diversos agentes possuem características<br />

únicas e estão inseridos em contextos específicos. Devido<br />

a isso, o delineamento de estratégias conjuntas não é algo


154<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

simples de ser feito, sendo necessária grande organização<br />

e processamento integrado das informações disponíveis.<br />

O método GESis, método base utilizado para o desenvolvimento<br />

do presente projeto, foi estruturado com o objetivo<br />

principal de organizar e guiar o delineamento de estratégias<br />

para sistemas agroindustriais indo ao encontro do desejo do<br />

estado do Tocantins do desenvolvimento integrado de seu<br />

agronegócio. Além disso, outros objetivos que devem ser<br />

considerados são:<br />

• Busca de economias de escala;<br />

• Esforços de diferenciação e posicionamento (para gerar<br />

valor);<br />

• Rápidas adaptações às mudanças macroambientais<br />

(quando bem estruturadas);<br />

• Performance e responsividade;<br />

• Visão compartilhada e transparência;<br />

• Sustentabilidade econômica, ambiental e social dos integrantes;<br />

• Conhecimento de custos de produção e transação e luta<br />

por redução;<br />

• Mecanismos de solução de conflitos (remediação/ alternativa<br />

para a burocracia brasileira);<br />

• Organização dos esforços de lobby;<br />

• Planejamento integrado entre os elos;<br />

• Dirigido pela demanda buscando a lealdade dos consumidores;<br />

• Inteligência compartilhada e uso das amplas fontes de<br />

dados;<br />

• Criação de comitês (governança, riscos, seguros...);<br />

• Motivações, contribuições, direitos e benefícios de cada<br />

participante;<br />

• Compromisso de cada participante;<br />

• Investimentos específicos de cada participante;<br />

• Estabelecimento de padrões.<br />

A metodologia desenvolvida, inclusive para o levantamento<br />

sistemático de dados, ao mesmo tempo que guia a etapa de<br />

diagnóstico para uma visão abrangente do sistema alvo, também<br />

direciona as futuras estratégias. Assim, como o método<br />

prevê, essa etapa não seria tão efetiva sem a ampla participação<br />

dos agentes envolvidos em cada uma das cadeias produtivas,<br />

aspecto que foi amplamente vivenciado nos estudos do<br />

Tocantins. A participação dos agentes desde o início do processo<br />

de planejamento, além de trazer uma visão realista da<br />

atual situação de cada um dos elos que compõem o sistema<br />

agroindustrial, contribui para a percepção da coletividade na<br />

construção dos planos.<br />

Com base no amplo diagnóstico da carne avícola do estado<br />

do Tocantins, foi possível delinear projetos estratégicos que


federação das indústrias do estado do tocantins 155<br />

envolvem, em conjunto, diversos elos da cadeia. Nesse sentido,<br />

os projetos foram organizados em cinco pilares ditos estratégicos.<br />

O primeiro deles diz respeito à produção agrícola cujo objetivo<br />

é dar as bases para a manutenção do crescimento da<br />

produção agrícola no estado do Tocantins. Para tanto são propostas<br />

ações no âmbito de pesquisa, manejo e tecnologias no<br />

campo, além da capacitação e disseminação desses conhecimentos<br />

por toda a cadeia.<br />

O fortalecimento do cooperativismo e associativismo no<br />

estado é outro pilar que deve ser trabalhado tendo em vista<br />

a evolução da cadeia produtiva no estado. O desenvolvimento<br />

de governança nas cadeias produtivas do estado só é possível<br />

por meio da estruturação de ações coletivas.<br />

O terceiro pilar visa incentivar o estado a desenvolver a sua<br />

agroindústria de processamento de carne de frango. O fortalecimento<br />

deste elo traz benefícios diretos para a geração<br />

de valor na cadeia e também potencializa o desenvolvimento<br />

regional, com a criação de diversos postos de trabalho e mais<br />

distribuição de renda. Nesse sentido propõe-se que os produtos<br />

oriundos da cadeia de aves do Tocantins avancem na<br />

agregação de valor e no desenvolvimento do mercado interno<br />

e externo para o produto manufaturado.<br />

As políticas públicas e o financiamento constituem outro<br />

item presente nos pilares estratégicos de desenvolvimento<br />

das cadeias produtivas do Tocantins. Configurando-se como<br />

um dos grandes gargalos atualmente no cenário brasileiro, o<br />

estado deve investir em melhorias nesse âmbito. Especificamente<br />

para a competitividade da avicultura, foram traçadas<br />

estratégias para trabalhar a estruturação da atividade e incentivos<br />

para melhorar os custos de produção no estado.<br />

O quinto pilar proposto diz respeito à sustentabilidade, tendo<br />

em vista que para as estratégias se perpetuarem ao longo<br />

do tempo é fundamental que o estado esteja alinhado nesse<br />

sentido. Para a avicultura, principalmente que haja a implantação<br />

de práticas de bem-estar animal em toda a cadeia.<br />

Tão ou mais importante que a estruturação do plano estratégico<br />

para sistemas agroindustriais, é a sua implementação.<br />

Ao longo de mais de dez anos de aplicação do presente método,<br />

alguns problemas foram identificados e devem ficar claros<br />

para que sejam evitados no Tocantins, sendo eles:<br />

• Falta de objetivos;<br />

• Falta de lealdade;<br />

• Problema de capacidade decisória;<br />

• Falta de orientação ao mercado;<br />

• Não compartilhamento de risco;<br />

• Desbalanço de esforços e resultado;<br />

• Falta de visão;<br />

• Interesses individuais prevalecem;


156<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

avicultura<br />

• Oportunismo presente;<br />

• Falta dos itens de liderança;<br />

• Falta dos itens de planejamento;<br />

• Presença de subsídios e distorções.<br />

Assim como os problemas evidenciados, também é importante<br />

destacar as observações referentes à velocidade de implementação,<br />

que estão ligadas a diversos fatores, merecendo<br />

análise para serem trabalhadas anteriormente visando aplicação<br />

exitosa do plano realizado.<br />

• Inadequada habilidade de liderança pelos dirigentes no<br />

atingimento dos objetivos e envolvimento das linhas<br />

operacionais das organizações;<br />

• Falta de estabelecimento de indicadores a serem atingidos<br />

e monitorados;<br />

• Falta de método/padrões para implementação;<br />

• Falta de disciplina/motivação dos integrantes dos esforços<br />

e das organizações na implementação;<br />

• Falta da composição de um conselho gestor que dá o caráter<br />

de executividade;<br />

• Questões políticas e culturais nos integrantes da organização;<br />

• Perfil do gestor dos projetos e presença de sentimentos<br />

de bloqueio, como ciúmes.<br />

• Perda de espaço de agentes do sistema agroindustrial<br />

que irão bloquear a implementação de projetos;<br />

• Tempo de amadurecimento dos projetos e momentos<br />

adequados de implementação;<br />

• Qualidade do conselho gestor e déficit na capacidade dos<br />

colaboradores;<br />

• Inserção e integração com as equipes;<br />

• Detalhamento dos projetos de maneira simples e executiva;<br />

• Relações pessoais protegidas com indicações que não<br />

levam em conta o critério técnico;<br />

• Lidar com os que se acham donos do coletivo;<br />

• Falta de entendimento dos objetivos estratégicos e do<br />

próprio conceito de planejamento e estratégia;<br />

• Não antecipação aos problemas e aos fatores externos<br />

impactando na implementação;<br />

• Conflito de prioridades e objetivos divergentes;<br />

• Aversão ao risco e conservadorismo de pessoas com a<br />

visão do passado.<br />

Estes pontos devem ser trabalhados antecipadamente para<br />

possibilitar o avanço dos projetos estratégicos.<br />

O sucesso da implementação das estratégias propostas<br />

no presente plano, para a cadeia de aves permitirá que o<br />

Tocantins dobre sua produção de carne de frango nos pró-


federação das indústrias do estado do tocantins 157<br />

ximos dez anos. Esse valor é traduzido em um incremento<br />

total de R$ 1,08 bilhão no valor bruto da produção de frangos<br />

no período.<br />

Os próximos passos agora envolvem a formação de um comitê<br />

estratégico com agentes da cadeia produtiva, públicos e<br />

privados e, via reuniões mensais, colocar os projetos para andar,<br />

organizando equipes com metas, funções e prazos. Este<br />

comitê estratégico da avicultura no Tocantins é o responsável<br />

por implementar o plano que foi construído pela Markestrat<br />

em conjunto com os agentes da cadeia produtiva.


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pires=1532718554&id=id&accname=guest&checksum=5414F7D0B9F-<br />

D07B6A30AB45A241052AC> Acesso em: 20 jul. 2018.


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New York: Free Press, 1998.<br />

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Acesso em: 17 set. 2017.<br />

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40% em 2015. 2016. Disponível em: < https://seagro.to.gov.br/noticia/2016/1/18/<br />

producao-tocantinense-de-frango-registra-crescimento-de-mais-de-<br />

40-em-2015/>. Acesso em: 25 jul. 2018.<br />

• SEBRAE. Entenda as diferenças entre associação e cooperativa. 2017. Disponível<br />

em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-as-diferencas<br />

-entre-associacao-e-cooperativa,5973438af1c92410VgnVCM100000b272010aR-<br />

CRD>. Acesso em 19 out. de 2017.<br />

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TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong>. Criação do estado do<br />

Tocantins – 1988. 2017. Disponível em: < http://seden.to.gov.br/desenvolvimento-da-cultura/tocantins---historia/l-criacao-do-estado-do-tocantins---1988/>.<br />

Acesso em: 09 de set. 2017.<br />

• SEPLAN-TO. Secretaria do Planejamento e Orçamento. Perfil do agronegócio<br />

tocantinense. 2016. Disponível em: <br />

Acesso em: 15 set. 2017.<br />

• <strong>TOCANTINS</strong> 247. Kátia e prefeitos discutem andamento do Prodoeste com BID.<br />

2016. Disponível em: < https://www.brasil247.com/pt/247/tocantins247/263445/<br />

Kátia-e-prefeitos-discutem-andamento-do-Prodoeste-com-BID.htm >, 2016.<br />

Acesso em: 23 set. 2017.<br />

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• USDA. UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. USDA Agricultural,<br />

Projections to 2027. 2018b. Disponível em: < https://www.ers.usda.gov/webdocs/<br />

publications/87459/oce-2018-1.pdf?v=43146>. Acesso em: 7 mar. 2018.<br />

• VALOR ECONÔMICO. Alta do milho derruba margens do frango. 2018. Disponível<br />

em: .<br />

Acesso em: 3 jul. 2018.<br />

• WILKINSON, J. Estudo da competitividade de cadeias integradas no Brasil:<br />

impactos das zonas de livre comércio. Campinas, SP: UNICAMP-IE-NEIT, 2002.<br />

• ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. (Org.). Economia e gestão dos negócios agroalimentares.<br />

São Paulo: Pioneira, 2000. 428p.


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul - Palmas - TO CEP 77020-016<br />

+55 63 3229-5700 www.fieto.com.br © 2018


lácteos<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas<br />

do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

2018 - 2027


Soja e Milho<br />

Volumes 1 e 2<br />

Carne Bovina<br />

Volume 3<br />

Suinocultura<br />

Volumes 7<br />

Avicultura<br />

Volume 8<br />

Arroz<br />

Volume 4<br />

Lácteos<br />

Volume 9<br />

Silvicultura<br />

Volume 5<br />

Piscicultura<br />

Volume 6


Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas<br />

do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

2018 - 2027<br />

1ª edição<br />

Palmas, 2018


ficha catalográfica<br />

F293l<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Lácteos: plano estratégico para as cadeias produtivas do agronegócio no<br />

Estado do Tocantins: 2018 - 2027 / José Roberto Fernandes (Coordenador). –<br />

Palmas - TO : Sistema FIETO, 2018.<br />

170 p. : il.<br />

ISBN : 978-85-60759-44-6<br />

1. Economia agrícola - Tocantins. 2. Produtos agrícolas – Tocantins. 3.Lácteos.<br />

I. Fernandes, José Roberto. II. Título.<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Rosana Maria Santos de Oliveira Corrêa<br />

Bibliotecária CRB2-810<br />

CDD: 338.1098117<br />

O presente plano foi elaborado com recursos financeiros do Fundo de<br />

Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Tocantins, através do<br />

Termo de Colaboração Nº 508/2016 celebrado entre o Governo do Estado do<br />

Tocantins, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,<br />

Tecnologia, Turismo e Cultura e a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.<br />

<strong>PLA<strong>NO</strong></strong> <strong>ESTRATÉGICO</strong> <strong>PARA</strong> <strong>AS</strong><br />

CADEI<strong>AS</strong> PRODUTIV<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>AGRONEGÓCIO</strong><br />

<strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

GOVER<strong>NO</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO - CDE<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

Roberto Magno Martins Pires Presidente<br />

FIETO - EQUIPE TÉCNICA<br />

José Roberto Fernandes – Coordenador<br />

Sergio Carlos Ferreira Tavares<br />

Benedito Aparecido da Silva<br />

Lísia Daniella Lustosa Ferro<br />

Wandemberg Pereira Rodrigues<br />

Karolina Gonçalves de Sousa<br />

CONSULTORIA – MARKESTRAT<br />

Marcos Fava Neves – Coordenador<br />

Tássia Gerbasi<br />

Flavio Ruhnke Valério<br />

Patricia Milan Rodrigues Alves<br />

Carla Cristina Martoni Pereira Gomes<br />

Letícia Franco Martinez<br />

Giulia Machado Agostini<br />

Eduardo Garcia Filho<br />

Agda Soares de Souza Dias<br />

Pedro Galvão Caserta<br />

Vinícius Verdu de Oliveira<br />

REVISÃO<br />

Zenilda Drumond<br />

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO<br />

Bonina Comunicação<br />

FIETO / Governo do Estado do Tocantins © 2018


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – FIETO<br />

DIRETORIA: QUADRIÊNIO 2016 - 2020<br />

Presidente<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

1º Vice-Presidente<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

Vice-Presidentes<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Charles Alberto Elias<br />

Luciano de Carvalho Rocha<br />

Sérgio Carlos Ferreira Tavares<br />

Oswaldo Stival Júnior<br />

Primeira-Secretária<br />

Claudizete Carneiro Santos<br />

Segundo-Secretário<br />

Mário de Castro Pillar<br />

Primeiro-Tesoureiro<br />

Walter Atta Rodrigues Bittencourt Júnior<br />

Segunda-Tesoureira<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo<br />

Suplentes da Diretoria<br />

Cabral Santos Gonçalves<br />

Diego Teodoro Carvalho Alba Garcia<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomem<br />

Gliner de Souza Borges<br />

Marco Antônio de Faria Cunha<br />

Wilmar Oliveira de Bastos<br />

Luiz Carlos Alves de Oliveira<br />

Jacques José de Barros<br />

Francisco Monteiro de Souza Filho<br />

Ailton dos Santos Queiroz<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Membros efetivos<br />

José de Souza Vasques<br />

José Febrônio da Silva<br />

Francisco Antélius Sérvulo Vaz<br />

Membros suplentes<br />

Reinaldo Pereira Cardoso<br />

Fábio de Oliveira Soares<br />

Rômulo José dos Santos<br />

REPRESENTANTES JUNTO À CNI<br />

Membros efetivos<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

Célio Batista Alves<br />

Membros suplentes<br />

Charles Alberto Elias<br />

Carlos Augusto Suzana<br />

104 Sul, Rua SE 03 Lote 34 A, Ed. Armando Monteiro Neto<br />

Plano Diretor Sul, Palmas - TO CEP: 77.020-016<br />

Tel.: +55 63 3229-5700 www.fieto.com.br


índice<br />

Lista de Siglas......................................................................................................................16<br />

Agradecimentos.................................................................................................................20<br />

Apresentação.......................................................................................................................24<br />

1. Introdução............................................................................................................................26<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho................................................................................................................28<br />

1. 2. Introdução e entendimento........................................................................................................................31<br />

1. 3. Análise do mercado e enfoque de sistemas......................................................................................31<br />

1. 4. Análise da situação interna: o estado do Tocantins......................................................................31<br />

1. 5. Consolidação do diagnóstico......................................................................................................................32<br />

1. 6. Objetivos para a cadeia e estratégias centrais..................................................................................33<br />

2. Análise de mercado e enfoque de sistemas..................................................................34<br />

2. 1. Análise do mercado internacional..........................................................................................................35<br />

2. 1. 1. Leite in natura....................................................................................................................................................35<br />

2. 2. Leite de vaca e outros produtos lácteos...............................................................................................39<br />

2. 3. Análise do mercado nacional....................................................................................................................44<br />

2. 4. Exportações e importações.........................................................................................................................49<br />

2. 5. Projeções do mercado nacional................................................................................................................52<br />

2. 6. A região MATOPIBA .......................................................................................................................................54<br />

3. Análise da situação interna: o estado do Tocantins....................................................60<br />

3. 1. Produção leiteira...............................................................................................................................................64<br />

3. 1. 1. Características gerais......................................................................................................................................64<br />

3. 1. 2. Custo de produção...........................................................................................................................................72<br />

3. 1. 3. Viabilidade da atividade leiteira no estado........................................................................................77<br />

3. 1. 4. Análise de sensibilidade...............................................................................................................................79<br />

3. 1. 5. Associativismo e cooperativismo...........................................................................................................81<br />

3. 2. Destinos da produção.....................................................................................................................................89


3. 2. 1. Exportações.........................................................................................................................................................89<br />

3. 2. 2. Indústria de processamento......................................................................................................................92<br />

3. 2. 3. Atração de agroindústrias para o Tocantins.....................................................................................97<br />

3. 2. 4. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio ao desenvolvimento ...................105<br />

3. 3. Logística..............................................................................................................................................................112<br />

3. 4. Resumo das Forças e Fraquezas do estado do Tocantins......................................................121<br />

4. Consolidação do diagnóstico........................................................................................ 124<br />

4. 1. Análise PEST.....................................................................................................................................................125<br />

4. 2. Análise das cinco Forças de Porter......................................................................................................129<br />

5. Objetivos estratégicos para a cadeia........................................................................... 134<br />

5. 1. Posicionamento..............................................................................................................................................135<br />

5. 2. Missão e visão..................................................................................................................................................137<br />

5. 3. Objetivos estratégicos.................................................................................................................................138<br />

6. Estratégias centrais e projeto estratégicos............................................................... 140<br />

6. 1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento..........................................................................................142<br />

6. 2. Modernizar os sistemas de produção de pecuária leiteira....................................................144<br />

6. 3. Diversificar as estratégias de financiamento da produção agrícola.................................145<br />

6. 4. Desenvolvimento da agroindústria.....................................................................................................145<br />

6. 5. Integração da cadeia produtiva.............................................................................................................146<br />

6. 6. Direcionamentos estratégicos para acesso ao mercado.........................................................147<br />

7. Considerações finais....................................................................................................... 148<br />

8. Referências....................................................................................................................... 154<br />

Anexo I............................................................................................................................... 160


índice<br />

Lista de figuras<br />

Figura 1.1<br />

Figura 1.2<br />

Macroetapas do método GESis.........................................................................................................................29<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis..................................................................................................30<br />

Figura 2.1 Crescimento da produção mundial de leite (2008-2017).................................................................36<br />

Figura 2.2 Crescimento do consumo mundial de leite (2008-2017).................................................................37<br />

Figura 2.3 Crescimento do rebanho leiteiro mundial (2008-2017)....................................................................41<br />

Figura 2.4 Principais estados em rebanho nacional de vacas leiteiras 2017...............................................45<br />

Figura 2.5 Principais estados produtores de leite em 2017....................................................................................47<br />

Figura 2.6<br />

Figura 2.7<br />

Figura 2.8<br />

Figura 2.9<br />

Figura 3.1<br />

Figura 3.2<br />

Figura 3.3<br />

Figura 3.4<br />

Figura 3.5<br />

Figura 3.6<br />

Figura 3.7<br />

Figura 3.8<br />

Principais estados em termos de aquisição de leite cru, resfriado ou não,<br />

pelas indústrias, 2017.............................................................................................................................................48<br />

Projeção para o crescimento regional (2018-2027) dos rebanhos (lácteos)..........................53<br />

Projeção crescimento na produção regional de leite...........................................................................55<br />

Nº de vacas leiteiras, produção e produtividade de leite na região<br />

do MATOPIBA, 2017................................................................................................................................................56<br />

Cadeia produtiva da pecuária leiteira............................................................................................................62<br />

Estudo de caso: Modelo Sharemilker............................................................................................................68<br />

Distribuição das cooperativas brasileiras de leite por região.........................................................83<br />

Estudo de caso: Colônia Holandesa................................................................................................................86<br />

Estudo de caso: Laticínio Serve Bem.............................................................................................................95<br />

Estudo de caso: Implantação de laticínio.................................................................................................103<br />

Malha rodoviária do Tocantins e suas respectivas jurisdições..................................................117<br />

Principais vias potenciais de escoamento por hidrovia para o Mato Grosso...................119


Figura 4.1.<br />

Figura 4.2.<br />

Figura 5.1<br />

Figura 6.1<br />

Unidades da análise PEST.................................................................................................................................126<br />

Modelo esquemático da ferramenta Cinco Forças de Porter......................................................128<br />

Vertentes do posicionamento estratégico a ser perseguido pela cadeia<br />

do leite do Tocantins ............................................................................................................................................136<br />

Encadeamento estratégico da cadeia láctea para o estado do Tocantins............................142<br />

Lista de gráficos<br />

Gráfico 2.1<br />

Gráfico 2.2<br />

Gráfico 2.3<br />

Gráfico 2.4<br />

Gráfico 2.5<br />

Gráfico 2.6<br />

Gráfico 2.7<br />

Gráfico 2.8<br />

Participação dos principais exportadores de leite do mundo.......................................................38<br />

Participação dos principais importadores mundiais de leite........................................................39<br />

Representatividade do leite de vaca na produção mundial de leite..........................................40<br />

Produtos lácteos e participação na produção mundial total..........................................................42<br />

Precificação do leite em pó no mercado internacional......................................................................43<br />

Projeção do consumo por capita para países desenvolvidos e em<br />

desenvolvimento (2014-2026)...........................................................................................................................44<br />

Série histórica de produção nacional de leite..........................................................................................46<br />

Exportações e importações em equivalente – Leite............................................................................52<br />

Gráfico 2.9 Projeção para o crescimento do rebanho total (2018-2027)...........................................................53<br />

Gráfico 2.10 Projeção da produção nacional de leite (2018-2027) .........................................................................54<br />

Gráfico 2.11 Atividades agropecuárias MATOPIBA (% das áreas destinadas).................................................57<br />

Gráfico 2.12 Evolução do volume de leite cru, resfriado ou não, adquirido por agroindústrias<br />

da região do MATOPIBA e participação do volume brasileiro, 2013 a 2017........................57<br />

Gráfico 3.1<br />

Evolução da produção, número de vacas leiteiras e produtividade no Tocantins............67


índice<br />

Gráfico 3.2<br />

Gráfico 3.3<br />

Gráfico 3.4<br />

Evolução do custo de produção do litro do leite para os municípios de Jaru/RO,<br />

Orizona/GO e Unaí/MG, 2014 a 2017 (a preços de março 2017).................................................73<br />

Custo de produção (R$/l) versus a produtividade média para os municípios<br />

de Jaru/RO, Orizona/GO e Unaí/MG (março 2017)................................................................................73<br />

Composição dos custos de produção do leite para os municípios de Jaru/RO,<br />

Orizona/GO e Unaí/MG, 2017 (a preços de março 2017)..................................................................74<br />

Gráfico 3.5 Participação das cooperativas na aquisição do leite, por região, 2015....................................84<br />

Gráfico 3.6 Composição do PIB da Indústria no Tocantins, 2015.........................................................................92<br />

Gráfico 3.7<br />

Gráfico 3.8<br />

Gráfico 5.1<br />

Percentual e volume da produção de leite cru, resfriado ou não, do Tocantins<br />

adquirido pela agroindústria, 2009 a 2017...............................................................................................91<br />

Malha rodoviária em estados selecionados (km)................................................................................116<br />

Posição atual e potencial posicionamento futuro do Tocantins na cadeia do leite.......137<br />

Gráfico 5.2 Valor Bruto da Produção (VPB) projetado até 2027...........................................................................139<br />

Lista de quadros<br />

Quadro 3.1<br />

Quadro 3.2<br />

Quadro 3.3<br />

Quadro 3.4<br />

Quadro 3.5<br />

Quadro 3.6<br />

Fatores a serem considerados como geradores de receitas e despesas<br />

na atividade leiteira...................................................................................................................................................72<br />

Indicadores de rentabilidade da atividade leiteira................................................................................78<br />

As maiores cooperativas agropecuárias do Brasil................................................................................82<br />

Relação de indústrias e entrepostos de captação de leite do Tocantins..................................93<br />

Incentivos para o desenvolvimento em estados selecionados..................................................113<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico..............................................................114


Quadro 3.7<br />

Quadro 3.8<br />

Quadro 4.1<br />

Quadro 4.2<br />

Quadro 4.3<br />

Características de infraestrutura logística em estados selecionados....................................119<br />

Forças e fraquezas do estado do Tocantins para a cadeia do leite...........................................121<br />

Ameaças do ambiente externo......................................................................................................................125<br />

Oportunidades do ambiente externo.........................................................................................................127<br />

Diferenciais dos estados concorrentes do Tocantins.......................................................................129<br />

Quadro 5.1 Missão e visão para a cadeia do leite no Tocantins ..........................................................................137<br />

Quadro 5.2<br />

Quadro 6.1<br />

Quadro 6.2<br />

Quadro 6.3<br />

Quadro 6.4<br />

Quadro 6.5<br />

Quadro 6.6<br />

Objetivo estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia de lácteos<br />

do estado do Tocantins........................................................................................................................................138<br />

Objetivos estratégicos do pilar “fomento à pesquisa e desenvolvimento”..........................143<br />

Objetivos estratégicos do pilar “Modernizar os sistemas de produção de<br />

pecuária leiteira”.......................................................................................................................................................144<br />

Objetivos estratégicos do pilar “Diversificar as estratégias de financiamento<br />

da produção leiteira”..............................................................................................................................................145<br />

Objetivos estratégicos do pilar “Desenvolvimento da agroindústria”.....................................145<br />

Objetivos estratégicos do pilar “Integração da cadeia produtiva”.............................................146<br />

Objetivos estratégicos do pilar “Direcionamentos estratégicos para acesso<br />

ao mercado”.................................................................................................................................................................147<br />

Lista de tabelas<br />

Tabela 2.1 Maiores produtores de leite de vaca..............................................................................................................40<br />

Tabela 2.2 Produção de leite por vaca em 2017..............................................................................................................46<br />

Tabela 2.3 Maiores empresas de laticínios do Brasil...................................................................................................49


índice<br />

Tabela 2.4 Balança comercial brasileira de lácteos (NCMs 0401 0000 a 0406 9999)1...........................50<br />

Tabela 2.5<br />

Tabela 2.6<br />

Tabela 2.7<br />

Exportações brasileiras de leite e derivados.............................................................................................50<br />

Principais destinos do leite em pó/creme de leite, concentrado.................................................51<br />

Importações brasileiras de leites e derivados..........................................................................................51<br />

Tabela 2.8 Principais origens do leite em pó/creme de leite, concentrado, 2017......................................52<br />

Tabela 3.1<br />

Tabela 3.2<br />

Tabela 3.3<br />

Distribuição do território do Tocantins........................................................................................................64<br />

Distribuição dos municípios segundo o nível tecnológico adotado na<br />

pecuária leiteira, por microrregião do estado do Tocantins............................................................66<br />

Detalhamento dos custos de produção do leite para os municípios de Jaru/RO,<br />

Orizona/GO e Unaí/MG, 2017 (a preços de março 2017)..................................................................75<br />

Tabela 3.4 Fatores e custos de produção leiteira de uma pequena propriedade familiar no<br />

Paraná................................................................................................................................................................................77<br />

Tabela 3.5 Análise da viabilidade econômica da produção de leite nos municípios de<br />

Orizona (GO), Unaí (MG) e Jaru (RO), 2017..................................................................................................78<br />

Tabela 3.6 Análise de sensibilidade de preço para os municípios de Orizona (GO), Unaí (MG)<br />

e Jaru (RO)........................................................................................................................................................................79<br />

Tabela 3.7 Análise de sensibilidade de produtividade para os municípios de Orizona (GO),<br />

Unaí (MG) e Jaru (RO)...............................................................................................................................................80<br />

Tabela 3.8 Exportações do Tocantins, de janeiro a dezembro de 2017 ..........................................................90<br />

Tabela 3.9 Percentuais de PIS e COFINS incidentes sobre o leite e seus derivados,<br />

determinado pelos seus códigos NCMs...................................................................................................106<br />

Tabela 3.10 Análise comparativa geral da alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos<br />

para produtos lácteos para os estados do Tocantins Goiás, Minas Gerais e Rondônia....109<br />

Tabela 5.1 Projeção do crescimento da produção de leite no Tocantins de 2017 a 2027..................139


Tabela 0.1<br />

(continuação) Análise comparativa geral da alíquota de ICMS e benefícios<br />

fiscais concedidos para produtos lácteos para os estados de Goiás, Minas<br />

Gerais e Rondônia...................................................................................................................................................161


Lista de Siglas<br />

ADAPEC<br />

APL<br />

BIRD<br />

CBCL<br />

Cepea<br />

CNI<br />

CNPGL<br />

CO<br />

COAPA<br />

COFINS<br />

CONAB<br />

CST<br />

DRJ/SPO<br />

EMAC<br />

EMATER-RO<br />

EMATER/MG<br />

Embrapa<br />

EPAMIG<br />

Esalq<br />

FAO<br />

FAPTO<br />

FCO<br />

FDCO<br />

FDE<br />

FICO<br />

FIESP<br />

FIETO<br />

F<strong>NO</strong><br />

Funrural<br />

GESis<br />

IATF<br />

IBGE<br />

ICMS<br />

Agência de Defesa Agropecuária<br />

Arranjo Produtivo Local<br />

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

Confederação Brasileira das Cooperativas de Laticínios<br />

Centros de Estudos Avançados em Economia Aplicada<br />

Confederação Nacional da Indústria<br />

Centro Nacional de Pesquisa Gado de Leite<br />

Custo Operacional<br />

Cooperativa Agroindustrial do Tocantins<br />

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social<br />

Companhia Nacional de Abastecimento<br />

Código de Situação Tributária<br />

Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo<br />

European Marketing Academy<br />

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia<br />

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

Empresa Agropecuária de Minas Gearis<br />

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz<br />

Food and Agriculture Organization of the United Nations<br />

Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins<br />

Fundo de Financiamento do Centro-Oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste<br />

Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

Ferrovia de Integração Centro-Oeste<br />

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo<br />

Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Fundo Constitucional de Financiamento do Norte<br />

Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural<br />

Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais<br />

Inseminação Artificial em Tempo Fixo<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços


IFAMA<br />

ILCT<br />

IMEA<br />

IMPL<br />

IPVA<br />

ITR<br />

L<br />

MAPA<br />

MB<br />

MDA<br />

ML<br />

NCM<br />

OCB<br />

PAA<br />

PAC<br />

PDRIS<br />

PDRS<br />

PEA<br />

PELT<br />

PEST<br />

PIB<br />

PIS<br />

PNAE<br />

PNDR<br />

PPI<br />

RAL<br />

RAUSP<br />

Ruraltins<br />

SAG<br />

SEAGRI<br />

SEAGRO<br />

Seapa<br />

Sebrae<br />

International Food and Agribusiness Management Association<br />

Instituto de Laticínios Cândido Tostes<br />

Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária<br />

Índice de Modernização da Pecuária Leiteira<br />

Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores<br />

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural<br />

Litro<br />

Ministérios de Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

Margem Bruta<br />

Ministério do Desenvolvimento Agrário<br />

Margem Líquida<br />

Nomenclatura Comum do Mercosul<br />

Organização das Cooperativas Brasileiras<br />

Programa de Aquisição de Alimentos<br />

Programa de Aceleração do Crescimento<br />

Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável<br />

Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

População Economicamente Ativa<br />

Plano Estadual de Logística e Transporte de Cargas<br />

Político-legal, Econômico-natural, Sociocultural e Tecnológico<br />

Produto Interno Bruto<br />

Programa de Integração Social<br />

Programa Nacional de Alimentação Escolar<br />

Política Nacional de Desenvolvimento Regional<br />

Programa de Parcerias de Investimento<br />

Retorno da Atividade Leiteira<br />

Revista de Administração da Universidade de São Paulo<br />

Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins<br />

Sistema Agroindustrial<br />

Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento e Regularização Fundiária<br />

Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins<br />

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


Lista de Siglas<br />

SED<br />

SEDEN-TO<br />

Seder<br />

SEINFRA<br />

SENAR-TO<br />

SEPLAN-TO<br />

Sescoop<br />

SIE<br />

SIF<br />

SIM<br />

USDA<br />

Secretaria do Desenvolvimento de Goiás<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado<br />

do Tocantins<br />

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrário<br />

Secretaria de Infraestrutura do Tocantins<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Tocantins<br />

Secretaria do Planejamento e Orçamento do Tocantins<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo<br />

Serviço de Inspeção Estadual<br />

Serviço de Inspeção Federal<br />

Serviço de Inspeção Municipal<br />

United States Department of Agriculture


agradecimentos<br />

As seguintes instituições e seus representantes, abaixo nominados por ordem alfabética,<br />

subsidiaram a elaboração do conteúdo do presente volume, seja dispondo-se a entrevistas,<br />

presenciais ou remotas, seja ofertando material de consulta e/ou análises, contribuições<br />

e sugestões, escritas ou orais, durante as diversas fases do estudo.<br />

instituição<br />

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - ADAPEC<br />

AGRO<strong>NO</strong>RTE RAÇÕES<br />

<strong>AS</strong>SEMBLEIA LEGISLATIVA<br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO <strong>DO</strong>S PRODUTORES RURAIS <strong>DO</strong> SU<strong>DO</strong>ESTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - APROEST<br />

<strong>AS</strong>SOCIAÇÃO DE AVICULTORES <strong>DO</strong> <strong>NO</strong>RTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - AVINTO<br />

COOPERATIVA AGROINDUSTRAIL <strong>DO</strong> <strong>NO</strong>RTE <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - AGRIVITA<br />

CÂMARA SETORIAL <strong>DO</strong> LEITE - <strong>TOCANTINS</strong><br />

CEREALISTA SANTA FÉ<br />

COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO ARAGUAIA - CDA<br />

DAPLAN – SERVIÇOS FLORESTAIS<br />

EMPRESA BR<strong>AS</strong>ILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA<br />

FAZENDA VALE <strong>DO</strong> BOI<br />

FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

representante<br />

Humberto Viana Camelo (Presidente)<br />

Jefferson Pessoa<br />

Marcia Helena da Fonseca<br />

Gilmar Gonçalves de Carvalho<br />

Helton W. Gonzaga<br />

Victor Rodrigues da Costa (Presidente)<br />

Raimundo Alves<br />

Edson Negreiros<br />

Marco Antonio Pitondo<br />

Sonia Mara Rodrigues Magalhães<br />

Wiliam Borges Reis<br />

Daniel Barbosa Leite<br />

Alexandre Alves de Freitas (Chefe Geral Interino)<br />

Alexandre Uhlmann<br />

Epaminondas de Andrade<br />

Ricardo Andrade<br />

Roberto Magno Martins Pires (Presidente)<br />

Amanda Barbosa<br />

Benedito A. da Silva<br />

José Roberto Fernandes<br />

Juarez Frota Martins<br />

Klébia Pontes


FEDERAÇÃO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - FIETO<br />

FRIGORÍFICO PIRACEMA<br />

FRIGORÍFICO TAMBORÁ<br />

GRA<strong>NO</strong>L INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A<br />

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - RURALTINS<br />

INSTITUTO EUVAL<strong>DO</strong> LODI <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – IEL/TO<br />

INSTITUTO NATUREZA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - NATURATINS<br />

INSTITUTO FEDRAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - IFTO<br />

LATICÍNIO CREMOLAT<br />

NGBR<br />

SERVIÇO BR<strong>AS</strong>ILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUEN<strong>AS</strong> EMPRES<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SEBRAE/TO<br />

SECRETARIA DA FAZENDA - SEFAZ<br />

SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA, HABITAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS - SEINF<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

Misael Amaral Farias<br />

Sergio Carlos F. Tavares<br />

Valteir Barbosa Rosa<br />

Andre Lee<br />

Jair Bataline<br />

Jordel Souto Brito Machado<br />

Andrey Chama da Costa<br />

Roseli F. Neves Sarmento (Superintendente)<br />

Herbert Brito (Presidente)<br />

Cesar William A. de Sousa<br />

Raquel Aparecida M. Lima<br />

Norival Pitondo<br />

Neilton Machado de Araujo<br />

José Carlos A. de Bessa<br />

André Luis Neves Rocha<br />

Paulo Antenor de Oliveira (Secretário)<br />

Alexandre Pereira de Carvalho<br />

Bárbara B. Oliveira<br />

Cristhyane Maria de Neiva<br />

Elizabete Soares de Araujo<br />

Fernando Batista Oliveira<br />

Saulo Barreira Silva<br />

Willane Queiroz Carvalho<br />

Sérgio Leão (Secretário)<br />

Maxuell N. Acácio<br />

Clemente Barros Neto (Secretário)<br />

Alexandre Godinho Cruz<br />

Antonio Cassio Oliveira Filho<br />

Arlete Amarylles R. Mascarenhas<br />

Arlete Leite Lima<br />

Arthur Emilio França


agradecimentos<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA – SEAGRO<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TEC<strong>NO</strong>LOGIA, TURISMO E CULTURA - SEDEN<br />

SECRETARIA <strong>DO</strong> PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - SEPLAN<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM <strong>DO</strong> COOPERATIVISMO <strong>NO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SESCOOP/TO<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> – SENAI/TO<br />

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong><br />

Erika Jardim<br />

Fernando Dorta<br />

Hyago C. S. Tulio<br />

José Américo Vasconcelos<br />

José Humberto Oliveira<br />

Marcos Fernandes<br />

Ricardo Britto Taques<br />

Romão Miranda<br />

Silvio Reinaldo Oliveira<br />

Thadeu Teixeira Junior<br />

Thiago Chekudemiask S. Tulio<br />

Dearley Kühn (Secretário)<br />

Alexandro de Castro Silva (Secretário)<br />

Alan Rickson Andrade de Araujo<br />

Eremilson Leite<br />

Geanny Carlos de A. Pinheiro<br />

Marcondes Martins Gomes de Oliveira<br />

Paulo Marcelo Mendonça<br />

Tarcísio de Oliveira N. Cruz<br />

Vilmar Carneiro Wanderley<br />

David Torres (Secretário)<br />

Belizário Franco Neto<br />

Mauricio Fregonesi<br />

Maria Jose Andrade Leão de Oliveira<br />

Magnun Vinicius B. da Cruz<br />

Marcia Rodrigues de Paula (Diretora Regional)<br />

Dini Ribeiro Bezerra<br />

Gisleângela R. F. Lemos<br />

Leanne Carvalho Barbosa<br />

Vania Divina<br />

Charles Alberto Elias (Superintendente)


SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA ALIMENTAÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DA MADEIRA E <strong>DO</strong> MOBILIÁRIO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIMAM/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CERÂMICA <strong>PARA</strong> CONSTRUÇÃO <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICER/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONFECÇÕES <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SICON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE CONSTRUÇÃO CIVIL <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDUSCON/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> DE RE<strong>PARA</strong>ÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUIN<strong>AS</strong>, AERONAVES<br />

E ACESSÓRIOS <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIREPA/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S BENEFICIA<strong>DO</strong>RES DE ARROZ <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDIATO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> <strong>DO</strong>S PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS<br />

<strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIPMME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> FRIGORÍFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SINDICARNES/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> GRÁFIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIG/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> METALÚRGIC<strong>AS</strong>, MECÂNIC<strong>AS</strong> E <strong>DO</strong> MATERIAL ELÉTRICO<br />

<strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIME/TO<br />

SINDICATO D<strong>AS</strong> INDÚSTRI<strong>AS</strong> QUÍMIC<strong>AS</strong> E FARMACÊUTIC<strong>AS</strong> <strong>DO</strong> ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - SIQFAR/TO<br />

SOSUI<strong>NO</strong><br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UNITINS<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL <strong>DO</strong> <strong>TOCANTINS</strong> - UFT<br />

VALOR DA LOGÍSTICA INTEGRADA - VLI<br />

Claudizete Carneiro Santos (Presidente)<br />

Geová Pereira de Mendonça (Presidente)<br />

Esequiel de Sousa Milhomem (Presidente)<br />

Maria Elieth José Antônio Lobo (Presidente)<br />

Bartolomé Alba Garcia (Presidente)<br />

José Febrônio da Silva (Presidente)<br />

Carlos Augusto Suzana (Presidente)<br />

Carlos Wagno Maciel Milhomen (Presidente)<br />

Henrique Anselmo<br />

Oswaldo Stival Júnior (Presidente)<br />

George Henrique Aires Borges<br />

Gilson Ney Bueno Cabral<br />

Gliner de Souza Borges (Presidente)<br />

Mário de Castro Pillar (Presidente)<br />

Emilson Vieira Santos<br />

Walter Atta R. Bittencourt Júnior (Presidente)<br />

Lucas Henrique<br />

Suely Cabral Quixabeira Araújo (Reitora)<br />

Ana Flávia de Gouveia Faria<br />

Deyse Mascarenhas<br />

Luis Eduardo Bovolato (Reitor)<br />

Gil Rodrigues dos Santos<br />

Jorge Luis Ferreira<br />

Kênia Ferreira Rodrigues<br />

Roberta Vaz<br />

Rodrigo A. Gomes de Oliveira<br />

Valdecy Rodrigues<br />

Orestes Souza


apresentação<br />

Metade do território do Estado do Tocantins tem potencial para a produção<br />

agrícola. A disponibilidade de recursos naturais, como água, biodiversidade,<br />

insolação e clima tropical, confere ao Tocantins um meio físico,<br />

extremamente favorável à agropecuária. Prova disso é o fato do Estado ocupar<br />

o 9º lugar no país na produção de soja, o 3º na de arroz e possuir o 11º rebanho<br />

bovino nacional.<br />

Além disso, o Tocantins integra a região norte do país que, juntamente com<br />

as regiões Centro-Oeste e Nordeste, apresentaram na última década um crescimento<br />

econômico superior ao das regiões Sul e Sudeste, tradicionais líderes<br />

nacionais nesse quesito. Essa interiorização do desenvolvimento é um fenômeno<br />

ainda recente, mas reconfigura a atividade econômica do país e reforça<br />

o quadro de oportunidades do Estado.<br />

Mas o Estado precisa avançar, realizar esse potencial e aproveitar essas<br />

oportunidades. Explorar sua característica vocacional do ponto de vista logístico,<br />

criar programas oficiais de aproveitamento sustentável de seus recursos<br />

naturais, associar o macrossistema viário à industrialização das commodities<br />

agrícolas. A indústria de transformação da matéria-prima agrícola ampliará<br />

a participação do Tocantins no mercado global de alimentos, criará mais<br />

empregos de qualidade e divisas. Esta é uma construção coletiva, em que o<br />

estado e a iniciativa privada têm missões definidas. Ao primeiro compete conceber<br />

e executar políticas públicas de estímulo e, ao segundo, aumentar sua<br />

produtividade e a qualidade de seus produtos.<br />

Foi com esta filosofia que a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

- FIETO, com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

do Estado do Tocantins – FDE, encarou o desafio de elaborar o presente estu-


do. Nele estão delineados os diagnósticos das principais cadeias produtivas<br />

do agronegócio tocantinense e seus mercados mundiais, nacionais e local;<br />

analisados os custos, as forças e as fraquezas de cada uma delas e, acima de<br />

tudo, aponta os projetos estratégicos e as diretrizes que deverão nortear o seu<br />

desenvolvimento.<br />

Agora sabemos o que precisamos fazer, o Estado e o segmento produtivo<br />

têm diante de si as rotas do desenvolvimento do mais importante segmento<br />

de sua economia. A indústria acredita que, idealmente, a governança desse<br />

desenvolvimento deverá ficar a cargo de um comitê de gestão formado pelos<br />

diversos agentes, públicos e privados, das cadeias produtivas aqui focalizadas.<br />

Pô-lo em marcha será, doravante, nosso dever de casa.<br />

Roberto Magno Martins Pires<br />

FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins<br />

Presidente


Introdução


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

27<br />

Este primeiro capítulo trata do método utilizado para o desenvolvimento<br />

do projeto cujo principal objetivo foi estudar as<br />

principais cadeias produtivas do estado do Tocantins, visando<br />

a identificação e desenvolvimento das suas potencialidades.<br />

O projeto Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do<br />

Agronegócio do Estado do Tocantins foi uma iniciativa da Federação<br />

das Indústrias do estado do Tocantins - FIETO em<br />

parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico,<br />

Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do estado do Tocantins<br />

– SEDEN.<br />

Para tanto, foram destacados alguns pilares ou temas fundamentais,<br />

que pautam todo o estudo na busca da identificação<br />

de estratégias concisas e aderentes à realidade do estado.<br />

São eles: Marco Tecnológico, Associativismo e Cooperativismo,<br />

Uso da Terra, Desenvolvimento da Indústria Local e Instrumentos<br />

de Apoio Estaduais.<br />

Para a segunda fase do projeto, foram selecionadas algumas<br />

cadeias produtivas a serem estudadas. A seleção considerou<br />

cadeias que já possuem papel de destaque no estado<br />

do Tocantins, mas que ainda têm muitas potencialidades<br />

a serem exploradas, sempre visando impulsionar o cenário<br />

econômico e social do estado. As cadeias selecionadas foram:<br />

• Suinocultura<br />

• Avicultura<br />

• Lácteos


28<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Para cumprir o objetivo proposto, foi utilizada metodologia<br />

de pesquisa já consolidada no setor do agronegócio para o desenvolvimento<br />

de planos estratégicos conhecida como Gestão<br />

Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis).<br />

1. 1. Objetivos e método de trabalho<br />

Desenvolver planos para a melhoria contínua de um setor<br />

não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se trata de cadeias<br />

do agronegócio, que possuem características e complexidades<br />

específicas.<br />

Para organizar e analisar os dados coletados durante o desenvolvimento<br />

do presente trabalho, e propor ações condizentes<br />

com a realidade do estado e do seu posicionamento no<br />

cenário nacional e internacional, lançou-se mão da utilização<br />

do método GESis.<br />

O método GESis, desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcos Fava<br />

Neves, em 2004, vem sendo aplicado em diversas cadeias<br />

produtivas e aperfeiçoado a cada aplicação. No Brasil, o método<br />

já foi aplicado para as cadeias do trigo (2004), da laranja<br />

(2005, 2007 e 2010), do leite (2006), da cana-de-açúcar (2009 e<br />

2015), da carne bovina (2011), do algodão (2011, 2013 e 2017),<br />

de flores (2014), da carne suína (2016) e das hortaliças (2017).<br />

No contexto internacional o método também já foi utilizado<br />

para a cadeia do leite na Argentina (2007) e no Uruguai (2010)<br />

e da soja na Argentina (2012), além de outros usos na África<br />

do Sul e outros países.<br />

Contando com escopo semelhante ao do presente trabalho,<br />

o método GESis também foi adaptado e aplicado em oito cadeias<br />

produtivas do estado de Goiás sendo elas milho, soja,<br />

carne suína, carne de frango, carne bovina, couro, lácteos e<br />

cana-de-açúcar (2012).<br />

Além da grande repercussão dos estudos citados nas principais<br />

mídias, no meio acadêmico com diversas publicações<br />

nacionais e internacionais e mais de 15 livros, o método foi<br />

publicado pela Revista de Administração da Universidade<br />

de São Paulo (Rausp), International Food and Agribusiness<br />

Management Association (Ifama), European Marketing Academy<br />

(Emac) e no Journal of Chain and Network Science (Wageningen<br />

University, Holanda).<br />

Indo além das visões de cadeias produtivas e redes de empresas,<br />

os sistemas agroindustriais (SAGs) consideram também<br />

o ambiente institucional e as condições estruturais nas<br />

quais essas relações acontecem. A grande contribuição dos<br />

estudos de sistemas agroindustriais é a sua utilização para o<br />

desenho de políticas públicas, organização de empresas e estruturação<br />

de estratégias corporativas, que ainda enfrentam<br />

o problema da falta de uma abordagem sistêmica, resultando<br />

em falhas no desenho de estratégias corporativas e organizacionais<br />

(ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

29<br />

<br />

Figura 1.1<br />

Macroetapas do método GESis<br />

etapa 1<br />

Iniciativas de líderes,<br />

governos, institutos de<br />

pesquisa, universidades<br />

em planejar o futuro<br />

de um sistema<br />

agroindustrial.<br />

etapa 2<br />

Descrição,<br />

mapeamento e<br />

quantificação<br />

de um sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 3<br />

Criação de uma<br />

organização<br />

vertical no sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 4<br />

Montagem de<br />

plano estratégico<br />

para o sistema<br />

agroindustrial<br />

etapa 5<br />

Administração<br />

dos projetos<br />

priorizados e<br />

elaboração de<br />

contratos<br />

Fonte: Neves (2008).<br />

Cinco etapas fundamentais estruturam o método GESis<br />

original. Cada etapa contém fases específicas que devem ser<br />

realizadas para chegar ao seu objetivo proposto. A Figura 1.1<br />

ilustra as macroetapas do método GESis.<br />

A primeira etapa conta com a inciativa de líderes, governos,<br />

institutos de pesquisas, universidades ou outros agentes relacionados<br />

à cadeia produtiva na busca de planejar o futuro da<br />

cadeia em que se insere. A importância da primeira etapa se dá,<br />

tendo em vista que a aplicação do método de maneira coerente<br />

e efetiva deve contar com muitos agentes envolvidos, uma vez<br />

que os esforços e a mobilização de pessoas devem ser coletivos.<br />

Além da etapa 1, o método ainda conta com mais quatro<br />

etapas, porém, tendo em vista os objetivos do presente estudo,<br />

a aplicação do método nas cadeias produtivas do estado<br />

do Tocantins limitou-se a aplicação das etapas 1 e 4 sendo a<br />

etapa 4 o principal foco do trabalho.<br />

A etapa 4 do método consiste no diagnóstico e montagem<br />

de um plano estratégico para os sistemas agroindustriais. Neves<br />

(2008) propõe que para a realização do plano estratégico<br />

são necessários 12 passos, que foram adaptados para a aplicação<br />

no estado do Tocantins. A Figura 1.2 ilustra os passos<br />

sugeridos.


30<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 1.2<br />

Doze passos da etapa 4 do método GESis<br />

Fase 1 Introdutória<br />

Fase 2 Planos dos vetores estratégicos<br />

1<br />

2<br />

4 5 6<br />

Projetos de<br />

produção, pesquisa e<br />

desenvolvimento e inovações<br />

11 12<br />

Introdução e entendimento<br />

Análise do<br />

mercado e do<br />

consumidor<br />

no enfoque de<br />

sistemas<br />

3<br />

Análise da situação<br />

interna e de<br />

concorrentes<br />

globais<br />

(benchmark)<br />

Objetivos para o sistema<br />

Estratégias para atingir os objetivos propostos<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

Projetos de comunicação<br />

Projetos de distribuição e<br />

logística (incluindo exportações)<br />

Projetos de capacitação e<br />

recursos humanos<br />

Projetos de coordenação<br />

e adequação ao ambiente<br />

institucional<br />

Consolidação de planos estratégicos<br />

Orçamento do GESis<br />

Fonte: Neves (2008).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

31<br />

Tendo como base o método GESis, na sequência serão detalhadas<br />

as etapas que compuseram o desenvolvimento do<br />

presente projeto.<br />

1. 2. Introdução e entendimento<br />

Para iniciar o trabalho, esta etapa envolveu o levantamento<br />

de materiais já existentes a respeito das cadeias estudadas,<br />

fossem esses específicos do Tocantins, ou materiais de contextualização<br />

de cadeias no cenário nacional e internacional.<br />

Um amplo conjunto de materiais foi levantado pelas secretarias<br />

estaduais do estado do Tocantins. Além dos materiais,<br />

foi conduzida reunião inicial de sensibilização dos agentes<br />

relacionados às cadeias, em que todo o escopo e método do<br />

trabalho foram apresentados e os potenciais membros que<br />

participariam da construção do trabalho puderam tirar suas<br />

dúvidas e entender o impacto do projeto para o estado e o papel<br />

de cada interlocutor na sua construção.<br />

1. 3. Análise do mercado e enfoque de sistemas<br />

Esta etapa figura como o início do diagnóstico, onde foram<br />

mapeados o mercado internacional e nacional no qual<br />

a cadeia alvo do estudo está inserida. A análise contou com<br />

dados de produção, consumo, exportações e importações dos<br />

principais players do mercado internacional, além de mapear<br />

como o sistema agroindustrial está posicionado no mercado<br />

brasileiro, suas principais características regionais, as<br />

tendências de consumo e as projeções e expectativas para os<br />

próximos anos.<br />

Figurando como uma análise externa, esta etapa de contextualização<br />

é fundamental para que as estratégias sugeridas<br />

ao término do projeto sejam aderentes a atual realidade da<br />

cadeia nos mercados que se inserem.<br />

1. 4. Análise da situação interna: o estado do Tocantins<br />

Utilizando como unidade de análise o estado do Tocantins,<br />

foi desenvolvido amplo diagnóstico das cadeias no estado por<br />

meio de diversas pesquisas, entrevistas presenciais e remotas.<br />

Com relação às entrevistas presenciais, foram conduzidas<br />

entrevistas com a Secretaria do Desenvolvimento (SEDEN),<br />

a Secretaria da Agricultura (SEAGRO), a Secretaria do Planejamento<br />

(SEPLAN), a Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA)<br />

e a empresa VLI, de logística. No total participaram das primeiras<br />

entrevistas 21 pessoas, sendo sete na SEDEN, sete na<br />

SEAGRO, cinco na SEPLAN, uma na VLI e uma na SEINFRA.<br />

Dentre os entrevistados estavam o Secretário de Desenvolvimento,<br />

o Secretário da Agricultura e o Secretário de Pla-


32<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

nejamento. As entrevistas foram conduzidas na cidade de<br />

Palmas e a equipe visitou a ponte sobre o rio Tocantins em<br />

Porto Nacional e o Terminal Integrador da empresa VLI, em<br />

Araguaína.<br />

Além das entrevistas presenciais, foram realizadas cerca de<br />

20 entrevistas remotas com especialistas de associações, cooperativas,<br />

produtores e fundações. Foram contatadas também<br />

cooperativas de grande representatividade para o estado<br />

do Tocantins como COAPA e FRISIA. As entrevistas não se limitaram<br />

a agentes do estado, sendo realizadas também com<br />

organizações do Paraná, Mato Grosso, Bahia e Goiás. Foram<br />

conduzidas entrevistas com importantes organizações tais<br />

como: Embrapa, IMEA e SEAB.<br />

Adicionalmente, as visitas presenciais específicas para a<br />

cadeia do leite contemplaram o Sebrae/TO, em Palmas, e o<br />

Laticínio Cremolat, em Bernardo Sayão/TO.<br />

Os principais pontos levantados foram: características gerais<br />

da cadeia no estado, custo de produção, análise de viabilidade,<br />

associativismo e cooperativismo, exportações, indústria<br />

de processamento local, políticas estaduais de apoio<br />

ao desenvolvimento tecnológico, incentivos fiscais, preços de<br />

mercado e logística.<br />

Todos os pontos levantados foram analisados comparativamente<br />

com outros estados de destaque no cenário<br />

nacional para a cadeia selecionada. A análise comparativa,<br />

também conhecida como benchmarking, é um importante<br />

direcionador estratégico, uma vez que mostra casos e estratégias<br />

de sucesso que podem ser adaptadas para posterior<br />

implementação.<br />

1. 5. Consolidação do diagnóstico<br />

Para resumir e apresentar o diagnóstico feito nas duas etapas<br />

anteriores de forma mais didática, algumas ferramentas<br />

de grande prestígio no meio acadêmico foram utilizadas sendo<br />

elas a PEST e o modelo das Cinco Forças de Porter.<br />

A utilização dessas duas ferramentas, além de guiar o levantamento<br />

das informações, permite uma melhor visualização<br />

dos dados para a tomada de decisões quanto ao presente<br />

e futuro da cadeia alvo do plano.<br />

A ferramenta PEST é amplamente utilizada no planejamento<br />

estratégico de organizações para a identificação das ameaças<br />

e oportunidades derivadas do ambiente político-legal,<br />

econômico-natural, sociocultural e tecnológico.<br />

Já o modelo das Cinco Forças de Porter consiste na análise<br />

das informações considerando a Rivalidade entre os<br />

Concorrentes, a Ameaça de Novos Entrantes, a Ameaça de<br />

produtos Substitutos, o Poder de Barganha dos Fornecedores<br />

e o Poder de Barganha dos Compradores (PORTER, 1980;<br />

PORTER, 1998).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

33<br />

1. 6. Objetivos para a cadeia e estratégias centrais<br />

Após estudar as cadeias produtivas e entender seu posicionamento<br />

e competitividade no estado do Tocantins, é fundamental<br />

determinar os objetivos que devem ser buscados<br />

por meio do delineamento de ações estratégicas. Esta etapa<br />

envolveu a definição do posicionamento estratégico para as<br />

cadeias e a definição de missão e visão.<br />

Tendo como base o posicionamento almejado do estado,<br />

foram determinados pilares e ações estratégicas que devem<br />

guiar os próximos passos das cadeias produtivas no estado<br />

do Tocantins.


Análise de Mercado<br />

e Enfoque de Sistemas


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

35<br />

2. 1. Análise do mercado internacional<br />

2. 1. 1. Leite in natura<br />

O mercado internacional do leite e produtos lácteos ao longo<br />

dos últimos anos apresentou expansão. Segundo dados do<br />

USDA (2018), no período de 2008 a 2017, a produção e o consumo<br />

tiveram elevação de 19% cada.<br />

Na Figura 2.1, pode-se observar que no ano de 2017 foram<br />

produzidos 598,9 milhões de toneladas de leite. A Europa liderou<br />

essa produção até o ano de 2016. No entanto, em 2017,<br />

a Índia chegou à primeira posição com 160 milhões de toneladas,<br />

representando 27% da produção mundial.<br />

A Índia, além de passar a ocupar a primeira posição no<br />

ranking mundial, foi também o país – dentre os seis maiores<br />

produtores – que apresentou maior crescimento no<br />

volume produzido durante os últimos dez anos, com uma<br />

variação de 47%. O Brasil, que ocupa a sexta posição, apresentou<br />

a segunda maior variação positiva, de 35%, tendo<br />

produzido em 2017, 26,9 milhões de toneladas. Diante desse<br />

fato e, também, da queda na produção da Rússia nesse<br />

mesmo período, é plausível esperar que, em um futuro<br />

próximo, a produção brasileira de leite cresça e amplie sua<br />

participação no mercado, que atualmente se encontra em<br />

4% (USDA, 2018).<br />

O órgão nacional IEG|FNP (2018), considera uma produção


36<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 2.1<br />

Crescimento da produção mundial de leite (2008-2017).<br />

Produção Mundial de Leite* 2017:<br />

598,9 milhões de toneladas<br />

Variação 2008-2017: 19%<br />

5°Rússia<br />

Produção: 30,6 (milhões tons)<br />

Participação: 5%<br />

Variação: -6%<br />

3° EUA<br />

Produção: 97,8 (milhões tons)<br />

Participação: 14%<br />

Variação: 16%<br />

4° China<br />

Produção: 37,0 (milhões tons)<br />

Participação: 4%<br />

Variação: 2%<br />

6° Brasil<br />

Produção: 26,9 (milhões tons)<br />

Participação: 4%<br />

Variação: 35%<br />

2° UE<br />

Produção: 156,3 (milhões tons)<br />

Participação: 26%<br />

Variação: 13%<br />

1° India<br />

Produção: 160,0 (milhões tons)<br />

Participação: 27%<br />

Variação: 47%<br />

*Considerando leite total (leite de vaca + outros tipos de leite) / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

de 26,6 bilhões de litros de leite no Brasil no ano de 2017, semelhante<br />

ao USDA (2018), porém utilizando outra medida.<br />

No entanto, a variação da produção de leite na última década<br />

apresenta discrepância entre os dois órgãos. USDA (2018)<br />

considera uma variação de 35% na produção de leite brasileira<br />

entre os anos de 2008 a 2017, enquanto o IEG|FNP (2018)<br />

considera uma variação de 19% para o mesmo período. Para<br />

a análise do mercado nacional apresentada no tópico 2.2, será<br />

utilizada a base de dados IEG|FNP (2018).<br />

O consumo mundial, como pode ser analisado na Figura 2.2,


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

37<br />

<br />

Figura 2.2<br />

Crescimento do consumo mundial de leite (2008-2017).<br />

Consumo Mundial de Leite* 2017:<br />

598,5 milhões de tons<br />

Variação 2008-2017: 19%<br />

5° Rússia<br />

Consumo: 30,9 (milhões tons)<br />

Participação: 5%<br />

Variação: -5%<br />

3° EUA<br />

Consumo: 97,8 (milhões tons)<br />

Participação: 13%<br />

Variação: 16%<br />

4° China<br />

Consumo: 37,6 (milhões tons)<br />

Participação: 6%<br />

Variação: 4%<br />

6° Brasil<br />

Consumo: 26,9 (milhões tons)<br />

Participação: 4%<br />

Variação: 35%<br />

2° UE<br />

Consumo: 155,5 (milhões tons)<br />

Participação: 26%<br />

Variação: 13%<br />

1° India<br />

Consumo: 160,0 (milhões tons)<br />

Participação 27%<br />

Variação: 47%<br />

*Considerando leite total (leite de vaca + outros tipos de leite) / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

apresentou um volume bastante próximo da produção no ano<br />

de 2017. Ademais, os mesmos países que figuram como os<br />

cinco maiores produtores são, também, os maiores consumidores.<br />

Nota-se, portanto, que a produção dos países se destina,<br />

em quase sua integralidade, para o consumo interno, havendo<br />

pouco volume de excedentes destinados ao comércio<br />

global. A própria característica de elevada perecibilidade do<br />

produto contribui para este cenário.<br />

O Brasil aparece na sexta posição, com um consumo de cerca<br />

de 27 milhões de toneladas de leite. E, a exemplo da produ-


38<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.1<br />

Participação dos principais exportadores de leite* do mundo.<br />

12%<br />

Nova<br />

Zelândia<br />

12%<br />

Austrália<br />

Exportação total de leite (2017)<br />

1.675 mil toneladas (0,28% da produção mundial)<br />

6%<br />

EUA<br />

16%<br />

Bielorrúsia<br />

6%<br />

Outros<br />

48%<br />

União<br />

Européia<br />

*Considerando leite total (leite de vaca + outros tipos de leite).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

ção, as maiores variações de 2008 a 2017 foram para a Índia<br />

(47%) e Brasil (35%).<br />

Vale ressaltar que a Índia, na década de 50, sofria com uma<br />

crise de escassez de leite e hoje já é capaz de abastecer seu<br />

mercado doméstico com sua própria produção e ainda exportar<br />

alguns produtos lácteos para os Estados Unidos. Esse<br />

grande avanço na produção leiteira é fruto de um projeto chamado<br />

Operation Flood (Operação Inundação), que envolveu o<br />

Estado Indiano e associações e cooperativas de produtores. O<br />

detalhamento do projeto é apresentado em tópico posterior<br />

deste relatório.<br />

Já no Brasil, os produtores de leite vêm se especializando<br />

e intensificando o rebanho, visando maior produtividade. E,<br />

mesmo que produção e consumo estejam em crescimento, a<br />

demanda por leite pelos consumidores brasileiros ainda não<br />

é satisfatória, fazendo com que as empresas invistam também<br />

em produtos derivados.<br />

De acordo com estudos da Tetrapak (2015) a expectativa é<br />

de que o consumo global de produtos lácteos – leite, queijo<br />

e manteiga, aumente em 36% durante a década que termina<br />

em 2024. Essa demanda será impulsionada, principalmente,<br />

pelo crescimento da população, do maior poder aquisitivo e<br />

urbanização da África, Ásia e América Latina. Isso, combinado<br />

com a mudança de hábitos de consumo e mudanças na<br />

demografia mundial, incentiva as agroindústrias lácteas a<br />

olharem de forma mais expansiva para o mercado.<br />

No mercado internacional, a Europa é a maior exportadora<br />

de leite, com 800 mil toneladas do produto, representando<br />

cerca de 48% do mercado. O Gráfico 2.1 mostra a participação<br />

dos maiores exportadores de leite do mundo. O Brasil é pouco


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

39<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.2<br />

Participação dos principais importadores mundiais de leite*.<br />

4%<br />

Filipinas<br />

4%<br />

Canadá<br />

5%<br />

Taiwan<br />

25%<br />

Rússia<br />

Importação total de leite<br />

1.196 mil toneladas (0,20% do consumo mundial)<br />

6%<br />

Outros<br />

56%<br />

China<br />

demais exportadores não figuram como produtores ou consumidores<br />

relevantes, como os países Bielorrússia, Austrália<br />

e Nova Zelândia.<br />

A China é a maior importadora de leite, com 667 mil toneladas<br />

do produto, representando cerca de 56% do mercado. O<br />

Gráfico 2.2 mostra a participação dos maiores importadores<br />

de leite do mundo. O Brasil é pouco representativo, ficando<br />

em 12ª posição, com apenas 1 mil tonelada importada em<br />

2017 e participação mínima.<br />

Vale salientar que poucos países apresentam elevada exportação<br />

do leite in natura por se tratar de um produto altamente<br />

perecível. Sendo assim, os países optam pela exportação<br />

de produtos industrializados como o leite em pó e o leite<br />

condensado, como é o caso do Brasil.<br />

2. 2. Leite de vaca e outros produtos lácteos<br />

*Considerando leite total (leite de vaca + outros tipos de leite).<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

representativo, ficando em 10ª posição, com apenas 8 mil toneladas<br />

exportadas em 2017 e participação mínima.<br />

Destaca-se que, em 2017, o volume de leite comercializado<br />

globalmente representou apenas 0,28% da produção mundial;<br />

e, à exceção da União Europeia e dos Estados Unidos, os<br />

Os valores apresentados até o momento consideraram o total<br />

de leite, independentemente de sua origem. O Gráfico 2.3<br />

esclarece que, nos últimos 10 anos, o leite de vaca sempre representou<br />

mais de 80% do mercado, com reduções modestas<br />

(4% no período) que servem como ponto de atenção, porém<br />

pouco expressivo para o cenário atual.<br />

Quanto ao rebanho leiteiro mundial, entre os anos de 2008 e<br />

2017, seu tamanho variou cerca de 9%. A Figura 2.3 apresenta


40<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.3<br />

Representatividade do leite de vaca na produção mundial de leite.<br />

Produção total de leite (mil t)<br />

503,8 502,5 512,7 527,0 543,0 550,2 570,7 583,2 589,7 598,9 611,0<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.1<br />

Maiores produtores de leite de vaca.<br />

Posição<br />

País<br />

Produção<br />

2017 (mi t)<br />

Participação<br />

(%)<br />

Variação<br />

2008-2017<br />

1 UE 151,7 30% 13%<br />

2 EUA 97,8 20% 14%<br />

3 Índia 72,0 14% 54%<br />

4 China 35,5 7% 3%<br />

5 Rússia 30,6 6% -6%<br />

7 Brasil 23,6 5% 19%<br />

Total Mundo 501,0 100% 15%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

87%<br />

86%<br />

86%<br />

86%<br />

85%<br />

85%<br />

85%<br />

85%<br />

84%<br />

84%<br />

83%<br />

13%<br />

14%<br />

14%<br />

14%<br />

15%<br />

15%<br />

15%<br />

15%<br />

16%<br />

16%<br />

17%<br />

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018*<br />

outros tipos de leite (%) leite de vaca (%)<br />

*Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

a distribuição mundial, em 2017, das 141,9 milhões de cabeças.<br />

A atenção se direciona para a Europa e a China, que sofreram<br />

com uma redução de 3% e 13% respectivamente, ao<br />

longo do período indicado. Esse fato sugere um aumento de<br />

produtividade por animal, dado que a variação na produção<br />

nesses países, no mesmo período, foi positiva.<br />

As perspectivas para 2018, segundo USDA (2018) são de<br />

que o rebanho indiano cresça, aproximadamente, 4%; e o rebanho<br />

brasileiro cresça 2%. Os outros países permanecerão<br />

basicamente sem alterações.<br />

O ranking da produção mundial de leite sofre algumas<br />

alterações quando direcionado apenas para leite de vaca. A<br />

Tabela 2.1 demonstra esse fato, onde a Europa lidera com


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

41<br />

<br />

Figura 2.3<br />

Crescimento do rebanho leiteiro mundial (2008-2017).<br />

Rebanho leiteiro* mundial 2017:<br />

141,9 milhões de cabeças<br />

Variação 2008-2017: 9%<br />

4° EUA<br />

Rebanho: 9,4 (milhões cabeças)<br />

Participação: 7%<br />

Variação: 1%<br />

5° China<br />

Rebanho: 7,5 (milhões cabeças)<br />

Participação: 5%<br />

Variação: -13%<br />

3° Brasil<br />

Rebanho: 17,7 (milhões cabeças)<br />

Participação: 12%<br />

Variação: 14%<br />

2° UE<br />

Rebanho: 23,5 (milhões cabeças)<br />

Participação: 17%<br />

Variação: -3%<br />

1° India<br />

Rebanho: 56,5 (milhões cabeças)<br />

Participação: 40%<br />

Variação: 36%<br />

*Considerando vacas leiteiras / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

30% de participação do total, seguida pelos Estados Unidos,<br />

com 20%, Índia, com 14%, China, com 7% e Rússia, com 6%.<br />

O Brasil perde uma posição e fica em 7º lugar como produtor<br />

de leite de vaca, produzindo 23,6 milhões de toneladas, com<br />

5% de participação e uma variação de 19% na última década.<br />

Os produtos lácteos foram segmentados pelo USDA (2018)<br />

entre leite sem gordura, leite em pó, manteiga, queijo e leite<br />

fluído. O Gráfico 2.4 deixa clara a força deste último no total<br />

da produção e, por isso, a maior atenção se volta para ele.<br />

No que diz respeito aos preços internacionais de produtos lác-


42<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.4<br />

Produtos lácteos e participação na produção mundial total.<br />

Produção total<br />

537,3 mi t<br />

94,0%<br />

Produção total<br />

578,7 mi t<br />

93,8%<br />

Produção total<br />

638,4 mi t<br />

2007 2012 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de USDA (2018).<br />

93,8%<br />

Leite sem gordura Leite em pó Manteiga Queijo Leite fluído<br />

teos, percebe-se sensibilidade na variação relacionada a fatores<br />

pontuais, econômicos e políticos, como, por exemplo, a troca de<br />

algum governante. Entretanto, os preços são, preponderantemente,<br />

influenciados pela oferta e demanda (FAO, 2017).<br />

Em 2016, todos os produtos lácteos apresentaram aumento<br />

de preço a partir do 2º semestre. Fato que contrapôs os anos<br />

anteriores, pois desde 2014 os preços mundiais desses produtos<br />

sofreram grandes reduções devido a proibição por parte<br />

da união europeia da importação de produtos lácteos, causando<br />

assim uma oferta muito grande no mercado mundial.<br />

Além disso, produtores chaves que detinham grande parte<br />

da produção, aumentaram ainda mais suas quantidades produzidas.<br />

Para ilustrar essa movimentação, o Gráfico 2.5 demonstra<br />

o histórico de precificação do leite em pó no mercado<br />

internacional, lembrando que este é apenas um item entre<br />

os produtos lácteos.<br />

Dentre os produtos lácteos que sofreram maior variação em<br />

sua precificação, podemos citar a manteiga e o leite em pó que<br />

entre janeiro a dezembro de 2016 sofreram um aumento de<br />

40% e 56% respectivamente (FAO, 2017).<br />

Segundo a FAO (2017), o preço da manteiga está se recuperando<br />

de maneira considerável, sem perspectivas de aumentos<br />

futuros, quando comparado a outros produtos lácteos. O acréscimo<br />

dos preços desses produtos em 2016 ocorreu devido a<br />

uma queda da produção de leite em alguns players importantes<br />

como Austrália, Nova Zelândia, Argentina e União Europeia.<br />

Concomitantemente, a demanda por alguns produtos lácteos<br />

(em especial o queijo e a manteiga) teve expressivo crescimento.<br />

Em relação às tendências no mercado internacional, os países<br />

desenvolvidos possuem o costume de utilizar com maior<br />

frequência a gordura de leite no dia a dia, inclusive para fabricação<br />

de produtos comerciais, como a utilização em padarias,<br />

substituindo a gordura de óleo vegetal, gerando uma imagem


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

43<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.5<br />

Precificação do leite em pó no mercado internacional.<br />

5500<br />

5000<br />

4500<br />

4000<br />

(US$/t)<br />

3500<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

jun/12<br />

ago/12<br />

out/12<br />

dez/12<br />

fev/13<br />

abr/13<br />

jun/13<br />

ago/13<br />

out/13<br />

dez/13<br />

fev/14<br />

abr/14<br />

jun/14<br />

ago/14<br />

out/14<br />

dez/14<br />

fev/15<br />

abr/15<br />

jun/15<br />

ago/15<br />

out/15<br />

dez/15<br />

fev/16<br />

abr/16<br />

jun/16<br />

ago/16<br />

out/16<br />

dez/16<br />

fev/17<br />

abr/17<br />

jun/17<br />

ago/17<br />

Fonte: Global Dairy Trade (2018).<br />

positiva para gorduras lácteas. Por esse motivo, espera-se que<br />

essa ideia sobre os produtos lácteos chegue aos países em desenvolvimento<br />

em breve (FAO, 2017).<br />

Quanto ao consumo de produtos advindos do leite, segundo<br />

a FAO (2017) os países desenvolvidos, no período de 2014<br />

a 2016, tinham um consumo per capita médio de 20,2 kg, sendo<br />

que a expectativa para 2026 é de 21,4 kg. Já os países em<br />

desenvolvimento consumiam cerca de 10,9kg e devem partir<br />

para 13,2 kg em 2026. No entanto, é possível observar no<br />

Gráfico 2.6 que a diferença entre os países se dá no tipo de<br />

consumo. Os países desenvolvidos consomem majoritariamente<br />

produtos processados e aqueles em desenvolvimento<br />

possuem um consumo mais voltado aos produtos lácteos<br />

frescos.


44<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.6<br />

Projeção do consumo per capita para países desenvolvidos e em desenvolvimento (2014-2026).<br />

Produtos Processados 1<br />

Produtos lácteos frescos<br />

3,3<br />

3,6<br />

Quilogramas<br />

14,0 16,0<br />

14,3 16,4<br />

6,5<br />

7,6<br />

9,8 9,4 8,3 7,3 8,7 9,5<br />

2,6<br />

15,9<br />

3,2<br />

21,3<br />

32,9<br />

39,2<br />

1,7 2,0 0,7 0,7<br />

2,7 3,1 4,0 4,0<br />

2014-16 2026 2014-16 2026 2014-16 2026 2014-16 2026 2014-16 2026 2014-16 2026 2014-16 2026<br />

União Européia EUA Brasil Índia Paquistão China África Subsaariana<br />

¹Produtos processados ​incluem manteiga, leite desnatado em pó e leite inteiro em pó. / Produtos lácteos frescos incluem leite sem gordura, integral, semi integral, creme e iogurte.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de FAO (2017).<br />

2. 3. Análise do mercado nacional<br />

Analisando o mercado internacional, é possível identificar<br />

a grande representatividade do leite de vaca diante dos demais<br />

leites. O mesmo ocorre no mercado interno.<br />

De acordo com dados do IEG|FNP (2018), conforme mostra<br />

a Figura 2.4, em 2017, o rebanho brasileiro de vacas leiteiras<br />

era de, aproximadamente, 16,262 milhões de cabeças.<br />

A mesma fonte já aponta uma inversão no principal estado<br />

produtor para 2018, com Goiás passando à frente e chegando<br />

a 2,780 milhões de cabeças, seguido por Minas Gerais, que<br />

ficará com 2,685 milhões de cabeças. No total, o indicativo é<br />

de uma redução no número total de vacas leiteiras no Brasil<br />

para 16,215 milhões de cabeças.<br />

A produção nacional de leite em 2017 foi de 26,6 bilhões<br />

de litros. Nos últimos 10 anos esse número foi recorde, variando<br />

19% em relação a 2008, como pode ser notado no<br />

Gráfico 2.7.<br />

A Figura 2.5 mostra que Minas Gerais e Goiás, estados que<br />

concentram os maiores rebanhos, ocupam também o primei-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

45<br />

<br />

Figura 2.4<br />

Principais estados em rebanho nacional de vacas leiteiras 2017.<br />

Rebanho nacional<br />

de vacas leiteiras 2017:<br />

16,2 milhões de cabeças<br />

Variação 2009-2017: 3%<br />

2° Goiás<br />

Rebanho: 2,771 (milhões cabeças)<br />

Participação: 17%<br />

Variação: 41%<br />

5° Mato Grosso do Sul<br />

Rebanho: 1,15 (milhões cabeças)<br />

Participação: 7%<br />

Variação: 19%<br />

3° Paraná<br />

Rebanho: 1,6 (milhões cabeças)<br />

Participação: 10%<br />

Variação: 3%<br />

13° Tocantins<br />

Rebanho: 0,34 (milhões cabeças)<br />

Participação: 2%<br />

Variação: 1%<br />

4° Bahia<br />

Rebanho: 1,16 (milhões cabeças)<br />

Participação: 7%<br />

Variação: 11%<br />

1° Minas Gerais<br />

Rebanho: 2,777 (milhões cabeças)<br />

Participação: 17%<br />

Variação: -14%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat partir de IEG|FNP (2018).<br />

ro e segundo lugar na produção, com 6,6 bilhões e 3,3 bilhões<br />

de litros, respectivamente. Porém, na sequência, os estados<br />

com os maiores rebanhos não são, necessariamente, os com<br />

maiores produções, a exemplo do Rio Grande do Sul e Santa<br />

Catarina, que ocupam a quarta e quinta posições no ranking<br />

da produção.<br />

Apesar de Minas Gerais deter o maior rebanho e ser o principal<br />

produtor, o estado ocupa a 7ª posição no ranking de produtividade<br />

de leite no Brasil. Nesse quesito, o Ceará assume<br />

a 1º colocação, seguido por Rio Grande do Sul e Rio Grande<br />

do Norte. O Tocantins ocupa a 21º posição, com 2,23 litros/<br />

cabeça/dia. (Tabela 2.2)<br />

Ao analisar os gráficos e tabela de rebanho, produção de<br />

leite por estado e por animal, é possível identificar que nem


46<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.7<br />

Série histórica de produção nacional de leite.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.2<br />

Produção de leite por vaca em 2017.<br />

Bilhões de litros<br />

22,4<br />

22,9<br />

23,2<br />

24,1<br />

24,6<br />

25,8<br />

24,0<br />

24,5<br />

25,5<br />

26,6<br />

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017*<br />

*estimativa / Fonte: elaborado por Markestrat partir de IEG|FNP (2018).<br />

Posição Estado 2016 2017 Variação<br />

1 CE 14,00 16,80 20%<br />

2 RS 15,70 16,64 6%<br />

3 RN 10,29 11,37 10%<br />

4 PB 8,21 9,44 15%<br />

5 ES 9,24 9,41 2%<br />

6 AL 8,78 9,16 4%<br />

7 MG 8,72 8,95 3%<br />

8 PE 7,74 8,89 15%<br />

9 SC 7,33 8,53 16%<br />

10 RJ 8,22 8,31 12%<br />

15 RO 5,05 5,57 13%<br />

17 GO 3,92 4,42 13%<br />

21 TO 2,18 2,23 2%<br />

sempre existe uma correlação entre os estados nos respectivos<br />

rankings. Rio Grande do Sul, em 2016, foi o estado de<br />

maior produtividade por animal, mesmo tendo um rebanho<br />

de 600 mil cabeças, que o posiciona na décima posição entre<br />

os maiores rebanhos do país. O estado do Ceará não está entre<br />

os maiores rebanhos e nem entre os principais produtores,<br />

mas obteve a maior produtividade em 2017. Nesses dois<br />

casos, essa situação ocorre devido à alta tecnologia adotada<br />

*Supondo lactações de 270 dias; estimativa<br />

pelos produtores e a sistematização da produção.<br />

No Rio Grande do Sul, os produtores investiram em genética<br />

e nutrição adequada, enquanto no Ceará, além de utilizar<br />

as mesmas técnicas, as fazendas contam com projetos hidráulicos<br />

para captação de água e com padrão de produção<br />

formatado já utilizado em outros países.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

47<br />

<br />

Figura 2.5<br />

Principais estados produtores de leite em 2017.<br />

Produção de leite 2017:<br />

27,2 bilhões de litros<br />

Variação 2009-2018: 21%<br />

2° Goiás<br />

Produção: 3,3 (bi litros)<br />

Participação: 13%<br />

Variação: 59%<br />

5° Santa Catarina<br />

Produção: 2,4 (bi litros)<br />

Participação: 9%<br />

Variação: 52%<br />

4° Rio Grande do Sul<br />

Produção: 2,9 (bi litros)<br />

Participação: 10%<br />

Variação: -6%<br />

19° Tocantins<br />

Produção: 0,2 (bi litros)<br />

Participação: 1%<br />

Variação: 40%<br />

1° Minas Gerais<br />

Produção: 6,7 (bi litros)<br />

Participação: 24%<br />

Variação: 11%<br />

3° Paraná<br />

Produção: 3,1 (bi litros)<br />

Participação: 12%<br />

Variação: 40%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de IEG|FNP (2018).<br />

A exemplo do que acontece com a inversão das posições<br />

dos estados com maiores rebanhos de vacas leiteiras para os<br />

estados com as maiores produções de leite, há também uma<br />

mudança no ranking dos estados com os maiores volumes de<br />

industrialização de leite. A Figura 2.6 apresenta os seis maiores<br />

estados em termos de aquisição de leite cru, resfriado ou<br />

não, pelas indústrias, mais o Tocantins, em 16° lugar.<br />

As diferenças entre produção na fazenda e a aquisição do<br />

leite pela indústria, são indicativos da necessária movimentação<br />

desta matéria-prima. Um exemplo é o Rio Grande do Sul.<br />

Em 2017, o estado que aparece como 4º produtor nacional<br />

(2,9 bilhões de litros) é o 2º colocado na aquisição de leite pela<br />

indústria (3,43 bilhões de litros), havendo, portanto, a necessidade<br />

de importação de leite de outros estados. Na situação


48<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 2.6<br />

Principais estados em termos de aquisição de leite cru, resfriado ou não, pelas indústrias, 2017.<br />

16° Tocantins<br />

131.060 (mil litros)<br />

Participação: 0,5%<br />

6° Goiás<br />

2.465.422 (mil litros)<br />

Participação: 10,1%<br />

1° Minas Gerais<br />

5.990.229 (mil litros)<br />

Participação: 24,6%<br />

5° Santa Catarina<br />

2.757.983 (mil litros)<br />

Participação: 11,3%<br />

4° São Paulo<br />

2.871.631 (mil litros)<br />

Participação: 11,8%<br />

2°Rio Grande do Sul<br />

3.426.034 (mil litros)<br />

Participação: 14,1%<br />

3° Paraná<br />

2.934.679 (mil litros)<br />

Participação: 12,1%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados do IBGE (2018).<br />

inversa, pode-se citar Goiás, 2º produtor nacional (3,3 bilhões<br />

de litros) e 6º colocado na aquisição do leite pela indústria (2,5<br />

bilhões de litros) havendo, aqui, a possibilidade de exportação<br />

do excedente.<br />

Em 2016, no Brasil, 15 empresas foram responsáveis pela<br />

captação de um total de 9,67 bilhões de litros de leite, representando<br />

27% da produção total inspecionada de leite (35,66<br />

bilhões). Esse volume foi 1,9% inferior ao de 2015 (ITAL, 2017).<br />

Nesse contexto, os grandes nomes de empresas que aparecem<br />

no Brasil no setor de laticínios estão relacionados na<br />

lista que compõe a Tabela 2.3. A Nestlé lidera o ranking com<br />

um total de cerca de 1,69 bilhões de litros, sendo 0,995 bilhões<br />

de litros da recepção de produtores e 0,695 bilhões de<br />

litros de terceiros. Em segundo lugar está a Lactalis do Bra-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

49<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.3<br />

Maiores empresas de laticínios do Brasil.<br />

Posição (1)<br />

Ranking empresas de leite 2016 (mil litros)<br />

Empresa<br />

Recepção de<br />

produtores<br />

Recepção de<br />

terceiros<br />

Total<br />

1 NESTLÉ(3) 995.000 695.000 1.690.000<br />

2 LACTALIS <strong>DO</strong> BR<strong>AS</strong>IL/ELEBAT 1.238.828 383.107 1.621.935<br />

3 CCPR/ITAMBÉ 989.000 115.000 1.104.000<br />

4 LATICÍNIOS BELA VISTA 916.860 177.028 1.093.888<br />

5<br />

COOPERATIV<strong>AS</strong> FRISIA,<br />

C<strong>AS</strong>TROLANDA e CAPAL (4)<br />

600.382 368.372 968.754<br />

6 EMBARÉ 389.121 194.737 583.858<br />

7 AURORA 453.000 0 453.000<br />

8 JUSSARA 288.104 89.417 377.521<br />

9 CCGL 345.928 10.332 356.260<br />

10 DA<strong>NO</strong>NE 219.989 128.611 348.600<br />

11 VIGOR 257.277 54.060 311.337<br />

12 DPA Brasil 31.999 211.936 243.935<br />

13 FRIMESA 204.227 9.936 214.163<br />

14 CENTROLEITE 211.499 0 211.499<br />

15 CONFEPAR 183.678 11.949 195.627<br />

TOTAL (2) 7.324.892 2.341.748 9.666.640<br />

(1) Classificação base recepção (produtores + terceiros) no ano de 2016 / (2) O total de terceiros não<br />

inclui o leite recebido de participantes do ranking devido a duplicidade / (3) Em 2016, os dados<br />

referem-se somente a empresas do Grupo Nestle / (4) As três cooperativas praticam um modelo de<br />

intercooperação no segmento de lácteos / Fonte: elaborado por Markestrat a partir de EMBRAPA (2018).<br />

sil/Elebat, com um total de 1,62 bilhões de litros, sendo 1,23<br />

bilhões de litros da recepção de produtores e 0,383 bilhões<br />

de litros de terceiros. Na terceira colocação aparece a CCPR,<br />

a Cooperativa Central de Produtores Rurais de Minas Gerais,<br />

uma congregação de cooperativas, com volume de recepção<br />

de 1,1 bilhão de litros. Outras cooperativas também aparecem<br />

na lista e serão objeto dos próximos capítulos deste relatório.<br />

2. 4. Exportações e importações<br />

No tocante à balança comercial brasileira de lácteos, de<br />

acordo com a CONAB (2018), a mesma apresentou um déficit<br />

de US$ 443,3 milhões, com exportações de US$ 102,2<br />

milhões e importações de US$ 545,5 milhões (Tabela 2.4). Os<br />

três principais produtos importados em 2017 foram o leite<br />

em pó integral (45,3% do valor total importado); leite em pó<br />

desnatado (10,4% do valor total importado); e queijo tipo muçarela<br />

(10,2% do valor total importado). Outros dezenove derivados<br />

lácteos complementaram o valor total importado pelo<br />

país em 2017.<br />

Quanto às exportações, de acordo com a Tabela 2.5, o leite<br />

em pó/creme de leite, concentrado é o mais representativo,<br />

tanto em valor quanto em quantidade, seguido por queijos e<br />

requeijão. O ano de 2016 teve uma maior quantidade exporta-


50<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.4<br />

Balança comercial de lácteos (NCMs 0401 000 a 0406 9999) 1<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.5<br />

Exportações brasileiras de leite e derivados.<br />

Exportações<br />

Importações<br />

Período<br />

US$ Milhões Mil ton 2 US$ Milhões Mil ton 2<br />

2017 102,2 36,0 545,4 166,3<br />

2016 155,6 51,6 641,1 242,6<br />

Produto<br />

M US$<br />

2016 2017<br />

Valor (%)<br />

Tonelada<br />

Quantidade (%)<br />

M US$<br />

Valor (%)<br />

Tonelada<br />

Quantidade (%)<br />

1 Não inclui NCMs 1901 10 10 (leite modificado) e 1901 9020 (doce de leite)<br />

2 Peso líquido do produto exportado/importado<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, a partir de dados da Brasil (2018).<br />

da, com 52,6 milhões toneladas, já em 2017 essa quantidade<br />

passou para 36 milhões toneladas, uma queda de 32%. Em<br />

valor, 2016 rendeu cerca de US$ 160,7 mil dólares, contra<br />

102,1 mil dólares em 2017, uma queda de 36%.<br />

Os principais destinos do leite em pó/creme de leite, concentrado<br />

se relacionam na Tabela 2.6. Em termos de quantidade,<br />

em 2017, Trindade e Tobago foi o principal importador desse<br />

produto brasileiro, com 2.155 toneladas e US$ 6.405 mil.<br />

As importações brasileiras podem ser analisadas na<br />

Tabela 2.7. O leite em pó/ creme de leite, concentrado foi o<br />

item mais representativo em 2016 e 2017, tanto em valor<br />

quanto em quantidade. No conjunto dos produtos, no ano<br />

de 2016, foram importadas 242,5 mil toneladas e, em 2017,<br />

166,3 mil toneladas, uma queda de 31%. Os volumes representaram,<br />

respectivamente, US$ 641,1 milhões e US$ 545,4<br />

milhões, uma queda de 15%.<br />

Leite em pó/Creme de<br />

Leite, Concentrado<br />

132.525 82% 41.376 79% 64.051 63% 23.946 66%<br />

Queijos e Requeijão 13.168 8% 2.979 6% 18.107 18% 3.504 10%<br />

Leite e Creme de Leite,<br />

não Concentrado<br />

14.261 9% 7.774 15% 16.730 16% 7.207 20%<br />

Manteiga e Derivados 305 0% 80 0% 1.547 2% 318 1%<br />

Iogurte e Creme de<br />

Leite, Fermentado<br />

Soro de Leite e Produtos<br />

Concentrados<br />

370 0% 363 1% 931 1% 752 2%<br />

86 0% 48 0% 787 1% 313 1%<br />

TOTAL 160.715 100% 52.621 100% 102.153 100% 36.041 100%<br />

*estimativa / NCM: 0401.10.10 até 0406.90.90 / Fonte: elaborado por Markestrat partir de IEG|FNP (2018).<br />

As principais origens do leite em pó/creme de leite, concentrado<br />

estão relacionadas, em termos porcentuais, na<br />

Tabela 2.8. Em 2017, em termos de quantidade (54.823 toneladas)<br />

e de valor (US$ 172,757 milhões), o Uruguai foi a principal<br />

fonte do produto, seguido pela Argentina.<br />

O déficit na balança comercial brasileira de lácteos expli-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

51<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.6<br />

Principais destinos do Leite em pó/Creme de Leite, Concentrado.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.7<br />

Importações brasileiras de leites e derivados.<br />

Leite em pó/Creme de Leite,<br />

Concentrado<br />

Quantidade (%) Valor (%)<br />

Trindade e Tobago 9% 10%<br />

Paraguai 3% 5%<br />

Angola 4% 4%<br />

Tunísia 2% 3%<br />

Bolívia 2% 3%<br />

Produto<br />

Leite em pó/<br />

Creme de Leite<br />

Concentrado<br />

2016 2017<br />

M US$<br />

Valor (%)<br />

Tonelada<br />

Quantidade (%)<br />

M US$<br />

Valor (%)<br />

Tonelada<br />

Quantidade (%)<br />

417.315 65,1% 161.486 66,6% 332.225 60,9% 103.439 62,2%<br />

Outros 79% 75%<br />

Queijos e Requeijão 153.418 23,9% 43.074 17,8% 142.564 26,1% 31.832 19,1%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat partir de IEG|FNP (2018).<br />

Soro de Leite e<br />

Produtos<br />

Concentrados<br />

43.673 6,8% 28.395 11,7% 38.385 7,0% 23.581 14,2%<br />

Manteiga e<br />

Derivados<br />

Iogurte e Creme de<br />

Leite, Fermentado<br />

Leite e Creme<br />

de Leite, não<br />

Concentrado<br />

24.413 3,8% 6.829 2,8% 26.560 4,9% 5.107 3,1%<br />

873 0,1% 331 0,1% 5.059 0,9% 1.287 0,8%<br />

1.392 0,2% 2.453 1,0% 630 0,1% 1.083 0,7%<br />

TOTAL 641.083 100% 242.568 100,0% 545.423 100,0% 166.330 100,0%<br />

*estimativa / NCM: 0401.10.10 até 0406.90.90 / Fonte: elaborado por Markestrat partir de IEG|FNP (2018).<br />

ca-se pela alta competitividade dos produtos estrangeiros em<br />

relação ao preço doméstico. Essa situação perdura há anos e<br />

se mostra difícil de ser revertida. Carvalho, Silva e Carvalho<br />

(2016) salientam que o Brasil continuará a ter dificuldades<br />

para elevar as suas exportações, com desafios que envolvem<br />

toda a cadeia produtiva: elevar a escala de produção, competitividade<br />

de preços dos insumos produtivos, aproveitamento<br />

das vantagens comparativas e estratégias bem definidas de<br />

abertura do mercado.<br />

O Gráfico 2.8 reforça essa explicação. Observa-se que no<br />

período de janeiro de 2012 a março de 2018, poucos foram<br />

os meses em que as exportações - em equivalente leite – superaram<br />

as importações, ilustrando o déficit na balança comercial<br />

da commodity. Corroborando com essa situação, está<br />

o desalinho de preços do mercado interno com o externo, o


52<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

que leva o Brasil a perder oportunidades de elevar os volumes<br />

exportados.<br />

2. 5. Projeções do mercado nacional<br />

A projeção da FIESP (2018) para o rebanho de vacas lactantes<br />

é de crescimento de 4,9% até 2027. A expectativa é que os<br />

previstos 19,4 milhões de cabeças, de 2018, cheguem a 20,4<br />

milhões de cabeças em 2027, conforme Gráfico 2.9.<br />

A expectativa de crescimento do rebanho leiteiro, por região<br />

geográfica brasileira, aparece na Figura 2.7. O Centro-Oeste se<br />

ÃÃ<br />

Tabela 2.8<br />

Principais origens do leite em pó/creme de leite, concentrado, 2017.<br />

Leite em pó/Creme de Leite,<br />

Quantidade (%) Valor (%)<br />

Concentrado<br />

Uruguai 53% 52%<br />

Argentina 40% 40%<br />

Chile 4% 4%<br />

Estados Unidos 2% 3%<br />

Paraguai 1% 1%<br />

Outros 1% 1%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat partir de IEG|FNP (2018).<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.8<br />

Exportações e importações em equivalente – Leite.<br />

300.000<br />

Importação<br />

Exportação<br />

200.000<br />

100.000<br />

0<br />

jan 2012<br />

mar 2012<br />

mai 2012<br />

jul 2012<br />

set 2012<br />

nov 2012<br />

jan 2013<br />

mar 2013<br />

mai 2013<br />

jul 2013<br />

set 2013<br />

nov 2013<br />

jan 2014<br />

mar 2014<br />

mai 2014<br />

jul 2014<br />

set 2014<br />

nov 2014<br />

jan 2015<br />

mar 2015<br />

mai 2015<br />

jul 2015<br />

set 2015<br />

nov 2015<br />

jan 2016<br />

mar 2016<br />

mai 2016<br />

jul 2016<br />

set 2016<br />

nov 2016<br />

jan 2017<br />

mar 2017<br />

mai 2017<br />

jul 2017<br />

set 2017<br />

nov 2017<br />

jan 2018<br />

mar 2018<br />

Fonte: Milkpoint (2018).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

53<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.9<br />

Projeção para o crescimento do rebanho total (2018-2027).<br />

<br />

Figura 2.7<br />

Projeção para o crescimento regional (2018-2027) dos rebanhos (lácteos).<br />

Crescimento de<br />

4,9% de 2018 a 2027<br />

-7,1%<br />

6,8%<br />

Bilhões de litros<br />

15,3%<br />

19,45<br />

19,52<br />

19,56<br />

19,63<br />

19,76<br />

19,91<br />

20,03<br />

20,14<br />

20,28<br />

20,40<br />

-5,2%<br />

12,1%<br />

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027*<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2018).<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2018).<br />

destaca com o crescimento de 15,3%, seguido pela região Sul<br />

e pela Nordeste. As regiões Norte e Sudeste devem sofrer, respectivamente,<br />

quedas de 7,1% e 5,2%.<br />

As projeções até 2027 feitas pela FIESP (2018) apresentam<br />

uma expectativa de produção em 2018 de 35 milhões de toneladas<br />

e que esse valor cresça até 2027, chegando em 46,2<br />

milhões de toneladas. O consumo deve acompanhar a produção.<br />

O Gráfico 2.10 demonstra estas evoluções para os próximos<br />

anos.<br />

A Figura 2.8 apresenta a evolução prevista da produção de<br />

leite até o ano de 2027, segundo a FIESP. A região Sul se destaca<br />

com um crescimento de 56%, seguida pela região Centro<br />

-Oeste, com 36%.


54<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.10<br />

Projeção da produção nacional de leite (2018-2027).<br />

Crescimento de produção e<br />

consumo de 32% de 2018 a 2027<br />

Produção<br />

Consumo doméstico<br />

Milhões de toneladas<br />

35,0<br />

35,0<br />

36,0<br />

36,0<br />

37,0<br />

37,0<br />

38,1<br />

38,1<br />

39,4<br />

39,4<br />

40,7<br />

40,7<br />

42,0<br />

42,0<br />

43,3<br />

43,3<br />

44,7<br />

44,7<br />

46,2<br />

46,2<br />

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de FIESP (2018).<br />

As projeções da FIESP sinalizam uma melhora geral na produtividade<br />

brasileira de leite, com os melhores desempenhos<br />

nas regiões Sudeste e Nordeste, que apontam aumento de<br />

produção (24%), com variações no rebanho leiteiro de -5,2%<br />

e +6,8%, respectivamente.<br />

2. 6. A região MATOPIBA<br />

A região MATOPIBA foi definida pelo Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento em 2015, através da Portaria<br />

N°244. Ela é formada por quatro estados: Maranhão, Tocantins,<br />

Piauí e Bahia, e abrange 377 municípios, totalizando uma<br />

extensão de 73 milhões de hectares (BR<strong>AS</strong>IL, 2015).<br />

Cerca de 90% dessa região concentram-se no cerrado, o<br />

que faz com que apresente características bastante marcantes<br />

do bioma, as quais possibilitam uma combinação<br />

de condições geográficas ideais para o cultivo de grãos. As<br />

terras cultiváveis nessa localidade também apresentam valores<br />

relativamente baixos se comparada às demais regiões


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

55<br />

<br />

Figura 2.8<br />

Projeção crescimento na produção regional de leite.<br />

25%<br />

36%<br />

56%<br />

24%<br />

24%<br />

Fonte: Elaborado por Markesrat a partir de FIESP (2018).<br />

agrícolas do país, o que representa uma grande vantagem<br />

competitiva.<br />

Segundo o Censo Demográfico 2010 a população total do<br />

MATOPIBA é de 5,9 milhões de habitantes, dos quais 65%<br />

concentram-se em áreas urbanas, muito abaixo do que se<br />

tem hoje na média brasileira (84%). A densidade demográfica<br />

também é baixa, muito influenciada pela heterogenia na distribuição<br />

populacional na região: apenas 10 municípios são<br />

responsáveis por 25% da população (IBGE, 2011).<br />

De acordo com o Input (2017a), o PIB da região é de R$ 59<br />

bilhões, sendo 12,6 bilhões adicionados da agricultura. É o<br />

equivalente a 1,4% do total brasileiro, sendo 40% desse valor<br />

concentrado em apenas 10 municípios. O valor adicionado<br />

bruto é composto da seguinte maneira: 19% agropecuária,<br />

16% indústria e 65% serviços. O setor agropecuário tem<br />

grande potencial de crescimento nesse cenário, já que as<br />

atividades relacionadas à indústria e ao comércio dependem,<br />

além da renda pública, da renda agropecuária (produtos provenientes<br />

da atividade agropecuária).<br />

A partir do Censo Agropecuário 2006, estima-se que existam<br />

mais de 350 mil estabelecimentos agropecuários na região,<br />

sendo esses responsáveis por 34 milhões de hectares de<br />

terra. Desse total, 36% possuem área com território inferior<br />

a 10 hectares. Dessa forma, existe uma concentração de área<br />

em poucos estabelecimentos, principalmente localizados no<br />

sudoeste e oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul de Tocantins<br />

(4% deles são responsáveis por 63% do território).<br />

Apesar disso, a estrutura agrária da região é bem diferente<br />

daquela encontrada em estados agrícolas mais tradicionais,<br />

como Mato Grosso e Goiás, durante sua formação. Isso porque<br />

é bastante fragmentada devido ao grande número de<br />

produtores com áreas muito pequenas. Com o aumento do


56<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 2.9<br />

Nº de vacas leiteiras, produção e produtividade de leite na região do MATOPIBA, 2017.<br />

Rebanho MATOPIBA de<br />

vacas leiteiras 2017:<br />

2,059 milhões de cabeças<br />

(Variação 2009-2017: +6,2%)<br />

Maranhão<br />

436.647 cabeças (+0,4%)<br />

171.322 mil litros (+29%)<br />

1,5 l/cab/dia<br />

Piauí<br />

97.473 mil cabeças (-30%)<br />

71.643 mil litros (+10%)<br />

2,7 l/cab/dia<br />

Produção de leite<br />

MATOPIBA 2017:<br />

1,556 bilhões de litros<br />

(Variação 2009-2017: 21,3%)<br />

Tocantins<br />

346.635 cabeças (+1%)<br />

208.288 mil litros (+38%)<br />

2,2 l/cab/dia<br />

Bahia<br />

1.113.119 cabeças (+11%)<br />

1.117.449 mil litros (+22%)<br />

3,7 l/cab/dia<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados IEG|FNP (2018) e IBGE (2018).<br />

desenvolvimento agrário da região ocorreu uma ocupação da<br />

fronteira agrícola com base na agropecuária intensiva e de<br />

larga escala.<br />

Como pode ser visto no Gráfico 2.11, a criação de gado corresponde<br />

a maior parcela da área destinada para a agropecuária<br />

na região. Porém, a área para pastagens do MATOPIBA<br />

está diminuindo desde 1980. Um fato para esta diminuição é<br />

explicado pelo aumento do cultivo de soja, que entre os anos<br />

de 2010 e 2014 registrou uma elevação de 108% na região de<br />

cerrado (INPUT, 2017b). Inclusive, a safra de grãos 2017/18<br />

tem apresentado excelente desempenho, com média de 65<br />

sacas por hectare de produtividade, estimulando a migração<br />

para a agricultura de grãos.<br />

Um importante fator para o desenvolvimento do MATOPI-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

57<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.11<br />

Atividades agropecuárias MATOPIBA (% das áreas destinadas).<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 2.12<br />

Evolução do volume de leite cru, resfriado ou não, adquirido por<br />

agroindústrias da região do MATOPIBA e participação no volume<br />

brasileiro, 2013 a 2017.<br />

17%<br />

Outros<br />

7%<br />

Aves<br />

9%<br />

Outros Grãos<br />

10%<br />

Soja<br />

57%<br />

Gado<br />

Mil litros<br />

Volume MATOPIBA<br />

620.000 % Brasil<br />

2,5%<br />

2,4%<br />

600.000<br />

2,4%<br />

595.176<br />

2,4%<br />

580.000<br />

2,3%<br />

2,4%<br />

560.000 2,3%<br />

540.000<br />

567.833<br />

556.270<br />

2,2%<br />

523.643<br />

2,3%<br />

520.000 2,2%<br />

500.000 2,2% 511.903<br />

2,2%<br />

480.000 2,1%<br />

460.000 2,1%<br />

Fonte: INPUT (2017b).<br />

2013 2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados IBGE (2018).<br />

BA são as melhoras nos complexos logísticos que vêm sendo<br />

incentivadas pelos governos locais, tanto para fluxo de insumo<br />

quanto para escoamento da produção. Esse fator é determinante<br />

para a expansão agrária da região.<br />

No que se refere a cadeia produtiva do leite, a região do MA-<br />

TOPIBA, em 2017, detinha 12% das cabeças do rebanho de<br />

vacas leiteiras brasileiras, totalizando 2,059 milhões de animais,<br />

responsáveis pela produção de 1,556 bilhões de litros,<br />

ou 6% do volume nacional, com sistemas de produção caracterizados<br />

por baixas produtividades (Figura 2.9). No período<br />

de 2009 a 2017, houve um aumento no rebanho de vacas leiteiras<br />

de 6,2%, acompanhado de um aumento na produção


58<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

de leite de 21,3%, indicando uma melhora na produtividade<br />

no período.<br />

Apesar de responder por 6% do volume do leite produzido<br />

no Brasil em 2017, apenas 2,3% do leite cru foi adquirido<br />

por agroindústrias da região. Esse percentual representa um<br />

volume de 567,8 milhões de litros e tem se mantido relativamente<br />

constante nos últimos cinco anos (Gráfico 2.12). Isso<br />

indica, portanto, um potencial de incremento na industrialização<br />

do leite produzido pela região, proporcionando uma<br />

agregação de valor à cadeia produtiva.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

59


Análise da Situação Interna:<br />

o estado do Tocantins


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

61<br />

Fundado em 1988, quando lideranças do norte goiano<br />

mobilizaram a população na busca da independência política<br />

da região, o Tocantins é o estado mais novo do Brasil<br />

(SEDEN-TO, 2017).<br />

Pode-se dizer que o estado possui uma vocação natural<br />

para o agronegócio, estando inserido em uma das últimas<br />

fronteiras agrícolas do país, a região conhecida como MA-<br />

TOPIBA, que engloba cerca de sete milhões de hectares cultiváveis<br />

(SEDEN-TO, 2017).<br />

A agropecuária é a principal atividade econômica privada<br />

de 72,6% dos municípios do estado, figurando como a<br />

principal fonte de riqueza de 101 das 139 cidades. Quanto<br />

a bovinocultura de leite, convém salientar que em todo<br />

estado, em 2017, foram produzidos 209.076 litros de leite<br />

(IBGE, 2018; IEG|FNP, 2018), sendo uma atividade em sua<br />

maioria feita pela agricultura familiar ou por pequenos<br />

produtores. O desenho da cadeia produtiva de leite é apresentado<br />

na Figura 3.1.<br />

De acordo com Oliveira Filho (2013), o segmento dos insumos<br />

tem sua importância na composição dos custos de<br />

produção, principalmente pelo componente logístico para<br />

disponibilizar às propriedades a ração, suplementos alimentares<br />

e nutricionais, que são de grande peso e volume. Adicionalmente,<br />

a presença de poucas indústrias produtoras de<br />

insumo também corrobora para a elevação dos custos, dada<br />

a necessidade dos mesmos percorrerem maiores distâncias.


62<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 3.1<br />

Cadeia produtiva da pecuária leiteira.<br />

Fatores político-legais; Econômicos-naturais; Socioculturais-demográficos; Tecnológicos<br />

Antes das Fazendas<br />

Indústrias<br />

Produtos veterinários<br />

Vacas e novilhas<br />

Melhoramento genético<br />

Ração e concentrado<br />

Volumoso<br />

Ordenha e refrigeração<br />

Adubos e defensivos<br />

Sementes<br />

Energia<br />

Nas Fazendas<br />

Produtores<br />

independentes<br />

Cooperativas<br />

Leite UTH<br />

Leite pasteurizado<br />

Leite em pó<br />

Queijo<br />

Sorvete<br />

Manteiga<br />

Leite condensado<br />

Creme de leite<br />

Chocolate<br />

Doces<br />

Panificados<br />

Atacado<br />

Indústrias<br />

Supermercados<br />

Hipermercados<br />

Sorveterias<br />

Padarias<br />

Cafeterias<br />

Outros<br />

Tradings<br />

Consumidor Final<br />

Exportações<br />

Outros<br />

Agentes Facilitadores: Frete do leite in natura; combustíveis na fazenda, tributos na indústria de laticínios; mão de obra.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

63<br />

Indústrias desenvolvedoras de novas tecnologias, tais como<br />

Dupont Pioneer e Bayer possuem áreas experimentais no estado.<br />

Uma indústria importante no fornecimento de adubos<br />

para a região Norte está localizada no estado - Fertilizantes<br />

Tocantins.<br />

Apesar disso, o acesso aos insumos necessários é considerado<br />

bom para a produção agropecuária no estado, não<br />

representando um gargalo, uma vez que diversas revendas<br />

estão ali presentes e sua localização geográfica é privilegiada,<br />

estando em uma região central no país e fazendo fronteira<br />

com outros estados de alta relevância para o agronegócio.<br />

Oliveira Filho (2013) também salienta outro desafio da pecuária<br />

leiteira no Tocantins, o da escassez de mão de obra<br />

qualificada, o que dificulta a eficiência produtiva tanto em<br />

sistemas mais intensivos em mão de obra quanto nos mais<br />

automatizados, podendo, inclusive, representar uma barreira<br />

para adoção de novas tecnologias e manejos, como o<br />

melhoramento genético do rebanho.<br />

Os produtores são os responsáveis pela efetiva produção<br />

do leite, zelando pelo rebanho, sistemas produtivos e qualidade<br />

da matéria-prima, em termos de sabor e segurança<br />

do alimento. Assumem os riscos inerentes à atividade, que<br />

podem impactar o preço da commodity ou a produtividade<br />

da propriedade e, atualmente, se veem cada vez mais pressionados<br />

por eficiência diante de um mercado mais competitivo,<br />

exigindo progressos técnicos contínuos. Dependem,<br />

também, de processos logísticos eficientes para a coleta e<br />

transporte do leite até a agroindústria, uma vez que o produto<br />

é volumoso, altamente perecível e sem aproveitamento<br />

alternativo (OLIVEIRA FILHO, 2013).<br />

O elo do cooperativismo ainda é embrionário. Apesar<br />

de já existirem iniciativas de cooperativas no estado, elas<br />

estão em fase de desenvolvimento, processo que deve ser<br />

acompanhado do fortalecimento da cultura cooperativista<br />

na região. O fortalecimento do sistema cooperativista e<br />

associativista no estado vem acompanhado do aumento da<br />

competitividade do elo produtivo, seja na compra de insumos,<br />

seja na maior autonomia para comercialização do produto<br />

em mercados mais atrativos.<br />

O Relatório do Sebrae (2014) sobre a cadeia da pecuária<br />

leiteira na região da bacia central do Tocantins, aponta algumas<br />

características fundamentais da agroindústria do<br />

setor:<br />

a) As cooperativas figuravam como a base de sustentação<br />

da indústria regional;<br />

b) Baixo número de fornecedores, indicando que parte<br />

significativa do leite produzido não chega para as indústrias<br />

locais;


64<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

c) Importância social da indústria regional para a geração<br />

de empregos: para cada um milhão elevado na demanda<br />

final de produtos lácteos, são gerados 197 empregos<br />

diretos totais permanentes, por um período de 12<br />

meses.<br />

d) Desafio de reorganizar as indústrias regionais para permitir<br />

maior competitividade das mesmas no mercado.<br />

É importante ressaltar que a competitividade da indústria<br />

láctea passa pela atenção a ser mantida sobre o comportamento<br />

dos consumidores. Segundo o relatório da Tetra Pak<br />

(2015), a visão sobre o leite permanece altamente positiva entre<br />

a sociedade, visto como uma boa fonte de cálcio, nutritivo,<br />

saudável e saboroso. Entretanto, os produtos disponíveis no<br />

varejo precisam se adequar melhor ao estilo de vida moderno,<br />

promovendo maior versatilidade no consumo do alimento<br />

líquido para viagem. Destaca-se também a importância dos<br />

mercados em países emergentes, em regiões sem tradição de<br />

consumo de lácteos, na contribuição da elevação da demanda<br />

global por leite a níveis recordes.<br />

E nesse sentido, é preciso fortalecer as cooperativas e<br />

agroindústrias do estado para que possam acompanhar e<br />

atender às expectativas dos consumidores, posicionando<br />

suas marcas de forma adequada para conquistar uma fatia<br />

maior do mercado.<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.1<br />

Distribuição do território do Tocantins.<br />

Descrição Hectares %<br />

ÁRE<strong>AS</strong> COM RESTRIÇÃO 13.990.000 50,2%<br />

Áreas potenciais para conservação 1.266.690 5%<br />

Parque estadual 88.930 0%<br />

Parque nacional 562.310 2%<br />

Áreas indígenas 2.007.470 7%<br />

Áreas de proteção ambiental 1.790.550 6%<br />

Corpos de água 665.600 2%<br />

Mineração e uso urbano 30.450 0%<br />

Área de reserva legal 6.315.000 23%<br />

Área de preservação permanente 1.263.000 5%<br />

ÁREA POTENCIAL <strong>PARA</strong> PROD. AGRÍCOLA 13.852.070 49,8%<br />

Pastagens 7.783.000 28%<br />

Área agrícola 1.226.400 4%<br />

Área para exploração 4.842.670 17%<br />

ÁREA TOTAL 27.842.070<br />

3. 1. Produção leiteira<br />

3. 1. 1. Características gerais<br />

Fonte: SEPLAN (2016).<br />

O Tocantins é um estado com grande aptidão para a<br />

agropecuária. Fatores como a disponibilidade de água em


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

65<br />

abundância, terras férteis, período chuvoso bem definido e<br />

topografia têm contribuído para o desenvolvimento desse<br />

importante setor no estado.<br />

De acordo com dados da SEPLAN (2016), o estado conta<br />

com uma área total de, aproximadamente, 28 milhões de<br />

hectares, sendo 7,8 milhões com pastagens, atualmente ocupadas,<br />

predominantemente, com gado destinado para corte.<br />

A Tabela 3.1 mostra a divisão do território do Tocantins.<br />

Analisando a Tabela 3.1, nota-se que o estado, apesar de<br />

ter grande potencial agropecuário, também possui área de<br />

preservação ambiental importante. A soma das áreas dos<br />

parques estaduais e nacionais, áreas indígenas, áreas de<br />

proteção ambiental, de reserva legal, de preservação permanente<br />

e de corpos de água representam 46% do total do<br />

território do estado. Cerca de 5% das áreas ainda são áreas<br />

potenciais para conservação (SEPLAN, 2016).<br />

A atividade da pecuária leiteira no estado do Tocantins é<br />

caracterizada por pequenas propriedades com baixa produtividade,<br />

refletindo em indicadores técnicos ruins. De acordo<br />

com Costa (2007), a atividade tem sua importância fundamentada<br />

em seu papel social, por envolver famílias de pequenos<br />

produtores e ajudar a fixar o homem no meio rural;<br />

e por proporcionar rendimentos constantes às propriedades<br />

por ser uma alternativa de renda em momentos em que as<br />

culturas agrícolas atravessam momentos mais desafiadores.<br />

Os dados do IBGE (Censo Agropecuário 2006) mostram<br />

que a atividade leiteira no Tocantins abrange um total de<br />

15.231 propriedades, com 79,5% delas com área inferior<br />

a 200 hectares. Também com dados do IBGE, Santos et al.<br />

(2014) estabeleceram um Índice de Modernização da Pecuária<br />

Leiteira (IMPL) e segmentaram os 139 municípios tocantinenses<br />

conforme seu nível tecnológico da pecuária leiteira:<br />

22 com alto nível; 83 com nível médio e 34 com nível baixo.<br />

Os resultados estão resumidos na Tabela 3.2.<br />

A partir dos resultados do estudo, é possível notar que as<br />

microrregiões de Araguaína, Rio Formoso e Bico do Papagaio,<br />

usam de forma mais intensiva a tecnologia em seus<br />

sistemas produtivos. Os autores também concluíram que os<br />

25,8% dos municípios com alto nível tecnológico, foram responsáveis<br />

por mais de 40% do leite produzido no Tocantins,<br />

refletindo a importância da especialização na atividade.<br />

Outro aspecto importante - referente à comercialização e<br />

qualidade do produto - é quanto a estrutura de armazenamento<br />

do leite, que, conforme a Instrução Normativa 62 de<br />

12/2011 do MAPA, dentre outras exigências, requer o tanque<br />

de resfriamento na propriedade. Na ocasião do estudo,<br />

a capacidade dos tanques instalados equivalia a 0,07% da<br />

produção do estado do Tocantins.<br />

Santos et al. (2014) também citaram outras estatísticas relevantes<br />

para a caracterização da pecuária leiteira no Tocan-


66<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.2<br />

Distribuição dos municípios segundo o nível tecnológico adotado na pecuária leiteira, por microrregião do estado do Tocantins.<br />

Microrregiões<br />

Quantidade<br />

municípios<br />

Alto Médio Baixo Total<br />

% no segmento<br />

Quantidade<br />

municípios<br />

% no segmento<br />

Quantidade<br />

municípios<br />

% no segmento<br />

Quantidade<br />

municípios<br />

Araguaína 4 23,5% 13 76,5% 0 0,0% 17<br />

Rio Formoso 2 15,4% 11 84,6% 0 0,0% 13<br />

Bico do Papagaio 4 16,0% 19 76,0% 2 8,0% 25<br />

Miracema 5 20,8% 14 58,3% 5 20,8% 24<br />

Gurupi 4 28,6% 7 50,0% 3 21,4% 14<br />

Dianópolis 2 10,0% 10 50,0% 8 40,0% 20<br />

Porto Nacional 0 0,0% 7 63,6% 4 36,4% 11<br />

Jalapão 1 6,7% 2 13,3% 12 80,0% 15<br />

Total 22 15,8% 83 59,7% 34 24,5% 139<br />

Fonte: Santos et al. (2014).<br />

tins, como: o uso da ordenha mecânica por apenas 1,3% das<br />

propriedades (48% nos municípios com alto nível tecnológico<br />

e 46% nos municípios com nível médio); adoção de técnicas<br />

como a inseminação artificial e transferência de embrião<br />

por, respectivamente, 1,6% e 0,3% dos estabelecimentos; e a<br />

alocação de valores expressivos (no período de 2000 a 2009),<br />

de crédito rural e de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento<br />

do Norte (F<strong>NO</strong>), principalmente nos municípios<br />

com menor nível tecnológico, para a aquisição de matrizes e<br />

reprodutores, formação de pastagens, infraestrutura da propriedade<br />

e aquisição de rações, sal mineral e outros insumos.<br />

Esses dados vêm a corroborar a constatação in loco nos<br />

desafios enfrentados pela pecuária leiteira no Tocantins que,<br />

apesar dos programas implantados no estado, não conseguiu<br />

superar barreiras críticas de uma maneira uniformizada. A<br />

situação se agrava pela falta de estímulo das indústrias à melhoria<br />

da qualidade do leite; pela ausência da cultura empreendedora<br />

que busque o aporte de novas tecnologias e ganhos<br />

em escala e da necessidade de conscientização dos produtores<br />

da adoção de manejos com o objetivo de incrementá-la.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

67<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.1<br />

Evolução da produção, número de vacas leiteiras e produtividade no Tocantins.<br />

Produção e rebanho vacas leiteiras<br />

450.000<br />

400.000<br />

350.000<br />

300.000<br />

250.000<br />

200.000<br />

150.000<br />

100.000<br />

50.000<br />

0<br />

Vacas leiteiras (mil cabeças) Produção (milhões de litros) Produtividade<br />

2,5<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

0,5<br />

0,0<br />

Produtividade (litros/cabeça/dia)<br />

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados IEG|FNP (2018) e IBGE (2018).<br />

A produção leiteira em 2017, conforme estimativas da FNP,<br />

foi de 209 milhões de litros, colocando o estado na 19ª colocação<br />

no ranking nacional e 3ª na região norte (atrás de Roraima<br />

e Pará), com um rebanho 352.892 vacas leiteiras (Gráfico 3.1).<br />

Observa-se que a partir de 2012 há um incremento na produtividade<br />

de 40% até o ano de 2017, que, de acordo com Santos<br />

et al. (2014), foi permitido pela utilização de tecnologias que<br />

melhoraram a alimentação, manejo reprodutivo dos rebanhos,<br />

processo da ordenha e, consequentemente, qualidade do leite.<br />

Esse processo de modernização também permitiu o incremento<br />

de 40% na produção leiteira do Tocantins durante o<br />

período de 2008 a 2017. Entretanto, a participação do estado<br />

na produção da região Norte reduziu de 11,4% para 10,8% no<br />

mesmo período, em função do avanço do estado de Roraima,<br />

que passou de 51,3% para 54%.<br />

A perda de espaço de mercado na região Norte do país evidencia<br />

a falta de estímulo e coordenação existente na cadeia leiteira<br />

e o envelhecimento dos laticínios no Tocantins. O tamanho<br />

de mercado restrito no estado aliado às desvantagens logísticas<br />

e uma gestão pouco arrojada nas indústrias – sem adoção de


68<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

uma estratégia de mercado – dificultam a reversão desse cenário;<br />

e podem contribuir para a situação de dificuldades financeiras<br />

das empresas, gerando um ciclo vicioso de prejuízos,<br />

piora na qualidade do produto e elevação das informalidades.<br />

Ayres e Oliveira (2015) também destacam outra barreira<br />

ao desenvolvimento da atividade leiteira no Tocantins: a<br />

fraqueza da governança dos arranjos produtivos locais, o<br />

que dificulta a solução de problemas relacionados à qualidade<br />

e comercialização do produto. Os autores estudaram o<br />

APL da região do Bico do Papagaio, com a participação dos<br />

municípios de: Augustinópolis, Araguatins, Axixá do Tocantins,<br />

Buriti do Tocantins, Cachoeirinha, Carrasco Bonito,<br />

Darcinópolis, Esperantina, Itaguatins, Luzinópolis e Tocantinópolis,<br />

envolvendo 138 produtores, e identificaram a ausência<br />

de lideranças capazes de aproximar os atores econômicos<br />

e criar as condições necessárias ao estabelecimento<br />

da confiança entre eles.<br />

Esse cenário dificulta o desenvolvimento da produção, pois<br />

inibe a realização de programas de capacitação aos produtores,<br />

bem como a elaboração de projetos para instituições sem<br />

fins lucrativos e financiadoras (BNB), visando a melhoria da<br />

infraestrutura e a aquisição de máquinas e equipamentos,<br />

tanto para ordenha mecânica, como para mini-indústrias de<br />

produção de derivados.<br />

<br />

Figura 3.2<br />

Estudo de caso: Modelo Sharemilker.<br />

Estudo de Caso<br />

O modelo Sharemilker e seu sucesso no Ceará<br />

Idealizado na Nova Zelândia, o modelo Sharemilker é<br />

uma opção eficaz para pequenos produtores de leite e<br />

para sanar a falta de mão de obra de trabalho no campo.<br />

O sistema tem como objetivo principal a promoção de<br />

parcerias na produção e gestão da fazenda da cadeia do<br />

leite, envolvendo mais de um produtor na atividade.<br />

De maneira simplificada, o modelo Sharemilker funciona<br />

da seguinte maneira: o produtor, denominado


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

69<br />

sharemilker, opera a fazenda em nome do proprietário<br />

em troca de um porcentagem pré-acordada. O proprietário<br />

da fazenda passa a administração do negócio ao<br />

sharemilker, via contrato assinado com participação na<br />

receita da atividade. Na Nova Zelândia esse tipo de acordo<br />

já está consolidado e é protegido por lei.<br />

A Dairy Industry Strategy, Dairy ZN, apresenta algumas<br />

premissas acordadas entre os proprietários de fazendas<br />

e sharemilkers, regidas pelo Sharemilking Agreements<br />

Act 1937. No geral, o acordo contempla:<br />

• O proprietário da fazenda fornece terra, infraestrutura,<br />

fertilizante;<br />

• O sharemilker fornece vacas, mão de obra, maquinaria,<br />

combustível, energia;<br />

• Os custos compartilhados podem incluir: pastagem,<br />

nitrogênio, suplementos, ração, água;<br />

• O sharemilker realiza todo o trabalho agrícola ou<br />

emprega mão-de-obra às suas custas para fazê-lo.<br />

Há dois cenários principais na formação de um sistema<br />

sharemilker.<br />

Contractmilking<br />

O sistema sharemilking pode variar conforme o capital<br />

do sharemilker. Pode variar conforme a capacidade<br />

de investimento a ser oferecida:<br />

• Animais, máquinas e trabalho (mão de obra pessoal<br />

e/ou contratada);<br />

• Máquinas e trabalho;<br />

• Trabalho: um tipo de contrato pelo qual o gerente<br />

(sharemilker) tem participação na receita, normalmente<br />

entre 17% e 30%, e assume maior responsabilidade<br />

na propriedade.<br />

50:50 sharemilking<br />

Neste cenário, a terra e a infraestrutura (como salas de<br />

ordenha, galpões casas e irrigação) são fornecidos pelo<br />

proprietário da fazenda e o sharemilker fornece todo o<br />

maquinário, veículos e animais, exigindo maior capital<br />

do sharemilker a ser investido, mas em compensação,<br />

ele recebe uma participação de 50 % da receita bruta do<br />

leite. Os custos são normalmente compartilhados e diferenciados<br />

conforme o contrato.<br />

No 50:50, o sharemilker também recebe toda a descen-


70<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

dência do gado, proporcionando a construção de patrimônio<br />

por meio da criação de vacas leiteiras que, por sua<br />

vez, podem ser vendidas ou internalizadas ao sistema.<br />

Outros detalhes podem ser alterados via contrato de<br />

acordo com as necessidades e exigências dos envolvidos.<br />

Algumas vantagens desse sistema são:<br />

• Possibilidade de aumento dos retornos financeiros<br />

para um proprietário de fazenda bem montada e<br />

produtiva.<br />

• Potencial para altos ganhos para o sharemilker<br />

• Permite que o proprietário da fazenda fique mais<br />

afastado das atividades pecuárias<br />

• Maior responsabilidade do sharemilker, devido a<br />

posse das vacas<br />

• Operador experiente responsável pela operação da<br />

fazenda<br />

• Boa opção para resolver o problema de sucessão<br />

familiar existente hoje no Brasil, dando a possibilidade<br />

de continuar as operações da fazenda, mesmo<br />

que os herdeiros não assumam a atividade.<br />

• Pode oferecer novas oportunidades para os produtores<br />

inseridos na cadeia leiteira ou para aqueles interessados<br />

em participar do processo, mas que não<br />

têm dinheiro suficiente para investir.<br />

Aplicação do Sharemilker no Ceará<br />

Apesar das condições climáticas, de solo e recursos<br />

hídricos não favorecerem a produção leiteira no Ceará, o<br />

estado está entre os dez principais produtores de leite do<br />

país, produzindo, em 2017, 649 bilhões de litros, com um<br />

aumento de 6% no volume nos últimos 9 anos (IEG|FNP<br />

/ IBGE, 2018).<br />

De acordo com levantamento feito pela MilkPoint<br />

(2018), dos 100 maiores produtores de leite do Brasil,<br />

quatro são cearenses. Dentre eles, está o produtor Luís<br />

Prata Girão, que ocupa o décimo quinto lugar no ranking<br />

nacional de produção de leite. Em 2017, a fazenda do Sr.<br />

Luís produziu 10.467.825 litros de leite.<br />

Para driblar a seca nordestina, a fazenda conta com<br />

um eficiente processo de irrigação, que fornece água por<br />

meio de bombeamento das águas provenientes de um


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

71<br />

rio da região. No início de suas atividades, a Fazenda Flor<br />

da Serra plantava milho. Visando aproveitar a palhada<br />

restante da colheita, Sr. Luís passou a criar gado de corte,<br />

que aos poucos foram sendo substituídos por fêmeas,<br />

iniciando a produção de leite.<br />

Como maneira de aumentar a produtividade, a Fazenda<br />

sempre trabalhou com produtores parceiros, até implantar<br />

o modelo Sharemilker.<br />

No novo sistema, a fazenda foi dividida em seis núcleos,<br />

que funcionam como empresas independentes,<br />

sendo 4 de produção (com ordenha), 1 de cria (bezerreiro)<br />

e 1 de recria (novilhas). Cada um deles é conduzido<br />

por um produtor parceiro, totalmente responsável pela<br />

produção dentro do seu núcleo, inclusive pela mão de<br />

obra que emprega.<br />

Como estabelecido no contrato Sharemilker, os parceiros<br />

recebem uma porcentagem da receita produzida. Ao<br />

proprietário, cabe realizar investimentos a longo prazo,<br />

enquanto os custos mensais e capital de giro, ficam por<br />

conta de cada núcleo, ou seja, cada sharemilker é responsável<br />

pelo gerenciamento financeiro do seu negócio.<br />

Ao final de cada mês, do lucro de cada núcleo (obtido da<br />

receita menos a soma de todos os custos), 10% vai para<br />

um fundo fixo, e o restante é dividido entre a fazenda,<br />

que fica com 80%, e o parceiro, que recebe 20%.<br />

No fim de 2015, a fazenda possuía mais animais em<br />

crescimento do que vacas em lactação, uma estratégia<br />

para aumentar o rebanho e selecionar os animais de<br />

maior produtividade. O objetivo, segundo o proprietário,<br />

é aumentar as parcerias via sharemilker e ficar na produção<br />

de animais.<br />

A Fazenda Flor da Serra produziu 28.679 de litros de<br />

leite por dia em 2017, ocupando a posição de terceira<br />

maior produtora do estado do Ceará.<br />

Referências<br />

(acessos em 24/07/2018)<br />

https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/nova-zelandia-o-sistema-sharemilking-205448n.aspx<br />

http://www.sna.agr.br/cadeia-leiteira-sharemilking-e-boa-saida-para-falta-de-mao-de-obra/<br />

https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/destaques-do-leite-no-ceara-205993n.aspx<br />

https://www.milkpoint.com.br/top100/2018/ebook/top100-2018.pdf<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


72<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

3. 1. 2. Custo de produção<br />

A atividade leiteira requer controle financeiro que aponte<br />

os custos de produção e indique a sua rentabilidade, possibilitando<br />

identificar possíveis pontos de ineficiência e a viabilidade<br />

dos investimentos. Ademais, possibilita ao produtor<br />

utilizar de forma mais eficiente os seus fatores de produção,<br />

como terra, capital e trabalho.<br />

Em função da ausência na literatura de dados específicos<br />

e atuais para o estado do Tocantins, para a presente análise,<br />

foram utilizados os dados disponíveis de custos de produção<br />

para os estados de Minas Gerais, Goiás e Roraima. O primei-<br />

ÃÃ<br />

Quadro 3.1<br />

Fatores a serem considerados como geradores de receitas e despesas na atividade leiteira.<br />

Categoria<br />

Descrição<br />

Categoria<br />

Descrição<br />

Entradas (Receitas)<br />

Pastagem<br />

Corretivos, fertilizantes, sementes, análise de solo, operações mecanizadas<br />

Leite<br />

Venda de leite produzido, pagamento por cota e extracota e bonificações por<br />

qualidade<br />

Cerca<br />

Eletrificador, arames liso e farpado, pregos, isoladores, mourões, porteiras,<br />

entre outros<br />

Animal<br />

Valor residual<br />

Área<br />

Benfeitoria<br />

Máquina<br />

Equipamentos<br />

Venda de bezerras, bezerros, vacas de descarte, reprodutores, animais de<br />

trabalho e esterco de curral<br />

Terras, máquinas, equipamentos, benfeitorias e instalações<br />

Saídas (Despesas)<br />

Terras para pastagem, cultura e aluguéis de pastos<br />

Construção de currais, salas de ordenha e de leite, máquinas, escritório,<br />

banheiro, entre outros<br />

Carroça, carreta e microtrator, entre outros<br />

Ordenhadeira, tanque de leite, bombas de vácuo e de leite, picadeiras, cochos<br />

para sal, bebedouros, arreios, entre outros<br />

Alimentação<br />

Reprodução<br />

Sanidade<br />

Ordenhadeira<br />

Mão de obra<br />

Fontes energéticas e proteicas, sal branco, sal mineral, ureia, ração granulada<br />

Pipetas, bainhas, nitrogênio líquido, medicamentos para lavagem uterina,<br />

hormônios, dispositivos intravaginal para regulação da ovulação, sêmen, entre<br />

outros<br />

Algodão, seringas, agulhas, vacinas, exames, carrapaticidas, antibióticos,<br />

antiinflamatórios, antitérmicos, antitóxicos, antimastíticos, bernicidas,<br />

complexo vitamínico mineral, ferraduras, cravos, entre outros<br />

Óleo para bomba, detergente alcalino e ácido, desinfetantes, material de<br />

limpeza, avental, camisa de filtro, papel toalha, resistência, peças de reposição,<br />

mangueiras de leite, tubos de pulsação, entre outros<br />

Contratada, temporária, técnica, consultoria e encargos trabalhistas<br />

Ferramentas<br />

Animal<br />

Pistola de vacinação, pá, enxada, rodo, brincador, tatuador, mangueira, cordas,<br />

entre outros<br />

Matrizes, reprodutor, animais de trabalho<br />

Combustível<br />

Imposto, taxa<br />

Outros itens<br />

Óleo diesel, óleo lubrificante, graxa, luz e água<br />

ITR, IPVA, Funrural, associações, sindicatos, frete e carretos<br />

Reparos e manutenção em máquinas, equipamentos, benfeitorias e instalações<br />

Fonte: Peres et. Al. (2009)


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

73<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.2<br />

Evolução do custo de produção do litro do leite para os municípios de<br />

Jaru/RO, Orizona/GO e Unaí/MG, 2014 a 2017 (a preços de março 2017).<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.3<br />

Custo de produção (R$/l) versus a produtividade média para os<br />

municípios de Jaru/RO, Orizona/GO e Unaí/MG (março 2017).<br />

Custo de produção R$/l<br />

2,25<br />

2,05<br />

1,85<br />

1,65<br />

1,45<br />

1,25<br />

1,05<br />

0,85<br />

GOIÁS (Orizona) RONDÔNIA (Jaru) MIN<strong>AS</strong> GERAIS (Unaí)<br />

2,00<br />

1,93<br />

1,75<br />

1,48<br />

1,44<br />

1,34<br />

1,09<br />

1,30<br />

0,95<br />

1,14<br />

1,05<br />

0,94<br />

Custo de produção (R$/l)<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

2,00<br />

1,34<br />

1,34<br />

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450<br />

Produtividade l/dia<br />

GOIÁS (Orizona) RODÔNIA (Jaru) MIN<strong>AS</strong> GERAIS (Unaí)<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da CONAB (2018).<br />

2014 2015 2016 2017<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da CONAB (2018).<br />

ro representa o principal estado produtor de leite do Brasil; o<br />

segundo é o de maior semelhança em termos de localização<br />

geográfica e condições edafoclimáticas; e, o terceiro, integra a<br />

região Norte do país.<br />

De acordo com Mezadri e Stroparo (2017), o leite é produzido<br />

dentro de um sistema com demais produtos, como bezerros<br />

e animais para descarte, o que caracteriza uma exploração<br />

conjunta de produtos. Isso justifica a necessidade de delimitar<br />

os fatores a serem considerados no custo de produção e os<br />

critérios a serão adotados.<br />

Nesse sentido, Peres et. Al. (2009) elencaram os fatores que<br />

podem ser considerados como geradores de receitas para o<br />

sistema; e quais podem ser considerados como despesas<br />

(Quadro 3. 1).<br />

O Gráfico 3.2 aponta como se comportou a evolução do custo<br />

de produção do litro do leite para os municípios de Jaru/RO,<br />

Orizona/GO e Unaí/MG. No período analisado, os valores aumentaram<br />

em, respectivamente, 43%, 37% e 35%. Em 2017,


74<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Orizona/Go apresentou o custo mais competitivo.<br />

Destaca-se que, para os três municípios em questão, o custo<br />

anual da atividade leiteira é bastante divergente, bem como<br />

a produtividade diária. Isso é reflexo dos diferentes sistemas<br />

tecnológicos adotados, que impactam diretamente na eficiência.<br />

Em 2017, Orizona/GO, apesar de apresentar o maior<br />

custo anual de produção (R$ 226.503,33), teve o menor custo<br />

por litro (R$ 1,30) por conta da alta produtividade (406 l/dia).<br />

No outro extremo, Unaí/MG teve o menor custo anual de produção<br />

(R$43.689,23), mas o maior custo por litro (R$ 2,00) por<br />

conta da baixa produtividade (40 l/dia) (Tabela 3.3).<br />

A produtividade é um dos fatores que impactam, diretamente,<br />

a competividade da atividade leiteira. O Gráfico 3.3<br />

compara o custo de produção conforme a produtividade média<br />

do município.<br />

Em um estudo do Sebrae/TO (2014) que analisou a cadeia<br />

leiteira no Tocantins nos anos 2012/13, os autores destacaram<br />

que, dentre os produtores consultados, predominantemente<br />

pequenos e médios, a produção média de leite diária<br />

era de 45 l/dia, sendo que a maioria se encontrava no estrato<br />

de até 40 l/dia. Apenas 15% tinham produtividade acima<br />

de 80 l/dia e 9% acima de 120 l/dia. No ano de 2014, Unaí/<br />

MG, com produtividade próxima a do Tocantins, apresentou<br />

o maior custo de produção, aproximadamente 56% acima de<br />

Orizona/GO e Jaru/RO (Gráfico 3.2).<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.4<br />

Composição dos custos de produção do leite para os municípios<br />

de Jaru/RO, Orizona/GO e Unaí/MG, 2017 (a preços de março 2017).<br />

100%<br />

90%<br />

80%<br />

70%<br />

60%<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

10%<br />

0%<br />

3%<br />

13% 18%<br />

7%<br />

76%<br />

2%<br />

13%<br />

18%<br />

1%<br />

Orizona/GO Unaí/MG Jaru/RO<br />

Renda de fatores<br />

Outros custos fixos<br />

Depreciações<br />

Financeiras<br />

Custeio<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da CONAB (2018).<br />

A composição dos custos também é divergente para as<br />

três localidades avaliadas, como pode ser observado no<br />

Gráfico 3.4. Jaru/RO e Unaí/MG investem menos com o cus-<br />

31%<br />

8%<br />

13%<br />

51% 48%<br />

1%


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

75<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.3<br />

Detalhamento dos custos de produção do leite para os municípios de Jaru/RO, Orizona/GO e Unaí/MG, 2017 (a preços de março 2017).<br />

Produtividade (I/dia)<br />

ORIZONA/GO UNAÍ/MG JARU/RO<br />

406 40 95<br />

Produtividade (I/dia)<br />

ORIZONA/GO UNAÍ/MG JARU/RO<br />

406 40 95<br />

DISCRIMINAÇÃO<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

Leite<br />

R$/l<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

Leite<br />

R$/l<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

Leite<br />

R$/l<br />

DISCRIMINAÇÃO<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

Leite<br />

R$/l<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

Leite<br />

R$/l<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

Leite<br />

R$/l<br />

I - DESPES<strong>AS</strong> DE CUSTEIO DA ATIVIDADE (A)<br />

Mão de obra para<br />

manejo do rebanho 45.650,64 0,262 4.497,60 0,200 10.681,80 0,200<br />

Serviços especializados 2.640,00 0,015 0,00 0,000 0,00 0,000<br />

Manutenção de pastagens 15.200,00 0,087 0,00 0,000 0,00 0,000<br />

Manutenção de capineira 0,00 0,000 570,00 0,025 0,00 0,000<br />

Manutenção de canavial 0,00 0,000 1.590,00 0,071 0,00 0,000<br />

Silagem 20.000,00 0,115 0,00 0,000 0,00 0,000<br />

Concentrados 55.561,50 0,319 6.666,12 0,297 0,00 0,000<br />

Leite para bezerro 0,00 0,000 0,00 0,000 0,00 0,000<br />

Sal mineral 5.040,00 0,029 724,68 0,032 6.152,52 0,115<br />

Medicamentos 6.336,86 0,036 528,03 0,024 1.523,66 0,029<br />

Hormônios 0,00 0,000 0,93 0,000 0,00 0,000<br />

Material de ordenha 200,00 0,001 50,00 0,002 1.380,00 0,040<br />

Transporte do leite 0,00 0,000 1.168,00 0,080 3.120,75 0,090<br />

Energia e combustível 3.582,40 0,021 1.200,00 0,082 1.206,00 0,023<br />

Inseminação artificial 0,00 0,000 0,00 0,000 0,00 0,000<br />

Impostos e taxas 5.080,09 0,029 595,43 0,027 864,58 0,016<br />

Reparos de benfeitorias 3.256,00 0,019 2.309,65 0,103 3.601,80 0,068<br />

Reparos de máquinas 841,50 0,005 301,20 0,013 501,62 0,009<br />

Outros gastos de custeio 0,00 0,000 380,00 0,017 1.200,00 0,022<br />

Despesas administrativas<br />

(5% do custeio) 8.169,45 0,047 1.029,08 0,046 1.511,64 0,028<br />

Total das despesas<br />

de custeio (A) 171.558,44 0,984 21.610,72 1,02 31.744,36 0,64<br />

II - DESPES<strong>AS</strong> FINANCEIR<strong>AS</strong> (B)<br />

1 - Juros 5.146,75 0,030 324,16 0,01 476,17 0,009<br />

Total das despesas<br />

financeiras (B) 5.146,75 0,030 324,16 0,01 476,17 0,01<br />

Custo Variável (A+B =C) 176.705,19 1,01 21.934,88 1,03 32.220,52 0,65<br />

III - DEPRECIAÇÕES<br />

1 - Depreciação de<br />

benfeitorias/instalações 5.534,67 0,03 3.814,49 0,17 5.607,33 0,11<br />

2 - Depreciação de<br />

máquinas e implementos 1.828,00 0,01 668,53 0,03 1.396,32 0,03<br />

3 - Depreciação de animais<br />

de serviço 550,00 0,00 715,00 0,03 1.160,00 0,02


76<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Produtividade (I/dia)<br />

DISCRIMINAÇÃO<br />

ORIZONA/GO UNAÍ/MG JARU/RO<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

406 40 95<br />

Leite<br />

R$/l<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

Leite<br />

R$/l<br />

Atividade<br />

leiteira R$/<br />

ano<br />

Leite<br />

R$/l<br />

4 - Depreciação de<br />

forrageiras não anuais 7.300,00 0,04 2.895,84 0,13 800,00 0,01<br />

Total de Depreciações (D) 15.212,67 0,09 8.093,87 0,36 8.963,65 0,17<br />

IV - OUTROS CUSTOS FIXOS<br />

1 - Capatazia 5.622,00 0,03 5.622,00 0,25 5.622,00 0,11<br />

2 - Encargos sociais 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

3 - Seguro do capital fixo 210,38 0,00 75,30 0,00 125,40 0,00<br />

Total de Outros<br />

Custos Fixos (E) 5.832,38 0,03 5.697,30 0,25 5.747,40 0,11<br />

Custo Fixo (D+E = F) 21.045,04 0,12 13.791,17 0,61 14.711,06 0,28<br />

Custo Operacional (C+F = G) 197.750,23 1,13 35.726,05 1,65 46.931,58 0,93<br />

V - RENDA DE FATORES<br />

1 - Remuneração esperada<br />

sobre capital fixo 10.693,10 0,06 4.738,18 0,21 9.555,09 0,18<br />

2 - Terra 18.060,00 0,10 3.225,00 0,14 12.360,00 0,23<br />

Total de Renda de Fatores (H) 28.753,10 0,16 7.963,18 0,35 21.915,09 0,41<br />

Custo Total (G+H = I) 226.503,33 1,30 43.689,23 2,00 68.846,67 1,34<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados da CONAB (2018).<br />

teio da operação em comparação com Orizona/GO, mas apresentam<br />

custos com depreciações mais significativos. Jaru/RO<br />

também apresenta um percentual expressivo para a renda de<br />

fatores (remuneração do capital e da terra).<br />

É importante destacar que o tamanho da propriedade não<br />

está relacionado com o nível de tecnologia adotado no sistema<br />

produtivo. Mezadri e Stroparo (2017) levantaram os<br />

custos de produção de uma propriedade de 11 hectares – 10<br />

hectares destinados ao cultivo de pastagens e 1 hectare para<br />

o cultivo de milho para silagem – localizada em Teixeira Soares/PR.<br />

Apesar de pequena, a propriedade adota alto nível de<br />

tecnologia, com uma produção caracterizada por um sistema<br />

de confinamento, utilização de mão de obra exclusivamente<br />

familiar e rebanho leiteiro composto por vacas da raça holandesa<br />

e jersey. Os fatores de produção e custos são apresentados<br />

na Tabela 3.4.<br />

Destaca-se que a produção média diária, de 972 litros de<br />

leite em 2016, foi 139% acima de Orizona/GO; e seu custo<br />

de produção, de R$0,70/l, ficou R$0,60/l abaixo. Isso demonstra<br />

os ganhos implícitos com os investimentos em<br />

tecnologia.<br />

Ainda quanto aos benefícios dos investimentos em tecnologia,<br />

Gomes e Filho (2007) fizeram um estudo que avaliou a<br />

economia de escala na produção de leite para os estados de<br />

Rondônia, Tocantins e Rio de Janeiro, considerando os fato-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

77<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.4<br />

Fatores e custos de produção leiteira de uma pequena propriedade<br />

familiar no Paraná.<br />

Fatores de produção 2015 2016<br />

Tamanho da propriedade (ha) 11 11<br />

Plantel (nº animais) 82 88<br />

Vacas em lactação (nº animais) 44 48<br />

Vacas secas (nº animais) 13 14<br />

Novilhas (nº animais) 25 26<br />

Produtividade média (l/cab/dia) 19,36 20,25<br />

Custos (R$)<br />

Custos variáveis 174.651 197.020<br />

Custos fixos 82.370 84.079<br />

Total dos custos 257.020 281.099<br />

*Custos operacionais 181.559 204.638<br />

Custo Unitário (R$/l) 0,78 0,70<br />

Receitas<br />

Produção anual (l) 310.877 354.847<br />

Produção diária (l) 852 972<br />

Valor médio recebido (R$/l) 1,04 1,11<br />

Receita venda de leite (R$) 324.306 394.525<br />

Nº novilhas vendidas 5 7<br />

Valor médio recebido por novilha (R$) 800 800<br />

Receita das vendas de novilhas (R$) 4.000 5.600<br />

Total de receitas 328.306 400.125<br />

Fonte: Mezadri e Stroparo (2017).<br />

res de produção: capital, terra, trabalho e custeio. Dentre as<br />

conclusões, consta a dificuldade da sobrevivência dos estabelecimentos<br />

no longo prazo, devido a elevada relação: imobilização<br />

de capital / produção de leite. As autoras estimam que a<br />

produção ótima de leite, nas condições dadas, seria em torno<br />

de 490 l/dia.<br />

Do exposto, conclui-se que os investimentos em tecnologia<br />

são necessários nas propriedades leiteiras para que<br />

se possa atingir níveis de produtividade que viabilizarão a<br />

competitividade da atividade e a sobrevivência do estabelecimento<br />

no longo prazo, independentemente do tamanho<br />

da propriedade.<br />

3. 1. 3. Viabilidade da atividade leiteira no estado<br />

A avaliação financeira de um sistema produtivo é fundamental<br />

para que o produtor tenha a informação se sua<br />

propriedade está ou não sustentável do ponto de vista econômico,<br />

bem como para conhecer o desempenho dos seus<br />

indicadores econômicos e auxiliar nas tomadas de decisão na<br />

gestão da atividade.<br />

No estudo conduzido por Mezadri e Stroparo (2017), cujo<br />

objetivo era analisar a relação custo versus rentabilidade na<br />

atividade leiteira de uma propriedade em Teixeira Soares/PR,<br />

as autoras utilizaram os seguintes índices de rentabilidade


78<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.2<br />

Indicadores de rentabilidade da atividade leiteira.<br />

RENTABILIDADE FÓRMULA DE CÁLCULO INTERPRETAÇÃO<br />

Margem bruta (MB)<br />

Margem líquida (ML)<br />

Custo operacional (CO)<br />

efetivo por litro de leite<br />

produzido (CO/l)<br />

Retorno da atividade<br />

leiteira (RAL)<br />

MB = receita bruta – custos operacionais<br />

ML = receita bruta – total dos custos<br />

CO/l =<br />

RAL =<br />

Custo operacional efetivo<br />

Leite produzido<br />

ML<br />

Total dos custos<br />

Quanto a empresa obtém<br />

de lucro após a dedução<br />

dos custos operacionais.<br />

Quanto a empresa obtém<br />

de lucro após a dedução de<br />

todos os custos<br />

Demonstra o percentual de<br />

custo operacional utilizado<br />

para produzir 1 litro de leite.<br />

Quanto se obtém de<br />

retorno líquido para cada<br />

$1,00 gasto nos custos da<br />

atividade.<br />

Fonte: Mezadri e Stroparo (2017).<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.5<br />

Análise da viabilidade econômica da produção de leite nos<br />

municípios de Orizona (GO), Unaí (MG) e Jaru (RO), 2017.<br />

Indicadores / Municípios Orizona (GO) Unaí (MG) Jaru (RO)1<br />

Preço leite 2 1,173 1,250 1,155<br />

Produção (l/dia) 406 40 95<br />

Produção (l/ano) 148.190 14.600 34.675<br />

Receita (R$/ano) 173.827 18.249 40.053<br />

Custo operacional (R$/ano) 197.750 35.726 46.932<br />

Custo total (R$/ano) 226.503 43.689 68.847<br />

Margem bruta (MB) -23.923 -17.478 -6.878<br />

Margem líquida (ML) -52.676 -25.441 -28.794<br />

Retorno da atividade (%) -23% -58% -42%<br />

1<br />

Considerado o preço do leite semelhante ao do estado da Bahia, em função da falta de informação<br />

para Rondônia / 2 Fonte: CEPEA/ESALQ / Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados CONAB/<br />

DIPAI/SUINF/GECUP/CEPEA/Mezadri e Stroparo (2017)<br />

aplicados à pecuária leiteira: margem bruta, margem líquida,<br />

custo operacional efetivo por litro de leite produzido e retorno<br />

da atividade leiteira. Os mesmos encontram-se resumidos no<br />

Quadro 3.2.<br />

Os resultados encontrados pelas autoras para a propriedade<br />

em questão, caracterizada pela pequena área, pelo alto<br />

índice tecnológico e emprego de mão de obra familiar; e considerando<br />

os fatores e custos de produção apresentados na<br />

Tabela 3.4, indicaram uma atividade viável no ano de 2016,<br />

com margem bruta de R$ 0,55/l, margem líquida de R$0,34/l,<br />

custo operacional efetivo de 57,67% e um retorno da atividade<br />

de 42,34%. Vale reforçar que foram incorporados à receita<br />

bruta da propriedade, além da venda do leite, a de bezerros de<br />

matrizes para descarte.<br />

Os mesmos indicadores foram aplicados para os municípios<br />

de Orizona (GO), Unaí (MG) e Jaru (RO), para verificar a viabilidade<br />

da atividade, conforme a planilha de custos de produção<br />

da Tabela 3.4. Os resultados são apresentados na Tabela 3.5.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

79<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.6<br />

Análise de sensibilidade de preço para os municípios de Orizona (GO), Unaí (MG) e Jaru (RO).<br />

Variação preço 15% Variação preço 30% Variação preço 45%<br />

Indicadores / Municipios Orizona (GO) Unaí (MG) Jaru (RO) 1 Orizona (GO) Unaí (MG) Jaru (RO) 1 Orizona (GO) Unaí (MG) Jaru (RO) 1<br />

Preço leite 2 1,349 1,437 1,328 1,525 1,625 1,502 1,701 1,812 1,675<br />

Produção (l/dia) 406 40 95 406 40 95 406 40 95<br />

Produção (l/ano) 148.190 14.600 34.675 148.190 14.600 34.675 148.190 14.600 34.675<br />

Receita (R$/ano) 199.901 20.986 46.061 225.975 23.723 52.069 252.049 26.460 58.077<br />

Custo operacional (R$/ano) 197.750 35.726 46.932 197.750 35.726 46.932 197.750 35.726 46.932<br />

Custo total (R$/ano) 226.503 43.689 68.847 226.503 43.689 68.847 226.503 43.689 68.847<br />

Margem bruta (MB) 2.151 -14.740 -871 28.225 -12.003 5.137 54.299 -9.266 11.145<br />

Margem líquida (ML) -26.602 -22.703 -22.786 -528 -19.966 -16.778 25.546 -17.229 -10.770<br />

Retorno da atividade (%) -12% -52% -33% 0% -46% -24% 11% -39% -16%<br />

1<br />

Considerado o preço do leite semelhante ao do estado da Bahia, em função da falta de informação para Rondônia / 2 Fonte: CEPEA/ESALQ<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados CONAB/DIPAI/SUINF/GECUP/CEPEA/Mezadri e Stroparo (2017)<br />

Observa-se que para os três municípios, o retorno da atividade<br />

foi negativo, assim como a margem bruta. Ao comparar<br />

a estrutura de custos desses locais com a propriedade<br />

em Teixeira Soares (PR), observa-se a maior eficiência<br />

em custo por litro produzido dessa última, sendo um fator<br />

importante para a sustentabilidade financeira da propriedade.<br />

Do exposto, fica evidente que a gestão de custos, além<br />

de um diferencial, é fundamental para a lucratividade da<br />

atividade leiteira.<br />

3. 1. 4. Análise de sensibilidade<br />

A análise de sensibilidade é uma ferramenta relevante para<br />

a tomada de decisões que permite estabelecer limites para


80<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.7<br />

Análise de sensibilidade de produtividade para os municípios de Orizona (GO), Unaí (MG) e Jaru (RO).<br />

Variação preço 15% Variação preço 30% Variação preço 45%<br />

Indicadores / Municipios Orizona (GO) Unaí (MG) Jaru (RO)1 Orizona (GO) Unaí (MG) Jaru (RO)1 Orizona (GO) Unaí (MG) Jaru (RO)1<br />

Preço leite 2 1,173 1,250 1,155 1,173 1,250 1,155 1,173 1,250 1,155<br />

Produção (l/dia) 447 44 105 487 48 114 568 56 133<br />

Produção (l/ano) 163.009 16.060 38.143 177.828 17.520 41.610 207.466 20.440 48.545<br />

Receita (R$/ano) 191.210 20.073 44.058 208.592 21.898 48.064 243.358 25.548 56.074<br />

Custo operacional (R$/ano) 197.750 35.726 46.932 197.750 35.726 46.932 197.750 35.726 46.932<br />

Custo total (R$/ano) 226.503 43.689 68.847 226.503 43.689 68.847 226.503 43.689 68.847<br />

Margem bruta (MB) -6.541 -15.653 -2.873 10.842 -13.828 1.132 45.607 -10.178 9.143<br />

Margem líquida (ML) -35.294 -23.616 -24.788 -17.911 -21.791 -20.783 16.854 -18.141 -12.772<br />

Retorno da atividade (%) -16% -54% -36% -8% -50% -30% 7% -42% -19%<br />

1<br />

Considerado o preço do leite semelhante ao do estado da Bahia, em função da falta de informação para Rondônia / 2 Fonte: CEPEA/ESALQ<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados CONAB/DIPAI/SUINF/GECUP/CEPEA/Mezadri e Stroparo (2017)<br />

algumas variáveis, como preço e produtividade, apontando o<br />

momento em que a atividade passa a ter retornos negativos.<br />

A análise de sensibilidade para o preço permite simular<br />

diferentes cenários de acordo com a sua oscilação, indicando<br />

a rentabilidade e potenciais prejuízos da operação<br />

decorrentes, respectivamente, da apreciação ou quedas do<br />

mesmo.<br />

No caso da análise de sensibilidade para a produtividade,<br />

é possível simular cenários de redução ou ganho de rentabilidade<br />

derivados, respectivamente, de problemas climáticos<br />

e/ou fitossanitários ou potenciais investimentos em<br />

tecnologia.<br />

Dados os retornos negativos encontrados para os municípios<br />

de Orizona (GO), Unaí (MG) e Jaru (RO) (Tabela 3.5), a análi-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

81<br />

se de sensibilidade foi conduzida com variações positivas nos<br />

preços e nas produtividades, com o objetivo de avaliar valores<br />

a partir dos quais a atividade passaria a ser lucrativa. As variações<br />

nos preços corresponderam a adicionais 15%, 30% e<br />

45% dos valores de referência; enquanto a produção por dia<br />

recebeu incrementos de 10%, 20% e 40%, supondo os custos<br />

constantes, ou seja, com ganhos em eficiência produtiva. Os<br />

respectivos resultados são apresentados nas Tabelas 3.6 e 3.7.<br />

Destaca-se que, apenas em Orizona (GO), que já apresentava<br />

uma produção significativamente maior que Unuaí (MG)<br />

e Jaru (RO), com variações significativas em preço (+45%) ou<br />

produtividade (+40%), a atividade chegou a apresentar retornos<br />

positivos. A comparação com a pequena propriedade em<br />

Teixeira Soares (PR) reforça que esta fazia uso intensivo da<br />

tecnologia, obtendo assim produtividades elevadas e lucratividade.<br />

Nesse sentido, Ferreira, Siqueira e Pereira (2015) salientam<br />

a tendência de margens de lucro mais estreitas na produção<br />

de leite, exigindo que produtores adotem uma gestão eficiente<br />

que contemple produtividades ótimas ao mínimo custo de<br />

produção.<br />

3. 1. 5. Associativismo e cooperativismo<br />

Tanto o associativismo como o cooperativismo são formas<br />

de governança que organizam classes com interesses semelhantes<br />

para a realização de ações em conjunto.<br />

A diferença entre associação e cooperativa está fundamentalmente<br />

na natureza de negócio: enquanto a associação tem<br />

o escopo de representatividade social, representação política,<br />

defesa dos interesses da classe, entre outras características,<br />

a cooperativa possui fins comerciais que visam certo lucro,<br />

viabilizando vários tipos de negócios entre os cooperados e o<br />

mercado (SEBRAE, 2017).<br />

No meio agropecuário, um dos grandes benefícios da organização<br />

de produtores em associações é o aumento da competitividade<br />

de pequenos e médios produtores, que sozinhos<br />

podem não ter acesso à informação, serviços, entre outros.<br />

No ramo agropecuário, as cooperativas possuem funções<br />

que vão desde a compra e venda de insumos agrícolas, a comercialização<br />

da produção de seus cooperados, o incentivo<br />

da atividade rural por meio da concessão de crédito ao cooperado<br />

(existem linhas específicas de crédito para cooperativas)<br />

até a agregação de valor ao produto do cooperado por meio<br />

da verticalização, ou seja, da aquisição e controle de indústrias<br />

de processamento. Além disso, as cooperativas podem<br />

ser controladas pelos próprios cooperados, possuem um menor<br />

custo operacional em relação aos bancos e seus membros<br />

podem se beneficiar com a distribuição de sobras ou excedentes.


82<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Apesar da grande importância do associativismo e do cooperativismo<br />

para a agropecuária, o estado do Tocantins ainda<br />

conta com poucas iniciativas nesse aspecto. A falta de um associativismo<br />

de referência no estado impacta na carência de<br />

lideranças da classe produtora que busquem melhores políticas<br />

públicas para o setor no âmbito estadual e federal.<br />

Além da presença do Serviço Nacional de Aprendizagem do<br />

Cooperativismo – Sescoop no estado, o mesmo conta com 12<br />

cooperativas do ramo agropecuário.<br />

A atração de filiais de cooperativas já maduras para o estado<br />

do Tocantins é uma estratégia plausível para o fortalecimento<br />

da cultura cooperativista na região e fomento ao desenvolvimento<br />

do produtor local.<br />

Diferentemente da situação do Tocantins, outras regiões<br />

do Brasil já possuem o associativismo e o cooperativismo<br />

bem desenvolvidos. O Quadro 3.3 apresenta um ranking das<br />

maiores cooperativas do Brasil e a localização de suas unidades.<br />

Esse ranking foi desenvolvido pela revista Exame tendo<br />

como base o balanço de 2016.<br />

Dentre as maiores cooperativas brasileiras apresentadas no<br />

Quadro 3.3, grande parte estão localizadas na região Sul, com<br />

destaque para o Paraná. Das 20 maiores cooperativas agropecuárias<br />

do país, 14 estão presentes nesse estado. A região Centro-Oeste<br />

conta com a presença de 10 das 20 maiores cooperativas,<br />

já o estado do Tocantins conta apenas com uma, a Frisia.<br />

ÃÃ<br />

Quadro 3.3<br />

As maiores cooperativas agropecuárias do Brasil.<br />

Posição<br />

Cooperativa<br />

1 Copersucar SP<br />

2 Coamo MS/PR/SC<br />

3 Aurora Alimentos SC/MS/RS/PR/RJ/MG/PE/ES/BA/CE<br />

4 C.Vale RS/SC/PR/MS/MT<br />

5 LAR PR/MS/SC<br />

6 Cooxupé SP/MG<br />

7 Comigo GO<br />

8 Cocamar MS/PR/SP<br />

9 Copacol PR<br />

10 Integrada PR/MS/SP<br />

11 Castrolanda PR<br />

12 Cooperativa Agrária PR<br />

13 Coopercitrus SP/MG<br />

14 Cooperalfa SC<br />

15 Frisia PR/TO<br />

16 Frimesa SP/PR/RJ/SC/RS/MS/MG<br />

17 Coopavel PR<br />

18 CCPR/MG MG/GO<br />

19 Coasul PR<br />

20 Cocari PR/GO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de OCB (2017).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

83<br />

O estado do Paraná teve 56% de seu PIB agropecuário<br />

proveniente de atividades de cooperativas em 2015, faturamento<br />

de R$60,3 bilhões (GAZETA <strong>DO</strong> POVO, 2016). As<br />

principais razões para o alto desempenho das cooperativas<br />

da região Sul foram os altos investimento de profissionalização<br />

no negócio, verticalização e diversificação da produção<br />

em busca de agregar maior valor aos produtos. Além<br />

disso, os estados sulistas já possuem um histórico ligado a<br />

atividade cooperativista e tem tradição nas atividades que<br />

elas realizam.<br />

<br />

Figura 3.3<br />

Distribuição das cooperativas brasileiras de leite por região.<br />

97 Cooperativas<br />

Minas Gerais - 72<br />

Rio de Janeiro - 12<br />

Espírito Santo - 7<br />

São Paulo - 6<br />

sul: 26,9%<br />

54 Cooperativas<br />

rio grande do sul - 24<br />

Paraná - 20<br />

santa catarina - 10<br />

38 Cooperativas<br />

goiás - 29<br />

mato grosso do sul - 5<br />

outros - 4<br />

7 Cooperativas<br />

nordeste: 3,5%<br />

5 Cooperativas<br />

sudeste: 48,3%<br />

centro-oeste: 18,9% norte: 2,5%<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados do Censo das Cooperativas do Leite (OCB, Embrapa, 2017).


84<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

milhões l/dia<br />

Gráfico 3.5<br />

Participação das cooperativas na aquisição do leite, por região, 2015.<br />

30,00<br />

25,00<br />

20,00<br />

15,00<br />

10,00<br />

5,00<br />

0,00<br />

1,1%<br />

0,03<br />

6,8%<br />

0,23<br />

2,87 3,18<br />

17,55<br />

12,71<br />

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste<br />

(%) participação das cooperativas<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados do<br />

Censo das Cooperativas do Leite (OCB, Embrapa, 2017).<br />

3. 1. 5. 1. Cooperativas do leite<br />

De acordo com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras),<br />

nos principais países produtores de leite, as cooperativas<br />

apresentam um papel fundamental na organização<br />

da produção, do processamento e na comercialização<br />

do leite. Isso em função da necessidade de reunir a matéria<br />

-prima de diversos produtores em uma unidade industrial.<br />

De acordo com a entidade, o cooperativismo contribuiu<br />

para a interiorização dos processos industriais da cadeia<br />

leiteira no Brasil e tem sido fundamental para o seu desenvolvimento<br />

(OCB, 2018).<br />

Em 2015, a OCB e a Embrapa retomaram a iniciativa de<br />

realizar o censo das cooperativas de leite - dado o sucesso<br />

da primeira edição de 2002 realizado pela Confederação<br />

Brasileira das Cooperativas de Laticínios (CBCL), a Organização<br />

das Cooperativas do Brasil (OCB), com a participação<br />

da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

(Embrapa) – com o objetivo de conhecer a dimensão do<br />

cooperativismo na cadeia produtiva do leite, diante da<br />

competitividade e dinamismo do mercado de leite e derivados<br />

(OCB, 2018).<br />

De acordo com o Censo das Cooperativas do Leite (OCB,<br />

EMBRAPA, 2017), em 2015, eram 201 cooperativas de leite no<br />

Brasil (160 participantes do censo) distribuídas entre as regiões<br />

conforme apresentado na Figura 3.3. Neste mesmo ano,<br />

elas englobavam o volume de 70.483 cooperados (8,6% a menos<br />

que em 2013), sendo 42,24% no Sul; 41,5% no Sudeste; e<br />

35,2%<br />

9,51<br />

46,5%<br />

Outros (l/dia)<br />

11,06<br />

29,3%<br />

2,57<br />

6,20<br />

Cooperativas (l/dia)


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

85<br />

0,74% no Norte. Apesar da redução no número de cooperados,<br />

que na região Norte foi de 19,6% em relação a 2013, não<br />

houve redução no volume captado de leite em função de um<br />

aumento na produtividade, traduzindo em ganhos de escala,<br />

o que é primordial dentro de um cenário de maior competitividade.<br />

A representatividade das cooperativas na cadeia de leite<br />

pode ser ilustrada pela participação das mesmas na aquisição<br />

do leite dos produtores. Em 2015, de um volume total de leite<br />

recebido no Brasil de 65,921 milhões de litros por dia, na média,<br />

35% foi para as cooperativas, sendo que o Sul se destaca<br />

como a região em que mais participam, com 46,5%; e o Norte<br />

com a região que menos participam, com 1,1% (Gráfico 3.5).<br />

Vale destacar também que, em 2015, as cooperativas de<br />

leite brasileiras apresentavam uma capacidade instalada<br />

para processar 28,063 milhões de litros de leite por dia, mas<br />

utilizaram apenas 53% da mesma. A região com maior capacidade<br />

e aproveitamento foi a Sul, com potencial de processamento<br />

diário de 14,139 milhões de litros e utilizando 59%<br />

da mesma; seguido pela Sudeste, com capacidade de 11,839<br />

milhões de l/dia e aproveitamento de 49%; Centro-Oeste,<br />

com capacidade de 1,302 milhões de l/dia e aproveitamento<br />

de 50%; e, por fim, as regiões Norte e Nordeste, conjuntas,<br />

com capacidade de 0,783 milhões de l/dia e aproveitamento<br />

de 15% (OCB, Embrapa, 2017).<br />

Esses números demonstram que há espaço para o aumento<br />

do volume processado com o atual parque industrial das<br />

cooperativas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste; e<br />

que as regiões que se destacam na produção de leite são também<br />

as que tem maior participação das cooperativas nos processos<br />

de aquisição e processamento, haja visto que os quatro<br />

principais estados produtores – Minas Gerais, Goiás, Paraná e<br />

Rio Grande do Sul – são também os que têm o maior número<br />

de cooperativas.<br />

No Tocantins, em 2016, haviam 12 cooperativas (2 a menos<br />

que no ano anterior) do ramo agropecuário devidamente<br />

registradas na OCB/TO (2016), contemplando 2.980<br />

cooperados. Entretanto, apenas duas especificavam em seu<br />

ramo de atuação “leite” (COAPA – Cooperativa Agroindustrial<br />

do Tocantins, Pedro Afonso/TO) ou “leite e derivados”<br />

(COOPAG – Cooperativa dos Produtores Agropecuários de<br />

Guaraí (Guaraí/TO) (OCB/TO, 2016).


86<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 3.4<br />

Estudo de caso: Colônia Holandesa.<br />

Parceria<br />

intercooperativas:<br />

Batavo e Castrolanda<br />

lançam marca Colônia<br />

Holandesa<br />

Explicação do caso:<br />

As cooperativas Batavo (Frisia) e Castrolanda<br />

formaram uma parceria comercial e operacional<br />

para as indústrias de lácteos, lançando uma<br />

nova marca, a Colônia Holandesa.<br />

Data:<br />

Consolidação<br />

da parceria em<br />

agosto de 2012<br />

Diferenciais estratégicos:<br />

Intercooperação<br />

• Com as fusões e aquisições no<br />

mercado de laticínios, esta ação<br />

fortalece o cooperativismo, com<br />

alta capacidade de inovação e gestão<br />

profissionalizada em âmbito industrial e comercial.<br />

• Diferencial: qualidade e competências para atuação<br />

no mercado internacional, com adoção de<br />

tecnologia.<br />

• Planta flexível com possibilidade de aumento do<br />

mix de produtos alinhados as necessidades de novas<br />

demandas.<br />

• A nova marca atende às tendências do cooperativismo<br />

contemporâneo, com formação de redes<br />

cooperativas que tratam a intercooperação como<br />

ação estratégica para o futuro do negócio, trazendo<br />

vantagens econômicas e mercadológicas mútuas<br />

em benefício do desenvolvimento e viabilização<br />

de seus cooperados.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

87<br />

Marca<br />

• Estruturação de uma nova<br />

e já consolidada marca,<br />

Colônia Holandesa, que<br />

traduz o carinho e experiência,<br />

aliados à segurança<br />

alimentar que a tecnologia<br />

empregada nos processos de produção garante. O<br />

nome da nova marca faz menção a região que remete<br />

à excelência pecuária.<br />

Produtos e serviços<br />

• Linhas de produtos: leite UHT integral, leite UHT<br />

semidesnatado e leite UHT desnatado, leite condensado<br />

em caixinha de 395g. Disponíveis nas<br />

principais redes supermercadistas da região.<br />

• Também operam como prestadoras de serviços<br />

para empresas do setor, fabricando as seguintes<br />

linhas de produtos: leite pré beneficiado integral,<br />

semidesnatado e desnatado, creme de leite pasteurizado,<br />

cru e UHT, leite concentrado integral, semidesnatado<br />

e desnatado, leite cru resfriado, além de<br />

leite condensado, leite longa vida e bebidas lácteas.<br />

Diferenciais da marca<br />

• Matéria-prima: originada na região<br />

dos Campos Gerais, reconhecida<br />

nacionalmente pela excelência<br />

na qualidade e produtividade.<br />

• Agilidade e rapidez no processo produtivo: o tempo<br />

de produção é de, no máximo, 18 horas, entre a<br />

ordenha da vaca e o envase na caixinha, reduzindo<br />

a exposição do produto.<br />

• Validade do produto: enquanto a maioria coloca<br />

como 4 meses a validade do leite UHT, os produtos<br />

Colônia Holandesa têm 5 meses de validade, testados<br />

e comprovados.<br />

• Todas as exigências no processo de produção na<br />

origem do leite são mantidos e garantidas pelas<br />

modernas estruturas das duas indústrias; e produtores<br />

todos cooperados que adotam boas práticas<br />

de fabricação, sendo inspecionados e orien-


88<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

tados para a melhoria constante na qualidade do<br />

produto, no bem-estar dos animais e na higienização<br />

e adequação das instalações.<br />

• Apelo de origem e credibilidade junto aos consumidores.<br />

Novos investimentos<br />

• Nova planta industrial com uma<br />

área construída de 20 mil metros<br />

quadrados;<br />

• Investimento: mais de R$ 80 milhões (valores de<br />

2012), implantado em três fases:<br />

• 1ª fase: beneficiamento 600 mil litros por dia;<br />

• 2ª fase: 1 milhão litros por dia;<br />

• 3ª fase: 2 milhões de litros de leite por dia<br />

capacidade máxima de produção.<br />

• Geração de 200 empregos diretos e 600 indiretos<br />

• Além de produtos lácteos, a nova indústria também<br />

deverá envasar suco de frutas, estimulando<br />

uma nova cadeia produtiva para a região.<br />

Oportunidade para o Tocantins<br />

• Descrição: Atração de uma cooperativa (de leite<br />

ou produto afim) já estruturada no mercado para<br />

uma parceria de intercooperação com uma cooperativa<br />

láctea do Tocantins.<br />

• Objetivos: atrair investimentos para a cadeia de<br />

leite tocantinense; importar conhecimento de<br />

gestão e desenvolvimento através do cooperativismo;<br />

potencializar sinergias entre as entidades,<br />

focando estratégias voltadas para a melhor competitividade.<br />

• Investimento estimado na estrutura*: R$110,514<br />

milhões.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

89<br />

• Geração de empregos diretos: 200 vagas<br />

• Estimativa potencial de valor líquido pago<br />

aos produtores (ano | 304 dias de operação):<br />

R$653,296 milhões.<br />

• Faturamento bruto potencial com 100% de venda<br />

de leite UHT (ano | 304 dias de operação) : R$<br />

1.374 milhão.<br />

• Atrativos para a cooperativa parceira: disponibilidade<br />

de matéria-prima no estado; possibilidade<br />

de aproveitamento de alguma estrutura de laticínio<br />

com capacidade ociosa; acesso aos mercados<br />

consumidores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste;<br />

potencial para substituir a importação de produtos<br />

industrializados de outros estados ou países;<br />

boas condições de acesso ao porto no caso de uma<br />

estratégia de atuação no mercado externo.<br />

• Incentivos potenciais do Governo do Estado:<br />

parceria para fornecimento de leite às escolas estaduais<br />

e municipais, bem como a outras repartições<br />

públicas.<br />

*Considerando estrutura semelhante ao novo investimento descrito<br />

no estudo de caso. Trazido a valor presente pelo IGPM.<br />

3. 2. Destinos da produção<br />

3. 2. 1. Exportações<br />

As exportações do Tocantins são, em sua maioria, de produtos<br />

oriundos ou derivados da agropecuária. A Tabela 3.8<br />

descreve o perfil das exportações do estado para 2017. Entretanto,<br />

as consultas ao banco de dados da Comexstat não retornaram informações quanto<br />

a exportações de leite ou seus derivados para o estado. Vale<br />

ressaltar que o mercado mundial do leite (exportações e importações)<br />

representam apenas um pequeno percentual da<br />

produção; e o Brasil é um país com déficit na sua balança comercial<br />

de lácteos.<br />

Não obstante, em função das características do estado do<br />

Tocantins que indicam potencial para aumento da produção<br />

de leite e seus produtos industrializados, a exportação<br />

representa um canal de comercialização estratégico para o


90<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÃÃ<br />

Codigo<br />

SH2<br />

Tabela 3.8<br />

Exportações do Tocantins, de janeiro a dezembro de 2017<br />

Descrição<br />

12 Sementes e frutos oleaginosos; grãos,<br />

sementes e frutos diversos; plantas<br />

industriais ou medicinais; palhas e forragens<br />

Valor FOB<br />

US$ mil<br />

Quantidade<br />

ton<br />

% Valor<br />

787.021 2.095.531 79,8%<br />

2 Carnes e miudezas, comestíveis 113.304 32.134 11,5%<br />

10 Cereais 54.344 351.565 5,5%<br />

5 Outros produtos de origem animal, não<br />

especificados nem compreendidos noutros<br />

capítulos<br />

9.258 2.801 0,9%<br />

1 Animais vivos 1.771 901 0,2%<br />

52 Algodão 462 217 0,0%<br />

15 Gorduras e óleos animais ou vegetais;<br />

produtos da sua dissociação; gorduras<br />

alimentares elaboradas; ceras de origem<br />

animal ou vegetal<br />

11 11 0,0%<br />

Outros 19.856 27.395 2,0%<br />

Total exportações Tocantins 986.026 2.510.554 100%<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados do Brasil (2018).<br />

escoamento de excedentes. Segundo Zoccal (2014), há de se<br />

considerar uma saturação no fornecimento do mercado interno<br />

e a competitividade de preços dos produtos no mercado<br />

externo. Jardim (2015) aponta que aumentar as exportações,<br />

principalmente do leite em pó e industrializados, será um dos<br />

principais desafios para a bovinocultura de leite para os próximos<br />

anos.<br />

Para que esse seja um cenário concreto, é preciso reforçar a<br />

cultura exportadora através do envolvimento dos elos da cadeia<br />

produtiva, proporcionando uma visão de longo prazo às<br />

empresas em detrimento da visão oportunista do mercado.<br />

Mesquita (2003) apontou como ações importantes para esse<br />

objetivo: quebra de barreiras fitossanitárias em mercados alvos,<br />

padronização das embalagens, adequação dos produtos<br />

às normas do país importador e tratamento igualitário pelos<br />

serviços de inspeção desses países, normatização dos certificados<br />

e análises específicas necessárias para a exportação de<br />

lácteos, estruturação de uma instrução normativa com regras<br />

comuns aos estados brasileiros que apontem os procedimentos<br />

padrões para a exportação. Adicionalmente, Junqueira<br />

(2011) aponta os seguintes fatores como desafios: melhora da<br />

qualidade microbiológica do leite; melhora na eficiência produtiva<br />

das agroindústrias e estruturação de uma logística de<br />

comercialização no exterior; e aprimoramento da coordenação<br />

setorial e representatividade do setor.<br />

Nesse mesmo sentido, para acompanhar as tendências atuais<br />

de consumo, seriam ainda necessários elevados padrões<br />

de qualidade para os produtos lácteos, preferencialmente<br />

com certificações que também atestassem a sustentabilidade<br />

ambiental e social da produção, proporcionando maior trans-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

91<br />

parência na cadeia produtiva e um mínimo de informações ao<br />

consumidor final.<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.6<br />

Composição do PIB da Indústria no Tocantins, 2015.<br />

3. 2. 2. Indústria de processamento<br />

Químicos<br />

2%<br />

1%<br />

Couro e calçados<br />

A industrialização no estado do Tocantins ainda está em<br />

desenvolvimento, contando com alguns setores mais à frente<br />

que outros. No ano de 2014, a indústria representava cerca<br />

de 17% do PIB do estado do Tocantins, sendo que o principal<br />

componente era o comércio e serviços, representando cerca<br />

de 71% do total. Partindo desses números, é importante uma<br />

análise histórica para entender sua dinâmica.<br />

Entre os anos de 2004 e 2014, o estado do Tocantins apresentou<br />

um dos maiores crescimentos do país, atingindo taxa<br />

de 4,8% ao ano. A indústria no estado teve crescimento médio<br />

anual ligeiramente maior, contabilizando um valor de crescimento<br />

médio de 4,9% ao ano enquanto que o setor de comércio<br />

e serviços cresceu à taxa média de 5,7% ao ano (FERNAN-<br />

DES, 2016). Tendo em vista que o estado está em processo de<br />

desenvolvimento, é de se esperar que o primeiro setor a ser<br />

fortalecido seja o de comércio e serviços, pois é o que dá apoio<br />

à população crescente que está se estabelecendo nas cidades<br />

e centros comerciais.<br />

No que tange o elo industrial, o estado do Tocantins conta<br />

com cerca de 2.227 unidades industriais, sendo que cerca de<br />

Minerais<br />

não metálicos<br />

Derivados de<br />

petróleo e 6%<br />

biocombustíveis<br />

Alimentos<br />

12%<br />

Serviços<br />

indrustriais de<br />

utilidade pública<br />

4%<br />

32%<br />

41%<br />

Construção<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de CNI (2017).<br />

68% delas são microempresas, 11% de pequeno porte, 3% de<br />

médio porte e 4% de grande porte. Os 14% restantes são representados<br />

por microempreendedores individuais (FIETO,<br />

2016). Além da concentração em micro e pequenas empresas,<br />

a industrialização está mais presente em alguns segmentos.<br />

2%<br />

Outros


92<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 3.7<br />

Percentual e volume da produção de leite cru, resfriado ou não, do Tocantins adquirido pela agroindústria, 2009 a 2017.<br />

Mil litros<br />

(leite cru, resriado ou não)<br />

160.000 40%<br />

36%<br />

36%<br />

36%<br />

34% 35%<br />

140.000 33%<br />

32%<br />

31%<br />

35%<br />

29%<br />

120.000 30%<br />

100.000 25%<br />

80.000 20%<br />

60.000 15%<br />

40.000 10%<br />

124.297<br />

126.503<br />

118.718<br />

116.748<br />

20.000 5%<br />

135.958<br />

0 0%<br />

127.946<br />

109.053<br />

124.648<br />

131.060<br />

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Adquirido **<br />

% adquirido<br />

**Quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido (mil litros). / Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de dados IEG|FNP / IBGE - Pesquisa Trimestral do Leite, 2018.<br />

O Gráfico 3.6 mostra a distribuição do PIB industrial do estado<br />

por segmento.<br />

Como pode ser visto, a indústria da Construção é a categoria<br />

com maior importância econômica no estado, seguida<br />

pelo Serviços Industriais de Utilidade Pública. A indústria<br />

de Alimentação vem na sequência, contando com<br />

12% do total do PIB industrial. Esse segmento inclui, entre<br />

outros, os laticínios. Vale mencionar, também, que do total<br />

de indústrias do estado, apenas 6,5% são exportadoras.<br />

Dentre elas, cerca de 30% são do segmento da indústria de<br />

transformação.<br />

Do volume de leite produzido no estado do Tocantins, o<br />

percentual adquirido pela agroindústria tem se mantido<br />

entre 29% e 36%, no período de 2009 a 2017 (Gráfico 3.7).<br />

No mesmo período, o volume de leite cru adquirido teve um<br />

incremento de 5,4%, passando de 124,297 milhões de litros<br />

para 131,060 milhões de litros, apesar da participação do<br />

Tocantins no total brasileiro ter se mantido praticamente


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

93<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.4<br />

Relação de indústrias e entrepostos de captação de leite no Tocantins.<br />

Empresa<br />

Produtos<br />

Inspeção<br />

SIM<br />

SIE<br />

SIF<br />

Situação Atual 1<br />

Empresa<br />

Produtos<br />

Inspeção<br />

SIM<br />

SIE<br />

SIF<br />

Situação Atual 1<br />

Asa Agroindustrial de Alimentos<br />

Município: Araguaína<br />

Leite, leite longa vida e<br />

leite em pó<br />

X<br />

Ativa (Desativada)*<br />

Laticínio Biana Leite e queijos X Ativa (Desativada)*<br />

Original Laticínios<br />

Leite, queijos e bebidas<br />

lácteas<br />

Município: Arapoema<br />

X<br />

Ativa (Desativada)*<br />

Laticínio Sonho Dourado Muçarela X Ativa (Desativada)*<br />

Laticínios Delcy Laticínios X Desativada<br />

Leite Carinho<br />

Leite pasteurizado,<br />

muçarela e iogurte<br />

Bernardino Silva & Silveira (Beneficiamento leite) X Ativa (Desativada)*<br />

Laticínio Aguiar<br />

Município: Aurora do Tocantins<br />

Muçarela e leite semi e<br />

desnatado<br />

X<br />

X<br />

Ativa<br />

Ativa<br />

Laticínio Fortaleza N.D. X Ativa<br />

Laticínio Mendes Muçarela X Ativa<br />

Município: Colinas<br />

Palac ind. e com de laticínios Laticínios X Ativa<br />

Leite Pasteurizado Colinas / E. A.<br />

Albuquerque<br />

Laticínio Pureza<br />

Muçarela e leite<br />

pasteurizado<br />

Município: Colmeia<br />

Leite pasteurizado<br />

desnatado e integral,<br />

muçarela, provolone e<br />

queijo minas frescal<br />

X<br />

X<br />

Ativa<br />

Ativa<br />

Pasteurização Leite Mel W. W. Soares Leite pasteurizado X Ativa<br />

Boa Vista Muçarela e requeijão X Ativa<br />

MJ Pereira de Souza N.D. X Ativa<br />

Município: Guaraí<br />

Município: Bernardo Sayão<br />

Cremolat Ind. e Com de Laticínios Laticínios X Ativa<br />

Laticínio Majestade Laticínios X Inativa (07/2008)<br />

COOPAG<br />

Leite pasteurizado<br />

desnatado e integral,<br />

muçarela, bebida láctea e<br />

queijo minas frescal<br />

X<br />

Ativa (Desativada)*<br />

Município: Buriti do Tocantins<br />

Município: Gurupi<br />

Laticínio Duarte Muçarela X Ativa<br />

Jandira Com. de Prod. Alimentícios Ltda. (Beneficiamento leite) X


94<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Empresa<br />

Laticínios Guerra - Nilton D. da<br />

Silva - ME<br />

Produtos<br />

Município: Itaporã do Tocantins<br />

Laticínios<br />

Município: Miracema<br />

Inspeção<br />

SIM<br />

SIE<br />

SIF<br />

X<br />

Situação Atual 1<br />

Leite Bem Bom Ltda - ME Leite pasteurizado X Ativa (Desativada)*<br />

Milk Norte - Fabricação de Produtos<br />

de Laticínio Ltda.<br />

Município: Monte Santo<br />

Queijo ralado, muçarela,<br />

requeijão, bebida láctea<br />

Município: Nova Olinda<br />

X<br />

10.000 l/dia<br />

Laticínio Três Irmãos - V.G. Lima N.D. X 5.000 l/dia<br />

Município: Paraíso do Tocantins<br />

Coopernorte Leite pasteurizado X Desativada<br />

Queijo Paraíso<br />

Queijo minas frescal,<br />

manteiga e bebida láctea<br />

Município: Pequizeiro<br />

Palac - Ind. e Com. de Laticínios Ltda. (Posto de resfriamento) X Ativa<br />

Nutrileite-Fabricação de Laticínios Ltda.<br />

Município: Porto Nacional<br />

Leite pasteurizado, queijo<br />

minas frescal e ralado<br />

Município: Santa Fé do Araguaia<br />

X<br />

X<br />

Ativa (Desativada)*<br />

Ativa<br />

Laticínios Minas Queijo Ind. e Com. Ltda Laticínios X Ativa<br />

Fonte: FAPTO (2016).<br />

1<br />

Não há consenso entre as fontes consultadas sobre a situação atual das empresas.<br />

Na presente relação, foram considerados os dados obtidos junto à FAPTO e ao Sindicato<br />

das Indústrias de Laticínios do Estado do Tocantins (Sindileite/TO)*.<br />

constante, saindo de 0,6% para 0,5% (IBGE – Pesquisa trimestral<br />

do leite, 2018).<br />

De acordo com a FAPTO (2016), o leite do Tocantins é destinado<br />

à fabricação de queijo muçarela e para o consumo interno.<br />

Em 2014, o estado contava com 30 laticínios com Serviço<br />

de Inspeção Estadual (SIE), ou Federal (SIF) ou municipal<br />

(SIM). (Quadro 3.4).<br />

O cenário da indústria láctea tocantinense é de envelhecimento,<br />

reflexo das dificuldades financeiras enfrentadas.<br />

Como consequência, não há estímulos para a melhoria da<br />

qualidade do produto, o que dificulta a elevação das exigências<br />

qualitativas da matéria-prima. Outra questão citada por<br />

Ayres e Oliveira (2015) foi a presença de laticínios informais<br />

que, dentre outros problemas, representam uma concorrência<br />

desleal com as empresas regularizadas, desviam leite dos<br />

canais regulamentados, implicando em ociosidade em empresas<br />

regularizadas; e colocam produtos no mercado sem a<br />

devida fiscalização, levando riscos à saúde dos consumidores.<br />

A disponibilidade e o potencial de incremento no volume<br />

de leite processado no estado, aliado ao potencial nacional<br />

de substituição de importação de produtos lácteos e à perspectiva<br />

de aumento no consumo interno, remetem a necessidade<br />

de regularização e modernização da cadeia produtiva<br />

no Tocantins, com alternativas de escoamento de volumes<br />

excedentes.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

95<br />

<br />

Figura 3.5<br />

Estudo de caso: Laticínio Serve Bem.<br />

Estudo de Caso<br />

Parceria laticínio -<br />

produtores::<br />

Laticínio Serve Bem,<br />

Icó - Ceará.<br />

Explicação do caso:<br />

O Laticínio Serve Bem desenvolveu<br />

modelo de parceria com<br />

produtores de leite para garantir o<br />

fornecimento da matéria-prima.<br />

Nº de<br />

fornecedores<br />

no modelo:<br />

início: 8<br />

atual: 600<br />

Data:<br />

consolidação<br />

da parceria em<br />

agosto de 2012<br />

Diferenciais estratégicos:<br />

Parceria<br />

• A empresa fornece insumos básicos,<br />

ração (milho e soja), assistência<br />

técnica, tanques de coleta de<br />

leite e vacas leiteiras de alta linhagem genética<br />

(adquiridas no vizinho estado de Pernambuco).<br />

• O investimento empresarial é pago pelos produtores<br />

com a venda do leite ao laticínio.<br />

• Nº de fornecedores no modelo:<br />

• Início: 8 / Atual: 600<br />

O laticínio<br />

• Ano início do<br />

empreendimento: 2010<br />

• Investimento inicial:<br />

R$ 3,2 milhões<br />

• R$ 2,4 milhões recursos próprios<br />

• R$ 800 mil (25%) financiamento


96<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

• Produtos:<br />

• Início: apenas leite de coalho.<br />

• Atualmente: conta com um portfólio de mais<br />

de 35 itens, incluindo leite pasteurizado tipo<br />

barriga mole, iogurte, bebida láctea, queijo muçarela,<br />

nata, ricota, manteiga, doces, requeijão,<br />

manteiga da terra e, em breve, itens com zero<br />

lactose e iogurte bicamada.<br />

• Processamento: começou com 2 mil l leite / dia. Passou<br />

para 5 mil l / dia. Hoje está em 15 mil l leite / dia.<br />

• Produção mensal: 23 mil quilos de queijo de coalho;<br />

24 mil quilos de muçarela e 20 mil litros de iogurte<br />

• Empregos gerados: 40 diretos<br />

• Distribuição: 40 municípios do Ceará. Expandindo<br />

para centros urbanos e estados vizinhos.<br />

Oportunidade para o Tocantins<br />

• Descrição: modernização de laticínios ou atração<br />

de investimentos para estruturação de um laticínio,<br />

adotando um modelo de parceria com produtores<br />

de leite.<br />

• Objetivos: atrair investimentos para a cadeia de<br />

leite tocantinense; desenvolver indústrias de<br />

laticínios regionais, com potencial de ampliar a<br />

atuação, desenvolver os sistemas de produção<br />

de pequenos e médios produtores e da qualidade<br />

da matéria-prima, fortalecer e desenvolver<br />

arranjos produtivos locais de leite reconhecidos<br />

no estado.<br />

• Oportunidades para a agroindústria parceira: disponibilidade<br />

de matéria prima no estado; arranjos


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

97<br />

produtivos locais de leite reconhecidos no estado;<br />

possibilidade de aproveitamento de alguma estrutura<br />

de laticínio com capacidade ociosa; acesso<br />

aos mercados consumidores do Norte, Nordeste e<br />

Centro-Oeste, potencial para substituir a importação<br />

de produtos industrializados de outros estados<br />

ou países; boas condições de acesso ao porto<br />

no caso de uma estratégia de atuação no mercado<br />

externo.<br />

• Incentivos potenciais do Governo do Estado: parceria<br />

para fornecimento de leite às escolas estaduais<br />

e municipais, bem como a outras repartições<br />

públicas.<br />

3. 2. 3. Atração de agroindústrias para o Tocantins<br />

Em tempos de desafios enfrentados pelos governos<br />

em função de restrições orçamentárias, é importante<br />

buscar caminhos alternativos para atrair e promover<br />

o investimento de capital em cadeias agropecuárias<br />

do Tocantins, vislumbrando o potencial de retorno. O<br />

mesmo é valido para a cadeia do leite, que tem como<br />

característica o potencial de contribuir com a interiorização<br />

do desenvolvimento, com a capacidade de levar<br />

empregos e geração de renda a municípios menores,<br />

reforçando seu caráter social.<br />

Um exemplo é a inauguração, em 28 de julho de<br />

2018, do Laticínio Maná, em Jateí/MS, uma cidade de


98<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

cinco mil habitantes. Como resultado de uma política<br />

de atração de investimento do município com o estado,<br />

através da concessão de benefícios fiscais, a planta<br />

recebeu aportes de capital no montante de R$ 26 milhões,<br />

sendo R$ 13 milhões financiados com recursos<br />

do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do<br />

Centro-Oeste) (Correio do Estado, 2018).<br />

Essa expansão do Laticínio Maná, com sede em<br />

Brasil Novo/PA, resulta de um projeto de ampliação<br />

e inovação realizado em meados de 2016, quando os<br />

proprietários optaram por investir em novos equipamentos<br />

e em um reposicionamento da marca, acompanhado<br />

da ampliação dos produtos ofertados (Tekmilk,<br />

2018).<br />

Inicialmente, a nova fábrica irá gerar 60 empregos<br />

diretos, com potencial para dobrar em até três anos;<br />

e faturar anualmente R$ 83,7 milhões, chegando a R$<br />

104 milhões em cinco anos. A produção será de 200 mil<br />

litros de leite dia e 50 mil quilos de queijo. A atração da<br />

agroindústria para o local traz consigo a expectativa<br />

de crescimento de uma das principais bacias leiteiras<br />

do estado de Mato Grosso do Sul, impulsionado pela<br />

melhoria da qualidade da matéria-prima e competitividade<br />

do setor (Correio do Estado, 2018).<br />

A disponibilidade da matéria-prima é um dos fatores<br />

analisados por empresários na locação de uma<br />

nova agroindústria do leite. Outro aspecto que chama<br />

a atenção é o processo de profissionalização pelo qual<br />

passa a cadeia em nível nacional, que, apesar de, no<br />

geral, ainda apresentar tímidos indicadores técnicos,<br />

têm elevada capacidade de resposta com a adoção<br />

de tecnologia. O que, quando se traça um caminho<br />

de atrair investimentos, potencialmente estrangeiros,<br />

para crescer com inserção internacional, é um diferencial<br />

significativo.<br />

No caso do Tocantins, com capacidade ociosa e um<br />

parque industrial lácteo defasado, faz sentido a atração<br />

de recursos privados com o objetivo de dar um<br />

novo impulso a essa agroindústria, principalmente<br />

diante do cenário de disponibilidade de matéria-prima<br />

no estado. Mas a iniciativa deve estar acompanhada<br />

de um plano estratégico mais amplo, que inclua dire-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

99<br />

trizes para elevar a capacitação dos produtores para a<br />

melhoria da qualidade do leite; a qualificação da mão<br />

de obra; e diretrizes para estruturar canais de distribuição<br />

capazes de absorver o volume de produtos ofertados.<br />

Nesse sentido, vale o olhar sobre o caso da Betânia<br />

Lácteos, empresa com sede no Ceará, líder no Nordeste<br />

no segmento de leite longa vida, com marketshare<br />

de 32% na região; e 13% de participação no mercado<br />

de iogurtes. Antiga CBL Alimentos SA, a empresa<br />

vendeu, em meados de 2017, 20% de seu capital para<br />

o fundo de private equity norte americano Arlon e iniciou<br />

um projeto para investir R$ 100 milhões nos três<br />

anos subsequentes, com o objetivo de ampliar suas<br />

linhas de produção de lácteos e construir uma nova<br />

fábrica. O foco seria o crescimento em cima de produtos<br />

diferenciados e aumento da presença em locais<br />

do Nordeste onde ainda tivesse pouca penetração. Os<br />

recursos estrangeiros vieram atraídos pelo portfólio<br />

de alto valor agregado, uma marca forte e reconhecida,<br />

a força na cadeia de suprimentos e o potencial de<br />

crescimento (Fusões e Aquisições, 2017).<br />

Em 2018, a Betânia Lácteos prevê realizar investimentos<br />

de R$ 20 milhões para duplicar sua fábrica de<br />

iogurte e leite UHT, em Morada Nova (CE), sendo R$ 3<br />

milhões em inovações. A produção de iogurte irá dobrar,<br />

passando a cinco mil toneladas por mês, enquanto<br />

a de leite UHT irá crescer em 30%. A expectativa é de<br />

incrementar as vendas em 12%. A unidade localizada<br />

em Pedra no Agreste (PE) recebeu R$ 6 milhões para<br />

centralizar toda a produção de leite condensado do<br />

grupo e realizar envase na embalagem tetrapak, além<br />

de ampliar sua área de tancagem do leite. A meta é elevar<br />

a participação no mercado nordestino de iogurte<br />

para 20% em dois anos (Diário de Pernambuco, 2018).<br />

A Betânia Lácteos foi fundada em 1971, em Quixeramobim<br />

(CE). Hoje concentra sua cadeia de suprimentos<br />

no Nordeste, comprando leite em 130 municípios dos<br />

estados: Ceará, Pernambuco, Sergipe, Paraíba e Bahia;<br />

adquirindo, atualmente, 730 mil litros de leite por dia<br />

de 3,5 mil famílias, mas com meta de chegar a 1 milhão,<br />

em 2019. A empresa desenvolve parcerias com


100<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

os produtores e investe também no fomento à produção<br />

e qualidade do leite. Detém cinco fábricas localizadas<br />

no Ceará, Pernambuco, Paraíba e Sergipe, além<br />

de nove centros de distribuição. Atualmente são 1.860<br />

colaboradores, um número que aumentará com as expansões.<br />

Possui uma linha de produtos com mais de<br />

120 itens, como leites pasteurizados, leites longa vida,<br />

bebidas lácteas, iogurtes, queijos, requeijões, doce de<br />

leite, leite em pó, creme de leite e leite condensado. Seus<br />

produtos estão presentes em mais de 50 mil pontos de<br />

venda e apresentaram crescimento no faturamento de<br />

6% em 2017 (O Povo, 2018).<br />

Outro exemplo de capital estrangeiro investindo na<br />

cadeia do leite brasileira é a da empresa francesa Lactalis,<br />

que inaugurou em fevereiro deste ano duas novas<br />

linhas de produção em sua unidade de Teutônia,<br />

na região central do Rio Grande do Sul, com o aporte<br />

de R$ 70 milhões , elevando a capacidade de produção<br />

de manteiga para 500 toneladas por mês e de leite<br />

envasado em garrafa PET para 900 milhões de litros<br />

por ano. A empresa também investirá R$ 30 milhões<br />

em outras unidades no estado e tem por objetivo trazer<br />

outros produtos elaborados na Europa para o mercado<br />

brasileiro, visando ganhar participação de mercado e<br />

diferenciar a marca (DCI, 2018).<br />

A Lactalis também trava uma batalha judicial, desde<br />

dezembro de 2017, pela aquisição da CCPR Itambé,<br />

cuja consolidação a levaria à posição de maior indústria<br />

de lácteos brasileira, superando a gigante Nestlé;<br />

e seria responsável pela captação de 8% do leite brasileiro<br />

(DCI,2018). Esse movimento sinaliza a clara intensão<br />

do crescimento da empresa no mercado nacional e<br />

da ampliação da sua presença em novas regiões.<br />

A maior empresa mexicana de lácteos, a Lala, também<br />

planeja o investimento de R$ 400 milhões em suas<br />

fábricas no Brasil, ao longo dos próximos dois anos. A<br />

empresa controla a marca Vigor, que tem nove fábricas<br />

no país, sendo quatro delas em Minas Gerais e<br />

as outras nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e<br />

Goiás. O objetivo é modernizar as instalações e iniciar<br />

um processo de intercâmbio de produtos, levando itens<br />

consolidados no mercado brasileiro para o México e vi-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

101<br />

ce-versa. A ideia é também ampliar o intercâmbio para<br />

o território do conhecimento, com o alvo na melhoria<br />

de processos e na elevação da produtividade dos produtores<br />

fornecedores (Em, 2018).<br />

Em um outro modelo de atuação, pequenos laticínios<br />

do Rio Grande do Sul, após terem alocados R$<br />

44,71 milhões ao longo de 2017, tem previsão de investir<br />

R$ 215 milhões no setor até 2020, de acordo com números<br />

levantados com 26 indústrias pela Associação<br />

das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande<br />

do Sul (Apil/RS), com processamento diário de mais<br />

de 1,2 milhão de litros de leite, faturamento de R$ 939<br />

milhões em 12 meses (até outubro de 2017), que contribuíram<br />

com R$ 33 milhões em tributos. Os recursos<br />

serão utilizados para a construção de novas plantas<br />

industriais, assim como a ampliação e modernização<br />

de indústrias, com o objetivo de atender as demandas<br />

do mercado. Os impactos positivos devem se alastrar<br />

por dezenas de pequenas comunidades do estado<br />

(Agrolink, 2017).<br />

As indústrias associadas da Apil são responsáveis<br />

pela maior parte do queijo e por 18% do leite processado<br />

no Rio Grande do Sul. Desde 2015, o grupo vem<br />

investindo cerca de R$ 32,5 milhões de reais por ano<br />

em plantas, equipamentos e assistência técnica nas<br />

agroindústrias associadas. Os investimentos são motivados,<br />

em parte, pela concorrência com os produtos<br />

lácteos do Mercosul, forçando o setor a melhorar sua<br />

competitividade, buscando melhorar a qualidade, produtividade,<br />

escala de produção e redução de custos. O<br />

que envolve parcerias com produtores para uso de tecnologia<br />

e melhoramento genético do rebanho (Revista<br />

Globo Rural, 2017).<br />

E, no tocante a investimentos no setor de laticínios<br />

no Brasil, não se pode deixar de comentar sobre o goiano<br />

Laticínio Bela Vista, segundo maior laticínio em<br />

termos de recepção de leite no Brasil, com volume de<br />

1,322 bilhões de litros em 2017 (20,9% acima do volume<br />

de 2016), envolvendo 6.633 produtores (LEITE BRA-<br />

SIL, CNA, OCB, CBCL, VIVA LÁCTEOS, EMBRAPA/Gado<br />

de Leite e G100). Em termos de faturamento, de acordo<br />

com a Associação Brasileira dos Produtores de Leite


102<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

(Leite Brasil), a empresa fica em quinto lugar, atrás de<br />

duas multinacionais (a suíça Nestlé e a francesa Lactalis)<br />

e de uma cooperativa, a CCPR Itambé (Dinheiro<br />

Rural, 2018).<br />

A posição foi alcançada pelos irmãos Marcos e Cesar<br />

Helou através de gestão, foco e visão de negócios,<br />

trazendo na diversificação de produtos, inovações de<br />

mercado, como a linha sem lactose da marca Piracanjuba<br />

e leites aromatizados, para atender as novas<br />

exigências dos consumidores. Em 2017, a receita da<br />

empresa foi R$ 2,7 bilhões, 26,4% superior à de 2016.<br />

São 2,3 mil funcionários distribuídos em unidades em<br />

Maravilha (SC), Governador Valadares (MG) e Dr. Mauricio<br />

Cardoso (RS). O portfólio é de cerca de 100 produtos<br />

das marcas Piracanjuba, Pirakids, LeitBom e Chocobom<br />

(Dinheiro Rural, 2018).<br />

Novos investimentos para a expansão estão em andamento.<br />

No final de 2016 foi adquirida uma fábrica<br />

de queijos no Rio Grande do Sul e, em agosto de 2017,<br />

compraram um pequeno laticínio no Paraná, totalizando<br />

investimentos de R$ 10 milhões em cada unidade<br />

(Dinheiro Rural, 2018). Em abril de 2018 também<br />

foi confirmada a instalação de uma nova fábrica de<br />

queijo e leite em pó em Imperatriz (MA), na divisa com<br />

o Tocantins, para atender o mercado do Nordeste. As<br />

exigências legais para o início das atividades devem<br />

estar concluídas até outubro (Prefeitura de Imperatriz,<br />

2018).<br />

Algumas cooperativas também seguem o caminho<br />

da expansão na cadeia do leite, como é o caso da Cooperativa<br />

Piá, que investiu R$ 85 milhões em uma nova<br />

fábrica em 2017 e segue para triplicar a produção de<br />

bebidas lácteas e iogurtes, chegando a 450 mil toneladas<br />

por dia. A cooperativa busca o fortalecimento da<br />

sua presença em Santa Catarina, Paraná e São Paulo<br />

a partir da ampliação da sua linha de produtos e novos<br />

pontos de venda. Uma das diretrizes é voltar a atenção<br />

para novas oportunidades de mercado e, para tanto,<br />

investem em pesquisas, no desenvolvimento de novos<br />

produtos e na melhoria das unidades, como nos processos<br />

de automação industrial e nos centros administrativos<br />

(Terra Viva, 2017).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

103<br />

As recentes notícias de investimento na cadeia de leite brasileira<br />

confirmam o potencial de expansão do mercado, com<br />

inovações em produtos e ganhos em competitividade. Não<br />

obstante, a internacionalização da cadeia mostra-se cada vez<br />

mais presente, tanto pela atração dos investimentos estrangeiros,<br />

como pelas iniciativas buscando a colocação de produtos<br />

de valor agregado no mercado mundial. O momento se mostra<br />

oportuno para que cooperativas e empresas do Tocantins, com<br />

o apoio do Governo do Estado, busquem a estruturação de parcerias<br />

e a atração de capital para revitalizar o segmento.<br />

<br />

Figura 3.6<br />

Estudo de caso: Implantação de laticínio.<br />

Estudo de Caso<br />

Simulação de implantação de laticínio<br />

Investimento fixo: R$ 2,100 milhões 57% equipamentos / 32% construção<br />

Custo variável anual: R$ 9,525 milhões<br />

40 produtores<br />

500 litros/dia<br />

22,5% do leite<br />

adquirido<br />

leite pasteurizado<br />

77,5% do leite<br />

adquirido<br />

Queijo muçarela<br />

Valor líquido<br />

anual recebido<br />

R$ 6,533 milhões<br />

Dias de operação<br />

no ano: 304<br />

Volume anual<br />

processado:<br />

6,080 milhões<br />

litros<br />

Faturamento<br />

bruto: R$ 10,121<br />

milhões<br />

Massa salarial<br />

anual: R$ 0,500<br />

milhões<br />

Impostos<br />

agregados: R$<br />

2,091 milhões<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat, a partir de informações de Melo, Nunes e Pires (2017), com valores de referência trazidos a valor presente para março 2018 pelo IGP-M.


104<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Fatores para avaliação<br />

Junto aos produtores<br />

• Capacidade de produção da<br />

bacia leiteira;<br />

• Governança entre os produtores;<br />

• Variações nos sistemas de<br />

produção, níveis de tecnologia,<br />

e qualidade da matéria-prima<br />

produzida;<br />

• Acesso e qualidade da<br />

assistência técnica recebida nas<br />

propriedades.<br />

Localização<br />

• Viabilidade e execução da<br />

logística de coleta de leite cru;<br />

• Acesso aos mercados<br />

consumidores alvo;<br />

• Disponibilidade de mão de obra<br />

qualificada;<br />

• Incentivos dos governos<br />

municipal e estadual.<br />

Itens críticos de sucesso<br />

para o empreendimento<br />

• Gestão eficiente do laticínio;<br />

• Estruturação de canais de<br />

distribuição;<br />

• Governança entre os produtores;<br />

• Capacidade de crescimento<br />

e expansão do laticínio,<br />

ampliando estrutura e portfólio<br />

de produtos;<br />

• Portfólio de produtos alinhado<br />

com a demanda do consumidor<br />

atual.<br />

Pontos de desenvolvimento<br />

junto aos produtores com a<br />

instalação da agroindústria<br />

• Uniformização e melhoria da<br />

qualidade do leite entregue<br />

pelos produtores, em paralelo à<br />

elevação da produtividade;<br />

• Desenvolvimento conjunto dos<br />

sistemas de manejo, com foco<br />

em eficiência de processos,<br />

automação e segurança<br />

do alimento, com apoio da<br />

agroindústria;<br />

• Modelos de remuneração<br />

do produtor que valorizam<br />

qualidade da matéria-prima.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

105<br />

Considerações finais<br />

• Este exercício de simulação<br />

da implantação de uma<br />

agroindústria contemplou a<br />

fabricação de apenas 2 produtos:<br />

leite pasteurizado e queijo<br />

muçarela. Conforme discutido<br />

ao longo do estudo, é preciso<br />

estar atento às demandas dos<br />

consumidores e, portanto,<br />

a flexibilidade na planta<br />

em fabricar um portfólio de<br />

produtos maior é importante.<br />

• Este exercício não elimina a<br />

necessidade de um estudo mais<br />

detalhado e estruturação de um<br />

plano de negócios.<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat, a partir de<br />

informações levantadas no estudo.<br />

3. 2. 4. Aspectos tributários e políticas estaduais de apoio<br />

ao desenvolvimento<br />

Os impostos incidentes sobre os produtos de uma cadeia<br />

produtiva impactam diretamente na sua dinâmica e competitividade.<br />

Quando se trata de um país como o Brasil, com<br />

dimensões continentais e estados em situações econômicas<br />

diversas, esse aspecto é ainda mais relevante de ser analisado<br />

pois pode ser determinante em seu desenvolvimento. No<br />

presente trabalho serão analisados os tributos PIS, COFINS e<br />

ICMS, sendo que os dois primeiros são de caráter federal e o<br />

terceiro possui especificidades estaduais.<br />

O PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição<br />

para o Financiamento da Seguridade Social) são tributos<br />

federais de caráter social destinados a, respectivamente, financiar<br />

o pagamento do seguro desemprego, abono e participação<br />

na receita dos órgãos e entidades, tanto para trabalhadores<br />

de empresas públicas, como privadas; financiar a seguridade<br />

social, em suas áreas fundamentais, incluindo a Previdência<br />

Social, a Assistência Social e a Saúde Pública (BR<strong>AS</strong>IL, 2017a).


106<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

O fator gerador do PIS e COFINS é o faturamento mensal,<br />

independente da denominação ou classificação fiscal. Devem<br />

contribuir as pessoas jurídicas de direito privado, sendo que<br />

há duas sistemáticas para a apuração dos valores:<br />

a) Sistemática Cumulativa: não é permitido o aproveitamento<br />

de crédito nas aquisições para abatimento do<br />

débito gerado, apurado a partir da aplicação sobre a<br />

base de cálculo da alíquota total de 3,65%;<br />

b) Sistemática Não-cumulativa: é permitido o aproveitamento<br />

de créditos nas aquisições para abatimento do<br />

debito gerado, apurado a partir da aplicação sobre a<br />

base de cálculo de alíquota total de 9,25%.<br />

Como regra geral, as pessoas jurídicas optantes pelo sistema<br />

de tributação do Lucro Real estão incluídas na sistemática<br />

não-acumulativa, enquanto as pessoas jurídicas tributadas<br />

pelo Lucro Presumido ficam sujeitas à cumulatividade.<br />

Conforme informações da Econet (2018), dentre as várias<br />

situações em que a lei estabelece o não recolhimento das<br />

contribuições de PIS e COFINS, destaca-se a redução à alíquota<br />

zero – que deve ser compreendida como um benefício<br />

expressamente previsto em lei e desvinculado dos benefícios<br />

de suspensão, imunidade, isenção ou não-incidência. A<br />

Tabela 3.9 apresenta os percentuais do PIS e COFINS incidentes<br />

sobre o leite e seus derivados, determinado pelos seus códigos<br />

NCMs consultados no site Alice WEB do Ministério do<br />

Desenvolvimento, Indústria e Comércio (BR<strong>AS</strong>IL, 2018).<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.9<br />

Percentuais de PIS e COFINS incidentes sobre o leite e seus<br />

derivados, determinado pelos seus códigos NCMs.<br />

NCMs*: 0401, 0401.40, 0401.40, 0402, 0402.10, 0402.20, 0402.29, 0403, 0405, 0405.10 00,<br />

0406.10 10<br />

Regime de Tributação PIS COFINS Dispositivo Legal<br />

Simples Nacional<br />

Vide<br />

observações.<br />

Vide<br />

observações.<br />

Lei Complementar nº 123/2006<br />

Regime Cumulativo 0,00% 0,00% Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XI<br />

Regime Não-Cumulativo 0,00% 0,00% Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XI<br />

*NCM:<br />

• 0401 Leite e creme de leite (nata*), não concentrados nem adicionados de açúcar ou de outros<br />

edulcorantes. 0401.10 - Com um teor, em peso, de matérias gordas, não superior a 1 %; 0401.10.10<br />

Leite UHT (Ultra High Temperature); 0401.20.10 Leite UHT (Ultra High Temperature).<br />

• 0401.40 - Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 6 %, mas não superior a 10 %;<br />

0401.40.10 Leite.<br />

• 0401.50 - Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 10 %; 0401.50.10 Leite.<br />

• 0402 Leite e creme de leite (nata*), concentrados ou adicionados de açúcar ou de outros<br />

edulcorantes; 0402.10 - Em pó, grânulos ou outras formas sólidas, com um teor, em peso, de<br />

matérias gordas, não superior a 1,5 %; 0402.10.10 Com um teor de arsênio, chumbo ou cobre,<br />

considerados isoladamente, inferior a 5 ppm<br />

• 0402.20 - Em pó, grânulos ou outras formas sólidas, com um teor, em peso, de matérias gordas,<br />

superior a 1,5 %:; 0402.21 -- Sem adição de açúcar ou de outros edulcorantes; 0402.21.10 Leite<br />

integral; 0402.21.20 Leite parcialmente desnatado.<br />

• 0402.29 – Outros; 0402.29.10 Leite integral; 0402.29.20 Leite parcialmente desnatado; 0402.91.00 Ex<br />

01 - Leite em estado líquido.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

107<br />

• 0403 Leitelho, leite e creme de leite (nata*) coalhados, iogurte, quefir e outros leites e cremes de<br />

leite (natas*) fermentados ou acidificados, mesmo concentrados ou adicionados de açúcar ou de<br />

outros edulcorantes, ou aromatizados ou adicionados de fruta ou de cacau.; 0403.10.00 Iogurte;<br />

• 0405 Manteiga e outras matérias gordas provenientes do leite; pasta de espalhar (barrar) de<br />

produtos provenientes do leite.; 0405.10.00 Manteiga**.<br />

• 0406.10.10 Muçarela***.<br />

SIMPLES NACIONAL<br />

• As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional não se<br />

beneficiam da alíquota zero do PIS e da COFINS sobre as receitas de vendas de mercadorias,<br />

devido à impossibilidade em utilizar ou destinar qualquer valor a título de incentivo fiscal (Lei<br />

Complementar nº 123/2006, artigo 24).<br />

• A tributação do PIS e da COFINS será determinada conforme os percentuais de repartições dos<br />

tributos (aplicados sobre a alíquota efetiva utilizada para apuração do D<strong>AS</strong>) constantes nos Anexos I<br />

(comércio) ou II (indústria), de acordo com a atividade realizada pela pessoa jurídica.<br />

• Nos casos de estabelecimento comercial importador e a saída das mercadorias seja de procedência<br />

estrangeira, estará equiparada a industrial pela legislação do IPI, tributado dessa forma pelo Anexo<br />

II, conforme o Ato Declaratório Interpretativo RFB n° 001/2018.<br />

• REGIME CUMULATIVO / NÃO-CUMULATIVO - Aplica-se a alíquota zero do PIS e da COFINS à<br />

venda, no mercado interno, de (Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XI):<br />

a) leite fluido pasteurizado ou industrializado, na forma de ultrapasteurizado;<br />

b) leite em pó, integral, semidesnatado ou desnatado;<br />

c) leite fermentado, bebidas e compostos lácteos e fórmulas infantis, assim definidas conforme<br />

previsão legal específica das instruções normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento, destinados ao consumo humano ou utilizados na industrialização de produtos que<br />

se destinam ao consumo humano.<br />

• Conforme o Acórdão DRJ/SPO (Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São<br />

Paulo) nº 1664862, de 22.01.2015, a venda de leite condensado e creme de leite não se enquadra na<br />

hipótese de alíquota zero prevista no artigo 1º, inciso XI, da Lei nº 10.925/2004).<br />

• CÓDIGO DE SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA (CST) - Os Códigos de Situação Tributária estão previstos na<br />

IN RFB nº 1.009/2010. Com relação ao Simples Nacional, a resposta nº 95 das perguntas e respostas<br />

da EFD-Contribuições orienta sobre o CST a ser utilizado pelo referido regime tributário.<br />

• **0405 Manteiga e outras matérias gordas provenientes do leite; pasta de espalhar (barrar) de<br />

produtos provenientes do leite.; 0405.10.00<br />

Manteiga<br />

• REGIME CUMULATIVO / NÃO-CUMULATIVO - O produto está sujeito à alíquota zero do PIS e da<br />

COFINS (Lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XXIV).<br />

• CÓDIGO DE SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA (CST) - Os Códigos de Situação Tributária estão previstos na<br />

IN RFB nº 1.009/2010. Com relação ao Simples Nacional, a resposta nº 95 das perguntas e respostas<br />

da EFD-Contribuições orienta sobre o CST a ser utilizado pelo referido regime tributário.<br />

• ***0406.10.10 Muçarela<br />

• REGIME CUMULATIVO / NÃO-CUMULATIVO - Aplica-se a alíquota zero do PIS e da COFINS<br />

à venda, no mercado interno, dos queijos tipo muçarela, minas, prato, queijo de coalho, ricota,<br />

requeijão, queijo provolone, queijo parmesão, queijo fresco não maturado e queijo do reino (Lei nº<br />

10.925/2004, artigo 1º, inciso XII).<br />

• CÓDIGO DE SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA (CST) - Os Códigos de Situação Tributária estão previstos na<br />

IN RFB nº 1.009/2010. Com relação ao Simples Nacional, a resposta nº 95 das perguntas e respostas<br />

da EFD-Contribuições orienta sobre o CST a ser utilizado pelo referido regime tributário.<br />

NCMs: 0401.40.2, 0401.40.21, 0401.50.2, 0401.50.21, 0402.2, 0402.29<br />

Regime de Tributação PIS COFINS Dispositivo Legal<br />

Simples Nacional<br />

Vide<br />

observações.<br />

Regime Cumulativo 0,65% 3,00%<br />

Regime Não-Cumulativo 1,65% 7,60%<br />

Vide<br />

observações.<br />

Lei Complementar nº 123/2006<br />

Lei nº 9.715/98, artigo 8º, inciso I; Lei<br />

nº 9.718/98, artigo 8º<br />

Lei nº 10.637/2002, artigo 2º; Lei nº<br />

10.833/2003, artigo 2º<br />

NCM: 0401.40.2<br />

• Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 6 %, mas não superior a 10 %<br />

• Creme de leite; 0401.40.21 UHT (Ultra High Temperature); 0401.40.21 Ex 01 - Acondicionado em<br />

recipiente metálico hermeticamente fechado.<br />

• Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 10 %.<br />

• 0401.50.2 Creme de leite; 0401.50.21 UHT (Ultra High Temperature); 0401.50.21 Ex 01 -<br />

Acondicionado em recipiente metálico hermeticamente fechado.<br />

• 0402.2 - Em pó, grânulos ou outras formas sólidas, com um teor, em peso, de matérias gordas, superior<br />

a 1,5 %:; 0402.21 -- Sem adição de açúcar ou de outros edulcorantes; 0402.21.30 Creme de leite.<br />

• 0402.29 – Outros; 0402.29.30 Creme de leite.<br />

REGRA GERAL - O código NCM pesquisado não se encontra dentre os produtos com benefícios fiscais<br />

de PIS e COFINS previstos em legislação. Antes de aplicar as alíquotas correspondentes ao regime<br />

tributário da pessoa jurídica é recomendado analisar as outras guias.<br />

CONDIÇÃO <strong>DO</strong> ADQUIRENTE - Antes de aplicar a alíquota básica, é importante verificar se a pessoa<br />

jurídica adquirente é habilitada em algum regime especial, se está localizada na Zona Franca de Manaus


108<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

(ZFM) ou em Área de Livre Comércio (ALC), e se a receita é proveniente de exportação de mercadorias.<br />

SIMPLES NACIONAL - A tributação do PIS e da COFINS será determinada conforme os percentuais de<br />

repartições dos tributos (aplicados sobre a alíquota efetiva utilizada para apuração do D<strong>AS</strong>) constantes<br />

nos Anexos I (comércio) ou II (indústria), de acordo com a atividade realizada pela pessoa jurídica.<br />

Nos casos de estabelecimento comercial importador e a saída das mercadorias seja de procedência<br />

estrangeira, estará equiparada a industrial pela legislação do IPI, tributando dessa forma pelo Anexo II,<br />

conforme o Ato Declaratório Interpretativo RFB n° 001/2018.<br />

DARF - As empresas optantes pelo regime cumulativo recolherão o PIS e a COFINS em DARF, nos<br />

códigos 8109 e 2172, respectivamente.<br />

Para o regime não cumulativo os códigos serão 6912 e 5856.<br />

O pagamento do PIS e da COFINS deverão ser efetuados até o 25º dia do mês subsequente ao mês<br />

de ocorrência dos fatos geradores (Lei nº 11.933/2009, artigo 1º). Se o dia do vencimento não for dia útil,<br />

considerar-se-á antecipado o prazo para o primeiro dia útil que o anteceder.<br />

CÓDIGO DE SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA (CST) - Os Códigos de Situação Tributária estão previstos na<br />

IN RFB nº 1.009/2010. Com relação ao Simples Nacional, a resposta nº 95 das perguntas e respostas da<br />

EFD-Contribuições orienta sobre o CST a ser utilizado pelo referido regime tributário.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, consulta a dados Econet (2018).<br />

O leite e seus derivados ou subprodutos, também estão<br />

passíveis de isenção da tributação do PIS e COFINS quando<br />

destinados à exportação. Conforme informações da Econet<br />

(2018), segundo o artigo 45 do Decreto n° 4.524/2002, as seguintes<br />

receitas são passíveis de isenção:<br />

a) da exportação de mercadorias para o exterior;<br />

b) de vendas realizadas pelo produtor vendedor às empresas<br />

comerciais exportadoras nos termos do Decreto-Lei<br />

n° 1.248/72, e alterações posteriores, desde que destinadas<br />

ao fim específico de exportação para o exterior; e<br />

c) de vendas, com fim específico de exportação para o<br />

exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria<br />

de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior.<br />

O ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação<br />

de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte<br />

interestadual, intermunicipal e de comunicação) é<br />

de competência dos estados e do Distrito Federal. Sua regulamentação<br />

constitucional está prevista na Lei Complementar<br />

87/1996 (a chamada Lei Kandir), alterada posteriormente<br />

pelas Leis Complementares 92/1997, 99/1999 e<br />

102/2000.<br />

Com o objetivo de levantar o percentual de ICMS que incide<br />

sobre a produção, distribuição e comercialização e estimar<br />

os incentivos tributários para os produtos lácteos para<br />

os estados do Tocantins, Goiás, Minas Gerais e Rondônia,<br />

utilizou-se a ferramenta da Econet que elenca todas as referências<br />

e informações importantes a serem observadas, para<br />

fins da determinação da alíquota a ser aplicada nas operações<br />

internas e dos benefícios fiscais existentes (reduções<br />

de base de cálculo, isenções, créditos outorgados), de acordo<br />

com a mercadoria ou serviço. A Tabela 3.10 traz uma análise<br />

geral comparativa, sendo que mais informações específicas<br />

sobre os benefícios fiscais concedidos para produtos lácteos


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

109<br />

ÃÃ<br />

Tabela 3.10<br />

Análise comparativa geral da alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para produtos lácteos para os estados do Tocantins Goiás, Minas<br />

Gerais e Rondônia.<br />

BOVI<strong>NO</strong>S ICMS<br />

Beneficio Descrição Natureza operações Redução aplicável Comparativo com outros estados<br />

Estado do Tocantins: Regra geral - alíquota de 18%<br />

Isenções<br />

Leite pasteurizado tipo especial, com 3,2% de gordura, e de leite pasteurizado magro, reconstituído<br />

ou não, com até 2% de gordura , exceto o leite tipo B, com destino a consumidor final<br />

Internas -<br />

Isenções Leite de soja pasteurizado e ultrapasteurizado Internas -<br />

Isenções Leite fresco Internas -<br />

Isenções Leite fresco resfriado Internas -<br />

• GO – alíquota de 12% para leite em<br />

estado natural, pasteurizado ou<br />

esterilizado (UHT)<br />

• RO – alíquota efetiva de 12% para leite<br />

fresco ou pasteurizado (exceto UHT)<br />

• MG – alíquota de 12% para leite nãoacondicionado<br />

em embalagem própria<br />

para consumo<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, consulta a dados Econet (2018).<br />

nos estados de Goiás, Minas Gerais e Rondônia são encontrados<br />

no Anexo I.<br />

Além das diferenças de PIS, COFINS e ICMS já citadas, é importante<br />

destacar programas específicos do Tocantins relacionados<br />

ou não com incentivos tributários, que vêm guiando<br />

o desenvolvimento do estado.<br />

As políticas de desenvolvimento são medidas que podem<br />

ser tomadas no âmbito estadual para favorecer e incentivar<br />

o desenvolvimento de áreas específicas no estado. Um dos<br />

objetivos buscados com o desenho de políticas específicas<br />

é o de aumentar a atratividade de determinado estado para<br />

novos investimentos, ou desenvolver algum elo da cadeia de<br />

interesse econômico, visando sempre seu constante desenvolvimento.<br />

O Tocantins já foi incluído em diversos programas de desenvolvimento,<br />

tanto focados no agronegócio, como programas<br />

mais abrangentes. Alguns são destacados:<br />

• Avança Brasil – um dos precursores do Programa de<br />

Aceleração do Crescimento (PAC), o programa focou em<br />

ações de desenvolvimento da infraestrutura e aumento<br />

da competitividade do setor produtivo (LIMA, 2014);


110<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

• Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR)<br />

– estruturaram instâncias de representação e avançaram<br />

no incremento da infraestrutura, inovação e fortalecimento<br />

de Arranjos Produtivos Locais (APLs), além de<br />

ofertar crédito (LIMA, 2014);<br />

• Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

(PDRS) – financiado com recursos do BIRD, o projeto previa<br />

ações de desenvolvimento de infraestrutura rural e<br />

de meio ambiente (LIMA, 2014);<br />

• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – criado<br />

em 2007 direcionado a grandes obras de infraestrutura<br />

do país (BR<strong>AS</strong>IL, 2017b).<br />

Outros programas foram de vital importância para o desenvolvimento<br />

da cadeia de lácteos no Tocantins:<br />

• ABC do leite - Projeto Transferência de Tecnologia para<br />

a Bovinocultura Leiteira do Estado do Tocantins / ABC<br />

Leite, coordenado pela Embrapa Pesca e Aquicultura<br />

(Palmas-TO), desenvolvido entre 2012 e 2016. Visou a<br />

capacitação prática e teórica de técnicos do Instituto de<br />

Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins)<br />

de várias cidades do estado.<br />

• Programa Balde Cheio – Programa criado pela EMBRA-<br />

PA aplicado pelo SEBRAE, com início no final do ano de<br />

2007 no Tocantins, que visa aumentar a produção de leite<br />

e criar alternativas para que pequenos e médios produtores<br />

possam produzir por meio da transferência de<br />

tecnologia para propriedades familiares. O Balde Cheio<br />

objetiva capacitar os produtores rurais e profissionais do<br />

ramo, através da troca de informações sobre as tecnologias<br />

para que se analise os impactos ambientais, econômicos<br />

e sociais onde se adota essas novas tecnologias.<br />

• Travessia Leite - O Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

Rural do Tocantins (SENAR-TO), em parceria com o Sebrae,<br />

atende, através do Programa Travessia Leite, propriedades<br />

rurais produtoras de leite em 71 municípios<br />

do Tocantins. O programa, que trabalha a assistência<br />

técnica e gerencial diretamente com o produtor, foi<br />

criado em 2013 para impulsionar a produção de leite e<br />

transformar as pequenas propriedades rurais em verdadeiras<br />

empresas do campo.<br />

• Mais Leite - Programa de Melhoria da Qualidade Genética,<br />

que tem o objetivo de ofertar, aos produtores, a tecnologia<br />

da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF),<br />

que é uma importante ferramenta de apoio ao pequeno<br />

produtor no melhoramento da genética de seus rebanhos.<br />

O programa é promovido pelo Governo do Tocantins,<br />

por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento<br />

da Agricultura e Pecuária (Seagro) e do Instituto


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

111<br />

de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), e,<br />

em Palmas, conta com parceria da Secretaria Municipal<br />

de Desenvolvimento Agrário (Seder).<br />

Ao mesmo tempo, incentivos fiscais também são utilizados<br />

na atração de investimentos no estado como é possível observar<br />

pelos programas evidenciados na Cartilha de Incentivos<br />

Fiscais do Tocantins e resumidos a seguir (CDE/SEDEN, 2017):<br />

Proindústria<br />

Estimula indústrias locais com interesse em implantação<br />

e expansão.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de matéria-prima e insumos,<br />

nas vendas destinadas a órgãos públicos, na energia<br />

elétrica, nas operações internas e importações de<br />

equipamentos e no devido por diferencial de alíquota<br />

das operações de ativo fixo.<br />

• Concede crédito presumido de 100% do valor do ICMS<br />

na prestação de serviços interestaduais com industrializados.<br />

• Incide sobre carga tributária de 75% do valor de ICMS<br />

apurado e contribui com 0,3%, sobre o faturamento<br />

mensal incentivado, ao Fundo de Desenvolvimento Econômico<br />

(FDE).<br />

Prosperar<br />

Estimula empresas locais com interesse em implantação,<br />

revitalização e expansão de unidade industrial, agroindustrial<br />

e comercial atacadista.<br />

• Financia 75% do ICMS durante a realização do projeto.<br />

• Isenção do ICMS na aquisição de ativo permanente, na<br />

energia elétrica e serviços de comunicação (nos 5 anos<br />

no Prosperar), no devido por diferencial de alíquota nas<br />

aquisições de ativo fixo, nas operações com ativos fixo e<br />

nas importações de ativos fixos.<br />

• Redução do ICMS em 50% no consumo de energia elétrica<br />

e serviços de comunicação e até em 95% do valor da<br />

parcela para pagamento antecipado.<br />

• Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao<br />

FDE.<br />

Indústria de fertilizantes<br />

Destinado às indústrias de fertilizantes do Tocantins<br />

• Redução de 85% do ICMS devido ao estado e deferimento<br />

da taxa na importação de matérias-primas e insumos.<br />

• Isenção do ICMS nas operações internas de matéria-prima,<br />

insumos industrializados, acabados, semielaborados<br />

utilizados no processo de industrialização e ativo


112<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

fixo. Também nas operações interestaduais para o diferencial<br />

de alíquotas, nas compras de ativo fixo, nas importações<br />

de matéria-prima, insumos, produtos industrializados,<br />

acabados ou semielaborados utilizados no<br />

processo de industrialização, ativos fixos. É isenta também<br />

a energia elétrica, as vendas para órgãos públicos,<br />

as prestações de serviços de transporte para produtos<br />

industrializados e o crédito presumido de 100% sobre o<br />

valor do ICMS nas prestações interestaduais de serviços<br />

de transporte com produtos industrializados.<br />

• Contribuição de 0,3%, sobre o faturamento mensal, ao<br />

FDE.<br />

Prologística<br />

Foco em empresas de logística, distribuição e transporte<br />

aéreo do Tocantins que operem em centro logístico ou distrito<br />

empresarial com transporte de carga, agenciamento e<br />

armazenamento de produtos próprios ou de terceiros para<br />

distribuição, exceto quando as atividades forem realizadas<br />

separadamente.<br />

• Concede por 10 anos e condicionado ao devido recolhimento<br />

de imposto no prazo:<br />

• Para empresas de logística e transporte aéreo e hidroviário,<br />

75% nas prestações internas e interestaduais<br />

aplicado sobre a saldo devedor do ICMS das prestações<br />

realizadas.<br />

• Para transporte aéreo de carga e transporte aéreo e<br />

hidroviário de cargas e passageiros, 3% das saídas<br />

internas de combustível de aviação, desde que mantenha<br />

voos regulares procedentes de aeroportos em<br />

território do estado do Tocantins.<br />

A avaliação da situação dos demais estados da federação<br />

com relação aos incentivos também é importante tendo em<br />

vista que esses aspectos são altamente relevantes na tomada<br />

de decisão de um possível investimento. O Quadro 3.5 traz alguns<br />

dos incentivos ou políticas de apoio ao desenvolvimento<br />

da cadeia do leite presentes em estados selecionados, produtores<br />

do Brasil.<br />

O Quadro 3.6 exemplifica algumas das organizações públicas<br />

e privadas que têm parte de seu escopo no desenvolvimento<br />

estadual, principalmente relacionadas à agricultura.<br />

Vale destacar que as ações não estão limitadas às organizações<br />

citadas no quadro, que configuram apenas exemplos<br />

nos diferentes segmentos.<br />

3. 3. Logística<br />

Nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro cresceu em<br />

termos de produção, produtividade e área; mas este cres-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

113<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.5<br />

Incentivos para o desenvolvimento em estados selecionados.<br />

Estado: Goiás<br />

Ações para desenvolvimento dos estados<br />

• Goiás Mais Leite – Balde Cheio. Programa de desenvolvimento integrado da pecuária<br />

leiteira em Goiás. Promove a interação entre a pesquisa e a extensão, fortalecendo<br />

a importância da capacitação adequada à cada produtor. O principal<br />

objetivo do Programa Balde Cheio é promover o desenvolvimento da pecuária<br />

leiteira, utilizando como principal ferramenta a transferência de tecnologia para<br />

técnicos do campo dos serviços de extensão rural locais, de entidades públicas e<br />

privadas, que servirão como multiplicadores do conhecimento.<br />

• Programa Leite Saudável. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

(MAPA), em parceria com o Sebrae, promoverá a ascensão de 80 mil produtores<br />

de leite para a classe média rural através do Programa Leite Saudável. Pelo alinhamento<br />

das políticas públicas para a melhoria da renda da produtividade, da<br />

qualidade do leite e da ampliação dos mercados interno e externo. Para melhorar<br />

a competitividade do setor lácteo foram definidos sete eixos para o Programa:<br />

1. Assistência Técnica Gerencial; 2. Melhoramento Genético; 3. Política Agrícola;<br />

Sanidade Animal; 5. Qualidade do Leite; 6. Marco Regulatório; 7. Ampliação de<br />

Mercados.<br />

Estado: Minas Gerais<br />

Ações para desenvolvimento dos estados<br />

Fonte: Secretaria do Desenvolvimento de Goias – SED / Senar/GO / MAPA<br />

• Programa Minas Leite – programa de qualificação gerencial e técnica dos sistemas<br />

de produção da pecuária bovina do estado de Minas Gerais;<br />

• Programa de Aquisição de Alimentos-Leite objetiva fortalecer o setor produtivo<br />

local e a agricultura familiar, garantindo a compra do leite dos agricultores familiares.<br />

O PAA-Leite é um programa do Governo Federal, operacionalizado nos Estados<br />

da Região Nordeste e municípios do norte e nordeste do Estado de Minas<br />

Gerais, por meio de convênio celebrado com o Ministério de Desenvolvimento<br />

Social e Combate à Fome.<br />

• Pró-Genética (Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino<br />

de Minas Gerais), iniciado em 2006, é um programa criado pela Seapa/MG, em<br />

parceria com associações de criadores, para melhorar a qualidade genética do<br />

rebanho bovino e fortalecer as cadeias produtivas da carne e do leite, por meio<br />

do estímulo ao uso de touros melhorados e melhoradores.<br />

• A Chamada Pública do Leite é uma modalidade de contratação do Ministério do<br />

Desenvolvimento Agrário (MDA) de serviços de assistência técnica oferecidos por<br />

entidades públicas e privadas, com execução prevista para 36 meses. A Chamada<br />

Pública do Leite atende agricultores familiares de vários municípios mineiros e<br />

teve início em 2015.<br />

• Programa Leite Saudável. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

(MAPA), em parceria com o Sebrae, promoverá a ascensão de 80 mil produtores<br />

de leite para a classe média rural através do Programa Leite Saudável. Pelo alinhamento<br />

das políticas públicas para a melhoria da renda da produtividade, da<br />

qualidade do leite e da ampliação dos mercados interno e externo. Para melhorar<br />

a competitividade do setor lácteo foram definidos sete eixos para o Programa:<br />

1. Assistência Técnica Gerencial; 2. Melhoramento Genético; 3. Política Agrícola;<br />

Sanidade Animal; 5. Qualidade do Leite; 6. Marco Regulatório; 7. Ampliação de<br />

Mercados.<br />

Estado: Rondônia<br />

Ações para desenvolvimento dos estados<br />

Fonte: Emater/MG / Leite pela Vida / MAPA<br />

• PRO-Leite – Programa Estadual de Melhoria da Qualidade e Produtividade do<br />

Leite, criado em 1999, tendo como gestora a Secretaria de Estado da Agricultura,<br />

Pecuária, Desenvolvimento e Regularização Fundiária – SEAGRI, e a EMATER-RO<br />

como executora das ações, visando promover o desenvolvimento, a competitividade<br />

e a sustentabilidade da pecuária leiteira, por meio da implantação de ações<br />

e projetos estruturantes.<br />

• Projeto Mais Leite 2018, parceria da Leiteria Fresquinho, Secretaria Estadual de<br />

Agricultura, EMATER, Banco da Amazônia e pecuaristas mineiros. O projeto prevê<br />

o financiamento rural de 2 hectares de pasto irrigado e rotacionado, ordenha balde<br />

ao pé com resfriador, 10 novilhas girolando prenhes de fêmea, de alta lactação,<br />

e um touro melhorador girolando.<br />

Fonte: Governo do Estado de RO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


114<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.6<br />

Organizações de apoio ao desenvolvimento tecnológico.<br />

minas gerais goiás rondônia tocantins<br />

universidades<br />

fundações e<br />

instituições<br />

cooperativas<br />

associações<br />

Cooperativa dos Agropecuaristas<br />

e Produtores de Leite do Estado<br />

de Rondônia - Coama<br />

SESCOOP-RO - Serviço<br />

Nacional de Aprendizagem do<br />

Cooperativismo em Rondônia<br />

coopag<br />

vallecoop<br />

governo<br />

Seden<br />

seagro<br />

sefaz<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

115<br />

cimento esbarra na dificuldade relacionada ao alto custo<br />

logístico do país. Isso deve-se aos problemas de infraestrutura<br />

que resultam na perda de competitividade do produto<br />

no mercado interno e externo. Wilkinson (2002) aponta os<br />

custos de transporte e os custos portuários de forma mais<br />

específica no conjunto de ineficiências no segmento pós<br />

-porteira.<br />

O preço do frete é outro item complexo, incluindo fatores<br />

locais e suas especificidades. Além disso, ainda devem ser<br />

considerados os custos da atividade, que podem ser influenciados<br />

por fatores diretos tais como, localização, capacidade<br />

de estoque, distribuição espacial dos armazéns; ou por fatores<br />

indiretos como variação de preço de combustível, limites<br />

de peso e congestionamentos (CYPRIA<strong>NO</strong>, 2005).<br />

No Tocantins, a dinâmica é a mesma que do Brasil como<br />

um todo, pois apesar do estado estar à frente com relação<br />

a disponibilidade de modais logísticos, um de seus maiores<br />

gargalos ainda está na logística.<br />

É importante destacar que o estado conta com um Plano<br />

Estadual de Logística e Transporte de Cargas, mais conhecido<br />

como PELT. Dentre outros itens, esse plano estuda profundamente<br />

os modais logísticos no estado, disponibilidade<br />

de utilização e principais fluxos de mercadorias visando<br />

otimizar as operações, reduzir custos logísticos, eliminar<br />

gargalos atuais e futuros e aumentar a qualidade da infraestrutura<br />

da malha viária. O plano é desenvolvido em parceria<br />

com o Banco Mundial (BIRD) fazendo parte do Programa de<br />

Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável (PDRIS)<br />

(C<strong>AS</strong>A CIVIL, 2014).<br />

Através de entrevistas com a SEINFRA, foi possível entender<br />

que os serviços logísticos do estado podem ser divididos<br />

em dois grandes grupos:<br />

• O primeiro reúne os setores competitivos e geradores<br />

de excedentes comercializáveis que, por outro lado,<br />

também criam demandas por insumos produtivos.<br />

Nesse grupo, destacam-se a agricultura (e.g., arroz, milho,<br />

soja) e a pecuária, cujos fluxos de produtos podem<br />

ainda ser insumos de indústrias localizadas dentro ou<br />

fora do estado.<br />

• O segundo grupo agrega setores de fornecimento de<br />

produtos acabados para o consumo final de famílias,<br />

administração e serviços públicos ou para investimento.<br />

Uma parte significativa desses fluxos é de importações<br />

interestaduais ou internacionais, sendo canalizados, em<br />

grande medida, pelo setor de comércio.<br />

Atualmente, a infraestrutura do estado conta com o modal<br />

ferroviário, o rodoviário e aeroviário, sendo, ainda, o rodoviário<br />

o mais utilizado.


116<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

ÛÛ<br />

Quilômetros<br />

Gráfico 3.8<br />

Malha rodoviária em estados selecionados (km).<br />

140.000<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

7.253<br />

23%<br />

23.865<br />

15.922<br />

12%<br />

8.448<br />

TO BA MT GO<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de AGETO (2016).<br />

Em se tratando do modal rodoviário, é importante analisar<br />

qual percentual da malha viária já é pavimentado. Essa análise<br />

não identifica a qualidade da malha rodoviária, que é muito<br />

variável seja ela pavimentada ou não. O Gráfico 3.8 mostra<br />

a comparação da malha rodoviária pavimentada e não-pavimentada<br />

de alguns estados selecionados.<br />

23%<br />

15%<br />

12.753<br />

111.805 28.106 73.946<br />

25%<br />

20%<br />

15%<br />

10%<br />

Não Pavimentada Pavimentada % Pavimentada/total<br />

5%<br />

0%<br />

Como pode ser visto no gráfico, dos estados analisados,<br />

o que possui maior malha rodoviária é o estado da Bahia.<br />

Apesar do Tocantins possuir um total de malha rodoviária<br />

menor que dos outros estados, a relação entre estradas pavimentadas<br />

sobre o total é maior. Com relação ao modal rodoviário,<br />

o estado do Tocantins conta com cerca de 24 mil<br />

km não-pavimentados e 7,3 mil km pavimentados sendo a<br />

maior parte de jurisdição estadual. A Figura 3.7 mostra as<br />

estradas do Tocantins e suas respectivas jurisdições.<br />

A rodovia Belém-Brasília (BR-153) é a mais importante do<br />

estado, sendo sua principal rota de entrada e saída. As estradas<br />

pavimentadas do Tocantins interligam municípios e<br />

fazem a conexão com a BR-153. A malha rodoviária tocantinense<br />

vem recebendo investimentos nos últimos anos e com<br />

isso, o estado tem ampliado a quilometragem de estradas pavimentadas.<br />

As estradas com concessões privadas ainda são incipientes<br />

no estado. Isso ocorre, pois, apesar do estado estar em pleno<br />

crescimento, o fluxo de veículos nas estradas ainda não é<br />

suficientemente grande a ponto de justificar a instalação de<br />

pedágios com concessões.<br />

O maior problema está no fato de que, pela ainda baixa utilização<br />

dessas rodovias, não é viável a concessão das mesmas à<br />

iniciativa privada, ou seja, os custos de manutenção das rodovias<br />

pavimentadas são responsabilidade do governo estadual.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

117<br />

<br />

Figura 3.7<br />

Malha rodoviária do Tocantins e suas respectivas jurisdições<br />

jurisdição<br />

Estadual 712<br />

Federal 169<br />

Municipal 272<br />

Privado 4<br />

Fonte: AGETO (2016).<br />

O estado possui diversos estudos e planos para ampliação<br />

da sua malha rodoviária, porém a falta de recursos é o maior<br />

limitante. Tendo em vista que o estado é o grande responsável<br />

pela manutenção das estradas, os investimentos são<br />

priorizados para regiões que tragam retorno suficiente para<br />

manutenção das mesmas (impostos).<br />

Um desafio encontrado no estado é a ligação das margens<br />

do rio Tocantins. Atualmente, na região de Palmas, existem<br />

duas pontes, sendo uma em Palmas e outra em Porto Nacional.<br />

A de Palmas tem restrição dos caminhões que devem<br />

passar pela cidade e a de Porto Nacional tem limitação de<br />

carga de 30 toneladas. A SEINFRA está construindo um caminho<br />

alternativo (anel viário) para acesso à ponte por fora<br />

da cidade. Essa passagem é de suma importância, pois tanto<br />

a ferrovia Norte-Sul, bem como seu posto de integração,<br />

como a estrada Belém-Brasília, estão do outro lado.<br />

Vale reforçar que a atividade de produção de leite e a distribuição<br />

do leite fresco tem dependência maior do modal<br />

rodoviário, acima analisado. Entretanto, os modais ferroviário<br />

e hidroviário podem vir a ser importantes para o escoamento,<br />

para os mercados nacionais e internacionais, dos<br />

produtos derivados do leite com menor perecibilidade.<br />

O estado conta com parte da ferrovia Norte-Sul, que é<br />

operada pela VLI, empresa de logística da Vale. A ferrovia<br />

Norte-Sul teve sua construção iniciada na década de


118<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

1980 com o principal objetivo de promover a integração<br />

nacional, minimizar custos de transporte e fazer conexões<br />

com ferrovias novas e já existentes (AGETO, 2016). Cerca<br />

de 800 km da ferrovia Norte-Sul se localizam no estado do<br />

Tocantins.<br />

Tão importante quanto a própria ferrovia, são os terminais<br />

multimodais, que integram diferentes modais logísticos. A<br />

disponibilidade de terminais multimodais garante o fluxo<br />

contínuo de cargas, contribuindo para redução de tempo de<br />

deslocamento, custo e maior segurança da carga. O estado do<br />

Tocantins conta com terminais multimodais em Araguaína,<br />

Porto Nacional, Guaraí, Colinas, Gurupi e Aguiarnópolis (SE-<br />

PLAN, 2016).<br />

Outra importante ferrovia ainda inoperante é a Oeste-Leste<br />

que sai de Figueirópolis (TO) indo até Ilhéus (BA). Quando<br />

estiver em atividade, ligará a Norte-Sul ao estado da Bahia<br />

com o objetivo de viabilizar o escoamento de minério de ferro<br />

e grãos e deve substituir parte do transporte rodoviário<br />

(PPI,2017).<br />

A respeito do modal aeroviário, o aeroporto de Palmas ainda<br />

não está em pleno funcionamento. Mas quando isso acontecer,<br />

o terminal de cargas contará com mais de 1.400 m² de<br />

área. A expectativa é que terá capacidade de movimentação<br />

de até 15 toneladas de produtos por mês.<br />

Apesar do Brasil ser um país com alto potencial hidroviário,<br />

esse modal ainda é pouco desenvolvido quando da sua<br />

utilização em processos logísticos. O estado do Tocantins se<br />

beneficiaria amplamente de uma viabilização e intensificação<br />

de uso desse modal, uma vez que possui em suas terras<br />

a Bacia Hidrográfica Araguaia Tocantins, considerada a maior<br />

bacia localizada inteiramente no Brasil, com rios navegáveis.<br />

A Figura 3.8, mostra uma análise das possíveis rotas hidroviárias<br />

do Brasil. Fica evidente a localização privilegiada do<br />

Tocantins.<br />

Ainda é notável a importância do ecoporto de Praia Norte,<br />

que tem como principal característica a integração da bacia<br />

do Tocantins à bacia Amazônica (SEPLAN, 2016).<br />

Outra ação de grande importância é o derrocamento do<br />

Pedral do Lourenço, que consiste em remover parte das<br />

formações rochosas que impedem a navegação de embarcações<br />

com cargas durante os meses de setembro a novembro.<br />

A obra, que está prevista para ser iniciada no segundo<br />

semestre de 2018, garantirá a navegabilidade permanente<br />

da hidrovia.<br />

Além dos benefícios logísticos, essa nova rota aumentará<br />

a competitividade dos portos da região Norte e impulsionará<br />

o desenvolvimento econômico de toda a região. Os estados<br />

que se beneficiarão da nova via de escoamento são principalmente<br />

Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Goiás<br />

(BR<strong>AS</strong>IL, 2017c).


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

119<br />

<br />

Figura 3.8<br />

Principais vias potenciais de escoamento por hidrovia para o Mato<br />

Grosso.<br />

AM<br />

ro<br />

RR<br />

Porto<br />

Atuais<br />

Futuras<br />

Manaus<br />

AP<br />

Santarém<br />

mg<br />

Cuiabá<br />

ms<br />

SP<br />

São Paulo<br />

pr<br />

Brasília<br />

Fonte: IMEA (2015).<br />

Tendo em vista as análises da infraestrutura logística, fica<br />

pa<br />

rs<br />

GO<br />

sc<br />

TO<br />

Rio Grande<br />

Belém<br />

ma<br />

mg<br />

ce<br />

rn<br />

pb<br />

pi<br />

pe<br />

al<br />

se<br />

ba<br />

rj<br />

São Luís<br />

es<br />

Vitória<br />

Ilhéus<br />

Santos<br />

São Francisco / Paranaguá<br />

claro que o grau de investimento de um estado, seja de estradas,<br />

ferrovias e estruturas de armazenagem, está diretamente<br />

relacionado com a competitividade do agronegócio. O<br />

Quadro 3.7 resume algumas da particularidades da infraestrutura<br />

logística nos estados selecionados.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.7<br />

Características de infraestrutura logística em estados selecionados.<br />

GOiás<br />

• Localização central no país.<br />

• Alta dependência do modal rodoviário.<br />

• Presença do modal hidroviário quase nula em comparação com o ferroviário.<br />

• Ferrovia Centro-Atlântica que chega até a área próxima ao porto de Santos.<br />

• Planejamento de obras da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO).<br />

• Potencial de navegação nos rios Araguaia e Paranaíba, porém a ausência de eclusas<br />

permite trecho curto de navegação.<br />

• Plataforma logística multimodal na cidade de Anápolis.<br />

• Estado contemplado no projeto da Ferrovia Bioceânica (GO/MT/RO/AC), um<br />

projeto estratégico para criar uma saída alternativa para o Pacífico e acesso aos<br />

mercados asiáticos.<br />

Minas gerais<br />

• Faz divisa com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia,<br />

Goiás, Distrito Federal / Brasília e Mato Grosso do Sul. A sua posição geográfica<br />

transforma o estado em corredor de ligação entre as várias regiões do país, aspecto<br />

catalizador de bons negócios.<br />

• Possui a maior malha rodoviária do Brasil com 269.546 quilômetros de rodovias,<br />

cerca de 15% do total nacional. Desse total, 28 mil km são pavimentados. Algumas<br />

das principais rodovias que atravessam Minas Gerais são: Rodovia Fernão<br />

Dias (BR 381), BR-040 – Rio de Janeiro – Belo Horizonte – Brasília, Rio-Bahia (BR<br />

116), BR 262 (liga o complexo portuário do Espírito Santo à região Centro-Oeste<br />

do País), MG-050, BR -050.<br />

• Apresenta a segunda maior extensão de malha ferroviária do País. As ferrovias<br />

que atravessam Minas Gerais são administradas pelas empresas MRS Logística<br />

S/A, Ferrovia Centro-Atlântica S.A. e pela Vale S/A.


120<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

• Aeroporto internacional de Belo Horizonte é o mais importante do estado. Municípios<br />

no interior do estado que também possuem aeroportos com linhas regulares<br />

de transporte aéreo: Montes Claros (Região Norte), Uberlândia, Uberaba, Araxá,<br />

Patos de Minas (Triângulo Mineiro), Poços de Caldas, Varginha, Pouso Alegre<br />

(Sul) , Juiz de Fora, São João del Rei, Ipatinga, Governador Valadares e Diamantina.<br />

• Há 5 portos terrestres (chamados portos secos) que aceleram os processos de<br />

desembaraço alfandegário. Situam-se nas cidades de Betim, Juiz de Fora, Uberaba,<br />

Uberlândia e Varginha, com operação privada e com volumes significativos.<br />

• A Logística de Minas passa por portos em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito<br />

Santo. Em especial, o recente posicionamento do Porto de Açu, complexo porto<br />

-indústria instalado no norte do Rio de Janeiro, que tem potencial para se tornar<br />

a solução logística para o estado mineiro.<br />

ROndônia<br />

• Possibilidade de exportação pelo Oceano Atlântico, através da hidrovia do Rio<br />

Madeira; e pelo Oceano Pacífico, através de portos chilenos.<br />

• Rio Madeira com necessidades de sinalização, balizamento e dragagem.<br />

• Investimentos para a reformulação do Porto Público, na capital Porto Velho.<br />

• Investimentos na ferrovia Transcontinental, para ser ampliada em 700km.<br />

• Estado contemplado no projeto da Ferrovia Bioceânica (GO/MT/RO/AC), um<br />

projeto estratégico para criar uma saída alternativa para o Pacífico e acesso aos<br />

mercados asiáticos.<br />

• BR 364/RO com necessidade de melhorias nas travessias urbanas em Rondônia.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

De acordo com o Quadro 3.7, em uma análise qualitativa<br />

dos dados, pode-se inferir que em termos logísticos, dentre<br />

os estados analisados, o estado de Minas Gerais é o que apresenta<br />

maior vantagem competitiva; mas Rondônia também<br />

tem se esforçado no sentido de melhorar suas vias de escoamento,<br />

buscando se posicionar como um estado de importância<br />

para o acesso ao mercado externo.<br />

O estado do Tocantins parece estar melhor posicionado no<br />

que tange os aspectos logísticos do que o estado de Goiás. Sua<br />

malha ferroviária e alto potencial da utilização do modal hidroviário<br />

figuram como vantagens competitivas para o estado.<br />

A cadeia do leite no Tocantins também poderá ser uma grande<br />

beneficiária dos investimentos e melhorias de eficiência<br />

que estão em andamento no estado. A começar pela influência<br />

do valor do frete no preço pago pelo leite. Os laticínios remuneram<br />

os produtores pelo volume de leite entregue e, em alguns<br />

casos, pela qualidade entregue também. Este último fator<br />

é diretamente impactado pela distância da propriedade até a<br />

indústria, bem como as condições de armazenamento durante<br />

o transporte. Daí a necessidade do correto acondicionamento<br />

em caminhões isotérmicos ou vasilhames adequados.<br />

Ribeiro (1999) ainda salienta que, para a indústria de laticínios,<br />

deve-se priorizar a localização próxima aos produtores,<br />

deixando o transporte de longa distância somente para os<br />

produtos acabados. A perecibilidade do leite é um fator muito<br />

importante nesta decisão, pois é muito mais arriscado transportar<br />

leite in natura, do que o leite processado, principalmente<br />

nas condições em que se encontra a infraestrutura das<br />

vias. O ideal é que o transporte da propriedade até a indústria<br />

ocorra no mesmo dia da ordenha.<br />

Mas não é apenas nesse percurso inicial que o transporte<br />

influencia no leite e seus derivados. Cotrim e Machado (2011),<br />

através de um estudo de caso, relatam o delineamento de


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

121<br />

uma cadeia de suprimentos de um laticínio líder de mercado,<br />

descrevendo as etapas percorridas pelo leite, do produtor ao<br />

consumidor final, como sendo: (a) o produtor retira o leite dos<br />

animais; (b) o laticínio e os fornecedores já preparam os produtos<br />

(matéria-prima) que deverão ser encaminhados à fábrica;<br />

(c) nesta fase o leite é transformado em seus derivados;<br />

(d) da fábrica os produtos acabados seguem para um centro<br />

de distribuição; (e) são distribuídos aos grandes mercados e<br />

chegam aos consumidores; (f) esses grandes mercados distribuem<br />

os produtos aos pequenos varejos que também repassam<br />

aos consumidores. Por essa descrição é notável a<br />

importância e impacto da logística para os percursos de distribuição<br />

dos produtos lácteos.<br />

Ribeiro (1999) ainda argumenta que as condições inadequadas<br />

de transporte e a precariedade dos modais logísticos<br />

durante a distribuição dos produtos podem anular as vantagens<br />

obtidas com os investimentos em tecnologia e processos<br />

implantadas nas etapas de produção e industrialização<br />

do leite.<br />

Nesse sentido, uma malha rodoviária ampla e em boas condições<br />

de uso é fundamental para a redução de custos do leite<br />

à população (um item básico de consumo) e para garantir a<br />

qualidade da matéria-prima entregue, principalmente em se<br />

tratando dos produtos lácteos frescos com alta perecibilidade<br />

e que demandam uma logística refrigerada.<br />

3. 4. Resumo das Forças e Fraquezas do estado do<br />

Tocantins<br />

Após diagnóstico da cadeia do leite no estado do Tocantins,<br />

têm-se o Quadro 3.8 que resume suas principais forças<br />

e fraquezas.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 3.8<br />

Forças e fraquezas do estado do Tocantins para a cadeia do leite.<br />

Forças<br />

Logística<br />

• Realização de obras de infraestrutura como:<br />

• y Porto seco;<br />

• y Pátios ferroviários;<br />

• y Parque tecnológico;<br />

• y Centros logísticos;<br />

• Evolução da malha rodoviária pavimentada.<br />

• Porto de Itaqui que é um grande player de exportação do Tocantins.<br />

• Ferrovia Norte-Sul operada pela VLI.<br />

• Finalização da ferrovia Leste-Oeste, ligando o estado do Tocantins à Bahia.<br />

• Rodovia Belém-Brasília.<br />

• PELT.<br />

• PROLOGÍSTICA.<br />

Recursos hídricos<br />

• 4,8 milhões de hectares com potencial para irrigação.<br />

• PRO<strong>DO</strong>ESTE<br />

Características edafoclimáticas<br />

• Períodos de chuva bem definidos durante o ano.<br />

• Grande percentual da área do estado destinado a áreas de preservação ambiental,<br />

dando caráter de produção sustentável ao estado.


122<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Agroindústria<br />

• Presença de laticínios no estado com SIF, SIE ou selo de inspeção municipal<br />

Aspectos econômicos e políticos<br />

• Programas de incentivo ao desenvolvimento estadual: PROINDÚSTRIA, PROS-<br />

PERAR, PROLOGÍSTICA<br />

• Políticas federais específicas para a região MATOPIBA.<br />

• Fundo de Investimento na Amazônia (Finam) objetiva implantação, modernização,<br />

ampliação e/ou diversificação de projetos da iniciativa privada. Busca<br />

o desenvolvimento sustentável da região amazônica. Assim, as empresas que<br />

têm apuração com base no lucro real ou estimado podem optar pelo Finam<br />

destinando 18% do Imposto de Renda ao Fundo, tendo posteriormente devolvidos<br />

a rentabilidade e a valorização do investimento. Com base na mesma<br />

Lei, é possível também obter redução de 75% do valor do imposto de renda da<br />

pessoa jurídica.<br />

Assistência técnica<br />

• Programas para incentivo de melhoria de produção e de qualidade do leite.<br />

Fraquezas<br />

Logística<br />

• Aeroporto principal sem estrutura para cargas.<br />

• Poucos pontos de integração intermodal (rodovia – ferrovia) limitam a utilização<br />

da ferrovia.<br />

• Necessidade de investimentos em trens e vagões (refrigerados).<br />

• Falta de recursos para investimentos na malha rodoviária.<br />

• Rodovias mantidas pelo estado (sem concessões).<br />

• Apenas duas pontes que ligam as margens do rio Tocantins, limitando a logística<br />

de um lado para o outro.<br />

• Vasta área do seu território não possui infraestrutura de transporte em condições<br />

de atender a movimentação tanto de cargas quanto de passageiros.<br />

• Rodovias possuem condições precárias para o transporte do leite, o que, em um<br />

mercado altamente competitivo, sujeita a cadeia a absorver os custos e reduzir<br />

sua margem.<br />

Características edafoclimáticas<br />

• Grande território com áreas degradadas não aproveitadas e com potencial produtivo.<br />

• Relevo dificulta o acesso à Bahia.<br />

Cooperativismo e associativismo<br />

• Baixo número de cooperativas e associações representativas.<br />

• Falta de incentivos ao cooperativismo. O fortalecimento de uma cooperativa de<br />

produtores poderia trazer como benefícios: compra de insumos em conjunto,<br />

acesso a linhas de crédito especiais.<br />

• Falta de parcerias estratégicas e estruturas de governança com APLs.<br />

• Baixa organização entre produtores, que possuem baixo poder de barganha.<br />

• Cooperativas do leite com elevada capacidade ociosa.<br />

Agroindústria<br />

• Dificuldade de obtenção de financiamento de longo prazo por parte da indústria.<br />

• Parque tecnológico de laticínios defasado e envelhecido.<br />

• No geral, indústrias com portfólio limitado de produtos.<br />

• O estado conta com empresas de pequeno porte, que produzem de 18 a 30 mil<br />

litros de leite por dia. O ideal seria uma produção de 80 a 100 mil litros/dia.<br />

• Canais possuem política de preço que não favorecem os produtores locais.<br />

• Não há tratamento diferente da matéria-prima para os diferentes tipos de clientes.<br />

Aspectos econômicos e políticos<br />

• Insegurança jurídica dificultando a atração de investimentos para o setor.<br />

Aspectos sociais<br />

• Falta de mão de obra técnica no estado.<br />

• Grande parte da mão de obra do estado, principalmente a qualificada, empregada<br />

na administração pública.<br />

• Dificuldade de assistência técnica principalmente para pequenos produtores.<br />

Acesso ao crédito<br />

• Excesso de burocracia para acesso a financiamento<br />

• Linhas de crédito para pecuária são mais escassas que para agricultura. Além disso,<br />

possuem taxas de juros mais elevadas e prazos mais curtos para liquidação.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

123<br />

Baixa capacitação técnica e de gestão de negócios dos produtores<br />

• Predominância de pequenos produtores.<br />

• Baixos índices de produtividade e demais índices técnicos.<br />

• Pouco ou quase nenhum uso de tecnologias nos processos produtivos.<br />

• Potencial e qualidade de plantel baixos.<br />

• Pouca assistência técnica no estado.<br />

• Desvantagens com custo de produção.<br />

• Baixa qualidade da mão de obra.<br />

• Mão de obra possui alta rotatividade.<br />

Outros<br />

• Entraves ambientais por conta da Amazônia Legal.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


Consolidação<br />

do Diagnóstico


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

125<br />

4. 1. Análise PEST<br />

A análise PEST é uma análise do ambiente externo que<br />

busca agrupar as variáveis que afetam o desempenho de um<br />

negócio ou setor. A Figura 4.1 mostra como as informações<br />

da PEST são agrupadas em pilares para melhor análise das<br />

ameaças e oportunidades para o setor estudado.<br />

As ameaças são tendências do ambiente externo que podem<br />

influenciar como uma barreira a implementação de estratégias.<br />

É importante conhecê-las para delinear ações que<br />

as minimizem ou façam com que o setor estudado encontre<br />

formas alternativas de contorná-las. O Quadro 4.1 mostra<br />

as principais ameaças identificadas para a cadeia de leite no<br />

Brasil e no estado do Tocantins.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 4.1<br />

Ameaças do ambiente externo.<br />

Ameaças – Geral<br />

Político-Legal<br />

• Desconfiança de investidores e empresários devido a situação econômica e política<br />

do Brasil.<br />

• Países estão adotando medidas protecionistas.<br />

• Processo de obtenção de licença ambiental é burocrático e demorado.<br />

• Seguro rural não é estruturado no Brasil.<br />

• Dificuldade de obtenção e acesso ao crédito rural.<br />

• Vencimento do incentivo fiscal do Tocantins (Pro-indústria) em novembro de<br />

2018.<br />

Econômico-Natural<br />

• Competitividade das regiões brasileiras mais tradicionais, que continuam a se<br />

desenvolver.<br />

• Aumento da taxa de juros.<br />

• Formação de monopólios de empresas do agronegócio pela fusão de diversas<br />

multinacionais do setor.


126<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 4.1<br />

Unidades da análise Pest<br />

político-legal<br />

econômiconatural<br />

sociocultural<br />

tecnológico<br />

São levantados programas<br />

e políticas relacionados ao<br />

potencial de levantamento<br />

de investimentos, a produção<br />

e a industrialização dos<br />

produtos em questão, além<br />

de barreiras e burocracias que<br />

dificultam essas atividades.<br />

Abordagem de fatores<br />

econômicos brasileiros e<br />

mundiais que influenciam<br />

positivamente ou<br />

negativamente o mercado<br />

de grãos, principalmente,<br />

o incremento da demanda<br />

(consumo).<br />

Mudanças sociais e culturais<br />

da população, que tenham<br />

impacto no consumo e na<br />

produção (relacionado à<br />

mão de obra e qualificação<br />

de profissionais) das cadeias<br />

em questão.<br />

Desenvolvimentos<br />

tecnológicos ligados ao<br />

setor que podem melhorar<br />

ou dificultar as atividades<br />

de produção e distribuição<br />

de grãos no estado do<br />

Tocantins.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de WRIGHT, KROLL E PARNELL (2000).<br />

• Chegada de novas pragas e doenças.<br />

• Variação cambial.<br />

Sociocultural<br />

• Mudança nas preferências e exigências dos consumidores em relação ao consumo<br />

de alimentos.<br />

• Envelhecimento da população nacional.<br />

• Êxodo rural, que pode causar diminuição da disponibilidade de mão de obra no<br />

campo.<br />

• Falta de interesse por empregos rurais, devido à falta de valorização da produção<br />

agrícola pela sociedade.<br />

• Tecnológico.<br />

• Aumento dos preços dos insumos agrícolas.<br />

• Baixa diversidade de modais de transporte para escoamento da produção, e precariedade<br />

dos existentes.<br />

Ameaças leite<br />

Político-Legal<br />

• Baixa renumeração, com pouca margem para o produtor devido a política de<br />

proteção de preços ao consumidor.<br />

• Competitividade com países do Mercosul através de políticas socioeconômicas.<br />

• Poucos incentivos fiscais comparado a demais estados produtores de leite.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

127<br />

Econômico-Natural<br />

• Tendência de consolidação no mercado de laticínios e cooperativas, reduzindo as<br />

opções de parcerias para entrega do leite pelos produtores.<br />

• Preços baixos do leite.<br />

• Redução da produção de laticínios.<br />

• Estagnação da arrecadação do Funrural.<br />

• Ausência de interesse de investimentos nos laticínios.<br />

• Abandono da atividade por parte de propriedades sem competitividade<br />

• Importação de leite e derivados, com balança comercial láctea brasileira deficitária.<br />

• Fortalecimento de cooperativas e laticínios em outros estados produtores.<br />

Sócio-cultural<br />

• Visão da pecuária leiteira como atividade de subsistência, sem investimentos em<br />

capacitação do produtor e atualização dos sistemas de manejo.<br />

• Falta do hábito de práticas de higiene no processo produtivo na fazenda.<br />

Tecnológico<br />

• Falta de qualificação e conhecimento dos produtores para adoção de novas tecnologias.<br />

• Distanciamento das principais referências em pesquisa e desenvolvimento dos<br />

produtores/indústrias do leite;<br />

• Poucos incentivos em pesquisa e desenvolvimento para a cadeia do leite focados<br />

no Tocantins.<br />

• Não inclusão do Tocantins no Programa Leite Saudável do MAPA / Sebrae.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

As oportunidades indicam tendências que estão ocorrendo<br />

no ambiente externo ao da cadeia do leite que podem ser<br />

aproveitadas para impulsionar o segmento. O Quadro 4.2<br />

mostra as principais oportunidades identificadas no ambiente<br />

externo.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 4.2<br />

Oportunidades do ambiente externo.<br />

Oportunidades – Geral<br />

Político-Legal<br />

• Incentivos tributários estaduais voltados para a industrialização de produtos agrícolas.<br />

• Atualização de questões no Pacote de Bali (2013), que visam a redução da burocracia<br />

e tentativa de diminuição dos custos de exportação.<br />

• Forte influência cultural dos estados vizinhos (Pará, Maranhão, Bahia, Goiás e<br />

Mato Grosso).<br />

Econômico-Natural<br />

• Tendência de aumento de investimentos internacionais no agronegócio.<br />

• Desenvolvimento e investimento na fronteira agropecuária “Matopiba”.<br />

• Grande disponibilidade de terras cultiváveis no Brasil.<br />

• Valor da terra em território nacional ainda se mantém bastante acessível se comparado<br />

a outros países.<br />

• Cooperativismo desenvolvido em outras regiões do Brasil com chance de migrar<br />

para as regiões de fronteiras agrícolas.<br />

Sociocultural<br />

• Mudança no comportamento dos consumidores em relação setor de alimentos traz<br />

maior demanda por produtos mais saudáveis, naturais e que mostrem sua origem.<br />

• Grande parte da população brasileira na faixa etária economicamente ativa (PEA).<br />

• Maior distribuição de renda entre, reduzindo o número de famílias em classes<br />

mais baixas.<br />

• Aumento da renda familiar faz com que cresça o consumo dos produtos processados<br />

e, principalmente, proteínas animais.<br />

• Aumento da população traz aumento de demanda por produtos agropecuários<br />

com maior valor agregado.<br />

Tecnológico<br />

• Aumento do uso de consultorias e assistências técnicas por parte dos produtores<br />

afim de melhorar a produção e a gestão do negócio.<br />

• Máquinas mais eficientes e mão de obra mais qualificada.


128<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

• Processos de profissionalização e uso de tecnologia crescente nas cadeias agropecuárias.<br />

• Tecnologia da informação aplicada aos processos produtivos agropecuários.<br />

<br />

Figura 4.2<br />

Modelo esquemático da ferramenta Cinco Forças de Porter.<br />

Oportunidades - Leite<br />

Político-Legal<br />

Ameaça de novos<br />

entrantes<br />

• Potencial para desenvolvimento da cadeia do leite no estado através de programas<br />

de incentivos governamentais (fiscais e voltados para incremento da demanda) e<br />

uso de políticas para modernização dos processos produtivos e das agroindústrias.<br />

• Estimular a atuação de entidades representativas como a Câmara Setorial do Leite.<br />

• O Tocantins tem posição estratégica no País, fazendo fronteira com outros cinco<br />

estados. É preciso fazer mais conexões rodoviárias entre eles de forma a prover<br />

maiores oportunidades de escoamento de produtos agropecuários (leite e derivados<br />

inclusos) e facilitar o acesso, com redução de custos de transporte, dos<br />

insumos como adubos, fertilizantes e medicamentos veterinários.<br />

Poder dos<br />

fornecedores<br />

Rivalidade entre<br />

concorrentes<br />

Poder dos<br />

clientes<br />

Econômico-Natural<br />

• Aumento no percentual de leite industrializado no Tocantins.<br />

• Utilização da capacidade ociosa da agroindústria de leite.<br />

• Produção integrada de pequenos produtores.<br />

• Leite social vindo de assentamentos sustentáveis.<br />

• Estimular a estruturação de empresas âncoras.<br />

Ameaça dos<br />

substitutos<br />

• Ações coletivas para economia compartilhada, como o incentivo para a estruturação<br />

de centrais de compras.<br />

Fonte: Porter (1980).<br />

• Formação de clusters com matéria-prima próxima.<br />

• Incentivos ao fortalecimento do consumo nos mercados regionais.<br />

Sociocultural<br />

• Leite percebido pelo consumidor, com apelo de alimento saudável e nutritivo.<br />

• Demandas atuais do consumidor de produtos lácteos práticos para consumo.<br />

• RURALTINS e outros agentes como certificadora de boas práticas para a produção<br />

do leite.<br />

Tecnológico<br />

• Fortalecimento dos arranjos produtivos locais com a atração de empresas e indústrias<br />

ligadas à cadeia produtiva.<br />

• Disponibilidade e conhecimento em tecnologia para incrementos em produtividade<br />

e qualidade do leite para acesso em outros estados brasileiros.<br />

• Alto potencial de incremento de produção e produtividade com uso de tecnologia<br />

e conhecimento.<br />

• Modernização do parque tecnológico dos laticínios, com adequações para o<br />

atendimento das demandas atuais dos consumidores.<br />

• Aproveitamento da capacidade ociosa da indústria.<br />

• Implantação de fazenda modelo/vitrine.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

129<br />

4. 2. Análise das cinco Forças de Porter<br />

O modelo das Cinco Forças de Porter, consiste em uma<br />

análise de competividade dentro de um determinado negócio,<br />

indústria ou setor. Esse modelo permite analisar o grau<br />

de atratividade de um setor da economia.<br />

No modelo das Cinco Forças, como a própria denominação<br />

da ferramenta explicita, são cinco as dimensões analisadas:<br />

a rivalidade entre concorrentes; a ameaça de novos<br />

entrantes; a ameaça de produtos substitutos; o poder<br />

de barganha dos fornecedores; e o poder de barganha dos<br />

clientes. A Figura 4.2 esquematiza o modelo de análise.<br />

Uma cadeia produtiva é composta por diversos elos, que<br />

por sua vez, consistem em setores menores específicos. A<br />

aplicação da ferramenta das Cinco Forças em uma cadeia<br />

produtiva a nível estadual pode ser de acordo com diversos<br />

pontos de vista, por exemplo, ao mesmo tempo que um<br />

produtor de leite é um consumidor da indústria de insumos,<br />

ele também é um fornecedor da agroindústria. Nesse<br />

sentido, como poderá ser visto nas análises que seguem,<br />

para cada uma delas foi dado um enfoque específico, ou<br />

seja, considerando as particularidades do estado do Tocantins,<br />

as análises foram conduzidas para refletirem as questões<br />

de maior importância.<br />

Rivalidade entre concorrentes<br />

No contexto do presente projeto, entende-se que este item<br />

é o mais importante da análise das Cinco Forças de Porter.<br />

Partindo da unidade de análise estadual (Tocantins), nesta<br />

etapa são destacados os mais relevantes produtores de leite<br />

a nível nacional e internacional (estados e países), sendo eles<br />

considerados concorrentes do estado do Tocantins na oferta<br />

desses produtos. Maior foco será dado aos concorrentes<br />

nacionais.<br />

O Quadro 4.3 evidencia os principais pontos que diferenciam<br />

os estados produtores leite no Brasil. Os estados selecionados<br />

para essa análise foram Goiás, Minas Gerais e Rondônia.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 4.3<br />

Diferenciais dos estados concorrentes do Tocantins.<br />

GOIÁS<br />

• A região Centro-Oeste é contemplada pelo FCO (Fundo de Financiamento do<br />

Centro-oeste) e FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-oeste) e GO tem<br />

sua participação garantida.<br />

• Localização central no país, facilitando recebimento de matéria-prima e escoamento.<br />

• 2º maior produtor de leite do Brasil.<br />

• 2º maior rebanho de vacas leiteiras do País.<br />

• Produtividade de leite maior que do TO.<br />

• Maior número de incentivos fiscais para o leite que o TO<br />

MIN<strong>AS</strong> GERAIS<br />

• Maior estado produtor de leite do Brasil.<br />

• Maior rebanho de vacas leiteiras do Brasil.<br />

• Produtividade de leite maior que TO e GO.


130<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

• Logística privilegiada quando comparada ao TO, com localização próxima a grandes<br />

centros urbanos e facilidade de escoamento da produção.<br />

• O parque industrial estabelecido é relevante, com grandes fábricas de leite em<br />

pó, UHT, queijos, produtos refrigerados e manteiga.<br />

• Estado que mais adquire leite para industrialização.<br />

• Detém o maior número de cooperativas do leite.<br />

• Maior número de incentivos fiscais para o leite que o TO.<br />

• Abriga o Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) da Empresa Agropecuária<br />

de Minas Gerais (EPAMIG), que tem sido uma importante escola formadora de<br />

técnicos para o segmento industrial do país.<br />

• Criação do Centro Nacional de Pesquisa Gado de Leite (CNPGL), em 1976.<br />

RONDÔNIA<br />

• Busca pela diversificação de produtos ofertados pelo parque industrial lácteo.<br />

• Maior número de laticínios cadastrados no SIF que o TO.<br />

• Maior número de incentivos fiscais ao leite quando comparado ao TO.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de fontes diversas e entrevistas.<br />

Poder de barganha dos fornecedores<br />

Nesta etapa de análise, é observado o poder de barganha<br />

dos fornecedores sobre um negócio. A análise foi feita pela<br />

lente do produtor de leite, sendo analisados os fornecedores<br />

de insumos para a produção.<br />

Os itens que seguem destacam os principais pontos levantados<br />

a respeito do poder de barganha dos fornecedores.<br />

• Geralmente os fornecedores de insumos, seja diretamente<br />

para os produtores ou para os canais de distribuição,<br />

são grandes empresas, multinacionais com atuação<br />

em todos os estados do país. O setor de insumos agrícolas,<br />

principalmente de defensivos, está passando por<br />

uma fase de consolidação, na qual os líderes de mercado<br />

estão em processos de fusões e aquisições. Essa consolidação<br />

aumenta o poder de barganha dessas indústrias.<br />

• Outro aspecto que influencia no poder de barganha de<br />

insumos agrícolas são os produtos patenteados. Isso<br />

aumenta consideravelmente o poder de barganha desse<br />

fornecedor, que não possui concorrentes para balizamento<br />

do preço.<br />

• Devido à pouca organização dos produtores de leite do<br />

estado do Tocantins, o poder de barganha na aquisição<br />

de insumos é diretamente proporcional ao tamanho individual<br />

do produtor, ou seja, quanto maior o produtor,<br />

maior o seu poder de barganha.<br />

• As cooperativas possuem um papel importante no<br />

equilíbrio do poder de barganha entre os fornecedores<br />

e compradores. Pelo estado do Tocantins não possuir<br />

um sistema cooperativista estruturado, principalmente<br />

diante da elevada quantidade de pequenos e médios<br />

produtores, o poder de barganha dos fornecedores de<br />

insumos é maior.<br />

• Os pools de compras são uma tendência que já está muito<br />

fortalecida na região do cerrado brasileiro. Eles consistem<br />

em produtores organizados em estruturas jurídicas<br />

específicas para comprarem seus insumos em conjunto,<br />

representando um volume maior para a indústria e, con-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

131<br />

sequentemente, aumentando seu poder de barganha.<br />

Mato Grosso, Goiás, Maranhão e Bahia, estados que fazem<br />

fronteira com o Tocantins, já possuem pools de compras<br />

estabelecidos. Alguns desses já atendem produtores do<br />

Tocantins para a compra de insumos em conjunto.<br />

Poder de barganha dos clientes<br />

Seguindo o mesmo racional da análise de poder de barganha<br />

dos fornecedores, esse item avalia o poder de barganha<br />

dos clientes ou consumidores de leite produzido no estado do<br />

Tocantins. Destaca-se que:<br />

• Com relação ao preço de venda do leite, os produtores<br />

possuem pouca autonomia, uma vez que os produtos<br />

são vendidos como commodities, com preços ditados<br />

pelo mercado.<br />

• A baixa organização entre os produtores faz com que<br />

eles tenham pouca influência nas condições de venda,<br />

agravada, em alguns casos, pela dependência do crédito<br />

para o custeio da atividade.<br />

• O leite é uma matéria-prima altamente perecível e sem<br />

alternativa de destino pelo produtor que não a agroindústria<br />

reduzindo o poder de barganha dos produtores.<br />

• A alta perecibilidade também é uma barreira para o<br />

transporte da matéria-prima por longas distâncias, reduzindo<br />

as alternativas das agroindústrias de destino,<br />

portanto, reduzindo o poder de barganha do produtor.<br />

Ameaças de novos entrantes<br />

Esta etapa da análise possui o foco em levantar e verificar<br />

as regiões em crescimento que possam se tornar concorrentes<br />

do Tocantins no setor de leite, sendo nacionais ou internacionais.<br />

• Dentre os principais países produtores, o Brasil tem<br />

pouco destaque nos índices técnicos de produção, ficando<br />

muito aquém das lideranças, como Estados Unidos e<br />

Europa. Diante de uma potencial expansão do mercado<br />

externo, isso limita a competitividade da cadeia brasileira<br />

no cenário internacional.<br />

• A baixa competitividade da cadeia de leite brasileira<br />

também abre margem para o aumento nos volumes importados,<br />

ampliando o déficit dessa balança comercial.<br />

• Estados brasileiros, como Rondônia, que não são tradicionais<br />

produtores de leite, estão investindo na cadeia<br />

visando aumentar a sua participação no mercado nacional<br />

e internacional.<br />

• O movimento de parcerias nos estados com tradição no<br />

cooperativismo dificulta o fortalecimento e desenvolvimento<br />

das cooperativas do Tocantins.


132<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Ameaça de produtos substitutos<br />

Os produtos substitutos são aqueles oriundos de setores<br />

diferentes, mas que concorrem pelo mesmo mercado. Um<br />

exemplo clássico são os sucos e os refrigerantes. Tratam-se<br />

de produtos diferentes, mas com mercado em comum, o de<br />

bebidas. O forte desenvolvimento de um desses produtos<br />

pode reduzir significantemente o mercado do outro. Como<br />

substitutos do leite de vaca, podem ser citados:<br />

• Leite de origem animal que não bovina, como o leite de<br />

cabra. Leites de outras origens animais tem seu nicho de<br />

mercado, principalmente, nas pessoas que, por algum<br />

motivo, não podem consumir o leite de vaca, mas consideram<br />

o leite uma importante fonte de proteína animal.<br />

• Leite de origem vegetal, como soja, inhame, arroz, aveia.<br />

São utilizados para substituir o leite de vaca, por exemplo,<br />

no café da manhã (misturado com café ou achocolatado),<br />

ou mesmo no preparo de receitas. Tem seu apelo<br />

não só entre aqueles que não podem consumir leite de<br />

vaca, mas também entre pessoas que adotam hábitos de<br />

alimentação restritos, como os veganos.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

133


Objetivos Estratégicos<br />

para a Cadeia


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

135<br />

O posicionamento estratégico para a cadeia produtiva do<br />

leite do estado do Tocantins, para os próximos 10 anos, foi determinado<br />

pelo seu diagnóstico e análises derivadas. A partir<br />

do posicionamento almejado, e em linha com o mesmo, foram<br />

traçados os objetivos de forma a direcionar os projetos a serem<br />

desenvolvidos durante o período determinado.<br />

Os objetivos e direcionadores aqui listados foram elaborados<br />

pela Markestrat com base em toda a etapa inicial de<br />

diagnóstico externo e interno, ou seja, de dados secundários<br />

em materiais, bancos de dados, relatórios, sites e outros; e dados<br />

primários obtidos por meio de entrevistas com diversos<br />

agentes da cadeia.<br />

5. 1. Posicionamento<br />

O posicionamento estratégico pode ser definido como a<br />

escolha de uma organização desempenhar suas atividades<br />

de forma diferente do que é realizado pelos concorrentes, ou<br />

seja, um jeito único de entregar valor a seus consumidores.<br />

No caso das cadeias produtivas, o posicionamento estratégico<br />

deve servir de base para os macro-objetivos e refletir qual<br />

será o diferencial da produção do Tocantins perante outros<br />

polos de referência e produção de leite.<br />

Diante das avaliações desenvolvidas neste estudo, observa-se<br />

que as tendências de consumo do leite caminham para


136<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 5.1<br />

Vertentes do posicionamento estratégico a ser perseguido pela cadeia do leite do Tocantins.<br />

Alta produtividade<br />

através de<br />

capacitação e uso de<br />

tecnologia.<br />

Produção com<br />

qualidade de matériaprima<br />

e segurança do<br />

alimento.<br />

Industrialização eficiente e<br />

moderna, com diversidade<br />

de oferta de produtos que<br />

atendam demandas atuais<br />

dos consumidores.<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat a partir do diagnóstico.<br />

produtos que contemplem as necessidades atuais da sociedade,<br />

com percepção de alimento saudável, nutritivo e seguro.<br />

O atendimento dessas exigências passa pela adoção, por<br />

parte da agroindústria, de estratégias de marketing e posicionamento<br />

de mercado, bem como por aumentos na eficiência<br />

da gestão do processo produtivo. Nesse sentido, a profissionalização<br />

dos sistemas de produção chega até o campo refletida<br />

em melhorias dos indicadores técnicos e da qualidade da<br />

matéria-prima. A integração entre os elos da cadeia permitirá<br />

o seu desenvolvimento de forma competitiva.<br />

Do exposto, fica evidente que o posicionamento estratégico<br />

para a cadeia em tela deve contemplar três vertentes, duas de<br />

natureza quantitativa e um de natureza qualitativa, ilustradas<br />

na Figura 5.1. A saber, respectivamente: incremento de<br />

produtividade, maior percentual de industrialização e mais<br />

qualidade da matéria-prima. Observa-se que a conotação da<br />

natureza qualitativa é empregada para a vertente alta qualidade<br />

da matéria prima em função da ausência de dados disponíveis<br />

que permitam sua avaliação quantitativa. Reforça-se<br />

a necessidade do emprego de índices técnicos de qualidade


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

137<br />

ÛÛ<br />

Índice de produtividade<br />

Gráfico 5.1<br />

Posição atual e potencial posicionamento futuro do Tocantins na<br />

cadeia do leite.<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

-20<br />

TO<br />

RO<br />

GO<br />

TO<br />

Rep<br />

*TO Rep – Tocantins reposicionado / Fonte: elaborado por Markestrat a partir do diagnóstico.<br />

do processo de produção e industrialização para que essa<br />

vertente possa ser avaliada com o devido critério, chegandose<br />

às proposições de caminhos para melhoria.<br />

O Gráfico 5.1 ilustra o posicionamento atual do Tocantins e<br />

o potencial posicionamento futuro para perseguir as vertentes<br />

estratégicas sugeridas.<br />

MG<br />

40% 60% 80% 100% 120% 140%<br />

PR<br />

SC<br />

RS<br />

% de leite adquirido para industrializar/produção<br />

ÏÏ<br />

Quadro 5.1<br />

Missão e visão para a cadeia do leite no Tocantins.<br />

Missão<br />

Produzir e fornecer leite e derivados seguros<br />

e nutritivos para a população.<br />

5. 2. Missão e visão<br />

Visão<br />

Elevar o número de participantes na<br />

cadeia; e melhorar a qualidade de vida dos<br />

envolvidos e daqueles que se beneficiam<br />

com os produtos dela.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

Antes de se traçar os objetivos para a cadeia, é interessante<br />

que se estabeleça a missão e a visão como norte, tanto para<br />

a definição de objetivos, quanto para o desenvolvimento dos<br />

projetos estratégicos.<br />

Os objetivos de uma organização se tornam mais claros<br />

pela sua missão, que consiste na declaração do propósito da<br />

organização existir, ou seja, do porque ela foi criada e qual é o<br />

seu DNA. A missão pode ainda apresentar indícios das necessidades<br />

dos stakeholders que são atendidas pela organização.<br />

Por outro lado, a visão de uma organização reflete suas aspirações,<br />

onde ela quer chegar e/ou o que pretende ser, complementando<br />

seu posicionamento estratégico. Pode apresentar<br />

indícios de como pretende realizar a visão. As missões e<br />

visões aqui estabelecidas, são declarações de compromisso<br />

da cadeia produtiva do leite com a sociedade tocantinense.


138<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

5. 3. Objetivos estratégicos<br />

Para que a visão e o posicionamento estratégico desejado<br />

sejam atingidos, foram traçados macro-objetivos para os<br />

próximos 10 anos. Esses objetivos tem o intuito de guiar as<br />

ações dos agentes da cadeia em prol do desenvolvimento do<br />

agronegócio tocantinense.<br />

Além disso, os objetivos estratégicos têm como importante<br />

função auxiliar no monitoramento e acompanhamento da<br />

efetividade dos projetos e atividades desenvolvidas, pois estabelecem<br />

metas quantitativas a serem atingidas.<br />

Todos os objetivos foram desenvolvidos levando em conta<br />

o diagnóstico realizado nas seções anteriores e projeções de<br />

órgãos renomados como o Ministérios de Agricultura, Pecuária<br />

e Abastecimento (MAPA) e o Departamento de Agricultura<br />

dos Estado Unidos (USDA). Os objetivos buscam ser<br />

claros, palpáveis e ao mesmo tempo desafiadores; e podem<br />

ser periodicamente atualizados conforme o desempenho do<br />

estado (Quadro 5.2).<br />

Vale ainda destacar que, para a produção de leite estimada<br />

de 416.576 mil litros em 2027, com a elevação da produtividade<br />

para 4,27 l/cab/dia, supondo uma taxa de crescimento<br />

linear, haverá um incremento de produção nos próximos 10<br />

anos conforme projetado na Tabela 5.1.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 5.2<br />

Objetivos estratégicos e indicadores de desempenho para a cadeia<br />

de lácteos do estado do Tocantins.<br />

Objetivos estratégicos<br />

Ampliação da qualificação dos<br />

produtores para uma gestão<br />

mais eficiente, através da<br />

transferência de conhecimento<br />

e inovações tecnológicas.<br />

Aumento dos níveis<br />

tecnológicos nos sistemas<br />

produtivos da pecuária leiteira,<br />

com atualização de modelos de<br />

produção.<br />

Reforço da governança<br />

estratégica da cadeia, com a<br />

promoção de novas lideranças.<br />

Recuperação das agroindústrias<br />

instaladas, com a modernização<br />

do parque tecnológico.<br />

Desenvolvimento de novos<br />

canais de distribuição.<br />

Meta (próximos 10 anos)<br />

• Estruturar um calendário anual de eventos de qualificação,<br />

com pelos menos dois eventos chave: 1 técnico (para<br />

incorporar inovações) e 1 de gestão de propriedade rural.<br />

• Elevar em 92% o índice de produtividade, passando de 2,23<br />

l/cab/dia para 4,27 l/cab/dia.<br />

• Dobrar a produção de leite no estado, passando de 208,3<br />

milhões de litros para 416,6 milhões de litros.<br />

• Fortalecer associações e cooperativas, com a meta de<br />

estabelecer uma cooperativa forte (reconhecida entre<br />

produtores e mercado) e uma associação com atuação<br />

institucional (em parceria com a cooperativa) reconhecida.<br />

• Resgatar e fortalecer APLs.<br />

• Elevar o porcentual de leite adquirido pela indústria / leite<br />

produzido no estado de 63% para 80%.<br />

• Posicionar no mercado das marcas regionais, pelo menos,<br />

uma marca âncora tocantinense top of mind.<br />

• Elevar o fornecimento de leite e derivados no mercado<br />

interno, com a colocação de produtos da marca âncora<br />

em, ao menos, três dos cinco estados vizinhos e reduzir<br />

pela metade do volume de produtos lácteos importados<br />

(nacionais ou internacionais).<br />

• Desenvolver a exportação de produtos lácteos do Tocantins,<br />

com a estruturação de uma empresa apta a acessar os<br />

principais mercados externos e um plano de ação de acesso<br />

aos mercados internacionais.<br />

(uma)Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados levantados no estudo.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

139<br />

ÃÃ<br />

Tabela 5.1<br />

Projeção do crescimento da produção de leite no Tocantins de 2017 a 2027.<br />

Produção TO<br />

Unidade 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

mil litros 208.288 223.238 239.260 256.433 274.838 294.564 315.706 338.365 362.650 388.679 416.576<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados levantados no estudo.<br />

Esse incremento na produção irá proporcionar acréscimos anuais no valor bruto da produção equivalente ao acumulado no<br />

período de R$ 413 milhões (Gráfico 5.2).<br />

ÛÛ<br />

Gráfico 5.2<br />

Valor Bruto da Produção-VPB projetado até 2027.<br />

800<br />

700<br />

VBP adicionado<br />

VBP 2017<br />

600<br />

R$ milhões<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

293<br />

30<br />

293<br />

61<br />

293<br />

96<br />

293<br />

132<br />

293<br />

171<br />

293<br />

213<br />

293<br />

258<br />

293<br />

306<br />

293<br />

358<br />

293<br />

293 413<br />

0<br />

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027<br />

Fonte: elaborado por Markestrat a partir de dados levantados no estudo.


Estratégias centrais<br />

e projetos estratégicos


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

141<br />

Tendo em vista os objetivos propostos e consequente aumento<br />

da competitividade da cadeia leiteira no estado do Tocantins;<br />

e buscando aproveitar todas as potencialidades que<br />

o mesmo oferece, são sugeridas ações organizadas em cinco<br />

pilares estratégicos:<br />

1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento<br />

2. Modernização dos sistemas de produção de pecuária<br />

leiteira<br />

3. Diversificação das estratégias de financiamento da<br />

produção leiteira<br />

4. Desenvolvimento da agroindústria<br />

5. Integração da cadeia produtiva<br />

6. Direcionamentos estratégicos para acesso ao mercado.<br />

É importante destacar que os pilares estratégicos, bem como<br />

suas ações, não ocorrem de maneira isolada, mas sim de forma<br />

complementar. Poderão ser identificadas ações alocadas em<br />

determinado pilar estratégico que, indiretamente, também fortalecem<br />

os demais. Além disso, o desenvolvimento das ações<br />

não é limitado ao âmbito público. A integração entre ações do<br />

setor público com o privado é fundamental para o sucesso.


142<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

<br />

Figura 6.1<br />

Encadeamento estratégico da cadeia láctea para o estado do Tocantins.<br />

2017 2027<br />

missão<br />

visão<br />

Produção<br />

416,6 mil litros<br />

Produção<br />

208,3 mil litros<br />

PRODUTIVIDADE<br />

2,23 l/cab/dia<br />

Leite adquirido pela indústria /<br />

produzido no estado<br />

63%<br />

Produzir e fornecer<br />

leite e derivados<br />

seguros e nutritivos<br />

para a população<br />

lácteos<br />

pilares estratégicos<br />

Elevar o número de<br />

participantes na cadeia;<br />

e melhorar a qualidade<br />

de vida dos envolvidos e<br />

daqueles que se beneficiam<br />

com os produtos dela.<br />

1 2 3 4 5 6<br />

PRODUTIVIDADE<br />

4,27 l/cab/dia<br />

Leite adquirido pela indústria /<br />

produzido no estado<br />

63%<br />

Objetivos específicos<br />

Fomento à pesquisa e<br />

desenvolvimento<br />

• Gerar inovações<br />

e conhecimento<br />

tecnológico;<br />

• Melhoria da<br />

produtividade e<br />

qualidade dos produtos<br />

de leite e derivados.<br />

Modernizar os sistemas<br />

de produção da pecuária<br />

leiteira<br />

• Transferir conhecimento<br />

e tecnologia para o<br />

campo;<br />

• Melhorar a eficiência<br />

produtiva.<br />

Diversificar estratégias<br />

de financiamento da<br />

produção leiteira<br />

• Acelerar a adoção de<br />

inovações e tecnologias<br />

nas fazendas;<br />

• Fortalecer a relação<br />

dos produtores com a<br />

agroindústria;<br />

• Modernizar sistemas de<br />

produção no campo e<br />

na agroindústria.<br />

Desenvolvimento da<br />

agroindústria<br />

• Reduzir a capacidade<br />

ociosa nas<br />

agroindústrias;<br />

• Modernizar a<br />

infraestrutura;<br />

• Melhorar a qualidade do<br />

produto final;<br />

• Estratégias para<br />

diferenciais competitivos;<br />

Integração da cadeia<br />

produtiva<br />

• Fortalecer integração<br />

dos produtores com a<br />

agroindústria;<br />

• Reduzir informalidade<br />

na cadeia;<br />

• Promover maior<br />

competitividade da<br />

cadeia;<br />

• Fortalecer a governança.<br />

Direcionamento<br />

estratégico para o acesso<br />

ao mercado<br />

• Aumento da demanda<br />

por produtos lácteos do<br />

estado;<br />

• Posicionamento<br />

estratégico;<br />

• Fortalecimento da<br />

imagem do estado<br />

como fornecedor.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat.<br />

6. 1. Fomento à pesquisa e desenvolvimento<br />

Este pilar estratégico, bem como as ações nele inseridas,<br />

tem como principal objetivo dar base para a manutenção do<br />

crescimento da produção de lácteos no estado do Tocantins.<br />

Para tanto é preciso trabalhar para o desenvolvimento de inovações<br />

e tecnologias focadas para o estado – através de investimentos<br />

em pesquisa; e, concomitantemente, apoiar a trans-


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

143<br />

ferência do conhecimento para o campo, com a capacitação<br />

de produtores e profissionais do setor; e o acesso às linhas<br />

de crédito, que funciona como um catalisador no processo de<br />

modernização dos sistemas produtivos (Quadro 6.1).<br />

Segundo Santos et al. (2014), as mudanças iniciais, no interior<br />

das propriedades, são a base para a transformação de<br />

sistemas tradicionais para sistemas tecnológicos na cadeia da<br />

pecuária leiteira, o que leva à integração da produção com a<br />

agroindústria e com o mercado consumidor, através da melhoria<br />

da qualidade da matéria-prima, agregação de valor e<br />

ampliação da escala de produção.<br />

ÏÏ<br />

Quadro 6.1<br />

Objetivos estratégicos do pilar fomento à pesquisa e<br />

desenvolvimento.<br />

Objetivos<br />

• Geração de conhecimento e inovações tecnológicas<br />

• Melhoria da produtividade e qualidade dos produtos: leite e derivados<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Monitorar a evolução dos principais gargalos técnicos e gerenciais da cadeia do<br />

leite tocantinense;<br />

2. Realizar acompanhamento técnico com os produtores quanto ao manejo reprodutivo<br />

e nutricional;<br />

3. Mapear centros de pesquisas e universidades (nacionais e internacionais) que<br />

desenvolvam pesquisas relacionados à cadeia de leite e economia aplicada ao<br />

agronegócio que possam apoiar o segmento no Tocantins;<br />

4. Montar um comitê (gerido pela FAPTO) de fomento à pesquisa no estado do<br />

Tocantins com a participação das principais instituições e pesquisadores referência<br />

no setor (indústrias, produtores, varejistas, etc). O mesmo também deverá<br />

participar da definição de iniciativas temáticas para o estado;<br />

5. Criar agenda de pesquisas, priorizando os seguintes temas:<br />

a. Fomentar pesquisas que objetivam a avaliação e melhoria da atividade leiteira<br />

do Tocantins, como foco no desenvolvimento da genética e nutrição<br />

animal;<br />

b. Desenvolver junto às universidades, instituições de pesquisa e agentes de<br />

extensão rural, módulos padrões mínimos de produção (voltados para pequenas<br />

e médias propriedades) que permitam o ganho de escala e margens<br />

sustentáveis de rentabilidade, com critérios que facilitam a implantação e<br />

acompanhamento de projetos, como:<br />

i. Indicadores técnicos de produção;<br />

ii. Pacote tecnológico sugerido conforme o módulo de produção;<br />

iii. Modelos de projetos para acesso ao crédito disponível;<br />

iv. Materiais para orientação quanto à importância e correto manejo da nutrição,<br />

genética, processos de ordenha e armazenamento adequado do leite.<br />

c. Fomentar a pesquisa e desenvolvimento de inovações em processos produtivos,<br />

como a pecuária de precisão, bem como da viabilidade da adoção dos<br />

mesmos, com potencial para:<br />

i. Promover benefícios à saúde e bem-estar dos animais;<br />

ii. Redução de impactos ambientais negativos;<br />

iii. Aumento da eficiência dos sistemas, com redução de tempo de processos<br />

e mão de obra;<br />

iv. Gerenciamento mais eficiente da propriedade;<br />

1. Aumento da produtividade;<br />

2. Redução de custos;<br />

3. Melhoria da qualidade final da matéria-prima;<br />

4. Agregação de valor ao leite;<br />

5. Tomadas de decisões mais rápidas e com informações mais precisas.<br />

6. Fomentar a pesquisa na agroindústria do leite, buscando caminhos que melhorem<br />

a qualidade final do produto e o desenvolvimento de processos de industrialização<br />

mais competitivos.<br />

7. Incentivar o desenvolvimento de produtos lácteos inovadores, alinhados com as<br />

demandas de mercado e que atendam as exigências dos consumidores nacionais<br />

e estrangeiros (com foco no desenvolvimento da exportação dos produtos<br />

lácteos do Tocantins).<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat.


144<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

6. 2. Modernizar os sistemas da produção de pecuária<br />

leiteira<br />

Este pilar estratégico visa a incorporação das boas práticas<br />

e inovações oriundas das pesquisas nos processos de produção<br />

do campo, otimizando os recursos investidos em geração<br />

de conhecimento de forma que possam retornar à sociedade<br />

por meio do crescimento da economia através da cadeia produtiva<br />

do leite, melhorando a qualidade de vida (Quadro 6.2).<br />

ÏÏ<br />

Quadro 6.2<br />

Objetivos estratégicos do pilar Modernizar os sistemas de<br />

produção da pecuária leiteira<br />

Objetivos<br />

• Transferir conhecimento e tecnologia para o campo<br />

• Melhorar a eficiência produtiva<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Programas de capacitação para proprietários e trabalhadores das propriedades.<br />

a. Implantação de procedimentos adequados no manejo das vacas para a obtenção<br />

de um leite de qualidade;<br />

b. Fortalecer a educação sanitária;<br />

c. Sistemas de controle focando a saúde dos animais e a qualidade do produto;<br />

d. Planejamento e gestão de propriedades produtoras de leite;<br />

e. Programas de melhoria genética do rebanho.<br />

2. Programas de modernização das propriedades produtoras de leite visando a<br />

melhoria dos indicadores técnicos de produção, que incluem:<br />

a. Manejo adequado das pastagens;<br />

b. Aumento significativo da taxa de lotação;<br />

c. Viabilização da inseminação artificial;<br />

d. Viabilização da aquisição de equipamentos necessários para as novas tecnologias;<br />

e. Implantação de sistemas de gestão e controle;<br />

f. Transferência do conhecimento gerado nas pesquisas desenvolvidas com<br />

foco no estado.<br />

3. Programas de melhoria na infraestrutura das propriedades como foco na qualidade<br />

final do produto, que contemplem, entre outros:<br />

a. Instalações adequadas do curral;<br />

b. Salas de ordenha;<br />

c. Aquisição de equipamentos para armazenagem adequada nas propriedades<br />

(tanques de resfriamento);<br />

d. Equipamentos voltados para a automatização de processos (ex.: ordenha<br />

mecânica);<br />

e. Consultorias para o planejamento adequado da gestão da propriedade<br />

(incluindo a modernização das instalações e equipamentos de forma adequada).<br />

4. Estruturar programas de treinamento via extensionistas do RURALTINS e outras<br />

instituições, nos seguintes moldes:<br />

a. Mapeamento de fazendas modelos;<br />

b. Utilização desses casos como benchmarking para incentivo à adoção de sistemas<br />

semelhantes por demais pecuaristas selecionados;<br />

c. Avaliação da melhoria e divulgação dos resultados para orientar/motivar a<br />

adoção em outras propriedades;<br />

d. Legislação tributária, ambiental e trabalhista.<br />

5. Orientações que reforcem programas nacionais de controle e erradicações de<br />

doenças (como brucelose, tuberculose, febre aftosa).<br />

6. Estruturar um calendário anual de eventos no estado, com eventos chave para<br />

transferência de conhecimento e capacitação, como palestras, treinamentos,<br />

dias de campo, feiras, entre outros.<br />

7. Estratégias que viabilizem o acesso à assistência técnica continuada com<br />

frequência e qualidade:<br />

a. Parcerias com entidades de extensão rural;<br />

b. Parcerias com empresas de inovação e alta tecnologia no setor;<br />

c. Incentivos e atração de empresas de inovação da cadeia do leite.<br />

8. Incentivar a criação de cursos técnicos, de graduação e pós-graduação em áreas<br />

afins com o objetivo de qualificar a mão de obra para atuação na cadeia do leite.<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

145<br />

6. 3. Diversificar as estratégias de financiamento da<br />

produção agrícola<br />

Este pilar estratégico visa ações que viabilizem investimentos<br />

na cadeia produtiva, através da concessão de crédito,<br />

que atuarão como um catalisador do seu desenvolvimento<br />

(Quadro 6.3).<br />

ÏÏ<br />

Quadro 6.3<br />

Objetivos estratégicos do pilar Diversificar as estratégias de<br />

financiamento da produção leiteira.<br />

Objetivos<br />

• Acelerar a adoção de inovações e tecnologias nas fazendas<br />

• Fortalecer a integração dos produtores com a agroindústria (aquisição de equipamentos<br />

compatíveis com a legislação)<br />

• Modernizar os sistemas de produção no campo e a agroindústria<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Promover linhas de crédito direcionadas a:<br />

a. Propriedades com práticas inovadoras ou voltadas para a sustentabilidade,<br />

como o Programa ABC.<br />

b. Investimentos focados na modernização dos processos produtivos, alinhadas<br />

com o fluxo de caixa da atividade, para acesso a:<br />

v. Aquisição de equipamentos e ferramentas;<br />

vi. Infraestrutura da propriedade<br />

vii. Acesso a novas tecnologias;<br />

viii. Melhoria da genética do gado.<br />

2. Ampliar o acesso à informação e assistência técnica para que mais produtores<br />

consigam cumprir os critérios de elegibilidade para as linhas de crédito com taxas<br />

de juros mais baixas, bem como possam ser auxiliados na estruturação de<br />

projetos para acessar os recursos financeiros.<br />

3. Alinhamento das instituições financeiras com o Plano Agro+ do MAPA que pretende<br />

desburocratizar e agilizar processos do agronegócio como a concessão de crédito.<br />

4. Estimular a disponibilização e contratação de financiamentos por meio de cooperativas<br />

que conseguem ter acesso a linhas mais vantajosas e captar recursos<br />

mais baratos.<br />

5. Estimular a parceria entre a agroindústria e fornecedores de leite visando estruturar<br />

novos modelos de financiamento.<br />

6. Fomentar a capacitação dos produtores em gestão de propriedade rural para<br />

que possam utilizar o crédito disponível como ferramenta para o desenvolvimento<br />

do seu negócio.<br />

6. 4. Desenvolvimento da agroindústria<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat.<br />

Este pilar objetiva orientar processo de revitalização do parque<br />

industrial lácteo do Tocantins. Visa melhorar a qualidade<br />

do produto, alinhando-o com estratégias de diferenciais competitivos,<br />

com ampliação do seu portfólio e abertura de canais<br />

de distribuição. Adicionalmente, permitirá a adequação dos<br />

laticínios para as conquistas de certificações com reconhecimento<br />

internacional, iniciando os processos de estruturação<br />

para exportação (Quadro 6.4).<br />

ÏÏ<br />

Quadro 6.4<br />

Objetivos estratégicos do pilar Desenvolvimento da agroindústria.<br />

Objetivos<br />

• Reduzir a capacidade ociosa das agroindústrias<br />

• Modernizar a infraestrutura das agroindústrias<br />

• Melhorar a qualidade do produto final<br />

• Criar estratégias que promovam diferenciais competitivos para acesso a novos<br />

mercados


146<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Programas de revitalização do parque industrial lácteo<br />

a. Aporte de novas tecnologias, com acesso a equipamentos modernos e mais<br />

eficientes, permitindo melhores condições de higiene e redução dos riscos<br />

de contaminação e o cumprimento da legislação;<br />

b. Implantação de programas de controle de processos e de qualidade que<br />

estruturem para a certificação com selos internacionais;<br />

c. Incentivo à adequação das empresas à legislação ambiental e treinamento<br />

de funcionários quanto às normativas e importância do uso de equipamentos<br />

de proteção individual e processos de higienização;<br />

d. Capacitação nas indústrias voltadas para a redução de perdas nos processos<br />

e aproveitamento e/ou correta destinação dos resíduos;<br />

e. Atração de investimentos no setor.<br />

2. Programas de melhorias de qualidade da matéria-prima:<br />

a. Incentivar as agroindústrias a adotarem sistemas de pagamento que remunerem<br />

os produtores pela qualidade da matéria-prima;<br />

b. Estruturar materiais de comunicação que orientem os produtores quanto<br />

às exigências e padrões mínimos de qualidade da matéria-prima a ser entregue.<br />

3. Incentivos do governo para o processamento no estado do leite produzido no<br />

Tocantins, como benefícios fiscais e programas que incentivem o crescimento<br />

da demanda (programas de aquisição do leite e produtos lácteos produzidos e<br />

processados no Tocantins, pelo Governo Estadual, para oferecimento nas merendas<br />

escolares e entidades públicas).<br />

4. Programas para auxiliar agroindústrias na criação de diferenciais competitivos:<br />

a. Estudos das demandas dos consumidores nos mercados alvos para a adequação<br />

de produtos, bem como criação de produtos inovadores;<br />

b. Ações de incentivo à estruturação de marcas fortes no mercado de leite e<br />

derivados, com o apoio do governo estadual na participação de eventos<br />

de promoção (feiras do setor de alimentos) e na divulgação dos produtos<br />

tocantinenses.<br />

c. Fortalecimento de agroindústrias eficientes para que possam se tornar âncoras<br />

e referências no estado.<br />

5. Capacitação aos produtores para a estruturação de cooperativas agroindustriais,<br />

com o objetivo de elevar o percentual de leite processado no estado e agregação<br />

de valor através da industrialização.<br />

6. Programas para capacitação e qualificação da mão de obra local, que possam vir<br />

a atuar nas agroindústrias, contribuindo com o desenvolvimento do setor em:<br />

a. Parcerias com produtores;<br />

b. Excelência no processamento;<br />

c. Inovação em produtos;<br />

d. Acesso a novos mercados.<br />

7. Estruturar um banco de dados com informações das agroindústrias, buscando a<br />

geração de conhecimento para o desenvolvimento do setor.<br />

6. 5. Integração da cadeia produtiva<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat.<br />

Este pilar objetiva estimular a integração entre os diversos<br />

elos da cadeia produtiva, incentivando o relacionamento e<br />

transparência entre eles. Isso permitirá o desenho conjunto<br />

de estratégias com objetivos comuns, potencializando agregação<br />

de valor a todos os envolvidos (Quadro 6.5).<br />

ÏÏ<br />

Quadro 6.5<br />

Objetivos estratégicos do pilar Integração da cadeia produtiva.<br />

Objetivos<br />

• Fortalecer a integração dos produtores com a agroindústria e com agentes financiadores.<br />

• Reduzir a informalidade na cadeia.<br />

• Promover maior competitividade da cadeia.<br />

• Fortalecer a governança da cadeia e o surgimento de novas lideranças.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Incentivos para o fortalecimento das associações e cooperativas da cadeia do leite.<br />

a. Aprimorar o sistema e a estrutura institucional para simplificar o registro e o<br />

acesso ao crédito pelas cooperativas;<br />

b. Promover o Tocantins como interessante investimento para produtores que<br />

possuem cultura cooperativista e/ou associativista;


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

147<br />

c. Incentivar a abertura de filiais de importantes cooperativas presentes em<br />

outras regiões do país;<br />

d. Pleitear incentivos tributários e simplificação da legislação para instalação de<br />

cooperativas agroindustriais no estado;<br />

e. Promover visitas técnicas de produtores do estado a associações e cooperativas<br />

referências em outros estados.<br />

f. Aumentar a inserção das cooperativas em programas de compras públicas,<br />

como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa<br />

de Aquisição de Alimentos).<br />

2. Fortalecer as associações existentes para que promovam:<br />

a. Missões internacionais para abertura de mercados;<br />

b. Assistência técnica de qualidade aos produtores;<br />

c. Ações de influência por políticas públicas favoráveis ao setor.<br />

3. Incentivo para o fortalecimento das microbacias leiteiras e/ou arranjos produtivos<br />

locais de leite reconhecidos no estado, bem como para o reconhecimento<br />

de outros potenciais.<br />

4. Reativar a Câmara Setorial do Leite<br />

5. Incentivar a estruturação de eventos e atrair para o estado feiras-chave do setor,<br />

já existentes.<br />

6. Programas de fiscalização e inspeção do leite e das agroindústrias nas esferas<br />

municipal e estadual, interligados e atualizados em relação à legislação e às demandas<br />

dos consumidores, com uso de sistemas de controles eficiente, rápidos<br />

e desburocratizados.<br />

7. Fortalecer a Câmara Setorial do Leite como promotora de integração e indutora<br />

de políticas públicas.<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat.<br />

6. 6. Direcionamentos estratégicos para acesso ao<br />

mercado<br />

Este pilar objetiva a realização de ações conjuntas entre<br />

os diversos elos da cadeia no estado com o foco na elevação<br />

da demanda dos produtos lácteos do Tocantins, promovendo<br />

a construção de relacionamentos e inteligência competitiva<br />

(Quadro 6.6).<br />

ÏÏ<br />

Quadro 6.6<br />

Objetivos estratégicos do pilar Direcionamentos estratégicos para<br />

acesso ao mercado.<br />

Objetivos<br />

• Aumentar a demanda de produtos lácteos no Tocantins.<br />

• Posicionar estrategicamente os produtos lácteos tocantinenses no mercado.<br />

• Fortalecer a imagem do Tocantins como fornecedor de produtos lácteos inovadores<br />

e de alta qualidade.<br />

Ações Estratégicas<br />

1. Criação de um plano de marketing institucional para os produtos lácteos do<br />

Tocantins:<br />

a. Campanhas educativas de incentivo ao consumo, reforçando benefícios do<br />

leite e derivados;<br />

b. Campanhas institucionais fortalecendo a imagem do estado como fornecedor<br />

de produtos lácteos inovadores e de alta qualidade<br />

2. Desenvolvimento de uma análise de mercados (nacionais e internacionais) pormenorizada<br />

para detectar tendências de demanda de consumidores e melhores<br />

estratégias de acesso.<br />

3. Programas de apoio às agroindústrias:<br />

a. Estruturação de planejamentos estratégicos, que contemplem planos de<br />

ação para comercialização, inovação em produtos e acessos a novos mercados;<br />

b. Estruturação de ações conjuntas para a promoção dos produtos (como a<br />

participação em feiras e eventos);<br />

c. Capacitação em desenvolvimento e posicionamento de marca, com certificações<br />

e outros selos de diferenciação;<br />

d. Capacitação para o atendimento das demandas específicas de mercados<br />

potenciais.<br />

4. Parcerias com varejo para abertura de espaço preferencial para produtos do estado.<br />

Fonte: Elaborado por Markestrat.


Considerações Finais


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

149<br />

Tendo como base o trabalho desenvolvido e os resultados<br />

a serem buscados pelo estado do Tocantins, nos próximos<br />

anos, fica evidente a importância de iniciativas que visam integrar<br />

ações estratégicas entre os agentes do âmbito público<br />

ou privado. Durante o desenvolvimento do trabalho, pôde-se<br />

perceber que o estado do Tocantins possui diversas iniciativas<br />

que visam incentivar o desenvolvimento do agronegócio<br />

no estado, porém, melhorar o alinhamento entre elas resulta<br />

em um melhor aproveitamento.<br />

Alinhar os agentes é aspecto fundamental para o pensamento<br />

de sistemas agroindustriais integrados. O trabalho coletivo,<br />

a busca conjunta por resultados e o desejo unificado de<br />

desenvolvimento, fazem com que sejam desenvolvidas ações<br />

que aumentam a eficiência das cadeias por meio da busca de<br />

sinergias e delineamento de estratégias inovadoras.<br />

Neste cenário o ganho também é coletivo, onde se vivencia<br />

a geração de valor compartilhado, todos os elos e agentes<br />

envolvidos se beneficiam dos resultados do desenvolvimento<br />

da cadeia produtiva. Outro aspecto que pode ser destacado<br />

como benefício da integração e motivação para participação<br />

dos agentes em iniciativas coletivas é o aprendizado contínuo<br />

e multidisciplinar.<br />

É evidente que as cadeias produtivas são arranjos complexos,<br />

onde seus diversos agentes possuem características


150<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

únicas e estão inseridos em contextos específicos. Devido<br />

a isso, o delineamento de estratégias conjuntas não é algo<br />

simples de ser feito, sendo necessária grande organização<br />

e processamento integrado das informações disponíveis.<br />

O método GESis, método base utilizado para o desenvolvimento<br />

do presente projeto, foi estruturado com o objetivo<br />

principal de organizar e guiar o delineamento de estratégias<br />

para sistemas agroindustriais indo ao encontro do desejo do<br />

estado do Tocantins de desenvolvimento integrado de seu<br />

agronegócio. Além disso, outros objetivos que devem ser<br />

considerados são:<br />

• Busca de economia de escala;<br />

• Esforços de diferenciação e posicionamento (para gerar<br />

valor);<br />

• Rápidas adaptações às mudanças macroambientais<br />

(quando bem estruturadas);<br />

• Performance e responsividade;<br />

• Visão compartilhada e transparência;<br />

• Sustentabilidade econômica, ambiental e social dos integrantes;<br />

• Conhecimento de custos de produção e transação e luta<br />

por redução;<br />

• Mecanismos de solução de conflitos (remediação/ alternativa<br />

para a burocracia brasileira);<br />

• Organização dos esforços de lobby;<br />

• Planejamento integrado entre os elos;<br />

• Dirigido pela demanda buscando a lealdade dos consumidores;<br />

• Inteligência compartilhada e uso das amplas fontes de<br />

dados;<br />

• Criação de comitês (governança, riscos, seguros...);<br />

• Motivações, contribuições, direitos e benefícios de cada<br />

participante;<br />

• Compromisso de cada participante;<br />

• Investimentos específicos de cada participante;<br />

• Estabelecimento de padrões.<br />

A metodologia desenvolvida, inclusive para o levantamento<br />

sistemático de dados, ao mesmo tempo que guia a etapa de<br />

diagnóstico para uma visão abrangente do sistema alvo, também<br />

direciona as futuras estratégias. Assim como o método<br />

prevê, essa etapa não seria tão efetiva sem a ampla participação<br />

dos agentes envolvidos, aspecto que foi, amplamente,<br />

vivenciado nos estudos do Tocantins. A participação dos<br />

agentes desde o início do processo de planejamento, além de<br />

trazer uma visão realista da atual situação de cada um dos<br />

elos que compõem o agronegócio, contribui para a percepção<br />

da coletividade na construção dos planos.<br />

Com base no amplo diagnóstico desenvolvido para a cadeia


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

151<br />

de lácteos do estado do Tocantins, foi possível delinear um<br />

plano estratégico organizado em seis pilares.<br />

Tão ou mais importante que a estruturação de tal plano é a sua<br />

implementação. Ao longo de mais de 10 anos de aplicação do<br />

presente método, alguns problemas foram identificados e devem<br />

ficar claros para que sejam evitados no Tocantins, a saber:<br />

• Falta de objetivos;<br />

• Falta de lealdade;<br />

• Problema de capacidade decisória;<br />

• Falta de orientação ao mercado;<br />

• Não compartilhamento de risco;<br />

• Desbalanço de esforços e resultado;<br />

• Falta de visão;<br />

• Prevalência de interesses pessoais;<br />

• Oportunismo;<br />

• Falta dos itens de liderança;<br />

• Falta dos itens de planejamento;<br />

• Presença de subsídios e distorções.<br />

Assim como os problemas evidenciados, também é importante<br />

destacar as observações referentes à velocidade de implementação,<br />

que estão ligadas a diversos fatores, merecendo<br />

análise para serem trabalhadas anteriormente visando aplicação<br />

exitosa do plano realizado.<br />

• Inadequada habilidade de liderança pelos dirigentes no<br />

atingimento dos objetivos e envolvimento das linhas<br />

operacionais das organizações;<br />

• Carência de indicadores de desempenho a serem atingidos<br />

e monitorados;<br />

• Falta de método/padrões para implementação;<br />

• Falta de disciplina/motivação dos integrantes dos esforços<br />

e das organizações na implementação;<br />

• Falta da composição de um conselho gestor que dá o caráter<br />

de executividade;<br />

• Questões políticas e culturais nos integrantes da organização;<br />

• Perfil do gestor dos projetos e presença de sentimentos<br />

de bloqueio, como ciúmes.<br />

• Perda de espaço de agentes do sistema agroindustrial<br />

que irão bloquear a implementação de projetos;<br />

• Tempo de amadurecimento dos projetos e momentos<br />

adequados de implementação;<br />

• Qualidade do conselho gestor e déficit na capacidade dos<br />

colaboradores;<br />

• Inserção e integração com as equipes;<br />

• Detalhamento dos projetos de maneira simples e executiva;<br />

• Relações pessoais com indicações que não levam em<br />

conta o critério técnico;


152<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

• Lidar com os que se acham donos do coletivo;<br />

• Falta de entendimento dos objetivos estratégicos e do<br />

próprio conceito de planejamento e estratégia;<br />

• Não antecipação aos problemas e fatores externos, impactando<br />

na sua implementação;<br />

• Conflito de prioridades e objetivos divergentes;<br />

• Aversão ao risco e conservadorismo de pessoas com visão<br />

do passado.<br />

Estes pontos devem ser trabalhados antecipadamente para<br />

possibilitar o avanço dos projetos estratégicos.<br />

O sucesso da implementação das estratégias propostas no<br />

presente plano, para a cadeia de lácteos, permitirá que o Tocantins<br />

dobre sua produção de leite nos próximos 10 anos.<br />

Esse valor é traduzido em um incremento total de R$ 413 milhões<br />

no valor bruto da produção de leite.<br />

Os próximos passos envolvem a formação de um comitê<br />

estratégico com agentes da cadeia produtiva, públicos e privados<br />

que, via reuniões mensais, coloquem os projetos para<br />

andar, organizando equipes com metas, funções e prazos.<br />

Este comitê estratégico da cadeia de lácteos no Tocantins<br />

será o responsável por implementar o plano que foi construído<br />

pela Markestrat em conjunto com os agentes da cadeia<br />

produtiva.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

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São Paulo: Pioneira, 2000. 428p.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

159


anexo I


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

161<br />

ÃÃ<br />

Tabela 0.1 (continuação)<br />

Análise comparativa geral da alíquota de ICMS e benefícios fiscais concedidos para produtos lácteos para os estados de Goiás, Minas Gerais e Rondônia.<br />

GO Alíquota Manteiga de leite 12%<br />

GO Reduções de Base de Cálculo Leite pasteurizado tipo especial, com 3,2% de gordura e de leite pasteurizado magro,<br />

reconstituído ou não, com até 2% de gordura<br />

Internas Redução de 50%<br />

• A base de cálculo é reduzida na saída interna de leite pasteurizado tipo especial, com 3,2% de gordura e de leite pasteurizado magro, reconstituído ou não, com até<br />

2% de gordura, com destino a estabelecimento varejista ou a consumidor final, excetuada a saída de leite pasteurizado tipos B e Longa Vida.<br />

• Manutenção do crédito do imposto em relação às entradas.<br />

GO Reduções de Base de Cálculo Cesta básica: manteiga de leite Internas Carga tributária de 7%<br />

GO Isenções Leite pasteurizado tipo especial, com 3,2% de gordura, de leite pasteurizado magro,<br />

reconstituído ou não, com até 2% de gordura<br />

Internas<br />

• Isenção aplicável na saída interna de estabelecimento varejista, com destino a consumidor final.<br />

• O benefício não se aplica na saída de leite pasteurizado tipos B ou longa vida.<br />

GO Isenções Produtos agrícolas destinados à industrialização: Leite em estado natural Internas<br />

• Aplica-se a isenção nas saídas internas promovidas por estabelecimento rural com destino a estabelecimento beneficiador.<br />

• O imposto dispensado deve ser pago pelo destinatário que realizar qualquer saída do produto agrícola sem que este tenha sido objeto de industrialização em seu<br />

estabelecimento, no prazo estabelecido pela legislação tributária. Fica dispensado o pagamento de imposto, se a operação subsequente com produto agrícola for<br />

tributada ou for destinada à industrialização por outro estabelecimento da mesma ou de outra empresa, localizado no estado de Goiás.<br />

GO Isenções Leite em estado natural Internas<br />

• Aplica-se a isenção nas saídas internas promovidas por estabelecimento rural com destino à industrialização.<br />

• O benefício alcança, inclusive, a saída para indústria, do leite resfriado do estabelecimento que o tenha recebido para resfriamento. O mesmo se aplica à saída, para<br />

indústria, da cooperativa de produtor de que faça parte o estabelecimento produtor do leite.<br />

GO Créditos presumidos / outorgado Leite em estado natural, pasteurizado ou esterilizado (UHT) Internas<br />

• O estabelecimento que efetuar operação interna, com leite em estado natural, pasteurizado ou esterilizado (UHT), poderá apropriar-se do crédito outorgado da<br />

importância ao equivalente à aplicação de 1% sobre o valor da base de cálculo correspondente.<br />

• A fruição deste benefício fiscal está condicionada a que o contribuinte efetue o recolhimento em favor do Fundo de Proteção Social do Estado de Goiás (PROTEGE<br />

GOIÁS), de 15% da diferença entre o valor do imposto calculado com aplicação da tributação integral e o calculado com utilização de benefício fiscal, conforme<br />

previsto no Artigo 1º, §3º, inciso I, alínea “c”, do Anexo IX do RCTE/GO.


162<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

GO Créditos presumidos / outorgado Leite, exceto o UHT, e creme de leite, não concentrados nem adicionados de açúcar ou de<br />

outros edulcorantes<br />

Interestaduais<br />

GO Créditos presumidos / outorgado Leite e creme de leite, concentrados ou adicionados de açúcar ou de outros edulcorantes Interestaduais<br />

GO Créditos presumidos / outorgado Leitelho, leite e creme de leite coalhados, iogurte, quefir e outros leites e cremes de leite<br />

fermentados ou acidificados, mesmo concentrados ou adicionados de açúcar ou de outros<br />

edulcorantes, ou aromatizados ou adicionados de frutas ou de cacau<br />

GO Créditos presumidos / outorgado Manteiga e outras matérias gordas provenientes do leite; pastas de espalhar de produtos<br />

provenientes do leite<br />

Interestaduais<br />

Interestaduais<br />

• Produto constante no Apêndice XXXII do Anexo IX do RCTE/GO.<br />

• O estabelecimento industrial poderá apropriar-se do crédito outorgado da importância equivalente à aplicação de 7% sobre o valor da base de cálculo na operação<br />

interestadual com produto relacionado no Apêndice XXXII do Anexo IX do RCTE/GO, em cuja industrialização tenha sido utilizado leite como matéria-prima, e que<br />

o produto tenha sido fabricado pelo próprio industrial ou tenha sido industrializado por sua encomenda em outro estabelecimento situado no Estado de Goiás.<br />

• Na hipótese da operação interestadual ser realizada por estabelecimento produtor rural que não adota o regime periódico de apuração do ICMS, a apropriação<br />

do crédito outorgado deve ser feita por intermédio do órgão fazendário, no momento da emissão da documentação correspondente à operação ou prestação,<br />

conforme disposto no Artigo 11, inciso XXXV, alínea “d”, do Anexo IX do RCTE/GO.<br />

• Conforme previsto no Artigo 11, inciso XXXV, alínea “e”, do Anexo IX do RCTE/GO, o benefício não alcança a operação de saída em transferência, excetuado o caso<br />

autorizado e realizado nos termos de regime especial para tal fim celebrado com a Secretaria da Fazenda.<br />

• A fruição deste benefício fiscal está condicionada a que o contribuinte efetue o recolhimento em favor do Fundo de Proteção Social do Estado de Goiás (PROTEGE<br />

GOIÁS), de 15% da diferença entre o valor do imposto calculado com aplicação da tributação integral e o calculado com utilização de benefício fiscal, conforme<br />

previsto no Artigo 1º, §3º, inciso I, alínea “c”, do Anexo IX do RCTE/GO.<br />

GO Créditos presumidos / outorgado Leite UHT - Ultra High Temperature Interestaduais<br />

• O estabelecimento industrial poderá apropriar-se do crédito outorgado da importância equivalente à aplicação de 7% aplicado sobre o valor da base de cálculo<br />

na operação interestadual com leite UHT (Ultra High Temperature), em cuja industrialização tenha sido utilizado leite como matéria-prima, e desde que o produto<br />

tenha sido fabricado pelo próprio industrial ou tenha sido industrializado por sua encomenda em outro estabelecimento situado no Estado de Goiás.<br />

• A fruição deste benefício fiscal está condicionada a que o contribuinte efetue o recolhimento em favor do Fundo de Proteção Social do Estado de Goiás (PROTEGE<br />

GOIÁS), de 15% da diferença entre o valor do imposto calculado com aplicação da tributação integral e o calculado com utilização de benefício fiscal, conforme<br />

previsto no Artigo 1º, §3º, inciso I, alínea “c”, do Anexo IX do RCTE/GO.<br />

GO Diferimentos Leite cru e creme de leite em estado natural, leite em pó e soro de leite em pó<br />

• É substituto tributário, assumindo a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido na operação interna anterior, o estabelecimento industrial, na aquisição<br />

de leite cru e creme de leite em estado natural, leite em pó e soro de leite em pó, efetuada diretamente do estabelecimento produtor, ou extrator, inclusive de suas<br />

cooperativas, para utilização como matéria-prima em processo industrial.<br />

• Conforme previsto no Artigo 2º, §1º, do Anexo VIII do RCTE/GO, a adoção do regime de substituição tributária pela operação anterior é opcional, ficando facultada,


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

163<br />

ao contribuinte substituído, a emissão do documento fiscal respectivo, a apuração e o pagamento do ICMS devido, conforme o regime normal de tributação.<br />

• Conforme previsto no Artigo 2º, §2º, do Anexo VIII do RCTE/GO, a substituição tributária prevista neste artigo aplica-se, também, às sucessivas saídas de um para<br />

outro estabelecimento industrial, desde que sejam signatários de regime especial com a Secretaria da Fazenda.<br />

• Conforme previsto no Artigo 2º, §2º-A, do Anexo VIII do RCTE/GO, a substituição tributária prevista neste artigo pode ser estendida, também, às saídas de produto<br />

agropecuário efetuadas por estabelecimento comercial que seja substituto tributário pela operação anterior com destino a estabelecimento industrial, na forma e<br />

condições fixadas em regime especial celebrado com a Secretaria da Fazenda.<br />

• Conforme previsto no Artigo 3º, do Anexo VIII do RCTE/GO, o estabelecimento comercial adquirente de produto agropecuário pode assumir a condição de substituto<br />

tributário, mediante celebração de termo de acordo de regime especial para esse fim.<br />

• Conforme previsto no Artigo 4º, do Anexo VIII do RCTE/GO, o documento fiscal para acobertar a operação deve ser emitido por intermédio da repartição fiscal<br />

localizada na circunscrição do município de origem do produto ou da substância, devendo ainda serem observadas as disposições do Artigo 7º, do Anexo VIII do<br />

RCTE/GO, quanto ao cumprimento dessa obrigação acessória.<br />

• Fica autorizado o uso da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), modelo 55, ou da nota fiscal, modelo 1 ou 1-A, previamente emitida pelo destinatário, como documento hábil<br />

para acobertar a operação interna de circulação (trânsito) que envolva produto agropecuário e substância mineral ou fóssil, nas situações e condições elencadas<br />

nos Artigos 5º e 6º do Anexo VIII do RCTE/GO.<br />

GO Diferimentos Leite cru ou creme de leite<br />

• Conforme previsto no Artigo 8º, §2º, do Anexo VIII do RCTE/GO, fica dispensada a emissão de nota fiscal e respectivo conhecimento de transporte na saída interna,<br />

de leite cru ou creme de leite, do estabelecimento produtor ou da associação para o posto de resfriamento ou para o estabelecimento industrializador.<br />

• Nos termos do Artigo 8º, §3º, do Anexo VIII do RCTE/GO, a indústria de laticínio ou o posto de resfriamento, na condição de substituto tributário, deve emitir ao final<br />

de cada período de apuração, um conhecimento de transporte rodoviário de carga, avulso, englobando todas as prestações de serviços iniciadas em um mesmo<br />

município.<br />

• Deverão ser observadas as disposições dos Artigos 9º e 10º, do Anexo VIII do RCTE/GO, quanto ao cumprimento das obrigações acessórias para fruição do benefício.<br />

• Aplica-se a substituição tributária na modalidade antecedente (também conhecida como substituição tributária para trás) quando o imposto devido pelo remetente<br />

ou alienante da mercadoria ficar sob a responsabilidade do destinatário. Na prática, trata-se de diferimento do ICMS, sendo que o substituto tributário é<br />

responsabilizado pelo recolhimento o imposto relativo às operações anteriores.<br />

MG Reduções de Base de Cálculo Cesta básica: leite pasteurizado tipo "A" Internas Carga tributária de 7%<br />

MG Reduções de Base de Cálculo Cesta básica: leite pasteurizado tipo "B" Internas Carga tributária de 7%<br />

• Produto constante no item 10 da Parte 6 do Anexo IV do RICMS/MG.<br />

• Este produto, para fins de aplicação do benefício, deve ser produzido no Estado de Minas Gerais.<br />

• O benefício não se aplica às saídas desta mercadoria com destino à industrialização.<br />

• O artigo 227 da Parte Geral do RICMS/MG, possibilita, mediante regime especial, que o estabelecimento industrial situado neste Estado aplique a redução de base<br />

de cálculo prevista para este produto, quando produzido pelo mesmo em outra Unidade da Federação na hipótese de sua produção ser impedida ou reduzida pela<br />

destruição total ou parcial de suas instalações em decorrência de caso fortuito ou força maior.


164<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

MG Reduções de Base de Cálculo Cesta básica: leite pasteurizado tipo "C" Internas Carga tributária de 7%<br />

• Produto constante no item 12 da Parte 6 do Anexo IV do RICMS/MG.<br />

• Este produto, para fins de aplicação do benefício, deve ser produzido no Estado de Minas Gerais.<br />

• O benefício não se aplica às saídas desta mercadoria com destino à industrialização.<br />

• O artigo 227 da Parte Geral do RICMS/MG, possibilita, mediante regime especial, que o estabelecimento industrial situado neste Estado aplique a redução de base<br />

de cálculo prevista para este produto, quando produzido pelo mesmo em outra Unidade da Federação, na hipótese de sua produção ser impedida ou reduzida pela<br />

destruição total ou parcial de suas instalações em decorrência de caso fortuito ou força maior.<br />

MG Reduções de Base de Cálculo Cesta básica: leite UHT (UAT) Carga tributária de 7%<br />

• Produto constante no item 13 da Parte 6 do Anexo IV do RICMS/MG.<br />

• Este produto, para fins de aplicação do benefício, deve ser produzido no Estado de Minas Gerais.<br />

• O benefício não se aplica às saídas desta mercadoria com destino à industrialização.<br />

• O artigo 227 da Parte Geral do RICMS/MG, possibilita, mediante regime especial, que o estabelecimento industrial situado neste Estado aplique a redução de base<br />

de cálculo prevista para este produto, quando produzido pelo mesmo em outra Unidade da Federação, na hipótese de sua produção ser impedida ou reduzida pela<br />

destruição total ou parcial de suas instalações em decorrência de caso fortuito ou força maior.<br />

MG Reduções de Base de Cálculo Cesta básica: bebida láctea, assim entendida o produto lácteo resultante da mistura de<br />

leite e soro de leite, adicionado ou não de produtos ou substâncias alimentícias, gordura<br />

vegetal, leite fermentado, fermento lácteo ou de outros produtos lácteos, devendo, ao<br />

final, a base láctea total representar pelo menos 51% do total de ingredientes do produto.<br />

Internas Carga tributária de 7%<br />

• Produto constante no item 57 da Parte 6 do Anexo IV do RICMS/MG.<br />

• Este produto, para fins de aplicação do benefício, deve ser produzido no Estado de Minas Gerais.<br />

• O benefício não se aplica às saídas desta mercadoria com destino à industrialização.<br />

• O artigo 227 da Parte Geral do RICMS/MG, possibilita, mediante regime especial, que o estabelecimento industrial situado neste Estado aplique a redução de base<br />

de cálculo prevista para este produto, quando produzido pelo mesmo em outra Unidade da Federação, na hipótese de sua produção ser impedida ou reduzida pela<br />

destruição total ou parcial de suas instalações em decorrência de caso fortuito ou força maior.<br />

MG Reduções de Base de Cálculo Cesta básica: leite fermentado Internas Carga tributária de 7%<br />

• Produto constante no item 58 da Parte 6 do Anexo IV do RICMS/MG.<br />

• Este produto, para fins de aplicação do benefício, deve ser produzido no Estado de Minas Gerais.<br />

• O benefício não se aplica às saídas desta mercadoria com destino à industrialização.<br />

• O artigo 227 da Parte Geral do RICMS/MG, possibilita, mediante regime especial, que o estabelecimento industrial situado neste Estado aplique a redução de base<br />

de cálculo prevista para este produto, quando produzido pelo mesmo em outra Unidade da Federação, na hipótese de sua produção ser impedida ou reduzida pela<br />

destruição total ou parcial de suas instalações em decorrência de caso fortuito ou força maior.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

165<br />

MG Isenções Leite pasteurizado tipo A, B ou C ou leite UHT (UAT) Internas<br />

• A isenção aplica-se ao leite em embalagem que permita sua venda a consumidor final, desde que produzido no Estado, e que a operação seja promovida por<br />

estabelecimento atacadista ou varejista.<br />

MG Créditos Presumidos Leite pasteurizado tipo A, B ou C ou leite UHT (UAT) Interna<br />

• Crédito presumido de valor equivalente ao imposto devido na operação de saída, ao estabelecimento industrial, nas operações destinadas ao comércio em embalagem<br />

que permita sua venda a consumidor final.<br />

• O crédito presumido será adotado opcionalmente, devendo tal opção ser registrada no livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrência<br />

(RUDFTO) e comunicada à Administração Fazendária (AF) a que o contribuinte estiver circunscrito, sendo vedado o aproveitamento de quaisquer outros créditos,<br />

inclusive aqueles já escrituradas em seus livros fiscais.<br />

• Na hipótese do estabelecimento industrial fabricar ou comercializar também outras mercadorias, devem ser observadas as seguintes regras:<br />

a. o contribuinte escriturará apenas os créditos decorrentes das entradas e recebimentos de mercadorias, bens e serviços não relacionados com as saídas contempladas<br />

com o crédito presumido;<br />

b. na impossibilidade, no momento da entrada da mercadoria ou do bem ou do recebimento do serviço, de perfeita identificação dos créditos vinculados à saída<br />

posterior de mercadoria beneficiada com o crédito presumido, o contribuinte, no encerramento do período de apuração do imposto, deverá estornar o excesso<br />

de crédito com base na proporcionalidade que as operações beneficiadas com o crédito presumido representarem do total de operações realizadas;<br />

c. para o cálculo da proporcionalidade, serão consideradas as operações realizadas pelo contribuinte nos 12 (doze) últimos meses, incluindo-se o período no qual<br />

se efetiva o estorno.<br />

• A Resolução nº 5.029/2017 dispõe sobre o estorno de crédito de ICMS vinculado ao estoque de mercadorias, produtos em elaboração e insumos, em decorrência<br />

de exigência prevista na legislação tributária ou em regime especial de tributação que estabelece a aplicação de crédito presumido em substituição aos créditos<br />

pelas entradas de mercadorias, bens e insumos e pela utilização de serviços. Além disso, determina os requisitos, a forma, o prazo de recolhimento de débito remanescente<br />

e as obrigações acessórias para o contribuinte beneficiário ou não de regime especial que adote a sistemática da norma.<br />

MG Créditos Presumidos Leite pasteurizado tipo A, B ou C ou leite UHT (UAT) Interestaduais<br />

• Crédito presumido de valor equivalente a 1% sobre o valor do imposto devido na operação de saída, ao estabelecimento industrial, nas operações destinadas ao<br />

comércio em embalagem que permita sua venda a consumidor final.<br />

• O crédito presumido será adotado opcionalmente, devendo tal opção ser registrada no livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrência<br />

(RUDFTO) e comunicada à Administração Fazendária (AF) a que o contribuinte estiver circunscrito, sendo vedado o aproveitamento de quaisquer outros créditos,<br />

inclusive aqueles já escrituradas em seus livros fiscais.<br />

• Na hipótese do estabelecimento industrial fabricar ou comercializar também outras mercadorias, devem ser observadas as seguintes regras:<br />

a. o contribuinte escriturará apenas os créditos decorrentes das entradas e recebimentos de mercadorias, bens e serviços não relacionados com as saídas contempladas<br />

com o crédito presumido;<br />

b. na impossibilidade, no momento da entrada da mercadoria ou do bem ou do recebimento do serviço, de perfeita identificação dos créditos vinculados à saída<br />

posterior de mercadoria beneficiada com o crédito presumido, o contribuinte, no encerramento do período de apuração do imposto, deverá estornar o excesso<br />

de crédito com base na proporcionalidade que as operações beneficiadas com o crédito presumido representarem do total de operações realizadas;


166<br />

Plano Estratégico para as Cadeias Produtivas do Agronegócio no Estado do Tocantins<br />

Lácteos<br />

c. para o cálculo da proporcionalidade, serão consideradas as operações realizadas pelo contribuinte nos 12 (doze) últimos meses, incluindo-se o período no qual<br />

se efetiva o estorno.<br />

• A Resolução nº 5.029/2017 dispõe sobre o estorno de crédito de ICMS vinculado ao estoque de mercadorias, produtos em elaboração e insumos, em decorrência<br />

de exigência prevista na legislação tributária ou em regime especial de tributação que estabelece a aplicação de crédito presumido em substituição aos créditos<br />

pelas entradas de mercadorias, bens e insumos e pela utilização de serviços. Além disso, determina os requisitos, a forma, o prazo de recolhimento de débito remanescente<br />

e as obrigações acessórias para o contribuinte beneficiário ou não de regime especial que adote a sistemática da norma.<br />

MG Diferimentos Leite cru ou pasteurizado, inclusive o desnatado, e creme de leite<br />

• É diferido o ICMS incidente na saída de leite cru ou pasteurizado, inclusive o desnatado, e de creme de leite, não acondicionados em embalagem própria para<br />

consumo, observado o disposto no artigo 483 da Parte 1 do Anexo IX do RICMS/MG.<br />

RO Isenções Leite Internas<br />

• Aplica-se a isenção à saída interna de leite fresco, pasteurizado ou não, esterilizado ou reidratado, destinado a consumo final, conforme o Item 7 da Parte 2 do<br />

Anexo I do RICMS/RO<br />

• Fica dispensado o pagamento do imposto diferido, bem como o estorno do imposto que onerou o leite procedente de outra unidade da Federação ou o leite em<br />

pó utilizado na reidratação, excetuada a hipótese do retorno para consumo final no Estado de origem, conforme a Nota 1 do Item 7 da Parte 2 do Anexo I do RICMS/<br />

RO.<br />

• Nas operações interestaduais, a isenção somente se aplica às saídas de leite engarrafado ou envasado em embalagens invioláveis, conforme a Nota 2 do Item 7 da<br />

Parte 2 do Anexo I do RICMS/RO.<br />

RO Isenções Leite UHT Internas<br />

• Aplica-se a isenção à saída interna destinada a consumo final de Leite UHT-Ultra High Temperature e de bebida láctea UHT, conforme o Item 55 da Parte 2 do Anexo<br />

I do RICMS/RO.<br />

• Conforme a Nota 1 do Item 55 da Parte 2 do Anexo I do RICMS/RO, no caso do estabelecimento industrial, a fruição da isenção fica condicionada a que o contribuinte:<br />

• a) não possua nenhum débito vencido e não pago relativo a tributos administrados pela Coordenadoria da Receita Estadual;<br />

• b) recolha, até o 15º dia do mês subseqüente ao da saída dos produtos beneficiados, 0,7 % sobre o faturamento total, a partir do mês de fevereiro de 2007, para a<br />

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER).<br />

• Fica dispensado o pagamento do imposto diferido nas etapas anteriores, conforme a Nota 3 do Item 55 da Parte 2 do Anexo I do RICMS/RO.<br />

• Considera-se faturamento total o referente às saídas da produção própria do estabelecimento industrial, exceto quando se tratar de saídas sujeitas à suspensão do<br />

pagamento do ICMS, conforme a Nota 4 do Item 55 da Parte 2 do Anexo I do RICMS/RO.<br />

RO Créditos presumidos Leite Interestaduais<br />

• O crédito presumido é equivalente a 75% do valor do imposto devido pelas saídas interestaduais de produtos resultantes da industrialização do leite no Estado de<br />

Rondônia conforme o Item 4 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.


federação das indústrias do estado do tocantins<br />

167<br />

• O benefício só se aplica às operações promovidas pelo estabelecimento que industrializou a mercadoria, conforme a Nota 1 do Item 4 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.<br />

• A opção pelo benefício implica a vedação do aproveitamento de outros créditos relativos à entrada de mercadorias, bens ou serviços, inclusive os concedidos por<br />

Lei de Incentivo Fiscal, conforme a Nota 2 do Item 4 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.<br />

RO Créditos presumidos Leite UHT Internas<br />

• O crédito presumido é equivalente a 95% do valor do imposto devido pela saída interestadual de leite UHT-Ultra High Temperature, de bebida láctea UHT, e de leite<br />

concentrado, conforme o Item 7 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.<br />

• A opção pelo benefício implica a vedação do aproveitamento de outros créditos relativos à entrada de mercadorias, bens ou serviços, inclusive os concedidos por<br />

Lei de Incentivo Fiscal, conforme a Nota 1 do Item 7 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.<br />

• Entende-se por leite concentrado o produto obtido por eliminação parcial da água, a partir do leite integral, parcialmente desnatado ou desnatado, incluído o leite<br />

evaporado (tratamento térmico), e excluídos o leite condensado e o doce de leite, conforme a Nota 3 do Item 7 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.<br />

RO Créditos presumidos Produtos resultantes da industrialização de Leite Internas<br />

• O crédito presumido é referente às saídas internas de produtos resultantes da industrialização do leite no Estado de Rondônia, de forma que a carga tributária seja<br />

equivalente a 4%, conforme o Item 8 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.<br />

• O benefício somente se aplica às operações promovidas pelo estabelecimento que industrializou a mercadoria ou o da mesma empresa, que receber em transferência<br />

do estabelecimento industrializador a mercadoria a preço de custo, sem a aplicação deste benefício, desde que ambos estejam localizados em território<br />

rondoniense, conforme a Nota 1 do Item 8 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.<br />

• A opção pelo benefício implica a vedação do aproveitamento de outros créditos relativos à entrada de mercadorias, bens ou serviços, inclusive os concedidos por<br />

Lei de Incentivo Fiscal, conforme a Nota 2 do Item 8 da Parte 2 do Anexo IV do RICMS/RO.<br />

RO Diferimentos Leite fresco ou pasteurizado<br />

• Saída interna de leite fresco ou pasteurizado, exceto o UHT, conforme o Item 12, Parte 2 do Anexo III do RICMS/RO.<br />

• Encerra-se o diferimento na saída isenta do leite, na saída de produtos resultantes da sua industrialização e na saída com destino a outra unidade da Federação,<br />

conforme a Nota 1 do Item 12, Parte 2 do Anexo III do RICMS/RO.<br />

• A responsabilidade pelo recolhimento do imposto diferido fica atribuída ao contribuinte em cujo estabelecimento ocorrer a operação que encerre a fase de diferimento,<br />

conforme a Nota 2 do Item 12, Parte 2 do Anexo III do RICMS/RO.<br />

• Nas saídas posteriores isentas desses produtos para consumidor final, conforme previsto no item 07 da Parte 2 do Anexo I, fica dispensado o pagamento do imposto<br />

diferido, conforme a Nota 3 do Item 12, Parte 2 do Anexo III do RICMS/RO.<br />

RO Diferimentos Leite fresco cru<br />

• A saída interna de leite fresco cru do produtor rural destinada a entreposto, conforme o Item 13, Parte 2 do Anexo III do RICMS/RO.<br />

• Considera-se entreposto o primeiro estabelecimento destinatário do leite cru e equipara-se ao produtor o tanque de refrigeração e armazenagem instalado em<br />

decorrência da legislação sanitária federal para receber o leite de um ou mais produtores para posterior transporte a granel, conforme a Nota única do Item 13,<br />

Parte 2 do Anexo III do RICMS/RO.<br />

Fonte: elaborado por Markestrat, consulta a dados Econet (2018).


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