02.07.2019 Views

Revista Kids Mais - Edição 07 - Campo Mourão

Revista Kids Mais - Edição 07 - Campo Mourão

Revista Kids Mais - Edição 07 - Campo Mourão

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mamãe, porque menino<br />

não brinca de casinha? Psicologia<br />

A<br />

brincadeira é fundamental na infância e traz<br />

impactos importantes para o desenvolvimento<br />

da criança, trazendo a vivência de outros<br />

papéis sociais, como um ensaio para a vida adulta.<br />

É por meio do faz de conta, que as crianças podem<br />

compreender melhor o papel dos adultos à sua volta<br />

e o funcionamento da sociedade. Ampliam o vocabulário<br />

verbal e corporal, desenvolvem o senso de responsabilidade<br />

e estreitam os laços afetivos.<br />

Brincar é viver a reinvenção de sentido, a experiência<br />

de estar no mundo adulto sem ainda o ser, vivenciando<br />

papéis, sentimentos, gestos e movimentos do seu<br />

cotidiano familiar. Contudo, a brincadeira também<br />

pode servir como um dos primeiros disparadores de<br />

desigualdades entre homens e mulheres, especialmente<br />

quando no âmbito familiar ou escolar é ensinado<br />

que há aquelas que são exclusivas para as meninas<br />

e outras para os meninos.<br />

Determinar quais são “brinquedos para meninas” e<br />

“brinquedos para meninos” tira da criança a oportunidade<br />

de entender o significado das atitudes que o<br />

pai ou a mãe tomam diante de situações corriqueiras,<br />

como por exemplo, separar o lixo reciclável, arrumar a<br />

cama, lavar a louça, dirigir o carro ou contratar um jardineiro,<br />

mantendo-se estereótipos de gênero criados<br />

numa época em que homem era considerado “inútil”<br />

em casa e seu lugar era na rua.<br />

As acirradas discussões sobre gênero deixam claro o<br />

afloramento de dúvidas sobre como lidar com as diferenças.<br />

O diferente assusta e põe em evidência o<br />

outro/eu em espelho. O que acontece com o outro, eu<br />

posso sofrer também. Arquetipicamente falando, tudo<br />

o que ocorre na vida de um ser humano, em qualquer<br />

lugar do planeta, é passível de acontecer aqui, agora,<br />

no presente, comigo ou com você.<br />

Mas, lidar com o julgamento social exige uma grande<br />

dose de coragem, audácia e desejo de conhecer a si<br />

mesmo. Vemos esses predicados na atualidade quando<br />

meninos não mais se intimidam nas “brincadeiras<br />

de casinha”, momento mais que oportuno para se experimentar<br />

o papel de pai que embala seu bebê. É<br />

contraditório uma sociedade querer que um homem<br />

seja pai presente, carinhoso e responsável quando<br />

se disse a este mesmo homem na infância que numa<br />

brincadeira de casinha apenas mulheres podem tomar<br />

decisões, lavar, passar, cozinhar e cuidar das<br />

crianças.<br />

Quando um garoto brinca de boneca e cozinha nas<br />

panelinhas, está apenas vivenciando no universo<br />

lúdico a experiência de cuidar da casa (comum+unidade<br />

= comunidade) e dos outros, está ampliando<br />

sua autonomia. O problema está quando se associa<br />

a atitude de ninar uma boneca a um comportamento<br />

“afeminado” pejorativamente. Se assim fosse, todo<br />

homem que carrega seu filho nos braços estaria se<br />

“afeminando”.<br />

A menina que brinca de carrinho ou joga futebol se<br />

coloca em contato com uma atividade/esporte culturalmente<br />

masculino, mas que para ela na infância<br />

era apenas “brincar com o pai”. Praticar um esporte<br />

aprimora a noção espacial, e torna homens e mulheres<br />

bons motoristas, além de ajudar a desenvolver a<br />

imaginação à medida que vivencia seu lado criativo;<br />

auxilia na criação de regras, controle de velocidade e<br />

absorção das noções de tempo e espaço.<br />

Mães trabalham fora, apesar de voltarem para casa<br />

cansadas como o homem e fazerem o jantar ao mesmo<br />

tempo em que cuidam das tarefas escolares dos<br />

filhos. E o pai, onde está que não “brinca” de viver<br />

uma casinha de verdade com a mãe e os filhos? Está<br />

na hora de desconstruirmos muitos paradigmas, e<br />

para isso são necessários esforços e revisões constantes<br />

em nosso modo de agir e pensar.<br />

É muito importante para o menino se conectar com<br />

o seu lado acolhedor, afetuoso, empático, flexível e<br />

amável, pois a mulher há tempos vem lidando com<br />

seu lado audacioso, regrado, estando à frente de tomadas<br />

de decisões. E o que isso significa? Esperamos<br />

que signifique a construção de um futuro mais humanizado,<br />

onde mulheres e homens se compreendam<br />

mais, sem repressão, sem piadinhas e sem preconceitos.<br />

O que importa é nos olharmos como seres<br />

humanos, que têm as mesmas dores, os mesmos<br />

sentimentos, que podem ter as mesmas perdas ou<br />

alegrias, mas onde todos permaneçam com seu<br />

direito à vida, respeitando-se as diferenças.<br />

06.<br />

82

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!