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Frente Parlamentar - Propostas da sociedade civil para a garantia do acesso à água às populações rurais do Semiárido

Este documento é uma contribuição ao debate sobre garantias de acesso à água às populações rurais do Semiárido brasileiro, destacando o acesso a água para abastecimento humano e o acesso à água para a produção de alimentos na perspectiva da convivência com o Semiárido. No meio rural Semiárido, vivem mais de 1.745.000 famílias dispersas por uma área de mais de 1.000.000km2 (um milhão de quilômetros quadrados).

Este documento é uma contribuição ao debate sobre garantias de acesso à água às populações rurais do Semiárido brasileiro, destacando o acesso a água para abastecimento humano e o acesso à água para a produção de alimentos na perspectiva da convivência com o Semiárido. No meio rural Semiárido, vivem mais de 1.745.000 famílias dispersas por uma área de mais de 1.000.000km2 (um milhão de quilômetros quadrados).

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SEMIÁRIDO<br />

CADERNO DE DEBATES<br />

CADERNO 01<br />

<strong>Propostas</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

<strong>civil</strong> <strong>para</strong> a <strong>garantia</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> <strong>à</strong>s<br />

<strong>populações</strong> <strong>rurais</strong> <strong>do</strong><br />

Semiári<strong>do</strong>


SEMIÁRIDO<br />

CADERNO DE DEBATES<br />

CADERNO 01<br />

<strong>Propostas</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

<strong>civil</strong> <strong>para</strong> a <strong>garantia</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> <strong>à</strong>s<br />

<strong>populações</strong> <strong>rurais</strong> <strong>do</strong><br />

Semiári<strong>do</strong>


Essa publicação faz parte <strong>da</strong> série<br />

Semiári<strong>do</strong> - Caderno de Debates, produzi<strong>da</strong> pela<br />

Articulação Semiári<strong>do</strong> Brasileiro.<br />

Abril/2019.


<strong>Propostas</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

<strong>civil</strong> <strong>para</strong> a <strong>garantia</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> <strong>à</strong>s<br />

<strong>populações</strong> <strong>rurais</strong> <strong>do</strong><br />

Semiári<strong>do</strong>


A QUESTÃO DA ÁGUA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO:<br />

Indica<strong>do</strong>res e alternativas<br />

To<strong>da</strong> e qualquer ação de <strong>garantia</strong> de <strong>água</strong> precisa considerar três<br />

aspectos: a) fonte, b) transporte, e c) tratamento.<br />

Sem rios perenes, o Semiári<strong>do</strong> brasileiro apresenta o menor percentual<br />

de <strong>água</strong> reserva<strong>da</strong> no país, próximo a 3%, o que torna a <strong>água</strong> de chuva,<br />

com médias entre 400 a 800 milímetros anuais, sua principal fonte de<br />

abastecimento. Não é possível discutir <strong>água</strong> no Semiári<strong>do</strong> sem trazer<br />

<strong>para</strong> o centro <strong>do</strong> debate o lugar <strong>da</strong> <strong>água</strong> de chuva. Dela dependem os<br />

grandes, médios e pequenos açudes, as cisternas, as demais tecnologias<br />

<strong>para</strong> abastecimento humano e produção de alimento, as barragens <strong>do</strong><br />

leito <strong>do</strong> Rio São Francisco, assim como o próprio rio São Francisco,<br />

único a cruzar a região.<br />

Este <strong>do</strong>cumento é uma contribuição ao debate sobre <strong>garantia</strong>s de<br />

<strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> <strong>à</strong>s <strong>populações</strong> <strong>rurais</strong> <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong> brasileiro, destacan<strong>do</strong><br />

o <strong>acesso</strong> a <strong>água</strong> <strong>para</strong> abastecimento humano e o <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> <strong>para</strong> a<br />

produção de alimentos na perspectiva <strong>da</strong> convivência com o Semiári<strong>do</strong>.<br />

No meio rural Semiári<strong>do</strong>, vivem mais de 1.745.000 famílias dispersas<br />

por uma área de mais de 1.000.000km2 (um milhão de quilômetros<br />

quadra<strong>do</strong>s).<br />

I. O SEMIÁRIDO BRASILEIRO<br />

O Semiári<strong>do</strong> brasileiro é composto por 1.262 municípios (Tabela<br />

1), distribuí<strong>do</strong>s <strong>da</strong> seguinte forma: 02 no Maranhão, 185 no Piauí,<br />

175 no Ceará, 147 no Rio Grande <strong>do</strong> Norte, 194 na Paraíba, 123 em<br />

Pernambuco, 38 em Alagoas, 29 em Sergipe, 278 na Bahia e 91 em<br />

Minas Gerais. No Semiári<strong>do</strong>, vivem mais de 26 milhões de pessoas,<br />

12% <strong>da</strong> população nacional. No meio rural, vivem mais de 9,6<br />

milhões, 36,88% <strong>da</strong> população de to<strong>do</strong> o Semiári<strong>do</strong> (IBGE, 2010). São<br />

agricultores familiares, povos indígenas, comuni<strong>da</strong>des tradicionais,<br />

quilombolas e diversas outras formas de identi<strong>da</strong>de e organização que<br />

tornam o Semiári<strong>do</strong> o território mais habita<strong>do</strong> no meio rural brasileiro.<br />

Os critérios <strong>para</strong> delimitação <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong> são a precipitação<br />

pluviométrica média anual igual ou inferior a 800 mm; o índice de<br />

Aridez de Thornthwaite igual ou inferior a 0,50 e; o percentual diário<br />

7


de déficit hídrico igual ou superior a<br />

60%, consideran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os dias <strong>do</strong> ano 1 .<br />

Como reflexo <strong>da</strong>s condições climáticas<br />

<strong>do</strong>minantes de semiaridez, a hidrografia na<br />

região é “frágil”, em seus amplos aspectos.<br />

As condições hídricas são insuficientes<br />

<strong>para</strong> sustentar rios cau<strong>da</strong>losos que se<br />

mantenham perenes nos longos perío<strong>do</strong>s<br />

de ausência de precipitações. Constitui-se<br />

exceção o rio São Francisco.<br />

Devi<strong>do</strong> <strong>à</strong>s características hidrológicas que<br />

possui, as quais permitem a sua sustentação<br />

durante o ano to<strong>do</strong>, o rio São Francisco tem<br />

significa<strong>do</strong> especial <strong>para</strong> as <strong>populações</strong><br />

ribeirinhas e povoa o imaginário de quase<br />

to<strong>do</strong> o Sertão.<br />

Na tabela ao la<strong>do</strong> é possível analisar os<br />

números com<strong>para</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong>s 10 esta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong> quanto <strong>à</strong> quanti<strong>da</strong>de de<br />

municípios, população total, população<br />

urbana, população rural e o percentual que<br />

ca<strong>da</strong> esta<strong>do</strong> ocupa em relação a população<br />

total <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>.<br />

TABELA 1.<br />

(Produzi<strong>da</strong> a partir <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo 2010 <strong>do</strong><br />

IBGE, e, <strong>da</strong> atualização<br />

<strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong> em 2017).<br />

1<br />

A competência <strong>para</strong> fixar critérios técnicos e<br />

científicos <strong>para</strong> delimitação <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong> foi<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> ao Conselho Deliberativo - CONDEL <strong>da</strong><br />

Superintendência <strong>do</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong> Nordeste<br />

- SUDENE pela Lei Complementar nº<br />

125, de 3 de janeiro de 2007 (IBGE).<br />

II. ABASTECIMENTO DAS<br />

%Popul.<br />

Rural SAB<br />

Nacional<br />

% Popul.<br />

Rural<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Rural<br />

SAB<br />

Popul.<br />

Rural<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Urb.<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Urbana<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Urbana<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Total<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Total<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Total<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Munic.<br />

SAB<br />

ESTADO<br />

Número de<br />

municípios<br />

no<br />

Semiári<strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> Número<br />

de<br />

municípios<br />

Esta<strong>do</strong><br />

MG 853 91 10,67 19.597.330 1.416.560 4,48 16.715.216 875.540 5,24 2.882.114 541.020 18,77 5,64<br />

BA 417 278 67 14.016.906 7.064.283 50,4 10.102.476 4.192.935 41,5 3.914.430 2.871.348 73,35 29,91<br />

SE 75 29 39 2.068.017 441.474 21,35 1.520.366 250.082 16,45 547.651 191.392 34,9 1,99<br />

AL 102 38 37,25 3.120.494 900.549 29 2.297.860 503.589 21,92 822.634 396.960 48,23 4,14<br />

PE 185 123 66,49 8.796.448 3.665.560 41,7 7.052.210 2.377.386 33,7 1.744.238 1.288.174 73,85 13,42<br />

8


%Popul.<br />

Rural<br />

SAB<br />

Nacional<br />

%<br />

Popul.<br />

Rural<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Rural<br />

SAB<br />

Popul.<br />

Rural<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Urb.<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Urbana<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Urbana<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Total<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Total<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Popul.<br />

Total<br />

Esta<strong>do</strong><br />

%<br />

Munic.<br />

SAB<br />

Esta<strong>do</strong><br />

Número de<br />

municípios<br />

no<br />

Semiári<strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> Número<br />

de<br />

municípios<br />

Esta<strong>do</strong><br />

PB 223 194 87 3.766.528 2.380.228 63,2 2.838.678 1.604.459 56,5 927.850 775.769 7,2 8,08<br />

RN 167 147 88,02 3.168.027 1.764.735 55,7 2.464.991 1.211.672 49,15 703.036 553.063 78,7 5,76<br />

CE 184 175 95,11 8.452.381 5.484.002 64,89 6.346.557 3.430.669 54 2.105.824 2.053.333 97,5 21,39<br />

PI 224 185 82,59 3.118.360 2.717.309 87,13 2.050.959 1.839.204 89,7 1.067.401 878.105 82,3 9,15<br />

MA 217 2 0,92 6.574.789 197.965 3,01 4.147.149 147.178 3,55 2.427.640 50.787 2,1 0,53<br />

TOTAL 2.647 1.262 47,68 72.679.280 26.032.665 36 55.536.462 16.432.714 29,59 17.142.818 9.599.951 56 100<br />

POPULAÇÕES RURAIS DO<br />

SEMIÁRIDO<br />

A <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> é um <strong>do</strong>s temas<br />

mais relevantes no Semiári<strong>do</strong>.<br />

Com as menores médias de<br />

precipitações anuais <strong>do</strong> país e<br />

potencial de evapotranspiração<br />

de mais 3.000ml/ano, o balanço<br />

hídrico <strong>da</strong> região é negativo e a<br />

busca por novas fontes de <strong>água</strong>,<br />

desde o Império, sempre pautou<br />

governos, técnicos e socie<strong>da</strong>de.<br />

A questão <strong>da</strong> <strong>água</strong> na região não<br />

deve ser trata<strong>da</strong> apenas como um<br />

limite <strong>da</strong> natureza, mas como<br />

uma característica que precisa<br />

ser respeita<strong>da</strong> e considera<strong>da</strong> <strong>para</strong><br />

construir as soluções. O maior<br />

desafio <strong>da</strong> região é garantir <strong>água</strong><br />

de forma contínua e <strong>para</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

pessoas, ou seja, abastecer mais<br />

de 9,5 milhões de pessoas no meio<br />

rural durante to<strong>do</strong> o ano, mesmo<br />

em perío<strong>do</strong>s de estiagem, quan<strong>do</strong><br />

as fontes ficam mais escassas.<br />

Para se ter uma noção mais precisa<br />

<strong>da</strong> presença <strong>do</strong> fenômeno <strong>da</strong>s<br />

estiagens, basta levar em conta<br />

que, <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> <strong>do</strong>s portugueses<br />

aos dias atuais, o Semiári<strong>do</strong><br />

enfrentou 72 secas: 40 anuais e 32<br />

plurianuais (ANA, 2012).<br />

Não existem saí<strong>da</strong>s mágicas. As<br />

soluções precisam ser concretas<br />

e se somar a outras estratégias de<br />

transporte e tratamento em curso. A<br />

9


eali<strong>da</strong>de mostra que o abastecimento de muitas ci<strong>da</strong>des, de pequenos<br />

aglomera<strong>do</strong>s e <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des difusas, nem sempre será<br />

possível a partir <strong>do</strong> transporte de <strong>água</strong> por canos ou por <strong>água</strong> de subsolo<br />

a partir <strong>do</strong>s poços. Os longos perío<strong>do</strong>s de estiagem mostram a urgente<br />

necessi<strong>da</strong>de de se consoli<strong>da</strong>r um sistema de abastecimento que amplie<br />

e interligue to<strong>da</strong>s as grandes, médias e pequenas fontes existentes.<br />

Para o meio rural, as alternativas não são muitas e, dependen<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

solução a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>, em vez de resolver a questão, pode-se ampliar ain<strong>da</strong><br />

mais os problemas, tornan<strong>do</strong> a região mais fragiliza<strong>da</strong> quanto ao<br />

<strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> tanto <strong>para</strong> consumo humano, quanto <strong>para</strong> a produção de<br />

alimentos.<br />

“As características e<strong>da</strong>foclimáticas e socioeconômicas <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong><br />

requerem tecnologias específicas de utilização e conservação <strong>do</strong>s<br />

recursos hídricos. Além <strong>do</strong> quadro de escassez, a utilização incorreta<br />

<strong>do</strong>s recursos hídricos aumenta a fragili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> região ao processo<br />

de desertificação. O impacto de possíveis mu<strong>da</strong>nças climáticas pode<br />

ain<strong>da</strong> interferir negativamente em processos produtivos, na saúde e na<br />

quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> na região, pela redução <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de hídrica.<br />

Nesse contexto, devem-se abor<strong>da</strong>r o problema de escassez de <strong>água</strong><br />

e abastecimento a comuni<strong>da</strong>des difusas, levan<strong>do</strong> em consideração<br />

tecnologias alternativas, de baixo custo e fácil apropriação pela<br />

população”. (EMBRAPA, Manejo de Recursos Hídricos, disponível em:<br />

(https://www.embrapa.br/tema-manejo-de-recursos-hidricos/nota-tecnica)<br />

A definição <strong>da</strong>s tecnologias a serem utiliza<strong>da</strong>s também precisa<br />

considerar a equação custo benefício e, neste senti<strong>do</strong>, algumas questões<br />

precisam ser considera<strong>da</strong>s:<br />

Quais os tipos de ações hídricas são mais efetivos na reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

Semiári<strong>do</strong> brasileiro?<br />

Quais apresentam maiores resulta<strong>do</strong>s com menor investimento?<br />

Quais garantem o <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> geran<strong>do</strong> menor impacto ambiental?<br />

Quais ações ampliam o leque de beneficiários diretos?<br />

Quais os custos e quanto será investi<strong>do</strong> em ca<strong>da</strong> ação?<br />

Conhecer um pouco mais <strong>do</strong> que já existe na região contribui <strong>para</strong> a<br />

resposta <strong>da</strong> maior parte <strong>da</strong>s questões. Entender as lógicas e, a partir<br />

<strong>da</strong>í, aportar novas ideias, mas, sempre na perspectiva de que as ações<br />

no Semiári<strong>do</strong> precisam ser entendi<strong>da</strong>s como complementares. As<br />

soluções só serão ver<strong>da</strong>deiramente eficientes se concebi<strong>da</strong>s como<br />

10


parte de um sistema que necessita ser conecta<strong>do</strong> em suas estruturas e<br />

estratégias de gestão.<br />

a. Açu<strong>da</strong>gem no Semiári<strong>do</strong>.<br />

Na linha <strong>do</strong>s grandes reservatórios de <strong>água</strong>, a açu<strong>da</strong>gem no Semiári<strong>do</strong><br />

brasileiro começou já no Império e vem se manten<strong>do</strong> até os dias atuais.<br />

No Semiári<strong>do</strong>, existem pouco mais 481 grandes e médios reservatórios<br />

monitora<strong>do</strong>s, com capaci<strong>da</strong>de máxima estima<strong>da</strong> em 33.150hm3.<br />

Da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s em 14 de abril de 2019 no portal “Olho N’<strong>à</strong>gua”<br />

(https://olhonagua.insa.gov.br/#!/) mostravam a existência de apenas<br />

7.266hm3 estoca<strong>do</strong>s, ou seja, 22,9%. Vale destacar que este quadro,<br />

preocupante se consideramos que já estamos no mês de abril, é uma<br />

<strong>da</strong>s melhores marcas <strong>para</strong> o mesmo perío<strong>do</strong> nos últimos 5 anos.<br />

Os critérios <strong>para</strong> a construção destes reservatórios variaram no decorrer<br />

<strong>do</strong> tempo mas, quase sempre foram mais políticos que técnicos, o que<br />

pode ser observa<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> com<strong>para</strong>mos a quanti<strong>da</strong>de de reservatórios,<br />

a capaci<strong>da</strong>de de estoque e o número de pessoas que supostamente<br />

seriam atendi<strong>da</strong>s. Caso emblemático pode ser observa<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se<br />

com<strong>para</strong>m os <strong>do</strong>is maiores esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>, Bahia e Ceará.<br />

O esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Bahia, com maior território, maior população urbana e<br />

com 30% <strong>da</strong> população rural <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>, apresenta capaci<strong>da</strong>de <strong>para</strong><br />

armazenar até 3.747hm3, ou seja, até 11,3% <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de total <strong>do</strong><br />

Semiári<strong>do</strong>. Já o Ceará, com menor território se com<strong>para</strong><strong>do</strong> <strong>à</strong> Bahia,<br />

e com 21% <strong>da</strong> população rural <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>, tem capaci<strong>da</strong>de de<br />

armazenar até 17.904hm3, ou seja, 54% <strong>do</strong> total. Apesar <strong>da</strong> dispari<strong>da</strong>de,<br />

o Ceará é uma referência a ser persegui<strong>da</strong>. Mas vamos aos números de<br />

capaci<strong>da</strong>de de estoque <strong>do</strong>s demais esta<strong>do</strong>s:<br />

Alagoas: 4% <strong>da</strong> população rural <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>, e capaci<strong>da</strong>de de 18hm3, ou<br />

seja, 0,05% <strong>do</strong> total.<br />

Minas Gerais: 6% <strong>da</strong> população rural <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>, e capaci<strong>da</strong>de de<br />

76hm3, ou seja, 0,23% <strong>do</strong> total.<br />

Paraíba: 8% <strong>da</strong> população rural <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>, e capaci<strong>da</strong>de de 3.567hm3,<br />

ou seja, 10,76% <strong>do</strong> total.<br />

Pernambuco: 13% <strong>da</strong> população rural <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>, e capaci<strong>da</strong>de de<br />

2.316hm3, ou seja, 6,99 <strong>do</strong> total.<br />

11


Piauí: 9% <strong>da</strong> população rural <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>, e capaci<strong>da</strong>de de 1.187hm3, ou<br />

seja 3,58% <strong>do</strong> total.<br />

Rio Grande <strong>do</strong> Norte: com 6% <strong>da</strong> população rural, e capaci<strong>da</strong>de de<br />

4.333hm3, ou seja, 13,07% <strong>do</strong> total.<br />

Sergipe: 2% <strong>da</strong> população rural, a partir <strong>da</strong> fonte consulta<strong>da</strong>, não possível<br />

conhecer as informações <strong>para</strong> o esta<strong>do</strong>.<br />

Os açudes são as principais fontes de abastecimento <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des e<br />

aglomera<strong>do</strong>s urbanos <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong>. A <strong>água</strong>, em sua maior quanti<strong>da</strong>de,<br />

é transporta<strong>da</strong> por adutoras, que saem <strong>do</strong>s açudes até as estações<br />

urbanas de tratamento, e destas, até os lares <strong>para</strong> consumo. Quan<strong>do</strong><br />

consideramos to<strong>do</strong> o caminho percorri<strong>do</strong> pela <strong>água</strong>, <strong>do</strong> açude até<br />

chegar aos lares <strong>da</strong>s famílias, as etapas de tratamento e de distribuição,<br />

se constituem nas partes mais frágeis <strong>do</strong> processo, sen<strong>do</strong> que em alguns<br />

casos, esta <strong>água</strong>, quan<strong>do</strong> chega, é consumi<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> na sua forma bruta,<br />

ou seja, sem nenhum tratamento, e muitas vezes, contamina<strong>da</strong> com<br />

produtos químicos e metais pesa<strong>do</strong>s. Outro aspecto a considerar é<br />

que em perío<strong>do</strong>s prolonga<strong>do</strong>s de estiagem, como o vivi<strong>do</strong> de 2012<br />

a 2017, muitos destes açudes também secam, o que faz com que<br />

muitas ci<strong>da</strong>des fiquem desabasteci<strong>da</strong>s, sem <strong>água</strong> em seus sistemas de<br />

distribuição, o que exige transportar <strong>água</strong> de fontes mais distantes,<br />

tornan<strong>do</strong> a <strong>água</strong> mais cara. Deste mo<strong>do</strong>, sem estruturas que conectem<br />

as duas pontas, o abastecimento chega a ser feito de forma precária,<br />

em carros pipas, muitas vezes, com uma <strong>água</strong> de quali<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> mais<br />

inferior. Os principais limites <strong>do</strong>s sistemas de abastecimento a partir<br />

<strong>do</strong>s açudes são: a falta de manutenção nos próprios açudes, o que<br />

provoca assoreamento e contaminação <strong>da</strong> <strong>água</strong>; a precária estrutura<br />

de transporte entre fonte e os sistemas de tratamento e distribuição,<br />

com alta taxa de desperdício de <strong>água</strong> por vazamento; as estações de<br />

tratamento que não entregam o que vendem; e ain<strong>da</strong>, no próprio açude,<br />

a per<strong>da</strong> de grandes volumes por evaporação.<br />

b. Cisternas e outras tecnologias de <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a<br />

região.<br />

O Semiári<strong>do</strong> brasileiro é hoje, no mun<strong>do</strong>, a maior referência no<br />

abastecimento de <strong>populações</strong> difusas a partir <strong>da</strong> captação e manejo<br />

12


de <strong>água</strong> de chuva <strong>para</strong> beber e produzir alimentos, contan<strong>do</strong> com<br />

uma malha de mais de 1,3 milhão de tecnologias construí<strong>da</strong>s e em<br />

funcionamento. Esta ação vem sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> em outras regiões<br />

semiári<strong>da</strong>s, a exemplo <strong>do</strong> Programa “Um Milhão de Cisternas no<br />

Sahel”, em construção em países <strong>da</strong> África Subsaariana. As primeiras<br />

cisternas de placas no Semiári<strong>do</strong> brasileiro começaram a ser construí<strong>da</strong>s<br />

em pequena quanti<strong>da</strong>de já no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, com apoio<br />

financeiro, quase sempre, de agências de cooperação internacional e/<br />

ou campanhas paroquiais. A ação de construção de cisterna se somou<br />

<strong>à</strong> de outras tecnologias a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a região, a exemplo <strong>do</strong>s barreiros<br />

trincheiras e <strong>da</strong>s barragens subterrâneas, consoli<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se como<br />

alternativa concreta de <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> <strong>para</strong> beber e produzir alimentos.<br />

Mostran<strong>do</strong>-se ca<strong>da</strong> vez mais eficazes, as cisternas passaram a ganhar<br />

escala por seu potencial inclusivo, de fácil construção, eficiência e de<br />

baixo-custo. Lança<strong>do</strong> oficialmente por organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>civil</strong><br />

no ano de 1999, o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), iniciouse<br />

como tal no governo de Fernan<strong>do</strong> Henrique, e desde o ano de 2000,<br />

tem recebi<strong>do</strong> aporte de recursos <strong>da</strong> União. Em 2005 a construção de<br />

cisternas passou a ter <strong>do</strong>tação orçamentária dentro <strong>do</strong> Orçamento Geral<br />

<strong>da</strong> União (OGU). Em 2007 a ação foi amplia<strong>da</strong>, e muitas famílias que<br />

já haviam acessa<strong>do</strong> a cisterna de beber, chama<strong>da</strong> de “Primeira Água”,<br />

passaram a também acessar uma segun<strong>da</strong> tecnologia <strong>para</strong> produção<br />

de alimentos, ação denomina<strong>da</strong> “Segun<strong>da</strong> Água”. Em 2009 essa ação<br />

também passou a integrar o OGU. Posteriormente, ampliou-se a ação<br />

de construção de cisternas <strong>para</strong> garantir <strong>água</strong> nas escolas <strong>rurais</strong>. Ação<br />

denomina<strong>da</strong> “Cisternas nas Escolas”.<br />

No ano de 2013, através <strong>da</strong> Lei nº 12.873, foi cria<strong>do</strong> o Programa<br />

Nacional de Apoio <strong>à</strong> Captação de Água de Chuva. Um marco legal que<br />

regulamentou os critérios <strong>para</strong> acessar o programa; os processos de<br />

capacitação; as técnicas de construção, descreven<strong>do</strong> inclusive o passo<br />

a passo de como fazer ca<strong>da</strong> tecnologia, os custos e formas de prestação<br />

de contas.<br />

As ações de <strong>acesso</strong> descentraliza<strong>do</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> no Semiári<strong>do</strong> brasileiro já<br />

receberam prêmios como o Future Policy Award (2017), promovi<strong>do</strong><br />

pelo World Future Council, juntamente com a Convenção <strong>da</strong>s Nações<br />

Uni<strong>da</strong>s <strong>para</strong> o Combate <strong>à</strong> Desertificação e Mitigação <strong>do</strong>s Efeitos <strong>da</strong> Seca<br />

(UNCCD), sen<strong>do</strong> reconheci<strong>da</strong> como uma <strong>da</strong>s mais eficazes medi<strong>da</strong>s<br />

13


mundiais <strong>para</strong> combate <strong>à</strong> desertificação e suas graves consequências<br />

sociais, e o Prêmio Seed (2009), promovi<strong>do</strong> pelo PNUMA e PNUD,<br />

premiação que destaca projetos realiza<strong>do</strong>s em parceria entre governos,<br />

organizações e comuni<strong>da</strong>des na área de sustentabili<strong>da</strong>de em países em<br />

desenvolvimento.<br />

Na totali<strong>da</strong>de, de acor<strong>do</strong> com o Ministério <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, Boletim<br />

Informativo nº 19 de fevereiro de 2019, há 1.294.503 tecnologias de<br />

captação de <strong>água</strong> de chuva construí<strong>da</strong>s no Semiári<strong>do</strong>, o que permite<br />

o estoque de mais de 27.985.416m3 (27,99hm3) de <strong>água</strong> de forma<br />

descentraliza<strong>da</strong>. E consideran<strong>do</strong> que na maioria <strong>do</strong>s casos, a <strong>água</strong> de<br />

chuva chega a encher estas tecnologias até duas ou vezes ou mais ao<br />

ano, o volume de <strong>água</strong> maneja<strong>do</strong> nas cisternas e demais tecnologias<br />

de produção pode ultrapassar 60 milhões de metros cúbicos/ano.<br />

Consideran<strong>do</strong> as cisternas construí<strong>da</strong>s em outras regiões <strong>do</strong> país,<br />

o número cresce <strong>para</strong> 1.310.282 (um milhão, trezentos e dez mil,<br />

duzentos e oitenta e duas).<br />

No Semiári<strong>do</strong>, a Associação Programa Um Milhão de Cisternas<br />

(AP1MC), organização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>civil</strong> de interesse público (Oscip)<br />

que faz a gestão física e financeira <strong>do</strong>s programas <strong>da</strong> rede ASA, foi<br />

responsável pela implementação de 729.640 tecnologias, sen<strong>do</strong>:<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Rural<br />

PRIMEIRA ÁGUA<br />

Primeira Água<br />

(Cisterna 16 mil<br />

litros)<br />

14<br />

% <strong>do</strong><br />

total<br />

AL 4 48.872 4,47 781.952<br />

Capaci<strong>da</strong>de<br />

em m3<br />

BA 30 296.142 27,11 4.738.272<br />

CE 21 247.828 22,69 3.965.248<br />

MA 1<br />

MG 6 65.195 5,97 1.043.120<br />

PB 8 110.422 10,11 1.766.752<br />

PE 13 155.058 14,19 2.480.928<br />

PI 9 67.775 6,20 1.084.400<br />

RN 6 79.237 7,25 1.267.792<br />

SE 2 21.936 2,01 350.976<br />

TOTAL 100 1.092.465 100 17.479.440


Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Rural<br />

SEGUNDA ÁGUA<br />

Segun<strong>da</strong> Água<br />

(Tecnologias varia<strong>da</strong>s)<br />

% <strong>do</strong><br />

total<br />

AL 4 12.445 6,16 647.140<br />

Capaci<strong>da</strong>de<br />

estima<strong>da</strong> em m3<br />

BA 30 67.924 33,62 3.532.048<br />

CE 21 30.637 15,16 1.593.124<br />

MA 1<br />

MG 6 13.098 6,48 681.096<br />

PB 8 12.756 6,31 663.312<br />

PE 13 36.367 18,00 1.891.084<br />

PI 9 12.043 5,96 626.236<br />

RN 6 13.639 6,75 709.228<br />

SE 2 3.129 1,55 162.708<br />

TOTAL 100 202.038 100 10.505.976<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Rural<br />

TOTAL DE TECNOLOGIAS<br />

Primeira <strong>água</strong><br />

( + )<br />

Segun<strong>da</strong> Água<br />

% Capaci<strong>da</strong>de<br />

estima<strong>da</strong> em<br />

m3<br />

AL 4 61.317 4,74 1.429.092 5,11<br />

BA 30 364.066 28,12 8.270.320 29,55<br />

CE 21 278.465 21,51 5.558.372 19,86<br />

MA 1<br />

MG 6 78.293 6,05 1.724.216 6,16<br />

PB 8 123.178 9,52 2.430.012 8,68<br />

PE 13 191.425 14,79 4.372.012 15,62<br />

PI 9 79.818 6,17 1.710.636 6,11<br />

RN 6 92.876 7,17 1.977.020 7,06<br />

SE 2 25.065 1,94 513.684 1,84<br />

TOTAL 100 1.294.503 100 27.985.416 100<br />

%<br />

Quadro 3. (Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia) - Para o cálculo de volume<br />

armazenamento nas cisternas de primeira <strong>água</strong>, se multiplicou a quanti<strong>da</strong>de<br />

de uni<strong>da</strong>des pelo volume unitário (1.092.465 X 16m3). - Para o cálculo de<br />

segun<strong>da</strong> <strong>água</strong>, uma tentativa de aproximação, se trabalhou com a capaci<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s cisternas de produção, ou seja, 52m3, cálculo rebaixa<strong>do</strong>. Um barreiro<br />

trincheiro, outra tecnologia trabalha<strong>da</strong> na ação de segun<strong>da</strong> <strong>água</strong>, tem<br />

capaci<strong>da</strong>de de estocar 500m3.<br />

15


619.712 cisternas de 16 mil litros em 1.131 municípios; 6.8047 cisternas<br />

escolares em 631 municípios; e, 103.122 tecnologias de segun<strong>da</strong> <strong>água</strong><br />

em 751 municípios, maioria de cisternas de produção com capaci<strong>da</strong>de<br />

de 52 mil litros. Os quadros anteriores mostram os números <strong>da</strong> ação de<br />

construção de cisternas de consumo, assim como outras tecnologias de<br />

segun<strong>da</strong> <strong>água</strong>, detalha<strong>do</strong>s por esta<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong>: peso percentual<br />

<strong>da</strong> população rural em relação <strong>à</strong> população total; quanti<strong>da</strong>de de<br />

tecnologias construí<strong>da</strong>s; peso percentual <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de tecnologias<br />

construí<strong>da</strong>s em relação <strong>à</strong> totali<strong>da</strong>de no Semiári<strong>do</strong> e a capaci<strong>da</strong>de de<br />

armazenamento em metros cúbico. Isso <strong>para</strong> primeira <strong>água</strong>, segun<strong>da</strong><br />

<strong>água</strong> e o acumula<strong>do</strong> <strong>da</strong>s duas ações.<br />

No meio rural Semiári<strong>do</strong>, as construções de cisternas de placas e<br />

outras tecnologias a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s são na prática a política mais robusta,<br />

mais eficiente e de melhor relação custo-benefício. As famílias são<br />

seleciona<strong>da</strong>s a partir <strong>do</strong> Ca<strong>da</strong>stro Único, banco de <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Governo<br />

Federal; e to<strong>da</strong>s as cisternas e demais tecnologias são georrefencia<strong>da</strong>s<br />

e recebem uma placa conten<strong>do</strong> número por tecnologia, nome <strong>do</strong><br />

financia<strong>do</strong>r e o nome <strong>da</strong> organização responsável pela construção.<br />

Ao fim <strong>do</strong> processo de construção, as famílias assinam um termo de<br />

recebimento, que é um <strong>do</strong>cumento físico conten<strong>do</strong> uma foto <strong>da</strong> família<br />

diante <strong>à</strong> tecnologia finaliza<strong>da</strong> e to<strong>do</strong>s os demais <strong>da</strong><strong>do</strong>s já cita<strong>do</strong>s. To<strong>da</strong>s<br />

estas informações são processa<strong>da</strong>s e incluí<strong>da</strong>s em um sistema web de<br />

fácil <strong>acesso</strong> <strong>para</strong> a socie<strong>da</strong>de, <strong>para</strong> os entes públicos e <strong>para</strong> os órgãos<br />

de controle.<br />

Ou seja, o programa de construção de cisternas é também a ação mais<br />

transparente que se conhece sobre <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> no país, tanto na<br />

aplicação <strong>do</strong>s recursos financeiros, quanto na execução <strong>do</strong>s processos<br />

de construção e de capacitação <strong>da</strong>s famílias <strong>para</strong> o correto uso <strong>da</strong> <strong>água</strong>.<br />

A cisterna é uma fonte de <strong>água</strong> que se encontra ao la<strong>do</strong> <strong>da</strong>s casas <strong>da</strong>s<br />

famílias, abasteci<strong>da</strong> prioritariamente por <strong>água</strong> de chuva, e pode, em<br />

perío<strong>do</strong>s prolonga<strong>do</strong>s de estiagem, ser abasteci<strong>da</strong> por carro-pipa, o<br />

que garante maior autonomia as famílias. O transporte <strong>da</strong> <strong>água</strong> se dá<br />

entre a cisterna e a casa, e o tratamento, feito direto na cisterna, e<br />

também, fora dela antes de ser consumi<strong>da</strong>. Esse cui<strong>da</strong><strong>do</strong> com a gestão<br />

<strong>da</strong> <strong>água</strong> é feito, na maioria <strong>do</strong>s casos, pelas mulheres.<br />

As cisternas de placas já são responsáveis pelo abastecimento diário<br />

de quase 6 milhões de pessoas, confirman<strong>do</strong> sua vocação <strong>para</strong> atender<br />

16


de forma rápi<strong>da</strong> e segura as <strong>populações</strong> difusas. Amplian<strong>do</strong>-se a ação<br />

<strong>da</strong>s cisternas, estas podem vir a ser responsáveis por quase to<strong>do</strong> o<br />

abastecimento <strong>da</strong> área rural, pequenos vilarejos e pequenas ci<strong>da</strong>des.<br />

c. Abastecer o Semiári<strong>do</strong> exige ampliar fontes, planejamento por<br />

território e a consoli<strong>da</strong>ção de um sistema integra<strong>do</strong>.<br />

Para abastecer de forma eficiente to<strong>do</strong> o Semiári<strong>do</strong>, além de considerar<br />

as fontes existentes - açudes, cisternas, alguns poços e, em alguns<br />

lugares, as <strong>água</strong>s <strong>do</strong> rio São Francisco – se faz necessário projetar<br />

o que ain<strong>da</strong> pode ser amplia<strong>do</strong>, estabelecen<strong>do</strong> o que, como, quanto<br />

custa e em quanto tempo. Este planejamento, em ca<strong>da</strong> esta<strong>do</strong>, tem<br />

que ser nos territórios, consideran<strong>do</strong> as necessi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> conjunto <strong>da</strong><br />

população <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des e <strong>do</strong> meio rural.<br />

Já há estu<strong>do</strong>s importantes sobre isso. Para as ci<strong>da</strong>des, existe o Atlas<br />

<strong>do</strong> Nordeste, um <strong>do</strong>cumento produzi<strong>do</strong> pela Agência Nacional de<br />

Águas (ANA), estu<strong>do</strong> minucioso com apontamentos sobre o que e<br />

onde melhorar e ampliar as fontes, o transporte e o tratamento de <strong>água</strong>.<br />

Junto a ca<strong>da</strong> proposta existe uma planilha detalha<strong>da</strong> de custos <strong>para</strong><br />

balizar os investimentos sugeri<strong>do</strong>s.<br />

Para o meio rural, o plano de abastecimento precisa levar em<br />

consideração a urgente e necessária ampliação <strong>da</strong>s fontes de <strong>água</strong> <strong>para</strong><br />

garantir de forma satisfatória as varia<strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des como: <strong>água</strong><br />

<strong>para</strong> beber, <strong>água</strong> <strong>para</strong> higiene pessoal, <strong>água</strong> <strong>para</strong> lavar roupa, <strong>água</strong><br />

<strong>para</strong> os diversos usos <strong>do</strong>mésticos, <strong>água</strong> <strong>para</strong> os animais e <strong>água</strong> <strong>para</strong> a<br />

produção vegetal. A <strong>água</strong> precisa também garantir outros usos liga<strong>do</strong>s<br />

<strong>à</strong> natureza e ao bem-estar.<br />

Na perspectiva <strong>do</strong> planejamento territorial, açudes, adutoras, estações<br />

de tratamento e cisternas precisam ser considera<strong>do</strong>s parte de um<br />

mesmo sistema. Um sistema integra<strong>do</strong> com a função de atender <strong>à</strong><br />

deman<strong>da</strong> de <strong>água</strong> desta população, tanto nos perío<strong>do</strong>s de chuva como,<br />

principalmente, nos perío<strong>do</strong>s de estiagem prolonga<strong>da</strong>. A busca deve<br />

ser a de atender a estas deman<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> estruturação de circuitos<br />

ca<strong>da</strong> vez mais curtos de abastecimento.<br />

A pergunta que ca<strong>da</strong> território precisa fazer a si mesmo é: Para atender<br />

nossas necessi<strong>da</strong>des de <strong>água</strong>, ci<strong>da</strong>de e meio rural, inclusive nos perío<strong>do</strong>s<br />

prologa<strong>do</strong>s de estiagem, quais são as estruturas, fontes, transporte e<br />

17


tratamento que podemos contar? E, em caso de insuficiência, até onde<br />

precisamos ir fora <strong>do</strong> território <strong>para</strong> buscar esta <strong>água</strong>?<br />

Abaixo, segue uma tabela com os números de capaci<strong>da</strong>de potencial<br />

de armazenamento de <strong>água</strong>, tanto <strong>do</strong>s açudes como <strong>da</strong>s cisternas.<br />

Nela é possível verificar que a disponibili<strong>da</strong>de de <strong>água</strong> reserva<strong>da</strong> nos<br />

açudes por esta<strong>do</strong> é bem díspare quan<strong>do</strong> com<strong>para</strong><strong>da</strong> ao percentual <strong>da</strong><br />

população rural.<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Rural<br />

RESERVATÓRIOS<br />

Capaci<strong>da</strong>de em<br />

hm3<br />

AL 4 18 0,05<br />

BA 30 3.747 11,30<br />

CE 21 17.904 54,01<br />

MG 6 76 0,23<br />

PB 8 3.567 10,76<br />

PE 13 2.318 6,99<br />

PI 9 1.187 3,58<br />

RN 6 4.333 13,07<br />

SE 2 0,00<br />

TOTAL 33.150 100<br />

% <strong>do</strong> Total<br />

TOTAL CISTERNAS<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Rural<br />

1+2 % Capaci<strong>da</strong>de em<br />

hm3<br />

AL 4 61.317 4,74 1,43 5,11<br />

BA 30 364.066 28,12 8,27 29,56<br />

CE 21 278.465 21,51 5,56 19,87<br />

MG 6 78.293 6,05 1,72 6,15<br />

PB 8 123.178 9,52 2,43 8,68<br />

PE 13 191.425 14,79 4,37 15,62<br />

PI 9 79.818 6,17 1,71 6,11<br />

RN 6 92.876 7,17 1,98 7,08<br />

SE 2 25.065 1,94 0,51 1,82<br />

TOTAL 1.294.503 100 27,98 100<br />

18<br />

%


Obs1: Com as cisternas, a soma <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de <strong>água</strong> acumula<strong>da</strong> vai <strong>para</strong><br />

33.177,99<br />

Obs2: A capaci<strong>da</strong>de de estoque nas cisternas representa 0,08% <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de<br />

de estoque nos reservatórios<br />

Obs3: A capaci<strong>da</strong>de de estoque <strong>da</strong>s cisternas representa 0,50 % <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de<br />

existente hoje nos reservatórios que é de 5.577hm3<br />

III. DEMANDA E CUSTOS PARA GARANTIR ÁGUA A TODA<br />

A POPULAÇÃO DIFUSA DO SEMIÁRIDO<br />

No intuito de dialogar com o governo e o parlamente brasileiro na<br />

montagem <strong>do</strong> próximo Plano Plurianual (PPA 2020-2023) e de<br />

informar <strong>à</strong> socie<strong>da</strong>de sobre as ações desenvolvi<strong>da</strong>s na região <strong>para</strong> a<br />

<strong>garantia</strong> plena <strong>do</strong> <strong>acesso</strong> <strong>à</strong> <strong>água</strong> <strong>à</strong>s <strong>populações</strong> difusa <strong>do</strong> meio rural<br />

Semiári<strong>do</strong>, apresentamos nestas duas planilhas, propostas, organiza<strong>da</strong>s<br />

por esta<strong>do</strong>, conten<strong>do</strong>: i) as deman<strong>da</strong>s por <strong>água</strong> de consumo humano,<br />

ii) as deman<strong>da</strong>s por <strong>água</strong> <strong>para</strong> produção de alimentos, iii) os valores<br />

individuais <strong>da</strong>s tecnologias sugeri<strong>da</strong>s, iv) o volume financeiro 2<br />

necessários <strong>para</strong> a ação, e, v) a proposta de execução no universo <strong>do</strong>s<br />

PPAs.<br />

a) Água de Beber (cisternas de placas).<br />

A deman<strong>da</strong> de cisternas de primeira <strong>água</strong> no Semiári<strong>do</strong> é de 1.450.000<br />

(um milhão quatrocentos e cinquenta mil), destas, já foram construí<strong>da</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Rural<br />

CISTERNAS DE 16 MIL LITROS<br />

Meta atualiza<strong>da</strong><br />

19<br />

Cisternas<br />

Construí<strong>da</strong>s<br />

% Deman<strong>da</strong> %<br />

AL 4 58.000 48.872 84,26 9.128 15,74<br />

BA 30 435.000 296.142 68,1 138.858 31,9<br />

CE 21 304.500 247.828 81,4 56.672 18,6<br />

MA 1 14.500 0 0 14.500 100<br />

MG 6 87.000 65.195 75 21.805 25<br />

PB 8 116.000 110.422 95 5.578 15<br />

PE 13 188.500 155.058 82 33.442 18<br />

PI 9 130.500 67.775 51,93 62.725 47,17<br />

RN 6 87.000 79.237 91 7.763 9<br />

SE 2 29.000 21.936 75,64 7.064 24,36<br />

TOTAL<br />

SEMIÁRIDO<br />

100 1.450.000 1.092.465 76,1 343.035 23,9


DEMANDA<br />

Esta<strong>do</strong> % Pop. Rural Valor por<br />

Uni<strong>da</strong>de<br />

Cisternas<br />

Valor total<br />

AL 4 R$3.534,77 R$32.265.380,56<br />

BA 30 R$3.570,76 R$495.828.592,08<br />

CE 21 R$3.363,37 R$190.608.904,64<br />

MA 1 R$3.508,10 R$50.867.450,00<br />

MG 6 R$3.450,41 R$75.236.190,05<br />

PB 8 R$3.485,47 R$19.441.951,66<br />

PE 13 R$3.459,03 R$115.676.881,26<br />

PI 9 R$3.549,10 R$222.617.297,50<br />

RN 6 R$3.465,06 R$26.899.260,78<br />

SE 2 R$3.533,21 R$24.958.595,44<br />

TOTAL<br />

SEMIÁRIDO<br />

100 R$3.491,93 R$1.254.400.503,97<br />

1.092.465, o que representam, 76,1% de deman<strong>da</strong> atendi<strong>da</strong>. Desta<br />

forma, <strong>para</strong> se alcançar a deman<strong>da</strong> necessária, falta construir 357.535<br />

(trezentos e cinquenta e sete mil, quinhentos e trinta e cinco) novas<br />

cisternas. Consideran<strong>do</strong> que vivem no Semiári<strong>do</strong> aproxima<strong>da</strong>mente<br />

1.745.000 (um milhão, setecentos e quarenta e cinco mil) famílias,<br />

este quadro evidencia que outras 395 mil famílias já acessam <strong>água</strong> de<br />

beber por outras fontes, como vimos nas tabelas.<br />

b) Segun<strong>da</strong> Água – Água de Produção e acompanhamento<br />

técnico <strong>à</strong>s famílias.<br />

A ação de segun<strong>da</strong> <strong>água</strong> está centra<strong>da</strong> na <strong>garantia</strong> de uma segun<strong>da</strong><br />

estrutura de captação e armazenamento de <strong>água</strong> e no apoio técnico e<br />

pe<strong>da</strong>gógico <strong>à</strong>s famílias. O intuito é potencializar os diversos espaços e<br />

práticas de produção de alimentos, contribuin<strong>do</strong> <strong>para</strong> o fortalecimento<br />

<strong>da</strong>s estratégias de geração de ren<strong>da</strong>, a partir <strong>da</strong>s relações de<br />

comercialização, trocas comunitárias e formação de estoque. Inician<strong>do</strong><br />

com a construção de diagnósticos de agroecossistemas, o programa<br />

avança na construção de projetos produtivos familiares e contempla,<br />

além <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> tecnologia de segun<strong>da</strong> <strong>água</strong> e de um pequeno<br />

2<br />

Os valores por tecnologia trabalha<strong>da</strong> são <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, Governo Federal, estabeleci<strong>do</strong>s<br />

em portarias. No caso <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> <strong>água</strong>, a tecnologia de referência é a cisterna calçadão.<br />

20


sistema de irrigação, a aquisição de materiais de infraestruturas e<br />

insumos produtivos, aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong> na implantação de ca<strong>da</strong> projeto e<br />

garantin<strong>do</strong> acompanhamentos técnicos no perío<strong>do</strong> de até <strong>do</strong>is anos.<br />

To<strong>da</strong>s as famílias participam de intercâmbios horizontais de troca<br />

de conhecimentos em outras uni<strong>da</strong>des familiares. Tais intercâmbios<br />

fortalecem o conhecimento produzi<strong>do</strong> pelas famílias camponesas, o<br />

que contribui na definição <strong>da</strong>s estratégias e organização <strong>da</strong> produção.<br />

Famílias que participam <strong>do</strong> programa, além de terem a disponibili<strong>da</strong>de<br />

de <strong>água</strong> aumenta<strong>da</strong>, passam a trabalhar com o uso mais racional<br />

desta <strong>água</strong>, o que permite ampliar ain<strong>da</strong> mais a produção. Esta maior<br />

produção, realiza<strong>da</strong> a partir de espaços como quintais, roça<strong>do</strong>s,<br />

sistemas agroflorestais, sistemas de criação animal e outros, além de<br />

permitir uma maior quanti<strong>da</strong>de e diversi<strong>da</strong>de na produção e consumo<br />

de alimentos, gera excedentes que se transformam em ren<strong>da</strong> monetária<br />

e não monetária. Esta ren<strong>da</strong>, além de propiciar maior bem-estar <strong>à</strong>s<br />

famílias, é em parte reinvesti<strong>da</strong> nos próprios sistemas, geran<strong>do</strong> um<br />

ciclo virtuoso. O número de famílias que já <strong>acesso</strong>u a segun<strong>da</strong> <strong>água</strong><br />

no Semiári<strong>do</strong> é de' mais de 201 mil, no entanto, só representa 20% <strong>da</strong><br />

deman<strong>da</strong> possível, que é de 1 milhão de tecnologias. Esta deman<strong>da</strong><br />

possível, menor que a apresenta<strong>da</strong> <strong>para</strong> a primeira <strong>água</strong>, se explica<br />

objetivamente pelo fato de um grande número de famílias no Semiári<strong>do</strong><br />

serem sem terras, ou, com áreas muito pequenas, insuficientes até<br />

mesmo <strong>para</strong> a construção de uma segun<strong>da</strong> tecnologia. Vamos aos<br />

números:<br />

TECNOLOGIAS DE SEGUNDA ÁGUA<br />

Esta<strong>do</strong><br />

% Pop.<br />

Rural<br />

Meta atualiza<strong>da</strong><br />

21<br />

Tecnologias<br />

Construí<strong>da</strong>s<br />

% Falta %<br />

AL 4 40.000 12.445 31,11 27.555 68,89<br />

BA 30 300.000 67.924 22,64 232.076 77,36<br />

CE 21 210.000 30.367 14,46 179.633 85,54<br />

MA 1 10.000 0 0 10.000 100<br />

MG 6 60.000 13.098 21,83 46.902 78,17<br />

PB 8 80.000 12.756 15,95 67.244 84,05<br />

PE 13 130.000 36.367 27,97 93.633 72,03<br />

PI 9 90.000 12.756 14,17 77.244 85,83<br />

RN 6 60.000 13.639 22,73 46.361 77,27<br />

SE 2 20.000 3.129 15,64 16.871 84,36<br />

TOTAL<br />

SEMIÁRIDO<br />

1.000.000 202.481 20 797.519 80


REC. NECESSÁRIOS<br />

Esta<strong>do</strong> % Pop. Rural Valor Médio<br />

por Uni<strong>da</strong>de<br />

Valor Total<br />

Aproxima<strong>do</strong><br />

AL 4 R$15.721,14 R$433.196.012,70<br />

BA 30 R$15.897,69 R$3.689.472.304,44<br />

CE 21 R$14.930,20 R$2.681.956.616,60<br />

MA 1 R$14.970,00 R$149.700.000,00<br />

MG 6 R$15.216,74 R$713.695.539,48<br />

PB 8 R$15.214,54 R$1.023.086.527,76<br />

PE 13 R$15.186,09 R$1.421.919.164,97<br />

PI 9 R$16.256,90 R$1.255.747.983,60<br />

RN 6 R$15.389,30 R$713.463.337,30<br />

SE 2 R$16.009,62 R$270.098.299,02<br />

TOTAL<br />

SEMIÁRIDO<br />

R$15.479,22<br />

R$12.352.335.785,87<br />

c) Alguns apontamentos importantes nesta proposta.<br />

c.1) Sobre <strong>água</strong> <strong>para</strong> abastecimento humano:<br />

O valor de R$ 1.254.400.503,97 (um bilhão duzentos e cinquenta e<br />

quatro milhões quatrocentos mil, quinhentos e três reais e noventa<br />

e sete centavos), recurso necessário <strong>para</strong> atender to<strong>da</strong>s as 343.033<br />

famílias que hoje não contam com uma fonte segura de <strong>água</strong>, precisa<br />

estar garanti<strong>do</strong> no PPA 2020-2023.<br />

c.2) Sobre <strong>água</strong> <strong>para</strong> produção de alimentos:<br />

Para o próximo PPA 2020-2023, <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> de 797.519 tecnologias, a<br />

proposta é atender 239.255,70, 30% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>, o que exige previsão<br />

orçamentária na ordem de R$ 4.323.317.525,05 (quatro bilhões<br />

trezentos e vinte três milhões trezentos e dezessete mil quinhentos e<br />

cinco reais e cinco centavos). Para o PPA 2024-2027, a proposta é<br />

prever o valor correspondente a 40% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>, enquanto <strong>para</strong> o<br />

PPA 2028-2031 seria 20%.<br />

Um hectômetro cúbico corresponde 1.000.000m3 (um milhão de metros cúbicos), ou seja, 1.000.000.000 (um bilhão) de litros.<br />

22


Projeto Gráfico:<br />

U<br />

Igor de Holan<strong>da</strong><br />

UBUNTU COMUNICAÇÃO<br />

@u.comunicacao |<br />

ubuntucomunicacaocriativa@gmail.com


SEMIÁRIDO<br />

CADERNO DE DEBATES<br />

CADERNO 01

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