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44<br />

Todos podem comunicar, inclusive todos<br />

com necessidades complexas<br />

Quando falamos que comunicação é<br />

para todas as pessoas com autismo,<br />

queremos dizer que é para todos.<br />

“Mas, e meu filho que não tem um<br />

bom controle motor”, ele também!<br />

“Mas, e minha aluna que não parece<br />

entender”, ela também! “Mas, e meu<br />

paciente que não se foca em uma só<br />

atividade nem por 2 minutos”, ele<br />

também! Mas, mas, mas... Sim!<br />

Comunicação é para todos, inclusive<br />

para as crianças, jovens e adultos com<br />

necessidades complexas. Então, eu<br />

sou uma psicóloga trabalhando com<br />

comunicação alternativa e suplementar,<br />

ou comunicação aumentativa e<br />

alternativa (CAA). Então, você mãe,<br />

pai, ou professora de uma criança<br />

com autismo que não fala, ou não fala<br />

mais de algumas palavras soltas ou<br />

frases, este artigo é para você!<br />

Muitos me perguntam, “o que essa<br />

psicóloga está trabalhando com<br />

comunicação?” Eu respondo! Comecei<br />

trabalhando com suporte positivo<br />

para comportamento, isso quer dizer<br />

que eu comecei trabalhando com<br />

crianças com “problemas” de comportamento.<br />

Eu chamo problemas, e coloco “entre<br />

parênteses” porque para a gente<br />

que está de fora os comportamentos<br />

parecem problemas, pois incluem<br />

bater, morder, gritar, jogar coisas, não<br />

engajar em tarefas e atividades, ter<br />

comportamentos ao contrário do que<br />

está sendo pedido, ignorar pedidos,<br />

entre outros.<br />

Todos esses comportamentos parecem<br />

problemas para nós, mas para<br />

a pessoa com autismo podem ser a<br />

única maneira que conseguem agir,<br />

ou mesmo podem ser maneiras que<br />

compensam por diferenças no processamento<br />

sensório-motor do ambiente,<br />

e mesmo pelas diferenças em como<br />

responder para esse meio.<br />

E vejam que enfatizo que o problema<br />

é o comportamento e não a criança ou<br />

jovem. Quando chamamos a criança<br />

ou jovem de problema ou mesmo<br />

nomeamos a pessoa como agressiva,<br />

estamos dando uma identidade de<br />

problema ou agressiva à pessoa, e<br />

quando isso vira identidade e quem<br />

a pessoa é, é assim que ela se comportará<br />

e mudanças de ação são mais<br />

difíceis. Um dia conto mais para vocês<br />

sobre a pesquisa que fiz descrevendo<br />

as consequências de descrever as<br />

nossas crianças como problemas.<br />

Comportamentos problema, então,<br />

são comuns e principalmente em<br />

pessoas com autismo que não desenvolvem<br />

linguagem verbal. Vamos<br />

refletir, uma pessoa que não consegue<br />

se expressar e se fazer entendida, e<br />

desenvolve comportamentos que chamamos<br />

de problema, será uma coincidência?<br />

Você já ficou tão frustrado<br />

que não conseguiu se comunicar?<br />

Ficou tão frustrado que quis gritar,<br />

bater e ou simplesmente sair andando?<br />

Eu já! Quando percebemos que<br />

somos todos mais parecidos do que<br />

diferentes, vemos que tais comportamentos<br />

são parte da gama de comportamentos<br />

possíveis para pessoas<br />

que não se comunicam verbalmente,<br />

e que mesmo a sua comunicação não<br />

verbal, seus gestos expressões e sinais<br />

são limitados.<br />

Isso significa que a função de muitos<br />

dos comportamentos problema ou<br />

agressivos é comunicar uma ideia, necessidade,<br />

ou uma frustração por não<br />

conseguir fazê-lo. Talvez, essa funcio-

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