A Camminare Traveller - Viagens de Experiência, Gastronomia e Lifestyle - Ed 02

A Camminare
Traveller
RESERVA DO
IBITIPOCA
LAÉRCIO
ZULU
AURORA
BOREAL
A N O I • N O . 2
1 | A CAMMINARE

2 | A CAMMINARE

CARTA AO LEITOR
ADRIANA LAGE
Editora-chefe
@adri.lage
Bem-vindo(a) a bordo! Feliz
em compartilhar com você
nesta segunda edição algumas
das nossas experiências pelo
mundo, apresentar pessoas
fascinantes por trás dos profissionais
incríveis que são e
trazer uma dose de história e
cultura brasileira tão ricas mas
desconhecidas para nós.
Uma de nossas missões é
inspirar viajantes a se conscientizar
da importância de
sua postura sustentável para
diminuir nosso impacto destrutivo
aonde passamos para
que a nossa geração e as futuras
desfrutem das maravilhas
de nosso planeta. Proponho a
leitura da matéria sobre o Dia
da Terra como parte desta jornada.Finalmente,
aproveite as
colunas especiais com os convidados
deste mês, repartindo
sua visão de mundo nas mais
diversas searas.
Excelente leitura e viagens
fenomenais em 2019!
A CAMMINARE | 3

Mural do leitor
Mensagens para a redação
Gostei muito da Revista A Camminare. Editorial
e entrevistas muito boas e diversificadas. –
Marly Parra, Forbes 2018, uma das 40 mulheres
mais poderosas do Brasil, Conselheira EY Winning
Women
Parabéns pela A Camminare Traveller. Revista
clean e fluída. Sílvia e eu gostamos do primeiro
número e dos artigos concisos e interessantes
com boas imagens - Heitor e Silvia Reali,
Editores na Viramundo e Mundovirado
Acabei de efetuar a leitura de sua revista e os
conteúdos são de excelente qualidade, parabéns!
– Leonardo Brito, CEO iFriend
Meus parabéns, fiquei encantada! Adorei o
estilo, as dicas, me passa confiança, empatia... o
que creio ser importantíssimo quando estendemos
um convite a este lifestyle, o que muitos
acham ainda intangível. Percebe-se que a pesquisa
foi minuciosa, gostei muito muito mesmo.
– Tamara Hakeem, Consultora de Viagens na Teresa
Perez Tours
É colorida, alto-astral e traz tendências, gente que
entende do assunto dando orientações, turismo
gastronômico... muito legal. – Joyce Moysés, jornalista
e produtora de conteúdo
Estou lendo agora a revista e gostei muito,
mas principalmente da diagramação, está
muito clean, leve e fácil de ler... – Lilian Marsari,
Trotamundo Viagens
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4 | A CAMMINARE

O mais sofisticado grupo hoteleiro do mundo
nos mais interessantes destinos do planeta.
mandarinoriental.com
A CAMMINARE | 5
A Camminare Traveller

Suas viagens aqui
Desafio do mês: Eu amo grafite!
Marque suas fotos do Instagram com a hashtag #acamminare para
ver sua viagem publicada na revista e em nossas redes sociais
escolhida por nossa equipe.
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anuncio_mysim_a4.pdf 1 25/10/18 18:50
C
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CMY
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A CAMMINARE | 7

oteiros temáticos
Inspire-se nestas sugestões de viagens temáticas e mergulhe na história, conheça
pessoas, saboreie a gastronomia local e visite cenários além do roteiro tradicional.
Uma sucinta lista dentre a inesgotável possibilidade de destinos únicos no planeta.
GRÉCIA, Barco e Bike
A antiga história grega se revela nas
pedaladas por estradas costeiras entre
aldeias e crateras vulcânicas entremeadas
por belas enseadas vistas a
partir da sua cabine a bordo do gulet,
embarcação turca que navega pelas
intocadas Ilhas Gregas banhadas pelo
Mediterrâneo.
Ver Itinerário
EQUADOR,
Natureza e História
5d/4n
Patrimônio Cultural da Unesco
desde 1978 e uma das cidades
mais prósperas da América do
Sul, o centro histórico de Quito
surpreende pela beleza colonial
e pelo excelente estado
de conservação, cujos edifícios
abrigam museus, bares, restaurantes
e vida noturna. O
imponente Vulcão Cotopaxi e
a bucólica Otavalo fecham o
roteiro de cinco dias e quatro
noites por este país ainda fora
dos holofotes de brasileiros.
URUGUAI, Enocultural
4d/3n
O charme de Colônia del
Sacramento e seu centro histórico,
também Patrimônio da
Humanidade, encantam tanto
como os vinhos de Carmelo
neste itinerário que inclui a visita
a duas excelentes vinícolas: a
El Legado e a Finca Narbona.
Você descobrirá a influência
portuguesa e espanhola visitando
museus acompanhado de
um especialista. Complemente
a viagem com aquela paradinha
básica em Buenos Aires.
Ver Itinerário
Ver Itinerário
8 | A CAMMINARE

PORTUGAL, Alentejo
Enogastronômico
As paisagens intocadas do Alentejo
desenhadas por vinhedos, campos, vilarejos
e bosques de cortiça permanecem
intocadas há décadas e encantam pela
gastronomia farta e belezas arquitetônicas
e históricas ainda preservadas, como
o Convento do Espinheiro, do século XV,
e o Cromeleque dos Almendres, o maior
sítio megalítico de Portugal, construído
há milênios.
Ver Itinerário
JALAPÃO, Viagem de
Transformação
Um roteiro cuidadosamente pensado
para você se maravilhar com
a grandiosidade da natureza brasileira
com apoio dedicado e exclusivo.
Um santuário de vida selvagem
numa região árida pontilhada
de oásis torna-se o cenário de
fundo para uma imersão no autoconhecimento,
com workshops e
atividades de desenvolvimento
pessoal, funcionamento da mente
e superação de bloqueios emocionais,
sob a sombra de cajueiros e
mangabeiras
Saída única em grupo VIP: 15 a
20 de outubro
Ver Itinerário
ROTA DA SEDA, Sob Trilhos
14 dias de uma jornada ferroviária
do Mar Cáspio às montanhas
de Tien Shan, percorrendo
Turcomenistão, Uzbequistão e
Cazaquistão, países surpreendentes
pela rica história, cultura
e gastronomia. O trem privativo
oferece amplo conforto e a degustação
de pratos regionais elaborados
a bordo na hora. Sem dúvida,
uma viagem inesquecível para
fazer nesta vida.
Ver Itinerário
A Camminare Viagens de
Experiências
Saiba mais
Seu próximo destino não está na
lista? Fale conosco e conheça nossas
sugestões.
A CAMMINARE | 9

A Camminare Traveller
ANO 1 | No. 02
Clique no título para ler a matéria
10
ENTREVISTAS
Marco Brotto, o caçador de Auroras
Boreais
68
Laércio Zulu, o melhor bartender do
Brasil
20
DESTINOS E
EXPERIÊNCIAS
Reserva do Ibitipoca
72
Paranapiacaba, suas vidas
SUSTENTABILIDADE
34
Eduardo Kobra colore Mônaco
44
52
ARTE
Como comprar um Van Gogh
Dia da Terra, salvem nossos animais
10 | A CAMMINARE

66
GASTRONOMIA
O voo alto da culinária paraense e
amazônica
70
Cachaça: a hora do destilado brasileiro
chegou
SEÇÕES
87 Aviação
Como os pilotos se preparam para um
voo ?
88 Finanças
Construindo um sonho com os filhos
86
MOMENTOS DE
VIAGEM
O pedaço da África em mim
90
O que Langkawi me ensinou
A CAMMINARE | 11

O Caçador de Auroras Boreais
O caçador
de
Auroras
Boreais
Fotos Marco Brotto
12 | A CAMMINARE

A CAMMINARE | 13

A caça e o caçador
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Lapônia, Finlândia
Em busca das famosas Northern
Lights desde 2008 após uma viagem
frustrante como turista em que não
conseguiu ver as luzes, Marco Brotto
se especializou no fenômeno mais
incrivel da natureza e hoje se realiza
toda vez que vê um rosto fascinado
diante da Dama da Noite.
Marcão, como é carinhosamente
chamado, concedeu esta entrevista
exclusiva à revista A Camminare
enquanto embarcava para sua 66ª
expedição, todas bem sucedidas.
Lapônia, Finlândia
A CAMMINARE | 15

Islândia
AC: Como Marco Brotto define a
Aurora Boreal?
MB: Como o mais lindo espetáculo da
natureza, o que mais se aproxima do
que seria o contato com o ser superior,
Deus, ou qualquer outra entidade
em que você acredite. É um momento
de introspecção fantástico, só quando
estamos embaixo da Aurora conseguimos
sentir a energia dela dançando
sobre nós.
AC: Quais são os maiores equívocos
que as pessoas cometem
ao falar da Aurora Boreal?
MB: Esta é uma questão muito importante,
costumamos dizer que existem
dois tipos de especialistas, o de dois
segundos e o de muitos anos. Ano a
ano temos nos especializado e percebemos
que boa parte das informações
que são colocadas na internet são
desinformações e muitas coisas foram
desmistificadas por nós.
Islândia
16 | A CAMMINARE

Uma delas é a de que é necessário
fazer um caminho muito longo para
ver a Aurora, não é bem assim.
É mais fácil, mas ao mesmo tempo
difícil. Existem dois pontos que não
são o 8 e nem o 80. Dizem que
não podemos avistá-la no verão,
mas podemos. As pessoas não têm
acesso às informações corretas,
muitos dizem que não é possível
ver durante a lua cheia, mas é.
Eu particularmente gosto muito,
ela fica mais cintilante, não existe
tanto contraste. Cada lugar ou dia
me dá uma possibilidade e esqueletos
diferentes.
AC: Em que momento você
atingiu a maturidade e a
qualidade que buscava como
fotógrafo de Auroras Boreais?
MB: Eu definitivamente não atingi
a maturidade nem como fotógrafo
e nem como nada, apesar da minha
Lapônia, Finlândia
Marco Brotto
idade. Maturidade como fotógrafo
não atingi e nem vou atingir, não
sou fotógrafo profissional. Gosto
de fotografar a Aurora, fico tão
emocionado, ainda mais se tiver
pessoas junto, porque acabo produzindo
fotos interessantes. Mas
não tenho a pretensão de ser um
fotógrafo. O que busco é mostrar
à maior parte de pessoas a possibilidade
de se ver a Aurora Boreal,
permitindo com isso que elas realizem
seus sonhos da maneira
mais completa possível, porque é
frustrante ouvir que a pessoa foi
para lá, ficou 30 minutos e voltou.
O que fazemos é de coração e o
que nos gratifica é a amizade que
conquistamos.
AC: Quais foram os erros que
você já cometeu e quais fotos
da Autora Boreal não deram
certo?
MB: Eu não tenho vergonha de mostrar
uma foto que não deu certo,
porque em tudo que a gente faz na
vida em algum momento não vai dar
certo. É como as expedições, estou
embarcando agora para o Alasca
A CAMMINARE | 17

para a Expedição de número 66 e em
todas elas eu vi a Aurora Boreal. E
pode ser que nesta aqui eu tenha pela
primeira vez uma expedição em que
não verei a Aurora.
Erros acontecem frequentemente, mas
aconselho as pessoas primeiramente
a aprender a mexer no equipamento
antes de iniciar a viagem, porque
senão você irá se bater bastante. São
fotografias muito dolorosas, porque
tem vento, frio, cansaço, então são
fotografias muito difíceis. Também
qualquer poluição visual, qualquer ataque
de luminosidade perto de você, vai
estragar sua foto.
AC: Qual foi a Aurora Boreal
mais inesquecível que você já
fotografou na sua vida?
MB: Olha, tenho muitas tanto da vida
pessoal como profissional, fatos que
ocorreram durante as viagens. A intensidade
da Aurora, momentos da vida,
quando você está em um ... não gosto
de chamar de trabalho, porque não é
trabalho pra mim, de tão lindo que é
isso, você fica muito sensível. Então
Lapônia, Finlândia
Groenlânida
18 | A CAMMINARE

hoje eu sou uma pessoa que choro
muito mais do que chorava antigamente
porque a emoção das pessoas
acaba transcendendo este campo
visual, sabe, as pessoas se abrem,
parece que todos os seus poros estãoabertos
para que essa energia entre.
Então eu tenho muita foto legal, acho
que uns 20 teras de fotos.
O segredo é você ter paciência,
conhecer seu equipamento, acertar
o foco, a gente perde muita foto por
falta de foco porque é muito difícil
focar à noite. Isso também é uma
questão importante da lua cheia, porque
ela te propicia isso. É como tudo,
o motorista tem que conhecer o carro
dele, o fotógrafo tem que conhecer a
câmera fotográfica dele.
AC: Situações inesperadas ocorrem
em viagens, principalmente
considerando condições climáticas
adversas e infraestruturas
mais precárias. Conte para nós
alguma experiência engraçada
que aconteceu durante uma caça
e como foi o fim da história.
MB: Quando a gente fala do Ártico,
a gente viaja para lugares inóspitos
e temos a infraestrutura muito boa
para aquilo que as pessoas precisam
e não para aquilo que elas não
precisam.
Lapônia, Finlândia
A CAMMINARE | 19

Alasca
Você não tem carregador de mala,
pessoa que vai fazer o check in pra
você, serviço 24 horas de quarto, 10
pessoas pra fazer a comida quando
você chegar ao restaurante, tem que
reservar o restaurante com antecedência,
tem que carregar sua própria
mala, fazer seu próprio check in.
Eu faço muita pesquisa com avalanches,
estradas fechadas, minha
principal preocupação na viagem
é com a segurança. Então, dificilmente
a gente passa uma expedição
sem uma modificação de roteiro,
sem cancelamento de alguma atividade,
porque tenho um protocolo
de segurança que é seguido à risca
e se estiver no limite vou chamar os
meus pra me ajudar.
Obviamente, nosso motorista tem
que ser local, tenho back up de
carro e motorista, tenho o controle
da garagem onde a gente está o
tempo todo, motorista com horas de
descanso controladas, equipa-mento
de bafômetro no veículo que só liga
se ele estiver ok.
Alasca
20 | A CAMMINARE

“Só quando estamos embaixo
da Aurora conseguimos
sentir a energia dela
dançando sobre nós.”
_ Marco Brotto
Groenlândia
A CAMMINARE | 21

Reserva de Ibitipoca
Em
comunhão
com a
natureza
na
RESERVA
DO
IBITIPOCA
Por Adriana Lage, Fotos Angela Manta
22 | A CAMMINARE

A CAMMINARE | 23

Viajar proporciona oportunidades de
crescimento pessoal se você se permitir
olhar além do óbvio, traz uma
sensação de liberdade e um sentimento
de conquista intraduzíveis.
E não precisamos atravessar oceanos
para viver isso. Na Reserva do
Ibitipoca, sul de Minas Gerais, tive o
privilégio de conhecer pessoas especiais,
que me ensinaram muito sem
mesmo eles saberem disso, deixam
saudades até hoje e o desejo de um
breve retorno.
O pequeno hotel boutique me conquistou
em 2016 por seu propósito
sustentável holístico, desde a preocupação
em melhorar a qualidade
de vida dos moradores da região ao
projeto de proteger o ecossistema
do Parque Estadual do Ibitipoca.
A Reserva abraça +80% da área do
parque, protegendo-o, e visa devolver
à natureza a fauna e a flora que
estavam desaparecendo por causa
das fazendas de gado.
24 | A CAMMINARE

A CAMMINARE | 25

Um grande casarão, antiga sede
da fazenda de engenho construída
em 1715 acomoda 8 aconchegantes
suítes exclusivas em ambiente
típico de interior e oferecem vista
para as colinas mineiras verdejantes.
As refeições são preparadas
no fogão à lenha e Tuca, o tucano
mascote, está sempre presente.
É difícil falar das experiências em
Ibitipoca porque elas são tão únicas
que se eu revelá-las, pode perder
um pouquinho do seu charme.
Só digo que é um desses lugares
escondidos no Brasil, divulgado de
boca a boca, para que mantenha sempre
sua atmosfera tranquila, uma casa
de fazenda da vó que nos remete à
infância. Vá e me conte depois.
Na Reserva, aprendemos a ouvir os
sons da água, do vento e dos animais.
Aprendemos a enxergar o verdadeiro
valor da fauna, da flora e das comunidades
que nela habitam. Aprendemos
a nos conscientizar de nossa responsabilidade
em não apenas preservar,
mas ajudar a restabelecer o que foi
perdido. E, acima de tudo, aprendemos
com as pessoas o verdadeiro significado
do compartilhar e viver feliz.
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A CAMMINARE | 29

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A CAMMINARE | 31

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A CAMMINARE | 33

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“Acima de tudo,
aprendemos com as
pessoas o verdadeiro
significado do
compartilhar e
viver feliz”.
_ adriana lage
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Kobra em Mônaco
36 | A CAMMINARE

Kobra
sustentável
em
Mônaco
A CAMMINARE | 37

Brasileiros agora têm mais um
motivo para visitar Mônaco, aninhado
no sul da França. As cores vibrantes
de Eduardo Kobra chegam ao principado,
um dos países mais sensíveis a
problemas ambientais. Reconhecido
por suas artes impactantes que
geram reflexões sobre causas sociais
e ambientais, o artista inaugurou ao
lado de S.A.S. Príncipe Albert II de
Mônaco seu primeiro grafite no país
em 18 de março último.
Seu mural foi inspirado na obra
“A Persistência da Memória”, de
Salvador Dalí (1904-1989), e retrata
os icônicos relógios derretendo nas
geleiras da Antártida. É uma crítica
às ações humanas responsáveis pelo
aquecimento global prejudiciais ao
meio ambiente. Com 12m de largura
por 7m de altura, o grafite pintado
no rochedo à beira-mar parece continuar
o cenário mediterrâneo, em
tons de azul e branco.
38 | A CAMMINARE

A obra alinha-se à campanha nacional
“Green is the new Glam”, transmitindo
a mensagem para o mundo
que a sustentabilidade é o novo
glamour. O governo, empresas e a
população monegascos envolvem-se
cotidianamente em questões relacionadas
ao desenvolvimento sustentável,
como mobilidade urbana, gastronomia
orgânica, preservação do
meio ambiente, proteção dos oceanos,
energias renováveis e eficiência
energética.
Cassino de Monte Carlo
“Mônaco é muito engajado em causas sustentáveis
e a arte de Kobra nos ajudará
a chamar a atenção do mundo inteiro para
o aquecimento global. Convidamos todos os
brasileiros a conhecerem a obra e embarcarem
nesta jornada a favor de um mundo
mais consciente e engajado”, comenta Gisele
Abrahão, representante
do Escritório de Turismo de
Mônaco no Brasil.
“Eu já tinha bastante conhecimento
sobre Mônaco, até porque sou fã do
Ayrton Senna, que tem uma longa
história aqui no país. Então, como
brasileiro eu já tinha essa conexão
com o principado. Poder trazer
minha obra para cá neste momento
é uma forma de conscientizar as
pessoas através da arte sobre um
tema tão importante que é o aquecimento
global”, revela Kobra.
O artista também cedeu oito cópias
de uma versão reduzida da obra,
que serão colocadas à venda para
angariar fundos e apoiar projetos
beneficentes e ambientais da
Associação Brasil Monaco Project e
da Fundação Prince Albert II.
Mônaco para todos
Shutterstock
A CAMMINARE | 39

pelos Pequenos Cantores de Mônaco
e o coro da catedral. Imperdível.
Vale a pena visitar o Museu Oceanográfico,
criado pelo Príncipe
Albert I para ser um palácio dedicado
à arte e ciência, um convite
para conhecer e se apaixonar pelo
mundo submarino. Uma das salas
abriga fósseis de baleias, que chegam
a medir 18m de comprimento.
Apaixonados por carros antigos
não perdem a Coleção do príncipe
Rainier III, exibindo mais de 100
veículos em 4000 m 2 de área, categorizados
de acordo com o tipo e
período.
Mônaco oferece atrações para todos
os bolsos e estilos e engana-se
quem pensa que é destino exclusivo
para milionários. Os passeios à pé
são deliciosos e acessíveis graças
às escadas rolantes e elevadores
espalhados pelas ruas. É daqueles
lugares que você visita e se arrepende
de não ficar mais tempo, prometendo
retornar em breve para ir
além de seu principal cartão postal,
o Cassino e Ópera de Monte-Carlo.
O Palácio do Príncipe no alto do
rochedo oferece vista panorâmica
do país e o interior impressiona os
visitantes pelo esplendor e decoração
impecável em um tour aberto
ao público de abril a outubro.
A linda catedral romântico-bizantina
é a morada eterna dos antigos
membros da família real, como o
príncipe Rainier e a princesa Grace.
De setembro a junho, todos os
domingos, às 10h, há missa cantada
Um tesouro bem guardado de
Mônaco que visitantes de bate e
volta perdem são os jardins. A
grande quantidade de espaços
arborizados coloca Mônaco em
segundo lugar na Europa, atrás
apenas de Viena. Cada jardim tem
personalidade e características
próprias, desde um jardim japonês
a um que representa o coração da
princesa Grace Kelly.
Port Hercule é cartão postal dopaís
com um visual lindo dos iates e
barcos pespontando o mar cristalino
de branco durante o dia, tingido de
laranja ao entardecer e animado
local de bares e baladas à noite.
Poucos turistas pensam em Mônaco
como destino de praia, mas suas
duas praias, Larvotto Beach e
Monte Carlo Beach oferecem muitas
atividades aquáticas, como windsurf,
esqui aquático, wake board,
jet ski e banana boat.
Entremeando os passeios, descanse,
saboreie e relaxe nos cafés,
restaurantes, spas e hotéis, tudo
concentrado numa privilegiada área
de 2 km 2 .
40 | A CAMMINARE

Shutterstock Shutterstock
Japanese Garden
Les Jardin du Casino
A CAMMINARE | 41

42 | A CAMMINARE
Shutterstock

Palácio do Príncipe
Shutterstock
Shutterstock
A CAMMINARE | 43

44 | A CAMMINARE
shutterstock

“Trazer minha obra para cá é uma
forma de conscientizar as pessoas
através da arte sobre a importância
do aquecimento global”.
_ eduardo kobra
Shutterstock

O Dia da Terra
46 | A CAMMINARE

O Dia
da
Terra
Por Priscila Gorzoni e Adriana Lage

Imagine a Terra sem os animais, as
abelhas, girafas, elefantes, baleias.
Como seria? Em pouco tempo, se
não cuidarmos do planeta e de algumas
espécies que correm risco de
extinção, tudo se tornará um grande
deserto.
Este é apenas um dos desafios da
humanidade para mitigar e reverter
as ações danosas ao meio ambiente.
Desde 22 de abril de 1970, quando
o primeiro Dia da Terra acionou 20
milhões de americanos, a Earth Day
Network expandiu suas fronteiras
e mobiliza anualmente 1 bilhão de
pessoas em mais de 190 países,
levantando questões ambientais
para o cenário mundial.
Mais do que um evento pontual, a
organização trabalha no trinômio
educação, políticas públicas e campanhas
para o consumidor, além
de criar programas inovadores,
envolvendo de comunidades menos
favorecidas a grandes empresas
para conscientização e engajamento
cívico.
Em 2018 o tema foi “Acabe com a
Poluição Plástica” e, para 2019, a
ONG abraça a questão “Proteja nossas
espécies”, com o propósito de
desenvolver ações para reduzir a
taxa de extinções de espécies ameaçadas
e em perigo, em especial
abelhas, recifes de corais, elefantes,
girafas, insetos e baleias.
Talvez você não saiba, mas o mundo
está enfrentando uma taxa maior
de extinção desde os dinossauros,
há 60 milhões de anos. Tudo
isso devido a ações predatórias do
homem, desmatamento, tráfico,
caça ilegal, agricultura insustentável,
entre outros.
Ainda temos tempo de reduzir
essa taxa e muitas dessas espécies
podem se recuperar se unirmos
consumidores, eleitores, líderes e
cientistas em um movimento global
para educar e conscientizar a população
sobre a gravidade da situação,
implantar leis protetoras, encorajar
ações individuais e construir um
mindset que prestigie a natureza e
seus valores.
Veja abaixo por que essas espécies
tiveram enfoque e o que você pode
fazer por elas:
Abelhas
Elas existem em todos os tipos de
climas e lugares, dos desertos africanos
às florestas tropicais e ao
Círculo Polar Ártico, no solo, em
buracos e em árvores. Nos últimos
10 anos, apicultores têm relatado
perdas anuais insustentáveis superiores
a 30% das colmeias.
Abelhas são fundamentais para a
natureza e não sobrevivemos sem
elas, porque são responsáveis pela
polinização da maioria dos ecossistemas,
não apenas para o cresci-
48 | A CAMMINARE

mento da flora, mas também para
alimentar outros organismos. Ao
desaparecem as abelhas polinizadoras,
o efeito sobre a viabilidade de
plantações e plantas nativas será
desastroso.
Maiores ameaças: uso generalizado
de pesticidas, alterações climáticas,
perda de habitat, pragas e doenças.
O que você pode fazer: Consumir
alimentos orgânicos e exigir políticas
públicas que proíbem o uso de
agrotóxicos em plantações.
Girafas
O mamífero mais alto do mundo
ajuda animais selvagens a fugirem
de predadores, que a usam comsitema
de alerta antecipado.
Assim que as girafas saem correndo
quando avistam perigo,
outros animais as seguem. Elas
também exercem papel vital no
ecossistema local, espalhando
sementes pela savana africana
após plantas e frutas passarem
por seus sistemas digestivos.
A população diminuiu de
155.000 em 1985 para 80.000
em 2018, de acordo com a
Fundação Africano Wildlife. Das
nove subespécies de girafas,
três caíram abaixo de 1.000.
Maiores ameaças: perda de
habitat, guerras civis, caça
ilegal, alterações climáticas
e caçadores de troféus
americanos.
A CAMMINARE | 49

O que você pode fazer: Não comprar
produtos com matéria prima oriunda
dela, não consumir carne de caça em
viagens, protestar contra caça furtiva
e de lazer.
Recifes de Corais
Presentes em mais de 100 países,
cobrem uma área aproximada de
285 mil km 2 , quase equivalente ao
estado do Rio Grande do Sul. Mais
de 25% de toda a vida marinha no
planeta vivem em recifes de corais.
No entanto, 25% deles já são considerados
danificados e 65% correm
sérios riscos de extinção.
Estão entre os organismos mais antigos
do mundo, abrigam e alimentam
espécies marinhas e seus FIlhotes,
movimentam a economia
pesqueira e turística e são fontes
para medicamentos.
Maiores ameaças: mudanças climáticas,
poluição, pesca predatória e
turismo de massa.
O que você pode fazer: não usar
protetores solares com oxibenzona,
presente na maioria das composições;
reciclar todo seu lixo; consumir
alimentos orgânicos; fugir de
passeios de turismo de massa; não
pisar em corais ou ancorar neles.
Baleias
Existem 48 espécies conhecidas de
baleias e no último século a população
caiu de 720.000 para cerca de
20.000. Elas exercem importante
50 | A CAMMINARE

papel no ecossistema marinho,
pois reciclam nutrientes, como o
ferro; fornecem nutrientes para
fotossíntese de plânctons, ajudando
no combate à mudança climática;
e está na base da cadeia
que cria quase metade do oxigênio
que respiramos.
Maiores ameaças: poluição sonora
e da água, construção de barragens,
colisão com embarcações,
caça predatória, mudança
climática.
O que você pode fazer: Não comer
carne de baleia ou consumir
produtos oriundos dela; evitar
lixo não reciclável, principalmente
plástico; comprar pescados vindos
de produtores sustentáveis.
A CAMMINARE | 51

Elefantes
O maior animal terrestre do mundo
viu sua população diminuir de 5 a 10
milhões em 1930 para cerca de 500
mil hoje. Mais de 20.000 elefantes
são caçados anualmente, +100 por
dia por causa de seus marfins e, por
exemplo, da espécie Sumatra restam
apenas 2.500 na Terra. Estima-se
que cada elefante caçado e morto
reduz o turismo africano em 25
milhões por ano. O mamífero é responsável
pelo nivelamento de florestas
e planícies e criação de buracos,
que se tornam habitat para espécies
menores; e suas fezes semeiam os
campos pelas suas jornadas.
Maiores ameaças: caça ilegal, perda
de habitat, mudanças climáticas.
O que você pode fazer: aderir ao
movimento para findar o comércio
de marfim e à caça de lazer; boicotar
exposições, shows e eventos
que usem elefantes, praticar apenas
o turismo sustentável viajando com
empresas certificadas como verdes.
Insetos
Compõem cerca de 80% de todas
as espécies conhecidas do planeta.
Mais de 900.000 espécies de insetos
foram registradas em todo
o mundo. Ao longo das últimas
quatro décadas, os cientistas têm
observado um declínio de 45% no
total desta população. Sua importância
é a polinização de plantas e
flores e, sem eles, nossos ecossistemas
entrariam em colapso. São
fontes de alimentos para várias
espécies, ajudam no processo de
reciclagem de nutrientes para uso
por outros animais e protegem
plantações.
Maiores ameaças: mudanças climáticas,
perda de habitat, uso de pesticidas,
importação de espécies não
nativas.
O que você pode fazer: conscientizar
sua rede sobre a importância dos
insetos, aplicar remédios naturais
nos jardins, comprar produtos orgânicos,
cultivar jardins em casa.
52 | A CAMMINARE

“O mundo está
enfrentando uma
taxa maior de
extinção desde os
dinossauros, há
60 milhões de
anos”.
_ Earth Day Network
S
U
S
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E
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A
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A
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A CAMMINARE | 53

No Mundo da Arte
NO
MUNDO
DA
ARTE
Texto Priscila Gorzoni
Coleção Relievo:
As obras da alma de
Van Gogh
Amendoeira em Flor (1890)
Fotos Van Gogh Museum
54 | A CAMMINARE

A CAMMINARE | 55

Estreado em março passado no
Brasil, No Portal da Eternidade, do
diretor Julian Schnabel, dramatiza
os últimos anos da vida de um dos
maiores pintores do século XIX, o
holandês Vincent Van Gogh, retratando
a controversa teoria de que o
artista não se suicidou.
Paisagens, iluminação, música e a
expressão perturbada de Willem
Dafoe, indicado ao Oscar de Melhor
Ator pela interpretação de Van Gogh,
demonstram bem os inimigos interiores,
muitas vezes revelados em suas
obras, na forma de cores.
Exprimir o vento em pinceladas, o
sofrimento no olhar da família que
divide a última batata do dia ou a
esperança no brilho das estrelas são
alguns dos sentimentos que van Gogh
conseguiu colocar em suas telas.
Nenhum artista conseguiu traduzir
tão visceralmente seus sentimentos
em uma obra de arte como ele.
Suas pinturas são tão desoladoras,
que se tornaram atemporais, emocionais,
sociais.
Viveu pouco e produziu muito, deixando
um legado de mais de 200
pinturas, 500 desenhos e 800 cartas.
Este material está hoje sob os
cuidados da Fundação Vincent Van
Gogh e só pode ser apreciado em
alguns museus ao redor do globo
ou por quem visita o Museu Van
Gogh em Amsterdã, na Holanda,
que possui a maior coleção do
mundo das obras produzidas por
ele.
Colecionadores ao redor do globo
anseiam pela praticamente impossível
aquisição de uma tela original
do pintor impressionista. Por isso,
a Fundação e a Fuji Film da Bélgica
emplacaram um projeto revolucionário:
criar uma coleção de réplicas
idênticas às originais e assim nasceu
a Coleção Relievo.
56 | A CAMMINARE

Os Girassóis (1888)
A CAMMINARE | 57

A coleção possui uma edição limitada
de 260 reproduções tridimensionais
de nove obras primas de
Van Gogh e foi produzida por meio
do empréstimo dos originais de
Van Gogh pelo Museu à FujiFilm,
que desenvolveu uma tecnologia
de escaneamento tridimensional
e impressão em alta resolução de
suas pinturas mais famosas.
Na produção das telas houve uma
preocupação especial com o tamanho,
cor, brilho e textura das obras.
Todos esses aspectos foram reproduzidos
com precisão e atenção
aos mínimos detalhes. A parte de
trás dos quadros recebeu moldura
especial e numeração controlada
do museu. Uma caixa deluxe feita à
mão guarda cada Relievo, acompanhado
de certificado oficial e informações
sobre a obra original.
O Museu e a Fuji também agregaram
valor social ao projeto. A
coleção está exposta no Museu Van
Gogh etambém viaja o mundo propondo
novas experiências com fins
educativos e de inclusão, entre eles
a opotunidade de permitir crianças
e deficientes visuais tocarem
as telas para sentir as vibrantes
pinceladas.
Van Gogh sempre desejou que as
suas obras fossem acessíveis a
todas as pessoas¸ expressado em
carta enviada ao irmão Theo em
03 de dezembro de 1882: “Espero
que você considere um dia aquilo
que escrevi em minha última carta
sobre planos de fazer impressões
para as pessoas. Não tenho planos
fixos sobre isso ainda… mas não
duvido da possibilidade de fazer
algo assim, nem de sua utilidade.
Também não posso duvidar que
encontraremos pessoas cujos corações
estariam voltados para elas.
Enfim, acredito que poderíamos
fazê-lo de tal maneira que ninguém
precisaria se arrepender por ter
participado.”
Entre as obras da coleção estão
Os Girassóis (1888), Amendoeira
em Flor (1890), A Colheita (1888),
Campo de Trigo sob um Céu de
Tempestade (1890), Boulevard de
Clichy (1887), Barcos de Saintes-
Maries (1888), O Quarto (1888),
Paisagem no Crepúsculo (1890) e
Barcos de Pesca na Praia (1888).
Interessados na Coleção Relievo
Van Gogh devem contatar o museu
pelo email relievo@vangoghmuseum.nl.
58 | A CAMMINARE

“Eu sinto que não
há nada mais
verdadeiramente
artístico do que
amar as pessoas”.
_ Van Gogh

Bar Candeeiro
60 | A CAMMINARE

ESTÓRIAS DE
BASTIDORES
by
LAÉRCIO ZULU

Bar Candeeiro
Foto Angela Manta
Numa entrevista exclusiva,
Zulu me recebeu na sua nova
casa, o Bar Candeeiro, inaugurado
no Dia de Iemanjá em
2 de fevereiro passado. Entre
um Banzeiro, uma Maria Bonita
e um Eita baiana!, todos
drinks autorais de Zulu com
ingredientes brasileiros preparados
por ele, falou de sua
carreira como bartender até
os dias de hoje, agora sócio
-proprietário do Candeeiro,
bar-restaurante brasileiro
do Grupo Antonietta em São
Paulo, que eleva a
cachaça para a posição de destaque
no menu de bebidas.
“A cachaça é nossa bebida nacional,
temos empresas sérias
desenvolvendo produtos excelentes,
de qualidade ímpar, e trago
todas elas para o Candeeiro.
Conheço a origem da matéria
-prima, as destilarias e o processo
até o produto final. Assim,
garanto que desde o início da
cadeia há pessoas profissionais
envolvidas, respeitando os trabalhadores
e o meio ambiente”,
revela Zulu.
62 | A CAMMINARE

AC: Como o Zulu define o
Candeeiro?
LZ: Minha casa, um lugar para
você se sentir à vontade, relaxar e
bater papo até cansar, onde recebo
novos e velhos amigos que trazem a
família sem pressa para ir embora.
Servimos comidinhas caseiras bem
elaboradas, valorizando nossas raízes
brasileiras.
AC: Você deu pitaco na escolha
do cardápio de petiscos e
comidinhas?
LZ: Lá na cozinha eu não dou palpite,
mas em casa de baiano não
pode faltar acarajé! O Milton Freitas,
meu sócio e o restaurateur por trás
do Grupo Antonnieta, é muito criterioso
na escolha dos fornecedores.
Assim como eu só uso cachaças de
destilarias em que confio, buscamos
sempre produtores locais que
entregam ingredientes de qualidade
e respeitam o meio ambiente e os
funcionários.
AC: Me conta um segredo que
rola no meio dos melhores
bartenders.
LZ: Sabe o Fernet, um digestivo
famoso? Na Europa a marca tem
um engajamento muito bacana com
profissionais de bar e coquetelaria.
Todo bartender gosta do Fernet. Ele
tem um coletivo, em que eles escolhem
os melhores países onde estão
os bartenders de expressão e imprimem
uma moeda, uma Fernet coin,
que é um desafio.
O bartender que tem essa moeda
chega num bar engajado com a
coquetelaria, bate a moeda e a
empurra no balcão e se o bartender
do outro lado não tem outra, ele
paga um shot de Fernet. Eu fiz isso
no Employees Only em Nova York,
Foto Candeeiro
Maria Bonita, drink autoral de Zulu
A CAMMINARE | 63

Fotos Angela Manta
Bar Candeeiro
só coloquei a moeda em cima do
balcão, o barman olhou pra mim
e falou “ahhhhhhrg, não tenho”.
Aí ele serviu três shots, um pra
mim, um pra ele e um para o
colega que estava do nosso lado.
AC: Quais estórias de bar
marcaram suas viagens?
LZ: Uma foi o dia em que visitei
o American Bar no The Savoy
em Londres, o bar mais icônico
do mundo, referência para os
bartenders. Bono Vox do U2
estava sentado ao meu lado
e quem me avisou foi o barman,
Erik Lorincz, outra lenda,
eleito o melhor bartender do
mundo naquele ano pelo 2 o ano
consecutivo.
Eu estava apaixonado pelo bar,
feliz em estar com Erik que saiu
de trás do balcão para me cumprimentar,
encantado com toda a
história do Savoy e do ambiente,
e eu estava lá, tomando meus
coquetéis, quando ele me perguntou
se eu sabia quem estava
ao meu lado. Eu nem tinha prestado
atenção e só pensei “que
beleza”.
Leia aqui quais bares ao redor
do mundo Zulu recomenda.
64 | A CAMMINARE

As possibilidades
de envelhecimento
em madeiras nativas
e o processo de
destilação da cachaça
surpreendem, é uma
arte fascinante.
_ Laércio Zulu

Gastronomia no Pará
O voo alto da
gastronomia
paraense e dos
ingredientes
amazônicos
Texto e fotos Thiago Ramos
66 | A CAMMINARE

Há 403 anos, Belém, capital do
Pará, nascia com o objetivo de
proteger a floresta amazônica
e agora abre as suas fronteiras
para o mundo por meio da cozinha.
Comemorou conquistas,
como o título “Cidade Criativa
na Gastronomia”, concedido pela
Unesco em 2015 e, no ano seguinte,
foi eleita como a preferida dos turistas
estrangeiros, com 99,2% de
aprovação no quesito gastronomia,
enquanto a média do país ficou em
95,4%, em pesquisa realizada pelo
Ministério do Turismo.
A cidade abriga o emblemático Vero-Peso,
maior feira livre da América
Latina, querido pelos Chefs de todos
os continentes, devido à pluralidade
de ingredientes, serviços e expressões
culturais – como o aglomerado
de barracas de ervas medicinais
e quiosques que servem uma das
mais preciosas combinações dos
paraenses: o peixe com açaí.
Vivemos um momento de alta na
gastronomia no Brasil, nunca a
população esteve tão interessada e
envolvida com o tema. Programas
de TV, eventos e feiras transformaram
chefs em celebridades e aproximaram
os restaurantes gastronômicos
do público.
Buscando diversidade para as suas
cozinhas, muitos chefs trouxeram
para os restaurantes ingredientes
amazônicos para inovar suas entregas.
Vemos, nas outras grandes
capitais do país, chefs inserindo
pitadas da Amazônia em seus pratos,
como é o caso de Alex Atala,
proprietário do D.O.M. em São
Paulo, detentor de duas estrelas
no mais respeitado guia de hotéis
e restaurantes do mundo, o Guia
Michelin.
Atala faz pratos como o “Pirarucu
com tucupi e tapioca”, que acompanha
purê de banana e aviú (micro
Desembarque de mercadorias em Belém
A CAMMINARE | 67

camarão dew água doce). Ainda na
mesma capital, o bartender Laercio
Zulu, do novo bar Candeeiro, emplacou
a vitória no mais importante
campeonato de coquetelaria do
mundo, o World Class, com a ajuda
do coquetel “Piladinho - cupuaçu e
melado de abaetetuba e cachaça”.
Saindo de São Paulo e pegando a
rodovia Dutra, no Rio de Janeiro,
Felipe Bronze, do ORO, também
duas estrelas Michelin, diversas
vezes gelificou o tucupi com nitrogênio
líquido.
Como dizia o grande chef Paulo
Martins, falecido em 2010: “… um
dia, o tucupi será o shoyu do século
XXI”. Paulo foi um dos principais
divulgadores da cozinha paraense
para o mundo e seu trabalho ainda
permanece vivo graças ao Instituto
Paulo Martins, projeto capitaneado
hoje por sua família. Daniela, Joanna
e Tânia Martins fazem eventos como
o “Ver-o-Peso da Cozinha Paraense”,
que desperta o olhar do mundo para
Belém.
Embora nem todo paraense aprove
as releituras de pratos típicos e
ingredientes amazônicos, todos
precisam concordar que esse movimento
na gastronomia ajuda a divulgar
a cultura do estado, pois essa é
uma das formas de atrair pessoas
através do turismo e assim, conhecerem
as raízes. É o momento de
levantarmos ainda mais os serviços
prestados aos visitantes e projetar
o Pará como destino, seja pela história,
pela arquitetura, pela música
e claro, pela sua cozinha com miscigenação
indígena, africana e
portuguesa.
Thiago Ramos é especialista em
Alimentos e Bebidas, MBA em
Marketing, Gerente Geral do Grupo
Antonietta, Pós Graduado em Gestão
em Negócios de Alimentação e em
Gestão em meios de hospedagem
pelo Senac São Paulo.
68 | A CAMMINARE

“… um dia, o tucupi será o
shoyu do século XXI”.
_ Chef Paulo Martins

A Cachaça e o Requinte
A Cachaça
e
o Requinte
70 | A CAMMINARE

Produto 100% brasileiro, de exportação.
O líquido destilado a partir do
Mosto da Cana-de-açúcar é nascido
e criado em nosso Brasil. A cachaça
pode ser branca ou envelhecida em
barris de Amburana, Amendoeira,
Bálsamo, Carvalho entre muitos
outros. Inúmeros aromas, inúmeras
sensações e uma nova experiência a
cada gole. Em Bruxelas, no ano de
2013, diante de bebidas do mundo
inteiro, a cachaça pela primeira vez
foi considerada o melhor destilado
do mundo, entretanto como é a
experiência de pedir uma cachaça
no Brasil?
Ainda vivemos o estigma do cachaceiro,
da ressaca, do bebum, do
pé de cana entre outras inúmeras
expressões conotativas, mas que
na verdade deveriam ser um elogio.
Temos em mãos, depois de muitos
anos de experiência e estudo, o
know-how da plantação, do corte,
da alambicagem de qualidade e
contamos com um ambiente perfeito
para cultivação da Cana de açúcar.
Por parte dos produtores, há um
trabalho árduo e constante em
busca de melhorias para oferecer
um produto que seja de primeira,
mas que seja como a Cachaça
deve ser: alegre, democrática, que
caiba em todos os bolsos e atenda
aos diferentes gostos de seus
apreciadores.
Nossa missão como apreciadores
e fãs da cachaça é mostrar como
beber cachaça não tem nada a ver
com embriaguez e sim com a verdadeira
experiência única que nos traz
sensações diferentes em cada ponto
de nossa língua.
Como em diversos países, o destilado
local acaba sendo produzido de
inúmeras formas diferentes e a preços
variados sem levar em consideração
toda sua qualidade e história.
A CAMMINARE | 71

O potencial da cachaça de qualidade
vem crescendo nos últimos anos
com o trabalho duro e cuidados de
alambiques que prezam por nossa
história e cultura. A “marvada” ou
“aquela que matou o guarda”, ao
contrário do que essas expressões
dizem, tem um valor cultural e histórico
que não se pode questionar.
A cachaça já é vista e apreciada
no mesmo patamar de importantes
destilados internacionais, como
o Gin na Inglaterra, o Uísque na
Escócia, a Tequila no México e a
Vodka na Rússia. Temos em mãos
um produto de puro requinte e que
pode ser apreciado de várias maneiras.
Além de todas variedades de
envelhecimento, aromas e notas a
cachaça tem um incrível Drinkability
e quando cai nas mãos de um bom
bartender e Mixologista, boom!
Temos um drink incrivelmente gostoso
e apresentável.
Os alambiques estão num importante
movimento em busca de
excelência e qualidade que mostra
a identidade vencedora de um destilado
tão saboroso. Desde o plantio
da cana, o cuidado com o solo, a
qualidade do alambique, a apresentação
do produto, a Cachaça aos
poucos está chegando ao seu lugar
como um produto histórico e de
requinte.
Fica aqui meu convite ao mundo
da Cachaça, entre e explore todas
as possibilidades que ela pode lhe
oferecer.
Por Fábio Médici Neto, apreciador e
amante da boa cachaça
Fotos: Fazenda da Quinta
72 | A CAMMINARE

Temos em mãos um
produto de puro
requinte e que pode
ser apreciado de
várias maneiras.
_ Fábio Médici Neto

Paranapiacaba, suas vidas
74 | A CAMMINARE

Paranapiacaba,
suas vidas
Por Eduardo Pin
Fotos Angela Manta
A CAMMINARE | 75

A existência tão somente do espaço
físico não é condição suficiente para
a consideração de um “lugar especial”.
Se o espaço é moldado pelo
homem, seja em sua ação transformadora
ou em sua produção valorativa
e significadora, não existe patrimônio
sem humanidade. E somente
na relação do homem com o espaço
é que se constroem aspectos como
os de territorialidade, de identidade
e de pertencimento.
O que de verdade dá sentido a um
lugar é o conjunto de significados,
simbólicos ou não, que a cultura
local imprimiu e continuará imprimindo
ao espaço, e é isso que leva
o outro também a sentir, a partir
de seus próprios valores, o lugar ao
qual visita, produzindo uma percepção,
talvez nova, mas sempre dinâmica,
legitimamente humana.
No caso da Vila de Paranapiacaba,
no distrito de Santo André, interior
de São Paulo, a formação de uma
classe trabalhadora é o primeiro
traço de um patrimônio humano
local. A Estrada de Ferro Santos a
Jundiaí foi pioneira na criação de um
operariado até então desconhecido
entre nós.
A São Paulo Railway Company não
só revolucionou os meios de transporte,
mas também as relações
sociais e de trabalho.
Tal empreendimento, dito “faraônico”
para a época, foi capaz de criar, no
Alto da Serra do Mar — em lugar
remoto, quase inacessível —, uma
sociedade moderna dentro de um
Brasil ainda escravista, de economia
baseada no extrativismo e na monocultura
agrária.
Nesse pequeno universo, o vapor, o
ferro, o carvão mineral, toda a sorte
de materiais importados e elementos
pré-fabricados, e ainda o trabalho
livre, assalariado, imigrante, tudo foi
organizado num regime de especia-
76 | A CAMMINARE

lização e hierarquia, consolidando a
primeira cidade-empresa no Brasil,
antecessora de qualquer outra.
Em Paranapiacaba, a partir de 1867,
desponta um país diferente, uma
sociedade que vivia a Revolução
Industrial — só que nos trópicos, à
época do Império... Se o trinômio
do desenvolvimento econômico e
social do Estado foi o café, a ferrovia
e a imigração, a Vila é testemunho
absoluto das transformações
que determinaram a construção de
um Brasil moderno.
A exigência de uma mão de obra
mais qualificada para a operação
da ferrovia levou, inicialmente, à
contratação de trabalhadores vindos
da Europa, o que fortaleceu o
sentimento de coletividade; porém,
a necessária dissolução de certos
patriotismos de origem fez surgir
um dos traços formadores do caráter
desse peculiar operariado, a
sensação de pertencer à ferrovia,
de ser um “cidadão ferroviário”. O
mesmo fenômeno irá se repetir, a
partir dos anos de 1930, quando
da contratação de migrantes, sobre
tudo mineiros e baianos, pela
Companhia.
A ideia de territorialidade desse pertencimento
se estendia para muito
além da Vila, da estação ou das oficinas,
e abrangia os 139 quilômetros
—entre Santos e Luz, Luz e Jundiaí
— da Estrada de Ferro. Trabalhar na
Companhia era sempre o elemento
identitário mais forte.
Tamanha “cidadania ferroviária”
consolidou-se também pelos aspectos
distintivos desse operário assalariado,
com remuneração periódica,
benefícios trabalhistas extensivos à
família, além do emprego que, por si
só, era signo de qualificação e, portanto,
de notoriedade.
O orgulho de pertencer à ferrovia
como coisa mais organizada e
organizadora da existência dava
ao ferroviário ares de grandeza, no
A CAMMINARE | 77

sentido mesmo de diferenciação
dos demais trabalhadores brasileiros.
Gente de ferro, forte e orgulhosa
da sua categoria, sua função
de transportar, participar do
“progresso”.
Ser da “Estrada”, trabalhar na
“Inglesa” — como era chamada
a São Paulo Railway —e, mesmo
depois, trabalhar na “Rede” permanecia
como identidade repleta de
glória. Fazer parte da “família ferroviária”
nobilitava o trabalhador
e envernizava as feições operárias
da classe, chegando mesmo a torná-las
obscuras, secundárias.
Na Vila, essa “nobre distinção”
revelava, por um lado, uma adesão
alienada à monárquica hierarquia
britânica, assim como camuflava o
sofrimento do trabalho, as adversidades
climáticas da região, o relativo
isolamento da Vila, e a dura
realidade de se viver no mesmo
local em que se trabalhava, dentro
de um complexo ferroviário barulhento,
fumegante, fuliginoso, controlado
por rigorosa vigilância, a
funcionar todos os dias da semana,
com a vida regulada pelo ciclópico
relógio da estação, em estafantes
doze horas de jornada.
As condições naturais, o clima,
também moldariam decisivamente
hábitos e costumes em
Paranapiacaba. O sol escasso e a
umidade constante ensinam que as
casas devem permanecer fechadas.
A proximidade da mata facilitou a
prática extrativista e exploratória
— não propriamente exploradora
— que incorporou à dieta alimentar
da família ferroviária sortimentos
nativos como o cambuci, o araçá e
o palmito, além da carne de caça.
78 | A CAMMINARE

A CAMMINARE | 79

80 | A CAMMINARE

Na época da “Inglesa”, tais recursos
eram relativamente abundantes na
Serra do Mar.
Mas, curiosamente, talvez pela rígida
hierarquização com que presença britânica
se impôs na vida brasileira do
trabalho —o que condicionava distanciamentos
interpessoais e de classe
— pouco se incorporou dos costumes
e hábitos cotidianos dos administradores.
Na Vila, não se toma o chá
das cinco, mas muito se experimenta
a pinga curtida no cambuci, considerada
mais eficaz no combate ao frio
úmido dos dias serranos.
O orgulho de pertencer à ferrovia foi
trocado atualmente pela empatiacom
o lugar e sua qualidade de vida,
fenômeno frequentemente reforçado
pelo olhar mara- vihado do visitante
que reconhece Paranapiacaba como
especial.
A CAMMINARE | 81

82 | A CAMMINARE

E ainda que, hodiernamente,
a parada de trem tenha se
tornado destino turístico e
a dinâmica cidade operária,
lugar de tranquilidade
e sossego, o legado ferroviário
não poderá jamais
ser obliterado e permanece
importante, significativo
para Santo André, para São
Paulo,para o Brasil e, quem
sabe, para o mundo.
Eduardo Pin é morador da
Viladesde 1997, historiador,
monitor ambiental e cultural,
guia de turismo e presidente da
AMA – Associação de Monitores
Ambientais e Culturais de
Paranapiacaba. Foi membro do
Conselho de Representantes de
Paranapiacaba (2001 a 2008);
do FUNGEPHAAPA (2002 a
2008); e do COMDEPHAAPASA
(2006 a 2010).
A CAMMINARE | 83

84 | A CAMMINARE

Trabalhar na
“Inglesa” - como
era chamada a
São Paulo Railway
- permanecia
como identidade
repleta de glória.
_ Eduardo Pin

O pedaço da
África em mim
Com o coração cheio de amor, me
despedi da Tanzânia, cada vez
mais convencida do quanto uma
viagem à África ensina, emociona,
renova, transforma. Mostra como
o mundo é bem maior, reforça a
nossa conexão, relembra a força
de um sorriso, renova a crença na
generosidade e no amor de Deus.
Um continente diversificado e
completo, nos seus contrastes em
que a maior riqueza não está nos
bolsos. Bem maior que os tão buscados
Big Five. De povo encantador
e cenários deslumbrantes onde
a vida pulsa em cada canto.
Por Mayra Iguchi, sócia-diretora da HipHotels
Foi lindo admirar as estrelas, descobrir
a “milk way”, ver a incrível
migração, aprender mais sobre a
simbiose da vida, admirar cada
nascer e pôr do sol, cada nova
paisagem, nadar com os golfinhos
no seu ambiente natural, sentir o
carinho e amor desse povo, provar
dos temperos, respirar desse ar e
partir pensando no retorno. E que
seja breve.
Ouvi uma vez que cada um que
visita à África leva um pedaço
dela e é esse pedaço que o traz de
volta. Meu pedaço está com certeza
cada vez maior.
86 | A CAMMINARE

Como os pilotos se preparam para o voo?
Como os pilotos se
preparam para um voo?
Os pilotos devem se preparar antes
de sairem para o seu voo com relação
a meteorologia, regras, restrições,
frequências do controle de
tráfego aeéreo de cada área a qual
irá sobrevoar e, principalmente, as
informações do destino e alternativas
em caso de não poder pousar
no aeroporto planejado de destino
por algum motivo e sempre conhecendo
bem o tipo de aeronave a
qual opera, respeitando os limites e
a quantidade de combustível e óleo.
Os pilotos operam tanto por regras
de voo Visual (VFR) Visual Flight
Rules ou por regras de voo por
Instrumentos (IFR) Instruments
Flight Rules, sobrevoando áreas
operadas por Controle de Tráfego
Aereo, seguindo aerovias ou, por
vezes, fora delas.
Para o controle de tráfego aéreo
manter as aeronaves ordenadas e
separadas com segurança e sobre
vigilância, principalmente por
radares, foram criadas Cartas
de Radio Navegação. Os pilotos
voam nas aerovias destas cartas
balizadas por equipamentos de
solo e coordenadas geográficas.
Por isso, a preparação dentro
do cockpit é muito importante,
pois os pilotos das aeronaves
modernas precisam inserir uma
grande gama de informações nos
computadores de bordo e, assim
que nescessário após a decolagem,
conectarem o piloto automático
para que a aeronave siga
por meio de seus computadores
toda a navegação aérea inserida
pelos pilotos. Assim, perfazemos
um voo com segurança,
precisão, rapidez e economia de
combustível.
Por Jorge Metran,
Comandante de voos internacionais
do Airbus A350

Construindo um sonho com os filhos
Construindo um sonho
com os filhos
Por Daniella Rolim, MBA em gestão de
negócios e finanças. Educadora e planejadora
financeira certificada CFP(c)
As viagens em família são esperadas
durante o ano inteiro. Os filhos
ansiosos pelas férias escolares e
para passar mais tempo com os pais
e se divertir. Este momento pode ser
a construção de um sonho ou mais
uma simples viagem.
Acontece que as viagens devem ser
programadas com antecedência,
tanto para que se possa economizar
com a compra das passagens
e escolha de hospedagens, quanto
para a programação financeira.
Porém algumas vezes os filhos não
colaboram tanto com aquele orçamento
mental que programamos. Ou
por desejarem coisas no período que
antecede as viagens ou por pedirem
coisas em excesso. Mas existem formas
eficientes de conseguir que os
filhos participem ativamente da programação
das férias e ainda possam
arcar com os desejos de consumo
durante a viagem.
Você pode até achar que não é tão
importante isso, mas já é uma lição
de educação financeira que você
dará para seus filhos.
Vamos lá, uma parte importante é
integrar os filhos no processo de
decisão, ou seja, uma vez que você
já tem um orçamento definido, delimite
algumas opções, faça seus
88 | A CAMMINARE

filhos participarem da escolha do
local a ser viajado. Desta forma,
eles acabam sendo parte do processo
e estarão mais cientes de que
há um objetivo comum e um orçamento
a ser seguido.
A partir deste momento, foi estabelecida
uma meta familiar: poupar para
essa viagem. Quando você conecta o
ato de poupar a uma realização, principalmente
de curto prazo, o ato de
poupar se torna mais interessante. As
respostas negativas aos desejos intermináveis
de nossos filhos ou a solicitação
de redução no tempo do banho,
apagar a luz quando sair de um
cômodo, entre tantos outros pedidos
para que se gaste com moderação,
passam a ter uma nova linguagem,
pois ao invés de serem os pais chatos,
vocês passarão a direcionar o dinheiro
economizado para a viagem.
As crianças tendem a ser mais lúdicas,
então vocês podem criar um
cofre em casa, assim todo o dinheiro
economizado pode ser guardado
nele. Esse montante pode ser o que
vai garantir as compras dos filhos
durante a viagem, ou até mesmo as
despesas extraordinárias.
Brinquem com seus filhos atrelando
recompensas à economia proposta,
pergunte a eles quais os seus
sonhos ou desejos, não só para essa
viagem, mas para o dia-a-dia. Eles
podem, inclusive, aprender a direcionar
parte da mesada ou dinheiro
que ganharem de familiares para
esses sonhos.
Realizando o desejo de viajar, vocês
ainda podem dar valiosas lições de
educação financeira que seus filhos
levarão por toda a vida.
Acredito que o recado mais importante
de tudo isso é o quanto faz
diferença este momento ser curtido
desde o início, em conjunto,
sonhando junto, pesquisando
junto, poupando junto e realizando
um sonho que foi construído
em equipe.
A CAMMINARE | 89

O que Langkawi me ensinou
O que Langkawi me ensinou
baía há 8 mil anos. Ela funcionou
como uma grande muralha, recebendo
toda a força das gigantescas
ondas, tal qual o pai que se agiganta
abrindo os braços para salvaguardar
seus filhos. A praia ficou
intacta, mas 90% do recife foram
destruídos.
Engajado em pesquisa, disseminação
e práticas sustentáveis, o hotel
desenvolve projetos de conservação
e conscientização ambiental, com
uma equipe de biólogos e alunos
universitários, que interagem com
hóspedes em tours pela propriedade
para conhecer a flora e a fauna
malaia.
Aninhado entre centenárias árvores
da floresta tropical e uma praia
idílica na tranquila Baía Datay em
Langkawi, ilha no noroeste da
Malásia, The Andaman Resort abre
uma janela para a história, a cultura
e a vida selvagem malaia. Da arquitetura
tradicional à decoração indígena,
da gastronomia com sabores
e rituais locais aos tratamentos com
ervas nativas no SPA, ali o hóspede
inspira e respira a integração entre
corpo, mente e o entorno, como
faziam os ancestrais da região.
Esta sintonia foi posta à prova em
2004, quando o tsunami que assolou
diversas praias da costa asiáticateria
destruído o hotel, não fosse
a barreira de corais que protege a
Um desses projetos é o berçário de
corais, que replanta colônias em
pedras calcárias maiores e, quando
atingem a maturidade, são transferidas
para o mar, recompondo o
recife, num trabalho de formiguinha
que levará anos.
Um dos momentos mais marcantes
do meu sabático foi aqui. Hóspedes
adultos e crianças são convidados a
participar deste esforço, plantando
seu próprio coral bebê. Me emocionei
ao fazer parte da reconstrução
deste pedacinho de paraíso, ao colar
seres vivos tão pequeninos e delicados
que unidos se tornam uma
fortaleza intransponível.
Ficou a lição de que juntos somos
mais fortes, que a paciência e o
tempo constroem alicerces sólidos
e que toda e qualquer ação em prol
do bem é grandiosa e generosa.
Adriana Lage agora quer replantar os corais
no mundo.
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