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PME Magazine - Edição 12 - Abril 2019

Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Leia tudo aqui.

Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Leia tudo aqui.

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ABRIL <strong>2019</strong> | TRIMESTRAL | EDIÇÃO <strong>12</strong><br />

EDIÇÃO ANO IV - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA<br />

DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

PAULA<br />

PANARRA<br />

UMA NOVA ERA<br />

PARA AS EMPRESAS<br />

SENDYS GROUP<br />

SOFTWARE PORTUGUÊS<br />

EM 35 ANOS DE HISTÓRIA<br />

FIVE THOUSAND MILES<br />

COMO GERIR OPORTUNIDADES<br />

DE NEGÓCIO EM ÁFRICA<br />

CINCO STORE<br />

JOIAS PORTUGUESAS<br />

À CONQUISTA DO MUNDO


FIGURA de DESTAQUE<br />

Uma nova geração de negócios<br />

Editorial<br />

p4<br />

p6<br />

Paula Panarra e a nova era digital das empresas<br />

p16<br />

Sendys Group em 35 anos de história<br />

p18<br />

Doutor Finanças e as escolhas financeiras de sucesso<br />

p20 Sandra Laranjeiro dos Santos e a adaptação ao RGPD<br />

p22<br />

Five Thousand Miles e os negócios em África<br />

p24<br />

As trotinetas no contexto da mobilidade verde<br />

p26<br />

BREVES<br />

Figura de destaque<br />

Wild Code School e as bolsas de programação para mulheres<br />

p28<br />

Lusitan, um novo projeto de mobiliário português<br />

p30 Cinco Store a conquistar o mundo<br />

p33 Baby Loop e a economia circular no mercado infantil<br />

p34<br />

Luís Granja e a felicidade nas equipas de alta performance<br />

p35 Ana Ganhão e a ambição nas empresas<br />

p36 Vanessa Canteiro na Human Profiler<br />

p38<br />

Teresa Botelho e a boa gestão do tempo<br />

p41 Patrícia Franganito e a certificação<br />

p42<br />

Fábio Jesuíno e a crescente importância do YouTube<br />

p44<br />

Epson e as novas tendências de impressão têxtil<br />

p46 Robô humanoide Cruzr chega a Portugal<br />

p47 Cíntia Costa e a aposta do LISPOLIS no empreendedorismo<br />

p48<br />

CCIP promove Growth Forum<br />

p50<br />

Sandra Correia e os caminhos da mentoria<br />

Índice<br />

Ficha técnica<br />

DIRETORA: Mafalda Marques<br />

EDITORA: Ana Rita Justo<br />

SUB-EDITORA: Denisse Sousa<br />

VÍDEO E FOTOGRAFIA: JD Edition, João Filipe Aguiar<br />

DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes<br />

DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho<br />

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Ana Ganhão, Cíntia Costa, Fábio Jesuíno, Luís Granja,<br />

Patrícia Franganito, Sandra Correia, Sandra Laranjeiro dos Santos e Teresa Botelho.<br />

ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em www.pmemagazine.com)<br />

DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques<br />

EMAIL: publicidade@pmemagazine.com<br />

PROPRIEDADE: Massive Media Lda.<br />

NIPC: 510 676 855<br />

MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:<br />

LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />

1900-221 Lisboa<br />

REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />

1900-221 Lisboa<br />

TELEFONE: 211 934 140 | 96 453 31 02 | 934 952 854<br />

EMAIL: info@pmemagazine.com<br />

N. DE REGISTO NA ERC: <strong>12</strong>6819<br />

EDIÇÃO N.º: <strong>12</strong><br />

DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17<br />

ISSN: 2184-0903<br />

TIRAGEM: 25.000 exemplares<br />

IMPRESSÃO: Sogapal - Sociedade Gráfica da Paiã, Lda<br />

Estrada Palmeiras Queluz Baixo, Barcarena, Lisboa<br />

DISTRIBUIÇÃO: Gratuita com o jornal Expresso<br />

PERIODICIDADE: Trimestral<br />

O passo da mudança é cada vez<br />

mais largo e, se é certo que as<br />

empresas devem fazer o seu caminho<br />

para melhorar processos,<br />

tornarem-se mais eficientes,<br />

modernizarem o seu produto,<br />

este processo pode, por vezes,<br />

ser agridoce, pois quando lá<br />

chegamos já não é aquela a última<br />

tendência, e aí começa tudo<br />

outra vez: uma procura que nunca<br />

acaba.<br />

Para termos a certeza de que estamos no caminho certo, há<br />

muitos que nos dizem por onde ir e são vários os fatores a ter<br />

em conta. Em última análise, há que trabalhar para que o negócio<br />

que estamos a desenvolver seja diferenciador e vá ao<br />

encontro do que esperam de nós.<br />

Depois, há que pôr em prática ligações que nos sejam benéficas,<br />

parcerias estratégicas, pois, como diz Paula Panarra,<br />

diretora-geral da Microsoft Portugal e grande entrevistada<br />

desta edição, dificilmente uma empresa vai ter todas as soluções<br />

de que precisa dentro de casa.<br />

Um trabalho que a Microsoft tem vindo a desenvolver em Portugal,<br />

com grande enfoque nos novos desafios da transformação<br />

digital e do qual poderá saber mais na entrevista que<br />

aqui divulgamos.<br />

Nesta edição de abril, damos voz a outros projetos femininos<br />

de força, como a marca de joias portuguesas Cinco Store, a<br />

Baby Loop, da apresentadora Carolina Patrocínio, ou a Wild<br />

Code School, com as suas bolsas de cursos de programação<br />

para mulheres.<br />

Falamos sobre mentoria com a empresária Sandra Correia,<br />

sobre gestão do tempo com a coach Teresa Botelho, ou sobre<br />

ambição com a coach Ana Ganhão. Sobre os projetos de<br />

empreendedorismo do LISPOLIS com a Cíntia Costa e sobre<br />

certificação com a Patrícia Franganito, do Bureau Veritas.<br />

Contamos a história da portuguesa Sendys Group e dos<br />

seus 35 anos de sucesso, dos negócios em África com a Five<br />

Thousand Miles, do mobiliário da Lusitan e do trabalho de<br />

saúde financeira feito pela Doutor Finanças. Falamos sobre<br />

uma nova forma de mobilidade verde, com a chegada das<br />

trotinetas partilhadas a Portugal, das novas tendências de<br />

impressão para a indústria têxtil, com a Epson, e dos robôs de<br />

serviço, com a Beltrão Coelho.<br />

Fábio Jesuíno fala-nos da importância do YouTube na<br />

comunicação das empresas, enquanto Sandra Laranjeiro dos<br />

Santos escreve sobre como estão as empresas a adaptarse<br />

ao novo Regulamento Geral da Proteção de Dados. Já<br />

Luís Granja fala-nos sobre a felicidade nas equipas de alta<br />

performance.<br />

Isto e muito mais numa edição recheada de boas ideias, de<br />

empreendedores e líderes de garra. O caminho é longo e sinuoso,<br />

mas no final vale sempre a pena.<br />

ANA RITA JUSTO | EDITORA<br />

Boas leituras e bons negócios!<br />

3


Breves<br />

EATTASTY VOA PARA MADRID<br />

A EatTasty, plataforma portuguesa online de confeção<br />

e entrega de almoços caseiros no local de trabalho,<br />

prepara-se para expandir o seu mercado e rumar a<br />

Madrid até ao final de <strong>2019</strong>. Em comunicado, a empresa<br />

refere que além de repensar a ementa, adaptando-a<br />

aos gostos locais, a EatTasty está a duplicar a equipa<br />

e a melhorar a tecnologia da plataforma. Atualmente,<br />

a empresa serve mais de 600 refeições diárias na<br />

Grande Lisboa, esperando em Madrid alcançar as 1000<br />

refeições diárias logo no ano de estreia.<br />

Empresa espera alcançar mil refeições diárias na capital espanhola<br />

ALLIANZ ABRE NOVO CONTACT CENTER<br />

A Allianz Portugal inaugurou o seu novo espaço de<br />

contact center em Lisboa, tendo em vista uma maior<br />

proximidade e disponibilidade para o cliente, bem<br />

como o compromisso com a excelência técnica e o<br />

investimento na digitalização. A inauguração contou<br />

com a presença da CEO da Allianz Portugal, Teresa<br />

Brantuas, e de vários membros do Comité de Direção,<br />

da Direção de Gestão e Contacto a Clientes e Apoio ao<br />

Negócio e da Direção de Sinistros.<br />

Novo centro irá melhorar proximidade com o cliente<br />

CARNEXT INAUGURA NOVO CENTRO<br />

A CarNext, plataforma disruptiva para a venda de<br />

usados de qualidade do Grupo LeasePlan, tem um<br />

novo centro em Gaia, espaço que se junta aos já<br />

existentes em Matosinhos, Carnaxide e Lisboa. Além<br />

dos quatro centros, a CarNext é suportada também por<br />

uma plataforma online. Os carros comercializados pela<br />

empresa são provenientes do negócio de renting da<br />

LeasePlan Portugal, tendo, em média, três ou quatro<br />

anos.<br />

Centro de Gaia é o quarto da CarNext<br />

REMAX PORTUGAL DISTINGUIDA<br />

A Remax Portugal voltou a ser distinguida na<br />

Convenção Internacional Remax, que decorreu em Las<br />

Vegas, com o prémio “Região do Ano”, que elege o país<br />

ou região com melhor desempenho a nível mundial.<br />

Para além deste galardão, atribuído pelo quinto ano<br />

consecutivo, a Remax Portugal somou ainda outros<br />

prémios. “Trabalhamos todos os dias para os nossos<br />

clientes, mas este momento tem um sabor especial<br />

porque também representamos Portugal”, referiu<br />

Beatriz Rubio, CEO da marca imobiliária em Portugal.<br />

Nova premiação internacional para a equipa portuguesa da Remax<br />

4


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

UNIVERSIDADE DE AVEIRO DESENVOLVE ECO-CIMENTO<br />

O Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica<br />

da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu um<br />

cimento ‘verde’, que utiliza, maioritariamente, desperdícios<br />

das indústrias de celulose, reduzindo o uso<br />

de recursos naturais virgens. Este eco-cimento pode<br />

ser produzido à temperatura ambiente, diminuindo o<br />

consumo de energia. Os desperdícios da indústria de<br />

celulose, como cinzas e grãos de cal, constituem 70%<br />

dos ingredientes deste eco-cimento, sendo os outros<br />

30% metacaulino.<br />

Eco-cimento tem mesmo desempenho dos cimentos tradicionais<br />

SANTOS E VALE INAUGURA NOVO CENTRO EM VISEU<br />

A Santos e Vale abriu um novo centro logístico em<br />

Viseu, no âmbito da estratégia de crescimento da<br />

empresa, reforçando a capacidade de recolha,<br />

tratamento e entrega dos envios dos clientes da região<br />

Centro e Norte de Portugal. Com mais de 1.000 metros<br />

quadrados de área de armazém e três mil metros<br />

quadrados de área total, esta plataforma irá contar com<br />

os mais recentes equipamentos logísticos e transporte<br />

para o tratamento da mercadoria.<br />

Nova plataforma reforça capacidade logística no Centro e Norte do país<br />

CRIAÇÃO DE NOVAS EMPRESAS CRESCE 21,4%<br />

Criação de novas empresas em alta nos primeiros meses de <strong>2019</strong><br />

OUTSYSTEMS DESTACADA PELA FORBES<br />

Até final de fevereiro foram criadas 11.099 novas<br />

empresas em Portugal, mais 21,4% do que no mesmo<br />

período de 2018, ano em que foi batido o recorde de<br />

criação de empresas em Portugal. Este crescimento é<br />

generalizado a todos os setores de atividade e a todos<br />

os distritos. Além dos serviços, que é sempre o setor<br />

onde surgem mais empresas, destacam-se em número<br />

de empresas os setores da construção, com 1.424<br />

novas empresas, o retalho com 1.303 e o alojamento e<br />

restauração com 1.078.<br />

A OutSystems, empresa líder de software low-code<br />

para desenvolvimento rápido de aplicações, foi<br />

classificada pela Forbes como uma das dez melhores<br />

empregadoras em cloud computing (Top Cloud<br />

Computing Employer), distinção que recebe pelo<br />

quarto ano consecutivo. A OutSystems contratou cerca<br />

de 400 colaboradores em 2018, o dobro de 2017,<br />

aumentou as receitas anuais recorrentes no valor<br />

recorde de 66%, e construiu no último ano uma equipa<br />

com mais de 1000 colaboradores a full-time.<br />

OutSystems contratou 400 colaboradores em 2018<br />

5


figura de destaque<br />

“<br />

NÃO TEMOS RESPOSTA<br />

A TODAS AS QUESTÕES<br />

DENTRO DE NENHUMA<br />

EMPRESA<br />

“ Paula<br />

Panarra<br />

Paula Panarra assumiu a direção-geral da Microsoft Portugal em dezembro de 2016<br />

6


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Ana Rita Justo<br />

João Filipe Aguiar<br />

À frente da Microsoft Portugal desde dezembro de 2016, Paula Panarra é a cara na mudança que a empresa está<br />

a operar a nível nacional com vista a tornar-se no parceiro das empresas para a indústria 4.0. Da segurança da<br />

informação às novas formas de gerir o negócio, a diretora-geral da tecnológica explica o percurso que está a ser<br />

feito e que tem vindo a apoiar startups, <strong>PME</strong> e grandes empresas em todo o país.<br />

<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Que balanço faz destes dois anos<br />

como diretora-geral da Microsoft Portugal?<br />

Paula Panarra – Faço um balanço muito positivo. Começámos<br />

esta jornada há dois anos com o objetivo<br />

muito claro de ajudar Portugal a avançar neste período<br />

da dita transformação digital e desta nova era da<br />

tecnologia e foi aí que pus todos os meus esforços.<br />

Em criarmos, junto com a equipa, mas também com o<br />

nosso ecossistema de parceiros e, junto dos nossos<br />

clientes, ajudarmos a fazer este caminho de progresso<br />

nas empresas em Portugal e o balanço é muito positivo.<br />

Temos uma série de casos de aplicação de tecnologia<br />

para fazer este enablement da transformação que são<br />

já casos de Portugal de referência para o mundo, o que<br />

muito nos orgulha. É um primeiro passo, há muito caminho<br />

a fazer, mas sem dúvida um balanço muito positivo.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Fale-nos um pouco desses casos.<br />

P. P. – Nós temos o privilégio, porque esta é uma<br />

Era em que a tecnologia está na base destas grandes<br />

transformações, de trabalhar em simultâneo com as<br />

grandes empresas portuguesas e de acompanhá-las<br />

nessa transformação, mas também de acompanhar<br />

muitas das que são as novas empresas de tecnologia<br />

em Portugal. Posso dar como exemplo todo o trabalho<br />

que fizemos conjuntamente com a Farfetch para o desenvolvimento<br />

da sua plataforma, para poderem servir<br />

o mundo e estarem, hoje, cotados em Bolsa, como de<br />

facto uma nova pequena startup que tem na verdade<br />

quase uma década, mas o trabalho conjunto para globalizar<br />

o negócio é um dos exemplos. Temos outros<br />

exemplos quer de banca, quer de indústria, acima de<br />

tudo, em quatro grandes áreas: por um lado, aquilo que<br />

é a modernização da forma de trabalhar das empresas,<br />

por outro, a forma de interagir com a cadeia de valor,<br />

seja ela a relação com clientes, seja a relação com fornecedores;<br />

muitos projetos de otimização de operações,<br />

de criação de eficiências, que vão desde a mera<br />

desmaterialização de processos até à robotização.<br />

Como é que ajudamos a criar as eficiências necessárias<br />

nos processos para, em muitos casos, libertar investimento<br />

e libertar a capacidade de investir em inovação e<br />

em modernização de produto. Por outro lado, até mesmo<br />

na criação de novas formas de estar no mercado. O<br />

exemplo da banca digital, a utilização de novos assistentes<br />

pessoais, os ditos bots, para fazerem a interação<br />

com os clientes e, portanto, uma modernização daquilo<br />

que são os serviços prestados em empresas de todas<br />

as dimensões. Penso que é de realçar que, de facto, a<br />

tecnologia está, hoje, acessível a empresas de todas<br />

as dimensões pela tipologia de modelos em que está<br />

disponível. No passado era preciso fazer investimentos<br />

muito elevados para criar essas capacidades e só<br />

grandes empresas podiam ter acesso a estas tecnologias.<br />

Hoje, elas funcionam em modelo de subscrição,<br />

mal comparando é como subscrever a eletricidade, é<br />

tão simples quanto isso: subscrever muitas das tecnologias,<br />

quer de produtividade, quer de operações, quer<br />

de interação e de dados, que é, talvez a área menos<br />

explorada naquilo que são as pequenas e médias empresas<br />

portuguesas.<br />

“TECNOLOGIA COMO UM SERVIÇO”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Para a Microsoft foi dura esta mudança<br />

de paradigma?<br />

P. P. – Nós próprios fizemos uma transformação<br />

grande, que teve uma maior projeção com a entrada<br />

do nosso novo CEO [n. d. r. Satya Nadella], há cerca<br />

de quatro, cinco anos. O que fizemos foi essa mesma<br />

viragem. Éramos uma empresa que desenvolvia<br />

software, continuamos a ser uma empresa que, acima<br />

de tudo, desenvolve software, o nosso core não mudou,<br />

mas servíamo-lo como se fosse um bem, vendíamos<br />

uma licença que entregávamos para o cliente utilizar<br />

e hoje fornecemos tecnologia como um serviço. Nós<br />

próprios transformámos o nosso modelo de negócio<br />

de um modelo mais transacional para um modelo<br />

mais de prestação de serviço. Com tudo o que isso<br />

significa do ponto de vista da alteração cultural e de<br />

transformação de cultura e de DNA da empresa que<br />

tem de acontecer, porque prestar serviço a um cliente<br />

significa acompanhar o cliente desde a pré-venda, o<br />

período de utilização, o pós-venda, a manutenção.<br />

“Transformámos o nosso modelo<br />

de negócio de um modelo mais<br />

transacional para um de prestação<br />

de serviços"<br />

Há um ciclo de acompanhamento da tecnologia e da<br />

utilização da tecnologia por parte do cliente muito<br />

diferente neste novo modelo. Foi essa transformação<br />

que nós próprios fizemos, além de uma mudança<br />

de estratégia para uma plataforma aberta – coisas<br />

que no passado seriam impensáveis são, hoje,<br />

possíveis pela mudança de estratégia que fizemos.<br />

Era conhecida alguma rivalidade entre a Microsoft e<br />

outras empresas de tecnologia e hoje servimos a nossa<br />

suite de produtos Office, por exemplo, para sistemas<br />

7


figura de destaque<br />

operativos da Apple, da Google,<br />

corremos em IOS, em Android, tal<br />

como corremos em Windows, ou<br />

corremos máquinas de Linux, como<br />

corremos máquinas de Windows<br />

naquilo que é a nossa plataforma de<br />

cloud. Esta abertura da tecnologia<br />

da Microsoft a todo o ecossistema<br />

de tecnologia no mercado foi o que<br />

nos permitiu mudar de um mercado<br />

que operávamos só no nosso<br />

ecossistema, para endereçarmos<br />

tudo aquilo que é, hoje, o potencial<br />

de tecnologia. Isso é muito mais<br />

giro.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Referiu, há tempos,<br />

que 50% da faturação foi em serviços<br />

cloud. Que fatia desta faturação<br />

diz respeito a empresas?<br />

P. P. – É praticamente toda do setor<br />

empresarial. Mais interessante<br />

até é poder dizer que, desses 50%<br />

de cloud eles se distribuem não só<br />

nas grandes empresas, mas uma<br />

parcela muito interessante já nas<br />

pequenas e médias empresas portuguesas.<br />

Hoje, temos cerca de três<br />

mil parceiros em Portugal, muitos<br />

são eles próprios <strong>PME</strong>, que nos<br />

permitem fazer uma cobertura nacional<br />

e com muita capilaridade naquilo<br />

que é o suporte de tecnologia<br />

às empresas portuguesas. Muitas<br />

dessas <strong>PME</strong> também já adotaram<br />

estes novos modelos de tecnologia<br />

e fizeram, com isso, a atualização.<br />

Fizemos, no ano passado, um<br />

estudo junto de cerca de 200 <strong>PME</strong><br />

em Portugal para aferirmos quais as<br />

principais áreas de preocupação,<br />

mas também em que anteviam investimento.<br />

Claramente, uma delas<br />

é a segurança e os ataques informáticos.<br />

Há uma preocupação cada<br />

vez maior – e bem. Os paradigmas<br />

de segurança alteraram-se e as<br />

Serviço cloud é a grande aposta da tecnológica para o futuro<br />

8<br />

empresas têm, hoje, uma preocupação<br />

muito maior com aquilo que<br />

é a utilização de tecnologia atualizada.<br />

Um dos principais problemas<br />

para os ataques informáticos é a<br />

tecnologia obsoleta, portanto, há<br />

uma preocupação muito maior na<br />

renovação e é isso que estes novos<br />

modelos de subscrição e de cloud<br />

também permitem às <strong>PME</strong>: é terem<br />

acesso a atualizações sempre servidas<br />

e não terem de estar a fazer<br />

esses processos muito longos de<br />

atualização. A preparação do canal<br />

de parceiros foi fundamental,<br />

porque são eles que, hoje, estão no<br />

terreno a ajudar as <strong>PME</strong> a fazerem a<br />

adoção dessas tecnologias.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – A quantas <strong>PME</strong> chega<br />

a Microsoft em Portugal?<br />

P. P. – Hoje, temos uma penetração<br />

de cerca de três mil empresas<br />

a quem fazemos venda direta, ou<br />

seja, licenciamento direto, mas depois<br />

temos muitos destes nossos<br />

parceiros que são revendedores e<br />

que fazem eles próprios a revenda<br />

às <strong>PME</strong>. Portanto, esse é um<br />

dado que não temos, mas tenderia<br />

a dizer que quase todas as <strong>PME</strong> em<br />

Portugal operam na nossa suite de<br />

produtividade. Quando falamos de<br />

Excel, de Word, Power Point ou de<br />

Outlook, a grande maioria das <strong>PME</strong><br />

em Portugal está a fazer utilização<br />

da nossa tecnologia. Já quase metade<br />

da nossa faturação para <strong>PME</strong><br />

também é no modelo de cloud.<br />

“ACESSO MAIS SEGURO”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Ainda há muita resistência<br />

em relação à cloud?<br />

P. P. – Há alguma resistência. Devo<br />

dizer que o ano passado, tudo o<br />

que foi o trabalho feito à volta de<br />

RGPD, a necessidade de que todas<br />

as empresas se consciencializaram<br />

de fazer uma boa prática e um<br />

bom cumprimento da norma no que<br />

diz respeito a segurança e a privacidade<br />

de dados trouxe, também,<br />

a clarificação de que, hoje em dia,<br />

ter acesso a estas tecnologias de<br />

cloud, é, na verdade, ter acesso a<br />

tecnologias muito mais seguras do<br />

que aquilo que consigo fazer de<br />

manutenção de tecnologia dentro<br />

de casa. A subscrição da tecnologia<br />

permite isso mesmo: estar sempre<br />

atual, estar sempre segura. Tivemos,<br />

nos últimos tempos, situações<br />

em que já foi ao contrário e foi o presidente,<br />

o gestor da <strong>PME</strong> ou de uma<br />

empresa que nos diz: “Eu preciso<br />

que vocês vão lá, porque a minha<br />

gente ainda está muito renitente e<br />

eu já tenho consciência que, hoje, a<br />

cloud é mais segura do que aquilo<br />

que eu consigo manter dentro de<br />

casa”. Penso que ultrapassámos a<br />

barreira de dúvidas relativamente<br />

à segurança, estar do outro lado e<br />

percecionar que estou mais seguro<br />

porque, acima de tudo, tenho atualizações,<br />

tenho novas ferramentas<br />

que me permitem fazer uma gestão<br />

diferente da identidade dos empregados.<br />

Hoje em dia, o maior risco<br />

que as empresas correm relativamente<br />

à segurança é a facilidade ou<br />

a dificuldade com que se consegue<br />

aceder às credenciais de cada um<br />

dos indivíduos. Todos temos dispositivos<br />

pessoais e profissionais,


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Diretora-geral sublinha “papel distintivo” das startups na transformação digital<br />

todos fazemos acesso à informação<br />

das empresas em mobilidade e isso<br />

criou a necessidade de novos paradigmas<br />

de segurança e é isso que a<br />

maioria da indústria de tecnologia,<br />

hoje em dia, consegue: é assegurar<br />

que, nestes modelos, permite um<br />

acesso muito mais seguro.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como é que a<br />

Microsoft tem ajudado as <strong>PME</strong><br />

portuguesas na sua transformação<br />

digital?<br />

P. P. – Estamos num momento em<br />

que o sentido de urgência já existe<br />

e é, cada vez, maior. Há, claramente,<br />

uma perceção de que há<br />

uma necessidade cada vez maior<br />

de modernizar. As empresas portuguesas<br />

podem – e devem – ser<br />

competitivas, mas têm de o ser<br />

também de forma diferenciada. E<br />

para se diferenciarem têm de melhorar<br />

aquilo que são as formas de<br />

trabalhar dos seus empregados e<br />

talvez a produtividade e a mobilidade<br />

tenha sido o principal fator de<br />

modernização nas <strong>PME</strong>. Estamos a<br />

ver agora avanços grandes em duas<br />

áreas: primeiro, naquilo que é a relação<br />

com os clientes, como é que<br />

giro a minha relação com os clientes,<br />

como é que giro a minha carteira<br />

de clientes, os meus contactos,<br />

as oportunidades, como é que faço<br />

uma boa presença na internet, como<br />

é que crio a minha página, como é<br />

que disponibilizo o meu negócio,<br />

como é que crio a interação com os<br />

clientes online, porque há cada vez<br />

mais esse sentido de urgência de<br />

que, ou modernizo, ou o meu negócio<br />

vai acabar por morrer. Hoje, o<br />

consumidor procura cada vez mais<br />

empresas que tenham essas competências.<br />

A área dos dados e o<br />

trabalho com os dados talvez seja<br />

aquele que está ainda menos desenvolvido<br />

nas <strong>PME</strong> em Portugal,<br />

mas há algumas áreas, nomeadamente<br />

aquilo que é a utilização da<br />

sensorização, da manutenção preditiva,<br />

vai levar a que, de facto, a<br />

informação em tempo real e aquilo<br />

que conseguimos fazer com essa<br />

informação torne, cada vez mais, as<br />

empresas portuguesas capazes na<br />

utilização da informação enquanto<br />

melhor fator para tomada da decisão<br />

de gestão.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – As startups têm um<br />

papel importante nesta viragem?<br />

P. P. – Claramente têm um papel<br />

muito distintivo. Aliás, enquanto<br />

país fizemos uma aposta consciente<br />

naquilo que foi a agenda da criação<br />

de investimento e de incubação<br />

de novos negócios e de novas<br />

startups, acima de tudo tecnológicas.<br />

Se há momento na história da<br />

economia do mundo em que o local<br />

e a dimensão do país não são relevantes<br />

é este, porque podem hoje<br />

nascer negócios de Portugal para o<br />

mundo. Estive numa sessão com o<br />

Nuno Sebastião [n. d. r. CEO da Feedzai],<br />

em que ele partilhou uma informação<br />

que, confesso, nunca tinha<br />

olhado para ela desta forma: as<br />

quatro grandes unicórnios em Portugal,<br />

entre a Farfetch, OutSystems,<br />

Talkdesk e a Feedzai têm hoje uma<br />

capitalização similar áquilo que é a<br />

Sonae, o Millennium BPC, a Montaengil<br />

e os CTT todos juntos. São<br />

realidades em que estamos a falar<br />

de exatamente o mesmo capital,<br />

talvez com a diferença de que estas<br />

últimas são empresas que operam<br />

em Portugal, enquanto todas<br />

as outras são empresas que, tendo<br />

a propriedade intelectual baseada<br />

em Portugal, porque todo o RnD [n.<br />

d. r. Research and Development, em<br />

português Pesquisa e Desenvolvimento]<br />

destas empresas está aqui,<br />

operam de Portugal para o mundo e<br />

já todas têm escritórios em todo o<br />

mundo, equipas de vendas em todo<br />

o mundo. Esta aposta nas startups<br />

parece-me muito acertada, principalmente,<br />

as de tecnologias, que<br />

vão impulsionar o desenvolvimento<br />

da economia em Portugal. Temos<br />

promovido muito a interação entre<br />

empresas portuguesas mais estabelecidas<br />

e as startups portuguesas,<br />

ou mesmo não portuguesas,<br />

mas startups que podem acelerar a<br />

transformação nas empresas. Esse<br />

é, talvez, um dos paradigmas que<br />

se alterou. Hoje em dia, é possível<br />

juntar peças quase como este meu<br />

“Se há momento<br />

na história em que<br />

o local e a dimensão<br />

do país não são<br />

relevantes é este"<br />

painel de borel de cores diferentes<br />

para construir a melhor solução<br />

para a minha empresa. Eu não tenho<br />

de fazer tudo dentro de casa,<br />

não tenho de comprar tudo a um<br />

fornecedor único, vou olhando para<br />

cada um dos processos que quero<br />

alterar e vou indo buscar empresas<br />

que possam trazer essa solução: se<br />

preciso de um call center na hora<br />

que fique a funcionar hoje daqui a<br />

dez minutos, posso ir buscar a solução<br />

da Collab; se preciso de fazer<br />

gestão de ativos, posso ir buscar<br />

9


figura de destaque<br />

a solução da NextBitt; se preciso<br />

de fazer uma gestão documental,<br />

posso ir buscar o Edoclink. E estou<br />

a dar exemplos de soluções de parceiros<br />

portugueses, desenvolvidas<br />

em Portugal, que estão a ser adotadas<br />

por empresas em Portugal e<br />

no mundo. Esta interação entre a<br />

empresa e as empresas mais inovadoras<br />

é, claramente, algo a promover<br />

no futuro, é isso que acelera<br />

a modernização das empresas portuguesas.<br />

“<strong>PME</strong> MAIS PREPARADAS”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Sente que as <strong>PME</strong><br />

portuguesas estão preparadas<br />

para o que aí vem?<br />

P. P. – Sinto que estão cada vez<br />

mais preparadas. O sentido de urgência<br />

é muito premente e mais<br />

premente do que víamos no passado.<br />

Enquanto país, atravessámos<br />

a fase da economia que fez com<br />

que mais restrições acontecessem.<br />

Hoje, há uma capacidade maior de<br />

investir para modernizar. Na agricultura<br />

temos, hoje, alguns clientes<br />

com quem estamos a trabalhar<br />

com as mais avançadas tecnologias<br />

para produzir o mais tradicional dos<br />

produtos: vinho, azeite, queijo…<br />

E estão a fazer a utilização destas<br />

tecnologias muito avançadas que<br />

modernizaram os seus processos<br />

produtivos e os seus processos de<br />

gestão para poderem estar a operar<br />

“Temos clientes<br />

com quem estamos<br />

a trabalhar com as mais<br />

avançadas tecnologias<br />

para o mais tradicional<br />

dos produtos"<br />

10<br />

Centro de suporte português da Microsoft serve clientes na Europa, Médio Oriente e África<br />

com um produto muito diferenciado,<br />

de muito valor, num setor que<br />

é muito tradicional. Outros exemplos<br />

na área da indústria, em que<br />

este tipo de tecnologias está a ser<br />

usado para trabalhos, quer na linha<br />

de produção, quer na gestão de<br />

negócio. É aí e na internacionalização<br />

destes negócios que também<br />

temos estado a ajudar os nossos<br />

clientes, como é que conseguem<br />

ter dashboards de gestão quando<br />

estão a expandir para novas geografias,<br />

como é que podemos ajudá-los<br />

a criar plataformas de gestão<br />

que lhes permitem tomar as<br />

decisões para outros países, apesar<br />

de estarem baseados em Lisboa?<br />

Trabalhamos, por exemplo,<br />

com o Grupo Pestana em todo este<br />

tipo de plataformas de colocação<br />

da oferta no mercado internacional<br />

e com muitos setores diferentes.<br />

Hoje, as <strong>PME</strong> portuguesas estão<br />

mais preparadas do que nunca, mas<br />

cabe-me dizer que devem recorrer<br />

aos parceiros de tecnologia para<br />

ajudar a fazer este caminho. Não é<br />

preciso fazer tudo dentro de casa,<br />

não temos a resposta para todas<br />

as questões dentro de nenhuma<br />

empresa – eu também não tenho.<br />

E, hoje, estas empresas que estão<br />

a trabalhar tecnologia em Portugal<br />

estão cada vez mais preparadas<br />

para fazer, não apenas a instalação<br />

de tecnologia, que era o que faziam<br />

no passado, mas muito mais do que<br />

isso: ajudar na consultoria do que é<br />

preciso e qual é a melhor solução<br />

para o meu negócio.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Que balanço faz do<br />

trabalho do centro de suporte da<br />

Microsoft?<br />

P. P. – Começámos o centro de<br />

suporte em Portugal há uns anos,<br />

com cerca de 30, 40 pessoas. Hoje,<br />

temos mais de 450 engenheiros a<br />

fazer suporte a partir de Portugal<br />

para todo o espaço da Europa, Médio<br />

Oriente e África. É um enorme<br />

orgulho ter visto crescer esta plataforma<br />

de serviço a clientes. Só<br />

prestamos aqui serviço de engenharia,<br />

se quiserem, o segundo nível<br />

de suporte técnico. Portanto, é<br />

um nível que já requer um profissionalismo<br />

e um conhecimento muito<br />

grande por parte do operador e isto<br />

só foi possível porque, como país<br />

– e podemos orgulhar-nos disso<br />

– nos últimos anos tivemos a capacidade<br />

de elevar os nossos cursos<br />

universitários, quer de gestão,<br />

quer de engenharia. Temos, hoje,<br />

uma oferta de recém-licenciados,<br />

mas também de profissionais na<br />

área da tecnologia que permitiu fazer<br />

este crescimento, mas também<br />

devo dizer que já temos muitos estrangeiros<br />

que querem vir trabalhar<br />

para Portugal, para o nosso centro<br />

de suporte. Temos características,<br />

enquanto país, muito especiais e<br />

espero que continuemos a conseguir<br />

atrair talento, porque temos<br />

esse talento aqui, mas atrair mais<br />

talento vai ser importante, porque<br />

a procura é capaz de ser maior do<br />

que a oferta que conseguimos preparar.<br />

Temos feito algum trabalho<br />

de requalificação de pessoas para


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

O mundo está em constante evolução e a transformação digital das empresas e organizações<br />

é inevitável se pretendem ter um futuro com sucesso. Conte com a experiência, conhecimento<br />

e inovação da PT Empresas para a modernização da sua atividade.<br />

Ligue-se à PT Empresas e projete um futuro melhor.<br />

16 206 | Gestor | ptempresas.pt<br />

11<br />

UMA REDE DE POSSIBILIDADES


figura de destaque<br />

estas novas tecnologias, em conjunto com os nossos<br />

parceiros, temos trabalhado com alguns politécnicos<br />

na criação de currículos e de academias que permitam<br />

preparar cada vez mais pessoas para estas novas<br />

tecnologias, porque talvez essa seja a maior dificuldade.<br />

A tecnologia está pronta, as pessoas vão ter de se<br />

preparar rapidamente, quer para trabalhar com ela intensivamente,<br />

como é o caso dos nossos engenheiros,<br />

quer mesmo enquanto utilizadores dentro das empresas.<br />

A área das qualificações é uma das áreas que as<br />

empresas mais têm procurado connosco, como é que<br />

podem criar plataformas de aprendizagem, plataformas<br />

de learning e requalificação dos seus empregados,<br />

porque essa vai ser uma das realidades que todos<br />

vamos enfrentar. Para nós, é um orgulho e continuaremos<br />

a fazer o nosso trabalho para tornar Portugal um<br />

dos principais centros de suporte da Microsoft para o<br />

mundo. É atrair investimento, é atrair emprego e, para<br />

nós, isso é um fator de orgulho, mas também diferenciador.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – A falta de mão de obra qualificada tem<br />

sido um desafio?<br />

P. P. – Está a tornar-se um desafio cada vez maior e espero,<br />

em conjunto – e a Microsoft tem trabalhado, quer<br />

com a plataforma in code do Governo, quer junto dos<br />

nossos parceiros, quer junto de associações a que pertencemos,<br />

como a APDC e outras – enquanto indústria,<br />

criarmos condições para que cada vez mais sejam requalificadas<br />

pessoas com estas competências, porque<br />

rapidamente a procura vai ser maior do que a oferta.<br />

Está a tornar-se cada vez mais difícil encontrar as pessoas<br />

para fazer face a tudo aquilo que procuramos. De<br />

qualquer modo, temos vários programas em que recrutamos<br />

pessoas, mesmo de cursos que não sejam assim<br />

tão tecnológicos, porque fazemos formação muito<br />

intensiva e há sempre uma margem de manobra maior<br />

do que quem procura expertise muito formado e sénior.<br />

Mas há um equilíbrio que, enquanto país, temos de encontrar<br />

naquilo que são as qualificações que estamos a<br />

criar, hoje, para os empregos do futuro.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual a importância da Microsoft Portugal<br />

no panorama mundial da empresa?<br />

P. P. – Enquanto centro de suporte, somos um dos<br />

principais oito hubs de suporte a nível global. Enquanto<br />

país, naquilo que é a nossa operação comercial em<br />

Portugal, fazemos parte de uma geografia que junta <strong>12</strong><br />

países, entre o Sul, Centro e Norte da Europa. Somos<br />

aquilo a que chamamos um país médio desenvolvido,<br />

já com um nível de maturidade de tecnologia bastante<br />

mais avançada, até porque fazemos parte do espaço<br />

europeu, mas obviamente temos a escala que temos<br />

enquanto país. A nossa aposta para continuar a crescer<br />

– e temos estado a fazê-lo nestes últimos dois anos a<br />

mais de dois dígitos – passa também por captar estas<br />

novas empresas que estão a nascer em Portugal e<br />

que se desenvolvem com negócio a nível internacional<br />

e por fazer evoluir e transformar o tecido empresarial<br />

português.<br />

Falta de mão de obra qualificada é um dos desafios apontados por Paula Panarra<br />

<strong>12</strong>


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

“EQUIPAS DIVERSAS”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como vê o papel das mulheres na liderança<br />

e desenvolvimento das tecnológicas?<br />

P. P. – Se calhar alargava mais o tema para vos dizer<br />

que acredito que as empresas são mais bem sucedidas<br />

quando têm as equipas mais diversas. Equipas diversas<br />

significa diversidade em muitos aspetos: diversidade<br />

de background, de experiência, de género, diversidade<br />

etária. É muito importante que essa diversidade seja<br />

conseguida, porque é daí que vão nascer as melhores<br />

soluções dentro das empresas. Isso é garantidamente<br />

válido nas tecnológicas, mas certamente é válido<br />

em todas as empresas. Penso que há uma parte do<br />

desenvolvimento da carreira das mulheres que passa,<br />

também, por algumas escolhas individuais, mas outras<br />

também por alguma educação social. Eu tenho três<br />

filhas e acredito que a geração delas já vai, provavelmente,<br />

ser diferente da minha geração, porque a sociedade<br />

também evoluiu nesse sentido, de proporcionar<br />

a igualdade de possibilidades e de oportunidades a<br />

“As empresas são mais bem<br />

sucedidas quando têm equipas<br />

mais diversas"<br />

nível da educação e é normalmente daí que nascem os<br />

grandes movimentos sociais e de alteração social. Temos,<br />

hoje, a sair da faculdade cada vez mais mulheres<br />

e acredito que, no futuro, teremos cada vez mais mulheres<br />

também em carreiras de gestão e no topo das<br />

empresas, porque as empresas que têm maior diversidade<br />

vão ser, certamente, sempre as empresas mais<br />

bem sucedidas.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual foi até hoje o seu maior desafio<br />

como diretora-geral da Microsoft Portugal?<br />

P. P. – O maior desafio é manter as equipas com a<br />

energia, a paixão, e a entrega ao projeto Microsoft para<br />

Portugal, esse é talvez o meu desafio de todos os dias,<br />

porque ter a equipa connosco é a melhor forma de termos<br />

os clientes e os parceiros junto de nós, a acreditar<br />

que é possível, através da tecnologia, transformar o<br />

país e tornar o país mais competitivo. É também o maior<br />

privilégio que tenho, porque tenho uma equipa fantástica.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como conjuga a sua vida pessoal com a<br />

profissional?<br />

P. P. – Como lhe digo, tenho três filhas com faixas etárias<br />

diferentes: a mais velha já tem 22 e a mais nova tem<br />

13, com uma de 18 pelo meio, portanto há muitos anos<br />

que faço gestão da vida pessoal com a vida profissional.<br />

Passa por uma escolha pessoal: preciso das duas<br />

para ser uma pessoa mais feliz e para mim é importante<br />

o equilíbrio de uma e da outra. Não nego que isso<br />

requer alguma disciplina. Acima de tudo, se tivermos<br />

claro o que é importante para nós e as fronteiras que<br />

estabelecemos entre uma coisa e outra é possível gerir<br />

ambas.<br />

Paula Panarra aponta diversidade como ponto forte das empresas<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais os planos da empresa para os<br />

próximos anos?<br />

P. P. – Os planos são de continuar a fazer, enquanto<br />

empresa, um crescimento que vem, acima de tudo,<br />

da introdução destas novas tecnologias de cloud, é<br />

aí que vai assentar toda a nossa estratégia de crescimento.<br />

Isso é possível à medida que formos ajudando<br />

e conseguindo transformar, conjuntamente, o tecido<br />

empresarial português e trabalhando em conjunto com<br />

os nossos parceiros. A nossa plataforma de cloud é a<br />

aposta do ponto de vista de negócio. Ela permite-nos<br />

trabalhar junto de soluções de negócio e não apenas<br />

junto de soluções no IT e esse é, talvez, o maior desafio<br />

que temos enquanto organização: é termos a capacidade<br />

de poder estar presentes em todas as conversas<br />

que acontecem dentro de uma empresa para, através<br />

da tecnologia, ajudarmos as empresas portuguesas a<br />

serem empresas melhores.<br />

13


figura de destaque<br />

PAULA<br />

Panarra<br />

Há oito anos nos quadros da Microsoft Portugal,<br />

Paula Panarra começou como diretora de Marketing,<br />

com responsabilidades pelo mercado empresarial,<br />

de consumo e digital, tendo como principais funções<br />

o planeamento e a execução da comunicação com<br />

clientes, parceiros e consumidores.<br />

Ao fim de três anos, foi nomeada diretora de<br />

Marketing e Operações, tendo a seu cargo a atividade<br />

operacional e desenvolvimento do negócio e os<br />

investimentos na área de marketing. Assumiu depois<br />

a direção do Setor Público e, em dezembro de 2016,<br />

foi nomeada diretora-geral da Microsoft Portugal,<br />

depois de ocupar a posição interinamente durante<br />

alguns meses.<br />

Licenciada em Engenharia Química e Biotecnologia<br />

pelo Instituto Superior Técnico, e com mais de 20<br />

anos de experiência profissional, Paula Panarra<br />

assumiu ao longo da sua carreira diversas funções<br />

nas áreas financeira e de marketing, tendo passado<br />

pela Procter & Gamble, onde esteve 15 anos e foi<br />

responsável, primeiro, pela gestão financeira, e<br />

depois pela gestão da comunicação e marketing<br />

operacional da companhia em Portugal.<br />

14


PT-BIO-03<br />

Agricultura Portugal


CASOS DE SUCESSO<br />

QUANDO DOIS PROJETOS<br />

SE FUNDEM PARA O SUCESSO<br />

Sendys Group emprega, atualmente, 140 pessoas<br />

Ana Rita Justo<br />

Sendys Group<br />

A Sendys Group é o resultado de 35 anos de história: da Alidata, software house portuguesa mais antiga, e do<br />

Sendys, produto que deriva da Capgemini. Um caso de sucesso português que o chairman, Fernando Amaral,<br />

apresenta à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>.<br />

Hoje é um só grupo, mas há 35 anos nasciam dois projetos<br />

em Portugal completamente independentes: de<br />

um lado a Alidata nascia em Leiria, sendo a software<br />

house mais antiga do país, do outro a Prológica, onde<br />

mais tarde nasceria o Sendys. A Sendys Group é, hoje,<br />

uma consultora, o culminar de 35 anos de história e de<br />

dois projetos de sucesso.<br />

A Prológica enquanto empresa nasce em 1984, com<br />

softwares mais ligados ao setor dos serviços, dando em<br />

1991 lugar à Geslógica, que em 1997 é adquirida pela<br />

multinacional Capgemini.<br />

Fernando Amaral, atual chairman da Sendys Group, entra<br />

para a Prológica enquanto estudava Direito, fazendo<br />

um percurso que o fez chegar a senior manager da<br />

Capgemini.<br />

“Atingi um patamar em que achava que devia abrir a<br />

minha própria empresa e, em 2009, fizemos o spin-off<br />

da Sendys. Saímos na altura 13 pessoas.” Nesse lote de<br />

pessoas encontrava-se também o irmão, Pedro Amaral,<br />

um dos sócios do grupo.<br />

Assim começa a aventura da Sendys enquanto projeto<br />

independente. Mais tarde, em 2011, a Sendys adquire<br />

a Alidata, complementando os seus produtos com o<br />

software daquela empresa leiriense, mais destinado à<br />

16<br />

área da manutenção e indústria. Nasce, assim, o grupo<br />

Sendys Alidata, em que 2016 virou Sendys Group.<br />

Pelo caminho, o grupo adquiriu ainda a Masterstrategy,<br />

com um software “para clientes que procuram uma solução<br />

simples, mais direta, na nuvem, que não requeira<br />

tanta manutenção”, explica Fernando Amaral.<br />

“Temos uma visão de mercado diferente: enquanto os<br />

outros players têm uma visão de um software que serve<br />

todas as empresas, nós temos produtos diferentes<br />

para áreas de negócio diferentes. Um cliente na área<br />

da indústria tem requisitos muito diferentes dos processos<br />

de um escritório de contabilidade”, advoga.<br />

Só em 2018, o grupo faturou oito milhões de euros,<br />

sendo 40% dessa faturação relativa ao mercado externo.<br />

INTERNACIONALIZAÇÃO FOI “SIMPLES”<br />

O spin-off da Sendys confunde-se com a internacionalização<br />

da empresa, uma decisão estratégia que permitiu<br />

à empresa crescer e alargar o espetro de atuação.<br />

Os países africanos de expressão portuguesa, nomeadamente<br />

Angola, Moçambique e Cabo Verde foram os<br />

principais alvo, mas não só: o grupo tem escritório próprio<br />

também em São Paulo (Brasil) e Macau.


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

A decisão de internacionalizar foi “simples“, diz o chairman,<br />

pois já havia conhecimento dos mercados.<br />

“Na altura em que saímos já tínhamos 20, 25 anos de<br />

atividade, portanto, já tínhamos uma maturidade do<br />

negócio”, explica, adiantando que em 2010 foi iniciado<br />

um processo e “internacionalização mais sério”, mas<br />

desde 2003 que a empresa tinha “frequência nos<br />

PALOP”, principalmente devido ao acompanhamento<br />

de outros clientes.<br />

“Foi como se iniciássemos o caminho para a Índia, mas<br />

previamente nos dessem um mapa de onde é que devíamos<br />

passar.”<br />

Grupo Sendys conta atualmente<br />

com escritórios em Angola, Cabo<br />

Verde, Moçambique, São Paulo<br />

(Brasil) e Macau<br />

Tanto em Portugal como no estrangeiro, continuam a<br />

ser as pequenas e médias empresas os maiores clientes<br />

do grupo. Ao todo, a empresa conta com “mais de<br />

dez mil implementações” em clientes, refere o responsável.<br />

miúdo diz com orgulho que até aos 35 anos sai de cada<br />

dos pais e isso não é bom, nem é mau. É assim.”<br />

O chairman recorda que, antigamente, “se se teve filhos,<br />

uma hipoteca de uma casa para pagar, metade do<br />

processo de retenção está feito”.<br />

“Temos de criar uma envolvência diferente com as pessoas”,<br />

defende Fernando Amaral.<br />

Por isso, entre as políticas da empresa para gestão de<br />

recursos humanos está a motivação e valorização dos<br />

trabalhadores, a elaboração de planos individuais de<br />

carreira, bem como outros benefícios, como a autonomia,<br />

flexibilidade para gerir o horário de trabalho, a<br />

possibilidade de levar os filhos para o trabalho sempre<br />

que necessário, ou de trabalhar remotamente, a disponibilização<br />

de fruta, o seguro de saúde, ou os dias extra<br />

de férias.<br />

“O ativo mais importante, hoje em dia, não são os<br />

clientes, são os recursos e hoje é mais difícil encontrar<br />

recursos capazes do que clientes. É um problema em<br />

quase todas as áreas de negócio.”<br />

UM SOFTWARE PARA TODOS<br />

Uma das mais recentes novidades do grupo foi a criação<br />

do Sendys Explorer, um software de gestão de<br />

impressão que permite, entre outras coisas, saber os<br />

consumos de impressão exatos de uma empresa, criar<br />

perfis de impressão para trabalhadores, reduzindo assim<br />

custos e o impacto ambiental da empresa. O desafio<br />

foi lançado pela multinacional japonesa OKI, que<br />

faz toda a assistência de primeira linha do produto, enquanto<br />

o desenvolvimento e apoio de backoffice é feito<br />

pela Sendys.<br />

“No YouTube, há explicações sobre o software em russo,<br />

italiano, até em português, feitas por técnicos locais,<br />

não por pessoas nossas, o que nos deixa bastante<br />

orgulhosos. Hoje, temos uma solução que é usada no<br />

mundo inteiro”, enfatiza o chairman.<br />

O apoio de backoffice é prestado pelo centro de desenvolvimento<br />

da Sendys em Leiria.<br />

GERIR A EQUIPA E DESCENTRALIZAR<br />

Fazendo um balanço positivo destes 35 anos de atividade,<br />

Fernando Amaral refere que, atualmente, o maior<br />

desafio com que se depara é na gestão de recursos humanos.<br />

Com uma equipa de 140 colaboradores para<br />

gerir, o responsável considera que os “gestores têm de<br />

se adaptar a uma nova fornada de recursos que está a<br />

aparecer”.<br />

“As pessoas, hoje, são da geração dos três ‘L’: tanto<br />

trabalham em Leiria, como em Lisboa, como em Londres,<br />

é muito diferente do que há 20 anos. Hoje, um<br />

Fernando Amaral concluiu spin-off da Sendys em 2009<br />

Por isso, nos planos de futuro do grupo está a consolidação<br />

da operação em Portugal e além-fronteiras,<br />

bem como uma aposta forte na valorização do interior.<br />

Além do centro de desenvolvimento em Leiria, a Sendys<br />

conta também com um centro de desenvolvimento<br />

em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã, de<br />

forma a ajudar o país na diminuição das desigualdades<br />

territoriais, um esforço, refere o fundador, para “empurrar<br />

equipas de desenvolvimento para o interior do<br />

país”.<br />

“A verdadeira qualidade de vida está no interior, não<br />

está em Lisboa. Hoje, quem vive em Proença-a-Nova<br />

está a hora e pouco de Lisboa e se calhar demora o<br />

mesmo tempo do que alguém que vive em Cascais.” E<br />

termina: “O difícil é fazer o clique”.<br />

17


INVESTIMENTO<br />

UM DOUTOR DEDICADO<br />

ÀS FINANÇAS DE CADA UM<br />

Denisse Sousa<br />

Doutor Finanças<br />

Começaram com cinco, em 2014, e em <strong>2019</strong> já são<br />

90 os profissionais do Doutor Finanças, especializados<br />

para cuidar da saúde financeira dos portugueses<br />

e ajudar a fazer melhores escolhas que compensarão<br />

no futuro.<br />

Para Rui Bairradas, CEO Doutor Finanças, a necessidade<br />

de abrir a própria empresa surgiu pouco após uma<br />

reunião com a vereadora da Câmara Municipal de Cascais.<br />

Havia a necessidade de criar um projeto que chegasse<br />

às pessoas de forma fácil. Daí surge o Doutor Finanças.<br />

“Porque não ligar a área da saúde à área financeira? Na<br />

verdade, todos nós somos um bocadinho médicos.<br />

Aconselhamos alguém se tiver uma dor de cabeça,<br />

para tomar um Aspegic ou Ben-u-ron. Achámos que<br />

isso seria um grande desbloqueador se utilizássemos<br />

na área financeira termos de medicina que as pessoas<br />

estivessem mais habituadas a usar e foi um sucesso”,<br />

começa por explicar Rui Bairradas.<br />

Noventa por cento do trabalho é totalmente dedicado<br />

a pessoas particulares. Para as empresas, o Doutor Finanças<br />

chega aos colaboradores através de workshops<br />

para ajudá-los a ter uma vida financeira mais saudável.<br />

“TIRÁMOS A GRAVATA E COLOCÁMOS A BATA”<br />

O Doutor Finanças está para as nossas finanças como<br />

um médico de família está para a nossa saúde. Aliás,<br />

segue exatamente os mesmos passos na identificação<br />

de um problema: um check-up, um diagnóstico, uma<br />

prescrição e um tratamento.<br />

“Quisemos ter uma relação mais próxima com as pessoas.<br />

Estamos muito habituados, na área financeira,<br />

às empresas esconderem-se e nós desde a primeira<br />

hora que demos a cara. Tirámos a gravata e colocámos<br />

a bata para ficarmos mais próximos das pessoas”, explica<br />

o CEO.<br />

Parte desta relação próxima vem da criação de artigos<br />

para os mais variados meios. Além disso, recebem<br />

mais de quatro mil pedidos de ajuda por mês nas várias<br />

áreas das finanças pessoais.<br />

18<br />

Rui Bairradas criou a empresa em 2014<br />

Segundo Rui Bairradas, em média uma família tem sete<br />

créditos: “Parece um número assustador, mas quando<br />

abrimos as carteiras as pessoas esquecem-se que<br />

têm cartões do IKEA, da FNAC, da Norauto, do Jumbo<br />

e, apesar de associarmos estes cartões a descontos,<br />

rapidamente se podem tornar num crédito”.<br />

“Em média uma família<br />

tem sete créditos”<br />

No Doutor Finanças, tratam do crédito habitação, tanto<br />

para quem está a comprar uma casa e precisa de ajuda<br />

na escolha do melhor banco, como para quem já tem<br />

crédito habitação e não sabe que pode melhorá-lo.<br />

Também ajudam a identificar um banco que ofereça<br />

melhores condições e assim melhorar a vida financeira<br />

das famílias. Operam também na parte do crédito pessoal<br />

e crédito consolidado.<br />

SAÚDE FINANCEIRA STEP BY STEP<br />

Quando se vai a uma consulta, seja de saúde seja de<br />

finanças, o primeiro passo é fazer um check-up e tentar<br />

perceber o que é que a pessoa ou família tem. Mesmo<br />

que a pessoa não saiba, com dois documentos é fácil<br />

chegar a uma conclusão.<br />

“Pedimos dois documentos: o mapa de responsabilidade<br />

de crédito do Banco de Portugal, que é um documento<br />

acessível online e mostra-nos o que é que<br />

aquela pessoa tem atualmente junto dos bancos e financeiras.<br />

Depois, pedimos o IRS, que nos permite<br />

perceber quais os rendimentos que a pessoa tem e o<br />

agregado, de modo a ver como podemos ajudar. Com<br />

base nesses dois documentos vamos diagnosticar, ver<br />

o que é que tem, quanto é que paga e ver se conseguimos<br />

melhorar.”


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

melhorar nas mais variadas vertentes – bancos, financeiras,<br />

seguros, telecomunicações, despesas.<br />

O maior erro das pessoas, diz, é não saberem quanto<br />

dinheiro têm e isso dá origem a erros que poderiam ser<br />

facilmente corrigíveis com alguma análise.<br />

Ao fazer este exercício de um orçamento e identificar<br />

aquilo que é gasto para a seguir tentar melhorar pode<br />

ficar com um rendimento disponível entre 30 a 40%.<br />

“Não há aumento nenhum que nenhum patrão me dê<br />

anualmente que seja destes valores. Não preciso de<br />

ganhar nem mais um euro. Só olhando para aquilo que<br />

já tenho consigo melhorias entre 30 a 40%.”<br />

“Não há aumento nenhum<br />

que nenhum patrão me dê<br />

anualmente que seja<br />

destes valores”<br />

Feito o check-up, é necessário avançar com o diagnóstico<br />

e uma prescrição para melhorar o mais rapidamente<br />

possível.<br />

"Por exemplo, no diagnóstico chegamos à conclusão<br />

de que a pessoa ou família está a pagar muito de<br />

casa. Na prescrição, se calhar transferimos a casa,<br />

caso a avaliação permita, vamos liquidar estes dois<br />

créditos pessoais no cartão de crédito e vai baixar 40%<br />

do valor das prestações. Depois, nós próprios tratamos<br />

do processo daquela pessoa ou agregado do princípio<br />

ao fim.”<br />

“Há coisas ridículas, como descobrir que pago o seguro<br />

de um carro que já não tenho. É urgente e eu tenho que<br />

saber. Nós desvalorizamos o dinheiro, trabalho um mês<br />

e no fim recebo um salário, que no fim desvalorizo porque<br />

não sei para onde foi esse dinheiro", alerta.<br />

“Também temos que conseguir deixar a vergonha de<br />

lado. Não falamos com amigos sobre o dinheiro, escondemos<br />

dos nossos familiares, chega a ser um tabu.<br />

Deveria ser um tema como o futebol. O dinheiro devia<br />

ser uma coisa positiva. Uma coisa que nos ajuda a ter<br />

melhor qualidade de vida e não uma coisa má”, remata.<br />

A vantagem de recorrer ao Doutor Finanças para qualquer<br />

operação financeira ou bancária é que, contrariamente<br />

ao mais comum dos mortais que se vê fora da<br />

linguagem e condições dos bancos e financeiras, o<br />

Doutor Finanças detém do poder negocial e experiência.<br />

COMO CUIDAR DAS NOSSAS FINANÇAS?<br />

“É importante saber onde é que estou, como é que estou.<br />

Depois, é importante as pessoas responderem à<br />

pergunta: ‘Para onde foi o meu dinheiro?’. Eu vou ao<br />

multibanco e levanto 20 euros e pergunto: ‘Mas que<br />

raio, para onde foi o meu dinheiro?’. Por isso, é urgente<br />

tomarmos conta das nossas próprias finanças”, alerta<br />

Rui Bairradas.<br />

Segundo o CEO, há sempre a necessidade de fazer um<br />

orçamento. Perceber quanto se ganha e onde foi gasto<br />

é o essencial para uma boa saúde financeira. Depois de<br />

perceber o que se tem, há que ver o que se consegue<br />

Doutor Finanças ajuda pessoas na sua saúde financeira<br />

19


INVESTIMENTO<br />

RGPD E AS RELAÇÕES LABORAIS:<br />

UMA RELAÇÃO (DES)COMPLICADA?<br />

Sandra Laranjeiro dos Santos, João Costa e Rita Guerra, LS Advogados<br />

LS Advogados<br />

O início da aplicação do RGPD gerou uma grande agitação<br />

no tecido empresarial português, por força da<br />

consagração de um novo conjunto de obrigações sancionadas<br />

por um quadro contraordenacional severo, o<br />

qual, no limite, pode chegar a 4% do volume de negócios<br />

anual considerado a nível mundial ou 20 milhões<br />

de euros, consoante o valor que for superior. Desta<br />

forma, a compliance do RGPD tornou-se uma preocupação<br />

central para as empresas. Destacamos, por isso,<br />

alguns aspetos que devem nortear quem lida com estes<br />

assuntos diariamente.<br />

Uma das principais novidades introduzidas pelo RGPD<br />

foi o abandono de um paradigma de controlo a priori,<br />

mediante a emissão de autorizações de tratamento<br />

por parte da CNPD, e a passagem para um modelo<br />

que coloca ónus na accountability das empresas<br />

responsáveis por tratamentos de dados, as quais devem<br />

manter os registos organizados. Isto implica, inter alia,<br />

uma análise escrupulosa dos fundamentos de licitude<br />

(o consentimento, o cumprimento de obrigações<br />

legais, a execução de contrato, o interesse legítimo do<br />

responsável pelo tratamento, e demais fundamentos<br />

previstos no RGPD) e das finalidades do tratamento.<br />

Relativamente ao consentimento, o RGPD determina<br />

que este deve ser explícito e específico – podendo ser<br />

retirado a todo o tempo sem que tal invalide a licitude<br />

do tratamento com base no consentimento previamente<br />

prestado –, o que implica um especial cuidado na<br />

redação de cláusulas opt-in/opt-out.<br />

“A compliance do RGPD<br />

tornou-se uma preocupação<br />

central para as empresas"<br />

O princípio da transparência implica o cumprimento<br />

de um conjunto de deveres de informação por parte<br />

dos responsáveis pelo tratamento de dados pessoais<br />

quer estes sejam recolhidos junto do titular ou não (por<br />

exemplo, informar o titular sobre os contactos do Encarregado<br />

da Proteção de Dados, informar o titular sobre<br />

os fundamentos de licitude do tratamento, informar<br />

o titular sobre os direitos de que dispõe, entre muitos<br />

outros).<br />

O RGPD veio, também, reforçar os direitos dos titulares<br />

dos dados, como sendo o direito à informação, o<br />

Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados<br />

direito de acesso, o direito à oposição ao tratamento,<br />

o direito à portabilidade dos dados, o direito à retificação,<br />

o direito ao apagamento e o direito à limitação do<br />

tratamento.<br />

A nomeação de um Encarregado da Proteção de Dados<br />

é obrigatória para as entidades públicas e para as entidades<br />

privadas que tratem dados em grande escala ou<br />

dados sensíveis, e deve ser comunicada à CNPD. Em<br />

matéria de deveres de comunicação à CNPD, acrescenta-se,<br />

ainda, os casos em que ocorre um incidente<br />

de proteção de dados (data breach), o qual deve ser<br />

comunicado no prazo de 72 horas após o conhecimento.<br />

O não cumprimento deste dever constitui igualmente<br />

a mais grave das infrações ao RGPD.<br />

20


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Justamente para evitar incidentes de violação de proteção<br />

dados, as empresas devem adotar medidas técnicas,<br />

organizativas e de segurança adequadas, respeitando<br />

as exigências de privacy by design e by default.<br />

Ademais, certos tipos de tratamento que impliquem um<br />

elevado risco para os direitos e liberdades das pessoas<br />

singulares (por exemplo, a introdução de uma nova<br />

tecnologia) poderão estar sujeitos a avaliação de impacto<br />

de proteção de dados (data protection impact assessment).<br />

“A nomeação de um Encarregado<br />

da Proteção de Dados é obrigatória<br />

para as entidades públicas<br />

e para as privadas que tratam<br />

dados em grande escala ou dados<br />

sensíveis”<br />

Por fim, um programa de compliance do RGPD deve ter<br />

por referência a interpretação das disposições aplicáveis<br />

plasmada nos acórdãos do TJUE, nas diretrizes e<br />

nos pareceres do Comité Europeu para a Proteção de<br />

Dados e da CNPD, bem como – quando necessário –<br />

de outras autoridades de controlo europeias. Deverão,<br />

“As empresas devem adotar<br />

medidas técnicas, organizativas<br />

e de segurança adequadas,<br />

respeitando as exigências<br />

de privacy by design e by default”<br />

também, ser tidos em conta, quando aplicáveis, os códigos<br />

de conduta e as certificações.<br />

É, ainda, fundamental não descurar todo o arsenal de<br />

legislação especial aplicado a cada setor económico<br />

(por exemplo, o regime do exercício da atividade de<br />

segurança privada 1 , o regime da privacidade no setor<br />

das comunicações eletrónicas 2 , entre muitos outros),<br />

que estabelece regras e obrigações específicas.<br />

1 Lei n.º 34/2013, de 16 de maio.;<br />

2 Lei n.º 41/2004, de 18 de agosto.<br />

// o que fazer<br />

Obrigações<br />

das Entidades:<br />

Identificação de quem recolheu<br />

os dados;<br />

Identificação do meio de recolha<br />

dos dados;<br />

Dados do Encarregado de Proteção<br />

de Dados (se existir);<br />

Identificação da finalidade da recolha<br />

(ex: gestão de processamento de<br />

salários, gestão de sanções disciplinares,<br />

controlo de assiduidade, gestão de<br />

clientes, marketing, gravação de chamadas<br />

na relação contratual, gestão de<br />

processos clínicos, gestão de crédito e<br />

solvabilidade);<br />

Identificação de qual o mecanismo<br />

de proteção de dados usado.<br />

Direitos<br />

dos Utilizadores:<br />

Tem de dar autorização expressa<br />

à recolha;<br />

Tem de saber quais os meios e finalidades<br />

da recolha;<br />

Tem de ter contacto para exercer<br />

o direito de informação/oposição/esquecimento;<br />

Identificação da finalidade da recolha<br />

(ex: gestão de processamento de<br />

salários, gestão de sanções disciplinares,<br />

controlo de assiduidade, gestão de<br />

clientes, marketing, gravação de chamadas<br />

na relação contratual, gestão de<br />

processos clínicos, gestão de crédito e<br />

solvabilidade);<br />

Identificação de qual o mecanismo<br />

de proteção de dados usado.<br />

21


INTERNACIONAL<br />

CINCO MILHAS DE NEGÓCIOS EM PORTUGUÊS<br />

Denisse Sousa<br />

Five Thousand Miles<br />

Pedro Hipólito é o CEO da Five Thousand Miles,<br />

empresa portuguesa que gere e cria oportunidades de<br />

negócio no continente africano. Nascido em Maputo,<br />

este empresário vê naquele continente um mundo de<br />

oportunidades para empresas que procuram alcançar<br />

o potencial da internacionalização e chegar mais longe.<br />

A distância que separa Maputo de Lisboa são exatamente<br />

cinco mil milhas. A distância que Pedro Hipólito<br />

percorreu na viagem que fez daquele país africano para<br />

Portugal em criança e é essa mesma distância que,<br />

hoje, enquanto empresário, procura diminuir através<br />

do desenvolvimento de relações empresariais entre<br />

continentes. Desta forma procura melhorar a vida de<br />

milhões de pessoas e facilitar negócios intercontinentais<br />

nas mais diversas áreas.<br />

Com quase 40 colaboradores, a Five Thousand Miles<br />

tem escritórios em Lisboa, Lagos, na Nigéria, e Durban,<br />

na África do Sul. Além dos escritórios e equipa local,<br />

operam também noutros países africanos como Angola,<br />

Argélia, Camarões, Chade, Congo, Gana, Moçambique<br />

e Somália.<br />

“Temos também celebrado vários negócios com empresas<br />

brasileiras e planeamos abrir uma empresa subsidiária<br />

no Brasil ainda no primeiro trimestre de <strong>2019</strong>”,<br />

acrescenta o CEO.<br />

A Five Thousand Miles ajuda os empresários a ultrapassar<br />

os desafios da internacionalização inerentes a<br />

apostar num mercado onde muitas vezes não são conhecidos.<br />

Fá-lo através do know-how de parceiros locais,<br />

organizados em cada segmento de mercado para<br />

apoiar as empresas a compreender a forma como a<br />

economia do país está organizada, qual a melhor forma<br />

de abordagem e com quem falar. Tudo isto é acompanhado<br />

de um processo de validação contínuo de contactos<br />

para que os parceiros se reúnam com as pessoas<br />

mais alinhadas com aquilo que pretendem.<br />

“Um dos principais obstáculos que um exportador enfrenta<br />

num novo mercado é que ninguém o conhece. É<br />

preciso estabelecer relações de confiança e criar reputação.<br />

A Five Thousand Miles já tem estes ativos nos<br />

mercados onde está presente e empresta capital de relação<br />

e reputação à empresa parceira”, explica Pedro<br />

Hipólito.<br />

Num balanço inicial, as empresas que já trabalharam a<br />

sua internacionalização em África com a Five Thousand<br />

22<br />

Miles investiram cerca de dois milhões de euros. Mas<br />

como provar às restantes empresas que África é o mercado<br />

perfeito para se investir?<br />

DAS <strong>PME</strong> ÀS MULTINACIONAIS<br />

Falemos de números: segundo o "Five Thousand Miles<br />

Africa Ranking" de 2018, o continente africano cresceu<br />

mais rapidamente do que a Europa, América do Norte<br />

ou América do Sul. As duas economias que mais cresceram<br />

no mundo foram de dois países africanos, Etiópia<br />

e Costa do Marfim, com crescimento estimado de<br />

7,5% e 7,4% respetivamente. Com crescimento entre<br />

6,7% e 7,2%, Ruanda, Senegal e Djibouti fazem parte<br />

do top 10 de economias com maior crescimento a nível<br />

mundial.<br />

Em 2018, a maioria dos países melhorou o índice de<br />

facilidade de fazer negócio, segundo o relatório do<br />

Banco Mundial, especialmente a Nigéria, Maurícias<br />

e Malawi, subindo mais de 20 lugares no ranking. Em<br />

comparação com 2017, o número de países com maior<br />

nível de transparência subiu de 11 para 16, com Cabo<br />

Verde, Egito, Maurícias, Marrocos, África do Sul, Tunísia<br />

e Uganda com melhores níveis de transparência.<br />

“A população africana é já de 1.216 mil milhões de<br />

pessoas e é a população que cresce mais depressa no


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

“A fase inicial de prospeção de mercado pode ser feita<br />

com cerca de 50 mil euros. A partir daqui, depende<br />

muito do setor económico e do plano industrial de cada<br />

empresa, mas o volume de negócios que for sendo gerado<br />

pode em parte ser reinvestido no mercado para<br />

crescer.”<br />

UM RETRATO DE ÁFRICA<br />

Em 2018, a empresa lançou a mais recente edição do<br />

"Five Thousand Miles Africa Ranking", relatório criado<br />

em 2016. Com base em sete indicadores relevantes –<br />

população, PIB nominal, taxa do crescimento do PIB,<br />

PIB per capita, balança corrente do país, reservas cambiais<br />

internacionais e o ranking anual de Facilidade de<br />

Negócio do Banco Mundial – este relatório empresarial<br />

pretende traçar o retrato sobre o potencial de negócios<br />

em cada um dos 54 países africanos.<br />

A empresa desenvolveu também um indicador interno,<br />

o Índice de Transparência, que tem em conta a disponibilidade<br />

dos dados locais de cada país e respetivas<br />

atualizações.<br />

“Fomos fazendo este exercício duas vezes por ano e<br />

desenvolvendo a nossa metodologia de análise e comparação<br />

de mercados. Este ano concluímos que este<br />

conhecimento é útil para um leque muito alargado de<br />

instituições e empresas, pelo que decidimos partilhar<br />

gratuitamente com aqueles que se interessam por África”,<br />

explica Pedro Hipólito.<br />

FiveThousandMiles tem escritórios em Lisboa, Lagos e Durban<br />

mundo. Os factos falam por si”, reitera Pedro Hipólito.<br />

Na Five Thousand Miles, as parcerias celebradas vão<br />

desde <strong>PME</strong> que faturam um milhão de euros por ano<br />

a grandes empresas que chegam aos 500 milhões de<br />

faturação. Para o CEO, a dimensão da empresa não é<br />

determinante para o sucesso da operação.<br />

Tomando em consideração os oito elementos indicados,<br />

a Five Thousand Miles construiu um índice com<br />

100 pontos. Neste sistema, os pontos são calculados<br />

em diferença com o valor mais baixo, dividido pela máxima<br />

diferença (entre o valor mais alto e mais baixo),<br />

dando os espetros de 0 a 100 pontos.<br />

“É a atitude da gestão que faz a diferença. Uma atitude<br />

de andar para a frente, com tolerância ao risco e personalidade<br />

positiva é determinante no sucesso de uma<br />

operação de crescimento empresarial.”<br />

“As empresas que já trabalharam<br />

a sua internacionalização<br />

em África com a Five Thousand<br />

Miles investiram cerca<br />

de dois milhões de euros”<br />

A empresa detém projetos nas áreas de tecnologias de<br />

informação, alimentar e industrial, mas trabalha com<br />

todos os setores económicos e o investimento pode<br />

rondar os 50 mil euros. A maioria dos processos de internacionalização<br />

são executados entre seis a 18 meses.<br />

Pedro Hipólito, CEO da Five Thousand Miles<br />

A pontuação final de cada país é a soma de todos os<br />

pontos em todos os setores do índice. O ranking toma<br />

também em consideração os valores publicados pelo<br />

Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e o<br />

World Factbook da CIA.<br />

23


AMBIENTE<br />

AS TROTINETAS VIERAM PARA FICAR<br />

Ana Rita Justo<br />

Divulgação<br />

Um movimento que começou em Lisboa e, passo a<br />

passo, começa a espalhar-se pelo país. As trotinetas<br />

elétricas partilhadas estão na moda e vieram<br />

para ficar. Falámos com algumas das operadoras<br />

do meio para perceber melhor este novo desafio<br />

da mobilidade.<br />

Começa a tornar-se um hábito ver<br />

pessoas a fazer pequenos percursos<br />

de trotineta elétrica, principalmente<br />

em cidades como Lisboa. A mobilidade<br />

é uma preocupação cada vez<br />

maior das populações, fazê-lo no<br />

menor tempo possível e de uma forma<br />

mais verde também. Assim surgem<br />

movimentos como os das bicicletas<br />

partilhadas e, mais recentemente,<br />

das trotinetas. Uma moda que veio<br />

para ficar.<br />

A forma de funcionamento é transversal:<br />

basta descarregar uma das<br />

aplicações para o smartphone, fazer<br />

o registo, localizar o aparelho, desbloqueá-lo<br />

e começar a andar. A facilidade<br />

e rapidez de utilização são<br />

vistas como grandes vantagens no<br />

uso deste inovador meio de transporte,<br />

nunca esquecendo a vertente<br />

ambiental.<br />

Lime já regista mais de 53 mil utilizadores<br />

A norte-americana Lime foi uma das<br />

primeiras empresas de trotinetas<br />

partilhadas a implementar-se em<br />

Portugal, neste caso em Lisboa, em<br />

outubro do ano passado, com o objetivo<br />

de “melhorar a estratégia de mobilidade”<br />

da cidade, diz-nos Luís Pinto,<br />

diretor de expansão em Portugal.<br />

24<br />

Hive já conta com <strong>12</strong>0 mil quilómetros percorridos<br />

“Escolhemos Lisboa pela sua visão<br />

inovadora relativamente à mobilidade<br />

urbana, alterações climáticas<br />

e questões ambientais”, sublinha.<br />

A Lime já regista mais de 53 mil<br />

utilizadores em Lisboa e, recentemente,<br />

chegou a Coimbra,<br />

mostrando que não só na capital<br />

é possível promover movimentos<br />

ecológicos e sustentáveis.<br />

Apesar de não divulgar números,<br />

Luís Pinto refere que a Lime “já<br />

está a gerar receita” e que está focada<br />

em “ter uma oferta adequada<br />

à estratégia urbana de cada cidade”<br />

em que opera, disponibilizando<br />

“trotinetas nas melhores condições<br />

e nos locais mais acessíveis”.<br />

UM MOVIMENTO<br />

PARA FICAR<br />

Também a Bungo esteve entre as<br />

primeiras empresas a começar a<br />

operar em Lisboa, contando com<br />

100 trotinetas na capital.<br />

Uma das vantagens, diz-nos João<br />

Pedro Cândido, um dos fundadores<br />

da Bungo, é a “possibilidade<br />

de pagar por multibanco”, quando<br />

na maioria dos casos é necessário<br />

cartão de crédito para usar este<br />

tipo de serviços.<br />

“As trotinetas sem doca são um<br />

meio que veio para ficar. No começo<br />

há grandes desafios, mas<br />

à medida que estes forem sendo<br />

vencidos, a solução torna-se cada<br />

vez mais atraente”, advoga.<br />

Nos planos desta marca está o objetivo<br />

de “tornar-se uma referência<br />

do mercado português”, estando<br />

prevista a chegada a outras cidades<br />

do país.<br />

Bungo conta com 100 bicicletas em Lisboa<br />

HIVE A CRESCER<br />

Já a Hive entrou no mercado português<br />

à boleia da myTaxy e passou,<br />

recentemente, a ser um serviço independente.<br />

“Fazia todo o sentido independentizarmo-nos,<br />

criarmos uma equipa<br />

própria, para dar seguimento a todo<br />

o crescimento que se prevê para<br />

a marca, não só a nível nacional,<br />

como também internacional”, considera<br />

Thiago Ibrahim, responsável<br />

pela expansão da Hive em Portugal.<br />

Com a frota em crescendo, apesar<br />

de não revelar o número de trotinetas<br />

em Lisboa, o responsável adianta<br />

que “já foram realizados mais de<br />

<strong>12</strong>0 mil quilómetros desde o lançamento”<br />

do serviço na capital, “o que<br />

equivale a três voltas à terra”.


Para Thiago Ibrahim, “todos os serviços<br />

que melhoram a vida dos cidadãos<br />

e a dinâmica nas cidades são<br />

rentáveis, porque são soluções para<br />

o futuro”.<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

Também a startup sueca VOI está já<br />

presente em mais do que uma cidade<br />

em Portugal. Depois de Lisboa,<br />

foi a vez de Faro conhecer estas trotinetas<br />

partilhadas, estando a marca<br />

em “plena fase de expansão”, assegura<br />

Frederico Venâncio, diretor-<br />

-geral da VOI para Portugal.<br />

“Contamos já com vários milhares<br />

de utilizadores inscritos na plataforma<br />

e temos vindo sempre a registar<br />

um aumento semanal do número de<br />

viagens realizadas”, salienta.<br />

Para o responsável, “Lisboa e Faro<br />

são exemplos claros desta viragem<br />

para uma mobilidade mais verde e,<br />

afinal, mais eficiente”.<br />

Recentemente, a VOI fechou uma<br />

ronda de investimento de 50 milhões<br />

de dólares para pôr em marcha<br />

o “ambicioso plano de expansão”<br />

previsto para este ano.<br />

CIDADANIA PRIMEIRO<br />

Apesar das vantagens claras, muitas<br />

têm sido as queixas sobre alguma<br />

má utilização das trotinetas partilhadas.<br />

Os entrevistados asseguram estarem<br />

a trabalhar em colaboração<br />

com as entidades locais no sentido<br />

de sensibilizarem a população para<br />

o bom uso dos equipamentos, tendo<br />

inclusivamente nas ruas equipas<br />

próprias para recolha e para ajudar<br />

os utilizadores com esta nova realidade.<br />

ABRIL <strong>2019</strong><br />

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BICICLETAS TAMBÉM GANHAM TERRENO<br />

Não só as trotinetas elétricas<br />

estão a despertar a atenção<br />

pelas cidades. Também as bicicletas<br />

partilhadas são já uma<br />

realidade.<br />

Em Lisboa, a Gira, iniciativa de<br />

bicicletas partilhadas da Empresa<br />

Municipal de Mobilidade<br />

e Estacionamento (EMEL),<br />

oferece bicicletas clássicas e<br />

elétricas por toda a cidade, de<br />

segunda a domingo, entre as<br />

6h00 e as 2h00 da manhã.<br />

Recentemente, também a Uber<br />

lançou o seu serviço de bicicletas<br />

partilhadas, as Jump. Estas<br />

são apenas elétricas e estão<br />

disponíveis para utilização 24<br />

horas por dia.<br />

Em Loulé, uma rede de bicicletas<br />

partilhadas está para breve.<br />

Agora, é só pedalar.<br />

“As cidades portuguesas têm feito um esforço visível para<br />

se tornarem mais sustentáveis e reduzirem ativamente a utilização<br />

do veículo privado. Este esforço traduz-se na rápida<br />

aceitação de soluções de mobilidade leve.”<br />

Frederico Venâncio | Diretor-geral da VOI<br />

“A trotineta é um ótimo meio de transporte para pequenas<br />

viagens, centenas de usuários já contam com o nosso serviço<br />

diariamente para ir e voltar do trabalho. Percurso que<br />

antes era feito de carro ou a pé.”<br />

João Pedro Cândido | Fundador do Bungo<br />

Jump já circulam por Lisboa<br />

“Lisboa é uma ótima cidade para implementar soluções<br />

inteligentes de mobilidade, visto ser uma das mais internacionais,<br />

diversificadas e atrativas na Europa e estar a mudar<br />

rapidamente.”<br />

Luís Pinto | Diretor de expansão da Lime em Portugal<br />

VOI já está em Lisboa e em Faro<br />

“Surgimos numa era em que a transformação digital está<br />

patente nas novas gerações. Faz parte dos seus dias, das<br />

suas vidas, ao mesmo tempo que os jovens valorizam cada<br />

vez menos a posse de bens.”<br />

Thiago Ibrahim | Diretor de expansão da Hive em Portugal<br />

25


RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

A NOVA ESCOLA DE PROGRAMAÇÃO EM LISBOA<br />

COM APOSTA NO FEMININO<br />

Denisse Sousa<br />

Wild Code School<br />

A Wild Code School, projeto que nasceu nos arredores<br />

em Laloupe, França, e que se tornou numa rede<br />

europeia de escolas, chega a Lisboa com um curso<br />

de Web Development e oferece cinco bolsas de estudo<br />

a mulheres.<br />

A Wild Code School nasceu em 2014 pela mão da CEO,<br />

Anna Stépanoff, professora universitária, que percebeu<br />

que o ensino não estava preparado para as exigências<br />

do mercado de trabalho na área das tecnologias. Em<br />

conjunto com Romain Coeur, criou uma escola em Lalupe,<br />

França, e desde então tornou-se numa das principais<br />

escolas de código em França com 14 unidades e<br />

mais de 900 alunos.<br />

Após o crescimento em França, esta escola de código<br />

chega agora a Lisboa com uma oferta diferenciadora<br />

através de um curso de Web Development especificamente<br />

desenhado para mulheres. A razão desta iniciativa<br />

deve-se ao facto de a escola procurar contrariar a<br />

tendência da predominância masculina nesta área.<br />

Wild Code School tornou-se numa<br />

das principais escolas de código<br />

em França com 14 unidades<br />

e mais de 900 alunos<br />

“Temos cerca de 25% de estudantes do sexo feminino<br />

nas nossas escolas e, sabendo que é muito pouco, quisemos<br />

fazer um investimento para alterar esta tendência<br />

nas novas escolas da Europa”, explica Ana Sofia Martins,<br />

gestora do campus de Lisboa da Wild Code School.<br />

26<br />

A Wild School detém o curso mais longo de Web Development em Portugal<br />

As candidatas a bolsa para o curso de Web<br />

Development foram selecionadas com base num teste<br />

técnico feito online, finalizando numa entrevista presencial.<br />

Para Sofia Rocha, engenheira civil de 29 anos,<br />

todo o processo para fazer parte da Wild Code School<br />

decorreu rapidamente.<br />

Wild Code School nasceu em 2014 pela mão da CEO, Anna Stépanoff<br />

“Fiquei a adorar o conceito da escola, desde ser um curso<br />

de cinco meses, cheio de workshops, ao facto de o último<br />

projeto ser algo no mundo real de trabalho”, disse<br />

à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>.<br />

Após o teste inicial, teve uma pequena entrevista com<br />

um dos professores em França, onde pôde colocar em<br />

prática os conhecimentos adquiridos. Daí até obter o<br />

“sim” de aquisição de bolsa e aceitação na escola foi um<br />

passo.<br />

“No fundo, este curso é uma forma de explorar outras<br />

possibilidades e de alargar as minhas competências<br />

profissionais”, acrescenta Raquel Moreira, jornalista de<br />

22 anos que também recebeu a bolsa.<br />

Candidaturas a bolsa para o curso de<br />

Web Development foram selecionadas<br />

com base num teste técnico feito<br />

online<br />

"A entrevista foi uma espécie de teste ao raciocínio lógico.<br />

Com este curso, espero perceber se este pode ser<br />

um caminho para mim. Esta é uma área exigente e que<br />

nada tem a ver com o que tenho feito até hoje. É, portanto,<br />

um verdadeiro desafio”, conclui.<br />

“O nosso curso dura cinco meses e é muito focado no<br />

verdadeiro ambiente de trabalho. Os nossos alunos têm<br />

três projetos e o último é sempre um projeto real com<br />

empresas. Neste, os alunos fazem reuniões de status<br />

semanais e entregam no final um protótipo à empresa.<br />

Fica no portfeólio deles, mas pertence à empresa parceira”,<br />

reitera Ana Sofia Martins.


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Além disso, a Wild Code School permite um sistema de<br />

aprendizagem por método combinado, onde os alunos<br />

podem fazer o curso de Web Development num programa<br />

intensivo de 40 horas semanais ou em regime pós-<br />

-laboral, em 10 meses.<br />

A Wild Code School detém, atualmente, o curso mais<br />

longo de Web Development em Portugal com mais ênfase<br />

em soft skills. Aqui, os alunos têm acesso à transição<br />

necessária da antiga profissão para aquilo que é realmente<br />

o mercado tech, desde simulações de reuniões,<br />

simulações de entrevistas e têm semanalmente convidados<br />

para falar com os alunos, sejam eles recrutadores<br />

da área tecnológica ou de recursos humanos.<br />

UMA ESCOLA FRANCESA<br />

A NÍVEL EUROPEU<br />

Implementar uma escola desta envergadura num outro<br />

país teve os seus custos. Além do investimento em bolsas<br />

de estudo, investiu-se ainda na aquisição do espaço,<br />

constituição da empresa e todos os custos burocráticos<br />

associados, num total de 25 mil euros.<br />

À semelhança do que fizeram em França, procuram abrir<br />

escolas em zonas que mais precisam em Portugal e ajudar<br />

pessoas de cidades mais pequenas a conseguirem<br />

melhores perspetivas de trabalho.<br />

“Demorámos muito tempo a abrir em Paris por uma questão<br />

estratégica. Queríamos contribuir para o desenvolvimento<br />

de cidades mais pequenas e ajudar a construir o<br />

mercado tecnológico e a integração de pessoas desempregadas<br />

do interior”, explica Ana Sofia Martins.<br />

Ana Sofia Martins, gestora do campus de Lisboa da Wild Code School<br />

Com mais de 1000 developers formados, em França a<br />

Wild Code School está em Paris, Biarritz, Bordéus, Lalupe,<br />

Lile, Lyon, Marselha, Nantes, Orleans, Reims, Estrasburgo,<br />

Toulouse e Tours. Na Europa, já está em Bruxelas,<br />

Madrid, Berlim e Lisboa, pretendendo iniciar em<br />

setembro em Londres e Bucareste.<br />

Wild Code School permite<br />

aos alunos poderem fazer o curso<br />

de Web Development num programa<br />

intensivo de 40 horas semanais<br />

ou em regime pós-laboral,<br />

em 10 meses<br />

“Iremos abrir até 2020 mais escolas pela Europa com o<br />

objetivo dos alunos que começarem o curso em Lisboa<br />

poderem terminar o último mês do projeto noutras cidades<br />

em ambientes multiculturais. Afinal, a rede é europeia.”<br />

Como em França, procura abrir escolas em zonas que mais precisam em Portugal<br />

Recentemente, a Wild Code School assinou uma parceria<br />

com a Siemens, a fim de garantir que no fim do curso<br />

os alunos têm estágios com integração em projetos diretos<br />

internos e externos à empresa.<br />

27


empreendedorismo<br />

LUSITAN: MOBILIÁRIO CONFORTÁVEL<br />

COM ALMA PORTUGUESA<br />

Denisse Sousa<br />

Lusitan Furniture<br />

A Lusitan Furniture nasceu da mente de João Miguel<br />

Rodrigues, como parte do projeto de mestrado em<br />

Design, em 2014. Apaixonado pelo design de mobiliário,<br />

viu aqui a oportunidade de juntar o seu gosto<br />

pessoal ao potencial para criar o seu próprio negócio.<br />

Apesar de ser uma marca nova, aproveita todas<br />

as oportunidades para criar o seu espaço no mercado<br />

mobiliário português.<br />

O projeto Lusitan Furniture começou a ser pensado enquanto<br />

João Miguel Rodrigues estava no seu mestrado<br />

em Design. O design de mobiliário sempre foi do seu<br />

interesse, por isso, conjugar um gosto pessoal com a<br />

possibilidade de ter o seu próprio negócio tornou-se<br />

na oportunidade perfeita. Após alguma experiência na<br />

área, trabalhando com várias empresas do setor, surgiu<br />

em 2018 a janela de oportunidade para avançar<br />

com um projeto de autor, fruto do seu instinto.<br />

Com um investimento a rondar os cinco mil euros, a<br />

Lusitan Furtunite quer-se confortável, duradoura,<br />

com qualidade dos materiais e um design inovador.<br />

O feedback positivo tem servido de motivação para<br />

investir ainda mais a fundo. A vontade de criar um projeto<br />

singular que possa contribuir para a proliferação do<br />

bom design em Portugal é o que o move. Acredita que<br />

Portugal tem ótimas capacidades no que toca ao design<br />

para o mercado internacional, apesar das dificuldades.<br />

João Rodrigues, fundador da Lusitan Furniture<br />

“Somos extremamente competentes e, acima de tudo,<br />

penso que esta geração já está a trabalhar para mudar<br />

o rumo do país na próxima década”, explica o fundador.<br />

“No entanto, os ordenados que se ainda praticam a<br />

nível nacional nas empresas incentivam os bons profissionais<br />

a irem lá para fora, ou então a criarem o seu<br />

próprio posto de trabalho, o que até pode ser bom no<br />

incentivo da criação de novas empresas”, contrapõe.<br />

28<br />

Estúdio da Lusitan Furtuniture, em Ovar<br />

Passar algo imaterial para algo concreto tem os seus<br />

entraves e João Rodrigues rapidamente percebeu que<br />

trazer a Lusitan Furniture para o plano real não seria<br />

possível sem os seus desafios.<br />

“Tive que fazer mil e um protótipos até chegar à forma<br />

final e ao conforto desejado. Foram muitas noites acordadas<br />

a desenhar e fins de semana a cortar madeira na<br />

garagem com ferramentas elétricas simples”, explica o<br />

criador.<br />

A INSPIRAÇÃO QUE O LEVA MAIS LONGE<br />

Considera-se um jovem perfecionista que nunca está<br />

satisfeito com um primeiro resultado. Para isso, conta<br />

com os melhores parceiros que o ajudaram a resolver<br />

problemas técnicos nos primeiros protótipos e com<br />

quem continua a trabalhar para melhorar as peças. As<br />

mesmas, por serem peças artesanais, demoram entre<br />

três a cinco semanas a serem totalmente produzidas.<br />

A inspiração, essa, vem de todos os lados, em<br />

particular de blogues de design ou arquitetura, como<br />

Leibal.com ou Dezeen.com, mas principalmente do<br />

trabalho inovador de Dieter Rams, o mesmo cujo design<br />

inspirou os produtos da Apple.<br />

“Desde criança que gostava da forma do origami e isso<br />

também foi uma influência chave no meu tipo de desenho.<br />

No entanto, baseio-me num trabalho em particular,<br />

no “pai” do design industrial, um senhor não muito<br />

conhecido pela maioria das pessoas, mas que influenciou<br />

muito esta área a nível mundial, o Dieter Rams.”<br />

De momento trabalha com a marca britânica Camira<br />

Fabrics, cujos tecidos de qualidade e certificados servem<br />

como base para a inspiração.


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Para o futuro, João Rodrigues espera continuar a<br />

desenvolver a ideia e levar a Lusitan Furniture muito<br />

mais longe, ao mesmo tempo que trabalha no estúdio<br />

de design em nome próprio, o RS.<br />

“Somos uma pequena empresa “de garagem”, mas com<br />

muitos sonhos, vontade de trabalhar e ter sucesso. E,<br />

acima de tudo, crescer de forma sustentada, sempre<br />

oferecendo um ótimo produto ao cliente. Para já, o<br />

nosso foco é Portugal, mas sabemos que a internacionalização<br />

é fundamental e inevitável a curto prazo nesta<br />

área, pelo que estamos abertos a colaborações com<br />

estúdios de arquitetura e lojas de decoração no espaço<br />

europeu.”<br />

“Nesta fase estou a trabalhar com dois tipos de tecidos,<br />

o tecido “Blazer” em lã 100% virgem, dando um aspeto<br />

mais rugoso e sólido à peça, sendo no entanto bastante<br />

acolhedor e confortável; e o tecido “Era” em poliéster,<br />

mais suave e duradouro, virado para a vertente de hotelaria,”<br />

explica.<br />

"Somos competentes, e penso que<br />

esta geração já está a trabalhar para<br />

mudar o rumo do país"<br />

A inspiração vem em particular de blogues de design ou arquitetura<br />

Acredita que se diferencia pelo seu estilo minimalista,<br />

pelos materiais que usa e pelo conforto inesperado das<br />

peças. Segue à risca a velha máxima de Miles van der<br />

Rohe: “Menos é mais”.<br />

“Felizmente, já existem algumas marcas de norte a sul<br />

do país que seguem estas boas práticas de design amplamente<br />

defendidas na Escandinávia e no Japão. Na<br />

Lusitan Furniture, somos diferentes. Acreditamos nas<br />

boas práticas do design, no conforto, na durabilidade<br />

do produto, na qualidade dos materiais e, finalmente,<br />

no desenho inovador.”<br />

As suas almofadas “Alma Mater” estão à venda apenas<br />

online e as mesas de canto “Trindade” estarão a partir<br />

de junho em lojas. “Já temos mais algumas ideias, e<br />

poderemos, entretanto, lançar mais produtos na área<br />

do homewear”, adianta.<br />

UM FUTURO PELA FRENTE<br />

Para já, as suas peças ainda só estão disponíveis na<br />

região Norte, no entanto, João Rodrigues está de momento<br />

à procura de lojas a Sul que estejam interessadas<br />

em colaborar com a Lusitan Furniture.<br />

Mesa de canto "Trindade", da Lusitan Furniture<br />

29


empreendedorismo<br />

JOIAS PORTUGUESAS CONQUISTAM O MUNDO<br />

Ana Rita Justo<br />

Cinco Store<br />

Uma brincadeira enquanto blogger tornou-se num<br />

negócio. Li Furtado, heterónimo online de Cátia<br />

Furtado, 36 anos, dá vinda à Cinco Store, uma marca<br />

portuguesa de joias minimalistas feitas à mão em<br />

prata esterlina a partir de Coimbra. As vendas que<br />

são feitas online para o mundo inteiro. Em entrevista<br />

à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>, a mentora do projeto, natural<br />

de Santiago do Cacém e formada em Geografia e<br />

Planeamento do Território, fala sobre os desafios e<br />

vantagens de gerir um negócio que já está na boca<br />

das maiores influenciadoras digitais.<br />

<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Como surgiu a Cinco?<br />

Li Furtado – A Cinco começa oficialmente em 2017<br />

quando me despedi e comecei a estar presente diariamente<br />

no projeto. Até aí era um projeto, quase uma<br />

brincadeira em part-time. Era quase um passatempo<br />

que me dava prazer, mas feito de uma forma muito<br />

experimental. Na verdade, foram esses anos de teste<br />

que me permitiram perceber melhor o mercado e determinar<br />

qual seria a verdadeira orientação da Cinco. O<br />

"como" não tem explicação, mas acho que foi a minha<br />

necessidade de criar algo meu e de me envolver mais<br />

na área da moda.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual a razão do nome?<br />

L. F. – Quando surgiu pela primeira vez esta ideia de<br />

ter uma marca online tinha que registar um domínio.<br />

Como nasci a cinco do cinco experimentei ver se Cinco<br />

estava disponível. Na altura não teve qualquer estratégia,<br />

mas acabou por funcionar, pois é um nome fácil de<br />

memorizar e que não é exclusivo ao mercado nacional.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Começou sozinha?<br />

L. F. – Sim. Eu era uma espécie de blogger anónima,<br />

porque a moda não combinava com a minha profissão<br />

de consultora. Enquanto blogger aprendi a estudar tendências<br />

e, principalmente, aprendi a ser crítica na relação<br />

entre marcas e influenciadores, além de que era<br />

uma consumidora online ativa. Estas pequenas skills<br />

fizeram com que num dia criasse um site e uma marca!<br />

Em 2017 despedi-me e a marca deu o salto que precisava.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – O que diferencia a Cinco de outras marcas<br />

de joias?<br />

L. F. – Não diria que temos algo altamente diferenciador,<br />

mas acho que conseguimos criar uma marca com a<br />

qual as nossas clientes se identificam muito. Acho que<br />

temos um pouco de love brand, o que é altamente motivador<br />

para nós.<br />

30<br />

Li Furtado foi consultora durante 11 anos até se dedicar em exclusivo à Cinco<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quantas pessoas emprega a Cinco neste<br />

momento?<br />

L. F. – Atualmente, somos dois sócios e uma colaboradora<br />

a tempo inteiro. Depois temos uma designer e um<br />

fotógrafo que colaboram connosco. Na produção subcontratamos<br />

a uma única empresa, serão umas sete a<br />

dez pessoas.<br />

“Conseguimos criar uma marca<br />

com a qual as nossas clientes<br />

se identificam muito"<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como caracteriza o mercado da Cinco?<br />

L. F. – O mercado da Cinco é global: 75% das nossas<br />

vendas são para o mercado externo. Os países que<br />

mais nos procuram são: Portugal (22%), Estados Unidos<br />

(18%), Coreia do Sul (13%), Reino Unido (10%),<br />

Hong Kong (5%), Alemanha (5%), Canadá (3%), Espanha<br />

(3%) e depois os restantes 22% oscila muito, desde<br />

União Europeia ou a realidades menos próximas, como<br />

o Peru, México, Filipinas ou Qatar. Temos cerca de<br />

1000 encomendas por mês. No último ano, vendemos<br />

mais de 6000 Ginger, que é o nome da nossa peça mais<br />

vendida.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais os principais desafios do negócio?


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Peças são feitas à mão em prata esterlina<br />

L. F. – Sustentabilidade num mundo assente em redes<br />

sociais e em dinâmicas muito voláteis. Precisamos de<br />

garantir que o nome da marca está cada vez menos<br />

dependente de redes sociais. Felizmente 50% das<br />

pessoas que visitam o nosso site já vem diretamente,<br />

mas ainda há um longo percurso. Por exemplo, há<br />

muito pouco tempo os clientes vinham do Facebook,<br />

agora vêm do Instagram, um dia vai ser outra rede. Isto<br />

é um desafio permanente. Outro desafio é o returning<br />

customer: garantir que o cliente se fideliza na marca é<br />

muito importante e para isso precisamos de qualidade<br />

e de uma estratégia coerente ao nível da forma como<br />

comunicamos a Cinco.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais as vantagens de gerir uma marca<br />

como a Cinco online?<br />

L. F. – Gestão de tempo. Consigo gerir tudo a qualquer<br />

hora do dia em qualquer local. Os custos para arrancar<br />

com uma marca online também são muito inferiores, a<br />

Cinco nasceu a partir do blogue de Li Furtado<br />

Cinco começou por ser um computador e o stock dentro<br />

de um armário da minha casa.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual a importância da comunidade digital<br />

da Cinco para o negócio?<br />

L. F. – É fundamental, essa comunidade é a Cinco. Diariamente,<br />

cerca de 20 pessoas de todo o mundo postam<br />

uma imagem e identificam a marca. Grande parte<br />

das imagens transmitem um lifestyle associado à Cinco.<br />

Isto promove novas vendas, novas seguidoras e,<br />

principalmente, reforça a comunidade e a marca.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Que planos para o futuro da marca?<br />

L. F. – O próximo grande passo é desenvolver um novo<br />

site, com ferramentas mais adequadas para continuarmos<br />

a apostar nos mercados exteriores, mas também<br />

no mercado nacional. Com o intuito de chegar a novos<br />

públicos, temos ainda prevista uma linha em ouro.<br />

Ginger é a peça mais vendida da marca portuguesa<br />

Medalhas em forma de coração da Cinco<br />

31


APRESENTAÇÃO DA <strong>12</strong>.ª EDIÇÃO<br />

DA <strong>PME</strong> MAGAZINE COM A PALESTRA DE<br />

PAULA<br />

Panarra<br />

10 DE ABRIL | DAS 18H ÀS 21H<br />

FÓRUM TECNOLÓGICO | Lispolis<br />

Estrada Paço do Lumiar 44, 1600-546 Lisboa<br />

EXPOSIÇÃO E NETWORKING<br />

ENTRADA GRATUITA<br />

Para participar e divulgar a sua <strong>PME</strong> na área de networking<br />

e ou na revista, contacte: publicidade@pmemagazine.com


empreendedorismo<br />

ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

BABY LOOP: ECONOMIA CIRCULAR<br />

APLICADA AOS BEBÉS<br />

Denisse Sousa<br />

João Portugal, Baby Loop<br />

Criada pela mesma equipa que desenvolveu uma<br />

plataforma de reutilização de livros e pela apresentadora<br />

Carolina Patrocínio, a Baby Loop aplica a<br />

mesma estratégia da economia circular a outro setor:<br />

o dos bebés, com o intuito de ajudar as famílias a<br />

dar uma segunda vida a equipamentos que não terão<br />

mais utilização.<br />

Para a empresa fazia todo o sentido aplicar a mesma<br />

fórmula da Book in Loop noutras áreas de negócio e,<br />

para a apresentadora Carolina Patrocínio, mãe de três<br />

filhas, ainda mais sentido fazia dar uma segunda vida<br />

aos equipamentos de bebé que não ia dar mais uso.<br />

Juntaram-se as duas forças de vontade e assim nasceu<br />

a Baby Loop.<br />

“Nos últimos anos, tenho estado muito focada na família<br />

e no meu trabalho e, por isso, não tinha sequer<br />

ponderado ter um negócio meu, mas, no ano passado,<br />

tive a ideia para a Baby Loop e achei que faria todo o<br />

sentido avançar com ela", explica Carolina Patrocínio,<br />

apresentadora e fundadora da Baby Loop.<br />

Carolina Patrocínio e os fundadores da Baby Loop<br />

A Baby Loop promove novos e mais inteligentes hábitos<br />

de consumo, mais inteligentes. Com apenas um<br />

mês de lançamento, a comunidade Baby Loop conta já<br />

com 37 mil seguidores no Instagram, enquanto os utilizadores<br />

ativos na plataforma rondam os sete mil. Conta<br />

com mais de 2000 submissões de produtos que já<br />

avaliou positivamente e mais de 700 produtos que os<br />

seus utilizadores escolheram entregar no Continente,<br />

ou pela recolha ao domicílio. Até agora, têm cerca de<br />

150 produtos em stock, o que representa um valor de<br />

cerca de 30 mil euros.<br />

“Com um mês de atividade, a aceitação tem sido incrível,<br />

com muita gente a querer vender e comprar, o que<br />

demonstra que, de facto, o projeto faz todo o sentido e<br />

é útil para as famílias,” acrescenta.<br />

O processo em si é muito fácil: aos interessados basta<br />

Os artigos entregues passam por uma avaliação de qualidade e segurança<br />

ter equipamentos para venda, enviar duas fotografias<br />

através do site, ou aplicação móve e em <strong>12</strong> horas conhecem<br />

o valor que a Baby Loop pagará pelo produto,<br />

caso aceitem. O item é avaliado, desde os materiais à<br />

funcionalidade. É feita uma avaliação muito criteriosa,<br />

para ter a certeza de que está em boas condições.<br />

“O envio para nós pode ser feito através de uma empresa<br />

de transporte ou deixado numa das 78 lojas Continente<br />

aderentes. Quando recebemos o equipamento,<br />

verificamos o seu estado e confirmamos que está nas<br />

devidas condições”, explica Ricardo Morgado, diretor<br />

executivo da Baby Loop.<br />

Atualmente, a Baby Loop aceita apenas equipamentos<br />

mais pesados como trios, carrinhos, cadeiras automóvel<br />

e berços de um leque restrito de marcas, como<br />

Chicco, Cybex, Bebe Confort, Quinny, entre outras.<br />

DA SELEÇÃO DE PRODUTOS À QUALIDADE<br />

A partir do momento em que produto chega à Baby<br />

Loop, os vendedores não têm mais de se preocupar,<br />

uma vez que a empresa trata de tudo e avisa quando<br />

surgir um cliente interessado.<br />

“Outra vantagem é o facto de, garantidamente, receberem<br />

um produto que está em boas condições, o que<br />

pode não acontecer com outras plataformas onde não<br />

é feita uma curadoria”, acrescenta Ricardo Morgado.<br />

Para o comprador, há uma salvaguarda da garantia de<br />

qualidade e segurança, questões que não são averiguadas<br />

nas restantes plataformas.<br />

E, referindo as vantagens económicas, comprando e<br />

vendendo um equipamento na Baby Loop, os pais podem<br />

poupar até 80% do valor original do equipamento.<br />

A título de exemplo, num carrinho de gama média que<br />

custe 400 euros, as famílias conseguirão poupar cerca<br />

de 320 euros.<br />

“Num cabaz completo para os primeiros anos de vida<br />

do bebé - berço, carrinho, cadeira para o carro - que<br />

habitualmente custa entre 920 e 2.130 euros, a poupança<br />

pode variar, em média, entre os 736 e ao 1.704<br />

euros, o que terá um grande impacto para as famílias,<br />

já que sabemos que, em Portugal, 30% da população<br />

recebe o salário mínimo e que o salário médio é de 887<br />

euros”, acrescenta o diretor executivo.<br />

33


RH<br />

A "FELICIDADE" NAS EQUIPAS DE ALTA PERFORMANCE<br />

Luis Granja, autor e especialista em felicidade e produtividade<br />

Luís Granja<br />

A “confiança” é o expoente máximo das relações humanas.<br />

Sendo uma equipa de alta performance uma<br />

constante interação entre seres humanos, a maneira<br />

como “confiam” uns nos outros determinará os resultados<br />

de excelência que irão alcançar. Saber gerir a<br />

“confiança” numa equipa irá determinar o sucesso que<br />

qualquer líder de uma equipa/empresa ambiciona para<br />

o seu negócio. Com ela, tudo flui e faz-se muito mais<br />

com muito menos recursos e aumentam-se os níveis de<br />

produtividade da equipa.<br />

Os colaboradores são autónomos e, por confiarem<br />

uns nos outros, delegam tarefas. Gerem melhor o seu<br />

tempo e sentem-se donos dele. Cada elemento que a<br />

compõe sente que está a explorar todo o seu potencial<br />

interior. Uma equipa que transpire “confiança” é uma<br />

equipa feliz.<br />

É esse o segredo para a produtividade nas equipas de<br />

alta performance.<br />

Pela experiência que tenho no treino de equipas, este<br />

cenário não é de todo o mais comum. As rotinas criadas,<br />

a gestão de stress e a velocidade com que tudo<br />

acontece determinam que os elos de “confiança” entre<br />

pares se vão quebrando. Surgem mal entendidos e os<br />

bloqueios relacionais entre pessoas aparecem. Desta<br />

erosão relacional surgem três consequências com claros<br />

impactos no normal funcionamento da equipa: ambientes<br />

de trabalho “definhados”; índices de produtividade<br />

alterados; e recalcamento do potencial humano<br />

da equipa.<br />

Como conseguir, então, soltar o potencial humano da<br />

equipa? Como conseguir que cada colaborador esteja<br />

no máximo das suas capacidades, ou ainda como<br />

manter a coesão e o foco dos colaboradores num único<br />

propósito.<br />

Como dizem os ingleses: “that’s the million dollar<br />

question”.<br />

A resposta a esta e outras questões está na “mochila”<br />

de uma única pessoa. O líder da equipa. É ele o elemento<br />

facilitador do potencial que emana na equipa.<br />

Porquê? Por diversas razões. A primeira, porque tem<br />

essa responsabilidade de “ser líder”. É ele que cruza os<br />

interesses das pessoas que gere com os interesses do<br />

negócio em si e tem a responsabilidade de os saber comunicar.<br />

Em segundo, porque ao ter essa responsabilidade<br />

permite-se a ser ele próprio o elemento chave de<br />

34<br />

Luís Granja é especialista em felicidade e produtividade<br />

construção de uma teia de relações de confiança que<br />

permitam que as pessoas consigam interagir livremente,<br />

sem “apatia” e/ou “ansiedade”. Em terceiro porque<br />

é ele que, conhecendo cada elemento, saberá posicionar<br />

as competências das pessoas consoante os desafios<br />

que são colocados. Em último, mas não menos importante,<br />

é ele que delega, é ele que corrige, é ele que<br />

comunica, é ele que dá feedback. É ele que faz a máquina<br />

fluir. É ele o termómetro da confiança da equipa.<br />

“O líder é o elemento<br />

facilitador do pontecial<br />

que emana na equipa"<br />

Como dinamizador de “relações humanas” o líder precisa<br />

de “semear”, “regar”, “cuidar” e “colher” confiança<br />

no seu sistema humano, de modo a obter novas redes<br />

de colaboração interpessoal. “Humano” é talvez a palavra<br />

que mais se ouve no cotexto atual da liderança e<br />

será por isso determinante que o líder consiga espalhar<br />

“humanismo” em torno de todo o seu sistema, de modo<br />

a conseguir encontrar novas formas de produtividade<br />

nas equipas de alta performance.<br />

Obriga-o a “parar para pensar” e a ter a capacidade de<br />

se afastar e ver a “floresta” em detrimento da “árvore”.<br />

É o líder que potencia a mudança que quer ver na equipa.<br />

O tão ambicionado segredo para a “felicidade” global.


RH<br />

ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

A AMBIÇÃO É MÁ PARA O SUCESSO?<br />

Ana Ganhão, humanistic professional coach<br />

Ana Ganhão<br />

Começo o processo de coaching com uma equipa, colocando<br />

a pergunta: quem é ambicioso?<br />

Gera-se um silêncio na sala, seguido de algum desconforto.<br />

Ninguém quer assumir que é ambicioso, ou<br />

simplesmente nunca pensou nisso.<br />

Existe um estigma sobre esta palavra que nos remete<br />

para a ideia de que alguém ambicioso é alguém sem<br />

caráter. O que não é totalmente verdade, pois o caráter<br />

e valores não se definem pela ambição de uma pessoa.<br />

O desejável será ser ambicioso e ter bons valores.<br />

Talvez por se associar, erradamente, ganância à ambição,<br />

se acredite que esta última é negativa. No entanto<br />

são duas características bem diferentes.<br />

Comecemos por perceber que a ganância é um desejo<br />

exacerbado de ter, ou de ser mais do que os outros,<br />

está subjacente uma sensação de que nada lhe é suficiente<br />

e um desejo latente de superioridade.<br />

Por outro lado, a ambição é uma forte aspiração de ser<br />

melhor, fazer melhor, saber mais, superar os seus limites,<br />

saber relacionar-se melhor, ter mais conhecimento,<br />

ter mais habilidades e competências. É uma vontade<br />

constante de criar a melhor versão de si todos os dias,<br />

não por comparação nem competição com o outro, mas<br />

pelo seu próprio crescimento pessoal e profissional.<br />

Na minha visão do mundo, é nossa obrigação enquanto<br />

seres humanos sermos ambiciosos, pois só assim evoluímos.<br />

“Ambição é uma forte aspiração de<br />

ser melhor, fazer melhor, saber mais,<br />

superar os seus limites,<br />

saber relacionar-se melhor,<br />

ter mais conhecimento"<br />

A ambição é um motor para o crescimento pessoal e<br />

das empresas.<br />

Imagine uma empresa onde todos os seus colaboradores<br />

estão empenhados em fazer melhor todos os dias,<br />

munidos de coragem e resiliência, com mentes positivas,<br />

focadas na solução.<br />

Imagine os resultados mensais e anuais que poderiam<br />

ter e a satisfação que dava a cada um dos intervenien-<br />

Ana Ganhão colabora pontualmente com a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />

tes olhar para o resultado com o sentimento de superação<br />

e de missão cumprida.<br />

Deixo um desafio: crie o hábito de fazer hoje 1% melhor<br />

do que fez ontem, de ser hoje 1% melhor nesta ou<br />

naquela competência do que foi ontem e por aí adiante.<br />

Aplique ao que achar necessário (relacionamentos,<br />

alimentação, exercício físico, estudo, organização).<br />

Lembre-se: é apenas 1%. Adote o desafio durante um<br />

mês e depois avalie o resultado.<br />

Conto com o seu feedback!<br />

35


BI<br />

Ana Rita Justo<br />

Divulgação<br />

Vanessa Canteiro<br />

na Human Profiler<br />

Vanessa Canteiro é a nova business unit manager da Human<br />

Profiler tendo assumido as novas funções em fevereiro. Com<br />

experiência de mais de uma década, iniciou a sua carreira na<br />

área do trabalho temporário, passando, mais tarde, para a<br />

formação. Licenciada em Gestão, foi na área de Recursos<br />

Humanos que Vanessa se especializou.<br />

“Vanessa Canteiro é um quadro com enorme experiência nas<br />

áreas de Recursos Humanos, Formação e Gestão de Equipa,<br />

o que vai ao encontro do objetivo definido pela empresa em<br />

reforçar a sua proposta de valor nesta área”, refere Matilde<br />

Honrado, COO da Human Profiler.<br />

Vanessa Canteiro tem vasta experiência em recursos humanos e formação<br />

Teresa Virtuoso<br />

nomeada pela Kianda em Portugal<br />

Teresa Virtuoso é a regional sales<br />

manager da Kianda para Portugal,<br />

uma plataforma de automatização de<br />

processos nascida na Irlanda e que<br />

agora chega ao nosso país. Foi sales<br />

manager na Bitwizards, Own Company<br />

e channel specialist na Iten Solutions.<br />

Na Kianda é responsável pela área das<br />

vendas, parcerias e acompanhamento<br />

de projetos em clientes.<br />

CCA Ontier<br />

com três novos sócios<br />

A CCA Ontier nomeou três novos<br />

sócios, Martim Bouza Serrano, Marta<br />

Duarte e Pedro Antunes, que irão<br />

juntar-se aos oito existentes. Os<br />

novos sócios irão desempenhar um<br />

importante papel no desenvolvimento<br />

e consolidação do negócio<br />

e da marca CCA em Portugal e na<br />

prossecução dos seus objetivos de<br />

crescimento a nível internacional.<br />

Rogério Canhoto<br />

na administração da PHC<br />

A PHC Software contratou Rogério Canhoto<br />

para o cargo de chief business officer.<br />

Rogério Canhoto fica responsável<br />

pelo negócio da empresa, assumindo a<br />

administração das áreas de negócio, do<br />

marketing e da gestão do produto. Com<br />

esta contratação, a PHC passa a ser<br />

gerida por Ricardo Parreira como CEO,<br />

Miguel Capelão como Strategy Risk &<br />

Control Officer e Rogério Canhoto.<br />

36


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Manuel Alvarez assume<br />

Associação de Franchising<br />

Euromadi nomeia Cristina<br />

Mesquita como diretora-geral<br />

Oscar Herencia responsável<br />

pela Metlife no Sul da Europa<br />

Manuel Alvarez, presidente da Remax<br />

Portugal, foi eleito para assumir<br />

a liderança da Associação Portuguesa<br />

de franchising, cargo que<br />

ocupará até 2022. “É urgente tornar<br />

este organismo ainda mais forte e<br />

dinâmico, por forma a prestar um<br />

apoio de excelência ao setor”, referiu,<br />

citado em comunicado.<br />

A Euromadi Portugal nomeou<br />

Cristina Mesquita para sua diretorageral.<br />

Com um percurso profissional<br />

de mais de duas décadas no setor<br />

do retalho e cosméticos, a nova<br />

responsável tem vasta experiência<br />

em posições de gestão e direção,<br />

não só em Portugal, mas também<br />

em Espanha e Brasil.<br />

Oscar Herencia, atual diretor-geral<br />

da Metlife para Portugal e Espanha,<br />

vai assumir também a gestão das<br />

operações de Itália, Grécia e Chipre.<br />

Responsável pelo mercado português<br />

desde 2007, Oscar Herencia é<br />

licenciado em Gestão Organizacional<br />

e Liderança e mestre em Liderança<br />

e Inteligência Emocional.<br />

Homero Figueiredo responsável<br />

pelo Low-Code da Noesis<br />

Homero Figueiredo é o novo diretor<br />

de Low-Code Solutions da Noesis. O<br />

responsável conta com mais de 10<br />

anos de experiência e demonstrou<br />

em grandes organizações como a<br />

OutSystems a sua capacidade nas<br />

áreas de desenvolvimento, arquitetura<br />

aplicacional, consultoria e gestão,<br />

em diferentes geografias.<br />

José António Ramos<br />

lidera Salsa<br />

O espanhol José António Ramos é<br />

o novo CEO da Salsa, agora mais<br />

focada no mercado internacional.<br />

Durante seis anos, foi chief<br />

commercial officer da marca alemã<br />

Esprit e, antes, membro da comissão<br />

executiva do Carrefour Espanha.<br />

Tiago Duarte nomeado<br />

diretor da Stratesys Portugal<br />

Tiago Lopes Duarte foi nomeado<br />

diretor da Stratesys Portugal, depois<br />

de nove anos na multinacional<br />

espanhola de serviços digitais,<br />

assumindo a responsabilidade e<br />

gestão do mercado português,<br />

considerado estratégico para a<br />

empresa.<br />

37


MEDIR PARA GERIR<br />

CINCO REGRAS PARA GERIR O SEU TEMPO<br />

EMPRESARIAL<br />

Teresa Botelho, coach executiva<br />

Teresa Botelho<br />

Estas regras são precisamente para si, que está a pensar<br />

que não tem tempo para ler este artigo. Se gostava<br />

de ver o seu negócio crescer, mas as 24 horas do dia<br />

lhe parecem insuficientes para fazer tudo aquilo que<br />

quer, ponha em prática estas cinco regras e passe a fazer<br />

uma gestão muito mais eficaz do seu tempo.<br />

Temos que concordar que a vulgar “falta de tempo” não<br />

é provocada pela falta de tempo em si – até porque os<br />

dias não encolhem – mas por falta de controlo sobre a<br />

sua vida profissional. Só isso explica que existam pessoas<br />

que são mais produtivas, mais felizes e mais motivadas<br />

e conseguem ter melhores resultados nas suas<br />

empresas. Será que têm dias de 48 horas? Na verdade,<br />

essas pessoas simplesmente aprenderam a fazer uma<br />

excelente gestão do seu tempo. E agora você também<br />

pode ser uma delas! Se ter tempo é aquilo que mais<br />

quer, mas sente que é também aquilo que costuma usar<br />

da pior forma, siga estas regras e aplique-as de forma<br />

a conseguir gerir o tempo empresarial de forma impecável.<br />

1.º<br />

38<br />

Entenda profundamente qual é a sua relação com o tempo<br />

O tempo que dedica à sua empresa é o seu ativo mais<br />

importante. Se o controlar, controla o seu futuro e com<br />

isso consegue alcançar os resultados que pretende. Se<br />

se descontrolar, o resultado vai ser inverso e acaba por<br />

gastar o seu precioso tempo em tarefas de menor valor,<br />

que vão acabar por dificultar o seu caminho.<br />

Por isso, a primeira coisa a fazer é pensar qual é a minha<br />

relação com o tempo. É uma pessoa que gasta tempo<br />

ou investe o seu tempo. Investe? Ótimo! Está no bom<br />

caminho e pode passar à segunda regra para aprender<br />

a rentabilizar ainda mais o tempo.<br />

Sente que gasta o tempo e, muitas vezes, chega ao fim<br />

do dia exausto e com a sensação de que não conseguiu<br />

avançar? Então foque-se e perceba como inverter essa<br />

situação. Não é complicado, é importante que estabeleça<br />

regras e melhore a sua capacidade de disciplina.<br />

Respeite o seu tempo e repare que enquanto não se<br />

valorizar a si mesmo, não vai ser capaz de dar valor ao<br />

seu tempo. Por isso, comece agora mesmo a acreditar<br />

no seu potencial, e deixe de ser um empresário reativo<br />

(que está sempre a apagar fogos) e torne-se num empresário<br />

proativo (que tem uma estratégia e prevê os<br />

acontecimentos) e que tem tempo de sobra.<br />

2.º<br />

Decida o que vai mesmo mudar<br />

Teresa Botelho, coach executiva<br />

Mesmo partindo do princípio de que é uma pessoa motivada,<br />

organizada e empenhada em aproveitar da melhor<br />

forma o seu tempo no trabalho, para chegar a um<br />

nível de excelência tem de conseguir fazer uma gestão<br />

de tempo eficaz. Isso quer dizer que consegue transformar<br />

o seu tempo e o seu esforço em real valor para<br />

a empresa.<br />

Também é importante que aumente o seu autoconhecimento.<br />

Conhecer o seu perfil como empresário é essencial<br />

para fazer uma boa gestão de tempo. Por isso,<br />

prepare-se para uma autoanálise honesta e responda,<br />

pelo menos, a esta pergunta: Quais são as tarefas<br />

que não faz particularmente bem e que o fazem perder<br />

imensa energia e tempo? Vejamos: é possível que<br />

se entretenha no Facebook mal chega ao escritório,<br />

que passe pelo Instagram antes de abrir a agenda ou<br />

que inicie o seu dia sem estar organizado. Se for esse<br />

o caso, pare! Faça uma reflexão e veja por que é que<br />

ainda não abandonou hábitos prejudiciais que o levam<br />

a ter uma péssima gestão de tempo. Depois avance e<br />

comprometa-se a eliminá-los. Só assim pode alterar a<br />

sua situação!


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

3.º<br />

Redefina as atividades e as prioridades<br />

Neste ponto já percebeu que a desculpa “não tenho<br />

tempo” não leva a nenhum lado, correto? E que a terceira<br />

regra vai levá-lo(a) a redefinir as suas prioridades<br />

através de uma análise profunda da sua gestão de<br />

tempo. Nessa análise aconselhamo-lo(a) a priorizar<br />

as suas atividades profissionais de acordo com o grau<br />

de urgência e importância para perceber onde anda<br />

a desperdiçar energias. Precisa de ajuda? Atente nas<br />

designações que se seguem, por ordem decrescente.<br />

Há quatro tipos de tarefas:<br />

Tipo 4: Tarefas que não são nem urgentes nem importantes<br />

As suas atividades do tipo 4 não têm luz vermelha e,<br />

por isso, por norma, remetem para a distração. Por<br />

exemplo, tem de escolher a empresa de catering para<br />

um evento que vai realizar daqui a seis meses e até enceta<br />

as suas pesquisas online, mas em poucos minutos<br />

dá por si entretido(a) no Facebook ou a tomar um<br />

cafezinho com o colega do lado. Quem nunca se distraiu<br />

que ponha o dedo no ar! Agora, o importante é<br />

perceber que só implementando técnicas de controlo<br />

do tempo é que se consegue focar completamente em<br />

tarefas que podem – a verdade é essa – ser adiadas,<br />

mas que com alguma força de vontade também podem<br />

ser cumpridas em tempo recorde.<br />

Tipo 3: Tarefas que surgem como urgentes, mas<br />

não são importantes<br />

As tarefas urgentes mas não importantes são uma verdaeira<br />

armadilha porque lhe dão a ilusão de que tem de<br />

responder imediatamente, mas de facto não são uma<br />

prioridade. Porquê? Porque ao tratar, por exemplo, de<br />

um email ou telefonema urgente, de um trabalho administrativo,<br />

de uma reunião ou de qualquer outra atividade<br />

que possa exigir a sua presença ou resposta<br />

imediata, mas que não é verdadeiramente importante,<br />

o que acontece é que fica com a ilusão de que está<br />

ocupado(a) quando não está a ser produtivo(a).<br />

Tipo 2: Tarefas verdadeiramente urgentes e importantes<br />

As tarefas urgentes e importantes já se situam numa<br />

zona em que é fundamental agir. Seja como for, são<br />

situações que tem mesmo de resolver: enviar uma proposta,<br />

entregar um produto, fazer uma apresentação,<br />

participar de uma reunião, qualquer compromisso que<br />

tem o seu deadline e que é fundamental que fique resolvido.<br />

Tipo 1: Tarefas que não sendo urgentes, são muito<br />

importantes<br />

Estas tarefas podem ser adiadas, mas ao fazê-lo está<br />

também a adiar o sucesso da sua vida empresarial.<br />

Exemplos: trabalhar com um coach, implementar sistemas,<br />

fazer a sua análise estratégica, fazer networking,<br />

assistir à formação, etecetera. O seu sucesso é diretamente<br />

proporcional ao tempo investido neste tipo de<br />

atividades que se situam na zona mais produtiva. Para<br />

melhorar o seu nível de produtividade e liderança tem<br />

de trabalhar esta zona. Se o fizer, vai ver que dentro de<br />

alguns meses vai estar noutro patamar.<br />

4.º<br />

Se está resolvido(a) a trabalhar a zona produtiva, deve<br />

começar hoje mesmo a implementar técnicas, hábitos<br />

e comportamentos que permitam controlar o tempo<br />

de modo a controlar também as suas atividades, com<br />

disciplina e método! Cada empresário deve ajustar as<br />

técnicas ao seu perfil, claro, mas desde já o(a) aconselhamos<br />

a fazer o seguinte:<br />

Seja sempre pontual;<br />

Não aceite interrupções sistemáticas do seu<br />

trabalho;<br />

Controle o uso do telefone, e-mail, internet;<br />

Crie uma agenda por blocos temporais de duas<br />

a três horas;<br />

Faça sempre o fecho de dia em três, cinco minutos;<br />

E dedique mais três, cinco minutos a preparar o dia seguinte,<br />

se possível elaborando uma lista de coisas a<br />

fazer.<br />

5.º<br />

Implemente técnicas que permitem de facto controlar o tempo<br />

Delegue eficazmente e saiba como controlar<br />

A última regra não é uma novidade para si. É óbvio que<br />

já estava a pensar em delegar tarefas, mas se ainda não<br />

o fez, ou se o faz muito raramente é porque esta forma<br />

de alavancar o seu negócio não está clara para si.<br />

É importante que entenda que é através das pessoas,<br />

de mais e melhores colaboradores e da implementação<br />

e cumprimento de métodos e procedimentos que vai<br />

chegar a uma gestão do tempo empresarial impecável.<br />

Sem isso, o seu trabalho será sempre muito deficiente<br />

e muito frustrante.<br />

Por isso, foque-se e implemente os aspetos que são<br />

para si mais fáceis. Depois, aos poucos, vá avançando<br />

e implementando mais regras. Vai ver que, quando der<br />

por si, a sua gestão de tempo já está noutro patamar.<br />

Lembre-se que pode ser disciplinado(a) e ter uma melhor<br />

qualidade de vida, ou pode decidir não fazer nada<br />

e continuar permanentemente esgotado(a) e a apagar<br />

fogos. A decisão é sua!<br />

39


MEDIR PARA GERIR<br />

ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

CERTIFICAÇÃO COMO MAIS-VALIA PARA AS EMPRESAS<br />

Patrícia Franguito, diretora de Certificação<br />

do Bureau Veritas Portugal<br />

Bureau Veritas Portugal<br />

A certificação é uma ferramenta fundamental para as<br />

organizações que se querem destacar a nível nacional<br />

e internacional. Num mercado cada vez mais competitivo,<br />

apostar na certificação da sua organização permite-lhe<br />

obter, em períodos de tempo regulares, uma<br />

visão externa, independente e credível de auditores<br />

devidamente qualificados.<br />

As novas versões das normas ISO estão alinhadas com<br />

os desafios de crescimento e sustentabilidade das organizações.<br />

Assim, surge, desde logo, a preocupação<br />

com o contexto organizacional da mesma, quer numa<br />

vertente interna, quer externa. Continua determinante<br />

a participação do líder para com os compromissos do<br />

sistema de gestão, assim como a vantagem de inserção<br />

do pensamento baseado em risco. Considero que as<br />

normas ISO (e normas portuguesas já alinhadas com o<br />

anexo SL) procuram manter o negócio e as suas variáveis<br />

dentro dos Sistemas de Gestão.<br />

Toda a arquitetura de um sistema de gestão, planeamento,<br />

execução e controlo devem ser pensados face<br />

aos desafios e estratégia das organizações, desde<br />

crescimento, promoção de produtos, melhoria de serviços,<br />

design e desenvolvimento e o mesmo deve ser<br />

estruturante, auxiliando os colaboradores nas suas tarefas<br />

diárias e garantindo dados e decisões acertadas<br />

por parte dos líderes.<br />

É pedido às empresas que inovem, que forneçam melhores<br />

produtos, serviços com mais qualidade, tantas<br />

vezes serviços e produtos personalizados, cumprimento<br />

de prazos, melhorias de layouts, diminuição de<br />

“Toda a arquitetura de um sistema<br />

de gestão deve ser pensado<br />

face aos desafios e estratégia<br />

das organizações”<br />

índices de acidentes, menos desperdícios e consumos,<br />

garantia de cumprimento legal (em qualquer atividade),<br />

proteção da informação e branding, melhoria de<br />

condições de trabalho e políticas de responsabilidade<br />

social, e claro, o lucro. Queremos contribuir para que<br />

cada auditoria realizada seja um momento de re-avaliação<br />

de um conjunto de informação e que, fruto desse<br />

exercício, se obtenham melhorias, pistas e, eventualmente,<br />

correções necessárias.<br />

Existe, atualmente, um portefólio de normas publicadas,<br />

umas nacionais outras internacionais, umas de<br />

caráter mais técnico outras com um pensamento mais<br />

Patrícia Franguito, diretora de Certificação do Bureau Veritas Portugal<br />

global a nível de gestão. As normas de sistemas de<br />

gestão da qualidade, ambiente e segurança (ISO 9001,<br />

ISO 14001 e ISO 45001) continuam a verificar o maior<br />

número de certificados emitidos. Mas com a proliferação<br />

de normas é também mandatório abordar outros<br />

referenciais como a NP 4457, cujo âmbito se centra na<br />

gestão da investigação, desenvolvimento e inovação.<br />

Sendo o conhecimento a base da geração de riqueza<br />

nas sociedades avançadas e a investigação e o desenvolvimento<br />

pilares da criação desse conhecimento, é a<br />

inovação que cria a oportunidade de transformar esse<br />

conhecimento em desenvolvimento económico. Outra<br />

referência, esta nacional, é a NP 4552 – sistema de<br />

gestão da conciliação entre a vida profissional, familiar<br />

e pessoal – e que, atendendo às preocupações crescentes<br />

das organizações, os seus princípios basilares<br />

apontam para valores que visam elevar o bem-estar,<br />

qualidade de vida e satisfação geral das partes interessadas<br />

em matérias de conciliação.<br />

Se nos direcionarmos para o setor food teremos outras<br />

referências como a ISO 22000 como garantia de um<br />

sistema de gestão de segurança alimentar, ou mesmo<br />

referenciais específicos como o IFS (Internacional Food<br />

Standard) ou BRC (British Retail Consortium), cuja aplicabilidade<br />

encaixa em todos os operadores da cadeia<br />

alimentar, desde fabricantes, produtores, distribuidores,<br />

armazenistas e retalhistas. Com a tecnologia a ser<br />

um aliado fundamental nas empresas, e os consumidores<br />

a utilizarem-na diariamente, é expectável que as<br />

certificações pela ISO 27001 tenham um crescimento<br />

considerável nos próximos anos.<br />

Não existindo limitações, uma empresa deve selecionar<br />

as suas certificações em função da sua estratégia<br />

de médio, longo prazo, do reconhecimento que espera<br />

obter das partes interessadas, dos mercados alvo,<br />

da imagem e branding que pretende construir e das<br />

necessidades e consolidações internas que pretenda<br />

melhorar.<br />

41


Marketing<br />

BEM-VINDOS AO MUNDO DO YOUTUBE<br />

Fábio Jesuíno, CEO da 3WX - Digital Creative Agency<br />

3WX - Digital Creative Agency<br />

O YouTube tornou-se na mais influente fonte de entretenimento<br />

atual no mundo com uma população de 1,5<br />

mil milhões de pessoas.<br />

Este mundo começou a ser criado em fevereiro de<br />

2005, depois de três funcionários do PayPal (empresa<br />

de pagamentos online) Chad Hurley, Steve Chen e<br />

Jawed Karim, se terem deparado com um problema,<br />

a dificuldade de partilhar vídeos de uma festa na<br />

internet. O primeiro vídeo foi publicado no dia 23 de<br />

abril de 2005, com o título “Me at the zoo”, onde um<br />

dos fundadores aparece no jardim zoológico de San<br />

Diego, nos Estados Unidos da América. Em novembro<br />

do mesmo ano, o vídeo publicitário da Nike com o<br />

futebolista Ronaldinho foi o primeiro a ser visto por<br />

mais de um milhão de pessoas.<br />

O YouTube, que também é uma rede social, teve de<br />

imediato um grande sucesso. Em 2006 eram inseridos<br />

65 mil vídeos todos os dias na plataforma, com 100 milhões<br />

de visualizações diárias. Todo este sucesso despertou<br />

o interesse do Google, que concluiu a compra<br />

no mesmo ano por 1.650 milhões de dólares. A revista<br />

TIME constatou que era o início de uma grande mudança<br />

e, por esse motivo, elegeu o YouTube, como a<br />

personalidade do ano de 2006 com a mítica capa “You”<br />

onde destacava a explosão dos conteúdos criados e<br />

acessíveis a todos.<br />

Em 2008, este grande mundo digital lançou a versão<br />

mobile e, no ano seguinte, em 2009, surgiram os vídeos<br />

em HD e o reconhecimento de voz. Também nesta altura<br />

começou a lucrar com a implementação dos anúncios<br />

nos vídeos, o Content ID para pagamentos dos<br />

direitos de autor e o importante programa de parcerias.<br />

Esta plataforma digital criou, em 2011, os vídeos em direto,<br />

nasceu assim o YouTube Live, uma autêntica inovação<br />

na época pela sua simplicidade de utilização que<br />

foi também uma oportunidade para divulgar ao vivo em<br />

grande escala as manifestações da Primavera Árabe<br />

que ocorreram em vários países no Médio Oriente e no<br />

Norte da África.<br />

O YouTube foi crescendo e para além de ser um dos<br />

principais meios de entretenimento, também se tornou<br />

numa grande plataforma de partilha de conhecimento e<br />

de ensino. Para aumentar a criação e qualidade desses<br />

conteúdos, foi criado, em 2013, o canal Youtube Edu,<br />

um projeto exclusivo de conteúdos educativos dividido<br />

por disciplinas, implementado em vários países. A<br />

Fábio Jesuíno, fundador e CEO da 3WX<br />

42


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Youtube é um principais meios de entretenimento e uma grande plataforma de partilha e conhecimento e de ensino<br />

aposta na educação cresceu e, recentemente, a plataforma<br />

do Google investiu 20 milhões de euros no You-<br />

Tube Learning, uma iniciativa que visa apoiar e incentivar<br />

a sua comunidade de utilizadores a partilharem o<br />

conhecimento.<br />

Atualmente, o vídeo é um conteúdo muito popular e o<br />

YouTube tem contribuído, facilitando a qualquer pessoa<br />

partilhar, produzir ou transmitir em direto sem precisar<br />

de nenhum equipamento profissional, e incentivando<br />

a sua qualidade através da partilha dos valores<br />

da publicidade.<br />

“Atualmente, o vídeo é um conteúdo<br />

muito popular e o YouTube tem<br />

contribuído, facilitando a qualquer<br />

pessoa partilhar, produzir<br />

ou transmitir em direto”<br />

Com o sucesso desta plataforma de vídeos surgiu uma<br />

nova profissão, os youtubers, pessoas que se dedicam<br />

a criar conteúdos em exclusivo para esta ferramenta de<br />

partilha de vídeos, em alguns casos, altamente lucrativa<br />

e com um impacto global.<br />

Os youtubers são grandes influenciadores digitais,<br />

muitos deles têm uma legião de fãs, que os tratam<br />

como ídolos, principalmente junto dos jovens. Uma influência<br />

que desperta o interesse de muitas marcas e a<br />

sua inclusão em campanhas de marketing e de publicidade<br />

com níveis de sucesso muito elevados, sendo<br />

neste momento um dos canais de comunicação digital<br />

com maior crescimento.<br />

O YouTube popularizou a criação de conteúdos de vídeo<br />

e contagiou as restantes redes sociais, onde são<br />

destacados em relação aos restantes conteúdos, como<br />

acontece no Facebook. Foram também criadas formas<br />

inovadoras de consumir os vídeos, como a criação das<br />

Histórias, lançadas em 2013 pela aplicação e rede social<br />

Snapchat, vídeos com a duração de 10 segundos<br />

que são apagados após de 24 horas, um conceito que<br />

se tornou muito popular.<br />

“O Youtube popularizou a criação<br />

de conteúdos de vídeo e contagiou<br />

as restantes redes sociais,<br />

como acontece com o Facebook”<br />

Neste mundo onde o vídeo é rei, a música sempre esteve<br />

em grande destaque, onde alguns do principais canais<br />

e vídeos com maiores visualizações e sucesso são<br />

musicais. Nessa perspetiva, a empresa decidiu lançar,<br />

no ano passado, um novo serviço, ao qual deu o nome<br />

de YouTube Music. Este serviço de streaming de música<br />

permite aproveitar todas as funções já disponíveis na<br />

plataforma e adicionar algumas extras, como a pesquisa<br />

inteligente, de modo a que quem ouve consiga<br />

encontrar de uma forma fácil uma determinada música.<br />

Com um custo adicional e sem publicidade, o utilizador<br />

pode ouvir a música em fundo e fazer downloads. Um<br />

serviço que está a ter sucesso e promete ser um grande<br />

gerador de receita para o universo Google.<br />

Existem muitos desafios neste mundo, um deles é a<br />

proteção dos menores. Para isso, a plataforma lançou<br />

uma versão dedicada ao público infantil, o YouTube<br />

Kids, uma aplicação que recomendo, que serve para<br />

restringir o acesso aos conteúdos e possibilita aos pais<br />

selecionarem manualmente quais os vídeos disponíveis<br />

para os filhos, negando o acesso a conteúdos fora<br />

da lista escolhida. Esta versão também dispõe de um<br />

novo algoritmo de classificação de comentários de vídeos.<br />

Os vídeos são o maior consumidor de tráfego da internet,<br />

onde a plataforma do Google se destaca na liderança.<br />

Uma em cada cinco pessoas em todo o mundo<br />

passa todos os meses por esta plataforma.<br />

43


tecnologia<br />

“A TRANSIÇÃO PARA O DIGITAL<br />

É CADA VEZ MAIS NECESSÁRIA”-<br />

Denisse Sousa<br />

Epson<br />

RAÚL Sanahuja<br />

A Epson marcou presença na 8.ª edição do Portugal<br />

Print, Packaging e Labeling, na FIL, onde deu a conhecer<br />

as suas soluções de grande formato para impressão<br />

têxtil, fotográfica e de sinalética. Falámos<br />

com Raúl Sanahuja, responsável de comunicação da<br />

Epson em Portugal, sobre os novos desafios que a<br />

indústria têxtil enfrenta na digitalização e otimização<br />

de processos e no trabalho que está a ser feito<br />

pela tecnológica japonesa nesse sentido.<br />

<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> –Quais foram as soluções apresentadas<br />

no Portugal Print <strong>2019</strong>?<br />

Raúl Sanahuja – O Portugal Print reúne toda a indústria<br />

portuguesa de impressão profissional, de todos os<br />

setores, e, como tal, não queríamos deixar de aproveitar<br />

esta oportunidade para aproximar as nossas soluções<br />

de grande formato destes profissionais. Para esta<br />

edição especificamente, e dadas as características do<br />

mercado português, apresentámos as nossas soluções<br />

de impressão digital têxtil e de personalização, assim<br />

como soluções de impressão de sinalética.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual o balanço que fazem sobre a participação<br />

no evento?<br />

R. S. – Considerando a importância do mercado da<br />

indústria de produção têxtil em Portugal, o principal<br />

objetivo era apresentar a Epson como o partner tecnológico<br />

ideal na transição para o digital neste setor<br />

e acreditamos que esta missão foi bem conseguida. O<br />

balanço que fazemos desta feira não se traduz apenas<br />

no número de visitantes do nosso stand, mas sim na<br />

Raúl Sanahuja, responsável de comunicação da Epson<br />

qualidade dessas mesmas visitas. Esperamos que os<br />

contactos realizados tenham recebido a nossa mensagem,<br />

que indica que trabalhar com um modelo de produção<br />

digital no setor têxtil aumenta a eficiência, reduz<br />

os custos e melhora os índices de sustentabilidade.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais são os maiores desafios na criação<br />

e implementação destas novas soluções?<br />

R. S. – Qualquer transformação envolve um desafio.<br />

Tradicionalmente, os processos de produção no setor<br />

têxtil têm sido sempre analógicos e têm-se externalizado<br />

para outros países que apresentam um valor de<br />

mão de obra mais reduzido. O grande desafio é ajudar<br />

os decisores a compreender que a tecnologia digital<br />

44<br />

Epson apresentou soluções de impressão têxtil no Portugal Print


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

aplicada à indústria têxtil resulta num benefício económico,<br />

ambiental e, inclusivamente, social. Um benefício<br />

triplo. É produzido para responder unicamente à<br />

procura exata verificada (eficiência e benefício económico);<br />

controla-se a produção e reduz-se o consumo<br />

de água em 60% face aos processos tradicionais, sem<br />

necessidade de componentes contaminantes (benefício<br />

ambiental); e recupera-se a produção realocando<br />

as fases de produção (benefício social).<br />

“O grande desafio é ajudar decisores<br />

a compreender que a tecnologia<br />

digital aplicada à indústria têxtil<br />

resulta num benefício económico,<br />

ambiental e social"<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como podem as empresas beneficiar<br />

destas soluções?<br />

R. S. – Na maioria dos casos, dependendo dos volumes<br />

de produção, as empresas começam por integrar<br />

soluções parciais com tecnologia de impressão digital,<br />

que não cobrem a totalidade da sua produção. Mas, na<br />

realidade, a necessidade de mudanças constantes em<br />

coleções, e, por sua vez, mudanças na procura por parte<br />

dos seus clientes faz com que a transição para o digital<br />

seja cada vez mais necessária. Estamos preparados<br />

para tal e temos já soluções de alta produção têxtil<br />

em digital e também soluções para pré-impressões ou<br />

provas de design, assim como pequenas tiragens com<br />

tecnologia de sublimação de tinta. Como comentava<br />

anteriormente, tudo isto são benefícios.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais as boas práticas de sustentabilidade<br />

da Epson ?<br />

R. S. – Já anteriormente comentada, a poupança no<br />

consumo de água, um bem escasso e precioso em Portugal,<br />

será, sem dúvida, uma primeira medida sustentável.<br />

Por outro lado, também, o desenvolvimento de<br />

um sistema de tintas eco-solventes permite trabalhar<br />

em ambientes totalmente controlados, sem necessidade<br />

de medidas especiais de evacuação de gases;<br />

algo que ocorre com outros sistemas. E, para além do<br />

mais, a nossa tecnologia de impressão permite trabalhar<br />

praticamente no frio, sem necessidade de altas<br />

temperaturas, o que resulta numa elevada influência<br />

positiva nas emissões de CO2.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – De que forma uma empresa como a Epson<br />

mantém a consciência ecológica?<br />

R. S. – A sustentabilidade faz parte do ADN da Epson<br />

enquanto organização. Na nossa visão ambiental<br />

2050, estabelecemos já como objetivo uma redução<br />

progressiva e continuada de emissões de CO2. Fomos<br />

também pioneiros noutras metas sustentáveis quando<br />

retirámos o CFC (clorofluorcarboneto) da nossa produção<br />

ou quando reduzimos o número de packagings<br />

e, ainda, com a utilização de materiais sustentáveis em<br />

fases de processos da economia circular. No contexto<br />

da impressão profissional presente no Portugal Print<br />

e, mais concretamente, no âmbito da impressão têxtil<br />

digital, podemos adiantar que estamos a preparar o<br />

lançamento de uma iniciativa ligada à economia circular<br />

com uma componente de responsabilidade social e<br />

ambiental. B·Searcular é um projeto baseado em parcerias<br />

com a Seagual, a LCI Barcelona Design School e<br />

o Maza Coatelier para elaborar um processo completo<br />

de economia circular para a indústria do fast fashion.<br />

Retiramos e recuperamos plásticos do Mar Mediterrâneo<br />

(na costa de Barcelona), reciclamo-los e transformamo-los<br />

em fio de poliéster reciclado, fabricamos<br />

novos tecidos que imprimimos com a tecnologia de<br />

impressão Epson e, finalmente, oferecemos aos novos<br />

talentos da Universidade de Design a possibilidade de<br />

criarem as suas coleções para os seus projetos de final<br />

de curso. Apoiamos o talento e a economia circular. Um<br />

modelo que esperamos implementar em Portugal numa<br />

segunda etapa do projeto B·Searcular.<br />

Participação excedeu expectativas<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais são os próximos passos para a<br />

Epson em Portugal?<br />

R. S. – O principal objetivo é consolidar a Epson como<br />

partner global para diversos mercados como o retalho,<br />

o design e o contexto empresarial. Contamos com quatro<br />

grandes áreas de inovação (impressão, projeção,<br />

robótica e sensing), onde vamos continuar a crescer e a<br />

evoluir para mantermos o nosso posicionamento como<br />

empresa responsável, com um olhar permanente sobre<br />

a sustentabilidade e com a capacidade de oferecer soluções<br />

globais. Do têxtil à produção industrial, da tecnologia<br />

doméstica às soluções empresariais, da saúde<br />

à educação, a Epson continuará a superar as expectativas.<br />

45


tecnologia<br />

PORTUGAL ADERE À ERA DOS ROBÔS<br />

DE SERVIÇO<br />

Mafalda Marques<br />

Beltrão Coelho<br />

Há mais um robô de serviço em Portugal. Depois da<br />

Sanbot, é a vez de o Cruzr fazer as maravilhas do<br />

auxílio ao cliente.<br />

Com braços e mãos, capaz de dar um aperto de mão ou<br />

um abraço, o Cruzr é um robô de serviço humanoide e<br />

chegou a Portugal no início deste ano.<br />

O novo modelo, da gigante chinesa de robótica<br />

UBTech, apresentado na CES <strong>2019</strong>, em Las Vegas, vem<br />

revolucionar o atendimento ao cliente.<br />

Além de apertos de mão e abraços, este robô é capaz<br />

de acenar e apontar, dançar decifrar as emoções da<br />

pessoa com quem está a interagir, reagindo de acordo<br />

com as mesmas.<br />

Através de sensores, consegue seguir numa trajetória<br />

de forma autónoma, detetando e contornando obstáculos.<br />

Pode, por isso, fazer videovigilância durante o<br />

dia e também durante a noite, recorrendo à câmara de<br />

infravermelhos.<br />

Cruzr é capaz de acenar e apontar,<br />

dançar decifrar as emoções<br />

da pessoa com quem está a interagir<br />

É o equipamento ideal para fazer, por exemplo, uma visita<br />

guiada num museu.<br />

Cruzr chegou a Portugal no início deste ano<br />

Segundo Eduardo Lucena, responsável de robótica da<br />

Beltrão Coelho, citado em comunicado, “o Cruzr é um<br />

dos modelos mais avançados de robôs humanoides, já<br />

a ser utilizado por toda a Europa e Portugal não podia<br />

ficar de fora”.<br />

É, ainda, capaz de fazer reconhecimento facial, com<br />

uma taxa de sucesso de 98%, podendo registar dados<br />

de clientes de lojas, elevando assim a experiência do<br />

cliente e melhorando a qualidade do serviço das empresas.<br />

O Cruzr conta com uma bateria que se estende até 24<br />

horas em standy by e entre cinco a oito horas quando<br />

ativado. No caso de ficar sem bateria, o robô regressa<br />

automaticamente ao posto de carregamento, sem necessidade<br />

de interação humana.<br />

O Cruzr é representado em Portugal pela Beltrão Coelho,<br />

empresa pioneira na introdução da tecnologia dos<br />

robôs de serviço em Portugal, inicialmente com a robô<br />

Sanbot. O Cruzr pode ser adquirido pelas organizações,<br />

estando também disponível através de sistema<br />

de aluguer.<br />

46<br />

“Depois do sucesso com a robô Sanbot em 2018,<br />

apresentamos agora uma versão melhorada de um robô<br />

capaz de navegar sozinho e de forma autónoma em<br />

ambientes desestruturados.”<br />

Eduardo Lucena | Chefe da divisão de robótica da Beltrão Coelho


tecnologia<br />

ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

LISPOLIS REFORÇA APOIO<br />

AO EMPREENDEDORISMO<br />

Cíntia Costa, LISPOLIS<br />

LISPOLIS<br />

O apoio ao empreendedorismo sempre foi um dos pilares<br />

fundamentais da atividade do LISPOLIS, através da<br />

procura de financiamento e investimento para as novas<br />

empresas, do estabelecimento de contactos e de parcerias<br />

entre empresas e da organização de iniciativas<br />

de networking e partilha de conhecimento.<br />

Em 2017, o LISPOLIS reforçou a aposta na sua atividade<br />

de apoio ao empreendedorismo ao criar, em parceria<br />

com a software house 1STi, um concurso de ideias<br />

para todas as idades e áreas de negócio: o StartupIN<br />

Lisboa. Esta iniciativa tem como objetivo oferecer à<br />

melhor ideia de negócio um MVP de uma APP no valor<br />

de 10 mil euros e conta com duas edições já realizadas.<br />

Depois de 50 candidaturas e 15 semifinalistas, as sete<br />

melhores ideias apresentaram no LISPOLIS o seu pitch<br />

de três minutos perante um júri diversificado e com vasta<br />

experiência de empreendedorismo, que selecionou,<br />

assim, o vencedor: na primeira edição venceu a Exbo,<br />

uma aplicação para partilha de álbuns de fotografias<br />

entre amigos e família, e na segunda edição o prémio<br />

foi para o projeto Mypolis, que pretende aproximar os<br />

políticos locais da população.<br />

Mas foi em 2018 que o LISPOLIS ganhou destaque na<br />

área de suporte ao empreendedorismo com o lançamento<br />

de um programa de aceleração focado no retalho<br />

online, o E-Commerce Experience, que é também o<br />

primeiro em Portugal exclusivamente dedicado a este<br />

setor.<br />

Esta iniciativa proporciona a um total de 20 empresas a<br />

oportunidade de criar o seu negócio online ou melhorar<br />

a sua presença de e-commerce, caso já tenham um<br />

modelo a funcionar. Nesta primeira edição, participam<br />

10 grandes empresas já estabelecidas no mercado e 10<br />

pequenas e médias empresas empenhadas em melhorar<br />

continuamente o seu projeto de e-commerce. Entre<br />

as empresas selecionadas estão a Worten, o Boticário,<br />

o OLX, a Salsa, a Sacoor Brothers, a Delta Cafés e a<br />

Quem Disse, Berenice.<br />

O início do programa foi dado a 19 de setembro com o<br />

evento de kick-off Bootcamp E-Commerce Experience,<br />

que reuniu no Fórum Tecnológico do LISPOLIS mais<br />

de 700 pessoas interessadas em aprofundar conhecimentos<br />

sobre o estado do e-commerce em Portugal.<br />

Nesta sessão, ficaram a conhecer-se as melhores prá<br />

Cíntia Costa, LISPOLIS<br />

ticas deste setor em Portugal e noutros países e também<br />

vários casos práticos de plataformas de comércio<br />

eletrónico de marcas portuguesas, como a Undandy ou<br />

o grupo Sonae.<br />

Desde aí que, todas as semanas, as equipas reúnem-se<br />

para palestras em que podem ouvir as experiências e<br />

partilhas de vários profissionais da área de e-commerce<br />

e para visitas técnicas a diferentes empresas parceiras<br />

do programa, como a LaRedoute em Leiria, a<br />

Science4You em Loures e a Delta Cafés/Adega Mayor<br />

em Campo Maior. Foram mais de 20 encontros e 90<br />

horas de imersão, em que a partilha de experiências<br />

foi constante, com de mais de 30 oradores de diversas<br />

empresas como a VTEX, EASYPAY, Millennium Network,<br />

SIBS, PLMJ, Google Analytics, SEMrush, Dinamize,<br />

U5 Marketing, Chronopost, Smart Digital Lockers,<br />

Paysafe, entre muitas outras.<br />

“LISPOLIS ganhou destaque na área<br />

de suporte ao empreendorismo<br />

com o lançamento do programa<br />

E-commerce Experience"<br />

A equipa do LISPOLIS está empenhada em continuar<br />

a dinamizar a comunidade empreendedora e a apostar<br />

em novas iniciativas de apoio ao empreendedorismo. A<br />

incubadora do LISPOLIS, o Centro de Incubação e Desenvolvimento,<br />

tem atualmente mais de 60 empresas<br />

instaladas e tem sido o ponto de partida para muitas<br />

empresas se desenvolverem, já que o LISPOLIS tem<br />

sempre a porta aberta para apoiar os novos projetos<br />

a alcançarem mais rapidamente os seus objetivos. Se<br />

tem uma ideia de negócio e não sabe como começar,<br />

fale connosco!<br />

47


Agenda<br />

Ana Rita Justo<br />

10 A 11<br />

MAIO<br />

E-TECH PORTUGAL<br />

Cais 3 APSS, Setúbal<br />

A E-Tech Portugal é um evento de<br />

referência na área tecnológica,<br />

que se realiza em Setúbal. Evento<br />

único na área das tecnologias de<br />

informação, comunicação e eletrónica<br />

(TICE), dirigido ao público<br />

em geral, empresários, professores,<br />

alunos, investigadores e profissionais<br />

da área.<br />

Saiba mais aqui.<br />

48<br />

11<br />

ABRIL<br />

GROWTH<br />

FORUM <strong>2019</strong><br />

Fundação Champalimaud,<br />

Lisboa<br />

O Growth Forum <strong>2019</strong> – Portugal<br />

como catalisador do desenvolvimento<br />

internacional é um<br />

evento internacional organizado<br />

pela Câmara de Comércio e Indústria<br />

Portuguesa que reunirá<br />

na Fundação Champalimaud, em<br />

Lisboa, figuras internacionais e<br />

nacionais de destaque do mundo<br />

da política e dos negócios com o<br />

objetivo de consolidar e projetar<br />

o papel de Portugal num cenário<br />

global, presente e futuro.<br />

Mais informações aqui.<br />

15 A 17<br />

World Employer Branding Day é o<br />

maior evento do mundo em employer<br />

branding. O objetivo é conectar empresas<br />

de todo o mundo com os líderes<br />

mundiais do employer branding,<br />

agências e comunidades.<br />

Saiba mais aqui.<br />

MAIO<br />

WORLD EMPLOYER<br />

BRANDING DAY<br />

Teatro Tivoli, Lisboa<br />

15 A 16<br />

A Fundação AIP lança mais um Portugal<br />

Economia Social, uma feira que<br />

pretende promover, dinamizar e qualificar<br />

o setor da economia social portuguesa.<br />

Um evento multidisciplinar<br />

que se dedicará a mostrar e estimular<br />

o potencial do setor da economia social.<br />

Saiba mais aqui.<br />

MAIO<br />

PORTUGAL ECONOMIA SOCIAL<br />

FIL, Lisboa


ABRIL <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

16 A 18<br />

MAIO<br />

360 TECH INDUSTRY<br />

Exponor, Matosinhos<br />

A 360 Tech Industry – Feira Internacional da Indústria<br />

4.0, Robótica, Automação e Compósitos<br />

é um evento que convida todos os profissionais<br />

do setor industrial a conhecer as mudanças<br />

necessárias para rentabilizar o seu negócio e as<br />

últimas novidades em inovação industrial.<br />

Saiba mais aqui.<br />

21 A 23<br />

Portugal Smart Cities Summit congrega um<br />

programa de conferências nas grandes temáticas<br />

de smart cities, água e energia, e conta com<br />

a participação nacional de projetos, startups,<br />

spin-offs, universidades, entidades públicas e<br />

privadas, empresas e empreendedores nacionais<br />

e internacionais.<br />

Saiba mais aqui.<br />

MAIO<br />

PORTUGAL SMART CITIES SUMMIT<br />

FIL, Lisboa<br />

WORLD LEADERSHIP FORUM<br />

Centro de Congressos, Lisboa<br />

Daniel Lamarre, presidente do Cirque du Soleil, e<br />

Daniel Goleman, pioneiro em inteligência artificial<br />

serão alguns dos rostos do World Leadership Forum,<br />

que pretende reforçar e repensar o papel do<br />

líder à frente das organizações.<br />

Saiba mais aqui.<br />

FIN PORTUGAL<br />

FIL, Lisboa<br />

21 E 22<br />

6 E 7<br />

MAIO<br />

JUNHO<br />

A FIN Portugal (Feira Internacional de Negócios)<br />

faz parte de um projeto internacional da<br />

Associação de Jovens Empresários Portugal-<br />

-China que liga três continentes através de três<br />

eventos anuais que decorrem em Portugal (junho),<br />

Macau (outubro) e Brasil (março).<br />

Saiba mais aqui.<br />

49


OPINIÃO<br />

AFINAL, O QUE É A MENTORIA?<br />

Sandra Correia, empreendedora<br />

Pedro Machado, CN Media<br />

“Mentoria é o sistema em que uma pessoa mais velha e<br />

experiente (mentor) orienta e encaminha outra mais jovem<br />

e com menos experiência”, diz a Infopédia.<br />

A mentoria tem vindo cada vez mais a ganhar espaço no<br />

quotidiano da vida empresarial e no mundo dos negócios<br />

em Portugal, embora ainda seja uma área em desenvolvimento,<br />

ao invés dos Estados Unidos, onde a<br />

mentoria faz parte da vida dos mentores e mentorados<br />

como algo lógico e necessário.<br />

A mentoria assenta, tal como tudo na vida, na partilha da<br />

experiência vivida de uma pessoa, não necessariamente<br />

mais velha, mas experiente que orienta e encaminha outros<br />

menos inexperientes.<br />

Os nossos avós fizeram isso connosco, os nossos pais<br />

também, nós fazemos isso com os nossos filhos, afinal,<br />

todos somos mentores, cada um à sua maneira.<br />

A grande novidade é que a mentoria profissional começa<br />

a ser cada vez mais real em Portugal, não só porque temos<br />

bons mentores, mas porque nós também estamos<br />

abertos a aprender e a partilhar as nossas experiências.<br />

Na área dos negócios, a mentoria é fundamental, seja<br />

para o empreendedor, seja para o empresário, seja para<br />

o líder de equipa, seja para o colaborador ou funcionário,<br />

seja para quem for.<br />

Vou dar o meu exemplo: na minha carreira como empreendedora<br />

e mulher de negócios abri mercados que não<br />

estavam abertos, inovei, reinventei, falhei e tive sucesso!<br />

Foi um caminho solitário e de enorme aprendizagem. Os<br />

meus mentores não eram portugueses, eram americanos<br />

com experiência de vida e o maior prazer que tinham<br />

era ajudarem-me a evoluir no meu negócio através da<br />

sua experiência.<br />

A mentoria passou a ser algo natural na minha vida e<br />

quando senti que já não era a paixão que me movia no<br />

meu negócio, nem o elevado nível empresarial e de reconhecimento<br />

que tinha alcançado, fiz uma mudança de<br />

vida e comecei a partilhar com os outros a minha experiência,<br />

a minha aprendizagem e tudo o que desenvolvi<br />

ao longo da minha carreira para que os mentorados não<br />

demorassem tanto tempo a chegar aos seus objetivos e<br />

falhassem menos do que eu.<br />

50<br />

Sandra Correia, empreendedora e anterior figura de capa da <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />

A importância da mentoria como parceiro de negócios é<br />

fundamental, porque o mentor pode abrir portas através<br />

do seu networking, pode criar estratégias de mercado<br />

adaptadas ao mercado alvo com orientações fiéis e<br />

assertivas, pode utilizar técnicas que mais rapidamente<br />

tragam resultados imediatos e, sobretudo, pode encurtar<br />

o caminho do mentorado para o sucesso, evitando as<br />

falhas pelas quais o mentor já passou.<br />

A mentoria é um investimento vital para a evolução de<br />

qualquer negócio, porque os negócios são as pessoas e<br />

se as pessoas tiverem uma mente aberta para aprender,<br />

ouvir, rapidamente os resultados serão alcançados.<br />

O tempo em que escondíamos o nosso negócio, os nossos<br />

contactos, a partilha de como fiz, já terminou. O isolamento<br />

não ajuda ao crescimento e esta consciência é<br />

a base da transformação que estamos a viver no mundo.<br />

É preciso abrir, porque mesmo que o outro faça igual a<br />

mim, ele vai sempre fazer diferente, porque nem a cópia<br />

consegue ser igual.<br />

"A mentoria é um investimento<br />

vital para a evolução de qualquer<br />

negócio"<br />

Criar estratégias de negócios, internacionalização,<br />

marketing, comunicação, abrir ao investimento, uma<br />

boa ideia, escalar um negócio, partilhar networking, são<br />

os alicerces de uma boa mentoria, de um saber, de experiência<br />

de vida direcionada para todos os que ousam,<br />

na sua humildade, em querer aprender e, na sua visão,<br />

querer voar e serem melhores.<br />

Ser mentora é isto, sem estereótipos, mas de coração e<br />

sabedoria abertos para que todos possam falhar menos,<br />

aprender mais, ter mais sucesso e, sobretudo, serem felizes<br />

ao contribuírem para o crescimento económico do<br />

seu país, porque, ao fim ao cabo, empreendemos com<br />

amor e #oamorexiste.


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