PME Magazine - Edição 12 - Abril 2019
Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Leia tudo aqui.
Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Leia tudo aqui.
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ABRIL <strong>2019</strong> | TRIMESTRAL | EDIÇÃO <strong>12</strong><br />
EDIÇÃO ANO IV - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA<br />
DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
PAULA<br />
PANARRA<br />
UMA NOVA ERA<br />
PARA AS EMPRESAS<br />
SENDYS GROUP<br />
SOFTWARE PORTUGUÊS<br />
EM 35 ANOS DE HISTÓRIA<br />
FIVE THOUSAND MILES<br />
COMO GERIR OPORTUNIDADES<br />
DE NEGÓCIO EM ÁFRICA<br />
CINCO STORE<br />
JOIAS PORTUGUESAS<br />
À CONQUISTA DO MUNDO
FIGURA de DESTAQUE<br />
Uma nova geração de negócios<br />
Editorial<br />
p4<br />
p6<br />
Paula Panarra e a nova era digital das empresas<br />
p16<br />
Sendys Group em 35 anos de história<br />
p18<br />
Doutor Finanças e as escolhas financeiras de sucesso<br />
p20 Sandra Laranjeiro dos Santos e a adaptação ao RGPD<br />
p22<br />
Five Thousand Miles e os negócios em África<br />
p24<br />
As trotinetas no contexto da mobilidade verde<br />
p26<br />
BREVES<br />
Figura de destaque<br />
Wild Code School e as bolsas de programação para mulheres<br />
p28<br />
Lusitan, um novo projeto de mobiliário português<br />
p30 Cinco Store a conquistar o mundo<br />
p33 Baby Loop e a economia circular no mercado infantil<br />
p34<br />
Luís Granja e a felicidade nas equipas de alta performance<br />
p35 Ana Ganhão e a ambição nas empresas<br />
p36 Vanessa Canteiro na Human Profiler<br />
p38<br />
Teresa Botelho e a boa gestão do tempo<br />
p41 Patrícia Franganito e a certificação<br />
p42<br />
Fábio Jesuíno e a crescente importância do YouTube<br />
p44<br />
Epson e as novas tendências de impressão têxtil<br />
p46 Robô humanoide Cruzr chega a Portugal<br />
p47 Cíntia Costa e a aposta do LISPOLIS no empreendedorismo<br />
p48<br />
CCIP promove Growth Forum<br />
p50<br />
Sandra Correia e os caminhos da mentoria<br />
Índice<br />
Ficha técnica<br />
DIRETORA: Mafalda Marques<br />
EDITORA: Ana Rita Justo<br />
SUB-EDITORA: Denisse Sousa<br />
VÍDEO E FOTOGRAFIA: JD Edition, João Filipe Aguiar<br />
DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes<br />
DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho<br />
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Ana Ganhão, Cíntia Costa, Fábio Jesuíno, Luís Granja,<br />
Patrícia Franganito, Sandra Correia, Sandra Laranjeiro dos Santos e Teresa Botelho.<br />
ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em www.pmemagazine.com)<br />
DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques<br />
EMAIL: publicidade@pmemagazine.com<br />
PROPRIEDADE: Massive Media Lda.<br />
NIPC: 510 676 855<br />
MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:<br />
LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />
1900-221 Lisboa<br />
REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />
1900-221 Lisboa<br />
TELEFONE: 211 934 140 | 96 453 31 02 | 934 952 854<br />
EMAIL: info@pmemagazine.com<br />
N. DE REGISTO NA ERC: <strong>12</strong>6819<br />
EDIÇÃO N.º: <strong>12</strong><br />
DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17<br />
ISSN: 2184-0903<br />
TIRAGEM: 25.000 exemplares<br />
IMPRESSÃO: Sogapal - Sociedade Gráfica da Paiã, Lda<br />
Estrada Palmeiras Queluz Baixo, Barcarena, Lisboa<br />
DISTRIBUIÇÃO: Gratuita com o jornal Expresso<br />
PERIODICIDADE: Trimestral<br />
O passo da mudança é cada vez<br />
mais largo e, se é certo que as<br />
empresas devem fazer o seu caminho<br />
para melhorar processos,<br />
tornarem-se mais eficientes,<br />
modernizarem o seu produto,<br />
este processo pode, por vezes,<br />
ser agridoce, pois quando lá<br />
chegamos já não é aquela a última<br />
tendência, e aí começa tudo<br />
outra vez: uma procura que nunca<br />
acaba.<br />
Para termos a certeza de que estamos no caminho certo, há<br />
muitos que nos dizem por onde ir e são vários os fatores a ter<br />
em conta. Em última análise, há que trabalhar para que o negócio<br />
que estamos a desenvolver seja diferenciador e vá ao<br />
encontro do que esperam de nós.<br />
Depois, há que pôr em prática ligações que nos sejam benéficas,<br />
parcerias estratégicas, pois, como diz Paula Panarra,<br />
diretora-geral da Microsoft Portugal e grande entrevistada<br />
desta edição, dificilmente uma empresa vai ter todas as soluções<br />
de que precisa dentro de casa.<br />
Um trabalho que a Microsoft tem vindo a desenvolver em Portugal,<br />
com grande enfoque nos novos desafios da transformação<br />
digital e do qual poderá saber mais na entrevista que<br />
aqui divulgamos.<br />
Nesta edição de abril, damos voz a outros projetos femininos<br />
de força, como a marca de joias portuguesas Cinco Store, a<br />
Baby Loop, da apresentadora Carolina Patrocínio, ou a Wild<br />
Code School, com as suas bolsas de cursos de programação<br />
para mulheres.<br />
Falamos sobre mentoria com a empresária Sandra Correia,<br />
sobre gestão do tempo com a coach Teresa Botelho, ou sobre<br />
ambição com a coach Ana Ganhão. Sobre os projetos de<br />
empreendedorismo do LISPOLIS com a Cíntia Costa e sobre<br />
certificação com a Patrícia Franganito, do Bureau Veritas.<br />
Contamos a história da portuguesa Sendys Group e dos<br />
seus 35 anos de sucesso, dos negócios em África com a Five<br />
Thousand Miles, do mobiliário da Lusitan e do trabalho de<br />
saúde financeira feito pela Doutor Finanças. Falamos sobre<br />
uma nova forma de mobilidade verde, com a chegada das<br />
trotinetas partilhadas a Portugal, das novas tendências de<br />
impressão para a indústria têxtil, com a Epson, e dos robôs de<br />
serviço, com a Beltrão Coelho.<br />
Fábio Jesuíno fala-nos da importância do YouTube na<br />
comunicação das empresas, enquanto Sandra Laranjeiro dos<br />
Santos escreve sobre como estão as empresas a adaptarse<br />
ao novo Regulamento Geral da Proteção de Dados. Já<br />
Luís Granja fala-nos sobre a felicidade nas equipas de alta<br />
performance.<br />
Isto e muito mais numa edição recheada de boas ideias, de<br />
empreendedores e líderes de garra. O caminho é longo e sinuoso,<br />
mas no final vale sempre a pena.<br />
ANA RITA JUSTO | EDITORA<br />
Boas leituras e bons negócios!<br />
3
Breves<br />
EATTASTY VOA PARA MADRID<br />
A EatTasty, plataforma portuguesa online de confeção<br />
e entrega de almoços caseiros no local de trabalho,<br />
prepara-se para expandir o seu mercado e rumar a<br />
Madrid até ao final de <strong>2019</strong>. Em comunicado, a empresa<br />
refere que além de repensar a ementa, adaptando-a<br />
aos gostos locais, a EatTasty está a duplicar a equipa<br />
e a melhorar a tecnologia da plataforma. Atualmente,<br />
a empresa serve mais de 600 refeições diárias na<br />
Grande Lisboa, esperando em Madrid alcançar as 1000<br />
refeições diárias logo no ano de estreia.<br />
Empresa espera alcançar mil refeições diárias na capital espanhola<br />
ALLIANZ ABRE NOVO CONTACT CENTER<br />
A Allianz Portugal inaugurou o seu novo espaço de<br />
contact center em Lisboa, tendo em vista uma maior<br />
proximidade e disponibilidade para o cliente, bem<br />
como o compromisso com a excelência técnica e o<br />
investimento na digitalização. A inauguração contou<br />
com a presença da CEO da Allianz Portugal, Teresa<br />
Brantuas, e de vários membros do Comité de Direção,<br />
da Direção de Gestão e Contacto a Clientes e Apoio ao<br />
Negócio e da Direção de Sinistros.<br />
Novo centro irá melhorar proximidade com o cliente<br />
CARNEXT INAUGURA NOVO CENTRO<br />
A CarNext, plataforma disruptiva para a venda de<br />
usados de qualidade do Grupo LeasePlan, tem um<br />
novo centro em Gaia, espaço que se junta aos já<br />
existentes em Matosinhos, Carnaxide e Lisboa. Além<br />
dos quatro centros, a CarNext é suportada também por<br />
uma plataforma online. Os carros comercializados pela<br />
empresa são provenientes do negócio de renting da<br />
LeasePlan Portugal, tendo, em média, três ou quatro<br />
anos.<br />
Centro de Gaia é o quarto da CarNext<br />
REMAX PORTUGAL DISTINGUIDA<br />
A Remax Portugal voltou a ser distinguida na<br />
Convenção Internacional Remax, que decorreu em Las<br />
Vegas, com o prémio “Região do Ano”, que elege o país<br />
ou região com melhor desempenho a nível mundial.<br />
Para além deste galardão, atribuído pelo quinto ano<br />
consecutivo, a Remax Portugal somou ainda outros<br />
prémios. “Trabalhamos todos os dias para os nossos<br />
clientes, mas este momento tem um sabor especial<br />
porque também representamos Portugal”, referiu<br />
Beatriz Rubio, CEO da marca imobiliária em Portugal.<br />
Nova premiação internacional para a equipa portuguesa da Remax<br />
4
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
UNIVERSIDADE DE AVEIRO DESENVOLVE ECO-CIMENTO<br />
O Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica<br />
da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu um<br />
cimento ‘verde’, que utiliza, maioritariamente, desperdícios<br />
das indústrias de celulose, reduzindo o uso<br />
de recursos naturais virgens. Este eco-cimento pode<br />
ser produzido à temperatura ambiente, diminuindo o<br />
consumo de energia. Os desperdícios da indústria de<br />
celulose, como cinzas e grãos de cal, constituem 70%<br />
dos ingredientes deste eco-cimento, sendo os outros<br />
30% metacaulino.<br />
Eco-cimento tem mesmo desempenho dos cimentos tradicionais<br />
SANTOS E VALE INAUGURA NOVO CENTRO EM VISEU<br />
A Santos e Vale abriu um novo centro logístico em<br />
Viseu, no âmbito da estratégia de crescimento da<br />
empresa, reforçando a capacidade de recolha,<br />
tratamento e entrega dos envios dos clientes da região<br />
Centro e Norte de Portugal. Com mais de 1.000 metros<br />
quadrados de área de armazém e três mil metros<br />
quadrados de área total, esta plataforma irá contar com<br />
os mais recentes equipamentos logísticos e transporte<br />
para o tratamento da mercadoria.<br />
Nova plataforma reforça capacidade logística no Centro e Norte do país<br />
CRIAÇÃO DE NOVAS EMPRESAS CRESCE 21,4%<br />
Criação de novas empresas em alta nos primeiros meses de <strong>2019</strong><br />
OUTSYSTEMS DESTACADA PELA FORBES<br />
Até final de fevereiro foram criadas 11.099 novas<br />
empresas em Portugal, mais 21,4% do que no mesmo<br />
período de 2018, ano em que foi batido o recorde de<br />
criação de empresas em Portugal. Este crescimento é<br />
generalizado a todos os setores de atividade e a todos<br />
os distritos. Além dos serviços, que é sempre o setor<br />
onde surgem mais empresas, destacam-se em número<br />
de empresas os setores da construção, com 1.424<br />
novas empresas, o retalho com 1.303 e o alojamento e<br />
restauração com 1.078.<br />
A OutSystems, empresa líder de software low-code<br />
para desenvolvimento rápido de aplicações, foi<br />
classificada pela Forbes como uma das dez melhores<br />
empregadoras em cloud computing (Top Cloud<br />
Computing Employer), distinção que recebe pelo<br />
quarto ano consecutivo. A OutSystems contratou cerca<br />
de 400 colaboradores em 2018, o dobro de 2017,<br />
aumentou as receitas anuais recorrentes no valor<br />
recorde de 66%, e construiu no último ano uma equipa<br />
com mais de 1000 colaboradores a full-time.<br />
OutSystems contratou 400 colaboradores em 2018<br />
5
figura de destaque<br />
“<br />
NÃO TEMOS RESPOSTA<br />
A TODAS AS QUESTÕES<br />
DENTRO DE NENHUMA<br />
EMPRESA<br />
“ Paula<br />
Panarra<br />
Paula Panarra assumiu a direção-geral da Microsoft Portugal em dezembro de 2016<br />
6
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Ana Rita Justo<br />
João Filipe Aguiar<br />
À frente da Microsoft Portugal desde dezembro de 2016, Paula Panarra é a cara na mudança que a empresa está<br />
a operar a nível nacional com vista a tornar-se no parceiro das empresas para a indústria 4.0. Da segurança da<br />
informação às novas formas de gerir o negócio, a diretora-geral da tecnológica explica o percurso que está a ser<br />
feito e que tem vindo a apoiar startups, <strong>PME</strong> e grandes empresas em todo o país.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Que balanço faz destes dois anos<br />
como diretora-geral da Microsoft Portugal?<br />
Paula Panarra – Faço um balanço muito positivo. Começámos<br />
esta jornada há dois anos com o objetivo<br />
muito claro de ajudar Portugal a avançar neste período<br />
da dita transformação digital e desta nova era da<br />
tecnologia e foi aí que pus todos os meus esforços.<br />
Em criarmos, junto com a equipa, mas também com o<br />
nosso ecossistema de parceiros e, junto dos nossos<br />
clientes, ajudarmos a fazer este caminho de progresso<br />
nas empresas em Portugal e o balanço é muito positivo.<br />
Temos uma série de casos de aplicação de tecnologia<br />
para fazer este enablement da transformação que são<br />
já casos de Portugal de referência para o mundo, o que<br />
muito nos orgulha. É um primeiro passo, há muito caminho<br />
a fazer, mas sem dúvida um balanço muito positivo.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Fale-nos um pouco desses casos.<br />
P. P. – Nós temos o privilégio, porque esta é uma<br />
Era em que a tecnologia está na base destas grandes<br />
transformações, de trabalhar em simultâneo com as<br />
grandes empresas portuguesas e de acompanhá-las<br />
nessa transformação, mas também de acompanhar<br />
muitas das que são as novas empresas de tecnologia<br />
em Portugal. Posso dar como exemplo todo o trabalho<br />
que fizemos conjuntamente com a Farfetch para o desenvolvimento<br />
da sua plataforma, para poderem servir<br />
o mundo e estarem, hoje, cotados em Bolsa, como de<br />
facto uma nova pequena startup que tem na verdade<br />
quase uma década, mas o trabalho conjunto para globalizar<br />
o negócio é um dos exemplos. Temos outros<br />
exemplos quer de banca, quer de indústria, acima de<br />
tudo, em quatro grandes áreas: por um lado, aquilo que<br />
é a modernização da forma de trabalhar das empresas,<br />
por outro, a forma de interagir com a cadeia de valor,<br />
seja ela a relação com clientes, seja a relação com fornecedores;<br />
muitos projetos de otimização de operações,<br />
de criação de eficiências, que vão desde a mera<br />
desmaterialização de processos até à robotização.<br />
Como é que ajudamos a criar as eficiências necessárias<br />
nos processos para, em muitos casos, libertar investimento<br />
e libertar a capacidade de investir em inovação e<br />
em modernização de produto. Por outro lado, até mesmo<br />
na criação de novas formas de estar no mercado. O<br />
exemplo da banca digital, a utilização de novos assistentes<br />
pessoais, os ditos bots, para fazerem a interação<br />
com os clientes e, portanto, uma modernização daquilo<br />
que são os serviços prestados em empresas de todas<br />
as dimensões. Penso que é de realçar que, de facto, a<br />
tecnologia está, hoje, acessível a empresas de todas<br />
as dimensões pela tipologia de modelos em que está<br />
disponível. No passado era preciso fazer investimentos<br />
muito elevados para criar essas capacidades e só<br />
grandes empresas podiam ter acesso a estas tecnologias.<br />
Hoje, elas funcionam em modelo de subscrição,<br />
mal comparando é como subscrever a eletricidade, é<br />
tão simples quanto isso: subscrever muitas das tecnologias,<br />
quer de produtividade, quer de operações, quer<br />
de interação e de dados, que é, talvez a área menos<br />
explorada naquilo que são as pequenas e médias empresas<br />
portuguesas.<br />
“TECNOLOGIA COMO UM SERVIÇO”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Para a Microsoft foi dura esta mudança<br />
de paradigma?<br />
P. P. – Nós próprios fizemos uma transformação<br />
grande, que teve uma maior projeção com a entrada<br />
do nosso novo CEO [n. d. r. Satya Nadella], há cerca<br />
de quatro, cinco anos. O que fizemos foi essa mesma<br />
viragem. Éramos uma empresa que desenvolvia<br />
software, continuamos a ser uma empresa que, acima<br />
de tudo, desenvolve software, o nosso core não mudou,<br />
mas servíamo-lo como se fosse um bem, vendíamos<br />
uma licença que entregávamos para o cliente utilizar<br />
e hoje fornecemos tecnologia como um serviço. Nós<br />
próprios transformámos o nosso modelo de negócio<br />
de um modelo mais transacional para um modelo<br />
mais de prestação de serviço. Com tudo o que isso<br />
significa do ponto de vista da alteração cultural e de<br />
transformação de cultura e de DNA da empresa que<br />
tem de acontecer, porque prestar serviço a um cliente<br />
significa acompanhar o cliente desde a pré-venda, o<br />
período de utilização, o pós-venda, a manutenção.<br />
“Transformámos o nosso modelo<br />
de negócio de um modelo mais<br />
transacional para um de prestação<br />
de serviços"<br />
Há um ciclo de acompanhamento da tecnologia e da<br />
utilização da tecnologia por parte do cliente muito<br />
diferente neste novo modelo. Foi essa transformação<br />
que nós próprios fizemos, além de uma mudança<br />
de estratégia para uma plataforma aberta – coisas<br />
que no passado seriam impensáveis são, hoje,<br />
possíveis pela mudança de estratégia que fizemos.<br />
Era conhecida alguma rivalidade entre a Microsoft e<br />
outras empresas de tecnologia e hoje servimos a nossa<br />
suite de produtos Office, por exemplo, para sistemas<br />
7
figura de destaque<br />
operativos da Apple, da Google,<br />
corremos em IOS, em Android, tal<br />
como corremos em Windows, ou<br />
corremos máquinas de Linux, como<br />
corremos máquinas de Windows<br />
naquilo que é a nossa plataforma de<br />
cloud. Esta abertura da tecnologia<br />
da Microsoft a todo o ecossistema<br />
de tecnologia no mercado foi o que<br />
nos permitiu mudar de um mercado<br />
que operávamos só no nosso<br />
ecossistema, para endereçarmos<br />
tudo aquilo que é, hoje, o potencial<br />
de tecnologia. Isso é muito mais<br />
giro.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Referiu, há tempos,<br />
que 50% da faturação foi em serviços<br />
cloud. Que fatia desta faturação<br />
diz respeito a empresas?<br />
P. P. – É praticamente toda do setor<br />
empresarial. Mais interessante<br />
até é poder dizer que, desses 50%<br />
de cloud eles se distribuem não só<br />
nas grandes empresas, mas uma<br />
parcela muito interessante já nas<br />
pequenas e médias empresas portuguesas.<br />
Hoje, temos cerca de três<br />
mil parceiros em Portugal, muitos<br />
são eles próprios <strong>PME</strong>, que nos<br />
permitem fazer uma cobertura nacional<br />
e com muita capilaridade naquilo<br />
que é o suporte de tecnologia<br />
às empresas portuguesas. Muitas<br />
dessas <strong>PME</strong> também já adotaram<br />
estes novos modelos de tecnologia<br />
e fizeram, com isso, a atualização.<br />
Fizemos, no ano passado, um<br />
estudo junto de cerca de 200 <strong>PME</strong><br />
em Portugal para aferirmos quais as<br />
principais áreas de preocupação,<br />
mas também em que anteviam investimento.<br />
Claramente, uma delas<br />
é a segurança e os ataques informáticos.<br />
Há uma preocupação cada<br />
vez maior – e bem. Os paradigmas<br />
de segurança alteraram-se e as<br />
Serviço cloud é a grande aposta da tecnológica para o futuro<br />
8<br />
empresas têm, hoje, uma preocupação<br />
muito maior com aquilo que<br />
é a utilização de tecnologia atualizada.<br />
Um dos principais problemas<br />
para os ataques informáticos é a<br />
tecnologia obsoleta, portanto, há<br />
uma preocupação muito maior na<br />
renovação e é isso que estes novos<br />
modelos de subscrição e de cloud<br />
também permitem às <strong>PME</strong>: é terem<br />
acesso a atualizações sempre servidas<br />
e não terem de estar a fazer<br />
esses processos muito longos de<br />
atualização. A preparação do canal<br />
de parceiros foi fundamental,<br />
porque são eles que, hoje, estão no<br />
terreno a ajudar as <strong>PME</strong> a fazerem a<br />
adoção dessas tecnologias.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A quantas <strong>PME</strong> chega<br />
a Microsoft em Portugal?<br />
P. P. – Hoje, temos uma penetração<br />
de cerca de três mil empresas<br />
a quem fazemos venda direta, ou<br />
seja, licenciamento direto, mas depois<br />
temos muitos destes nossos<br />
parceiros que são revendedores e<br />
que fazem eles próprios a revenda<br />
às <strong>PME</strong>. Portanto, esse é um<br />
dado que não temos, mas tenderia<br />
a dizer que quase todas as <strong>PME</strong> em<br />
Portugal operam na nossa suite de<br />
produtividade. Quando falamos de<br />
Excel, de Word, Power Point ou de<br />
Outlook, a grande maioria das <strong>PME</strong><br />
em Portugal está a fazer utilização<br />
da nossa tecnologia. Já quase metade<br />
da nossa faturação para <strong>PME</strong><br />
também é no modelo de cloud.<br />
“ACESSO MAIS SEGURO”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Ainda há muita resistência<br />
em relação à cloud?<br />
P. P. – Há alguma resistência. Devo<br />
dizer que o ano passado, tudo o<br />
que foi o trabalho feito à volta de<br />
RGPD, a necessidade de que todas<br />
as empresas se consciencializaram<br />
de fazer uma boa prática e um<br />
bom cumprimento da norma no que<br />
diz respeito a segurança e a privacidade<br />
de dados trouxe, também,<br />
a clarificação de que, hoje em dia,<br />
ter acesso a estas tecnologias de<br />
cloud, é, na verdade, ter acesso a<br />
tecnologias muito mais seguras do<br />
que aquilo que consigo fazer de<br />
manutenção de tecnologia dentro<br />
de casa. A subscrição da tecnologia<br />
permite isso mesmo: estar sempre<br />
atual, estar sempre segura. Tivemos,<br />
nos últimos tempos, situações<br />
em que já foi ao contrário e foi o presidente,<br />
o gestor da <strong>PME</strong> ou de uma<br />
empresa que nos diz: “Eu preciso<br />
que vocês vão lá, porque a minha<br />
gente ainda está muito renitente e<br />
eu já tenho consciência que, hoje, a<br />
cloud é mais segura do que aquilo<br />
que eu consigo manter dentro de<br />
casa”. Penso que ultrapassámos a<br />
barreira de dúvidas relativamente<br />
à segurança, estar do outro lado e<br />
percecionar que estou mais seguro<br />
porque, acima de tudo, tenho atualizações,<br />
tenho novas ferramentas<br />
que me permitem fazer uma gestão<br />
diferente da identidade dos empregados.<br />
Hoje em dia, o maior risco<br />
que as empresas correm relativamente<br />
à segurança é a facilidade ou<br />
a dificuldade com que se consegue<br />
aceder às credenciais de cada um<br />
dos indivíduos. Todos temos dispositivos<br />
pessoais e profissionais,
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Diretora-geral sublinha “papel distintivo” das startups na transformação digital<br />
todos fazemos acesso à informação<br />
das empresas em mobilidade e isso<br />
criou a necessidade de novos paradigmas<br />
de segurança e é isso que a<br />
maioria da indústria de tecnologia,<br />
hoje em dia, consegue: é assegurar<br />
que, nestes modelos, permite um<br />
acesso muito mais seguro.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que a<br />
Microsoft tem ajudado as <strong>PME</strong><br />
portuguesas na sua transformação<br />
digital?<br />
P. P. – Estamos num momento em<br />
que o sentido de urgência já existe<br />
e é, cada vez, maior. Há, claramente,<br />
uma perceção de que há<br />
uma necessidade cada vez maior<br />
de modernizar. As empresas portuguesas<br />
podem – e devem – ser<br />
competitivas, mas têm de o ser<br />
também de forma diferenciada. E<br />
para se diferenciarem têm de melhorar<br />
aquilo que são as formas de<br />
trabalhar dos seus empregados e<br />
talvez a produtividade e a mobilidade<br />
tenha sido o principal fator de<br />
modernização nas <strong>PME</strong>. Estamos a<br />
ver agora avanços grandes em duas<br />
áreas: primeiro, naquilo que é a relação<br />
com os clientes, como é que<br />
giro a minha relação com os clientes,<br />
como é que giro a minha carteira<br />
de clientes, os meus contactos,<br />
as oportunidades, como é que faço<br />
uma boa presença na internet, como<br />
é que crio a minha página, como é<br />
que disponibilizo o meu negócio,<br />
como é que crio a interação com os<br />
clientes online, porque há cada vez<br />
mais esse sentido de urgência de<br />
que, ou modernizo, ou o meu negócio<br />
vai acabar por morrer. Hoje, o<br />
consumidor procura cada vez mais<br />
empresas que tenham essas competências.<br />
A área dos dados e o<br />
trabalho com os dados talvez seja<br />
aquele que está ainda menos desenvolvido<br />
nas <strong>PME</strong> em Portugal,<br />
mas há algumas áreas, nomeadamente<br />
aquilo que é a utilização da<br />
sensorização, da manutenção preditiva,<br />
vai levar a que, de facto, a<br />
informação em tempo real e aquilo<br />
que conseguimos fazer com essa<br />
informação torne, cada vez mais, as<br />
empresas portuguesas capazes na<br />
utilização da informação enquanto<br />
melhor fator para tomada da decisão<br />
de gestão.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – As startups têm um<br />
papel importante nesta viragem?<br />
P. P. – Claramente têm um papel<br />
muito distintivo. Aliás, enquanto<br />
país fizemos uma aposta consciente<br />
naquilo que foi a agenda da criação<br />
de investimento e de incubação<br />
de novos negócios e de novas<br />
startups, acima de tudo tecnológicas.<br />
Se há momento na história da<br />
economia do mundo em que o local<br />
e a dimensão do país não são relevantes<br />
é este, porque podem hoje<br />
nascer negócios de Portugal para o<br />
mundo. Estive numa sessão com o<br />
Nuno Sebastião [n. d. r. CEO da Feedzai],<br />
em que ele partilhou uma informação<br />
que, confesso, nunca tinha<br />
olhado para ela desta forma: as<br />
quatro grandes unicórnios em Portugal,<br />
entre a Farfetch, OutSystems,<br />
Talkdesk e a Feedzai têm hoje uma<br />
capitalização similar áquilo que é a<br />
Sonae, o Millennium BPC, a Montaengil<br />
e os CTT todos juntos. São<br />
realidades em que estamos a falar<br />
de exatamente o mesmo capital,<br />
talvez com a diferença de que estas<br />
últimas são empresas que operam<br />
em Portugal, enquanto todas<br />
as outras são empresas que, tendo<br />
a propriedade intelectual baseada<br />
em Portugal, porque todo o RnD [n.<br />
d. r. Research and Development, em<br />
português Pesquisa e Desenvolvimento]<br />
destas empresas está aqui,<br />
operam de Portugal para o mundo e<br />
já todas têm escritórios em todo o<br />
mundo, equipas de vendas em todo<br />
o mundo. Esta aposta nas startups<br />
parece-me muito acertada, principalmente,<br />
as de tecnologias, que<br />
vão impulsionar o desenvolvimento<br />
da economia em Portugal. Temos<br />
promovido muito a interação entre<br />
empresas portuguesas mais estabelecidas<br />
e as startups portuguesas,<br />
ou mesmo não portuguesas,<br />
mas startups que podem acelerar a<br />
transformação nas empresas. Esse<br />
é, talvez, um dos paradigmas que<br />
se alterou. Hoje em dia, é possível<br />
juntar peças quase como este meu<br />
“Se há momento<br />
na história em que<br />
o local e a dimensão<br />
do país não são<br />
relevantes é este"<br />
painel de borel de cores diferentes<br />
para construir a melhor solução<br />
para a minha empresa. Eu não tenho<br />
de fazer tudo dentro de casa,<br />
não tenho de comprar tudo a um<br />
fornecedor único, vou olhando para<br />
cada um dos processos que quero<br />
alterar e vou indo buscar empresas<br />
que possam trazer essa solução: se<br />
preciso de um call center na hora<br />
que fique a funcionar hoje daqui a<br />
dez minutos, posso ir buscar a solução<br />
da Collab; se preciso de fazer<br />
gestão de ativos, posso ir buscar<br />
9
figura de destaque<br />
a solução da NextBitt; se preciso<br />
de fazer uma gestão documental,<br />
posso ir buscar o Edoclink. E estou<br />
a dar exemplos de soluções de parceiros<br />
portugueses, desenvolvidas<br />
em Portugal, que estão a ser adotadas<br />
por empresas em Portugal e<br />
no mundo. Esta interação entre a<br />
empresa e as empresas mais inovadoras<br />
é, claramente, algo a promover<br />
no futuro, é isso que acelera<br />
a modernização das empresas portuguesas.<br />
“<strong>PME</strong> MAIS PREPARADAS”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Sente que as <strong>PME</strong><br />
portuguesas estão preparadas<br />
para o que aí vem?<br />
P. P. – Sinto que estão cada vez<br />
mais preparadas. O sentido de urgência<br />
é muito premente e mais<br />
premente do que víamos no passado.<br />
Enquanto país, atravessámos<br />
a fase da economia que fez com<br />
que mais restrições acontecessem.<br />
Hoje, há uma capacidade maior de<br />
investir para modernizar. Na agricultura<br />
temos, hoje, alguns clientes<br />
com quem estamos a trabalhar<br />
com as mais avançadas tecnologias<br />
para produzir o mais tradicional dos<br />
produtos: vinho, azeite, queijo…<br />
E estão a fazer a utilização destas<br />
tecnologias muito avançadas que<br />
modernizaram os seus processos<br />
produtivos e os seus processos de<br />
gestão para poderem estar a operar<br />
“Temos clientes<br />
com quem estamos<br />
a trabalhar com as mais<br />
avançadas tecnologias<br />
para o mais tradicional<br />
dos produtos"<br />
10<br />
Centro de suporte português da Microsoft serve clientes na Europa, Médio Oriente e África<br />
com um produto muito diferenciado,<br />
de muito valor, num setor que<br />
é muito tradicional. Outros exemplos<br />
na área da indústria, em que<br />
este tipo de tecnologias está a ser<br />
usado para trabalhos, quer na linha<br />
de produção, quer na gestão de<br />
negócio. É aí e na internacionalização<br />
destes negócios que também<br />
temos estado a ajudar os nossos<br />
clientes, como é que conseguem<br />
ter dashboards de gestão quando<br />
estão a expandir para novas geografias,<br />
como é que podemos ajudá-los<br />
a criar plataformas de gestão<br />
que lhes permitem tomar as<br />
decisões para outros países, apesar<br />
de estarem baseados em Lisboa?<br />
Trabalhamos, por exemplo,<br />
com o Grupo Pestana em todo este<br />
tipo de plataformas de colocação<br />
da oferta no mercado internacional<br />
e com muitos setores diferentes.<br />
Hoje, as <strong>PME</strong> portuguesas estão<br />
mais preparadas do que nunca, mas<br />
cabe-me dizer que devem recorrer<br />
aos parceiros de tecnologia para<br />
ajudar a fazer este caminho. Não é<br />
preciso fazer tudo dentro de casa,<br />
não temos a resposta para todas<br />
as questões dentro de nenhuma<br />
empresa – eu também não tenho.<br />
E, hoje, estas empresas que estão<br />
a trabalhar tecnologia em Portugal<br />
estão cada vez mais preparadas<br />
para fazer, não apenas a instalação<br />
de tecnologia, que era o que faziam<br />
no passado, mas muito mais do que<br />
isso: ajudar na consultoria do que é<br />
preciso e qual é a melhor solução<br />
para o meu negócio.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Que balanço faz do<br />
trabalho do centro de suporte da<br />
Microsoft?<br />
P. P. – Começámos o centro de<br />
suporte em Portugal há uns anos,<br />
com cerca de 30, 40 pessoas. Hoje,<br />
temos mais de 450 engenheiros a<br />
fazer suporte a partir de Portugal<br />
para todo o espaço da Europa, Médio<br />
Oriente e África. É um enorme<br />
orgulho ter visto crescer esta plataforma<br />
de serviço a clientes. Só<br />
prestamos aqui serviço de engenharia,<br />
se quiserem, o segundo nível<br />
de suporte técnico. Portanto, é<br />
um nível que já requer um profissionalismo<br />
e um conhecimento muito<br />
grande por parte do operador e isto<br />
só foi possível porque, como país<br />
– e podemos orgulhar-nos disso<br />
– nos últimos anos tivemos a capacidade<br />
de elevar os nossos cursos<br />
universitários, quer de gestão,<br />
quer de engenharia. Temos, hoje,<br />
uma oferta de recém-licenciados,<br />
mas também de profissionais na<br />
área da tecnologia que permitiu fazer<br />
este crescimento, mas também<br />
devo dizer que já temos muitos estrangeiros<br />
que querem vir trabalhar<br />
para Portugal, para o nosso centro<br />
de suporte. Temos características,<br />
enquanto país, muito especiais e<br />
espero que continuemos a conseguir<br />
atrair talento, porque temos<br />
esse talento aqui, mas atrair mais<br />
talento vai ser importante, porque<br />
a procura é capaz de ser maior do<br />
que a oferta que conseguimos preparar.<br />
Temos feito algum trabalho<br />
de requalificação de pessoas para
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
O mundo está em constante evolução e a transformação digital das empresas e organizações<br />
é inevitável se pretendem ter um futuro com sucesso. Conte com a experiência, conhecimento<br />
e inovação da PT Empresas para a modernização da sua atividade.<br />
Ligue-se à PT Empresas e projete um futuro melhor.<br />
16 206 | Gestor | ptempresas.pt<br />
11<br />
UMA REDE DE POSSIBILIDADES
figura de destaque<br />
estas novas tecnologias, em conjunto com os nossos<br />
parceiros, temos trabalhado com alguns politécnicos<br />
na criação de currículos e de academias que permitam<br />
preparar cada vez mais pessoas para estas novas<br />
tecnologias, porque talvez essa seja a maior dificuldade.<br />
A tecnologia está pronta, as pessoas vão ter de se<br />
preparar rapidamente, quer para trabalhar com ela intensivamente,<br />
como é o caso dos nossos engenheiros,<br />
quer mesmo enquanto utilizadores dentro das empresas.<br />
A área das qualificações é uma das áreas que as<br />
empresas mais têm procurado connosco, como é que<br />
podem criar plataformas de aprendizagem, plataformas<br />
de learning e requalificação dos seus empregados,<br />
porque essa vai ser uma das realidades que todos<br />
vamos enfrentar. Para nós, é um orgulho e continuaremos<br />
a fazer o nosso trabalho para tornar Portugal um<br />
dos principais centros de suporte da Microsoft para o<br />
mundo. É atrair investimento, é atrair emprego e, para<br />
nós, isso é um fator de orgulho, mas também diferenciador.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A falta de mão de obra qualificada tem<br />
sido um desafio?<br />
P. P. – Está a tornar-se um desafio cada vez maior e espero,<br />
em conjunto – e a Microsoft tem trabalhado, quer<br />
com a plataforma in code do Governo, quer junto dos<br />
nossos parceiros, quer junto de associações a que pertencemos,<br />
como a APDC e outras – enquanto indústria,<br />
criarmos condições para que cada vez mais sejam requalificadas<br />
pessoas com estas competências, porque<br />
rapidamente a procura vai ser maior do que a oferta.<br />
Está a tornar-se cada vez mais difícil encontrar as pessoas<br />
para fazer face a tudo aquilo que procuramos. De<br />
qualquer modo, temos vários programas em que recrutamos<br />
pessoas, mesmo de cursos que não sejam assim<br />
tão tecnológicos, porque fazemos formação muito<br />
intensiva e há sempre uma margem de manobra maior<br />
do que quem procura expertise muito formado e sénior.<br />
Mas há um equilíbrio que, enquanto país, temos de encontrar<br />
naquilo que são as qualificações que estamos a<br />
criar, hoje, para os empregos do futuro.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual a importância da Microsoft Portugal<br />
no panorama mundial da empresa?<br />
P. P. – Enquanto centro de suporte, somos um dos<br />
principais oito hubs de suporte a nível global. Enquanto<br />
país, naquilo que é a nossa operação comercial em<br />
Portugal, fazemos parte de uma geografia que junta <strong>12</strong><br />
países, entre o Sul, Centro e Norte da Europa. Somos<br />
aquilo a que chamamos um país médio desenvolvido,<br />
já com um nível de maturidade de tecnologia bastante<br />
mais avançada, até porque fazemos parte do espaço<br />
europeu, mas obviamente temos a escala que temos<br />
enquanto país. A nossa aposta para continuar a crescer<br />
– e temos estado a fazê-lo nestes últimos dois anos a<br />
mais de dois dígitos – passa também por captar estas<br />
novas empresas que estão a nascer em Portugal e<br />
que se desenvolvem com negócio a nível internacional<br />
e por fazer evoluir e transformar o tecido empresarial<br />
português.<br />
Falta de mão de obra qualificada é um dos desafios apontados por Paula Panarra<br />
<strong>12</strong>
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
“EQUIPAS DIVERSAS”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como vê o papel das mulheres na liderança<br />
e desenvolvimento das tecnológicas?<br />
P. P. – Se calhar alargava mais o tema para vos dizer<br />
que acredito que as empresas são mais bem sucedidas<br />
quando têm as equipas mais diversas. Equipas diversas<br />
significa diversidade em muitos aspetos: diversidade<br />
de background, de experiência, de género, diversidade<br />
etária. É muito importante que essa diversidade seja<br />
conseguida, porque é daí que vão nascer as melhores<br />
soluções dentro das empresas. Isso é garantidamente<br />
válido nas tecnológicas, mas certamente é válido<br />
em todas as empresas. Penso que há uma parte do<br />
desenvolvimento da carreira das mulheres que passa,<br />
também, por algumas escolhas individuais, mas outras<br />
também por alguma educação social. Eu tenho três<br />
filhas e acredito que a geração delas já vai, provavelmente,<br />
ser diferente da minha geração, porque a sociedade<br />
também evoluiu nesse sentido, de proporcionar<br />
a igualdade de possibilidades e de oportunidades a<br />
“As empresas são mais bem<br />
sucedidas quando têm equipas<br />
mais diversas"<br />
nível da educação e é normalmente daí que nascem os<br />
grandes movimentos sociais e de alteração social. Temos,<br />
hoje, a sair da faculdade cada vez mais mulheres<br />
e acredito que, no futuro, teremos cada vez mais mulheres<br />
também em carreiras de gestão e no topo das<br />
empresas, porque as empresas que têm maior diversidade<br />
vão ser, certamente, sempre as empresas mais<br />
bem sucedidas.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual foi até hoje o seu maior desafio<br />
como diretora-geral da Microsoft Portugal?<br />
P. P. – O maior desafio é manter as equipas com a<br />
energia, a paixão, e a entrega ao projeto Microsoft para<br />
Portugal, esse é talvez o meu desafio de todos os dias,<br />
porque ter a equipa connosco é a melhor forma de termos<br />
os clientes e os parceiros junto de nós, a acreditar<br />
que é possível, através da tecnologia, transformar o<br />
país e tornar o país mais competitivo. É também o maior<br />
privilégio que tenho, porque tenho uma equipa fantástica.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como conjuga a sua vida pessoal com a<br />
profissional?<br />
P. P. – Como lhe digo, tenho três filhas com faixas etárias<br />
diferentes: a mais velha já tem 22 e a mais nova tem<br />
13, com uma de 18 pelo meio, portanto há muitos anos<br />
que faço gestão da vida pessoal com a vida profissional.<br />
Passa por uma escolha pessoal: preciso das duas<br />
para ser uma pessoa mais feliz e para mim é importante<br />
o equilíbrio de uma e da outra. Não nego que isso<br />
requer alguma disciplina. Acima de tudo, se tivermos<br />
claro o que é importante para nós e as fronteiras que<br />
estabelecemos entre uma coisa e outra é possível gerir<br />
ambas.<br />
Paula Panarra aponta diversidade como ponto forte das empresas<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais os planos da empresa para os<br />
próximos anos?<br />
P. P. – Os planos são de continuar a fazer, enquanto<br />
empresa, um crescimento que vem, acima de tudo,<br />
da introdução destas novas tecnologias de cloud, é<br />
aí que vai assentar toda a nossa estratégia de crescimento.<br />
Isso é possível à medida que formos ajudando<br />
e conseguindo transformar, conjuntamente, o tecido<br />
empresarial português e trabalhando em conjunto com<br />
os nossos parceiros. A nossa plataforma de cloud é a<br />
aposta do ponto de vista de negócio. Ela permite-nos<br />
trabalhar junto de soluções de negócio e não apenas<br />
junto de soluções no IT e esse é, talvez, o maior desafio<br />
que temos enquanto organização: é termos a capacidade<br />
de poder estar presentes em todas as conversas<br />
que acontecem dentro de uma empresa para, através<br />
da tecnologia, ajudarmos as empresas portuguesas a<br />
serem empresas melhores.<br />
13
figura de destaque<br />
PAULA<br />
Panarra<br />
Há oito anos nos quadros da Microsoft Portugal,<br />
Paula Panarra começou como diretora de Marketing,<br />
com responsabilidades pelo mercado empresarial,<br />
de consumo e digital, tendo como principais funções<br />
o planeamento e a execução da comunicação com<br />
clientes, parceiros e consumidores.<br />
Ao fim de três anos, foi nomeada diretora de<br />
Marketing e Operações, tendo a seu cargo a atividade<br />
operacional e desenvolvimento do negócio e os<br />
investimentos na área de marketing. Assumiu depois<br />
a direção do Setor Público e, em dezembro de 2016,<br />
foi nomeada diretora-geral da Microsoft Portugal,<br />
depois de ocupar a posição interinamente durante<br />
alguns meses.<br />
Licenciada em Engenharia Química e Biotecnologia<br />
pelo Instituto Superior Técnico, e com mais de 20<br />
anos de experiência profissional, Paula Panarra<br />
assumiu ao longo da sua carreira diversas funções<br />
nas áreas financeira e de marketing, tendo passado<br />
pela Procter & Gamble, onde esteve 15 anos e foi<br />
responsável, primeiro, pela gestão financeira, e<br />
depois pela gestão da comunicação e marketing<br />
operacional da companhia em Portugal.<br />
14
PT-BIO-03<br />
Agricultura Portugal
CASOS DE SUCESSO<br />
QUANDO DOIS PROJETOS<br />
SE FUNDEM PARA O SUCESSO<br />
Sendys Group emprega, atualmente, 140 pessoas<br />
Ana Rita Justo<br />
Sendys Group<br />
A Sendys Group é o resultado de 35 anos de história: da Alidata, software house portuguesa mais antiga, e do<br />
Sendys, produto que deriva da Capgemini. Um caso de sucesso português que o chairman, Fernando Amaral,<br />
apresenta à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>.<br />
Hoje é um só grupo, mas há 35 anos nasciam dois projetos<br />
em Portugal completamente independentes: de<br />
um lado a Alidata nascia em Leiria, sendo a software<br />
house mais antiga do país, do outro a Prológica, onde<br />
mais tarde nasceria o Sendys. A Sendys Group é, hoje,<br />
uma consultora, o culminar de 35 anos de história e de<br />
dois projetos de sucesso.<br />
A Prológica enquanto empresa nasce em 1984, com<br />
softwares mais ligados ao setor dos serviços, dando em<br />
1991 lugar à Geslógica, que em 1997 é adquirida pela<br />
multinacional Capgemini.<br />
Fernando Amaral, atual chairman da Sendys Group, entra<br />
para a Prológica enquanto estudava Direito, fazendo<br />
um percurso que o fez chegar a senior manager da<br />
Capgemini.<br />
“Atingi um patamar em que achava que devia abrir a<br />
minha própria empresa e, em 2009, fizemos o spin-off<br />
da Sendys. Saímos na altura 13 pessoas.” Nesse lote de<br />
pessoas encontrava-se também o irmão, Pedro Amaral,<br />
um dos sócios do grupo.<br />
Assim começa a aventura da Sendys enquanto projeto<br />
independente. Mais tarde, em 2011, a Sendys adquire<br />
a Alidata, complementando os seus produtos com o<br />
software daquela empresa leiriense, mais destinado à<br />
16<br />
área da manutenção e indústria. Nasce, assim, o grupo<br />
Sendys Alidata, em que 2016 virou Sendys Group.<br />
Pelo caminho, o grupo adquiriu ainda a Masterstrategy,<br />
com um software “para clientes que procuram uma solução<br />
simples, mais direta, na nuvem, que não requeira<br />
tanta manutenção”, explica Fernando Amaral.<br />
“Temos uma visão de mercado diferente: enquanto os<br />
outros players têm uma visão de um software que serve<br />
todas as empresas, nós temos produtos diferentes<br />
para áreas de negócio diferentes. Um cliente na área<br />
da indústria tem requisitos muito diferentes dos processos<br />
de um escritório de contabilidade”, advoga.<br />
Só em 2018, o grupo faturou oito milhões de euros,<br />
sendo 40% dessa faturação relativa ao mercado externo.<br />
INTERNACIONALIZAÇÃO FOI “SIMPLES”<br />
O spin-off da Sendys confunde-se com a internacionalização<br />
da empresa, uma decisão estratégia que permitiu<br />
à empresa crescer e alargar o espetro de atuação.<br />
Os países africanos de expressão portuguesa, nomeadamente<br />
Angola, Moçambique e Cabo Verde foram os<br />
principais alvo, mas não só: o grupo tem escritório próprio<br />
também em São Paulo (Brasil) e Macau.
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
A decisão de internacionalizar foi “simples“, diz o chairman,<br />
pois já havia conhecimento dos mercados.<br />
“Na altura em que saímos já tínhamos 20, 25 anos de<br />
atividade, portanto, já tínhamos uma maturidade do<br />
negócio”, explica, adiantando que em 2010 foi iniciado<br />
um processo e “internacionalização mais sério”, mas<br />
desde 2003 que a empresa tinha “frequência nos<br />
PALOP”, principalmente devido ao acompanhamento<br />
de outros clientes.<br />
“Foi como se iniciássemos o caminho para a Índia, mas<br />
previamente nos dessem um mapa de onde é que devíamos<br />
passar.”<br />
Grupo Sendys conta atualmente<br />
com escritórios em Angola, Cabo<br />
Verde, Moçambique, São Paulo<br />
(Brasil) e Macau<br />
Tanto em Portugal como no estrangeiro, continuam a<br />
ser as pequenas e médias empresas os maiores clientes<br />
do grupo. Ao todo, a empresa conta com “mais de<br />
dez mil implementações” em clientes, refere o responsável.<br />
miúdo diz com orgulho que até aos 35 anos sai de cada<br />
dos pais e isso não é bom, nem é mau. É assim.”<br />
O chairman recorda que, antigamente, “se se teve filhos,<br />
uma hipoteca de uma casa para pagar, metade do<br />
processo de retenção está feito”.<br />
“Temos de criar uma envolvência diferente com as pessoas”,<br />
defende Fernando Amaral.<br />
Por isso, entre as políticas da empresa para gestão de<br />
recursos humanos está a motivação e valorização dos<br />
trabalhadores, a elaboração de planos individuais de<br />
carreira, bem como outros benefícios, como a autonomia,<br />
flexibilidade para gerir o horário de trabalho, a<br />
possibilidade de levar os filhos para o trabalho sempre<br />
que necessário, ou de trabalhar remotamente, a disponibilização<br />
de fruta, o seguro de saúde, ou os dias extra<br />
de férias.<br />
“O ativo mais importante, hoje em dia, não são os<br />
clientes, são os recursos e hoje é mais difícil encontrar<br />
recursos capazes do que clientes. É um problema em<br />
quase todas as áreas de negócio.”<br />
UM SOFTWARE PARA TODOS<br />
Uma das mais recentes novidades do grupo foi a criação<br />
do Sendys Explorer, um software de gestão de<br />
impressão que permite, entre outras coisas, saber os<br />
consumos de impressão exatos de uma empresa, criar<br />
perfis de impressão para trabalhadores, reduzindo assim<br />
custos e o impacto ambiental da empresa. O desafio<br />
foi lançado pela multinacional japonesa OKI, que<br />
faz toda a assistência de primeira linha do produto, enquanto<br />
o desenvolvimento e apoio de backoffice é feito<br />
pela Sendys.<br />
“No YouTube, há explicações sobre o software em russo,<br />
italiano, até em português, feitas por técnicos locais,<br />
não por pessoas nossas, o que nos deixa bastante<br />
orgulhosos. Hoje, temos uma solução que é usada no<br />
mundo inteiro”, enfatiza o chairman.<br />
O apoio de backoffice é prestado pelo centro de desenvolvimento<br />
da Sendys em Leiria.<br />
GERIR A EQUIPA E DESCENTRALIZAR<br />
Fazendo um balanço positivo destes 35 anos de atividade,<br />
Fernando Amaral refere que, atualmente, o maior<br />
desafio com que se depara é na gestão de recursos humanos.<br />
Com uma equipa de 140 colaboradores para<br />
gerir, o responsável considera que os “gestores têm de<br />
se adaptar a uma nova fornada de recursos que está a<br />
aparecer”.<br />
“As pessoas, hoje, são da geração dos três ‘L’: tanto<br />
trabalham em Leiria, como em Lisboa, como em Londres,<br />
é muito diferente do que há 20 anos. Hoje, um<br />
Fernando Amaral concluiu spin-off da Sendys em 2009<br />
Por isso, nos planos de futuro do grupo está a consolidação<br />
da operação em Portugal e além-fronteiras,<br />
bem como uma aposta forte na valorização do interior.<br />
Além do centro de desenvolvimento em Leiria, a Sendys<br />
conta também com um centro de desenvolvimento<br />
em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã, de<br />
forma a ajudar o país na diminuição das desigualdades<br />
territoriais, um esforço, refere o fundador, para “empurrar<br />
equipas de desenvolvimento para o interior do<br />
país”.<br />
“A verdadeira qualidade de vida está no interior, não<br />
está em Lisboa. Hoje, quem vive em Proença-a-Nova<br />
está a hora e pouco de Lisboa e se calhar demora o<br />
mesmo tempo do que alguém que vive em Cascais.” E<br />
termina: “O difícil é fazer o clique”.<br />
17
INVESTIMENTO<br />
UM DOUTOR DEDICADO<br />
ÀS FINANÇAS DE CADA UM<br />
Denisse Sousa<br />
Doutor Finanças<br />
Começaram com cinco, em 2014, e em <strong>2019</strong> já são<br />
90 os profissionais do Doutor Finanças, especializados<br />
para cuidar da saúde financeira dos portugueses<br />
e ajudar a fazer melhores escolhas que compensarão<br />
no futuro.<br />
Para Rui Bairradas, CEO Doutor Finanças, a necessidade<br />
de abrir a própria empresa surgiu pouco após uma<br />
reunião com a vereadora da Câmara Municipal de Cascais.<br />
Havia a necessidade de criar um projeto que chegasse<br />
às pessoas de forma fácil. Daí surge o Doutor Finanças.<br />
“Porque não ligar a área da saúde à área financeira? Na<br />
verdade, todos nós somos um bocadinho médicos.<br />
Aconselhamos alguém se tiver uma dor de cabeça,<br />
para tomar um Aspegic ou Ben-u-ron. Achámos que<br />
isso seria um grande desbloqueador se utilizássemos<br />
na área financeira termos de medicina que as pessoas<br />
estivessem mais habituadas a usar e foi um sucesso”,<br />
começa por explicar Rui Bairradas.<br />
Noventa por cento do trabalho é totalmente dedicado<br />
a pessoas particulares. Para as empresas, o Doutor Finanças<br />
chega aos colaboradores através de workshops<br />
para ajudá-los a ter uma vida financeira mais saudável.<br />
“TIRÁMOS A GRAVATA E COLOCÁMOS A BATA”<br />
O Doutor Finanças está para as nossas finanças como<br />
um médico de família está para a nossa saúde. Aliás,<br />
segue exatamente os mesmos passos na identificação<br />
de um problema: um check-up, um diagnóstico, uma<br />
prescrição e um tratamento.<br />
“Quisemos ter uma relação mais próxima com as pessoas.<br />
Estamos muito habituados, na área financeira,<br />
às empresas esconderem-se e nós desde a primeira<br />
hora que demos a cara. Tirámos a gravata e colocámos<br />
a bata para ficarmos mais próximos das pessoas”, explica<br />
o CEO.<br />
Parte desta relação próxima vem da criação de artigos<br />
para os mais variados meios. Além disso, recebem<br />
mais de quatro mil pedidos de ajuda por mês nas várias<br />
áreas das finanças pessoais.<br />
18<br />
Rui Bairradas criou a empresa em 2014<br />
Segundo Rui Bairradas, em média uma família tem sete<br />
créditos: “Parece um número assustador, mas quando<br />
abrimos as carteiras as pessoas esquecem-se que<br />
têm cartões do IKEA, da FNAC, da Norauto, do Jumbo<br />
e, apesar de associarmos estes cartões a descontos,<br />
rapidamente se podem tornar num crédito”.<br />
“Em média uma família<br />
tem sete créditos”<br />
No Doutor Finanças, tratam do crédito habitação, tanto<br />
para quem está a comprar uma casa e precisa de ajuda<br />
na escolha do melhor banco, como para quem já tem<br />
crédito habitação e não sabe que pode melhorá-lo.<br />
Também ajudam a identificar um banco que ofereça<br />
melhores condições e assim melhorar a vida financeira<br />
das famílias. Operam também na parte do crédito pessoal<br />
e crédito consolidado.<br />
SAÚDE FINANCEIRA STEP BY STEP<br />
Quando se vai a uma consulta, seja de saúde seja de<br />
finanças, o primeiro passo é fazer um check-up e tentar<br />
perceber o que é que a pessoa ou família tem. Mesmo<br />
que a pessoa não saiba, com dois documentos é fácil<br />
chegar a uma conclusão.<br />
“Pedimos dois documentos: o mapa de responsabilidade<br />
de crédito do Banco de Portugal, que é um documento<br />
acessível online e mostra-nos o que é que<br />
aquela pessoa tem atualmente junto dos bancos e financeiras.<br />
Depois, pedimos o IRS, que nos permite<br />
perceber quais os rendimentos que a pessoa tem e o<br />
agregado, de modo a ver como podemos ajudar. Com<br />
base nesses dois documentos vamos diagnosticar, ver<br />
o que é que tem, quanto é que paga e ver se conseguimos<br />
melhorar.”
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
melhorar nas mais variadas vertentes – bancos, financeiras,<br />
seguros, telecomunicações, despesas.<br />
O maior erro das pessoas, diz, é não saberem quanto<br />
dinheiro têm e isso dá origem a erros que poderiam ser<br />
facilmente corrigíveis com alguma análise.<br />
Ao fazer este exercício de um orçamento e identificar<br />
aquilo que é gasto para a seguir tentar melhorar pode<br />
ficar com um rendimento disponível entre 30 a 40%.<br />
“Não há aumento nenhum que nenhum patrão me dê<br />
anualmente que seja destes valores. Não preciso de<br />
ganhar nem mais um euro. Só olhando para aquilo que<br />
já tenho consigo melhorias entre 30 a 40%.”<br />
“Não há aumento nenhum<br />
que nenhum patrão me dê<br />
anualmente que seja<br />
destes valores”<br />
Feito o check-up, é necessário avançar com o diagnóstico<br />
e uma prescrição para melhorar o mais rapidamente<br />
possível.<br />
"Por exemplo, no diagnóstico chegamos à conclusão<br />
de que a pessoa ou família está a pagar muito de<br />
casa. Na prescrição, se calhar transferimos a casa,<br />
caso a avaliação permita, vamos liquidar estes dois<br />
créditos pessoais no cartão de crédito e vai baixar 40%<br />
do valor das prestações. Depois, nós próprios tratamos<br />
do processo daquela pessoa ou agregado do princípio<br />
ao fim.”<br />
“Há coisas ridículas, como descobrir que pago o seguro<br />
de um carro que já não tenho. É urgente e eu tenho que<br />
saber. Nós desvalorizamos o dinheiro, trabalho um mês<br />
e no fim recebo um salário, que no fim desvalorizo porque<br />
não sei para onde foi esse dinheiro", alerta.<br />
“Também temos que conseguir deixar a vergonha de<br />
lado. Não falamos com amigos sobre o dinheiro, escondemos<br />
dos nossos familiares, chega a ser um tabu.<br />
Deveria ser um tema como o futebol. O dinheiro devia<br />
ser uma coisa positiva. Uma coisa que nos ajuda a ter<br />
melhor qualidade de vida e não uma coisa má”, remata.<br />
A vantagem de recorrer ao Doutor Finanças para qualquer<br />
operação financeira ou bancária é que, contrariamente<br />
ao mais comum dos mortais que se vê fora da<br />
linguagem e condições dos bancos e financeiras, o<br />
Doutor Finanças detém do poder negocial e experiência.<br />
COMO CUIDAR DAS NOSSAS FINANÇAS?<br />
“É importante saber onde é que estou, como é que estou.<br />
Depois, é importante as pessoas responderem à<br />
pergunta: ‘Para onde foi o meu dinheiro?’. Eu vou ao<br />
multibanco e levanto 20 euros e pergunto: ‘Mas que<br />
raio, para onde foi o meu dinheiro?’. Por isso, é urgente<br />
tomarmos conta das nossas próprias finanças”, alerta<br />
Rui Bairradas.<br />
Segundo o CEO, há sempre a necessidade de fazer um<br />
orçamento. Perceber quanto se ganha e onde foi gasto<br />
é o essencial para uma boa saúde financeira. Depois de<br />
perceber o que se tem, há que ver o que se consegue<br />
Doutor Finanças ajuda pessoas na sua saúde financeira<br />
19
INVESTIMENTO<br />
RGPD E AS RELAÇÕES LABORAIS:<br />
UMA RELAÇÃO (DES)COMPLICADA?<br />
Sandra Laranjeiro dos Santos, João Costa e Rita Guerra, LS Advogados<br />
LS Advogados<br />
O início da aplicação do RGPD gerou uma grande agitação<br />
no tecido empresarial português, por força da<br />
consagração de um novo conjunto de obrigações sancionadas<br />
por um quadro contraordenacional severo, o<br />
qual, no limite, pode chegar a 4% do volume de negócios<br />
anual considerado a nível mundial ou 20 milhões<br />
de euros, consoante o valor que for superior. Desta<br />
forma, a compliance do RGPD tornou-se uma preocupação<br />
central para as empresas. Destacamos, por isso,<br />
alguns aspetos que devem nortear quem lida com estes<br />
assuntos diariamente.<br />
Uma das principais novidades introduzidas pelo RGPD<br />
foi o abandono de um paradigma de controlo a priori,<br />
mediante a emissão de autorizações de tratamento<br />
por parte da CNPD, e a passagem para um modelo<br />
que coloca ónus na accountability das empresas<br />
responsáveis por tratamentos de dados, as quais devem<br />
manter os registos organizados. Isto implica, inter alia,<br />
uma análise escrupulosa dos fundamentos de licitude<br />
(o consentimento, o cumprimento de obrigações<br />
legais, a execução de contrato, o interesse legítimo do<br />
responsável pelo tratamento, e demais fundamentos<br />
previstos no RGPD) e das finalidades do tratamento.<br />
Relativamente ao consentimento, o RGPD determina<br />
que este deve ser explícito e específico – podendo ser<br />
retirado a todo o tempo sem que tal invalide a licitude<br />
do tratamento com base no consentimento previamente<br />
prestado –, o que implica um especial cuidado na<br />
redação de cláusulas opt-in/opt-out.<br />
“A compliance do RGPD<br />
tornou-se uma preocupação<br />
central para as empresas"<br />
O princípio da transparência implica o cumprimento<br />
de um conjunto de deveres de informação por parte<br />
dos responsáveis pelo tratamento de dados pessoais<br />
quer estes sejam recolhidos junto do titular ou não (por<br />
exemplo, informar o titular sobre os contactos do Encarregado<br />
da Proteção de Dados, informar o titular sobre<br />
os fundamentos de licitude do tratamento, informar<br />
o titular sobre os direitos de que dispõe, entre muitos<br />
outros).<br />
O RGPD veio, também, reforçar os direitos dos titulares<br />
dos dados, como sendo o direito à informação, o<br />
Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados<br />
direito de acesso, o direito à oposição ao tratamento,<br />
o direito à portabilidade dos dados, o direito à retificação,<br />
o direito ao apagamento e o direito à limitação do<br />
tratamento.<br />
A nomeação de um Encarregado da Proteção de Dados<br />
é obrigatória para as entidades públicas e para as entidades<br />
privadas que tratem dados em grande escala ou<br />
dados sensíveis, e deve ser comunicada à CNPD. Em<br />
matéria de deveres de comunicação à CNPD, acrescenta-se,<br />
ainda, os casos em que ocorre um incidente<br />
de proteção de dados (data breach), o qual deve ser<br />
comunicado no prazo de 72 horas após o conhecimento.<br />
O não cumprimento deste dever constitui igualmente<br />
a mais grave das infrações ao RGPD.<br />
20
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Justamente para evitar incidentes de violação de proteção<br />
dados, as empresas devem adotar medidas técnicas,<br />
organizativas e de segurança adequadas, respeitando<br />
as exigências de privacy by design e by default.<br />
Ademais, certos tipos de tratamento que impliquem um<br />
elevado risco para os direitos e liberdades das pessoas<br />
singulares (por exemplo, a introdução de uma nova<br />
tecnologia) poderão estar sujeitos a avaliação de impacto<br />
de proteção de dados (data protection impact assessment).<br />
“A nomeação de um Encarregado<br />
da Proteção de Dados é obrigatória<br />
para as entidades públicas<br />
e para as privadas que tratam<br />
dados em grande escala ou dados<br />
sensíveis”<br />
Por fim, um programa de compliance do RGPD deve ter<br />
por referência a interpretação das disposições aplicáveis<br />
plasmada nos acórdãos do TJUE, nas diretrizes e<br />
nos pareceres do Comité Europeu para a Proteção de<br />
Dados e da CNPD, bem como – quando necessário –<br />
de outras autoridades de controlo europeias. Deverão,<br />
“As empresas devem adotar<br />
medidas técnicas, organizativas<br />
e de segurança adequadas,<br />
respeitando as exigências<br />
de privacy by design e by default”<br />
também, ser tidos em conta, quando aplicáveis, os códigos<br />
de conduta e as certificações.<br />
É, ainda, fundamental não descurar todo o arsenal de<br />
legislação especial aplicado a cada setor económico<br />
(por exemplo, o regime do exercício da atividade de<br />
segurança privada 1 , o regime da privacidade no setor<br />
das comunicações eletrónicas 2 , entre muitos outros),<br />
que estabelece regras e obrigações específicas.<br />
1 Lei n.º 34/2013, de 16 de maio.;<br />
2 Lei n.º 41/2004, de 18 de agosto.<br />
// o que fazer<br />
Obrigações<br />
das Entidades:<br />
Identificação de quem recolheu<br />
os dados;<br />
Identificação do meio de recolha<br />
dos dados;<br />
Dados do Encarregado de Proteção<br />
de Dados (se existir);<br />
Identificação da finalidade da recolha<br />
(ex: gestão de processamento de<br />
salários, gestão de sanções disciplinares,<br />
controlo de assiduidade, gestão de<br />
clientes, marketing, gravação de chamadas<br />
na relação contratual, gestão de<br />
processos clínicos, gestão de crédito e<br />
solvabilidade);<br />
Identificação de qual o mecanismo<br />
de proteção de dados usado.<br />
Direitos<br />
dos Utilizadores:<br />
Tem de dar autorização expressa<br />
à recolha;<br />
Tem de saber quais os meios e finalidades<br />
da recolha;<br />
Tem de ter contacto para exercer<br />
o direito de informação/oposição/esquecimento;<br />
Identificação da finalidade da recolha<br />
(ex: gestão de processamento de<br />
salários, gestão de sanções disciplinares,<br />
controlo de assiduidade, gestão de<br />
clientes, marketing, gravação de chamadas<br />
na relação contratual, gestão de<br />
processos clínicos, gestão de crédito e<br />
solvabilidade);<br />
Identificação de qual o mecanismo<br />
de proteção de dados usado.<br />
21
INTERNACIONAL<br />
CINCO MILHAS DE NEGÓCIOS EM PORTUGUÊS<br />
Denisse Sousa<br />
Five Thousand Miles<br />
Pedro Hipólito é o CEO da Five Thousand Miles,<br />
empresa portuguesa que gere e cria oportunidades de<br />
negócio no continente africano. Nascido em Maputo,<br />
este empresário vê naquele continente um mundo de<br />
oportunidades para empresas que procuram alcançar<br />
o potencial da internacionalização e chegar mais longe.<br />
A distância que separa Maputo de Lisboa são exatamente<br />
cinco mil milhas. A distância que Pedro Hipólito<br />
percorreu na viagem que fez daquele país africano para<br />
Portugal em criança e é essa mesma distância que,<br />
hoje, enquanto empresário, procura diminuir através<br />
do desenvolvimento de relações empresariais entre<br />
continentes. Desta forma procura melhorar a vida de<br />
milhões de pessoas e facilitar negócios intercontinentais<br />
nas mais diversas áreas.<br />
Com quase 40 colaboradores, a Five Thousand Miles<br />
tem escritórios em Lisboa, Lagos, na Nigéria, e Durban,<br />
na África do Sul. Além dos escritórios e equipa local,<br />
operam também noutros países africanos como Angola,<br />
Argélia, Camarões, Chade, Congo, Gana, Moçambique<br />
e Somália.<br />
“Temos também celebrado vários negócios com empresas<br />
brasileiras e planeamos abrir uma empresa subsidiária<br />
no Brasil ainda no primeiro trimestre de <strong>2019</strong>”,<br />
acrescenta o CEO.<br />
A Five Thousand Miles ajuda os empresários a ultrapassar<br />
os desafios da internacionalização inerentes a<br />
apostar num mercado onde muitas vezes não são conhecidos.<br />
Fá-lo através do know-how de parceiros locais,<br />
organizados em cada segmento de mercado para<br />
apoiar as empresas a compreender a forma como a<br />
economia do país está organizada, qual a melhor forma<br />
de abordagem e com quem falar. Tudo isto é acompanhado<br />
de um processo de validação contínuo de contactos<br />
para que os parceiros se reúnam com as pessoas<br />
mais alinhadas com aquilo que pretendem.<br />
“Um dos principais obstáculos que um exportador enfrenta<br />
num novo mercado é que ninguém o conhece. É<br />
preciso estabelecer relações de confiança e criar reputação.<br />
A Five Thousand Miles já tem estes ativos nos<br />
mercados onde está presente e empresta capital de relação<br />
e reputação à empresa parceira”, explica Pedro<br />
Hipólito.<br />
Num balanço inicial, as empresas que já trabalharam a<br />
sua internacionalização em África com a Five Thousand<br />
22<br />
Miles investiram cerca de dois milhões de euros. Mas<br />
como provar às restantes empresas que África é o mercado<br />
perfeito para se investir?<br />
DAS <strong>PME</strong> ÀS MULTINACIONAIS<br />
Falemos de números: segundo o "Five Thousand Miles<br />
Africa Ranking" de 2018, o continente africano cresceu<br />
mais rapidamente do que a Europa, América do Norte<br />
ou América do Sul. As duas economias que mais cresceram<br />
no mundo foram de dois países africanos, Etiópia<br />
e Costa do Marfim, com crescimento estimado de<br />
7,5% e 7,4% respetivamente. Com crescimento entre<br />
6,7% e 7,2%, Ruanda, Senegal e Djibouti fazem parte<br />
do top 10 de economias com maior crescimento a nível<br />
mundial.<br />
Em 2018, a maioria dos países melhorou o índice de<br />
facilidade de fazer negócio, segundo o relatório do<br />
Banco Mundial, especialmente a Nigéria, Maurícias<br />
e Malawi, subindo mais de 20 lugares no ranking. Em<br />
comparação com 2017, o número de países com maior<br />
nível de transparência subiu de 11 para 16, com Cabo<br />
Verde, Egito, Maurícias, Marrocos, África do Sul, Tunísia<br />
e Uganda com melhores níveis de transparência.<br />
“A população africana é já de 1.216 mil milhões de<br />
pessoas e é a população que cresce mais depressa no
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
“A fase inicial de prospeção de mercado pode ser feita<br />
com cerca de 50 mil euros. A partir daqui, depende<br />
muito do setor económico e do plano industrial de cada<br />
empresa, mas o volume de negócios que for sendo gerado<br />
pode em parte ser reinvestido no mercado para<br />
crescer.”<br />
UM RETRATO DE ÁFRICA<br />
Em 2018, a empresa lançou a mais recente edição do<br />
"Five Thousand Miles Africa Ranking", relatório criado<br />
em 2016. Com base em sete indicadores relevantes –<br />
população, PIB nominal, taxa do crescimento do PIB,<br />
PIB per capita, balança corrente do país, reservas cambiais<br />
internacionais e o ranking anual de Facilidade de<br />
Negócio do Banco Mundial – este relatório empresarial<br />
pretende traçar o retrato sobre o potencial de negócios<br />
em cada um dos 54 países africanos.<br />
A empresa desenvolveu também um indicador interno,<br />
o Índice de Transparência, que tem em conta a disponibilidade<br />
dos dados locais de cada país e respetivas<br />
atualizações.<br />
“Fomos fazendo este exercício duas vezes por ano e<br />
desenvolvendo a nossa metodologia de análise e comparação<br />
de mercados. Este ano concluímos que este<br />
conhecimento é útil para um leque muito alargado de<br />
instituições e empresas, pelo que decidimos partilhar<br />
gratuitamente com aqueles que se interessam por África”,<br />
explica Pedro Hipólito.<br />
FiveThousandMiles tem escritórios em Lisboa, Lagos e Durban<br />
mundo. Os factos falam por si”, reitera Pedro Hipólito.<br />
Na Five Thousand Miles, as parcerias celebradas vão<br />
desde <strong>PME</strong> que faturam um milhão de euros por ano<br />
a grandes empresas que chegam aos 500 milhões de<br />
faturação. Para o CEO, a dimensão da empresa não é<br />
determinante para o sucesso da operação.<br />
Tomando em consideração os oito elementos indicados,<br />
a Five Thousand Miles construiu um índice com<br />
100 pontos. Neste sistema, os pontos são calculados<br />
em diferença com o valor mais baixo, dividido pela máxima<br />
diferença (entre o valor mais alto e mais baixo),<br />
dando os espetros de 0 a 100 pontos.<br />
“É a atitude da gestão que faz a diferença. Uma atitude<br />
de andar para a frente, com tolerância ao risco e personalidade<br />
positiva é determinante no sucesso de uma<br />
operação de crescimento empresarial.”<br />
“As empresas que já trabalharam<br />
a sua internacionalização<br />
em África com a Five Thousand<br />
Miles investiram cerca<br />
de dois milhões de euros”<br />
A empresa detém projetos nas áreas de tecnologias de<br />
informação, alimentar e industrial, mas trabalha com<br />
todos os setores económicos e o investimento pode<br />
rondar os 50 mil euros. A maioria dos processos de internacionalização<br />
são executados entre seis a 18 meses.<br />
Pedro Hipólito, CEO da Five Thousand Miles<br />
A pontuação final de cada país é a soma de todos os<br />
pontos em todos os setores do índice. O ranking toma<br />
também em consideração os valores publicados pelo<br />
Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e o<br />
World Factbook da CIA.<br />
23
AMBIENTE<br />
AS TROTINETAS VIERAM PARA FICAR<br />
Ana Rita Justo<br />
Divulgação<br />
Um movimento que começou em Lisboa e, passo a<br />
passo, começa a espalhar-se pelo país. As trotinetas<br />
elétricas partilhadas estão na moda e vieram<br />
para ficar. Falámos com algumas das operadoras<br />
do meio para perceber melhor este novo desafio<br />
da mobilidade.<br />
Começa a tornar-se um hábito ver<br />
pessoas a fazer pequenos percursos<br />
de trotineta elétrica, principalmente<br />
em cidades como Lisboa. A mobilidade<br />
é uma preocupação cada vez<br />
maior das populações, fazê-lo no<br />
menor tempo possível e de uma forma<br />
mais verde também. Assim surgem<br />
movimentos como os das bicicletas<br />
partilhadas e, mais recentemente,<br />
das trotinetas. Uma moda que veio<br />
para ficar.<br />
A forma de funcionamento é transversal:<br />
basta descarregar uma das<br />
aplicações para o smartphone, fazer<br />
o registo, localizar o aparelho, desbloqueá-lo<br />
e começar a andar. A facilidade<br />
e rapidez de utilização são<br />
vistas como grandes vantagens no<br />
uso deste inovador meio de transporte,<br />
nunca esquecendo a vertente<br />
ambiental.<br />
Lime já regista mais de 53 mil utilizadores<br />
A norte-americana Lime foi uma das<br />
primeiras empresas de trotinetas<br />
partilhadas a implementar-se em<br />
Portugal, neste caso em Lisboa, em<br />
outubro do ano passado, com o objetivo<br />
de “melhorar a estratégia de mobilidade”<br />
da cidade, diz-nos Luís Pinto,<br />
diretor de expansão em Portugal.<br />
24<br />
Hive já conta com <strong>12</strong>0 mil quilómetros percorridos<br />
“Escolhemos Lisboa pela sua visão<br />
inovadora relativamente à mobilidade<br />
urbana, alterações climáticas<br />
e questões ambientais”, sublinha.<br />
A Lime já regista mais de 53 mil<br />
utilizadores em Lisboa e, recentemente,<br />
chegou a Coimbra,<br />
mostrando que não só na capital<br />
é possível promover movimentos<br />
ecológicos e sustentáveis.<br />
Apesar de não divulgar números,<br />
Luís Pinto refere que a Lime “já<br />
está a gerar receita” e que está focada<br />
em “ter uma oferta adequada<br />
à estratégia urbana de cada cidade”<br />
em que opera, disponibilizando<br />
“trotinetas nas melhores condições<br />
e nos locais mais acessíveis”.<br />
UM MOVIMENTO<br />
PARA FICAR<br />
Também a Bungo esteve entre as<br />
primeiras empresas a começar a<br />
operar em Lisboa, contando com<br />
100 trotinetas na capital.<br />
Uma das vantagens, diz-nos João<br />
Pedro Cândido, um dos fundadores<br />
da Bungo, é a “possibilidade<br />
de pagar por multibanco”, quando<br />
na maioria dos casos é necessário<br />
cartão de crédito para usar este<br />
tipo de serviços.<br />
“As trotinetas sem doca são um<br />
meio que veio para ficar. No começo<br />
há grandes desafios, mas<br />
à medida que estes forem sendo<br />
vencidos, a solução torna-se cada<br />
vez mais atraente”, advoga.<br />
Nos planos desta marca está o objetivo<br />
de “tornar-se uma referência<br />
do mercado português”, estando<br />
prevista a chegada a outras cidades<br />
do país.<br />
Bungo conta com 100 bicicletas em Lisboa<br />
HIVE A CRESCER<br />
Já a Hive entrou no mercado português<br />
à boleia da myTaxy e passou,<br />
recentemente, a ser um serviço independente.<br />
“Fazia todo o sentido independentizarmo-nos,<br />
criarmos uma equipa<br />
própria, para dar seguimento a todo<br />
o crescimento que se prevê para<br />
a marca, não só a nível nacional,<br />
como também internacional”, considera<br />
Thiago Ibrahim, responsável<br />
pela expansão da Hive em Portugal.<br />
Com a frota em crescendo, apesar<br />
de não revelar o número de trotinetas<br />
em Lisboa, o responsável adianta<br />
que “já foram realizados mais de<br />
<strong>12</strong>0 mil quilómetros desde o lançamento”<br />
do serviço na capital, “o que<br />
equivale a três voltas à terra”.
Para Thiago Ibrahim, “todos os serviços<br />
que melhoram a vida dos cidadãos<br />
e a dinâmica nas cidades são<br />
rentáveis, porque são soluções para<br />
o futuro”.<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
Também a startup sueca VOI está já<br />
presente em mais do que uma cidade<br />
em Portugal. Depois de Lisboa,<br />
foi a vez de Faro conhecer estas trotinetas<br />
partilhadas, estando a marca<br />
em “plena fase de expansão”, assegura<br />
Frederico Venâncio, diretor-<br />
-geral da VOI para Portugal.<br />
“Contamos já com vários milhares<br />
de utilizadores inscritos na plataforma<br />
e temos vindo sempre a registar<br />
um aumento semanal do número de<br />
viagens realizadas”, salienta.<br />
Para o responsável, “Lisboa e Faro<br />
são exemplos claros desta viragem<br />
para uma mobilidade mais verde e,<br />
afinal, mais eficiente”.<br />
Recentemente, a VOI fechou uma<br />
ronda de investimento de 50 milhões<br />
de dólares para pôr em marcha<br />
o “ambicioso plano de expansão”<br />
previsto para este ano.<br />
CIDADANIA PRIMEIRO<br />
Apesar das vantagens claras, muitas<br />
têm sido as queixas sobre alguma<br />
má utilização das trotinetas partilhadas.<br />
Os entrevistados asseguram estarem<br />
a trabalhar em colaboração<br />
com as entidades locais no sentido<br />
de sensibilizarem a população para<br />
o bom uso dos equipamentos, tendo<br />
inclusivamente nas ruas equipas<br />
próprias para recolha e para ajudar<br />
os utilizadores com esta nova realidade.<br />
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
BICICLETAS TAMBÉM GANHAM TERRENO<br />
Não só as trotinetas elétricas<br />
estão a despertar a atenção<br />
pelas cidades. Também as bicicletas<br />
partilhadas são já uma<br />
realidade.<br />
Em Lisboa, a Gira, iniciativa de<br />
bicicletas partilhadas da Empresa<br />
Municipal de Mobilidade<br />
e Estacionamento (EMEL),<br />
oferece bicicletas clássicas e<br />
elétricas por toda a cidade, de<br />
segunda a domingo, entre as<br />
6h00 e as 2h00 da manhã.<br />
Recentemente, também a Uber<br />
lançou o seu serviço de bicicletas<br />
partilhadas, as Jump. Estas<br />
são apenas elétricas e estão<br />
disponíveis para utilização 24<br />
horas por dia.<br />
Em Loulé, uma rede de bicicletas<br />
partilhadas está para breve.<br />
Agora, é só pedalar.<br />
“As cidades portuguesas têm feito um esforço visível para<br />
se tornarem mais sustentáveis e reduzirem ativamente a utilização<br />
do veículo privado. Este esforço traduz-se na rápida<br />
aceitação de soluções de mobilidade leve.”<br />
Frederico Venâncio | Diretor-geral da VOI<br />
“A trotineta é um ótimo meio de transporte para pequenas<br />
viagens, centenas de usuários já contam com o nosso serviço<br />
diariamente para ir e voltar do trabalho. Percurso que<br />
antes era feito de carro ou a pé.”<br />
João Pedro Cândido | Fundador do Bungo<br />
Jump já circulam por Lisboa<br />
“Lisboa é uma ótima cidade para implementar soluções<br />
inteligentes de mobilidade, visto ser uma das mais internacionais,<br />
diversificadas e atrativas na Europa e estar a mudar<br />
rapidamente.”<br />
Luís Pinto | Diretor de expansão da Lime em Portugal<br />
VOI já está em Lisboa e em Faro<br />
“Surgimos numa era em que a transformação digital está<br />
patente nas novas gerações. Faz parte dos seus dias, das<br />
suas vidas, ao mesmo tempo que os jovens valorizam cada<br />
vez menos a posse de bens.”<br />
Thiago Ibrahim | Diretor de expansão da Hive em Portugal<br />
25
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
A NOVA ESCOLA DE PROGRAMAÇÃO EM LISBOA<br />
COM APOSTA NO FEMININO<br />
Denisse Sousa<br />
Wild Code School<br />
A Wild Code School, projeto que nasceu nos arredores<br />
em Laloupe, França, e que se tornou numa rede<br />
europeia de escolas, chega a Lisboa com um curso<br />
de Web Development e oferece cinco bolsas de estudo<br />
a mulheres.<br />
A Wild Code School nasceu em 2014 pela mão da CEO,<br />
Anna Stépanoff, professora universitária, que percebeu<br />
que o ensino não estava preparado para as exigências<br />
do mercado de trabalho na área das tecnologias. Em<br />
conjunto com Romain Coeur, criou uma escola em Lalupe,<br />
França, e desde então tornou-se numa das principais<br />
escolas de código em França com 14 unidades e<br />
mais de 900 alunos.<br />
Após o crescimento em França, esta escola de código<br />
chega agora a Lisboa com uma oferta diferenciadora<br />
através de um curso de Web Development especificamente<br />
desenhado para mulheres. A razão desta iniciativa<br />
deve-se ao facto de a escola procurar contrariar a<br />
tendência da predominância masculina nesta área.<br />
Wild Code School tornou-se numa<br />
das principais escolas de código<br />
em França com 14 unidades<br />
e mais de 900 alunos<br />
“Temos cerca de 25% de estudantes do sexo feminino<br />
nas nossas escolas e, sabendo que é muito pouco, quisemos<br />
fazer um investimento para alterar esta tendência<br />
nas novas escolas da Europa”, explica Ana Sofia Martins,<br />
gestora do campus de Lisboa da Wild Code School.<br />
26<br />
A Wild School detém o curso mais longo de Web Development em Portugal<br />
As candidatas a bolsa para o curso de Web<br />
Development foram selecionadas com base num teste<br />
técnico feito online, finalizando numa entrevista presencial.<br />
Para Sofia Rocha, engenheira civil de 29 anos,<br />
todo o processo para fazer parte da Wild Code School<br />
decorreu rapidamente.<br />
Wild Code School nasceu em 2014 pela mão da CEO, Anna Stépanoff<br />
“Fiquei a adorar o conceito da escola, desde ser um curso<br />
de cinco meses, cheio de workshops, ao facto de o último<br />
projeto ser algo no mundo real de trabalho”, disse<br />
à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>.<br />
Após o teste inicial, teve uma pequena entrevista com<br />
um dos professores em França, onde pôde colocar em<br />
prática os conhecimentos adquiridos. Daí até obter o<br />
“sim” de aquisição de bolsa e aceitação na escola foi um<br />
passo.<br />
“No fundo, este curso é uma forma de explorar outras<br />
possibilidades e de alargar as minhas competências<br />
profissionais”, acrescenta Raquel Moreira, jornalista de<br />
22 anos que também recebeu a bolsa.<br />
Candidaturas a bolsa para o curso de<br />
Web Development foram selecionadas<br />
com base num teste técnico feito<br />
online<br />
"A entrevista foi uma espécie de teste ao raciocínio lógico.<br />
Com este curso, espero perceber se este pode ser<br />
um caminho para mim. Esta é uma área exigente e que<br />
nada tem a ver com o que tenho feito até hoje. É, portanto,<br />
um verdadeiro desafio”, conclui.<br />
“O nosso curso dura cinco meses e é muito focado no<br />
verdadeiro ambiente de trabalho. Os nossos alunos têm<br />
três projetos e o último é sempre um projeto real com<br />
empresas. Neste, os alunos fazem reuniões de status<br />
semanais e entregam no final um protótipo à empresa.<br />
Fica no portfeólio deles, mas pertence à empresa parceira”,<br />
reitera Ana Sofia Martins.
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Além disso, a Wild Code School permite um sistema de<br />
aprendizagem por método combinado, onde os alunos<br />
podem fazer o curso de Web Development num programa<br />
intensivo de 40 horas semanais ou em regime pós-<br />
-laboral, em 10 meses.<br />
A Wild Code School detém, atualmente, o curso mais<br />
longo de Web Development em Portugal com mais ênfase<br />
em soft skills. Aqui, os alunos têm acesso à transição<br />
necessária da antiga profissão para aquilo que é realmente<br />
o mercado tech, desde simulações de reuniões,<br />
simulações de entrevistas e têm semanalmente convidados<br />
para falar com os alunos, sejam eles recrutadores<br />
da área tecnológica ou de recursos humanos.<br />
UMA ESCOLA FRANCESA<br />
A NÍVEL EUROPEU<br />
Implementar uma escola desta envergadura num outro<br />
país teve os seus custos. Além do investimento em bolsas<br />
de estudo, investiu-se ainda na aquisição do espaço,<br />
constituição da empresa e todos os custos burocráticos<br />
associados, num total de 25 mil euros.<br />
À semelhança do que fizeram em França, procuram abrir<br />
escolas em zonas que mais precisam em Portugal e ajudar<br />
pessoas de cidades mais pequenas a conseguirem<br />
melhores perspetivas de trabalho.<br />
“Demorámos muito tempo a abrir em Paris por uma questão<br />
estratégica. Queríamos contribuir para o desenvolvimento<br />
de cidades mais pequenas e ajudar a construir o<br />
mercado tecnológico e a integração de pessoas desempregadas<br />
do interior”, explica Ana Sofia Martins.<br />
Ana Sofia Martins, gestora do campus de Lisboa da Wild Code School<br />
Com mais de 1000 developers formados, em França a<br />
Wild Code School está em Paris, Biarritz, Bordéus, Lalupe,<br />
Lile, Lyon, Marselha, Nantes, Orleans, Reims, Estrasburgo,<br />
Toulouse e Tours. Na Europa, já está em Bruxelas,<br />
Madrid, Berlim e Lisboa, pretendendo iniciar em<br />
setembro em Londres e Bucareste.<br />
Wild Code School permite<br />
aos alunos poderem fazer o curso<br />
de Web Development num programa<br />
intensivo de 40 horas semanais<br />
ou em regime pós-laboral,<br />
em 10 meses<br />
“Iremos abrir até 2020 mais escolas pela Europa com o<br />
objetivo dos alunos que começarem o curso em Lisboa<br />
poderem terminar o último mês do projeto noutras cidades<br />
em ambientes multiculturais. Afinal, a rede é europeia.”<br />
Como em França, procura abrir escolas em zonas que mais precisam em Portugal<br />
Recentemente, a Wild Code School assinou uma parceria<br />
com a Siemens, a fim de garantir que no fim do curso<br />
os alunos têm estágios com integração em projetos diretos<br />
internos e externos à empresa.<br />
27
empreendedorismo<br />
LUSITAN: MOBILIÁRIO CONFORTÁVEL<br />
COM ALMA PORTUGUESA<br />
Denisse Sousa<br />
Lusitan Furniture<br />
A Lusitan Furniture nasceu da mente de João Miguel<br />
Rodrigues, como parte do projeto de mestrado em<br />
Design, em 2014. Apaixonado pelo design de mobiliário,<br />
viu aqui a oportunidade de juntar o seu gosto<br />
pessoal ao potencial para criar o seu próprio negócio.<br />
Apesar de ser uma marca nova, aproveita todas<br />
as oportunidades para criar o seu espaço no mercado<br />
mobiliário português.<br />
O projeto Lusitan Furniture começou a ser pensado enquanto<br />
João Miguel Rodrigues estava no seu mestrado<br />
em Design. O design de mobiliário sempre foi do seu<br />
interesse, por isso, conjugar um gosto pessoal com a<br />
possibilidade de ter o seu próprio negócio tornou-se<br />
na oportunidade perfeita. Após alguma experiência na<br />
área, trabalhando com várias empresas do setor, surgiu<br />
em 2018 a janela de oportunidade para avançar<br />
com um projeto de autor, fruto do seu instinto.<br />
Com um investimento a rondar os cinco mil euros, a<br />
Lusitan Furtunite quer-se confortável, duradoura,<br />
com qualidade dos materiais e um design inovador.<br />
O feedback positivo tem servido de motivação para<br />
investir ainda mais a fundo. A vontade de criar um projeto<br />
singular que possa contribuir para a proliferação do<br />
bom design em Portugal é o que o move. Acredita que<br />
Portugal tem ótimas capacidades no que toca ao design<br />
para o mercado internacional, apesar das dificuldades.<br />
João Rodrigues, fundador da Lusitan Furniture<br />
“Somos extremamente competentes e, acima de tudo,<br />
penso que esta geração já está a trabalhar para mudar<br />
o rumo do país na próxima década”, explica o fundador.<br />
“No entanto, os ordenados que se ainda praticam a<br />
nível nacional nas empresas incentivam os bons profissionais<br />
a irem lá para fora, ou então a criarem o seu<br />
próprio posto de trabalho, o que até pode ser bom no<br />
incentivo da criação de novas empresas”, contrapõe.<br />
28<br />
Estúdio da Lusitan Furtuniture, em Ovar<br />
Passar algo imaterial para algo concreto tem os seus<br />
entraves e João Rodrigues rapidamente percebeu que<br />
trazer a Lusitan Furniture para o plano real não seria<br />
possível sem os seus desafios.<br />
“Tive que fazer mil e um protótipos até chegar à forma<br />
final e ao conforto desejado. Foram muitas noites acordadas<br />
a desenhar e fins de semana a cortar madeira na<br />
garagem com ferramentas elétricas simples”, explica o<br />
criador.<br />
A INSPIRAÇÃO QUE O LEVA MAIS LONGE<br />
Considera-se um jovem perfecionista que nunca está<br />
satisfeito com um primeiro resultado. Para isso, conta<br />
com os melhores parceiros que o ajudaram a resolver<br />
problemas técnicos nos primeiros protótipos e com<br />
quem continua a trabalhar para melhorar as peças. As<br />
mesmas, por serem peças artesanais, demoram entre<br />
três a cinco semanas a serem totalmente produzidas.<br />
A inspiração, essa, vem de todos os lados, em<br />
particular de blogues de design ou arquitetura, como<br />
Leibal.com ou Dezeen.com, mas principalmente do<br />
trabalho inovador de Dieter Rams, o mesmo cujo design<br />
inspirou os produtos da Apple.<br />
“Desde criança que gostava da forma do origami e isso<br />
também foi uma influência chave no meu tipo de desenho.<br />
No entanto, baseio-me num trabalho em particular,<br />
no “pai” do design industrial, um senhor não muito<br />
conhecido pela maioria das pessoas, mas que influenciou<br />
muito esta área a nível mundial, o Dieter Rams.”<br />
De momento trabalha com a marca britânica Camira<br />
Fabrics, cujos tecidos de qualidade e certificados servem<br />
como base para a inspiração.
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Para o futuro, João Rodrigues espera continuar a<br />
desenvolver a ideia e levar a Lusitan Furniture muito<br />
mais longe, ao mesmo tempo que trabalha no estúdio<br />
de design em nome próprio, o RS.<br />
“Somos uma pequena empresa “de garagem”, mas com<br />
muitos sonhos, vontade de trabalhar e ter sucesso. E,<br />
acima de tudo, crescer de forma sustentada, sempre<br />
oferecendo um ótimo produto ao cliente. Para já, o<br />
nosso foco é Portugal, mas sabemos que a internacionalização<br />
é fundamental e inevitável a curto prazo nesta<br />
área, pelo que estamos abertos a colaborações com<br />
estúdios de arquitetura e lojas de decoração no espaço<br />
europeu.”<br />
“Nesta fase estou a trabalhar com dois tipos de tecidos,<br />
o tecido “Blazer” em lã 100% virgem, dando um aspeto<br />
mais rugoso e sólido à peça, sendo no entanto bastante<br />
acolhedor e confortável; e o tecido “Era” em poliéster,<br />
mais suave e duradouro, virado para a vertente de hotelaria,”<br />
explica.<br />
"Somos competentes, e penso que<br />
esta geração já está a trabalhar para<br />
mudar o rumo do país"<br />
A inspiração vem em particular de blogues de design ou arquitetura<br />
Acredita que se diferencia pelo seu estilo minimalista,<br />
pelos materiais que usa e pelo conforto inesperado das<br />
peças. Segue à risca a velha máxima de Miles van der<br />
Rohe: “Menos é mais”.<br />
“Felizmente, já existem algumas marcas de norte a sul<br />
do país que seguem estas boas práticas de design amplamente<br />
defendidas na Escandinávia e no Japão. Na<br />
Lusitan Furniture, somos diferentes. Acreditamos nas<br />
boas práticas do design, no conforto, na durabilidade<br />
do produto, na qualidade dos materiais e, finalmente,<br />
no desenho inovador.”<br />
As suas almofadas “Alma Mater” estão à venda apenas<br />
online e as mesas de canto “Trindade” estarão a partir<br />
de junho em lojas. “Já temos mais algumas ideias, e<br />
poderemos, entretanto, lançar mais produtos na área<br />
do homewear”, adianta.<br />
UM FUTURO PELA FRENTE<br />
Para já, as suas peças ainda só estão disponíveis na<br />
região Norte, no entanto, João Rodrigues está de momento<br />
à procura de lojas a Sul que estejam interessadas<br />
em colaborar com a Lusitan Furniture.<br />
Mesa de canto "Trindade", da Lusitan Furniture<br />
29
empreendedorismo<br />
JOIAS PORTUGUESAS CONQUISTAM O MUNDO<br />
Ana Rita Justo<br />
Cinco Store<br />
Uma brincadeira enquanto blogger tornou-se num<br />
negócio. Li Furtado, heterónimo online de Cátia<br />
Furtado, 36 anos, dá vinda à Cinco Store, uma marca<br />
portuguesa de joias minimalistas feitas à mão em<br />
prata esterlina a partir de Coimbra. As vendas que<br />
são feitas online para o mundo inteiro. Em entrevista<br />
à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>, a mentora do projeto, natural<br />
de Santiago do Cacém e formada em Geografia e<br />
Planeamento do Território, fala sobre os desafios e<br />
vantagens de gerir um negócio que já está na boca<br />
das maiores influenciadoras digitais.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Como surgiu a Cinco?<br />
Li Furtado – A Cinco começa oficialmente em 2017<br />
quando me despedi e comecei a estar presente diariamente<br />
no projeto. Até aí era um projeto, quase uma<br />
brincadeira em part-time. Era quase um passatempo<br />
que me dava prazer, mas feito de uma forma muito<br />
experimental. Na verdade, foram esses anos de teste<br />
que me permitiram perceber melhor o mercado e determinar<br />
qual seria a verdadeira orientação da Cinco. O<br />
"como" não tem explicação, mas acho que foi a minha<br />
necessidade de criar algo meu e de me envolver mais<br />
na área da moda.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual a razão do nome?<br />
L. F. – Quando surgiu pela primeira vez esta ideia de<br />
ter uma marca online tinha que registar um domínio.<br />
Como nasci a cinco do cinco experimentei ver se Cinco<br />
estava disponível. Na altura não teve qualquer estratégia,<br />
mas acabou por funcionar, pois é um nome fácil de<br />
memorizar e que não é exclusivo ao mercado nacional.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Começou sozinha?<br />
L. F. – Sim. Eu era uma espécie de blogger anónima,<br />
porque a moda não combinava com a minha profissão<br />
de consultora. Enquanto blogger aprendi a estudar tendências<br />
e, principalmente, aprendi a ser crítica na relação<br />
entre marcas e influenciadores, além de que era<br />
uma consumidora online ativa. Estas pequenas skills<br />
fizeram com que num dia criasse um site e uma marca!<br />
Em 2017 despedi-me e a marca deu o salto que precisava.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – O que diferencia a Cinco de outras marcas<br />
de joias?<br />
L. F. – Não diria que temos algo altamente diferenciador,<br />
mas acho que conseguimos criar uma marca com a<br />
qual as nossas clientes se identificam muito. Acho que<br />
temos um pouco de love brand, o que é altamente motivador<br />
para nós.<br />
30<br />
Li Furtado foi consultora durante 11 anos até se dedicar em exclusivo à Cinco<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quantas pessoas emprega a Cinco neste<br />
momento?<br />
L. F. – Atualmente, somos dois sócios e uma colaboradora<br />
a tempo inteiro. Depois temos uma designer e um<br />
fotógrafo que colaboram connosco. Na produção subcontratamos<br />
a uma única empresa, serão umas sete a<br />
dez pessoas.<br />
“Conseguimos criar uma marca<br />
com a qual as nossas clientes<br />
se identificam muito"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como caracteriza o mercado da Cinco?<br />
L. F. – O mercado da Cinco é global: 75% das nossas<br />
vendas são para o mercado externo. Os países que<br />
mais nos procuram são: Portugal (22%), Estados Unidos<br />
(18%), Coreia do Sul (13%), Reino Unido (10%),<br />
Hong Kong (5%), Alemanha (5%), Canadá (3%), Espanha<br />
(3%) e depois os restantes 22% oscila muito, desde<br />
União Europeia ou a realidades menos próximas, como<br />
o Peru, México, Filipinas ou Qatar. Temos cerca de<br />
1000 encomendas por mês. No último ano, vendemos<br />
mais de 6000 Ginger, que é o nome da nossa peça mais<br />
vendida.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais os principais desafios do negócio?
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Peças são feitas à mão em prata esterlina<br />
L. F. – Sustentabilidade num mundo assente em redes<br />
sociais e em dinâmicas muito voláteis. Precisamos de<br />
garantir que o nome da marca está cada vez menos<br />
dependente de redes sociais. Felizmente 50% das<br />
pessoas que visitam o nosso site já vem diretamente,<br />
mas ainda há um longo percurso. Por exemplo, há<br />
muito pouco tempo os clientes vinham do Facebook,<br />
agora vêm do Instagram, um dia vai ser outra rede. Isto<br />
é um desafio permanente. Outro desafio é o returning<br />
customer: garantir que o cliente se fideliza na marca é<br />
muito importante e para isso precisamos de qualidade<br />
e de uma estratégia coerente ao nível da forma como<br />
comunicamos a Cinco.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais as vantagens de gerir uma marca<br />
como a Cinco online?<br />
L. F. – Gestão de tempo. Consigo gerir tudo a qualquer<br />
hora do dia em qualquer local. Os custos para arrancar<br />
com uma marca online também são muito inferiores, a<br />
Cinco nasceu a partir do blogue de Li Furtado<br />
Cinco começou por ser um computador e o stock dentro<br />
de um armário da minha casa.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual a importância da comunidade digital<br />
da Cinco para o negócio?<br />
L. F. – É fundamental, essa comunidade é a Cinco. Diariamente,<br />
cerca de 20 pessoas de todo o mundo postam<br />
uma imagem e identificam a marca. Grande parte<br />
das imagens transmitem um lifestyle associado à Cinco.<br />
Isto promove novas vendas, novas seguidoras e,<br />
principalmente, reforça a comunidade e a marca.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Que planos para o futuro da marca?<br />
L. F. – O próximo grande passo é desenvolver um novo<br />
site, com ferramentas mais adequadas para continuarmos<br />
a apostar nos mercados exteriores, mas também<br />
no mercado nacional. Com o intuito de chegar a novos<br />
públicos, temos ainda prevista uma linha em ouro.<br />
Ginger é a peça mais vendida da marca portuguesa<br />
Medalhas em forma de coração da Cinco<br />
31
APRESENTAÇÃO DA <strong>12</strong>.ª EDIÇÃO<br />
DA <strong>PME</strong> MAGAZINE COM A PALESTRA DE<br />
PAULA<br />
Panarra<br />
10 DE ABRIL | DAS 18H ÀS 21H<br />
FÓRUM TECNOLÓGICO | Lispolis<br />
Estrada Paço do Lumiar 44, 1600-546 Lisboa<br />
EXPOSIÇÃO E NETWORKING<br />
ENTRADA GRATUITA<br />
Para participar e divulgar a sua <strong>PME</strong> na área de networking<br />
e ou na revista, contacte: publicidade@pmemagazine.com
empreendedorismo<br />
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
BABY LOOP: ECONOMIA CIRCULAR<br />
APLICADA AOS BEBÉS<br />
Denisse Sousa<br />
João Portugal, Baby Loop<br />
Criada pela mesma equipa que desenvolveu uma<br />
plataforma de reutilização de livros e pela apresentadora<br />
Carolina Patrocínio, a Baby Loop aplica a<br />
mesma estratégia da economia circular a outro setor:<br />
o dos bebés, com o intuito de ajudar as famílias a<br />
dar uma segunda vida a equipamentos que não terão<br />
mais utilização.<br />
Para a empresa fazia todo o sentido aplicar a mesma<br />
fórmula da Book in Loop noutras áreas de negócio e,<br />
para a apresentadora Carolina Patrocínio, mãe de três<br />
filhas, ainda mais sentido fazia dar uma segunda vida<br />
aos equipamentos de bebé que não ia dar mais uso.<br />
Juntaram-se as duas forças de vontade e assim nasceu<br />
a Baby Loop.<br />
“Nos últimos anos, tenho estado muito focada na família<br />
e no meu trabalho e, por isso, não tinha sequer<br />
ponderado ter um negócio meu, mas, no ano passado,<br />
tive a ideia para a Baby Loop e achei que faria todo o<br />
sentido avançar com ela", explica Carolina Patrocínio,<br />
apresentadora e fundadora da Baby Loop.<br />
Carolina Patrocínio e os fundadores da Baby Loop<br />
A Baby Loop promove novos e mais inteligentes hábitos<br />
de consumo, mais inteligentes. Com apenas um<br />
mês de lançamento, a comunidade Baby Loop conta já<br />
com 37 mil seguidores no Instagram, enquanto os utilizadores<br />
ativos na plataforma rondam os sete mil. Conta<br />
com mais de 2000 submissões de produtos que já<br />
avaliou positivamente e mais de 700 produtos que os<br />
seus utilizadores escolheram entregar no Continente,<br />
ou pela recolha ao domicílio. Até agora, têm cerca de<br />
150 produtos em stock, o que representa um valor de<br />
cerca de 30 mil euros.<br />
“Com um mês de atividade, a aceitação tem sido incrível,<br />
com muita gente a querer vender e comprar, o que<br />
demonstra que, de facto, o projeto faz todo o sentido e<br />
é útil para as famílias,” acrescenta.<br />
O processo em si é muito fácil: aos interessados basta<br />
Os artigos entregues passam por uma avaliação de qualidade e segurança<br />
ter equipamentos para venda, enviar duas fotografias<br />
através do site, ou aplicação móve e em <strong>12</strong> horas conhecem<br />
o valor que a Baby Loop pagará pelo produto,<br />
caso aceitem. O item é avaliado, desde os materiais à<br />
funcionalidade. É feita uma avaliação muito criteriosa,<br />
para ter a certeza de que está em boas condições.<br />
“O envio para nós pode ser feito através de uma empresa<br />
de transporte ou deixado numa das 78 lojas Continente<br />
aderentes. Quando recebemos o equipamento,<br />
verificamos o seu estado e confirmamos que está nas<br />
devidas condições”, explica Ricardo Morgado, diretor<br />
executivo da Baby Loop.<br />
Atualmente, a Baby Loop aceita apenas equipamentos<br />
mais pesados como trios, carrinhos, cadeiras automóvel<br />
e berços de um leque restrito de marcas, como<br />
Chicco, Cybex, Bebe Confort, Quinny, entre outras.<br />
DA SELEÇÃO DE PRODUTOS À QUALIDADE<br />
A partir do momento em que produto chega à Baby<br />
Loop, os vendedores não têm mais de se preocupar,<br />
uma vez que a empresa trata de tudo e avisa quando<br />
surgir um cliente interessado.<br />
“Outra vantagem é o facto de, garantidamente, receberem<br />
um produto que está em boas condições, o que<br />
pode não acontecer com outras plataformas onde não<br />
é feita uma curadoria”, acrescenta Ricardo Morgado.<br />
Para o comprador, há uma salvaguarda da garantia de<br />
qualidade e segurança, questões que não são averiguadas<br />
nas restantes plataformas.<br />
E, referindo as vantagens económicas, comprando e<br />
vendendo um equipamento na Baby Loop, os pais podem<br />
poupar até 80% do valor original do equipamento.<br />
A título de exemplo, num carrinho de gama média que<br />
custe 400 euros, as famílias conseguirão poupar cerca<br />
de 320 euros.<br />
“Num cabaz completo para os primeiros anos de vida<br />
do bebé - berço, carrinho, cadeira para o carro - que<br />
habitualmente custa entre 920 e 2.130 euros, a poupança<br />
pode variar, em média, entre os 736 e ao 1.704<br />
euros, o que terá um grande impacto para as famílias,<br />
já que sabemos que, em Portugal, 30% da população<br />
recebe o salário mínimo e que o salário médio é de 887<br />
euros”, acrescenta o diretor executivo.<br />
33
RH<br />
A "FELICIDADE" NAS EQUIPAS DE ALTA PERFORMANCE<br />
Luis Granja, autor e especialista em felicidade e produtividade<br />
Luís Granja<br />
A “confiança” é o expoente máximo das relações humanas.<br />
Sendo uma equipa de alta performance uma<br />
constante interação entre seres humanos, a maneira<br />
como “confiam” uns nos outros determinará os resultados<br />
de excelência que irão alcançar. Saber gerir a<br />
“confiança” numa equipa irá determinar o sucesso que<br />
qualquer líder de uma equipa/empresa ambiciona para<br />
o seu negócio. Com ela, tudo flui e faz-se muito mais<br />
com muito menos recursos e aumentam-se os níveis de<br />
produtividade da equipa.<br />
Os colaboradores são autónomos e, por confiarem<br />
uns nos outros, delegam tarefas. Gerem melhor o seu<br />
tempo e sentem-se donos dele. Cada elemento que a<br />
compõe sente que está a explorar todo o seu potencial<br />
interior. Uma equipa que transpire “confiança” é uma<br />
equipa feliz.<br />
É esse o segredo para a produtividade nas equipas de<br />
alta performance.<br />
Pela experiência que tenho no treino de equipas, este<br />
cenário não é de todo o mais comum. As rotinas criadas,<br />
a gestão de stress e a velocidade com que tudo<br />
acontece determinam que os elos de “confiança” entre<br />
pares se vão quebrando. Surgem mal entendidos e os<br />
bloqueios relacionais entre pessoas aparecem. Desta<br />
erosão relacional surgem três consequências com claros<br />
impactos no normal funcionamento da equipa: ambientes<br />
de trabalho “definhados”; índices de produtividade<br />
alterados; e recalcamento do potencial humano<br />
da equipa.<br />
Como conseguir, então, soltar o potencial humano da<br />
equipa? Como conseguir que cada colaborador esteja<br />
no máximo das suas capacidades, ou ainda como<br />
manter a coesão e o foco dos colaboradores num único<br />
propósito.<br />
Como dizem os ingleses: “that’s the million dollar<br />
question”.<br />
A resposta a esta e outras questões está na “mochila”<br />
de uma única pessoa. O líder da equipa. É ele o elemento<br />
facilitador do potencial que emana na equipa.<br />
Porquê? Por diversas razões. A primeira, porque tem<br />
essa responsabilidade de “ser líder”. É ele que cruza os<br />
interesses das pessoas que gere com os interesses do<br />
negócio em si e tem a responsabilidade de os saber comunicar.<br />
Em segundo, porque ao ter essa responsabilidade<br />
permite-se a ser ele próprio o elemento chave de<br />
34<br />
Luís Granja é especialista em felicidade e produtividade<br />
construção de uma teia de relações de confiança que<br />
permitam que as pessoas consigam interagir livremente,<br />
sem “apatia” e/ou “ansiedade”. Em terceiro porque<br />
é ele que, conhecendo cada elemento, saberá posicionar<br />
as competências das pessoas consoante os desafios<br />
que são colocados. Em último, mas não menos importante,<br />
é ele que delega, é ele que corrige, é ele que<br />
comunica, é ele que dá feedback. É ele que faz a máquina<br />
fluir. É ele o termómetro da confiança da equipa.<br />
“O líder é o elemento<br />
facilitador do pontecial<br />
que emana na equipa"<br />
Como dinamizador de “relações humanas” o líder precisa<br />
de “semear”, “regar”, “cuidar” e “colher” confiança<br />
no seu sistema humano, de modo a obter novas redes<br />
de colaboração interpessoal. “Humano” é talvez a palavra<br />
que mais se ouve no cotexto atual da liderança e<br />
será por isso determinante que o líder consiga espalhar<br />
“humanismo” em torno de todo o seu sistema, de modo<br />
a conseguir encontrar novas formas de produtividade<br />
nas equipas de alta performance.<br />
Obriga-o a “parar para pensar” e a ter a capacidade de<br />
se afastar e ver a “floresta” em detrimento da “árvore”.<br />
É o líder que potencia a mudança que quer ver na equipa.<br />
O tão ambicionado segredo para a “felicidade” global.
RH<br />
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
A AMBIÇÃO É MÁ PARA O SUCESSO?<br />
Ana Ganhão, humanistic professional coach<br />
Ana Ganhão<br />
Começo o processo de coaching com uma equipa, colocando<br />
a pergunta: quem é ambicioso?<br />
Gera-se um silêncio na sala, seguido de algum desconforto.<br />
Ninguém quer assumir que é ambicioso, ou<br />
simplesmente nunca pensou nisso.<br />
Existe um estigma sobre esta palavra que nos remete<br />
para a ideia de que alguém ambicioso é alguém sem<br />
caráter. O que não é totalmente verdade, pois o caráter<br />
e valores não se definem pela ambição de uma pessoa.<br />
O desejável será ser ambicioso e ter bons valores.<br />
Talvez por se associar, erradamente, ganância à ambição,<br />
se acredite que esta última é negativa. No entanto<br />
são duas características bem diferentes.<br />
Comecemos por perceber que a ganância é um desejo<br />
exacerbado de ter, ou de ser mais do que os outros,<br />
está subjacente uma sensação de que nada lhe é suficiente<br />
e um desejo latente de superioridade.<br />
Por outro lado, a ambição é uma forte aspiração de ser<br />
melhor, fazer melhor, saber mais, superar os seus limites,<br />
saber relacionar-se melhor, ter mais conhecimento,<br />
ter mais habilidades e competências. É uma vontade<br />
constante de criar a melhor versão de si todos os dias,<br />
não por comparação nem competição com o outro, mas<br />
pelo seu próprio crescimento pessoal e profissional.<br />
Na minha visão do mundo, é nossa obrigação enquanto<br />
seres humanos sermos ambiciosos, pois só assim evoluímos.<br />
“Ambição é uma forte aspiração de<br />
ser melhor, fazer melhor, saber mais,<br />
superar os seus limites,<br />
saber relacionar-se melhor,<br />
ter mais conhecimento"<br />
A ambição é um motor para o crescimento pessoal e<br />
das empresas.<br />
Imagine uma empresa onde todos os seus colaboradores<br />
estão empenhados em fazer melhor todos os dias,<br />
munidos de coragem e resiliência, com mentes positivas,<br />
focadas na solução.<br />
Imagine os resultados mensais e anuais que poderiam<br />
ter e a satisfação que dava a cada um dos intervenien-<br />
Ana Ganhão colabora pontualmente com a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
tes olhar para o resultado com o sentimento de superação<br />
e de missão cumprida.<br />
Deixo um desafio: crie o hábito de fazer hoje 1% melhor<br />
do que fez ontem, de ser hoje 1% melhor nesta ou<br />
naquela competência do que foi ontem e por aí adiante.<br />
Aplique ao que achar necessário (relacionamentos,<br />
alimentação, exercício físico, estudo, organização).<br />
Lembre-se: é apenas 1%. Adote o desafio durante um<br />
mês e depois avalie o resultado.<br />
Conto com o seu feedback!<br />
35
BI<br />
Ana Rita Justo<br />
Divulgação<br />
Vanessa Canteiro<br />
na Human Profiler<br />
Vanessa Canteiro é a nova business unit manager da Human<br />
Profiler tendo assumido as novas funções em fevereiro. Com<br />
experiência de mais de uma década, iniciou a sua carreira na<br />
área do trabalho temporário, passando, mais tarde, para a<br />
formação. Licenciada em Gestão, foi na área de Recursos<br />
Humanos que Vanessa se especializou.<br />
“Vanessa Canteiro é um quadro com enorme experiência nas<br />
áreas de Recursos Humanos, Formação e Gestão de Equipa,<br />
o que vai ao encontro do objetivo definido pela empresa em<br />
reforçar a sua proposta de valor nesta área”, refere Matilde<br />
Honrado, COO da Human Profiler.<br />
Vanessa Canteiro tem vasta experiência em recursos humanos e formação<br />
Teresa Virtuoso<br />
nomeada pela Kianda em Portugal<br />
Teresa Virtuoso é a regional sales<br />
manager da Kianda para Portugal,<br />
uma plataforma de automatização de<br />
processos nascida na Irlanda e que<br />
agora chega ao nosso país. Foi sales<br />
manager na Bitwizards, Own Company<br />
e channel specialist na Iten Solutions.<br />
Na Kianda é responsável pela área das<br />
vendas, parcerias e acompanhamento<br />
de projetos em clientes.<br />
CCA Ontier<br />
com três novos sócios<br />
A CCA Ontier nomeou três novos<br />
sócios, Martim Bouza Serrano, Marta<br />
Duarte e Pedro Antunes, que irão<br />
juntar-se aos oito existentes. Os<br />
novos sócios irão desempenhar um<br />
importante papel no desenvolvimento<br />
e consolidação do negócio<br />
e da marca CCA em Portugal e na<br />
prossecução dos seus objetivos de<br />
crescimento a nível internacional.<br />
Rogério Canhoto<br />
na administração da PHC<br />
A PHC Software contratou Rogério Canhoto<br />
para o cargo de chief business officer.<br />
Rogério Canhoto fica responsável<br />
pelo negócio da empresa, assumindo a<br />
administração das áreas de negócio, do<br />
marketing e da gestão do produto. Com<br />
esta contratação, a PHC passa a ser<br />
gerida por Ricardo Parreira como CEO,<br />
Miguel Capelão como Strategy Risk &<br />
Control Officer e Rogério Canhoto.<br />
36
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Manuel Alvarez assume<br />
Associação de Franchising<br />
Euromadi nomeia Cristina<br />
Mesquita como diretora-geral<br />
Oscar Herencia responsável<br />
pela Metlife no Sul da Europa<br />
Manuel Alvarez, presidente da Remax<br />
Portugal, foi eleito para assumir<br />
a liderança da Associação Portuguesa<br />
de franchising, cargo que<br />
ocupará até 2022. “É urgente tornar<br />
este organismo ainda mais forte e<br />
dinâmico, por forma a prestar um<br />
apoio de excelência ao setor”, referiu,<br />
citado em comunicado.<br />
A Euromadi Portugal nomeou<br />
Cristina Mesquita para sua diretorageral.<br />
Com um percurso profissional<br />
de mais de duas décadas no setor<br />
do retalho e cosméticos, a nova<br />
responsável tem vasta experiência<br />
em posições de gestão e direção,<br />
não só em Portugal, mas também<br />
em Espanha e Brasil.<br />
Oscar Herencia, atual diretor-geral<br />
da Metlife para Portugal e Espanha,<br />
vai assumir também a gestão das<br />
operações de Itália, Grécia e Chipre.<br />
Responsável pelo mercado português<br />
desde 2007, Oscar Herencia é<br />
licenciado em Gestão Organizacional<br />
e Liderança e mestre em Liderança<br />
e Inteligência Emocional.<br />
Homero Figueiredo responsável<br />
pelo Low-Code da Noesis<br />
Homero Figueiredo é o novo diretor<br />
de Low-Code Solutions da Noesis. O<br />
responsável conta com mais de 10<br />
anos de experiência e demonstrou<br />
em grandes organizações como a<br />
OutSystems a sua capacidade nas<br />
áreas de desenvolvimento, arquitetura<br />
aplicacional, consultoria e gestão,<br />
em diferentes geografias.<br />
José António Ramos<br />
lidera Salsa<br />
O espanhol José António Ramos é<br />
o novo CEO da Salsa, agora mais<br />
focada no mercado internacional.<br />
Durante seis anos, foi chief<br />
commercial officer da marca alemã<br />
Esprit e, antes, membro da comissão<br />
executiva do Carrefour Espanha.<br />
Tiago Duarte nomeado<br />
diretor da Stratesys Portugal<br />
Tiago Lopes Duarte foi nomeado<br />
diretor da Stratesys Portugal, depois<br />
de nove anos na multinacional<br />
espanhola de serviços digitais,<br />
assumindo a responsabilidade e<br />
gestão do mercado português,<br />
considerado estratégico para a<br />
empresa.<br />
37
MEDIR PARA GERIR<br />
CINCO REGRAS PARA GERIR O SEU TEMPO<br />
EMPRESARIAL<br />
Teresa Botelho, coach executiva<br />
Teresa Botelho<br />
Estas regras são precisamente para si, que está a pensar<br />
que não tem tempo para ler este artigo. Se gostava<br />
de ver o seu negócio crescer, mas as 24 horas do dia<br />
lhe parecem insuficientes para fazer tudo aquilo que<br />
quer, ponha em prática estas cinco regras e passe a fazer<br />
uma gestão muito mais eficaz do seu tempo.<br />
Temos que concordar que a vulgar “falta de tempo” não<br />
é provocada pela falta de tempo em si – até porque os<br />
dias não encolhem – mas por falta de controlo sobre a<br />
sua vida profissional. Só isso explica que existam pessoas<br />
que são mais produtivas, mais felizes e mais motivadas<br />
e conseguem ter melhores resultados nas suas<br />
empresas. Será que têm dias de 48 horas? Na verdade,<br />
essas pessoas simplesmente aprenderam a fazer uma<br />
excelente gestão do seu tempo. E agora você também<br />
pode ser uma delas! Se ter tempo é aquilo que mais<br />
quer, mas sente que é também aquilo que costuma usar<br />
da pior forma, siga estas regras e aplique-as de forma<br />
a conseguir gerir o tempo empresarial de forma impecável.<br />
1.º<br />
38<br />
Entenda profundamente qual é a sua relação com o tempo<br />
O tempo que dedica à sua empresa é o seu ativo mais<br />
importante. Se o controlar, controla o seu futuro e com<br />
isso consegue alcançar os resultados que pretende. Se<br />
se descontrolar, o resultado vai ser inverso e acaba por<br />
gastar o seu precioso tempo em tarefas de menor valor,<br />
que vão acabar por dificultar o seu caminho.<br />
Por isso, a primeira coisa a fazer é pensar qual é a minha<br />
relação com o tempo. É uma pessoa que gasta tempo<br />
ou investe o seu tempo. Investe? Ótimo! Está no bom<br />
caminho e pode passar à segunda regra para aprender<br />
a rentabilizar ainda mais o tempo.<br />
Sente que gasta o tempo e, muitas vezes, chega ao fim<br />
do dia exausto e com a sensação de que não conseguiu<br />
avançar? Então foque-se e perceba como inverter essa<br />
situação. Não é complicado, é importante que estabeleça<br />
regras e melhore a sua capacidade de disciplina.<br />
Respeite o seu tempo e repare que enquanto não se<br />
valorizar a si mesmo, não vai ser capaz de dar valor ao<br />
seu tempo. Por isso, comece agora mesmo a acreditar<br />
no seu potencial, e deixe de ser um empresário reativo<br />
(que está sempre a apagar fogos) e torne-se num empresário<br />
proativo (que tem uma estratégia e prevê os<br />
acontecimentos) e que tem tempo de sobra.<br />
2.º<br />
Decida o que vai mesmo mudar<br />
Teresa Botelho, coach executiva<br />
Mesmo partindo do princípio de que é uma pessoa motivada,<br />
organizada e empenhada em aproveitar da melhor<br />
forma o seu tempo no trabalho, para chegar a um<br />
nível de excelência tem de conseguir fazer uma gestão<br />
de tempo eficaz. Isso quer dizer que consegue transformar<br />
o seu tempo e o seu esforço em real valor para<br />
a empresa.<br />
Também é importante que aumente o seu autoconhecimento.<br />
Conhecer o seu perfil como empresário é essencial<br />
para fazer uma boa gestão de tempo. Por isso,<br />
prepare-se para uma autoanálise honesta e responda,<br />
pelo menos, a esta pergunta: Quais são as tarefas<br />
que não faz particularmente bem e que o fazem perder<br />
imensa energia e tempo? Vejamos: é possível que<br />
se entretenha no Facebook mal chega ao escritório,<br />
que passe pelo Instagram antes de abrir a agenda ou<br />
que inicie o seu dia sem estar organizado. Se for esse<br />
o caso, pare! Faça uma reflexão e veja por que é que<br />
ainda não abandonou hábitos prejudiciais que o levam<br />
a ter uma péssima gestão de tempo. Depois avance e<br />
comprometa-se a eliminá-los. Só assim pode alterar a<br />
sua situação!
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
3.º<br />
Redefina as atividades e as prioridades<br />
Neste ponto já percebeu que a desculpa “não tenho<br />
tempo” não leva a nenhum lado, correto? E que a terceira<br />
regra vai levá-lo(a) a redefinir as suas prioridades<br />
através de uma análise profunda da sua gestão de<br />
tempo. Nessa análise aconselhamo-lo(a) a priorizar<br />
as suas atividades profissionais de acordo com o grau<br />
de urgência e importância para perceber onde anda<br />
a desperdiçar energias. Precisa de ajuda? Atente nas<br />
designações que se seguem, por ordem decrescente.<br />
Há quatro tipos de tarefas:<br />
Tipo 4: Tarefas que não são nem urgentes nem importantes<br />
As suas atividades do tipo 4 não têm luz vermelha e,<br />
por isso, por norma, remetem para a distração. Por<br />
exemplo, tem de escolher a empresa de catering para<br />
um evento que vai realizar daqui a seis meses e até enceta<br />
as suas pesquisas online, mas em poucos minutos<br />
dá por si entretido(a) no Facebook ou a tomar um<br />
cafezinho com o colega do lado. Quem nunca se distraiu<br />
que ponha o dedo no ar! Agora, o importante é<br />
perceber que só implementando técnicas de controlo<br />
do tempo é que se consegue focar completamente em<br />
tarefas que podem – a verdade é essa – ser adiadas,<br />
mas que com alguma força de vontade também podem<br />
ser cumpridas em tempo recorde.<br />
Tipo 3: Tarefas que surgem como urgentes, mas<br />
não são importantes<br />
As tarefas urgentes mas não importantes são uma verdaeira<br />
armadilha porque lhe dão a ilusão de que tem de<br />
responder imediatamente, mas de facto não são uma<br />
prioridade. Porquê? Porque ao tratar, por exemplo, de<br />
um email ou telefonema urgente, de um trabalho administrativo,<br />
de uma reunião ou de qualquer outra atividade<br />
que possa exigir a sua presença ou resposta<br />
imediata, mas que não é verdadeiramente importante,<br />
o que acontece é que fica com a ilusão de que está<br />
ocupado(a) quando não está a ser produtivo(a).<br />
Tipo 2: Tarefas verdadeiramente urgentes e importantes<br />
As tarefas urgentes e importantes já se situam numa<br />
zona em que é fundamental agir. Seja como for, são<br />
situações que tem mesmo de resolver: enviar uma proposta,<br />
entregar um produto, fazer uma apresentação,<br />
participar de uma reunião, qualquer compromisso que<br />
tem o seu deadline e que é fundamental que fique resolvido.<br />
Tipo 1: Tarefas que não sendo urgentes, são muito<br />
importantes<br />
Estas tarefas podem ser adiadas, mas ao fazê-lo está<br />
também a adiar o sucesso da sua vida empresarial.<br />
Exemplos: trabalhar com um coach, implementar sistemas,<br />
fazer a sua análise estratégica, fazer networking,<br />
assistir à formação, etecetera. O seu sucesso é diretamente<br />
proporcional ao tempo investido neste tipo de<br />
atividades que se situam na zona mais produtiva. Para<br />
melhorar o seu nível de produtividade e liderança tem<br />
de trabalhar esta zona. Se o fizer, vai ver que dentro de<br />
alguns meses vai estar noutro patamar.<br />
4.º<br />
Se está resolvido(a) a trabalhar a zona produtiva, deve<br />
começar hoje mesmo a implementar técnicas, hábitos<br />
e comportamentos que permitam controlar o tempo<br />
de modo a controlar também as suas atividades, com<br />
disciplina e método! Cada empresário deve ajustar as<br />
técnicas ao seu perfil, claro, mas desde já o(a) aconselhamos<br />
a fazer o seguinte:<br />
Seja sempre pontual;<br />
Não aceite interrupções sistemáticas do seu<br />
trabalho;<br />
Controle o uso do telefone, e-mail, internet;<br />
Crie uma agenda por blocos temporais de duas<br />
a três horas;<br />
Faça sempre o fecho de dia em três, cinco minutos;<br />
E dedique mais três, cinco minutos a preparar o dia seguinte,<br />
se possível elaborando uma lista de coisas a<br />
fazer.<br />
5.º<br />
Implemente técnicas que permitem de facto controlar o tempo<br />
Delegue eficazmente e saiba como controlar<br />
A última regra não é uma novidade para si. É óbvio que<br />
já estava a pensar em delegar tarefas, mas se ainda não<br />
o fez, ou se o faz muito raramente é porque esta forma<br />
de alavancar o seu negócio não está clara para si.<br />
É importante que entenda que é através das pessoas,<br />
de mais e melhores colaboradores e da implementação<br />
e cumprimento de métodos e procedimentos que vai<br />
chegar a uma gestão do tempo empresarial impecável.<br />
Sem isso, o seu trabalho será sempre muito deficiente<br />
e muito frustrante.<br />
Por isso, foque-se e implemente os aspetos que são<br />
para si mais fáceis. Depois, aos poucos, vá avançando<br />
e implementando mais regras. Vai ver que, quando der<br />
por si, a sua gestão de tempo já está noutro patamar.<br />
Lembre-se que pode ser disciplinado(a) e ter uma melhor<br />
qualidade de vida, ou pode decidir não fazer nada<br />
e continuar permanentemente esgotado(a) e a apagar<br />
fogos. A decisão é sua!<br />
39
MEDIR PARA GERIR<br />
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
CERTIFICAÇÃO COMO MAIS-VALIA PARA AS EMPRESAS<br />
Patrícia Franguito, diretora de Certificação<br />
do Bureau Veritas Portugal<br />
Bureau Veritas Portugal<br />
A certificação é uma ferramenta fundamental para as<br />
organizações que se querem destacar a nível nacional<br />
e internacional. Num mercado cada vez mais competitivo,<br />
apostar na certificação da sua organização permite-lhe<br />
obter, em períodos de tempo regulares, uma<br />
visão externa, independente e credível de auditores<br />
devidamente qualificados.<br />
As novas versões das normas ISO estão alinhadas com<br />
os desafios de crescimento e sustentabilidade das organizações.<br />
Assim, surge, desde logo, a preocupação<br />
com o contexto organizacional da mesma, quer numa<br />
vertente interna, quer externa. Continua determinante<br />
a participação do líder para com os compromissos do<br />
sistema de gestão, assim como a vantagem de inserção<br />
do pensamento baseado em risco. Considero que as<br />
normas ISO (e normas portuguesas já alinhadas com o<br />
anexo SL) procuram manter o negócio e as suas variáveis<br />
dentro dos Sistemas de Gestão.<br />
Toda a arquitetura de um sistema de gestão, planeamento,<br />
execução e controlo devem ser pensados face<br />
aos desafios e estratégia das organizações, desde<br />
crescimento, promoção de produtos, melhoria de serviços,<br />
design e desenvolvimento e o mesmo deve ser<br />
estruturante, auxiliando os colaboradores nas suas tarefas<br />
diárias e garantindo dados e decisões acertadas<br />
por parte dos líderes.<br />
É pedido às empresas que inovem, que forneçam melhores<br />
produtos, serviços com mais qualidade, tantas<br />
vezes serviços e produtos personalizados, cumprimento<br />
de prazos, melhorias de layouts, diminuição de<br />
“Toda a arquitetura de um sistema<br />
de gestão deve ser pensado<br />
face aos desafios e estratégia<br />
das organizações”<br />
índices de acidentes, menos desperdícios e consumos,<br />
garantia de cumprimento legal (em qualquer atividade),<br />
proteção da informação e branding, melhoria de<br />
condições de trabalho e políticas de responsabilidade<br />
social, e claro, o lucro. Queremos contribuir para que<br />
cada auditoria realizada seja um momento de re-avaliação<br />
de um conjunto de informação e que, fruto desse<br />
exercício, se obtenham melhorias, pistas e, eventualmente,<br />
correções necessárias.<br />
Existe, atualmente, um portefólio de normas publicadas,<br />
umas nacionais outras internacionais, umas de<br />
caráter mais técnico outras com um pensamento mais<br />
Patrícia Franguito, diretora de Certificação do Bureau Veritas Portugal<br />
global a nível de gestão. As normas de sistemas de<br />
gestão da qualidade, ambiente e segurança (ISO 9001,<br />
ISO 14001 e ISO 45001) continuam a verificar o maior<br />
número de certificados emitidos. Mas com a proliferação<br />
de normas é também mandatório abordar outros<br />
referenciais como a NP 4457, cujo âmbito se centra na<br />
gestão da investigação, desenvolvimento e inovação.<br />
Sendo o conhecimento a base da geração de riqueza<br />
nas sociedades avançadas e a investigação e o desenvolvimento<br />
pilares da criação desse conhecimento, é a<br />
inovação que cria a oportunidade de transformar esse<br />
conhecimento em desenvolvimento económico. Outra<br />
referência, esta nacional, é a NP 4552 – sistema de<br />
gestão da conciliação entre a vida profissional, familiar<br />
e pessoal – e que, atendendo às preocupações crescentes<br />
das organizações, os seus princípios basilares<br />
apontam para valores que visam elevar o bem-estar,<br />
qualidade de vida e satisfação geral das partes interessadas<br />
em matérias de conciliação.<br />
Se nos direcionarmos para o setor food teremos outras<br />
referências como a ISO 22000 como garantia de um<br />
sistema de gestão de segurança alimentar, ou mesmo<br />
referenciais específicos como o IFS (Internacional Food<br />
Standard) ou BRC (British Retail Consortium), cuja aplicabilidade<br />
encaixa em todos os operadores da cadeia<br />
alimentar, desde fabricantes, produtores, distribuidores,<br />
armazenistas e retalhistas. Com a tecnologia a ser<br />
um aliado fundamental nas empresas, e os consumidores<br />
a utilizarem-na diariamente, é expectável que as<br />
certificações pela ISO 27001 tenham um crescimento<br />
considerável nos próximos anos.<br />
Não existindo limitações, uma empresa deve selecionar<br />
as suas certificações em função da sua estratégia<br />
de médio, longo prazo, do reconhecimento que espera<br />
obter das partes interessadas, dos mercados alvo,<br />
da imagem e branding que pretende construir e das<br />
necessidades e consolidações internas que pretenda<br />
melhorar.<br />
41
Marketing<br />
BEM-VINDOS AO MUNDO DO YOUTUBE<br />
Fábio Jesuíno, CEO da 3WX - Digital Creative Agency<br />
3WX - Digital Creative Agency<br />
O YouTube tornou-se na mais influente fonte de entretenimento<br />
atual no mundo com uma população de 1,5<br />
mil milhões de pessoas.<br />
Este mundo começou a ser criado em fevereiro de<br />
2005, depois de três funcionários do PayPal (empresa<br />
de pagamentos online) Chad Hurley, Steve Chen e<br />
Jawed Karim, se terem deparado com um problema,<br />
a dificuldade de partilhar vídeos de uma festa na<br />
internet. O primeiro vídeo foi publicado no dia 23 de<br />
abril de 2005, com o título “Me at the zoo”, onde um<br />
dos fundadores aparece no jardim zoológico de San<br />
Diego, nos Estados Unidos da América. Em novembro<br />
do mesmo ano, o vídeo publicitário da Nike com o<br />
futebolista Ronaldinho foi o primeiro a ser visto por<br />
mais de um milhão de pessoas.<br />
O YouTube, que também é uma rede social, teve de<br />
imediato um grande sucesso. Em 2006 eram inseridos<br />
65 mil vídeos todos os dias na plataforma, com 100 milhões<br />
de visualizações diárias. Todo este sucesso despertou<br />
o interesse do Google, que concluiu a compra<br />
no mesmo ano por 1.650 milhões de dólares. A revista<br />
TIME constatou que era o início de uma grande mudança<br />
e, por esse motivo, elegeu o YouTube, como a<br />
personalidade do ano de 2006 com a mítica capa “You”<br />
onde destacava a explosão dos conteúdos criados e<br />
acessíveis a todos.<br />
Em 2008, este grande mundo digital lançou a versão<br />
mobile e, no ano seguinte, em 2009, surgiram os vídeos<br />
em HD e o reconhecimento de voz. Também nesta altura<br />
começou a lucrar com a implementação dos anúncios<br />
nos vídeos, o Content ID para pagamentos dos<br />
direitos de autor e o importante programa de parcerias.<br />
Esta plataforma digital criou, em 2011, os vídeos em direto,<br />
nasceu assim o YouTube Live, uma autêntica inovação<br />
na época pela sua simplicidade de utilização que<br />
foi também uma oportunidade para divulgar ao vivo em<br />
grande escala as manifestações da Primavera Árabe<br />
que ocorreram em vários países no Médio Oriente e no<br />
Norte da África.<br />
O YouTube foi crescendo e para além de ser um dos<br />
principais meios de entretenimento, também se tornou<br />
numa grande plataforma de partilha de conhecimento e<br />
de ensino. Para aumentar a criação e qualidade desses<br />
conteúdos, foi criado, em 2013, o canal Youtube Edu,<br />
um projeto exclusivo de conteúdos educativos dividido<br />
por disciplinas, implementado em vários países. A<br />
Fábio Jesuíno, fundador e CEO da 3WX<br />
42
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Youtube é um principais meios de entretenimento e uma grande plataforma de partilha e conhecimento e de ensino<br />
aposta na educação cresceu e, recentemente, a plataforma<br />
do Google investiu 20 milhões de euros no You-<br />
Tube Learning, uma iniciativa que visa apoiar e incentivar<br />
a sua comunidade de utilizadores a partilharem o<br />
conhecimento.<br />
Atualmente, o vídeo é um conteúdo muito popular e o<br />
YouTube tem contribuído, facilitando a qualquer pessoa<br />
partilhar, produzir ou transmitir em direto sem precisar<br />
de nenhum equipamento profissional, e incentivando<br />
a sua qualidade através da partilha dos valores<br />
da publicidade.<br />
“Atualmente, o vídeo é um conteúdo<br />
muito popular e o YouTube tem<br />
contribuído, facilitando a qualquer<br />
pessoa partilhar, produzir<br />
ou transmitir em direto”<br />
Com o sucesso desta plataforma de vídeos surgiu uma<br />
nova profissão, os youtubers, pessoas que se dedicam<br />
a criar conteúdos em exclusivo para esta ferramenta de<br />
partilha de vídeos, em alguns casos, altamente lucrativa<br />
e com um impacto global.<br />
Os youtubers são grandes influenciadores digitais,<br />
muitos deles têm uma legião de fãs, que os tratam<br />
como ídolos, principalmente junto dos jovens. Uma influência<br />
que desperta o interesse de muitas marcas e a<br />
sua inclusão em campanhas de marketing e de publicidade<br />
com níveis de sucesso muito elevados, sendo<br />
neste momento um dos canais de comunicação digital<br />
com maior crescimento.<br />
O YouTube popularizou a criação de conteúdos de vídeo<br />
e contagiou as restantes redes sociais, onde são<br />
destacados em relação aos restantes conteúdos, como<br />
acontece no Facebook. Foram também criadas formas<br />
inovadoras de consumir os vídeos, como a criação das<br />
Histórias, lançadas em 2013 pela aplicação e rede social<br />
Snapchat, vídeos com a duração de 10 segundos<br />
que são apagados após de 24 horas, um conceito que<br />
se tornou muito popular.<br />
“O Youtube popularizou a criação<br />
de conteúdos de vídeo e contagiou<br />
as restantes redes sociais,<br />
como acontece com o Facebook”<br />
Neste mundo onde o vídeo é rei, a música sempre esteve<br />
em grande destaque, onde alguns do principais canais<br />
e vídeos com maiores visualizações e sucesso são<br />
musicais. Nessa perspetiva, a empresa decidiu lançar,<br />
no ano passado, um novo serviço, ao qual deu o nome<br />
de YouTube Music. Este serviço de streaming de música<br />
permite aproveitar todas as funções já disponíveis na<br />
plataforma e adicionar algumas extras, como a pesquisa<br />
inteligente, de modo a que quem ouve consiga<br />
encontrar de uma forma fácil uma determinada música.<br />
Com um custo adicional e sem publicidade, o utilizador<br />
pode ouvir a música em fundo e fazer downloads. Um<br />
serviço que está a ter sucesso e promete ser um grande<br />
gerador de receita para o universo Google.<br />
Existem muitos desafios neste mundo, um deles é a<br />
proteção dos menores. Para isso, a plataforma lançou<br />
uma versão dedicada ao público infantil, o YouTube<br />
Kids, uma aplicação que recomendo, que serve para<br />
restringir o acesso aos conteúdos e possibilita aos pais<br />
selecionarem manualmente quais os vídeos disponíveis<br />
para os filhos, negando o acesso a conteúdos fora<br />
da lista escolhida. Esta versão também dispõe de um<br />
novo algoritmo de classificação de comentários de vídeos.<br />
Os vídeos são o maior consumidor de tráfego da internet,<br />
onde a plataforma do Google se destaca na liderança.<br />
Uma em cada cinco pessoas em todo o mundo<br />
passa todos os meses por esta plataforma.<br />
43
tecnologia<br />
“A TRANSIÇÃO PARA O DIGITAL<br />
É CADA VEZ MAIS NECESSÁRIA”-<br />
Denisse Sousa<br />
Epson<br />
RAÚL Sanahuja<br />
A Epson marcou presença na 8.ª edição do Portugal<br />
Print, Packaging e Labeling, na FIL, onde deu a conhecer<br />
as suas soluções de grande formato para impressão<br />
têxtil, fotográfica e de sinalética. Falámos<br />
com Raúl Sanahuja, responsável de comunicação da<br />
Epson em Portugal, sobre os novos desafios que a<br />
indústria têxtil enfrenta na digitalização e otimização<br />
de processos e no trabalho que está a ser feito<br />
pela tecnológica japonesa nesse sentido.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> –Quais foram as soluções apresentadas<br />
no Portugal Print <strong>2019</strong>?<br />
Raúl Sanahuja – O Portugal Print reúne toda a indústria<br />
portuguesa de impressão profissional, de todos os<br />
setores, e, como tal, não queríamos deixar de aproveitar<br />
esta oportunidade para aproximar as nossas soluções<br />
de grande formato destes profissionais. Para esta<br />
edição especificamente, e dadas as características do<br />
mercado português, apresentámos as nossas soluções<br />
de impressão digital têxtil e de personalização, assim<br />
como soluções de impressão de sinalética.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual o balanço que fazem sobre a participação<br />
no evento?<br />
R. S. – Considerando a importância do mercado da<br />
indústria de produção têxtil em Portugal, o principal<br />
objetivo era apresentar a Epson como o partner tecnológico<br />
ideal na transição para o digital neste setor<br />
e acreditamos que esta missão foi bem conseguida. O<br />
balanço que fazemos desta feira não se traduz apenas<br />
no número de visitantes do nosso stand, mas sim na<br />
Raúl Sanahuja, responsável de comunicação da Epson<br />
qualidade dessas mesmas visitas. Esperamos que os<br />
contactos realizados tenham recebido a nossa mensagem,<br />
que indica que trabalhar com um modelo de produção<br />
digital no setor têxtil aumenta a eficiência, reduz<br />
os custos e melhora os índices de sustentabilidade.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais são os maiores desafios na criação<br />
e implementação destas novas soluções?<br />
R. S. – Qualquer transformação envolve um desafio.<br />
Tradicionalmente, os processos de produção no setor<br />
têxtil têm sido sempre analógicos e têm-se externalizado<br />
para outros países que apresentam um valor de<br />
mão de obra mais reduzido. O grande desafio é ajudar<br />
os decisores a compreender que a tecnologia digital<br />
44<br />
Epson apresentou soluções de impressão têxtil no Portugal Print
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
aplicada à indústria têxtil resulta num benefício económico,<br />
ambiental e, inclusivamente, social. Um benefício<br />
triplo. É produzido para responder unicamente à<br />
procura exata verificada (eficiência e benefício económico);<br />
controla-se a produção e reduz-se o consumo<br />
de água em 60% face aos processos tradicionais, sem<br />
necessidade de componentes contaminantes (benefício<br />
ambiental); e recupera-se a produção realocando<br />
as fases de produção (benefício social).<br />
“O grande desafio é ajudar decisores<br />
a compreender que a tecnologia<br />
digital aplicada à indústria têxtil<br />
resulta num benefício económico,<br />
ambiental e social"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como podem as empresas beneficiar<br />
destas soluções?<br />
R. S. – Na maioria dos casos, dependendo dos volumes<br />
de produção, as empresas começam por integrar<br />
soluções parciais com tecnologia de impressão digital,<br />
que não cobrem a totalidade da sua produção. Mas, na<br />
realidade, a necessidade de mudanças constantes em<br />
coleções, e, por sua vez, mudanças na procura por parte<br />
dos seus clientes faz com que a transição para o digital<br />
seja cada vez mais necessária. Estamos preparados<br />
para tal e temos já soluções de alta produção têxtil<br />
em digital e também soluções para pré-impressões ou<br />
provas de design, assim como pequenas tiragens com<br />
tecnologia de sublimação de tinta. Como comentava<br />
anteriormente, tudo isto são benefícios.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais as boas práticas de sustentabilidade<br />
da Epson ?<br />
R. S. – Já anteriormente comentada, a poupança no<br />
consumo de água, um bem escasso e precioso em Portugal,<br />
será, sem dúvida, uma primeira medida sustentável.<br />
Por outro lado, também, o desenvolvimento de<br />
um sistema de tintas eco-solventes permite trabalhar<br />
em ambientes totalmente controlados, sem necessidade<br />
de medidas especiais de evacuação de gases;<br />
algo que ocorre com outros sistemas. E, para além do<br />
mais, a nossa tecnologia de impressão permite trabalhar<br />
praticamente no frio, sem necessidade de altas<br />
temperaturas, o que resulta numa elevada influência<br />
positiva nas emissões de CO2.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – De que forma uma empresa como a Epson<br />
mantém a consciência ecológica?<br />
R. S. – A sustentabilidade faz parte do ADN da Epson<br />
enquanto organização. Na nossa visão ambiental<br />
2050, estabelecemos já como objetivo uma redução<br />
progressiva e continuada de emissões de CO2. Fomos<br />
também pioneiros noutras metas sustentáveis quando<br />
retirámos o CFC (clorofluorcarboneto) da nossa produção<br />
ou quando reduzimos o número de packagings<br />
e, ainda, com a utilização de materiais sustentáveis em<br />
fases de processos da economia circular. No contexto<br />
da impressão profissional presente no Portugal Print<br />
e, mais concretamente, no âmbito da impressão têxtil<br />
digital, podemos adiantar que estamos a preparar o<br />
lançamento de uma iniciativa ligada à economia circular<br />
com uma componente de responsabilidade social e<br />
ambiental. B·Searcular é um projeto baseado em parcerias<br />
com a Seagual, a LCI Barcelona Design School e<br />
o Maza Coatelier para elaborar um processo completo<br />
de economia circular para a indústria do fast fashion.<br />
Retiramos e recuperamos plásticos do Mar Mediterrâneo<br />
(na costa de Barcelona), reciclamo-los e transformamo-los<br />
em fio de poliéster reciclado, fabricamos<br />
novos tecidos que imprimimos com a tecnologia de<br />
impressão Epson e, finalmente, oferecemos aos novos<br />
talentos da Universidade de Design a possibilidade de<br />
criarem as suas coleções para os seus projetos de final<br />
de curso. Apoiamos o talento e a economia circular. Um<br />
modelo que esperamos implementar em Portugal numa<br />
segunda etapa do projeto B·Searcular.<br />
Participação excedeu expectativas<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais são os próximos passos para a<br />
Epson em Portugal?<br />
R. S. – O principal objetivo é consolidar a Epson como<br />
partner global para diversos mercados como o retalho,<br />
o design e o contexto empresarial. Contamos com quatro<br />
grandes áreas de inovação (impressão, projeção,<br />
robótica e sensing), onde vamos continuar a crescer e a<br />
evoluir para mantermos o nosso posicionamento como<br />
empresa responsável, com um olhar permanente sobre<br />
a sustentabilidade e com a capacidade de oferecer soluções<br />
globais. Do têxtil à produção industrial, da tecnologia<br />
doméstica às soluções empresariais, da saúde<br />
à educação, a Epson continuará a superar as expectativas.<br />
45
tecnologia<br />
PORTUGAL ADERE À ERA DOS ROBÔS<br />
DE SERVIÇO<br />
Mafalda Marques<br />
Beltrão Coelho<br />
Há mais um robô de serviço em Portugal. Depois da<br />
Sanbot, é a vez de o Cruzr fazer as maravilhas do<br />
auxílio ao cliente.<br />
Com braços e mãos, capaz de dar um aperto de mão ou<br />
um abraço, o Cruzr é um robô de serviço humanoide e<br />
chegou a Portugal no início deste ano.<br />
O novo modelo, da gigante chinesa de robótica<br />
UBTech, apresentado na CES <strong>2019</strong>, em Las Vegas, vem<br />
revolucionar o atendimento ao cliente.<br />
Além de apertos de mão e abraços, este robô é capaz<br />
de acenar e apontar, dançar decifrar as emoções da<br />
pessoa com quem está a interagir, reagindo de acordo<br />
com as mesmas.<br />
Através de sensores, consegue seguir numa trajetória<br />
de forma autónoma, detetando e contornando obstáculos.<br />
Pode, por isso, fazer videovigilância durante o<br />
dia e também durante a noite, recorrendo à câmara de<br />
infravermelhos.<br />
Cruzr é capaz de acenar e apontar,<br />
dançar decifrar as emoções<br />
da pessoa com quem está a interagir<br />
É o equipamento ideal para fazer, por exemplo, uma visita<br />
guiada num museu.<br />
Cruzr chegou a Portugal no início deste ano<br />
Segundo Eduardo Lucena, responsável de robótica da<br />
Beltrão Coelho, citado em comunicado, “o Cruzr é um<br />
dos modelos mais avançados de robôs humanoides, já<br />
a ser utilizado por toda a Europa e Portugal não podia<br />
ficar de fora”.<br />
É, ainda, capaz de fazer reconhecimento facial, com<br />
uma taxa de sucesso de 98%, podendo registar dados<br />
de clientes de lojas, elevando assim a experiência do<br />
cliente e melhorando a qualidade do serviço das empresas.<br />
O Cruzr conta com uma bateria que se estende até 24<br />
horas em standy by e entre cinco a oito horas quando<br />
ativado. No caso de ficar sem bateria, o robô regressa<br />
automaticamente ao posto de carregamento, sem necessidade<br />
de interação humana.<br />
O Cruzr é representado em Portugal pela Beltrão Coelho,<br />
empresa pioneira na introdução da tecnologia dos<br />
robôs de serviço em Portugal, inicialmente com a robô<br />
Sanbot. O Cruzr pode ser adquirido pelas organizações,<br />
estando também disponível através de sistema<br />
de aluguer.<br />
46<br />
“Depois do sucesso com a robô Sanbot em 2018,<br />
apresentamos agora uma versão melhorada de um robô<br />
capaz de navegar sozinho e de forma autónoma em<br />
ambientes desestruturados.”<br />
Eduardo Lucena | Chefe da divisão de robótica da Beltrão Coelho
tecnologia<br />
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
LISPOLIS REFORÇA APOIO<br />
AO EMPREENDEDORISMO<br />
Cíntia Costa, LISPOLIS<br />
LISPOLIS<br />
O apoio ao empreendedorismo sempre foi um dos pilares<br />
fundamentais da atividade do LISPOLIS, através da<br />
procura de financiamento e investimento para as novas<br />
empresas, do estabelecimento de contactos e de parcerias<br />
entre empresas e da organização de iniciativas<br />
de networking e partilha de conhecimento.<br />
Em 2017, o LISPOLIS reforçou a aposta na sua atividade<br />
de apoio ao empreendedorismo ao criar, em parceria<br />
com a software house 1STi, um concurso de ideias<br />
para todas as idades e áreas de negócio: o StartupIN<br />
Lisboa. Esta iniciativa tem como objetivo oferecer à<br />
melhor ideia de negócio um MVP de uma APP no valor<br />
de 10 mil euros e conta com duas edições já realizadas.<br />
Depois de 50 candidaturas e 15 semifinalistas, as sete<br />
melhores ideias apresentaram no LISPOLIS o seu pitch<br />
de três minutos perante um júri diversificado e com vasta<br />
experiência de empreendedorismo, que selecionou,<br />
assim, o vencedor: na primeira edição venceu a Exbo,<br />
uma aplicação para partilha de álbuns de fotografias<br />
entre amigos e família, e na segunda edição o prémio<br />
foi para o projeto Mypolis, que pretende aproximar os<br />
políticos locais da população.<br />
Mas foi em 2018 que o LISPOLIS ganhou destaque na<br />
área de suporte ao empreendedorismo com o lançamento<br />
de um programa de aceleração focado no retalho<br />
online, o E-Commerce Experience, que é também o<br />
primeiro em Portugal exclusivamente dedicado a este<br />
setor.<br />
Esta iniciativa proporciona a um total de 20 empresas a<br />
oportunidade de criar o seu negócio online ou melhorar<br />
a sua presença de e-commerce, caso já tenham um<br />
modelo a funcionar. Nesta primeira edição, participam<br />
10 grandes empresas já estabelecidas no mercado e 10<br />
pequenas e médias empresas empenhadas em melhorar<br />
continuamente o seu projeto de e-commerce. Entre<br />
as empresas selecionadas estão a Worten, o Boticário,<br />
o OLX, a Salsa, a Sacoor Brothers, a Delta Cafés e a<br />
Quem Disse, Berenice.<br />
O início do programa foi dado a 19 de setembro com o<br />
evento de kick-off Bootcamp E-Commerce Experience,<br />
que reuniu no Fórum Tecnológico do LISPOLIS mais<br />
de 700 pessoas interessadas em aprofundar conhecimentos<br />
sobre o estado do e-commerce em Portugal.<br />
Nesta sessão, ficaram a conhecer-se as melhores prá<br />
Cíntia Costa, LISPOLIS<br />
ticas deste setor em Portugal e noutros países e também<br />
vários casos práticos de plataformas de comércio<br />
eletrónico de marcas portuguesas, como a Undandy ou<br />
o grupo Sonae.<br />
Desde aí que, todas as semanas, as equipas reúnem-se<br />
para palestras em que podem ouvir as experiências e<br />
partilhas de vários profissionais da área de e-commerce<br />
e para visitas técnicas a diferentes empresas parceiras<br />
do programa, como a LaRedoute em Leiria, a<br />
Science4You em Loures e a Delta Cafés/Adega Mayor<br />
em Campo Maior. Foram mais de 20 encontros e 90<br />
horas de imersão, em que a partilha de experiências<br />
foi constante, com de mais de 30 oradores de diversas<br />
empresas como a VTEX, EASYPAY, Millennium Network,<br />
SIBS, PLMJ, Google Analytics, SEMrush, Dinamize,<br />
U5 Marketing, Chronopost, Smart Digital Lockers,<br />
Paysafe, entre muitas outras.<br />
“LISPOLIS ganhou destaque na área<br />
de suporte ao empreendorismo<br />
com o lançamento do programa<br />
E-commerce Experience"<br />
A equipa do LISPOLIS está empenhada em continuar<br />
a dinamizar a comunidade empreendedora e a apostar<br />
em novas iniciativas de apoio ao empreendedorismo. A<br />
incubadora do LISPOLIS, o Centro de Incubação e Desenvolvimento,<br />
tem atualmente mais de 60 empresas<br />
instaladas e tem sido o ponto de partida para muitas<br />
empresas se desenvolverem, já que o LISPOLIS tem<br />
sempre a porta aberta para apoiar os novos projetos<br />
a alcançarem mais rapidamente os seus objetivos. Se<br />
tem uma ideia de negócio e não sabe como começar,<br />
fale connosco!<br />
47
Agenda<br />
Ana Rita Justo<br />
10 A 11<br />
MAIO<br />
E-TECH PORTUGAL<br />
Cais 3 APSS, Setúbal<br />
A E-Tech Portugal é um evento de<br />
referência na área tecnológica,<br />
que se realiza em Setúbal. Evento<br />
único na área das tecnologias de<br />
informação, comunicação e eletrónica<br />
(TICE), dirigido ao público<br />
em geral, empresários, professores,<br />
alunos, investigadores e profissionais<br />
da área.<br />
Saiba mais aqui.<br />
48<br />
11<br />
ABRIL<br />
GROWTH<br />
FORUM <strong>2019</strong><br />
Fundação Champalimaud,<br />
Lisboa<br />
O Growth Forum <strong>2019</strong> – Portugal<br />
como catalisador do desenvolvimento<br />
internacional é um<br />
evento internacional organizado<br />
pela Câmara de Comércio e Indústria<br />
Portuguesa que reunirá<br />
na Fundação Champalimaud, em<br />
Lisboa, figuras internacionais e<br />
nacionais de destaque do mundo<br />
da política e dos negócios com o<br />
objetivo de consolidar e projetar<br />
o papel de Portugal num cenário<br />
global, presente e futuro.<br />
Mais informações aqui.<br />
15 A 17<br />
World Employer Branding Day é o<br />
maior evento do mundo em employer<br />
branding. O objetivo é conectar empresas<br />
de todo o mundo com os líderes<br />
mundiais do employer branding,<br />
agências e comunidades.<br />
Saiba mais aqui.<br />
MAIO<br />
WORLD EMPLOYER<br />
BRANDING DAY<br />
Teatro Tivoli, Lisboa<br />
15 A 16<br />
A Fundação AIP lança mais um Portugal<br />
Economia Social, uma feira que<br />
pretende promover, dinamizar e qualificar<br />
o setor da economia social portuguesa.<br />
Um evento multidisciplinar<br />
que se dedicará a mostrar e estimular<br />
o potencial do setor da economia social.<br />
Saiba mais aqui.<br />
MAIO<br />
PORTUGAL ECONOMIA SOCIAL<br />
FIL, Lisboa
ABRIL <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
16 A 18<br />
MAIO<br />
360 TECH INDUSTRY<br />
Exponor, Matosinhos<br />
A 360 Tech Industry – Feira Internacional da Indústria<br />
4.0, Robótica, Automação e Compósitos<br />
é um evento que convida todos os profissionais<br />
do setor industrial a conhecer as mudanças<br />
necessárias para rentabilizar o seu negócio e as<br />
últimas novidades em inovação industrial.<br />
Saiba mais aqui.<br />
21 A 23<br />
Portugal Smart Cities Summit congrega um<br />
programa de conferências nas grandes temáticas<br />
de smart cities, água e energia, e conta com<br />
a participação nacional de projetos, startups,<br />
spin-offs, universidades, entidades públicas e<br />
privadas, empresas e empreendedores nacionais<br />
e internacionais.<br />
Saiba mais aqui.<br />
MAIO<br />
PORTUGAL SMART CITIES SUMMIT<br />
FIL, Lisboa<br />
WORLD LEADERSHIP FORUM<br />
Centro de Congressos, Lisboa<br />
Daniel Lamarre, presidente do Cirque du Soleil, e<br />
Daniel Goleman, pioneiro em inteligência artificial<br />
serão alguns dos rostos do World Leadership Forum,<br />
que pretende reforçar e repensar o papel do<br />
líder à frente das organizações.<br />
Saiba mais aqui.<br />
FIN PORTUGAL<br />
FIL, Lisboa<br />
21 E 22<br />
6 E 7<br />
MAIO<br />
JUNHO<br />
A FIN Portugal (Feira Internacional de Negócios)<br />
faz parte de um projeto internacional da<br />
Associação de Jovens Empresários Portugal-<br />
-China que liga três continentes através de três<br />
eventos anuais que decorrem em Portugal (junho),<br />
Macau (outubro) e Brasil (março).<br />
Saiba mais aqui.<br />
49
OPINIÃO<br />
AFINAL, O QUE É A MENTORIA?<br />
Sandra Correia, empreendedora<br />
Pedro Machado, CN Media<br />
“Mentoria é o sistema em que uma pessoa mais velha e<br />
experiente (mentor) orienta e encaminha outra mais jovem<br />
e com menos experiência”, diz a Infopédia.<br />
A mentoria tem vindo cada vez mais a ganhar espaço no<br />
quotidiano da vida empresarial e no mundo dos negócios<br />
em Portugal, embora ainda seja uma área em desenvolvimento,<br />
ao invés dos Estados Unidos, onde a<br />
mentoria faz parte da vida dos mentores e mentorados<br />
como algo lógico e necessário.<br />
A mentoria assenta, tal como tudo na vida, na partilha da<br />
experiência vivida de uma pessoa, não necessariamente<br />
mais velha, mas experiente que orienta e encaminha outros<br />
menos inexperientes.<br />
Os nossos avós fizeram isso connosco, os nossos pais<br />
também, nós fazemos isso com os nossos filhos, afinal,<br />
todos somos mentores, cada um à sua maneira.<br />
A grande novidade é que a mentoria profissional começa<br />
a ser cada vez mais real em Portugal, não só porque temos<br />
bons mentores, mas porque nós também estamos<br />
abertos a aprender e a partilhar as nossas experiências.<br />
Na área dos negócios, a mentoria é fundamental, seja<br />
para o empreendedor, seja para o empresário, seja para<br />
o líder de equipa, seja para o colaborador ou funcionário,<br />
seja para quem for.<br />
Vou dar o meu exemplo: na minha carreira como empreendedora<br />
e mulher de negócios abri mercados que não<br />
estavam abertos, inovei, reinventei, falhei e tive sucesso!<br />
Foi um caminho solitário e de enorme aprendizagem. Os<br />
meus mentores não eram portugueses, eram americanos<br />
com experiência de vida e o maior prazer que tinham<br />
era ajudarem-me a evoluir no meu negócio através da<br />
sua experiência.<br />
A mentoria passou a ser algo natural na minha vida e<br />
quando senti que já não era a paixão que me movia no<br />
meu negócio, nem o elevado nível empresarial e de reconhecimento<br />
que tinha alcançado, fiz uma mudança de<br />
vida e comecei a partilhar com os outros a minha experiência,<br />
a minha aprendizagem e tudo o que desenvolvi<br />
ao longo da minha carreira para que os mentorados não<br />
demorassem tanto tempo a chegar aos seus objetivos e<br />
falhassem menos do que eu.<br />
50<br />
Sandra Correia, empreendedora e anterior figura de capa da <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
A importância da mentoria como parceiro de negócios é<br />
fundamental, porque o mentor pode abrir portas através<br />
do seu networking, pode criar estratégias de mercado<br />
adaptadas ao mercado alvo com orientações fiéis e<br />
assertivas, pode utilizar técnicas que mais rapidamente<br />
tragam resultados imediatos e, sobretudo, pode encurtar<br />
o caminho do mentorado para o sucesso, evitando as<br />
falhas pelas quais o mentor já passou.<br />
A mentoria é um investimento vital para a evolução de<br />
qualquer negócio, porque os negócios são as pessoas e<br />
se as pessoas tiverem uma mente aberta para aprender,<br />
ouvir, rapidamente os resultados serão alcançados.<br />
O tempo em que escondíamos o nosso negócio, os nossos<br />
contactos, a partilha de como fiz, já terminou. O isolamento<br />
não ajuda ao crescimento e esta consciência é<br />
a base da transformação que estamos a viver no mundo.<br />
É preciso abrir, porque mesmo que o outro faça igual a<br />
mim, ele vai sempre fazer diferente, porque nem a cópia<br />
consegue ser igual.<br />
"A mentoria é um investimento<br />
vital para a evolução de qualquer<br />
negócio"<br />
Criar estratégias de negócios, internacionalização,<br />
marketing, comunicação, abrir ao investimento, uma<br />
boa ideia, escalar um negócio, partilhar networking, são<br />
os alicerces de uma boa mentoria, de um saber, de experiência<br />
de vida direcionada para todos os que ousam,<br />
na sua humildade, em querer aprender e, na sua visão,<br />
querer voar e serem melhores.<br />
Ser mentora é isto, sem estereótipos, mas de coração e<br />
sabedoria abertos para que todos possam falhar menos,<br />
aprender mais, ter mais sucesso e, sobretudo, serem felizes<br />
ao contribuírem para o crescimento económico do<br />
seu país, porque, ao fim ao cabo, empreendemos com<br />
amor e #oamorexiste.
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