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REVISTA_Abril2019_consciente

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+ Saúde<br />

Dia Mundial de Luta Contra o CANCRO<br />

Artigo de opinião | Alfredo Martins, Internista e Coordenador do NEDReso<br />

Fábio Duarte || fabioduarte@miligrama.com.pt ||<br />

O cancro do pulmão é, atualmente, a primeira causa<br />

de morte por cancro nos homens em Portugal, e<br />

a terceira no sexo feminino, atrás do cancro do cólon<br />

e do cancro da mama. Por ano são efetuados<br />

novos diagnósticos de cancro do pulmão em cerca<br />

de 5.730 homens e 1.430 mulheres, e morrem por<br />

esta doença aproximadamente 5.100 homens e<br />

1.080 mulheres.Apesar dos progressos conseguidos<br />

no seu tratamento, os ganhos verificados na sobrevida<br />

da maioria dos doentes, cinco anos após o diagnóstico,<br />

são escassos. Nos Estados Unidos a taxa<br />

de sobrevida global aos cinco anos passou de 13 por<br />

cento em 1975 para cerca de 18 por cento em 2018.<br />

O prognóstico depende do estádio de evolução da<br />

doença na data em que é iniciado o tratamento e a<br />

maioria dos diagnósticos são obtidos em fases avançadas<br />

da doença. Nestes casos a taxa de sobrevida<br />

aos cinco anos varia entre os zero e os 36 por cento.<br />

Contudo, os doentes diagnosticados durante o primeiro<br />

estádio clínico da doença têm uma probabilidade<br />

de mais de 90 por cento de estarem vivos passados<br />

esses cinco anos. Podemos concluir, pelos<br />

números acima referidos, que se trata duma doença<br />

com um peso social e económico muito significativo,<br />

com sérias repercussões na vida das pessoas e<br />

das famílias afetadas e na sociedade em geral, uma<br />

vez que as suas consequências, o tratamento e todo<br />

o apoio de que necessitam os doentes com cancro<br />

do pulmão se repercutem, de diferentes formas e<br />

intensidades, a todos estes níveis.<br />

O conhecimento atual sobre as causas do cancro do<br />

pulmão, as capacidades disponíveis para o seu tratamento<br />

conforme o estádio da doença ao diagnóstico<br />

e as possibilidades existentes de realizarmos<br />

diagnósticos em estádios mais precoces permitemnos<br />

afirmar que podemos alterar muito o cenário<br />

atual e que não estamos, de facto, a orientar os esforços<br />

no combate à doença na direção certa. É necessário<br />

investir muito mais em duas áreas fundamentais:<br />

na prevenção e no diagnóstico precoce do<br />

cancro do pulmão. Podemos parar o cancro do pulmão<br />

antes de ele aparecer e, quando isso não for<br />

possível, temos de o diagnosticar antes de adquirir<br />

dimensões que impeçam a sua cura. Mais de 80 por<br />

cento dos doentes com cancro do pulmão são fumadores<br />

ou ex-fumadores. O hábito de fumar e a exposição<br />

ao fumo ambiental é o principal fator de risco<br />

associado ao desenvolvimento de cancro no pulmão<br />

e este risco pode ser significativamente diminuído<br />

pela mudança de hábitos. A doença pode ser evitada<br />

numa enorme parcela dos casos com a redução do<br />

consumo ou da exposição ao tabaco. Em Portugal<br />

cerca de dois milhões de pessoas são fumadoras<br />

(perto de 1.33 milhões são homens e 680 mil são<br />

mulheres). Existem ainda outros fatores de risco<br />

conhecidos que devem ser objeto de medidas de<br />

controlo específico: poluição atmosférica (fumos de<br />

escape diesel); exposição profissional (asbestos, pó<br />

de madeiras, vapores de soldagem, arsénico e me<br />

Será que podemos alterar este cenário?<br />

46 CONSCIENTE Abril www.revista<strong>consciente</strong>.pt

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