Revista MB Rural - Jan/Fev 2019
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NÃO SE ESQUEÇA QUE DEPOIS DA CHUVA VEM A SECA<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong>
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong>
PASTO LIMPO E PRODUTIVO<br />
É COM A AGROQUIMA
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Elenilton Souza<br />
Gerente Corporate do Banco SICREDI<br />
CRÉDITO RURAL<br />
Muitas vezes quando ouvimos a palavra “crédito” temos uma leve tendência a enxergar como algo arriscado ou<br />
até mesmo um sinal de as coisas vão mal, seja para pessoa física ou jurídica.<br />
o entanto, a lição é saber<br />
Nde que forma adquirir uma<br />
linha ideal que atenda às<br />
nossas necessidades, sem comprometer<br />
o orçamento ou os planos<br />
futuros do negócio. No caso das<br />
empresas, é preciso salientar que, se<br />
bem planejadas e executadas, as soluções<br />
de crédito podem ser aliadas<br />
e contribuir para a expansão do empreendimento.<br />
O momento mais oportuno para<br />
um empreendedor contratar um crédito<br />
é quando ele consegue prever a<br />
obtenção de um retorno financeiro<br />
(rentabilidade) no seu negócio<br />
igual ou superior ao desembolso<br />
em encargos que ele irá pagar pelo<br />
empréstimo contratado. Por conta<br />
disso, não é aconselhado que se inicie<br />
um empreendimento já contraindo<br />
dívida, pois, neste momento, os<br />
demais gastos normais no período<br />
pré-operacional geralmente irão superar<br />
as receitas, em especial, pelo<br />
baixo ritmo inicial de negócios. No<br />
entanto, algumas situações podem<br />
ser ponderadas como, por exemplo,<br />
que uma eventual contratação<br />
de crédito venha com um prazo de<br />
carência para o início dos repagamentos<br />
ou até mesmo alguma modalidade<br />
que apresente um sistema<br />
de prestações crescentes ao longo<br />
do prazo do empréstimo.<br />
Vale ressaltar que o crédito só<br />
será benéfico ao empreendedor<br />
quando ele aproveitar a oportunidade<br />
para aumentar o seu volume<br />
de vendas e, por consequência, de<br />
retorno financeiro. Com isso, o negócio<br />
crescerá em um patamar que<br />
supere os encargos e riscos inerentes<br />
a sua contratação.<br />
O Sicredi – instituição financeira<br />
cooperativa que possui mais de 3,7<br />
milhões de associados e atuação em<br />
21 estados brasileiros – conta com<br />
um amplo portfólio de produtos de<br />
crédito especialmente focados no<br />
público PJ. Cerca de 10% do quadro<br />
do Sicredi é formado por PJ, sendo<br />
que 96% deste grupo são Micro ou<br />
Pequenas Empresas (MPE´s), 3,4%<br />
médias empresas e 0,6% grandes<br />
empresas. O perfil de sua carteira<br />
de crédito hoje apresenta a seguinte<br />
distribuição: 31% são para MPE´s,<br />
28% são para médias e 41% são para<br />
empresas de grande porte.<br />
Entre os produtos de curto prazo,<br />
aqueles que dão um fôlego para o<br />
empreendedor tocar o dia a dia, uma<br />
opção interessante é a Antecipação<br />
de Recebíveis, uma linha de crédito<br />
que tem como objetivo dar ao empreendedor<br />
a oportunidade de<br />
transformar as suas vendas<br />
a prazo, em geral<br />
de até 180 dias, tanto<br />
por meio de cheque,<br />
cartões e duplicatas -<br />
para citar os mais comuns<br />
- em dinheiro na<br />
hora, em taxas médias<br />
atuais em torno de 2,0%<br />
a.m. Outra possibilidade é<br />
o Capital de Giro, no Sicredi,<br />
por exemplo, disponível<br />
tanto nas modalidades<br />
fixo (prestações periódicas)<br />
como rotativo (juros mensais<br />
e saldo devedor ao final do contrato),<br />
em que o mesmo obtém recursos<br />
por até três anos, agregando<br />
outras garantias pessoais ou reais, de<br />
acordo com a sua disponibilidade,<br />
com taxas médias atuais em torno<br />
de 1,6%a.m.<br />
Para as operações de longo prazo,<br />
buscando um aumento da capacidade<br />
produtiva e/ou a melhoria<br />
dos seus indicadores de eficiência,<br />
o destaque é para o Investimento<br />
Empresarial, que tem como objetivo<br />
oferecer ao empreendedor o financiamento<br />
de um projeto de expansão<br />
do seu negócio, com pagamentos<br />
periódicos, em um prazo de até 10<br />
anos, com a possibilidade de obter<br />
uma carência inicial, com taxas médias<br />
atuais em torno de 1,30%a.m.<br />
Há ainda a linha Máquinas e Equipamentos,<br />
cujo foco é a aquisição<br />
ou substituição do maquinário envolvidos<br />
no processo produtivo, no<br />
mesmo prazo de contratação, conta<br />
com taxas médias em torno de<br />
1,80%a.m.<br />
Com todas essas informações,<br />
vale a pena<br />
analisar – com a orientação<br />
adequada – quais a<br />
melhor alternativa para o<br />
seu negócio, assim como<br />
o momento mais oportuno<br />
para a tomada de<br />
recurso. Depois disso,<br />
é só prosperar!<br />
8<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong>
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Natalia Sgobi Novaes<br />
Engenheira Agrônoma e<br />
consultora comercial na Agrisoft<br />
natalia.novaes@agrisoft.com.br<br />
AGRICULTURA I<br />
Desde que o homem deixou de ser nômade e começou a cultivar plantas em um local fi xo para a sua alimentação, a<br />
agricultura vem se revolucionando cada vez mais ao longo das eras. A revolução agrícola e a revolução verde que ocorreram<br />
no passado permitiu que a agricultura que conhecemos hoje chegasse aos níveis atuais de produtividade utilizando<br />
equipamentos, insumos e variedades adaptadas para os mais diversos climas e condições do planeta.<br />
esse sentido, a Agricultura<br />
N4.0 chega nos dias atuais<br />
trazendo diversos recursos<br />
tecnológicos visando aumentar<br />
a produtividade dos nossos campos<br />
e a otimização dos recursos disponíveis<br />
para a produção. Atualmente,<br />
temos disponíveis diversas ferramentas<br />
como drones, sensores para<br />
monitoramento e aplicação da agricultura<br />
de precisão, tratores autônomos<br />
que dispensam operadores<br />
e operam via GPS, entre outros.<br />
A agricultura de precisão é uma<br />
das que mais evolui e se aperfeiçoa<br />
com o surgimento de novas tecnologias<br />
e equipamentos para coleta e<br />
processamento de dados. Ao longo<br />
dos últimos anos diversas tecnologias<br />
foram sendo intro¬duzidas<br />
nas práticas de agricultura de precisão.<br />
Graças à Internet das coisas<br />
(Internet of Things, IoT), a computa¬ção<br />
em nuvem, as tecnologias<br />
da eletrônica e da computação de<br />
muito baixo consumo e as formas<br />
de comunicar sem fios com uma<br />
efi¬ciência cada vez maior e custos<br />
mais reduzi¬dos, os sistemas<br />
de distribuição e armazenamento<br />
de dados evoluíram a ponto de ser<br />
virtualmente possível criar qualquer<br />
solução de monitorização com suporte<br />
para a integração de dados<br />
em qual¬quer plataforma e, assim,<br />
desenvolver políticas mais adequadas<br />
para o campo.<br />
E com informações cada vez<br />
mais fiéis ás condições reais de<br />
campo, é possível o planejamento e<br />
aplicação personalizáveis a cada necessidade<br />
encontrada dentro da fazenda,<br />
permitindo um melhor uso<br />
dos insumos e consequentemente<br />
uma maior economia. Para a obtenção<br />
de dados na fazenda elimina-se<br />
cada vez mais o “olho humano” e<br />
dão espaço a diversos dispositivos<br />
eletrônicos, que transmitem dados<br />
muitas vezes em tempo real para<br />
softwares, que processam esses dados<br />
e fornecem ao produtor rural<br />
tomadas de decisão mais condizentes<br />
a realidade. Nesse contexto,<br />
drones, VANTS (Veículos aéreos<br />
não tripulados) e sensores entram<br />
em cena e permitem a captação de<br />
informações próximos das reais<br />
condições do campo.<br />
Inicialmente os drones e VANTs<br />
(Veículos aéreos não tripulados) foram<br />
criados para uso militar, sendo<br />
introduzidos no Brasil por volta da<br />
década de 70. Após o programa militar<br />
ser descontinuado, viu-se uma<br />
oportunidade de utilização desses<br />
equipamentos em outros setores,<br />
inclusive na agricultura. Hoje, é<br />
possível a utilização desses equipamentos<br />
tanto para aplicações localizadas<br />
de defensivos químicos até o<br />
mapeamento e monitoramento de<br />
lavouras com maior precisão, quando<br />
comparados com os satélites de<br />
sensoriamento. Por estarem mais<br />
próximos da superfície, os drones<br />
e VANTs permitem a captura de<br />
imagens com nitidez e precisão, garantindo<br />
maior fidelidade aos dados<br />
em relação ás condições encontradas<br />
em campo.<br />
10<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Os sensores para monitoramento<br />
agrícola vêm se tornado<br />
cada vez mais modernos e mais<br />
precisos na coleta de informações.<br />
A sua aplicabilidade varia desde<br />
a coleta de dados de umidade do<br />
solo até o consumo e geolocalização<br />
de máquinas agrícolas em operação<br />
pela fazenda, sendo que seus<br />
dados podem ser transmitidos em<br />
tempo real ou remotamente.<br />
Dessa forma, os sensores se<br />
tornam um importante aliado na<br />
coleta de dados, eliminando possíveis<br />
erros ao longo do processo<br />
e diminuindo o tempo de coleta,<br />
aumentando a precisão da coleta<br />
de dados. E como dissemos ao<br />
longo do texto, a coleta de dados<br />
é crucial, pois a Tecnologia da Informação<br />
trabalha em cima dos dados<br />
obtidos, para poder comparar<br />
e processar as melhores situações<br />
para a fazenda.<br />
A “INTERNET DAS VACAS”<br />
Por trás desse divertido termo<br />
há uma onda de informatização<br />
dos reba-<br />
nhos mundiais para tornar a informação<br />
sobre os animais cada vez<br />
mais rápida, precisa e acessível de<br />
qualquer local. O objetivo é que todos<br />
os bovinos do planeta tenham<br />
seus dados conectados na nuvem,<br />
melhorando a quantidade e a qualidade<br />
dos dados disponíveis sobre<br />
os rebanhos e, consequentemente,<br />
a produtividade de carne e leite<br />
para a alimentação mundial.<br />
agricultura, haverá uma otimização<br />
de recursos, melhor aproveitamento<br />
e rendimento dos pastos, e consequente<br />
maior ganho de proteína<br />
animal por hectare.<br />
Assim como na agricultura, diversos<br />
sensores vêm sendo aplicados<br />
no meio pecuário para captar<br />
dados cada vez mais preciso sobre<br />
os animais, pastos e rebanho em<br />
geral. Anteriormente utilizados<br />
Com políticas ambientais cada<br />
vez mais severas e maior exigência<br />
do mercado consumidor, a informatização<br />
dos rebanhos também<br />
visa aperfeiçoar cada vez a chamada<br />
pecuária de precisão, que, da<br />
mesma forma que é realizada na<br />
agricultura, possibilita ao pecuarista<br />
obter informações mais precisas<br />
sobre as condições do seu rebanho.<br />
Como consequência disso, as<br />
tomadas de decisão acerca dos<br />
manejos realizados serão<br />
mais assertivas, e assim<br />
como na<br />
como identificadores, hoje alguns<br />
modelos de brincos utilizados pelos<br />
animais já possuem chips que<br />
carregam todas as informações do<br />
animal desde o seu nascimento,<br />
além de dados como peso, manejo<br />
e vacinas.<br />
Colares inteligentes com Blue<br />
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tooth® coletam informações em<br />
tempo real sobre níveis de pastejo<br />
do animal, registrando a movimentação<br />
e captando o som do boi<br />
pastando ou ruminando. Antenas<br />
alimentadas com energia solar captam<br />
informações dos sensores nas<br />
coleiras via Wi-Fi e as enviam para<br />
um computador central, computando<br />
quanto tempo cada animal<br />
ficou em atividade, em ruminação<br />
e até mesmo em ócio. Com isso, é<br />
possível traçar curvas de<br />
ganho de peso e produtividade<br />
de cada animal.<br />
O uso de sensores não<br />
visa somente o acompanhamento<br />
do estado fisiológico<br />
do animal, mas<br />
também podem garantir<br />
a segurança do animal no<br />
campo. O roubo de gado<br />
é uma pratica bastante comum<br />
e que cresce a cada<br />
ano. Somente no Mato<br />
Grosso, o registro cresceu 30% no<br />
primeiro semestre de 2017, quando<br />
comparado ao mesmo período<br />
do ano anterior. Em Minas Gerais<br />
a situação também preocupa: uma<br />
fazenda é assaltada a cada dois dias.<br />
Na tentativa de reduzir essas ocorrências,<br />
o rastreamento de gado se<br />
apresenta como uma excelente solução.<br />
O rastreador é acoplado a coleira<br />
do animal, ou utilizado como<br />
brinco, e emite sinais de localização<br />
que são captados por satélites<br />
da empresa prestadora de serviço,<br />
que compartilham os dados via internet<br />
e contam com uma equipe<br />
especializada em rastreamento.<br />
Assim como na agricultura que<br />
se utiliza de robôs para a realização<br />
de atividades rotineiras e em substituição<br />
do colaborador humano, a<br />
pecuária também abre espaço para<br />
a utilização e aprimoramento de<br />
diversos robôs. Na ordenha, por<br />
exemplo, já se utiliza ordenhadeiras<br />
mecânicas que substituem o funcionário<br />
e o contato do animal com<br />
o homem. Nesse segmento, empresas<br />
especializadas lançam todos<br />
os anos ordenhadeiras totalmente<br />
robotizadas, que se utilizam de<br />
sensores para encaixe das teteiras<br />
na teta do animal e na condução<br />
dos animais até a sala de ordenha.<br />
Sistemas desse tipo auxiliam a evitar<br />
o stress animal causado pela ordenha,<br />
e usuários de ordenhadeiras<br />
robotizadas garantem um aumento<br />
na produção de até 10%.<br />
A informação é o item mais importante<br />
e o objetivo principal da<br />
coleta de dados, a conectividade<br />
entre sensores e aplicativos e softwares<br />
de inteligência artificial é<br />
essencial para o melhor aproveitamento<br />
desses dados. Diversos aplicativos<br />
já disponíveis no mercado<br />
captam dados dos animais através<br />
dos sensores citados e confrontam<br />
com dados básicos inseridos<br />
pelos pecuaristas, como data de<br />
nascimento, medicação, alimentação,<br />
vacinações e peso. Todas essas<br />
informações são transmitidas para<br />
a nuvem, e são processadas para<br />
obter relatórios e resultados sobre<br />
a criação animal, podendo ser acessados<br />
a qualquer momento para<br />
acompanhar e auxiliar na tomada<br />
de decisões fundamentadas as<br />
decisões do produtor.<br />
Com esses acompanhamentos<br />
é possível obter<br />
detalhes do rebanho,<br />
aumentando a produção<br />
de carne e leite.<br />
Em resumo, as tecnologias<br />
para a agricultura<br />
e pecuária visam<br />
o mesmo objetivo das<br />
revoluções anteriores:<br />
aumentar a produtividade<br />
de alimentos com economia<br />
de recursos. Porém, em uma era<br />
que tempo é um fator importante,<br />
a informação e a decisão chegam<br />
com mais velocidade e são cada<br />
vez mais acessíveis ao produtor.<br />
Se você não está convencido que<br />
a Tecnologia da Informação e a<br />
Internet das coisas vão afetar a<br />
agricultura e a pecuária e provocar<br />
transformações profundas, você já<br />
está atrasado. A revolução digital<br />
no campo já começou, e evoluir é<br />
necessário para a permanência do<br />
produtor no ramo e aumento da<br />
lucratividade ao longo prazo.<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Flávio Dutra de Resende<br />
Zootecnista -<br />
Pesquisador Científico da APTA<br />
Ivanna Moraes de Oliveira<br />
Zootecnista -<br />
Pesquisadora Científico da APTA<br />
Gustavo Rezende Siqueira<br />
Zootecnista<br />
Pesquisador Científico - APTA<br />
MANEJO<br />
BOM PARA O PRODUTOR, BOM PARA O<br />
FRIGORÍFICO E BOM PARA O CONSUMIDOR<br />
Maxwelder Santos Soares<br />
Zootecnista<br />
O Boi 777 é um modelo de produção que surgiu na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA)<br />
através do Polo Regional da Alta Mogiana, em Colina, São Paulo. É o resultado de anos de pesquisas desenvolvidas<br />
pelos pesquisadores Flávio Dutra de Resende e Gustavo Rezende Siqueira. Hoje, o número de adeptos<br />
ao conceito vem crescendo e já abrange todas as regiões do país.<br />
sse conceito foi desenvolvido<br />
após observações sobre<br />
E a necessidade de quebra<br />
dos padrões extensivos de produção,<br />
sobre os anseios da indústria<br />
por carcaças de melhor qualidade e<br />
mais padronizadas, sobre o aumento<br />
da expectativa do consumidor<br />
por carnes de melhor qualidade e,<br />
em conjunto com tudo isso, observações<br />
sobre as dificuldades em<br />
se fazer pesquisas aplicáveis para a<br />
maioria dos sistemas de produção<br />
e, sobretudo, repassar esse conhecimento<br />
para produtores e indústria.<br />
Os números “777” veem dos<br />
resultados dos estudos, que mostraram<br />
ser possível colocar 7@ em<br />
cada fase do sistema de produção:<br />
cria, recria e engorda. Aqui é importante<br />
destacar que nada em<br />
criação de boi deve<br />
seguir “receita de bolo” e que este<br />
modelo de produção será adaptado<br />
a cada sistema e o produtor irá utilizar<br />
os recursos que dispõe e as estratégias<br />
mais adequadas à sua realidade.<br />
Mais importante que o “777”<br />
feito ao pé da letra, é focar o uso<br />
do modelo “777” para aprender a<br />
avaliar métricas, utilizar metas e<br />
técnicas que aumentem a eficiência<br />
de utilização dos próprios recursos,<br />
tudo isso, em função de um objetivo<br />
particular.<br />
Nesse contexto, é sempre importante<br />
começar com metas palpáveis,<br />
o que não quer dizer que<br />
não serão desafiadoras. Para<br />
isso, é muito importante<br />
o<br />
planejamento, manejo de pasto e<br />
estratégias de suplementação. O<br />
modo de uso dessas ferramentas<br />
sempre será determinado pela fase<br />
de produção e estação do ano. Sem<br />
se esquecer, é claro, de pontos chaves<br />
como genética, sanidade e bem-<br />
-estar.<br />
O objetivo geral é fornecer direção<br />
aos produtores interessados em<br />
intensificar a produção, mostrando,<br />
com dados e exemplos, que é possível<br />
reduzir a idade de abate média<br />
atual de 36 meses para no máximo<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
24 meses e, ao mesmo tempo, sair<br />
do peso de carcaça de 18@ para o<br />
de 21@.<br />
Toda aplicação do modelo deve<br />
ser feita pensando na fazenda com<br />
empresa rural, aproximando cada<br />
vez mais a cadeia de corte da máxima<br />
eficiência produtiva, tornando-<br />
-a mais competitiva e organizada.<br />
A utilização do conceito aumenta<br />
o giro dentro da fazenda porque o<br />
animal é abatido mais cedo e fica<br />
menos tempo nela. Além disso,<br />
ele ajuda a aumentar a escala de<br />
produção, o que é crucial, já que a<br />
margem líquida está cada vez mais<br />
estreita.<br />
Aqui vale lembrar que, dentro<br />
do conceito, condições de produção<br />
limitantes no Brasil, como a<br />
seca, que aflige todo mundo, todos<br />
os anos, é trabalhada antes de virar<br />
problema, utilizando ferramentas<br />
de manejo de pastejo como o diferimento<br />
e a suplementação. Com<br />
esse tipo de ajuste é possível aumentar<br />
a lucratividade e, ao mesmo<br />
tempo, a sustentabilidade dos sistemas<br />
de corte, reduzindo a emissão<br />
de metano por kg de carne produzida,<br />
por exemplo.<br />
Todas as estratégias envolvem<br />
a utilização adequada da pastagem<br />
(até mesmo para terminação intensiva<br />
à pasto), que é o alimento base<br />
do animal, na maioria dos sistemas<br />
de produção brasileiros, conjuntamente<br />
com a suplementação estratégica,<br />
que será determinada em<br />
função da fase de vida do animal.<br />
O objetivo principal é reduzir a<br />
idade de abate e aumentar o ganho<br />
de carcaça, que é parte do animal<br />
que gera dinheiro para o produtor<br />
e carne para a população.<br />
Para se atingir esse objetivo, o<br />
conceito tem como base a ideia<br />
de plano nutricional. Isso significa<br />
que é importante planejar o que o<br />
animal irá comer ao longo de toda<br />
sua vida, tomando cuidado para<br />
que a taxa de ganho em determinada<br />
fase, seja sempre menor que a<br />
da fase seguinte. Resumindo: Não<br />
devemos acelerar o ganho de peso<br />
durante a cria, usando creep-feeding,<br />
por exemplo, se eu não for<br />
suplementar adequadamente o animal<br />
quando ele for desmamado na<br />
seca, estarei perdendo dinheiro... E<br />
por aí vai…<br />
Você acabou de conferir a primeira<br />
parte do artigo sobre o Boi<br />
777, acompanhe a nossa próxima<br />
edição a continuação deste trabalho.<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong><br />
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Aildson Pereira Duarte<br />
Pesquisador Científico -<br />
Instituto Agronômico (IAC)<br />
aildson@iac.sp.gov.br<br />
Claudinei Kappes<br />
Eng. Agrônomo, Dr.-<br />
Pesquisador da Fundação MT<br />
claudineikappes@fundacaomt.com.br<br />
AGRICULTURA II<br />
época de semeadura do milho<br />
safrinha tem sido ante-<br />
A cipada graças à alteração do<br />
sistema de produção da soja. Isso<br />
depende da disponibilidade de cultivares<br />
de soja superprecoces adaptadas<br />
e do início das chuvas para iniciar<br />
sua implantação, que são muito<br />
variáveis no país. Comparando as<br />
diferentes regiões produtoras, verifica-se<br />
que o Sudoeste e o Centro-<br />
-Oeste do Paraná são as regiões que<br />
tem maior proporção da área semeada<br />
em janeiro até o primeiro decêndio<br />
de fevereiro (Figura 3). Por<br />
outro lado, as regiões sudoeste de<br />
Figura 3. Proporção de lavouras semeadas por decêndio, de janeiro a março, por região<br />
produtora nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato<br />
Grosso e MAPITO (Maranhão Piauí e Tocantins), média 2016 e 2017. Fonte:<br />
adaptado de Ceccon et al., 2017 e Giachini et al. (2017)<br />
São Paulo e norte<br />
do Paraná tem<br />
o milho implantando<br />
mais tardiamente, com mais<br />
de 40% da área nos dois primeiros<br />
decêndios de março.<br />
O constante lançamento de híbridos<br />
adaptadas regionalmente foi<br />
decisivo para o aumento da produtividade<br />
do milho safrinha. O custo<br />
das sementes, que aumentou significativamente<br />
depois do advento<br />
dos transgênicos, é considerado um<br />
dos principais critérios para a escolha<br />
dos híbridos pelos agricultores,<br />
por ser a produtividade da maioria<br />
das lavouras relativamente baixa,<br />
não compensando altos investimentos.<br />
Priorizam-se cultivares<br />
com sementes mais baratas principalmente<br />
nas semeaduras tardias,<br />
depois da época recomendada regionalmente.<br />
Devido à boa adaptação<br />
e estabilidade produtiva, alguns<br />
híbridos tem ocupado boa proporção<br />
do mercado por até cinco anos,<br />
mesmo diante do lançamento contínuo<br />
de novos materiais. Cultivares<br />
O sucesso do milho safrinha é devido, em grande parte, aos ajustes realizados na cultura da soja.<br />
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de ciclo superprecoce são utilizadas<br />
preferencialmente, em relação<br />
aos precoces, apenas nas regiões<br />
de alta incidência de geadas, para<br />
que a maturidade fisiológica dos<br />
grãos ocorra antes da sua ocorrência<br />
(escape), por exemplo, no<br />
centro-sul do Paraná. Outra característica<br />
agronômica importante é<br />
manutenção da planta ereta até o<br />
final do ciclo; em algumas regiões<br />
(ex.: Médio Vale do Parapanema,<br />
na divisa de São Paulo e Paraná) algumas<br />
cultivares podem apresentar<br />
alto índice de plantas acamadas.<br />
A escolha do híbrido interfere<br />
no manejo de doenças, pragas e<br />
plantas daninhas na lavoura. Preferem-se<br />
cultivares resistentes às<br />
doenças, mas tem reduzido o nível<br />
de exigência pela sanidade foliar,<br />
priorizando-se, nos melhores<br />
ambientes, híbridos de maior teto<br />
produtivo com pelo menos duas<br />
aplicações de fungicidas. De maneira<br />
geral, a qualidade dos grãos<br />
não é um fator limitante no posicionamento<br />
das cultivares de milho<br />
safrinha, exceto em regiões específicas<br />
onde podem ocorrer altos índices<br />
de grãos ardidos pela prodridões<br />
de Giberella (parte do Paraná)<br />
ou Diplodia (parte<br />
do Mato<br />
Grosso), requerendo o uso de cultivares<br />
resistentes. A eficiência da<br />
tecnologia Bt no controle da lagarta-do-cartucho<br />
também é um<br />
dos fatores considerados; a sua importância<br />
decresceu recentemente<br />
diante da quebra sucessiva das tecnologias<br />
transgênicas. São poucas<br />
as opções de híbridos adaptados<br />
que contém evento transgênico Bt<br />
eficiente no controle da lagarta-do-<br />
-cartucho. A presença da transgenia<br />
RR tem sido considerada importante<br />
em algumas regiões e/ou<br />
propriedades agrícolas, por facilitar<br />
o manejo das plantas daninhas<br />
e, ao mesmo tempo, rejeitada em<br />
outras regiões por encarecer o manejo<br />
da resteva do milho safrinha<br />
na cultura da soja; neste caso o herbicida<br />
glifosate é utilizado nas duas<br />
culturas porque quase totalidade da<br />
soja é RR.<br />
As uniformidades de semeadura<br />
e desenvolvimento inicial das<br />
plantas, juntamente com um bom<br />
manejo do solo, também são fundamentais<br />
para obter bons potenciais<br />
produtivos. No milho safrinha<br />
é comum o arranque inicial pouco<br />
vigoroso e a presença de plantas<br />
sem espigas (“dominadas”) e/ou<br />
espigas pequenas ou mal formadas<br />
(grãos ausentes ou leves na ponta<br />
do sabugo). A falta de uniformidade<br />
pode ocorrer desde a emergência<br />
das plantas, mesmo quando<br />
se utiliza sementes com elevado<br />
vigor e tratadas contra pragas de<br />
solo. O trânsito de colhedoras em<br />
solo muito úmido compacta faixas<br />
de solo e a deficiência na regulagem<br />
do picador de palha causa distribuição<br />
desuniforme dos restos<br />
culturais. Esses fatores levam à desuniformidade<br />
na profundidade de<br />
semeadura, logo, em uma mesma<br />
área as sementes são depositadas<br />
em sulcos rasos até muito profundos<br />
e/ou sem aderir ao solo. Isso<br />
é agravado pela semeadura em<br />
solo úmido em alta velocidade.<br />
Outra possível causa é o manejo<br />
inadequado da adubação, por não<br />
proporcionar o arranque vigoroso<br />
de todas as plantas, por exemplo,<br />
devido à deficiência de nitrogênio<br />
quando toda a adubação é aplicada<br />
a lanço após a emergência das<br />
plantas.<br />
Depois dos benefícios da antecipação<br />
de semeadura e do emprego<br />
de cultivares adaptadas, juntamente<br />
com os ajustes na implantação da<br />
lavoura, são as melhorias no manejo<br />
da adubação que proporcionarão<br />
a continuidade do aumento da<br />
produtividade do milho safrinha,<br />
desde que empregadas tecnologias<br />
apropriadas de manejo de pragas,<br />
doenças e plantas daninhas, que<br />
protegem o potencial produtivo.<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
SEGURO AGRÍCOLA<br />
ensando nisso e atento às<br />
Pmudanças climáticas, o<br />
produtor está sendo convidado<br />
a uma nova mentalidade na<br />
gestão dos riscos da lavoura. Os<br />
mecanismos de proteção já não podem<br />
mais ser analisados com base<br />
no histórico de eventos do passado,<br />
mas sim nos riscos que poderão advir<br />
no futuro. A cada ano, surgem<br />
novos exemplos de regiões que,<br />
embora não tenham apresentado<br />
registros recentes de perdas, sofreram<br />
com algum tipo de prejuízo relacionado<br />
a fenômenos da natureza.<br />
Diante deste complexo e imprevisível<br />
cenário, ganham cada vez<br />
mais espaço os seguros privados<br />
denominados Seguros Agrícolas,<br />
que oferecem proteção contra uma<br />
ampla gama de eventos durante<br />
todo o ciclo de vida das culturas.<br />
Apesar de ainda distante de mercados<br />
mais desenvolvidos como o<br />
dos Estados Unidos, nos últimos<br />
anos o mercado de seguro agrícola<br />
brasileiro contou com avanços<br />
importantes, que vão desde a ampliação<br />
da oferta com a entrada de<br />
Felipe Michels Caballero<br />
Gerente de Produtos e Processos do Banco SICREDI<br />
A IMPORTÂNCIA DO<br />
seguro agrícola<br />
na lavoura<br />
A atividade agrícola é fundamental para o País, seja pelo viés econômico ou pelo simples fato de que é por meio dela que<br />
os alimentos chegam às nossas mesas. Quem trabalha diariamente com a vida no campo sabe que os imprevistos são<br />
muitos e que uma das maiores preocupações diz respeito às perdas de produção decorrentes de fatores climáticos. Cada<br />
vez mais vale a máxima de que a agricultura é uma indústria a céu aberto.<br />
novas seguradoras até melhoria dos<br />
produtos oferecidos, não somente<br />
em relação à adequação de taxas,<br />
mas também na ampliação dos níveis<br />
de cobertura disponibilizados<br />
aos produtores.<br />
São diversas opções de produtos<br />
e seguradoras, conforme a cultura e<br />
a região de contratação, sendo que<br />
as coberturas podem abranger desde<br />
riscos pontuais, como o granizo,<br />
por exemplo, até outras mais completas,<br />
que ampliam o rol de riscos<br />
cobertos ou até mesmo conjugam,<br />
em uma mesma apólice, as duas<br />
principais preocupações do produtor:<br />
clima e oscilações no preço do<br />
produto.<br />
Um outro aspecto importante é<br />
a possibilidade de o produtor contar<br />
com subsídio governamental<br />
para pagamento de parte do valor<br />
do seguro (prêmio). Nacionalmente,<br />
isso acontece por meio do Programa<br />
de Subvenção ao Prêmio do<br />
Seguro <strong>Rural</strong> (PSR), do Ministério<br />
da Agricultura, Pecuária<br />
e Abastecimento<br />
(MAPA), podendo representar de<br />
35% a 45% do valor total da apólice,<br />
de acordo com as características<br />
do produto e da cultura segurada.<br />
Alguns Estados possuem ainda<br />
programas de subvenção que seguem<br />
regramento específico e comumente<br />
são complementares ao<br />
subsídio federal. Importante registrar<br />
que a concessão ou não do benefício<br />
dependerá essencialmente<br />
da disponibilidade de recursos dos<br />
órgãos governamentais e também<br />
do atendimento, pelo produtor, das<br />
regras estabelecidas em cada um<br />
dos programas.<br />
Finalmente, é imprescindível<br />
considerar que o período de comercialização<br />
dos seguros agrícolas<br />
acompanha o calendário do ano-safra.<br />
Portanto, você que é agricultor<br />
e deseja diminuir os riscos da sua<br />
lavoura, esta é a hora de conhecer<br />
melhor os produtos e contratar<br />
uma boa proteção.<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Wagner Pires<br />
Engenheiro Agrônomo<br />
wagner@circuitodapecuaria.com<br />
www.circuitodapecuaria.com.br<br />
MANJEO DE PASTAGEM<br />
É normal quando se inicia o período das chuvas, o pasto fi ca verde e bonito, o gado ganha peso e o pecuarista<br />
esquece dos momentos difíceis. O período das chuvas nem sempre é satisfatório e gera os resultados que desejamos.<br />
INDÍCE PLUVIOMÉTRICO MÉDIO DO TO<br />
chuva pode ser pouca e<br />
A<br />
mal distribuída ou chover<br />
muito e o solo não conseguir<br />
armazenar satisfatoriamente a<br />
umidade. É fundamental que o pecuarista<br />
controle as chuvas através<br />
de um pluviômetro o desenrolar<br />
das chuvas e analise a quantidade de<br />
chuva e comportamento das pastagens.<br />
Mas são detalhes que o pecuarista<br />
não se atenta e ele só vai começar a<br />
se preocupar novamente quando o<br />
pasto começa a secar e o gado deixar<br />
de ganhar peso.<br />
O nosso pecuarista não está acostumado<br />
a fazer leitura da quantidade<br />
e qualidade de massa produzida<br />
pelo pasto e muito menos de avaliar<br />
como está o sistema radicular da<br />
planta forrageira. Afinal de contas o<br />
boi não se alimenta de raízes e sim<br />
de folhas.<br />
A grande maioria não mede as chuvas<br />
e nem pesa com a devida frequência<br />
o gado para avaliar o GMD.<br />
Quando muito pesa na hora do embarque.<br />
O pecuarista precisa ser curioso e<br />
investigar tudo ligado ao pasto.<br />
Por que o pasto seca rapidamente<br />
e produz muito pouco durante a<br />
seca?<br />
Por que o pasto rebrota muito lentamente<br />
no início da temporada<br />
das chuvas?<br />
Onde encontrar as respostas<br />
para todos estes<br />
porquês?<br />
É preciso entender que<br />
a planta forrageira não<br />
é somente folha, mas<br />
sim um conjunto que vai<br />
muito além da visão do pecuarista.<br />
A planta é folha, talo, raiz, tecidos<br />
de reserva e muitas outras partes.<br />
Gostaria de lembrar alguns pontos<br />
importantes.<br />
A planta vive de água, nutrientes,<br />
oxigênio e energia e se faltar algum<br />
destes itens ela não produz satisfatoriamente.<br />
É fundamental que se<br />
compreenda o comportamento da<br />
água disponível no solo. Durante<br />
o período das chuvas a umidade é<br />
abundante no solo e, portanto, a<br />
planta não necessita de muita raiz<br />
para absorver a água e os nutrientes.<br />
Porem quando a chuva vai raleando<br />
a umidade do solo vai ficando cada<br />
vez mais profunda e, portanto, faz-se<br />
necessário que a planta tenha<br />
mais raízes e mais profundas.<br />
Para que a planta consiga produzir<br />
mais raízes ela necessita de 3 nutrientes<br />
principais, CALCIO, FÓS-<br />
FORO e NITROGÊNIO, mas o<br />
pecuarista acha que adubar pasto<br />
não dá lucro e infelizmente a gran-<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
de maioria não aduba ou se aduba<br />
o faz errado. Lembro que a grande<br />
maioria dos solos do Brasil são ácidos<br />
e pobres em Fósforo. Portanto<br />
pecuarista amigo, já está passando<br />
do momento de você quebrar estes<br />
paradigmas da sua cabeça.<br />
Outro ponto importante é que<br />
pasto sujo, sobra pouca água para<br />
as gramíneas forrageiras, pois as<br />
raízes das plantas daninhas, principalmente<br />
as chamadas pragas duras<br />
possuem um sistema radicular<br />
muito poderoso que conseguem<br />
pegar boa parte da água existente<br />
no solo para si.<br />
Pasto mau manejado não produz<br />
muita raiz e para se manejar bem<br />
um pasto é fundamental dividir e<br />
sempre dar um descanso para a<br />
pastagem se recuperar.<br />
Existem algumas estratégias que<br />
dão bons resultados na seca, entre<br />
elas está o uso de produtos<br />
que estimulam o enraizamento da<br />
gramínea forrageira, tais como os<br />
hormônios Auxina, Citocinina e<br />
Giberilina, existem vários bons<br />
produtos com estes hormônios<br />
disponíveis no mercado. Temos<br />
também os ácidos Fúlvicos e Húmicos<br />
que compõem a matéria orgânica<br />
no solo e podem ser aplicados<br />
para estimular o enraizamento<br />
e finalmente temos os aminoácidos<br />
que trabalham as bactérias do solo<br />
melhorando o desenvolvimento radicular<br />
da planta.<br />
O uso de nitrogênio nos últimos 30<br />
a 40 dias antes do termino<br />
das chuvas ajudam a planta<br />
a desenvolver raízes<br />
para conseguir atravessar<br />
o período de seca com<br />
menos estresse.<br />
Finalmente uma dica importante,<br />
se a disponibilidade<br />
de água já é pouca é<br />
fundamental que a planta<br />
perca o mínimo possível<br />
de água e uma das coisas<br />
que mais provoca a perda<br />
de água de uma planta é o<br />
excesso de vento sobre a<br />
planta, portanto se o pecuarista<br />
começar a adotar<br />
o uso de barreiras contra o excesso<br />
de vento através de arvores plantadas<br />
com o objetivo de formar<br />
barreiras, ajuda muito. Hoje a EM-<br />
BRAPA tem o modelo do silvipastoril<br />
que ajuda bastante.<br />
Portanto pecuarista amigo é hora<br />
de rever os conceitos e começar a<br />
adubar, dividir pasto, controlar as<br />
plantas daninhas e se preocupar<br />
com as raízes de seu pasto.<br />
Pense nisso!<br />
Até a próxima.<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Rafael Mazão<br />
Zootecnista<br />
rafaelmazao@dstak.com<br />
Uberaba (MG), Brasil<br />
GENÉTICA I<br />
Precocidade e Precisão no Ciclo Completo<br />
A pecuária moderna exige ferramentas sólidas para estabelecer as defi ciências e fortalezas dos projetos, em<br />
qualquer sistema de produção, na cria, recria ou terminação, ou mesmo ciclo completo, extensivos ou intensivos,<br />
e assim determinar os “caminhos” para atingir os objetivos com maior facilidade.<br />
á que temos um ciclo longo<br />
Jde produção na pecuária,<br />
qualquer ganho em tempo<br />
representa muito lucro, imagina<br />
ainda ganhar além do tempo, também<br />
na genética que é inserida no<br />
rebanho com maior rapidez.<br />
Aí desvendamos o 1º T!!!!<br />
TEMPO: substantivo masculino,<br />
“sinônimo” absoluto de precocidade<br />
e maior lucro na pecuária de<br />
corte!!!<br />
Mas o que é precocidade?<br />
PRECOCIDADE se refere a<br />
toda ação de seleção determinada a<br />
redução do ciclo pecuário.<br />
E onde identificar a precocidade<br />
no rebanho?<br />
NO PESO:<br />
Independente do sistema de<br />
produção, analisando contemporâneos,<br />
o indivíduo ou grupo que<br />
tem a maior capacidade de ganho<br />
de peso será o mais precoce, seja<br />
na desmama, ao ano, sobreano e<br />
ao abate, consequentemente aquele<br />
que consegue produzir mais peso<br />
em menor tempo.<br />
NO RENDIMENTO E<br />
ACABAMENTO:<br />
Mencionado logo ali acima o<br />
abate, mas não só o peso identifica<br />
precocidade ao final do ciclo da pecuária<br />
de corte, junto a outros dois<br />
fatores que influenciam o sistema<br />
terminal: rendimento e acabamento<br />
da carcaça.<br />
A precocidade em rendimento<br />
será distinta por aqueles animais geneticamente<br />
superiores para área de<br />
olho de lombo (AOL), que expressa<br />
o resultado direto desta característica.<br />
Ou seja, maior AOL maior<br />
rendimento de carcaça, maior lucro<br />
no abate.<br />
Já quanto ao acabamento, a espessura<br />
de gordura subcutânea<br />
(EGS) demonstra a capacidade do<br />
animal formar maior ou menor<br />
quantidade de gordura.<br />
Como o último tecido a ser formado<br />
é o adiposo (gordura), quando<br />
o animal expressa a deposição de<br />
gordura frigorífica ideal (mediana à<br />
uniforme) já reflete sua terminação<br />
precoce, nos animais zebuínos abaixo<br />
de 24 meses, e nos taurinos continentais<br />
e seus cruzamentos abaixo<br />
de 18 meses, como um exemplo<br />
convencional na classificação frigorífica<br />
de carcaças.<br />
NA FERTILIDADE:<br />
Nos apresenta tanto nas fêmeas,<br />
quanto nos machos, indicadores diretamente<br />
correlacionados a precocidade<br />
sexual.<br />
Já ouviu ou leu esse dito? “Sem<br />
vaca prenhe não tem seleção!”<br />
Exatamente isso, sem matriz<br />
gestante não existe produto, se não<br />
existe produto não tem como selecionar<br />
nada!<br />
Mas queremos mais, buscamos<br />
as novilhas prenhes à idade púbere<br />
o mais precoce possível, direcionando<br />
o desafio aos zebuínos (base<br />
nacional) nossa busca é: todo mundo<br />
gestante até os 15 meses!!! Probabilidade<br />
de parto precoce (3P).<br />
Além do bom manejo, sanidade<br />
e nutrição, “pois avião não decola<br />
com gasolina comum”, podemos<br />
selecionar e ter bons resultados na<br />
antecipação do ciclo no primeiro<br />
22<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
produto da matriz.<br />
Lembra da precocidade em acabamento,<br />
citada ali em cima? Então,<br />
ela tem alta correlação com<br />
precocidade sexual, pois o mesmo<br />
hormônio que libera a produção de<br />
gordura no organismo tem associação<br />
aos hormônios reprodutivos<br />
à idade púbere, leptina! Por isso,<br />
além de ficar de olho da Dep 3P<br />
também atente-se para a Dep EGS<br />
ao selecionar fêmeas precoces sexualmente.<br />
Trabalhos indicam superiorida-<br />
de de mais de 33% de diferença<br />
no fluxo de caixa nas propriedades<br />
que utilizam as novilhas com<br />
prenhez precoce (12 à 15 meses)<br />
quando comparadas em sistemas<br />
convencionais com primeira concepção<br />
de 24 à 27 meses de idade.<br />
Já nos machos, o melhor indicativo<br />
é através daqueles indivíduos<br />
melhoradores para perímetro<br />
escrotal ao ano (PE 365), evidenciando<br />
ainda serem mais pesados<br />
a mesma idade, pois existe relação<br />
genética direta com alta herdabilidade<br />
para seleção de perímetro escrotal<br />
e peso.<br />
A seleção reflete nas fêmeas<br />
também, ou seja, filhas de touros<br />
melhoradores para Dep PE 365<br />
são mais precoces sexualmente, e<br />
ainda os filhos ganham na mensuração<br />
testicular, refletindo em<br />
maior ganho econômico quando se<br />
trata de reprodutores, como visto<br />
na Tabela 1, abaixo.<br />
Tabela 1: Valor Médio na Comercialização<br />
de Touros Nelore e<br />
Nelore Mocho (24 à 36 meses).<br />
Identificar os animais melhoradores<br />
que levam ao rebanho ganho<br />
genético e produtivo além da média<br />
da população, significa sentar numa<br />
Ferrari e andar de 0 a 100 km/hora<br />
em 2,8 segundos, deixando de lado<br />
o tradicional Fusca que talvez nem<br />
chegue aos 100 km/hora.<br />
Agora sim, o 2º T: TECNO-<br />
LOGIA!<br />
A pecuária moderna exige precisão,<br />
e “sinônimo” de precisão é<br />
tecnologia, somente com ferramentas<br />
de identificação com precisão<br />
podemos tomar as melhores<br />
decisões e selecionar os animais<br />
precoces que ficam, e os tardios<br />
que serão descartados do rebanho.<br />
As avaliações genéticas provenientes<br />
dos sumários é uma destas<br />
ferramentas, que atestam touros,<br />
matrizes e produtos, através das<br />
dep’s de pedigree, interinas e de<br />
progênies, esta última provando os<br />
animais e aumentando a acurácia<br />
quanto as características de precocidade.<br />
As avaliações genômicas que<br />
dão subsídio antecipado é mais<br />
uma aliada, dando oportunidade<br />
dos animais jovens melhoradores<br />
em precocidade serem multiplicados<br />
com maior confiabilidade genética.<br />
As avaliações intra rebanho<br />
dão suporte técnico, quando mensurado<br />
e avaliado a produção de<br />
contemporâneos por safra do desmame<br />
ao sobreano. Identificando<br />
produtos, matrizes e reprodutores,<br />
assim dando oportunidade de<br />
manter da porteira para dentro os<br />
mais produtivos e precoces no sistema<br />
de produção, e os ineficientes<br />
da porteira para fora.<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Drª. Thaís Alves Rodrigues<br />
Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento<br />
da Cenatte Embriões<br />
thais.rodrigues@cenatte.com.br<br />
GENÉTICA II<br />
Com o passar dos anos, a demanda por melhora genética do rebanho e a redução do intervalo entre prenhezes deu<br />
espaço a uma nova tecnologia no mercado: a produção de embriões in vitro. Conhecida como PIV (produção de embriões<br />
in vitro) ou mais popularmente como FIV (fertilização in vitro), esta técnica inicialmente surgiu com o objetivo<br />
de tratar a infertilidade em humanos e posteriormente foi aplicada a animais. Os primeiros registros de FIV foram<br />
feitos há 40 anos atrás em humanos e desde então muitos avanços foram alcançados.<br />
primeira tecnologia reprodutiva<br />
aplicada a bovinos<br />
A foi a inseminação artificial<br />
(IA), que começou a ser utilizada<br />
no início dos anos 1900. O objetivo<br />
desta técnica era obter o melhoramento<br />
genético do rebanho através<br />
do uso de sêmen de alta qualidade.<br />
O surgimento dessa tecnologia causou<br />
uma revolução no campo, pois<br />
além dos benefícios genéticos a IA<br />
tornava desnecessário ao produtor<br />
a criação de touros. Contudo, apesar<br />
da melhora reprodutiva do rebanho,<br />
a inseminação artificial não<br />
era um método tão eficaz porque<br />
era necessário esperar e reconhecer<br />
o estro natural de cada animal.<br />
Com o objetivo de acelerar o<br />
melhoramento genético, surgiu<br />
também a técnica de superovulação<br />
e coleta dos embriões, onde uma<br />
vaca superestimulada pode ser inseminada<br />
e produzir vários embriões,<br />
os quais são lavados e transferidos<br />
para outras receptoras. Desta forma,<br />
era possível obter-se mais de<br />
um embrião por ciclo da mesma<br />
vaca, possibilitando um aumento<br />
da prole de animais geneticamente<br />
superiores com maior rapidez. Essa<br />
prática se iniciou entre os anos 1940<br />
e 1950, mas só foi ser utilizada em<br />
larga escala a partir de 1970.<br />
Com o avanço da tecnologia,<br />
surgiu no mercado a possibilidade<br />
de utilizar a inseminação artificial<br />
aliada ao controle estral. A opção<br />
dos produtores para gerar prenhezes<br />
mais rapidamente passou a ser<br />
a inseminação artificial por tempo<br />
fixo (IATF), onde os animais são<br />
sincronizados e inseminados artificialmente.<br />
A vantagem desta técnica<br />
em relação a inseminação artificial é<br />
reduzir o intervalo entre prenhezes,<br />
já que os hormônios administrados<br />
são capazes de sincronizar o estro<br />
dos animais, facilitando o manejo<br />
e melhorando o índice de prenhez<br />
em animais cada vez mais desafiados.<br />
Por consequência, têm-se uma<br />
redução no intervalo entre partos e<br />
melhoramento genético, porém a<br />
passos lentos. No Brasil, essa tecnologia<br />
ganhou espaço no campo<br />
justamente por proporcionar um<br />
melhoramento genético gradual e<br />
em pequena proporção a cada geração<br />
produzida.<br />
Com os avanços da tecnologia,<br />
o mercado começou a abrir espaço<br />
para a FIV em bovinos. O objetivo<br />
desta técnica era melhorar as deficiências<br />
das técnicas anteriores, levando<br />
a um rápido melhoramento<br />
genético do rebanho em um curto<br />
espaço de tempo. Comparado com<br />
a IATF por exemplo, alguns autores<br />
defendem que o tempo para um determinado<br />
melhoramento genético<br />
de um rebanho que seria de 30 anos<br />
pode ser reduzido a apenas 3 anos<br />
com a técnica de FIV. Esta técnica<br />
consiste em coletar os oócitos (células<br />
reprodutoras femininas) dos<br />
ovários das vacas e fazer o processo<br />
de maturação in vitro, o qual torna<br />
o oócito competente para ser fertilizado.<br />
Após a maturação, o oócito<br />
é submetido a fertilização in vitro,<br />
onde o sêmen escolhido pelo cliente<br />
possui grande papel no melhoramento<br />
genético do rebanho. Em<br />
seguida, os zigotos presuntivos são<br />
submetidos ao cultivo in vitro por<br />
7 dias após a fertilização e os embriões<br />
produzidos são transferidos<br />
para receptoras.<br />
O primeiro bezerro de FIV foi<br />
produzido em 1982 por um grupo<br />
que utilizou métodos cirúrgicos<br />
24<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
para recuperação dos oócitos. Os<br />
gametas foram submetidos a fertilização<br />
in vitro e transferência<br />
dos embriões. Quatro anos mais<br />
tarde iniciou-se a coleta de oócito<br />
por laparoscopia. Esta técnica<br />
permaneceu em uso por dez anos,<br />
porém, como é uma técnica muito<br />
laboriosa e invasiva acabou sendo<br />
substituída pela Opum pick-up<br />
(OPU), uma aspiração guiada por<br />
ultrassom via transretal que foi rapidamente<br />
disseminada e é utilizada<br />
amplamente até os dias de hoje.<br />
Muitas pesquisas foram realizadas<br />
para melhorar a técnica de<br />
FIV, sendo a grande maioria realizada<br />
com ovários de abatedouro.<br />
No início das pesquisas, o grande<br />
desafio foi encontrar um meio de<br />
cultura que suportasse a maturação<br />
oocitária e o posterior desenvolvimento<br />
do embrião. Surpreendentemente,<br />
o primeiro meio de maturação<br />
a ser utilizado amplamente<br />
nas produções ainda é o meio de<br />
referência mundial. Nos anos 1990,<br />
os resultados das pesquisas mostraram<br />
que os meios de cultura<br />
do embrião após a fertilização<br />
afetam o fenótipo dos bezerros.<br />
A síndrome do bezerro<br />
grande, por exemplo, foi associada<br />
ao uso de soro fetal no<br />
meio após a fertilização. Portanto,<br />
ainda havia espaço para<br />
melhora no processo de FIV,<br />
colocando o foco no cultivo<br />
embrionário.<br />
Com o passar dos anos e<br />
o aumento das pesquisas, muitos<br />
trabalhos foram feitos com suplementações<br />
aos meios de cultura e<br />
por volta dos anos 2000 ainda havia<br />
dúvidas se os meios seriam a chave<br />
do processo. Sendo assim, as atenções<br />
se voltaram para a qualidade<br />
oocitária como potencial limitador<br />
da FIV. No ano 2000, iniciou-se<br />
um movimento de pré-tratamento<br />
das doadoras antes da coleta dos<br />
oócitos, onde os animais são superestimulados<br />
com a combinação<br />
correta de hormônios garantindo<br />
um maior número de oócitos na<br />
fase correta de desenvolvimento.<br />
Esta técnica permitiu uma excelente<br />
performance dos mesmos meios<br />
de cultura utilizados anteriormente,<br />
aumentando o sucesso de produção<br />
de embriões em até duas<br />
vezes. Portanto, a chave do sucesso<br />
para uma boa produção in vitro<br />
começa pela qualidade oocitária,<br />
fator dependente do manejo e alimentação<br />
do animal e diretamente<br />
relacionado a população folicular<br />
intrínseca de cada vaca e ao número<br />
de ondas foliculares. No Brasil<br />
o pré-tratamento ainda não é um<br />
método muito utilizado, porém em<br />
países como o Canadá esse método<br />
é extremamente comum.<br />
Nos últimos anos, entramos<br />
numa fase onde a seleção genética<br />
faz parte essencial do processo<br />
de FIV. Produzir mais embriões<br />
de animais com melhor potencial<br />
genético tem se tornado essencial.<br />
Para isso, a seleção dos animais de<br />
interesse e o investimento em pré-<br />
-tratamentos dos animais é imprescindível.<br />
Hoje é possível selecionar<br />
os animais e até os embriões com<br />
maior potencial genético, levando<br />
a um rápido melhoramento do rebanho.<br />
Essa possibilidade levou a<br />
um aumento do número de laboratórios<br />
de FIV nos últimos anos,<br />
principalmente na América do<br />
Sul, maior polo de produções de<br />
embriões in vitro do mundo. Em<br />
2015, pela primeira vez na história,<br />
o número de embriões produzidos<br />
in vitro superou os embriões<br />
in vivo. O Brasil é o maior produtor<br />
na América do Sul, atingindo a<br />
marca de mais de 353 mil embriões<br />
produzidos no ano dos 612 mil<br />
produzidos mundialmente.<br />
No último relatório da IETS<br />
em 2016, observamos um pequeno<br />
aumento do volume de embriões<br />
produzidos na América do Sul para<br />
pouco mais de 378 mil. Observou-<br />
-se uma ligeira queda na produção<br />
brasileira, tendo sido produzidos<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong><br />
25
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
quase 347 mil embriões. Por outro<br />
lado, mais embriões foram transferidos,<br />
quase 276 mil em 2016 contra<br />
269 mil em 2015. Essa ligeira<br />
queda pode ser justificada pela situação<br />
econômica do país.<br />
É importante observar como o<br />
mercado de FIV no Brasil mudou<br />
ao longo do tempo. Inicialmente,<br />
a maior parte dos embriões produzidos<br />
correspondia a raças de<br />
corte. Em 2007, apenas 10% dos<br />
embriões de FIV eram de raças<br />
leiteiras. Já em 2016, esse quadro<br />
se inverteu, em que a produção de<br />
embriões provenientes de raças leiteiras<br />
já representava mais de 50%<br />
da produção brasileira. O mesmo<br />
pode-se observar em relação às raças<br />
trabalhadas. Em 2005, mais de<br />
90% dos embriões de FIV correspondiam<br />
a embriões Bos indicus,<br />
especialmente a raça Nelore. O<br />
mercado de Bos taurus começou<br />
a ser mais importante por volta<br />
de 2015, onde os embriões de Bos<br />
taurus correspondiam a mais de<br />
51% do total de embriões produzidos.<br />
Atualmente essa tendência<br />
se mantém, onde a grande maioria<br />
dos embriões produzidos são de<br />
Bos taurus e cruzamentos.<br />
No Brasil, nos dois últimos<br />
anos a produção de embriões de<br />
FIV parece ter desacelerado seu<br />
crescimento devido à crise financeira<br />
vivida pelo país. Por outro<br />
lado, a introdução da tecnologia de<br />
FIV no rebanho leiteiro através de<br />
projetos financiados por cooperativas<br />
tem crescido principalmente<br />
no Sul e Sudeste do país. Já na região<br />
centro-oeste, a demanda por<br />
embriões de FIV da raça Senepol<br />
tem aumentado devido a sua característica<br />
de resistência ao clima<br />
tropical e subtropical.<br />
Além da produção de embriões<br />
em si, o mercado de FIV movimenta<br />
o mercado de receptoras.<br />
Estima-se que esse mercado renda<br />
anualmente cerca de R$300 milhões.<br />
É difícil estimar o número<br />
de receptoras no rebanho brasileiro<br />
visto que essa condição é transitória<br />
e nem todos os produtores<br />
utilizam centrais de receptora para<br />
transferência. Porém, a expectativa<br />
para o próximo ano é que com<br />
uma estabilidade financeira maior,<br />
tanto o mercado de FIV como o<br />
de receptoras cresça ligeiramente,<br />
acompanhando um crescimento<br />
econômico que é esperado para<br />
<strong>2019</strong>.<br />
Nosso país é dono do maior rebanho<br />
comercial bovino do mundo<br />
e o investimento em novas tecnologias<br />
para melhoramento dos rebanhos<br />
é essencial nesse processo<br />
de crescimento e melhoramento do<br />
rebanho. A técnica de FIV permite<br />
inúmeras vantagens ao produtor,<br />
como um grande número de embriões<br />
produzidos de uma mesma<br />
doadora, intervalo reduzido entre<br />
as coletas, maior qualidade genética<br />
do embrião, aumento da produtividade<br />
dos animais através da escolha<br />
dos acasalamentos, aumento<br />
na proporção de nascimento de fê-<br />
meas ou machos, de acordo<br />
com a necessidade<br />
do cliente e o<br />
aproveitamento<br />
de animais<br />
muito<br />
jovens<br />
o<br />
u<br />
mais velhos que não seriam utilizados<br />
naturalmente para a prenhez.<br />
Apesar dessa técnica ser um pouco<br />
mais custosa, com o planejamento<br />
correto, escolha de doadoras e sêmen<br />
de qualidade é possível criar<br />
rapidamente um rebanho de alta<br />
qualidade e produtividade, gerando<br />
lucro ao produtor que excede facilmente<br />
o custo gerado pela técnica.<br />
O Brasil vem registrando um crescimento<br />
de 28% no número de embriões<br />
de FIV desde 2006 e estima-<br />
-se que o crescimento médio anual<br />
seja de 5 a 7% ao ano. O potencial<br />
do mercado de FIV é enorme<br />
e para um marcado em expansão<br />
como o brasileiro as possibilidades<br />
são enormes. Hoje, com a técnica<br />
e pecuária tem um novo horizonte<br />
repleto de possibilidades.<br />
26<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong>
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
AGRICULTURA III<br />
PLANTIO DE CULTIVARES RESIS-<br />
TENTES AS DOENÇAS REDUZ O USO<br />
DE AGROTÓXICOS NA CULTURA DO<br />
ARROZ IRRIGADO NO TOCANTINS<br />
o entanto, as condições<br />
Nde ambiente tropical são<br />
favoráveis à proliferação<br />
de pragas e doenças, que com a intensificação<br />
dos sistemas de cultivos<br />
que permite mais de uma safra por<br />
ano, levou o Brasil desde 2008 a se<br />
tornar o maior utilizador de agrotóxicos<br />
para o controle destas pragas.<br />
Nas últimas safras o consumo de<br />
defensivos foi superior a um milhão<br />
de toneladas de produtos formulados<br />
(Sindiveg, 2018).<br />
A cultura do arroz utiliza apenas<br />
2% do total de agrotóxicos usado<br />
no Brasil. As principais classes com<br />
maior uso são os herbicidas, e fungicidas<br />
seguido por inseticidas (Sindiveg,<br />
2018). No Tocantins, segundo<br />
dados do Sindiveg (Sindicato Nacional<br />
da Indústria de Produtos para<br />
Defesa Vegetal), as taxas de uso de<br />
agrotóxicos por culturas são 69%<br />
em soja, 13% em milho, 10% em arroz,<br />
3% em cana-de-açucar, 1% em<br />
abacaxi, 1% em melancia e 3% em<br />
outras culturas.<br />
A cadeia produtiva do arroz irrigado<br />
gera divisas e empregos para o<br />
estado do Tocantins (Fragoso et al<br />
2013). O Estado é o terceiro maior<br />
produtor de arroz do Brasil, sendo<br />
que na safra 2017/2018 foram colhidas<br />
634,7 mil toneladas<br />
de arroz em casca em uma<br />
área cultivada de 132,5 mil hectares<br />
(CONAB 2018).<br />
O cultivo de arroz no Tocantins<br />
tem como principal problema fitossanitário<br />
a ocorrência de doenças,<br />
sendo que a brusone do arroz,<br />
causada pelo fungo Magnaporthe<br />
oryzae é a que causa maiores perdas<br />
na produtividade. Estudos indicam<br />
que a região sudoeste do estado do<br />
Tocantins, apresenta a maior diversidade<br />
de raças de Magnaporthe<br />
oryzae descrita até o momento no<br />
Brasil (Dias Neto et al, 2010). Esta<br />
alta diversidade de raças do fungo<br />
tem sido a causa da rápida quebra<br />
da resistência das cultivares de arroz<br />
plantadas na região e, também<br />
um dos fatores responsáveis pelo<br />
aumento do uso de fungicidas nos<br />
cultivos.<br />
Nas cultivares com perda de<br />
resistência os produtores de arroz<br />
chegam a realizar até oito pulverizações<br />
(Trifloxistrobina+ Tebuconazol,<br />
Piraclostrobina+ Epoxiconazol,<br />
Trifloxistrobina+ Tebuconazol<br />
+ Mancozebe, Triciclazol + Tebuconazol,<br />
Triciclazol + Tebuconazol,<br />
Triciclazol + Tebuconazol+ Trifloxistrobina,<br />
Triciclazol +<br />
Daniel de Brito Fragoso<br />
Supervisor do Núcleo Regional da<br />
Embrapa Arroz e Feijão/TO<br />
e-mail: daniel.fragoso@embrapa.br<br />
Paulo Hideo Nakano Rangel<br />
Pesquis. da Embrapa Arroz e Feijão<br />
e-mail: paulo.hideo@embrapa.br<br />
Daniel Pettersen Custódio<br />
Analista da Embrapa Arroz e Feijão<br />
E-mail: danie.custodio@embrapa.br<br />
O Brasil com sua vocação natural para agronegócio e por conter uma extensa área<br />
agricultável, por dispor de recursos hídricos e de tecnologias voltadas para o setor,<br />
é hoje um dos maiores produtores agropecuários do mundo e também um grande<br />
exportador de produtos oriundos das diversas cadeias produtivas.<br />
Tebuconazol) durante a safra da<br />
cultura.<br />
O Programa de Melhoramento<br />
Genético de Arroz da Embrapa<br />
Arroz e Feijão tem como um dos<br />
principais objetivos o desenvolvimento<br />
de cultivares com resistência<br />
as doenças e em especial a brusone.<br />
Exemplo disto são as cultivares de<br />
arroz BRS Catiana e BRS Pampeira<br />
recentemente lançadas para cultivo<br />
nas várzeas do Estado do Tocantins.<br />
Estas duas cultivares tem reduzido<br />
drasticamente a utilização de<br />
agrotóxicos contribuindo para uma<br />
maior rentabilidade das lavouras de<br />
arroz e preservação do meio ambiente.<br />
Com o objetivo de avaliar a contribuição<br />
das cultivares na redução<br />
do uso de fungicidas nos cultivos<br />
de arroz irrigado no Tocantins foram<br />
levantadas informações sobre<br />
o número de pulverizações realizadas<br />
nas safras 2016/2017 em áreas<br />
plantadas com cultivares que tiveram<br />
a sua resistência quebrada e,<br />
2017/2018 em áreas plantadas com<br />
as BRS Catiana e BRS Pampeira<br />
(Tab. 01).<br />
32<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong>
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Tabela 01. Dados de utilização de fungicidas em cultivares de arroz irrigado<br />
nas safras 2016/2017 e 2017/2018, nas regiões produtoras da Lagoa<br />
da Confusão e Formoso do Araguaia no Estado do Tocantins.<br />
Safra<br />
2016/2017<br />
2017/2018<br />
2017/2018<br />
Cultivar<br />
Cultivar<br />
susceptível<br />
BRS<br />
Catiana<br />
BRS<br />
Pampeira<br />
Nº médio de<br />
Pulverizações<br />
Folha<br />
Cacho<br />
04 04<br />
Ingredientes ativos usados<br />
Trifloxistrobina+ Tebuconazol, Piraclostrobina+<br />
Epoxiconazol, Trifloxistrobina+ Tebuconazol +<br />
Mancozebe, Triciclazol + Tebuconazol, Triciclazol +<br />
Tebuconazol, Triciclazol + Tebuconazol+<br />
Trifloxistrobina, Triciclazol + Tebuconazol,<br />
01 02 Triciclazol + Tebuconazol, Triciclazol +<br />
Tebuconazol+ Trifloxistrobina, Triciclazol +<br />
Tebuconazol<br />
01 02 Triciclazol + Tebuconazol, Triciclazol +<br />
Tebuconazol+ Trifloxistrobina, Triciclazol +<br />
Tebuconazol<br />
Com base nas informações levantadas<br />
junto a produtores de arroz<br />
irrigado e revendas de defensivos<br />
agrícolas, por meio de questionários,<br />
todos responderam que as cultivares<br />
BRS Catiana e BRS Pampeira<br />
contribuíram para reduzir o uso de<br />
fungicidas nos cultivos de arroz irrigado<br />
na região sudoeste do estado<br />
do Tocantins. Nas áreas plantadas<br />
com as duas cultivares resistentes<br />
em substituição a cultivar susceptível,<br />
o número de pulverizações foi<br />
reduzido de oito na safra 2016/2017<br />
para em média três pulverizações na<br />
safra 2017/2018, sendo uma no estádio<br />
vegetativo (Triciclazol + Tebuconazol)<br />
e duas no estádio reprodutivo<br />
(Triciclazol + Tebuconazol+<br />
Trifloxistrobina, Triciclazol + Tebuconazol).<br />
Considerando, que atualmente<br />
são plantados cerca de 100 mil hectares,<br />
e que a área plantada com estas<br />
duas cultivares representou cerca de<br />
50% da área plantada, têm se uma<br />
redução pela metade do uso de fungicidas,<br />
o que é positivo do ponto de<br />
vista ambiental, bem como para os<br />
produtores de arroz, por reduzir o<br />
custo de produção.<br />
Na safra 2016/2017 o custo médio<br />
de produção estimado para a<br />
região de Lagoa da Confusão foi de<br />
R$ 4.889,00/ha em áreas cultivadas<br />
com cultivar de arroz susceptível<br />
as doenças, onde os produtores em<br />
média realizaram oito aplicações de<br />
fungicidas. As despesas com defensivos<br />
(fungicidas, herbicidas e inseticidas)<br />
totalizaram R$ 1.447,00 representando<br />
cerca de 30% do custo<br />
total. Dos R$ 1.447,00 gastos com<br />
defensivos, R$ 812,45 foi com aplicações<br />
de fungicidas. Com redução<br />
do número de aplicações de oito<br />
para três tem-se uma economia de<br />
R$ 507,78/ha em relação à safra anterior<br />
e considerando que na safra<br />
2017/2018 a área plantada com as<br />
cultivares BRS Catiana e BRS Pampeira<br />
foi de 44 mil hectares, isto também<br />
gerou uma economia estimada<br />
da ordem de R$ 20 milhões para os<br />
produtores de arroz tocantinenses.<br />
Com a continuidade dos trabalhos<br />
de pesquisa do Programa de<br />
Melhoramento Genético de Arroz<br />
e da equipe de Fitopatologia da<br />
Embrapa Arroz e Feijão em parcerias<br />
com empresas produtoras de<br />
sementes, tem-se como perspectiva<br />
lançamentos de novas cultivares de<br />
arroz resistentes as principais doenças<br />
do arroz, em especial a brusone,<br />
contribuindo para a sustentabilidade<br />
econômica e ambiental do arroz de<br />
várzea do Estado do Tocantins.<br />
Figura 1. Cultivar com perda de resistência a brusone, em<br />
Lagoa da Confusão-TO, safra 2016/2017.<br />
Figura 2. Cultivar BRS Catiana com resistência a brusone, em<br />
Lagoa da Confusão-TO, plantada na mesma área da fazenda,<br />
safra 2017/2018.<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong><br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Marcio Gomes dos Santos<br />
Consultor em Pecuária de Leite e Corte.<br />
E-mail: marcio-123321@hotmail.com<br />
PECUÁRIA LEITEIRA<br />
A atividade leiteira é e deve ser tratada com mais profi ssionalismo, a fi nal todo negócio exige Visão, Planejamento,<br />
Gestão, Foco e Determinação. Em todos os seguimentos existem empresários ganhando dinheiro<br />
e empresários perdendo dinheiro, detalhe, todos estão sob o jugo do mesmo governo e da mesma legislação.<br />
A diferença é que a maioria foca problema, enquanto poucos focam a solução!<br />
egue abaixo o resumo dos<br />
S<br />
dados financeiros ocorridos<br />
entre 06 propriedades que<br />
destacaram em meio a um grupo de<br />
20 propriedades acompanhadas por<br />
consultoria especializada em pecuária<br />
de leite.<br />
REPRESENTAÇÃO DOS CUSTOS EM (%)<br />
investido na atividade gira em torno<br />
de R$ 1.500,00 por litro de leite<br />
produzido; se a propriedade produz<br />
500 litros de leite/dia, com o exemplo<br />
acima ela terá um investimento<br />
de R$ 750.000,00 nos ativos (rebanho,<br />
instalações, equipamentos e<br />
RESUMO FINANCEIRO ($)<br />
intensiva sob o regime de pasto<br />
15%<br />
12%<br />
ESTRUTURA DO REBANHO P/<br />
PRODUÇÃO DE 500 LITROS / DIA.<br />
15%<br />
58%<br />
25 VACAS EM<br />
LACTAÇÃO<br />
5 VACAS SECAS<br />
6 BEZERRAS<br />
6 NOVILHAS<br />
17,65 %<br />
82,35 %<br />
100 %<br />
Custo Total R$ 0,85/L<br />
Custo Operacional R$<br />
0,70/L<br />
Custo com depreciação<br />
R$ 0,15/L<br />
Desta forma, 0,19/0,85 = 22% de margem sob o valor total gasto para produzir 1 litro de leite.<br />
Obs.: Os custos apresentados nas<br />
propriedades com melhor desempenho<br />
comportaram-se aproximadamente<br />
da seguinte forma:<br />
5% 13%<br />
7%<br />
15%<br />
5%<br />
DISTRIBUIÇÃO DOS CUSTOS (%)<br />
20%<br />
35%<br />
Vamos pensar um pouco. O investimento<br />
em uma leiteria é considerado<br />
equilibrado quando o valor<br />
R$ 0,70<br />
R$ 0,19<br />
R$ 0,15<br />
R$ 1,04<br />
PREÇO MÉDIO<br />
CUSTO COM<br />
DEPRECIAÇÃO<br />
CUSTO<br />
OPERACIONAL<br />
MARGEM<br />
LÍQUIDA<br />
terra).<br />
Com a margem de 22% obtida nas<br />
propriedades acompanhadas, 500<br />
litros x R$ 1,04 = R$ 520,00/dia x<br />
365 dias = R$ 189.800,00/<br />
ano x 22% de margem líquida<br />
= R$ 41.756,00/ano<br />
obtidos a partir da venda de<br />
leite.<br />
Para a produção dos 500 litros<br />
de leite/dia com média<br />
de 20 litros de leite/vaca ,<br />
em um panorama economicamente<br />
viável, a estrutura do rebanho<br />
ideal em um sistema de produção<br />
MÃO DE OBRA<br />
RAÇÃO<br />
MINERAL<br />
FERTILIZANTES<br />
MEDICAMENTOS<br />
ENERGIA E TEL.<br />
OUTROS<br />
ESTRUTURA IDEAL PARA O LOTE DE<br />
VACAS<br />
17%<br />
83%<br />
25 VACAS EM<br />
LACTAÇÃO<br />
5 VACAS SECAS<br />
rotacionado mais e/ou silagem de<br />
milho apresenta resultados satisfatórios<br />
também quando próximos<br />
do exemplo abaixo:<br />
Obs.: O percentual de vacas em lactação<br />
deve ser sempre superior aos<br />
80% em relação ao total de vacas,<br />
no caso do exemplo acima 83%.<br />
Para obter este índice deve-se dividir<br />
o numero de vacas em lactação<br />
pelo total de vacas existentes<br />
no rebanho, o resultado deve ser<br />
multiplicado por 100 e este apon-<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong><br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
tará a eficiência da propriedade<br />
em relação a estrutura do rebanho,<br />
lembrando que > 80% deve ser a<br />
média anual.<br />
- Descarte de 20%<br />
- Crescimento de 20%/ano.<br />
- Reposição de 20%/ano no LOTE<br />
DE VACAS.<br />
Obs.: Deve-se considerar as particularidade<br />
de cada propriedade.<br />
Dessa forma, o produtor manterá<br />
o rebanho em alto desempenho<br />
oferecendo incremento de 20% ao<br />
ano no crescimento do rebanho<br />
de vacas (evolução) do rebanho.<br />
Somando os 20% de descarte aos<br />
20% para crescimento do rebanho,<br />
teremos um total aproximado de<br />
13 animais, considerando o preço<br />
médio de R$ 3.000,00 x 13 cabeças<br />
= R$ 39.000,00 relativos ao descarte<br />
“somados” a evolução do rebanho.<br />
R$ 41.756,00 + 39.000,00 = R$<br />
80.756,00/ano.<br />
Resumo:<br />
Investimento = R$ 750.000,00<br />
Receita líquida = R$ 80.756,00<br />
R$ 80.756,00/750.000,00 =<br />
10,76% /ano, ou seja, a cada 10<br />
anos a atividade leiteira permite o<br />
retorno do capital imobilizado neste<br />
ATIVO.<br />
Detalhe: no cálculo acima foi considerada<br />
a depreciação das instalações,<br />
equipamentos, evolução<br />
e renovação do rebanho, ou seja,<br />
a empresa estará sempre enxuta<br />
longe da realidade de sucata encontrada<br />
em algumas propriedades<br />
brasileiras e esse exemplo aplica-se<br />
também à pecuária de corte.<br />
Área necessária para a produção de<br />
500 litros de leite por dia:<br />
- Para a produção acima 20 há de<br />
terra são mais do que suficientes,<br />
desta forma 500LX365 dias =<br />
182.500 L/ano.<br />
182.500 L / 20 há = 9.125 litros de<br />
leite por há por ano (produtividade<br />
em litros de leite).<br />
- A terra remunera acima da linha<br />
da inflação, ou seja, remuneração<br />
automática e contínua garantindo<br />
o investimento.<br />
- Os 22% de margem sob o custo<br />
operacional efetivo apresentado<br />
acima não retrata a realidade de todas,<br />
sendo extraídos das propriedades<br />
que se destacaram ao longo de<br />
4 anos de acompanhamento.<br />
Conclusões:<br />
- Com o diagnóstico da propriedade<br />
bem feito, seguido de um<br />
bom planejamento estratégico e<br />
monitoramento sistemático (controles<br />
financeiros, zootécnicos e<br />
climáticos, bem como a estratégia<br />
na compra dos insumos e etc.), a<br />
propriedade passa a ocupar espaço<br />
no seleto grupo de produtores<br />
que compõe a prateleira de cima no<br />
agronegócio, passando de vítima<br />
para protagonista principal do seu<br />
negócio (PESSOAS QUE ACRE-<br />
DITAM E ESCOLHERAM IN-<br />
FLUENCIAR NO RESULTA-<br />
DO). Dessa forma o mesmo passa<br />
a usufruir dos benefícios de colocar<br />
os filhos na faculdade, comprar um<br />
transporte, melhorar as condições<br />
de moradia, alimentação com mais<br />
qualidade e frequência e etc.<br />
- Os melhores resultados financeiros<br />
foram observados nas unidades<br />
produtivas que conseguiram conjugar<br />
produção em escala e profissionalismo.<br />
- O modismo é um mero coadjuvante<br />
do processo que contribuem<br />
para o aumento do custo de produção<br />
total e consequentemente<br />
reduz a margem de lucro do produtor.<br />
- A manutenção de animais improdutivos<br />
tem sido uma das principais<br />
causas da baixa produtividade.<br />
Isso se deve ao fato dos produtores<br />
focarem o setor operacional e negligenciarem<br />
a gestão dos números<br />
financeiros e zootécnicos; adotam<br />
a cultura da pecuária de corte tradicional<br />
que não são adeptos ao descarte<br />
e seleção do rebanho e deixam<br />
faltar alimento em quantidade<br />
e qualidade satisfatória a atender a<br />
demanda de todo o rebanho para<br />
mantê-los produtivos. Em alguns<br />
casos, nota-se a falta de uma visão<br />
clara de onde quer chegar em médio<br />
e longo prazo, amparada pelo<br />
planejamento estratégico e monitoramento<br />
sistemático.<br />
- Exemplos como estes, tornam<br />
a atividade leiteira mais atrativa e<br />
a consolida como uma das maiores<br />
cadeias de inclusão social, que<br />
cumpri o brilhante papel de contribuir<br />
para o crescimento deste país<br />
de forma racional e econômica garantindo<br />
a sustentabilidade ao meio<br />
ambiente e as gerações futuras.<br />
- No Tocantins, o município que<br />
possui a atividade leiteira como atividade<br />
econômica principal apresenta<br />
uma economia mais aquecida<br />
e desenvolvida em detrimento aos<br />
demais municípios.<br />
36<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong>
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
CONHEÇA AS MUDANÇAS DO<br />
Marilucia Dalfert<br />
Gerente de Crédito <strong>Rural</strong> do SICREDI<br />
ECONOMIA<br />
Em junho, o Governo Federal lançou o Plano Safra 2018/<strong>2019</strong>, no qual serão disponibilizados em crédito<br />
rural os montantes de R$ 194,4 bilhões para agricultura empresarial e de R$ 31 bilhões para agricultura<br />
familiar, volume 3% maior que o período anterior.<br />
ntre as principais novida-<br />
desta edição do Plano Edes<br />
Safra, destaca-se a redução<br />
nas taxas de juros. Na agricultura<br />
empresarial, no âmbito do Pronamp<br />
(Programa Nacional de Apoio ao<br />
Médio Produtor <strong>Rural</strong>), a taxa caiu<br />
de 7,5% para 6% e, para os “Demais<br />
Produtores”, de 8,5% para 7%. Na<br />
agricultura familiar, atendida pelo<br />
Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento<br />
da Agricultura Familiar),<br />
o mínimo permaneceu em 2,5% e o<br />
máximo teve uma redução de 5,5%<br />
para 4,6%.<br />
O enquadramento da renda dos<br />
produtores rurais teve um aumento.<br />
No Pronaf, passou de R$ 360 mil<br />
para R$ 415 mil. Já no Pronamp, a<br />
renda máxima atual é de R$ 2 milhões,<br />
sem a necessidade agora de<br />
verificar se parte da renda bruta é<br />
oriunda de atividade agropecuária.<br />
Outra mudança foi no tocante<br />
aos limites de preços dos serviços<br />
de assistência técnica contratados<br />
pelo produtor. A partir de 1º de julho<br />
deste ano, não há mais limitação<br />
no preço dos serviços da prestação<br />
destes serviços, que até então era de<br />
0,5% para a elaboração de projetos<br />
e de 2% para o acompanhamento<br />
técnico da produção. Para o Plano<br />
Safra 2018/<strong>2019</strong>, o valor passa a ser<br />
de livre negociação entre o produtor<br />
rural e o prestador de serviço.<br />
Além disso, volta a ser possível o<br />
financiamento de insumos adquiridos<br />
em até 180 dias antes da formalização<br />
do crédito de custeio, desde<br />
que seja apresentada a nota fiscal no<br />
momento da contratação da operação.<br />
Vale, no entanto, alertar que é<br />
preciso ter cautela, pois os insumos<br />
devem ser compatíveis com os empreendimentos<br />
financiados. Se o<br />
produtor<br />
rural<br />
formalizou<br />
o protocolo<br />
de intenção<br />
de<br />
finan-<br />
ciamento<br />
junto à sua<br />
agência bancária, é<br />
dispensada a exigência da apre-<br />
sentação das notas fiscais.<br />
Para atender às necessidades dos<br />
seus associados, o Sicredi disponibiliza<br />
linhas de crédito para custeio,<br />
comercialização, industrialização<br />
e investimento. No Plano Safra<br />
2018/<strong>2019</strong>, o Sicredi passa a contar<br />
com o Protec Agro, ferramenta de<br />
confecção de projetos técnicos que<br />
tem por objetivo facilitar a troca de<br />
informações entre assistência técnica<br />
e as cooperativas de crédito filiadas<br />
à instituição financeira cooperativa<br />
que, atualmente, conta com mais de<br />
3,8 milhões de associados e atuação<br />
em 22 estados e Distrito Federal.<br />
Neste Plano Safra 2018/<strong>2019</strong>, o<br />
Sicredi prevê um aumento de 13%<br />
em relação ao volume de recursos<br />
disponibilizados na edição precedente<br />
– a meta é disponibilizar mais<br />
38<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
de R$ 16,1 bilhões em crédito rural,<br />
com a estimativa de alcançar mais<br />
de 213 mil operações, sendo aproximadamente<br />
R$ 14,2 bilhões para<br />
as operações de custeio, comercialização,<br />
industrialização e investimento,<br />
e R$ 1,9 bilhão em operações de<br />
investimento com recursos do Banco<br />
Nacional de Desenvolvimento<br />
Econômico e Social (BNDES). Não<br />
por acaso, o Sicredi é a terceira instituição<br />
financeira em concessão de<br />
crédito rural e o primeiro em repasse<br />
do Pronaf.<br />
Por isso, neste momento, reco-<br />
mendamos aos associados<br />
que procurem a<br />
agência do Sicredi, para<br />
que os colaboradores da<br />
instituição financeira cooperativa<br />
possam orientá-los, de<br />
acordo com seus perfis, a respeito<br />
dos mais apropriados<br />
produtos e serviços disponíveis,<br />
a fim de manter o crescimento<br />
de seus negócios, sempre de forma<br />
responsável e sustentável. Esta é mais<br />
uma maneira de o Sicredi contribuir<br />
com o desenvolvimento socioeconômico<br />
regional e local, que benefi-<br />
cia<br />
não mente seus associados,<br />
somas<br />
a toda a comunidade nas quais<br />
atuam as cooperativas de crédito e,<br />
também, o Brasil como um todo.<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
MANEJO DE PASTAGENS II<br />
Caroline Penha Silveira<br />
Eng. Agrônoma<br />
Msc. Produção Vegetal<br />
Representante da Ballagro /TO<br />
caroline.silveira@ballagro.com.br<br />
o início do período das<br />
Náguas que vai entre setembro<br />
a março, começa<br />
a primeira geração das cigarrinha<br />
das pastagens (Deois sp e Zulia Sp)<br />
e também da espécie da cigarrinha<br />
da cana-de-açúcar (Mahanarva fimbriolata).<br />
Onde os ovos que estavam<br />
em diapausa na seca rente ao solo e<br />
restos culturais eclodem, surgindo<br />
a segunda fase do inseto, as ninfas,<br />
que se alimentam da seiva das raízes<br />
superficiais e da base da planta secretando<br />
através de glândulas uma<br />
espuma branca que é visualizada na<br />
parte baixa das touceiras, formando<br />
um ambiente protegido com umidade<br />
e temperatura adequadas para<br />
a sobrevivência da espécie. Neste<br />
ambiente ocorre o período ninfal,<br />
que dependendo da espécie de cigarrinha<br />
e das condições climáticas<br />
pode durar até 35 dias, seguindo a<br />
fase adulta.<br />
Assim começa um grande pesadelo<br />
para o produtor rural. Que<br />
muitas das vezes acaba<br />
perdendo as suas<br />
pastagens e a sua produção.<br />
As cigarrinhas<br />
adultas ao se alimentarem<br />
da planta<br />
sugando a seiva injetam<br />
dois tipos de<br />
toxinas, uma que se<br />
coagula no interior<br />
dos tecidos da folha,<br />
bloqueando e desorganizando<br />
o transporte das seivas<br />
e outra toxina que é solúvel que se<br />
distribui pela folha, principalmente<br />
no sentido apical. Essas folhas após<br />
um período curto de<br />
tempo<br />
ficam<br />
com uma coloração<br />
amarela,<br />
se caracterizando<br />
a um aspecto<br />
retorcido e seco levando<br />
a morte da planta,<br />
sendo este sintoma reconhecido<br />
como “queima” das pastagens.<br />
Além da perca das pastagens, as<br />
plantas ficam com baixo teor nutricional<br />
e impalatáveis para a alimentação<br />
animal, reduzindo ganhos de<br />
peso e queda na produção.<br />
Qual desafio para combater esse<br />
grande inimigo, que para alguns<br />
produtores não é reconhecido os<br />
riscos?<br />
Existem alguns métodos para o<br />
controle das cigarrinhas, porém é<br />
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41
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
necessário explorarmos o manejo<br />
correto, que inclui a descompactação<br />
dos solos para reduzir as baixas<br />
infiltrações de água e não haver somente<br />
um sistema radicular superficial.<br />
E também antes de iniciarmos<br />
qualquer método de controle,<br />
a partir das primeiras chuvas fazermos<br />
um monitoramento semanal<br />
da presença das ninfas.<br />
Das opções dos métodos de<br />
controle existente está o controle<br />
químico, onde se utiliza agrotóxicos<br />
que é indicado para o inseto da<br />
cigarrinha na fase adulta, devido à<br />
ninfa ficar protegida pela espuma<br />
e por uma massa de restos culturais.<br />
O maior inconveniente desse<br />
controle, além de matar alguns dos<br />
muitos inimigos naturais da cigarrinha<br />
perturbando a dinâmica do<br />
equilíbrio ambiental, é a necessidade<br />
de vedação da área do piquete.<br />
É importante adquirir também<br />
sementes registradas livres da pre-<br />
sença de ovos de cigarrinha e o uso<br />
de forrageiras resistentes.<br />
Devido ao desenvolvimento<br />
de resistência das cigarrinhas para<br />
com alguns métodos de controle,<br />
surgiu a necessidade de adotar novos<br />
métodos.<br />
A solução veio com o controle<br />
biológico utilizando o fungo<br />
Metarhizium anisopliae, que é um<br />
inimigo natural desse inseto. Este<br />
fungo é encontrado naturalmente<br />
no ambiente em uma ampla distribuição<br />
geográfica, sendo utilizado<br />
no controle das cigarrinhas em vários<br />
países além do Brasil.<br />
A ação desse fungo começa<br />
quando seus esporos entrando em<br />
contato com o hospedeiro, podendo<br />
ser tanto a ninfa quanto o adulto<br />
da cigarrinha, germinam e começam<br />
a penetrar na cutícula (“pele”)<br />
do inseto, passando a se desenvolver<br />
dentro do corpo, convertendo<br />
os tecidos (órgãos) internos em<br />
nutrientes para seu crescimento e<br />
multiplicação. Causando uma in-<br />
fecção ou doença denominada de<br />
muscardina verde, esse nome se<br />
deve por apresentar no corpo do<br />
inseto um crescimento micelial<br />
com uma coloração verde.<br />
Dependendo das condições<br />
ambientais o processo leva entre 2<br />
a 7 dias, até a morte do inseto. Os<br />
esporos produzidos no corpo do<br />
inseto morto são espalhados pelo<br />
vento, pelas chuvas e por outros insetos<br />
ao entrarem em contato.<br />
A aplicação do fungo deverá ser<br />
feita na forma líquida utilizando<br />
pulverizadores, de maneira uniforme<br />
cobrindo toda a extensão das<br />
áreas afetadas, fazendo com que<br />
o fungo entre em contato com as<br />
ninfas e adultos do inseto. Aplicar<br />
nas horas mais frescas do dia com<br />
umidade relativa acima dos 60 %,<br />
evitar os ventos fortes.<br />
Sempre procurar informações<br />
com um profissional qualificado<br />
seguindo as recomendações de<br />
cada fabricante do produto com<br />
garantias e registros contendo Metarhizium<br />
anisopliae.<br />
42<br />
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN /FEV <strong>2019</strong>
EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
GENÉTICA III<br />
o ponto de vista produ-<br />
não há dúvidas dos Dtivo<br />
incríveis avanços que foram<br />
substanciais e definitivos com<br />
recordistas mundiais atualmente<br />
fechando médias de produção em<br />
lactações encerradas de quase 100<br />
kgs de leite por dia. Além disso,<br />
do ponto de vista de conformação<br />
funcional podemos ver uma boa<br />
padronização e evolução em úberes<br />
e pernas e pés. No entanto, no final<br />
do século passado muito se questionava<br />
o aspecto de saúde e durabilidade<br />
de vacas leiteiras. Dessa forma,<br />
a partir de 1994 iniciou-se a seleção<br />
para vida produtiva que na época<br />
foi gerada por várias características<br />
correlacionadas; outra característica<br />
importante que começou também a<br />
ser publicada foi a de fertilidade de<br />
filhas. Gradativamente houve um<br />
incremento e melhorias nessas características,<br />
mesmo sendo de herdabilidade<br />
consideradamente baixa.<br />
Com o advento da era genômica<br />
esse a confiabilidade aumentou e<br />
foi possível avanços mais relevantes.<br />
Outro aspecto que corroborou<br />
com um maior espectro de seleção<br />
em saúde foi a pesquisa da Universidade<br />
de Guelph da Dra. Bonnie<br />
Mallard, que comprovou após muitos<br />
anos de pesquisa a alta herdabilidade<br />
da resposta imune, resultando<br />
no programa Semex Immunity+<br />
- que se torna também uma alternativa<br />
interessante para seleção em<br />
saúde de vacas leiteiras. Mas, ainda<br />
há novidades relevantes e promissoras<br />
no horizonte e esse artigo vai<br />
relatar essas novidades.<br />
Seleção para doenças especificas<br />
No mês de abril de 2018 a CDCB<br />
- órgão que controla as publicações<br />
em genética nos Estados Unidos -<br />
Flávio Junqueira<br />
Gerente Progressive de Leite<br />
flavio@semex.com.br<br />
AVANÇOS EM SELEÇÃO PARA<br />
SANIDADE DE VACAS LEITEIRAS<br />
A seleção genética em gado leiteiro tem tido um impacto duradouro e positivo em fazendas leiteiras ao<br />
redor de todo o mundo.<br />
publicou provas para resistência à<br />
cetose, mastite, retenção de placenta,<br />
hipocalcemia, metrite e<br />
deslocamento de abomaso, que<br />
são consideradas as doenças mais<br />
prevalentes e relevantes economicamente<br />
em vacas leiteiras. E, desde<br />
de 2014, o CDN - órgão de genética<br />
do Canadá - iniciou um projeto<br />
para avaliação de problemas de<br />
casco em vacas de leite, iniciando a<br />
publicação das provas para resistência<br />
a dermatite digital em 2018.<br />
Mesmo sendo apenas um começo<br />
é importante salientar que abre um<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
panorama muito promissor a longo<br />
prazo para termos vacas mais<br />
saudáveis com menor necessidade<br />
de intervenções e medicamentos<br />
- fato que já tem sido relatado em<br />
rebanhos que selecionam para imunidade.<br />
Doenças importantes economicamente<br />
e com coleta de dados<br />
consistente<br />
As seis doenças publicadas nos<br />
Estados Unidos ocorrem majoritariamente<br />
no período de transição<br />
(-21 a 21 dias após o parto), e<br />
normalmente estão inter-correlacionadas.<br />
Nesse caso exceto mastite<br />
- que pode ocorrer com frequências<br />
variáveis em todo período<br />
lactacional. A publicação dos dados<br />
de saúde será como resistência<br />
à doença, com porcentagens acima<br />
ou abaixo da média da raça, nesse<br />
caso os valores positivos serão os<br />
desejáveis pois é uma referência a<br />
resistência a determinada enfermidade.<br />
Para que estes dados fossem<br />
compilados e organizados em torno<br />
de 1 milhão de vacas que foram<br />
avaliadas e geraram em torno de<br />
1,8 milhão de dados. A confiabilidade<br />
média é de 45 a 50% e as<br />
herdabilidades por cada doença<br />
estão relatadas na tabela 1. Como<br />
é possível notar se compararmos<br />
com outras características já publicadas<br />
a herdabilidade das doenças<br />
é baixa. No entanto, é um começo<br />
importante visando seleção para<br />
doenças específicas. Além disso, há<br />
correlação significativa dessas algumas<br />
das características já publicadas<br />
(tabela 2).<br />
DOENÇA<br />
HERDABILIDADE<br />
HIPOCALCEMIA 0.6%<br />
DESLOCAMENTO<br />
DE ABOMASO<br />
1.1%<br />
CETOSE 1.2%<br />
RETENÇÃO DE<br />
PLACENTA<br />
1.0%<br />
METRITE 1.4%<br />
MASTITE 3.1%<br />
Tabela 1. Herdabilidades<br />
Tabela 2. Correlação das 6 doenças<br />
com outras características já<br />
publicadas (Vida Produtiva, Sobrevivência,<br />
DPR = fertilidade<br />
de filhas, CCS = escore de células<br />
somáticas).<br />
É importante salientar que<br />
como toda nova característica a<br />
ser implementada em avaliações<br />
DOENÇAS<br />
VIDA<br />
PRODUTIVA<br />
genéticas haverá ajustes e evolução<br />
assim que mais dados forem<br />
se acumulando. Contudo, com<br />
a velocidade de ganho genético<br />
impulsionada pela era genômica<br />
pode-se dizer que<br />
pela primeira vez estaremos<br />
de fato implementado<br />
e direcionando programas<br />
genéticos com ênfase em<br />
problemas metabólicos em<br />
gado de leite. Além disso,<br />
com o conhecimento e alta<br />
herdabilidade que a seleção<br />
para imunidade tem sido<br />
feita, sem sombra de dúvidas estaremos<br />
evoluindo a passos largos<br />
para termos vacas cada vez mais<br />
saudáveis e menos dependentes de<br />
intervenções medicamentosas e ou<br />
de atendimento, o que do ponto<br />
de vista estratégico é muito importante<br />
para o sucesso de diferentes<br />
sistemas de produção de leite ao<br />
redor mundo.<br />
SOBREVIVÊNCIA<br />
DP<br />
R<br />
CCS<br />
HIPOCALCEMIA -0.29<br />
DESLOCAMENTO<br />
DE ABOMASO 0.35 0.47 0.32<br />
CETOSE 0.59<br />
RETENÇÃO DE<br />
PLACENTA 0.17 0.13 0.14<br />
METRITE 0.32 0.26 0.46<br />
MASTITE 0.39 0.22 0.20 -0.68<br />
46<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
MANEJO DE PASTAGEM III<br />
o entanto, quando se avalia<br />
Na produção média das pastagens<br />
por unidade de área<br />
ou a capacidade suporte das pastagens<br />
no Brasil, constata-se índices médios<br />
muito abaixo do potencial produtivo<br />
que as forrageiras tropicais poderiam<br />
oferecer. Nesse contexto, diversos<br />
fatores contribuem para a baixa produtividade<br />
das pastagens, dentre os<br />
quais, merece destaque, o elevando<br />
percentual de pastagens degradadas<br />
no Brasil, que segundo dados da EM-<br />
BRAPA (2014), estima-se que 70%<br />
das pastagens no Brasil apresentam<br />
algum grau de degradação.<br />
O processo de degradação das<br />
pastagens, em muitos dos casos, se<br />
inicia, ainda na fase de implantação<br />
das forrageiras, mediante a escolha<br />
equivocada de espécie forrageira não<br />
adequada para as condições de topografia<br />
ou edafoclimáticas da região, a<br />
utilização de sementes de baixa qualidade<br />
(germinação e pureza), a taxa<br />
de semeadura imcompatível com a<br />
recomendação técnica, o uso de equipamentos<br />
inapropriados para a semeadura<br />
e falhas no preparo do solo<br />
para o plantio.<br />
Em se tratando de pastagens já estabelecidas,<br />
uma das principais causas<br />
de degradação, está relacionado aos<br />
erros de manejo na exploração das<br />
pastagens, destacando-se o uso sistemático<br />
de lotação animal acima da<br />
capacidade suporte da pastagem, a<br />
ausência ou ineficiência dos métodos<br />
de controle das plantas daninhas das<br />
pastagens e a falta de reposição de nutrientes<br />
no solo.<br />
No decorrer do processo de degradação<br />
das pastagens, ocorre diminuição<br />
gradativa do vigor das plantas<br />
forrageiras, reduzindo o stand e abrindo<br />
espaços para as plantas daninhas,<br />
as quais, são adaptadas às condições<br />
locais, cujo sistema radicular é do tipo<br />
pivotante, que extraem com maior<br />
eficiência água e nutrientes, em profundidade<br />
no solo, em comparação<br />
com as plantas forrageiras, ao mesmo<br />
tempo em que, crescem e se sobrepõem<br />
às plantas forrageiras, levando<br />
Reginaldo Farias Souza<br />
Dow AgroScience<br />
CONTROLE DE PLANTAS<br />
DANINHAS EM PASTAGENS<br />
Nos últimos anos é notório o avanço da tecnologia aplicada à produção da pecuária bovina a pasto no Brasil, cujos<br />
objetivos tem sido prioritariamente voltados para o aumento da produtividade animal, em especial, na melhoria<br />
genética e sanidade animal, o que tem proporcionado importantes mudanças dos índices produtivos, tais como: a)<br />
redução da idade ao abate dos bovinos; b) redução da taxa de mortalidade animal; c) elevação da taxa de ganho<br />
de peso animal /dia, entre outros.<br />
vantagem na concorrência por espaço<br />
e posicionamento das suas folhas<br />
para interceptação luminosa, comparativamente<br />
às plantas forrageiras.<br />
Diante disto, observa-se decréscimo<br />
na produção de massa verde das<br />
plantas forrageiras (alimento para os<br />
animais), consequentemente, menor<br />
produtividade animal por unidade de<br />
área de pasto.<br />
Assim, faz-se necessário a intervenção<br />
do homem, para efetivar o<br />
controle de plantas daninhas que<br />
impactam negativamente no sistema<br />
produtivo da pecuária bovina a pasto,<br />
uma vez que, mais de 90% do rebanho<br />
bovino nacional é produzido exclusivamente<br />
em pastagens.<br />
Métodos de controle de plantas<br />
daninhas em pastagens<br />
1. Controle cultural - São ações que<br />
evitem o aparecimento das plantas<br />
daninhas (ex. ajuste de carga animal,<br />
utilização de sementes puras e adaptadas<br />
para a região, adotar quarentena<br />
de 24 a 48 horas para animais que<br />
chegam à fazenda provenientes de<br />
48<br />
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EDIÇÃO 39 | ANO 09 | JAN/FEV <strong>2019</strong><br />
Daninha Ciganinha (Memora Peregrina)<br />
outras propriedades, infestadas por<br />
plantas daninhas, etc.)<br />
2. Controle mecânico: roçada manual<br />
e roçada mecânica - São métodos<br />
paliativos, pois não controlam<br />
efetivamente as plantas daninhas,<br />
mas tão somente a parte aérea. Funcionam<br />
como uma poda drástica,<br />
estimulando o rebrote e o desenvolvimento<br />
do sistema radicular das<br />
plantas daninhas.<br />
3. Controle químico - é um método<br />
que elimina efetivamente as plantas<br />
daninhas, com a utilização de herbicidas<br />
apropriados aos diferentes tipos<br />
de plantas daninhas de pastagens,<br />
tendo a vantagem de serem herbicidas<br />
com ação sistêmica, ou seja, penetram<br />
e se translocam para todos os<br />
órgãos da planta daninha, eliminando-a<br />
por completo, sem causar dano<br />
algum para às gramíneas forrageiras,<br />
exceto por cigarrinhas das pastagens.<br />
Dentro das recomendações de<br />
controle químico de plantas daninhas<br />
em pastagens, existem três segmentos<br />
principais, descritos a seguir:<br />
a) Auxílio de formação ou auxílio<br />
de reforma de pastagens - trata-se de<br />
aplicações nas áreas onde estão se estabelecendo<br />
novas pastagens;<br />
b) Manutenção de pastagens - São<br />
aplicações para controlar plantas daninhas<br />
em áreas de pastagem com<br />
bom stand forrageiro, mas a sua<br />
produtividade encontra-se ameaçada<br />
diante do surgimento de plantas daninhas.<br />
c) Recuperação de pastagens - Trata-<br />
-se de recomendações para áreas de<br />
pastagens já em estado de degradação,<br />
mas que ainda apresentam stand<br />
forrageiro suficiente para preencher<br />
os espaços vazios que serão deixados<br />
após o controle de plantas daninhas.<br />
Considerações Finais<br />
Vale ressaltar que o controle químico,<br />
de forma geral, quando realizado<br />
dentro das normas e recomendações<br />
adequadas, é o método<br />
de controle de plantas daninhas em<br />
pastagens com melhor relação custo/benefício<br />
na atualidade, destacando-se<br />
as pesquisas realizadas pela<br />
empresa Dow AgroSciences ao longo<br />
de quase 60 anos no Brasil, trazendo<br />
inovações e tecnologias capazes<br />
de aumentar a produtividade da<br />
pecuária bovina a pasto, por meio do<br />
controle efetivo das plantas daninhas,<br />
como por exemplo, a tecnologia XT<br />
da Dow AgroSciences, que em breve<br />
estará disponível no mercado e entregará<br />
resultados extraordinários no<br />
controle de determinados tipos de<br />
plantas daninhas que até o momento<br />
não tem controle foliar com os atuais<br />
herbicidas comerciais disponíveis no<br />
mercado.<br />
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