Revista SF - Edição 06

mãe, que contraiu botulismo no início
de janeiro de 2018 e passou mais de
50 dias internada sem conseguir se
movimentar e se comunicar. No total,
foram mais de 100 dias de incertezas
e uma recuperação dolorosa.
“Eu não sabia como seria, quanto
tempo ela ficaria sem se comunicar e
queria deixar tudo registrado, além de
usar aquilo para informar as pessoas
sobre a doença. Aproveitei a situação
para falar muito sobre resiliência, fé,
paciência. Afinal, ninguém é feliz o
tempo todo - estamos sempre enfrentando
batalhas diferentes”, relata.
Na internet, mãe também tem
que ser feliz o tempo todo
A artesã Theresa Machado, de 26 anos,
tem a impressão de que existe uma
regra para viver no ambiente digital:
“mostrar só o lado bom de tudo”. Ao
dar à luz Sebastian, de 3 anos, Theresa
conta que foi difícil não se comparar
com as outras mães do Instagram, que
sempre postavam momentos maravilhosos
ao lado dos filhos.
“Tem horas em que parece que todas
as pessoas que a gente segue são
felizes e a gente não. Só resolvi esse
problema quando comecei a seguir
mães que mostram a maternidade real,
como ela é de verdade e como ela é por
trás da tela do celular”, diz.
Com pouco mais de 300 seguidores,
a artesã tem um perfil reservado
e o deixa bloqueado para desconhecidos.
No dia a dia, suas principais publicações
se resumem às brincadeiras
do Sebastian com gatinhos e cachorros,
diversões na hora do banho e as
pronúncias divertidas do menino.
“Na maioria das vezes, ele gosta de
ser filmado e fotografado. Mas busco
sempre respeitar quando ele não quer
ou está mal-humorado. Felizmente,
nunca recebi críticas pelas publicações.
O que mais recebo são mensagens
com elogios das pessoas apaixonadas
pelo Sebastian”, diz, orgulhosa.
Estrelas mirins – cuidados para
não expor os pequenos
Ainda de acordo com o psiquiatra
Gabriel Elias Corrêa de Oliveira, as
crianças acabam lidando melhor com
a exposição constante do que os adultos,
por crescerem neste ambiente.
Nas plataformas de vídeo, não faltam
canais criados por meninos e meninas
de todas as idades. “Antes, a gente
queria subir no disco voador da Xuxa.
Hoje, as crianças querem um canal no
Youtube”, brinca.
Oliveira chama a atenção dos familiares
para cuidados fundamentais
que se deve ter para proteger os
pequenos. “Tome muito cuidado em
expor os locais que a criança frequenta,
os momentos em que fica sozinha
ou deixa de ficar sozinha, assuntos
que possam ser de interesse daquela
criança – porque isso pode ser usado
para chamar atenção dela”, ressalta,
com orientações que também valem
para os adultos.
Além disso, o psiquiatra reforça
a importância de a família conversar
abertamente com os filhos sobre fotos
impróprias para a idade, conteúdos
que devem ser evitados e, principalmente,
explicar que algumas curtidas
não farão deles celebridades.
“A ideia da estrela mirim pode fazer
mal para a criança. A gente vê com frequência
as crianças receberem meia
dúzia de likes dos amigos dos pais e,
no mundo delas, imagina que está superfamosa.
E os pais alimentam isso.
O diálogo dos pais com a criança de
não glamourizar aquela exposição é o
mais importante”.
Por fim, Oliveira orienta o acompanhamento
constante das atividades
dos pequenos nas redes sociais, sempre
conversando com seu filho ou filha
sobre o assunto mais acessado. Assim,
as crianças conseguirão discernir o
que é certo e o que é errado.
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