Revista SF - Edição 06

Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento. Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.

06.02.2019 Views

O intenso relato pertence a uma jovem de 30 anos, que preferiu não se identificar, e descreve como é viver uma crise gerada pelo Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). O distúrbio, segundo o manual de classificação de doenças mentais (DSM.IV), é caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. Diagnosticada há um ano, a jovem conta que sofre de doenças de pele, alergias e até mesmo de alguns problemas cardíacos. Porém, só aceitou a possibilidade de ser uma questão emocional quando sofreu uma crise no trabalho, precisando ficar afastada durante dez dias. “Ainda sofro com alguns sintomas, pois estou em fase de adaptação ao tratamento. “Estou aprendendo a falar a respeito e, com isso, estou descobrindo que muitas pessoas passam por situações parecidas”, Jovem entrevistada, 30 anos. Não consigo mais ficar em lugares muito cheios ou barulhentos, me dá uma sensação muito ruim. Eu não tinha isso antes”, afirma. A moça buscou o auxílio de um psiquiatra e de um terapeuta para controlar as crises e até mesmo para compreender os fatores que desencadearam os sintomas. Para alcançar mais qualidade de vida, ela conta que precisou enfrentar o próprio preconceito. “Ou eu me cuidava, ou isso poderia me prejudicar de uma forma até irreversível. Estou aprendendo a falar a respeito e, com isso, estou descobrindo que muitas pessoas passam por situações parecidas. Por isso digo que, tão importante quanto nossa saúde física, é a nossa saúde mental”, ressalta. Enfrentando o TAG na faculdade A estudante de psicologia Larissa Carolina Silva, de 22, relata que sofreu os primeiros episódios de TAG ao entrar na faculdade, há quatro anos. Conciliando o curso com o trabalho, Larissa diz que o pouco tempo que lhe restava para os estudos a deixava excessivamente preocupada com seu desempenho nas matérias. “Tive minha primeira crise ao apresentar um trabalho, o que se tornou um problema absurdo para mim. Passei a faltar das aulas em dias de apresentação. Durante as crises, eu ficava muito nervosa, passava mal. Eu tremia, meu coração disparava, tinha sudorese”, conta. Larissa diz que conviveu com o TAG durante três anos sem procurar tratamento. Neste período, fugia das provas abertas, dormia entre 12 a 14 horas por dia e se tornou uma pessoa mais introspectiva. Chegou a parar de dirigir por medo de causar acidentes e por medo do julgamento das pessoas. 24 |

“Ficava com vergonha das pessoas me verem falhar, me verem errar. Sentia um medo incontrolável de ser julgada”, Larissa Carolina Silva, 22 anos, estudante. “Se tinha gente comigo, eu errava tudo na direção. Na faculdade, felizmente pude contar com a ajuda dos meus amigos e dos professores. Meus colegas me davam poucas falas nas apresentações e intercediam se eu ameaçasse ter uma crise”, afirma. Larissa relata que percebeu que precisava da ajuda de um profissional ao começar a estudar sobre os transtornos emocionais na faculdade – quanto mais estudava, mais reconhecia em si mesma diversos sintomas e prejuízos do distúrbio. Desde que iniciou o tratamento com psiquiatra e psicólogo há um ano, a estudante diz que passou a ser uma pessoa mais aberta, com menos medo e vergonha, inclusive indo melhor nas provas e nas apresentações. Sua evolução tem sido tão positiva, que já está em processo de retirada do medicamento. “Hoje, quando percebo que estou começando a ficar nervosa, respiro fundo, paro de pensar em coisas negativas e começo uma pequena conversa comigo mesma. Falo que não tem problema se eu errar, que vai dar tudo certo, e vou me acalmando”, conclui, compartilhando a dica dos profissionais que a atendem. Larissa Carolina Silva Foto: Gabriela Castilho | 25

“Ficava com vergonha das<br />

pessoas me verem falhar, me<br />

verem errar. Sentia um medo<br />

incontrolável de ser julgada”,<br />

Larissa Carolina Silva,<br />

22 anos, estudante.<br />

“Se tinha gente comigo, eu<br />

errava tudo na direção. Na faculdade,<br />

felizmente pude contar<br />

com a ajuda dos meus amigos<br />

e dos professores. Meus<br />

colegas me davam poucas falas<br />

nas apresentações e intercediam<br />

se eu ameaçasse ter uma<br />

crise”, afirma.<br />

Larissa relata que percebeu<br />

que precisava da ajuda de<br />

um profissional ao começar<br />

a estudar sobre os transtornos<br />

emocionais na faculdade<br />

– quanto mais estudava, mais<br />

reconhecia em si mesma diversos<br />

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distúrbio.<br />

Desde que iniciou o tratamento<br />

com psiquiatra e psicólogo<br />

há um ano, a estudante<br />

diz que passou a ser uma pessoa<br />

mais aberta, com menos<br />

medo e vergonha, inclusive<br />

indo melhor nas provas e nas<br />

apresentações. Sua evolução<br />

tem sido tão positiva, que já<br />

está em processo de retirada<br />

do medicamento.<br />

“Hoje, quando percebo que<br />

estou começando a ficar nervosa,<br />

respiro fundo, paro de<br />

pensar em coisas negativas e<br />

começo uma pequena conversa<br />

comigo mesma. Falo que<br />

não tem problema se eu errar,<br />

que vai dar tudo certo, e vou<br />

me acalmando”, conclui, compartilhando<br />

a dica dos profissionais<br />

que a atendem.<br />

Larissa Carolina Silva<br />

Foto: Gabriela Castilho<br />

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