Livro Movimento Olímpico em Cabo Verde - 30 anos de história
O livro dos 30 anos de História do Movimento Olímpico em Cabo Verde é uma coletânea de histórias contadas e levantadas sobre os personagens que estiveram envolvidos desde a criação do Comité Olímpico Cabo-verdiano, até os dias de hoje, que acaba por traçar toda a história do desporto em Cabo Verde, com a criação das próprias federações, que se concretizam numa ânsia lançada desde de a primeira Conferencia Nacional do Desporto, realizado no país. Uma das primeiras obras sobre o desporto em Cabo Verde, este livro lança um olhar pormenorizado sobre figuras marcantes do setor no arquipélago e espelha o caminho desafiante que se tem percorrido desde a criação do Comité Olímpico Cabo-verdiano. A obra foi realizada pela Alfa Comunicações e foi suportada pela Solidariedade Olímpica.
O livro dos 30 anos de História do Movimento Olímpico em Cabo Verde é uma coletânea de histórias contadas e levantadas sobre os personagens que estiveram envolvidos desde a criação do Comité Olímpico Cabo-verdiano, até os dias de hoje, que acaba por traçar toda a história do desporto em Cabo Verde, com a criação das próprias federações, que se concretizam numa ânsia lançada desde de a primeira Conferencia Nacional do Desporto, realizado no país.
Uma das primeiras obras sobre o desporto em Cabo Verde, este livro lança um olhar pormenorizado sobre figuras marcantes do setor no arquipélago e espelha o caminho desafiante que se tem percorrido desde a criação do Comité Olímpico Cabo-verdiano.
A obra foi realizada pela Alfa Comunicações e foi suportada pela Solidariedade Olímpica.
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Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
<strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
<strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História
Título: <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> – <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Editora:<br />
Telefone: + (238) 260 26 90<br />
En<strong>de</strong>reço: CP 690 – Cida<strong>de</strong>la – Praia – Ilha <strong>de</strong> Santiago – <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Impressão: Alfa-Comunicações<br />
Tirag<strong>em</strong>: 500 ex<strong>em</strong>plares<br />
ISBN: 978-989-99123-3-5<br />
Fotografia: Alfa-Comunicações, Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional (COI), Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), Eneias Rodrigues.<br />
D<strong>em</strong>ais fotografias gentilmente cedidas pelos atletas, dirigentes <strong>de</strong>sportivos e seus familiares.<br />
© 2018
“Quer<strong>em</strong>os <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> a respirar Olimpismo.<br />
Quer<strong>em</strong>os que os cabo-verdi<strong>anos</strong> vejam o Desporto<br />
como um factor <strong>de</strong> inclusão e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano”<br />
Filomena Fortes<br />
Presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano
sumário<br />
página<br />
7<br />
12<br />
14<br />
16<br />
18<br />
25<br />
<strong>30</strong><br />
32<br />
35<br />
38<br />
40<br />
42<br />
44<br />
46<br />
48<br />
57<br />
Prefácio<br />
O Olimpismo como filosofia <strong>de</strong> vida<br />
Conrado Durántez, Presi<strong>de</strong>nte da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica Espanhola<br />
1ª PARTE<br />
Criação do COC<br />
01<br />
02<br />
03<br />
04<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Vonta<strong>de</strong> política<br />
David Hopffer Almada, ex-Ministro da Informação, Cultura e Desportos<br />
I Conferência Nacional do Desporto<br />
António Germano Lima, primeiro Director-Geral da Educação Física e Desportos<br />
Formalização das Fe<strong>de</strong>rações e do COC<br />
Emanuel Charles d’Oliveira, segundo Director-Geral da Educação Física e Desportos<br />
Fe<strong>de</strong>rações fundadoras e reconhecimento do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Ténis e Golfe (Antero Barros, Presi<strong>de</strong>nte e primeiro Presi<strong>de</strong>nte do COC), Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol (Francisco<br />
Évora, Secretário-Geral) Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e Voleibol (Nildo Brazão, Presi<strong>de</strong>nte), Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Atletismo e<br />
Ciclismo (Jorge Pedro Évora, Presi<strong>de</strong>nte), Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe e Judo (Joaquim Ribeiro, Presi<strong>de</strong>nte)<br />
Avaliação & Perspectivas<br />
05<br />
Passado, Presente & Futuro<br />
Arlindo Silva, Carlos Rocha, Celestino Almeida, Glória Ribeiro, João Almeida, José Luís Gomes, Luís Cardoso Silva, Manuel Pires, Moacyr Rodrigues<br />
I Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia e Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio 2020<br />
Consolidação<br />
06<br />
Sob o signo da continuida<strong>de</strong><br />
Franklim Palma, segundo Presi<strong>de</strong>nte do COC<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
07<br />
08<br />
09<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
Desporto como uma das ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Fernando Elísio Freire, Ministro do Desporto<br />
Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Maria Eduarda Vasconcelos, Presi<strong>de</strong>nte<br />
34º S<strong>em</strong>inário dos Secretários-Gerais da Associação dos Comités <strong>Olímpico</strong>s Nacionais Afric<strong>anos</strong><br />
Serge Santos, Secretário-Geral do COC<br />
Comissão <strong>de</strong> Ética Desportiva<br />
Orlando Mascarenhas, Presi<strong>de</strong>nte<br />
Comissão <strong>de</strong> Imprensa<br />
Simão Rodrigues, Presi<strong>de</strong>nte<br />
Comissão Médica<br />
Humberto Évora, Presi<strong>de</strong>nte<br />
Comissão Mulher e Desporto<br />
Ana Cristina Pires Ferreira, Presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> a respirar Olimpismo<br />
Filomena Fortes, terceira Presi<strong>de</strong>nte do COC<br />
2ª PARTE<br />
1ª Participação Olímpica<br />
15<br />
Atlanta 1996<br />
Alfayaya Embaló (velocista), Henry Andra<strong>de</strong> (barreirista)<br />
4
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
sumário<br />
página<br />
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100<br />
16<br />
17<br />
Primeira atleta olímpica e Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Atletas <strong>Olímpico</strong>s <strong>Cabo</strong>-verdi<strong>anos</strong><br />
Isménia Fre<strong>de</strong>rico, velocista<br />
Único atleta olímpico cabo-verdiano com três participações consecutivas<br />
António Zeferino, maratonista<br />
2ª Participação Olímpica<br />
18 Sidney 2000<br />
3ª Participação Olímpica<br />
Atenas 2004<br />
19<br />
20<br />
21<br />
Primeiro atleta olímpico cabo-verdiano por mérito próprio<br />
Flávio Furtado, pugilista<br />
Primeira ginasta rítmica olímpica<br />
Wânia Furtado, ginasta rítmica<br />
4ª Participação Olímpica<br />
22 Pequim 2008<br />
Nelson Cruz, maratonista<br />
5ª Participação Olímpica<br />
23<br />
Londres 2012<br />
Ruben Sança, maratonista<br />
24<br />
Primeira judoca olímpica cabo-verdiana por mérito próprio<br />
Adysângela Moniz, judoca<br />
Recordista nacional <strong>de</strong> 100 metros<br />
25<br />
Lidiane Lopes, velocista<br />
6ª Participação Olímpica<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
<strong>30</strong><br />
Rio 2016<br />
Elyane Boal, ginasta rítmica<br />
Segundo pugilista olímpico cabo-verdiano por mérito próprio<br />
Davilson Morais, pugilista<br />
Primeiras meias-finais para <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> com o primeiro barreirista olímpico cabo-verdiano<br />
por mérito próprio<br />
Jordin Andra<strong>de</strong>, barreirista<br />
Primeira taekwondista olímpica cabo-verdiana por mérito próprio<br />
Maria Andra<strong>de</strong>, taekwondista<br />
Maior participação <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> <strong>em</strong> Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
Leonardo Cunha, Chefe da Missão e Secretário-Executivo do COC<br />
3ª PARTE<br />
Cronologia<br />
Marcos da História do <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Foto-reportag<strong>em</strong><br />
Celebração do espírito <strong>Olímpico</strong><br />
5
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
prefácio<br />
O Olimpismo<br />
como filosofia <strong>de</strong> vida<br />
Conrado Durántez, Presi<strong>de</strong>nte da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica Espanhola<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong>, como uma das gran<strong>de</strong>s<br />
tendências associativas da humanida<strong>de</strong>,<br />
O<br />
é consi<strong>de</strong>rado como o conjunto <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s,<br />
organismos, instituições e pessoas, que respeitam<br />
a Carta Olímpica. Nesta e <strong>em</strong> seus Princípios<br />
Fundamentais (1) , estabelece-se que “o <strong>Movimento</strong><br />
<strong>Olímpico</strong> agrupa-se, sob a autorida<strong>de</strong> supr<strong>em</strong>a<br />
do COI, <strong>em</strong> organizações, atletas e outros que<br />
aceit<strong>em</strong> guiar-se pelas disposições da Carta. O<br />
critério <strong>de</strong> pertença ao <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> é o<br />
reconhecimento do COI. A organização e gestão<br />
do <strong>de</strong>sporto <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser controladas por organizações<br />
<strong>de</strong>sportivas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes reconhecidas<br />
como tal.” Por isso, “o <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> visa<br />
contribuir para a construção <strong>de</strong> um mundo melhor<br />
e mais pacífico, educando a juventu<strong>de</strong> através <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sportos praticados s<strong>em</strong> discriminação <strong>de</strong> qualquer<br />
tipo e <strong>de</strong>ntro do espírito olímpico que requer<br />
compreensão mútua, espírito <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong><br />
e fair play.”<br />
Mas, o que é o olimpismo mo<strong>de</strong>rno? Para<br />
o seu fundador, Pierre <strong>de</strong> Coubertin, o<br />
olimpismo “... não é um sist<strong>em</strong>a, mas sim<br />
um estado <strong>de</strong> espírito, um estado <strong>de</strong> espírito<br />
imbuído <strong>de</strong> um culto duplo, o do<br />
esforço e o da euritmia. A paixão pelo<br />
excesso e sob medida, conciliados.” (2)<br />
Em 1908, Coubertin expressou, <strong>de</strong> uma<br />
forma mais esqu<strong>em</strong>ática, a sua concepção<br />
do olimpismo quando o consi<strong>de</strong>rou<br />
(1) Carta Olímpica <strong>em</strong> vigor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001. Princípios 5 e 6.<br />
(2) Coubertin, Pierre: Carta <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1918. I<strong>de</strong>ario olímpico. Madrid 1973, p. 96.<br />
7
prefácio<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
“O objetivo do olimpismo é colocar<br />
s<strong>em</strong>pre o <strong>de</strong>sporto ao serviço<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento harmonioso<br />
do hom<strong>em</strong>, a fim <strong>de</strong> promover o<br />
estabelecimento <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />
pacífica e comprometida com a<br />
manutenção da dignida<strong>de</strong> humana.”<br />
como “... uma doutrina da fraternida<strong>de</strong> entre o corpo<br />
e o espírito” (3) e, <strong>em</strong> 1920, recriando-se perante<br />
o triunfo da sua i<strong>de</strong>ia e da soli<strong>de</strong>z adquirida pelo<br />
olimpismo que superou tantas metamorfoses históricas<br />
que exclama: “o olimpismo é uma maquinaria<br />
gran<strong>de</strong> e silenciosa, cujas rodas não rang<strong>em</strong><br />
e cujo movimento nunca cessa, apesar dos grãos<br />
<strong>de</strong> areia que alguns jogam contra ela, com tanta<br />
perseverança como insucesso, para tentar impedir<br />
o seu funcionamento.” (4)<br />
Hoje, a Carta Olímpica (5) consi<strong>de</strong>ra o olimpismo<br />
como “uma filosofia <strong>de</strong> vida que exalta e combina<br />
harmoniosamente as qualida<strong>de</strong>s do corpo, vonta<strong>de</strong><br />
e espírito. Ao associar o <strong>de</strong>sporto à cultura e à<br />
educação, o Olimpismo visa criar um estilo <strong>de</strong> vida<br />
baseado na alegria do esforço, o valor educacional<br />
do bom ex<strong>em</strong>plo e o respeito pelos princípios<br />
éticos universais fundamentais.” É por isso que “o<br />
objetivo do olimpismo é colocar s<strong>em</strong>pre o <strong>de</strong>sporto<br />
ao serviço do <strong>de</strong>senvolvimento harmonioso do<br />
hom<strong>em</strong>, a fim <strong>de</strong> promover o estabelecimento <strong>de</strong><br />
uma socieda<strong>de</strong> pacífica e comprometida com a<br />
manutenção da dignida<strong>de</strong> humana. Para o efeito,<br />
o <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> leva a cabo, sozinho ou <strong>em</strong><br />
cooperação com outras organizações e <strong>de</strong>ntro das<br />
suas possibilida<strong>de</strong>s, acções a favor da paz.”<br />
A carga s<strong>em</strong>ântica do conceito ‘o olimpismo é uma<br />
filosofia <strong>de</strong> vida’ é equivalente a “amor à sabedoria”<br />
(6) e a uma compreensão sábia da existência do<br />
ser humano que se preten<strong>de</strong> elevar e dignificar.<br />
Houve contudo, <strong>em</strong> relação ao seu significado,<br />
concepções erróneas que consi<strong>de</strong>raram o olimpismo<br />
como ‘<strong>de</strong>sporto mais cultura’, quando o <strong>de</strong>sporto,<br />
se está imbuído com a essência específica<br />
<strong>de</strong> que é próprio, já é <strong>em</strong> si cultura e instrumento<br />
gerador <strong>de</strong> cultura, como assim o conceberam entre<br />
outros Ortega y Gasset (“a cultura não é a filha<br />
do trabalho, mas do <strong>de</strong>sporto”) e Johan Huizinga,<br />
quando <strong>em</strong> 1938, afirmaram categoricamente: “as<br />
culturas nasc<strong>em</strong> sob a forma <strong>de</strong> um jogo. O jogo<br />
está presente na orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> toda a cultura. Na essência,<br />
o hom<strong>em</strong> cria jogando.” (7)<br />
“O dia <strong>em</strong> que o <strong>de</strong>sportista <strong>de</strong>ixe<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar toda a alegria do seu<br />
próprio esforço ..., o dia <strong>em</strong> que se<br />
<strong>de</strong>ixe dominar pelas consi<strong>de</strong>rações<br />
<strong>de</strong> vaida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> interesse, naquele<br />
dia o seu i<strong>de</strong>al terminará e o<br />
valor pedagógico <strong>de</strong>sse i<strong>de</strong>al, se<br />
essa expressão pu<strong>de</strong>r ser usada,<br />
diminuirá <strong>de</strong> forma irr<strong>em</strong>ediável.”<br />
Também, existe actualmente uma certa confusão<br />
entre os conceitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sporto e <strong>de</strong> olimpismo,<br />
<strong>em</strong> particular quando <strong>em</strong> alguns casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sporto<br />
<strong>de</strong> alta competição, que como consequência<br />
do elevado valor económico <strong>em</strong> que se move,<br />
são evi<strong>de</strong>nciados ou surg<strong>em</strong> casos <strong>de</strong> corrupção<br />
ou venalida<strong>de</strong>. Tal <strong>de</strong>generação é imputada como<br />
um fenómeno global do olimpismo, enfatizado erroneamente<br />
com afirmações radicais tais como<br />
que o olimpismo não existe mais, ou é um termo<br />
obsoleto e <strong>de</strong>sactualizado, quando os princípios<br />
(3) Para apreciar as diferentes concepções coubertinianas sobre o termo olimpismo, consultar: Durántez, Conrado Pierre De Coubertin y su i<strong>de</strong>ario. Madrid, 2001, pp. 52-59.<br />
(4) Para apreciar as diferentes concepções coubertinianas do termo olimpismo, consultar: Coubertin, Pierre. “A Vitória do Olimpismo”. Revue Sportive Ilustrée. Bélgica. Julho <strong>de</strong> 1920 <strong>em</strong> I<strong>de</strong>ário olímpico.<br />
(5) Carta Olímpica. Princípios Fundamentais 2 e 3.<br />
(6) Gomez <strong>de</strong> Silva, Guido. Breve Diccionario Etimológico <strong>de</strong> la Lengua Española. México 1965, p <strong>30</strong>2.<br />
(7) Ver sobre o assunto, Cagigal José María: Deporte, pedagogía y humanismo. Madrid 1966 e Durántez, Conrado: Literatura española <strong>de</strong>l t<strong>em</strong>a <strong>de</strong>portivo. in Mensaje <strong>Olímpico</strong>. Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional, número<br />
13, março <strong>de</strong> 1986, p. 13.<br />
8
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
prefácio<br />
uma vida<br />
<strong>de</strong>dicada ao <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong><br />
olímpicos fundamentais (não discriminação, paz,<br />
melhoria psico-física do ser humano através do<br />
<strong>de</strong>sporto, etc.) são tão válidos no limiar do século<br />
XXI, como quando Pierre <strong>de</strong> Coubertin, o seu fundador,<br />
os formulou.<br />
Talvez a orig<strong>em</strong> do erro resida aqui, que seria<br />
<strong>de</strong>terminar qual é a essência do <strong>de</strong>sporto verda<strong>de</strong>iro,<br />
já que o termo que tinha um conceito<br />
unívoco no início do século passado passou<br />
nos t<strong>em</strong>pos actuais a um significado equívoco.<br />
Assim, quando alguém se chama ‘<strong>de</strong>sportista’,<br />
ele po<strong>de</strong> ser questionado sobre a sua categoria<br />
ou classe: campeão olímpico, campeão nacional,<br />
campeão do clube, campeão do bairro,<br />
corredor que se mant<strong>em</strong> <strong>em</strong> forma ou o a<strong>de</strong>pto<br />
fervoroso, bochechudo e pesadão, que nos fins<br />
<strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana segue <strong>de</strong>votamente os jogos da sua<br />
equipa favorita através da televisão, confortavelmente<br />
instalado na sala <strong>de</strong> estar <strong>de</strong> sua casa,<br />
lidando com a jubilosa ou amarga incidência do<br />
lance retransmitido, enquanto compulsivamente<br />
se <strong>em</strong>panturra <strong>de</strong> uísque e amendoim? Todos<br />
eles intitulam-se <strong>de</strong> ‘<strong>de</strong>sportistas’, mas qu<strong>em</strong> é<br />
o praticante e beneficiário ao mesmo t<strong>em</strong>po, do<br />
exercício do <strong>de</strong>sporto verda<strong>de</strong>iro? (8)<br />
Também, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> espairecimento t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser<br />
consubstancial com o <strong>de</strong>sporto, pois se ela é perdida,<br />
a activida<strong>de</strong> é relegada para uma ocupação<br />
forçada habitualmente associada a um trabalho<br />
obrigado. A alegria do <strong>de</strong>sportista t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser um<br />
sintoma qualificativo do seu ânimo, o que fez Pierre<br />
<strong>de</strong> Coubertin exclamar, <strong>em</strong> 1918, <strong>de</strong> forma inteligente<br />
que “se alguém me pedisse a receita para<br />
‘olimpizar-se’ dir-lhe-ia: a primeira condição é ser<br />
alegre.” E ele acrescenta dois <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois: “o dia<br />
<strong>em</strong> que o <strong>de</strong>sportista <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar toda a alegria<br />
do seu próprio esforço e da <strong>em</strong>briaguez do<br />
po<strong>de</strong>r e do equilíbrio corporal que <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong>le,<br />
o dia <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>ixe dominar pelas consi<strong>de</strong>rações<br />
<strong>de</strong> vaida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> interesse, naquele dia o seu<br />
i<strong>de</strong>al terminará e o valor pedagógico <strong>de</strong>sse i<strong>de</strong>al,<br />
se essa expressão pu<strong>de</strong>r ser usada, diminuirá <strong>de</strong><br />
forma irr<strong>em</strong>ediável.” (9)<br />
Em suma, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar o olimpismo como<br />
uma filosofia <strong>de</strong> vida, que usa o <strong>de</strong>sporto como<br />
uma correia transmissora dos seus princípios fundamentais<br />
educacionais, pacifistas, d<strong>em</strong>ocráticos,<br />
humanitários, culturais e ambientais. E como corolário<br />
e consequência, o Olimpismo po<strong>de</strong> ser avaliado<br />
como uma cultura <strong>de</strong> paz humanizadora.<br />
Conrado Durántez é Presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />
Panibérica <strong>de</strong> Acad<strong>em</strong>ias Olímpicas<br />
Nacionais, Presi<strong>de</strong>nte da Acad<strong>em</strong>ia<br />
Olímpica Espanhola, Presi<strong>de</strong>nte do Comité<br />
Espanhol Pierre <strong>de</strong> Coubertin e Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Associação Espanhola <strong>de</strong> Filatelia Olímpica.<br />
Foi m<strong>em</strong>bro da Comissão <strong>de</strong> Cultura<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional. A título<br />
profissional, é Magistrado do Tribunal Superior<br />
<strong>de</strong> Justiça <strong>em</strong> Madrid e doutorado<br />
<strong>em</strong> História.<br />
Do <strong>de</strong>sporto <strong>de</strong> alta competição, que se<br />
juntou como atleta excepcional, Conrado<br />
Durántez entrou <strong>em</strong> contacto com<br />
o mundo da investigação olímpica <strong>em</strong><br />
1961, quando foi nomeado pelo Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> Espanhol para representar a<br />
Espanha na Constituição e na Primeira<br />
Sessão da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica Internacional<br />
que, no mês <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong>sse ano,<br />
teve lugar <strong>em</strong> Olímpia (Grécia). Colaborador<br />
assíduo dos cursos <strong>de</strong> Olímpia,<br />
a sua vocação para o olimpismo foi<br />
projectada <strong>em</strong> intervenções constantes<br />
e numerosas <strong>em</strong> congressos,<br />
conferências e simpósios mundiais,<br />
b<strong>em</strong> como na publicação <strong>de</strong> diversos<br />
artigos <strong>em</strong> vários jornais e revistas<br />
especializados, nacionais e estrangeiros,<br />
<strong>de</strong>dicados à análise e ao estudo<br />
do fenómeno olímpico.<br />
(8) Nesse sentido, a filosofia profunda das precisões e avaliações certeiras <strong>de</strong> José María Cagigal nas suas obras, entre outras: Deporte en<br />
la sociedad actual - Madrid 1985, pp. 21, 22 e 42; Deporte, pulso <strong>de</strong> nuestro ti<strong>em</strong>po Madrid 1972. p. 129 e 199 e ¡Oh Deporte! Anatomía<br />
<strong>de</strong> un gigante. Valladolid 1981, pp. 148 e 151.<br />
(9) Trapero, Maximiano. El campo s<strong>em</strong>ántico <strong>de</strong>porte. Santa Cruz <strong>de</strong> Tenerife. Canarias. 1979.<br />
9
1 a<br />
PARTE
01<br />
criação do coc<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
David Hopffer Almada, ex-Ministro da<br />
Informação, Cultura e Desportos<br />
Organização do sector do<br />
Desporto e a criação do COC<br />
David Hopffer Almada provocou uma<br />
verda<strong>de</strong>ira revolução no Sist<strong>em</strong>a<br />
Desportivo <strong>Cabo</strong>-Verdiano, quando, <strong>em</strong><br />
1986, assumiu, o Ministério da Informação,<br />
Cultura e Desportos. Lançou, na altura,<br />
as bases para a criação <strong>de</strong> diversas<br />
estruturas da hierarquia <strong>de</strong>sportiva,<br />
fundamentais para o processo <strong>de</strong> criação<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC).<br />
David Hopffer Almada, ex-Ministro da Informação, Cultura e Desportos<br />
Quando David Hoppfer Almada assumiu a pasta<br />
dos Desportos havia uma única estrutura<br />
<strong>de</strong>sportiva organizada e reconhecida internacionalmente:<br />
a Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol<br />
(FCF). Daí ter impulsionado a criação <strong>de</strong> mais quatro<br />
fe<strong>de</strong>rações, que agrupavam diversas modalida<strong>de</strong>s,<br />
não como forma <strong>de</strong> organizar a competição<br />
<strong>de</strong>sportiva no País, mas, fundamentalmente, para<br />
criar as condições objectivas para a criação do<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC).<br />
Para o efeito, fez publicar uma Portaria do Ministro<br />
da Informação, Cultura e Desportos, no Boletim<br />
Oficial nº 43, <strong>de</strong> <strong>30</strong> <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1986, que<br />
criava as Fe<strong>de</strong>rações <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol,<br />
Basquetebol e Voleibol (FCABV); <strong>de</strong> Ténis e Golfe<br />
(FCTG); <strong>de</strong> Atletismo e Ciclismo (FCAC); e <strong>de</strong><br />
Boxe e Judo (FCBJ), assim como os respectivos<br />
estatutos.<br />
Pioneiros<br />
Neste processo que levou à criação <strong>de</strong>ssas fe<strong>de</strong>rações<br />
<strong>de</strong>sportivas e, consequent<strong>em</strong>ente, à<br />
criação do COC, o então ministro dos Desportos,<br />
Hopffer Almada, recorda a contribuição <strong>de</strong> figuras<br />
como Antero Barros, Joaquim Ribeiro, Celestino<br />
Almeida, Nildo Brazão, Jorge Pedro Évora e Francisco<br />
Évora, que assumiram, na altura, a responsabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> estruturar as referidas organizações<br />
<strong>de</strong>sportivas.<br />
“Essas pessoas não presidiam clubes, mas convi<strong>de</strong>i-os<br />
para ficar<strong>em</strong> na cúpula da Comissão Organizadora<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong>, que se veio a criar.<br />
Essas foram as pessoas que pertenceram ao primeiro<br />
COC, que foi nomeado, directamente, pelo<br />
Ministro, porque não havia nada. Tiv<strong>em</strong>os que escolher<br />
pessoas <strong>de</strong> diversas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas<br />
para constituír<strong>em</strong> um Comité <strong>Olímpico</strong> Nacional,<br />
conforme as recomendações internacionais”,<br />
esclarece David Hopffer Almada.<br />
Fez-se a escritura pública dos Estatutos do COC<br />
no Cartório Notarial da Praia, a 17 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong><br />
1989, e o Dr. Antero Barros foi, naturalmente, <strong>de</strong>signado<br />
Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ssa organização e, a partir<br />
daí, as coisas começaram a funcionar, frisa Hopffer<br />
Almada, <strong>de</strong>stacando o papel do então Diretor-<br />
Geral da Educação Física e Desportos, Emanuel<br />
Charles d’Oliveira, que “não dava nas vistas, mas<br />
era um indivíduo muito prático”.<br />
12
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
criação do coc 01<br />
Ambição<br />
Em relação ao processo <strong>de</strong> criação das fe<strong>de</strong>rações<br />
<strong>de</strong>sportivas, David Hopffer Almada disse que a gran<strong>de</strong><br />
ambição era a criação do Comité <strong>Olímpico</strong>, que<br />
exigia a existência, no mínimo, <strong>de</strong> cinco fe<strong>de</strong>rações.<br />
“Naquela altura, para sermos práticos e objectivos,<br />
e como não havia nenhuma exigência especial<br />
e n<strong>em</strong> sequer legislação, reunimos os atletas<br />
e amantes das diversas modalida<strong>de</strong>s e discutimos<br />
<strong>em</strong> conjunto. E <strong>em</strong> conjunto <strong>de</strong>cidiu-se quais eram<br />
as fe<strong>de</strong>rações que podiam ser criadas”, explica o<br />
ex-Ministro, sublinhando que as fe<strong>de</strong>rações foram<br />
criadas “<strong>de</strong> cima para baixo”, ou seja, através <strong>de</strong><br />
uma Portaria.<br />
Segundo Hopffer Almada, as fe<strong>de</strong>rações foram<br />
criadas “com o consentimento dos diversos agentes<br />
<strong>de</strong>sportivos” e o Ministro foi o porta-voz na<br />
consagração da existência formal das modalida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>sportivas representadas pela fe<strong>de</strong>rações.<br />
“Como todos estavam interessados, não houve<br />
competição, n<strong>em</strong> briga e n<strong>em</strong> disputa entre o po<strong>de</strong>r<br />
e as modalida<strong>de</strong>s, porque as modalida<strong>de</strong>s queriam<br />
organizar-se, e a única saída, na altura, era trabalharmos<br />
<strong>em</strong> conjunto. Cada modalida<strong>de</strong> indicou o<br />
seu próprio Presi<strong>de</strong>nte e o processo avançou s<strong>em</strong><br />
sobressaltos”, realça o ex-Ministro, l<strong>em</strong>brando que<br />
as fe<strong>de</strong>rações tinham apenas três órgãos: a Ass<strong>em</strong>bleia-Geral,<br />
a Direção e o Conselho Fiscal.<br />
Marco <strong>de</strong>sportivo<br />
A Primeira Conferência Nacional do Desporto, realizada<br />
<strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong> 1986, na cida<strong>de</strong> da Praia,<br />
sob a égi<strong>de</strong> do Ministro da Informação Cultura e<br />
Desportos, David Hopffer Almada, lançou as bases<br />
para uma verda<strong>de</strong>ira organização do sector do<br />
Desporto <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> e foi <strong>de</strong>terminante para a<br />
criação do COC.<br />
Dessa Conferência saíram importantes recomendações<br />
que vigoram até hoje mas Hopffer Almada<br />
atribui o mérito do sucesso <strong>de</strong>sse evento aos participantes.<br />
“Fiz<strong>em</strong>os uma coisa que ainda não tinha sido feita<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Convocámos uma Conferência, trazendo<br />
gente <strong>de</strong> todas as ilhas e do interior <strong>de</strong> Santiago.<br />
Debat<strong>em</strong>os a situação do Desporto e que caminho<br />
seguir e a forma <strong>de</strong> fazer essa caminhada” realça<br />
o ex-Governante, <strong>de</strong>stacando a qualida<strong>de</strong> das recomendações<br />
que o Governo <strong>de</strong> então impl<strong>em</strong>entou.<br />
“Era preciso fazer leis, era preciso disponibilizar meios<br />
e era preciso construir infra-estruturas”, r<strong>em</strong>arca.<br />
Impulsionador<br />
Hopffer Almada que foi um dos gran<strong>de</strong>s impulsionadores<br />
do processo <strong>de</strong> criação do COC faz uma<br />
avaliação muito positiva do percurso <strong>de</strong> <strong>30</strong> <strong>anos</strong><br />
<strong>de</strong>ssa estrutura da hierarquia <strong>de</strong>sportiva cabo-verdiana.<br />
“Embora não esteja assim tão perto como antes,<br />
pelas notícias que tenho, a caminhada não parou,<br />
porque o COC já participa <strong>em</strong> competições, t<strong>em</strong>os<br />
atletas que já figuram internacionalmente, para<br />
nosso regozijo”, realça.<br />
“Era preciso fazer leis,<br />
era preciso disponibilizar<br />
meios e era preciso construir<br />
infra-estruturas”<br />
Hopffer Almada fez questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar o papel<br />
do COC na diss<strong>em</strong>inação dos valores do Olimpismo,<br />
tais como a ética <strong>de</strong>sportiva e o ‘fair-play’ que,<br />
do seu ponto <strong>de</strong> vista, têm contribuído para uma<br />
postura, <strong>de</strong> certa forma, ex<strong>em</strong>plar, dos diversos<br />
agentes <strong>de</strong>sportivos.<br />
“Se formos analisar o comportamento individual,<br />
po<strong>de</strong> haver um ou outro reparo a fazer, mas, <strong>em</strong><br />
termos gerais, estamos no bom caminho. Se o<br />
Estado continuar a consi<strong>de</strong>rar o Desporto<br />
como um el<strong>em</strong>ento fundamental para a criação<br />
<strong>de</strong> uma boa socieda<strong>de</strong>, estar<strong>em</strong>os num<br />
bom caminho”, enfatiza <strong>em</strong> jeito <strong>de</strong> r<strong>em</strong>ate.<br />
13
02<br />
criação do coc<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Primeira Direcção-Geral dos Desportos<br />
I Conferência Nacional do Desporto<br />
Depois <strong>de</strong> quase uma década a funcionar com apenas uma Direção <strong>de</strong> Serviço do Desporto, o Sist<strong>em</strong>a Desportivo<br />
<strong>Cabo</strong>-Verdiano conquistou, <strong>em</strong> 1986, maior autonomia com a criação da Direcção-Geral dos Desportos (DGD), cuja<br />
orgânica vigora, no essencial, até os dias <strong>de</strong> hoje. Um dos gran<strong>de</strong>s feitos da primeira equipa da DGD foi a preparação da I<br />
Conferência Nacional do Desporto.<br />
Uma das primeiras <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> David Hopffer<br />
Almada, logo após a sua indigitação como<br />
ministro da Informação, Cultura e Desportos, <strong>em</strong><br />
1986, foi a criação da Direcção-Geral dos Desportos<br />
(DGD), que viria a ter um papel prepon<strong>de</strong>rante<br />
na criação do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-Verdiano<br />
(COC).<br />
António Germano Lima foi o primeiro Director-Geral<br />
dos Desportos, cargo que <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhou até<br />
1988. Com uma larga experiência no sector da<br />
Educação, com ênfase na gestão <strong>de</strong> projectos,<br />
Germano Lima introduziu uma nova forma <strong>de</strong> gerir<br />
o Desporto e traçou as linhas fundamentais para<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento do associativismo <strong>de</strong>sportivo.<br />
Dirigiu o processo <strong>de</strong> criação das fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>sportivas,<br />
<strong>em</strong> 1986, que viriam a ser fundamentais<br />
para a criação do COC. No mesmo ano, lançou as<br />
bases para a elaboração do “Primeiro Diagnóstico<br />
do Sist<strong>em</strong>a Desportivo <strong>Cabo</strong>-Verdiano”, que serviu<br />
<strong>de</strong> documento <strong>de</strong> trabalho para a I Conferência<br />
Nacional do Desporto, realizada <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro do<br />
mesmo ano, na Cida<strong>de</strong> da Praia.<br />
I Conferência Nacional do Desporto<br />
Sob o l<strong>em</strong>a: “Por um Desporto Novo <strong>em</strong> Prol do<br />
Desenvolvimento Nacional”, a I Conferência Nacional<br />
do Desporto contou com a participação activa<br />
<strong>de</strong> agentes <strong>de</strong>sportivos <strong>de</strong> todos os concelhos do<br />
País, representantes das associações <strong>de</strong>sportivas<br />
nacionais e regionais, b<strong>em</strong> como representantes<br />
das organizações sociais e <strong>de</strong> massas, municípios<br />
e instituições públicas nacionais.<br />
Convocada para analisar a situação <strong>de</strong>sportiva do<br />
país, a I Conferência Nacional do Desporto, com<br />
Jornal Voz di Povo, edição do dia 27 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1986 Jornal Voz di Povo, edição do dia <strong>30</strong> <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1986 Jornal Voz di Povo, edição do dia 03 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1986<br />
14
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
base no Relatório-Diagnóstico elaborado pela<br />
DGD, discutiu e recomendou medidas para a elaboração<br />
<strong>de</strong> uma Estratégia Desportiva Nacional,<br />
baseada numa visão global e no conhecimento<br />
real da situação do fenómeno <strong>de</strong>sportivo vigente<br />
na altura.<br />
A Conferência apreciou, ainda, o Projecto <strong>de</strong> Lei<br />
das Bases Gerais do Desporto, que viria a ser submetido<br />
ao Governo e à Ass<strong>em</strong>bleia Nacional Popular<br />
(Parlamento), dando uma importante contribuicriação<br />
do coc 02<br />
Jornal Voz di Povo, edição do dia 13 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1986<br />
Jornal Voz di Povo, edição do dia 21 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1986<br />
ção para a melhoria e a<strong>de</strong>quação do diploma, <strong>de</strong><br />
acordo com as Conclusões da Reunião.<br />
Resoluções marcantes<br />
O acto <strong>de</strong> abertura da I Conferência Nacional do<br />
Desporto foi presidido pelo então Primeiro-Ministro,<br />
Pedro Pires, que fez uma intervenção <strong>de</strong> fundo,<br />
tendo-se <strong>de</strong>cidido adoptá-la como Documento da<br />
Conferência.<br />
Dessa conferência saíram 12 Resoluções<br />
Finais, entre as quais, “políticas<br />
para o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>sportivo, legislação<br />
<strong>de</strong>sportiva, documentação, intercâmbio<br />
<strong>de</strong>sportivo, disciplina e segurança nos<br />
recintos <strong>de</strong>sportivos, entre outros”.<br />
15
03<br />
criação do coc<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Depoimento <strong>de</strong> Emanuel Charles d’Oliveira*<br />
O <strong>de</strong>safio continua<br />
O panorama do <strong>de</strong>sporto <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> há<br />
três décadas passadas difere-se muito do que<br />
viv<strong>em</strong>os no presente momento. Os <strong>de</strong>safios eram<br />
outros, relacionavam-se particularmente com<br />
a edificação <strong>de</strong> uma base que pu<strong>de</strong>sse um dia<br />
sustentar uma estrutura organizativa <strong>de</strong>sportiva<br />
digna <strong>de</strong> uma nação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, num prazo<br />
quanto mais curto, melhor.<br />
Emanuel Charles d’Oliveira<br />
As expectativas criadas com o surgimento do primeiro Ministério dos Desportos,<br />
<strong>em</strong> 1986, impunham um ritmo intenso na concepção e operacionalização <strong>de</strong> uma<br />
estrutura e <strong>de</strong> práticas que constituíss<strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a à altura das aspirações nacionais.<br />
Volvidos <strong>30</strong> <strong>anos</strong>, não me posso l<strong>em</strong>brar <strong>de</strong> muitos pormenores. Contudo no essencial<br />
havia uma forte vonta<strong>de</strong> do ministro <strong>em</strong> criar o Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>verdiano<br />
(COC). Assim, quando entrei como Director-Geral da Educação Física e<br />
Desportos (DGEFD), <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1988, tinha sob a minha responsabilida<strong>de</strong><br />
esse dossier que conclui conforme o previsto. José Manuel António Pinto Monteiro<br />
foi o advogado encarregue da elaboração dos estatutos, conseguidos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitas<br />
horas e encontros <strong>de</strong> trabalho <strong>em</strong> equipa.<br />
O Dr. Antero Barros, na ocasião presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Ténis<br />
e Golfe, sendo a partir <strong>de</strong> 1990 só <strong>de</strong> Ténis, foi <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início convidado pelo ministro<br />
da tutela a presidir o Comité <strong>Olímpico</strong> a partir da sua criação e reconhecimento<br />
<strong>em</strong> Julho <strong>de</strong> 1989. À s<strong>em</strong>elhança do que aconteceu com as d<strong>em</strong>ais fe<strong>de</strong>rações<br />
criadas <strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong> 1986 (excepção ao Futebol, criada <strong>em</strong> 1982) e mais tar<strong>de</strong><br />
com as Comissões Nacionais <strong>de</strong> outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas (criadas <strong>em</strong> 1989 e<br />
1990), a prática era convidar e <strong>de</strong>signar os respectivos corpos gerentes por <strong>de</strong>spacho<br />
ministerial. No caso do COC, as cinco fe<strong>de</strong>rações existentes na ocasião, possivelmente,<br />
mais a Comissão Nacional <strong>de</strong> Ginástica, apoiaram incondicionalmente dando o<br />
seu voto <strong>de</strong> confiança à presidência do Dr. Antero Barros.<br />
As enormes limitações <strong>de</strong> toda a ord<strong>em</strong> no final da década <strong>de</strong> oitenta do século<br />
passado impunham elevada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resiliência para se po<strong>de</strong>r respon<strong>de</strong>r às<br />
expectativas do Governo, da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva e da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral. Foi<br />
assim que, apesar dos parcos recursos financeiros, a DGEFD conseguiu fornecer<br />
uma passag<strong>em</strong> ao Dr. Antero Barros para participar na 1ª ou numa das primeiras<br />
Sessões Anuais da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>de</strong> Portugal, ficando as <strong>de</strong>spesas<br />
<strong>de</strong> estadia por conta própria, ou seja, contava hospedar-se <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> familiares.<br />
O objectivo era angariar parceiros nessa incumbência ministerial e aconselhar-se<br />
junto dos dirigentes olímpicos portugueses para recolher as informações necessárias<br />
à montag<strong>em</strong> e operacionalização do nosso comité. Na sessão seguinte, nas mesmas<br />
condições e com as mesmas intenções, seguiu a técnica da DGEFD e presi<strong>de</strong>nte da<br />
Comissão Nacional <strong>de</strong> Ginástica, Manuela Vieira.<br />
16
*Segundo Director-Geral da Educação Física e Desportos<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
criação do coc 03<br />
O COC, quando passou a integrar o Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional <strong>em</strong> Janeiro<br />
<strong>de</strong> 1993, já tinha <strong>de</strong>ixado, a meu pedido, a DGEFD, havia quase dois <strong>anos</strong>.<br />
Apesar da intensida<strong>de</strong> do meu envolvimento no processo da sua criação, não fui<br />
convidado à cerimónia <strong>de</strong> apresentação solene do COC, mas presenciei uma parte,<br />
como que para honrar um esforço pessoal ao qual me tinha <strong>de</strong>dicado muito para<br />
além do que me competia.<br />
As transformações socioeconómicas e políticas dos últimos <strong>30</strong> <strong>anos</strong> beneficiaram<br />
inequivocamente o percurso <strong>de</strong> todo o <strong>de</strong>sporto nacional assim como do COC <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a sua criação. A evolução do comité aconteceu ao ritmo do crescimento do país <strong>em</strong><br />
geral e do <strong>de</strong>sporto fe<strong>de</strong>rado <strong>em</strong> particular, sector responsável pela vitalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse<br />
organismo <strong>de</strong>sportivo. Contudo, apesar <strong>de</strong> ganhos consi<strong>de</strong>ráveis, a <strong>em</strong>ancipação<br />
das fe<strong>de</strong>rações continua lenta, anestesiada pelo crónico assistencialismo estatal<br />
que contrasta com a actual dinâmica do COC marcada por iniciativas ousadas<br />
s<strong>em</strong> prece<strong>de</strong>ntes. A atitu<strong>de</strong> dos dois últimos governos, mudando profundamente<br />
a forma <strong>de</strong> relacionamento com o COC e <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração para com o fenómeno<br />
olímpico, também ajudou a criar um clima favorável, superiormente aproveitado<br />
pela presidência vigente do COC.<br />
O percurso do COC <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu surgimento aos nossos dias espelha fi<strong>de</strong>dignamente<br />
a <strong>história</strong> do <strong>de</strong>sporto cabo-verdiano pós-in<strong>de</strong>pendência, com as fases <strong>de</strong> implantação,<br />
consolidação e, agora, <strong>de</strong> projecção, particularmente no plano internacional.<br />
Muitos, alguns anónimos e outros que, seguramente cairão no esquecimento,<br />
<strong>em</strong>prestaram a sua energia, sonhando com esta nova realida<strong>de</strong>. Por justiça, não<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser esquecidos.<br />
Actualmente a li<strong>de</strong>rar iniciativas s<strong>em</strong> prece<strong>de</strong>ntes no plano nacional, mas também<br />
internacional, o COC revela maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção, reforçando<br />
assim a sua função e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta às orientações da organização-mãe.<br />
Jornal Voz di Povo,<br />
edição do dia 22 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1989<br />
E o <strong>de</strong>safio continua…<br />
Jornal Voz di Povo,<br />
edição <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1986<br />
17
04<br />
criação do coc<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Fe<strong>de</strong>rações fundadoras e reconhecimento do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional<br />
Antero Barros, Francisco Évora, Nildo Brazão, Jorge Pedro Évora e Joaquim Ribeiro, representando as cinco fe<strong>de</strong>rações<br />
existentes na altura, são os signatários da criação do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano, a 17 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1989. Quatro <strong>anos</strong><br />
mais tar<strong>de</strong>, chegou o reconhecimento formal por parte do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional.<br />
Não será exagero atribuir a génese e a materialização<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(COC) a um conjunto <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>dicadas à<br />
causa do Desporto nacional e que foram li<strong>de</strong>radas<br />
pelo professor Antero Barros, o seu primeiro presi<strong>de</strong>nte.<br />
O i<strong>de</strong>ário do movimento <strong>Olímpico</strong> cabo-verdiano<br />
foi sendo construído <strong>em</strong> vários momentos nessa<br />
fase inicial, <strong>de</strong>stacando-se a criação, <strong>em</strong> 1986,<br />
<strong>de</strong> quatro fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>sportivas para completar<br />
o mínimo <strong>de</strong> cinco exigido pelo Comité <strong>Olímpico</strong><br />
Internacional, passando pela criação do COC, <strong>em</strong><br />
1989, e pelo reconhecimento formal por parte do<br />
COI <strong>em</strong> 1993.<br />
À Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol, criada <strong>em</strong><br />
1982, juntaram-se as Fe<strong>de</strong>rações <strong>Cabo</strong>-verdianas<br />
<strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e Voleibol; Ténis e Golfe;<br />
Atletismo e Ciclismo e Boxe e Judo, criadas através<br />
<strong>de</strong> uma portaria do Ministro da Informação,<br />
Cultura e Desportos, David Hopffer Almada, no<br />
Boletim Oficial nº 43, <strong>de</strong> <strong>30</strong> <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1986,<br />
assim como os respectivos estatutos.<br />
De acordo com o preâmbulo da portaria, a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> racionalizar ao máximo os meios hum<strong>anos</strong>,<br />
técnicos e materiais disponíveis no país<br />
conduziu à aglomeração <strong>de</strong> algumas modalida<strong>de</strong>s<br />
(diversas mas afins) numa mesma fe<strong>de</strong>ração. O<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> algumas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas<br />
levou à autonomia das mesmas, como o<br />
caso das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> salão, enquanto outras,<br />
como o Golfe e Judo que foram per<strong>de</strong>ndo representativida<strong>de</strong><br />
e estão s<strong>em</strong> uma fe<strong>de</strong>ração.<br />
Concluído o processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>ssas Fe<strong>de</strong>rações,<br />
os seus respectivos presi<strong>de</strong>ntes e secretário-geral<br />
efectuaram, <strong>em</strong> 1989, no Cartório Notarial<br />
da Praia, a escritura pública dos Estatutos do<br />
COC, na seguinte sequência <strong>de</strong> signatários: Antero<br />
João <strong>de</strong> Barros (Ténis e Golfe), Francisco João<br />
Évora (Futebol), Nildo Hubert Brazão <strong>de</strong> Almeida<br />
(An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e Voleibol),<br />
Jorge Pedro Sequeira Évora (Atletismo<br />
e Ciclismo) e Joaquim Avelino Ribeiro<br />
(Boxe e Judo).<br />
Nas páginas seguintes, as Fe<strong>de</strong>rações<br />
são apresentadas b<strong>em</strong> como<br />
um breve perfil dos seus presi<strong>de</strong>ntes<br />
e secretário-geral, pois somente<br />
a vonta<strong>de</strong> indómita e <strong>de</strong>sinteressada<br />
<strong>de</strong>stas pessoas, e <strong>de</strong> outras que se<br />
relacionavam com este núcleo-duro,<br />
tornou possível a criação do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano, muitas vezes<br />
se confundindo o presi<strong>de</strong>nte com<br />
a fe<strong>de</strong>ração.<br />
Enciclopédia <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
no COI <strong>em</strong> 1994<br />
18
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
criação do coc 04<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Ténis e Golfe<br />
Antero Barros, o primeiro Presi<strong>de</strong>nte da<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Ténis e Golfe, é<br />
consi<strong>de</strong>rado o mentor e principal impulsionador<br />
do processo <strong>de</strong> criação e instalação do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano, <strong>de</strong> que viria a ser<br />
também o seu primeiro Presi<strong>de</strong>nte (1989-<br />
2006). Além <strong>de</strong> ter praticado Futebol, Críquete<br />
e Golfe ao mais alto nível, foi ainda Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Associação <strong>de</strong> Futebol do Barlavento,<br />
fundador do Clube <strong>de</strong> Golfe <strong>de</strong> São Vicente e<br />
ilustre professor <strong>de</strong> várias gerações <strong>de</strong> caboverdi<strong>anos</strong>.<br />
Actualmente, a Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong><br />
Ténis e Golfe cinge-se à primeira modalida<strong>de</strong><br />
mas <strong>em</strong> 1986, data da sua criação, as duas modalida<strong>de</strong>s<br />
eram praticadas e o seu primeiro Presi<strong>de</strong>nte<br />
foi Antero João <strong>de</strong> Barros.<br />
Não faltam elogios enaltecendo o espírito <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança,<br />
a tenacida<strong>de</strong> e o carácter visionário <strong>de</strong><br />
todo o trabalho do professor Antero Barros <strong>em</strong><br />
prol da criação e instalação do movimento <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> do qual se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar,<br />
como um dos seus gran<strong>de</strong>s legados, a primeira<br />
participação <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> Atlanta 1996.<br />
Para a maioria dos que conviveram <strong>de</strong> perto<br />
com Antero Barros, ele era um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação<br />
e luta e s<strong>em</strong>pre se entregou <strong>de</strong> corpo<br />
e alma às causas que abraçava.<br />
Jorge Pedro Évora, um dos co-fundadores do<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), não t<strong>em</strong><br />
Antero Barros, presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Ténis e Golfe e primeiro presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano (1989-2006), e Juan Antonio Samaranch, presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional, durante<br />
uma visita do último a <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, <strong>em</strong> 1994.<br />
dúvidas <strong>de</strong> que o professor Antero Barros, um<br />
hom<strong>em</strong> íntegro e gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportista, que foi<br />
seu treinador <strong>de</strong> Futebol no Boavista da Praia,<br />
s<strong>em</strong>pre foi o gran<strong>de</strong> impulsionador e visionário<br />
da criação do COC, vista na altura como uma<br />
gran<strong>de</strong> ousadia e aventura.<br />
Antero Barros foi Presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano (COC) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua criação <strong>em</strong><br />
1989 até 2006, altura <strong>em</strong> que Franklim Palma,<br />
seu vice na comissão executiva, assumiu os<br />
<strong>de</strong>stinos do Comité.<br />
“Nas primeiras eleições dos órgãos sociais,<br />
houve só uma lista encabeçada por<br />
Antero Barros. N<strong>em</strong> po<strong>de</strong>ria haver outra.<br />
O mérito maior foi todo <strong>de</strong>le”, sustenta,<br />
recordando que o sonho <strong>de</strong> um dia ver<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> a competir nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
vinha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que Antero<br />
Barros se <strong>de</strong>stacou como <strong>de</strong>sportista<br />
internacional no mundo do Golfe e do Críquete<br />
quando estudante nas terras lusas.<br />
“Embora sendo muito mais novo, como an-<br />
19
04<br />
criação do coc<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Homenag<strong>em</strong> prestada <strong>em</strong> Julho <strong>de</strong> 2016 ao primeiro Presi<strong>de</strong>nte do COC, Antero Barros,<br />
representado pela filha Filipa <strong>de</strong> Barros, la<strong>de</strong>ada pelo Franklim Palma, segundo Presi<strong>de</strong>nte do COC,<br />
e Filomena Fortes, terceira e actual Presi<strong>de</strong>nte do COC<br />
dava s<strong>em</strong>pre com ele, sabia <strong>de</strong>sses seus pl<strong>anos</strong><br />
<strong>de</strong> longa data”, revela Jorge Pedro Évora, que<br />
diz ter participado <strong>em</strong> muitas tertúlias, reflexões<br />
e outras iniciativas do professor Antero Barros<br />
para se reflectir sobre a criação e impl<strong>em</strong>entação<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano.<br />
Como praticante do Desporto, Antero Barros<br />
evi<strong>de</strong>nciou no Futebol, mas também no Críquete<br />
e no Golfe, duas modalida<strong>de</strong>s que na altura<br />
ganharam terreno <strong>em</strong> São Vicente fruto da influência<br />
inglesa na Ilha do Monte Cara. No Golfe<br />
chegou a ganhar projecção internacional ao representar<br />
Portugal nos Jogos Europeus da modalida<strong>de</strong><br />
quando era estudante <strong>em</strong> terras lusas.<br />
Para além do Desporto<br />
Nascido a 23 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1922 <strong>em</strong> São Vicente,<br />
Antero Barros formou-se <strong>em</strong> Germânicas<br />
pela Faculda<strong>de</strong> Clássica <strong>de</strong> Lisboa. Foi professor<br />
primário, liceal e universitário, tendo exercido,<br />
inclusive, o cargo <strong>de</strong> vice-reitor do Liceu Gil<br />
Eanes, ao lado do então reitor Baltasar Lopes,<br />
a qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>screvia como melhor amigo e ídolo.<br />
Antes da in<strong>de</strong>pendência foi nomeado Chefe<br />
dos Serviços <strong>de</strong> Educação na Praia, tendo sido<br />
mais tar<strong>de</strong> transferido para Angola, on<strong>de</strong> residia<br />
quando se <strong>de</strong>u a In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
Nesse país também foi campeão <strong>de</strong> Golfe.<br />
O seu legado ultrapassa as fronteiras do<br />
<strong>de</strong>sporto pelo que, chegou mesmo a confessar<br />
que a Geografia, uma das disciplinas que<br />
leccionava, era uma forma <strong>de</strong> contribuir para<br />
a construção da cabo-verdianida<strong>de</strong>, inspirando<br />
os alunos para a causa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntista.<br />
Em São Vicente é recordado e idolatrado<br />
como uma das gran<strong>de</strong>s figuras do Min<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> outrora.<br />
Ainda hoje, não são raras as vezes que antigos<br />
alunos lhe prestam homenag<strong>em</strong>, seja a propósito<br />
da data do seu aniversário ou da data do seu<br />
passamento, 31 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2011.<br />
Mais recent<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong> 2016, por altura do 27º<br />
aniversário da instituição, assinalado a 17 <strong>de</strong> Julho,<br />
Antero Barros foi homenageado pelo COC,<br />
ao lado <strong>de</strong> nomes como Joaquim Ribeiro, Francisco<br />
Évora, Jorge Évora e Nildo Brazão.<br />
Um merecido reconhecimento enaltecido na época<br />
pelo COC, <strong>em</strong> prol do trabalho <strong>de</strong>senvolvido na<br />
instalação do Olimpismo <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Foi-se o<br />
hom<strong>em</strong>, fica o legado daquele que foi, para muitos,<br />
o pai do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano.<br />
20
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
criação do coc 04<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol<br />
Francisco Évora, que na altura da criação<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhava as funções <strong>de</strong> Secretário-Geral<br />
da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol, <strong>de</strong>u<br />
também a sua contribuição nesse processo,<br />
tendo, inclusive, participado, na escritura<br />
pública dos Estatutos do COC <strong>em</strong> 1989.<br />
Criada <strong>em</strong> 1982, filiada na Fe<strong>de</strong>ração Internacional<br />
<strong>de</strong> Futebol (FIFA) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1986 e na Confe<strong>de</strong>ração<br />
Africana <strong>de</strong> Futebol (CAF) <strong>em</strong> 2000,<br />
a Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol (FCF) é<br />
a fe<strong>de</strong>ração mais antiga do país. Aquando do<br />
processo <strong>de</strong> criação do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(COC) era a única que existia e que<br />
possuía já uma <strong>história</strong>.<br />
Joaquim “Quim Quim” Ribeiro, um dos cofundadores<br />
do COC, reconheceu na altura,<br />
<strong>de</strong> forma elogiosa, que só o Futebol dispunha<br />
<strong>de</strong> uma orgânica correcta ao se referir à organização<br />
que já se fazia sentir por parte dos<br />
clubes, passando pelas associações regionais<br />
até chegar à Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol.<br />
O próprio Ministro da Informação, Cultura e Desportos<br />
<strong>de</strong> então, David Hopffer Almada <strong>de</strong>staca<br />
que, quando assumiu essa pasta <strong>em</strong> 1986, a<br />
FCF era a única estrutura <strong>de</strong>sportiva organizada<br />
e reconhecida internacionalmente. Por isso, impulsionou<br />
a criação <strong>de</strong> mais quatro fe<strong>de</strong>rações<br />
para cumprir a exigência do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional<br />
<strong>de</strong> um mínimo <strong>de</strong> cinco fe<strong>de</strong>rações<br />
para a criação do COC.<br />
Escritura pública do COC<br />
Francisco Évora participou neste processo <strong>de</strong><br />
reflexão e <strong>de</strong> criação das quatro novas Fe<strong>de</strong>rações,<br />
através <strong>de</strong> portaria ministerial, <strong>em</strong> representação<br />
da FCF, juntamente com Antero Barros,<br />
Joaquim Ribeiro, Celestino Almeida, Jorge<br />
Pedro Évora, Nildo Brazão, entre outros.<br />
Concluído o processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>ssas Fe<strong>de</strong>rações,<br />
os seus respectivos presi<strong>de</strong>ntes efectuaram<br />
<strong>em</strong> 1989, no Cartório Notarial da Praia,<br />
a escritura pública dos estatutos do COC, acto<br />
<strong>em</strong> que Francisco Évora representou a Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Cabo</strong>-Verdiana <strong>de</strong> Futebol, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Secretário-Geral <strong>de</strong>sse organismo fe<strong>de</strong>rativo.<br />
Tubarões Azuis<br />
A selecção cabo-verdiana <strong>de</strong> Futebol, também conhecida<br />
por Tubarões Azuis, t<strong>em</strong> proporcionado<br />
muitos momentos <strong>de</strong> mobilização nacional nesta<br />
última década, graças ao trabalho da direcção li<strong>de</strong>rada<br />
pelo Mário S<strong>em</strong>edo <strong>de</strong> 1999 a 2015.<br />
A título <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plo, os Tubarões Azuis qualificaram-se,<br />
pela primeira vez na sua <strong>história</strong>,<br />
para a Copa das Nações Africanas <strong>de</strong> 2013,<br />
chegando inclusive aos quartos <strong>de</strong> final.<br />
Em termos do ranking da FIFA, a selecção nacional<br />
t<strong>em</strong> internacionalizado o nome <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong>, tendo alcançado a melhor posição <strong>de</strong><br />
s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2014, no lugar 27.<br />
Outro marco histórico foi alcançado <strong>em</strong> Março<br />
<strong>de</strong> 2016, quando os Tubarões Azuis foram<br />
a melhor selecção africana no ranking da FIFA,<br />
no lugar 31, e, pela primeira vez, alcançaram<br />
o primeiro lugar no ranking africano <strong>de</strong> futebol.<br />
21
04<br />
criação do coc<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e Voleibol<br />
Nildo Brazão, <strong>de</strong>stacado impulsionador das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> salão <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, foi o primeiro Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e<br />
Voleibol criada <strong>em</strong> 1986 e, nessa qualida<strong>de</strong>, integrou a primeira direcção do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano. Brazão foi também um gran<strong>de</strong> velejador,<br />
treinador e árbitro <strong>de</strong> futebol.<br />
Segundo o filho João Almeida, Brazão envolveu-se<br />
<strong>de</strong> corpo e alma na dinamização da<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol<br />
e Voleibol, tal era a importância que<br />
atribuía à organização das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> salão<br />
porquanto acreditava que o <strong>de</strong>sporto e a<br />
activida<strong>de</strong> física <strong>em</strong> geral contribu<strong>em</strong> para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento social e humano.<br />
“Ele s<strong>em</strong>pre teve essa preocupação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />
contribuir socialmente através do Desporto.<br />
Foi um apaixonado pelo <strong>de</strong>sporto e também<br />
procurou incutir <strong>em</strong> nós (filhos) esse prazer<br />
que se podia tirar do <strong>de</strong>sporto. Não só o prazer,<br />
mas também a sua utilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> termos <strong>de</strong><br />
preservação do físico e do espírito”, l<strong>em</strong>bra o<br />
filho João Almeida.<br />
Por isso mesmo, Nildo Brazão <strong>de</strong>u extr<strong>em</strong>a<br />
importância à criação <strong>de</strong> uma Fe<strong>de</strong>ração que<br />
agrupasse as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> salão como<br />
forma <strong>de</strong> rentabilização dos parcos meios e<br />
recursos do país, consagrando todo o t<strong>em</strong>po<br />
que lhe fosse possível <strong>de</strong>ntro e fora do seu<br />
período <strong>de</strong> trabalho profissional para a consolidação<br />
<strong>de</strong>sse organismo fe<strong>de</strong>rativo. Actualmente,<br />
pela diss<strong>em</strong>inação nacional e projecção<br />
internacional, as três modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
salão ganharam autonomia e exist<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
“Era o que ele fazia. Dedicava todo o t<strong>em</strong>po<br />
que fosse possível à Fe<strong>de</strong>ração”, recorda o filho,<br />
assegurando que o pai era um hom<strong>em</strong> orgulhoso<br />
das conquistas <strong>de</strong>sportivas <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
Além <strong>de</strong> aspectos organizativos, Brazão também<br />
teve a preocupação <strong>de</strong> apoiar o Desporto<br />
com materiais e equipamentos, nomeadamente<br />
bolas, camisolas e sapatilhas que mandava<br />
vir dos Estados Unidos da América.<br />
S<strong>em</strong>pre ligado ao Desporto<br />
Nascido na ilha <strong>de</strong> Santiago, terra dos seus<br />
pais, Nildo Brazão, falecido <strong>em</strong> 22 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong><br />
2017, passou a maior parte da sua infância na<br />
cida<strong>de</strong> da Praia e já na adolescência <strong>de</strong>spertou<br />
para o <strong>de</strong>sporto, fazendo parte da selecção<br />
<strong>de</strong> Voleibol do Liceu Gil Eanes e, ainda,<br />
da mocida<strong>de</strong> portuguesa, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>stacou-se<br />
como um dos melhores velejadores <strong>de</strong> pequenos<br />
barcos à vela.<br />
Depois <strong>de</strong> uma passag<strong>em</strong> por Angola como<br />
funcionário do Banco Pinto e Sotto Mayor<br />
(1968-1975), regressa a <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> on<strong>de</strong>,<br />
<strong>anos</strong> mais tar<strong>de</strong>, já estando a trabalhar como<br />
funcionário do Banco Nacional Ultramarino,<br />
envolveu-se na dinamização da Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e Voleibol,<br />
b<strong>em</strong> como na criação do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano.<br />
Nildo Brazão, primeiro presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e Voleibol,<br />
aquando da homenag<strong>em</strong> do COC a 19 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2016<br />
22
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
criação do coc 04<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Atletismo e Ciclismo<br />
Jorge Pedro Évora, funcionário bancário na reforma e ex-Presi<strong>de</strong>nte do Boavista Futebol Clube da<br />
Praia, foi um dos dirigentes <strong>de</strong>sportivos que, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Atletismo e<br />
Ciclismo, diz ter sido convidado por Antero Barros para integrar o núcleo-duro <strong>de</strong> reflexão que viria a<br />
ser o Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano.<br />
“Reuníamo-nos a maior parte das vezes no<br />
escritório <strong>de</strong> Joaquim ‘Quim Quim’ Ribeiro<br />
para falarmos <strong>de</strong> tudo o que era Desporto”,<br />
revela, notando que foram necessárias muitas<br />
tertúlias, reflexões, acertos e <strong>de</strong>sacertos até<br />
à criação do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(COC). No entanto, esclarece que nunca <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhou<br />
qualquer cargo nos órgãos sociais<br />
do COC, porque, conforme justificou “o Boavista<br />
Futebol Clube da Praia, o Atletismo e o<br />
Ciclismo, a par da minha activida<strong>de</strong> profissional<br />
chegavam e sobravam”.<br />
“Na altura, sendo um jov<strong>em</strong>, não percebia<br />
nada daquilo. Era, para mim, uma confusão<br />
tr<strong>em</strong>enda. Foi ele que, pacient<strong>em</strong>ente, lá nos<br />
explicou os objectivos e os eventuais ganhos<br />
para o Desporto nacional dos passos que estávamos<br />
a querer dar”, confessou, explicando<br />
que só muito mais tar<strong>de</strong> passaram a reflectir<br />
mais <strong>de</strong>talhadamente sobre o COC, com todo<br />
o mérito a ir para o professor Antero Barros,<br />
que, conforme sublinhou, “s<strong>em</strong>pre foi o gran<strong>de</strong><br />
impulsionador e visionário <strong>de</strong>sta gran<strong>de</strong><br />
ousadia e aventura”.<br />
Jorge Évora l<strong>em</strong>bra, ainda como se fosse<br />
hoje, que numa das várias tertúlias havidas,<br />
entre outras coisas, foram alertados <strong>de</strong> que,<br />
para a criação do COC, as fe<strong>de</strong>rações das<br />
diversas modalida<strong>de</strong>s tinham que estar filiadas<br />
nas fe<strong>de</strong>rações internacionais. Em<br />
concreto, no caso do Atletismo, tinha que<br />
pertencer à FIA (Fe<strong>de</strong>ração Internacional do<br />
Atletismo).<br />
“Foi graças aos contactos iniciados com o Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Fe<strong>de</strong>ração Portuguesa <strong>de</strong> Atletismo<br />
numa das Provas <strong>de</strong> São Silvestre realizadas <strong>em</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, que começámos a dar os primeiros<br />
passos para a nossa filiação na FIA”, explica<br />
Évora, acrescentando que, numa das suas missões<br />
a Portugal enquanto funcionário do Banco<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, encontrou-se com o seu homólogo<br />
luso, que lhe facultou os contactos e toda<br />
a documentação necessária para o pedido <strong>de</strong><br />
inscrição na FIA, que, na altura, estava baseada<br />
<strong>em</strong> Espanha.<br />
Actualmente, a Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong><br />
Atletismo e Ciclismo cinge-se à primeira modalida<strong>de</strong>,<br />
estando a última a procurar criar a sua<br />
própria fe<strong>de</strong>ração.<br />
Antero Barros, o visionário<br />
Quase três décadas passadas, Jorge Pedro Évora,<br />
não t<strong>em</strong> dúvidas <strong>de</strong> que a pessoa que t<strong>em</strong> o<br />
maior mérito e o obreiro principal da criação do<br />
COC é o professor Antero Barros, um hom<strong>em</strong> íntegro<br />
e gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportista, que foi seu treinador<br />
<strong>de</strong> Futebol no Boavista da Praia.<br />
Porém, Évora recorda outros nomes mobilizados<br />
por Antero Barros e que juntamente com<br />
ele contribuíram para o lançamento das bases<br />
da criação do COC, <strong>de</strong>signadamente, Joaquim<br />
Jorge Pedro Évora, primeiro presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Atletismo e Ciclismo<br />
“Quim-Quim” Ribeiro; o incansável Ministro<br />
dos Desportos <strong>de</strong> então, David Hopffer Almada;<br />
Francisco “Chico” Évora e o Engenheiro<br />
“Lela” Rodrigues, braço direito <strong>de</strong> Antero<br />
Barros. Uma outra importante âncora nesse<br />
processo foi o então Director-Geral da Educação<br />
Física e Desportos, Emanuel Charles<br />
d’Oliveira, mais conhecido por “Monaia”.<br />
Conquistas<br />
Jorge Pedro Évora consi<strong>de</strong>ra que <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong> e o Desporto ganharam muito com<br />
a criação do COC e que o país também<br />
passou a ser mais conhecido no circuito<br />
<strong>de</strong>sportivo internacional.<br />
“Aliás, se não fosse o COC, o Desporto<br />
Nacional não teria hoje a mesma visibilida<strong>de</strong>,<br />
n<strong>em</strong> estaria no mesmo patamar <strong>em</strong> que<br />
se encontra actualmente”, avalia.<br />
23
04<br />
criação do coc<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe e Judo<br />
Joaquim “Quim-Quim” Ribeiro foi um dos fundadores do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), integrando a primeira Direcção <strong>de</strong>ste Comité encabeçada<br />
por Antero Barros. Amante do <strong>de</strong>sporto-rei, o Futebol, distinguiu-se, também, no pugilismo e atletismo <strong>em</strong> Portugal e <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, on<strong>de</strong> viria a ser mentor e<br />
primeiro Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-Verdiana <strong>de</strong> Boxe e Judo.<br />
A contribuição <strong>de</strong> Joaquim “Quim-Quim” Ribeiro<br />
para a criação do COC e para o Desporto <strong>em</strong> geral<br />
é incontornável tendo <strong>em</strong> conta, sobretudo, as<br />
suas esclarecidas posições sobre a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma organização a<strong>de</strong>quada das modalida<strong>de</strong>s,<br />
preocupando-se, entre outros aspectos, com<br />
questões ligadas à orgânica, <strong>de</strong>signadamente<br />
uma <strong>de</strong>vida estruturação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os clubes até se<br />
chegar às fe<strong>de</strong>rações e, consequent<strong>em</strong>ente, ao<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC).<br />
Aliás, essa clarividência, não v<strong>em</strong> do acaso, porquanto,<br />
<strong>em</strong> Portugal on<strong>de</strong> estudou e praticou<br />
atletismo e pugilismo, a organização das modalida<strong>de</strong>s<br />
estava muito mais evoluída do que nas<br />
então Colónias Portuguesas, o que lhe permitiu<br />
aprofundar o seu interesse pelo Desporto, facto<br />
que, muito mais tar<strong>de</strong>, o levou a criar a Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe e Judo.<br />
“Ele <strong>de</strong>dicou muita energia e também financiamento<br />
próprio a esta modalida<strong>de</strong>. Ele comentou muitas<br />
vezes que era extraordinário ajudar a orientar<br />
uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva, como o Boxe, com<br />
tamanha capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> jovens<br />
que, s<strong>em</strong> este <strong>de</strong>sporto, dirigiriam suas energias<br />
e capacida<strong>de</strong>s físicas para outras activida<strong>de</strong>s não<br />
recomendadas”, recorda a filha Glória Ribeiro.<br />
Numa entrevista ao jornal “Voz di Povo”, <strong>em</strong><br />
1987, a propósito da participação <strong>de</strong> atletas cabo-verdi<strong>anos</strong><br />
no Torneio Lusíada (<strong>em</strong> Portugal),<br />
Joaquim Ribeiro, na altura já na pele <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe e<br />
Judo, falava da situação <strong>de</strong>sse organismo na<br />
época, que estava longe <strong>de</strong> ser fácil, mesmo antes<br />
da criação do COC.<br />
“Não será muito brilhante a situação do boxe nacional,<br />
mas t<strong>em</strong>os que confessar que este mal<br />
atinge todas as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas, com<br />
maior ou menor intensida<strong>de</strong>”, profetizava.<br />
Nessa mesma entrevista, apontava, além <strong>de</strong> outras<br />
questões, uma orgânica s<strong>em</strong> a necessária<br />
flui<strong>de</strong>z e algo <strong>de</strong>feituosa na sua essência, como<br />
Joaquim Ribeiro, primeiro presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe e Judo<br />
24<br />
um dos entraves ao <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho<br />
<strong>de</strong>ssa Fe<strong>de</strong>ração.<br />
A Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe e Judo <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong><br />
à Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe, enquanto<br />
o Judo, actualmente, não t<strong>em</strong> uma fe<strong>de</strong>ração mas a<br />
Associação <strong>de</strong> Santiago Sul <strong>de</strong> Judo.<br />
Uma vida <strong>de</strong>dicada ao Desporto<br />
“Quim-Quim” Ribeiro nasceu <strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1913 <strong>em</strong> Bolama, antiga Capital da Guiné<br />
(então Portuguesa) e levou uma vida <strong>de</strong>dicada<br />
ao Desporto. Como recordam os filhos,<br />
Glória e Jorge Ribeiro, a única paixão a que<br />
ele se entregou ao longo <strong>de</strong> toda a sua vida,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a adolescência até à velhice.<br />
Per<strong>de</strong>u os pais muito cedo, ainda criança, altura<br />
<strong>em</strong> que a avó paterna assumiu a tutela do<br />
neto, enviando-o para Portugal, on<strong>de</strong> completou<br />
o Liceu e teve início a sua longa aventura<br />
no mundo do Desporto: foi campeão <strong>de</strong> Atletismo<br />
nos c<strong>em</strong> metros, ainda que por acaso.<br />
“Ele contava, com graça, que só foi chamado<br />
para colmatar a falta <strong>de</strong> um atleta mais cre<strong>de</strong>nciado.<br />
‘Corri, e ganhei! Dizia ele aos amigos<br />
mais íntimos”, conta o filho Jorge Ribeiro.<br />
Além <strong>de</strong> fundador do COC e Presi<strong>de</strong>nte da<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Boxe e Judo, “Quim-Quim”<br />
Ribeiro foi treinador e Presi<strong>de</strong>nte do Sporting<br />
Clube da Praia e fundou, também, o Aero<br />
Club da Praia, que mais tar<strong>de</strong> havia <strong>de</strong> dar<br />
lugar aos Transportes Aéreos <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
(TACV), que chefiou durante mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />
<strong>anos</strong>. Faleceu <strong>em</strong> 1992, <strong>em</strong> Portugal.
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
avaliação e perspectivas 05<br />
Passado,<br />
Presente & Futuro<br />
A <strong>história</strong> do movimento <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> faz-se <strong>de</strong> pessoas,<br />
<strong>de</strong> acontecimentos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios, <strong>de</strong><br />
superações e <strong>de</strong> muita entrega e<br />
compromisso com a causa do seu<br />
fundador, Pierre <strong>de</strong> Coubertin.<br />
Em jeito <strong>de</strong> registo, apresenta-se<br />
aqui uma ínfima fracção das pessoas<br />
que, directa ou indirectamente,<br />
participaram no processo <strong>de</strong> criação<br />
e consolidação do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano (COC) ou que<br />
difundiram os i<strong>de</strong>ais da prática <strong>de</strong><br />
Desporto saudável, a nível pessoal<br />
ou profissional.<br />
Os I Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia <strong>em</strong><br />
2019 e os Jogos <strong>de</strong> Tóquio 2020<br />
afiguram-se como os <strong>de</strong>safios mais<br />
visíveis para o futuro próximo do<br />
COC, a par da permanente e contínua<br />
difusão dos valores do espírito<br />
<strong>Olímpico</strong> na socieda<strong>de</strong> cabo-verdiana.<br />
Arlindo Silva<br />
Gran<strong>de</strong> dinâmica<br />
do COC nos últimos <strong>anos</strong><br />
A ligação <strong>de</strong> Arlindo Silva ao Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-Verdiano (COC) <strong>de</strong>ve-se não só<br />
ao facto <strong>de</strong> ter sido presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />
<strong>de</strong> Ténis <strong>de</strong> São Vicente, mas também,<br />
por pertencer à Direcção da Fe<strong>de</strong>ração da<br />
modalida<strong>de</strong>.<br />
Do balanço dos <strong>30</strong> <strong>anos</strong> do COC, prefere<br />
<strong>de</strong>stacar as acções levadas a cabo nos últimos<br />
<strong>anos</strong> e que, na sua óptica, intensificaram-se,<br />
ganhando um “<strong>de</strong>staque nunca<br />
visto”.<br />
A realização e/ou co-organização <strong>de</strong> encontros<br />
nacionais e a nível da Zona II do<br />
Desporto <strong>em</strong> África – e não só! -, b<strong>em</strong> como<br />
o apoio à formação <strong>de</strong> treinadores <strong>de</strong> Ténis<br />
são, apenas, alguns ex<strong>em</strong>plos dos ganhos<br />
citados por este responsável.<br />
Carlos Rocha, professor <strong>de</strong> Educação Física<br />
Abertura e visibilida<strong>de</strong><br />
no COC actual<br />
Carlos Rocha, professor <strong>de</strong> Educação Física<br />
durante 32 <strong>anos</strong> no Liceu Ludgero Lima <strong>em</strong><br />
São Vicente, confessa ter muito pouco para<br />
partilhar sobre os primórdios da criação do<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC) porquanto,<br />
segundo recorda, apenas participou<br />
numa única reunião <strong>em</strong> São Vicente com o<br />
Presi<strong>de</strong>nte do COC, Antero Barros.<br />
Desse encontro diz ter ficado com a sensação<br />
<strong>de</strong> que o COC era uma instituição muito<br />
centrada no seu Presi<strong>de</strong>nte, facto que po<strong>de</strong>rá<br />
ter a ver com a forma incansável como<br />
o professor Antero Barros enfrentou os <strong>de</strong>safios<br />
<strong>de</strong>correntes do processo <strong>de</strong> implantação<br />
do movimento <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
Carlos Rocha consi<strong>de</strong>ra que nestes <strong>30</strong><br />
<strong>anos</strong> <strong>de</strong> existência, o COC “ainda t<strong>em</strong> um<br />
papel muito limitado”. Contudo, refere que<br />
nos <strong>anos</strong> recentes nota-se uma evolução<br />
que, entre outros aspectos, se traduz numa<br />
maior abertura e visibilida<strong>de</strong>, mais apoios,<br />
porquanto as pessoas têm acesso a notícias<br />
do que o COC está a fazer <strong>em</strong> prol do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do Desporto nacional.<br />
25
05<br />
avaliação e perspectivas<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
ção <strong>de</strong> Ténis. Nessa condição e também pelo facto<br />
<strong>de</strong> ter conhecido Antero Barros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> São Vicente,<br />
não só aceitou o nome <strong>de</strong>le para primeiro Presi<strong>de</strong>nte<br />
do COC, como também sensibilizou as pessoas a colaborar<strong>em</strong><br />
na criação <strong>de</strong>sse organismo porque queria<br />
que o Desporto cabo-verdiano andasse para frente.<br />
Olimpismo cabo-verdiano<br />
está marcado por duas fases,<br />
sendo a primeira, com<br />
Antero Barros, que trabalhou<br />
muito e, a fase actual, li<strong>de</strong>rada<br />
por Filomena Fortes.<br />
Celestino Almeida<br />
Sensibilização <strong>de</strong> pessoas<br />
para a criação do COC<br />
Por altura da criação do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-Verdiano<br />
(COC), Celestino Almeida, mais conhecido por<br />
“Didi”, integrava a Comissão Instaladora da Fe<strong>de</strong>ra-<br />
“O meu papel na criação do COC não foi tão prepon<strong>de</strong>rante,<br />
apenas sensibilizei pessoas”, reconhece,<br />
<strong>de</strong>stacando, entretanto, a importante acção dinamizadora<br />
levada a cabo nesse âmbito, tanto por<br />
Antero Barros, como pelo então Ministro da Informação,<br />
Cultura e Desportos, David Hopffer Almada.<br />
Didi Almeida, que é actualmente m<strong>em</strong>bro da Comissão<br />
<strong>de</strong> Ética Desportiva do COC, consi<strong>de</strong>ra que o<br />
“Actualmente, nota-se<br />
uma diferença como que<br />
do céu para a terra. A Filomena<br />
é uma pessoa que<br />
quer que se faça mais e já<br />
<strong>de</strong>u provas palpáveis. Já<br />
se fez muito com a sua gerência”,<br />
conclui.<br />
Final <strong>de</strong> um torneio <strong>de</strong><br />
ténis, no court do Clube<br />
Castilho, entre Didi<br />
Almeida e Ernesto Medina,<br />
Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1960.<br />
Meu pai orgulhava-se <strong>de</strong> ter contribuído para a criação do COC<br />
“Ver <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> ter um Comité <strong>Olímpico</strong> representava<br />
um dos seus maiores sonhos: levar os <strong>de</strong>sportistas<br />
cabo-verdi<strong>anos</strong>, aos quais reconhecia<br />
os méritos que levam à excelência no Desporto,<br />
a ombrear<strong>em</strong>-se com os <strong>de</strong>sportistas e atletas do<br />
mundo inteiro.<br />
Ele estava convicto <strong>de</strong> que um Comité <strong>Olímpico</strong><br />
criaria as condições humanas e materiais e proporcionaria<br />
as sinergias necessárias a um maior<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das capacida<strong>de</strong>s estruturais e<br />
<strong>de</strong>sportivas (instalações, recursos hum<strong>anos</strong>, equipamentos<br />
<strong>de</strong>sportivos, recursos financeiros, estrutura<br />
organizativa, etc.).<br />
Também sabia que o <strong>de</strong>senvolvimento do Desporto<br />
só sairia vencedor com um Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-Verdiano apoiado pelo COI (Comité <strong>Olímpico</strong><br />
Internacional). E, para isso, trabalhou, tendo<br />
inclusive investido recursos financeiros próprios<br />
<strong>em</strong> diversas ocasiões. A sua ligação à criação do<br />
COC terá sido uma das realizações que mais o terá<br />
orgulhado, falando s<strong>em</strong>pre dos valores éticos do<br />
COI e do po<strong>de</strong>r integrador, transformador e regenerador<br />
do Desporto <strong>em</strong> geral.”<br />
Glória Ribeiro, filha <strong>de</strong> Joaquim Ribeiro<br />
26
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
avaliação e perspectivas 05<br />
João Almeida, filho <strong>de</strong> Nildo Brazão<br />
Um apaixonado pelo Desporto<br />
João Almeida, filho <strong>de</strong> Nildo Brazão, primeiro<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol,<br />
Basquetebol e Voleibol e, por inerência, um<br />
dos fundadores do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>verdiano<br />
(COC), recorda que o Desporto foi<br />
uma gran<strong>de</strong> paixão do seu pai e que, por<br />
isso mesmo, teve a preocupação <strong>de</strong> ajudar e<br />
apoiar, estando s<strong>em</strong>pre presente, não só nas<br />
diferentes etapas da sua vida, como também<br />
<strong>em</strong> várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas.<br />
Além <strong>de</strong> impulsionador das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
salão, particularmente o An<strong>de</strong>bol, Basquetebol<br />
e Voleibol, João Almeida, recorda, ainda,<br />
que o pai foi um gran<strong>de</strong> velejador, jogador,<br />
treinador e árbitro <strong>de</strong> futebol, entre outros.<br />
Um dos traços da personalida<strong>de</strong> do pai, sublinha<br />
Almeida, é o facto <strong>de</strong>le nunca trabalhar<br />
para colher louros, não se importando<br />
se lhe eram atribuídos ou não, porque para<br />
ele o mais importante era ver o Desporto a<br />
<strong>de</strong>senvolver <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Tanto assim é<br />
que, a dada altura, o pai terá <strong>de</strong>sabafado<br />
ter sentido alguma tristeza <strong>em</strong> relação a<br />
pessoas do mundo do Desporto que procuravam,<br />
a todo o custo, assumir cargos s<strong>em</strong><br />
nada ter<strong>em</strong> feito para os merecer.<br />
José Luís Gomes, ex-técnico da DGD<br />
COC foi crucial para a afirmação<br />
internacional do Desporto<br />
Embora consi<strong>de</strong>re que não tenha tido um<br />
papel prepon<strong>de</strong>rante na criação do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), o ex-técnico<br />
da Direcção-Geral dos Desportos (DGD),<br />
José Luís Gomes, foi um dos que estiveram<br />
“s<strong>em</strong>pre presentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando o Comité<br />
era ainda uma i<strong>de</strong>ia”.<br />
Um dos primeiros quadros a regressar ao<br />
País, com formação <strong>em</strong> Educação Física,<br />
viu nascer<strong>em</strong> as primeiras fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>sportivas<br />
e, mais tar<strong>de</strong>, o COC.<br />
“O COC foi um el<strong>em</strong>ento crucial para a afirmação<br />
do Desporto cabo-verdiano na cena<br />
<strong>de</strong>sportiva internacional e além-fronteiras.<br />
As competições reduziam-se à Sub-Região<br />
Africana, enquanto País da Zona II”, recorda<br />
José Luís Gomes.<br />
Luís Cardoso da Silva,<br />
m<strong>em</strong>bro da Comissão <strong>de</strong> Ética Desportiva do COC<br />
Impl<strong>em</strong>entação do COC<br />
e a gravata <strong>de</strong> Samaranch<br />
Luís Cardoso da Silva, funcionário bancário<br />
e comentador <strong>de</strong>sportivo, ainda recorda<br />
com muita honra e carinho o convite que<br />
lhe foi formulado pelo então Presi<strong>de</strong>nte do<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), Antero<br />
Barros, para integrar o Comité, numa<br />
altura <strong>em</strong> que, conforme precisou, ainda se<br />
estava na fase da impl<strong>em</strong>entação do COC.<br />
De lá para cá, esse <strong>de</strong>stacado comentador<br />
<strong>de</strong>sportivo da rádio e televisão públicas<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> consi<strong>de</strong>ra que houve um<br />
gran<strong>de</strong> incr<strong>em</strong>ento das acções do COC,<br />
que culminou com a maior participação <strong>de</strong><br />
s<strong>em</strong>pre do país numa edição dos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s, ou seja, nos Jogos do Rio 2016<br />
no Brasil.<br />
Actualmente, m<strong>em</strong>bro da Comissão <strong>de</strong> Ética<br />
Desportiva do COC, Cardoso da Silva<br />
confessa que o momento que mais marcou<br />
as suas li<strong>de</strong>s olímpicas foi quando o Presi<strong>de</strong>nte<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional,<br />
Juan António Samaranch, <strong>de</strong> visita a <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong> <strong>em</strong> 1994, lhe ofereceu uma gravata.<br />
27
05<br />
avaliação e perspectivas<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Manuel Pires, “Di Beba”, ex-Vice-Presi<strong>de</strong>nte da FCABV<br />
“Se fosse hoje alinhava na mesma”<br />
Manuel Pires, mais conhecido no mundo <strong>de</strong>sportivo<br />
por “Di Beba”, é um nome incontornável do<br />
Desporto cabo-verdiano, principalmente do Futebol,<br />
on<strong>de</strong> chegou a árbitro internacional. Também<br />
se <strong>de</strong>stacou no An<strong>de</strong>bol, tendo sido jogador, técnico,<br />
m<strong>em</strong>bro da Comissão Instaladora e, mais<br />
tar<strong>de</strong>, da Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e<br />
Voleibol (FCABV), uma das cinco fundadoras do<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC).<br />
Na condição <strong>de</strong> um dos dois vice-presi<strong>de</strong>ntes da<br />
primeira direcção da FCABV presidida por Nildo<br />
Brazão, “Di Beba”, pô<strong>de</strong> acompanhar <strong>de</strong> perto<br />
todo o processo <strong>de</strong> criação e montag<strong>em</strong> do COC.<br />
“Primeiro, foi um longo caminhar até chegarmos à<br />
Fe<strong>de</strong>ração. Só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ssas peripécias é que veio<br />
o COC”, explica “Di Beba”, que, apesar <strong>de</strong> não ter<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado nenhum cargo nos órgãos sociais<br />
do COC, participou <strong>em</strong> várias das suas reuniões.<br />
“Nas ausências e impedimentos do Presi<strong>de</strong>nte Nildo<br />
Brazão, participei e <strong>de</strong>i as minhas contribuições <strong>em</strong><br />
várias sessões, s<strong>em</strong>pre que fosse indicado pela direcção<br />
da FCABV”, realça, garantindo que, se fosse<br />
hoje, alinhava na mesma causa e no mesmo i<strong>de</strong>ário.<br />
Por outro lado, frisou que, enquanto técnico e dirigente,<br />
ministrou acções <strong>de</strong> formação, capacitação e reciclag<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> várias ilhas do arquipélago, contribuindo<br />
para a criação <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> diversas modalida<strong>de</strong>s,<br />
com relevo para as do An<strong>de</strong>bol e do Futebol.<br />
“Di Beba” recorda que a montag<strong>em</strong> do COC encontrou<br />
muitas barreiras pelo caminho que entretanto<br />
foram sendo superadas pela incansável li<strong>de</strong>rança<br />
<strong>de</strong> Antero Barros .<br />
“O processo foi prenhe <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s, sendo as<br />
mais básicas, s<strong>em</strong>elhantes às da actualida<strong>de</strong>: a<br />
crónica falta <strong>de</strong> quórum para as reuniões, na maioria<br />
das vezes, <strong>de</strong>vido às ocupações e incompatibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> horários dos diversos promotores e<br />
carolas”, recorda, sublinhando que, ainda assim,<br />
estava ciente <strong>de</strong> que nada podia travar a sua contribuição<br />
dado que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo, apren<strong>de</strong>u<br />
que “nada se consegue s<strong>em</strong> esforço, <strong>de</strong>dicação,<br />
ousadia, entrega e muito trabalho”.<br />
“Di Beba” esteve, também, ligado à comunicação<br />
social, mais concretamente, à imprensa. Trabalhou<br />
como gráfico <strong>em</strong> todos os órgãos públicos do<br />
ramo, <strong>de</strong>signadamente: os jornais “Voz di Povo”,<br />
“Novo Jornal <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>”, “Horizonte” e a Agência<br />
Inforpress on<strong>de</strong> se reformou.<br />
Não menos curioso é ainda o facto <strong>de</strong>, na época,<br />
ter<strong>em</strong>-se tornado naturalmente perdoáveis os <strong>em</strong>baraços<br />
que resultavam das dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> fazer<br />
a <strong>de</strong>strinça entre “Manel di Beba” e “Zé di Beba”<br />
<strong>de</strong> que Manuel Pires é gémeo, tal era a parecença<br />
entre ambos. Como se não bastasse, José Pires,<br />
“Zé di Beba”, era igualmente um carola e ferrenho<br />
a<strong>de</strong>pto do An<strong>de</strong>bol, com passagens, também,<br />
pela imprensa estatal.<br />
Moacyr Rodrigues, ex-Director do Desporto <strong>em</strong> São Vicente<br />
A vivência <strong>de</strong> fora<br />
trouxe o movimento <strong>Olímpico</strong><br />
Moacyr Rodrigues, que na altura da criação do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC) exercia o cargo<br />
<strong>de</strong> Director do Desporto <strong>em</strong> São Vicente, consi<strong>de</strong>ra<br />
que a criação do COC foi possível graças à<br />
figura <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> Antero Barros.<br />
Segundo Moacyr Rodrigues, Antero Barros foi um<br />
<strong>de</strong>sportista nato, com uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> contactos e<br />
uma vivência rica com outros <strong>de</strong>sportistas, que<br />
trouxe o espírito do movimento <strong>Olímpico</strong> quando<br />
regressou <strong>de</strong>finitivamente <strong>de</strong> Portugal, numa altura<br />
que não se falava sobre isso.<br />
Ainda <strong>em</strong> relação a Antero Barros, refere também que<br />
chegou a integrar uma equipa <strong>de</strong> cabo-verdi<strong>anos</strong> <strong>de</strong><br />
‘cricket’, criada pelo primeiro presi<strong>de</strong>nte do COC, que<br />
jogaram contra os ingleses <strong>em</strong> Portugal, tendo merecido<br />
comentários laudatórios por parte dos ingleses<br />
<strong>em</strong> relação ao <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho dos cabo-verdi<strong>anos</strong>.<br />
Porém, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> r<strong>em</strong>ate consi<strong>de</strong>ra que o movimento<br />
<strong>Olímpico</strong> não conseguiu chegar às outras<br />
ilhas, tendo tido uma acção diminuta também <strong>em</strong><br />
São Vicente. “O movimento <strong>Olímpico</strong> passou ao<br />
largo do canal <strong>de</strong> Min<strong>de</strong>lo”, enfatiza Moacyr Rodrigues,<br />
sobre um t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> relação ao qual afirma ter<br />
muito pouco a dizer.<br />
28
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
avaliação e perspectivas 05<br />
Fernando Elísio Freire, Ministro do Desporto, Lassana Palenfo, Presi<strong>de</strong>nte da ACNOA, Filomena Fortes, Presi<strong>de</strong>nte do COC<br />
PROPOSTAS DE MODALIDADES<br />
DE PRAIA PRESENTES EM 2019<br />
An<strong>de</strong>bol<br />
Luta livre<br />
Aquathlon<br />
Maratona <strong>de</strong> natação<br />
Atletismo<br />
Natação com barbatana<br />
Basquetebol 3x3<br />
Petanca<br />
Body board<br />
R<strong>em</strong>o<br />
Canoag<strong>em</strong><br />
R<strong>em</strong>o <strong>em</strong> pé<br />
Desporto <strong>de</strong> Praia adaptado Surf<br />
Frisbee estilo livre<br />
Taekwondo<br />
Futebol<br />
Ténis<br />
Futebol estilo livre Voleibol<br />
Kitesurf estilo livre Windsurf<br />
I Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> vai acolher a primeira edição dos<br />
Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia, <strong>em</strong> 2019, na ilha do<br />
Sal. O acolhimento <strong>de</strong> tal evento foi possível<br />
graças ao <strong>em</strong>penho do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>verdiano<br />
(COC), <strong>em</strong> articulação estreita com o<br />
Governo, perante a Associação dos Comités<br />
<strong>Olímpico</strong>s Nacionais Afric<strong>anos</strong> (ACNOA).<br />
Segundo Filomena Fortes, Presi<strong>de</strong>nte do COC,<br />
tal representa o resultado <strong>de</strong> uma estratégia<br />
que coloca o movimento <strong>Olímpico</strong> no centro do<br />
esforço <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do País. Pelo seu<br />
lado, Fernando Elísio Freire, Ministro do Desporto,<br />
reforça que mesmo sendo <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
um país pequeno, ele t<strong>em</strong> um espírito intrépido<br />
e o <strong>de</strong>sejo e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> vencer.<br />
Lassana Palenfo, presi<strong>de</strong>nte da ACNOA, refere<br />
que o evento está a ser preparado para acolher<br />
não mais <strong>de</strong> 1,000 atletas, visto que a ACNOA<br />
irá contribuir com $ 500,000 USD, a par dos<br />
custos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocação para todas as <strong>de</strong>legações<br />
participantes.<br />
Este evento olímpico foi instituído pela ACNOA,<br />
<strong>em</strong> 2015, como forma <strong>de</strong> promover os <strong>de</strong>sportos<br />
<strong>de</strong> praia e encorajar os jovens afric<strong>anos</strong> a<br />
ficar<strong>em</strong> interessados neste género <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sportiva.<br />
29<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> Tóquio 2020<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, <strong>de</strong> acordo com o Secretário-Executivo<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>verdiano<br />
(COC), Leonardo Cunha, “está na<br />
fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>lineação estratégica” da sua participação<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio<br />
2020 (Japão).<br />
“Os preparativos para a nossa participação<br />
ficam a cargo do COC, mas o ‘it<strong>em</strong>’ alto<br />
rendimento <strong>de</strong>sportivo são da responsabilida<strong>de</strong><br />
das fe<strong>de</strong>rações nacionais e <strong>de</strong> todos<br />
os cabo-verdi<strong>anos</strong> ligados a este fenómeno”,<br />
sustenta Leonardo Cunha.<br />
Neste particular, o Secretário-Executivo dá<br />
conta <strong>de</strong> um encontro realizado no começo <strong>de</strong><br />
2017, que contou com a participação dos treinadores<br />
“das mais diversas modalida<strong>de</strong>s e<br />
regiões” do País. “Foram <strong>de</strong>finidas estratégias<br />
e acções concretas associadas aos<br />
Jogos <strong>de</strong> Tóquio 2020”, assegura Cunha.<br />
Para aquele executivo do COC, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
t<strong>em</strong> que ser muito ambicioso e ousado,<br />
<strong>em</strong> ord<strong>em</strong> a superar o número <strong>de</strong> atletas<br />
que esteve no Rio 2016, que “foi a maior<br />
participação <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre” do País nos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s.<br />
“O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é termos mais atletas<br />
qualificados por mérito próprio. Isso é<br />
possível e está ao nosso alcance”, sustenta<br />
Leonardo Cunha, para qu<strong>em</strong>, os<br />
actuais <strong>de</strong>z bolseiros da Solidarieda<strong>de</strong><br />
Olímpica “estão <strong>de</strong>safiados a trabalhar<strong>em</strong><br />
para a obtenção do alto rendimento<br />
<strong>de</strong>sportivo”.<br />
Bolseiros da Solidarieda<strong>de</strong><br />
Olímpica para Tóquio 2020<br />
Adysângela Moniz - Judo<br />
Davilson Morais - Boxe<br />
Djamila Silva - Judo<br />
Eveline Sanches - Atletismo<br />
Jordin Andra<strong>de</strong> - Atletismo<br />
Lidiane Lopes - Atletismo<br />
Maria Andra<strong>de</strong> - Taekwondo<br />
Ruben Sança - Atletismo<br />
Sandra Borges - Judo<br />
Sofia Reis - Taekwondo
06<br />
consolidação<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Franklim Palma, segundo Presi<strong>de</strong>nte do COC<br />
Dois mandatos sob o signo<br />
da continuida<strong>de</strong><br />
Franklim Palma, jornalista <strong>de</strong> profissão, foi o segundo Presi<strong>de</strong>nte do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano, suce<strong>de</strong>ndo <strong>em</strong> 2006 ao professor Antero Barros,<br />
fundador da instituição. Um dos feitos marcantes dos seus dois mandatos<br />
consecutivos, que se prolongaram até Fevereiro <strong>de</strong> 2014, foi a participação<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, pela primeira vez, no transporte da Tocha Olímpica <strong>em</strong> 2008.<br />
Franklim Palma, segundo Presi<strong>de</strong>nte do COC (2006 a 2014)<br />
Franklim Palma, que venceu o jurista Victor Osório<br />
era, na altura da sua eleição <strong>em</strong> 2006, Vice-Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Comissão Executiva do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), li<strong>de</strong>rada por Antero<br />
Barros que, na hora <strong>de</strong> passar o test<strong>em</strong>unho,<br />
assegurou, na ocasião, que <strong>de</strong>ixava uma instituição<br />
organizada e com muita credibilida<strong>de</strong> internacional.<br />
Assim, o mandato <strong>de</strong> Palma contribuiu para a consolidação<br />
dos ganhos até então alcançados, assegurando,<br />
entre outros, a participação nos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s (JO) <strong>de</strong> Pequim 2008 e Londres 2012,<br />
nos três Jogos da Lusofonia (Macau, <strong>em</strong> 2006, Lisboa,<br />
<strong>em</strong> 2009 e Goa, <strong>em</strong> 2014) e nos Jogos Afric<strong>anos</strong><br />
<strong>de</strong> 2011 (Maputo).<br />
Uma outra conquista registada na presidência <strong>de</strong><br />
Franklim Palma foi a sua eleição <strong>em</strong> 2009 para assumir<br />
o cargo <strong>de</strong> Secretário-Adjunto da Associação<br />
dos Comités <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Língua Portuguesa<br />
(ACOLOP). Na ocasião, Franklim Palma consi<strong>de</strong>rou<br />
que aquele cargo representava um reconhecimento<br />
da contribuição que <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> vinha dando<br />
através do seu Comité <strong>Olímpico</strong>. Palma também<br />
manifestara a sua disponibilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> contribuir<br />
para o alcance dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios então fixados<br />
pela ACOLOP, <strong>de</strong>signadamente a formação a nível<br />
da Medicina Desportiva e da Ciência Desportiva.<br />
Feito histórico<br />
Um outro feito impactante registado durante o<br />
mandato <strong>de</strong> Franklim Palma foi quando, <strong>em</strong> 2008,<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> participou, pela primeira vez na sua<br />
<strong>história</strong> <strong>de</strong>sportiva, no transporte da Tocha Olímpica<br />
durante a sua passag<strong>em</strong> pela Região Administrativa<br />
Especial <strong>de</strong> Macau.<br />
Palma que, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte do COC,<br />
participou naquele acto simbólico a convite do<br />
Comité <strong>de</strong> Organização dos Jogos <strong>de</strong> Pequim, sublinhou,<br />
na ocasião, que o Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>verdiano<br />
quis manifestar ao Mundo a incondicional<br />
solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> e do seu Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> para com a China e o seu Povo, face à<br />
sua <strong>de</strong>terminação <strong>em</strong> organizar e acolher os Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> 2008.<br />
“Pela força da imag<strong>em</strong> que a tocha <strong>em</strong>ana, a participação<br />
do COC na simbólica cerimónia <strong>de</strong> Macau será,<br />
certamente, um marco histórico para <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> que,<br />
além <strong>de</strong> reforçar a sua visibilida<strong>de</strong> internacional, entrará,<br />
também, para os anais do Museu <strong>Olímpico</strong> se<strong>de</strong>ado<br />
<strong>em</strong> Lausanne na Suíça”, sublinhou na altura à<br />
Agência <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Notícias (Inforpress).<br />
Jogos Afric<strong>anos</strong><br />
Durante a sua li<strong>de</strong>rança no COC, Franklim Palma<br />
s<strong>em</strong>pre perspectivou uma participação nos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s com atletas qualificados com base na<br />
performance competitiva d<strong>em</strong>onstrada nas provas<br />
continentais e mundiais e não apenas através<br />
<strong>de</strong> ‘wild cards’ (convite), cuja excepção tinha sido<br />
Flávio Furtado que se tinha qualificado por mérito<br />
próprio para os JO <strong>de</strong> Atenas 2004.<br />
A esse propósito, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u um maior envolvimento<br />
das estruturas <strong>de</strong>sportivas, nomeadamente as<br />
associações e fe<strong>de</strong>rações já que são essas instituições<br />
que moldam os atletas, levando-os às<br />
gran<strong>de</strong>s competições internacionais, tais como os<br />
<strong>30</strong>
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
consolidação 06<br />
campeonatos afric<strong>anos</strong> e mundiais, provas on<strong>de</strong><br />
se consegu<strong>em</strong> as projecções olímpicas.<br />
Por isso mesmo, não escon<strong>de</strong>u a sua preocupação<br />
quando, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> falhou os Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong><br />
2007 realizados na Argélia. Na altura, lamentou<br />
que dos 54 países afric<strong>anos</strong>, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> tivesse<br />
sido o único ausente e que tal facto pu<strong>de</strong>sse comprometer<br />
as possibilida<strong>de</strong>s dos atletas nacionais<br />
se qualificar<strong>em</strong> por mérito para os JO.<br />
Os Jogos Afric<strong>anos</strong>, evento multi<strong>de</strong>sportivo que<br />
acontec<strong>em</strong> a cada quatro <strong>anos</strong> exclusivamente<br />
para os atletas do continente africano, é organizado<br />
pela Associação dos Comités <strong>Olímpico</strong>s Nacionais<br />
Afric<strong>anos</strong> (ACNOA). <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> participou nas edições<br />
<strong>de</strong> 1999 <strong>em</strong> Joanesburgo (África do Sul), 2003<br />
<strong>em</strong> Abuja (Nigéria), 2011 <strong>em</strong> Maputo (Moçambique)<br />
e 2015 <strong>em</strong> Brazzaville (República do Congo).<br />
Franklim Palma, ao centro, aquando da visita <strong>de</strong> Juan Antonio Samaranch, presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional, <strong>em</strong> 1994<br />
Jogos da Lusofonia<br />
Durante o mandato <strong>de</strong> Palma, o País também participou<br />
nos três Jogos da Lusofonia já realizados,<br />
o <strong>de</strong> Macau <strong>em</strong> 2006, o <strong>de</strong> Lisboa <strong>em</strong> 2009 e o <strong>de</strong><br />
Goa <strong>em</strong> 2014. Os Jogos da Lusofonia, oficialmente<br />
reconhecidos pelo Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional,<br />
foram instituídos <strong>em</strong> 2004 pela ACOLOP com<br />
o propósito <strong>de</strong> reforçar a união e cooperação dos<br />
seus m<strong>em</strong>bros, através do Desporto.<br />
Se nos I Jogos da Lusofonia, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> participou<br />
com 54 atletas, nos Jogos <strong>de</strong> 2009, a maior <strong>de</strong>legação<br />
<strong>de</strong>sportiva <strong>de</strong> todos os t<strong>em</strong>pos foi a Lisboa,<br />
com uma comitiva <strong>de</strong> 140 pessoas, sendo 95 atletas.<br />
Nesses II Jogos da Lusofonia, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> competiu<br />
nas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atletismo, basquetebol, futebol,<br />
judo, voleibol, voleibol <strong>de</strong> praia e <strong>de</strong>sporto para <strong>de</strong>ficientes,<br />
tendo conseguido sete medalhas, sendo<br />
uma <strong>de</strong> ouro, outra <strong>de</strong> prata e cinco <strong>de</strong> bronze, mais<br />
uma <strong>de</strong> bronze que nos Jogos <strong>de</strong> 2003, <strong>em</strong> Macau.<br />
A medalha <strong>de</strong> ouro foi conquistada <strong>de</strong> forma categórica<br />
pela selecção nacional <strong>de</strong> futebol que<br />
colocou o futebol cabo-verdiano na primeira linha<br />
dos países m<strong>em</strong>bros da ACOLOP. Digno <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque<br />
também foi a medalha <strong>de</strong> prata conseguida<br />
pela selecção nacional <strong>de</strong> basquetebol que caiu<br />
na final ante a sua similar <strong>de</strong> Angola. Por sua vez,<br />
as medalhas <strong>de</strong> bronze foram para as selecções<br />
nacionais <strong>de</strong> judo (duas), <strong>de</strong> voleibol masculino e<br />
<strong>de</strong>sporto para <strong>de</strong>ficientes (atletismo na categoria<br />
dos 400 metros).<br />
Nos III Jogos da Lusofonia realizados <strong>em</strong> 2014 <strong>em</strong><br />
Goa (Índia), <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> conquistou doze medalhas,<br />
uma <strong>de</strong> ouro, seis <strong>de</strong> prata e cinco <strong>de</strong> bronze. Com<br />
43 atletas, o País participou nas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
atletismo, basquetebol, taekwondo e voleibol <strong>de</strong><br />
praia. A medalha <strong>de</strong> ouro foi para o atleta olímpico<br />
Ruben Sança nos 5000 metros, enquanto a <strong>de</strong> ouro<br />
<strong>de</strong> 2006 foi para Nelson Cruz na meia-maratona<br />
Ineditismo<br />
Foi ainda no mandato <strong>de</strong> Palma que a judoca Adysângela<br />
Moniz (+78 quilos) tornou-se na primeira<br />
atleta f<strong>em</strong>inina <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> a qualificar-se, por<br />
mérito próprio, para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Moniz conseguiu o passaporte directo, pela<br />
quota africana, para os Jogos <strong>de</strong> Londres<br />
2012, on<strong>de</strong>, também, estiveram presentes,<br />
Ruben Sança (cinco mil metros) e Lidiane<br />
Lopes (c<strong>em</strong> metros).<br />
Na altura, Franklim Palma <strong>de</strong>stacou o mérito<br />
da judoca Adysângela Moniz, lamentando<br />
a falta <strong>de</strong> infra-estruturas <strong>de</strong>sportivas<br />
como uma das lacunas para a fraca<br />
prestação dos atletas cabo-verdi<strong>anos</strong><br />
nas competições <strong>de</strong> qualificação para<br />
os Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
“Isso tinha a ver com a própria situação<br />
do País. A primeira pista olímpica <strong>de</strong> atletismo<br />
tiv<strong>em</strong>o-la há cerca <strong>de</strong> três meses e<br />
já participamos nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s há<br />
12 <strong>anos</strong>. Para ter atletas capazes <strong>de</strong> competir,<br />
t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> ter infra-estruturas <strong>de</strong>sportivas”,<br />
explicava Palma à Lusa, <strong>em</strong> 2012.<br />
31
07<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Fernando Elísio Freire, Ministro do Desporto<br />
Sintonia e compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> entre o Governo e o COC<br />
O Ministro do Desporto garante que há uma compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> e sintonia perfeita entre o Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-<br />
Verdiano e o Palácio da Várzea. Fernando Elísio Freire <strong>de</strong>staca ainda a abertura e disponibilida<strong>de</strong> do Governo <strong>em</strong> apoiar a<br />
participação <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio 2020.<br />
“Usar o Desporto como uma<br />
das ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.”<br />
Fernando Elísio Freire, Ministro do Desporto, com a Presi<strong>de</strong>nte do<br />
COC, Filomena Fortes, e Pedro Santos, Cônsul-Geral <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, nos Jogos do Rio 2016.<br />
Des<strong>de</strong> a assunção da pasta do Desporto, <strong>em</strong><br />
Abril <strong>de</strong> 2016, o Ministro Fernando Elísio Freire<br />
v<strong>em</strong> mantendo uma ligação estreita com o Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), com o qual<br />
quer manter uma parceria para a impl<strong>em</strong>entação<br />
do programa do Governo da IX Legislatura para o<br />
sector <strong>de</strong>sportivo.<br />
O COC caminha para o <strong>30</strong>º aniversário da sua<br />
fundação (Julho <strong>de</strong> 1989), facto que leva Fernando<br />
Elísio Freire a <strong>de</strong>stacar o seu contributo para<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento do Desporto cabo-verdiano<br />
nos diversos segmentos. Segundo o governante,<br />
houve mudanças significativas na socieda<strong>de</strong> cabo-verdiana<br />
ao longo <strong>de</strong>sses <strong>30</strong> <strong>anos</strong>, mas o COC<br />
manteve-se fiel aos seus princípios e valores plasmados<br />
na Carta Olímpica.<br />
“É um percurso interessante que precisa ser reforçado<br />
ainda mais para se po<strong>de</strong>r adaptar ao mundo<br />
mo<strong>de</strong>rno. Através dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s, o COC<br />
t<strong>em</strong> dado um contributo imenso para a afirmação<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> no continente africano e, também,<br />
a nível mundial”, realça Freire.<br />
O COC, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fundação se posicionou<br />
como um importante parceiro do Sist<strong>em</strong>a Desportivo<br />
Nacional, contará - segundo Fernando Elísio<br />
Freire -, com o total apoio do Governo para a diss<strong>em</strong>inação<br />
dos princípios e valores da Carta Olímpica.<br />
Desporto com valores<br />
As acções do Governo e do COC são compl<strong>em</strong>entares,<br />
porque, na óptica do Ministro do Desporto, o<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> é uma organização mundial com<br />
uma gran<strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> e que, “<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, acima <strong>de</strong><br />
tudo, um Desporto com valores. E é isso que qualquer<br />
Governo <strong>de</strong>seja incutir nos seus cidadãos e<br />
na socieda<strong>de</strong>”.<br />
O relacionamento entre o Executivo e o COC assenta-se,<br />
essencialmente, numa cooperação institucional<br />
muito forte, tendo como perspectiva a<br />
promoção dos valores do Desporto na socieda<strong>de</strong>,<br />
na generalização do acesso à prática <strong>de</strong>sportiva,<br />
no papel do Desporto como factor <strong>de</strong> inclusão social<br />
e, “acima <strong>de</strong> tudo, usar o Desporto como uma<br />
das ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>”.<br />
A prova disso - <strong>de</strong> acordo com o Governante -, são<br />
as competições e as reuniões internacionais que<br />
vão acontecendo no país.<br />
Plataforma <strong>de</strong> Governação<br />
No sector do Desporto, o programa do Governo<br />
<strong>de</strong>staca quatro áreas fundamentais, a saber: legislação;<br />
infra-estruturas, formação e a área institucional.<br />
“São eixos importantes para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sustentável do Desporto cabo-verdiano”,<br />
sustenta Fernando Elísio Freire.<br />
O Governo preten<strong>de</strong> adaptar a legislação actual,<br />
com vista à promoção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sporto que tenha<br />
como base, por um lado, a inclusão social e, por<br />
outro lado, que seja, igualmente, um factor <strong>de</strong> geração<br />
<strong>de</strong> riquezas.<br />
“Já alterámos a Lei <strong>de</strong> Bases do Sist<strong>em</strong>a Desportivo<br />
para uma Lei <strong>de</strong> Bases <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong> Física e do Desporto,<br />
com foco na generalização da activida<strong>de</strong> física.<br />
A par disso, já alterámos, também, o Estatuto <strong>de</strong> Utilida<strong>de</strong><br />
Pública Desportiva. Estamos a alterar a Lei das<br />
Associações Desportivas, vamos regulamentar as Es-<br />
32
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 07<br />
colas <strong>de</strong> Iniciação Desportiva e regulamentar os Prémios<br />
Desportivos”, aponta Freire, para notar que tudo<br />
isso visa a “criação <strong>de</strong> um quadro legal, que permita<br />
um maior incr<strong>em</strong>ento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sportivo”.<br />
Na parte institucional, o Governo está a trabalhar<br />
no sentido <strong>de</strong> transformar a Direcção-Geral dos<br />
Desportos num Instituto, com vista a aumentar a<br />
autonomia do Desporto e retirar toda a tutela política<br />
sobre esse sector.<br />
Infra-estruturação<br />
Em relação à infra-estruturação <strong>de</strong>sportiva, a aposta<br />
do Governo vai para o estabelecimento do princípio<br />
<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> no acesso ao Desporto <strong>em</strong> todos<br />
os municípios do País, garantindo, igualmente, o<br />
acesso das mulheres e idosos à prática <strong>de</strong>sportiva.<br />
“T<strong>em</strong>os que construir infra-estruturas que<br />
nos permitam garantir essa igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s, mas, também, que permitam<br />
a participação nas competições das diversas<br />
modalida<strong>de</strong>s”, argumenta Elísio Freire.<br />
O Executivo preten<strong>de</strong>, também, dotar cada<br />
ilha com, pelo menos, um pavilhão <strong>de</strong>sportivo,<br />
o que facilitará o acesso dos atletas<br />
cabo-verdi<strong>anos</strong> a todas as modalida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>sportivas ‘indoor’ e fazer com que todos<br />
os municípios <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> tenham um<br />
campo relvado.<br />
Numa segunda fase, as infra-estruturas<br />
<strong>de</strong>sportivas existentes serão alvo <strong>de</strong> um<br />
Programa <strong>de</strong> Reabilitação <strong>em</strong> parceria com<br />
as Câmaras Municipais e com as Escolas.<br />
Modalida<strong>de</strong>s Olímpicas<br />
As modalida<strong>de</strong>s que têm representado<br />
o País nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s são as que<br />
mais sofr<strong>em</strong> com a falta <strong>de</strong> infra<br />
-estruturas para a preparação dos<br />
atletas e para a realização <strong>de</strong> competições<br />
oficiais. Para fazer face<br />
a este ‘handicap’, Fernando Elísio<br />
Freire garante que haverá uma política específica<br />
<strong>em</strong> relação às infra-estrturas especializadas.<br />
“Pretend<strong>em</strong>os estabelecer parcerias com as Fe<strong>de</strong>rações<br />
e com as entida<strong>de</strong>s privadas no sentido da<br />
impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> Construção<br />
<strong>de</strong> Infra-estruturas Especializadas para <strong>de</strong>sportos<br />
individuais, como são os casos da ginástica, do<br />
atletismo e dos <strong>de</strong>sportos <strong>de</strong> combate”, garante o<br />
Ministro do Desporto, que anuncia, ainda, a criação<br />
do Centro <strong>de</strong> Rendimento <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, que<br />
ficará situado no Estádio Nacional, <strong>em</strong> Monte Vaca<br />
(arredores da Cida<strong>de</strong> da Praia).<br />
Emprego e geração <strong>de</strong> riquezas<br />
Além da formação dos diversos agentes, o Ministério<br />
do Desporto vai apostar, também, na capacitação <strong>de</strong><br />
Fernando Elísio Freire cumprimentando o atleta Jordin Andra<strong>de</strong>, e a Presi<strong>de</strong>nte do COC,<br />
Filomena Fortes, nos Jogos do Rio 2016.<br />
“O Ministro do Desporto garante a<br />
criação do Centro <strong>de</strong> Rendimento <strong>de</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, que ficará situado no<br />
Estádio Nacional, na Praia.”<br />
gestores <strong>de</strong>sportivos que, segundo Fernando Elísio<br />
Freire, é uma área importante, porque <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
preten<strong>de</strong> atrair gran<strong>de</strong>s eventos <strong>de</strong>sportivos, “através<br />
<strong>de</strong> uma gestão profissional que contribuirá para a<br />
criação <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego e a geração <strong>de</strong> riquezas”.<br />
O Governo vai aprovar um novo Estatuto do Atleta<br />
<strong>de</strong> Alto Rendimento que se a<strong>de</strong>que aos <strong>de</strong>sportistas<br />
que estudam, que trabalham ou que<br />
estejam a prestar Serviço Militar<br />
e/ou na Polícia.<br />
“Isso para lhes proporcionar<br />
condições mínimas para a prática<br />
<strong>de</strong>sportiva, essencialmente<br />
para aqueles que for<strong>em</strong> atletas<br />
<strong>de</strong> alta competição”, justifica<br />
Freire.<br />
O Estatuto do Atleta <strong>de</strong> Alto<br />
Rendimento será compl<strong>em</strong>entado<br />
com uma Lei do Seguro<br />
Desportivo, que obrigará os<br />
clubes e as associações a segurar<strong>em</strong><br />
os seus atletas, para<br />
que estes possam ter uma<br />
vida digna quando <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong><br />
o Desporto <strong>de</strong> competição.<br />
“Vamos criar todas as condições<br />
para que, tanto qu<strong>em</strong><br />
estuda, como qu<strong>em</strong> trabalha,<br />
possa ter toda a<br />
disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva<br />
num quadro <strong>de</strong> alta<br />
competição”, reafirma.<br />
33
07<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Jogar na prevenção<br />
Não há relatos oficiais sobre o uso do ‘doping’ no<br />
Desporto cabo-verdiano, porque, entre outras razões,<br />
nunca se fez nenhuma análise <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
Mesmo assim, o Governo prefere jogar na prevenção,<br />
para evitar o uso <strong>de</strong> substâncias proibidas,<br />
impedindo, assim, situações que possam pôr <strong>em</strong><br />
causa a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva.<br />
“Já criámos a Organização Nacional Antidopag<strong>em</strong>.<br />
Far<strong>em</strong>os, brev<strong>em</strong>ente, as primeiras recolhas, envolvendo<br />
atletas das diversas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas<br />
praticadas no País. O objectivo é ter um Desporto<br />
limpo, com regras e <strong>de</strong> referência”, salienta<br />
Elísio Freire.<br />
A ética e o ‘fair-play’ são <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância<br />
para a competição. Por isso, o Governo preten<strong>de</strong><br />
contar com o apoio do COC no sentido <strong>de</strong> incutir<br />
esses valores nos diversos agentes <strong>de</strong>sportivos.<br />
“Estamos a trabalhar os valores no Desporto. Nesse<br />
particular, o COC t<strong>em</strong> sido um parceiro muito<br />
importante na promoção da ética no Desporto”,<br />
garantiu o ministro Fernando Elísio Freire, sublinhado<br />
que valores intangíveis como o jogo limpo,<br />
ganhar com regras e respeitar o adversário <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
ser incutidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criança.<br />
“Nas alterações que pretend<strong>em</strong>os introduzir <strong>em</strong> relação<br />
às Escolas <strong>de</strong> Iniciação Desportiva, um dos<br />
argumentos para se po<strong>de</strong>r financiar um estabelecimento<br />
é, exactamente, aquele que se propõe<br />
incutir os valores do jogo limpo. Acreditamos que,<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> pouco t<strong>em</strong>po, mudar<strong>em</strong>os a mentalida<strong>de</strong><br />
do cidadão e do <strong>de</strong>sportista cabo-verdiano”,<br />
manifesta.<br />
Fernando Elísio Freire com o Chefe <strong>de</strong> Missão<br />
dos Jogos do Rio 2016, Leonardo Cunha.<br />
Primeiros Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> acolhe <strong>em</strong> 2019 os Primeiros Jogos<br />
Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia. O Executivo garante total compromisso<br />
na organização <strong>de</strong>sse evento.<br />
“O Governo está só à espera que lhe digam qual será<br />
a sua efectiva participação para po<strong>de</strong>rmos engajarmo-nos.<br />
O Governo já criou a Comissão Organizadora<br />
<strong>de</strong>sses Jogos, mas a parte técnica será <strong>de</strong>finida<br />
pela ACNOA [Associação dos Comités <strong>Olímpico</strong>s<br />
Nacionais da África] e pelas Fe<strong>de</strong>rações”, aponta.<br />
O Executivo cabo-verdiano preten<strong>de</strong>, no entanto,<br />
que os Primeiros Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia <strong>de</strong>ix<strong>em</strong><br />
um legado que permita que <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> se torne<br />
uma referência mundial na organização <strong>de</strong> eventos<br />
náuticos.<br />
“Que <strong>de</strong>ix<strong>em</strong> infra-estruturas, formação e pessoas capacitadas<br />
para po<strong>de</strong>rmos organizar, no futuro, eventos<br />
dos Desportos Náuticos que possam constituir um pólo<br />
<strong>de</strong> atracção <strong>de</strong> turistas”, cobra Fernando Elísio Freire.<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio 2020<br />
O Governo - segundo o Ministro do Desporto -, está<br />
<strong>em</strong> sintonia com o COC, <strong>em</strong> relação à preparação<br />
para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio 2020, no Japão.<br />
“O Governo vai aprovar um<br />
novo Estatuto do Atleta <strong>de</strong> Alto<br />
Rendimento.”<br />
“Já fiz<strong>em</strong>os uma reunião <strong>de</strong> preparação, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos<br />
o Plano Estratégico, perspectivando uma<br />
boa participação nos Jogos <strong>de</strong> 2020”.<br />
Entretanto, participar nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s pressupõe<br />
competir nos torneios pré-olímpicos <strong>de</strong> qualificação.<br />
O Palácio da Várzea está disposto a co-financiar<br />
a participação dos atletas cabo-verdi<strong>anos</strong><br />
nessas competições <strong>de</strong> Qualificação Olímpica.<br />
“T<strong>em</strong>os feito arbitragens com as Fe<strong>de</strong>rações no<br />
sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir<strong>em</strong> as competições que pretend<strong>em</strong><br />
participar. Dentro das nossas possibilida<strong>de</strong>s,<br />
e <strong>de</strong> acordo com os contratos-programa, t<strong>em</strong>os<br />
contribuído, <strong>em</strong> parceria com o COC, no financiamento<br />
para a participação <strong>em</strong> competições <strong>de</strong><br />
Qualificação Olímpica”, afirmou o ministro, revelando<br />
que se registou um aumento <strong>de</strong> 20 por cento<br />
das verbas <strong>de</strong>stinadas às Fe<strong>de</strong>rações e às organizações<br />
não-governamentais.<br />
“Isso d<strong>em</strong>onstra o nosso <strong>em</strong>penho e o nosso engajamento.<br />
Apelamos às Fe<strong>de</strong>rações que sejam<br />
assertivas nas activida<strong>de</strong>s pré-olímpicas que pretendam<br />
participar”, realça.<br />
No caso dos <strong>de</strong>sportos colectivos ter<strong>em</strong> ficado <strong>de</strong><br />
fora dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s, por causa dos elevados<br />
custos <strong>de</strong> participação nas provas <strong>de</strong> qualificação, o<br />
Governo está disponível <strong>em</strong> apoiar o COC e as Fe<strong>de</strong>rações<br />
Desportivas na participação <strong>em</strong> torneios<br />
pré-olímpicos.<br />
“O Governo não po<strong>de</strong> interferir naquilo que o País<br />
é bom ou menos bom. Quer<strong>em</strong>os criar um quadro<br />
on<strong>de</strong> todos possam <strong>de</strong>senvolver-se e aqueles<br />
que for<strong>em</strong> mais competentes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser apoiados.<br />
Acreditamos que, se tivermos condições nas diversas<br />
modalida<strong>de</strong>s, o Governo po<strong>de</strong>, perfeitamente,<br />
apoiar, mas a iniciativa <strong>de</strong>ve partir dos atletas, das<br />
Fe<strong>de</strong>rações e do COC”, manifesta.<br />
O Ministro do Desporto, Fernando Elísio Freire, espera<br />
uma boa participação da <strong>de</strong>legação cabo-verdiana<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio 2020, que<br />
significa “<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e representar o nosso País com<br />
dignida<strong>de</strong>”.<br />
34
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 08<br />
Maria Eduarda Vasconcelos,<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Difusão e interiorização<br />
dos valores olímpicos<br />
Criada <strong>em</strong> 2015, a Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>Cabo</strong>-verdiana t<strong>em</strong> procurado<br />
beber da vasta experiência das suas congéneres africanas e<br />
europeias para cumprir assim o seu papel <strong>de</strong> difundir os valores<br />
olímpicos sob o l<strong>em</strong>a “Educação, Crescimento e Desenvolvimento”.<br />
A filiação na Associação <strong>de</strong> Acad<strong>em</strong>ias Olímpicas Africanas (AANOA)<br />
e a realização do I Fórum Nacional da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica são<br />
os marcos mais visíveis da jov<strong>em</strong> Acad<strong>em</strong>ia, <strong>de</strong> acordo com a<br />
Presi<strong>de</strong>nte Maria Eduarda Vasconcelos.<br />
Maria Eduarda Vasconcelos, Presi<strong>de</strong>nte da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
participação <strong>em</strong> eventos internacionais t<strong>em</strong><br />
A permitido à equipa da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>de</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> (AOC), li<strong>de</strong>rada pela professora <strong>de</strong><br />
Educação Física e Desporto Maria Eduarda Vasconcelos,<br />
trocar experiências com m<strong>em</strong>bros <strong>de</strong><br />
acad<strong>em</strong>ias africanas e europeias para uma aprendizag<strong>em</strong><br />
mais rica e profícua <strong>de</strong> como fazer chegar<br />
a mensag<strong>em</strong> do espírito <strong>Olímpico</strong> aos <strong>de</strong>sportistas<br />
e socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral.<br />
Apesar das dificulda<strong>de</strong>s e limitações, Maria Eduarda<br />
Vasconcelos consi<strong>de</strong>ra que os resultados estão<br />
à vista e que a aceitação da AOC como m<strong>em</strong>bro<br />
da Associação <strong>de</strong> Acad<strong>em</strong>ias Olímpicas Africanas<br />
espelha isso mesmo, estando já b<strong>em</strong> encaminhado<br />
o processo visando a filiação na Acad<strong>em</strong>ia<br />
Panibérica <strong>de</strong> Acad<strong>em</strong>ias Olímpicas Nacionais.<br />
O facto da AOC contar com o trabalho <strong>de</strong> pessoas<br />
que dão a sua colaboração voluntária t<strong>em</strong> contribuído<br />
para as dificulda<strong>de</strong>s sentidas <strong>em</strong> conseguir<br />
formar uma equipa coesa e que tenha disponibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po. A estes constrangimentos alia-se<br />
o facto <strong>de</strong> a Presi<strong>de</strong>nte da Acad<strong>em</strong>ia viver e trabalhar<br />
na Ilha <strong>de</strong> São Vicente e o Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano (COC) estar sediado na cida<strong>de</strong> da<br />
Praia, Ilha <strong>de</strong> Santiago.<br />
Legado<br />
Contudo, a presi<strong>de</strong>nte da AOC consi<strong>de</strong>ra que é importante<br />
incutir nas novas gerações o espírito <strong>de</strong><br />
sacrifício e colaboração voluntária do trabalho que,<br />
no seu caso, v<strong>em</strong> sendo <strong>de</strong>senvolvido há mais <strong>de</strong><br />
40 <strong>anos</strong> <strong>em</strong> prol do Desporto.<br />
“Está sendo cada vez mais raro encontrar gente<br />
a querer trabalhar com rigor e disciplina para que<br />
as coisas aconteçam. Ainda mais, <strong>de</strong> forma<br />
voluntária”, lamenta Maria Eduarda<br />
Vasconcelos que, apesar disso, não se<br />
verga perante esses contrat<strong>em</strong>pos e n<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>siste da pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que o futuro será<br />
li<strong>de</strong>rado pelos mais jovens.<br />
“A juventu<strong>de</strong> é que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> pegar. T<strong>em</strong><br />
toda a mais-valia para levar isso para<br />
a frente. Nós, os séniores, t<strong>em</strong>os que<br />
orientar, s<strong>em</strong>pre com disciplina, organização<br />
e rigor, porque, se for diferente, as<br />
coisas não funcionam”, salienta Vasconcelos.<br />
Nova fase do COC<br />
Para Vasconcelos, a nova fase do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> t<strong>em</strong> levado os cabo-verdi<strong>anos</strong> a<br />
35
08<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Primeira saída internacional das ginastas <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, 1989, para Senegal<br />
melhor interiorizar<strong>em</strong> o espírito <strong>Olímpico</strong> ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po que se sente a presença do COC <strong>em</strong><br />
quase todas as modalida<strong>de</strong>s.<br />
“Antes, o Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-Verdiano era relacionado<br />
somente com os Jogos <strong>Olímpico</strong>s. Actualmente,<br />
v<strong>em</strong> procurando fazer passar os valores<br />
do espírito <strong>Olímpico</strong>, apoia os atletas através da<br />
Solidarieda<strong>de</strong> Olímpica, além <strong>de</strong> ajudar as diferentes<br />
fe<strong>de</strong>rações a se <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong>”, salienta a<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica, garantindo que<br />
o COC está a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar melhor o seu papel.<br />
Lançando um olhar à caminhada do COC, Vasconcelos<br />
reconhece que tudo isso não teria sido possível<br />
s<strong>em</strong> o começo com o visionário professor Antero<br />
Barros <strong>em</strong> 1989, sendo que, agora, esse trabalho<br />
veio a ser revolucionado com a incansável e<br />
batalhadora Presi<strong>de</strong>nte do COC, Filomena Fortes.<br />
“O caminho, mal ou b<strong>em</strong>, foi <strong>de</strong>sbravado, mas<br />
chegou uma altura <strong>em</strong> que era necessária uma<br />
reviravolta. É isso que v<strong>em</strong> acontecendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
2014”, conclui Maria Eduarda Vasconcelos.<br />
Primeiros passos<br />
Uma pessoa totalmente <strong>de</strong>dicada ao <strong>de</strong>sporto é<br />
como se caracteriza Maria Eduarda Vasconcelos,<br />
cabo-verdiana <strong>de</strong> g<strong>em</strong>a que cresceu na Guiné-Bissau,<br />
país on<strong>de</strong> o pai trabalhava. Após os estudos superiores<br />
na área <strong>de</strong> Educação Física e Desporto <strong>em</strong><br />
Portugal, regressa a <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, mais precisamente<br />
a São Vicente, nos quentes <strong>anos</strong> <strong>de</strong> 1974, para dar o<br />
seu contributo ao <strong>de</strong>senvolvimento do País, que proclamaria<br />
a sua in<strong>de</strong>pendência a 5 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1975.<br />
A Educação Física foi a área que abraçou, com<br />
todo o fulgor e gás da juventu<strong>de</strong>, numa altura <strong>em</strong><br />
que era dominada por militares e homens. “L<strong>em</strong>bro-me<br />
que, <strong>em</strong> São Vicente, havia apenas uma<br />
senhora chamada Maria Francisca, que trabalhava<br />
com as meninas”, conta.<br />
Maria Eduarda Vasconcelos acabou por se juntar<br />
aos professores Ruth Alhinho e Alexandre Alhinho,<br />
formados na mesma Escola <strong>em</strong> Portugal, num universo<br />
<strong>em</strong> que os profissionais se podiam contar<br />
pelos <strong>de</strong>dos <strong>de</strong> uma mão. Assim, a partir <strong>de</strong> 1975,<br />
juntamente com os colegas, começou a trabalhar<br />
muito para que as coisas acontecess<strong>em</strong>, pautando<br />
s<strong>em</strong>pre por estar no terreno.<br />
É esta a postura que segue até hoje e que a levou<br />
a ser uma das principais impulsionadoras da Gi-<br />
36
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 08<br />
Mitza Sousa, Secretária da AOC<br />
Orlando Mascarenhas, Luís Cardoso da Silva, Carlos Rocha e Maísa Salazar<br />
I Fórum Nacional da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Jornal Voz di Povo, edição do dia 24 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1989<br />
nástica Rítmica <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, a partir do clique<br />
que diz ter tido após assistir ao “Sportinguíadas”,<br />
evento <strong>de</strong> ginástica promovido pelo Sporting Clube<br />
<strong>de</strong> Portugal. A modalida<strong>de</strong> foi formatada <strong>em</strong><br />
1988, ao lado da professora Manuela Vieira, que<br />
se <strong>de</strong>dicava às mesmas li<strong>de</strong>s, na Cida<strong>de</strong> da Praia.<br />
Através da Ginástica Rítmica, Vasconcelos já li<strong>de</strong>rou<br />
vários grupos <strong>em</strong> <strong>de</strong>slocações internacionais,<br />
com a primeira a acontecer <strong>em</strong> 1989 para o Senegal.<br />
Foi, também, a mentora do Clube Min<strong>de</strong>lgina,<br />
uma das imagens <strong>de</strong> marca <strong>de</strong> São Vicente há <strong>30</strong><br />
<strong>anos</strong>.<br />
A educação Olímpica e a ética no Desporto<br />
foram os principais t<strong>em</strong>as abordados pelos<br />
intervenientes no primeiro Fórum Nacional da<br />
Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> (AOC), que<br />
<strong>de</strong>correu na cida<strong>de</strong> do Min<strong>de</strong>lo, <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro<br />
<strong>de</strong> 2017. O encontro permitiu i<strong>de</strong>ntificar os probl<strong>em</strong>as<br />
e constrangimentos actuais para a prática<br />
saudável do Desporto, e <strong>de</strong> como o movimento<br />
<strong>Olímpico</strong> po<strong>de</strong> contribuir para a mudança<br />
<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> por parte dos atletas, dirigentes<br />
<strong>de</strong>sportivos e socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral.<br />
Maísa Salazar, m<strong>em</strong>bro da Comissão <strong>de</strong> Ética<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), referiu<br />
o facto <strong>de</strong> se ter vindo a assistir, na socieda<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> geral, a uma perda <strong>de</strong> valores, <strong>em</strong><br />
gran<strong>de</strong> parte, <strong>de</strong>vido à promoção <strong>de</strong> acções<br />
pouco éticas e que estão a esbater a diferença<br />
entre o bom e o mau. A seu ver, a compra <strong>de</strong><br />
jogadores e das suas consciências põe efectivamente<br />
<strong>em</strong> causa a prática <strong>de</strong>sportiva.<br />
“Hoje <strong>em</strong> dia, chegamos à conclusão que socialmente<br />
as pessoas têm vergonha <strong>de</strong> ser<strong>em</strong><br />
honestas e tudo isto transporta-se para o <strong>de</strong>sporto.<br />
Estamos a viver neste mundo global <strong>em</strong><br />
que assistimos cada vez mais a uma comercialização<br />
do profissionalismo no <strong>de</strong>sporto,<br />
pelo que há muitos males da socieda<strong>de</strong> que<br />
entram nesta área do <strong>de</strong>sporto”, argumenta.<br />
Pelo seu lado, Carlos Rocha refere que o movimento<br />
<strong>Olímpico</strong>, através dos seus valores, t<strong>em</strong><br />
procurado dar um contributo muito importante<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento do Desporto, quer<br />
a nível mundial, quer nacional, como também<br />
da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral. Durante a sua intervenção,<br />
Carlos Rocha trouxe marcos da <strong>história</strong> do<br />
Olimpismo, com realce nos sucessos, impasses<br />
e os princípios que influenciaram directamente<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento do Desporto.<br />
O Fórum contou ainda com a presença do Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Comissão <strong>de</strong> Ética, Orlando Mascarenhas,<br />
e o <strong>de</strong>bate foi mo<strong>de</strong>rado pelo jornalista<br />
Luís Cardoso da Silva. A Acad<strong>em</strong>ia Olímpica <strong>de</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> esteve representada pela sua Secretária,<br />
Mitza Sousa.<br />
37
09<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Serge Santos, Secretário-Geral do COC<br />
34º S<strong>em</strong>inário dos<br />
Secretários-Gerais da ACNOA<br />
O sucesso na organização do 34º<br />
S<strong>em</strong>inário dos Secretários-Gerais da<br />
Associação <strong>de</strong> Comités <strong>Olímpico</strong>s<br />
Nacionais Afric<strong>anos</strong> (ACNOA)<br />
realizado <strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong> 2017, na<br />
ilha do Sal, serviu <strong>de</strong> catalisador e<br />
<strong>de</strong> motivação extra para que essa<br />
ilha fosse escolhida para acolher <strong>em</strong><br />
2019 a primeira edição dos Jogos<br />
Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia.<br />
Participantes do 34º S<strong>em</strong>inário dos Secretários-Gerais da ACNOA<br />
Nesse encontro foram <strong>de</strong>batidas questões sob<br />
o l<strong>em</strong>a “Plano 2020: Fases; Planeamento, Organização,<br />
Impl<strong>em</strong>entação, Coor<strong>de</strong>nação e Auto<br />
-Avaliação”, na perspectiva do conhecimento <strong>de</strong><br />
como África está a impl<strong>em</strong>entar a agenda 2020 do<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional, b<strong>em</strong> como da preparação<br />
para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio. Além<br />
da preparação dos Jogos <strong>de</strong> Tóquio 2020, abordou-se<br />
igualmente os Jogos Afric<strong>anos</strong> da Juventu<strong>de</strong><br />
e os Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Verão da Juventu<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> Buenos Aires, ambos marcados para 2018.<br />
“Os representantes <strong>de</strong> todos os países ficaram<br />
encantados com <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> e com o Sal <strong>em</strong> particular.<br />
As ofertas dos serviços dos hotéis foram<br />
muito superiores às expectativas dos participantes”,<br />
disse o secretário-geral do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano (COC), Serge Santos, que também<br />
se mostrou satisfeito com o nível organizativo, a<br />
qualida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>bate e com as <strong>de</strong>cisões saídas da<br />
reunião dos secretários-gerais da Associação <strong>de</strong><br />
Serge Santos, Secretário-Geral do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
Momentos do encontro na ilha do Sal<br />
38
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 09<br />
Ahmed Hashim, Secretário-Geral da ACNOA<br />
Lassana Palenfo, Presi<strong>de</strong>nte da ACNOA<br />
Comités <strong>Olímpico</strong>s Nacionais Afric<strong>anos</strong> (ACNOA).<br />
Em alguns dos painéis, questões <strong>de</strong> natureza organizativa<br />
e <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança mereceram uma atenção<br />
especial, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a organização dos comités olímpicos<br />
às estruturas organizacionais, passando pelo<br />
plano estratégico das comissões <strong>de</strong>sportivas dos<br />
comités como também pela boa governança.<br />
A dopag<strong>em</strong> esteve também na agenda através <strong>de</strong><br />
test<strong>em</strong>unhos <strong>de</strong> países que já <strong>de</strong>ram passos significativos<br />
no combate ao doping no <strong>de</strong>sporto. No<br />
caso <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, sublinhou-se que já foram<br />
dados os primeiros passos com a criação da Organização<br />
Nacional Antidopag<strong>em</strong> (ONAD-CV)<br />
pelo que os testes antidopag<strong>em</strong> no arquipélago<br />
não <strong>de</strong>verão tardar a arrancar.<br />
I Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> vai acolher, <strong>em</strong> 2019, a primeira edição dos Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia cuja realização na ilha do Sal representa uma importante conquista no<br />
âmbito dos esforços que o Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano v<strong>em</strong> fazendo para acolher e organizar eventos internacionais.<br />
A paz social aliada às boas condições climatéricas<br />
foram <strong>de</strong>terminantes para a escolha <strong>de</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> como país organizador da primeira<br />
edição dos Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia. A qualida<strong>de</strong><br />
das infra-estruturas hoteleiras na ilha do Sal,<br />
contribuiu, igualmente, para que o arquipélago<br />
ultrapassasse a proposta da Maurícia para acolher<br />
o evento.<br />
Serge Santos, secretário-geral do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano(COC), espera que<br />
os Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia sejam um evento<br />
catalisador para o <strong>de</strong>sporto cabo-verdiano<br />
até porque, conforme <strong>de</strong>staca, a ilha mais turística<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> já esteve à altura dos<br />
<strong>de</strong>safios noutros eventos, como são os casos<br />
do Sal Beach Soccer Cup (2016 e 2017) e dos<br />
Jogos da Lusofonia (2016) <strong>em</strong> que as capacida<strong>de</strong>s<br />
da ilha foram postas à prova e com<br />
sucesso.<br />
“Estão previstas várias modalida<strong>de</strong>s e, <strong>em</strong> princípio,<br />
a lista não é <strong>de</strong>finitiva, pois há disciplinas<br />
que ainda não t<strong>em</strong>os <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> como, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, a luta, avança o secretário-geral do<br />
COC, segundo o qual as fe<strong>de</strong>rações internacionais<br />
vão ajudar <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> na organização<br />
<strong>de</strong>sse evento.<br />
“Vários materiais serão trazidos para as diversas<br />
competições e <strong>de</strong>pois, serão disponibilizados às<br />
fe<strong>de</strong>rações nacionais para apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das respectivas modalida<strong>de</strong>s.”<br />
Em 2019, à marg<strong>em</strong> dos Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong><br />
Praia, <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>correr uma Ass<strong>em</strong>bleia da Associação<br />
<strong>de</strong> Comités <strong>Olímpico</strong>s Nacionais Afric<strong>anos</strong>,<br />
que reunirá representantes <strong>de</strong> Comités<br />
<strong>Olímpico</strong>s do mundo inteiro.<br />
39
10<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Orlando Mascarenhas, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Ética Desportiva<br />
Promoção do Olimpismo como valor social da educação <strong>de</strong>sportiva<br />
Orlando Mascarenhas assegura que um dos ganhos do trabalho da Comissão <strong>de</strong> Ética Desportiva, criada <strong>em</strong> 2015,<br />
é o facto <strong>de</strong> a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva estar hoje melhor informada sobre a necessida<strong>de</strong> da promoção e divulgação<br />
do Olimpismo e do valor social da educação e formação <strong>de</strong>sportiva não só junto <strong>de</strong> crianças e jovens nas escolas,<br />
mas também no seio das comunida<strong>de</strong>s, clubes, associações e fe<strong>de</strong>rações.<br />
Esses ganhos, explica Orlando Mascarenhas,<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se a um conjunto <strong>de</strong> acções que a<br />
Comissão <strong>de</strong> Ética Desportiva (CED) v<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvendo,<br />
direcionadas a atletas, dirigentes e<br />
outros agentes <strong>de</strong>sportivos, b<strong>em</strong> como aos representantes<br />
locais das diversas comunida<strong>de</strong>s,<br />
com o intuito <strong>de</strong> promover activida<strong>de</strong>s olímpicas<br />
no país.<br />
No âmbito <strong>de</strong>ssas acções, a CED também está a<br />
trabalhar na elaboração e edição <strong>de</strong> uma cartilha<br />
sobre a Ética Desportiva com o objectivo <strong>de</strong> “colocar<br />
o <strong>de</strong>sporto ao serviço do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
harmonioso da pessoa humana, promovendo uma<br />
Orlando Mascarenhas, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Ética Desportiva<br />
socieda<strong>de</strong> pacífica e preocupada com a preservação<br />
da dignida<strong>de</strong> humana”.<br />
‘Fair-play’ e jogo limpo<br />
Orlando Mascarenhas faz questão <strong>de</strong> realçar que<br />
quando Pierre <strong>de</strong> Coubertin <strong>de</strong>cidiu reavivar os<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>em</strong> 1894, preten<strong>de</strong>u instituir, <strong>de</strong><br />
imediato, algo mais do que uma competição <strong>de</strong>sportiva<br />
periódica.<br />
“Aspirou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, a criar um movimento internacional<br />
que combinasse <strong>de</strong>sporto, juventu<strong>de</strong>,<br />
voluntariado e educação. Posicionou o <strong>de</strong>sporto<br />
como uma matriz civilizacional e cultural<br />
ao serviço da paz, excelência, superação pessoal<br />
e do respeito pelo ‘fair-play’, pelo esforço<br />
<strong>de</strong> todos os atletas e pelas regras da modalida<strong>de</strong>”,<br />
afirma Mascarenhas, assegurando que o<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC) partilha<br />
esses i<strong>de</strong>ais e encoraja a promoção da Ética<br />
Desportiva.<br />
“Através da Comissão <strong>de</strong> Ética Desportiva, preten<strong>de</strong>-se<br />
difundir os princípios do espírito <strong>Olímpico</strong><br />
junto <strong>de</strong> agentes e dirigentes <strong>de</strong>sportivos, assim<br />
como a promoção <strong>de</strong> acções que visam o seu reconhecimento<br />
e impl<strong>em</strong>entação no <strong>de</strong>correr das<br />
competições <strong>de</strong>sportivas, nomeadamente através<br />
da consagração <strong>de</strong> actos ex<strong>em</strong>plares dos praticantes<br />
e colectivida<strong>de</strong>s”, reitera o presi<strong>de</strong>nte do<br />
CED.<br />
Comissão Antidopag<strong>em</strong><br />
A criação da Organização Nacional Antidopag<strong>em</strong><br />
por parte do Governo é vista por Orlando Mascarenhas<br />
como uma iniciativa que veio <strong>em</strong> boa hora.<br />
“Efectivamente, estava a fazer muita falta um organismo<br />
<strong>de</strong>sse <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Muitas vezes, as<br />
pessoas estão interessadas <strong>em</strong> receber estimulantes<br />
e outras substâncias para melhorar a sua<br />
participação e trazer mais vigor, pujança e velocida<strong>de</strong><br />
ao seu comportamento, s<strong>em</strong> ter <strong>em</strong> conta<br />
que essas substâncias são altamente prejudiciais à<br />
saú<strong>de</strong>. A criação da Organização Nacional Antidopag<strong>em</strong><br />
para além <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a saú<strong>de</strong> dos atletas<br />
vai proporcionar um jogo limpo s<strong>em</strong> corrupção”.<br />
Paixão pelo futebol<br />
Orlando Mascarenhas é um cidadão praiense que<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo teve paixão pelo futebol e s<strong>em</strong>pre ao<br />
serviço do <strong>de</strong>sporto <strong>Cabo</strong>-verdiano, como jogador,<br />
treinador e dirigente.<br />
“Comecei a jogar futebol na equipa Benfiquinha<br />
<strong>em</strong> 1948 com apenas 13 <strong>anos</strong>. Depois, <strong>em</strong> 1950,<br />
passei a jogar na Académica e, <strong>em</strong> 1952, entrei<br />
para a equipa Rápido da Praia, que mais tar<strong>de</strong> se<br />
transformou no Sporting da Praia, clube on<strong>de</strong> joguei<br />
<strong>de</strong> 1953 a 1960 e <strong>de</strong> 1962 a 1966. Entre 1960<br />
e 1961 joguei na equipa Ténis Clube da Guiné-Bissau,<br />
dado que na altura fui transferido para trabalhar<br />
no Banco Ultramarino nesse país”.<br />
40
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 10<br />
Enquanto dirigente <strong>de</strong>sportivo, Mascarenhas foi<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Direcção da Associação Regional<br />
<strong>de</strong> Futebol <strong>de</strong> Sotavento <strong>de</strong> 1988 a 1990. Também<br />
exerceu o cargo <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte da Direcção<br />
da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol <strong>de</strong> 1991<br />
a 1993. Des<strong>de</strong> 2015 presi<strong>de</strong> a Comissão <strong>de</strong> Ética<br />
Desportiva do COC.<br />
Participação na criação do COC<br />
“Enquanto presi<strong>de</strong>nte da Associação Regional <strong>de</strong><br />
Futebol <strong>de</strong> Sotavento não <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> colaborar com<br />
o Antero Barros na criação, <strong>em</strong> 1989, do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano. Mais tar<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong><br />
1991 até 1993, já como Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol, tive uma participação<br />
mais efectiva como m<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> direito, ao lado <strong>de</strong><br />
outros colaboradores, nomeadamente Nildo Brazão,<br />
Manuel Rodrigues, Francisco Évora e Maria<br />
Luísa Lobo”, conta Orlando Mascarenhas, rel<strong>em</strong>brando<br />
que foi uma colaboração espetacular, graças<br />
ao dinamismo <strong>de</strong> Antero Barros.<br />
“Na ocasião, tiv<strong>em</strong>os que enfrentar muitas dificulda<strong>de</strong>s,<br />
sobretudo a nível financeiro, dado<br />
que as limitações eram enormes para dirigir o<br />
<strong>de</strong>sporto aqui no arquipélago. Inclusive, <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong> estava afastado das competições internacionais<br />
a nível da Confe<strong>de</strong>ração Africana do<br />
Futebol (CAF). Foi precisamente nesta altura<br />
que, ao participar na 20ª ass<strong>em</strong>bleia da CAF,<br />
tiv<strong>em</strong>os a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir com os presi<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong>sse organismo e da FIFA os probl<strong>em</strong>as<br />
que o país enfrentava a nível do <strong>de</strong>sporto.<br />
A partir daí, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> entrou <strong>de</strong> novo na senda<br />
das competições internacionais. A Seleção<br />
Nacional <strong>de</strong> Futebol passou a participar nos<br />
jogos da CAN (Copa Africana <strong>de</strong> Nações) e as<br />
equipas nacionais nas competições dos clubes<br />
afric<strong>anos</strong>”.<br />
COC revolucionou <strong>de</strong>sporto nacional<br />
Mascarenhas consi<strong>de</strong>ra que a criação do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano trouxe gran<strong>de</strong>s mudanças<br />
ao <strong>de</strong>sporto <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. “O futebol<br />
era a modalida<strong>de</strong> mais <strong>de</strong>senvolvida no<br />
país. Mas, com a criação do COC, outras<br />
modalida<strong>de</strong>s ganharam um novo estatuto,<br />
<strong>de</strong>signadamente o basquetebol e o an<strong>de</strong>bol.<br />
Isso d<strong>em</strong>onstra que o COC trouxe benefícios<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>de</strong>sporto<br />
nacional”.<br />
Conforme refere o presi<strong>de</strong>nte da Comissão<br />
<strong>de</strong> Ética Desportiva, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996,<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> t<strong>em</strong> tido participação activa<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s e com resultados<br />
satisfatórios <strong>de</strong>vido ao trabalho <strong>de</strong>senvolvido<br />
pelo COC.<br />
“Pod<strong>em</strong>os dizer que os atletas olímpicos<br />
foram os primeiros que levaram<br />
a ban<strong>de</strong>ira nacional aos maiores eventos<br />
<strong>de</strong>sportivos internacionais. No caso<br />
dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s, uns foram por<br />
mérito próprio e outros através <strong>de</strong> ‘wild<br />
card’ (convites)”.<br />
41
11<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Simão Rodrigues, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Imprensa<br />
A contribuição da imprensa para a projecção e <strong>de</strong>senvolvimento do Desporto<br />
A promoção dos atletas e das provas nacionais e internacionais t<strong>em</strong> sido uma das principais acções da Comissão <strong>de</strong><br />
Imprensa do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano, li<strong>de</strong>rada por Simão Rodrigues, jornalista <strong>de</strong>sportivo/generalista há quase <strong>30</strong><br />
<strong>anos</strong>. Este trabalho t<strong>em</strong> contribuído para a projecção do Desporto cabo-verdiano, <strong>de</strong>ntro e fora do país, e para a promoção<br />
dos valores olímpicos.<br />
Ciente do papel da imprensa na promoção do<br />
Desporto, o Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(COC) criou <strong>em</strong> 2014 a Comissão <strong>de</strong> Imprensa (CI),<br />
com o fito <strong>de</strong> lhe coadjuvar no processo <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação<br />
dos valores do Olimpismo e na promoção<br />
das diversas modalida<strong>de</strong>s praticadas no país.<br />
Nesse âmbito, a CI já participou <strong>em</strong> várias conferências<br />
e s<strong>em</strong>inários internacionais e nacionais com<br />
o objectivo <strong>de</strong> adquirir conhecimentos que possam<br />
servir para melhorar a intervenção <strong>de</strong>sse órgão<br />
consultivo que também integra os jornalistas<br />
Eugénio Teixeira e Victor Hugo Fortes,<br />
o fotógrafo Eneias Rodrigues e o repórter <strong>de</strong><br />
imag<strong>em</strong> Jorge Correia.<br />
Simão Rodrigues sublinha que, graças ao trabalho<br />
que v<strong>em</strong> sendo feito pelos jornalistas, o<br />
<strong>de</strong>sporto passou a ter cada vez mais visibilida<strong>de</strong>.<br />
“As notícias do <strong>de</strong>sporto hoje <strong>em</strong> dia já<br />
faz<strong>em</strong> parte das manchetes dos jornais<br />
nacionais, abr<strong>em</strong> telejornais e noticiários<br />
radiofónicos. Os canais televisivos e radiofónicos<br />
já dispõ<strong>em</strong> <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>sportivos<br />
diários ou s<strong>em</strong>anais. E os jornais<br />
já têm editorias do <strong>de</strong>sporto”.<br />
O COC t<strong>em</strong> contribuído também para este<br />
aumento <strong>de</strong> notorieda<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sporto<br />
e, pela primeira vez na sua<br />
<strong>história</strong>, a comitiva olímpica caboverdiana<br />
levou uma <strong>de</strong>legação <strong>de</strong><br />
jornalistas para fazer a cobertura diária dos vários<br />
eventos <strong>de</strong>sportivos dos Jogos do Rio 2016.<br />
Desporto ganha espaço<br />
Rodrigues conta que, quando começou a exercer<br />
o jornalismo <strong>em</strong> 1988, o <strong>de</strong>sporto tinha um espaço<br />
limitado na imprensa nacional.<br />
“Na altura, os jornalistas quase que se recusavam<br />
a fazer a cobertura dos eventos <strong>de</strong>sportivos.<br />
Simão Rodrigues, presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Imprensa<br />
Uns consi<strong>de</strong>ravam que era difícil e outros achavam<br />
que não era necessário. Portanto, tiv<strong>em</strong>os<br />
que fazer uma campanha forte, incentivando os<br />
jornalistas mais jovens a abraçar<strong>em</strong> o <strong>de</strong>sporto”,<br />
recorda este jornalista, sublinhando que, graças<br />
a esse trabalho, o Desporto começou a conquistar<br />
mais espaço nos meios <strong>de</strong> comunicação.<br />
“Actualmente t<strong>em</strong>os uma boa a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> pessoas<br />
interessadas <strong>em</strong> fazer coberturas dos eventos<br />
<strong>de</strong>sportivos, inclusive jornalistas do<br />
sexo f<strong>em</strong>inino”, enfatiza.<br />
Simão Rodrigues nota, ainda, que esse<br />
maior espaço na imprensa <strong>de</strong>ve-se muito<br />
ao crescimento registado no Desporto<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos últimos <strong>anos</strong>. De<br />
particular relevância, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />
dos Tubarões Azuis na sua primeira<br />
participação no Campeonato Africano<br />
das Nações (CAN) <strong>em</strong> 2013, passando<br />
para os quartos-<strong>de</strong>-final, assim como as<br />
conquistas da medalha <strong>de</strong> bronze pela<br />
selecção <strong>de</strong> Basquetebol no Afrobasket<br />
<strong>de</strong> 2007, e da medalha <strong>de</strong> ouro pela selecção<br />
masculina sub-21 <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol no<br />
‘Challenge Trophy’ da fase africana do<br />
torneio da Fe<strong>de</strong>ração Internacional<br />
<strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, <strong>em</strong> 2015.<br />
“A nível individual, tanto no atletismo,<br />
como nos <strong>de</strong>sportos náuticos<br />
42
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 11<br />
e paraolímpicos, os atletas nacionais já conquistaram<br />
várias medalhas a nível mundial. Tudo isso<br />
também acaba por cativar os jornalistas, o público<br />
e, consequent<strong>em</strong>ente, a própria imprensa”, explica.<br />
Formação específica para jornalistas <strong>de</strong>sportivos<br />
Não obstante os ganhos e avanços já registados,<br />
Simão Rodrigues <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que há necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> mais acções <strong>de</strong> formação específicas para<br />
jornalistas <strong>de</strong>sportivos <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
“No nosso t<strong>em</strong>po ganhámos muito com formações<br />
na área do jornalismo <strong>de</strong>sportivo. Íamos frequent<strong>em</strong>ente<br />
a Portugal participar <strong>em</strong> acções <strong>de</strong> formação<br />
promovidas pelos jornais <strong>de</strong>sportivos ‘A<br />
Bola’ e ‘O Jogo’ e pela revista ‘Visão’. Ou então, os<br />
especialistas vinham dar formação <strong>de</strong> reciclag<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, isso no âmbito <strong>de</strong> um protocolo<br />
que existia entre a Direcção-Geral da Comunicação<br />
Social <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> e o Centro Protocolar<br />
<strong>de</strong> Formação Profissional para Jornalistas (CEN-<br />
JOR) <strong>de</strong> Portugal. Também receb<strong>em</strong>os formações<br />
específicas <strong>em</strong> países como Egipto, Senegal, Mali<br />
e Espanha. Actualmente, t<strong>em</strong>os vários jovens que<br />
sa<strong>em</strong> das universida<strong>de</strong>s e vão logo para as redacções.<br />
Notamos que lhes falta aquela formação específica,<br />
sobretudo na área do <strong>de</strong>sporto”.<br />
Duas fases distintas do COC<br />
Simão Rodrigues consi<strong>de</strong>ra que a <strong>história</strong> do COC<br />
po<strong>de</strong> ser analisada <strong>em</strong> duas fases distintas: a primeira<br />
abarca os mandatos dos presi<strong>de</strong>ntes Antero<br />
Barros e Franklim Palma e, a segunda, a actual li<strong>de</strong>rança<br />
<strong>de</strong> Filomena Fortes.<br />
“Na fase li<strong>de</strong>rada pelo professor Antero Barros e pelo<br />
jornalista Franklim Palma as atenções estavam mais<br />
voltadas para fora do país, uma vez que se preocupava<br />
essencialmente com o reconhecimento <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong> nas instâncias olímpicas através <strong>de</strong> reuniões e<br />
congressos e a participação dos atletas nas provas<br />
internacionais. Mas, com a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> Filomena<br />
Fortes houve uma nova abordag<strong>em</strong> e abertura para<br />
receber todos os interessados <strong>em</strong> conhecer o COC.<br />
Portanto, houve um resgate da parte nacional, sobretudo<br />
no sentido <strong>de</strong> recuperar a confiança <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
parte dos atletas que praticamente estavam <strong>de</strong> costas<br />
voltadas às fe<strong>de</strong>rações. Destaca-se, igualmente,<br />
o reforço das relações internacionais”.<br />
Rodrigues salienta que, graças ao trabalho meritório<br />
feito pelo COC, o país t<strong>em</strong> sido escolhido<br />
para acolher gran<strong>de</strong>s eventos <strong>de</strong>sportivos internacionais,<br />
nomeadamente a reunião dos Secretários-<br />
Gerais da Associação <strong>de</strong> Comités <strong>Olímpico</strong>s Nacionais<br />
Afric<strong>anos</strong> (ACNOA) realizada na ilha do Sal<br />
<strong>em</strong> Outubro último assim como os I Jogos<br />
Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia a ter lugar na mesma ilha<br />
<strong>em</strong> 2019.<br />
“Certamente, centenas <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong><br />
imprensa dos diversos órgãos <strong>de</strong> comunicação<br />
social nacionais e internacionais marcaram<br />
e marcarão presença nesses eventos.<br />
Trata-se <strong>de</strong> mais uma oportunida<strong>de</strong> para a<br />
projecção <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> no mundo”.<br />
Jornalista <strong>de</strong>sportivo há quase <strong>30</strong> <strong>anos</strong><br />
Simão Rodrigues, natural da cida<strong>de</strong> da Praia, é<br />
actualmente quadro da Agência <strong>de</strong> Notícias <strong>de</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> (INFORPRESS).<br />
Começou a exercer o jornalismo <strong>em</strong> 1988 no<br />
extinto jornal estatal ‘Voz di Povo’, publicado<br />
entre 1975 e 1992. Des<strong>de</strong> então, esteve s<strong>em</strong>pre<br />
ligado ao jornalismo <strong>de</strong>sportivo, apesar <strong>de</strong><br />
ter igualmente trabalhado como editor <strong>de</strong> outras<br />
áreas, entre elas, economia, cultura, política e<br />
socieda<strong>de</strong>.<br />
Além do jornal ‘Voz di Povo’, trabalhou ainda nos<br />
extintos s<strong>em</strong>anários ‘Novo Jornal <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>’<br />
e ‘Horizonte’, tendo ainda colaborado <strong>em</strong> diversas<br />
outras publicações. Co-fundador da Revista<br />
‘Fair-Play’ da FCF, ajudou ainda na criação do<br />
Jornal dos Travadores e no Jornal dos Desportos.<br />
Tido como um jornalista apaixonado pelo jornalismo<br />
<strong>de</strong>sportivo, Rodrigues <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que os profissionais<br />
da comunicação social cabo-verdiana precisam<br />
dar mais atenção ao <strong>de</strong>sporto que v<strong>em</strong> sendo<br />
praticado nos bairros e periferias das cida<strong>de</strong>s tendo<br />
<strong>em</strong> conta não só a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promoção dos<br />
valores do <strong>de</strong>sporto e das diversas modalida<strong>de</strong>s<br />
praticadas no país, mas também o surgimento <strong>de</strong><br />
jovens talentos que precisam ser incentivados.<br />
Como reconhecimento pelo seu contributo para<br />
a divulgação e projecção do Desporto cabo-verdiano,<br />
Simão Rodrigues foi recent<strong>em</strong>ente galardoado<br />
pelo Governo com a Medalha do Primeiro<br />
Grau <strong>de</strong> Mérito Profissional.<br />
43
12<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Humberto Évora, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão Médica<br />
Ganhos e <strong>de</strong>safios do apoio médico e<br />
paramédico às competições <strong>de</strong>sportivas<br />
Em três <strong>anos</strong> <strong>de</strong> existência, a Comissão Médica (CM) já registou<br />
ganhos significativos no investimento na formação na área da<br />
Saú<strong>de</strong> no Desporto, contribuindo para melhorar a qualida<strong>de</strong> da<br />
Medicina Desportiva através <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> formação e aquisição<br />
<strong>de</strong> equipamento médico. O trabalho da CM t<strong>em</strong> tido também<br />
um gran<strong>de</strong> impacto a nível da organização do apoio médico<strong>de</strong>sportivo<br />
nas Competições Olímpicas.<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano está<br />
“O s<strong>em</strong>pre atento às formações organizadas<br />
pelo Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional, na mira <strong>de</strong><br />
inscrever e enviar, s<strong>em</strong>pre que possível, médicos<br />
e fisioterapeutas para as respectivas formações,<br />
ciente <strong>de</strong> que os conhecimentos adquiridos<br />
contribuirão para melhorar a qualida<strong>de</strong> dos<br />
cuidados <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> aos <strong>de</strong>sportistas”, garante<br />
Humberto Évora, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão Médica<br />
(CM) e médico especialista <strong>em</strong> Medicina<br />
Desportiva.<br />
Por outro lado, ao longo<br />
<strong>de</strong>sses últimos<br />
<strong>anos</strong>, o Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(COC), para além <strong>de</strong><br />
ter atribuído apoio<br />
médico a várias competições<br />
<strong>de</strong>sportivas, t<strong>em</strong> participado na formação<br />
e realização <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> Medicina Desportiva<br />
ministrados <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, geralmente <strong>em</strong> colaboração<br />
com a Direcção-Geral do Desporto.<br />
Humberto Évora, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão Médica<br />
A CM t<strong>em</strong> igualmente <strong>em</strong> curso um projecto <strong>de</strong><br />
parceria com o Serviço <strong>de</strong> Cardiologia do Hospital<br />
<strong>de</strong> Santa Marta (<strong>em</strong> Portugal) para se conseguir<br />
a monitorização electrocardiográfica ‘online’<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, visando facilitar a realização<br />
Atribuições da Comissão Médica<br />
Na prática, compete à Comissão Médica (CM)<br />
organizar activida<strong>de</strong>s educacionais, acções <strong>de</strong><br />
formação e cursos <strong>de</strong> Medicina Desportiva <strong>de</strong><br />
acordo com os princípios do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
Internacional e do ‘Olympic Mov<strong>em</strong>ent Medical<br />
Co<strong>de</strong>’. Todas as suas activida<strong>de</strong>s estão <strong>em</strong> linha<br />
com a protecção da saú<strong>de</strong> do atleta e a prevenção<br />
das lesões <strong>de</strong>sportivas.<br />
Uma outra atribuição <strong>de</strong>ssa Comissão é a organização<br />
do apoio médico e paramédico às competições<br />
<strong>de</strong>sportivas, assim como colaborar e<br />
participar no combate à dopag<strong>em</strong>.<br />
Além <strong>de</strong> Humberto Évora, a Comissão Médica<br />
do COC é integrada pelos médicos Nuno Martins,<br />
Vanda Azevedo, Ernesto Ramos, Didier Andra<strong>de</strong><br />
e Milton Cabral.<br />
44
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 12<br />
Qu<strong>em</strong> é Humberto Évora?<br />
Médico <strong>de</strong> profissão, Humberto Évora nasceu<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, mas resi<strong>de</strong> <strong>em</strong> Macau.<br />
Formou-se <strong>em</strong> Medicina, <strong>em</strong> Lisboa (Portugal),<br />
tendo, <strong>de</strong>pois, completado a especialização<br />
<strong>em</strong> Medicina Desportiva <strong>em</strong> Roma,<br />
Itália.<br />
Des<strong>de</strong> 2014, exerce as funções <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Comissão Médica do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano, oficialmente<br />
constituída no mandato da Presi<strong>de</strong>nte Filomena<br />
Fortes.<br />
Exerceu o cargo <strong>de</strong> médico-chefe da Delegação<br />
Olímpica <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Pequim (China), Londres<br />
(Reino Unido) e, mais recent<strong>em</strong>ente, do Rio<br />
(Brasil). Exerceu ainda a função <strong>de</strong> médico<br />
nos três Jogos da Lusofonia (Macau, Portugal<br />
e Goa).<br />
Da sua vasta experiência <strong>em</strong> Medicina Desportiva,<br />
<strong>de</strong>staca-se também que chefiou a<br />
equipa médica da Delegação Olímpica <strong>de</strong><br />
Macau nos “East Asian Games” <strong>em</strong> Xangai<br />
(China), como também nos “Asian Games”,<br />
<strong>em</strong> Seul (Coreia do Norte) e exerceu, ainda,<br />
a função <strong>de</strong> médico da seleção <strong>de</strong> Hóquei<br />
<strong>em</strong> Patins <strong>de</strong> Macau nos Campeonatos<br />
Mundiais <strong>de</strong> Série B (Chile’1994 e Andorra’2004).<br />
Actualmente, presi<strong>de</strong> à Associação <strong>de</strong> Divulgação<br />
da Cultura <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> <strong>em</strong> Macau<br />
(ADCC) e, <strong>em</strong> 2016, recebeu uma Menção<br />
Honrosa do Governo <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
dos exames médico-<strong>de</strong>sportivos.<br />
A integração <strong>de</strong> uma equipa<br />
médica mais alargada e<br />
qualificada, como se verificou<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
do Rio (Brasil) <strong>em</strong> 2016,<br />
composta por um médico e<br />
dois fisioterapeutas, constituiu,<br />
também, um marco<br />
evolutivo para a Medicina<br />
Desportiva no País e para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do COC.<br />
Humberto Évora consi<strong>de</strong>ra<br />
que, a partir <strong>de</strong> 2013, o<br />
COC ganhou outra dimensão,<br />
dando maior visibilida<strong>de</strong><br />
ao Desporto <strong>Cabo</strong>verdiano<br />
que, consequent<strong>em</strong>ente,<br />
passou<br />
a ter mais prestígio<br />
e reconhecimento<br />
internacional.<br />
Humberto Évora acompanhado do seu sobrinho Nelson Évora, atleta português <strong>de</strong> salto <strong>em</strong> comprimento<br />
Medicina Desportiva<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Para o presi<strong>de</strong>nte da CM, a Medicina Desportiva<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>u alguns passos positivos<br />
mas têm sido <strong>de</strong> forma mais lenta do que aquilo<br />
que é possível fazer. Assim, lamenta que,<br />
apesar <strong>de</strong> já existir alguma consciencialização<br />
para a importância do apoio médico-<strong>de</strong>sportivo<br />
e para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que algo mais<br />
terá que ser feito, t<strong>em</strong> faltado alguma corag<strong>em</strong><br />
para se tomar <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> fundo.<br />
“Ela não se encontra ainda funcionalmente<br />
estruturada para acompanhar a prática <strong>de</strong>sportiva<br />
cabo-verdiana com claro prejuízo para<br />
o rendimento <strong>de</strong>sportivo e para a saú<strong>de</strong> dos<br />
atletas, dadas as exigências que se<br />
verificam no <strong>de</strong>sporto actual”, fundamenta.<br />
Nesse contexto, acredita que a colaboração<br />
com a tutela da Saú<strong>de</strong> é<br />
fundamental para que se possa dar o<br />
salto qualitativo que se preten<strong>de</strong> para<br />
a Medicina Desportiva <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
numa lógica e estratégia <strong>de</strong> rentabilização<br />
<strong>de</strong> recursos.<br />
“Esta importante colaboração tarda<br />
<strong>em</strong> aparecer, apesar das solicitações<br />
que já foram feitas neste sentido”,<br />
vinca.<br />
45
13<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Ana Cristina Pires Ferreira,<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Comissão Mulher e Desporto<br />
Maior sensibilização para a<br />
participação mais activa da<br />
mulher no Desporto<br />
A Presi<strong>de</strong>nte da Comissão Mulher e Desporto<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano, Ana Cristina<br />
Pires Ferreira, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> ser necessário maior<br />
equilíbrio <strong>em</strong> relação à participação da mulher<br />
no Desporto. Apesar dos ganhos alcançados,<br />
diz que apenas <strong>de</strong>z por cento das associações<br />
<strong>de</strong>sportivas regionais são li<strong>de</strong>radas por<br />
mulheres.<br />
Ana Cristina Pires Ferreira, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão Mulher e Desporto<br />
Para colmatar este <strong>de</strong>sequilíbrio, Cristina Pires<br />
Ferreira <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a adopção <strong>de</strong> uma estratégia<br />
<strong>de</strong> sensibilização mediante conversas-abertas,<br />
envolvendo diversos agentes <strong>de</strong>sportivos e<br />
o público <strong>em</strong> geral no sentido <strong>de</strong> mobilizar vonta<strong>de</strong>s<br />
à volta da probl<strong>em</strong>ática da mulher no Desporto.<br />
“Troux<strong>em</strong>os atletas f<strong>em</strong>ininas b<strong>em</strong> sucedidas <strong>em</strong><br />
diferentes modalida<strong>de</strong>s - a nível nacional e internacional<br />
-, para partilhar<strong>em</strong> as suas experiências<br />
com os jovens, homens e mulheres”, explica.<br />
Cristina Pires Ferreira <strong>de</strong>staca a importância<br />
<strong>de</strong>ssas acções, que serv<strong>em</strong> para reflectir sobre<br />
aspectos que permit<strong>em</strong> ultrapassar as barreiras<br />
que ainda exist<strong>em</strong> <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> estereótipos<br />
que, no seu enten<strong>de</strong>r, têm causado uma fraca<br />
participação da camada f<strong>em</strong>inina no Desporto,<br />
sobretudo a nível das direcções <strong>de</strong> clubes, associações<br />
e fe<strong>de</strong>rações.<br />
Acções realizadas<br />
A Comissão Mulher e Desporto (CMD) t<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
curso o Projecto M-Olympics, que visa promover<br />
a participação f<strong>em</strong>inina no Desporto a nível <strong>de</strong><br />
todos os concelhos do País.<br />
“Também realizámos o Primeiro Fórum Nacional<br />
Mulher e Desporto, precisamente para chamar a<br />
atenção das autorida<strong>de</strong>s nacionais e da socieda<strong>de</strong><br />
civil sobre a necessida<strong>de</strong> da mudança <strong>de</strong><br />
políticas”, <strong>de</strong>staca.<br />
De acordo com Cristina Pires Ferreira, <strong>de</strong>sse<br />
Fórum saiu um conjunto <strong>de</strong> recomendações, com<br />
<strong>de</strong>staque para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver mais participação<br />
das mulheres - a nível das diferentes<br />
modalida<strong>de</strong>s – e uma maior presença nos cargos<br />
<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, ou seja, que as listas que concorram<br />
aos órgãos directivos das fe<strong>de</strong>rações e associações<br />
tenham mulheres <strong>em</strong> posições elegíveis,<br />
seguindo-se, assim, as orientações do próprio<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional que propõe que se<br />
chegue aos 50 por cento (%). “Para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do Desporto Nacional é imprescindível que<br />
haja esse equilíbrio <strong>de</strong> género”, realça.<br />
A auto-censura, que é cultural, é, igualmente,<br />
um factor limitador da participação da mulher no<br />
46
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 13<br />
Desporto que, na óptica <strong>de</strong> Cristina Pires Ferreira<br />
po<strong>de</strong> ser ultrapassada. Das medidas tomadas<br />
no sentido <strong>de</strong> reverter a situação, a Presi<strong>de</strong>nte<br />
da CMD <strong>de</strong>staca uma formação realizada recent<strong>em</strong>ente<br />
pela Comissão que presi<strong>de</strong>, ministrada<br />
por uma especialista internacional que trabalha<br />
com atletas <strong>de</strong> alto nível.<br />
“Essa formação teve como propósito o <strong>em</strong>po<strong>de</strong>ramento<br />
das mulheres, precisamente para ser<strong>em</strong><br />
mais pro-activas e assertivas nas suas posições.<br />
Actualmente, a nossa política vai no sentido <strong>de</strong><br />
haver homens a promover essa causa para que<br />
não seja apenas um esforço das mulheres”.<br />
Além disso, Cristina Pires Ferreira anuncia ainda<br />
que está <strong>em</strong> pauta um projecto <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> mentoras<br />
que passam a trabalhar todos os aspectos<br />
sócio-culturais que ainda limitam a participação<br />
mais activa da mulher no Desporto.<br />
Sinais animadores<br />
Segundo Pires Ferreira, o resultado dos trabalhos<br />
já realizados vão aparecer com o t<strong>em</strong>po.<br />
“Notamos que há cada vez mais mulheres a ser<strong>em</strong><br />
árbitros <strong>de</strong> Futebol F<strong>em</strong>inino e do An<strong>de</strong>bol.<br />
Já t<strong>em</strong>os, também, mulheres que são treinadoras.<br />
A própria Presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-Verdiano é uma mulher. Portanto, já existe<br />
algum movimento e uma mudança. É o resultado<br />
<strong>de</strong> todo o trabalho feito a nível do investimento<br />
no Desporto f<strong>em</strong>inino no País que agora começa<br />
a dar alguns frutos”, releva.<br />
Desporto f<strong>em</strong>inino ainda no segundo plano<br />
A Presi<strong>de</strong>nte da CMD sublinha, no entanto, que<br />
ainda há muito trabalho por fazer, principalmente<br />
no aspecto competitivo, envolvendo as selecções<br />
f<strong>em</strong>ininas das diferentes modalida<strong>de</strong>s. Diz<br />
que há s<strong>em</strong>pre uma tendência para se fazer uma<br />
avaliação custo-benefício, quando se trata da<br />
participação <strong>de</strong> uma equipa f<strong>em</strong>inina <strong>em</strong> provas<br />
nacionais e internacionais.<br />
“Isto ficou d<strong>em</strong>onstrado, recent<strong>em</strong>ente, quando<br />
se cancelou o campeonato nacional <strong>de</strong><br />
futebol f<strong>em</strong>inino, <strong>de</strong>sviando a verba <strong>de</strong>ssa<br />
competição para organizar um dos jogos da<br />
seleção masculina, com vista ao Mundial da<br />
Rússia”, refere a Presi<strong>de</strong>nte da CMD, que consi<strong>de</strong>ra<br />
que há, ainda, muito trabalho a fazer<br />
nesse domínio.<br />
“Se há uma política estruturante, t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> ser<br />
coerentes. E caso não haja uma forma natural <strong>de</strong><br />
impl<strong>em</strong>entar esse equilíbrio, ter<strong>em</strong>os, então, <strong>de</strong><br />
introduzir mecanismos que possam induzir esse<br />
equilíbrio”, reforça.<br />
Avaliação do COC<br />
Ana Cristina Pires Ferreira consi<strong>de</strong>ra que o facto<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> ter conseguido uma participação<br />
regular nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, d<strong>em</strong>onstra<br />
que o Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(COC) v<strong>em</strong> fazendo um bom trabalho ao longo<br />
<strong>de</strong>sses <strong>30</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> existência.<br />
“Graças ao trabalho <strong>de</strong>senvolvido, o COC t<strong>em</strong><br />
conquistado a confiança do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
Internacional. E os nossos atletas que não se<br />
qualificam por mérito próprio consegu<strong>em</strong> marcar<br />
presença nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s através <strong>de</strong> ‘wild<br />
cards’ (convites)”, explica esta dirigente, consi<strong>de</strong>rando<br />
que essa participação constante <strong>de</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> no maior evento Desportivo Mundial<br />
é fruto do trabalho <strong>de</strong>senvolvido e da credibilida<strong>de</strong><br />
que o COC v<strong>em</strong> granjeando ao longo dos<br />
<strong>anos</strong>.<br />
“É <strong>de</strong> se reconhecer o trabalho <strong>de</strong>senvolvido<br />
pelo professor Antero Barros e continuado pelos<br />
seus sucessores. A perspectiva é consolidar os<br />
ganhos conseguidos e procurar ter <strong>de</strong>legações<br />
com qualida<strong>de</strong>, como ter um maior número <strong>de</strong><br />
atletas f<strong>em</strong>ininos e masculinos nas diferentes<br />
modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas nos próximos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio 2020”. conclui<br />
Recepção do diploma pelas mãos do Vice-Presi<strong>de</strong>nte da<br />
Acad<strong>em</strong>ia Olímpica Internacional, durante a cerimónia<br />
<strong>de</strong> encerramento da 39ª sessão para jovens, na Olímpia<br />
Antiga (Grécia), <strong>em</strong> 1999<br />
S<strong>em</strong>pre ligada ao Desporto<br />
Ana Cristina Pires Ferreira é natural <strong>de</strong> São<br />
Vicente mas vive na Cida<strong>de</strong> da Praia, on<strong>de</strong><br />
fez todo o seu percurso escolar pré-universitário.<br />
Fez o doutoramento <strong>em</strong> Ciências <strong>de</strong><br />
Educação, <strong>em</strong> França, e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006, trabalha<br />
na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> (Uni-<br />
CV), como dirigente, professora universitária<br />
e investigadora.<br />
A nível <strong>de</strong>sportivo, o An<strong>de</strong>bol é a sua modalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> predilecção. Enquanto atleta<br />
jogou nas equipas do Seven Stars, Prédio,<br />
Banco <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> e no Black<br />
Panthers. Também representou, a Selecção<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, nos <strong>anos</strong> 80 do século<br />
passado.<br />
Present<strong>em</strong>ente, presi<strong>de</strong> a Comissão Mulher<br />
e Desporto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do mandato da<br />
actual Presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano,<br />
Filomena Fortes, <strong>em</strong> 2014.<br />
47
14<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Filomena Fortes, primeira mulher presi<strong>de</strong>nte do COC<br />
“Quer<strong>em</strong>os <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> a respirar Olimpismo”<br />
A difusão do Olimpismo junto das famílias cabo-verdianas é uma<br />
das gran<strong>de</strong>s apostas do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC).<br />
A Presi<strong>de</strong>nte Filomena Fortes revela que não t<strong>em</strong> sido fácil, mas<br />
persevera na missão para que os cidadãos sejam mais felizes<br />
e o País possa respirar Olimpismo. Fortes <strong>de</strong>staca ainda que o<br />
COC é uma instituição credível e respeitada <strong>de</strong>ntro e fora do país,<br />
como atestam o aumento substancial <strong>de</strong> projectos financiados<br />
pela Solidarieda<strong>de</strong> Olímpica ou, ainda, o facto <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
ter-se candidatado com sucesso para acolher gran<strong>de</strong>s eventos<br />
como são os casos do 34º S<strong>em</strong>inário dos Secretários-Gerais da<br />
Associação <strong>de</strong> Comités <strong>Olímpico</strong>s Nacionais da África, realizado<br />
na ilha do Sal, e dos I Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia a ter<strong>em</strong> lugar na<br />
mesma ilha <strong>em</strong> 2019.<br />
Filomena Fortes, presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
Como está o espírito olímpico do cabo-verdiano?<br />
Não existe um dispositivo para po<strong>de</strong>r medir este<br />
estado <strong>de</strong> espírito, o que pod<strong>em</strong>os dizer é que o<br />
COC t<strong>em</strong> feito o seu trabalho para que as pessoas<br />
sintam-no nas suas vidas.<br />
Com o trabalho que se t<strong>em</strong> feito o espírito olímpico<br />
está sim <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e mais incutido na vida das pessoas<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, apesar <strong>de</strong> não termos uma<br />
forma <strong>de</strong> o medir.<br />
De forma <strong>em</strong>pírica.<br />
Se quer<strong>em</strong>os ver o Olimpismo, ‘ipsis verbis’, estamos<br />
ainda muito longe do i<strong>de</strong>al. Mas é preciso<br />
ver que somos um País novo, com menos <strong>de</strong> <strong>30</strong><br />
<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Olimpismo. De todo o modo é preciso que<br />
se tenha <strong>em</strong> conta o trabalho que foi feito anteriormente.<br />
Des<strong>de</strong> a criação do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano (COC) até agora. Cada Presi<strong>de</strong>nte,<br />
cada Direcção, t<strong>em</strong> os seus objectivos a cumprir<br />
e o seu estilo <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança. O nosso baluarte t<strong>em</strong><br />
sido a difusão do Olimpismo <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, nas<br />
famílias cabo-verdianas. Não t<strong>em</strong> sido um trabalho<br />
fácil, mas tenho fé que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> pouco t<strong>em</strong>po, o<br />
País possa estar a respirar Olimpismo.<br />
Desmistificação<br />
O que o COC v<strong>em</strong> fazendo para a divulgação do<br />
i<strong>de</strong>ário do Pai dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s Mo<strong>de</strong>rnos,<br />
o francês Pierre <strong>de</strong> Coubertin?<br />
T<strong>em</strong>os abrangido várias áreas, <strong>de</strong>smistificando a<br />
i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o COC é sinónimo dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
(JO), que acontec<strong>em</strong> <strong>de</strong> quatro <strong>em</strong> quatro <strong>anos</strong>.<br />
O <strong>de</strong>sconhecimento do verda<strong>de</strong>iro papel do COC é<br />
b<strong>em</strong> alto, que já se <strong>de</strong>u o caso <strong>de</strong> alguém perguntarme:<br />
“A Senhora trabalha nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s?”...<br />
E o que lhe respon<strong>de</strong>u?<br />
Expliquei-lhe que trabalho no COC e que os Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s são encontros que se realizam <strong>de</strong><br />
quatro <strong>em</strong> quatro <strong>anos</strong>. É preciso <strong>de</strong>smistificar a<br />
i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o nosso trabalho se resume à preparação<br />
<strong>de</strong> atletas para a participação nos JO.<br />
Aliás, qu<strong>em</strong> prepara os atletas são as fe<strong>de</strong>rações.<br />
O nosso papel é utilizar o Desporto como<br />
ferramenta que ajuda as pessoas a ser<strong>em</strong> mais<br />
felizes. A nossa intervenção t<strong>em</strong> sido <strong>em</strong> várias<br />
áreas, <strong>de</strong>signadamente, na medicina <strong>de</strong>sportiva,<br />
no jornalismo, na <strong>em</strong>ancipação e na igualda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> género, entre outros. Faz<strong>em</strong>os questão <strong>de</strong><br />
participar <strong>em</strong> todas as áreas do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
humano, para que as pessoas percebam que<br />
o Olimpismo é diferente dos JO. Esta t<strong>em</strong> sido a<br />
nossa gran<strong>de</strong> luta. Não t<strong>em</strong> sido fácil, mas t<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> ser constante.<br />
48
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 14<br />
Olimpismo como a filosofia <strong>de</strong> vida que usa o <strong>de</strong>sporto<br />
ao serviço do <strong>de</strong>senvolvimento humano é algo<br />
que está incutido <strong>em</strong> todos os projetos que germinamos,<br />
porque procuramos a felicida<strong>de</strong>, e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
através do <strong>de</strong>sporto. E o que faz<strong>em</strong>os<br />
s<strong>em</strong>pre é mostrar das várias formas possíveis que o<br />
papel do COC não é somente organizar a comitiva<br />
dos Jogos mas também ajudar do <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
<strong>em</strong> vários níveis, dos cabo-verdi<strong>anos</strong>.<br />
Dia <strong>Olímpico</strong><br />
O Dia <strong>Olímpico</strong> – 23 <strong>de</strong> Junho – já entrou no vosso<br />
calendário <strong>de</strong> eventos. Quais as motivações<br />
e propósitos?<br />
Nós quer<strong>em</strong>os que as pessoas saibam o porquê<br />
<strong>de</strong>ssa celebração e a <strong>história</strong> <strong>de</strong>ssa data. É preciso<br />
conhecer-se o historial da criação do Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> Internacional (COI) pelo Pai do Olimpismo<br />
Mo<strong>de</strong>rno – o Gran<strong>de</strong> Coubertin -, e <strong>de</strong> tudo o que<br />
ele pensava e i<strong>de</strong>alizou para o <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong>.<br />
A mensag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> passado?<br />
T<strong>em</strong>. Aliás, quer<strong>em</strong>os que as pessoas sejam mais<br />
felizes. Portanto, não fal<strong>em</strong>os <strong>de</strong> competição n<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> medalhas, pois, não é essa a principal preocupação<br />
do COC. As medalhas são importantes, mas<br />
não pod<strong>em</strong> ser o nosso fim último. Não é nossa<br />
pretensão termos mais medalhados ou mais campeões<br />
olímpicos. É preciso, sim, que esses medalhados<br />
e campeões olímpicos sirvam <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plo<br />
para que <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> possa ver o Desporto <strong>de</strong> forma<br />
diferente, como forma <strong>de</strong> promover valores como a<br />
perseverança, a excelência, a amiza<strong>de</strong>, etc. O mais<br />
importante é que as pessoas sigam e conheçam o<br />
percurso que <strong>de</strong>terminado atleta faz até culminar nos<br />
JO. O atleta t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser o <strong>em</strong>baixador do Desporto.<br />
E esse <strong>em</strong>baixador do Desporto não se resume só<br />
<strong>em</strong> ser campeão. Cont<strong>em</strong>pla,<br />
também, os valores que ele<br />
transmite aos mais novos.<br />
Ven<strong>de</strong>r <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
“Present<strong>em</strong>ente,<br />
a socieda<strong>de</strong> cabo-verdiana<br />
está mais ligada e atenta<br />
às questões do Desporto.”<br />
do S<strong>em</strong>inário dos Secretários-Gerais dos Comités<br />
<strong>Olímpico</strong>s Afric<strong>anos</strong> (ACNOA) foi uma boa forma <strong>de</strong><br />
ven<strong>de</strong>r <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. A forma como foram tratados fez<br />
com que, vários <strong>de</strong>les, prometess<strong>em</strong> regressar <strong>em</strong><br />
breve para visitar o país, mas não a trabalho. Aliás,<br />
esta é, também, a nossa missão: ven<strong>de</strong>r a melhor<br />
imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
Realizações <strong>em</strong> pauta<br />
Já agora, o que o Desporto e a socieda<strong>de</strong><br />
ganharam com o COC?<br />
Não posso dizer que já ganharam algo pois<br />
é tudo um processo que se constrói com o<br />
t<strong>em</strong>po.<br />
Jorge Carlos Fonseca, Presi<strong>de</strong>nte da República, entrega a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> à Filomena Fortes,<br />
Presi<strong>de</strong>nte do COC, antes da partida da comitiva olímpica para os Jogos do Rio 2016<br />
Os nossos atletas têm sido<br />
bons <strong>em</strong>baixadores?<br />
De certa forma, sim. O Desporto<br />
t<strong>em</strong> sido <strong>em</strong>baixador<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Foi através da<br />
marca Tubarões Azuis que o<br />
nosso País passou a ser mais<br />
conhecido no Mundo. Além do<br />
futebol, há outras modalida<strong>de</strong>s.<br />
O encontro do Sal <strong>de</strong>u esta<br />
indicação?<br />
Através do Desporto,<br />
pod<strong>em</strong>os ven<strong>de</strong>r mais<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. A recente<br />
realização, na Ilha do Sal,<br />
49<br />
São só quatro <strong>anos</strong> do nosso trabalho e<br />
quase <strong>30</strong> <strong>de</strong> Olimpismo no País. O importante<br />
é que a socieda<strong>de</strong> já sabe que existe<br />
um Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-Verdiano.<br />
Mais: já sabe o trabalho que o COC faz.<br />
Antes não sabia. Present<strong>em</strong>ente, a socieda<strong>de</strong><br />
cabo-verdiana está mais ligada<br />
e atenta às questões do Desporto.<br />
Qual o vosso foco e os principais <strong>de</strong>safios<br />
nos t<strong>em</strong>pos mais próximos?<br />
Os primeiros <strong>anos</strong> foram <strong>de</strong> arrumar a<br />
casa. Os próximos serão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s realizações<br />
e <strong>de</strong> reais investimentos no Olimpismo.<br />
O maior <strong>de</strong>les é a realização dos Primeiros<br />
Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia que terão a
14<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Ilha do Sal como palco. É um <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong>, não do COC. Candidatámos e conseguimos<br />
que Santa Maria seja a oitava Cida<strong>de</strong><br />
do Mundo a integrar o Projecto “Active Global<br />
City”. É um gran<strong>de</strong> ganho. Quer<strong>em</strong>os que <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong> respire Desporto. Através do Desporto<br />
pod<strong>em</strong>os atingir outras esferas. Não vejam o<br />
Desporto como forma <strong>de</strong> ganhar medalhas. Vejam-no<br />
como factor <strong>de</strong> inclusão. Não só <strong>de</strong> raça<br />
e <strong>de</strong> género, mas <strong>em</strong> todos os aspectos.<br />
Defensora <strong>de</strong> quotas<br />
Que contribuições têm dado para o Desporto<br />
f<strong>em</strong>inino?<br />
A missão <strong>de</strong> promover a equida<strong>de</strong> <strong>de</strong> género<br />
no <strong>de</strong>sporto <strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as<br />
competições até os cargos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança<br />
é uma missão das fe<strong>de</strong>rações.<br />
Contudo o COC t<strong>em</strong> dado impulsos<br />
para a sensibilização <strong>de</strong>sta questão.<br />
Fiz<strong>em</strong>os o I Fórum Mulher e Desporto e o I Congresso<br />
<strong>Olímpico</strong>. Pretendíamos fazer o levantamento<br />
das reais necessida<strong>de</strong>s e constrangimentos<br />
que a mulher sente na prática do Desporto.<br />
Conseguimos que o Governo fosse à plenária<br />
e manifestasse o seu compromisso, nomeadamente,<br />
a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança nas leis. Que<br />
haja mais mulheres na li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong>sportiva. Tanto<br />
o Primeiro-Ministro como o Ministro do Desporto<br />
disseram isso mesmo nos seus discursos.<br />
“Não vejam o Desporto como forma<br />
<strong>de</strong> ganhar medalhas. Vejam-no<br />
como factor <strong>de</strong> inclusão. Não só <strong>de</strong><br />
raça e <strong>de</strong> género,<br />
mas <strong>em</strong> todos os aspectos.”<br />
Filomena Fortes, quando foi eleita Vice-Presi<strong>de</strong>nte da ACNOA Zona II, <strong>em</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2017, Bamako (Mali)<br />
Falou-se, também, das quotas, com uns a posicionar<strong>em</strong>-se<br />
a favor e outros contra...<br />
E qual a sua posição?<br />
Sou a favor. Antes era contra. Defendia que as<br />
mulheres <strong>de</strong>veriam chegar à li<strong>de</strong>rança por mérito.<br />
Mas, infelizmente, mesmo que as mulheres tenham<br />
mérito não consegu<strong>em</strong> lá chegar. O próprio Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> Internacional (COI) já estabeleceu quotas.<br />
Qual a percentag<strong>em</strong>?<br />
Ter até 2020, <strong>30</strong> a 40 por cento <strong>de</strong> mulheres na li<strong>de</strong>rança.<br />
Se é uma recomendação do COI, <strong>de</strong>ve ser baixada<br />
<strong>em</strong> todos os países. O COC, agora, é dirigido por uma<br />
mulher. A Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Ginástica também é li<strong>de</strong>rada<br />
por mulher. Antes <strong>de</strong> chegar ao COC, fui a primeira mulher<br />
presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma fe<strong>de</strong>ração (An<strong>de</strong>bol). Exist<strong>em</strong><br />
mais mulheres com capacida<strong>de</strong>s, mas é preciso que<br />
se lhes dê oportunida<strong>de</strong> e encorajamento. Também é<br />
preciso lutarmos, não ficarmos à espera <strong>de</strong> espaço.<br />
Entraves<br />
O que coarcta a participação das mulheres?<br />
São vários constrangimentos. Às vezes<br />
é a própria mulher a retrair-se. Em termos<br />
<strong>de</strong> Comités <strong>Olímpico</strong>s, somos 12<br />
mulheres-presi<strong>de</strong>ntes <strong>em</strong> todo o mundo.<br />
Em África, somos cinco. Nas fe<strong>de</strong>rações<br />
on<strong>de</strong> são todos homens, ou a maioria,<br />
fica difícil às mulheres ser<strong>em</strong> eleitas.<br />
Vejamos um ex<strong>em</strong>plo: nas comunida<strong>de</strong>s<br />
on<strong>de</strong> exist<strong>em</strong> placas <strong>de</strong>sportivas,<br />
quando os meninos chegam quase que<br />
expulsam as meninas. T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> ter os<br />
homens como os nossos principais aliados.<br />
Jamais como inimigos. Se não<br />
os tivermos como aliados, não conseguimos.<br />
T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> mudar as mentalida<strong>de</strong>s.<br />
Quais os constrangimentos mais relevantes do COC?<br />
Com certeza os Recursos Hum<strong>anos</strong>...<br />
Porquê?<br />
T<strong>em</strong>os a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar projectos e ser<strong>em</strong><br />
financiados. Falta-nos, no entanto, a parte logística,<br />
principalmente a nível da gestão. T<strong>em</strong>os a<br />
sorte <strong>de</strong> ter um Secretário-Executivo que é gestor<br />
<strong>de</strong>sportivo. O dinheiro que nos dão não cont<strong>em</strong>pla<br />
a parte logística. A Solidarieda<strong>de</strong> Olímpica financia<br />
os projectos, mas t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> ter gente para a orientação<br />
e materialização.<br />
Muito e muito trabalho<br />
O COC é uma instituição credível e respeitada<br />
<strong>de</strong>ntro e fora do país. A que se <strong>de</strong>ve?<br />
Deve-se a muito e muito trabalho. Muita serieda<strong>de</strong><br />
e transparência. A nível <strong>de</strong> África, somos um Comité<br />
<strong>de</strong> referência. O encontro da ACNOA, no Sal,<br />
50
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 14<br />
foi muito elogiado pelos 54 países participantes.<br />
Receb<strong>em</strong>os felicitações do próprio COI, que também<br />
fez-se representar no encontro. Nesses quatro<br />
<strong>anos</strong> que estamos no COC, todos os projectos<br />
submetidos à Solidarieda<strong>de</strong> Olímpica obtiveram<br />
respostas c<strong>em</strong> por cento positivas. Nós apresentamos<br />
contas. Aliás, os nossos orçamentos e pl<strong>anos</strong><br />
<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s estão no nosso site. É uma questão<br />
<strong>de</strong> transparência. Solicitámos à Solidarieda<strong>de</strong><br />
Olímpica que nos auditasse; é uma questão <strong>de</strong><br />
aprendizag<strong>em</strong>. Quer<strong>em</strong>os seguir todas as orientações<br />
<strong>em</strong>anadas do COI.<br />
Correcções<br />
A caminho dos <strong>30</strong> <strong>anos</strong>, que correcções <strong>de</strong><br />
rumo <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser feitas?<br />
É preciso <strong>de</strong>stacar-se o trabalho que foi feito no<br />
início. Ter presente, também, os contextos. Os<br />
Filomena Fortes com Joana Almada e o filho, <strong>em</strong> um evento <strong>de</strong> atletas paraolímpicos<br />
“O Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional já<br />
nos pediu autorização para socializar<br />
o projecto <strong>Ver<strong>de</strong></strong>Olympics.”<br />
meios actuais não são iguais aos <strong>de</strong> 1989 – data<br />
da criação do COC. O trabalho da Comissão Executiva<br />
foi voluntário durante vários <strong>anos</strong>...<br />
Mas já não é totalmente...<br />
Esta é a primeira vez que um Presi<strong>de</strong>nte do COC<br />
está cá a t<strong>em</strong>po inteiro. Respeito muito o trabalho<br />
do mentor e fundador Antero Barros, com qu<strong>em</strong>,<br />
aliás, tive, também, o privilégio <strong>de</strong> trabalhar. Por várias<br />
vezes, no seu consulado, tive a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> representar <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, tanto nas reuniões da<br />
Comissão Mulher e Desporto, como nas da Acad<strong>em</strong>ia<br />
Olímpica. Não<br />
pod<strong>em</strong>os <strong>de</strong>scurar<br />
a História. Já se fez<br />
muito, mas resta,<br />
ainda, muito por<br />
fazer. <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
– toda a socieda<strong>de</strong><br />
- <strong>de</strong>ve conhecer melhor<br />
e estar mais perto<br />
da sua Diáspora.<br />
Receb<strong>em</strong>os muitas<br />
solicitações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sportistas<br />
nossos a<br />
querer<strong>em</strong> representar<br />
o País. Nos JO do<br />
Rio 2016, tiv<strong>em</strong>os o<br />
caso <strong>de</strong> Jordin Andra<strong>de</strong><br />
que nasceu e<br />
cresceu nos Estados<br />
Unidos da América,<br />
mas quis representar<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Isso<br />
enche-nos <strong>de</strong> orgulho. Em Tóquio 2020 (no Japão),<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> po<strong>de</strong>rá fazer História.<br />
De olho nos mais novos<br />
Present<strong>em</strong>ente, fala-se muito na ética, <strong>de</strong>sporto<br />
limpo, ‘fair play’, entre outros. Que contribuições<br />
t<strong>em</strong> dado o COC para o cultivo e assimilação<br />
prática <strong>de</strong>sses valores?<br />
Muito pouco, do que nós po<strong>de</strong>ríamos fazer com<br />
mais recursos, tanto hum<strong>anos</strong> como financeiros.<br />
Porquê?<br />
Como é o primeiro mandato, talvez, as coisas não<br />
correram tão b<strong>em</strong>. T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> trabalhar mais com<br />
os jovens, ir às escolas e explicar aos alunos o que<br />
são esses valores. É a função da nossa Comissão<br />
<strong>de</strong> Ética e da Acad<strong>em</strong>ia Olímpica. Mas as<br />
pessoas que trabalham com o COC são<br />
todas voluntárias. Muitas vezes, fica difícil<br />
conciliar as responsabilida<strong>de</strong>s profissionais<br />
e familiares com a parte olímpica. E não t<strong>em</strong>os<br />
dinheiro para pagar salários.<br />
I Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> acolhe <strong>em</strong> 2019 os I Jogos<br />
Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia, nos quais se esperam<br />
mais <strong>de</strong> mil e 500 atletas <strong>de</strong> 54 países<br />
<strong>de</strong> África. A que se <strong>de</strong>ve a eleição<br />
do nosso País?<br />
Tudo isso aconteceu <strong>em</strong> São Tomé quando<br />
nos candidatámos ao S<strong>em</strong>inário <strong>de</strong> Secretários-Gerais<br />
da ACNOA. Com a <strong>de</strong>terminação<br />
que passámos, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte<br />
da ACNOA, disse-me: “Filomena preparate<br />
para realizares esses Jogos”. Ganhar os<br />
Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia foi graças a todo<br />
o ‘lobby’ feito, aliado ao facto das pessoas<br />
ter<strong>em</strong> acreditado <strong>em</strong> nós. E só se acredita<br />
quando há um longo trabalho feito.<br />
51
14<br />
Actualida<strong>de</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Aceitou logo?<br />
Não. Como não são os Jogos do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano, mas <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, teria <strong>de</strong> ter<br />
uma carta <strong>de</strong> conforto do Governo. De regresso,<br />
tive um encontro com o Executivo, fazendo-lhes ver<br />
que essa era a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Uma<br />
porta que po<strong>de</strong>rá ser aberta. Estávamos a disputar<br />
a realização dos Jogos com a Maurícia, assim<br />
como também estávamos a discutir com Zanzibar<br />
a realização da Ass<strong>em</strong>bleia dos Secretários-Gerais.<br />
Nós ganhámos. Pesou muito também o facto <strong>de</strong> o<br />
Senhor Ministro do Desporto, Fernando Elísio Freire,<br />
ter ido connosco a Djibouti para a Ass<strong>em</strong>bleia-<br />
Geral dos Comités <strong>Olímpico</strong>s Afric<strong>anos</strong>, reafirmando<br />
que o Governo dava todo o apoio ao COC.<br />
<strong>de</strong> 2016 na Cida<strong>de</strong> da Praia, foi dirigida pelo<br />
Chefe <strong>de</strong> Estado. O que isso representou?<br />
O Senhor Presi<strong>de</strong>nte da República, Dr. Jorge Carlos<br />
Fonseca, s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> trabalhado e mostrado<br />
aberto às solicitações do COC. O facto <strong>de</strong> ter feito<br />
parte da Comissão <strong>de</strong> Honra e presidido o acto <strong>de</strong><br />
abertura só nos orgulhece. Antes da partida para<br />
o Rio 2016, recebeu toda a comitiva e entregounos<br />
a Nação, através da ban<strong>de</strong>ira do País. E <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong> esteve b<strong>em</strong> representado no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Não <strong>de</strong>fraudámos o País. Pela primeira vez, a Nação<br />
– toda ela! – esteve atenta e a acompanhar os<br />
nossos atletas. Telefonavam-nos, mandavam-nos<br />
mensagens <strong>de</strong> força e <strong>de</strong> conforto. Mesmo sabendo<br />
que era difícil ganharmos medalhas.<br />
“Ganhar experiência é gastar dinheiro”<br />
O que espera da nossa representação?<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> já passou da fase <strong>de</strong> participar<br />
para ganhar experiência. De gastar dinheiro.<br />
Ganhar experiência ganha-se cá <strong>de</strong>ntro.<br />
Falo s<strong>em</strong> nenhum probl<strong>em</strong>a, pois, já fui presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> uma fe<strong>de</strong>ração. Sei que, algumas vezes, vamos<br />
participar s<strong>em</strong> termos preparado condignamente.<br />
É uma crítica a alguma fe<strong>de</strong>ração?<br />
É uma crítica a todo <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Há uma panóplia<br />
<strong>de</strong> constrangimentos que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser superada,<br />
mas t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> planificar. Não é solicitar financiamento<br />
à véspera <strong>de</strong> uma competição.<br />
Caso <strong>de</strong> estudo<br />
Filomena Fortes, enquanto Presi<strong>de</strong>nte do COC,<br />
é, entre outros, m<strong>em</strong>bro da Comissão Desporto<br />
e Socieda<strong>de</strong> Activa do COI e, mais recent<strong>em</strong>ente,<br />
da Comissão Permanente <strong>de</strong> Educação<br />
Olímpica <strong>de</strong>sse Comité. O que isso significa?<br />
São cargos para os quais não se apresentam candidaturas;<br />
são escolhas do Presi<strong>de</strong>nte do COI.<br />
Filomena Fortes foi atleta e treinadora <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol.<br />
Foi também Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol<br />
Portanto, vamos trabalhando para não <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> mal.<br />
E t<strong>em</strong> conseguido?<br />
Acabámos <strong>de</strong> receber uma revista da Comissão<br />
Desporto e Socieda<strong>de</strong> Activa, na qual se faz eco <strong>de</strong><br />
uma acção do COC. É o Projecto “Desporto para a<br />
Cidadania”, <strong>de</strong>senvolvido <strong>em</strong> São Vicente, pr<strong>em</strong>iado<br />
pelo ICCA (Instituto <strong>Cabo</strong>-Verdiano da Criança e do<br />
Adolescente) e <strong>de</strong>stina-se às crianças <strong>em</strong> situações<br />
<strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> abandono escolar. Um outro caso <strong>de</strong><br />
estudo é o nosso Projecto “<strong>Ver<strong>de</strong></strong> Olympics”. O COI<br />
já nos pediu autorização para ser socializado.<br />
II Congresso <strong>em</strong> 2020<br />
A Comissão <strong>de</strong> Honra do I Congresso <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-Verdiano realizado nos finais <strong>de</strong> Janeiro<br />
Para quando o II Congresso?<br />
Em 2020. Para avaliarmos o que foi e não foi<br />
feito, para melhorarmos a nossa actuação.<br />
Em 2019 será impossível, uma vez que estar<strong>em</strong>os<br />
a preparar para recebermos <strong>em</strong> Junho<br />
(6 a 14) os Primeiros Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia<br />
e a Ass<strong>em</strong>bleia-Geral da ACNOA.<br />
Tóquio 2020 na agenda<br />
Avaliou positivamente a Missão Rio 2016, <strong>em</strong>bora<br />
s<strong>em</strong> medalhas. Quais os argumentos?<br />
Foi a maior participação <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos<br />
JO. Mais: foi, também, a <strong>de</strong>legação com mais atletas<br />
por mérito próprio (três). Foi a primeira vez que um atleta<br />
cabo-verdiano chegou às meias-finais dos JO: Jordin<br />
Andra<strong>de</strong>. Todas as marcas individuais foram superadas.<br />
Na Ginástica Rítmica ficámos no último lugar, mas era só<br />
ver como é que a nossa atleta saiu do recinto: foi ovacionada<br />
por todos, <strong>de</strong>vido à sua entrega, ‘performance’ e<br />
<strong>de</strong>dicação. Isto conta muito! Era a única africana nessa<br />
modalida<strong>de</strong>. Foi a representante <strong>de</strong> África!<br />
Já estão a pensar <strong>em</strong> Tóquio 2020?<br />
Já. Convém, no entanto, reiterar que a preparação<br />
52
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Actualida<strong>de</strong> 14<br />
<strong>de</strong> atletas é da responsabilida<strong>de</strong> das<br />
fe<strong>de</strong>rações. Já submet<strong>em</strong>os ao COI o<br />
pedido <strong>de</strong> bolsas. Pela primeira vez na<br />
<strong>história</strong> do COC, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> t<strong>em</strong> <strong>de</strong>z<br />
atletas bolseiros. Duplicamos <strong>de</strong> cinco<br />
para <strong>de</strong>z. Os atletas estavam s<strong>em</strong>pre<br />
a reclamar da falta <strong>de</strong> apoios. Present<strong>em</strong>ente,<br />
t<strong>em</strong>os <strong>de</strong>z atletas bolseiros.<br />
Eles têm <strong>de</strong> ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerir<strong>em</strong><br />
os seus 600 dólares mensais que<br />
lhes são dados directamente. Agora<br />
cabe a cada atleta, a cada fe<strong>de</strong>ração,<br />
fazer o seu trabalho. T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> preparar<br />
a Missão Tóquio 2020 com bastante<br />
antecedência. Antes <strong>de</strong> Tóquio, no<br />
próximo ano, t<strong>em</strong>os duas representações...<br />
Quais?<br />
Os Jogos Afric<strong>anos</strong> da Juventu<strong>de</strong>,<br />
na Argélia, e os Jogos Mundiais<br />
da Juventu<strong>de</strong>, <strong>em</strong> Buenos Aires (Argentina).<br />
Já t<strong>em</strong>os atletas <strong>em</strong> preparação. É um trabalho<br />
continuado e permanente.<br />
Maior envolvimento<br />
O que está faltando ao Desporto cabo-verdiano<br />
para se aproximar do patamar <strong>de</strong>sejado?<br />
Todo o mundo fala na questão do dinheiro. Ele é<br />
“Dev<strong>em</strong>os pensar um <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ter melhor<br />
Desporto e uma melhor política<br />
<strong>de</strong>sportiva. Que cada um dê o seu<br />
contributo s<strong>em</strong> esperar pelo outro.”<br />
El<strong>em</strong>entos da equipa administrativa do COC, <strong>em</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2018<br />
importante, mas <strong>de</strong>ve haver um maior envolvimento<br />
e entrega das pessoas.<br />
Para quê?<br />
Para se preparar lí<strong>de</strong>res que trabalham verda<strong>de</strong>iramente<br />
para o Desporto. E com amor à camisola.<br />
T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> pensar <strong>em</strong> viveiros <strong>de</strong> formação. Se não<br />
apostarmos na formação, o nosso Desporto não<br />
sai <strong>de</strong>sta situação <strong>de</strong> oscilação constante. T<strong>em</strong>os<br />
<strong>de</strong> fazer para que o Desporto chegue a todos e <strong>de</strong><br />
igual forma. É preciso criar condições iguais, <strong>de</strong><br />
Santo Antão à Brava, para que haja Desporto <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>. Se chegámos on<strong>de</strong> estamos, <strong>de</strong>ve-se à<br />
resiliência do cabo-verdiano.<br />
Família: sinónimo <strong>de</strong> suporte<br />
Como é ser Presi<strong>de</strong>nte do COC?<br />
É um <strong>de</strong>safio, é algo que faço com e por amor. É<br />
a minha área, sinto-me à-vonta<strong>de</strong>. Tenho vonta<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ver <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> mais no Mundo. É difícil<br />
conciliar a vida familiar com a profissional,<br />
mas a minha família é o meu principal suporte<br />
e baluarte.<br />
E como é o seu colectivo <strong>de</strong> trabalho?<br />
Tenho uma equipa. Aliás, costumo dizer que<br />
tenho uma família. Todos sentimos como<br />
tal. Vest<strong>em</strong> a camisola.<br />
Comissão Consultiva<br />
Alguns observadores suger<strong>em</strong> a criação<br />
<strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> Comité <strong>de</strong> Anciãos, ou<br />
seja, <strong>de</strong> antigos dirigentes do COC, que<br />
funcionaria como uma reserva e/ou<br />
Comissão Consultiva. Qual o seu<br />
comentário?<br />
A minha posição é <strong>de</strong> aceitação.<br />
Até porque a nossa Plataforma<br />
Eleitoral <strong>de</strong> 2014 cont<strong>em</strong>plava<br />
isso. Quer<strong>em</strong>os criar este Conselho<br />
Consultivo, on<strong>de</strong>, também, terão assentos<br />
mais el<strong>em</strong>entos da socieda<strong>de</strong> civil. Um outro<br />
órgão é o Tribunal Arbitral do Desporto.<br />
Neste momento, se acontece alguma coisa,<br />
o Conselho Jurisdicional é a última instância.<br />
Que repto lança aos cabo-verdi<strong>anos</strong>,<br />
com relevo para a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva?<br />
Que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os pensar um <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ter melhor Desporto<br />
e uma melhor política <strong>de</strong>sportiva.<br />
Que cada um dê o seu contributo s<strong>em</strong><br />
esperar pelo outro. T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> saber o que<br />
os governantes quer<strong>em</strong> para o País, mas,<br />
também, t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> ser partes do projecto.<br />
T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> criticar por criticar e<br />
vestir a camisola do Desporto.<br />
53
2 a<br />
PARTE
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
1.ª participação olímpica 15<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> atlanta – 1996<br />
Data: 19 <strong>de</strong> Julho a 4 <strong>de</strong> Agosto<br />
País: Estados Unidos da América<br />
Atletas: 10,318 (3,512 mulheres e 6,806 homens)<br />
Países: 197<br />
Provas: 271<br />
Comitiva <strong>Cabo</strong>-verdiana<br />
Atletas: Alfayaya Embaló – velocista<br />
António Zeferino – maratonista<br />
Henry Andra<strong>de</strong> – barreirista<br />
Isménia Fre<strong>de</strong>rico – velocista<br />
Chefe da Missão: Manuel <strong>de</strong> Jesus<br />
Rodrigues<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira cerimónia abertura:<br />
Manuel <strong>de</strong> Jesus Rodrigues<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira cerimónia encerramento:<br />
António Zeferino<br />
Atletas e el<strong>em</strong>entos da comitiva <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Pela primeira vez na <strong>história</strong><br />
olímpica mo<strong>de</strong>rna, os 197<br />
Comités <strong>Olímpico</strong>s Nacionais<br />
participaram nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Os Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong><br />
Atlanta <strong>de</strong>correram c<strong>em</strong> <strong>anos</strong><br />
após os primeiros Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
da era mo<strong>de</strong>rna, <strong>em</strong> Atenas<br />
(Grécia).<br />
57
15<br />
1.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Alfayaya Embaló, velocista<br />
Em corrida, António Zeferino, Isménia Fre<strong>de</strong>rico e Alfayaya Embaló<br />
Alfayaya Embaló, velocista<br />
Chegou aos JO <strong>de</strong> Atlanta mas a lesão impediu-o <strong>de</strong> competir<br />
Alfayaya Embaló, velocista dos c<strong>em</strong> metros, integrou o grupo <strong>de</strong> atletas que representou <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos Jogos <strong>de</strong> Atlanta<br />
1996 (Estados Unidos da América), a primeira participação do País <strong>em</strong> competições olímpicas. Infelizmente, <strong>de</strong>vido a uma<br />
lesão grave, Alfayaya acabou por não competir, frustrando-se, assim, um sonho acalentado durante muitos <strong>anos</strong>.<br />
O sonho <strong>de</strong> participar nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
s<strong>em</strong>pre perseguiu Alfayaya Embaló e nada fazia<br />
prever o contrário, sobretudo a partir do<br />
momento <strong>em</strong> que recebeu um convite do então<br />
presi<strong>de</strong>nte do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(COC), Antero Barros, para participar nos Jogos<br />
<strong>de</strong> Atlanta 1996 nos Estados Unidos da América,<br />
por convite (‘wild card’) do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
Internacional.<br />
Tomado <strong>de</strong> alegria, o atleta encheu-se <strong>de</strong> motivação<br />
e entusiasmo, mas acabou por vir a provar<br />
um sentimento agridoce porque, apesar <strong>de</strong><br />
ter estado <strong>em</strong> Atlanta, não chegou a competir,<br />
<strong>de</strong>vido a uma lesão grave que o apoquentara.<br />
“Foi o maior choque que tive como atleta”, lamenta<br />
Alfayaya Embaló.<br />
Apesar <strong>de</strong>sse infortúnio e frustração, o velocista<br />
não só orgulha-se <strong>de</strong> ter participado <strong>em</strong> tão gran<strong>de</strong><br />
evento, como também do facto <strong>de</strong>sses Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Atlanta lhe ter<strong>em</strong> aberto muitas portas<br />
na sua vida <strong>de</strong>sportiva.<br />
58
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
1.ª participação olímpica 15<br />
Henry Andra<strong>de</strong>, barreirista<br />
O orgulho <strong>de</strong> participar nas Olimpíadas<br />
como cidadão cabo-verdiano<br />
Nascido nos Estados Unidos da América, Henry Andra<strong>de</strong> viu nos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Atlanta a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representar <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong>, o País berço dos seus ancestrais. O agora treinador do<br />
Andra<strong>de</strong>s Athletics Track Club, ainda hoje, mostra-se orgulhoso<br />
<strong>de</strong> ter integrado a comitiva <strong>de</strong> estreia da participação caboverdiana<br />
no mais importante evento <strong>de</strong>sportivo do mundo.<br />
Henry Andra<strong>de</strong>, barreirista<br />
Consi<strong>de</strong>rado um dos melhores barreiristas<br />
norte-americ<strong>anos</strong> da década <strong>de</strong> 80 e início dos<br />
<strong>anos</strong> 90 do século passado, Henry Andra<strong>de</strong>,<br />
traz, ainda, estampado na alma, o orgulho, não<br />
só por integrar a primeira comitiva <strong>de</strong> atletas<br />
cabo-verdi<strong>anos</strong> a participar numa competição<br />
olímpica, como por ser o primeiro dos “Andra<strong>de</strong>”<br />
a fazê-lo já que, duas décadas <strong>de</strong>pois,<br />
seria a vez do seu sobrinho Jordin Andra<strong>de</strong> a<br />
repetir o mesmo feito.<br />
Henry Andra<strong>de</strong> pô<strong>de</strong> representar <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter conseguido a dupla nacionalida<strong>de</strong><br />
(americana e cabo-verdiana), através da<br />
orig<strong>em</strong> cabo-verdiana dos seus pais. Tal como<br />
os outros atletas que representaram <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>,<br />
Henry Andra<strong>de</strong> recebeu também um ‘wild<br />
card’ (convite) do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional.<br />
“Sinto-me muito honrado, orgulhoso e privilegiado<br />
por ter sido um dos primeiros cabo-verdi<strong>anos</strong><br />
a participar nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Foi <strong>em</strong>ocionante, não pela participação<br />
<strong>em</strong> si mas, também, por fazê-lo<br />
como cabo-verdiano. Foi uma<br />
honra e, por isso, senti a obrigação<br />
<strong>de</strong> representar o meu País da melhor<br />
maneira possível”, revela, finalizando:<br />
“Eu amo ser cabo-verdiano”.<br />
59
16<br />
1.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Isménia Fre<strong>de</strong>rico, velocista<br />
Da primeira representação<br />
olímpica a presi<strong>de</strong>nte da<br />
Comissão <strong>de</strong> Atletas<br />
Isménia Fre<strong>de</strong>rico entrou para a<br />
<strong>história</strong> do <strong>de</strong>sporto cabo-verdiano<br />
como sendo a primeira atleta a<br />
representar <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> <strong>em</strong> Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s. Foi <strong>em</strong> Atlanta (Estados<br />
Unidos da América) <strong>em</strong> 1996. A sua<br />
segunda participação aconteceu <strong>em</strong><br />
Sidney (Austrália) <strong>em</strong> 2000. Des<strong>de</strong><br />
2015 é presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong><br />
Atletas <strong>Olímpico</strong>s <strong>Cabo</strong>-verdi<strong>anos</strong>. Isménia Fre<strong>de</strong>rico, porta-ban<strong>de</strong>ira nos Jogos <strong>de</strong> Sidney 2000<br />
Por altura da sua primeira participação <strong>em</strong> Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s (Atlanta, 1996), Isménia Fre<strong>de</strong>rico já<br />
era campeã nacional e a atleta cabo-verdiana com<br />
melhores marcas na modalida<strong>de</strong> dos 100 metros,<br />
tendo, por isso mesmo, recebido o convite (‘wild<br />
card’) para participar nesses Jogos. Apesar disso,<br />
faz questão <strong>de</strong> frisar que o objectivo era ganhar<br />
experiência e melhorar a sua marca pessoal.<br />
“Sabia que a minha participação não era para ganhar<br />
medalhas, mas sim tentar melhorar a minha<br />
marca. Foi para isso que eu trabalhei para os Jogos<br />
porque o importante era a experiência e melhorar a<br />
marca pessoal”, afirma a atleta, confessando que,<br />
na altura, n<strong>em</strong> sequer tinha a verda<strong>de</strong>ira noção do<br />
que eram os Jogos <strong>Olímpico</strong>s (JO).<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira <strong>em</strong> Sidney<br />
Na sua segunda participação, Sidney 2000 (Austrália),<br />
Isménia foi a porta-ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
no encerramento dos Jogos, uma missão que ainda<br />
recorda com muita <strong>em</strong>oção e para a qual consi<strong>de</strong>ra<br />
que o atleta t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ter um perfil a<strong>de</strong>quado.<br />
“Foi um momento <strong>de</strong> muita <strong>em</strong>oção e uma honra ter<br />
recebido o convite do chefe da missão para levar a ban<strong>de</strong>ira<br />
da nossa Nação”, afirma, recordando, por outro<br />
lado, que, na altura, uma das coisas que mais lhe chamou<br />
a atenção foi ter visto a Coreia do Sul e a Coreia<br />
do Norte entraram no estádio como uma única Nação.<br />
“Andavam s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> guerra, mas quando chegaram<br />
aos Jogos, uniram-se. Foi uma gran<strong>de</strong> <strong>em</strong>oção<br />
para toda a gente”, realçou.<br />
Nestes Jogos, a sua prestação foi melhor mas a<br />
preparação não esteve isenta <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s já<br />
que <strong>em</strong> 2000 o país não tinha ainda uma pista <strong>de</strong><br />
tartan, o que só veio a ser uma realida<strong>de</strong> <strong>em</strong> 2012<br />
no Estádio Marcelo Leitão, na ilha do Sal.<br />
“S<strong>em</strong>pre que chegava a época dos Jogos, tinha<br />
que sair do país e ficar um t<strong>em</strong>po fora. Para esses<br />
Jogos <strong>de</strong> Sidney 2000, treinei <strong>em</strong> Cuba durante<br />
seis meses”, conta a atleta.<br />
Uma vez olímpico, olímpico s<strong>em</strong>pre<br />
A partir do momento <strong>em</strong> que participou pela primeira<br />
vez nos JO, a atleta consciencializou-se <strong>de</strong><br />
que <strong>de</strong>veria preparar-se mais para melhor servir a<br />
imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Assim, Isménia mostra-<br />
60
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
1.ª participação olímpica 16<br />
Comissão <strong>de</strong> Atletas <strong>Olímpico</strong>s<br />
Des<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2015, Isménia Fre<strong>de</strong>rico v<strong>em</strong><br />
presidindo a Comissão <strong>de</strong> Atletas <strong>Olímpico</strong>s<br />
do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-Verdiano (COC),<br />
cargo para o qual foi eleita por unanimida<strong>de</strong>.<br />
“Eu, como presi<strong>de</strong>nte da Comissão, procuro<br />
estar, na maioria das vezes, perto dos atletas<br />
para perceber as suas reais preocupações e<br />
necessida<strong>de</strong>s”, assegura, justificando que a<br />
maioria dos atletas cabo-verdi<strong>anos</strong> <strong>de</strong>bate-se<br />
com a falta <strong>de</strong> patrocínio, comum a todos eles,<br />
e também com a falta <strong>de</strong> infra-estruturas.<br />
Por outro lado, Isménia é também responsável<br />
por um programa do COC que visa o<br />
acompanhamento dos atletas após as suas<br />
carreiras competitivas, <strong>de</strong>signadamente no<br />
que diz respeito a aspectos relacionados<br />
com a integração profissional.<br />
Neste sentido, os atletas beneficiam do<br />
acompanhamento <strong>de</strong> psicólogos, sociólogos<br />
e outros profissionais, visando conciliar<br />
a fase competitiva com a educação, formação<br />
profissional ou universitária para que<br />
possam ter uma vida profissional <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
terminar<strong>em</strong> a carreira <strong>de</strong> atleta.<br />
Para a primeira Atleta Olímpica do país, o COC<br />
t<strong>em</strong> tido um bom <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, b<strong>em</strong> patente<br />
<strong>em</strong> várias acções levadas a cabo, assim como<br />
também nos <strong>de</strong>z bolseiros olímpicos existentes<br />
e nas parcerias <strong>em</strong> curso com as fe<strong>de</strong>rações.<br />
“<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> está num bom caminho,<br />
mas não t<strong>em</strong>os recursos suficientes”, conclui.<br />
se convicta <strong>de</strong> que ter-se tornado atleta olímpica<br />
mudou a sua vida e o seu papel enquanto cidadã,<br />
porque, como conta, as responsabilida<strong>de</strong>s também<br />
aumentaram.<br />
“Como se diz, ‘uma vez olímpico, olímpico s<strong>em</strong>pre’.<br />
T<strong>em</strong>os que ter a melhor imag<strong>em</strong> possível perante<br />
a socieda<strong>de</strong> e melhorar a nossa marca <strong>em</strong> relação<br />
aos nossos colegas que estão a treinar connosco”,<br />
alerta a atleta que tornou-se numa referência para<br />
outros atletas cabo-verdi<strong>anos</strong>, principalmente para<br />
as mulheres, procurando influenciar outras raparigas<br />
a praticar<strong>em</strong> o atletismo numa altura <strong>em</strong> que<br />
o <strong>de</strong>sporto colectivo estava muito mais avançado.<br />
“No atletismo, treinei s<strong>em</strong>pre sozinha, participei<br />
<strong>em</strong> campeonatos regionais sozinha e, <strong>de</strong> vez <strong>em</strong><br />
quando, no campeonato nacional apareciam atletas<br />
<strong>de</strong> São Vicente e do Sal. A partir daí, senti que<br />
a minha responsabilida<strong>de</strong> era recrutar mais atletas<br />
Isménia Fre<strong>de</strong>rico, velocista<br />
e levá-las para as pistas para treinar<strong>em</strong>”,<br />
garante.<br />
61
17<br />
1.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
António Zeferino, maratonista<br />
O único que participou três vezes consecutivas nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
O maratonista António Zeferino é, até agora, o único Atleta <strong>Olímpico</strong> cabo-verdiano que participou três vezes consecutivas<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s. Marcou presença na estreia <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> <strong>em</strong> Atlanta 1996 (Estados Unidos), <strong>de</strong>pois nos Jogos<br />
<strong>de</strong> Sidney 2000 (Austrália) e, por fim, <strong>em</strong> Atenas 2004 (Grécia). Zeferino consi<strong>de</strong>ra-se um mo<strong>de</strong>lo para todos os jovens<br />
<strong>de</strong>sportistas.<br />
Nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Verão <strong>de</strong> 1996 <strong>em</strong><br />
Atlanta, António Zeferino fez <strong>história</strong> junto com<br />
Henry Andra<strong>de</strong>, Isménia Fre<strong>de</strong>rico e Alfayaya Embaló,<br />
tornando-se nos primeiros atletas a representar<br />
o País nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s (JO).<br />
“Foi marcante estar <strong>em</strong> convívio com os povos<br />
<strong>de</strong> todas as nações, aliado ao momento <strong>de</strong>sportivo.<br />
Após a minha vitória na Maratona <strong>de</strong><br />
Rho<strong>de</strong> Island (Estados Unidos da América), foi<br />
um momento histórico ser seleccionado para os<br />
Jogos <strong>de</strong> Atlanta. Recebi a notícia com muita<br />
alegria e <strong>em</strong>oção”, l<strong>em</strong>bra o atleta que terminou<br />
no 94º posto da maratona masculina com o<br />
t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> 2:34:13.<br />
“Devo tudo isso ao meu treinador Richard August<br />
que me lançou no Atletismo. Não me senti pressionado.<br />
Dei o meu melhor e o objectivo era completar<br />
a Maratona Olímpica”, garante, acrescentando<br />
que a sua expectativa era concluir a Maratona <strong>de</strong><br />
42km195m.<br />
Nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Verão <strong>de</strong> 2000 <strong>em</strong> Sydney<br />
(Austrália), Zeferino melhorou o t<strong>em</strong>po e a posição<br />
<strong>em</strong> relação a Atlanta 96, alcançando o 67º lugar,<br />
com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> 2:29:46.<br />
“Nessa segunda participação nos JO, o objectivo<br />
também passava pela entrega total na Maratona<br />
Olímpica e concluir a prova”, realça.<br />
Atenas 2004: Zeferino vezes três<br />
Em Atenas 2004 (Grécia), o maratonista António<br />
Zeferino tornou-se no único Atleta <strong>Olímpico</strong> caboverdiano<br />
a participar três vezes consecutivas nos<br />
JO.<br />
“Esta minha terceira participação foi um gran<strong>de</strong><br />
feito. Isso vai ficar na <strong>história</strong> do Olimpismo <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
e na mente <strong>de</strong> todos os que acompanham<br />
o percurso <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nessa área”,<br />
afirma o atleta que, nesses Jogos <strong>de</strong> Atenas 2004,<br />
terminou <strong>em</strong> 78º lugar, com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> 2:36:22.<br />
António Zeferino faz um balanço positivo dos <strong>30</strong><br />
<strong>anos</strong> do Olimpismo <strong>Cabo</strong>-verdiano, mas consi<strong>de</strong>ra<br />
que os dirigentes <strong>de</strong>sportivos e o Governo têm que<br />
apostar mais no talento dos jovens e proporcionar-lhes<br />
melhores condições <strong>de</strong> preparação para<br />
os JO.<br />
“Os atletas têm que começar a treinar <strong>de</strong> forma<br />
séria quatro <strong>anos</strong> antes dos Jogos. As autorida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ajudá-los <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> Bolsa Olímpica, alimentação<br />
e cuidados médicos”, advoga.<br />
Recordista por <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
António Carlos Pina Zeferino foi um atleta especializado<br />
<strong>em</strong> corridas <strong>de</strong> longa distância, maratona e<br />
meia-maratona. É natural da Cida<strong>de</strong> da Praia (Ilha <strong>de</strong><br />
Santiago), mas vive <strong>em</strong> Portugal, on<strong>de</strong> é professor.<br />
António Zeferino, maratonista<br />
62
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
1.ª participação olímpica 17<br />
“Para estarmos na escala da alta<br />
competição é preciso trabalhar muito,<br />
ser-se auto-exigente, metódico,<br />
<strong>em</strong>penhado nos treinos e, ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po, apostar numa formação<br />
académica, concluindo um curso<br />
superior como eu fiz”<br />
Competiu por <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, pela primeira vez, <strong>em</strong><br />
Maia (Portugal), estabelecendo um recor<strong>de</strong> nacional<br />
na prova dos três mil metros, que ainda hoje<br />
está <strong>em</strong> vigor.<br />
Depois <strong>de</strong> Atlanta 96, competiu no Campeonato<br />
Mundial <strong>de</strong> 1997, terminando a maratona no 37º<br />
lugar, com um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> 2:25:56. Dois <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois,<br />
Fevereiro <strong>de</strong> 1999, realizou o seu melhor t<strong>em</strong>po<br />
na Maratona <strong>de</strong> Sevilha (Espanha), terminando<br />
<strong>em</strong> 2:23:16. Seis meses <strong>de</strong>pois, esteve no Campeonato<br />
Mundial <strong>de</strong> 1999, terminando na 39ª posição<br />
com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> 2:26:03. No ano seguinte aos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Sidney 2000, Zeferino participou<br />
no Campeonato Mundial <strong>de</strong> 2001, terminando<br />
a maratona no 51º lugar, com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> 2:32:46.<br />
Depois <strong>de</strong> se aposentar da competição activa, Zeferino<br />
tornou-se professor <strong>de</strong> Inglês, leccionando<br />
<strong>em</strong> Barcelos (Portugal), on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>.<br />
Mo<strong>de</strong>lo para os jovens <strong>de</strong>sportistas<br />
A partir da sua primeira participação nos JO, António<br />
Zeferino passou a ser uma referência para outros<br />
atletas cabo-verdi<strong>anos</strong>, principalmente para<br />
os que se encontram no início <strong>de</strong> uma carreira<br />
<strong>de</strong>sportiva.<br />
“Fiquei a ser reconhecido como um atleta <strong>de</strong> mérito<br />
e um mo<strong>de</strong>lo para todos os jovens <strong>de</strong>sportistas.<br />
Por outro lado, sinto que sou um orgulho<br />
para a minha família, colegas <strong>de</strong> trabalho e alunos”<br />
aponta.<br />
Por isso, o veterano <strong>de</strong>ixa um conselho<br />
aos iniciantes no mundo do <strong>de</strong>sporto:<br />
“Para estarmos na escala da alta competição<br />
é preciso trabalhar muito, ser-se<br />
auto-exigente, metódico, <strong>em</strong>penhado<br />
nos treinos e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, apostar<br />
numa formação académica, concluindo<br />
um curso superior como eu fiz”, ensina.<br />
Este ex-atleta recorda que nos JO apren<strong>de</strong>-se<br />
muito através do intercâmbio com<br />
atletas <strong>de</strong> outros países. “Sou fluente <strong>em</strong><br />
Inglês. Por isso, aprendi muito com outras<br />
culturas, tanto no que diz respeito a<br />
questões <strong>de</strong>sportivas, como a nível religioso,<br />
académico, entre outros”, conclui.<br />
63
18<br />
2.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> Sidney – 2000<br />
Data: 15 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro a 1 <strong>de</strong> Outubro<br />
País: Austrália<br />
Atletas: 10,651 (4,069 mulheres e 6,582 homens)<br />
Países: 199<br />
Provas: <strong>30</strong>0<br />
Comitiva <strong>Cabo</strong>-verdiana<br />
Atletas: António Zeferino, maratonista<br />
Isménia Fre<strong>de</strong>rico, velocista<br />
Chefe da Missão: Franklim Palma<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira cerimónia abertura:<br />
António Zeferino<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira cerimónia encerramento:<br />
Isménia Fre<strong>de</strong>rico<br />
Atletas e el<strong>em</strong>entos da comitiva <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Quatro atletas <strong>de</strong> Timor<br />
Leste participaram<br />
nos Jogos sob a<br />
ban<strong>de</strong>ira Olímpica<br />
como Atletas<br />
Individuais<br />
<strong>Olímpico</strong>s.<br />
A Agência Mundial Antidopag<strong>em</strong><br />
esteve presente nos Jogos<br />
para acompanhar todos os<br />
procedimentos seguidos pelo<br />
Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional. Pela<br />
primeira vez, foram efectuados testes<br />
para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> EPO (eritropoietina).<br />
Atletas e el<strong>em</strong>entos da comitiva <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
64
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
3.ª participação olímpica 19<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> atenas – 2004<br />
O lançamento <strong>de</strong> peso <strong>de</strong>correu no Olímpia, o local dos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s da Antiguida<strong>de</strong>, enquanto a competição <strong>de</strong> tiro com arco<br />
aconteceu no Estádio Panatenaico, o mesmo que foi usado nos<br />
primeiros Jogos <strong>Olímpico</strong>s da era mo<strong>de</strong>rna, <strong>em</strong> 1896.<br />
Data: 13 a 29 <strong>de</strong> Agosto<br />
País: Grécia<br />
Atletas: 10,625 (4,329 mulheres e 6,296 homens)<br />
Países: 201<br />
Provas: <strong>30</strong>1<br />
Comitiva <strong>Cabo</strong>-verdiana<br />
Atletas: António Zeferino, maratonista<br />
Flávio Furtado, pugilista<br />
Wânia Monteiro, ginasta rítmica<br />
Chefe da Missão: Franklim Palma<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira: Wânia Monteiro<br />
Kiribati e Timor Leste<br />
participaram como<br />
países pela primeira<br />
vez, <strong>em</strong>bora atletas<br />
<strong>de</strong> Timor Leste tenham<br />
participado nos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Sidney como<br />
Atletas Individuais <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Delegação <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> na cerimónia <strong>de</strong> abertura dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
65
20<br />
3.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Flávio Furtado, pugilista<br />
O primeiro a se qualificar<br />
por mérito próprio para<br />
os Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
Flávio Furtado foi o primeiro atleta<br />
cabo-verdiano a conseguir, por<br />
mérito próprio, uma qualificação<br />
para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s. Este feito<br />
histórico para o Desporto nacional<br />
faz com que o seu nome seja s<strong>em</strong>pre<br />
l<strong>em</strong>brado quando se fala dos Jogos<br />
<strong>de</strong> Atenas 2004 e do Boxe <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Furtado, que actualmente<br />
é Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>verdiana<br />
<strong>de</strong> Boxe, diz-se orgulhoso<br />
do seu percurso como pugilista<br />
e pe<strong>de</strong> aos mais jovens para<br />
não <strong>de</strong>sistir<strong>em</strong> dos seus sonhos,<br />
acreditando s<strong>em</strong>pre que pod<strong>em</strong><br />
atingir os seus objectivos.<br />
qualificação <strong>de</strong> Flávio Furtado para os Jogos<br />
A <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Atenas 2004 (Grécia) foi confirmada<br />
quando o então pugilista internacional conseguiu<br />
sagrar-se vice-campeão do I Torneio <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>de</strong> Qualificação Africana realizado <strong>em</strong> Janeiro<br />
<strong>de</strong> 2004, <strong>em</strong> Casablanca (Marrocos).<br />
“Foi uma meta traçada e um objectivo atingido.<br />
Consi<strong>de</strong>ro-me um atleta feliz e orgulhoso do que<br />
pu<strong>de</strong> fazer. Sinto também que sou um orgulho para<br />
Flávio Furtado, pugilista<br />
os meus pais e pessoas mais próximas”, recorda<br />
o atleta, sublinhando que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, o seu<br />
maior <strong>de</strong>safio foi concretizar o sonho <strong>de</strong> conseguir<br />
apurar-se para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Não obstante ter sido eliminado dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> Atenas, ao per<strong>de</strong>r diante do canadiano<br />
Trevor Stewardson por 36-20, Furtado acredita ter<br />
d<strong>em</strong>onstrado que <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> tinha potencial e<br />
que podia sonhar alto.<br />
66
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
3.ª participação olímpica 20<br />
“Embora não tenha ganho, fico orgulhoso ao saber<br />
que estava preparado, tanto a nível físico como<br />
mental, para competir com qualquer atleta”, realça.<br />
Ad<strong>em</strong>ais, como o próprio faz questão <strong>de</strong> recordar,<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> é ainda um país s<strong>em</strong> tradição<br />
<strong>em</strong> competições <strong>de</strong>sportivas <strong>de</strong> alto nível e on<strong>de</strong><br />
não exist<strong>em</strong> políticas claras para <strong>de</strong>sportos <strong>de</strong> alto<br />
rendimento.<br />
Por conta própria<br />
Flávio Furtado não escon<strong>de</strong> que, apesar <strong>de</strong> ter contado<br />
com uma gran<strong>de</strong> colaboração dos dirigentes<br />
<strong>de</strong>sportivos cabo-verdi<strong>anos</strong> <strong>de</strong> então, a sua qualificação<br />
para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Atenas 2004<br />
foi um projecto pessoal, cujas consequências assumiu<br />
por conta e risco.<br />
“Estive a treinar nos Estados Unidos da América<br />
durante seis meses, às minhas custas, e regressei<br />
para competir a nível <strong>de</strong> África. Mais tar<strong>de</strong>,<br />
recebi uma bolsa para um Centro <strong>de</strong> Alto Rendimento<br />
na Tunísia, on<strong>de</strong> consegui apurar para<br />
os Jogos <strong>Olímpico</strong>s”, conta Furtado, para qu<strong>em</strong>,<br />
compartilhar o mesmo espaço físico com gran<strong>de</strong>s<br />
atletas a nível mundial, foi uma experiência<br />
bastante gratificante que o ajudou a acreditar<br />
que tinha potencial para alcançar os objetivos<br />
que se propôs.<br />
No âmbito da preparação para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> Atenas, Furtado não só integrou a selecção<br />
africana que estagiou no Centro Internacional<br />
<strong>de</strong> Boxe da Tunísia, como também ganhou a<br />
Medalha <strong>de</strong> Ouro na categoria <strong>de</strong> 81 quilos num<br />
torneio internacional realizado na Jordânia <strong>em</strong><br />
Março <strong>de</strong> 2003.<br />
Boxe <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Para Flávio Furtado, o Boxe <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> enfrenta<br />
probl<strong>em</strong>as que são transversais a todas as modalida<strong>de</strong>s<br />
praticadas, entre eles, as dificulda<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>corr<strong>em</strong><br />
da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionalização do Desporto.<br />
“Não pod<strong>em</strong>os querer ter um Desporto <strong>de</strong> alto nível<br />
com pessoas a trabalhar<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> forma<br />
voluntária. O profissionalismo e o voluntariado são<br />
dois mundos diferentes. Hoje, mais do que nunca,<br />
o Desporto, requer recursos financeiros. Ninguém<br />
quer competir só por amor à camisola”, argumenta<br />
Furtado. Como tal, aponta a falta <strong>de</strong> recursos hum<strong>anos</strong><br />
e materiais que, por ex<strong>em</strong>plo, se traduz<strong>em</strong><br />
numa gran<strong>de</strong> carência <strong>de</strong> pessoas formadas <strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>terminados <strong>de</strong>sportos ou, ainda, <strong>de</strong> materiais<br />
para a prática do Boxe.<br />
Aos mais jovens, Flávio Furtado pe<strong>de</strong> que acredit<strong>em</strong>.<br />
“Só acreditando é que vão atingir os seus<br />
objectivos. Dev<strong>em</strong> ter muita esperança <strong>de</strong> que as<br />
coisas mudarão <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Espero que as<br />
políticas não fiqu<strong>em</strong> só <strong>em</strong> conversa e que as leis<br />
saiam do papel”, finaliza.<br />
Ao serviço do Boxe<br />
Natural <strong>de</strong> Santa Catarina <strong>de</strong> Santiago,<br />
Flávio Furtado, ex-pugilista <strong>Olímpico</strong> caboverdiano,<br />
é <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2012 Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe.<br />
A sua paixão pelo Boxe surgiu durante o<br />
período <strong>em</strong> que realizou os estudos <strong>de</strong> Fisioterapia<br />
<strong>em</strong> Cuba, país com gran<strong>de</strong>s tradições<br />
na modalida<strong>de</strong> e, on<strong>de</strong>, segundo diz,<br />
conta com uma legião <strong>de</strong> fiéis seguidores.<br />
“Em Cuba, o Boxe é como o Futebol é para<br />
o Brasil. Foi aquela convivência, aquele ambiente<br />
que me levou para aquele Desporto”,<br />
revela Furtado.<br />
Flávio Furtado <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o perfil físico do<br />
pugilista cabo-verdiano é muito s<strong>em</strong>elhante<br />
ao do cubano. Por isso, acredita que se<br />
houver um investimento sério e um trabalho<br />
rigoroso, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> po<strong>de</strong>rá vir a alcançar<br />
o feito dos pugilistas cub<strong>anos</strong>.<br />
Por isso, apesar <strong>de</strong> já ter pendurado as luvas,<br />
Furtado ainda sonha ver <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
chegar aos Jogos <strong>Olímpico</strong>s e ganhar a sua<br />
primeira medalha Olímpica na modalida<strong>de</strong>.<br />
Para já, vai fazendo o que po<strong>de</strong> enquanto<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong><br />
Boxe, tendo como um dos gran<strong>de</strong>s objectivos<br />
da sua Direção uma forte aposta na<br />
componente formativa.<br />
Esse dirigente fe<strong>de</strong>rativo reitera que a falta<br />
<strong>de</strong> pessoas formadas foi s<strong>em</strong>pre uma das<br />
gran<strong>de</strong>s fragilida<strong>de</strong>s do Boxe <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
e garante que a sua equipa está a ter um<br />
<strong>em</strong>penho nunca antes visto, visando formar<br />
árbitros e monitores da modalida<strong>de</strong>.<br />
“Tudo isto para enriquecer a preparação <strong>de</strong><br />
uma selecção capaz <strong>de</strong> competir nos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s”, conclui Furtado.<br />
67
21<br />
3.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Wânia Monteiro, ginasta rítmica<br />
Primeira ginasta <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
a competir nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
Wânia Monteiro foi a primeira ginasta <strong>de</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> a competir nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Representou o País <strong>em</strong> Atenas 2004 (Grécia) e<br />
<strong>em</strong> Pequim 2008 (China). Nas duas ocasiões<br />
foi porta-ban<strong>de</strong>ira durante as cerimónias <strong>de</strong><br />
abertura, dois momentos que consi<strong>de</strong>ra os<br />
mais relevantes na sua participação nesses<br />
eventos.<br />
Wânia Monteiro, ginasta rítmica<br />
oi o culminar <strong>de</strong> um longo caminho”, diz<br />
“FWânia Monteiro sobre a sua primeira participação<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s (Atenas, 2004) on<strong>de</strong><br />
competiu na categoria <strong>de</strong> Ginástica Rítmica.<br />
“A minha prestação foi boa. Na época, pu<strong>de</strong> mostrar<br />
o que era a Ginástica <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> e o que<br />
é que se podia fazer com as condições que tínhamos.<br />
A minha treinadora s<strong>em</strong>pre me incutiu uma<br />
visão muito realista”, salienta, notando que essa<br />
visão lhe permitiu obter a melhor prestação que era<br />
possível na altura.<br />
Tanto assim é que, apesar <strong>de</strong> ter ficado <strong>em</strong> último<br />
lugar da prova <strong>de</strong> Ginástica Rítmica nesses Jogos<br />
<strong>de</strong> Atenas 2004, Wânia diz ter constatado que<br />
as pessoas que estavam envolvidas no processo<br />
consi<strong>de</strong>raram a sua exibição muito satisfatória.<br />
Pequim’2008<br />
Antes dos Jogos <strong>de</strong> Pequim 2008, Wânia Monteiro, <strong>em</strong><br />
2006, conquistou quatro medalhas no Campeonato<br />
Africano <strong>de</strong> Ginástica: três <strong>de</strong> bronze e uma <strong>de</strong> ouro.<br />
Os Jogos Afric<strong>anos</strong> foram realizados numa altura<br />
<strong>em</strong> que a atleta estava a estudar fora <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
e - conforme conta -, as expectativas <strong>de</strong> continuar a<br />
treinar e a fazer ginástica eram muito poucas.<br />
“Fui sortuda <strong>em</strong> conseguir estudar numa cida<strong>de</strong>,<br />
on<strong>de</strong> havia um Clube on<strong>de</strong> podíamos fazer Ginástica.<br />
Apesar <strong>de</strong> não me conhecer<strong>em</strong> <strong>de</strong> lado<br />
nenhum, o Clube <strong>de</strong>u-me uma bolsa e <strong>de</strong>ixou-me<br />
treinar <strong>de</strong> graça. Foi um caminho que fomos fazendo<br />
aos poucos”, l<strong>em</strong>bra.<br />
Nesses Jogos <strong>de</strong> Pequim, a ginasta cabo-verdiana<br />
conseguiu 49.050 pontos e não foi além da 24ª posição.<br />
Uma classificação que Wânia encarou com<br />
alguma naturalida<strong>de</strong> já que, conforme confessa,<br />
ter ganho medalhas no Campeonato Africano <strong>de</strong><br />
Ginástica não aumentara <strong>em</strong> nada as suas expectativas<br />
<strong>em</strong> relação à conquista <strong>de</strong> medalhas nos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
“A realida<strong>de</strong> da ginástica <strong>em</strong> África é uma e a dos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s é outra; são completamente diferentes”,<br />
justifica, notando que a melhor ginasta<br />
africana <strong>de</strong> todos os t<strong>em</strong>pos não figura no Top 50<br />
do Mundo.<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira<br />
Wânia Monteiro não escon<strong>de</strong> a <strong>em</strong>oção ao falar<br />
sobre o momento que foi porta-ban<strong>de</strong>ira na cerimónia<br />
<strong>de</strong> abertura dos Jogos <strong>de</strong> Atenas 2004.<br />
68
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
3.ª participação olímpica 21<br />
“Foi muito <strong>em</strong>otivo. O momento da entrada, <strong>em</strong><br />
que vês que, realmente, estás no centro do mundo,<br />
todos os olhos estão postos <strong>em</strong> ti, e que tens<br />
a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representar b<strong>em</strong> o País, é<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>em</strong>oção. Os Jogos são muito além da<br />
competição e <strong>de</strong> ganhar medalhas”, realça, para<br />
acrescentar que todas essas responsabilida<strong>de</strong>s<br />
chegaram nela no momento da abertura.<br />
À s<strong>em</strong>elhança <strong>de</strong> Atenas 2004, <strong>em</strong> Pequim 2008<br />
Wânia Monteiro voltou a ser porta-ban<strong>de</strong>ira da<br />
<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> durante a cerimónia <strong>de</strong><br />
abertura dos Jogos.<br />
“Foi uma honra. Mais uma vez tive a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ser a cara <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Acredito que a minha<br />
escolha teve um porquê e fiquei muito honrada e<br />
feliz”, regozija-se a atleta.<br />
Ser Atleta Olímpica<br />
Wânia Monteiro garante que ter-se tornado uma<br />
Atleta Olímpica alterou a sua vida e o seu papel<br />
enquanto cidadã.<br />
“Apesar <strong>de</strong> todos os sacrifícios, o meu percurso<br />
na ginástica foi maravilhoso. Viajei muito, conheci<br />
muitas pessoas, lugares e perspectivas diferentes.<br />
Isso ajudou-me muito na minha formação enquanto<br />
pessoa e cidadã. Quero transmitir essa vivência<br />
às minhas atletas”.<br />
Porém, a ginasta não escon<strong>de</strong> que ser Atleta Olímpica<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> é extr<strong>em</strong>amente difícil, sobretudo,<br />
<strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> condições para os treinos.<br />
“É difícil estar a treinar nos corredores do Gimno<strong>de</strong>sportivo<br />
‘Vavá Duarte’ a um mês dos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s, porque não há outro espaço para treinos”,<br />
lamenta, consi<strong>de</strong>rando que, felizmente, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> <strong>30</strong> <strong>anos</strong>, o Olimpismo <strong>Cabo</strong>-verdiano, finalmente<br />
está a ter o seu ponto alto.<br />
“As pessoas começaram a ver que existe o Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano. Nós estamos no pico do<br />
Olimpismo <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Espero que continue<br />
assim e que o COC consiga impl<strong>em</strong>entar mais dinâmica<br />
à cultura olímpica”, conclui.<br />
Desafios<br />
Na óptica <strong>de</strong> Wânia Monteiro, o primeiro <strong>de</strong>safio<br />
da Ginástica <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> é ter um centro <strong>de</strong><br />
treinos para a Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Ginástica,<br />
pelo menos para que as ginastas da<br />
Selecção Nacional não fiqu<strong>em</strong> à mercê do<br />
Gimno<strong>de</strong>sportivo ‘Vavá Duarte’, on<strong>de</strong> estão<br />
atletas <strong>de</strong> várias modalida<strong>de</strong>s a querer<strong>em</strong><br />
treinar.<br />
“O t<strong>em</strong>po a<strong>de</strong>quado dos treinos é muito importante.<br />
São necessárias infra-estruturas.<br />
T<strong>em</strong> <strong>de</strong> haver uma equipa a trabalhar <strong>em</strong><br />
prol da Ginástica, <strong>de</strong>signadamente: técnicos,<br />
médicos, fisioterapeutas, nutricionistas,<br />
entre outros”, enfatiza.<br />
Treinadora <strong>de</strong> ginástica<br />
Natural do concelho <strong>de</strong> Santa Catarina (interior <strong>de</strong><br />
Santiago), Wânia Monteiro vive na Cida<strong>de</strong> da Praia,<br />
on<strong>de</strong>, além da sua activida<strong>de</strong> profissional numa instituição<br />
bancária, é treinadora e formadora <strong>de</strong> ginástica.<br />
“É algo que faço por gosto à noite com algum<br />
sacrifício e s<strong>em</strong> as condições i<strong>de</strong>ais. T<strong>em</strong> corrido<br />
b<strong>em</strong>, mas po<strong>de</strong>ria ser melhor. A minha i<strong>de</strong>ia<br />
é passar às meninas o que tive no passado”,<br />
garante, sublinhando que é necessário criar melhores<br />
condições à ginástica, principalmente no<br />
que diz respeito a técnicos especializados e espaços<br />
apropriados para os treinos.<br />
“A ginástica é uma modalida<strong>de</strong> muito sensível,<br />
muito técnica. T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> insistir até conseguirmos<br />
o que quer<strong>em</strong>os”, diz com confiança esta<br />
Atleta Olímpica que começou a praticar ginástica<br />
aos sete <strong>anos</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
69
22<br />
4.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> pequim – 2008<br />
Data: 08 a 24 <strong>de</strong> Agosto<br />
País: Reública Popular da China<br />
Atletas: 10,942 (4,637 mulheres e 6,<strong>30</strong>5 homens)<br />
Países: 204<br />
Provas: <strong>30</strong>2<br />
Comitiva <strong>Cabo</strong>-verdiana<br />
Atletas: Nelson Cruz, maratonista<br />
Wânia Monteiro, ginasta rítmica<br />
Chefe da Missão: António Zeferino<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira: Wânia Monteiro<br />
O Estádio Nacional, baptizado <strong>de</strong> “Ninho <strong>de</strong> Pássaro”,<br />
e o Centro Nacional <strong>de</strong> Natação, conhecido como<br />
“Cubo <strong>de</strong> Água”, foram consi<strong>de</strong>rados mo<strong>de</strong>los<br />
vanguardistas da arquitectura <strong>de</strong>sportiva e os símbolos <strong>de</strong><br />
uma Pequim mo<strong>de</strong>rna.<br />
No ciclismo, para a<br />
corrida na estrada, os<br />
organizadores optaram<br />
por seguir a Gran<strong>de</strong><br />
Muralha e passar<br />
<strong>em</strong> frente à “Cida<strong>de</strong><br />
Proibida”, dois símbolos<br />
da <strong>história</strong> milenar da<br />
cida<strong>de</strong> chinesa.<br />
Wânia Monteiro, porta-ban<strong>de</strong>ira nos Jogos <strong>de</strong> Pequim 2008<br />
70
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
4.ª participação olímpica 22<br />
Nelson Cruz, maratonista<br />
Pequim 2008,<br />
ponto mais alto da carreira <strong>de</strong>sportiva<br />
Nelson Cruz, maratonista<br />
Nelson Cruz consi<strong>de</strong>ra a sua participação nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Pequim 2008<br />
(China) como o ponto mais alto da sua carreira <strong>de</strong>sportiva e que ter-se tornado<br />
atleta olímpico <strong>de</strong>u-lhe uma perspectiva diferente da vida e do mundo.<br />
O maratonista conta que <strong>de</strong>cidiu representar <strong>Cabo</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong> nas provas internacionais, <strong>em</strong> 2005, a convite<br />
da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Atletismo, no<br />
Campeonato do Mundo <strong>de</strong> Helsínquia.<br />
“E nunca mais parei. Já estive presente <strong>em</strong> três<br />
campeonatos do mundo, Helsínquia, Japão e<br />
Berlim; dois jogos da Lusofonia <strong>em</strong> Macau e<br />
Lisboa; um Jogo Africano <strong>em</strong> Moçambique; um<br />
Campeonato Africano na Maurícia e o ponto mais<br />
alto da minha carreira <strong>de</strong>sportiva foi estar presente<br />
nos Jogos <strong>de</strong> Pequim 2008”, l<strong>em</strong>bra Nelson<br />
Cruz.<br />
O atleta olímpico, várias vezes medalhado <strong>em</strong> Portugal,<br />
guarda excelentes recordações da sua participação<br />
dos Jogos <strong>de</strong> Pequim, facto que lhe fez<br />
conhecer culturas diferentes, fazer muitos amigos<br />
e ganhar uma perspectiva diferente da vida e do<br />
mundo.<br />
“Foi uma experiência única. Concretizei um sonho<br />
como atleta. Superei todas as minhas expectativas,<br />
visto que as condições atmosféricas<br />
eram muito adversas, fazendo com que o rendimento<br />
<strong>de</strong>sportivo não fosse o pretendido”, recorda.<br />
Nelson Cruz cortou a meta <strong>em</strong> 48º lugar,<br />
com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> 2:23:47’, <strong>de</strong> resto a melhor<br />
posição <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> atletas nacionais<br />
nesta prova <strong>em</strong> Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Filho <strong>de</strong> cabo-verdi<strong>anos</strong> naturais <strong>de</strong> Ribeira<br />
da Cruz, concelho <strong>de</strong> Porto Novo<br />
(Ilha <strong>de</strong> Santo Antão), Nelson Cruz nasceu<br />
<strong>em</strong> Lisboa (Portugal). Esteve <strong>em</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> pela primeira vez <strong>em</strong> 1989<br />
com os seus pais e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 2000 visita<br />
a sua terra natal com família e amigos<br />
para férias.<br />
71
23<br />
5.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Os Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres incluiu uma Olimpíada Cultural <strong>de</strong> quatro <strong>anos</strong>, que atingiu o clímax<br />
na Cerimónia <strong>de</strong> Abertura no dia 27 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2012. Depois, prosseguiu com um festival <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sporto e cultura durante sessenta dias, <strong>em</strong> todo o Reino Unido, à medida que os espíritos<br />
<strong>Olímpico</strong> e Paraolímpico atravessavam o mundo mais uma vez.<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> londres – 2012<br />
Data: 27 <strong>de</strong> Julho a 12 <strong>de</strong> Agosto<br />
País: Reino Unido<br />
Atletas: 10,568 (4,676 mulheres e 5,892 homens)<br />
Países: 204<br />
Provas: <strong>30</strong>2<br />
Comitiva <strong>Cabo</strong>-verdiana<br />
Atletas: Adysângela Moniz, judoca<br />
Lidiane Lopes, velocista<br />
Ruben Sança, maratonista<br />
Chefe da Missão: António Zeferino<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira: Adysângela Moniz<br />
Atletas e el<strong>em</strong>entos da comitiva <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
Delegação <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> na cerimónia <strong>de</strong> abertura dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
72
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
5.ª participação olímpica 23<br />
Ruben Sança, maratonista<br />
Atleta <strong>Olímpico</strong>, um estilo <strong>de</strong> vida<br />
Orgulho é o sentimento que acompanha o maratonista Ruben Sança <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que participou nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> Londres. O atleta recorda a cerimónia do içar da Ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> na Al<strong>de</strong>ia Olímpica como a melhor<br />
l<strong>em</strong>brança <strong>de</strong>sse evento, on<strong>de</strong>, honrosamente representou o País.<br />
Ruben Sança continua orgulhoso pela oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ter apresentado ao Mundo a rica cultura<br />
e a <strong>história</strong> do arquipélago nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
<strong>de</strong> Londres. Para o atleta, esses Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
simbolizam um separador <strong>de</strong> águas na sua<br />
vida, já que foi o evento que abriu-lhe, <strong>de</strong>finitivamente,<br />
os olhos como atleta profissional.<br />
Oportunida<strong>de</strong> inesquecível<br />
Mesmo recuperando <strong>de</strong> uma lesão, o que não lhe<br />
permitiu mostrar e provar o seu melhor, o maratonista<br />
diz ter-se sentido como um herói por ter<br />
tido uma gran<strong>de</strong> e inesquecível oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
representar <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos 5000 metros ao invés<br />
da maratona.<br />
“Ao bater o recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maratona <strong>em</strong> 2011, eu<br />
sabia que essa era a disciplina correcta para<br />
mim”, assegura Sança, cuja melhor l<strong>em</strong>brança<br />
dos Jogos <strong>de</strong> Londres foi a cerimónia do içar<br />
da Ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> na Al<strong>de</strong>ia Olímpica.<br />
Ruben Sança consi<strong>de</strong>ra que ser Atleta <strong>Olímpico</strong><br />
é um estilo <strong>de</strong> vida e não é um mero evento <strong>de</strong><br />
um momento específico na vida.<br />
73
24<br />
5.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Adysângela Moniz, judoca<br />
A porta-ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos Jogos <strong>de</strong> Londres<br />
A judoca Adysângela Moniz, <strong>30</strong> <strong>anos</strong>, participou, por mérito próprio, nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres 2012, cabendo-lhe<br />
a honra <strong>de</strong> ter sido a porta-ban<strong>de</strong>ira da <strong>de</strong>legação cabo-verdiana. A atleta revela que, além <strong>de</strong> dar aulas <strong>de</strong> judo, sonha<br />
conquistar uma medalha internacional <strong>em</strong> representação <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
oi uma sensação <strong>de</strong> nervosismo. T<strong>em</strong>ia que<br />
“Fa ban<strong>de</strong>ira caísse. Não era pesada, mas a<br />
ventania fazia-a flutuar <strong>de</strong> um lado para o outro<br />
com alguma intensida<strong>de</strong>. Enquanto <strong>de</strong>sfilávamos,<br />
olhava para o céu, pedindo para que ela não caísse<br />
(risos). Senti que era uma gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />
carregar a ban<strong>de</strong>ira do meu País”, recorda Adysângela<br />
sobre o dia <strong>em</strong>ocionante e m<strong>em</strong>orável <strong>em</strong> que<br />
foi porta-ban<strong>de</strong>ira da <strong>de</strong>legação cabo-verdiana<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres 2012.<br />
Adysângela consi<strong>de</strong>ra que teve muitos proveitos<br />
por ter participado nesses Jogos <strong>Olímpico</strong>s, mesmo<br />
tendo sido <strong>de</strong>rrotada na sua estreia pela cubana<br />
Idalys Ortiz, que, afinal, acabou por sagrar-se<br />
Adysângela Moniz <strong>em</strong> combate com a judoca cubana Idalys Ortiz,<br />
nos Jogos <strong>de</strong> Londres 2012<br />
campeã olímpica na categoria dos pesos pesados<br />
(+78Kg).<br />
“Tive um excelente intercâmbio com atletas <strong>de</strong><br />
outros países. Aprendi muitas coisas sobre o judo<br />
e, sobretudo, fiquei a saber que esta modalida<strong>de</strong><br />
cultiva o respeito, a amiza<strong>de</strong> e a lealda<strong>de</strong>”, diz<br />
Adysângela, frisando que quando se participa nos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s muita gente vai com a i<strong>de</strong>ia errada<br />
<strong>de</strong> que se trata apenas <strong>de</strong> mais umas competições.<br />
“Não é isso não. Vamos para um outro mundo e<br />
saímos <strong>de</strong> lá enriquecidos, com muita coisa para<br />
contar. Isto é bom, não apenas para o atleta, mas<br />
também, para o <strong>de</strong>senvolvimento do Desporto <strong>de</strong><br />
um país como <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>”, explica.<br />
Dias <strong>de</strong> fama <strong>em</strong> Londres<br />
Adysângela Moniz recorda com satisfação que <strong>em</strong><br />
Londres toda a gente por on<strong>de</strong> passava queria um<br />
autógrafo.<br />
“Estranhei isso, porque nunca ganhei nenhuma<br />
medalha internacional e n<strong>em</strong> era conhecida. Mas,<br />
a judoca portuguesa, Telma Monteiro, explicou-me<br />
que, por estar ali, eu já era uma campeã. Então comecei<br />
a processar e a enten<strong>de</strong>r que pelo simples<br />
facto <strong>de</strong> eu competir nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s já era<br />
especial”.<br />
Entretanto, estes episódios faz<strong>em</strong> Adysângela lamentar<br />
que <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> os atletas olímpicos<br />
pass<strong>em</strong> <strong>de</strong>spercebidos.<br />
74<br />
Adysângela Moniz, judoca
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
5.ª participação olímpica 24<br />
Adysângela Moniz transportando a ban<strong>de</strong>ira nacional na cerimónia<br />
<strong>de</strong> abertura dos Jogos <strong>de</strong> Londres 2012<br />
“Lá fora, quando chegas num lugar e te reconhec<strong>em</strong><br />
como atleta olímpica é uma maravilha. Mas,<br />
aqui é como se não significasse nada”, avança a<br />
judoca, acreditando que talvez os cabo-verdi<strong>anos</strong><br />
não tenham a verda<strong>de</strong>ira noção da gran<strong>de</strong>za dos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Por isso, acredita que faz falta um trabalho <strong>de</strong> divulgação<br />
e <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> para que mais pessoas<br />
estejam envolvidas nas activida<strong>de</strong>s. “Não só os<br />
governantes, mas, também, a socieda<strong>de</strong> civil <strong>em</strong><br />
geral”, diz.<br />
Desafios e pl<strong>anos</strong> futuros<br />
A falta <strong>de</strong> condições financeiras para participar <strong>em</strong><br />
competições e para comprar equipamentos têm sido,<br />
a par da inexistência <strong>de</strong> um local apropriado para os<br />
treinos, os principais <strong>de</strong>safios que esta atleta v<strong>em</strong> enfrentando<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que iniciou a sua carreira no judo.<br />
Para a atleta, faz falta uma Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Judo e mais<br />
escolas da modalida<strong>de</strong> para que este <strong>de</strong>sporto passe<br />
a ser praticado <strong>em</strong> todas as ilhas do arquipélago.<br />
“Pessoalmente, gostaria <strong>de</strong> criar um centro on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse<br />
ajudar as pessoas a praticar<strong>em</strong> o judo”.<br />
“O judo era uma modalida<strong>de</strong> praticada apenas por<br />
pessoas das camadas mais altas da socieda<strong>de</strong>.<br />
Já é hora <strong>de</strong> levar a modalida<strong>de</strong> para as classes<br />
mais baixas e conseguir mais praticantes. Este é o<br />
nosso maior <strong>de</strong>safio, mas estou a trabalhar nisto,<br />
juntamente com a Associação e mais um colega”,<br />
revela, acrescentando que, como qualquer atleta,<br />
sonha conquistar uma medalha internacional <strong>em</strong><br />
representação <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
Transformação no COC<br />
Adysângela assume que só passou a saber da<br />
existência do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(COC), quando conseguiu marcar presença nos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres 2012, por via <strong>de</strong> quotas<br />
reservadas à União Africana <strong>de</strong> Judo (AJU – sigla<br />
<strong>em</strong> inglês) que reconheceu o mérito da atleta.<br />
“Passei a conhecer o COC quando disseram que<br />
“O judo era uma modalida<strong>de</strong><br />
praticada apenas por pessoas das<br />
camadas mais altas da socieda<strong>de</strong>.<br />
Já é hora <strong>de</strong> levar a modalida<strong>de</strong> para<br />
as classes mais baixas e conseguir<br />
mais praticantes.”<br />
me classifiquei para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s. Foi o meu<br />
primeiro contacto com o COC. Na altura, era presidido<br />
por Franklim Palma. Eu não sabia nada, n<strong>em</strong><br />
como funcionava. Mas posso dizer que, entre o<br />
que conheci e o que vejo agora, houve uma transformação<br />
enorme. A maioria dos cabo-verdi<strong>anos</strong><br />
já conhece o Comité <strong>Olímpico</strong>. Isso,<br />
graças ao excelente trabalho <strong>de</strong> divulgação<br />
que se está a fazer”, reconhece.<br />
Para finalizar, Adysângela Moniz recomenda<br />
aos mais jovens que pratiqu<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />
o <strong>de</strong>sporto porque é educacional e porque<br />
também ajuda na vida pessoal. Aos que já<br />
estão no activo, a judoca pe<strong>de</strong> que não <strong>de</strong>sistam<br />
e que continu<strong>em</strong> a praticar, mesmo<br />
s<strong>em</strong> os apoios e patrocínios que são s<strong>em</strong>pre<br />
necessários.<br />
O começo <strong>de</strong> tudo<br />
Adysângela conta que <strong>de</strong>scobriu o judo na Escola<br />
Técnica “Cesaltina Ramos”, na Cida<strong>de</strong> da<br />
Praia, on<strong>de</strong> fez os estudos secundários.<br />
“Num dia normal <strong>de</strong> aulas, <strong>de</strong>parei com um cartaz<br />
a dizer que estavam abertas inscrições para<br />
aulas <strong>de</strong> judo. O que mais me chamou a atenção<br />
nesse anúncio foi a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma menina<br />
forte como eu a praticar aquele <strong>de</strong>sporto. Então<br />
me i<strong>de</strong>ntifiquei com aquilo. No primeiro dia fui<br />
ver como era, apenas por curiosida<strong>de</strong>, e gostei.<br />
Quando regressei a casa, disse ao meu pai que<br />
queria praticar judo. Na altura tinha 16 <strong>anos</strong>.<br />
Des<strong>de</strong> então, continuei e acabei por ficar até<br />
hoje. Nunca mais parei”, explica a judoca.<br />
Na verda<strong>de</strong>, o pai da Adysângela s<strong>em</strong>pre insistiu<br />
para que ela praticasse <strong>de</strong>sporto. A judoca<br />
recorda que antes do judo já tinha tentado outra<br />
modalida<strong>de</strong>, mas acabou por <strong>de</strong>sistir. Até porque,<br />
inicialmente, a sua paixão era mais para ver<br />
<strong>de</strong>sporto na televisão do que para praticar.<br />
75
25<br />
5.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Lidiane Lopes, velocista<br />
A paixão pelo atletismo<br />
A primeira participação da atleta Lidiane Lopes nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s aconteceu <strong>em</strong> Londres <strong>em</strong> 2012, mas a melhor prova<br />
<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>sta velocista da ilha do Sal foi nos Jogos do Rio 2016 on<strong>de</strong> bateu o recor<strong>de</strong> nacional nos c<strong>em</strong> metros rasos. O<br />
atletismo é a sua gran<strong>de</strong> paixão, até porque, segundo faz questão <strong>de</strong> confessar, já abriu mão <strong>de</strong> coisas e pessoas que ama<br />
para ser atleta.<br />
Para participar nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s do Rio<br />
2016 (Brasil), Lidiane Lopes foi agraciada<br />
pela Solidarieda<strong>de</strong> Olímpica com um ‘wild card’<br />
(convite) na disciplina dos c<strong>em</strong> metros, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> falhar a qualificação, durante o XVII Campeonato<br />
Ibero-Americano, realizado, precisamente,<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Nesses Jogos <strong>Olímpico</strong>s, Lidiane realizou a sua<br />
melhor prova <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre e bateu o recor<strong>de</strong> nacional<br />
com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> 12:38 segundos, ficando <strong>em</strong><br />
quarto lugar na sua série e <strong>em</strong> nono a nível geral<br />
na prova dos 100 metros. A atleta cabo-verdiana<br />
superou, assim, a sua anterior marca nacional, que<br />
era <strong>de</strong> 12:43 segundos. Apesar <strong>de</strong>sse resultado,<br />
Lidiane ficou pelo caminho a oito milésimos <strong>de</strong> segundo<br />
da fase seguinte.<br />
Amor à ban<strong>de</strong>ira nacional<br />
Entretanto, mesmo não passando para a próxima<br />
fase, o resultado foi consi<strong>de</strong>rado positivo, uma vez<br />
que a velocista era alvo <strong>de</strong> alguma preocupação,<br />
<strong>de</strong>vido ao seu estado físico e aos resultados alcançados<br />
nas provas antes da sua participação nos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
“Fiquei muito feliz. Não estava à espera, uma vez<br />
que estive cincos dias s<strong>em</strong> treinar por causa <strong>de</strong><br />
uma forte dor nas costas. Mas, Deus mostrou,<br />
mais uma vez, que está comigo,” diz a atleta, manifestando<br />
toda a sua alegria por ter conseguido<br />
bater o recor<strong>de</strong> nacional e pessoal no Rio 2016.<br />
“A minha felicida<strong>de</strong> é muito gran<strong>de</strong>, por estar a<br />
representar o meu País no mais alto patamar do<br />
<strong>de</strong>sporto mundial. Amo o meu País, amo levar a<br />
ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> comigo. On<strong>de</strong> quer que<br />
Lidiane Lopes, velocista, nos Jogos do Rio 2016<br />
eu vá, levo estas ilhas no coração. Ter recebido o<br />
convite da Solidarieda<strong>de</strong> Olímpica foi uma oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> levar a ban<strong>de</strong>ira cabo-verdiana para o<br />
mundo”, congratula-se.<br />
Correr contra as dificulda<strong>de</strong>s<br />
Os dois meses antes da sua participação nos Jogos<br />
do Rio 2016 foram muito difíceis, nomeadamente<br />
por causa <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as físicos, pelo que<br />
Lidiane admite que po<strong>de</strong>ria ter conseguido um<br />
melhor resultado, caso não tivesse essas complicações.<br />
“Por instantes, não sentia os movimentos das pernas<br />
e comecei a enfrentar dores fortes. Tive que<br />
ser levada às pressas para a urgência hospitalar.<br />
Não consegui treinar durante as duas primeiras s<strong>em</strong>anas.<br />
Perdi treinos que eram fundamentais mas,<br />
mesmo assim, queria correr”, recorda a atleta que<br />
disse, na altura, ao seu treinador que, apesar das<br />
dores, podia correr.<br />
“No fim, fiquei muito satisfeita com o resultado”,<br />
conta, revelando que esses momentos difíceis são<br />
as recordações mais marcantes daqueles jogos e<br />
da sua vida.<br />
A experiência <strong>de</strong> Londres 2012<br />
Em 2012, aos 17 <strong>anos</strong>, Lidiane Lopes era bicampeã<br />
cabo-verdiana nos c<strong>em</strong> e 200 metros, assim<br />
como no salto <strong>em</strong> comprimento.<br />
76
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
5.ª participação olímpica 25<br />
Momentos da prova dos c<strong>em</strong> metros nos Jogos do Rio 2016<br />
Nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres 2012, on<strong>de</strong> também<br />
chegou por ‘wild card’ e participou apenas na<br />
prova dos c<strong>em</strong> metros, a atleta salense queria ganhar<br />
experiência para futuras competições, sendo<br />
que era a mais nova dos atletas cabo-verdi<strong>anos</strong> a<br />
competir nesses Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Entretanto, para <strong>de</strong>sgosto seu, o objectivo <strong>de</strong> baixar<br />
para os 11 segundos, nos c<strong>em</strong> metros, não<br />
foi alcançado. Foi eliminada <strong>de</strong>pois do registo <strong>de</strong><br />
12 segundos e 72 centésimos, ficando, assim, no<br />
quarto lugar na prova dos c<strong>em</strong> metros, não tendo<br />
sido possível o apuramento na sua série.<br />
Mesmo assim, Lidiane ficou à frente <strong>de</strong> cinco atletas<br />
mais experientes nestas andanças e encheu<br />
o País <strong>de</strong> orgulho na sua estreia naquela que é a<br />
maior montra do <strong>de</strong>sporto mundial.<br />
“Ser atleta alterou tudo na minha vida”<br />
Lidiane Lopes diz, s<strong>em</strong> ro<strong>de</strong>ios, que ser atleta alterou<br />
tudo na sua vida: as suas priorida<strong>de</strong>s, os gostos,<br />
as vonta<strong>de</strong>s e o seu comportamento.<br />
“Já abri mão <strong>de</strong> coisas e pessoas que amo pelo<br />
atletismo. Fui para on<strong>de</strong> não queria, fiquei on<strong>de</strong><br />
não me sentia b<strong>em</strong>, calei coisas que queria dizer,<br />
guar<strong>de</strong>i sentimentos, escondi sofrimentos… Fiz<br />
Após a chegada à meta nos Jogos do Rio 2016<br />
tudo isso porque queria ser uma atleta do<br />
impossível”, garante a jov<strong>em</strong>.<br />
No entanto, Lidiane Lopes lamenta que ser<br />
atleta olímpico <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> seja uma<br />
realida<strong>de</strong> b<strong>em</strong> diferente <strong>de</strong> outros países<br />
on<strong>de</strong> são muito mais respeitados, apoiados<br />
e admirados pela socieda<strong>de</strong>.<br />
“Em <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, sinto que somos atletas<br />
e nada mais. Por convite ou qualificação,<br />
todos nós damos o nosso<br />
sangue para chegarmos aos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s e representarmos a Nação<br />
toda. Por isso, <strong>de</strong>veríamos ser tratados<br />
com mais dignida<strong>de</strong>”, <strong>de</strong>safia,<br />
manifestando-se muito optimista <strong>em</strong><br />
relação à participação nos próximos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio 2020, estando<br />
disponível para “fazer mais e<br />
melhor, trabalhando s<strong>em</strong>pre e cada vez<br />
mais, para bater os recor<strong>de</strong>s pessoais e<br />
nacionais”.<br />
77
26<br />
6.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
do rio – 2016<br />
Data: 05 a 21 <strong>de</strong> Agosto<br />
País: Brasil<br />
Atletas: 11,238 (5,183 mulheres e 6,055 homens)<br />
Países: 207<br />
Provas: <strong>30</strong>6<br />
Comitiva <strong>Cabo</strong>-verdiana<br />
Atletas: Elyane Boal – ginasta rítmica<br />
Davilson Morais – pugilista<br />
Jordin Andra<strong>de</strong> – barreirista<br />
Lidiane Lopes – velocista<br />
Maria Andra<strong>de</strong> – taekwondista<br />
Chefe da Missão: Leonardo Cunha<br />
Porta-ban<strong>de</strong>ira: Maria Andra<strong>de</strong><br />
Cerimónia <strong>de</strong><br />
abertura dos Jogos<br />
<strong>Olímpico</strong>s<br />
Dois atiradores do Kuwait participaram como Atletas <strong>Olímpico</strong>s In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, alcançando medalhas<br />
no tiro. Fehaid Al Deehani conseguiu a medalha <strong>de</strong> ouro no duplo fosso olímpico enquanto Abdullah Al-<br />
Rashidi a <strong>de</strong> bronze no skeet olímpico.<br />
78
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
6.ª participação olímpica 26<br />
El<strong>em</strong>entos da comitiva<br />
após a cerimónia <strong>de</strong><br />
abertura dos Jogos do<br />
Rio 2016<br />
Uma equipa <strong>de</strong> <strong>de</strong>z atletas refugiados participou nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s, formando a primeira<br />
Equipa Olímpica <strong>de</strong> Atletas Refugiados. A equipa <strong>de</strong>sfilou sob a ban<strong>de</strong>ira Olímpica com dois<br />
nadadores da Síria, dois judocas da República D<strong>em</strong>ocrática do Congo, um maratonista da<br />
Etiópia e cinco corredores <strong>de</strong> meia-distância do Sudão do Sul.<br />
79
26<br />
6.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Cerimónia <strong>de</strong> abertura dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
Cerimónia <strong>de</strong> encerramento dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
80
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
6.ª participação olímpica 26<br />
Elyane Boal, ginasta rítmica<br />
A ginasta que foi aos Jogos <strong>Olímpico</strong>s para ser feliz<br />
A ginasta Elyane Boal estreou-se <strong>em</strong> competições olímpicas nos Jogos do Rio<br />
2016 (Brasil). A atleta, na altura com 18 <strong>anos</strong>, surpreen<strong>de</strong>u pela sua <strong>de</strong>claração <strong>de</strong><br />
que ia participar nesses Jogos não para competir mas sim para ser feliz. Fazendo<br />
jus a este <strong>de</strong>sejo, a jov<strong>em</strong> acabou por surpreen<strong>de</strong>r com uma exibição fantástica e<br />
inesquecível na Ginástica Rítmica, arrancando uma <strong>em</strong>ocionante ovação <strong>de</strong> todo o<br />
público presente no estádio que a aplaudiu <strong>de</strong> pé.<br />
Antes <strong>de</strong> partir para os Jogos do Rio, Elyane Boal<br />
já havia manifestado a sua satisfação e orgulho <strong>em</strong><br />
po<strong>de</strong>r representar o seu país. “Vou com a missão <strong>de</strong><br />
representar condignamente não só <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> mas<br />
também a África”, afirmou a ginasta, para qu<strong>em</strong>, o<br />
orgulho <strong>em</strong> participar numa Olimpíada é uma experiência<br />
inesquecível para a vida <strong>de</strong> qualquer atleta.<br />
“É um marco in<strong>de</strong>lével na minha vida”, acrescentou.<br />
Elyane estava ciente <strong>de</strong> que uma participação<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s não se resumia apenas a<br />
uma questão <strong>de</strong> ganhar medalhas e, estando no<br />
Rio, surpreen<strong>de</strong> com a sua <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ática <strong>de</strong>claração<br />
que terá conquistado a simpatia <strong>de</strong> meio<br />
mundo.<br />
“Não vim aqui para competir. Vim para ser feliz,<br />
representar o meu País; para abrir janelas <strong>em</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> para que outras possam estar um<br />
dia aqui”, disse na altura, aquela que foi a única<br />
representante <strong>de</strong> África na modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ginástica<br />
Rítmica nos Jogos do Rio 2016.<br />
Elyane Boal, ginasta rítmica<br />
81
27<br />
6.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Davilson Morais, pugilista<br />
De soldado a atleta olímpico<br />
Davilson Morais, natural da ilha <strong>de</strong> Santo Antão,<br />
representou <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos Jogos do Rio 2016,<br />
tornando-se, assim, no segundo pugilista caboverdiano<br />
a garantir, por mérito próprio, uma<br />
presença nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s. Cont<strong>em</strong>plado com<br />
uma Bolsa Olímpica, o atleta vive actualmente<br />
<strong>em</strong> São Vicente on<strong>de</strong> divi<strong>de</strong> o seu t<strong>em</strong>po entre a<br />
carreira militar e a preparação da qualificação para<br />
os Jogos <strong>de</strong> Tóquio 2020.<br />
Davilson Morais, após a luta contra o britânico Joseph Joyce<br />
Davilson Morais conseguiu o apuramento para<br />
os Jogos do Rio 2016 por mérito próprio, no<br />
Torneio Pré-<strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> Boxe, a nível do continente<br />
africano, que <strong>de</strong>correu <strong>em</strong> Março <strong>de</strong> 2016, <strong>em</strong><br />
Yaoundé (Camarões). Nessa ocasião, conquistou<br />
a Medalha <strong>de</strong> Bronze na categoria <strong>de</strong> +91 quilos.<br />
Com essa qualificação, tornou-se no segundo pugilista<br />
cabo-verdiano a garantir, por mérito próprio,<br />
a passag<strong>em</strong> para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s. O primeiro<br />
tinha sido Flávio Furtado (actual Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Cabo</strong>-Verdiana <strong>de</strong> Boxe), para os Jogos<br />
<strong>de</strong> Atenas 2004 (Grécia).<br />
Nesses Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>em</strong> que, pela primeira vez<br />
foi permitida a presença <strong>de</strong> atletas profissionais,<br />
Davilson Morais lutou nas preliminares do Boxe na<br />
categoria <strong>de</strong> super-pesado masculino (+91kg), tendo<br />
perdido por KO técnico na sua luta <strong>de</strong> estreia<br />
com o britânico Joseph Joyce.<br />
O atleta natural da ilha <strong>de</strong> Santo Antão ficou, assim,<br />
fora dos Jogos do Rio 2016, mas saiu <strong>de</strong> cabeça<br />
erguida e motivado para prosseguir os treinos<br />
e conseguir ir cada vez mais longe. Hoje, vive<br />
<strong>em</strong> São Vicente, on<strong>de</strong> divi<strong>de</strong> o seu t<strong>em</strong>po entre a<br />
carreira militar e os treinos.<br />
Bolsa Olímpica<br />
Para Davilson Morais, representar <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> nos<br />
Jogos do Rio foi gratificante, porque, entre outras<br />
razões, permitiu-lhe obter uma bolsa Olímpica.<br />
“Este é, ainda, o único ponto positivo que obtive<br />
como atleta,” confessa o militar-pugilista que actualmente<br />
se encontra a treinar <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
para, mais à frente, <strong>de</strong>cidir on<strong>de</strong> irá preparar-se<br />
para a próxima qualificação.<br />
O pugilista diz estar a trabalhar arduamente para<br />
conseguir a qualificação para Tóquio 2020, on<strong>de</strong><br />
quer superar o resultado do Rio 2016, ou seja, passar<br />
do primeiro combate e trazer uma medalha.<br />
“De momento, o principal <strong>de</strong>safio é a qualificação.<br />
Chegando ali, vamos passo-a-passo”, aponta, pedindo<br />
aos mais jovens para, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente<br />
da modalida<strong>de</strong>, se <strong>em</strong>penhar<strong>em</strong> nos treinos, afastando-se<br />
<strong>de</strong> tudo o que lhes impeça <strong>de</strong> atingir<strong>em</strong><br />
os objectivos traçados.<br />
Começo <strong>de</strong> caminhada<br />
Morais conta que a sua paixão pela modalida<strong>de</strong><br />
começou como uma brinca<strong>de</strong>ira. Segundo diz,<br />
82
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
6.ª participação olímpica 27<br />
Momentos do combate contra o britânico Joseph Joyce<br />
teve o primeiro contacto com o boxe <strong>em</strong> 2009<br />
quando era soldado da Segunda Região Militar, na<br />
Ilha do Sal.<br />
“Havia um grupo <strong>de</strong> jovens que s<strong>em</strong>pre ia treinar<br />
no Quartel. Eu assistia aos treinos, ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po que brincava com eles, por achar aquilo<br />
engraçado”, l<strong>em</strong>bra o pugilista, afirmando que,<br />
após acompanhar várias sessões, começou a<br />
ficar à espera que o grupo terminasse para ir<br />
treinar às escondidas no mesmo espaço.<br />
Com o t<strong>em</strong>po, ganhou o gosto <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />
e nunca mais parou, apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar<br />
que é bastante difícil ser um Atleta <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>, tendo <strong>em</strong> conta as barreiras<br />
tanto <strong>em</strong> termos materiais como <strong>de</strong> espaços<br />
para treinos.<br />
Morais gostaria que o Estado <strong>de</strong>sse mais atenção<br />
ao Boxe. “É um <strong>de</strong>sporto lindo e para<br />
o qual t<strong>em</strong>os muitos talentos por <strong>de</strong>scobrir”,<br />
conclui.<br />
“De momento, o principal <strong>de</strong>safio<br />
é a qualificação. Chegando ali,<br />
vamos passo-a-passo”<br />
A recepção da comitiva <strong>Cabo</strong>-verdiana após o combate<br />
83
28<br />
6.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Jordin Andra<strong>de</strong>, barreirista<br />
O primeiro a colocar<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> <strong>em</strong> s<strong>em</strong>i-finais olímpicas<br />
Fez <strong>história</strong> e encheu toda a Nação <strong>de</strong> orgulho nos Jogos<br />
do Rio 2016 (Brasil) ao ter sido o primeiro atleta caboverdiano<br />
a alcançar as meias-finais <strong>em</strong> Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Inspirado pela <strong>história</strong> brilhante <strong>de</strong> uma família <strong>de</strong> atletas<br />
nos EUA, entre os quais o próprio pai e o tio Henry<br />
Andra<strong>de</strong>, que também foi atleta olímpico por <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>,<br />
Jordin Andra<strong>de</strong> quer ir muito mais longe nos Jogos <strong>de</strong><br />
Tóquio 2020.<br />
Jordin Andra<strong>de</strong>, atleta dos 400 metros barreiras<br />
Filho <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte cabo-verdiano, Jordin Andra<strong>de</strong>,<br />
25 <strong>anos</strong>, nasceu na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Seattle no<br />
estado norte-americano <strong>de</strong> Washington, mas é por<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> que corre e quer levar o País aos mais<br />
altos patamares do atletismo mundial.<br />
Jordin cresceu a jogar futebol americano e basebol,<br />
este último o <strong>de</strong>sporto mais popular e mais<br />
praticado nos Estados Unidos da América (EUA),<br />
mas, como diz o velho ditado: “Filho <strong>de</strong> peixe sabe<br />
nadar”. É que a família <strong>de</strong>ste atleta especialista<br />
nos 400 metros obstáculos, escreveu uma <strong>história</strong><br />
brilhante no Atletismo norte-americano, uma vez<br />
que o pai, Joseph Andra<strong>de</strong>, um cabo-verdiano que<br />
saiu da Ilha Brava rumo aos EUA, chegou a ser bicampeão<br />
da modalida<strong>de</strong> na Califórnia.<br />
Primeiro, Joseph Andra<strong>de</strong>, inspirou o irmão Henry<br />
Andra<strong>de</strong> a tornar-se num atleta ainda melhor até<br />
chegar aos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Atlanta 96. Por sua<br />
vez, à medida que Jordin foi crescendo, a combinação<br />
das <strong>história</strong>s do seu pai e do tio, também<br />
o ajudou a inspirar-se para continuar o legado da<br />
família Andra<strong>de</strong>.<br />
Falando do tio Henry Andra<strong>de</strong>, um dos melhores<br />
atletas <strong>em</strong> barreiras nos EUA durante a década <strong>de</strong><br />
1980 e início da <strong>de</strong> 1990, Jordin garante que ele é<br />
a gran<strong>de</strong> razão pela qual está hoje no atletismo ao<br />
mais alto nível.<br />
“Ele foi e continua a ser o meu gran<strong>de</strong> motivador.<br />
Acreditou na minha capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vir a ser<br />
um dos melhores do Mundo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que comecei<br />
a correr e mesmo antes <strong>de</strong> eu pensar que tal fosse<br />
possível”, realça Jordin, recordando que, entre<br />
outros apoios, o tio permitiu que fosse morar com<br />
ele para po<strong>de</strong>r treinar, enquanto ainda frequentava<br />
a Faculda<strong>de</strong>.<br />
“Até hoje, o tio Henry continua a dar-me ‘feedback’<br />
para as muitas perguntas que lhe faço acerca do<br />
atletismo profissional”, nota, manifestando estar<br />
muito agra<strong>de</strong>cido pela sua ajuda e percepção.<br />
Levar <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> aos holofotes<br />
Jordin Andra<strong>de</strong> diz estar muito orgulhoso por ser<br />
um atleta olímpico. Um orgulho que se tornou<br />
84
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
6.ª participação olímpica 28<br />
Momentos da prova dos 400 metros barreiras<br />
maior, quando conseguiu essa façanha no Rio<br />
2016, representando <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
O atleta afirma que <strong>de</strong>seja levar <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> aos<br />
holofotes do Mundo. “Em vez <strong>de</strong> falar<strong>em</strong> sobre<br />
mim, quero que a minha família, amigos e conterrâneos<br />
sejam b<strong>em</strong> representados no Mundo”,<br />
frisa Andra<strong>de</strong> que, também, está feliz por ter compartilhado<br />
experiências com atletas nacionais e<br />
estrangeiros nos mais recentes Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
Um evento que consi<strong>de</strong>rou enriquecedor, graças à<br />
troca e socialização <strong>de</strong> culturas.<br />
Responsabilida<strong>de</strong> social<br />
Jordin revela que gosta <strong>de</strong> usar a sua influência<br />
como atleta olímpico para <strong>de</strong>senvolver acções sociais<br />
junto das comunida<strong>de</strong>s.<br />
Já cumpriu mais <strong>de</strong> c<strong>em</strong> horas voluntárias com<br />
crianças <strong>em</strong> escolas com o propósito <strong>de</strong> motivá<br />
-las a construír<strong>em</strong> um futuro brilhante. Também já<br />
custeou com o seu próprio dinheiro viagens até<br />
Boston, New Bedford, Brockton, Los Angeles,<br />
Long Beach, Sacramento e Provi<strong>de</strong>nce.<br />
“A missão foi conversar com as comunida<strong>de</strong>s cabo-verdianas<br />
e inspirá-las a fazer<strong>em</strong> pequenas e<br />
gran<strong>de</strong>s coisas que pod<strong>em</strong> melhorar as suas vidas,<br />
espalhando o amor por <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>”, justifica.<br />
Ambições futuras<br />
Já <strong>de</strong> olho nos próximos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio’2020<br />
(Japão), Jordin Andra<strong>de</strong> diz estar a trabalhar<br />
arduamente para estar <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />
ser um finalista e, se possível, vencedor <strong>de</strong> uma<br />
medalha.<br />
“Estou <strong>em</strong> contacto com um dos melhores treinadores<br />
nos EUA. Ele acha que posso estar lá. Se<br />
conseguir o financiamento para fazer essa mudança,<br />
posso estar muito mais perto <strong>de</strong> cumprir esse<br />
objetivo”, aponta Jordin.<br />
Aos mais novos, Andra<strong>de</strong> aconselha muita <strong>de</strong>dicação<br />
para po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> conseguir o que realmente<br />
<strong>de</strong>sejam.<br />
“Tudo isso <strong>de</strong>ve acontecer s<strong>em</strong> faltas ao treino,<br />
s<strong>em</strong> dias <strong>de</strong> folga, s<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>sperdiçado”, recomenda,<br />
alertando que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> focar apenas nas<br />
coisas que os aproximam dos seus objectivos,<br />
s<strong>em</strong>pre sob a orientação dos seus mestres.<br />
O fantasma da <strong>de</strong>squalificação<br />
Num primeiro momento, os juízes da corrida<br />
da prova dos 400 metros barreiras <strong>de</strong>sclassificaram<br />
Jordin Andra<strong>de</strong> para as meias finais<br />
nos Jogos do Rio 2016 (Brasil) mas, graças ao<br />
protesto apresentado pelo Comité <strong>Olímpico</strong><br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano e pelo Selecionador Nacional,<br />
Júlio Nagana, o júri da prova anulou a <strong>de</strong>squalificação<br />
inicial e Jordin Andra<strong>de</strong> fez <strong>história</strong><br />
como o primeiro cabo-verdiano a qualificar-se<br />
para as meias-finais nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s.<br />
A <strong>de</strong>squalificação inicial baseou-se no argumento<br />
<strong>de</strong> que Jordin Andra<strong>de</strong> teria <strong>de</strong>rrubado<br />
a barreira, propositadamente para conseguir<br />
vantag<strong>em</strong> pelo que lhe foi aplicada a lei 168.7<br />
da Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Atletismo<br />
(FIA), segundo a qual o atleta não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar<br />
a barreira intencionalmente ou meter os<br />
pés por baixo da barreira para <strong>de</strong>rrubá-la.<br />
Porém, graças à tecnologia actual, as imagens<br />
recolhidas no local pela <strong>de</strong>legação <strong>de</strong><br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> d<strong>em</strong>onstraram que, afinal, Jordin<br />
Andra<strong>de</strong> não <strong>de</strong>rrubou a barreira propositadamente,<br />
tendo-a tocado apenas com<br />
os calcanhares quando fazia o salto.<br />
85
29<br />
6.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Maria Andra<strong>de</strong>, taekwondista<br />
Um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminação e corag<strong>em</strong><br />
Nascida <strong>em</strong> São Vicente, na zona <strong>de</strong> Ribeirinha, Maria<br />
“Zezinha” Andra<strong>de</strong>, 24 <strong>anos</strong>, fez <strong>história</strong> <strong>em</strong> 2016, quando<br />
conquistou a Medalha <strong>de</strong> Prata no Torneio Africano <strong>de</strong><br />
Taekwondo e se qualificou, por mérito próprio, para os<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s do Rio 2016 (Brasil).<br />
Maria “Zezinha” Andra<strong>de</strong>, taekwondista<br />
Zezinha - como é mais conhecida - diz ser uma<br />
Atleta Olímpica <strong>de</strong>terminada, corajosa e que,<br />
mesmo nos momentos difíceis, faz <strong>de</strong> tudo para conseguir<br />
seguir <strong>em</strong> frente, dando o melhor <strong>de</strong> si. Acredita,<br />
também, que está no caminho certo, rumo à realização<br />
<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> sonho: ser Campeã Olímpica e<br />
encher <strong>de</strong> orgulho toda a Nação <strong>Cabo</strong>-verdiana.<br />
Taekwondo, o Desporto que ama<br />
S<strong>em</strong> muitos ro<strong>de</strong>ios, a nossa atleta diz que pratica<br />
o Taekwondo por ser o Desporto que ama. Na<br />
verda<strong>de</strong>, faltam palavras a esta jov<strong>em</strong> <strong>de</strong>sportista<br />
para explicar essa gran<strong>de</strong> paixão pela modalida<strong>de</strong>.<br />
“Sinto-me feliz e não trocaria o Taekwondo por<br />
nada”, diz Zezinha, agra<strong>de</strong>cendo “toda a energia<br />
positiva” que recebe dos seus familiares, seu Mestre<br />
e amigos, que - conforme diz -, a motiva bastante,<br />
para prosseguir com a sua carreira <strong>de</strong>sportiva.<br />
“Sou muito grata pelos apoios daqueles que<br />
me ro<strong>de</strong>iam”, completa.<br />
E por falar <strong>em</strong> amor, Zezinha Andra<strong>de</strong> não se esquece<br />
da sua gran<strong>de</strong> inspiração na actualida<strong>de</strong>:<br />
a taekwondista tailan<strong>de</strong>sa, medalhista olímpica e<br />
actual número um do Mundo, na categoria <strong>de</strong> 49<br />
quilos - o mesmo <strong>de</strong>la: Panipak Wongpattanakit.<br />
Aliás, as duas chegaram a se enfrentar no Rio<br />
2016. Foi na estreia <strong>de</strong> Maria Andra<strong>de</strong>. Entretanto,<br />
a atleta cabo-verdiana não conseguiu passar à<br />
fase seguinte da qualificação, apesar <strong>de</strong> ter dado<br />
uma excelente réplica, merecedora <strong>de</strong> vários elogios.<br />
Zezinha per<strong>de</strong>u por 18-6.<br />
“Sinto uma gran<strong>de</strong> motivação para treinar mais e<br />
mais, s<strong>em</strong>pre que vejo os ví<strong>de</strong>os <strong>de</strong>la”, confessa<br />
Maria Andra<strong>de</strong>, quando se refere à tailan<strong>de</strong>sa.<br />
Longe da família<br />
Para Zezinha Andra<strong>de</strong>, o principal <strong>de</strong>safio que enfrentou<br />
na sua carreira <strong>de</strong>sportiva foi ter que viajar<br />
e ficar longe da família.<br />
Esta jov<strong>em</strong> atleta vive nos Estados Unidos da<br />
América, on<strong>de</strong> treina Taekwondo. Sabe que está<br />
ali com um propósito, mas diz que, até ainda, continua<br />
sendo muito difícil estar longe do seu porto<br />
seguro. “É tanta a sauda<strong>de</strong>”, revela, acrescentando<br />
que um outro <strong>de</strong>safio foi ter que abandonar os<br />
estudos para prosseguir a carreira <strong>de</strong>sportiva.<br />
A atleta revela também que, no início, os apoios<br />
não eram suficientes. Só contava com o auxílio<br />
do seu treinador e <strong>de</strong> amigos nas terras do “Tio<br />
Sam”. Mas n<strong>em</strong> por isso baixou os braços. Segue<br />
firme e forte, rumo a conquistas e mais conquistas.<br />
Do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano (COC) diz<br />
86
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
6.ª participação olímpica 29<br />
Momentos do combate com a atleta tailan<strong>de</strong>sa Panipak Wongpattanakit<br />
que recebia apenas as passagens <strong>de</strong> avião para<br />
ir competir. O apoio financeiro só chegou meses<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer <strong>história</strong>, ao se qualificar, por mérito<br />
próprio, para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s do Rio 2016.<br />
“Aliás, esse apoio financeiro foi do COC e do Governo<br />
<strong>Cabo</strong>-verdiano”, realça.<br />
Orgulho <strong>de</strong> ser Atleta Olímpica<br />
Zezinha não escon<strong>de</strong> o orgulho e a satisfação por<br />
ser uma figura que ficará na <strong>história</strong> do Taekwondo<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Além disso, diz-se privilegiada por<br />
ter sido a porta-ban<strong>de</strong>ira da Comitiva Nacional nos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> 2016.<br />
“Para alguns, ser uma Atleta Olímpica não significa<br />
nada, mas, para mim, representa muito. Foi uma<br />
das melhores coisas que já me aconteceu”, garante.<br />
A experiência <strong>de</strong> ter participado nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />
foi única para Zezinha Andra<strong>de</strong>. A atleta diz<br />
que foi incrível po<strong>de</strong>r tomar parte num dos maiores<br />
eventos mundiais, ver <strong>de</strong> perto e conviver com<br />
atletas <strong>de</strong> topo a nível mundial.<br />
“O intercâmbio com os atletas <strong>de</strong> outros países foi<br />
muito bom. Aprendi novas culturas, diferentes formas<br />
<strong>de</strong> ver o mundo, fiz vários amigos com crenças<br />
diferentes”, prossegue Maria Andra<strong>de</strong>, para<br />
qu<strong>em</strong>, nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s do Rio 2016 ficou provado<br />
que todos os atletas do Taekwondo faz<strong>em</strong><br />
parte <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> família.<br />
“Não <strong>de</strong> sangue, mas <strong>de</strong> coração. Ganhar ou per<strong>de</strong>r,<br />
a amiza<strong>de</strong> permanece”, frisa.<br />
Objectivos futuros<br />
Sobre os próximo passos, Zezinha diz que são<br />
gran<strong>de</strong>s as suas expectativas para a participação<br />
nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio (Japão) <strong>em</strong> 2020.<br />
Aliás, o seu maior foco, por agora, é conseguir<br />
participar no maior número <strong>de</strong> competições possíveis<br />
para obter mais pontos no ‘ranking’ e qualificar-se<br />
por mérito próprio. Para isso, já sabe o<br />
que fazer: continuar a treinar muito e fazer tudo o<br />
que estiver ao seu alcance para conseguir a qualificação.<br />
“Sei que é difícil. Muitas vezes, eu choro<br />
nos treinos. Muitas vezes, o meu corpo<br />
não consegue fazer nada <strong>de</strong> tanto cansaço.<br />
Mesmo assim, tenho s<strong>em</strong>pre ânimo para<br />
continuar”, revela Zezinha.<br />
Aos mais jovens, sugere-lhes que nunca<br />
<strong>de</strong>sistam e que não <strong>de</strong>ix<strong>em</strong> nada atrapalhar<br />
os treinos. “Mesmo quando não nos<br />
sentimos b<strong>em</strong>, <strong>em</strong>ocionalmente, não <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> treinar. Quando treinamos,<br />
t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> esquecer todos os probl<strong>em</strong>as<br />
e focar no nosso gran<strong>de</strong> sonho,<br />
seja ele atletismo, ginástica, karaté, ou<br />
qualquer outra modalida<strong>de</strong>”, salienta,<br />
apelando aos jovens que não entr<strong>em</strong> no<br />
mundo das drogas e do alcoolismo.<br />
E conclui: “Dev<strong>em</strong> estudar muito para<br />
garantir<strong>em</strong> um futuro promissor”.<br />
87
<strong>30</strong><br />
6.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Leonardo Cunha, Chefe da Missão do Rio 2016<br />
Um marco histórico e a maior participação <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
O Secretário-Executivo do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano e Chefe da Missão Nacional aos Jogos do Rio 2016 (no Brasil)<br />
consi<strong>de</strong>ra que essa edição foi um marco histórico para <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> e a maior participação <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre do Arquipélago<br />
<strong>em</strong> Jogos <strong>Olímpico</strong>s. Leonardo Cunha assegura que no Rio 2016 foram abertas várias portas para o estabelecimento <strong>de</strong><br />
parcerias futuras e garante que o País já está <strong>de</strong> olhos postos no Tóquio 2020.<br />
Como foi a Operação Rio <strong>de</strong> Janeiro (no Brasil),<br />
também chamado <strong>de</strong> Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Verão<br />
2016?<br />
Foi um marco histórico para <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>. Houve todo<br />
um trabalho antecipado que permitiu, claramente,<br />
todo este sucesso. Ficámos satisfeitos e agradados<br />
com os resultados obtidos nesse evento. De <strong>de</strong>stacar<br />
que foi a primeira vez que o País conseguiu ter<br />
a presença <strong>de</strong> cinco atletas <strong>em</strong> s<strong>em</strong>elhantes Jogos,<br />
sendo três por mérito próprio e dois por convite. De<br />
registar, também, que foi a maior comitiva <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre<br />
da História do Olimpismo <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.<br />
O que significa isso?<br />
Que se abriram novas portas para participações<br />
futuras. E com gran<strong>de</strong> sucesso...<br />
Quais foram os gran<strong>de</strong>s objectivos da Missão<br />
Olímpica <strong>Cabo</strong>-verdiana Rio 2016?<br />
Destacamos do rol, os dois maiores...<br />
Quais?<br />
O primeiro foi o <strong>de</strong>sportivo, ou seja, fazer com que<br />
os atletas conseguiss<strong>em</strong> superar as suas marcas e<br />
resultados que tinham obtido até então.<br />
Conseguiram a fasquia?<br />
Na sua maioria, isso acabou por acontecer.<br />
Ensaio para a cerimónia <strong>de</strong> abertura dos Jogos<br />
E o segundo alvo?<br />
Esteve associado ao envolvimento do Comité <strong>Olímpico</strong><br />
na sua participação nos Jogos, no fomento e<br />
aprofundamento das relações <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> com os<br />
homólogos dos outros países. Amealhámos muitos<br />
sucessos, estando já a colher muitos frutos<br />
<strong>de</strong>ssas iniciativas...<br />
“Operações <strong>de</strong> charme”<br />
Liste alguns frutos <strong>de</strong> que fala.<br />
Neste ano <strong>de</strong> 2017, tiv<strong>em</strong>os a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar<br />
e/ou acolher imensos eventos, com participantes<br />
regionais e internacionais. São resultados do<br />
que d<strong>em</strong>os a conhecer sobre <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> e consequência<br />
das operações <strong>de</strong> charme que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>os<br />
no Rio 2016. Os responsáveis <strong>Olímpico</strong>s e<br />
as pessoas – dos mais diversos quadrantes! Ficaram<br />
entusiasmados com as nossas boas referências,<br />
o que lhes <strong>de</strong>spertou interesse <strong>em</strong> conhecer<strong>em</strong><br />
o nosso País e <strong>de</strong> colocar<strong>em</strong> o nosso Comité<br />
<strong>Olímpico</strong> Nacional nas suas agendas...<br />
...e isso já se sente na prática?<br />
Claro que sim! É por <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> estar na agenda dos<br />
Comités <strong>Olímpico</strong>s estrangeiros, que tiv<strong>em</strong>os a grata<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar e/ou receber alguns eventos<br />
<strong>em</strong> 2017, nomeadamente, acções <strong>de</strong> formação ao<br />
nível <strong>de</strong> África. O mais <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ático foi, s<strong>em</strong> dúvida,<br />
“A maior comitiva <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre<br />
da História do Olimpismo<br />
<strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>.”<br />
88
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
6.ª participação olímpica <strong>30</strong><br />
“Jordin Andra<strong>de</strong> fez <strong>história</strong><br />
e chegou às meias-finais<br />
nos 400 metros barreiras”.<br />
Leonardo Cunha e os atletas olímpicos, Jordin Andra<strong>de</strong>, Davilson Morais, Lidiane Lopes, Maria Andra<strong>de</strong> e Elyane Boal<br />
o 34º S<strong>em</strong>inário dos Secretários-Gerais da Associação<br />
dos Comités <strong>Olímpico</strong>s Nacionais Afric<strong>anos</strong><br />
(ACNOA), realizado na Ilha do Sal <strong>em</strong> Outubro. Esse<br />
evento juntou mais <strong>de</strong> c<strong>em</strong> personalida<strong>de</strong>s, entre secretários-gerais<br />
– “o pulmão dos Comités <strong>Olímpico</strong>s”<br />
-, <strong>de</strong>legados, entre vários outros dirigentes.<br />
Sob que consigna <strong>de</strong>correram os três dias do<br />
encontro do Sal?<br />
O l<strong>em</strong>a foi muito sugestivo: “Plano 2020: Fases,<br />
Planeamento, Organização, Impl<strong>em</strong>entação, Coor<strong>de</strong>nação<br />
e Auto-Avaliação”. Registámos muitos<br />
ensinamentos e traçámos linhas <strong>de</strong> actuação<br />
para a nova jornada, <strong>de</strong> olho numa li<strong>de</strong>rança mais<br />
proactiva. Malawi vai ser o palco do 35º S<strong>em</strong>inário<br />
dos Secretários-Gerais da ACNOA, <strong>em</strong> 2019.<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> já tinha sediado encontros do tipo?<br />
Não. Pela primeira vez, receb<strong>em</strong>os um evento<br />
s<strong>em</strong>elhante. É <strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacar que foi <strong>de</strong>pois dos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s do Brasil (Rio 2016) – s<strong>em</strong> dúvida,<br />
uma gran<strong>de</strong> montra <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s! -, que<br />
apresentámos a nossa candidatura, abrindo-se a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sediarmos este evento.<br />
Partilhas<br />
Há outras acções internacionais <strong>em</strong> pauta?<br />
Em 2019, também <strong>em</strong> Outubro, acolher<strong>em</strong>os a<br />
Ass<strong>em</strong>bleia-Geral da ACNOA, que trará ao Arquipélago<br />
mais <strong>de</strong> <strong>30</strong>0 participantes. Nesse mesmo<br />
Foto <strong>de</strong> família da <strong>de</strong>legação <strong>Cabo</strong>-verdiana aos Jogos do Rio<br />
ano, ser<strong>em</strong>os palco dos primeiros (e históricos!)<br />
Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia, também na<br />
Ilha do Sal. Todas essas acções resultam<br />
das operações <strong>de</strong> charme que i<strong>de</strong>alizámos,<br />
montámos e <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>os durante a Missão<br />
Olímpica Rio 2016.<br />
89
<strong>30</strong><br />
6.ª participação olímpica<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Aliás, os Jogos <strong>Olímpico</strong>s do Rio<br />
2016 permitiram momentos para<br />
frutíferas conversas, socializações<br />
e partilhas com várias entida<strong>de</strong>s internacionais<br />
e individualida<strong>de</strong>s, que<br />
passaram a conhecer melhor a estratégia<br />
e a caminhada do COC, a<br />
par da localização geo-estratégica<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> no contexto <strong>de</strong>sta<br />
nossa al<strong>de</strong>ia global.<br />
“Façanha!”<br />
E o que dizer dos ganhos encaixados<br />
pelos atletas?<br />
Houve um crescimento pessoal<br />
e <strong>de</strong>sportivo <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les.<br />
Pela primeira vez na <strong>história</strong> da<br />
nossa participação nos<br />
Jogos <strong>Olímpico</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1996, tiv<strong>em</strong>os um atleta<br />
a chegar às meias-finais.<br />
Foi uma façanha; nunca<br />
isso tinha acontecido anteriormente.<br />
Jordin Andra<strong>de</strong> fez <strong>história</strong> e chegou<br />
às meias-finais nos 400 metros barreiras...<br />
...mas não foi só isso.<br />
Exacto, obtiv<strong>em</strong>os mais conquistas: Lidiane Lopes<br />
bate o seu recor<strong>de</strong> nacional, fazendo uma boa<br />
marca nos c<strong>em</strong> metros. Por seu turno, Elyane Boal<br />
fez uma exibição fantástica na Ginástica, levantando<br />
o público que estava naquela arena...<br />
...mas, infelizmente, não lhe valeu medalhas.<br />
Ela não era do mesmo nível <strong>de</strong>sportivo que as<br />
outras competidoras, mas ofereceu uma exibição<br />
inesquecível. Aliás, há vários artigos e críticas <strong>de</strong><br />
entendidos a atestar<strong>em</strong> que foi um dos momentos<br />
mais bonitos do Rio 2016. Jamais esquecer<strong>em</strong>os<br />
a sua lapidar <strong>de</strong>claração que ainda ecoa na nossa<br />
Maria Andra<strong>de</strong>, porta-ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> na cerimónia <strong>de</strong> abertura dos Jogos<br />
mente e, <strong>de</strong> certeza, perdurará por muito e muito<br />
mais t<strong>em</strong>po: “Eu vim ao Rio para ser feliz”. E é isso<br />
mesmo: a Missão Rio 2016 foi e conseguiu dar<br />
mais felicida<strong>de</strong> aos cabo-verdi<strong>anos</strong>.<br />
Avaliação<br />
Satisfaz ou podia ser melhor a Missão Rio 2016?<br />
Satisfez muito. Contudo, o COC só po<strong>de</strong> ambicionar<br />
melhores metas, sendo proactiva e tirando as<br />
lições do passado...<br />
“Lidiane Lopes bate o seu recor<strong>de</strong><br />
nacional, fazendo uma boa marca<br />
nos c<strong>em</strong> metros.”<br />
Como assim?<br />
Joga a nosso favor o facto <strong>de</strong> termos<br />
mais t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> preparação para os<br />
próximos Jogos. Para o Rio 2016, só<br />
tiv<strong>em</strong>os, aproximadamente, um ano <strong>de</strong><br />
preparação. Agora, estamos a preparar<br />
Tóquio (no Japão) com, praticamente,<br />
quatro <strong>anos</strong> <strong>de</strong> antecipação e muito<br />
focados nos objectivos pretendidos...<br />
...e, também, com responsabilida<strong>de</strong>s<br />
maiores.<br />
É verda<strong>de</strong>! Enquanto para a Operação<br />
Rio 2016 dispúnhamos <strong>de</strong> cinco bolseiros,<br />
para Tóquio 2020 dobrámos<br />
para <strong>de</strong>z.<br />
Como avalia a participação f<strong>em</strong>inina<br />
no Desporto cabo-verdiano?<br />
É uma preocupação <strong>de</strong>corrente<br />
e transversal do próprio <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
e, por arrastamento, uma das<br />
gran<strong>de</strong>s apostas do COC. T<strong>em</strong>os que aumentar<br />
o índice do envolvimento e participação qualitativa<br />
f<strong>em</strong>inina no Desporto cabo-verdiano nas suas<br />
mais variadas valências.<br />
“Valeu a pena!”<br />
Como é que foi a experiência <strong>de</strong> ser Chefe da<br />
Missão Rio 2016 ?<br />
Foi uma gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Pouco dormi.<br />
Quase que não <strong>de</strong>u para <strong>de</strong>sfrutar da ambiência<br />
e da convivência que envolv<strong>em</strong> os Jogos. Perdi<br />
<strong>de</strong>z quilos. Foi muito stressante, mas muito satisfatório.<br />
No final, ao vermos a missão cumprida, fiz<br />
e apresentei para aprovação um relatório final <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> 140 páginas, espelhando quase tudo o<br />
que se passou no Rio 2016.<br />
90
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
6.ª participação olímpica <strong>30</strong><br />
“Elyane Boal fez uma exibição<br />
fantástica na Ginástica Rítmica,<br />
levantando o público que estava<br />
naquela arena”<br />
Valeu a pena?<br />
Valeu. Foi muito cansativo, mas tive bastante gosto<br />
e grato orgulho <strong>em</strong> participar e chefiar esta Missão.<br />
Que lições reter?<br />
<strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> é um País pequeno <strong>em</strong> dimensão geográfica<br />
no Mundo, mas po<strong>de</strong> tornar-se enorme com<br />
as suas participações internacionais. E foi isso que<br />
aconteceu na Missão Olímpica Rio 2016. Conseguimos<br />
superar todas as adversida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s<br />
da jornada. Isso é extraordinário para a nossa automotivação<br />
e trabalho do dia-a-dia. Essa Missão ensinou-nos<br />
que é muito importante retermos e retirarmos<br />
a lição <strong>de</strong> que quando há perseverança, s<strong>em</strong>pre<br />
conseguir<strong>em</strong>os ultrapassar as barreiras da caminhada<br />
e atingir as nossas metas e expectativas.<br />
Curiosida<strong>de</strong>s<br />
Conte-nos algumas curiosida<strong>de</strong>s por si vividas<br />
e/ou vivenciadas na Missão Rio 2016.<br />
Houve alguns momentos mais contagiantes, envolventes<br />
e muito <strong>em</strong>ocionantes. Foram episódios<br />
“O <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong><br />
rege-se pela Filosofia do Olimpismo<br />
ou Filosofia Olímpica, que consiste<br />
<strong>em</strong> colocar o Desporto ao serviço do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento humano.”<br />
marcantes e impactantes, que espelham, claramente,<br />
qual é a missão, a intervenção e os <strong>de</strong>safios<br />
do COC para os t<strong>em</strong>pos mais próximos, b<strong>em</strong><br />
como a longo prazo...<br />
Em concreto, a que se está referindo?<br />
A participação da Elyane Boal – na modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ginástica -, no Rio 2016, foi um momento sublime.<br />
Daqueles que só qu<strong>em</strong> esteve presente sabe do que<br />
estamos a falar. Foi in<strong>de</strong>scritível! Quando entrou,<br />
conseguiu <strong>em</strong>ocionar, cativar e fazer levantar todo<br />
um estádio inteiro... A sua prestação d<strong>em</strong>onstrou o<br />
espírito olímpico cabo-verdiano. Acreditamos que<br />
ela conseguiu abrir portas para que outras atletas<br />
sonh<strong>em</strong> mais alto, ser<strong>em</strong> felizes e fazer<strong>em</strong> felizes<br />
os seus patrícios – on<strong>de</strong> quer que estejam! Acreditamos<br />
que, a partir daquela altura, o COC ficou<br />
Elyane Boal, durante uma prova olímpica <strong>de</strong> ginástica rítmica<br />
com a missão e o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r aquele<br />
legado, fazendo com que os cabo-verdi<strong>anos</strong><br />
sejam s<strong>em</strong>pre e mais felizes. No nosso<br />
entendimento, esta <strong>de</strong>ve ser a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />
todas as pessoas que estão envolvidas no<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong>...<br />
Porquê?<br />
Porque o <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> rege-se<br />
pela Filosofia do Olimpismo ou Filosofia<br />
Olímpica, que consiste <strong>em</strong> colocar o<br />
Desporto ao serviço do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
humano. As pessoas têm que ser melhores<br />
quando estão integradas no Sist<strong>em</strong>a<br />
Desportivo carregado <strong>de</strong> valores para uma<br />
melhor cidadania. Procuramos a felicida<strong>de</strong><br />
dos cabo-verdi<strong>anos</strong> através do Desporto.<br />
91
3 a<br />
PARTE
cronologia<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Marcos da História do <strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
1982 Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Futebol<br />
1986 Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, Basquetebol e Voleibol<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Ténis e Golfe<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Atletismo e Ciclismo<br />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Boxe e Judo<br />
1986 I Conferência Nacional do Desporto<br />
17/07/1989 Constituição do Comité <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
Primeiro Presi<strong>de</strong>nte do COC:<br />
Antero Barros (1989-2006)<br />
94
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
cronologia<br />
1989<br />
Estatuto do Atleta Fe<strong>de</strong>rado<br />
1989<br />
Comissão Nacional <strong>de</strong> Ginástica<br />
1993 Reconhecimento do Comité <strong>Olímpico</strong> Internacional<br />
1994 Visita <strong>de</strong> Juan Antonio Samaranch a <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong><br />
1996 Atlanta 1996 (Estados Unidos da América)<br />
95
cronologia<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
1999 Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> 1999 (Joanesburgo, África do Sul)<br />
2000 Sidney 2000 (Austrália)<br />
2003 Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> 2003 (Abuja, Nigéria)<br />
2004 Atenas 2004 (Grécia)<br />
2006 Segundo Presi<strong>de</strong>nte do COC: Franklim Palma (2006-2014)<br />
2006 I Jogos da Lusofonia (Macau, China)<br />
2008 Pequim 2008 (República Popular da China)<br />
2009 II Jogos da Lusofonia (Lisboa, Portugal)<br />
96
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
cronologia<br />
2011 Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> 2011 (Maputo, Moçambique)<br />
2012 Londres 2012 (Reino Unido)<br />
2014 Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Taekwondo<br />
2014 Terceira Presi<strong>de</strong>nte do COC: Filomena Fortes (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2014)<br />
2014 III Jogos da Lusofonia (Goa, Índia)<br />
2014 Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2014<br />
(Gaborone, Botswana)<br />
2015 Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Ginástica<br />
2015 Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> 2015<br />
(Brazzaville, República do Congo)<br />
2015 Nova se<strong>de</strong> <strong>em</strong> Achada Santo António,<br />
Cida<strong>de</strong> da Praia (Ilha <strong>de</strong> Santiago)<br />
97
cronologia<br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
2016<br />
1º Congresso <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
(Santiago, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>)<br />
2016 Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Xadrez<br />
2016 Celebração do 27º aniversário do COC<br />
e homenag<strong>em</strong> aos seus fundadores<br />
2016 Rio 2016 (Brasil)<br />
98
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
cronologia<br />
2017 Celebração do 28º aniversário do COC, com a presença do Ministro dos<br />
Negócios Estrangeiros e Comunida<strong>de</strong>s e Ministro da Defesa, Luís Filipe<br />
Tavares, Filomena Fortes, Serge Santos e Isménia Fre<strong>de</strong>rico.<br />
2017 1º Fórum Mulher e Desporto<br />
2017 34º S<strong>em</strong>inário dos Secretários-Gerais<br />
da ACNOA (Sal, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>)<br />
2017 Fe<strong>de</strong>rações <strong>Cabo</strong>-verdianas <strong>de</strong> Natação,<br />
Surf, Ciclismo, Ténis <strong>de</strong> Mesa, Desporto Universitário<br />
2018 Fe<strong>de</strong>ração <strong>Cabo</strong>-verdiana <strong>de</strong> Halterofilismo<br />
2018 Jogos Afric<strong>anos</strong> da Juventu<strong>de</strong> (Argel, Argélia)<br />
2018 Jogos Mundiais da Juventu<strong>de</strong> (Buenos Aires, Argentina)<br />
2019 I Jogos Afric<strong>anos</strong> <strong>de</strong> Praia (Sal, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>)<br />
2019 Ass<strong>em</strong>bleia-Geral da ACNOA (Sal, <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong>)<br />
2020 2º Congresso <strong>Olímpico</strong> <strong>Cabo</strong>-verdiano<br />
2020 Tóquio 2020 (Japão)<br />
99
foto-reportag<strong>em</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
Dia <strong>Olímpico</strong> (23 <strong>de</strong> Junho) e outros eventos <strong>de</strong>sportivos<br />
Praia, 2014<br />
Min<strong>de</strong>lo, 1998 Min<strong>de</strong>lo, 1998 Praia, 2016<br />
Praia, 2016 Praia, 2014<br />
Praia, 2014 Min<strong>de</strong>lo, 1998<br />
Dia do Desporto pelo Desenvolvimento e Paz, Praia, 2017<br />
Dia do Desporto pelo Desenvolvimento e Paz, Praia, 2017<br />
Praia, 2016<br />
Corrida Universitária, Praia, 2016 Corrida Universitária, Praia, 2016<br />
100
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
foto-reportag<strong>em</strong><br />
Dia Nacional do Desporto (11 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro)<br />
Santa Cruz, 2017<br />
101
foto-reportag<strong>em</strong><br />
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
M-Olympics (2017)<br />
Brava<br />
Brava<br />
Santo Antão<br />
Sal<br />
Sal<br />
Sal<br />
São Vicente<br />
São Vicente<br />
Santo Antão<br />
102
<strong>Movimento</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>em</strong> <strong>Cabo</strong> <strong>Ver<strong>de</strong></strong> - <strong>30</strong> Anos <strong>de</strong> História<br />
foto-reportag<strong>em</strong><br />
<strong>Ver<strong>de</strong></strong>Olympics (2016)<br />
Praia – Safen<strong>de</strong><br />
Assomada<br />
Assomada<br />
São Nicolau<br />
Assomada Assomada Assomada Praia – Safen<strong>de</strong><br />
Assomada<br />
Assomada Assomada Assomada<br />
103