janeiro

est buys
Janeiro | 2019
Sudoeste francês e sua magnitude
no universo do vinho gaulês!

Sudoeste francês
Tópico do mês, Sudoeste francês e sua
magnitude no universo do vinho gaulês!
Os arredores da terra do mosqueteiro
D’Artagnan, a Gasconha, é o berço de várias
uvas de fama mundial, como a Cabernet
Sauvignon, Malbec, Tannat, Merlot e
Sauvignon Blanc. Nesta edição a nossa
revista digital traz detalhes e curiosidades
das três principais A.O.C.s do Sudoeste
francês: Bordeaux, Cahors e Madiran.
Os quatro astros do Sudoeste francês:
• Cahors
• Madiran
• Jurançon
• Bordeaux
Um pouco de História
A região Sudoeste da França foi
cultivada pela primeira vez pelos romanos há
mais de 2000 anos. Apesar de ter Bordeaux
como principal referência, a Gasconha já
produzia vinhos antes mesmo de videiras
serem plantadas naquela que hoje é uma
das muitas cerejas do bolo francês
(Bordeaux, Bourgogne, Alsace, Loire,
Champagne…).
3

Sudoeste francês
A maior fama de Bordeaux em relação às outras AOCs do Sudoeste se deve ao
posicionamento estratégico em relação ao Oceano Atlântico e ao porto. Por possuírem o “portal”
para o comércio global à época puderam ditar as regras do comércio local priorizando os seus
produtos e criando leis para dificultar o acesso dos produtores de regiões como Madiran, Cahors
e Bergerac ao mercado. Isso se arrastou ao longo da Idade Média até o século XVIII quando a
Gasconha começou a se recuperar, porém, estes “bons ventos” foram interrompidos por pragas
que se espalharam por quase toda a Europa e também por seguidas grandes guerras.
Apesar de ainda ofuscado pela fama de Bordeaux, o interior do Sudoeste francês é fonte de
espetaculares vinhos que merecem tanto prestígio quanto o “primo rico”. Felizmente, nos dias
de hoje, AOCs como Cahors e Madiran tem conseguido todo o respeito que lhes é devido.
As Apelações de Origem do Sudoeste e seus solos
A única Apelação de Origem genérica em todo o Sudoeste é a de Bordeaux (Bordeaux
AOC), em todo o resto existe apenas AOCs comunais, ou seja, cada comuna tem sua própria
legislação. A Nova Aquitânia deve ser estudada considerando quatro zonas importantes e
distintas:
4
• Bordeaux-Dordogne: Bergerac, Monbazillac, Montravel…
Ao longo do Rio Dordogne os solos são argilo- calcários sedimentares, as vezes com
proporções maiores de cascalho e areia, as vezes com mais argila calcário.
• Lot: Cahors, Coteaux du Quercy, Marcillac…
Solos de margas argilo-calcárias e sílex.
• Garonne-Tarn-Toulouse: Brulhois, Côtes de Millau, Côtes du Marmandais, Fronton,
Gaillac…
Esta zona é formada por terraços aluviais. Os solos, em sua maioria, são calcários e
argilo-calcários, contendo areias, pedras, cascalhos e limo. Esta composição é chamada de
Boulbène.
• Pyrénées: Madiran, Béarn, Jurançon...
Solos argilo-calcários sedimentares contendo quartzo e sílex.

Sudoeste francês
Sudoeste francês, clima
Não dá para generalizar o clima desta imensa área de comunas “isoladas” ao longo de sua
extensão. Existem três grupos climáticos distintos:
• Bordeaux-Dordogne: Bordeaux, Bergerac, Monbazillac, Montravel…
Oceânico com ligeiro aumento de temperatura na medida que se segue ao Leste;
• Garonne-Tarn-Toulouse-Lot: Brulhois, Côtes de Millau, Côtes du Marmandais, Fronton,
Gaillac, Cahors, Coteaux du Quercy, Marcillac…
Clima mediterrâneo com alguma influência do Atlântico, temperaturas pouco mais altas
que nas proximidades do mar e menor umidade na época da floração e frutificação.
• Pyrénées: Madiran, Béarn, Jurançon...
Oceânico com influências do clima de montanha pela proximidade dos Pirineus.
4

KIT DO
MÊS
Château Tour de Luchey 2016
Château Lagrézette Malbec
Purple 2016
Alain Brumont Petit Torus 2012
De
R$ 345,00
Por
R$ 276,00
Comprar
Sudoeste francês e sua magnitude
no universo do vinho gaulês!”
5

Cahors
Sobre ambas as margens do Rio Lot, nos departamentos de Lot e Quercy,
está Cahors, região berço da uva Malbec.
A cidade de Cahors há séculos foi um ícone do comércio do vinho, seus
caldos eram chamados de vins noirs (vinhos negros) tamanha a concentração da
bebida elaborada com a Côt (nome local da uva Malbec). Na época, os vinhos ali
produzidos seguiam em embarcações rio afora até Bordeaux onde eram diluídos
com vinhos de lá para então ser vendido. Era o vinho preferido do rei Henrique II
da Inglaterra e do papa João XXII.
Nos dias de hoje nada mudou quanto à qualidade e estilo, continuam a
produzir os ricos e fascinantes caldos negros de Malbec. Esta deve compor no
mínimo 70% do vinho, para os 30% restantes podem ser utilizadas Merlot e
Tannat.
6

Alain Dominique Perrin é uma figura
emblemática na França, responsável
pelo renascimento e desenvolvimento da
poderosa Cartier. Desde 2003 dirige o
segundo conglomerado mais poderoso
de marcas de luxo do mundo, o
Richemont.
Apaixonado por arte
contemporânea, navegação à vela e
vinho, comprou em 1980 um castelo do século XV em Cahors, o Domaine de
Lagrézette, e dedicou 10 anos ao restauro das edificações, dos jardins e dos seus
vinhedos, onde em 1503 já colhiam a Malbec.
Parker definiu o Domaine Lagrezétte como a quintessência de Cahors, e o
guia Les Meilleurs Vins de France 2010 da RVF, como le chef de file, ou líder da
denominação.
Incrível propriedade há mais de 500 anos produzindo vinhos!
7

Château Lagrézette
FICHA TÉCNICA DE VINHO
VINHO: Purple Malbec 2016
REGIÃO: Sud-Ouest – Cahors –
França
CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Cahors
A.O.C.
COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 100%
Malbec
CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS:
Mediterrânico, certa continentalidade.
Pluviometria anual baixa. Influência do
Oceano Atlântico e dos Pirineus.
CARACTERÍSTICAS DO SOLO:
Argilo-calcário.
ELABORAÇÃO: Vindima manual.
Rendimento de 45 hl/ha. Desengace e
prensagem. Fermentação a 26°C com
maceração de 12 dias. Remontagens
regulares duas vezes por dia.
Malolática em inox.
AMADURECIMENTO: Em cubas de
aço inox.
ESTIMATIVA DE GUARDA: 5 anos
CARACTERÍSTICAS
ORGANOLÉPTICAS: Cor purpúrea
muito luminosa. O nariz é direcionado
por pequenas bagas vermelhas,
alcaçuz e com alguma oxigenação
surge o floral do Malbec. Estruturado
e moderno, muito atraente na sua
juventude cheia de fruta enérgica.
HARMONIZAÇÃO: Entrecôte mal
passado ao molho de cogumelos.
Ossobuco. Perfeito com churrasco
brasileiro.
SERVIÇO: 16°C
Entrecôte mal passado ao molho de cogumelos
Ossobuco
Churrasco brasileiro
8

Bordeaux
Bordeaux é dividida em
três contextos a partir dos
rios Garonne, Dordogne e
seu estuário chamado
Gironde que segue seu
curso até encontrar o
Atlântico:
• 1) Margem esquerda:
Toda a parte roxa do mapa.
Se estende do Médoc até
Graves, é extensa e plana
com solo coberto por graves
(cascalhos redondos
aluviais) sobre “hardpan” de
argila densa,
proporcionando perfeita
maturação às uvas
Cabernet Sauvignon que
predomina neste lado do
rio.
• 2) Margem direita: Parte
verde no mapa. Predomina
o solo argilo-calcário, com rica predominância de matérias fósseis muito antigas,
do período oligoceno. Senário perfeito para a Merlot, casta mais plantada neste
lado do rio.
• 3) Entre-Deux-Mers: Faixa amarela do mapa que fica entre os rios Garonne
e Dordogne (por isso o nome). Maior fonte de vinhos genéricos de Bordeaux. Seu
solo apresenta características iguais às margens direita e esquerda, um mix de
ambas. Origina tintos feitos com Cabernet e Merlot. Os brancos são feitos com
Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle.
Outras castas presentes em toda região como coadjuvantes da Cabernet
Sauvignon e Merlot são: Cabernet Franc, Petit Verdot e Malbec.
6

Tour de Luchey está
nas mão da mesma
família há cinco gerações.
Localizado às margens
do rio Dordogne, no
distrito de Moulon, dispõe
de pouco mais de 16
hectares de vinhas a
produzir apenas 4,5
toneladas por hectare.
Videiras antigas de Merlot em floração.
7

Château Tour de Luchey
FICHA TÉCNICA DE VINHO
VINHO: Tour de Luchey 2016
REGIÃO: Bordeaux - Libourne – 16,3
ha de vinhedos localizados no distrito
de Moulon.
CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Bordeaux
A.O.C.
COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 80%
Merlot, 10% Cabernet Sauvignon,
10% Cabernet Franc
CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS:
Clima temperado moderadamente
úmido, com maior continentalidade do
que na margem esquerda.
CARACTERÍSTICAS DO SOLO:
Solos de silte.
ELABORAÇÃO: Densidade de 4.500
plantas/ha; Vindima mecanizada;
Prévia seleção de cachos;
Fermentação tradicional em cubas de
aço inox e cimento, separada por
variedades; Tempo total de encubação
de 12-15 dias; Permanência nas
cubas até o engarrafamento.
AMADURECIMENTO: 4-6 meses em
cubas de aço inox.
ESTIMATIVA DE GUARDA: 5 anos
CARACTERÍSTICAS
ORGANOLÉPTICAS: Coloração rubi,
borda purpúrea. Frutado suculento
(amora), bem mesclado em ervas e
chocolate. Ótima textura em boca,
acidez viva, taninos já bem educados;
persistente.
HARMONIZAÇÃO:Churrasco; Pão
árabe recheado com carne de
cordeiro moída, temperada com
cebola, tomate, zátar e hortelã fresca
picada; Angú à baiana; Embutidos.
TEMPERATURA DE SERVIÇO: 16°C
Angú à baiana
Pão árabe recheado com carne de cordeiro moída
9

Madiran
Madiran é uma AOC especializada em
tintos com cerca de 1300 ha de vinhas. A uva
Tannat é originária desta região e deve
compor majoritariamente o corte. Outras
castas permitidas são Cabernet Sauvignon,
Pinenc (também chamada de Fer Servadou),
e Bouchy (nome local da Cabernet Franc).
Engarrafar vinhos que são 100% Tannat é
uma prática comum entre os bons produtores.
A região origina vinhos muito concentrados e
austeros, ricos em tanino e cor,
características comuns da Tannat. Longo
estágio em carvalho faz-lhe muito bem. Em
geral o vinho necessita de vários anos de
envelhecimento em adega para ser “domado”,
apesar de técnicas modernas como a microoxigenação
permitir que se obtenha um vinho
sem arestas já na juventude. Contudo, para
se aproveitar melhor suas virtudes, é melhor
aguardar no mínimo por cinco anos.
6

Alain Brumont, indiscutivelmente
o maior nome do Madiran!
Esse fabuloso produtor é uma
lenda viva do vinho francês.
Segundo o mais respeitado
guia do país, o Les Meilleurs
Vins de France – RVF,
Brumont é não somente o
melhor de Madiran, mas o
melhor de toda a região do
sudoeste. Parker completa:
“são vinhos irreais, elaborados
de uma forma pura,
extremamente ricos e tão
completos e promissores que
simplesmente não podem ser
esquecidos”. Esse revolucionário vigneron logrou dar uma outra magnitude à viril e
rústica casta Tannat: os Châteaux Montus e Bouscassé são obrigatórios para
qualquer conhecedor do mundo.
Château Montus
7

Alain Brumont
FICHA TÉCNICA DE VINHO
VINHO: Petit Torus Madiran 2012
REGIÃO: Sud-Ouest – Madiran
CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Madiran
A.O.C
COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 50%
Tannat, 30% Cabernet Sauvignon,
20% Cabernet Franc
CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS:
Mesoclima regulado pelo Oceano
Atlântico e pelos Pirineus. Baixa
pluviosidade no verão e no outono,
mas suficiente para não gerar stress
hídrico.
CARACTERÍSTICAS DO SOLO:
Plateau” ligeiramente inclinado argilocalcário,
com forte presença de pedra
calcária.
ELABORAÇÃO: Viticultura orgânica
com adubo animal e "marc" de uvas.
Tratamentos fitossanitários orgânicos
certificados: "lutte raisonnée". Colheita
manual com seleção acurada das
uvas mais maduras e saudáveis.
Desengace total, fermentação
alcoólica à 25ºC em cubas de aço
inox. Fermentação malolática para
100% do vinho.
AMADURECIMENTO: 12 meses em
tanques de cimento e inox sobre as
lias.
ESTIMATIVA DE GUARDA: 7 anos
CARACTERÍSTICAS
ORGANOLÉPTICAS: Rubi de média
intensidade. Revela no primeiro
impacto deliciosa expressão frutada
(cerejas, ameixa) e especiarias
picantes, de fundo se percebe notas
minerais. Bela estrutura gustativa,
com taninos refinados apoiados por
acidez gulosa.
HARMONIZAÇÃO:Steak au poîvre;
Cassoulet ; Pato confitado.
TEMPERATURA DE SERVIÇO: 16-
18°C
Steak au poîvre
Cassoulet
9

VEJA MAIS
Chateau Lagrezette, un voyage d'art et d'histoire
Alain Brumont's Montus, Bouscassé en Laroche Brumont
10