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Gestão Hospitalar N.º 15 2018 + Suplemento (Rumo ao Norte Hospitalar)

Entrevista a Gerry O'Dwyer, Presidente da European Association of Hospital Managers

Entrevista a Gerry O'Dwyer, Presidente da European Association of Hospital Managers

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OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO <strong>2018</strong><br />

Edição Trimestral<br />

N<strong>º</strong> <strong>15</strong><br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA aSSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ADMINISTRADORES HOSPITALARES<br />

SNS<br />

Desafios do Financiamento<br />

da Saúde em Portugal<br />

SAÚDE É UMA PRIORIDADE?<br />

3F – Financiamento,<br />

Fórmula para o Futuro<br />

INICIATIVAS APAH<br />

Prémio Healthcare<br />

Excellence <strong>2018</strong><br />

10.ª Edição do Fórum<br />

do Medicamento<br />

VIA VERDE REANIMAÇÃO - INEM<br />

Unir Esforços para Salvar Vidas<br />

PORTUGAL ACOLHE<br />

27 th EAHM Congress<br />

ENTREVISTA<br />

Gerry<br />

O'Dwyer<br />

1


GH SUMÁRIO<br />

outubro novembro dezembro <strong>2018</strong><br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

PROPRIEDADE<br />

APAH − Associação Portuguesa<br />

de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

Parque de Saúde de Lisboa Edíficio, 11 - 1.<strong>º</strong> Andar<br />

Av. do Brasil 53<br />

1749-002 Lisboa<br />

secretariado@apah.pt<br />

www.apah.pt<br />

DIRETOR<br />

Alexandre Lourenço<br />

DIRETORA-ADJUNTA<br />

Bárbara Sofia de Carvalho<br />

COORDENADORES<br />

Emanuel Magalhães de Barros, Miguel Lopes<br />

EDIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO<br />

Bleed - Sociedade Editorial e Organização<br />

de Eventos, Ltda.<br />

Av. das Forças Armadas 4 – 8B<br />

1600-082 Lisboa<br />

Tel.: 217 957 045<br />

info@bleed.pt<br />

www.bleed.pt<br />

PROJETO GRÁFICO<br />

Sara Henriques<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

Gratuita<br />

PERIODICIDADE<br />

Trimestral<br />

DEPÓSITO LEGAL N.<strong>º</strong><br />

16288/97<br />

ISSN N.<strong>º</strong><br />

0871–0767<br />

TIRAGEM<br />

2.000 exemplares<br />

IMPRESSÃO<br />

Grafisol, lda<br />

Rua das Maçarocas<br />

Abrunheira Business Center N<strong>º</strong>3<br />

2710-056 Sintra<br />

Esta revista foi escrita segundo as novas regras<br />

do Acordo Ortográfico<br />

4<br />

5<br />

6<br />

14<br />

18<br />

20<br />

26<br />

28<br />

32<br />

38<br />

44<br />

50<br />

52<br />

56<br />

60<br />

62<br />

Editorial<br />

A GH de <strong>2018</strong> em revista<br />

Alexandre Lourenço<br />

Estatuto Editorial<br />

SNS<br />

Desafios do financiamento da saúde em Portugal<br />

António Correia de Campos<br />

Financiamento<br />

3F – Financiamento, Fórmula para o Futuro<br />

Iniciativa APAH<br />

Prémio Healthcare Excellence <strong>2018</strong> distinguiu projetos inovadores em saúde<br />

Via Verde Reanimação - INEM<br />

Unir esforços para salvar vidas<br />

Raquel Ramos, Filipa Barros<br />

Iniciativa APAH<br />

Fórum do Medicamento: Financiamento e equidade para um SNS sustentável<br />

Workshop<br />

Estratégias para a cooperação em saúde<br />

Delfim Neto Rodrigues, Francisco Pavão<br />

Entrevista<br />

Gerry O’Dwyer: Trabalhamos para assegurar bons modelos de saúde<br />

na Europa<br />

Melhor comunicação oral EAHM <strong>2018</strong><br />

A imagiologia médica como agente de mudança na prestação<br />

de cuidados de saúde<br />

Tiago Ruas<br />

Melhor poster EAHM <strong>2018</strong><br />

Necessidades dos utilizadores muito frequentes de um serviço de urgência:<br />

estudo das suas características clínicas e sociais<br />

Sandra Afonso, Sílvia Lopes<br />

Espaço ENSP<br />

Participação da ENSP-NOVA no 27 th EAHM Congress<br />

Rui Santana, Sílvia Lopes<br />

Opinião<br />

Do Hospital medieval <strong>ao</strong> Hospital empresa.<br />

Que futuro para o Hospital Público?<br />

José António Menezes Correia<br />

Reflexões de Direito Biomédico<br />

Aspetos ético-jurídicos da prática da telessaúde<br />

Ana Elisabete Ferreira, André Dias Pereira<br />

CSP<br />

Cuidados de Saúde Primários - Equipa Comunitária de Suporte<br />

em Cuidados Paliativos<br />

Fátima Teixeira<br />

A APAH marca a agenda<br />

3


GH editorial<br />

GH ESTATUTO EDITORIAL<br />

REVISTA “GESTÃO HOSPITALAR”<br />

Alexandre Lourenço<br />

Presidente da APAH<br />

A GH de <strong>2018</strong> em revista<br />

Este foi um ano especial para a <strong>Gestão</strong><br />

<strong>Hospitalar</strong>. Ficará para a memória, a<br />

edição GH especial dos 35 anos dedicada<br />

à memória do seu fundador<br />

João Santos Cardoso. No primeiro<br />

número do ano entrevistámos Xavier Corbella, Secretário<br />

Geral da Federação Europeia de Medicina<br />

Interna (EFIM), estreitando as ligações entre a administração<br />

hospitalar e a medicina interna, de forma a<br />

promovermos a ambulatorização médica e a integração<br />

de cuidados. No último número, Usman Khan,<br />

Diretor Executivo da Associação Europeia de <strong>Gestão</strong><br />

em Saúde (EHMA), falou-nos de gestão da mudança,<br />

formação e envolvimento de todos os atores.<br />

Em 1981, os estatutos da APAH estabeleceram explicitamente<br />

a importância da GH para os administradores<br />

hospitalares. Desde então, a dinâmica da<br />

profissão foi sendo em parte avaliada pela qualidade<br />

e regularidade da GH. Este número foi pequeno<br />

para acolher a qualidade e quantidade de artigos<br />

que nos chegaram.<br />

Nesta edição permitam destacar os artigos de duas figuras<br />

maiores da <strong>Gestão</strong> de Serviços de Saúde em Portugal:<br />

“Desafios do financiamento da saúde em Portugal”,<br />

por António Correia de Campos, e “Do Hospital medieval<br />

<strong>ao</strong> Hospital empresa. Que futuro para o Hospital<br />

Público?”, por José António Menezes Correia.<br />

tembro. A terminar o seu mandato, passa em revista<br />

o trabalho desenvolvido e aborda os desafios que se<br />

colocam <strong>ao</strong>s serviços de saúde e <strong>ao</strong>s seus gestores.<br />

Do prémio Healthcare Excellence, atribuído em <strong>2018</strong><br />

<strong>ao</strong> INEM, fica o artigo “Via Verde da Reanimação, unir<br />

esforços para salvar vidas” de Raquel Ramos e Filipa<br />

Barros. Do Congresso Europeu de Gestores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

extraem-se os artigos: “A imagiologia médica<br />

como agente de mudança na prestação de cuidados<br />

de saúde”, como melhor comunicação oral, de<br />

Tiago Ruas e “Necessidades dos utilizadores muito<br />

frequentes de um serviço de urgência: estudo das<br />

suas características clínicas e sociais”, como melhor<br />

poster, de Sandra Afonso e Sílvia Lopes.<br />

No contexto da cooperação para o desenvolvimento<br />

e da saúde, Delfim Rodrigues e Francisco Pavão<br />

trazem “Estratégias para a cooperação em saúde”,<br />

uma área de afirmação da administração de serviços<br />

de saúde portuguesa. No setor dos cuidados na comunidade,<br />

Fátima Teixeira escreve sobre o papel da<br />

equipa comunitária de cuidados paliativos.<br />

Com os relatos do 27.<strong>º</strong> Congresso Europeu de Gestores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es, do projeto “3F - Financiamento,<br />

Fórmula para o Futuro”, do 5.<strong>º</strong> Prémio Healthcare<br />

Excellence e do 10.<strong>º</strong> Fórum do Medicamento, encerramos<br />

este percurso pelos últimos meses de <strong>2018</strong>.<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” é uma publicação institucional<br />

e é a Revista oficial da APAH - Associação Portuguesa<br />

de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” assume uma importância<br />

crucial na disseminação de conhecimento e como fator<br />

de agregação e motivação associativa;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” tem como principais<br />

objetivos a divulgação das melhores práticas e conhecimentos<br />

de gestão em saúde, de novos projetos, de opiniões e debate<br />

das grandes questões do setor, bem como difundir atividades<br />

relevantes junto da comunidade profissional e académica;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” visa manter vivo o valor<br />

da Administração <strong>Hospitalar</strong> e divulgar o trabalho continuado<br />

de diferentes gerações de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

que se empenham em inovar e demonstrar capacidades e<br />

competências, bem como a sua profunda vontade em adicionar<br />

valor às políticas públicas, <strong>ao</strong> ensino e formação, à investigação<br />

e à gestão das unidades de saúde;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR”, sendo a revista dos<br />

Administradores <strong>Hospitalar</strong>es portugueses, deseja ser um espaço<br />

aberto à colaboração de todos os profissionais nos vários<br />

níveis da organização dos serviços de saúde, pretendendo,<br />

deste modo, atingir uma audiência alargada e heterogénea, interessada<br />

na dinâmica hospitalar e sensibilizada para a impor-<br />

tância dos problemas de administração na área da saúde;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” pauta a sua conduta<br />

editorial pelo rigor da informação e pela liberdade de opinião<br />

dos artigos que publica, sendo a seleção dos conteúdos técnicos<br />

e científicos da exclusiva responsabilidade da Direção e<br />

Coordenação Editorial;<br />

• A revista “GESTÃO HOSPITALAR” integra publicidade,<br />

organizada por espaços de páginas e/ou frações, desde que<br />

aprovada pela Direção e Coordenação Editorial;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” garante que a publicidade,<br />

reimpressão ou outras receitas comerciais não têm qualquer<br />

impacto ou influência sobre as decisões editoriais;<br />

• A revista “GESTÃO HOSPITALAR” é independente do<br />

poder político, económico ou religioso;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” zela pelo cumprimento<br />

rigoroso das normas éticas e deontológicas do jornalismo;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” reconhece que o processo<br />

de revisão por pares é o cerne do sucesso da publicação,<br />

pelo que assume o compromisso de melhoria do processo em<br />

todos os aspetos da ética da publicação, especialmente nos casos<br />

de suspeita de submissão duplicada ou plágio;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” tem uma periodicidade<br />

trimestral;<br />

• A Revista “GESTÃO HOSPITALAR” tem distribuição gratuita.<br />

Entrevistámos Gerry O’Dwyer, na qualidade de Presidente<br />

da Associação Europeia de Gestores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

(EAHM), durante o 27<strong>º</strong> Congresso da Associação,<br />

que decorreu no Estoril no passado mês de se-<br />

De toda a equipa da GH, resta-nos desejar os votos<br />

de um Feliz Natal e um Excelente Ano Novo. Em<br />

2019, traremos novas leituras e novos formatos da<br />

sua GH. Ã<br />

4


GH sns<br />

DESAFIOS DO<br />

FINANCIAMENTO DA<br />

SAÚDE EM PORTUGAL 1<br />

António Correia de Campos<br />

Presidente do Conselho Económico e Social<br />

e Sócio Honorário da APAH<br />

Um pouco de história<br />

Como era o sistema público de saúde<br />

na década de setenta, quando o<br />

SNS surgiu?<br />

Em 1970 apenas 56% dos cidadãos<br />

dispunham de cobertura de saúde, os restantes pagavam<br />

do seu bolso a totalidade ou uma porção da<br />

conta hospitalar, estando isentos (“gratuitos”) se demonstrassem<br />

a sua indigência em inquérito assistencial;<br />

52% da população, trabalhadores por conta de<br />

outrem e seus familiares, tinham uma cobertura hospitalar<br />

completa e gratuita, com medicamentos, consultas<br />

e exames prestados em postos das Caixas ou<br />

por elas convencionados com farmácias e prestadores<br />

privados; a ADSE cobria apenas 2% dos Portugueses<br />

e outros subsistemas públicos e privados outros 2%.<br />

Ao longo dos anos setenta o progresso foi brutal:<br />

em 1974 já estavam cobertos pela Previdência 69%<br />

das pessoas e 4% pela ADSE. Mas foi após o 25 de<br />

Abril que mais depressa se avançou para a universalidade<br />

do acesso: em 1978 a Previdência cobria 86%<br />

dos cidadãos e a ADSE 11% 2 . Em maio desse ano,<br />

um discreto despacho do Ministro António Arnaut<br />

garantia o livre acesso de toda a população residente<br />

<strong>ao</strong>s postos médicos das Caixas e <strong>ao</strong>s hospitais públicos.<br />

Foi esse o ato decisivo.<br />

A partir das reformas de 1971 3 , mas sobretudo a partir<br />

de 1974, o papel do Estado mudou radicalmente:<br />

de comprador de serviços passou a prestador direto:<br />

se em 1968 o Estado respondia apenas por 19% dos<br />

encargos de funcionamento dos hospitais distritais e<br />

62% nos hospitais centrais, em 1980 os valores correspondentes<br />

ascendiam, respetivamente, a 93 e 94%. Em<br />

sentido inverso, se a Previdência Social, até <strong>ao</strong> 25 de<br />

Abril tendia a aumentar as suas responsabilidades pelos<br />

encargos com a saúde de beneficiários e familiares, <strong>ao</strong><br />

longo dos anos seguintes veio a reduzir cada vez mais<br />

a sua função financiadora: de 55% dos encargos com<br />

a Saúde em 1970, passou a 14% em 1978 e a 0% em<br />

1980. Os seus recursos esgotavam-se nas pensões e<br />

nos restantes benefícios sociais. Em menos de dez anos<br />

o Estado viu-se na contingência de passar de responsável<br />

supletivo em sexto lugar na ordem legal de prioridades,<br />

a principal responsável pela saúde dos Portugueses.<br />

O SNS foi gerado de parto natural, por não haver<br />

melhor alternativa: uma rede pública de serviços, o<br />

estatuto de funcionário para todos os trabalhadores,<br />

a decisão da universalidade de acesso, uma malha de<br />

serviços, mesmo que dispersa e irregular, o financiamento<br />

totalmente a cargo do Estado haviam criado<br />

uma fatalidade: não podia haver melhor modelo que o<br />

de um SNS universal, geral e tendencialmente gratuito.<br />

Acresce a pletora de formação de médicos em quantidade<br />

mais do que suficiente para as necessidades e a<br />

quase imperiosidade de lhes dar uma saída profissional,<br />

a par da carência de enfermeiros e técnicos de saúde,<br />

muito abaixo dos valores necessários. Intervenções<br />

que só o Estado poderia facultar; o ambiente social<br />

exigente que considerava o SNS, já proposto em 1974<br />

pelos líderes do movimento militar, como um desiderato<br />

irreprimível; a imediata adesão dos profissionais<br />

que viram no SNS a possibilidade de realização profissional<br />

plena 4 e na função pública o tranquilizante das<br />

suas carreiras e futuras pensões. E, finalmente, mas<br />

não menos importante, o Serviço Médico à Periferia<br />

(SMP) 5 , constituído por um ano de serviço obrigatório<br />

em concelhos do interior, sob a forma de equipas de<br />

jovens médicos disponíveis e interessados em facultar<br />

cuidados de saúde a populações de regiões medicamente<br />

rarefeitas, sofrendo de escassa acessibilidade<br />

<strong>ao</strong>s cuidados de saúde curativos.<br />

Quem paga a saúde dos Portugueses?<br />

A prioridade que os Portugueses, coletivamente organizados,<br />

estiveram dispostos a atribuir à Saúde foi sempre<br />

muito elevada. Não se conhecem protestos pelo<br />

muito que se gasta na Saúde, mesmo quando o dinheiro<br />

não tenha sido bem utilizado, e são frequentes as<br />

queixas sobre o subfinanciamento do SNS. Desde 1978,<br />

os encargos com a saúde são pagos quer pelo Estado,<br />

cobrando impostos <strong>ao</strong>s contribuintes, quer através<br />

de pagamentos antecipados ou posteriores <strong>ao</strong> serviço<br />

prestado, no caso dos seguros e subsistemas. Os<br />

seguros hoje existentes são todos cumulativos com<br />

o SNS, isto é, o segurado não perde o acesso <strong>ao</strong> SNS<br />

pelo facto de subscrever um seguro privado; os subsistemas,<br />

na maioria públicos, foram historicamente<br />

concebidos como complementos sociais para funcionários,<br />

sendo estes também chamados a contribuir parcialmente.<br />

O maior destes subsistemas, o da ADSE,<br />

exclusivo de funcionários, familiares e pensionistas do<br />

Estado, é hoje inteiramente coberto pela contribuição<br />

dos beneficiários na proporção de 3,5% do vencimento<br />

ou pensão 6 . Todavia, qualquer que seja o sistema<br />

ou subsistema, de acordo com o princípio da universalidade,<br />

todos os cidadãos beneficiam de comparticipação<br />

do SNS nos medicamentos adquiridos<br />

em farmácias.<br />

A despesa corrente privada, toda a que não é paga pelo<br />

Estado, tradicionalmente muito elevada em Portugal, flutua<br />

ligeiramente em função das decisões governamentais<br />

de financiar mais ou menos generosamente o SNS.<br />

Quando o Estado restringe o gasto público com a saúde<br />

quase sempre os cidadãos têm que pagar a diferença. }<br />

6 7


GH sns<br />

“<br />

O COMPORTAMENTO<br />

DA DESPESA PÚBLICA<br />

APÓS A CRISE, DE 20<strong>15</strong><br />

PARA 2016, REVELA<br />

AUMENTO DA DESPESA<br />

CORRENTE DO SNS+SRS<br />

EM +3,9%.<br />

”<br />

Ao longo deste século observaram-se atitudes diferentes<br />

no Estado financiador. Independentemente da<br />

boa ou má utilização dos recursos públicos, de 2000<br />

a 2009 a despesa corrente total (pública e privada)<br />

com a saúde cresceu sempre mais do que o PIB, de<br />

8,4% até 9,9% do PIB, excetuando os anos de 2006 a<br />

2008 em que o gasto público foi controlado, levando<br />

o gasto total a reduzir-se para 9,1% do PIB em 2007.<br />

O ano eleitoral de 2009 foi até hoje o ano de mais<br />

elevado gasto corrente total (9,9%). A partir de então<br />

e até <strong>ao</strong>s anos mais recentes, o gasto total em saúde<br />

no PIB baixou, atingindo 9,0% em 2017 7 .<br />

Em 2016 a despesa corrente em saúde foi financiada,<br />

fundamentalmente, pelo SNS e Serviços Regionais de<br />

Saúde (57,0%), e pelas famílias (27,8%). Os subsistemas<br />

de saúde públicos representaram 4,2%, as outras<br />

unidades da administração pública 3,9% e as sociedades<br />

de seguros 3,7%.<br />

É anormalmente elevada a nossa proporção de gastos<br />

privados com a Saúde. Portugal ocupava, nesse ano, o<br />

5<strong>º</strong> lugar entre os Estados-Membros da União Europeia<br />

com o menor financiamento da Saúde pelas administrações<br />

públicas; <strong>ao</strong> invés, a importância relativa das despesas<br />

privadas foi, no mesmo ano, a 7ª mais elevada.<br />

A partir de 2000 passa a ser possível isolar na componente<br />

não-SNS os encargos diretos dos cidadãos<br />

(out of pocket), o que permite identificar o real esforço<br />

das famílias no pagamento dos encargos com a saúde.<br />

Este tem permanecido proporcionalmente estável<br />

8<br />

em relação <strong>ao</strong> gasto total: 27,5% em 2000, 27,0% em<br />

2005 (tendo baixado de 28,1 em 2004) encontrandose<br />

em 27,8%, em 2016. É possível que entre 20<strong>15</strong> e<br />

2017 a parte a cargo das famílias tenha baixado ligeiramente,<br />

uma vez que a parte pública (SNS+SRS) tem<br />

aumentado também ligeiramente: 66,2% em 20<strong>15</strong>,<br />

66,4% em 2016 e 66,6% em 2017.<br />

Quem presta os cuidados de saúde, em Portugal?<br />

Em 2016, no conjunto do SNS e SRS, 53,1% destinavam-se<br />

a hospitalização, 12,2% a cuidados em ambulatório,<br />

13,1% a farmácias, 21,6% a outras despesas<br />

(incluindo convenções). Regista-se <strong>ao</strong> longo dos<br />

últimos quarenta anos, o aumento da importância<br />

relativa da hospitalização, fruto da evolução das tecnologias<br />

e do custo cada vez mais elevado dos novos<br />

medicamentos e de bens médicos, de aplicação quase<br />

exclusiva nos hospitais; a redução do peso relativo dos<br />

medicamentos vendidos em farmácias, fruto do maior<br />

controlo na prescrição, nos preços e do aparecimento<br />

dos genéricos 8 .<br />

O comportamento da despesa pública após a crise,<br />

de 20<strong>15</strong> para 2016, revela aumento da despesa corrente<br />

do SNS+SRS em +3,9%, aumento de +5,2%<br />

do financiamento de hospitais públicos e de +4,2%<br />

a prestadores públicos em ambulatório, tendo a despesa<br />

com farmácias aumentado +0,6%. Para 2017 estima-se<br />

que a despesa do SNS e SRS continue a crescer,<br />

agora 4,1% 9 .<br />

Quanto à forma como as famílias gastam os recursos<br />

que dedicam à saúde, em 2016, elas concentraram<br />

a sua despesa nos prestadores privados (40,8% em<br />

cuidados de ambulatório e 14,3% em hospitais), em<br />

farmácias (24,0%) e bens médicos (10,3%).<br />

Nos últimos anos a despesa corrente das famílias tem<br />

vindo sempre a aumentar, pelo menos desde 2014:<br />

+3,6% de aumento nesse ano, +3,4% em 20<strong>15</strong> e<br />

+4,5% em 2016. As causas desse aumento são atribuídas<br />

a encargos com prestadores privados em ambulatório<br />

(+6,5%) a dispositivos médicos (+4,2%) e a<br />

gastos nas farmácias (+3,0%). Todavia, as estimativas<br />

preliminares para 2017 dão sinal de uma desaceleração<br />

da despesa corrente das famílias com a saúde<br />

(+1,1%).<br />

Terá sido o SNS público sempre bem gerido?<br />

O SNS tem passado por períodos de boa e de menos<br />

boa gestão. É natural que os primeiros anos a seguir<br />

<strong>ao</strong> 25 de Abril sofressem do descontrolo dominante.<br />

Os serviços foram tomados por coletivos de autogestão.<br />

Com a oficialização dos hospitais das Misericórdias,<br />

as camas hospitalares públicas passaram de<br />

Novartis Portugal<br />

Pharmaceuticals<br />

45 para 83%. Dinamizar a política pública de saúde<br />

passava pela existência de unidades hospitalares com<br />

controlo estatal 10 .<br />

Logo após o 25 de Abril, perante o agravamento das<br />

dívidas da Segurança Social que de repente viu esfumada<br />

a sua capitalização, o Estado viu-se obrigado a<br />

canalizar recursos para cobertura das situações deficitárias,<br />

embora sem anular os débitos da Segurança<br />

Social. Segundo a opinião autorizada de Augusto Mantas<br />

11 , <strong>ao</strong> verem-se em situações económicas ótimas,<br />

sem perderem inteiramente de vista a possibilidade<br />

de cobrança de dívidas à Segurança Social, as administrações<br />

hospitalares entraram em alguma euforia 12 .<br />

Os trabalhadores haviam sido aumentados logo em<br />

maio de 1974 para o salário mínimo nacional e com a<br />

entrada em regime de instalação de todos os serviços<br />

com autonomia, as admissões de pessoal foram liberalizadas,<br />

as obras e aquisições mais consentidas e o<br />

controlo financeiro menos apertado e sempre tardio.<br />

A primeira intervenção do Fundo Monetário Internacional,<br />

decidida no segundo governo constitucional<br />

(Mário Soares) viria a criar mecanismos de controlo<br />

financeiro na despesa pública e a fazer baixar em 0,5%<br />

o crescimento da despesa pública em saúde em relação<br />

<strong>ao</strong> crescimento do PIB, entre 1976 e 1978 13 .<br />

Fruto da dificuldade de planear a despesa corrente e<br />

por maioria de razão o próprio investimento, os serviços<br />

de saúde tornam-se extremamente vulneráveis à<br />

indução da procura pela oferta. O que se revela particularmente<br />

visível na tecnologia de diagnóstico, nos<br />

modernos dispositivos médicos e nos medicamentos<br />

alegadamente inovadores. Mas não só a tecnologia insuficientemente<br />

avaliada impele o gasto. A evolução<br />

do crescimento da despesa depende mais de fatores<br />

externos <strong>ao</strong>s serviços prestadores do que de fatores<br />

endógenos resultantes de adequado planeamento. Os<br />

hospitais estão expostos à pressão da despesa, induzida<br />

por regimes remuneratórios que não controlam,<br />

carreiras geridas a nível central, enorme marketing de<br />

consumíveis e de serviços crescentemente adquiridos<br />

<strong>ao</strong> exterior, ritmos de formação de profissionais especializados<br />

e até à pressão das autarquias e demais<br />

poderes locais para investimentos desenquadrados do<br />

planeamento desejável. }<br />

Alterar a prática da medicina<br />

Na Novartis aproveitamos o poder inovativo da ciência para resolver alguns dos mais<br />

desafiadores problemas de saúde na nossa sociedade. Os nossos investigadores trabalham<br />

para ultrapassar as fronteiras da ciência, ampliar a nossa compreensão das doenças<br />

e desenvolver novas terapêuticas em áreas cujas necessidades médicas ainda não foram<br />

resolvidas. Temos paixão em descobrir continuamente novas formas de prolongar<br />

e melhorar a vida dos doentes.<br />

www.novartis.pt<br />

NOV184/11/2017


GH sns<br />

“<br />

NÃO HÁ DINHEIRO A TEMPO<br />

E HORAS PARA UMA GESTÃO<br />

DINÂMICA E CAPACIDADE<br />

NEGOCIAL E PODE HAVER<br />

DINHEIRO MAL GASTO.<br />

”<br />

Quase nunca é possível basear a despesa em programas,<br />

metas e resultados esperados, pois a política da<br />

despesa é quase sempre decidida fora dos loci institucional<br />

e até governamental 14 .<br />

Acresce que, de forma crónica, a decisão política orçamental<br />

sobre a Saúde é fragmentada no tempo <strong>15</strong> .<br />

O momento essencial de decisão raramente coincide<br />

com a discussão e aprovação do Orçamento na<br />

Assembleia da República. O orçamento inicial pouco<br />

tem a ver com o orçamento final e quase nunca coincide<br />

com o gasto real. Orçamentos retificativos, regularizações<br />

do défice e ampliações do capital social dos<br />

hospitais EPE ocorrem em fase adiantada da execução<br />

orçamental. O método tem-se revelado desastroso<br />

para a boa gestão dos hospitais públicos. Não há dinheiro<br />

a tempo e horas para uma gestão dinâmica e<br />

competente capacidade negocial e porventura pode<br />

até haver dinheiro mal gasto ou injustamente atribuído<br />

<strong>ao</strong>s que menos se esforçaram na contenção, penalizando<br />

os mais disciplinados.<br />

Nos tempos mais recentes, a reputação do SNS tem<br />

sido abalada por notícias, reais, exageradas ou ficcionadas,<br />

sobre carências de equipamentos, de pessoal<br />

especializado, de condições para intervenção indispensável.<br />

O clamor contra o que se considera suborçamentação<br />

pública tem vindo a ser explorado até <strong>ao</strong><br />

infinito, por razões nem sempre descontaminadas do<br />

interesse material. Mas não é normal, nem sustentável<br />

por muito tempo, que os reforços pós-orçamento de<br />

2016 tenham atingido quase <strong>15</strong>00 milhões e as dívidas<br />

a mais de 60 dias 300 milhões de euros, o que não<br />

se dissipou em 2017, com reforços pós-orçamento<br />

de 1<strong>15</strong>0 milhões e cerca de 800 milhões de euros de<br />

dívidas por liquidar.<br />

Por que cresceu tanto e tão depressa o setor privado<br />

em Portugal?<br />

O setor privado cresceu sobretudo desde o início do<br />

século. Constituíram-se grandes grupos que construíram<br />

estabelecimentos hospitalares na faixa litoral, em<br />

Lisboa, Porto, Coimbra e Algarve, estando agora a verificar-se<br />

o avanço desse investimento para o interior<br />

(Viseu) e Regiões Autónomas (Funchal). Estas grandes<br />

unidades caracterizam-se por um setor de internamento<br />

relativamente limitado, um número muito elevado<br />

de gabinetes de consulta externa, meios de diagnóstico<br />

e terapêutica modernos e funcionais, e boas condições<br />

para a prática de cirurgia programada ou eletiva (27%<br />

de todas as cirurgias são hoje realizadas no setor privado).<br />

E sobretudo condições hoteleiras em média<br />

superiores às do setor público. No último decénio<br />

disponibilizaram serviços de urgência que passaram a<br />

acolher um grande número de situações correntes,<br />

ainda que de reduzida gravidade. Dispõem de pessoal<br />

médico privativo, pago por salários de nível superior<br />

<strong>ao</strong>s do setor público. Estas unidades celebram acordos<br />

de tratamento com seguradoras e subsistemas, sendo<br />

a ADSE um dos seus grandes clientes.<br />

Em dez anos, entre 2006 e 2016, o número de leitos<br />

privados subiu de 25 para 33% dos leitos totais,<br />

atingindo agora 11.281. Em compensação, os hospitais<br />

públicos (EPE e PPP) reduziram a sua lotação total de<br />

27.531 para 24.056, em declínio constante, à exceção<br />

de uma ligeira subida de 20<strong>15</strong> para 2016 16 . As razões<br />

desta redução são várias: encerramento de grandes<br />

unidades públicas de psiquiatria, devido <strong>ao</strong> movimento<br />

de desinstitucionalização 17 ; continuada redução das<br />

demoras médias de internamento nos hospitais públicos,<br />

fruto do crescimento da cirurgia de ambulatório;<br />

alteração de práticas clínicas; aumento das altas de fim<br />

de semana; e receio de doentes e pessoal perante a<br />

infeção hospitalar.<br />

O crescimento mais visível do setor privado deu-se nas<br />

consultas externas, sobretudo de especialidade e nas<br />

urgências. O setor privado passou de 20,6% para 34%<br />

do total das consultas, ou seja, de 2.591 para 6.597 mil.<br />

Nas urgências, o setor privado em dez anos aumentou<br />

o atendimento de 600 mil a 1,2 milhões, duplicando<br />

a sua produção. Claro que o setor público também<br />

aumentou a sua produção no período, de 10 para 12,8<br />

milhões de consultas e realiza ainda 6,5 milhões de urgências.<br />

Mas sem acompanhar o ritmo do privado.<br />

Nos meios complementares de diagnóstico e tratamento,<br />

o setor público, de produção minoritária há<br />

trinta anos, hoje realiza 90,4% dos exames de patologia<br />

clínica e 76% dos de anatomia patológica; executa 73%<br />

de todos os exames de imagem; na oferta de equipamentos<br />

de diálise, tendo sido minoritário durante anos,<br />

o setor público é hoje dominante (82%); quanto a endoscopias,<br />

realiza apenas 48,5% do total de exames,<br />

sendo a maioria (51,5%) realizada no setor privado.<br />

Esta evolução de um setor público estagnante ou declinante<br />

em importância relativa e de um setor privado<br />

em crescimento sustentado desde há quase vinte anos<br />

tem como reflexo uma lenta modificação dos padrões<br />

de financiamento: tem vindo a ser reduzida a responsabilidade<br />

do Estado, de 58,1% na média dos anos 2000<br />

a 2003, a 57,2% em 2016. Em contrapartida, a responsabilidade<br />

direta das famílias aumentou no mesmo<br />

período, de 23,8 para 27,4%. As explicações para este<br />

processo são certamente várias, mas podem concentrar-se<br />

em duas categorias: deterioração da atratividade<br />

do setor público e maior propensão para as famílias<br />

despenderem do seu bolso recursos que antes não votavam<br />

à saúde e que agora a ela têm que destinar.<br />

Ao longo dos anos da crise e das restrições financeiras<br />

que ela impôs <strong>ao</strong> setor público, muitos profissionais<br />

experientes passaram para o setor privado, outros<br />

reformaram-se antecipadamente e muitos jovens<br />

plenos de energia emigraram para países onde foram<br />

acolhidos com retribuições compensadoras. A crónica<br />

suborçamentação dos hospitais públicos e o seu crescente<br />

endividamento terão deteriorado a qualidade<br />

da gestão, desmoralizado o pessoal, erodindo lentamente<br />

o prestígio do SNS.<br />

Por parte das famílias, as dificuldades de acesso <strong>ao</strong><br />

serviço público e talvez alguma melhoria do rendimento<br />

disponível, a par do aumento da oferta<br />

privada - que passou a praticar preços acessíveis a<br />

segurados e beneficiários de subsistemas - determinaram<br />

um movimento das classes média e média<br />

alta de crescente procura de consultas e serviços<br />

de ambulatório, cirurgia eletiva e até consultas de<br />

urgência não grave, dirigida a unidades de hospitalização<br />

privada.<br />

Qual a razão por que todos desejam manter o SNS?<br />

Os defeitos do SNS não impedem a sua elevada popularidade.<br />

Tanto entre os seus defensores ideológicos<br />

como entre os que de início contra ele se manifestaram.<br />

Os profissionais, mesmo os que de início se opuseram,<br />

como boa parte dos médicos, são hoje seus defensores<br />

declarados. A estabilidade das carreiras, as regras<br />

de relativa objetividade nas progressões, a aprendizagem<br />

e experiência que o serviço público oferece, a<br />

relativa liberdade de escolha de prática <strong>ao</strong> longo da<br />

vida, oscilando entre a dedicação exclusiva e o tempo<br />

parcial, permite-lhes combinar o que de bom tem o<br />

serviço público, com retribuição privada sempre superior<br />

e proporcional <strong>ao</strong> desempenho.<br />

Para os fornecedores de bens e prestadores de serviços<br />

contratados <strong>ao</strong> setor privado, o risco do pagamento<br />

tardio é bem suprido pela estabilidade e garantia da<br />

segurança do crédito. As convenções são acessíveis,<br />

escassamente controladas na qualidade e na faturação.<br />

Os investidores privados têm campo aberto. Não são<br />

limitados por regras de densidade e as que existem<br />

são facilmente ultrapassáveis. O pessoal treinado e<br />

com experiência abunda no SNS, desmotivado pelos<br />

baixos salários e ineficiente gestão. Atrair este pessoal<br />

para o setor privado é tarefa fácil. Motivá-lo com retribuição<br />

superior à do Estado e com incentivos por<br />

desempenho torna-se trivial. Legislação contemporizadora<br />

de conflitos de interesse foi sendo produzida<br />

<strong>ao</strong> longo dos tempos, facilitando migrações.<br />

O SNS tornou-se deste modo um enorme e inesgotável<br />

armazém de recursos, de portas abertas, impossibilitado<br />

pela estreiteza das regras de gestão pública<br />

de competir com um setor privado progressivamente<br />

inteligente, flexível, capaz de oferecer, em muitas áreas<br />

clínicas cuidados de razoável qualidade, e certamente }<br />

dispondo de organização que propicia acolhimento<br />

ameno e reconfortante. }<br />

10 11


GH sns<br />

“<br />

NA ALTERNATIVA REFORMISTA<br />

O SNS É A PEÇA MESTRA<br />

QUE GARANTE OS VALORES<br />

E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS<br />

DA UNIVERSALIDADE,<br />

GENERALIDADE E TENDENCIAL<br />

GRATUITIDADE.<br />

”<br />

Alternativas nas políticas públicas da saúde<br />

Identificamos esquematicamente quatro alternativas<br />

para o futuro do SNS e a sua relação com o setor privado:<br />

a primeira, a que chamaremos mercantil, com<br />

base na suposta capacidade de o mercado poder<br />

fundamentar um sistema de livre escolha; a segunda,<br />

a que chamaremos radical, consistiria em tentar tornar<br />

público todo o sistema; a terceira chamemos-lhe<br />

complacente, consiste em deixar correr tudo como<br />

até aqui, nada fazendo, entregando o futuro do SNS<br />

à tendência de lenta deterioração; a quarta, a alternativa<br />

reformista, consiste em realizar um esforço para<br />

evitar o declínio do SNS, reforçando-o de modo a<br />

recuperar o seu prestígio e consolidar a segurança<br />

que os Portugueses nele reconhecem.<br />

Na alternativa reformista o SNS é a peça mestra<br />

que garante os valores e princípios constitucionais<br />

da universalidade, generalidade e tendencial gratuitidade.<br />

O papel do Estado é simultaneamente o de<br />

principal prestador e exigente regulador do privado<br />

e do social, setores que devem ser vistos como integrando<br />

o sistema público de saúde, <strong>ao</strong> lado do SNS<br />

e complementando-o, como refere a Constituição,<br />

devendo afastar-se qualquer forma de competição<br />

entre os três setores. O SNS deverá ser planeado<br />

através de uma carta de equipamentos de saúde e<br />

não deixado às forças do mercado, pelo que o Estado<br />

terá que simultaneamente planear o investimento<br />

público e o privado, segundo regras de densidade de<br />

cobertura compatíveis com uma distribuição equitativa<br />

do investimento. Não deveria ser aceite investimento<br />

privado que não se baseasse em certificação<br />

de necessidades e não apenas no mercado, dado reconhecer-se<br />

que este tende a induzir procura desigual<br />

e desnecessária. Os certificados de necessidade<br />

seriam propostos pelas autoridades municipais, sob<br />

coordenação regional e decididos pelas autoridades<br />

de saúde. O financiamento da despesa corrente em<br />

saúde será misto, entre o Estado (SNS e SRS), restante<br />

setor público, ADSE, seguros e subsistemas<br />

privados e as famílias, devendo tender sempre para a<br />

redução da excessiva carga que hoje impende sobre<br />

as famílias. Algumas unidades privadas poderão receber<br />

transitoriamente financiamento público pelos<br />

serviços que prestam <strong>ao</strong> SNS, enquanto este não tiver<br />

completado a sua malha de serviços e meios técnicos<br />

especializados. A gestão do SNS está a cargo<br />

de pessoal com estatuto de função pública, a gestão<br />

das unidades privadas obedece às regras próprias de<br />

cada empresa. Todavia, nas parcerias público-privadas,<br />

enquanto se mantiver a gestão clínica privada,<br />

a responsabilidade de gestão das unidades é inteiramente<br />

privada, ainda que contratualizada anualmente<br />

e controlada localmente pelo SNS. O SNS tem de<br />

reunir capacidades para, terminados os períodos de<br />

gestão clínica inicial das parcerias, a substituir por gestão<br />

pública. A terciarização de serviços clínicos deve<br />

ser progressivamente substituída por pessoal recrutado<br />

em regime de contrato de trabalho sem termo.<br />

O pessoal do setor privado manterá o seu regime<br />

contratual próprio. O SNS terá de garantir a todo o<br />

seu pessoal um mínimo legal de formação. O setor<br />

privado manterá total liberdade de recrutar colaboradores<br />

em idade ativa, com experiência e prestígio<br />

profissional adquiridos no setor público, desde que<br />

indemnize o SNS pelos encargos com a formação<br />

pública. O SNS está obrigado a ceder terrenos de<br />

estágio e condições para investigação a cargo das<br />

instituições de ensino superior e laboratórios do Estado,<br />

o setor privado passará a ter idêntica obrigação<br />

pública. O setor privado passará a ter obrigações de<br />

serviço público para abrir e manter serviços de atendimento<br />

permanente e especialidades dispendiosas,<br />

cumprindo regras de densidade de profissionais para<br />

a prática organizada da medicina, enfermagem e outras<br />

profissões de saúde, em condições correspondentes<br />

<strong>ao</strong>s estabelecimentos públicos de dimensão<br />

e funções equiparadas.<br />

Conclusão<br />

O debate sobre o futuro do SNS é um dos mais interessantes<br />

temas de políticas públicas, neste momento.<br />

Muita vida ocorreu nestes quarenta anos. Razões demográficas,<br />

sanitárias, científicas, económicas, culturais<br />

e sociais foram registadas e influenciaram as determinantes<br />

da saúde e naturalmente o sistema construído<br />

para a defender e promover. O SNS de 2020 não<br />

será certamente o de 1980. Muita coisa mudou.<br />

Os especialistas recomendam que as reformas em<br />

setores que tão perto tocam nas pessoas, como é o<br />

caso da Saúde, devam ser realizadas com imenso cuidado.<br />

Não há reformas radicais bem sucedidas, nem<br />

tão pouco se deve deixar passar o tempo das reformas<br />

sem atuar. As boas reformas, aquelas que perduram,<br />

tendem a ser feitas “na margem”, isto é, no<br />

aproveitamento de cada ocasião, insignificante que<br />

seja, para orientar o sistema na direção que maior<br />

sufrágio recolha a prazo. E sobre isso não há dúvidas:<br />

o SNS está bem sufragado quer pelos Portugueses,<br />

quer pelos partidos e forças sociais em que a sociedade<br />

se organiza.<br />

Na alternativa reformista que defendemos, o sistema<br />

pode ser modernizado sem trauma, os seus princípios<br />

e valores, os da Constituição, reforçados e mais bem<br />

garantidos. As reformas propostas não são exclusivas<br />

mas inclusivas, Não destroem os parceiros do SNS,<br />

não corroem o setor público, não rompem com os<br />

sucessos passados. Pelo contrário, elas permitem de<br />

forma transparente e anunciada corrigir o que está<br />

mal e promover as condições que levaram <strong>ao</strong> sucesso<br />

do SNS. São propostas equilibradas, modernas, respeitam<br />

princípios e valores e direitos dos cidadãos<br />

sem esquecer os que dedicaram a sua vida <strong>ao</strong> SNS<br />

e à saúde dos Portugueses. O mercado não é hostilizado,<br />

mas regulado. O Estado não é endeusado,<br />

mas utilizado nas funções estratégicas e reguladoras<br />

que lhe incumbem num estado de direito. Os cidadãos<br />

deverão dispor de voz ativa e poderosa. Aos<br />

profissionais devem ser oferecidas condições que lhes<br />

permitam garantir o respeito da comunidade sempre<br />

que coloquem <strong>ao</strong> serviço dela o seu saber e talento,<br />

o que lhes grangeia uma realização cívica devidamente<br />

recompensada por pagamento ajustado <strong>ao</strong> desempenho.<br />

Se o SNS até hoje sobreviveu e conquistou a<br />

simpatia dos que nele trabalham, se na sua própria génese<br />

os profissionais tiveram um papel de grande relevo,<br />

com o Relatório das Carreiras Médicas de 1966 e<br />

muitas outras decisões exemplares, qualquer reforma<br />

do SNS terá de honrar os que a ele se dedicaram,<br />

facultando condições para melhor e mais qualificado<br />

exercício profissional. Ã<br />

1. Intervenção na Conferência “Financiamento, fórmula para o futuro”,<br />

organizada pela QVIA, ROCHE e APAH, em Lisboa, na Fundação Calouste<br />

Gulbenkian, em 10 de outubro de <strong>2018</strong>.<br />

2. Campos, A. Correia de, Giraldes, M. do Rosário, Theias, M. Margarida<br />

M., e Almeida, M. Odete, Gastos públicos com a saúde em Portugal<br />

(1970-78), Análise Social, vol. XVII (65), 67-104.<br />

3. Sendo Baltazar Rebelo de Sousa ministro das Corporações e da Saúde.<br />

4. Foi assinalável o contributo da profissão médica organizada na respetiva<br />

Ordem para a disseminação do conceito de uma organização integral<br />

da saúde, de natureza pública que explicitamente referiram como<br />

um serviço nacional de saúde (SNS). O movimento que deu origem <strong>ao</strong><br />

Relatório das Carreiras Médicas, aprovado em 1961 mas só divulgado<br />

em 1966, constituiu um fator essencial de divulgação e acolhimento, por<br />

parte da classe médica, dos atributos da universalidade, generalidade e<br />

gratuitidade do SNS.<br />

5. O SMP foi criado em 1975 pela Direção Geral de Saúde, sendo em<br />

grande parte administrado <strong>ao</strong> nível distrital e local, tendo os sucessivos<br />

cursos médicos em autogestão, um papel importante na distribuição<br />

dos clínicos pelo País. Ao longo de meia dúzia de anos, o efeito do SMP<br />

foi duplo: prestou cuidados modernos a uma população negligenciada<br />

e familiarizou os futuros clínicos com a realidade social e económica do<br />

País interior, tendo efeitos visíveis no aumento imediato da procurautilização<br />

de cuidados e na melhoria dos indicadores mais relevantes de<br />

ganhos em saúde.<br />

6. As perspetivas de sustentabilidade financeira da ADSE são muito<br />

reduzidas. À data em que escrevemos, outono de <strong>2018</strong>, admite-se a<br />

possibilidade de o auto-financiamento da ADSE ser insuficiente para o<br />

ritmo de acréscimo de despesa, já a partir de 2019.<br />

7. INE, Conta Satélite da Saúde, 28.06.<strong>2018</strong>.<br />

8. A redução do peso relativo do ambulatório terá a ver com a separação<br />

contabilística dos encargos com convenções, antes incluídas em<br />

“outras despesas”.<br />

9. INE, Conta Satélite da Saúde, 26.06.<strong>2018</strong>.<br />

10. Campos, A. Correia de, Saúde, o custo de um valor sem preço, Ed. Port.<br />

Liv. Técnicos e Científicos, Lisboa, 1983.<br />

11. Campos, A. C. e Simões, J., (coord.), 40 anos de Abril na Saúde, Almedina,<br />

p. 38. Augusto Mantas foi <strong>ao</strong> longo de quase duas décadas o gestor<br />

financeiro do sistema público de saúde em Portugal, tendo ocupado os<br />

cargos de inspetor superior de gestão hospitalar, diretor-geral dos hospitais<br />

e presidente do Instituto de <strong>Gestão</strong> Financeira da Saúde.<br />

12. Campos, A. Correia de, Saúde, o custo de um valor sem preço, Ed. Port.<br />

Liv. Técnicos e Científicos, Lisboa, 1983.<br />

13. Campos, A. Correia de, La Santé et les Politiques Economiques.<br />

Le cas récent du Portugal, Journal d’Economie Médicale, 1984, T.2, n<strong>º</strong>2<br />

– 107-124.<br />

14. Campos, A. Correia de e Ramos, F., Contas e Ganhos na Saúde em<br />

Portugal. Dez anos de percurso, Desafios para Portugal: Seminários da<br />

Presidência da República: Casa das Letras, 2005, (<strong>15</strong>9-223).<br />

<strong>15</strong>. Campos, A. Correia de e Ramos, F., Contas e Ganhos na Saúde em<br />

Portugal. Dez anos de percurso, Desafios para Portugal: Seminários da<br />

Presidência da República: Casa das Letras, 2005, (<strong>15</strong>9-223).<br />

16. V. para toda esta seção, INE Destaque, Dia Mundial da Saúde, 7 de<br />

Abril, <strong>2018</strong>.<br />

17. Em compensação, os doentes crónicos são acolhidos no setor privado,<br />

em congregações religiosas de há muito para tal vocacionadas, praticado<br />

demoras médias de internamento muito mais longas (182 dias) que<br />

as do setor público (24,1 dias).<br />

12 13


GH FINANCIAMENTO<br />

3F FINANCIAMENTO,<br />

FÓRMULA PARA<br />

O FUTURO<br />

'<br />

sença em entidades governamentais, instituições<br />

hospitalares, universidades, indústria farmacêutica,<br />

ordens profissionais e associações de doentes foram<br />

convidados a participar nesta discussão.<br />

Destas sessões de trabalho resultaram 10 recomendações<br />

essenciais para a melhoria do modelo de organização<br />

e de financiamento do Serviço Nacional de Saúde. Resultaram<br />

igualmente 90 iniciativas que possuem diferentes<br />

âmbitos de intervenção como a gestão integrada<br />

da doença, a educação para a saúde, a informatização,<br />

os registos e resultados, os profissionais de saúde,<br />

a gestão hospitalar e o sistema de saúde, que por<br />

sua vez podem ser agrupadas em quatro dimensões:<br />

Resultados em Saúde, Integração de Cuidados, <strong>Gestão</strong><br />

da Doença e Prevenção e Promoção da Saúde.<br />

Os últimos anos têm sido marcados<br />

por uma forte diminuição da despesa<br />

em saúde. A redução da despesa<br />

corrente, apoiada num decréscimo<br />

das verbas provenientes<br />

do orçamento de estado e em parte amenizada pelo<br />

aumento das contribuições das famílias, resultou num<br />

sistema de saúde suborçamentado.<br />

Estas medidas de restrição económica limitaram a gestão<br />

das unidades de prestação de cuidados de saúde<br />

em Portugal, o que, cumulativamente com as ineficiências<br />

de organização da rede de cuidados, revelam<br />

uma assimetria no acesso <strong>ao</strong>s cuidados de saúde e<br />

colocam em causa a qualidade da prestação e a sustentabilidade<br />

do sistema. Dada a evolução demográfica<br />

da população e o custo com as novas tecnologias<br />

e inovação, a despesa em saúde será progressivamente<br />

maior, pelo que se torna premente identificar<br />

soluções que permitam responder <strong>ao</strong>s desafios do<br />

presente com os olhos postos no futuro.<br />

O Projeto 3F - Financiamento, Fórmula para o Futuro<br />

é uma iniciativa da Associação Portuguesa de<br />

Administradores <strong>Hospitalar</strong>es que nasce da necessidade<br />

de repensar o modelo de financiamento enquanto<br />

ferramenta fundamental na modelação do<br />

sistema de saúde.<br />

Esta iniciativa desenvolveu-se em três fases sequenciais,<br />

com início em junho de 2017, e contou com<br />

a participação de diferentes especialistas na área da<br />

saúde. O objetivo passou por reconhecer os principais<br />

obstáculos que afetam o financiamento dos<br />

hospitais do Serviço Nacional de Saúde, identificar<br />

ineficiências na rede de prestação de cuidados e desenvolver<br />

possíveis soluções que permitam a melho-<br />

ria e evolução do modelo de prestação de cuidados<br />

de saúde em Portugal.<br />

Análise do sistema de saúde português<br />

Numa primeira fase foi realizada uma análise do sistema<br />

de saúde português, com foco no seu modelo<br />

de organização e financiamento.<br />

De seguida, e após uma análise quantitativa e qualitativa<br />

dos países europeus, foram selecionados onze<br />

países para um estudo mais detalhado, tendo por base<br />

a organização do seu sistema de saúde e o seu modelo<br />

de financiamento.<br />

Este estudo relevou-se de essencial importância na identificação<br />

de boas práticas que pudessem constituir soluções<br />

<strong>ao</strong>s problemas atuais do sistema de saúde português<br />

e que foram transportados para as sessões de trabalho<br />

de discussão do modelo de financiamento.<br />

Discussão do modelo de financiamento<br />

A análise <strong>ao</strong> sistema de saúde português e a sua<br />

comparação com o modelo de organização e financiamento<br />

dos demais países europeus permitiu a<br />

identificação de três pilares fundamentais que constituíram<br />

a base da discussão.<br />

O Acesso, os Resultados em Saúde e a Sustentabilidade<br />

foram então os temas que deram o mote<br />

às sessões de trabalho, realizadas num formato que<br />

incentivasse a partilha de opiniões e experiências e a<br />

construção de possíveis soluções.<br />

Diferentes especialistas do setor da saúde com pre-<br />

Resultados em Saúde<br />

Integração de Cuidados<br />

<strong>Gestão</strong> da Doença<br />

Prevenção e Promoção<br />

da Saúde<br />

Desenvolvimento dos projetos-piloto<br />

As iniciativas resultantes da fase anterior permitiram a<br />

estruturação de dois projetos-piloto que foram posteriormente<br />

discutidos em sessões de trabalho e se encontram<br />

agora na sua fase de implementação.<br />

Projeto-piloto FAROL: Implementação de um modelo<br />

de financiamento baseado na medição de indicadores<br />

clínicos e não clínicos e na gestão integrada da<br />

doença no tratamento do cancro do pulmão no<br />

IPO Porto.<br />

O projeto-piloto FAROL, com foco nos Resultados<br />

em Saúde e na <strong>Gestão</strong> Integrada da Doença, consiste<br />

no desenvolvimento de um modelo de financiamento<br />

centrado na medição de resultados com<br />

incentivos associados à qualidade.<br />

Este projeto-piloto está a ser desenvolvido no IPO<br />

Porto no âmbito da patologia do cancro do pulmão<br />

e permitirá medir os resultados em saúde (clínicos<br />

e relativos à experiência do doente) <strong>ao</strong> longo de<br />

todo o percurso do doente e determinar o custo<br />

real de tratamento. Com este projeto-piloto serão<br />

dados os primeiros passos para a implementação do<br />

modelo de Value-Based Healthcare em Portugal.<br />

Com o projeto-piloto FAROL será possível determinar<br />

a qualidade assistencial, comparar o custo real de<br />

tratamento do doente com Cancro do Pulmão com }<br />

14 <strong>15</strong>


GH FINANCIAMENTO<br />

Quadro1: Projeto-piloto FAROL: Implementação de um modelo de financiamento baseado na avaliação do custo real de tratamento com incentivos associados à qualidade assistencial.<br />

Quadro 2: Projeto-piloto POLARIS: Implementação de um modelo de financiamento baseado na capitação com o desenvolvimento de iniciativas destinadas à prevenção da doença<br />

e à promoção da saúde na área de influência do CHTMAD.<br />

o preço compreensivo atribuído pela ACSS e testar<br />

diferentes modelos de incentivos que premeiem as<br />

instituições que apresentem melhores resultados.<br />

Projeto-piloto POLARIS: implementação de um modelo<br />

de financiamento de base populacional focado na<br />

integração de cuidados e na prevenção da doença e<br />

promoção da saúde.<br />

O projeto-piloto POLARIS foca-se na Integração<br />

de Cuidados e na Prevenção da Doença e Promoção<br />

da Saúde no Centro <strong>Hospitalar</strong> de Trás-os-<br />

Montes e Alto Douro (CHTMAD). Serão desenvolvidas<br />

quatro iniciativas essenciais para a gestão<br />

coordenada entre Cuidados de Saúde Primários e<br />

Secundários, com impacto <strong>ao</strong> nível do acesso <strong>ao</strong>s<br />

serviços de saúde, na governação das instituições e<br />

na proximidade <strong>ao</strong> cidadão.<br />

Através do POLARIS será possível testar um modelo<br />

de financiamento de base populacional, que<br />

será comparado com os atuais orçamentos (baseados<br />

em capitação e em atividade) das unidades<br />

de Cuidados de Saúde Primários e Secundários na<br />

área de influência do CHTMAD. Neste âmbito<br />

serão identificados os custos de estrutura do<br />

CHMAD, de modo a discriminar os custos fixos<br />

dos custos relativos à atividde e determinar o valor<br />

de capitação adequado tendo em conta o contexto<br />

da instituição.<br />

Próximos passos<br />

Os projetos-pilotos estruturados encontram-se<br />

agora na sua fase de implementação. Estes materializam<br />

o objetivo primordial do Projeto 3F – Financiamento,<br />

Fórmula para o Futuro: o desenvolvimento,<br />

implementação e avaliação de diferentes modelos<br />

de organização e de financiamento com valor para<br />

o doente, para os profissionais e para o sistema de<br />

saúde com possível replicação nos restantes hospitais<br />

portugueses.<br />

O 3F é uma iniciativa da APAH, Associação Portuguesa<br />

de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es, com o apoio<br />

da Roche e desenvolvimento da IQVIA.<br />

10 recomendações do Projeto 3F:<br />

1. Reforço do Papel dos Cuidados de Saúde Primários<br />

O desenvolvimento de novas competências <strong>ao</strong> nível<br />

dos Cuidados de Saúde Primários é preponderante<br />

para reforçar o seu papel como primeira linha de<br />

resposta do Serviço Nacional de Saúde e contribuirá<br />

para uma utilização mais racional dos serviços e<br />

um melhor acompanhamento do doente.<br />

2. Interligação dos Cuidados de Saúde Primários, Cuidados<br />

de Saúde Secundários e Cuidados Continuados<br />

A definição de estratégias e objetivos transversais<br />

a todos os níveis de prestação de cuidados, privilegiando<br />

uma colaboração ativa, uma decisão conjunta<br />

e uma partilha adequada de recursos são fundamentais<br />

para tornar o doente a unidade-resultado<br />

do sistema de saúde.<br />

3. Desenvolver a Rede de Suporte <strong>ao</strong> Doente<br />

A existência de uma estrutura de suporte <strong>ao</strong> doente<br />

na comunidade que consagre em si uma intervenção<br />

clínica e não clínica é fundamental para garantir<br />

a adequada gestão da doença e a eficiência do sistema<br />

de saúde.<br />

4. Promover o Papel dos Cidadãos no Sistema de Saúde<br />

O cidadão é o elemento central da prestação de<br />

cuidados. Enquanto beneficiário de cuidados de<br />

saúde, deve estar capacitado a gerir a sua própria<br />

doença; enquanto contribuinte deve possuir o conhecimento<br />

necessário para desempenhar um papel<br />

ativo como agente da mudança na melhoria do<br />

sistema de saúde.<br />

5. Sistemas de Informação como Suporte à <strong>Gestão</strong><br />

e à Prática Clínica<br />

A interoperabilidade entre os sistemas de informação<br />

é essencial para garantir a centralização da<br />

“<br />

informação e tornar possível a comparação entre<br />

instituições e a melhoria da prática clínica.<br />

6. Medição de Resultados como Motor da Melhoria<br />

dos Cuidados Prestados<br />

A introdução da medição de resultados, centrados e<br />

valorizados pelo doente, com a participação de todos<br />

os intervenientes da cadeia de valor das instituições<br />

de saúde revela-se indispensável para compreender<br />

É O RESULTADO DA<br />

a qualidade e eficiência dos serviços prestados.<br />

7. Transparência & Benchmarking entre Instituições<br />

A disponibilização de informação relativa <strong>ao</strong> desempenho<br />

das instituições e à qualidade dos serviços<br />

COLABORAÇÃO<br />

prestados é indispensável para a responsável e consciente<br />

decisão do cidadão na escolha por determinada<br />

instituição hospitalar.<br />

8. Autonomia e Responsabilização da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong><br />

A adoção de uma gestão hospitalar e uma prestação<br />

de cuidados de saúde menos dependente de<br />

processos administrativos é imperativa, privilegiando<br />

a autonomia e a responsabilização dos gestores hospitalares<br />

pelos resultados obtidos. Estas medidas são<br />

vitais para garantir a qualidade e eficiência da rede<br />

de cuidados de saúde.<br />

9. Um Novo Modelo de Alocação de Recursos Financeiros<br />

para a Saúde<br />

O desenvolvimento de um modelo de financiamento<br />

vertical e integrado, com definição de objetivos<br />

comuns <strong>ao</strong>s diferentes níveis de prestação de cuidados,<br />

assente na medição de resultados, com a va-<br />

A TORNAR A SAÚDE<br />

lorização da participação do cidadão e o incentivo UMA PRIORIDADE.<br />

às melhores práticas em saúde é fundamental para<br />

”<br />

responder <strong>ao</strong>s desafios da saúde.<br />

10. Confiança no Sistema de Saúde<br />

É fundamental implementar o diálogo e a confiança<br />

entre os diferentes ministérios e organizações associadas<br />

à saúde. Apenas com um trabalho conjunto https://apah.pt/<br />

Mais informações em:<br />

de todos os parceiros políticos, sociais e económicos<br />

Reportagem Fotográfica:<br />

será possível tornar a saúde uma prioridade. Ã https://justnews.pt/<br />

3F – FINANCIAMENTO,<br />

FÓRMULA PARA O FUTURO<br />

DE DIFERENTES ESPECIALISTAS<br />

E ENTIDADES DO SETOR,<br />

ACREDITANDO QUE APENAS<br />

COM UM OLHAR ATENTO<br />

SOBRE A SAÚDE E UM FORTE<br />

COMPROMISSO ENTRE TODAS<br />

AS PARTES SE VOLTARÁ<br />

16 17


GH iniciativa apah<br />

PRÉMIO HEALTHCARE<br />

EXCELLENCE <strong>2018</strong><br />

DISTINGUIU PROJETOS<br />

INOVADORES EM SAÚDE<br />

Margarida França<br />

Presidente do Júri do Prémio<br />

Healthcare Excellence<br />

A<br />

iniciativa Healthcare Excellence, que<br />

a Associação Portuguesa de Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es (APAH)<br />

promove desde 2014 em parceria<br />

com a biofarmacêutica AbbVie, visa<br />

premiar as iniciativas e as boas práticas de gestão de<br />

serviços de saúde implementadas durante o ano anterior.<br />

Ao longo destes anos a adesão <strong>ao</strong> Prémio tem<br />

sido crescente, com um grande número de projetos<br />

candidatos que evidenciam claramente a dinâmica e a<br />

qualidade do trabalho que todos os dias é desenvolvido<br />

nas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS).<br />

Projetos que procuram superar limites, que revelam ser<br />

verdadeiros casos de sucesso com ganhos relevantes<br />

para os doentes. São, muitas vezes, ideias aparentemente<br />

simples, fáceis de implementar, que exigem pouco ou<br />

nenhum investimento financeiro, mas que geram um<br />

elevado retorno quer para a sustentabilidade do SNS,<br />

quer para o bem-estar dos doentes e das suas famílias.<br />

Falamos, por exemplo, de práticas implementadas nas<br />

unidades de saúde que possibilitaram diminuir o tempo<br />

médio de internamento após cirurgias, acelerar o<br />

processo de reabilitação de doentes vítimas de AVC<br />

e EAM ou facilitar o acesso <strong>ao</strong>s serviços de saúde dos<br />

utentes através das plataformas digitais. Temos consciência<br />

de que frequentemente os problemas são<br />

comuns às várias unidades de saúde o que concorre<br />

também para um dos objetivos do Healthcare Excellence,<br />

designadamente reconhecer, premiar e replicar<br />

boas práticas. Este é o desafio que queremos fazer a<br />

todos os gestores de serviços de saúde: que olhem<br />

para os bons exemplos que temos em Portugal e<br />

promovam a sua adoção e adaptação nas suas instituições.<br />

O Healthcare Excellence assume-se assim como<br />

um ponto de partida para a criação de um verdadeiro<br />

network das várias instituições do SNS para a partilha de<br />

boas práticas e das suas estratégias de implementação.<br />

A edição <strong>2018</strong> do Prémio Healthcare Excellence recebeu<br />

um total de 16 candidaturas, provenientes de instituições<br />

de saúde de norte a sul do país, de entre as quais foram<br />

selecionadas pelo Júri 6 candidaturas para apresentação<br />

pública na Reunião Final do Prémio Healthcare Excellence<br />

<strong>2018</strong>, que decorreu no passado dia 19 de outubro,<br />

na Secção Regional <strong>Norte</strong> da Ordem dos Médicos<br />

no Porto. Entre os finalistas estiveram projetos do Centro<br />

<strong>Hospitalar</strong> de Lisboa Central + Agrupamento de<br />

Centros de Saúde (ACeS) Lisboa Central, do Hospital<br />

Garcia de Orta + ACeS Almada Seixal, do Instituto<br />

Português de Oncologia do Porto, do Centro <strong>Hospitalar</strong><br />

da Cova da Beira, da Unidade Local de Saúde do<br />

<strong>Norte</strong> Alentejano e do Instituto Nacional de Emergência<br />

Médica (INEM).<br />

A avaliação dos projetos, que teve como critérios a<br />

inovação e a replicabilidade, esteve a cargo do Júri presidido<br />

por mim e constituído por Delfim Rodrigues (administrador<br />

hospitalar do Hospital Senhora da Oliveira<br />

Guimarães, E.P.E.), Sofia Mariz (administradora hospitalar<br />

da Administração Central do Sistema de Saúde,<br />

I.P.) e Dulce Salzedas (jornalista da SIC).<br />

INEM, IP vence Prémio Healthcare Excellence <strong>2018</strong><br />

com Projeto “Via Verde Reanimação”<br />

O projeto “Via Verde Reanimação” apresentado pelo<br />

INEM, foi o grande vencedor da 5ª edição do Prémio<br />

Healthcare Excellence. A “Via Verde Reanimação” começou<br />

como projeto-piloto em 2016, no Centro<br />

<strong>Hospitalar</strong> de São João, no Porto, e tem como principal<br />

objetivo aumentar o número de vidas salvas em<br />

situações de paragem cardiorrespiratória. Não sendo<br />

possível recuperar a vida, o projeto possibilita a preservação<br />

de órgãos para transplante.<br />

Coube <strong>ao</strong> INEM participar na definição dos circuitos,<br />

nomeadamente na referenciação dos doentes em paragem<br />

cardiorrespiratória, disponibilizar compressores<br />

cardíacos externos nas viaturas médicas de reanimação<br />

(VMER) e garantir a formação dos profissionais<br />

médicos e enfermeiros que tripulam as VMER e dos<br />

médicos dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes<br />

(CODU).<br />

Num ano de projeto-piloto, de 36 casos de paragem<br />

cardiorrespiratória encaminhadas pelo INEM, foram<br />

recuperadas 4 vidas, feitas 44 doações e realizados 33<br />

transplantes renais. Números que superaram largamente<br />

a expectativa inicial do projeto.<br />

Depois do sucesso do projeto-piloto, foi já aplicada a<br />

mesma metodologia na região da grande Lisboa, envolvendo<br />

dois centros hospitalares e está prevista a<br />

implementação do projeto no Centro <strong>Hospitalar</strong><br />

Universitário de Coimbra. Em <strong>2018</strong>, tendo em mente<br />

a expansão nacional da “Via Verde Reanimação”, o<br />

INEM investiu igualmente na aquisição de compressores<br />

para a totalidade dos meios SAV em Portugal Continental<br />

(42 VMER e 4 helicópteros) e na formação dos<br />

operacionais das VMER, SHEM e médicos do CODU.<br />

Devido à elevada qualidade dos trabalhos finalistas<br />

da 5.ª edição do Prémio Healthcare Excellence, o Júri<br />

decidiu ainda atribuir duas menções honrosas.<br />

A primeira menção honrosa foi para o projeto “Utilizadores<br />

Frequentes do Serviço de Urgência do Hospital<br />

Garcia de Orta” da autoria do Hospital Garcia<br />

de Orta e do ACeS Almada-Seixal. Este projeto baseia-se<br />

na implementação de um plano de intervenção<br />

integrado e articulado entre instituições para redução<br />

do número de episódios de utilizadores muito<br />

Vencedor Prémio Healthcare<br />

Excellence <strong>2018</strong><br />

“Via Verde Reanimação”<br />

Instituto Nacional de Emergência Médica, I.P. (INEM)<br />

1.ª Menção Honrosa<br />

“Utilizadores Frequentes do Serviço de Urgência do<br />

Hospital Garcia de Orta”<br />

Hospital Garcia de Orta, E.P.E. e Agrupamento<br />

Centros de Saúde Almada-Seixal<br />

2.ª Menção Honrosa<br />

“Telemonitorização de doentes com insuficiência<br />

cardíaca crónica”<br />

Centro <strong>Hospitalar</strong> da Cova da Beira, E.P.E.<br />

frequentes das urgências hospitalares (utentes que<br />

realizam mais de 10 episódios em 12 meses).<br />

Houve ainda lugar à atribuição de uma segunda menção<br />

honrosa para o Centro <strong>Hospitalar</strong> da Cova da Beira,<br />

pelo projeto desenvolvido de “Telemonitorização de<br />

doentes com insuficiência cardíaca crónica (ICC)”. Este<br />

projeto consiste num sistema inovador de acompanhamento<br />

remoto de utentes com suporte a tecnologia de<br />

comunicação digital e a dispositivos de medição de parâmetros<br />

vitais, com o objetivo principal de monitorizar<br />

e melhorar a qualidade de vida dos doentes com ICC.<br />

Com a implementação deste projeto tem sido possível<br />

contribuir para a deteção precoce de episódios de descompensação,<br />

diminuir e prevenir hospitalizações, bem<br />

como reduzir custos através da diminuição de episódios<br />

de urgência, internamentos e consultas presenciais.<br />

Por último, cumpre realçar a elevada adesão à iniciativa<br />

Healthcare Excellence e a qualidade dos projetos<br />

apresentados, demonstrativos da dinâmica e<br />

da enorme capacidade das instituições do SNS se<br />

reinventarem, procurando soluções alternativas de<br />

organização do trabalho e respostas inovadoras para<br />

melhoria da qualidade dos serviços prestados.<br />

Esperamos que as iniciativas apresentadas sirvam de<br />

inspiração e que motivem outras instituições de saúde<br />

a replicar os projetos premiados. A excelência, a<br />

qualidade e a inovação na gestão da saúde em Portugal<br />

existem e o Prémio Healthcare Excellence constitui<br />

um excelente meio de as evidenciar e divulgar. Ã<br />

Mais informações em:<br />

http://apah.pt/eventos/premio-healthcare-excellence/<br />

18 19


'<br />

GH VIA VERDE REAnImAÇÃO INEM<br />

UNIR ESFORÇOS<br />

PARA SALVAR VIDAS<br />

Raquel Ramos<br />

Anestesista do Hospital de Cascais,<br />

Responsável do Departamento de Emergência Médica do INEM<br />

Filipa Barros<br />

Internista, Intensivista do Hospital de Cascais,<br />

Departamento de Emergência Médica do INEM<br />

A<br />

paragem cardiorrespiratória (PCR)<br />

afeta milhões de pessoas em todo<br />

o mundo. Em Portugal, só em<br />

2017, foram registadas <strong>15</strong>.700 destas<br />

emergências médicas. Pela sua<br />

gravidade e imprevisibilidade, trata-se de um evento<br />

que tem um forte impacto clínico. Dado que a<br />

maioria das PCR ocorre fora do hospital, a resposta<br />

envolve vários atores em torno de um objetivo comum:<br />

salvar vidas.<br />

Em resposta às situações de PCR o INEM tem investido<br />

em várias frentes, como por exemplo na<br />

formação em suporte básico de vida, dinamizando<br />

a formação nas escolas e em eventos de masstraining<br />

e promovendo a existência de desfibrilhadores<br />

automáticos externos (DAE) em locais de<br />

acesso público. Tem promovido também a formação<br />

em suporte avançado de vida das equipas de<br />

emergência, equipando os meios Suporte Imediato<br />

de Vida (SIV) e Suporte Avançado de Vida (SAV)<br />

com recursos equiparáveis <strong>ao</strong>s que existem numa<br />

sala de emergência hospitalar.<br />

Ao longo dos anos têm-se igualmente acompanhado a<br />

evolução do conhecimento em ressuscitação cardiorrespiratória.<br />

Nesse sentido tem-se adaptado toda a<br />

formação e a prática às atualizações internacionais.<br />

Em 20<strong>15</strong> o European Ressuscitation Council1 1 e a<br />

American Heart Association 2 publicaram orientações<br />

sobre a utilização de ECMO-VA (Extracorporeal<br />

Membrane Oxygenation Veno-Arterial) na PCR, com<br />

resultados favoráveis em situações especificas 3 . Este<br />

procedimento é denominado como E-CPR (Extracorporeal<br />

cardiopulmonar ressuscitation) traduzível<br />

para português como ressuscitação cardiopulmonar<br />

extracorpórea e tem sido defendido em múltiplas<br />

publicações internacionais 4, 5 .<br />

Foi neste contexto que o INEM, assumindo o compromisso<br />

de salvar vidas, se aliou <strong>ao</strong> Ministério da<br />

Saúde (MS), Instituto Português do Sangue e da<br />

Transplantação (IPST) e Unidades de Saúde para<br />

realizar melhor ressuscitação cardiopulmonar. O<br />

objetivo é possibilitar a sobrevivência de alguns dos<br />

candidatos a E-CPR 6 e dignificar a morte dos restantes<br />

7 , na continuidade da vida através do aumento<br />

de órgãos disponíveis à doação.<br />

No entanto, a Via Verde Reanimação, só pôde ser<br />

desenvolvida em Portugal após a publicação do<br />

despacho n<strong>º</strong> 14341/2013, de 6 de novembro, que<br />

permitiu a colheita de órgãos em dadores em paragem<br />

cardiocirculatória. Foi assim criado o ambiente<br />

legislativo nacional que permitiu o desenvolvimento<br />

deste projeto 8 .<br />

Na impossibilidade de ter um médico junto a cada<br />

cidadão, o INEM tem investido esforços para garantir<br />

uma resposta imediata (SBV, DAE), sequencial<br />

(SIV e SAV) até um patamar de excelência (encaminhamento<br />

para ECMO-VA potenciais candidatos),<br />

salvando vidas.<br />

Nesta sequência e face à vontade de introduzir o<br />

E-CPR em Portugal, foi definido um plano de implementação<br />

não descurando a otimização do binómio<br />

custo/benefício envolvendo o INEM, Centro <strong>Hospitalar</strong><br />

de São João (CHSJ), MS e o IPST. O INEM assumiu<br />

neste projeto um importante papel na definição<br />

dos circuitos, na disponibilização dos compressores<br />

mecânicos, garantindo a formação dos operacionais,<br />

monitorizando e avaliando resultados.<br />

Este plano incluía também a realização de um projetopiloto<br />

que permitisse analisar a capacidade das diferentes<br />

entidades de responder adequadamente <strong>ao</strong><br />

solicitado, auditar e otimizar circuitos. Tal foi fundamental<br />

para a validade e sustentabilidade do projeto.<br />

Utilizando uma metodologia de melhoria contínua,<br />

foram definidas as seguintes etapas:<br />

1. Após o despacho n<strong>º</strong> 14341/2013 publicado em<br />

Diário da República, de 6 de novembro de 2013 9 ,<br />

que versa sobre colheita de órgãos e transplantação,<br />

ocorreram reuniões com o MS e o IPST para<br />

definição de procedimentos e circuitos. Este trabalho<br />

ficou vertido no documento “Operacionalização<br />

do Programa de Colheita de Órgão em Paragem<br />

Cardiocirculatória” 10 a 23 de dezembro de<br />

2014 no qual o INEM I.P. assume papel de relevo no<br />

âmbito das suas competências.<br />

2. Definição do projeto-piloto com a elaboração e<br />

aprovação de documento enquadrador de melhoria<br />

de resposta a PCR e maximização de colheita<br />

de órgãos em dador em paragem cardiocirculatória<br />

- Documento de consenso “Paragem Cardiorespiratória<br />

refratária e colheita em dador em paragem<br />

Cardiocirculatória não controlada” 11 , datado de 26<br />

de agosto de 2016. }<br />

20 21


'<br />

GH VIA VERDE REAnImAÇÃO INEM<br />

Ciclo PDCA Atividade Entidade Responsável Datas<br />

PLAN<br />

Elaboração e aprovação de documento enquadrador<br />

IPST<br />

31/08/2016<br />

de melhoria de resposta a PCR e de maxi-<br />

mização de colheita de órgãos em DPCC<br />

CHSJ<br />

INEM<br />

Ministério da Saúde<br />

(SEAS)<br />

PLAN<br />

Aquisição de dispositivos médicos de compressão<br />

cardíaca mecânica<br />

INEM <strong>15</strong>/09/2016<br />

PLAN<br />

Formação sobre fluxograma de atuação e utilização<br />

de dispositivos médicos de compressão cardíaca<br />

mecânica das equipas de emergência médica<br />

pré-hospitalar<br />

3. Aquisição de dispositivos médicos de compressão<br />

cardíaca mecânica pelo INEM.<br />

4. Formação sobre fluxograma de atuação e utilização<br />

de dispositivos médicos de compressão cardíaca<br />

mecânica das equipas de emergência médica<br />

pré-hospitalar.<br />

5. Inicio de atividade de projeto-piloto envolvendo<br />

o INEM, IPST e o CHSJ.<br />

6. Reunião de monitorização de atividade/indicadores<br />

entre o INEM, IPST e o CHSJ.<br />

7. Expansão da atividade a nível nacional, sustentada<br />

no despacho n<strong>º</strong> 6669/2017 n<strong>º</strong>1 alínea e) 12 em que<br />

são reconhecidos pelo Ministério da Saúde os centros<br />

de referência em ECMO.<br />

O projeto-piloto Região <strong>Norte</strong><br />

Sabendo que a maioria das PCR potencialmente elegíveis<br />

para E-CPR ocorrem fora das unidades hospitalares,<br />

o papel do INEM é preponderante na identificação<br />

das mesmas. Sequencialmente é necessário<br />

manter estes doentes sob compressões torácicas<br />

mecânicas até à sala de reanimação hospitalar.<br />

Assim, o projeto-piloto iniciado na região <strong>Norte</strong> foi<br />

desenvolvido em torno do centro de ECMO do<br />

Hospital de São João, dado o CHSJ dispor de programa<br />

de ECMO e suporte circulatório mecânico<br />

CHSJ<br />

INEM<br />

DO Inicio de atividade do projeto-piloto CHSJ<br />

INEM<br />

IPST<br />

CHECK Reunião de monitorização de atividade/indicadores CHSJ<br />

INEM<br />

IPST<br />

ACT Expansão da atividade a nível nacional Ministério da Saúde<br />

(SEAS)<br />

INEM<br />

IPST<br />

CHSJ<br />

4/10/2016<br />

7/10/2016<br />

3/10/2017<br />

Inicio a 13/10/2017<br />

de curta duração. Desde 20<strong>15</strong> que este Hospital<br />

tem uma equipa dedicada para implementação<br />

emergente e resgate com ECMO 24 horas por dia,<br />

sete dias na semana.<br />

Identificado o CHSJ como capacitado para rececionar<br />

os doentes potencialmente elegíveis para<br />

E-CPR, foram identificadas quatro Viaturas Médicas<br />

de Emergência e Reanimação (VMER), cuja área de<br />

atuação se encontra enquadrada no critério tempo/<br />

distância relativamente à sala de emergência do CHSJ,<br />

nomeadamente VMER do CHSJ, do Centro <strong>Hospitalar</strong><br />

do Porto, do Centro <strong>Hospitalar</strong> de Vila Nova<br />

de Gaia/Espinho (CHVNGE) e da Unidade Local de<br />

Saúde de Matosinhos. Este processo requereu a aquisição<br />

de dispositivos de compressão torácica mecânica<br />

pelo INEM, a sua introdução nos meios selecionados<br />

para este projeto-piloto, a respetiva formação<br />

na utilização do dispositivo às equipas supracitadas.<br />

Foi igualmente necessária a operacionalização do<br />

circuito desde a chamada, à identificação da situação<br />

de PCR, acionamento da equipa, identificação<br />

de situação potencialmente elegível para E-CPR<br />

(Via Verde Reanimação) pela equipa no local, informação<br />

transmitida <strong>ao</strong> Centro de Orientação de<br />

Doentes Urgentes (CODU) e consequente aviso<br />

do Hospital com capacidade de ECMO-VA do tempo<br />

de chegada à sala de reanimação. Verificou-se<br />

ainda a necessidade de articulação entre os centros<br />

de ECMO e o IPST no referente <strong>ao</strong> circuito despoletado<br />

pela não elegibilidade dos candidatos para<br />

ECPR, sendo nessa altura identificados outros procedimentos<br />

no âmbito da doação.<br />

No documento de consenso ficaram definidos indicadores<br />

de monitorização da atividade e foram<br />

identificados objetivos:<br />

• Aumento (variação percentual) do número de<br />

doentes em paragem cardiocirculatória refrataria<br />

encaminhados pelas VMER para o CHSJ, de acordo<br />

com o algoritmo definido: o resultado expectável<br />

será de oito casos/ano, o que significa um aumento<br />

de 100% relativamente a 2016.<br />

• Aumento do número de órgãos colhidos em dador<br />

em paragem cardiocirculatória: o resultado-alvo<br />

será de 16 órgãos colhidos/ano; uma vez que<br />

foram colhidos quatro órgãos em nove meses, o<br />

aumento expectável é de 166%.<br />

• Aumento (variação percentual) do número de<br />

transplantes com recurso a órgãos de dadores em<br />

paragem cardiocirculatória: o resultado alvo será de<br />

13 transplantes/ano; uma vez que foram realizados<br />

quatro transplantes em nove meses, o aumento expectável<br />

é de 116%.<br />

Foi feita a avaliação dos resultados após um ano<br />

de implementação do projeto-piloto - Região <strong>Norte</strong>,<br />

tendo-se verificado, no período de outubro de<br />

2016 a outubro de 2017, 36 PCR no pré-hospitalar,<br />

potencialmente elegíveis para E-CPR. Destas paragens<br />

cardiorrespiratórias transportas à sala de reanimação<br />

do CHSJ, 10 foram colocadas em ECMO<br />

VA em programa de E-CPR.<br />

Verificaram-se um total de nove recuperações de circulação<br />

espontânea, mas apenas quatro evoluíram<br />

favoravelmente, das quais três com scores funcionais<br />

favoráveis.<br />

Os 27 candidatos que não foram elegíveis para E-<br />

CPR na admissão hospitalar, foram referenciados<br />

para programa de DPCC (dador em paragem cardiocirculatória).<br />

Tal permitiu a disponibilização de 44<br />

rins para doação, dos quais 33 foram transplantados.<br />

Assim:<br />

• Foram encaminhadas pelo INEM 36 PCR refratárias.<br />

• Salvaram-se quatro vidas.<br />

• Foi largamente ultrapassada a expectativa de doações.<br />

DE COMPRESSORES.<br />

”<br />

Tabela1: Plano de implementação do projeto.<br />

Segunda fase do projeto – Extensão Nacional<br />

A análise de resultados do projeto-piloto permitiu<br />

prosseguir com a replicação noutros centros, promovendo<br />

a acessibilidade e equidade nacionais. A<br />

“<br />

NA CONVICÇÃO QUE<br />

O PROJETO VIA VERDE<br />

REANIMAÇÃO AINDA TEM<br />

MARGEM DE CRESCIMENTO,<br />

EM <strong>2018</strong> O INEM INVESTIU<br />

NA AQUISIÇÃO<br />

expansão da atividade a nível nacional, foi sustentada<br />

no despacho n<strong>º</strong> 6669/2017 n<strong>º</strong>1 alínea e) em que<br />

são reconhecidos pelo MS os centros de referência<br />

em ECMO em Portugal Continental.<br />

Após discussão dos resultados do projeto-piloto foi<br />

aplicada a mesma metodologia para a implementação<br />

do projeto na região da grande Lisboa. Dadas<br />

as características desta região o projeto envolveu<br />

o Centro <strong>Hospitalar</strong> de Lisboa <strong>Norte</strong> (Hospital de<br />

Santa Maria) e o Centro <strong>Hospitalar</strong> de Lisboa Central<br />

(Hospital de São José) e cinco VMER.<br />

Em outubro de 2017 foi iniciada a atividade em<br />

Lisboa e até à data foram encaminhados para EC-<br />

MO-VA pelo CHLC (H. São José) 44 doentes com<br />

sobrevivência de cinco doentes. Os resultados do<br />

Hospital de Santa Maria ainda não são conhecidos.<br />

O segundo ano de atividade do CHSJ mostrou uma<br />

curva ascendente tanto na inclusão de doentes como<br />

nos resultados, o que nos permite acreditar no<br />

potencial em crescendo da Via Verde PCR.<br />

Na convicção que o projeto Via Verde Reanimação<br />

ainda tem margem de crescimento, em <strong>2018</strong> o<br />

INEM investiu na aquisição de compressores para<br />

a totalidade dos meios de SAV a nível de Portugal<br />

Continental (42 VMER e quatro helicópteros) e na<br />

formação dos operacionais de VMER, Serviço de }<br />

22 23


'<br />

GH VIA VERDE REAnImAÇÃO INEM<br />

CHSJ 2016-<strong>2018</strong><br />

(2 Anos)<br />

CHLC 2017-<strong>2018</strong><br />

(1 Ano)<br />

Encaminhamento Sobrevivência Potenciais Dadores Falecidos<br />

INEM - ECMO<br />

108 20 (18%) 44 (41%) 44 (41%)<br />

44 5 (11,4%) 12 (27,2%) 27 (61,4%)<br />

Tabela 2: Resultados dos centros de ECMO 2016 a <strong>2018</strong>.<br />

Helicópteros de Emergência Médica e médicos de<br />

CODU. Esta cobertura equivale a um investimento<br />

de 374.092 euros, que contou com o contributo da<br />

EDP Solidária, através da atribuição de um apoio de<br />

280.000 euros.<br />

O INEM perspetiva a médio prazo, em função dos resultados<br />

obtidos, vir a equipar os outros níveis de resposta<br />

com estes dispositivos e fazer a correspondente formação<br />

<strong>ao</strong>s profissionais. Tal meta acarretará um investimento<br />

de 420.000 euros para SIV e 560.000 euros<br />

para ambulâncias de emergência médica.<br />

Para o sucesso deste projeto é fundamental monitorizar<br />

indicadores. Bem como a sua divulgação, nomeadamente<br />

<strong>ao</strong>s profissionais envolvidos, para que<br />

tenham consciência do seu contributo mantendo a<br />

motivação e uma curva de resultados ascendente.<br />

Deste esforço organizacional envolvendo várias entidades,<br />

do empenho dos profissionais no terreno,<br />

“<br />

INEM FOI O VENCEDOR<br />

DO PRÉMIO HEALTHCARE<br />

EXCELLENCE <strong>2018</strong> COM<br />

O PROJETO “VIA VERDE<br />

REANIMAÇÃOˮ.<br />

”<br />

resultou um indiscutível benefício social, traduzido<br />

num número significativo de vidas salvas. Elevouse<br />

assim o funcionamento do sistema de saúde de<br />

Portugal para o mesmo patamar do que de melhor<br />

se faz noutros países do mundo, algo que deve ser<br />

assinalado e que mereceu, para já, a atribuição do<br />

prémio Healthcare Excellence <strong>2018</strong> da Associação<br />

Portuguesa de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es. Ã<br />

1. European Resuscitation Council Guidelines for Resuscitation 20<strong>15</strong><br />

Section 3. Adult advanced life support. Jasmeet S, Noland J, Böttiger<br />

B, Perkins G, Lott C, Carli P, Pellis T, Sandroni C, Skrifvars M, Smith<br />

G, Sunde K, Deakino C, on behalf of the Adult advanced life support<br />

section Collaborators.<br />

2. 20<strong>15</strong> American Heart Association Guidelines Update for Cardiopulmonary<br />

Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Link M,<br />

Berkow L, Kudenchuk P, Halperin H, Hess E, Vivek K. Moitra V, Neumar<br />

R, O’Neil B, Paxton J, Silvers S, White R, Yannopoulos D, Donnino M.<br />

Circulation. 20<strong>15</strong>;132: S444-S464, originally published October 14, 20<strong>15</strong>.<br />

3. Refractory cardiac arrest treated with mechanical CPR, hypothermia,<br />

ECMO and early reperfusion (the CHEER trial). Stub D, Bernard S, Pellegrino<br />

V, Smith K, Walker T, Sheldrake J, Hockings L, Shaw J, Duffy S, Burrell<br />

A, Cameron P, De Villiers Smit, Kaye D. Resuscitation 86 (20<strong>15</strong>) 88–94.<br />

4. Extracorporeal life support during cardiac arrest and cardiogenic shock:<br />

a systematic review and meta-analysis. Ouweneel D, Schotborgh J,<br />

Limpens J, Sjauw K, Engström A, Lagrand W, Cherpanath T, Driessen A,<br />

Mol B, Henriques J. Systematic Review. Volume 42, Issue 12 / December,<br />

2016. Pages 1922 – 1934.<br />

5. A Pre-Hospital Extracorporeal Cardio Pulmonary Resuscitation (ECPR)<br />

strategy for treatment of refractory out hospital cardiac arrest: An observational<br />

study and propensity analysis. Resuscitation 117, April 2017.<br />

6. Mechanical CPR: Who? When? How? Kurtis Poole,Keith Couper, Michael<br />

A. SmythJoyce Yeung and Gavin D. Perkins. Critical Care <strong>2018</strong>22:140.<br />

7. The role of extracorporeal membrane oxygenation in donation after circulatory<br />

death. Lazzeri C, Bonizzoli M, Valente S, Cianchi G, Migliaccio ML,<br />

Gensini GF, Peris A. Minerva Anestesiol. 2014 Nov; 80 (11): 1217-27. Epub<br />

2014 Jan <strong>15</strong>.<br />

8. New classification of donation after circulatory death donors definitions<br />

and terminology. Thuong M, Ruiz A, Evrard P, Kuiper M, Boffa C,<br />

Akhtar MZ, Neuberger J, Ploeg R. Transpl Int. 2016 Jul; 29 (7): 749-59.<br />

doi: 10.1111/tri.12776. Epub 2016 May 4.<br />

9. Despacho 14341/2013 publicado em Diário da República, 2ª série de<br />

6 de novembro 2013.<br />

10. Documento “Operacionalização do Programa de Colheita de Órgão<br />

em Paragem Cardiocirculatória” a 23 de dezembro de 2014.<br />

11. Documento de consenso “Paragem Cardiorespiratória refratária e<br />

colheita em dador em paragem Cardiocirculatória não controlada”, datado<br />

de 26 de agosto de 2016.<br />

12. Despacho 6669/2017 n<strong>º</strong>1 alínea e).<br />

24


GH iniciativa apah<br />

FINANCIAMENTO<br />

E EQUIDADE PARA<br />

UM SNS SUSTENTÁVEL<br />

No passado dia 16 de novembro realizou-se<br />

a 10ª Edição do Fórum do Medicamento.<br />

Todos os anos, <strong>ao</strong> longo da<br />

última década, a APAH tem procurado<br />

marcar a agenda da Saúde, aproximando<br />

os vários atores e setores, para uma discussão e avaliação,<br />

franca e realista, das políticas e práticas na área<br />

do medicamento.<br />

Em Portugal, assim como em todos os países desenvolvidos,<br />

o setor da saúde enfrenta desafios relacionados<br />

com o progressivo envelhecimento da população e a<br />

evolução tecnológica, nomeadamente o desenvolvimento<br />

de novos medicamentos e de meios de diagnóstico<br />

mais eficazes que, a par com as expectativas e exigências<br />

dos cidadãos, pressionam um sistema descapitalizado<br />

para aumentar o investimento público na área da Saúde.<br />

Este ponto fraturante reitera a urgente necessidade de<br />

se repensar os atuais modelos de financiamento, conduzindo<br />

à redução da incerteza causada pela introdução<br />

da inovação tecnológica e o seu impacto na sustentabilidade<br />

económica e financeira, a médio prazo.<br />

Com esse objetivo, a edição deste ano que contou<br />

com o apoio da Astra Zeneca, relançou o tema “Financiamento<br />

e equidade para um SNS sustentável” e colocou<br />

em discussão modelos inovadores de financiamento<br />

e a liberdade de escolha do utente, a par com o debate<br />

da equidade no acesso e da necessidade de serem encontradas<br />

respostas diferenciadoras face <strong>ao</strong>s novos desafios<br />

que pressionam o Sistema de Saúde, culminando<br />

com a apresentação de dois projetos hospitalares de melhoria<br />

de acesso <strong>ao</strong>s cuidados de saúde na área oncológica,<br />

relativos <strong>ao</strong> Hospital Beatriz Ângelo e <strong>ao</strong> IPO-Porto,<br />

seguido de debate sobre o desenvolvimento de vias verdes<br />

na oncologia.<br />

Uma vez mais, esta iniciativa trouxe até nós o estado da<br />

arte na Europa sobre estas temáticas, sendo igualmente<br />

dada voz <strong>ao</strong>s diversos atores nacionais para perspetivar<br />

quer as implicações quer as alternativas para Portugal.<br />

Assim, contámos com a presença, no primeiro painel da<br />

manhã, de Antoine-Georges Picot, Ricardo Mestre, Sofia<br />

Crisóstomo, Maria do Céu Machado, João Almeida<br />

Lopes, João Marques, Ricardo Baptista Leite e, no<br />

segundo painel, Rui Maio, Francisco Rocha Gonçalves,<br />

Eunice Carrapiço, Margarida Ornelas e António Araújo.<br />

Este ano, tivemos ainda a presença do jornalista Carlos<br />

Raleiras (TSF) como moderador da sessão.<br />

Na discussão gerada foi unânime a asserção que a inovação<br />

terapêutica tem vindo a contribuir significativamente<br />

para aumentar o tempo de vida dos doentes e<br />

a melhoria da qualidade de vida, mas que o preço tem<br />

um impacto muito grande no orçamento dos hospitais<br />

e do próprio SNS. Concretizando, o preço global da<br />

inovação terapêutica, nos últimos anos, aumentou em<br />

média 25 a 50%, e enquanto sociedade, a pergunta que<br />

temos de responder é quanto estamos dispostos a pagar<br />

pelo medicamento.<br />

Foi reconhecido que, até à data, a aprovação dos medicamentos<br />

tem sido mais submetida <strong>ao</strong>s interesses<br />

comerciais da Indústria Farmacêutica do que às necessidades<br />

em saúde, e é emergente que o medicamento<br />

seja enquadrado nas políticas do Sistema de Saúde,<br />

de forma a minimizar o desperdício na sua utilização.<br />

O recurso a modelos de financiamento com partilha<br />

de risco e que implicam a submissão da inovação com<br />

maior solidez e com mais e melhor informação, são<br />

estratégias mais eficientes para assegurar a sustentabilidade<br />

do sistema.<br />

Devido à acentuada redução do investimento público<br />

em Saúde, os hospitais atravessam constrangimentos<br />

diários de natureza variada (estrutural, técnica, listas de<br />

espera e recursos humanos) que colocam em causa o<br />

acesso dos doentes e a própria prestação de cuidados<br />

de saúde, e cuja resolução não pode ser dissociada da<br />

utilização do medicamento. Atualmente, parece ser<br />

mais fácil autorizar a utilização de medicamentos inovadores<br />

do que contratar os recursos humanos necessários<br />

à prestação de cuidados de saúde.<br />

“A matéria da autonomia da gestão hospitalar é, em última<br />

instância, também ela, uma questão de desperdício”,<br />

afirmou Alexandre Lourenço, Presidente da APAH.<br />

Na área oncológica, a implementação de vias verdes<br />

parece ser um caminho possível para responder <strong>ao</strong>s<br />

atuais tempos de espera alargados e dificuldades no<br />

acesso, uma vez que o seu estabelecimento preconiza<br />

a identificação de constrangimentos, a aproximação entre<br />

profissionais de saúde e a necessária reorganização<br />

hospitalar para que o doente possa fazer o seu circuito<br />

de forma rápida, eficaz e eficiente.<br />

Discutir liberdade de escolha é reforçar a crucial importância<br />

em fomentar mecanismos que promovam a<br />

participação do cidadão e garantir que os cuidados de<br />

saúde são desenhados com e à medida das necessidades<br />

dos doentes e das suas famílias.<br />

No encerramento da sessão esteve presente o Secretário<br />

de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, dando<br />

nota que foram aprovadas dezenas de novos medicamentos<br />

inovadores para o mercado português em<br />

2016 e 2017, e também já este ano, cerca de 40 novos<br />

fármacos foram aprovados até final de outubro.<br />

O governante adiantou ainda que o INFARMED está a<br />

trabalhar para “antecipar em dois anos as intenções das<br />

companhias apresentarem os ‘dossiers’ (de aprovação<br />

e introdução de um fármaco) para que o ritmo de apreciação<br />

não seja o de entrada, ditado pelos interesses comerciais<br />

das companhias, mas um ritmo de interesse para<br />

as prioridades da saúde em Portugal”, adiantou afirmando<br />

que o objetivo é, por exemplo, poder apressar a<br />

aprovação de um “medicamento mais importante” ou<br />

atrasar outro “numa área onde haja já muita oferta”.<br />

“Há muito trabalho que pode ser feito para melhorar<br />

o acesso <strong>ao</strong>s medicamentos inovadores num quadro<br />

de cada vez mais rigor, quer em termos de metodologia,<br />

quer em termos de chamar a atenção para<br />

todos os atores de que é muito importante acolhermos<br />

toda a inovação que faz a diferença, mas que<br />

isso tem de ser feito a níveis económicos que sejam<br />

comportados pelas economias dos países”, sublinhou<br />

Francisco Ramos.<br />

No final da sua intervenção, o Secretário de Estado Adjunto<br />

e da Saúde informou que o Governo se prepara,<br />

no próximo ano, para dar autonomia <strong>ao</strong>s hospitais, uma<br />

medida que tem sido defendida pela APAH. Ã<br />

Mais informações em:<br />

https://apah.pt/iniciativas-projetos/forum-do-medicamento/<br />

Reportagem Fotográfica:<br />

https://justnews.pt/galeria/album/x-forum-do-medicamento/1<br />

26 27


GH WORKSHOP<br />

ESTRATÉGIAS<br />

PARA A COOPERAÇÃO<br />

EM SAÚDE<br />

Delfim Neto Rodrigues<br />

Administrador <strong>Hospitalar</strong><br />

Membro da Associação Portuguesa<br />

de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

Francisco Pavão<br />

Médico especialista em Saúde Pública<br />

Coordenador do Conselho dos jovens médicos<br />

da Comunidade Médica de Língua Portuguesa<br />

No atual panorama mundial, em que a<br />

área da saúde apresenta problemas<br />

transversais a todo o planeta, e onde o<br />

desenvolvimento e a investigação só pode<br />

ser verdadeiramente eficaz em colaboração,<br />

é fundamental que Portugal tenha um papel<br />

cimeiro, afirmando-se no contexto da cooperação para<br />

o desenvolvimento e da saúde.<br />

Apoiar e reforçar os sistemas de saúde dos Países Africanos<br />

de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) é uma oportunidade<br />

estratégica e passa, necessariamente, pela cooperação<br />

com os parceiros internacionais. Para tal, é necessária<br />

a estrita colaboração dos Serviços do Ministério<br />

dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Saúde.<br />

A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)<br />

no âmbito do Plano Estratégico da Cooperação em Saúde<br />

(PECS) <strong>2018</strong>-2021, instrumento estruturante de reflexão<br />

e da cooperação em saúde entre os Estados membros,<br />

define alguns eixos para a definição de projetos prioritários,<br />

dos quais destacamos 1) Formação e Desenvolvimento<br />

da Força de Trabalho em Saúde, 2) Informação<br />

e Comunicação em Saúde e 3) Investigação em Saúde.<br />

No que respeita <strong>ao</strong> reforço dos sistemas de saúde, de<br />

acordo com as prioridades identificadas no PECS, de<br />

forma a contribuir não só para a solução de problemas<br />

pontuais, mas para a estruturação, construção contínua<br />

de instituições e formação de recursos humanos, cria-<br />

ram-se redes de instituições como a RINSP – Rede de<br />

Institutos de Saúde, a RETS – Rede de Escolas Técnicas<br />

de Saúde, a Rede de Educação Médica e a RIDES – Redes<br />

de Investigação e Desenvolvimentos sobre malária,<br />

tuberculose e SIDA. Todavia, alguns destes projetos não<br />

encontraram o seu modelo adequado e não evoluíram,<br />

e outros continuam à procura de um modelo relevante.<br />

Relativamente a Portugal, cumpre à Direção Geral da Saúde<br />

(DGS), enquanto órgão coordenador das Relações<br />

Internacionais e da Cooperação do Ministério da Saúde,<br />

alinhada com a estratégia da Cooperação para a Saúde<br />

e das orientações do Instituto Camões, promover o fortalecimento<br />

institucional, apoiar o desenvolvimento de<br />

instituições de referência no âmbito dos sistemas públicos<br />

de saúde dos países em desenvolvimento, em particular<br />

dos PALOP.<br />

Porém, há entre nós, especialistas, académicos e membros<br />

de organizações, um sentimento coletivo de pouca<br />

organização, articulação e coordenação no que diz respeito<br />

à cooperação e às oportunidades perdidas <strong>ao</strong> longo<br />

dos últimos anos. São múltiplos os exemplos de associações,<br />

ONG’s, fundações, equipas de serviços hospitalares<br />

públicos e privados, que promovem programas<br />

e projetos de saúde, de partilha de experiências e<br />

até de formação em Portugal de profissionais de saúde,<br />

sem que seja do conhecimento da causa pública, sem<br />

o devido cumprimento do registo formal nas Ordens<br />

Profissionais ou <strong>ao</strong> abrigo de despachos ou protocolos<br />

que não se fazem cumprir.<br />

Neste contexto, a decisão e resolução aprovada, no passado<br />

dia 19 de abril, em Conselho de Ministros que designa<br />

um Alto-comissário para a Saúde Global, José Martins<br />

Nunes, e a criação de um Grupo de Trabalho interministerial<br />

e multidisciplinar para a elaboração de um<br />

‘Plano de Ação para a Saúde Global <strong>2018</strong>-2019’, é motivadora<br />

e reveladora de ambição, razão bastante para a<br />

organização do primeiro Fórum Diplomacia da Saúde<br />

que ocorreu no dia 26 de novembro (www.forumdiplomaciasaude.pt).<br />

Tal como são as atividades e diálogos<br />

promovidos entre as Ordens dos Médicos, no âmbito da<br />

Comunidade Médica de Língua Portuguesa, e o projeto<br />

de formação e educação de gestão em saúde promovido<br />

pela Associação Portuguesa de Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es (APAH) de que é mais recente exemplo o<br />

1<strong>º</strong> workshop dedicado à “<strong>Gestão</strong> em Saúde nos Países de<br />

Língua Portuguesa”, realizado no passado dia 26 de setembro,<br />

em Portugal, integrado no 27<strong>º</strong> Congresso da<br />

EAHM (European Association of Hospital Managers).<br />

Esta iniciativa foi organizada em parceria com o Instituto<br />

de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), e contou com<br />

o apoio Institucional da Comunidade dos Países de Língua<br />

Portuguesa (CPLP), do Ministério da Saúde e da<br />

Agência para o Investimento e Comércio Externo de<br />

Portugal (AICEP), na qual estiveram envolvidos mais de<br />

70 altos dirigentes e governantes da CPLP (à exceção<br />

da Guiné Equatorial), diretamente ligados à gestão de<br />

unidades de saúde.<br />

O workshop foi presidido pelo administrador hospitalar<br />

Delfim Rodrigues, com a participação inicial de Alexandre<br />

Lourenço, Presidente da APAH; Manuel Lapão, Diretor<br />

da Cooperação da CPLP; Marta Temido, à data<br />

subdiretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical;<br />

e Luís Miguel Fontoura, diretor comercial da AICEP.<br />

Em redor da temática dos desafios e oportunidades na<br />

gestão da saúde, os palestrantes foram Francisco Balestrin,<br />

presidente da Federação Internacional dos Hospitais;<br />

Constantina Furtado, ex-secretária de Estado da Saúde<br />

de Angola; e Fernando Regateiro, presidente do Conselho<br />

de Administração do Centro <strong>Hospitalar</strong> e Universitário<br />

de Coimbra.<br />

O resultado desta manhã de trabalho embutido no espírito<br />

da cooperação, da partilha e da aprendizagem mútua,<br />

foi a proposta de criação de uma plataforma comum<br />

para que se estabeleçam sinergias futuras, entre<br />

os vários países lusófonos, no que respeita a gestão em<br />

saúde. Esta plataforma irá possibilitar: alicerçar as competências<br />

dos gestores em saúde, com o desenvolvimento<br />

de conteúdos educativos, formativos e de capacitação<br />

(e.g., iniciativas como programas de estágios,<br />

webinars ou sessões de e-learning); partilhar as experiências<br />

e consolidar as boas práticas (e.g., conferências,<br />

workshops e visitas técnicas); e, por último, desenvolver<br />

atividades multilaterais de consultoria para a gestão dos<br />

serviços de saúde.<br />

Seja pela partilha do espaço comum Europeu ou pela<br />

integração e âmbito na CPLP, Portugal deve absorver<br />

iniciativas e boas práticas existentes e criar o seu gabinete<br />

de Saúde Global (Global Health Office). Com o<br />

apoio de especialistas e dedicados colaboradores, este<br />

gabinete, contribuirá para uma estratégia de posicionamento<br />

de diplomacia em saúde que beneficiará a cooperação<br />

técnica, institucional e operacional nas diferentes<br />

comunidades. Ã<br />

Mais informações em:<br />

https://apah.pt/<br />

Reportagem Fotográfica:<br />

https://justnews.pt/<br />

28 29


EAHM<strong>2018</strong><br />

em números<br />

1200 Delegados presentes<br />

45 Países participantes<br />

5 Temas:<br />

Cuidados centrados no cidadão<br />

Integração de Cuidados<br />

Modelos inovadores de cuidados<br />

Sustentabilidade<br />

<strong>Gestão</strong> e Liderança<br />

+ <strong>15</strong>0 Oradores convidados<br />

+ 50 Sessões Científicas e Workshops<br />

7 Visitas Técnicas<br />

8 Simpósios da Indústria<br />

+ 70 Abstracts apresentados<br />

+ 90 Parceiros institucionais e patrocinadores<br />

30 Expositores<br />

• eHealth Roadshow<br />

• Hospital Innovation Brokerage Event


GH entrevista<br />

GERRY O'DWYER<br />

PRESIDENTE DA EUROPEAN ASSOCIATION OF HOSPITAL MANAGERS<br />

TRABALHAMOS<br />

PARA ASSEGURAR<br />

BONS MODELOS<br />

DE SAÚDE NA EUROPA<br />

Foi na qualidade de Presidente da European Association of Hospital Managers<br />

(EAHM) que Gerry O'Dwyer participou no 27<strong>º</strong> Congresso da Associação,<br />

que decorreu no Estoril no passado mês de setembro. A terminar o seu mandato,<br />

o responsável passa em revista o trabalho desenvolvido na EAHM e aborda<br />

os desafios que se colocam <strong>ao</strong>s serviços de saúde e <strong>ao</strong>s seus gestores.<br />

Agora que está a terminar o seu<br />

mandato na European Association<br />

of Hospital Managers (EAHM),<br />

como descreve o âmbito de atuação<br />

da Associação?<br />

O âmbito de atuação da EAHM consiste no esforço<br />

permanente para a implementação de melhores práticas<br />

em todos os nossos membros e em assegurar<br />

um sistema de tratamento integrado para os doentes<br />

e comunidades, garantindo que os nossos serviços se<br />

centram constantemente no doente. Para esse efeito,<br />

temos de observar as melhores práticas em Portugal<br />

ou na Alemanha e depois ver se serão adequadas para<br />

implementar noutros países.<br />

Observamos as inovações que vão surgindo nos países,<br />

verificamos como funcionam e qual o seu impacto<br />

nas doenças crónicas e na prevenção, com o objetivo<br />

de saber como evitar que as pessoas se desloquem<br />

<strong>ao</strong> hospital.<br />

Face à diversidade de doenças crónicas que existem<br />

atualmente, “o que podemos fazer, através da educação,<br />

para garantir que menos pessoas se desloquem<br />

<strong>ao</strong>s hospitais, consultando preferencialmente o seu médico<br />

de família.” No meu caso, o meu médico de família<br />

sabe mais sobre mim do que qualquer outra pessoa no<br />

mundo. Tem todos os meus processos desde o dia em<br />

que nasci e é ele que me vai dizer: “Você está a beber<br />

muito ou não está a fazer exercício suficiente.”<br />

Mas não é só o médico de família que tem esta responsabilidade.<br />

São também os pais e os cuidadores<br />

que têm de chamar a atenção para a necessidade de,<br />

por exemplo, fazer exercício, não fumar e não beber<br />

em excesso. Depois, os governos também têm<br />

de assegurar a disponibilização de boas ciclovias e<br />

de criar alternativas à utilização do automóvel, promovendo<br />

os transportes públicos, tomando medidas<br />

ambientais e encorajando as pessoas a dar atenção à<br />

promoção da saúde, à prevenção das doenças e à alimentação,<br />

que é um grande problema. Temos também<br />

de fazer chegar as mensagens certas às escolas<br />

e promover bons programas de saúde nas escolas.<br />

Partilhamos tudo isto pela Europa com o fim de assegurar<br />

que estão a ser desenvolvidos bons modelos de saúde,<br />

porque todos os nossos países têm os seus orçamentos<br />

de saúde sob pressão. E temos de cuidar das pessoas<br />

que realmente necessitam de cuidados de saúde, quer<br />

tenham sofrido um acidente de viação ou qualquer outra<br />

adversidade, mas também temos de ver o que podemos<br />

fazer por pessoas que vão para um hospital e<br />

que, por uma série de razões, já não estão aptas a viver<br />

de forma independente em casa. Temos de garantir<br />

que existem apoios adequados para essas pessoas.<br />

Nesse contexto, como vê a prestação dos cuidados<br />

de saúde no futuro?<br />

Sempre vi os cuidados de saúde como um ciclo: saímos<br />

de casa, e passamos por uma série de desafios, vamos<br />

<strong>ao</strong> nosso médico, fazemos exames, vamos <strong>ao</strong> hospital<br />

e queremos voltar para casa. Por isso quero ter o<br />

maior apoio possível em casa. É muito mais barato e o<br />

doente está no seu próprio ambiente. Mas há que ser<br />

realista: há pessoas que, devido a várias condicionantes,<br />

não podem voltar para casa. Por isso, temos de criar<br />

um ambiente adequado, onde doentes e familiares se<br />

sintam apoiados e possam lidar com o desafio, que em<br />

sua casa não seria possível.<br />

E é a partilha deste conhecimento e de dados na Europa<br />

que faz a diferença para os gestores, que depois<br />

estão aptos a testar as boas práticas em todo o sistema.<br />

Ao vermos as inovações que tiveram lugar em várias<br />

unidades de toda a Europa, perguntamos: “Por que não<br />

podemos fazer isto em Portugal ou na Alemanha?” Podemos<br />

desenvolver partilhas à escala europeia, porque<br />

temos muita em coisa em comum.<br />

Depois, temos de olhar para a experiência americana<br />

ou australiana e perguntar: “Será que eles fizeram outras<br />

coisas que podemos aplicar nos nossos países específicos?”<br />

Claro que há fatores ambientais e climáticos<br />

que temos de levar em conta, mas o objetivo é partilhar<br />

conhecimentos e garantir que os gestores dispõem das }<br />

32 33


GH entrevista<br />

Por outro lado, uma das questões com que os serviços<br />

de saúde se deparam agora é que, por vezes, as<br />

pessoas culpam o sistema. Somos humanos e todos<br />

cometemos erros. Por isso, se algo de errado acontece<br />

temos de o reconhecer e explicar o que deveria ter<br />

acontecido e o que de facto aconteceu. Não vale a pena<br />

enganar as pessoas, temos de ser honestos e de se-guir<br />

os protocolos. Em termos de diagnóstico, existe sempre<br />

uma margem de erro de dois ou três por cento. É<br />

por isso que estou muito interessado em duas coisas:<br />

resultados e financiamento com base na atividade realizada,<br />

ou seja, devemos analisar a relação qualidade-<br />

-preço, a duração do internamento e os processos que<br />

melhoram a qualidade de vida.<br />

“<br />

AS PESSOAS TÊM DE SAIR<br />

DO HOSPITAL A SENTIR<br />

QUE TIVERAM UMA BOA<br />

EXPERIÊNCIA E QUE<br />

ferramentas necessárias para desempenhar o seu trabalho<br />

e de que têm a formação adequada para saber<br />

quais são os desafios que têm de enfrentar.<br />

Quando isto não existe, não é possível gerir grande coisa.<br />

São necessários dados corretos e exatos porque, para<br />

gerir, é preciso medir. Nunca olhei para indicadores,<br />

mas sim para resultados (“outcomes”). Os indicadores<br />

podem ser muito falaciosos. É a interação entre os doentes<br />

e o sistema de saúde que é importante. Em vez de<br />

apurar se um doente entrou e saiu dez vezes, tenho de<br />

me perguntar o que fizemos de errado para isso ter acontecido.<br />

Temos de prestar o serviço que o doente necessita,<br />

dar-lhe alta e depois analisar o resultado. Já não vemos<br />

um doente há seis meses ou um ano, ótimo então<br />

está tudo bem. Não queremos uma porta giratória.<br />

A componente da educação tem de ser incrementada.<br />

Lamento dizê-lo, mas neste momento na Europa o<br />

abuso de álcool e a obesidade são um problema. Ambos<br />

provocam todo o tipo de doenças renais, diabetes<br />

e outras. Se conseguirmos pôr um travão através da<br />

educação, evitaremos um volume significativo de algumas<br />

doenças crónicas que nos custam muito tempo e<br />

dinheiro e podemos libertar recursos para ajudar outras<br />

pessoas em áreas como a saúde mental e o apoio psicológico,<br />

por exemplo, contra a depressão.<br />

Concorda que a monitorização dos resultados de<br />

forma global na Europa será o futuro?<br />

Sim, claro que os resultados têm de ser monitorizados,<br />

mas, como profissionais de saúde, temos também<br />

de pensar no que podemos fazer para manter as pessoas<br />

fora do hospital. Não queremos que estejam<br />

constantemente a entrar, mas que se mantenham<br />

longe dos hospitais.<br />

O controlo das infeções é um grande desafio, pelo que<br />

é mais seguro tratar as pessoas nas suas comunidades,<br />

no seu próprio ambiente e com os apoios necessários.<br />

Precisaremos sempre dos hospitais, pois, infelizmente,<br />

todos os dias acontecem os mais diversos tipos de<br />

acidentes e os hospitais têm de estar disponíveis para<br />

tratar as pessoas e proceder à sua reabilitação, prestando-lhes<br />

todos os serviços necessários.<br />

Nas últimas décadas, qual foi a maior evolução que os<br />

hospitais europeus tiveram em resposta <strong>ao</strong>s desafios<br />

que atravessaram?<br />

Os hospitais têm dado resposta <strong>ao</strong>s desafios que vão<br />

surgindo. Veja-se o caso dos AVC: agora encaramos<br />

a trombectomia como uma intervenção que tem um<br />

efeito fantástico em muitas pessoas que sofreram AVC<br />

e conseguimos que saiam do hospital a andar em quatro<br />

ou cinco dias, tendo também evoluído significativamente<br />

a forma de fazer fisioterapia. São estes processos<br />

inovadores que têm de ser trabalhados e divulgados.<br />

Considera que a satisfação dos doentes e a sua perceção<br />

em relação às doenças e à sua cura é importante?<br />

Certamente. É por esse motivo que tem de haver uma<br />

comunicação muito clara com o doente, que tem de<br />

ter noção das expetativas que existem e do caminho<br />

que tem de seguir quando vai para casa. Se teve um<br />

problema respiratório e continuar a fumar, há que dizer-<br />

-lhe que tem de deixar. Se teve um problema no fígado,<br />

há que dizer-lhe que não pode beber em excesso. Tem<br />

de haver uma certa responsabilidade pessoal, que não<br />

pode ser toda do governo ou do serviço de saúde. As<br />

pessoas têm de garantir, tanto quanto possível, que irão<br />

gerir os seus cuidados de saúde de determinada forma.<br />

Veja-se o nível de obesidade que, por vezes, é assustador.<br />

Há crianças pequenas com elevado nível de excesso<br />

de peso que vão ter problemas musculoesqueléticos<br />

e esta é uma situação que pode ser evitada com boas<br />

práticas de dieta. E há pessoas que têm certas doenças<br />

de que não têm conhecimento, como, por exemplo, a<br />

intolerância <strong>ao</strong> glúten. Temos de disponibilizar uma série<br />

de testes que as pessoas possam realizar e é por esse<br />

motivo que é importante trabalharmos com a indústria<br />

das novas tecnologias e com a indústria farmacêutica.<br />

Depois, os nossos hospitais têm de ter uma abordagem<br />

humanista e compreensiva, pois as pessoas têm de sair<br />

do hospital a sentir que tiveram uma boa experiência e<br />

que foram bem cuidadas. No hospital as pessoas estão<br />

preocupadas, agitadas e não sabem o que os espera.<br />

Temos de responder às perguntas do doente, mantê-lo<br />

concentrado e informado <strong>ao</strong> máximo e garantir que<br />

existem os apoios necessários. Há que ter em conta que<br />

a European Association of Hospital Managers é uma<br />

associação pan-europeia, sem fins lucrativos, apolítica e<br />

que reúne hospitais públicos e privados que aprendem<br />

entre si. O que interessa é o doente. “Se um resultado<br />

é bom para o doente, quer num hospital privado,<br />

quer público, por que não partilhá-lo?” O que queremos<br />

FORAM BEM CUIDADAS.<br />

”<br />

é o bem da comunidade e dos doentes. É isso que a<br />

EAHM e esta conferência oferecem.<br />

Esta conferência oferece diversidade, com um número<br />

significativo de mesas-redondas, sessões plenárias e<br />

sessões paralelas. É fantástico estarem aqui mil pessoas,<br />

que têm um amplo leque de escolha entre workshops<br />

ou sessões relevantes para o seu conjunto de competências.<br />

É por isso que esta conferência é tão boa e tão<br />

diferente; não é só o facto de ter sido tão bem organizada,<br />

é a diversidade, a aprendizagem que retiramos. É<br />

isso que os doentes e que os gestores querem: olhar<br />

para pessoas que foram inspiradas, que aprenderam e<br />

que irão beneficiar outras pessoas. “Não é fantástico?”<br />

É como digo: “Tragam-no para casa, façam-no local e<br />

façam-no bem”.<br />

Considera que temos de preparar os gestores de saúde<br />

de hoje para responderem <strong>ao</strong>s desafios de amanhã?<br />

Estamos a fazê-lo neste momento?<br />

Penso que, neste momento, estamos a olhar para o<br />

futuro de forma sensata porque as pessoas presentes<br />

nesta conferência irão criar o futuro, se quiserem. O<br />

futuro é nosso. O futuro é vosso.<br />

Os gestores de saúde têm de ter competências especiais<br />

para dar respostas <strong>ao</strong>s desafios a fim de tornar<br />

a gestão hospitalar mais centrada no doente? }<br />

34 35


GH entrevista<br />

Têm de ter uma função de liderança?<br />

Sim, temos de ter bons líderes, bons gestores e pessoas<br />

que aprendem de uma forma consistente. Agora há<br />

doentes que vão à Internet e que esperam que o médico<br />

saiba mais do que a Internet. Existe o risco de me<br />

perguntarem algo a que tenho de responder: “Não sei,<br />

onde viu isso?” Temos de ser honestos e dizer que não<br />

conhecemos, mas que estamos dispostos a aprender<br />

porque pode ser uma coisa boa para o doente. Tem<br />

de haver honestidade. Não penso que seja um pecado<br />

ou uma omissão dizermos que não conhecemos algo<br />

porque não somos super-homens, somos simplesmente<br />

pessoas normais, a tentar desempenhar um trabalho<br />

normal da melhor forma que conseguimos. Mas eu<br />

quero fazer o que é bom para os doentes porque os<br />

meus familiares são doentes, eu posso ser um doente.<br />

Temos de estar em aprendizagem constante e é por<br />

isso que um evento destes é tão importante, nomeadamente<br />

na diversidade do seu programa.<br />

Atendendo <strong>ao</strong> tema do 27.<strong>º</strong> Congresso da EAHM: “Redefining<br />

the Role of Hospitals – Innovating in Population<br />

Health”, para si qual é o papel da inovação e da tecnologia<br />

no hospital do futuro e no modo como os cuidados<br />

de saúde são prestados nos nossos hospitais?<br />

Há sempre um ponto em que temos de executar<br />

aquilo que estamos a ponderar. Quando fazemos<br />

uma mudança, temos de nos certificar de que é bem<br />

informada e de ter em conta as inovações que existem<br />

noutros locais, para garantir a transferência dessa<br />

aprendizagem para a equipa clínica e permitir a integração<br />

das melhores práticas.<br />

É verdade que muitos dos nossos médicos já o fazem,<br />

mas existe um processo de aprendizagem envolvido.<br />

E isto significa estar constantemente atento, porque,<br />

quando olhamos para os resultados, os dados dizem-<br />

-nos em que áreas conseguimos um bom desempenho<br />

e aquelas em que não estamos a atingi-lo, quando<br />

fazemos comparações com outros hospitais e com<br />

outros países.<br />

Mas temos de ter cuidado quando fazemos comparações<br />

por dois motivos: os fatores económicos e o clima.<br />

Por exemplo, em países que atravessam uma seca<br />

e não têm água disponível, muita gente fica doente por<br />

beber água não adequada para consumo. Temos sempre<br />

de levar em conta os fatores ambientais porque,<br />

por vezes, é impossível transpor cuidados que vemos<br />

sem considerá-los. E temos também de levar em conta<br />

e respeitar as diferentes culturas que existem.<br />

Redefinir as regras do hospital é muito importante se<br />

conseguirmos manter os doentes e as comunidades<br />

seguros, com uma dose adequada de cuidados na comunidade.<br />

“As pessoas não têm de ir para o hospital a<br />

menos que tal seja absolutamente necessário, certo?”<br />

Por vezes temos de pensar se podemos “levar o hospital<br />

até à comunidade”. Por outras palavras, “a partir da<br />

minha área geográfica conseguirei dirigir clínicas a 40 ou<br />

50 quilómetros do hospital?” Em vez de trazer pessoas<br />

para o hospital, será que, dirigindo mais clínicas, “conseguirei<br />

manter as pessoas em casa ou encaminhá-las para<br />

a vida ativa com maior rapidez do que se as mantiver<br />

no hospital perturbando toda a sua rotina?” Por isso,<br />

penso que a redefinição das regras do hospital é muito<br />

importante porque coloca um ponto de interrogação<br />

na integração. Se conseguirmos transmitir para a comunidade<br />

mensagens como a importância de deixar de fumar<br />

para não ter problemas respiratórios ou AVC, por<br />

exemplo, isso é redefinir os hospitais porque sabemos<br />

por que é que as pessoas estão lá, o que temos de fazer<br />

é levar a comunidade a ouvir as nossas mensagens.<br />

Se conseguirmos que todos os anos menos mil pessoas<br />

vão parar <strong>ao</strong> hospital, são mil pessoas mais felizes<br />

na sua comunidade. Temos também de encorajar o<br />

exercício, a caminhada, a corrida e a prevenção. Temos<br />

de passar a mensagem porque o nosso sistema<br />

de saúde não conseguirá lidar com as pressões dos<br />

próximos dez a quinze anos. Eu e todos os meus<br />

gestores estamos atentos <strong>ao</strong> número de idosos com<br />

casos de demência, idosos que não podem estar sozinhos<br />

em casa. O sistema de saúde terá de pagar por<br />

isso e vai ser um peso no orçamento. Se conseguirmos<br />

fazer um grande trabalho de prevenção e manter as<br />

pessoas fora dos hospitais e felizes nas suas comunidades,<br />

é aí que a redefinição das regras dos hospitais é<br />

realmente muito importante.<br />

No que respeita precisamente <strong>ao</strong>s gestores, a EAHM<br />

já ponderou certificar os profissionais, como acontece,<br />

por exemplo, com a certificação dos médicos?<br />

A questão que se coloca é que esse assunto não está<br />

muito bem regulado nas diferentes zonas do mundo.<br />

“<br />

UM PROGRAMA NÃO SERVE<br />

PARA TODOS, TEMOS<br />

DE LEVAR EM CONTA<br />

A DIVERSIDADE, A CULTURA<br />

E O AMBIENTE EM TODA<br />

A EUROPA.<br />

Por exemplo, na política americana de saúde existe<br />

uma certificação.<br />

Existe sim. Mas há programas de formação melhores,<br />

como em França, por exemplo. Sempre considerei que<br />

não é necessariamente porque se é um contabilista<br />

que se será um bom gestor ou porque se é um bom<br />

médico que se será um bom gestor. Há determinadas<br />

competências de liderança que se têm ou não. Depois<br />

há alguns riscos que se correm diariamente e é necessário<br />

estar à vontade nesse aspeto. Quem agradece é<br />

o doente. Mas existem todo o tipo de lideranças no<br />

mundo. Há líderes muito bons em Portugal que talvez<br />

já não tivessem tão bom desempenho se estivessem na<br />

Alemanha, porque estariam num ambiente e cultura diferentes.<br />

No que respeita à regulação e <strong>ao</strong> registo, sim,<br />

penso que os gestores deveriam realizar um curso es-<br />

”<br />

pecífico e obter uma certificação, mas não se trata necessariamente<br />

de cinco ou seis anos numa universidade.<br />

Quando se tem um curso, depois é necessário diversificar<br />

e depende de qual a formação da pessoa. Se a<br />

pessoa tem formação em tecnologias de informação,<br />

poderá ter determinadas competências, se tem formação<br />

clínica poderá não ter as competências financeiras<br />

ou as competências de dados que são necessárias em<br />

certas especialidades. Há quem tenha competências de<br />

liderança mas não a experiência, por isso temos de ver<br />

como podemos ajudar as pessoas, no interior do nosso<br />

sistema, e depois apoiá-las e orientá-las para chegarem<br />

a um lugar melhor. Mas, mais uma vez, não existe um<br />

tamanho único, um programa não serve para todos<br />

porque temos de levar em conta a diversidade, a cultura<br />

e o ambiente em toda a Europa.<br />

Por curiosidade, o Presidente da EAHM usa, em e-<br />

ventos públicos e solenes, uma insígnia, que é um colar<br />

de elos de metal dourado. Pode explicar-nos o significado<br />

desse símbolo?<br />

Claro. Está em três línguas. É a corrente do Presidente<br />

e está em francês, inglês e alemão. De acordo com<br />

os nossos estatutos e regulamento, tudo tem de estar<br />

impresso em três línguas e assim é desde que a Associação<br />

foi fundada. Se está a haver uma conferência em<br />

Portugal, as pessoas podem ouvi-la em português, mas<br />

também em inglês, alemão e francês. Ã<br />

36 37


GH MELHOR COMUNICAÇÃO ORAL EAHM <strong>2018</strong><br />

A IMAGIOLOGIA MÉDICA<br />

COMO AGENTE DE<br />

MUDANÇA NA PRESTAÇÃO<br />

DE CUIDADOS DE SAÚDE<br />

Tiago Rua<br />

Administrador <strong>Hospitalar</strong><br />

no Guy's and St Thoma's NHS Trust<br />

Economista de Saúde<br />

O<br />

aumento da despesa em saúde decorre<br />

de múltiplos fatores, em particular<br />

da evolução geodemográfica e da<br />

integração de desenvolvimentos tecnológicos<br />

na prestação de cuidados 1 .<br />

De modo a contribuir para a sustentabilidade financeira<br />

dos diversos sistemas de saúde é necessário atuar sobre<br />

estas taxas de crescimento da despesa, atenuando o seu<br />

impacto no médio e longo prazo (cenário 2 da figura<br />

1). Estas iniciativas devem ser estruturais, sustentadas<br />

em evidência científica e não meramente resultado de<br />

políticas conjunturais (por exemplo, cortes salariais temporários<br />

conforme ilustrado no cenário 1 da figura 1).<br />

No presente contexto de escassez de recursos, o National<br />

Health Service (NHS), à semelhança do Serviço<br />

Nacional de Saúde (SNS), tem sido alvo de diversas<br />

reformas. Estas focaram-se sobretudo na integração<br />

(vertical e horizontal) e transformação de cuidados de<br />

saúde. Destaca-se em 20<strong>15</strong> o lançamento do programa<br />

piloto Vanguard. Este programa visou consolidar novos<br />

modelos de provisão de cuidados de saúde, dotando<br />

de financiamento adicional (£226 milhões em 20<strong>15</strong>-<br />

17) 50 iniciativas inovadoras e integradoras entre prestadores<br />

de cuidados de saúde e entre estes e o setor<br />

social 2 . No seguimento deste programa piloto, surgiu<br />

a iniciativa Sustainability and Transformation Partnerships<br />

(STPs) 3 . As STPs contemplam uma abordagem estratégica<br />

do NHS para a integração mediante o estabelecimento<br />

de parcerias loco-regionais entre entidades<br />

prestadoras (de cuidados primários a terciários), pagadoras<br />

(Clinical Commissioner Groups) e os próprios cidadãos.<br />

Apesar das configurações e dimensões variadas<br />

(cobertura desde 300 mil a 3 milhões de habitantes),<br />

as STPs apresentam como denominador comum a estreita<br />

colaboração entre entidades, contrastando com<br />

iniciativas prévias de competição entre prestadores.<br />

Foi precisamente neste enquadramento reformador<br />

que o Guy’s and St Thomas’ NHS Foundation Trust, um<br />

centro hospitalar de referência em Londres, desenvolveu<br />

o programa TOHETI (Transforming Outcomes and<br />

Health Economics Through Imaging) 4 . Esta iniciativa, que<br />

totalizou um investimento de £20 milhões em quatro<br />

anos (2014-18), visou a transformação de cuidados de<br />

saúde usando como agente de mudança a utilização<br />

diferenciada de imagiologia médica no contexto de pathways<br />

clínicas específicas. Por outras palavras, procurou-se<br />

redefinir o modelo de prestação de cuidados de<br />

saúde apostando na utilização inovadora de imagiologia<br />

médica. Tradicionalmente, em virtude do seu custo e<br />

acessibilidade, o uso de imagiologia médica avançada<br />

[por exemplo, Tomografia Computorizada (TC) ou<br />

Ressonância Magnética (RM)] encontra-se reservada<br />

para a fase final do algoritmo de diagnóstico médico.<br />

O programa TOHETI visa a disrupção deste racional,<br />

apostando na utilização antecipada de imagiologia avançada.<br />

A hipótese subjacente é a de que a melhoria da<br />

componente de diagnóstico da pathway clínica potencia<br />

Figura 2: Quatro dimensões de análise incluídas na avaliação do<br />

impacto das intervenções consideradas no programa TOHETI.<br />

a efetividade dos cuidados de saúde prestados numa<br />

fase posterior. Em última instância, o programa visa criar<br />

um impacto positivo sobre quatro dimensões de análise<br />

(figura 2).<br />

O programa TOHETI regeu-se por cinco vetores críticos<br />

de sucesso (figura 3). Primeiro, apesar da natureza<br />

da intervenção, o seu impacto não se circunscreve<br />

à área da imagiologia, promovendo uma verdadeira<br />

transformação holística de toda a pathway clínica. Segundo,<br />

a motivação intrínseca à mudança decorre da<br />

própria liderança clínica, com o objetivo explícito de<br />

melhorar a qualidade e/ou acesso a cuidados de saúde.<br />

Não obstante esta motivação, o recurso a metodologias<br />

científicas de avaliação económica permite analisar<br />

o impacto financeiro das diversas intervenções sob a }<br />

Figura 1: Ilustração do impacto de reformas conjunturais vs estruturais na evolução da curva da despesa em saúde.<br />

Figura 3: Cinco vetores críticos de sucesso considerados na transformação de cuidados.<br />

38 39


GH MELHOR COMUNICAÇÃO ORAL EAHM <strong>2018</strong><br />

Figura 4: Intervenções consideradas nas sete pathways clínicas integrantes do programa TOHETI.<br />

perspetiva da unidade hospitalar e do próprio NHS. Da<br />

mesma forma, a existência de uma matriz e pensamento<br />

analítico estruturado é essencial para promover o<br />

apoio de diversas equipas multidisciplinares. Por último,<br />

a criação e desenvolvimento de uma verdadeira cultura<br />

de melhoria contínua é indispensável para maximizar<br />

a probabilidade de sucesso de programas disruptivos<br />

e transversais a organizações tão complexas como as<br />

unidades hospitalares.<br />

A primeira fase do programa TOHETI contemplou a<br />

escolha de sete pathways clínicas (figura 4).<br />

Cada intervenção apresenta um racional e objetivos específicos,<br />

descritos sumariamente de seguida:<br />

• Cancro colorretal: utilização da TC como substituto<br />

da colonoscopia convencional em doentes com reduzida<br />

probabilidade de cancro colorretal. Tendo por<br />

base o aumento progressivo das taxas de utilização de<br />

colonoscopia e a evidência clínica de equivalência diagnóstica<br />

entre a TC e a colonoscopia, esta abordagem<br />

visa simultaneamente: (a) libertar recursos, escassos<br />

e dispendiosos, de colonoscopia para doentes com<br />

maior probabilidade de requererem biópsia e/ou tratamento<br />

de pólipos; (b) reduzir o impacto no doente<br />

decorrente de procedimentos de diagnóstico invasivos;<br />

e (c) melhorar a acessibilidade para todos os doentes<br />

com suspeita de cancro colorretal.<br />

• Cancro do pulmão: utilização da TC de baixa dose<br />

de radiação em utentes assintomáticos mas com elevada<br />

probabilidade de apresentarem cancro de pulmão<br />

(programa de rastreio). Esta iniciativa visa fomentar a<br />

deteção precoce do cancro do pulmão, em particular<br />

junto de comunidades desfavorecidas. Procura-se melhorar<br />

indicadores de: (a) acessibilidade e (b) qualidade<br />

dos cuidados prestados (por exemplo taxas de deteção<br />

precoce de cancro de pulmão, taxas de sobrevivência).<br />

• Cancro da próstata e da mama: utilização da RM<br />

como adjuvante da primeira consulta hospitalar para<br />

doentes referenciados com suspeita de cancro da<br />

próstata ou da mama – conceito de one-stop clinic. Esta<br />

abordagem visa acelerar o acesso a meios de diagnóstico<br />

conclusivos, permitindo, na larga maioria de casos,<br />

a exclusão imediata do diagnóstico de cancro. Isto traduz-se<br />

numa melhoria da: (a) acessibilidade; e de (b)<br />

indicadores de satisfação dos doentes e profissionais.<br />

• Dor de cabeça (cefaleia): utilização da RM na exclusão<br />

de um potencial problema de índole oncológica como<br />

elemento causador da dor de cabeça crónica (efeito<br />

de reassurance). A gestão clínica desta patologia representa<br />

um dos problemas médicos mais prevalentes nos<br />

cuidados de saúde primários. A hipótese intrínseca é a<br />

de que a referenciação direta dos cuidados primários<br />

para uma RM da cabeça, por contraste com a gestão<br />

convencional de referenciação para o serviço de neurologia,<br />

traduz-se na: (a) melhoria no acesso a cuidados<br />

de saúde; (b) aumento da satisfação dos doentes; e (c)<br />

na redução dos custos para o NHS.<br />

• Dor aguda no peito: utilização da TC na gestão de<br />

doentes admitidos no serviço de urgência com dor<br />

aguda no peito. A introdução imediata da TC no algoritmo<br />

de decisão médico em doentes com dor aguda<br />

no peito sem alterações no eletrocardiograma permite:<br />

(a) melhorar indicadores clínicos; (b) maximizar o<br />

Figura 5: Ilustração da metodologia implementada na estimativa dos recursos do NHS consumidos na gestão do episódio de suspeita de fratura do escafoide.<br />

acesso para doentes que efetivamente necessitam de<br />

acompanhamento cardiológico; e (c) reduzir os custos<br />

na perspetiva do NHS.<br />

Por último, no âmbito do serviço de urgência, considerou-se<br />

a utilização da RM durante o episódio de gestão<br />

aguda de doentes com suspeita de fratura do osso<br />

escafoide. A gestão desta condição clínica é particularmente<br />

complexa devido a três fatores: (i) a reduzida<br />

incidência de fraturas entre doentes com suspeita de<br />

fratura; (ii) a utilização exclusiva de radiografia convencional<br />

no serviço de urgência, caracterizada por reduzidos<br />

níveis de precisão no diagnóstico desta fratura; e<br />

(iii) o potencial impacto negativo do não tratamento de<br />

fraturas do escafoide 5 . Posto isto, a gestão clínica destes<br />

doentes tende a ser conservadora, com o recorrente<br />

uso de técnicas imobilizadoras em doentes sem evidência<br />

radiológica de fratura. Esta situação acarreta importantes<br />

custos para o NHS e para a sociedade em geral 6 .<br />

O objetivo primário do estudo foi avaliar o impacto da<br />

intervenção nos custos totais para o NHS durante os<br />

primeiros 6 meses pós-recrutamento. Apesar de apa-<br />

rentemente contraproducente, a hipótese do estudo é<br />

que a utilização imediata de imagiologia avançada, no<br />

caso RM, permite excluir com precisão a existência de<br />

fraturas ainda durante o episódio de urgência, o que se<br />

traduz numa redução da necessidade de consumo de<br />

recursos de follow-up, em particular <strong>ao</strong> nível das consultas<br />

externas de ortopedia e imagiologia. Com vista a confirmar/refutar<br />

esta hipótese, realizou-se um ensaio clínico<br />

pragmático e aleatório que envolveu o recrutamento<br />

de 136 doentes (68 em cada grupo) comparando a utilização<br />

imediata da RM no contexto do serviço de urgência<br />

com a prática clínica convencional, sem o uso imediato<br />

da RM. Como objetivos secundários do estudo,<br />

procedeu-se à avaliação do impacto da intervenção <strong>ao</strong><br />

nível da qualidade e acessibilidade dos cuidados prestados<br />

e dos índices de satisfação dos doentes. O racional<br />

e desenho do ensaio clínico foi previamente publicado 5 .<br />

Para estimar o impacto da intervenção <strong>ao</strong> nível dos cuidados<br />

primários e hospitalares, a metodologia de identificação<br />

de recursos de saúde consumidos na gestão da<br />

condição clínica em estudo compreendeu a análise e }<br />

40 41


GH MELHOR COMUNICAÇÃO ORAL EAHM <strong>2018</strong><br />

interligação de diversas bases de dados (figura 5), designadamente<br />

do domínio: (a) hospitalar; (b) dos cuidados<br />

primários; e (c) de informação prestada pelos próprios<br />

doentes (via uma aplicação móvel).<br />

Resultados clínicos<br />

Foram considerados diversos indicadores na avaliação<br />

do impacto da intervenção sobre as dimensões: (i) qualidade;<br />

e (ii) acessibilidade dos cuidados prestados. A<br />

utilização imediata, como parte do episódio urgente,<br />

da RM na gestão clínica destes participantes permitiu<br />

aumentar a precisão da componente de diagnóstico<br />

da pathway clínica, tanto no diagnóstico de fraturas<br />

do escafoide, como de outros ossos (por exemplo,<br />

do rádio). O grupo de controlo, cuja componente de<br />

diagnóstico no serviço de urgência se baseia apenas na<br />

radiografia convencional, apresentou um nível de precisão<br />

no diagnóstico de fraturas de escafoide estimado<br />

em 93,8%. Este valor contrasta com os 100% apresentado<br />

pela intervenção com RM, que não apresentou<br />

qualquer resultado de falso negativo ou falso positivo.<br />

Quando qualquer outro osso do pulso é incluído, as estimativas<br />

de precisão do grupo de controlo e de intervenção<br />

desceram para 84,6% e 98,5%, respetivamente.<br />

Por outro lado, a intervenção permitiu a deteção de um<br />

maior número de fraturas (do escafoide ou de outros<br />

ossos), permitindo o seu tratamento precoce com recurso<br />

a técnicas de imobilização completa com gesso.<br />

Esta abordagem traduz-se na melhoria de indicadores<br />

clínicos, como a probabilidade de fratura corretamente<br />

curada. Em termos de acessibilidade, a intervenção permitiu<br />

uma maior celeridade na obtenção do diagnóstico<br />

correto (média de 10,2 dias vs 1,7 dias), aumentando a<br />

efetividade dos cuidados de saúde prestados.<br />

Avaliação económica<br />

A curva de distribuição dos custos em saúde apresenta<br />

tipicamente uma assimetria positiva, onde poucos<br />

doentes são responsáveis por uma grande porção dos<br />

custos. Deste modo, a análise estatística do custo <strong>ao</strong>s 6<br />

meses pós-recrutamento considerou o uso do modelo<br />

linear generalizado (regressão gama). A análise de custo-efetividade<br />

baseou-se na utilização de anos de vida<br />

ajustados por qualidade (custo-utilidade), tendo por<br />

Custos totais <strong>ao</strong>s 6 meses<br />

média (desvio padrão)<br />

Grupo de<br />

controlo<br />

(n=65)<br />

£661<br />

(£1.189)<br />

Grupo de<br />

intervenção: RM<br />

(n=67)<br />

Tabela 1: Resultados do modelo generalizado linear para a variável custos totais <strong>ao</strong>s 6 meses.<br />

Diferença<br />

(Controlo-RM)<br />

£395 (£345) £266 £3,3 a<br />

£528<br />

95% IC Valor-p<br />

0.047<br />

Figura 6: Plano de custo-efetividade da intervenção no mês 6 pós-recrutamento.<br />

base as orientações publicadas pelo National Institute<br />

for Health and Care Excellence (NICE). Para a representação<br />

da intervenção no plano de custo-efetividade,<br />

considerou-se a realização de análises de bootstrap com<br />

um total de 1.000 réplicas.<br />

O custo médio (desvio padrão) por participante nos<br />

6 meses pós-recrutamento no grupo de controlo e<br />

de intervenção foram, respetivamente, £661 (£1,189)<br />

e £395 (£345). A diferença de custo por participante<br />

de £266 foi estatisticamente significativa (p=0.047),<br />

conforme sumarizado na Tabela 1. Assim, no contexto<br />

da dimensão eficiência, a intervenção contribui para a<br />

sustentabilidade financeira do NHS.<br />

A análise de custo-efetividade avaliou o custo incremental<br />

por ano de vida ajustado por qualidade, estimado<br />

em -£4,687. O valor negativo indica que a intervenção,<br />

ou seja, a utilização imediata da RM, é dominante<br />

face <strong>ao</strong> grupo de controlo. Este resultado deriva sobretudo<br />

do custo incremental negativo associado com<br />

a intervenção, ou seja, a intervenção gera poupanças<br />

para o NHS.<br />

Tendo em consideração a análise de bootstrap, <strong>ao</strong>s 6<br />

meses pós-recrutamento, a intervenção com RM apresenta<br />

uma probabilidade de ser dominante de 98,3%<br />

e 0,0% de ser dominada (figura 6). As restantes 1,7%<br />

réplicas encontram-se nos quadrantes de custo-efetividade,<br />

onde a probabilidade de ser custo-efetivo depende<br />

do limiar de willingness-to-pay, isto é, de quanto<br />

o próprio sistema de saúde está disposto a pagar por<br />

cada ano de vida ajustado por qualidade. Assumindo<br />

o limiar tradicionalmente considerado pelo NICE<br />

(£20.000-£30.000 por ano de vida ajustado por qualidade),<br />

a intervenção apresenta uma probabilidade de<br />

ser custo-efetiva de 100%.<br />

Em suma, o ensaio clínico confirmou a hipótese de<br />

que o uso imediato de imagiologia avançada permite,<br />

não obstante o seu custo unitário superior quando<br />

comparado com modalidades de imagiologia básicas,<br />

gerar poupanças para o NHS. Isto decorre da<br />

confluência de três fatores, a saber: (i) a redução do<br />

número de consultas externas de ortopedia no grupo<br />

de intervenção (110 vs 55); (ii) uma proporção superior<br />

de utentes que necessitam de cirurgia no grupo<br />

de controlo (3 vs 1); e (iii) cerca de metade dos participantes<br />

no grupo de controlo acabam por necessitar<br />

de imagiologia avançada (CT ou RM) durante o<br />

período de follow-up.<br />

Provado que está o impacto positivo da intervenção<br />

sobre diferentes dimensões de análise, é necessário<br />

garantir a sua integração no contexto da prática clínica<br />

diária (translational research). Este processo, embora<br />

complexo visto a articulação de múltiplos stakeholders<br />

internos e externos à organização, é essencial pa-<br />

1. Barros, Pedro P. Economia da Saúde, 3a edição. Almedina, 2013.<br />

2. NHS, “New Care Models: Vanguards - developing a blueprint for the future<br />

of NHS and care services,” p. 64, 2016.<br />

3. The King’s Fund, “Sustainability and transformation plans (STPs) explained,”,<br />

21-Feb-2017. [Online]. Disponível em: https://www.kingsfund.org.uk/topics/<br />

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Nov-<strong>2018</strong>].<br />

4. TOHETI. [Online]. Disponível em: http://toheti.org/. [Acedido em: 08-Nov-<br />

<strong>2018</strong>].<br />

5. Rua, Tiago; Vijayanathan, Sanjay; Parkin, David; Goh, Vicky; McCrone, Paul e<br />

Gidwani, Sam. “Rationale and design of the SMaRT trial: A randomised, prospective,<br />

parallel, non-blinded, one-centre trial to evaluate the use of magnetic<br />

resonance imaging in acute setting in patients presenting with suspected<br />

scaphoid fracture,” Clin. Trials Lond. Engl., vol. <strong>15</strong>, no. 2, pp. 120–129, Apr. <strong>2018</strong>.<br />

6. Rua, Tiago; Parkin, David; Goh, Vicky; McCrone, Paul e Gidwani, Sam.<br />

“The economic evidence for advanced imaging in the diagnosis of suspected<br />

scaphoid fractures: systematic review of evidence,” J. Hand Surg. Eur. Vol., p.<br />

1753193417742553, Nov. 2017.<br />

ra garantir a sustentabilidade operacional e financeira<br />

intrínseca à implementação da intervenção. Os dois<br />

fatores críticos de sucesso da fase de implementação<br />

são: (i) a qualidade da evidência prestada como driver<br />

motivacional da mudança; e (ii) o envolvimento de<br />

profissionais seniores do hospital, em particular do<br />

conselho de administração, transmitindo a urgência e<br />

importância de incluir a intervenção na prática clínica<br />

diária (business as usual). Ã<br />

Siglas:<br />

IC - Intervalo de Confiança<br />

NHS - National Health Service<br />

NICE - National Institute for Health and Care<br />

Excellence<br />

RM - Ressonância Magnética<br />

SNS - Serviço Nacional de Saúde<br />

STP - Sustainability and Transformation Partnerships<br />

TC - Tomografia Computorizada<br />

TOHETI - Transforming Outcomes and Health<br />

Economics Through Imaging<br />

42 43


GH MELHOR POSTER EAHM <strong>2018</strong><br />

Necessidades dos<br />

utilizadores muito<br />

frequentes de um<br />

serviço de urgência:<br />

estudo das suas características<br />

clínicas e sociais<br />

Sandra Afonso<br />

Escola Nacional de Saúde Pública,<br />

Universidade Nova de Lisboa<br />

Sílvia Lopes<br />

Escola Nacional de Saúde Pública,<br />

Universidade Nova de Lisboa,<br />

Centro de Investigação em Saúde Pública<br />

Os serviços de urgência (SU) são a<br />

porta de entrada para o Serviço<br />

Nacional de Saúde (SNS) e assumem<br />

o difícil papel de garantir uma<br />

resposta eficiente e de qualidade<br />

para os utentes em situações de stress e risco de vida.<br />

O overcrowding, as longas esperas dos utentes para<br />

atendimento e o aumento do número de macas, consequência<br />

do aumento do número de doentes, são<br />

uma realidade internacional 1,2 que atrai a atenção da<br />

comunicação social 3 . É posto em causa o êxito da<br />

prestação de cuidados de saúde <strong>ao</strong>s utentes neste<br />

cenário e publicada a tensão e carga de trabalho<br />

sentidas pelos profissionais de saúde 3 .<br />

Das diversas razões apresentadas para o aumento<br />

da utilização dos SU, destaca-se a utilização destes<br />

por queixas não urgentes ou para a satisfação de<br />

necessidades de saúde rotineiras, o que resulta num<br />

aumento de custos para os sistemas de saúde e para<br />

a sociedade em geral, produz efeitos negativos<br />

sobre a qualidade dos serviços de emergência 2,4 ,<br />

põe em causa o acesso <strong>ao</strong>s cuidados de utentes em<br />

situações realmente urgentes e reduz a prontidão<br />

na prestação de cuidados 4 .<br />

De acordo com as estimativas internacionais, a utilização<br />

"evitável", "inapropriada" ou não urgente dos<br />

SU representa aproximadamente 31% do total dos<br />

episódios de urgência em Portugal 1 . Segundo diversos<br />

estudos, muitos desses episódios têm como protagonistas<br />

os utilizadores frequentes destes serviços<br />

e são estes que mais contribuem para o overcrowding<br />

vivenciado 2 , uma vez que sendo um grupo limitado<br />

de utentes (5% a 8% do total) 2,5 , representam uma<br />

parcela desproporcional dos episódios de urgência<br />

(21% a 28%) 5 .<br />

Perante os factos apresentados, é imperativo identificar<br />

as características dos utilizadores frequentes dos SU no<br />

sentido de desenvolver políticas capazes de reduzir os<br />

custos a eles associados e encontrar no sistema de saúde<br />

as respostas apropriadas às suas necessidades 2,4 .<br />

Objetivo<br />

Este trabalho de investigação foi desenvolvido com<br />

o objetivo de caracterizar do ponto de vista clínico<br />

e social os utilizadores muito frequentes que recorreram<br />

a um Serviço de Urgência Geral (SUG)<br />

Polivalente no ano 2016, de forma a obter informação<br />

relevante para o desenvolvimento de respostas<br />

alternativas seguras e com qualidade.<br />

Métodos<br />

Foi realizado um estudo observacional descritivo<br />

de coorte através da análise retrospetiva de dados<br />

referentes à utilização de um SUG no período de<br />

1 de janeiro a 31 de dezembro de 2016. Após a<br />

aprovação da comissão de ética hospitalar, foram<br />

identificados os utilizadores muito frequentes (número<br />

de episódios de urgência >10). Por não poderem<br />

beneficiar de qualquer intervenção futura,<br />

os utilizadores que à data de consulta do processo<br />

clínico tinham informação de óbito foram excluídos<br />

(n=35) obtendo-se uma taxa de mortalidade dos<br />

utilizadores muito frequentes no ano de 2016 de<br />

20,7%. Foi criado um instrumento de recolha de<br />

dados propositadamente para esse efeito, preenchido<br />

através do levantamento de informação dos<br />

processos clínicos eletrónicos e Plataforma de Dados<br />

da Saúde (PDS; apenas para aferir a atribuição<br />

de médico de família).<br />

Este instrumento implicou a recolha das características<br />

demográficas (sexo e idade), características<br />

sociais (condições habitacionais, com quem vive,<br />

empregabilidade, pagamento de taxas moderadoras,<br />

problemas familiares, problemas económicos,<br />

problemas de solidão/isolamento, necessidade de<br />

saciação da fome e/ou falta de abrigo, referenciação<br />

a assistente social hospitalar ou usufruto de apoio<br />

Número de episódios de urgência<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

<strong>15</strong>00<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

521<br />

691<br />

social atual ou anterior), características clínicas<br />

(grau de dependência para realização das atividades<br />

de vida diárias (AVD), doenças crónicas, doença<br />

mental, dependência de álcool e/ou drogas, seguimento<br />

em consultas de desintoxicação de álcool<br />

e/ou drogas, data do óbito, atribuição de médico<br />

de família e número de episódios de urgência em<br />

2012-20<strong>15</strong>) e características dos seus episódios de<br />

urgência (proveniência, atribuição de prioridade de<br />

acordo com o protocolo de triagem de Manchester<br />

e encaminhamento após alta).<br />

Foram apuradas as percentagens que os utilizadores<br />

muito frequentes representavam do total de<br />

utentes e episódios de urgência. Em seguida, foi feita<br />

uma análise descritiva das características demográficas,<br />

sociais e clínicas dos utentes. Na terceira<br />

parte, caracterizou-se a utilização da urgência, em<br />

termos de evolução temporal (2012-16), de proveniência<br />

e prioridade (sendo também combinadas as<br />

duas) e, finalmente, de destino após alta.<br />

Resultados<br />

Foram identificados 134 utilizadores muito frequentes,<br />

responsáveis por 2401 episódios de urgência,<br />

representando 0,2% dos utentes e 2,5% dos episódios<br />

de urgência. Observou-se uma média de 17,9<br />

episódios de urgência (mínimo: 11, máximo: 40). São<br />

na sua maioria do sexo masculino (53,0%) e apresentam<br />

uma média de idades de 60 anos (DP:18,2).<br />

Estes utilizadores vivem maioritariamente em habitação<br />

própria (75,4%), sendo que 75 (56,7%) vivem<br />

com outros familiares e 25 (18,7%) sozinhos. Ainda<br />

entre estes, 5 (3,7%) estão institucionalizados e outros<br />

5 (3,7%) estão identificados como sem-abrigo,<br />

sendo que 19,4% estão desempregados e 37,3% reformados.<br />

Em 28,3% dos seus processos clínicos fo- }<br />

778<br />

1285<br />

2401<br />

2012 2013 2014 20<strong>15</strong> 2016<br />

Ano<br />

Figura 1: Número de episódios de urgência dos utilizadores muito frequentes incluídos no estudo, por ano.<br />

44 45


GH MELHOR POSTER EAHM <strong>2018</strong><br />

ram identificados problemas familiares e em 14,2%<br />

dos mesmos são descritos problemas económicos,<br />

sendo que 57,9% não são isentos do pagamento de<br />

taxas moderadoras. De referir ainda que em 17<br />

(12,7%) destes utilizadores também foram reconhecidos<br />

problemas de solidão/isolamento. Entre os processos<br />

clínicos destes utilizadores, encontram-se em<br />

29,1% o registo de referenciação à assistente social<br />

por necessidades sociais insatisfeitas. Destes, 21,6%<br />

tiveram apoio social em 2016.<br />

Relativamente às suas características clínicas, estes utilizadores<br />

são na sua maioria independentes nas AVD<br />

(75,4%), apesar de apresentarem uma média de 4 doenças<br />

crónicas por utilizador (DP: 2,5). Têm na sua<br />

maioria médico de família atribuído (63,9%). Em 37<br />

(27,6%) estão diagnosticadas doenças mentais, em 23<br />

(17,2%) está diagnosticada a dependência de substâncias<br />

alcoólicas e em 7 (5,2%) de drogas (3 com acompanhamento<br />

clínico de desintoxicação alcoólica; 1 com<br />

acompanhamento clínico de desintoxicação de drogas).<br />

Em 26,9% dos utilizadores muito frequentes foi<br />

encontrada referência apenas às suas doenças agudas<br />

e crónicas, sem menção a qualquer problema<br />

psicossocial.<br />

A frequência de utilização da urgência por este grupo<br />

de 134 utilizadores assume uma tendência crescente<br />

<strong>ao</strong> longo dos anos (Figura 1), sendo que quadruplicou<br />

entre 2012 e 2016, de 521 episódios para 2401.<br />

Dos 2401 episódios registados, em 60,3% deles os<br />

utilizadores recorreram <strong>ao</strong> SUG sem qualquer encaminhamento,<br />

em 33,5% chegaram transportados<br />

por viaturas do INEM (o que não implica necessariamente<br />

o acompanhamento pela VMER). O encaminhamento<br />

pela Linha Saúde 24 e unidades dos<br />

Prioridade da triagem de Manchester<br />

Branco<br />

Azul<br />

Verde<br />

Amarelo<br />

Laranja<br />

Vermelho<br />

0,2%<br />

2,7%<br />

6,8%<br />

cuidados de saúde primários eram residuais (2,5% e<br />

2,0%, respetivamente).<br />

Relativamente à prioridade atribuída <strong>ao</strong>s seus episódios<br />

de acordo com o protocolo de Triagem<br />

de Manchester, como se pode ver na Figura 2, as<br />

prioridades que se destacam são a pouco urgente<br />

(verde, 37,7%) e a urgente (amarela, 35,1%), apesar<br />

de a prioridade muito urgente (laranja) representar<br />

17,5% destes episódios.<br />

Os episódios sem referenciação constituem a maior<br />

parte dos episódios em todas as cores, com exceção<br />

da vermelha (50,0%) (Quadro 1). A maior<br />

parte dos episódios não referenciados foi triado<br />

com a cor verde (41,5%), seguidos pela cor amarela<br />

(31,1%). Para os episódios transportados por<br />

viaturas do INEM, a maioria foram triados com a<br />

cor amarela (40,2%), seguida da cor verde (31,9%).<br />

No que se refere <strong>ao</strong> destino após alta, na maioria<br />

dos episódios não houve qualquer encaminhamento<br />

para outras unidades de prestação de cuidados<br />

ou consultas de especialidade (47,1%), sendo que<br />

em 11,9% dos episódios, estes utilizadores abandonaram<br />

o SUG sem serem observados por médico<br />

ou sem obterem alta clínica após observação.<br />

Discussão<br />

No nosso estudo, os utilizadores muito frequentes<br />

(>10 episódios) representam 0,2% dos utilizadores<br />

do SUG e 2,5% da totalidade dos seus episódios.<br />

Estas percentagens são inferiores a alguns estudos<br />

divulgados (1,1% dos utilizadores e 6,8% dos episódios)<br />

2 mas tal pode dever-se à definição de utilizador<br />

muito frequente assumida pelos mesmos implicar<br />

um número de episódios inferior ( >6 ou ≥6).<br />

17,5%<br />

35,1%<br />

37,7%<br />

0% 5% 10% <strong>15</strong>% 20% 25% 30% 35% 40%<br />

Percentagem do total de episódios de urgência<br />

Figura 2: Distribuição dos episódios de urgência por prioridade da triagem de Manchester.<br />

Cores<br />

Triagem de<br />

Manchester<br />

Número<br />

de episódios<br />

de urgência<br />

A idade média (60 anos), vai <strong>ao</strong> encontro de uma das<br />

causas de comportamento de utilização frequente<br />

defendida por outros autores, o envelhecimento populacional<br />

1 . A elevada taxa de mortalidade (20,7%)<br />

e uma média de 4 doenças crónicas por utilizador,<br />

corroboram outras teses que afirmam que estes<br />

têm elevadas taxas de mortalidade 6 e um pior estado<br />

de saúde, com múltiplas doenças crónicas 1,2,7 .<br />

Na consulta dos seus processos clínicos foram identificados<br />

problemas familiares (28,3%), problemas<br />

de solidão/isolamento (12,7%) e problemas económicos<br />

(14,2%), problemas estes maioritariamente<br />

já referidos em outros estudos, nomeados como<br />

situações familiares problemáticas 2 , falta de família<br />

7 , ausência de rede de apoio familiar 8 , isolamento<br />

social 7 e pobreza 1,7,9,10 . Apesar dos problemas<br />

económicos relatados em 14,2% dos utilizadores<br />

muito frequentes, a verdade é que na sua grande<br />

maioria (57,9%) não preenchem os critérios para<br />

serem isentos das taxas moderadoras. Parece que<br />

esse facto não inibe a procura dos SU hospitalar em<br />

Portugal, sendo que as populações de baixos rendimentos<br />

desvalorizaram os CSP a favor dos SU pois<br />

os hospitais são mais propensos a renunciar <strong>ao</strong>s<br />

co-pagamentos do que as unidades funcionais da<br />

comunidade 10 . Detetou-se que 7,5% dos utilizadores<br />

referenciados à Assistente Social não obtiveram<br />

qualquer resposta, o que segundo He et al. (2011) 11 ,<br />

pode motivar a sua maior afluência <strong>ao</strong> SUG.<br />

Relativamente à sua condição clínica, estes utilizadores<br />

são classificados pelos profissionais de saúde<br />

como maioritariamente independentes nas suas<br />

AVD (75,4%), apesar de em 27,6% estarem diagnosticadas<br />

doenças mentais e em 22,4% algum tipo<br />

de dependência (álcool ou drogas). Estas características<br />

são comuns a muitos dos estudos dedicados<br />

<strong>ao</strong>s utilizadores frequentes dos SU 2,5,7,9,12 mas,<br />

Não referenciado INEM Total<br />

Em % da<br />

proveniência<br />

Em %<br />

da cor<br />

Número<br />

de episódios<br />

de urgência<br />

Em %<br />

da proveniência<br />

Em %<br />

da cor<br />

Vermelho 3 0,2 50 3 0,4 50 6<br />

Laranja 214 14,8 50,1 180 22,4 42,9 420<br />

Amarelo 451 31,1 53,5 324 40,2 38,4 843<br />

Verde 601 41,5 66,4 257 31,9 28,4 905<br />

Azul 123 8,5 75 37 4,6 4,6 164<br />

Branco 56 3,9 88,9 4 0,5 6,3 63<br />

TOTAL 1448 100,0 60,3 805 100,0 33,5 2401<br />

Quadro1: Distribuição de cores atribuídas pela triagem de Manchester, de acordo com a proveniência dos utilizadores muito frequentes.<br />

“<br />

A REPRESENTATIVIDADE<br />

CONSIDERÁVEL DO ABANDONO<br />

DO SUG... PODE ESTAR<br />

RELACIONADO COM<br />

O TEMPO DE ESPERA...<br />

”<br />

apesar disso, ainda não existe sucesso nas respostas<br />

direcionadas a estes problemas. Relativamente à<br />

doença mental, no caso específico do SUG em análise,<br />

o doente psiquiátrico segue o circuito de qualquer<br />

outro doente, correndo o risco de agudizar<br />

o seu estado clínico quando exposto <strong>ao</strong>s múltiplos<br />

estímulos de stress característicos de um SU hospitalar.<br />

Seria importante pensar-se numa solução<br />

para estes utilizadores, de forma a definir-se um<br />

local de atendimento mais adequado e seguro para<br />

os mesmos, a nível hospitalar ou da comunidade,<br />

contribuindo consequentemente para um melhor<br />

funcionamento do SUG.<br />

Quanto à dependência de álcool ou drogas, dos 30<br />

utilizadores diagnosticados, apenas 4 tiveram algum<br />

acompanhamento de desintoxicação, concluindo-se<br />

que ainda existe uma grande lacuna no acompanhamento<br />

destes utilizadores.<br />

É no grupo de 26,9% utilizadores muito frequentes<br />

que não foi identificado qualquer problema social<br />

que se encontram aqueles que no ano em estudo }<br />

46 47


“GH MELHOR POSTER EAHM <strong>2018</strong><br />

MELHORAR A COMUNICAÇÃO<br />

ENTRE O SU, OS CSP E OUTRAS<br />

UNIDADES É FUNDAMENTAL.<br />

”<br />

tiveram alguma doença aguda ou agravamento de<br />

doença crónica que os levou a adotar o comportamento<br />

de utilização muito frequente do SUG. Seria<br />

disponíveis<br />

pertinente identificar estes casos precocemente<br />

quando o seu comportamento de utilização atingisse<br />

o considerado frequente (4 episódios/ano) 13 , encaminhando-os<br />

para os profissionais e contextos de<br />

prestação de cuidados mais adequados. Sugestão<br />

que se torna mais pertinente quando constatada a<br />

tendência crescente de episódios destes utilizadores<br />

<strong>ao</strong> longo dos anos.<br />

As prioridades atribuídas a estes utilizadores pela triagem<br />

de Manchester vão <strong>ao</strong> encontro dos dados do<br />

Relatório Anual sobre o Acesso a Cuidados de Saúde<br />

20<strong>15</strong> 13 , no sentido em que muitos dos episódios<br />

destes utilizadores não requerem cuidados de saúde<br />

sofisticados, podendo ser prestados a nível dos CSP.<br />

A percentagem de episódios pouco ou não urgentes<br />

encaminhados pelo INEM torna evidente a necessidade<br />

de melhorar e adequar a utilização dos recursos<br />

do sistema de saúde.<br />

O facto de a maioria dos episódios destes utilizadores<br />

(47,1%) não ser encaminhada para outras unidades<br />

de prestação de cuidados, revela a necessidade<br />

de uma ligação mais estreita entre este SUG e os<br />

CSP, até porque a grande maioria destes tem médico<br />

de família atribuído (63,9%). A representatividade<br />

considerável do abandono do SUG sem alta<br />

clínica e/ou observação médica (11%), pode estar<br />

relacionado com o tempo de espera para atendimento<br />

médico 14 ou por estes utilizadores terem<br />

outro objetivo na sua recorrência <strong>ao</strong> SUG que não<br />

a observação clínica (obter alimentos, abrigo ou fármacos)<br />

e <strong>ao</strong> alcançá-lo abandonam o serviço.<br />

De referir que, devido <strong>ao</strong> facto de muita informação<br />

ser obtida através de texto livre, escrito por diferentes<br />

profissionais de saúde, deve considerar-se o risco<br />

de viés de informação na recolha de dados dos processos<br />

clínicos dos utilizadores muito frequentes.<br />

Conclusão<br />

Com a informação obtida percebe-se que apesar<br />

da utilização dos serviços de urgência hospitalar<br />

por utilizadores muito frequentes ser um problema<br />

reconhecido do nosso SNS, há ainda um longo caminho<br />

a percorrer. Criar respostas direcionadas às<br />

suas necessidades, acompanhá-los na gestão do seu<br />

comportamento de procura de cuidados de saúde,<br />

efetuar reformas na organização/gestão dos SU<br />

hospitalares, nos procedimentos de referenciação<br />

de outras unidades para os SU e melhorar a comunicação<br />

entre o SU, os CSP e outras unidades de<br />

prestação de cuidados ou acompanhamento social<br />

na comunidade, é fundamental. Ã<br />

1. Berchet C. Manage the Demand. OECD Heal Work Pap. 20<strong>15</strong>;(83):49.<br />

2. Leporatti L, Ameri M, Trinchero C, Orcamo P, Montefiori M. Targeting<br />

frequent users of emergency departments: Prominent risk factors and<br />

policy implications. Health Policy (New York). 2016;120(5):462–70.<br />

3. Carriço M. Enchente nas urgências hospitalares. Porque é que isto<br />

se repete? E como se resolve? [Internet]. 2017 Jan; Available from:<br />

http://observador.pt/especiais/enchente-nas-urgencias-hospitalaresporque-e-que-isto-se-repete-e-como-se-resolve/.<br />

4. Carret M, Fassa A, Kawachi I. Demand for emergency health service:<br />

factors associated with inappropriate use. BMC Health Serv Res. 2007;7:131.<br />

5. Soril LJJ, Leggett LE, Lorenzetti DL, Noseworthy TW, Clement FM.<br />

Characteristics of frequent users of the emergency department in the<br />

general adult population: A systematic review of international healthcare<br />

systems. Health Policy (New York). 2016;120(5):452–61.<br />

6. Tiel S Van, Rood PPM, Bertoli-avella AM, Erasmus V, Haagsma J, Beeck<br />

E Van, et al. Systematic review of frequent users of emergency departments<br />

in non-US hospitals : state of the art. 20<strong>15</strong>;(August 2013).<br />

7. Milbrett P, Halm M. Characteristics and Predictors of Frequent Utilization<br />

of Emergency Services. J Emerg Nurs. 2009;35(3):191–8.<br />

8. Tanaka A, Takano T, Nakamura K. Inappropriate use of emergency<br />

ambulance services and the implications for primary health care in Japan.<br />

2000;9(4):259–68.<br />

9. Hardin L, Kilian A, Muller L, Callison K, Olgren M. Cross-Continuum<br />

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Need Users. West J Emerg Med 2017;18(2):189–200.<br />

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11. He J, Hou X, Toloo S, Patrick JR, Gerald GF. Demand for hospital<br />

emergency departments : a conceptual understanding. World J Emerg<br />

Med. 2011;2(4):253–61.<br />

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de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas<br />

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Fonseca, EPE. Trib Contas. 20<strong>15</strong>;Relatório:1–87.<br />

48


GH Espaço ENSP<br />

ENSP NOVA no 27 th<br />

'<br />

Rui Santana<br />

Subdiretor Escola Nacional de Saúde Pública,<br />

Universidade NOVA de Lisboa<br />

EAHM Congress<br />

Sílvia Lopes<br />

Professora e Coordenadora do Curso de Especialização<br />

em Administração <strong>Hospitalar</strong> (CEAH)<br />

Escola Nacional de Saúde Pública,<br />

Universidade NOVA de Lisboa<br />

Decorreu nos dias 26 a 28 do passado<br />

mês de setembro o Congresso da<br />

European Association of Hospital Managers<br />

(EAHM), que nesta sua 27ª<br />

edição teve Portugal como o país<br />

anfitrião e a Associação Portuguesa de Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es como entidade organizadora. No<br />

âmbito da estratégia de internacionalização da Escola<br />

Nacional de Saúde Pública (ENSP-NOVA), e que<br />

abordámos no número anterior, foi para nós uma<br />

oportunidade de darmos a conhecer a um público internacional<br />

o trabalho que temos vindo a realizar. Mas<br />

não só, procurámos igualmente que os participantes<br />

nacionais nos ficassem a conhecer melhor, incluindo<br />

aqueles que nos últimos anos nos escolheram como o<br />

local para a sua formação. Subordinado <strong>ao</strong> tema Redefining<br />

the Role of Hospitals – Innovating in Population<br />

Health, o programa deste congresso permitiu uma discussão<br />

de questões prementes que actualmente afetam<br />

os hospitais e a sua finalidade, daí a relevância do<br />

enfoque à saúde da população no seu mote.<br />

Pela importância do evento, a participação da ENSP-<br />

-NOVA envolveu um conjunto alargado de pessoas,<br />

que se empenharam neste projeto e às quais renovamos<br />

aqui o nosso reconhecimento. Através desta<br />

equipa foi possível levar a cabo um conjunto de ações<br />

que se traduziram numa participação rica e diversificada<br />

em diversos momentos do congresso, com o<br />

empenho também do Gabinete de Comunicação e<br />

Imagem (Lígia Franco e Marta Salavisa), Gabinete de<br />

Informática (João Tiago Iglésias e Nuno Bento) e Portuguese<br />

Journal of Public Health (Isabel Andrade).<br />

Na fase inicial da preparação, foi feito um trabalho de<br />

divulgação, apelando à submissão de trabalhos e inscrição<br />

no congresso dos nossos docentes, investigadores,<br />

antigos e atuais alunos. Também durante a fase inicial,<br />

docentes da ENSP-NOVA (Paulo Boto, Rui Santana e<br />

Sílvia Lopes) colaboraram na revisão dos resumos submetidos<br />

(71 resumos), em conjunto com revisores de<br />

outras instituições nacionais e internacionais. Ao todo,<br />

registou-se um total de 29 participantes da instituição<br />

e foram aceites 12 trabalhos afiliados com a ENSP-<br />

NOVA (4 apresentações; 8 posters). Foi com humildade<br />

e regozijo que assistimos <strong>ao</strong> reconhecimento do<br />

trabalho de antigos e atuais alunos da ENSP-NOVA<br />

na atribuição dos prémios de melhor apresentação e<br />

melhor poster <strong>ao</strong>s trabalhos Redesigning care to improve<br />

cost-effectiveness: Transforming healthcare using medical<br />

imaging as the driver for change (Tiago Rua, Sanjay<br />

Vijayanathan, Vicky Goh, James Shearer, Paul Mccrone,<br />

Sam Gidwani) e Can we know the needs of emergency<br />

department very frequent users by looking at<br />

their clinical and social characteristics? (Sandra Afonso,<br />

Sílvia Lopes), respetivamente.<br />

Foram oferecidos três cursos pré-congresso assegurados<br />

por docentes da nossa instituição: Hospital<br />

readmissions (Sílvia Lopes), Avoidable hospital admissions<br />

and ambulatory care sensitive conditions (Rui Santana,<br />

com João Sarmento) e Monitoring the quality of<br />

care in Portuguese hospitals (Paulo Boto), os quais contaram<br />

com cerca de 20-30 participantes cada.<br />

Nas sessões plenárias, participámos como oradores<br />

ou comentadores (Teresa Magalhães e Paulo Boto,<br />

respectivamente), além de termos assegurado a moderação<br />

das 8 sessões de comunicações orais do congresso<br />

(Cláudia Furtado, Joana Alves, João Cordeiro, Paulo<br />

Boto, Patrícia Marques, Rui Santana, Sílvia Lopes e Teresa<br />

Magalhães).<br />

Pudemos ainda acolher a visita de 5 participantes do congresso<br />

nas nossas instalações, onde ficaram a conhecer<br />

melhor a nossa atividade e o sistema de saúde português,<br />

que puderam comparar com os sistemas dos<br />

seus países.<br />

A ENSP-NOVA marcou presença também na área<br />

institucional de expositores, onde durante os 3 dias do<br />

congresso foram apresentadas as nossas atividades no<br />

ensino e investigação, entre as quais o workshop "Utilização<br />

da codificação clínica na gestão em saúde".<br />

O 27th EAHM Congress foi ainda uma oportunidade<br />

de contactar com antigos alunos, de partilhar as suas<br />

visões sobre o CEAH e o desenvolvimento das suas<br />

atividades profissionais e de renovar os meios de contacto<br />

com estes. Além disso, permitiu também contactar<br />

profissionais e investigadores de Portugal e ou-tros<br />

países, procurando áreas de interesse comuns. Por estas<br />

razões, constituiu uma oportunidade de networking<br />

para os nossos participantes, consolidando e desenvolvendo<br />

redes de nível nacional e internacional.<br />

No sentido de divulgar o evento junto daqueles que<br />

não puderam participar e prolongar os seus efeitos no<br />

tempo, a nossa participação no congresso foi objeto<br />

de notícias na nossa página e redes sociais. Além disso,<br />

os resumos dos trabalhos submetidos foram publicados<br />

no Portuguese Journal of Public Health. Esta revista<br />

veio substituir a Revista Portuguesa de Saúde Pública<br />

e alargá-la a novos públicos, não falantes de Português.<br />

Assim, é ainda possível consultar online os resumos<br />

submetidos e foram também distribuídos exemplares<br />

deste número especial da revista no local.<br />

Nestes dias revivemos memórias do CEAH através<br />

dos nossos antigos alunos, que tivemos o gosto de reencontrar.<br />

Mas foi igualmente bom perspectivar o futuro<br />

da ENSP-NOVA e sentirmo-nos confiantes para<br />

os desafios que (felizmente) o futuro nos reservará. Ã<br />

50


GH OPinião<br />

DO HOSPITAL MEDIEVAL<br />

AO HOSPITAL EMPRESA:<br />

Que futuro para<br />

o Hospital Público?<br />

José António Meneses Correia<br />

Sócio de Mérito da APAH<br />

Criação original das sociedades medievais<br />

do Ocidente cristão, o hospital<br />

evoluiu <strong>ao</strong> longo da história, modelado<br />

pela resultante de cinco grandes<br />

fatores sociais:<br />

• As ideias, princípios e valores sociais,<br />

• A política,<br />

• A economia,<br />

• O desenvolvimento científico e tecnológico,<br />

• A demografia.<br />

O hospital medieval cuida mais da alma que do corpo.<br />

Sendo os pobres a imagem de Cristo, recolhê-los<br />

permitiria ganhar a vida eterna. É essa a função do<br />

hospital. Que se manteve inalterável durante séculos.<br />

No final da idade média os hospitais deixam de ter<br />

condições para responder <strong>ao</strong>s novos problemas sociais<br />

resultantes das mudanças demográficas, económicas,<br />

políticas e culturais no Ocidente.<br />

Com o movimento da Reforma e o início do Estado<br />

Absolutista aumentam as vozes que reclamam a organização<br />

dum sistema de assistência pública e a unificação<br />

e concentração dos hospitais sob a égide do<br />

poder real e dos municípios.<br />

Mas é com a Revolução Francesa que se dá a verdadeira<br />

rutura em relação às ideias dominantes no pe-<br />

ríodo medieval. Os ideais revolucionários substituem<br />

a noção de dever religioso pela noção de obrigação<br />

social e atribuem <strong>ao</strong> Estado a responsabilidade da assistência<br />

no plano nacional.<br />

A verdade é que, no final da Convenção, a situação<br />

dos hospitais era pior do que no início da revolução. A<br />

economia falou mais alto do que a política.<br />

Vitoriosa na revolução, a burguesia vai fazer mover o<br />

pêndulo da história. Ao período revolucionário segue-<br />

-se um período reacionário, marcado por três princípios<br />

fundamentais:<br />

• Neutralismo do Estado,<br />

• Primado da beneficência, designação burguesa de<br />

caridade,<br />

• Livre jogo do mercado.<br />

Os resultados estiveram longe de ser brilhantes. A receita<br />

liberal também não constituiu terapêutica adequada.<br />

Os sistemas organizados de saúde surgiram no final do<br />

Século XIX, com a revolução industrial. Se a Grã-Bretanha<br />

foi o primeiro país a industrializar-se, foi na Alemanha,<br />

do ultraconservador Bismark, que foram publicadas<br />

as primeiras leis que deram início à construção<br />

do Estado-providência. Por pragmatismo político,<br />

o Chanceler de Ferro entendeu que seria necessária a<br />

intervenção do Estado para fazer frente <strong>ao</strong> crescente<br />

movimento social democrata e, por isso, fez publicar<br />

leis sobre os seguros sociais obrigatórios de doença,<br />

de acidentes de trabalho, de velhice e legislação sobre<br />

condições de trabalho.<br />

Acresce que às razões políticas se somavam também<br />

motivações económicas; era necessário fornecer <strong>ao</strong>s<br />

trabalhadores cuidados de saúde de uma forma integrada,<br />

para combater o decréscimo da produtividade<br />

laboral, associada à doença.<br />

O pioneirismo de Bismark, em matéria de proteção<br />

social, foi depois seguido pela Inglaterra, países Escandinavos<br />

e só mais tarde pelos Estados Unidos da<br />

América, com o New Deal de F.D. Roosevelt e em<br />

França com o Governo de Frente Popular.<br />

A extensão da proteção social vai ter implicações no<br />

exercício da Medicina e na modernização tecnológica<br />

e organizacional do sistema hospitalar, fomentada pelo<br />

desenvolvimento técnico-científico.<br />

O hospital público abandona, progressivamente, as<br />

suas funções de acolhimento e de controlo social, para<br />

se afirmar como instituição de saúde e produtor de<br />

cuidados tecnicamente diferenciados.<br />

Após a Segunda Guerra Mundial o Estado Moderno<br />

assume-se como claramente intervencionista e generalizam-se<br />

os modernos sistemas de segurança social.<br />

Em Inglaterra é apresentado em 1942, durante o Governo<br />

de coligação de Winston Churchill, o Relatório<br />

Beveridge. Com a vitória dos trabalhistas em 45 é<br />

este plano que vai estar na origem do Welfare State<br />

no âmbito do qual nasceria o National Health Service<br />

(HHS) um sistema financiado pelos impostos, com<br />

características de compreensividade, universalidade,<br />

igualdade e autonomia profissional.<br />

O hospital moderno nasce da interação positiva entre<br />

os cinco fatores anteriormente apontados e é uma das<br />

notáveis realizações da civilização industrial.<br />

O industrialismo, diz Toffler na sua obra “A Terceira<br />

Vaga”, “foi mais do que chaminés e linhas de montagem:<br />

foi um sistema social rico e multifacetado que tocou<br />

todos os aspetos da vida humana e atacou todas as<br />

características do passado da primeira vaga.”<br />

A civilização industrial substituiu a família multigeracional<br />

da civilização agrária pela família nuclear, criou o ensino<br />

de massas necessário à preparação de mão-de-<br />

-obra para o trabalho industrial e inventou a “corporação”.<br />

A grande corporação construiu a sua organização à volta<br />

de meia dúzia de princípios – estandardização, espe-<br />

cialização, sincronização, concentração, maximização e<br />

centralização - que se reforçavam mutuamente e produziram<br />

algumas das mais rígidas e mais poderosas organizações<br />

burocráticas.<br />

Escolas, hospitais, prisões, departamentos governamentais,<br />

organizações profissionais, sindicatos… organizaram-se<br />

também à volta destes princípios, tornando-se,<br />

também elas, estruturas burocráticas.<br />

Algumas das grandes corporações americanas foram,<br />

entretanto, capazes de fugir à burocracia e criar o que<br />

Gelinier chamou o management moderno.<br />

Alfred Sloan (General Motors), Chandler (MIT), o<br />

Professor Ernest Dale, mas sobretudo Peter Drucker,<br />

por muitos considerado o “pai do management”, reinventaram<br />

a gestão.<br />

As viagens à Meca da gestão dos gestores europeus<br />

tornam-se obrigatórias.<br />

Gelinier refere as “missões de produtividade” que levaram<br />

às universidade americanas muitos quadros e<br />

dirigentes franceses e constata o sucesso económico<br />

que daí adveio.<br />

Mas faz notar que, se o aumento da produtividade<br />

poderia resultar dum certo número de modalidades<br />

de ação, fáceis de transpor, a “sua fonte se encontrava<br />

num sistema, englobando o conjunto da estrutura,<br />

dos conceitos e dos valores”.<br />

Para descobrir o segredo das estruturas competitivas<br />

analisa, então, a fisiologia de várias empresas americanas<br />

e europeias, a partir duma classificação em quatro<br />

modelos estruturais.<br />

As diferenças entre os dois modelos, que particularmente<br />

nos interessam, estão resumidas no quadro<br />

abaixo.<br />

No que respeita às regras de funcionamento interno<br />

as duas estruturas são semelhantes: ambas se apoiam<br />

no direito escrito, constituído pela formalização das<br />

políticas, das funções, tarefas e processos.<br />

Contudo, mesmo naquilo que têm de comum, di- }<br />

Fator Burocracia <strong>Gestão</strong> empresarial<br />

Relação com o público Indiferença pelo público<br />

Princípio da concorrência, estudo das necessidades<br />

Tendência monopolista<br />

do cliente, inovação<br />

Representação do pessoal Muito forte Normal<br />

Método de direção Telecomando, por regulamentação detalhada Direção participativa por objetivos<br />

Responsabilidade Respeito pelo regulamento Objetivos a atingir<br />

Avaliação Formal e apriorística Objetiva, pelos resultados<br />

Fator maximizado Independência dos agentes Eficácia e racionalidade<br />

Adaptado de Gelinier: “Management ou Bureaucratie? Le secret des structures competitives.”<br />

52 53


GH OPinião<br />

“<br />

sam a que qualquer programa seja abolido.<br />

corresponderia a toda a riqueza estar concentrada numa<br />

única pessoa) registam-se os seguintes valores, na um estatuto jurídico que os abrangesse e uma taxa<br />

desenvolvimento e utilização de robôs, a criação de<br />

Finalmente, “uma instituição de serviços públicos existe<br />

para fazer o bem, pelo que a sua existência tende a ser<br />

base de dados da OCDE: Finlândia e Dinamarca 0,26, sobre a utilização de robôs que compensasse a perda<br />

encarada como um imperativo moral e não como um facto<br />

económico, sujeito a critérios de custo benefício”.<br />

e nos Estados Unidos o coeficiente de Gini era de Infelizmente o Parlamento Europeu deixou cair a últi-<br />

Noruega 0,27, Suécia 0,28, enquanto no Reino Unido de emprego resultante do aumento da sua utilização.<br />

A GESTÃO EMPRESARIAL TEVE<br />

Todas estas razões concorrem para tornar as instituições<br />

de serviço público mais empenhadas em maximi-<br />

de 20<strong>15</strong> para a Dinamarca e Noruega e <strong>ao</strong> ano de pelo setor da indústria robótica, sob o pretexto de<br />

0,35 e 0,39, respetivamente (valores relativos <strong>ao</strong> ano ma parte da proposta, decisão que foi muito aplaudida<br />

DIFICULDADE EM PENETRAR<br />

NOS SERVIÇOS PÚBLICOS.<br />

zar do que em otimizar os seus serviços.<br />

2016 para todos os outros).<br />

que esta travaria os avanços da inovação.<br />

Enquanto a expansão económica o permitiu, os sistemas<br />

Um sistema fiscal equitativo é um fator de eficiência Dada a interdependência entre os problemas de saú-<br />

de proteção social maximizaram a sua ação.<br />

económica e por isso os Países Nórdicos são, a seguir de e os problemas sociais, o futuro do hospital públi-<br />

”<br />

Os choques petrolíferos de 73 e 79 puseram fim à energia<br />

à Alemanha, os países da União Europeia a 28 que co está intimamente ligado à sobrevivência do Estado-providência.<br />

barata e diminuíram drasticamente o ritmo de crescimento.<br />

têm um PIB per capita mais elevado.<br />

Foi, também, o fim do critério do crescimento, como<br />

Como é evidente, cada país tem um Estado-providência<br />

que os seus recursos económicos permitem. Os trada dos grupos privados nas áreas tradicionais da<br />

Uma política neoliberal promoverá a progressiva en-<br />

medida de performance dos serviços públicos.<br />

A eleição de Thatcher em 1979 e de Reagan, dois anos<br />

modelos atuais nasceram com a Revolução Industrial provisão pública que caracterizam o Estado-providência<br />

(saúde, educação e segurança social) e será o fim<br />

vergem num ponto fundamental: enquanto na burocracia<br />

dos serviços públicos as regras são definidas centra a sua crítica no Estado Social, responsabilizan-<br />

Guerra Mundial. Vivemos hoje o que alguns autores do hospital público.<br />

depois, marca o início do pensamento neoliberal que<br />

e desenvolveram-se extr<strong>ao</strong>rdinariamente depois da II<br />

por uma autoridade exterior e longínqua, na gestão do-o por ser a causa maior dos problemas sociais e<br />

chamam a 4ª revolução Industrial. As mudanças tecnológicas<br />

O desmantelamento do Estado Social, não tem sido,<br />

empresarial são definidas por órgãos internos que económicos. Por razões ideológicas, ou necessidade<br />

a que assistimos são de natureza distinta das felizmente, uma tarefa fácil. Filipe Carreira da Silva faz<br />

as modificam quando a necessidade se faz sentir. económica, a maior parte dos países da União Europeia<br />

ocorridas na civilização industrial. O ritmo da mudan-<br />

notar, na obra já citada, que na Inglaterra e nos EUA,<br />

Na empresa privada são, por isso, frequentes as mudanças<br />

impôs um controlo financeiro apertado sobre os<br />

ça é muito mais rápido e o impacto na sociedade sem “a despesa social, no início da década de 80, antes de os<br />

de estrutura e organização, permitindo uma sistemas de saúde, designadamente sobre os hospitais.<br />

precedentes. Se é verdade que as inovações tecnológicas<br />

governos Thatcher e Reagan porem em prática os seus<br />

adaptação contínua, através de pequenas mudanças. Envelopes financeiros, restrições à oferta de novos<br />

destroem empregos, mas, em sua substituição programas de austeridade e desmantelamento do Esta-<br />

Na burocracia estatal as mudanças são muito menos serviços, diminuição de camas de agudos, controlo<br />

criam outros de maior valor acrescentado, a verdade do Social, e no final dessa década, era, em percentagem<br />

frequentes: as decisões são centralizadas, os circuitos de efetivos e do volume das prestações, foram instrumentos<br />

é que a globalização, a crise económica e as mudanças do PIB, sensivelmente a mesma”.<br />

a percorrer são longos e sinuosos, os obstáculos a<br />

de utilização generalizada, com resultados<br />

estruturais do mercado de trabalho criaram novos ris-<br />

Como é evidente, qualquer tentativa de desman-<br />

remover tão pesados que as mudanças acabam por visíveis no abrandamento do crescimento dos custos.<br />

cos, nomeadamente os relacionados com a precariedade<br />

telamento do Estado-providência, encontrará uma<br />

acontecer sob pressão e conduzir a uma perturbação<br />

O controlo dos custos teve como contrapartida o au-<br />

e desvalorização do trabalho e as adversidades enorme resistência popular e constituirá um potencial<br />

do serviço.<br />

mento de ineficiências microeconómicas, traduzidas<br />

macroeconómicas e financeiras.<br />

desastre eleitoral, sem contar já com o putativo poder<br />

Sendo o hospital uma organização extremamente em longas listas de espera, cuidados despersonalizados,<br />

A quarta revolução industrial está a aumentar as de-<br />

de veto dos órgãos de soberania, a algumas das mu-<br />

complexa e com custos progressivamente elevados,<br />

insensibilidade perante as preferências dos cidasigualdades<br />

de tal modo que o economista francês danças pretendidas pelos governos.<br />

natural seria que procurasse também adotar, com as dãos, subaproveitamento de recursos.<br />

Thomas Piketty afirmou, porventura com algum exagero,<br />

Os governos europeus têm, por isso, toda a vantagem<br />

devidas adaptações, os princípios e as técnicas do management<br />

Se na sua forma inicial o modelo se focou na produti-<br />

que, a continuar este caminho, daremos por nós em se esforçar por dar continuidade à tradição huma-<br />

moderno.<br />

vidade – Doing more with less -, posteriormente aco-<br />

na sociedade de rendas do final de Oitocentos.<br />

nista e solidária, inscrita na história da Europa. O que<br />

A gestão empresarial teve dificuldade em penetrar modou outros conceitos: descentralização, melhoria<br />

É necessária uma alteração profunda do sistema fiscal, não parece possível sem a conceção arrojada de um<br />

nos serviços públicos. Em 1985, Drucker (Innovation contínua da qualidade, avaliação dos serviços públicos<br />

que não tem apenas a ver com uma economia mais novo modelo social, adequado à nova ordem nascida<br />

and Entrepneurship) apontava três razões para isso: pelos consumidores/cidadãos.<br />

regulada e com mecanismos que impeçam a evasão da revolução tecnológica. Ã<br />

“Em primeiro lugar, uma instituição de serviços públicos Nos países com uma economia de mercado coordenada,<br />

fiscal. Bill Gates, compreendendo essa necessidade,<br />

singularizada pelo predomínio da prática de<br />

defende que as empresas que substituam pessoas por<br />

é baseada num orçamento, em vez de ser paga pelos<br />

“<br />

resultados.” O êxito define-se, a priori, pelo volume concertação entre diferentes atores sociais (de que<br />

máquinas devem ser chamadas a pagar uma taxa que<br />

do orçamento, mais do que pelos resultados obtidos. são exemplo os Países Nórdicos e o Japão) não se<br />

permita compensar fiscalmente os trabalhadores que<br />

Qualquer tentativa para reduzir a atividade diminuirá registou diminuição significativa de apoio <strong>ao</strong> Estado<br />

substituíram. Este sistema permitiria, por um lado, garantir<br />

um abrandamento dos efeitos da automação no<br />

a imagem da instituição e será rejeitada.<br />

Providência. Isto porque, diz Filipe Carreira da Silva (O<br />

“Em segundo lugar, uma instituição de serviços públicos Futuro do Estado Social), nestes países o consenso “se<br />

mercado de trabalho e, por outro, impulsionar, através É NECESSÁRIA UMA<br />

depende duma imensidão de elementos.” Uma empresa<br />

que coloca no mercado determinados pro- coesão social a que as instituições do Estado Providência<br />

de a tecnologia não substitui a vertente humana: pro-<br />

ALTERAÇÃO PROFUNDA<br />

funda em valores culturais arreigados de solidariedade e<br />

do financiamento, a criação de emprego em áreas on-<br />

dutos ou serviços precisa de, antes de tudo, cativar dão expressão”.<br />

fissões de cariz mais social, nomeadamente, cuidados<br />

os seus clientes e, depois, satisfazer os acionistas. Os sistemas fiscais dos Países Nórdicos são dos mais<br />

a idosos e crianças.<br />

DO SISTEMA FISCAL.<br />

Uma instituição pública tem de agradar a toda a equitativos do Mundo. Medida a equidade pelo coeficiente<br />

de Gini (recorde-se que este indicador varia en-<br />

fevereiro de 2017 a eurodeputada socialista Mady Del-<br />

Esta ideia já foi debatida no Parlamento Europeu. Em<br />

”<br />

gente e não é certo que em primeiro lugar esteja o<br />

público que serve. Quando inicia uma atividade, o tre 0 e 1, correspondendo o 0 a uma total equidade na<br />

vaux-Stehres, redigiu um documento em que pedia à<br />

serviço público cria “clientelas” que, então, se recu-<br />

distribuição de rendimento e o 1 a uma situação que<br />

Comissão Europeia um enquadramento ético para o<br />

54 55


GH Reflexões de direito biomédico<br />

ASPETOS ÉTICO<br />

JURÍDICOS<br />

DA PRÁTICA<br />

DA TELESSAÚDE<br />

'<br />

'<br />

Ana Elisabete Ferreira<br />

Advogada e Investigadora<br />

do Centro de Direito Biomédico<br />

André Gonçalo Dias Pereira<br />

Professor da Faculdade de Direito<br />

da Universidade de Coimbra<br />

e Diretor do Centro de Direito Biomédico<br />

Os Serviços partilhados do Ministério<br />

da Saúde criaram recentemente<br />

uma Academia, com o objetivo de<br />

valorizar as competências dos profissionais<br />

na área da saúde, assegurando<br />

a sua formação contínua.<br />

No final do mês de outubro iniciou a primeira formação<br />

na área dos aspetos jurídicos relevantes na área<br />

da telessaúde, tema prioritário no contexto atual.<br />

Envidando compreender os principais conceitos legais<br />

associados à telessaúde, e-health e m-health, bem como<br />

os aspetos éticos e deontológicos relacionados com a<br />

prática da telessaúde, foram convidados para assumir a<br />

formação Alexandre Dias Pereira e Ana Elisabete Ferreira,<br />

ambos investigadores do Centro de Direito<br />

Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade<br />

de Coimbra.<br />

Alexandre Dias Pereira, também Professor da Universidade<br />

de Coimbra e com vasta experiência neste campo,<br />

ocupou-se do mercado digital da saúde, da compreensão<br />

dos conceitos de telessaúde, de e-health e<br />

de m-health no contexto jurídico e das boas práticas<br />

médicas nestas áreas, bem como da problemática da<br />

proteção de dados, face <strong>ao</strong> Regulamento Europeu entrado<br />

em vigor em maio deste ano.<br />

Ana Elisabete Ferreira, Advogada especializada em<br />

Direito da Medicina, ocupou-se especificamente<br />

dos aspetos ético-jurídicos da utilização de robôs<br />

na saúde, em função da sua progressiva automação,<br />

e tendo em vista as respostas jurídicas no âmbito<br />

nacional e internacional para as situações em que<br />

os robôs causem danos a equipamentos e pessoas.<br />

A prática da telemedicina e os desafios jurídicos que<br />

coloca são estudados pelo corpo de investigadores<br />

do Centro de Direito Biomédico há mais de <strong>15</strong> anos,<br />

e é hoje temática protagonista de diversos cursos<br />

breves e workshops. Trata-se de um âmbito específico<br />

da telessaúde que é – na definição da Associação<br />

Médica Mundial – “o exercício da medicina à distância,<br />

cujas intervenções, diagnósticos, decisões de<br />

tratamentos e recomendações estão baseadas em<br />

dados, documentos e outra informação transmitida<br />

através de sistemas de telecomunicação”. A telemedicina<br />

combina áreas tão aliciantes como a medicina,<br />

a informática e as telecomunicações, o que se<br />

reflete no plano jurídico, já que esta matéria cruza<br />

dois ramos jurídicos pouco tradicionais: o direito da<br />

medicina e o direito da informática e dos dados.<br />

Têm surgido, quer a nível internacional, quer a nível<br />

nacional, um corpo de normas jurídicas que pretende<br />

regular a telessaúde e, em particular, a prática de determinados<br />

atos médicos à distância. Além disso, os<br />

diversos atores da discussão ética e jurídica têm vindo<br />

a produzir alguns documentos que permitem orientar<br />

o debate e encontrar linhas discursivas em ordem à<br />

resolução dos problemas que esta atividade levanta.<br />

As vantagens da telemedicina, para o doente, consistem<br />

no facto de ser mais cómoda, com custos<br />

mais baixos e tratamentos mais rápidos. Por sua<br />

vez, do lado do prestador de saúde, há maior possibilidade<br />

de evolução técnica aproveitando os equipamentos<br />

disponíveis; a informação recolhida pode<br />

ser útil no futuro para formação dos profissionais e<br />

obviamente facilitada a obtenção de uma segunda<br />

opinião, designadamente nos casos urgentes. Como<br />

desvantagens para o doente, a doutrina identifica a<br />

maior probabilidade de erro no diagnóstico e maior<br />

risco de quebra da confidencialidade dos dados do<br />

doente. Por seu turno, para o prestador de cuidados,<br />

refere-se a ausência do contacto direto especialista-doente,<br />

bem como os custos inerentes <strong>ao</strong>s<br />

equipamentos e infraestruturas de comunicações,<br />

que podem representar maiores obstáculos à sua<br />

utilização (PEREIRA, André Dias: 2004).<br />

A telemedicina pode, pois, solucionar problemas<br />

geográficos e económicos de doentes isolados, oferecendo<br />

uma forma de obter serviços médicos que<br />

de outro modo não seriam acessíveis. Todavia, acarreta<br />

alguns aspetos negativos, nomeadamente, na<br />

medida em que afeta a relação médico-doente.<br />

Importa, não obstante, esclarecer que a relação entre<br />

médico e doente nem sempre está pressuposta<br />

neste âmbito: a teleassistência, a televigilância, a teleconsulta,<br />

a telecirurgia e a interação entre dois }<br />

56 57


GH Reflexões de direito biomédico<br />

“<br />

O MÉDICO QUE USA OS MEIOS<br />

DA TELEMEDICINA E NÃO<br />

OBSERVA PRESENCIALMENTE<br />

O DOENTE, DEVE AVALIAR<br />

CUIDADOSAMENTE<br />

A INFORMAÇÃO RECEBIDA.<br />

”<br />

médicos são distintas possibilidades de telessaúde.<br />

A teleassistência refere-se a uma interação entre o<br />

médico e o doente geograficamente isolado ou que<br />

se encontre num tipo de meio a que não tem acesso<br />

a um médico local (por exemplo, no caso de calamidades<br />

e situações de urgência). A televigilância, por<br />

outro lado, utiliza-se com mais frequência em doentes<br />

com enfermidades crónicas, como a diabetes,<br />

hipertensão, deficiências físicas ou gravidezes difíceis,<br />

que exigem um acompanhamento e monitorização<br />

reiterados ou mesmo permanentes. Na televigilância<br />

há frequentemente transmissão de informação<br />

médica, como resultados de exames, análises<br />

ou prescrições médicas, que permitem vigiar o<br />

estado do doente.<br />

Uma interação onde o doente consulta diretamente<br />

o médico, utilizando qualquer forma de telecomunicação,<br />

como a internet, é denominada de teleconsulta.<br />

Neste caso há certos riscos ligados à incerteza<br />

e à confiança, confidencialidade e segurança<br />

da informação transmitida, assim como relativa à<br />

identidade e credenciais do médico.<br />

Telecirurgia é o termo utilizado para designar diferentes<br />

práticas adjuvantes <strong>ao</strong> tratamento cirúrgico:<br />

podemos estar perante a mera troca de imagens<br />

vídeo, para efeitos de ensino ou de consulta, ou ainda<br />

a obtenção de assistência de um colega durante<br />

uma operação (telemonitoring). No segundo nível,<br />

para além da consulta e assistência à distância, pode<br />

haver telemanipulação, ou seja, um cirurgião pode<br />

assistir um colega à distância usando ferramentas<br />

técnicas complexas como robôs. Finalmente, há a<br />

“verdadeira” telecirurgia: o cirurgião não se encontra<br />

fisicamente presente junto do doente durante a<br />

operação, apenas o sistema robótico (e algum pessoal<br />

auxiliar) e o telecirurgião controla o robô com<br />

um joystick ou outro instrumento técnico (robotic<br />

surgery).<br />

Por outro lado, a telemedicina também serve a interação<br />

entre médicos: um fisicamente presente com<br />

o doente e outro que coadjuva, à distância, avaliando<br />

exames e sintomas.<br />

O Regulamento n.<strong>º</strong> 707/2016 da Ordem dos Médicos,<br />

que veio definir os arrimos da Deontologia Médica<br />

em Portugal, ocupou-se largamente do exercício<br />

da telemedicina: define, desde logo, que telemedicina<br />

deve respeitar a relação médico-doente,<br />

mantendo a confiança mútua, a independência de<br />

opinião do médico, a autonomia do doente e a confidencialidade<br />

das suas informações e dados. Quando<br />

o doente pede ou se submete a uma consulta<br />

por telemedicina, esta não deve substituir a relação<br />

médico-doente e deve realizar-se em condições sobreponíveis<br />

a uma consulta presencial, e só deve ser<br />

dada quando o médico tenha uma ideia clara e justificável<br />

da situação clínica.<br />

Ao mesmo passo, o referido Regulamento define<br />

que o médico que usa os meios da telemedicina<br />

e não observa presencialmente o doente, deve<br />

avaliar cuidadosamente a informação recebida, só<br />

podendo dar opiniões, recomendações ou tomar<br />

decisões médicas, se a qualidade da informação recebida<br />

for suficiente e relevante. Já no caso da utilização<br />

da telemedicina em situações de urgência,<br />

pode a opinião do médico teleconsultado ser baseada<br />

numa informação incompleta, mas nesta situação<br />

excecional o médico assistente é responsável<br />

pela decisão a tomar.<br />

Há ainda aspetos relevantes a salientar acerca da<br />

responsabilidade profissional do médico nos atos<br />

praticados no âmbito da telessaúde. Como é evi-<br />

dente, o médico tem liberdade e completa independência<br />

de decidir se utiliza ou recusa a telemedicina,<br />

e pode sempre recusar emitir a sua opinião<br />

sobre um caso relativamente <strong>ao</strong> qual considere não<br />

dispor de toda a informação necessária.<br />

O médico só deve utilizar a telemedicina depois de<br />

se certificar que a equipa encarregue da sua realização<br />

garante um nível de qualidade suficientemente<br />

alto, funciona de forma adequada e cumpre com as<br />

normas estipuladas. Deve dispor de sistemas de suporte<br />

e utilizar controlos de qualidade e procedimentos<br />

de avaliação para vigiar a precisão e a qualidade<br />

da informação recebida e transmitida. Deve também<br />

certificar-se de que o sistema utilizado e os seus utilizadores<br />

garantem o segredo médico, nomeadamente<br />

através da encriptação de nomes e outros dados<br />

identificadores, assim assegurando a estrita confidencialidade<br />

da informação permutada e registada.<br />

A partir do momento em que utiliza estes expedientes,<br />

deve estar ciente de que, quando envolve<br />

outros colegas, passa a ser responsável pelo tratamento<br />

e pelas decisões e recomendações por ele<br />

dadas <strong>ao</strong> seu doente. Quanto <strong>ao</strong>s colaboradores<br />

não médicos participantes na transmissão ou receção<br />

de dados, o médico deve assegurar-se de que a<br />

sua formação e competência sejam adequadas, de<br />

modo a poder garantir uma utilização apropriada<br />

da telemedicina e a salvaguarda do segredo médico.<br />

Tendo em conta o desenvolvimento tecnológico<br />

e médico e a proliferação dos modos de comunicação,<br />

bem como a globalização da prestação de<br />

cuidados de saúde e a permanente circulação de<br />

pessoas e bens pelo mundo, é muito natural que<br />

as várias práticas de telessaúde e, em particular, a<br />

telemedicina em sentido estrito, venham a incrementar-se<br />

e a alargar o seu espetro. São, pois, de<br />

louvar as iniciativas que promovem o estudo das<br />

balizas legais e éticas desta prática, antecipando o<br />

alargamento futuro e os desafios que se colocam à<br />

saúde globalizada. Ã<br />

58


GH csp<br />

CUIDADOS DE<br />

SAÚDE PRIMÁRIOS:<br />

EQUIPA COMUNITÁRIA<br />

DE SUPORTE EM<br />

CUIDADOS PALIATIVOS<br />

Fátima Teixeira<br />

Coordenadora Regional da Rede Nacional<br />

de Cuidados Paliativos- ARS Algarve<br />

Membro da Comissão Nacional da Rede Nacional<br />

de Cuidados Paliativos- ACSS<br />

Segundo a Lei de Bases, os “cuidados<br />

paliativos são os cuidados ativos, coordenados<br />

e globais, prestados por unidades<br />

e equipas específicas, em internamento<br />

ou no domicílio, a doentes<br />

em situação de sofrimento decorrente de doença<br />

incurável ou grave, em fase avançada e progressiva,<br />

assim como às suas famílias (…) através da prevenção<br />

e alívio do sofrimento físico, psicológico, social<br />

e espiritual, com base na identificação precoce e<br />

do tratamento rigoroso da dor e outros problemas<br />

físicos, mas também psicossociais e espirituais”.<br />

São, pois, uma filosofia humanitária que cuida sobretudo<br />

de doentes com doenças que ameaçam<br />

a vida, aliviando, não apenas, mas principalmente,<br />

o sofrimento nas suas diferentes dimensões. São<br />

prestados por uma equipa interdisciplinar onde<br />

cada profissional reconhece a especificidade e a<br />

importância complementar do seu trabalho. O trabalho<br />

em equipa é a única forma de assegurar a<br />

qualidade e a eficácia do serviço que possa assegurar<br />

a dignidade da vida do doente até <strong>ao</strong> fim.<br />

Esta equipa integra-se na Rede Nacional de Cuidados<br />

Paliativos e cumpre os requisitos e as orientações<br />

presentes no Plano Estratégico Para o Desenvolvimento<br />

dos Cuidados Paliativos, Biénio 2017-<strong>2018</strong>.<br />

A Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos<br />

do Algarve (ECSCP) foi criada em 2007 por<br />

iniciativa da Administração Regional de Saúde (ARS)<br />

como uma iniciativa pioneira nos Cuidados de Saúde<br />

Primários (CSP).<br />

Em 2008, após a reestruturação dos Cuidados de<br />

Saúde Primários com a criação dos ACES (Agrupamentos<br />

dos Centros de Saúde), a equipa ficou a<br />

pertencer <strong>ao</strong> ACES Sotavento.<br />

Desde então esta equipa abrange todos os concelhos<br />

do ACES: Alcoutim, Castro Marim, Tavira e Vila<br />

Real de Santo António, com uma área de <strong>15</strong>44,4<br />

km 2 e 53.600 habitantes (INE, 2011).<br />

A ECSCP do ACES Sotavento é constituída por 4<br />

médicos (Dra. Fatima Teixeira, Dra. Elsa Santos, Dr.<br />

Arménio Ramos e Dra. Ana de Jesus) e 3 enfermeiros<br />

(Enf<strong>º</strong> Nuno Oliveira, Enfª Lina Mota e Enf<strong>º</strong> Porfírio<br />

Custodio) e 1 psicóloga (Dra. Rosália Fonseca).<br />

Presta serviço em três frentes: acompanha diretamente,<br />

no domicílio, doentes de complexidade<br />

elevada com sofrimento persistente e doentes em<br />

fim de vida; tem uma Consulta de Medicina Paliativa<br />

na sua sede, no Centro de Saúde de Tavira,<br />

para acompanhamento de doentes (média comple-<br />

“<br />

Antoine<br />

AQUELES QUE PASSAM POR NÓS, NÃO VÃO SÓS,<br />

NÃO NOS DEIXAM SÓS. DEIXAM UM POUCO DE SI,<br />

LEVAM UM POUCO DE NÓS.<br />

xidade ou complexidade intermitente) de todo o<br />

agrupamento e ainda consultadoria especializada<br />

em cuidados paliativos <strong>ao</strong>s médicos de família, Unidades<br />

e Equipas da Rede Nacional de Continuados<br />

Integrados, assim como às Estruturas Residenciais<br />

de Idosos (ERPIs).<br />

Durante os 10 anos de existência a equipa seguiu<br />

cerca de 500 doentes com doenças crónicas avançadas<br />

e progressivas, mas também doentes com<br />

doenças ameaçadoras da vida. Seguiu doentes com<br />

cancro (adultos e crianças), doenças neurodegenerativas<br />

(esclerose lateral amiotrófica e esclerose<br />

múltipla) e com insuficiência de órgãos (insuficiência<br />

cardíaca e respiratória, entre outras).<br />

Cerca de 54% destes doentes faleceram no domicílio<br />

apesar da elevada carga de cuidados médicos<br />

e de enfermagem de que necessitavam (doentes<br />

complexos), mostrando que a sua atividade fez a diferença<br />

<strong>ao</strong> permitir <strong>ao</strong>s doentes falecerem em casa<br />

quando foi esse o seu desejo.<br />

”<br />

de Saint-Exupéry<br />

Estudos demonstram que doentes seguidos no último<br />

mês de vida por Equipas Comunitárias de Suporte<br />

em Cuidados Paliativos, representam cerca<br />

de metade do custo dos doentes que não possuem<br />

acesso a estes cuidados e confirmam a vantagem<br />

económica na perspetiva da utilização racional dos<br />

recursos do Serviço Nacional de Saúde. 1<br />

Ao longo dos anos a equipa recebeu frequentemente<br />

o agradecimento dos doentes e das suas famílias. A<br />

equipa agradece a colaboração dos cuidadores e reconhece<br />

o seu esforço incansável abdicando muitas vezes<br />

da sua vida para dar o melhor <strong>ao</strong>s seus familiares.<br />

Hoje a equipa continua a acreditar e a bater-se para<br />

que ninguém que necessite de cuidados paliativos<br />

diferenciados fique para trás e para que todos os<br />

doentes tenham uma resposta competente e humana<br />

<strong>ao</strong> seu sofrimento. Ã<br />

1. Teixeira F. Cuidados Paliativos no Domicílio: Poupança ou Desperdício?<br />

Tese de Mestrado, 2011.<br />

60


MARCA A AGENDA<br />

A Associação Portuguesa de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es (APAH) promoveu as seguintes iniciativas (outubro - dezembro <strong>2018</strong>):<br />

EVENTOS +<br />

Deixamos aqui algumas sugestões de eventos futuros em 2019:<br />

3F: Financiamento, Fórmula para o Futuro – “Saúde,<br />

uma prioridade” | Apresentação publica das conclusões<br />

e recomendações<br />

10 de outubro, Fundação Caloustre Gulbenkian, Lisboa<br />

As conclusões e recomendações do Projeto “3F: Financiamento, Fórmula<br />

para o Futuro” assim como dos projetos-piloto em curso, foram<br />

apresentadas publicamente a 10 de outubro, na Fundação Caloustre<br />

Gulbenkian em Lisboa. O 3F é uma iniciativa da APAH, com o apoio<br />

da Roche que visa promover a discussão de potenciais soluções de<br />

financiamento com vista à criação de valor para os utentes, assim<br />

como o desenvolvimento de projetos-piloto em hospitais do SNS,<br />

por forma a testar a exequibilidade das soluções encontradas e a<br />

sua aplicabilidade e disseminação. Ver artigo na presente edição. Para<br />

mais informações consulte: https://www.saudeumaprioridade.pt<br />

Prémio Healthcare Excellence | Reunião Final e eleição do<br />

Vencedor <strong>2018</strong><br />

19 de outubro, Secção Regional <strong>Norte</strong> da Ordem dos Médicos<br />

(SRNOM), Porto<br />

A APAH e a AbbVie promoveram a 5.ª edição do Prémio Healthcare<br />

Excellence com o objetivo de distinguir a excelência na gestão<br />

de unidades de saúde, reconhecendo as boas práticas no domínio<br />

da melhoria do serviço <strong>ao</strong>s utentes, promovendo a sua partilha e<br />

incentivando a sua consolidação. O Vencedor da edição de <strong>2018</strong><br />

foi o projeto “Via Verde Reanimação” apresentado pelo INEM. Ver<br />

reportagem na presente edição.<br />

Ciclo Conferências <strong>Rumo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Norte</strong> <strong>Hospitalar</strong> | “Segurança<br />

em meio hospitalar”<br />

22 de outubro, Grande Auditório João Lobo Antunes, Edifício Egas<br />

Moniz em Lisboa<br />

A APAH coorganizou com o Centro <strong>Hospitalar</strong> e Universitário de Lisboa<br />

<strong>Norte</strong> (CHULN) a 3.ª Conferência inserida no Ciclo de Conferências<br />

“<strong>Rumo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Norte</strong> <strong>Hospitalar</strong>” dedicada <strong>ao</strong> tema “Segurança em<br />

Meio <strong>Hospitalar</strong>”. No decurso desta conferência foram analisadas as<br />

medidas de autoproteção em edifícios hospitalares, os Planos de emergência,<br />

os simulacros e a segurança contra incêndios.<br />

C-Health Congress <strong>2018</strong><br />

24 de outubro, Lagoas Park Hotel, Porto Salvo<br />

A APAH participou no C-Health Congress <strong>2018</strong>, uma iniciativa da IFE<br />

by Abilways dedicado à temática Saúde “Out of the box”. O tema<br />

desta 3.ª edição esteve centrado no debate sobre os cuidados de<br />

saúde para além do ambiente hospitalar.<br />

Ciclo Luso-Brasileiro de Webinares de <strong>Gestão</strong> de Serviços<br />

de Saúde | “A adopção do Lean em saúde no Brasil<br />

e em Portugal”<br />

05 de novembro, Webconferência<br />

O 3.<strong>º</strong> Webinar do Ciclo Luso-Brasileiro foi dedicado à discussão do tema<br />

“A adopção do Lean em saúde no Brasil e em Portugal” a cargo de<br />

Rui Cortes da Lean Health Portugal e Ederson Pereira do Brasil. De<br />

registar mais uma vez a elevada adesão de um publico misto entre Brasil<br />

e Portugal e o dinamismo do espaço de perguntas e respostas.<br />

Ciclo Luso-Brasileiro de Webinares de <strong>Gestão</strong> de Serviços<br />

de Saúde | “Sistema de Saúde Brasileiro”<br />

06 de novembro, Webconferência<br />

O Ciclo Luso-Brasileiro de “Webinars de <strong>Gestão</strong> de Serviços de Saúde”<br />

é uma iniciativa, da APAH e do Colégio Brasileiro de Executivos da<br />

Saúde (CBEXs), com o objetivo de estreitar relações e promover a excelência<br />

na gestão da saúde através da discussão de temas relevantes<br />

para os gestores de saúde que exercem funções no Brasil e em Portugal.<br />

X Fórum do Medicamento | “Financiamento e Equidade<br />

para um SNS sustentável”<br />

16 de novembro, Centro Cultural de Belém, Lisboa<br />

O Fórum do Medicamento é uma iniciativa anual da Associação Portuguesa<br />

de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es (APAH) com o apoio da Astra<br />

Zeneca que visa contribuir para o conhecimento e partilha de boas<br />

práticas na área da gestão da tecnologia medicamento. A 10.ª edição<br />

do Fórum do Medicamento foi dedicada <strong>ao</strong> “Financiamento e Equidade<br />

para um SNS sustentável”. Ver reportagem na presente edição.<br />

Fórum da Diplomacia da Saúde<br />

26 de novembro, Reitoria da Universidade do Porto (UP) e Faculdade<br />

de Medicina UP, Porto<br />

A APAH apoiou o FÓRUM DIPLOMACIA DA SAÚDE. Esta iniciativa<br />

contou com a presença do Alto-Comissário para a Saúde Global,<br />

os Embaixadores da República Checa e da Guiné-Bissau em Portugal,<br />

os assessores para a saúde e para as relações internacionais da Presidência<br />

da República, o Presidente da APAH entre outros nomes de<br />

relevo na área.<br />

TOP 5 - A Excelência dos Hospitais<br />

27 de novembro, Museu Fundação Oriente, Lisboa<br />

O “TOP 5 - A Excelência dos Hospitais” <strong>2018</strong> teve o apoio institucional<br />

da APAH. Esta iniciativa pretende premiar anualmente os hospitais<br />

do SNS que apresentaram os melhores níveis de desempenho global.<br />

O processo de valoração objetiva do trabalho realizado tem como<br />

base uma metodologia rigorosa que identifica os melhores resultados<br />

mediante um conjunto de indicadores consolidados na avaliação de hospitais.<br />

Esta iniciativa é realizada em Portugal desde 2014 pela IASIST.<br />

Portugal Value Meeting for Health and Care <strong>2018</strong> | NO-<br />

VAsaúde<br />

29 de novembro, Reitoria da Universidade Nova de Lisboa - Campus<br />

de Campolide, Lisboa<br />

A APAH apoiou institucionalmente o “Portugal Value Meeting for<br />

Health and Care <strong>2018</strong>” promovido pela platafoma estratégica<br />

“NOVAsaúde - Value Improvment in Health and Care” e foi coorganizado<br />

pela Nova School of Business & Economics e pela Nova<br />

Medical School.<br />

Conferência “Investir em Saúde, Financiar anos de vida”<br />

| Jornal de Negócios + Janssen<br />

4 de dezembro, Pavilhão do Conhecimento, Lisboa<br />

A APAH apoiou institucionalmente a 3.ª Conferência “Investir em<br />

Saúde”, organizada pela Janssen e pelo Jornal de Negócios. A conferência<br />

deste ano contou com um painel de oradores composto por<br />

vários especialistas nacionais e internacionais.<br />

16.<strong>º</strong> Caminho dos Hospitais | Centro <strong>Hospitalar</strong> Barreiro<br />

Montijo<br />

07 de dezembro, Hospital Nossa Sra. do Rosário, Barreiro<br />

A APAH e o Centro <strong>Hospitalar</strong> Barreiro Montijo organizaram mais<br />

uma Conferência/debate inserida na iniciativa “Caminho dos Hospitais”,<br />

desta feita dedicada <strong>ao</strong> tema “Plano Diretor | que desafios?”. Ver<br />

reportagem na próxima edição.<br />

Medicina e Administração de Sistemas de Saúde | “Cooperação<br />

inter-hospitalar”<br />

14 de dezembro, Secção Regional <strong>Norte</strong> da Ordem dos Médicos<br />

(SRNOM), Porto<br />

No âmbito do protocolo assinado entre a SRNOM e a APAH, realizou-se<br />

a 2.ª sessão do Ciclo de Conferências | Medicina e Administração<br />

de Serviços de Saúde. A conferência, intitulada “Cooperação<br />

inter-hospitalarˮ, contou com as participações de Eurico Castro Alves,<br />

Presidente da Comissão Organizadora da Convenção Nacional da<br />

Saúde e de Delfim Rodrigues, Coordenador Nacional para a implementação<br />

e dinamização das Unidades de Hospitalização Domiciliária<br />

nos estabelecimentos hospitalares do SNS.<br />

ORGANIZAÇÃO APAH<br />

Prémio Healthcare Excellence | 6.ª Edição - Abertura das<br />

Candidaturas 2019<br />

Data: 1 de abril a 30 de maio<br />

Mais informações em: https://apah.pt/iniciativas-projetos/premio-<br />

-healthcare-excellence/<br />

6ª Conferência VALOR APAH | Modelos de gestão da qualidade<br />

e melhoria continua<br />

Data: 5 a 6 de abril de 2019<br />

Local: Hotel MH, Peniche<br />

Mais informações em: http://www.apah.pt<br />

À Terça-feira com… | Webinars APAH<br />

Data: 1.ª terça-feira de cada mês<br />

Local: Webconferência<br />

Mais informações em: https://apah.pt/iniciativas-projetos/a-tercafeira-com/<br />

7ª Conferência VALOR APAH | Modelos de gestão centrados<br />

no cidadão e na comunidade<br />

Data: 18 e 19 de outubro de 2019<br />

Local: Hotel Vila Galé, Braga<br />

Mais informações em: http://www.apah.pt<br />

XI Fórum do Medicamento<br />

Data: <strong>15</strong> de novembro de 2019<br />

Local: Centro Cultural de Belém, Lisboa<br />

Mais informações em: https://apah.pt/iniciativas-projetos/forum-domedicamento/<br />

CO-ORGANIZAÇÃO APAH<br />

Caminho dos Hospitais – Conferências debate<br />

Organização: APAH em parceria com Hospitais do SNS e Serviços<br />

Regionais de Saúde<br />

Data: Periodicidade mensal<br />

Mais informações em: https://apah.pt/iniciativas-projetos/caminhodos-hospitais/<br />

Ciclo Luso-Brasileiro | Webinars de <strong>Gestão</strong> de Serviços<br />

de Saúde<br />

Organização: Parceria APAH + CBEXs<br />

Data: Periodicidade mensal<br />

Local: Webconferência<br />

Mais informações em: www.apah.pt<br />

Liga Portuguesa da <strong>Gestão</strong> em Saúde (LEGOS)<br />

Organização: Parceria APAH + NOVA IMS destinada a promover a<br />

mudança efetiva na gestão em saúde, assente numa cultura de liderança<br />

e motivação para a inovação organizacional através da aplicação de<br />

metodologias pedagógicas de pensamento criativo e de simuladores<br />

avançados de projetos de mudança.<br />

Mais informações em: www.apah.pt<br />

Medicina e Administração de Sistemas de Saúde – Ciclo<br />

Conferências 2019<br />

Organização: Parceria APAH e Secção Regional <strong>Norte</strong> da Ordem<br />

dos Médicos (SRNOM)<br />

Mais informações em: https://apah.pt/iniciativas-projetos/medicina-eadministrac<strong>ao</strong>-de-servicos-de-saude/<br />

APAH RECOMENDA em 2019<br />

Webinars – Integrated Care Matters Series 3<br />

Esta série de webinars terá um foco particular no envelhecimento ativo<br />

e saudável e na prevenção e gestão da fragilidade. Cada webinar contará<br />

com profissionais de saúde e cuidadores com experiência na im-<br />

plementação de cuidados integrados centrados nas pessoas idosas.<br />

Organização: The International Foundation for Integrated Care<br />

(IFIC) in collaboration with IFIC Scotland and IFIC Ireland<br />

Local: Webconferência<br />

Mais informações em: https://integratedcarefoundation.org/events/<br />

webinar-integrated-care-matters-series-3-3#<strong>15</strong>40194957625-<br />

c20d3dc8-c1cd<br />

EHMA 2019 Winter School<br />

Organização: European Health Management Association (EHMA)<br />

Programme Directors’ Group<br />

Data: 5 a 7 de fevereiro de 2019<br />

Local: Kloster Eberbach, Alemanha<br />

Mais informações em: https://ehma.org/members/programme-directors/ehma-winter-school/<br />

Forum Annual Lecture on Artificial intelligence | European<br />

Biomedical Policy Forum<br />

Organização: Federation of European Academies of Medicine<br />

(FEAM)<br />

Data: 18 de março de 2019<br />

Local: Bruxelas, Belgica<br />

Mais informações em: https://www.feam.eu<br />

19th International Conference on Integrated Care | Evaluating<br />

and implement models of integrated peoplecentred<br />

services<br />

Organização: International Foundation for Integrated Care (IFIC)<br />

Data: 1 a 3 de abril de 2019<br />

Local: San Sebastian, País Basco – Espanha<br />

Mais informações em: https://integratedcarefoundation.org/events/<br />

icic19-19th-international-conference-on-integrated-care-san-sebastian-basque-country<br />

The HOPE Exchange Programme 2019<br />

Organização: HOPE European Hospital and Health Care Federation<br />

Data: 6 maio a 4 Junho de 2019<br />

Local: Estágio de formação.<br />

Mais informações em: http://www.hope.be/national-coordinators/<br />

The HOPE Agora | Evidence-informed decision-making<br />

in healthcare management<br />

Organização: HOPE European Hospital and Health Care Federation<br />

Data: 2 a 4 junho de 2019<br />

Local: Ljubljana, Eslovénia<br />

Mais informações em: http://www.hope.be/programme-2019/<br />

EHMA 2019 Annual Conference | HEALTH MANAGE-<br />

MENT 2.0<br />

Organização: European Health Management Association (EHMA)<br />

Data: 17 a 19 de junho de 2019<br />

Local: Eespo, Finlandia<br />

Mais informações em: https://ehma.org/events/annual-conference/<br />

EAHM 2019 | 6 Hospitals 6 Themes<br />

Organização: European Association of Hospital Managers (EAHM) e<br />

Belgian Association of Hospital Managers (BVZD/ABDH)<br />

Data: 12 e 13 de setembro de 2019<br />

Local: Ghent, Bélgica<br />

Mais informações em: http://eahm2019.eu/venue/ghent-belgium<br />

22th European Health Forum<br />

Organização: European Health Forum Gastein (EHFG)<br />

Data: 2 e 4 Outubro de 2019<br />

Local: Bad Hofgastein, Austria<br />

Mais informações em: http://www.ehfg.org/<br />

62<br />

63


Cuidados de Saúde<br />

Especializados<br />

Medicamentos<br />

Nutrição Clínica<br />

Dispositivos Médicos<br />

417/18<br />

Fresenius Kabi Pharma Portugal, Lda.<br />

Contacto: Avenida do Forte, 3 - Edifício Suécia IV, piso 3<br />

2794-039 Carnaxide, Portugal<br />

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Telefone: +351 214 241 280 | Fax: +351 214 241 290<br />

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CICLO DE CONFERÊNCIAS <strong>2018</strong><br />

RUMO<br />

AO NORTE<br />

HOSPITALAR<br />

19 DE MARÇO<br />

DESAFIOS DA INOVAÇÃO<br />

E SEGURANÇA DE INFORMAÇÃO<br />

17 DE SETEMBRO<br />

SANTA MARIA GREEN HOSPITAL:<br />

O FUTURO É HOJE<br />

22 DE OUTUBRO<br />

SEGURANÇA EM MEIO HOSPITALAR<br />

UMA PARCERIA CHULN | APAH


EDITORIAL CHuLn<br />

EDITORIAL APAH<br />

Dr. Carlos das Neves Martins<br />

Presidente do Conselho de Administração<br />

Ciclo<br />

de conferências<br />

inovador<br />

Alexandre Lourenço<br />

Presidente da APAH<br />

somos #apah<br />

Normalmente o dia de trabalho numa instituição de<br />

saúde, sobretudo com a missão e casuística como é<br />

o nosso caso, absorve a sua administração, e outros<br />

dirigentes intermédios, na procura constante da resolução ou,<br />

às vezes, na minimização dos problemas que, diariamente, surgem<br />

inopinadamente e obrigam toda a estrutura dirigente a<br />

actuar muitas vezes por reação e não, como procuramos, por<br />

antecipação. Este consumo de horas de trabalho, <strong>ao</strong> qual não<br />

se consegue escapar, sobrevive debaixo das múltiplas e complexas<br />

variáveis da exigente gestão, sobretudo numa instituição<br />

hospitalar universitária e com enormes responsabilidades<br />

também externas.<br />

Na minha responsabilidade de Presidente do Conselho de<br />

Administração do Centro <strong>Hospitalar</strong> Universitário de Lisboa<br />

<strong>Norte</strong> (CHULN), procuro, e felizmente tenho conseguido,<br />

ter tempo para motivar e envolver os dirigentes e os profissionais,<br />

em temas de pertinência atual, intrínsecos a esta<br />

instituição, levando-os à sua divulgação intra e extramuros e<br />

permitindo o seu debate, consciente da sua enorme importância,<br />

mérito e inovação.<br />

O desafio que fizemos no início deste ano à Associação Portuguesa<br />

de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es (APAH), desde logo<br />

pela sintonia de inconformismo e ambição permanente de fazer<br />

mais e melhor pelo SNS, mas também pelo papel determinante<br />

que esta prestigiada associação, com maior enfoque<br />

para a área hospitalar, executa no desenvolvimento do seu trabalho<br />

sinérgico com os múltiplos conselhos de administração<br />

hospitalares, em geral e nos seus objetivos de cumprimento,<br />

se possível, de superação, dos programas de contratualização<br />

externo e interno.<br />

A anuência imediata da APAH <strong>ao</strong> nosso desafio, criou uma parceria<br />

intitulada “Ciclo de Conferências CHULN/APAH <strong>2018</strong>:<br />

<strong>Rumo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Norte</strong> <strong>Hospitalar</strong>”. Três Conferências e três temas<br />

cruciais foram, então, decididos abordar: (1) Desafios da Inovação<br />

e Segurança da Informação, (2) Santa Maria Green Hospital:<br />

O Futuro é Hoje e (3) Segurança em Meio <strong>Hospitalar</strong>.<br />

Convido-vos agora a ler com maior pormenor os conteúdos<br />

resumidos destas três Conferências, que estão nesta brochura<br />

devidamente tratados, permitindo-me, apenas, realçar de<br />

cada uma daquelas e sob o meu critério de apreciação, pontos<br />

marcantes de grande mudança, clara inovação e prospetiva<br />

estratégica de gestão.<br />

Na primeira Conferência “Desafios da Inovação e Segurança<br />

da Informação”, realço a ameaça dos ciberataques nos sistemas<br />

informáticos de saúde de todo o mundo, o seu impac-<br />

to e recomendações. Com o avanço da tecnologia no meio<br />

hospitalar é imprescindível adotar medidas técnicas defensivas,<br />

mas também consciencializar e capacitar colaboradores<br />

e cidadãos com competências de cibersegurança. E noutra<br />

perspetiva a telesaúde em diferentes vertentes, a telemonitorização<br />

de doentes e a telereabilitação de pacientes, onde<br />

estamos a apostar em parcerias externas e inovadoras <strong>ao</strong> serviço<br />

do doente e sua família.<br />

Na segunda Conferência “Santa Maria Green Hospital: O<br />

Futuro é Hoje”, sublinho o pilar da inovação e da liderança<br />

nacional <strong>ao</strong> nível das boas práticas em meio hospitalar de<br />

economia de escala, recurso a energias limpas e renováveis, a<br />

sustentabilidade ambiental. Tendo sido relevante ouvir de um<br />

membro do Governo que este projeto global do Hospital<br />

de Santa Maria vem reforçar o apoio e o compromisso do<br />

Governo, por parte de uma das maiores instituições do país<br />

e que vai <strong>ao</strong> encontro do cumprimento das ambiciosas metas<br />

assumidas pelo Estado Português com a sua adesão <strong>ao</strong> Acordo<br />

de Paris para as Alterações Climáticas.<br />

Por último, a terceira Conferência “Segurança em Meio <strong>Hospitalar</strong>”,<br />

centrou-se na segurança, enquanto preocupação dos<br />

responsáveis da instituição, pelo que a sua organização teve<br />

como propósito a sensibilização e o reforço da necessidade<br />

de profissionalismo no planeamento, condução e avaliação da<br />

segurança global da instituição, dos seus profissionais e doentes<br />

e da população geral que a frequenta e serve. A exibição<br />

desses planos internos e externos de segurança e relato dos<br />

respetivos simulacros de treino e de aprimoramento da experiência<br />

perante a catástrofe culminaram com a justificação<br />

e mérito do tema, também na preservação da vida humana,<br />

do meio ambiente e do património.<br />

Orgulho-me pois pela realização deste inovador Ciclo de<br />

Conferências CHULN/APAH: <strong>Rumo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Norte</strong> <strong>Hospitalar</strong>,<br />

assim como de todos os profissionais desta instituição que se<br />

envolveram na sua organização e a quem, na impossibilidade<br />

de me dirigir a cada um deles, me sinto credor de uma palavra<br />

de forte agradecimento pelo êxito daquele mesmo.<br />

Por fim, a merecida palavra pública de agradecimento à Associação<br />

Portuguesa de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es, na<br />

pessoa do seu Presidente, Dr. Alexandre Lourenço, pela fantástica<br />

parceria e por ter aceite este desafio, reconhecimento<br />

que lhe renovo e que gostaria de ver continuado no tempo<br />

futuro, noutro ciclo de ímpares momentos de partilha de<br />

saber e de reflexão aberta, recebendo o CHULN de novo<br />

todo o prestígio e experiência da APAH. Ã<br />

A<br />

evolução demográfica, o consequente envelhecimento<br />

da população, a transformação digital da sociedade,<br />

as fortes restrições orçamentais dos últimos<br />

anos… Estes são apenas alguns exemplos de uma longa lista<br />

de desafios com os quais o sistema de saúde se depara atualmente.<br />

Desafios que exigem respostas diferentes, inovadoras<br />

e focadas em dois pontos fundamentais: a sustentabilidade e a<br />

prestação de cuidados de qualidade.<br />

A gestão de serviços de saúde encontra-se em constante evolução<br />

e é preciso reconhecer que as Instituições de Saúde em<br />

Portugal têm revelado uma extr<strong>ao</strong>rdinária capacidade de se<br />

reinventarem e de se adaptarem, inovando na prestação de<br />

melhores cuidados de saúde <strong>ao</strong>s utentes, da forma mais eficiente<br />

possível.<br />

Temos consciência de que frequentemente os desafios são comuns<br />

às várias unidades de saúde e que existem boas práticas<br />

com resultados comprovados. Projetos que procuram superar<br />

limites, que revelam ser verdadeiros casos de sucesso com<br />

ganhos relevantes para os doentes. São, muitas vezes, ideias<br />

aparentemente simples, fáceis de adaptar, que exigem pouco<br />

ou nenhum investimento financeiro, mas que geram um elevado<br />

retorno quer para a sustentabilidade do SNS, quer para o<br />

bem-estar dos doentes e das suas famílias.<br />

No reconhecimento desta realidade, aceitámos o desafio do<br />

Centro <strong>Hospitalar</strong> Universitário Lisboa <strong>Norte</strong>, na pessoa do<br />

Presidente do Conselho de Administração, Dr. Carlos Martins,<br />

para sermos parceiros de um ciclo de conferências cujo objetivo<br />

maior foi promover a discussão de temas atuais da gestão<br />

hospitalar com vista a apontar caminhos para o desenvolvimento<br />

das unidades de saúde. Em <strong>2018</strong>, e “<strong>Rumo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Norte</strong><br />

<strong>Hospitalar</strong>” debatemos em conjunto boas práticas e projetos<br />

pioneiros relacionados com os sistemas de informação e telemonitorização<br />

de doentes, com a importância da preservação<br />

do meio ambiente e da gestão energética, e com a gestão do<br />

risco e segurança do doente.<br />

Está no DNA da Associação Portuguesa de Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es contribuir como agente ativo para a excelência na<br />

prestação de cuidados de saúde <strong>ao</strong> cidadão, pelo que iniciativas<br />

como esta, dinamizadoras de um rumo de mudança, serão<br />

sempre merecedoras do nosso apoio, a bem do lema: Melhor<br />

gestão, mais SNS. Ã<br />

2 3


CONFERÊNCIAS CHuLN APAH<br />

Ciclo de Conferências<br />

"<strong>Rumo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Norte</strong> <strong>Hospitalar</strong>"<br />

14H00<br />

Abertura<br />

Dr. Carlos das Neves Martins | Presidente do Conselho de Administração do CHLN<br />

Dr. Alexandre Lourenço | Presidente da Direção da APAH<br />

14H<strong>15</strong><br />

Conferência inaugural “Os desafios da cibersegurança no meio hospitalar”<br />

Isabel Batista | Centro Nacional de Cibersegurança<br />

14H45<br />

Casos CHLN “A inovação <strong>ao</strong> serviço da qualidade e da segurança”<br />

Moderadora: Teresa Magalhães | CHLN)<br />

Comentadora: Isabel Baptista | Centro Nacional de Cibersegurança<br />

Avaliação de satisfação de utilizadores - Celeste Barreto | CHLN<br />

Telemonitorização do doente com ICC - Dulce Brito | CHLN<br />

Telereabilitação no doente com DPOC - Cristina Bárbara | CHLN<br />

Teleconsulta e Processo Clínico Paper Free - Luís Salavisa | CHLN<br />

16H00<br />

Intervalo para Café<br />

16H<strong>15</strong><br />

Conferência “A inovação nos dispositivos médicos e os desafios da Segurança de dados”<br />

José Tribolet | IST/INESC<br />

16H45<br />

17H30<br />

Moderador: Fausto Pinto | FMUL<br />

Comentadores: José Tribolet | IST/INESC<br />

Pedro Almeida | IBEB/FC/UL<br />

Paulo Borges | SeguraTI<br />

João Valente Cordeiro | ENSP/UNL<br />

Sessão de Encerramento<br />

Adalberto Campos Fernandes<br />

O<br />

Centro <strong>Hospitalar</strong> Universitário de Lisboa<br />

<strong>Norte</strong>, EPE (CHULN), e a Associação Portuguesa<br />

de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

(APAH), em parceria, promoveram um ciclo de conferências<br />

com o lema <strong>Rumo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Norte</strong> <strong>Hospitalar</strong>.<br />

Tendo como objetivo a discussão de temas atuais<br />

da gestão hospitalar, no âmbito dos sistemas de<br />

informação, da gestão energética e ambiente, e da<br />

segurança do doente, e visando a promoção do<br />

envolvimento e, consequente, desenvolvimento das<br />

unidades de saúde.<br />

A 1ª Conferência “Desafios da Inovação e Segurança<br />

da Informação” teve lugar no dia 19 de Março de<br />

<strong>2018</strong> e contou com a presença de diversas individualidades<br />

que apresentaram um conteúdo enriquecedor<br />

e esclarecedor da crescente utilização de<br />

meios tecnológicos na área da saúde.<br />

A conferência iniciou-se com os discursos dos Senhores<br />

Presidentes do CHLN e da APAH, Dr. Carlos<br />

Martins e Dr. Alexandre Lourenço, nos quais destacam<br />

a relevância da parceria, na perspetiva da inovação<br />

do setor público da saúde.<br />

A apresentação inaugural da conferência coube <strong>ao</strong><br />

Centro Nacional de Cibersegurança, pela Dra. Isabel<br />

Batista, com o tema Os Desafios da Cibersegurança<br />

no Meio <strong>Hospitalar</strong>, na qual demonstrou exemplos<br />

de ciberataques nos sistemas informáticos de saúde<br />

de todo o mundo, o seu impacto e recomendações.<br />

Com o avanço da tecnologia no meio hospitalar é imprescindível<br />

adotar medidas técnicas defensivas, mas<br />

também consciencializar e capacitar colaboradores e<br />

cidadãos com competências de Cibersegurança.<br />

A sessão seguiu com a moderação da Dra. Teresa<br />

Magalhães, Administradora <strong>Hospitalar</strong> no CHLN,<br />

que destacou a Inovação <strong>ao</strong> Serviço da Qualidade e<br />

da Segurança, e em que apresentou diversos casos<br />

do CHLN. O primeiro foi exposto pela Prof.ª Dra.<br />

Celeste Barreto, Diretora do Serviço de Pediatria }<br />

4 5


CONFERÊNCIAS CHuLN APAH<br />

Médica do CHLN, com foco na avaliação de satisfação<br />

de utilizadores, e no qual apresentou o cidadão<br />

como centro do sistema de saúde. Apresentou as<br />

várias fases do processo de certificação do Departamento<br />

de Pediatria do CHLN, com enfoque no<br />

grau de satisfação do utente e respetivos métodos<br />

de avaliação.<br />

O segundo caso foi exposto pela Prof.ª Dra. Dulce<br />

Brito, médica cardiologista do CHLN, e em que<br />

demonstra a relevância da telemonitorização do<br />

doente com insuficiência cardíaca crónica. Apresenta<br />

a prevalência na insuficiência cardíaca, a fases de<br />

evolução da doença e o peso dos custos associados<br />

à prestação de cuidados médicos. Apresentou os<br />

resultados positivos na implementação do programa<br />

de telemonitorização dos insuficientes cardíacos,<br />

concluindo ser, seguramente, uma mais-valia na gestão<br />

da doença.<br />

O terceiro caso foi apresentado pela Prof.ª Dra. Cristina<br />

Bárbara, defendendo a telereabilitação em pacientes<br />

com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).<br />

O programa permite uma avaliação/controlo clínico<br />

do doente no seu domicílio, pelos vários profissionais<br />

de saúde (médico, fisioterapeuta, enfermeiro, etc.), e o<br />

que torna possível e seguro a realização de exercício<br />

físico, com benefício na diminuição dos sintomas da<br />

doença, mesmo nos casos mais graves.<br />

O último caso foi apresentado pelo Eng.<strong>º</strong> Luís Salavisa,<br />

Diretor do Serviço de Sistemas de Informação<br />

do CHLN, e no qual destacou a realização de teleconsultas,<br />

pela acessibilidade e disponibilidade, com<br />

a consequente melhoria dos tempos de resposta.<br />

Apresentou ainda os desafios do CHLN na gestão<br />

do Arquivo Clínico e as vantagens da transformação<br />

digital, centralizando todo o processo numa única<br />

plataforma, disponível 24horas/dia, 365dias/ano, garantindo<br />

o cumprimento das atuais normas de proteção<br />

de dados.<br />

Após pausa de coffee-break, retomou a conferência<br />

o Prof. José Tribolet, Professor no Departamento de<br />

Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico,<br />

com o tema A Inovação nos Dispositivos Médicos e<br />

os Desafios da Segurança de Dados. Alertou para a<br />

facilidade atual de existirem ciberataques em Portugal,<br />

e para a necessidade de nos prevenirmos destas<br />

situações. Salientou a necessidade de implementação<br />

de uma arquitetura de segurança dos sistemas de<br />

saúde nacionais, assegurando um elevado nível de<br />

confidencialidade e capacidade de controlo de acessos<br />

abusivos a informação sobre a saúde dos utentes.<br />

Esta primeira conferência terminou com o discurso<br />

do Senhor Ministro da Saúde, Prof. Dr. Adalberto<br />

Campos Fernandes, que elogiou a iniciativa do<br />

CHLN e da APAH, defendendo a ideia de um mundo<br />

mais equitativo, destacando ainda alguns temas<br />

que também devem ser discutidos, como a gestão<br />

de risco, a falta de interoperabilidade nos sistemas<br />

hospitalares e a literacia em saúde. Ã<br />

6 7


CONFERÊNCIAS CHuLN APAH<br />

Conferência "Santa Maria<br />

Green Hospital: O Futuro<br />

é Hoje"<br />

14H00<br />

Abertura do Secretariado<br />

| PROGRAMA<br />

14H30<br />

14h00<br />

14h30<br />

16H00<br />

16h00<br />

18h<strong>15</strong><br />

Sessão de Abertura<br />

Dr. Carlos das Neves Martins | Presidente do Conselho de Administração do CHLN<br />

Abertura do Secretariado<br />

Eng.<strong>º</strong> Carlos Martins | Sua Excelência o Secretário de Estado do Ambiente<br />

Sessão de Abertura<br />

Dr. Carlos das Neves Martins | Presidente do Conselho de Administração do CHLN<br />

Eng.<strong>º</strong> Carlos Martins | Sua Excelência o Secretário de Estado do Ambiente<br />

<strong>15</strong>H00 1.<strong>º</strong> Painel | O projeto “Santa Maria Green Hospital”<br />

Moderadora: Dra. Ana Filipa Nunes | Jornalista<br />

<strong>15</strong>h00 Equipa 1.<strong>º</strong> Painel do “Santa | O Maria projeto Green “Santa Hospital”: Maria Green Hospital”<br />

Eng.<strong>º</strong> Carlos Duarte | Gestor Local de Energia e Carbono<br />

Moderadora Dra. Ana Filipa Nunes | Jornalista<br />

Eng.<strong>º</strong> Luis Salavisa | Diretor do Serviço de Sistemas de Informação<br />

Equipa do “Santa Maria Green Hospital”<br />

Enf.<strong>º</strong> José Esteves | Assessor do Presidente do Conselho de Administração do CHLN<br />

Eng.<strong>º</strong> Carlos Duarte | Gestor Local de Energia e Carbono<br />

para o “Green Hospital”<br />

Eng.<strong>º</strong> Luis Salavisa | Diretor do Serviço de Sistemas de Informação<br />

Enf.<strong>º</strong> José Esteves | Assessor do Presidente do Conselho de Administração do CHLN para o<br />

“Green Hospital”<br />

Intervalo para Café<br />

Intervalo para Café<br />

16h<strong>15</strong> 2.<strong>º</strong> Painel | “A Eficiência Energética”<br />

16H<strong>15</strong> 2.<strong>º</strong> Painel | “A Eficiência Energética”<br />

Moderador: Moderador Eng.<strong>º</strong> Nuno | Eng.<strong>º</strong> Jorge Nuno | Diretor Jorge do | Serviço Diretor do de Serviço Instalações de Instalações e Equipamentos e Equipamentos do<br />

do “Green Hospital”<br />

Eng.ª Gorete Soares | ADENE – Agência para a Energia<br />

Eng.ª Gorete Soares | ADENE – Responsável Agência para pela a Unidade Energia de Missão Eco.AP<br />

Eng.<strong>º</strong> Carlos Branco | Ordem<br />

Responsável<br />

dos Engenheiros<br />

pela Unidade de Missão Eco.AP<br />

Eng.<strong>º</strong> Carlos Eng.<strong>º</strong> Branco Fernando | Ordem Martins dos Engenheiros<br />

| Direção Geral Energia e Geologia<br />

Diretor de Serviços de Sustentabilidade Energética<br />

Eng.<strong>º</strong> Fernando Martins | Direção Geral Energia e Geologia<br />

17h<strong>15</strong> 3.<strong>º</strong> Painel | “A Sustentabilidade Ambiental”<br />

Diretor de Serviços de Sustentabilidade Energética<br />

17H<strong>15</strong><br />

18H<strong>15</strong><br />

Moderador | Eng.<strong>º</strong> Nelson Baltazar | Assessor do Presidente do Conselho de<br />

3.<strong>º</strong> Painel | “A Sustentabilidade Ambiental” Administração<br />

Moderador: Eng<strong>º</strong> Nelson Baltazar | Assessor do Presidente do C. A.<br />

Eng.ª Mercês Ferreira | Agência Portuguesa do Ambiente | Vogal do Conselho Diretivo<br />

Eng.ª Mercês Ferreira | Agência Portuguesa do Ambiente | Vogal do Conselho Diretivo<br />

Prof.ª Amparo Sereno | Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos<br />

Vice-Presidente da Comissão Diretiva<br />

Prof.ª Amparo Dra. Judite Sereno Leal | Associação | Valorsul | Portuguesa Departamento dos de Recursos Comunicação Hídricos<br />

Vice-Presidente da Comissão Diretiva<br />

Sessão de Encerramento<br />

Dra. Judite Leal | Valorsul | Departamento de Comunicação<br />

Dr. Alexandre Lourenço | Presidente da Direção da APAH<br />

Dra. Rosa Valente de Matos | Sua Excelência a Secretária de Estado da Saúde<br />

Sessão de Encerramento<br />

Dr. Alexandre Lourenço | Presidente da Direção da APAH<br />

Dra. Rosa Valente de Matos | Sua Excelência a Secretária de Estado da Saúde<br />

Teve lugar no passado dia 17 de Setembro no<br />

Edifício Egas Moniz da Faculdade de Medicina<br />

da Universidade de Lisboa, a 2.ª conferência<br />

do Ciclo de Conferências CHULN/APAH <strong>2018</strong><br />

– <strong>Rumo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Norte</strong> <strong>Hospitalar</strong>, dedicada <strong>ao</strong> tema<br />

“Santa Maria Green Hospital – O Futuro é Hoje”.<br />

A organização desta conferência visava o cumprimento<br />

de 2 grandes objetivos!<br />

O primeiro, a divulgação da ideia e do conceito<br />

“Green Hospital” por todos os profissionais e colaboradores<br />

do Centro <strong>Hospitalar</strong> Universitário de<br />

Lisboa <strong>Norte</strong> (CHULN), convocando-os e motivando-os<br />

para serem agentes ativos na “construção” do<br />

“primeiro Hospital Verde do País”.<br />

O segundo, a divulgação externa e mediática da ambição<br />

da transformação do Hospital de Santa Maria<br />

num “Green Hospital”, o primeiro do País, cumprindo<br />

os critérios da Agenda Global para os Hospitais<br />

Verdes e Saudáveis e obtendo por essa via a sua<br />

certificação internacional e consequente inclusão na<br />

Rede Global de Hospitais Verdes e Saudáveis.<br />

Este segundo objetivo tinha ainda inerente a afirmação<br />

do Projeto “Santa Maria Green Hospital” como<br />

mais um dos exemplos da aposta estratégica instituída<br />

pelo Conselho de Administração do CHULN e<br />

pelo seu Presidente, Dr. Carlos das Neves Martins,<br />

no pilar da Inovação e da Liderança Nacional <strong>ao</strong> nível<br />

das boas práticas em meio hospitalar.<br />

O cumprimento deste segundo objetivo começou<br />

ainda antes da realização da própria conferência,<br />

com a publicação pelo semanário “Expresso” de<br />

uma ampla reportagem sobre a conferência e sobre<br />

o projeto “Santa Maria Green Hospital”, que incluiu<br />

uma clara afirmação do Dr. Carlos Martins sobre<br />

os grandes objetivos e as medidas a implementar<br />

tendo em vista a sua concretização, bem como<br />

afirmações de apoio à iniciativa pelo Sr. Secretário<br />

de Estado do Ambiente, Eng.<strong>º</strong>. Carlos Martins. De<br />

destacar ainda que, já depois da conferência, no dia<br />

22 de Outubro, o Projeto “Santa Maria Green Hospital”<br />

foi igualmente objeto de uma reportagem no<br />

programa “Saúde em Dia” do canal especializado de<br />

televisão por cabo “Saúde +”.<br />

A Conferência teve na Sessão de Abertura a intervenção<br />

do Sr. Presidente do Conselho de Administração,<br />

Dr. Carlos das Neves Martins, que explicou<br />

“a Razão”, o “Conceito” e “a Ideia” deste Projeto<br />

e a sua importância estratégica para o CHULN. De<br />

seguida, usou da palavra o Sr. Secretário de Estado<br />

do Ambiente, Eng.<strong>º</strong>. Carlos Martins, que reforçou }<br />

8 9


CONFERÊNCIAS CHuLN APAH<br />

o apoio e o compromisso do Governo com o desenvolvimento<br />

deste projeto por parte de uma das<br />

maiores instituições do País, que vai de encontro <strong>ao</strong><br />

cumprimento das ambiciosas metas assumidas pelo<br />

Estado Português com a sua adesão <strong>ao</strong> Acordo de<br />

Paris para as Alterações Climáticas.<br />

Seguiu-se depois um 1.<strong>º</strong> Painel para a apresentação<br />

técnica e mais detalhada do Projeto “Santa Maria<br />

Green Hospital”, dos seus grandes objetivos e das<br />

medidas que o compõem, incluindo um ponto de<br />

situação atualizado sobre a fase de implementação<br />

de cada um deles e os constrangimentos existentes,<br />

evidenciando também os “ganhos” já obtidos com<br />

as medidas que foram possíveis já implementar. A<br />

apresentação deste painel esteve a cargo de 3 dos<br />

elementos da equipa do “Santa Maria Green Hospital”,<br />

o Eng.<strong>º</strong>. Carlos Duarte (Gestor Local de Energia<br />

e Carbono), o Eng.<strong>º</strong>. Luís Salavisa (Diretor do Serviço<br />

de Sistemas de Informação do CHULN) e o<br />

Enf.<strong>º</strong>. José Esteves (Assessor do Presidente do Conselho<br />

de Administração do CHULN para o “Green<br />

Hospital”), tendo sido moderado pela jornalista da<br />

TVI, Ana Filipa Nunes.<br />

O 2.<strong>º</strong> Painel foi dedicado à “Eficiência Energética”,<br />

tendo sido abordada a realidade atualmente existente<br />

no País e no Mundo relativamente <strong>ao</strong> atual paradigma<br />

energético em que assentam as sociedades<br />

modernas e o seu desenvolvimento, suportado nos<br />

hidrocarbonetos altamente poluentes e geradores<br />

dos gases com os efeitos de estufa que estão na<br />

origem das alterações climáticas que poderão trazer<br />

no curto prazo consequências trágicas para a Humanidade,<br />

se não ocorrer uma alteração de paradigma<br />

com aposta nas energias limpas e renováveis. Neste<br />

painel estiveram representadas a ADENE, a Ordem<br />

dos Engenheiros, e a DGEG, tendo a moderação<br />

ficado a cargo do Eng.<strong>º</strong>. Nuno Jorge, Diretor do Serviço<br />

de Instalações e Equipamentos do CHULN.<br />

O 3.<strong>º</strong> e último painel, intitulado “A Sustentabilidade<br />

Ambiental”, abordou as questões da Água e dos<br />

Resíduos, tendo nele participado a APA, a APRH<br />

e a VALORSUL, mediante a moderação do Eng.<strong>º</strong>.<br />

Nelson Baltazar, Assessor do Sr. Presidente do Conselho<br />

de Administração do CHULN para as áreas do<br />

Planeamento e da Investigação e Desenvolvimento.<br />

Neste painel foi focada a água como elemento essencial<br />

à vida e a sua escassez crescente, em virtude<br />

do exponencial crescimento da população e do<br />

facto da água potável disponível constituir apenas<br />

uma ínfima parte da totalidade da água existente no<br />

planeta, motivo pelo qual o combate <strong>ao</strong> seu desperdício<br />

e a consciencialização global para o imperioso<br />

e cada vez mais urgente uso racional ser inadiável,<br />

passando tal também pelo recurso a fontes alternativas<br />

(águas tratadas em ETAR’s e águas pluviais)<br />

para fins alternativos compatíveis como instalações<br />

sanitárias, regas e lavagens de ruas ou espaços públicos.<br />

No que respeita <strong>ao</strong>s resíduos foi avaliada<br />

a deposição, transporte, tratamento, valorização e<br />

destino final dos diversos tipos de resíduos, quer os<br />

“urbanos”, quer os “hospitalares”, tendo-se concluído<br />

que, apesar do País já dispor de equipamentos<br />

e tecnologia para fazer o adequado tratamento e<br />

destino de cada tipo de resíduos, muito há ainda<br />

por fazer <strong>ao</strong> nível do comportamento individual de<br />

cada um, quer quanto à crescente quantidade produzida,<br />

quer quanto <strong>ao</strong> adequado manuseamento e<br />

à correta separação e triagem, de forma a potenciar<br />

possibilidades de reciclagem e reutilização, com evidentes<br />

ganhos para a sustentabilidade dos recursos<br />

naturais do planeta num momento em que este já<br />

não tem capacidade de os repor à velocidade a que<br />

os estamos a usar.<br />

Seguiu-se a Sessão de Encerramento, com a participação<br />

do Sr. Presidente da APAH, Dr. Alexandre<br />

Lourenço, que elogiou o projeto, não só pelas questões<br />

inerentes às preocupações ambientais e com<br />

o futuro do planeta que lhe estão inerentes, mas<br />

também pelo que ele representa da visão moderna<br />

que se pretende para a gestão e administração dos<br />

hospitais enquanto partes de um todo integrados e<br />

preocupados com uma relação saudável e equilibrada<br />

com o meio em que se inserem e com as preocupações<br />

ambientais do país, bem como a conferência<br />

que permitiu uma análise e discussão alargada e transversal<br />

de todas estas preocupações e dos desafios<br />

que todos temos pela frente neste domínio.<br />

A intervenção de encerramento foi proferida pela<br />

Sra. Secretária de Estado da Saúde, Dra. Rosa Valente<br />

de Matos, que destacou a aposta do CHULN<br />

numa área tão estratégica e que representa uma<br />

visão diferente da tradicional na gestão de uma instituição<br />

hospitalar, a que acresceu o facto de se tratar<br />

de um Centro <strong>Hospitalar</strong> Universitário com a dimensão<br />

nacional e as responsabilidades que lhe são<br />

reconhecidas e fazem dele sempre um exemplo a<br />

seguir <strong>ao</strong> nível das boas práticas e da Inovação, tendo<br />

reafirmado o total empenho e apoio do Governo<br />

à concretização e <strong>ao</strong> sucesso do Projeto “Santa<br />

Maria Green Hospital”! Ã<br />

10 11


CONFERÊNCIAS CHuLN APAH<br />

Segurança em Meio <strong>Hospitalar</strong><br />

14H00<br />

Abertura do Secretariado<br />

| PROGRAMA<br />

14H30 Sessão de Abertura<br />

14h00 | Abertura do Secretariado<br />

14h30 | Sessão de Abertura<br />

Dr. Carlos das Neves Martins | Presidente do Conselho de Administração do CHULN<br />

14H50 Plano de Emergência <strong>Hospitalar</strong><br />

Dr. Alexandre Lourenço | Presidente da Direção da APAH<br />

14h50 | Plano de Emergência <strong>Hospitalar</strong><br />

<strong>15</strong>H05Dra. Situação Ângela Cristina de Emergência Alves | Comissão no Heliporto de Catástrofes e Emergência Interna do CHULN<br />

<strong>15</strong>h05 | Situação de Emergência no Heliporto<br />

Enf.<strong>º</strong> José Alexandre Santos Abrantes | Diretor do Heliporto do CHULN<br />

<strong>15</strong>H20<br />

<strong>15</strong>h20 | Organização da Segurança<br />

Dr. Joaquim Ferreira Alves | Delegado de Segurança<br />

<strong>15</strong>H30 Intervalo para café<br />

<strong>15</strong>h30 | Intervalo para café<br />

<strong>15</strong>h45 <strong>15</strong>H45 | Medicina de Catástrofes e Eventos de Massas<br />

Dr. António Marques | Consultor do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde<br />

16h<strong>15</strong> | Medidas de Autoproteção em Edifícios <strong>Hospitalar</strong>es<br />

16H<strong>15</strong><br />

Dr. João Nunes | Serviço Municipal de Proteção Civil<br />

16h45 | Segurança contra Incêndios<br />

16H45<br />

Eng.ª Cristina Caramujo | Regimento Sapadores Bombeiros<br />

17h00 | A Validação da Segurança; os Simulacros e sua Credibilidade<br />

17H00 Eng.<strong>º</strong> José Eduardo Goulão Marques | Instituto Superior de Educação e Ciências<br />

17H30 | Encerramento<br />

17H30General Carlos Manuel Mourato Nunes |Presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil<br />

<br />

Dr. Carlos das Neves Martins | Presidente do Conselho de Administração do CHULN<br />

Dr. Alexandre Lourenço | Presidente da Direção da APAH<br />

Dra. Ângela Cristina Alves | Comissão de Catástrofes e Emergência Interna do CHULN<br />

Enf.<strong>º</strong> José Alexandre Santos Abrantes | Diretor do Heliporto do CHULN<br />

Organização da Segurança<br />

Dr. Joaquim Ferreira Alves | Delegado de Segurança<br />

Medicina de Catástrofes e Eventos de Massas<br />

Dr. António Marques | Consultor do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde<br />

Medidas de Autoproteção em Edifícios <strong>Hospitalar</strong>es<br />

Dr. João Nunes | Serviço Municipal de Proteção Civil<br />

Segurança contra Incêndios<br />

Eng.ª Cristina Caramujo | Regimento Sapadores Bombeiros<br />

A Validação da Segurança, os Simulacros e sua Credibilidade<br />

Eng.<strong>º</strong> José Eduardo Goulão Marques | Instituto Superior de Educação e Ciências<br />

Encerramento<br />

General Carlos Manuel Mourato Nunes | Presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil<br />

Teve lugar no passado dia 22 de outubro, no<br />

Auditório João Lobo Antunes – Edfício Egas<br />

Moniz da Faculdade de Medicina de Lisboa,<br />

no campus do Hospital de Santa Maria, a 3.ª Conferência<br />

deste Ciclo, dedicada <strong>ao</strong> Tema “Segurança<br />

em Meio <strong>Hospitalar</strong>”.<br />

Como a Segurança é a nossa preocupação, <strong>ao</strong> organizarmos<br />

esta conferência tivemos como propósito<br />

a “Sensibilização e o Reforço da Necessidade de Profissionalismo<br />

no Planeamento, Condução e Avaliação<br />

da Segurança” que temos instalada no nosso local de<br />

trabalho e não só, bem como simulacros.<br />

Foi preocupação dos palestrantes alertar e relembrar<br />

para os riscos que corremos diariamente, como evitá-<br />

-los e enfrentá-los, mostrando como estão organizados<br />

os nossos edifícios, divulgando os Planos de Emergência<br />

<strong>Hospitalar</strong> e do Heliporto, não esquecendo que:<br />

• A segurança compete e é responsabilidade de todos;<br />

• A segurança não é um custo;<br />

• A segurança é um investimento.<br />

Na segunda parte foram apresentadas recomendações<br />

para a organização de um Plano de Contingência <strong>Hospitalar</strong><br />

numa situação de Emergência Externa, tendo sido<br />

abordada e avaliada a este propósito qual a responsabilidade<br />

dos hospitais num Plano de Contingência.<br />

A este propósito, foi salientada a responsabilidade e<br />

as diferentes responsabilidades na previsão/elaboração<br />

de um plano de contingência para a receção de<br />

doentes, no contexto de uma situação de exceção,<br />

isto é, com exigência de resposta acrescida perante<br />

uma situação de múltiplas vítimas e um grande<br />

número de doentes com patologia particularmente<br />

complexa, no Serviço de Urgência <strong>Hospitalar</strong>.<br />

Reconhecendo a importância estratégica da verten- }<br />

12 13


CONFERÊNCIAS CHuLN APAH<br />

te técnica na análise e planificação do Plano <strong>Hospitalar</strong><br />

de Emergência Externa, num espírito de colaboração,<br />

foram apresentadas um conjunto de recomendações<br />

visando promover a boa prática na planificação<br />

e gestão de situações na sequência desta afluência<br />

atípica <strong>ao</strong> Serviço de Urgência.<br />

Este deverá ser um plano intemporal e como tal deverá<br />

permanecer para além de um determinado evento.<br />

Foi igualmente evidenciado que a planificação, deverá<br />

assentar numa vertente fortemente operacional em<br />

função das necessidades decorrentes da situação de<br />

exceção, implicando um esforço prévio de organização<br />

estrutural, com o inerente benefício prático para<br />

o funcionamento normal do Hospital a nível de: comando<br />

e controlo, segurança, comunicações, avaliação<br />

inicial/triagem, tratamento e transporte de doentes.<br />

Ao ser acionado o Plano <strong>Hospitalar</strong> de Emergência<br />

numa instituição, poderão ser chamados a participar<br />

outros Hospitais com Serviços de Urgência, pelo que<br />

também estes devem possuir planos de emergência.<br />

Num Plano <strong>Hospitalar</strong> de Emergência deverá ser<br />

feito um levantamento da situação e rentabilização<br />

dos meios em áreas estratégicas: bloco operatório,<br />

cuidados intensivos, unidades especiais (por exemplo,<br />

queimados, pediatria...), enfermaria de retaguarda etc.<br />

Foi assim divulgado um conjunto de recomendações<br />

com o intuito de facilitar a organização hospitalar e<br />

promover as boas práticas neste domínio, necessariamente<br />

multiprofissional, visando a informação e a<br />

sensibilização dos profissionais de saúde em relação<br />

às exigências da planificação hospitalar para as situações<br />

de exceção.<br />

De seguida, quisemos saber como funciona a Segurança<br />

na nossa cidade e a nível nacional e qual<br />

a nossa responsabilidade, dando a palavra <strong>ao</strong>s técnicos<br />

do Regimento de Sapadores Bombeiros e<br />

Serviço Municipal de Proteção Civil, que elencaram<br />

a legislação vigente a este propósito, da qual se destaca<br />

o Decreto-lei 220/2008 de 12/11 com a sua<br />

republicação pelo Decreto-lei 224/20<strong>15</strong> de 9/10 e<br />

Portarias complementares, que têm como princípios<br />

gerais a preservação da vida humana, do ambiente<br />

e do património cultural e visam, em especial:<br />

• Reduzir a probabilidade de ocorrência de incêndios;<br />

• Limitar o desenvolvimento de eventuais incêndios;<br />

• Facilitar a evacuação e o salvamento dos ocupantes<br />

em risco;<br />

• Permitir a eficaz intervenção dos meios de socorro.<br />

Esta é uma competência da AUTORIDADE NA-<br />

CIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL delegável na Camara<br />

Municipal de Lisboa.<br />

Por fim foi evidenciada a missão e a finalidade da Proteção<br />

Civil que, conforme explicitado se traduz em:<br />

• PREVENIR riscos coletivos inerentes a situações<br />

de acidente grave ou catástrofe;<br />

• ATENUAR os seus efeitos;<br />

• PROTEGER;<br />

• SOCORRER as pessoas e bens em perigo quando<br />

aquelas situações ocorram;<br />

• CRIAR MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO.<br />

O encerramento esteve a cargo do Presidente da Autoridade<br />

Nacional de Proteção Civil, General Carlos Manuel<br />

Mourato Nunes, que se congratulou com esta iniciativa,<br />

alertando para as responsabilidades reconhecidas<br />

de todos, em especial dos que fazem parte do CHULN,<br />

como um bom exemplo a seguir <strong>ao</strong> nível das boas práticas,<br />

disponibilizando-se pessoal e institucionalmente para<br />

colaborações em futuros eventos desta natureza. Ã<br />

14 <strong>15</strong>


Centro <strong>Hospitalar</strong> Universitário de Lisboa <strong>Norte</strong>, EPE (CHULN)<br />

Av. Professor Egas Moniz<br />

1649-035 Lisboa<br />

www.chln.min-saude.pt<br />

Parque da Saúde em Lisboa,<br />

Avenida do Brasil n.<strong>º</strong> 53 – Pavilhão 11,<br />

1<strong>º</strong> Andar Nascente,<br />

1749-002 Lisboa<br />

www.apah.pt


SUPLEMENTO COMERCIAL REVISTA GESTÃO HOSPITALAR N<strong>º</strong><strong>15</strong><br />

FACILITY<br />

MANAGEMENT<br />

HOSPITALAR<br />

RIGOR E COMPETÊNCIA TÉCNICA<br />

As unidades hospitalares são um universo complexo e o seu<br />

funcionamento envolve as mais diversas componentes e variáveis,<br />

que em muito ultrapassam o âmbito médico.<br />

Da manutenção integral à higiene e limpeza, passando pela eficiência<br />

energética e segurança, além de tantas tarefas, são áreas<br />

que requerem grande competência técnica e elevado rigor.<br />

Uma tendência que tem vindo a ganhar expressão é a integração<br />

e a externalização de serviços, existindo atualmente um<br />

conjunto de empresas especializadas na oferta de soluções de<br />

Facility Management <strong>Hospitalar</strong>. Neste dossiê, apresentam-se<br />

algumas entidades que atuam no setor.<br />

A SOLUÇÃO MAIS SIMPLES<br />

O SERVIÇO MAIS COMPLETO<br />

vending<br />

alimentação<br />

segurança integrada<br />

pest control<br />

manutenção de instalações<br />

gestão de arquivo<br />

facility<br />

management<br />

higiene e limpezas<br />

office services<br />

comercial@sinalmais.com.pt<br />

www.sinalmais.com.pt


SUPLEMENTO Facility Management <strong>Hospitalar</strong><br />

A Eficiência Energética nos hospitais<br />

A Eficiência Energética nos hospitais, é um tema que presentemente está na ordem<br />

do dia por variadíssimas razões, e para o qual cada um de nós terá a sua opinião<br />

de acordo com o nível de conhecimento que possui para cada uma das áreas<br />

intervencionadas, ou a intervencionar.<br />

Rui Mota<br />

Engenheiro Electrotecnico pertencente<br />

à Especialidade de Luminotécnia da OE<br />

Co-Fundador do Centro Português de iluminação<br />

Director Comercial da LTX Iluminação Técnica S.A<br />

Efetivamente, desde os revestimentos dos edifícios,<br />

caixilharias, e outros aspectos relacionados<br />

com a construção dos edifícios, até <strong>ao</strong>s<br />

sistemas eletromecânicos aí instalados, e que estão permanentemente<br />

envolvidos na exploração dos mesmos,<br />

tais como o AVAC, elevadores, aquecimento de águas,<br />

Iluminação, e ainda passando pelo comportamento dos<br />

utilizadores dos espaços, coadjuvados por sistemas de<br />

<strong>Gestão</strong> de Energia, todo este conjunto de fatores permitem<br />

oportunidades de melhoria na eficiência Energética,<br />

atual e futura em cada edifício.<br />

Procurarei nas linhas seguintes partilhar o conhecimento<br />

que possuo <strong>ao</strong> nível da Iluminação, visando com esta postura<br />

contribuir para decisões conscientes dos órgãos de<br />

decisão, que apenas poderão ser tomadas no caso de terem<br />

acesso a toda a informação pertinente de cada solução.<br />

A componente Iluminação<br />

Estando cada vez mais comprovada a importância da<br />

Iluminação para o bem estar do ser Humano de uma<br />

forma geral, e em concreto no estabelecimentos de<br />

saúde quer para os doentes, quer para os profissionais<br />

de saúde que aí trabalham dia após dia, não podemos<br />

encarar esta parcela do consumo de energia, numa<br />

óptica absolutamente mercantilista ou de redução de<br />

potência, descurando todos os outros fatores que influenciam<br />

de uma forma ou outra o ser Humano.<br />

O conhecimento e controlo dos parâmetros da Iluminação<br />

como o Nível de Iluminação, o Índice de restituição<br />

de Cor, a Temperatura de Cor, a Luminância, é<br />

absolutamente decisivo para a gestão de ambientes e<br />

humanização dos espaços, associados <strong>ao</strong> aceleramento<br />

do processo de cura dos doentes, bem como para o<br />

aumento de produtividade nas tarefas aí desempenhado<br />

pelos profissionais de saúde.<br />

A titulo de exemplo, a iluminação de um bloco operatório,<br />

nunca pode ficar refém de fatores de redução<br />

cega de potência utilizada nos sistemas de iluminação,<br />

se para isso forem escolhido aparelhos que aumentem<br />

o risco de infeções por não ser adequada a sua utilização<br />

em ambientes estéreis (devidamente comprovada<br />

por laboratórios independentes), ou reduzidos os níveis<br />

de iluminação para trabalho das equipas médicas na sua<br />

globalidade, ou não garantindo valores dos Índices de<br />

Restituição de Cor das fontes de luz, como acontece<br />

quando se recorre de forma indiscriminada á utilização<br />

de Tubos de LED para estes locais.<br />

A propósito de tubos de LED, convém questionarmos<br />

<strong>ao</strong> seu desempenho em aparelhos que, não só pela sua<br />

idade como por serem inadequados para a sua utilização,<br />

colocam em risco pessoas, bens e processos de<br />

Eficiência Energética.<br />

Ninguém consegue sustentar que aparelhos de Iluminação<br />

atualmente instalados há mais de 25 anos num hospital,<br />

possam sobreviver mais 25 anos, adaptados a uma<br />

utilização de tubos de Led, para os quais nem sequer<br />

forma concebidos. O que dizer sobre uma medida que<br />

tem um reembolso a 25 anos e provavelmente <strong>ao</strong> fim<br />

de 5 ou 10 anos os equipamentos envolvidos pura e<br />

simplesmente já não existirem por terem atingido o seu<br />

tempo de vida limite?<br />

Para que fique claro, no que respeita á Iluminação, obviamente<br />

que considero que a tecnologia led, enquanto<br />

fonte de luz, atingiu um patamar de desenvolvimento<br />

que não permite o retorno das soluções de iluminação<br />

às antigas tecnologias, como o fluorescente ou incandescente.<br />

Todavia a opção deverá sempre ser feita por<br />

opções integrais (aparelho de iluminação com fonte de<br />

luz Led) de modo a responsabilizar o seu fabricante pela<br />

performance do mesmo, nos processos de Medição<br />

e Verificação das soluções implementadas, uma vez<br />

que soluções de fontes de luz novas em aparelhos com<br />

25 ou 30 anos, caso a solução não resulte, certamente<br />

a culpa vai morrer solteira, pois nenhum dos fabricantes<br />

assumirá as suas responsabilidades. O fabricante do<br />

aparelho alegará que o mesmo não foi concebido para<br />

aquela fonte de luz (Tubo led) e o fabricante do Tubo<br />

de led alegará que as caraterísticas mencionadas no seu<br />

produto são para funcionamento isolado, em laboratório<br />

e não dentro de qualquer caixa de um qualquer<br />

aparelho de iluminação com mais de 20 anos de utilização.<br />

Têm a palavra os órgãos decisores. Ã<br />

2


SUPLEMENTO Facility Management <strong>Hospitalar</strong><br />

FACILITY MANAGEMENT E O SETOR HOSPITALAR<br />

O Facility Management constitui uma excelente solução para equilibrar os vários interesses<br />

da gestão de ativos e consiste numa abordagem integrada à gestão de todas as atividades<br />

de suporte <strong>ao</strong>s edifícios, instalações, infraestruturas e ocupantes/utilizadores dos mesmos.<br />

incorporam alta tecnologia e representam investimentos<br />

muito relevantes no orçamento deste setor.<br />

Uma solução para equilibrar os vários interesses da equação<br />

pode ser o Facility Management (FM), que consiste<br />

numa abordagem integrada à gestão de todas as atividades<br />

de suporte <strong>ao</strong>s edifícios, instalações, infraestruturas e ocupantes/utilizadores<br />

dos mesmos. É diferente da tradicional<br />

“gestão da manutenção”, no sentido em que integra outros<br />

serviços e gera sinergias por remover a compartimentação<br />

dos respetivos processos de planeamento, decisão e execução.<br />

Dessa forma, aumenta a eficácia no cumprimento<br />

dos níveis de serviço (qualidade) e otimiza a eficiência dos<br />

recursos (poupança), apresentando-se como uma solução<br />

competitiva para o equilíbrio dos vários interesses em jogo.<br />

O FM no setor hospitalar não irá, seguramente, substituir o<br />

desempenho das funções que envolvem atos médicos, de<br />

enfermagem ou farmacêuticos, mas poderá incorporar todo<br />

um conjunto de serviços a montante e a jusante dessas<br />

atividades críticas.<br />

A integração de serviços pode ocorrer numa gama tão<br />

ampla, como:<br />

• limpeza;<br />

• manutenção das infraestruturas elétricas e mecânicas;<br />

• equipamentos de electromedicina;<br />

• espaços verdes;<br />

• otimização do desempenho energético (inclusivamente<br />

com modelos de serviços remunerados pela partilha<br />

das poupanças atingidas);<br />

• receção, encaminhamento dos doentes e gestão da<br />

documentação do processo clínico;<br />

• segurança e vigilância;<br />

• transporte de doentes em emergências e transportes<br />

não urgentes;<br />

• recolha e tratamento de resíduos;<br />

• aprovisionamento e logística;<br />

• lavandaria;<br />

• confeção de refeições;<br />

• gestão de todos os contratos que a Unidade <strong>Hospitalar</strong><br />

(UH) tenha com vários prestadores.<br />

Será através dessa gestão integradora e com grande eficácia<br />

na contratação de pessoas, bens e outros recursos,<br />

que se atingem economias de escala e de âmbito,<br />

entregando uma elevada qualidade com otimizações<br />

nos custos.<br />

O aspeto fundamental para o sucesso da estratégia de<br />

FM num setor tão crítico e sensível, é a clara definição<br />

pela Administração da UH dos níveis de serviço pretendidos,<br />

o conhecimento exato do atual estado das<br />

instalações que serão objeto do mesmo, bem como a<br />

cultura da própria organização, o seu grau de flexibilidade<br />

e adaptação à mudança.<br />

A comunicação entre os vários agentes é crucial para<br />

que, feita a seleção do prestador de FM, a transição<br />

dos serviços seja planeada, controlada e o mais tranquila<br />

possível, permitindo que as vantagens operacionais e<br />

economias se materializem mais rapidamente.<br />

A Ferrovial Serviços tem no seu portfolio a experiência<br />

de mais de 20 anos a prestar serviços a mais de 144<br />

unidades hospitalares que representam mais de 41.000<br />

camas, como o projeto de Conceção/Construção/Financiamento/Operação/Manutenção<br />

do Hospital de<br />

Valdecilla em Espanha, onde fornece 12 serviços não<br />

médicos que substituíram 40 contratos. Outros casos<br />

de referência são o serviço de coordenação de ambulâncias<br />

112-061 em Madrid, com mais de 334.000 serviços<br />

de ambulâncias por ano, ou o serviço de limpeza<br />

no Instituto Português de Oncologia de Lisboa, com<br />

mais de uma centena de trabalhadores a assegurar a<br />

limpeza nos vários edifícios deste hospital de referência<br />

em Portugal. Ã<br />

Sara Oliveira<br />

Project Manager - Infraestruturas<br />

As estratégias de gestão de ativos de inúmeras organizações<br />

são impulsionadas por um plano de<br />

negócio, frequentemente influenciado por restrições<br />

orçamentais e regulamentares. Tais restrições podem<br />

conduzir a uma estratégia reativa e a programas anuais<br />

centrados em soluções a baixo custo, <strong>ao</strong> invés de benefícios<br />

sustentáveis de longo prazo.<br />

O Setor <strong>Hospitalar</strong> tem particularidades que não se compadecem<br />

com estratégias low-cost ou de curto prazo, desde<br />

logo a começar pelo tipo de funções que os edifícios comportam<br />

e as condições de debilidade que apresentam as<br />

pessoas a quem se destinam.<br />

Ou seja, a opção pelo custo mais reduzido, sem acautelar<br />

a qualidade, terá repercussões imediatas na pessoa doente,<br />

mas pode alastrar-se <strong>ao</strong>s trabalhadores da Unidade e familiares.<br />

Acresce que a maioria dos equipamentos de diagnóstico,<br />

de tratamento e de atividades complementares<br />

4<br />

Av. Almirante Gago Coutinho, 144<br />

1700-033 Lisboa<br />

Telf.: +351 218 459 390<br />

Fax: +351 218 459 399


SUPLEMENTO Facility Management <strong>Hospitalar</strong><br />

radiance TM da GMV ajuda na investigação<br />

sobre cancro gástrico<br />

O planificador de radioterapia intra-operatória (RIO), desenvolvido pela GMV, radiance ,<br />

volta a confirmar a sua eficácia conquistando um novo país europeu <strong>ao</strong> ser fornecido<br />

pela Clínica Universitária de Lublin, na Polónia.<br />

O<br />

planificador será fornecido com o acelerador<br />

linear (LINAC, na sua sigla em inglês)<br />

de aplicação da RIO com eletrões,<br />

ou seja, o Mobetron ® da empresa norte-americana<br />

IntraOp ® , devendo ser utilizado para tratar cancros<br />

gástricos, causadores de mais de 700.000 mortes por<br />

ano a nível mundial.<br />

Também os parâmetros e indicadores facultados<br />

pelo radiance no planeamento da aplicação personalizada<br />

do feixe de eletrões de alta energia com<br />

Mobetron ® que se ajusta à forma do tumor e destrói<br />

as células cancerosas sem afetar o tecido saudável<br />

que as circunda, ajudará os especialistas do Hospital<br />

Universitário de Lublin nas suas investigações de cancros<br />

gástricos localmente avançados.<br />

Conforme assinalou o diretor do departamento de<br />

oncologia cirúrgica, Professor Wojciech P. Polkowsiki,<br />

para o cancro gástrico em fase III, a cirurgia combinada<br />

de RIO com a terapia sistémica perioperatória<br />

pode constituir uma oportunidade para melhorar<br />

a sobrevivência nos doentes com tumores gástricos.<br />

"Estamos encantados por podermos ter no nosso hospital<br />

o Mobetron ® , com radiance incorporado, o que<br />

nos dá a possibilidade de planearmos o tratamento<br />

em 3D". Contando com “testes prometedores que<br />

demonstram que a RIO melhora o controlo local e<br />

a sobrevivência no tratamento dos cancros retal e<br />

pancreático avançados, esperamos aplicar estratégias<br />

similares nos cancros gástricos, causadores de elevados<br />

índices de mortalidade na Polónia e na Europa<br />

Oriental”, afirmou Polkowsiki.<br />

Sobre radiance <br />

radiance é o único planificador rádio-cirúrgico concebido<br />

para programar a radioterapia intra-operatória<br />

(RIO). Este produto melhora a segurança do tratamento<br />

da RIO, uma vez que facilita <strong>ao</strong> especialista a<br />

análise completa do doente e a tomada de decisões<br />

antes da intervenção cirúrgica, dando lugar à identificação<br />

do tratamento adequado a cada doente.<br />

O seu software inovador calcula os parâmetros exatos<br />

para aplicar a radioterapia no Bloco Operatório,<br />

antes da intervenção cirúrgica. Fornece imagens de alta<br />

qualidade Multiplanar (MPR) e visão tridimensional<br />

(3D) do doente, permitindo a visualização simulada<br />

do resultado do tratamento. Este sistema oferece todos<br />

os dados necessários para documentar a intervenção<br />

e realizar um histórico da administração.<br />

Na avaliação de radiance colaboram com a GMV o<br />

Hospital Universitário de Mannheim (Mannheim, Alemanha),<br />

o Hospital Doctor Negrín (Las Palmas, Espanha),<br />

o centro Oncopôle (Toulouse, França), a Cleveland<br />

Clinic (Cleveland, EUA), o Weill Cornell Medical<br />

College e o Loyola Medical Center (Chicago, EUA).<br />

radiance está presente em entidades espanholas<br />

como o Hospital Universitário Ramón y Cajal (Madrid),<br />

o Hospital de La Luz (Madrid), o Hospital Geral<br />

Universitário Gregorio Marañón (Madrid), o Hospital<br />

Provincial (Castellón) e o Hospital Universitário<br />

de Gran Canária Doctor Negrín (Las Palmas).<br />

O radiance está também em funcionamento no<br />

Hospital e Centro de Investigação do Cancro Oncopôle<br />

(Toulouse, França), no Hospital Pugliese<br />

Ciaccio (Cantazaro, Itália), no Instituto Europeu de<br />

Oncologia (Milão, Itália), na Clínica Cleveland (Cleveland,<br />

EUA), no Hospital Jackson Memorial (Miami,<br />

EUA), no Hospital Presbiteriano (Nova York, EUA),<br />

no Hospital Monte Sinai (Nova York, EUA), no Hospital<br />

de especialidades King Fahad (Dammam, Arábia<br />

Saudita) e no King Fahad Medical City (Riade, Arábia<br />

Saudita), entre outros.<br />

O radiance está patenteado (PCT/ES2008/000240)<br />

e registado desde 2008 como marca, sob o nome<br />

de intraplan radiance ® . Em 2011, radiance obteve<br />

a certificação da Marca CE, o que autoriza a sua<br />

comercialização em todos os Estados-Membros da<br />

União Europeia. Em 2012 a GMV recebeu oficialmente<br />

o reconhecimento da Agência de Medicamentos<br />

dos EUA (FDA) que a autoriza a comercializar<br />

o radiance . Ã<br />

SOLUÇÕES INOVADORAS EM<br />

SAÚDE 4.0<br />

O NOSSO DESAFIO<br />

Na GMV desenvolvemos soluções e produtos inovadores para responder a necessidades específicas e particulares dos nossos<br />

clientes, cumprindo com os mais exigentes padrões de qualidade e segurança:<br />

▪ Plataformas Smart Health para Sistemas de Telemedicina em tempo real<br />

▪ Sistemas de Monitorização e acompanhamento de pacientes crónicos pluripatológicos<br />

▪ Sistemas de seguimento de programas de reabilitação à distância<br />

▪ Soluções Smart Health<br />

▪ Soluções de exploração de dados clínicos epidemiológicos: Big Data e Smart Data<br />

▪ Soluções e serviços de segurançapara adequação <strong>ao</strong> Regulamento Europeu de proteção de dados (RGDP): privacidade e<br />

confidencialidade<br />

▪ Sistemas de simulação e planificação de radioterapia e cirurgia intr<strong>ao</strong>peratória<br />

▪ Processamento de imagiologia médica<br />

▪ Sistemas de suporte à mobilidade, infraestruturas de ajuda humanitária, e gestão de emergências.<br />

PRODUTOS DE SAÚDE<br />

antari Suite de produtos de e-Health<br />

Plataforma de<br />

atendimento<br />

não presencial<br />

CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DE LISBOA NORTE JÁ CONTA COM SOLUÇÃO antari DA GMV<br />

No campo da Saúde digital, são já vários os exemplos de<br />

utilização das ferramentas GMV em diversos países e Portugal<br />

não foge à regra. O Centro <strong>Hospitalar</strong> de Lisboa <strong>Norte</strong><br />

(CHLN) dá o exemplo com o desenvolvimento do conceito de<br />

telemedicina, sendo que diariamente circulam cerca de 20 mil<br />

pessoas no Hospital de Santa Maria e há dias em que se fazem<br />

mais de 800 urgências. É aqui que a tecnologia pode ser de<br />

uma enorme mais-valia para retirar as pessoas de dentro do<br />

hospital.<br />

Nesse sentido, a telemedicina em consulta, recorrendo à<br />

tecnologia GMV, é um projeto já em andamento, prevendose<br />

a implementação da teleconsulta ainda este ano em seis<br />

serviços do Hospital e serão o primeiro Hospital público a<br />

disponibilizar este tipo de serviço que assegura comunicações<br />

interativas, partilha de imagens clínicas em tempo real,<br />

promoção de consultas entre especialidades ou ainda uma<br />

melhor gestão do tempo de parte a parte.<br />

www.gmv.com<br />

marketing.healthcare@gmv.com<br />

www.facebook.com/infoGMV<br />

@infoGMV<br />

www.linkedin.com/company/gmv/<br />

Plataforma para a<br />

monitorização de<br />

pacientes crónicos<br />

pluripatológicos<br />

Plataforma para<br />

a exploração de<br />

dados clínicos<br />

epidemiológicos<br />

Plataforma para<br />

o seguimento<br />

de programas<br />

de reabilitação à<br />

distância<br />

Solução cloud<br />

de gestão<br />

de imagens<br />

médicas digitais<br />

6<br />

AERONÁUTICA I ESPAÇO I DEFESA I SAÚDE I CIBERSEGURANÇA I ITS I TELECOMUNICAÇÕES I TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO


SUPLEMENTO Facility Management <strong>Hospitalar</strong><br />

NextBITT: a solução<br />

perfeita para<br />

o setor da saúde<br />

Solução de “assets & facilities management”<br />

da tecnológica portuguesa está já a funcionar<br />

na Fundação Champalimaud e vai ser<br />

implementada em todos os hospitais<br />

e clínicas da rede CUF.<br />

Cada setor de atividade tem as suas especificidades,<br />

mas os requisitos na área da saúde estão<br />

num patamar diferente, com ativos físicos de<br />

enorme valor e de cujo perfeito funcionamento dependem<br />

vidas humanas, além de necessidades específicas no<br />

que diz respeito <strong>ao</strong> tratamento, segurança e confidencialidade<br />

dos dados.<br />

A NextBITT tem uma grande experiência nesta área.<br />

A Fundação Champalimaud foi um dos seus primeiros<br />

clientes e, mais recentemente, a sua solução de gestão<br />

de ativos (“assets & facilities management”) foi a selecionada<br />

para a rede CUF, da José de Mello Saúde, num<br />

projeto que deverá ficar pronto até <strong>ao</strong> final de <strong>2018</strong>.<br />

O projeto para a CUF inclui o fornecimento da solução da<br />

NextBITT para o conjunto das unidades de saúde CUF,<br />

que inclui oito hospitais, um instituto e nove clínicas, bem<br />

como a gestão de um total de cerca de 20.000 ativos físicos,<br />

nalguns casos com monitorização em tempo real.<br />

O facto de ser uma solução baseada na nuvem e a<br />

forma como se irá integrar com o ERP (SAP) do Grupo<br />

CUF, nomeadamente <strong>ao</strong> nível da gestão de stocks,<br />

imobilizado e gestão de workflow, foi outro ponto que<br />

pesou a favor da NextBITT, que foi escolhida em concurso<br />

com outras empresas.<br />

Quer no caso da Fundação Champalimaud, que no<br />

mais recente projeto da CUF, a escolha da solução da<br />

NextBITT, deveu-se à flexibilidade e facilidade de utilização,<br />

mantendo <strong>ao</strong> mesmo tempo uma total fiabilidade<br />

dos dados, o que é extremamente importante para<br />

o ambiente hospitalar em que será implementada.<br />

Miguel Salgueiro, partner da NextBITT e responsável pela<br />

área de desenvolvimento de negócio da empresa, salientou,<br />

por seu lado, o facto de este negócio ter surgido<br />

após um “concurso muito disputado e muito exigente,<br />

que incluiu visitas a clientes e reuniões com fornecedores<br />

do cliente”.<br />

Tecnologia NextBITT<br />

O projeto agora aprovado irá usar a tecnologia Next-<br />

BITT para monitorizar e gerir edifícios das unidades hospitalares<br />

e clínicas bem como um total de mais de 20<br />

mil equipamentos: cerca de 12 mil de infraestrutura (eletricidade<br />

e iluminação; sistemas de ar condicionado; deteção<br />

e combate a incêndios, limpeza, etc.), e cerca de oito mil equipamentos<br />

de eletromedicina – desde pequenos termómetros<br />

até grandes sistemas de ressonância magnética.<br />

Através desta solução serão geridas inspeções e executadas<br />

operações de manutenção corretiva, manutenção<br />

preventiva e calibrações. No caso de equipamentos<br />

críticos e/ou em locais de difícil acessibilidade, serão usadas<br />

etiquetas NFC que irão interagir com equipamentos<br />

móveis (smartphones Android).<br />

Entre as vantagens da abordagem da NextBITT está, naturalmente,<br />

o facto de ser uma solução baseada na nuvem<br />

– e que, por isso, pode ser implementada sem qualquer<br />

impacto negativo na infraestrutura de TI da organização<br />

– mas também a sua enorme flexibilidade e facilidade<br />

de utilização.<br />

Isto significa que, muito embora a gestão de ativos físicos<br />

seja comum às entidades referidas (José de Mello<br />

Saúde e Fundação Champalimaud) cada projeto é cuidadosamente<br />

adaptado <strong>ao</strong>s clientes e às suas necessidades<br />

concretas. No entanto, esta flexibilidade não<br />

acarreta qualquer complexidade acrescida, muito pelo<br />

contrário: uma vez implementada, a solução pode ser<br />

facilmente ajustada de acordo com as necessidades, em<br />

muitos casos pelos próprios clientes, sem necessidade<br />

de intervenções morosas e dispendiosas.<br />

A abordagem da NextBITT permite uma gestão centralizada<br />

(e, em muitos casos, em tempo real) não apenas de<br />

equipamentos, mas também da relação com fornecedores<br />

de serviços (inspeção, manutenção, limpeza, etc.) e até<br />

da monitorização dos próprios edifícios, com implicações<br />

profundas na qualidade de vida de funcionários e utentes<br />

das unidades de saúde, bem como na otimização de<br />

recursos e redução direta e indireta de custos. Ã<br />

8


SUPLEMENTO Facility Management <strong>Hospitalar</strong><br />

Robbialac lança Robbiduro Acqua<br />

com elevadura dureza e resistência <strong>ao</strong> risco<br />

Trata-se de um esmalte aquoso tem propriedades de esmalte solvente e pode ser aplicado<br />

em paredes, madeiras e metais.<br />

Sinal Mais <strong>Gestão</strong> integrada de serviços<br />

'<br />

A <strong>Gestão</strong> integrada de serviços é a atividade que assegura uma variedade de serviços<br />

que respondem às várias necessidades não core das empresas, como a manutenção<br />

de instalações, limpezas ou alimentação, para que estas se foquem nos aspetos<br />

fundamentais dos seus negócios, garantindo uma integração de soluções<br />

que visam simplificar e otimizar processos, melhorando os seus níveis de eficiência.<br />

A<br />

Robbialac acaba de lançar no mercado<br />

uma nova geração de esmaltes aquosos ultra-resistentes<br />

para aplicação em paredes,<br />

madeiras e metais. Robbiduro Acqua reúne num<br />

único produto as melhores qualidades dos esmaltes<br />

aquosos e dos esmaltes solventes graças a uma tecnologia<br />

inovadora (acrílica uretanada) desenvolvida pela<br />

Robbialac que resultou numa fórmula com elevada<br />

dureza e resistência <strong>ao</strong> risco.<br />

A resistência <strong>ao</strong> amarelecimento e a secagem rápida<br />

- uma propriedade semelhante à que existe nos produtos<br />

aquosos - são outras das características deste<br />

novo produto com vantagens significativas para os<br />

aplicadores que com Robbiduro Acqua poderão<br />

aplicar duas demãos num único dia, com a lacagem<br />

normalmente associada a produtos de solventes.<br />

Disponível com o grau de brilho acetinado, Robbiduro<br />

Acqua chega <strong>ao</strong> mercado em embalagens de 0,75L,<br />

4 L e <strong>15</strong>L, reforçando o portefólio da Robbialac em<br />

esmaltes resistentes, no qual se inclui actualmente o<br />

Casca d’Ovo, de base solvente, para a esmaltagem<br />

de madeiras e metais, em interiores.<br />

"O principal objectivo de lançamento deste produto<br />

é reforçar o posicionamento da Robbialac enquanto<br />

líder no segmento de esmaltes através de inovação<br />

e soluções verdadeiramente relevantes para o público-alvo",<br />

explica Sónia Maio, Gestora de Marca das<br />

Tintas Robbialac, S.A., reforçando que "o investimento<br />

na inovação e melhoria contínua dos produtos é<br />

um dos principais drivers de actuação da marca, seja<br />

<strong>ao</strong> nível das fórmulas que disponibiliza <strong>ao</strong> mercado,<br />

do portefólio ou mesmo do packaging, sempre com<br />

o objetivo de ir <strong>ao</strong> encontro das necessidades dos<br />

clientes e de descomplicar o acto de pintar". Ã<br />

O<br />

conceito de <strong>Gestão</strong> integrada é uma tendência<br />

recente em Portugal, estando a ser<br />

dados os primeiros passos numa indústria<br />

que, no entanto, já emprega centenas de milhares de<br />

pessoas por todo o mundo.<br />

A Sinal Mais é uma empresa especializada na gestão<br />

integrada de serviços, desenhados à medida de cada<br />

cliente e adaptados às especificidades de cada negócio,<br />

permitindo uma interlocução única na gestão dos vários<br />

serviços em outsourcing dos seus clientes.<br />

Com o grande propósito de ajudar os seus clientes<br />

no foco na sua atividade core, oferece um conjunto de<br />

serviços geridos e executados de forma flexível, prestados<br />

de forma integrada, disponibilizando soluções para<br />

diversas áreas como a manutenção de instalações, segurança<br />

integrada, higiene e limpezas, pest control, alimentação,<br />

vending, gestão de arquivo ou office services.<br />

A sua capacidade agregadora de serviços e de interlocução<br />

única garante um vasto leque de soluções com<br />

uma capacidade de resposta mais rápida, mais simples e<br />

mais eficaz, facilitando a comunicação e simplificando os<br />

processos administrativos, aumentando assim os níveis<br />

de eficiência. Desta forma, permite o aumento de sinergias<br />

operacionais e do controlo dos níveis de serviço,<br />

gerando mais valor para os seus clientes.<br />

A solução da Sinal Mais garante ainda a definição de<br />

especificações de serviço com base em resultados pretendidos,<br />

além de proporcionar um maior controlo e<br />

flexibilidade na gestão dos serviços contratados, permitindo<br />

<strong>ao</strong> cliente aceder a um software de gestão online<br />

onde pode consultar ou redefinir os serviços pretendidos<br />

em tempo real.<br />

A Sinal Mais tem cobertura de todo o território nacional,<br />

continental e ilhas, possuindo a experiência e o<br />

know-how de profissionais polivalentes e com formação<br />

especializada.<br />

É uma empresa pertencente à Trivalor SGPS, S.A.,<br />

uma holding de capital 100% nacional que atua no segmento<br />

de Business & Facility Services, e que conta já com<br />

50 anos de atividade. A Trivalor detém mais de 20 empresas<br />

a atuar em 4 áreas de negócio e <strong>15</strong> atividades,<br />

contando com mais de 30.000 colaboradores, sendo a<br />

atual líder na prestação de serviços em outsourcing.<br />

A Sinal Mais garante assim a solução que integra todos<br />

os serviços das empresas do universo Trivalor,<br />

mantendo ainda parcerias estratégicas com empresas<br />

de referência em outras áreas, permitindo-lhe atuar no<br />

mercado de business services de uma forma mais ágil<br />

e com maior conhecimento dos diversos segmentos,<br />

oferecendo um serviço mais completo e ajustado às<br />

diferentes necessidades de cada cliente.<br />

Assim, pretende estabelecer ligações fortes e de parceria<br />

com os seus clientes e consumidores, contribuindo<br />

de uma forma decisiva para a prestação de um serviço<br />

de maior qualidade e de maior valor acrescentado. Ã<br />

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