10.12.2018 Views

Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

medicina. Não po<strong>de</strong>m levá-lo para os Estados Unidos? As coisas estão sempre se<br />

aprimorando por lá.<br />

— Seu pai está atento a todos os progressos. Mas não, querida, não há nada<br />

<strong>de</strong>… concreto.<br />

— Ele está tão… diferente agora. <strong>Como</strong> se estivesse <strong>de</strong>terminado a não ver o<br />

lado bom em nada.<br />

— Ele está assim <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, George. É que você só o viu agora. Na<br />

época, acho que ele ainda estava… <strong>de</strong>terminado. <strong>Antes</strong>, ele tinha certeza <strong>de</strong> que<br />

podia melhorar em algum aspecto.<br />

Fiquei um pouco constrangida por ouvir uma conversa tão pessoal. Mas a<br />

excentricida<strong>de</strong> do assunto fez com que eu me aproximasse. Avancei na direção da<br />

porta sem fazer barulho, os pés silenciosos <strong>de</strong>ntro das meias.<br />

— Olhe, seu pai e eu não contamos a você. Não queríamos preocupá-la. Mas<br />

ele tentou… — ela lutou com as palavras. — Will tentou… tentou se matar.<br />

— O quê?<br />

— Seu pai o encontrou. Aconteceu em <strong>de</strong>zembro. Foi… foi horrível.<br />

Embora isso apenas conrmasse o que eu já <strong>de</strong>sconava, senti todo o sangue<br />

sumir das minhas veias. Ouvi um choro abafado, murmúrios <strong>de</strong> consolo. Fez-se<br />

outro longo silêncio. Então Georgina voltou a falar, com a voz rouca <strong>de</strong> tristeza.<br />

— E a moça…?<br />

— Sim. Louisa está aqui para garantir que nada parecido aconteça <strong>de</strong> novo.<br />

Congelei. Do outro lado do corredor, vindo do banheiro, pu<strong>de</strong> ouvir Nathan e<br />

Will falando baixinho, sem tomar conhecimento da conversa a poucos metros <strong>de</strong><br />

distância. Dei um passo à frente, aproximando-me mais da porta. Acho que tive<br />

certeza disso quando vi as cicatrizes nos pulsos <strong>de</strong>le. Anal <strong>de</strong> contas, tudo fazia<br />

sentido: a preocupação da Sra. Traynor para que eu não <strong>de</strong>ixasse Will sozinho por<br />

muito tempo, a raiva <strong>de</strong>le por eu estar lá, o fato <strong>de</strong> eu ter sentido que não tinha<br />

nada <strong>de</strong> útil para fazer ali. <strong>Eu</strong> era uma babá. <strong>Eu</strong> não sabia, mas Will sim, e me<br />

<strong>de</strong>testava por isso.<br />

Peguei na maçaneta da porta me preparando para fechá-la sem fazer<br />

barulho. Imaginei o quanto Nathan sabia. E se Will estava mais feliz agora.<br />

Percebi que estava me sentindo, <strong>de</strong> forma egoísta, um pouco aliviada por Will não<br />

ser contra mim, mas contra minha presença lá — ou <strong>de</strong> qualquer outra pessoa —<br />

para vigiá-lo. Meus pensamentos se atropelavam e quase perdi o outro trecho da<br />

conversa.<br />

— Não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar que ele faça isso, mãe. Tem <strong>de</strong> impedir.<br />

— Não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós, querida.<br />

— Depen<strong>de</strong>, sim. Se ele… se está pedindo para você participar — protestou<br />

Georgina.<br />

Continuei segurando a maçaneta.<br />

— Não acredito que esteja concordando com isso. E a sua religião? E tudo o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!