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E então, ele virou maratonista.<br />
A barriga <strong>de</strong> Patrick não afundava mais quando eu me aninhava nele, era<br />
dura, impenetrável como uma tábua, e ele gostava <strong>de</strong> levantar a camiseta e bater<br />
com alguns objetos nela para mostrar o quão dura era. O rosto <strong>de</strong>le estava seco e<br />
<strong>de</strong>sgastado <strong>de</strong>vido ao tempo que passava ao ar livre. Suas coxas tinham músculos<br />
sólidos. Isso seria bem sexy caso ele quisesse fazer sexo. Mas só fazíamos umas<br />
duas vezes por mês e eu não era do tipo que pedia.<br />
Parecia que quanto mais ele cava em forma, mais obcecado cava pelo<br />
próprio corpo e menos interessado em mim. Perguntei a ele algumas vezes se<br />
não gostava mais <strong>de</strong> mim e ele pareceu bem enfático.<br />
— Você é maravilhosa — disse. — <strong>Eu</strong> só estou exausto. Mas não quero que<br />
você emagreça. Mesmo se eu juntasse os peitos <strong>de</strong> todas as garotas da aca<strong>de</strong>mia,<br />
não daria para fazer um peito <strong>de</strong>cente.<br />
Tive vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> perguntar <strong>de</strong> on<strong>de</strong> exatamente ele havia tirado uma equação<br />
tão complexa mas, no fundo, era uma coisa bonita <strong>de</strong> se dizer, então <strong>de</strong>ixei por<br />
isso mesmo.<br />
<strong>Eu</strong> queria me interessar pelo que ele fazia, queria mesmo. Ia às reuniões do<br />
clube <strong>de</strong> triatlo e puxava papo com as outras garotas. Mas logo percebi que eu era<br />
uma anomalia, não havia outra namorada como eu: todo mundo era solteiro ou se<br />
relacionava com alguém que também tinha um físico impressionante. Os casais<br />
incentivavam-se a malhar, passavam os ns <strong>de</strong> semana usando shorts com<br />
elásticos e carregavam nas carteiras fotos dos dois <strong>de</strong> mãos dadas completando<br />
mais uma prova <strong>de</strong> triatlo, ou exibindo medalhas, orgulhosos. <strong>Era</strong> in<strong>de</strong>scritível.<br />
— Não sei do que você está reclamando — disse minha irmã, quando lhe<br />
contei. — Depois que o Thomas nasceu, só transei uma vez.<br />
— É? Com quem?<br />
— Ah, um cara que entrou na oricultura querendo um Buquê <strong>de</strong> Cores<br />
Vibrantes — contou ela. — <strong>Eu</strong> só queria confirmar que ainda sabia transar.<br />
Quando fiquei boquiaberta, ela acrescentou:<br />
— Ah, não faça essa cara. Não foi durante o horário <strong>de</strong> trabalho. E o buquê<br />
era para um funeral. Se fosse para a esposa, claro que eu não tocaria nele nem<br />
com uma pétala.<br />
Não é que eu fosse uma maníaca sexual; anal, Patrick e eu já estávamos<br />
juntos havia bastante tempo. É que algum lado perverso meu começou a<br />
questionar minha capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sedução.<br />
Patrick nunca se importou com o fato <strong>de</strong> eu me vestir “criativamente”, como<br />
ele dizia. Mas, e se ele não estivesse sendo totalmente sincero sobre isso? O<br />
trabalho e toda a vida social <strong>de</strong>le agora giravam em torno do controle da carne:<br />
domá-la, reduzi-la, aprimorá-la. E se, entre todos aqueles traseiros apertados em<br />
trajes esportivos, o meu <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> ser atraente? E se minhas curvas, que sempre<br />
julguei agradavelmente voluptuosas, agora parecessem ácidas para o seu olhar