10.12.2018 Views

Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

dormir.<br />

— Meu Deus. A manhã toda? Não sabe que o corpo <strong>de</strong>le não consegue<br />

controlar a própria temperatura? — Nathan passou por mim e foi mexer no<br />

armário <strong>de</strong> remédios. — Antibióticos. Fortes. — Mostrou-me um vidro, pegou um<br />

comprimido e triturou-o no pilão, furiosamente.<br />

Olhei por trás <strong>de</strong>le.<br />

— Dei um paracetamol.<br />

— Também podia ter dado uma balinha.<br />

— <strong>Eu</strong> não sabia. Ninguém disse nada. <strong>Eu</strong> o enrolei nas cobertas.<br />

— A instrução está naquela maldita pasta. Olhe, Will não transpira como nós.<br />

Na verda<strong>de</strong>, não transpira a partir do ponto atingido pelo aci<strong>de</strong>nte. Isso signica<br />

que, se tem um leve resfriado, a temperatura sobe <strong>de</strong>mais. Vá buscar o ventilador.<br />

Vamos <strong>de</strong>ixá-lo ligado até a febre abaixar. E traga uma toalha úmida para colocar<br />

envolta da nuca <strong>de</strong>le. Só conseguiremos um médico quando a neve parar. Maldita<br />

agência <strong>de</strong> enfermagem. Deviam ter feito isso <strong>de</strong> manhã.<br />

Nathan estava irritado <strong>de</strong> uma forma que eu nunca tinha visto. Não estava nem<br />

falando comigo.<br />

Corri para buscar o ventilador.<br />

Demorou quase quarenta minutos para a temperatura do corpo <strong>de</strong> Will<br />

alcançar um nível normal novamente. Enquanto esperávamos o remédio<br />

superforte para febre fazer efeito, coloquei uma toalha na testa <strong>de</strong>le e outra na<br />

nuca, como Nathan recomendou. Tiramos a roupa <strong>de</strong>le, cobrimos seu peito com<br />

um lençol <strong>de</strong> algodão no e colocamos o ventilador na direção <strong>de</strong>le. Sem a<br />

camisa, as cicatrizes <strong>de</strong> seus braços caram bem evi<strong>de</strong>ntes. Fingimos não<br />

reparar nelas.<br />

Will suportou tudo isso apenas respon<strong>de</strong>ndo sim ou não às perguntas <strong>de</strong><br />

Nathan, muitas vezes num tom tão indistinto que eu não tinha certeza se ele sabia<br />

o que estava dizendo. Agora que o via na clarida<strong>de</strong>, me dava conta <strong>de</strong> que ele<br />

estava doente mesmo e me senti péssima por não ter percebido antes. Pedi mil<br />

<strong>de</strong>sculpas até Nathan dizer que isso já estava ficando irritante.<br />

— Certo. Preste atenção no que estou fazendo. Po<strong>de</strong> ser que precise repetir<br />

sozinha mais tar<strong>de</strong> — disse ele.<br />

Não me senti no direito <strong>de</strong> reclamar. Mas foi difícil não me sentir mal quando<br />

Nathan tirou a calça do pijama <strong>de</strong> Will, revelando um estômago fundo, e, com<br />

cuidado, retirou o curativo <strong>de</strong> gaze em volta do tubinho na barriga, limpou<br />

<strong>de</strong>vagar e fez outro curativo. Mostrou-me como trocar o coletor <strong>de</strong>scartável <strong>de</strong><br />

urina na cama, explicou por que o coletor precisava car sempre abaixo do corpo<br />

<strong>de</strong>le e me surpreendi por não ter me importado <strong>de</strong> sair do quarto com o saco <strong>de</strong><br />

líquido morno. Fiquei feliz que Will não estivesse vendo isso, não só porque faria<br />

algum comentário ácido, mas porque o fato <strong>de</strong> estar participando <strong>de</strong> sua rotina<br />

íntima também o <strong>de</strong>ixaria constrangido <strong>de</strong> alguma forma.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!