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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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levado a próxima garfada antes <strong>de</strong> ele ter acabado <strong>de</strong> mastigar. Ele possuía a<br />

habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distorcer quase todas as minhas palavras ou ações, me fazendo<br />

parecer uma idiota.<br />

Nessas duas primeiras semanas, quei bastante boa em manter uma<br />

expressão totalmente neutra, em dar as costas e me retirar para outro cômodo e<br />

em falar com ele o mínimo necessário. Comecei a odiá-lo, e tenho certeza <strong>de</strong><br />

que ele sabia disso.<br />

<strong>Eu</strong> não imaginava que fosse possível sentir ainda mais falta do meu antigo<br />

emprego. Sentia sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Frank e <strong>de</strong> como ele realmente parecia satisfeito ao<br />

me ver quando eu chegava pela manhã. Sentia falta dos clientes, da companhia<br />

<strong>de</strong>les, das conversas fáceis, dos suaves sons <strong>de</strong> engolir e <strong>de</strong> coisas sendo<br />

mergulhadas em líquidos que pareciam um mar calmo. Aquela casa linda e<br />

elegante era vazia e silenciosa como um necrotério. Seis meses, eu repetia<br />

mentalmente quando tudo parecia insuportável. Seis meses.<br />

Então, numa quinta-feira, quando eu estava preparando a bebida hipercalórica<br />

que Will tomava no meio da manhã, ouvi a voz da Sra. Traynor no corredor. Só<br />

que, <strong>de</strong>ssa vez, havia outras vozes também. Parei, ainda com o garfo na mão.<br />

I<strong>de</strong>ntifiquei apenas uma voz feminina, jovem e clara, e outra, masculina.<br />

A Sra. Traynor surgiu na porta da cozinha e tentei parecer ocupada, batendo<br />

rápido o suco no copo especial <strong>de</strong> Will.<br />

— Misturou na proporção <strong>de</strong> seis partes <strong>de</strong> água para quatro <strong>de</strong> leite? — ela<br />

perguntou, observando atentamente a bebida.<br />

— Sim. É o <strong>de</strong> morango.<br />

— Os amigos <strong>de</strong> Will vieram visitá-lo. Seria melhor se você…<br />

— Tenho várias coisas para fazer aqui — falei.<br />

Na verda<strong>de</strong>, estava um tanto aliviada por ter sido dispensada <strong>de</strong> sua<br />

companhia durante mais ou menos uma hora. Rosqueei a tampa do copo.<br />

— As visitas gostariam <strong>de</strong> um chá ou café?<br />

Ela ficou quase surpresa.<br />

— Sim, seria muito simpático. Café. Acho que vou…<br />

Ela parecia ainda mais tensa que o normal, seu olhar disparando em direção<br />

ao corredor, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> podíamos escutar o murmúrio <strong>de</strong> vozes. Supus que Will não<br />

recebia muitas visitas.<br />

— <strong>Eu</strong> acho… vou <strong>de</strong>ixá-los conversar. — Deu uma olha<strong>de</strong>la para o corredor,<br />

seus pensamentos pareciam estar longe. — Rupert. É Rupert, um velho amigo do<br />

trabalho — disse ela, virando-se <strong>de</strong> súbito para mim.<br />

Tive o pressentimento <strong>de</strong> que aquele era <strong>de</strong> certa forma um momento<br />

signicativo e que ela queria dividir a notícia com alguém, mesmo que fosse<br />

comigo.<br />

— E Alicia. Will e ela foram… muitos próximos… por algum tempo. Café<br />

seria adorável. Obrigada, Srta. Clark.

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