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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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— Srta. Clark, minha vida não vai melhorar muito se eu <strong>de</strong>r uma volta pelos<br />

campos <strong>de</strong> Stortfold. — Ele virou-se para o outro lado.<br />

A cabeça estava enada nos ombros e me perguntei se ele estava se sentindo<br />

bem. Não era hora <strong>de</strong> perguntar. Fiquei calada.<br />

— Quer que eu traga o seu computador?<br />

— Acha que eu podia participar <strong>de</strong> um bom grupo virtual <strong>de</strong> tetraplégicos?<br />

Tetra-Nós? O Clube das Rodas <strong>de</strong> Metal?<br />

Respirei fundo e tentei fazer com que minha voz soasse confiante.<br />

— Certo…bom… já que vamos car o tempo todo juntos, talvez pudéssemos<br />

saber um pouco um do outro…<br />

Alguma coisa no rosto <strong>de</strong>le me fez vacilar. Olhava rme para a pare<strong>de</strong>, com<br />

um tremor no maxilar.<br />

— É que… é muito tempo para car com alguém. O dia inteiro — prossegui.<br />

— Talvez, se você pu<strong>de</strong>r me contar um pouco o que quer fazer, do que gosta,<br />

então eu po<strong>de</strong>ria… garantir que as coisas sejam como você gosta?<br />

Desta vez, o silêncio foi doloroso. Ouvi minha voz ser lentamente engolida<br />

pela ausência <strong>de</strong> sons, e não sabia o que fazer com as mãos. Treena e seu jeito<br />

competente sumiram.<br />

Finalmente, a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas zuniu e ele virou-se lentamente para mim.<br />

— Eis o que sei a seu respeito, Srta. Clark. Minha mãe disse que você é<br />

falante. — Ele disse isso como se fosse um incômodo. — Vamos combinar uma<br />

coisa? Daqui por diante, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sfalante?<br />

Engoli em seco, sentindo o rosto em chamas.<br />

— Claro — respondi, quando consegui falar. — Estou na cozinha. Se quiser<br />

alguma coisa, chame.<br />

* * *<br />

— Você não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir.<br />

<strong>Eu</strong> estava atravessada na cama, com as pernas esticadas na pare<strong>de</strong>, como eu<br />

fazia quando adolescente. Estava assim <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o jantar, o que não era comum<br />

para mim. Des<strong>de</strong> que Thomas nasceu, ele e Treena passaram para o quarto<br />

maior e eu quei no quartinho, que era tão pequeno que dava claustrofobia se<br />

alguém ficasse lá mais <strong>de</strong> meia hora.<br />

Mas eu não queria car no andar <strong>de</strong> baixo com mamãe e vovô porque ela<br />

cava me olhando preocupada e dizendo coisas como “vai melhorar, querida” e<br />

“no primeiro dia, nenhum emprego é maravilhoso” como se ela tivesse tido um<br />

único emprego nos últimos vinte anos. <strong>Eu</strong> me sentia culpada. E não tinha feito<br />

nada para isso.<br />

— <strong>Eu</strong> não disse que ia <strong>de</strong>sistir.<br />

Treena entrou no quartinho sem bater, como fazia todos os dias, embora eu

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