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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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forrados por pele <strong>de</strong> carneiro. Um homem solidamente forte, <strong>de</strong> jaleco sem gola,<br />

estava abaixado, arrumando os pés <strong>de</strong> outro no apoio da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas. Assim<br />

que entramos no quarto, o homem na ca<strong>de</strong>ira olhou por baixo <strong>de</strong> uma cabeleira<br />

<strong>de</strong>spenteada. Seus olhos encontraram os meus e, após uma pausa, ele soltou um<br />

gemido horripilante. Então, sua boca se retorceu e ele <strong>de</strong>ixou sair outro grito<br />

fantasmagórico.<br />

Senti sua mãe se empertigar.<br />

— Will, pare com isso!<br />

Ele nem olhou para ela. Outro som pré-histórico emergiu <strong>de</strong> algum lugar<br />

próximo a seu peito. <strong>Era</strong> um som terrível, agonizante. Tentei não vacilar. O<br />

homem fez uma careta, sua cabeça balançou e afundou em seus ombros<br />

enquanto ele começou a me encarar através <strong>de</strong> feições distorcidas. Parecia<br />

grotesco e vagamente irritado. Percebi que na mão em que eu segurava minha<br />

bolsa os nós dos meus <strong>de</strong>dos ficaram brancos.<br />

— Will! Por favor. — Havia um leve tom <strong>de</strong> histeria na voz <strong>de</strong> sua mãe.<br />

— Por favor, não faça isso.<br />

Meu Deus, pensei. Não estou pronta para isso. Engoli em seco, com esforço. O<br />

homem continuava a me encarar. Ele parecia esperar que eu zesse alguma<br />

coisa.<br />

— <strong>Eu</strong>… eu sou Lou. — Minha voz, incomumente trêmula, quebrou o silêncio.<br />

Pensei por um breve momento se estendia a mão, então, me lembrando <strong>de</strong> que<br />

ele não po<strong>de</strong>ria segurá-la, <strong>de</strong>i um leve aceno. — Diminutivo <strong>de</strong> Louisa.<br />

Então, para meu espanto, suas feições se <strong>de</strong>sanuviaram e sua cabeça se<br />

endireitou sobre o pescoço.<br />

Will Traynor me olhou rmemente, com o mais leve dos sorrisos tremulando<br />

em seu rosto.<br />

— Bom dia, Srta. Clark — disse ele. — Soube que é minha nova guardacostas.<br />

Nathan tinha terminado <strong>de</strong> arrumar o <strong>de</strong>scanso dos pés na ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas.<br />

Balançou a cabeça ao se levantar.<br />

— Você é um homem perverso, Sr. T. Muito perverso. — Ele sorriu com<br />

<strong>de</strong>boche e esticou uma manzorra, que eu apertei acidamente. Nathan<br />

transpirava um ar <strong>de</strong> imperturbabilida<strong>de</strong>. — Acredito que você tenha acabado <strong>de</strong><br />

assistir à melhor imitação <strong>de</strong> Christy Brown, <strong>de</strong> Meu pé esquerdo. Você vai se<br />

acostumar com ele. Ele late mais do que mor<strong>de</strong>.<br />

A Sra. Traynor segurava com os <strong>de</strong>licados <strong>de</strong>dos brancos o crucixo em seu<br />

pescoço. Puxava-o <strong>de</strong> um lado para outro na na corrente dourada, um tique<br />

nervoso. Sua expressão estava dura.<br />

— Vou <strong>de</strong>ixar vocês se enten<strong>de</strong>rem. Po<strong>de</strong>m usar o interfone se precisarem <strong>de</strong><br />

ajuda. Nathan vai contar sobre a rotina <strong>de</strong> Will e o equipamento que ele usa.<br />

— Estou aqui, mãe. Você não precisa falar como se eu não estivesse. Meu

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