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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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Sei que me conhecer lhe causou sofrimento e tristeza e espero que um<br />

dia, quando estiver menos zangada e chateada comigo, veja não só que eu<br />

só podia ter feito o que fiz, mas também que isso lhe ajudará a ter uma vida<br />

realmente boa, melhor do que se não tivesse me conhecido.<br />

Durante algum tempo, você vai se sentir pouco à vonta<strong>de</strong> em seu novo<br />

mundo. É sempre estranho ser arrancada <strong>de</strong> sua zona <strong>de</strong> conforto. Mas<br />

espero que fique animada também. Sua expressão, quando voltou da aula<br />

<strong>de</strong> mergulho naquele dia, me disse tudo: você tem ambição, Clark. É<br />

<strong>de</strong>stemida. Mas escon<strong>de</strong>u essas qualida<strong>de</strong>s, como quase todo mundo.<br />

Não estou lhe dizendo para saltar <strong>de</strong> prédios altos, nadar com baleias<br />

ou algo assim (embora, no fundo, gostaria que você fizesse essas coisas),<br />

mas para viver corajosamente. Ir em frente. Não se acomodar. Usar aquelas<br />

meias listradas com orgulho. E se quiser mesmo se acomodar com algum<br />

sujeito ridículo, garanta que um pouco <strong>de</strong> tudo isso fique guardado em algum<br />

lugar. Saber que você ainda tem possibilida<strong>de</strong>s é um luxo. Saber que lhe <strong>de</strong>i<br />

algumas me dá certo alívio.<br />

É isso. Você está marcada no meu coração, Clark. Des<strong>de</strong> o dia em que<br />

chegou, com suas roupas ridículas, suas piadas ruins e sua total<br />

incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disfarçar o que sente. Você mudou a minha vida muito mais<br />

do que esse dinheiro vai mudar a sua.<br />

Não pense muito em mim. Não quero que você fique toda sentimental.<br />

Apenas viva bem.<br />

Apenas viva.<br />

Com amor,<br />

Will<br />

Uma lágrima caiu sobre a mesa bamba diante <strong>de</strong> mim. Sequei-a com a mão e<br />

pousei a carta na mesa. Levei alguns minutos para enxergar direito.<br />

— Mais um café? — perguntou o garçom que ressurgiu à minha frente.<br />

Pisquei para ele. <strong>Era</strong> mais jovem do que pensei e tinha perdido o leve ar <strong>de</strong><br />

altivez. Talvez os garçons parisienses fossem treinados para serem gentis com<br />

mulheres chorosas em seus cafés.<br />

— Talvez… um conhaque? — Ele <strong>de</strong>u uma olhada rápida na carta e sorriu<br />

como se compreen<strong>de</strong>sse.<br />

— Não — respondi, retribuindo o sorriso. — Obrigada. Tenho… tenho que<br />

fazer umas coisas.<br />

Paguei a conta e enfiei com cuidado a carta no bolso.<br />

Saindo <strong>de</strong> <strong>de</strong>trás da mesa, endireitei a bolsa no ombro e segui pela rua na<br />

direção da perfumaria e <strong>de</strong> toda a Paris diante <strong>de</strong> mim.

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