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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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foram tensos e infelizes, estavam claros e relaxados.<br />

— Você está absolutamente linda.<br />

— Engraçadinho.<br />

— Venha cá — disse ele. — Bem pertinho <strong>de</strong> mim.<br />

<strong>Eu</strong> me <strong>de</strong>itei <strong>de</strong> novo, olhando-o. Vi o relógio sobre a porta e tive, então, a<br />

noção do tempo passando. Coloquei o braço <strong>de</strong>le em volta <strong>de</strong> mim, enrosquei<br />

braços e pernas <strong>de</strong> modo a carmos bem enlaçados. Peguei sua mão (a boa) e<br />

entrelacei meus <strong>de</strong>dos, beijei o nó dos <strong>de</strong>dos quando apertaram os meus.<br />

Conhecia seu corpo <strong>de</strong> um jeito como nunca conheci o <strong>de</strong> Patrick — suas forças<br />

e suas fraquezas, suas cicatrizes e cheiros. Cheguei o rosto tão perto do <strong>de</strong>le que<br />

suas feições caram confusas e comecei a me per<strong>de</strong>r nelas. Passei a mão nos<br />

seus cabelos, no seu rosto, na sua testa com a ponta dos <strong>de</strong>dos, as lágrimas<br />

escorrendo por meu rosto, meu nariz encostado no <strong>de</strong>le e ele não parava <strong>de</strong> me<br />

olhar em silêncio, atento como se guardasse cada molécula minha. Ele já estava<br />

indo para algum lugar impossível <strong>de</strong> alcançá-lo.<br />

Beijei-o, tentando trazê-lo <strong>de</strong> volta. Deixei meus lábios nos <strong>de</strong>le <strong>de</strong> maneira<br />

que nossa respiração se misturou e minhas lágrimas viraram sal na sua pele e<br />

disse a mim mesma que, em algum lugar, pequenas partículas <strong>de</strong>le virariam<br />

pequenas partículas <strong>de</strong> mim, ingeridas, engolidas, vivas, eternas. Queria apertar<br />

cada parte minha nele, <strong>de</strong>ixar alguma coisa minha nele, dar a ele cada pedaço da<br />

minha vida e obrigá-lo a viver.<br />

Percebi que estava com medo <strong>de</strong> viver sem ele. Com que direito você <strong>de</strong>strói a<br />

minha vida — eu queria perguntar —, e eu não estou autorizada a dizer nada a você<br />

sobre isso?<br />

Mas eu tinha prometido. E segurei-o, Will Traynor, ex-rapaz esperto da City<br />

<strong>de</strong> Londres, ex-mergulhador, ex-atleta, viajante, amante. <strong>Eu</strong> o mantive perto e não<br />

disse nada, durante todo o tempo repetindo, silenciosamente, que ele era amado.<br />

Não sei quanto tempo camos assim. Notei uma conversa do lado <strong>de</strong> fora, o<br />

som <strong>de</strong> passos, um distante sino <strong>de</strong> igreja. Por m, senti que ele dava um gran<strong>de</strong><br />

suspiro, quase um estremecer, e afastou a cabeça apenas um centímetro, para<br />

po<strong>de</strong>rmos nos ver bem.<br />

Pisquei para ele. Ele <strong>de</strong>u um pequeno sorriso, quase um pedido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpas.<br />

— Clark — falou, baixo —, po<strong>de</strong> pedir para meus pais entrarem?

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