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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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Olhei pela janela para o céu azul-claro da Suíça e contei a história <strong>de</strong> duas<br />

pessoas. Duas pessoas que não <strong>de</strong>viam se encontrar e que não gostaram muito<br />

um do outro quando se conheceram, mas que <strong>de</strong>scobriram que eram as duas<br />

únicas pessoas no mundo que podiam se enten<strong>de</strong>r. Contei as aventuras que<br />

tiveram, os lugares on<strong>de</strong> foram e as coisas vistas que nunca esperaram ver.<br />

Conjurei para ele céus cheios <strong>de</strong> raios, mares iri<strong>de</strong>scentes e noites repletas <strong>de</strong><br />

risos e piadas bobas. Desenhei para ele um mundo, distante <strong>de</strong> uma área<br />

industrial suíça, um mundo on<strong>de</strong> ele ainda era, <strong>de</strong> algum modo, a pessoa que<br />

queria ser. Mostrei o mundo que ele tinha criado para mim, cheio <strong>de</strong> encantos e<br />

oportunida<strong>de</strong>s. Deixei que soubesse que uma mágoa tinha se curado <strong>de</strong> um jeito<br />

que ele não podia imaginar, e que só por isso eu estaria para sempre em dívida<br />

com ele. Enquanto eu falava, sabia que aquelas po<strong>de</strong>riam ser as palavras mais<br />

importantes que diria e que precisavam ser as palavras certas, que não eram<br />

propaganda, uma tentativa <strong>de</strong> mudar o que ele pensava, mas que respeitavam a<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>le.<br />

Contei algo bom.<br />

O tempo seguia lento, parado. Éramos só nós dois, eu murmurando no quarto<br />

vazio e ensolarado. Will não disse muito. Não retrucou, ou fez comentários ácidos<br />

ou irônicos. Às vezes, anuía, murmurava algo, ou emitia um pequeno som que<br />

podia ser <strong>de</strong> satisfação ou <strong>de</strong> alguma lembrança boa.<br />

— E esses foram — falei — os melhores seis meses da minha vida.<br />

Fez-se um longo silêncio.<br />

— Engraçado, Clark, os meus também.<br />

Então, meu coração se partiu. Meu rosto se contorceu, perdi o controle,<br />

apertei-o com força e não me importei que ele sentisse meu corpo estremecer<br />

com soluços. Aquilo me sobrecarregou, partiu meu coração, meu estômago,<br />

minha cabeça, me invadiu e não pu<strong>de</strong> aguentar. Achei que, sinceramente, não<br />

aguentaria.<br />

— Não chore, Clark — murmurou ele. Senti seus lábios nos meus cabelos. —<br />

Por favor. Não faça isso. Olhe para mim.<br />

Fechei os olhos com força e balancei a cabeça.<br />

— Olhe para mim. Por favor.<br />

<strong>Eu</strong> não conseguia.<br />

— Você está zangada. Por favor. Não quero magoá-la ou fazer você…<br />

— Não… Não é isso. Não quero… — Minha bochecha estava contra o peito<br />

<strong>de</strong>le. — Não quero que sua última imagem <strong>de</strong> mim seja essa cara inchada e<br />

horrível.<br />

— Clark, você ainda não enten<strong>de</strong>u, não é? — Percebi um sorriso na voz <strong>de</strong>le.<br />

— A <strong>de</strong>cisão não é sua.<br />

Levei algum tempo para me recompor. Assoei o nariz, respirei fundo. Por<br />

m, apoiei o corpo no cotovelo e olhei para ele. Seus olhos, que por tanto tempo

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