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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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ela vai car bem no nal, certo? Quando contei para ela que estava grávida,<br />

pensei que nunca mais fosse falar comigo. Mas levou, o quê?, dois dias para se<br />

reaproximar.<br />

<strong>Eu</strong> podia ouvir minha irmã falando sem parar, mas não estava realmente<br />

prestando atenção. Mal conseguia me concentrar em alguma coisa. Minhas<br />

terminações nervosas pareciam ter <strong>de</strong>spertado, quase gritavam <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>. <strong>Eu</strong><br />

ia ver Will. Não importava mais nada, pelo menos eu teria isso. Quase conseguia<br />

sentir a distância entre nós diminuir, como se fôssemos duas pontas <strong>de</strong> um o<br />

elástico invisível.<br />

— Treen?<br />

— Sim?<br />

Engoli em seco.<br />

— Não permita que eu perca esse voo.<br />

Minha irmã é muito <strong>de</strong>terminada. Fizemos ultrapassagens arriscadas,<br />

corremos pelo corredor entre as las <strong>de</strong> carro, <strong>de</strong>srespeitamos o limite <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>, procuramos no rádio informações sobre o trânsito e, nalmente,<br />

avistamos o aeroporto. Ela parou o carro guinchando os pneus e eu já estava a<br />

meio caminho do lado <strong>de</strong> fora quando a ouvi.<br />

— Ei, Lou!<br />

— Virei-me e corri alguns passos na direção <strong>de</strong>la, que me abraçou bem<br />

apertado.<br />

— Você está fazendo a coisa certa — disse ela. Parecia quase às lágrimas. —<br />

Agora, dane-se. Depois <strong>de</strong> me fazer per<strong>de</strong>r seis pontos na carteira <strong>de</strong> motorista,<br />

se não pegar esse voo, nunca mais falo com você.<br />

Não olhei para trás. Corri para o balcão da Swissair e precisei repetir meu<br />

nome três vezes até pronunciá-lo com clareza suciente para conseguir pedir as<br />

passagens.<br />

* * *<br />

Cheguei a Zurique logo antes da meia-noite. <strong>Como</strong> era bem tar<strong>de</strong>, a Sra. Traynor<br />

reservara um quarto no hotel do aeroporto e um carro me buscaria pela manhã,<br />

às nove. Pensei que não conseguiria dormir, mas dormi — um sono pesado,<br />

estranho e <strong>de</strong>sarticulado que se arrastou por horas —, acordando na manhã<br />

seguinte às sete, sem saber on<strong>de</strong> estava.<br />

Olhei, grogue, o quarto <strong>de</strong>sconhecido, as pesadas cortinas que bloqueavam a<br />

luz, a enorme TV, minha mala que eu nem sequer abri. Conferi o relógio, eram<br />

pouco mais <strong>de</strong> sete horas na Suíça. Ao notar on<strong>de</strong> estava, meu estômago se<br />

contorceu <strong>de</strong> medo.<br />

Arrastei-me para fora da cama bem a tempo <strong>de</strong> vomitar no pequeno banheiro.<br />

Afun<strong>de</strong>i no chão <strong>de</strong> azulejos, os cabelos grudados na testa, a bochecha

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