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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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tudo o que pô<strong>de</strong>. — Mamãe balançou a cabeça. — Qualquer que seja a confusão<br />

em que os Traynor vão se meter com isso… isso… seja lá o que eles vão fazer<br />

com o lho, não quero que Louisa se envolva. Não quero que ela acabe<br />

arruinando toda a sua vida.<br />

— Acho que eu mesma posso <strong>de</strong>cidir — falei.<br />

— Não tenho certeza. Ele é seu amigo, Louisa. É um jovem com a vida toda<br />

pela frente. Você não po<strong>de</strong> participar disso. Fico… co chocada só <strong>de</strong> você<br />

consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong>. — A voz <strong>de</strong> mamãe ganhou um novo tom, ríspido. —<br />

Não criei você para ajudar alguém a acabar com a própria vida! Você acabaria<br />

com a vida do vovô? Acha que <strong>de</strong>veríamos levá-lo para a Dignitas também?<br />

— Vovô é diferente.<br />

— Não é, não. Ele não consegue mais fazer o que fazia. Mas a vida <strong>de</strong>le é<br />

valiosa. Da mesma forma que a <strong>de</strong> Will.<br />

— Essa <strong>de</strong>cisão não é minha, mamãe. É <strong>de</strong> Will. Tudo isso é para dar apoio a<br />

ele.<br />

— Apoio? Nunca ouvi tamanha bobagem. Você é uma criança, Louisa. Não<br />

viu nada, não fez nada. E não tem i<strong>de</strong>ia do que isso vai lhe causar. Pelo amor <strong>de</strong><br />

Deus, como vai conseguir dormir <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ajudá-lo a fazer isso? Você terá<br />

ajudado um homem a morrer. Você realmente enten<strong>de</strong> isso? Você terá ajudado<br />

Will, aquele jovem inteligente e simpático, a morrer.<br />

— <strong>Eu</strong> conseguiria dormir porque acredito que Will saiba o que é melhor para<br />

ele e o pior é per<strong>de</strong>r a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar suas próprias <strong>de</strong>cisões, <strong>de</strong> não ser<br />

capaz <strong>de</strong> fazer qualquer coisa sem precisar <strong>de</strong> ajuda… — Olhei para meus pais,<br />

tentando fazê-los enten<strong>de</strong>r. — Não sou criança. <strong>Eu</strong> o amo. <strong>Eu</strong> o amo, e não<br />

<strong>de</strong>veria tê-lo <strong>de</strong>ixado sozinho e é insuportável estar longe e não saber… o que<br />

ele… — Engoli em seco. — Portanto, eu vou. Não preciso que vocês cui<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

mim ou me entendam. Sei lidar com isso. Mas vou à Suíça, não importa o que<br />

vocês digam.<br />

O pequeno corredor cou em silêncio. Mamãe olhou bem para mim, como<br />

se não tivesse i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> quem eu era. Aproximei-me, tentando fazer com que ela<br />

enten<strong>de</strong>sse. Mas ela recuou.<br />

— Mamãe? <strong>Eu</strong> tenho essa dívida com Will. Tenho que ir. Quem você acha<br />

que me sugeriu fazer uma faculda<strong>de</strong>? Quem você acha que me incentivou a fazer<br />

alguma coisa da vida, a viajar, a ter ambições? Quem mudou minha maneira <strong>de</strong><br />

pensar sobre todos os assuntos? Até sobre mim mesma? Foi Will. Fiz mais coisas<br />

e vivi mais nos últimos seis meses do que nos últimos vinte e sete anos da minha<br />

vida. Portanto, se ele quer que eu vá para a Suíça, eu vou. Aconteça o que<br />

acontecer.<br />

Fez-se um curto silêncio.<br />

— Ela é igual à tia Lily — disse papai, baixinho.<br />

Ficamos nos encarando. Papai e Treena se entreolhavam, como se um

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