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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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pegando uma terceira e uma quarta batata da tigela. Ela o impediu <strong>de</strong> pegar<br />

mais, colocou as duas batatas extras <strong>de</strong> volta na tigela e <strong>de</strong>u uma batidinha nos nós<br />

dos <strong>de</strong>dos <strong>de</strong>le com a colher, quando fez menção <strong>de</strong> se servir outra vez. Sentados<br />

à pequena mesa estavam meus pais, minha irmã, Thomas, vovô e Patrick, que<br />

sempre vinha jantar às quartas-feiras.<br />

— Papai — disse mamãe para vovô. — Quer que alguém corte as batatas<br />

para você? Treena, você po<strong>de</strong> cortar para ele?<br />

Treena <strong>de</strong>bruçou-se e começou a cortar a comida no prato <strong>de</strong> vovô com<br />

golpes hábeis. No outro extremo, ela já tinha feito a mesma coisa no prato <strong>de</strong><br />

Thomas.<br />

— Então, quão ruim está esse homem, Lou?<br />

— Não <strong>de</strong>ve ser muito grave, se eles o <strong>de</strong>ixam solto com nossa lha —<br />

observou papai. Atrás <strong>de</strong> mim, a TV estava ligada, então ele e Patrick podiam<br />

assistir ao jogo <strong>de</strong> futebol. De vez em quando, eles paravam, suas bocas<br />

interrompendo a mastigação enquanto acompanhavam um passe ou uma falta.<br />

— Acho que é uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>. Ela vai trabalhar numa das<br />

mansões. Para uma boa família. Eles são bacanas, querida?<br />

Na nossa rua, ser “bacana” signica qualquer pessoa sem um parente que<br />

tenha sido criminalmente acusado <strong>de</strong> perturbação da or<strong>de</strong>m pública.<br />

— Acho que sim.<br />

— Espero que você tenha agido <strong>de</strong> maneira educada. — Papai sorriu com<br />

malícia.<br />

— Você chegou a conhecê-lo? — Treena se <strong>de</strong>bruçou para impedir que<br />

Thomas <strong>de</strong>rrubasse, com o cotovelo, seu suco no chão. — O aleijado? <strong>Como</strong> ele<br />

é?<br />

— Vou conhecê-lo amanhã.<br />

— Estranho. Você vai car o dia inteiro com ele. Nove horas. Vai vê-lo mais<br />

do que vê Patrick.<br />

— O que não é difícil — falei.<br />

Do outro lado da mesa, Patrick fingiu não ter escutado.<br />

— Apesar disso, não vai ter <strong>de</strong> se preocupar com aquela velha história <strong>de</strong><br />

assédio sexual, certo? — insinuou papai.<br />

— Bernard! — exclamou minha mãe, ríspida.<br />

— <strong>Eu</strong> apenas disse o que todo mundo está pensando. Esse é provavelmente o<br />

melhor patrão que você po<strong>de</strong>ria arrumar para a sua namorada, hein, Patrick?<br />

Do outro lado da mesa, Patrick sorriu. Estava ocupado em recusar batatas,<br />

apesar dos melhores esforços <strong>de</strong> mamãe. Ele estava no mês carboidrato zero,<br />

preparando-se para participar <strong>de</strong> uma maratona no começo <strong>de</strong> março.<br />

— Sabe, eu estava pensando: você vai ter <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a linguagem dos sinais?<br />

Quer dizer, se ele não fala, como você vai saber o que ele quer?<br />

— Ela não disse que ele não fala, mamãe.

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