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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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Senti a pele <strong>de</strong>le e tive mais certeza do que nunca <strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixá-lo.<br />

— O que acha? — cochichei.<br />

<strong>Eu</strong> podia olhá-lo pelo resto da vida.<br />

Ele falou tão baixo que por um instante pensei ter entendido errado.<br />

— O que disse? — perguntei.<br />

— Não, Clark.<br />

— Não?<br />

— Desculpe. Não basta.<br />

Abaixei a mão <strong>de</strong>le.<br />

— Não entendo.<br />

Ele esperou para falar como se, por uma vez, lutasse para encontrar as<br />

palavras certas.<br />

— Não basta para mim. Esse meu mundo, mesmo que seja com você. E po<strong>de</strong><br />

ter certeza, Clark, minha vida melhorou muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que você chegou. Mas para<br />

mim não basta. Não é a vida que eu quero.<br />

Foi a minha vez <strong>de</strong> recuar.<br />

— <strong>Eu</strong> entendo que podia ser bom. Entendo que, com você, talvez fosse até<br />

uma vida muito boa. Mas não é a minha vida. Não sou igual a essas pessoas com<br />

quem você fala. Não é a vida que eu quero. Não chega nem perto. — Ele falava<br />

aos trancos. Sua expressão me assustou.<br />

Engoli em seco, balançando a cabeça.<br />

— Você... uma vez me disse que aquela noite que passei no labirinto do<br />

castelo não podia ser o que me i<strong>de</strong>nticava. Disse que eu podia escolher o que<br />

fosse. Bom, pois você não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar essa... ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas ser a sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

— Mas é, Clark. Você não me conhece. Nunca me viu antes disso. <strong>Eu</strong><br />

adorava a vida, Clark. Gostava mesmo. Do meu trabalho, das viagens, das coisas<br />

que eu fazia. Gostava <strong>de</strong> usar o corpo. De andar na minha moto, me <strong>de</strong>sviando<br />

dos prédios. Gostava <strong>de</strong> dominar as pessoas nos negócios. Gostava <strong>de</strong> transar.<br />

Transar muito. <strong>Eu</strong> levava uma vida muito boa. — Falou mais alto: — Não nasci<br />

para viver enado nesta coisa; mas, por tudo e para tudo, é isso que me i<strong>de</strong>ntica.<br />

É a única coisa que me <strong>de</strong>fine.<br />

— Mas você não está nem dando uma chance — cochichei. A voz parecia<br />

não querer sair do meu peito. — Não está me dando uma chance.<br />

— Não é questão <strong>de</strong> dar uma chance. Nesses seis meses, vi você se<br />

transformar em outra pessoa, que está só começando a ver as possibilida<strong>de</strong>s que<br />

tem. Não imagina como isso me <strong>de</strong>ixou feliz. Não quero que você que presa a<br />

mim, às minhas consultas hospitalares, às limitações da minha vida. Não quero<br />

que perca todas as coisas que outra pessoa po<strong>de</strong>ria lhe dar. E, egoísta, não quero<br />

que olhe para mim um dia e sinta sequer o mínimo arrependimento ou pena<br />

por...

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