10.12.2018 Views

Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ele sorria. O rosto parecia <strong>de</strong>scansado e feliz, os olhos brilhavam quando<br />

virou-se para mim. Observei-o e, pela primeira vez, não senti um toque <strong>de</strong> medo.<br />

— Gostou <strong>de</strong> vir, não? — perguntei, in<strong>de</strong>cisa.<br />

Ele concordou com a cabeça.<br />

— Ah, sim.<br />

— Ah!! — exclamei, dando um soco no ar.<br />

Depois, a música que vinha do bar aumentou, tirei os sapatos e dancei. Parece<br />

idiota, o tipo da coisa que, em outra situação, podia ser constrangedora. Mas ali,<br />

no escuro <strong>de</strong> breu, meio tonta por falta <strong>de</strong> sono, com a fogueira, o céu e o mar<br />

innitos, a música nos nossos ouvidos e Will sorrindo, meu coração explodindo<br />

num sentimento que eu não conseguia i<strong>de</strong>nticar, eu só queria dançar. Dancei, ri,<br />

solta, sem me preocupar se alguém nos via. Senti que Will me olhava e sabia que<br />

ele sabia que aquela era a única reação possível para os últimos <strong>de</strong>z dias. Ora,<br />

para os últimos seis meses.<br />

A música terminou e <strong>de</strong>smontei, ofegante, aos pés <strong>de</strong>le.<br />

— Você... — ele disse.<br />

— <strong>Eu</strong> o quê? — Meu sorriso era brincalhão. <strong>Eu</strong> me sentia fluida, elétrica. Não<br />

estava muito responsável pelos meus atos.<br />

Ele balançou a cabeça.<br />

Levantei-me lentamente da areia, <strong>de</strong>scalça, fui até a ca<strong>de</strong>ira, sentei no colo<br />

<strong>de</strong>le, nossos rostos quase colados. Após a noite anterior, aquele não pareceu um<br />

salto muito gran<strong>de</strong>.<br />

— Você... — Seus olhos azuis brilhavam à luz das brasas e grudaram nos<br />

meus. Ele tinha cheiro <strong>de</strong> sol, <strong>de</strong> fogueira e <strong>de</strong> algo áspero e cítrico.<br />

Senti algo se entregar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim.<br />

— Você... é uma figura, Clark.<br />

Fiz a única coisa que me ocorreu. Inclinei-me e encostei meus lábios nos<br />

<strong>de</strong>le. Will cou in<strong>de</strong>ciso um instante e retribuiu o beijo. Por um instante, esqueci<br />

tudo: o milhão e meio <strong>de</strong> motivos para não fazer aquilo; meus medos; o motivo<br />

para estarmos ali. Beijei-o, sentindo o cheiro da pele, os cabelos macios nas<br />

minhas mãos. Quando ele retribuiu, tudo isso <strong>de</strong>sapareceu e camos apenas os<br />

dois numa ilha no meio do nada, sob milhares <strong>de</strong> estrelas cintilantes.<br />

Ele então recuou.<br />

— <strong>Eu</strong>... <strong>de</strong>sculpe. Não...<br />

Abri os olhos. Coloquei a mão no rosto <strong>de</strong>le e percorri seu lindo contorno.<br />

Senti o leve sal nos <strong>de</strong>dos.<br />

— Will ... — comecei a dizer. — Você po<strong>de</strong>. Você...<br />

— Não. — A palavra tinha um toque <strong>de</strong> aço. — Não posso.<br />

— Não entendo.<br />

— Não quero.<br />

— Hum... acho que você tem que aceitar.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!