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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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momento da madrugada eu me levantei, tirei <strong>de</strong>licadamente minha mão da <strong>de</strong><br />

Will, fechei as portas envidraçadas, abafando o quarto no silêncio. Will dormiu —<br />

um sono audível e calmo que ele raramente tinha em casa.<br />

Não dormi. Fiquei lá, olhei-o e procurei não pensar em mais nada.<br />

* * *<br />

No último dia, aconteceram duas coisas. Uma: por insistência <strong>de</strong> Will, aceitei<br />

fazer mergulho submarino. Ele falava havia dias que eu não podia ir a um lugar<br />

tão distante e não mergulhar no mar. Não <strong>de</strong>i certo no windsurfe, mal consegui<br />

segurar a vela nas ondas; quase todas as tentativas <strong>de</strong> fazer esqui aquático<br />

terminaram <strong>de</strong> cara na água. Mas ele insistia e, um dia antes <strong>de</strong> irmos embora,<br />

chegou ao almoço avisando que me inscrevera num curso <strong>de</strong> meio dia <strong>de</strong><br />

mergulho para iniciantes.<br />

Começou mal. Will e Nathan caram na beira da piscina enquanto meu<br />

instrutor tentava me convencer <strong>de</strong> que eu continuaria respirando <strong>de</strong>ntro da água.<br />

Mas os dois carem me olhando acabou com minhas esperanças. Não sou burra:<br />

sabia que os tanques <strong>de</strong> oxigênio nas minhas costas manteriam meus pulmões<br />

funcionando, que eu não ia me afogar. Mas toda vez que eu enava a cabeça na<br />

água, entrava em pânico e voltava à tona. <strong>Era</strong> como se meu corpo se recusasse a<br />

acreditar que podia respirar sob vários litros <strong>de</strong> águas mauricianas.<br />

— Acho que não consigo — confessei ao voltar à tona pela sétima vez,<br />

fazendo um barulho alto.<br />

O instrutor <strong>de</strong> mergulho, James, olhou para Will e Nathan, que estavam atrás<br />

<strong>de</strong> mim.<br />

— Não consigo — garanti.<br />

James cou <strong>de</strong> costas para os dois, <strong>de</strong>u um tapinha no meu ombro e mostrou<br />

o mar.<br />

— Tem gente que se sente melhor lá — disse, clamo.<br />

— No mar?<br />

— Tem gente que se sente melhor em águas profundas. Vamos. Vamos <strong>de</strong><br />

barco.<br />

Quarenta minutos <strong>de</strong>pois, eu estava <strong>de</strong>ntro da água, olhando a colorida<br />

paisagem que cava escondida sob o mar, esqueci que o oxigênio podia falhar e<br />

que, contra todas as possibilida<strong>de</strong>s, eu ia afundar e morrer, esqueci até que eu<br />

tinha medo. Fui distraída pelos segredos <strong>de</strong> um novo mundo. No silêncio,<br />

quebrado apenas pelo som exagerado da minha respiração, vi cardumes <strong>de</strong><br />

pequenos peixes iri<strong>de</strong>scentes e outros maiores, pretos e brancos, que me olhavam<br />

com caras inquisitivas e pasmas; anêmonas que se moviam lenta e suavemente,<br />

ltrando as correntes <strong>de</strong> água que trazem seus pequenos e invisíveis alimentos. Vi<br />

paisagens distantes ainda mais coloridas e variadas do que eram na superfície. Vi

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