10.12.2018 Views

Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

imaginação que me custaram. Olhei para o passaporte que consegui após<br />

encarar uma la, lembrei da minha crescente animação até quando peguei o<br />

trem para a cida<strong>de</strong> e, pela primeira vez <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que havia começado a planejar,<br />

me senti <strong>de</strong>sapontada. Faltavam apenas três semanas e eu tinha fracassado. Meu<br />

contrato ia terminar e eu não tinha feito nada que mudasse a cabeça <strong>de</strong> Will.<br />

Tinha medo até <strong>de</strong> perguntar à Sra. Traynor para on<strong>de</strong> íamos agora. De repente,<br />

quei <strong>de</strong>primida. Apoiei a cabeça nas mãos e quei assim naquela pequena casa<br />

silenciosa.<br />

— Boa noite.<br />

Levantei a cabeça, assustada. Nathan estava ali, enchendo a pequena cozinha<br />

com seu corpanzil. Carregava a mochila nos ombros.<br />

— Só passei aqui para <strong>de</strong>ixar algumas receitas médicas para quando ele<br />

voltar. Você... está bem?<br />

Esfreguei os olhos.<br />

— Claro. Desculpe. Só... meio <strong>de</strong>sanimada <strong>de</strong> cancelar tudo isso.<br />

Nathan <strong>de</strong>ixou a mochila escorregar pelo ombro e sentou-se à minha frente.<br />

— É uma pena, sem dúvida. — Pegou o folheto e <strong>de</strong>u uma olhada. — Quer<br />

ajuda amanhã? Eles não precisam <strong>de</strong> mim no hospital, então po<strong>de</strong>ria passar uma<br />

hora aqui <strong>de</strong> manhã. Para ajudar nos telefonemas.<br />

— É muita gentileza sua. Mas não precisa, talvez seja mais fácil eu fazer<br />

tudo.<br />

Nathan fez chá e sentamos um em frente ao outro para beber. Acho que foi a<br />

primeira vez que realmente conversamos, pelo menos sem Will entre nós. Ele<br />

contou <strong>de</strong> um ex-paciente tetraplégico C3/C4 que usava um aparelho para<br />

controlar a respiração e que cou doente pelo menos uma vez por mês enquanto<br />

ele trabalhava lá. Contou sobre as outras pneumonias <strong>de</strong> Will, e que ele quase<br />

morreu na primeira, levando semanas para se recuperar.<br />

— Ele ca com aquele olhar... — disse Nathan. — Quando está mal mesmo.<br />

É assustador. <strong>Como</strong> se ele... se retirasse. <strong>Como</strong> se não estivesse ali.<br />

— Sei como é. Detesto aquele olhar.<br />

— Ele é um... — começou Nathan. E, abruptamente, <strong>de</strong>sviou o olhar <strong>de</strong> mim<br />

e calou-se.<br />

Ficamos segurando nossas xícaras <strong>de</strong> chá. Observei Nathan pelo canto do<br />

olho, o rosto simpático que <strong>de</strong> repente pareceu se fechar. Percebi então que eu ia<br />

fazer uma pergunta cuja resposta já sabia.<br />

— Você sabe, não é?<br />

— Sei o quê?<br />

— O que... ele preten<strong>de</strong> fazer.<br />

O silêncio na cozinha foi súbito e intenso.<br />

Nathan me olhou atento, como se pesasse a resposta.<br />

— <strong>Eu</strong> sei. Não <strong>de</strong>via, mas sei — continuei. — Por isso... pensei em fazer a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!