10.12.2018 Views

Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ter cado triste como achei que caria. Não me senti <strong>de</strong>solada, nem <strong>de</strong>primida,<br />

nem nenhuma das coisas que se <strong>de</strong>ve sentir ao terminar um relacionamento <strong>de</strong><br />

anos. Fiquei muito calma, levemente triste e talvez um pouco culpada pela<br />

separação e pelo fato <strong>de</strong> não me sentir como achava que <strong>de</strong>veria. Man<strong>de</strong>i duas<br />

mensagens <strong>de</strong> texto para ele dizendo que sentia muito e que esperava que ele se<br />

saísse muito bem no Norseman Xtreme. Mas ele não respon<strong>de</strong>u.<br />

Uma hora <strong>de</strong>pois, inclinei-me sobre a cama, levantei o lençol que cobria o<br />

braço <strong>de</strong> Will e lá estava a mão <strong>de</strong>le, levemente bronzeada, sob o lençol branco.<br />

Tinha uma cânula no dorso, presa com ta cirúrgica. Quando virei a mão, vi que<br />

as cicatrizes ainda estavam bem nítidas no pulso. Por um momento me perguntei<br />

se algum dia sumiriam, ou se para sempre seriam um lembrete do que ele tentou<br />

fazer.<br />

Segurei carinhosamente os <strong>de</strong>dos <strong>de</strong>le nos meus e fechei a mão. Estavam<br />

quentes, eram <strong>de</strong>dos <strong>de</strong> alguém bem vivo. Eles se encaixaram tão bem nos meus<br />

que fiquei assim, observando os calos que mostravam que não tinha passado a vida<br />

apenas atrás <strong>de</strong> uma mesa <strong>de</strong> trabalho, as unhas rosadas que sempre teriam <strong>de</strong><br />

ser cortadas por outra pessoa.<br />

Will tinha mãos <strong>de</strong> homem; atraentes e com <strong>de</strong>dos quadrados. <strong>Era</strong> difícil olhálas<br />

e acreditar que não tinham força, que nunca mais pegariam alguma coisa<br />

numa mesa, tocariam o braço <strong>de</strong> alguém ou se fechariam.<br />

Percorri os nós dos <strong>de</strong>dos. Uma pequena parte <strong>de</strong> mim se perguntou se eu<br />

caria constrangida caso Will abrisse os olhos, mas não me importava. Senti que,<br />

com certeza, seria bom para ele car <strong>de</strong> mão dada comigo. Esperava que, <strong>de</strong><br />

alguma forma, além da barreira daquele sono químico, ele concordasse com<br />

aquilo; fechei os olhos e esperei.<br />

* * *<br />

Finalmente, pouco <strong>de</strong>pois das quatro, Will acordou. <strong>Eu</strong> estava no corredor,<br />

esticada nas ca<strong>de</strong>iras, lendo um jornal que alguém jogara fora, e <strong>de</strong>i um pulo<br />

quando a Sra. Traynor veio falar comigo. Parecia um pouco mais animada ao<br />

dizer que ele estava conversando e queria me ver. Disse também que ia <strong>de</strong>scer e<br />

ligar para o Sr. Traynor.<br />

Depois, como se não conseguisse evitar, ela acrescentou:<br />

— Por favor, não o canse.<br />

— Claro que não — garanti.<br />

Dei um sorriso simpático.<br />

— Olá — eu disse, enfiando a cabeça pela porta entreaberta.<br />

Ele virou a cabeça <strong>de</strong>vagar na minha direção.<br />

— Olá.<br />

Sua voz estava rouca, como se tivesse passado as últimas trinta e seis horas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!