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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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— Tem carteira <strong>de</strong> motorista sem infrações?<br />

Anuí.<br />

Camilla Traynor ticou algo em sua lista.<br />

O rasgo estava aumentando. <strong>Eu</strong> podia vê-lo subir lenta e inexoravelmente pela<br />

minha coxa. Nessa altura, no momento em que eu me levantasse iria parecer<br />

uma dançarina <strong>de</strong> cassino <strong>de</strong> Las Vegas.<br />

— Você está se sentindo bem? — A Sra. Traynor olhava para mim.<br />

— Só estou com um pouco <strong>de</strong> calor. Posso tirar o paletó? — <strong>Antes</strong> que ela<br />

pu<strong>de</strong>sse dizer qualquer coisa, arranquei o paletó num movimento gracioso e<br />

amarrei-o na cintura, tapando o rasgo na saia. — Bem quente — disse eu,<br />

sorrindo para ela. — O calor vindo lá <strong>de</strong> fora. A senhora sabe, não é?<br />

Houve uma breve pausa e então a Sra. Traynor olhou <strong>de</strong> novo em sua pasta.<br />

— Qual a sua ida<strong>de</strong>?<br />

— Vinte e seis.<br />

— E ficou seis anos no emprego anterior.<br />

— Sim. A senhora <strong>de</strong>ve ter uma cópia da minha carta <strong>de</strong> recomendação.<br />

— Hum… — A Sra. Traynor segurou a carta e <strong>de</strong>u uma olha<strong>de</strong>la. — Seu exempregador<br />

diz que você “é uma pessoa calorosa, falante e cheia <strong>de</strong> vida.”<br />

— É, eu paguei para ele escrever isso.<br />

De novo, aquela cara <strong>de</strong> paisagem.<br />

Ai, droga, pensei.<br />

<strong>Era</strong> como se eu estivesse sendo avaliada. Não necessariamente <strong>de</strong> um jeito<br />

bom. De repente, a saia da minha mãe se tornou barata, a trama sintética<br />

brilhava na luz fraca. <strong>Eu</strong> <strong>de</strong>veria ter usado minha calça mais simples e uma<br />

camiseta. Qualquer coisa, menos esse tailleur.<br />

— Então, por que está saindo <strong>de</strong>sse emprego on<strong>de</strong> é, claramente, tão<br />

valorizada?<br />

— Frank, o proprietário, ven<strong>de</strong>u o café. É aquele que ca no nal do castelo.<br />

The Buttered Bun. Ficava — corrigi. — <strong>Eu</strong> ficaria feliz em continuar lá.<br />

A Sra. Traynor fez que sim com a cabeça, tanto porque achou <strong>de</strong>snecessário<br />

dizer mais alguma coisa quanto porque ela também adoraria que eu tivesse<br />

continuado por lá.<br />

— O que exatamente preten<strong>de</strong> fazer da sua vida?<br />

— Desculpe?<br />

— Preten<strong>de</strong> ter uma carreira? Isso é um primeiro passo para algo mais? Tem<br />

algum sonho profissional que <strong>de</strong>seja realizar?<br />

Olhei para ela, confusa.<br />

Seria essa uma pergunta do tipo armadilha?<br />

— <strong>Eu</strong>… realmente ainda não pensei muito sobre isso. Des<strong>de</strong> que perdi o<br />

emprego, eu apenas… — engoli em seco — <strong>Eu</strong> só quero voltar a trabalhar.<br />

Pareceu uma resposta fraca. Que tipo <strong>de</strong> pessoa vai para uma entrevista <strong>de</strong>

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