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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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Gran<strong>de</strong>s planos. Vou lhe mostrar daqui a pouco.<br />

— Mas...<br />

Estiquei os braços para cima e girei as mãos.<br />

— Mas gosto <strong>de</strong> Will. Gosto muito.<br />

Ela me observou. Estava com sua cara pensativa. Nada é mais assustador do<br />

que a cara pensativa da minha irmã quando ela está voltada diretamente para<br />

você.<br />

— Ah, merda.<br />

— Não...<br />

— Então isso é interessante — disse ela.<br />

— <strong>Eu</strong> sei. — Abaixei os braços.<br />

— Você quer um emprego. De maneira que...<br />

— É o que os outros tetraplégicos me dizem. Aqueles com os quais eu<br />

converso na internet. Não se po<strong>de</strong> fazer as duas coisas. Não se po<strong>de</strong> ser cuidadora<br />

e... — Levantei as mãos para cobrir o rosto.<br />

<strong>Eu</strong> podia sentir os olhos <strong>de</strong>la em mim.<br />

— Ele sabe?<br />

— Não. Não sei nem se eu sei. É que... — Deixei-me cair na cama <strong>de</strong>la,<br />

primeiro o rosto. Tinha cheiro <strong>de</strong> Thomas. Com um leve toque <strong>de</strong> geleia. — Não<br />

sei o que pensar. Só sei que, em geral, prero estar com ele do que com qualquer<br />

outra pessoa.<br />

— Inclusive Patrick.<br />

Pronto, era isso. A verda<strong>de</strong> que eu mal podia admitir para mim mesma.<br />

Senti o rosto corar.<br />

— É — admiti, com a cara enfiada no edredom. — Às vezes, sim.<br />

— Merda — xingou ela, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um minuto. — Pensava que eu é que<br />

gostava <strong>de</strong> fazer da minha vida algo complicado.<br />

Ela se <strong>de</strong>itou ao meu lado na cama e camos olhando o teto. Lá embaixo,<br />

podíamos ouvir vovô assobiando <strong>de</strong>sanado acompanhado pelo som <strong>de</strong> Thomas<br />

dirigindo algum carrinho <strong>de</strong> controle remoto para a frente e para trás, batendo<br />

num pedaço do rodapé. Por alguma razão inexplicável, meus olhos se encheram<br />

<strong>de</strong> lágrimas. Um minuto <strong>de</strong>pois, senti o braço <strong>de</strong> minha irmã se enroscar em<br />

mim.<br />

— Sua maluca do cacete — disse ela, e rimos.<br />

— Não se preocupe — recomen<strong>de</strong>i, enxugando as lágrimas. — Não vou fazer<br />

nenhuma burrice.<br />

— Que bom. Porque quanto mais penso no assunto, mais sinto a<br />

dramaticida<strong>de</strong> da situação. Não é real, é drama.<br />

— O quê?<br />

— Bom, trata-se mesmo <strong>de</strong> vida ou morte, anal <strong>de</strong> contas, e você está presa<br />

à vida <strong>de</strong>sse homem todos os dias, presa a seu estranho segredo. Isso cria uma

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