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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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— Não <strong>de</strong>sse jeito — disse Louisa, batendo em mim com a echarpe e<br />

pegando o casaco para ir embora.<br />

— Leve o carro — gritou Will. — Facilita a sua volta.<br />

Observei o olhar <strong>de</strong> Will seguindo-a até a porta dos fundos.<br />

Só por causa daquele único olhar, eu po<strong>de</strong>ria apostar que sim.<br />

Ele <strong>de</strong>u uma murchada <strong>de</strong>pois que ela saiu. <strong>Era</strong> como se tivesse aguentado<br />

até que tanto a mãe quanto Louisa saíssem do anexo. Fiquei observando-o<br />

cuidadosamente e, quando o sorriso sumiu do seu rosto, percebi que não gostava<br />

da sua aparência. A pele ostentava um discreto aspecto manchado, ele<br />

estremeceu duas vezes quando achou que ninguém via e, mesmo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> eu<br />

estava, pu<strong>de</strong> observar que tinha arrepios. Um pequeno alarme começou a soar<br />

<strong>de</strong>ntro da minha cabeça, a distância, porém <strong>de</strong> maneira estri<strong>de</strong>nte.<br />

— Você está se sentindo bem, Will?<br />

— Estou ótimo. Não se preocupe <strong>de</strong>mais.<br />

— Quer me dizer on<strong>de</strong> está doendo?<br />

Ele pareceu um pouco resignado, então, como se soubesse que eu podia ver o<br />

que acontecia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le. Trabalhávamos juntos há bastante tempo.<br />

— Ok. Estou com um pouco <strong>de</strong> dor <strong>de</strong> cabeça. E... hum... preciso trocar os<br />

cateteres. Provavelmente bem <strong>de</strong>pressa.<br />

<strong>Eu</strong> o transferi da ca<strong>de</strong>ira para a cama e então comecei a juntar o<br />

equipamento.<br />

— A que horas Lou trocou-os hoje <strong>de</strong> manhã?<br />

— Ela não trocou. — Ele estremeceu. E pareceu meio culpado. — Nem na<br />

noite passada.<br />

— O quê?<br />

Tomei o pulso <strong>de</strong>le e peguei o equipamento para medir sua pressão. Claro, a<br />

pressão estava nas alturas. Coloquei minha mão na sua testa, ela voltou levemente<br />

molhada <strong>de</strong> suor. Fui até o armário <strong>de</strong> remédios e esmaguei alguns<br />

vasodilatadores. Dei o remédio misturado à água, garantindo que ele bebesse até<br />

a última gota. Depois, apoiei-o, <strong>de</strong>ixando suas pernas pen<strong>de</strong>rem da lateral da<br />

cama, e mu<strong>de</strong>i os cateteres rapidamente, observando-o ao fazer isso.<br />

— Estou com D.A.?<br />

— Está. Não foi a coisa mais sensata que já fez, Will.<br />

Disreexia autocontrolada, ou D.A., era o nosso pior pesa<strong>de</strong>lo. <strong>Era</strong> a reação<br />

exagerada e massiva do corpo <strong>de</strong> Will à dor e ao <strong>de</strong>sconforto — ou, digamos, a<br />

um cateter que não foi trocado —, a tentativa vã e equivocada do sistema<br />

neurológico danicado <strong>de</strong> manter o controle. Podia aparecer do nada e fazer o<br />

corpo <strong>de</strong>le entrar em colapso. Will estava pálido, respirando com dificulda<strong>de</strong>.<br />

— <strong>Como</strong> está a pele?<br />

— Coçando um pouco.<br />

— Visão?

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