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— Quero sair já — disse a eles, com voz pastosa e insegura. — Chega.<br />
Todos tinham sumido. O labirinto estava silencioso, havia apenas os sussurros<br />
distantes que po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>les do outro lado da sebe — ou po<strong>de</strong>ria ser o vento<br />
<strong>de</strong>slocando as folhas.<br />
— Quero sair já — eu tinha dito, minha voz soando insegura até mesmo para<br />
mim. <strong>Eu</strong> tinha lançado um olhar para o céu, quei meio <strong>de</strong>sequilibrada <strong>de</strong>vido ao<br />
enorme e escuro espaço acima <strong>de</strong> mim. E então tinha pulado quando alguém me<br />
agarrou pela cintura — o <strong>de</strong> cabelos escuros. Aquele que tinha ido à África.<br />
— Não po<strong>de</strong> ir ainda — disse ele. — Vai estragar a brinca<strong>de</strong>ira.<br />
<strong>Eu</strong> soube, então, só pelo toque <strong>de</strong> sua mão em minha cintura. Percebi que<br />
alguma coisa tinha mudado, que algum tipo <strong>de</strong> limite tinha começado a evaporar.<br />
E ri, empurrada por suas mãos como se fosse uma brinca<strong>de</strong>ira, não querendo que<br />
ele soubesse que eu sabia. <strong>Eu</strong> o ouvi gritar por seus amigos. E escapei <strong>de</strong>le,<br />
correndo <strong>de</strong> repente, lutando para tentar achar a saída, os pés afundando na<br />
grama úmida. <strong>Eu</strong> escutava todos eles ao me redor, suas vozes elevadas, seus<br />
corpos escondidos, e senti minha garganta se apertar <strong>de</strong> pânico. Estava<br />
<strong>de</strong>sorientada <strong>de</strong>mais para me localizar. As sebes altas continuaram balançando,<br />
me espetando. Continuei em frente, virando nas esquinas, tropeçando, olhando<br />
esquivamente pelas frestas, tentando me afastar da voz <strong>de</strong>les. Mas a saída não<br />
chegava. Para todo canto que eu virava, havia mais uma extensão <strong>de</strong> sebe, outra<br />
voz zombeteira.<br />
Tropecei numa fresta, exultante por um momento porque estava perto da<br />
liberda<strong>de</strong>. Mas então eu vi que estava <strong>de</strong> volta ao centro do labirinto, outra vez no<br />
lugar on<strong>de</strong> tinha começado. <strong>Eu</strong> me encolhi ao vê-los todos parados ali, como se<br />
estivem simplesmente à minha espera.<br />
— Aí está você — disse um <strong>de</strong>les, e sua mão agarrou meu braço. — <strong>Eu</strong> disse<br />
que ela estava pronta para isso. Venha, Lou-Lou, me dê um beijo e eu mostro a<br />
saída. — A voz era suave e arrastada.<br />
— Dê um beijo em todos nós e todos nós mostraremos a saída.<br />
A cara <strong>de</strong>les era um borrão.<br />
— Só quero... só quero que vocês...<br />
— Ora, Lou. Você gosta <strong>de</strong> mim, não gosta? Passou a tar<strong>de</strong> toda sentada no<br />
meu colo. Um beijo. Custa muito fazer isso?<br />
Ouvi um risinho abafado.<br />
— E você mostra como eu saio daqui? — Minha voz soava patética até para<br />
mim.<br />
— Só um beijo. — Ele se aproximou.<br />
Senti sua boca na minha, uma mão apertando minha coxa.<br />
Ele se afastou e ouvi o curso <strong>de</strong> sua respiração mudar.<br />
— Agora é a vez <strong>de</strong> Jake.<br />
Não sei o que eu disse então. Alguém segurou meu braço. Ouvi a risada, senti