10.12.2018 Views

Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

porta dos fundos por quase quinze minutos, enquanto ele tentava dar marcha a ré<br />

na ca<strong>de</strong>ira por cima do capacho, que estava fora do lugar. Quando nalmente<br />

fechei a porta, eles abriram a caixa do correio e berraram que “ele, mais do que<br />

ninguém”, <strong>de</strong>veria enten<strong>de</strong>r o que o estava esperando <strong>de</strong>pois da morte.<br />

— Hum... estou aqui para falar com o Sr. Traynor — disse o homem, e eu<br />

abri a porta com cautela.<br />

Durante todo o tempo em que trabalhei na Granta House, ninguém procurou<br />

por Will pela porta dos fundos.<br />

— Deixe-o entrar — disse Will, surgindo atrás <strong>de</strong> mim. — Pedi que ele viesse.<br />

— Quando continuei parada ali, ele acrescentou: — Está tudo bem, Clark... é um<br />

amigo.<br />

O homem <strong>de</strong>u um passo adiante, ultrapassando o limiar da porta, esten<strong>de</strong>u a<br />

mão e me cumprimentou.<br />

— Michael Lawler — disse ele.<br />

Estava prestes a dizer mais alguma coisa, mas Will pôs a ca<strong>de</strong>ira entre nós,<br />

cortando efetivamente qualquer provável conversa.<br />

— Vamos car na sala. Po<strong>de</strong> nos fazer um café e <strong>de</strong>pois nos <strong>de</strong>ixar a sós um<br />

pouco?<br />

— Hum... certo.<br />

O Sr. Lawler sorriu <strong>de</strong> forma um pouco esquisita para mim e seguiu Will até a<br />

sala. Quando, minutos <strong>de</strong>pois, entrei com a ban<strong>de</strong>ja <strong>de</strong> café, eles falavam sobre<br />

críquete. A conversa sobre ataques e <strong>de</strong>fesas no jogo continuou até eu não ter<br />

mais motivo para espiar.<br />

Tirei uma poeira invisível da minha saia, endireitei-me e disse:<br />

— Bom, vou me retirar.<br />

— Obrigado, Louisa.<br />

— Tem certeza <strong>de</strong> que você não precisa <strong>de</strong> mais nada? Biscoitos?<br />

— Obrigado, Louisa.<br />

Will jamais me chamava <strong>de</strong> Louisa. E nunca havia me excluído <strong>de</strong> nada antes.<br />

O Sr. Lawler cou por quase uma hora. Executei minhas tarefas, <strong>de</strong>pois quei<br />

por ali, na cozinha, pensando se tinha coragem <strong>de</strong> escutar escondido o que eles<br />

diziam. Não tinha. Sentei-me, comi dois biscoitos <strong>de</strong> chocolate recheados, roí as<br />

unhas, ouvi o murmúrio da conversa <strong>de</strong>les e pensei pela décima quinta vez por<br />

que Will tinha pedido ao homem que não usasse a porta da frente.<br />

Não parecia um médico. Podia ser consultor nanceiro, mas <strong>de</strong> algum jeito<br />

ele não tinha exatamente o ar <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>sempenhava essas funções. Certamente<br />

também não parecia ser sioterapeuta, terapeuta ocupacional ou nutricionista —<br />

nem nenhum integrante das legiões <strong>de</strong> pessoas da secretaria <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> local que<br />

apareciam e avaliavam os custos das necessida<strong>de</strong>s sempre mutantes <strong>de</strong> Will.<br />

Dava para reconhecê-las a quilômetros <strong>de</strong> distância. Pareciam sempre exaustos,<br />

mas eram forçosa e agitadamente animados. Usavam meias <strong>de</strong> lã em cores

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!