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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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ser sincera, meio entediada.<br />

— Vamos lá, Clark. Eduque-se — incitou Will, acenando com a cabeça para<br />

que eu me sentasse ao seu lado.<br />

— Não posso. Mamãe me ensinou que cuspir é falta <strong>de</strong> educação.<br />

Os dois homens se entreolharam como se eu fosse louca. Mas nem sempre<br />

ele cuspia. Fiquei observando. E cou estranhamente falante pelo resto da tar<strong>de</strong><br />

— com o riso fácil e até mais briguento do que o normal.<br />

Então, a caminho <strong>de</strong> casa, passamos por uma cida<strong>de</strong> a que não<br />

costumávamos ir e, como estávamos parados no trânsito, olhei pela janela do<br />

carro e vi um estúdio <strong>de</strong> tatuagem e piercing.<br />

— Sempre quis fazer uma tatuagem — comentei.<br />

<strong>Eu</strong> <strong>de</strong>veria saber <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo que não se podia dizer uma coisa <strong>de</strong>ssas na<br />

frente <strong>de</strong> Will. Ele não era do tipo que cava enrolando, nem jogando conversa<br />

fora. Quis imediatamente saber por que nunca fiz uma.<br />

— Ah... não sei. Por medo do que as pessoas iam dizer, acho.<br />

— Por quê? O que elas iam dizer?<br />

— Meu pai <strong>de</strong>testa tatuagem.<br />

— Quantos anos você tem mesmo?<br />

— Patrick também <strong>de</strong>testa.<br />

— E ele nunca faz nada <strong>de</strong> que você po<strong>de</strong> não gostar.<br />

— Posso ficar nervosa. Posso mudar <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer.<br />

— Aí é só removê-la com laser, certo?<br />

Examinei-o pelo espelho retrovisor. Os olhos estavam alegres.<br />

— Então, vamos — disse ele. — O que você quer tatuar?<br />

Percebi que eu estava sorrindo.<br />

— Não sei. Nada <strong>de</strong> cobras, nem nomes <strong>de</strong> pessoas.<br />

— Não esperava que você quisesse um coração com uma faixa dizendo<br />

“mãe”.<br />

— Promete não rir?<br />

— Sabe que não posso. Ah, Deus, não vai tatuar um provérbio indiano em<br />

sânscrito ou algo assim, vai? O que não me mata, me fortalece.<br />

— Não. <strong>Eu</strong> queria uma abelha. Uma abelhinha preta e amarela. Adoro<br />

abelhas.<br />

Ele concordou com a cabeça, como se fosse algo perfeitamente razoável.<br />

— E on<strong>de</strong> quer tatuar? Ou não <strong>de</strong>vo perguntar?<br />

Dei <strong>de</strong> ombros.<br />

— Não sei. No ombro? No quadril?<br />

— Pare o carro — disse ele.<br />

— Por quê, você está bem?<br />

— Apenas pare. Tem uma vaga ali. Olhe, à sua esquerda.<br />

Parei o carro no meio-fio e <strong>de</strong>i uma olhada para trás, na direção <strong>de</strong>le.

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