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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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pois muitos dos lesionados nessa última localização usavam os braços ou o torso.<br />

Havia história <strong>de</strong> amor e perda, <strong>de</strong> homens lutando para lidar com esposas<br />

<strong>de</strong>cientes físicas e também com lhos pequenos. Havia esposas que se sentiam<br />

culpadas por terem rezado para que o marido parasse <strong>de</strong> espancá-la; agora ele<br />

nunca mais faria isso. Havia maridos que queriam se separar da esposa<br />

<strong>de</strong>ciente, mas tinham medo <strong>de</strong> como a comunida<strong>de</strong> reagiria. Havia exaustão e<br />

<strong>de</strong>sespero e muito humor negro — piadas sobre bolsas <strong>de</strong> coleta que explodiam;<br />

atitu<strong>de</strong>s bem-intencionadas, mas burras; <strong>de</strong>sventuras <strong>de</strong> bêbados. Cair da ca<strong>de</strong>ira<br />

parecia um tema corriqueiro. E havia ameaças <strong>de</strong> suicídio: os que queriam se<br />

matar; outros que os encorajavam a esperar, a apren<strong>de</strong>r a olhar a vida <strong>de</strong> outra<br />

maneira. Li cada uma <strong>de</strong>las e me senti como se estivesse olhando para um<br />

panorama secreto <strong>de</strong> como o cérebro <strong>de</strong> Will funcionava.<br />

No almoço, saí da biblioteca e fui andar pela cida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>sanuviar a<br />

cabeça. Dei-me o luxo <strong>de</strong> um sanduíche <strong>de</strong> camarão e sentei-me no muro,<br />

observando os cisnes no lago abaixo do castelo. Estava quente o suciente para<br />

que eu tirasse o casaco, e voltei meu rosto na direção do sol. Havia um curioso<br />

sossego em olhar o restante do mundo cuidar <strong>de</strong> suas vidas. Depois <strong>de</strong> passar a<br />

manhã inteira enada no mundo dos paralíticos, só o fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r andar e comer<br />

meu sanduíche ao sol já me dava uma sensação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />

Quando terminei, voltei para a biblioteca e solicitei o computador que estava<br />

usando. Tomei fôlego e digitei uma mensagem.<br />

Olá, sou amiga e cuidadora <strong>de</strong> um tetraplégico <strong>de</strong> trinta e cinco anos, com<br />

lesão em C4 e C5. Ele era muito bem-sucedido e dinâmico em sua vida<br />

anterior e está tendo dificulda<strong>de</strong>s para se adaptar à nova realida<strong>de</strong>. Na<br />

verda<strong>de</strong>, sei que ele não quer mais viver e estou tentando pensar em<br />

maneiras <strong>de</strong> fazê-lo mudar <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia. Alguém po<strong>de</strong>, por favor, me dizer como<br />

posso fazer isso? Alguma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> coisas <strong>de</strong> que ele possa gostar, ou meios<br />

<strong>de</strong> eu conseguir fazer com que ele pense <strong>de</strong> maneira diferente? Todas as<br />

opiniões são bem-vindas.<br />

Assinei Abelha Atarefada. Então, recostei-me na ca<strong>de</strong>ira, mordisquei um pouco<br />

meu <strong>de</strong>dão e finalmente apertei “Enviar”.<br />

* * *<br />

Na manhã seguinte, quando me sentei no terminal, havia quatorze respostas.<br />

Entrei no bate-papo e quei surpresa com a lista <strong>de</strong> nomes. Pessoas do mundo<br />

inteiro haviam respondido dia e noite. O primeiro dizia:

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