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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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apren<strong>de</strong>r a língua <strong>de</strong> lugares que eu po<strong>de</strong>ria visitar um dia. E encontrava meus<br />

amigos... ou quem eu achava que eram meus amigos... — Ele hesitou por um<br />

instante. — E planejava viagens. Procurava por lugares em que eu nunca tinha<br />

estado, coisas que me assustassem ou me levassem ao limite. Uma vez, atravessei<br />

o Canal da Mancha a nado. Pratiquei parapente. Subi montanhas e as <strong>de</strong>sci<br />

esquiando. É — falou, quando z menção <strong>de</strong> interromper. — Sei que muitas<br />

<strong>de</strong>ssas coisas exigem dinheiro, mas muitas outras, não. Além do mais, como você<br />

acha que eu ganhava dinheiro?<br />

— Explorando as pessoas na City?<br />

— <strong>Eu</strong> fazia o que me faria feliz e o que eu queria fazer; me preparei para<br />

trabalhar no que me permitisse fazer as duas coisas.<br />

— Você faz isso parecer tão simples.<br />

— E é — disse ele. — O problema é que ainda assim é muito trabalho. E<br />

ninguém quer trabalhar muito.<br />

Terminei com as batatas. Joguei as cascas no lixo e coloquei a panela no<br />

fogão, pronta para mais tar<strong>de</strong>. Virei-me e, apoiando os braços na mesa, sentei-me<br />

ali, com as pernas balançando.<br />

— Você teve uma boa vida, não?<br />

— É, tive. — Ele chegou um pouco mais perto e elevou o assento até quase<br />

car na altura dos meus olhos. — Por isso é que você me irrita, Clark. Vejo todo<br />

esse talento, toda essa... — Ele <strong>de</strong>u <strong>de</strong> ombros. — Essa energia e inteligência e...<br />

— Não diga potencial...<br />

— ...potencial. Sim. Potencial. Não consigo enten<strong>de</strong>r como se contenta com<br />

essa vidinha. Essa vidinha que será passada quase toda num raio <strong>de</strong> quinze<br />

quilômetros, sem ninguém que a surpreenda, incentive ou mostre coisas que<br />

façam sua cabeça girar e você per<strong>de</strong>r o sono à noite.<br />

— É uma forma <strong>de</strong> dizer que eu <strong>de</strong>veria estar fazendo coisas melhores do que<br />

<strong>de</strong>scascar batatas para você.<br />

— Estou avisando que existe um mundo inteiro lá fora. Mas eu gostaria muito<br />

que, antes <strong>de</strong> conhecer esse mundo, você zesse umas batatas para mim. — Ele<br />

me lançou um sorriso e não pu<strong>de</strong> evitar retribuir.<br />

— Você não acha... — comecei a dizer, mas <strong>de</strong>sisti.<br />

— Continue.<br />

— Não acha que é mais difícil para você... se adaptar, digamos assim...<br />

Porque você fez todas essas coisas?<br />

— Está perguntando se eu preferia não ter feito nada?<br />

— Estava pensando se não seria mais fácil para você. Se tivesse tido uma vida<br />

menos rica antes. Viver assim, como você vive agora, quero dizer.<br />

— Jamais me arrepen<strong>de</strong>rei do que z. Porque, quase sempre, se você está<br />

enado numa ca<strong>de</strong>ira assim, só po<strong>de</strong> ir aos lugares da lembrança. — Sorriu. Um<br />

sorriso duro, como se lhe custasse. — Então, se você está me perguntando se

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